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A Empregabilidade Como Alternativa Ao Problema Do Desemprego
A Empregabilidade Como Alternativa Ao Problema Do Desemprego
A Empregabilidade Como Alternativa Ao Problema Do Desemprego
PROBLEMA DO DESEMPREGO
MARCELO SILVEIRA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
MARCELO SILVEIRA
FLORIANÓPOLIS - SC
AGOSTO /2001
A EMPREGABILIDADE COMO ALTERNATIVA AO
PROBLEMA DO DESEMPREGO
FLORIANÓPOLIS - SC
Agosto/2001
A EMPREGABILIDADE COMO ALTERNATIVA AO
PROBLEMA DO DESEMPREGO
MARCELO SILVEIRA
Esta dissertação foi julgada í \ .1^ P.ft para a obtenção do Título de Mestre em
Administração (Área de concentração: Política e Gestão Organizacional), e aprovada em
sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação em Administração.
Orientador
Prof. João^enjam iruia Cruz Júnior, PhD.
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
ímbro
P ro f. Pedro Carlos Schenini, Dr
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Membro
P ro f. Nelson Colossi, Dr.
Universidade Federal de Santa) Catarina - UFSC
A meu avô, Abelardo Santos da Silva, que não pode acompanhar esta vitória em
minha vida. Obrigado, saudades.
A meu amado pai, Miguel Silveira, que sempre foi, é e será meu referencial, meu
norte. Seu exemplo formou o filho, o homem. Obrigado, te amo.
A minha amada mãe, Sônia Regina Silva Silveira, que me ensinou, incentivou e
apoiou em todos os momentos de minha vida. Obrigado, te amo.
A meus irmãos, Tatiane e Rodrigo Silveira. Pela paciência durante todos estes anos,
obrigado.
Ao meu orientador, Prof. João Benjamim da Cruz Júnior. Que deveria orientarme
pelos caminhos da ciência e foi muito mais além. Como orientador e amigo, meu muito
obrigado. E nos pequenos gestos que se vê um grande homem.
Ao amigo Deosir Flávio Lobo de Castro Júnior. Mais que um amigo, um irmão que
me incentivou e colaborou na execução deste trabalho. Nos momentos difíceis sempre contei
com suas observações e apoio, sempre disposto a contribuir. Muito obrigado.
Aos Professores, com quem por tanto tempo convivi em quem encontrei não só o
conhecimento científico necessário para sermos pessoas melhores e úteis à sociedade, mas
também o respeito mútuo e admiração.
Aos Amigos. Vocês sabem muito bem como necessitei de carinho e a amizade de
todos. Ainda irei incomodar por muito tempo. Obrigado de coração.
Aos Colegas. O caminho a ser percorrido é árduo e cansativo. Sem uma boa
companhia, seria impossível esta caminhada. Meu muito obrigado.
As pessoas de que por ventura tenha me esquecido, pela ajuda que tenham
oferecido. Neste momento foge-me a lembrança. Certamente me lembrarei e me
penitenciarei, contudo, obrigado.
A Deus, que me oportunizou tantos momentos felizes, junto àqueles que tanto amo,
pela saúde, por viver. Este fechamento é coerente, pois iniciei com aqueles em quem na terra
visualizei Deus, meu familiares* e finalizo com o eterno. Obrigado.
RESUMO
TermosChaves:Emprego,Deæmprego,Alienação,Ernpregabflidade.
ABSTRACT
RESUMO.........................................................................................................................................vü
A B ST R A C T ...................................................................................................................................viii
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................1
2.1 O Emprego..................................................................................................................7
2.2 O desemprego........................................................................................................... 23
2.3 A empregabilidade.................................................................................................. 41
3 METODOLOGIA.............................................................................................................. 52
5.1 Conclusões................................................................................................................ 62
6 B IB LIO G R A F IA .............................................................................................................. 72
Referências Bibliográficas................................................................................................. 72
7 AN EX O S.................... ...................................................................................................... 78
A importância deste trabalho, de uma maneira geral, é grande, visto que o tema
a ser abordado é extremamente atual e de grande utilidade, e vem preocupando
sobremaneira todos os segmentos do mundo dos negócios, desde o mais simples
operário até o mais capacitado dos executivos.
