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NossoDeus-Pag 1a50

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COMO SER UM BOM
TEÓLOGO?

Os dois tipos de teólogos 

Q uem entra em contato com o estudo teológico logo percebe que


ele se trata de uma ciência, mas é bom entender, como dizia
Guilherme de Ockham, que a teologia não pode ser chamada de
ciência, visto que seus argumentos não se fundamentam em proposições
racionais e sim por meio da fé, nesse particular ela é ciência apenas no
sentido de um saber adquirido pela leitura e meditação da Palavra de Deus
(Js 1.8; Sl 1.2; 119.18). 
Falando do ensino teológico como ciência faremos a citação de dois
renomados teólogos, o primeiro é Charles Hodge1, o qual diz: 

Se, pois, a teologia é uma ciência, então ela deve incluir algo
mais do que o mero conhecimento de fatos. Deve abranger
uma exibição da relação interna desses fatos, um com o
outro, e cada um com um todo. Deve ser capaz de
demonstrar que, se um for admitido, os outros não podem
ser negados.  

Com tais palavras compreendemos que a ciência, a qual é caracterizada por


dois aspectos: fatos e mentes. Falando dos fatos históricos, quando
analisados pelo prisma cronológico, eles servem como sinais, ou seja, toda e
qualquer matéria como história, física, química têm seus fatos, é por isso que
um astrônomo, por exemplo, pode até predizer a posição dos corpos celestes
por muito tempo; o químico pode a rmar com veracidade o efeito de
determinada composição física.

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Trazendo tudo isso para o campo da teologia, assim como os estudiosos da
história, astrônoma, química, física, dentre outras ciências, encontram na
natureza tais fatos e através deles podem analisar as leias por meio das quais
são determinados, o teólogo, semelhantemente, de posse do conhecimento,
em especial de suas verdades, ele pode organizar e rati car e relacionar o
natural com outras questões, por exemplo, uma análise do Salmo 19 é
singular nesse sentido. 
O outro teólogo que iremos citar é R. C. Sproul, em sua obra: Somos Todos
teólogos2, a qual fala da teologia como ciência ele declara que: 

Teologia é uma ciência. Muitos discordam veementemente e


a ram que há um grande abismo entre ciência e teologia. A
ciência, eles dizem, é aquilo que aprendemos por meio de
inquirição e investigação empírica, enquanto a teologia brota
de pessoas in amadas por emoções religiosas.
Historicamente, porém, a teologia sistemática tem sido
entendida como ciência.  

Pelo exposto acima, ainda a luta continua, porém, cremos que a teologia
pode gurar como ciência no seu aspecto em que se classi ca como um
estudo sério e cuidadoso das páginas das Sagradas Escrituras, em especial da
questão de relacionar os fatos visíveis com aquilo que o próprio texto expõe.
Proceder assim é relevante para que a gura dos dois tipos de teólogos
venha surgir: 

a. O natural. Todos nós somos teólogos, pois meditamos na


Palavra de Deus, conhecemos algo sobre Ele. O teólogo natural
é livre, seus estudos não partem de uma pesquisa exaustiva,
técnica.

b. O cientista. É aquele que estuda, compra livros sobre teologia,


faz um curso na área teológica, seu saber não é assistemático,

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livre, mas fundamenta-se na pesquisa, é feito de modo analítico,
meticuloso.

Qualquer pessoa pode ser teólogo nesses dois sentidos, mas alguém poderia
perguntar: mas como ser um bom teólogo? Esse é o grande problema, pois
eu posso ser um teólogo livre, bom ou ruim, como posso também ser um
teólogo formado, bom ou ruim.
Para responder a essa pergunta, quanto à questão do bom teólogo, posso
dizer que o bom teólogo é aquele que tem no coração o temor de Deus, que
se aproxima Dele com total reverência, que sabe tirar as sandálias dos seus
pés, são esses teólogos que podem ter mais conhecimento de Deus, porque
amam de fato a Palavra do Senhor (Êx 3.5; Pv 1.7. Sl 119.99).
Portanto, quem deseja ser um bom teólogo precisa render-se diante da
Palavra de Deus, pois nela Deus concedeu ao homem o registro de suas
revelações, que se deu das mais diversas formas (Hb 1.1). Richard J. Sturz3
está certo quando diz:

Cabe ao teólogo ouvir o que Deus disse, e, além disso,


transmitir a mensagem divina que lhe foi dada na Bíblia.
Ora, reconhecendo que a Bíblia foi inspirada por Deus, o
teólogo precisa também reconhecer a autoridade máxima
dela em relação à fé que ele transmitirá aos seus alunos e
leitores.

A teologia como um estudo racional

Aurélio de ne teologia como sendo o estudo racional dos textos sagrados,


das tradições e dogmas do cristianismo, estudo das questões referentes ao
conhecimento das divindades, de seus atributos e relações com o mundo e
com os homens. No Dicionário de Teologia a de nição que se tem é esta:

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Sistema de crença religiosa acerca de Deus ou da realidade
suprema. Geralmente a teologia se refere à fé cristã e à
experiência de Deus com base na autorrevelação divina. A
teologia também busca aplicar essas verdades à experiência
ao pensamento humano como um todo.4

Observe que nessa de nição os autores não se prendem apenas na de nição


em si da palavra, mas evidencia que ela é também uma expressão de fé que
se constata na experiência cristã que resulta da revelação da Palavra.
Segundo o teólogo Charles Ryrie, teologia pode ser entendida como um ato
de se pensar sobre Deus e expressar esse pensamento de alguma maneira,
quer seja pela vida ou atitudes. Através dessa de nição de Charles podemos
concluir que qualquer pessoa pode ser teóloga, pois muitas pensam sobre
Deus: o católico, o ateu, os umbandistas etc.
Todo cristão verdadeiro deve ser consciente que Deus nos deu uma mente,
uma razão, sendo assim, não podemos estudar a Bíblia somente
espiritualizando, mas é preciso também atentar para o nosso lado pensante,
racional. Paulo diz que devemos orar com o Espírito, mas também com a
mente (1 Co 14.15). Ele disse que até nosso culto não pode ser irracional,
mas racional (Rm 12.1).
No que tange ao quesito entre fé e razão é importante analisar as palavras de
Boaventura de Bagnoregio5, ele dizia:

A razão é subordinada à fé, a loso a à teologia. Mesmo sem


a fé, a razão poderia conhecer as verdades mais importantes
da ordem natural. Mas, de fato, historicamente, a razão
sozinha jamais chegou a descobrir a verdade sobre Deus e a
alma. Ela só pode conseguir guiada pela fé.

Por meio da razão o homem tem a capacidade de perceber, julgar, avaliar,


são seus poderes cognitivos, ora, se Deus concedeu tal capacidade ao

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homem, o que não pode é ele con ar nela, ou seja, tê-la como um
instrumento capaz de resolver todos os seus problemas. Sabe-se que durante
a existência humana, dando crédito demasiado à razão surgiu o
racionalismo panteísta, ateísta e teísta. Como um dom de Deus, podemos
dizer que a razão coloca o homem nas seguintes condições:

a. Ele pode por meio dela ter acesso à verdade.

b. Saber se algo é verdadeiro ou não.

c. Julga a apresentação de alguma coisa.

d. A razão organiza as coisas.

Estudar sobre Deus é algo que deve ser feito com fé, mas também com a
mente, note que o salmista falou que devemos olhar para a criação com a
nossa razão, e glori car ao Deus criador por tudo o que Ele fez (Sl 19.1.1-4).
Assim como fé as obras devem andar juntas, fé e razão não podem separar-
se, especialmente no que tange ao estudo da Palavra de Deus. Pedro disse
que nós temos que estar preparados para responder com mansidão os que
pedirem “razão” da nossa fé (1 Pe 3.15).

Como pensar sobre Deus?

Por causa do pecado o homem passou a pensar errado sobre Deus, isso está
provado na própria Bíblia (Rm 1.18-32). O teólogo A. B Langston6 nesse
particular pontua com precisão, quando esclarece que os poderes mentais do
homem, tudo foi corrompido pelo pecado:

Os pensamentos, os desejos, a vontade, tudo se tornou


corrompido. O homem arruinou o poder de direção própria,
perdeu aquela comunhão íntima que tinha com Deus. Já não
sentia a presença de Deus consigo. Finalmente, todas as
tendências da sua personalidade tornaram-se para o pecado.
O homem tornou-se carnal.

