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TUTORIA EM EAD II

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TUTORIA EM EAD II

NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

1
Sumário

NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 1

Sumário .................................................................................................................... 2

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3

Atribuições e competências do tutor na aprendizagem online ............................. 5

Aspectos metodológicos sobre a prática da tutoria .............................................. 7

Avaliação da prática da tutoria adotada ................................................................ 11

Atribuições e papéis do tutor ................................................................................. 13

O tutor na educação a distância: conceitos e formação ..................................... 17

A tutoria na visão de tutores .................................................................................. 21

Professor e Tutor .................................................................................................... 22

Princípios e estratégias correspondentes a tutoria ............................................. 26

Processos de seleção, formação e avaliação dos tutores .................................. 27

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 29

2
INTRODUÇÃO

A consolidação da Educação a Distância (EaD) por meio da rede mundial de


computadores trouxe vários elementos novos para as práticas de ensino em seus
diferentes níveis. Dentre eles, a figura do tutor.

Com a acelerada expansão da EaD na última década, surgem, com maior


expressividade, trabalhos e projetos de pesquisas que discutem as funções, as
atribuições, as designações e os objetivos do tutor nos cursos online. Desta forma,
devemos considerar que a função do tutor, seja a distância ou presencial, passa
constantemente por novas definições. Portanto, o conhecimento apresentado neste
texto não tem caráter definitivo e trata-se apenas de uma discussão inicial sobre o
tema.

Neste contexto, Michael Moore (2007, p. 147) apresenta dois desafios centrais
para a função de tutor, a saber:

• o tutor não sabe como os alunos reagem ao que lhes é dirigido, ou seja, a
reação quanto ao material que foi preparado (vídeos, textos, imagens, etc.)
pode ser diferente para cada indivíduo. Portanto, o desafio reside em conseguir
decifrar as reações dos alunos aos diferentes comandos que lhes são dados;

• o conhecimento é conduzido por intermédio de uma tecnologia, ou seja, os


tutores precisam descobrir as limitações e o potencial da tecnologia e as
melhores técnicas para comunicação por meio dela.

Diante disso, quando falamos em educação a distância devemos considerar


algumas capacidades que os profissionais da área precisam ter ou desenvolver, em
especial, o tutor. Destaca-se aqui a capacidade para entender as personalidades de
seus alunos, mesmo filtradas pelas comunicações transmitidas tecnologicamente
(Moore e Kersley, 2007, p. 148).

3
Pode parecer estranho pensar que a EaD necessite da identificação das
emoções dos alunos, porém o apoio motivacional feito da maneira mais próxima
possível possibilitará a permanência dos mesmos no curso.

O tutor precisa, antes de qualquer outra ação, entender a importância de


orientar o aluno facilitando sua vida de estudante online, construindo as oportunidades
de participação, de acesso, de questionamento, bem como, por meio de mecanismos
motivacionais, envolvê-lo nas discussões e nas atividades relacionadas ao curso, a
ponto de que ele próprio construa as condições gerenciais de sua formação.

Segundo o MEC (2008), o tutor “atua junto aos estudantes sob estrita
orientação e supervisão da equipe de docentes, principalmente como mediador
pedagógico e facilitador nos processos de ensino-aprendizagem.” Portanto, o conceito
de tutor envolve, além da delimitação conceitual citada, potencialidades,
competências e capacidades vinculadas às múltiplas realidades encontradas em cada
atuação. Desta forma, cada profissional terá de desenvolver tais elementos para
realizar com proveito sua atividade.

Pensando nisso, este artigo propõe uma metodologia para a prática de tutoria
fundamentada em competências. Além da metodologia, o texto irá apresentar sua
aplicação em um curso de formação continuada e, por fim, a avaliação com base em
um instrumento fundamentado em sistemas de indicadores, adaptado de (Bertolin e
De Marchi 2010).

Diante deste contexto, buscar-se-á: abordar um conjunto de informações


básicas sobre a tutoria online; apresentar a metodologia adotada na prática da tutoria
online nos cursos de extensão a distância ofertados e discutir alguns resultados
obtidos com a avaliação da metodologia

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Atribuições e competências do tutor na aprendizagem
online

O trabalho como tutor online deve suscitar uma pergunta básica inicial: que
conhecimentos e competências o tutor deve possuir para desempenhar seu trabalho?

O manual do tutor da COMMONWEALTH (2003) ajuda a elucidar essa


discussão, afirmando que as pessoas com experiência de ensino já possuem muitos
dos conhecimentos e competências dos tutores da EaD. Os tutores precisam possuir
uma gama mais vasta de tais elementos, devido às diferentes abordagens, aos perfis
e objetivos dos estudantes virtuais e à utilização de estratégias de comunicação a
distância (Manual do tutor COMMONWEALTH, 2003, p. 36).

Desta forma, destacam-se três características que devem estar associadas


constantemente às atribuições do tutor: responsabilidade, capacidade e competência.
Mercado (2008, p. 98) define o tutor como responsável pela incessante comunicação
que desencadeia o processo de ensino-aprendizagem. O tutor é o parceiro constante
das esferas envolvidas no processo, ou seja, do professor e, em especial, do aluno,
devendo interagir com os dois grupos, tanto com ações motivacionais quanto na
resolução de problemas técnicos. Portanto, o andamento do curso a distância
depende, em grande escala, da observação e da ação constante do tutor, bem como
do levantamento e apontamento das informações de sucesso ou de problemas
percebidos aos demais componentes da equipe responsável pelo andamento do curso.
Tal atitude exige do tutor autonomia na condução do processo de ensino-aprendizado
que está em desenvolvimento.

