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TCC Lucas Antônio Da Silva
TCC Lucas Antônio Da Silva
TCC Lucas Antônio Da Silva
Recife
2023
LUCAS ANTÔNIO DA SILVA
Recife
2023
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do programa de geração automática do SIB/UFPE
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Dr. Antônio Carlos Duarte Coêlho (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________________
Profa. Dra. Maria de Los Angeles Perez Fernandez Palha (Examinadora Interna)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________________
M.S.c. Crescêncio Andrade Silva Filho (Examinador Externo)
Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus por todas as bênçãos derramadas sobre mim, pelo dom da vida,
pelas oportunidades de conhecimento, experiência e aprendizado. Além de sempre me mostrar
o caminho que devo trilhar e me auxiliar nas decisões que devo tomar.
À minha esposa Dandara, pelo apoio e por sempre me auxiliar a prosseguir nesta jornada
desde o início da Graduação. Por estar presente nos momentos de dificuldade sempre me
motivando a dar um passo à frente sem desistir dos meus objetivos.
Aos meus pais, Luiz e Geovanilda (in Memorian) a quem devo muito por todo amor,
carinho e esforço em me educar e auxiliar na formação do meu caráter.
Aos meus tios, Odete, Irapuã, José e Luzinete por sempre estarem presentes e me
motivando a sempre prosseguir nos estudos. E por tanto me ajudarem, sobretudo no início da
minha Graduação.
Aos meus amigos pelos momentos de descontração, mas também em momentos de
estudo em que compartilhamos tantas experiências e conhecimentos.
Ao meu pároco e padrinho, Pe. Jurandir Dias Jr., a todos os amigos do Oratório Nossa
Senhora do Rosário da Boa Vista, e Paróquia de São Lourenço Mártir, pelo auxílio espiritual e
por estarem sempre presentes na caminhada.
A toda a equipe do laboratório de qualidade e escritório comercial da Indorama que,
com muita paciência, nunca hesitaram em sanar minhas dúvidas no meu período como
estagiário. Em especial ao Fábio Xavier, que apesar da distância, nunca se fez ausente e
contribuiu de forma inenarrável para a minha formação como estagiário e profissional.
A todos os funcionários da Empresa Indorama Ventures Polímeros S.A., que apesar dos
seus afazeres, nunca deixaram de compartilhar experiência e conhecimento.
Ao Departamento de Engenharia Química e à Universidade Federal de Pernambuco, por
todo o aprendizado ao longo desses anos e pelos ótimos momentos proporcionados. Aos
docentes e técnicos que, com muita dedicação, contribuíram enormemente para a formação da
minha base intelectual e crítica como profissional da Engenharia Química. E um agradecimento
especial ao prof. Dr. Antônio Carlos Duarte Coêlho, que desde a primeira aula me cativou pelo
seu vasto conhecimento sobre a indústria e processos químicos, pelos seus pensamentos e
conselhos profissionais que, sem dúvidas, irão contribuir enormemente para o meu futuro.
RESUMO
AA - Acetaldeído.
ASTM - American Society for Testing and Materials - Sociedade Americana de Testes e
Materiais.
BHET - bis-2-hidroxietil-tereftalato.
CIE - Comission Internationale de l’Eclairage - Comissão Internacional de Iluminação.
DMT - Dimetil Tereftalato.
DSC - Differential Scanning Calorimetry - Calorimetria por varredura.
FTCE - Fenoltetracloroetano.
ISBM - Injection Stretch Blow Molding - Moldagem por Sopro Estiramento por Injeção.
MEG - Monoetilenoglicol.
PET - Polietileno Tereftalato.
ppm - partes por milhão.
PTA - Purified Terephthalic Acid - Ácido Tereftálico Purificado.
rpm - rotações por minuto.
SUAPE - Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros.
Tc - temperatura de cristalização.
Tg - temperatura de transição vítrea.
Tm - temperatura de fusão cristalina.
