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Pré-Projeto de Pesquisa - TCC 2022

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ESPÍRITO SANTO

Curso de História

AMANDA VINCO TONETI


CARLOS AUGUSTO MOREIRA DE SOUZA
LEONARDO DOS SANTOS CARLOTO

O SANTO OFÍCIO EM PERNAMBUCO: O IMPACTO SOCIAL


DOS CRISTÃOS-NOVOS NA CAPITANIA

Cachoeiro de Itapemirim - ES
2022
AMANDA VINCO TONETI
CARLOS AUGUSTO MOREIRA DE SOUZA
LEONARDO DOS SANTOS CARLOTO

O SANTO OFÍCIO EM PERNAMBUCO: O IMPACTO SOCIAL


DOS CRISTÃOS-NOVOS NA CAPITANIA

Pré-Projeto de Pesquisa apresentado para


avaliação do Trabalho de Conclusão de
Curso, orientado pelo Prof. Me. Sandro
Malanquini.

Cachoeiro de Itapemirim - ES
2022
Título: O Santo Ofício em Pernambuco: O impacto social dos cristãos-novos na capitania

Instituição Executora:
Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo
Rua: São Camilo de Léllis, n.01. Bairro Paraíso. Cachoeiro de Itapemirim. ES
Tel.: (28) 3526-5911
E-mail: saocamilo@saocamilo-es.br/www.saocamilo-es.br
Localização:
Proveniente do Centro Universitário São Camilo-ES em Cachoeiro de Itapemirim.
Período de Execução:
O projeto será realizado no período de setembro de 2022, com término previsto para
novembro de 2022.

1. INTRODUÇÃO
O presente projeto abordará aspectos históricos e sociais que são frutos da
primeira visita do Tribunal do Santo Ofício em Pernambuco. O período escolhido tem
como palco a época em que Portugal estava unido a Espanha, na União Ibérica, no final
do século XVI, entre 1593 a 1595. Sob a administração espanhola, o processo inquisitorial
adquiriu maior efusividade no combate aos cristãos-novos, termo dado em Portugal aos
judeus convertidos ao cristianismo, forçando-os a fugirem para o Brasil.
Na primeira parte do projeto, é exposto um estudo contextualizando a Inquisição no
Brasil de forma geral. Observasse os fatores temporais que motivaram o foco da ação
inquisitorial nos Trópicos, como a expansão do protestantismo na Europa e a fuga de
alguns judeus para a colônia.
Em um segundo momento, é analisado as questões sociais que existiam entre as
pessoas por causa das religiões diferentes, como os católicos e os judeus, ou cristãos-
novos em Pernambuco, local de concentração de judeus e berço da primeira sinagoga da
América Latina. Será feito um recorte histórico de dois anos, de 1593 a 1595, período da
primeira visita do Tribunal do Santo Ofício nas partes do Brasil.

1.1. Problema
A presença judaica em Pernambuco transformou a vida social, cultural e econômica da
capitânia. Quais eram as questões sociais que existiam entre os colonos católicos e
cristãos-novos e como esses fatores culminavam nas denúncias inquisitoriais?
1.2. Hipótese(s)
1. Conflitos de interesses familiares resultaram em denúncias inquisitoriais.
2. A presença judaica em Pernambuco ajudou no desenvolvimento econômico da
capitania.
3. Os cristãos-velhos segregavam os novos cristãos

2. OBJETIVOS
 
2.1. Objetivo Geral
Analisar aspectos econômicos e sociais dos cristãos-novos em Pernambuco, bem como
sua relação com as denúncias inquisitoriais

2.2. Objetivo(s) Específico(s)


1. Contextualizar o processo inquisitorial desde a união ibérica entre Portugal e Espanha
até sua primeira visita na capitania de Pernambuco.
2. Identificar o desenvolvimento econômico proporcionado pelos judeus na capitania.
3. Expor as relações sociais entre cristãos-novos e cristãos-velhos.