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O apóstolo Paulo diz que para pensar de modo correto o homem precisa ter
sua mente transformada (Rm 12.1, 2), isto é, ele recebe uma nova mente,
que é a de Cristo (1 Co 2.16). Para pensar correto sobre Deus é preciso uma
transformação do alto, um nascer de novo, uma ação de cima (Jo 3.3).
Sabemos que o verdadeiro cristão sempre está pensando sobre Deus, suas
obras, seu divino poder, mas às vezes o que lhe falta é uma sistematização
desse pensar, por isso ele precisa estudar teologia para colocar tudo em boa
ordem.
Jamais devemos estudar teologia pensando em ter um espírito de crítica, que
é totalmente diferente de alguém que tem espírito crítico. Quem possui o
Espírito crítico é um homem amadurecido que busca com verdade e
sinceridade a virtude da mente.
O Espírito crítico busca o progresso, procura tranquilizar uma razão
exigente, deseja sair da ignorância.7 Já o Espírito de crítica é aquele que
busca a contradição, a desorganização mental, conduz à inquietação de
muitos, conduz ao ceticismo; é algo que nasce do nada e que conduz ao
nada.
Existem pessoas que procuram estudar a Bíblia com o espírito crítico, na
busca por um conhecimento, crescimento espiritual; já outros buscam ter
um conhecimento teológico apenas para criar confusão, desestruturar a fé
de alguns, perturbar a ordem mental, não é com esse propósito que devemos
estudar teologia, pois conhecimento que incha, que não desperta para o
bem, para a salvação, jamais deve ser aceito (1 Co 8.1).
Para se pensar corretamente sobre Deus é preciso ter a mente transformada
(Rm 12.1.2), desse modo iremos pensar do jeito certo (Fp 4.8), pois
conforme disse Paulo, agora nós passamos a ter a mente de Cristo (1 Co
2.16). Tiago falou de dois tipos de sabedoria: uma terrena, diabólica; a outra
é puramente divina, que pode nos levar ao verdadeiro crescimento espiritual
(Tg 3.13-17).

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Uma pessoa que tem um pensamento correto sobre Deus, pensamento este
que é oriundo da meditação na Palavra e obras de Deus, fará com que ele
expresse sua teologia de modo correto e com atitudes certas, não será
irreverente, descuidado, pois sabe que o seu Deus é el, e que brevemente
estará diante de sua presença para prestar contas com Ele.
Quem não tem conhecimento disso não levará a sério suas ações, sua vida
será descomprometida com a verdade, sinceridade, a salvação, pois a sua
mente não se abre para as coisas de Deus, ele não pensa correto sobre ele, é
para esse tipo de pessoas que o salmista dizia, “Diz o louco: não há Deus” (Sl
14.1; Gn 6.11; Rm 3.10).
Então, diante de tudo o que acabamos mencionar acima, podemos ver que
existem teólogos que seguem uma linha de interpretação dominada por uma
mente mundana, são ignorantes e, conforme falou o apóstolo Paulo, eles não
podem entender o que é espiritual, e teologia é mais do que um amontoado
de letras, no seu teor está aquilo que é espiritual. A espiritualidade na
teologia poderá vir de duas fontes:

a. Deus (2 Tm 3.16).

b. Diabo (1 Tm 4.1-4)

Muitos estudiosos da área teológica procuram apresentar as verdades


bíblicas de modo bem complicado, usam termos e palavras que são quase
desconhecidas da maioria dos leitores da Palavra de Deus.
Podemos dizer que as verdades de Deus não nos foram apresentadas de
maneira difícil, complicada, até mesmo o hebraico e o grego são idiomas
fáceis de serem compreendidos, portanto, basta uma lida nas palavras do
maior teólogo de todos os tempos, Jesus, que logo veremos sua simplicidade
em nos trazer as verdades de Deus, pois seus ensinos não buscam criar um
espírito de crítica nas pessoas, mas tinha como alvo maior despertar as
consciências mortas para Deus (Jo 8.32).

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A verdadeira teologia não procura apenas criar um ambiente de crítica,
confusão, mas busca levar o cristão a um verdadeiro crescimento espiritual,
a pensar corretamente sobre Deus, por isso todo o seu conteúdo deve estar
alicerçado nas páginas áureas das Escrituras sagradas.
A fonte onde o teólogo deve buscar o seu conhecimento é a Palavra de Deus,
visto que Ela é pura e, como disse Paulo: Ela é útil para tudo e é saudável (2
Tm 3.16-17; 4.3; Tt 1.9). Só mesmo a Santa palavra de Deus pode criar um
santo teólogo, pois o conteúdo da Bíblia é capaz de desenvolver no homem
uma consciência perfeita, desse modo ele poderá ter uma vida segundo o
querer de Deus, pois seus ensinamentos denunciam isso.
Quem cresce no conhecimento bíblico, sempre buscando por meio da
oração entender os “mistérios de Deus”, será capaz de viver como Deus
deseja (Fp 1.9-11; Cl 1.9,10; 2 Pe 3.18).

O ensino teológico como benção

O ensino teológico só é uma benção na vida do cristão quando ele produz


resultado, isto é, quando o leva não somente a pensar sobre Deus, mas
colocar em prática os seus ensinos, expressando um viver santo, produzindo
frutos para a glória de Deus. Paulo louvou a Deus pela vida da igreja de
Tessalônica porque ela tinha recebido o Evangelho, e tinha dado prova disso
por meio do seu viver (1 Ts. 5.1-10).
Você pode ser um teólogo cheio de erudição, conhecer muitas obras, ter
conhecimento das línguas originais, tudo isso é bom, mas isso não faz de
você um verdadeiro teólogo. Nas palavras de Paulo o que vale a pena é ter na
vida a essência da Palavra de Deus, expressar a mesma através de um viver
frutescentes, por isso ele orava para que a igreja de Filipos pudesse ser assim
(Fp 1.9-11).
Na obra de J. B Libanio e Afonso Murad, abordando sobre a questão do
saber teológico ambos pontuam:

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O saber teológico tem de levar em contas suas implicações
políticas e manter vigilância epistemológica diante das
suspeitas ideológicas. Outro elemento nessa crise da verdade
é levantado pela relação entre a questão da verdade e a da
justiça. Ambas são mutuamente relacionadas. O interesse
pela justiça estritamente universal pertencente às premissas
da busca da verdade. O conhecimento da verdade tem
fundamento prático.

Além de ser um saber teórico, a teologia busca sua realização no aspecto


prático, o que podemos dizer que ela se relaciona com a teoria e a prática.
Teologia para ser de fato teologia envolve o lado prático, e a prática precisa
da luz da teologia. Cl. Bo está certo quando formulou muito bem o
problema da práxis como critério da verdade, desvendando os equívocos e
explicitando o duplo movimento da teologia à prática e da práxis à teologia.
No primeiro movimento, uma teologia necessita da credibilidade da práxis
do teólogo. E no segundo, a práxis necessita da luz da teologia (J. B. Libanio,
Afonso Murad. 1996. p.156)
Qualquer obra e teologia poderá lhe dar muitas informações históricas,
losó cas, mas só quem pode fazer de você um perfeito servo de Deus e um
teólogo puro é a Santa Palavra de Deus.
Um grande teólogo não é conhecido apenas por sua erudição, produção
literária, mas sim pelos frutos que produz, pois, como disse Jesus: Por seus
frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou gos
dos abrolhos? (Mt 7:16). Um teólogo bíblico procura não ser reconhecido,
mas fazer conhecido o nome de Cristo Jesus.

1 HODGE, Charles, Teologia Sistemática, São Paulo, Hagnos, 2001, p.1,


2 SPROUL R. C. Somos todos teólogos: uma introdução à teologia sistemática. São José dos
Campos, SP: Fiel, 2017. p.24.
3 STURZ, Richard J Teologia sistemática, São Paulo: Vida Nova, 2012.