UV - Ultravioleta.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 OBJETIVOS 15
1.1.1 Objetivo geral 15
1.1.2 Objetivos específicos 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17
2.1 SÍNTESE DO PET 17
2.2 POLIMERIZAÇÃO 18
2.3 COPOLIMERIZAÇÃO 21
2.4 PRINCIPAIS PARÂMETROS TÉCNICOS DA RESINA PET 22
2.4.1 Propriedades mecânicas 22
2.4.1.1 Viscosidade 22
2.4.1.2 Forças de tração 22
2.4.1.3 Forças de compressão 23
2.4.1.4 Tenacidade 23
2.4.1.5 Abrasão e dureza 23
2.4.2 Propriedades físicas e químicas 24
2.4.2.1 Acetaldeído Residual 24
2.4.2.2 Propriedades ópticas 25
2.4.2.3 Temperaturas de transição 26
2.4.2.4 Umidade 26
2.4.2.5 Densidade e Cristalinidade 27
2.4.2.6 Degradação ultravioleta 27
2.4.2.7 Oxidação 28
2.4.2.8 Resistência a micro-organismos 28
2.4.2.9 Permeabilidade 29
2.4.2.10 Inflamabilidade 29
2.5 PROCESSAMENTO DA RESINA PET 30
2.5.1 Secagem 30
2.5.1.1 Secagem em forno (secagem por convecção) 31
2.5.1.2 Secagem por vácuo e dessecação 31
2.5.1.3 Funis secadores e funis aquecidos 31
2.5.2 Extrusão 31
2.5.3 Injeção e sopro 32
2.6 PRINCIPAIS PROBLEMAS INERENTES AO PROCESSAMENTO 33
2.6.1 Níveis de acetaldeído 33
2.6.2 Formação de bolhas 33
2.6.3 Incidência de opacidade 34
2.6.4 Contaminação externa 34
2.6.5 Infusibilidade 35
2.6.6 Deformações e assimetria 35
3 METODOLOGIA 37
3.1 PRINCIPAIS ANÁLISES TÉCNICAS 37
3.1.1 Viscosidade Intrínseca 37
3.1.2 Acetaldeído Residual 38
3.1.3 Temperaturas por calorimetria de varredura diferencial e grau de
cristalinidade 39
3.1.4 Cor L*a*b* 41
3.1.5 Umidade 42
3.1.6 Inspeção de contaminantes 42
3.1.7 Determinação de material fluorescente 43
3.2 PESQUISA DOS PRINCIPAIS PARÂMETROS TÉCNICOS DE
RESINAS PET APLICADAS A BEBIDAS CARBONATADAS E
ÁGUA MINERAL 44
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 45
4.1 ESTUDO DOS LIMITES TÉCNICOS DA RESINA PET E SEUS 45
EFEITOS
4.1.1 Parâmetros das principais resinas comercializadas 45
4.1.1.1 Viscosidade Intrínseca 46
4.1.1.2 Acetaldeído Residual 47
4.1.1.3 Ponto de Fusão 49
4.1.1.4 Cor L* e b* 50
4.1.1.5 Cristalinidade 53
4.1.1.6 Umidade 55
4.2 PROPOSTA DE OTIMIZAÇÃO PARA OS PARÂMETROS TÉCNICOS
DA RESINA PET VIRGEM 56
4.3 SUGESTÕES CORRETIVAS PARA OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE
INJEÇÃO E SOPRO 58
4.3.1 Elevado teor de acetaldeído 58
4.3.2 Formação de bolhas superficiais 58
4.3.3 Incidência de opacidade 59
4.3.4 Infusibilidade 59
4.3.5 Deformação ou assimetria das pré-formas 59
5 CONCLUSÕES 60
REFERÊNCIAS 61
14
1 INTRODUÇÃO
A classe polimérica dos poliésteres foi descoberta em meados dos anos 1930, pelo
químico norte-americano Wallace H.Carothers. Após estudos realizados por Carothers e os
químicos britânicos John Rex Whinfield e James Tennant Dickson, foi desenvolvido o principal
modelo de síntese empregado até os dias de hoje: a reação de esterificação do monoetilenoglicol
com o ácido tereftálico, patenteada em 1941 (SILVA, 2022).
Após a crise têxtil do pós-guerra nos anos de 1945, o PET passou a ser empregado na
produção de tecidos, entrando no mercado das fibras e fios em 1948 (TOLEDO et al, 2008).
Todavia, apenas nos anos de 1960 o PET foi empregado pela primeira vez na produção de
embalagens. Com o desenvolvimento da tecnologia de injeção e sopro pela empresa Du Pont,
no ano de 1973 foi produzida a primeira garrafa PET, e apenas quatro anos depois, o protótipo
de garrafa passou a ser empregado no envase de refrigerantes (SILVA, 2022).
