Lucaia Relatorio Final
Lucaia Relatorio Final
Lucaia Relatorio Final
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX
RELATÓRIO FINAL
SALVADOR-BAHIA
NOVEMBRO/2002
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. OBJETIVOS 1
1.2. JUSTIFICATIVAS 1
1.3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 2
1.4. METODOLOGIA DE TRABALHO 4
2.1. GEOLOGIA 6
2.2. GEOMORFOLOGIA 6
2.3. ASPECTOS CLIMÁTICOS 7
6. CONCLUSÕES 52
7. AGRADECIMENTOS 56
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57
SUMÁRIO DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
QUADROS
TABELAS
1. INTRODUÇÃO
1.1. OBJETIVOS
O presente trabalho foi desenvolvido nas áreas das bacias dos rios Lucaia e Baixo
Camarujipe, situadas no município de Salvador – Estado da Bahia. Contou com a
cooperação técnica e financeira fornecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento
S/A – Embasa, através do convênio celebrado entre essa Empresa e a Universidade
Federal da Bahia. Foi desenvolvido no âmbito do Departamento de Geologia e Geofísica
Aplicada do Instituto de Geociências/UFBA, tendo iniciado as suas atividades em janeiro de
2002.
1.2. JUSTIFICATIVAS
As bacias dos Rios Lucaia e Baixo Camarujipe, com uma área de drenagem de
aproximadamente 14,1 km2, está inserida entre os paralelos 12 0 58’ 48’’ e 130 00’ 58’’ e os
meridianos 390 29’ 19’’ e 390 32’ 05’’, dentro do município de Salvador – Estado da Bahia.
Engloba total ou parcialmente os bairros de Brotas (Campinas, Acupe e Engenho Velho),
Itaigara, Santa Cruz, Rio Vermelho, Federação, Ondina, Fazenda Garcia e Tororó (Figura
1.1).
Não se tem até o momento, uma idéia precisa sobre o volume de água subterrânea
consumida pela população da área, possivelmente um número entorno de 5 a 10% do
consumo médio de água.
SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO
2 Professor Adjunto – Instituto de Geociências da UFBA
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL
2.1. GEOLOGIA
A área das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe é dominantemente formada por
rochas metamórficas de alto grau que compõem o Complexo Cristalino de idade
Arqueana/Paleoproterozóica. Mineralogicamente, são constituídas de quartzo, feldspato
potássico, feldspato sódico-cálcico (plagioclásio), biotita, hornblenda, piroxênios e granada.
Esses minerais agrupam-se em faixas ou bandas paralelas formando intercalações de
diversos tipos litológicos, de espessura variável, desde milimétrica á vários metros, por
vezes dobradas e migmatizadas. Associadas ou cortando essas rochas, aparecem vários
corpos de pegmatitos e granitos finos (aplito) de dimensões relativamente pequenas,
constituídos por quartzo, k. feldspato e micas. Diques de diabásio e gabro mais novos em
idade e não metamorfizados, cortam todas as rochas do embasamento cristalino. Esses
diques têm espessura variável e apresentam cor escura à esverdeada, com granulação
muito fina nos diabásios, à média nos gabros (Fujimori, 1996).
As variações litológicas e estruturais são decorrentes dos vários ciclos tectônicos que
afetaram a região ao longo da sua história geológica. Como conseqüência, além das
variações composicionais das rochas, também podem ser observadas deformações
estruturais dúcteis e rupteis, essas últimas representadas por extensos fraturamentos, em
sistemas quase ortogonais, orientados nas direções principais N50-600E e N40-500W.
2.2. GEOMORFOLOGIA
Uma terceira feição morfológica são os aluviões fluviais arenosos encontrados ao longo dos
principais vales das avenidas Vasco da Gama, ACM e Juracy Magalhães Júnior. Os
aluviões são constituídos por partículas areno-argilosas que representam materiais erodidos
e retrabalhados da própria alteração do embasamento pelas águas das chuvas e por
movimentos de massas nas encostas que se deslocam devido à gravidade. Muitos desses
vales foram parcialmente inundados com a subida do nível dos mares no quaternário,
principalmente no Holoceno. Por se tratar de uma região urbana, é importante ressaltar que
a dinâmica morfogenética atual foi profundamente influenciada pela ação antrópica e,
consequentemente, muitas das formas encontradas são resultantes de terraplanagem,
cortes de taludes, aterros e outras obras de engenharia.
O clima da região foi muito importante nos processos de meteorização das rochas do
Embasamento Cristalino. É caracterizado como Tropical Chuvoso de Floresta, do tipo Af,
segundo a classificação de Köppen, e úmido (B2rÁá) segundo a classificação de
Thornthwaite e Matther (SEI, 1998). Dados da estação meteorológica de Ondina mostram
um Índice Hídrico igual a 48,4, pequena deficiência hídrica (13,3 mm/ano), uma
evapotranspiração potencial da ordem de 1417,9 mm/ano e precipitações sempre maiores
do que 100 mm em todos os meses do ano, portanto, sem estação seca definida. A
pluviometria média no período de 1961 a 1990 foi de 2089,9 mm/ano (SEI, 1998), com maior
concentração de chuvas nos meses de abril a julho (Quadro 2.1). A temperatura média
anual para o período acima citado foi de 25,3 0C, com máximas nos meses de janeiro,
fevereiro e março e mínimas nos meses de julho e agosto. Nesse trabalho, toda a
amostragem da água subterrânea foi realizada num só período sazonal, antes do início
chuvas (01/04/2002 a 13/05/2002), como é recomendável.