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4 Dicionário de teologia: mais de 300 conceitos de Teologia e De nidos de Forma Clara e Concisa.
Vida: 2001.
5 MONDIN, Battista. São Paulo: Edições Paulinas, 1981.p. 188
6 Lan-Esb Langoston, A B. Esboço de Teologia Sistemática, Rio de Janeiro: JUERP, 1986.
7 Álvaro, João Ruiz, Metodologia Cientí ca: Guia para e ciência nos estudos, Editora Atlas, 1990, 2
Edição, São Paulo,

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PROLEGÔMENOS TEOLÓGICO

Prolegômenos e teologia

A palavra prolegômenos do grego quer dizer prefácio, muitas teologias


começam suas páginas introdutórias com ela. Essa palavra procura expressar
os princípios de uma ciência ou arte, também aponta os pontos principais de
uma obra de um autor, seria na verdade uma introdução expondo os pontos
e subpontos do trabalho do escritor, buscando ajudar os leitores a conhecer
melhor as ideias e como procura esclarecer melhor o seu pensamento
teológico. O teólogo Richard J. Sthrz de ne prolegômenos da seguinte
maneira:

São as primeiras palavras. Na realidade, são as palavras,


conceitos e parâmetros que precisam ser compreendidos
antes de iniciarmos qualquer discussão. Começar
diretamente pela teologia é o mesmo que entrar em terra de
ninguém, onde não há como recorrer a qualquer recurso
para remediar erros cometidos. As conclusões alcançadas
estariam fundamentadas em premissas obscuras cujas
amplas in uências não poderiam ser nem compreendidas
nem avaliadas.

Por meio dos prolegômenos entendemos que ca fácil para o iniciante


começar do básico, ou seja, nadar na beira da praia para poder nadar em
águas profundas. A princípio, o que podemos dizer é que para uma
compreensão lúcida dos assuntos teológicos mister se faz partir de pontos
abordados na teologia, é isso que se percebe nos prolegômenos, em que cada
ponto ou subponto da teologia procura apresentar.

A teologia

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A palavra teologia vem do grego, ela expressa não apenas um estudo sobre
Deus, mas procura fazer isso de modo que envolva a fé e a razão (Mc 12.30).
eos quer dizer Deus, lógica que diz estudo; assim, podemos dizer que
Teologia é um estudo sobre a pessoa de Deus, envolvendo o lado racional (Sl
19.1-3). Nas palavras do teólogo R. C Sproul8 a teologia é de nida da
seguinte maneira:

A palavra teologia compartilha de um su xo - logia, como


ocorre na designação de muitas disciplinas e ciências, tais
como biologia, siologia e antropologia. O su xo vem da
palavra grega logos, que achamos no começo do Evangelho
de João: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com
Deus, e a Palavra era Deus” (Jo 1.1). O vocábulo grego lógos
signi ca “palavra” ou ideia, ou, como um lósofo a traduziu,
“lógica” (é também desta palavra que obtemos a nossa
palavra lógica). Portanto, quando estudamos biologia,
estamos considerando a palavra ou a lógica da vida.
Antropologia é a palavra ou a lógica sobre os humanos,
sendo antropos a palavra grega que signi ca homem. A
primeira parte da Palavra teologia vem do vocábulo grego
theos, que signi ca “deus”. Portanto, a teologia é a palavra ou
a lógica sobre Deus mesmo.

Interessante que nessa propositura apresentada por Sproul há uma


interpretação do logos com theos, de modo que ele deixa claro que na
de nição da teologia ela pode ser entendida como um estudo lógico sobre
Deus.
Os que se dedicam ao estudo teológico devem entender que isso deve ser
feito de modo racional, mental, inteligível, e não apenas mitológico,
emocional (Jo 4.22). Também precisamos estudar teologia de maneira
sistemática, buscando uniformização nas ideias. Isso deve ser feito por meio
das explicações vindas da hermenêutica e exegese, e, por último, tudo deve

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estar pautado na Palavra de Deus, pois é Ela que nos dá elementos
su cientes para compreender realmente a pessoa de Deus (2 Tm 3.16; Hb
4.12).
Seguindo as exposições das várias áreas da teologia
Quem entra em contato com o estudo teológico logo verá que ele não se
trata apenas de uma matéria em si, mas envolve muitas outras áreas de
conhecimento, inclusive a questão do tempo, pois temos teologia Patrística,
Medieval, Reformada, Contemporânea.
Para uma compreensão melhor sobre as várias áreas da teologia vamos
tomar de empréstimo as palavras do teólogo M. James Sawyer, atente para
sua colocação sobre esse assunto:

O termo “teologia” é amplo em sua abrangência. Em seu


emprego mais extenso, ele é aplicado a qualquer tópico que
esteja de alguma forma relacionado com Deus e com as
coisas divinas. Ouvimos falar da “teologia da educação
cristã”, da “teologia do ministério urbano” e até de uma
“teologia da arquitetura da Igreja”. Em cada caso, a disciplina
em questão tenta de algum modo aplicar os princípios das
Escrituras a áreas especí cas da vida. Num sentido formal,
referimo-nos a todas as áreas do estudo que dizem respeito
às Escrituras, sua interpretação e sua aplicação com domínio
dos estudos teológicos.

A teologia pode ser estudada atentando-se para as opiniões dos teólogos:


teologia barthiana, arminiana, calvinista, teologia da libertação. Essas
teologias são opiniões de homens que devem ser analisadas pelo estudante,
atentando para a Palavra de Deus. Por m, pode-se estudar teologia
observando a sua ênfase, que é aquela que envolve o aspecto histórico,
sistemático, apologético, exegético etc.

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Quando um estudante de teologia entra em contato com a história
eclesiástica, irá entender a importância da “teologia histórica”, pois
compreenderá o empenho dos primeiros servos de Deus em manter sempre
em primeiro lugar a Palavra de Deus em evidência. Os Concílios, e muitos
outros servos de Deus, lutaram para fazer a separação entre aquilo que era
verdadeiro e aquilo que era falso.
A verdadeira teologia deve ser totalmente bíblica, jamais ela pode ser
losó ca, nem apenas ter aparência de ser bíblica, mas precisa ser
verdadeiramente estruturada, fundamentada na Palavra de Deus (2 Pe 1.21;
3.18). Quando se fala que a teologia deve ser bíblica, ela tem que ser
alicerçada na exegese bíblica, para não se respaldar em meras especulações,
ideias próprias dos homens.
Falar sobre teologia bíblica é dizer que tudo se volta para o que está inserido
e revelado na Palavra de Deus, portanto, estudar uma teologia bíblica é
apresentar a verdade de maneira sistemática, buscando sempre apresentar o
contexto histórico, geográ co onde ocorreu a revelação. Novamente vamos
usar M. James9, veja o que ele diz:

Em vista de nossos propósitos, presumimos que as


disciplinas teológicas formais (teologia bíblica, teologia
histórica e teologia sistemática), constroem sobre o
fundamento lançado pelas disciplinas dos idiomas bíblicos,
contextos, arqueologia e exegese. O processo teológico
começa com a teologia bíblica, que sintetiza os resultados
mais amplos do processo exegético num todo coerente. O
passo seguinte no processo, de uma perspectiva lógica, é a
teologia histórica, que envolve o estudo do desenvolvimento
da compreensão teológica ao longo da história da Igreja. O
último estágio do processo é a teologia sistemática, que
sintetiza os resultados de todo o processo num todo coerente

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e contextualiza a verdade de Deus na língua, categoria e
formas de pensamentos compreensíveis contemporâneos.

A teologia bíblica atenta para os motivos pelo qual determinado texto foi
escrito, procura conhecer a vida de cada autor, a quem se dirigiu o livro. Por
último, quem se detém ao estudo da teologia bíblica sistemática, deve saber
que ela tem o seu lado progressivo, por isso as revelações não foram
concedidas todas em uma só vez, mas que envolveu muitas outras questões:
tempo, diversas pessoas, lugares diferentes, culturas diferentes. Só que hoje o
que está na Bíblia já foi concluído.
Vamos encerrar esse ponto dizendo o seguinte: a teologia deve ser bíblica,
sua fonte não pode ser outra coisa senão a Palavra viva de Deus. Um
estudante de teologia pode buscar outras fontes de estudos, mas a que pode
realmente gerar uma doutrina sadia e verdadeira é a Bíblia Sagrada.
A teologia sistemática procura mostrar de modo organizado às revelações de
Deus contidas na Bíblia, jamais ela deve procurar desfazer das verdades
escriturística, pois ninguém tem essa autoridade, nem mesmo os anjos ou
qualquer outro obreiro (Gl 1.8).