Belloni (2003, p. 81) nos ajuda a compreender a delimitação da autonomia


necessária ao tutor e destaca que este profissional deve ter capacidade para: (i)
interagir com os conteúdos e material didático disponibilizado e dinamizado durante o
curso; (ii) fazer uso de estratégias de orientação; (iii) realizar as intervenções didáticas
com frequência necessária; e (iv) ter disponibilidade para estimular a autonomia e a
emancipação do aluno. Cabe destacar que o papel do tutor precisa ser pensado para

5
que não se reproduzam nos atuais ambientes de EaD concepções tradicionais das
figuras do professor. É preciso superar a postura ainda existente, do professor
transmissor de conhecimentos.

Juntamente com os elementos de responsabilidade e de capacidade, com a


ajuda de Moore (2007, p. 148-149), define-se o termo competência. O autor classifica
as funções do tutor em três competências:

(i) as atividades de ensino: significa que este deve conhecer o conteúdo do curso,
a ponto de conseguir intervir na discussão, conduzindo-a para um melhor
aproveitamento, e também intensificando a interação dos alunos com o
conteúdo, mediante suas intervenções;

(ii) as atividades de progresso dos alunos: atuação de acompanhamento da


realização das atividades, indicando ao professor o andamento do aluno quanto
aos prazos e quanto ao ritmo de envio das tarefas. A competência para
estimular o progresso dos alunos é um elemento fundamental e de
responsabilidade do tutor;

(iii) as atividades de apoio ao aluno: mesmo que a instituição conte com o suporte
técnico e administrativo, geralmente questões desta ordem chegam aos tutores
e é importante que estes tenham o conhecimento básico a respeito delas para
dar o suporte em tempo hábil, sem prejudicar o desempenho dos alunos.

Assim sendo, o tutor deve desenvolver a competência de perceber tudo o que


está acontecendo com o aluno em seu processo de ensino-aprendizagem online. É o
tutor quem está efetivamente e sistematicamente em contato com o aluno e é, portanto,
a fonte de informação mais adequada para com os demais sujeitos da EaD. Além
disso, é um dos protagonistas para uma boa experiência de aprendizagem na
educação a distância, conforme dois (iv e v) dos cinco itens apontados pelo Manual
do Tutor da COMMONWEALTH (2003, p.19) como responsáveis pelos processos de
formação, de ensino e de aprendizagem na EaD, a saber:

(i) qualidade, exatidão e abrangência dos materiais de aprendizagem;

(ii) custo, fiabilidade e facilidade de utilização das tecnologias necessárias;

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(iii) grau de consistência na abordagem entre os materiais de curso e o processo
de avaliação;

(iv) empenho, em termos práticos, da instituição de ensino para com os alunos,


como seja a disponibilidade de pessoas para responderem a perguntas;

(v) disponibilidade e prontidão dos tutores para responderem às necessidades dos


alunos e para fornecerem uma avaliação clara e atempada do respectivo
trabalho.

Desta forma, o tutor deverá entender o processo pedagógico de ensino da


educação a distância, que tem o foco no aluno, desenvolvendo a competência para
que os níveis de interação com o sujeito aprendiz sejam atingidos satisfatoriamente.

Aspectos metodológicos sobre a prática da tutoria

A prática da tutoria online cerca-se de vários elementos para atingir bons níveis
de qualidade e contribuir para uma boa experiência de aprendizagem. Dentre os
elementos, merecem destaque os apresentados na Tabela 1, considerando a atuação
do tutor nas três funções de competências apresentadas por Moore (de ensino, de
progresso e de apoio).

7
Diante dos elementos citados, é possível perceber que o tutor desempenha o
papel daquele que “desperta” os alunos para a rotina de estudo peculiar que
acompanha a educação a distância. Conforme diz Gonzales (2005, p. 47), o tutor com
uma radiografia didático-avaliativa do aluno terá um perfil minuciosamente detalhado
dele, o que lhes permitirá ações de apoio, reforço e orientações adequadas e
oportunas.

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Além disso, o tutor também deve ficar atento às possíveis causas de evasão,
comuns ao processo de ensino a distância e que devem ser minimizadas. Pensando
nisso, Gonzalez (2005, pág. 46) aponta quatro causas consideradas como principais,
a saber:

(i) conteúdos confusos, com linguagem inadequada ao nível do aluno (muito


pobre ou extremamente sofisticada);

(ii) interface com poucos recursos ou extremamente complexa;

(iii) excesso de atividades solicitadas;

(iv) falta de acompanhamento sistemático do tutor

O feedback, fundamental na prática da EaD, integra o processo de aprendizado


à distância como um dos elementos instrucionais presentes nos cursos. Filatro (2008)
afirma que se trata de uma forma de retroalimentar a equipe durante o
desenvolvimento e a implementação do aprendizado. Para melhor compreensão,
podemos utilizar o significado clássico do termo que visa ao retorno de uma
informação ao aluno durante ou após o desenvolvimento de uma atividade. Tal
definição deixa implícito o seu fluxo contínuo. Os feedbacks podem ser personalizados
e contextualizados, oriundos diretamente do tutor ou programados pelo sistema
gerenciador da aprendizagem.

De modo a definir características comuns para a tutoria em nossa Instituição,


elaboramos alguns indicativos para conduzir o trabalho do tutor quanto às
características das mensagens e quanto aos modelos de relatórios que devem ser
emitidos ao professor da disciplina e à equipe que acompanha o curso. A Tabela 2
ilustra as características das mensagens enviadas aos alunos pelo ambiente de
aprendizagem Moodle, conforme a ferramenta utilizada.

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Outra responsabilidade atrelada à função do tutor é o preenchimento e o envio
de relatórios de acompanhamento, que devem conter informações relevantes da
prática tutorial.