2 1 1
2 9 9 1
5 5 0 2 0
4 7 7 5
Jun. 1 3 , 5 ,
, , , 3,
, , 0 , 0
3 9 9 5
4 5 0
2 1 1
2 8 8 1
0 1 0 2 0
3 6 6 1
Jul. 3 7 , 5 ,
, , , 7,
, , 0 , 0
6 5 5 1
6 1 0
1 1
2 9 4 9
3 0 2 0 4
3 1 4 1
Ago. 5 , 5 , 4,
, , , ,
, 0 , 0 5
6 4 5 4
9 0
1 1 1 1
2 1
0 1 0 2 0 0 1
4 1
Set. 0 2 , 5 0 , 1,
, ,
, , 0 , , 0 9
3 9
3 2 0 3
1 1 1 1
2
1 2 4 0 2 1 0
5 4,
Out. 7 2 , , 5 7 ,
, 7
, , 7 0 , , 0
0
5 2 0 5
1 1 1 1
2 -
2 1 7 1 2 0
5 7 0,
Nov. 6 8 , 7 6 ,
, , 0
, , 8 , , 2
6 8
3 5 4 1
1 1 1 1
2 - 1
3 3 1 3 0
6 7 5 0,
Dez. 9 2 0 8 ,
, , , 0
, , , , 6
0 3 0
3 0 8 6
1 2 1
. . .
2 1 6
4 0 4
5 3 9
Atual 1 9 - - - 0
, , 4,
7 8 4
3 3 2
, , ,
9 9 7
No caso específico das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe, a avaliação da qualidade
físico-química foi realizada a partir da coleta e análises em 40 amostras. Os componentes
maiores (Ca, Mg, Na, K, Cl, C03, HCO3, SO4, NO3), foram tratados através do programa
AquaChem versão 3.7 (1997) da Waterloo Hidrogeologic Inc. e pelo Diagrama Triangular de
Piper (Piper 1944), para efeito de classificação geral das águas da região (Figura 3.1).
Outros componentes físico-químicos como cor, turbidez, pH, temperatura, condutividade
elétrica específica, oxigênio dissolvido, fosfatos e sólidos totais dissolvidos, serviram para
compor o quadro geral de caracterização hidroquímica.
Através do Diagrama Triangular de Piper e do ordenamento por tipo de água executado pelo
programa AquaChem, verificou-se que as águas da bacia dos rios Lucaia e Baixo
Camarujipe podem ser classificadas como Cloretadas, cloretada-bicarbonatadas,
bicarbonatadas, bicarbonatada-sulfatada e mistas, com uma absoluta predominância
(~90%) dos dois primeiros tipos. As relações características entre seus ions estão
mostradas no Quadro 3.1.
SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO
9 Professor Adjunto – Instituto de Geociências da UFBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL
Legend:
Á g u a s C lo re ta d a s
clo re ta d a -b ica rb o n a t
Á g u a s b ic arb o n a ta d a s
Á g u a s M ista s
su lfa ta d a - b ic a rb o n
80 80
60 09 60
01
22
10981 4 1 3
3 3 21823 1
40 3 81 02017 1 8 4205
11 1 27 4
02 30
2 74 0
16 32
20 15 06 29 20
26
39
34
23
04 05
37
03
Mg SO 4
35
80 80
36
60 60
40 40
20 20
80 60 40 20 20 40 60 80
Ca Na HC O3 Cl
FIG U RA DIAG R A MA TRIAN G U LA R D E PIPER
FIGURA 3.1. DIAGRAMA TRIANGULAR DE PIPER
Águas Cloretadas – essas águas foram encontradas em 67,0 % dos pontos estudados ao
longo da área pesquisada (Figura 3.2). Obedecem relações características do tipo rNa >
rMg > rCa com rCl>rSO4>rHCO3 (Quadro 3.1). A predominância do rNa sobre os demais
cátions é alta , conforme mostram as relações rNa/rMg e rNa/rCa (Quadro 3.2). Os valores
do rNa foram maiores do que o rMg em 97% das amostras, enquanto com relação ao rCa, a
predominância foi em 85% dos pontos estudados.
RELAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Cátions Ânions Tipos %
6
7
rNa > rMg > rCa rC l> rSO4> rHCO3 Cloretadas
,
0
2
2
rCl > rHCO3 > rSO4 Cloretada-bicarbonatadas
,
0
5
rHCO3 > rCl > rSO4 Bicarbonatadas ,
rNa > rCa > rMg 0
3
rHCO3 > rSO4 >rCl Bicarbonatadas-sulfetadas ,
0
3
rSO4 > rHCO3 > rCl Mista ,
0
r = valores em miliequivalente
Com relação aos ânions, verifica-se uma total predominância do rCl sobre o rSO4 e rHCO3
em todos os pontos estudados. Já o rSO4 foi maior do que o rHCO3 em 66,7% dos pontos
estudados (Quadro 3.2)
São águas que apresentam o pH variando de fortemente ácido à neutro e uma baixa
salinidade, sendo portanto considerada como água doce segundo MCNEELY et al., 1979.
predominância do rCl sobre os demais e do rHCO3 sobre o rSO4 (Quadro 3.2). O rCl foi
maior do que o rSO4 em todas as amostras estudadas, e o bicarbonato em 56% dos pontos
estudados
Os outros dois tipos de água encontrados na região, foram observadas nos pontos 34
(Canteiro central da Avenida Ogunjá) e 5 (instituto de Letras da UFBA), representando
apenas 6% do total de pontos estudados, tendo sido classificadas respectivamente, como
bicarbonatada-sulfatada e água mista.
