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The Burning Souls - Leon Degrelle - En.pt
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com
euESAMESQIUBRÛLENT
TELEBURNINGSOULS
euESAMESQIUBRÛLENT
TELEBURNINGSOULS
também conhecido comoMilícia
- EUÉONDEGRELLE—
impressão 2020
Todos os direitos reservados.
ROLLO DEGTIA
CONTENTES
Parte Um: Corações Vazios
I – A Chama e as Cinzas II – A
Agonia do Século III – O
Caminho Certo
Parte Dois: Fontes da Vida
IV – A Terra do Nosso
Nascimento V – Lareira e Pedra
VI – O Sopro da Vida VII – A
Tarefa da Felicidade VIII –
Época de Natal
Parte Três: A Miséria da Humanidade
IX – Os Cegos X – As
Linhas da Tristeza XI –
Os Santos
XII – A Eterna Crucificação XIII
– Ninguém
XIV – Ter Amado Parte
Quatro: A Alegria dos Homens
XV – Forte e Duro XVI –
O Preço da Vida XVII –
Despoliação
XVIII – O Poder da Alegria
XIX – Sonhar, Pensar XX –
Paciência
XXI – Obediência
XXII – Bondade
XXIII – Feliz Isolamento
XXIV – Grandeza
Parte cinco: O dever de um homem
—EMPTYHEARTS—
I – A Chama e as Cinzas
Aqui estou eu, quase no fim da minha vida. Eu senti quase tudo.
Sabia de tudo. Mais do que tudo, eu sofri.
Vi, deslumbrado, surgirem os grandes fogos dourados da minha juventude. Suas
chamas iluminaram minha terra. A multidão fazia as ondas estreladas de seus
milhares de rostos dançarem ao meu redor. Seu fervor, seus redemoinhos existiam.
Mas eles realmente, de fato, existiram? Não foi tudo um sonho? Não
sonhei que há trinta anos uma nação chamava meu nome, e que em
certos dias os jornais mais distantes do planeta o repetiam?
Escondido em minha tristeza exilada, não posso mais acreditar em meu
próprio passado. Eu vivi aqueles tempos ou não? Conhece essas paixões? Elevar
esses oceanos? Eu ando meus terraços. Eu me inclino sobre minhas rosas. Eu
percebo os cheiros. Eu já fui outro ser, além desse sonhador solitário que em vão
se agarra a memórias desgastadas como neblina nas montanhas?
Nas minhas memórias, como nas minhas mãos, já não sinto esse
vento fugaz. Meus olhos - e que olhos devo ter, olhos de desespero? -
meus olhos podem vasculhar o céu impassível, tentar ver no fundo dos
anos, no fundo do século, o que isso significava?
O ser que sou, de que forma ainda é o ser que um dia carregou
meu nome, que foi conhecido, que foi ouvido? Por quem muitos
viveram e por quem, infelizmente, muitos morreram? Este ser, o que
tem a ver com o homem que caminha, amargurado, eternamente
sozinho, por alguns metros de terra estrangeira, remexer no seu
passado, perder-se nele, já não acreditar nele, perguntar-se se é
realmente ele que foi lançado cem vezes nos tornados de um Destino
implacável, ou se isso não passou de um sonho?
Então, se duvido da minha carne, dos meus ossos, do que outrora forjou
minha ação pública, se duvido da realidade do meu passado e da parte que
desempenhei em alguns anos de construção da história dos homens, o que
posso ainda acreditar do ideais que nasceram em mim, que me queimaram,
que projetei, do valor das minhas convicções na época, dos meus
sentimentos, do que pensei da humanidade, do que sonhei criar para ela?
