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Analise Do Contributo Dos Servicos Financeiros Moveis em Mocambique - 030315

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Sheila Cláudia Cossa

ANÁLISE DO CONTRIBUTO DOS SERVIÇOS FINANCEIROS MÓVEIS NA


INCLUSÃO FINANCEIRA EM MOÇAMBIQUE - CASO: POVOAÇÃO DE
MASSACA (2015-2018)

Licenciatura em Gestão de Comércio, Habilitações em Gestão Financeira

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo

2020
Sheila Cláudia Cossa

ANÁLISE DO CONTRIBUTO DOS SERVIÇOS FINANCEIROS MÓVEIS NA


INCLUSÃO FINANCEIRA EM MOÇAMBIQUE CASO - POVOÇÃO DE
MASSACA DE 2015 A 2018.

Monografia Científica a ser Apresentada no Departamento


de Economia e Gestão, na Escola Superior de Contabilidade
e Gestão, para a obtenção de grau académico de Licenciatura
em Gestão do comércio com Habilitações em Gestão
Financeira.
Supervisor: Mestre Edson Zeca Garrine

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo

2020
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Formas de exclusão financeira ..…..…………………………………………. 7


Figura 2: O que impulsiona a bancarização? ……………………………………………... 16

Figura 3: Género dos agentes inqueridos …………………………………………………. 31

Figura 4: Idade dos agentes inqueridos …………………………………………………... 32

Figura 5: Estado civil ……………………………………………………………………... 32

Figura 6: Grau de escolaridade ………………………………………………………….... 33

Figura 7: Ocupação ……………………………………………………………………….. 33

Figura 8: Género dos usuários do dinheiro móvel …………………………………… 34

Figura 9: Idade dos usuários do dinheiro móvel ……………………………………... 35

Figura 10: Estado civil dos usuários …………………………………………………...35

Figura 11: Nível de escolaridade ……………………………………………………....36

Figura 12: Usuários e não usuários de serviços bancários ………………………….... 36

Figura 13: Frequência de uso dos serviços …………………………………………… 36

Figura 14: Uso de serviços alternativos para movimentação do dinheiro…………….. 38


Figura 15: Contribuição dos serviços financeiros móveis ……………………………. 41
TABELAS

Tabela 1:Valores críticos associados ao grau de confiança na amostra ……………… 30


Tabela 2: Instituições Bancárias, de Micro finanças e Não Bancárias 2016 …………. 18
Tabela 3: Total de Instituições Bancárias, de Micro finanças e Não Bancárias ……… 18
Tabela 4: Ilustração das respostas dos agentes questionados ……………………….... 34
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

AFI- Aliança para a Inclusão Financeira (Alliance for Financial Inclusion)


ATMˈs- Automated Teller Machine /Caixa Electronica
BCB- Banco central de Brasil
BM- Banco de Moçambique
BM- Banco Mundial
CGAP- Consultative Group to Assist the Poor
IIF- Índice de Inclusão Financeira
INE- Instituto Nacional de Estatística
IDH- Índice de Desenvolvimento Humano
IGC- Internacional Growth Centre
PEFBM- Programa de Educação Financeira do Banco de Moçambique
PNDS- Programa Nacional De Desenvolvimento sustentável

PNUD- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PA- Posto Administrativo

RIF – Relatório de Inclusão Financeira


DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO DE HONRA

Sheila Cláudia Cossa, declaro por minha honra que esta Monografia é resultado da
minha investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é
original e todas as fontes consultadas estão devidamente no texto, nas notas e na
bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
a obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, Junho de 2020

_________________________________

(Sheila Cláudia Cossa)


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho com muito amor e carinho, aos meus pais que com muito sacrifício
tudo fizeram para que pudesse estudar e que nunca me faltasse nada, pelo apoio moral e
encorajamento e pelos puxões de orelha que hoje me tornaram a pessoa que eu sou,
empenhada e determinada.
AGRADECIMENTOS

A realização do presente trabalho só foi possível graças a contribuição de algumas


pessoas, pelo que não podia deixar despercebido a minha profunda gratidão a todos.

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela vida, saúde e coragem que me proporcionou,
para enfrentar as dificuldades deparadas ao longo do curso e na realização do trabalho.

A todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização dessa monografia,
em especial ao Dr. Eleotério Macandza, ao Crispinho e ao meu orientador, Dr. Edson
Zeca Garrine pela disponibilidade e contribuição na realização do presente trabalho.

Aos meus pais, irmãos, filhas e esposo, pelo apoio e coragem que me deram na
realização do trabalho.

A todos que de forma directa ou indirecta, participaram na realização da presente


monografia, vai meu muito obrigado.
RESUMO

A presente pesquisa objectiva a analisar de que forma os serviços financeiros móveis detidos pelas
instituições de dinheiro móvel contribuem para a inclusão financeira em Moçambique concretamente na
localidade de Massaca no horizonte temporal de 2015 á 2018. À luz dos dados da pesquisa constata-se a
falta de serviços financeiros formais na localidade de Massaca o que cria um potencial para o uso dos
serviços financeiros móveis que tem contribuído não só para a inclusão financeira no sentido de permitir
o uso e acesso aos produtos e ou serviços financeiros, mas também para a criação do auto emprego o que
alivia de certa forma o elevado índice de desemprego no seio dos jovens, assim bem para o sustento das
famílias e concretização dos seus projectos de vida. Concluiu-se, portanto, que o dinheiro móvel contribui
de forma significativa para a inclusão financeira na medida em que permite a acessibilidade dos serviços
financeiros básicos até aos mais elementares estratos sociais. Para o alcance dos objectivos da pesquisa
adoptou-se a observação directa que contribuiu na constatação da inexistência de instituições na área de
estudo, entrevistas com aplicação de formulários (dirigido á 13 agentes e 373 residentes da localidade de
Massaca) a fim de obter suas opiniões acerca do assunto em estudo, questionário dirigido ao Banco de
Moçambique e a revisão da literatura para a elaboração do referencial teórico e auxiliar a analise e
discussão dos resultados.

Palavras-chave: dinheiro móvel, serviços financeiros móveis, inclusão financeira e educação


financeira.
ABSTRACT

This research aims to analyze how the mobile financial services held by mobile money institutions
contribute to financial inclusion in Mozambique, specifically in the locality of Massaca in the time frame
from 2015 to 2018. In the light of the research data, there is a lack of formal financial services in the town
of Massaca, which creates a potential for the use of mobile financial services, which has contributed not
only to financial inclusion in the sense of allowing the use and access to products and or financial
services, but also for the creation of self-employment which relieves in a way the high unemployment rate
among young people, as well as for the support of families and the realization of their life projects.
It was concluded, therefore, that mobile money contributes significantly to financial inclusion as it allows
accessibility of basic financial services to the most elementary social strata. In order to achieve the
research objectives, direct observation was adopted, which contributed to the verification of the lack of
institutions in the study area, interviews with the application of forms (addressed to 13 agents and 373
residents of the locality of Massaca) in order to obtain their opinions on the subject under study, a
questionnaire addressed to the bank of Mozambique and a literature review to prepare the theoretical
framework and assist in the analysis and discussion of results.

Key words: Mobile money, mobile financial services, financial inclusion and financial education.
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização
Uma das grandes apostas que visa o desenvolvimento financeiro de qualquer país é o
acesso de toda a população, aos serviços financeiros sem exclusão, o que contribui não
só para o rápido crescimento económico como também para a flexibilidade do próprio
sistema financeiro do país tornando-o forte, estável e inclusivo. Segundo o Programa
Nacional De Desenvolvimento sustentável 2015-2030 (PNDS), no meio rural a
existência de serviços financeiros é de suma importância para dinamização da vida
social e economia, bem como para o exercício de poupanças, suporte de transacções,
comércio e crédito de investimento.

Em Moçambique regista-se grandes avanços em matéria de bancarização da população,


nas duas últimas décadas. Segundo estudos retratados no jornal O país até 2014 o país
tinha 24% de pessoas cobertas pelos serviços financeiros formais, vindo de um quadro
de 6% em 2005. 1Estatísticas do BM indicam que existiam, em finais de 2015, cerca de
4,2 milhões de contas bancárias de particulares, tendo o inquérito FinScope 2014
constatado que, globalmente cerca de 20% da população adulta tem acesso aos produtos
e serviços financeiros bancários em Moçambique, sendo 40% na área urbana e 10% na
área rural. Com a expansão da rede de telefonia móvel, criou-se oportunidade para a
entrada em funcionamento de instituições de moeda electrónica. Com efeito, o sistema
financeiro moçambicano conta, desde 2011, com o contributo destas instituições, que
possuíam até finais de 2015 cerca de 4,1 milhões de subscrições para a utilização dos
seus serviços.

Segundo o RFI 2016 do BM em termos de níveis de utilização dos serviços e produtos


financeiros, dados de 2016 mostram que a taxa de bancarização da economia (% da
população adulta moçambicana com contas bancárias) se situou em 36% em 2016 mais
5 pp face a 2015. O RIF 2017 mostra que os níveis de bancarização da economia
observaram em 2017 uma ligeira redução, devido essencialmente a conjuntura
económica e financeira vivida em finais de 2016, caracterizada pela retracção da

1
Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2016– 2022
actividade económica. Com efeito, em 2017 do total da população adulta existente, 44%
possuía uma conta de moeda electrónica contra 40% em 2016.

Embora venha se registando uma melhoria no número de instituições bancárias, nota-se,


contudo, que a maior parte da população no país não é servida por estas instituições,
uma vez que se encontram concentradas nas principais zonas urbanas do país e
direccionadas preferencialmente para as populações de rendas médias e altas, excluindo,
por isso, as populações de renda baixa. Dados estatísticos apontam que o problema de
acesso aos serviços financeiros é mais grave nas áreas rurais, onde cerca de 4% da
população que vive nestas zonas têm acesso aos serviços financeiros formais, inovações
como dinheiro móvel e uso de agentes bancários surgiu como uma alternativa para levar
os serviços financeiros às populações rurais, considerando que uma vasta parte destas
zonas é caracterizada por vias de acesso difícil, inexistência de serviços como
electricidade e internet, ou deficiência destes.

Por sua vez 80% desta população está coberta por rede de telefonia móvel, o que
habilita-os a usar serviços financeiros através do telemóvel o que permite apoiar a
bancarização, fomentar as trocas comerciais, reduzir a circulação da moeda física e
facilitar o dia-a-dia das pessoas.

É neste contexto, em que o presente trabalho pretende trazer uma reflexão sobre o
contributo dos serviços financeiros móveis no fomento da inclusão financeira em
Moçambique cobrindo o período compreendido entre 2015 e 2018.

