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Estudo Do Efeito de Sucessivas

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
ENGENHARIA DE MATERIAIS (PGMAT)

Solange Mielke

ESTUDO DO EFEITO DE SUCESSIVAS


DESPOLIMERIZAÇÕES SOBRE AS PROPRIEDADES
TÉRMICAS E MECÂNICAS DA ESPUMA RÍGIDA DE
POLIURETANO

Florianópolis
2012
2
3

Solange Mielke

ESTUDO DO EFEITO DE SUCESSIVAS


DESPOLIMERIZAÇÕES SOBRE AS PROPRIEDADES
TÉRMICAS E MECÂNICAS DA ESPUMA RÍGIDA DE
POLIURETANO

Dissertação submetida ao
Programa de Pós-graduação em
Ciência e Engenharia de Materiais
da Universidade Federal de Santa
Catarina para obtenção do grau de
Mestre em Ciência e Engenharia de
Materiais.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo A. F.
Machado
Co-orientadora: Prof.a Dra. Daniela
Becker.

Florianópolis
2012
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5

Solange Mielke

ESTUDO DO EFEITO DE SUCESSIVAS


DESPOLIMERIZAÇÕES SOBRE AS PROPRIEDADES
TÉRMICAS E MECÂNICAS DA ESPUMA RÍGIDA DE
POLIURETANO

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do


Título de “Mestre”, e aprovado em sua forma final pelo Programa de
Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais.

Florianópolis. 29 de Março de 2012.

Prof. Ricardo A. F. Machado, Profª. Daniela Becker, Dra.


Dr. Co-Orientadora
Orientador Universidade UDESC
Universidade UFSC

Prof. Carlos Augusto Silva de Oliveira, Dr.


Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

Prof. Guilherme Mariz de Oliveira Barra, Dr. – UFSC

Profa. Cláudia Sayer, Dra. – UFSC

Prof. Carlos Alberto Klimeck Gouvêa, Dr. – SOCIESC


6
7

Aos meus queridos pais e


irmãos, pelo carinho e apoio
incondicional que depositaram
em mim ao longo de todos esses
anos de estudos.
8
9

AGRADECIMENTOS

A Deus por me conceder saúde e vida, permitindo desta forma a


realização deste trabalho.
Ao meu orientador, por me aceitar em seu grupo de pesquisa e dedicar
parte de seu tempo à correção deste trabalho e acima de tudo por sua
paciência nos momentos difíceis.
A minha co-orientadora, por mais uma vez estarmos trabalhando juntas,
por sua confiança e carinho.
Aos professores, Carlos Alberto Klimeck Gouvêa, Claúdia Sayer e
Guilherme Mariz de Oliveira Barra, participantes da banca de defesa
desta dissertação por terem aceitado avaliar este trabalho.
Ao meu irmão de alma Luiz Gustavo Rovaris, pelas inúmeras viagens,
por aturar os meus momentos de extrema preocupação e me fazer rir das
tragédias diárias.
A Elio Lopes por sanar algumas dúvidas no âmbito experimental ao
longo do projeto.
Aos amigos do LCP em especial a Luiz Fernando Belchior, Claudia
Angela Capeletto e Tiago da Rosa Augustinho, por serem as forças
faltantes de minhas mãos na montagem do sistema e a Mariana
Zimmermann Antunes pela positividade contagiante.
A Dow Química e seus funcionários Paulo Altoé e Reginaldo Duarte por
sua prontidão e gentileza, e a Luciane Sabino pela realização dos
ensaios de titulação e teor de umidade.
A Marly da Silveira Soldi pela realização dos ensaios de calorimetria
exploratória diferencial (DSC) e termogravimetria (TGA), mas acima de
tudo pelos preciosos esclarecimentos, carinho e amizade.
A Carmen Müller por sua sinceridade, amizade e ajuda sempre que foi
necessária.
Aos amigos do laboratório Polimat da UFSC em especial a Fernanda
Coutinho Soares, Maria Alice Witt e Rodrigo Cercená, pela atenção e
apoio.
As minhas amigas de república Ana Cláudia Philippus e Carla Irene
Zampieron, pelo convívio harmonioso, amizade, ajuda e descontração.
Ao professor Valdir Soldi pelo auxílio na realização do ensaio de
espectroscopia de infravermelho com transformada de fourier (FTIR).
A Whirlpool Latin América, pela doação dos materiais e utilização do
laboratório de físico-química para a realização de alguns testes, e aos
10

seus funcionários: Luciana Aguiar, Gessica Meris, Cecilia Yonoga


Futemma, Geraldo Thomaz, José Guizoni Jr, pela boa recepção no
ambiente industrial e esclarecimentos a respeito da homogenização dos
reagentes empregados na produção da espuma rígida de poliuretano.
A Wolmir Effting a quem devo muito, por colaborar com sua
experiência na execução dos ensaios realizados na Whirlpool Latin
América.
Agradeço também à Universidade Federal de Santa Catarina, ao
Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais e ao
Laboratório de Controle de Processos por todo o suporte que permitiram
a elaboração deste trabalho.
A Capes pelo apoio financeiro que viabilizou a conclusão deste estudo.
11

“O poder nasce do querer. Sempre


que o homem aplicar a veemência
e perseverante energia de sua alma
a um fim, vencerá os obstáculos, e,
se não atingir o alvo fará, pelo
menos, coisas admiráveis.”
(Dale Carnegie)
12
13

RESUMO

Os poliuretanos representam uma classe de polímeros que se destacam


devido à sua grande versatilidade. Como espumas rígidas ganham
mercado na indústria de refrigeração doméstica, sendo utilizadas com a
finalidade de conferir propriedades de isolamento térmico e de dar
estruturação mecânica às portas e gabinetes. Apesar da indústria, ter
alcançado um alto índice de eficiência é inevitável à geração de resíduos
oriundos de sobras, “tray out” de máquinas e do retorno de produtos ao
fim da vida útil. Diversos pesquisadores propuseram rotas de reciclagem
química e mostraram que é possível produzir uma espuma com
qualidade e destina - lá à mesma aplicação, porém em nenhum destes
estudos é verificado quantas vezes será possível repetir este ciclo com
um percentual de polímero decomposto “sem purificação” por até quatro
vezes, sem que suas propriedades sejam comprometidas. O objetivo
deste trabalho é analisar a influência de sucessivas despolimerizações e
expansões, nas propriedades térmicas e mecânicas da espuma rígida de
poliuretano. Foi realizada a despolimerização via glicólise utilizando
dietilenoglicol e o acetato de potássio como solvente e catalisador
respectivamente, mantendo–se as proporções mássicas resíduo solvente
1:1 PUR/DEG e resíduo catalisador 1:0,02 PUR/ KAc, que se
mostraram mais eficientes para tratar os resíduos deste segmento. O
produto da despolimerização foi caracterizado para que a qualidade do
polímero decomposto fosse acompanhada. O polímero decomposto,
produto da reação de despolimerização foi utilizado como parte da
matéria-prima na formação da nova espuma, em um percentual de 10%
que se mostrou adequado para satisfazer às necessidades da indústria de
refrigeração doméstica, sem comprometimento de suas propriedades. As
expansões foram realizadas mantendo os padrões de uma indústria
fabricante de refrigeradores. As propriedades mecânicas e térmicas
foram analisadas por ensaio de densidade, compressão, “creep test”,
condutividade térmica, calorimetria exploratória diferencial (DSC) e
termogravimetria (TGA), conforme as normas estabelecidas para este
segmento. Após quatro ciclos de despolimerizações e expansões
consecutivas não foram observadas alterações significativas nas
propriedades mecânicas e térmicas da espuma. Os resultados validam a
repetitibilidade do ciclo de reciclagem para as espumas produzidas com
14

um percentual de polímero decomposto “sem purificação” em até quatro


ciclos.

Palavras-chave: poliuretano, glicólise, espuma rígida de poliuretano,


sucessivas despolimerizações.
15

ABSTRACT

The polyurethanes represent a class of polymers that stand out because


of its great versatility. As the market make rigid foams in domestic
refrigeration industry and are used in order to provide thermal insulation
properties and give structure to the mechanical ports and offices.
Although the industry has achieved a high level of efficiency is the
inevitable generation of waste from leftovers, "tray out" machines and
return the product end of life. Several researchers have proposed
chemical recycling routes and showed that it is possible to produce a
foam with quality and designed - there the same application, but in none
of these studies is checked how many times you can repeat this cycle as
a percentage of polymer decomposed "without purification" by up to
four times, without their properties being compromised. The aim of this
paper is to analyze the influence of successive depolymerization and
expansions in thermal and mechanical properties of rigid polyurethane
foam. Depolymerization was carried out via glycolysis using potassium
acetate and diethylene glycol as solvent and catalyst respectively,
keeping the mass ratios 1:1 PUR residue solvent / catalyst residue DEG
and 1:0,02 PUR / KAC, which are more efficient for treat the waste in
this segment. The product of depolymerization was characterized for the
quality of the recovered polymer was accompanied decomposed. The
recovered polymer decomposed, the reaction product of glycolysis was
used as part of the raw material in the formation of new foam, on a
percentage of 10% which is adequate to meet the needs of the domestic
refrigeration industry without compromising its properties. The
expansions were carried out maintaining the standards of an industry
manufacturer of refrigerators. The mechanical and thermal properties
were analyzed by testing the density, compressibility, "creep test",
thermal conductivity, differential scanning calorimetry (DSC) and
thermogravimetric analysis (TGA), in accordance with standards
established for this segment. After four cycles of consecutive
expansions depolymezation and there were no significant changes in
mechanical and thermal properties of the foam. The results validate the
repeatability of the cycle of recycling for the foams produced with a
percentage of recovered polymer decomposed to four cycles.
16

Keywords: polyurethane, glycolysis, rigid polyurethane foam,


successive depolymezation.
17

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Consumo mundial por segmento . ......................................... 35


Figura 2 – Etapas de formação da espuma . .......................................... 37
Figura 3 – Esquema do sistema empregado para despolimerização dos
resíduos de PU ...................................................................................... 44
Figura 4- Desempenho dos glicóis ( ) MEG, ( ) DEG, ( ) MPG ....... 46
Figura 5- Cromatogramas GPC das amostras obtidas na fase superior
com MEG e DEA como agente glicólise em função do tempo. Pico I -
Uretano oligômeros; Pico II - Poliol poliéter recuperado; Picos III e IV
- Subprodutos de reação; Pico V - Agente de glicólise (MEG e DEA) .
............................................................................................................... 47
Figura 6 - Evolução do conteúdo de poliol na fase superior durante a
reação da glicólise de espumas de PU para catalisadores diferentes na
presença de DEG como agente glicólise .............................................. 48
Figura 7 - Equipamento utilizado para a reação de despolimerização .. 56
Figura 8 – (a) Agitador mecânico e (b) vista superior da parte inferior do
molde utilizado para as expansões. ....................................................... 61
Figura 9 – (a) Ferramenta de corte, (b) obtenção dos corpos-de-prova
para ensaios mecânicos e (c) ensaios térmicos . .................................... 62
Figura 10 – Equipamento utilizado para medir a densidade aparente do
núcleo do corpo-de-prova ..................................................................... 63
Figura 11 - Máquina universal testes Instron 3369 . ............................. 64
Figura 12 - Equipamento empregado para realização do “creep test” .. 65
Figura 13 – Equipamento empregado para medir a condutividade
térmica ou fator K . ............................................................................... 66
Figura 14 - Espectro no infravermelho da amostra da espuma rígida de
poliuretano............................................................................................. 68
Figura 15 - (a) Espectro Infravermelho da reação no início T0 e fim T120;
(b) Ampliação do espectro nos números de ondas 1720 e 1450 cm-1. .. 70
Figura 16 – Detalhe do sistema de despolimerização............................ 75
Figura 17 – Massa molecular em função do tempo de eluição. ............ 78
Figura 18 – Espuma produzida com 100% de poliol virgem. ............... 79
18

Figura 19 – (a) Espumas produzidas com um percentual de 10%


polímero decomposto recuperado referente a primeira e (b) segunda
despolimerização respectivamente. ...................................................... 80
Figura 20 – (a) Espumas produzidas com um percentual de poliol de
10% recuperado referente a terceira e (b) quarta despolimerização
respectivamente..................................................................................... 80
Figura 21 – Curva de DSC da espuma padrão com 100% de poliol puro
.............................................................................................................. 90
Figura 22 – Curva de DSC da espuma expandida com 10% polímero
decomposto da 1ª despolimerização...................................................... 90
Figura 23 – Curva de DSC da espuma expandida com 10% polímero
decomposto da 2ª despolimerização ..................................................... 91
Figura 24 Curva de DSC da espuma expandida com 10% polímero
decomposto da 3ª despolimerização ..................................................... 91
Figura 25 Curva de DSC da espuma expandida com 10% polímero
decomposto da 4ª despolimerização ..................................................... 92
Figura 26 – Curvas da TGA para as expansões .................................... 93
Figura 27- Curvas da DTG para as expansões ...................................... 94
19

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Propriedades térmicas de alguns isolantes .......................... 38


