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Turmafevereiro-Filosofia-Filosofia Pré-Socrática-08-02-2021

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Filosofia

Filosofia pré-socrática

Objetivo
Você aprenderá sobre algumas das ideias dos primeiros filósofos, bem como a passagem do pensamento
mítico para o pensamento racional e a distinção entre o imobilismo de Parmênides de Eleia e o mobilismo de
Heráclito de Éfeso

Curiosidade
O período pré-socrático também é conhecido como cosmológico, pois seus filósofos buscavam entender a
origem e a composição do universo (cosmo)

Teoria

Pré-socráticos: Os primeiros filósofos


Os filósofos pré-socráticos são os primeiros filósofos da história, tendo vivido entre os séculos VII e VI a.C. e
contribuído decisivamente para a ruptura entre o pensamento mítico e o pensamento racional. Eles são
chamados de pré-socráticos por terem precedido o filósofo Sócrates, cuja importância é tão grande que
dividiu a história da filosofia entre os pensadores que lhe precederam e os que lhe sucederam, como Platão
e Aristóteles. A maior parte da obra desses primeiros filósofos foi perdida, restando-nos fragmentos e
comentários feitos por filósofos posteriores, o que chamamos de doxografia. A grande genialidade desses
pioneiros foi ter, ao menos em parte, abandonado as explicações mitológicas sobre o mundo, para buscar
uma explicação mais lógica, mais racional, sem a presença de seres sobrenaturais.
Assim, os pré-socráticos irão buscar uma explicação do mundo através do Lógos (razão ou explicação
argumentativa) e não mais através do mito, abandonando o recurso tão usado pela poesia homérica ao divino
e ao transcendente. Dentre os filósofos pré-socráticos podemos destacar Heráclito de Éfeso, Parmênides de
Eleia, Demócrito de Abdera, Tales de Mileto, Empédocles de Agrigento, entre outros.

Existência, natureza e matéria


Uma das questões centrais do pensamento pré-socrático era: qual é o fundamento ou origem (arché) de todas
as coisas que existem? Ou seja, qual é o princípio que governa a existência de todas as coisas? Muitos desses
pensadores buscaram explicação nos elementos da natureza (physis), motivo pelo qual também são
conhecidos como filósofos da natureza. Segundo Heráclito, o primeiro princípio de tudo é o fogo; para Tales
é a água; para Empédocles são os quatro elementos: fogo, água, terra e ar; para Demócrito é o átomo.
Chamamos monistas os pensadores que acreditavam que a explicação sobre o fundamento de tudo era
originária de um único elemento. Já os pluralistas acreditavam que a origem das coisas era baseada em
vários elementos. Dentre esses se destaca a escola atomista, que define que a matéria é composta por

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unidades indivisíveis de diversos tamanhos e pesos e agrupadas de variadas formas, o que resulta no mundo
como experimentamos.

A questão do conhecimento

Em relação à questão do conhecimento, destaca-se a discussão entre Heráclito e Parmênides. Heráclito


