Beatriz Isabel Ribeiro Teixeira
Beatriz Isabel Ribeiro Teixeira
Beatriz Isabel Ribeiro Teixeira
Com a conclusão de uma etapa tão importante da minha formação académica, agradeço
primeiramente àqueles que diretamente nela estiveram envolvidos, os meus professores, pelo
empenho que sempre manifestaram durante estes longos, mas belos anos de curso.
Agradeço àqueles que sempre na minha vida estiveram presentes, em todas as suas dimensões,
e que tão importantes são para mim. Obrigada mãe, madrinha, “Quim”, tia Carla, João e Afonso
por darem sentido à expressão “a união faz a força”. Obrigada pai, pela paz que me transmites.
Obrigada João, pelo amor e dedicação. Obrigada aos meus colegas e, em especial, aos meus
amigos, por toda a paciência e ajuda ao longo desta etapa, são os melhores!
“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós, deixam um pouco de si, levam
um pouco de nós”. - Antoine de Saint Exupéry
Resumo
Atualmente, o e-mail é um dos meios de comunicação mais utilizados nas organizações pelo
que se revela importante destacar o seu papel na comunicação organizacional. Assim, o presente
estudo procura explorar a relação entre a compreensão de diferentes estilos de comunicação,
via e-mail, bem como a preferência do estilo de comunicação, considerando o sexo e a
autoperceção do perfil profissional dos indivíduos. Para tal, recorreu-se a um método de estudo
quantitativo que teve por base o desenvolvimento de um paradigma experimental que
apresentou um conjunto de e-mails, em contexto de entrevista de emprego, aos quais foi pedido
que os participantes indicassem o seu nível de compreensão dos mesmos. Foram ainda
apresentadas duas questões, uma referente à preferência do estilo de comunicação e outra
relativa à perceção do seu perfil profissional. Os resultados demonstraram diferenças
estatisticamente significativas na compreensão dos e-mails entre os sexos e entre os perfis
profissionais bem como uma associação significativa entre a preferência do estilo de
comunicação, via e-mail, e as variáveis acima referidas. Estes resultados contribuíram para a
compreensão da importância da adequação do estilo comunicacional de acordo com os
interlocutores para uma mais clara interpretação das mensagens, gerando assim um impacto
positivo no desenvolvimento organizacional.
Introdução ............................................................................................................................. 9
Enquadramento Teórico........................................................................................................10
Método .................................................................................................................................19
Amostra ........................................................................................................................... 19
Instrumento ..................................................................................................................... 19
Procedimento................................................................................................................... 20
Construção do paradigma ............................................................................................. 20
Criação de empresas fictícias. .................................................................................. 20
Criação de logotipos................................................................................................. 20
Desenvolvimento dos conteúdos. ............................................................................. 21
Estudo Piloto 1......................................................................................................... 22
Estudo Piloto 2......................................................................................................... 22
Versão final do paradigma. ...................................................................................... 23
Recolha de dados ......................................................................................................... 24
Tratamento de dados .................................................................................................... 24
Discussão .............................................................................................................................34
Implicações práticas......................................................................................................... 39
Referências ...........................................................................................................................41
Anexos .................................................................................................................................48
Índice de Figuras
Figura 1. Logotipos das empresas ........................................................................................ 21
Figura 2. Paradigma experimental........................................................................................ 23
Figura 3. Compreensão dos e-mails formais de acordo com o sexo ...................................... 25
Figura 4. Compreensão dos e-mails moderadamente formais de acordo com o sexo............. 26
Figura 5. Compreensão dos e-mails moderadamente informais de acordo com o sexo.......... 27
Figura 6. Compreensão dos e-mails informais de acordo com o sexo ................................... 28
Figura 7. Compreensão dos e-mails formais de acordo com a autoperceção do perfil profissional
............................................................................................................................................ 28
Figura 8. Compreensão dos e-mails moderadamente formais de acordo com a autoperceção do
perfil profissional ................................................................................................................ 30
Figura 9. Compreensão dos e-mails moderadamente informais de acordo com a autoperceção
do perfil profissional ............................................................................................................ 31
Figura 10. Compreensão dos e-mails informais de acordo com a autoperceção do perfil
profissional .......................................................................................................................... 32
Índice de Tabelas
Tabela 1. Teste Qui-Quadrado para a preferência do estilo de comunicação de acordo com o
sexo ..................................................................................................................................... 33
Tabela 2. Teste Qui-Quadrado para a preferência do estilo de comunicação de acordo com a
autoperceção do perfil profissional ...................................................................................... 34
Índice de Anexos
Anexo A. Características sociodemográficas dos participantes ............................................. 49
Anexo B. Paradigma experimental ....................................................................................... 50
Anexo C. Entrevista exploratória ......................................................................................... 51
Anexo D. Resumo das entrevistas ........................................................................................ 52
Anexo E. E-mails desenvolvidos ......................................................................................... 53
Anexo F. Consentimento informado .................................................................................... 54
Anexo G. Compreensão dos estilos de comunicação nos grupos em estudo ......................... 55
Anexo H. Preferência dos estilos de comunicação nos grupos em estudo ............................. 56
9
Introdução
As organizações desempenham um papel fundamental na sociedade, não só pelo
emprego gerado, que garante a subsistência dos indivíduos, mas também pelo seu papel no
desenvolvimento pessoal e profissional dos mesmos (Rego, 2018). Atualmente, as organizações
são caraterizadas por transformações constantes, alta competitividade e uma grande diversidade
de trabalhadores. Esta realidade, aliada aos avanços tecnológicos, tornam o ambiente
organizacional cada vez mais complexo e dinâmico (Urick, Hollensbe, & Fairhurst, 2017).
A par desta evolução, o e-mail tornou-se o meio de comunicação mais utilizado, sendo
por isso importante destacar o seu papel na comunicação em contexto organizacional, uma vez
que veio facilitar o contacto entre colaboradores, chefias e outras entidades organizacionais
(Kunsch, 2018). No entanto, verifica-se que apesar das organizações beneficiarem do uso do e-
mail, os utilizadores relatam diversas preocupações, nomeadamente a troca de mensagens
ambíguas e pouco claras (Jackson, & Lichtenstein, 2011). Acredita-se que parte destas
preocupações advêm da linguagem empregue nos e-mails, uma vez que podem conter diferentes
estilos comunicacionais, do formal ao informal (Neto, Silva, & Ferreira, 2018). Neste sentido,
não se conhecendo ainda o estilo mais apropriado para uma troca eficaz de informação em
contexto de trabalho, torna-se pertinente estudar qual o estilo que transparece maior clareza e
objetividade, e qual o preferido pelos colaboradores, considerando as suas caraterísticas
individuais. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar o impacto de diferentes estilos
comunicacionais (formal, moderadamente formal, moderadamente informal e informal) na
compreensão da comunicação via e-mail, de acordo com a autoperceção do perfil profissional
dos colaboradores e o sexo, bem como analisar se existe associação entre a preferência dos
estilos de comunicação e as variáveis acima apresentadas.