Ressalta-se, por fim, que a prática da tutoria desenvolvida pela equipe de


tutores de uma instituição está vinculada à concepção didático-pedagógica adotada
pelo grupo. Tal posição de trabalho significa que a ação coletiva e o entrosamento
entre os tutores vinculados a um projeto de curso em execução são fundamentais para
o sucesso da proposta.

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Avaliação da prática da tutoria adotada

A prática da tutoria online adotada culminou na concepção de um curso de


formação para este profissional da EaD. Tal curso seguiu os pressupostos teóricos e
as opções metodológicas condizentes com as discussões atuais do tema.

O curso de Formação de Tutores, ofertado por nossa Instituição, possui como


objetivos: (i) capacitar tutores para atuar em cursos a distância; (ii) oportunizar aos
participantes o conhecimento de ferramentas tecnológicas empregadas em EaD; (iii)
atualizar os cursistas no que diz respeito às discussões acerca de aspectos legais e
práticos relacionados à inserção das tecnologias da informação e da comunicação
aplicadas ao ensino; e (iv) conhecer e construir ações práticas da tutoria.

Ao longo do curso são desenvolvidas atividades individuais e em grupo


(estudos de caso, questões discursivas, fóruns de discussão e chats, além de
atividades práticas) que permitem aos tutores construir os referenciais básicos de
educação a distância e as características da tutoria, quanto a situações do contexto
profissional prático do ensino online.

Ao todo foram 40 horas de atividades, distribuídas em seis semanas, tendo o


ambiente virtual de aprendizagem Moodle como principal recurso tecnológico utilizado.
O acesso ao curso está totalmente disponível no período de sua vigência, permitindo
uma maior flexibilidade de horário de estudos. Foram disponibilizados materiais em
formato doc, pdf, HTML, ppt, flash e vídeos.

Como principal estratégia de experimentação da prática tutorial por parte dos


alunos, adotaram-se cursos virtuais com atividades e alunos fictícios, simulando uma
rotina de trabalho. Cada aluno ficou responsável por um curso e, durante o período
em que estava realizando a tutoria dos alunos fictícios, foi observado e avaliado,
recebendo feedback sistematicamente.

Para a avaliação da prática da tutoria, adaptou-se um instrumento


fundamentado nos sistemas de indicadores proposto por Bertolin e De Marchi (2010).
Ao todo, foram 15 cursistas respondentes e um total de 10 questões. A cada questão,

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o respondente deveria selecionar uma resposta em uma escala de 1 a 5, sendo 5 o
maior conceito.

Os resultados obtidos comprovaram a aprovação da metodologia adotada por


meio de competências. As práticas de tutoria relacionadas às três competências do
tutor (atividades de ensino; de progresso e de apoio) foram avaliadas com média 4,8,
demonstrando conhecimento do conteúdo a ponto de intervir na discussão;
acompanhamento na realização das tarefas, com a atualização constante do relatório
de notas e comentários; e conhecimento básico de questões de suporte técnico e
administrativo, atendendo as diferentes solicitações quanto à dificuldade de acesso e
postagem de tarefas, por exemplo. A questão com maior média (4,9) foi “As
habilidades e competências dos tutores para o desenvolvimento do curso podem ser
avaliadas como?”.

Outro forte indício de que a prática da tutoria adotada foi bem-sucedida é o


percentual de alunos aprovados, cerca de 90%. O índice de evasão ficou em 10%
(dois alunos), dos quais um relatou a impossibilidade de continuar, tendo em vista
tarefas assumidas após o começo do curso.

Ao final de curso, os alunos emitiram depoimentos espontâneos sobre a prática


adotada. Tais depoimentos foram classificados conforme as competências exigidas
pelo tutor, a saber:

a) Atividades de apoio:

“Talvez minha dificuldade tenha ocorrido por nunca ter trabalhado com essas
ferramentas e me senti insegura em usá-las, mas sempre encontrei respostas
quando as busquei junto aos tutores.” (P.F.M.)

b) Atividades de ensino:

“O trabalho de vocês como tutoras foi ótimo, tudo que lemos na teoria vocês
fizeram na prática: envolvimento com os alunos e discussões, atividades claras,
responderam nossas dúvidas,... Com vocês sanei as principais dúvidas sobre EaD
e agora tenho certeza que quero continuar fazendo cursos nessas áreas.” (L.I.G.).

c) Atividades de progresso:

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“Quero agradecer a vocês pela atenção, orientações, a forma como conduziram
as atividades e principalmente por estarem sempre disponíveis.” (S.M.G.).

A partir da análise desses dados, pode-se afirmar que a avaliação resultante


aponta para caminhos bastante produtivos quanto à escolha e adoção da
metodologia para a prática de tutoria online. O aluno virtual em foco neste trabalho
dá sinais de que, a partir da metodologia empregada, ultrapassou seus obstáculos
iniciais e, a cada nova etapa no curso, sentia-se mais seguro em sua ação.

Atribuições e papéis do tutor


A inserção da NTICs na EAD (vide p.57) traz consigo a necessidade da
incorporação de diferentes profissionais na execução de atividades diferenciadas
nesta modalidade de ensino, como pontua Niskier (2000), fundamentado em
Chadwick e Rojas (1980), e Dias e Leite (2010). Assim, o professor do ensino
presencial ao passar a atuar na prática do ensino a distância se depara com uma
modificação na própria configuração do corpo docente. Ele passa a dividir com outros
profissionais, e com outras categorias de professores, a responsabilidade de executar
atividades que, no ensino presencial, estão direcionadas apenas a um único docente.

