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02 - Gestão de Projetos

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SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

PROJETO FINAL

VOLUME 2
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

PROJETO FINAL

VOLUME 2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

PROJETO FINAL

VOLUME 2
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional da Bahia

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os
Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Núcleo de Educação a Distância - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491p
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Projeto Final/ Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional
da Bahia. – Brasília: SENAI/DN, 2013.
2 v 144 p. il. (Série Construção Civil, v.2)

ISBN 978-85-7519-750-9

1. Projeto final. 2. Construção civil. 3. Técnico


em edificações I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Nacional II. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional
da Bahia III. Título IV. Série
CDU 696:624

SENAI Sede

Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto


Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-
Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Exemplo de projeto.......................................................................................................................................15
Figura 2 - Produto pronto (edifício).............................................................................................................................16
Figura 3 - Viável, claro e específico...............................................................................................................................17
Figura 4 - Produtos finais com projetos bem diferentes......................................................................................18
Figura 5 - Planejamento...................................................................................................................................................19
Figura 6 - Projeto é desenvolvido por pessoas........................................................................................................20
Figura 7 - Cortes indevidos x aumento dos custos................................................................................................22
Figura 8 - Piscina.................................................................................................................................................................23
Figura 9 - Sequenciamento de etapas........................................................................................................................24
Figura 10 - Parte de projeto de instalações elétricas.............................................................................................26
Figura 11 - Pessoas x custos............................................................................................................................................28
Figura 12 - Fatores econômicos....................................................................................................................................29
Figura 13 - Ideia - estudo de viabilidade - projeto..................................................................................................30
Figura 14 - Projeto de construção bem concebido ...............................................................................................33
Figura 15 - Início, meio e fim..........................................................................................................................................34
Figura 16 - Recursos x tempo.........................................................................................................................................35
Figura 17 - Fluxo de pensamento.................................................................................................................................37
Figura 18 - Necessidades - problema - projeto........................................................................................................37
Figura 19 - Decrescimento de recursos humanos / custos de projeto............................................................39
Figura 20 - Prazo - preço - qualidade...........................................................................................................................40
Figura 21 - Preço, prazo e qualidade...........................................................................................................................41
Figura 22 - Gerente de projeto......................................................................................................................................43
Figura 23 - Planejamento na infância..........................................................................................................................47
Figura 24 - Profissional assertivo..................................................................................................................................48
Figura 25 - Garantias do Planejamento......................................................................................................................49
Figura 26 - Caminho crítico.............................................................................................................................................51
Figura 27 - Executor aguardando orientação...........................................................................................................52
Figura 28 - Orçamentos - taxas e despesas de obra...............................................................................................53
Figura 29 - Planejamento no MS Project.................................................................................................................. 54
Figura 30 - Coleta de dados............................................................................................................................................55
Figura 31 - Entrevista........................................................................................................................................................57
Figura 32 - Aplicação de questionário........................................................................................................................58
Figura 33 - Profissional observador.............................................................................................................................60
Figura 34 - Gráfico de pizza.............................................................................................................................................61
Figura 35 - Mapa.................................................................................................................................................................62
Figura 36 - Viabilidade do Projeto a partir da análise de dados........................................................................64
Figura 37 - Análise da viabilidade de projetos.........................................................................................................65
Figura 38 - Gráfico de Gantt - cronograma físico....................................................................................................67
Figura 39 - Corrida contra o prazo do cronograma................................................................................................70
Figura 40 - Processos de previsão de Recursos.......................................................................................................71
Figura 41 - Seleção de profissionais.............................................................................................................................73
Figura 42 - Layout de canteiro.......................................................................................................................................74
Figura 43 - Logística de canteiro...................................................................................................................................75
Figura 44 - Atendimento das necessidades dos projetos....................................................................................77
Figura 45 - Quanto custa?................................................................................................................................................77
Figura 46 - Custos e despesas com a construção...................................................................................................79
Figura 47 - Cotação de preços.......................................................................................................................................80
Figura 48 - Análise minuciosa........................................................................................................................................81
Figura 49 - Qualidade!......................................................................................................................................................83
Figura 50 - Sistema do PDCA..........................................................................................................................................87
Figura 51 - Seis sigma.......................................................................................................................................................88
Figura 52 - 5 S’s....................................................................................................................................................................89
Figura 53 - Objetivos alcançados. Siga em frente!..................................................................................................90
Figura 54 - Desenvolvimento de projetos.................................................................................................................93
Figura 55 - Residencial x rodoviária.............................................................................................................................94
Figura 56 - Trem moderno...............................................................................................................................................95
Figura 57 - Demanda - Equipe - Projetos...................................................................................................................97
Figura 58 - Recursos materiais de projetos...............................................................................................................98
Figura 59 - Projeto e a obra.............................................................................................................................................99
Figura 60 - Terreno de esquina................................................................................................................................... 100
Figura 61 - Planta de pilares e vigas.......................................................................................................................... 102
Figura 62 - Esquema isométrico de instalações hidráulicas............................................................................ 103
Figura 63 - Área de lazer (projetos complementares)........................................................................................ 104
Figura 64 - Belas edificações........................................................................................................................................ 106
Figura 65 - Esquema de comunicação..................................................................................................................... 108
Figura 66 – Apresentação............................................................................................................................................. 111
Figura 67 - Plantas de um empreendimento......................................................................................................... 113
Figura 68 - Relação custo x benefício....................................................................................................................... 114
Figura 69 - Exemplo de maquete............................................................................................................................... 116
Figura 70 - Modelo de apresentação de projetos................................................................................................ 116
Figura 71 - Croqui de um projeto............................................................................................................................... 117
Figura 72 - Apresentação chamativa........................................................................................................................ 118
Figura 73 - Organograma............................................................................................................................................. 120
Figura 74 - Público alvo................................................................................................................................................. 121
Figura 75 - Metodologia para montagem de projeto........................................................................................ 122
Figura 76 - Teia do roteiro de apresentação.......................................................................................................... 123
Figura 77 - Próxima etapa. Siga em frente!............................................................................................................ 125
Figura 78 - Troféu de etapa concluída...................................................................................................................... 127
Tabela 1 - Tabela simples.................................................................................................................................................62
Tabela 2 - Cronograma de mão de obra.....................................................................................................................68
Tabela 3 - Cronograma de equipamentos.................................................................................................................68
Tabela 4 - Cronograma Físico - financeiro.................................................................................................................69
Tabela 5 - Exemplo de levantamento quantitativo................................................................................................72
Tabela 6 - Demonstração do orçamento ..................................................................................................................82
Tabela 7 - Modelo de PO..................................................................................................................................................85
Tabela 8 - Modelo de FVS................................................................................................................................................85
Tabela 9 - Modelo de cronograma de apresentação.......................................................................................... 126
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................11

2 Projeto.................................................................................................................................................................................15
2.1 Definição.........................................................................................................................................................16
2.2 Características................................................................................................................................................17
2.3 Tipos de projeto na construção civil......................................................................................................22
2.4 Etapas de um projeto..................................................................................................................................24
2.5 Análise de viabilidade.................................................................................................................................27

3 Concepção........................................................................................................................................................................33
3.1 Estudo do ciclo de vida de um projeto.................................................................................................34
3.2 Definição e estudo dos objetivos no desencadeamento do projeto........................................39
3.3 Definição das incumbências dos personagens na concepção do projeto..............................42

4 Planejamento do projeto.............................................................................................................................................47
4.1 Proposição do objetivo..............................................................................................................................49
4.2 Coleta de dados............................................................................................................................................55
4.3 Análise de dados..........................................................................................................................................61
4.4 Elaboração do cronograma de desenvolvimento............................................................................66
4.5 Previsão de Recursos...................................................................................................................................70
4.6 Determinação do custo do projeto.......................................................................................................77
4.7 Definição de critérios técnicos de avaliação do protótipo, produto ou sistematização de
resultados...............................................................................................................................................................83

5 Desenvolvimento do projeto.....................................................................................................................................93
5.1 Alocação de recursos para execução....................................................................................................95
5.2 Execução..........................................................................................................................................................99
5.3 Avaliação do projeto................................................................................................................................ 104
5.4 Elaboração de documentação técnica, incluindo relatório....................................................... 107

6 Apresentação do projeto.......................................................................................................................................... 111


6.1 Identificação dos recursos necessários............................................................................................. 112
6.1.1 Recursos necessários para obtenção de informações............................................... 112
6.1.2 Recursos materiais necessários para a apresentação................................................ 115
6.2 Técnicas de apresentação....................................................................................................................... 118
6.2.1 Roteiro de apresentação de projetos.............................................................................. 119
6.2.2 Cuidados especiais para a apresentação........................................................................ 124
6.3 Definição da programação.................................................................................................................... 125

Referências

Minicurrículo do autor

Índice
Introdução

Bem-vindo ao universo das edificações! Estamos iniciando uma caminhada pelo processo
de formação técnica industrial na área da Construção Civil. Essa é mais uma unidade curricu-
lar do curso de Técnico em Edificações, denominada de Projeto Final.
Esta Unidade Curricular tem como objetivo geral desenvolver projetos voltados para a mo-
bilização e articulação, de forma integrada, de capacidades técnicas, organizativas, sociais e
metodológicas desenvolvidas para atuação como técnico em edificações, fundamentados na
solução de problemas referentes à concepção de projetos e gestão do processo de construção
em empreendimentos da construção civil, compreendendo a importância da Construção Civil
para a economia do país e identificando as instituições dedicadas ao setor e suas funções.
Para dar conta de tantas competências, aprenderemos fundamentos técnicos e científicos
que nos capacitarão a compreender os processos de concepção e desenvolvimento de proje-
tos de construção civil. Os temas aqui abordados também ajudarão a desenvolver importantes
capacidades para o curso Técnico em Edificações, como:

CAPACIDADES TÉCNICAS:

a) identificar e aplicar de forma integrada as tecnologias referentes ao projeto, planejamen-


to e construção de edificações;
b) desenvolver textos de caráter científico.

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS:

a) aplicar técnicas de comunicação oral e escrita;


b) projetar e analisar resultados;
c) aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e ambientais.
PROJETO FINAL
12

Em nosso livro de Projeto Final, adentraremos no universo dos princípios da


gestão de projetos, comumente utilizados na Construção Civil, suas característi-
cas, funções e detalhes diversos.
Trabalharemos aqui os aspectos relacionados à coleta e análise de dados, aná-
lise de viabilidade, elaboração de cronograma de desenvolvimento, determina-
ção de custos do projeto, determinação de critérios de avaliação de protótipos,
alocação de recursos para execução, execução propriamente dita, previsão de
recursos, etc.
Boa sorte e bons estudos, caro aluno!
1 INTRODUÇÃO
13

Anotações:
Projeto

Você, caro aluno, ao longo deste curso técnico em edificações, com certeza já tem entendi-
mento do que é um projeto. Trabalharemos neste capítulo os aspectos relacionados ao proje-
to, especialmente em termos de sua definição, tipos, características e análise de viabilidade. De
início, vamos aprender a sua definição.

Figura 1 - Exemplo de projeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
PROJETO FINAL
16

1NORTEIA: 2.1 DEFINIÇÃO


Guia, orienta, rege. Podemos definir projeto como o instrumento composto por partes gráficas
e escritas que norteia1 o processo de execução de um determinado produto. A
partir desta definição, podemos entender que o projeto, pertinente2 a qualquer
2PERTINENTE: produto, deve conter todas as informações necessárias ao completo e adequado
desenvolvimento das atividades de execução que, em determinado tempo (pra-
Que diz respeito.
zo) e dentro de um determinado orçamento (custo), resultará no produto reque-
rido (Figura 2).

3PRÉVIOS:
Claro que das dezenas de autores que escreveram livros sobre projetos de edi-
ficações muitos tentaram, à luz de seus próprios conhecimentos e embasamen-
Anteriores.
tos prévios3, dar novas roupagens à definição de projeto e de uma maneira geral
todas as definições dadas pelos diversos e renomados autores da área estão bem
condizentes com a definição que demos.
4ESTRANGULAMENTO:

Redução exagerada

5FUNCIONAL:

Que apresenta a desejada


funcionalidade.

Figura 2 - Produto pronto (edifício)


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Há muitas definições para projeto dentro da literatura especializada. A maioria


delas diz respeito à prática de projetar, propriamente dita, mas, ao falarmos de
projetos de edificações, sua definição deve ir além da visão do produto pronto,
deve englobar também os aspectos do processo de construção da edificação.
Em outras palavras, podemos dizer que o projeto é o grande balizador de todo
processo de execução do produto. Tudo, cada parede, cada tubo, cada porta, cada
parafuso, enfim, deve ser feito e/ou posto estritamente de acordo com o previsto
nos projetos. Por isso é necessário que o planejamento final de um produto seja
pensado e elaborado por diversos profissionais. Essa é uma das características da
elaboração de projetos que estudaremos no próximo capítulo.
2 PROJETO
17

Infelizmente, ainda há certa descrença de vários ramos da nossa economia so-


bre a importância da etapa de projeto; não só na construção civil, como em vários
outros setores da economia. Nestes casos, os prazos (tempo para conclusão da
etapa) e recursos financeiros (custo total da etapa) costumam ser subestimados
na etapa de projeto.
O menosprezo de importância e estrangulamento4 de prazos e recursos, in-
justamente impostos à etapa de projeto, acaba por repercutir negativamente em
alguns pontos críticos da execução do produto, os quais teremos oportunidade
de estudar nos próximos capítulos. É fácil perceber a grande importância da eta-
pa de projetos quando entendemos que tudo que foi ou será construído de forma
adequada dependerá essencialmente dele, não é verdade?

2.2 CARACTERÍSTICAS

Você, caro aluno, saberia dissertar sobre as características de um projeto? Será


que são sempre as mesmas para todos os tipos existentes? Projeto também é um
produto, pois é pensado, concebido e produzido. Dentro deste entendimento,
fica claro que existirão, em cada caso, características bem específicas, que volta-
remos a comentar quando falarmos sobre tipologias de projeto.
De um ponto de vista mais amplo, podemos dizer que o projeto deve ser viá-
vel, claro e específico (Figura 3). A viabilidade de um projeto é questão fundamen-
tal para que ele possa ser funcional5, conforme abordaremos mais à frente.

Viável Claro Específico

Figura 3 - Viável, claro e específico


Fonte: SENAI, 2013.

A clareza das informações apresentadas nos projetos também é fator prepon-


derante. Não podemos perder de vista que o quão mais claro for o projeto, menor
a probabilidade de erros durante a execução. A fácil interpretação e identificação
do que é proposto no projeto ajuda muito a equipe de execução, que nada mais
é senão o desdobramento físico do projeto.
PROJETO FINAL
18

6ÚTIL: Existe também a especificidade do projeto. Projetos devem ser específicos


para cada tipo de produto. É fácil de entender isso quando pensamos sobre a
Tempo de serviço
relevância de ter um projeto para construção de um automóvel, quando nosso
intuito é construir uma ponte, não é mesmo?
Há casos, como na construção civil, em que o produto final (o prédio, o so-
7DESPENDIDO:
brado, a ponte, o viaduto, etc.) depende de uma série de sistemas construtivos e
Gasto cada qual deverá ter seu próprio projeto norteador. Nestes casos, embora o pro-
duto final seja um só, para que este funcione perfeitamente diversas especialida-
des de projeto foram elaboradas.

Figura 4 - Produtos finais com projetos bem diferentes


Fonte: SENAI, 2013.

Como outras características gerais dos projetos, podemos citar:


a) Temporalidade
Esta característica dos projetos tem a ver com seu tempo, ou, ainda, prazo.
Projetos são etapas com início, meio e fim bem definidos, ainda que às vezes estes
parâmetros tenham que ser readequados.
Há casos em que os projetos concebem produtos ou serviços com uma tem-
poralidade tão extensa que, por vezes, a duração final de seus produtos é tida
como indeterminada. É o caso de grandes obras de engenharia, como viadutos,
estradas, barragens, etc., que, quando são dadas as devidas e necessárias manu-
tenções, têm sua vida útil bastante prolongada.
É importante citar que, embora os produtos gerados pelos projetos tenham
vida útil6 bastante prolongada, os projetos têm temporalidade definida.
b) Planejamento prévio
Esta é uma característica muito comum em quase todo tipo de atividade, des-
de o abastecimento de um supermercado do nosso bairro até mesmo o lança-
mento de um foguete espacial a Marte. Toda boa atividade deve trazer consigo
um bom planejamento prévio.
2 PROJETO
19

Devemos, antes mesmo de iniciarmos o projeto, planejá-lo. Metas, prazos, re-


cursos, tudo isto deve ser levado em conta antes de traçarmos as primeiras linhas,
antes de lançarmos as primeiras informações textuais.

Figura 5 - Planejamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

c) Geram produtos ou serviços como resultados


Conforme dissemos, os projetos existem porque geram produtos ou serviços.
De nada adiantaria um projeto e todo esforço intelectual despendido nele se não
fosse gerar algo benéfico para alguém. Projeto é um esforço que fazemos para
gerar um produto ou serviço; daí podemos entender essa característica de gerar
produtos ou serviços inerentes aos projetos.
Projetos que não são postos em prática tornam-se sem sentido e caros, à me-
dida que os custos gerados para a sua concepção e desenvolvimento não gerarão
nenhum tipo de rendimento. Gerar produtos e/ou serviços para os quais se justi-
fique o empenho de tempo e dinheiro despendido7 é outra grande característica
dos projetos.
d) Desenvolvidos em etapas que continuam de forma progressiva
Os projetos são concebidos e desenvolvidos em etapas, que veremos no de-
correr dos estudos, e são idealizados para serem suficientes para a execução do
produto ou do serviço. Entretanto, sempre há ajustes a serem feitos ao longo da
execução do produto ou serviço.
Por mais empenho e dedicação que se dê a um projeto, sempre haverá coisas
a serem ajustadas ao longo de sua execução e a construção civil não é a única
neste quesito. Indústrias automobilísticas, têxteis, de alimentos, agropecuárias,
todo tipo de indústria têm seus projetos ajustados constantemente.
Por isso, dizemos que uma característica marcante dos projetos é que estes
são desenvolvidos em etapas que continuam progressivamente, e isto nos reme-
te à questão da manutenção de uma equipe de projetos constantemente no qua-
dro de funcionários das empresas.
PROJETO FINAL
20

8NEGLIGENCIEM: e) Desenvolvido por pessoas

Desconsiderem, façam Outra marca registrada dos projetos é que são feitos por pessoas. Pode-nos
pouco caso. parecer num primeiro momento que esta é uma característica trivial, mas num
mundo altamente informatizado e automatizado como o que vivemos hoje, vale
a pena citar tarefas que são realizadas por mentes humanas (Figura 6).
9LEVIANA:
Existem diversos softwares e ferramentas computacionais em geral que têm
Imprudente, inconsequente, sido criados com o intuito de nos auxiliar na tarefa de projetar, mas nenhum de-
irresponsável.
les consegue nos entregar um projeto pronto sozinho. Por mais interessante e
desenvolvido que sejam os softwares (e eles realmente o são), a mão de obra hu-
mana ainda é insubstituível na concepção e desenvolvimento de projetos.

Figura 6 - Projeto é desenvolvido por pessoas


Fonte: DREAMSTIME, 2013.

O ideal é atualizar nossa mão de obra humana para que esta domine as no-
vas ferramentas computacionais e consiga extrair delas o maior proveito possível
para o desenvolvimento, controle e aperfeiçoamento dos projetos.
Dentre os softwares mais difundidos e largamente utilizados por projetistas e
que nos auxiliam na arte de projetar, podemos citar:
−−Autocad (software gráfico de desenho);
−−PRO-Hidráulica (software gráfico de instalações hidráulicas);
−−PRO-Elétrica (software gráfico de instalações elétricas);
−−TQS (software de cálculo estrutural);
−−Microsoft Project (software de planejamento e gerenciamento de
projetos).
f) Com recursos limitados
Esta, para falar a verdade, nem deveria constar como uma característica dos
projetos, vez que seria extremamente difícil encontrarmos atividades que te-
nham recursos ilimitados, mas, em se tratando de projetos, é uma característica
bastante pertinente.
2 PROJETO
21

É muito comum, como dissemos, que as empresas negligenciem8 os recursos


destinados à área e à equipe de projetos. Isto diz respeito aos prazos e aos inves-
timentos financeiros envolvidos, de forma que os projetos são atividades com
recursos limitados.
Há dezenas, talvez centenas ou mesmo milhares, de publicações (artigos,
dissertações, teses, etc.) mostrando o quão melhor seriam as execuções do
que está previsto em projeto se fossem dedicados mais tempo e dinheiro nes-
tes; e, de fato, isto é verdade.
Ainda persiste em muitos locais esta cultura trágica de estrangular os custos
e prazos com o projeto. Um adequado e saudável recurso poderá reduzir signi-
ficativamente os custos na etapa de execução. Claro que a redução de custos é
sempre uma máxima a ser perseguida em qualquer empresa ou instituição que
vise ao lucro, mas tal redução deverá ser feita de maneira responsável e não le-
viana9. Há outras maneiras de reduzir os custos sem ter que sacrificar os recursos
destinados aos projetos, como utilização da força de trabalho de mão de obra
qualificada, ter um bom controle de estoque dos materiais e ferramentas, etc.

CASOS E RELATOS

Gastar mais do que se tem


Pedro se formou há pouco tempo no curso técnico em edificações e já está tra-
balhando numa construtora. Entretanto, ao contrário da maioria de seus colegas
que optaram por trabalhar em obras, ele sempre preferiu a área de projetos.
Estagiou logo no segundo semestre do curso e assim que se graduou foi
absorvido na área de projetos, onde passou a integrar a equipe de projetos.
Ao ser contratado como efetivo na empresa, novas demandas surgiram e
exigiram dele uma postura de decisão profissional sobre o que é viável ou
não para ser feito nos projetos.
Um dos maiores aprendizados que Pedro teve neste período de sua vida
profissional, foi que os custos são limitantes daquilo que pretendemos fa-
zer. Em outras palavras, viu que de nada adianta ter a intenção de fazer
um grandioso projeto para uma edificação, se os custos destinados a esta
tarefa não são equivalentes.
PROJETO FINAL
22

10CONCOMITÂNCIA:

Ao mesmo tempo.

Figura 7 - Cortes indevidos x aumento dos custos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

2.3 TIPOS DE PROJETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Conforme você já deve ter conhecimento, existem inúmeros tipos de projetos


referentes à construção civil. Claro que esses projetos variam bastante com relação
ao tipo de obra civil que se deseja construir; os projetos para execução de um ae-
roporto não serão os mesmos para a construção de um edifício de cinco andares.
Há semelhança entre eles, quanto à especialidade (tipos) dos projetos envol-
vidos, mas cada um tem suas próprias especificidades. Seus tipos também variam
de obra para obra. Dentre os principais em obras de edificações, podemos citar:
a) projeto arquitetônico: é a base para a elaboração dos demais projetos de
uma edificação. Composto por plantas baixas, cortes, vistas e detalhamentos
que mostram o ambiente tal como deverá ser construído, o projeto arquite-
tônico é o grande responsável pelo arranjo físico a ser dado à edificação que
será erguida;
b) projeto estrutural: deve entrar em elaboração assim que estiverem defini-
dos os parâmetros arquitetônicos, ou ainda em concomitância10 com estes.
O projeto estrutural objetiva manter em pé a edificação concebida no proje-
to arquitetônico. É o elemento que faz os desenhos de arquitetura tornarem-
-se fisicamente possíveis;
c) projeto de geotecnia e fundações: embora tenha o escopo pertencente
ao projeto estrutural, por vezes vêm em separado. Trata-se do dimensiona-
mento das soluções em engenharia de infraestruturas (fundações) a serem
adotadas para a obra em questão. Neste projeto, constará a definição do
tipo de fundação a ser adotada, sua profundidade, materiais constituintes e
características geométricas;
d) projeto de instalações elétricas: este projeto prevê a localização de todo
tipo de tomadas e iluminações necessárias ao bom desempenho da edifica-
ção, determina a quantidade de circuitos necessários e sua ligação com o
quadro de disjuntores;
2 PROJETO
23

e) projeto de instalações hidrossanitárias: este projeto prevê o encami-


nhamento de tubulações (colunas, barriletes, ramais, sub-ramais, etc) que
alimentarão de água potável as edificações e prevê as conexões necessárias
(joelhos, tês, cruzetas, etc.). Além disso, este projeto trará também a localiza-
ção do encaminhamento a ser dado ao escoamento do esgoto gerado pela
utilização da edificação;
f) projetos complementares: estes projetos englobam diversos serviços a
serem executados dentro da edificação ou em suas adjacências, como paisa-
gismo, execução de piscinas (Figura 8), saunas, quadras poliesportivas, áreas
de impermeabilizações, etc.