3. JUSTIFICATIVA
O interesse de abordar, de forma objetiva, essa problemática remonta o próprio
passado dos redatores. Todo o universo acerca do tema “Inquisição” ou, “Inquisições”,
citado de maneira mais adequada, estimula a investigação de um dos alunos aqui citado,
por se tratar do assunto que o fez se aproximar do ensino da História e, sendo assim, o
seu tema mais estudado. Trazer essa temática para o Brasil é reflexo dos outros alunos
envolvidos no projeto, que são fascinados com a história brasileira.
De todas as Inquisições que existiram, o projeto se remeterá à Inquisição
Espanhola, por ser a mais popular, e com isso, a mais conhecida, principalmente, pelo
senso comum das pessoas. Será exposto a ação inquisitorial no Brasil, mais
especificamente em Pernambuco, local de concentração de judeus e berço da primeira
sinagoga da América Latina. Com este estudo, espera-se contribuir, de maneira científica,
na desconstrução do saber comum, e o levantamento do saber acadêmico sobre a
situação dos cristãos-novos na colônia portuguesa, no final do século XVI.
Os integrantes do grupo acreditam na viabilidade da pesquisa principalmente pela
relevância de suas fontes bibliográficas, sendo elas embasadas por meio de fontes
primárias e interpretadas por historiadores cuja competência científica é universalmente
reconhecida.

4. QUADRO TEÓRICO
No final do século XVI, a situação política e religiosa da Península Ibérica era
delicada. “Felipe II, rei da Espanha, ascendeu ao trono de Portugal em 1580, dando início
à União Ibérica” (FILHO, 2015, p. 9). Cristãos-novos, definição de Silva (2007, p. 10),
eram “(...) descendentes dos judeus convertidos à força em Portugal no final do século
XV”. Sob a administração espanhola o processo inquisitorial adquiriu maior efusividade no
combate aos cristãos-novos, levando a serem banidos de Portugal e, condenados a
viverem no Brasil (PIERONI, 2003). Ao chegarem na Colônia, os criptojudeus
rapidamente se estabeleceram e criaram laços culturais e econômicos, potencializando,
por exemplo, o cultivo da cana-de-açúcar e a fé judaica.

Com a influência hebraica já alastrada na colônia, em 1591, o Brasil recebeu a


primeira visita do Santo Ofício, capitaneada pelo visitador Heitor Furtado de Mendonça
que permaneceu no Brasil até 1595. O objetivo da ação inquisitorial estava vinculado à
proteção da colônia contra o protestantismo que se espalhava pela Europa (SILVA, 2018).
Além disso, outro objetivo da Inquisição era de proteger os dogmas católicos. O artigo do
judeu convertido, David Goldstein intitulado Nós, Judeus, cita George Sokolsky:

A tarefa da inquisição não era perseguir judeus, mas limpar a Igreja de todo traço
de heresia ou qualquer coisa não ortodoxa. A Inquisição não estava preocupada
com os infiéis fora da Santa Igreja, mas com aqueles heréticos que estavam
dentro dela. (AQUINO, 2019, p. 163).

A inquisição no Brasil foi um dos alicerces que mantiveram a unidade territorial


colonial, evitando profundas rupturas partindo de disputas religiosas, como vista na
Inglaterra. Segundo Gilberto Freyre (2004, p. 92), “o catolicismo foi realmente o cimento
de nossa unidade”.

No entanto, é válido destacar que o núcleo populacional de caráter hebraico viria a


se fixar primeiramente em Pernambuco, devido aos laços de parentesco, interesses
comerciais e práticas judaizantes (SILVA, 2018), a soma destes fatores contribuiria para
que Pernambuco se tornasse a sede do Santo Ofício nos Trópicos.
Os cristãos-novos vieram ao Brasil principalmente para estarem distantes de
Portugal, como afirma Silva (2018). Essa necessidade de afastamento estava
intimamente ligada à Inquisição, pois aqui teriam mais liberdade. Silva (2018) confirma
isso ao mencionar que justamente essa liberdade num período de desenvolvimento
econômico nessas terras atraiu os olhares da Inquisição, trazendo de volta às suas vidas
o motivo pelo qual tinham cruzado o Atlântico em fuga.

Segundo Silva (2018, p. 4), “o Visitador não só incitava a denúncia como, às vezes,
ele descrevia algumas práticas para que o depoente às associasse a essa ou àquela
pessoa, que muitas vezes também era apontada pelo Visitador”. Dessa forma, muitas
denúncias eram feitas, até mesmo por parentes próximos, ainda assim, diversas
testemunhas tinham problemas com o seu denunciado, mas negava que este seria o
motivo da denúncia (PRIMEIRA, 1984).

Observando essas inimizades e desavenças familiares muitos podem chegar à


conclusão de que cristãos-novos e cristãos-velhos mantinham distância entre si ou que
viviam em conflito. Entretanto, essa afirmação revela-se falsa, uma vez que o casamento
entre ambos era comum. Um dos fatores influentes nisso era o Estatuto da Pureza de
Sangue (CARNEIRO, 1988).