Nesta nova fase da EAD, os sujeitos que participam desta modalidade de


educação, designados por Maia e Mattar (2007, p. xiii) como players56, são variados,
como variadas também são as atribuições e os papéis57 designados a cada um deles.
E neste contexto contemporâneo da EAD, ainda não há um “[...] entendimento
completo desses players [...] sobre os papéis que cada um desempenha, seus direitos,
deveres e sua responsabilidades [...].” (MAIA e MATTAR, op. cit., grifos nossos). Em
relação ao corpo docente desta modalidade de educação, esses autores
complementam que “Professores, autores e tutores acabam se confundindo e não
sendo apropriadamente preparados para desempenhar sua nova função pedagógica
[...]” (MAIA e MATTAR, op. Cit).

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Analisando esta afirmação, parece-nos que o sujeito que desempenha a
atividade de tutoria na EAD ocupa uma categoria diferenciada daquela específica do
professor no processo de ensino-aprendizagem. Este fato é evidenciado não apenas
por estes autores, mas pela maioria dos outros que tratam da docência nesta
modalidade de educação. Como bem salientam Maia e Mattar (op. cit.), ainda há uma
inconstância na determinação das funções dos vários tipos de docentes da EAD.

Esta falta de entendimento e de definição dos papéis de cada profissional desta


modalidade de educação afeta, de modo particular, a execução das suas respectivas
tarefas. Direcionando nossa atenção para a função e para as atribuições do tutor na
EAD, veremos a seguir alguns posicionamentos de diferentes teóricos acerca dessas
duas questões. Gostaríamos de esclarecer que, em meio a essa indefinição quanto
aos papéis e tarefas atribuídas aos diferentes professores da EAD, alguns autores, ao
exporem suas concepções acerca deste profissional, nem sempre fazem a distinção
entre os diferentes tipos de docentes. Desta forma, as considerações que traçaremos
a seguir, levará em conta está generalização.

Para traçarmos um quadro com as várias atividades designadas ao tutor da


EAD, fizemos um levantamento, com base em Palloff e Pratt (2002), Niskier (2000),
Maia e Mattar (2007), Gonzalez (2009), Dias e Leite (2010), e também no manual (ver
anexo 2), na busca de especificar as tarefas que a tutoria da EAD deve executar. A
análise realizada confirma que as atribuições deste profissional não estão bem
definidas, pois a maioria dos autores, ao comentar sobre as responsabilidades dos
docentes desta modalidade de educação, faz uso apenas da nomenclatura professor,
muitas vezes não especificando a que tipo de docente está se referindo, ou seja, as
tarefas e papéis são generalizados a todos os professores da EAD, não havendo
distinção entre professor-formador, professor-tutor etc. As exceções dessas
particularidades específicas às atribuições da tutoria estão em Niskier (2000), Maia e
Mattar (2007), Gonzalez (op. cit.), Bentes (2009) e Dias e Leite (op. Cit).

Desta forma, sistematizamos, na figura a seguir, as várias tarefas que são


atribuídas aos professores da EAD, fundamentando-nos nos autores anteriormente
citados.

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Diferentes atribuições dos professores da EAD

Em referência à tutoria, conforme Bentes (op. cit.), o tutor da EAD, mesmo


antes de desempenhar sua função de professor, tem que: (i) se especializar na área;
(ii) dominar todo o conteúdo que será apresentado ao aluno; (iii) ter habilidade para
lidar com os ritmos particulares dos alunos; (iv) saber usar as novas ferramentas
tecnológicas; (v) estar apto para ser um investigador e disponibilizar tempo para
realizar intervenções contínuas junto aos alunos.

Atendidos todos estes pré-requisitos, a este profissional cabe desenvolver as


diversas atividades propostas no manual a ele destinado. Vejamos na sequencia as
respectivas tarefas destes professores citadas nesse documento:

(i) mediar a comunicação de conteúdos entre professor e aluno;

(ii) acompanhar as atividades discentes;

(iii) apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades;

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(iv) acessar o AVA regularmente e dar retorno às solicitações dos aluno no prazo
de 24 horas;

(v) manter contato permanente com os alunos;

(vi) colaborar com a coordenação em atividades avaliativas dos alunos e da


disciplina;

(vii) participar das atividades de capacitação;

(viii) elaborar relatórios mensais sobre os alunos;

(ix) apoiar operacionalmente a coordenação nas atividades presenciais.

Observando as atribuições da tutoria indicadas no manual, parece-nos que


esse documento categoriza este profissional não como professor, mas como um
possível auxiliar deste no desempenho de suas atividades, pois nos itens (i), (ii) e (iii)
cabe ao tutor atuar como ponte entre professor e aluno e também apoiar o docente
no processo de ensino- aprendizagem.

Verificamos, pois, ao comparar as tarefas dos professores da EAD, com as dos


tutores, listadas por diferentes autores e pelo manual, uma semelhança de papéis
entre o professor e o tutor desta modalidade de educação. E esse fato só vem
contribuir para a manutenção do impasse: quem deve fazer o quê? Ou seja, a quem
realmente compete determinadas funções, já que elas estão direcionadas às duas
categorias de profissionais ao mesmo tempo? E, se realmente assim o for, haveria a
necessidade de se estabelecer o nível de execução das referidas atribuições. Para
um melhor entendimento, vejamos o caso das tarefas de orientação, de supervisão,
de mediação e de avaliação. Essas são designadas ao mesmo tempo ao professor e
ao tutor. Desta forma, caso a instituição não defina a linha divisória dessas atividades
para seus respectivos executores, isto é, onde inicia e termina o trabalho do professor
e o do tutor respectivamente, há de se supor que possivelmente haverá um impasse
quanto à realização das atribuições.

