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TCC - Eduardo Prestes 20 - 07

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___________________________________________________________________________

PROPOSTA DE PLANO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIO EM TI


PARA UM HOSPITAL NORTE CATARINENSE

SILVA, Eduardo Prestes1


MISAGHI, Dr. Mehran2

RESUMO

Os Sistemas de informação tem assumido cada vez mais um papel estratégico nas organizações, ao
mesmo ponto que as tornam cada vez mais dependentes da sua efetividade para assegurar a
continuidade dos seus processos de trabalho. A Segurança da informação, por sua vez, busca
garantir a continuidade e minimizar os impactos nos negócios. Esse trabalho tem como objetivo
elaborar uma proposta de Plano de Continuidade de Negócios (PCN), voltado para a área de
Tecnologia de Informação (TI) em um ambiente Hospitalar, baseado em normas e boas práticas no
ambiente de TI, identificando os processos organizacionais mais críticos para com isso elaborar
estratégias que assegurem a continuidade das operações de trabalho mesmo em eventos de
disrupção.

Palavras-chave: Plano de Continuidade de Negócios; Incidente; Sistemas de informação;


Tecnologia; Segurança da informação.

1 INTRODUÇÃO

No mundo dos negócios, os dados e a informação são considerados a moeda


de ouro da vez. A Tecnologia da Informação (TI), torna-se cada vez mais
imprescindível e estratégica para as organizações. No universo hospitalar a
realidade não é diferente, ao passo que cada vez mais são implementados sistemas
para agilizar e suportar seus processos, aumentando cada vez mais sua
dependência da TI.
Dentro desse contexto, a Segurança da Informação (SI) é um ponto crucial
para as organizações. Vivemos a mercê de condições adversas as quais podemos
ser submetidos a qualquer momento, como tempestades, incêndios, crises e

1
Eduardo Prestes Graduando do Curso de Sistemas de Informação do Centro Universitário
UNISOCIESC, eduardoprestes29@gmail.com;
2
Professor orientador: Dr. Mehran Misaghi, Centro Universitário UNISOCIESC,
mehran.misaghi@unisociesc.com.br;
imprevistos que fogem ao nosso controle, sem deixar de mencionar as ações
humanas de terrorismo cibernético com o objetivo de invadir e sequestrar dados
para fins ilícitos.
Quando um incidente causa perdas e prejuízos significativos, a organização
pode se sentir amedrontada, principalmente se houver interrupção nos negócios e
na TI, onde o perfil de infraestrutura corporativa sustenta áreas de negócios. As
perdas também podem motivar e convencer quando há avaliação e previsão
(MARINHO, 2018). Nesse cenário, onde o ambiente hospitalar é ainda mais crítico e
a TI é essencial para o bom funcionamento dos fluxos de processo dentro do
Hospital, será que estamos preparados para agir frente a essas situações atípicas?
No funcionamento das organizações, os Sistemas de informação são
elementos essenciais para a continuidade e sucesso de seus objetivos, e
observa-se que cada vez mais esses sistemas assumem um papel estratégico e de
relevância, vitais para elas, devido a fidelidade das informações em relação aos
dados, visando verificar se os resultados obtidos estão corretos ou não (GIL;
ARIMA, 2018).
O mercado da saúde também segue a crescente informatização dos serviços
médico-hospitalares, demonstrando enorme avanço e tem contribuído para uma
maior eficiência e qualidade. A boa estruturação da informática também promove o
desenvolvimento empresarial destas organizações (LONDOÑO; LAVERDE;
LONDOÑO, 2016).
Diante desse cenário, onde os processos de trabalho são cada vez mais
dependentes dos SI, alguns questionamentos se fazem pertinentes: Como preparar
as empresas para garantir a continuidade de seu negócio em uma situação de
desastre? Como proteger a informação da organização dos riscos relacionados ao
ambiente de TI? Como tratar os incidentes que interrompem os processos de
negócio da organização? O que fazer em situações de desastre? Quem deve fazer
o que durante a recuperação de desastres?
Para isso o objetivo principal deste trabalho, é a elaboração de uma proposta
de Plano de Continuidade de Negócios para os serviços mais críticos de TI dentro
do ambiente hospitalar, a fim de mitigar os impactos de uma possível interrupção
dos serviços, e também desenvolver um plano para restabelecê-los no tempo mais
breve possível.
Este trabalho consiste em um roteiro de atividades a serem seguidas e um
conjunto de artefatos. As atividades envolvem o mapeamento de riscos nos
processos de negócio, a definição das ações para tratamento desses riscos, os
planos de resposta a incidentes e planos de recuperação de desastres e o processo
de execução e monitoramento das ocorrências e também um estudo de caso dentro
da unidade hospitalar. Os artefatos gerados serão documentos do processo,
incluindo o plano concreto de continuidade de negócios.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