A crescente expansão do PET ao redor do mundo fez com que a tecnologia chegasse ao
Brasil em 1988, onde hoje o país já figura entre os três maiores produtores de garrafas PET do
mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e do México (TOLEDO et al, 2008). Em 2009, com a
inauguração da planta de resina virgem no Complexo Industrial de SUAPE em Pernambuco,
pelo grupo italiano M&G (Mossi & Ghisolfi), o Brasil passou a produzir cerca de 550 mil
toneladas de resina suprindo todo o mercado nacional, dentre os amplos segmentos de aplicação
do material, como em embalagens de refrigerante, óleos, água mineral, cosméticos etc. (SILVA,
2022).
Por este motivo, o processo produtivo da resina PET deve atender a todas as
especificações técnicas pré-estabelecidas para que o processamento seja realizado pelo produtor
de garrafas de forma eficiente, assegurando simultaneamente a integridade física do
consumidor. Como esta longa cadeia depende de vários fatores que podem contribuir para
alguma não especificação capaz de ocasionar elevados prejuízos financeiros sob a óptica do
produtor primário (indústria), este trabalho realizará um levantamento das principais
características do processo, podendo assim propor um aprimoramento de certas condições
técnicas a fim de garantir uma maior qualidade do produto, mediante um estudo de caso.
1.1 OBJETIVOS
Este trabalho busca promover otimizações técnicas das propriedades da resina PET
virgem para o processamento de garrafas aplicadas ao acondicionamento de bebidas
carbonatadas e de água mineral.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O poliéster mais comum é o Polietileno Tereftalato (PET), que possui ampla aplicação
na indústria de embalagens, fibras e filmes (PIMPAN; SIRISOOK; CHUAYJULJIT, 2003).
Possui um ponto de fusão de aproximadamente 270°C, comparável ao Nylon 6/6 (DOTSON et
al. 1996). Sua principal rota de produção ocorre por meio da esterificação do monoetilenoglicol
com o ácido tereftálico, produzindo a água como subproduto e um único monômero, o bis-
hidroxietil tereftalato (TOLEDO et al, 2008).
A (Equação 1)
r = ≤1
B
para r < 1, na máxima conversão possível, haverá B não reagido, grupos ou extremidades livres,
de modo que o peso que o alto peso molecular não poderá ser obtido como na polimerização
AB (DOTSON et al. 1996).
2.2 POLIMERIZAÇÃO
Conforme mencionado por Toledo et al. (2008) e Silva (2022), o arranjo entre átomos
de carbono e hidrogênio ligados em cadeia, que muitas vezes podem chegar a ter milhares de
átomos de comprimento, são chamados de polímeros, cuja palavra significa “muitas partes”.
Os polímeros são constituídos a partir de muitas unidades compostas por pequenos
grupos individuais chamados de monômeros (ANDREW, 2017).
Uma característica importante dos polímeros é que os átomos podem se ligar tanto a
outros átomos ao longo da cadeia (cadeia principal) quanto a átomos fora da cadeia
(ramificações). Quando ocorre o compartilhamento desigual dos elétrons de átomos diferentes,
tem-se uma ligação polar, indicando a presença de uma extremidade positiva e uma extremidade
negativa (STRONG, 2006).
Vários mecanismos podem ser utilizados para o processo de polimerização de uma
estrutura monomérica, dentre eles se destacam o mecanismo de polimerização por adição, que
necessita da adição de um iniciador responsável por dar início a ligação dos radicais livres até
o consumo completo. Além desse mecanismo, destaca-se a polimerização por etapas ou
polimerização por policondensação (que possui características distintas do processo anterior),
pela qual o Polietileno Tereftalato é produzido (DOTSON et al. 1996).
Como já citado, a produção industrial do PET pode ocorrer por meio de duas vias
químicas, sendo elas: a esterificação do ácido tereftálico purificado (PTA) com o
monoetilenoglicol (MEG) ou através da rota química de transesterificação do dimetil tereftalato
(DMT) com o monoetilenoglicol (MEG) (TOLEDO et al., 2008), conforme observado na
cadeia de processamento descrita na Figura 1. Contudo, devido à produção de subprodutos de
19
alto risco, como o metanol, produzidos através do processo de transesterificação, opta-se pela
via química de esterificação (SILVA, 2022).
2.3 COPOLIMERIZAÇÃO
termos comerciais, por sintetizar polímeros com propriedades “sob medidas”, auxiliando no
processamento do material (MANRICH, 2013).
