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A Língua Inglesa Como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino Aprendizagem em Educação Bilíngue
A Língua Inglesa Como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino Aprendizagem em Educação Bilíngue
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Banca examinadora
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FICHA CATALOGRÁFICA
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AGRADECIMENTOS
(MAIS DO QUE ESPECIAIS)
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AGRADECIMENTOS
CARINHOSOS
Agradecer a todos que contribuíram para que eu pudesse trilhar meus caminhos
seria impossível. Muitos são aqueles que olharam, disseram, tocaram e construíram. Sou,
enfim, um pedacinho de cada um que, com carinho, me ajudou a “domesticar as muitas
paixões de minha alma, sem eliminá-las, mas modelando-as como se fossem arte” (Allan
Bloom). Agradeço, então, àqueles que estiveram mais próximos, senão pelo espaço, pelo
coração.
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A todos os professores do LAEL que contribuíram para esta investigação e para meu
crescimento como profissional e pesquisadora, em especial à professora Dra. Maria
Cecília Camargo Magalhães, pela luz reflexiva e colaborativa que irradiou.
À professora doutora Lívia Maria Villela de Mello Motta pelo prazer que me
concede ao participar de minha qualificação e iluminá-la com suas sugestões preciosas.
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Especiais e póstumos à Profª Camilla Dixo Lieff que, onde quer que esteja,
saberá o quanto representou durante minha jornada. Obrigada, mestra!
Aos meus colegas da Stance Dual, em especial Marcos Cruz, Paulo Speranza,
Carlos Marotto e Ana Maria David, pelas dicas, pelas idéias e pelo companheirismo.
À minha amiga Sari e à sua família, que, mesmo à distância, tiveram papel
fundamental na composição e no apoio a este trabalho. Suukkoja ja halauksia, Sari!
O maior de todos à minha família, meus avós Guida (in memorian) e Mané, pais,
irmã, marido e filha, pelo amor incondicional, pela paciência nos momentos de “ausência”
conjugal e maternal (foi duro, mas valeu!).
E, sem dúvida, a Deus, por tudo que me proporciona a cada dia, mais e mais. Sem
troca, só amor.
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Educação Bilíngüe
RESUMO
O objetivo deste trabalho é discutir o papel da língua inglesa como ferramenta
mediadora em educação bilíngüe. O estudo está fundamentado na Teoria da Atividade
sócio-histórico-cultural (Vygotsky, 1933-1935/1934, Leontiev, 1977-1978), que, por sua
vez, apóia-se na concepção sócio-histórico-cultural do desenvolvimento (Vygotsky,
1933,1935), bem como na compreensão dialógica da linguagem (Bakhtin, 1981). Também
utiliza as visões a respeito de educação bilíngüe presentes no trabalho de Hamers e Blanc
(2000). Trata-se de uma pesquisa-ação crítica (Kincheloe, 1997), uma vez que há
avaliação, reflexão e reconstrução da própria prática, em um paradigma crítico, inserida no
contexto educacional bilíngüe, visando transformação e novas alternativas para os
envolvidos na pesquisa e novos horizontes em ensino-aprendizagem bilíngüe. Esta
investigação inclui a professora-pesquisadora e a turma de alunos da sexta série do ensino
fundamental de uma escola bilíngüe na cidade de São Paulo. O estudo foi conduzido
durante o segundo bimestre letivo do ano 2005 e o material coletado compõe-se por
gravações em vídeo das aulas do período, com seleção dos dados, a partir de análise
inicial. Os resultados apontam que nas aulas de língua inglesa o objeto da atividade é o
inglês, contemplado em uma visão enunciativa. É constituído para se tornar ferramenta-
para-resultado, utilizado para expandir a compreensão dos alunos sobre a própria língua. É
instrumento-e-resultado quando é interpretado, contestado e expandido durante os
debates entre professora e alunos. Nas aulas de estudos sociais, o inglês é o objeto
quando se refere a novo vocabulário, conteúdo gramatical ou gêneros que possam fazer
parte da atividade. É ferramenta-para-resultado quando é utilizado sem uma reflexão
maior ou sem grandes questionamentos por parte dos alunos a respeito dos conceitos
relativos à área. O inglês é ferramenta-e-resultado nas aulas de estudos sociais em
momentos nos quais existem questões para expandir e fazer correlações entre conceitos, e
a língua assume um papel para além de sua estrutura, servindo para constituir o próprio
objeto de estudos sociais. A discussão dos resultados aponta que, nessa perspectiva, a
linguagem expande a si mesma e ao conteúdo da área, nas duas disciplinas.
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ABSTRACT
The aim of this work is to discuss the role of the English language as a mediating
tool in bilingual education. The study is grounded on the social-historical-cultural Activity
Theory (Vygotsky, 1933-1935/1934, Leontiev, 1977-1978), which is founded by the
dialogical comprehension of language (Bakhtin, 1981). Besides, it also presents some of
the conceptions of bilingual education based on the work of Hamers and Blanc (2000).
This is a critical action-research (Kincheloe, 1997), since there is evaluation, reflection and
reconstruction of practice, in a critical paradigm, inserted in the context of bilingual
education. It aims at the transformation and new alternatives for the ones involved in the
research and at new horizons in the bilingual teaching-learning process. This research
includes the researcher-teacher and the group of grade six students at a bilingual school in
the city of São Paulo. The study was carried out in the second term in 2005 and the
material collected is composed of selected video recordings of the classes taught in that
term. The results point out to the English language being the teaching-learning object in
English classes, in an enunciative point of view, being built up to become a tool-for-result
when it is used without questionings that expand the understanding of the students about
the language itself. It is a tool-and-result when it is interpreted, contested and expanded
throughout debates between the teacher and the students. English is the object in social
studies classes when it refers to new vocabulary, grammatical content or genres that may
be part of the activity. It is a tool-for-result when used without a broad reflection or a
major examination made by the students concerning concepts of the area. The English
language is a tool-and-result in social studies classes in situations in which there are
questions that expand and correlate concepts, and the subjects of the activity deal with
the language beyond its structure. It also is used to constitute the object of social studies
classes. Therefore, the results of this analysis indicate that, in this perspective, language
expands itself and the area content, in both subjects.
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SUMÁRIO
Página
INTRODUÇÃO 16
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ÍNDICE DE QUADROS,
FIGURAS E ANEXOS
QUADROS
1. Programa de Ensino do Curso Language I – 2º Bimestre – 2005 70
English Language
2. Programa de Ensino do Curso Language I – 2º Bimestre – 2005 71
Social Studies
3. Tipos de Perguntas 76
4. Tipos de Conhecimento Construído 77
5. Resumo das Categorias de Análise 78
6. Resumo das Categorias de Interpretação 79
7. Contexto de Produção: Aulas de Language 88
8. Número de Turnos Total – Aulas de Language 89
9. Funções dos Turnos – Aulas de Language 90
10. Tipos de Perguntas nas Aulas de Language 90
11. Contexto de Produção: Aulas de Social Studies 116
12. Número de Turnos Total – Aulas de Social Studies 117
13. Funções dos Turnos – Aulas de Social Studies 118
14. Tipos de Perguntas nas Aulas de Social Studies 119
FIGURAS
FIGURA 2.1 – Modelo da Teoria da Atividade, Primeira Proposta. 38
FIGURA 2.2 – Modelo da Teoria da Atividade, Segunda Proposta. 39
FIGURA 5.1 – Um Modelo de Ensino-Aprendizagem de Língua Inglesa nas 84
aulas de Language
FIGURA 5.2 – Um Modelo de Ensino-Aprendizagem de Social Studies nas aulas 112
de Social Studies
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ANEXOS 155
1. Consentimento Livre e Esclarecido 156
2. Questionário Dirigido 157
3. Descrição da Pesquisa 158
4. Declaração de Concordância do Participante 159
5. Normas Para Transcrição 160
6. Aula 1 - Language 162
7. Aula 2 - Language 171
8. Aula 3 - Language 173
9. Aula 1 - Social Studies 178
10. Aula 2 - Social Studies 181
11. Aula 3 - Social Studies 183
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INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO
Há atualmente no Brasil uma necessidade cada vez maior de termos contato com
novas línguas e novas culturas, em especial a língua inglesa, devido à grande expansão
tecnológica e à velocidade da comunicação mundial. Devido à demanda de aprendizagem
de línguas, culturas e saberes estrangeiros, muitas escolas começaram a oferecer o
chamado “ensino bilíngüe”, através do qual a língua inglesa possa servir como instrumento
de interação e mediação do ensino-aprendizagem. Por isso, seu número cresce a cada dia
na cidade de São Paulo. O número de escolas credenciadas à Organização das Escolas
Bilíngües do Estado de São Paulo chega a doze, mas o grupo deve ser bem maior, pois
essa é uma organização recente e não abrange o número total de escolas do estado.
Conforme a organização, “a proposta pedagógica das escolas bilíngües contempla uma
maneira de educar que leva o aluno a interagir na prática com um contexto planetário,
seguindo a tendência de globalização que espera da escola a formação de homens
preparados para atuarem como cidadãos do mundo. O particular e o universal são
trabalhados com bastante eficácia, inclusive, porque a barreira da língua já é ultrapassada
no cotidiano da sala de aula” (Organização das Escolas Bilíngües do Estado de São Paulo -
OEBI, 2006: 01).
Essa proposta parece estar de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) para línguas estrangeiras, cujo conteúdo afirma que cidadãos devem “conhecer e
usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a
outras culturas e grupos sociais” (OEBI, 2006: 01), pois “entender-se a comunicação como
ferramenta imprescindível, no mundo moderno, com vistas à formação pessoal, acadêmica
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lacuna é um dos motivos que deu origem a este trabalho de pesquisa, pois sou professora
de Língua Inglesa e Estudos Sociais em inglês em uma escola bilíngüe em São Paulo e
percebi que o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras pode ser visto como
instrumento e objeto e, conseqüentemente, transformar o aprendiz rumo a um patamar
mais crítico e menos alienante, além de ampliar as discussões sobre esse tema e contribuir
para a bibliografia e novas pesquisas na área. Já existem trabalhos finalizados (David,
2007) e outros ainda no percurso (Miaskovsky, em andamento) sobre educação bilíngüe, e
muitos outros podem ainda investigar as diversas facetas desse contexto educacional.
Este estudo é parte integrante do projeto de extensão intitulado Múltiplos Mundos,
pertencente ao PAC (Programa Ação Cidadã), que inclui o subgrupo Educação Bilíngüe
(EB). Essa sigla, EB, será modificada para Linguagem, Criatividade e Multiplicidade (LCM),
para que se torne mais abrangente e possa dar conta de contextos multiplos e diversos,
não apenas os de bilinguismo. PAC é um programa de extensão do programa de
Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem, na PUC/SP, cujo objetivo principal é
compreender e modificar a situação educacional em que se encontram comunidades de
baixa renda em regiões do Brasil, principalmente a cidade de São Paulo e outras
municipalidades vizinhas. O projeto compõe-se por encontros entre educadores e
pesquisadores, presenciais e à distância, para que possam compartilhar experiências e
trabalhos na área de educação e linguagem e, dessa forma, promoverem crescimento
cultural e social dos envolvidos nos estudos. Nesse contexto encontra-se o Múltiplos
Mundos, projeto de cunho educacional voltado a diferentes tipos de expressão, manifestos
por três temas básicos: entretenimento, trabalho e meio ambiente. Esses temas são
debatidos e embasados teoricamente por cinco conceitos discutidos pelo grupo de
pesquisa, a seguir: linguagem, formação crítico-cidadã, grupos de apoio, conhecimento
cotidiano e conhecimento científico. Tais projetos recebem apoio e parceria de instituições
internacionais em países como Finlândia, Suécia e Estados Unidos. A Escola Stance Dual foi
a instituição que promoveu, juntamente com os pesquisadores, o evento de abertura do
projeto Múltiplos Mundos no mês de novembro de 2006, reunindo alunos da escola, além
de estudantes provindos de uma escola pública em Carapicuíba (Grande São Paulo) e
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deficientes auditivos de uma escola estadual da região oeste da capital. A escolha pela
Escola Stance Dual como promovedora do encontro ocorreu justamente por ser a
instituição onde esta pesquisa se desenvolveu e pelo fato de que faço parte das duas
instituições, PUC/LAEL e Stance Dual, e sou o elo entre tais escolas e a universidade.
Dessa maneira, este evento foi passo inicial para olharmos para múltiplos mundos: de um
lado, uma escola bilíngüe de elite, do outro, escolas na periferia de São Paulo. Assim, esta
investigação inicia a conexão entre o LAEL, a lingüística aplicada, e a necessidade de
pesquisas sobre a linguagem em situações de multiplicidade. Neste momento, investigo o
objeto de ensino-aprendizagem desta escola, a língua inglesa; porém, o futuro desta
pesquisa poderá ser uma proposta de transformar as condições inaceitáveis nas quais se
encontra a educação em algumas comunidades brasileiras (e também em outros países),
de maneira que a linguagem, mais especificamente, a língua inglesa, contribua para unir
múltiplos mundos sendo objeto e instrumento mediador de ensino-aprendizagem para a
formação de cidadãos mais críticos e conscientes de sua subjetividade. Por isso esta
pesquisa está vinculada ao programa em lingüística aplicada e ao programa de extensão
PAC, no subprojeto Múltiplos Mundos.
Em termos específicos, esta pesquisa tenciona descrever e analisar criticamente os
contextos em que a língua inglesa opera como instrumento mediador do ensino-
aprendizagem e, ao mesmo tempo, como objeto de estudo em contextos bilíngües, mais
precisamente, em aulas de Língua Inglesa e Estudos Sociais em inglês em uma escola de
educação bilíngüe no centro de São Paulo, a Escola Stance Dual1.
Em um âmbito mais abrangente, este trabalho poderá contribuir para a ampliação
da bibliografia na área de educação bilíngüe no Brasil, para as pesquisas em ensino-
aprendizagem bilíngüe e para a aplicação desses conhecimentos de maneira prática em
sala de aula. É importante lembrar a relevância deste trabalho para a formação de
professores de língua inglesa, seja em contextos multiculturais, ou em situações de ensino
de língua estrangeira. Como enfatizado por Celani (2003: 20), existe uma crescente
1
A instituição deixou a critério da pesquisadora citar ou não seu nome no presente trabalho. Vide autorização no anexo
1.
20
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Esta pesquisa pertence ao campo da Lingüística Aplicada uma vez que se centra
primordialmente na resolução de problemas de uso da linguagem, em especial no contexto
escolar, para compreensão da visão de linguagem que o usuário utiliza. É uma pesquisa de
cunho transdisciplinar e mediador, pois une e interliga o conhecimento teórico provindo de
várias áreas (lingüística, educação, psicologia, entre outras), bem como o problema de
linguagem a que se propõe investigar. Davies e Elder (2004: xix) definiram algumas das
preocupações da lingüística aplicada como a solução e melhoria de problemas sociais que
envolvam a linguagem, melhores e mais eficientes maneiras de se ensinar línguas,
melhorias no diagnóstico de patologias de linguagem e na formação de tradutores e
intérpretes, em métodos avaliativos mais eficientes ou também na avaliação da eficácia de
programas escolares bilíngües. Enfim, inúmeras possibilidades que envolvem a tradição da
lingüística aplicada e as novas possibilidades de investigação que inclem uma diversa gama
de teorias e metodologias de pesquisa para se estudar questões de linguagem. Como esta
pesquisa se trata de um trabalho cuja preocupação maior é o entendimento da dinâmica
de aulas em educação bilíngüe (que pode gerar a transformação da mesma) e do papel da
língua inglesa nesse contexto, poder-se-ia considerá-la não só inserida no âmbito da
lingüística aplicada, mas também de característica crítica, uma vez que a Lingüística
Aplicada Crítica (Pennycook, 2004) tem como uma de suas preocupações principais a
relação de aspectos da educação na área da linguagem para uma análise crítica de
relações sociais. A prática crítica do professor-pesquisador surge, por diversas vezes, dos
questionamentos da comunidade na qual está inserida. Neste caso, trata-se de localizar o
bilingüismo crítico (Morgan, 1998, apud Pennycook, 2004: 790) no universo desta
pesquisa. Entende-se por bilingüismo crítico a habilidade não apenas de falar mais do que
uma língua, mas estar consciente dos contextos sócio-culturais, políticos e ideológicos em
que as línguas (e, conseqüentemente, os falantes) se encontram e operam e da
multiplicidade de significados que emergem nesses contextos.
