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Herrero Desafios Éticos Mundo Conteporâneo
Herrero Desafios Éticos Mundo Conteporâneo
Herrero Desafios Éticos Mundo Conteporâneo
F. Javier Herrero
UFMG
F
oi me proposto o tema: “Desafios éticos do mundo contemporâ
neo”, um tema candente e que se apresenta talvez como o pro-
blema mais importante para o início do terceiro milênio. Entre
os muitos desafios que, de fato, o mundo contemporâneo nos apre-
senta, vou me concentrar especialmente em três: um primeiro, provo-
cado pela mesma estrutura da ciência moderna e que exige uma ética
da ciência; um segundo, conseqüência do anterior, provocado pelo
impacto da ciência e da técnica na ação dos homens e que exige uma
ética da solidariedade universal; e um terceiro, provocado pelo fenô-
meno da globalização e que exige uma resposta ético-política capaz
de responsabilizar-se pelas conseqüências de nossas ações a nível
planetário.
É verdade que a ciência enquanto tal não pretende impor essa limi-
tação de perspectivas, mas comporta, nela mesma, a possibilidade de
uma tal pretensão. Assim, a atitude fundamental da ciência leva con-
sigo o risco de se substituir a todas as outras atitudes e de se tornar
totalizante. A concreção desse risco será sem dúvida uma transgres-
são dos limites de sua essência, mas a possibilidade dessa transgres-
são está inscrita na mesma atitude fundamental da ciência precisa-
mente por ser fundamental, por abrir uma perspectiva capaz de se
estender à totalidade da experiência humana.
Mas, seja como for a concreção desse risco, o fato é que o logos da
moderna ciência da natureza conseguiu a adequação da universalida-
de que em princípio ou de jure é atribuída às operações da razão, com
a universalidade reconhecida de facto às teorias científicas e aos ob-
jetos técnicos, que são vistos como manifestações de um logos único
e universal. A ciência moderna, que conjuga teoria e técnica, conse-
guiu consolidar a sua universalidade de jure e de facto na criação de
sistemas teóricos e sistemas técnicos que situam e qualificam toda
particularidade (natural e histórica) no campo da universalidade ra-
cional.
Por outro lado, a história nos mostra que a Ética, a ciência do ethos
humano, que surgiu igualmente com a pretensão de universalidade,
não chegou a se impor de fato. O projeto de uma ética universal e
aceita como tal permaneceu problemático na nossa civilização técni-
co-científica. Foram elaborados muitos sistemas éticos com pretensão
teórica de universalidade, mas nenhum deles conseguiu o reconheci-
mento universal de facto como aconteceu com a ciência moderna. E
ainda mais, hoje vivemos um niilismo ético ou ao menos um
relativismo generalizado de valores. Isso faz com que o momento da
particularidade apareça, de fato, não somente do lado do ethos his-
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