De acordo com o IT Governance (2019), a continuidade de negócio é a


disciplina focada principalmente em manter a capacidade de uma organização em
funcionar durante um evento disruptivo, proporcionando a continuidade das suas
funções mais críticas, mesmo que de forma reduzida.
O surgimento de pandemias, por exemplo, tem sido um desafio para muitas
pessoas e organizações, afetando suas rotinas e impactando nas atividades
econômicas com perdas significativas. De acordo com Manoel (2019), pandemias já
eram tidas como ameaças em potencial para a Continuidade dos Negócios, a crise
do Ebola na África Ocidental e o surto do zika vírus já demonstravam o potencial
desse tipo de ameaça.
Ter um Plano de Continuidade de Negócios (PCN), pode ser eficaz tanto para
o tratamento de incidentes repentinos - como uma pandemia, quanto para
incidentes graduais. Ao focar no impacto da interrupção e não na causa, a
Continuidade de Negócios pode identificar os processos críticos para a organização,
reconhecendo como agir para proteger seus principais ativos de informação, a sua
cadeia de suprimentos, as partes interessadas e sua imagem (MANOEL, 2019).
O PCN é um processo que contempla um conjunto de normas e ações a
serem executadas pelas organizações, a fim de garantir que não exista uma
interrupção das atividades do negócio. Desta forma, a gestão deve informar o
desastre no momento do ocorrido, ou antes (risco conhecido). Se não, o sucesso da
continuidade do negócio estará em risco (BURTLES; FRY, 2016).
Um bom Plano de Continuidade é vivo e adaptável. Isto quer dizer que pode
ser desenvolvido tanto na fase inicial de uma empresa, como em qualquer outro
estágio de seu desenvolvimento (DORNELAS, 2016).
A Continuidade de Negócios pode ser percebida no dia-dia, desde a infância,
como o ato de levar uma caixa cheia de brinquedos para brincar, no caso de ocorrer
a quebra de algum brinquedo e precise ser substituído, até mesmo em situações
mais complexas, como o soar de um alarme de incêndio em um edifício, onde ter
tido um treinamento de evacuação anteriormente pode fazer toda a diferença para
salvar sua vida (MANOEL, 2019).
Na Figura 1 são apresentadas as principais motivações para se realizar um
Sistema de Gestão de Continuidade de Negócio em uma organização, apresenta-se
os argumentos em ordem de criticidade.

Figura 1: Motivações do SGCN

Fonte: Sérgio da Silva Manoel (2019)


São várias as motivações para se implantar um PCN, entre elas, a
preservação da vida das pessoas. Compliance3 com leis e regulamentações
também se destacam, como por exemplo a adaptação das organizações às leis da
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil.
Outra motivação é a geração de um diferencial competitivo, já que uma
empresa com consciência resiliente tende a enfrentar com mais facilidade situações
adversas. E também é claro, a garantia da manutenção da disponibilidade dos
negócios da organização (MANOEL, 2019).

