Religious Belief And Doctrine">
O Bahir
O Bahir
O Bahir
Introdução
O Bahir
Notas da Introdução
Notas do Bahir
Ilustrações
Figura 2. A letra Bet, mostrando como possui uma cauda nas costas (à direita) e é
aberta na frente.
Figura 5. Dalet com um Patach no topo e, ao lado, três pontos que representam o
Segol.
Figura 8. As Sefirot.
Quadros
As Vogais e as Sefirot
Os Quatro Níveis
As Personificações
Os Doze Nomes
O Bahir - Introdução
Embora o Bahir seja um livro bastante pequeno, contendo ao todo cerca de 12.000
palavras, era altamente conceituado entre aqueles que indagavam seus mistérios.
Escreve o Rabino Judá Chayit, emérito cabalista do século XV:
"Torna este livro uma coroa para a tua cabeça.”
Grande parte do texto é de difícil compreensão, e diz o Rabino Moisés Cordovero
(1522-1570), diretor da escola de Cabala da cidade de Safé:
"As palavras desse texto são luminosas (Bahir) e cintilantes, mas o seu brilho pode
cegar. "
A primeira publicação do Bahir deu-se por volta de 1176, por iniciativa da escola
cabalística de Provença, e circulou, sob a forma de manuscrito, entre limitado
número de leitores.
A primeira edição impressa surgiu em Amsterdã (1651), e edições subseqüentes
foram impressas em Berlim (1706), Koretz (1784), Shklav (1784) e Vilna (1883).
A melhor edição é a que foi feita recentemente pelo Rabino Reuven Margolius,
publicada em 1951, junto ao seu comentário, Or HaBahir ("Luz do Bahir").
Edições do Bahir
1 - Amsterdã, 1651.
2 - Berlim, 1706.
3 - Sklav, 1784.
4 - Koretz, 1784.
5 - Lvov, 1800.
6 - Lvov, 1830.
7 - Lugar desconhecido.
8 - Lvov, 1865.
9 - Vilna, 1883.
10 - Vilna, 1913.
11 - Jerusalém, 1951.
O mais antigo comentário sobre o Bahir foi escrito em 1331, pelo Rabino Meir ben
Shalom Abi-Sahula, discípulo do Rabino Shlomo ben Avraham Aderet (Rashba), e
publicado anonimamente sob o título Or HaGanuz ("A Luz Encoberta").
Notas sobre a primeira parte do Bahir (até 36) foram escritas pelo Rabino Eliahu, o
Gaon de Vilna (1720-1797), e estão, também, incluídas na edição de Margolius.
Autoria
A maioria dos cabalistas atribui o Bahir ao Rabino Nehuniá ben HaKana, sábio
talmúdico do séc. I e principal místico de sua geração.
A razão disso parece ser o fato de que é o sábio a iniciar o texto, bem como o fato
de saber-se ter sido ele o líder de uma importante escola mística que floresceu na
Terra Santa.
Todavia, além dessa tradição, existiria pouca evidência no texto para apoiar essa
autoria.
O fato da autoria ser atribuída ao Rabino Nehuniá parece surpreendente por outro
motivo, isto é, porque, depois do primeiro parágrafo, seu nome não mais é
mencionado no texto.
Uma interessante possibilidade é ser, de fato, o Rabino Amorai, que desempenha
importante papel no Bahir, um pseudônimo do Rabino Nehuniá.
Estudo cuidadoso indica que esse misterioso Rabino Amoral, mencionado nove
vezes no texto, é, na verdade, a origem dos principais ensinamentos encontrados
no Bahir.
Uma possível razão desse pseudônimo não ser usado no primeiro parágrafo é
discutido na última parte dessa introdução.
Embora o Rabino Nehuniá ben HaKana seja mencionado no Talmud apenas umas
poucas vezes, essas citações não deixam dúvidas sobre a importante posição por
ele ocupada.
Quando jovem, estudou na escola do Rabino Yochanan ben Zakai, apesar de já ter
sido ordenado rabino.
Certa vez, o Rabino Yochanan pediu a seus discípulos que interpretassem um
versículo bíblico e, quando o Rabino Nehuniá respondeu, o Rabino Yochanan disse
que a explicação do Rabino Nehuniá era ainda melhor que a sua própria.
O Rabino Nehuniá nasceu em Ematís e, aparentemente, era rico o bastante para ter
servos, os quais, em certa ocasião, ergueram-se para proteger sua honra.
Viveu até idade avançada e, quando lhe perguntaram sobre a razão de sua
longevidade, respondeu ser porque jamais ganhara coisa alguma com a derrota dos
outros, nunca levara uma desavença para a cama e sempre assumira uma atitude
relaxada com relação ao dinheiro.
A interpretação precisa da Torá era a busca principal do Rabino Nehuniá, e foi ele
quem ensinou ao Rabino Ismael (ben El isha) como interpretar adequadamente
cada palavra.
Posteriormente, baseado nessa tradição, o Rabino Ismael exporia seus famosos
Treze Princípios para a interpretação da Torá.
A opinião do Rabino Nehuniá a respeito da Lei Judaica é também citada numerosas
vezes no Talmud, e um antigo Midrash o cita a respeito do poder do
arrependimento.
Tão cuidadoso era o Rabino Nehuniá em seus ensinamentos que, conforme registra
a Mishná, cada dia, antes de iniciar seus estudos, ele rezava para não errar.
Seu ditado predileto era:
"Quem quer que aceite o jugo da Torá está isento do jugo do governo e do
sustento."
Outro retrato do Rabino Nehuniá, ausente no Talmud, é encontrado em Hechalot
Rabatai, escrito pelo Rabino Ismael, seu discípulo.
Esse é o mesmo Rabino Ismael que serviu como Alto Sacerdote um pouco antes da
destruição do Templo, e uma de suas visões transcendentais é descrita no Talmud.
Em Hechalot, o Rabino Ismael descreve como o Rabino Nehuniá o instruiu a
respeito das câmaras celestiais e os nomes dos anjos que guardavam seus portais.
Surge um nítido retrato do Rabino Nehuniá como mestre das artes místicas e
mestre de toda a sua geração.
Em certa passagem, o Hechalot descreve como ele ensinou o modo correto de
projetar-se nos universos divinos.
Sentados diante dele, na qualidade de discípulos, estavam os luminares de sua
época: Rabino Shimon ben Gainaliel, Eliezer, o Grande, Akiba, Yonatan ben Uziel e
muitos outros.
Quando surgiu uma lei que mandava matar os sábios, foi o Rabino Nehuniá quem
ascendeu aos céus para averiguar o motivo.
Sábios do Bahir
Embora o Bahir tivesse suas origens nos ensinamentos do Rabino Nehuniá, porções
consideráveis são diretamente atribuídas a outros sábios.
O Rabino Nehuniá ensinou os mistérios da Cabala a muitos sábios de sua geração e
presume-se que essa escola tenha preservado seus ensinamentos após a sua
morte.
Atribui-se o principal texto do Bahir a essa escola.
Numerosos sábios mencionados no Bahir são, também, bastante conhecidos
através do Talmud.
Como seria de se esperar, eram eles os que se ocupavam das artes místicas,
muitas das quais teriam aprendido dos ensinamentos do Rabino Nehuniá.
Portanto, o Rabino Akiba é citado três vezes no Bahir (19, 32, 186), e diz o Talmud
ter sido ele o único sábio a entrar no Paraíso (Pardes) a emergir ileso.
O Rabino Eliezer o Grande é, também, citado (104), e ele é igualmente conhecido
pelas suas experiências místicas.
Seu principal trabalho, Pirkey DeRabi Eliezer ("Capítulos do Rabino Eliezer"),
também exibe considerável influência do Bahir.
Conforme o Hechalot ambos aprenderam as artes místicas com o Rabino Nehuniá.
O sábio mais destacado do Bahir, mencionado com maior freqüência do que
qualquer outro, é o Rabino Rahumai, cujo nome aparece treze vezes no texto.
Nenhuma menção ao Rabino Rahumai é encontrada no Talmud ou no Midrash, mas
no Zohar constatamos ter ele conhecido o Rabino Pinchas ben Yair, sogro do autor
do Zohar, Rabino Shimon bar Yochai.
Dizem que estava com o Rabino Pinchas, próximo ao Kineret, no dia em que o
Rabino Shimon emergiu da caverna onde o Zohar lhe fora revelado.
Conta-se, também, que passou uma semana em Ono, subúrbio de Jerusalém, junto
ao Rabino Kisma ben Gueira, que não é, de outro modo, identificado.
No próprio Bahir encontramos evidência de ter sido o Rabino Rahumai quem dirigiu
a escola após a morte do Rabino Nehuniá.
Também proeminente no texto é o Rabino Berachia, mencionado sete vezes ao
todo.
Igualmente não mencionado pelo Talmud, ele é citado em Pirkey DeRabi Eliezer,
bem como na literatura zoharista.
No Bahir, é ele quem define numerosos termos difíceis do Sefer Yetzirá (106), e
explica o significado do Mundo Vindouro (160).
A partir do contexto de uma afirmação (97), parece ter sido ele discípulo do Rabino
Rahumai. Isso, juntamente com o fato de ser o segundo mencionado no Bahir,
ajuda a apoiar a teoria de ter sido o Rabino Berachia quem dirigiu a escola
cabalística depois do Rabino Rahumai.
Seu destaque pode ser devido também ao fato de o rascunho inicial do Bahir ter
sido composto sob sua influência.
Um certo Rabino Yochanan tem, igualmente, destaque no Bahir, sendo mencionado
seis vezes ao todo.
Embora não diretamente identificável com qualquer sábio talmúdico, seu nome é
encontrado numerosas vezes em Pirkey DeRabi Eliezer.
Probabilidade interessante é que ele tenha sido o Rabino Yochanan ben Dahabai,
citado como discípulo do Rabino Nehuniá nas artes místicas.
É óbvio que esse Rabino Yochanan foi um místico, pois, no Talmud, são relatadas
quatro coisas que lhe foram ensinadas pelos anjos.
Outro sábio que podemos tentar identificar é o Rabino Levitas ben Tavros.
É de especial importância, pois, em certa passagem, parece que o Rabino Rahumai
responde aos seus ensinamentos (23). Pode ser identificado como o Rabino Levitas
de Javné, mencionado no Mishná e no Pirkey DeRabi Eliezer.
Assumindo-se que se mudou, pode, igualmente, ser o mesmo Rabino Levitas de
Ono, mencionado no Zohar.
O fato de ter vivido em Ono é significativo, pois, conforme indicado anteriormente,
sabe-se que o Rabino Rahumai visitou esse lugar.
Esse fato permite formular a hipótese de que Ono possa ter sido um centro de
atividades cabalísticas, e sugerem-se pesquisas mais profundas a este respeito.
Existe, também, a possibilidade de que o Rabino Levitas tenha vivido originalmente
em Emaús, junto ao Rabino Nehuniá.
Essa escola mística manteve-se ativa durante todo o período talmúdico, conforme
evidências em numerosos relatos da literatura.
Dentre os últimos a empregar abertamente essas artes místicas encontravam-se
Raba e Rav Zeira, que viveram na Babilônia do século IV.
O Talmud registra como eles realizaram curas milagrosas e usaram a Cabala para
criar seres vivos. Um desses relatos é narrado no Bahir (196) e é o antepenúltimo
tema principal do texto.
Uma vez que Raba e Rav Zeira foram os líderes dessa escola, e uma vez que eles
são os sábios mais recentes mencionados no Bahir, presume-se ter sido feita, por
volta de sua época, a redação final do texto.
Por isso existe a tradição de que o Bahir foi escrito por Amaraim, o último dos
sábios do Talmud
Publicação
Com o encerramento do período talmúdico, o círculo de cabalistas diminuiu e, em
certas épocas, pode não ter ultrapassado uma parca dúzia de indivíduos.
Tão unido era esse grupo que, muitas vezes, pessoas estranhas nem suspeitavam
de sua existência.
Embora fosse importante manter a tradição da Cabala, era igualmente importante
que não caísse em mãos erradas. Durante alguns períodos, a liderança dessa escola
era dos líderes religiosos da época, enquanto em outros pode ter incluído indivíduos
cujos nomes se perderam totalmente.
Sabe-se que tais indivíduos, como Natronai Gaon (794-861) e Hai Gaon (939-
1038), possuíam conhecimento desses mistérios.
Há, também, evidência de que Sherira Gaon (906-1006) teve acesso a muitos
desses ensinamentos.
Ao mesmo tempo que esses indivíduos eram líderes da comunidade judaica como
um todo, eles eram ativos, também, no círculo da Cabala.
O Bahir era o centro de grande parte dessa atividade.
Não se sabe quão amplo era o circulo de pessoas que teria acesso ao texto durante
esse período, mas não devia ser grande.
Podem ter existido manuscritos, mas permaneciam nas mãos dos líderes dos
grupos, enquanto as demais pessoas recebiam oralmente a tradição.
Os membros do grupo prestavam juramento de não revelar seus mistérios aos
outros, e a existência do grupo era desconhecida por toda a comunidade.
Por isso não surpreende que eméritos eruditos, como Saadia Gaon (882-942) e
Maimônides (1135-1204), nunca tivessem visto o Bahir, ou que o Rabino Yehudá
ben Barzilai de Barcelona (1035- 1105) não fizesse qualquer menção a ele em seu
extenso comentário sobre o Sefer Yetzirá.
O texto era de domínio privado e restrito a uma pequena sociedade secreta, onde
pessoas estranhas ao círculo não deviam sequer saber de sua existência.
Assim sendo, em um dos mais antigos textos cabalísticos publicados, o Rabino
Avraham ben David (Raavad) declara: "Todas essas coisas e seus mistérios eram
transmitidos apenas de uma boca para outra."
Isto não causa nenhuma surpresa, pois Os mistérios da Cabala não deviam ser
transmitidos a todos.
Alude-se a muitos desses mistérios nos primeiros capítulos de Ezequiel, e, em
geral, a Cabala é muitas vezes chamada de "mistérios da Carruagem", termo
também empregado no Bahir.
Segundo a norma, os sábios declaravam que esses mistérios "nem mesmo podem
ser analisados por um único indivíduo, a menos que ele seja sábio o bastante para
compreender com seu próprio conhecimento".
Mesmo assim, a tradição completa era apenas concedida ao líder do grupo, que
então restringiria sua instrução àqueles que considerasse aptos.
Apenas os indivíduos possuidores das mais elevadas qualidades de erudição e
religiosidade seriam admitidos ao círculo de iniciados.
Outra relevante proibição era:
"O que é transmitido oralmente não pode ser escrito. "
Como resultado, durante o período talmúdico mais antigo, até mesmo
ensinamentos mundanos que envolvessem a lei Oral não eram escritos.
Embora cada mestre conservasse anotações pessoais, essas eram consideradas
"documentos ocultos" e não estavam disponíveis nem mesmo aos discípulos mais
próximos.
Se isso se aplicava aos assuntos mundanos, era certamente verdadeiro a respeito
da Cabala, que, acreditava-se, continha os "segredos da Torá".
Se os textos existiam, eram guardados com o máximo cuidado.
Diz a tradição que o Bahir foi preservado por uma pequena escola cabalista na
Terra Santa.
Durante esse período, partes do Bahir foram parafraseadas em outro texto
cabalístico conhecido como Raza Rába ("Grande Mistério"), o qual foi perdido em
sua totalidade, embora seja citado por alguns escritores ocidentais do século X.
A partir daí, o centro de atividade deslocou-se para a Alemanha e a Itália, levando
consigo o Bahir.
Por volta do ano 1100, alguns dos ensinamentos do Bahir eram conhecidos por um
pequeno grupo na Espanha, e sua influência pode ser observada nos escritos do
Rabino Avraham bar Chiyá, em particular no trabalho de sua autoria Meguilat
HaMeguilá ("Rolo dos Rolos").
Logo depois, a principal escola cabalística mudou-se para a França - principalmente
para a Provença. Essa região tornou-se um importante centro de Cabala e lá foi
tomada a decisão de publicar o Bahir.
Os mais antigos membros dessa escola, dos quais temos conhecimento, eram Isaac
Nazir e Yaakov Nazir de Lunel.
O título "Nazir" indicava que não participavam de qualquer atividade mundana, mas
eram sustentados pela comunidade a fim de estarem aptos a devotar toda a vida a
Torá e ao culto.
Nessa vida contemplativa os ensinamentos da Cabala podiam florescer.
O Rabino David ben Isaac e o Rabino Avraham ben Isaac de Narbone, autor do
Eshkol, eram, também, de grande importância nesse grupo.
O Rabino Avraham ben David (Raavad) de Posqueres - autor de um comentário
sobre o Código de Maimônides, era filho do Rabino David ben Isaac e genro do
Rabino Avraham ben Isaac.
Mestre das artes místicas, recebeu a tradição de seu pai e de seu sogro e,
posteriormente, tornou-se o líder da escola.
Em seus comentários legais, ele escreve que essa escola estava sujeita à inspiração
divina e à revelação dos mistérios.
Foi o filho de Raavad, conhecido como Isaac, o Cego, quem herdou a liderança da
escola cabalística e a trouxe para Provença.
Embora fosse cego, possuía a reputação de ser capaz de ver a alma de uma pessoa
e de ler seus pensamentos. Em seu comentário sobre a Torá, o Rabino Bachya ben
Asher (1276-1340) chama Isaac, o Cego, de "pai da Cabala".
Existia certa tradição dizendo que um tipo de revelação retornaria em 1216, fato
conhecido até por Maimônides, o qual aprendera de seus ancestrais.
Do mesmo modo que a entrada na Terra Santa, esse acontecimento iria requerer
quarenta anos de preparação, e a disseminação da Cabala fazia parte dessa
preparação.
Dentro desse espírito, o Bahir teve a sua primeira publicação por volta de 1176.
Como durante centenas de anos o Bahir restringiu-se a um pequeno grupo fechado,
tem havido considerável confusão dentre os historiadores no que diz respeito à sua
transmissão e publicação.
