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Lucaia Relatorio Final

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX

Dique do Tororó - Bacia hidrográfica do rio Lucaia: Salvador - Bahia


Fonte: http://www.conder.ba.gov.br/parque_dique.htm

ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO AQUÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS


DOS RIOS LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE

RELATÓRIO FINAL

Sérgio Augusto de Morais Nascimento


Prof. Adjunto – Instituto de Geociências/UFBA

SALVADOR-BAHIA
NOVEMBRO/2002
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. OBJETIVOS 1
1.2. JUSTIFICATIVAS 1
1.3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 2
1.4. METODOLOGIA DE TRABALHO 4

2. O MEIO FÍSICO NATURAL 6

2.1. GEOLOGIA 6
2.2. GEOMORFOLOGIA 6
2.3. ASPECTOS CLIMÁTICOS 7

3. CARACTERÍSTICAS HIDROGEOLÓGICAS E HIDROQUÍMICAS 8

3.1. CONDICIONAMENTOS HIDROGEOLÓGICOS 8


3.2 CARACTERIZAÇÃO HIDROQUÍMICA E TIPOS DE ÁGUA 8

4. APROVEITAMENTO E UTILIZAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 13

4.1. CONSUMO DOMÉSTICO 13


4.2. IRRIGAÇÃO 31
4.3. INDÚSTRIA 33

5. GRAU DE COMPROMETIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 34

5.1. METAIS PESADOS 34


5.2. CONTAMINAÇÃO BIOLÓGICA 44

6. CONCLUSÕES 52

7. AGRADECIMENTOS 56

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57

ANEXO 01 – Critérios e Padrões de Qualidade da Água Subterrânea para


Indústrias, segundo Mathess, 1982, Szikszay, 1993, Driscoll, 1986 60

SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO


i Professor Adjunto – Instituto de Geociências da UFBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL

SUMÁRIO DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

1.1. Bacias Hidrográficas dos Rios Lucaia e Baixo Camurujipe 3

1.2. Distribuição dos Pontos de Amostragem 5

3.1. Diagrama Triangular de Piper 9

3.2. Tipos de Águas Subterrâneas 11

4.1. Relação pH-HCO3-NO3 14

4.2. Distribuição Hidroquímica de pH 15

4.3. Distribuição Hidroquímica de Oxigênio Dissolvido 17

4.4. Distribuição Hidroquímica de Nitrato 19

4.5. Distribuição Hidroquímica de Amônia 21

4.6. Distribuição Hidroquímica de Fosfato 22

4.7. Distribuição Hidroquímica de Cloreto 23

4.8. Distribuição Hidroquímica de Nitrito 24

4.9. Distribuição Hidroquímica de STD 25

4.10. Distribuição Hidroquímica de Condutividade Elétrica Específica 26

4.11. Distribuição Hidroquímica de Cálcio 27

4.12. Distribuição Hidroquímica de Sódio 28

4.13. Distribuição Hidroquímica de Bicarbonato 29

4.14. Distribuição Hidroquímica de Sulfato 30

4.15. Diagrama do United States Salinity Laboratory – USA 31

5.1. Distribuição Hidroquímica de Ferro 37

5.2. Distribuição Hidroquímica de Chumbo 39

5.3. Relação entre o Fosfato e o Mercúrio 40

5.4. Distribuição Hidroquímica de Mercúrio 41

SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO


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5.5. Distribuição Hidroquímica de Manganês 43

5.6. Relação entre o Sulfato e Zinco 45

5.7. Distribuição Hidroquímica de Zinco 46

5.8. Distribuição Hidroquímica de Coliformes Fecais 48

5.9. Distribuição Hidroquímica de Coliformes Totais 49

5.10. Distribuição Hidroquímica de Bactérias Heterotróficas 51

QUADROS

1.1. Dados Físicos de Produção – Número de Determinações Analíticas 4

2.1. Dados Climáticos do Município de Salvador 7

3.1. Relações Características 10

3.2. Relações entre os Cátions e Ânions (em miliequivalentes) 10

4.1. Parâmetros Físicos e Químicos que alteram a Qualidade Ambiental da


Água Subterrânea 16

5.1. Pontos de Restrição ao Consumo de Água Subterrânea em Função da


Presença de Metais Pesados 42

6.1. Qualidade Ambiental da Água Subterrânea – Bacias dos Rios Lucaia e


Baixo Camarujipe 54

TABELAS

1.1. Área, População e Consumo Médio de Água 4

4.1. Matriz de Correlação Linear 13

4.2. Sumário Estatístico e Padrões de Qualidade 18

4.3. Indicadores da Qualidade da Água Subterrânea para Irrigação 32

5.1. Sumário dos Estimadores da População – Metais Pesados ( g/l) 35

5.2. Matriz de Correlação Linear 35

5.3. Contaminação Biológica – Coliformes Totais 47

SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO


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1. INTRODUÇÃO

1.1. OBJETIVOS

O presente trabalho foi desenvolvido nas áreas das bacias dos rios Lucaia e Baixo
Camarujipe, situadas no município de Salvador – Estado da Bahia. Contou com a
cooperação técnica e financeira fornecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento
S/A – Embasa, através do convênio celebrado entre essa Empresa e a Universidade
Federal da Bahia. Foi desenvolvido no âmbito do Departamento de Geologia e Geofísica
Aplicada do Instituto de Geociências/UFBA, tendo iniciado as suas atividades em janeiro de
2002.

Teve como objetivos principais a caracterização hidroquímica e o estabelecimento dos


diversos tipos de água subterrânea, além da definição quanto a sua utilização e
aproveitamento para o consumo doméstico, na irrigação de hortas e jardins e em
determinados segmentos da pequena indústria. Procurou-se também, avaliar o grau de
comprometimento ambiental do aqüífero freático, no que diz respeito a presença de metais
pesados e bactérias do grupo dos coliformes e heterotróficas. Teve portanto, a finalidade de
estabelecer um diagnóstico sobre a qualidade atual das águas subterrâneas dessa região.
Não houve qualquer propósito de abordagem detalhada sobre a ecotoxicologia específica de
cada contaminante estudado, bem como, de fornecer indicações epidemiológicas concretas
sobre a ocorrências de efeitos adversos à saúde da população, já que o trabalho não teve
esse objetivo, e portanto não contou com a participação de profissionais da área de saúde
pública.

1.2. JUSTIFICATIVAS

O rápido crescimento demográfico experimentado pela cidade de Salvador nas últimas


décadas, vem se refletindo, conforme esperado, nas condições de vida de sua população,
sobretudo no que diz respeito ao abastecimento de água e o saneamento básico. Apesar de
grande parte da população ser servida por água tratada, com o fornecimento de 217 milhões
de m3/mês para cerca de 91% da população soteropolitana (Embasa, 1999), uma parte
dessa população ainda se utiliza de fontes alternativas de abastecimento. Através das
águas subterrâneas obtidas nas fontes naturais, cisternas e poços tubulares, uma pequena
parte da população, normalmente as camadas sociais de baixa renda, utiliza-se desse
expediente devido a economia direta que esta fonte alternativa proporciona ao contribuinte,
ao fugir do pagamento da conta de água. Além do mais, os meios alternativos representam
a possibilidade de uma fonte segura e adicional no suprimento de água, em áreas onde
muitas vezes o fornecimento não é regular. É bem verdade que na grande maioria das
vezes essa água é utilizada somente para lavagens em geral e irrigação de jardins e hortas
domésticas, não sendo utilizada para consumo humano. Alguns segmentos de classe
média, vem também utilizando como medida de economia, para abastecimento de seus
condomínios residenciais e clubes recreativos, tendo em alguns casos o cuidado de realizar
um tratamento simplificado da água com filtração e cloração. O mais comum porém, são
alguns segmentos do ramo de serviços, que vem utilizando sistematicamente a água para
lavagem de veículos nos lava-a-jatos, postos de gasolina, garagens de ônibus e de
caminhões, entre outros.

SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO


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É fato comum que em áreas densamente povoadas e urbanizadas, o impacto ambiental


sobre os mananciais de água, é agravado a partir principalmente dos efluentes domésticos,
depósitos de lixo, lixões e aterro sanitário, algumas atividades industriais, postos de
combustíveis, garagens de caminhões e ônibus, oficina mecânica, depósitos de ferro-velho,
cemitérios, hospitais e clínicas médicas, entre outros. Particularmente nas bacias dos rios
Lucaia e Baixo Camarujipe, o primeiro grande vetor de contaminação dos aqüíferos locais
são os efluentes domésticos oriundos dos esgotos sanitários e das fossas sépticas. O
segundo grande vetor de contaminação são os postos de gasolina que produzem
contaminação urbana, devido principalmente a grande quantidade de estabelecimento
desse gênero, vazamentos dos produtos estocados, dificuldade na detecção de vazamentos
nos tanques subterrâneos, falta de fiscalização adequada e falta de cuidados na carga e
descarga dos produtos derivados do petróleo. O terceiro fator são as oficinas mecânicas,
revendedores de veículos e os ferros-velhos. A contaminação dos aqüíferos, especialmente
quando se tratam de aqüíferos rasos, de elevada vulnerabilidade, como é o caso da região
pesquisada, pode-se constituir em um grave problema de saúde pública, com sérios riscos e
efeitos adversos na população quando estes mananciais são utilizados para consumo
doméstico.

O Departamento de Geologia e Geofísica Aplicada do Instituto de Geociências/UFBA, com o


apoio da Embasa, tomou a incumbência de pesquisar a nível de diagnóstico, o grau de
comprometimento das águas do aqüífero freático de Salvador, tendo começado esse
trabalho nas bacias do Alto-Médio Camarujipe e Pituba (Guerra e Nascimento, 1999), e
agora nas áreas das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe. Tal iniciativa, se traduz
numa contribuição para a inserção da Universidade Federal da Bahia no diagnóstico, e se
possível na solução, dos problemas de poluição hídrica que afetam a região e,
consequentemente, a sua população.

1.3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA.

As bacias dos Rios Lucaia e Baixo Camarujipe, com uma área de drenagem de
aproximadamente 14,1 km2, está inserida entre os paralelos 12 0 58’ 48’’ e 130 00’ 58’’ e os
meridianos 390 29’ 19’’ e 390 32’ 05’’, dentro do município de Salvador – Estado da Bahia.
Engloba total ou parcialmente os bairros de Brotas (Campinas, Acupe e Engenho Velho),
Itaigara, Santa Cruz, Rio Vermelho, Federação, Ondina, Fazenda Garcia e Tororó (Figura
1.1).

A população residente na área é de aproximadamente 256 mil habitantes (estimada para o


ano de 2002), com uma previsão de consumo de água de aproximadamente 1,5 milhões
m3/mês (Tabela 1.1). A captação alternativa de água é feita basicamente através de poços
tubulares rasos (8 a 10m de profundidade) perfurados com a utilização de trado manual,
cisternas escavadas e fontes ou minadouros naturais. Em alguns casos, a água é obtida
através dos poços tubulares convencionais, construídos com uso de perfuratrizes que
atingem normalmente o embasamento cristalino. Em decorrência do seu custo mais
elevado, esses poços são menos utilizados. As vazões nos poços rasos são da ordem de
1000 a 2000 litros/hora, e a água é obtida no contato entre a rocha alterada (saprólito) e a
rocha sã. Os poços tubulares convencionais mais profundos, atingem o embasamento
cristalino e as vazões situam-se entre 1000 e 3.000 litros/hora, quando detecta zonas com
intenso fraturamento interconectados entre si.