As águas geralmente são consideradas potáveis quando podem ser consumidas pelo ser
humano e pelos animais, sem ocasionar prejuízos a sua saúde. Os órgãos responsáveis
pela saúde pública e o meio ambiente em todo o mundo, vem estabelecendo e
aperfeiçoando cada vez mais, os padrões de potabilidade para consumo humano, em
função do desenvolvimento das pesquisas, principalmente na área da toxicologia e da
epidemiologia, e do avanço tecnológico dos equipamento de análise laboratorial.
Os valores de pH estão alterados em 78% dos pontos estudados (Quadro 4.1). Estes se
encontram abaixo do que recomenda a citada portaria e, em função da quantidade de
pontos com valores abaixo do recomendável, consideramos como o parâmetro que mais
compromete a qualidade das águas subterrâneas na região.
Os seus valores oscilam entre 4,6 e 8,6 com uma média de 6,00,3 para toda a área
(Tabela 4.2). Esta forte oscilação estaria ligada a maior ou menor presença dos
bicarbonatos e dos nitratos nas águas (Figura 4.1). Em áreas onde o nitrato está mais
presente, os valores de pH diminuem para níveis abaixo do permitido pela legislação
brasileira. Em setores da área onde o bicarbonato está mais presente, principalmente
nas águas do tipo cloretadas-bicarbonatadas e bicarbonatadas, o pH aumenta,
chegando a valores neutros e alcalinos. Cálculos de correlação linear mostraram um
coeficiente de correlação positivo (r= 0,66) com o bicarbonato, enquanto com o nitrato o
coeficiente foi negativo (r= -0,68), conforme pode ser visto na Tabela 4.1. A distribuição
do pH na área encontra-se representado na Figura 4.2.
Valor de
Valor
Valor Valor Valor médio Referencia
Parâmetros Unidade Recomendável
Mínimo Máximo (background) Bibliográfica
(**)
(*)
pH - 4,6 8,6 6,0 0,3 5,5 – 8,5 6,5 – 8,5
Temperatura Pt / L 26,1 32,1 28,3 0,4 - -
Cor 3,5 70,0 11,4 6 <5 5
Turbidez UNT 0,1 535,0 48,0 41,0 < 40 5
STD mg/l 78,0 422,0 182,0 25,0 < 500 1000
CE S/cm 178,0 1053,0 431,0 62,0 - 1250
OD mg/l O2 0,4 6,4 2,7 0,4 7,6 – 14,6 >6
Cálcio mg/l 1,3 67,6 23,0 5,0 10 – 100 150
Magnésio mg/l 3,4 22,4 12,4 2,0 1 – 40 50
Sódio mg/l 16,8 147,0 48,0 10,0 0,1 – 100 200
Potássio mg/l 0,9 16,0 5,0 1,0 < 10 50
Bicarbonato mg/l 0,2 193,0 50,0 16,0 50 – 350 -
Cloretos mg/l 11,6 274,0 70,0 14,0 10 – 250 250
Sulfatos mg/l 3,8 206,0 24 10 < 100 250
Amônia mg/l 0,07 21,0 1,4 1,2 < 100 1,5
Nitrito mg/l 0,004 1,7 0,052 0,09 0,1 – 10 1
Nitrato mg/l 0,35 41,0 11,4 3,3 < 20 10
Fosfato mg/l 0,002 0,24 0,014 0,013 0,01 – 1 0,025
O nitrato encontra-se alterado com valores acima do permitido pela legislação brasileira
em 53% dos pontos estudados (Quadro 4.1 op. cit.). Os valores oscilam na região entre
0,35 e 41,0 mg/litro, com uma média de 11,43,3 mg/litro (Tabela 4.2). Dados da matriz
de correlação linear, mostra que o mesmo está fracamente associado à amônia (r=0,46)
o que sugere também uma ligação com as mesmas fontes poluidoras citadas acima.
Segundo a literatura específica, o nitrato é normalmente o contaminante de ocorrência
mais comum nos grandes centros urbanos, devido principalmente às fossas domésticas
e as latrinas. A presença de compostos de nitrogênio nos seus diferentes estados de
oxidação é indicativo de contaminação do aqüífero e de possíveis condições higiênico-
sanitárias insatisfatórias. O nitrito e o nitrato estão associados a dois efeitos adversos à
saúde, quais sejam, a indução à metemoglobinemia, especialmente em crianças, e a
formação potencial de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas. A sua distribuição na
área encontra-se assinalada na Figura 4.4.
A amônia encontra-se alterada em 17% dos pontos estudados e estaria associada aos
nitratos (r= 0,46), porém na sua forma mais reduzida. Está certamente ligada aos
esgotos domésticos, fossas sépticas, excrementos e fezes de animais ou mesmo
fertilizantes nitrogenados. Segundo a literatura especializada, a amônia pode estar
presente naturalmente em águas superficiais e subterrâneas, sendo que usualmente sua
concentração é bastante baixa devido à sua fácil adsorção por partículas do solo ou à
oxidação para nitrito e nitrato. Entretanto, a ocorrência de concentrações elevadas pode
ser resultante de fontes de poluição próximas, bem como da redução de nitritos por
bactérias ou por ions ferrosos presentes nos solos.
Finalmente, foi registrado na área, a presença de um ponto com alto valor de cloreto (ponto
26) e outro com nitrito (ponto 30). Estão associados provavelmente, às fontes poluidoras
referidas acima. Como foi assinalado anteriormente, o nitrito quando presente na água de
consumo humano tem um efeito mais rápido e pronunciado do que o nitrato. Se o nitrito for
ingerido diretamente, pode ocasionar metemoglobinemia independente da faixa etária do
consumidor.
