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Leitura e Interpretação de Textos

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LEITURA

E INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS
Estratégias de
leitura: leitura
textual ou literal
Nadia Studzinski E. de Castro

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Diferenciar as perspectivas de leitura moderna e tradicional.


> Desenvolver leituras verticais e horizontais, adequadas aos objetivos do
leitor.
> Incrementar as estratégias de leitura literal de um texto.

Introdução
Vivemos uma geração de contato reforçado com a escrita e com a leitura. Redes
sociais, mensagens de WhatsApp e e-mail, etc., estão centradas na troca de in-
formações com base na leitura e na escrita de textos, imagens, figuras, gifs, entre
outros. Qual tipo de escrita e qual tipo de leitura são evidenciados nessas trocas?
Estamos tratando da forma tradicional de leitura, baseada em decodificação?
Ou estamos em outro espaço de leitura, em que a relação com o texto está na
construção de sentidos?
Neste capítulo, você vai estudar as diferenças entre a leitura moderna e a
tradicional. Além disso, vai conhecer dois tipos de leitura, vertical e horizontal,
de acordo com os objetivos do leitor. Por fim, vai ver estratégias de leitura literal
de textos.
2 Estratégias de leitura: leitura textual ou literal

Perspectivas de leitura: moderna e


tradicional
Quando falamos em leitura, construímos no nosso imaginário alguém lendo
um jornal, uma revista, um livro (impresso ou digital), uma bula de remédio,
um e-mail, etc. Nessa perspectiva, imaginamos o ato de ler como algo que
está relacionado com a escrita. Assim, trata-se, muitas vezes, da leitura como
decodificação de letras e códigos. Contudo, devemos nos perguntar: apenas
a leitura da palavra e a decodificação do código bastam para o processo
efetivo de ler?
O processo de leitura se divide em três definições: geral, específico e
conciliatório. Veja a seguir as características de cada um (LEFFA, 1996).

„ Geral:
■ leitura como processo de representação;
■ sentido da visão;
■ leitura por intermédio de outros elementos da realidade (espelhos);
■ reconhecer o mundo por meio de espelhos do que se observa;
■ leem-se as palavras e o mundo que nos cerca;
■ olhar e ver = leitura;
■ ler é usar segmentos da realidade para chegar a outros segmentos.
„ Específico:
■ de forma restritiva, ler é extrair significado do texto e atribuir sig-
nificado ao texto;
■ extrair do texto — movimento do texto para o leitor (ênfase no texto);
■ atribuir ao texto — movimento do leitor para o texto (ênfase no leitor);
■ ler implica significado; logo, ao se usar o verbo extrair, põe-se o
significado dentro do texto, e ao se usar o verbo atribuir, imprime-
-se significado ao leitor.
„ Conciliatório:
■ ler é interagir com o texto;
■ não apenas leitor, não apenas texto, mas os dois polos e mais um
terceiro elemento, que é a interação entre os dois;
■ é preciso afinidade e condições adequadas;
■ é necessário ter competências de leitura e a intenção de ler;
■ tentativa de colimação de um determinado objetivo em relação a
um determinado texto.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal 3

Em uma perspectiva tradicional, a leitura está diretamente relacionada


à decodificação. Porém, a partir dos avanços nos estudos sobre a leitura, há
uma abordagem moderna. Por essa via, a leitura está vinculada à construção
de sentidos (MARTINS, 1988). Vamos entender um pouco mais a seguir sobre
cada uma dessas perspectivas de leitura.

Leitura tradicional
Nessa interpretação da leitura, relacionamos o processo de ler à decodifi-
cação do código. Ou seja, o conhecimento das palavras e dos significados a
elas atrelados é o fator definitivo para a leitura do texto. O conhecimento da
língua é o destaque para essa abordagem.
A leitura tradicional pode ser entendida como um reflexo do que se ob-
serva nas escolas mais tradicionais, baseadas em um ensino mais tradicional,
onde se mantêm uma excessiva preocupação com a escrita e pouca atenção
à leitura. Conforme explica Kato (2007, p. 7):

A disseminação maior de métodos sintéticos nas escolas brasileiras — seja o b +a


= ba, o ba + be + bi + bo + bu, ou ainda o fônico —, pode também ser motivada pela
ênfase maior dada à atividade de escrita, a qual envolve, no início da aprendiza-
gem, uma operação basicamente de composição, embora mais tarde ela possa ser
acompanhada complementarmente por uma operação de decomposição mental
do léxico visual já adquirido.