Quanto à estrutura do presente estudo, inicia-se pela abordagem à comunicação
organizacional, de seguida aborda-se a temática da comunicação organizacional via e-mail, são
referidos os diferentes estilos de comunicação que se podem adotar na escrita de e-mails e
destacam-se ainda as diferenças que se verificam nesta comunicação entre os perfis
profissionais e entre os sexos sendo, por fim, apresentados os desafios e oportunidades que a
comunicação organizacional por e-mail manifesta, atualmente. Seguidamente, apresentam-se
os aspetos metodológicos, nomeadamente a amostra, o instrumento de avaliação, o
procedimento da construção do paradigma experimental, a recolha e o tratamento de dados.
Posteriormente, são apresentados os resultados obtidos e realizada uma análise e discussão dos
10
mesmos, culminando com a reflexão final do estudo, as limitações associadas, sugestões para
futuras investigações e as implicações práticas.
Enquadramento Teórico
A Comunicação Organizacional
A comunicação pode ser entendida como um processo social que se traduz no
intercâmbio de ideias, factos e emoções, entre um emissor, com o uso de palavras, gestos ou
símbolos que transmitem um significado, e a forma como esse significado é recebido e afeta a
conduta do seu recetor. Depreende-se assim que a comunicação não diz respeito apenas ao que
se pretende transmitir, mas também ao que o outro entende que é transmitido (Fiske, 1990;
Bovée, & Thill, 2000).
Neste sentido, alguns autores defendem que a comunicação detém um papel
fundamental nas organizações dadas as evidências de que empresas com uma comunicação
eficaz são, geralmente, mais bem-sucedidas do que aquelas que apresentam modelos
comunicacionais ineficientes (Tourish, & Hargie, 2004). Em particular, a comunicação
organizacional tem ocupado um espaço relevante tanto no meio académico como no meio
corporativo dado que é considerada estratégica. Isto é, face à competitividade do contexto
empresarial atual, a comunicação tem como objetivo a partilha de informação no sentido de
orientar os profissionais, promover o compromisso organizacional, a motivação e a interação
(Kunsch, 2018). Alguns autores defendem até que “a comunicação é uma condição a fortiori
da vida organizacional” e que sem comunicação as organizações não existiriam (Cunha et al.,
2016, p.414).
Durante vários anos a comunicação nas organizações foi maioritariamente
unidirecional, servindo para transmitir informação da gerência para os seus subordinados, num
estilo top-down. No entanto, com a evolução do contexto empresarial, com a integração de
equipas de trabalho cada vez mais diversificadas, a comunicação bidirecional, ou num estilo
bottom-up, isto é, entre os colaboradores e a gerência, tornou-se uma realidade (Bhatia, &
Balani, 2015). A par desta evolução, a comunicação organizacional configura, atualmente,
diferentes modalidades: a comunicação institucional, que se refere à partilha de informação da
história, missão, visão e valores da empresa; a comunicação mercadológica ou externa, que se
refere ao contacto com entidades externas com o objetivo principal de divulgação dos serviços
que a empresa dispõe; a comunicação interna, que visa a partilha de informação dentro da
11
empresa; e a comunicação administrativa, que parte das chefias e tem como objetivo informar
das regras e procedimentos que devem ser adotados por toda a organização (Kunsch, 2018). A
comunicação organizacional ocorre, portanto, de acordo com os objetivos específicos da
organização e, para ser eficaz, deve integrar todas as suas modalidades. Assim, depreende-se
que o propósito da comunicação organizacional é promover valores organizacionais, propagar
informação e agregar valor às organizações (Hoyos, 2015; Vallejo, Garcia, & Arregui, 2015).
Ainda, paralelamente à evolução das organizações nas últimas décadas, a forma de se
comunicar dentro das mesmas foi afetada pela introdução das novas tecnologias de
comunicação (Ramsay, Hair, & Renaud, 2008; Whittaker, & Sidner, 1996). Até à década de 70
do século XX, a comunicação nas empresas era realizada através de meios tradicionais como
publicações impressas, correspondência através de cartas e por telefone (Rodrigues, 2013) no
entanto, estes meios apresentavam algumas limitações, nomeadamente a localização geográfica
dos interlocutores que dificultava a coordenação da comunicação (Derks, & Bakker, 2010).
Com a criação da Internet e, consequentemente, do e-mail, na década de 80, o paradigma
da comunicação alterou-se por completo (Póvoas, 2009). O e-mail, ou correio eletrónico, é um
método que permite compor, enviar e receber mensagens no espaço de segundos,
independentemente da localização geográfica dos seus intervenientes, através de redes e
sistemas eletrónicos de comunicação (Leiner, et al., 2009). A mensagem de e-mail é constituída
por duas componentes essenciais: o cabeçalho, onde estão presentes os endereços do emissor e
do recetor da mensagem assim como o assunto da mesma e o corpo da mensagem, composto
pelo conteúdo escrito do e-mail, com a particularidade de ser possível anexar ficheiros.
Face ao exposto, num mercado de trabalho cada vez mais globalizado, associado ao
aumento de custos e à redução do tempo dos trabalhadores, o e-mail manifesta-se uma
necessidade para todos (Derks, & Bakker, 2010; Rosette et al., 2012). Assim, compreendido
que as organizações são um fenómeno comunicacional contínuo, torna-se relevante estudar a
comunicação nas organizações, especificamente via e-mail dado que, cada vez mais, as
tecnologias fazem parte do nosso dia-a-dia (Kunsch, 2018).
ainda que a formalidade de um e-mail não é necessariamente ditada pela natureza do e-mail ser
profissional ou pessoal (Peterson, Hohensee, & Xia, 2011).
A comunicação formal, incluindo a comunicação via e-mail é, geralmente, um tipo de
comunicação onde a informação é preparada com antecedência (Shaikh, & Fox, 2008) e segue
algumas regras, nomeadamente: contém saudação inicial; o corpo do texto deve conter tantos
parágrafos quantos os pontos de discussão sendo, por vezes, extenso; o tipo de letra é
geralmente Arial ou Helvetica; devem evitar-se sinais de pontuação como exclamações e
reticências; no final, deve agradecer-se, solicitar uma resposta e fornecer o contacto, se
necessário. Ainda, não é aconselhável o uso de contrações, gírias, palavras em letras maiúsculas,
emoticons ou emojis (Angell, & Heslop, 1994; BBC, 2011).
Por sua vez, a comunicação informal, nomeadamente via e-mail, tende a ser mais
flexível quanto ao seu formato e leva em consideração as características pessoais dos
colaboradores da organização como o seu nome próprio ou alcunha (Shaikh, & Fox, 2008). O
e-mail tende a ser mais direto ao assunto, não existe necessariamente uma saudação inicial ou
despedida, os interlocutores tratam-se por “tu”, não existe precisão gramatical, havendo até uma
certa aceitação de erros ortográficos ou pontuação e o uso de emoticons e emojis é frequente.
Ainda, o facto de uma mensagem ser enviada num domingo, por exemplo, pode indicar que se
trata de um e-mail informal. Um e-mail formal, mesmo que escrito a um domingo, seguindo
regras sociais implícitas, raramente seria enviado em tal dia uma vez que é considerado um dia
de descanso (Daniel, & Eze, 2016).