Tabela 2 - Influência da temperatura nos produtos obtidos .................. 50
Tabela 3 - Correlação das bandas e as funções dos espectros da espuma
rígida de poliuretano.............................................................................. 69
Tabela 4 – Estimativa da taxa de conversão do grupo funcional -NCOO-
(X%) da reação de despolimerização .................................................... 71
Tabela 5 - Índice de hidroxilas dos produtos......................................... 73
Tabela 6 – Teor de umidade obtido ao longo dos ciclos de
despolimerizações ................................................................................. 75
Tabela 7 - Massas molares do poliol puro e dos produtos da
despolimerização ao longo dos ciclos de despolimerizações ................ 77
Tabela 8 - Densidade do núcleo dos blocos expandidos ....................... 81
Tabela 9 - Resultados de resistência à compressão para espuma
expandida com poliol virgem e com o polímero decomposto ao longo
dos ciclos de despolimerizações ............................................................ 82
Tabela 10 – Percentual de participação do polímero decomposto “sem
purificação” na formulação em 244 g de material................................. 84
Tabela 11 - Resultados do “creep test” da espuma padrão e das
expandidas com um percentual de polímero decomposto ao longo dos
quatro ciclos de despolimerizações ....................................................... 86
Tabela 12 - Resultados de condutividade térmica da espuma padrão e
das expandidas com um percentual de polímero decomposto ao longo
dos quatro ciclos de despolimerizações................................................. 87
Tabela 13 - Resultados obtidos após aceleração da pós-cura do corpo-
de-prova em estufa a 70 0 C por 24 h. ................................................... 88
Tabela 14 - Comparativo da Tg ao longo dos ciclos de
despolimerizações e expansões ............................................................. 89
Tabela 15– Dados do processo de degradação térmica, obtidos através
das curvas de TG e DTG ....................................................................... 95
20

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 – Reação de obtenção do Poliuretano ................................. 34


Equação 2 Reações de formação do poliuretano e expansão . .............. 36
Equação 3 – Reação de glicólise de um poliuretano . ........................... 41
Equação 4 – Despolimerização e dissociação térmica conforme equação
4a e 4b respectivamente ...................................................................... 51
Equação 5 – Estimação da taxa de conversão ....................................... 71
21

FLUXOGRAMA

Fluxograma 1 - Cálculo de contribuição do polímero decomposto ao


longo de cada ciclo de despolimerização. ............................................. 60
22

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEA – Agente de expansão auxiliar


CFC – Clorofluorcarbono
CO2 – Dióxido de carbono
DEA – Dietanolamina
Dec - Decomposto
DEG – Dietilenoglicol
Desp. – Despolimerização
DSC – Calorimetria exploratória diferencial
DTG - Derivada do TGA
Exp. – Expansão
FTIR – Espectroscopia de infravermelho com transformada de fourrier
GC/MS – Cromatografia gasosa – espectrometria de massa
GPC – Cromatografia de permeação em gel
KAc – Acetato de potássio
KOH – Hidróxido de potássio
MDI – Difenilmetano diisocianato
NAOH – Hidróxido de sódio
PER – Pentaeritriol
PU – Poliuretano
PUR – Espuma rígida de poliuretano
Pus – Poliuretanos
RIM – Reaction injection molding
Mn – Massa molar numérica média
Mw – Massa molar mássica média
Mw/Mn – Polidispersividade
Mz – Massa molar ponderal média
Rec. – Recuperado
TDA - Diaminotolueno
TDI – Tolueno diisocianato
Tg – Transíção vítrea
TGA – Termogravimetria
23

LISTA DE SÍMBOLOS

Ø – Diâmetro
24
25

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 27
2 OBJETIVOS ..................................................................................... 31
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................... 31
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................... 31
3 REVISÃO DE LITERATURA........................................................ 33
3.1 HISTÓRICO ............................................................................... 33
3.2 POLIURETANOS ...................................................................... 33
3.3 ESPUMAS RÍGIDAS DE POLIURETANO (PUR)................... 35
3.4 RECICLAGEM DOS POLIURETANOS ................................... 39
3.5 RECICLAGEM QUÍMICA ........................................................ 39
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................ 55
4.1 MATERIAIS ............................................................................... 55
4.2 MÉTODOS ................................................................................. 55
4.2.1 Moagem dos resíduos de PUR........................................... 55
4.2.2 Reação de despolimerização .............................................. 55
4.3 CARACTERIZAÇÕES DO POLÍMERO DECOMPOSTO ...... 56
4.3.1 Espectroscopia de infravermelho com transformada de
fourier (FTIR) ............................................................................. 56
4.3.2 Titulação ............................................................................. 57
4.3.3 Titulação Karl-Fisher para determinação do teor de
umidade........................................................................................ 57
4.3.4 Massa Molar ....................................................................... 57
3.4.2 Montagem do sistema para as homogeneizações e
expansões realizadas no (LCP) .................................................. 61
3.4.3 Homogeneizações e expansões realizadas no Laboratório
de Físico-química de uma indústria regional............................ 61
26

3.4.4 Preparação dos corpos-de-prova ...................................... 62


3.5 CARACTERIZAÇÕES FÍSICA E MECÂNICA DO PUR........ 62
3.5.1 Ensaio densidade................................................................ 62
3.5.2 Ensaio de compressão ........................................................ 63
3.5.3 “Creep test” ........................................................................ 64
3.6 CARACTERIZAÇÕES TÉRMICAS DO PUR .......................... 65
3.6.1 Ensaio de condutividade térmica ou fator K ................... 65
3.6.2 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) .................. 66
3.6.3 Termogravimetria (TGA) ................................................. 66
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................... 67
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO POLÍMERO DECOMPOSTO ........ 67
4.1.1 Ensaio de espectroscopia no infravermelho (FTIR) ....... 67
4.1.2 Titulação – índice de hidroxilas ........................................ 72
4.1.2 Teor de umidade ................................................................ 74
4.1.3 Cromatografia de permeação em gel (GPC) ................... 76
4.2 POLIMERIZAÇÕES E EXPANSÕES....................................... 78
4.2 1 Densidade do núcleo .......................................................... 80
4.2.2 Resistência à compressão .................................................. 81
4.2.3 “Creep test” ........................................................................ 85
4.2.4 Condutividade térmica ou fator K ................................... 86
4.2.5 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) .................. 88
4.2.6 Termogravimetria (TGA) ................................................. 92
6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............ 97
7 CONCLUSÃO .................................................................................. 98
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................... 99
27

1 INTRODUÇÃO

Muitos benefícios na qualidade de vida se devem ao advento e


evolução da ciência dos polímeros. Leves, resistentes, baratos (se
comparados a outros materiais como o alumínio, por exemplo) e
extremamente versáteis. São destinados a aplicações nos mais variados
segmentos das indústrias.
Os polímeros podem ser naturais ou sintéticos e são classificados
em termoplásticos, elastômeros e termofixos. Dentre os termofixos
destacam se os poliuretanos que podem ser encontrados como espuma
rígida, semi-rígida e flexível. São obtidos pela reação de polimerização
de adição em etapas entre um isocianato e um poliol, no mínimo
bifuncional com demais aditivos, sendo essa formulação variável
dependendo da aplicação ao qual o polímero será destinado (VILAR,
2002).
Após a década de 80, foi registrado um grande aumento do
consumo das espumas rígidas de PU pelas indústrias fabricantes de
eletrodomésticos, que buscavam o aprimoramento da propriedade de
condutividade térmica de seus refrigeradores e freezers, visando à
redução do consumo de energia pelo incremento da capacidade de
isolamento. Entretanto, isto também resultou em situações indesejáveis,
como a destinação incorreta de tais materiais, originando um grande
problema ambiental, uma vez que estas espumas caracterizam-se por
serem materiais termofixos, ou seja, uma vez expandidas tornam-se
sólidos infusíveis e indissolúveis. Associado a isso, o seu
armazenamento e transporte são dispendiosos, quando consideramos
que uma pequena quantidade representa um grande volume em função
de sua baixa densidade (LUCKMANN, 2005).
O poliuretano ganhou o mundo por ser um material bastante
versátil, na América latina o consumo aproximado deste material é de
cerca de 500 mil toneladas por ano, representando aproximadamente 6%
do mercado mundial de consumo deste polímero. Atualmente o Brasil
consome 56% do volume da América latina e 68% do Mercosul. A
espuma mais comercializada é a flexível utilizada em colchões,
estofados domésticos e automotivos entre outras aplicações. As espumas
rígidas ocupam o segundo lugar com aproximadamente 16% do volume,
sendo que 60% são utilizados principalmente nas indústrias de
refrigeração para isolamento térmico de refrigeradores e freezers e o
28

volume restante é utilizado pela indústria de transporte e construção


civil (VILAR, 2002).
A indústria de refrigeradores por sua vez gera um elevado
descarte destes resíduos em função do controle de processo, “tray out”
de máquinas, programas governamentais incentivando a troca de
refrigeradores, para redução do consumo de energia elétrica e outros
motivos referentes ao setor. No Brasil o destino final destes resíduos é a
deposição em aterro industrial (LOPES, 2010).
Segundo Lopes, somente uma indústria fabricante de
refrigeradores e freezer do Estado de Santa Catarina, recebeu no ano de
2009, aproximadamente, 150 mil refrigeradores que retornam de campo
no final da vida útil, independentemente de quem os produziu no
passado, sendo que cada produto tem massa mínima de 4k de PUR
distribuídos entre portas e gabinetes. Pode-se dizer que foram
depositados em aterro industrial somente em 2009, 600 toneladas de
PUR provenientes de produtos que retornaram de campo. Este material
dispôs de um volume para acomodação superior a 20 mil m3 no aterro
industrial (LOPES, 2010).
Em 2006 este material gerou 26.778 toneladas de resíduos, para
2012 a projeção estimada é de 35.275 toneladas. O destino final dos
resíduos industriais normalmente, são os aterros industriais, onde levam
centenas de anos para se decompor, causando danos ao meio ambiente e
a sociedade (ECOPOL).
Tal problemática motivou diversos pesquisadores a estudarem
métodos eficiente e ecologicamente corretos para o reaproveitamento
destes resíduos, destacando-se, assim, os estudos de reciclagem química
via glicólise, que mostraram melhor relação custo benefício para o
tratamento destes rejeitos. Através do emprego de solvente e
temperaturas na faixa dos 175 a 2000C, as cadeias do poliuretano são
quebradas em sucessivas reações de transesterificações, convertendo os
resíduos da espuma rígida de poliuretano em polióis de alta qualidade,
ou seja, matéria-prima que poderá ser empregada na fabricação de novas
espumas. Através do emprego de um percentual desde poliol recuperado
na formulação sem comprometimento de suas propriedades (ZIA e
colaboradores, 2007 e MOTTA 2011).
Atualmente, as indústrias que utilizam a espuma rígida de PU têm
se preocupado com o descarte dos resíduos da produção e dos produtos
no fim de sua vida útil. A introdução de novas tecnologias e métodos
para efetuar a reciclagem destes resíduos levará à diminuição dos
29

mesmos e, num futuro próximo, a diminuição no custo de produção das


espumas nos produtos comercializados, além do ganho ambiental e
social que a reciclagem ocasiona.
Dentro deste contexto, como não há relatos a respeito da
repetitibilidade do ciclo de sucessivas despolimerizações reportados na
literatura até o presente momento. O estudo realizado tem como objetivo
principal, empregar os mesmos parâmetros reacionais utilizados por
Lopes (2010), para a obtenção do polímero decomposto que se mostrou
mais eficiente para tratar os resíduos deste segmento da indústria. Além
disso, desenvolver um estudo sobre os efeitos de quatro ciclos de
sucessivas despolimerizações e expansões em espumas produzidas com
um percentual de 10% de polímero decomposto “sem purificação” como
parte da matéria-prima. Analisando desta forma, se o comportamento
das propriedades térmicas e mecânicas das espumas produzidas com um
percentual de polímero decomposto será mantido ao longo desses ciclos.
Avaliando-se então, a repetitibilidade do ciclo de reciclagem em até
quatro vezes consecutivas.
Com o desenvolvimento deste estudo pretende-se contribuir com
novos dados para a literatura técnica e científica sobre o comportamento
das propriedades térmicas e mecânicas das espumas rígidas de PU em
função de sucessivas despolimerizações e expansões, evidenciando que
a despolimerização via glicólise é uma excelente alternativa para reduzir
o problema do descarte destes resíduos, avaliando se é possível a sua
reprodutibilidade em até quatro ciclos, sem que haja comprometimento
de suas propriedades térmicas e mecânicas.
Na sequência deste documento é apresentada a revisão
bibliográfica dos assuntos abordados referentes à pesquisa realizada, os
materiais e métodos que foram utilizados, resultados e discussões
obtidos, conclusão, recomendações para trabalhos futuros e referências
bibliográficas utilizadas.
30
31

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é investigar os efeitos de sucessivas


despolimerizações sobre as propriedades térmicas e mecânicas da
espuma rígida de poliuretano.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para atingir o objetivo geral proposto, determinam-se como


objetivos específicos:

- Obter o polímero decomposto através da despolimerização via


glicólise;
- Empregar um percentual de 10% de polímero decomposto “sem
purificação”, como parte da matéria-prima nas formulações de
polimerizações e expansões de todos os blocos expandidos;
- Acompanhar e avaliar as propriedades térmicas e mecânicas ao longo
de quatro ciclos consecutivos de polimerizações e expansões,
verificando desta forma, se é possível destinar está nova espuma
produzida com um percentual de polímero decomposto, a mesma
aplicação de origem, por até quatro ciclos consecutivos de reciclagens,
sem que suas propriedades térmicas e mecânicas sejam comprometidas.
32
33

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 HISTÓRICO

O desenvolvimento comercial dos poliuretanos surgiu do


trabalho do químico Otto Bayer na tentativa de contornar as patentes da
Dupont do Nylon 6.6. Bayer e sua equipe anunciaram as reações
envolvendo um isocianato e um composto hidroxilado, porém a
aplicação comercial para essa reação só ocorreu com a chegada da
segunda guerra mundial (SZYCHER, 1999).
Países como Estados Unidos e Inglaterra aplicaram grande
energia no desenvolvimento de alternativas utilizando produtos a base
de uretano, sendo que este esforço fez com que o PU se tornasse
mundialmente conhecido (ALIMENA, 2009).
A década de 1950 registrou o desenvolvimento comercial dos PU
em espumas flexíveis e elastômeros. A partir da década de 60 registrou-
se o uso de Clorofluorcarbonos (CFC), como agentes de expansão de
espumas rígidas empregadas em todo mundo como isolante térmico.
Com o crescimento da indústria automobilística durante a década de 70,
registrou-se o emprego de espumas semi - rígidas e semi- flexíveis
revestidas com materiais termoplásticos (RIBEIRO, 2010).
A moldagem por injeção e reação (RIM) se desenvolveu nos anos
80 e proporcionou a obtenção de artigos de poliuretano moldados em
grandes dimensões. Estudos em relação às suas propriedades e
reciclagem iniciaram-se e estenderam-se pela década de 90, através das
pesquisas voltadas para a substituição dos (CFC), considerados danosos
à camada de ozônio (RIBEIRO, 2010).