A leitura, posterior à aprendizagem da escrita, acontece de forma linear.


Ou seja, as palavras são lidas uma a uma de forma linear, e esse movimento
configura a leitura. Estratégias de leitura não se fazem presentes nesse
movimento. O conhecimento do código possibilitaria, portanto, a leitura e o
entendimento do texto.
A atividade de leitura, em uma abordagem tradicional, transforma o leitor
em alguém passivo, pois ele busca significados nas letras, na construção
das sílabas, nas palavras, nas sentenças e, então, no texto. O leitor deco-
difica palavra por palavra, e o exercício está em encontrar na combinação
de palavras o sentido do texto. Infere-se, nessa perspectiva, que os signos
não são variáveis e flexíveis. Pelo contrário, são imutáveis e sempre estarão
relacionados aos mesmos significados, o que gera uma séria limitação para
o processo de leitura.
Decodificar representa apenas a primeira etapa da leitura. Após essa
etapa, há a compreensão, a interpretação, a ação e a retenção. Essa dinâmica
entende o processo de leitura em uma perspectiva moderna.
4 Estratégias de leitura: leitura textual ou literal

Leitura moderna
Não é apenas o conhecimento da língua que possibilita a leitura. Na verdade,
fazem parte do processo de leitura todas as relações entre pessoas e entre
elas com o mundo que as cerca, todas as relações entre as várias áreas do
conhecimento, da expressão, das circunstâncias, etc.
Quando os seres humanos começam a ler? É depois de conhecer as pa-
lavras? Não, pois um bebê lê o mundo muito antes de conhecer o código. O
bebê percebe o calor do colo da mãe, o conforto e a segurança dos lugares,
entende e reage de acordo com os estímulos do ambiente e, em seguida,
passa a dar sentido ao mundo que o cerca.

Pense nas seguintes expressões:


„ Ler um gesto.
„ Ler o olhar de alguém.
„ Ler o tempo.
Esses são apenas alguns exemplos que demonstram a complexidade do
processo de leitura. Lemos as palavras, mas não apenas como uma ação de
decodificar, pois, a partir de nossas experiências e vivências, imprimimos dife-
rentes sentidos para os textos. Duas pessoas, por exemplo, podem ler o mesmo
texto de formas diferentes, dependendo das experiências prévias de cada uma
delas. Do mesmo modo, uma mesma mensagem escrita pode impactar de forma
diferente cada leitor.

Para além do entendimento tradicional de leitura, na perspectiva moderna,


entendemos que a leitura está na construção de sentido, uma ação que ocorre
entre o leitor e o texto. Por esse motivo, o mesmo texto pode ser lido de
diferentes formas por diversos leitores. As expressões faciais, por exemplo,
podem ser lidas e interpretadas de formas diferentes, mudando de acordo
com o leitor (observador) e o contexto.
Segundo Bakhtin (1986, p. 93):

O essencial na tarefa de decodificação não consiste em reconhecer a forma


linguística utilizada, mas compreendê-la num contexto preciso, compreender
sua significação numa enunciação particular. Em suma, trata-se de perceber seu
caráter de novidade e não somente sua conformidade à norma. Em outros termos,
o receptor, pertencente à mesma comunidade linguística, também considera a
forma linguística utilizada como um signo variável e flexível e não como um sinal
imutável e sempre idêntico a si mesmo.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal 5

Na perspectiva moderna, a leitura é entendida de forma mais ampla e


pressupõe muito mais do que a decodificação e a leitura linear do texto. Essa
perspectiva confere um espaço muito mais significativo para a construção de
sentido. Não há uma preocupação excessiva com a decodificação do código
linguístico, mas, sim, uma ênfase na autonomia semântica do leitor, em que os
contextos sociais, históricos e culturais do indivíduo também são valorizados.