Tradições orais e sociedades secretas não se prestam à pesquisa histórica, e
manuscritos enciumadamente guardados não chegam até as bibliotecas.
Os únicos dados plausíveis a respeito do Bahir originam-se das tradições
preservadas através dos séculos e, conforme muitos historiadores e antropólogos
modernos descobriram, essas tradições são, em geral, confiáveis e acuradas.
O Rabino Isaac, o Cego, transmitiu a tradição aos seus discípulos Ezra e Azriel e,
eles, ao Rabino Moisés ben Nachman (Nachmanides), conhecido como Ramban
(1194-1270).
Através de seu comentário sobre a Torá, onde freqüentemente cita o Bahir,
popularizou muitos de seus ensinamentos no mundo judaico.
Até o Zohar ser publicado por volta de 1295, o Bahir continuou sendo o texto mais
importante da Cabala clássica.
Existem muitos lugares onde o Zohar se estende a respeito de conceitos
encontrados no Bahir, e um estudo cuidadoso revela considerável semelhança de
conteúdo em ambos os trabalhos.
Tal fato não causa surpresa, pois o autor do Zohar, Rabino Shimon bar Yochai,
conhecia, sem dúvida alguma, os ensinamentos do Rabino Nehuniá.
Mesmo antes da especial revelação na caverna, o Rabino Shimon deve ter sido
iniciado na tradição mística, e o elo provável pode ter sido seu sogro, Rabino
Pinchas ben Yair que, conforme mencionado anteriormente, era íntimo do Rabino
Rahumai.
Um ponto interessante é o fato e que os nomes de ambos, o Bahir e o Zohar,
encerram uma conotação de luz e brilho.
Estrutura
Embora um exame superficial não revele qualquer ordem aparente no Bahir, um
estudo cuidadoso desvenda uma estrutura definida.
O texto pode, aproximadamente, ser dividido em cinco partes.
1. Os primeiros versículos da criação (1-16).
2. O alfabeto (27-44).
3. As Sete Vozes e Sefirot (45-123).
4. As Dez Sefirot (123-193).
5. Mistérios da Alma (194-200).
A terceira parte principia por um exame das sete vozes escutadas no Sinai e, ao
indagar a relação entre as sete vozes e os Dez Mandamentos, inicia um exame das
Sefirot.
As Sefirot são usadas para explicar os antropomorfismos que surgem na Bíblia
(82), e isso é desenvolvido até a parte seguinte.
Subseções importantes dessa parte incluem explicações de Isaías (51-56) e do
terceiro capítulo de Habacuc (68-81).
Numerosos conceitos do Sefer Yetzirá são introduzidos e explicados (63, 106), o
que conduz a um exame dos diversos nomes místicos de Deus (106- 112).
De especial importância é o número trinta e dois, que corresponde aos caminhos da
Sabedoria, ao valor numérico de Lev (ou coração) (63) e ao número de fios do
Tzitzit (92).
Todos esses conceitos são introduzidos em relação a esse número.
Ensinamentos
Embora o Bahir seja o principal texto da Cabala, não emprega essa pajavra,
preferindo o termo mishnaico, Maasé Merkavá, que significa literalmente "Mistérios
da Carruagem", em referência à visão de Ezequiel.
Diz que sondar esses mistérios é tão aceitável quanto a oração (68), mas adverte
ser impossível fazê-lo sem errar (150).
Declara o Talmud que a Cabala deveria somente ser ensinada de sugestões e
alusões, e essa é a diretriz seguida pelo autor do Bahir.
Quem o ler meramente como qualquer livro, encontrará longas passagens que
fazem pouco ou nenhum sentido.
Não é tema para leitura casual, mas para estudo sério e concentrado, o que era
aceito entre os cabalistas, para os quais os principais textos foram escritos para
serem compreendidos apenas quando analisados como um todo integrado.
Somos advertidos de que quem lê sobre Cabala de maneira literal e superficial,
decerto não a compreenderá.
A maneira adequada de se estudar todos os textos cabalísticos é considerá-los
como um todo, usando cada parte para explicar qualquer outra.
O estudante deve encontrar seqüências de idéias que percorram o texto, segui-las
de trás para diante até que se estabeleça o significado total.
Em um pequeno texto como o Bahir, esse procedimento é relativamente direto e
nosso índice pode se mostrar útil.
Em textos maiores, como o Zohar, essa metodologia assume ainda maior
importância e, sem ela, muitos dos escritos do Ari parecerão pouco mais que
algaravia.
Um dos conceitos mais importantes revelados no Bahir é o das Dez Sefirot, e, com
exceção de três, seus nomes são também introduzidos.
Uma análise cuidadosa dessa exposição revela muito do que será encontrado em
trabalhos cabalísticos posteriores, bem como seu relacionamento com os
antropomorfismos e o motivo dos Mandamentos.
A ordem em que as Sefirot são relacionadas é de especial interesse.
As sete últimas correspondem aos sete dias da semana e derivam do versículo
(1 Crônicas 29:11):
"Teus são, Ó Deus, a Grandeza, a Força, a Beleza, a Vitória e o Esplendor, tudo
(Fundação) que se encontra no céu e na terra, Teu, Ó Deus, é o Reino".
É a seqüência adotada pela maioria dos textos cabalísticos.
Todavia, no Bahir, a ordem das últimas quatro é invertida.
As últimas quatro Sefirot são, então: Reino (Aravot, 7), Fundação (8), Vitória (9), e
Esplendor (10).
O fato de que o Reino deva estar no meio das sete parece ser o motivo dessa
modificação e, por corresponder ao Shabat, é, também, apropriado que seja a
sétima Sefirá (153, 157).
Do mesmo modo, como a Fundação corresponde ao sinal da circuncisão, é
apropriado que seja a oitava, pois a circuncisão é executada no oitavo dia (168).
Com exceção de Beleza, Esplendor e Reino, dá-se a todas as Sefirot seus nomes
tradicionais.
A Beleza é chamada de Trono da Glória (146), enquanto o Reino é chamado de
Aravot (153).
O Esplendor é simplesmente chamado de segunda Vitória (170).
Em numerosas passagens, a Fundação é também chamada de O Justo (102, 180),
a Vida dos Mundos (180ss.) e "Tudo" (22, 78).
Outro importante conceito revelado é o da reencarnação ou Guilgul.
É interessante observar que, a princípio, essa idéia é introduzida em nome do
Rabino Akiba (121, 155).
Usa-se esse conceito para explicar o problema da injustiça aparente e porque até
mesmo crianças inocentes sofrem e nascem deformadas.
O fato de Saadia Gaon rejeitar a reencarnação é prova suficiente do que ele não
teve acesso aos ensinamentos secretos da Cabala.
Esse conceito é melhor desenvolvido no Zohar e, em maiores detalhes, no Sefer
Guilgulim e nos diversos trabalhos da escola do Ari.
Os assuntos abrangidos pelo Bahir incluem uma interpretação das letras do alfabeto
hebraico, quinze das quais são mencionadas.
Mandamentos como Tefilim, Tzitzit, Lulav e Etrog, bem como "enviar a mãe
pássaro", são em geral examinados dentro do contexto das Sefirot ou através de
outros conceitos introduzidos anteriormente.
São abordadas numerosas idéias encontradas no Sefer Yetzirá, tais como a dos
Trinta e Dois Caminhos da Sabedoria (63), as doze fronteiras diagonais (95), bem
como o "Eixo, a Esfera e o Coração" (106).
No Bahir, em geral, os números desempenham papel altamente significativo.
Dois termos incomuns são encontrados no Bahir, e ambos parecem se referir aos
anjos ou às forças angélicas.
Um deles é “Tzurá”, que literalmente significa "forma", e o outro é “Komá”, o qual
pode ser traduzido como "estrutura" (8, 166).
Na literatura cabalística, são mais conhecidos em sua forma aramaica, sendo o
primeiro “Diukna”, o último “Partzuf”.
Outros termos usados para designar os anjos são Diretores (Manhiguim) e
Funcionários (Pekidim).
Outra revelação importante são os diversos nomes de Deus, sendo o mais místico
deles encontrado em 112.
O Nome contendo doze letras, citado no Talmud, é também examinado (107, 111),
Como o é, igualmente, o Nome de setenta e duas combinações, que é também um
derivado (94, 107, 110).
Esse nome é mencionado em antigos registros talmúdicos e sua origem é
examinada em torno do ano 1100 pelo Rashi (1040-1105) e o Midrash Lekach Tov.
Tzimtzum
O Tzimtzum é um dos importantes conceitos introduzidos pelo Bahir, a auto-
constrição da Luz Divina.
Envolve um dos conceitos filosóficos mals importantes da Cabala, conceito que
também tem sido fonte geradora de confusão para muitos eruditos.
A explicação mais clara do Tzimtzum pode ser encontrada nos escritos do Rabino
Isaac de Luria (1534-1572), conhecido como o Ari, diretor da escola cabalística de
Safé.
Conforme descrito em Etz Chaim (Árvore da Vida), o processo era o seguinte:
Antes de todas as coisas serem criadas... a Luz Divina era simples e enchia toda a
existência.
Não havia espaço vazio...
Quando Sua simples Vontade decidiu criar todos os universos... Ele comprimiu os
lados da Luz, deixando um espaço vazio... Esse espaço era perfeitamente
redondo...
Após essa compressão ter ocorrido.., passou a existir um lugar onde todas as
coisas poderiam ser criadas...
Ele, então, traçou uma única linha reta de Luz Infinita.., e a trouxe até aquele
espaço vazio...
A Luz Infinita loi trazida para baixo por intermédio dessa linha...
Fim
O Bahir – Parte 1
Comentário:
Esse parágrafo já foi examinado na Introdução, onde se fala sobre o tzimtzum.
Expõe uma dicotomia básica, onde Deus deve ser a um tempo imanente e
transcendente — preenche toda a criação, e, todavia, é ao mesmo tempo
totalmente dissociado dela.
Aqui, a Luz se refere à Essência Divina, conforme é percebida no estado místico.
Devido à Constrição (tzimtzum), não vemos essa Luz quando olhamos na direção
de Deus, e Ele, portanto, parece estar cercado de escuridão.
A criação deve existir como entidade independente e, por isso, não pode estar
totalmente impregnada pela Presença Divina.
Ao mesmo tempo, contudo, não se pode dizer que essa Essência não esteja
impregnando toda a criação, pois "não existe lugar vazio Dele".
Assim sendo, quando olhamos em direção a Deus, essa Luz deve, de fato, estar ali.
Essa é a dicotomia.
O Rabino Nehuniá soluciona essa questão ao explicar que a Constrição existe
apenas no que diz respeito à criação, mas não no que diz respeito ao Criador.
Embora O vejamos cercado pela treva, Ele Se vê cercado de Luz — pois, para Ele,
mesmo essa treva é, realmente, luz.
Nesse estudo, o autor usa uma dialética, que compreende tese, antítese e síntese.
O último dos Treze Princípios da Exegese do Rabino Ismael (discípulo do Rabino
Nehuniá) contém alusão ao mesmo conceito: "Dois versículos que se opõem, até
um terceiro versículo ser trazido para os reconciliar".
É essa a dialética resultante da estrutura tríplice básica, tão freqüentemente
encontrada na Cabala.
Todavia, além de ensinamento filosófico, o Rabino Nehuniá também oferecia uma
importante lição aos iniciados nos mistérios.
A visão pode ser de nuvens e trevas, mas, para Deus, até essa escuridão é luz.
A palavra Shechakim, palavra hebraica para "céus", é uma alusão a isso, conforme
encontramos no versículo Jó 37:21, bem como nos Salmos 18:12.
Essa palavra, Shechakim, indica sempre as Sefirot Netzach e Hod , Sefirot
envolvidas na profecia e na visão mística.
Diz um versículo que existe brilho nessa visão: "O céu (Shechakim) é luminoso",
enquanto diz o outro versículo: "nuvens espessas dos céus (Shechakim)" (Salmos
18:12).
Comentário
Embora Tohu e Bohu tenham, em geral, a simples conotação de caos e desolação,
são descritos aqui como os ingredientes básicos da criação.
Deus faz existir todas as coisas e é, portanto, o Doador máximo.
A criação, por outro lado, recebe a sua própria existência de Deus, e é, por isso, o
receptor máximo.
Outro princípio relevante é o fato de Deus ser uma Unidade absolutamente simples,
e não poder, de modo algum, ser descrito por quaisquer qualidades.
Cada conceito necessário à criação deve, por isso, também ser criado.
Conforme observamos, os conceitos de “dar” e “receber” são dois dos mais básicos.
Em terminologia cabalística, referimo-nos ao conceito de "dar" como "Luz",
enquanto o de "receber" é chamado "Vaso".
Ambos, Tohu (Caos) e Bohu (Desolação), contêm uma alusão a esses Vasos
primevos.
Tohu refere-se aos primeiros Vasos, que foram despedaçados, enquanto Bohu
refere-se a esses Vasos após serem restaurados e corrigidos.
Os Vasos originais consistiam das Dez Sefirot em sua forma mais primitiva.
Nesse estado, não podiam interagir e, assim sendo, eram incapazes de dar
qualquer coisa uns aos outros. Somente estavam habilitados a receber de Deus.
Contudo, para receber a Luz de Deus, um Vaso deve estar, de alguma forma, ligado
a ele.
A diferença básica entre o espiritual e o físico é o fato do espaço não existir no
plano espiritual, e, assim sendo, as Sefirot não podem, fisicamente, permanecer
ligadas a Deus.
Por isso, o único relacionamento possível é a semelhança.
Portanto, para receber a Luz de Deus, o Vaso deve, pelo menos até certo ponto,
assemelhar-se a Deus.
Entretanto, encontramos aqui uma dificuldade.
Se Deus é o Doador máximo, enquanto o Vaso apenas recebe, os dois são, então,
absolutamente opostos.
Por isso, para que um vaso adequadamente receba, deve, também, dar.
O necessário, portanto, é um vaso que tanto dê quanto receba.
Tal vaso fundamental é o homem.
Se o homem deve receber a Luz de Deus, primeiro deve se assemelhar a Deus, na
condição de doador.
Realiza essa faculdade ao guardar os mandamentos de Deus, e através deles,
provendo sustento espiritual aos mundos divinos.
Antes que possa fazê-lo, todavia, deve, também, se assemelhar a Deus por ter
tanto livre arbítrio quanto livre escolha, o que é somente possível quando existirem
ambos, o bem e o mal.
O primeiro estágio da criação é chamado de Universo do Caos, ou Tohu.
É um estado onde os Vasos, que eram as Dez Sefirot primitivas, podiam receber a
Luz de Deus, mas não podiam dar ou interagir. Por não se assemelharem a Deus,
esses Vasos eram incompletos e, portanto, incapazes de reter a Luz.
Como não podiam cumprir seu propósito, foram subjugados pela Luz e
"despedaçados", sendo esse o conceito da "Quebra dos Vasos".
Por essa razão, os Vasos são chamados Tohu, que se origina de uma raiz cujo
significado é "confuso".
Quando uma pessoa está "confusa", significa que está captando uma idéia incapaz
de ser retida por sua mente.
Similarmente, os vasos de Tohu-Caos receberam uma Luz que eram incapazes de
conter.
Do mesmo modo que a confusão e a desordem quebram o processo do
pensamento, assim esses vasos foram despedaçados.
As partes quebradas desses Vasos caíram em um nível espiritual menos elevado e,
subseqüentemente, tornaram-se a origem de todo o mal.
Por isso, diz-se que Tohu-Caos é a origem do mal.
Os Vasos foram, a princípio, criados sem a capacidade de conter a Luz com a
finalidade de que o mal viesse à existência, dando ao homem, assim, liberdade de
escolha, a qual, como observamos, era necessária para a retificação dos Vasos.
Além do mais, uma vez que o mal se originava do Vaso primevo mais elevado,
pôde ser retificado e re-elevado até esse nível.
Encontra-se referência a essa Quebra dos Vasos no Midrash que diz: "Deus criou
universos e os destruiu" (Bereshit Rabá 3:7).
Surge, igualmente, menção a isso na Torá, na passagem sobre os Reis de Edom, no
final de Gênese 36.
A morte desses reis, diz-se, pressupõe a quebra de um determinado vaso, e sua
queda a um nível inferior, enquanto o versículo refere-se a essa queda como
"morte".
Para o motivo de serem chamados "reis", ver mais adiante o verso 49 do Bahir.
A palavra Tohu é soletrada Tav Hu, sendo Tav a última letra do alfabeto hebraico.
Por ser Malchut-Reino a última das Sefirot, é representada pela letra Tav.
Tohu — Tav Hu — refere-se, portanto, ao plano desses "reis".
Após serem despedaçados, os Vasos foram re-retificados e re-construídos em
Personificações (Partzufim), e numeradas em 62.
Cada uma dessas Personificações consiste de 613 partes, correspondendo às 613
partes do corpo, bem como aos 613 mandamentos da Torá.
Essas Personificações estavam, então, aptas a interagir umas com as outras.
E, ainda de maior importância, através da Torá, eram capazes de interagir com o
homem, por isso se tornaram doadores e, também, receptores.
No estado retificado, os Vasos estavam habilitados a receber a Luz de Deus.
Em terminologia cabalística, esse estado é chamado de Universo da Retificação
(Tikun).
Do mesmo modo que aqui, é, também, chamado de Bohu-Desolação.
Estando os vasos de Bohu capacitados a interagir, costuma-se dizer que existe
"paz" entre eles.
Bohu, portanto, é visto como a origem da paz.
Traduz-se Bohu como "desolação", ou, mais precisamente, "vazio".
Representa o "vazio" de um Vaso pronto a receber.
A palavra Bohu pode também ser lida como duas palavras, Bo Hu, literalmente:
"nisso está" ou "está nisso."
Porque, inclusive, trata-se de um "isso" que pode manter a Luz "nisso".
Os cabalistas falam, também, de Tohu como sendo o estado intermediário entre o
potencial e a realização.
Em seu estágio inicial, os Vasos tinham apenas existência potencial, na Entidade
Infinita e, nesse estado, não podiam ser compreendidos.