2.1 DEFINIÇÃO DO ESCOPO DE TRABALHO

Conforme Oliveira (2020), no escopo devem-se conter os sistemas utilizados,


serviços, funcionários, equipamentos e tudo o que for considerado crítico para o
funcionamento do negócio. Desta forma, a proposta deste trabalho é focar na
Tecnologia da Informação, visando implementar e aprender com o SGCN.
Ao passo em que os resultados da implementação em TI forem apresentados
aos demais setores da organização, já com certo grau de experiência e maturidade,
vislumbra-se a sensibilização dos demais setores para a importância do projeto,
com foco em ampliar o escopo do SGCN para abranger outros processos críticos do
negócio.

2.2 ANÁLISE DE IMPACTO NO NEGÓCIO

A Análise de Impacto de Negócio (BIA), em tradução livre, é um dos


principais documentos gerados pelo Sistema de Gestão de Continuidade de
Negócios (SGCN). Com base nesse documento criado por intermédio de
entrevistas, serão elaboradas as ações a serem tomadas para mitigação dos
possíveis riscos e também os planos a serem executados caso algum processo
crítico seja afetado.
O resultado do relatório gerado pela BIA serve como base para a construção
de um PCN, pois representa uma análise completa dos eventos dos quais a

3
Conjunto de ações cujas consequências se refletem em estar incorporado ao cotidiano de um negócio ou
relação da empresa com todos, materializando conceitos de fraude, corrupção, conflitos de interesses, etc.
(MARINHO, 2018).
organização deve estar preparada para se recuperar. Nesse resultado são
relacionados eventos que podem atrasar ou até mesmo encerrar as atividades da
organização (SÊMOLA, 2014).
Como a BIA é gerada com base em entrevistas realizadas por meio de
questionários, Manoel (2019) recorda sobre a importância de saber quais perguntas
devem ser feitas aos entrevistados e também reitera sobre a importância de se levar
em consideração os mais variados cenários durante essa fase.
De acordo com Oliveira (2020), o objetivo do BIA é identificar os processos
do negócio, as atividades e recursos fundamentais para o seu bom funcionamento,
realizando uma análise de impactos relacionada a esses processos, sejam eles
impactos operacionais, financeiros ou de imagem.
Alevate (2014), destaca sobre a importância da criação de uma análise de
impactos que envolva uma relação financeira com o negócio, ou seja, que apresente
resultados numéricos sobre possíveis perdas referentes a paradas nos processos
críticos, já que esse com esse tipo de visualização torna-se mais fácil justificar todo
o processo de SGCN.
Conforme Manoel (2019) o sucesso de todo o SGCN depende de uma boa
análise de impactos de negócio, do inglês Business Impact Analisys (BIA), já que
todas as tomadas de decisão serão feitas com base nesse documento que define a
prioridade na recuperação dos processos visando a proteção do quê é tido como
mais importante para a organização.
O tempo é um fator fundamental quando se está em uma situação de
contingência. A Figura 2 ilustra um esquema onde são apresentadas algumas
métricas de tempo relacionadas no processo SGCN.
Figura 2: Linha de tempo SGCN

Fonte: Manoel(2019)

Para melhor entendimento do esquema da Figura 2, as métricas de tempo


são explicadas nos itens a, b e c:
a) RPO - Ponto Objetivado de Recuperação: Recovery point ou last backup, quanto
a empresa pode perder de dados e informações: um minuto, uma hora. Ponto em
que a informação usada por uma atividade deve ser restaurada para permitir a
operação da atividade na retomada.
B) MTPD - Período Máximo de Interrupção Tolerável: Trata-se do período máximo
executado em estado de contingência. Tempo necessário para os impactos
adversos se tornarem inaceitáveis, que podem surgir como resultado de não
executar um processo ou fornecer um produto/serviço ou realizar uma atividade.
c) RTO - Objetivo do Tempo de Recuperação: Recovery time, limite de tempo para
se ativar o PCN. O RTO é um indicador que expressa o valor de tempo máximo
aceitável em que um sistema ou uma informação pode ficar indisponível após uma
falha.
2.3 AVALIAÇÃO DE RISCOS

Com o relatório do BIA em mãos, já conhecendo todos os processos do


negócio e o nível de criticidade dos mesmos para a organização, parte-se para a
etapa de definição dos processos mais críticos a serem trabalhados.
Segundo a norma ISO 27005 (ISO/IEC 27005:2011), o processo de gestão
de riscos é dividido em seis partes: definição do contexto, análise e avaliação dos
riscos, tratamento do risco, aceitação do risco, comunicação e consulta do risco e o
monitoramento e análise crítica de riscos. Na Figura 3, é representado esse
esquema adaptado da norma ISO/IEC 27005:2011.