Não se tem até o momento, uma idéia precisa sobre o volume de água subterrânea
consumida pela população da área, possivelmente um número entorno de 5 a 10% do
consumo médio de água.
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TABELA 1.1. ÁREA, POPULAÇÃO E CONSUMO MÉDIO DE ÁGUA


Consumo médio Consumo
Bacias Área (ha) População (2002)
Per capita/dia (1993) médio/mês (m3)
Lucaia 707,98 129.726 199 774.464
Baixo Camarujipe 701,56 126.158 191 722.885
Total 1409,54 255.884 - 1.497.349
Fonte: Secretaria de Recursos Hídricos Saneamento e Habitação (1995)

1.4. METODOLOGIA DE TRABALHO


Os trabalhos foram desenvolvidos obedecendo uma metodologia de campo, laboratório e
escritório apropriadas para atividades desta natureza, seqüenciadas em três fases
interrelacionadas.
A Primeira Fase constou de levantamento bibliográfico, aquisição de base cartográfica e
fotografias aéreas, identificação e cadastramento dos principais pontos de captação d’água
e prováveis fontes de contaminação na área. Nesta fase foram cadastrados 35 poços
tubulares, 21 cacimbas e 03 fontes natural ou minadouros.
Todos esses pontos foram georeferenciados no campo com GPS (Global Position System) e
identificados nas bases cartográficas na escala de 1:5.000 do Projeto SICAR - CONDER,
1992.
A Segunda Fase constou da execução da amostragem de água em 40 pontos previamente
cadastrados e aleatoriamente distribuídos na área. As amostras coletadas foram enviadas
para os laboratórios da Embasa. A coleta foi executada em 24 poços tubulares, 13 cisternas
ou cacimbas e 03 fontes naturais ao longo de toda a área (Figura 1.2), alguns dos quais
com água paralisada, ou seja, sem bombeamento.
Para a avaliação físico-química da água, foram analisados os seguintes parâmetros: pH,
cor, turbidez, condutividade elétrica específica, temperatura, oxigênio dissolvido, sólidos
totais dissolvidos, alcalinidade, dureza total, cálcio, magnésio, sódio, potássio, cloretos,
sulfatos, bicarbonatos, fosfatos, amônia, nitritos, nitratos. Para a avaliação do grau de
comprometimento do aqüífero foram analisados os metais Arsênio, cádmio, cromo total,
cobre, ferro, chumbo, mercúrio, manganês, níquel, selênio e zinco. Na avaliação
bacteriológica foram utilizados como parâmetros indicadores os coliformes termotolerantes
(fecais), totais e bactérias heterotróficas (Quadro 1.1). Não foi possível fazer o diagnóstico
sobre a presença de hidrocarbonetos aromáticos, do tipo BTEX e hidrocarbonetos totais de
petróleo - HTP (óleos e graxas) nos aqüíferos da região, por absoluta impossibilidade de
realizar essas análises nos laboratórios da Embasa, durante a segunda fase desse projeto –
fase da amostragem e das análises. Com isto, deixou-se de avaliar aquele que talvez seja o
segundo maior vetor de contaminação das águas subterrâneas na região, depois dos
esgotos e fossas domésticas, que são os postos de combustíveis e as garagens de ônibus e
caminhões.
QUADRO 1.1. DADOS FÍSICOS DE PRODUÇÃO – NÚMERO DE DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS.
Análise de Laboratório EMBASA
Amostras Coletadas 40
Tipos de Análises Físico-químicas Metais Pesados Bacteriológicas
Número de Determinações 720 440 120

A Terceira Fase constou da elaboração de um banco de dados em matriz Excel, tratamento


e microprocessamento estatístico de dados e elaboração digital de figuras, tabelas, quadros
e mapas, com a utilização de vários Softwares. Posteriormente todos os resultados do
processamento eletrônico foram interpretados e elaborado o presente Relatório Final.
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2. O MEIO FÍSICO NATURAL

2.1. GEOLOGIA

A área das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe é dominantemente formada por
rochas metamórficas de alto grau que compõem o Complexo Cristalino de idade
Arqueana/Paleoproterozóica. Mineralogicamente, são constituídas de quartzo, feldspato
potássico, feldspato sódico-cálcico (plagioclásio), biotita, hornblenda, piroxênios e granada.
Esses minerais agrupam-se em faixas ou bandas paralelas formando intercalações de
diversos tipos litológicos, de espessura variável, desde milimétrica á vários metros, por
vezes dobradas e migmatizadas. Associadas ou cortando essas rochas, aparecem vários
corpos de pegmatitos e granitos finos (aplito) de dimensões relativamente pequenas,
constituídos por quartzo, k. feldspato e micas. Diques de diabásio e gabro mais novos em
idade e não metamorfizados, cortam todas as rochas do embasamento cristalino. Esses
diques têm espessura variável e apresentam cor escura à esverdeada, com granulação
muito fina nos diabásios, à média nos gabros (Fujimori, 1996).

As variações litológicas e estruturais são decorrentes dos vários ciclos tectônicos que
afetaram a região ao longo da sua história geológica. Como conseqüência, além das
variações composicionais das rochas, também podem ser observadas deformações
estruturais dúcteis e rupteis, essas últimas representadas por extensos fraturamentos, em
sistemas quase ortogonais, orientados nas direções principais N50-600E e N40-500W.

2.2. GEOMORFOLOGIA

Os fraturamentos controlaram a modelagem da paisagem, resultando na formação do baixo


planalto dissecado, observado nos bairros de Brotas, Federação e Ondina. Esses
apresentam quase sempre uma altitude situada entre 50 e 70 metros, com vertentes
íngremes e abruptas. Outra feição morfológica, também resultante do sistema de
fraturamento das rochas granulíticas, são os morros e as colinas semi-arredondadas, que
apresentam cotas por volta de 20 a 30 metros, observados na região do Itaigara e Rio
Vermelho. O sistema de fraturamento também facilitou a alteração das rochas do
embasamento, servindo como canais de percolação das águas de chuva. Como
conseqüência, o intemperismo físico e químico dessas rochas juntamente com os processos
de erosão, resultou na formação dos vales e depressões que servem de percursos para a
drenagem fluvial existente (Sacramento, 1975). A decomposição química causada pelas
águas pluviais, sob condições climáticas rigorosas gerou coberturas de solos residuais com
espessuras relativamente elevadas, apresentando o horizonte B textural areno-argiloso e às
vezes argiloso. Dados de poços tubulares indicam que os solos originados do embasamento
cristalino, geralmente latossolos e podzólicos vermelho-amarelo distróficos, podem atingir
mais de 30 metros de profundidade, em determinadas áreas das bacias hidrográficas
estudadas. Em alguns pontos da área foram observadas a presença de leques coluviais ou
depósitos de talus, originados pelo quebramento das rochas do embasamento, como
conseqüência do intemperismo mecânico, sobre os quais desenvolveram-se solos de
natureza alóctone.

Uma terceira feição morfológica são os aluviões fluviais arenosos encontrados ao longo dos
principais vales das avenidas Vasco da Gama, ACM e Juracy Magalhães Júnior. Os
aluviões são constituídos por partículas areno-argilosas que representam materiais erodidos
e retrabalhados da própria alteração do embasamento pelas águas das chuvas e por

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movimentos de massas nas encostas que se deslocam devido à gravidade. Muitos desses
vales foram parcialmente inundados com a subida do nível dos mares no quaternário,
principalmente no Holoceno. Por se tratar de uma região urbana, é importante ressaltar que
a dinâmica morfogenética atual foi profundamente influenciada pela ação antrópica e,
consequentemente, muitas das formas encontradas são resultantes de terraplanagem,
cortes de taludes, aterros e outras obras de engenharia.

2.3. ASPECTOS CLIMÁTICOS

O clima da região foi muito importante nos processos de meteorização das rochas do
Embasamento Cristalino. É caracterizado como Tropical Chuvoso de Floresta, do tipo Af,
segundo a classificação de Köppen, e úmido (B2rÁá) segundo a classificação de
Thornthwaite e Matther (SEI, 1998). Dados da estação meteorológica de Ondina mostram
um Índice Hídrico igual a 48,4, pequena deficiência hídrica (13,3 mm/ano), uma
evapotranspiração potencial da ordem de 1417,9 mm/ano e precipitações sempre maiores
do que 100 mm em todos os meses do ano, portanto, sem estação seca definida. A
pluviometria média no período de 1961 a 1990 foi de 2089,9 mm/ano (SEI, 1998), com maior
concentração de chuvas nos meses de abril a julho (Quadro 2.1). A temperatura média
anual para o período acima citado foi de 25,3 0C, com máximas nos meses de janeiro,
fevereiro e março e mínimas nos meses de julho e agosto. Nesse trabalho, toda a
amostragem da água subterrânea foi realizada num só período sazonal, antes do início
chuvas (01/04/2002 a 13/05/2002), como é recomendável.

QUADRO 2.1. DADOS CLIMÁTICOS DO MUNICÍPIO DE SALVADOR

Cálculo do balanço hídrico mensal e anual. Município: Salvador. Estação: Salvador.


Período: 1961-1990.
Altitude: 51 m. Latitude: 13o01’. Longitude: 38o31’. CAC: 125 mm.
Tipologia Climática: Köppen – Af; Thornthwaite e Mather – B2rA’a’.

Temp. EP P P-EP Neg. ARM ER DEF. EXC.


Meses
(oC) (mm) (mm) (mm) Acum. (mm) (mm) (mm) (mm)
1 1 - 1
2 5 8
4 1 3 3 8
6 1 2 0,
Jan. 7 0 6 9 ,
, , , 0
, , , , 5
5 6 7
5 9 6 0
1 1 - 1
2 6 7
3 2 1 2 3
6 2 5 0,
Fev. 1 1 0 8 ,
, , , 0
, , , , 9
6 3 9
9 2 7 0
1 1 1
2 6 7
4 4 0 4 0
6 1 6 0,
Mar. 3 4 , 3 ,
, , , 0
, , 8 , 0
7 1 7
8 6 8
1 3 1 1 1
2 1
2 2 9 0 2 2 0
6 4
Abr. 5 1 6 , 5 5 ,
, 8,
, , , 0 , , 0
1 2
1 6 5 0 1
1 3 2 1 1
2 2
1 2 1 0 2 1 0
5 1
Maio 0 4 4 , 5 0 ,
, 4,
, , , 0 , , 0
1 2
6 8 2 0 6
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2 1 1
2 9 9 1
5 5 0 2 0
4 7 7 5
Jun. 1 3 , 5 ,
, , , 3,
, , 0 , 0
3 9 9 5
4 5 0
2 1 1
2 8 8 1
0 1 0 2 0
3 6 6 1
Jul. 3 7 , 5 ,
, , , 7,
, , 0 , 0
6 5 5 1
6 1 0
1 1
2 9 4 9
3 0 2 0 4
3 1 4 1
Ago. 5 , 5 , 4,
, , , ,
, 0 , 0 5
6 4 5 4
9 0
1 1 1 1
2 1
0 1 0 2 0 0 1
4 1
Set. 0 2 , 5 0 , 1,
, ,
, , 0 , , 0 9
3 9
3 2 0 3
1 1 1 1
2
1 2 4 0 2 1 0
5 4,
Out. 7 2 , , 5 7 ,
, 7
, , 7 0 , , 0
0
5 2 0 5
1 1 1 1
2 -
2 1 7 1 2 0
5 7 0,
Nov. 6 8 , 7 6 ,
, , 0
, , 8 , , 2
6 8
3 5 4 1
1 1 1 1
2 - 1
3 3 1 3 0
6 7 5 0,
Dez. 9 2 0 8 ,
, , , 0
, , , , 6
0 3 0
3 0 8 6
1 2 1
. . .
2 1 6
4 0 4
5 3 9
Atual 1 9 - - - 0
, , 4,
7 8 4
3 3 2
, , ,
9 9 7