8 SPROUL, R. C. Somos todos teólogos: uma introdução à teologia sistemática, São José dos Campos,
São Paulo: Fiel, 2017. p. 16.
9 SAWYER, M. James, Uma Introdução à Teologia: das questões preliminares, da vocação e do labor
teológico, São Paulo: Editora Vida, 2009.p. 222.

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FUNDAMENTOS DA TEOLOGIA

O que é fundamento?

F undamento trata-se de base, alicerce, segundo Paulo, o fundamento


da Igreja é Jesus Cristo, visto como a pedra (Ef 2.20). Do grego a
palavra fundamento é themeleon, fala de assentado como
fundamento, fundamento de uma construção, parede, cidade,
metaforicamente fala de fundamentos, bases, princípios básicos de
instituição ou sistema de verdades.
Não existe teologia sem qualquer fundamento, seja ela certa ou errada, mas
é claro que existe algo em que determinada fé se alicerça. O ateísmo se
fundamenta em sua própria negação: “a a rmação de que não existe Deus”.
O ateu precisa crer nesse seu pressuposto, caso contrário sua negação não
seria verdadeira.
O agnóstico, quando a rma que o homem é incapaz de conhecer a Deus
também precisa ter base sólida para fazer essa a rmação; o teísta, quando
diz que Deus existe, faz isso baseado em algo, que é a sua fé. O fundamento
do cristão é a Palavra de Deus, através Dela ele rma a sua fé, sua crença em
Deus (Gn 1.1; Hb 11.6).
Charles Ryrie10 falando dos pressupostos básicos, ou seja, do fundamento
necessário para a Teologia pontua:

O teísta acredita que existe um Deus. Reúne evidências para


con rmar e apoiar essa crença, mas a base de tudo é sua fé.
O trinitariano acredita que Deus é uma trinidade. Sua fé está
baseada na Bíblia, portanto também acredita que a Bíblia é
verdade. Esses são os pressupostos fundamentais. Se a Bíblia
não é verdadeira, então o trinitarismo é falso, e Jesus Cristo

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não é quem a rma ser. Nada aprendemos sobre a Trindade
ou sobre Cristo apenas por meio da natureza ou com a
mente humana. Não podemos ter certeza de que aquilo que
aprendemos na Bíblia sobre o Deus triuno é verdade, a
menos que acreditemos que nossa fonte é digna de
con ança. Logo, a crença na veracidade da Bíblia é um
pressuposto básico.

Já falamos que a fonte da nossa teologia é a Bíblia, sendo assim, temos que
buscar a sua compreensão da melhor maneira possível, usando bem a
exegese e a hermenêutica, pois somente desse modo iremos construir bem a
nossa fé.
Não se começa uma estrutura espiritual estudando livros exaustivos de
teologias, pensamentos de renomados teólogos, pois sabemos,
historicamente, que os grandes estudiosos do passado se converteram com a
simples mensagem da Palavra do Senhor. Antes de fazer o prédio
precisamos primeiro dos alicerces, depois vêm os pequenos tijolos. Nossa fé
começa com as pequenas passagens dos textos bíblicos (Ef 2.20-22).
Não podemos negar a grande contribuição dos teólogos patrísticos e
medievais no campo teológico, mas também somos cônscios dos muitos
erros que ainda hoje afetam a nossa fé e que vieram de suas interpretações
complicadíssimas, por isso precisamos seguir o mesmo método de Jesus no
uso dos ensinos da Palavra de Deus: Ele fazia de maneira bem simples
usando as parábolas, dando exemplo de coisas que as pessoas faziam no seu
viver diário.
Nós temos em nossas Bíblias dois testamentos: O Velho e o Novo. O Velho
Testamento estava em processo de construção, era progressivo, apontava
para tudo o que iria acontecer. O Novo Testamento é fechado, o
complemento cabal, sendo assim, sua importância para a questão
doutrinária é mais relevante. O Velho Testamento seria como uma

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introdução para o Novo, pois no Novo Testamento nós temos o
complemento de tudo.
Como falamos acima, é importante que as nossas opiniões quanto à questão
da fé sejam provenientes das páginas áureas da Palavra de Deus. Os teólogos
neo-ortodoxos e liberais discordam disso, e procuram atacar os
conservadores, que buscam fundamentar tudo na Bíblia.
Quem sempre recorre às Escrituras Sagradas terá opiniões conservadoras.
Uma pessoa que sempre está atenta para as notas de rodapé de uma Bíblia
vai encontrar opiniões de determinados teólogos que confrontam a Palavra
de Deus, então perguntamos: Ficaremos com o renomado teólogo ou com a
Bíblia?
Nossas exposições teológicas, pareceres, tudo deve estar bem ligado e
fundamentado com a Palavra de Deus, o próprio Paulo falou que só
entregava aquilo que havia recebido do Senhor (1 Co 11.25). Não procure
inventar, criar coisas que estão fora do texto bíblico; seja el, pois Deus só
tem promessa para aqueles que são éis à sua Palavra profética (Ap 22.19).

A teologia sistemática e o exegeta

Primeiramente vamos começar de nindo o que seja teologia sistemática e


exegese, para isso faremos uso das palavras de Alister E. Mcgrath11, que no
tocante à teologia sistemática diz:

A expressão “teologia sistemática” veio a ser entendida como


a organização sistemática da teologia”. Mas o que signi ca a
expressão sistemática? Surgiram duas correntes principais
em relação ao signi cado desse termo. Conforme a primeira
corrente, o termo signi ca algo organizado com base em
interesses educacionais ou explicativos. Em outras palavras,
signi ca a preocupação fundamental de apresentar uma
visão clara e organizada dos principais temas da fé cristã,

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normalmente conforme o modelo do credo apostólico. De
acordo com a segunda corrente, o termo pode signi car algo
organizado com base em pressupostos metodológicos. Isto é,
as ideias losó cas acerca de como adquirir conhecimento
determinam a forma como o material está organizado. Essa
abordagem é especialmente relevante no período moderno,
no qual houve uma maior preocupação a respeito do método
teológico.

Note que nas palavras de Alister o que se percebe é que essa sistematização
se dá do ponto de vista da fé por meio do credo apostólico. Na segunda
conotação a de nição é mais metodológica, esclarecendo como tudo está
organizado.

A teologia exegética

Fazer essa distinção é bem simples, enquanto o exegeta busca o sentido


original do texto, procurando responder o que o autor original procurava
dizer lá atrás, nesse particular as palavras de Henry Clarence iessen (1999,
p.21) é oportuna, ele diz: A Teologia Exegética se ocupa diretamente do
estudo do Texto Sagrado e assuntos relacionados, tais como auxílio na
restauração, orientação, ilustração, e interpretação daquele texto. Inclui ela o
estudo das línguas da Bíblia, da Arqueologia Bíblica, Introdução Bíblica
(Geral e Especial), Hermenêutica Bíblica e Teologia Bíblica o teólogo busca
tão somente sistematiza a verdade revelada, ele apenas procura organizar os
assuntos que estão revelados na Bíblia. Quanto ao exegeta podemos
novamente recorrer ao teólogo Charles Ryrie, que diz:

Se nossa fonte é tão importante, então devemos nos


preocupar com a maneira como a encaramos e como a
utilizamos. Uma teologia correta baseia-se na exegese
correta. Os estudos exegéticos devem ser feitos antes de uma
sistematização teológica, assim como os tijolos precisam ser

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fabricados antes de serem usados na construção de um
prédio.