1.1.2. Estrutura do trabalho


O trabalho está organizado em cinco capítulos onde, no primeiro teremos a parte
introdutória que incluirá a problematização, objectivos (geral e específicos), as
hipóteses e a respectiva justificativa da escolha do tema estudado. No segundo teremos
abordagem teórica com os diversos pontos de vista em relação ao tema. No terceiro, a
metodologia de trabalho, apresentando os instrumentos usados desde a colecta até a
análise dos dados obtidos, bem como a localização e características do local onde a
pesquisa será realizada, a população e a amostra da mesma. No quarto, teremos a
apresentação e a análise dos dados adquiridos na pesquisa. No quinto e último capítulo,
teremos as conclusões obtidas e a apresentação das referências bibliográficas que
alicerçaram a pesquisa.
1.2. Delimitação do tema

1.2.1. Delimitação Geográfica


O presente trabalho de pesquisa realizou-se na província de Maputo, especificamente no
distrito de Boane, na localidade de Eduardo Mondlane, na povoação de Massaca. Onde
a mesma tem como limites: a Norte Moamba, a Sul Namaacha, a Este cidade da Matola,
Cidade de Maputo e Matutuíne, a Oeste Namaacha. (INE, 2012). A pesquisa cingiu-se
naquela localidade devido a inexistência de uma instituição bancária motivo pela qual a
população opta pelo uso dos serviços financeiros móveis para suprir a necessidade de
uso de serviços e produtos financeiros.

1.2.2. Delimitação Temporal


Esta pesquisa desenvolveu-se num horizonte temporal de três (3) anos, que estende-se
do ano de 2015 ao ano de 2018, por ser o período onde se registou um crescimento
assinalável do nível de bancarização da economia no país com maior enfoque nas áreas
urbanas, e excluindo de certa forma a população rural, no mesmo período registou se o
aumento de instituições de moeda electrónica criando potencial para o uso dos serviços
financeiros móveis por parte dos excluídos financeiramente.

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral:


● Analisar o contributo dos serviços financeiros móveis para a inclusão financeira
em Moçambique caso: Povoação de Massaca (2015-2018).

1.3.2. Objectivos Específicos:


● Caracterizar os principais conceitos relacionados com serviços financeiros e
inclusão financeira
● Identificar as barreiras para a falta de acesso aos serviços financeiros formais nas
áreas rurais
● Aferir o nível de bancarização da população de Massaca nos anos de 2015 -2018
● Arrolar os benefícios trazidos pelos serviços financeiros móveis nas áreas rurais
1.4. Problema de pesquisa

Segundo estudos da FinScope 2014 retratados pela IGC (2017:59) O acesso aos
serviços financeiros formais é baixo em Moçambique, onde apenas 24% dos adultos em
áreas urbanas têm acesso aos serviços financeiros formais e menos ainda nas zonas
rurais, tem se verificado a falta de serviços bancários formais em Massaca o que tem
levado a maior parte da população a se deslocar para a vila de Boane para se beneficiar
dos mesmos. E desta forma havendo um claro potencial para uso do dinheiro móvel.
Nesta perspectiva a utilização dos serviços financeiros de telefonia móvel, tem tido um
impacto exponencial na vida das famílias excluídas dos serviços financeiros porque
integra-as ao sistema financeiro fornecendo acesso a variedade de serviços básicos
incluindo a poupança, transferências e pagamentos.

Segundo a International Growth Centre (2017:4). Inicialmente o dinheiro móvel foi


criado como um meio para facilitar transferências de dinheiro. Contudo com o passar do
tempo foi se tornando uma alternativa viável ao sistema bancário formal que ficou
fechado aos mais carenciados.

Actualmente Moçambique conta com três operadoras móveis que detém serviços de
dinheiro móvel nomeadamente a T-Mcel que foi a pioneira que introduziu em 2011 o
seu serviço de dinheiro móvel através da carteira móvel mkesh, a Vodacom introduziu o
M-pesa em 2013 e a terceira operadora de telefonia móvel Movitel entrou em 2017 e
lançou o serviço E-mola.

O uso dos serviços financeiros móveis está a tomar proporções consideráveis, em


Maputo nomeadamente nos centros urbanos e nas zonas rurais para pessoas carenciadas
de inclusão financeira. Daí que surge a seguinte pergunta de pesquisa:

Até que ponto o uso dos serviços financeiros detidos pelas operadoras móveis
contribui para a inclusão financeira em Moçambique?
1.5. Hipóteses

Segundo Prodanov & De Freitas (2013), refutam que uma vez delimitada a pergunta da
pesquisa, é proposta uma resposta suposta e provável […] ou seja, o que se entende
como solução do problema. No presente trabalho apresentam-se as seguintes hipóteses:

H0: O dinheiro móvel contribui de forma significativa para a inclusão financeira na


medida em que permite a acessibilidade dos serviços financeiros até aos mais
elementares estratos sociais

H1: A falta da educação financeira tem contribuído significativamente para a exclusão


financeira

H2: A falta de escolaridade por parte da população tem sido um dos factores
contribuintes na exclusão financeira, ou seja, no não uso dos serviços financeiros

H3: O fraco desenvolvimento comercial contribui para não fixação dos serviços
financeiros formais

1.6. Justificativa da escolha do tema em estudo

A escolha do tema da presente pesquisa foi motivada pelo facto de ser uma realidade
que se tem verificado no sector financeiro nos últimos anos, o uso significativo de
serviços financeiros móveis, ou seja, o uso da banca de telefonia móvel que tem se
tornando numa alternativa viável para as populações carenciadas de serviços financeiros
formais, bem como consequência do desenvolvimento da tecnologia "moeda digital ou
electrónica" detida pelas operadoras de telefonia móvel. Uma inovação que tem
revolucionado o sector financeiro em Moçambique e tem contribuído significativamente
na inclusão financeira da população no meio rural sendo esse um dos maiores desafios
do sistema financeiro moçambicano e do governo. Portanto, com este tema pretende se
mostrar a forma como a banca móvel transforma a vida das comunidades nas zonas
rurais, uma vez que a necessidade por serviços e produtos financeiros é cada vez maior.

Constitui também uma motivação pessoal perceber o funcionamento do sistema


financeiro móvel e como este tem contribuído de maneira significativa para inclusão
financeira.
Este estudo trará uma maior contribuição para a sociedade, na educação financeira
incrementando mais conhecimentos sobre como estes serviços podem se igualar aos da
banca formal pois muitos usam esses serviços mas sem entenderem na íntegra como os
mesmos funcionam também conscientiza-los sobre a real função destes. Havendo mais
pessoas informadas da importância do uso dos serviços financeiros haverá um número
maior de usuários destes serviços, desencorajando a prática de guardar dinheiro em
casa. Desta forma irá dinamizar a economia, no sentido de que haverá maior circulação
da moeda nacional.

Por outro lado, verifica-se que da documentação existente do momento, tem pouca
informação exaustiva que aborda esta problemática. Por isso este trabalho pode ser de
mais-valia para os académicos nas futuras pesquisas sobre temas relacionados a este.
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Conceitos básicos

2.1.1. Inclusão
Segundo dicionário de língua portuguesa inclusão é o acto de incluir e acrescentar, ou
seja, adicionar coisas ou pessoas em grupos e núcleos que antes não faziam parte.
Socialmente, a inclusão representa um acto de igualdade entre os diferentes indivíduos
que habitam em determinada sociedade. Assim, esta acção permite que todos tenham o
direito de integrar e participar das várias dimensões de seu ambiente, sem sofrer
qualquer tipo de discriminação e preconceito2.

O termo inclusão se refere ao acto de incluir e conter algo a alguém. Usualmente o


conceito é utilizado em relação a situações ou circunstâncias sociais nas quais se inclui
ou são deixados de fora certos benefícios sociais a grupos sociais específicos3.

2.1.2. Inclusão financeira


Sobre o conceito de inclusão financeira o Banco de Moçambique (2013:4) cita alguns
conceitos relevantes:

BM (2013:4) apud Center for Financial Inclusion at Accion International refere que a
inclusão financeira plena é um estado no qual todas as pessoas que podem utilizar os
serviços financeiros de qualidade têm acesso aos mesmos, e que sejam providenciados
da forma mais conveniente e a preços acessíveis, incluindo as pessoas de baixa renda ou
que vivam nas zonas rurais.

Ibid (2013:4) apud CGAP (2011), a inclusão financeira refere-se a um “estado em que
todos os adultos em idade activa têm acesso efectivo ao crédito, poupança, pagamentos
e seguros fornecidos por provedores de serviços financeiros formais”.

Ibid apud Banco Mundial (2008), a inclusão financeira corresponde ao “acesso aos
serviços financeiros”, o que implica a ausência de obstáculos ou barreiras no uso dos
serviços financeiros. Esta instituição clarifica o conceito de “acesso” como sendo a

2
Disponível em: https://www.significados.com.br/inclusao/ acesso em: [25.05.2020]
3
Disponível em: https://queconceito.com.br/inclusão, acesso em: [25.05.2020]
“possibilidade de uso” diferenciando-o do conceito de “uso” que corresponde ao
“efectivo usufruto dos serviços financeiros”. Nestes termos, a ausência de uso dos
serviços financeiros pode resultar tanto da exclusão voluntária (auto-exclusão) como da
exclusão involuntária. Como descrito na figura abaixo:

Figura 1: Formas de exclusão financeira

Fonte: Banco Mundial (2008)

Outro ensinamento do BM (2013) apud Kempson e Whyley, (1999), diz que a inclusão
financeira consiste na identificação dos factores associados à exclusão: (i) exclusão ao
acesso (que consiste na restrição ao acesso devido ao risco envolvido); (ii) exclusão de
condição (quando as condições associadas aos produtos financeiros os tornam
inapropriados para as necessidades de certos indivíduos); (iii) exclusão de preços
(quando algumas pessoas têm acesso aos produtos financeiros a preços pouco
acessíveis); (iv) exclusão de mercado (quando algumas pessoas são efectivamente
excluídas devido à definição de grupos-alvo a nível do marketing e das vendas); e (v)
auto-exclusão (quando algumas pessoas entendem que não serão aceites pelas
instituições financeiras)

2.1.3. Exclusão financeira


Ibid. P. 5. A exclusão financeira tem derivado de constrangimentos quer do lado da
oferta, quer do lado da procura de serviços financeiros. Do lado da oferta, o principal
constrangimento está relacionado com os custos de prestação dos serviços financeiros e
a proximidade do serviço junto do utilizador final. Para além dos custos fixos,
contribuem para este constrangimento o tamanho de mercado, o rendimento per capita e
a sua distribuição, a qualidade das infra-estruturas de transporte e comunicações, as
tecnologias disponíveis, particularmente os sistemas de informação, as políticas
macroeconómicas, entre outros aspectos (Guerrero et al. 2012).