Ainda na década de 80, Brown e Levinson (1987) propuseram outros fatores que podem
orientar a escolha quanto ao estilo de comunicação, nomeadamente: a distância social, o poder
relativo e o peso de uma imposição, como por exemplo, a solicitação de uma informação.
Quanto à distância social, é presumível que e-mails de natureza pessoal tenham maior
probabilidade de serem informais, mas uma outra forma de medir a distância social é a
quantidade ou frequência de contacto que os indivíduos têm entre si. Pessoas que trocam entre
si mais e-mails, provavelmente, estarão mais próximas do que aquelas com quem trocam menos
e-mails e, portanto, terão um maior nível de informalidade. Outro fator que pode afetar a escolha
da formalidade do remetente é a diferença do nível hierárquico e da perceção de poder de cada
interveniente. Por exemplo, se um gerente envia um e-mail para o CEO (Chief Executive
Officer) da organização, é mais provável que esse e-mail seja formal quando comparado com
e-mails trocados entre colegas. Os autores também destacam que é menos provável que um
remetente seja informal quando há muitos destinatários num e-mail, uma vez que existe o receio
15
de transmitir um estilo que seja mais pessoal e possa ser percebido como pouco profissional
(Brown, & Levinson, 1987).
Levanta-se assim a questão do nível de formalidade/informalidade que as mensagens
via e-mail podem efetivamente transmitir. Marcuschi (2004) defende que um estilo de
comunicação nunca é estanque, neste sentido, é importante compreender se existem estilos
intermédios, nomeadamente uma comunicação moderadamente formal ou moderadamente
informal. De forma geral, o que se verifica é que o e-mail se tem tornado um meio de
comunicação que privilegia a informalidade (Krohn, 2004) e é cada vez mais utilizado, como
confirmam os dados estatísticos relativos ao ano de 2019 no qual, por dia, foram enviados cerca
de 247 biliões de e-mails em todo o mundo (Campaign Monitor, 2019) o que mais uma vez,
demonstra a pertinência de aprofundar a temática da comunicação via e-mail.
mulheres valorizam a fluidez do discurso (Herring, 1996). Estas descobertas foram apoiadas
por Hall (1996) e Talbot (1998), que também demonstraram que os meios eletrónicos
evidenciam diferenças no estilo de comunicação relacionadas com o sexo. Parece, portanto, que
embora a Internet ofereça a oportunidade de igualdade na partilha de informação, os estilos
comunicacionais tendem a ser diferentes entre homens e mulheres (Rossetti,1998).
No entanto, alguns estudos não têm evidenciado tão demarcadas diferenças nos padrões
de comunicação entre os sexos (Carli, 2016) e destacam-se outros fatores, que podem interferir
na comunicação. Por exemplo, numa meta-análise de Leaper e Ayres (2007), os autores
examinaram as diferenças de sexo relatadas anteriormente com recurso a um conjunto de
moderadores como: o sexo do destinatário da mensagem, a familiaridade dos interlocutores e o
contexto da mensagem. Nesta análise, as caraterísticas da comunicação de acordo com o sexo,
acima mencionadas, mudaram quando as variáveis mediadoras foram consideradas. Por
exemplo, quando a variável mediadora ‘sexo do parceiro de comunicação’ foi analisada,
verificou-se que os participantes usaram uma determinada linguagem com um membro do
mesmo sexo, mas mudaram significativamente o discurso quando se comunicavam com alguém
do sexo oposto. Estes resultados demonstram que o sexo do recetor da mensagem, sem ignorar
outros aspetos, pode também afetar o estilo de comunicação utilizado. Hancock e Rubin (2015)
defendem até que estes fatores moderadores podem influenciar mais o discurso do que as
próprias caraterísticas do remetente da mensagem, questionando assim as conclusões propostas
anteriormente, sendo por isso importante aprofundar esta temática.
H2d. Os profissionais que se percecionam com perfil formal compreendem pior os e-mails que
utilizam uma comunicação informal do que os que se percecionam com um perfil informal.
H3. Existe associação entre a preferência do estilo de comunicação utilizado nos e-mails e o
sexo, sendo que as mulheres preferem o estilo formal e moderadamente formal enquanto os
homens preferem o estilo informal e modernamente informal.
H4. Existe associação entre a preferência do estilo de comunicação utilizado nos e-mails e a
autoperceção do perfil profissional, sendo que os profissionais que se percecionam com perfil
formal preferem os estilos de comunicação formal e moderadamente formal enquanto os
profissionais que se percecionam com perfil informal preferem os estilos de comunicação
informal e moderadamente informal.
Método
Amostra
A amostra deste estudo é constituída por um total de 250 participantes dos quais 145
(58%) são mulheres e 105 (42%) são homens, com idades compreendidas entre os 18 e os 45
anos (M = 31,58; DP = 8,28). Relativamente às habilitações, 57 (22,8%) participantes têm uma
escolaridade equivalente ao ensino secundário, tendo os restantes 193 (77,2%) formação
superior, dos quais 96 (38,4%) são licenciados, 74 (29,6%) mestrados e 23 (9,2%) doutorados.
Esta trata-se de uma amostra de conveniência cujo critério de inclusão foi apresentar, na altura
da recolha de dados, uma duração da experiência profissional igual ou superior a 12 meses
sendo a média da antiguidade dos participantes, aproximadamente, sete anos (85,03 meses). No
momento da recolha de dados, todos os indivíduos estavam a desenvolver a sua atividade
profissional em Portugal (cf. Anexo A).
Instrumento
Paradigma experimental computadorizado. Para este estudo foi desenhado e validado
um paradigma experimental computadorizado que se insere num projeto de maior dimensão
pelo que algumas das questões desenvolvidas não serão abordadas nesta investigação. Assim,
para este estudo, através de 12 questões de resposta fechada, foi permitido recolher informação
sobre o nível de compreensão que a população ativa tem da comunicação formal,
moderadamente formal, moderadamente informal e informal. O paradigma permitiu ainda
20
Procedimento
Construção do paradigma
Criação de empresas fictícias. Para a construção deste paradigma experimental, com
o objetivo de criar um contexto mais ecológico para os participantes, foram primeiramente
criadas quatro empresas fictícias: BTO, TMU, VLP e ABN que, respetivamente, representam
uma empresa formal, moderadamente formal, moderadamente informal e informal. A
denominação de cada empresa foi criada tendo por base as letras do alfabeto português numa
sequência aleatória, evitando assim qualquer efeito de analogia com siglas conhecidas.
Relativamente aos estilos das empresas, foram definidos dois estilos intermédios entre a
formalidade e a informalidade (i.e., moderadamente formal e moderadamente informal), uma
vez que se acredita que estes graus não são estanques, podendo variar um pouco dentro da sua
definição.