É essa similaridade e sobreposição de funções, que provocam diversas dúvidas


quanto ao verdadeiro papel do tutor da EAD e as reais atribuições a serem

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desempenhadas no processo de ensino-aprendizagem requeridas por esta
modalidade de educação.

Essas relações de funções e de papéis referentes à tutoria da EAD nos darão


respaldo para a análise das representações elaboradas pelos tutores participantes da
pesquisa, numa tentativa de entender qual o papel que estes sujeitos percebem ao
desempenharem suas atividades

O tutor na educação a distância: conceitos e formação

Para Aretio (2002), não existe consenso entre os autores e as instituições


quanto à denominação do docente em um sistema educativo não presencial. Ele é
chamado indistintamente de tutor, assessor, facilitador, conselheiro, orientador,
consultor, caracterizando uma relação com as funções que desempenha; no entanto,
o autor reconhece que o termo mais utilizado é tutor. As denominações variam em
função da concepção de EAD inserida no programa no qual este personagem atua.
Esclarece, ainda, que a ação tutorial e a tutoria são dois conceitos que se
complementam; eles envolvem um conjunto de atuações dirigidas à orientação
pessoal, acadêmica e profissional daqueles que buscam se formar/qualificar. Ao
apontar características específicas da docência na EAD, esclarece que estas deverão
basear-se na motivação, promoção de uma aprendizagem independente e autônoma,
capacidade de utilizar pedagogicamente a tecnologia e, sobretudo, em um
planejamento prévio muito mais depurado do que o realizado nas atividades
educativas de caráter presencial.

Já Schmid (2004, p. 278) afirma que o tutor não ensina no sentido convencional
da palavra, como também não dá aulas, nem produz materiais. Ele é a pessoa
designada pela instituição para estabelecer contato com o aluno e, “através de uma
relação pessoal, facilitar a este o desenvolvimento de todo o seu potencial intelectual
e comunicacional”.

Ao abordarem a formação de tutores, Salvat e Quiroz (2005) salientam que é


fundamental o desenvolvimento de uma série de habilidades: pedagógicas, sociais,

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técnicas e administrativas, com vistas ao bom desempenho dessa função. Esses
autores afirmam que o fato de um sujeito ser bom professor em um sistema presencial
não é garantia de que venha a ter bons resultados como tutor em ambientes virtuais.
Eles visualizam este personagem na perspectiva de moderador.

Um outro conceito nos é apresentado por Souza e colaboradores (2004): tutor


é aquele que garante a inter-relação personalizada e contínua do aluno com o sistema
de ensino, viabilizando a consecução dos objetivos propostos. Consideram
indispensável que o tutor desenvolva capacidades, competências e habilidades
inerentes à função, para poder concretizar uma prática educativa política, formativa e
mediatizadora.

Já Silva (2003) acredita que na EAD apoiada pela internet o tutor deve ser um
professor, um interlocutor, não se reduzindo a conselheiro ou facilitador da instrução.
Esse personagem está ali para “professorar”, isto é, para indicar múltiplas
possibilidades de experimentação e expressão, disponibilizar uma montagem de
conexões em rede, formular problemas, provocar novas situações, arquitetar
percursos, mobilizar a experiência do conhecimento, tudo isso na teia das interfaces
de um ambiente virtual de aprendizagem.

Nos Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância¹, o tutor


é tido como personagem fundamental no processo educacional de cursos superiores
a distância e “compõe quadro diferenciado no interior das instituições”. Ele é aquele
que participa ativamente da prática pedagógica; “suas atividades, desenvolvidas a
distância ou presencialmente, devem contribuir para o desenvolvimento dos
processos de ensino-aprendizagem e para o acompanhamento do projeto pedagógico”
(MEC/SEED, 2007 p. 21). Ainda neste documento se afirma que sua principal
atribuição na tutoria a distância é o esclarecimento de dúvidas através de fóruns de
discussão pela internet. O tutor deve, também, promover espaços de construção
coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio e sustentação teórica aos
conteúdos, bem como participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem
junto com os docentes. Tal concepção evidencia que, no plano das diretrizes
governamentais, o tutor não é um professor, pois integra quadro profissional que não

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é o mesmo dos docentes. Paradoxalmente, deve realizar tarefas típicas da docência,
que exigem preparo pedagógico específico e domínio dos conteúdos de ensino.

A análise dessas concepções evidencia a indefinição quanto ao tutor ser ou


não um professor e aos limites e abrangência de sua ação. A diversidade de conceitos
dificulta a compreensão de quem é este personagem e acaba por fragilizar e
descaracterizar a EAD. Por outro lado, reconhecemos o quanto é recente a
preocupação em definir esse sujeito, a partir de um olhar mais cuidadoso e com base
em pesquisas nessa área.

Ao considerarmos o tutor como personagem fundamental do ensino a distância,


nos deparamos com a necessidade de abordar sua formação. Esta, de um modo geral,
tem se inspirado em uma concepção racionalista, fragmentada e reducionista de
ensino, que se contrapõe à visão de tutoria baseada no: saber trabalhar em equipe;
buscar e selecionar informações em diferentes fontes; fazer uso das tecnologias de
informação e comunicação; ser dinâmico e flexível, bem como tomar decisões e
desenvolver a autonomia em relação ao próprio processo de aprendizagem
(ALMEIDA, 2001). A formação do tutor não deve reproduzir a fragmentação do saber
e a cultura do conhecimento compartimentado; isso implica capacitação que envolva
o desenvolvimento de competências e considere a trajetória histórica da função de
tutoria e do próprio tutor. Nessa direção, Almeida (p. 26) afirma que tal formação
“encontra-se alicerçada na articulação entre teoria e prática, ensino e aprendizagem,
formação e investigação, ação e reflexão, mediação e interação, tecnologias e mídias
interativas”.