Que estas páginas, o último fogo fugaz do que fui, ardam por um
momento, aqueçam por um momento as almas assombradas pela
paixão de dar e acreditar, acreditar apesar de tudo, apesar das garantias
dos corruptos e dos cínicos, apesar do triste gosto amargo que nos
deixa a lembrança de nossas quedas, a consciência de nossa miséria e o
imenso campo de ruínas morais de um mundo que certamente não terá
mais salvação, que se orgulha disso e que, no entanto, deve ser salvos,
devem mais do que nunca ser salvos.
II – A Agonia do Século
Amor? Por que? Por que amor?
O que resta é apenas a paixão por tomar, agarrar, em acessos de raiva que os
colocam contra todos os obstáculos e contra os odores rançosos da decadência
que se agarram às suas vidas saqueadas e podres.
O que é um ideal se é apenas um jogo ou um doce sonho? Você tem que construí-
lo, depois disso, na realidade.
Cada pedra deve ser arrancada do nosso conforto, das nossas alegrias, do nosso
descanso, do nosso coração.
Quando, apesar de tudo, o edifício sobe com o passar dos anos, quando
você não para pelo caminho, quando, diante de pedras cada vez mais
pesadas a serem colocadas, você continua, só então o ideal começa a viver.
- CELLSPRINGS DEeuIFE—
IV – A Terra do Nosso Nascimento
Como homens pertencemos sempre a um povo, uma terra, uma história. Podemos
não saber. Podemos tentar esquecê-lo. Mas os eventos nos devolvem eternamente a
essas fontes de vida.
Eles nos trazem de volta primeiro aos homens de nosso sangue: vergonhosos ou
brilhantes, a família nos une, cada vez mais apertados e firmes com o tempo.
No que diz respeito ao nosso sangue, estamos ligados a ele. O sangue vem
sempre antes da razão. Somos um com esses laços, como se nossas veias
fossem um só organismo e a família tivesse um só coração, um coração que
bombeia o mesmo sangue em cada um de nós e nos lembra do nosso lar vital.
V – Lareira e Pedra
Você deve ter vagado pelos mares mais distantes, conhecido as noites
vermelhas dos trópicos, as fogueiras de cana, as canções dos negros, os
desertos com suas areias rosadas, seus arbustos sem folhas, os esqueletos de
cavalos branqueados pelos ventos, você deve escalaram lagos congelados e
neve quente, colheram flores de mimosa nas ruínas de Cartago, toranjas em
Havana, uma folha de grama perto dos pilares canelados da Acrópole, para
amar plenamente sua pátria, aquela que vimos pela primeira vez, com os
únicos olhos lúcidos no mundo: os olhos de uma criança.
Estamos em silêncio.
Cada uma dessas salas tem sua história, conheceu suas vigílias, suas doenças;
nós o deixamos uma manhã carregando um corpo querido em nossos braços.
VI – O sopro da vida
Os homens podem se rebaixar, podem viver em uma agitação cada vez
mais frenética, enquanto milhões de loucos se empanturram - mas a nobreza
da maternidade preserva, entre milhares de corações naturais e vibrantes,
seu próprio esplendor pálido. Hoje, a essência materna se move como nos
tempos em que as primeiras mulheres sentiam seus corpos agitados por suas
emoções indescritíveis.
A partir dessa hora as mulheres não são mais as mesmas. Ontem eles
estavam apressados, seus olhos claros, suas almas vazias, seus lábios
distraídos. A vida que nasce neles, como um florescer oculto, de repente
lhes dá gravidade, confiança, uma força grande e orgulhosa, a certeza
de criar, de dar, e o encanto emocional do mistério vivo que um dia
nascerá de sua dor.
Eles permanecem alegres, mas seu olhar se torna mais profundo. Eles
carregam dentro de si um tesouro cuja pulsação está intimamente ligada à
sua. O seu vigor, a sua melancolia, este grande ideal, por vezes não declarado,
que os eleva ou atormenta, os pensamentos e as saudades, as alegrias e os
desejos unem-se a esta vida oculta, sempre presente para quem lhe dá
sangue e alma nesta comunhão perfeita de carne e coração.