Criação de logotipos. Considerando que os logotipos são um fator importante no
reconhecimento e influência de uma marca (Epstein, 2020), nesta investigação, como mostra a
Figura 1, procurou-se que refletissem o estilo comunicacional da empresa correspondente,
partindo do pressuposto que as empresas com o estilo de comunicação formal (BTO) e
moderadamente formal (TMU) apresentariam um logotipo com linhas direitas e tipos de letra
clássica, em oposição aos logotipos da empresa informal (ABN) e moderadamente informal
(VLP) que apresentam linhas curvas, sombreados e estilos de letra mais modernas. Os logotipos
foram criados através do site “Wix.com”, uma plataforma de desenvolvimento web personalizado
que auxilia na criação de logotipos de empresas, entre outras ferramentas de negócio. O “Wix”
possui um conjunto de elementos e diretrizes de design desde imagens, cores e tipografias que
visam facilitar o processo de criação (Wix, 2020). Assim, de forma a obtermos uma maior
21
viabilidade dos logotipos usados no estudo, definimos num conjunto de opções dadas pelo
próprio site que: o logotipo da empresa BTO seria formal e conservador; o da empresa TMU
deveria ser formal, mas dinâmico; o da empresa VLP dinâmico e moderno; e o logotipo da ABN
seria criativo e moderno. Por fim, dois investigadores seniores deram suporte na escolha das
versões finais. É importante salientar que o uso de cores e de imagens de fundo foi descartado
deste estudo de forma a evitar o enviesamento do mesmo, devido às atribuições subjetivas a cada
uma das cores a à preferência dos participantes por determinados cenários.
Figura 1
Nota. O logotipo BTO representa a empresa formal, TMU a empresa moderadamente formal,
VLP moderadamente informal e ABN a informal.
Estudo Piloto 1. Para a validação dos roteiros de conteúdos (positivo, neutro e negativo)
e estilos de e-mail (formal, moderadamente formal, moderadamente informal e informal), foi
conduzido um primeiro estudo piloto e aplicado um guião de entrevista (cf. Anexo C) que
permitiu recolher informação de um total de 12 indivíduos com diferentes caraterísticas
sociodemográficas e diferentes contextos de trabalho sobre: os principais conteúdos
transmitidos nos e-mails profissionais; as caraterísticas dos e-mails positivos, neutros e
negativos; as caraterísticas dos e-mails formais, moderadamente formais, moderadamente
informais e informais. Para a análise destas entrevistas, foi criada uma grelha que permitiu
identificar os aspetos comuns ao nível da conotação afetiva e da formalidade/informalidade que,
juntamente com a literatura orientou, com maior objetividade, os conteúdos e o estilo da escrita
dos e-mails utilizados neste paradigma (cf. Anexo D).
Estudo Piloto 2. Procedeu-se à elaboração de 12 e-mails e à sua validação final através
de um segundo estudo piloto constituído por dois questionários elaborados no “Google Forms”,
uma plataforma de partilha de documentos online, na qual se podem elaborar questionários,
partilhá-los com a população e recolher os dados (Google, 2020). O primeiro questionário foi
aplicado a um total de 11 indivíduos com as mesmas caraterísticas dos anteriores participantes
pilotos e definiu-se que a percentagem de acerto no estilo de cada e-mail teria de ser, pelo
menos, 60% para que fosse utilizado no estudo principal.
Uma vez que o primeiro questionário não obteve os resultados esperados procederam-
se a algumas alterações para uma segunda fase de validação. Foi novamente desenvolvido o
conteúdo de todos os e-mails para que houvesse maior diferenciação entre os estilos. Para isso,
a extensão dos e-mails ‘formais’ foi alongada, e efetuou-se a redução da extensão dos e-mails
‘informais’. Também a despedida dos e-mails ‘moderadamente informais’ foi alterada passando
de “cumprimentos” para “até breve” sendo que se manteve “cumprimentos” nos e-mails
‘moderadamente formais’ como tentativa de marcar assim uma distinção mais robusta e
evidente entre os estilos intermédios de comunicação em estudo (cf. Anexo E). Após as
alterações, o segundo questionário foi aplicado a mais nove indivíduos que detinham as mesmas
caraterísticas dos restantes participantes pilotos. Este novo questionário revelou respostas mais
satisfatórias, sendo que apenas não foi atingido o valor de 60% de acertos nos e-mails
‘moderadamente informais’ (40%). No entanto, tendo em conta a melhoria significativa dos
resultados, e de forma a não ultrapassar as datas estipuladas para o desenvolvimento desta etapa
do estudo, decidimos avançar com estes e-mails para a aplicação do paradigma.
23
Versão final do paradigma. Após a fase de validação dos e-mails, como mostra a
Figura 2, finalizou-se o paradigma experimental constituído por 12 ensaios que consistiam na
apresentação dos três e-mails (um positivo, um negativo e um neutro) de cada uma das quatro
empresas (informal, moderadamente informal, moderadamente formal e formal) em estudo. Em
cada grupo de e-mails, foi primeiramente apresentado o logotipo da empresa respetiva para que
os participantes as conseguissem distinguir. O paradigma foi organizado em quatro blocos sendo
que cada empresa representa um bloco. Esses blocos foram internamente aleatorizados, assim
como a ordem na qual cada bloco/empresa foi apresentado (i.e., todos os e-mails de uma mesma
empresa permaneceram juntos dentro do bloco para evitar confusões quanto à empresa a qual o
e-mail se referia, mas a sua ordem foi alterada para cada participante). Por exemplo, o bloco da
empresa VLP foi apresentado ao primeiro participante com a sequência ‘negativo’ > ‘positivo’ >
‘neutro’, mas o mesmo bloco foi apresentado ao segundo participante com a sequência ‘positivo’
> ‘neutro’ > ‘negativo’. Após a leitura de cada e-mail o participante responderia, numa escala
tipo Likert de 1 (nada claro e objetivo) a 10 (totalmente claro e objetivo), qual o seu grau de
compreensão do e-mail. Os participantes tiveram ainda de responder a duas questões: “Em qual
das empresas gostaria de trabalhar?” e “Identifica-se como um profissional formal ou informal?”.
Foram também colocadas questões aos participantes sobre dados sociodemográficos que
permitiram uma melhor caraterização da amostra.
Figura 2
Paradigma experimental
Nota. Esta figura mostra os elementos que constituíram o paradigma experimental aplicado.
24
Recolha de dados
Durante a recolha dos dados foi partilhada toda a informação necessária para a
compreensão do objetivo de estudo e assegurou-se a confidencialidade dos dados dos
participantes mencionando-se o contacto do investigador responsável para qualquer
esclarecimento. Todos os participantes tiveram acesso a um consentimento informado (cf.
Anexo F) e foram identificados na folha de resposta apenas por um código constituído por
WXXXYYZZ. A posição do ‘W’ corresponde ao sexo (‘0’ para mulheres e ‘1’ para homens);
‘XXX’ corresponde à ordem de participação no estudo (e.g., ‘001’ para o primeiro participante,
‘002’ para o segundo, etc.); ‘YY’ corresponde ao dia do mês no qual a recolha foi realizada
(e.g., 09); e ‘ZZ’ indica o número do mês no qual a recolha foi realizada (e.g., ‘01’ para janeiro).
A recolha dos dados foi realizada presencialmente por assistentes de investigação
devidamente treinados do Human Neurobehavioral Laboratory e decorreu entre os meses de
fevereiro e março de 2020.