2.4.1.1 Viscosidade
2.4.1.4 Tenacidade
A resistência à abrasão descrita pela metodologia ASTM D 1044 (Standard Test Method
for Resistance of Transparent Plastics to Surface Abrasion by the Taber Abraser - Método de
Teste Padrão para Resistência de Plásticos Transparentes à Abrasão de Superfície pelo Taber
Abraser) e ASTM D1242 (Standard Test Methods for Resistance of Plastic Materials to
Abrasion - Métodos de teste padrão para resistência de materiais plásticos à abrasão)
(STRONG, 2006) é definida como a capacidade que um material possui em resistir à ação
mecânica como fricção, raspagem ou erosão (WYPYCH, 2012).
Para esta análise, pode-se utilizar como procedimentos experimentais o ASTM D 785
(Standard Test Method for Rockwell Hardness of Plastics and Electrical Insulating Materials
- Método de teste padrão para dureza Rockwell de plásticos e materiais de isolamento elétrico),
ASTM D 2240 (Standard Test Method for Rubber Property / Durometer Hardness - Método
de teste padrão para propriedades de borracha/dureza durômetro) ou ASTM D 2583
(Standard Test Method for Indentation Hardness of Rigid Plastics by Means of a Barcol
Impressor - Método de Teste Padrão para Dureza de Indentação de Plásticos Rígidos por meio
de um Impressor Barcol), metodologias estas aplicadas para materiais com intervalos de dureza
diferentes (STRONG, 2006).
De maneira análoga ao que se foi abordado na seção anterior, traz-se uma abordagem
das principais propriedades de caráter físico e químico, também abordadas nas bibliografias de
Whelan (1989), Sepe (1998), Scott (2000), Mc Keen (2010), Manrich (2013), Mc Keen (2014),
Strong (2016).
Color Coordinates - Prática padrão para cálculo de tolerâncias de cores e diferenças de cores
de coordenadas de cores medidas instrumentalmente) (STRONG, 2006) onde são
parametrizados intervalos de cores, denominados como cor L*, a* e b*, através da metodologia
CIELab (BUENO, 2016).
Os três eixos responsáveis pela medição dos níveis de cores são compostos pelo eixo
vertical, denominado de cor L* - que varia do preto (0) ao branco (100), o eixo horizontal
denominado de cor a* - que varia do verde (parte negativa) ao vermelho (parte positiva) e por
fim o eixo horizontal denominado de cor b* - que varia do azul (parte negativa) ao amarelo
(parte positiva) (BUENO, 2016).
2.4.2.4 Umidade
Devido ao alto grau de higroscopia que o polímero semi-cristalino do PET possui, a
determinação do teor de umidade desse material consiste em um teste gravimétrico de grande
importância, onde é pesada uma alíquota da resina em uma termobalança (em que toda a
umidade absorvida até então depende das condições ambientais de temperatura e umidade para
o armazenamento do material) e em seguida submete-se a mesma alíquota a condições de
temperatura superiores ao ponto de ebulição da água por um certo período de tempo. Após o
27
m1
% umidade = ( ) x100
m3 (Equação 2)
onde:
𝑚1 - Peso perdido.
𝑚2 - Peso inicial.
menos restritos às ligações covalentes onde estão localizados. Este efeito interfere diretamente
na estrutura do material, de modo que quanto mais fracas as ligações moleculares do polímero,
mais quebradiço ele será (MANRICH, 2013).
2.4.2.7 Oxidação
Devido à grande presença de oxigênio, o radical livre pode reagir com o oxigênio e,
assim, incorporá-lo ao polímero através do processo de oxidação. Também pode ocorrer o
fenômeno oxidativo através do aquecimento do material polimérico, fazendo com que as
ligações vibrem fortemente, aumentando a probabilidade de rompimento (MANRICH, 2013).
Alguns plásticos são mais suscetíveis à oxidação do que outros e essas degradações
podem ocasionar: perda de propriedades mecânicas e físicas, fragilização, descoloração, dentre
outros efeitos (STRONG, 2006).