As distribuições do cloreto e do nitrito na área, estão assinaladas nas Figuras 4.7 e 4.8.
4.2. IRRIGAÇÃO
Os níveis de sodicidade, ou seja, os riscos de salinização dos solos por sódio é baixo em
todos os pontos estudados, e assim a água subterrânea poderá ser utilizada na irrigação de
hortas, jardins, pomares, gramados, entre outros, pois o sódio não tem efeito danoso.
Risco de Risco de
Condutividade Composição
Ponto Localidade RAS salinização Salinização
Elétrica (CE) Final
por Sódio (CE)
1 Instituto de Geociências 0,91 Baixo – S1 335,0 Médio – C2 C2 - S 1
2 Instituto de Biologia 0,83 Baixo – S1 340,0 Médio – C2 C2 - S 1
3 CPD/UFBA 2,32 Baixo – S1 498,0 Médio – C2 C2 - S 1
4 Escola de Veterinária 1,43 Baixo – S1 944,0 Alto – C3 C 3 – S1
5 Instituto de Letras 5,46 Baixo – S1 944,0 Alto – C3 C 3 – S1
6 Banco do Brasil 1,51 Baixo – S1 275,0 Médio – C2 C 2 – S1
7 Posto Memorial 1,19 Baixo – S1 217,0 Baixo – C1 C 1 – S1
8 Centro Medico Itamaraty 1,44 Baixo – S1 368,0 Médio – C2 C2 – S 1
9 Fonte Dique do tororó 1,14 Baixo – S1 370,0 Médio – C2 C2 – S 1
10 Posto do Dique 1,44 Baixo – S1 453 Médio – C2 C2 – S 1
11 Terreiro de Casa Branca 1,96 Baixo – S1 587 Médio – C2 C2 – S 1
12 Residência 1,92 Baixo – S1 409 Médio – C2 C2 – S 1
13 Residência 2,10 Baixo – S1 418 Médio – C2 C2 – S 1
14 Posto Oxalá 1,74 Baixo – S1 453 Médio – C2 C2 – S 1
15 Oficina do Osvaldo 1,59 Baixo – S1 670 Médio – C2 C2 – S 1
16 Supermercado Bom Preço 1,87 Baixo – S1 342 Médio – C2 C2 – S 1
17 Residência 1,96 Baixo – S1 325 Médio – C2 C2 – S 1
18 Residência 1,75 Baixo – S1 379 Médio – C2 C2 – S 1
19 Fontinha 1,32 Baixo – S1 353 Médio – C2 C2 – S 1
20 Posto Berimbau 1,06 Baixo – S1 254 Médio – C2 C2 – S 1
21 Posto Garibaldi 1,13 Baixo – S1 2 53 Médio – C2 C2 – S 1
22 Residência 1,81 Baixo – S1 498 Médio – C2 C2 – S 1
23 Cobape 2,28 Baixo – S1 242 Baixo – C1 C 1 – S1
24 Corona 2,68 Baixo – S1 529 Médio-C2 C2 – S 1
25 Posto Cidadela 2,08 Baixo – S1 312 Médio-C2 C2 – S 1
26 Posto Cidade Jardim 5,14 Baixo – S1 1053 Alto – C3 C3 – S 1
27 Residência 2,26 Baixo – S1 566 Médio-C2 C2 – S 1
28 Fonte do Candeal 1,37 Baixo – S1 338 Médio-C2 C2 – S 1
29 Cond., Parque Florestal 1,88 Baixo – S1 285 Médio-C2 C2 – S 1
30 Cond., Parque Lucaia 2,40 Baixo – S1 509 Médio-C2 C2 – S 1
31 Cond., Mirante do Vale 1,82 Baixo – S1 407 Médio-C2 C2 – S 1
32 Chácara Celeste 4,05 Baixo – S1 735 Médio-C2 C2 – S 1
33 Ceasa do Rio Vermelho 1,11 Baixo – S1 282 Médio-C2 C2 – S 1
34 Canteiro Av. Ogunjá 1,05 Baixo – S1 229 Baixo –C1 C1 – S 1
35 Parque da Cidade 6,03 Baixo – S1 819 Alto-C3 C3 –S1
36 Praça Baía Azul 8,86 Baixo – S1 462 Médio-C2 C2 – S 1
37 Canteiro Av. ACM 1, 32 Baixo – S1 263 Médio-C2 C2 – S 1
38 Escola Thomas de Aquino 1,01 Baixo – S1 444 Médio-C2 C2 – S 1
39 Escola Tereza de Lisieux 1,12 Baixo – S1 373 Médio-C2 C2 – S 1
40 Hiperposto 1,34 Baixo – S1 178 Baixo-C1 C1 – S 1
No caso da utilização da água subterrânea dos poços com baixo risco de salinização dos
solos, não haverá certamente qualquer efeito sobre as plantas, enquanto as águas dos
poços que oferecem médio risco poderão produzir com o tempo alguma salinização do solo
e, farão com que as plantas e as hortaliças mais sensíveis possam apresentar alguma
reação num determinado tempo. No caso das águas que oferecem alto risco de salinização
dos solos, as plantas ou os vegetais sentirão com o tempo, a adversidade da presença dos
sais. Neste caso, as águas subterrâneas deverão ser utilizadas em algumas espécies de
plantas mais tolerantes aos sais, e os solos deverão ser bem drenados e lixiviados (solos
arenosos ou areno-argilosos) para não acumular os sais, devendo-se evitar a sua utilização
em vegetais plantados em solos argilosos e siltosos.