O autor reconhece que programas de empregabilidade não se constituem numa
solução definitiva para o problema , apresenta no presente trabalho, uma alternativa que
ajuda a minorar as conseqüências do desemprego, na medida em que, diretamente
facilita o re-emprego e indiretamente facilita a manutenção do emprego.
No caso dos estudantes de Administração, a importância está ligada à
atualidade do tema. Além disso, na bibliografia corrente ainda são raras as obras a
respeito de empregabilidade e, portanto, este trabalho pode servir como referencia na
área, auxiliando os estudantes no desenvolvimento de outras pesquisas sobre o mesmo
tema.
Para a maioria das empresas, a questão da empregabilidade é ainda muito
pouco conhecida, e espera-se que, a partir deste estudo, estas empresas possam ter
contato com esta nova ferramenta da Administração que pode contribuir
significativamente para o desenvolvimento das mesmas.
No caso dos profissionais, de uma maneira geral, a importância é maior ainda,
visto que são eles os maiores beneficiados com o desenvolvimento de programas de
empregabilização por parte das organizações, uma vez que estas já não podem lhes
garantir o emprego "para toda a vida", como acontecia tradicionalmente.
Por último, para os sindicatos, associações de classe e organizações públicas
ligadas ao combate ao desemprego, este trabalho apresenta uma alternativa
descomplicada, para ser adicionada ao conjunto de medidas tradicionalmente adotadas
conseqüências do desemprego.
2
2.1 O Emprego
O trabalho tem sua importância reconhecida por uma série de autores, tanto
para o homem como para a sociedade. Para o homem, trata-se de uma questão de
sobrevivência, afinal, é através da atividade de transformação da natureza, do trabalho,
que proverá seu sustento e o dos seus. Mais do que isto, é através do trabalho que o
homem se “encaixa” na sociedade em que vive. Ou seja, de acordo com este ponto de
vista, a vida em sociedade é organizada através do trabalho. Assim, as relações
interpessoais de uma sociedade são diretamente influenciadas pela atividade exercida
pelo indivíduo. O que demonstra a importância do trabalho para a vida do homem em
sociedade.
8
Afinal, como comenta Marx (apud Simões, 1985), a classe que tem à sua
disposição os meios para a produção material, dispõe, com isso, ao mesmo tempo, os
meios de produção intelectual. Assim, de um modo geral, as idéias daqueles que não
dispõem de meios de produção intelectual são subordinadas à classe dominante.
De acordo com Braverman (1977), a necessidade de ajustar o trabalhador ao
trabalho em sua forma capitalista, de superar a resistência natural intensificada pela
tecnologia mutável e relações sociais antagônicas se toma um aspecto permanente da
sociedade capitalista.
Em outras palavras, não se adaptou o novo sistema ao homem, e sim o homem
ao novo sistema. Ainda hoje, quando se propõe nas organizações a adoção de um novo
sistema de administração, como por exemplo, os programas de qualidade total, não há a
preocupação de adaptá-lo ao empregado, e sim de adaptar o empregado ao novo
sistema.
Mais do que uma transformação econômica, portanto, a Revolução Industrial
representou uma mudança de mentalidade. Nas sociedades primitivas, a acumulação de
riquezas praticamente não existia; toda a produção era destinada ao consumo próprio, à
subsistência. Quando muito, trocava-se o excedente por outra mercadoria que se
desejava. No entanto, mesmo essa troca, tinha por objetivo a satisfação pessoal de
alguma necessidade e não a obtenção de qualquer espécie de vantagem econômica.