Fonte: INMET, 1991 – SEI, 1998.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
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DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL

3. CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA E HIDROQUÍMICA

3.1. CONDICIONAMENTOS HIDROGEOLÓGICOS

Do ponto de vista hidrogeológico, as águas subterrâneas são armazenadas em dois


domínios hidrogeológicos distintos, intercomunicáveis entre si e de natureza livre, formando
um sistema aqüífero heterogêneo e anisotrópico. O primeiro é representado pelas
coberturas de solos e sedimentos arenosos aluvionares dos fundos dos vales encontrados
nas principais avenidas que compõem a paisagem da área em estudo. Formam aqüíferos de
pouca espessura, com níveis hidrostáticos rasos, recobrindo as rochas do segundo domínio,
representado pelo embasamento cristalino granulítico de natureza francamente fissural. Os
depósitos de cobertura podem atingir em áreas localizadas, espessuras de até 30 m ou
ligeiramente superiores. Em decorrência do seu caráter textural predominantemente argiloso
ou areno-argiloso e sua pouca espessura, formam aqüíferos limitados do ponto de vista do
armazenamento e da capacidade de produção de seus poços, como já foi mencionado
anteriormente. Entretanto, por se tratar de uma região de elevada pluviosidade (acima de
2.000 mm/ano), além da contribuição dos despejos domésticos, nas áreas com deficiência
de redes de esgoto, este aqüífero recebe uma taxa de recarga contínua o ano todo,
possibilitando seu uso continuado sem grandes rebaixamentos. Por se tratar de um meio de
natureza fissural, o embasamento granulítico forma aqüíferos com capacidade de
armazenamento ainda mais limitada e restrito as zonas mais fraturadas do corpo rochoso.
Os poços tubulares convencionais, de maior profundidade, são por vezes de natureza mista.
Produzem água do meio fissural quando este apresenta-se bem desenvolvido e das
coberturas de solos ao mesmo tempo. A grande maioria dos poços cadastrados, entretanto,
são rasos (8 a 10 m de profundidade), tendo sido perfurados a trado manual e captam água
apenas das coberturas, principalmente do contato saprólito/rocha sã. As coberturas
aluvionares e os materiais colmatados oriundos das encostas situam-se nos fundos dos
vales e seus níveis hidrostáticos estão próximos da superfície do terreno, o que as tornam
extremamente vulneráveis a poluição.

3.2. CARACTERIZAÇÃO HIDROQUÍMICA E TIPOS DE ÁGUA

A caracterização físico-química das águas subterrâneas no seu estado natural, sem a


interferência de fatores antrópicos, está diretamente subordinada às condições
geológicas/litológicas e climáticas reinantes em uma determinada região.

No caso específico das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe, a avaliação da qualidade
físico-química foi realizada a partir da coleta e análises em 40 amostras. Os componentes
maiores (Ca, Mg, Na, K, Cl, C03, HCO3, SO4, NO3), foram tratados através do programa
AquaChem versão 3.7 (1997) da Waterloo Hidrogeologic Inc. e pelo Diagrama Triangular de
Piper (Piper 1944), para efeito de classificação geral das águas da região (Figura 3.1).
Outros componentes físico-químicos como cor, turbidez, pH, temperatura, condutividade
elétrica específica, oxigênio dissolvido, fosfatos e sólidos totais dissolvidos, serviram para
compor o quadro geral de caracterização hidroquímica.

Através do Diagrama Triangular de Piper e do ordenamento por tipo de água executado pelo
programa AquaChem, verificou-se que as águas da bacia dos rios Lucaia e Baixo
Camarujipe podem ser classificadas como Cloretadas, cloretada-bicarbonatadas,
bicarbonatadas, bicarbonatada-sulfatada e mistas, com uma absoluta predominância
(~90%) dos dois primeiros tipos. As relações características entre seus ions estão
mostradas no Quadro 3.1.
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Legend:
Á g u a s C lo re ta d a s
clo re ta d a -b ica rb o n a t
Á g u a s b ic arb o n a ta d a s
Á g u a s M ista s
su lfa ta d a - b ic a rb o n

80 80

60 09 60
01
22
10981 4 1 3
3 3 21823 1
40 3 81 02017 1 8 4205
11 1 27 4
02 30
2 74 0
16 32
20 15 06 29 20
26
39
34
23
04 05
37
03
Mg SO 4

35

80 80

36
60 60

40 40

20 20

80 60 40 20 20 40 60 80
Ca Na HC O3 Cl
FIG U RA DIAG R A MA TRIAN G U LA R D E PIPER
FIGURA 3.1. DIAGRAMA TRIANGULAR DE PIPER

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Águas Cloretadas – essas águas foram encontradas em 67,0 % dos pontos estudados ao
longo da área pesquisada (Figura 3.2). Obedecem relações características do tipo rNa >
rMg > rCa com rCl>rSO4>rHCO3 (Quadro 3.1). A predominância do rNa sobre os demais
cátions é alta , conforme mostram as relações rNa/rMg e rNa/rCa (Quadro 3.2). Os valores
do rNa foram maiores do que o rMg em 97% das amostras, enquanto com relação ao rCa, a
predominância foi em 85% dos pontos estudados.

QUADRO 3.1. RELAÇÕES CARACTERÍSTICAS

RELAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Cátions Ânions Tipos %
6
7
rNa > rMg > rCa rC l> rSO4> rHCO3 Cloretadas
,
0
2
2
rCl > rHCO3 > rSO4 Cloretada-bicarbonatadas
,
0
5
rHCO3 > rCl > rSO4 Bicarbonatadas ,
rNa > rCa > rMg 0
3
rHCO3 > rSO4 >rCl Bicarbonatadas-sulfetadas ,
0
3
rSO4 > rHCO3 > rCl Mista ,
0
r = valores em miliequivalente

Com relação aos ânions, verifica-se uma total predominância do rCl sobre o rSO4 e rHCO3
em todos os pontos estudados. Já o rSO4 foi maior do que o rHCO3 em 66,7% dos pontos
estudados (Quadro 3.2)

QUADRO 3.2. RELAÇÕES ENTRE OS CÁTIONS E ANIONS (em miliequivalente).

Relações Na/Mg Na/Ca Mg/Ca Cl/SO4 Cl/HCO3 SO4/HCO3


2
1 4 2 7 4
1
Cloretadas , , , , ,
8
9 2 4 2 6
2
3 4 1 6 1 0
Cloretada-bicarbonatadas , , , , , ,
3 2 1 2 2 3
0
4 3 0 3 0
,
Bicarbonatadas , , , , ,
7
3 5 8 4 3
4

São águas que apresentam o pH variando de fortemente ácido à neutro e uma baixa
salinidade, sendo portanto considerada como água doce segundo MCNEELY et al., 1979.

Águas Cloretada-bicarbonatadas – essas águas foram encontradas em 22,0 % dos


pontos pesquisados na área (Figura 3.2) e obedecem relações do tipo rNa > rCa > rMg com
rCl>rHCO3>rSO4. Entre os cátions verifica-se também uma total predominância do rNa
sobre os demais. Com relação ao rMg e o rCa, o rNa foi maior em cerca de 78% e 67% dos
pontos estudados, respectivamente. Com relação aos ânions, verifica-se uma
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predominância do rCl sobre os demais e do rHCO3 sobre o rSO4 (Quadro 3.2). O rCl foi
maior do que o rSO4 em todas as amostras estudadas, e o bicarbonato em 56% dos pontos
estudados

O pH dessas águas varia na região entre moderadamente ácido à moderadamente alcalino


e sua salinidade expressa através dos valores da condutividade elétrica específica e dos
sólidos totais dissolvidos (STD), à classifica como uma água doce, segundo MCNEELY et al,
1979.

Águas Bicarbonatadas – essas águas foram encontradas em 5% dos pontos pesquisados


na área, tendo relações características do tipo rNa > rCa > r Mg com rHCO3 > rCl >rSO4.
Entre os cátions verifica-se também uma predominância do ion rNa sobre os ions rCa e rMg,
enquanto que o ion rCa predomina sobre o ion rMg em grande parte dos pontos estudados.
Com relação aos ânions verifica-se um predomínio do ion rHCO3 sobre os ions rCl e rSO4 e
do rCl sobre o rSO4 em grande parte das amostras estudadas (Quadro 3.2 op. cit.).

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Tratam-se de águas neutras à moderadamente alcalinas, que apresentam uma salinidade


baixa expressa através dos valores de sólidos totais dissolvidos (STD) e condutividade
elétrica específica (CE), podendo ser classificada como água doce segundo a classificação
de MCNEELY et al, 1979.

Os outros dois tipos de água encontrados na região, foram observadas nos pontos 34
(Canteiro central da Avenida Ogunjá) e 5 (instituto de Letras da UFBA), representando
apenas 6% do total de pontos estudados, tendo sido classificadas respectivamente, como
bicarbonatada-sulfatada e água mista.

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4. APROVEITAMENTO E UTILIZAÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA

4.1. CONSUMO DOMÉSTICO

As águas geralmente são consideradas potáveis quando podem ser consumidas pelo ser
humano e pelos animais, sem ocasionar prejuízos a sua saúde. Os órgãos responsáveis
pela saúde pública e o meio ambiente em todo o mundo, vem estabelecendo e
aperfeiçoando cada vez mais, os padrões de potabilidade para consumo humano, em
função do desenvolvimento das pesquisas, principalmente na área da toxicologia e da
epidemiologia, e do avanço tecnológico dos equipamento de análise laboratorial.

Para a verificação sobre a potabilidade da água subterrânea na área em questão, foram


utilizados diversos parâmetros físico-químicos, tais como, pH, cor, turbidez, sólidos totais
dissolvidos (STD), condutividade elétrica específica (CE), oxigênio dissolvido (OD), cálcio,
magnésio, sódio, potássio, bicarbonato, cloretos, sulfatos, amônia, nitritos, nitratos e
fosfatos.

De acordo com os padrões de potabilidade adotados pela Portaria 1469/2000 do Ministério


da Saúde, pode-se observar que as águas subterrâneas dessa região estão basicamente
comprometidas por efluentes líquidos oriundos dos esgotos domésticos e urbanos, além das
fossas sépticas e dejetos de animais. Assim vejamos:

 Os valores de pH estão alterados em 78% dos pontos estudados (Quadro 4.1). Estes se
encontram abaixo do que recomenda a citada portaria e, em função da quantidade de
pontos com valores abaixo do recomendável, consideramos como o parâmetro que mais
compromete a qualidade das águas subterrâneas na região.
Os seus valores oscilam entre 4,6 e 8,6 com uma média de 6,00,3 para toda a área
(Tabela 4.2). Esta forte oscilação estaria ligada a maior ou menor presença dos
bicarbonatos e dos nitratos nas águas (Figura 4.1). Em áreas onde o nitrato está mais
presente, os valores de pH diminuem para níveis abaixo do permitido pela legislação
brasileira. Em setores da área onde o bicarbonato está mais presente, principalmente
nas águas do tipo cloretadas-bicarbonatadas e bicarbonatadas, o pH aumenta,
chegando a valores neutros e alcalinos. Cálculos de correlação linear mostraram um
coeficiente de correlação positivo (r= 0,66) com o bicarbonato, enquanto com o nitrato o
coeficiente foi negativo (r= -0,68), conforme pode ser visto na Tabela 4.1. A distribuição
do pH na área encontra-se representado na Figura 4.2.