Este estudo se organiza em três capítulos. No capítulo 1, apresento o contexto a
respeito de Educação Bilíngüe e bilingüismo a fim de situar esta pesquisa nas teorias
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REFERENCIAL TEÓRICO
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CAPÍTULO 1: REFERENCIAL
TEÓRICO
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1983; Brisk, 1997; entre outros), devido à grande preocupação com a diversidade cultural
existente em vários países. No entanto, apesar de se encontrar em um território de
dimensões continentais, com grande variedade de culturas, o Brasil apresenta poucos
estudos sobre bilingüismo e educação bilíngüe. Alguns pesquisadores (Mello, 1999 e,
principalmente, Cavalcanti, 1999, entre outros) relatam trabalhos nesse campo, mas pouco
ainda tem sido feito sobre a importância de uma política educacional que enfatize o ensino
de línguas estrangeiras em escolas públicas do Brasil em uma perspectiva bilíngüe e não
de língua estrangeira, apenas. O momento atual da educação brasileira destaca a
preocupação com a diversidade e as diferenças; afinal, a história relata a formação de um
povo cujas raízes advêm de inúmeros países (Angola, Moçambique, Itália, Alemanha,
Polônia, Japão, Holanda, Espanha e Portugal), refletindo uma polifonia de gerações e
culturas. Por conseguinte, relações de poder foram construídas a partir do estabelecimento
de cada um desses grupos, originando a opressão de alguns (principalmente indígenas e
africanos, escravizados por séculos), por parte dos dominantes, originalmente
colonizadores e, posteriormente, grupos de imigrantes que estabeleceram comércio e
cultivo em várias regiões do Brasil. Adiciona-se a isso o momento de extremo controle
ideológico durante a ditadura militar, nos anos 60-80, que culminou em um currículo
escolar direcionado ao nacionalismo radical, ao patriotismo absoluto que segregava o
acesso a textos em línguas estrangeiras e censurava publicações de cunho inadequado
para os padrões político-ideológicos dessa época, como as revistas em quadrinhos que, em
sua maioria, provinham dos Estados Unidos2.
Tal situação de formação da população brasileira propiciou um cenário de
segregação e desvantagem, tanto social, quanto cultural e educacional, entre os grupos
oprimidos, compostos principalmente por afro-descendentes. Nesse sentido, essas pessoas
têm pouco acesso a uma educação de qualidade que proporcione a aprendizagem, em
especial de línguas estrangeiras, o que dificulta a articulação de suas vozes e a percepção
da formação de suas identidades. Assim, o panorama educacional ideal no qual esses
2
Para um estudo minucioso a esse respeito, ver JÚNIOR, G. (2004). A guerra dos gibis. São Paulo,
Companhia das Letras.
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grupos possam
“tornar-se agentes sociais ativos que analisem a maneira como sua subjetividade é
construída em ambientes escolares, aumentando as possibilidades de viverem em uma sociedade
verdadeiramente democrática” (Risério Cortez: 02, no prelo)
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pois alguns dos compromissos estabelecidos pela escola referem-se a uma formação
bilíngüe como instrumento de comunicação para inserção em um mundo globalizado
e uma sólida formação acadêmica na Língua Portuguesa e na Língua Inglesa, cujo
programa de ensino apresenta carga horária nas duas línguas. Poder-se-ia, então,
considerá-lo como uma imersão bilíngüe.
O termo “educação bilíngüe”, de acordo com Arnau, Serra, Comet e Vila (1992,
apud Boleiz Júnior, 2001: 6) exclui aquelas situações em que se dá o ensino da segunda
língua apenas como “matéria” e não ensino “na” segunda língua. Os objetivos são o
bilingüismo e o biculturalismo, de forma que os escolares mantêm a primeira língua pelo
tratamento que ela tem na escola e pelo suporte e status que ela tem fora do contexto
escolar e aprendem a outra língua mediante um processo natural, não forçado, através do
uso da mesma no trabalho das matérias do currículo. Isso também parece se assemelhar
ao programa apresentado pela escola do estudo.
Essa oportunidade de contato tanto com uma segunda língua, quanto com a cultura
e tudo o mais que a circunda é definida por Ochs (1986) como socialização da linguagem
(apud Hamers & Blanc, 2000: 83). A socialização da linguagem inclui socialização através
da língua que se estuda e para o uso dessa língua, em interações. Em consonância com as
teorias de linguagem desenvolvidas por Vygotsky, Hamers & Blanc (2000: 84) também
concebem a linguagem como uma ferramenta para socialização e interação, bem como
para a constituição de cada um de nós como sujeitos. Além disso, os autores
compreendem que é através da participação nessas rotinas de comunicação, ou seja, a
socialização da linguagem, que as pessoas tomam conhecimento do uso das línguas e de
seus aspectos cognitivos e afetivos. Nessa direção, meios multiculturais (bilíngües) de
socialização da linguagem promovem comunicação multicultural e, conseqüentemente,
permitem ao sujeito expressar seus pensamentos de maneira múltipla, o que lhe
proporciona visualizar sua língua como um sistema entre vários (Vygotsky, apud Hamers &
Blanc, 2000: 84). Esse fenômeno gera uma compreensão mais elaborada de suas
operações lingüísticas e provê o sujeito de um elemento que lhe possibilita alternar a
manipulação de símbolos lingüísticos. A experiência com duas línguas (ou formas de
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que o modelo utilizado esteja próximo do ideal, ainda com espaço para melhorias, mas
cada vez se aproximando de uma visão na qual conhecimentos são construídos por meio
de valores, tradições e relações sociais, em um panorama global que é transformado e
reformulado a cada momento por indivíduos que estão unidos por uma história, uma
linguagem e uma perspectiva social em comum.
Apresentei nesta seção alguns dos conceitos fundamentais a respeito da educação
em contextos bilíngües, como pano de fundo teórico para o posicionamento do papel da
linguagem em tais situações. Na seção seguinte, discuto as questões teóricas sobre os
princípios da Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural a fim de desvelar o papel da
linguagem em tais cenários.
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dessa teoria é a atividade humana, descrita por Engeström (citado em Daniels, 2001: 114)
no modelo abaixo, e é geralmente mediada por um ou mais instrumentos (artefatos ou
ferramentas).
FIGURA 2.1 – Modelo da Teoria da Atividade, Primeira Proposta.
Retomando seus princípios, nessa primeira proposta havia três elementos básicos,
que representavam de maneira triangular a mediação: o(s) artefato(s)/instrumento(s), o(s)
sujeito(s) e o(s) objeto(s)/motivo(s), levando a um resultado. Nessa representação,
destacava-se o sujeito em uma tentativa vygotskiana de juntar ações humanas a artefatos
culturais. Os artefatos medeiam a maneira como os seres humanos interagem com sua
realidade e como a transformam. Acredita-se que esses artefatos também se transformam
durante o desenvolvimento da atividade, possuindo uma característica sócio-histórica
muito importante: a de acumulador e transmissor de conhecimento social, já que suas
propriedades refletem as experiências de outros que foram reinventando e remodelando o
seu uso. Também podemos acrescentar que cada artefato tem propriedade para atuar
numa determinada práxis, ou atividade. Por exemplo, o chef com panelas e receitas, o
garçom com bandejas e pratos e assim por diante. Artefatos podem ser apresentados no
início de uma atividade ou podem ser o produto da mesma, já que estão em constante
mutação durante o processo. Essa transformação é essencial para podermos entender seu
papel na TASHC. Para o foco deste estudo, observaremos a linguagem, que, de acordo
com a teoria vygotskiana, também pode ser considerada como um artefato para
desenvolvimento humano. O panorama sócio-histórico-cultural considera a constituição dos
seres humanos a partir de suas relações com o mundo e com os outros seres, mediadas
pela linguagem, uma produção simbólica que molda e transforma a sociedade. Essa
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Artefatos Mediadores:
Ferramentas e signos
Objeto
Sentido
Sujeito
Resultado
Significado
Regras Divisão de
Trabalho
Comunidade
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participam apenas do mundo material, mas também existem em nível psicológico. Elas
podem produzir resultados materiais, passíveis de observação e tato, mas também podem
resultar em considerações e reflexões mentais, passíveis de análise através da observação
da linguagem produzida pelo sujeito as realiza. A idéia fundamental nessa concepção é a
de que toda atividade tem um objeto e que atividades são orientadas pela busca desse
objeto idealizado que se concretiza em um processo, ou um sistema de atividades,
passando do ideal ao material dialeticamente (Leontiev, 1977:01-02), pois primeiro há a
necessidade que gera um objeto idealizado a partir dos objetos brutos conhecidos. Essa
questão é o que determina nossa criatividade: a transformação de objeto bruto em
idealizado, do real existente ao sonho imaginado criativamente e que será produzido em
processo criativo. Entende-se, portanto, que o objeto da atividade se estabelece em duas
formas: em uma existência independente, na qual comanda a atividade do sujeito, e como a
imagem mental do objeto, sendo o produto de suas propriedades por parte do sujeito,
efetuada pela atividade desse indivíduo, não podendo ser efetivada de outra maneira. Assim,
objetos podem ser o próprio agente que é conduzido no desenrolar da atividade, em um
primeiro momento, bem como o produto subjetivo da atividade a posteriori, produzindo
sentidos e signficados entre os sujeitos da atividade.
Percebe-se que a constituição dos objetos não corresponde à sua materialização
somente ao final da trajetória da atividade, mas durante todo seu o processo. Inicia-se como
objeto idealizado, aquele que motiva ações e operações na atividade pela busca do
preenchimento das necessidades que nos direcionam à sublimação de objetivos, tornando-se
real através das transformações que sofre desde o momento em que surge, como objeto
imaginado antes da realização da atividade, até que se concretize. Essa é a característica
fundamental do objeto na atividade humana e o que nos torna diferentes de todos os outros
animais: poder ser idealizado antes mesmo de a atividade se realizar através de reflexões,
processos mentais. Essa relação dialética entre o objeto bruto, existente independente de
nossas necessidades e desejos, e o idealizado é a fórmula propulsora para a realização da
atividade, em uma gama de conflitos e contradições que, com o auxílio de ferramentas,
constroem o objeto da atividade, ou o real motivo dela existir (Leontiev, 2006: 03). Por isso,
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Educação Bilíngüe
nessa relação todos os elementos se transformam: o objeto, que vai se constituindo durante o
processo; o(s) sujeito(s), através de suas reflexões e da construção de novos sentidos e
significados; e a própria ferramenta, que pode passar de instrumento para alcançar um
resultado até se tornar o próprio resultado (ver discussão na seção seguinte).
Partindo da idéia de que toda atividade possui um objeto, um motivo para que a
atividade aconteça, e que todo objeto se transforma no decorrer de uma atividade, faz-se
importante ressaltar como o objeto de ensino-aprendizagem bilíngüe (a língua inglesa) se
constitui, pois toda a sua concepção se fundamentará no arcabouço teórico que a estrutura.
Se estiver pautada em uma apresentação de elementos lingüísticos e normativos, por uma
perspectiva monológica na qual o objeto é construído a partir da amostragem da função de
elementos constituintes por parte do professor, sem qualquer espaço para diálogo, confronto
e reflexão por parte dos alunos, a atividade construirá um objeto fragmentado, um produto
inacabado de ensino-aprendizagem. Então, a qual necessidade irá preencher e a qual ideal
corresponde? Se a atividade de ensino-aprendizagem significativa deve englobar um objeto
que esteja inserido em um contexto, com objetivos que tenham significado para os sujeitos
envolvidos, ensinar e aprender uma língua com fundamento em código e sistemas de regras
de funcionamento desse código não preenche necessidades verdadeiramente enunciativas,
mas perpetua o ensino-aprendizagem a um modelo no qual a linguagem é fragmentada,
imutável, de caráter normativo e estável.
Todavia, se por outro lado, pautar-se em uma construção de compreensões, no diálogo
interativo entre os constituintes da atividade (professores e alunos), em um processo dialógico
de construção de sentidos e significados a respeito do objeto e usos que se possa fazer dele,
haverá espaço de transformação e o objeto passará de bruto (existente, sem uma
necessidade na atividade) a idealizado.
Diante desse quadro, concluo que a reflexão por parte dos sujeitos da atividade é
fundamental para a transformação do objeto, pois, conforme discutido por Lektorsky (2003),
compreender o objeto como ele é, “em si mesmo”, está completamente ligado à tarefa de o
transformarmos. Dessa forma, ensinar-aprender a língua inglesa em um ambiente bilíngüe
para que o objeto construído seja dialético e que possa tornar-se instrumento-para/e-
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
resultado durante o processo pode ser considerado muito imporante para o ensino-
aprendizagem de idiomas, pois confere às línguas um novo papel, algumas vezes como o
objeto e em outras como instrumento mediador.
A fim de interligar a rede deste referencial teórico, apresento a seguir uma discussão a
respeito da linguagem como instrumento mediador de ensino-aprendizagem, onde discorro
sobre os conceitos de instrumento/ferramenta na TASHC.
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megainstrumento.
Portanto, é vital descobrir o que são basicamente instrumentos para podermos
entender de que forma a língua inglesa exerce um papel fundamental como
ferramenta/instrumento3 nesse processo de ensino-aprendizagem para mediação e
transformação dos agentes nele implicados.
Primeiramente, partirei da definição geral, mais conhecida do termo. No dicionário
on-line Infopédia, da Porto Editora4, a palavra instrumento é definida como “(substantivo
masculino)1. tudo o que serve para executar algum trabalho ou fazer alguma observação;
2. peça de ferramenta; 3. equipamento; material; 4. objecto (sic) para produzir sons
musicais; 5. figurado meio; agente5; (Do lat. instrumentu-, «equipamento; material»)”.
Destaquei as palavras “meio” e “agente” para ressaltar que, mesmo em uma visão mais
ampla do que possa significar o termo, a idéia de que possa servir como um mecanismo de
ação é bem forte.
Inicio a discussão a partir do referencial proposto por Vygotsky. De acordo com suas
pesquisas, a linguagem é produto do trabalho humano, um produto sócio-histórico-
culturalmente construído para nos relacionarmos com outros elementos da natureza, de
forma dialética, em procedimentos de transformação dos instrumentos que utilizamos para
construir o objeto de nossas necessidades, dialética essa que permite-nos criar novos
subconceitos não determinados por esses instrumentos. Analisando experimentos com
crianças, Vygotsky propôs todo um arcabouço teórico a respeito de pensamento e
linguagem, a partir do qual é possível percebermos que concebe a linguagem como
instrumento, pois é devido à análise da linguagem das crianças que percebe “como a
própria atividade da criança se manifesta ao aprender a língua dos adultos” (Vygotsky,
apud Newman e Holzman, 1993: 66). Assim, utiliza a própria linguagem como ferramenta
para compreender a aquisição de linguagem pelas crianças, ou seja, o mesmo mecanismo
utilizado pelas crianças. Durante esse processo, a linguagem é utilizada para explorar os
3
Neste trabalho, ferramenta, instrumento e artefato são sinônimos.
4
Acessível em: http://www.portoeditora.pt/dol/ [Capturado em 10/01/2007, às 12:45].
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Meu grifo.
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É crucial compreender cada uma dessas definições para poder definir o papel da
língua inglesa neste estudo. No capítulo em que discuto os resultados, apresento a análise
dos dados e investigo se a língua está em transformação (como instrumento-e-resultado)
ou se apenas serve a um resultado (como instrumento-para-resultado). Ou, ainda, se é
uma instrumentalidade, um sistema múltiplo, mais complexo, que demanda uma
observação diferenciada.
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Meu grifo.
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Meu grifo.
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Minha tradução do trecho: “Language is here a tool of thought, as well as a tool for the consolidation of memory: in
other words, a mnemotechnical tool”.
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forma ativa, pois se trata de um momento de reflexão no qual decidimos nos abster. E
nosso engajamento em situações nas quais mediamos nossas ações em conformidade com
as dos outros agentes – como no caso do ambiente desta pesquisa, a atividade de ensino-
aprendizagem de língua inglesa e estudos sociais em inglês – é feito não só pelas ações,
mas também por objetos e instrumentos, tais como a linguagem.
A partir da importância que, tanto Vygotsky (1935), quanto outros autores
supramencionados, atribuem à linguagem como um instrumento mediador que constitui as
interações e que compõem a língua como um processo criativo que se materializa nos atos
de fala individuais, pode-se compreender o papel da linguagem na atividade de ensino-
aprendizagem de língua inglesa em contextos bilíngües: interação verbal em que a língua
está em seu uso prático e inseparável do seu conteúdo ideológico ou relativo à vida,
carregada de caráter histórico, transformador e evolutivo, com criatividade e teor social.
Assim, compreendida a importância do papel da linguagem como instrumento
mediador de relações humanas, será apresentada uma discussão sobre a concepção
dialógica da linguagem, a partir da Teoria da Atividade, a seguir.
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A linguagem neste contexto, portanto, não pode ser considerada como um sistema
de regras lógicas do uso dos signos, mas tais signos em uma enunciação, pertencente a
um contexto social, histórico e cultural, tendo esses signos a característica de serem
flexíveis e variáveis (1929/2004: 95), característica essa pertinente a objetos e a
ferramentas na TASHC. Assim, a linguagem está no universo da relação pensamento-
atividade e a língua inglesa é a ferramenta material da atividade, que pode ser observada.