Mesmo quando se armazenavam os bens produzidos, seu destino era a
redistribuição. Tome-se, por exemplo, o Egito antigo. Entre outras funções, o Faraó
tinha por obrigação armazenar cereais, víveres, armas e demais objetos produzidos, nos
chamados “armazéns reais” . Enormes construções centralizavam os excedentes de todo
o Egito, que eram enviados dos armazéns regionais (similares de menor tamanho que se
espalhavam por todo o reino).
O objetivo dessa armazenagem não era a constituição de um tesouro real, como
se pode imaginar. Em caso de guerra, era no armazém real que se buscavam as
provisões para sustentar uma classe que nada produzia, os militares. Além disto, era do
armazém real que saíam os bens que mantinham a população, em caso de calamidades
como, por exemplo, os períodos de seca e as constantes enchentes do Nilo.
16
De acordo com Mills (apud Fromm, 1979), não há outro incentivo ao trabalho
que não o de ver terminado o produto e o processo de criação. Os detalhes do trabalho
diário são significativos porque não estão, na mente do trabalhador, separados do
produto do trabalho. O trabalhador goza de liberdade para dirigir por si sua atividade
produtora. Desse modo, o artífice pode aprender seu trabalho e usar e aperfeiçoar suas
potencialidades e destrezas em sua realização. Não há nada que separe o trabalho do
brinquedo, ou o trabalho da cultura. O meio de subsistência do artífice determina e
impregna todo o seu estilo de vida.
Com a divisão do trabalho, o trabalhador perde a domínio do processo
produtivo. Ele não vê o resultado de seu esforço, perde a noção do valor financeiro de
seu trabalho, na medida em que se toma difícil calcular sua participação no processo e,
mais grave, a noção da importância do próprio esforço realizado.
Ao contrário do que se possa imaginar, o termo emprego é bastante recente, se
comparado à existência do homem. Enquanto a história humana data de
aproximadamente dez mil anos, o emprego tem pouco mais de duzentos anos. Como se
pode perceber, o emprego não faz parte da natureza humana. É produto, isto sim, da
história. Se forem observados, por exemplo, os diferentes significados que a palavra
emprego assumiu ao longo dos séculos, isto fica ainda mais claro e evidente.
Em seu livro, “Um mundo sem empregos” (1995), William Bridges comenta
que uma palavra, sempre que muda de conotação ao longo dos anos, demonstra que
houve mudanças também nas realidades sociais e psicológicas nas quais ela foi
empregada. Isto se percebe claramente em relação a “emprego”.
18
2.2 O desemprego
Quase dois mil anos mais tarde, o homem assiste a uma explosão do
desemprego, ocasionado pelo colapso do sistema capitalista, que se refletiu no “crack”
da bolsa de Nova York, em 1929. Na busca por maior produtividade, os trabalhadores
foram deixados de lado, postos em segundo plano e a máquina celebrizada como o
grande parceiro do capitalista moderno. Em seu filme “Tempos Modernos”, de 1936,
Charles Chaplin faz urna dura crítica ao processo de automação industrial. Seu
personagem Carlitos, enlouquece ao se empregar em urna fábrica, e é “engolido” pelas
máquinas. Urna clara alusão ao conceito de “máquina biológica” (que entende o
empregado como um instrumento de trabalho, uma engrenagem, um componente vivo
da fábrica), próprio da Escola Clássica da Administração, que estava em moda nos
Estados Unidos, à época da realização do filme.
Hoje, apenas alguns anos mais tarde, observa-se um novo fenômeno, a
“terceira onda”, “revolução tecnológica”, ou “terceira revolução industrial” (nomes com
os quais costuma-se designar o uso intensivo do computador nos processos produtivos,
especialmente na indústria), ocasionando uma repetição dos fatos.
De acordo com Rifkin (1995), Yoneji Masuda, o principal arquiteto do plano
japonês de tornar-se a primeira sociedade totalmente baseada na informação
computadorizada, diz que ‘no futuro próximo, a automação total de fábricas inteiras se
concretizará e, durante os próximos 20 ou 30 anos, provavelmente surgirão fábricas que
dispensarão qualquer tipo de trabalho manual.