Entre os estudos que tratam das competências a serem desenvolvidas pelo


tutor em sua formação, está o de Santos e Rezende (2001, p. 23). Nele, as autoras
desenvolvem uma proposta de formação a distância apoiada no uso das Tecnologias
de Informação e Comunicação (TIC), nas quais é fundamental o acompanhamento do
professor com vistas a uma atuação coerente com as concepções que norteiam sua
formação. Essas autoras identificam cinco competências² a serem mobilizadas em
consonância aos paradigmas norteadores da formação. Dizem elas, assumindo uma
perspectiva construcionista, que “a formação deve estar centrada na articulação entre

19
sua concepção de ensino-aprendizagem e sua intervenção pedagógica, refletindo
uma ação educativa coerente e sólida” (2001, p. 23).

Já Schmid (2004) afirma que o tutor deve ter uma formação que lhe garanta
conhecer em profundidade: (a) a disciplina que vai tutorar; (b) as possibilidades de
intervenção didática específicas para a modalidade a distância, o que significa
domínio de estratégias de ensino-aprendizagem; e (c) as diferentes tecnologias que
serão usadas no processo, particularmente suas possibilidades e limitações. Essa
autora enfatiza a necessidade de capacitação inicial e atualização constante em
relação às competências básicas para o exercício da tutoria. Complementarmente,
levanta a problemática da desvalorização desse profissional, ocasionada por
inadequação ou ausência de formação, recrutamento aleatório, baixos salários e
condições de trabalho deficientes.

Os Referenciais de Qualidade já mencionados indicam que a formação do tutor


deve envolver três dimensões de capacitação: no domínio específico do conteúdo; em
mídias de comunicação; nos fundamentos da EAD e modelos de tutoria. Aqui se revela
uma perspectiva diferente, pois não se fala de formação, mas de capacitação, o que
pressupõe conhecimentos mais superficiais.

Concordamos com Litwin (2001) quando compara o tutor a um bom docente,


isto é, àquele que promove a realização de atividades educativas, oferecendo fontes
de informação e orientação segura para promover a compreensão profunda do
conhecimento. Nessa direção, o tutor vai além de um simples dinamizador; na verdade,
ele deve favorecer uma relação dinâmica com o conhecimento e, para tanto, não
bastam estratégias interativas. É preciso que o tutor possua conhecimentos
consistentes da disciplina na qual atua. Assim, identificamos três dimensões na tutoria;
que são elas: a dimensão docente, a pedagógica e a de professor on-line. Cada uma
dessas dimensões apresenta características específicas que interagem entre si.
Julgamos, pois, que é indispensável a formação especializada e permanente, ou seja,
uma formação sólida e séria, e isto, segundo Litwin, é uma tarefa desafiadora e
complexa.

20
A tutoria na visão de tutores
Nesta seção são apresentados os resultados da investigação que conduzimos
nas duas primeiras edições de um encontro nacional de tutores de Educação a
Distância, realizados, respectivamente, em 2006 e 2007. Esse evento se caracteriza
por ser totalmente on-line, isto é, via Internet, multissíncrono, e apresentado no
formato de incoerência. O objetivo básico do evento é ajudar aqueles que atuam ou
desejam atuar como “professores-tutores“ em cursos a distância, bem como aqueles
que, direta ou indiretamente, já trabalham nesta área. Cabe salientar que uma das
pesquisadoras participou desses dois encontros como dinamizadora de um tema. No
primeiro, obtivemos a colaboração de oito sujeitos, sete dos quais estavam em
atividade de tutoria; no segundo, contamos com 18 participantes, todos tutores. Assim,
a pesquisa teve como referência a visão de 26 atores envolvidos com a EAD.

Assim, três respondentes consideraram que ser professor é pré-requisito


essencial para o exercício da tutoria; um deles acrescentou o domínio da informática.
Na quarta resposta, embora não esteja explicitamente salientada a docência, ficou
nas entrelinhas a sua valorização, ao ser enfatizada a importância do tutor ser da área
do curso; ao lado deste pré-requisito, o respondente situou o conhecimento da
tecnologia. Assim, quatro tutores assumiram que é indispensável ser professor para
ser tutor e dois deles acrescentaram a este requisito básico o domínio da informática.
Esses respondentes assumem a perspectiva já mencionada por Litwin (2001) quando
compara o tutor a um bom docente. Já a segunda e terceira respostas surpreendem
porque nelas fica nítida a ideia de que a tutoria independe de formação e
competências específicas: um convite resolve o problema! Cabe destacar, ainda, um
fragmento contido na sexta resposta, na qual se expressa a não-diferença entre a
tutoria no ensino presencial e no ensino a distância. O respondente dá a entender que
é tudo a mesma coisa: se é monitor no presencial, por que não vai dar certo na EAD?

Não encontramos uma resposta sequer que situasse a formação específica


como caminho para a tutoria, o que coloca a atividade em uma perspectiva de
amadorismo, ensaio e erro. Cabe, também, admitir que as falas dos tutores

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reproduzem o que encontramos na literatura específica, ou seja, evidenciaram que
entre eles não há consenso se o tutor deve ser um professor ou se basta apenas atuar
como “facilitador”, “estimulador” da aprendizagem, o que dispensa à docência.

Professor e Tutor
A ligação aluno-professor ainda é, no imaginário pedagógico, uma dominante,
o que torna a tutoria um ponto chave em um sistema de ensino a distância (Maia,
1998, apud Niskier, 1999:391).