E, sendo a língua uma forma de linguagem, podemos estabelecer sua relação com o
pensamento, a partir do significado das palavras, dos signos. Para Vygotsky (1934/1987:
150-151), a unidade de análise do pensamento verbal consiste no significado das palavras,
a maneira como o pensamento ganha corpo, existe. Sua força pode ser ampliada na
medida que se relaciona com elementos semelhantes, a outras palavras; ou seja, na língua
em uso, não importando a língua que expressa tal significado, pois a relevância está no
significado das palavras e não na língua em si. Nosso pensamento acontece de maneira
múltipla, observamos aspectos diferentes de um acontecimento em sua totalidade. Por
exemplo, em um diálogo com um amigo, ouvimos o que diz, ao mesmo tempo em vemos
os arredores, sentimos cheiros, percebemos toques, cores, formas e outros sons. Quando
vamos expressar nosso pensamento a respeito de todas essas percepções, não há como
fazê-lo em sua totalidade por apenas uma palavra. É um só pensamento, mas precisamos
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Meu grifo.
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exprimi-lo através de várias palavras. Para tanto, é preciso refletir e escolher as palavras
que contêm o melhor significado dos pensamentos. Por conseguinte, a linguagem,
expressa através da escolha de significados em palavras, é que faz a transição do
pensamento para a fala e permite a interação. Não basta compreender as palavras, pois
podem possuir inúmeros sentidos, mas sim o significado que carregam, por isso Vygotsky
afirma (1934/1987: 186) que o pensamento passa primeiro pelos significados e depois
pelas palavras. É o conjunto harmônico de palavras, com o significado que mais se
aproxima do pensamento, que constitui a ferramenta mediadora de nossas interações.
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Meu grifo.
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pode ser definido como o fato de que só um outro pode nos dar acabamento (ou
finalização de nossa enunciação), assim como só nós podemos dar acabamento a um
outro, ou seja, só nos enxergamos pelo discurso de outro(s). Da perspectiva de onde nos
encontramos temos apenas um ponto de visão; estamos no limiar do que realmente
vivenciamos e só um outro pode nos ajudar a visualizar o todo, a completar aquilo que nos
falta para enxergar, aquilo que nosso olhar limita. Nesta pesquisa, professora e alunos
intercalam enunciados para criar seus próprios conceitos sobre a língua inglesa e diversas
outras situações, indo ao encontro dos conceitos propostos por Bakhtin (1981/2000) e
também remetendo às discussões propostas por Newman e Holzman (1993) a respeito de
atividade revolucionária, transformadora e expansiva das possibilidades de compreensão
do objeto a ser construído. Neste caso, a língua inglesa.
Observa-se, neste ponto, que a linguagem não pode ser definida como pura
expressão do pensamento, como a visão tradicional funcionalista da linguagem apontava,
mas como a realização de fato do pensamento. Por conseguinte, vejo nesse aspecto o
ponto de encontro entre as visões de Vygotsky e Bakhtin, pois aí está a ligação
indissociável entre as relações sociais e os signos culturais construídos coletiva e
ideologicamente. Somente nas interações sociais construímos signos e significados
compartilhados, concretizados a partir da mais pura realização do pensamento, a
linguagem. Tais interações, conforme advogado por Leontiev (1977:02), não existem fora
de uma atividade humana, e para que se possa compreender seu funcionamento, há que
se investigar o desenrolar de tais interações, os usos que se faz desses signos e
significados no interior da atividade. Ou seja, se se comportam como objeto, instrumento
para resultado ou instrumento para/e resultado. Se a construção do objeto na atividade de
interação em aulas de ensino bilíngüe configura-se por um movimento monológico, de
pura transmissão de signos e significados, o resultado obtido será um objeto bruto, um fim
sem um propósito. Porém, se ficar estabelecido um movimento dialético no qual o discurso
não somente é compartilhado, mas também co-construído por uma gama de vozes
entrelaçadas, em um contexto sócio-histórico-cultural, cujos propósitos são claramente
estabelecidos, o objeto atingido será idealizado, preenchedor de necessidades da
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atividade.
Esta seção dissertou sobre a concepção dialógica da linguagem, através da qual
observamos o mundo e percebemos suas manifestações, por meio de um sistema de
signos. Destacou também a linguagem como mediadora das relações humanas e potencial
instrumento para transformação do entendimento e das relações interacionais e sociais.
Além disso, discorreu-se sobre os diversos elementos presentes na discussão sobre
dialogismo, como enunciação, subjetividade, intersubjetividade e polifonia. Esses são
conceitos importantes, como já exposto nesta pesquisa, uma vez que por meio desses
aspectos relacionarei elementos nos dados observados que possam demonstrar a maneira
pela qual linguagem se manifesta como um instrumento mediador de ensino-aprendizagem
em contextos bilíngües.
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BASE TEÓRICO-
METODOLÓGICA DA
PESQUISA
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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Uma das razões pelas quais me motivei a realizar esse estudo em lingüística
aplicada foi a necessidade de aprofundamento no quadro investigativo referente à
educação bilíngüe, a compreensão do posicionamento da língua inglesa nesse contexto e o
aprimoramento do meu trabalho como profissional nesse campo de ensino-aprendizagem.
A opção pelo Programa de Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem – LAEL – ocorreu
pelo fato de que o nosso (meu e dos alunos) instrumento de trabalho e nosso foco em sala
de aula é a linguagem, fenômeno que não implica apenas aspectos lingüísticos, mas
também sociais, psicológicos, entre outros, o que, fundamentalmente, demanda uma
investigação em um campo mais abrangente do que a lingüística tradicional.
Optei por um tipo de pesquisa inserido num paradigma crítico, a pesquisa-ação,
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
pelo fato de que, de acordo com Kincheloe (1993), este é um estudo no qual há avaliação,
reflexão e reconstrução da própria prática do pesquisador, visando transformar e buscar
novas alternativas para os envolvidos na pesquisa.
O interesse por essa metodologia originou-se na concepção de que o professor não
deve ser aquele que recebe teorias formuladas sobre sua prática e apenas as aplica em
seu trabalho educacional, mas aquele que tem por obrigação investigar e questionar
constantemente seu exercício como docente. Assim, o cotidiano da sala de aula e a
atividade de lecionar são, ao mesmo tempo, o produto de seu trabalho e material de
investigação científica.
A importância da pesquisa de ação critica nesse contexto é fundamental, já que faz
possível a intersecção entre a atuação do pesquisador e do professor, concomitantemente
à colaboração dos alunos envolvidos. Neste caso, os alunos deixam de ser meros
informantes ou transmissores de informação, mas passam a ser contribuintes da pesquisa.
Dessa maneira, participam da construção de conhecimentos desenvolvidos durante o
estudo através de debates, discussões e expressão de seus sentimentos e ideologias a fim
de colaborar para a elucidação das questões investigadas. Sendo assim, tanto os alunos
como eu, a professora-pesquisadora, não só observamos os fatos, mas os debatemos e
reconstruímos a realidade em que vivemos de maneira conjunta.
Para que não se restrinja somente a formulações teóricas, a pesquisa-ação contribui
também para a ampliação de discussões e debates sobre questões por ela levantadas
(Thiollent, 2000), cumprindo a missão de “produzir uma cognição metateórica sustentada
por reflexão e baseada num contexto sócio-histórico” (Kincheloe, 1993: 189), e ajustando-
se aos objetivos desta pesquisa.
Outro de meus objetivos quando ingressei no Programa de Lingüística Aplicada e
Estudos da Linguagem – LAEL era o de realizar uma pesquisa que contemplasse meu
trabalho como professora e que envolvesse os alunos de maneira significativa no estudo,
para que pudessem contribuir de forma ativa na transformação de nossa rotina
educacional. Tal pesquisa também teve como fator de impulsão maior a necessidade que
eu sentia em tomar conhecimento de novas perspectivas em educação no contexto em
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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que eu e meus alunos estamos inseridos, ou seja, a escola bilíngüe. Por esse motivo, esta
também pode ser considerada uma pesquisa educativa, já que procura por novos
horizontes em ensino-aprendizagem bilíngüe. Desvendar a educação bilíngüe não mais
como um curso de idiomas integrado ao currículo escolar, mas em um paradigma dialético
no qual a linguagem constitui a realidade e a identidade dos sujeitos da qual fazem parte,
é uma das metas almejadas por mim. A melhor compreensão desse processo educacional,
um verdadeiro empreendimento filosófico e ideológico, culturalmente complexo e
poderoso, é o desafio a que me proponho a fim de proporcionar uma investigação que
desvende essa prática social que constitui nossas experiências e nossa presença na
história.
O objetivo desta seção é situar o leitor no contexto em que este trabalho foi
realizado. São apresentados o local onde a pesquisa se realizou e os participantes do
estudo.
2.2.1. O Local
Esta pesquisa foi ambientada na escola de educação bilíngüe Stance Dual School,
localizada na zona central da cidade de São Paulo, no bairro da Bela Vista. A escola
oferece educação bilíngüe para crianças na faixa etária de dois a catorze anos, nos
programas de Educação Infantil e Ensino Fundamental I e II. A todas as turmas de alunos
são oferecidos programas em língua materna (português) e língua inglesa. Para turmas a
partir da terceira série do Ensino Fundamental I também é oferecido o estudo da língua
espanhola como língua estrangeira. Um grande diferencial da instituição é sua
preocupação em:
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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“proporcionar aos alunos uma perspectiva educacional que parte do princípio da construção
social, sendo fundamental a interação do aluno com os conhecimentos social, cultural e
histórico, bem como a possibilidade de posicionar-se criticamente diante deles. A criança
está imersa num ambiente repleto de significados em potencial, com os quais interage.
Como uma planta se relaciona com a natureza ao seu redor em benefício mútuo, também
os alunos da Stance Dual interagem com o conhecimento aprendendo, descobrindo e
criando novas formas de pensar.” (Princípios Escolares da Stance Dual School, em seu
folheto informativo, 2006.)
Considerando-se que o universo desta pesquisa é formado por alunos da sexta série
do Ensino Fundamental II, há que se ressaltar a grande relevância desses princípios
norteadores da perspectiva educacional da escola neste estudo. Ideais que valorizam a
cultura, a aprendizagem contínua (e bilíngüe) e que oferecem a oportunidade de formar
indivíduos investigativos e criativos em situações portadoras de expressivas questões de
linguagem constituem a situação desejada para uma investigação a respeito da língua
inglesa e seu papel como um instrumento para/e resultados em contextos bilíngües.
Ressalta-se, ainda, que as aulas documentadas constituem um quarto do curso
lecionado durante o ano letivo e correspondem às aulas pelas quais fui responsável à
época da realização da pesquisa, nesse mesmo paradigma, como mencionado acima.
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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2.2.2. Os Participantes
2.2.2.1. A professora-pesquisadora
11
Os nomes dos alunos serão aqui omitidos para preservar sua identidade.
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só um outro idioma consegue desvendar. Neste caso, estudar a língua inglesa é uma
oportunidade de entender a vida em sociedade, tanto na sala de aula, como em outras
esferas sociais a fim de confrontarmos criticamente as diferentes leituras que nos são
apresentadas.
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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Nesta seção, são apresentados os procedimentos para a coleta de dados, bem como
a descrição dos instrumentos e os critérios utilizados para a identificação e análise dos
mesmos.
O primeiro passo, anterior à coleta de dados, foi uma reunião com a turma de
alunos para a explicitação dos objetivos da pesquisa e a finalidade das gravações, além do
pedido de permissão para gravação das aulas. O passo seguinte foi a elaboração de uma
carta (vide anexo 3), enviada aos pais dos alunos envolvidos, com informações sobre a
pesquisa e seus objetivos. A carta incluía um pedido de permissão (vide anexo 4) para uso
dos dados colhidos por meio de gravações em vídeo das aulas e também colocava os
dados à disposição para que os pais pudessem esclarecer quaisquer dúvidas que viessem a
surgir. Houve consentimento de todos os pais, que fizeram a devolução das cartas, com
assinatura autorizando a utilização dos dados com omissão dos nomes dos alunos para
preservação de sua identidade.
A seguir, são apresentados os procedimentos utilizados para obter dados que
pudessem responder às perguntas de pesquisa.
12
Relato em aula de um dos alunos.
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Após receber a permissão dos pais, iniciei a gravação em vídeo das aulas. O motivo
pelo qual a gravação em vídeo apresentou-se como o modelo mais adequado de registro
foi o fato de que através do vídeo é possível de se observar elementos da interação verbal
que não podem ser percebidos através de gravações auditivas, questionários ou
entrevistas. Como exemplo, podemos citar marcadores ou recursos não verbais, tais como
o olhar, o riso, a movimentação da cabeça, gesticulações, movimentos corporais (“jóia”,
acenos, palmadinhas etc), entre outros. Todos esses elementos seriam perdidos caso o
vídeo não fosse utilizado.
Portanto, a utilização da gravação em vídeo é um recurso que permite ao
pesquisador se apropriar de todo o contexto e ambiente em que a atividade de ensino-
aprendizagem se desenrola. Conforme discutido por Engeström (1999b), muitas teorias e
estudos já focaram uma díade entre sujeitos que utilizam uma única ferramenta
mediadora, já bem definida. Outros elementos como, por exemplo, ferramentas e artefatos
materiais (fotografias, imagens, posicionamento, gestos e outros recursos visuais) eram
constantemente excluídos da análise, pois as gravações se restringiam ao áudio. No
entanto, pesquisas atuais que envolvem a aprendizagem em expansão e transformação,
tendo a linguagem como instrumento mediador, tal e qual esta investigação, demandam
recursos que possam favorecer a observação de dados de alta fidelidade. Dessa forma, o
pesquisador se vê posicionado a analisar dados de forma mais ampla, adotando uma nova
visão de mediação, observando uma instrumentalidade completamente interconectada
(1999b: 09). Instrumentalidade, nesse aspecto, é definida por Engeström como um
sistema de linguagem:
“que inclui não só múltiplos artefatos cognitivos e semióticos, usados para análise e design,
mas também ferramentas inteiramente primárias, usadas na prática diária e que se fazem
visíveis a exame, reformulação e experimentação. Num ambiente tão denso, todo um grupo
de novos processos sócio-cognitivos é exigido – literalmente, uma nova mentalidade deve
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Educação Bilíngüe
ser gerada. A própria complexidade do ambiente faz com que a instrumentalidade evolua
constantemente. Velhas ferramentas são modificadas e novas são criadas.” (minha
tradução, 1999b: 9-10).
Sendo assim, dados não são analisados por um mero observador ou facilitador, mas
por um pesquisador que visualiza seus próprios erros, acertos ou conflitos, em conjunto
com as diversas situações de interação entre os participantes da atividade, o que traz
maior rigor e empenho à análise. Além dessa razão, de ordem prática, um outro motivo foi
o de me distanciar como professora-pesquisadora de minha ação em sala de aula, o que,
como descrito por Magalhães (1994), é fundamental para que pudesse fazer uma análise
de minha própria prática, olhando para mim como que para outro.
Por conseguinte, a gravação em vídeo configurou-se como o recurso mais
apropriado para a observação da maneira como a linguagem foi utilizada nas situações de
ensino-aprendizagem nos cursos de língua inglesa e estudos sociais em inglês dessa
escola: se se estabelece como objeto, como instrumento para resultados ou instrumentos
para/e resultados. A oralidade foi recuperada pela transcrição das aulas para posterior
análise e as imagens em vídeo permitiram a amostragem de outros elementos que
puderam ser utilizados como recursos durante as aulas.
A seguir, apresento um panorama das aulas documentadas em vídeo para análise,
com base nas propostas de Kerbrat-Orrechioni (1996) e Galembeck (2003) sobre
interações verbais.
tarde, com duração de uma hora e trinta minutos, em quatro dias da semana (segundas,
terças, quintas e sextas-feiras), após o almoço dos alunos, das 13:15 às 14:45. A turma de
alunos em questão participa de um total de doze aulas semanais em inglês, as quais fazem
parte de um programa de atividades em Language I (English Language e Social Studies) e
Language II (Science e Math). Foram gravadas todas as aulas do curso de Language I
(English Language e Social Studies) durante o segundo bimestre letivo do ano 2005.
Foram selecionadas as três aulas de cada segmento que tivessem características mais
significativas para a pesquisa.
A escola oferece educação bilíngüe para crianças na faixa etária de dois a catorze
anos, nos programas de Educação Infantil e Ensino Fundamental I e II. A todas as turmas
de alunos são oferecidos programas em língua materna (português) e língua inglesa, pois
uma característica fundamental que a diferencia de escolas internacionais é o fato de
terem contato com ambas as línguas em diversas situações internas à escola; portanto, os
alunos desta escola se vêem frente a desafios de interação nas duas línguas, em todos os
dias letivos. Isso não acontece apenas nas aulas, mas no dia a dia escolar: no intervalo
entre aulas, nas atividades de recreação, nas feiras e eventos internos, enfim, em diversas
ocasiões, pois há professores provindos de vários países (Reino Unido, Canadá, EUA, África
do Sul) que trabalham com os alunos nesses momentos, bem como visitantes que são
falantes de inglês. Além disso, os alunos participam de um programa internacional de
estudos no Canadá, no nono ano letivo, oportunidade singular de colocar em prática os
conhecimentos construídos ao longo de sua formação bilíngüe.
Para facilitar a compreensão do leitor, apresento abaixo dois quadros com o
Programa de Ensino do curso para o bimestre em questão, nas duas disciplinas.