Leituras verticais e horizontais e objetivos


do leitor
Na seção anterior, mencionamos a leitura linear, mas também existem as
leituras vertical e horizontal. É importante conhecer essas estratégias para
que elas sejam utilizadas de forma adequada ao propósito de leitura e aos
objetivos do leitor, ou seja, a uma construção consciente dos sentidos da
leitura.
A leitura horizontal é classificada como superficial, estrutural, com base
na observação de títulos e subtítulos. Ela é mais inspecional. Logo, tem como
objetivo principal fazer com que o leitor se familiarize com o conteúdo, exa-
minando partes-chave do texto (SOUZA, 2021). Em outras palavras, o objetivo
da leitura horizontal é a familiarização com o conteúdo e um entendimento
mais geral do tema do texto. A leitura horizontal pode ser caracterizada pela
obtenção de uma informação de caráter geral.
Solé (2014, documento on-line), sobre essa leitura mais geral, afirma que:

Esta é a leitura que fazemos quando queremos “saber de que trata” um texto, “saber
o que acontece”, ver se interessa continuar lendo... Quando lemos para obter uma
informação geral, não somos pressionados por uma busca concreta, nem precisa-
mos saber detalhadamente o que diz o texto; é suficiente ter uma impressão, com
as ideias mais gerais. Poderíamos dizer que é uma leitura guiada sobretudo pela
necessidade do leitor de aprofundar-se mais ou menos nela.

Pense na leitura de um jornal, que pode ser impresso ou digital. O que


lemos primeiro são as manchetes. Caso a notícia seja de nosso interesse
(tenha uma chamada interessante), acessamos o conteúdo na íntegra e desen-
volvemos a leitura completa. Caso contrário, seguimos na leitura horizontal,
examinando apenas partes dos textos.
Ao acessarmos o jornal da Universidade de São Paulo (USP, c2019) (Figura
1), lemos as imagens, nos apropriamos dos títulos e, quando a imagem e/ou o
título chamam a nossa atenção de alguma forma (por interesse na temática,
por exemplo), passamos a ler o descritivo do título (subtítulo). Confirmando
6 Estratégias de leitura: leitura textual ou literal

a adesão aos nossos interesses de leitura (objetivo do leitor), acessamos o


texto na íntegra e partimos para a leitura. Essa leitura pode ser horizontal em
um primeiro momento, para a confirmação da pertinência do texto, ou pode
ser diretamente vertical (uma leitura mais aprofundada do texto).

Figura 1. Página inicial do jornal da USP, com manchetes e subtítulos.


Fonte: Jornal da USP (c2019, documento on-line).

A leitura vertical é profunda, reflexiva e analítica. É feita a observação


de toda a estrutura linguística do texto. Para Souza (2021, documento on-
-line), a leitura analítica é crítica “tanto no sentido de buscar mais detalhes,
examinando os argumentos e conceitos fundamentais, quanto no sentido de
realmente criticar o conteúdo, entendendo a posição do autor ao ponto de
concordar ou discordar dele”.
Na leitura vertical, buscamos aprender algo de forma a atribuir significado
ao conteúdo proposto pelo texto. Existe, portanto, uma construção pessoal
(por parte do leitor e seu contexto) sobre algo proposto objetivamente (o
autor e o texto). Aquilo que está nas entrelinhas também é observado. Além
do que se faz presente no texto, na leitura vertical, o leitor busca o que está
implícito e procura estabelecer relações com o contexto, com outros textos e
com conhecimentos prévios. Assim, o leitor pode construir o seu entendimento
do texto e utilizá-lo de acordo com os seus objetivos.
De acordo com Solé (2014, documento on-line), essa leitura possibilita:

Ampliação do conhecimento prévio com a introdução de novas variáveis, modifica-


ção radical do mesmo, estabelecimento de novas relações com outros conceitos... De
qualquer forma, nosso conhecimento anterior sofreu uma reorganização, tornou-se
mais completo e mais complexo, permitimos relacioná-lo a novos conceitos, e por
isso podemos dizer que aprendemos.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal 7

É importante conhecer as leituras horizontal e vertical, pois elas são úteis


para o processo de aprendizagem. Pense, por exemplo, na construção de um
trabalho de conclusão de curso. A princípio, reunimos um conjunto de textos,
que são as referências em uma determinada área de pesquisa. Depois, lemos
os títulos e subtítulos para selecionar aqueles que serão utilizados. Por fim,
lemos o conteúdo total dos textos, com o objetivo de reorganizar noções e
conceitos para construir uma escrita autoral.