TABELA 4.1. MATRIZ DE CORRELAÇÃO LINEAR.


pH T CE STD OD COR TURB Ca Mg Na K HCO3 SO4 Cl NH4 NO2 NO3 PO4
pH 1,00
T 0,29 1,00
CE 0,12 -0,38 1,00
STD 0,08 -0,38 0,99 1,00
OD 0,18 0,24 0,15 0,13 1,00
COR 0,44 0,01 0,01 -0,02 0,07 1,00
TURB 0,04 -0,33 -0,06 -0,08 0,09 0,46 1,00
Ca 0,14 -0,22 0,34 0,33 -0,01 -0,07 -0,11 1,00
Mg -0,29 -0,31 0,45 0,45 -0,08 -0,41 -0,27 0,08 1,00
Na 0,26 -0,30 0,91 0,90 0,12 0,07 0,01 0,18 0,23 1,00
K 0,28 -0,04 0,08 0,06 0,06 0,69 0,26 0,10 -0,25 0,02 1,00
HCO3 0,66 -0,08 0,54 0,50 0,05 0,27 0,08 0,42 -0,08 0,60 0,11 1,00
SO4 0,11 -0,10 0,52 0,57 0,14 0,12 0,00 0,20 -0,12 0,53 0,04 0,39 1,00
Cl 0,00 -0,24 0,82 0,80 0,31 -0,12 -0,05 0,13 0,55 0,72 -0,01 0,17 0,24 1,00
NH4 -0,29 -0,25 0,28 0,25 -0,02 0,07 0,14 -0,13 0,14 0,16 0,08 -0,11 -0,07 0,18 1,00
NO2 -0,09 -0,12 0,07 0,05 0,19 0,41 0,37 0,00 -0,22 -0,01 0,33 -0,09 0,01 0,11 0,37 1,00
NO3 -0,68 -0,24 0,15 0,18 -0,18 -0,34 -0,23 -0,01 0,47 0,01 -0,02 -0,50 -0,24 0,19 0,46 0,03 1,00
PO4 0,01 -0,10 -0,14 -0,15 -0,08 0,11 0,57 0,00 -0,20 -0,12 -0,07 -0,02 -0,04 -0,07 0,08 0,06 -0,17 1

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QUADRO 4.1. PARÃMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS QUE ALTERAM A QUALIDADE AMBIENTAL


DA ÁGUA SUBTERRÂNEA.

Pontos pH OD Cor Turbidez Cloreto NH4 NO2 NO3 PO4


1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40

Restrição para o Consumo Doméstico.

 O oxigênio dissolvido foi outro parâmetro que apresentou-se alterado na região em


quase todos os pontos estudados (Quadro 4.1 – op. cit.). Os valores oscilaram entre 0,4
e 6,4 mg/litro de O2 com uma média para toda a região de 2,70,4 mg/litro de O2 (Tabela
4.2), sendo considerado muito baixo, refletindo provavelmente uma forte influência da
matéria orgânica (húmus) em toda a área ou mesmo a poluição por esgotos e fossas
que estariam consumindo o oxigênio da água. Sua distribuição na área encontra-se
representada na Figura 4.3.

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TABELA 4.2. SUMÁRIO ESTATÍSTICO E PADRÕES DE QUALIDADE.

Valor de
Valor
Valor Valor Valor médio Referencia
Parâmetros Unidade Recomendável
Mínimo Máximo (background) Bibliográfica
(**)
(*)
pH - 4,6 8,6 6,0  0,3 5,5 – 8,5 6,5 – 8,5
Temperatura Pt / L 26,1 32,1 28,3  0,4 - -
Cor 3,5 70,0 11,4  6 <5 5
Turbidez UNT 0,1 535,0 48,0  41,0 < 40 5
STD mg/l 78,0 422,0 182,0  25,0 < 500 1000
CE S/cm 178,0 1053,0 431,0  62,0 - 1250
OD mg/l O2 0,4 6,4 2,7  0,4 7,6 – 14,6 >6
Cálcio mg/l 1,3 67,6 23,0  5,0 10 – 100 150
Magnésio mg/l 3,4 22,4 12,4  2,0 1 – 40 50
Sódio mg/l 16,8 147,0 48,0  10,0 0,1 – 100 200
Potássio mg/l 0,9 16,0 5,0  1,0 < 10 50
Bicarbonato mg/l 0,2 193,0 50,0  16,0 50 – 350 -
Cloretos mg/l 11,6 274,0 70,0  14,0 10 – 250 250
Sulfatos mg/l 3,8 206,0 24  10 < 100 250
Amônia mg/l 0,07 21,0 1,4  1,2 < 100 1,5
Nitrito mg/l 0,004 1,7 0,052  0,09 0,1 – 10 1
Nitrato mg/l 0,35 41,0 11,4  3,3 < 20 10
Fosfato mg/l 0,002 0,24 0,014 0,013 0,01 – 1 0,025

(*) Segundo vários autores.


(**) Padrões de Qualidade Ambiental - Portaria 1469/2000 do Ministério da Saúde.

 O nitrato encontra-se alterado com valores acima do permitido pela legislação brasileira
em 53% dos pontos estudados (Quadro 4.1 op. cit.). Os valores oscilam na região entre
0,35 e 41,0 mg/litro, com uma média de 11,43,3 mg/litro (Tabela 4.2). Dados da matriz
de correlação linear, mostra que o mesmo está fracamente associado à amônia (r=0,46)
o que sugere também uma ligação com as mesmas fontes poluidoras citadas acima.
Segundo a literatura específica, o nitrato é normalmente o contaminante de ocorrência
mais comum nos grandes centros urbanos, devido principalmente às fossas domésticas
e as latrinas. A presença de compostos de nitrogênio nos seus diferentes estados de
oxidação é indicativo de contaminação do aqüífero e de possíveis condições higiênico-
sanitárias insatisfatórias. O nitrito e o nitrato estão associados a dois efeitos adversos à
saúde, quais sejam, a indução à metemoglobinemia, especialmente em crianças, e a
formação potencial de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas. A sua distribuição na
área encontra-se assinalada na Figura 4.4.

 A cor e a turbidez apresentam-se alteradas em 28% dos pontos estudados, estando a


primeira ligada a presença da matéria orgânica, principalmente húmus, e a turbidez está
fortemente associada ao ferro (r= 0,78), conforme mostra a Tabela 4.1 (op. cit.). A
turbidez está também fortemente ligada aos materiais particulados de argila e silte
observados em alguns pontos de captação durante a amostragem de campo. Supõe-se
que, haja também uma contribuição do fosfato presente na água, conforme mostra o seu
moderado coeficiente de correlação (r= 0,57). Este fato foi constatado por Guerra e
Nascimento (1999) nas águas subterrâneas da bacia do Alto e Médio rio Camarujipe.

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 A amônia encontra-se alterada em 17% dos pontos estudados e estaria associada aos
nitratos (r= 0,46), porém na sua forma mais reduzida. Está certamente ligada aos
esgotos domésticos, fossas sépticas, excrementos e fezes de animais ou mesmo
fertilizantes nitrogenados. Segundo a literatura especializada, a amônia pode estar
presente naturalmente em águas superficiais e subterrâneas, sendo que usualmente sua
concentração é bastante baixa devido à sua fácil adsorção por partículas do solo ou à
oxidação para nitrito e nitrato. Entretanto, a ocorrência de concentrações elevadas pode
ser resultante de fontes de poluição próximas, bem como da redução de nitritos por
bactérias ou por ions ferrosos presentes nos solos.

 O fosfato encontra-se alterado em cinco pontos da área (12,5%), podendo estar


associados também às fezes e aos produtos de limpeza, tais como, sabões e
saponáceos oriundos dos efluentes das residências domésticas. Um dado interessante
obtido da literatura específica, mostra que nos grandes centros urbanos o ser humano
libera em média 4 gramas de fósforo por dia, durante as suas atividades cotidianas
(Fenzl, 1988). A distribuição da amônia e do fosfato na região das bacias dos rios Lucaia
e Baixo Camarujipe encontram-se assinalados nas Figuras 4.5 e 4.6.

A matriz de correlação linear evidenciou uma moderada associação do fosfato com os


metais cromo, cobre e ferro e uma forte ligação com o mercúrio (r= 0,89), conforme pode ser
visto na Tabela 4.1 (op. cit.). O fosfato estaria formando complexos e coligações com o
mercúrio, absorvido na sua estrutura química.

Finalmente, foi registrado na área, a presença de um ponto com alto valor de cloreto (ponto
26) e outro com nitrito (ponto 30). Estão associados provavelmente, às fontes poluidoras
referidas acima. Como foi assinalado anteriormente, o nitrito quando presente na água de
consumo humano tem um efeito mais rápido e pronunciado do que o nitrato. Se o nitrito for
ingerido diretamente, pode ocasionar metemoglobinemia independente da faixa etária do
consumidor.

As distribuições do cloreto e do nitrito na área, estão assinaladas nas Figuras 4.7 e 4.8.

Os demais parâmetros físico-químicos estudados, tais como, sólidos totais dissolvidos


(Figura 4.9), condutividade elétrica específica (Figura 4.10), cálcio (Figura 4.11),
magnésio, sódio (Figura 4.12), potássio, bicarbonato (Figura 4.13), e sulfatos (Figura
4.14), apresentam valores normais em todos os pontos estudados, considerando os padrões
de potabilidade da Portaria 1469/2000 do Ministério da Saúde.

SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO


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CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL

4.2. IRRIGAÇÃO

Os parâmetros utilizados para estabelecer a qualidade da água subterrânea para irrigação


foram: a razão de adsorção de sódio (RAS) e a condutividade elétrica específica (CE). Sua
classificação foi baseada no Diagrama do United States Salinity Laboratory - USSL (USA),
no qual são estabelecidas 16 classes de água em função dos parâmetros citados acima. As
letras C e S identificam cada classe de água. As denominações S1 S2 S3 e S4 representam
águas com teor de sódio baixo, médio, alto e muito alto. A água de melhor classe é
caracterizada como C1 S1 e a mais prejudicial às plantas e ao solo é caracterizada como C 4
S4 , esta classe não foi encontrada na área estudada (Figura 4.15).

FIGURA 4.15 – DIAGRAMA DO UNITED STATES SALINITY LABORATORY – USA.

Os níveis de sodicidade, ou seja, os riscos de salinização dos solos por sódio é baixo em
todos os pontos estudados, e assim a água subterrânea poderá ser utilizada na irrigação de
hortas, jardins, pomares, gramados, entre outros, pois o sódio não tem efeito danoso.

SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO


31 Professor Adjunto – Instituto de Geociências da UFBA
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Porém, quando se trata dos riscos de salinização baseados na condutividade elétrica


específica (CE), observa-se uma variação que vai desde o baixo risco nos pontos 7, 23, 34 e
40, a médio risco na grande maioria dos pontos. Situações de alto risco só foram
encontrados nos pontos 4, 5, 26 e 35 (Tabela 4.3).

TABELA 4.3. INDICADORES DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA PARA IRRIGAÇÃO (*).