defende que tudo o que existe no mundo está em constante transformação, num fluxo perpétuo, ou seja, nada
permanece idêntico a si mesmo, “tudo flui”. Nesse sentido, o ser (tudo o que existe) está sempre em
movimento, por isso Heráclito é considerado um filósofo mobilista. A imagem que melhor representa esse
pensamento é a imagem do rio. Diz Heráclito que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois, quando
entramos pela segunda vez, as águas do rio não são as mesmas e, portanto, o rio não é o mesmo. Além do
mais, nós, quando entramos novamente no rio, não somos também os mesmos, já somos diferentes do que
éramos, pois estamos submetidos necessariamente à mudança. Se nada permanece igual, o conhecimento
está diante de um problema: como posso dizer que conheço algo de maneira objetiva dado que essa coisa
que digo conhecer, assim como tudo, está em constante transformação? Nesse sentido, o conhecimento é
justamente a percepção das transformações. Como o ser é móvel, o Lógos (razão) é mudança e contradição.
Parmênides, por outro lado, não aceitará em seu método as contradições, sendo famoso justamente por ter
estabelecido o princípio de identidade através da frase: “o ser é e o não ser não é”. Assim, se para Heráclito
a permanência é uma ilusão, para Parmênides a mudança é que consiste numa ilusão, sendo impossível a
passagem do ser para o não ser ou do não ser para o ser. Evidentemente, Parmênides não quer dizer com
isso que não existe mudança no mundo, mas apenas que as mudanças estão restritas ao mundo material, às
coisas sensíveis, mas a essência de uma coisa nunca muda, é imóvel. Assim, Parmênides é considerado um
filósofo imobilista, pois aquilo que existe não pode deixar de ser o que é, ou seja, não pode perder a sua
essência. O mundo do pensamento, portanto, é imóvel e o conhecimento objetivo sobre as coisas é possível
graças à identidade que ele reconhece entre ser, pensar e dizer: as palavras refletem o pensamento, e o
pensamento tem a capacidade de exprimir a essência imutável das coisas.

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Exercícios de fixação

1. Quem é considerado o primeiro filósofo da história do pensamento grego?


a) Platão
b) Aristóteles
c) Tales de Mileto

2. Qual o princípio originário de todas as coisas de acordo com Tales de Mileto?


a) A água
b) O ar
c) O fogo

3. Qual filósofo defendeu que o átomo era o princípio de tudo?


a) Heráclito
b) Demócrito
c) Anaximandro

4. “Não se pode entrar no mesmo rio duas vezes” é uma frase do filósofo:
a) Anaxímenes
b) Empédocles
c) Heráclito

5. Tudo é imóvel, toda mudança é ilusória. O ser é, o não ser não é. Tais afirmações traduzem o
pensamento de qual filósofo?
a) Pitágoras
b) Empédocles
c) Parmênides

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Exercícios de Vestibulares

1. A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a
matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três
razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em
segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora
apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999

O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?


a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

2. O homem sempre buscou explicações sobre os aspectos essenciais da realidade que o cerca e sobre
sua própria existência. Na Grécia antiga, antes de a filosofia surgir, essas explicações eram dadas pela
mitologia e tinham, portanto, um forte caráter religioso. Historicamente, considera-se que a filosofia
tem início com Tales de Mileto, em razão de ele ter afirmado que “a água é a origem e a matriz de todas
as coisas”. Nesse sentido, pode-se dizer que a frase de Tales tem caráter filosófico pelas seguintes
razões:
a) Porque destaca a importância da água para a vida; porque faz referência aos deuses como causa
da realidade e, porque nela, embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “tudo é
matéria”.
b) Porque enuncia algo sobre a origem das coisas; porque o faz sem imagem e fabulação e porque
nela, embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “tudo é um”.
c) Porque narra uma lenda; porque narra essa lenda através de imagens e fabulação e porque nela,
embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “tudo é movimento”.
d) Porque enuncia uma verdade revelada por Deus; porque o faz através da imaginação e, porque nela,
embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “o homem é a medida de todas as
coisas”.
e) Porque enuncia algo sobre a origem das coisas; porque o faz recorrendo a deuses e a imaginação
e, porque nela, embora apenas subentendido, está contido o pensamento: “conhece-te a ti mesmo”.

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3. Em 4 de julho de 2012, foi detectada uma nova partícula, que pode ser o bóson de Higgs. Trata-se de
uma partícula elementar proposta pelo físico teórico Peter Higgs, e que validaria a teoria do modelo
padrão, segundo a qual o bóson de Higgs seria a partícula elementar responsável pela origem da massa
de todas as outras partículas elementares.
(Jean Júnio M. Pimenta et al. “O bóson de Higgs”. In: Revista brasileira de ensino de física, vol. 35, no 2, 2013. Adaptado.)