Por seu turno, SARMA (2008) entende que a exclusão financeira constitui uma
“manifestação de exclusão social de determinados grupos sociais tais como os mais
pobres”. Nestes termos, define a inclusão financeira como “o processo que garante o
fácil acesso, disponibilidade e uso do sistema financeiro formal por todos os membros
da economia”. Esta definição incorpora no seu conceito três dimensões de inclusão
financeira, designadamente, a acessibilidade, a disponibilidade e o uso do sistema
financeiro. A mesma autora justifica a importância de um sistema financeiro inclusivo
por facilitar a alocação eficiente dos recursos produtivos, contribuir para a melhoria da
gestão das finanças diárias, reduzir o recurso aos meios informais de concessão de
crédito e promover práticas seguras e eficientes na prestação de serviços financeiros.

A partir das definições apresentadas, pode-se aferir que a inclusão financeira é um


conceito amplo que liga vários elementos complementares, tais como: (i) um ambiente
regulamentar favorável; (ii) uma oferta de produtos adequados (pagamentos, poupanças,
empréstimos, etc.), (iii) cobertura, através de canais tradicionais e não tradicionais para
prover serviços financeiros de qualidade a preços razoáveis, permitindo transacções de
forma segura e eficiente; (iv) promoção e difusão da educação e cultura financeira; (v)
transparência e clareza na informação; e (vi) protecção dos utilizadores dos serviços
financeiros (Guerrero et al. 2012).

Neste contexto, e para o caso específico de Moçambique, o alcance da inclusão


financeira passa em grande medida pela garantia do acesso aos serviços financeiros pela
população no geral, devendo os mesmos ser relevantes e satisfazer as suas necessidades
e pelo uso permanente destes serviços.

Nestes termos, a inclusão financeira é definida como sendo o processo de acesso e uso
efectivo de serviços e produtos financeiros formais por toda a população adulta
contribuindo para o aumento da sua qualidade de vida e bem-estar social. Entretanto,
onde se mostrou necessário, o estudo tomou em consideração a definição de inclusão
financeira constante da Estratégia de Desenvolvimento do Sector Financeiro que refere
como o “acto de tornar os serviços financeiros acessíveis ao maior número possível de
pessoas, sobretudo as de baixa renda”.

Apesar de se reconhecer este crescente interesse pela inclusão financeira, ainda não há
unanimidade quanto à sua definição e alcance. Várias são as abordagens adoptadas para
a definição de inclusão financeira, desde bancarizar os não bancarizados até à utilização
dos telemóveis para aceder aos serviços financeiros (mobile banking). No que diz
respeito à inclusão financeira para este trabalho de pesquisa vai-se apoiar na definição
do BM, pois a aborda a inclusão financeira de acordo com a realidade da população
moçambicana, e se mostra mais adequada à presente pesquisa.

2.2. Dimensões de Inclusão Financeira

Na visão do BM (2013:6), as dimensões de inclusão financeira podem variar de País


para País ou de pesquisa a pesquisa. Por exemplo, Sarma (2008) considerou na sua
pesquisa três dimensões de inclusão financeira seleccionadas de acordo com a
disponibilidade de informação e os desenvolvimentos recentes da literatura: (i) a
penetração bancária, que corresponde ao volume de utentes do sistema financeiro no seu
todo; (ii) a disponibilidade dos serviços bancários, correspondente ao grau de facilidade
em aceder aos mesmos pelos seus utentes; e (iii) o uso do sistema bancário, que
corresponde ao efectivo usufruto dos serviços e produtos financeiros.

Por seu turno, Mehrotra et al (2009) consideraram as seguintes dimensões de inclusão


financeira: (i) a cobertura, medido pelo número de estabelecimentos rurais, (ii) o acesso
e disponibilidade, medidos pelo número de contas de depósito nas zonas rurais, (iii)
entradas (inputs) do sistema bancário, calculadas pelo volume de depósitos nas zonas
rurais, e (iv) o uso/ resultados (outputs) do sistema bancário, entendido como o volume
de crédito no meio rural.
A nível institucional, destaca-se, por um lado, a abordagem seguida pelo Banco Central
do Brasil (BCB, 2011) que considera a disponibilidade demográfica, a disponibilidade
geográfica e o uso como dimensões para a medição do nível de inclusão financeira.
Por outro lado, destaca-se a abordagem da AFI (2011) que considera as dimensões de
acesso (geográfico e demográfico) e uso como sendo as mais relevantes para a medição
do nível de inclusão financeira. De acordo com esta instituição, o indicador de acesso
diz respeito à capacidade de uso dos serviços e produtos financeiros disponíveis nas
instituições formais, que pressupõe o levantamento de potenciais barreiras existentes à
abertura e ao uso de contas bancárias tais como o custo e a proximidade física dos
pontos de serviços bancários. A dimensão de uso, por sua vez, refere-se à performance e
à extensão do uso dos serviços e produtos financeiros, sendo que a determinação deste
indicador requer o levantamento de detalhes sobre a regularidade, frequência e duração
do uso ao longo do tempo.

2.3. Índice de Inclusão Financeira

Ibid.,p.7. apesar de todos os indicadores acima referidos “fornecerem informações


importantes sobre a inclusão financeira, cada um deles revela um aspecto da questão
mostrando-se interessante que a evolução da inclusão financeira seja acompanhada por
meio de indicador sintético, capaz de mostrar tendências gerais, bem como permitir a
comparação entre unidades geográficas como forma de verificar avanços e entraves em
cada indicador sobre várias dimensões do fenómeno” (BCB 2011). Esse indicador
sintético denomina-se índice de inclusão financeira (IIF).

O IIF é um indicador sintético que mede o grau de acesso e uso dos serviços e produtos
financeiros num dado País, província ou região e vem sendo usado por diversos autores
na medição do nível de inclusão financeira. Este índice foi inicialmente desenvolvido
por Sarma (2008) tendo como base o modelo de cálculo do índice de desenvolvimento
humano (IDH) construído pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), no entanto, com algumas modificações. O IIF é considerado um bom
indicador da inclusão financeira, pois é construído tendo em consideração que: “(i)
incorpora maior quantidade de informação possível das diferentes dimensões, (ii) é fácil
de quantificar; e (iii) é comparável entre os Países”.
2.4. Educação financeira

2.4.1. Conceito de educação financeira


Segundo o Programa de Educação Financeira do Banco de Moçambique (PEFBM) a
Educação Financeira é um processo de partilha de informação financeira entre
indivíduos, de modo a melhorarem a sua compreensão sobre conceitos, produtos, e
serviços financeiros, contribuindo, dessa forma para cultivar a procura e uso desses
serviços, com base em decisões racionais que minimizem os riscos nas escolhas para
melhorar o bem-estar financeiro e social no presente e futuro.

2.4.2. Importância da educação financeira

Num cenário de rápidos avanços nas tecnologias da informação e da globalização das


economias que levaram a uma transformação significativa no ambiente económico nos
últimos anos, a literacia financeira torna-se importante para permitir que os cidadãos
possam participar de forma eficiente na sociedade em que vivem. (PEFBM)

O PEFBM refuta que, com a educação financeira, os indivíduos e as sociedades podem


adquirir ou melhorar a sua compreensão dos conceitos e produtos financeiros e
contribuir para a formação de indivíduos e sociedade responsável pois através da
partilha de informação e formação sobre produtos e serviços financeiros, os utentes
apropriam-se de valores e competências necessários para se tornarem conscientes das
oportunidades e dos riscos a elas associados.
As acções de educação financeira podem modificar os hábitos enraizados, a mudança de
comportamento, o que pode ser conquistado, geralmente, a longo prazo, por meio de
uma educação financeira efectiva.

2.4.3. Acções que podem contribuir para a educação financeira efectiva

O PEFBM propõe a estratégia de concepção de programas para serem divulgados nos


órgãos de comunicação social como:
Rádio – as estações de radiodifusão devem ser estimuladas, através de acções de
formação técnica ou pedagógica, de modo a poderem produzir e incluir na sua
programação diferentes tipos de programas sobre educação financeira. Os programas
devem privilegiar o diálogo, recorrendo-se de actores que mais se identificam com a
realidade da zona, região, distrito ou povoação. O diálogo, para além de didático, deve
ser envolvente de tal forma que os ouvintes de identifiquem nos personagens. Deve citar
exemplos buscados do dia-a-dia, que possam contribuir para uma melhor e mais fácil
compreensão das matérias a serem abordadas.

Televisão – à semelhança dos programas de rádio, deve-se privilegiar a formação


técnica/pedagógica de profissionais de televisão, de modo a poderem produzir e exibir
programas de educação financeira, privilegiando o diálogo. Estes programas devem
também contemplar cenários que se identifiquem com os locais onde as acções
normalmente decorrem. Exemplo: balcão de um banco, mercado, loja.

Jornais - devem ser concebidos anúncios, com informação sintetizada, sugerindo em


caso de necessidade, a consulta de outros instrumentos, como por exemplo a página de
internet do Banco de Moçambique. Estes anúncios devem ser publicados nos jornais
impressos e nos electrónicos.

2.5. Moeda Digital

Para MARQUES, (2014), O conceito de moeda digital não é uma novidade, já existia
através do contexto de jogos de computador online, mas rapidamente evoluiu para
meios de pagamento "reais". As moedas digitais são criptomoedas não reguladas,
emitidas ou garantidas por uma entidade bancária central, mas sim por uma rede de
utilizadores.

No pensamento de Davidson, (2016), são valores que são armazenados e circulados pela
internet e que oferecem métodos acessíveis de pagamentos instantâneos e condução de
negócios em escala global.

Na visão de Athey (2015) através da história da evolução da moeda, consegue-se


observar que as moedas digitais têm subjacente uma tecnologia revolucionária com
capacidades de expandir o comércio internacional e apoiar a inclusão financeira. Como
fundamentos, inclui as transferências bancárias mais rápidas, mais baratas e mais
seguras que devem complementar ao sistema bancário tradicional cujas transacções são
mais lentas, caras e com menos segurança, sacrificando a sociedade mais empobrecida
através, por exemplo, do envio de remessas ou do facto de muitos cidadãos não
possuírem contas bancárias.

Desta forma a moeda digital é uma maneira eficaz para aumentar a liberdade
económica, contribuindo para tirar muitos países da pobreza, melhorar a vida de
milhões de pessoas e acelerar o ritmo de inovação e inclusão financeira (Armstrong,
2016).

No ponto de vista de Catellano et al (2015), a proliferação de telemóveis (smartphones)


criou oportunidade de trazer rapidamente a moeda digital para quase todos os países do
mundo. Apenas uma pequena percentagem da população residente em África subsariana
desfruta das regalias e da conveniência dos pagamentos bancários por cartão, online e
telemóvel, utilizando o pagamento por dinheiro (…).