3.2 POLIURETANOS

O poliuretano é obtido a partir da reação química quase


instantânea, pela poliadição em etapas de um poliisocianato (-N=C=O)
no mínimo bifuncional e um poliol (-OH). Os polióis podem ser
poliésteres, poliéteres, poliol de óleo de mamona, e polióis
hidrocarbonetos (BOLSONI, 2008).
Os isocianatos são compostos onde o átomo de carbono
apresenta-se como um centro deficitário de elétrons, o que torna estes
34

compostos altamente reativos e suscetíveis a reações nucleofílicas. Os


isocianatos reagem com compostos que apresentam na cadeia átomos de
hidrogênio ativos, como grupos hidroxila de álcoois primários ou
secundários e aminas primárias ou secundárias, formando
respectivamente ligações uretana e uréia. Podem ser aromáticos,
alifáticos, ciclo alifáticos ou policíclicos. Assim, a escolha do isocianto
a ser utilizado é igualmente relevante à escolha do poliol nas
propriedades finais do polímero a ser obtido (VILAR, 2002,
BRYDSON, 1999 e BOLSONI, 2008).
As cinco principais reações realizadas pelo isocianato são: com
álcoois, formando grupos uretanos; com aminas, formando grupos uréia;
com água, formando grupos uréia e dióxido de carbono; com grupos
uréia ou derivados, formando grupos biuretos; e com grupos uretanos,
formando grupos alofanatos (FIORIO, 2007).
Os diferentes compostos que reagem com os grupos isocianatos
podem se relacionar em ordem de reatividade decrescente: aminas
alifáticas primárias > aminas aromáticas primárias > álcoois primários >
água > álcoois secundários > álcoois terciários > álcoois aromáticos >
ácidos carboxílicos > uréia > uretano > amida (TROVATI, 2011).
Os poliuretanos podem ser classificados em termoplásticos,
termofixos e elastômeros, sendo também encontrados na forma de
espumas rígidas, semi-rígidas, flexíveis, tintas, adesivos, selantes e
revestimentos. Estes polímeros são basicamente obtidos por meio de
uma reação de polimerização entre o poliol com um isocianato,
formando o poliuretano na presença de agentes de cura e de expansão,
catalisadores, surfactantes e cargas, conforme mostrado na Equação 1,
sendo essa formulação variável de acordo com as propriedades
desejadas do produto final (VILAR, 2002).

Equação 1 – Reação de obtenção do Poliuretano (VILAR 2002).


35

Centenas de formulações foram desenvolvidas para atender


diversos segmentos de mercado. Na área de espumas flexíveis os
poliuretanos se popularizaram nos segmentos de colchões, estofados e
assentos automotivos, os semi - rígidos na indústria automotiva na
forma de descansa - braços, painéis, pára-choques etc, os micro-
celulares em calçados e os rígidos no isolamento térmico de
refrigeradores, frezeres, caminhões frigoríficos, na construção civil em
painéis divisórios etc (VILAR, 2002).
Esta flexibilidade possibilita a obtenção de materiais com
diferentes propriedades físicas e químicas e faz com que os poliuretanos
ocupem posição importante no mercado mundial de polímeros. Algumas
propriedades fazem com que estes materiais sejam tão desejados como
sua durabilidade, pois apresentam tempo de vida superior a trinta anos
(BOLSONI, 2008 e ISOPA 2001).
O Brasil, atualmente, produz, em média, 335 mil toneladas de
poliuretano e, até o ano de 2012, está produção deverá chegar a 441 mil
toneladas, com uma evolução média de 4,7% ao ano (VILAR, 2002 e
ECOPOL 2012). Na Figura 1 pode ser observado como o consumo de
PU é distribuído pelos diversos segmentos/aplicações.

Figura 1- Consumo mundial por segmento (VILAR, 2002).

3.3 ESPUMAS RÍGIDAS DE POLIURETANO (PUR)

São obtidas, basicamente, através da reação de polimerização


entre o isocianato e o poliol com demais aditivos, acompanhadas pela
reação de expansão química entre a água residual existente no poliol e o
isocianato que produz CO2, expandindo a espuma e pela expansão física
36

proporcionada pelo agente de expansão auxiliar (AEA), conforme as


Equações (2a e 2b) (LOPES, 2010 e ALIMENA, 2009).

Equação 2 Reações de formação do poliuretano e expansão (ALIMENA,


2009).

A expansão física é obtida pela introdução de um líquido de


baixo ponto de ebulição, tal como o tricloromonofluormetano,
ciclopentano ou outro líquido com o ponto de ebulição ligeiramente
acima da temperatura ambiente (LOPES, 2010 e ALIMENA, 2009).
A reação água/isocianato, além de produzir os segmentos rígidos
de poliuréia (fator importante para as propriedades dos PUs), também
libera grande quantidade de calor (fator importante para a vaporização
dos agentes de expansão não reativos). As espumas rígidas, devido ao
fato de serem sintetizadas com polióis de alta funcionalidade e alta
reatividade, liberam calor de reação suficiente para vaporizar os agentes
de expansão não reativos. Nas espumas rígidas, uma parcela
significativa da excelente propriedade de isolamento térmico é devida à
baixa condutividade térmica do gás retido nas células fechadas da
espuma (VILAR, 2002).
37

A expansão gerada pelo agente de expansão auxiliar é mais


controlada, não sendo tão acentuada como a do CO2, portanto as paredes
celulares não se rompem ao endurecer, conseguindo-se assim uma
espuma com maior quantidade de células fechadas (ORSIOLI, 2005 e
ALIMENA 2009).
Já a expansão do CO2 favorece a formação de células abertas
devido ao rompimento das paredes no momento do endurecimento da
estrutura da espuma, embora a expansão física (com agente de
expansão) proporcione melhores propriedades isolantes e facilite a
mistura, devido à baixa viscosidade do agente de expansão. A expansão
química (com água) apresenta melhor fluidez, embora favoreça a
produção de uma espuma um pouco mais friável (ORSIOLI, 2005).
Além do AEA adicionam-se outros compostos, como
catalisadores, surfactantes para facilitar e acelerar a reação, já que essa,
normalmente, é lenta em temperatura ambiente (ORSIOLI, 2005).
Os sistemas de fabricação das espumas de PUR podem ser por
vazamento, injeção, “spray”, sistemas de alta ou baixa pressão, entre
outros (ZIA colaboradores, 2007).
Na formação das espumas rígidas convencionais consideram-se
as seguintes etapas: mistura e nucleação; creme e início de crescimento;
crescimento, separação de fase; suspiro e gelificação; e, por último, a
cura e pós-cura. Em relação aos poliuretanos, o termo nucleação refere-
se à etapa na qual o ar é incorporado à mistura dos reagentes antes de
ocorrer a expansão. As etapas de formação da espuma estão ilustradas
na Figura 2, bem como os fenômenos associados a cada uma das etapas
(RIBEIRO, 2010).

Figura 2 – Etapas de formação da espuma (RIBEIRO, 2010).


38

a) ar; b) poliol e aditivos; c) isocianato; d) matérias-primas; e) mistura e


nucleação; f) creme e início do crescimento; g) crescimento; h) separação de
fase, suspiro e gelificação; i) cura.

As espumas de PUR apresentam estrutura polimérica reticulada,


com células fechadas apresentando densidades variando de 10 kg/m3 até
1.100 kg/m3. As densidades de espumas mais utilizadas são as que
apresentam melhores características de isolamento térmico, que ocorre
de 28 kg/m3 a 50 kg/m3. A característica de isolamento desta faixa de
densidade se dá devido às propriedades de baixa condutividade térmica
(fator K) do gás que estão contidos na estrutura celular da espuma
(ALIMENA, 2009 e VILAR, 2002).
Na Tabela 1 pode ser observado um comparativo das
características de isolamento de alguns materiais isolantes.

Tabela 1 - Propriedades térmicas de alguns isolantes (VILAR 2002)

Além da baixa condutividade térmica, este material ainda


apresenta boas propriedades mecânicas e estabilidade dimensional,
sendo este um dos motivos de sua crescente aplicabilidade (ALIMENA,
2009).
39

3.4 RECICLAGEM DOS POLIURETANOS

A indústria de PU tem trabalhado para encontrar tecnologias


viáveis para a recuperação e a reciclagem dos seus produtos, tanto dos
produtos descartados pós e durante o ciclo produtivo, como da melhoria
e eficiência dos processos de fabricação. Os fatores que incentivam a
reciclagem destes materiais decorrem da necessidade de poupar e
preservar os recursos naturais e da possibilidade de minimização de
resíduos, o que reduz o volume a ser transportado, tratado e descartado.
Reciclando, são reduzidos os problemas ambientais e de saúde pública,
assim como os socioeconômicos, decorrentes do descarte inadequado de
resíduos sólidos e também ocorre a promoção de geração de empregos e
renda (PIVA, 2004).
Entre as alternativas tecnológicas disponíveis para a reciclagem
dos poliuretanos encontram-se a reciclagem mecânica, a química e a
recuperação de energia através de incineração controlada, sendo de
destaque a reciclagem química, largamente utilizada pelas indústrias
européias e japonesas, enquanto que no Brasil ainda está em
desenvolvimento (SPINACE, 2005).
Neste trabalho será abordada a reciclagem química, motivo pela
qual as demais técnicas não serão discutidas.

3.5 RECICLAGEM QUÍMICA

A reciclagem química está associada à reciclagem terciária, sendo


aplicada quando o processo utilizado para reciclagem do plástico tem
por base a despolimerização, tendo por produtos oligômeros,
monômeros e substâncias de baixa massa molar que deram origem ao
plástico. São obtidos através de reações químicas, pela quebra parcial ou
total das moléculas dos resíduos plásticos, selecionados e limpos
(LOPES, 2010 e MANO, 2005).
A reciclagem terciária compreende reações de solvólise, que
consistem na quebra de ligações entre átomos de carbono e
heteroátomos presentes nas cadeias poliméricas, tais como oxigênio,
nitrogênio, cloro, enxofre e outros. Estas reações são aplicáveis a
polímeros contendo ligações carbono-oxigênio ou ligações carbono-
nitrogênio na cadeia principal, como poliésteres, poli (tereftalato de
40

etileno), poliamidas e poliuretanos. Tais polímeros são obtidos a partir


de reações reversíveis e são passíveis de conversão nos seus monômeros
através de processos como, hidrólise, metanólise, transesterificação,
alcoólise, acidólise, transamidação e glicólise, entre outros (MANO,
2005).
Dentre os processos de reciclagem química existentes, destaca-se
a hidrogenação, em que cadeias são quebradas mediante o tratamento
com hidrogênio e calor. A gaseificação, em que os plásticos são
aquecidos com ar ou oxigênio, gerando o gás de síntese contendo
monóxidos de carbono e hidrogênio. A quimólise consiste na quebra
parcial ou total dos plásticos em monômeros na presença de
glicol/metanol e água. Já a pirólise é a quebra das moléculas pela ação
de calor na ausência de oxigênio (MANO, 2005 e AMBIENTAL
BRASIL).
Nos últimos anos, os poliuretanos vêm sendo utilizados em
grande escala devido a sua grande versatilidade, permitem a realização
de diversas formulações que atendem a aplicações específicas. Em
função deste grande consumo, é cada vez maior a quantidade de
resíduos gerados devido ao seu emprego (ECOPOL, 2012).
As empresas fabricantes de PU trabalham muito na redução
destes resíduos, entretanto mesmo chegando num alto nível de eficiência
é inevitável a geração de resíduos na ordem de 3% a 5% para os
processos mais eficientes, e de 5% a 15% para processos mais artesanais
(VILAR, 2002).
Este problema motivou alguns pesquisadores a buscarem
soluções ecologicamente corretas para estes resíduos, destacando-se
estudos de reciclagem química via glicólise, amplamente empregada em
espumas rígidas e flexíveis de PU, sendo seu objetivo a recuperação de
polióis para a produção de novos materiais de PU.
A glicólise consiste na aplicação de calor, para que se atinja uma
temperatura na faixa dos 180 a 2200C, a amostras previamente moídas
de PU, que serão reagidas na presença de glicóis ou dióis e catalisadores
a pressão ambiente, iniciando a despolimerização da espuma, conforme
mostra a Equação 3. Depois de concluída a reação química, o material é
resfriado, filtrado ou então misturado com poliol virgem para a obtenção
de um produto o qual será comercializado aos fabricantes de PU (ZIA e
colaboradores, 2007 e WU e colaboradores, 2002).
41

Equação 3 – Reação de glicólise de um poliuretano (ZIA e colaboradores,


2007).