Eles são corajosos e cansados.
No entanto, ainda valentes, sabendo que renovação seus corpos agora contêm
ternamente, nesta carne que seus mais delicados tremores moldam.
Tudo o que não é fresco e puro surpreende as crianças e deixa uma marca
em seus corações.
desenvolvemos ou o sufocamos.
VIII – Natal
Éramos apenas criancinhas das Ardenas.
A neve cobria o horizonte, acumulando-se acima dos beirais dos
telhados e apertando-se nas solas dos nossos sapatos.
Tínhamos certeza de ter visto São José dobrar a esquina da Rue du
Moulin. Subir o caminho até a igreja foi difícil na escuridão da meia-
noite. Na última ladeira íngreme, recorremos a carregar os sapatos
nas mãos. De repente, a noite de dardos congelados deu lugar ao
cheiro quente das naves deslumbrantes.
Nossas cabeças estavam girando um pouco.
Mas por trás da tela do coro veio um estrondo forte o suficiente para afugentar
os javalis selvagens a dez quilômetros de nossas matas emaranhadas.
Nós nos aproximamos deles, as mãos entrelaçadas sob nossas grandes luvas
de lã. Estávamos ajoelhados no mármore. O boi marrom e o burro cinza estavam
por perto. Estávamos ansiosos para tocá-los, para ver se seus cabelos se
separariam como uma fonte de água.
Mas nós, crianças, amamos outras crianças ainda mais do que amamos
os animais. Jesus estava deitado na palha. Amoleceu nossos corações
pensar que ele devia ser frio. Ninguém lhe deu meias grossas como nós.
Sem sapatos. Nenhum lenço para enrolar no nariz. Sem luvas verdes de lã
para cobrir as mãos. Olhamos um pouco atônitos para o pai São José, que
humildemente se levantou, nada fazendo para se glorificar, e a mãe
vestida de azul e branco, tão quieta e tão bela.
Conhecíamos apenas lindas mães com olhos puros, nas quais víamos
tudo. Tínhamos olhado para aqueles olhos tantas vezes. Mas as da Mãe do
Menino Jesus nos encantaram ao extremo, como se o Céu permitisse que
as crianças vissem nelas mais do que os homens.
—TELEMISÉRIA DEMANKIND—
IX – Os Cegos
O dinheiro, as honras, a confusão dos corpos, a ânsia de apoderar-se de
uma felicidade terrena que escorre entre os dedos e sempre escapa,
fizeram do rebanho humano uma miserável horda, arruinando-se,
despedaçando-se para encontrar uma libertação que não existir.
Só o falso riso que brota da turba serve para nos lembrar que não se
trata de animais de rebanho, mas de homens.
Esta debandada dos condenados apoderou-se primeiro do indivíduo, depois do
povo como um todo.
X – As Linhas da Tristeza
São poucos os corações que não foram maculados com vilania, atos sórdidos,
faltas leprosas, deixando rachaduras reveladoras para quem tem olhos para vê-las.
Quanto mais se vive, mais o coração fica marcado por estas linhas de dor,
imperceptíveis para todos os que não viram ou não souberam o que as
fizeram, mas comoventes por tudo o que contêm de delicadeza partida, como
sedas finas que se rasgam silenciosamente.
Quem não foi um dia vil, quem não traz consigo palavras, gestos,
desejos, vergonhosas abdicações ou o cadáver mumificado de sua
vida interior?
Quantos homens, quantas mulheres nem mesmo escondem a
falência de seus sentidos, seus juramentos e a miserável profanação
de seus corpos? Às vezes com remorso. Na maioria das vezes, sem
remorso. Ou melhor, até com um toque de triunfo e provocação
insolente.
No final das contas, aqueles que liquidaram tudo, a decência, o pudor, o
respeito por si mesmo, pelo próprio corpo, pela própria palavra, e Deus com o
resto, são apenas o resultado de centenas de negações anteriores menores,
negadas ou escondidas desde o início .