Risco de Risco de
Condutividade Composição
Ponto Localidade RAS salinização Salinização
Elétrica (CE) Final
por Sódio (CE)
1 Instituto de Geociências 0,91 Baixo – S1 335,0 Médio – C2 C2 - S 1
2 Instituto de Biologia 0,83 Baixo – S1 340,0 Médio – C2 C2 - S 1
3 CPD/UFBA 2,32 Baixo – S1 498,0 Médio – C2 C2 - S 1
4 Escola de Veterinária 1,43 Baixo – S1 944,0 Alto – C3 C 3 – S1
5 Instituto de Letras 5,46 Baixo – S1 944,0 Alto – C3 C 3 – S1
6 Banco do Brasil 1,51 Baixo – S1 275,0 Médio – C2 C 2 – S1
7 Posto Memorial 1,19 Baixo – S1 217,0 Baixo – C1 C 1 – S1
8 Centro Medico Itamaraty 1,44 Baixo – S1 368,0 Médio – C2 C2 – S 1
9 Fonte Dique do tororó 1,14 Baixo – S1 370,0 Médio – C2 C2 – S 1
10 Posto do Dique 1,44 Baixo – S1 453 Médio – C2 C2 – S 1
11 Terreiro de Casa Branca 1,96 Baixo – S1 587 Médio – C2 C2 – S 1
12 Residência 1,92 Baixo – S1 409 Médio – C2 C2 – S 1
13 Residência 2,10 Baixo – S1 418 Médio – C2 C2 – S 1
14 Posto Oxalá 1,74 Baixo – S1 453 Médio – C2 C2 – S 1
15 Oficina do Osvaldo 1,59 Baixo – S1 670 Médio – C2 C2 – S 1
16 Supermercado Bom Preço 1,87 Baixo – S1 342 Médio – C2 C2 – S 1
17 Residência 1,96 Baixo – S1 325 Médio – C2 C2 – S 1
18 Residência 1,75 Baixo – S1 379 Médio – C2 C2 – S 1
19 Fontinha 1,32 Baixo – S1 353 Médio – C2 C2 – S 1
20 Posto Berimbau 1,06 Baixo – S1 254 Médio – C2 C2 – S 1
21 Posto Garibaldi 1,13 Baixo – S1 2 53 Médio – C2 C2 – S 1
22 Residência 1,81 Baixo – S1 498 Médio – C2 C2 – S 1
23 Cobape 2,28 Baixo – S1 242 Baixo – C1 C 1 – S1
24 Corona 2,68 Baixo – S1 529 Médio-C2 C2 – S 1
25 Posto Cidadela 2,08 Baixo – S1 312 Médio-C2 C2 – S 1
26 Posto Cidade Jardim 5,14 Baixo – S1 1053 Alto – C3 C3 – S 1
27 Residência 2,26 Baixo – S1 566 Médio-C2 C2 – S 1
28 Fonte do Candeal 1,37 Baixo – S1 338 Médio-C2 C2 – S 1
29 Cond., Parque Florestal 1,88 Baixo – S1 285 Médio-C2 C2 – S 1
30 Cond., Parque Lucaia 2,40 Baixo – S1 509 Médio-C2 C2 – S 1
31 Cond., Mirante do Vale 1,82 Baixo – S1 407 Médio-C2 C2 – S 1
32 Chácara Celeste 4,05 Baixo – S1 735 Médio-C2 C2 – S 1
33 Ceasa do Rio Vermelho 1,11 Baixo – S1 282 Médio-C2 C2 – S 1
34 Canteiro Av. Ogunjá 1,05 Baixo – S1 229 Baixo –C1 C1 – S 1
35 Parque da Cidade 6,03 Baixo – S1 819 Alto-C3 C3 –S1
36 Praça Baía Azul 8,86 Baixo – S1 462 Médio-C2 C2 – S 1
37 Canteiro Av. ACM 1, 32 Baixo – S1 263 Médio-C2 C2 – S 1
38 Escola Thomas de Aquino 1,01 Baixo – S1 444 Médio-C2 C2 – S 1
39 Escola Tereza de Lisieux 1,12 Baixo – S1 373 Médio-C2 C2 – S 1
40 Hiperposto 1,34 Baixo – S1 178 Baixo-C1 C1 – S 1

RAS = Razão de Adsorção de Sódio,


(*) Segundo o Diagrama do United States Salinity Laboratory (USA),

No caso da utilização da água subterrânea dos poços com baixo risco de salinização dos
solos, não haverá certamente qualquer efeito sobre as plantas, enquanto as águas dos
poços que oferecem médio risco poderão produzir com o tempo alguma salinização do solo

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e, farão com que as plantas e as hortaliças mais sensíveis possam apresentar alguma
reação num determinado tempo. No caso das águas que oferecem alto risco de salinização
dos solos, as plantas ou os vegetais sentirão com o tempo, a adversidade da presença dos
sais. Neste caso, as águas subterrâneas deverão ser utilizadas em algumas espécies de
plantas mais tolerantes aos sais, e os solos deverão ser bem drenados e lixiviados (solos
arenosos ou areno-argilosos) para não acumular os sais, devendo-se evitar a sua utilização
em vegetais plantados em solos argilosos e siltosos.

4.3. INDÙSTRIA

Os padrões da água para fins industriais são complexos em função da diversidade de uso
da água, pois dependem do tipo de indústria e dos processos de industrialização, gerando
necessidades diferentes de qualidade de água para cada uso (Feitosa e Manoel Filho,
1997).

Atualmente existem técnicas modernas de tratamento de água, que permitem, na maioria


das vezes, que as águas de composições diferentes sejam utilizadas para qualquer uso
industrial. Porém, os custos de tratamento das águas podem ser bastantes onerosos,
inviabilizando o seu uso no processo industrial (Feitosa e Manoel Filho, 1997 op. cit.).

Pequenas empresas industriais do ramo de bebidas e sucos de frutas poderiam, por


exemplo, funcionar na região pesquisada. Isto se dependesse da composição das águas
subterrâneas de alguns pontos do local, quando comparada com os padrões de qualidade
da água para a indústria elaborado por Mathess, 1982; Szikszay, 1993; Driscoll, 1986 – in
Feitosa e Manoel Filho, 1997). Além desse segmento industrial, as águas de alguns pontos
poderiam ser aproveitadas também em sistemas de refrigeração, inclusive em
equipamentos de ar condicionado central, evitando-se as águas dos tipos cloretada-
bicarbonatada e bicarbonatadas. No caso das industrias de bebidas e sucos de frutas,
apenas oito pontos de captação dos quarenta estudados se prestariam para uso industrial
(Anexo 01). Em quatorze pontos, as águas se prestariam para o seu aproveitamento em
sistemas de refrigeração, tendo os demais, alguns impedimentos em função de
determinados parâmetros químicos que ocorrem em níveis acima do permitido. É
interessante salientar que as melhores águas seriam as cloretadas. Todos os tipos de águas
subterrâneas encontradas na região sofrem restrições e não se prestariam para
aproveitamento, por exemplo, nos segmentos da indústria de laticínios e de conservas
alimentícias, por apresentarem uma série de parâmetros inadequados ao seu
aproveitamento, conforme está assinalado no Anexo 01.

Convém salientar que a implantação de indústrias mesmo de pequeno porte nesta região,
estaria submetida à Lei de Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo (LOUOS) do Município
de Salvador, que impede a implantação de uma série de industriais em áreas urbanizadas e
muito habitadas, como é o caso da região das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe.

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5. GRAU DE COMPROMETIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

5.1. METAIS PESADOS

A presença de metais pesados na água subterrânea pode provocar uma série de danos à
saúde humana e ao meio ambiente à depender da sua maior ou menor concentração. A
contribuição desses metais na poluição de aqüíferos, preocupa principalmente devido aos
efeitos toxicológicos e fisiológicos nos seres vivos, mesmo em baixas concentrações, alguns
dos quais reportados mais adiante. O consumo de água contaminada por metais pesados,
feito de forma continuada, por longos períodos, ocasiona um efeito cumulativo de metais no
organismo. Em alguns casos, os efeitos no comportamento e no sistema nervoso são
difíceis de serem detectados no seu estágio inicial. Alguns metais se bioacumulam no
organismo, de tal maneira que se pode passar de um estado crônico para um estado agudo,
sem ser percebido (Porto, et alli, 1991).

Nesse trabalho foram analisados os metais arsênio, cádmio, cromo, cobre, ferro, chumbo,
Mercúrio, manganês, níquel, selênio e zinco. Desses metais, o cádmio e níquel não foram
detectados na área, enquanto o selênio apresentou discretos teores em quatro pontos de
coleta de água, com valores limítrofes ao permitido pela Portaria 1469/2000 do Ministério da
Saúde.

O arsênio foi detectado em 25 dos pontos amostrados, apresentando um valor mínimo de


0,2 e um máximo de 15,3 g/litro, com uma média de 1,8 g/litro. O teor de fundo
(background) pode variar de 0,6 a 3,0 g/litro, enquanto o valor máximo permitido pela
Portaria 1469/2000 é de 10 g/litro (Tabela 5.1). Com isto, pode-se considerar que apenas
três pontos apresentaram valores acima do que permite a nossa legislação, quais sejam: 32
(Chácara Celeste), 39 (Escola Tereza de Lisieux) e 40 (Hiperposto Petrobrás), que
apresentaram mais de 10 g/litro de arsênio na água subterrânea (Quadro 5.1). O arsênio
ocorre na água de forma natural, entretanto altos valores podem estar associado, segundo a
literatura especializada, a utilização de fungicidas, inseticidas, herbicidas, resíduos
industriais, proteção de madeiras, etc. tornando necessário sua prevenção em águas
superficiais ou subterrâneas que sirvam como abastecimento doméstico. Como os valores
encontrados nos três pontos estão bem acima do limiar de anomalia estatístico, que é de 3,0
g/litro, é provável que nesses locais existam fontes de contribuição adicional que podem
ser antrópica ou natural (geogênica). Uma moderada correlação linear com a amônia (r=
0,57), sinaliza para uma associação com efluentes domésticos oriundos das fossas e
esgotos. O arsênio estaria então, sendo concentrado pelos compostos nitrogenados.

Os primeiros sintomas do envenenamento crônico por arsênico são semelhantes aos


sintomas das enfermidades genéticas mais comuns, fazendo com que, nestes casos, seja
difícil estabelecer um diagnóstico. Este tipo de envenenamento torna o indivíduo cansado,
letárgico e deprimido. Outros sintomas são o aparecimento de linhas claras nas unhas dos
dedos dos pés e das mãos, perda de peso, náuseas e diarréia alternadas com prisão de
ventre e perda de cabelos. O arsênico é altamente tóxico e, infelizmente, encontra-se
bastante difundido no meio ambiente por ser encontrado naturalmente no solo, agravado por
ser usado intensivamente em pesticidas nas zonas rurais.

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O cromo foi detectado em 37 dos pontos amostrados, sendo o seu valor mínimo de 0,1 e o
máximo de 55,3 g/litro, com uma média para a área de 3,6 g/litro. O background
encontrado para esse elemento pode variar entre zero e 7,6 g/litro, enquanto o valor
máximo permitido pela legislação brasileira é de 50,0 g/litro (Tabela 5.1). Sendo assim,
apenas dois pontos amostrados apresentaram valores acima do máximo permitido, que
foram os pontos 06 (Banco do Brasil - Campus Universitário de Ondina) e 29 (Condomínio
Parque Florestal), que apresentaram respectivamente 55,3 e 55,1 g/litro de cromo total.
Esse metal encontra-se moderadamente associado ao ferro (r= 0,64), chumbo (r= 0,69) e
mercúrio (r= 0,68) na área pesquisada (Tabela 5.2). A sua presença está associada,
segundo a literatura técnica, a processos industriais, proveniente de curtumes ou de águas
de refrigeração. A presença de lixões podem produzir também contaminação das águas
com cromo hexavalente. Como o limiar de anomalia para esse elemento na área é 7,6
g/litro, é provável que além dos dois pontos citados acima, o ponto 30 (Condomínio Parque
Lucaia) também apresente problemas de contaminação antrópica ou mesmo uma
concentração natural, ligada a alguns minerais máficos das litologia locais. Porém, o mais
provável é que esteja sendo concentrado pelo ferro por adsorsão.