2.5.2. Mobile Money ou Dinheiro Móvel

Colce (2017) apud Batista & Vicente (2013) admitem que a proliferação do uso de
telemóveis e de smartphones ligada a disseminação da tecnologia dos telemóveis tem o
potencial de ser utilizado para muitos mais propósitos do que simples comunicação de
voz e mensagens.

Na visão de Panos (2009), os smartphones evoluíram de forma abrupta nos últimos anos
capazes de se tornarem ferramentas de capacitação económica para as pessoas mais
empobrecidas. Esta capacitação vem pelo facto de estes telefones compensarem infra-
estrutura inadequada, permitindo que a circulação de informação e serviços seja
realizada de forma mais livre, tornando os mercados mais eficientes.

O conceito de mobile Money, ou dinheiro móvel é um exemplo da adaptação da


tecnologia à procura de soluções. Assim, o dinheiro móvel, em termos gerais, refere-se
a uma carteira electrónica de serviços de pagamentos operados sob regulação financeira
e realizados através de um dispositivo móvel.

IGC (2017) conceitua dinheiro móvel como sendo o dinheiro mantido em contas
(carteiras móveis) nas operadoras de telefonia móvel. É uma forma específica de
dinheiro electrónico, ou seja, dinheiro detido de forma electrónica. O dinheiro
electrónico inclui também contas bancárias tradicionais, que dão acesso à cartões de
débito e de crédito, poupança e crédito, e carteiras bancárias. Estes últimos são
simplesmente contas criadas pelos bancos comerciais que só permitem transferências de
dinheiro e levantamento em caixas electrónicas (ATMˈs).

O dinheiro móvel foi tomado popular pelo M-PESA de Safaricom em Quénia, que
começou em Março de 2007. Como defende Ross (2016), o programa M-PESA é um
exemplo acabado dessas novas tecnologias que nos mostram o crescente poder do
dinheiro e dos mercados codificados.

Actualmente o dinheiro móvel permite quatro tipos de transacções básicas: (i) descontar
em um agente de dinheiro móvel (trocar dinheiro físico pelo dinheiro eletrónico
utilizável no telemóvel); (ii) transferência de dinheiro electrónico para outro número de
telefone; (iii) pagamento de produtos ou serviços em lojas que recebem dinheiro
electrónico; (iv) trocar dinheiro electrónico por dinheiro físico em uma saída de agente
(Batista & Vicente, 2013).

De forma semelhante a uma conta bancária, o conteúdo armazenado numa conta de


"mobile money" encontra-se protegido por regulamentos financeiros locais. O facto de
cada transacção ser regularizada e armazenada – através da identificação sob a forma de
um PIN – permite uma maior segurança.

Zotted, Ortega & Xu (2014), salientam que o dinheiro móvel tem a capacidade de
reduzir a falta de acesso aos serviços financeiros fora dos grandes centros urbanos, e
custos elevados utilizados para estabelecer as tradicionais redes bancárias. Deverão ser
realizadas medidas inovadoras e interactivas para assegurar que o conhecimento e
educação financeira sejam traduzidos em acções e novas estratégias.

2.6. Bancarização da economia Moçambicana

De acordo com COLCE (2017), a bancarização em Moçambique é impulsionada por (i)


transacções, 76% dos adultos bancarizados utiliza produtos de transacção, (ii) remessas,
60% utiliza produtos bancários para fins de remessa, (iii) poupanças, 36% utiliza
produtos de poupança e (iv) crédito, 26% utiliza produtos de crédito bancário.

Figura 2 O que impulsiona a bancarização?


Fonte: Inquérito ao Consumo FinScope Moçambique 2014

Segundo PIRES (2013), a bancarização de uma economia reflecte o nível de penetração


dos serviços e financeiros de um país.

O conceito de bancarização envolve a expansão do nível de acesso e de utilização dos


serviços financeiros rurais. A bancarização da economia, quer através da presença física
de agências bancárias, quer com recurso a tecnologias de informação e comunicação,
tem vindo a produzir resultados assinaláveis de incremento do acesso de serviços
financeiros pela população, com vista ao complemento e expansão do conhecimento
através de programas de educação financeira (Notícias Online, 2014) Ibid.

No relatório do estudo dos desafios da inclusão financeira em Moçambique do BM


(2013) encontra-se o seguinte esclarecimento, a inclusão financeira tem vindo a
melhorar nos últimos anos favorecida pela conjuntura macroeconómica e pelo impacto
das diversas medidas jurídico-legais, económico-institucionais, bem como melhorias no
campo tecnológico e infra-estrutural, implementadas pelo Governo, BM e demais
intervenientes.

Segundo o plano estratégico para inclusão financeira em finais de 2015, o sector


financeiro moçambicano era constituído, para além das instituições reguladoras, (o
Banco de Moçambique e o Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique), por: (i)
instituições de crédito e sociedades financeiras, com destaque para 18 bancos, 11
microbancos e 9 cooperativas de crédito, 2 instituições de moeda electrónica, 12
organizações de poupança e empréstimo e 330 operadores de microcrédito; (ii)
instituições do mercado segurador e de pensões, concretamente 18 seguradoras, 59
correctoras de seguros, 1 instituição de segurança social básica, 2 de segurança social
obrigatória, 8 fundos de pensões, 6 sociedades gestoras de fundos de pensões; e (iii)
instituições no mercado de capitais, designadamente a bolsa de valores e 9 operadores
de bolsa.
Apesar da diversidade de instituições financeiras existentes, o nível de inclusão
financeira no País era relativamente baixo. Com efeito, para um País com 799.380 km2
e cerca de 14,2 milhões de habitantes adultos, 656 agências de instituições de crédito,
17.855 agentes de instituições de moeda electrónica, 1.576 ATM, 22.052 POS, 118
delegações de companhia de seguros, dos quais 45 são balcões de fronteiras,
mostravam-se insuficientes para satisfazer as necessidades da população e empresas.

Como resultado, no final de 2015 havia, em termos geográficos, 8 agências de


instituições de crédito por 10.000 km2 e, em termos demográficos, 5 agências por
100.000adultos. A quantidade de ATM e POS por 10.000 km2 era de 20 e 276,
respectivamente, sendo a quantidade dos mesmos terminais de pagamento por 100.000
adultos de 11 e 160, respectivamente.
No entanto, uma boa parte considerável dos pontos de acesso aos serviços financeiros
está localizada na área urbana, onde se destaca a cidade de Maputo. Ainda no final de
2015, dos 158 distritos do País, existiam 87 com presença de agências de instituições de
crédito, 98 com ATM, 147 com POS e 122 com agentes de instituições de moeda
electrónica. Ainda em finais de 2015, cerca de 20% da população adulta possuía conta
bancária e a maioria dos adultos estava familiarizada com os produtos oferecidos pelos
bancos, sendo as contas bancárias e os empréstimos bancários os mais usados.

De acordo com o relatório do BM sobre a inclusão financeira 2016, em 2016 o sistema


financeiro moçambicano contava com 38 instituições que prestam serviços bancários
(dos quais 19 bancos, 10 microbancos e 9 cooperativas de crédito), 392 instituições que
prestam serviços de microfinanças (dos quais 12 são organizações de poupança e
empréstimo e 380 operadores de microcrédito) e 22 instituições que prestam serviços
não bancários (dos quais 3 instituições de moeda electrónica e 19 instituições
seguradoras). Vide a tabela 2 nos anexos.

Em 2017, o sistema financeiro moçambicano passou a contar com 36 instituições que


prestam serviços bancários (dos quais 19 bancos, 9 microbancos e 8 cooperativas de
crédito), 509 instituições que prestam serviços de microfinanças (dos quais 12 são
organizações de poupança e empréstimo e 497 operadores de microcrédito) e 32
instituições que prestam serviços não bancários (dos quais 3 Instituições de Moeda
Electrónica, 19 Instituições Seguradoras 3 e 10 Operadores de Bolsa), RIF 2017 ().
Vide a Tabela 3.

Os níveis de bancarização da economia observaram em 2017 uma ligeira redução. Com


efeito, observou-se a existência de 325 contas bancárias por cada 1000 adultos no país
contra 360 contas por cada 1000 adultos em 2016. Excluindo as capitais provinciais, os
Distritos com maiores taxas de bancarização (contas bancárias em percentagem da
população adulta) são o distrito de Nacala-Porto, Boane, Marracuene, Maxixe,
Vilanculos, Cuamba, Massinga, Mocuba, Chókwé e Manhiça.

À semelhança da bancarização da economia, os níveis de intermediação e poupança


financeira também observaram redução em 2017 face a 2016 devido essencialmente a
conjuntura económica e financeira vivida em finais de 2016, caracterizada pela
retracção da actividade económica.
A tendência observada a nível da banca, nas instituições de moeda electrónica
observou-se uma tendência contrária de aumento de cobertura e utilização de moeda
electrónica. Com efeito, em 2017 do total da população adulta existente, 44% possuía
uma conta de moeda electrónica contra 40% em 2016.

Contudo, é no plano dos factores de natureza infra-estrutural e socioeconómica que se


verifica uma correlação significativa com implicações assinaláveis para o processo de
abertura de agências, a qual sugere que a melhoria de informação sobre a actividade
económica, por um lado, e das infra-estruturas, por outro, influencia o ritmo de
cobertura da rede bancária no território nacional. É neste domínio que ainda se
verificam desafios ao alargamento dos serviços e produtos financeiros à maioria da
população. Id.

2.7. Serviços financeiros móveis

2.7.1. Conceito de serviço financeiro móvel

Na visão de FRANCISCO (2017), Os serviços de moeda electrónica foram introduzidos


como meio de expansão a inclusão financeira para população não bancarizada e que
vivem em zonas rurais onde há difícil acesso aos serviços financeiros bancários.
Entretanto, essa literatura perde de vista experiências no quotidiano em contextos
urbanos onde existem bancos tradicionais e instituições de moeda electrónica4.

Esses serviços de moeda electrónica por um lado constituem uma inovação uma vez que
podem ser usados a partir do telemóvel, reduzem o tempo e custos para aceder aos
serviços financeiros uma vez que os agentes encontram-se localizados próximo dos
clientes comparativamente aos bancos tradicionais, o que permite falar em mudanças
nos serviços oferecidos. Por outro lado os serviços de moeda electrónica continuam a
oferecer serviços iguais aos oferecidos pelos bancos tradicionais tais como
levantamentos, depósitos, transferências e pagamento de serviços o que permite falar de
continuidades.

Na Óptica da operadora de telefonia móvel Mcel CHUTUMIA, (2011), serviço


financeiro móvel (SFM) é um conjunto de transacções financeiras realizadas com
recurso a um telemóvel. A sua implementação é conseguida através de um modelo de
negócio e de uma plataforma de mobile banking.