Nas reações de glicólise as cadeias do PU são degradadas em


sucessivas reações de transesterificação da ligação uretano, com o
emprego de solventes e catalisadores que evitam a formação de aminas
aromáticas e permitem pequenos níveis de impurezas, obtendo-se
polióis de baixa massa molar. A reação leva a conversão de espuma e
reagentes numa mistura líquida e monofásica de polióis e aminas
aromáticas (caso haja anel aromático no isocianato usado). Que quando
separadas podem ser utilizadas novamente como matéria-prima em
outros processos (ZIA e colaboradores, 2007 e RIBEIRO; DE PAOLI,
2007).
O produto da glicólise não depende somente da natureza física e
química do polímero, mas também da temperatura, do catalisador, do
glicol e das taxas do polímero/glicol (SPINACE, 2005 e WU e
colaboradores, 2002).
As reações de glicólise são um processo simples e de baixo custo,
no entanto o produto recuperado não apresenta alta pureza, limitando o
percentual de poliol recuperado que poderá ser misturado ao virgem
(MOTTA, 2011).
Borda e colaboradores (2000) estudaram a reação de glicólise
empregando resíduos de poliuretano flexível e elastômeros. Quatro
solventes foram testados, sendo eles o etileno glicol, 1, 2 - propileno
42

glicol, trietileno glicol e poli(etileno glicol). Como catalisador foi


empregada a dietanolamina.
A reação foi conduzida na faixa de 170 ± 1800 C em atmosfera
inerte de nitrogênio, sendo monitorada empregando-se medidas de
viscosidade cinemática. Descobriu-se que o tempo de reação é
aproximadamente constante, quando a glicólise é realizada com etileno
glicol, 1,2- propileno glicol ou trietilenoglicol. A menor viscosidade do
produto foi obtida quando se empregava o etileno glicol.
Wu e colaboradores (2002) estudaram a aplicação da glicólise
para resíduos de PUR provenientes de refrigeradores pós-consumo.
Foram utilizados o dietilenoglicol e o acetato de potássio como solvente
e catalisador, respectivamente.
A reação aconteceu à pressão atmosférica com temperaturas na
faixa dos 180 a 220°C, e com tempo de duração compreendido entre 30
minutos até 6 horas. O produto da reação foi analisado, sendo observado
que o número de hidroxilas do produto da glicólise aumentou com o
aumento do tempo de reação, indicando maior grau de decomposição.
Concluíram também, que a maior conversão é obtida em duas horas de
reação e que para a relação 1:2 DEG/PU a viscosidade do produto
obtido ficou muito abaixo do poliol virgem evidenciando um excesso de
DEG no meio.
Em outro trabalho Wu e colaboradores (2003) investigaram a
reciclagem das espumas flexíveis de poliuretanos provenientes de
assentos de automóveis. O processo foi conduzido à pressão atmosférica
com temperatura controlada de 220°C por 6,5 horas. O acetato de
potássio e dietilenoglicol foram utilizados como catalisador e solvente,
respectivamente. Foram variados os níveis de DEG/PU de 50 até 250%
em massa e de catalisador de zero até 5%. O produto da reação foi
separado por destilação e então analisado. Obtiveram número de
hidroxilas entre 460 e 780 mg KOH g-1. A conversão química ficou
acima de 90% e estável a partir de duas horas de reação.
Murai e colaboradores (2003) realizaram a glicólise da espuma
rígida de PU sobre várias condições de dissolução. Foram utilizados dez
diferentes solventes e sete diferentes catalisadores. Constatou-se que o
dietilenoglicol, empregado como solvente dissolveu um cubo de PU de
3 cm de aresta num tempo de 44 minutos, quando se empregava como
catalisador 0,2% em massa de hidróxido de potássio numa temperatura
de 1700C. Concluíram também que o tempo de dissolução cai pela
metade a cada aumento de 100C, sendo o menor tempo de dissolução de
43

5 minutos para a temperatura de 200°C. O dipropilenoglicol e o


tetraetileno glicol dissolvem a espuma em menor tempo, com o uso do
hidróxido de potássio como catalisador em altas concentrações. Polióis
de alta funcionalidade necessitam de tempo maior para dissolução
quando comparado com os glicóis.
Prociak e colaboradores (2004) apud Bolsoni investigaram as
propriedades das espumas rígidas e flexíveis a partir de polióis
recuperados por glicólise. O glicol utilizado foi o dietilenoglicol sem a
adição de catalisador para viabilizar baixo custo. O produto apresentou
número de hidroxilas entre 300 - 450 mgKOH g-1.
Para as espumas flexíveis a adição de poliol recuperado ficou
limitada a 20%, as espumas rígidas foram preparadas com 40% de poliol
reciclado e apresentaram condutividade térmica igual ou menor que
espumas preparadas apenas com poliol virgem.
Nikje e colaboradores (2005) realizaram a glicólise em duas
fases, dos resíduos de espuma de poliuretano proveniente de volantes de
automóveis. A reação foi conduzida a temperaturas entre 200 e 205 0C
por 5 horas, sendo a relação mássica utilizada 1:2 PU/(DEG 95% e DEA
5%) e 0,5 % de hidróxido de sódio (NaOH) em relação a massa de PU,
respectivamente como solvente e catalisador. Foi observado que sem o
auxílio do catalisador a dissolução é extremamente difícil. O poliol
recuperado foi utilizado novamente em formulações destinadas a mesma
aplicação original da espuma, onde foi observado que um percentual
superior a 30% de poliol recuperado, pode ser tolerado pelo aumento da
concentração de MDI na formulação.
Silva e colaboradores (2005) realizaram um estudo da reação de
glicólise na espuma rígida de PU, utilizando o etileno glicol (EG) como
solvente e o acetato de potássio (KAc) como catalisador e obtiveram
bons resultados. Podendo concluir que após duas horas de reação com
temperatura na faixa dos 190 ± 5°C mais de 70% da espuma sofreu
despolimerização.
Fukaya e colaboradores (2006) investigaram a reciclagem
química de resíduos de espumas rígidas de poliuretano, obtidas com
tolueno diisocianato (TDI) através de duplo aquecimento. Onde os
resíduos foram decompostos com o auxílio de uma extrusora e como
agente de decomposição a dietanolamina (DEA) foi utilizada.
Empregando-se a seguinte relação mássica 1:3 DEA/PU a temperatura
entre 250°C e 280°C por alguns minutos, para o primeiro aquecimento.
44

Após 12 horas a solução foi reaquecida, em forno a 2000C.


Concluíram que quanto menor a viscosidade do produto, maior a
decomposição da espuma. O processo de duplo aquecimento melhorou a
reprodutibilidade do produto regenerado e a eficiência de energia no
processo de decomposição.
Watando e colaboradores (2006) investigaram a reciclagem
química de resíduos de espumas flexíveis de PU e elastômeros, através
do emprego de uma extrusora conforme ilustra a Figura 3.

Figura 3 – Esquema do sistema empregado para despolimerização dos


resíduos de PU (WATANDO e colaboradores, 2006).

As temperaturas programadas para o aquecimento das zonas do


cilindro de plastificação foram 250 0C, 2700C e 2700C e o agente de
decomposição empregado foi a dietanolamina (DEA) nas relações
mássicas 8:1 PU/DEA e 10:1 PU/DEA. O tempo de reação foi de 240
(s).
O PU decomposto na extrusora é separado espontaneamente em
duas fases, sendo a fase superior rica em polióis e a inferior em aminas e
demais subprodutos de baixo peso molecular. A decomposição dos
resíduos de PU foi confirmada por GPC, sendo obtida uma taxa
equivalente a 80% do conteúdo decomposto para os elastômeros e 5%
para as espumas flexíveis sem purificação (WATANDO, 2006).
Este método destaca a vantagem para a recuperação dos
elastômeros em relação às espumas de PU, porém a incorporação desde
45

poliol recuperado ainda é limitado a um percentual de 20% na


formulação do novo produto por causa da presença de impurezas
contidas no poliol da fase superior não purificado.
Molero e colaboradores (2006a) estudaram o processo de
glicólise em duas fases com diferentes glicóis a fim de verificar sua
atividade e selecionar um sistema para obter um poliol recuperado com
melhor qualidade.
Os resíduos de espumas flexíveis de PU tinham como base o
poliol poliéter e o tolueno diisocianato (TDI). Foram testados diversos
glicois de baixo peso molecular, dentre eles o dietilenoglicol (DEG). As
reações foram conduzidas a 189 0C. Esta temperatura foi fixada em
função do ponto de ebulição do 1,2 – propileno glicol (MPG), um dos
glicóis testados. As relações mássicas empregadas para todas as reações
foram 1: 1,5 PU/Glicol e 01:06 DEA/Glicol em massa.
A cinética de reação foi investigada e os produtos da reação
caracterizados por FTIR e GPC. Os resultados ilustrados na Figura 4
mostram apenas os três glicóis testados que apresentaram melhor
desempenho, sendo o dietilenoglicol (DEG) o melhor deles.
46

Figura 4- Desempenho dos glicóis ( ) MEG, ( ) DEG, ( ) MPG (MOLERO


e colaboradores, 2006a).

Os resultados de GPC da fase superior do produto de glicólise,


não mostram pico do maior peso molecular que o poliol, conforme pode
ser observado na Figura 5, confirmando a completa decomposição do
PU na fase superior segundo Molero. Portanto a conversão de grupos
uretanos na fase inferior é uma consequência de reações de
descarboxilação secundária que ocorrem em função da água presente no
meio, e não de uma recombinação do glicol com os grupos uretanos
(MOLERO e colaboradores, 2006a).
47

Figura 5- Cromatogramas GPC das amostras obtidas na fase superior com


MEG e DEA como agente glicólise em função do tempo. Pico I - Uretano
oligômeros; Pico II - Poliol poliéter recuperado; Picos III e IV -
Subprodutos de reação; Pico V - Agente de glicólise (MEG e DEA)
(MOLERO e colaboradores, 2006a).

Molero e colaboradores (2006b) estudaram a glicólise em duas


fases, empregando resíduos de espuma flexível de PU provenientes do
poliol poliéter e do diisocianato de tolueno (TDI). Diferentes
catalisadores foram testados, a fim de investigar a cinética da reação e
os produtos de glicólise obtidos, sendo eles o n-butóxido de titânio,
dietanolamina, e os octoatos de potássio e cálcio.
As reações foram conduzidas a 189 0C em atmosfera inerte de
nitrogênio por até cinco horas, obedecendo a seguinte relação mássica
para todas as reações, 1: 1,5 PU/DEG em relação ao solvente. Reações
sem o uso do catalisador ocorrem de forma muito lenta e apresentam
baixa taxa de conversão. Portanto, uma reação sem o uso do catalisador
foi realizada apenas para se tornar uma referência de comparação entre
os catalisadores testados. Todos os catalisadores testados apresentaram
atividade adequada e muito similares entre si, quando comparados com
48

o processo não-catalisado. Permitir a recuperação completa de polióis


da matriz do poliuretano e os resultados são mostrados na Figura 6.

Figura 6 - Evolução do conteúdo de poliol na fase superior durante a


reação da glicólise de espumas de PU para catalisadores diferentes na
presença de DEG como agente glicólise (MOLERO e colaboradores,
2006b).