A tutoria como método nasceu no século XV na universidade, onde foi usada


como orientação de caráter religioso aos estudantes, com o objetivo de infundir a fé e
a conduta moral. Posteriormente, no século XX, o tutor assumiu o papel de orientador
e acompanhante dos trabalhos acadêmicos, e é com este mesmo sentido que
incorporou aos atuais programas de educação a distância (Sá, 1998).

A ideia de guia é a que aparece com maior força na definição da tarefa do tutor.
Podemos definir tutor como o “guia, protetor ou defensor de alguém em qualquer
aspecto”, enquanto o professor é alguém que “ensina qualquer coisa” (Litwin, 2001:93).
A palavra professor procede da palavra “professore”, que significa “aquele que ensina
ou professa um saber” (Alves; Nova, 2003).

Na perspectiva tradicional da educação a distância, era comum sustentar a


ideia de que o tutor dirigia, orientava, apoiava a aprendizagem dos alunos, mas não
ensinava. Assumiu-se a noção de que eram os materiais que ensinavam e o lugar do
tutor passou a ser o de um “acompanhante” funcional para o sistema. O lugar do
ensino assim definido ficava a cargo dos materiais, “pacotes” autossuficientes
sequenciados e pautados, que finalizava com uma avaliação semelhante em sua
concepção de ensino (Litwin, 2001).

Pensava-se desta forma quando “ensinar” era sinônimo de transmitir


informações, ou de estimular o aparecimento de determinadas condutas. Nesse
contexto, a tarefa do tutor consistia em assegurar o cumprimento dos objetivos,
servindo de apoio ao programa (Litwin, 2001).

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Edith Litwin (2001:99) destaca ainda que quem é um bom docente será também
um bom tutor. Um bom docente “cria propostas de atividades para a reflexão, apoia
sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece explicações, facilita
os processos de compreensão; isto é, guia, orienta, apoia, e nisso consiste o seu
ensino”. Da mesma forma, o bom tutor deve promover a realização de atividades e
apoiar sua resolução, e não apenas mostrar a resposta correta; oferecer novas fontes
de informação e favorecer sua compreensão. “Guiar, orientar, apoiar” devem se referir
à promoção de uma compreensão profunda, e estes atos são responsabilidade tanto
do docente no ambiente presencial como do tutor na modalidade a distância.

De maneira geral, os conhecimentos necessários ao tutor não são diferentes


dos que precisa ter um bom docente. Este necessita entender a estrutura do assunto
que ensina, os princípios da sua organização conceitual e os princípios das novas
ideias produtoras de conhecimento na área. Sua formação teórica sobre o âmbito
pedagógico-didático deverá ser atualizada com a formação na prática dos espaços
tutoriais.

Shulman (1995, apud Litwin, 2001:103) sustenta que o saber básico de um


docente inclui pelo menos:

• conhecimento do conteúdo;

• conhecimento pedagógico de tipo real, especialmente no que diz respeito às


estratégias e à organização da classe;

• conhecimento curricular;

• conhecimento pedagógico acerca do conteúdo;

• conhecimento sobre os contextos educacionais; e

• conhecimento das finalidades, dos propósitos e dos valores educativos e de


suas raízes históricas e filosóficas.

O ensino a distância difere completamente, em sua organização e


desenvolvimento, do mesmo tipo de curso oferecido de forma presencial. No ensino a

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distância, a tecnologia está sempre presente e exigindo uma nova postura de ambos,
professores e alunos (Alves; Nova, 2003).

Para que um curso seja veiculado a distância, mediado pelas novas tecnologias,
é preciso contar com uma infra-estrutura organizacional complexa (técnica,
pedagógica e administrativa). O ensino a distância requer a formação de uma equipe
que trabalhará para desenvolver cada curso, e definir a natureza do
ambiente online em que será criado (Alves; Nova, 2003).

A diferença entre o docente e o tutor é institucional, que leva a consequências


pedagógicas importantes. As intervenções do tutor na educação a distância,
demarcadas em um quadro institucional diferente distinguem-se em função de três
dimensões de análise (Litwin, 2001:102), conforme está na sequência.

• Tempo – o tutor deverá ter a habilidade de aproveitar bem seu tempo, sempre
escasso. Ao contrário do docente, o tutor não sabe se o aluno assistirá à
próxima tutoria ou se voltará a entrar em contato para consultá-lo; por esse
motivo aumentam o compromisso e o risco da sua tarefa.

• Oportunidade – em uma situação presencial, o docente sabe que o aluno


retornará; que caso este não encontre uma resposta que o satisfaça,
perguntará de novo ao docente ou a seus colegas. Entretanto, o tutor não tem
essa certeza. Tem de oferecer a resposta específica quando tem a
oportunidade de fazer isso, porque não sabe se voltará a ter.

• Risco – aparece como consequência de privilegiar a dimensão tempo e de não


aproveitar as oportunidades. O risco consiste em permitir que os alunos sigam
com uma compreensão parcial, que pode se converter em uma construção
errônea sem que o tutor tenha a oportunidade de adverti-lo. “O tutor deve
aproveitar a oportunidade para o aprofundamento do tema e promover
processos de reconstrução, começando por assinalar uma contradição” (idem).

Tais conhecimentos dos docentes em geral nos conduzem à situação


específica dos saberes requeridos ao tutor da EaD. Nestes ambientes, os contextos
educacionais assumem um valor especial, que requerem do tutor uma análise fluida,

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rica e flexível de cada situação, vista sob o ângulo do tempo, oportunidade e risco,
que imprimem as condições institucionais da EaD.