Estratégias de leitura literal


As estratégias de leitura são utilizadas como instruções que ampliam a reali-
zação do objetivo de leitura. São ações como itinerários, que, de certa forma
ordenada, possibilitam o atingimento de determinada meta. Isso não significa
que exista uma regra ou receita para a ordenação dessas estratégias, mas,
sim, que elas, de alguma forma, facilitam o processo de leitura e interpretação
de textos. Com as estratégias, o pensamento estratégico é praticado.
Para Solé (2014, documento on-line), “a estratégia tem em comum com
todos os demais procedimentos sua utilidade para regular a atividade das
pessoas, à medida que sua aplicação permite selecionar, avaliar, persistir ou
abandonar determinadas ações para conseguir a meta a que nos propomos”.
As estratégias são necessárias para a formação de leitores autônomos.
Elas são importantes para a formação de leitores capazes de efetivamente
aprender a partir dos textos, com o objetivo de questionar o conhecimento
e modificá-lo (SOLÉ, 2014).
As estratégias são divididas em cognitivas e metacognitivas (KLEIMAN,
2002). As estratégias metacognitivas são as operações (e não regras) realizadas
com objetivo previamente determinado. Sobre elas, temos controle cons-
ciente, ou seja, temos condições de compreender a nossa ação. De acordo
com Kleiman (2002, p. 50):

As estratégias metacognitivas da leitura são, primeiro, autoavaliar constantemente


a própria compreensão, e segundo, determinar um objetivo para a leitura. Devemos
entender que o leitor que tem controle consciente sobre essas duas operações
saberá dizer quando ele não está entendendo um texto e saberá dizer para que
ele está lendo um texto.

Isso significa que se o autor encontra alguma dificuldade de entendimento


do texto, por exemplo, ele pode recorrer a palavras-chave, realizar buscas
de significado dessas palavras ou retornar no texto e encontrar explicações
para as dúvidas. De forma consciente, o leitor reconhece as dificuldades de
8 Estratégias de leitura: leitura textual ou literal

alcance do objetivo de leitura e pratica determinadas ações para resolver


esse problema, pois detecta as causas de sua dificuldade.
As estratégias cognitivas, por sua vez, são inconscientes. Um exemplo,
conforme Kleiman (2002), está no fatiamento sintático. Essa é uma ação
necessária para a leitura, mas que não acontece de forma consciente. É
um processamento em que procedimentos são utilizados, mas não temos
domínio sobre eles.
Vamos ampliar os conhecimentos sobre as estratégias para a formação
de leitores proficientes. A princípio, temos o objetivo de leitura. De acordo
com esse objetivo (ou objetivos), selecionamos os textos. A partir de conheci-
mentos prévios sobre o assunto, selecionamos as leituras pertinentes. Nessa
etapa, podemos realizar uma leitura mais horizontal/superficial, apenas para
confirmar a aderência do texto ao objetivo proposto. Nessa estratégia (rela-
cionada ao objetivo de leitura), estabelece-se uma análise de tipos de texto.
Por exemplo, um romance romântico pode ser utilizado para determinado
objetivo de aprendizagem, já uma pesquisa científica, para outro. De acordo
com o objetivo proposto, vamos selecionar os tipos de textos que serão per-
tinentes. Veja a seguir quais são esses tipos (SOLÉ, 2014, documento on-line).

„ Narrativo: há um desenvolvimento cronológico, com o objetivo de


explicar alguns acontecimentos em uma determinada ordem. Alguns
textos narrativos seguem uma organização (estado inicial > complicação
> ação > resolução > estado final), já outros introduzem uma estrutura
dialogal dentro da estrutura narrativa. São exemplos o conto, a lenda,
o romance, entre outros.
„ Descritivo: descreve um objeto ou fenômeno com o uso de comparações
e outras técnicas. Esse tipo de texto é frequente tanto na literatura
quanto nos dicionários, em guias turísticos, em inventários, etc.
„ Expositivo: explica determinados fenômenos ou proporciona infor-
mações sobre eles. Os livros didáticos e os manuais utilizam muito
esse tipo de texto.
„ Instrutivo-indutivo: tem o objetivo de induzir a ação do leitor. São
exemplos as palavras de ordem, as instruções de montagem ou de
uso, etc.
„ Dissertativo: texto centrado na defesa de uma ideia. Com a apre-
sentação de diferentes pontos de vista, o texto dissertativo aborda
temas com profundidade reflexiva, convidando o leitor a construir
conhecimentos sobre um tema específico. São exemplos o artigo de
opinião, a redação dissertativa, entre outros.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal 9