TABELA 5.1. SUMÁRIO DOS ESTIMADORES DA POPULAÇÃO – METAIS PESADOS (g/l).

Valor de Limite de
Valor Valor Valor Médio Variação da
Metais Referência Tolerância
Mínimo Máximo Média
Bibliográfica (*) (VMP) (**)
Arsênio 0,2 15,3 1,8 0,6 - 3,0 0,2 – 1,0 10,0
Cromo 0,1 55,3 3,6 0 - 7,6 0,1 - 0,3 50,0
Cobre 0,3 16,6 2,7 1,4 – 4,0 2,0 – 50,0 200,0
Ferro 16,8 22100,0 3127,0 1050 – 5200 50,0 – 1000,0 300,0
Chumbo 0,7 2020,0 82,3 0 – 185,0 2,0 – 20,0 10,0
Mercúrio 0 12,8 0,43 0 – 1,1 0,3 – 3,0 1,0
Manganês 9,8 1670,0 371,3 239,0 – 504,0 1,0 – 80,0 100,0
Zinco 10,5 683,0 40,6 5,2 – 76,0 5,0 – 50,0 500,0

(*) ALEN (1974) – in Geoquímica Ambiental e Estudos de Impacto - Geraldo Mário RONDE (2000).
(**) Portaria 1469/2000 do Ministério da Saúde. VMP – Valor Máximo Permitido.

TABELA 5.2. MATRIZ DE CORRELAÇÃO LINEAR.

SO4 Cl NH4 NO2 NO3 PO4 As Cr Cu Fe Pb Hg Mn Zn


SO4 1,00
Cl 0,24 1,00
NH4 -0,07 0,18 1,00
NO2 0,01 0,11 0,37 1,00
NO3 -0,24 0,19 0,46 0,03 1,00
PO4 -0,04 -0,07 0,08 0,06 -0,17 1,00
As -0,07 -0,08 0,57 -0,06 0,06 -0,03 1,00
Cr -0,07 -0,11 0,05 0,10 -0,18 0,62 -0,04 1,00
Cu -0,06 -0,12 0,14 -0,10 0,13 0,49 0,07 0,34 1,00
Fe -0,01 -0,06 0,00 0,13 -0,38 0,36 -0,07 0,64 0,06 1,00
Pb -0,07 -0,13 -0,07 -0,05 -0,17 0,05 -0,10 0,69 -0,08 0,47 1,00
Hg -0,04 -0,08 0,07 -0,02 -0,12 0,89 0,03 0,68 0,56 0,43 0,00 1,00
Mn -0,04 0,03 0,08 0,05 0,23 0,08 -0,14 0,10 -0,02 0,04 0,22 -0,05 1,00
Zn 0,89 0,07 -0,01 0,00 -0,21 0,23 -0,07 0,26 0,13 0,22 0,09 0,26 -0,01 1,00

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Está provado que a presença de cromo em ecossistemas de água doce ou marinhos afeta
negativamente as vidas dos seres presentes. Seu efeito quando presente na água potável
não está totalmente definido. Sabe-se que o cromo, quando inalado, causa tumores nos
pulmões e afeta negativamente os rins, fígado e sistema circulatório.

O cobre foi detectado em 26 dos pontos amostrados, sendo o seu valor mínimo de 0,3 e o
máximo de16,6 g/litro, com um valor médio para toda a área de 2,7 g/litro. O teor de fundo
oscilou entre 1,4 e 4,0 g/litro, enquanto o valor máximo permitido pela Portaria 1469/2000
do Ministério da Saúde é de 200,0 g/litro. Considerando que o limiar de anomalia para
cobre na área é de 4,0 g/litro, podemos admitir que os pontos 3, 8, 10, 13, 25, 29 e 34
apresentam uma água com concentrações anormais devido a alguma contribuição antrópica
ou mesmo natural. O cobre encontra-se fracamente associado ao fosfato (r= 0,49) e ao
mercúrio (r=0,56), podendo estar sendo concentrado pelos fosfatos oriundos também dos
efluentes domésticos.

A ausência de cobre no organismo causa anemias, perda de pigmentação dos cabelos, seu
aumento propicia perda da elasticidade arterial. Entretanto, água contendo mais de 1
mg/litro fornece muito mais cobre do que o necessário e possui sabor desagradável para a
maioria das pessoas. O cobre é altamente tóxico para as crianças e adultos com problemas
de metabolismo, o que faz aumentar o seu teor no organismo, causando doenças
neurológicas

O Ferro foi detectado em 38 pontos amostrados, sendo o seu valor mínimo 16,8 e o máximo
22.100,0 g/litro, apresentando uma média para toda a área de 3.127,0 g/litro. O
background ou teor de fundo encontrado para esse elemento variou de 1.051,0 a 5.202,0
g/litro, enquanto o valor máximo permitido pela portaria 1469/2000 é de 300 g/litro. Com
isto, cerca de 18 pontos amostrados encontram-se com o teor de ferro acima do permitido
(Quadro 5.1). Os altos teores de ferro não são tão preocupantes, pois em terrenos
formados por solos ferralíticos (latossolos), é comum e natural, a existência de elevados
teores desse metal na água, principalmente em regiões tropicais, como é o caso de
Salvador. A alteração dos minerais biotita, piroxênios, anfibólios, entre outros, durante os
processos de meteorização das rochas cristalinas granulitizadas, produziram os altos
valores de ferro no solo e consequentemente na água. Quando apresentam-se em
concentrações acima de 300 g/litro, mancham louças sanitárias e roupas quando da sua
lavagem. Apesar do organismo humano necessitar de 19 mg/litro de ferro/dia, os padrões de
potabilidade exigem que uma água de abastecimento público para consumo humano, não
ultrapasse 0,3 mg/litro de ferro. Este limite foi estabelecido em função de problemas
estéticos relacionados á presença desse metal na água e do sabor ruim – sabor de
ferrugem, que o ferro lhe confere, fazendo o consumidor recusá-la. Águas ferruginosas
possibilitam o crescimento de ferrobactérias que podem causar problemas para a saúde. O
teor alto de ferro no organismo humano pode ser responsável pela formação de radicais
livres, muitos dos quais carcinogênicos. A sua presença em água potável favorece o
aparecimento de microorganismos patogênicos, que necessitam de ferro para se
desenvolver. É sabido que a sua presença influencia a absorção de cobre e chumbo no
organismo humano. Sua distribuição na área encontra-se representada na Figura 5.1.

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O chumbo foi detectado em 29 pontos de amostragem, sendo o seu valor mínimo de 0,7 e
o máximo de 2020,0 g/litro, apresentando uma média para toda a área de 82,3 g/litro. O
teor de fundo para esse elemento, oscilou de zero a 185,0 g/litro. Os pontos 1, 4, 6 e 12
apresentaram valores acima do limiar de anomalia para chumbo na área, com destaque
para o ponto 06 (Campus Universitário de Ondina), estando todos provavelmente
associados a alguma contaminação de natureza antrópica ou natural. O valor máximo
permitido pela portaria 1469/2000 é de 10,0 g/litro, e com isto, cerca de 12 pontos
amostrados apresentaram valores acima do recomendável (Quadro 5.1). Esse metal
apresenta uma correlação forte com o cromo (r= 0,69) e uma fraca associação com o ferro
(r=0,47).

O chumbo possui alta toxidade que pode causar diversos prejuízos à saúde. A
contaminação por esse metal pode levar a problemas de audição, alteração de crescimento,
desenvolvimento cerebral deficiente, redução na síntese da vitamina D, diminuição na
produção da hemoglobina enfraquecendo o sistema imunológico, dores musculares e nas
articulações, elevação da pressão arterial, infertilidade, convulsões e perda de memória. A
intoxicação aguda se manifesta com sede intensa, sabor metálico na boca, inflamação
gastrointestinal, vômitos e diarréia. O chumbo vem sendo detectado sistematicamente na
água subterrânea, em trabalhos desenvolvidos pelo Departamento de Geologia e Geofísica
Aplicada, na parte alta da cidade de Salvador, a exemplo da bacia hidrográfica do rio
Camarujipe (Guerra e Nascimento, 1999) e no Campus Universitário de Ondina
(Nascimento, 2002). Sua presença constante poderá estar associada à fontes
antropogênicas, principalmente ligadas a baterias de veículos automotores, envelhecimento
de canos de chumbo enterrados de antigos sistemas de distribuição de água, ou mesmo à
contaminações atmosféricas. Porém, é bem provável que a presença de ferro na água
contribua para o aumento da sua concentração devido a fenômenos de adsorção e
absorção na estrutura química dos óxidos de ferro, como ficou constatado no Campus
Universitário de Ondina (Nascimento, 2002). É muito pouco provável, que os pontos onde o
chumbo apresenta-se com valores altos, estejam relacionados às fontes geogênicas, isto
porque não há informações sobre a presença de sulfetos de chumbo no local. Sua
distribuição na área encontra-se representada na Figura 5.2.

O mercúrio foi detectado em 11 pontos de amostragem, sendo o seu valor mínimo de zero
e a máximo de 12,8 g/litro, apresentando uma média para toda a área de 0,43 g/litro. O
teor de fundo encontrado oscilou entre zero e 1,08 g/litro enquanto o valor máximo
permitido pela portaria 1469/2000 é de 1,0 g/litro. Com isto, apenas os pontos 21 (Mega
Posto Garibaldi), 29 (Condomínio Parque Florestal) e 37 (Canteiro central da Av. ACM),
apresentaram valores acima do recomendável pela legislação vigente (Quadro 5.1). Esse
metal encontra-se na área fortemente associado ao fosfato (r= 0,89), moderadamente com o
cromo (r=0,68) e cobre (r=0,56) e fracamente com o ferro (r= 0,43). O mercúrio é um
elemento tóxico cumulativo e seu aumento nas águas superficiais ou subterrâneas está
associado, segundo a literatura vigente, a processos industriais diversos (têxteis,
farmacêuticos, catalisadores, cloro-alcali de células de mercúrio, tintas, etc.), garimpos de
ouro, fundições, efluentes de estações de tratamento, aplicações agrícolas e no fabrico de
praguicidas (fungicidas e herbicidas). Os compostos orgânicos de mercúrio são mais
prejudiciais ao organismo humano do que os inorgânicos. Na região em estudo o mais
provável é que os pontos com valores altos estejam associados à fontes de contaminações
antrópicas ligadas à pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes com vapor de mercúrio,
termômetros domésticos, entre outros. Por outro lado, a forte associação desse metal com
os fosfatos pode sinalizar para uma ligação por absorção ou complexação nas moléculas de

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fosfatos oriundos de efluentes domésticos, aumentando a concentração desse metal em


alguns pontos (Figura 5.3). Os sintomas de envenenamento por mercúrio incluem fraqueza,
perda de apetite, insônia, indigestão, diarréia, inflamação e aparecimento de regiões
escuras nas gengivas, perda dos dentes, irritabilidade, perda de memória, tremores nas
mãos, pálpebras, lábios e língua. Em níveis mais elevados, o mercúrio produz alucinações,
psicoses maníaco-depressivas, gengivites, irritabilidade crescente, tremores musculares e
danos cerebrais irreversíveis.

Figura 5.3 - Relação entre o Fosfato e o Mercúrio

0.4000 20

Mercúrio (ug/litro)
Fosfato (mg/litro)

- 0
1234567891111111111222222222233333333334
0123456789012345678901234567890

Pontos de Amostragem

Fosfato Mercúrio

Na região das bacias dos rios Lucaia e Baixo Camarujipe, a ocorrência desse metal foi
menor do que na área do Médio e Alto Camarujipe, onde a influência de oficinas mecânicas,
metalúrgicas, depósitos de ferro-velho e esgotos domésticos a céu aberto é muito maior.

