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Reforma Protestante01

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REFORMA PROTESTANTE

3. A REFORMA PROTESTANTE

Um período que de algum modo contribuiu para a Reforma


Protestante foi a Renascença, que foi o período de transição entre a
Idade Média e os tempos modernos. Foi caracterizado pela renovação
da cultura dos povos da Europa influenciados pelo pensamento e da
arte greco-romanas. Nesse tempo grandes progressos foram
alcançados nas invenções mecânicas, entre as quais a invenção da
imprensa por Gutemberg. Alguns começaram a estudar a Bíblia em
hebraico e grego, em vez de em latim. Finalmente, a Renascença
valorizou a dignidade humana, habilitando as pessoas a lançar fora as
velhas ideias e a ingressar em novos caminhos. Foi ela também a
poderosa precursora da Reforma pela renovação das ideias religiosas.
Sem a Renascença, dificilmente a Reforma Protestante teria ocorrido.

3.1. Lutero
Martinho Lutero nasceu em Eisleben, a 10 de novembro de 1483,
e faleceu na mesma cidade em 18 de fevereiro de 1546. De acordo
com um velho costume, no dia imediato ao seu nascimento o menino
foi levado a pia batismal da igreja de São Pedro, e como era dia de
São Martinho, recebeu a criança o nome do santo. Aos dezoito anos
foi para a universidade de Erfurt, onde encontrou o que jamais vira em
sua vida - uma Bíblia completa. “Oh, se Deus me desse esse livro para
mim mesmo!”, exclamou ele. Lutero tornou-se monge, esperando
assim salvar sua vida pelas orações e a penitência. “Era um monge
piedoso, posso afirmá-lo”, diria ele mais tarde, “e observei a regra tão
severamente que posso dizer: se alguma vez um monge chegou ao
céu por sua vida monástica, eu, decerto, também teria conseguido
chegar”. Depois de ordenado padre, Lutero foi solicitado pela
Universidade de Witemberg para ali servir como professor. Ele possuía
conhecimento das línguas antigas, e estudara a Bíblia em hebraico e
grego. Cria na Igreja Católica, mas ao fazer uma peregrinação a Roma,
viu muitas coisas que não estavam em harmonia como que ele
aprendera na Bíblia... Que crimes! Que escândalos!, Diz ele. “Estas
fornicações, estas bebedeiras, esta paixão desenfreada do jogo, todos
estes vícios do clero!... Grandes escândalos, o confesso; é preciso
denunciá-los; é preciso trazer-lhes remédio!“. Certo dia, em 1508,
quando lia a Carta aos Romanos, foi iluminado de súbito e a paz lhe
inundou a alma. “O justo viverá pela fé”. Viu por fim que a salvação
ganhava-se pela confiança em Deus mediante Cristo, e não pelos ritos,
sacramentos e penitências da igreja. Isso mudou toda a sua vida
e todo o curso da história.
A venda de indulgência por Tetzel deu ocasião a que Lutero
rompesse com Roma. Indulgência era um abrandamento das penas
do purgatório, isto é, a remissão dos pecados. “Ao tilintar das vossas
moedas no fundo da caixa, as almas de vossos amigos saem do
purgatório e entram no céu”, dizia Tetzel. Isto horrorizou a Lutero.

3.2. O Termo Protestante


A 31 de outubro de 1517, Lutero, afixou à porta da igreja de
Wittenberg as suas 95 teses, quase todas relacionadas com as
indulgências. Foi a faísca que incendiou a Europa. Em 1520, quando
Lutero já era o homem mais conhecido na Alemanha, recebeu um
ultimato de Roma: a menos que ele se retratasse com o papa e a
igreja, dentro de 60 dias seria considerado um herege e sofreria a pena
devida, que seria a morte. Ao receber a bula, Lutero queimou-a
publicamente em 10 de dezembro de 1520. Nova época da história
começava naquele dia. Em 1521, Lutero foi citado por Carlos V,
imperador do Santo Império Romano, para comparecer à Dieta de
Worms. Na presença dos dignitários do império e da igreja ali reunidos,
recebeu ordem de retratar-se, mas ele respondeu que não podia
retratar-se de coisa alguma, a não ser que fosse convencido pelas
Escrituras ou pela consciência. Disse ele: “Aqui estou; nada mais
posso fazer; assim Deus me ajude. Amém”. Lutero foi condenado, mas
tinha muitos amigos entre os príncipes alemães que impediram a
execução do edito. Foi escondido por um amigo durante cerca de um
ano, e depois voltou a Witemberg para continuar o seu trabalho,
falando e escrevendo. Entre outras coisas, traduziu a Bíblia para o
alemão, o que “espiritualizou a Alemanha e lhe deu um idioma”. Em
1529, a Dieta de Spira decidiu que os católicos podiam ensinar sua
religião nos Estados luteranos, mas proibiu os luteranos de ensinar
nos Estados católicos da Alemanha. Contra isto os príncipes alemães
ergueram um formal protesto, ficando assim conhecidos
por protestantes. O nome aplicado originalmente aos luteranos
estendeu-se no uso popular aos que hoje protestam contra a
usurpação papal, incluindo todas as denominações cristãs
evangélicas.

