Aplicação Dos Protocolos Do Livro Ensino de Habilidades para Pessoas Com Autismo em Atendimento Psicológico Realizado Na APAE de Ipatinga.
Aplicação Dos Protocolos Do Livro Ensino de Habilidades para Pessoas Com Autismo em Atendimento Psicológico Realizado Na APAE de Ipatinga.
Aplicação Dos Protocolos Do Livro Ensino de Habilidades para Pessoas Com Autismo em Atendimento Psicológico Realizado Na APAE de Ipatinga.
Milene de Almeida
BELO HORIZONTE
2022
Milene de Almeida
BELO HORIZONTE
2022
RESUMO
ABSTRACT
The aim of this study was to describe the effects of an attempt to implement an Intensive
Behavioral Intervention, accomplished through the training of caregivers of children with
autism. These children were assisted by a non profit entity that provides a health service
maintained only with public resources. 16 children started the study, but only 8 have finished
it. The data indicated that the institution’s professionals were able to guide caregivers, after
theoretical training carried out through videoconferencing. Caregivers were able to
systematically implement some theaching programs, but not enough to characterize an
intensive intervention. Some children showed skill gains that, despite being punctual, can make
a big difference in their and their family’s quality of life.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 4
METODOLOGIA ................................................................................................................... 5
RESULTADOS...................................................................................................................... 9
CONCLUSÕES ................................................................................................................... 10
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 12
4
INTRODUÇÃO
Segundo o DSM V (APA, 2013), o TEA caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação
social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social
e em comportamentos não verbais de comunicação, usados para interação social e em
habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. Além dos déficits na
comunicação social, podem estar presentes padrões restritos e repetitivos de comportamento,
interesses ou atividades. Considerando que os sintomas mudam com o desenvolvimento,
podendo ser mascarados por mecanismos compensatórios, os critérios diagnósticos podem ser
preenchidos com base em informações retrospectivas, embora a apresentação atual deva causar
prejuízo significativo.
Conforme dados mais atuais do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), com sede
nos Estados Unidos da América (EUA), sobre a prevalência do Transtorno do Espectro Autista,
estima-se que 1 a cada 44 crianças com 8 anos nos EUA tenha o diagnóstico de TEA (CDC,
2021). Ademais, tanto para a caracterização do TEA quanto na avaliação funcional, existem
relevantes instrumentos de auxílio, subsidiados com informações obtidas em entrevistas com
os principais cuidadores, na observação da criança, avaliação do desenvolvimento e triagem de
transtornos associados.
Objetivo
propicia um serviço de saúde mantido com recursos públicos. Utilizou-se como base o livro
Ensino de habilidades básicas para pessoas com autismo: manual para intervenção
comportamental intensiva, de Gomes e Silveira (2016), que se constitui como um modelo
fundamentado na ciência da Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis).
METODOLOGIA
Instituição
Participantes
A amostra de público inicial constituiu-se por 16 crianças (13 meninos e 03 meninas) com
diagnóstico médico prévio de TEA, conforme o DSM V, entre 2 e 11 anos de idade, com 7
delas apresentando comorbidades. Participaram ainda os responsáveis de cada criança e a
equipe multidisciplinar do setor de saúde da APAE.
Instrumentos de avaliação
As crianças com TEA foram avaliadas por duas ferramentas, o Inventário de Avaliação
Pediátrica de Incapacidade ou Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI)
(MANCINI, 2005) e a Escala de Responsividade Social-2 ou Social Responsiveness Scale 2
(SRS-2) (CONSTANTINO, 2012), no início e no término do estudo.
O PEDI é uma ferramenta que possibilita a avaliação da capacidade funcional de crianças, ele
tem como objetivo documentar o desempenho detalhadamente, servindo de base para o
planejamento da intervenção, bem como o monitoramento do progresso do indivíduo. Ele
avalia de forma pormenorizada o desempenho funcional, identificando eventuais atrasos ou
deficiências e aponta a área e o tamanho do atraso em crianças com idade entre 6 meses e 7
6
anos e meio ou superior, quando o desenvolvimento do sujeito for compatível com tal intervalo
de idades.
Por sua vez, a Escala de Responsividade Social-2 é utilizada para triar e mensurar a intensidade
da sintomatologia do TEA, caracterizando quantitativamente os prejuízos de socialização, a
comunicação, os comportamentos repetitivos e os interesses restritos que definem o transtorno.
É um instrumento simples e de rápida aplicação, que pode ser útil na pesquisa e na prática
clínica (BARBOSA, et al., 2015), composta por formulários para diferentes faixas etárias, com
finalidade de triar e quantificar traços do TEA, classificando o indivíduo em nível: leve,
moderado ou severo. A SRS-2 visa a avaliação de crianças de dois anos e meio em diante,
adolescentes e adultos. Possui quatro tipos de formulários direcionados de acordo com a idade
do indivíduo a ser avaliado. O pré-escolar abarca a idade de 2 anos e meio até 4 anos e meio,
enquanto o escolar é direcionado para sujeitos de 4 até 18 anos. Já os dois últimos formulários
são para adultos (autorrelato e heterorrelato) a partir de 18 anos de idade.