Por outro lado, seu estado de realização é o de Bohu.
Tohu é o estado intermediário entre esses dois.
Para os iniciados, isso contém, também, uma lição para aqueles que entrariam no
plano místico.
As Cascas (Klipot), derivadas de Tohu-Caos, são as forças que "confundem as
pessoas", e fazem com que tenham visões enganadoras.
Um vaso completo é uma visão que encerra um conceito completo e compreensível,
enquanto um vaso partido traz desordem e confusão.
O estado ao qual deve-se ansiar é, portanto, Bohu, pois é o que contém a visão
verdadeira - "está nisso".
Comentário
Na condição de prefixo, a letra Bet significa "em".
Pode indicar um "preenchimento".
O "preencher" alude à (Isaías 6:3):
"Sua glória preenche toda a terra. "
A primeira letra da Torá é Bet, segunda letra do alfabeto hebraico.
É, também, a primeira letra da palavra Berachá, que significa "bênção".
Quando estudamos a Torá, nos referimos, em geral, aos Cinco Livros de Moisés, ou,
em sentido mais amplo, à toda estrutura teológica que está fundamentada nesses
Livros.
Todavia, em sentido cabalístico, a palavra "Torá" se refere ao plano da criação em
sua totalidade.
Quando os cabalistas falam da imanência e da transcendência de Deus, dizem que
Ele "preenche todos os mundos e envolve todos os mundos" (Zohar).
A letra Bet se refere ao intercâmbio entre esses dois conceitos e, assim, o nome da
letra Bet está relacionado à palavra Bait, que significa "casa".
O conceito que diz "Deus preenche todos os mundos" é indicado pela palavra
"Bênção".
Sempre que Deus revela Sua Essência em qualquer coisa, diz-se que Ele "abençoa"
aquela coisa, e o versículo, portanto, diz: "o que preenche é a bênção de Deus".
O veículo dessa bênção não é outro senão a Torá.
Para que um Deus totalmente transcendental se relacione com Sua criação, uma
série de Dez Sefirot (Emanações) teve que ser trazida à existência.
As duas primeiras dessas Sefirot são Keter-Coroa e Chochmá-Sabedoria.
A primeira Sefirá é chamada Coroa, pois é a coroa usada acima da cabeça.
Portanto, a Coroa se refere a coisas que se encontram acima da capacidade de
compreensão da mente.
Por conseguinte, a Sabedoria é a primeira coisa que a mente pode apreender e,
assim sendo, é chamada de "começo".
Sendo Chochmá-Sabedoria a segunda Sefirá, e a letra Bet, segunda letra do
alfabeto hebraico, contém uma alusão a essa Sefirá.
Comentários
A palavra Berachá (bênção) está intimamente relacionada à palavra Berech, que
significa "joelho".
Do mesmo modo que dobrar os joelhos abaixa o corpo, assim o conceito de
Berachá abaixa a Essência de Deus de modo que ele possa Se relacionar com o
universo, e ser compreendido através de Seus atos.
A "Bênção", por conseguinte, é nossa compreensão mais elevada de Deus, que é o
"Lugar ao qual todo joelho se dobra".
É a casa (Balt) que se deve buscar antes de ser possível encontrar o Rei.
Outra vez mais, contém uma alusão à Sefirá Chochmá-Sabedoria, representada
pela letra Bet.
Aqui, um importante conceito, a ser encontrado muitas vezes, é a idéia cabalística
de que antes de haver um "despertar de acima", deve haver primeiro "um
despertar de abaixo".
Isto é, antes que qualquer sustento espiritual seja concedido, deve haver primeiro
algum esforço por parte do recipiente.
Relaciona-se intimamente ao conceito de que cada recipiente da Luz de Deus deve
ser, também, doador, conforme observado anteriormente.
A palavra "Bênção" se refere principalmente ao sustento dado como resultado de
um "despertar de abaixo".
Os principais meios de tal "despertar" são a Torá e os mandamentos.
Comentários:
Aqui, o Rabino Rahumai explica que a Sefirá Chochmá-Sabedoria, representado
pelo Bet, é a transição entre a transcendência de Deus e Sua imanência.
Não apenas envolve, como, também, "preenche".
A Sabedoria é o canal da Essência de Deus e, portanto, sustenta todas as coisas.
Na condição de elo entre Criador e criação, é o veículo que contém o potencial de
todas as coisas.
Assim sendo, diz o Talmud:: "Quem possui Sabedoria? Aquele que vê o que ainda
não nasceu".
Chochmá-Sabedoria é o conceito através do qual Deus percebeu, inicialmente, toda
a criação (e, portanto, corresponde aos olhos), e por isso, diz-se: O ter
aconselhado. Encontramos referência a esse fato em um Midrash, que diz haver
Deus buscado o conselho da Torá antes de criar o universo.
Já foi dito que a Torá é comparada ao Mar.
A Torá é representada pela água, pois flui das mais elevadas fontes espirituais para
impregnar os níveis espirituais mais inferiores, e até mesmo o mundo físico, que se
encontra abaixo de todos.
Aqui, contudo, a analogia é usada em sentido diferente e a Torá é comparada a
uma fonte d'água que jorra da rocha.
A rocha representa o poder do Tzimtzum-Constrição, o qual refreia a Luz Divina.
Conforme observamos na Introdução, depois do processo do Tzimtzum, uma linha
de Luz foi impulsionada para o Espaço Vazio.
Essa "linha de Luz" é a "fonte".
Para conter alguma coisa, um vaso deve ser capaz de impedir que essa coisa se
espalhe.
Uma peneira não pode conter a água.
A mesma força que atua como Vaso para manter a Luz de Deus também serve, por
conseguinte, para refreá-la e constringi-la.
Esse é o conceito de Bohu, conforme examinado anteriormente. Aqui, é
representado como uma rocha, e as Escrituras, similarmente, falam das "Rochas de
Bohu" (Isaías 34:11).
As sete últimas das Dez Sefirot correspondem aos sete dias da semana.
Essas sete Sefirot inferiores são chamadas de Atributos (Midot). A
cima dessas sete, estão as três sefirot superiores, chamadas de Mentalidades
(Mochin), a saber: Keter-Coroa, Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão.
A Torá se origina da Sabedoria de Deus e está, portanto, dois níveis acima das sete
Sefirot inferiores.
Por isso diz-se que a Torá foi criada dois "dias" antes dos sete dias da criação.
Na Cabala, encontramos as seguintes correspondências:
Continua
O Bahir – Parte 2
Comentários
Aqui o exemplo enfatiza o "despertar de abaixo" envolvido no conceito da bênção.
A chuva, vinda de cima, representa o sustento de Deus que desce do aspecto pelo
qual Ele "envolve todos os mundos".
A umidade do solo é aquilo que vem do aspecto onde Ele "preenche todos os
mundos".
Todavia, a "água" deve, também, vir de abaixo, da fonte.
Isso alude ao fato de que o "despertar de abaixo" dá-se, principalmente, por
intermédio da Torá.
É, também, o conceito do Louvor, o qual principia do mais inferior, com o Reino, e
ascende.
Para o simbolismo da árvore, ver verso 119.
Comentários:
Embora fosse dito anteriormente que o mar alude à Torá, diz-se aqui que se refere
ao Mundo Vindouro.
Não se trata de uma contradição, pois a Torá é a emanação da Luz de Deus, e,
assim sendo, é, em si, a principal recompensa do Mundo Vindouro.
Essa recompensa será a revelação da glória de Deus, a qual é "O que preenche".
O sul se refere ao presente mundo físico, pois o sul corresponde à Sefirá Chessed-
Amor.
Enquanto a recompensa do Mundo Vindouro deve ser merecida, a que é concedida
no mundo atual é uma dádiva do Amor.
Comentários
Quando Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, Ele o fez acrescentando a letra
Heh.
De acordo com a tradição, o número de partes do corpo humano é 248.
Quando Deus acrescentou esse Heh ao nome de Abraão, Ele lhe concedeu domínio
sobre as cinco partes finais de seu corpo, a saber, os dois olhos, dois ouvidos, e o
órgão sexual, conforme mencionado no Talmud.
A letra Heh tem valor numérico cinco, e é uma alusão aos cinco níveis da alma.
O fato dessa letra ter sido acrescentada ao nome de Abraão indica que esses cinco
níveis finais lhe foram concedidos.
Outra conotação da letra Heh é "manter".
O valor numérico de Heh é cinco, em alusão aos cinco dedos da mão.
Está igualmente indicado pelo modo como a letra Heh é usada como prefixo e
sufixo.
No final de uma palavra, indica o feminino, e é também usada como sufixo para
apontar o feminino possessivo. Como prefixo, é o artigo que abarca e especifica um
determinado objeto.
Em ambos os contextos, a letra Heh tem o teor de delinear e manter.
Essa é, também, a conotação dos dois Hehs no Tetragrama,
formado por Yud Heh Vav Heh.
O primeiro Heh corresponde à Sefirá Biná-Compreensão, e essa é a "mão" com a
qual Deus concede a recompensa do Mundo Vindouro, O Heh final é a Sefirá
Malchut-Reino, e é a mão que Ele nos concede, para que sejamos capazes de
aceitar essa recompensa.
Assim sendo, por intermédio desse Heh, Abraão se tornou merecedor do Mundo
Vindouro.
É comparado ao mar, pois, qual o mar, é um receptáculo.
A "forma" de Deus na qual Ele criou o homem é, de fato, a forma prototípica do
homem. Essa "forma" ou "projeto" era o primeiro pensamento de Deus acerca da
criação, e, por isso, é o mais alto nível da criação.
Textos cabalísticos posteriores referem-se a essa "forma" como Adão Kadmon
(Homem Primevo).
Esse "plano" contém 248 partes, e quando Abraão foi aperfeiçoado por intermédio
do mandamento da circuncisão, tornou-se sua exata contraparte.
Comentarios
A forma gramatical Rash é, realmente, encontrada em diversas passagens, tais
como Deuteronômio 1:21, 2:24, 2:31, e 1 Reis 21:15.
O autor diz que Deus deve estar incluído na totalidade dos trabalhos do homem,
isto é, todos esses trabalhos devem ser feitos em nome de Deus, e não meramente
por qualquer futura recompensa antecipada.
Pode-se, então, "herdar Deus", uma vez que a principal recompensa futura é a
percepção da Entidade Infinita.
No Tetragrama, o Yud é pertinente à Chochmá-Sabedoria, enquanto o Heh, à Biná-
Compreensão.
Deus já dera o Heh a Abraão, e, portanto, pode-se conjecturar que o Yud deva
permanecer oculto, e que não seja concedido no Mundo Vindouro.
Por isso, Deus diz: "Pega tudo", ambos, o Yud e o Heh.
Em certo sentido, o filho nessa parábola é uma referência a Abraão.
O exemplo ensina, também, que Deus deve ser buscado, e que não é, meramente,
uma recompensa.
Se o filho buscasse os tesouros e não perguntasse pelo Rei, não teria recebido
nada.
Apenas após buscar o próprio Rei, recebeu todos os tesouros.
O Yud e o Heh correspondem, também, aos "dois mil anos" mencionados no verso
5.
Comentários
Nesse versículo, é a Sabedoria (a Torá) que fala, como está óbvio em Provérbios
8:1.
No verso 5, o versículo Provérbios 8:3 foi estudado, e, agora, nesse verso, o autor
retorna a um versículo anterior semelhante.
Continua
O Bahir – Parte 3
Comentários
O nome de Deus usado no versículo do Eclesiastes é, também, Elohim, que se
refere à Biná-Compreensão.
A mente diferencia as coisas por intermédio da compreensão e, assim, a
Compreensão é o conceito mais geral de diferenciação.
O versículo "Deus (Elohim) fez tanto um quanto o seu oposto" está dizendo que o
oposto se origina do conceito Elohim, isto é, Biná-Compreensão.
Para um estudo sobre Desolação e Caos, ver o comentário do verso 2.
Miguel é o anjo que zela pelo Amor, o conceito de dar livremente, enquanto Gabriel
é o anjo da justiça, a restrição do Amor, bem como o receber sem dar.
Representam dois opostos, e sua única reconciliação é Bohu-Desolação, o conceito
do livre-arbítrio, que permite que um recipiente seja, também, doador.
Conforme observaremos, os anjos estão no universo de Yetzirá-Formação, que é
uma reflexão de Atzilut-Proximidade, o universo das Sefirot.
Miguel é a contraparte da Sefirá Chessed-Amor, enquanto Gabriel é a de Guevurá-
Força.
O nome de Deus El está associado a Chessed-Amor, e Miguel significa, literalmente,
Mi KaEl - "Aquele que é semelhante a El".
Gabriel é Gavri El: "A Força de Deus".
A Paz está mais intimamente relacionada a Daat-Conhecimento, o qual é uma
quase Sefirá, intermediário entre Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão.
Daat-Conhecimento vem depois de Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão e esta
diretamente acima de Tiferet. Por isso ele responde que “um esta acima do outro”.
Do mesmo modo que Biná é a origem de Guevurá, assim Daat é a origem de
Tiferet.
Daat-Conhecimento desce para se tornar a Sefirá Tiferet-Beleza.
O "Príncipe da Paz" é o anjo que corresponde à Tiferet-Beleza, e é identificado
como o arcanjo Uriel.
Comentários:
Diz-se que "criação", em geral, se refere ao primeiro passo, criar "algo do nada".
"Fazer", por outro lado, se refere à finalização de um conceito.
Está, portanto, escrito que Deus "cria o mal".
Isso se refere ao Universo de Tohu-Caos, que foi o primeiro passo da criação, e era
"algo do nada".
A realização máxima da criação é o conceito da paz, onde todos os opostos estão
resolvidos, e, por isso, o versículo diz: "Ele faz a paz."
A mais importante realização da paz é a reconciliação entre os opostos máximos,
Criador e criação.
Foi somente realizado através da criação do Mal (ver comentário do verso 2).
Comentário:
Aqui, outra vez, o conceito de "criação" significa "algo do nada", enquanto
"formação" é "algo de alguma coisa ".
A Luz emana da essência de Deus e é, por conseguinte, "algo de alguma coisa".
A Treva, por outro lado, é um conceito completamente inédito e não tem relação
com Deus.
É, portanto, "criada" - "algo de alguma coisa".
Esse parágrafo contém, também, urna alusão ao Tzimtzum, a Constrição original
examinada na Introdução.
Toda a criação foi, originalmente, preenchida com a Luz da Entidade Infinita e,
portanto, a "escuridão", que é o refreamento e a constrição dessa Luz, era algo
completamente inédito. Por isso, a palavra "criou" é usada a respeito da treva.
A linha de Luz que penetrou essa treva desde o Espaço Vazio, contudo, teve sua
origem na Luz Infinita original, e, por isso, diz-se que foi "formada".
Em geral, diz-se que o pensamento está no nível da Criação, pois o pensamento é
"algo do nada".
Por outro lado, a fala emana do pensamento — "algo de alguma coisa" — e está,
portanto, no nível da Formação.
Quando o versículo diz: "Deus disse: 'Haja luz ' " , a frase "Deus disse" indica o
nível da fala, que é, também, o nível da Formação.
Entretanto, passagem alguma referente ao relato da criação declara que "Deus
disse" que a treva deveria ser criada. Por conseguinte, a treva não inclui a fala,
mas apenas pensamento, que está no nível da Criação.
Assim sendo, dizem as Escrituras, "As trevas encobriam o abismo" (Gênese 1:2),
sem menção alguma de que isso tenha sido dito por Deus.
O conceito da treva inclui, também, separação, conforme diz a Torá:
"Ele separou a luz e as trevas" (Gênese 1:4) e, no caso de se "tornar boa", uma
pessoa, similarmente, se separa de sua doença (Or HaGanuz).
14. Por que a letra Bet é fechada em todos os lados e aberta na frente?
Ensina que é a Casa (Bait) do mundo.
Deus é o lugar do mundo, e o mundo não é Seu lugar.
Não leia Bet, porém Bait (casa).
Está, portanto, escrito (Provérbios 24:3): "Com a sabedoria se constrói
uma casa, e com a compreensão ela se firma, [e com o conhecimento
enchem-se os quartos]."
Comentário:
Deus abrange todas as coisas, até espaço e tempo, e não é abrangido por elas.
Isso também é verdadeiro em relação a Chochmá-Sabedoria, que é o conceito do
Princípio — sem fim — antes da criação do espaço e do tempo.
A respeito do significado do Bet, ver comentário sobre verso 3.
Comentário:
Os dois órgãos principais da expressão humana, a boca e o órgão sexual, são
"abertos" na frente.
O Bet representa Chochmá-Sabedoria, a primeira Sefirá através da qual Deus Se
expressa.
Chochmá-Sabedoria é apenas uma sefira, mas, todavia, é uma emanação da glória
de Deus, e não deveria ser considerada, de forma alguma, igual a Deus.
Portanto, Bet tem uma denteação acima de sua cauda protuberante, indicando um
receptáculo, e em alusão ao fato de que recebe sua existência de um poder ainda
mais elevado, isto é, do Alef.
Alef é a primeira Sefirá, que é Keter-Coroa.
É totalmente oculto, e serve apenas para receber de Deus, refreando Sua luz para
que não subjugue a criação. Por isso, o Alef é aberto atrás.
Até mesmo Keter-Coroa deve receber existência da Entidade Infinita, que é
infinitamente mais elevada que essa Sefirá.
É mais do que certamente verdadeiro a respeito de Chochmá-Sabedoria, que é a
segunda, após Keter-Coroa.
Embora Keter-Coroa seja o mais elevado elemento da criação concebível, é
infinitamente inferior à Entidade Infinita.
Diz o Zohar que, apesar de Keter ser a luz mais brilhante, é total escuridão quando
comparada à Entidade Infinita.
Assim sendo, mesmo o Alef principia por um Bet, isto é, na forma do Alef existe um
Bet diagonal. (Ver Ilustração).
16. Disse o Rabino Rahumai:
A iluminação antecedeu o mundo, pois está escrito (Salmos 97:2):
"Nuvens e trevas O envolvem."
