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Dentadura Decídua

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Dentadura Decídua

Embriologia:
 Sexta semana de vida pré-natal = formação da cavidade bucal, ossos maxilares e seus respectivos dentes
Proffit (2002).
 Desse tempo de vida intrauterina, até os dentes aparecerem na boca, demora bastante = alterações
dentárias progressivas – formação, calcificação e erupção – e relacionadas ao crescimento e
desenvolvimento da face - Bishara (2004).
 Então qual é o momento em que irrompe o primeiro dente decíduo? A partir dos 6 meses de vida pós-
uterina, irrompe o ICI. Normalmente, nos seres humanos nascemos sem dente, se já nasce com dente, ele
tem outro nome e deve ser observada qual a conduta a ser realizada.

Estágios do Desenvolvimento da Oclusão:


O desenvolvimento da oclusão é dividido em 4 períodos:
 Período Pré-Dental: desde o nascimento até a erupção do primeiro
dente decíduo, em torno de 6 meses;
 Dentadura Decídua: de 3 até 6 anos;
 Dentadura Mista: em média de 6 até os 12anos;
 Dentadura Permanente: começa em torno dos 13 anos, com a erupção dos
2 molares.

Sempre destacando o que é normal em cada fase desse desenvolvimento de oclusão, porque mesmo que
você não saiba tratar, você tem que saber identificar quando não está normal e quando se deve encaminhar
para o especialista fazer intervenção  Papel do clinico geral: mesmo que ele não saiba tratar, ele tem que
saber analisar a oclusão daquele momento e identificar se está ou não na normalidade.

Funções:
Ao nascimento, a sucção é uma necessidade do recém-nascido, e a amamentação natural tem várias funções:
 Nutrição;
 O lado afetivo (contato da mãe com o filho);
 Relação forte com o desenvolvimento mandibular (o esforço que a criança faz naquele movimento ajuda
a estimular o desenvolvimento da mandíbula);
 Forte associação entre o tempo de amamentação do seio materno com a redução da instalação de hábitos
bucais deletérios (correlação entre a criança largar a amamentação no seio muito precocemente, e a
tendência do aumento de hábitos bucais deletérios. Não é sempre, mas existe essa tendência).

O recém-nascido tem uma deglutição chamada deglutição infantil, com a projeção de língua. É
através da língua que ele se comunica com o ambiente externo, por isso é muito comum a
criança ficar muito tempo com a língua exposta;
Essa imagem mostra o quanto que a sução é uma necessidade do bebê. Por isso que se a mãe não
conseguir amamentar no seio, essa sucção tem que ser saciada de alguma outra maneira, com
chupeta ou dedo.

1. Período Pré-Dental:
 A criança nasce sem dentes, o primeiro irrompe por volta do 6 mês de vida pós-natal,
sendo o Incisivo Central Inferior. Esse período que vai do nascimento do bebê até a
erupção do primeiro dente decíduo, por volta dos 6 meses, é chamado de período pré-
dental ou fase dos roletes gengivais;
 Nesses roletes, se fizer a palpação dos rebordos você já sente ali o germe do dente
decíduo que vai irromper. Geralmente eu tenho uma diferença de formatos, na qual:
o Rolete gengival superior é mais arredondado, abóboda pouco profunda (porque não
teve ainda erupção dentária);
o Rolete gengival inferior em formato de ferradura, com a porção anterior mais pontiaguda e inclinada
vestibularmente (pontiagudo na região anterior);

Desenvolvimento:
 O que aconteceria se o bebê nascesse e os dentes já fossem irromper? Teríamos falta de espaço, porque o
germe do dente decíduo se forma antes do osso crescer em largura. Esse tempo de 6 meses antes do
irrompimento do primeiro dente é justamente o momento em que o osso cresce em largura;
 Se eu pegar o rebordo alveolar do rolete gengival de um recém-nascido e fizer um corte histológico, os
incisivos estarão apinhados dentro do rebordo, justamente porque ainda não houve esse crescimento em
largura da maxila e a mandíbula  Sendo exatamente nesses primeiros 6 meses de vida pós-natal em
que ocorre esse crescimento em largura tanto da mandibular como da maxila.