Tratamento de dados
O presente estudo segue uma abordagem quantitativa, neste sentido, os dados recolhidos
foram inseridos no programa informático IBM SPSS Statistics, versão 26 e, de seguida,
procedeu-se à execução de estatísticas descritivas para uma melhor compreensão da amostra.
Foi realizado o Teste T para Amostras Independentes, utilizado para averiguar, no caso
de H1 e H2, se existem diferenças significativas na variável dependente (compreensão dos
diferentes estilos de comunicação utilizados nos e-mails) em dois grupos distintos (sexo / perfil
profissional dos participantes) (Martins, 2011). Para a execução deste teste foi necessário
verificar os pressupostos da normalidade da amostra e da homocedasticidade da variância. Este
último pressuposto não foi garantido para todas as sub-hipóteses estabelecidas, pelo que se
realizou o teste não paramétrico correspondente ao Teste T - o Teste de Mann-Whitney.
Verificando-se que ambos apresentam o mesmo resultado, optou-se pela utilização do teste
paramétrico para facilitar a apresentação e leitura dos dados.
Foi ainda realizado o Teste de Qui-Quadrado da Independência para averiguar a
associação entre variáveis (Martins, 2011), neste caso, entre a preferência do estilo de
comunicação utilizado nos e-mails, o sexo dos participantes e a sua perceção do perfil
profissional (H3 e H4).
Importa ainda referir que os dados foram pré-processados para derivar os valores de
referência da variável ‘compreensão’. O cálculo desta variável realizou-se através da soma das
25
Resultados
Para analisar H1a (“as mulheres compreendem melhor os e-mails que utilizam o estilo
de comunicação formal em comparação com os homens”) foi conduzido um Teste T com as
variáveis ‘sexo’ e ‘compreensão’. Previamente foram verificados os seus pressupostos e,
seguidamente, lidos os resultados do Teste T, t(248) = 0,53; = .598, verificando-se que não
existem diferenças estatisticamente significativas na compreensão dos e-mails formais entre
mulheres (M = 25,76; DP = 1,90) e homens (M = 25,63; DP = 1,95), como mostra a Figura 3.
Assim, não se verifica H1a.
Figura 3
27
26
25
24
23
22
Mulheres Homens
Sexo dos participantes
Nota. Esta figura mostra o valor médio da compreensão dos e-mails formais para cada sexo (sem
diferenças estatisticamente significativas).
Para analisar H1b (“as mulheres compreendem melhor os e-mails que utilizam o estilo
de comunicação moderadamente formal, em comparação com os homens”), foram seguidos os
mesmos passos da H1a. Verificados os pressupostos, foi executado um Teste T. Pela análise dos
resultados, constata-se que existem diferenças estatisticamente significativas na compreensão dos
e-mails moderadamente formais entre os sexos, t(248) = 3,77, = .000 sendo que, as mulheres
(M = 25,25; DP = 2,14) apresentam melhor compreensão do estilo moderadamente formal do
que os homens (M = 24,13; DP = 2,52), como mostra a Figura 4. Assim, verifica-se H1b.
26
Figura 4
Nota. Esta figura mostra o valor médio da compreensão dos e-mails moderadamente formais
para cada sexo (*** = ‘ < .001’).
Para analisar H1c (“as mulheres compreendem pior os e-mails que utilizam um estilo de
comunicação moderadamente informal, em comparação com os homens”) seguiram-se os
mesmos passos das hipóteses anteriores. Verificaram-se os pressupostos e aplicou-se o Teste T.
Os resultados demonstram diferenças estatisticamente significativas na compreensão dos e-mails
moderadamente informais entre os sexos, t(248) = - 2.90, = .004, sendo que as mulheres (M =
23,41; DP = 1,96) compreendem pior os e-mails que utilizam um estilo moderadamente informal
em comparação com aos homens (M = 24,14; DP = 2,02), como mostra a Figura 5. Assim,
verifica-se H1c.
27
Figura 5
Nota. Esta figura mostra o valor médio da compreensão dos e-mails moderadamente
informais para cada sexo (** = ‘ < .01’).
Por fim, para analisar H1d (“as mulheres compreendem pior os e-mails que utilizam um
estilo de comunicação informal, em comparação com os homens”), verificaram-se os
pressupostos e realizou-se o Teste T. Pela análise dos resultados, verificam-se diferenças
estatisticamente significativas quando comparados os níveis de compreensão dos e-mails
informais entre homens e mulheres, t(248) = -2.26; = .019, sendo que as mulheres (M = 18,79;
DP = 2,55) compreendem pior o estilo de comunicação informal em comparação com os homens
(M = 19,61; DP = 2,95), como mostra a Figura 6. Assim, verifica-se H1d.
28
Figura 6
Média da compreensão
*
21
20
19
18
17
16
Mulheres Homens
Sexo dos participantes
Nota. Esta figura mostra o valor médio da compreensão dos e-mails informais para cada sexo (*
= ‘ < .05’).
Para analisar H2a (“profissionais que se percecionam com perfil formal compreendem
melhor os e-mails que utilizam uma comunicação formal em comparação com os que se
percecionam com um perfil informal”) verificaram-se previamente os pressupostos e foi
conduzido um Teste T com as variáveis ‘perfil profissional’ e ‘compreensão’. Os resultados
mostram que não existem diferenças estatisticamente significativas na compreensão dos e-mails
formais entre os perfis profissionais formais (M = 25,84; DP = 1,85) e informais (M = 25,63;
DP = 1,96), t(248) = -.85, = .396, como mostra a Figura 7. Assim, não se verifica H2a.
É ainda importante destacar que, neste estudo, 89 (35,6%) participantes se identificaram
como ‘formal’ e 161 (64,4%) como ‘informal’.
29
Figura 7
Nota. Esta figura mostra o valor médio da compreensão dos e-mails formais para cada perfil
profissional (sem diferenças estatisticamente significativas).
Para H2b (“profissionais que se percecionam com perfil formal compreendem melhor
os e-mails que utilizam uma comunicação moderadamente formal do que os se percecionam com
um perfil informal”) foram também verificados os pressupostos e realizado um Teste T. Embora
não se tenha verificado o pressuposto da homocedasticidade da variância (F(250) = 4.85, = -
.029), optou-se pelo uso deste teste uma vez que os resultados do teste não paramétrico
correspondente – Mann Whitney – foram equivalentes. De acordo com os resultados obtidos
verifica-se que existem diferenças estatisticamente significativas na compreensão dos e-mails
moderadamente formais entre os perfis profissionais, t(213,69) = -3,59, = .000, sendo que os
participantes que se autopercecionam com um perfil profissional formal (M = 25,45; DP = 2,02)
compreendem melhor o estilo de comunicação moderadamente formal, comparativamente aos
profissionais que se autopercecionam com um perfil informal (M = 24,41; DP = 2,47), como
mostra a Figura 8. Assim, verifica-se H2b.
30
Figura 8
Nota. Esta figura mostra o valor médio da compreensão dos e-mails moderadamente formais
para cada perfil profissional (*** = ‘ < .001’).