Está, portanto, escrito ((Gênese 1:3): "E Deus disse: 'Haja luz', e houve
luz." Disseram-Lhe:
"Antes da criação de Israel, seu filho, farás, então uma coroa para ele?"
Ele respondeu sim.
A que isso se assemelha?
Um rei desejava um filho. Um dia, encontrou uma bela e preciosa coroa, e
disse: "Isso é apropriado para a cabeça de meu filho."
Disseram-lhe: "Estás certo de que seu filho será digno dessa coroa?"
Ele respondeu: "Silencie. Isso é o que surge em pensamento."
Está, portanto, escrito (2 Samuel 14:14): "Ele pensa pensamentos [para
que ninguém seja excluído]."
Comentário:
Aqui, a pergunta é: sendo a luz somente concedida como uma questão de livre-
arbítrio, como se terá certeza de que a vontade do homem será dela merecedora?
Deus responde com o versículo de Samuel, indicando que Ele realiza coisas de
modo a, no final, tudo ser merecedor dessa Luz e "ninguém ser excluído".
A "Luz" criada antes do mundo é uma alusão, também, ao fato de que o Mundo
Vindouro foi criado antes do universo (ver o verso 160).
Essa Luz é representada por uma coroa, pois, em referência ao Mundo Vindouro,
ensina-se que "os justos se sentarão com suas coroas em suas cabeças" (Talmud).
Significa que a Luz mais elevada, que emana de Keter-Coroa, será, então,
compreendida pelo homem.
Comentário:
A Torá emana de Chochmá-Sabedoria, enquanto Alef alude à Keter-Coroa, que é
superior à Sabedoria.
Keter-Coroa não é discernível nesse mundo, sendo, por isso, Chochmá-Sabedoria o
mais elevado nível capaz de ser percebido.
O alfabeto contém letras como conceitos abstratos, e, portanto, pode começar pelo
Alef. Mas a Tora se ocupa da percepção de Deus, e, por isso, deve principiar pelo
Bet, que é uma alusão à Chochmá-Sabedoria.
18. Por que Bet a segue?
Porque estava primeiro.
Por que possui uma cauda?
Para apontar o lugar de onde veio. Dali o mundo é mantido, dizem alguns.
Comentário:
A letra Bet tem uma "cauda" apontando para trás. (ver o verso 15).
Comentário:
Guimel contém uma alusão à Biná-Compreensão, a Mão que concede a Sabedoria
(ver comentário sobre verso 8).
A menos que seja compreendida, a Sabedoria não tem significado, enquanto que
por intermédio da Compreensão, pode-se conceder Sabedoria à outra pessoa.
20. E por que existe uma cauda na parte mais inferior de Guimel?
Ele disse: Guimel tem uma cabeça no topo e é qual uma calha.
Do mesmo modo que a calha, Guimel recolhe o que vem de cima, através
de sua cabeça, e dispensa através de sua cauda.
Isso é Guimel.
Comentário:
O Guimel consiste de uma cabeça, um corpo e uma cauda.
Recebe da cabeça, e dispensa sabedoria por intermédio de sua cauda.
Continua
O Bahir – Parte 4
Comentário:
Aqui, a principal conclusão é que existem dois tipos de anjos.
Um dos tipos está diante de Deus e O louva, enquanto o segundo tipo são os seus
mensageiros.
O primeiro tipo foi criado no segundo dia da criação, enquanto o segundo tipo foi
criado no quinto dia.
Comentário:
Miguel é o anjo da água e do sul, enquanto Gabriel é o anjo do fogo e do norte (ver
verso 11).
Aqui, a Árvore se refere a toda a matriz das Sefirot (ver verso 6 e 119).
Alude, em especial, às sete Sefirot finais.
"Tudo" se refere à Sefirá Yessod-Fundação.
As sete Sefirot finais são mencionados no versículo
"Teus, Ó Deus, são a Grandeza, a Força, a Beleza, a Vitória e o Esplendor, para
Tudo no céu e na terra, Teu, Ó Deus, é o Reino..." (1 Crônicas 29:11).
Esse versículo relaciona todas as Sefirot, e aqui, a sefira Yessod-Fundação é
denominada "Tudo". (Ver também verso 78).
Essa Sefirá é chamada de Tudo, pois através dela deve fluir todo o sustento
espiritual; corresponde, também, ao órgão sexual do homem.
É por intermédio do ato sexual que nascem novos seres humanos e as almas são
transmitidas ao mundo.
Yessod-Fundação corresponde à essa função, pois é a origem de todas as almas
(ver 180).
Comentário
Ver verso 5.
Como de hábito, aqui, "céus" se refere às seis Sefirot, desde Chessed-Amor à
Yessod-Fundação. A "terra", onde a árvore tem suas raízes, é Malchut-Reino, a
Sefirá mais inferior, e o Heh final do tetragrama YHVH.
A fonte cavada na terra é Biná-Compreensão, o primeiro Heh do Nome (ver
comentário sobre verso 8 e 10).
A Árvore é o "céu" e está plantada na "terra".
Comentário
Aqui, a questão básica é o que foi criado primeiro, o "céu", que é a Luz e o poder
de dar, ou a "terra", que é o Vaso, e o poder de receber.
Declara o Rabino Yanai que, sem um vaso, não pode existir luz e, portanto, o vaso
foi criado primeiro.
Segue adiante para explicar que, embora o céu fosse criado primeiro, não lhe foi
dado um nome, até depois da criação da terra.
Antes da terra ser criada, o céu não estava completo e, por isso, não poderia ter
um nome.
A terra é o conceito Feminino de receber, enquanto o céu é o conceito Masculino de
dar.
Assim sendo, quando a terra foi criada, foi possível à união sexual divina, também,
existir, e a Sefirá Yessod-Fundação, que corresponde ao órgão sexual, veio à
existência.
Quando isso aconteceu, o céu teve um nome, mas até isso ter lugar, mundos foram
criados e destruídos.
Os "Pedestais" são Netzach-Vitória e Hod-Esplendor.
O "engaste" é Yessod-Fundação.
Portanto, diz o versículo: 'fundaste a terra", indicando que Yessod-Fundação veio à
existência com a terra.
Comentário
Indica o conceito da Constrição (tzimtzum), discutido na Introdução.
Primeiro, foi formado na Luz Infinita um Espaço Vazio, e, nesse espaço, uma "Linha
de Luz" se estendeu.
Como essa linha não é, de fato, nada mais do que uma extensão da Luz original, o
autor declara que era a luz que tinha sido oculta.
Comentário
As letras Alef, Yud e Shin formam “Ish”, palavra hebraica para "homem", em alusão
ao Homem Divino (ver verso 117).
Alef é a Sefirá Keter-Coroa (ver verso 17).
Yud é a primeira letra de YHVH, e alude ao canal de Keter-Coroa à Chochmá-
Sabedoria.
Shin é o canal de Chochmá-Sabedoria à Biná-Compreensão.
Essas letras podem ser, também, compreendidas em um contexto mais simples.
Alef jamais ocorre como sufixo, enquanto, como prefixo, indica a primeira pessoa
do futuro — "Eu serei".
Deus é o "Eu" absoluto, e a declaração "Eu serei" indica Seu potencial ainda não
realizado. Esse é o nível de Keter-Coroa, o Alef que antecede o Bet de Bereshit, e o
potencial ainda não realizado da "coroa" no Mundo Vindouro.
Além disso, Keter-Coroa é o nível acima da compreensão, e, portanto, não
podemos falar disso.
Apenas Deus pode falar sobre Keter-Coroa, e é Ele quem diz a respeito disso "Eu
serei". É nesse mesmo sentido que o nome associado à Keter-Coroa é “Ehyé Asher
Ehyé”, que significa "Eu serei o que Eu serei" (Êxodo 3:14).
Alef tem o valor numérico um, indicando a unidade desse nível.
Como prefixo, Yud significa "ele será", enquanto como sufixo, significa "meu".
Portanto, indica o potencial de Deus do qual estamos capacitados a falar, o nível de
Chochmá-Sabedoria, ou "Ele será".
Quando Deus fala de Si Mesmo, Ele Se chama de Ehyé (Eu serei), e, quando
falamos Dele, O chamamos YHVH, que possui a conotação de "Ele é-será".
Por conseguinte, o Yud é a primeira letra do Tetragrama, pois é o primeiro nível de
nossa compreensão.
Como sufixo, Yud significa "meu", pois, embora possa ser compreendido por nós, é
ainda um nível que pertence exclusivamente a Deus.
Esse é, também, o nível de Atzilut-Proximidade, o qual vivenciamos como Nada.
Yud tem, inclusive, valor numérico dez, indicando as Dez Sefirot, que estão em
Atzilut.
Como prefixo, Shin indica a palavra "que" e, portanto, é uma letra que conecta e
especifica.
Na forma, tem três cabeças em cima, reunindo-se abaixo em um único ponto.
As três cabeças indicam os três conceitos básicos: tese, antítese e síntese (ver
verso 1).
Tudo isso existe com um só objetivo, a Soberania de Deus, indicada pelo ponto
único abaixo.
Shin é, por conseguinte, "todo o mundo", e essa é a resposta ao motivo da criação.
Deus é chamado de "Homem", pois antropomorfizamos nossa compreensão Dele
das três maneiras indicadas pelas letras Alef, Yud e Shin.
Antes de tudo, O vemos como Unidade absoluta, representada pelo Alef.
Vêmo-Lo, então, expressando-Se através das Dez Sefirot para que possamos
compreender a Sua glória, sendo isso o Yud.
Finalmente, vêmo-Lo em Sua pluralidade de obras, com um propósito único,
representado pelo Shin.
Continua
O Bahir – Parte 5
Comentário:
Em geral, diz-se que Dalet, a quarta letra do alfabeto hebraico, representa Malchut-
Reino, a última das Dez Sefirot.
Enquanto cada um dos outros nove dão ao que estão abaixo de si, Malchut-Reino,
sendo o mais inferior, não pode dar.
Como não pode dar, de maneira alguma se assemelha a Deus, e, nesse sentido, é
chamado de pobre.
Assim como os absolutamente destituídos, apenas recebe, mas não pode dar.
Comentário:
Refere-se aos dois Hehs do Tetragrama, que são separados pela letra Vav.
Como os dois Hehs em YHVH possuem conotações diferentes, deve existir algo que
os liga.
É a letra Vav.
Na condição de prefixo, a letra Vav significa "e", sendo, portanto, uma ligação.
Em hebraico, a palavra Vav significa, também, gancho.
No Tetragrama, Yud está relacionado à coisa dada; o primeiro Heh, à mão que dá;
e o Heh final, à mão que recebe (ver verso 8).
Nesse contexto, Vav é o braço que se estende para dar, e a letra, é, portanto,
escrita na forma de um braço.
Isso é, também, o significado esotérico do fato que o cúbito, a extensão de um
braço, consiste de seis larguras de uma mão, indicado pelo Vav, o qual tem valor
numérico seis.
Comentário:
O valor numérico do Vav é seis, correspondendo às seis direções do universo físico.
O espaço físico tem três dimensões, e cada dimensão subentende duas direções.
As seis direções são leste, oeste, norte, sul, acima e abaixo.
Aqui, dá-se às letras do Tetragrama o seu significado no "continuum" tempo-
espaço, o qual tem sua correspondência no mundo espiritual.
Yud representa Chochmá-Sabedoria, que é a coisa dada, enquanto o Heh inicial é
Biná-Compreensão, a "Mão" que contém a coisa, de modo a dá-la.
No sentido do tempo-espaço, Yud é o passado, a coisa dada, enquanto o Heh inicial
é o futuro, que contém o que o passado lhe dá.
No intercâmbio entre passado e futuro está o "continuum" tridimensional do
espaço, consistindo de seis direções e representado pela letra Vav.
São essas as três primeiras letras do tetragrama: YHV.
Esses conceitos têm, igualmente, sua correspondência em um sentido conceituai,
espiritual.
O relacionamento mais primário possível é o que existe entre o Criador e a criação,
isto é, o relacionamento causa e efeito.
Causa e Efeito são representados por Keter-Coroa e Malchut-Reino, a primeira e a
última das Dez Sefirot.
Após o conceito de causa e efeito, outro conceito vem à existência: o dos opostos.
Todavia, para falarmos de opostos, devemos estar, também, habilitados a falar de
similaridades.
Assim sendo, dois novos conceitos vêm à existência, a saber, similaridade e
oposição.
Na linguagem da filosofia, trata-se de tese e antítese, enquanto que na
terminologia cabalística, esses dois são Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, o
Yud e o He iniciais do Tetragrama.
Ao falarmos em termos de similaridade e oposição, criamos ainda outro conceito,
ou seja, o de relacionamento.
Em termos filosóficos, trata-se da síntese entre a tese e a antítese.
Em nossa presente terminologia, é o Vav do tetragrama.
Nesse ponto, na seqüência lógica, temos cinco conceitos, isto é, causa e efeito, que
são Keter-Coroa e Malchut-Reino; similaridade e oposição, que são Chochmá-
Sabedoria e Biná-Compreensão; e relacionamento.
O conceito de relacionamento é expresso pelo Zer Anpin (Face Pequena),
examinado nos versos 53, 81 e 140.
Até o conceito do relacionamento ser introduzido, existiam apenas quatro pontos
abstratos, a saber, Keter-Coroa/Malchut-Reino e Chachmá-Sabedoria/Biná-
Compreensão.
Com o conceito do relacionamento, vem à existência um "continuum"
tridimensional conceituai, de seis direções, representado pelo Vav, que ora
examinamos.
Nessa representação, cada um dos quatro conceitos abstratos originais faz surgir
um relacionamento.
Conseqüentemente, Chochmá-Sabedoria faz surgir Chessed-Amor; Biná-
Compreensão faz surgir Guevurá-Força; Keter-Coroa faz surgir Tiferet-Beleza; e
Malchut-Reino faz surgir Yessod-Fundação.
Conforme observamos anteriormente (no verso 2), no sentido espiritual,
similaridade é proximidade, enquanto oposição é distância.
Todavia, para dar, o doador deve estar próximo ao receptor, e, assim sendo, no
sentido espiritual, deve haver um elemento de similaridade entre doador e
receptor.
Por isso, Chochmá-Sabedoria, que é o conceito de similaridade, faz surgir Chessed-
Amor, que é o conceito de conceder.
De modo oposto, Biná-Compreensão, que é diferenciação, faz surgir Guevurá-
Força, o conceito de restrição.
De maneira semelhante, Tiferet-Beleza se deriva de Keter-Coroa, o conceito da
causa. Para ser uma causa, deve dar a quantidade exata de existência, ou
motivação, necessária ao efeito.
Esse é o conceito de doação dosada, representado por Tiferet-Beleza.
Todavia, como Tiferet-Beleza é a síntese entre Chesed-Amor e Guevurá-Força, é,
em geral, representado abaixo desses dois.
Em geral, diz-se que Malchut-Reino, o conceito do efeito, é o elemento feminino da
criação. Sendo Yedsod-Fundação derivado de Malchut-Reino, é, naturalmente,
atraído por ele e motivado a se ligar a ele.
Por isso, diz-se que Yessod-Fundação corresponde ao órgão sexual.
Temos, portanto, quatro novos conceitos, a saber, Chessed-Amor, Guevurá-Força,
Tiferet-Beleza e Yessod-Fundação, derivados dos quatro originais.
Agora que introduzimos o conceito de relacionamento, esses quatro conceitos não
mais são meramente pontos abstratos no espaço conceituai, mas estão ligados pelo
conceito do "relacionamento".
Os dois pares são qual duas linhas que se cruzam, criando as quatro direções de
um "continuum" bidimensional.
Podemos, arbitrariamente, mostrar isso em termos de espaço físico.
Sendo a causa, normalmente, considerada "acima" de seu efeito, a dimensão que
liga Keter-Coroa e Malchut-Reino pode ser designada como a dimensão acima-
abaixo.
De modo semelhante, a relação Sabedoria-Compreensão pode ser designada como
a dimensão esquerda-direita ou leste-oeste.
Cria, então, um espaço conceituai bidimensional .
Mas, existindo o conceito de relacionamento, devemos falar, também, do
relacionamento entre as duas dimensões em si.
No exemplo conceituai do espaço, podemos dizer que uma linha é traçada entre as
duas linhas existentes. Observamos, imediatamente, que o relacionamento causa-
efeito, Coroa-Reino, era o relacionamento primário.
O relacionamento tese-antítese, Sabedoria-Compreensão, foi somente introduzido
para tornar possível o relacionamento causa-efeito.
O relacionamento Coroa-Reino pode, portanto, ser chamado de dimensão primária,
enquanto o relacionamento Sabedoria-Compreensão é a dimensão secundária.
Gera um conceito totalmente novo, isto é, as qualidades de ser primário ou
secundário.
Esses, por sua vez, formam uma nova, terceira dimensão, que pode ser atribuída à
dimensão diante-atrás.
Em sentido cabalístico, é a dimensão que liga Netzach-Vitória e Hod-Esplendor.
Com a introdução desses dois novos conceitos, está completo o Zer Anpin, com
suas seis Sefirot, a saber, Chessed-Amor, Guevurá-Força, Tiferet-Beleza, Netzach-
Vitória, Hod-Esplendor e Yessod-Fundação.
São essas as seis direções de um "continuum" conceituai, representado pelo Vav,
que ora examinamos.
Essas seis Sefirot, juntamente às quatro originais, formam, então, as Dez Sefirot.
As seis direções conceituais, representadas pelo Vav, correspondem às seis
direções físicas do "continuum" espacial.
Além disso, conforme explica o Sefer Yetzirá, Sabedoria-Compreensão delineia a
dimensão do tempo, enquanto Coroa-Reino representa a dimensão espiritual e
moral entre o bem e o mal. ,
Portanto, a criação consiste de cinco dimensões ou dez direções.
Sendo Keter-Coroa a mais próxima de Deus, diz-se representar o bem.