Procedimentos
Em tempo anterior à pesquisa, que foi iniciada no segundo semestre do ano de 2021, os usuários
do serviço de saúde da APAE de Ipatinga-MG eram atendidos, semanalmente, por até dois
profissionais da equipe multidisciplinar, durante trinta minutos cada. Oportunidade na qual a
intervenção era realizada presencialmente pelo profissional com a criança, e o responsável
aguardava na recepção.
direta com o responsável, e este último, na sua residência, executava com a criança as
instruções recebidas, mudança que ia ao encontro de um dos objetivos dessa pesquisa.
Isso porque a proposta desta pesquisa era que o responsável pela criança com autismo estivesse
também dentro consultório e, assim, o profissional o orientaria, ainda que mantido os trinta
minutos de atendimento, a respeito dos programas de ensino e devidos registros
minuciosamente consignados no manual de Gomes e Silveira (2016), maximizando as horas
de estimulação com o infante, considerando que a intervenção comportamental passaria a fazer
parte também do contexto doméstico.
Antes do início das intervenções planejadas para este estudo, os profissionais da APAE
participaram de uma capacitação, realizada por meio de videoconferência, com duração total
de 14 horas. O conteúdo dessa capacitação tinha como base a utilização do Currículo de
Habilidades Básicas, presente no livro Ensino de Habilidades Básicas Para Pessoas com
Autismo. Esse currículo é um instrumento de ensino de habilidades variadas, nas áreas de
atenção, imitação, linguagem e habilidades pré-acadêmicas, em um prazo específico (Gomes e
Silveira, 2016).
O critério para compor a amostra para esta pesquisa era a criança possuir diagnóstico médico
de TEA, nos termos delineados pelo DSM V, com idade de até 11 anos. As crianças com TEA
foram então submetidas a avaliação com o PEDI, que foi aplicado pela equipe
multiprofissional, e com a SRS-2, aplicada apenas pelas psicólogas. As duas aplicações foram
feitas remotamente, entrevistando os responsáveis das crianças participantes.
Conforme apresentado inicialmente para a família, o cuidador era incentivado a fazer a maior
quantidade possível de atividades com a criança, a fim de proporcionar uma intervenção
comportamental intensiva, mas sempre respeitando as eventuais limitações do educador e/ou
da criança, bem como garantindo confiabilidade da intervenção e dos dados produzidos.
Cuidados éticos
RESULTADOS
Iniciaram o estudo 16 crianças, porém, em razão de parte ter saído da APAE, apenas 8
finalizaram. A Tabela 1 apresenta informações a respeito dos participantes: presença de fala
funcional, idade, pontuação na SRS-2, grau de autismo de acordo com a SRS-2, pontuação em
Autocuidado e Função Social antes da intervenção (A1) e após a intervenção (A2), pontuação
referente à assistência do cuidador antes da intervenção (A1) e após a intervenção (A2). A
maioria das crianças não falava (5 de 8), tinham idades entre 2 e 11 anos, 5 tinham perfil leve
e 3 moderado.
A Tabela 1– Presença de fala funcional, idade, pontuação na SRS-2, grau de autismo de acordo com a
SRS-2, pontuação em Autocuidado e Função Social antes (A1) e após a intervenção (A2) e pontuação
referente à assistência do cuidador antes (A1) e após a intervenção (A2)
Função
Autocuidados: Função Social: Autocuidados:
Social:
P. Fala Idade SRS-2 Grau pontuação pontuação assistência
assistência
A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2
Figura 1 – Resultados das crianças na avaliação pré (Pontuação: A1) e pós-intervenção (Pontuação: A2)
e nível de ajuda oferecida pelos cuidadores antes (Assistência do cuidador: A1) e após a intervenção (Assistência
do cuidador: A2).
CONCLUSÕES
iniciativas para sistematizar e intensificar as estimulações recebidas por crianças com autismo
nesse tipo de instituição são necessárias.
De maneira geral, os dados são animadores ao indicarem que os profissionais da APAE
foram capazes de orientar os cuidadores após capacitação teórica realizada por meio de
videoconferência. Por outro lado, os cuidadores conseguiram implementar de maneira
sistemática alguns programas de ensino, mas não o suficiente para caracterizar uma intervenção
intensiva. Além disso, algumas crianças apresentaram ganhos de habilidades que, apesar de
pontuais, podem fazer muita diferença na qualidade de vida dela e da família.
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REFERÊNCIAS