3.3. As bases da Reforma Protestante


Resumidamente, as proposições teológicas que serviram como
pilares da Reforma Protestante são os chamados Cinco Solas - frases
latinas que surgiram para enfatizar a diferença entre
a teologia reformada protestante e a teologia católica
romana. Sola vem do latim e significa “somente” ou “apenas”, na língua
portuguesa. E os cinco solas são: Sola Fide, Sola Scriptura, Solus
Christus, Sola Gratia e Soli Deo Gloria. Esses são os pilares da
Reforma Protestante.
Sola Fide (somente a fé): este princípio afirma que o homem é
justificado única e exclusivamente pela fé, sem o acréscimo das obras
do mérito humano e, por meio dele, a tradição reformada é
sustentada. Os reformadores declaravam que a Bíblia continha regras
de fé e prática; e que não devia aceitar-se nenhuma doutrina a menos
que fosse ensinada pela Bíblia. A Reforma trouxe de novo a Bíblia
perdida ao povo, e colocou seus ensinos sobre o trono da autoridade.
Foi por meio dos reformadores e principalmente nos países
protestantes que a Bíblia agora circula em milhões de cópias
anualmente.
Sola Scriptura (somente a Escritura): A Escritura é a única regra
de fé e prática da igreja e o protestantismo aceita doutrinas de sua
inspiração, autoridade, inerrância, clareza, necessidade e suficiência.
Somente as Escrituras são o fundamento da teologia reformada.
Solus Christus (somente Cristo): como forma de reação dos
protestantes contra a igreja católica secularizada e contra os
sacerdotes que afirmavam ter uma posição especial e serem
mediadores da graça e do perdão por meio dos sacramentos que
ministravam. A reforma defendeu que tal mediação entre o homem e
Deus é feita somente por Cristo, único capaz de salvar a humanidade
e o tema central da reforma protestante.
Sola Gratia (Somente a Graça): Além de a graça ser um dos
atributos de Deus é, também, o próprio Cristo (em sua encarnação) e
é o Espírito Santo quem aplica a graça ao coração do pecador. A graça
comum é comunicada a todos os homens, indistintamente. Mas, graça
especial é soteriológica (salvadora) e por meio dela que o homem é
salvo, quando há a comunicação da salvação de Deus ao pecador.
"Sola gratia" diz respeito a tudo que o homem possui (graça comum)
e, em especial, à salvação que é dada pela graça somente. Graça
especial somente, por meio da qual o homem é escolhido, regenerado,
justificado, santificado, glorificado, recebe dons espirituais, talentos
para o serviço cristão e as bênçãos de Deus.
Soli Deo Gloria (somente a Deus a glória): este pilar da teologia
reformada afirma que o homem foi criado para a glória de Deus e que
tudo que ele fizer deve destinar a glorificar a Deus.
CONCLUSÃO

A Reforma Protestante ocorreu devido aos desvios da Igreja de


preservar a doutrina decente conforme as Escrituras Sagradas. Foi um
tempo marcado pela corrupção e monopólio da fé a partir de interesses
puramente pessoais que reprimiam as pessoas pelo medo, culpa e
ignorância. Mas é também reconhecer que Deus é o Senhor da
história. É o Eterno quem levanta homens para mudar a realidade e a
própria história. A Reforma faz parte do passado e não pode ser
esquecido, “pois um povo que não conhece a sua história está
condenado a repeti-la”.

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