De modo oposto, sendo Malchut-Reino a mais afastada de Deus, pois é um efeito
receptor, diz-se, por isso, representar o mal.
Nesse contexto, dizemos que Chochmá-Sabedoria representa o passado, enquanto
Biná-Compreensão, o futuro. Sabedoria é similaridade e unidade, e há apenas um
passado. Compreensão é dissimilaridade e pluralidade, e há muitos futuros
possíveis. O fato de haver muitos futuros possíveis torna o livre-arbítrio viável.
Portanto, diz-se que Biná-Compreensão é a raiz suprema do livre-arbítrio e,
conseqüentemente, do mal.
Uma vez que o passado fertiliza o futuro, Sabedoria e o passado são machos,
enquanto Compreensão e o futuro são fêmeas.
Por isso, ensina-se que "Deus deu à fêmea Compreensão adicional".
Além do mais, temos conhecimento do passado, mas não do futuro.
O futuro, que é o elemento feminino, é, portanto, deficiente em conhecimento, e,
por isso, ensina-se que "as mulheres são fracas em conhecimento".
Isso está, também, relacionado ao motivo pelo qual as mulheres estão isentas dos
mandamentos dependentes do tempo.
Pergunta o autor: "Vav não é uma letra sozinha?"
Todas as seis Sefirot do Zer Anpin são, de fato, um único conceito, a saber:
“relacionamento".
Ele responde que os "céus" estão estendidos.
Embora seja um único conceito, é representado por seis conceitos independentes,
que são as suas seis Sefirot.
Por essa razão, a palavra hebraica para céu, Shamaim, está sempre no plural.
É o plural da palavra Sham, que significa "lá".
Portanto, literalmente, se refere a todos os lugares que possam ser considerados
"lá".
O conceito "lá", todavia, embora seja um único conceito, traz, também, implícitas
as seis direções.
Diz-se, portanto, que os céus estão "estendidos".
Continua
O Bahir – Parte 6
Comentário:
A alusão a um jardim é usada inúmeras vezes (verso 5, 6 e 23).
O paradigma dos jardins é o Éden e, por isso, a pergunta é formulada: onde é, e
qual o seu significado espiritual?
A resposta é que se encontra na terra.
Indica que o Jardim do Éden original era físico, aqui na terra, e não meramente
uma entidade espiritual.
Em sentido conceituai, entretanto, isso tem um significado mais profundo.
O conceito do Jardim está na Terra conceituai, isto é, na Sefirá Malchut-Reino, o
último Heh do tetragrama.
As três primeiras letras do tetragrama já foram examinadas e, agora, o Heh final
deve ser explicado.
Conforme declarado anteriormente, é o efeito máximo, o propósito supremo da
criação — "a obra final que estava no primeiro pensamento".
O propósito de Deus na criação era conceder o bem, e o lugar onde esse bem é
concedido é o Jardim do Éden. Por isso, a recompensa máxima do homem na vida
póstuma é chamada de "Jardim do Éden" (Gan Eden).
Sendo Deus o bem máximo, o bem que ele concede é a Sua própria Essência.
Conforme observamos anteriormente, isso é realizado através de Malchut-Reino.
Comentário:
A palavra Et é formada por Alef Tav, a primeira e a última letras do alfabeto
hebraico. Por isso, indica uma transição do começo ao fim. Declara, portanto, o
Rabino Ismael que a sua finalidade principal é indicar o sentido transitivo da
palavra "criou".
Por outro lado, o Rabino Akiba responde que o próprio fato de Et conter Alef Tav
indica que se sobrepõe a todo o alfabeto entre o verbo sujeito e o nome predicado,
acrescentando todas as coisas pertencentes àquele nome.
Declara o Talmud que o Rabino Akiba aprendeu essa regra com Nahum Ish Gamzu,
colega do Rabino Nehuniá.
O Rabino Ismael, por outro lado, foi um discípulo do Rabino Nehuniá que não
aceitou essa regra e que ensinou um método de exegese totalmente diferente.
Uma das coisas que o Rabino Akiba "acrescenta" à "terra" é o Jardim do Éden,
fortalecendo a posição de que o jardim está na terra.
De acordo com o Rabino Akiba, a palavra Et sempre advém para acrescentar algo.
Daí, fica aparente ele sustentar que o Jardim do Éden é na terra, conforme
mencionado anteriormente.
Comentário:
Alternativamente, esse versículo pode ser interpretado: "Ele atirou dos céus a terra
da beleza de Israel."
Indicaria que o "solo" ou "terra" se encontrava, originalmente, no céu.
Surge então a pergunta: como pode se dizer que o Jardim do Éden estava na terra
quando a "terra da beleza de Israel" estava, originalmente, no céu?
Faz surgir, também, uma questão contra a declaração do Rabino Yanai, de que a
terra foi criada antes do céu (ver verso 24), pois a terra estava, originalmente, no
céu.
Outro problema envolve a identificação habitual da "terra" com Malchut-Reino.
Aqui, observa-se estar identificada à "beleza de Israel", que é a Sefirá Tiferet-
Beleza.
Esse é uma das seis Sefirot associadas ao Zer Anpin, que, em geral, é chamado
"céu" (ver verso 30).
A resposta é que o verdadeiro significado desse versículo é, de fato: "Ele precipitou
do céu para a terra a beleza de Israel."
Nesse parágrafo, a "coroa" representa a Sefirá Keter-Coroa, enquanto o "manto"
está indicado no versículo: "Ele Se cobre de luz como num manto" (Salmos 104:2),
citado anteriormente (ver verso 30).
Esse "manto", ou roupagem, é a luz de Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão
quando descem para proteger do mal as Sefirot inferiores.
34. Perguntaram-lhe:
Por que a letra Chet é aberta? E por que seu ponto vogal é um pequeno
Patach? (A referência aparente é à palavra Ruach (espírito ou vento) em
Gênese 1:2. O relacionamento entre o Chet e o Patach é ímpar, pois no
final de uma palavra, a vogal é lida antes de sua consoante, sendo esse o
único caso onde isso ocorre)
Disse ele: Porque todas as direções (Ruach-ot) estão fechadas, exceto o
norte, que está aberto ao bem e ao mal.
Perguntaram-lhe: Como podes dizer que isso é para sempre? Não está
escrito (Ezequie11:4):" Olhei, um vento tempestuoso soprava do norte,
uma grande nuvem, e um fogo chamejante"? Fogo nada mais é que raiva
tenaz, conforme está escrito (Levítico 10:2): "E saiu fogo de diante de
Deus, que os consumiu e os matou."
Disse ele: Não há dificuldade. Um caso fala de quando Israel cumpre a
Vontade de Deus, enquanto o outro fala de quando não se cumpre a Sua
vontade. Quando Israel não cumpre a Sua Vontade, o Fogo, então, se
aproxima [para destruir e punir]. Mas, quando cumprem a Vontade de
Deus, então o Atributo da Misericórdia os envolve e os cerca, conforme
está escrito (Miquéias 7:18): "Ele tira o pecado e perdoa a rebeldia."
Comentário:
Todas as letras, até o Vav, já foram examinadas, enquanto Zain será explicado
posteriormente (verso 53).
O debate se volta para Chet, a oitava letra do alfabeto hebraico.
Na resposta, há uma referência a Ruch-ot (direções ou ventos), e, assim, esse
debate está no contexto da palavra Ruach (espírito ou vento), conforme surge em
Gênese 1:2.
Esse versículo já foi examinado (ver verso 2) e continua-se, aqui, o estudo.
A letra Chet é a letra final da palavra Ruach e, debaixo dela, encontra-se o ponto
vogal Patach. O Chet final é único sob esse aspecto, pois em todos os outros casos
a vogal é lida depois de sua letra acompanhante, enquanto o Patach é sempre lido
antes de seu Chet primário no final de uma palavra.
Dizem os cabalistas que a letra Chet representa a Sefirá Yexsod-Fundação, que
corresponde ao órgão masculino.
Esse órgão contém dois dutos, um para reprodução e outro para descarregar
resíduos, representados pelas duas pernas do Chet.
O duto envolvido na reprodução é a origem do bem, enquanto o envolvido na
descarga dos resíduos é a origem do mal.
O principal conceito do Chet é o de uma abertura de abaixo, indicada pela forma da
letra, que é, de fato, fechada em três lados e aberta ao fundo.
Isso é reforçado pelo Patach sob o Chet, pois a palavra Patach significa,
literalmente, "abertura".
O autor declara que o Chet na palavra Ruach indica as três direções ou ventos —
Ruch-ot em hebraico — que são fechadas.
Essas direções fechadas são sul, leste e oeste, correspondendo, respectivamente,
às Sefirot Chessed-Amor, Tiferet-Beleza e Yessod-Fundação.
A única direção aberta é o norte, que corresponde a Guevurá-Força.
O conceito de Chessed-Amor é o de dar livremente, enquanto o de Guevurá -Força
é o de restrição.
Diz-se que Força é restrição no sentido do ensinamento: "Quem é forte, aquele que
restringe seu anseio" (Avot 4:1). É óbvio que o homem pode restringir sua
natureza, mas se o homem o pode fazer, então Deus, decerto, pode.
A natureza de Deus, todavia, é de fazer o bem, e, portanto, quando Ele restringe
Sua natureza, o resultado é o mal.
Por isso, diz-se que a Sefirá Guevurá-Força é a origem do Mal.
O norte está associado ao mal em muitas passagens (ver versos 162,163 e 199).
Diz-se que é "aberto", pois a existência do mal abre a porta ao livre-arbítrio.
Diz-se que "vento tempestuoso", "grande nuvem" e "fogo chamejante",
mencionados por Ezequiel, representam as três Cascas (Klipot) do mal (conforme o
Zohar). Essas Cascas são a origem de todo o mal, e, nesse versículo, estão
associadas ao Norte.
A Casca mais próxima do mundo físico é o fogo, e é o que destrói e pune.
Por isso, diz-se que a punição de Guehinom é o fogo.
A Sefirá Guevurá-Força corresponde ao segundo dia da criação.
Diz o Talmud que, no relato da criação, a expressão, "era bom", não ocorre no
segundo dia, pois nesse dia os fogos de Guehinom foram criados.
Existe tensão constante entre Chessed-Amor e Guevurá-Força, sendo esses os
atributos de misericórdia e justiça, respectivamente.
Quando Israel cumpre a vontade de Deus, o atributo da misericórdia está em
ascendência.
Comentário:
O atributo da justiça estrita exigiria punição imediata para qualquer pecado.
O atributo da misericórdia, entretanto, posterga a punição, dando ao homem
oportunidade de se arrepender.
Continua
O Bahir – Parte 7
36. Seus alunos perguntaram: Por que a letra Dalet é grossa dos lados?
(É engrossado, e não é escrito por uma linha fina, como no Resh)
Ele respondeu: Por causa do Segol que está no pequeno Patach. (Patach e
Segol são pontos vogais. O significado é um tanto ambíguo, mas pode se
referir ao formato da letra, que se assemelha ao Patach e ao Segol.
Alternativamente, pode se referir ao fato de que na palavra Dalet, a
primeira vogal é um Patach, e a segunda é um Segol. Dalet significa
"porta", e Patach, "abertura". A respeito do Segol, ver versos 89, 90, 178)
Está, portanto, escrito (Salmos 24:7): "As aberturas (pitchey) do Mundo."
Ali Ele colocou um Patach acima e um Segol abaixo. Por isso é grossa.
Comentário:
A letra Dalet consiste de duas linhas, uma ao topo, da direita para a esquerda, e a
outra, do lado direito, em linha reta para baixo.
A primeira linha liga Chochmá-Sabedoria à Biná-Compreensão, enquanto a segunda
linha une Chochmá-Sabedoria à Chessed-Amor.
Patach é a vogal associada à Chochmá-Sabedoria, enquanto Segol está associada à
Chessed-Amor.
A palavra Dalet significa porta e a palavra Patach significa abertura.
Uma vez que Chochmá-Sabedoria representa a nossa mais elevada percepção do
Divino, é a abertura de Deus para Se revelar.
Segol relaciona-se à palavra Segulá, um remédio que funciona sem qualquer
motivo aparente.
Segol, portanto, corresponde à Sefirá Chessed-Amor, que dá livremente, mesmo
sem motivo.
A Sefirá Guevurá-Força, por outro lado, restringe, e dá somente o merecido, com
justiça rigorosa.
As duas "portas do mundo" são Patach e Segol.
Patach é uma abertura natural, enquanto Segol é a abertura que dá mesmo sem
motivo.
Ambas estão na porta que é Dalet (ver versos 89, 178).
Comentário:
A abertura (Patach) entre Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão permite,
também, a existência de Guevurá-Força, que, conforme mencionado anteriormente,
é ambos, norte e mal.
O nível do Trono é Biná-Compreensão.
É chamado Trono porque, em geral, o conceito de sentar é o de abaixar.
Por isso, quando dizemos que Deus "senta", de fato, queremos dizer que Ele está
rebaixando Sua essência de modo a Se ocupar de Seu universo e ser compreendido
por ele.
O Trono é o veículo através do qual Deus "senta" e, portanto, Se abaixa, e esse é o
conceito de Biná-Compreensão, por intermédio do qual compreendemos Deus.
Esse Trono é mencionado em Ezequiel 1:26 e em Isaías 6:1.
A Compreensão está, normalmente, na cabeça. Mas sua contraparte nas Sefirot
mais inferiores é Guevurá-Força, que corresponde ao braço esquerdo.
Assim sendo, esse Trono está, às vezes, na "cabeça" e, outras, no "braço".
Corresponde aos Tefilin usados tanto na cabeça quanto no braço direito
(Deuteronômio 6:8).
Indica-se aqui os Tefilin usados por Deus, mencionados no Talmud.
Quando usamos Tefilin, correspondem aos de Deus, e nos levam para perto de
Deus, na medida que nos auxiliam a nos assemelharmos a Ele.
Naturalmente, os Tefilin de Deus não são físicos, mas se referem a conceitos
específicos associados às devidas Sefirot.
Em certo sentido, nosso uso dos Tefilin "abaixa" Deus em nossa direção, e nos
permite partilhar de Sua essência.
Entretanto, isso é o conceito do Trono, mencionado anteriormente.
Parece indicar que devemos fazer os Tefilin na forma de uma cadeira, e sentar-nos
neles, porém isso não demonstraria a adequada reverência.
Declara, então, o autor, que Deus usa Seus Tefilin no Mem aberto.
É o conceito de Biná-Compreensão, a Mãe divina, quando Ela desce para envolver e
proteger as Sefirot inferiores, que são Seus "filhos". Essa descida é o mistério do
ventre divino (ver verso 84).
Por isso, os Tefilin usados na cabeça têm correias que descem e envolvem o corpo.
Mem tem valor numérico quarenta, sugerindo os quarenta dias em que o embrião é
formado no útero.
Esses quarenta correspondem, também, às Dez Sefirot em cada uma das quatro
caixas dos Tefilin da cabeça (ver verso 50).
Comentário:
Aqui, o tema principal é o fato de que Deus tem prazer supremo quando o mal é
transformado em bem.
O livre-arbítrio foi concedido ao homem para que superasse o mal, sendo esse o
propósito da criação.
Quando o mal é superado, esse propósito é cumprido, e esse é o "prazer" de Deus.
Em sentido mais profundo, quanto mais superamos o mal, mais faremos uso de
nosso livre-arbítrio, e, assim o fazendo, mais nos assemelhamos a Deus.
Está evidente, nesse parágrafo, que o oposto do mal é a paz (ver versos 11 e 12).
Comentário:
Ver verso 38
40. Seus alunos lhe perguntaram: O que é Cholem? (De acordo com a
ordem das Sefirot, isso é Beleza).
Respondeu ele: É a alma — e seu nome é Cholem .
Se a escutarem, seus corpos serão vigorosos (Chalam) no Futuro Supremo.
Mas, ao se rebelarem contra ela, haverá doença (Cholé) sobre suas
cabeças e males (Cholim) sobre a cabeça da alma.
Comentário:
O ponto vogal Cholem corresponde à Sefirá Tiferet-Beleza, que é a essência do Zer
Anpin, o Homem Divino. Esse é, também, o conceito da alma.
Em geral, os pontos vogais são considerados as almas das letras.
Todavia, no caso do Cholem, o ponto vogal, também, inclui muitas vezes a letra
Vav. Assim sendo, é um ponto vogal associado à letra, sugerindo a alma quando
está manifesta no corpo.
Além do mais, o fato da letra Vav ser usada, indica ligação (ver comentário sobre
verso 29).
Se atenção primordial for dada à alma, o corpo, então, é também forte no Mundo
Vindouro. Fala do corpo após a ressurreição, que é fortalecido a tal ponto pela
alma, que se torna imortal.
A principal força do corpo é o fato de se assemelhar ao Homem Divino,
representado pelo Cholem.
O Cholem é colocado na cabeça do Vav, indicando que o principal domínio da alma
se encontra na mente do homem.
Mas se pervertermos a alma, haverá, então, doença na cabeça.
Continua
O Bahir – Parte 8
Comentário:
O Cholem indica a manifestação da alma no corpo.
A mais comum dessas manifestações é o sonho
42. Disse-lhes: Vinde, e escutai os finos pontos relativos aos pontos vogais
encontrados na Torá de Moisés.
Sentou-se e explicou: Chirek odeia os que fazem o mal, e os pune.
Esse lado inclui o ciúme, o ódio e a competição.
Está, portanto, escrito (Salmos 37:12): "Ele range (Chorek) seus dentes
contra eles." Não leia chorek (range), porém rochek (repele).
Afasta (rachek) esses traços de ti, e afasta-te do mal.
Certamente, o bem se ligará a você.
Comentário:
O ponto Vogal Chirek corresponde à Sefirá Netzach-Vitória.
Conforme observamos anteriormente, Netzach-Vitória representa o principal
propósito da criação, enquanto Hod-Esplendor é o secundário (ver verso 30).
O mal é o resultado dos elementos secundários da criação, pois sua finalidade é
apenas o de permitir a existência da livre escolha, e, assim, realizar o principal
propósito, que é a ligação do homem a Deus.