Para testar H2c (“os profissionais que se percecionam com perfil formal compreendam
pior os e-mails que utilizam uma comunicação moderadamente informal do que os que se
percecionam com um perfil informal”), foi realizado um Teste T após verificados os seus
pressupostos. Os resultados apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os
perfis profissionais, t(248) = 4,26, = .000, sendo que os participantes com um perfil profissional
formal (M = 23,01; DP = 1,83) compreendem pior o estilo de comunicação moderadamente
informal, comparativamente aos profissionais com um perfil informal (M = 24,11; DP = 2,01),
como mostra a Figura 9. Assim, verifica-se H2c.
31
Figura 9
27
26 ***
25
24
23
22
21
Perfil Formal Perfil Informal
Autoperceção do perfil profissional dos participantes
Nota. Esta figura mostra o valor médio da compreensão dos e-mails moderadamente informais
para cada perfil profissional (*** = ‘ < .001’).
Por fim, para testar H2d (“os profissionais que se percecionam com perfil formal
compreendem pior os e-mails que utilizam uma comunicação informal do que os que se
percecionam com um perfil informal”), embora não se tenha verificado o pressuposto da
homocedasticidade da variância (F(250) = 4,85, = -.029), optou-se pelo uso do Teste T uma
vez que os resultados do teste não paramétrico correspondente – Mann Whitney – foram
equivalentes. Assim, de acordo com os resultados obtidos, existem diferenças estatisticamente
significativas entre os perfis profissionais, t(244,765) = 3.72, = .000, sendo que os participantes
com um perfil profissional formal (M = 18,38; DP = 1,89) compreendem pior o estilo de
comunicação informal, comparativamente aos profissionais com um perfil informal (M = 19,55;
DP = 3,05), como mostra a Figura 10, verifica-se assim H2d.
32
Figura 10
***
21
20
19
18
17
16
Perfil Formal Perfil Informal
Autoperceção do perfil profissional dos participantes
Nota. Esta figura mostra o valor médio da compreensão dos e-mails informais para cada perfil
profissional (*** = ‘ < .001’).
Tabela 1
Sexo
Mulheres Homens Total
(N = 145) (N = 105) (N = 250)
Preferência (%) (%) (%)
Estilo Formal 24,1 21,9 23,2
Estilo Moderadamente Formal 65,5 18,1 45,6
Estilo Moderadamente Informal 9,0 55,2 28,4
Estilo Informal 1,4 4,8 2,8
Nota. Esta tabela apresenta as percentagens de preferência dos estilos de comunicação para
homens e mulheres, bem como a preferência dos estilos sem considerar o sexo (total).
Tabela 2
Perfil
Formal Informal Total
(N = 89) (N = 161) (N = 250)
Preferência (%) (%) (%)
Estilo Formal 49,4 8,7 23,2
Estilo Moderadamente Formal 44,9 46 45,6
Estilo Moderadamente Informal 5,6 41 28,4
Estilo Informal 0 4,3 2,8
Nota. Esta tabela apresenta as percentagens de preferência dos estilos de comunicação para os
perfis formal e informal, bem como a preferência dos estilos sem considerar os perfis (total).
Discussão
Este estudo teve como ponto de partida analisar as diferenças na compreensão de
diferentes estilos de comunicação, via e-mail, entre os sexos e entre a autoperceção do perfil
profissional (formal e informal) dos indivíduos, bem como perceber se existe associação entre o
estilo de comunicação preferido pelos indivíduos em contexto de trabalho e as variáveis acima
referidas.
Assim, um dos objetivos foi avaliar a capacidade de compreensão de diferentes estilos de
e-mails, comparando homens com mulheres. Os resultados indicam a existência de diferenças
estatisticamente significativas em relação ao sexo na compreensão dos diferentes estilos de e-
mails, à exceção dos e-mails formais, nos quais os níveis de compreensão não diferiram entre
homens e mulheres. Uma justificação poderá estar relacionada com estudos na área da
psicolinguísta que defendem que as caraterísticas associadas a uma melhor compreensão de
informação, em texto, se centram na ortografia sem erros, no vocabulário cuidado, na coerência
e lógica de exposição da informação, caraterísticas associadas a uma comunicação mais formal
(Silva, 2000). Embora o estilo formal não seja o estilo de comunicação preferencial de alguns
indivíduos no contexto profissional, verifica-se que a estrutura que apresenta efetivamente
favorece a compreensão do conteúdo que é partilhado.
35
Quanto aos resultados dos restantes e-mails, verificou-se que foram de encontro à
literatura uma vez que as mulheres compreenderam melhor os e-mails moderadamente formais e
os homens os moderadamente informais e informais. É ainda importante referir que apesar de
não se verificarem diferenças significativas entre os sexos na compreensão dos e-mails formais,
também neste estilo, em média, as mulheres apresentaram valores de compreensão mais altos que
os homens, o que vai de encontro às teorias previamente apresentadas.
Outro objetivo desta investigação foi perceber se existem diferenças na compreensão de
diferentes estilos de comunicação, via e-mail, de acordo com a perceção que o indivíduo tem do
seu perfil em contexto profissional. Tal como nos resultados previamente apresentados, estes
mostram que existem diferenças entre os perfis profissionais na compreensão dos diferentes
estilos de e-mails, à exceção dos e-mails formais, que não demonstraram diferenças significativas
na sua compreensão entre perfis formais e informais. Mais uma vez, estes resultados apoiam os
estudos previamente apresentados que defendem que a linguagem formal (i.e., um vocabulário
mais cuidado, a utilização rigorosa de normas gramaticais e a coerência de exposição de
informação) tende a ser melhor compreendida. Esta linguagem, não sendo tão ambígua, permite
a compreensão da informação de forma mais rápida e eficaz, ao contrário da linguagem informal
que se carateriza por interrupções no fluxo contínuo de ideias, pelo recurso a gírias e pela menor
atenção às normas gramaticais (Angell, & Heslop, 1994; BBC, 2011).
Relativamente aos restantes e-mails, tal como esperado, os moderadamente formais foram
melhor compreendidos pelos participantes que se percecionaram como formais, enquanto os e-
mails moderadamente informais e informais foram melhor compreendidos pelos participantes
que se percecionaram como informais. Conclui-se assim que a preferência por um determinado
estilo de comunicação - e, potencialmente, a sua maior utilização e familiaridade - pode promover
a maior facilidade de compreensão da informação apresentada. Para além disso, quando
confrontado com uma mensagem que está organizada no seu estilo de comunicação preferencial,
um indivíduo poderá tender a percecioná-la como mais clara, objetiva e eficaz. De notar que os
e-mails formais, mais uma vez, apesar de não apresentarem diferenças significativas na
compreensão entre os perfis, em média, foram melhor compreendidos pelos participantes que se
percecionaram com perfil formal, apoiando assim a teoria previamente apresentada.
