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TUTORIA EM EAD I

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TUTORIA EM EAD I

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,
de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário

NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

Ensino a distância ..................................................................................................... 7

Ambiente virtual de aprendizagem e tecnologias para o ensino .......................... 9

Interações em sala de aula EAD e presencial: o papel dos professores e dos


alunos ....................................................................................................................... 11

EAD: possibilidades e desafios ............................................................................. 12

Desafios do ensino a distância .............................................................................. 15

EAD no Brasil .......................................................................................................... 17

EAD: ensino superior no Brasil ............................................................................. 21

A docência na EAD ................................................................................................. 24

A tutoria na EAD ...................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 29

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INTRODUÇÃO

A Educação a Distância (EAD) não é uma modalidade de educação recente.


Segundo Nunes (2009), ela teve seu início em 1728 nos Estados Unidos, através de
um curso oferecido pelo professor Caleb Philips, “[...] que enviava suas lições todas
as semanas para os alunos inscritos” (NUNES, op. cit. p. 02). Conforme Alves
(2009), no Brasil, esta modalidade de educação inicia oficialmente no começo do
século passado, mas especificamente em 1904, através de cursos direcionados à
área de comércio e de serviços, oferecidos por Escolas Internacionais, de forma a
atender ao público interessado por trabalho nessas áreas.

A evolução desta modalidade de educação foi progressiva, e nela se fez


presente a emergência de novas possibilidades de interação. A correspondência foi
a primeira e única ferramenta de comunicação usada até a década de 20. Em 1923,
através da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, como explicita Alves (op. cit.), o
rádio se torna o novo aliado da EAD, como meio de construção de conhecimento. O
Mobral, criado pela Lei número 5.379, de 15 de dezembro de 1967, cujo objetivo
principal era a alfabetização de jovens e adultos para que estes tivessem condições
de se integrarem na comunidade à qual pertenciam, é uma exemplificação de um
dos projetos nacionais que fizeram uso do rádio como meio de comunicação para
efetivar seu ensino.

Após a expansão do rádio na educação a distância, a partir da década de 60,


a televisão passa a ser outro meio de comunicação utilizado para fins educativos. A
partir da sua introdução no âmbito educacional, durante muitos anos, o uso desse
aparato tecnológico como ferramenta didática foi permeado por modificações
oriundas do Ministério das Comunicações. Atualmente, as tevês fechadas são
responsáveis pela transmissão de programas educacionais.

Depois da inserção da televisão como recurso pedagógico na EAD, surgem


as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (doravante NTICs),
possibilitando ainda mais a expansão da interação humana no âmbito educacional.
Esta ampliação comunicativa, que é viabilizada por diferentes ferramentas virtuais,
tais como o chat, o fórum, o blog etc, disponibilizados nas plataformas de ensino das
instituições que trabalham com a EAD, proporciona consigo “[...] novas práticas de

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ensino, as quais nos levam a novas reflexões sobre o papel do professor no
processo de ensino-aprendizagem”, como pontua Teles (2009, p. 72).

Nesta perspectiva, as recentes atribuições direcionadas ao docente não são


mais exercidas apenas por um único profissional. Para Dias e Leite (2010), uma vez
que a atual EAD requer diferentes funções docentes, como consequência surge a
necessidade da identificação de novas categorias de professores. Desta forma, as
autoras sugerem uma lista com as seguintes denominações: professor-formador;
conceptor e realizador de cursos e materiais; professor-pesquisador; professor-tutor;
tecnólogo educacional; professor recurso e monitor. Dentre esses, destacamos o
professor-tutor3, por ser ele “[...] um dos grandes responsáveis pela efetivação do
curso em todos os níveis” e também por estar “[...] constantemente orientando,
dirigindo e supervisionando o processo de ensino-aprendizagem dos alunos”
(BENTES, 2009, p.166). Ainda corroborando esta concepção, Gonzalez (2009)
afirma que este profissional deve mediar todo o desenvolvimento do curso. É ele que
responde a todas as dúvidas apresentadas pelos estudantes, no que diz respeito ao
conteúdo da disciplina oferecida. A ele cabe mediar a participação dos estudantes
nos chats, estimulá-los a participar e a cumprir suas tarefas, e avaliar a participação
de cada um (op. cit., p. 40).

Diante das inúmeras atribuições para a realização das tarefas do tutor da


EAD e da importância deste profissional para esta modalidade de educação, surge a
preocupação em investigar o fazer pedagógico do tutor, debruçando-se em torno de
questões referentes às atribuições do tutor como forma de compreender melhor o
papel da tutoria na modalidade de educação a distância.

Em termos de historicidade, o interesse pela análise do trabalho do professor


surgiu a partir do desenvolvimento das didáticas das disciplinas e posteriormente
com a junção dos interesses destas com o da Ergonomia francesa. Se antes essas
didáticas centralizavam suas atenções nos alunos, agora elas passam a direcionar
sua atenção para o trabalho docente, visando entender quais “[...] as capacidades
e os conhecimentos necessários para que os professores possam ser bem-
sucedidos naquilo que é a especificidade de seu ofício [...] (BRONCKART, 2006, p.
207, grifo do autor).

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Desta forma, ao considerarmos o trabalho do professor, veremos que as
atribuições das tarefas desse profissional se originam e se perpetuam através dos
textos prescritivos orais ou escritos. Segundo Amigues (2004), as prescrições têm
sua importância no exercício da profissão do docente, não apenas como orientação
para a realização das tarefas, mas também como instrumento de modificação da
própria prescrição que lhe é dada.

Fundamentada nestes recentes estudos, que buscam compreender melhor o


trabalho de tutoria na educação a distância, esta pesquisa pretende investigar,
através da análise dos textos prescritivos e das representações que os tutores da
EAD tecem acerca do trabalho prescrito e do seu trabalho realizado, como este
professor constrói seu papel nessa modalidade de educação. Defendendo a noção
de que há um distanciamento entre o trabalho prescrito direcionado a este
profissional nos documentos oficiais e a execução das atividades ali determinadas,
apontamos como possíveis variáveis vinculadas a esse distanciamento: (i) o domínio
das ferramentas virtuais interativas disponíveis no Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA); (ii) a curta duração do semestre analisado e (iii) o volume de
avaliações que os tutores devem corrigir.