Estando o Mal associado ao "lado de trás" (Acharaim), ou "Outro Lado" (Sitra
Achara), extrai sua principal nutrição de Hod-Esplendor. Por isso, a palavra
hebraica para "Esplendor", Hod, sugere, também, Hodaá, que significa submissão.
Hod-Esplendor é submisso, no sentido em que permite a existência do Mal.
Isso não contradiz o fato de que a fonte suprema do mal é Guevurá-Força, pois, na
matriz das Sefirot, Hod-Esplendor é uma decorrência de Guevurá-Força.
Contudo, o propósito principal é todo bom e, por isso, detesta o Mal.
É representado pelo Chirek, que corresponde à Netzach-Vitória.
Diz-se, portanto, que devemos nos afastar do mal para que o bem se ligue a nós.
Por isso o Chirek é um único ponto, indicando que há, basicamente, um só
propósito principal.
O conceito principal de "gelo" (Kerach), aqui mencionado, é lisura.
A raiz Karach indica, também, calvície.
A água está, em geral, associada à Chessed-Amor, e é nesse sentido que a água é
mencionada no primeiro dia da criação, pois o primeiro dia corresponde, também, à
Chessed-Amor.
Entretanto, a realização do potencial da água teve lugar no quinto dia, que
corresponde à Hod-Esplendor, quando foram criados o peixe e outras criaturas do
mar.
Nesse contexto, a água indica mudança e livre-arbítrio, sendo esse o conceito de
Hod-Esplendor, o nível secundário da criação.
As criaturas do mar foram os primeiros animais criados, e partilham desse conceito
de mudança e de livre-arbítrio.
Gelo, por outro lado, é água congelada, e sugere o conceito da água quando é
transformado em um estado de permanência. Relaciona-se à Netzach-Vitória, pois
a palavra Netzach tem, também, a conotação de permanência e eternidade.
Indica o estado permanente do homem, que está no Mundo Vindouro, onde "os
justos se sentam, deleitando-se no resplendor da Presença Divina".
Os anjos avistados por Ezequiel estão sempre em tal estado, e por isso, está escrito
à respeito deles: "acima de suas cabeças havia algo que parecia gelo medonho"
(Ezequiel 1:22).
O cabelo vem de uma criatura viva, mas, em si, não é vivo.
Representa, portanto, um extremo rebaixamento de status, a não-vida emanando
da vida.
É, também, uma roupagem autofabricada que esconde a criatura viva.
O principal propósito de Deus na criação era que Ele deveria estar habilitado a Se
revelar à Sua obra, sendo esse o maior bem possível que Ele pode conceder.
Esse é o nível de Netzach-Vitória, o propósito principal.
Entretanto, isso é impossível de ser realizado sem constrição, rebaixamento e
encobrimento, pois nenhuma coisa criada seria capaz de tolerar a Luz irrestrita de
Deus. Por isso, como conceito secundário, Deus deve refrear Sua essência, e
rebaixar e encobrir Sua Luz.
"Cabelo" é uma referência a isso.
É, também, o nível de Hod-Esplendor, o propósito secundário.
Calvície, a ausência de cabelo, indica o Futuro Máximo, quando nenhum
encobrimento será necessário, e o homem vivenciará Deus no mais alto nível
possível.
Nessa época, será revelado o propósito principal, representado pelo Chirek e
Netzach-Vitória.
As palavras "e limpa" são o último dos Treze Atributos da Misericórdia, mencionado
na revelação de Deus a Moisés. Refere-se à limpeza máxima de todo mal por Deus,
onde Seu principal propósito será revelado.
45. Disse ele: Qual é o significado do versículo (Êxodo 20:15) "E todo o
povo viu as vozes"?
São essas as vozes sobre as quais falou o Rei Davi.
Está, portanto, escrito (Salmos 29:3): "A voz de Deus está sobre as águas,
o Deus glorioso troveja." [Essa é a primeira voz.]
[A segunda voz é] (Salmos 29:4): "A voz de Deus vem com força."
A respeito disso, está escrito, (Isaías 10:13): "Pela força da minha mão, fiz
isso." Está, similarmente, escrito (Isaías 48:13): "E também Minha mão
fundou a terra."
[A terceira voz é] (Salmos 29:4): "A voz de Deus no esplendor."
Está, também, escrito (Salmos 111:3): "Sua obra é esplendor e majestade,
e Sua justiça permanece para sempre."
[A quarta voz é] (Salmos 29:5): "A voz de Deus despedaça os cedros."
Esse é o arco que despedaça os ciprestes e os cedros.
[A quinta voz é] (Salmos 29:7): "A voz de Deus lança chispas de logo."
Isso é o que faz a paz entre a água e o fogo. Lança o poder do fogo, e o
impede de secar a água. Impede, também, [a água] de o extinguir.
[A sexta voz é] (Salmos 29:8): "A voz de Deus sacode o deserto."
Está, portanto, escrito (Salmos 18:51): "Ele faz o bem ao Messias, a Davi e
sua descendência, para sempre" — mais do que [quando Israel estava] no
deserto.
[A sétima voz é] (Salmos 29:9): "A voz de Deus faz dar cria às corças,
descasca as florestas e, em Seu Templo, todos dizem Glória."
Está, portanto, escrito (Cântico dos Cânticos 2:7): "Eu as obrigo por um
juramento, Ó filhas de Jerusalém, com as hostes, ou com as corças do
campo."
Ensina que a Torá foi concedida com sete vozes. Em cada uma delas, o
Mestre do universo revelou-se a elas, e elas O viram.
Está, portanto, escrito: "E todo o povo viu as vozes."
Comentário:
Isso vem após o debate anterior, pois fala de um tipo de fogo que consome a água.
A primeira Voz é Chessed-Amor e, por isso, é representado pela água.
A segunda Voz é Guevurá-Força. O primeiro versículo de Isaías mostra que
Guevurá-Força é representado pela mão, mas não indica qual das mãos.
O versículo seguinte, em sua totalidade, diz: "Minha mão fundou a terra, Minha
mão direita estendeu os céus." indica que a mão não especificada se refere à mão
esquerda. Portanto, a segunda Voz, Guevurá-Força, corresponde à mão esquerda
(ver verso 145).
A terceira Voz é Hod-Esplendor, conforme indicado pelos versículos citados.
A quarta Voz é Yessod-Fundação, que é sempre indicada pelo arco.
A quinta Voz é Tiferet-Beleza, que faz a paz entre o fogo e a água (ver verso 11).
A sexta Voz é Netzach-Vitória, que tem, também, a conotação de permanência e
eternidade. É, portanto, indicada pela palavra "eternidade".
A sétima Voz é Malchut-Reino, indicada pela "Glória".
Essa seqüência difere da seqüência convencional das Sefirot, pois Hod-Esplendor e
Yessod-Fundação estão trocadas por Tiferet-Beleza e Netzach-Vitória.
Continua
O Bahir – Parte 9
Comentário:
Ensina-nos outro aspecto de Netzach-Vitória, isto é, que é a origem da revelação e
da profecia.
É a mesma coisa que o fogo de Elias, mencionado no verso 44.
Netzach-Vitória e Hod-Esplendor correspondem aos dois pés que se apóiam sobre a
terra.
Similarmente, essas duas Sefirot se relacionam com o nível que está abaixo delas.
Por isso, toda revelação se origina dessas Sefirot.
Portanto, esse "grande fogo" estava na terra, e dele emergiu a palavra.
Comentário:
Indica que viram apenas as Sefirot, mas não o próprio Deus.
Além disso, viram apenas as sete mais inferiores das Dez Sefirot.
Não viram a "garganta", indicando que não tiveram percepção de nada acima do
"pescoço", isto é, das Sefirot Chochmá-Sabedoria, Biná-Compreensão e Keter-
Coroa.
Esses serão examinados no verso 49.
48. Declara um versículo (Êxodo 20:15): "e todo o povo viu as vozes".
Todavia, outro versículo (Deuteronômio 4:12) declara: "Ouviste uma voz
de palavras."
Como podem [os dois serem reconciliados)?
A princípio, viram as vozes.
O que viram eles?
As sete vozes mencionadas por Davi. Mas, ao final, escutaram a palavra
que emanava de todas elas. Mas aprendemos que havia dez (Refere-se aos
Mandamentos ou às Sefirot).
Nossos sábios ensinaram que todas foram ditas com uma única palavra.
Mas dissemos que havia sete. Havia sete vozes. A respeito de três delas,
está escrito (Deuteronômio 4:12): "Ouvistes uma voz de palavras, mas
nenhuma forma distinguistes, nada além de uma voz."
Ensina que todas foram ditas com uma única palavra. Assim é para que
Israel não cometa um erro e diga: "Outros O ajudaram. Pode ter sido um
dos anjos. Mas Sua voz sozinha não poderia ser tão poderosa."
Por essa razão Ele voltou e as incluiu [em uma única palavra].
Comentário:
Nesse capítulo é introduzido o conceito das Dez Sefirot.
As sete Sefirot inferiores correspondem aos sete dias da criação e já foram
examinadas no verso 45.
Além dos sete dias, a criação abrangia, também, as Dez Declarações (Avot 5:1).
Similarmente, embora a revelação no Sinai contivesse Dez Mandamentos, consistia
de sete Vozes. Surge, então, a pergunta: se a criação envolve um conceito de dez,
por que é, em geral, expressa em termos de sete?
A resposta dada é que os dez "foram expressos por uma única palavra".
O Dez representa um conceito interno, expresso externamente como uma única
idéia. Deve-se ao fato de que os Dez representam uma estrutura completa.
Os sete, por outro lado, são uma estrutura incompleta, e por isso vistos como
entidades separadas.
Assim sendo, na fala, a criação envolvia um conceito de Dez Declarações (ver
versos 118,138,140,179).
Esse era um conceito interno, externalizado em um único ato de criação.
Quando a criação foi expressa, todavia, era uma ação de sete dias.
Comentário:
As Dez são divididas em dois grupos, sete Vozes e dez Declarações.
As mais inferiores das Dez Sefirot são, em geral, chamadas Atributos (Midot),
enquanto as três mais elevadas são chamadas Mentalidades (Mochin).
Um Atributo é algo externalizado, enquanto uma Mentalidade, ou processo mental,
é completamente interno.
Similarmente, uma "voz" é externalizada, enquanto uma "declaração" sem voz não
o é.
Os Dez Reis aqui mencionados são os mesmos que no verso 27.
As Sefirot são chamadas Reis em muitas passagens da literatura cabalística,
especialmente em seu estado no Universo do Caos, antes da retificação (ver
comentário sobre verso 11).
São indicadas pelos Reis de Edom, no final de Gênese 36.
São chamadas "reis", porque um rei apenas toma de seus súditos, e não contribui
para a economia de seu reino. Similarmente, essas Sefirot do Universo do Caos
apenas recebiam, mas não podiam dar.
Das três Sefirot aqui indicadas, apenas Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão
são mencionadas explicitamente.
A respeito de Keter-Coroa, somos meramente advertidos a não especular sobre
seus mistérios.
50. Aprendemos que (Provérbios 25:2): "A glória de Deus é ocultar uma
palavra." O que é "uma palavra"?
Aquilo acerca do qual está escrito (Salmos 119:160): "O Princípio de Tua
palavra é verdade." [Está, também, escrito] (Provérbios 25:2): "A glória
dos reis é sondar uma palavra."
O que é essa "palavra"?
Aquilo acerca do qual está escrito (Provérbios 25:11): "Uma palavra falada
em seu lugar oportuno (Afen-av)."
Não leias "seu lugar oportuno" (Afen-av), mas "sua roda" (Ofen'av).
Comentário
Em terminologia cabalística, a palavra "glória" sempre se refere à uma roupagem.
Indica, também, a Sefirá Malchut-Reino.
Uma roupagem serve a dois propósitos: encobrir e revelar.
No que se refere a Deus, o conceito de "roupagem" encobre Sua verdadeira
essência, enquanto, ao mesmo tempo, a atenua, para que possa ser revelada.
O versículo "o princípio de Tua palavra é verdade (EMeT)" fala dos três passos que
antecedem os sete dias da criação.
A palavra Emet é formada por Alef Mem Tav, que são a primeira, a do meio e a
última letras do alfabeto hebraico.
Como tal, referem-se aos conceitos de passado, presente e futuro.
Correspondem às Sefirot Chochmá-Sabedoria, Keter-Coroa e Biná-Compreensão,
que são ocultos.
Conforme examinado anteriormente, Chochmá-Sabedoria corresponde ao passado,
enquanto Biná-Compreensão é o futuro (ver comentário sobre verso 30).
Keter-Coroa é o eterno presente, pois existe em um plano que se encontra
totalmente acima do tempo.
Todavia, esse nível está completamente para além da compreensão, e, por isso, é
representado pela quase-Sefirá Daat-Conhecimento, que é o conceito do
intercâmbio entre Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão.
Esse é o presente temporal, que é o intercâmbio entre o passado e o futuro.
O conceito interno de Keter-Coroa é, portanto, externalizado como Daat-
Conhecimento (ver verso 186).
Embora traduzido como "o princípio de tua palavra", a tradução literal desse
versículo é "a cabeça (rosh) de tua palavra". Refere-se, portanto, às três Sefirot
mais elevadas, que constituem a "cabeça".
As Sefirot chamadas "Reis" no final de Gênese 36 são, principalmente, as sete
inferiores. São essas as Sefirot que podemos examinar.
Além do mais, a Sefirá através da qual os outras são reveladas é sempre Malchut-
Reino. Portanto, "a glória dos reis é revelar uma palavra".
Os quatro passos básicos da criação indicam, também, quatro universos, cada um
deles com seus próprios habitantes.
Os habitantes dos três universos inferiores são tipos de anjos.
São exibidos no Quadro abaixo
Continua
O Bahir – Parte 10
Comentário:
Aqui, as Sefirot são examinadas em maior detalhe.
Como Keter-Coroa não pode ser examinada, a primeira Sefirá a ser estudada é
Chochmá-Sabedoria.
A primeira palavra da Torá, BeReshit, "no princípio", é uma referência à Chochmá-
Sabedoria.
Está, portanto, indicado pelo versículo "o princípio é Sabedoria" (ver verso 49).
Biná-Compreensão é a segunda Sefirá examinada.
Já foi identificada com as almas, a partir do versículo: "a alma (Neshamá) de
Shadai lhes dá Compreensão" (verso 49).
Aqui, é, também, identificado com o conceito de Espírito (Ruach) e, portanto,
indicado pelo versículo: "o Espírito de Deus pairou sobre a face das águas" (Gênese
1:2).
Em ensinamentos cabalísticos, diz-se que Biná-Compreensão é a origem das almas,
e, por isso, é chamada Mãe divina (Ima Ila'á).
Conforme mencionado anteriormente, o nível de Biná-Compreensão é o Universo de
Beriyá-Criação, e é nesse Universo que as almas Neshamá se originam.
Conforme observado anteriormente, Chochmá-Sabedoria é o passado, enquanto
Biná-Compreensão é o futuro, e, portanto, o conceito do tempo se origina da
confluência dessas duas Sefirot.
O completo conceito do tempo é, por isso, definido apenas no nível de Biná-
Compreensão.
Uma vez que o homem pode somente funcionar dentro da referência do tempo, sua
alma se origina nesse nível, que é onde o tempo se origina.
O nível seguinte é o de Chessed-Amor, a quarta Sefirá.
Chessed-Amor é comparada à água (ver comentário sobre verso 43).
Uma das razões para isso é que, de algum lugar de cima, a água flui livremente
para baixo, e, do mesmo modo, a influência de Chessed-Amor desce livremente de
suas alturas.
Em nível mais básico, a água é a essência da transformação.
Após ser o tempo definido por Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, o conceito
de transformação pode, também, ser definido.
O estado líquido é a essência da transformação, enquanto o estado sólido é
permanência. Diz-se que Chessed-Amor, o qual corresponde à água, está abaixo do
"espírito", que é Biná-Compreensão.
Isso se fundamenta no versículo "o espírito de Deus pairou sobre a face da água"
(Gênese 1:2).
Esse nível de Chessed-Amor, que corresponde à água, é a primeira das sete Sefirot
mais inferiores, correspondendo aos sete dias da criação.
Por isso, é o principal bloco construtor da criação, e está, portanto, escrito:
"Eu disse, o mundo é construído sobre Chessed" (Salmos 89:3).
Similarmente, está escrito: "Ele estendeu a terra sobre a água" (Salmos 136:6).
Uma vez que a Torá se inicia no primeiro dia da criação pelo conceito de Chessed-
Amor, o homem é iniciado na Tora por seu intermédio.
Aqui, o versículo de Isaías é, de fato, o versículo do qual o Talmud extrai o
ensinamento de que a Tora é comparada à água.
52. "Que venha aquele que não tem prata", pode também ser explicado de
outro modo. Deixe que ele venha a Deus, pois Ele tem prata.
Está, portanto, escrito (Ageu 2:8): "A Mim pertence a prata e a Mim
pertence o ouro."
Qual é o significado do versículo "A Mim pertence a prata e a Mim pertence
o ouro"?
Como é? Um rei tinha dois tesouros, um de prata e um de ouro.
Colocou o de prata à sua direita e o de ouro, à sua esquerda.
Disse [da prata]: "Esse deve estar pronto e é fácil de se levar."
Ele mantém calmas as suas palavras.
Ele é ligado aos pobres, e os dirige calmamente.
Está, portanto, escrito (Êxodo 15:6): "Tua mão direita, Ó Deus, pela força
se assinala."
Se regozijar-se com seu quinhão, então está tudo bem.
Caso contrário (Êxodo 15:6), "Tua mão direita, Ó Deus, estraçalha o
inimigo".
Ele lhes disse: Isso é em referência ao ouro.
Está, portanto, escrito: "A Mim pertence a prata e a Mim pertence o ouro."
Comentário:
Por ser o ouro mais valioso que a prata, surge a pergunta: por que a prata é
mencionada primeiro nas Escrituras?