Mas o processo de automação não se restringe apenas às fábricas, atinge
também a agricultura, a mineração, o comércio e os serviços de uma maneira geral.
Segundo Rifkin (1995), as empresas estão reestruturando rapidamente suas
organizações, tomando-as ‘computer friendly’ (amigáveis ao computador). Com isso,
estão eliminando níveis de gerência tradicionais, treinando funcionários em várias
habilidades, reduzindo e simplificando os processo de produção e de distribuição e
dinamizando a administração. Os resultados têm sido impressionantes. Nos Estados
Unidos, a produtividade global saltou 2,8% em 1992, o maior aumento em duas
décadas.
29
Uma prova da força dos citados regimes é a China, país totalitário, onde os
presos são obrigados a trabalhar para empresas privadas, sem que percebam qualquer
tipo de remuneração. Isso causa barateamento dos produtos chineses, já que, além do
salário, as empresas ficam desobrigadas dos encargos sociais, que os acompanham nas
economias ocidentais. É o chamado “dumping social”.
Cita ainda Klinowitz (1997) que, no entanto, o problema tem reflexos até
mesmo nos próprios tigres asiáticos. Os ‘chaebol’ (grandes conglomerados sul-
coreanos) estão transferindo suas fábricas para países onde os salários são menores. O
governo de Seul achou que a culpa era do emprego vitalício e dos aumentos salariais.
Fiel à tese em vigor no planeta todo de sacrificar salários em nome da competitividade,
na virada do ano baixou um ‘pacotaço’ para flexibilizar o mercado de trabalho, isto é,
facilitar as demissões e as contratações temporárias sem encargos.
Crente que os trabalhadores cederiam frente à ameaça do desemprego, o
governo coreano se viu diante de uma greve geral e teve de voltar atrás em sua decisão.
E acabou se conscientizando de que a prática é prejudicial ao sistema de forma
generalizada, quando se está inserido em uma economia de mercado, onde dois
pressupostos básicos garantem a manutenção do sistema: primeiro, que todo trabalhador
deve auferir renda e, segundo, que esta renda deve ser suficiente para gerar consumo.
Para que haja um aumento dos postos de trabalho e conseqüentemente da oferta
de empregos, é necessário que a economia de um país cresça. Um fator de grande
importância neste processo é a existência de poupança interna, ou seja, é importante que
as pessoas não gastem toda a sua renda, que guardem uma parte desta. Esta sobra é
aplicada em bancos, que, por sua vez, emprestam-na para as empresas, para que estas
melhorem a produtividade e ampliem suas atividades. Assim, o país teria como se auto-
financiar, sem depender excessivamente do capital volátil internacional (o dinheiro
pertencente a especuladores financeiros, que “pulam” de país a país, buscando a melhor
remuneração).
37
Essa situação foi vivida pelos Estados Unidos durante a grande depressão,
após a quebra da bolsa de Nova York, em 1929. Na época, o governo americano seguiu
a política de ação desenvolvida pelo economista inglês John Maynard Keynes. Keynes
sugeriu que o governo gastasse dinheiro em atividades que não gerariam riquezas
diretamente, como a construção de pontes, viadutos e outras obras públicas. Desta
maneira o dinheiro seria injetado na economia, gerando mais consumo. As empresas,
percebendo isto, contratariam mais pessoas para atender a demanda, o que por sua vez
geraria mais renda. Em conseqüência deste aumento de renda, haveria mais consumo, o
que geraria mais empregos e mais renda e assim por diante.
Segundo Michel Bosquet (apud De Masi, 1999), apesar das frustrações de uma
vida de trabalho precária e desprovida de sentido, o desemprego, no fim das contas, se
transforma em uma ameaça à ordem estabelecida.