Sutura Intermaxilar e Sincondrose Sinfisiana:


 O que tem no meio da maxila? Sutura intermaxilar ou sutura palatina mediana, que é uma área de
crescimento ósseo intramelanoso;
 Ela é responsável por influenciar muito no crescimento em largura da maxila, para acomodação dos
dentes decíduos. Por isso é comum, quando os dentes irrompem, haver espaço entre eles. Caso os dentes
já irrompessem no momento do nascimento, eles ficariam apinhados, sem a presença desses espaços,
uma vez que eles aparecem porque houve esse tempo de a maxila crescer em largura;
 O que tem no meio da mandíbula? A mandíbula, ao nascimento, é também um osso par, ou seja, no meio
da mandíbula existe uma cartilagem chamada Sincondrose Sinfisiana. Durante esses 6 primeiros meses,
ocorre o fechamento da sincondrose e a mandíbula se torna um osso ímpar, fator que auxilia no
crescimento em largura desse local;
 Nasce como osso par, porém 6-8 meses de vida pós-natal, a sinfase se calcifica e a mandíbula vira um
osso ímpar. Com 1 ano de idade ela já não tem mais a sincondrose.

O que é normal durante a avaliação de uma dentição decídua?


 Arco dental com diastemas – Tipo I de Bauman (diastemas generalizados entre os dentes);
 É incomum encontrarmos apinhamentos na dentição decídua – pesquisa com 2016 apontou apenas 10%
de incidência;
o Quanto mais diastema tiver, melhor. Porque o dente permanente é bem maior que os decíduos.

Após o nascimento, conseguimos ver dentro do rebordo alveolar:


 Calcificação completa da coroa dos incisivos;
 Caninos com metade da coroa calcificada;
 Molares com cúspides calcificadas e coalescidas no sulco central.
Agenesia de dentes decíduos:
 Prevalência 0,6% - bastante rara;
 Se o paciente tiver agenesia do dente decíduo, qual a chance de ele também apresentar agenesia do dente
permanente? Essa chance é altíssima. Isso porque os dois são formados a partir da mesma lâmina
dentária, então se não tem o decíduo, a chance de não ter permanente é de quase 100%;
 A presença de anomalias dentárias na dentição decídua constitui indicador de risco para recorrência na
dentição permanente.
Meu paciente tem agenesia na dentição decídua,
qual a chance dessa agenesia se repetir na
permanente? 95%.

O meu paciente tem dente supranumerário, qual a


chance de ele ter supranumerário também na
permanente? 60%

O meu paciente tem geminação (tentativa de um


germe se dividir) na dentição decídua, qual a
chance de ter supranumerário na permanente? 45%

O meu paciente tem fusão na dentição decídua,


qual a chance de ter agenesia na permanente? 88%

 Fusão: união de dois germes dentários independentes através da coroa – dois


canais radiculares separados. É mais comum que a geminação;
 Geminação: tentativa de divisão de um germe dentário em fase de botão, que
dá origem à um dente com duas coroas – dente maior, mas com um único
canal radicular;
 Concrescência: fusão na porção radicular, através do cemento.

Erupção dos Dentes Decíduos:


 6 meses de vida pós-natal, sendo os primeiros dentes a irromperem os Incisivos Centrais Inferiores;
Ex: Mãe chegou querendo corrigir mordida cruzada da criança que tinha 2 anos. Nessa idade, a ATM da
criança não está com a anatomia definida, porque ATM só tem fossa articular e posição de mandíbula
definida a partir dos 3 anos, que é quando você vai ter a oclusão dos dentes decíduos. Antes disso a ATM é
plana, sem anatomia. Não tem como fazer diagnóstico nem tratamento antes dessa etapa estar concluída.