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QUADRO 1
EXPRESSÃO / CARACTERÍSTICAS
ATIVIDADE AÇÕES COMPREENSÃO LINGÜÍSTICO/
SOCIAL ESCRITA/ORAL DISCURSIVAS
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QUADRO 2
EXPRESSÃO
Escrita:
1. Resenhas; ORGANIZAÇÃO TEXTUAL
2. Artigos de 1. Argumentativa
opinião. 2. Descritiva
1. Conhecer as diferentes 3. Dialogal
relações de trabalho na Oral: 4. Explicativa
atualidade; 1. Apresentação; 5. Narrativa
Discussão para se 2. Debates;
compreender de 2. Estabelecer relações entre o 3. Conversação em
que forma as trabalho assalariado e escravo, pares e grupos. ASPECTOS LINGÜÍSTICOS
relações de com suas respectivas 1. Tempos verbais (presente
trabalho afetam a conseqüências para a economia, COMPREENSÃO simples; passado simples e
sociedade nos política e sociedade civil; Escrita: contínuo; futuro);
dias de hoje. 1. Pôsteres; 2. Expressões que indicam
3. Conhecer os diferentes tipos 2. Artigos de planejamento futuro;
de trabalho escravo na revista e internet; 3. Verbos seguidos de
atualidade e seu reflexo na 3. Artigos do livro gerúndio ou infinitivo;
sociedade (imigração, imigração didático. 4. Formas condicionais e
em massa, conflitos civis, grande interrogativas;
número de refugiados). Oral: 5. Vocabulário que expressa
1. Relatos. gostos, opiniões;
2. Vídeo oficial 6. Expressões que indicam
produzido pela opiniões;
Organização das 7. Discurso indireto;
Nações Unidas 8. Voz passiva (presente e
sobre o fluxo de passado).
refugiados ao
redor do mundo.
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2.4.1. Recorte
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13 13
Proposta apresentada por Estefogo (2001:23) em quadro referente a noções de interesses humanos,
tipos de conhecimento e métodos de pesquisa.
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2. Como a língua
- Seqüências Prototípicas: 1. Descritiva, 2. Explicativa,
inglesa é tratada
3.Argumentativa, 4. Narrativa, 5. Dialogal;
como instrumento-
para/e-resultado de
- Tipologia dos Turnos (inseridos, nucleares).
ensino-aprendizagem
em contextos
bilíngües?
78
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
- Perspectivas de Linguagem
2. Como a língua inglesa é
(Compreensão Dialógica da Linguagem – Bakhtin,
tratada como instrumento-
1929/2004);
para/e-resultado de ensino-
aprendizagem em contextos
- Instrumento-para-resultado e instrumento-e-resultado
bilíngües?
(Newman e Holzman, 1993).
80
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO
DOS RESULTADOS
81
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
CAPÍTULO 3: DESCRIÇÃO E
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.
82
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
83
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
14
Retomando a colocação inicial de que instrumentos, artefatos e ferramentas são sinônimos nesta pesquisa.
84
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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QUADRO 7
88
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Após observação do número de turnos nas três aulas de língua inglesa selecionadas,
verifiquei os seguintes dados: a professora participou de 200 turnos e os alunos de 283,
conforme o seguinte quadro explicativo resumido.
QUADRO 8
Esses números são um indício importante de que a linguagem durante as aulas foi
concebida em uma perspectiva enunciativa, visto que teve um caráter contextual, na
interação verbal entre falantes. Houve um equilíbrio entre o número de participações da
professora e dos alunos, com um número superior de turnos dos alunos, reforçando uma
perspectiva educacional na qual o professor é um mediador da interação em sala de aula,
e não um transmissor do conhecimento. Também deve participar, mas não dominando o
discurso e sim proporcionando momentos de reflexão por parte dos alunos, por isso o
número maior de turnos dos alunos e uma intervenção menor do professor.
Ainda discutindo os turnos das aulas, fiz um levantamento da função de cada um
deles, observando que, do número total de turnos da professora (200), 103 foram
nucleares e 97 foram inseridos, o que significa uma pequena diferença entre o turno que
contém conteúdo, ou nova informação, e aquele que apresenta um dos locutores (nesse
caso, um aluno ou o grupo de alunos) como ouvintes. No caso dos alunos, de 283 turnos,
164 foram nucleares e 119 inseridos, uma clara diferença entre aqueles que contém a
informação e aqueles que insinuam o outro interlocutor como ouvinte. A seguir, um quadro
explicativo resumido das funções dos turnos:
89
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
QUADRO 9
Para interpretar função desses turnos, observei quais deles foram perguntas (diretas
ou indiretas) e quais tipos de perguntas ocorreram, apresentado o tipo de conhecimento
construído nas interações. Há que se ressaltar que, em alguns casos, as perguntas podem
ser classificadas em mais de uma categoria; em outros, algumas perguntas não puderam
ser categorizadas; portanto, o levantamento de dados não corresponde ao número
absoluto de perguntas. No quadro a seguir, os tipos de perguntas nas interações:
QUADRO 10
90
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
91
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Perguntas de Nenhuma. 00
incentivação
Perguntas de l. 177<S12> dictionary? 03
confirmação <S8> description?
[aula 1]
l. 144 <S11> S1 what’s the name of the book?
[aula 3]
l. 182 <S9> is it cuisine of the world? [aula 3]
Perguntas sobre l. 27 <S2> just a moment… when I’m 03
vocabulário going to do the outline… I’m going to put menu
or outline? [aula 1]
<S6> women of Europe and we can see that
women are very… how can I say ( )? [aula 3]
180. <S3> how do we write that? [aula 3]
Perguntas de l. 157 <S2> ok say that again because you’re 01
complementação afraid of thrillers [aula 3]
92
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
15
Vide anexos para transcrição completa das aulas.
93
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<T> yeah::: ok this is it right? (…) ah::: what we’re going to do today is we’re going
to get to know… our books in case we haven’t taken a look at them because
there are many students who are very excited and would like to start reading the texts ( )
95. <S2> will the mystery ( ) an example?
<T> we are going to (do) like this... ((professora responde negativamente com um
gesto de mão)) well::: let me tell you exactly the beginning of the activity… we’re
going to get together in groups of three people ok? and please when you choose
your groups make sure that you’re not going choose groups because you’re working with
your friends
100. <S3> no but I work well with S1 actually
<T> don’t let anybody to be alone ok make sure that everybody will have a group to work
with… - - ok S2? - - ((professora repreende S2 por conversar durante explicação)) choose
your groups later let’s focus on what to do… well::: we’re going to get into groups
of three… we’re going to do… we’re going to do ( ) ((na segunda frase com maior
105. ênfase)) we’re going to analyse this book get to know a little bit more about
it… how? you will look out… all of you with your friends… and you’re going to
find out some information about it ok?
(…)
<T> there’s a type of language PRESENT in these stories that tells us this is a
fairy tale 150. ok? so I want you to take a look at this book… look at the
language you can find here… I don’t want you to read the stories just look at the
language read a little bit of one - tale
<S2> - teacher
<T> read some words (or another) take a look at the paragraphs and tell me…
155. what kind of - text is it?
<S2> - teacher are these all big tales?
<S9> ( ) ?
<T> S2 please ((professora pede ao aluno S2 que aguarde com um gesto de mão)) (...) well
if we say a type of text that’s S9 question... what do I mean by a type of text?
what have you learned about types of text?
165. <S9> letters ehr:::
<S3> the gender
<T> the genres g-e-n-r-e-s that’s how we call it… if it’s a letter… IF it is… what else?
<S11> stories mysteries
160. <T> a story of mystery
(…)
170. <S2> type of narrator? like first or third person
<T> this is the way the story is told right? first third person… what about type of
text… for example if I have two people talking to each other - and we write it
down
<S9> - it’s a dialogue
(…)
<T> what type of text is this?
<vários alunos> a narrative
190. <T> maybe a narrative that’s what you’re going to discover in the text... what
type of narrators can you find here?
<S2> ehr::: first person third person
94
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<T> could be… ((afirmando com a cabeça)) what about the characters of the
stories…
(…)
Extrato 2
<T> describing ah::: a type of animal… but what about this text here is this a description?
((professora mostra o livro paradidático))
<S1> no
<T> are they trying to convince you about anything?
185. <S2> no
<T> are they narrating a story?
<vários alunos> yes ((frase exclamativa))
<T> what type of text is this?
<vários alunos> a narrative
95
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 3
<T> well::: every text that we read ehr::: has characteristics ok? for example if you read
“Little Red Riding Hood”… it’s a type of story … it’s a text… what can you say
about it? “Little Red Riding Hood”? or “The Three Little Pigs”? or “Cinderella”? “Snow
White”?
<S9> it’s stories for kids
140. <S1> it’s a fairy tale
<T> they’re most of them fairy tales… why do we think they ARE fairy tales?
<S2> they’re for kids - kids stories
<S1> - they have characters
<S2> - they have - imagination
145. <S5> - happy endings
<T> - they have imagination happy endings characters
<S1> - once upon a time
<S9> the start ( )
<T> there’s a type of language PRESENT in these stories that tells us this is a
fairy tale
96
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 4:
70. <T> ok guys that’s it… let’s start… well::: we’re going to start with… ah::: our
books today called “Stories of Detection and - Mystery”
Extrato 5
<T> yeah::: ok this is it right? (…) ah::: what we’re going to do today is we’re going to
get to know… our books in case we haven’t taken a look at them because there are
many students who are very excited and would like to start reading the texts ( )
(…)
<T> we will (do) like this... ((professora responde negativamente com um gesto de
mão)) well::: let me tell you exactly the beginning of the activity… we’re going to
get together in groups of three people ok?
Extrato 6
<T> yes ok this is what we will look for when we observe this - book ((resposta a
S3))
<S10> - what type of book
is it?
<T> what type of book is this? What type of book are we reading this term?
135. <S2> mysterious
Extrato 7
<T> well::: every text that we read ehr::: has characteristics ok? for example if you read
“Little Red Riding Hood”… it’s a type of story … it’s a text… what can you say about it?
“Little Red Riding Hood”? or “The Three Little Pigs”? or “Cinderella”? “Snow White”?
<S9> it’s stories for kids
140. <S1> it’s a fairy tale
<T> they’re most of them fairy tales… why do we think they ARE fairy tales?
<S2> they’re for kids - kids stories
<S1> - they have characters
<S2> - they have - imagination
145. <S5> - happy endings
<T> - they have imagination happy endings characters
<S1> - once upon a time
<S9> the start ( )
<T> there’s a type of language PRESENT in these stories that tells us this is a fairy tale
150. ok? so I want you to take a look at this book… look at the language you can find
here… I don’t want you to read the stories just look at the language read a little bit of one
- tale
<S2> - teacher
<T> read some words (or another) take a look at the paragraphs and tell me… what kind
155. of - text is it?
<S2> - teacher are these all big tales?
<S9> ( ) ?
<T> S2 please ((professora pede ao aluno S2 que aguarde com um gesto de mão)) (...) well
if we say a type of text that’s S9 question... what do I mean by a type of text? what have
160. you learned about types of text?
98
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<T> what type of book is this? What type of book are we reading this term (a)?
135. <S2> mysterious
<T> well::: every text that we read ehr::: has characteristics ok? for example if you read
“Little Red Riding Hood”… it’s a type of story … it’s a text… what can you say about it
(b) ? “Little Red Riding Hood”? or “The Three Little Pigs”? or “Cinderella”? “Snow White”?
<S9> it’s stories for kids
140. <S1> it’s a fairy tale
<T> they’re most of them fairy tales… why do we think they ARE fairy tales (c)?
<S2> they’re for kids - kids stories
<S1> - they have characters
<S2> - they have - imagination
145. <S5> - happy endings
<T> - they have imagination happy endings characters
<S1> - once upon a time
<S9> the start ( )
<T> there’s a type of language PRESENT in these stories that tells us this is a fairy tale
150. ok? so I want you to take a look at this book… look at the language you can find
here…
<T> yeah::: very good point… S18 said that they might be completely different depending
on the type of narrator… - - S2 please shoosh - - ((recriminando S2)) the type of
335. characters that are in the story… what can you say about the stories?
<S2> mysteries
<T> are all of - them
<S2> - no::: there is investigation
<T> there is investigation they’re narratives what else?
340. <S14> ghosts
<T> are there ghosts? Are there detectives in the stories?
<S14> mysteries
<S1> yes
<S11> they’re scaring
345. <T> yes some of the stories are pretty scaring
<S2> S13 said they’re love stories ((frase exclamativa, fazendo pouco de S13))
Extrato 11:
60. <T> ok what kind of words are these?
<S9> they’re words that change
102
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 12
01. <T> the objectives today are checking on the activity I asked you to do last class and
then we are going to have some discussion and conclusions on language ok? the kind
of language that appeared in these mysteries all right?
((vários alunos se movimentam para organizer o material))
05. <S17> I didn’t understand it very well ((levantando e dirigindo-se à professora))
<T> don’t worry we will discuss it together… S6?
<S6> I didn’t finish it
((pausa na transcrição – correção do exercício))
103
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 13
T1: there were two columns… direct and indirect speech… I can see there are changes
here… what are the changes?
S9: oh::: can I say?
T2: yeah::: sure
S9: yes in the direct speech it is as if like all that… you’re saying it and in reported speech
somebody said that “they had”…
T: ok you say that direct speech I mean is my own voice but if I say indirect speech…
S9: “they had”
T3: my words spoken by other people ok and what does it mean? Give me an
example.
S1: that in direct speech you are included
104
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
A língua como objeto, conforme discutido na TASHC, configura-se por ser o próprio
agente conduzido no desenrolar da atividade, em um primeiro momento, e como o produto
105
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
subjetivo da atividade, no segundo momento. Destaco abaixo outro extrato da aula para
exemplicar esse processo:
Extrato 14
<T> let me copy on the board… so we can say that direct speech is exactly what S19 said
<S19> when the person says his own speech
50. <T> ok words spoken by someone… you said that reported speech is the same as
indirect speech right? can you say that again S19?
<S19> ok… a narrator tells what another person said
<T> a narrator or a reporter?
<S2> ( ) ?
55. <T> so this person tells someone else the words or the speech of a different person
((professora escreve na lousa))… the narrator or the::: reporter is not talking about his own
words he’s talking about a different person’s words ((professora dá um exemplo de oração
com reported speech))
<vários alunos>
60. <T> ok what kind of words are these?
<S9> they’re words that change
<T> ok tell me or show me what kinds of words change
<S2> “look”
<T> ok “look” changes into…?
65. <S2> “looked” ((frase exclamativa))
<T> yeah::: “look” changes into “looked” what else?
<S3> “saw”… “had seen”… “is… was”
<T> “saw… had seen” and:::? So what kinds of words are these? Are they nouns?
Adjectives?
70. <S3> verbs
<T> yes… they are verbs why are they verbs?
<S3> actions
<T> so actions change… there is the first change in the verbs… and how do they change
from direct speech into indirect speech? You said “had” became “had had”… “saw…
75. had seen” what does it mean?
<S9> they went to the past
<T> ok backwards into the past so verbs go back to the past… what do I mean by
going back into the past?
<S1> the verb goes back… more back somewhere in the past
80. <T> perfect ((frase exclamativa))
106
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
O objetivo inicial dessa aula se resumia na correção de uma tarefa, com escolha dos
exercicios a serem corrigidos por parte dos alunos. O objetivo principal estava centrado na
escolha de livros para leitura individual com base em um folheto de livraria, onde se viam
opções de títulos, dos mais variados gêneros. Os alunos deveriam fazer sua escolha
baseados nas estratégias discutidas em aulas anteriores e justificá-la. Durante a
justificativa, os colegas tomaram notas sobre sua posição, em uma atividade de
compreensão oral.
O trecho abaixo demonstra, mais uma vez, a assimetria na conversação no tocante
à organização da tarefa da aula, quando a professora é o interlocutor que propõe o
desenrolar da atividade e lidera a movimentação:
Extrato 15
<T> I’m going to choose some people to come here and explain that to us
<S1> me me me me
<S2> I want to be the first
107
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Esta característica é bem destacada pelo pronome pessoal em primeira pessoa “I” e
pelo verbo “choose”, escolhido pela professora para marcar qual ação irá realizar (futuro
com “going to”, indicando planos futuros), tendo ela o poder de escolha, também definido
pelo uso do imperativo (“sit down”, “do”) quando explica a atividade, revelando suas
ordens e o passo a passo da tarefa. Mesmo quando faz uso do futuro com “will” (“you’ll
take notes”), esse tem conotação de ordem conativa, influenciando o comportamento do
receptor. No entanto, as perguntas, uma vez mais, parecem organizar a estrutura da
construção de um tipo de conhecimento de cunho emancipatório, visto que em vários
momentos os alunos são instigados a refletir sobre seus pontos de vista com relação ao
objeto de estudo e a justificá-los. Isso pode ser percebido pelo questionamento da
professora (l. 33), logo abaixo, quando pergunta ao aluno o que pensa a respeito do
recurso utilizado na aula (folheto publicitário de uma livraria), comprovado pela escolha do
verbo think (verbo de opinião), invocando um ponto de vista que remeta a um elemento
da discussão (guia de leitura).