Esta investigação também procurava avaliar a existência de associação entre a preferência
do estilo de comunicação utilizado nos e-mails e o sexo do participante. Os resultados mostram
que existe uma associação significativa entre o sexo e a preferência do estilo comunicacional,
sendo que as mulheres manifestaram preferência pelo estilo moderadamente formal e os homens
36
pelo estilo modernamente informal. Esta preferência por um nível intermédio de formalidade
vem apoiar o que esta investigação pretende defender: que os estilos de comunicação não são
estanques e que podem variar dentro da sua definição, de tal forma que os próprios participantes
não se identificaram tanto com os extremos dos estilos. Também Marcuschi (2004) defende que
um estilo discursivo, embora se caracterize por determinado léxico ou grau de formalidade não é
estanque, mas sim dinâmico. Ainda, apesar de os estilos intermédios terem revelado maior nível
de preferência, tanto as mulheres como os homens apresentaram como segundo estilo de
comunicação preferido o estilo formal. Este último resultado dos homens contraria o que foi
postulado pela hipótese uma vez que se esperava que os homens preferissem os estilos de
comunicação informais. Mais uma vez, reforçando a ideia de que as mensagens formais tendem
a reunir, em geral, as caraterísticas mais favoráveis à compreensão, pode depreender-se que
embora os homens prefiram, primeiramente, um estilo de comunicação mais informal,
reconhecem a eficácia dos e-mails formais na transmissão da mensagem e, neste sentido, em
contexto de trabalho, revelam uma maior preferência por este estilo de comunicação.
Este estudo procurava ainda avaliar a existência de associação entre a preferência do estilo
de comunicação e a autoperceção do perfil profissional. Como postulado, os participantes que se
definiram com perfil profissional formal, quando confrontados com a necessidade de escolher o
estilo de comunicação preferido (empresa), apontaram o estilo de comunicação formal. No
entanto, contrariamente ao esperado, os participantes que se percecionaram com perfil informal
optaram, maioritariamente, pelo estilo de comunicação moderadamente formal. Uma justificação
para este resultado poderá relacionar-se com a maior prevalência, em Portugal, de empresas com
estilos mais formais, e consequentemente, a atribuição de maior seriedade a estas, por parte dos
participantes (Vinagre, 2018). Pode ainda considerar-se que os indivíduos que preferiram um
estilo de comunicação moderadamente formal, mas que se identificaram como informais poderão
ter o desejo de assumir um estilo mais informal uma vez que, embora a realidade organizacional
portuguesa se caracterize pela maior formalidade, nos últimos anos, as organizações têm
procurado apresentar estruturas e dinâmicas de trabalho mais informais, tentando assim criar uma
relação de maior proximidade com os seus colaboradores (Argenti, 2016), como relatado pelos
próprios participantes durante as entrevistas. Esta realidade poderá explicar o facto de a maioria
da amostra (64,4%) se percecionar como informal, uma vez que procura seguir o mesmo rumo
das organizações em direção à maior informalidade, em contexto de trabalho.
37
Ainda, os profissionais com perfil formal destacaram também preferência pelo estilo
moderadamente formal e os profissionais com perfil informal preferência pelo estilo
moderadamente informal, o que vai de encontro às teorias apresentadas.
Por fim, é importante salientar que, independentemente do sexo ou do perfil profissional,
o estilo de comunicação formal foi o melhor compreendido. Os e-mails com estilos
moderadamente formal e moderadamente informal ficaram numa posição intermédia, tendo os
moderadamente formais sido avaliados como ligeiramente mais compreensíveis do que os
moderadamente informais. Os e-mails mais ambíguos e com avaliação mais baixa no que diz
respeito à sua compreensão foram os informais (cf. Anexo G). Estas conclusões, mais uma vez,
reforçam a teoria de que a comunicação formal, para a troca de e-mails organizacionais, se revela
mais eficaz ao nível da compreensão.
Quando questionados sobre em que empresa gostariam mais de trabalhar (considerando
que as empresas diferiam apenas no estilo de comunicação apresentado nos e-mails), a empresa
com um estilo de comunicação moderadamente formal foi a mais escolhida (cf. Anexo H). Assim,
ao avaliar os quatro estilos, podemos assumir que a comunicação formal é mais extensa,
complexa e transmite maior frieza e distanciamento na comunicação. Por outro lado, um estilo
informal de comunicação pode suscitar alguma dúvida e desconforto nos indivíduos
familiarizados com estilos empresariais mais rígidos. Embora se defenda que temos evoluído no
sentido da informalidade e do maior contacto com o outro, como se verifica pelo contexto
organizacional cada vez mais internacionalizado (Argenti, 2016), a realidade portuguesa ainda
detém muitas caraterísticas formais e, talvez por isso, os estilos formais ainda sejam privilegiados
por muitos. É de destacar ainda que, neste estudo, o cenário traduzia um processo de recrutamento
e seleção que tende a ser um momento de maior formalidade, daí os participantes também
poderem preferir um estilo de comunicação mais formal em detrimento de outros.
Reflexão Final
Segundo Oliveira (2007) a comunicação assume notoriedade pela sua capacidade de
conhecer e direcionar os fluxos de informação das organizações, dando assim um sentido
estratégico à prática comunicacional num contexto laboral cada vez mais competitivo, onde a
comunicação é vista como ferramenta para implementar técnicas de trabalho, reduzir conflitos
organizacionais e atrair públicos alvo para o negócio, alcançando assim os objetivos
organizacionais.
38
contingência que foram aplicadas exigiram que o protocolo fosse adaptado e eliminado o registo
neurofisiológico. Diante das preocupações presentes num contexto de pandemia, como por
exemplo o elevado número de desemprego, este estudo foi desenvolvido num momento de grande
instabilidade económica, social e de saúde pública, estando subjacentes uma série de variáveis
que não foram controladas.
Uma outra limitação diz respeito à amostra que é constituída apenas por pessoas que
exercem a sua atividade profissional em Portugal, maioritariamente no Norte do país, o que afeta
a generalização dos resultados. No entanto, pode assumir-se que, sendo Portugal um país onde
as empresas familiares e mais conservadoras detêm grande força no mercado (Vinagre, 2018), em
comparação com outros países, é plausível que se utilizem com maior frequência estilos de
comunicação mais formais. Futuras investigações poderão comparar a realidade de dois ou mais
países no sentido de perceber se efetivamente a comunicação é um fator intimamente ligado ao
contexto organizacional e, por isso, diferente entre países ou, se por outro lado é homogénea,
independentemente das caraterísticas das organizações/países. Seria ainda interessante
desenvolver um estudo aprofundado sobre outros fatores, para além do sexo e da perceção do
próprio perfil profissional que possam interferir na escrita e compreensão de e-mails
profissionais, como o contexto das mensagens, por exemplo.
Outra limitação diz respeito aos valores de acerto do estudo piloto 2. que pretendia avaliar
o nível de formalidade dos e-mails usados em estudo e que não alcançou a percentagem de acerto
pretendida no estilo ‘moderadamente informal’, podendo assim ter enviesado os resultados finais.
Neste sentido seria importante, em futuras investigações, avaliar os conceitos definidos nesta
investigação e perceber se, nos dias de hoje, os estilos formal e informal ainda se mantêm ou se
estilos intermédios se vêm sobrepor a estes e substituir os conceitos existentes. Revela-se ainda
pertinente analisar as caraterísticas da comunicação mais informal, dado que cada vez mais as
organizações adotam este estilo de comunicação (Argenti, 2016). É relevante perceber de que
forma e em que contextos esta é utilizada bem como o impacto que tem nos colaboradores uma
vez que, com este estudo, foi possível verificar que a comunicação mais formal continua a ser
preferida e melhor compreendida pela maioria dos colaboradores.