Practice for Determining Resistance of Plastics to Bacteria - Prática padrão para determinar
a resistência de plásticos a bactérias) e ASTM E2180 (Standard Test Method for Determining
the Activity of Incorporated Antimicrobial Agent(s) In Polymeric or Hydrophobic Materials -
Método de teste padrão para determinar a atividade do(s) agente(s) antimicrobiano(s)
incorporado(s) em materiais poliméricos ou hidrofóbicos), onde amostras do material são
coletadas e acondicionadas em placas de Petri para que ocorra a incubação dos micro-
organismos. Após cerca de 21 dias, são avaliados os níveis de crescimento dos micro-
organismos e avaliadas as principais propriedades de desempenho (STRONG, 2006).
2.4.2.9 Permeabilidade
A permeabilidade é a medida da facilidade com que gases ou líquidos podem passar
através de um material. Baixa permeabilidade significa que os fluidos passam com alta
dificuldade, geralmente exigindo um longo período e/ou altas pressões (STRONG, 2006).
Muitas embalagens, sobretudo o PET, necessitam possuir excelentes propriedades de
barreira (TOLEDO et al., 2008). A permeabilidade de um material plástico é governada por
muitas das propriedades que determinam a suscetibilidade do material plástico a solventes
(MANRICH, 2013). Por exemplo, assim como um polímero com muitos grupos polares é
sensível a um solvente polar, esse mesmo polímero seria permeável a um gás ou líquido polar.
Por outro lado, um polímero apolar seria uma barreira para gases e líquidos polares. Se a
estrutura polimérica do material for majoritariamente amorfa, com poucas áreas de
empacotamento denso dos átomos, as moléculas de gás e líquidos podem se mover mais
facilmente e o material terá uma alta permeabilidade. Já se o material polimérico possuir uma
estrutura mais cristalina, apresentará melhor propriedade de barreira (STRONG, 2006).
2.4.2.10 Inflamabilidade
A maioria dos plásticos não tratados irá entrar em combustão em decorrência da natureza
química dos polímeros que são facilmente oxidados (queimados) em dióxido de carbono e
vapor d’água. Além disso, a presença de outros materiais misturados ao plástico pode resultar
na produção de subprodutos. Alguns polímeros são menos voláteis do que outros e,
consequentemente, possuem menos combustível prontamente disponível para queima. Entre os
polímeros de baixa volatilidade estão os polímeros aromáticos, como o Polietileno Tereftalato
30
(PET). Em geral, quanto maior a proporção de componentes aromáticos para não aromáticos,
mais resistente será o plástico à formação de componentes voláteis (STRONG, 2006).
2.5.1 Secagem
adicionar em finas camadas a resina PET dentro de um forno de convecção com ventilação para
homogeneizar a distribuição do calor interno (WHELAN, 1989).
Como neste processo é necessário um tempo de secagem relativamente alto, pode haver
a saturação do ar interno no forno, podendo ocasionar a oxidação e consequente perda das
características plastificantes, bem como o alto consumo de energia elétrica. Opta-se, portanto,
em incluir a recirculação do ar, promovendo além da remoção de agentes contaminantes, a
economia energética do processo (WHELAN, 1989).
2.5.2 Extrusão
conduzido mecanicamente para a região frontal do tubo por meio da rosca em rotação espiral
(BRANDAU, 2016). Durante este percurso, ocorre o aquecimento do plástico por meio da ação
de resistências elétricas e do atrito com a rosca rotativa (BRANDAU, 2012). Completado o
percurso da resina na máquina, o polímero deverá estar com a sua plastificação completa, sendo
então comprimido contra um molde que contém a forma do perfil acabado da embalagem. Ao
ser moldado, o produto é resfriado e armazenado (TOLEDO et al., 2008).
Outra consequência da umidade da resina pode ser observada nas Figuras 10 e 11, com
a formação de regiões opacas ao longo das paredes da pré-forma. Desta maneira, falhas no
processo de resfriamento nos secadores, oscilação da temperatura na região de entrada das pré-
formas ou desalinhamento das agulhas do bico de injeção podem ser potenciais fatores que
favoreçam a incidência de opacidade (SILVA, 2022).
2.6.5 Infusibilidade
3 METODOLOGIA
● Moinho centrífugo;
● Balança analítica;
● Vial (tubo de amostragem para cromatografia);
● Chapa aquecedora com agitação;
● Viscosímetro digital Ubbelohde.
1
Disponível em: <https://www.psl-rheotek.com/astm-ubbelohde-capillary-viscometer-tube.html>.
39
● Calorímetro (DSC);
● Balança analítica;
● Moinho centrífugo;
● Panelinhas de alumínio para DSC.