Extrato 18, aula 3:
<S3> what is this?
<T> ok what do YOU think it is?
<S3> ah::::
35. <S1> guidelines of books
<T> ok – do you think these are guidelines of books?
<S1> - book guidelines
<vários> yes
<T> is it a book guideline?
40. <S1> guia de leitura
<T> so it’s a book GUIDE not book guide line
<vários> ( )
<T> welll you gave me many ideas on how to choose a book and I’m giving you a piece of
paper with information about books you guys will have five to ten minutes to take a look at
45. this guide and choose a book to read
Extrato 19
<T> next ((sorteando um nome)) S3 Ok S3 tell us
<S3> I’ll read “Sítio do Pica Pau Amarelo” ((ela tenta traduzir para o inglês)) - the cottage
of the yellow woodpecker
<vários> ( ) -( )
l. 150. <S3> and I chose it because it doesn’t (have) blood and::: it’s not a thriller
that I am and::: I’m scared of thrillers ((risos)) that’s why (thrillers these kinds of
things) - and
<S19> - how cute
<S3> yeah::: and my grandfather one time gave me the collection of the books and then I
thought it was easier to read but the school didn’t give me time to read so I stopped and
then I’d like to read it
<vários> wow
Extrato 20
<S17> Mrs Cortez do you have an extra?
<T> If I have an extra one? Yes you have five to ten minutes to take a look at them and
choose a book ok?
<S1> can it be this one about ( )?
50. <T> it can be any books that you want
<S11> you mean::: to choose a book for:::: to read?
<T> to read suppose you are going to buy a book from this booklet
109
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 21
150. <S3> and I chose it because it doesn’t (have) blood and::: it’s not a thriller (…)
155. then I’d like to read it
<vários> wow (…)
164. <S3> and I had the choice of the book
Extrato 22
<T> (…) please don’t forget to give us interesting reasons why you liked it ok
<vários> ( )
<S2> teacher I want to read “How soccer explains the world”
80. <S3> I want to read “Sítio do Pica Pau amarelo”
Estratégias isoladas não constituiriam nenhum tipo de atividade, mas sua utilização
em um momento real da vida dos alunos (a escolha, de fato, de um livro que lhes fosse
significativo) e a justificativa dessa escolha desvendam aqui uma perspectiva na qual há o
desenvolvimento de uma postura dialética entre a necessidade (real) da utilização da
língua inglesa (não há como fazer escolhas sem compreender a língua e sem saber
expressar suas opiniões), a liberdade (escolha do livro, desde que haja uma justificativa –
“l. 50 <T> it can be any books that you want”, l. 164 “<S3> and I had the choice of the
book”) e responsabilidade lingüística (justificativa das escolhas, com argumentos - l. 61.
“<T> give us some support to your ideas”; l. 77 “<T> (…) please don’t forget to give us
interesting reasons why you liked it ok”), e não uma postura simplesmente mecanicista de
repetição de estruturas e palavras isoladas, um discurso fragmentado.
A justificativa de escolha, além de resultar na utilização das estratégias, também
fazia parte da atividade de compreensão oral, o que também configurou a transformação
do objeto em ferramenta para expressão de suas opiniões. A língua, nesse sentido, não se
tratava de uma conceituação estrutural, isolada do contexto da aprendizagem, mas social
e efetiva entre os interlocutores dessa atividade social, como apontado por Bakhtin
(1929/2004), uma realidade concreta e não um sistema estável de normas e regras.
As perguntas nesta aula também remetem a uma noção argumentativa, pois mais
uma vez existe a tomada de posição, ou opinião, com um mínimo de sustentação na
interação entre a professora e os alunos. O recorte abaixo ilustra essa colocação:
110
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 23
56. <T> you guys will have to tell us why you chose the book ok you have to give
us arguments tell us why you chose that specific book you must have ah:::
arguments to tell us ah::: for example you can’t say well “I chose this book
because I like it” WHY did you like it?
60. <S1> because of the cover::: it has pictures
<T> give us some support to your ideas
Extrato 24
l. 185. <S1> I chose it because it is about ancient foods of the “oceania”?
<T> ah::: Australia Australasia
<S1> yeah::: foods that I love Chinese and Japanese food and it is of this region
<S9> Australa what?
<T> Australasia
l. 190. <S1> yeah because I like these foods and I’d love to know about other cultures ok?
112
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
113
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Após análise dos dados e observação da linguagem construída nas aulas de Social
Studies, pude perceber que a língua inglesa constituiu-se por vezes como objeto e como
instrumento-para/e-resultado de ensino-aprendizagem nesse contexto educacional. Para
comprovar e ilustrar tal afirmação, discorro sobre os dados da pesquisa, a seguir.
114
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
aulas de Social Studies no contexto do estudo. A fim de realizar essa discussão, parto de
uma observação de dados, que foram organizados e categorizados de acordo com os
critérios de análise do plano geral do texto (Bronckart, 1997) referente à organização de
conjunto do conteúdo temático.
Apresento, neste momento, o contexto de produção das aulas de Social Studies
registradas em vídeo para o corpus do estudo. O objetivo geral da atividade nas aulas de
Social Studies também se referia à proposta anual: a compreensão da constituição da
sociedade atual pelas relações de trabalho ao longo da história e de que maneira essas
relações influenciam nossa configuração social. Nesse bimestre, a atividade compunha-se
por um estudo a respeito das várias espécies de trabalho escravo existentes atualmente no
mundo, quais pessoas estão sujeitas a essa situação e quais problemas essa forma de
trabalho acarreta à sociedade. As outras metas consistiam na análise, interpretação e
proposta de modos de compreensão da situação de escravidão nos dias de hoje,
resultando em possíveis sugestões de solução para esse problema social através de
contato via e-mail com entidades internacionais. Essas sugestões também seriam
apresentadas em formato de pôsteres, em uma apresentação oral final. A seguir, seguem
as características de cada aula selecionada. Proponho, adiante, um quadro resumido do
contexto de produção das aulas de Social Studies analisadas para a pesquisa.
115
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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QUADRO 11
Inicio a análise por estabelecer a função dos turnos nas interações, interpretados
com o apoio das discussões sobre seqüências prototípicas e como estabelecem a
linguagem como instrumento, também apoiada no aporte teórico de Lucióli (2003) sobre
tipos de perguntas e conhecimento construído. Faço também um levantamento do tipo de
relação estabelecida nessa situação de interação e do número de turnos durante a
conversação do curso de Social Studies e os objetivos de cada um deles para a melhor
compreensão da função dos turnos que permitem entender o uso da língua inglesa como
instrumento nessas aulas. Assim, observei os turnos, a ocorrência das perguntas nas aulas
e suas contribuições para a estruturação da língua inglesa como instrumento mediador de
ensino-aprendizagem em Social Studies.
Na seqüência, apresento o quadro com o número de turnos das aulas analisadas.
116
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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QUADRO 12
117
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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QUADRO 13
Uma vez mais, interpretei a função dos turnos de acordo com o estabelecido
anteriormente para aulas de Language, quais deles eram perguntas (diretas ou indiretas) e
quais tipos de perguntas ocorreram, apresentado o tipo de conhecimento construído nas
interações. No quadro a seguir, os tipos de perguntas nas interações das aulas de Social
Studies:
118
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
QUADRO 14
Interlocutor
Tipos de Perguntas Exemplos Total
Perguntas l. 32 <T> are you finished? [aula 1] 23
organizadoras da aula
Perguntas para l. 104 <S1> a drawing 05
reformulação de <T> a drawing? Only a drawing? [aula 3]
PROFESSORA respostas
Perguntas temáticas l. 58 <T> ok what else? why do you think 55
people are still under such conditions? Why
do you think people…? [aula 2]
Perguntas l. 99 <T> what is a cartoon? Do you know 22
problematizadoras what a cartoon is?
<S1> yes
<T> do you? What is a cartoon?
<S1> a drawing
<T> a drawing? Only a drawing?
[aula 3]
Perguntas de l.102 T> what about these two pictures 39
conteúdo here? What are people doing here? What
does it show? The big one? [aula 1]
Perguntas de l. 26. <T> ok S6 can you help us? Who are the 3
acompanhamento slaves when we talk about forced labour? [aula 2]
Perguntas de l. 15. <T> poverty financial problems what 3
incentivação else?
<S15> it’s cheap
<T> ok cheap cheap work what else? [aula 3]
Perguntas de l.62 <T> there’s child labour? [aula 1] 7
confirmação
Perguntas sobre l. 106.<T> yes building something… 17
vocabulário constructing… do you know the name of this
type of slavery?
[aula 1]
Perguntas de l. 89.<T> they don’t choose what they’re doing… 01
complementação they live in a social condition which is:::? [aula
1]
ALUNOS Perguntas l.59 <T> Do yo know the name of these people? 12
organizadoras da aula 60. <S3> what were you saying?
<T> were you paying attention to me? [aula 3]
Perguntas para l. 71 <T>Do you know how they’re called? 12
reformulação de <S3> no foreigners? not [aula 3]
respostas
119
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Nas aulas de Social Studies, analisei 175 perguntas realizadas pela professora e 84
pelos alunos. Novamente, o número de perguntas da professora se sobressaiu ao número
dos alunos, revelando que o maior propósito das perguntas tornou a acontecer nessas
aulas: desestabilizar o aprendente e criar conflitos para reorganizar o pensamento. As
perguntas temáticas, diretamente relacionadas ao conteúdo da aula, foram as que mais
ocorreram (55), sugerindo que houve uma grande preocupação da professora em
apresentar conceitos referentes ao tópico do bimestre, escravidão na atualidade. Foram
seguidas das perguntas de conteúdo (39), um fato ainda mais revelador, comprovando
que a maior preocupação da professora era orientar a atividade para o tópico escolhido.
Dessa forma, o conhecimento construído nas aulas teve um caráter peculiar: observei a
presença de elementos que remetem aos três tipos de conhecimento apontados por Lucióli
(2003), o que será discutido a seguir, em cada uma das aulas.
120
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 25:
01. <T> we’re gonna start our second term our second SOCIAL STUDIES term
today… and I had an activity here which is described on the board called photo
exposition… this is what we’re gonna do with the pictures… I will display some photos
around the class… you’ll stand up look at all these pictures observe what’s going
05. on and try to answer three questions about these pictures… I’m gonna write the
questions on the board… The first question is “who are these people?”… second question
“where are they?” and the third question…
<S2> only three?
<T> only three… the third is “why are they there?” ok?
121
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<T> lawbreakers… why do you believe they’re not following the law?
<S15> uh::: there are children working
<T> there’s child labour?
<S15> there’s child labour…
122
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 27
l. 34 <S3> if it’s wrong what happens?
<T> why do you think it’s going to be wrong?
<S3> because I think I’m a little bit confused
<T> being confused doesn’t mean you’re wrong
<S17> I think they’re different pictures
<T> you think they’re different? How different? Which one?
40. <S17> this one ( )
<T> ok we’ll discuss each one… by now try to answer the question
<S1> Where are they?
<T> ((caminhando entre os alunos)) where ARE they?
<S1> ( )
45. <T> give me examples of places where you think they are…
123
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 28:
l. 13 <T> you’ll answer the questions after the exposition… now you’ll stand up
observe these pictures and try to think of answers for these three questions
based on the pictures… I’m gonna display them here around the class for you to walk
around…
<S2> what do you want me to say about these people? Who are these people?
Their names or…?
<T> anything you believe might answer the questions… who are these people? Who
do you think they are?
Extrato 29
l. 47 <T> all right... before you talk as a class I’d like you to take a look at your friends’
answers compare your answers with your friends’ answers see if you guys have
similar ideas or if they have anything in common or if you disagree with each
other
<S17> look at this one I think they are ( )
<S10> no it can’t be because ( )
124
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 30
l. 74 <T> do you have any idea of what city or country they come from?
<S1> yes Italy
<S2> Israel
<T> yeah::: Italy… Israel.. what else?
<S9> maybe Africa because it looks like a desert
<T> it looks like a desert
80. <S5> I think they’re immigrating
<T> so you think they’re immigrants?
<S5> second answer “why they are there” some of them in their country were very poor
and they want to change their lifestyle a better one and some of them the children were
sold by their family and others were kidnapped or sent to other countries
85. <T> very good… I cannot say there is a correct answer… there is a little bit of
each in your answers there are slaves… workers and there are people breaking the law…
why? Basically because all these people have something in common which is?
<S2> they don’t choose what they’re doing
<T> they don’t choose what they’re doing… they live in a social condition which is:::?
90. <S3> they’re slaves
<T> all those people are slaves… when S5 said someone forces their kids to work
this is called child labour when she said some have to immigrate and leave their
country ((professora mostra figuras)) and work under lots of pressure and under
lots of threat they are slaves
95. <S3> what’s threat?
<T> when you’re under threat people force you to work or to do something… and if you
don’t do this something you are attacked or might be hurt
<S3> is threat like “chantagem”?
<T> people will warn you and there’s danger… if you don’t follow my instructions you’ll
100. suffer the consequences… violence or death
A professora propõe inicialmente uma discussão entre pares para que os alunos
possam comparar e reestruturar suas reflexões. Percebo, no extrato 29, que os alunos
debatem suas idéias pelas escolhas lexicais que fazem (“I think”, “it can’t be because”)
quando utilizam organizadores de causa para sustentar suas opiniões (because) e o
mesmo acontece no extrato 30 (linhas 78 e 80). Como se pode notar, a troca de opiniões
entre os participantes durante a interação, a resposta dos outros interlocutores, faz com
que o discurso se realize e a construção do objeto aconteça. A perspectiva de trabalho de
linguagem que detecto nessa aula parece ser, de fato, mais dialógica, pois os
interlocutores tentam compreender a enunciação dos outros sujeitos, buscam localizar o
lugar da sua própria enunciação nesse contexto a fim de construírem um discurso comum.
A professora também apresenta uma postura dialética, pois não assume nem seu discurso,
125
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
nem o de um aluno em especial como o ideal para a construção do objeto, mas todo o
conjunto de participações na aula como o mais adequado (linha 85).
Obviamente, existe um momento em que é preciso formalizar o ensino-
aprendizagem, caso contrário, tratar-se-ia de um bate-papo entre colegas e não uma
situação educacional; portanto, a presença da professora seria desnecessária (linhas 91 e
99) e objeto não seria constituído na sua totalidade e não haveria construção de
conhecimentos científicos.
Notei que a relação entre a professora e os alunos novamente se alternava entre
simétrica e assimétrica quando debatiam os temas das aulas, e que, mais uma vez a
assimetria se destacou. Uma vez mais, a professora direciona a conversação na maior
parte do tempo, por meio de perguntas que inserem os subtópicos da interação e
desenvolvem o diálogo. O trecho a seguir ilustra a afirmação:
Extrato 41
l. 102 <T> what about these two pictures here? What are people doing here?
What does it show? The big one?
<vários alunos> working… they’re slaves
<S1> they’re building something… constructing
<T> yes building something… constructing… do you know the name of this type of
slavery?
<vários alunos> slaves
<T> why are these people slaves? Well they are very poor for them to survive they
have some debts do you know what debts are?
<vários alunos> no
<T> this is a debt… I go to a bank to get money to pay for my car… they give me the
money and I have to return it to them
<S3> is there interest?
<T> yes if the interest rate is too high do you think these people will be able to pay for
their debts?
<vários alunos> no
<T> that’s what happens to these people they have too much to pay… they cannot pay it…
what happens? They have to sell themselves to work and pay for it
<S17> how do you sell yourself?
<T> you commit yourself to this person you owe money to
<S17> like a slave?
<T> yes like a slave… no payment no nothing… you work for free
126
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 43
52. <T> now that we have reflected upon this… compared our answers with our
friends’ I need you guys to tell us the answers to the three questions “who are these
people?” Ok S9
55. <S9> they’re workers because they need money
<T> ok they’re workers because they need money… why? Why are they there? Ok S15
<S15> they’re not following the law
<T> ok they are not following the law because they are…
<S8> law breakers
60. <T> law breakers… why do you believe they’re not following the law?
<S15> uh::: there are children working
<T> there’s child labour?
<S15> there’s child labour…
<T> but is there child labour in every single picture?
65. <S15> yes the pictures I saw… there’s prostitution
<T> Is prostitution illegal?
<S15> yes
128
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 44
l. 109 <T> why are these people slaves? Well they are very poor for them to survive they
have some debts do you know what debts are?
<vários alunos> no
<T> this is a debt… I go to a bank to get money to pay for my car… they give me the
money and I have to return it to them
<S3> is there interest?
115. <T> yes if the interest rate is too high do you think these people will be able to
pay for their debts?
<vários alunos> no
<T> that’s what happens to these people they have too much to pay… they cannot pay it…
what happens? They have to sell themselves to work and pay for it
120. <S17> how do you sell yourself?
<T> you commit yourself to this person you owe money to
<S17> like a slave?