A glicólise realizada com DEA com ambos os octoatos mostrou-


se mais rápida e eficiente na quebra dos grupos uretanos, que o n-
butóxido de titânio.
A atividade global dos alcóxidos como catalisadores pode ser
explicada como o resultado de vários fatores, sendo os mais relevantes
deles as reações de substituição e a solubilização dos octoatos, uma vez
que são moléculas anfifílicas, onde o grupo ácido carboxílico representa
a parte hidrofilica e a fração de hidrocarbonetos representa a parte
hidrofóbica. Além deste efeito a estabilidade do n-butóxido de titânio
pode ser afetada por oxigênio, umidade ou temperatura, diminuindo a
sua atividade em relação aos outros catalisadores mais estáveis que
foram testados.
49

Conclui-se ainda que o octoato de potássio e cálcio, em especial o


octoato de potássio, leva o PU a uma completa degradação da cadeia
polimérica em baixo tempo de reação, obtendo alta concentração de
poliol recuperado . Este tempo de reação e concentração são
comparáveis aos obtidos com a DEA, o catalisador mais estudado até o
momento. Uma das principais vantagens é que a quantidade de octoato
usado representa apenas 15% em peso da DEA necessária. Por outro
lado, o octoato de potássio mostrou alta seletividade para a processo de
glicólise, evitando a hidrólise e gerando um menor teor de amina
primária que os demais catalisadores testados. Por ser de baixo custo, é
uma alternativa melhorada para os catalisadores relatados na literatura
até então.
Molero e colaboradores (2006) estudaram e avaliaram a
possibilidade de aplicação de polióis recuperados através da glicólise em
duas fases na formulação de novas espumas. As expansões foram feitas
em molde de madeira de 200x200x130mm. Todas as espumas
produzidas com polióis reciclados e sem purificação posterior,
apresentaram grande contração e colapso. Concluíram que o uso do
poliol reciclado e purificado por extração líquido – líquido, adicionados
ao poliol virgem em até 25% não causa prejuízo às propriedades físicas
da espuma e são comparáveis às espumas comerciais. Adições
superiores a 25% reduzem as propriedades elásticas da espuma, sendo
que a incorporação de altas porcentagens de poliol recuperado, exige
modificações na formulação para manter constante todas as
propriedades físicas, especialmente as relacionadas com as propriedades
elásticas da espuma.
Molero e colaboradores (2008) estudaram a influência de altas
temperaturas na ocorrência de reações secundárias, empregando o
processo de glicólise em duas fases a temperaturas de 175 a 1950C. O
dietilenoglicol (DEG) e o hidróxido de potássio (KOH) foram usados
respectivamente como solvente e catalisador, nas relações mássicas 1,5
DEG/PU e 2,2 KOH/PU.
Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 2, onde se observa
que o aumento da temperatura favorece a geração de reações
secundárias que levam a formação de aminas e aumento do índice de
hidroxilas do produto final.
50

Tabela 2 - Influência da temperatura nos produtos obtidos (MOLERO e


colaboradores, 2008)

Temperatura de reação 1750 C 1840 C 1900 C 1950 C

Acidez (mgKOH/g) 0,012 0,039 0,018 0,015

Número de OH(mgKOH/g) 158 166 171 172

Anina total (mgKOH/g) 3,78 4,52 9,59 9,80

Conteúdo de K(ppm) 7 - 11 4

A despolimerização e a dissociação são duas formas de


degradação térmica, que ocorrem em temperaturas acima de 2300C
conforme ilustrado na Equação 4a e 4b. Temperaturas elevadas
favorecem a formação de produtos indesejados, tais como amina,
isocianatos, poliois insaturados com baixo peso molecular, devido à
quebra excessiva das cadeias. A formação destes produtos deve ser
evitada durante as reações de glicólise, a fim de não comprometer a sua
reutilização na formação da nova espuma (MOLERO e colaboradores,
2008).
51

Equação 4 – Despolimerização e dissociação térmica conforme equação 4a


e 4b respectivamente (MOLERO e colaboradores, 2008).

Santos e colaboradores (2008) comprovaram que o processo de


glicólise mostrou-se ser um método eficiente na despolimerização de
espumas de PU, levando à obtenção de uma mistura de polióis que pode
ser utilizada na síntese de novas espumas.
Menger e colaboradores (2009) aplicaram o processo de glicólise
aos resíduos de PUR obtidos de polióis a base de óleo de soja e de
mamona. Como catalisador e solvente, foram empregados o acetato de
potássio e o dietilenoglicol, respectivamente.
A relação mássica DEG/PU foi variada através do emprego de
duas concentrações distintas de catalisador. As reações ocorreram à
temperatura de 2000 C por duas horas sobre pressão atmosférica.
Concluíram que as espumas recicladas apresentaram propriedades
mecânicas como resistência à compressão superior às espumas
comerciais ensaiadas em função do aumento do índice de OH do poliol
recuperado.
Molero e colaboradores (2009) constataram que dentre os sais de
octoatos investigados, como novos catalisadores para reações de
52

transesterificação em duas fases da espuma flexível de poliuretano, com


o uso do dietilenoglicol como solvente a temperatura na faixa dos 189
0
C, o octoato de estanho apresentou uma notável atividade, obtendo um
poliol com maior qualidade e tendo como vantagem a não necessidade
de remoção do meio, uma vez que ao entrar em contato com a água
remanescente no poliol recuperado perde seu efeito.
Lopes e Becker (2010) estudaram a glicólise da espuma rígida de
PU empregando como catalisador o acetato de potássio em dois
diferentes percentuais mássicos 2% e 5% em relação à espuma de PU. O
solvente utilizado foi o dietilenoglicol com dois diferentes percentuais,
1:1 DEG/PU e 2:1 DEG/PU em relação à massa da espuma. A reação
foi conduzida por duas horas a 2000 C em pressão atmosférica.
Concluíram que para a relação mássica 2:1 DEG/ PU a viscosidade
obtida foi muito baixa, evidenciando um excesso de solvente no meio.
O melhor resultado foi obtido com a reação que continha 2% de
catalisador em relação à massa da espuma e a concentração do solvente
1:1, apresentou a maior conversão, atingindo 72% em duas horas de
reação.
Lopes (2010) investigou o uso do poliol reciclado obtido pela
glicólise da espuma rígida de poliuretano, e constatou que os resíduos
desta espuma podem ser reciclados e reintroduzidos no processo de
fabricação de refrigeradores domésticos, desde que obedecido o
percentual de adição, limitando o uso em até 10% de poliol recuperado à
mistura com o poliol virgem e não tráz prejuízos para aplicações
destinadas à refrigeração doméstica. A condutividade térmica,
resistência à compressão, densidade de núcleo e “creep test” das
espumas produzidas com um percentual de 10% de poliol recuperado
em sua formulação apresentaram-se adequadas aos padrões industriais
atuais.
Espumas que utilizam até 20% de poliol recuperado podem ser
utilizadas em aplicações menos nobres, como preenchimento de peças
de engenharia.
Nikje e Garmarudi (2010) estudaram a recuperação do poliol por
pentaeritriol via glicólise da espuma flexível de PU. A glicólise foi
conduzida em duas fases por cinco horas a 2000C em pressão
atmosférica, empregando como catalisador o hidróxido de sódio
(NaOH) e como solvente uma mistura de dietilenoglicol (DEG) e
pentaeritriol (PER), obedecendo as seguintes relações mássicas 9:1
DEG/PER, 1:1 PUF/(DEG/PER) e 1:0,05 PUF/NaOH. Os produtos das
53

fases superior e inferior foram caracterizados por cromatografia (GPC) e


espectroscopia (I.V) e a influência do poliol recuperado nas
propriedades da nova espuma foi investigada. Concluiram que é
possível incorporar até 40% do poliol recuperado na fase superior em
formulações de espuma flexível e 30% de poliol recuperado na fase
inferior em formulações de espuma rígida de PU.
Irusta e colaboradores (2011) estudaram a glicólise em duas fases
empregando resíduos de espuma flexível oriundas de estofamentos de
automóveis. Três fatores que afetam a taxa de rendimento foram
estudados, sendo eles: a temperatura de reação, o tempo de reação e as
relações mássicas catalisado, solvente e massa de poliuretano.
Concluíram que a glicólise é um método eficiente na recuperação de
poliol, atingindo alta taxa de conversão e que o fator que mais afeta o
rendimento é a relação mássica (catalisador + solvente/PU) seguida pela
relação (catalisador/solvente), e em terceiro lugar a temperatura da
reação. Quantidades menores de catalisador dietanolamina (DEA)
apresentaram melhor rendimento em relação às formulações com maior
percentual de catalisador que favorecem o aumento de reações
secundárias e maior contaminação do poliol recuperado na fase superior.
Temperaturas abaixo de 1700C oferecem menor taxa de rendimento de
modo que temperaturas acima de 2100C aceleram a taxa de degradação
com o aumento do percentual de catalisador. O aumento da quantidade
relativa de dietilenoglicol (DEG) não prevê qualquer melhoria adicional
no rendimento do poliol e afeta negativamente a economia do processo
sendo a melhor relação (DEA + DEG/PU) 1,25:1, também a mais
econômica.
Em todos os trabalhos consultados que abordam o tema da
despolimerização do PU como forma de reciclagem, observou-se que
em nenhum deles é realizado um estudo sobre os efeitos do ciclo de
polimerização – despolimerização nas propriedades do polímero. Tal
estudo possui interesse na definição de quantas vezes tal ciclo pode ser
empregado. Desta forma, neste trabalho de dissertação foi empregada a
metodologia proposta por (LOPES, 2010) e foram avaliados os efeitos
de tais ciclos.
O acetato de potássio foi escolhido como catalisador da reação
por aumenta à quantidade de aminas no produto da glicólise de espumas
rígidas de poliuretano, sendo este, um fator importante para o reuso
posterior por gerar efeitos diversos em um processo de polimerização,
54

como a trimerização ou dimerização do isocianato, que são reações de


equilíbrio (SCHEIRS, 1998).
No próximo capítulo serão apresentadas as metodologias e
descrições dos materiais e métodos empregados.
55

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 MATERIAIS

Neste estudo foram utilizados resíduos de espumas rígidas de


poliuretano do processo expansão de portas e gabinetes de
refrigeradores de um fabricante regional. A espuma foi obtida pelo
processo RIM de alta pressão, em moldes metálicos aquecidos a
temperatura de 45°C. Foi usado como base, um poliol poliéter fornecido
pela Dow Chemical S.A e difenilmetano diisocianato (MDI) fornecido
pela Bayer S.A., sendo utilizado o ciclopentano como agente de
expansão física da Siecco S.A.
Para as despolimerizações o solvente utilizado foi o
dietilenoglicol (DEG), teor 99%, e como catalisador foi empregado o
acetato de potássio, p.a., Lafan.

4.2 MÉTODOS

4.2.1 Moagem dos resíduos de PUR

Os resíduos foram picotados em cubos e triturados em moinhos


de faca a fim de se obter um pó fino com granulometria entre 840 micra
e acondicionadas em vidros para armazenamento.

4.2.2 Reação de despolimerização

A despolimerização foi realizada com a montagem de um sistema


constituído por um balão de três bocas com volume interno de 250 ml,
banho de óleo equipado com termopar, banho termocriostático,
condensador e sistema de agitação mecânica, com agitação constante
entre 400 e 600 rpm a temperatura de 197 0C.
A relação mássica resíduo/solvente utilizada foi de 1:1 e de
1:0,02 resíduo/catalisador. Estes parâmetros foram mantidos fixos ao
longo de todas as reações. As reações de despolimerizações aconteceram
à pressão atmosférica e desprovida de inertização com gás. A
alimentação do balão foi feita a uma taxa de 2,5 a 3 g min, de acordo
com a taxa de dissolução. Os resíduos de poliuretano foram adicionados
ao balão contendo (DEG) na temperatura de reação e, após total
56

incorporação no solvente, iniciou-se a contagem do tempo (t0). A reação


teve duração de duas horas contada a partir deste tempo. As
despolimerizações aconteceram no Laboratório de Controle de
Processos da UFSC, a Figura 7 ilustra o sistema montado para a
realização das reações.

Figura 7 - Equipamento utilizado para a reação de despolimerização

4.3 CARACTERIZAÇÕES DO POLÍMERO DECOMPOSTO

4.3.1 Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de


Fourier (FTIR)

Para estimar a taxa de conversão e caracterização dos grupos


funcionais presentes, no produto de reação da primeira
despolimerização, foi realizada a análise por infravermelho em um
espectrofotômetro Shimadzu modelo A210046, pelo método de
absorbância. Os espectros foram obtidos com resolução de 2 cm-1, sendo
realizados 16 varreduras, com número de onda de 4000 a 1000 cm-1.
Cada medida é uma média de três ensaios. O FTIR foi realizado no
Laboratório Polimat da UFSC.
57

4.3.2 Titulação

Para a determinação do índice de hidroxilas foi realizada a


titulação em um titulador automático DMS Titrino Metrohm 716,
segundo a norma ASTM D 2849.
O ensaio é baseado na esterificação do grupo hidroxila com uma
solução de anidrido ftálico em piridina sob condições de refluxo. O
excesso de reagente é titulado com uma solução de NaOH 1N. O índice
de hidroxila indica o número de mg de KOH equivalente ao conteúdo de
hidroxilas de 1 g da amostra. As titulações foram ensaiadas no
Laboratório da Dow Chemical S.A unidade de Jundiaí.

4.3.3 Titulação Karl-Fisher para determinação do teor de umidade

A titulação foi realizada em um titulador automático DMS Titrino


Metrohm 716, segundo a norma ASTM E 203. Este método é baseado
na titulação volumétrica Karl Fischer para determinação do teor de água
livre na maioria das soluções orgânicas e inorgânica. As amostras foram
ensaiadas no Laboratório da Dow Chemical S.A unidade de Jundiaí.

4.3.4 Massa Molar

As análises da massa molar numérica média (Mn), massa molar


mássica média (Mw), bem como a distribuição de massa molar dos
produtos das despolimerizações foram caracterizadas por Cromatografia
de Permeação em Gel (GPC) em um cromatográfo líquido de alto
desempenho (HPLC, modelo LC-20A, Shimadzu). O HPLC é equipado
com detector RID-10A e injetor automático SIL-20ª, possuindo três
colunas dispostas em série, sendo elas: GPC- 801, a qual detecta o
polímero com massa molar até 1,5x103 g.mol-1, GPC-804, 4x105 g.mol-1
e, GPC-807, 2x108 g.mol-1. As colunas possuem 30 cm de comprimento
e 8 mm de diâmetro, recheadas com Poli(estireno-divinilbenzeno),
possibilitando assim a análise de Cromatografia de Permeação em Gel
(GPC).
As amostras foram preparadas através da solubilização de
aproximadamente 0,02g do produto da despolimerização em 4ml de
THF. Após solubilização a solução foi filtrada em filtro de Nylon com
0,45µm de diâmetro do poro. Para determinar a massa molar das
58

amostras, foram utilizados padrões de estirenos com massas molares


variando entre 580 g.mol-1 a 3.800.000g.mol-1. Os resultados da massa
molar numérica média (Mn), massa molar mássica média (Mw) massa
molar ponderal média (Mz) e polidispersidade (Mw/Mn) obtidos serão
apresentados na seção resultados e discussões. As análises de
cromatografia de permeação em gel foram realizadas no Laboratório de
Controle de Processos (LCP) da UFSC.
O Fluxograma 1 a seguir, através de um cálculo simples de
proporção, explica o percentual de contribuição do polímero
decomposto “sem purificação” ao longo de cada ciclo de
despolimerização e expansão. Destaca-se que as reações que têm maior
influência são referentes ao primeiro e segundo ciclo de reciclagem.
59

Espuma original

1ª Despolimerização

90% 10% de
de polímero
poliol dec. da 1ª
puro desp.