6
Ensino a distância

Para entender o que é Educação à Distância, Moran (2009, p. 1) a define


como “[...] o processo de ensino e aprendizagem, mediado por tecnologias, onde
professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente”. Salienta,
ainda, que é mais conveniente sua aplicação para educação de adultos, por terem
mais consolidado a aprendizagem individual de pesquisa.

Entende-se que não se pode pensar em avanços sociais significativos sem


que haja acesso às tecnologias, e é a educação online que vai favorecer a
aproximação das mídias por um contingente cada vez maior de sujeitos, que se
tornarão capazes de atribuir-lhes novos significados com a transformação de sua
visão de mundo. Conforme afirma Guatarri (2008, p.16): As evoluções tecnológicas,
conjugadas a experimentações sociais desses novos domínios, são talvez capazes
de nos fazer sair do período opressivo atual e de nos fazer entrar nessa era pós-
mídia, caracterizada por uma apropriação e uma resingularização da utilização da
mídia.

O ensino a distância, é uma alternativa de educação, na qual os principais


elementos incluem a separação física de professores e alunos durante a instrução e
o uso de várias tecnologias para facilitar a comunicação entre aluno e professor.
Tradicionalmente, o ensino a distância tem se concentrado em estudantes não
tradicionais, como trabalhadores em período integral, militares e não residentes ou
indivíduos em regiões remotas que não podem participar de palestras em sala de
aula. No entanto, o ensino a distância tornou-se uma parte estabelecida do mundo
educacional, com tendências apontando para o crescimento contínuo,
principalmente no Ensino Superior.

O ensino a distância é, por definição, realizado por meio de instituições; não é


um estudo individual ou um ambiente de aprendizado não acadêmico. As instituições
também podem ou não oferecer instruções tradicionais em sala de aula, mas são
elegíveis para credenciamento pelas mesmas agências que empregam métodos
tradicionais.

A educação a distância, como qualquer outra educação, estabelece um grupo


de aprendizado, às vezes chamado de comunidade de aprendizado, composta por

7
alunos, professor e recursos instrucionais, ou seja, livros, áudio, vídeo e gráficos que
permitem ao aluno acessar o conteúdo da instrução.

Um dos primeiros assessores tecnológicos da educação foi o slide lanterna


(por exemplo, o Lanterna de Linnebach), usada no século XIX nas aulas de
chautauqua e nas escolas de liceu para adultos e em shows itinerantes de barracas
de palestras em todo o mundo para projetar imagens em qualquer superfície
conveniente; esses assessores visuais se mostraram particularmente úteis na
educação de audiências semiletradas. No início do século XX, as teorias da
aprendizagem começaram a se concentrar em abordagens visuais da instrução, em
contraste com as práticas de recitação oral que ainda dominavam as salas de aula
tradicionais.

Gonzalez (2005) define que a Educação a distância é uma estratégia de


sistemas educativos que irá ofertar a educação a setores ou a um grupo de pessoas
que possuem dificuldades de acesso à educação presencial, complementando os
conceitos abordados anteriormente.

O Brasil é pródigo em exemplos de professores muito competentes no uso de


tecnologias e educação a distância. Mas, quase sempre, eles foram vistos como
grupos de excêntricos ou visionários, que se dedicaram às pesquisas nesse campo
sem apoio oficial quando muito, alcançavam a piedosa complacência dos gestores.
Algumas vezes, os grupos que atuavam na área, disputavam entre si, em vez de
unidos, buscarem a sensibilização dos dirigentes. O resultado disso foi que a
educação a distância ficou sendo uma ilha em nossas universidades e instituições.
(MEC, 2003).

Quanto à modalidade de Educação a Distância (EaD), atualmente, a definição


que se destaca e marca de forma simples e clara, é encontrada no site do Ministério
da Educação (MEC, 2005): Educação a Distância é a modalidade educacional na
qual alunos e professores estão separados, física ou temporalmente e, por isso, faz-
se necessária a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação.
Essa modalidade é regulada por uma legislação específica e pode ser implantada na
Educação Básica (educação de jovens e adultos, educação profissional técnica de
nível médio) e na Educação Superior. (BRASIL, 2005).

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Ambiente virtual de aprendizagem e tecnologias para o
ensino

Segundo Moran (2006), p. 25, a educação online pode ser aplicada desde a
educação infantil até o ensino superior, contemplando não só a educação formal,
como também a não formal e a educação corporativa, viabilizando tanto cursos
totalmente a distância, quanto semipresenciais e presenciais: Uma estratégia
pedagógica dinâmica é realizada com programas que sejam atualizados
permanentemente, respondendo ao acelerado ritmo de mudança da sociedade do
conhecimento e do mercado de trabalho atual, superando assim o anacronismo em
que, cedo ou tarde, caem os conteúdos e programas dos sistemas presenciais.

Como salienta LÉVY (1999), p. 17: tornam-se necessárias duas grandes


reformas dos sistemas de educação e formação. Primeiro, a adaptação dos
dispositivos e do espírito do aprendizado aberto e a distância (AAD) no cotidiano e
no ordinário da educação. É verdade que o AAD explora certas técnicas do ensino a
distância, inclusive a hipermídia, as redes interativas de comunicação e todas as
tecnologias intelectuais da cybercultura. O essencial, porém, reside num novo estilo
de pedagogia que favoreça, ao mesmo tempo, os aprendizados personalizados e o
aprendizado cooperativo em rede. Nesse quadro, o docente vê-se chamado a
tornar-se um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos, em vez de
um dispensador direto de conhecimentos.

Conforme Carvalho et al. (2011), várias são as possibilidades de se


implementar e usar os métodos de ensino EAD. Ementas de disciplinas específicas
se adequam perfeitamente aos moldes desse tipo de ensino, de modo que a
utilização de recursos computacionais favoreça o aprendizado quando comparados
ao ensino presencial. Muitas ferramentas que teriam dificuldades de estarem
disponíveis para o aluno em sala de aula são acessadas por estes de maneira
rápida, através de aplicativos e softwares.