A criança, com mais ou menos 3 anos de idade, já tem a oclusão decídua


definitiva;
 Dentes de Erupção Precoce:
o Natais: estão presentes ao nascimento;
o Neonatais: erupcionam no 1º mês de vida;
o Pré-erupcionados: erupcionam no 2º e 3º mês de vida.

Tratamento:
 Exodontia, desgaste ou manutenção?
o Mobilidade dentária excessiva – EXO;
o Anatomia do dente (pontiaguda, podendo causar ulcerações ou atrapalhar a amamentação) –
desgaste;
o Supranumerário ou dente da série normal – manutenção inicial, se a criança for muito pequena,
seguida da EXO.

Morfologia dos Dentes Decíduos:


 Incisivos decíduos menores que os permanentes – relação1/3 (decíduo com
ponto de contato é igual a apinhamento quando os permanentes irromperem);
 Coloração branco leitosa ou azulada;
 Molares dispostos em série crescente – o 1°M decíduo é menor que o 2°M
decíduo. O molar decíduo que mais se parece anatomicamente com o PM
permanente é o 2°M decíduo;
 Coroas maiores no sentido M-D do que no sentido C-O – coroa curta, o que
dificulta a colocação de grampos;
 Acentuada constrição cervical;
 Raízes mais longas e afiladas em relação às dimensões da coroa.

OBS: Os germes dos permanentes se formam lingual aos dentes decíduos, estando muito próximos das
raízes dos decíduos. Por isso que traumas no dente decíduo, dependendo da época, podem provocar
alterações no germe do permanente.

Desenvolvimento da Oclusão:
 Oclusão estabelecida após erupção dos 2°M decíduos, por volta dos 03 anos de idade, quando o 2°M
decíduo irromper e atingir oclusão;
 Dentadura decídua completa estende-se dos 03 aos 06 anos de idade;
 E nesse período, se a criança não tem hábitos deletérios (chupar dedo, chupeta ou respiração bucal),
poucas são as alterações dimensionais nos arcos – vai ser constante, os arcos vão manter as dimensões
transversais, desde que você não tenha nenhum fator ambiental atuando na modificação da largura da
maxila.

Checklist – Características Oclusais da Dentição Decídua:


I. Forma do arco dentário; V. Overjet e Overbite;
II. Inclinação axial dos dentes; VI. Relação transversal entre os arcos;
III. Espaçamentos; VII. Relação sagital entre os arcos – de caninos.
IV. Plano terminal dos 2°M decíduos;

Forma do Arco Dentário:


Existem bastantes diferenças anatômicas do arco dentário decíduo para o permanente.
 Decíduo:
o Formato ovóide ou circular.
 Permanente:
o Formato parabólico;
o Dentes bem alinhados.

Inclinação Axial dos Dentes – Como eles estão posicionados na sua base óssea:
 Decíduos:
o Não tem inclinação axial, são verticalizados na base óssea;
o Ausência de curva de Spee.
 Permanentes:
o Inclinação axial para a vestibular (superior ainda mais que o inferior).
Comparação da inclinação axial entre decíduos e permanentes:
Espaçamentos:
 Espaço primata tem diferença do arco superior para o inferior;
o Superior: entre o IL e o canino;
o Inferior: entre o canino e o 1°M decíduo.
OBS: espaço primata não serve para classificar os arcos entre Tipo I e Tipo II, porque
para fazer essa classificação é preciso da existência de diastemas generalizados.
OBS: a característica de uma dentição permanente normal é NÃO ter diastema, então o
certo é não ter nem espaço primata.
 Classificação de Baume:
o Corresponde a presença ou ausência de
diastemas ou espaçamentos generalizados;
o Arco Tipo I – presença;
o Arco Tipo II – ausência.
OBS: ambos têm a oclusão normal, no entanto,
pacientes que apresentarem arco Tipo II tem
prognóstico péssimo com relação ao espaçamento
dos permanentes.