4.3. INDÙSTRIA
Os padrões da água para fins industriais são complexos em função da diversidade de uso
da água, pois dependem do tipo de indústria e dos processos de industrialização, gerando
necessidades diferentes de qualidade de água para cada uso (Feitosa e Manoel Filho,
1997).
Convém salientar que a implantação de indústrias mesmo de pequeno porte nesta região,
estaria submetida à Lei de Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo (LOUOS) do Município
de Salvador, que impede a implantação de uma série de industriais em áreas urbanizadas e
muito habitadas, como é o caso da região das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe.
A presença de metais pesados na água subterrânea pode provocar uma série de danos à
saúde humana e ao meio ambiente à depender da sua maior ou menor concentração. A
contribuição desses metais na poluição de aqüíferos, preocupa principalmente devido aos
efeitos toxicológicos e fisiológicos nos seres vivos, mesmo em baixas concentrações, alguns
dos quais reportados mais adiante. O consumo de água contaminada por metais pesados,
feito de forma continuada, por longos períodos, ocasiona um efeito cumulativo de metais no
organismo. Em alguns casos, os efeitos no comportamento e no sistema nervoso são
difíceis de serem detectados no seu estágio inicial. Alguns metais se bioacumulam no
organismo, de tal maneira que se pode passar de um estado crônico para um estado agudo,
sem ser percebido (Porto, et alli, 1991).
Nesse trabalho foram analisados os metais arsênio, cádmio, cromo, cobre, ferro, chumbo,
Mercúrio, manganês, níquel, selênio e zinco. Desses metais, o cádmio e níquel não foram
detectados na área, enquanto o selênio apresentou discretos teores em quatro pontos de
coleta de água, com valores limítrofes ao permitido pela Portaria 1469/2000 do Ministério da
Saúde.
O cromo foi detectado em 37 dos pontos amostrados, sendo o seu valor mínimo de 0,1 e o
máximo de 55,3 g/litro, com uma média para a área de 3,6 g/litro. O background
encontrado para esse elemento pode variar entre zero e 7,6 g/litro, enquanto o valor
máximo permitido pela legislação brasileira é de 50,0 g/litro (Tabela 5.1). Sendo assim,
apenas dois pontos amostrados apresentaram valores acima do máximo permitido, que
foram os pontos 06 (Banco do Brasil - Campus Universitário de Ondina) e 29 (Condomínio
Parque Florestal), que apresentaram respectivamente 55,3 e 55,1 g/litro de cromo total.
Esse metal encontra-se moderadamente associado ao ferro (r= 0,64), chumbo (r= 0,69) e
mercúrio (r= 0,68) na área pesquisada (Tabela 5.2). A sua presença está associada,
segundo a literatura técnica, a processos industriais, proveniente de curtumes ou de águas
de refrigeração. A presença de lixões podem produzir também contaminação das águas
com cromo hexavalente. Como o limiar de anomalia para esse elemento na área é 7,6
g/litro, é provável que além dos dois pontos citados acima, o ponto 30 (Condomínio Parque
Lucaia) também apresente problemas de contaminação antrópica ou mesmo uma
concentração natural, ligada a alguns minerais máficos das litologia locais. Porém, o mais
provável é que esteja sendo concentrado pelo ferro por adsorsão.
Valor de Limite de
Valor Valor Valor Médio Variação da
Metais Referência Tolerância
Mínimo Máximo Média
Bibliográfica (*) (VMP) (**)
Arsênio 0,2 15,3 1,8 0,6 - 3,0 0,2 – 1,0 10,0
Cromo 0,1 55,3 3,6 0 - 7,6 0,1 - 0,3 50,0
Cobre 0,3 16,6 2,7 1,4 – 4,0 2,0 – 50,0 200,0
Ferro 16,8 22100,0 3127,0 1050 – 5200 50,0 – 1000,0 300,0
Chumbo 0,7 2020,0 82,3 0 – 185,0 2,0 – 20,0 10,0
Mercúrio 0 12,8 0,43 0 – 1,1 0,3 – 3,0 1,0
Manganês 9,8 1670,0 371,3 239,0 – 504,0 1,0 – 80,0 100,0
Zinco 10,5 683,0 40,6 5,2 – 76,0 5,0 – 50,0 500,0
(*) ALEN (1974) – in Geoquímica Ambiental e Estudos de Impacto - Geraldo Mário RONDE (2000).
(**) Portaria 1469/2000 do Ministério da Saúde. VMP – Valor Máximo Permitido.
Está provado que a presença de cromo em ecossistemas de água doce ou marinhos afeta
negativamente as vidas dos seres presentes. Seu efeito quando presente na água potável
não está totalmente definido. Sabe-se que o cromo, quando inalado, causa tumores nos
pulmões e afeta negativamente os rins, fígado e sistema circulatório.
O cobre foi detectado em 26 dos pontos amostrados, sendo o seu valor mínimo de 0,3 e o
máximo de16,6 g/litro, com um valor médio para toda a área de 2,7 g/litro. O teor de fundo
oscilou entre 1,4 e 4,0 g/litro, enquanto o valor máximo permitido pela Portaria 1469/2000
do Ministério da Saúde é de 200,0 g/litro. Considerando que o limiar de anomalia para
cobre na área é de 4,0 g/litro, podemos admitir que os pontos 3, 8, 10, 13, 25, 29 e 34
apresentam uma água com concentrações anormais devido a alguma contribuição antrópica
ou mesmo natural. O cobre encontra-se fracamente associado ao fosfato (r= 0,49) e ao
mercúrio (r=0,56), podendo estar sendo concentrado pelos fosfatos oriundos também dos
efluentes domésticos.