Diversos recursos virtuais auxiliam na aquisição da informação, por meio de


chats, correio eletrônico, fóruns e plataformas de buscas como o Google, garantindo
assim uma extensa flexibilidade do processo de ensino-aprendizagem entre o aluno
e o professor. A EAD, em nosso país, ganhou novos rumos e contornos a partir da

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Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) e, posteriormente,
de alguns decretos (n°2949, n°2561, n°5622) que detalharam o funcionamento desta
modalidade de ensino.

E. P. Arruda (2015) ainda relata que o decreto nº 5.622/2005 possibilitou a


oferta de cursos à distância em todos os níveis. O referido dispositivo legal, mesmo
cercado de cuidados, possibilitou um crescimento incomum a esta modalidade
educacional, provavelmente devido a uma demanda reprimida pela lacuna ocorrida
entre 2001 e 2005, período em que o número de cursos à distância pouco cresceu
no Brasil, saltando de 14 em 2001 para 189 em 2005. Para se ter uma ideia, de
2005 ao ano seguinte o número de cursos cresceu para 349, ou seja, quase dobrou.
Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), órgão do governo
federal, para o ano de 2013, mostravam que naquele ano o número de cursos
superiores à distância já ultrapassava 1,2 mil.

Mudar a forma de ensinar e de aprender com tecnologias é colaborar para


que professores e alunos nas escolas e nas organizações transformem suas vidas
em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da
sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional do seu projeto de vida, no
desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes
permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar-se
cidadãos realizados e produtivos (MORAN, 2006).

A educação a distância também deve ser vista como uma forma de respeito
ao ritmo e à forma de aprender, já que a configuração da educação presencial
coloca obstáculos ao pleno desenvolvimento do estilo de aprendizagem do aluno, já
que homogeneíza os estudantes como se todos aprendessem no mesmo tempo e
de modo igual.

No ensino a distância, existem tarefas de leitura e compreensão de texto,


exercícios que exigem maior raciocínio e atividades de elaboração de resumos, por
exemplo cada qual exigindo habilidades cognitivas específicas.

O Ensino Superior a distância deve ser reconhecido e regulamentado pelo


Ministério da Educação (MEC). Dessa forma, ele cumpre todas as exigências, seja
no conteúdo ou na carga horária, que um curso no formato tradicional. Por isso, não
há diferença entre os diplomas.

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Interações em sala de aula EAD e presencial: o papel dos
professores e dos alunos

Embora as práticas de ensino a distância sejam teoricamente aceitas como


um modelo para auxiliar na educação formal, uma pesquisa aprofundada deve ser
conduzida sobre as práticas de ambos os sistemas de ensino, sendo EAD e
presencial, e os efeitos dessas práticas em estudantes e professores devem ser
medido. No ensino a distância, são importantes o conhecimento e as tecnologias
interativas, bem como a capacidade dos professores e alunos de usar essas
tecnologias interativas. O foco em uma metodologia para educação a distância
geralmente se torna um foco em tecnologia.

O ensino a distância aberto está agora amplamente disponível na maior parte


do mundo e muitos adultos que trabalham optam pelo ensino a distância para obter
qualificações. Com as prioridades concorrentes de trabalho, casa e escola, os
adultos em todos os lugares desejam educação com um alto grau de flexibilidade e
acessibilidade. A estrutura do ODL oferece aos alunos a maior flexibilidade. Isso
lhes dá controle sobre o tempo, o local e o ritmo de sua educação. No entanto,
aprender a distância não é isento de desafios (Dzakiria, Kasim, Mohamed &
Christopher, 2013).

À medida que os alunos em um ambiente de EAD iniciam o trabalho de


aprendizado, precisam de acesso contínuo a professores, bibliotecas e outros
recursos dos alunos. Os alunos devem ter acesso adequado aos recursos
apropriados para apoiar seu aprendizado. A instituição de ensino deve avaliar a
capacidade dos alunos de obter sucesso no aprendizado online.

A maioria das instituições de ensino a distância espera que os alunos


interajam principalmente por meio de suas ferramentas tecnológicas online
prescritas, a fim de aprender com sucesso e alcançar o resultado pretendido.
Espera-se que os alunos interajam ativamente online com outros alunos,
professores, universidade, conteúdo e material de estudo para obter sucesso
acadêmico.

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A instituição do EAD prescreve o fórum de discussão como um link para a
interatividade online entre os alunos e entre o aluno e o professor. Os professores e
o pessoal da administração da universidade postam informações na página do fórum
de discussão, e os alunos são incentivados a formar grupos de estudo e são
lembrados a fazer suas tarefas para facilitar o aprendizado. As atividades nos fóruns
de discussão também ajudam os alunos a compartilhar seus conhecimentos e
aprender uns com os outros.

EAD: possibilidades e desafios


A sociedade atual requer um novo tipo de profissional em todos os setores
econômicos, essa necessidade se dá pela busca de competências múltiplas das
pessoas, no trabalho em equipe, na capacidade de aprender e de adaptar-se a
situações novas. Para alcançarmos essas competências necessitamos de
conhecimento para utilizar as novas tecnologias da informação e comunicação, não
apenas como meios de melhorar a eficiência dos sistemas, mas, principalmente,
como ferramentas pedagógicas efetivamente a serviço dos profissionais que atuam
na saúde.

Sem dúvida a EAD, por sua experiência de ensino com metodologias


presenciais, pode vir a contribuir inestimavelmente para a transformação dos
métodos de ensino e da organização do trabalho nos sistemas convencionais, bem
como para utilização adequada das tecnologias de mediatização da educação.

A EAD é um meio muito importante e apropriado para atender a grandes


contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades, e sem riscos
de reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da
clientela atendida.

Através da EAD se têm acesso as tecnologias de comunicação e informação


para o desenvolvimento profissional e humano, através do uso de mídias variadas,
facilitando o acesso geográfico, com custo baixo.

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Essa modalidade de ensino facilita, portanto, a aprendizagem do profissional
na própria instituição sem afastá-lo por muito tempo das suas atividades, pois
poderá acontecer através de teleconferência ou videoconferência, com total
interatividade, bem como, disponibilizando um arsenal de recursos multimídia. Além
dos recursos citados, poderão ser utilizadas a internet, a digitalização e manipulação
de imagens em CDROMs ou fitas de vídeo entre outros recursos.