Em Moçambique existem cerca de cinco milhões de assinantes de serviços móveis


(correspondendo a quase um quarto da população). Cobertura geográfica estende-se a
80 por cento da população. Um mercado competitivo composto pela estatal mCel e
pela Vodacom (uma subsidiária da multinacional sul-africana) está em funcionamento
desde 2003. Um terceiro licença foi recentemente atribuída à Movitel, um consórcio de
propriedade maioritária Viettel. Neste contexto, as autoridades moçambicanas
aprovaram legislação em 2010 que permite operadores para fazer parcerias com
instituições financeiras, a fim de fornecer serviços de dinheiro móvel (Batista e Vicente,
2012).

2.8.2. Barreiras no acesso aos serviços financeiros formais nas áreas rurais

Chutumia 2011, aponta alguns obstáculos de acesso aos serviços financeiros nas zonas
rurais: a falta de infra-estruturas de acesso, elevados custos de transporte, a baixa

4
Instituição de moeda electrónica refere-se a uma espécie de instituição de crédito que tem como
objectivo principal a emissão de meios de pagamentos sob forma de moeda electrónica. (Aviso
nº3/GBM/2015 de 04 de Maio, artigo 3 alínea h)
densidade populacional, formação académica e financeira e reduzida procura de
serviços financeiros.

O ENIF explica que determinados segmentos da população do país não aderem aos
produtos e serviços financeiros oferecidos pelo sistema financeiro por residirem em
áreas rurais, sem presença de canais físicos de acesso a estes produtos e serviços devido
a indisponibilidade de um conjunto de infra-estruturas económicas básicas, como
estradas asfaltadas, saneamento básico, electricidade e serviços telecomunicações de
boa qualidade em alguns locais, associada ao fraco potencial económico (caracterizado
por uma presença reduzida de unidades empresariais, pouca actividade económica
geradora de rendimento e baixa densidade demográfica), principalmente nas áreas
rurais, constituem os maiores obstáculos à expansão da oferta dos produtos e serviços
financeiros no País.

Para além desses factores, aponta ainda os custos de transacção, como sendo outro
obstáculo à inclusão financeira, dai a existência de locais com condições infra-
estruturais básicas e potencialidades económicas, mas sem presença de qualquer ponto
de acesso físico aos produtos e serviços financeiros, particularmente agências bancárias.
Para os bancos, o custo de lidar com transacções de pequenos montantes em locais com
pouca actividade económica e menor densidade populacional é elevado, o que torna
inviável a instalação de agências bancárias tradicionais nesses locais.

De igual modo, relativamente à oferta de infra-estrutura de serviços de moeda


electrónica, têm sido apontados como principais obstáculos: (i) a falta de
interoperabilidade dos serviços de moeda electrónica e entre estes e os do sector
financeiro tradicional, que inclui bancos, seguradoras e outros serviços; (ii) o limitado
conhecimento e a pouca familiaridade com a tecnologia, particularmente com os
serviços de moeda electrónica, quer por parte de alguns agentes de instituições de
moeda electrónica como por parte da população em geral.

2.8.3. A contribuição do dinheiro móvel no bem-estar nas áreas rurais

Segundo ADABA et al (2018), dinheiro móvel ganhou popularidade em muitos países


em desenvolvimento na última década. Inicialmente emergindo como um meio de
transferência de dinheiro peer-to-peer (pessoa por pessoa), tornou-se uma plataforma
poderosa para uma série de serviços financeiros habilitados para dispositivos móveis,
como pagamento de contas, poupança e microcrédito.

O dinheiro móvel é amplamente considerado como uma forma de contornar a infra-


estrutura bancária dominante em muitos países em desenvolvimento (ITU, 2013;
Maurer, 2012). É comummente argumentado que as oportunidades únicas que o
dinheiro móvel disponibiliza podem promover uma maior inclusão dos pobres, dos
“sem banco” e dos carentes do sistema financeiro formal (ITU, 2013; Ramada-Sarasola,
2012) e, talvez, contribuir para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (SDGs) (Klapper, El-Zoghbi, & Hess, 2016).

ADABA et al. (2018) apud Hughes e Lonie (2007), afirmam que o dinheiro móvel é
usado para movimentar dinheiro por várias razões, incluindo transferências de dinheiro
peer-to-peer (pessoa por pessoa) e pagamentos de contas.

Para JACK E SURI (2011) identificam vários benefícios potenciais do dinheiro móvel,
nomeadamente, a facilitação do comércio, facilitando o pagamento ou a recepção de
pagamentos de bens e serviços, melhorando a poupança das famílias, as relações inter-
pessoais, transacções e microcrédito pessoa a pessoa, permitindo o compartilhamento de
riscos e o recebimento de remessas de redes de suporte social. Eles concluíram que O
dinheiro móvel transformou a arquitectura financeira em muitos países em
desenvolvimento.

Da mesma forma, Donovan (2012) argumenta que o dinheiro móvel o maior potencial
para transformar economias inteiras quando adoptadas em vários sectores. (Ibid)
Segundo Jornal o país (2018) um estudo do International Growth Center (IGC) revela
que apenas 36 por cento dos adultos moçambicanos têm uma conta bancária. O estudo
foi revelado, em Maputo, no seminário intitulado “Desafios da Inclusão Financeira em
Moçambique: Interoperabilidade e Literacia”, organizado pelo IGC e pelo Banco de
Moçambique. Procedimentos

O número de adultos com conta bancária aumenta para 40 por cento quando se incluem
as contas de dinheiro móvel. O estudo considera que as contas bancárias, o dinheiro
móvel e outras tecnologias de financiamento (fintech) têm o potencial de promover a
inclusão financeira, porque dá às pessoas a capacidade de ter uma renda mensal e de
lidar com choques a longo prazo. De acordo com o comunicado enviado à redacção do
jornal O País, o IGC considera que assegurar que os indivíduos e as empresas tenham
acesso a produtos ou serviços financeiros, garante que o crescimento económico do país
seja inclusivo.

Um outro estudo do IGC (2017), apresentado durante o seminário, da autoria de Sandra


Sequeira, professora no London School of Economics, mostra que ter acesso a uma
conta móvel (dinheiro móvel) pode reduzir as diferenças no desempenho económico de
micro empresários. No estudo, os vendedores de alguns mercados de Maputo
participaram de uma formação básica sobre negócios e tiveram acesso a contas de
dinheiro móvel, o que resultou num aumento significativo do nível de desempenho
económico e literacia financeira. Esta experiência também ajudou as vendedeiras a
atingirem os mesmos níveis de desempenho económico que os colegas de sexo
masculino, além de incentivar aos micros empresários, independentemente do sexo, a
pouparem os seus rendimentos.
CAPÍTULO III: METODOLOGIA
Após a fundamentação teórica, neste capítulo, apresenta-se a metodologia usada para a
realização desta pesquisa.

Segundo FONSECA (2002), metodologia é o estudo da organização dos caminhos a


serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência.
Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para
fazer uma pesquisa científica.

3.1. Métodos de pesquisa

3.1.1. Métodos de abordagem a serem usados

3.1.1.1.- Método estatístico


Segundo GIL, (2014:17), o método estatístico fundamenta-se na aplicação da teoria
estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação em
ciências sociais. Há que se considerar, porém que as explicações obtidas mediante a
utilização do método estatístico não podem ser consideradas absolutamente verdadeiras,
mas adoptadas de boa probabilidade de serem verdadeiras. Os procedimentos fornecem
considerável reforço às conclusões obtidas, sobretudo mediante a experimentação e a
observação. O método estatístico é que vai permitir a análise dos dados obtidos no local
que constitui o objecto de estudo da pesquisa, através de tabelas e gráficos.

3.1.2. Do ponto de vista dos procedimentos

3.1.2.1. Pesquisa bibliográfica


Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de:
livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins,
monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objectivo de
colocar o pesquisador em contacto directo com todo material já escrito sobre o assunto
da pesquisa.

Pesquisa bibliográfica,"é desenvolvida a partir do material já elaborado, constituído,


principalmente de livros e artigos científicos" (GIL, 2014:61). Será com base nesta
técnica que se fará a selecção e consulta de diversa literatura que permitirá a colecta de
dados sobre o tema para a consecução da presente pesquisa.
3.1.2.2. Estudo de caso
Envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos, de maneira que
permita seu amplo e detalhado conhecimento (…). (GIL, 2002:54). Consiste em colectar
e analisar informações sobre determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma
comunidade, a fim de estudar aspectos variados da sua vida, de acordo com o assunto da
pesquisa. Neste caso teremos como objecto de estudo a Povoação de Massaca.

3.1.3. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema


A pesquisa recorre ao método misto, que combina a análise quantitativa e qualitativa.

3.1.3.1. Pesquisa qualitativa


Para Gil (2008:203) pesquisa qualitativa "é aquela que normalmente prevê a colecta dos
dados a partir de interacções sociais do pesquisador com ou fenómeno pesquisado.

Nas pesquisas qualitativas conforme afirma Gil (2014:70), não existe alguma
preocupação em medir ou enumerar unidades, contudo com base num intenso trabalho
de campo, descrever os dados colectados retratando o maior número possível de
elementos existentes na realidade estudada. Deste modo analisou se o contributo dos
serviços financeiros móveis na localidade de Massaca baseado na interpretação das
interacções com a população da mesma.

3.1.3.2. Pesquisa quantitativa


Como sustenta (LAKATOS & EVA, 2010:105), o método quantitativo caracteriza-se
pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de colecta de informação, quanto
no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como
percentual, media, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação,
análise de regresso. O método quantitativo enfatiza e emprega instrumentos estatísticos,
matemáticos, vale-se de amostras amplas e informações numéricas.

3.1.4. Do ponto de vista de seus objectivos

3.1.4.1. Pesquisa exploratória


Quando a pesquisa se encontra na fase preliminar, tem como finalidade proporcionar
mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e
seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a fixação
dos objectivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para
o assunto.

Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. A pesquisa


exploratória possui planeamento flexível, o que permite o estudo do tema sob diversos
ângulos e aspectos. Em geral, envolve: levantamento bibliográfico, entrevistas com
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, análise de
exemplos que estimulem a compreensão.

3.1.4.2. Pesquisa descritiva


Quando o pesquisador apenas regista e descreve os factos observados sem interferir
neles. Visa a descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de
colecta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de
levantamento.

Tal pesquisa observa, registra e ordena dados, sem manipulá-los, isto é, sem,
interferência do pesquisador. Procura descobrir a frequência com que um facto ocorre,
sua natureza, suas características, causas, relações com outros factos. Assim, para
colectar tais dados, utiliza-se técnicas específicas, dentre as quais se destacam a
entrevista, o formulário o questionário, o teste e a observação.