<T> yes like a slave… no payment no nothing… you work for free
Pelo que pude observar, no início desse debate, os alunos ainda não conheciam o
significado do termo “debt”, mas, após a explicação da professora, o mesmo se torna uma
ferramenta para a compreensão do que significa se vender para o trabalho (“sell
yourself”), remetendo, ao final, à questão de ser um escravo (“like a slave?”). Ou seja, o
objeto inicial tornou-se uma ferramenta para a compreensão da situação, ao mesmo
tempo em que era também uma ferramenta-e-resultado, pois toda a reflexão a seu
respeito fez surgir um discurso que o constituiu.
O objetivo desta aula era definir o conceito de trabalho forçado (forced labour). A
atividade se resumia em completar, primeiramente em dupla, depois com o grupo todo,
uma tabela com os principais tipos de escravidão nos dias de hoje. Foram utilizados um
quadro e uma ficha com a tabela com tipos de escravidão, entregue e discutida na aula
anterior. Os papéis dos interlocutores eram os de professor e aluno. O extrato a seguir
ilustra o conteúdo da segunda aula.
129
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 45
<T> can you help us ah::: thinking/discussing how people get to be slaves
nowadays? You guys were responsible for the topic forced labour right? So can
you talk about forced slaves sorry forced labour who the slaves are
<S6> people who are usually ( )
O conceito sobre forced labour havia sido discutido na aula anterior entre duplas e
agora estava sendo aberto ao grupo. Nota-se a construção conjunta do objeto, sempre
guiada pelos questionamentos da professora, mas a totalidade é dialógica, pois,
novamente, o par pergunta-resposta persiste por toda a aula. Isso permite à professora
convocar os alunos a participar e interagir com os colegas para que possam construir o
conceito juntos. Observemos os exemplos abaixo:
Extrato 46
l. 50. <T> ok if you are forced to go if you are retreated by governments to work do you
think there are laws to help you?
<vários> no
<T> so no laws to help you so what are the first things needed to be changed?
<S1> laws
Extrato 47
l. 58 <T> ok what else? why do you think people are still under such conditions?
Why do you think people…?
<S2> because they don’t want to pay ( ) they don’t have help
<vários> ( ) they don’t know how to fight violence
<T> ( )
<S2> teacher another reason is that they don’t have any::: choices
Nos trechos citados, nota-se que o objeto vai se instituindo a partir das perguntas,
no início do tipo “yes-no”, mas logo depois vão se transformando em perguntas de
conteúdo (wh-questions) e demandam justificativa por parte dos alunos, o que revela
características argumentativas pela presença constante do pronome interrogativo “why”,
ou o uso de perguntas da ordem do “porquê”, e pelo organizador de causa “because”.
Dessa forma, o objeto não apenas é constituido como tal, mas também como instrumento-
para-resultado, pois os próprios conceitos discutidos durante a aula (trechos sublinhados)
130
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 48
<T> well::: we haven’t (...) we haven’t finished completing the chart about ( ) slaves we
still need to answerthe part about forced labour yes? We have to learn it because we
need to do something else before we ( ) for the Stance Fair
10. <S2> ( ) for the Stance Fair?
O objeto, nesta aula, não era apenas bruto, pois não se trata apenas de apresentar
o conceito. Ele será posteriormente retomado, o que também o caracteriza como uma
ferramenta-para-resultado. Durante a discussão, a professora encaminha a apresentação
dos conteúdos, mas sempre conta com a colaboração do grupo, o que caracteriza uma
perspectiva de linguagem mais dialógica, pois os conceitos não são estáticos, isolados de
um contexto, mas é produto da interação entre locutor e ouvintes. Não se trata de
apresentar termos referentes ao conteúdo da aula, mas de se discutir esses conceitos e
encontrar uma utilidade e um significado para eles no futuro.
O conhecimento construído nessa aula também teve cunho emancipatório, pois a
retomada à reflexão acontecia em muitos momentos, e os próprios alunos fizeram grande
parte dos questionamentos, vide o alto número de perguntas nas aulas de Social Studies.
Em muitos momentos, questionavam as colocações da professora, colocando em dúvida o
conceito científico que estava sendo apresentado. Observemos o extrato a seguir:
131
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 49
<T> illegally retreated? Well::: you are called to work you’re forced to go but there’s
70. nothing said in the laws that force you to go it’s not legal (…) not only financial
conditions for example during the second world war Jews were called to work and::: they
were retreated to work in concentration camps
<S1> but Mrs Cortez ALL of them are forced
<T> not all of them for example when I am working on bonded labour I offer myself as a
slave to 75. pay for my debts
<S11> so you are because you still have to pay for you debts
(...)
Nessa aula o objetivo era conceituar elementos fundamentais para interpretar uma
charge política: immigrants, refugees, refugee camps e asylum. Para tanto, a professora
(papel do interlocutor T) fez uma retomada da tabela preenchida na aula anterior para
resgatar conceitos e introduzir outros novos com a ajuda dos alunos (papel dos
interlocutores S), que inseriam suas impressões para definir os conceitos, como observado
no recorte seguinte:
Extrato 50
132
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
l. 25. <T> (...) my question is what’s your SOCIAL CONDITION when you go to
another country?
<S2> - tourist
<S1> - NO
<T> - give me words that define your situation in that country if you are a tourist
30. you go there for tourism to visit the place to go to the theather beaches
<vários> to find a job
<T> if you want to go there to find a job to have a better life
<S6> illegal
<T> you’re an immigrant
35. <vários> ah::::
<T> fine but if you are living in this country under threat of being killed arrested
you cannot do anything you want you’re a slave
Extrato 51
47 <T> you’ll be a prisoner because without your papers you cannot prove why you’re
there how do you call people who are in another country - and don’t have permission to
stay there?
<S2> - an immigrant
<S1> illegal
<T> illegal you are an illegal immigrant
Extrato 52
01. <T> ok let’s start take a look at the table we completed about types of slavery look at
the column of the reasons why think of the reasons why people are still being
slaved today
<S2> most of them because of the reasons
<S1> and because it’s cheaper
05. <T> ok look at the columns and think of the topics
<S18> because they say they’re going to get money
<T> because of money
<S2> they’re tricked
133
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Uma vez mais, o objeto é construído pelas hipóteses dos alunos, ao mesmo tempo
em que são questionados pela professora (“how do you call…”), direta ou indiretamente,
pelo uso do imperativo (“think of the reasons why”). Vejo novamente que a professora
perpetua seu convite à participação em todas as aulas, o que demonstra o caráter
dialógico do discurso em suas aulas, permitindo aos alunos co-construírem os conceitos,
mesmo quando definidos por ela, que sempre os questiona antes de responder
diretamente. O objeto parece transformar-se em instrumento (negrito) não apenas a partir
dos elementos que compõem os conceitos, mas pelas justificativas que determinam sua
compreensão, uma vez mais o novo uso do objeto-ferramenta. Vejamos o exemplo a
seguir:
Extrato 53
L19. <T> no we’re just discussing now... if you get a promise come to my country you’ll
have a job very good life conditions come with me you accept it you go to the other
country you’ll be what in the other country? You don’t belong to that country what
are you there?
Ela faz dois questionamentos aos alunos (l. 21 e 22) antes de definir o termo
immigrant, permitindo aos alunos refletirem antes de revelar o conceito. Essa reflexão
pode remeter a discussão à construção do conhecimento emancipatório, ao mesmo tempo
em que o conhecimento prático, da ordem dos conteúdos escolares, também se constitui.
Observando a terceira aula, notei que a perspectiva dialógica se manifesta
novamente e o objeto, mais uma vez se revela instrumento para o momento posterior da
atividade, ilustrado no recorte abaixo.
Extrato 54
l. 99 T> (…) well I’m going to give you a handout we’re going to analyse a political cartoon
that has to do with our discussion
134
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Extrato 56
l. 84<T> he was not a refugee because he didn’t ask for asylum
<S2> what’s asylum?
<T> the:: president of Ecuador two weeks ago asked for asylum in Brazil he
couldn’t stay there if he stayed there he would be arrested what did he asked
the president of that country?
<S3> asylum?
<T> can I stay there? Can I travel and stay in Brazil?
90. <S3> why?
<T> because he had problems POLITICAL problems he did so many bad things
<S2> who?
<T> the president of Ecuador
<S3> then?
95. <T> then we accepted his family they live in Brasilia now ok?
<S1> ah ((frase exclamativa))
A professora não disse apenas do que se tratava ou traduziu o termo, mas criou
uma situação a ser analisada pelos alunos a fim de alcançarem a compreensão por si
próprios. Pode-se observar que os questionamentos, nesse caso, partem dos alunos e não
da professora, um forte indício de conhecimento emancipatório sendo construído.
As perguntas nessa aula também proporcionaram aos alunos construir
conhecimento compartilhado, de uma maneira dialógica, pois a professora não transmitiu
definições prontamente, mas questionou os alunos para que refletissem e justificassem
seus pontos de vista, observado no trecho abaixo:
Extrato 57
25. <T> no that’s not my question my question is what’s your SOCIAL CONDITION
when you go to another country
136
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<S2> - tourist
<S1> - NO
<T> - give me words that define your situation in that country if you are a tourist
you go there 30. for tourism to visit the place to go to the theather beaches
<vários> to find a job
<T> if you want to go there to find a job to have a better life
<S6> illegal
<T> you’re an immigrant
35. <vários> ah::::
Esse tipo de pergunta, temática, permitiu aos alunos relacionar o tema da aula ao
seu cotidiano, estabelecendo conexões com seus conhecimentos prévios e o novo
conhecimento científico. A definição do termo só aparece após algumas contribuições dos
alunos, quando a professora, por fim, lhes diz “you’re an immigrant”, conceito não
discutido previamente, criando o novo conhecimento e novos significados para o grupo.
Observo, então, que o instrumento da aula não se configura apenas pelos conceitos
relacionados a Social Studies, mas também à língua inglesa, pois, para debater e discutir
conteúdos, os alunos precisaram se apropriar da linguagem. Dessa forma, a língua inglesa
tinha o papel de ser instrumento-para-resultado (ferramenta para interação nos debates) e
também instrumento-e-resultado (conhecimento sobre os termos e conceitos da aula), pois
somente após as discussões que alguns conceitos, por exemplo “immigrant”, puderam ser
construídos.
Estabelecido o instrumento da aula de Social Studies com referência aos conteúdos
específicos, volto-me à questão da língua inglesa, da linguagem, como instrumento das
aulas. Esse fato é incontestável, pois todo o conhecimento construído nessas aulas partiu
do princípio de que a linguagem era a expressão que organizava toda a atividade
intelectual dos participantes das interações. Compreender cada um dos termos em inglês e
discuti-los, interagir para refletir, contestar, dialogar e negociar posicionamentos permeou
toda a atividade de ensino-aprendizagem nas aulas de Social Studies e foi o centro
organizador de toda a enunciação. Nesse contexto, ficou claro que os interlocutores
serviram-se da língua para preencher suas necessidades concretas, provando, portanto,
que a perspectiva das aulas foi enunciativa e que as palavras tiveram um sentido
contextualizado pelas discussões e pelas conexões com a vida real que foram levantadas.
137
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
3.5. A Primeira Pergunta: “De Que Maneira a Língua Inglesa Atua Como Objeto
na Educação Bilíngüe?”.
138
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
como objeto, isso seria uma exceção. Após os estudos, conclui que isso de fato ocorreu.
Em apenas alguns momentos, entre todos os analisados16, a língua inglesa se portou como
o objeto, na aula três, quando o gênero da leitura foi discutido. Nos outros momentos, em
particular, a língua como objeto referia-se ao significado de algumas palavras que surgiam
durante as discussões. De maneira geral, o objeto consistia nos conteúdos de Social
Studies, o que não significa um ponto negativo, pois esse objeto revelou-se uma grande
ferramenta para a construção do objeto idealizado do plano anual, ou seja, compreender
de que forma as relações de trabalho ao longo da história constituem a sociedade atual.
Discutir os elementos que proporcionaram reflexões e re-elaboração de hipóteses foi
fundamental para alcançar os resultados da atividade: a construção da identidade social e
compreender seu papel na sociedade.
16
Vale relembrar que as aulas analisadas eram apenas uma seleção do número total. Isso pode ser relativo
ao recorte apenas, e não ao número absoluto de aulas gravadas em vídeo.
139
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
140
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
141
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta seção é, a meu ver, uma das mais importantes deste estudo, pois apresenta as
tranformações que experienciei e as contribuições do meu trabalho para o programa e
para a realização de futuros projetos ligados à lingüística aplicada e estudos da linguagem.
Na introdução deste trabalho, apontei as razões pelas quais houve interesse em
investigar as condições nas quais a linguagem, evolutiva e transformadora da realidade,
poderia ser o elemento-chave nas aulas de língua inglesa em uma escola bilíngüe, tanto
como objeto, quanto como instrumento mediador de ensino-aprendizagem. A análise da
presença de elementos que marcam a linguagem nessa perspectiva, até aqui estabelecida
sem a intenção de esgotar o assunto, procurou discutir as principais manifestações que
puderam ser observadas nas aulas apresentadas, como oportunidade de investigação das
manifestações de linguagem em sala de aula em contextos bilíngües, a fim de
identificarmos elementos que pudessem contribuir para o desvendar da identidade da
língua inglesa em tais ambientes. Também apontei a importância de se ampliar o número
de estudos nesse campo, visto que a educação bilíngüe cresce a cada dia no Brasil e ainda
se tem um longo caminho a percorrer no que concerne a educação de professores nessa
área de estudos.
O percurso da pesquisa iniciou-se logo na minha entrada no programa. Tinha como
objetivo inicial realizar investigações que pudessem ajudar professores de inglês a
aperfeiçoar sua prática, mas não sabia como fazê-lo. Partiria da teoria sobre a língua,
sobre a formação de professores, o quê exatamente? Foi então que optamos, orientadora
e eu, por focarmos a língua inglesa para, adiante, pensarmos em formação de professores.
142
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ser trilhado a partir do momento em que decidi optar pela concepção de ensino-
aprendizagem da TASHC. Dali em diante, não conseguia mais fazer o planejamento das
aulas baseada em recursos lingüísticos, em estruturas gramáticas ou conteúdos históricos
e geográficos, como acontecia anteriormente. Esse momento foi extremamente
conflituoso, porém transformador, pois não me enxergava mais como uma professora de
conteúdos, mas aquela que deveria entender o processo de aprendizagem pelo qual
passavam meus alunos e que deveria promovê-lo da maneira mais reflexiva possível.
A sorte bateu à minha porta quando a direção da escola optou por uma nova
assessoria que iniciou a implementação da concepção sócio-histórico-cultural na formação
contínua do corpo docente. Esse foi um passo fundamental para a transformação da minha
prática, não apenas na Stance Dual, mas também na universidade, onde leciono nos
cursos de língua inglesa e literatura dos povos de língua inglesa.
Por esse motivo, acredito que uma das maiores contribuições da minha pesquisa
tenha sido observar a língua inglesa por uma outra perspectiva, não somente como um
objeto, mas um instrumento mediador do ensino-aprendizagem, o que poderá auxiliar os
professores a conceberem sua prática em uma abordagem mais dialética, mais
colaborativa com seus alunos e ampliar sua reflexão sobre o processo de aquisição de uma
língua estrangeira em ambientes multiculturais.
Isso nos remete à outra contribuição da pesquisa, também de grande pertinência: a
proposta de uma nova concepção na formação reflexiva de professores. Muitas pesquisas
nesse campo têm sido realizadas (Liberali, 1999, Mayrink, 2000, Celani, 2003, Fuga, 2003,
Mateus, 2005, Shimoura, 2005, entre tantos outros), mas ainda não foram estabelecidos
estudos sobre a formação de professores de educação bilíngüe, o que poderia ser de
grande auxílio também no estabelecimento de novas instituições de ensino bilíngüe. Por
isso, proponho, em primeiro lugar, que estudos nesse campo focalizem a perspectiva de
linguagem que mais se aproxime de uma concepção enunciativa e dialética. Em seguida,
que direcionem a investigação para o ambiente de ensino-aprendizagem bilíngüe, pois
esse é um fator crucial para a compreensão da educação nesse contexto, como apontei na
discussão dos resultados.
144
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
"Here´s to the future! The only limits are the limits of our imagination.
Dream up the kind of world you want to live in. Dream out loud… at high volume."
Bono 01.01.1990
145
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
146
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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Matriz social del bilingüismo. Cadernos de Estudos Lingüísticos, 6: 228-234.
BOLEIZ JÚNIOR, F. 2001. Uma Experiência de Educação Bilíngüe na Cidade de São Paulo e
as características do Processo de Socialização das Crianças num "Mundo" Bi-Cultutral.
Disponível: http://www.forumeducacao.hpg.ig.com.br/exp/experiencias.htm. [Capturado
em: 18/05/2005].
http://www.mre.gov.br/portugues/politica_externa/temas_agenda/direitos_humanos/socie
dades.asp [Capturado em: 17/03/07].