XI – Os Santos
Os santos, variando em inteligência, mas possuindo um coração dado sem
limites, a quem os caídos e corruptos têm em tal estima, os santos nos mostram
que a perfeição está ao alcance de todos. Eles também eram homens simples,
mulheres simples, carregados de paixões, fraquezas e muitas vezes faltas.
Eles também às vezes se cansavam, cedessem e diziam a si mesmos que
nunca conseguiriam se livrar daquele cheiro de sujeira e pecado que nos
acompanha.
Sua luta nos diz que a felicidade, na terra e além da terra, está ao
alcance de todos. Cada um de nós tem uma escolha a fazer.
Nem visto.
somos os portadores.
Por que Cristo sofre novamente a agonia mais dolorosa nestes dias
em que leques de flores de mimosa enfeitam as estradas sinuosas?
Somos como eles, não piores do que os outros, nossos olhos às vezes brilham
de alegria em servi-lo. Dispensamos os intrusos, acenamos com as palmas das
mãos, acreditamos estar muito perto do seu coração: pensamos que somos
melhores do que somos.
Deixamos você sofrer, vimos seu sangue fluir, vimos você plantar sua cruz,
vimos a vida desaparecer de seu rosto. Será que algum dia ousaremos olhar para
suas feridas abertas e encarar seus olhos cansados?
Ela nem sabe mais que pode cair, que o chão está sob ela; ela está
ali, desligada de tudo, trêmula, palpitante, como se falasse!
A cotovia que desmaia sobre a terra quente deve sentir também esta grande
alegria do amor realizado. A alma está ofegante. O amor retorna em ondas e se
divide em esforço, doação e alegria.
A grande tragédia do pecado, que causa tanto sofrimento, é que por causa
dele damos menos de nós mesmos, ou damos mal, oferecendo apenas uma
porção do que poderíamos ter, uma porção com indícios de impureza
indelével.
Podemos chorar todas as lágrimas do mundo. Não importa o que aconteça, nunca
poderemos recuperar o que perdemos tão descuidadamente. O dia da Queda, apesar de
todo o nosso arrependimento e remissão, continuará sendo o buraco negro no qual o
bem do mundo será eternamente perdido.
Podemos nos esforçar para amar, a partir de então, tão ardentemente quanto
pudermos, mas não iremos recriar a pureza perdida, nem recuperar a parte mais
bela do amor que foi aniquilada. Nosso amor poderia ter sidomuito maior.
O que ainda possuímos para oferecer na hora do mais alto Amor levará,
façamos o que fizermos, esta terrível marca.
É por isso que ter profanado o Seu dom de si faz sofrer até o fim da
vida o coração que anseia pelo Absoluto.
Gostaríamos de ser nós mesmos Deus, recuperar este dia ou estes
tempos, dar-lhes o frescor da aurora e guardá-los com medo até a
noite.
Desde o primeiro passo em falso, sabemos que não vamos mais amar tanto
quanto poderíamos. Isso é o que torna o arrependimento – porque não pode
consertar um homem quebrantado – tão doloroso.
—TELEJOY DEMPT—
XV – Forte e Duro
O sol se foi. Em meia hora estará na sombra. Os pássaros,
Há rosas por toda parte, tão cheias de luz que logo morrerão.
Como sempre, os pássaros agora começam a emitir seus gritos agudos e suas
súplicas, sem dúvida para os dois amantes sentados ali, sonhadores, com um enorme
chapéu branco caído sobre os joelhos.
Teremos que nos afastar deste grande oásis rural mais tarde.
Teremos que ser fortes e duros, alegres por nada além do brilho
de nossas almas.
Tarde moribunda, silenciosa e certa da aurora, dai-nos a paz de
esperar a luz que renasce, renovada, da imensa e auspiciosa noite.
