Science">
Albert Schweitzer e A Filosofia Da Ética de Respeito À Vida
Albert Schweitzer e A Filosofia Da Ética de Respeito À Vida
Albert Schweitzer e A Filosofia Da Ética de Respeito À Vida
respeito à vida”
Resumo: O nascimento formal da Bioética, uma nova área do conhecimento humano, ocorreu
após duas publicações de Potter, pesquisador norte-
bioético”, também foi foco de reflexões e postura ética por diversos outros autores. Essas
contribuições teóricas certamente influenciaram na criação
da Bioética potteriana. Um desses autores foi o médico Albert Schweitzer, respeitado como
uma das pessoas pela qual a humanidade tem uma dívida
são menos conhecidos. O escopo deste texto é apresentar, ainda que sumariamente, as bases
filosóficas – da “Ética de respeito à vida” – e uma breve
Abstract: The formal birth of Bioethics, a new area of human knowledge, occurred after two
reports by Potter, the North-American researcher,
in the beginning of the nineteen seventies. However, the neologism Bioethics was used for the
first time by Fritz Jahr, in Germany, in a report of
1927. The recognition of the value of all living creatures in the planet, defended by Fritz Jahr by
means of his “bioethical imperative”, was also the
focus of reflections and ethic attitudes by several other authors. Those theoretical
contributions certainly influenced the creation of the Potterian
Bioethics. One of those authors was the physician Albert Schweitzer. He is respected as one of
the persons whom humanity owes gratitude, mainly
by his incomparable spirit of sacrifice, philanthropy and compassion. In his life he was
countless times rendered homage, among them the Nobel
Prize of Peace in 1952. The life and work of Schweitzer have universal recognition, but his texts
about Philosophy are less known. The aim of this
text is to spread, even though summarily, the biography and the philosophical bases of the
“Ethics of respect to life” by one of the most important
limites”.
A. Schweitzer
introdução
O neologismo Bioética, utilizado por Potter em duas publicações no início dos anos setenta do
século passado1,2, marcou o nascimento formal de uma nova área do conhecimento
humano, que teve um rápido desenvolvimento em seu arcabouço teórico, poucas vezes
observado na história das ciências.
ção ética, não apenas com relação aos seres humanos, mas
Saale, foi um autor pouco conhecido e com raras publicações, mas teve o mérito de cunhar o
conceito do
“imperativo bioético”: “Respeitar cada ser vivo em princípio como um fim por si próprio e
tratá-lo, se possível,
como tal”4
Segundo Saas5
do próprio ser humano, principalmente a partir da segunda metade do século XIX, em plena
era da secularização da cultura. O reconhecimento do valor da vida
de 30 do século passado6
o médico Albert Schweitzer, uma das personalidades mais famosas do século XX, sendo
reverenciado
compaixão.
Tornou-se famoso principalmente pelo Prêmio Nobel da Paz, outorgado em 1952, devido a sua
atuação humanitária na África.
Foi chamado por Carlos Paez Vilaró, muralista uruguaio que esteve na África junto com
Schweitzer, de pessoa santa7
universal, mas seus textos sobre filosofia são menos conhecidos e divulgados.
O presente texto tem como escopo apresentar, ainda que sumariamente, as bases filosóficas –
da “Ética
BREVE BIOGRAFIA8
1875, em Kaysersberg, na Alsácia. Seu pai era pastor protestante, descendente de uma família
de religiosos e músicos. Logo após seu nascimento, a família mudou-se para
de 1912.
montes.
Apesar das enormes dificuldades, atendendo seus pacientes e trabalhando pessoalmente nas
obras do hospital,
o hospital.
África e na Europa.
Em janeiro de 1937, após enorme esforço para levantamento de verbas, o novo “Hospital da
Selva” foi novamente reinaugurado, agora mais moderno e com dois novos médicos
assistentes, recebendo o nome de “Hospital
Schweitzer – Bresslau”.
nas margens do Rio Ogowe, foi marcada com uma simples cruz.
Uma das ideias centrais de sua teoria filosófica consistia no respeito à vida, em seu
desenvolvimento e preservação:
que se exprime no meu desejo de viver; a idéia do respeito à vida. Em consequência disso,
valorizo a vida
que razão esta ou aquela vida merecerá a sua simpatia, como sendo valiosa, nem tampouco
lhe interessará saber se, e a que ponto, ela for ainda suscetível
E há uma consequência ulterior do princípio da devoção: ele não permite mais preocuparmo-
nos unicamente com entes humanos, mas nos obriga a nos
Eles também são nossos semelhantes pelo fato de aspirarem como nós a felicidade e
conhecerem o medo
Schweitzer, após o grande sofrimento físico e espiritual que lhe foi imposto durante a I Guerra
Mundial,
vivos.
Afirma que, para tornar-se um homem ético, devemos começar a pensar sinceramente e que o
homem não
será realmente ético, senão quando cumprir com a obrigação de ajudar toda a vida à qual
possa acudir.
mais completa.
conflitos são menos perceptivos, mas, em relação à sociedade, os conflitos são imensos e
devem ser discutidos
frequentemente.
Para o autor, a Ética do respeito à vida não reconhece nenhuma ética relativa, somente
qualifica como bom
poderá tranquilizar a sua consciência com o argumento dos grandes benefícios para o homem
decorridos da
tempo.
que o mundo já conheceu. Sua atuação médica, na atenção aos nativos africanos, tratando e
prevenindo doenças
contribuiu muito para o Prêmio Nobel da Paz, outorgado em 1952. Contudo, possivelmente
sua “Filosofia do
para a Humanidade.
Uma das características mais marcantes de seu pensamento era a necessidade urgente de
ideias filosóficas simples, construídas com ideias elementares e tão claramente
Outra característica foi a perfeita união e a coerência de sua teologia e sua linha filosófica. Em
suas
de Ciências:
fundamentações teóricas.
conclusão
REFERÊNCIAS
1. Potter VR. Bioethics, the science of survival. Perspectives Biol Med. 1970;14:127-53.
2. Potter VR. Bioethics: bridge to the future. Englewood Cliffs (NJ): Prentice Hall; 1971.
3. Hossne WS, Pessini L. Do imperativo bioético ao credo bioético. Rev Bioethikos.
2011;5(3):239-41.
5. Saas HM. A Terra é um ser vivo: devemos tratá-la como tal. Rev Bioethikos. 2011;5(3):276-
81.
6. Leopold A. Sand County almanac and sketches here and there. New York: Oxford; 1989.
7. Vilaró CP. Albert Schweitzer – en el reino de los Galoas. Montevideo: Ediciones Casapueblo;
1996.
8. Waissman M. Albert Schweitzer – uma vida exemplar. São Paulo: Edições Melhoramento;
1957.
9. Schweitzer A. Entre a água e a selva. 3a ed. São Paulo: Edições Melhoramentos; 1964.
12. Carvalho FMF, Pessini L, Campos Jr O. Reflexões sobre Bioética ambiental. Mundo Saúde.
2006;30:614-8.
13. Goldim JR, Santana MS. From reverence for life to Bioethics: Albert Schweitzer, a bioethic
precursor Jahr. Annual Depart Social Sci Med
Hum. 2011;2:505-9.