Vários estudos comprovam que os professores nos ambientes de EaD tendem


a reproduzir suas práticas como se estivessem em uma sala de aula convencional,
esquecendo das peculiaridades desses ambientes. Em uma pesquisa realizada por
Cerny e Erny (2001, apud Alves; Nova, 2003), com alunos e professores do Curso de
Especialização a Distância em Marketing, da Universidade Federal de Santa Catarina,
o qual utilizou a Internet como mídia principal, os pesquisadores constataram que os
alunos preferiam as atividades individuais, enquanto os professores preferiram as
atividades de fixação. A atividade mais rejeitada pelos alunos foi o chat, considerado
improdutivo e desorganizado.

Paralelo entre as Funções do Professor e do Tutor

O novo papel do professor-tutor precisa ser repensado para que não


se reproduzam nos atuais ambientes de educação a distância concepções tradicionais
das figuras do professor/aluno. Pierre Lévy (2000) faz uma reflexão sobre interação,
novas linguagens e instrumentos de mediação.

É preciso superar a postura ainda existente do professor transmissor de


conhecimentos. Passando, sim, a ser aquele que imprime a direção que leva à
apropriação do conhecimento que se dá na interação. Interação entre aluno/aluno e
aluno/professor, valorizando-se o trabalho de parceria cognitiva; elaborando-se

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situações pedagógicas onde as diversas linguagens estejam presentes. As linguagens
são, na verdade, o instrumento fundamental de mediação, as ferramentas reguladoras
da própria atividade e do pensamento dos sujeitos envolvidos.

O papel do professor como repassador de informações deu lugar a um agente


organizador, dinamizador e orientador da construção do conhecimento do aluno e até
da sua autoaprendizagem. Sua importância é potencializada e sua responsabilidade
social aumentada. “Seu lugar de saber seria o do saber humano e não o do saber
informações” (Alves; Nova, 2003:19), sendo a comunicação mais importante do que a
informação. Sua função não é passar conteúdo, mas orientar a construção do
conhecimento pelo aluno.

Princípios e estratégias correspondentes a tutoria


Interesse: adaptar o ensino aos interesses dos alunos. Estratégia Introduzir
estímulos, situações instigantes e paradoxais para assegurar a atenção dos alunos.

Relevância: o aluno deve perceber que o ensino está relacionado às suas


necessidades e a objetivos pessoais. Estratégia: Usar exemplos ligados a situações
reais dos alunos para que na aprendizagem intervenham aspectos pessoais e
emocionais e não seja só uma assimilação intelectual.

Expectativa: o aluno deve perceber que pode ser bem sucedido mediante um
esforço adequado.

Estratégia: considerar os conhecimentos que os alunos possuem, aprofundá-


los e aproximá-los dos desconhecidos de maneira progressiva e moderada.

Satisfação: procurar que a aprendizagem seja satisfatória em si mesma


(motivação intrínseca) ou pelas recompensas recebidas (motivação extrínseca).
Estratégia: Orientar os alunos para um processo de curiosidade pelo desconhecido e
para a pesquisa.

Como fazer do saber um enigma e criar o saber com o enigma, gerando no


aluno o desejo de aprender?

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Considerando que na base conceitual da educação de adultos sobressaem a
autonomia e a singularidade como componentes fundamentais, torna-se evidente que
sua formação deve ser entendida como processo orientado para a autoaprendizagem.
No sentido de estimular a motivação intrínseca do desejo que o adulto geralmente
apresenta, os processos de ensino e de autoaprendizagem devem basear-se na
participação ativa dos sujeitos, e os projetos devem estar coerentes com os seus
interesses e necessidades.

O atendimento aos interesses imediatos dos conhecimentos adquiridos requer


elevado nível de transferência, de tal forma que os estudantes possam vivenciá-los e
aplicá-los em sua realidade. Outro fator a ser considerado é a experiência do êxito,
que reforça a autoconfiança do adulto mediante a proposição de objetivos viáveis e
recursos adequados para alcançá-los.

Tanto o esforço como a valoração, contribuem para aumentar a autoestima e o


incentivo dos adultos no prosseguimento de seus estudos. As limitações de tempo e
de espaço devem ser levadas em consideração ao se planejar atividades e programas
direcionados à educação de adultos. Estes devem ser flexíveis e atender ao ritmo
diferencial dos estudantes, às demandas sócio etnográficas de cada cultura e às
expectativas e exigências de futuras ocupações numa sociedade em permanente
transformação.

Processos de seleção, formação e avaliação dos tutores


A formação de professores tutores se orienta por processos reflexivos de
investigação e exige um currículo consistente, tendo como suporte a relação teórica e
prática. Que o tutor, à luz da teoria, possa pensar a sua prática direcionada para
aprender a aprender. No sistema de EaD, a interlocução aluno-orientador é exclusiva.
A dimensão da orientação exige que o número de alunos por orientador não seja
excessivo. Alguns autores apontam como ideal a relação de um tutor para cada 20 ou
30 alunos.

O atendimento a este critério permite um processo de interlocução que respeita


os diferentes programas de EaD, bem como a diversidade de expectativas dos alunos.

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Tanto a seleção, como a formação do tutor em qualquer proposta de EaD constitui
uma das garantias de qualidade do sistema (NEDER, 1999).

No sentido de explicitar as implicações formativas articuladas ao papel do tutor,


Arredondo (1998), selecionou os seguintes procedimentos:

• Atuar como mediador; conhecer a realidade de seus alunos em todas as


dimensões (pessoal, social, familiar, escolar etc.);

• Oferecer possibilidades permanentes de diálogo, saber ouvir, ser empático e


manter uma atitude de cooperação;

• Oferecer experiências de melhoria de qualidade de vida, de participação, de


tomada de decisões.

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