XVII – Despoliação
A felicidade nascida da ignorância não é lisonjeira. É
Somos libertos das velhas correntes enferrujadas que nos prendiam a conformismos
medíocres.
A felicidade pode nascer em qualquer lugar. Ele vem, não de fora, mas
de dentro de nós, contendo possibilidades infinitas.
Uma alegria cruel, mas uma alegria maior, uma alegria reservada para o homem cujo
coração partido entende.
XX – Paciência
A paciência é a primeira das vitórias, a vitória sobre si mesmo, sobre os
próprios nervos, sobre as próprias fraquezas.
XXI – Obediência
Nenhuma grande obra é realizada com egoísmo e orgulho. Obedecer é
XXII – Bondade
Às vezes uma palavra, uma única palavra, um gesto carinhoso, um olhar
cheio de amizade sincera, pode salvar um homem à beira do abismo.
Muito melhor!
Porque significa, se quiserem: portas abertas para a alma, contato exato
consigo mesmo; alegrias estimulantes do conhecimento, espiritual
realização e, misticamente, o presente mais delicado e completo.
XXIV – Grandeza
Muitas vezes é fazendo, com a máxima nobreza, mil coisinhas
chatas que você é grande.
É infinitamente mais difícil esticar a alma mil vezes, todos os dias,
sem alívio, do que dar um único grande impulso no momento de um
evento visionário.
O mérito a ser dado ali é pequeno.
Você pode fazer uma grande coisa maravilhosamente e estar longe da verdadeira
grandeza.
Onde quer que você esteja, acima ou abaixo, homem ou mulher, o problema é
exatamente o mesmo: é a doação que diferencia as almas claras das almas
atribuladas.
PARTEFEU TENHO:
- SOUAN'SDUTY—
A vida é sempre bela quando você a olha com olhos serenos, a luz de
uma alma em paz.
Nós soldados, não temos nada, e somos felizes.
A alegria de uma alma desimpedida só pode florescer quando alguém se livra
dessa confusão de escravidão mental.
Quando os fogos de artifício desaparecem, o céu parece mais escuro do que antes.
A morte está sempre bem na nossa frente. A morte está em toda parte.
Portanto, entendemos a grandeza da vida melhor do que os outros.
Se a alma não se levantasse, reta como o cano de uma arma, reta como as
cruzes sobre os túmulos, rapidamente afundaríamos na decadência moral.
Mas nós, que sofremos, conseguiremos permanecer puros até o fim? Não
Esforçamo-nos por sorrir sempre, aos pardais que cantam, aos corvos solenes
que passam.
Sentimos que a morte vigia por todos os lados. Cada passo cobra um preço,
nossos passos tornam-se pesados e devem ser tornados leves, apesar das
armas pesadas, dos pés tropeçantes, dos campos de grãos maduros que
arranham a pele, dos enormes buracos de granada nos quais um passo mal
colocado pode cair no chão. abismo sem uma palavra.
Mas o nosso gosto pela vida será ainda mais forte, porque
experimentamos mais intensamente o valor, o sabor, a doçura ardente de
cada segundo, caindo como uma gota de silêncio nesta grande tensão de
corações prontos.
Aqui nossas almas estão tensas. Essas colinas baixas, essas fileiras de
abetos, essas mós abandonadas nos assistem, olhando nossas linhas com
olhos brilhantes.
Este céu negro que agora contemplo pela última vez, enchi-o com os
raios brilhantes de balas rastreadoras enquanto as balas do inimigo
soltavam seus gritos estridentes, como gatos atacando, ao meu redor.
E assim, partimos de madrugada sem olhar para trás. A vida está à frente, mesmo
que a vida seja a morte.
Aflição em tudo...
Todo mundo sente o frio. Partimos o nosso pão frio. Raspamos os
enormes pedaços de lama de nossas roupas com uma faca. Cortamos
grandes pedaços de cola preta de nossos sapatos e polainas.