3.1.4.3. Pesquisa explicativa


Para Gil (2008:28), na pesquisa explicativa o pesquisador procura explicar os porquês
das coisas e suas causas, por meio do registro, da análise, da classificação e da
interpretação dos fenómenos observados. Visa a identificar os factores que determinam
ou contribuem para a ocorrência dos fenómenos: aprofunda o conhecimento da
realidade porque explica a razão, o porquê das coisas.

3.1.5. Caracterização da pesquisa quanto aos meios usados

3.1.5.1. Observação
A observação "é uma técnica de colecta de dados para conseguir informações e utiliza
os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade". (MARCONI &
LAKATOS, 2010:173). Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar
factos ou fenómenos que se deseja estudar. É um elemento básico de investigação
científica, utilizado na pesquisa de campo e se constitui na técnica fundamental da
antropologia.

A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objectivos


sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu
comportamento. Desempenha papel importante nos processos observacionais, no
contexto da descoberta, e obriga o investigador a um contacto mais directo com a
realidade. É o ponto de partida da investigação social.

3.1.5.2. Entrevista
A entrevista e um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma observação de natureza
profissional. (MARCONI e LAKATOS; 2010:178)

Segundo Gil (2014), a entrevista é uma técnica de colecta de dados mais utilizada no
âmbito das ciências sociais, com objectivos voltados para diagnóstico e orientação.

A entrevista, enquanto instrumento de recolha de dados, é bastante adequada para a


obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem,
desejam, pretendem fazer ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões
a respeito dos casos precedentes. Optou-se pela entrevista porque permitiu a interacção
directa com os que constituem a nossa fonte de informação.

3.1.5.2. Questionário
O questionário é um instrumento de colecta de dados, constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador. (MARCONI e LAKATOS; 2010: 184). Em geral, o pesquisador envia o
questionário ao informante, pelo correio ou portador, depois de preenchido, o
pesquisado devolve-o do mesmo modo.

Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da
pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o
interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro
de um prazo razoável. Em média, os questionários expedidos pelo pesquisador
alcançam 25% de devolução.
3.1.5.3. Formulário
O formulário é um dos instrumentos essenciais para a investigação social, cujo sistema
de colecta de dados consiste em obter informações directamente do entrevistado.

NOGUEIRA (1986) apud MARCONI e LAKATOS; 2010:195 define formulário como


sendo " uma lista formal, catálogo ou inventário destinado à colecta de dados resultantes
quer da observação, quer de interrogatório, cujo preenchimento é feito pelo próprio
investigador, à medida que faz as observações ou recebe as respostas, ou pelo
pesquisador, sob orientação".
CAPÍTULO IV: CASO DE ESTUDO E CURSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Localização geográfica e caracterização do local da pesquisa

Para melhor compreender o nosso estudo, necessário seja, primeiro fazer uma
localização e caracterização do distrito de Boane. O distrito de Boane está localizado a
sudeste da Província de Maputo, sendo limitado a Norte pelo Distrito de Moamba, a Sul
e Este pelo Distrito da Namaacha, e a Oeste pela Cidade da Matola e pelo Distrito de
Matutuíne. (INE, 2014).

O distrito é atravessado pela Estrada Nacional n.º 2 que faculta a comunicação com a
cidade de Maputo. Para além do troço da EN2, o distrito é servido por: uma estrada
regional: Boane – Goba, em bom estado; e uma estrada secundária e duas terciárias que
estabelecem a ligação entre a Sede e as Localidades e Povoações, num total de 72 km,
em condições razoáveis e boas de manutenção; e 21 estradas vicinais e pequenas pontes
em estado razoável ou mau de manutenção.

Boane é atravessado pelo ramal ferroviário de Salamanga que assegura o escoamento do


calcário para a Fábrica de Cimentos da Matola, sendo o transporte da população
assegurado pelos transportes semi-colectivos e ferroviário.

O distrito é servido por uma rede de telecomunicações fixa e três móveis, existindo
também uma delegação dos Correios de Moçambique, e é coberto por 3 subestações de
energia que garantem o abastecimento à Mozal e a cerca de 7 mil consumidores
domésticos e industriais.

O fornecimento de água às populações é feito por meio de fontanários, furos e poços. O


Distrito possui 3 pequenos sistemas de abastecimento de água localizados no Bairro da
Massaca, Mahubo, Bairro Paulo Samuel Kankhomba e ainda conta com centros
distribuidores da vila sede de Boane, Belo Horizonte e Matola.
O Distrito, com sede na Vila de Boane, está dividido em dois Postos administrativos:
Boane-Sede, onde reside a maior parte da população e que inclui, para além da vila, as
localidades de Gueguegue e Eduardo Mondlane; e o PA da Matola Rio, com uma
localidade com o mesmo nome.
4.1.2. Economia
De acordo com perfil distrital do Ministério de Administração Estatal (2014), a partir
dos finais da década 90, o distrito de Boane registou grandes projectos de impacto
nacional sendo referência de grande destaque a construção da Indústria de Fundição de
Alumínio MOZAL, pólo de atracção de outras empresas e indústrias nacionais e
estrangeiras que têm afluído ao Parque Industrial de Beluluane.

Adicionalmente, a EN4 que atravessa o Posto Administrativo da Matola-Rio, é um


contributo importante para o desenvolvimento da região e, em consequência, para a
redução do desemprego.

A agricultura é a base da economia distrital, tendo como principais culturas as


hortícolas, milho, mandioca, feijão, bananas e citrinos. As espécies de gado
predominantes são os bovinos, ovinos e aves, destinadas para o consumo familiar e
comercialização. O sector agrícola familiar está em expansão, e as explorações privadas,
que ocupam uma parte significativa das terras férteis e absorvem cerca de metade da
mão-de-obra assalariada do distrito.

A zona beneficia de uma razoável integração regional de mercados, bem como poder ter
acesso a actividades geradoras de rendimento, nomeadamente o emprego na cidade de
Maputo e nas minas da África do Sul. O Rio Umbeluzi é o principal recurso hídrico,
favorecendo a prática da actividade pesqueira e Agropecuária.

O distrito conta com seis jazigos de areias e uma pedreira, fontes importantes para o
aprovisionamento do sector de construção da província e da cidade de Maputo. No
conjunto do distrito existe um total de outras 211 unidades industriais (137 no P.A de
Boane e 74 no da Matola Rio), sendo a pequena indústria local (pesca, carpintaria e
artesanato) uma alternativa imediata à actividade agrícola, ou um prolongamento da sua
actividade. Neste grupo estão incluídas 23 moagens em operação, três oficinas, duas
estações de serviço, quatro carpintarias, seis salinas e duas padarias.

A proximidade de Maputo e dos países vizinhos da Suazilândia e da África do Sul,


contribui para uma actividade comercial bastante activa no distrito de Boane. O
comércio, sobretudo informal e de fronteira, e outros serviços têm tido uma importância
crescente, ocupando já 36% da população activa do distrito e 22% das mulheres
economicamente activas.

4.1.3. Demografia
A superfície do distrito é de 806 km2 e a sua população está estimada em 134 mil
habitantes à data de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 166
hab/km2, prevê-se que o distrito em 2020 venha a atingir os 190 mil habitantes. (Ibid)

4.1.4. População
De acordo com o censo de 2017 o distrito de Boane tem no total 210 367 habitantes dos
quais 101. 993 São homens e 108.374 são mulheres respectivamente.

A estrutura etária do distrito reflecte uma relação de dependência económica de 1:1.2,


isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 12 pessoas em idade activa. Com uma
população jovem (42%, abaixo dos 15 anos), tem um índice de masculinidade de 94%
(por cada 100 pessoas do sexo feminino existem 94 do masculino) e uma taxa de
urbanização de 23%, concentrada na Matola Rio, Boane e respectivas zonas periféricas
semi urbanas.
Das pessoas residentes no distrito, somente 45% nasceram no próprio distrito, o que
denota fluxos de migração internos significativos. No caso das mulheres este fluxo é
maior entre distritos da mesma província e menor quando considerado em relação a
outras províncias do país.
Com 72% da população alfabetizada, predominantemente homens, o distrito de Boane
tem uma taxa de escolarização normal, constatando-se que 81% dos seus habitantes,
principalmente residentes no posto administrativo de Boane, frequentam ou já
frequentaram a escola, ainda que maioritariamente somente até ao nível primário.

4.2. Determinação do tamanho da amostra


Para determinação do tamanho da amostra usou se a fórmula para determinação da
amostra com base na estimativa da proporção populacional que usa como parâmetro
estatístico a proporção populacional. Cuja fórmula é dada por:
𝑍 2 𝛼/2×0,25
𝑛=
𝑍2

Onde

n = Número de indivíduos na amostra


Za/2 = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado

E = Margem de erro ou erro máximo de estimativa. Identifica a diferença máxima entre


a proporção amostral e a verdadeira proporção populacional (p).

Segundo Levin (1987) propõe como valores de confiança mais utilizados e os valores de
z correspondentes os seguintes, que se encontram na tabela abaixo:

Tabela 3 – Valores críticos associados ao grau de confiança na amostra


Valores de confiança 𝛼 Valor crítico Z𝛼/2
90% 0,10 1,645
95% 0,05 1,96
99% 0,01 2, 575

Portanto, para a nossa pesquisa pretende-se ter 99% de confiança em que nossa média
amostral esteja a menos de 5% da verdadeira média. Então teremos:

(1,96)2 ×0,25 0,9604


n= 0,05 2
= 0,0025 = 385,16 ≈ 386.

4.3. Resultado dos questionários e das entrevistas

4.3.1. Questionário dirigido ao Banco de Moçambique


Da informação colhida junto da instituição reguladora do sistema financeiro do país
(Banco de Moçambique) pode se perceber que o Governo vem actuando de modo a
garantir a disponibilidade e acessibilidade de produtos e serviços financeiros de
qualidade e adequados às necessidades da maioria da população moçambicana, visando
contribuir para o bem-estar e o progresso económico e social das comunidades,
incluindo pequenos agricultores e detentores de micro, pequenas e médias empresas,
tanto nas áreas urbanas e periurbanas, como nas rurais, promovendo, deste modo, a
contínua melhoria dos níveis de inclusão financeira no País através da adopção de
instrumentos normativos que estabelecem regras, condições e critérios, incluindo de
proporcionalidade geográfica, para abertura de agências de bancárias em determinadas
áreas elegíveis para fixação de forma a assegurar o acesso equitativo aos serviços
financeiros em todo território nacional. Vide nos anexos.

4.3.2. Entrevista dirigida aos agentes de serviços financeiros móveis

Segundo os cálculos apresentados na determinação da amostra, ou seja, o nr de


indivíduos que constituiria a base para recolha de dados sobre o uso dos serviços
financeiros na localidade de Massaca foi de 386. Por tanto foram inquiridos 386
indivíduos dos quais 13 agentes dos serviços financeiros móveis e 373 residentes da
localidade seleccionados aleatoriamente de acordo com sua disponibilidade.