Figura 8 - Piscina
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Há, como dissemos, outras especialidades de projeto que variam dadas as


circunstâncias (tipo de obra, tipo de solo, disponibilidade de materiais, etc.) que
podem alterar, aumentar ou diminuir a relação de projetos apresentadas. Entre-
tanto, estes são os mais comuns.
Você já imaginou, por exemplo, o quão diferentes devem ser os projetos de
instalações elétricas e hidráulicas de uma edificação como um supermercado e
um avião? Pois é, são coisas bem diferentes.
Mesmo dentro de um mesmo tipo de produto (edificações) há também dife-
renças significativas. Pense no projeto arquitetônico e no projeto estrutural de
um shopping e os de um edifício de quatorze andares. É natural que haja diferen-
ças entre estes, certo?
E, neste aspecto, uma questão fundamental é a verticalidade e horizontalida-
de de cada uma dessas edificações. Um prédio de quatorze andares é uma edifi-
cação que alcança muitos metros na vertical, enquanto um shopping tem apenas
alguns poucos andares, mas, em compensação, ocupa uma área horizontal bem
maior. Isto muda consideravelmente a concepção arquitetônica e os cálculos es-
truturais envolvidos em cada caso.
PROJETO FINAL
24

11UNÂNIME: 2.4 ETAPAS DE UM PROJETO


Total, único. Conforme vimos, uma das características marcantes de um projeto, seja qual
for sua especialidade, é que ele é concebido por etapas. Existe um sequencia-
mento de atividades a serem executadas antes mesmo de se realizar qualquer
12ESMO: traço em um projeto.

Ficar sem objetivo, sem Podemos dividir as etapas em pré-projetuais e de projeto propriamente dito.
direcionamento.
As pré-projetuais vão desde a concepção da ideia até o estudo de viabilidade. Já
as etapas de projeto têm início em elaboração de anteprojeto e vão até a execu-
ção do projeto executivo.
A divisão destas etapas que culminarão nos projetos e sua execução não é
exatamente unânime11 entre os diversos autores que escreveram e pesquisaram
sobre o assunto, mas a maioria costuma concordar com o seguinte esquema .

Ideia

Ident. do objetivo específico do produto

Recolhimento de dados

Amostras técnicas Ambiental Legislação e normas

Ensaios tecnológicos

Análise de resultados

Estudo de viabilidade técnica e econômica

Elaboração de anteprojeto

Projeto executivo

Execução
Figura 9 - Sequenciamento de etapas
Fonte: SENAI, 2013.
2 PROJETO
25

A ideia é o marco inicial do processo do projeto, aliás, é o marco inicial de qual-


quer atividade a ser desenvolvida, não é mesmo? Sem uma ideia inicial, qualquer
projeto ficaria a esmo12 e sem um rumo a ser tomado. Depois da ideia, temos a
identificação precisa do objetivo de existir aquele produto.
Em seguida, devemos partir para a etapa de recolhimento de dados. Aqui envol-
vemos os dados técnicos, legais e ambientais necessários à arte de projetar. A partir
desses dados, e dos ensaios tecnológicos que se fizerem necessários, partimos para
a análise dos resultados que, juntamente com o estudo de viabilidade técnica e
econômica, dará as reais possibilidades de se fazer um projeto de construção.
Depois de considerar a ideia viável, parte-se, então, para o desenvolvimento
do projeto. A primeira de suas etapas é a elaboração do anteprojeto, que é um
esboço gráfico com detalhes daquilo que se pretende fazer, no nosso caso, cons-
truir. Serve para visualizar o produto a ser construído além de angariar algumas
aprovações para sua execução.
A próxima etapa é a elaboração do projeto executivo. Este sim é o projeto de-
finitivo que será o norteador da execução do produto. O projeto executivo é uma
compilação de diversas especialidades de projetos necessários à boa execução
da construção. Aqui se incluem, normalmente, os projetos arquitetônicos, estru-
turais, de instalações (elétrica, hidrossanitárias, especiais) e os projetos comple-
mentares. De posse desses projetos, se passa para a execução daquilo que está
previsto nos projetos.
PROJETO FINAL
26

13IN LOCO:

É o mesmo que no local.

Figura 10 - Parte de projeto de instalações elétricas


Fonte: SENAI, 2013.

O projeto da Figura 10 retrata a planta de pontos e circuitos elétricos de uma


residência e nos dá uma ideia de como é importante a precisão das informações
existentes no projeto executivo, seja qual for sua especialidade. Podemos perce-
ber o encaminhamento dos circuitos, a localização dos interruptores, tomadas e
luminárias, em suma, todas as informações necessárias ao desenvolvimento das
instalações elétricas da residência.
2 PROJETO
27

O projeto executivo deve ser suficiente para a completa e bem sucedida exe-
cução da edificação, entretanto há casos em que as soluções previstas nos pro-
jetos se mostram ineficazes devido às circunstâncias encontradas in loco13. Neste
caso, deve haver a comunicação constante entre a equipe de execução e a equipe
de autoria do projeto.
Se a solução não puder ser encontrada por ambas as partes, deve-se proceder
às chamadas revisões de projeto, momento em que a situação conflitante deverá
ser resolvida. É comum que os projetos passem por diversas revisões ao longo de
sua execução o que, às vezes, é motivo de desgaste entre os profissionais envolvi-
dos, mas devemos sempre manter a calma e a técnica aliada ao bom senso.
Em todo caso, se existirem algumas modificações realizadas durante a execu-
ção da obra e que não constam nos projetos, deverão ser feitos os chamados pro-
jetos “as built”, que em língua inglesa significa algo como “conforme construído”.
Tudo o que for construído na obra e que não esteja contemplado nos projetos
iniciais deverá ser recriado nos projetos “as built”.

2.5 ANÁLISE DE VIABILIDADE

Você já se perguntou sobre quando um projeto é viável ou não? Quando ele é


plausível de execução e quando não o é? Essas questões são respondidas através
do estudo da análise de viabilidade dos projetos.

Leia o livro Gestão de Projetos - Uma abordagem global,


SAIBA de autoria de Ralph Keeling e publicado pela editora Saraiva.
MAIS Ele constitui numa ferramenta bastante útil para o estudo de
viabilidade de projetos.

Inicialmente, devemos atentar para o apoio e relevância dada pelos principais


interessados no desenvolvimento do projeto. Sem dúvida alguma, o estudo de
viabilidade é um procedimento muito importante para o projeto e sua execução.
Negligenciá-lo significa muitas vezes uma enorme perda de tempo e de recursos.
A verdade é que o estudo de viabilidade técnica e econômica é etapa fun-
damental para a continuação, modificação ou mesmo desistência do projeto. É
nesta etapa que saberemos se ele, tal qual idealizamos, é viável à luz das técnicas
e economias disponíveis.
PROJETO FINAL
28

14PRESCINDIR: É comum, após a conclusão desta etapa, darmos conta que a ideia que pensa-
mos originalmente não se mostra suficientemente boa para as adversidades en-
Abstrair, abrir mão.
contradas. Então partimos para a adequação da ideia anterior, compreendendo-a,
modificando-a até que possamos chegar ao patamar necessário.

15REMANEJAR:

Refazer.

16AVERIGUADO:

Checado, conferido.

Figura 11 - Pessoas x custos


Fonte: SENAI, 2013.

Trata-se de uma relação bastante íntima entre a compatibilidade de custos e


de técnicas (pessoas). Por vezes, aquilo que idealizamos de início não se mostra
viável quando analisamos questões técnicas, como tipo de solo e de material que
imaginamos utilizar para a edificação, ou mesmo questões legais e ambientais,
como por exemplo, se após os estudos de área identificarmos que o terreno é
uma Área de Preservação Ambiental (APA). Nestes casos, caberá uma reavaliação
daquilo que pretendíamos executar, nesta etapa em que o nosso futuro projeto
ainda é uma ideia a ser desenvolvida.
A análise de viabilidade é, talvez, a mais importante das tarefas pré-projetuais.
É a etapa onde ainda podemos prescindir14 do projeto (ideia a ser desenvolvida)
antes que os custos sejam incrementados. Será a última chance para continuar,
desistir ou remanejar15 os projetos, dadas as circunstâncias adversas encontradas.
Após a análise da viabilidade, adentramos nas etapas projetuais, que exigirão
maior empenho e investimento financeiro, uma vez que os projetos envolvem a
contratação de projetistas de diferentes especialidades. Para que possamos assu-
mir estes riscos, é necessário que já tenhamos averiguado16 a real possibilidade
do projeto ser realizado, e isto só é possível através do estudo de viabilidade.
2 PROJETO
29

Dentro do aspecto de estudo ou análise de viabilidade, vale dizer que nem


todos os aspectos são de ordem técnica ou legal. Há também os fatores de
ordem econômica que podem tornar o projeto, ou melhor, a ideia dele algo
inviável economicamente.

Figura 12 - Fatores econômicos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

É comum, durante o processo de idealização daquilo que poderá se tornar um


projeto executável, que tenhamos inspirações que fujam um pouco da realidade
econômica de quem irá custear não só o projeto, mas, principalmente, a execu-
ção do mesmo. Nestes casos, quando o custo para viabilizar financeiramente o
empreendimento e seus muitos projetos supera as previsões, caberá a reavalia-
ção daquilo que pensamos anteriormente.
Nem sempre é fácil reavaliar e modificar a concepção inicialmente pensada
para o projeto, em razão das condições limitantes evidenciadas na etapa de estu-
do de viabilidade. Por vezes, essas eventuais e necessárias modificações alteram
tanto a concepção original que há, por parte de alguns projetistas, certa recusa
inicial em fazê-las. Mas o estudo de viabilidade deve sempre ser levado em conta
e nestes casos o melhor mesmo é alterar o projeto até que este se torne viável
técnica e economicamente.

Há empresas que terceirizam serviços de ensaios tec-


VOCÊ nológicos e de estudo de viabilidade. A grande vanta-
gem para a empresa contratante é não precisar de uma
SABIA? equipe fixa para fazer estes serviços; a desvantagem é o
custo de pagar outra empresa para fazê-lo.
PROJETO FINAL
30

17CHECK-LIST:
Ideia
Planilha, passo a passo,
plano de estudo.

18MENSURAÇÃO:
Estudo de
viabilidade
Medição.

PROJETO

Figura 13 - Ideia - estudo de viabilidade - projeto


Fonte: SENAI, 2013.

Do ponto de vista de entrega formal desse estudo de viabilidade, o mesmo


deverá ser entregue em forma de relatório escrito e deverá conter seus objetivos,
as estratégias de estudo feitas e o relato de qualquer identificação de possíveis
interferências que possam levar o projeto ao insucesso.

Quando o estudo de viabilidade não é bem executado,


FIQUE mas o projeto é aprovado, isto pode trazer riscos à segu-
rança dos trabalhadores, pois os critérios técnicos como
ALERTA tipo de solo e materiais utilizados na infraestrutura (funda-
ções) influenciam nos critérios de segurança adequados.

Sobre a condução dos estudos de viabilidade técnica, sobretudo para o profis-


sional que irá liderar a equipe de estudos, em termos de sua metodologia, pode-
mos elencar as seguintes etapas:
a) obtenção do maior número possível de informações sobre o local onde se
pretende erguer a construção;
b) elaboração de um check-list17 (a quem perguntar, o que perguntar, onde ir,
sobre o que procurar) e mantê-lo sempre atualizado;
c) analisar as opções cabíveis em cada caso;
d) atenção em diferenciar fato de opinião;
e) obtenção de registro de fatos técnicos acontecidos nas imediações;
2 PROJETO
31

f) estar ciente dos riscos inerentes a cada possibilidade. Consideração de suas


consequências e mensuração18 de seus impactos no produto final;
g) ser imparcial ao tomar as decisões e ao avaliar as possibilidades sugeridas
pela equipe.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, aprendemos um pouco mais sobre os projetos. Compre-


endemos sua definição e importância e exemplificamos os tipos mais co-
muns, no que diz respeito às edificações.
Depois analisamos as etapas que são necessárias até que cheguemos ao
projeto propriamente dito. Vimos isoladamente cada uma das caracterís-
ticas dessas etapas e como elas funcionam para que se chegue até a etapa
de projeto e de execução (edificação).
Por último, demos ênfase na etapa pré-projetual de grande interesse para
quem intenta projetar uma edificação: o estudo de viabilidade. Compre-
endemos que é através do desenvolvimento adequado desta etapa que
saberemos se o que pensamos inicialmente (ideia) é mesmo viável técnica
e economicamente (projeto).
Ciclo de vida de um projeto

Você, caro aluno, já ouviu falar em concepção de um projeto? Saberia dissertar sobre suas
etapas e sobre sua importância no cenário global de criação dos projetos de edificações? A
concepção de um projeto tem início logo após comprovada a viabilidade técnica e econômica
da ideia inicial, e é também através dela que nascem as construções belíssimas que vemos a
nossa volta.
É inegável a comparação imediata que fazemos ao nos depararmos com construções como
a da Figura 14 e outras menos elaboradas que vemos em nosso dia a dia. Mesmo as pessoas
que não têm muito conhecimento acerca dos aspectos projetuais e de construção civil, em
geral sabem rapidamente diferenciar as construções erguidas embasadas por um projeto bem
concebido, de outras que não o tiveram.

Figura 14 - Projeto de construção bem concebido


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
PROJETO FINAL
34

1METÁFORA: A concepção de um projeto embora tenha seu lado técnico inquestionável tam-
bém é uma arte muito subjetiva. A forma como as partes de um todo se encaixarão
Figura de linguagem em
que se diz algo de forma é bastante pessoal e tende a variar absurdamente de um profissional para outro.
simbólica, disfarçada.
Claro que sempre haverá os parâmetros técnicos a serem observados, mas o
fato é que a concepção dos projetos tem mesmo muito a ver com a pessoa que
os projetará. É comum escutarmos, ao conversarmos com projetistas, a expressão
2INCUMBÊNCIAS:
“este projeto é como um filho meu!”. Guardadas as devidas proporções, é até fácil
Papéis, funções, afazeres, entendermos esta metáfora1 quando percebemos que o termo ‘concepção’ tam-
tarefas.
bém é utilizado para expressar a geração de um bebê.
Projetistas das mais diversas áreas, inclusive da área da construção civil, afirmam
que a dedicação na hora de conceber e elaborar os projetos é tão intensa e tão cons-
3PERENE:
tante que eles realmente tomam para si a responsabilidade pelos seus projetos. É,
É o mesmo que inacabável sem dúvida, um trabalho de doação muito grande dos profissionais envolvidos.
ou permanente.
Diversos autores que se debruçaram a escrever sobre a arte de projetar, escla-
recem em seus dizeres que esta tarefa depende muito dos profissionais envolvi-
dos, mas também concordam com as etapas que trabalharemos daqui por diante
4EQUÂNIME:
deste universo que é conceber os projetos. Sejam elas:
Igual.
a) estudo do ciclo de vida de um projeto;
b) definição e estudo dos objetivos no desencadeamento do projeto;

5ABSCISSAS: c) definição das incumbências2 dos personagens na concepção do projeto.

Eixo x, horizontal. Estudaremos cada uma destas etapas nos parágrafos seguintes elucidando seus
aspectos teóricos e conceituais e, sempre que possível, trazendo-as à luz da prática.

6ORDENADAS:
3.1 ESTUDO DO CICLO DE VIDA DE UM PROJETO
Eixo y, vertical.
Você já se perguntou por que quase tudo que conhecemos como realidade
tem um início, meio e fim definidos? Isto se aplica a muitas das coisas que viven-
ciamos em nosso dia a dia: seres vivos, partidos no governo, cursos que fazemos,
o dia, a noite etc., tudo tem seu próprio ciclo de existência.
Assim também o é quando se diz respeito às edificações e seus respectivos
projetos. Nada disso é perene3; tudo tem seu início, meio e fim (Figura 15), e é
justamente sobre isso que falaremos a seguir.

Início Meio Fim


Figura 15 - Início, meio e fim
Fonte: SENAI, 2013.
3 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO
35

Projetos, de uma maneira geral, têm uma característica bastante peculiar: eles
têm início, meio e fim bem definidos, o que nos sugere a formação de um chama-
do ciclo de vida do projeto. Normalmente, começam com poucos recursos (finan-
ceiros e humanos), mas tendem a adquiri-los em seu pleno desenvolvimento. Ao
final, tais recursos são gradativamente dispensados.
É claro que a distribuição de recursos (humanos, financeiros e de tempo) não é
equânime4 entre as fases da Figura 15. Cada uma delas tem suas particularidades
com relação a isto.
De maneira geral, em se tratando de projetos, observamos uma curva cres-
cente à medida que o projeto caminha para sua fase mediana, quando a partir de
então começa a haver um declínio. Isto tem a ver tanto com relação aos recursos
humanos como financeiros e de tempo despendido.
A Figura 16 nos mostra como se dá esta distribuição ‘recursos x tempo’. Em
outras palavras, nos permite uma visualização do ciclo de vida dos projetos.

Recursos x Tempo em projetos

R
E
C
U
R
S
O
S

Início Meio Fim Tempo


Figura 16 - Recursos x tempo
Fonte: SENAI, 2013.

Perceba ao analisar a curva que durante o seguimento, no eixo das abscissas5


(tempo), início-meio-fim observa-se, no eixo das ordenadas6, inicialmente um
comportamento ascendente da curva (crescimento), depois uma leve estabiliza-
ção em seu ponto máximo e, em seguida, um comportamento descendente da
curva (decrescimento). Podemos dizer que com o passar do tempo o consumo
de recursos aumenta gradativamente até chegar a seu patamar máximo e na fase
meio, começa a diminuir também de forma gradativa.
PROJETO FINAL
36

7PANORÂMICA: Através do ciclo de vida podemos visualizar antecipadamente o direciona-


mento que queremos dar ao projeto, além de ser possível, realizar análises e es-
Geral, ampla, total.
timativas de consumo de recursos e de prazos de conclusões. Isso nos dará uma
visão panorâmica7 permitindo agir com eficiência e em tempo hábil para resolver
situações adversas8.
8ADVERSAS:
Na fase início, há a etapa chamada conceitual; na fase meio, incluímos as eta-
Contrárias, negativas ao pas planejamento e execução; e na fase fim, temos a etapa chamada conclusão.
objetivo requerido.
Veremos cada uma dessas etapas a seguir:

Há diversas informações interessantes sobre este assunto no


SAIBA livro Gestão de Projetos, de autoria de Luís César de Moura
MAIS Menezes, publicado pela editora Atlas. Leitura altamente re-
comendada!

Fase conceitual
É na etapa conceitual que a concepção do projeto se inicia. Em bom português
é a “pedra fundamental” do exercício de conceber um projeto. Como estudamos,
a arte de conceber um projeto é tarefa bastante subjetiva e varia muito entre os
diversos tipos de profissionais.
As etapas a seguir nos dão um panorama prático do passo a passo a ser segui-
do durante esta fase conceitual:
a) elencar as necessidades a serem supridas pelo projeto;
b) com base nas necessidades encontradas, montar uma esquematização de
problema;
c) definir exatamente o problema a ser solucionado pelo projeto;
d) determinar as metas que deverão ser alcançados;
e) analisar e dimensionar os recursos à disposição;
f) analisar os objetivos à luz dos recursos disponíveis;
g) elaborar a proposta de projeto.
Nessa fase conceitual, devemos ter um conjunto de pensamentos. Muitas ve-
zes, mesmo sem perceber, de forma intuitiva fazemos cada uma das etapas e às
vezes de maneira muito rápida e sem nem nos darmos conta. O fluxo de pensa-
mento é uma característica de cada um de nós (Figura 17).
3 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO
37

Figura 17 - Fluxo de pensamento


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Ainda sobre esta fase conceitual é bom que entendamos que os projetos nas-
cem por um motivo básico: há necessidades que o exigem. Essas necessidades
quando devidamente estudadas revelam-se em problemas que exigirão dos pro-
jetistas e, consequentemente, de seus projetos solução. Portanto, jamais deve-
mos perder de vista que a solução para as necessidades encontradas (desdobra-
das em problemas) sempre serão o objetivo maior de todo projeto. Esse deve ser
o primeiro pensamento de um projetista.

NECESSIDADE

PROBLEMA

PROJETO (SOLUÇÃO)

Figura 18 - Necessidades - problema - projeto


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO FINAL
38

9AVOLUMAM: Fase planejamento

Aumentam de volume, de
Na fase conceitual, devemos, obviamente, planejar o que será executado (a
intensidade. nível de projeto).
Na etapa de planejamento, o foco deverá estar na operacionalização do projeto.
É nessa fase que definimos cada profissional envolvido e o que ele deve realizar. O
correto dimensionamento de equipe e de atribuições é fundamental neste processo.
Para esta fase, podemos elencar as seguintes etapas:
a) definir o grupo e o gerente de projeto;
b) programar as atividades do projeto que serão desenvolvidas ao longo do
tempo (prazo);
c) determinar as datas de alcance de objetivos parciais, para controle das ativi-
dades “realizadas x precisa ser feito”;
d) definir os parâmetros de controle a serem adotados ao longo do desenvol-
vimento do projeto;
e) definir o método e a periodicidade de comunicação entre os membros da
equipe de projetos;
f) executar, sempre que necessário, o treinamento do pessoal envolvido dire-
ta e indiretamente com o projeto;
Fase execução
Essa é a fase do projetar propriamente dito; é aqui que os esforços da equipe
e do gerente de projetos se avolumam9 e cada um dá o máximo de si para que o
projeto nasça.
É nesta fase do ciclo de vida de um projeto que os custos aumentam signifi-
cativamente. Além de um maior gasto de tempo, que resulta num aumento de
dinheiro investido, na maioria das vezes aumentam também o número de profis-
sionais envolvidos nas atividades.
Comentaremos mais sobre esta fase no capítulo seguinte.
Fase conclusão
Como o próprio nome sugere, esta é a fase final do projeto. Uma característica
marcante dessa fase é o gradual desligamento de empresas e profissionais liga-
dos ao projeto. Outra preocupação é manter todos os prazos e tarefas conforme
planejados inicialmente.
Nesta etapa, finalizam-se as atividades em andamento e encaminha-se o pro-
jeto à aprovação. Ao contrário da etapa de execução, aqui os custos e recursos
humanos vão gradativamente diminuindo.
3 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO
39

Conclusão

Execução/Conclusão

Execução

Figura 19 - Decrescimento de recursos humanos / custos de projeto


Fonte: SENAI, 2013.

Do ponto de vistas das etapas desta fase, podemos citar:


a) acelerar processos e atividades ainda pendentes para conclusão do projeto;
b) realocar os profissionais efetivos para outros projetos que estejam come-
çando ou em andamento;
c) desligar os profissionais terceirizados ou contratados de forma temporária
para o projeto em questão;
d) elaborar a memória do projeto (quem fez o quê e quando...);
e) submeter o projeto finalizado à aprovação (clientes, financiadores, órgãos
responsáveis, etc.).
O ciclo de vida de um projeto, em suas várias etapas, nos auxilia a ter uma vi-
são ampla do seu processo de criação.