Este estatuto foi criado em Toledo na Espanha, após conflitos, para impedir
cristãos-novos de testemunharem contra cristãos (CARNEIRO, 1988). Segundo Silva
(2018, p. 6), o estatuto afirmava que “(...) a pessoa era considerada cristã-nova se em seu
sangue contivesse até um oitavo de sangue cristão-novo”. Portanto, os casamentos
ocorriam para “purificar o sangue” das futuras gerações. Além disso, a autora também
afirma que a falta de mulheres brancas também ajudava nessa mistura.

5. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia empregada na pesquisa será feita de maneira descritiva. Consiste


em trabalhar as fontes bibliográficas de modo que seja possível a descrição do objeto de
pesquisa e suas especificidades.
As fontes bibliográficas ligadas ao tema da Inquisição Espanhola, são: Para
Entender a Inquisição, do professor, doutor, Felipe Aquino. Seu trabalho tem como base o
Simpósio Internacional sobre a Inquisição, de 1998, cujas atas foram publicadas e
editadas na obra italiana L’Inquisizione. Sua pesquisa se baseia nos mais recentes
estudos e descobertas sobre o tema; A Inquisição na Espanha, do historiador, doutor,
Henry Kamen, que investigou os registros originais da Inquisição reunidos na Biblioteca
da Universidade de Salamanca;
Bibliografias que retratam a vida na sociedade colonial de Pernambuco conta-se
com a obra Preconceito Racial em Portugal e Brasil-colônia, de Maria Luiza Tucci
Carneiro, escolhida pelo fato de a autora ser uma referência em relações sociais na
história e sua obra abarcar o período e a localidade foco deste artigo. Inquisição e
cristãos-novos em Pernambuco no século XVI, da historiadora, doutora, Janaina
Guimarães da F. Silva, que além de ser natural da região escolhida, seu artigo já foi
publicado por um importante instituto de referência que pretende preservar a memória
judaica, o Instituto Cultural Judaico Marc Chagall. O projeto é composto também com A
Origem dos Cristãos-Novos e as Raízes Judaicas do Brasil, de Alfeo Seibert Filho e
Banidos: A Inquisição e a Lista dos Cristãos-novos Condenados a Viver no Brasil, de
Geraldo Pieroni, a escolha dos respectivos autores é vinculada ao desenvolvimento
acadêmico e referencial em pesquisa historiográfica sobre a região de Pernambuco,
principalmente, no panorama histórico, social e político do século XVI e XVII.

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
AQUINO, Felipe R. Q. Para Entender a Inquisição. 11. ed. Lorena: Cléofas, 2019. 304 p.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Preconceito Racial em Portugal e Brasil-colônia: Os


Critãos-Novos e o Mito da Pureza de Sangue. São Paulo: Brasiliense, 1988.

FILHO, Alfeo Seibert. A Origem dos Cristãos-Novos e as Raízes Judaicas do Brasil. VII
Congresso Internacional de História, Maringá, p. 1263-1274, 6 out. 2015. Disponível
em: http://www.cih.uem.br/anais/2015/trabalhos/1500.pdf. Acesso em: 27 set. 2022.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime
da economia patriarcal. 49. ed. São Paulo: Global, 2004.

KAMEN, Henry. A Inquisição na Espanha. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,


1966. 401 p.

MAYRINK, José Maria. A Primeira Sinagoga Das Américas. O Estado de S. Paulo, São
Paulo, 05 dez. 2004. História Judaísmo. Disponível em:
http://memij.com.br/index.php/periodicos/575-per-2-a-primeira-sinagoga-das-americas.
Acesso em: 19 set. 2022.
PIERONI, Geraldo. Banidos: A Inquisição e a Lista dos Cristãos-novos Condenados a
Viver no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

Primeira Visitação do Santo Ofício às Partes do Brasil: Denunciações e Confissões de


Pernambuco 1593-1595. Recife: Secretaria de Turismo Cultura e Esportes Fundação do
Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE, 1984.

SILVA, Janaina Guimarães da F. Inquisição e cristãos-novos em Pernambuco no século


XVI: redes comerciais, intrigas e solidariedades. WebMosaica: Revista do Instituto
Cultural Judaico Marc Chagall, Porto Alegre, v. 8, n. 1, p. 119-134, 26 fev. 2016.

______. Modos de Pensar, Maneiras de Viver: Cristãos-novos em Pernambuco no


século XVI. Orientador: Virgínia Almoêdo de Assis. 2007. 161 p. Dissertação (Programa
de Pós-Graduação em História) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.

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