4.3.2.1 Quanto ao género

Gráfico adaptado pelo autor

Quanto ao género dos agentes inquiridos 92% são do sexo masculino e 8% são do sexo
feminino. Contudo nota-se que os homens dominam a actividade de prestação de
serviços financeiros móveis e praticam-na como fonte de renda para sua sobrevivência e
das suas famílias. Os mesmos apontam como motivação para a prática desta actividade
o alto nível de desemprego e a necessidade extrema de sustento familiar. Os
entrevistados revelaram ainda, que actividade é maioritariamente exercido por homens e
pouco afluído pelas mulheres devido ao risco associado a actividade como assaltos que
são frequentes em muitos agentes, pois por vezes acabam tendo que ficar com valores
nas carteiras para garantir que haja saldo para os usuários que desejam efectuar
levantamentos do dinheiro, o que causa um certo receio das mulheres para a pratica da
actividade.

Das poucas mulheres que exercem a actividade, exercem-na em estabelecimentos


comerciais como mercearias, barracas e ou em contentores oferecendo lhes uma certa
segurança.

4.3.2.2. Idade

Adaptado pelo autor

No que concerne à variável idade, os dados mostram que os praticantes dessa actividade
são maioritariamente jovens, com idades compreendidas entre os 23 aos 39 anos,
motivado por ser a camada social que constitui a maior parte da população
moçambicana e desempregada, assim sendo a prática da actividade de dinheiro móvel
torna se uma alternativa viável para contornar o elevado índice de desemprego registado
no país e aliviar os efeitos do mesmo garantindo desta forma uma estabilidade
financeira suficiente para fazer face as suas necessidades.
4.3.2.3. Estado civil

Adaptado pelo autor

Quanto ao estado civil, 23% dos questionados são casados oficialmente, e 77% são
solteiros mas vivem maritalmente com uma média de agregado familiar superior a 4
pessoas. Sobre o estado civil dos inquiridos constatou se que na área de estudo os
jovens tem a tendência de se unirem maritalmente prematuramente, por esse motivo que
com a problemática do desemprego, na falta de um emprego formal eles procuram se
inserir em actividades para gerar renda, para o sustento das suas famílias em particular a
actividade de fornecer dinheiro móvel.
4.3.2.4. Grau de escolaridade

Adaptado pelo autor

No que se refere ao grau de escolaridade, dos agentes entrevistados 31% possuem o


nível médio e 69% o nível básico. Desta forma pode se concluir que, para ser um agente
de dinheiro móvel não exige necessariamente ter uma boa escolaridade contrariamente
na banca tradicional, onde para ser empregue exige-se um certo grau de instrução
geralmente no mínimo deve possuir o nível médio ou superior.
4.3.2.5. Ocupação

Adaptado pelo autor

Dos agentes entrevistados 39% firmaram que além de agentes, exercem outras
actividades ou seja, tem outras ocupações (mestre de obras, segurança, comerciantes,
entre outras) e que aderiram a essa actividade de agentes como uma forma de aumentar
o valor da sua renda e proporcionar condições condignas as suas famílias, entretanto,
61% afirmaram que dedicam se exclusivamente a actividade de prestação de serviços
financeiros móveis devido as dificuldades em se inserir no emprego formal.

Aferindo os números do gráfico acima, e segundo os entrevistados leva nos a concluir


que é possível sustentar as suas famílias com o rendimento que advêm da actividade do
dinheiro móvel.

Respostas dos agentes entrevistados, vide nos anexos: tabela4 pag.51

4.4. Questionário dirigido aos usuários do dinheiro móvel


Foram entrevistados 373 indivíduos residentes no bairro da Massaca dos quais 190
homens que corresponde a 51% dos entrevistados e 183 mulheres que corresponde a
49% respectivamente, tendo sido escolhidos aleatoriamente de acordo com a sua
disponibilidade.
4.4.2. Idade dos entrevistados

Adaptado pelo autor

No que concerne às faixas etárias da população entrevistada na localidade de Massaca


para este estudo, verificou se a predominância de jovens na maioria delas homens que
se encontram na idade compreendida dos 20 a 50 anos o que mostra que a população de
Massaca é economicamente activa com uma percentagem de 33% e das mulheres com
uma percentagem de 24%.

4.4.3. Quanto ao Estado Civil

Adaptado pelo autor


No que diz respeito ao estado civil dos entrevistados, a maior parte dos homens são
solteiros representando 50% do total dos entrevistados e as mulheres vivem em união de
facto com uma percentagem de 35% respectivamente.

4.4.4. Quanto ao nível de escolaridade

Adaptado pelo autor

Como ilustrado no gráfico, em termos de escolaridade na sua maioria, os residentes da


localidade de Massaca apresentam o nível básico com 56%, seguindo o nível elementar
com 35% onde se verifica que na sua maior parte são as mulheres. Pode se perceber
também que há um número significativo de mulheres sem nenhum grau de instrução ou
seja analfabetas correspondente há 18%.
4.4.5. Respostas do questionário

4.4.5.1. Tem conta bancária em uso?

Adaptado pelo autor

Sobre a questão do uso e não uso dos serviços bancários na localidade de Massaca
verificou-se que os homens são os que mais usam os serviços bancários formais com
uma percentagem de 89%, entretanto, na sua maioria usa para fins de recebimento de
salários e as mulheres são as que menos usam com uma percentagem de 11% alegando
a não existência de um banco perto, a falta de condições para manter ou sustentar a
conta e devido os requisitos exigidos na abertura da conta.

Por meio das respostas dadas pelos nossos entrevistados, foi possível verificar que as
mesmas coincidem com os dizeres de alguns autores que retratam sobre o uso dos
serviços financeiros nas áreas rurais, tanto o estudo do Banco Mundial (Zottel et al.,
2014) quanto o do FinScope 2014 apontam para a questão da falta de dinheiro suficiente
para usar uma conta bancária, para além da acessibilidade (medida pela proximidade
geográfica), mas também os encargos bancários como sendo os principais obstáculos à
inclusão financeira nas áreas rurais em Moçambique. BM (2016:17)
4.5.2. Qual é a frequência de uso ou de movimentação da conta

Adaptado pelo autor

No que concerne à frequência do uso dos serviços bancários por parte dos residentes de
Massaca, 60% dos homens responderam que usam sendo que, os mesmos usam na sua
maior parte no fim do mês para recebimento de salário e por sua vez fazem a retirada do
valor do salário na sua totalidade, devido a falta de estabelecimentos bancários próximo
às suas residências, desse modo o valor é guardado em casa e alguns depositam na
banca móvel.

Em média os residentes da Massaca são obrigados a percorrer 30 a 45 minutos de


autocarro, para a vila que dista a 15 km da localidade.
4.5.3. Usa serviço alternativo para movimentar dinheiro ?

Adaptado pelo autor

Segundo os entrevistados, devido a falta de estabelecimento bancários nas proximidades


da localidade, os requisitos exigidos para a abertura das contas bancárias e também a
falta de conhecimento de como funcionam os serviços bancários formais, estes
relataram que acabam recorrendo aos serviços financeiros móveis para a movimentação
dos seus dinheiros com maior enfoque o serviço M Pesa com 89%, seguido do Emola
com 6% que constitui uma alternativa viável para áreas com problemas de rede.

Batista e Vicente (2012:6), afirmam que o potencial do dinheiro móvel nas áreas rurais
de Moçambique é enorme. As agências bancárias simplesmente não ultrapassam as
capitais províncias, e em algumas (mas poucas) capitais de distritais. Salvando métodos
para a população rural é muitas vezes limitada a manter o dinheiro "sob o colchão",
mantendo o dinheiro com comerciantes ou autoridades locais, e para participar de
xitiques. Nenhum desses arranjos normalmente paga juros, e alguns deles carregam
riscos consideráveis. Transferências de dinheiro tipicamente, exige ao indivíduo rural
viajar para a agência bancária urbana para enviar ou receber, ou o remetente viajar para
o local do destinatário da transferência, ou o envio do dinheiro através de um motorista
ou outra pessoa. Todas essas alternativas envolvem custos consideráveis, e alguns deles
são riscos consideráveis.

Aferindo os dizeres dos autores acima é uma realidade vivida na nossa área de estudo.
4.5.4. Os serviços financeiros móveis têm sido úteis para movimentação do seu
dinheiro? De que forma é útil?

Adaptado pelo autor

Segundo os dados da pesquisa mostram que os serviços alternativos têm sido de grande
utilidade porque os mesmos tem facilitado na movimentação do dinheiro, visto que os
mesmos são de fácil acesso, de fácil manuseio e facilita o pagamentos de bens e
serviços, contudo, os entrevistados tem se sentido confortados no uso desses serviços
por motivos já referidos acima, não obstante existe uma porção da população que não
adere aos mesmos serviços alegando a falta de confiança devido aos casos de burlas que
tem se observado.
5. Conclusão e sugestões

5.1. Conclusão
Os serviços financeiros móveis surgem como um meio alternativo para os desprovidos
dos serviços financeiro formais devido à ausência ou o difícil acesso dos mesmos numa
determinada área, com maior enfoque nas áreas rurais para permitir a circulação de
divisas e garantir a inclusão financeira para essa camada social.

Segundo o Banco de Moçambique para a fixação de um banco é necessário que área


onde se pretende instalar cumpra com os requisitos estipulados no instrumento
normativo5 que dita as regras, condições e critérios, incluindo de proporcionalidade
geográfica para abertura de agência de banco bem assim os locais elegíveis para o
efeito. Nesse caso para a nossa área de estudo não tem a observância desses critérios por
isso que não possui uma agência bancária, tornando desta forma o local com um
potencial para o uso de serviços alternativos ou seja os serviços financeiros móveis
detidos pelas operadoras de telefonia móvel com maior destaque o M-pesa,
frequentemente usado por jovens e adultos na sua maioria homens com idades
compreendidas entre 20 aos 50 anos, trabalhadores e comerciantes com um nível de
instrução básico e médio.

Com o desenrolar da pesquisa percebeu-se que os serviços financeiros móveis tem dado
grande contributo não só na inclusão financeira dessa camada social assim como na
mitigação do desemprego que tem assolado o nosso país, assim sendo promove o auto
emprego e consequentemente a geração de renda o que garante seu sustento e das suas
famílias assim como a concretização dos seus projectos de vida pois os agentes
entrevistados afirmaram ser muito rentável operar como agente desses serviços. E os
usuários mostraram satisfação com o uso dos mesmos, por serem de fácil acesso no
sentido de terem a disposição agentes próximo às suas residências o que não acontecem
com os bancos e o fácil manuseio ou seja as operações são fáceis de usar, assim como
para guardar os seus dinheiros de forma segura e permitir a circulação do dinheiro para
diversos pontos do país e aquisição e pagamento de serviços básicos.