3.2 DEFINIÇÃO E ESTUDO DOS OBJETIVOS NO DESENCADEAMENTO DO


PROJETO

Quando completo, um bom projeto deve satisfazer ao seguinte trinômio: pra-


zo-custo-qualidade; esse é seu objetivo maior. Quando um profissional ou uma
empresa é contratado para fazer um projeto, umas das primeiras coisas que são
acertadas é o famoso prazo. Costuma-se dizer que ‘não há trabalho sem prazo’ e,
em se tratando de projetos, essa é mesmo uma verdade.
PROJETO FINAL
40

10EXORBITANTE:

Elevado demais, muito alto. Qualidade

11AQUÉM:

Menos, abaixo, inferior.

Preço Prazo

12EXÍGUO:

Escasso, diminuto. Figura 20 - Prazo - preço - qualidade


Fonte: SENAI, 2013.

Esses prazos além de muito bem definidos tendem a ser bastante apertados,
13ÂMBITO:
pois, seja lá quem for o financiador do projeto, sempre exigirá o produto ou servi-
Campo, domínio, esfera. ço a ser gerado, em tempo recorde. Essa é também uma das maiores críticas dos
projetistas.
Fato é que, depois de discutido, debatido, acertado o prazo, o projeto deverá
14AVC: ser entregue em tempo hábil. Outra premissa a que a equipe de projeto deverá
atender é o preço. A cada dia a questão do dinheiro investido em qualquer pro-
Acidente Vascular Cerebral.
duto é tema de preocupação e muita discussão por ambas as partes: aquela que
paga e aquela que recebe.
Imagine se o preço de algo que você fosse comprar tivesse exorbitante10. Cer-
tamente você procuraria alguém ou algo que provesse você de algo semelhante,
mas com um preço mais acessível, não é verdade? Claro que o outro lado da mo-
eda também é válido, ou você, como profissional, aceitaria fazer seu trabalho por
preço bastante aquém11 do que deveria realmente receber? Portanto, o ideal é
que o preço acordado seja justo para ambas as partes.
A execução adequada do prazo, por si só, não garante o sucesso da execução
do projeto. A mesma deve estar alinhada com o cumprimento do orçamento e
planejamentos iniciais.
Por último, mas não menos importante, temos a questão da qualidade en-
volvida nos projetos. Esta premissa fecha o trinômio a que os projetos deverão
atender. Sem dúvida, eles precisam ser entregues no prazo e também deverá ser
cobrado um preço justo, mas você já imaginou se os projetos fossem entregues
sem qualidade?
Pois é, de nada adiantará um projeto com um bom preço e entregue no prazo
se ele não tiver a qualidade esperada. Assim, além de terem um preço justo e
serem entregues no prazo, deverão atender ao que lhes fora solicitado, ou seja,
cumprir seu papel na resolução dos problemas encontrados.
3 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO
41

O estudo da qualidade na indústria da construção civil é


VOCÊ tema de diversos autores renomados e com larga expe-
SABIA? riência na área de construção civil e gestão de empreen-
dimentos.

É lógico que esses três fatores estão intimamente ligados; um sempre acaba
afetando o outro. Por exemplo, se o prazo for exíguo12 demais, por certo que o
valor do projeto será aumentado, pois serão contratados mais profissionais para
a conclusão do projeto e eventuais horas extras de trabalho.
Em contrapartida, o ritmo frenético de trabalho e o prazo apertado podem
comprometer bastante a qualidade envolvida. O ideal é que as coisas aconteçam
de forma saudável, para que possamos aliar preço e prazo, sem perder de vista
a qualidade exigida e necessária. Podemos dizer que o preço e o prazo sempre
interferirão de alguma forma no âmbito13 da qualidade.

Ritmos de trabalho acelerados demais, por conta muitas


vezes de prazos apertados, horas extras rotineiras, noites
FIQUE perdidas, etc., aumentam os níveis de stress e podem cau-
ALERTA sar sérios problemas à saúde como taquicardia, hiperten-
são e AVC14. Portanto, tome cuidado: trabalhar é importan-
te, mas, não mais que nossa própria saúde!

Preço

Qualidade

Prazo

Figura 21 - Preço, prazo e qualidade


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO FINAL
42

15LAVABOS:

São pias para lavar as mãos. CASOS E RELATOS

Prazos apertados
16DIVIDENDOS:
João, dois meses depois de formado como técnico em edificações, recebeu
Lucro ou dinheiro devido a uma proposta para trabalhar numa pequena empresa construtora em sua
alguém por seu trabalho.
cidade. Ficou encarregado de apoiar no gerenciamento da obra de cons-
trução de um galpão enorme, quase todo em estruturas metálicas, e um
anexo de lavabos15, cozinha e banheiros, cujos projetos haviam chegado
havia cerca de duas semanas.
Após alguns dias analisando os projetos, enquanto os operários fechavam
o tapume da obra e organizavam sua mobilização, João pôde perceber al-
gumas informações estranhas. Havia discordâncias entre plantas baixas e
cortes de um mesmo cômodo e as dimensões previstas não pareciam estar
de acordo com a escala especificada no carimbo do projeto. Mais estranho
ainda para ele foi reconhecer a logomarca como a de uma grande empresa
no setor de projetos, consolidada há anos na região, e onde um colega seu
de curso estagiou antes de se formar.
De imediato, João entrou em contato com a empresa responsável pelo pro-
jeto e chegou a um consenso com relação às questões conflitantes identi-
ficadas. Muito tempo depois, numa conversa informal com seu colega, ele
soube que o prazo dado para a conclusão daquele projeto foi muito curto,
o que acabou impactando negativamente em sua qualidade.

3.3 DEFINIÇÃO DAS INCUMBÊNCIAS DOS PERSONAGENS NA CONCEPÇÃO


DO PROJETO

Em se tratando de concepção de projetos, podemos afirmar que três persona-


gens básicos estão (ou pelo menos deveriam estar) sempre presentes:
a) o patrocinador do projeto;
b) o gerente do projeto;
c) a equipe básica de desenvolvimento do projeto.
O patrocinador do projeto é o profissional que, embora não esteja diretamen-
te envolvido com as etapas do projeto, colherá dividendos16 com resultados posi-
tivos. Trata-se, normalmente, de um profissional da alta administração (diretoria,
3 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO
43

presidência) da empresa e que já soma alguns anos atuando na mesma; também


é muito comum que este profissional já tenha passado por diversos setores.
O patrocinador atuará na gestão estratégica dos projetos ao qual está vinculado,
atuando diretamente com os gerentes de projeto. Deverá utilizar sua experiência
profissional para angariar apoios político-financeiros e viabilização do projeto.
O gerente do projeto é o profissional que gerencia e coordena a equipe básica
tecnicamente, dando-lhes suporte para que o projeto em questão seja entregue
dentro do prazo e com a qualidade necessária. Este profissional, que também já
acumula algum tempo na empresa e/ou experiência na área de projetos, deve
fazer a interface entre a equipe de desenvolvimento de projeto e os objetivos e
metas ditados pelo patrocinador, alinhados, é claro, com as expectativas do clien-
te. Recai sobre o gerente a responsabilidade geral pela qualidade e entrega no
prazo do projeto.

Figura 22 - Gerente de projeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

A equipe básica de desenvolvimento do projeto normalmente por engenhei-


ros, arquitetos e técnicos, que desenvolverão tecnicamente o projeto. Esses pro-
fissionais estão subordinados ao gerente de projeto a quem deverão apresentar
seus trabalhos e dirimir quaisquer dúvidas que por ventura existam.
PROJETO FINAL
44

RECAPITULANDO

Neste capítulo, aprendemos sobre a concepção do projeto. Vimos que esta


etapa é bastante subjetiva e que depende muito de cada perfil profissional
envolvido.
Estudamos o ciclo de vida dos projetos e entendemos como sua análise é
fundamental para o controle da fase de desenvolvimento. Estudamos tam-
bém cada uma de suas etapas.
Aprendemos sobre os objetivos a serem atingidos pelo projeto e a incumbên-
cia de cada profissional dentro da logística de desenvolvimento do projeto.
3 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO
45

Anotações:
Planejamento do projeto

Você se lembra de quando era criança e planejava o que seria quando crescesse? Ou o cargo
que conquistaria, a quantidade de filhos que teria, ou ainda os lugares que iria conhecer dentro
de algum tempo?
Algumas pessoas costumavam brincar de prever o próprio futuro, a partir de joguinhos fei-
tos com caneta e papel, onde elaboravam frases que diziam com quem casariam e a idade que
teriam no casamento (Figura 23).

Figura 23 - Planejamento na infância


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Pois é, possa ser que nem todos os nossos desejos tenham sido atendidos, mas essas previ-
sões que fazíamos quando éramos crianças, também podem ser consideradas como um plane-
jamento, afinal, fazem parte do nosso projeto de vida, não é mesmo?!
Mas nós falamos tanto na palavra planejar, e, na verdade, o que ela significa?
Planejar significa traçar um plano, bolar um projeto, programar ou premeditar alguma
ação antes de executá-la.
Portanto, o planejamento é uma etapa muito importante que antecede a execução de um
projeto. Com ele visamos prever situações críticas, construir caminhos e elaborar referências
PROJETO FINAL
48

1ESTOURO EM para a execução de serviços, tornando dessa forma os projetos mais viáveis e lu-
ORÇAMENTO:
crativos financeiramente, com melhor aproveitamento do tempo e de recursos.
É uma expressão utilizada Este é um sistema dinâmico que coordena e orienta nos processos e atividades
para determinar a
ultrapassagem de um valor de um projeto. Consideram-se no planejamento as melhores informações sobre
orçado.
custos, prazos, qualidade, saúde, sustentabilidade e segurança operacional.
Sabemos que nos dias atuais, planejar é muito importante para a execução de
qualquer coisa nas nossas vidas, principalmente quando falamos da execução de
2ASSERTIVIDADE:
algo tão complexo como as edificações.
É uma característica de
quem é certeiro. Quem A falta de planejamento pode impactar de forma grotesca nas obras. Pode fa-
acerta nas suas afirmações zer com que haja atraso na execução, estouro em orçamentos1, contratação in-
ou serviços.
suficiente de pessoal, compra indevida de materiais, dentre outros fatores que
impactam de diversas formas nas construções.
Nesse capítulo, iremos trabalhar com planejamento de projeto, e aprendere-
3PREMISSAS:
mos sobre as etapas de:
Informações ou
conhecimentos necessários a) proposição do objetivo;
para o atendimento de
alguma solicitação ou b) coleta de dados;
exigência.
c) análise de dados;
d) elaboração de cronogramas de desenvolvimento;
e) previsão de recursos;
f) determinação do custo do projeto;
g) definição de critérios técnicos de avaliação do protótipo, produto ou siste-
matização de resultados.
Todos esses tópicos são muito importantes para elaboração de um planejamen-
to sem falhas, com o maior índice de assertividade2 possível, sem desperdícios ou
excessos, sem corre-corre para finalização de serviços ou contratação de pessoal.

Figura 24 - Profissional assertivo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
49

Aprenderemos a partir de agora sobre cada etapa do planejamento do projeto.


Como elaborar as coletas de dados, como proceder com a análise de dados, como
desenvolver cronogramas de desenvolvimento de projeto, as etapas de previsão
de recursos, como prever os custos do projeto e, por fim, as normas técnicas de
qualidade, saúde, segurança e sustentabilidade envolvidas na elaboração de um
projeto construtivo.

O guia Project Management Body of Knowledge – PMBOK


serve de apoio aos profissionais que trabalham com geren-
SAIBA ciamento de projeto e abrange assuntos como ciclo de vida
MAIS para elaboração de um projeto. Busque mais sobre esta fer-
ramenta no Livro - Um Guia do Conhecimento em Gerencia-
mento de Projetos, Editora Saraiva-2012.

4.1 PROPOSIÇÃO DO OBJETIVO

Ao desenvolvermos um planejamento de projeto de engenharia, visamos ela-


borar uma espécie de manual para execução de uma obra. Esse manual objetiva
dar premissas3 para que sejam atendidos todos os quesitos de qualidade, saúde,
segurança, estética, conforto e sustentabilidade que uma edificação deve ter.

QUALIDADE SEGURANÇA

PLANEJAMENTO

SAÚDE SUSTENTABILIDADE

Figura 25 - Garantias do Planejamento


Fonte: SENAI, 2013.

Nos projetos, podemos encontrar características da estrutura, arquitetura e


instalações de uma edificação a ser elaborada. Eles facilitam o cumprimento de
uma série de exigências feitas por clientes ou prometidas pelo marketing, assim
como asseguram o cumprimento de normas técnicas, proporcionando dessa for-
ma a execução do que foi anunciado ou solicitado para uma construção.
PROJETO FINAL
50

4INSUMOS: Para tanto, todo projeto possui as seguintes informações:

São elementos utilizados em a) serviços a serem executados na obra;


um orçamento ou obra. São
os equipamentos, materiais b) responsáveis pela execução do serviço;
e mão de obra.
c) número de profissionais envolvidos;
d) duração dos serviços;
e) materiais e equipamentos a serem utilizados.
Percebeu que é impossível levantar todos essas informações já na execução
da obra, não é mesmo? Devido a isso, é necessário um planejamento adequado,
que funcione como uma ferramenta para controlar a execução dos serviços pre-
vistos no projeto.
O planejamento determina prazos de chegada e saída de material, prazos de
finalização de cada etapa ou serviço da obra, número de funcionários envolvidos
na execução de um serviço, assim como as horas que esses profissionais devem
trabalhar para atingir o objetivo.
Com tudo isso, podemos concluir que o planejamento é uma ferramenta in-
dispensável. Ele objetiva reduzir os custos e tempo de execução dos projetos. A
partir dele evitamos surpresas indevidas durante a execução de uma obra, já que
prevemos os problemas que podem acontecer na edificação, antecipando as so-
luções para todo tipo de ocorrência indevida.
As principais funções do planejamento são as seguintes:
a) definir os métodos construtivos: essa função é responsável pela determi-
nação do tipo de construção a ser utilizado a partir dos estudos preliminares. São
escolhidos os métodos mais compatíveis com as dimensões do terreno, tipo de
solo, localização, características do público alvo, viabilidade técnica e econômica,
entre outros.
b) detecção das dificuldades da obra: nesse ponto são detectados os pro-
blemas e dificuldades possíveis de serem apresentados pela obra. Essas dificul-
dades são analisadas e soluções são construídas para permitir a continuidade do
projeto.
São levantados os riscos de engenharia, ação de cargas e sobrecargas, possibi-
lidade de incêndios ou inundações, entre outros.
c) previsão do caminho crítico: é a organização sequencial de tarefas a se-
rem executadas em um determinado período de tempo, para não comprometer
o prazo de conclusão de uma obra. Nesse caminho, há uma dependência entre
os serviços a serem executados, no qual o início de uma atividade depende da
conclusão da outra.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
51

Exemplo: O revestimento de um pavimento só pode ser iniciado numa obra


após o término da estrutura, e a pintura é uma etapa sucessora que depende da
conclusão do revestimento para ser iniciada. Nesse caso hipotético, o caminho
crítico seria: Estrutura, Revestimento, Pintura.
Esse caminho fica mais complexo quando consideramos um maior número de
atividades a serem realizadas. Observe a figura a seguir para melhor visualizar um
exemplo de caminho crítico.

Atividade Atividade Atividade


A B C

Atividade Atividade
E D
Figura 26 - Caminho crítico
Fonte: SENAI, 2013.

d) dimensionamento dos recursos: essa função remete a previsão dos mate-


riais, equipamentos e mão de obra a serem utilizados na execução dos serviços.
São realizados levantamentos qualitativos e quantitativos para elaboração de
orçamentos da obra a ser executada, definindo-se também as datas para entrada
de equipamentos e materiais a partir dos cronogramas de previsão de uso dos
mesmos. Desse modo, evita-se falta desses itens na obra, que pode gerar o atraso
das etapas construtivas. Nesse processo, a logística e o gerenciamento são muito
importantes.
e) orientar o executor: quando o planejamento é bem feito, ele orienta o
executor quanto aos sistemas construtivos adotados. Dá informações pertinen-
tes aos insumos4 a serem utilizados nos processos da construção e fornece uma
orientação quanto às metas a serem seguidas para execução de cada etapa de
serviço.
PROJETO FINAL
52

4NBR:

Norma Brasileira.

5ABNT:

Associação Brasileira de
Normas Técnicas.

Figura 27 - Executor aguardando orientação


Fonte: CORBISMAGES, 2013.

Portanto, para atender a tais requisitos e funções, o planejamento do projeto


deve ser elaborado de forma a possuir algumas informações, e, entre elas, pode-
mos citar as seguintes:
a) estudos preliminares: nesse momento, são feitos os estudos preliminares
da obra. O estudo da viabilidade técnica e econômica, estudo geotécnico do terre-
no e da topografia do local. São realizados os testes de sondagem e ensaios labora-
toriais de mecânica do solo.12

Para saber mais sobre os serviços técnicos necessários para a


SAIBA elaboração de planejamento, projetos, fiscalização e condu-
MAIS ção das construções, consulte a NBR4 12.722:1992 – Discrimi-
nação de serviços para construção de edifícios, junto a ABNT5.

b) memorial descritivo: essa etapa do planejamento refere-se a um docu-


mento que detalha o projeto a ser realizado. Devem ser acessíveis tanto aos exe-
cutores, como aos usuários do empreendimento. Aqui serão encontrados os se-
guintes conteúdos:
−−conceitos utilizados para elaboração do projeto;
−−normas técnicas a serem seguidas para execução e cálculos da estrutura;
−−objetivos idealizadores do projeto;
−−apresentação dos materiais e equipamentos a serem utilizados;
−−detalhes e premissas básicas para execução do projeto;
−−localização da obra;
−−detalhes das etapas e sistemas construtivos, entre outros elementos.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
53

c) especificações técnicas: nesse momento, são definidas as características


dos materiais e serviços envolvidos no processo construtivo. Esse documento de-
limita as ações e procedimentos operacionais para realização dos serviços de uma
obra.
d) orçamento: para realização desse item, nos baseamos nas etapas anterio-
res. A partir da definição da localização do terreno, processos e sistemas cons-
trutivos utilizados, são levantadas as informações necessárias para realização do
orçamento e são realizadas cotações de preços para os materiais, com base na
comparação de custos com diversos fornecedores.
Nesse item, são apresentadas as etapas da obra, com seus respectivos custos e
valores agregados. Podem ser organizados com base nos custos diretos (obtidos
pela soma dos materiais, mão de obra e equipamentos envolvidos diretamente
nos serviços), somados aos custos indiretos (obtidos através do percentual das
Bonificações e Despesas Indiretas (BDI), como gastos com administração, água,
luz, telefone, impostos e lucros).

Figura 28 - Orçamentos - taxas e despesas de obra


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

É importante que o orçamento seja bem detalhado, para evitar desperdícios


ou falta de verba para realização da obra. Devemos ajustar os orçamentos com
certa periodicidade, pois os valores dos insumos mudam com o tempo.
PROJETO FINAL
54

6EMBASAMENTO: A partir dos orçamentos, teremos embasamento6 para realização e conferên-


cia das seguintes etapas do projeto:
Refere-se a ter base teórica e
conhecimento para falar ou −−levantamento quantitativo e qualitativo dos insumos e serviços;
executar algo.
−−elaboração dos cronogramas físicos, financeiros e físico-financeiros da
obra;
−−dimensionamento das equipes técnicas e equipes de operários para
atuação em cada etapa de serviço;
−−percepção se a obra é viável economicamente e financeiramente.
Para constituição do planejamento de projeto, nos apoiamos em ferramentas
ou softwares computacionais. As ferramentas tornam o processo de constituição
do planejamento mais rápido e fácil.
Dentre os softwares de apoio ao planejamento, podemos citar o MS Project,
que vem sendo bastante utilizado na construção civil. Esse programa é capaz de
atrelar as atividades a serem desenvolvidas numa obra, dando informações rápi-
das de dimensionamento de equipes para execução de cada serviço, assim como
equipamentos e materiais a serem utilizados nas etapas construtivas.
O Project permite que sejam feitas alterações no planejamento em termos de
datas e sequencias de execução. Fornece relatórios, caminhos críticos, cronogra-
mas do projeto da obra, etc.

Figura 29 - Planejamento no MS Project


Fonte: SENAI, 2013.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
55

Como vimos, o planejamento é constituído de diversas etapas e possui varia-


das funções. A partir dele podemos ter uma ampla visão da obra a ser desenvol-
vida e podemos nos programar de modo a evitar surpresas ou erros durante a
execução do projeto.
O planejamento bem elaborado, que respeita as etapas de estudos prelimina-
res, elaboração de memorial descritivo, especificações técnicas e estudo de viabi-
lidade econômico-financeiro, orienta o executor, prevendo os caminhos críticos
da obra.
A partir do planejamento, são definidos os métodos, sistemas e processos
construtivos utilizados, dimensionando, dessa forma, os recursos necessários a
execução do projeto, tais como equipamentos, mão de obra e materiais.
O planejamento faz com que os prazos das obras sejam seguidos, a partir de
cronogramas que controlam as etapas do projeto. Portanto, em termos gerais, o
objetivo do planejamento é atingir excelência na execução com o menor índice
de propagação de erros possíveis, seguindo sempre as datas previstas para cada
etapa de elaboração do projeto.

4.2 COLETA DE DADOS

Conhecemos os objetivos do planejamento de projeto, e a partir de agora ve-


remos como atingir esses objetivos. O principal elemento de apoio ao planeja-
mento é a coleta de dados: um processo pelo qual recolhemos informações para
elaboração de algo. É esse processo que dá sustentação ao planejamento de um
projeto. Nessa etapa, iremos conhecer as formas de obtenção das informações
necessárias para constituição de um empreendimento.

Figura 30 - Coleta de dados


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO FINAL
56

7LIMÍTROFE: É iniciada aqui a etapa de estudo de viabilidade do terreno, na qual é feita uma
comparação entre custos desencadeados e possíveis ganhos financeiros oriun-
Refere-se a tudo que está
ao redor. Tudo que está dos de um determinado projeto.
delimitando, dando limites
ao terreno. São feitos alguns levantamentos com o objetivo de dar suporte a esse estudo
de viabilidade a partir da coleta de dados, entre eles, conheçam os seguintes:
a) informações sobre o mercado: os pesquisadores realizam coletas junto
8SUBSÍDIO: a associações e institutos, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
É uma forma de auxílio
(IBGE). Eles buscam informações sobre a população local e possíveis moradores
governamental. para o seu tipo de projeto.
b) informações sobre o terreno: nesse ponto, os pesquisadores buscam in-
formações sobre o terreno junto a instituições e organizações. Muitas vezes, o
exército é solicitado para passar esse tipo de informação, pois seu pessoal espe-
cializado detém dos melhores documentos cartográficos e topográficos existen-
tes no Brasil.
São observados pontos como orientação do sol, tamanho e formato do terre-
no, vizinhança, existência de ligações com redes de abastecimento de água, es-
goto e energia elétrica, acesso a transporte público, redes de ensino e comércio,
existência de opções de lazer como shoppings, parques e cinemas, segurança pú-
blica, entre outros elementos que possam atrair o público desejado para o local.
Também são levantadas informações que possam inviabilizar o projeto, como
preço do terreno, preservação do meio ambiente local e construções limítrofes7.

Se existirem edificações limítrofes na região do terreno


FIQUE pretendido para construção, devem ser tiradas fotos e re-
ALERTA alizados relatórios técnicos das mesmas, pois, no caso de
alguma ação judicial, essas ações servem como provas.

c) informações das necessidades financeiras dos compradores: os pesqui-


sadores devem atentar para as necessidades do público alvo quanto à formas de
pagamento e financiamento do empreendimento. Afinal, não adianta atender a
todos os requisitos de terreno e mercado, se no final ninguém tiver capacidade
financeira para obter o produto a ser vendido, não é mesmo?!3
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
57

Hoje em dia o governo implantou uma série de progra-


VOCÊ mas de incentivo a compra de casas para pessoas de
baixa renda. Um deles é o Minha Casa, Minha Vida, que
SABIA? oferece subsídio8 de até 17% na compra de um empre-
endimento.

d) informação das necessidades da empresa para o empreendimento:


pode ser feito o levantamento da quantidade de funcionários que serão en-
volvidos no projeto e dos equipamentos que precisarão ser mobilizados para
o local do empreendimento. Nesse momento, podem ser dimensionadas as
equipes de trabalho.
e) informações sobre investimentos e financiamentos: são adquiridas in-
formações sobre a possibilidade de existir financiamento ou investimentos de
outras empresas para execução do empreendimento. São levantadas também as
formas e possibilidades de como podem ocorrer as vendas do projeto em estudo.
Esses levantamentos dependem do tipo de técnica utilizada para obtenção
dos dados. Geralmente, as técnicas usadas para coleta de dados classificam-se
como:
−−entrevistas: podem fornecer informações valiosas a respeito do objetivo
desejado. Geralmente, são longas e exigem habilidade de quem conduz
a situação para não perder a atenção ou foco de quem está sendo en-
trevistado.