A ausência de cobre no organismo causa anemias, perda de pigmentação dos cabelos, seu
aumento propicia perda da elasticidade arterial. Entretanto, água contendo mais de 1
mg/litro fornece muito mais cobre do que o necessário e possui sabor desagradável para a
maioria das pessoas. O cobre é altamente tóxico para as crianças e adultos com problemas
de metabolismo, o que faz aumentar o seu teor no organismo, causando doenças
neurológicas
O Ferro foi detectado em 38 pontos amostrados, sendo o seu valor mínimo 16,8 e o máximo
22.100,0 g/litro, apresentando uma média para toda a área de 3.127,0 g/litro. O
background ou teor de fundo encontrado para esse elemento variou de 1.051,0 a 5.202,0
g/litro, enquanto o valor máximo permitido pela portaria 1469/2000 é de 300 g/litro. Com
isto, cerca de 18 pontos amostrados encontram-se com o teor de ferro acima do permitido
(Quadro 5.1). Os altos teores de ferro não são tão preocupantes, pois em terrenos
formados por solos ferralíticos (latossolos), é comum e natural, a existência de elevados
teores desse metal na água, principalmente em regiões tropicais, como é o caso de
Salvador. A alteração dos minerais biotita, piroxênios, anfibólios, entre outros, durante os
processos de meteorização das rochas cristalinas granulitizadas, produziram os altos
valores de ferro no solo e consequentemente na água. Quando apresentam-se em
concentrações acima de 300 g/litro, mancham louças sanitárias e roupas quando da sua
lavagem. Apesar do organismo humano necessitar de 19 mg/litro de ferro/dia, os padrões de
potabilidade exigem que uma água de abastecimento público para consumo humano, não
ultrapasse 0,3 mg/litro de ferro. Este limite foi estabelecido em função de problemas
estéticos relacionados á presença desse metal na água e do sabor ruim – sabor de
ferrugem, que o ferro lhe confere, fazendo o consumidor recusá-la. Águas ferruginosas
possibilitam o crescimento de ferrobactérias que podem causar problemas para a saúde. O
teor alto de ferro no organismo humano pode ser responsável pela formação de radicais
livres, muitos dos quais carcinogênicos. A sua presença em água potável favorece o
aparecimento de microorganismos patogênicos, que necessitam de ferro para se
desenvolver. É sabido que a sua presença influencia a absorção de cobre e chumbo no
organismo humano. Sua distribuição na área encontra-se representada na Figura 5.1.
O chumbo foi detectado em 29 pontos de amostragem, sendo o seu valor mínimo de 0,7 e
o máximo de 2020,0 g/litro, apresentando uma média para toda a área de 82,3 g/litro. O
teor de fundo para esse elemento, oscilou de zero a 185,0 g/litro. Os pontos 1, 4, 6 e 12
apresentaram valores acima do limiar de anomalia para chumbo na área, com destaque
para o ponto 06 (Campus Universitário de Ondina), estando todos provavelmente
associados a alguma contaminação de natureza antrópica ou natural. O valor máximo
permitido pela portaria 1469/2000 é de 10,0 g/litro, e com isto, cerca de 12 pontos
amostrados apresentaram valores acima do recomendável (Quadro 5.1). Esse metal
apresenta uma correlação forte com o cromo (r= 0,69) e uma fraca associação com o ferro
(r=0,47).
O chumbo possui alta toxidade que pode causar diversos prejuízos à saúde. A
contaminação por esse metal pode levar a problemas de audição, alteração de crescimento,
desenvolvimento cerebral deficiente, redução na síntese da vitamina D, diminuição na
produção da hemoglobina enfraquecendo o sistema imunológico, dores musculares e nas
articulações, elevação da pressão arterial, infertilidade, convulsões e perda de memória. A
intoxicação aguda se manifesta com sede intensa, sabor metálico na boca, inflamação
gastrointestinal, vômitos e diarréia. O chumbo vem sendo detectado sistematicamente na
água subterrânea, em trabalhos desenvolvidos pelo Departamento de Geologia e Geofísica
Aplicada, na parte alta da cidade de Salvador, a exemplo da bacia hidrográfica do rio
Camarujipe (Guerra e Nascimento, 1999) e no Campus Universitário de Ondina
(Nascimento, 2002). Sua presença constante poderá estar associada à fontes
antropogênicas, principalmente ligadas a baterias de veículos automotores, envelhecimento
de canos de chumbo enterrados de antigos sistemas de distribuição de água, ou mesmo à
contaminações atmosféricas. Porém, é bem provável que a presença de ferro na água
contribua para o aumento da sua concentração devido a fenômenos de adsorção e
absorção na estrutura química dos óxidos de ferro, como ficou constatado no Campus
Universitário de Ondina (Nascimento, 2002). É muito pouco provável, que os pontos onde o
chumbo apresenta-se com valores altos, estejam relacionados às fontes geogênicas, isto
porque não há informações sobre a presença de sulfetos de chumbo no local. Sua
distribuição na área encontra-se representada na Figura 5.2.
