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Fatores Cronicas Municipo
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Resumo
Introdução: O principal fator de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) é o estilo de vida, passível
às intervenções de prevenção e promoção à saúde. Objetivo: descrever os fatores de risco associados a DCNT entre
indivíduos atendidos em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de São Paulo. Método: Tratou-se de estudo
transversal realizado em duas UBS nas regiões norte e sudeste de São Paulo, participaram 582 indivíduos adulto. A coleta
de dados foi por meio da aplicação do instrumento Vigitel. Nas análises inferenciais utilizou-se modelo de regressão
logística. Resultados: A maioria dos participantes eram do sexo feminino, com idade entre 31 e 60 anos; um quarto
praticava atividades físicas e a maioria apresentava sobrepeso/obesidade. Menos de um terço era tabagista ou etilista.
As DCNT observadas foram hipertensão arterial, dislipidemia e doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC). Pela
análise de regressão logística, o risco de apresentar DCNT foi maior em pacientes acima de 60 anos (OR 11,3; IC-95%
5,6-15,5), do sexo masculino (OR 1,5; IC95% 1,0-2,2), com ensino fundamental (OR 1,4; IC 95% 1,0-1,9), obesos (OR
1,7; IC95% 1,1-2,6) e tabagistas ou com história de tabagismo. Quanto ao tabagismo, foram significativos tanto o tempo
de consumo (OR 2,1; IC95% 1,4-3,0 se superior a 10 anos) como número de cigarros consumidos (OR 1,7; IC95% 1,0-2,9
se superior a 10 cigarros/dia). Conclusão: As DNCT mais prevalentes foram hipertensão arterial, dislipidemias e DPOC. Os
principais fatores de risco foram gênero masculino, idade superior a 60 anos, obesidade e consumo de tabaco.
Palavras-chave: Doenças Crônicas não Transmissíveis. Fatores de Risco. Prevenção. Promoção à saúde.
INTRODUÇÃO
DOI: 10.15343/0104-7809.202044076083
Tabela 4– Modelo de análise de regressão logística múltipla entre pacientes com alguma DCNT atendidos em duas UBS do
município de São Paulo para variáveis socioeconômicas e de saúde, Brasil, 2016 (n=582).
IMC (Kg/m2) ≥ 30,0 Kg/m2 62,9(140/88) 1,7 1,1-2,6 0,009 1,9 1,2-2,9 0,004
(Obesidade)
continua...
DISCUSSÃO
As DCNT continuam sendo um grande problema de saúde disso, menos de 20 milhões (15,3% dessa população) haviam
pública no mundo, sendo responsáveis pelos altos índices concluído o ensino superior, e quanto ao rendimento médio
de mortalidade e morbidade. Em 2005, as DCNT causaram real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas
aproximadamente 35 milhões de mortes, 80% em países de pessoas ocupadas, foi estimado em R$ 2.270. Nesta pesquisa
baixa e média renda e aproximadamente 16 milhões de mortes 8,6% dos participantes declararam apresentar ensino superior
em pessoas com menos de 70 anos de idade. Em 2010, os (completo/incompleto)
resultados divulgados pela Organização Mundial da Saúde Dados do Vigitel 201712, apontavam que 29,9% praticam
(OMS) revelavam que as DCNT contribuíam com 36 milhões atividade física moderada pelo menos 150 minutos/semana,
(63%) da mortalidade mundial, considerando os próximos neste estudo 25,6% informou realizar atividade física, porém
20 anos a partir de 2010, as DCNT serão responsáveis por não foi quantificado o grau de atividade.
praticamente metade da carga global de doenças nos países Os resultados do presente estudo corroboram com o
em desenvolvimento. Fatores de risco, como uso de tabaco estudo realizado por Zarbato et al., em 2007, na cidade
e álcool, nutrição inadequada e comportamento sedentário de Lages – SC13 que obtiveram em suas análises um risco
contribuem substancialmente para o desenvolvimento de considerável de desenvolvimento de DCNT entre indivíduos
DCNT10. com sobrepeso (33,46%), obesidade (23,46%), fumantes e ex-
Entre os 582 entrevistados neste estudo, 323 (55,5%) fumantes (45,9%) e os sedentários (70,08%).
estavam na faixa etária entre 31 a 60 anos, quanto ao gênero Ainda no presente estudo, obteve-se que 181 (31,5%) e
a maioria 452 (78,1%) eram mulheres; quanto a escolaridade 67 (11,6%) tinham hipertensão e diabetes respectivamente
15,8% apresentavam ensino fundamental completo, e estes resultados são semelhantes aos encontrados no
31,6% fundamental incompleto; 32,8% com ensino médio Vigitel 201712, em que a frequência de adultos que referiram
completo e apenas 4,46% com ensino superior completo; diagnóstico médico de hipertensão arterial, no estado de
255 (43,8%) ganhavam até R$ 1000,00/mês; 431 (74,4%) não São Paulo foi de 48,6% e 16,6% de diabetes. A hipertensão
praticam atividade física; 456 (79,1%) declararam não serem arterial é considerada um problema de saúde pública devido à
tabagistas, porém 215 (38,3%) já fizeram uso de tabaco; 304 dificuldade no seu controle e um dos mais importantes fatores
(62,3%) apresentam sobrepeso ou são obesos; 424(75,6%) não de risco para o desenvolvimento do acidente vascular cerebral,
consomem bebida alcoólica. infarto do miocárdio e lesão renal aguda e crônica14.
Segundo dados do IBGE11 (2016) as DNCT mais A prevalência do diabetes vem crescendo mundialmente,
prevalentes foram hipertensão arterial, dislipidemias e DPOC. as causas relacionam-se com o sedentarismo, alimentação
Os principais fatores de risco foram gênero masculino, idade inadequada, o aumento da obesidade e com o envelhecimento
superior a 60 anos, obesidade e consumo de tabaco. Além populacional. As hospitalizações devido ao diabetes mellitus
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