Figura 31 - Entrevista
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
PROJETO FINAL
58

9ALMEJAR: −− observação direta: nesse tipo de coleta de dados, profissionais quali-


ficados são utilizados a fim de se obter informações pelo simples ato
É o mesmo que desejar.
de observar ações cotidianas. Eles captam dados para chegar ao aten-
dimento dos objetivos do projeto. Na construção civil, esse método é
empregado na coleta de informações sobre o tráfego de um local ou
sobre a fauna e flora onde se objetiva realizar a construção.
−−verificação de documentos e registros na própria instituição: são verifi-
cados documentos ou registros que se assemelhem ao padrão do novo
projeto a ser desenvolvido. Os pesquisadores buscam esses materiais
como uma fonte de informações preexistentes sobre aquilo que que-
rem desenvolver. Muitas vezes os documentos de embasamento para
elaboração do planejamento de projeto são reutilizados, pois as obras
de uma mesma construtora tendem a manter o mesmo padrão constru-
tivo.
−−verificação de documentos e registros em instituições externas: nesse
caso, busca-se o apoio de documentações e registros de institutos, cen-
tros, associações, órgão do governo, etc., para servir como base de le-
vantamento de dados na execução do planejamento do projeto.
−−questionários: são elementos de grande serventia para elaboração do
planejamento do projeto, pois podem ser feitos com grande número de
pessoas, repetindo-se as mesmas questões a fim de se obter informa-
ções sobre gostos, cultura, nível de conhecimento ou classe econômica
de um grupo social.
Os questionários podem ser feitos com questões discursivas ou objetivas e po-
dem manter o anonimato daqueles que escolhem não se identificar. Eles podem ser
aplicados por telefone, sites de internet, e-mail ou por contato direto. Geralmente, a
aplicação de questionários requer baixos investimentos, e por isso muitas empresas
o adotam como forma de pesquisa para planejamento dos seus projetos.

Figura 32 - Aplicação de questionário


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
59

É importante que os dados só comecem a ser coletados após a definição do


que se deseja criar, evitando-se perda de tempo com informações inadequadas e
desnecessárias ao projeto.
Se começarmos um levantamento de informações sem sabermos o que dese-
jamos, quais as metas a serem cumpridas ou os objetivos que buscamos atingir,
nunca teremos um resultados satisfatório, com informações que sejam úteis ao
nosso planejamento de projeto.
Devemos coletar o maior número de dados possíveis, mas sempre seguindo as
determinações cabíveis, sem extrapolar com dados inventados ou “chutados”. Os
métodos para coleta e os profissionais envolvidos devem ser seguidos corretamente.
Logo, antes de efetuar qualquer tipo de coleta de dados precisamos nos ba-
sear nas seguintes exigências para elaboração e conclusão dos instrumentos de
coleta de dados:
a) justificativa: devemos ter uma justificativa para elaborar um instrumento de
pesquisa. Porque aquele questionário está sendo feito? Para que a execução da-
quela entrevista?
b) delimitação dos objetivos: devemos ter um ou mais objetivos definidos
para aplicação de um determinado método de coleta de dados. Nós desejamos
obter que tipo de informação? Quais resultados almejamos9 com a coleta?
c) elaboração prévia das questões: as perguntas a serem feitas ao público
devem ser previamente pensadas e elaboradas. Seguindo critérios definidos an-
tes da aplicação do método de coleta.
d) revisão do material criado: como tudo que criamos, precisamos checar e
conferir todo o processo criado para a coleta de dados.
e) facilidade de comunicação: os profissionais envolvidos, tanto na aborda-
gem como na criação do material, devem ser criativos e dinâmicos, para prender
a atenção dos envolvidos.
f) autocontrole e imparcialidade: os profissionais envolvidos, não devem ex-
por suas opiniões ou criticar as informações dadas pelo público.
g) domínio do assunto: tanto para elaborar os materiais de coleta, como para
aplicá-los, é necessário ter bastante conhecimento sobre o assunto, para não pas-
sar a ideia de falta de controle ou irresponsabilidade durante as coletas de infor-
mações.
h) capacidade de observação: o responsável por aplicar o instrumento de
coleta de dados deve ser observador, para obter algumas informações apenas
com a visão das situações.
Perceba como todas essas características são importantes na elaboração dos
instrumentos de coleta de dados. Não podemos desenvolver nenhum tipo de co-
PROJETO FINAL
60

10PONDERADAS: leta sem que haja uma justificativa ou motivo para ela, assim como não podemos
fazer a coleta sem ter objetivos definidos a serem alcançados.
É o mesmo que julgada,
analisado ou examinado. Tudo que iremos aplicar para obtenção de dados deve ser preparado previa-
mente, pois evitamos perda de tempo com elaboração de perguntas no decorrer
do processo, assim como não perdemos informações valiosas por não ter pensa-
do nas perguntas anteriormente.
A linha de raciocínio não pode ser quebrada, deve ser mantido o foco nas per-
guntas e questionários elaborados, portanto, é muito importante revisar o mate-
rial antes de aplicá-lo, o que evita propagação de questões falhas, sem conexão
com o objetivo a ser alcançado.
Todos os profissionais envolvidos no processo de coleta de dados devem ter
autocontrole, domínio do assunto, imparcialidade com as respostas e informa-
ções coletadas, evitando a condução de perguntas com respostas que desejam
ouvir ao invés daquelas que as pessoas desejam dar.
Necessita-se que o aplicador dos instrumentos de coleta de dados tenha uma
boa capacidade de observação, para discernir se as pessoas estão ou não confor-
táveis com a situação da coleta ou se as respostas dadas são corretas ou inventa-
das. Essa característica também pode ser utilizada para uma melhor observação
das ações cotidianas, como, por exemplo, a descrição da situação do trânsito e
transporte na região.

Figura 33 - Profissional observador


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

A partir dessas informações, percebemos que alguns cuidados devem ser to-
mados para a realização da coleta de dados, principalmente o condicionamento
dos profissionais envolvidos no processo.
É muito importante utilizar equipes lideradas por um supervisor experiente,
que possa orientar as pessoas caso haja algum tipo de dúvida ou reconduzir a
situação caso a coleta tenha sido realizada de maneira incorreta.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
61

Os dados então levantados devem ser recolhidos e organizados para envio


aos arquitetos que elaborarão o projeto arquitetônico da edificação, de forma a
lhes prover o máximo de informações possíveis sobre o futuro empreendimento.
Viu como é importante uma coleta bem feita? Todos os dados coletados são
essenciais para elaboração dos projetos arquitetônicos, estruturais e consequen-
temente de instalações da edificação.
Não somente para a constituição do projeto, mas as coletas também são im-
portantes na análise de dados que compõem a etapa do estudo de viabilidade
que decidirá sobre a continuidade do andamento do projeto.

4.3 ANÁLISE DE DADOS

Análise de dados é o processo pelo qual as informações coletadas são destrin-


chadas, absorvidas, discutidas, ponderadas10 e avaliadas. Esse processo objetiva
interligar informações com base em comparações que permitam previsões para
o desenvolvimento de um projeto.
A análise de dados pode ser classificada como qualitativa ou quantitativa. En-
quanto a análise qualitativa se baseia nas características, motivos e estudos de
comportamentos, a análise quantitativa se baseia em números, percentuais, par-
celas e quantidades em geral.
Existem vários ferramentas para realização da análise de dados, entre elas
podemos citar:
a) gráficos: elementos para exposição e análise dos dados coletados. Podem
ser encontrados no formato de Pizza, Barras, Linhas, entre outros. Veja o seguinte
exemplo:

População - Brasil
Percentual por região geográfica

28%

42% Norte
8% Nordeste
Sudeste
Sul
7% Contro-Oeste

15%

Figura 34 - Gráfico de pizza


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO FINAL
62

11MINUCIOSA: b) tabelas: elementos que visam unir informações e expô-las em formato sim-
plificado, a partir de linhas e colunas, como pode ser visualizado no exemplo a
É o mesmo que bem
detalhada. seguir.

12LAYOUT DE CANTEIRO: IDENTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO QUANTIDADE


A Classe Alta 10%
É um esboço do canteiro de
obras. B Classe Média 35%
C Classe Baixa 55%
Tabela 1 - Tabela simples
Fonte: SENAI, 2013.

c) mapas: elementos da análise de dados que objetivam situar e representar


geometricamente uma situação. Representam os dados coletados sobre situa-
ções ambientais, moradias limítrofes, população local, entre outros. Observe o
exemplo a seguir para visualização de como pode ser utilizado um mapa para
realização da análise de dados.

Climas do Brasil, segundo Arthur Strahler

2
4
6
Legenda:

1 - Equatorial
2 - Tropical
3 - Semi-árido
5
4 - Litoraneo
5 - Subtropical
6 - Tropical de Altitude
Figura 35 - Mapa
Fonte: SENAI, 2013.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
63

Nessa etapa do planejamento do projeto, analisamos as informações recolhi-


das na etapa anterior de coleta de dados, e as apresentamos a partir de uma das
ferramentas abordadas.
Note que nesse momento são feitas análises que implicarão na viabilidade ou
não de um projeto, a partir de dados coletados e estudos realizados previamen-
te. Portanto, ocorre uma análise minuciosa11 dos dados para o planejamento do
projeto, permitindo que tenhamos conclusões satisfatórias sobre os itens abaixo
discriminados:
d) análise do mercado: são interpretadas as informações levantadas referen-
tes ao mercado consumidor. Observa-se principalmente o potencial desse merca-
do, se é voltado para empreendimentos de baixo ou de alto padrão.
A partir daqui também são avaliadas as ações que devem ser realizadas para
conquistar o mercado consumidor. São definidas, nesse caso, as estratégias de
marketing para atração do público alvo.
e) análise do terreno: os dados obtidos sobre o terreno definirão o tipo de
empreendimento a ser construído, o seu formato e suas dimensões. Essa análise
é fundamental na definição dos layouts de canteiro12, processos e sistemas cons-
trutivos a serem utilizados na edificação.
As informações conquistadas pelos pesquisadores, como preexistência dos
sistemas de abastecimento de água, energia e esgoto poderão influenciar no or-
çamento da obra e as características de opções de lazer próximas ao empreendi-
mento podem facilitar a elaboração do marketing chamativo para o local.

É sempre bom analisar se existe possibilidade de agregar


FIQUE novas redes ao sistema de abastecimento de água preexis-
tente em um local, pois uma obra pode se tornar inviável
ALERTA ao não possuir fonte de abastecimento que agregue novos
moradores.

Esse item é de forte ação positiva sob o estudo de viabilidade econômica do


projeto. Nele pode ser analisado se o alto valor do terreno pode ser vencido pelos
possíveis lucros obtidos com o empreendimento.
f) análise das necessidades do comprador: nesse item, são analisadas as
condições do comprador. Se o empreendimento for idealizado para classe finan-
ceiramente alta, mas existirem pessoas da classe média ou baixa muito interes-
PROJETO FINAL
64

13MTE: sadas, e em contrapartida o projeto não for bem aceito pela classe alta, cabe ao
gestor, repensar todo o seu projeto.
Ministério do Trabalho e
Emprego. Deve ser pensada aqui a possibilidade de financiamento pela Caixa Econômica
Federal ou bancos associados, para que o empreendimento seja mais acessível e
viável economicamente ao público alvo. Afinal de contas, nos dias atuais, o públi-
14BNDES: co busca oportunidades de pagamentos em parcelas suaves, sem comprometer
muito a verba disponível, e é melhor receber o pagamento aos poucos do que ter
É o Banco Nacional do
Desenvolvimento elevado número de inadimplência entre os clientes, não é mesmo?!

15IMPRESCINDÍVEL:

É o mesmo que
muito importante ou
Análise do
indispensável. Análise do Comprador
Mercado

Análise do
Terreno

Viabilidade do Projeto
Figura 36 - Viabilidade do Projeto a partir da análise de dados
Fonte: SENAI, 2013.

g) análise das necessidades da empresa para o empreendimento: a partir


do levantamento da quantidade de funcionários e equipamentos que serão en-
volvidos no processo, as empresas decidem se vão ou não continuar a elaboração
do projeto do empreendimento.
Será analisado se a empresa tem condições e capacidade técnico-financeira
para adquirir novos funcionários e equipamentos. Os gestores do projeto devem
atentar para as Normas Regulamentadoras (NR’s) e exigências cabíveis no caso da
contratação de novos funcionários para desenvolvimento do projeto.

Nos ambientes com mais de 20 operários, é necessário o


SAIBA cumprimento da NR-18 e NR-9 quanto às condições de meio
MAIS ambiente de trabalho. Para saber quais são as normas e con-
dições solicitadas, visite o site do MTE13 e pesquise mais.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
65

h) análise sobre investimentos e financiamentos: a partir das informações


sobre a existência de financiamento ou investimentos de outras instituições ou
bancos, a empresa pode escolher as opções de financiamento que melhor lhe
atendam, sem gerar prejuízos futuros por meio de juros exagerados ou desem-
bolsos com pagamentos de urgência.

Figura 37 - Análise da viabilidade de projetos


Fonte: SENAI, 2013.

É nessa fase do planejamento que teremos a visão da continuidade ou não


do projeto. Se a empresa não tiver financiamento nem condições de arcar com
as novas aquisições de equipamentos e funcionários, torna-se muito difícil conti-
nuar como planejado. Portanto, lembre-se sempre: o projeto pode ser finalizado
se não forem atendidos os requisitos feitos a partir dessa etapa do planejamento,
baseada na análise de dados!

O BNDES14 oferece diversas formas de financiamento


VOCÊ para micro, pequenas e médias empresas, tanto para
aquisição de equipamentos, como para qualificação de
SABIA? mão de obra e é um instrumento de grande valia para o
construtor.

É importante saber que a análise de dados só é completa, se a coleta de dados


for completa também. Livre de erros e previsões inadequadas, essas duas são fa-
ses imprescindíveis15 do planejamento de projeto.
PROJETO FINAL
66

CASOS E RELATOS

A coleta difícil
Rafael está à frente de um projeto que busca coletar informações para dar
condições a uma construtora de elaborar um planejamento das etapas do
projeto, mas ele está com dificuldade de liderar a sua equipe.
Entre as pessoas que estão com ele, Valney tem capacidade de observação,
mas não sabe se expressar e Sandra tem domínio do assunto, mas não se
controla e dá opiniões fortes sobre os problemas. Como fazer para traba-
lhar com essas pessoas?
Rafael resolveu dimensionar sua equipe: como tinha que passar informa-
ções sobre o trânsito local, colocou Valney para observar o fluxo de carros e
transportes nas proximidades do empreendimento. Desse modo, deu para
Sandra a função de elaborar os questionários que ele mesmo irá aplicar,
pois ele sabe ouvir as pessoas, tem autocontrole e é imparcial.
No final da coleta de dados, o resultado não poderia ter sido melhor. Eles
coletaram as informações pertinentes e foram elogiados pelos gestores
que fizeram a análise dos dados para verificar a viabilidade do terreno.

4.4 ELABORAÇÃO DO CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

Cronogramas são elementos de apoio ao planejamento, que definem as eta-


pas de desenvolvimento de cada processo previsto nos projetos, estipulando pra-
zos para início e término de cada etapa do processo construtivo.
São ferramentas muito utilizadas na área de planejamento e podem ser ela-
borados tanto a partir do Excel como a partir de softwares específicos como o MS
Project. Possuem fácil montagem, visualização e entendimento.
O Excel tem as vantagens de não possuir limites de informações a serem utili-
zadas, pois nós o moldamos de acordo com o que queremos, porém tem a des-
vantagem do formato limitado baseado nas barras das células.
Já o MS Project tem a vantagem de possuir manuseio simplificado, com infor-
mações preexistentes, modelos e tipos de dados já salvos em sua memória. Po-
rém as informações mostradas são limitadas ao banco de dados do programa.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
67

Os elementos visualizados nos cronogramas serão decididos por quem faz o


planejamento, a partir das necessidades e objetivos para o projeto. Na constru-
ção civil, os cronogramas mais utilizados são os de barras, também conhecidos
como gráficos de Gantt.
Existem diversos tipos de cronogramas, entre os utilizados na etapa de plane-
jamento de projetos podemos destacar os seguintes:
a) cronograma físico: utiliza-se de barras e percentuais. Evidencia o tempo
de duração de cada serviço em um projeto. A partir dele pode ser feita uma rela-
ção entre previsto X realizado, para verificar se a execução está em atraso ou em
progresso. Sua divisão de etapas pode ser mensal, quinzenal, semestral ou até
mesmo diária. Veja um exemplo no seguinte modelo:

Figura 38 - Gráfico de Gantt - cronograma físico


Fonte: SENAI, 2013.

b) cronograma de mão de obra: mostra a evolução da quantidade de funcio-


nários necessários na execução de um projeto em um período de tempo. Ao invés
de utilizar barras como no cronograma físico, utiliza o número de profissionais
envolvidos, ou ainda o número de horas que devem ser trabalhadas pelo profis-
sional. Em alguns casos, pode ser feita a união desses dois tipos de informação,
como vistas no seguinte cronograma:
PROJETO FINAL
68

16GRUAS: SEMANA
CATEGORIA 1 2 3 4 Hh
Máquina no estilo guindaste ENCARREGADO MECÂNICO 1 2 2 1 264
utilizada no canteiro para
levantar grandes pesos. MECÂNICO MONTADOR 4 7 7 3 924
AJUDANTE 4 7 7 3 924
TOPÓGRAFO 1 1 88
AUXILIAR DE TOPÓGRAFO 1 1 88
APONTADOR 1 1 1 1 176
17CURVA ABC: Tabela 2 - Cronograma de mão de obra
Fonte: SENAI, 2013.
É uma expressão utilizada
para definir uma lista de
insumos por ordem do
mais impactante ou mais c) cronograma de equipamentos: esse tipo de cronograma se assemelha ao
utilizado para o de menor
expressividade em um anterior, mas ao invés de contar as horas da mão de obra envolvida, conta as ho-
projeto. ras dos equipamentos que serão utilizados na execução do projeto.
Ele deve ser bem definido, pois algumas máquinas grandes como tratores, ca-
minhões e gruas16, precisam de um período de tempo maior para serem transpor-
18MEDIÇÕES: tadas ao local da obra.
São pagamentos feitos Se a empresa não tiver os equipamentos discriminados em estoque, deve aten-
a partir dos serviços
executados pelas empresas. tar para a solicitação com antecedência do aluguel das máquinas, para garantir a
entrega no tempo certo. Veja como isso ocorre no modelo de cronograma a seguir:

MÊS
EQUIPAMENTO Agosto Setembro Outubro Novembro
GUINDASTE 45T 1 1
MUNCK 3T 1 1 1 1
MÁQUINA DE SOLDA 2 4 4 3
MAÇARICO OXIACETILENO 1 2 2 1
Tabela 3 - Cronograma de equipamentos
Fonte: SENAI, 2013.

d) cronograma de materiais: é feito a partir de uma Curva ABC17 depois que


são levantados todos os serviços necessários à execução do projeto. Esse tipo de
cronograma nem sempre é utilizado, pois é mais viável para controle logístico da
obra, apesar de ser desenvolvido na etapa de planejamento.
Se forem alinhadas as informações do cronograma de mão de obra, com o
cronograma de equipamentos ao cronograma de materiais, o controlador terá
uma ótima ferramenta de auxílio a previsão do que será gasto na obra, podendo
se antecipar, sem perder os prazos de cada etapa construtiva.
e) cronograma financeiro: prevê o desembolso a ser realizado em um perío-
do de tempo. Nesse cronograma, há uma previsão do quanto será gasto em cada
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
69

etapa do projeto, por isso ele é necessário na fase de planejamento. Os gastos


devem ser dimensionados de acordo com cada etapa de serviço, sem excessos ou
amenizações, o que poderia impactar no andamento do projeto, pois o exagero
de verba em um determinado momento pode gerar a falta em outro ponto.
f) cronograma físico financeiro: são cronogramas que trazem informações
físicas e financeiras de cada etapa de um projeto. Esses dados são muito impor-
tantes, pois permitem a visualização dos prazos programados e dos custos de
execução das etapas do projeto.
Alguns cronogramas físico-financeiros são também denominados de crono-
gramas de desembolso máximo, pois definem que em cada período de tempo o
gasto efetuado não pode exceder ao gasto previsto.
O cronograma de desembolso é mais utilizado em projetos de licitações, pois de-
fine que o pagamento a ser realizado às empresas contratadas para prestar serviço
deve ocorrer de acordo com o sinalizado no cronograma de desembolso máximo.
Esses cronogramas definem as medições18 a serem pagas para as empresas.
Por isso, todo cuidado na sua elaboração é pouco, para evitar que alguém saia
no prejuízo durante a execução do que foi planejado no projeto a partir dos cro-
nogramas. Veja, na tabela a seguir, um exemplo de cronograma físico-financeiro.

Tabela 4 - Cronograma Físico - financeiro


Fonte: SENAI, 2013.

O cronograma também pode ser uma ferramenta de diminuição do período


previsto para execução do projeto, pois durante o seu dimensionamento, podem
ser estudadas formas de reduzir os prazos, de forma a trazer soluções como, por
exemplo, adoção de processos construtivos mais rápidos e vantajosos.
PROJETO FINAL
70

19PRODUTIVIDADE: Para que esses cronogramas sejam elaborados corretamente, em primeiro lu-
gar devemos saber o período correspondente à obra e então decidir se as etapas
É um índice que determina
quanto uma pessoa ou do projeto serão dividas em dias, meses, quinzenas ou até mesmo semestres.
equipe é capaz de produzir
por hora trabalhada. É Daí então pode ser iniciado o estudo da produtividade19 das equipes envol-
baseada em estudos e
acompanhamento de tarefas vidas no processo, baseando-se principalmente no histórico da empresa e expe-
no dia a dia. riência dos gestores do planejamento. Podem ser contratadas, nesse momento,
equipes de consultoria em organizações especializadas.
As informações adquiridas nas etapas de levantamento e análise de dados
20RACIONALIZAR: são utilizadas com intensidade durante a elaboração dos cronogramas, principal-
É o mesmo que melhorar ou mente por conta da questão ambiental, já que as chuvas fortes e outros tipos de
organizar um processo. intempéries influenciam no tempo hábil de desenvolvimento dos serviços.
A partir de todas essas informações é que delimitamos o tempo de execução
das etapas construtivas nos cronogramas, para evitar os indesejados atrasos de
obras, e corre-corre para finalizar as atividades dentro do prazo. Isso tira o sono
não apenas dos profissionais, mas também das pessoas que adquirem os imóveis
e ficam na esperança de recebê-los o quanto antes.