1ª Expansão

2ª Despolimerização

90% 9% de 1% de
de polímero polímero
poliol dec.da 2ª dec. da 1ª
puro desp. desp.

2ª Expansão
60

3ª Despolimerização

90% de 9% de 0,9 de 0,1 % de


poliol polímero polímero polímero
puro dec. da dec. da dec. da
3ª desp. 2ª desp. 1ª desp.

3ª Expansão

4ª Despolimerização

90% de 9% de 0,9% de 0,09 % 0,01% de


poliol polímero polímero de polímero
puro dec. da 4ª dec. da polímero dec. 1ª da
desp. 3ª desp. dec. da desp.
2ª desp.

4ª Expansão

Fluxograma 1 - Cálculo de contribuição do polímero decomposto ao longo


de cada ciclo de despolimerização.
61

3.4.2 Montagem do sistema para as homogeneizações e expansões


realizadas no (LCP)

A homogeneização do poliol virgem com o polímero decomposto


foi realizado com auxílio de um agitador mecânico, com agitação
constante de 500 rpm por aproximadamente cinco minutos. Para a
homogeneização final de todos os reagentes, foi preciso adaptar um
sistema que garantisse uma homogeneização eficiente em um intervalo
de tempo pequeno. As expansões foram realizadas em um molde
artesanal de madeira.

3.4.3 Homogeneizações e expansões realizadas no Laboratório de


Físico-química de uma indústria regional.

A mistura do poliol virgem com polímero decomposto, MDI e


agente de expansão auxiliar ciclopentano. Foi realizada em um agitador
mecânico com alto poder de mistura. Posteriormente, os reagentes
homogeneizados foram despejados em um molde metálico provido de
aquecimento térmico a temperatura de 450C. O molde foi recoberto com
filme plástico para facilitar a desmoldagem, evitando quebras e fissuras
dos blocos obtidos, que foram utilizados para recortar os corpos-de-
prova para os ensaios mecânicos e térmicos.
O tempo de desmoldagem foi de 4 minutos após a expansão. A
Figura 8 (a) e (b) ilustra respectivamente o agitador mecânico
empregado e a parte inferior do molde metálico utilizado.

(a) (b)

Figura 8 – (a) Agitador mecânico e (b) vista superior da parte inferior do


molde utilizado para as expansões.
62

3.4.4 Preparação dos corpos-de-prova

Os corpos-de-prova foram recortados, após 24 horas das


expansões terem sido realizadas. De cada bloco expandido foram
retirados dois corpos-de-prova para ensaio de compressão e densidade, e
um corpo para ensaio de condutividade térmica. Os blocos expandidos
ficaram homogêneos, isentos de peles ou cascões e com superfícies
planas. A Figura 9 (a), (b) e (c) ilustra, respectivamente, a ferramenta
para o corte e a obtenção dos corpos de prova para os ensaios de
compressão e condutividade térmica.

(a) (b) (c)

Figura 9 – (a) Ferramenta de corte, (b) obtenção dos corpos-de-prova para


ensaios mecânicos e (c) ensaios térmicos (LOPES, 2010).

3.5 CARACTERIZAÇÕES FÍSICA E MECÂNICA DO PUR

3.5.1 Ensaio densidade

A densidade aparente do núcleo dos corpos-de-prova foi


determinada por imersão, conforme norma interna da empresa
NTW01836 - baseada na norma NBR Projeto 10:501.07-001/1 Painéis e
placas industrializadas com espuma rígida de poliuretano Parte 1. Para
execução do ensaio foi utilizado um becker de 3000 ml, com água até
2000ml sobre uma balança de precisão. O corpo-de-prova foi totalmente
imerso na água com o auxílio de um fino bastão metálico. A leitura foi
feita na balança.
A Figura 10 ilustra o equipamento utilizado para execução do
ensaio.
63

Figura 10 – Equipamento utilizado para medir a densidade aparente do


núcleo do corpo-de-prova (LOPES, 2010).

3.5.2 Ensaio de compressão

A resistência à compressão foi determinada conforme norma


interna da empresa NTB 01858 – Determinação da resistência a
compressão de espuma rígida de poliuretano. Para cada expansão foram
ensaiados dois corpos-de-prova. A força de compressão foi aplicada até
o ponto de escoamento, sendo que nenhum corpo-de-prova ultrapassa-se
a 13% da sua espessura. O equipamento utilizado foi uma máquina
universal de testes Instron provida de célula de carga de compressão
conforme Figura 11. A velocidade do ensaio foi de 2,50 ± 0,25
mm/minuto.
64

Figura 11 - Máquina universal testes Instron 3369 (LOPES, 2010).

3.5.3 “Creep test”

Os ensaios foram executados conforme norma interna da empresa


Italy PA000405 - Creep Test Operating Instruction. A finalidade é de
avaliar a deformação da espuma simulando um ambiente real de
trabalho no ponto crítico de envelhecimento da espuma. Os corpos-de-
prova foram preparados com dimensões de 100x100x40mm e
submetidos à pressão de 1,0 bar de ar comprimido em recipiente
hermeticamente fechado por 10 minutos. Os volumes iniciais e finais
dos corpos-de-prova foram determinados por densidade por imersão em
água. Os valores aceitáveis para aprovação da espuma são de até 10%
segundo a norma. A Figura 12 ilustra o equipamento utilizado para
realização dos ensaios.
65

Figura 12 - Equipamento empregado para realização do “creep test”


(LOPES, 2010).

3.6 CARACTERIZAÇÕES TÉRMICAS DO PUR

3.6.1 Ensaio de condutividade térmica ou fator K

A condutividade térmica equivale à quantidade de calor


transmitida numa direção normal a área da superfície e através da
espessura, devido ao gradiente de temperatura em regime permanente.
Os ensaios foram realizados conforme norma interna da empresa NTW
01898 – e norma NBR12094 - Determinação da condutividade térmica
da espuma rígida de poliuretano utilizada para isolamento térmico. Os
corpos-de-prova foram recortados com dimensão de 200 x 200 x 40 mm
e previamente acondicionados a 23°C com umidade relativa de 55%
durante 24 horas. Em seguida, foram colocados entre duas placas
mantidas a temperaturas diferentes, sendo uma fria a 10°C e a outra
quente a 38°C.
A tensão fornecida ao equipamento para aquecer a placa quente
foi ajustada até ser obtida condição de regime estacionário. Os ensaios
foram feitos em aparelho do tipo Laser Comp modelo Fox 200,
conforme ilustra a Figura 13.
66

Figura 13 – Equipamento empregado para medir a condutividade térmica


ou fator K (LOPES, 2010).

3.6.2 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

As amostras foram analisadas por calorimetria exploratória


diferencial, em um equipamento da marca Shimadzu – 50. Foi utilizada
uma rampa de aquecimento 100C/min em atmosfera inerte de nitrogênio,
na faixa de temperatura compreendida entre 0 a 3500C e fluxo de
nitrogênio de 50 ml/min. Os ensaios foram realizados no Laboratório
Polimat da UFSC.

3.6.3 Termogravimetria (TGA)

Nesta técnica determina-se a perda ou ganho de massa de uma


amostra em função do tempo ou temperatura, a fim de se obter
informações sobre a decomposição térmica do polímero.
As amostras foram ensaiadas por termogravimetria em um
equipamento da marca Shimadzu 50, utilizando-se porta amostra de
platina e sobre fluxo de nitrogênio de 50 ml/mim. A rampa de
aquecimento utilizada foi igual a 10 °C/min e a variação de temperatura
foi de 0 a 600 °C. O ensaio foi realizado no Laboratório do Polimat da
UFSC.
67

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados


obtidos no estudo realizado sobre o efeito de sucessivas
despolimerizações sobre as propriedades térmicas e mecânicas da
espuma rígida de poliuretano. A primeira etapa compreende os
resultados e discussões referentes à obtenção do polímero decomposto
“sem purificação” e as caracterizações realizadas, tais como: FTIR,
índice de hidroxilas, titulação Karl-Fisher para determinação do teor de
umidade e cromatografia de permeação em gel (GPC).
Na segunda etapa serão apresentados e discutidos os resultados
obtidos para a preparação e expansão da espuma produzida com um
percentual de polímero decomposto “sem purificação” em sua
formulação, e os ensaios de caracterizações mecânicas e térmicas, tais
como: densidade de núcleo, resistência à compressão, “creep test”,
condutividade térmica ou fator K, calorimetria exploratória diferencial
(DSC) e termogravimetria (TGA).

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO POLÍMERO DECOMPOSTO

Os produtos das despolimerizações apresentaram-se como


materiais monofásicos de coloração escura, uma vez que não foi
empregada a glicólise em duas fases como rota de despolimerização,
como foi realizada nos trabalhos de Molero e colaboradores, (2006) e
Ribeiro, (2010). Aparentemente todos os resíduos de PUR reagiram não
havendo a necessidade de realizar uma filtração simples para a remoção
destes tipos de partículas.

4.1.1 Ensaio de espectroscopia no infravermelho (FTIR)

O ensaio de espectroscopia no infravermelho foi utilizado tendo


como objetivo principal estimar a taxa de conversão do polímero
decomposto recuperado, uma vez que diversos pesquisadores como
Molero e colaboradores, (2006), Wu e colaboradores, (2002), Silva e
colaboradores (2005) e Lopes, (2010) comprovaram que a reciclagem
química via glicólise é uma rota eficiente na recuperação do poliol, e
68

que este pode ser empregado novamente como parte da matéria-prima


na obtenção de novas espumas.
Os resíduos de PUR provenientes da indústria, também foram
caracterizados com a finalidade de identificação dos grupos funcionais
presentes, conforme ilustra a Figura 14. Sendo as atribuições das bandas
comparadas com aos valores das frequências características para os
grupos existentes na molécula, de acordo com a literatura
(SILVERSTEIN, 2005) e são listados na Tabela 3.

Figura 14 - Espectro no infravermelho da amostra da espuma rígida de


poliuretano
69

Tabela 3 - Correlação das bandas e as funções dos espectros da espuma


rígida de poliuretano

PUR
Número de ondas
Bandas
(cm-1)
1 3300 Estiramento simétrico OH (de álcool e de água)
2 2970 -2868 Estiramento do C-H nos carbonos alifáticos
3 2277 Estiramento N=C=O livre
4 1720 Estiramento C=O (uretano)
5 1594 Deformação N-H
6 1510 Estiramento C-N e deformação N-H
7 1411 Deformação assimétrica CH3
8 1375 Deformação simétrica CH3
9 1308 Deformação simétrica CH3
10 1225 Estiramento C=O-O do éter
11 1078 Deformação C-O-C grupo éter
(Fonte: SILVERSTEIN, 2005)

Para estimar a quantificação da taxa de conversão do polímero


decomposto obtido, alíquotas de amostras foram retiradas no tempo zero
(t0) e após duas horas de reação (t120). A Figura 15a mostra os espectros
comparativos entre o polímero decomposto obtido nestes dois tempos de
reação e a Figura 15b ilustra uma ampliação do número de onda a cerca
de 1720 cm-1.
70

Figura 15 - (a) Espectro Infravermelho da reação no início T 0 e fim T120; (b)


Ampliação do espectro no número de onda a cerca de 1720 cm-1.
71

Observa - se na Figura 15b que a intensidade de absorção da


banda do grupo (NHCOO), em 1720 cm-1 varia inversamente com o
tempo de reação (SILVA e colaboradores, 2005).
A conversão química foi estimada baseando-se nos modelos
utilizados por WU e colaboradores, 2002; e Silva e colaboradores, 2005.
Tais modelos possuem limitações, porém são empregados neste trabalho
para a obtenção de dados preliminares, sendo necessário que em
trabalhos futuros seja realizado uma investigação quantitativa
utilizando-se metodologias mais adequadas. Os valores médios das
amostras foram estimados segundo a Equação 5, onde os percentuais
médios obtidos são mostradas conforme a Tabela 4.
Foram acompanhados os valores para o pico no número de onda
em 1720 cm-1 da espuma rígida de PU antes de sofrer despolimerização
e ao longo da reação, totalizando duas alíquotas uma em (t0) e outra em
(T120).