Um exemplo mais recente dessa mesma estratégia pode ser visto nas frentes de
trabalho do nordeste brasileiro. Sem possibilidade alguma de trabalhar em suas roças
por causa da seca, os agricultores nordestinos são contratados pelo governo para abrir
poços e açudes. Embora pouca, a remuneração que recebem é suficiente para garantir
sua sobrevivência e gerar consumo, mantendo a comunidade fixada em sua área e
evitando, em parte, o êxodo rural.
Hoje em dia, como a maior parte dos governos se encontra em um estado de
total e completo endividamento, fica difícil imaginar que tal estratégia seja possível. Na
verdade, na maior parte do globo, a estratégia do setor público tem sido justamente o
inverso, não intervir diretamente na economia, permitindo que ela se auto-regule, o que
leva à conclusão de que seria difícil ver-se repetido na atualidade o mesmo tipo de ação
desenvolvida na década de 30.
Seja como for, existem inúmeras propostas para minimizar o desemprego. Uma
delas, inclusive, formulada por Jeremy Rifkin, que combina redução da jornada de
trabalho e investimentos no setor social, assume, ainda que implicitamente, que o
trabalho remunerado é essencial para sustentar a demanda.
39
Para muitos “desempregados” a resposta a esta pergunta tem sido não. Muitos
optaram por trocar o emprego tradicional por um outro tipo de ocupação, em alguns
casos mais rentável que seu emprego anterior. Para Guerini (apud Andrade, 1999), neste
novo mercado encontra espaço quem tiver competência para resolver problemas.
Trabalhar por conta própria é uma alternativa cada vez mais presente no mercado de
trabalho, é a opção que mais cresce em contraposição ao emprego tradicional, aquele
com carteira assinada.
O mais importante de tudo isto é que, além de provocar uma mudança no perfil
profissional dos trabalhadores, estas mudanças estão provocando alterações na maneira
como as empresas interagem com seus empregados, tanto na contratação como na
demissão.
Um exemplo dessas alterações é a crescente preocupação das empresas com o
destino do trabalhador após a demissão. Preocupadas com os efeitos sociais das
demissões (aumento da pobreza, fome, violência e demais mazelas sociais que
acompanham o desemprego) as empresas têm procurado os serviços de consultoria
especializados na recolocação profissional e na reorientação de carreira, as chamadas
consultorias de outplacement.
Tanto para a empresa quanto para o empregado, a nova visão empresarial tem
possibilitado enormes ganhos. Para a empresa, em termos de competitividade, uma vez
que acaba por atrair os melhores e mais competentes, profissionais do mercado. E para o
empregado, em termos de segurança, já que se torna livre dos grilhões do emprego. O
conjunto das novas técnicas, da nova maneira de pensar e agir, por parte de patrões e
funcionários, ficou conhecida por empregabilidade.
2.3 A empregabilidade
Para De Masi (1999), visto que há uma tendência de mudar de carreira pelo
menos seis vezes na vida, não é preciso preparar os jovens para uma carreira específica,
mas sim para urna vida ativa na sua plenitude.
Como se pode constatar, o desenvolvimento difere bastante do treinamento,
embora muitas organizações não percebam esta sutileza. A organização aperfeiçoa seus
recursos humanos, não somente ensinando-lhes a melhor forma de realizar uma tarefa
dentro dela, mas também oferecendo-lhes uma formação mais “generalista”, aplicável a
outras atividades profissionais. Isto significa dizer que a nova habilidade desenvolvida
pelo funcionário não está restrita ao atual ambiente de trabalho, podendo ser largamente
utilizada. É o caso das organizações que promovem cursos de alfabetização para seus
funcionários, quer seja dentro ou fora da empresa, algumas até mesmo durante o
expediente. Outras ainda, costumam custear, mesmo que parcialmente, cursos de
informática, e, até mesmo, de pós-graduação, para os colaboradores que tenham
determinado tempo de casa, ou possibilidade de ascensão profissional, dependendo dos
critérios de cada organização.