A EAD está sendo comprovada como uma modalidade de educação eficaz,


possibilitando atendimento e qualidade, acesso a aprendizagem constituindo uma
forma de democratização do saber. Deve o profissional lutar para conseguir aplicar
esse método facilitador de ensino continuado nas instituições, compreendendo ser
essa uma forma de ensino que vem atender as exigências do mundo
contemporâneo, onde o uso de vários meios para a produção de conhecimentos
permite que se escolha como, quando e onde aprender.

Existem fatores estruturais e conjunturais que foram favoráveis a implantação


de políticas, sistemas e programa EAD, impulsionando o seu crescimento, como:
político-social, econômico, pedagógico e tecnológico.

A modalidade à distância costuma caracterizar-se por sua flexilibilidade em


torno da proposta de ensino, e que hoje, como resultado do desenvolvimento da
tecnologia da comunicação, as interações entre docentes e alunos são favorecidas
encurtando as distancias na modalidade.

Acreditamos que essas tecnologias vão facilitar, ainda mais, o intercâmbio


dos profissionais de saúde entre si e com os pacientes, e, também, resolver à
distância casos de ordem propedêutica e terapêutica.

Considerando que existem os desafios e que são enfrentadas pelos


profissionais da área de saúde que atuam no Departamento de Saúde, com relação
ao acesso à formação continuada, percebemos que ainda é a EAD uma estratégia
para a educação permanente em saúde.

Acredita-se que em recursos humanos de indústrias brasileiras o grande


problema não é somente “a utilização tecnológica, mas treinamento de pessoal para
assimilar novas tecnologias é trabalhar o coeficiente emocional e não o quociente de
inteligência.

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O ideal seria a utilização plena dos recursos da EAD, entretanto encontramos
desafios para desenvolvê-la. Entre esses desafios destacamos; dificuldade de
acesso às tecnologias da comunicação e informação por parte de alguns
profissionais de saúde; dificuldade em utilizar as ferramentas, escassez de tempo
para desenvolver as atividades do curso em vista do duplo emprego; dificuldade de
comunicação com os tutores por morar em locais muito distantes; a questão da
família, entre outros.

Nesse sentido, a EAD enfrenta obstáculos como: a variável tempo é


independente, mas o mesmo não ocorre com a variável lugar; o outro obstáculo diz
respeito que muitos veículos do saber poderiam ser utilizados, desde que o aluno
tivesse condições de possuí-los para uso individual ou que tenha fácil acesso a eles.

Desafios na EAD como: demonstramos nossa capacidade de produzir uma


educação de qualidade volta para o trabalhador, que não seja tratada como um bem
econômico, e o trabalhador como “cliente” a quem se deve vender uma mercadoria,
um conhecimento uma habilidade.

A EAD deve ser praticada enquanto uma outra opção que se coloca ao
trabalhador para sua qualificação. Não pode ser encarada simplesmente enquanto
substitutivo do sistema educacional que está ai, por mais deficiente que esteja
operando.

A EAD vem sendo vista por muitos governos como um caminho mais barato,
que atinge rapidamente a um numero maior de trabalhadores. Temos que combater
este pragmatismo e fazer da EAD um caminho real de socialização de
conhecimentos, de democratização dos bens culturais e técnicos produzidos pela
sociedade e da formação do cidadão.

No sentido de adentrarmos nessas novas linguagens de comunicação, mas


sem sermos por elas abafados e anulados, pelo encantamento. Superarmos a
dimensão produtivista, da individualidade acrítica favorecida pelo vislumbramento do
indivíduo frente a modelagem de belas verdades.

Assim, como docentes do Departamento de Saúde da UEFS, sentimos que é


um projeto viável e que tem resultados positivos, entretanto não podemos fechar os
olhos para os avanços das novas tecnologias ou permanecer encantados com o seu

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funcionamento. Temos sim, o dever de conhecer as novas tecnologias, entrar no seu
interior, na sua lógica para que utilizemos no sentido de alcançar nossos fins e
realizar os nossos projetos.

Desafios do ensino a distância

Um problema secundário na educação a distância é a falta de comunicação


aluno-aluno. As aulas tradicionais geralmente são ministradas em ambientes de
grupo, onde os alunos podem aprender e compartilhar informações com seus
colegas. É certo que a metodologia de ensino nas formas anteriores de instrução
vistas no início do ensino a distância geralmente não dependia de muita interação
ponto a ponto.

No entanto, em várias partes do mundo, assuntos como filosofia, idiomas e


debate foram ensinados com a confiança nas interações ponto a ponto. Sem essa
interação, os programas de educação a distância serviriam apenas como meios de
transferência de informações, e não como uma classe verdadeira.

Para muitos, uma comunidade física de alunos em uma sala de aula


tradicional é uma fonte importante de motivação, criatividade e comprometimento
com o aprendizado. No entanto, no ensino a distância, essa comunidade é
problematizada porque existe no mundo virtual, pelo qual os alunos são estimulados
a participar de atividades de aprendizado e a um diálogo aberto mediado pela
passividade do mundo virtual. Este ambiente de aprendizagem carece da conexão
emocional e física entre os alunos que é cultivada por meio de comunicação verbal e
não verbal. O processo de aprendizagem, como resultado, é diferente e, em alguns
casos, mais lento.

Na maioria dos dias, nossa motivação e compromisso com o aprendizado são


constantemente testados. Já estive em situações em que não queria, por toda a
minha vida, concluir uma tarefa porque me sentia exausta e esgotada. Eu só queria
dormir e comer. Essa é uma experiência comum para muitos alunos, especialmente
aqueles em um ambiente de ensino a distância. Ainda, nesse ambiente, os

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professores precisam ter o apoio da gerência, para que, por sua vez, possam apoiar
seus alunos através da personalização do curso e da atenção individual.

De preferência, isso deve ocorrer através de videoconferência ao vivo - ou


pelo menos através de e-mails regulares (individuais). Isso mantém os alunos
envolvidos e permite que os professores forneçam feedback individual e os ajudem a
resolver problemas de aprendizagem, além de oferecer aos alunos uma conexão
humana durante o curso.

Duas tendências são observadas na literatura sobre o impacto da integração


de tecnologia na prática pedagógica. A primeira é que, contrariamente às
expectativas, as abordagens de ensino em contextos de e-learning não estão
necessariamente sendo transformadas ou alteradas para melhor (Conole, 2007). Em
vez disso, há uma persistência dos modos tradicionais de ensino e, em alguns
casos, resistência total à inovação educacional.