Sem água. Você tem que percorrer três quilômetros para obter um líquido
marrom sujo cheio de aparas de grama.
Amemos nossa miséria de qualquer maneira, pois ela nos eleva, nos prepara para
destinos que exigem corações puros e fortes.
O ciclo das guerras é agora apocalíptico: as ondas alargam-se cada vez mais,
crescem em velocidade e força, para se espalharem num fabuloso movimento
giratório.
Nossos céus serão cruzados por muito tempo por este raio. Nossos filhos
crescerão em meio aos clarões ofuscantes de ideias-ataques em queda ou
triunfantes.
Nada para ler. Temos apenas um miserável lampião a querosene, com uma
pequena chama amarelada que ilumina um metro quadrado do nosso abrigo.
É preciso mais coragem para viver assim enfiado na lama do que
avançar sobre o inimigo com a metralhadora debaixo do braço. Você
pode sentir a tentação, as vozes abafadas, as perguntas
desmoralizantes: “O que você está fazendo aqui? Não vê que está
perdendo seu tempo? Seus esforços? Seus sacrifícios? Alguém ainda
lembra que você existe? Devemos deixá-lo sozinho para apodrecer no
esquecimento...? “
Mas a alma rapidamente recupera sua serenidade; ela sabe que
nada é mais precioso do que essa renúncia, essa descida silenciosa às
profundezas da consciência. A verdadeira vitória, a vitória sobre si
mesmo, pode ser melhor adquirida em outro lugar do que em meio a
essas humilhações, acolhida de cabeça erguida, contrapondo-se
diretamente a esse ambiente hostil, à solidão do coração e à astúcia
do inimigo que assalta o espírito?
XXVIII – Iluminismo
A guerra, para nós, soldados, é estar entre os pobres companheiros de
rostos sombrios, homens amontoados sob a terra gelada, definidos pelo
sofrimento sombrio, sem conforto; é a lama, é a neve, é o desespero sem
fundo, são os pés dilacerados pelos passos sem fim, são as centenas de
pequenas misérias vergonhosas que cercam a vida do soldado da frente,
como um apego e névoa de tristeza.
Os segredos que se escondem atrás de um sorriso, mas que muitas vezes sangram,
como feridas nunca fechadas...
XXIX – Intransigência
Quem nos manteve em seus pensamentos, os meninos perdidos das estepes,
que não tinham nada para beber para o ano novo, exceto neve derretida, riscada
com pedaços de grama amarela, ou alguns goles de café artificial que cheirava a
sabão?
Detalhes miseráveis, detalhes humilhantes, cuja evocação parece
deslocada: quem mais poderia imaginar como o frio cortante tornava
um esforço hercúleo mesmo nas tarefas menores, por exemplo a
miserável e inevitável doença da disenteria?
Claro, não tínhamos esgotos. Quinze, vinte vezes, em apenas algumas
horas, você teria que correr para a nevasca para se aliviar, deixando seu corpo
ser cortado por um vento cortante como uma lâmina, cortante como um
chicote.
Nossas vontades trarão de volta à vida a bela fera humana, empinada com vida,
agora domesticada.
O verdadeiro sacrifício não pode ser calculado, não pode ser dado com
reservas.
Damos ouvidos aos cínicos com mais facilidade do que à mensagem dos corações
justos. No entanto, corações puros terão vitória. Somente os idealistas mudarão o
mundo.
Mais do que nunca, seguirei em frente, sem ceder, sem descanso, duro com
minha alma, duro com meus desejos, duro com minha juventude.
XXX – A Cruz
Qual momento será o nosso fim?
Se voltarmos, ainda que o calor da vida nos tenha feito esquecer este
sopro gelado, o nosso coração terá para sempre a compostura de uma
vida que não estremeceu perante a morte.
As únicas verdadeiras alegrias não são aquelas que os outros nos dão, mas aquelas
que trazemos dentro de nós, que nossa fé cria, que nos enchem de dinamismo.
