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Segredos Do Cristianismo - Parte 2

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SEGREDOS DO CRISTIANISMO 2ª PARTE -

O Maior Segredo

No século XII aconteceu algo de insólito que os pesquisadores e


historiadores não conseguiram decifrar até hoje. Trata-se dos
Templários, da formação da Ordem do Templo, da sua extraordinária
e rápida expansão, do seu poder e da sua riqueza.

A Ordem do Templo foi fundada um pouco posteriormente à Ordem do


Hospital, ou dos Hospitalários, mas enquanto esta se manteve estável
e comprometida com os objetivos da sua fundação – a ajuda e socorro
aos peregrinos da Terra Santa, a Ordem do Templo teve um início
estranho e depois, apesar de se manter na Palestina para proteger os
peregrinos, expandiu-se rapidamente pela Europa, ganhando um
poder superior ao da maioria dos Estados europeus.

A Ordem do Templo foi fundada por nove cavaleiros que participaram


na 1ª Cruzada. De 1118, data da sua fundação, até 1127, durante
nove anos, não admitiram ninguém nas suas fileiras. Permanecem em
Jerusalém durante nove anos e o que estiveram a fazer durante esses
nove anos pouco ou nada se sabe. Aparentemente estiveram
instalados no que restava das antigas cavalariças do Templo de
Salomão onde terão descoberto documentos importantes, segundo
alguns, ou um grande tesouro segundo outros.

Aqui convém fazer uma pausa e pensar no que significa a descoberta


de um tesouro ou, que características teria esse tesouro.
Tradicionalmente um tesouro é constituído por ouro e pedras
preciosas mas, pode ser constituído por outras coisas, como esses
documentos importantes de que alguns falam, documentos que teriam
dado à Ordem um tremendo poder e que a fez catapultar-se para a
organização mais importante e mais temida da Europa. Esses
documentos estariam relacionados com a história do Cristianismo, o
que terá obrigado o Papa, por influência do abade de Claraval, São
Bernardo, uma figura enigmática, a reconhecer a Ordem e a conferir-
lhe as regras, estas também idealizadas por ele.

Bernardo de Claraval, de monge obscuro cisterciense, tornou-se a


figura mais influente da sua época. Enviado em 1115 para Clairvaux
(Vale Claro) para fundar uma nova abadia da Ordem de Cister,
fundada em 1098, logo começa por impor uma disciplina severa, o que
não impede que muitos candidatos comecem a afluir à nova abadia.
Sob a sua regência, a Ordem de Cister tem uma expansão fantástica,
semelhante à expansão templária pois, por alturas da sua morte aos
63 anos de idade, a Ordem de Cister tem 500 mosteiros em toda a
Europa.

Considerado um ortodoxo, defendendo sempre a doutrina oficial da


Igreja, Bernardo foi o “padrinho” dos Templários junto da Santa Sé,
conseguindo a sua aprovação pelo Papa e dando à Ordem do Templo
as regras que ele escreveu pelo seu próprio punho, daí se dizer que
as regras do Templo eram semelhantes às da Ordem de Cister. Terão
os templários partilhado com ele o seu segredo e assim a Ordem de
Cister se expandiu também rapidamente? Seria a sua ortodoxia um
escudo por detrás do qual manipulou os poderes da época?

Se os Templários possuíam um segredo capaz de abalar as estruturas


do Cristianismo e da própria Igreja, esse segredo perdeu valor e
entrou em descrédito depois da perseguição desencadeada por Filipe
IV de França, o Belo. Acusando os Templários de heresia e de perda
do sentido de missão para a qual a Ordem havia sido fundada, retirou
qualquer credibilidade ao segredo que eventualmente os templários
possuíssem. Apesar de absolvidos da heresia pelo Papa Clemente V,
isto não obstou a que fossem torturados pela Inquisição e muitos
queimados vivos, incluindo o seu Grão-Mestre, Jacques de Molay.

Depois desta absolvição não faz nenhum sentido que continuassem a


ser perseguidos, torturados e queimados, a não ser que se quisesse
eliminar qualquer vestígio deles à face da Terra. Por outro lado a
teoria de que o rei Filipe IV desencadeou essa perseguição para deitar
mão às riquezas templárias, pode isto ter sido uma das
consequências, mas não, certamente, o que a motivou.

Para podermos compreender melhor o que poderia ser esse segredo,


vamos voltar aos primeiros tempos do Cristianismo, vamos voltar a
Paulo de Tarso. Quem era, efetivamente, Paulo ou Saulo de Tarso?
De acordo com a Wikipédia, “O apóstolo Paulo de Tarso, cujo nome
original era Saulo, é considerado por muitos cristãos como o mais
importante discípulo de Jesus e, depois de Jesus, a figura mais
importante no desenvolvimento do Cristianismo nascente.” Para além
de outras considerações esta é a ideia que nos tem vindo a ser
transmitida ao longo do tempo. Mas quem era o verdadeiro Paulo?