Em um estudo sobre o uso do AVA por professores de uma universidade na


Irlanda, Blin & Munro (2008) descobriram que o uso dominante do AVA era para a
disseminação de materiais relacionados ao curso distribuídos anteriormente pela
Intranet ou no papel (veja também Sharpe et al. al., 2006).

Hedberg (2006) cita os resultados da pesquisa indicando que para a maioria


de mais de 20, com 000 estudantes e 800 funcionários pesquisados em cinco
grandes universidades tecnológicas da Austrália, o aprendizado online significou o
fornecimento de informações online e discussões não moderadas.

Kirkwood, observa que “Apesar do enorme investimento em infraestrutura por


governos e instituições individuais, existem níveis decepcionantes de aceitação,
engajamento e desenvolvimento limitado de 'comunidades de aprendizagem'” em
ambos os campus contextos de aprendizagem e DE (2009, p. 109).

O maior desafio para as instituições de ensino em direção ao ensino a


distância é adotar uma visão, políticas e procedimentos singulares para a sua
implementação. Em geral, o planejamento do ensino a distância é focado em
questões de orçamento e de pessoal, e não nas questões pedagógicas críticas do
ensino a distância. No entanto, o ODL é muito mais do que apenas um modo ou

16
método de ensino; é um campo educacional distinto e coerente, focado em novos
métodos de entrega com uma filosofia pedagógica.

EAD no Brasil
Conforme Alves (2009), mesmo antes de a EAD no Brasil estar oficialmente
aberta ao público em 1904, no final do século XIX, já se ofereciam cursos de
datilografia a distância, mais especificamente no Rio de Janeiro.

Até o início da década de 70, o Brasil se posicionava no ranking mundial


como um dos países que mais se destacavam quanto ao desenvolvimento da EAD.
Entretanto, durante a ditadura militar, a censura passou a comandar o cenário
educacional nacional e, sendo o rádio nesta época, o principal meio de comunicação
usado na educação a distância, seu desmonte foi o que motivou o Brasil a sair do
ranking. Após o período de estagnação, que durou cerca de 30 anos, esse país
retorna ao cenário da educação a distância possibilitando uma nova etapa de
crescimento nesta modalidade em nível nacional.

As fases da EAD no Brasil são marcadas pelo uso dos meios de


comunicação. Desta forma, vejamos como ocorreu a evolução desta modalidade de
educação em nível nacional, fazendo a relação com os avanços tecnológicos desses
meios. Segundo Palhares (2009), a evolução dos meios de comunicação utilizados
na EAD é caracterizada não por etapas, mas por ondas, uma vez que no processo
de transição de um meio para outro não há evidências de uma separação estanque,
ou seja, não há como delimitar a inserção de um novo meio de comunicação e a
saída do antigo, até porque nesse processo as novas tendências não substituem por
completo as anteriores, pois elas são complementares.

Diante dessa indicação de Palhares (op. cit.), sugerimos uma divisão geral de
quatro ondas no processo evolutivo da EAD em termos de meios de comunicação,
tomando por base os quatro meios de comunicação que mais tiveram impacto nessa

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modalidade educacional. Primeiramente a correspondência, depois o rádio,
seguindo-se a televisão e, por último as NTICs.

Palhares (op. cit.) apresenta a correspondência como primeiro meio de


comunicação usado na EAD, em meados do século XIX. A caracterização do
processo de ensino- aprendizagem mediado pela correspondência não se dá
apenas pela emissão do material didático através do correio, mas principalmente
pela mediação professor-aluno-professor, que ocorre através do envio de cartas. O
uso desse meio de comunicação na EAD foi duradouro e seu desaparecimento
ocorreu na década de 90 do século passado.

Na sucessão dos meios de difusão dos cursos da EAD, surge o rádio. No


Brasil, conforme Alves (2009), este aparato tecnológico passa a ser utilizado pela
primeira vez, sob o comando do Ministério da Educação, a partir de 1937, através do
Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. Nesta fase da EAD,
podemos citar como exemplificação de programas educacionais radiofônicos: A Voz
da Profecia, fundada pela Igreja Adventista; a Universidade do Ar no Rio de Janeiro
e em São Paulo; a Fundação Padre Landell de Moura, no Rio Grande do Sul, além
de algumas escolas radiofônicas criadas pela Igreja Católica, que deram origem ao
Movimento de Educação de Base, e também o Mobral, que estava vinculado ao
governo federal e era oferecido à população em nível nacional.

Entre as décadas de 60 e 70 os cursos ofertados nesta modalidade de


educação eram “[...] destinados à alfabetização de adultos, educação supletiva e
capacitação para o trabalho” e tinham basicamente um “[...] caráter maciçamente
instrucional [...]” (BIANCO, 2009, p. 56). Como mencionamos anteriormente, devido
à censura no período da ditadura, o Brasil passou por um longo período de
estagnação em relação à difusão da EAD através do serviço de radiodifusão, e
apenas em 1990 é que há uma retomada deste meio de comunicação nesta
modalidade de educação. Desta vez não apenas o governo, mas também
instituições não governamentais se empenham em transmitir programas
educacionais, oferecendo à população não mais cursos regulares complementares
da educação formal, mas, sim, cursos que tenham como meta principal a construção
do conhecimento acerca da cidadania, saúde, educação, meio ambiente, cultura e
empreendedorismo (cf. BIANCO, op. Cit).

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Posteriormente ao rádio, outro meio de comunicação usado pela EAD é a
televisão. Segundo Alves (2009), os incentivos para se transmitir programas
educacionais através desse aparato tecnológico têm início na década de 60. No final
desta década, o Ministério das Comunicações baixou uma portaria que obrigava as
emissoras comerciais a disponibilizar um tempo gratuito para a transmissão de
programas educativos e só em 1990 é que esta obrigatoriedade foi extinta, o que,
para Alves (op. cit.), significou um grande retrocesso, uma vez que os canais abertos
de televisão, a partir de então, passaram a disponibilizar programas educativos em
horários que não eram acessíveis ao público.