2
Disponível em: < https://www.surfacesciencewestern.com/analytical-services/differential-scanning-calorimetry-
dsc/>.
41
Após a análise, os dados são obtidos por meio de um termograma gerado com as
principais temperaturas e energias, pela qual pode-se obter informações acerca da cristalinidade
do material. Valor este de extrema importância para o processamento da resina PET.
A análise de cor realizada nas amostras de resina segue a metodologia CIELab (Figura
15), descrita na subseção 2.4.2.2. Uma amostra de resina cristalina é colocada em um recipiente
cilíndrico de quartzo e compactada com leves batidas na base, até atingir a metade do volume.
O recipiente é, em seguida, preenchido totalmente, de modo a evitar um maior número de vazios
obtendo-se dessa forma resultados mais precisos.
3
Disponível em: <https://knowledge.ulprospector.com/10780/pc-the-cielab-lab-system-the-method-to-quantify-
colors-of-coatings/>
42
3.1.5 Umidade
Também pode ser realizada uma investigação visual à procura de chips amarelos,
material degradado ou outros contaminantes indeterminados. Para este procedimento utiliza-se
um equipamento chamado OSC Pellet scanner, que consiste em um funil que recebe a resina e
que em seguida é transportada gradativamente por uma tubulação inclinada e espalhada em uma
chapa metálica vibratória. A fina camada de pellets é monitorada por uma câmera que
reconhece, por variação do gradiente de cores da resina, possíveis contaminantes.
Para a realização de um estudo dos principais parâmetros técnicos da resina PET, foi
feita uma pesquisa com 117 resinas produzidas mundialmente. Em seguida, foram utilizados
quatro critérios de seleção destes materiais:
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta seção serão discutidos os resultados obtidos a partir das análises das propriedades
físicas e químicas das resinas PET virgens, bem como o estudo de caso das principais resinas
comercializadas mundialmente, que possuem aplicação voltada ao envase de água mineral e
bebidas carbonatadas.
Em grande parte das figuras detalhadas a seguir foi utilizada, para efeito ilustrativo, a
simbologia “--” com o objetivo de expressar a ausência de informação do parâmetro analisado
quando foi realizado o estudo de caso com as fichas técnicas das resinas estudadas.
A pesquisa realizada resultou em um total de 117 resinas PET, dentre elas, 44 são
voltadas à água mineral e 24 às bebidas carbonatadas. As 49 resinas restantes foram
desconsideradas por terem aplicações distintas às do estudo, como aplicações em peças, bebidas
de envase a quente (hot fill), material reciclado, dentre outras.
Nas próximas seções estão descritos os resultados dos principais parâmetros estudados,
bem como a distribuição dos respectivos valores.
46
Figura 16 - Resultados de viscosidade intrínseca (em dl/g) de resinas voltadas à água mineral.
Figura 17 - Resultados de viscosidade intrínseca (em dl/g) de resinas voltadas a bebidas carbonatadas.
Como explicado anteriormente, faz-se necessária uma maior viscosidade da resina para
que haja um aumento da rigidez das paredes da garrafa suficientes para suportar a diferença de
pressão entre as regiões internas e externas, sem que haja a deformação do recipiente.
que tal substância proporciona para o líquido. Desta forma, como a água mineral é insípida,
caso haja migração de acetaldeído das paredes da garrafa para a bebida, a mudança de sabor é
facilmente detectada.
Figura 18 - Resultados de acetaldeído residual (em ppm) de resinas voltadas à água mineral.
Figura 19 - Resultados de acetaldeído residual (em ppm) de resinas voltadas a bebidas carbonatadas.
Figura 20 - Resultados de ponto de fusão (em °C) de resinas voltadas à água mineral.
Figura 21 - Resultados de ponto de fusão (em °C) de resinas voltadas a bebidas carbonatadas.
4.1.1.4 Cor L* e b*
Sabe-se que a metodologia para medição de cores baseia-se na escala CIELab, onde são
gerados dados referentes às cores L*, a* e b* da amostra analisada. Entretanto, a cor a* acaba
não sendo de grande relevância, pois o eixo das cores verde a vermelho na resina, não possui
grande impacto ao produto final processado (pré-formas e garrafas).
51
As cores L* e b*, no entanto, possuem um caráter crítico mais elevado, pois são esses
intervalos de cores responsáveis pelo brilho (luminosidade responsável pela cor L*) e o nível
de amarelamento do produto (responsável pela cor b*). Explicado isso, compreende-se o fato
da cor a* não ser descrita nas fichas técnicas das resinas assim como as cores L* e b* são.