Figura 3: Processo de gestão de riscos

Fonte: Oliveira (2020)

.
2.3.1 Comunicação e consulta

A comunicação é um elemento fundamental em todos os momentos da


gestão de risco, assim como a consulta a todas as partes pertinentes envolvidas.
2.3.2 Estabelecimento do contexto

Para Oliveira (2020), na etapa de definição do contexto, alguns fatores como


cultura, política, financeiro, entre outros, são de vital importância e devem ser
levados em conta para que tudo saia conforme o planejado e os objetivos sejam
alcançados com sucesso.

2.3.3 Processo de avaliação dos riscos

Deve-se levar em consideração, a contratação de um profissional, para


auxiliar na tarefa de identificação dos riscos (OLIVEIRA, 2020).
Na estimativa de riscos, deve-se determinar a atribuição de valor ao impacto
que um risco pode ter, levando em consideração o tamanho, a complexidade e o
volume de operações (ASSI, 2021).

2.3.4 Tratamento de riscos

Contempla todas as estratégias, técnicas e métodos aplicados no tratamento


dos riscos, além de contribuir no apoio à tomada de decisão (OLIVEIRA, 2020).

2.3.5 Monitoramento e análise crítica dos riscos

Devem ser realizadas periodicamente, para checar e reavaliar os riscos


(OLIVEIRA, 2020).

Nesse contexto, algumas medidas de proteção podem ser tomadas para


mitigação dos riscos. Levando sempre em consideração que a prevenção é o
melhor remédio, já que depois que o incidente ocorre certamente o custo para
correção ou amenização do impacto certamente será maior (OLIVEIRA, 2020).
A Figura 4 ilustra um esquema envolvendo as medidas a serem tomadas nas
respectivas ocasiões.
Figura 4: Medidas de proteção

Fonte: Oliveira (2020)

Para Oliveira (2020), existem algumas categorias de riscos já mapeadas as


quais o ambiente de TI está exposto inevitavelmente: riscos de segurança, riscos de
disponibilidade, riscos de performance, riscos de conformidade, riscos de
confidencialidade e riscos de integridade.
O apetite ao risco se refere ao quanto de risco uma organização está
disposta a sofrer, mantendo os objetivos planejados no seu SGCN. Utilizando
parâmetros financeiros torna-se mais fácil o compreendimento desse fator, por
exemplo, qual o valor aceitável de perdas e quais níveis devem ser obrigatoriamente
observados na fase de tratamento de riscos (MANOEL, 2019).
Implementar a gestão de riscos dentro de uma empresa, é uma forma de
regulamentar, criar uma cultura organizacional e disseminar o conhecimento além
de tornar a organização resiliente perante as mais diversas situações.

2.4 A GESTÃO DO CONHECIMENTO E A CONTINUIDADE DO NEGÓCIO

A Gestão do Conhecimento (GC) existe nas organizações com o objetivo de


preservar o conhecimento, garantindo a continuidade dos processos
organizacionais, entre outros fatores, como por exemplo, a promoção da vantagem
competitiva (BUOGO et al., 2016).
Um exemplo a ser apontado é a Pandemia do Coronavírus (2019). De acordo
com Irkey e Tüfekci (2021), a troca de conhecimento entre os países desempenhou
um papel importante durante todas as fases, desde o surgimento do COVID-19 até
os governos tomarem medidas para combater a pandemia, embasadas em
informações obtidas pelos primeiros países afetados.
Uma organização tem como principais fatores geração, aquisição,
compartilhamento e exploração de conhecimento; essenciais para o seu sucesso.
Deste modo, um dos desafios de sua gestão é reconhecer e trocar conhecimentos
entre diferentes grupos e organizações (BESSANT; TIDD, 2019).
Quando o conhecimento é gerenciado de forma adequada, coopera para o
gerenciamento de uma crise como uma pandemia; em uma escala menor, pode
garantir que uma empresa afetada permaneça no mercado, dando a continuidade
aos negócios (IRKEY; TÜFEKCI, 2021).