Plano Terminal dos 2º Molares Decíduos:


 Serve para guiar a erupção do primeiro molar permanente,
para estabelecer como vai ser o contato inicial dos
primeiros molares permanentes – porque é justamente o
dente que vem atras do 2° molar decíduo, então
dependendo desse plano terminal, é como vai ser o primeiro contato do molar superior com o inferior;
 O mais comum é o paciente ter o plano terminal reto;
 Manter sempre o superior como referência;

Exercício: Qual o plano terminal?


a) Reto;
b) Mesial.

OBS: Devido à dificuldade de se realizar o exame, foi deixado de usar esse plano terminal como forma de
avaliar a relação oclusal, passando a usar a relação de canino.

Overjet e Overbite:
 Overjet:
o Trespasse horizontal mínimo até 2 a 3mm;
o É mais justo na dentadura decídua devido à falta de inclinação dos
dentes.
 Overbite:
o Trespasse vertical mínimo até 2 a 3mm.

Relação Transversal entre os Arcos:


 Também chamado de relação caixa-tampa (inferior = caixa e superior = tampa);
 O arco superior tem que ser transversalmente mais largo do que o arco inferior –
arco superior deve conter o arco inferior, se ficar fora é sinal de mordida cruzada;
 Poucas alterações transversais dos 03 aos 06 anos de idade – após a oclusão ser
estabelecida, se a criança não tem nenhum fator ambiental atuando, a forma do
arco se dará de forma constante.

Relação Sagital entre os Arcos:


 Relação de caninos:
o Classe I (normal):
 Ponta de cúspide do canino superior ocluindo na ameia
entre o canino inferior e o primeiro molar decíduo.
o Classe II:
 Ponta de cúspide do canino superior ocluindo à frente
da ameia entre o canino inferior e o primeiro molar
decíduo.
o Classe III:
 Ponta de cúspide do canino superior ocluindo atrás da
ameia entre o canino inferior e o primeiro molar
decíduo.
OBS: Se um dos lados fugir da normalidade, você faz a
identificação assim: ex. Classe __, subdivisão __ (subdivisão do
lado que está fugindo o normal).

Oclusão Normal:
 Tudo tem que estar normal – overjet,
overbite, relação de caninos e relação de
caixa-tampa.
OBS: diastema não define maloclusão na
dentadura decídua, é apenas prognóstico de
apinhamento para a dentadura permanente.
Questões:
a) Normal;
b) Mordida cruzada
posterior esquerda;
c) Sobremordida
profunda;
d) Mordida aberta
anterior;
e) Mordida aberta
anterior e mordida
cruzada posterior
esquerda;
f) Mordida cruzada.

Como regra geral, a má oclusão estabelecida nos estágios precoces do desenvolvimento oclusal não se
autocorrige com o crescimento e desenvolvimento. A única exceção é a mordida aberta, porque ela está
muito associada ao hábito. Logo, se o hábito for interrompido precocemente e a mordida aberta for pequena,
ela tem chance de se autocorrigir.
Ou seja, a única maloclusão que tem chances maiores de se autocorrigir é a mordida aberta anterior, as
demais maloclusões tendem a permanecer presentes em todos os demais estágios.

Prevalência de Má Oclusão Prevalência de Hábitos Bucais Relação Sagital entre os Arcos:


na Dentadura Decídua: Deletérios:

Mais da metade da população apresenta má oclusão na dentadura


decídua, independente da região geográfica estudada, do gênero e do nível sócio econômico.

O que tratar na Dentadura Decídua?


 Mordida Aberta Anterior (hábitos);
 Mordida Cruzada Posterior;
 Mordida Cruzada Anterior;
 Perda precoce de dentes decíduos.

NÃO tratar apinhamento na dentadura decídua, porque existe grande chance de ter que tratar novamente na
mista.

OBS: se você corrigir uma maloclusão na dentição decídua, você não vai precisar corrigir na mista. Há não
ser que, por exemplo, o fator causal/ambiental não seja removido.

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