Figura 39 - Corrida contra o prazo do cronograma


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

4.5 PREVISÃO DE RECURSOS

Existem três etapas de previsão de recursos na área de planejamento de proje-


tos, e podemos dividi-las da seguinte forma:
a) etapa 1: realizada antes da elaboração do orçamento do projeto. Resume-
-se ao levantamento quantitativo dos materiais e serviços, que darão origem
ao orçamento do projeto.
Essa parte do planejamento engloba a elaboração de planilhas contendo os
serviços a serem realizados na obra. Com isso, temos uma visão prévia do que
será feito no projeto, como seus processos e fases construtivas.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
71

b) etapa 2: realizada previamente e durante a elaboração do orçamento. Re-


fere-se a levantamentos quantitativos e financeiros da mão de obra partici-
pante do projeto. São realizados estudos para melhor distribuição da equi-
pe, evitando-se picos de jornadas de trabalho que geram custos elevados
em certos momentos da obra.
Essa parte do planejamento engloba dimensionamento das equipes e elabo-
ração de treinamentos de acordo com as necessidades de cada etapa da obra.
c) etapa 3: realizada posteriormente a elaboração do orçamento do projeto.
Refere-se à previsão de recursos após a conclusão do orçamento, a partir da
cotação de preço de materiais, serviços e equipamentos.
Essa parte do planejamento engloba a logística do projeto. A partir daqui são
realizados estudos para otimizar o tempo e racionalizar20 os processos relaciona-
dos a insumos como materiais, equipamentos, Equipamento de Proteção Indivi-
dual (EPI) e ferramentas. Cabe a essa etapa os seguintes processos:
−−aquisição;
−−recebimento;
−−armazenagem;
−−mobilização;
−−desmobilização.

AQUISIÇÃO

RECEBIMENTO

ARMAZENAGEM

MOBILIZAÇÃO

DESMOBILIZAÇÃO

Figura 40 - Processos de previsão de Recursos


Fonte: SENAI, 2013.

Veremos, nesse capítulo, cada uma dessas etapas de previsão de recursos na


elaboração do planejamento de projeto!
PROJETO FINAL
72

21AFERIR: Percebemos que para executar uma boa logística de canteiro, dependemos
das etapas anteriormente abordadas nesse volume.
É o mesmo que verificar ou
avaliar. Precisamos das informações obtidas na etapa de coleta de dados, principal-
mente referentes ao tamanho e dimensão do terreno, para dessa forma visuali-
zarmos melhor o layout de canteiro e definirmos as melhores posições para cada
um dos seus elementos.
Precisamos de uma análise correta de dados, para não errarmos nos tipos de
materiais e equipamentos a serem utilizados em cada etapa do processo executivo.
Precisamos nos basear nos cronogramas elaborados previamente para saber
as datas para aquisição dos recursos no tempo certo, sem perder os prazos esti-
pulados previamente.
Com tudo isso, podemos começar a planejar as duas etapas da previsão de
recursos, citadas anteriormente.
a) etapa 1: nesse momento, entramos em ação com o levantamento quanti-
tativo da obra. Devemos abrir os três projetos preexistentes: estrutural, ar-
quitetônico e de instalações para fazer a previsão de recursos que serão usa-
dos a partir das informações levantadas, juntamente com as especificações
técnicas aliadas ao memorial descritivo da obra, que juntos determinam os
tipos de materiais e equipamentos a serem utilizados para execução do pro-
jeto.
Com essas informações em mãos, elaboramos uma planilha de dados conten-
do a descrição dos serviços, materiais ou equipamentos previstos a partir dos pro-
jetos, memorial e especificações técnicas, englobando suas respectivas unidades
de medida e quantidades necessárias. Na tabela a seguir, você pode perceber
todos esses detalhes.

LEVANTAMENTO QUANTITATIVO

ITEM DESCRIÇÃO DESCRIÇÃO QUANTIDADE

1 Fundação
1.1 Escavação Manual m3 15,00
1.2 Aço CA 50 kg 500,00
1.3 Concreto FCK = 25 Mpa m3 10,00
1.4 Execução de Estaca m 300,00
2 Estrutura dos pilares
2.1 Forma Comum de madeira m2 50,00
2.2 Aço CA 50 kg 3.000,00
2.3 Concreto FCK = 30 Mpa m3 25,00
Tabela 5 - Exemplo de levantamento quantitativo
Fonte: SENAI, 2013.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
73

Note que é muito importante o conhecimento e uso das unidades de medida


corretamente nessa etapa do planejamento, pois um erro de unidade pode mu-
dar e muito os valores do seu levantamento quantitativo.
Para conferir se todo o levantamento foi feito corretamente, é sempre bom
utilizar o apoio de um check list. Assim podemos aferir21 se estão levantados todos
os materiais, serviços, equipamentos e mão de obra, referentes a cada um dos
projetos estruturais, arquitetônicos e de instalações utilizados nas obras.
Essa primeira etapa dá origem às planilhas orçamentárias, pois é a partir dos
levantamentos quantitativos que fazemos a cotação de preços iniciais para mon-
tagem dos orçamentos dos projetos.
Observe a Tabela 5. Basta adicionarmos uma coluna com informações de pre-
ço unitário e outra coluna com informações do preço total para o item descrimi-
nado, e pronto! Temos aí um orçamento inicial de uma obra.
b) etapa 2: nessa etapa, podem ser elaborados e realizados os programas para
processos seletivos de mão de obra. É importante que profissionais espe-
cializados em recursos humanos, juntamente com os gestores do projeto,
participem para definir quais serão os testes e fases dos programas.
Podem ser pensados e executados os programas de recrutamento, visando à
participação de um grande número de profissionais, a fim de serem encontrados
os mais adequados para atender os requisitos da empresa.

Figura 41 - Seleção de profissionais


Fonte: SENAI, 2013.

Na etapa 2, deve ser elaborado o dimensionamento das equipes de trabalho


e verificadas as orientações da NR-18 quanto às condições do meio ambiente de
trabalho, para satisfazer as necessidades de saúde, segurança e qualidade de vida
dos funcionários que participarão da execução do projeto. Alguns itens que po-
dem ser observados nessa etapa são:
−−conhecimento prévio das exigências do Programa de Condições e Meio
Ambiente de Trabalho (PCMAT) para obras com a partir de 20 funcio-
nários;
−−conhecimento prévio do Prevenção e Riscos Ambientais (PPRA);
PROJETO FINAL
74

22RACIONALIZAÇÃO: −−previsão das áreas de vivência para os funcionários, como por exemplo
instalações sanitárias, vestiário e alojamento;
Realizar as tarefas evitando
desperdícios e uso −−previsão das áreas de lazer para os funcionários.
inadequado de força.
A partir dessa etapa, são atendidas as necessidades da própria empresa
que elaborou o projeto e dos futuros funcionários que executarão a constru-
23INTERFACE:
ção da edificação. A produção vai ocorrer com maior velocidade por conta dos
profissionais mais qualificados, escolhidos em dinâmicas e testes aplicados
É o mesmo que conexão.
Fazer ligação entre
nos processos seletivos.
informações.
c) etapa 3: se objetivarmos elaborar a previsão dos recursos em um projeto, é
necessário o conhecimento da disposição do layout, pois para determinar a
racionalização22 da armazenagem, mobilização e desmobilização dos mate-
24ELENCAR: riais e equipamentos, precisamos saber a localização do almoxarifado, área
É fazer uma lista, enumerar de corte e dobra do aço, área de vivência, local para armazenamento em
dados. paletes, portaria, entre outros.
Essa parte constituinte da terceira etapa da previsão de recursos é denomina-
da Definição da Logística Interna.

4 1 Acesso de colaboradores
1 2 3
2 Áreas de vivência e almoxarifado
6 5 3 Central de montagem
8 7
4 Silo de argamassa pré-misturada
11 5 Acessos de veículos
9 6 Guindaste
7 Plataforma de descarga de grua
10 8 Elevador de passageiros/material
7 9 Descarga dentro da obra
10 Estocagem no ponto de utilização
11 11 Estoque central
12 Edificação vizinha - interferência

12

Figura 42 - Layout de canteiro


Fonte: SENAI, 2013.

Outras informações que devemos ter para auxílio na elaboração da logística


do projeto são questões como a interface23 com os fornecedores, elencando24 da-
dos de programação de envio e entrega dos materiais e equipamentos na obra,
o que engloba a parte de aquisição e recebimento desses itens. Essa outra parte
constituinte da terceira etapa da previsão de recursos é denominada de Definição
da Logística Externa.
A Logística Interna se complementa com a Logística Externa do projeto, pois
sabemos que é impossível organizar o interior de um canteiro sem a junção des-
sas duas partes, afinal de contas, como vamos nos organizar para receber os ma-
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
75

teriais e equipamentos de uma obra se nem sabemos como e quando vamos ad-
quirir esses elementos?

Figura 43 - Logística de canteiro


Fonte: SENAI, 2013.

Existem formas de otimizar os processos logísticos nessa terceira etapa do


planejamento. Entre as principais disposições que devem ser feitas pelo gestor,
algumas podem ser:
−−a portaria deve ficar em local estratégico, onde possa ser controlada
toda entrada e saída dos materiais, pessoas e equipamentos na obra.
Assim, são evitados furtos e acesso de pessoas estranhas, ao adotarmos
essa estratégia;
−−o almoxarifado e centrais de estocagem de materiais devem ser constru-
ídos em locais de fácil acesso a todos os operários, mesmo que estejam
em diferentes pontos da obra, mas a entrada no local não deve ser faci-
litada, todos devem se identificar e ter autorização prévia para retirarem
materiais, equipamentos e máquinas do local.
−−o controle para aquisição e uso dos materiais e equipamentos deve ser
rígido, determinando quais profissionais podem acessar o local e pegar
materiais ou equipamentos com o almoxarife. Dessa forma, evitamos
perda de tempo percorrendo toda a obra para buscar materiais ou equi-
pamentos em locais distantes, e evitamos desperdício de materiais, que
não serão pegos por qualquer pessoa, sem controle de uso.
−−os escritórios centrais devem ficar em local estratégico e restrito, em que
o controle de entrada e saída de pessoas seja efetuado, evitando que as
atividades ali desenvolvidas sejam interrompidas. Sabemos que esses
profissionais lidam com cálculos financeiros e estruturais, o silêncio nes-
PROJETO FINAL
76

sa área é muito importante;


−−as garagens devem ser dimensionadas em locais onde não haja risco de
projeção de materiais, equipamentos, restos de tintas ou cimento que
venham a despencar de uma edificação, causando danos aos automó-
veis;
−−as áreas de vivência devem ser concentradas em locais arejados, com
iluminação adequada. A saúde e qualidade de vida também devem ser
priorizadas na logística elaborada para um projeto;
−−o local para desmobilização e armazenamento de entulho deve ficar um
pouco afastado do centro da obra. É sempre bom pensar na reutilização
e coleta seletiva nesse momento, incentivando a sustentabilidade do
projeto;
−−a central de argamassa deve ser localizada próxima a estocagem de
areia e cimentos e próxima ao equipamento que realiza o transporte
vertical entre as edificações. A sua localização deve ser suficiente para
atender toda a obra, de forma eficaz;
−−é importante que os locais de armazenamento de materiais sejam co-
bertos, a fim de evitar a exposição a intempéries ou fatores ambientais
que possam alterar as propriedades físico-químicas dos elementos. É
sempre importante atender as recomendações de armazenamento pre-
vistas pelos fabricantes;
−−a localização da grua deve ser bem definida, e a sua posição tem que
atender toda a construção vertical da obra. Deve-se atentar para o se-
guimento da NR-18 no que diz respeito aos cuidados para utilização da
grua.
Apesar dos itens destacados não serem regras para elaboração de layout de
canteiro, eles são muito importantes para otimização do tempo e racionalização
dos custos numa obra.
Dessa forma, tudo fica organizado de acordo com as necessidades imediatas
de cada grupo de trabalho. As máquinas e equipamentos possuem fácil acesso
para o uso das pessoas qualificadas, os materiais já ficam estocados para o uso
conveniente e os setores da obra ficam alocados e protegidos de agentes pertur-
badores externos.
Todas as necessidades do ambiente de trabalho são atendidas e todos ficam
satisfeitos com as condições de qualidade, saúde e sustentabilidade do canteiro
de obras previstas pelo layout elaborado na fase de planejamento.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
77

Figura 44 - Atendimento das necessidades dos projetos


Fonte: SENAI, 2013.

4.6 DETERMINAÇÃO DO CUSTO DO PROJETO

Quanto custa a execução de uma determinada obra? Quanto custa o produ-


to final de uma obra? Será que estamos falando de duas situações que possuem
o mesmo valor?

Figura 45 - Quanto custa?


Fonte: SENAI, 2013.

Geralmente, um empreendimento tem seu preço de custo muito inferior ao


seu preço de venda. O que estamos afirmando é que o preço pago por um cons-
trutor para executar uma edificação deve ser inferior ao preço pago pelos clientes
para adquirir essa mesma edificação.
Quem constrói visa lucros e por isso insere nos custos dos seus projetos as bo-
nificações, valores de marketing agregado, percentuais de juros caso o empreen-
dimento tenha sido vendido a prazo, e muitas outras taxas financeiras que geram
lucro ao construtor.
PROJETO FINAL
78

25VERTENTES: Nesse momento, é necessário entender dois conceitos importantes:

São pontos de vistas, a) preço de custo: referente à soma do que foi gasto para construir, ou seja,
argumentações ou são as despesas do construtor. estão englobados gastos com impostos, mão
caminhos diferentes que
podem ser tomados a partir de obra, transporte, materiais, serviços prestados, entre outros.
de uma situação.
b) preço de venda: referente à soma do preço de custo com o lucro que se
deseja obter a partir das características do mercado consumidor.
Logo, precisamos entender o custo de um projeto a partir de duas vertentes25.
A primeira passando pelos gastos que totalizam o seu custo, e a segunda que
engloba os gastos finais e lucros que desejam ser obtidos com o seu desenvolvi-
mento. Todas duas devem ser trabalhadas, analisadas e muito bem discutidas na
etapa de planejamento do projeto.
Perceba que nesse momento precisamos da conclusão das etapas de coleta,
análise de dados, elaboração de cronograma e levantamento dos recursos a se-
rem utilizados. Tudo isso para que o executor da edificação possa realizar os seus
trabalhos de maneira, rápida, com fluidez, qualidade e segurança, evitando pre-
visão de custos e formulação de orçamentos incompatíveis com as características
que deseja atingir com o seu projeto.
Vamos agora conhecer as etapas e processos envolvidos na determinação do
custo de um projeto.
O orçamento é um dos principais itens a ser elaborado em um projeto. Para
a sua constituição, são somados as despesas diretas do projeto com as despesas
indiretas. Dentro das despesas diretas teremos as despesas com insumos de mão
de obra, materiais e equipamentos. Já nas despesas indiretas, incluem-se os gas-
tos com o escritório central da construtora, água, luz, telefone, impostos e lucros
almejados.
Ao elaborar as parcelas relativas às despesas diretas e indiretas do orçamen-
to, não podemos esquecer dos custos com a manutenção do empreendimento.
Assim, ao abordar sobre orçamentos, podemos classificar e levantar os custos,
acoplando despesas diretas e indiretas da seguinte forma:
−−custos construtivos: envolve os gastos com a aquisição do terreno e exe-
cução da edificação;
−−custos operacionais: envolve os gastos referentes ao processo de ilumi-
nação da obra, limpeza, uso de equipamentos, consumo da água e ins-
talações;
−−custos referentes à manutenção: envolve os gastos com serviços de
reparos, manutenção preventiva em máquinas e equipamentos ou
substituição de materiais;
−−custos de adaptação: custos referentes às modificações em projetos, sis-
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
79

temas e processos construtivos, objetivando a melhoria da construção;


−−custo global: é o custo total de uma edificação. Para obtenção desse cus-
to, basta somar todos os custos anteriores.

Figura 46 - Custos e despesas com a construção


Fonte: SENAI, 2013.

Como o orçamento é realizado a partir de previsões de recursos e custos, o


seu valor global é uma estimativa, os gastos construtivos podem variar um pouco
para mais ou para menos no decorrer da construção. Mas atenção: as variações
permitidas são mínimas, na ordem de 5 a 10% do valor global do projeto.
Essa variação existente entre gastos estipulados e gastos reais pode ser expli-
cada pela adoção dos índices de produtividade das equipes de trabalho. Sabe-
mos que a produção das pessoas é algo complicado de se estimar, pois depende
de fatores climáticos como chuvas intensas que impedem escavações profundas
e processos constituintes da fundação ou impermeabilização de coberturas, ou
ainda o transporte de materiais e equipamentos no interior da obra.

O uso de gruas na construção deve ser interrompido


VOCÊ quando ocorrerem ventos com intensidade a partir de
SABIA? 42 KM/h. Elas são constituídas de alarme sonoro que
dispara quando esses ventos entram em ação.

Para não errar na elaboração dos orçamentos, é recomendado elaborá-los se-


guindo os seguintes processos:
a) levantamento quantitativo de materiais e serviços: essa etapa é iniciada na
previsão de recursos a partir dos projetos arquitetônicos, estruturais e de
instalações. Durante a execução dos orçamentos, podemos complementar
os levantamentos para obtenção de melhores resultados;
PROJETO FINAL
80

26SINTRACON: b) cotação de preços: são levantados os preços dos materiais, equipamentos,


serviços e mão de obra na região a ser executado o projeto. Os dados devem
É o Sindicato dos
trabalhadores da Indústria. ser coletados com diversos fornecedores, com preços no varejo e no ataca-
do, para serem observadas as margens de lucro possíveis de serem obtidos;

27SINDUSCON:

É o Sindicato da Indústria da
Construção Civil.

Figura 47 - Cotação de preços


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

c) dimensionamento das equipes de trabalho: são divididas as equipes de traba-


lho, assim como feito na etapa de previsão de recursos. As informações já obtidas
são utilizadas na distribuição de preços do orçamento;
d) observação de índices de produtividade: a partir de dados históricos da
empresa e observações, são estimadas as horas que serão trabalhadas pelas
equipes da obra para concluir os serviços propostos;
e) elaboração das tabelas de custo de mão de obra e encargos sociais: nesse
momento, devemos elaborar uma tabela que ajuda na visualização dos pre-
ços unitários do salário base dos profissionais que atuarão na obra. Aliada
a ela, devemos elaborar a tabela de encargos sociais e trabalhistas, que são
agregados aos custos da mão de obra.
Estão inclusos nesse item os benefícios de direito do trabalhador, por exem-
plo: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS), 13º salário, férias remunerada, auxílios diversos, entre outros;

Você pode encontrar as informações referentes aos sa-


SAIBA lários dos profissionais de obra no site do SINTRACON 26,
para saber mais sobre quanto recebe cada profissional da
MAIS construção. Visite também os sites do SINDUSCON 27 dos
diversos estados do país.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
81

f) elaboração de cronogramas físicos financeiros: são gerados os cronogramas


detalhados de previsão do andamento físico e financeiro da obra, com os
prazos e custos correspondentes às etapas de serviços dos projetos;
g) nova análise da viabilidade econômico-financeira: são novamente estuda-
dos os dados referentes à viabilidade do projeto. As despesas e os lucros são
observados minuciosamente.

Figura 48 - Análise minuciosa


Fonte: SENAI, 2013.

Com todas essas etapas concluídas, podemos elaborar o orçamento de um pro-


jeto, que geralmente é criado a partir de uma planilha no Microsoft Excel ou com
a ajuda de softwares específicos para essa área. Alguns orçamentistas preferem até
mesmo elaborar os seus orçamentos a mão, com a ajuda de lápis, papel e calculadora.
Nos orçamentos, devem estar contidas as seguintes informações:
a) nome da obra;
b) nome da empresa que elaborou o orçamento;
c) itens com suas respectivas numerações;
d) descrição dos serviços, mão de obra materiais ou equipamentos;
e) unidade dos serviços, mão de obra, materiais ou equipamentos;
f) quantidade de cada item;
g) preço unitário de cada item;
h) preço total de cada item;
i) preço total do conjunto de itens envolvidos em uma etapa;
j) valor global da obra.
A partir dessas informações, são elaborados os orçamentos do projeto, que
podem ser apresentados de acordo com a Tabela 6:
PROJETO FINAL
82

Obra: Casa bonita


Construtora: Soluções Rápidas
ORÇAMENTO
PREÇO VALOR
ITEM DESCRIÇÃO UNIDADE QUANTIDADE UNITÁRIO TOTAL
1 Fundação
1.1 Escavação Manual m3 15,00 50,00 750,00
1.2 Aço CA 50 kg 500,00 3,50 1.750,00
3
1.3 Concreto FCK = 25 Mpa m 10,00 300,00 3.000,00
1.4 Execução de Estaca m 300,00 200,00 60.000,00
Total da Fundação 65.500,00
2 Estrutura dos pilares
2.1 Forma Comum de madeira m2 50,00 50,00 2.500,00
2.2 Aço CA 50 kg 3.000,00 3,50 10.500,00
3
2.3 Concreto FCK = 30 Mpa m 25,00 350,00 8.750,00
Total da Estrutura do Pilar 21.750,00
Tabela 6 - Demonstração do orçamento
Fonte: SENAI, 2013.

Podemos elaborar orçamentos que se encaixam nas seguintes classificações:


a) orçamento por estimativas: quando os orçamentos são feitos previamente
em curtos períodos de tempo, sem dados técnicos ou informações aprofun-
dadas. Apenas para termos uma base do valor a ser desembolsado inicial-
mente com o projeto. A margem de erros nesses orçamentos pode chegar a
valores elevados, por volta de 40%;
b) orçamento preliminar: quando os orçamentos são feitos a partir do levan-
tamento quantitativo acoplado ao preço unitário adotado para os materiais
e serviços;
c) orçamento detalhado: é parecido com o orçamento preliminar, mas possui
muito mais detalhes e informações. São adicionados os valores cotados e
definidos para os serviços, materiais e equipamentos. Sua margem de erro
varia no máximo até 10%.
Essas são as características e classificações dos orçamentos que dão origem
aos preços de custo de um projeto. O preço de venda de um empreendimento é
obtido a partir de análises contábeis das informações sobre o mercado, e envolve
taxas, bônus, juros, informações sobre o capital, valor de marketing agregado,
entre outros elementos dos setores contábil e financeiro.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
83

4.7 DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS TÉCNICOS DE AVALIAÇÃO DO PROTÓTIPO,


PRODUTO OU SISTEMATIZAÇÃO DE RESULTADOS

Chegamos a um ponto crucial no livro de planejamento: o atendimento das


necessidades do cliente com qualidade. Nessa etapa do planejamento, definimos
os critérios para avaliar o projeto a ser desenvolvido e sistematizar resultados a
fim de se obter o máximo de qualidade possível.
E como faremos para atingir esses critérios de qualidade? É fácil, devemos defi-
ni-los aqui na etapa do planejamento do projeto, elaborando formas de controlar
o que já definimos no planejamento, pois o controle sobre o que é produzido é
muito importante para alcançarmos nossos objetivos.

Figura 49 - Qualidade!
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Uma forma de obtenção da qualidade na construção é a elaboração de “Pro-


cedimentos ou Padrões Operacionais (PO’s)”. Estes materiais são desenvolvidos
de forma a descrever como os processos construtivos devem ser executados,
englobando os materiais, mão de obra e equipamentos (inclusive EPI’s) a serem
utilizados em cada atividade do projeto, assim como define cada norma e especi-
ficações técnicas envolvidas nesses processos.
Outra forma é a utilização de métodos que façam a avaliação dos serviços
executados, delimitando os padrões de aceitação de cada atividade finalizada. A
avaliação pode ser denominada de “Avaliação da Qualidade de Execução (AQE)”
e engloba os critérios de recebimento de materiais e serviços, assim como as tole-
râncias máximas para cada serviço executado.
As avaliações podem estar vinculadas aos PO’s e também podem ser denomi-
nadas de “Fichas de Verificação de Serviços (FVS’s)”, nas quais podemos acompa-
nhar o desempenho dos executores para cada atividade desenvolvida no projeto.
PROJETO FINAL
84

Esses itens podem fazer parte de um Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ),


que é delimitado por Manuais que englobam as FVS’s, os PO’s e as AQE’s. Cada
empresa pode escolher o seu SGQ de acordo com sua missão, objetivos e valores.
Mas o que seria missão, visão e valores de uma empresa?
Missão é a definição do papel da empresa perante o mundo. É um propósito
perante o mundo que a organização deseja alcançar.
Visão é o que a empresa deseja alcançar no futuro, a longo ou curto prazo. Ou
seja, são os objetivos que a empresa almeja alcançar.
Valores são costumes, normas de conduta e princípios que gerem as relações
na empresa. Aqui se destacam as questões de saúde, qualidade, sociedade e meio
ambiente.
Tudo isso está ligado aos resultados que desejamos obter e à rapidez que que-
remos alcançar. Tais itens também funcionam como uma forma de controle do
processo construtivo.
Vamos abordar sobre cada um desses itens separadamente para entender a
sua atuação e importância na obtenção da qualidade de um projeto:
a) procedimento operacional (PO): independentemente da empresa que o
elabore, os PO’s devem conter as seguintes informações:
−−materiais envolvidos;
−−equipamentos necessários;
−−especificações e normas técnicas regulamentadoras do serviço;
−−profissionais englobados no processo e ou recomendações a serem se-
guidas.
São também encontrados nos PO’s os pré-requisitos a serem cumpridos para
início de cada atividade, como por exemplo, quais as atividades que devem ser
realizadas anteriormente àquele serviço tratado no PO. A seguir, você pode con-
templar um exemplo de Procedimento Operacional.
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
85

PROCEDIMENTO OPERACIONAL - POP


Nº PADRÃO REVISÃO Nº DATA REVISÃO DATA ELABORADA APROVAÇÃO
ÁREA: PROCESSO:
TAREFA:
QUEM: QUANDO:
ONDE:
ATIVIDADES (COMO)
1.
2.
3.