3 METODOLOGIA

Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos


necessários para a elaboração de um PCN dentro do ambiente hospitalar. Com o
intuito de alcançar os objetivos propostos no início deste trabalho, esta pesquisa
seguiu algumas etapas, sendo elas a pesquisa bibliográfica que se baseou na
literatura encontrada disponível sobre o tema e também alguns estudos de caso já
realizados até o presente momento.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Uma pesquisa baseia-se em investigação, indagação e busca, e o tipo de


pesquisa aplicado neste trabalho é o descritivo. A pesquisa descritiva retrata o que é
existente, estuda novos significados, determina a frequência de certas ocorrências,
inclui a descrição de conceitos e também, desenvolvimento de hipóteses que
providenciam base para a pesquisa quantitativa.
Uma pesquisa bibliográfica, por sua vez, corresponde à etapa inicial de todo
o trabalho acadêmico ou científico, tendo por objetivo reunir informações e dados
que serão utilizados como base para construir a investigação proposta, a partir de
determinado tema.
Dentre os diversos tipos de pesquisa, ainda há a pesquisa de campo, onde é
realizada a observação do cenário, fazendo coleta de dados, analisando e
interpretando os resultados estudados, diretamente do ambiente natural ou da
referida realidade onde ocorre.
3.2 AMBIENTE DA PESQUISA

O estudo presente neste trabalho foi realizado em um hospital público de


grande porte, situado no município de Joinville, Estado de Santa Catarina, que teve
sua inauguração em 1906.
A estrutura física do hospital conta com mais de 200 leitos e 70 leitos de
Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Como parte da infraestrutura, se destacam a recepção, que conta com 4
recepcionistas, onde cada uma utiliza um computador e os médicos que utilizam
seus computadores individuais, para atualização do estado do paciente e geração
de receitas e atestados.
A infraestrutura ainda conta com 480 computadores desktop, 105
impressoras multifuncionais, 15 impressoras de etiqueta/pulseira, 5 notebooks, 8
servidores físicos e 18 máquinas virtuais4.
Referente ao setor da TI, o hospital possui atualmente um coordenador e três
analistas auxiliares. Os serviços de suporte aos sistemas e às impressoras são
realizados por uma empresa terceirizada.

3.3 ETAPAS DA PESQUISA

A primeira etapa realizada, foi a pesquisa bibliográfica, conforme apresentado


no tópico 3.2. Após esta etapa, foi realizada a pesquisa de campo, que se deu por
meio de uma entrevista, em forma de questionário, o qual continha 10 questões
objetivas, respondidas pelo coordenador responsável pela equipe de TI do hospital.
As etapas da pesquisa podem ser representadas de acordo com a Figura 5,
que apresenta a sequência operacional que este trabalho seguiu para alcançar seus
objetivos, iniciando pela definição do escopo e encerrando com a implementação do
PCN.

4
Simula um ambiente real (físico), que proporciona a utilização de diversos recursos e sistemas, sem a
necessidade de acesso físico à máquina que os hospeda (VELLOSO, 2017).
Figura 5 - Etapas Operacionais

Fonte: O Autor (2021)

3.3.1 Definição do escopo


O escopo foi definido e elaborado de acordo com as áreas a serem
estudadas e observadas dentro do ambiente hospitalar, ou seja, os setores de
farmácia e recepção.