A alternativa de solução para este problema é a criação de emissoras de TVs


fechadas, como por exemplo, as TVs universitárias, o Canal Futura, a TV Cultura e a
TV Escola. Esta última é mantida pelo governo federal e conforme Alves (op. cit.)
disponibiliza bons programas para a população.

Por fim, na última onda sugerida no início desta subseção, temos a inclusão
das NTICs. Estas, desde meados de 1995, possibilitam um diferente espaço para a
efetivação do processo de ensino-aprendizagem da EAD e, de acordo com Maia e
Mattar (2007), passam a caracterizar a educação a distância online.

Segundo Palloff e Pratt (2004), no início da EAD, a preocupação das


instituições de ensino estava voltada para a orientação aos professores, uma vez
que o objetivo principal era a simples transmissão de conhecimentos. Contudo, o
aprimoramento das ferramentas tecnológicas e as recentes exigências do mercado
de trabalho desviam o foco dos cursos a distância para o aluno. Nas palavras dos
autores, atualmente “A aprendizagem online, em seu melhor aspecto, está centrada
e focada no aluno.” (PALLOF e PRATT, op. cit., p. 13), principalmente quando o
assunto se refere aos cursos de nível superior (graduação e pós graduação). Isto se
deve ao fato de que nesta fase de estudo, na qual os alunos, na maioria das vezes,
encontram-se na faixa etária entre o final da adolescência e a idade adulta, há uma
tendência a autoaprendizagem, ou seja, a heutagogia 41. Esta nova perspectiva de
ensino se baseia na máxima de que a função do professor não é de ensinar, mas de
“[...] facilitar a aquisição de conhecimento” (op. cit., p.15, grifo das autoras).

Em termos de legislação, Gomes (2009) informa que, até meados da década


de 90, a EAD brasileira era considerada clandestina ou excepcional, pois carecia de

19
uma lei que a validasse, garantindo-lhe o “[...] status de modalidade plenamente
integrada ao sistema de ensino.” (DIAS e LEITE, 2010, p.17). Em 20 de dezembro
de 1996, com a promulgação da Lei 9.394, estabelecida pela segunda Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), esta modalidade de ensino passa a
ser reconhecida nacionalmente. Em 10 de fevereiro de 1996, ela é normatizada
através do Decreto 2.494 que é revogado em 20 de dezembro de 2005 pelo Decreto
5.622, publicado no Diário Oficial da União (DOU).

É precisamente no Artigo 80º da Lei 9.394/96 que há a referência acerca da


educação a distância: “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades
de ensino, e de educação continuada.” Porém, em artigos anteriores (5º, 32º, 36º e
38º), já há elucidações quanto à utilização desta modalidade de educação, daí
abrirem-se as possibilidades do seu uso como alternativa complementar para a
educação nos diferentes níveis de ensino.

Antes de nos adentrarmos na questão da EAD nos cursos superiores, foco de


nossa pesquisa, abordamos de forma resumida a aplicabilidade desta modalidade
de educação na educação básica no nível fundamental e médio nas escolas
brasileiras. Maia e Mattar (2007), argumentam que “Ao contrário do que muita gente
imagina a educação a distância é também utilizada na educação básica” (op. cit.,
p.42). Diferentemente do que ocorre no exterior, como no caso dos Estados Unidos,
Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, onde escolas de nível básico
oferecem aos alunos a possibilidade de estudar na modalidade de educação a
distância, aqui no Brasil, a oferta de EAD para este nível é feita com restrições. De
acordo com o Decreto 5.622, nos incisos do Artigo 30º, a EAD serve apenas para
complementar a aprendizagem, e só em casos excepcionais 42 é que será permitido
ao aluno o estudo completo nesta modalidade de educação. Neste Decreto 5.622,
além de uma nova definição43 para esta modalidade de educação, apresentam-se
alguns dispositivos referentes ao ensino superior e ao corpo docente.

Ainda em termos de historicidade não poderíamos deixar de mencionar a


importância da fundação da ABED, em 1995 e da criação da Secretaria da
Educação a Distância (SEED), em 1996. A ABED, criada em 21 de junho de 1995
por um grupo de educadores, é uma sociedade científica sem fins lucrativos que tem
como finalidade “[...] o estudo, a pesquisa, o desenvolvimento, a promoção e a

20
divulgação da Educação a Distância [...]” (cf. regimento da ABED). Essa associação
tem sede em São Paulo e até meados de 2010 contava com 26 unidades de apoio
distribuídas nas regiões do Brasil e também no exterior, mais especificamente na
Inglaterra.

A criação da SEED pelo Ministério da Educação (MEC), através do Decreto


1.917 em 27 de maio de 1996, teve como finalidade promover além de “[...]
inovações a partir da área tecnológica nos processo de ensino e aprendizagem.”,
também “[...] a pesquisa e o desenvolvimento voltados para a introdução de novos
conceitos e práticas nas escolas públicas brasileiras [...]” (DIAS e LEITE, 2010, p.
24). Dentre os programas e ações48 desenvolvidos por essa secretaria destacamos:
(i) o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), criado em 1997 com o
objetivo de distribuir em nível nacional computadores para todas as escolas
municipais e estaduais de educação básica localizadas em zonas urbanas e rurais;
(ii) a biblioteca virtual Domínio Público, lançada em 2004, que é considerada a maior
biblioteca virtual nacional disponibilizando obras literárias, artísticas e científicas
através de textos, sons imagens e vídeos e (iii) a Escola Técnica Aberta do Brasil (E-
Tec Brasil), que, criada em 2007, tem a finalidade de oferecer, na modalidade a
distância, cursos profissionalizantes na área tecnológica. Sua extinção, que ocorreu
em janeiro deste ano, representou, para Carlos Eduardo Bielschowky49, ex-
secretário deste órgão, uma sinalização de que houve uma qualificação na EAD
e de que, fundamentado na fala do ministro da educação, Fernando Haddad, não
mais é viável separar ensino presencial do ensino a distância.

EAD: ensino superior no Brasil


Ao compararmos a inserção da EAD no ensino superior nacional com a de
outros países, como é o caso da Inglaterra (Universidade de Londres e a Open
University criadas em 1836 em 1969, respectivamente); a África do Sul (Univeristy of
the Cape of Good Hope, fundada em 1873) e a Universidad Nacional de Educación
na Espanha que funciona desde a década de 1970, percebemos quão recente se dá
a inserção desta modalidade de educação nas nossas universidades.