Analisando as Figuras 22 e 23, referentes à cor L*, percebe-se que, das resinas avaliadas
que disponibilizaram tais informações, o valor ideal para o nível de brilho das garrafas é de (80
± 2,0) ou ≥ 90 indicando a necessidade de alto grau de luminosidade e transparência.
De maneira análoga, analisando as Figuras 24 e 25, percebe-se que, em ambos os casos,
o nível de cor b* médio é de (-1,5 ± 1,5), indicando maior desvio para o azul e menor desvio
para o amarelo.
Figura 22 - Resultados de Cor L* (na escala CIELab) de resinas voltadas à água mineral.
Figura 23 - Resultados de Cor L* (em escala CIELab) de resinas voltadas a bebidas carbonatadas.
Figura 24 - Resultados de Cor b* (em escala CIELab) de resinas voltadas à água mineral.
Figura 25 - Resultados de Cor b* (em escala CIELab) de resinas voltadas a bebidas carbonatadas.
4.1.1.5 Cristalinidade
A resina PET produzida na fase de policondensação em seu estado fundido possui
características amorfas em função do rápido resfriamento sofrido pelo material extrudado do
reator. Já a mesma resina na etapa de pós-condensação em estado sólido adquire um alto teor
de cristalinidade, devido ao longo período de exposição a altas temperaturas.
A cristalinidade da resina PET refere-se ao grau de ordenação estrutural deste polímero.
Em um material semicristalino, o arranjo atômico ou molecular possui alta consistência,
padronização e repetitividade das estruturas.
Quando a resina fundida é solidificada, há um alinhamento parcial das cadeias
moleculares do polímero. As propriedades mecânicas do plástico são significativamente
influenciadas devido ao aumento do grau de cristalização. Portanto, quanto maior o grau de
cristalização do material, mais forte e rígida, entretanto também quebradiço, será a peça
moldada.
Através de estudos comparativos entre o grau de rigidez do material e sua resistência
mecânica com o grau de cristalização concluiu-se que valores superiores a 50% de cristalização
acarretam uma maior resistência à formação de opacidade ou má-plastificação no
processamento de resinas. Por este motivo, percebe-se que, das resinas que disponibilizaram os
54
resultados referentes à cristalização, tanto para garrafas para carbonatados, quanto para água
mineral, convergem para valores acima de 50%, como observado nas Figuras 26 e 27 a seguir:
4.1.1.6 Umidade
Tabela 1 - Valores propostos para os parâmetros técnicos da resina aplicada a garrafas de água mineral.
0,76 ± 0,02
ou
Viscosidade Intrínseca (VI) 0,80 ± 0,02 dl/g
(A depender da capacidade
volumétrica da garrafa)
Acetaldeído Residual (AA) ≤ 1,0 ppm
Ponto de Fusão 247,0 ± 2,0 °C
Cor L* ≥ 80 CIELab
Cor b* -1,5 ± 1,5 CIELab
Cristalinidade ≥ 50 %
Umidade ≤ 0,2 %
Fonte: De própria autoria.
Tabela 2 - Valores propostos para os parâmetros técnicos da resina aplicada a garrafas de bebidas carbonatadas.
0,80 ± 0,02,
0,84 ± 0,02
ou
Viscosidade Intrínseca (VI) 0,86 ± 0,02 dl/g
(A depender da capacidade
volumétrica da garrafa)
Acetaldeído Residual (AA) ≤ 1,6 ppm
Ponto de Fusão 247,0 ± 8,0 °C
Cor L* 80,0 ± 2,5 CIELab
Cor b* -1,5 ± 1,5 CIELab
Cristalinidade ≥ 50 %
Umidade ≤ 0,2 %
Fonte: De própria autoria.
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A ocorrência de névoas ou opacidades nas paredes das pré-formas pode ter causa no
teor de umidade da resina, onde se deve observar os padrões de temperatura tanto do secador
quanto da máquina injetora; ou desajuste no comando das agulhas de injeção. Neste caso, é
necessário parar o processo e avaliar o funcionamento destas agulhas. Em caso de algum
desalinhamento, o regulamento dos períodos de comando das agulhas poderá sanar este
problema.
4.3.4 Infusibilidade
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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2017.
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62
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