3.3.2 Análise e avaliação de riscos


Após escolha do hospital a ser aplicado o projeto, e aceitação do estudo de
caso, foi encaminhado um questionário com algumas perguntas para conhecimento
do nível de maturidade do mesmo em relação ao tema apresentado e também obter
algum direcionamento para o rumo da pesquisa. Essas perguntas estão disponíveis
no apêndice A, e foram formuladas com base na literatura consultada na etapa de
pesquisa.
Posteriormente em reunião com o time de TI para formalização da proposta,
foi debatido um pouco mais sobre o tema, inclusive sobre algumas respostas do
questionário enviado previamente, para entender como funciona e como está
estruturada a configuração atual de TI dentro do hospital. Nessa mesma ocasião
também foi apresentado o ambiente de infraestrutura.
Já definido o escopo de trabalho, foi dado início ao acompanhamento das
rotinas de trabalho dos setores de recepção e de farmácia. Este trabalho foi
realizado entre junho de 2020 até junho de 2021.
Em conversa com os responsáveis pelo setor de TI, para conhecer como o
sistema efetivamente está estruturado e também sondar estratégias para mitigar os
impactos causados pela parada do serviço de impressão nos determinados setores,
foram coletadas algumas informações referentes a eventos de falha nos sistemas
de impressoras, Enterprise Resource Planning (ERP) e internet.
A figura 6 indica os eventos de falha de maior impacto registrados no período
de monitoramento, os quais tiveram maior índice de recorrência em relação ao
sistema ERP, com 11 ocorrências. As ocorrências de falha em impressoras e
Intranet foram apontadas 6 vezes, cada uma. Foram desprezados eventos
relacionados à lentidão no sistema.

Figura 6: Eventos de falha

Fonte: O autor (2021)

Os eventos de falha mencionados na Figura 6, acarretam em erros ou até


mesmo geram interrupções nos processos de trabalho. Essas interrupções
normalmente são resolvidas em períodos de até 3 horas, salvo algumas exceções
que ocasionalmente dependem de serviços terceirizados. Os dados relativos aos
períodos de interrupção estão representados na Figura 7.

Figura 7: Período de interrupção dos processos de trabalho

Fonte: O autor (2021)

Em paralelo ao trabalho de coleta dos dados e observação em campo, foram


realizadas entrevistas com os operadores do sistema e atendentes, com o objetivo
de ouvir as demandas, entender a rotina de trabalho e descobrir os pontos críticos
do negócio, identificando os riscos aos quais as operações estão expostas e sua
respectiva magnitude.
Juntando os relatórios de paradas dos sistemas, questionários e entrevistas
foi possível apontar os possíveis eventos e as funções que deverão ser priorizadas
durante uma contingência.
Com base na pesquisa de campo, foram identificados alguns possíveis
riscos, os quais foram apontados com recorrência nos chamados internos da equipe
de TI.
Os riscos referente à infraestrutura apontaram maior incidência de erros em
impressoras. Referente aos sistemas, foi identificado maior incidência em falhas que
param o processo, acarretando em demora na conclusão de tarefas e por vezes, o
cancelamento do processo digital, passando a ser manual.

3.3.3 Análise de impacto


Identificados os possíveis riscos, foi necessário analisar o impacto que estes
podem causar na organização, caso se tornem muito recorrentes ou se atrelem a
outros riscos similares. O Quadro 2 demonstra os possíveis impactos atrelados à
parada dos principais processos críticos de trabalho identificados na organização.

Quadro 1 - Análise de impacto no negócio

Ocorrência Tipos de Tempo para Impacto Impacto de Impacto em Soma total:


impactos: impacto operaciona imagem: pessoas:
O - Operacional severo l: 0 = nenhum 0 = nenhum
I - Imagem nesta 0= 1 = baixo 1 = baixo
P - Pessoas metodologi nenhum 3 = médio 3 = médio
a será o 1 = baixo 5 = alto 5 = alto
RTO - 3 = médio 7 = extremo 7 = extremo
Tempo 5 = alto
Objetivado 7=
de extremo
recuperaçã
o
0 = duas
semanas ou
mais
1=1
semana
5 = menor
que 3 dias
10 = 1 dia
20 = 4 horas
40 =
imediato