Um grande perigo encontrado na teologia sistemática, é que às vezes o


teólogo procura ir além daquilo que o texto revela, desse modo ele pode cair
no erro de acrescentar, interpretar coisas que jamais nos foram reveladas, e
quanto a esse assunto Moisés foi bem claro: “As coisas encobertas pertencem
ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos
lhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”. (Dt
29.29).
O teólogo jamais deve tentar ser ousado a ponto de querer criar uma
verdade que não existe no texto, frente a algo que está encoberto ele deve
permanecer calado, quieto, e não procurar fazer suas deduções lógicas, claro,
se tais deduções não ferem o texto, nem estão acima daquilo que está
implícito, então tudo bem!
Portanto, se você deseja ser um bom estudante de teologia, tenha em sua
mente os seguintes pontos:

a. Procure ser um homem de oração e fé, pois somente assim


entenderá realmente que as verdades de Deus estão reveladas em
sua Palavra. O ímpio jamais chegará a isto, por isso que ele
precisa ser iluminado pelo Espírito Santo (1 Co 2.10-16). A
verdadeira fé em Deus é que nos levará a nos rmar em muitos
assuntos bíblicos, até mesmo àqueles que não têm resposta, por
isso Jesus disse: Tendes fé em Deus (Mc 11.22).

b. Deve ter uma mente transformada. Em Romanos 12.2 Paulo fala


que já temos uma mente transformada. Em 1 Coríntios 2.16, ele
diz que nós temos a mente de Cristo, assim podemos melhor
entender o que é espiritual, como no caso da Palavra de Deus.
Só pode pensar no espiritual quem é espiritual. Uma exegese
para ser bem pensada, organizada, e ter os seus frutos

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espirituais, precisa partir de pessoas que pensam
espiritualmente. Esse pensar envolve os seguintes passos:
Pensar exegeticamente: signi ca entender o real sentido do
texto.

Pensar sistemicamente: signi ca encadear os fatos de


maneira ordeira.

Pensar criticamente: signi ca determinar as evidências


relacionadas.

Pensar sinteticamente: quer dizer abordar os assuntos


como um todo.

Mesmo quem é doutor em exegese jamais conseguirá responder todos os


assuntos bíblicos, inclusive aqueles que tratam sobre a soberania de Deus, o
dever do homem, assuntos que envolvem a origem do pecado, a queda dos
anjos, até que ponto o sacrifício de Cristo pode alcançar crianças que
morreram. Nos assuntos polêmicos devemos estar abertos para as
discussões, e não sermos fechados, nem adotarmos pontos de nitivos, e
aquilo que não sabemos deixemos com Deus.
Um bom e verdadeiro teólogo quem faz não são os livros, uma mente
arguta, mas tudo depende da ação do Espírito Santo de Deus (Jo 16.12-15).
O melhor currículo que tem é o Espírito Santo de Deus, Ele tem toda a
verdade de Deus e sabe como transmitir o que precisamos saber sobre
Cristo, coisa que nenhum teólogo possui.
Quem deseja desenvolver bem o seu conhecimento bíblico, seus estudos,
precisa deixar-se dominar pelo Espírito Santo, sabemos que qualquer
método de estudo é maravilhoso, mas será inútil se desprezarmos a pessoa
do Espírito Santo de Deus.
Hoje muitos teólogos estão apenas repetindo o que outros já disseram, em
suas aplicações não tem nenhuma ligação nova para transmitir, isso pelo

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fato de não fundamentar seus estudos nos métodos divinos, apenas na
indução ou dedução.
Por m, quero deixar claro o seguinte: nunca estude teologia apenas
pensando em ser um grande erudito, ou destacar-se como grande
acadêmico; precisamos ir mais além, olhando para o aspecto espiritual,
somente assim seremos impactados pelas verdades divinas, que nos libertará
do nosso egoísmo, da orgulhosa erudição.
O Estudo da Teologia deve nos dar prazer, provocar mudança em nossas
vidas, nos levar a uma verdadeira adoração a Deus, e glori car a Ele pela sua
sabedoria divina (Rm 11.33; 1 Tm 3.16). É a reverência para com a Palavra
de Deus que gera em nós o verdadeiro temor (Pv 1.7).

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10 RYRIE, Charles, Teologia Básica- Ao alcance de todos, São Paulo: Mundo Cristão, 2004, p. 21.
11 MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática histórica e losó ca: uma introdução à teologia cristã,
São Paulo: Publicações Shedd, 2005. p. 181.

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QUESTIONÁRIO MÓDULO 1

a. Diferencie os tipos de teólogos e, segundo as Sagradas


Escrituras, discorra sobre o que é necessário para ser um bom
teólogo?

b. Por qual motivo não podemos estudar a Bíblia somente espiritualizando? (1 Co 14.15)
(Rm 12.1)

c. O que entendemos por prolegômenos?

d. O que é Teologia? De que maneira deve ser feito os estudos teológicos, segundo Mc
12.30 e Sl 19.1-3?

e. O que entendemos por Teologia Sistemática?

f. De que se ocupa a Teologia Exegética?

g. Se alguém desejar ser um bom estudante de teologia, quais pontos que deve ter em
mente, biblicamente?

h. “Um bom e verdadeiro teólogo quem faz não são os livros”, discorra sobre essa
a rmativa tendo como base Jo 16.12-15.

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A AUTORIDADE DIVINA NO
ESTUDO TEOLÓGICO

O cristão deve ter consciência que ao entrar em contato com qualquer


ciência, inclusive a ciência teológica, tudo deve partir de uma
centralidade na autoridade da Palavra de Deus, pois Paulo disse que ela é
útil para tudo, por se tratar das Escrituras Sagradas, que foram sopradas por
Deus (2 Tm 3.15.16; 2 Pe 1.21.22; Hb 4.12). A Bíblia é um livro normativo
para nós, Ela tem essa autoridade porque foi soprada por Deus. No quesito
da autoridade teológica M. J. Sawyer12 diz:

A Bíblia permanece no coração do cristianismo como sua


fonte de nitiva e normativa de autoridade. A autoridade das
Escrituras é reconhecida pelos cristãos de todas as tradições.
Até o catolicismo, que no Concílio de Trento, em 1546,
estabeleci a tradição como fonte de autoridade idêntica à das
Escrituras, retornou no Concílio Vaticano II à antiga posição
de que a tradição interpreta as Escrituras, em vez de ser igual
e independente dela. Hoje, a Bíblia de ne o cristianismo e a
teologia cristã. McGrath observa de forma sucinta: “Embora
o teólogo possa sentir-se livre para explorar outras fontes de
interesse potencial, a doutrina é historicamente ligada às
Escrituras.

Os liberais

Nenhuma corrente losó ca ou pensamento teológico defendido por um


homem pode ser digno de aceitação no mesmo nível da Palavra de Deus,
visto que a Bíblia foi inspirada por Deus, ao passo que muitas interpretações
teológicas são apenas pensamentos expostos por homens.

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Devemos tomar todo o cuidado para não sermos individualistas,
particularistas, como foram os liberais, que tentaram olhar para a Palavra de
Deus de maneira subjetiva, deixando que cada pessoa entenda livremente o
processo da comunicação entre Deus e o homem. Antes de prosseguirmos
precisamos saber o que realmente era o liberalismo.

Movimento ocorrido nos círculos protestantes dos séculos


XIX e XX, baseado na suposição de que o cristianismo pode
ser conciliado com as aspirações humanas positivas, dentre
as quais a busca de autonomia. O liberalismo deseja adaptar
a religião ao pensamento e à cultura moderna.
Consequentemente, vê o amor divino como realizado-
básico, se não totalmente- no amor ao próximo, vendo o
Reino de Deus como uma realidade presente encontrada
sobretudo na sociedade transformada sob o aspecto ético.
Um dos teólogos liberais mais importantes foi Albrecht
Ritschl.

O posicionamento do liberalismo fez com que a questão da autoridade


divina casse a mercê da razão, claro que reconhecemos a razão como uma
benção de Deus para todos nós, por meio dela podemos chegar ao
conhecimento, entendimento, e sem razão não existe compreensão da
verdade, mas a razão que não deve ser aceita como autoridade, na questão
da Palavra de Deus, é aquela que é apresentada como dona da verdade, ou
até mesmo criadora dela. A Nossa razão deve estar sujeita à Palavra santa de
Deus, e precisamos entender que a razão humana é limitada, tem falhas, e
jamais pode ser autônoma. No liberalismo, existem três coisas que o
caracterizam:

a. A con ança na razão, que já explicamos acima.

b. A busca do sentimental. Pensamento que vem de


Schleiermacher (1768-1834), que confrontou o racionalismo. O

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sentimentalismo destacou a importância das experiências
religiosas, desse modo a autoridade da religião estaria rmada
nas experiências.