Tradicionalmente, Paulo é considerado o grande combatente contra os


gnósticos heréticos. No entanto, os sábios gnósticos do início do
século II consideravam Paulo o maior Apóstolo e veneravam-no por
ele ter sido a inspiração do Cristianismo gnóstico. Muitos grupos
gnósticos atribuíam a Paulo a sua fundação, chamando-se eles
próprios de paulistas, apesar da perseguição da Igreja romana até ao
século X. Se Paulo foi tão antignóstico como a Igreja reclama, é
estranho que seja citado em inúmeros textos gnósticos e que alguns
lhe sejam atribuídos. A biblioteca de Nag Hammadi inclui “A Oração
do Apóstolo Paulo”, “O Apocalipse de Paulo” e “Os Atos de Paulo”.
Este último descreve Paulo viajando com uma companheira chamada
Tecla, uma mulher que efetuava baptismos.

Paulo escreve cartas a sete igrejas em sete cidades, conhecidas como


centros de Cristianismo gnóstico. Das treze cartas que constam do
Novo Testamento, apenas sete são consideradas genuínas, as outras
são falsificações acrescentadas mais tarde. Somente nas chamadas
cartas pastorais dirigidas a Timóteo e Tito, consideradas
universalmente como falsificações, é que Paulo se revela antignóstico.
Nestas cartas Paulo é posto a condenar veementemente as doutrinas
gnósticas.

Por via destas cartas pastorais, Paulo é transformado de gnóstico em


antignóstico. Na primeira metade do século II, Clemente, bispo de
Roma, nega terminantemente o estatuto de Paulo como Apóstolo,
dizendo inclusive que Paulo nunca viu efetivamente o Cristo
ressuscitado. A revelação de Paulo na estrada de Damasco é
considerada como um fenómeno demoníaco. Pedro, por sua vez,
considera Paulo como seu inimigo, que convenceu alguns gentios a
rejeitar a lei judaica e a ensinar coisas tolas e heréticas. Paulo é
considerado um elemento de divisão do Cristianismo, inspirado por
Satanás, um elemento perigoso que deveria ser expulso da Igreja.

Paulo foi contemporâneo de Jesus mas, por incrível que pareça e


sendo Paulo um dos sacerdotes do templo de Jerusalém, nunca se
encontrou com Jesus. Nas suas cartas verdadeiras nunca se refere a
Jesus como alguém que tenha existido, refere-se ao Cristo que, em
termos gnósticos significa o Cristo interno de cada um. Nas suas
cartas verdadeiras usa muitos termos caros aos gnósticos como
pneuma (espírito), gnosis (conhecimento divino), doxa (glória), sophia
(sabedoria), teleoi (o iniciado), etc.

Paulo escreveu em grego e só faz citações da versão grega do Antigo


Testamento. O seu trabalho relaciona-se com as cidades pagãs
dominadas pela cultura grega. Assim, Antioquia era um centro dos
Mistérios de Adónis, Éfeso era um centro dos Mistérios de Átis e
Corinto o centro dos Mistérios de Dionísius. Natural de Tarso, esta
cidade era o centro da filosofia pagã, ultrapassando na época Atenas
e Alexandria. Tarso era a cidade onde se originaram os Mistérios de
Mitra e não é possível imaginar que Paulo não se tenha dado conta
das semelhanças entre estes Mistérios e as doutrinas cristãs.

Tal como os gnósticos, Paulo era extremamente depreciativo acerca


das manifestações externas da religião – cerimónias, dias santos,
regras, leis. Tal como os gnósticos, afirmava que os verdadeiros
cristãos se tornavam em Cristo. À semelhança dos gnósticos, Paulo
não prega a servidão á Lei, mas a liberdade espiritual através da
Gnose. Vai ao ponto de declarar a Lei de Jeová, tradicionalmente
sagrada, a própria base da religião judaica, ser uma maldição e que
Cristo nos resgatou dessa Lei. Para Paulo, assim como para os
gnósticos, através da partilha do sofrimento e da ressurreição de
Cristo, o iniciado cristão pode ser redimido da Lei e libertado: “Agora,
tendo morrido, estamos para além do alcance da Lei que nos
subjugava”.

É provável que haja quem discorde do que aqui fica escrito, que afinal
a Bíblia não diz nada disso, que Paulo se refere a Jesus como pessoa
física, pois basta ler a Carta aos Romanos. Pois é, mas a Bíblia tem
sofrido inúmeras alterações à sua versão original, adaptando o seu
texto conforme os interesses do momento. Dou como exemplo o
Evangelho segundo João. Logo no prólogo, as atuais Bíblias dizem:
“No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus,
e a Palavra era Deus”. A anterior fraseologia dizia o seguinte: “No
início era o Verbo: o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”.
Parece que não, mas trata-se de uma alteração que adultera
completamente o texto original, pois Verbo não é a palavra, Verbo é
muito mais do que a palavra, Verbo é o som primordial através do qual
a vida foi criada. Os budistas sabem isto e por isso usam os mantras,
que são sons, não são palavras. Por outro lado cada uma das versões
atuais do Cristianismo adaptou a Bíblia, principalmente o Novo
Testamento, à sua medida. Assim, a Bíblia católica não é igual à
Protestante, esta não é igual à Evangélica, etc., etc.

Para terminar, não vou revelar qual é o segredo maior, ele está
implícito neste texto e nos outros que tenho vindo a escrever sobre o
assunto. Cada um é livre de pensar o que quiser, ou de não pensar e
agarrar-se à crença como resposta para todas as dúvidas.

Obra: Manuel O. Pina

Pesquisa: Ir.'. José Carlos Lopes - M.'. I.'. - Or.'. de Curitiba – PR

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