RESULTADOS ESPERADOS:

EM CASO DE ANORMALIDADE (O QUE FAZER)

Tabela 7 - Modelo de PO
Fonte: SENAI, 2013.

b) fichas de verificação de serviço: são elaboradas a fim de observar a forma


como os serviços são executados. Nelas podemos encontrar informações do
executor, desempenho da atividade, se a mesma está em conformidade ou
não com os padrões da empresa.
Logo, a FVS está acoplada a um bom desempenho do PO e serve como forma
de avaliar se ele foi bem executado, de acordo com os padrões pré-definidos pela
empresa. A seguir, você pode contemplar um exemplo de FVS.

OBRA: PROCESSO:
QUANTIDADE VERIFICADA: INÍCIO: TÉRMINO:
MESTRE: ENCARREGADO: EQUIPE:

CONDIÇÕES PARA O INÍCIO DA APROVAÇÃO OBSERVAÇÕES E AÇÕES


EXECUÇÃO DO SERVIÇO SIM NÃO

1-
2-
3-
4-
5-

CONDIÇÕES PARA O INÍCIO DA APROVADO (A) OU REJEITADO (R) OBSERVAÇÕES


EXECUÇÃO DO SERVIÇO VERIFICAÇÃO E AÇÕES
1 2 3 4

1-

2-

3-

4-

5-

Tabela 8 - Modelo de FVS


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO FINAL
86

c) sistema de gestão de qualidade (SGQ): os Sistemas de gestão de qualidade


são elaborados ou adotados a partir das características da empresa e resul-
tados que ela objetiva alcançar, por isso estão vinculados a elementos como
Missão, Visão e Valores da organização.
A ISO, que vem do inglês e significa Organização Internacional para Padroni-
zação, é uma grande organização não governamental que desenvolve e divulga
padrões pelo mundo e define diretrizes, fundamentos e requisitos para os SGQ’s.
Os princípios que regem o SGQ são os seguintes:
−−foco nas necessidades e satisfação do cliente;
−−organização e liderança;
−−envolvimento entre as pessoas da organização;
−−melhoria contínua;
−−progresso da empresa;
−−obtenção de benefícios;
−−evitar propagação de erros;
−−qualidade nos processos.
A adoção desses princípios tem como objetivo obter os seguintes resultados
dentro de uma organização:
a) aumento da satisfação dos clientes;
b) ganho da confiança do cliente;
c) aumento da produtividade na execução;
d) redução de custos na execução;
e) aumento da motivação dos funcionários;
f) transferência de conhecimento entre os funcionários da empresa
Para alcançar os objetivos, foram desenvolvidas as seguintes estratégias:
a) PDCA: essa sigla vem do inglês e cada uma dessas letras é a representação
de uma palavra. É uma das principais ferramentas de auxílio ao SGQ.
−−P (Plan): refere-se a planejar as etapas construtivas envolvidas no pro-
jeto construtivo;
−−D (Do): refere-se a fazer ou executar cada etapa construtiva posterior-
mente ao seu planejamento;
−−C (Check): refere-se a checar tudo aquilo que foi executado, observando
se está de acordo com o planejado previamente;
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
87

−−A (Act): refere-se a agir corretivamente caso um erro tenha sido obser-
vado na checagem da execução.
Se você observar, poderá utilizar os PO’s para se planejar e as FVS’s para che-
car. A partir desses dois itens, as demais etapas podem ocorrer fluidamente. Você
irá checar o cumprimento dos PO’s com as FVS’s que lhe darão parâmetros para
agir corretivamente frente as falhas encontradas na etapa de execução.
Portanto, cada uma dessas etapas se complementam e formam um ciclo in-
terminável, que busca a realização de atividades com o menor índice de erros
possíveis, que são consertados ao longo do ciclo de Planejamento, Execução,
Checagem e Ações corretivas.

A D

C
Figura 50 - Sistema do PDCA
Fonte: SENAI, 2013.

b) seis sigma: sigma é uma letra grega muito utilizada em análises e estatística
e significa desvio padrão. Seis Sigma é uma estratégia que visa reduzir variações
nos processos, evitando dessa forma a propagação de falhas nos produtos e/ou
serviços fornecidos aos clientes.
Como é uma estratégia complexa, exige bastante envolvimento dos funcioná-
rios. É indispensável que inicialmente a diretoria gaste dinheiro com treinamen-
tos para agregar conhecimento a todos, para finalmente obter retorno do merca-
do através do processo de melhoramento contínuo propagado pela estratégia,
que reduz custos e falhas no produto final desenvolvido.
O Seis Sigma trabalha com ações, a fim de atingir os objetivos de aumento de
lucros, melhoria contínua nos erros e aumento de qualidade nos processos, pro-
dutos e serviços prestados ao cliente, que também são o foco dessa estratégia.
Veja essas ações:
−−definir os problemas e objetivos;
−−medir as possibilidades;
PROJETO FINAL
88

−− analisar as variáveis;
−−controlar os processos envolvidos;
−−melhorar a fim de evitar as falhas.

Definir Medir

6σ Analisar

Melhorar Controlar

Figura 51 - Seis sigma


Fonte: SENAI, 2013.

c) sistema 5 S’s: tem essa denominação, pois se baseia em 5 palavras japonesas


que começam com a letra S.
−−Seiri (utilização): cabe aqui a separação entre o que é necessário e o que
é desnecessário. Dessa forma, você consegue eliminar o que é inútil em
um escritório ou obra e ganha mais espaço, dando uma sensação de
conforto no local de trabalho;
−−Seiton (ordenação): nesse ponto, entra o senso de organização, o qual as
pessoas devem organizar o local de trabalho a fim de tornar mais fácil o
processo de encontrar e visualizar algo que venhamos a procurar. É mais
uma forma de obtermos sensação de conforto nos escritórios e obras;
−−Seiso (limpeza): sim, esse processo é muito simples! Basta limpar aquilo
que sujamos no ambiente de trabalho e programar limpezas periódicas
das salas e até mesmo pavimentos da edificação à medida que for termi-
nando os serviços no local;
−−Seiketsu (higienização): aqui entram as formas de deixar o ambien-
te sempre saudável a fim de evitar propagação de germes e doenças.
Também é importante a higienização própria antes de ir ao trabalho.
Simples ações como manter as unhas cortadas, lavar as mãos em certos
momentos e tomar banho antes de ir ao trabalho, fazem parte desse
processo dos 5 S’s;
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
89

O processo de higienização é muito importante no dia a


FIQUE dia, pois a proliferação de germes e bactérias é evitada.
ALERTA Lavar as mãos após pegar em dinheiro é um ato simples,
que pode evitar infecções como conjuntivite e micose.

−−Shitsuke (autodisciplina): refere-se ao cumprimento e manutenção das


ações anteriores. Cabe o incentivo a manter o ambiente organizado e
limpo.

Senso de Senso de
Autodisciplina Utilização

5 S’s
Senso de Senso de
Higiene Ordenação

Senso de
Limpeza
Figura 52 - 5 S’s
Fonte: SENAI, 2013.

Essa técnica busca a redução de acidentes no ambiente de trabalho a partir da


eliminação do acúmulo de materiais, propagação de saúde e qualidade de vida,
assim como sensação de bem estar para motivação dos funcionários.
A partir dessa estratégia, também podem ser alcançados benefícios como re-
dução de despesas a partir do reaproveitamento de materiais e equipamentos
que gera obtenção de lucros. Há ainda o aumento expressivo da produção, pois a
perda de tempo procurando materiais ou equipamentos é evitada.
Essas três técnicas de SGQ permitem que os protótipos de projetos apresentem
menor índice de falhas, o que está diretamente vinculado a um maior nível de qua-
lidade dos serviços e produtos apresentados. Os clientes são tratados bem pelos
funcionários da empresa e se sentem mais seguros com o projeto desenvolvido.
PROJETO FINAL
90

28CONVERGE: Pronto! Agora você já conhece as estratégias que podem ser utilizadas como
forma de sistematizar resultados e definir critérios a fim de se obter a qualidade
Tende a algo ou dirige-se a
algo. do produto e satisfação dos clientes na construção civil.
Essa foi a última etapa do planejamento de projeto. Podemos seguir adiante
com o Desenvolvimento que converge28 na Execução do projeto então elabora-
29CULMINAR: do. Vamos lá!

Significa atingir o ponto


mais elevado. Nesse caso,
o ponto mais elevado é a
satisfação do cliente.

Figura 53 - Objetivos alcançados. Siga em frente!


Fonte: SENAI, 2013.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você aumentou os seus conhecimentos sobre planejamen-


to de projeto. Passamos por uma etapa em que definimos os objetivos a
serem alcançados com o planejamento, assim como os elementos que ele
deve incluir para atender as funções e objetivos do projeto.
Em outra etapa, conhecemos como são elaborados e quais os tipos de le-
vantamentos que fazem parte da coleta de dados. Logo em seguida, apren-
demos como analisar os dados então coletados na etapa anterior, a fim de
determinar a viabilidade do projeto.
Outro item abordado foi a elaboração de cronogramas de desenvolvimen-
to, que dão apoio ao planejamento. Vimos os tipos de cronogramas que
podem ser elaborados e as informações que eles devem passar.
Adquirimos conhecimento sobre como prever recursos na área de planeja-
mento de projeto e a importância dessa atividade para elaboração de um
4 PLANEJAMENTO DO PROJETO
91

empreendimento. Vimos como determinar os custos de um projeto a partir


da elaboração de levantamentos quantitativos e orçamentos.
Para finalizar o conteúdo, abordamos sobre os métodos existentes para sis-
tematização de resultados e para atingir a qualidade do protótipo, culmi-
nando29 na satisfação do cliente.
Desenvolvimento do projeto

Você já ouviu falar em desenvolvimento de projeto? Eis aqui uma tarefa importantíssima e
imprescindível para nós da área da construção civil, que, aliás, será o foco deste capítulo.
Desenvolvimento de projeto é, como se diz no popular, ‘colocar a mão na massa’. Depois
de finalizados os estudos preliminares em termos de coleta de materiais e informações legais
e ambientais da área sobre a qual se intenta erguer uma edificação, feitos os ensaios e análises
necessárias em cada caso, colhidas as análises de resultados, executado estudo de viabilidade
técnica e econômica do projeto e passadas as etapas de concepção do projeto, é hora de tratar
de seu pleno desenvolvimento.

Figura 54 - Desenvolvimento de projetos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Algumas questões são bastante variáveis em se tratando do desenvolvimento dos projetos.


Algumas delas até já comentamos anteriormente como prazos e preço, mas há outras:
a) tipo e porte da obra;
b) público-alvo1;
c) aplicabilidade do projeto;
d) equipe disponível.
PROJETO FINAL
94

1PÚBLICO-ALVO: No que diz respeito ao tipo e porte da obra, as interferências relativas ao desen-
volvimento do projeto são bastante contundentes2. Você há de convir comigo que
A quem algo se destina.
obras como um edifício de 25 andares tem seu projeto um tanto diferente que o de
uma obra de um conjunto habitacional com três pavimentos de altura, certo?
Essas variações tendem a ser maiores ainda quando comparamos os projetos
2CONTUNDENTES:
de obras residenciais com os de outras modalidades: comerciais, portuárias, ro-
Fortes, decisivas. doviárias, etc.

3MARKETING:

Propaganda, divulgação.

4BENESSES:

Vantagens.

Figura 55 - Residencial x rodoviária


Fonte: SENAI, 2013.

O público-alvo também é fator de forte influência nos projetos como um todo,


inclusive em seu desenvolvimento. Todos os produtos e projetos gerarão produ-
tos, (ou ao menos deveriam ser) pensados para garantir a satisfação de um deter-
minado público-alvo. Quando perdemos o foco de para quem, ou melhor, para
qual grupo de pessoas se destinará o produto ou serviço que intentamos tornar
real, fatalmente isto estará fadado ao fracasso.
Não é à toa que brinquedos atraem tantas crianças e automóveis atraem jo-
vens e adultos, não é mesmo? Você pensou a respeito disso? Não só o produto
deverá ser concebido para atingir determinado público, mas toda a estrutura de
marketing3 a respeito do produto deverá cativar esse grupo seleto de pessoas
(clientes em potencial).
O cliente a quem se destinará o nosso produto ou serviço deverá ter todas as
suas expectativas garantidas de forma satisfatória, pois, do contrário, sua insa-
tisfação poderá gerar uma recusa imediata na aceitação do produto, o que im-
plicará numa perda significativa dos rendimentos financeiros esperados por nós.
Há casos também em que a recusa não é imediata, pois, muitas vezes, mesmo
insatisfeito, o cliente acaba aceitando o produto, porém a propaganda negativa
que este fará, quase sempre prejudica a empresa ou profissional diretamente en-
volvido e o objetivo de sua expansão de mercado (angariar novos clientes).
5 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
95

5.1 ALOCAÇÃO DE RECURSOS PARA EXECUÇÃO

Você já percebeu que as coisas, normalmente, não se fazem sozinhas? Já per-


cebeu que para que as coisas (objetos, festas, sinalização de trânsito, estradas de
ferro, remédios, etc.) realmente existam é necessário que alguém as faça? Assim
também são os projetos.
Se pensarmos um pouco a respeito, veremos que para que tornemos as coisas
reais é necessário direta ou indiretamente a participação humana no contexto.
Para que as coisas aconteçam, é preciso que nos mexamos. Tem sido assim desde
há muito; sempre precisamos fabricar as coisas das quais necessitamos em nossas
atividades diárias.
Seja em utensílios domésticos, seja em trens modernos e velozes de transpor-
te em massa (Figura 56), sempre a mão de obra humana (recursos humanos) esta-
rá de alguma forma envolvida no processo. Por mais que as máquinas modernas
estejam a cada ano, desde a Revolução Industrial, ganhando força, nada ainda
substituiu por completo o recurso humano nos meios de produção.

Figura 56 - Trem moderno


Fonte: SENAI, 2013.

Há diversos agentes ativos nesta relação (contratante e demais profissionais


de projeto e consultoria), o que a torna bastante complexa. Veja que isso nos
coloca em evidência a questão da pluralidade que existem nos projetos dadas
as diferenciações de perfil das pessoas nele envolvidas. De fato, há muita gente
envolvida no processo de concepção e, principalmente, desenvolvimento dos
projetos; fato que quando bem trabalhado pode trazer muitas benesses4, em con-
trapartida, se não for bem desempenhado poderá trazer grandes prejuízos.
PROJETO FINAL
96

5APETÊNCIAS: Tomemos como exemplo a alocação de recursos em um projeto executivo


de um pequeno edifício residencial de 3 andares (um para cada família) com um
Afinidade.
pavimento-tipo com 68 m², divididos em dois quartos, banheiro, sala, cozinha e
área de serviço, e equipado com uma pequena área de lazer contendo piscina,
pergolado e parque infantil.
De antemão, já podemos concluir algumas coisas sobre o projeto executivo
da edificação em questão, não é mesmo? Sabemos que a construção almeja-
da abrigará três famílias (uma para cada pavimento seu) e que por se tratar de
uma edificação residencial deverá conter os elementos essenciais de instalações
hidrossanitárias e elétrica além, é claro, dos projetos estrutural e arquitetônico e
de outros projetos complementares.
Podemos então elencar as especialidades referentes ao projeto executivo,
como uma espécie de compilação dos projetos definitivos de todas as especiali-
dades necessárias à construção da edificação, sendo as seguintes:
a) projeto arquitetônico;
b) projeto estrutural;
c) projeto de instalações hidrossanitárias;
d) projeto de instalações elétricas;
e) projeto complementares (área de lazer).
Naturalmente, para cada uma das especialidades elencadas há um tipo de
profissional indicado para o desenvolvimento de seu projeto. No caso do projeto
arquitetônico, não há dúvidas que o profissional mais indicado é o arquiteto; para
o projeto estrutural, o mais aconselhado é um engenheiro civil, de preferência
com estudos na área de cálculo estrutural; para os projetos de instalações (hidros-
sanitárias e elétricas), poderemos ter arquitetos ou engenheiros civis desde que
possuam experiência e/ou estudos nesta área.
Para os projetos complementares, o arquiteto seria o profissional mais in-
dicado para fazê-los. Claro que em todos esses projetos os profissionais pro-
jetistas poderão contar com a valiosa assistência de técnicos em edificações e
técnicos desenhistas.

O livro Gestão do Processo de Projeto de Edificações, de


SAIBA autoria de Maria Angelica Covelo Silva e Roberto de Souza,
publicado pela editora O Nome da Rosa, em 2003, traz diver-
MAIS sos aspectos conceituais no tocante ao desenvolvimento dos
projetos. Recomendamos fortemente sua leitura!
5 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
97

Por vezes, dada a brevidade com que se quer o projeto (prazo) e a disponibili-
dade financeira para tal (custo), haverá a necessidade de mais de um profissional
projetista envolvido. Isso deverá ser decidido pelo coordenador de projetos, figu-
ra que já conhecemos bem.
Nestes casos, o projeto que mais costuma consumir recursos humanos é o da
especialidade arquitetônica. Isso é fácil de entender, pois por ser o projeto principal
de uma edificação, é natural que se tenha muito trabalho intelectual envolvido.
É no projeto arquitetônico que se define as divisões internas dos cômodos
e elementos como fachadas, revestimentos, pisos, forros, etc. Há plantas baixas,
cortes e detalhamentos que normalmente demandam mais de uma pessoa a fa-
zê-lo. Bem verdade que nosso exemplo é bastante modesto em termos de suas
dimensões geométricas, mas se passarmos a um edifício de múltiplos andares, o
projeto arquitetônico ficaria bem mais complexo.
O coordenador de projetos deverá subdividir as tarefas de execução do pro-
jeto segundo as apetências5 e habilidades de cada um. Claro que isso perpassa
também pela formação de cada profissional, como descrevemos em alguns pará-
grafos. Caberá ao coordenador de projetos o discernimento e bom senso na hora
de alocar a equipe diante das demandas existentes (Figura 57).

EQUIPE

DEMANDA PROJETOS

Figura 57 - Demanda - Equipe - Projetos


Fonte: SENAI, 2013.

No caso, por exemplo, de um único escritório de projetos ficar responsável pela


elaboração de todos os projetos desta edificação, um edifício residencial de três
andares, a análise de prioridade para desenvolvimento das especialidades pode
variar segundo aspectos como prazo e custo, mas, de maneira geral, a ordem de
desenvolvimento será:
a) projeto arquitetônico;
b) projeto estrutural;
c) projeto de instalações (elétricas, hidrossanitárias);
d) projetos complementares.
PROJETO FINAL
98

6ALUDIRMOS: Na realidade, os projetos complementares até poderiam começar logo depois


ou até em concomitância com o projeto arquitetônico, pois tratam em certos
Associar, fazer referência a
algo. pontos da mesma matéria.
Além dos recursos humanos envolvidos, claro que há os recursos materiais.
Anteriormente, se utilizava réguas paralelas, réguas T, esquadros, transferidores,
escalímetros, compassos, lapiseiras de grafite e canetas de nanquim de diversos
diâmetros, etc., típicos de uma época não muito distante onde os projetistas, so-
bretudo os arquitetos, faziam os projetos, como se diz popularmente, “na mão”.

Figura 58 - Recursos materiais de projetos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Ao longo dos anos, as inovações tecnológicas têm mudado consideravelmen-


te os equipamentos e materiais necessários ao desenvolvimento dos projetos.
Hoje, no Brasil, raríssimos escritórios ainda utilizam os recursos descritos no pará-
grafo anterior. Há algumas décadas a informática nos “atingiu em cheio” trazendo
diversas melhorias em termos de precisão de cálculo e rapidez de entrega dos
projetos de edificações.
Hoje em dia utilizam-se computadores e programas avançados (softwares) de
modelagem em duas e até em três dimensões para o desenvolvimento dos proje-
tos. Essas tecnologias só têm crescido em número de adeptos e as vantagens que
trazem para o desenvolvimento de projetos são enormes.
Caberá ao escritório de projetos, nas figuras dos diretores e coordenadores, defi-
nir quais serão os recursos materiais a serem utilizados durante o desenvolvimento
dos projetos: equipamentos manuais ou digitais; assim como caberá decidir sobre
o número de profissionais projetistas envolvidos no desenvolvimento de cada uma
das especialidades necessárias ao tipo de edificação que se deseja construir.
5 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
99

5.2 EXECUÇÃO

Depois de finalizada a concepção do projeto, os estudos de viabilidade, e de


definidos os recursos materiais e humanos, é hora de pensarmos em seu desen-
volvimento propriamente dito, ou seja, sua execução. É comum, dentro do uni-
verso da construção civil, aludirmos6 a palavra ‘execução’ às atividades dentro do
canteiro de obra, mas a verdade é que há um trabalho duro de execução envol-
vendo diversos profissionais na etapa de projetos.
Não se pode jamais desprezar o trabalho de execução dos projetos, até porque
é deles que surgirá uma edificação bem feita, não é verdade? Diversos professo-
res e autores da área concordam que grande parte do sucesso de uma obra civil
dependerá do quão bem forem executados seus projetos.
Ainda há, em nosso país, certa linha de pensamento que incute em nossas
cabeças que as etapas de projeto e seus respectivos profissionais são tidos como
de segundo plano. Isso em algumas empresas prejudica o andamento dos proje-
tos, porque se costuma atribuir prazos e custos muito baixos para os projetos. A
verdade é que o projeto é tão importante quanto a execução da obra e isso inclui
seus respectivos profissionais.

Figura 59 - Projeto e a obra


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Trabalharemos, isoladamente, os aspectos da execução de cada uma


das especialidades do exemplo do edifício residencial de três pavimentos
que tomamos por base.

a) Projeto arquitetônico
Conforme já dissemos, o projeto arquitetônico é o principal projeto de uma
edificação. É nele que poderemos visualizar a edificação conforme esta deverá
ser construída. Quartos, sala, cozinha, banheiros, área de serviço, etc., tudo deve
estar devidamente claro e definido no projeto arquitetônico. Vale ressaltar que
PROJETO FINAL
100

quaisquer outros projetos se basearão no projeto arquitetônico, o que torna sua


importância para a edificação ainda maior.
Não apenas as dimensões, mas também todo tipo de revestimento, fachadas,
louças, e demais detalhes, deverão ser identificados nos traçados do projeto ar-
quitetônico. De fato, é um trabalho árduo desenvolver essas tarefas.
De início, deve-se estar atento a alguns aspectos importantes para a execução
do projeto de arquitetura, como:
−−as dimensões do terreno sobre o qual se deseja construir a edificação;
−−a posição da rua para a qual se deseja mirar a fachada da construção;
−−a finalidade da construção (se residencial, se comercial) e o público-alvo
a quem se destinará;
−−a posição do sol em relação à edificação.
As dimensões do terreno terão implicações óbvias sobre o projeto arquitetôni-
co, afinal não se pode construir uma edificação com dimensões de largura e com-
primento maiores que o terreno que a abrigará, não é mesmo? Há de se atentar
ainda para o recuo da calçada prevista na lei para cada município.
A posição da rua é necessária, pois, via de regra, colocamos a fachada da edifi-
cação mirando a rua. Por vezes, acontece de ser um terreno de esquina (Figura 60),
que obedece ao contorno de duas ruas concorrentes. Nestes casos, caberá ao pro-
jetista escolher a melhor das ruas para mirar a fachada da edificação ou ainda ava-
liar a possibilidade de fazer duas fachadas principais, uma para cada uma das ruas.