Para o teólogo suíço Karl Barth o apogeu do liberalismo se expressava na


pessoa de Schleiermacher, que fez com que a teologia se transpusesse para
uma interpretação apenas antropológica, vendo o homem como o ponto
central de tudo e, em se tratando de sentimentos, a psicologia não cou de
fora.

c. Por último, sabemos que o liberalismo colocou também a


consciência como sendo uma autoridade, se esquecendo de que
o nosso conhecimento é limitado e falho, através dela o homem
pode ter noções ideias, pode fazer julgamentos morais. Merece
destacarmos aqui a pessoa do lósofo Kant (1724-1804), ele é
considerado o iniciador desse tipo de pensamento.

O grande problema do liberalismo é o seu particularismo, seu subjetivismo,


pois coloca a Bíblia apenas como sendo um objeto produzido pela razão
humana. Por meio do seu julgamento racional, pela sua consciência, pelos
seus sentimentos, o homem pode expressar suas ideias sobre Deus, Homem,
Mundo. A Bíblia seria apenas um diário do homem, nele contém apenas as
ideias e experiências dos homens, suas crenças, essa interpretação não ver a
Bíblia como sendo a Palavra inspirada de Deus.

Neo-ortodoxia

Na busca pela autoridade teológica, três correntes de pensamentos precisam


ser bem entendidas, isso para que não gere no estudante de teologia
concepções erradas sobre as Escrituras, já mencionamos o liberalismo, que
se respalda na razão e nos sentimentos, falaremos agora sobre a neo-
ortodoxia e a ortodoxia. Vamos então começar de nindo a neo-ortodoxia:

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Movimento protestante do início do século XX (que contou
com a participação, entre outros, de Karl Barth, Emil
Brunner e Reinhold e H. Richard Niebuhr) nascido a partir
da percepção de que o liberalismo protestante tinha ajustado
o Evangelho à ciência e à cultura moderna de forma
ilegítima e no processo tinha perdido o realce clássico sobre
a Transcendência de Deus bem como sobre a Palavra. Nessa
situação, os pensadores da neo-ortodoxia promoveram um
retorno aos princípios fundamentais da teologia da Reforma
e da igreja primitiva (sobretudo com respeito à primazia das
Escrituras, à depravação humana e à obra de Deus em
Cristo) como base para a proclamação do Evangelho nos
seus dias, embora levando a sério a crítica do Iluminismo
contra a ortodoxia e rejeitando o Escolasticismo protestante.
Os teólogos neo-ortodoxos muitas vezes usavam uma
perspectiva dialética que buscava o entendimento teológico
justapondo formulações aparentemente contraditórias como
verdades paradoxais (e.g, o homem é caído de depravado,
mesmo assim é livre e responde diante de Deus).

A autoridade da neo-ortodoxia tem o seu ponto de vantagem, primeiro


porque ela procura deixar claro que Deus é quem inicia o processo da
revelação, contrariando desse modo o liberalismo. Muitos estudiosos fazem
confusão entre o liberalismo e a neo-ortodoxia, isto pelo fato da neo-
ortodoxia ensinar certo tipo de liberalismo bíblico.
Na neo-ortodoxia a autoridade não está na razão, sentimento, mas no verbo,
a Palavra de Deus revelada por meio de Cristo Jesus, Karl Barth. Deus se
revela ao homem através de Cristo, nesse caso os neo-ortodoxos creem que a
Bíblia tem a revelação de Deus para o homem, mas eles dizem que essa
Bíblia não tem autoridade absoluta, ela serve apenas como um conjunto de
instrumentos para o homem encontrar a Cristo, mas é falha.

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Neo-ortodoxia e barthianismo são a mesma coisa, o grande erro dessa
corrente é procurar revelar a perfeição de Deus na subjetividade humana,
onde o homem entra em uma crise de fé, é aí que Deus entra em contato
com ele surgindo à verdade absoluta.
Os neo-ortodoxos a rmam que a Bíblia, como instrumento que pode
provocar essa crise, gerando novas experiências, jamais deve ser tomada
como autoridade máxima, ela apenas apresenta o testemunho da Palavra,
mas ela é falha.

Os ortodoxos

Em prosseguimento daremos agora a de nição dos ortodoxos, nesse ponto o


objetivo é levar cada leitor a ter uma compreensão desses segmentos para
que possa melhor entender o assunto ora em pauta. Por ortodoxia se diz:

Literalmente “louvar correto” ou “crença correta” (tem


oposição à Heresia). Ser ortodoxo implica identi car-se de
forma sistemática com a crença e com a adoração da fé cristã
(na tradição católica, também com a própria igreja),
conforme o testemunho das Escrituras, dos Credos e da
Liturgia da Igreja. Às vezes o termo ortodoxo é usado em
sentido mais restrito, referindo-se à Ortodoxia oriental. Por
ortodoxia oriental o que se pode entender é o seguinte:

Rami cação do cristianismo comprometida com a


preservação das doutrinas formuladas pelos pais da Igreja
primitiva, conforme esboçado nos sete concílios ecumênicos
entre o século IV e o VIII. Embora concorde em alguns
pontos teológicos com o catolicismo romano e com o
Protestantismo (como na doutrina da Trindade), a ortodoxia
oriental apresenta pelo menos três características: 1)
Teologia Apofática, segundo a qual pelo fato de Deus está

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além do entendimento racional, o indivíduo só pode
conhecê-lo como uma visão de luz interior. 2) o
entendimento trinitário segundo o qual Espírito procede
apenas do Pai (conforme o teor original do Credo Niceno) e
3) a Salvação como processo de dei cação, isto é, de
participação da natureza divina.

Os ortodoxos podem ser de nidos como sendo aquelas pessoas éis no


cumprimento da doutrina, que sempre agem de acordo com ela, que são
intransigentes a tudo quanto é novo, que não aceitam novos princípios e
ideias em relação à Palavra de Deus.
Sabemos que, quando falamos sobre os ortodoxos, tal termo atualmente não
está fechado. Hoje temos os ortodoxos católicos, mas eles acreditam que a
autoridade deles vem da própria igreja, nesse caso a Bíblia está sujeita à
interpretação deles, o que envolve também suas tradições. Os católicos
entendem que a igreja e suas tradições devem ser interpretadas pelos
Concílios, deles virão às interpretações corretas para que os éis possam
colocar em prática e cumpri-los.
Nessa mesma linha de pensamento segue a igreja católica ortodoxa, mas veja
uma coisa interessante: o catolicismo não pauta sua autoridade no homem,
como fazem os liberais.
Concluiremos esse tópico falando sobre os ortodoxos conservadores
protestantes, eles são diferentes dos liberais e dos católicos. Quando nos
referimos aos conservadores protestantes, estamos apenas querendo dizer
que eles não são subjetivos nem liberais, a base de sua autoridade não é nem
a tradição nem a igreja, mas sim a Palavra de Deus.
Os conservadores acreditam na Bíblia como a revelação de Deus aos
homens, ele pode fundamentar-se nela, con nar nela, compreendê-la por
meio da razão, só que uma razão transformada pelo poder de Deus (Rm
12.2).

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Uma razão transformada, lapidada pelo Espírito Santo, fará com que o
homem se volte para Deus com um verdadeiro comprometimento, pois não
dependerá de suas interpretações próprias, nem colocará em descrédito o
que está escrito nas páginas da Bíblia, pois a sua fé é resultado de uma ação
direta do Espírito Santo, provocado pela pregação da santa Palavra de Deus
(Rm 10.17; Jo 16.6-8).
Quero dizer o seguinte: as lições da história, os credos, as tradições, as
experiências cristãs, tudo tem certa base de autoridade, só que eles são
falíveis, jamais devem ser comparados com a autoridade da Palavra de Deus,
somente Ela tem a orientação certa para o homem.
Quando a igreja deixa de buscar a autoridade da Palavra, seja para um
estudo teológico, um culto, um ritual, ou qualquer outra atividade,
compromete a verdadeira fé em Deus. Os apóstolos deixaram claro que não
iriam mudar nada, mas que viveriam e seguiram tudo de acordo com as
Escrituras (1 Co 11.23; Ef 2.20-22; Ap 22.19).