O mercúrio foi detectado em 11 pontos de amostragem, sendo o seu valor mínimo de zero
e a máximo de 12,8 g/litro, apresentando uma média para toda a área de 0,43 g/litro. O
teor de fundo encontrado oscilou entre zero e 1,08 g/litro enquanto o valor máximo
permitido pela portaria 1469/2000 é de 1,0 g/litro. Com isto, apenas os pontos 21 (Mega
Posto Garibaldi), 29 (Condomínio Parque Florestal) e 37 (Canteiro central da Av. ACM),
apresentaram valores acima do recomendável pela legislação vigente (Quadro 5.1). Esse
metal encontra-se na área fortemente associado ao fosfato (r= 0,89), moderadamente com o
cromo (r=0,68) e cobre (r=0,56) e fracamente com o ferro (r= 0,43). O mercúrio é um
elemento tóxico cumulativo e seu aumento nas águas superficiais ou subterrâneas está
associado, segundo a literatura vigente, a processos industriais diversos (têxteis,
farmacêuticos, catalisadores, cloro-alcali de células de mercúrio, tintas, etc.), garimpos de
ouro, fundições, efluentes de estações de tratamento, aplicações agrícolas e no fabrico de
praguicidas (fungicidas e herbicidas). Os compostos orgânicos de mercúrio são mais
prejudiciais ao organismo humano do que os inorgânicos. Na região em estudo o mais
provável é que os pontos com valores altos estejam associados à fontes de contaminações
antrópicas ligadas à pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes com vapor de mercúrio,
termômetros domésticos, entre outros. Por outro lado, a forte associação desse metal com
os fosfatos pode sinalizar para uma ligação por absorção ou complexação nas moléculas de
0.4000 20
Mercúrio (ug/litro)
Fosfato (mg/litro)
- 0
1234567891111111111222222222233333333334
0123456789012345678901234567890
Pontos de Amostragem
Fosfato Mercúrio
Na região das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe, a ocorrência desse metal foi
menor do que na área do Médio e Alto Camarujipe, onde a influência de oficinas mecânicas,
metalúrgicas, depósitos de ferro-velho e esgotos domésticos a céu aberto é muito maior.
O manganês foi detectado em 48 pontos de amostragem, sendo o seu valor mínimo de 9,8
e o máximo de 1670,0 g/litro, apresentando uma média para toda a área de 371,3 g/litro e
um teor de fundo oscilando entre 238,6 e 504,0 g/litro. O teor máximo permitido pela
legislação brasileira vigente é de 100,0 g/litro, e com isto cerca de 23 pontos de
amostragem apresentaram teores acima do valor máximo permitido (Quadro 5.1). O
manganês também altera a cor e o sabor das águas quando atinge concentrações acima de
100 g/litro. Assim como o ferro, se precipitam sobre louças sanitárias, azulejos e roupas,
manchando-as com uma tonalidade escura. Considerando os padrões de potabilidade da
portaria 1469/2000 do Ministério da Saúde, podemos considerar que quase todos os pontos
amostrados apresentam valores acima do máximo permitido, tornando essas águas
imprestáveis para o consumo humano. O excesso de manganês na dieta alimentar impede a
O zinco foi detectado em 14 pontos de amostragem, sendo o seu valor mínimo de 10,5 e o
máximo de 683,0 g/litro, apresentando uma média de 40,6 e um teor de fundo
(background) oscilando entre 5,2 e 76,0 g/litro. O teor máximo permitido pela portaria
1469/2000 do Ministério da Saúde é de 500,0 g/litro. Assim, apenas o ponto 5 (Instituto de
Letras/UFBA.) apresentou um teor de zinco muito acima do permitido pela legislação
brasileira. Porém, se nós considerarmos o valor do limiar de anomalia igual a 76,0 g/litro,
poderemos incluir também os pontos 6 e 29 como provavelmente influenciados por
contaminação. Esse metal encontra-se fortemente associado ao sulfato (r= 0,89), conforme
pode ser visto na Figura 5.6.
O zinco é um metal de ocorrência comum no meio ambiente. Além de não ser tóxico, é um
elemento essencial e benéfico para o crescimento humano, em concentrações adequadas.
A sua fonte antrópica principal é o descarte de efluentes industriais (material galvanizado,
pigmentos para pinturas, inseticidas, etc.). Próximo ao local onde foi constatado os altos
teores de zinco e sulfato (Instituto de Letras da UFBA), funcionou até o final da década de
70 uma empresa de ônibus, onde certamente usou alguns dos materiais citados acima. Por
outro lado, é comum a presença de teores altos de sulfatos nas águas subterrâneas em
locais onde funcionam garagens de ônibus e caminhões e postos de gasolina.
A sua distribuição na área encontra-se representada na Figura 5.7.
A água apesar de ser um mineral fundamental para a vida humana, pode por outro lado, ser
também, um veículo importante para a transmissão de numerosas doenças epidêmicas.
Este perigo é grande e constante nos países tropicais e subdesenvolvidos, porém nos
países industrializados também existem exemplos de epidemias, devido a uma distribuição
ou um tratamento inadequado das águas destinadas ao consumo humano (Fenzl, 1988).
Além das bactérias e dos vírus, a água serve também como vetor para inúmeros
protozoários e vermes que podem provocar efeitos patológicos no ser humano e muitos dos
animais.
250 800
700
200
600
Sulfato (mg/litro)
Zinco (ug/litro)
150 500
400
100 300
45
200
50
100
0 0
1
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
33
35
37
39
11
Pontos de Amostragem
SO4 Zn
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL
uma fonte natural jorrante situada no alto do Candeal. Foram encontradas quantidades de
bactérias heterotróficas acima do valor máximo permitido em 03 dos 07 pontos amostrados
e, em todos eles, a água se encontrava estagnada na hora da coleta. A distribuição dos
coliformes fecais e total na área está representada nas Figuras 5.8 e 5.9.
Em 07 pontos (17,5%) foram encontradas águas que podem ser enquadradas na Classe 02
da resolução do CONAMA 20/86, podendo ser utilizada para o abastecimento doméstico
após tratamento convencional, onde o valor máximo permitido é de 1000 coliformes
termotolerantes ou 5000 coliformes totais/100ml. Essas águas foram encontradas em 02
poços tubulares, coletadas com e sem bombeamento, 04 cacimbas cuja água foi obtida sem
bombeamento e 01 fonte natural jorrante no dique do Tororó. Nesse agrupamento foram
encontrados, bactérias heterotróficas em níveis acima do permitido pela legislação
brasileira, em uma cacimba que apresentava água estagnada no ato da coleta.