O que se descreve no texto possui relação com o conceito de arché, desenvolvido pelos primeiros
pensadores pré-socráticos da Jônia.
A arché diz respeito
a) à retórica utilizada pelos sofistas para convencimento dos cidadãos na polis.
b) a uma explicação da origem do cosmos fundamentada em pressupostos mitológicos.
c) à investigação sobre a constituição do cosmos por meio de um princípio fundamental da natureza.
d) ao desenvolvimento da lógica formal como habilidade de raciocínio.
e) à justificação ética das ações na busca pelo entendimento sobre o bem.

4. Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente.
Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água, ar e fogo e as outras coisas que são
agora neste mundo – , se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua
natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações,
então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, mistura-se umas às outras, nem fazer bem ou mal
umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à
existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas
nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando
sempre a mesma coisa.
DIÓGENES. In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1967.

O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a
principal preocupação filosófica era de ordem
a) cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da
natureza.
b) política, discutindo as formas de organização da pólis ao estabelecer as regras da democracia.
c) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior.
d) estética, procurando investigar a aparência dos entes sensíveis.
e) hermenêutica, construindo uma explicação unívoca da realidade.

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5. A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente


múltiplo é a origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que
contém aquilo que para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por
exemplo, partículas de carne e de ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam
aquilo que aparece como figura.
HEGEL, G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). Os pré-socráticos: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural, 2000.

O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio
constitutivo das coisas” estava representado pelo(a)
a) número, que fundamenta a criação dos deuses.
b) devir, que simboliza o constante movimento dos objetos.
c) água, que expressa a causa material da origem do universo.
d) imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal.
e) átomo, que explica o surgimento dos entes.

6. Sobre o período Pré-socrático, assinale a alternativa CORRETA.


a) Os primeiros pré-socráticos, como Tales de Mileto, Anaxímenes e Platão, são conhecidos como
“monistas”, porque identificam apenas um elemento constitutivo de todas as coisas.
b) Para Heráclito, o ser é o múltiplo, não apenas no sentido de que há uma multiplicidade de coisas,
mas por estar constituído de oposições internas. Para ele, o dinamismo de todas as coisas pode
ser explicado pelo fogo primordial, expressão visível da instabilidade, símbolo da eterna agitação
do devir.
c) Para o filósofo Anaximandro, o princípio constitutivo de todas as coisas é um ser eterno,
suprassensível e imutável, ao qual ele nomeia de Noûs.
d) Demócrito é o precursor da matemática, atribui aos números a máxima perfeição original.
e) Os primeiros filósofos foram chamados de pré-socráticos devido a uma classificação posterior da
filosofia, que tinha como referência a figura de Sócrates. Todavia, nem todos os pensadores pré-
socráticos viveram antes de Sócrates, a exemplo de Péricles, que foi contemporâneo ao pai da
filosofia.

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7. A filosofia, para muitos filósofos e comentadores, tem data e local de nascimento – séc. VII a. C. – e o
primeiro filósofo teria sido Tales de Mileto (640-550 a.C.). Esse nascimento da filosofia marcou toda
história do Ocidente, deixando um vasto legado de conquistas que ainda hoje influenciam nosso modo
de ser. Dentre esses legados, destaca-se
a) a desconfiança nas decisões puramente racionais, exigindo que os sentimentos e as paixões
tivessem prioridade sobre a razão.
b) a visão fatalista da realidade, já que os gregos acreditavam que a vontade humana era
condicionada por determinismos sociais e históricos.
c) o nascimento da filosofia enquanto fato histórico-social, circunscrito à realidade grega, exercendo
pouca influência no desenvolvimento posterior do Ocidente.
d) o pensamento operando conforme leis e princípios que permitem distinguir o verdadeiro do falso,
além de postular que as práticas humanas eram resultado da deliberação da vontade.
e) A criação da ideia de Estado-Nação, ordenação sociopolítica que veio a se tornar o modelo de
organização das sociedades ocidentais herdeiras do legado grego.

8. TEXTO I
Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas
vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.
HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo. Abril Cultural, 1996 (adaptado).