Figura 60 - Terreno de esquina


Fonte: SENAI, 2013.
5 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
101

A finalidade da construção também tem razões óbvias. Você já reparou o quão


diferentes são os modelos arquitetônicos de sua casa e de um supermercado, ou
de uma loja de roupas? Pois é, a finalidade da edificação impacta decisivamente
no desenvolvimento do projeto arquitetônico.
O público-alvo também é fator de interferência na concepção arquitetônica.
Afinal de contas, desenvolver um projeto de residência para o perfil de uma pes-
soa solteira é diferente de um para o perfil de uma família composta por um casal
com dois filhos e um cachorro, concorda?
Por último, mas não menos importante, temos a questão do posicionamento
do sol em relação ao terreno. Talvez de início não seja tão claro o entendimento
dessa questão, mas logo você verá sua importância.
Desde há muito que a questão do conforto térmico nas edificações é objeto
de estudo de diversos profissionais (engenheiros, arquitetos e técnicos) ligados à
construção civil. A ideia deve ser sempre a de tornar as edificações lugares segu-
ros e confortáveis no que diz respeito a calor/frio.
Como somos um país com dimensões continentais (grande parte dos países da
Europa caberiam juntos numa área territorial como a nossa), é natural que também
tenhamos uma gama de climas de norte a sul do país. Nas cidades do norte e nor-
deste, por conta da proximidade geográfica com a linha do Equador, as tempera-
turas são altas, revelando uma elevada média anual de temperatura, mas à medida
que descemos geograficamente descobrimos que há cidades no sul e sudeste do
Brasil que têm temperaturas semelhantes às de alguns países da Europa!
Aí o aluno pode se perguntar: “o que isso tem a ver com o projeto arquitetônico
de uma edificação?” Tudo. Costuma-se prever os cômodos como quartos e salas,
chamados respectivamente de área íntima e área social da residência, voltados para
o lado onde é mais confortável termicamente. Nas cidades do nordeste, este lado
é voltado para o nascente, onde a intensidade do sol é mais fraca durante o dia; já
nas cidades do extremo sul do país é o contrário, porque lá faz frio naturalmente.
b) Projeto estrutural
De posse dos encaminhamentos dados pelo projeto arquitetônico, os proje-
tistas irão desenvolver o projeto estrutural, que consiste basicamente em verifi-
car se a edificação proposta no projeto arquitetônico é exequível, ou seja, pode
existir fisicamente. Diversos cálculos de dimensionamento de estrutura são feitos
para determinar a geometria e posicionamento adequado dos elementos estru-
turais (lajes, vigas, pilares, escadas).
Vale ressaltar que na grande maioria das situações, tais elementos estruturais
também são munidos de elementos em aço em seu interior: as chamadas armadu-
ras. Essas armaduras (normalmente barras, fios e telas) são, junto com o concreto,
responsáveis pela manutenção da estabilidade das edificações que sustentam.
PROJETO FINAL
102

7PECULIARIDADES:

Especificidades,
característica específicas.

Figura 61 - Planta de pilares e vigas


Fonte: SENAI, 2013.

Na planta da Figura 61, podemos visualizar a localização exata e as dimen-


sões geométricas de dois dos elementos estruturais mais comuns: pilares e vigas.
Perceba que tais elementos provenientes do projeto estrutural só puderam ser
pensados depois de já ter sido concebido o projeto arquitetônico da edificação.
5 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
103

c) Projeto de instalações (elétricas e hidrossanitárias)


Depois de concebido o projeto arquitetônico e efetuado os dimensionamen-
tos dos elementos estruturais (projeto estrutural), deve-se passar para os projetos
de instalações.
Claro que há peculiaridades7 em cada umas das especialidades (elétricas e hi-
drossanitárias), pois, uma lida com energia elétrica e sua transmissão ao longo da
edificação e a outra com o encaminhamento de água potável e esgoto dentro da
mesma, mas ambas têm em comum a característica de utilizar os elementos arqui-
tetônicos, como as alvenarias de vedação e estruturais, como as lajes maciças de
concreto armado, como verdadeiros “esconderijos” para suas tubulações e encami-
nhamentos. Esses dois tipos de projeto têm seus principais elementos embutidos
em paredes ou mesmo em lajes, de forma que só os pontos úteis como os pontos
de torneiras, pias e tomadas nos serão visíveis quando a obra estiver completa.
Devemos ficar atentos às possíveis interferências que costumam acontecer
entre os projetos de instalações e estrutural, ou mesmo arquitetônico. Todos eles
devem ser pensados com vistas à compatibilidade plena entre os diversos siste-
mas construtivos envolvidos na edificação.

Em casos de interferências entre os encaminhamentos


FIQUE de tubulações de projetos de instalações em relação aos
elementos estruturais que manterão estática a construção,
ALERTA caso não haja alternativa, deve-se prescindir dos elemen-
tos de instalações em prol da estrutura.

Figura 62 - Esquema isométrico de instalações hidráulicas


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO FINAL
104

8NORMATIZAÇÃO: Na Figura 62 vemos os diversos encaminhamentos (colunas, ramais, sub-ra-


mais) que interligam os pontos hidráulicos de uma edificação; partindo de um
Refere-se a estabelecer
normas para executar algo. mesmo ponto em comum: o reservatório. Veja que, invariavelmente, as tubula-
ções terão que atravessar outros elementos como paredes e lajes e o impacto
causado deverá ser nulo ou, ao menos, mínimo.
d) Projetos complementares
Os projetos complementares envolvem áreas adjacentes à edificação, como
área de lazer (piscinas, churrasqueira, quadra, etc.). Na verdade, os projetos com-
plementares são como uma união dos outros (arquitetônico, estrutural e de ins-
talações), mas em menor amplitude, abrangendo construções complementares,
como o próprio nome sugere.
A rigor, independem do ritmo de desenvolvimento dos projetos da edificação
principal e, como dissemos anteriormente, podem ter sua execução em ordem
diferente da especificada em alguns parágrafos atrás.

Figura 63 - Área de lazer (projetos complementares)


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

5.3 AVALIAÇÃO DO PROJETO

Você já se perguntou por que ao longo de nossas vidas fazemos tantos testes
e provas? Na escola primária, no secundário, no ingresso e durante a faculdade...
Até mesmo para conseguirmos emprego, às vezes, somos submetidos às provas
(teóricas, práticas, psicológicas, etc.). Isso sem falar nos empregos públicos cuja
via de acesso são os famosos concursos, que nada mais são senão uma grande
avaliação de nossos conhecimentos.
5 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
105

Somos avaliados até mesmo numa simples entrevista de


VOCÊ emprego. A maneira como nos vestimos, como falamos,
nossas atitudes e gestos em dinâmicas de grupo; tudo
SABIA? isso são formas de nos avaliar. Portanto, nem sempre as
avaliações vêm em forma de prova impressa.

Pois é, as avaliações existem (e são mesmo necessárias) para que aquilo que
aprendemos e/ou fazemos seja testado e aprovado por alguém competente.
Nem sempre esse alguém é uma única pessoa; é comum que haja um grupo de
pessoas que já passaram pelo mesmo processo que nós e cujos estudos aprofun-
dados e experiência profissional permitem que nos avaliem.
Em se tratando de projetos, a coisa não é muito diferente. Depois de execu-
tados em todas as suas especialidades, devemos proceder à sua aprovação. Isto
ocorre tanto internamente quanto externamente.
Do ponto de vista de validação (avaliação) externa, falamos com relação à apro-
vação necessária por parte da prefeitura municipal e dos órgãos competentes,
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho de Arquitetura
e Urbanismo (CAU). Vale dizer que cada prefeitura tem suas próprias diretrizes
para aprovação dos projetos, respaldados em seu Plano Diretor de Desenvolvi-
mento Urbano (PDDU) e Lei de Ocupação, Uso e Ordenamento do Solo (LOUOS).
Sempre que incoerências forem encontradas nas avaliações, o projeto deve
ser revisto pelos seus projetistas. São as chamadas revisões de projeto.
Internamente, devemos, quando projetamos algo, submetê-lo à análise para
aprovação, que fica a cargo dos coordenadores e diretores de projeto das empre-
sas para as quais trabalhamos ou prestamos serviços. Normalmente, essa análise é
feita por profissionais ligados à área de projeto e com certo tempo de experiência.
Em termos dos méritos a serem avaliados nos projetos das edificações, pode-
mos elencar:
e) atendimento às expectativas da parte contratante (cliente);
f) atendimento à normatização8 vigente tanto em termos e aspectos técnicos
como também em relação à qualidade;
g) atendimento ao prazo e ao custo previstos inicialmente.
Dentro do rol das expectativas do cliente, há questões funcionais e questões
estéticas. Para que um projeto de uma edificação obtenha êxito aos olhos do clien-
te, premissa básica para sua aprovação é atingir esses dois objetivos primordiais.
PROJETO FINAL
106

9LABORAL: As questões funcionais estão ligadas, obviamente, à funcionalidade dada à


edificação através de seus projetos. Você já imaginou se a solicitação do cliente
Relativo ao trabalho.
for para um sobrado com fins residenciais e os projetos de entregas se refiram a
um galpão para estoque de materiais químicos? Pois é, os projetos precisam ser
condizentes com a função requerida para aquela edificação.
Do ponto de vista estético, convenhamos: ninguém irá querer morar num lu-
gar esteticamente desagradável, feio, não é verdade? Os projetos devem prever
edificações que sejam funcionais e também belas. Bem verdade que o conceito
de beleza é bastante relativo entre as pessoas, mas dentro do possível as edifica-
ções devem sim ser belas.

Figura 64 - Belas edificações


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2013.

Quando os projetos são devidamente elaborados (executados), avaliados e,


quando necessário, revisados, o resultado são belas edificações que funcionam
perfeitamente para o que foram projetadas, como as edificações da Figura 64.

CASOS E RELATOS

Vanessa sempre gostou de desenhar. Desde cedo seus desenhos chama-


vam atenção e alegrava quem os olhava. Ao concluir o Ensino Médio, resol-
veu ingressar em um curso técnico em edificações.
5 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
107

As disciplinas de desenho e projeto arquitetônico sempre lhe chamaram


mais atenção que as outras e, ao final do curso, Vanessa já estava aprovada
no vestibular de Arquitetura de uma Universidade em sua cidade. Dedicou-
-se anos à sua graduação, intercalando com diversos estágios na área de
desenvolvimento de projetos.
Diversos foram os aprendizados na vida profissional da técnica em edifica-
ções e arquiteta Vanessa, mas o maior deles foi o convite, depois de 7 anos
desenvolvendo projetos, para assumir o cargo de coordenadora de proje-
tos na empresa onde trabalhava. Ela assumiu a função sem pensar duas ve-
zes e pôde sentir na pele a responsabilidade que é coordenar uma equipe
de projetistas e avaliar seus projetos.
Antes ela achava que era fácil a vida de coordenador, mas depois de viven-
ciar isso em seu dia a dia de trabalho, com certeza, mudou de opinião.

5.4 ELABORAÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA, INCLUINDO RELATÓRIO

Você já dedicou algum tempo a pensar sobre a importância da comunicação


em nossas vidas? Já perceberam como nós, humanos, somos absolutamente de-
pendentes da comunicação para a manutenção de nossa vida social? Até mesmo
os animais se comunicam entre si.
Seja falada, gestual ou escrita, a comunicação é fundamental para que possa-
mos transmitir e receber informações. Em nossa vida familiar, laboral9, social, amo-
rosa e em todos os aspectos possíveis, a comunicação é essencial para a harmonia.
Para que a comunicação seja estabelecida, é necessário que haja o emissor
(aquele que envia a mensagem), a mensagem (a informação que se quer transmi-
tir e o receptor (aquele a quem deve chegar a mensagem). Mas será que apenas
isto é suficiente para que a comunicação seja de fato estabelecida? Você já pen-
sou se o emissor mandasse sua mensagem em japonês para um receptor que só
entende a língua portuguesa?
A existência do emissor, da mensagem e do receptor não garante por si só
a comunicação. Por isso é necessário que haja determinado código, conhecido
tanto pelo emissor como pelo receptor para que a mensagem seja compreendida
(idiomas, braile, gestos, etc.). E, por último, há a necessidade de determinado canal
de comunicação, ou seja, a forma pela qual a mensagem deverá ser transmitida;
o veículo para tal (e-mail, carta, verbalmente, etc.). A Figura 65 nos mostra esse
esquema de comunicação estudado.
PROJETO FINAL
108

Emissor Mensagem Receptor

Código

Canal de comunicação
Figura 65 - Esquema de comunicação
Fonte: SENAI, 2013.

Do ponto de vista da construção civil, obviamente, a coisa não é diferente.


Temos sempre que nos comunicar com nossos colegas e superiores. Há docu-
mentos técnicos que devem acompanhar os projetos definitivos das edificações,
como memorial descritivo e especificação técnica de materiais. A linguagem fa-
lada, embora rápida e eficiente, nem sempre é recomendada para nos comunicar
de forma oficial e registrada. Portanto, é mais recomendada a linguagem escrita.
O modelo mais largamente utilizado em projetos para transmitir nossos pro-
gressos e quaisquer eventualidades que fujam do normal é o relatório técnico.
Através deste instrumento textual podemos transmitir de forma segura e eficaz as
informações técnicas que necessitamos. Um adequado relatório técnico deverá
conter: título, resumo, palavras-chave, corpo do relatório, referências (caso haja).
O título deverá ser claro, objetivo e remeter o leitor diretamente ao assunto
a ser abordado. O resumo deverá munir o leitor do sumo, do que será tratado
no decorrer do relatório. As palavras-chave são as que guardam uma estreita
relação com o conteúdo geral abordado pelo relatório; permitem em casos de
buscas rápidas que se cheque o que aborda o documento. O corpo do relatório
deverá conter de forma clara e detalhada, as informações que desejamos passar
ao receptor, que pode ser desde um colega de trabalho até o diretor da empresa
onde trabalhamos. Nele devemos pôr nosso progresso, qualquer anormalidade
encontrada ao longo do trabalho, questionamentos e as soluções tomadas a res-
peito. Por fim, devemos colocar as referências (bibliográficas, digitais, etc.) que
por ventura tenhamos nos baseado para a elaboração do relatório técnico.
5 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
109

RECAPITULANDO

Neste capítulo, aprendemos sobre o desenvolvimento de projetos. Discu-


timos as questões variáveis neste aspecto, como tipo e porte da obra, o
público-alvo, equipe disponível para os projetos, etc. Compreendemos a
importância da participação humana no desenvolvimento de projetos, em-
bora os recursos de informática nos sejam de grande valia.
Aprendemos sobre a ordem de desenvolvimento dos projetos definitivos
de uma edificação e suas devidas peculiaridades. Estudamos também sobre
a alocação dos recursos humanos e materiais na distribuição das atividades
de desenvolvimento dos projetos. Em seguida, abordamos os critérios de
avaliação dos projetos e o porquê de sua necessidade. Vimos os critérios a
serem avaliados e o perfil profissional dos responsáveis em fazê-lo.
Por fim, analisamos a importância da comunicação verbal e escrita em nos-
so dia a dia no trabalho. Conhecemos as características e partes constituin-
tes de um relatório técnico, documento essencial no trabalho em projetos.
Apresentação do projeto

No decorrer desse livro, aprendemos o que são projetos, como elaborá-los, como planejá-los
e como executá-los. Nesse capítulo, trataremos das possíveis formas de apresentar os projetos,
as técnicas de apresentação, os recursos necessários e como deve ser feita a programação para
atender as necessidades da empresa quanto a apresentação desses projetos.

Figura 66 – Apresentação
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

A apresentação (Figura 66) de um projeto é muito importante, pois é a partir da exposi-


ção, que obtemos retorno sobre algo que desenvolvemos. No caso dos projetos, é comum
que empresas façam o marketing do seu produto com propagandas bastante chamativas, que
mostrem as vantagens de se obter aquele empreendimento em fase de construção ou aquele
edifício que já está concluído.

Antes de comprar qualquer empreendimento pesquise sobre a opinião


FIQUE de pessoas que já compraram algo na mesma empresa, pois muita gente
ALERTA cria expectativas com a propaganda de um imóvel, que na realidade não
chega à metade do apresentado!
PROJETO FINAL
112

É na fase de apresentação que os próprios funcionários da empresa devem


ser envolvidos no produto a ser desenvolvido com o projeto elaborado. Afinal
de contas, como vender uma ideia, se nem os funcionários estão cientes do que
estão fazendo?! Já pensou se um cliente tentar tirar dúvida com um funcionário,
e ele não souber do que a pessoa está falando?
Pois é. Nem tudo é tão simples como imaginamos. Temos que apresentar o
nosso projeto previamente aos funcionários da empresa responsável por sua
elaboração, assim como aos responsáveis pelo marketing do empreendimento,
e, por fim, devemos apresentar àqueles clientes que desejam obter o produto
apresentado. Esses são conhecidos como público alvo, pois são as pessoas que
focamos como futuros clientes em potencial.
Você já percebeu que existem muitas etapas envolvidas na apresentação do
projeto, não é mesmo?! E que para chegar à etapa de vendas de um produto,
devemos passar por diversas fases, contendo treinamento para qualificação dos
profissionais e elaboração de propagandas para conquistar o público alvo.
A partir dessas premissas, vamos nos aprofundar com os temas de apresenta-
ção do projeto.

6.1 IDENTIFICAÇÃO DOS RECURSOS NECESSÁRIOS

Os projetos devem ser constituídos e dotados de elementos e informações


suficientes para que a execução de uma obra atenda aos requisitos de qualidade,
saúde, segurança e sustentabilidade do meio em que ele está inserido.
Para apresentá-los, precisamos estar cientes desses elementos e informações,
portanto, entre os itens constituintes do projeto, conhecimento prévio em alguns
recursos para elaborar uma boa apresentação é necessário. Entre esses recursos,
vamos tratar no primeiro momento dos mais indicados para colhimento de infor-
mações precisas do projeto.

6.1.1 RECURSOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES

a) memorial descritivo: nesse material disponível em todo projeto construtivo,


encontramos importantes informações para o conhecimento total da obra.
Entre os elementos inclusos no memorial descritivo, temos itens que devem
ser do conhecimento prévio de funcionários ou clientes interessados no pro-
jeto. São eles:
−−descrição do local da obra (município, atividades econômicas da re-
gião, áreas de abrangência);
6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
113

−−condições atuais (condições do sistema de transporte, trânsito local,


estações hidrossanitárias próximas);
−−concepção da obra (justificativa, objetivos, forma de executar as etapas
da obra);
−−descrição dos materiais e equipamentos utilizados (azulejos, vidros,
louças sanitárias);
−−descrição dos processos e sistemas construtivos envolvidos.
b) plantas: as plantas fornecem informações visuais da obra, que são muito
importantes para situar o público alvo e os profissionais envolvidos com o
projeto. Entre os elementos evidenciados pelas plantas, temos os seguintes
itens:
−−arquitetura das unidades constituintes do empreendimento;
−−arquitetura da área externa do empreendimento (garagem, área de
lazer, piscinas, parques);
−−estrutura das unidades;
−−dimensões de cada cômodo das unidades;
−−dimensões do empreendimento como um todo.

Figura 67 - Plantas de um empreendimento


Fonte: SENAI, 2013.

c) informações de prazo: esse componente do projeto passa informações cru-


ciais de tempo hábil para execução da obra, principalmente para os clientes.
Sabemos que o não cumprimento dos prazos pode acarretar em multas e
PROJETO FINAL
114

1HABITE-SE: processos contra a empresa que está executando, o que gera grandes des-
pesas para o executor.
Documento, ato de
reconhecimento que As informações seguintes são muito utilizadas como parâmetro para formação
garante a conclusão da
obra e permite a entrega da ideia de prazo a ser inserida nas apresentações de projeto:
do empreendimento para o
comprador. −−período de duração da obra (cronograma físico);
−−período para retirada do habite-se1 da obra;
−−período para vistorias de entregas das unidades do empreendimento.
2RESSARCIMENTO:

É o mesmo que compensar,


indenizar ou reparar.

VOCÊ A lei obriga o ressarcimento2 dos valores pagos pelos


clientes, caso o empreendimento não tenha sido entre-
SABIA? gue no tempo discriminado em contrato?

d) informações financeiras: os conhecimentos sobre a obra que entram nesse


tópico também são muito importantes para dar as pessoas uma noção dos
materiais, serviços, equipamentos e custos envolvidos no desenvolvimento
do projeto. São importantes, pois também fornecem uma relação custo x
benefício.

Figura 68 - Relação custo x benefício


Fonte: SENAI, 2013.

Entre as informações importantes que são passadas, temos as seguintes:


6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
115

−−custo de execução do projeto (orçamento);


−−preço de venda do projeto;
−−formas de venda (preço à vista, preço a prazo, formas de parcelamen-
to).
Note como todos esses recursos reunidos dão uma ideia geral sobre o projeto
que iremos apresentar. Porém, isso não é suficiente para montarmos a nossa apre-
sentação. Você também terá que decidir sobre os recursos que utilizará para elabo-
rá-la, vamos então conhecer quais os recursos podem ser utilizados para esse fim.

6.1.2 RECURSOS MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA A APRESENTAÇÃO

Com certeza, você já participou de apresentações durante a sua formação. Se-


jam apresentações técnicas, informativas ou seminários escolares, em algum mo-
mento foram utilizados recursos que te chamaram a atenção para o que estava
sendo apresentado.
Vamos visualizar os materiais e equipamentos que podem ser utilizados na
apresentação de projetos, com o objetivo de chamar atenção do público para o
apresentador:
a) maquetes: as maquetes são grandes aliadas para apresentar projetos. Mos-
tram de forma realista e em miniatura uma parte ou o todo do que será cons-
truído. Elas devem estar o mais próxima possível da realidade. Por isso, são
colocados detalhes arquitetônicos, da área de lazer, da área verde do proje-
to, garagens, etc.
Os materiais mais utilizados para a elaboração de maquetes podem variar en-
tre madeiras, plásticos, gesso, metais, papel cartão de maquetes (mais conhecido
como papel Paraná) e Poliestireno Expandido (EPS) (mais conhecido como iso-
por). Atualmente, muitos estão produzindo maquetes eletrônicas por meio de
programas virtuais.
Veja um exemplo de maquete bem elaborada:
PROJETO FINAL
116

3PORTIFÓLIOS:

São materiais que mostram


todos os projetos já
realizados ou em execução
de uma empresa.

Figura 69 - Exemplo de maquete


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

b) slides: os slides são recursos de apoio muito utilizados no meio científico e


coorporativo. No caso de apresentação de projetos, eles são utilizados para
passar uma visão dos conceitos, funções, objetivos, entre outros elementos
envolvidos na constituição do projeto em geral.

Slides muito cheios de textos chamam a atenção dos ou-


FIQUE vintes para a informação escrita, retirando o foco de quem
está realizando a apresentação. Os slides são ferramentas
ALERTA de apoio e por isso devem possuir apenas tópicos simples
e imagens.

Recomenda-se utilizar frases resumidas em tópicos e muitas imagens nos sli-


des, pois eles não devem estar muito carregados de informações e sim de ilustra-
ções. O instrutor é quem deve passar as informações para as pessoas que estão
assistindo a apresentação e não o slide em si.