Equação 5 – Estimação da taxa de conversão

Tabela 4 – Estimativa da taxa de conversão do grupo funcional -NCOO-


(X%) da reação de despolimerização

Tempo (NHCOO) (NHCOO)0 X

PUR - 1,312 -

T0’ 1,213 - 7,55%

T 120’ 0,733 - 44,13%

(NHCOO) – Altura da banda de absorção do grupo (NCOO) em cerca de 1720


cm-1 do polímero decomposto;
(NHCOO)0 – Altura da banda de absorção do (NCOO) da espuma de PUR em
cerca de 1720cm-1;
(X) – Estimativa da taxa de conversão química, valor em percentagem.
72

A relação mássica e os reagentes empregados para a execução da


despolimerização já haviam sido testados por Lopes (2010) e Wu e
colaboradores, (2002) onde estes respectivamente obtiveram taxas de
conversão de 90% e 56,1 % ou seja, maiores do que as encontradas
neste estudo. O fato é explicado, uma vez que Wu e colaboradores
(2002) utilizaram um resíduo de espuma rígida com um maior teor de
grupos hidroxilas 794,3 mg kOH/g contra 694 mg kOH/g dos resíduos
empregados neste estudo. Justificando assim, uma menor taxa de
conversão, sendo que Wu e colaboradores (2002) e Lopes (2010)
utilizaram temperaturas na faixa dos 200 0C, enquanto o sistema
estudado foi limitado a 197 0C. No entanto mesmo apresentando uma
taxa de conversão inferior, foi possível incorporar o mesmo percentual
de polímero decomposto, utilizando a mesma formulação testada por
Lopes e também obter desempenhos mecânicos e térmicos similares a
sua espuma.

4.1.2 Titulação – índice de hidroxilas

Os índices de hidroxilas do polímero decomposto obtidos nas


sucessivas despolimerizações, bem como do poliol original e solvente
empregado estão listados na Tabela 5.
73

Tabela 5 - Índice de hidroxilas dos produtos

Titulação
Reação
(mg kOH/g)

DEG 1073

Poliol Original 389,04

1ª Despolimerização 694

2ª Despolimerização 456,86

3ª Despolimerização 446

4ª Despolimerização 453,66

O valor do índice de hidroxila obtido para a primeira


despolimerização é maior que o encontrado por Molero e colaboradores
(2006a), visto que Molero e colaboradores utilizaram o processo de
glicólise em duas fases. Posteriormente, o excesso de solvente foi
removido do meio, além das relações mássicas utilizadas, e tipos de
resíduos e reagentes serem diferentes dos empregados neste estudo. O
valor encontrado é levemente menor do que o encontrado por Lopes
(2010) e Wu e colaboradores (2002). Uma vez que estes empregaram
temperatura na faixa dos 200 0C, enquanto que neste sistema foi
limitado a 197 0C. Isto justifica um menor índice de hidroxilas do
polímero decomposto obtido.
Durante a segunda, terceira e quarta despolimerização algo
interessante ocorreu. O índice de hidroxila obtido apresentou valores
muito próximos ao poliol original, e dentro da faixa requerida para um
poliol comercial entre 350 – 500 mg KOH/g (segundo Motta, 2011) e
manteve-se, aparentemente estável até a quarta despolimerização.
Como o solvente não foi removido do meio, não era esperado que
o índice de hidroxilas decrescesse a tal ponto.
Segundo Fiorio (2007) o que pode estar ocorrendo seria o
mecanismo recombinação, uma vez que a redução da temperatura pode
74

induzir a recuperação dos grupos uretanos através da reação entre


hidroxilas e isocianatos terminais.
No trabalho realizado por Fukaya e colaboradores (2006) é
relatado que o poliol recuperado através do emprego de uma extrusora
com DEA como agente de decomposição e reaquecimento em forno a
temperaturas entre 175 – 200 0C é eficaz para melhorar a estabilidade do
produto obtido. Tal como a viscosidade, independe das condições de
extrusão e quantidade de agente de decomposição.
Os ensaios de GC-MS, realizados por Fukaya com os produtos de
despolimerização identificaram adutos intermediários de TDI, DEA e
amina, que se decompom na fase inicial de reaquecimento, liberando
TDA. Com o avanço do tempo de reaquecimento, novos compostos
intermediários não identificados são formados por recombinações,
sendo estes os responsáveis pelo aumento da viscosidade.
Apesar de não ser o foco deste estudo, desvendar os detalhes
cinéticos, sugere-se como hipótese: a ocorrência de um sutil mecanismo
de recombinação, capaz de causar um pequeno aumento do grau de
reticulação, formado apenas a partir do segundo ciclo de
despolimerização em diante, consumido desta forma as hidroxilas livres
provenientes do excesso de solvente do meio que não foi removido, o
que necessita maior investigação para sua comprovação.

4.1.2 Teor de umidade

Observa-se que o teor de umidade diminuiu ao longo dos ciclos


de reciclagem, conforme mostra a Tabela 6.
75

Tabela 6 – Teor de umidade obtido ao longo dos ciclos de


despolimerizações

Teor de
Reação
umidade (%)

Poliol Original 2,53

1ª Despolimerização 0, 18

2ª Despolimerização 0,17

3ª Despolimerização 0,04

4ª Despolimerização 0,05

Tal decréscimo ocorre em função das reações serem conduzidas a


temperatura acima do ponto de ebulição da água. Como o sistema de
despolimerização não era hermeticamente fechado, conforme ilustra a
Figura 16, o condensador não consegue evitar totalmente algum tipo de
perda, mesmo porque uma das bocas do balão permaneceu aberta por
um período de 45 minutos para que o resíduo de PUR pudesse ser
incorporado no meio, justificando, assim, essa redução.

Figura 16 – Detalhe do sistema de despolimerização.


76

A presença de água é inevitável na formulação da espuma rígida


do poliuretano, uma vez que a água é proveniente de resquício do
processo de obtenção do poliol e também porque a espuma é um
material polar, absorvendo unidade do meio. Considera-se essa perda de
umidade como um ganho na qualidade do produto obtido.
Segundo Ribeiro (2010) e Molero (2006b) com a presença de
água no meio, é possível que ocorra paralelamente a glicólise a reação
de hidrólise, onde juntamente com o poliol forma-se um carbamato
instável que se decompõe rapidamente, formando diaminas aromáticas e
dióxido de carbono. A diamina aromática é um subproduto indesejado
devido a sua toxicidade e redução da reatividade do sistema.
O dióxido de carbono não é um agente eficaz de sopro para
espumas rígidas de poliuretano, diferindo dos líquidos não reativos por
não proporcionar propriedade de isolação térmica. Uma desvantagem
em aplicações que requerem propriedades de baixa condutividade
térmicas, como no caso das espumas rígidas de PU. Este também se
difunde através das paredes celulares mais rapidamente, do que muitos
outros compostos e produz um desequilíbrio maior de pressão entre as
células da espuma e a atmosfera durante o tempo necessário para a
pressão do gás se equilibrar, gerando assim maior quantidade de células
abertas (KLEMPNER ; SENDIJARVIC, 2004).

4.1.3 Cromatografia de permeação em gel (GPC)

A distribuição da massa molar dos polímeros decompostos ao


longo dos ciclos de despolimerizações foi acompanhada por
cromatografia de permeação em gel (GPC). A Tabela 7 mostra os
resultados obtidos para a massa molar numérica média (Mn), massa
molar mássica média (Mw), massa molar ponderal média (Mz) e
polidispersividade (Mw/Mn) do poliol puro e do polímero decomposto
ao longo dos ciclos de despolimerizações.
77

Tabela 7 - Massas molares do poliol puro e dos produtos da


despolimerização ao longo dos ciclos de despolimerizações

Produto da despolimerização

Poliol original 1ª Desp. 2ª Desp. 3ª Desp. 4ª Desp.

Mn 791 843 871 914 863

Mw 1116 1221 1247 1337 1233

Mz 2686 2695 2263 2381 2336

Mw/Mn 1,4106 1,4489 1,4315 1,509 1,4280

Os resultados obtidos para a massa molar mássica média (Mw)


não mostram uma diferença significativa ao ponto de sugerir um
mecanismo de recombinação pela recuperação dos grupos uretanos,
através da reação entre hidroxilas e isocianatos terminais. Uma vez que,
produtos de alta massa molar não são formados, e a distribuição da
massa molar apresentou-se em um único pico, isso indica que o
polímero decomposto, recuperado ao longo dos ciclos de
despolimerizações está se mantendo estável. Os valores de
polidispersividade praticamente não variaram entre si, indicando que a
distribuição de massa molar dos oligômeros nesta fração permaneceu
estreita.
As curvas da Figura 17 ilustram o comportamento da massa
molar em função do tempo de eluição. Observa-se que os produtos das
despolimerizações apresentam um perfil similar entre si e entre o poliol
original. No entanto, segundo o gráfico, os produtos das
despolimerizações apresentam uma maior variação de massa molar ao
longo do tempo de eluição em comparação com o poliol original, que
pode ser um indicativo de oligômeros que não decompuzeram
totalmente, uma vez que a taxa de conversão estimada foi de apenas
44,12% e da presença impurezas no meio.
78

Figura 17 – Massa molecular em função do tempo de eluição.

4.2 POLIMERIZAÇÕES E EXPANSÕES

Para execução da reação de polimerização e expansão, com a


utilização de 10% de polímero decomposto, foi empregada a mesma
formulação utilizada por Lopes (2010), 144g de difenilmetano
diisocianato (MDI), 100g de poliol poliéter e 13,6g de ciclopentano.
Essa formulação foi mantida para todas as polimerizações e expansões
realizadas parte na indústria e parte no Laboratório de Controle de
Processos (LCP) da UFSC.
As polimerizações e expansões realizadas no (LCP) tiveram o
intuito de otimizar o curto período de tempo, para que fosse possível o
estudo dos quatro ciclos de reciclagens.
Os blocos foram expandidos em um molde fechado de madeira
desprovido de aquecimento, com a finalidade de gerar resíduos para
serem empregados na segunda, terceira e quarta despolimerização. Estes
79

apresentaram boa homogeneização dos reagentes, isenção de bolhas e


alguns pontos de rechupe em função das limitações impostas pelo molde
utilizado.
Os blocos que foram polimerizados e expandidos na indústria,
apresentaram coloração bastante homogênea, isenção de bolhas e
rechupes e sem traços de células abertas, conforme ilustra as Figuras 18,
19 (a) e (b) e 20 (a) e (b). Estes blocos foram utilizados para recortar os
corpos-de-prova que serviram para a execução de todos os ensaios
térmicos e mecânicos.
Manteve-se, assim, o mesmo padrão de obtenção e avaliação
industrial, verificando, desta forma, a sua aplicabilidade ao mesmo
processo e produto de origem.

Figura 18 – Espuma produzida com 100% de poliol virgem.


80

(a) (b)

Figura 19 – (a) Espumas produzidas com um percentual de 10% polímero


decomposto recuperado referente a primeira e (b) segunda
despolimerização respectivamente.

(a) (b)

Figura 20 – (a) Espumas produzidas com um percentual de poliol de 10%


recuperado referente a terceira e (b) quarta despolimerização
respectivamente.

4.2 1 Densidade do núcleo

Os corpos-de-prova foram preparados com o cuidado de remover


regiões de pele ou cascões, com a finalidade de deixar as amostras
81

homogêneas. Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 8, onde se


observa um aumento da densidade para as espumas produzidas com um
percentual de 10% de polímero decomposto “sem purificação” em sua
formulação com relação às atuais espumas produzidas na fábrica.
A densidade mínima para a aplicação na indústria de refrigeração
para este material não deve estar abaixo de 29,5 kg/cm3. Sendo assim, os
valores encontrados estão aptos para essa aplicação.
Houve um ganho com a maior robustez ao produto, em função de
um melhor empacotamento das estruturas químicas, desencadeado pelo
aumento do índice de hidroxilas do polímero decomposto inserido na
formulação.

Tabela 8 - Densidade do núcleo dos blocos expandidos

Densidade
Expansão
do núcleo Kg/m3

Expansão padrão 30,94

1ª Expansão c/polímero dec. da 1ª desp. 33,54

2ª Expansão c/ polímero dec. da 2ª desp. 33,00

3ª Expansão c/polímero dec. da 3ª desp. 33,19

4ª Expansão c/polímero dec. da 4ª desp. 33,54

4.2.2 Resistência à compressão

Os corpos-de-prova foram preparados no formato circular com


dimensões de Ø 60 mm e altura de 25 mm, através do emprego de um
gabarito de corte. Os resultados são mostrados na Tabela 9, onde estes
são uma média de três ensaios.
82

Tabela 9 - Resultados de resistência à compressão para espuma expandida


com poliol virgem e com o polímero decomposto ao longo dos ciclos de
despolimerizações

média da Desvio
Resist. padrão
Expansão
compressão
kPa

Exp. padrão 156 ± 2,64

1ª Exp. c/polímero dec. da 1ª 148 ± 3,0


desp.

2ª Exp.c/ polímero dec. da 2ª 165 ± 2,08


desp.

3ª Exp. c/polímero dec. da 3ª 164 ± 2,0


desp.

4ª Exp. c/polímero dec. da 4ª 166 ± 2,64


desp.