A empregabilidade é mais complexa que as duas etapas anteriores. No caso
desta, a empresa preocupa-se em desenvolver seus recursos humanos de tal forma que
se tornem independentes no processo de qualificação profissional, buscando por si
mesmos o eterno aperfeiçoamento e desvencilhando-se dos laços de dependência que os
unem à organização.
A empresa deve oferecer estímulos para que seus funcionários busquem
continuamente aprimorar-se, de forma que se sintam eternos aprendizes. A idéia tem
profunda relação com o zen-budismo, inspirador das empresas japonesas no
desenvolvimento da filosofia Kaizen, que prega a busca da excelência, através da
melhoria contínua.
48
Há pouco tempo, era comum que o desempregado fosse visto pela sociedade
como um desocupado, muitas vezes qualificado de “boa vida”, “vagabundo”. Com a
extinção cada vez mais freqüente de postos de trabalho e o aumento constante dos
índices de desemprego, felizmente, esta situação passa a ser encarada de forma mais
natural, embora ainda não seja aceita por completo.
Muitos são os métodos desenvolvidos por especialistas e consultores, para os
profissionais se “auto-empregabilizarem”. Inúmeros livros apresentam, passo a passo, o
que se convencionou chamar de “o duro caminho da empregabilidade”. Entre os mais
populares, estão os métodos desenvolvidos por Roberto Macedo e José Hamilton
Bueno.
De acordo com Roberto Macedo, o profissional de qualquer nível deve:
1. dispor de critérios adequados de auto-avaliação permanente;
2. ficar ‘plugado’ na identificação contínua de oportunidades na empresa (e fora
dela);
3. estabelecer objetivos de carreira, montando um planejamento estratégico para
alcançá-los.
Para Bueno (1996), os passos para quem deseja alcançar a condição de
empregabilidade são, basicamente, os seguintes:
1. a adoção de uma postura ética;
2. o aprimoramento contínuo da linguagem técnica e cultural;
3. o desenvolvimento da maturidade pessoal e profissional;
4. a manutenção de um astral elevado;
5. o desenvolvimento de uma forma vibrante de comunicação,
6. o investimento na própria linguagem;
7. o cuidado com a auto-estima;
8. a construção e manutenção de uma visão enérgica do futuro; e
9. a elaboração de um plano antes da tomada de qualquer atitude.
Sabe-se, porém, que a empresa também tem responsabilidades na
“empregabilização” de seus recursos humanos. Nada mais justo, portanto, do que criar e
apresentar um método a ser desenvolvido nas organizações, com o objetivo de
empregabilizar sua força de trabalho, que divida a responsabilidade entre patrões
empregados.
3 METODOLOGIA
Observações Assistemáticas.
Foram realizadas várias leituras em livros técnicos de marketing, comunicação
e sistemas, planejamento estratégico e de organização, métodos, informação e sistemas.
Encontrou-se que uma pesquisa exploratória seria, segundo KOTLER (1993), pesquisa
de mercado para coleta de informações preliminares que ajudarão a definir melhor os
problemas e sugerir hipóteses.
MATTAR (1994) afirma que uma das formas mais rápidas e econômicas de
amadurecer ou aprofundar um problema de pesquisa é através do conhecimento dos
trabalhos já feitos por outros, via levantamentos bibliográficos. Esse levantamento
deverá envolver procura em livros sobre o assunto, revistas especializadas ou não,
dissertações e teses apresentadas em universidade e informações em jornais, órgãos
governamentais, sindicatos, associações de classe, concessionários de serviços públicos
etc.
Em um segundo momento, foi elaborada, uma pesquisa conclusiva descritiva,
para se apurarem meios que pudessem auxiliar o alcance dos objetivos. De acordo com
MATTAR (1994), as pesquisas conclusivas são caracterizadas por possuírem objetivos
bem definidos, procedimentos formais, serem bem estruturadas e dirigidas para a
solução de problemas ou avaliação de alternativas de cursos de ação.