12 SAWYER, James M. Uma Introdução à teologia: das questões preliminares, da vocação e do labor
teológico, São Paulo: Editora Vida, 2009. p. 133.

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DOIS MOMENTOS HISTÓRICOS
DA TEOLOGIA

O momento da Teologia Alemã

H istoricamente, sabe-se que a teologia alemã, do século dezenove,


foi quem dominou, devido a isto, diversos teólogos ingleses
manifestaram temores no tocante à interpretação do texto
bíblico. Os americanos buscaram uma reformulação da teologia tradicional,
desejando combater a forte teologia alemã.
Alguém pode perguntar: mas o que tem de errado na teologia alemã? De
modo bem simples podemos responder essa pergunta: eles apenas
procuraram adaptar o teor bíblico para o homem moderno, pois entendiam
que o mundo da Bíblia estava bem distante do mundo do homem moderno.
Falando desse momento histórico podemos recorrer a Alister Mcgrath13, que
diz:

O protestantismo liberal é, sem dúvida alguma, um dos


momentos mais importantes que surgiram dentro do
pensamento cristão moderno. Suas origens são complexas.
No entanto, ca mais fácil compreendê-lo se consideramos
como seu ponto de partida a reação ao programa teológico
elaborado por F. D. E Schleiermacher, particularmente no
que diz respeito à sua ênfase sobre o sentimento humano e à
necessidade de relacionar a fé cristão à situação do ser
humano. O protestantismo liberal clássico surgiu na metade
do século XIX, na Alemanha, em meio à crescente percepção
de que a fé e a teologia cristã necessitavam, ambas, ser
revistas à luz do conhecimento moderno [...]. Desde o início,

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o movimento liberal se comprometeu a lançar pontes para
suprir a lacuna que havia entre a fé cristã e o conhecimento
moderno. Era necessário que o programa liberal
apresentasse um grau signi cativo de exibilidade em
relação à teologia cristã tradicional. Seus principais
escritores alegavam que essa renovação dogmática era
essencial, se o cristianismo tinha a pretensão de continuar
sendo uma opção intelectual viável em meio ao mundo
moderno. Por essa razão eles exigiram um certo grau de
liberdade, por um lado, quanto ao legado doutrinário do
cristianismo e, por outro lado, quanto aos tradicionais
métodos de interpretação bíblica.

Não parece nada de mais tentar adaptar as verdades da Bíblia para o povo de
sua época, nesse caminho andou os apóstolos, e o grande teólogo do terceiro
século, Orígenes. Mas é bom entender o seguinte: os apóstolos procuraram
falar do mesmo Evangelho apenas usando metodologia diferente para outras
pessoas, sem alterar o seu conteúdo, conforme fez Paulo. Fiz-me como fraco
para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para pôr
todos os meios chegar a salvar alguns. (1Co 9:22).
Os servos de Deus no passado procuravam levar a verdade divina
adaptando-a a cada situação dos seus ouvintes. Assim, os teólogos alemães
tiveram a intenção de romper com o abismo existente entre a Bíblia e o
homem moderno, daí buscaram adaptar essas verdades tornando-as
acessíveis à modernidade.
No século dezoito o que se dava ênfase demasiada era a con ança na razão
do homem, é bom lembrar que ainda no século 18 dezoito o pietismo seguia
esse caminho, pois dava-se ênfase ao homem e suas experiências. Entende-
se então que o iluminismo e o pietismo estavam a nados na questão de se
con ar no homem.

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A teologia alemã não vai ser diferente, ela toma o homem como o seu ponto
de partida para sua teologia, valorizando seus sentimentos, sua razão, sua
moral. Alguns teólogos alemães passaram a a rmar que a fé era fruto do
espírito humano, assim, deixou-se de lado a Palavra de Deus e a tônica
maior é o homem.
Já anteriormente falamos de Friedrich Schleiermacher (1768-183), ele deu
muita munição para a teologia do século dezenove, o que posteriormente
causará grande in uência, ele foi o mais destacado.
No pensar de Schleiermacher, a religião não estaria ligada a questão da
praticidade, ou seja, do fazer, conhecer, mas ela seria apenas intuitiva, um
desejo muito forte pelo eterno, in nito, um sentimento de dependência por
um ser absoluto, é nesse prisma que se diz que para ele a religião baseava-se
simplesmente nos sentimentos.
Tendo sua teologia baseada nos sentimentos, Schleiermacher confrontou as
especulações teológicas, moralismo e o racionalismo. Para entendermos
bem a dita teologia dos sentimentos, note que para esse teólogo alemão o
pecado não é entendido como nós entendemos, apenas consistia na falta da
consciência da dependência divina ou absoluta.
Para Schleiermacher nenhum homem mortal teria a capacidade de uma
consciência plena da dependência absoluta de modo constante, somente
Jesus tinha essa capacidade, razão pela qual ele era considerado perfeito. Ele
a rmava que o trabalho de Jesus estava presente na igreja, isto porque o os
seus sentimentos religiosos foram desenvolvidos.
Jesus Cristo salva os crentes pelos sentimentos religiosos, os quais estão
presentes ou embutidos no poder da sua consciência de Deus. Obras de
destaque desse teólogo foram veiculadas: Discurso sobre a Religião para os
desenhadores de cultos (1799), A fé cristã segundo os princípios da Igreja
Evangélica (1821). Nessas obras estão presentes seus pensamentos sobre a
teologia dos sentimentos.

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Teologia Racional

Essa teologia brotou da análise feita por um grupo de teólogos, que de modo
racional buscaram dar uma interpretação da existência da igreja. Eles diziam
que a igreja surgiu porque se apegou a um mestre do judaísmo denominado
de Jesus, o qual não era Deus, mas que os seus seguidores, especialmente
seus discípulos o tornaram Deus.
É bom lembrar que foi nesse tempo também, do século XIX que a Bíblia foi
totalmente marginalizada, na verdade, se fazia a leitura e estudo dela,
porém, sua leitura não era feita com o objetivo de se viver o que ela pregava,
mas para criticá-la. Sabemos que desde o momento do Iluminismo, a Bíblia
passou a ser lida não mais como Palavra de Deus, no seu aspecto dogmático,
mas tão somente como um documento qualquer, assim, claramente no
século XIX a Bíblia será analisada e estudada por homens anti-
sobrenaturais.
Foi nesse tempo que o Velho Testamento foi seriamente combatido,
sofrendo críticas severas, que dentre muitas coisas que começaram a criticar
a Bíblia, passaram a dizer que os livros de Moisés, o Pentateuco, jamais
foram escritos por Moisés, e que esses cinco livros na verdade foram escritos
em tempos posteriores, ou seja, em um período tardio na história de Israel,
fundamentado em documentos antigos, de modo que tal conteúdo
originou-se de muitas outras fontes, o que é denominado de hipótese
documentária ou então a dita teoria JEDP14. Eles passaram a dizer que o
livro do profeta Isaías foi escrito por dois autores, o livro de Daniel era
intertestamentário.
Também o Novo Testamento não cou de fora, ele sofreu críticas pesadas,
em especial no tocante a Jesus Cristo, que para Ele deram diversas vidas,
pois buscou-se voltar para Ele através do homem histórico na apresentação
dos textos dos Evangelhos.

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Um nome de destaque desse tipo de pensamento foi Fernando Cristiano
Baur (1792-1860). A ênfase desse teólogo pautava-se na razão, ele teve
diversos seguidores, os quais deram origem à denominada Escola de
Tubingen. Podemos dizer que a Escola de Tubingen rmou-se no
pensamento de Hegel, pois segundo Baur a igreja primitiva foi construída
em três bases:

a. Cristianismo judaico-tese.

b. Cristianismo gentílico universal- antítese.

c. A igreja católica antiga-síntese.