21
Segundo Maia e Mattar (2007), no universo das universidades brasileiras, as
Universidade de Brasília (UnB) é a pioneira na oferta de cursos neste modelo
educacional. Em 1979, a UnB, através do Programa de Ensino a Distância (PED),
passa a ofertar o primeiro curso de extensão. Até 2006 esta instituição era
considerada aquela que tinha o maior número de alunos nesta modalidade de
educação (Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância, 2007, p.
40), sendo ultrapassada atualmente pela Universidade de Gama Filho, localizada
também no Distrito Federal (Censo EAD, 2009, p. 91).

Na esfera do ensino superior, Kipnis (2009) comenta que, a Universidade


Federal do Mato Grosso (UFMT) que, em 1995, criou o curso de Licenciatura em
Pedagogia a distância, é uma das instituições pioneira na oferta de cursos de
graduação em EAD em nível nacional. Seguindo esta proposta de formação de
professores em curso superior a distância, em 2000, a Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG) juntamente com a Universidade Eletrônica do Brasil (UEB)
disponibilizaram à população docente atuantes na rede pública a oportunidade de
cursar uma graduação na modalidade a distância, através do Curso Normal
Superior. Outro exemplo de oferta de curso de graduação para a formação de
professores em exercício é a UnB que, conforme Kipnis (op. cit.), conseguiu formar,
aproximadamente, mil docentes da rede pública. Ainda na década de 90, outras
universidades passaram a disponibilizar cursos de pós-graduação, dentre elas a
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que ofereceu em 1996, um
programa de pós-graduação na modalidade EAD, no departamento de Engenharia
de Produção.

Em nível regional, mais especificamente no Estado da Paraíba, as


universidades Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e UEPB respectivamente,
também disponibilizam cursos nesta modalidade de ensino. A UFPB oferece, além
dos cursos de graduação (Licenciatura em Ciências Agrárias, Ciências Biológicas,
Ciências Naturais, Matemática, Letras, Letras Libras e Pedagogia), cursos de
aperfeiçoamento (Educação de Jovens e Adultos, Educação em Direitos Humanos,
Educação de Jovens, Produção de Material Didático e Educação em Saúde), e de
pós-graduação (especialização em Gestão Pública Municipal), além de projetos de
implantação, no ano em curso, de especialização em Gestão de Políticas Públicas
de Gênero e Raça, Educação no Campo e Estatuto da Criança e do Adolescente. A

22
UEPB, por sua vez, contexto de nossa pesquisa, disponibiliza cursos de licenciatura
e de especialização. Na próxima subseção, trataremos com mais detalhes sobre a
inserção da EAD na UEPB.

Com o objetivo de difundir a educação superior, o MEC instituiu os sistemas


UAB e PAR. O Sistema UAB, criado em 2006, através do decreto 5.800, pelo MEC
juntamente com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de
Ensino Superior (ANDIFES) e empresas estatais, é uma política pública que objetiva
prioritariamente expandir a educação superior no Brasil, através da formação de
professores da Educação Básica na modalidade da educação a distância. Além
desta meta, este sistema, que tem a Diretoria de Educação a Distância (DED) como
seus principais articuladores, também se responsabiliza pela avaliação da educação
superior na modalidade EAD.

A UAB, esclarecem Dias e Leite (2010), não é uma nova instituição de ensino
superior na modalidade de educação a distância. É um sistema responsável
sobretudo por proporcionar uma articulação das universidades municipais, estaduais
e federais para a criação de cursos superiores que atendam à demanda da
população de cada região. Ao propor a criação de cursos a distância, as
universidades têm seus projetos apreciados e avaliados por especialistas que
determinam a viabilidade ou não da instalação dos cursos solicitados, nas
instituições interessadas; também são analisadas as condições de instalação de
polos para apoio das fases presenciais da EAD. Estes polos são espaços físicos que
se localizam nas cidades onde há carência de oferta de cursos de graduação, e
devem disponibilizar uma estrutura compatível à demanda de alunos que residem na
região em que o polo se localiza. Estes espaços devem oferecer não só os
elementos físicos (biblioteca e computadores conectados à Internet), como também
os recursos humanos, como tutor e coordenação. Com base no portal do MEC
atualmente, cerca de 88 instituições federais e estaduais (universidades e institutos),
integram este sistema.

Quanto ao segundo sistema o PAR, trata-se de um instrumento de


planejamento educacional que deve ser elaborado por municípios e estados com o
objetivo de trazer melhoria para o ensino do país. Ao aderir ao Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educação51, as unidades federativas interessadas devem
identificar não só as metas que devem ser alcançadas num prazo de quatro anos,

23
como também dados que apontem as necessidades educacionais de cada
localidade para que, a partir destas informações, o PED possa disponibilizar apoio
financeiro e técnico aos órgãos educacionais responsáveis pela administração do
PAR.

Atualmente os cursos da UEPB que funcionam na modalidade a distância


estão vinculados a UAB e ao PAR. O curso de Letras, foco de nossa pesquisa, em
seu início tinha apenas a UAB como sistema articulador de funcionamento.
Entretanto, no começo do primeiro semestre de 2010, a grande quantidade de
alunos matriculados, fez a universidade aderir ao PAR.

A docência na EAD
A reflexão inicial desta seção gira em torno da ausência/presença da figura do
docente nos documentos oficiais. Na definição de educação a distância apresentada
no Decreto 2.494- 98 (vide p. 50), o termo professor está ausente, e esta
modalidade de educação é identificada como uma atividade de autoaprendizagem.
Já no Decreto 5.622-05 (vide p. 53), há a exclusão deste termo e a inclusão da
figura do docente, juntamente com a do aluno, como principais atores desse
processo. Diante dessa constatação, podemos supor que, até 2005, não se dava
importância à mediação do professor no processo de ensino-aprendizagem da
modalidade EAD.

Ainda em termos de legislação, ao compararmos esses dois decretos,


percebemos também a inserção do termo tecnologias da informação e comunicação
(TICs), que antes não aparecia. Assim estes elementos professor e TICs são vitais
no novo conceito de EAD, portanto de igual relevância para a caracterização desta
modalidade de educação.