A sua distribuição na área encontra-se representada na Figura 5.4.

O manganês foi detectado em 48 pontos de amostragem, sendo o seu valor mínimo de 9,8
e o máximo de 1670,0 g/litro, apresentando uma média para toda a área de 371,3 g/litro e
um teor de fundo oscilando entre 238,6 e 504,0 g/litro. O teor máximo permitido pela
legislação brasileira vigente é de 100,0 g/litro, e com isto cerca de 23 pontos de
amostragem apresentaram teores acima do valor máximo permitido (Quadro 5.1). O
manganês também altera a cor e o sabor das águas quando atinge concentrações acima de
100 g/litro. Assim como o ferro, se precipitam sobre louças sanitárias, azulejos e roupas,
manchando-as com uma tonalidade escura. Considerando os padrões de potabilidade da
portaria 1469/2000 do Ministério da Saúde, podemos considerar que quase todos os pontos
amostrados apresentam valores acima do máximo permitido, tornando essas águas
imprestáveis para o consumo humano. O excesso de manganês na dieta alimentar impede a

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atuação do ferro na produção da hemoglobina do sangue. Em altas doses, causa apatia,


irritabilidade, dores de cabeça, insônia e fraqueza nas pernas. Sintomas de distúrbios
psicológicos podem aparecer, tais como a prática de atos compulsivos, ausência de
memória, alucinações, agressividade e euforia desmedida. Em alguns casos, pode
Ocasionar o aparecimento de doença similar ao mal de Parkisson.

QUADRO 5.1. PONTOS COM RESTRIÇÃO AO CONSUMO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA EM


FUNÇÃO DA PRESENÇA DE METAIS PESADOS.

Pontos Arsênio Cromo Cobre Ferro Chumbo Mercúrio Manganês Zinco


1
2
3
4
5
6
7
8
10
11
12
13
15
18
21
22
23
25
26
27
28
29
30
32
33
34
35
36
37
39
40

Em alguns locais da área, foram vistos no contato entre a rocha sã do Embasamento


Cristalino e a rocha alterada (saprólito), filmes escuros de oxido de manganês resultante da
alteração de minerais máficos, vindo a se constituir num fator de contaminação natural ou
geogênico da água subterrânea. Este fato foi muito observado, principalmente no Campus
Universitário de Ondina (Nascimento, 2002).

A sua distribuição na área encontra-se representada na Figura 5.5.

O zinco foi detectado em 14 pontos de amostragem, sendo o seu valor mínimo de 10,5 e o
máximo de 683,0 g/litro, apresentando uma média de 40,6 e um teor de fundo
(background) oscilando entre 5,2 e 76,0 g/litro. O teor máximo permitido pela portaria
1469/2000 do Ministério da Saúde é de 500,0 g/litro. Assim, apenas o ponto 5 (Instituto de
Letras/UFBA.) apresentou um teor de zinco muito acima do permitido pela legislação

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brasileira. Porém, se nós considerarmos o valor do limiar de anomalia igual a 76,0 g/litro,
poderemos incluir também os pontos 6 e 29 como provavelmente influenciados por
contaminação. Esse metal encontra-se fortemente associado ao sulfato (r= 0,89), conforme
pode ser visto na Figura 5.6.

O zinco é um metal de ocorrência comum no meio ambiente. Além de não ser tóxico, é um
elemento essencial e benéfico para o crescimento humano, em concentrações adequadas.
A sua fonte antrópica principal é o descarte de efluentes industriais (material galvanizado,
pigmentos para pinturas, inseticidas, etc.). Próximo ao local onde foi constatado os altos
teores de zinco e sulfato (Instituto de Letras da UFBA), funcionou até o final da década de
70 uma empresa de ônibus, onde certamente usou alguns dos materiais citados acima. Por
outro lado, é comum a presença de teores altos de sulfatos nas águas subterrâneas em
locais onde funcionam garagens de ônibus e caminhões e postos de gasolina.
A sua distribuição na área encontra-se representada na Figura 5.7.

5.2. QUALIDADE BACTERIOLÓGICA

A água apesar de ser um mineral fundamental para a vida humana, pode por outro lado, ser
também, um veículo importante para a transmissão de numerosas doenças epidêmicas.
Este perigo é grande e constante nos países tropicais e subdesenvolvidos, porém nos
países industrializados também existem exemplos de epidemias, devido a uma distribuição
ou um tratamento inadequado das águas destinadas ao consumo humano (Fenzl, 1988).
Além das bactérias e dos vírus, a água serve também como vetor para inúmeros
protozoários e vermes que podem provocar efeitos patológicos no ser humano e muitos dos
animais.

Os indicadores microbiológicos mais aceitos ainda hoje, são as bactérias do grupo


coliforme, pois procurar seres patogênicos individualmente na água é, probabilisticamente,
mais difícil, e os exames bacteriológicos de laboratório são mais complicados e onerosos
(Rocha, 1994). Este grupo compreendem todos os bacilos gram-negativos, não formadores
de esporos, aeróbicos ou anaeróbicos facultativos. Do grupo fazem parte os seguintes
gêneros e espécies: escherichia coli, citrobacter freundii, citrobacter intermedius,
enterobacter aeroganes, esterobacter cloacae e klesbssiella pneumoniae, todas indicando
suspeita de poluição por fezes, pois podem ser também provenientes do solo e de
determinados vegetais.

As análises bacteriológicas foram efetuadas em 40 amostras de água coletadas em 24


poços tubulares, 13 cacimbas e 03 fontes naturais, alguns dos quais apresentando água
estagnada sendo a coleta efetuada sem bombeamento. Os métodos adotados nesse
trabalho foram respectivamente, o da membrana filtrante, envolvendo filtração à vácuo em
membrana de acetato de celulose (UFC/100ml) para os coliformes termotolerantes (fecais) e
totais e o POUR PLATE para a detecção das Bactérias Heterotróficas.

Os resultados mostraram que em 07 pontos de coleta (17,5%), as águas subterrâneas


podem ser enquadradas na classe 03, conforme estabelece a resolução 20/86 do CONAMA,
onde o valor máximo permitido é de 4000 coliformes termotolerantes ou 20.000 coliformes
totais/100ml (Tabela 5.3). Segundo essa resolução, os valores apresentados pelas águas
subterrâneas nesses pontos só podem ser destinadas ao abastecimento doméstico somente
após tratamento convencional. Desses pontos de captação de água, 03 foram poços
tubulares e 03 cacimbas que apresentavam água estagnada durante a coleta e

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Figura 5.6 - Relação entre o Sulfato e Zinco

250 800

700
200
600
Sulfato (mg/litro)

Zinco (ug/litro)
150 500

400

100 300
45

200
50
100

0 0
1

13

15

17

19

21

23

25

27

29

31

33

35

37

39
11

Pontos de Amostragem

SO4 Zn
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uma fonte natural jorrante situada no alto do Candeal. Foram encontradas quantidades de
bactérias heterotróficas acima do valor máximo permitido em 03 dos 07 pontos amostrados
e, em todos eles, a água se encontrava estagnada na hora da coleta. A distribuição dos
coliformes fecais e total na área está representada nas Figuras 5.8 e 5.9.

Em 07 pontos (17,5%) foram encontradas águas que podem ser enquadradas na Classe 02
da resolução do CONAMA 20/86, podendo ser utilizada para o abastecimento doméstico
após tratamento convencional, onde o valor máximo permitido é de 1000 coliformes
termotolerantes ou 5000 coliformes totais/100ml. Essas águas foram encontradas em 02
poços tubulares, coletadas com e sem bombeamento, 04 cacimbas cuja água foi obtida sem
bombeamento e 01 fonte natural jorrante no dique do Tororó. Nesse agrupamento foram
encontrados, bactérias heterotróficas em níveis acima do permitido pela legislação
brasileira, em uma cacimba que apresentava água estagnada no ato da coleta.

TABELA 5.3. CONTAMINAÇÃO BIOLÓGICA – COLIFORMES TOTAIS

Fontes
N0 de Poços Tubulares Cacimbas TOTAIS
Classes naturais
Coliformes
SB CB SB CB Jorrante Pontos %
Especial 0 (zero) - 05 - - - 05 12,5
01 < 1000 07 08 04 01 01 21 52,5
02 < 5000 01 01 03 01 01 07 17,5
03 <20000 03 - 03 - 01 07 17,5
Total de Pontos 11 14 10 02 03 40 100
SB = sem bombeamento CB = com bombeamento.

Em 21 pontos (52,5%) foram encontradas águas enquadradas na Classe 01 (CONAMA


20/86), onde o valor máximo permitido é de 200 coliformes Termotolerantes ou 1000
coliformes totais/100ml, obtidas em 15 poços tubulares (07 dos quais a água estava
estagnada no ato da coleta), 05 cacimbas (04 das quais a água estava estagnada no ato da
coleta) e 01 fonte natural jorrante. Essas águas podem ser destinadas ao abastecimento
doméstico após tratamento simplificado com filtração e cloração para eliminação dos
microorganismos patogênicos. Costuma utilizar também em alguns casos, o ozônio e a
irradiação ultravioleta com o mesmo objetivo de eliminar os patógenos. Nesse agrupamento,
foi encontrado 03 pontos com valores de bactérias heterotróficas acima do permitido pela
nossa legislação.

Em apenas 05 pontos (12,5%) analisados, as águas apresentaram ausência total de


coliformes, podendo ser classificadas como da Classe especial segundo a resolução do
CONAMA 20/86. Neste caso, a água pode ser destinada ao abastecimento doméstico,
necessitando apenas de uma simples desinfecção. Nesses cinco pontos de captação, a
água foi coletada com os poços sendo bombeados e não apresentaram qualquer indício de
bactérias heterotróficas.

Quando se estabelece o limite máximo de 200 UFC/100ml, verifica-se que a contaminação


por coliformes fecais é pouco difundida em toda a área. Cerca de 94% dos pontos
apresentaram índices inferiores a esse valor. Quando se estabelece o limite máximo de
1000 UFC/100ml, o mesmo não acontece com os coliformes totais Nesse caso pode-se

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verificar que cerca de 35% dos pontos apresentam índices não aceitáveis de coliformes
totais, distribuídos preferencialmente no Campus Universitário de Ondina e Avenida Anita
Garibaldi, mas também nas avenidas Vasco da Gama e Juracy Magalhães Júnior.

As análises biológicas mostraram que em aproximadamente 80% dos pontos estudados, as


bactérias heterotróficas apresentam valores inferiores a 500 UFC/ml e nos 20% restantes,
acusaram mais de 500 UFC/ml, o que tornam esses pontos com água imprópria para o
consumo doméstico. Se distribuem aleatoriamente por toda a área (Figura 5.10). Em cinco
poços tubulares e duas cacimbas amostradas a água estava estagnada no ato da coleta.

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6. CONCLUSÕES

 Na área as captações de água são feitas predominantemente através de poços


tubulares rasos, com 8 a 10 metros de profundidade, revestidos com tubos de PVC,
apresentando vazões da ordem de 1000 a 2000 litros/hora ou através de poços
tubulares convencionais mais profundos, visando o sistema aqüífero fissural. Alguns
desses poços convencionais são mistos, captam água das coberturas e do sistema
fissural ao mesmo tempo. As profundidades destes variam de 20 a 100 metros, com
médias de vazão da ordem de 2000 a 3000 l/h, quando atingem zonas fraturadas.