A população da amostra se restringiu ao responsável pela área de recursos
humanos da empresa X, pois se tratava de políticas de treinamento e desenvolvimento e
programa de empregabilidade, e funcionários dos demais níveis da empresa para
verificar sua percepção e conhecimento a respeito do tema.
Foi realizada uma coleta de dados primários e dados secundários para que se
pudesse realizar o presente trabalho. Com o intuito de identificar, facilitar a
compreensão e diferenciação das fontes primárias e dados secundários, recorreu-se a
MATTAR(1994), que afirma que fontes primárias são aquelas que não foram antes
coletadas, estando ainda em posse dos pesquisados, e que são coletadas com o propósito
de atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento. Dados secundários
são aqueles que já foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, até analisados,
com propósitos outros ao de atender às necessidades da pesquisa em andamento e que
estão catalogados à disposição dos interessados.
55
gerenciais.
Por solicitação da organização estudada, nenhum dado, cruzamento de
informação ou estratégia será apresentado na presente dissertação.
A empresa onde foi realizado o estudo de caso é uma grande empresa nacional
do ramo de bebidas, que tem como denominação empresa X. A filial catarinense da
empresa X foi fundada em 1.991, sendo o inicio das operações em 15 de dezembro de
1994. A planta industrial ocupa uma área de 45.000 metros quadrados de uma área total
dè 1.500.000 metros quadrados.
A filial da empresa X de Santa Catarina foi um marco na história da
companhia, pois foi a primeira fábrica totalmente automatizada. O “lay-out” de sua
construção serviu de modelo para as novas fábricas construídas a partir de 1994 em
outros estados e no exterior (Argentina).
A empresa X possui um ^efetivo total de 228 (duzentos e vinte e oito)
colaboradores, divididos em quatro níveis hierárquicos, gerência de fábrica, gerências
específicas, gestões de área e nível operacional. Além disso, a empresa se divide em
cinco áreas: Cerveja, Packaging, Logística, Financeira e Gente e Qualidade.
A produção acontece em células de manufatura, de forma ininterrupta, em três
turnos de trabalho, o que possibilita à empresa uma produção de, ou 3.000.000 hl/ano
Dos duzentos e vinte e oito colaboradores da empresa, 67% (sessenta e sete por
cento) possuem o 2.° grau completo, 24% (vinte e quatro por cento) possuem nível
superior e 3% (três por cento) possuem pós-graduação. Além destes há 76 (setenta e
seis) outros trabalhadores terceirizados, chamados pela empresa de parceiros, que não
foram considerados na análise por não estarem relacionados com o foco deste estudo.
59
5.1 Conclusões
Outra conclusão a que também foi possível chegar com base no estudo
realizado, é que antes do advento do emprego, que surgiu paralelamente ao advento da
empresa, as pessoas viviam de maneira mais livre, guiando-se pelo sol e pelas estações
do ano para realizar seu trabalho. Produzia-se geralmente apenas o indispensável para a
sobrevivência do trabalhador e de sua família (Polanyi, 1980).
Com o surgimento do emprego, entretanto, as coisas mudaram. Criou-se um
novo sistema de valores, que vinculou o trabalho à empresa e, conseqüentemente, ao
emprego (Bridges, 1995). Aos poucos, as pessoas foram sendo convencidas que a única
e exclusiva maneira de se desenvolver uma atividade produtiva era através do emprego.
E os poucos que ousavam trabalhar longe das empresas passaram a ser vistos como
párias pela sociedade (Rifkin, 1995).
Atualmente como destaca Ramos (1989), as pessoas estão completamente
vinculadas ao seu emprego de tal maneira que perdem sua identidade própria e
assumem a identidade que aquele lhe confere. E o que ele chama de homem
unidimensional. Assim sendo, há uma cobrança por parte dos que o conhecem (esposa,
filhos, parentes, amigos e outros), para que se mantenha empregado, mesmo que o
trabalho lhe cause dor e sofrimento.