Queda do O, I, P 20 5 3 3 31
sistema de
ERP

Queda do O, I, P 20 3 1 1 25
sistema de
Internet

Queda do O, I, P 20 5 3 1 29
sistema de
Impressão

Queda do O, I, P 40 7 3 3 53
sistema de
Banco de
dados
Fonte: O autor (2021)
Um dos pontos de impacto identificados foi referente ao Servidor de Banco
de Dados, pois havendo falha no Host do Banco de Dados, o sistema irá parar até
que o reparo seja executado. Caso a falha seja relacionada a algum outro sistema
que está em Cloud5, os que permanecem ativos trabalham em redundância.

3.3.4 Estratégias de recuperação


Sabendo dos impactos que os riscos podem causar na organização, sejam
eles: operacionais, financeiros ou de imagem, foram elaboradas estratégias de
longo prazo, as quais serão aplicadas de forma preventiva em novo projeto, que
será apresentado pela equipe de TI à direção do hospital.
Uma das estratégias do hospital é manter backups, que são geridos pela
Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ), e são realizados três vezes ao dia, utilizando
um sistema Shadow6 e uma vez ao dia os backups incrementais. Os arquivos que
são mantidos nas máquinas locais não entram na rotina de backup.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme realizadas as etapas da pesquisa e a análise final, foi possível


identificar que atualmente no hospital os problemas são resolvidos conforme vão
surgindo, embora os setores já possuam estratégias para contornar as constantes
paradas no sistema, conforme observado in-loco.
Na recepção, por exemplo, onde é feita a triagem dos pacientes, caso ocorra
uma parada no sistema e eventualmente chegue algum paciente grave, ou a parada
no sistema não tenha previsão de retorno breve, são utilizadas fichas manuscritas
para abertura dos atendimentos dos pacientes, que posteriormente são lançadas no
sistema. Alguns pontos de alerta referente a essa solução: quando essas fichas
forem efetivamente lançadas no sistema, não será a hora exata em que o paciente
deu entrada. A comunicação com prescrição de medicamentos e exames também
se torna algo muito mais complexo, já que foge da rotina e controles habituais
estabelecidos para um ambiente ideal com o funcionamento pleno dos sistemas.

5
Computação em nuvem, que permite substituir os recursos de armazenamentos físicos por armazenamento
(principalmente de servidor) e processamento compartilhado (CARVALHO; LORENA, 2017).
6
Um arquivo shadow pode ser lido apenas por usuários com privilégios administrativos (como encarregados e
gestores) (BASTA; BASTA; BROWN, 2015).
Outro ambiente observado foi a área de farmácia, pois conforme já
mencionado, as prescrições de medicamentos ficam comprometidas com a
instabilidade/queda dos sistemas, já que o controle e dispensação dos
medicamentos são efetuados todos com o auxílio deles. Ainda em entrevista com
os servidores do ambiente de farmácia, foi possível detectar unanimidade com
relação a indisponibilidade dos serviços por conta da impressora que realiza a
impressão das prescrições.
Tanto no setor de recepção quanto no setor de farmácia foi observado que a
indisponibilidade das impressoras é uma falha recorrente, que ocorre com
determinada frequência e afeta os trabalhos de forma significativa.
Como proposta de PCN para o problema citado, após análise de caso e
possibilidades de resolução, chegou-se a algumas alternativas:
1. Uma impressora redundante em cada setor devidamente configurada, ligada
diretamente via USB aos computadores. Essa opção é uma solução
relativamente simples, que resolveria o problema para o não funcionamento
das impressoras quando esse se tratar de indisponibilidade da rede. No
entanto, foi questionada pelos administradores de TI, já que prejudicaria o
controle do quantitativo de impressões que é realizado mensalmente, visto
que o serviço de impressão é realizado por uma empresa terceirizada no
município.
2. Criar um servidor de impressão exclusivamente para o hospital: visto que
atualmente o servidor de impressão fica localizado no prédio central da
prefeitura do município localizado a vários quilômetros, ou seja a cada nova
impressão, é realizada uma requisição ao servidor da prefeitura que registra
e libera a solicitação novamente para o hospital, conforme esquema
representado na Figura 6. Ou seja, além dos problemas com a rede interna
do hospital, atualmente podem ocorrer eventuais rompimentos da rede, ou
até mesmo problemas no servidor da PMJ, que são fatores do ambiente
externo que acabam afetando serviços críticos do hospital, com a aplicação
dessa solução seriam eliminados os fatores externos ao hospital.
Figura 8 - Fluxo do servidor de impressão