Segundo Baur, a primeira fase da igreja era petrina, tendo seu fundamento
em Mateus e Apocalipse. A segunda fase seria paulina, fundamentando-se
nas cartas de Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas e Lucas. A terceira
fase estaria rmada em Atos e João. Entende-se então que Baur, segundo
suas análises racionais, pôde mudar a mensagem do Novo Testamento.
Consubstanciando esse seu pensamento, M. J. Sawyer, diz:

F. C. Baur aplicou a dialética hegeliana ao NT e conclui que


havia uma tese, o cristianismo petrino; uma antítese, o
cristianismo paulino; uma síntese, o cristianismo joanino,
que se tornou dominante na Igreja pós-apostólica. Baur
também concluiu que muitas das epístolas de Paulo não
foram escritas pelo apóstolo, mas por seguidores dele,
algumas delas no século II. O Texto das Escrituras foi
estudado com muito cuidado e avidamente, mas como
documento histórico, não como a Palavra de Deus. Como
documento histórico, faltava-lhe autoridade. Representava o
pensamento religioso dos judeus e da igreja primitiva em
evolução, e, dessa forma, não supria a base normativa para a
Teologia.

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Baur e seus seguidores diziam que o nascimento da igreja, seria importante
dar atenção aos intervalos que aconteceram entre Jesus e a produção dos
escritos do Novo Testamento, os quais vieram surgir do segundo século em
diante. Essa explicação racional coloca Jesus e seus escritos bem distante um
do outro, de modo que somente racionalmente é que se pode falar da
existência da Igreja.
No demais, com tais explicações o que se passou a ver é que a Bíblia para
muitos não tinha grande valor, sentido, a teologia cou presa tão somente ao
estudo do homem, ou seja, o aspecto antropológico, como também
losó co. De modo geral, a Bíblia passou a estar relegada a uma obra
qualquer, sendo desprezada por muitos.

Opondo-se ao naturalismo

Um nome de destaque também do século dezenove, que aqui merece ser


estudado, sendo ele também alemão, é o teólogo Albrecht Ritschl (1822-
1889). Esse homem estava atrelado a Kant, segundo ele, a religião poderia
ser vista tão somente na questão da moralidade e de esforço pessoal no
estabelecimento do reino de Deus, mas apenas em um aspecto moral e ético.
No caso dele ter tomado de empréstimo a loso a de Kant, atente para essa
citação:

Ao empregar a epistemologia de Kant (modi cada pelo


lósofo do século XIX Rudolph Lotze) como fundamento, o
ritschlianismo tentou separar religião e teologia de loso a e
metafísica, baseando a religião rigorosamente na experiência
fenomenológica da experiência, o fenomenológico. Os
ritschlianos concordavam com essa proposição. Teologia
sem metafísica tornou-se o lema da escola. Seguindo a
tradição kantiana, os ritschlianos a rmavam que o
conhecimento humano era rigorosamente limitado ao
mundo dos fenômenos, que abrangia o domínio da história

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veri cável e o domínio da experiência pessoal. Conhecer a
Deus como ele é, sua essência e seus atributos, era algo que
estava além das possibilidades da experiência humana.
Assim, asserções positivas acerca da natureza divina não
podiam ser articuladas. Dessa forma, o ritschlianismo
representava um agnosticismo teológico. O próprio Ritschl
a rmou (concordando com Kant) que ninguém podia
conhecer as coisas em si mesmas, apenas suas relações
fenomenológicas. Uma vez que o ser humano não era capaz
de perceber Deus no mundo, o conhecimento de Deus
estava fora do domínio do teórico (cientí co/empírico), e
uma vez que o ritschlianosmo era rigorosamente empírico, o
estudo histórico passou a ser valorizado, como meio de
descobrir a revelação de Deus na história: a pessoa de Jesus
Cristo.

Albrecht Ritschl no seu ensino a rmava que através da revelação de Jesus


Cristo era o único meio para garantir que poderia garantir e salvar a
personalidade da natureza impessoal que ameaçava. Por meio dessa sua
a rmação ele estava combatendo o naturalismo.
O ensino de Ritschl fundamentava-se nas necessidades morais do homem,
ele dizia que o homem poderia experimentar a redenção de Cristo, posto
que Ele se revelou com essa verdade. Jesus, segundo Hitschl, ele foi o alvo
moral mais abrangente: o reino de Deus como comunhão de personalidades
livres que dominam o mundo.
Podemos dizer que o ensino sobre a religião cristã no pensamento de Ritschl
era as necessidades morais do homem. Jesus é um modelo de revelação
porque Ele manteve delidade à sua vocação, de modo que o mesmo pode
ser reconhecido por sua personalidade moral como sendo a revelação de
Deus, o que pode ser tratado como um ser divino maior que o homem e os
seres angelicais.

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O homem, vivendo neste mundo, segundo dizia Ritschl, estava ameaçado
pelo naturalismo, mas olhando para Jesus Cristo consegue enxergar uma
personalidade moral e livre, o qual traspassou o que é natural, material,
desse modo pode ter suas necessidades morais supridas Nele.
A teologia de Ritschl foi bem aceita por muitos, na verdade ela teve um
apogeu até maior do que a de Schleiermacher, de modo que muitos acharam
que ele de fato tinha conseguido resolver o problema do mundo da Bíblia
com o moderno, o que não era verdade, pois ele seguiu o mesmo
posicionamento do Iluminismo, tendo como ponto de partida o próprio
homem.
Tendo o homem como ponto de partida, para Ritschl o homem pode
reconhecer a revelação divina simplesmente porque ela diz propriamente
aquilo que ele tem ciência por causa dos seus interesses morais.

Seguindo os passos do mestre

Adolf von Harnack (1851-1930) foi aluno de Ritschl, esse andou nos passos
do seu mestre, a rma-se que ele é o maior emblema da teologia liberal. Diz-
se que Adolf foi o maior historiador do cristianismo em sua época, sua obra
tornou-se um modelo padrão para o outro século vindouro, uma de suas
obras de destaque é a História Dogmática (History of Dogma), apesar dos
seus méritos, ele caminhou grandemente na estrada do liberalismo.
Para Adolf Von Harnack, o original do Evangelho era puramente
corrompido, no período do Novo Testamento, ele transforma a religião de
Jesus acerca de Jesus. Segundo ele, tudo ca ainda mais corrompido desde
que o cristianismo vai deixando sua gênese judaica e entrando para o
contexto do mundo helenista, visto que é aí que a mensagem tanto em
referência a trindade e as duas naturezas de Cristo será plenamente
distorcida. Para Adolfo o que o teólogo precisava fazer era tão somente
buscar um retorno ao Evangelho tirando os elementos do helenismo e
buscando apresentar somente aquilo que fosse real e permanente. Na

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verdade, concedeu o credo do liberalismo, pois ensinava que Jesus pregou a
paternidade de Deus e o valor in nito da alma humana.
Segundo Harnack o Evangelho não tinha ligação direta com Jesus, o Filho
de Deus, mas apenas com o Pai, com essa posição passa a se dizer algo muito
absurdo, que aquilo que Jesus pregava não demandava nenhum tipo de
crença em sua pessoa e nem tão pouco dava autoridade aos seus ditos
mandamentos, de modo geral, ele ensinava que os ensinos ou doutrina
referente à Jesus Cristo era fundamentado no próprio Cristo, porém, tudo
foi alterado, modi cado pelos seus discípulos, seus seguidores, inclusive
Paulo. Nesse particular vamos novamente fazer uso das palavras de M. J.
Sawyer, que diz:

Segundo Harnack, foi o trabalho de Paulo que apresentou


Jesus Cristo numa estrutura além da compleição humana.
Paulo introduziu modi cações no cristianismo pelas quais o
Evangelho simples de Jesus foi nalmente substituído pela
adesão a doutrinas relativas à pessoa de Cristo. Além disso,
Paulo é considerado o responsável por investir na morte e na
ressurreição de Cristo de signi cância redentora.

Para Harnack o reino de Deus realiza-se na alma do homem, o que


determina toda a sua vida. Com tal ensino até a velha ortodoxia chegou a
trilhar o caminho da centralidade do homem, a rmando que nele estava a
revelação e a experiência do novo nascimento, que deveria ser ao contrário,
que a fé deveria pautar-se na revelação de Jesus Cristo.

13 MCGRATH E. Alister, Teologia Sistemática: sistemática, histórica e losó ca- uma introdução à
teologia cristã. P. 138.
14 J-Javé como nome de Deus. E- Elohim. D- Deuteronomista. P- Sacerdotal.

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