Implicações práticas
Enquanto implicação prática destaca-se a importância de adaptar sempre a mensagem ao
seu destinatário. Em particular, as organizações devem adaptar a comunicação aos seus
colaboradores. Sugere-se que antes de uma empresa se assumir como ‘formal’ ou ‘informal’,
40
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48
Anexos
49
Mulheres 145 58
Homens 105 42
Idade
Licenciatura 96 38.4
Mestrado 74 29.6
Doutoramento 23 9.2
Antiguidade
12 meses a 60 meses 128 51.2
61 meses a 120 meses 29 11.6
121 meses a 180 meses 68 27.2
181 meses a 270 meses 25 10
50
Parte I
2. Exponha os pontos positivos que foram transmitidos durante a mesma (por exemplo,
feedback acerca do seu desempenho no processo de recrutamento e seleção, aspetos
positivos sobre a sua conduta, etc.).
Parte II
7. Descreva dois exemplos de e-mails quotidianos, ou seja, e-mails que não provocam
sentimentos positivos nem negativos (e-mails “neutros”).
8. Na sua opinião, quais as principais diferenças entre um e-mail formal e um e-mail informal?
9. Exponha um exemplo de “e-mail formal” que já tenha recebido. Quais as caraterísticas que
considera possuir este e-mail? Qual a estrutura presente neste tipo de e-mail?
10. Exponha um exemplo de “e-mail informal” que já tenha recebido. Quais as caraterísticas
que considera possuir este e-mail? Qual a estrutura presente neste tipo de e-mail?
12. Que tipo de linguagem prefere utilizar na troca de e-mails organizacionais? Porquê?
13. Como descreve a comunicação utilizada no seu local de trabalho (entre colegas, entre
chefias, etc.)?
negativo neutro positivo formal informal moderadamente diferenças formal e informal
palavras “grosseiras”. que apresentam no início era uma alcunha e não formal é mais utilizado em situações
E-mails com pedidos Caríssimo, de seguida estrutura, um e-mail “meio
Pedidos de resolução de um gesto de agradecimento nome de registo, e foi quando não há familiaridade entre os
rotineiros, com tarefas o corpo da mensagem termo” inclui uma
problemas de forma pelo contacto. Feedback direto ao assunto. No interlocutores, não há trato com a
habituais do trabalho, que a referir uma linguagem que demonstra
urgente, com caps lock e positivo em relação a uma final ainda enviou um pessoa. O formal coloca distância
apresentem informações necessidade da distanciamento entre quem
muita pontuação. Podem atividade realizada e emoji a sorrir. Manda- entre as pessoas e o informal
básicas necessárias de empresa ou seja, o envia e recebe, mas o corpo
ser e-mails que não esclarecimento de dúvidas. se olá, beijinhos e aproxima. Um email formal é
Resumo serem partilhadas com toda motivo do e-mail e, do email transmite apenas a
transmitem mensagem E-mails de conforto entre trata-se por tu. Escrita quando a pessoa que nos está a
entrevistas a gente. E-mails por fim, a mensagem a passar, com
alguma, que são colegas, por exemplo, mais descontraída, escrever usa vocabulário muito
informativos de conclusão/despedida uma linguagem pouco
impessoais, longos e quando um falta ao próxima e pessoal. O pesado, elaborado, frases grandes,
acontecimentos que irão formal “com os formal. A estrutura não
cansativos, onde há muita trabalho por estar doente e interesse esta na dirigirem-se a nós como: Exmo/a.
decorrer, não melhores segue a de um e-mail
coisa escrita. Um e-mail se envie uma e-mail a pessoa que o escreve e Senhor, Dr.; despedirem-se com
necessariamente com uma cumprimentos. formal, podendo saltar
negativo pode também ser desejar as melhoras e a não muito no seu cordialmente, atenciosamente,
saudação e uma despedida. Podem ser alguns passos e na
um feedback negativo dizer que o colega faz falta conteúdo. Há mais subscrevo-me com os meus
convocatórias para despedida utiliza linguagem
generalizado, quando nem ou um e-mail a convidar honestidade neste cumprimentos. Este tipo de email é
reuniões de um pouco mais informal.
todos os colaboradores para uma festa da empresa. formato por ser mais também, muitas vezes, mais longo
administração, por Uma comunicação
tiverem uma má prestação, transparente e com frases compridas e palavras
exemplo. É uma exageradamente formal já
mas mesmo assim autêntico. Linguagem muito elaboradas. Um email formal
escrita mais fria e não se usa (o cordeal, o
receberam o e-mail como informal, rápida e sem recorre a uma linguagem mais
distante, as palavras senhor, vossa senhoria, etc).
"alerta". preocupações com cuidada e respeita regras específicas
são escolhidas com Exageradamente informal
erros ortográficos; para dirigir-se à pessoa a quem é
cuidado. Há presente também não. Tem que haver
linguagem cotidiana e destinado e para se despedir; um e-
muito respeito, um meio termo. Esse meio
com gírias. mail informal recorre a linguagem
geralmente associado termo tem a ver com o nosso
coloquial ou do dia a dia e a
a um assunto muito interlocutor, se é uma
mensagem é passada recorrendo a
importante ou até empresa, se é um colega de
mensagens rápidas, despreocupadas
urgente e que exige trabalho.
atenção imediata.
52
53
Consentimento informado
Eu, ,manifesto a
minha aceitação para colaborar no estudo “Comunicação Organizacional: O impacto da
linguagem formal VS. informal na troca de e-mails” realizado no âmbito do Mestrado em
Psicologia e Desenvolvimento de Recursos Humanos, da Faculdade de Educação e
Psicologia, da Universidade Católica Portuguesa do Porto.
Declaro que fui informado(a) de todos os pormenores relativos à realização deste estudo, tendo-
me sido garantido que o material está completamente desprovido de qualquer identificação que
permita uma ligação à minha identidade.
Toda a informação recolhida no âmbito da minha participação será utilizada apenas para efeitos
deste estudo, sendo o acesso restrito aos investigadores que fazem parte da equipa do estudo.
Declaro que compreendi e aceito os termos acima descritos, sendo da minha livre vontade a
participação neste estudo, podendo desistir a qualquer momento.
Participante,
___________________________________
Porto___/___/___
A equipa de estudo:
Beatriz Teixeira
Filipa Sobral
Patrícia Oliveira-Silva
55
Média da compreensão
25
20
15
10
5
0
Formal Mod. Formal Mod. Informal Informal
Homens Mulheres
25
20
15
10
5
0
Formal Mod. Formal Mod. Informal Informal
Formal Informal
25
20
15
10
5
0
formal mod formal mod informal informal
Estilos de comunicação
56
60.00%
50.00%
40.00%
30.00%
20.00%
10.00%
0.00%
Formal Moderadamente Moderadamente Informal
Formal Informal
Perfil Formal Perfil Informal
60.00%
50.00%
40.00%
30.00%
20.00%
10.00%
0.00%
Formal Mod. Formal Mod. Informal Informal
Estilos de comunicação