Fonte: O autor (2021)

Conforme pode-se observar na Figura 6, o fluxo do servidor de impressão é


complexo e demorado, o que ocasiona alguns contratempos críticos, gerando
chamados para a TI constantemente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo apresentado validou a possibilidade do desenvolvimento de uma


proposta de Plano de Continuidade de Negócios para o hospital público do presente
estudo de caso, onde com base na bibliografia disponível na fase de pesquisa,
foram seguidas as etapas de implementação do PCN, possibilitando a identificação
dos riscos envolvidos nos processos de trabalho relativos a área de TI e dessa
forma, auxiliando na prevenção de erros conhecidos e desconhecidos, utilizando
meios de continuar os atendimentos e agendamentos, mesmo em momentos de
queda dos sistemas e impressoras. Os resultados da pesquisa aplicada
comprovaram o ganho de tempo entre a identificação do problema e sua resolução.

REFERÊNCIAS

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LONDOÑO, Gustavo Malagón; LAVERDE, Gabriel Pontón; LONDOÑO, Jairo


Reynales. Gestão hospitalar para uma administração eficaz. 4. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan Ltda, 2016. 588 p.

MANOEL, Sergio Silva da. Sistema de Gestão de Continuidade de Negócios:


esteja preparado para salvar a sua vida e os negócios em caso de um incidente ou
desastre. 1. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2019. 354 p.

MARINHO, Fernando. Plano de continuidade de negócios (PCN). Rio de Janeiro:


Elsevier, 2018. 127 p.

MARTINS, Renato Cesar da Silva. GESTÃO DA CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS:


análise de impacto de negócio para entidades fechadas de previdência
complementar (efpc). 2014. 88 f. Tese (Doutorado) - Curso de Redes de
Computadores Com Ênfase em Segurança, Instituto Ceub de Pesquisa e
Desenvolvimento - Icpd, Brasília, 2016.

OLIVEIRA, Roberto C. Q.. Gestão de riscos e continuidade nos negócios. São


Paulo: Senac, 2020. 123 p.

SÊMOLA, Marcos. Segurança da Informação: uma visão executiva. 2. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2014. 171 p.

VELLOSO, Fernando. Informática: conceitos básicos. Rio de Janeiro: Elsevier,


2017. 448 p.

Apêndice

Apêndice A: Roteiro utilizado na entrevista

No presente Apêndice é apresentado o roteiro utilizado na entrevista aplicada ao


gestor da área de TI.

a) Como funcionaria a área de negócios se desktops, laptops, servidores, e-mail e


acesso a internet não estiverem disponíveis?

b) Existe algum ponto de falha, ou seja, um único ativo que se falhar interrompe
todo o fluxo de informação do processo?

c) Quais são os controles de Segurança da Informação implementados ou de


gerenciamento de riscos que estão atualmente implantados?

d) Quais são as relações e dependências críticas dos prestadores de serviços?


e) Durante uma interrupção, quais soluções existem para os principais processos de
negócios?

f) Qual é o número mínimo de funcionários necessários e quais as funções que eles


precisam para realizar as suas responsabilidades em um ambiente de contingência?

g) Com que frequência são feitos backups?

h) Há Gestão do Conhecimento?

i) Há um responsável pela Gestão da Segurança da Informação ou uma empresa


terceirizada?

j) Qual a estrutura de infra implantada atualmente (computadores e servidores), e


quantas pessoas fazem parte do time de TI?

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