BRISK, M. E. 2005. Bilingual Education. In: HINKEL, E. (ed). (2005). Handbook of research
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DAVIES, A. e Elder (eds.), C. 2004. The handbook of applied linguistics. Malden Mass.:
Blackwell Publishing.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. 1967. Bilingual Education: Hearings before the special
subcommittee on bilingual education of the committee on labor and public welfare –
United States Senate. 9th Congress, 1st Session on S. 428. Washington: The Government
of the USA Print.
149
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
FUGA, V. 2003. “Eu não sabia...” – Um estudo sobre a tomada de consciência. Dissertação
de Mestrado ligada ao Departamento de Lingüística Aplicada e Estudos de Linguagem –
PUC/SP.
GÓES, M. C. R. 1993. The modes of participation of others in the function of the subject.
In: C. Coll, N. Mercer. (Org.). Teaching, Learning and Interaction. Madri, v. 1, p. 123-128.
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LEKTORSKY, V. A. 2003. The dialect of subject and object and some problems of the
methodology of science. Disponível:
http://communication.ucsd.edu/MCA/Paper/leontev/essay77.htm [Capturado em
17/02/2007].
LIBERALI, F. C. 1999. O Diário como ferramenta para reflexão crítica. Tese de Doutorado.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
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LURIA, A. R. 1930.The Child and his Behavior. In: The Cultural Development of Special
Functions: Speech and Thinking. Disponível:
http://www.marxists.org/archive/luria/works/1930/child/ch10.htm. [Capturado em
27/12/06].
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
PENNYCOOK, A. 2004. Critical Applied Linguistics. In: Davies, A. and Catherine Elder. The
Handbook of Applied Linguistics. USA: Blackwell Publishing.
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
WEINREICH, U. 1953. Languages in contact: findings and problems. The Hague: Mouton.
154
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXOS
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 1
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
SETOR DE PÓS-GRADUAÇÃO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem
Declaro que os objetivos e detalhes desse estudo me foram completamente explicados, conforme
seu texto descritivo. Entendo que não sou obrigado a participar do estudo e que posso
descontinuar minha participação, a qualquer momento, sem ser em nada prejudicado. Meu nome
não será utilizado nos documentos pertencentes a este estudo e a confidencialidade dos meus
registros será garantida. Desse modo, concordo em participar do estudo e cooperar com o
pesquisador. Declaro, também, que
( ) o nome da instituição representada por mim deve permanecer no anonimato.
( X ) fica a critério da pesquisadora divulgar ou não o nome da instituição que represento.
( ) faço questão que o nome da instituição representada por mim seja divulgado.
Testemunha:
RG: ____________________ Assinatura:
Data: ___/___/ 2005
156
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 2
Questionário Dirigido
Este questionário faz parte do projeto de pesquisa intitulado “A LÍNGUA INGLESA COMO
FERRAMENTA MEDIADORA DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM CONTEXTOS DE EDUCAÇÃO
BILÍNGÜE” (título provisório), realizado pela pesquisadora Ana Paula Barbosa Risério Cortez,
no Programa de Estudos Pós-Graduados em Lingüística Aplicada e Estudos de Linguagem da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sua colaboração é de extrema importância para a
realização desse projeto; por isso, peço que faça a gentileza de responder às seguintes perguntas:
1. Como você qualificaria o trabalho de sua professora de inglês (acima citada) com
relação
2. Descreva sua relação direta com a professora (abertura para diálogo direto – debates,
sugestões e críticas).
157
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 3
DESCRIÇÃO DA PESQUISA
O estudo será conduzido durante o 2º bimestre letivo do ano 2005, com gravações
em vídeo das aulas de Language I (English Language e Social Studies). O material
coletado será proveniente das transcrições dessas gravações, além da produção escrita
dos alunos.
ANEXO 4
( ) em participar da pesquisa
( ) de que meu filho seja participante
da pesquisa
( ) de que a instituição da qual sou responsável participe dessa pesquisa
Assinatura:____________________________
Tendo em vista a declaração do participante acima assinado, eu, Ana Paula Barbosa
Risério Cortez, assumo a responsabilidade total de cumprir as condições de pesquisa
descritas, atendendo aos requisitos demandados pelos participantes.
159
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 5
Entoação enfática
maiúscula
porque as pessoas reTÊM moeda
Silabação
-
por motivo tran-sa-ção
Interrogação
?
eo Banco... Central... certo?
Qualquer pausa
...
são três motivos... ou três razões... que fazem com que se retenha moeda... existe
uma... retenção
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
Observações:
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 6
Aula 1 – Language – 28/04/05
1. <S1> ( ) ?
<T> there are activities (that will be graded) but there are not real examples
<S1> ( ) ?
<T> what do you mean ( )?
5. <S1> ( )
<T> there no e-x-a-m-p-l-e… like… we used to have… - to do…
<S2> - it’s an activity that has more…
more – ehr:::
<T> - more activities will be graded… well guys… while I write the agenda on the
10. board I want you to copy it… then I’m going to give you - the books
<S2> - what books?
<T> - you’ve bought… the books
that you have - bought
15. <S2> - ah:::
<T> yeah the books you have bought okay? I’m going to write the agenda up here… right? So…
today is the… ehr::: twenty-eighth? okay (frase exclamativa) the twenty-eighth…- today is:::
<S3> - today is language…
( )
20. <T> who?
<S4> ( ) (( S4 faz uma pergunta pessoal, perto da professora))
<T> ( ) (( professora escreve na lousa, alunos interagem em inglês enquanto copiam))
<S2> teacher... we can bring tomorrow the outline of (our presentation)?
<T> - ((professora balança a cabeça afirmativamente))
25. <S1> - Mrs Cortez...
<T> aham::: sure ((professora responde a S2))
<S5> Mrs Cortez - there is something...
<T> - yes?
<S5> - wrong with that book of mystery… it has two types… is it to do on
- this 30. paper or:::?
<T> - What do you mean? I don’t understand the question
<S5> like… the same books… there are two different books…
<T> the books are different in the STYLE… the - stories are the same
<S5> - ah:::
35. <T> they’re all the same… nothing is different
<S5> ah::: - okay…
<T> - they’re all the same… nothing is different okay? - well:::
<S2> - just a moment… when I’m
going to do the outline… I’m going to put menu or outline?
40. <T> you don’t have to - write:::
<S1> - agenda
<S6> I - write agenda
<S1> - me too
<T> - just write the subjects of the class and… the content that’s it
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<T> yeah::: ok this is it right? (…) ah::: what we’re going to do today is we’re going to get to
know… our books in case we haven’t taken a look at them because there are many students who
are very excited and would like to start reading the texts ( )
95. <S2> will the mystery ( ) an example?
<T> we will going to (do) like this... ((professora responde negativamente com um gesto de mão))
well::: let me tell you exactly the beginning of the activity… we’re going to get together in groups
of three people ok? and please when you choose your groups make sure that you’re not going
choose groups because you’re working with your friends
100. <S3> no but I work well with S1 actually
<T> don’t let anybody to be alone ok make sure that everybody will have a group to work with… -
- ok S2? - - ((professora repreende S2 por conversar durante explicação)) choose your groups later
let’s focus on what to do… well::: we’re going to get into groups of three… we’re going to do…
we’re going to do ( ) ((na segunda frase com maior
105. ênfase)) we’re going to analyse this book get to know a little bit more about it… how? you will
look out… all of you with your friends… and you’re going to find out some information about it ok?
<S2> teacher the (data) ( )?
<T> no
110. <S3> e <S1> DATA ((fazendo pouco de S2))
<S3> ((mostra uma folha, levanta-se e faz comentários sobre isso para a professora, que comenta
a respeito e dá explicações))
<S1> Mrs Cortez... - I didn’t ( )
<S2> teacher we need to stay (everybody) in groups?
115.<T> if you want to… ((respondendo a S2))
<S1> Mrs Cortez
<T> wait a minute we’ll talk about it later ((respondendo e olhando para S1))
<S2> - we need to copy what’s on the board?
<S1> - we need to write that Mrs Cortez?
120. <S3> - what’s the other names Mrs Cortez?
<T> wait a second there are too many people talking at the same time… I have only two ears… let
me just finish copying it
<S2> who said b?
<S3> shoosh ((frase exclamativa, recriminando S2))
125. <S5> ( )?
<T> I have a mother I have a daughter her name is Chloé she’s four years old
<S5> what’s her name?
<T> Chloé… C-h-l-o-é
<S5> ((a aluna treina a pronúncia do nome))
130. <S2> teacher... ( )
<S3> ( )
<T> yes ok this is what we will look for when we observe this - book ((resposta a S3))
<S10> - what type of book is it?
<T> what type of book is this? What type of book are we reading this term?
135. <S2> mysterious
<T> well::: every text that we read ehr::: has characteristics ok? for example if you read “Little
Red Riding Hood”… it’s a type of story … it’s a text… what can you say about it? “Little Red Riding
Hood”? or “The Three Little Pigs”? or “Cinderella”? “Snow White”?
<S9> it’s stories for kids
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
235. Mezzotint”… these guys will do “The Invisible Man” and “The Case of the Thing that
Whimpered” ((professora aponta para os grupos)) which one is the group left? this one? you'll do
“Philomel Cottage” ok?
<S5> - miss:::
<vários alunos> -( )
240. <T> excuse me let me just mark here ah::: S15 are you number one? so S15 is one you guys
are “Philomel Cottage” ((professora pede para que os alunos se acalmem e esperem sua vez com
gestos de mão))
<vários alunos> yes ((frase exclamativa))
<T> who’s doing “The Unpleasant Man” and “The Unlucky Theater”? ((alunos levantam as 245.
mãos)) so you guys are here ok? ((professora aponta para a lousa)) nobody is doing this one... S5
is here and ( ) and there… you guys will do ( )
<S7> Mrs Cortez…
<T> yeah? you don’t have the book? ((alunos começam o trabalho e a professora fala com os
grupos, individualmente))
250. <S13> I do but I didn’t bring it
<S8> S7 doesn’t want to lend it… S7 doesn’t want to lend it… S7 doesn’t want to lend us
<T> of course not ((frase exclamativa)) she wants to work and you’re disturbing the group
<S13> but… can I get it?
<T> you are not going downstairs… no one is allowed to do it period ok you have to talk 255. to S7
and convince her
<S7> come on let’s work
<S8> look ((risos)) she wants to work with us ((frase exclamativa)) look what you’ve done
((recriminando S13))
<vários alunos> ((a atividade continua, com duração de vinte minutos))
260. <S9> Mrs Cortez ( )? ( ) type of person?
<S8> what’s the type of text? what about the character?
<T> how many more minutes do you think you need? fifteen? twenty? five minutes - more? what
about five to ten minutes more to finish?
<S11> - ten
265. <S18> you try it now… ( ) good idea ((frase exclamativa))
<S7> Mrs Cortez
<T> yes ((frase exclamativa))
<S7> do we have to... find the name of the character and the appearance too?
<T> the two kids… if there are physical characteristics yes
270. <S13> let’s read what S7 wrote… come on S13 you just keep copying from S7 do something
((frase exclamativa recriminando S13))
<T> shall we stop here?
<vários alunos> no ((frase exclamativa))
<T> you’ll have five more minutes and that’s it ((frase exclamativa)) five more minutes
275. <S7> Mrs Cortez how many characters in each story?
<T> each story has a different number it depends on the story… focus on the narrator and the
main characters (…) ok that’s it stop… pay attention please ((tom mais alto, chamando a atenção
dos alunos)) we’re going to do the following now that you have taken a look at the texts and
deeply analysed them I want you to do the following we’re going to
280. have a kind of different ( ) I’ll tell you what… for example there are three people one person
from this group goes to another group… another person from other groups joins this group ok? ok
167
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
now let’s move places ((professora se movimenta pela sala, aponta para os alunos e os troca de
lugar nos grupos))
<S3> where do I go?
285. <S1> when I move do I take my own book?
<T> you can change places with S14 ((afirma com a cabeça)) don’t mess the class S1 ((recrimina
S1))
<S1> S15 had the idea to change the desk
<S3> S1 and I come from the same group
290. <T> so let’s change places
<S3> why do we have to change places?
<T> to discuss… are you all settled?
<S3> Mrs Cortez… here there’s only S16 and me (sic)
<T> if there’s any group of three let’s split… my question is::: are you all sitting with
295. people from two different groups?
<S1> yes
<T> what you’ll do now is talk to your friends and share your discoveries what you’ve discovered
about the tales the stories… you guys have ten minutes to do it
<vários alunos> ((alunos discutem em grupos))
300. <S2> S5 didn’t copy it ((recriminando S5))
<S1> do we have to write first?
<T> no
<S3> the narrator is third person… we have discovered that in this story ( ) now we’re doing the
next the characters of the story are ( ) she is worried about her husband she 305. always want to
( )
<S2> Mrs Cortez… one character or two characters?
<S12> do we need to describe what the characters ( )?
<T> ( )
<S12> no no the characters
310. <S9> it’s almost ( )
<S2> ok “Laura” “John” ( )
<T> ok guys attention please thank you… well after this brief discussion what conclusions can we
get to? how many stories - have you
<S9> - the stories are not the same
315. <T> how many stories did you get to know about? how many did you get in touch with?
<S3> - three
<S1> - three
<S15> - three
320. <S16> - three
<T> at least three, ham? and here? ((apontando para outro grupo))
<S2> two
<T> ok what have you noticed about these three stories?
<S19> they all - include
325. <S2> - mysteries they all include mysteries
<T> they’re all mystery stories?
<S18> ( )
<T> yeah::: very good point… S18 said that they might be completely different depending on the
type of narrator… - - S2 please shoosh - - ((recriminando S2)) the type of
168
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
330. characters that are in the story… what can you say about the stories?
<S2> mysteries
<T> are all of - them
<S2> - no::: there is investigation
<T> there is investigation they’re narratives what else?
335. <S14> ghosts
<T> are there ghosts? Are there detectives in the stories?
<S14> mysteries
<S1> yes
<S11> they’re scaring
340. <T> yes some of the stores are pretty scaring
<S2> S13 said they’re love stories ((frase exclamativa, fazendo pouco de S13))
<T> this is a bunch of stories all of them full of mystery full of discoveries to be made ok? you’ll
have to choose a text to read… the idea is that by reading this tale in the end of this term you’ll
have a talk a chat with your friends about this tale… you’re going to tell them 345. about the tale
we read and hopefully our friends will get so interested in the stories we read that they’ll also want
to read the stories ok? how are we going to do it? apart from the talking we will all prepare a kind
of advertisement… I was told that you guys have worked with advertisement with the Portuguese
teacher
<S15> not yet
350. <S1> not yet
<T> yes? they told me that you’ll probably work with that which is excellent because you’ll get to
know many things about it and you will be ready to prepare your advertisement… in this - activity
<S4> - will it be individual?
355. <T> no that’ll be group - work
<S4> - this group?
<T> not this group another group
<S3> we choose groups? can we choose?
<T> wait a second and I’m going to talk about it… this activity will include a little bit of 360. text a
little bit of images… there will be visual aids to help you convince your friends to read your tale of
course… the idea is that we’re going to have groups like these three people reading a tale ok? we’ll
have for example these three reading a tale those three reading another tale ((professora aponta
para alunos)) and in the end of this working with the tale the characters of the story the types of
story etc etc we’ll prepare this
365. advertisement and we’ll have this conversation ok? how are we going to know who I’ll work
with? it will all depend on the text you want to read ok? that’s why I asked you to take a look at
the book and try to decide which tale to read… but we’re going to do more activities for you to
know what story to read ok? this was the first little thing… the first contact you had with the book
don’t worry… yes S17?
370. <S17> do we have to ( )?
<T> you don’t have to read the text you have just analysed
<S17> but I want to
<T> ok let’s just see how many other people will be interested in reading this tale with you and
then we decide that’s going to be your group right? do you have any
375. questions? no? for today there were no right or wrong answers ( ) we will only know if there
were right or wrong answers in the future (as we work a little bit more with this type) of texts… as
we have a lot of time today I’ll take these last fifteen minutes to work with something different…
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
this was the end of the activity with the book ok? now I’m going to ask you to move your desks
back to their places then I’m going to tell you what to
380. do ((alunos mudam de lugar, voltam para seu lugar original)) (…) ok it’s Mother’s Day this
weekend… there’s this beautiful card… it’s the following… you’ll now write down a message to your
mother for Mother’s Day… on a separate piece of paper… I’ll give you the paper… in English of
course… this is the card ((professora mostra a folha para os alunos)) apart from the message what
kind of other information do you think you have to
390. write here?
<S3> the address
<T> you have to write your address… I’m going to give you the paper you write the
393. message on… there’s not too much space and please include you addresses
Após cinco minutos, no final da aula, os alunos entregaram seus trabalhos e o sinal tocou.
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 7
Aula 2 – Language – 05/05/05
Alunos: S1 a S15
Extract II (fita 2)
1:13 p.m.
01. <T> the objectives today are checking on the activity I asked you to do last class and then we
are going to have some discussion and conclusions on language ok? the kind of language that
appeared in these mysteries all right?
((vários alunos se movimentam para organizer o material))
05. <S17> I didn’t understand it very well ((levantando e dirigindo-se à professora))
<T> don’t worry we will discuss it together… S6?