TEXTO II
Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável
e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é
perecer? Como poderia gerar-se?
PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).

Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das
a) investigações do pensamento sistemático.
b) preocupações do período mitológico.
c) discussões de base ontológica.
d) habilidades da retórica sofistica.
e) verdades do mundo sensível.

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9. De acordo com o pensamento do filósofo Parmênides de Eleia, marque a alternativa correta.

a) A identidade é uma característica inerente ao domínio da opinião, uma vez que a pluralidade das
opiniões é o que atesta a identidade de cada indivíduo.
b) Segundo Parmênides, um mesmo homem não pode entrar duas vezes em um mesmo rio, posto
que a mutabilidade do mundo impede que o mesmo evento se repita.
c) Uma das leis lógicas, presente no pensamento de Parmênides, é o princípio de identidade, segundo
o qual todas as coisas podem ser e não ser ao mesmo tempo.
d) O caminho da verdade é também a via da identidade e da não contradição. Nesse sentido, somente
o Ser – por ser imóvel e idêntico – pode ser pensado e dito.
e) Para Parmênides “o ser é e o não ser não é”, princípio que afirma que tudo que existe possui um
exato oposto que o contradiz e o anula.

10. A atitude filosófica inicia-se dirigindo indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que
mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa
capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia, 1996. p. 14).
Sobre isso, é CORRETO afirmar que a filosofia

a) pode ser entendida como aspiração ao conhecimento sensível, lógico e assistemático da realidade
natural e humana.
b) é tão-somente uma forma consciente e acrítica de pensar e de agir.
c) é uma forma crítica e incoerente de pensar o mundo, produzindo um entendimento de seu
significado e formulando uma concepção específica desse mundo.
d) designava, desde a Grécia Antiga, a particularidade do conhecimento sensitivo, desenvolvido pelo
homem.
e) como forma consciente e crítica de compreender o mundo e a realidade não se confunde, de
maneira alguma, com o fato de estar "investida" inconscientemente de valores adquiridos com
base no "senso comum".

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. C
O primeiro filósofo do pensamento grego foi Tales de Mileto, que viveu entre o final do século VII e meados
do século VI a.C.

2. A
Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo, defendia que o princípio originário de todas as coisas
(arché) é a água.

3. B
Demócrito de Abdera, assim como seu mestre Leucipo, defendia que o princípio originário de todas as
coisas (arché) é o átomo.

4. C
A frase “Não se pode entrar no mesmo rio duas vezes” é atribuída ao filósofo Heráclito de Éfeso. Para ele,
isso se dá por dois motivos. Primeiro, porque as águas do rio correm, isto é, se alteram constantemente.
Segundo, porque nós também estamos sujeitos à mudança constante.

5. C
As afirmações: “tudo é imóvel, toda mudança é ilusória. O ser é, o não ser não é”, traduzem o pensamento
de Parmênides de Eleia, a primeira diz respeito ao imobilismo, a segunda ao princípio de identidade.

Exercícios de vestibulares

1. C
Nietzsche faz referência ao surgimento da filosofia através dos pré-socráticos que buscavam na
natureza (physis) uma justificativa racional para a origem de tudo. Inicialmente, encontravam um
elemento essencial (arché) como solução primordial.

2. B
O surgimento da filosofia está atrelado ao momento em que os homens passam a investigar as origens
do mundo, dos seres, enfim, de tudo o que os cerca, sem ter de recorrer a explicações baseadas nas
divindades ou nos mitos. A frase de Tales de Mileto aponta justamente isso, porque atribui a origem das
coisas a um ente físico (a água) e não a um ente sobrenatural. Encaixa-se nas teorias monistas dos
primórdios da filosofia (uma única origem para tudo). Excetuando a questão B, todas as alternativas
estão erradas, porque referem-se a uma informação que não está presente na afirmação (a presença de
deuses ou fabulação para explicarem a realidade); e se esses elementos estivessem presentes, não
estaríamos falando de filosofia, mas de mitos.