Após a seleção dos tipos de texto, de acordo com o objetivo de leitura,


partimos para a leitura horizontal (mais superficial). Depois, seguimos, de
acordo com a pertinência do texto, para a leitura vertical (aprofundamento
dos tópicos), que é mais profunda, reflexiva e analítica.
Nesse ponto, as estratégias utilizadas envolvem as leituras textual, con-
textual e intertextual. Na textual, o leitor busca informações no texto. Na
contextual, as pistas estão indicadas nas entrelinhas. Na intertextual, tam-
bém chamada de cultural, o leitor estabelece relações intertextuais para o
entendimento do seu objetivo de leitura.
Para finalizar, é importante conhecer as estratégias de leitura de forma
mais direta. A princípio, tem-se a identificação da ideia geral do texto em fun-
ção dos objetivos propostos para leitura. Em seguida, busca-se a elaboração
de resumos (ou fichas de leitura), com o intuito de encontrar o tema de um
texto, as ideias principais e as secundárias. Para isso, quatro regras podem
ser utilizadas pelo leitor: omitir, selecionar, generalizar e construir ou integrar
(SOLÉ, 2014). Omitindo e selecionando, separamos as ideias importantes para
o nosso objetivo de leitura daquelas que não são tão pertinentes.
Após a seleção das informações, colocam-se em prática duas regras: gene-
ralização e construção. Por meio da generalização, abstraímos uma sequência
de ideias/informações e construímos/integramos uma ideia importante para
o objetivo de leitura. Assim, uma nova informação é elaborada, muitas vezes
contendo informações particulares que não estavam presentes no genérico.
Lembre-se de que os resumos são construídos com base nos conhecimentos
que já temos. Assim, temos as estratégias de construção de conceitos su-
bordinados a partir de determinados conjuntos de informações (SOLÉ, 2014).
Outra estratégia para uma leitura ativa está centrada na formulação de
perguntas e respostas. Isso pode ocorrer oralmente ou de forma escrita. O
leitor formula perguntas sobre o texto e, assim, regula o processo de leitura.
Essas perguntas vão facilitar para o leitor a identificação do tema e das ideias
principais do texto. Formular hipóteses é a estratégia integrante. A partir da
leitura horizontal, hipóteses podem ser formuladas, Em seguida, a leitura
vertical vai validando ou refutando as hipóteses, e as perguntas para o texto
vão sendo formuladas. Com o desenvolvimento da leitura, as perguntas são
respondidas e o resumo vai se construindo (SOLÉ, 2014). Utilizar as estratégias
de leitura na prática é um movimento constante do leitor sobre o texto e vice-
-versa. Nesse processo, há interação; logo, há construção de conhecimento.
O ato de ler representa movimento, e o conhecimento não está fixo no
texto, mas na interação do leitor com o texto a partir dos seus objetivos de
leitura e do seu conhecimento prévio. Com a utilização das estratégias, o
10 Estratégias de leitura: leitura textual ou literal

leitor amplia o processo de interpretação e apropriação do texto, construindo


novos saberes. Em síntese, deve-se considerar a importância do leitor em
assumir progressivamente o controle da leitura para utilizar as estratégias
necessárias para uma leitura eficiente, alcançando os seus objetivos de leitura.

Referências
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método
sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.
JORNAL da USP. Universidade de São Paulo (USP), c2019. Disponível em: https://jornal.
usp.br/. Acesso em: 21 jun. 2022.
KATO, M. A. O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria & prática. São Paulo: Pontes, 2002.
LEFFA, V. J. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996.
MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1988.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2014. E-book.
SOUZA, I. Estratégias de leitura para ler e compreender melhor. São Paulo: Ideia Books,
2021. E-book.

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