Cada vez devo dizer a mim mesmo: olha, aqui você vacila.
Tenho assim a prova quase quotidiana de que posso resistir a mil tentações,
conduzir a minha vida com honra apenas na medida em que um esforço
renovado domina e detém, todos os dias, no fundo de mim, um cavalo selvagem,
que nunca poderá ser totalmente domado, e que só o chicote da vontade,
brandido incessantemente, pode conter.
Não há exame de consciência mais decisivo para mim do que o desenrolar dos
sonhos. Os sonhos desnudam minha alma diante de mim, deixam marcas
profundas em meus pensamentos, com o conhecimento de que devemos sempre
estar atentos aos nossos impulsos mais baixos, porque esses elementos mais
baixos não correm naturalmente para, mas, ao contrário, fogem dele assim que
como eles são tentados por belas falsidades.
A alma, libertada pelo dom que se fez, voa, paira alto e canta.
Todos nós carregamos a nossa cruz: devemos carregá-la com um sorriso orgulhoso, para
que saibamos que somos mais fortes do que o sofrimento e também para que aqueles que
procuram nos prejudicar entendam que suas flechas nos atingem em vão.
O que importa se você sofre se teve algumas horas imortais em
sua vida?
Pelo menos temos vivido!
PARTESIX:
—TOGEU TENHOCTOTALMENTE—
XXXI – A Reconquista
O tumulto que agita a opinião pública, as guerras que abalam as
nações, são apenas episódios.
O mundo está cada vez mais preocupado com alegrias banais, materiais ou
simplesmente animais. Mantém-se apenas pelo princípio de maximizar a
riqueza material. Cada homem vive apenas para si mesmo e permite o
domínio da vida tanto dentro de sua própria casa quanto dentro do país por
um egoísmo constante que converteu os homens em lobos odiosos,
amargurados e gananciosos, ou meio-homens corruptos e sem alma.
Só sairemos desta queda através de uma imensa recuperação
moral, reensinando os homens a amar, a sacrificar-se, a viver, a lutar
e a morrer por um ideal superior.
Num século em que vivemos apenas para nós mesmos, serão necessárias
centenas, milhares de homens para viver não mais para si mesmos, mas para um
ideal coletivo, aceitando antecipadamente todos os sacrifícios, todas as humilhações,
todos os heroísmos necessários.
O que há no fundo desse olhar, por trás desses olhos que permanecem em nós
por um longo momento, como se grandes segredos repousassem sobre nossas
pálpebras?
Aquela cabeça baixa e magra e aquele belo cabelo dourado, aquela risada
que explode repentinamente, aquele braço que desce? Dez faces, dez
abismos.
Quem nos engana? Quem está enganado? Quem procura nos enganar?
Ser esta corrente, este grande vento morno e longo que sobe do fundo
dos nossos horizontes espirituais, que dá às almas este primeiro
movimento...
De repente, a vela sofre um inchaço impalpável, arredondando-se
na luz.
O casco desliza em águas paradas.
Mas que emoção ao encontrar aqueles olhos que devolvem a luz dos
outros, aqueles olhos que tão rapidamente nos mostram, desde a sua
primeira mentira, ou a sua primeira confissão, a confusão que nos habita!
Como olhar para um rosto sem ouvir perguntas cruéis? Você está
mentindo? Como você se sairá sob o fogo, sob as privações da carne? E
o que restará amanhã das esperanças e aspirações, dolorosamente
suspensas, sustentadas por este olhar?
A fonte de toda redenção está aí, porém: dar vida às almas à deriva,
acalmar as tempestades que quebram seus mastros e rasgam suas
velas, dar-lhes sol e fôlego, tornar serenos os mares dos homens, tornar
claros seus horizontes , livre das sombras e perigos de céus violentos e
atormentados...
Respire... Retome a crença nas virtudes, na beleza, na bondade, no
amor...