Contudo, com a pesquisa foi também possível fazer a verificação das hipóteses
levantadas na pesquisa, onde a partir dos resultados desta, confirmou-se a validação da

5
AvisoN.1/GBN/2015 de 22 de Abril acedido através do link http://www.bancomoc.mz/fm
pgTab1.aspx?id=8
primeira hipótese de que refere que o dinheiro móvel contribui de forma significativa
para a inclusão financeira na medida em que permite a acessibilidade dos serviços
financeiros até aos mais elementares estratos sociais.

5.2. Sugestões

Observou-se algumas lacunas no uso dos serviços financeiros, ou seja, há uma fraca,
quase inexistente educação financeira por parte dos residentes usuários e não usuários
dos mesmos porque pode se constatar que essa mesma população devido ao nível de
instrução e também devido às questões culturais que predomina naquela região não tem
a prática de poupar, e sentem se intimidados no uso dos produtos e serviços financeiros.
Factor esse que faz com que esses não guardem os seus valores por muito tempo nas
suas contas muita vezes eles só depositam os seus valores quando querem efectuar uma
transacção como por exemplo transferir valor, adquirir ou pagar um serviço. Daí que há
necessidade de educar financeiramente através de palestras nos bairros, escolas,
mercados, campanhas porta a porta conscientizá-los de que os serviços financeiros
móvel se igualam aos formais, e não como mais um serviço das telefonias móveis.
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Anexos
Tabela 2: Total de Instituições Bancárias, de Micro finanças e Não Bancárias 2016, pg. 18

Número de Agências, Agentes,


Número de instituições Delegações e Balcões
2015 2016 Var(%)
2015 2016 Var. (%)

1.Serviços bancários
Bancos 18 19 5,6% 616 646 4,9%
Microbancos 11 10 -9,1% 34 25 -26,5%
Cooperativas de crédito 9 9 - 9 9 -
1. Serviço de
microfinanças
Organizações de 10 12 20% 10 12 20%
poupança e empréstimo
Operadores de 341 380 11,4% 341 380 11%
microcrédito
2. Serviços não
bancários
Instituições de moeda 2 3 50% 17.855 27.754 44,2%
electrónica
Instituições seguradoras 18 19 5,6% 123 124 0,8%

Fonte: RIF 2016


Tabela 3: Total de Instituições Bancárias, de Micro finanças e Não Bancárias, pg. 18

Número de Agências, Agentes,


Número de instituições Delegações e Balcões
2016 2017 Var(%)
2016 2017 Var. (%)

1.Serviços bancários
Bancos 19 19 0 646 659 2,0
Micro bancos 10 9 -10 25 27 8,0
Cooperativas de crédito 9 8 -11,1 9 8 -11,0
3. Serviço de micro
finanças
Organizações de 12 12 0 10 12 20
poupança e empréstimo
Operadores de micro 380 497 30,8 380 497 30,8
crédito
4. Serviços não
bancários
Instituições de moeda 3 3 0 25,754 29.602 14,9
electrónica
Instituições seguradoras 19 19 0 124 124 0
Operadores de bolsas 10 10 0 646 646 0

Fonte: RIF 2017


Tabela 3: Ilustração das respostas dos agentes questionados, pg. 35

Questão Resposta Ponderação


Em que operadora opera na actividade de Vodacom
dinheiro móvel? 92%
Mcel 0%
Movitel 8%
Os residentes do bairro têm aderido com Sim
muita frequência os serviços financeiros 77%
móveis? Não
23%
Se não quais os motivos que levam a não Não confiam 13%
aderência dos mesmos? Não sabem usar 67%
Preferem usar serviços bancários
formais 0%
Preferem guardar dinheiro em casa
20%

Os que aderem, qual é a faixa etária?Adolescentes 7%


Jovens 8 46%
Adultos 47%
Idosos 0%
Quem são as pessoas que procuram por Estudantes
39
esses serviços?
Trabalhadores 54%
Comerciantes 7%
Quais são as transacções mais Depósitos 32%
solicitadas? Levantamentos 62%
Pagamentos de bens e serviços
6%
Transferências domésticas 0%
Qual é a frequência da procura? Diário 92%
Semanal 8%
Mensal 0%
Quantos clientes recebem por dia? 0–30 23%
30–60 36%
60–90 41%
Acha que esses serviços têm um Tem ajudado significativamente
contributo na inclusão financeira na 92%
localidade de Massaca? Nem tanto
8%
Se sim, de que maneira tem ajudado? Na movimentação do dinheiro 46%
Na poupança
23%
Facilidade de aquisição dos serviços
básicos 31%
A quanto tempo é agente? A menos de 1 ano 23%
1 a 2 anos 17%
A mais de 2 anos 60%
De acordo com o tempo de actuação Sim
nesta área, tem notado algum aumento na Não 80%
procura por esses serviços? 20%
Ser agente tem algum benefício para si? Sim 100%
Não 0%
Se sim, quais. Fonte de renda 31%
Seu sustento e da sua família 54%
Concretização dos seus projectos de
vida 15%

Adaptado pelo autor


INQUÉRITO AOS RESIDENTES DE MASSACA

Meu nome é Sheila Cossa, estudante Universitária da Universidade Pedagógica no


curso de Gestão do comércio com habilitações em Gestão Financeira estou aqui para lhe
fazer algumas perguntas sobre o contributo de serviços financeiros móveis na inclusão
financeira em Moçambique. Esta entrevista é de carácter voluntaria e as respostas que
for a dar serão confidências.

1. Identificação
1.1. Nome do inquerido …………………………………………………………
1.2. Idade do inquirido..………… Sexo: M…… F…… Estado Civil………….
1.3. Grau de Escolaridade………………… Ocupação……………………………
1.4. Total dos Agregados Familiares……………

QUESTÕES
2. Tem conta bancária em uso. Sim (……), Não (……)
3. Se sim qual é o Banco?
MBim (…...)
BCI (……)
Barclays (……)
Standards Bank (……)
Outros (…....)

4. Se tiver qual é a frequência do uso?


Por Semana (…..)
Por duas Semana (…..)
Por Mês (….)
Por trimestre (….)
Por Semestre (…..)
Por Ano (…..)

5. Para que fim usa a conta bancária? ……………………………………


6. Tem um banco próximo a sua residência? Sim (….), Não (……)
6.1.Se sim qual a distancia a pé até ao Banco?
10 a 20 Min. (…..)
20 a 30 Min. (…..)
30 a 45 Min. (…..)
1 h e Mais. (…..)

1.1. Se não, usa um serviço alternativo para Movimentar dinheiro? Sim (…), Não
(…)
1.2. Se sim qual?
M-Pesa (….)
Emola (….)
Mkesh (….)
Conta Móvel (….)

2. Os serviços têm sido úteis na movimentação do seu valor?


Sim (….)
Não (….)
Talvez (….)
Não sabe (….)

2.1. De que forma é útil?


2.2. Fácil acesso (….)
2.3. Fácil manuseio (….)
2.4. Bom para poupança (….)

3. Se sente confortável no uso desse serviço?


Sim (….)
Não (….)

Se não, por que?.................................................................................


INQUÉRITO AOS AGENTES DE SERVIÇOS FINANCEIROS MÓVEIS

Meu nome é Sheila Cossa, sou estudante Universitária da Universidade Pedagógica no


curso de Gestão do comércio com habilitações em Gestão Financeira estou aqui para lhe
fazer algumas perguntas sobre o contributo de serviços financeiros móveis na inclusão
financeira em Moçambique. Esta entrevista é de carácter voluntaria e a resposta que for
a dar será confidências.

1. Identificação
1.1. Idade do Agente………… Sexo: M…… F…… Estado Civil………….
1.2. Grau de Escolaridade………………… Ocupação……………………………

2. Questões
2.1. Os residentes do bairro têm aderido com muita frequência os serviços financeiros
móveis)?
Sim (….)
Não (…..)
Pouco (…..)
Muito (…..)

2.2 Se não, quais os motivos que levam a não aderência dos mesmos?
Não confiam nesses serviços (…..)
Não sabem usar (…..)
Preferem usar os serviços bancários (…..)
Preferem guardar dinheiro em casa (…..)

2.1. Se sim, qual é a faixa etária que mais adere a esses serviços?
Adolescente (….)
Jovens (….)
Adultos (….)
Idosos (….)
2.2. Quais são as transacções mais solicitadas?
Depósitos (….)
Levantamentos (….)
Pagamentos de bens e serviços (….)
Transferências domésticas (….)

2.3. Quem são as pessoas que procuram por esses serviços?


Trabalhadores (….)
Comerciantes (….)
Estudantes (….)
Outros (….)

3. Qual a frequência da procura dos serviços?


Diário (…..)
Semanal (…..)
Mensal (…..)

4. Acha que esses serviços têm um contributo na inclusão financeira do povo da


Massaca?
Sim (…..)
Não (…..)
Nem tanto (…..)
Tem ajudado significativamente (…..)

6. De que maneira tem ajudado?


Na movimentação do dinheiro (…..)
Na poupança (…..)
Facilidade de aquisição dos serviços básicos (…..)
7. A quanto tempo presta esses serviços?.......................................................................
8. De acordo com o tempo de actuação nessa área, tem notado alguma evolução ou
aumento na procura por esses serviços? ………………………………………………..

9.Os usuários confiam nesses serviços? Sim…………………..


Não……………………..
Questionário dirigido ao Banco de Moçambique

O presente questionário visa trazer respostas no que diz respeito as condições para se
instalar um banco numa determinada área, isso para permitir responder algumas
questões relacionadas ao trabalho de pesquisa subordinado ao tema: Contributo dos
serviços financeiros moveis na inclusão financeira em Moçambique, onde o mesmo
vai permitir a obtenção do grau de licenciatura na universidade Pedagógica.

1.Quais são os critérios que são levados em consideração para a fixação de uma agência
bancária numa determinada região?

2.Qual deve ser o raio de abrangência de um banco para uma determinada


comunidade/população?

3.Visto que o principal objectivo do projecto um distrito um banco é de incluir


financeiramente a população desprovida de serviços financeiros. Desde a sua
implementação, tem se verificado alguma eficiência do projecto?

4.Quais são as barreiras para a falta de acesso aos serviços financeiros formais nas áreas
rurais?

5.Qual é avaliação que faz em relação ao nível de bancarização da população do distrito


de Boane no período de 2015 a 2018?

6.Ate que ponto o uso dos serviços financeiros detidos pelas operadoras de telefonia
moveis contribui para a inclusão financeira em Moçambique?

7.Na visão do BM quais são as acções a serem tomadas para que haja uma inclusão
financeira plena?
Apêndices

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