<S6> I didn’t finish it
((pausa na transcrição – correção do exercício))
1:24 p.m.
((exercício de análise sobre reported speech no texto))
1:43 p.m.
10. ((fim da correção do exercício))
<T> and the last one… S9
<S9> he claims that the aliens ( ) that he had approach
<T> he explains that:::
<S11> he HAD approached
15. <T> yes he had approached
<S2> teacher but it is not written had here
<T> of course it is read the text
<S11> yes read it it is obvious
<T> why is it obvious S11? There is a reason why
20. <S9> because it is past
<T> because it is past uh::::
<T> ok I can see there are two columns direct and indirect speech… and there are some changes
don’t you think so?
<vários alunos> yes
25. <T> what were the changes that you can see? I can see there are changes here… what are
the changes?
<S9> oh::: can I say?
<T> yeah::: sure
<S9> yes in the direct speech it is as if like all that… you’re saying it and in reported
30. speech somebody said that “they had”…
<T> ok you guys say that direct speech I mean is my own voice but if I say indirect speech…
<S9> “they had”
<T> my words spoken by other people ok and what does it mean? Give me an example
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 8
Aula 3 – Language – 02/06/2005
01. <T> ok guys let’s do this other activity this is the following tell me how after this whole term
you believe we choose a book
<S15> reading the “contra-capa”
<T> reading what?
05. <S15> the “contra-capa”
<T> the what?
<S15> the back cover
<T> the back over:::
<S15> and::: reading the ears
10. <T> ears? Ah::: I’m going to take a look at YOUR - ears…
<S15> - no the ear of - the book
<S11> - read the comments
15. <T> you know read the comments of the book read the cover of the book
<vários alunos> ( )
<T> raise your hands
<S15> read a paragraph
<T> read a paragraph of the book
20. <S9> read about the author
<T> you can read about the author
<S11> talk to friends
<T> ask some people’s opinions about the book
<S15> explore the book
25. <T> explore the book… people there are more things that we can do I brought this… it’s a kind
of newspaper ok from Livraria Cultura it has got many kinds of information about books… here… ok
everybody will get one of these and we gonna do an activity… keep one please and hand out the
others so you have one
((Alunos folheiam o jornalzinho))
30. <T> ok do you all have one?
<vários> yes
<S3> what is this?
<T> ok what do YOU think it is?
<S3> ah::::
35. <S1> guidelines of books
<T> ok - do you think these are guidelines of books?
<S1> - book guidelines
<vários> yes
<T> is it a book guideline?
40. <S1> guia de leitura
<T> so it’s a book GUIDE not book guide line
<vários> ( )
173
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<T> welll you gave me many ideas on how to choose a book and I’m giving you a piece of paper
with information about books you guys will have five to ten minutes to take a look at 45. this guide
and choose a book to read
<S17> Mrs Cortez do you have an extra?
<T> If I have an extra one? Yes you have five to ten minutes to take a look at them and choose a
book ok?
<S1> can it be this one about ( )?
50. <T> it can be any books that you want
<S11> you mean::: to choose a book for:::: to read?
<T> to read suppose you are going to buy a book from this booklet
<S3> I need to read ah::: I’m going to read “Baby Einstein”
<S1> me too or “Villa Sesamo” it is in English
55. <vários> ( )
<T> you guys will have to tell us why you chose the book ok you have to give us arguments tell us
why you chose that specific book you must have ah::: arguments to tell us ah::: for example you
can’t say well “I chose this book because I like it” WHY did you like it?
60. <S1> because of the cover::: it has pictures
<T> give us some support to your ideas
<S1> do you know what’s written here?
<T> what?
<S1>“indicado para crianças de 0 a 3 anos ((risos))
65. <T> so why do you want to read it?
<S1> I want to know the story
<S3> can I read “The Island”?
<vários> ( )
<T> it’s your opinion I can’t say anything about that… ah::: after you choose the book I’m 70.
going to ask you guys to come here in front of the class and tell us why you chose the book
<S9> I don’t know
<S3> I want to read “Blood of my blood”
<S1> where is “Blood of my blood” S3?
75. <S3> it’s on the third page S19 see “Secret Garden”
<S1> Mrs have you read “Baby Einstein”?
<T> no::: please don’t forget to give us interesting reasons why you liked it ok
<vários> ( )
<S2> teacher I want to read “How soccer explains the world”
80. <S3> I want to read “Sítio do Pica Pau amarelo”
<S2> teacher the yellow people
<T> you don’t need to translate it
<vários> ( )
<T> I’m going to choose some people to come here and explain that to us
85. <S1> me me me me
<S2> I want to be the first
<T> while the first person comes here you guys sit down and do the following you’ll take notes
because it is a listening activity
<S3> ah::::
90. <S1> que legal
<S2> what kinds of notes?
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
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A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<S1> yeah::: foods that I love Chinese and Japanese food and it is of this region
<S9> Australa what?
<T> Australasia
190. <S1> yeah because I like these foods and I’d love to know about other cultures ok?
<T> ok S5
<S1> do I have to write mine?
<T> no only other people’s
((a professora distribui mais cartões e outros alunos dão a sua opinião)) 2:28 – 2:35
<T> now you have time to check your notes… ok guys? Have you finished checking notes? 195.
Can you give it to me now? Let’s do the following S13 can you please collect the cards? S8 can you
collect the papers?
<vários> ( )
<T> please sit down there are guys collecting it why are you coming to me?
<vários> ( )
200. <T> how did you like that?
<vários> fun
<T> did it help you choose the books?
<vários> yeah:::
<T> do you think you could use the strategies we learnt?
205. <S1> yes, I used them a lot
<T> ok thank you
177
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 9
Aula 1 Social Studies – 03/05/05
Extract I (fita 1)
01. <T> we’re gonna start our second term our second SOCIAL STUDIES term today… and I had
an activity here which is described on the board called photo exposition… this is what we’re gonna
do with the pictures… I will display some photos around the class… you’ll stand up look at all these
pictures observe what’s going on and try to answer three questions about these pictures… I’m
05. gonna write the questions on the board… The first question is “who are these people?”…
second question “where are they?” and the third question…
<S2> only three?
<T> only three… the third is “why are they there?” ok?
10. <S3> on the notebook?
<T> please copy your questions on the notebook
<S1> we’re gonna answer on the notebook now?
<T> you’ll answer the questions after the exposition… now you’ll stand up observe these pictures
and try to think of answers for these three questions based on the pictures… I’m 15. gonna display
them here around the class for you to walk around…
<S2> what do you want me to say about these people? Who are these people? Their names or…?
<T> anything you believe might answer the questions… who are these people? Who do you think
they are?
20. <S2> can I choose one picture?
<T> you’ll choose no picture… you’ll observe the pictures and then write the answers… “oh::: I’m
going to choose this one” NO you will what them all - walk around
<S3> - are they all in the same
place?
25. <T> I don’t know just walk around
<S3> then I have to explain my answers
<T> maybe maybe not first you observe it… have you already copied the questions?
<vários alunos> yeah:::
<T> yeah? Ok look at these pictures but I beg you please don’t just stop in front of one 30. picture
only... all of ou together… if the picture is too crowded go to another one… then go back to the
other… can you please stand up and walk around?
((cinco minutos depois)) <T> are you finished? All right… you’ll have five more minutes to think of
your answers
<S3> if it’s wrong what happens?
35. <T> why do you think it’s going to be wrong?
<S3> because I think I’m a little bit confused
<T> being confused doesn’t mean you’re wrong
<S17> I think they’re different pictures
<T> you think they’re different? How different? Which one?
40. <S17> this one ( )
<T> ok we’ll discuss each one… by now try to answer the question
<S1> Where are they?
<T> ((caminhando entre os alunos)) where ARE they?
<S1> ( )
178
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
45. <T> give me examples of places where you think they are… are you finished?
<vários alunos> Yes ((fase exclamativa))
<T> all right... before you talk as a class I’d like you to take a look at your friends’ answers
compare your answers with your friends’ answers see if you guys have similar ideas or if they have
anything in common or if you disagree with each other
50. <S17> look at this one I think they are ( )
<S10> no it can’t be because ( )
((cinco minutos depois))<T> now that we have reflected upon this… compared our answers with
our friends’ I need you guys to tell us the answers to the three questions “who are these people?”
Ok S9
55. <S9> they’re workers because they need money
<T> ok they’re workers because they need money… why? Why are they there? Ok S15
<S15> they’re not following the law
<T> ok they are not following the law because they are…
<S8> law breakers
60. <T> law breakers… why do you believe they’re not following the law?
<S15> uh::: there are children working
<T> there’s child labour?
<S15> there’s child labour…
<T> but is there child labour in every single picture?
65. <S15> yes the pictures I saw… there’s prostitution
<T> Is prostitution illegal?
<S15> yes
<T> S15?
<S15> there’s slavery
70. <T> that’s right… S2?
<S2> I think these people are slaves
<T> are they in their working place?
<S15> yes they are
<T> do you have any idea of what city or country they come from?
75. <S1> yes Italy
<S2> Israel
<T> yeah::: Italy… Israel.. what else?
<S9> maybe Africa because it looks like a desert
<T> it looks like a desert
80. <S5> I think they’re immigrating
<T> so you think they’re immigrants?
<S5> second answer “why they are there” some of them in their country were very poor and they
want to change their lifestyle a better one and some of them the children were sold by their family
and others were kidnapped or sent to other countries
85. <T> very good… I cannot say there is a correct answer… there is a little bit of each in your
answers there are slaves… workers and there are people breaking the law… why? Basically
because all these people have something in common which is?
<S2> they don’t choose what they’re doing
<T> they don’t choose what they’re doing… they live in a social condition which is:::?
90. <S3> they’re slaves
179
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<T> all those people are slaves… when S5 said someone forces their kids to work this is called
child labour when she said some have to immigrate and leave their country ((professora mostra
figuras)) and work under lots of pressure and under lots of threat they are slaves
95. <S3> what’s threat?
<T> when you’re under threat people force you to work or to do something… and if you don’t do
this something you are attacked or might be hurt
<S3> is threat like “chantagem”?
<T> people will warn you and there’s danger… if you don’t follow my instructions you’ll 100. suffer
the consequences… violence or death
<vários alunos> ( )
<T> what about these two pictures here? What are people doing here? What does it show? The
big one?
<vários alunos> working… they’re slaves
105. <S1> they’re building something… constructing
<T> yes building something… constructing… do you know the name of this type of slavery?
<vários alunos> slaves
<T> why are these people slaves? Well they are very poor for them to survive they have
110. some debts do you know what debts are?
<vários alunos> no
<T> this is a debt… I go to a bank to get money to pay for my car… they give me the money and I
have to return it to them
<S3> is there interest?
115. <T> yes if the interest rate is too high do you think these people will be able to pay for their
debts?
<vários alunos> no
<T> that’s what happens to these people they have too much to pay… they cannot pay it… what
happens? They have to sell themselves to work and pay for it
120. <S17> how do you sell yourself?
<T> you commit yourself to this person you owe money to
<S17> like a slave?
<T> yes like a slave… no payment no nothing… you work for free
180
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 10
Aula 2 Social Studies – 10/05/05
Extract II (fita 2)
01. <T> ok we still have to correct the table and we’re going to do something NEW today... ( ) I
can see that Mark is absent today
<vários> yes
<S2> because he broke his arm
05. <S1> no:::: he didn’t break it
<vários> ( )
<T> well::: we haven’t shoosh we haven’t finished completing the chart about ( ) slaves we still
need to answerthe part about forced labour yes? We have to learn it because we need to do
something else before we ( ) for the Stance Fair
10. <S2> ( ) for the Stance Fair?
<S4> what?
<T> ok who are the students responsible for working with this topic?
<S3> me and S6
<T> ok the two of you?
15. <S3> yeah
<T> can you help us ah::: thinking/discussing how people get to be slaves nowadays? You guys
were responsible for the topic forced labour right? So can you talk about forced slaves sorry forced
labour who the slaves are
<S6> people who are usually ( )
20. <T> what people? ((dirigindo-se a S2)) where’s your table?
<S2> I forgot my paper home
<T> so you don’t have your material here
<S2> yes
<T> so you not only haven’t got your materials but also disturb the class
25. <S2> ok sorry
<T> ok S6 can you help us? Who are the slaves when we talk about forced labour?
<S6> ( )
<T> shoosh who are these people? S13 can you help us?
<S13> I can’t
30. <T> so why aren’t you paying attention? Ok you wrote a general idea of it... so anyone could
be a slave in this kind of situation provided that this person is what S15?
<S15> ah::: ( )
<T> so this are men women or children
<S7> ( )?
35. <T> yes this is the last one illegally retreated ok?
<S3> ( )
<S12> so people that ah:::are how do you say?
<T> retreated
<S12> yeah retreated
40. <T> so people in general
<S3> I put people who are illegally retreated by ( ) neighbours governments or political parties is
forced labour
181
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
182
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
ANEXO 11
Aula 3 Social Studies – 12/05/05
Extract III (fita 2)
01. <T> ok let’s start take a look at the table we completed about types of slavery look at the
column of the reasons why think of the reasons why people are still being slaved today
<S2> most of them because of the reasons
<S1> and because it’s cheaper
05. <T> ok look at the columns and think of the topics
<S18> because they say they’re going to get money
<T> because of money
<S2> they’re tricked
<T> yeah sometimes ok sometimes they don’t have a choice no choice at all because of poverty
10. because::: of what?
<S11> misery no money
<T> misery means to be very upset it doesn’t mean that… you mean poverty?
<S11> yeah
<S18> some people don’t have any money
15. <T> poverty financial problems what else?
<S15> it’s cheap
<T> ok cheap cheap work what else?
<S15> promises
<T> tricks promises ok if I get a promise come to my country
20. <S7> do we have to copy it?
<T> no we’re just discussing now... if you get a promise come to my country you’ll have a job very
good life conditions come with me you accept it you go to the other country you’ll be what in the
other country? You don’t belong to that country what are you there?
<S1> you don’t know how to speak English
25. <T> no that’s not my question my question is what’s your SOCIAL CONDITION when you go to
another country
<S2> - tourist
<S1> - NO
<T> - give me words that define your situation in that country if you are a tourist you go there
30. for tourism to visit the place to go to the theather beaches
<vários> to find a job
<T> if you want to go there to find a job to have a better life
<S6> illegal
<T> you’re an immigrant
35. <vários> ah::::
<T> fine but if you are living in this country under threat of being killed arrested you cannot do
anything you want you’re a slave
<S3> you can escape
<vários> ( )
40. <T> raise your hands if you want to share your ideas
<S1> you can escape you don’t have to ( )
<S3> but you can’t escape
183
A Língua Inglesa como Objeto e Instrumento Mediador de Ensino-Aprendizagem em
Educação Bilíngüe
<T> you don’t have your documents first of all if you don’t have your documents - what’s your
situation there?
45. <S3> -( )
<S11> you’ll be arrested
<T> you’ll be a prisoner because without your papers you cannot prove why you’re there how do
you call people who are in another country - and don’t have permission to stay there?
<S2> - an immigrant
50. <S1> illegal
<T> illegal you are an - illegal
<S1> -( )
(...)
<T> ok guys these are some situations there are people who don’t go to other countries because
55. they cannot they are some people who go because they have no other choice they go to other
countries because they need to if they stay in their country they’ll be killed they’ll be persecuted ok
S3?
<S3> yeah
<T> Do yo know the name of these people?
60. <S3> what were you saying?
<T> were you paying attention to me?
<S8> persecuted are people who foge to get a job?
<T> please speak English who run away to get a job this is one type of slavery some people are
trafficked to other countries to become prostitutes to work to sell their bodies ok this is one type
65. there were many people in 2001 when the war in Iraq started who tried to escape from the
country they tried to get help in neighbour neighbouring countries many of them couldn’t go
further because the Iraqi government didn’t allow them OR the other countries didn’t receive them
they didn’t welcome them what did they have to do? They had to live in areas close to the borders
of the country let’s imagine the situation they had to stay in areas in camps close to the borders
70. ok? because they couldn’t even go back to their countries or they couldn’t get off there how do
you call these people? Do you know how they’re called?
<S3> no foreigners? not
<T> these people are called refugees they are escaping from a civil conflict or they’re escaping
from a war or they’re escaping from natural disasters for example those people after the tsunamis
75. in Asia they don’t have a place to stay they need to leave they go to other countries to ask for
staying sometimes the government cannot keep them there they don’t have conditions to keep all
those people who ask for help they have to stay in those camps they’re called refugee camps
<S2> teacher
<T> raise your hands
80. <S15> these refugees are of forced labour or?
<T> they’re not slaves they’re a different type of citizens they cannot go back to their countries
because of problems they cannot come to other countries
<S1> like the man in The Terminal?
<T> he was not a refugee because he didn’t ask for asylum
85. <S2> what’s asylum?
<T> the:: president of Ecuador two weeks ago asked for asylum in Brazil he couldn’t stay there if
he stayed there he would be arrested what did he asked the president of that country?
<S3> asylum?
<T> can I stay there? Can I travel and stay in Brazil?
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