Responde-se que a prata é Chessed-Amor, enquanto o ouro é Guevurá-Força, a
quinta Sefirá.
O motivo dado é porque a prata é menos valiosa, sendo, portanto, colocada à
direita, onde é "fácil de se levar" e distribuir.
Ouro, por outro lado, é mais valioso, e é colocado à esquerda e retido.
No uso cabalístico, a mão direita é Chessed-Amor, enquanto a mão esquerda é
Guevurá-Força (ver versos 144 e 145).
Em geral, a mão direita indica doação, e a esquerda, retenção.
É, portanto, ensinado que "o esquerdo empurra, e o direito atrai".
Comentário:
As seis primeiras das sete Sefirot inferiores, desde Chessed-Amor à Yessod-
Fundação, estão personificadas como Zer Anpin (Face Pequena), o arquétipo da
personificação masculina (ver verso 81 e 140).
Essa personificação masculina é o "Homem no trono", avistado por Ezequiel:
"E sobre essa forma de trono, havia a semelhança da aparência de um Homem"
(Ezequiel 1:26).
Embora as sete Sefirot inferiores incluam, também, Malchut-Reino, o elemento
feminino, o autor fala agora a respeito de um nível antes da fêmea ser extraída do
macho.
Esse nível corresponde a Adão antes que Eva fosse extraída dele.
O "Macho", representado pelo Zain, está no Universo de Atzilut-Proximidade,
enquanto o Trono está no Universo de Beriyá-Criação, que é, também, o mundo
das almas.
Nesse sentido, Heh é um trono para Zain.
Em outro sentido, Heh representa Biná-Compreensão, a Mãe do Macho, que é,
também, a raiz das almas (ver verso 51).
É o primeiro Heh do Tetragrama (ver comentário sobre verso 29).
A alma contém cinco níveis, e esses níveis correspondem às Sefirot e Universos na
maneira apresentada no Quadro seguinte:
Dessas cinco, apenas as três mais inferiores estão envolvidas com o "ser" do
homem.
As duas mais elevadas, Chayá-vitalidade e Yechidá-Singularidade, são consideradas
Envoltórios (makifin), que não influenciam diretamente o homem.
Uma razão para isso é que o mais elevado dos dois níveis existe em um plano
acima do tempo (ver comentário sobre verso 51).
Esses níveis entrarão no "ser" do homem apenas no Mundo Vindouro.
O conceito dessas partes da alma pode ser compreendido por intermédio da
analogia a um soprador de vidro.
Um sopro deixa os lábios do soprador de vidro, viaja pelo seu tubo de sopro como
um vento e, afinal, descansa no objeto que ele está formando, modelando-o da
maneira que deseja.
O sopro é Neshamá-Sopro, que possui seu significado literal.
Está indicado no versículo "E Deus soprou em suas narinas um sopro (Neshamá) de
vida" (Gênese 2:7).
É transmitido abaixo para o homem sob a forma de um "vento", que é o nível de
Ruah-Espfrito do Vento.
Quando descansa no homem, é chamado Nefésh-Alma, que se origina da raiz
Nafash, "descansar".
Nesse esquema, o nível de Chayá-Vitalidade representaria o sopro antes mesmo
que deixe o Soprador, enquanto ainda é parte integrante de sua força vital.
O nível de Yechidá-Singularidade, seria o próprio desejo que O move a soprar.
Já foi observado que Bet representa Chochmá-Sabedoria, o sustento de todas as
coisas. A chave para esse ensinamento é a letra Heh, que é inferior a Zain, seu
trono, e, ao mesmo tempo, está acima dele.
Similarmente, embora o ouro seja mais valioso que a prata, está manifesto em
nível inferior.
O motivo para isso envolve importante conceito.
O principal propósito de Deus na criação era o de dar.
Sendo impossível à criação aceitar tudo o que Deus tem para dar, Ele deve,
também, restringir.
O conceito de restrição, portanto, preenche uma função secundária na criação.
Prata e Chessed-Amor representam dar, estando, portanto, em nível mais elevado
que ouro e Guevurá-Força, que representam restrição.
Mas, embora dar seja mais elevado que receber, o que está restrito é sempre maior
do que o dado. Na verdade, o motivo disso é reservado precisamente porque é
muito elevado para ser dado.
Portanto, aquilo que é dado é prata, enquanto o que reservado é o tão valioso ouro.
Isso é evidenciado pelos cinco níveis da alma, onde os dois mais elevados são
reservados.
No sentido que está aqui representada, a palavra HaZahav ("ouro", HZHV) é, de
fato, uma inversão do Tetragrama YHVH, com Zain substituindo Yud.
Comentário:
O conceito anterior é, aqui, melhor desenvolvido.
O Rei é Chochmá-Sabedoria, enquanto sua filha é Malchut-Reino, o elemento
feminino arquetípico. Ela está vinculada ao Macho e, por isso, ele é representado
pela letra Zain, conforme anteriormente.
Essa Filha dá à luz toda a criação.
Para que a criação seja independente do Rei, Ele deve Se divorciar dela.
Todavia, ao mesmo tempo, Ele deve, também, permanecer intimamente vinculado
à ela, sendo esse o principal paradoxo da criação (ver verso 1).
Por isso, o Rei se restringe, mas deixa uma "janela" por intermédio da qual Ele se
comunica com Sua filha.
A janela restringe, mas pode ser aberta.
A janela é a letra Heh, a qual, diz-se, representa os cinco níveis da alma.
Embora Deus Se encubra do homem, a alma é a janela até Deus.
Diz, portanto, o versículo, que a Filha do Rei está oculta, não apenas do Rei, mas
também de nós.
A vestimenta que a esconde é ouro, o conceito da restrição.
Comentário:
Conforme discutido anteriormente (nos versos 51 e 53), o nível mais elevado do sul
vivenciado por nós é Neshamá-Sopro, que está no nível de Biná-Compreensão.
Apenas no Mundo Vindouro atingiremos o nível de Chochmá-Sabedoria, que é o
nível de Chayá-Vitalidade.
Bet se refere à Chochmá-Sabedoria, que está dois níveis acima dos sete dias da
criação.
Esses dois níveis são os dois mil anos.
Quem pergunta, compreende que esses dois mil indicam "milhares de vezes mais
do que era", mas, de fato, significam dois mil.
Responde-se-lhe que "milhares" pode, também, significar sete mil.
Isso pode ser, também, interpretado que, do mesmo modo que o sol rege o mundo
por sete mil anos, assim o fará a lua.
Continua
O Bahir – Parte 11
Comentário>
As cinco primeiras Sefirot: Keter-Coroa, Chochmá-Sabedoria, Biná-Compreensão,
Chesed-Amor (prata) e Guevurá-Força (ouro), foram examinadas.
Podendo uma janela tanto ser aberta quanto fechada, o ouro é o Atributo da
Justiça.
Comentário:
As sete Sefirot inferiores são indicadas pelo "céu" e "terra".
"Céu" são as seis, e "terra" é Malchut-Reino (ver verso 30).
O Shabat representa o nível de Malchut-Reino, nível de Nefesh-Alma.
Conforme mencionado anteriormente, a palavra Nefesh vem da raiz que significa
"descansar".
Como observaremos, a dimensão definida por Keter-Coroa e Malchut-Reino é a
dimensão da "alma".
O nível do corpo é o de trabalhar para ganhar sustento, enquanto o nível da alma é
o de recebê-lo como dádiva. Durante os seis dias de trabalho, devemos ganhar
tudo o que obtemos com "motivação de abaixo", enquanto que no Shabat é
concedido como dádiva. Isso "sustenta almas".
Comentário:
O Shabat representa Malchut-Reino, principal elemento fêmea, e o útero do qual
todas as almas se originam.
Em ensinamentos cabalísticos, "palavra" indica, também, Malchut-Reino.
A "aliança" é a Sefirá Yesod-Fundação, que corresponde ao Órgão sexual
masculino.
As almas são geradas por intermédio do acasalamento do Macho com a Fêmea.
A aliança de Abraão envolvia a circuncisão do órgão sexual masculino, pois Abraão
e seus filhos estariam, então, aptos a transmitir as almas geradas pelo Macho e a
Fêmea divinos (ver verso 82 e 168).
Diz-se que essa aliança está entre os "dez dedos e os dez artelhos".
Os dez dedos indicam as Dez Sefirot que dão (ver verso 138).
Esse é o conceito de "motivação de acima".
Os dez artelhos, por outro lado, representam as Dez Sefirot que recebem de
abaixo, assim como os pés estão apoiados pelo solo debaixo deles.
O conceito que unifica esses dois conjuntos de dez é o órgão sexual, que gera
almas.
Conforme mencionado anteriormente (verso 53), a alma é a "janela" até Deus,
sendo, portanto, o canal por intermédio do qual as "mãos" dão, e os "pés"
recebem.
Quando foi concedida a Abraão essa grande capacidade de trazer para baixo as
almas mais elevadas por intermédio da aliança da circuncisão, ele teve vergonha,
pois já havia gerado Ismael quando não era circuncidado.
Deus, então, lhe disse que ele seria o "pai de muitas nações" e que, embora Ismael
já houvesse nascido, sua gratificação principal seria através de Isaac.
Comentário:
Nesse contexto, a água se refere à Chochmá-Sabedoria, enquanto fogo é Biná-
Compreensão.
A palavra EMeT — "Verdade" — contém, também, uma alusão a isso (ver verso
50). Verdade é, portanto, idêntica à paz.
Embora diga-se, em geral, que a água é Chesed-Amor e fogo é Guevurá-Força,
aqui indicam Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão.
Não se trata de contradição, pois Chochmá-Sabedoria é a raiz de Chesed-Amor,
enquanto Biná-Compreensão é a raiz de Guevurá-Força.
"Céu" indica as seis Sefirot de Zer Anpin, que correspondem aos seis dias da
criação.
Nascem da união de Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, Pai e Mãe divinos,
fogo e água.
"Céu" significa "existe água", pois a mais elevada dessas seis Sefirot é Chesed-
Amor, representada pela água.
Entretanto, as seis contêm, também, Guevurá -Força e, por isso, é "água
combinada ao fogo".
O conceito de "paz e amor" é o da retificação.
Quando as Sefirot podem interagir e se comunicar umas com as outras, podem ser
retificadas de modo a formarem Personificações (Partzufitn).
A mais importante dessas Personificações é Zer Anpin (Face Pequena), que consiste
dessas seis Sefirot, e está indicada pela palavra "Céu" (ver versos 11 e 153).
60. Dizemos, também (Salmos 119:164): "sete vezes por dia eu Te louvo
por Teus julgamentos justos".
Perguntaram-lhe: "Quais são?"
Respondeu ele: "Não examinais cuidadosamente. Sede precisos, e os
encontrareis."
Comentário:
Aqui, outra vez, "sete" se refere às sete Sefirot inferiores, que consistem de Zer
Anpin junto à Malchut-Reino, a Fêmea.
A resposta é que eles devem examinar cuidadosamente o versículo.
"Justo" sempre se refere à Sefirá Yesod-Fundação, pois está escrito: "O Justo é a
Fundação do mundo" (Provérbios 10:25) (ver verso 61).
Nos ensinamentos cabalísticos, "Julgamento" é o próprio Zer Anpin.
Portanto, seis das sete Sefirot são "Julgamento", que são as seis de Zer Anpin.
A Sefirá Yesod-Fundação, que é o órgão sexual masculino, inclui, também, a
Fêmea, conforme examinaremos posteriormente (ver versos 67 e 82).
Continua
O Bahir – Parte 12
Comentário:
Aqui, a letra Tzadi representa a Sefirá Yesod-Fundaçáo, o Justo (Tzadik).
Yud representa Chochmá-Sabedoria, a primeira letra de YHVH.
Nun tem valor numérico cinqüenta, que representa os "cinqüenta portais da
Compreensão" e, por isso, Nun indica Biná-Compreensão.
É o primeiro Heh de YHVH.
Heh tem valor numérico cinco e, quando multiplicado pelo dez do Yud, o resultado
é cinqüenta.
Quando Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão se juntam na união entre o Pai e
a Mãe divinos, é possível, então, existir uma união entre o Macho e a Fêmea, Zer
Anpin e Malchut-Reino.
A união entre Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, o Pai e a Mãe, é chamada
Daat-Conhecimento, e indica união e copulação, conforme o versículo: "E Adão
conheceu sua mulher" (Gênese 4:1).
É, também, o mistério do ditado talmúdico: "Não é possível existir ereção sem
Conhecimento".
A letra Tzadi é dupla, indicando que é macho e fêmea (ver verso 83).
Portanto, o Tzadi representa Yesod-Fundação, os órgãos sexuais de ambos, do
macho e da fêmea. Ambos são despertados quando as Mentalidades, Chochmá-
Sabedoria e Biná-Compreensão, se unem.
Comentário:
Outra razão de Biná-Compreensão ser representada pelos "cinqüenta portais" é que
se estende para baixo, por intermédio de cinco Sefirot, até Hod-Esplendor.
Netzach-Vitória e Hod-Esplendor, todavia, são a origem da profecia, o nível dos
"videntes".
Foi nesse "campo dos videntes" que Balaão construiu sete altares, correspondendo
às Sefirot que ora examinamos.
Diz o autor que esse filho é qual a carruagem - um transporte - e está identificado
com o "coração" do Santo Abençoado.
Está bem estabelecido na Cabala que o "coração" representa a Sefirá Biná-
Compreensão, pois é ensinado que o "coração compreende".
Todas as vezes que a expressão "Santo Abençoado" é usada, indica a
Personificação do Zer Anpin (Face Pequena).
Existem cinco Personificações (Partzufim) básicas, construídas a partir das Sefirot
no Universo da Retificação, e estão relacionadas no quadro seguinte.
As Personificações
Comentário:
Em outra interpretação, a resposta é: "Mãe, assim, Ben Zoma está do lado de
fora..."
Ele, portanto, responde que Biná-Compreensão é Imma -Mãe (ver verso 104).
Diz-se que os Trinta e Dois Caminhos se referem ao coração, e, por isso, se indicam
Biná-Compreensão.
No Sefer Yetzirá, todavia, são chamados de Trinta e Dois Caminhos da Sabedoria e,
por isso, pareceriam pertencer à Chochmá-Sabedoria, ao invés de Biná-
Compreensão.
O Ari reconcilia essa dificuldade com a afirmação zoharística de que "Pai e Mãe
nunca se separam".
Por isso, o Yesod-Fundação de Abba-Pai (Chochmá-Sabedoria) está sempre em
conjunção ao Yesod-Fundação de Imma-Mãe (Biná-Compreensão).
Além disso, enquanto o Yesod-Fundação de Imma-Mãe se estende ao coração de
Zer Anpin, o Yesod-Fundação de Abba-Pai se estende até o Yesod-Fundação de Zer
Anpin.
O Yesod-Fundação de Abba-Pai (Chochmá-Sabedoria) está encoberto pelo Yesod-
Fundação de Imma-Mãe (Biná-Compreensão), e, por isso, no Zer Anpin, o primeiro
lugar onde Abba-Pai é revelado é onde Imma-Mãe cessa de ser revelada.
Passa-se no coração do Zer Anpin e, portanto, é esse o lugar onde os Trinta e Dois
Caminhos da Sabedoria são revelados.
Na literatura cabalística, esses Trinta e Dois Caminhos representam as trinta e duas
vezes que o nome de Deus "Elohim" surge no primeiro capítulo do Gênese.
Elohim é o Nome que corresponde à Sefirá Biná-Compreensão.
Aqui, o autor declara que "com eles, o mundo foi criado".
O conceito do coração, que consiste das letras Lamed+Bet, representa, também, a
Torá em sua totalidade.
A primeira letra da Torá é Bet, e a letra final, Lamed.
Comentário:
Julgamento é Zer Anpin (ver verso 60).
Será explicado posteriormente, bo verso 67.
Comentário:
Em hebraico, Salomão é Shlomó, da raiz Shalom, que significa "paz" (ver 1
Crônicas 22:9).
Conforme discutido anteriormente, Paz é o atributo de Daat-Conhecimento, que é o
conceito de união e reconciliação, especialmente entre o macho e a fêmea.
A palavra Shalom - paz - vem da mesma raiz que Shalem, que significa perfeito e
completo.
Em particular, nem o macho nem a fêmea são completos sem o outro.
Shalom (ShaLOM) contém um Vav, enquanto que Shlomó (ShLoMoH) escreve-se
com um Heh.
Conforme observamos anteriormente, Vav representa o Macho e Heh, a Fêmea.
Shlomó-Salomão é, portanto, o conceito de "Paz" em Malchut-Reino, a Fêmea.
Por isso, diz-se que Shlomó-Salomão é "O Rei a quem pertence a Paz".
Assim sendo, Deus disse à Salomão que seu nome era qual o nome de "Minha
Glória", pois Glória sempre indica a Sefirá Malchut-Reino.
A Sabedoria foi concedida a Salomão por intermédio da "filha", que é, também, a
Sefirá Malchut-Reino.
O fato de Malchut-Reino ser a Sefirá por intermédio da qual todas as outras são
reveladas é um importante ensinamento cabalístico.
Tornando-se Salomão uma contraparte de Malchut-Reino, ele podia tudo atrair
através dessa Sefirá.
Literalmente, Shlomó é Shalom Heh — paz do Heh fêmea, que é ambos, Biná-
Compreensão e Malchut-Reino.
Salomão era, portanto, quem trouxe o elemento de Daat-Conhecimento, que é Paz,
à Fêmea, que é Malchut-Reino.
Daat-Conhecimento é o elo entre Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, e,
especificamente, é o meio através do qual Chochmá-Sabedoria influencia Biná-
Compreensão.
Assim sendo, Salomão traz Chochmá-Sabedoria até Malchut-Reino, e, por sua vez,
através dele, foi agraciado com a sabedoria.
Continua
O Bahir – Parte 13
Comentário:
A "Congregação de Israel" indica as almas de Israel, passadas e futuras.
Embora freqüentemente intervenham pela humanidade, não o fazem quando o
homem peca.