Sinta-se dançando ao seu redor, nas ondas, mil outras velas, cheias
de vento, levadas no mesmo ímpeto rumo ao mesmo chamado...
XXXIII – Cimeiras
Seu caminho é difícil.
Você sente saudade das águas calmas e dos juncos límpidos, do remo
que bate na superfície, do caminho plano e sem esforço ao longo das
margens. Você gostaria de não pensar em nada, lavar de seus
pensamentos as lembranças dos homens e, de costas para a grama,
observar o céu que passa, iluminado pelos bandos de pássaros.
Chega de cansaço! Você não vai largar sua bolsa e sua bengala! Você
não vai cuidar de seus joelhos sangrando! Você não vai ouvir o clamor do
ódio; você não vai olhar para os olhos sorridentes e a maldade que eles
escondem! É para o cume que você deve lançar seus olhos! Seu corpo deve
viver apenas para esses caminhos tortuosos, seu coração deve sonhar
apenas com essas alturas que você e os outros devem alcançar.
Você não pensou que fosse assim. Você rejeitou o conforto com
palavras suficientemente sinceras. Mas ainda cercou a borda de suas
ações, como a espuma margeia a borda do mar. Você honestamente
pensou que só vivia para este fio de luz, lindo apenas de longe, à
beira das areias. A tentação estava lá em seu coração. Você queria
algo grandioso, algo real. Mas você ainda tinha o pensamento de si
mesmo perto de você. Você anunciou sua prontidão para cumprir seu
dever. Mas você fez esta silenciosa adição, que cumprir seu dever
traria glória ao seu nome e satisfaria seus próprios desejos, o deixaria
dourado de orgulho!
É porque você não vê mais esse fantasma diante de você que seus olhos
refletem apenas sombras. Você está olhando no escuro.
Enfrente o fato de que você amou algo falso.
Aqueles que te enojaram cem vezes, com sua maldade e injustiça,
te carregaram mais do que suas próprias forças.
Você está desistindo? Você dá sua carne e sua respiração, seu coração e
sua mente, e você acha que agora é tudo em vão?
Eles são mais úteis para você do que mil corações que o amam. Você
entendeu?
Você pode encontrar amanhã, ou talvez já tenha encontrado, aquela
ternura que chega até você como uma lufada de ar fresco ou como o perfume
de um cacho de flores do campo.
Isso você nunca teria obtido, se não tivesse pago o preço centenas
de vezes, sem nunca ter certeza de receber nada em troca.
Se um dia isso aparecer para você, aproveite-o como uma paisagem sublime
vislumbrada de passagem. Mas não é para isso que você veio: é o ar; isto
é a luz dos cumes que te chama! Você já está respirando melhor. Você
alcançará lentamente a verdadeira alegria, naqueles grandes picos de
consciência, brilhante, imaculado. Pense apenas nisso, veja apenas isso,
tente chegar lá, leve, puro, radiante com a luz do sol.
É sobre suas fraquezas e suas falhas que você deve pesar; apenas
neles; seu orgulho, seu nome, os apelos vãos do homem que parte,
jogue-os além das rochas!
Você os ouviu quebrar, enquanto quicavam pela encosta? Que tudo
pereça! Que a amargura e o abandono, ao invés da rebeldia, te
mantenham no caminho! Esses dois cães uivantes são os guardiões do
rebanho de seus pensamentos. Sem eles você pararia, você se afastaria.
Não perca um momento. Isso é longe. E você deve chegar ao cume.
Então você terá, sua vitória! Você poderá, tendo feito o esforço
final, cair repentinamente, com os braços estendidos, do topo da
montanha nas rochas abaixo.
Você será feito.
Você terá vencido. Chegar ao fim de sua própria jornada pelo
último esforço não importará mais se os outros estiverem lá, à beira
das imensidões puras da redenção.
Você está tão feliz, no fundo. Você sabe
que a única felicidade está lá.
Cantar!