Todos os resultados obtidos demonstram que os produtos estão


aptos para aplicação na indústria de refrigeração, onde a resistência
mínima requerida para essa aplicação é de 130 kPa. Os valores obtidos
para a segunda, terceira e quarta despolimerização encontram-se acima
do apresentado pela espuma padrão.
Segundo Kim e colaboradores (2008) as propriedades mecânicas
e térmicas melhoram em função do aumento do índice de hidroxilas,
ocasionado, principalmente, pelo aumento da densidade de reticulação
que é acompanhado pela diminuição do tamanho das células e aumento
do conteúdo de células fechadas.
A resistência à compressão obtida para a espuma produzida com
um percentual de polímero decomposto “sem purificação” da primeira
despolimerização, no entanto, ficou abaixo do valor obtido pela espuma
padrão e também apresentou desempenho inferior ao valor encontrado
por Lopes (2010) 167 kPa.
83

Esta expansão que empregou polímero decomposto da primeira


despolimerização foi repetida, usando-se os mesmos parâmetros de
obtenção e formulação e os resultados obtidos foram os mesmos. Uma
nova formulação de baixa densidade foi testada, sendo que esta
apresentou o pior desempenho 101 kPa. Isto limita o uso do polímero
decomposto “sem purificação” a 10%. A Tabela 10 mostra a
participação do polímero decomposto “sem purificação” na formulação
ao longo dos ciclos de polimerizações e expansões.
84

Tabela 10 – Percentual de participação do polímero decomposto “sem


purificação” na formulação em 244 g de material

Percentual
Polímero
decomposto de participação do
polímero
(g)
decomposto (%)

144 MDI + 100


Padrão - - -
Poliol

144 MDI + 90
1ª 1ª
Poliol + 10 de 10 4,1
Exp. desp.
Polímero dec.


144 MDI + 90 5 2,05
2ª desp.
Poliol + 10 de
Exp. 2ª
Polímero dec. 5 2,05
desp.

1ª 1,36
3,33
desp.
144 MDI + 90

Poliol + 10 de 2ª
Exp. 3,33 1,36
Polímero dec. desp.


3,33 1,36
desp.


2,5 1,024
desp.


144 MDI + 90 2,5 1,024
4ª desp.
Poliol + 10 de
Exp.
Polímero dec. 3ª
2,5 1,024
desp.

4ª dp. 2,5 1,024


85

Segundo o estudo realizado por Fukaya e colaboradores (2006) a


despolimerização realizada em uma extrusora gerou adutos
intermediários de TDI, DEA e amina que, possivelmente, após sofrer o
reaquecimento, se estabilizaram. Apesar da reação de decomposição ser
mais rápida que a de recombinação, está ainda é negligenciável e pode
ocorrer durante o processo.
Observa-se na Tabela 10, que um percentual pequeno de 4,1% de
polímero decomposto “sem purificação” não sofreu nenhum processo de
reaquecimento, com isso é possível que a formulação realizada com um
percentual de polímero decomposto da 1ª despolimerização contenha
uma maior quantidade de moléculas que se degradaram quimicamente e
estejam atuando como plastificante no meio, facilitando, desta forma, a
mobilidade das cadeias maiores, reduzindo, assim, um pouco o
desempenho mecânico das espumas produzidas com o uso deste
material.

4.2.3 “Creep test”

Os resultados de deformação tridimensional são mostrados na


Tabela 11. Para a aplicação em refrigeradores domésticos, os valores de
“creep test” devem ser inferiores a 10%. Os resultados obtidos
confirmam a aplicabilidade do uso de um percentual de 10% de
polímero decomposto por até quatro ciclos de despolimerizações, não
trazem prejuízo desta propriedade, uma vez que a deformação máxima
obtida foi de 0,90%, quando simulado o uso por um período crítico.
86

Tabela 11 - Resultados do “creep test” da espuma padrão e das expandidas


com um percentual de polímero decomposto ao longo dos quatro ciclos de
despolimerizações

“creep test”
Expansão
(%)

Expansão padrão 0,18

1ª Expansão c/polímero dec. da 1ª desp. 0,90

2ª Expansão c/ polímero dec. da 2ª desp. 0,28

3ª Expansão c/polímero dec. da 3ª desp. 0,59

4ª Expansão c/polímero dec. da 4ª desp. 0,57

4.2.4 Condutividade térmica ou fator K

Os valores da condutividade térmica obtida para a espuma padrão


e espumas produzidas com um percentual de polímero decomposto por
até quatro ciclos de despolimerizações é mostrado na Tabela 12.
87

Tabela 12 - Resultados de condutividade térmica da espuma padrão e das


expandidas com um percentual de polímero decomposto ao longo dos
quatro ciclos de despolimerizações

Condutividade Térmica

Expansão Ou fator K

(mW/mK)

Expansão padrão 20,98

1ª Expansão c/polímero dec. da 1ª desp. 21,12

2ª Expansão c/ polímero dec. da 2ª desp. 21,28

3ª Expansão c/polímero dec. da 3ª desp. 20,79

4ª Expansão c/polímero dec. da 4ª desp. 20,84

Para os ensaios de condutividade térmica, quanto menor o valor


obtido mais isolante é a espuma.
A condutividade térmica depende da densidade da espuma,
estrutura, tamanho e orientação das células, sendo estas fortemente
influenciadas pelo processamento (Klempner e Sendijarvic, 2004).
Os resultados obtidos estão dentro do valor máximo tolerado
para esta aplicação, sendo que as espumas produzidas com polímero
decomposto ao longo de sucessivos ciclos de despolimerizações não
apresentaram perda desta propriedade.
O valor máximo permitido para este ensaio foi determinado
segundo a norma interna da empresa, ressaltando que o valor máximo de
condutividade térmica para aplicação em refrigeradores domésticos é de
22,5 mW/mK. Os corpos-de-prova foram mantidos em estufa a 70 0C
por 24 horas, simulando a aceleração do seu pós-cura, e o ensaio
repetido conforme mostra a Tabela 13.
88

Tabela 13 - Resultados obtidos após aceleração da pós-cura do corpo-de-


prova em estufa a 70 0 C por 24 h.

Condutividade Térmica

Expansão Ou fator K

(mW/mK)

Expansão padrão 22,06

1ª Expansão c/polímero dec. da 1ª desp. 22,00

2ª Expansão c/ polímero dec. da 2ª desp. 21,78

3ª Expansão c/polímero dec. da 3ª desp. 21,80

4ª Expansão c/polímero dec. da 4ª desp. 21,82

A propriedade de condutividade térmica sofreu um pequeno


aumento, porém todas as espumas produzidas com um percentual de
polímero decomposto ao longo dos ciclos de despolimerizações se
manterão aptas para a aplicação na indústria de refrigeração doméstica,
confirmando assim, que seu reuso não causa perda desta propriedade.

4.2.5 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

As curvas não mostram um deslocamento significativo da Tg,


quando se compara o valor obtido para a espuma padrão, com as demais
expansões que utilizaram um percentual de polímero decomposto “sem
purificação” provenientes dos consecutivos ciclos de despolimerizações.
Isto indica, desta forma, que a incorporação de um percentual de 10% de
polímero decomposto “sem purificação” na formulação da espuma não
gera mudanças bruscas de suas propriedades térmicas e mecânicas, uma
89

vez que a mobilidade das cadeias não é significativamente afetada em


função de o percentual incorporado ser baixo.
A Tabela 14 mostra os valores da Tg para a espuma padrão, com
as espumas expandidas com um percentual de 10% de polímero
decomposto “sem purificação”, ao longo dos ciclos de
despolimerizações. As Figuras 21 a 26 respectivamente ilustram as
curvas ao longo destes ciclos.

Tabela 14 - Comparativo da Tg ao longo dos ciclos de despolimerizações e


expansões

DSC Tg 0C

Expansão padrão 211.55

1ª Expansão c/polímero dec. da 1ª desp. 208,45

2ª Expansão c/ polímero dec. da 2ª desp. 211,77

3ª Expansão c/polímero dec. da 3ª desp. 205,36

4ª Expansão c/polímero dec. da 4ª desp. 212,38


90

Figura 21 – Curva de DSC da espuma padrão com 100% de poliol puro

Figura 22 – Curva de DSC da espuma expandida com 10% polímero


decomposto da 1ª despolimerização.
91

Figura 23 – Curva de DSC da espuma expandida com 10% polímero


decomposto da 2ª despolimerização

Figura 24 Curva de DSC da espuma expandida com 10% polímero


decomposto da 3ª despolimerização
92

Figura 25 Curva de DSC da espuma expandida com 10% polímero


decomposto da 4ª despolimerização

Observa-se que a descendente inicial, abaixo da linha base é


apenas o ajuste do corpo-de-prova com a referência. A espuma rígida de
PU, por ser um material bastante amorfo apresenta apenas transição
vítrea, o restante dos picos, após está fase corresponde apenas à
decomposição da espuma que manteve o mesmo padrão de
decomposição para com a espuma produzida com poliol original e
demais expansões que empregaram um percentual de polímero
decomposto “sem purificação” sendo estas informações irrelevantes
para este ensaio.

4.2.6 Termogravimetria (TGA)

As curvas da TG e DTG para a espuma padrão e espuma


preparada com um percentual de polímero decomposto ao longo dos
ciclos de despolimerizações são mostradas nas Figuras 26 e 27
respectivamente. Não se observa variação significativa de perda de
93

massa quando se compara a espuma produzida com 100% de poliol


virgem, com as demais expansões em que se utilizaram polímero
decomposto provenientes dos ciclos despolimerizações.

Figura 26 – Curvas da TGA para as expansões


94

Figura 27- Curvas da DTG para as expansões

Segundo as curvas da primeira derivada do TGA, foi possível


verificar que as espumas expandidas com um percentual de polímero
decomposto, recuperado ao longo dos ciclos de despolimerizações,
possuem perfis de degradação térmica similares entre si, e entre a
espuma expandida apenas com poliol virgem.
As informações do processo de degradação térmica obtidas das
curvas TG e DTG da espuma padrão e das espumas com polímero
decomposto, recuperado ao longo dos ciclos de despolimerizações
encontram-se representadas na Tabela 15.
95

Tabela 15– Dados do processo de degradação térmica, obtidos através das


curvas de TG e DTG

1ª Etapa 2ª Etapa Resíduo


Espumas

Faixa de Perda de Faixa de Perda de (%)

temp. Massa temp. Massa

(0C) (%) (0C) (%)

Original 92,3 227,4

- 1,29 - 62,4 36,31

228,2 556,8

1ª Exp. 105 224,5

– 0,89 - 60,4 38,71

222,5 528,5

2ª Exp. 117 225,6

– 0,28 - 66,1 33,62

226,5 547,9

3ª Exp. 82,3
217,4
– 1,13 61.4 37, 47
- 516,4
217,4

4ª Exp. 108,8 228,2


0,77 63.7 35,53
– 229,1 - 539,6

* Os resíduos representam o percentual de PUR que permaneceram no cadinho


após o ensaio a 700 0C.
96

Observa-se a partir da Tabela 15 que as espumas apresentam


dois patamares de perda de massa, sendo o primeiro deles referente à
perda de água e agente expansor retido na matriz polimérica e aos
grupos alofanatos e biuretos, dos quais são formados entre as ligações
uretano e uréia, com os grupos isociantos presentes na estrutura do PUR,
estes são menos estáveis, geralmente se decompõem primeiro em
temperaturas na faixa dos 170 e 180 0C. No segundo patamar é possível
atribuir à decomposição da cadeia do poliol poliéter puro e também do
polímero decomposto “sem purificação” utilizados na formulação das
espumas e cuja degradação pode ocorrer entre 375 e 500 °C (segundo
RIBEIRO, 2010).
97

6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Sugere-se que o mesmo estudo seja realizado para com as


espumas flexíveis e elastômeros de poliuretano. Contudo é necessário
acrescentar a realização dos ensaios de (CG-MS) para determinar a
composição do produto da reação, (FTIR) para o acompanhamento da
banda referente à carbonila e viscosidade Brookfield, visando o seu
monitoramento ao longo dos ciclos de despolimerizações, confirmando
ou não, a hipótese levantada neste estudo sobre a possível ocorrência de
um sutil mecanismo de recombinação.
Um estudo detalhado sobre a cinética de sucessivas
despolimerizações, também seria interessante para entendermos cada
detalhe do mecanismo, e assim conseguirmos incorporar um percentual
maior de polímero decomposto “sem purificação” em uma nova
formulação.
Apesar do método de reciclagem química ser de baixo custo, um
estudo aprofundado levando em conta os gastos com o transporte e
armazenamento destes resíduos é importante, uma vez que estas
dificuldades podem inviabilizar a implantação deste método de
reciclagem.
98

7 CONCLUSÃO

O processo de sucessivas despolimerizações e expansões dos


resíduos de espuma rígida de poliuretano apresentados neste estudo,
mostrou-se eficiente na recuperação do polímero decomposto. A
despolimerização via glicólise em uma única fase é um processo de
baixo custo, que leva a obtenção de um produto final com características
similares ao poliol virgem. Quando adicionados em um percentual de
10% na formulação da nova espuma, não trás comprometimento de suas
propriedades térmicas e mecânicas.
O ciclo de despolimerização, polimerização e expansão foi
acompanhado por até quatro vezes, e as propriedades térmicas e
mecânicas da espuma produzida com um percentual de polímero
decomposto “sem purificação” ao longo destes ciclos de reciclagens
foram analisadas, através de ensaios de condutividade térmica,
resistência à compressão, densidade de núcleo, “creep test”, DSC e
TGA. Os resultados obtidos são adequados para os padrões atuais da
indústria de refrigeração doméstica, confirmando a repetitibilidade do
ciclo por até quatro vezes, indicando que a despolimerização via
glicólise é uma excelente alternativa para tratar de forma adequada os
resíduos deste segmento da indústria, reduzindo desta forma o impacto
ambiental que estes resíduos geram com sua deposição no aterro
industrial, tal como, a grande área necessária para a sua acomodação,
que leva ao esgotamento precoce destes locais.
99

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