 Do ponto de vista hidroquímico, verifica-se que as águas subterrâneas na área são


principalmente de natureza cloretada sódica-cálcica (67%) e secundariamente
cloretadas-bicarbonatadas sódicas (22%), com seus componentes maiores (Ca, Mg, Na,
K, Cl, HCO3, SO4), dentro dos padrões normais de potabilidade. O cloreto apresentou-se
com valor anormal em apenas um ponto estudado.

 Os parâmetros que mais comprometem a qualidade da água subterrânea da região são:


o pH e o oxigênio dissolvido. A grande maioria dos pontos estudados apresentam
valores baixo de pH, fora da faixa recomendada pela legislação brasileira (portaria
1469/2000). A presença constante de nitratos oriundos de contaminação por esgotos e
fossas sépticas é a causa principal dos baixos valores. Quando a água é de natureza
bicarbonatada ou cloretada-bicarbonatada, os valores do pH tendem à crescer.

 O oxigênio dissolvido encontra-se, em quase todos os pontos, com valores muito baixos
(< 6,0 mg/litro) devido a presença constante de matéria orgânica (húmus), observada
durante a amostragem de campo e responsável pelo consumo de oxigênio da água.

 A cor e a turbidez também aparecem alteradas em alguns pontos devido principalmente


a presença do ferro, materiais particulados de argila e silte em alguns dos poços
amostrados e, muito provavelmente devido a influência do fosfato.

 Dos parâmetros químicos os que contribuem mais para a alteração dos padrões normais
da água, são os nitratos e os fosfatos, ambos oriundos dos esgotos domésticos e
urbanos e de prováveis fossas sépticas. O fosfato estaria ligado a contaminações de
fezes e sabões/saponáceos oriundos das residências domésticas.

 Dos metais pesados investigados, destacamos o chumbo, ferro e o manganês como os


mais disseminados na área, enquanto o arsênio, cromo e mercúrio, apresentam uma
incidência mais localizada e restritas a poucos pontos na área.

 O níquel e o cádmio não foram detectados em qualquer dos pontos amostrados, embora
não se possa descartar a possibilidade de alguma contaminação pontual não detectada
nessa pesquisa.

 O selênio apresentou discretos teores em quatro pontos de coleta de água, porém com
valores no limite do permitido pela Portaria 1469/2000. Apesar de sua incidência na área
ter sido muito pequena, algumas precauções e cuidados devem ser tomados devido aos
efeitos que ele pode produzir no ser humano.

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 O chumbo detectado em 29 diferentes pontos da área, pode estar associado a alguma


fonte antrópica principalmente de baterias de veículos automotivos, não podendo
descartar também a contaminação atmosférica. Porém, a sua grande presença nas
águas subterrâneas poderá estar associada ao ferro, através dos fenômenos de
adsorção e complexação na estrutura química dos óxidos de ferro, que funcionariam
como concentrador desse metal na água.

 O mercúrio por sua vez, foi detectado em 11 dos pontos e apresenta uma forte
correlação com os fosfatos, tendo provavelmente a sua concentração aumentada devido
a esse composto. Porém, não se pode descartar as fontes de contaminação antrópica
ligada ás lâmpadas fluorescentes de vapor de mercúrio, pilhas e baterias e termômetros
domésticos, entre outros, muito comuns em terrenos baldios de áreas urbanizadas. Sua
forte associação com os fosfatos pode estar contribuindo para o aumento da sua
concentração na água, através de complexação nas moléculas ou estrutura químicas
dos fosfatos.

 Os altos valores de ferro é em boa parte de origem natural, sendo a sua ocorrência nas
águas subterrâneas bastante comum em regiões de clima tropical e úmido, que
apresentam solos ferralíticos. Estes, estão representados na área pelos latossolos e
podzólicos vermelho-amarelo distróficos.

 O manganês está bem disseminado na área e apresentam em muitos pontos teores


altos devido a contaminação natural causada pela presença constante de filmes de óxido
de manganês no horizonte “C” saprolítico. Esses teores altos inviabiliza essas águas
para o consumo humano em muitos dos pontos estudados.

 Arsênio e cromo foram detectados com teores acima do permitido em poucos pontos. O
primeiro estaria associado principalmente aos compostos nitrogenados oriundos dos
esgotos domésticos, enquanto o cromo estaria ligado aos óxidos de ferro, que produzem
o aumento dos seus teores nas águas.

 O zinco só foi detectado com valor alto em um único ponto situado no Campus
Universitário de Ondina e estaria ligado a contaminações causadas por uma antiga
garagem de ônibus que funcionava no local até a década de 70 e também o antigo
Parque de Exposição Agropecuário que também funcionou no local naquela época.

 A contaminação biológica das águas subterrâneas, detectada através dos coliformes


totais e fecais e bactérias heterotróficas, é sem dúvida a mais comum e mais bem
difundida por toda área. Em 87,5 % dos pontos amostrados constatou-se a presença de
coliformes fecais e coliformes totais. É bem verdade que na maioria desse pontos, a
água foi coletada com o poço paralisado - sem bombeamento

 Considerando-se conjuntamente todos os indicadores analisados, (parâmetros físicos,


químicos, metais pesados, coliformes totais, fecais, bactérias heterotróficas), conclui-se
que toda a área estudada apresenta algum tipo de contaminação, o que restringe o uso
das águas subterrâneas para fins domésticos, na sua forma natural (bruta), conforme
está mostrado no Quadro 6.1. Só podendo ser consumida pela população depois de
passar por tratamento convencional.

Dos vetores de contaminação estudados na região, o mais importante foi aquele


causado pelos esgotos e fossas domésticas.

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QUADRO 6.1. QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁGUA SUBTERRÂNEA – BACIAS DOS RIOS LUCAIA
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Pontos pH OD COR TUR Cl NH4 NO2 NO3 PO4 As Cr Fe Pb Cu Hg Mn Zn Classes (*)


1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40

RESTRIÇÃO PARA CONSUMO DOMÉSTICO.


(*) Classes 2 e 3 segundo o CONAMA 20/86

 Em alguns casos essas águas podem ser aproveitadas em alguns seguimentos


industriais, como é o caso do segmento de bebidas e sucos. Podem também em alguns
casos serem aproveitadas para movimentar sistemas de refrigeração, como por
exemplo, sistemas de ar condicionado central. Em ambos os casos devem-se evitar as
águas do tipo bicarbonatadas que apresentam valores altos de dureza total, além do
ferro e manganês acima do permitido, não recomendado por provocar incrustações nas
máquinas.

 Para a irrigação de gramados, jardins, pomares, hortas domésticas, essas águas


subterrâneas podem ser aproveitadas na maioria dos casos. Somente em alguns poucos
pontos mostrou risco alto de salinização do solo, exigindo o plantio de espécies vegetais

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 menos sensíveis aos sais. A grande maioria dos pontos estudados mostraram risco
médio de salinização dos solos irrigados com essas águas. Com isto deve-se evitar a
sua utilização em alguns jardins, gramados e hortas domésticas que contenham vegetais
sensíveis aos sais e cujos solos sejam argilosos e siltosos

 As águas dessa região podem ser amplamente utilizadas para lavagens em geral de
pisos, paredes, sanitários, salões, playgrounds sem a menor preocupação. Inclusive
podem ser utilizadas em postos de gasolina, garagens de ônibus e caminhões, lava-a-
jatos para a lavagem de veículos em geral, já que os níveis de salinização são normais,
sendo consideradas como água doce, conforme mostram os valores da condutividade
elétrica específica, sólidos totais dissolvidos, sódio e de cloretos.

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7. AGRADECIMENTOS

O autor expressa seus agradecimentos à Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A.


– EMBASA, nas pessoas dos Engs. José Guimarães Câncio Sobrinho – Diretor de
Operações, Elton Carvalho – Assessor da Diretoria de Operações e Márcia Kauark Amoedo
– Gerente de Controle de Qualidade, pela colaboração e cooperação técnica e financeira.

Aos professores Telésforo Martinez Marques, Chefe do Departamento de Geologia e


Geofísica Aplicada/UFBA pelo incentivo e apoio e Luiz Rogério Bastos Leal – Coordenador
do Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e Ambientais (NEHA) / UFBA, pela colaboração nos
trabalhos de campo.

À Profa. Dária Maria Cardoso Nascimento do Departamento de Geografia/UFBA pela


revisão cartográfica dos mapas que compõem algumas das figuras desse relatório.

Aos estudantes do curso de geologia, Belarmino Braga de Melo e Alex Gomes da Silva pela
participação e colaboração nos trabalhos de campo e nas tarefas básicas de escritório.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Feitosa, A.C. e Manoel Filho, J. (1997). Hidrogeologia: conceitos e aplicações. Fortaleza:
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McNEELY, R.N. et alli (1979) – Water Quality Sourcebook; A guide for Water Quality
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Nascimento, S. A. de M. (2002). Estudo da Qualidade das Águas Subterrâneas no Campus
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SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO
57 Professor Adjunto – Instituto de Geociências da UFBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL

_______. Planejamento Ambiental de Salvador (Documentos Preliminares). 1995.


Condições Geohidrogeológicas e geotécnicas na Região Metropolitana de Salvador,
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Atributos Climáticos do Estado da Bahia – Série Estudos e Pesquisas 38 – Salvador – Ba.

SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO


58 Professor Adjunto – Instituto de Geociências da UFBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS AQÜÍFERO FREÁTICO NAS BACIAS DOS RIOS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA LUCAIA E BAIXO CAMARUJIPE
CONVÊNIO UFBA / EMBASA / FAPEX RELATÓRIO FINAL

ANEXO 01

SÉRGIO AUGUSTO DE MORAIS NASCIMENTO


59 Professor Adjunto – Instituto de Geociências da UFBA
ANEXO 01. Critérios e Padrões de Qualidade da Água Subterrânea para Indústrias, segundo Mathess, 1982; Szikszay, 1993, Driscoll, 1986 (in Feitosa e Manoel Filho, 1997).
ÁGUA DE INDÚSTRIAS DE BEBIDAS E SUCOS DE
INDÚSTRIA DE LATICÍNIO INDÚSTRIAS DE CONSERVAS ALIMENTÍCIAS
PONTOS REFRIGERAÇÃO FRUTAS
-
DUR Fe Mn DUR Fe Cl Mn NO3 NH3 SO4 pH DUR Ca Fe Mn NO3 NH4 DUR Cl- Fe Mn SO4
1 RE RE RE RE
2 RE RE RE RE
3 RE RE RE RE
4 RE RE RE RE
5 RE RE RE RE
6 RE RE RE RE
7 RE RE RE RE
8 AP RE RE RE
9 AP RE RE AP
10 RE RE RE RE
11 RE RE RE RE
12 AP RE RE AP
13 RE RE RE RE
14 AP RE RE AP
15 RE RE RE RE
16 AP RE RE RE
17 AP RE RE AP
18 RE RE RE RE
19 AP RE RE AP
0
6

20 AP RE RE AP
21 AP RE RE RE
22 RE RE RE RE
23 AP RE RE RE
24 AP RE RE AP
25 RE RE RE RE
26 RE RE RE RE
27 RE RE RE RE
28 AP RE RE RE
29 RE RE RE RE
30 RE RE RE RE
31 AP RE RE AP
32 AP RE RE RE
33 RE RE RE RE
34 RE RE RE RE
35 RE RE RE RE
36 RE RE RE RE
37 RE RE RE RE
38 RE RE RE RE
39 RE RE RE RE
40 RE RE RE RE

AP APROVADA DUR Dureza Mn Manganês NO3 Nitrato SO4 Sulfato


RE REPROVADA Fe Ferro Cl- Cloretos NH3 Amônia Ca Cálcio

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