Fontes
N0 de Poços Tubulares Cacimbas TOTAIS
Classes naturais
Coliformes
SB CB SB CB Jorrante Pontos %
Especial 0 (zero) - 05 - - - 05 12,5
01 < 1000 07 08 04 01 01 21 52,5
02 < 5000 01 01 03 01 01 07 17,5
03 <20000 03 - 03 - 01 07 17,5
Total de Pontos 11 14 10 02 03 40 100
SB = sem bombeamento CB = com bombeamento.
verificar que cerca de 35% dos pontos apresentam índices não aceitáveis de coliformes
totais, distribuídos preferencialmente no Campus Universitário de Ondina e Avenida Anita
Garibaldi, mas também nas avenidas Vasco da Gama e Juracy Magalhães Júnior.
6. CONCLUSÕES
O oxigênio dissolvido encontra-se, em quase todos os pontos, com valores muito baixos
(< 6,0 mg/litro) devido a presença constante de matéria orgânica (húmus), observada
durante a amostragem de campo e responsável pelo consumo de oxigênio da água.
Dos parâmetros químicos os que contribuem mais para a alteração dos padrões normais
da água, são os nitratos e os fosfatos, ambos oriundos dos esgotos domésticos e
urbanos e de prováveis fossas sépticas. O fosfato estaria ligado a contaminações de
fezes e sabões/saponáceos oriundos das residências domésticas.
O níquel e o cádmio não foram detectados em qualquer dos pontos amostrados, embora
não se possa descartar a possibilidade de alguma contaminação pontual não detectada
nessa pesquisa.
O selênio apresentou discretos teores em quatro pontos de coleta de água, porém com
valores no limite do permitido pela Portaria 1469/2000. Apesar de sua incidência na área
ter sido muito pequena, algumas precauções e cuidados devem ser tomados devido aos
efeitos que ele pode produzir no ser humano.
O mercúrio por sua vez, foi detectado em 11 dos pontos e apresenta uma forte
correlação com os fosfatos, tendo provavelmente a sua concentração aumentada devido
a esse composto. Porém, não se pode descartar as fontes de contaminação antrópica
ligada ás lâmpadas fluorescentes de vapor de mercúrio, pilhas e baterias e termômetros
domésticos, entre outros, muito comuns em terrenos baldios de áreas urbanizadas. Sua
forte associação com os fosfatos pode estar contribuindo para o aumento da sua
concentração na água, através de complexação nas moléculas ou estrutura químicas
dos fosfatos.
Os altos valores de ferro é em boa parte de origem natural, sendo a sua ocorrência nas
águas subterrâneas bastante comum em regiões de clima tropical e úmido, que
apresentam solos ferralíticos. Estes, estão representados na área pelos latossolos e
podzólicos vermelho-amarelo distróficos.
Arsênio e cromo foram detectados com teores acima do permitido em poucos pontos. O
primeiro estaria associado principalmente aos compostos nitrogenados oriundos dos
esgotos domésticos, enquanto o cromo estaria ligado aos óxidos de ferro, que produzem
o aumento dos seus teores nas águas.
O zinco só foi detectado com valor alto em um único ponto situado no Campus
Universitário de Ondina e estaria ligado a contaminações causadas por uma antiga
garagem de ônibus que funcionava no local até a década de 70 e também o antigo
Parque de Exposição Agropecuário que também funcionou no local naquela época.
QUADRO 6.1. QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁGUA SUBTERRÂNEA – BACIAS DOS RIOS LUCAIA
E BAIXO CAMARUJIPE
menos sensíveis aos sais. A grande maioria dos pontos estudados mostraram risco
médio de salinização dos solos irrigados com essas águas. Com isto deve-se evitar a
sua utilização em alguns jardins, gramados e hortas domésticas que contenham vegetais
sensíveis aos sais e cujos solos sejam argilosos e siltosos
As águas dessa região podem ser amplamente utilizadas para lavagens em geral de
pisos, paredes, sanitários, salões, playgrounds sem a menor preocupação. Inclusive
podem ser utilizadas em postos de gasolina, garagens de ônibus e caminhões, lava-a-
jatos para a lavagem de veículos em geral, já que os níveis de salinização são normais,
sendo consideradas como água doce, conforme mostram os valores da condutividade
elétrica específica, sólidos totais dissolvidos, sódio e de cloretos.
7. AGRADECIMENTOS
Aos estudantes do curso de geologia, Belarmino Braga de Melo e Alex Gomes da Silva pela
participação e colaboração nos trabalhos de campo e nas tarefas básicas de escritório.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Geologia da Bahia: texto explicativo para o mapa geológico ao milionésimo /
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SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO
57 Professor Adjunto – Instituto de Geociências da UFBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL
ANEXO 01
20 AP RE RE AP
21 AP RE RE RE
22 RE RE RE RE
23 AP RE RE RE
24 AP RE RE AP
25 RE RE RE RE
26 RE RE RE RE
27 RE RE RE RE
28 AP RE RE RE
29 RE RE RE RE
30 RE RE RE RE
31 AP RE RE AP
32 AP RE RE RE
33 RE RE RE RE
34 RE RE RE RE
35 RE RE RE RE
36 RE RE RE RE
37 RE RE RE RE
38 RE RE RE RE
39 RE RE RE RE
40 RE RE RE RE