Figura 70 - Modelo de apresentação de projetos


Fonte: SENAI, 2013.
6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
117

c) croquis: croquis são recursos de apoio à apresentação de projetos, pois se


tratam de rascunhos ou esboços. Eles são mais utilizados nas áreas de modas
e eventos, mas tem grande destaque nas áreas de engenharia e arquitetura.
Esses são recursos de grande utilidade em apresentações de projetos que
ainda estão em fase de planejamento, pois esboçam ideias do que será exe-
cutado.
Os materiais que utilizamos para elaboração dos croquis são simples, variando
entre lápis, grafite e papéis diversos.
Visualize a seguir o modelo de um croqui para projeto de engenharia:

Figura 71 - Croqui de um projeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

d) propagandas: é uma das formas utilizadas para apresentações de projetos


que evidencia o produto a ser ofertado, a marca idealizada e a empresa ide-
alizadora. Quando as propagandas são direcionadas ao público, buscam in-
fluenciar na decisão ou escolha daquilo que está sendo ofertado.
As propagandas podem ser transmitidas por meio de recursos auditivos, como
o rádio, recursos virtuais, ao exemplo de e-mails ou sites, ou a partir de revistas,
outdoors, panfletos, jornais e até mesmo portfólios3.
Esse tipo de apresentação exige cautela, pois não podemos passar ao público
informações inexistentes sobre o projeto.

Algumas propagandas são abusivas e passam imagens falsas


SAIBA sobre o projeto apresentado. A partir do Código de Defesa
MAIS do Consumidor, no site do Planalto, você pode encontrar in-
formações sobre como agir perante esses abusos.
PROJETO FINAL
118

4DIRETRIZES: Depois de apresentados esses conceitos você já está ciente dos recursos ne-
cessários para preparar uma apresentação de projeto. A partir de agora, serão
São instruções para
elaboração de algo. apresentadas as técnicas de apresentação. Vamos dar mais um grande passo no
aumento do conhecimento para formação de excelentes técnicos de edificações!

5EVIDENCIAR:
6.2 TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO
É o mesmo que confirmar ou
demonstrar.
Desde pequenos, somos preparados para apresentar projetos nas escolas.
Sempre são realizados seminários ou feiras de ciências com variados temas para
que possamos desenvolver nossa capacidade de comunicação a fim de fazer
boas apresentações, em que o público fique envolvido e entenda com facilidade
a mensagem que desejamos passar.
É comum que as pessoas fiquem com um friozinho na barriga só de imaginar
em se apresentar para o público. Não seria diferente na área de projetos, pois as
expectativas são grandes, e as apresentações tem que ser bem elaboradas, cheias
de artigos dinâmicos e chamativos. Afinal, queremos ou não chamar e prender a
atenção do nosso público alvo?!

Figura 72 - Apresentação chamativa


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

É a partir da necessidade de cativar o público, que vamos iniciar o nosso ca-


pítulo de técnicas de apresentação. Iremos conhecer como são elaboradas essas
técnicas, e dar mais um passo para a conclusão do nosso curso! Precisam ser pen-
sadas as seguintes possibilidades:
a) como iniciar e desenvolver as atividades ligadas à apresentação do projeto;
b) quem será responsável pela apresentação do projeto;
c) como atingir os objetivos da apresentação do projeto;
6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
119

d) o período destinado para participação do público na apresentação do projeto.


Veja como esses itens são importantes para definirmos a metodologia de nos-
sa apresentação. Se você é bastante observador, percebeu que os dois últimos
itens nos darão diretrizes4 gerais para adotarmos o tipo de exibição perfeita. A
forma escolhida para atingir os objetivos do projeto e a participação do público
são fatores primordiais na decisão da metodologia da apresentação.
Temos que delimitar o tipo de abordagem a ser utilizada, os procedimentos
adotados, contendo os métodos, as técnicas e os instrumentos envolvidos para
então avaliá-los e divulgá-los entre os funcionários da empresa e posteriormente
com o público alvo. Nesse momento, uma boa ideia é pesquisar apresentações
que já foram realizadas para projetos semelhantes ao que se deseja mostrar.

6.2.1 ROTEIRO DE APRESENTAÇÃO DE PROJETOS

Pronto! Chegamos ao ponto principal, e, a partir dos recursos citados na etapa


anterior, iremos elaborar um roteiro de apresentação, que terá duas vertentes: uma
para explicar o projeto aos colaboradores e funcionários da empresa diretamente
ligados ao desenvolvimento, execução e venda do empreendimento e outra para
elaborar uma apresentação ou propaganda para o público alvo daquele projeto.
O roteiro pode ser originado com onze perguntas básicas, que irão dar suporte
a nossa apresentação. As perguntas são assim discriminadas:
a) o que será apresentado?
−−nome do projeto;
−−empresas responsáveis pelo projeto e suas logomarcas;
−−equipe técnica responsável pelo projeto e suas logomarcas;
−−local e data do projeto.
b) qual o contexto da elaboração do projeto?
−−histórico do projeto;
−−motivos da criação do projeto;
−−idealização de onde, como, quando e porque surgiu aquele projeto.
c) quais as empresas e marcas envolvidas no projeto?
−−destacar as logomarcas e nomes das instituições, empresas ou até
mesmo organizações envolvidas na elaboração e desenvolvimento do
projeto;
−−evidenciar5 consórcios ou parcerias para o desenvolvimento do pro-
jeto.
PROJETO FINAL
120

6ORGANOGRAMAS: d) quem são as pessoas diretamente responsáveis pela elaboração e execução


do projeto?
São gráficos que mostram
a hierarquia existente nas −−apontar a equipe que elaborou o projeto;
empresas.
−−indicar a equipe que irá acompanhar o desenvolvimento do projeto;
−−identificar gerentes e coordenadores com nomes e/ou fotos, se possí-
7ESTIPULADO: vel em organogramas6 (Figura 73).
É o mesmo que pré-definido
ou planejado.

Diretor

Gerente de Gerente de
Planejamento Execução

Equipe de Equipe de Equipe de


Treinamento Planejamento Execução

Figura 73 - Organograma
Fonte: SENAI, 2013.

Para conhecer mais sobre organogramas, pesquise a palavra


SAIBA na internet e acesse os sites do governo ou de grandes em-
MAIS presas privadas. Note como cada um mostra o funcionamen-
to da hierarquia na organização.

e) quais os objetivos gerais a serem atingidos?


−−apontar a grande razão/motivo de o projeto ser criado;
−−o objetivo que cabe é o aguardado a longo prazo;
−−a informação deve ser passada de forma clara e simples.
f) quais os objetivos específicos a serem atingidos?
−−apontar as razões voltadas para cada área em específico;
−−os objetivos que cabem aqui são a curto e médio prazo;
−−a informação também deve ser clara e simples.
6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
121

g) qual o custo estipulado7?


−−apontar os custos envolvidos na elaboração e execução do projeto;
−−determinar os custos para execução a partir do orçamento do projeto.
h) qual o público alvo?
−−apontar o mercado consumidor que se deseja conquistar com o pro-
jeto;
−−apontar a idade, classe social, gostos e interesses do público alvo.

Figura 74 - Público alvo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

i) quais os resultados desejados com o projeto?


−−devem ser evidenciados os resultados que são desejados com o pro-
jeto;
−−deve ser demonstrada a relação custo X benefício almejada com o
projeto;
−−devem ser passadas as idealizações de qualidade, saúde, sustentabili-
dade e segurança obtidas com o projeto.

É importante incluir sustentabilidade como um dos tópi-


FIQUE cos do roteiro de apresentação de projeto, pois precisa-
mos cada vez mais de pessoas conscientes de que a pre-
ALERTA servação ambiental é um resultado almejado nos projetos
de construção.
PROJETO FINAL
122

j) qual a estratégia ou metodologia a ser utilizada?


−−determinar os meios, ações e métodos utilizados para alcançar os re-
sultados almejados;
−−definir os instrumentos a serem utilizados;
−−delimitar os profissionais e processos envolvidos.

Figura 75 - Metodologia para montagem de projeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

l) qual o prazo estipulado?


−− mostrar as datas estipuladas para cada fase da obra, desde execução
até a vistoria de entrega do empreendimento;
−−fazer cronograma evidenciando os prazos de cada etapa.
Se obtivermos as respostas para essas onze perguntas e aliarmos a isso o aces-
so aos recursos apontados no capítulo anterior, sobre identificação dos recursos
necessários para apresentação de projeto, poderemos iniciar a montagem de
nossa apresentação de projeto.

Os recursos necessários para a apresentação do projeto


VOCÊ são elaborados previamente na etapa de planejamento
dele e por isso devem estar os mais corretos possíveis,
SABIA? para evitar que informações falsas sejam passadas
adiante.

Então, caros alunos, o passo a seguir diz respeito a como organizar as informa-
ções inclusas nos memoriais, plantas, orçamentos e cronogramas a fim de obter-
6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
123

mos o nosso roteiro de apresentação. Essa parece ser uma tarefa difícil, afinal, orga-
nizar e resumir todas as informações de um projeto pode ser bastante trabalhoso.
Mas perceba que cada resposta a uma das pergunta referentes à elaboração
do roteiro já introduz a uma nova pergunta. Por exemplo, ao questionarmos o
que será apresentado, já estamos remetendo a uma introdução ou contexto para
isso, por sua vez, a introdução remete a quem está envolvido no seu contexto,
que já envolve quem será o responsável pelo que está em execução.
E não para por aí, ao definirmos as pessoas responsáveis pelo projeto, temos
que saber o que elas pretendem com ele, ou seja, seus objetivos gerais e específi-
cos, e a partir daí são geradas as perguntas: quanto custa para que esses objetivos
sejam alcançados? E quem pagará por isso? Ou seja, quem será o público alvo?
A interligação entre os tópicos continua com os resultados esperados pelos
executores e público alvo, que remete a metodologia a ser utilizada para alcançar
esses resultados e por fim chegamos a pergunta sobre o tempo estipulado para
concluir todas essas etapas da elaboração do roteiro.
Para facilitar essa visualização, vamos comparar a montagem de um roteiro
a uma teia de aranha. Visualize cada teia traçada como um item se unindo aos
demais para convergir em um único ponto em comum: o centro da teia. No nosso
caso, as teias são os itens do roteiro e o centro da teia é o nosso grande objetivo,
que nada mais, nada menos é do que a apresentação do projeto elaborado!
Viu como é fácil?! Agora visualize na imagem como estaria disposta essa teia:

1 DEFINIÇÃO
8 PÚBLICO ALVO 2 CONTEXTO

9 RESULTADOS ESPERADOS 10 ESTRATÉGIA

7 CUSTOS ENVOLVIDOS 3 EMPRESAS ENVOLVIDAS

11 PRAZO

6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 4 ORGANOGRAMA


5 OBJETIVOS GERAIS
Figura 76 - Teia do roteiro de apresentação
Fonte: SENAI, 2013.

Essa é a teia do roteiro de apresentação, ainda assim são necessários alguns


cuidados. Conheça-os a seguir.
PROJETO FINAL
124

8JARGÕES: 6.2.2 CUIDADOS ESPECIAIS PARA A APRESENTAÇÃO


São dialetos ou linguajar Demos um grande passo na montagem de uma apresentação. Aliado ao rotei-
utilizados por um grupo
específico de pessoas. ro elaborado, é necessário que sejam tomados alguns cuidados antes de iniciar
Geralmente, profissionais do
mesmo ramo. qualquer apresentação, principalmente quando há o contato direto com o públi-
co. A seguir, estão listadas algumas técnicas que podem ajudar no andamento de
boas apresentações:

9PERTINENTE: a) fique tranquilo! Controle sua ansiedade fazendo exercícios de respiração.


Inspire e expire cinco vezes para oxigenar o cérebro antes de se apresentar.
É o mesmo que pertencente,
que pertence ou faz parte Isso te deixará mais calmo perante o público;
de algo.
b) mostre que está seguro com o assunto! Estude a apresentação e treine fren-
te ao espelho quantas vezes for necessário. Isso te deixará mais preparado e
o assunto fluirá tranquilamente;
c) se posicione bem! É importante ficar em locais onde todos possam te ver e
ouvir. De forma alguma, fique de costas para a plateia;
d) gesticule moderadamente! Não faça sinais, nem gestos excessivos quando
estiver apresentando seu projeto. As pessoas devem olhar para você e não
para suas mãos o tempo todo. Também não se prenda a papéis, ou segure
canetas o tempo todo;
e) faça contato visual! Olhe para o público enquanto estiver explicando o seu
projeto, isso os deixará cativados e confortáveis;
f) cuidado com o timbre de voz! Não grite, mas também não fale muito baixo.
Seja dinâmico para chamar a atenção de quem está assistindo, se você gritar
demais acabará ficando rouco, e se falar muito baixo não conseguirá pren-
der a atenção do público;
g) evite repetir as mesmas palavras com muita frequência! Isso faz parecer que
o seu conteúdo é limitado;
h) dê ritmo a sua apresentação! Não acelere, nem seja muito lento. Os treinos
diante do espelho te darão o tempo certo diante da plateia;
i) converse com o público! Seja dinâmico contando histórias ou fábulas que te-
nham a ver com o seu projeto para tornar a apresentação divertida e manter
a atenção de todos;
j) cuidado com gírias e jargões8! Isso pode tornar a sua apresentação mal inter-
pretada. Nem todo mundo conhece as gírias do momento, assim como a sua
imagem pode ficar prejudicada frente à plateia.
Esses foram os cuidados especiais a serem tomados antes das apresentações
de projetos. Unindo os recursos necessários vistos no capítulo anterior com as
6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
125

técnicas de apresentação vistas agora, você já pode começar a fazer uma apre-
sentação de projeto bem definida.
Falta apenas conhecermos a definição da programação, para a apresentação
ser perfeita em recursos, conteúdos e tempo de duração. Siga em frente e conhe-
ça o último capítulo desse último livro para sua formação profissional.

Figura 77 - Próxima etapa. Siga em frente!


Fonte: SENAI, 2013.

6.3 DEFINIÇÃO DA PROGRAMAÇÃO

Para iniciar esse capítulo, é importante evidenciarmos o conceito da palavra pro-


gramação. Segundo o dicionário Aulete, programação é: planejamento das ativi-
dades de uma pessoa, instituição, empresa, etc. para determinado período.
Você percebeu como esse conceito está ligado às etapas anteriores do nosso
capítulo? É a partir da programação que definiremos a distribuição do tempo des-
tinada ao levantamento dos recursos e etapas da apresentação vistas no roteiro
que elaboramos. Faremos aqui um plano de trabalho para nossa apresentação.
Como não poderia deixar de ser, cronogramas são os itens mais indicados para
realizarmos a nossa programação. Nele devem ser destacadas todas as etapas
pertinentes9 a apresentação, a data de início prevista para montagem da apre-
sentação e a data final prevista para o fim da apresentação.
Veja o exemplo a seguir e entenda como pode ser feita uma programação da
apresentação de projeto:
PROJETO FINAL
126

10DATA SHOW: ETAPA JAN/14 FEV/14 MAR/14 ABR/14 MAI/14 JUN/14


Pesquisa dos Recursos
É um aparelho projetor
multimídia muito utilizado Definição dos Recursos
na projeção de slides.
Elaboração do roteiro e
treinamento
Apresentação do Projeto
Tabela 9 - Modelo de cronograma de apresentação
Fonte: SENAI, 2013.

A Tabela 9 mostra cada uma das etapas de elaboração da apresentação com o


tempo limite para execução das mesmas. Não é obrigatório que se faça desse jeito,
mas esse é um modelo muito utilizado como guia na realização da programação.
Com tudo isso alinhado, só é necessário ficar atento ao relógio e se programar
corretamente na elaboração de sua apresentação. Lembre-se que também é ne-
cessário programar o seu tempo junto ao público. Relembre os seguintes itens
importantes durante a programação de sua apresentação frente à uma plateia:
a) chegue ao local com antecedência para evitar atrasos e transtornos. Isso
pode deixá-lo nervoso e prejudicá-lo na apresentação. Além disso, fazer o
público esperar mostra falta de planejamento e desorganização;

VOCÊ O atraso em apresentações gera inquietação no públi-


co que se sente desrespeitado, o que pode passar uma
SABIA? imagem negativa dos envolvidos no projeto?

b) é necessário checar todos os equipamentos que serão utilizados na apre-


sentação com antecedência. Deve ser verificada a iluminação, funcionamen-
to de data shows10 ou projetores, microfones e caixas de som;
c) planeje o tempo disposto para cada tópico que irá apresentar. Reserve
tempos maiores para tópicos mais complexos;
d) use um cronômetro quando estiver treinando para saber se o que você ela-
borou para a apresentação está dentro do tempo proposto;
e) reserve entre cinco a dez minutos do seu tempo para ouvir o que a plateia
tem a dizer e tirar dúvidas. Isso mostra preocupação com a opinião do público.
Parabéns por concluir essa etapa!
6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
127

Figura 78 - Troféu de etapa concluída


Fonte: SENAI, 2013.

CASOS E RELATOS

Timidez não é problema!


Uma grande empresa de arquitetura está fazendo um concurso para in-
corporação de projetos inovadores, e durante a realização os candidatos
devem apresentar os seus projetos para que sejam escolhidos os melhores.
Mateus é um jovem tímido que tem um projeto de casas de vidro para ve-
raneio em locais de praia. Ele deseja participar do concurso, mas se sente
muito inseguro e desconfortável em apresentações ao público.
Para sair na frente e vencer a timidez, Mateus elaborou um cronograma
no qual previa todas as etapas da apresentação do seu projeto, desde a
fase de decisão dos recursos que utilizaria, até a fase final. Como a empresa
solicitou que as apresentações fossem feitas com slides, ele preparou o seu
material com várias figuras ilustrativas e também criou uma maquete de
plástico para mostrar como ficaria o seu projeto em miniatura.
Mateus treinou o que falaria durante semanas na frente do espelho, e no
dia fez exercícios de respiração antes de começar a falar. Por conta de todos
esses cuidados, a apresentação dele foi um sucesso e a empresa escolheu
o seu projeto. Ele ficou muito contente ao perceber que a timidez não lhe
impediu de conquistar espaço no mercado, e percebeu que a preparação
rigorosa lhe rendeu bons frutos.
PROJETO FINAL
128

Pronto! Agora você está ciente de como planejar, elaborar e executar a sua
apresentação. Você já é capaz de definir os recursos necessários e utilizar técnicas
para apresentar seu projeto.
Foi uma extensa caminhada, mas você chegou ao ponto final. Esse foi o último
capítulo do livro Projeto Final para se formar um técnico de edificações. Espero
que tenham gostado e aproveitado bastante o conteúdo!

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você aprendeu sobre apresentação de projetos. Conheceu


os recursos necessários, as técnicas de apresentação e como programar o
tempo nas apresentações de projeto.
Você viu como é importante o apoio de materiais elaborados na etapa de
planejamento, como memoriais descritivos, plantas, cronogramas e orça-
mentos para a definição dos recursos que utilizará nas apresentações. Co-
nheceu mais sobre maquetes, croquis, slides e propagandas.
Percebeu o quanto é necessário elaborar roteiros antes de apresentar pro-
jetos, ficou ciente dos cuidados que devem ser tomados antes das apresen-
tações e foi alertado das formas de administrar bem o tempo.
Esse foi o último capítulo do nosso livro de Projeto Final. Unindo os conhe-
cimentos que você obteve nos capítulos sobre o conceito, característica e
análise de projetos, com os conhecimentos que obteve nas fases de como
elaborar planejamentos e como desenvolver os projetos, você deu um
grande passo na sua formação profissional.
Agora você já tem uma visão ampla do que são os projetos e como execu-
tá-los de maneira a obter ganhos e lucros. Esteja sempre aberto a adquirir
novos conhecimentos e siga em frente!
6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
129

Anotações:
REFERÊNCIAS
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construção de edifícios – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT 2012.
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SILVA, Maria Angelica Covelo; SOUZA, Roberto de. Gestão do processo de projeto de edificações.
São Paulo: O nome da rosa. 2003.
SOUZA, Roberto de. Sistema de gestão para empresas de incorporação imobiliária. São Paulo:
O nome da Rosa, 2004.
MINICURRÍCULO DO AUTOR
CAMILA CALMON DE ASSIS
Camila Calmon de Assis é Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Salvador (UNIFACS) e
Pós-graduanda em Engenharia de Segurança do Trabalho. Desde 2008, atua com Elaboração de
Orçamentos de Obras de Estradas, Inspeção de Qualidade e realização de Planejamento e Contro-
le de Obras Residenciais. Atuou na verificação de Andamento Físico e Financeiro de obras, assim
como nas áreas de Suprimentos e Contratos. Atualmente, elabora projetos de Sustentabilidade Am-
biental para ONG’s e leciona as disciplinas de Planejamento e Controle de Produção e Qualidade,
Produtividade e Racionalização para o curso Técnico em Edificações do Serviço Nacional de Apren-
dizagem Industrial - SENAI.

ALBIN ANTON VON KIENZEL JURSA


Albin Anton Von Kienzel Jursa é graduado em Engenharia de Produção Civil pela Universidade do
Estado da Bahia (UNEB). Trabalhou com planejamento, controle e execução de obras civis de cons-
trução, reforma e ampliação como engenheiro RT em Salvador e no interior da Bahia; e, atualmente,
atua como docente, tutor e elaborador de material didático no curso Técnico em Edificações do SE-
NAI/BA, nas disciplinas do eixo articulado de Tecnologia das Construções, Materiais de Construção
Civil e Mecânica dos Solos.
ÍNDICE
A
ABNT 52
ABSCISSAS 34
AdvERSAS 36
Aferir 72
Almejar 58
Aludirmos 98
Âmbito 40
Apetências 96
Aquém 40
Assertividade 48
AVC 40
Averiguado 28
Avolumam 38
B
Benesses 94
BNDES 64
C
Check-list 30
Concomitância 22
Contundentes 94
Converge 90
Culminar 90
Curva abc 68
D
Data show 126
Despendido 18
Diretrizes 118
Dividendos 42
E
Elencar 74
Embasamento 54
Equânime 34
Esmo 24
Estipulado 120
Estouro em orçamento 48
Estrangulamento 16
Evidenciar 118
Exíguo 40
Exorbitante 40
F
Funcional 16
G
Gruas 68
H
Habite-se 114
I
Imprescindível 64
Incumbências 34
In loco 26
Insumos 50
Interface 74
J
Jargões 124
L
Laboral 106
Lavabos 42
Layout de canteiro 62
Leviana 20
Limítrofe 56
M
Marketing 94
Medições 68
Mensuração 30
Metáfora 34
Minuciosa 62
MTE 64
N
NBR 52
Negligenciem 20
Normatização 104
Norteia 16
O
Ordenadas 34
Organogramas 120
P
Panorâmica 36
Peculiaridades 102
Perene 34
Pertinente 16, 124
Ponderadas 60
Portifólios 116
Premissas 48
Prescindir 28
Prévios 16
Produtividade 70
Público-alvo 94
R
Racionalização 74
Racionalizar 70
Remanejar 28
Ressarcimento 114
S
Sinduscon 80
Sintracon 80
Subsídio 56
U
Unânime 24
Útil 18
V
Vertentes 78
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Albin Anton Von Kienzel Jursa


Camila Calmon de Assis
Elaboração

Cristiano da Cruz Florindo


Diana Lúcia Santos de Oliveira
Revisão Técnica

Carla Carvalho Simões


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

FabriCO
Design Educacional

Geovana Cardoso Fagundes Rocha


Revisão Final
Débora Maria Mangueira Gomes
Revisão de diagramação e padronização

Joseane Maytê Sousa Santos Sousa


Revisão Ortográfica e Gramatical

Antonio Ivo Ferreira Lima


FabriCO
Revisão de arte e Fechamento de arquivo

Alex Romano
Karina Lima Soares Santos
FabriCO
Ilustrações

Antonio Ivo Ferreira Lima


FabriCO
Diagramação

Marlene S. Souza
Verbatim
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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