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3. C
A arché diz respeito à investigação sobre a constituição do cosmos por meio de um princípio
fundamental da natureza. Encontrar o fundamento ou a origem de todas as coisas que existem era uma
questão central para os filósofos pré-socráticos. Dentre eles está Demócrito de Abdera que, juntamente
com Leucipo, defendia que o princípio fundamental que deu origem a todas as coisas é o átomo.

4. A
Para os filósofos pré-socráticos, a principal preocupação era de ordem cosmológica, isto é, explicar de
maneira racional a origem e o funcionamento do universo (cosmo). Eles buscavam, na natureza,
respostas que definiriam o princípio que rege a existência em si. Não à toa, também eram conhecidos
como filósofos da physis.

5. E
Os filósofos pré-socráticos foram responsáveis por buscar na natureza um elemento primordial que
pudesse justificar a origem de todas as coisas (arché). Para Demócrito de Abdera, a arché seria o átomo,
parte indivisível e eterna, que permanece em constante movimento. Segundo ele, a partir dos átomos se
formam todos os entes.

6. B
Além de sua conhecida afirmação “tudo flui” onde enfatiza o caráter mutável da realidade, Heráclito
também defende que a realidade é composta pela tensão entre os opostos, “dia-noite, inverno-verão,
guerra-paz”. Há, porém, um logos que rege tanto as mudanças da realidade quanto a tensão entre os
opostos, que ele denominou Lógos-Fogo. Segundo ele, “todas as coisas são trocadas em fogo e o fogo
se troca em todas as coisas, como as mercadorias se trocam por ouro e o ouro é trocado por
mercadorias”. Note-se que a ideia de oposição não implica em desgoverno ou caos, pois o Lógos-Fogo
garante não só a unidade entre os opostos como também impõe medida ao fluxo de transformações.

7. D
Graças à atitude filosófica, os fatos, fenômenos, ações e ideias passaram a ser encarados por uma
perspectiva racional, produzindo um encadeamento lógico que permite distinguir o verdadeiro do falso.
Além disso, essa mesma perspectiva racional permite dar autonomia aos seres humanos nas suas
ações, formando uma noção de aproximação da ideia de bem pela prática do controle da vontade.

8. C
Parmênides e Heráclito dão início às discussões de base ontológica, isto é, acerca da natureza, realidade
e existência dos entes. Ou seja, do ser enquanto ser. Heráclito defende que tudo o que existe no mundo
está em constante transformação, num fluxo perpétuo, ou seja, nada permanece idêntico a si mesmo,
“tudo flui” (mobilismo). Parmênides, por sua vez, estabelece o princípio de identidade segundo o qual: “o
ser é e o não ser não é”. Assim, se para Heráclito a permanência é uma ilusão, para Parmênides a
mudança é que consiste numa ilusão, sendo impossível a passagem do ser para o não ser ou do não ser
para o ser (imobilismo).

9. D
Para Parmênides o que “é” é o que pode ser pensado e dito, e o que “não é” não pode nem ser pensado
nem dito. Ou seja, pluralidade ou multiplicidade, mudança ou movimento e as oposições são irreais,
impensáveis e indizíveis. Assim, “não ser”, “perceber” e “opinar” são o mesmo: nada, diante do
pensamento, que exige estabilidade, permanência e verdade.

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10. E
A alternativa [E] está correta, pois apresenta a filosofia como uma disciplina consciente e crítica. A
alternativa [A] está incorreta porque a filosofia não se vale somente do conhecimento sensível, mas
também do racional, além disso, é sistemática em seus procedimentos. A alternativa [B] está incorreta
porque a filosofia é crítica e não acrítica. A alternativa [C] está incorreta porque a filosofia é coerente e
não incoerente. E a alternativa [D] está incorreta porque a filosofia não se restringe apenas a refletir sobre
o conhecimento sensitivo, nem o indicava como particular apenas aos homens, pois todas as criaturas
sentem: o que diferencia o homem é justamente a capacidade de pensar.

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