É evidente que o surgimento das NTICs deu abertura para a expansão da


comunicação humana em todos os âmbitos sociais, seja econômico, político,
religioso e também educacional. Em relação a este último, estas ampliações
interativas, viabilizadas por diferentes instrumentos virtuais disponibilizados nas
plataformas de ensino das instituições que trabalham com a EAD, segundo Teles
(2009), revelam: novas práticas de ensino, as quais nos levam a novas reflexões

24
sobre o papel do professor no processo de ensino-aprendizagem. Na sala de aula
virtual, o ambiente é diferente do presencial [...]. Também mudam as noções de
espaço geográfico e de tempo.

Diante dessas considerações, Teles (op. cit.) faz alguns questionamentos


“Como é o processo de ensino nesse novo ambiente e qual é o papel do professor
nele?” (op. cit., p. 72). A segunda inquietação mencionada pelo autor é comum para
a maioria dos estudiosos que se encontram envolvidos com a educação a distância,
como é o caso de Berge e Collins (1996), Gonzalez (2005), Maia e Mattar (2007),
Bentes (2009) e Dias e Leite (2010).

Conforme Teles (op. cit.), há diferentes modelos que propõem uma


categorização das responsabilidades pedagógicas na docência da EAD. Para
justificar sua afirmação, ele cita Manson (1989) e Berge e Collins (1996). Vejamos no
quadro a seguir, como se posicionam estes autores quanto às atividades docentes
da EAD:

Tipos de atividades docentes da EAD

Considerando as atribuições listadas nesse quadro, percebemos que na fase


contemporânea da EAD, o professor deve ser um profissional com múltiplas
habilidades, bem diferente das concepções anteriores, em que sua função se
resumia à transmissão de conhecimentos. Ainda considerando a visão de Berge e
Collins (op. cit.) a diferenciação principal da concepção atual em relação à anterior

25
está no fato de que o docente da EAD também é responsável pelo suporte técnico a
ser dado ao aluno, embora eles façam a ressalva de que essas atribuições não
devem ser direcionadas a um único professor. Porém, na prática percebemos que,
apesar dessa observação, quem designa as atribuições ao professor na maioria das
vezes espera que um único indivíduo cumpra com todas elas.

Dias e Leite (2010) também destacam a diferença quanto à responsabilidade


do professor da EAD em comparação daquele da modalidade presencial, e reforçam
que a figura do professor assume um valor coletivo nesta modalidade de educação.
Argumentam os autores que: existe uma certa indefinição quanto ao papel e funções
do professor a distância. Na complexa tarefa de educar a distância surgem outras
tarefas distintas daquelas existentes no meio presencial: o “autor”, que seleciona
conteúdos; o “tecnólogo educacional” [...], que organiza o material pedagógico; o
“artista gráfico” que trabalha sobre a arte visual e final do texto/material; o
“programador” etc. Neste sentido, a característica principal do ensino a distância é a
de “transformação do professor de uma entidade individual em uma entidade
coletiva (BELLONI, 1999, p. 81, grifo do autor)” (op. cit., p. 65).

Face às especificações das tarefas apresentadas por Dias e Leite (2010), e


das quatro responsabilidades indicadas por Berge e Collins, (1996), podemos
visualizar diferentes profissionais desempenhando diferentes funções que não estão
relacionadas à execução da atividade de docência propriamente dita, isto é, às
tarefas relativas à explicação de conteúdo, correção de avaliações, mediação de
discussões etc, somam-se as do tecnólogo educacional, do artista gráfico e do
programador. Assim, diante dessas novas atribuições do professor da EAD, é visível
a necessidade de se traçar um novo perfil desse docente.

Como nossa pesquisa se centra no papel do tutor da EAD, reservamos a


próxima subseção para o aprofundamento da discussão em torno das atribuições
reservadas a essa categoria de profissional.

26
A tutoria na EAD
Conforme vimos anteriormente, na atual conjuntura da educação a distância,
as atividades que permeiam o processo de ensino-aprendizagem da EAD não se
resumem à simples disponibilização de material didático ao aluno ou ao atendimento
deste pelos profissionais do curso em um espaço online, identificado como sala de
aula virtual. Antes, durante e após esta fase, há inúmeras outras tarefas que,
segundo Chadwick e Rojas (1980, apud NISKIER, 2000), devem ser
desempenhadas por diferentes sujeitos, que compõem um grupo de profissionais
especialistas em diferentes áreas, tais como: analista de sistemas educativos;
analista de sistemas de instrução; planejador; produtor de materiais; psicólogo,
avaliador e perito em medidas (op. cit., p. 389).

Todas essas diferentes especialidades profissionais necessárias ao


funcionamento eficiente de cursos da EAD, objetivam, acima de tudo, a satisfação
das necessidades do aluno virtual. Palloff e Pratt (2004) com base em Strong e
Harmon (1997), acrescenta às novas exigências feitas pelo aluno que procura um
curso desta natureza, esta outra: a interação humana.

À medida que os atuais cursos a distância oferecem uma abordagem


centrada no aluno e defendem que o conhecimento não pode ser transmitido, mas
sim construído através de uma relação de interatividade, não só entre professor-
aluno como também entre aluno-aluno, observamos a importância que o professor
assume na esfera virtual para garantir a eficácia destes cursos.

Dentre os diversos tipos de docentes, conforme classificados por Dias e Leite


(2010), observamos que a responsabilidade maior para com a prática da interação
recai sobre o tutor, uma vez que ele é o profissional que está diretamente em
contato com o aluno e que desempenha diferentes atribuições no exercício da sua
profissão.

Segundo Gonzalez (2009), cabe ao o tutor: mediar todo o desenvolvimento do


curso. É ele que responde a todas as dúvidas apresentadas pelos estudantes, no
que diz respeito ao conteúdo da disciplina oferecida. A ele cabe mediar a

27
participação dos estudantes nos chats, estimulá-los a participar e a cumprir suas
tarefas, e avaliar a participação de cada um. (op. cit., p. 40).

Essa diversidade de tarefas desempenhadas pelo tutor da EAD ao mesmo


tempo que revela a importância deste profissional nesta modalidade de ensino faz-
nos debruçar sobre seu fazer pedagógico com o intento de compreender seu
trabalho e possivelmente trazer contribuições para os que estão envolvidos nesse
contexto.

28
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