Quanto às causas do desemprego, estas são inúmeras. Algumas delas, as mais
conhecidas e citadas , como por exemplo, a automação da produção (Rifkin, 1995), as
modernas técnicas de administração (De Masi, 1999), os novos modelos de trabalho
(Bridges, 1995), o trabalho não remunerado (Oltramari & Cavalcanti, 1999), o excesso
de poupança (Sorima Neto, 1999) e o próprio desemprego (De Masi, 1999), foram
apresentadas e discutidas neste estudo. É certo, porém, que muitos outros fatores
ficaram de fora. Assim, como é certo também que não era intenção deste autor, como já
foi comentado no capítulo 3 (três), no item que trata das limitações do estudo, esgotar
todo o tema pesquisado.
Apresentou-se também neste estudo, os programas de empregabilização
sugeridos na bibliografia corrente, mais especificamente, os modelos sugeridos por
Roberto Macedo e José Hamilton Bueno.
O primeiro, com apenas três passos, baseia-se exclusivamente no planejamento
e controle de carreira, e transfere todas as obrigações e benefícios da empregabilidade
para os trabalhadores.
64
São eles:
1) O planejamento e o controle de carreira - Um dos pontos de maior
importância, se não o mais importante, é o que diz respeito ao planejamento de carreira,
ou seja, o desenvolvimento de metas e objetivos relativos à vida profissional do
empregado e a maneira pela qual estes serão atingidos. Boa parte dos trabalhadores
nunca parou para pensar sobre este assunto. Dos que algum dia já desenvolveram
alguma espécie de planejamento de carreira, a maioria limita-se a programar sua
ascensão dentro do quadro funcional da empresa onde trabalha, atrelados à antiga idéia
do emprego para toda a vida.
Em termos práticos, o planejamento de carreira resume-se a prever suas
condições profissionais, a curto, médio e longo prazo. Trata-se de um exercício de
imaginação. O indivíduo deve perguntar-se: onde ele deseja estar daqui a um ano
(cinco, dez etc.), que remuneração pretende obter, que tipo de atividade estará
desenvolvendo e, finalmente, como fará para chegar lá?
Feito isto, o trabalhador deve passar a atividades práticas de preparação, como,
por exemplo, completar seus estudos na escola tradicional, ingressar em um curso de
nível superior, tomar aulas de inglês ou outra língua estrangeira qualquer, aprender a
trabalhar com computadores, fazer um curso técnico profissionalizante ou ainda outra
atividade qualquer em termos de aprendizagem que contribua para a consecução de suas
metas e objetivos.
Nesta fase, a contribuição da empresa em que estiver trabalhando é
indispensável, pois esta pode facilitar o processo, que também lhe será benéfico.
Algumas empresas têm oferecido a seus colaboradores cursos de qualificação dentro da
própria empresa, outras oferecem incentivos para que seus funcionários concluam seus
estudos. Há ainda o caso de empresas que financiam cursos de nível superior e até
mesmo pós-graduação para seus colaboradores e, por fim, outras que os obrigam (sob
ameaça de demissão) a se desenvolver.
67
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7.1 Questionário
O presente questionário tem por objetivo servir de fonte de informações para urna
pesquisa desenvolvida por aluno do curso de mestrado em administração da Universidade Federal
de Santa Catarina, não sendo utilizadas, portanto, para qualquer outra atividade que não esta A fim
de que isto aconteça, o nome da empresa será mantido em segredo. Assim sendo solicita-se que o
entrevistado não se identifique ao respondê-lo.
2. Se a empresa fosse dividida em três níveis apenas, você considera que faria
parte do nível mais alto, de diretoria, do nível médio, de gerência, ou do nível mais
baixo, o chamado “chão de fábrica”?
8. Se você fosse demitido hoje, tem idéia do que fazer para continuar obtendo
renda?