Isso está relacionado ao ensinamento que Deus consultou as almas dos justos na
época da criação (Bereshit Rabá 8:7).
Comentário:
As sete Seflrot indicadas nesse versículo trabalham, também, para punir o homem
quando ele peca (ver verso 60).
Aqui, fica evidente que o principal propósito das sete Sefirot do Zer Anpin e da
Fêmea é o de controlar a providência. Atuam como mecanismo de referência,
lidando com o homem de acordo com suas ações.
No princípio de Etz Chaim ("Árvore da Vida"), o Ari faz a seguinte afirmação:
"Quando surgiu em Sua Vontade criar o universo, conceder o bem à Sua obra, para
que possam reconhecer Sua grandeza, e sejam merecedores de serem veículo para
o divino, serem penetrados por Ele."
Os cinco conceitos mencionados correspondem aos cinco níveis da criação e às
cinco Personificações (Partzufim):
"Surgiu em Sua Vontade" Arich Anpin Keter-Coroa
"conceder o bem" Abba-Pai Chochmá-Sabedoria
"Para que possam reconhecê-Lo" Imma-Mãe Biná-Compreensão
"Veículo para o divino" Zer Anpin As Seis Seguintes
"serem penetrados por Ele" Fêmea Malchut-Reino
Assim sendo, Arich Anpin é a Vontade oculta de Deus, que não pode ser
examinada. Representa a própria motivação de Deus para criar o mundo, que está
para além do plano da compreensão e da sabedoria humanas.
O propósito mais elevado que pode ser examinado é que Deus criou o mundo para
conceder o bem à Sua obra. É o nível de Abba-Pai e Chochmá-Sabedoria.
O propósito de que sua obra deveria "reconhecê-Lo" é, portanto, o nível de Biná-
Compreensão.
Por causa desse propósito é que, até certo ponto, podemos "compreender" Deus.
Zer Anpin é aquilo a que, em geral, nos referimos como "Homem Divino" e, a
respeito do Zer Anpin, está escrito: "Deus fez o homem à Sua imagem" (Gênese
1:27).
No plano espiritual, quando duas coisas se assemelham, diz-se que estão próximas,
e uma pode ser veículo para a outra. Por isso, sendo o homem a contraparte do Zer
Anpin, o homem pode se tornar um veículo para o divino por intermédio do Zer
Anpin.
O homem, então, se vincula à Fêmea, do mesmo modo que, no sentido físico, o
macho penetra a fêmea.
A Fêmea é a Presença Divina (Shechiná).
Essa vinculação é o deleite máximo no Mundo Vindouro e, portanto, ensina-se: "No
Mundo Vindouro ... os justos se sentarão, com suas coroas sobre suas cabeças,
deleitando-se no resplendor da Shechiná".
Anteriormente, no verso 30, foi explicado que Keter-Coroa é causa, Malchut-Reino
é efeito, Chochmá-Sabedoria é similaridade, Biná-Compreensão é diferenciação,
enquanto as seis Sefirot do Zer Anpin representam relacionamento.
Keter-Coroa é a Vontade Divina, a causa de todas as coisas.
Chochmá-Sabedoria é similaridade, pois representa o fato de Deus desejar
conceder Seu bem, e tornar sua obra semelhante a Ele, tanto quanto possível.
Biná-Compreensão é diferenciação, e isso é a compreensão de Deus, pois significa
compreender o quanto Ele é diferente de todas as outras coisas.
Zer Anpin é relacionamento, sendo esse o conceito de ser "veículo" para o divino.
Finalmente, Malchut-Reino é efeito, pois o efeito máximo de todo o processo é que
o homem deve estar vinculado a Deus.
Trabalhar para ganhar recompensa, acontece, portanto, através do Zer Anpin,
enquanto o receber é através da Fêmea.
Por isso, Zer Anpin consiste de seis Sefirot e corresponde aos seis dias de trabalho,
enquanto a Fêmea corresponde ao Shabat.
Outro importante ensinamento dos filósofos cabalistas é que a totalidade da
recompensa e da punição do homem é o resultado de suas próprias ações.
Assim sendo, uma vez que o homem é a contraparte do Zer Anpin, cada indivíduo
tem nele um quinhão, e cada ação do indivíduo tem um efeito no "corpo" do Zer
Anpin. De modo inverso, Zer Anpin está diretamente vinculado ao homem,
supervisionando e guiando a providência que o afeta.
Através do Zer Anpin, as ações do homem têm importante peso na providência.
Por isso, Zer Anpin é chamado "Julgamento" (ver verso 60).
O autor conclui declarando que quando uma pessoa se arrepende, ela também
eleva as sete.
Tudo o que tem lugar no Zer Anpin é resultado direto das atividades do homem.
Além disso, o autor diz que não pode haver julgamento sem Sabedoria (ver verso
64).
Chochmá-Sabedoria é o nível onde Deus "concede o bem", e a totalidade do
julgamento de Deus é motivada por esse propósito.
68. Os discípulos perguntaram ao Rabino Rahumai:
Qual o significado do versículo (Habacuc 3:1) "Uma oração de Habacuc, o
profeta, para erros".
Uma oração? Deveria ser chamada de louvor [pois fala da grandeza de
Deus]. Mas quem quer que retire seu coração dos assuntos mundanos e se
dedique aos Mistérios da Carruagem (Mencionado em Ezequiel 1. Refere-se
aos mistérios mais profundos) é aceito diante de Deus como se orasse o
dia todo.
É, por isso, chamado de "oração".
Qual é o significado de "para erros"?
Conforme está escrito [a respeito da sabedoria] (Provérbios 5:19: "Com
este amor, sempre errarás."
Do que está falando?
Dos Mistérios da Carruagem, conforme está escrito (Habacuc 3:2): "Ó
Deus, ouvi a Tua fama e temi."
Comentário:
Em geral, Maasé Merkava, os Trabalhos ou Mistérios da Carruagem, indica a
experiência mística (ver verso 88).
Por isso, diz-se que a experiência da Carruagem é uma "visão" (Tzefiyá), que está
relacionada à palavra usada para "videntes", Tzofim, mencionada anteriormente no
verso 62.
Uma pessoa tem tal visão quando se torna um veículo, ou Carruagem (Merkava),
para o divino, sendo esse o nível do Zer Anpin, conforme já observamos.
O conceito da oração é, basicamente, o de vinculação a Deus.
Todavia, quando nos entregamos ao Merkava, a experiência mística é de um nível
de vinculação ainda mais elevado. Refere-se a uma visão dos Pios, e, por isso, diz o
versículo: "Ouvi falar de Ti."
Observamos (no verso 5), que o conceito de Louvor (Tehilá) se refere a Malchut-
Reino. Oração (Tefilá), por outro lado, é chamada "o serviço do coração".
Uma vez que ora falamos sobre o coração, esse conceito de oração é introduzido.
69. Qual é o significado de "Ouvi a Tua fama e temi, [Ó Deus, faz viver a
Tua obra no meio dos anos]"?
Por que diz o versículo "temi" depois de "ouvi a Tua fama" e não depois de
"no meio dos anos"?
Mas foi "a Tua fama" que "temi".
O que é "a Tua fama"?
É o lugar onde escutam os relatos.
Por que diz o versículo "ouvi", e não "compreendi"?
[A palavra "ouvi" tem a conotação de compreensão], conforme
encontramos (Deuteronômio 38:49): "Uma nação cuja linguagem não se
ouve."
Comentário:
Aqui, está claramente evidente que a "audição" está no nível de Biná-
Compreensão, conceito que já foi introduzido (ver verso 5).
O nível da "audição" nas alturas é o atributo por intermédio do qual Deus "ouve" a
oração.
De acordo com a Cabala, a visão de Ezequiel da Carruagem aconteceu no Universo
de Yetzirá-Formação, o nível do Zer Anpin (ver versos 50 e 53).
Aqui, a visão mencionada é, por isso, Biná-Compreensão tal como é revelada no
Zer Anpin, que, conforme mencionado anteriormente, é o conceito do "coração"
(ver verso 62).
O medo não é dos "dias", que são as Sefirot do Zer Anpin, mas de Biná-
Compreensão.
Comentário:
Diz, portanto, o Talmud, que Alef significa Aluf Biná - "Aprender a Compreender".
Conforme já observamos, Alef representa Keter-Coroa (ver versos 15, 17, 26, 117
e 140).
A palavra Alef (ALePh), portanto, tem as mesmas letras de PeLeA, que significa
oculto, pois Keter-Coroa é a Sefirá oculta.
Embora diga-se que os olhos, ouvidos, nariz e boca representem diferentes Sefirot
(conforme verso 5), estão todos em Keter-Coroa.
A Coroa é aquilo que está acima e fora da cabeça, e todos esses órgãos são janelas
abrindo-se na cabeça.
Então, de fato, o Ouvido é Biná-Compreensão de Arich Anpin, a Personificação de
Keter-Coroa (ver verso 79).
Ensina-se que cada letra nutre a seguinte.
Sendo Alef a primeira, nutre, portanto, todas as outras.
A letra Alef tem, também, a forma de um cérebro, indicando, mais uma vez, Keter-
Coroa.
Alef consiste, também, de um Yud acima à direita, um Yud abaixo à esquerda, e
uma linha diagonal separando os dois Yuds (ver Figura anexa).
O Yud de cima é a parte direita superior do cérebro, que é Chochmá-Sabedoria.
O Yud de baixo é a perna esquerda, que é Hod-Esplendor, origem da inspiração e
da profecia.
A linha tem a forma do Vav, que representa as seis Sefirot intermediárias.
Cada um dos dois Yuds tem valor numérico dez e o Vav, seis.
Por isso, os dois Yuds e o Vav têm valor numérico total vinte e seis, que é,
também, o valor numérico do Tetragrama.
É introduzido o versículo: "YHVH em suas cabeças".
Em geral, diz-se que o Nome YHVH é o Nome pertinente à Zer Anpin.
Entretanto, as quatro letras indicam, também, os quatro níveis, onde Yud é
Chochmk-Sabedoria, Heh é Biná-Compreensão, Vav é Zer Anpin, e o Heh final é
Malchut-Reino.
Contudo, além disso, existe outra conotação do Nome YHVH, que fica evidente
apenas quando as letras são enunciadas.
Dizem os cabalistas que existem quatro de tais possíveis enunciações, conforme o
Quadro abaixo.
Essas quatro enunciações têm os valores numéricos de 72, 63, 45 e 52.
Representam os quatro níveis como existem em Adão Kadmon (Homem Primevo),
que é o Universo que corresponde à Keter-Coroa.
O Nome aqui usado é formado de tal maneira a somar 45, e corresponde às seis
Sefirot do Zer Anpin, conforme estão refletidos em Adão Kadmon.
Embora as Sefirot e Personificações estejam no Universo de Atzllut-Proximidade,
que está abaixo de Adão Kadmon, elas têm, também, contrapartes em Adão
Kadmon, as quais são refletidas pelas enunciações do Tetragrama.
Assim sendo, o nome que soma 45 é Zer Anpin, o Homem Divino.
Por isso, 45 é, também, o valor numérico de ADaM, palavra Hebraica para homem.
É, também, o Santo Abençoado, conforme já observamos (ver verso 62).
Diz-se, em geral, que o "Palácio Sagrado" é Malchut-Reino (ver Sefer Yetzirá 4:3).
Entretanto, de fato, é a confluência de Keter-Coroa, Chochmá-Sabedoria, Biná-
Compreensão e Malchut-Reino, mas é expresso, principalmente, em Malchut-Reino.
Continua
O Bahir – Parte 14
71. Por isso, disse Habacuc: Sei que minha oração é aceita com deleite.
Também deleitei-me quando cheguei àquele lugar onde compreendi "da
Tua fama, e temi".
Por isso, "faz viver a Tua obra no meio dos anos" - através de Tua unidade.
Como é isso?
Um rei, que era talentoso, escondido e secretamente foi para sua casa e
determinou que ninguém procurasse por ele.
Por isso, aquele que procura, tem medo de que o rei venha a descobrir que
violou a ordem do rei.
[Habacuc], por isso, disse: "Temi, Ó Deus, faz viver a Tua obra no meio dos
anos."
Foi isso o que Habacuc disse: Porque Teu nome está em Ti, e em Ti está
Teu nome, "faz viver a Tua obra no meio dos anos".
Portanto, será para sempre.
Comentário:
Aqui, diz-se que o rei era "talentoso, escondido e secreto".
A palavra hebraica para "escondido" empregada é MuPhla, da raiz PeLA, que indica
Keter-Coroa.
Conforme já observamos, PeLA tem as mesmas letras de ALpHh.
A "casa" mencionada é a letra Bet, para além da qual não se pode ver.
A palavra Shanim — "anos" — tem as mesmas letras que a palavra Sh'naim, que
significa "dois". Indica a segunda Sefirá, Chochmá-Sabedoria, que é Bet.
72. Outra explicação de "Faz viver a Tua obra no meio dos anos":
Como é isso?
Um rei tinha uma bela pérola, que era o tesouro do seu reino. Quando está
feliz, ele a abraça, a beija, a coloca em sua cabeça e a ama.
Habacuc disse: Mesmo que os Reis estejam Contigo, a pérola amada está
em Teu mundo.(Ver no verso 49 que "Reis" indica as Sefirot.
Todavia, Tzioni, Chayay Sará (17a), interpreta Malachim ou "Anjos")
Por isso: "Faz viver a Tua obra no meio dos anos".
Qual é o significado de "anos"?
Está escrito (Gênese 1:3): "E Deus disse: 'Haja luz'."
A luz não é senão o dia, conforme está escrito (Gênese 1:16):
"O grande luzeiro para governar o dia e o pequeno luzeiro para governar a
noite."
Os anos são feitos de dias.
Está, portanto, escrito: "Faz viver a Tua obra no meio dos anos" — no meio
daquela pérola que faz surgir os anos.
Comentário:
A respeito da "pérola", ver verso 190.
Em geral, a "pérola" se refere ao nível de Malchut-Reino, mas pode, também, "ser
abraçada com as mãos e colocada sobre a cabeça", que é o nível de Keter-Coroa.
"Dia", habitualmente, representa Zer Anpin, enquanto "noite" é a Fêmea.
O Dia é, portanto, a "grande Luz", o sol, que é Zer Anpin, enquanto a lua é a
Fêmea.
Sendo "dia" Zer Anpin, e "os anos são feitos de dias", e os "anos" estão, também,
em Zer Anpin.
De fato, o tempo é completado com a Sefirá Biná-Compreensão, e somente começa
a funcionar dentro do plano do Zer Anpin.
"Vida" indica a Sefirá Yesod-Fundação, e se refere ao órgão sexual quando está
"vivo", isto é, durante a copulacão.
Os anos são construídos através de uma medida do sol e da lua, dia e noite, a
confluência do macho e da fêmea.
73. Mas está escrito (Isaías 43:5): "[Não temas porque estou contigo,] do
Oriente trarei a tua semente."
O sol se levanta no oriente, e dizes que a pérola é o dia.
[Ele respondeu:] Estou falando apenas a respeito do versículo (Gênese
1:5) "E houve uma tarde e uma manhã, um dia". A respeito disso está
escrito (Gênese 2:4): "No dia que Deus criou o céu e a terra."
Comentário:
Esse versículo é amplamente estudado no verso 155.
A palavra para dia, Yom, tem a mesma raiz que Yam, que significa “oeste” (e mar).
É a direção de Yesod-Fundação, o conceito da "vida" e da "pérola".
Surge, então, a questão de que a pérola foi identificada com dia, a "grande luz", o
sol. Está no leste, a direção de Tiferet-Beleza.
Além disso, "semente" vem do leste.
O autor responde que, de fato, "dia" indica um dia de vinte e quatro horas,
consistindo de ambos, dia e noite.
É a confluência do Zer Anpin e da Fêmea, já mencionada.
Zer Anpin está ao leste da Fêmea, de frente para o oeste, e a "semente", portanto,
vem do leste.
"Terra e céu" indicam, também, Malchut-Reino e Zer Anpin, conforme já
observamos.
Comentário:
Esse versículo já foi examinado no verso 1.
Em geral, o conceito de Shechakim indica as Sefirot Netzach-Vitória e Hod-
Esplendor.
Conforme observamos anteriormente, essas duas Sefirot são a origem da profecia,
da visão e da inspiração.
O conceito de uma visão, tanto revela quanto encobre, permitindo apenas ser visto
o que for apropriado. Por isso, a visão contém "nuvens espessas", pois somente
vemos Deus através de uma "nuvem espessa".
Esse é, também, o significado de "nuvens espessas" na revelação do Sinai.
Imediatamente abaixo de Netzach-Vitória e Hod-Esplendor, o Shechakim, é a Sefirá
Yesod-Fundação, chamada Justo (Tzedek).
Esse é o conceito implícito em "os justos, a Fundação do mundo".
Existem duas maneiras de Deus julgar o mundo:
- O Atributo do Julgamento (Midat HaDin) e
- O Atributo da Misericórdia (Midat HaRachamamim).
O Atributo do Julgamento exige uma resposta única, fixa e inflexível para qualquer
erro, enquanto o Atributo da Misericórdia admite numerosas respostas flexíveis.
Por isso, o Julgamento vem da Fêmea, que se deriva de unia única Sefirá, Malchut-
Reino, e, portanto, tem apenas uma única resposta.
Zer Anpin, por outro lado, é construído de seis Sefirot, e, por isso, permite um
conjunto infinito de respostas.
Assim sendo, é a origem do Atributo da Misericórdia.
Contudo, de fato, a providência, em sua totalidade, vem da Sefirá Malchut-Reino,
sendo essa a definição do mundo. Mas para Malchut-Reino atuar alinhado à
Misericórdia, deve estar vinculado ao Zer Anpin, sendo esse o conceito da União
Divina.
Entretanto, essa União, tem lugar por intermédio de Yesod-Fundação, o órgão
sexual, que é, também, chamado de Justo (Tzadik).
Porém, Yesod-Fundação apresenta dois estados, um de celibato e outro de
copulação. O Justo é aquele que está "separado do sexo", e, por isso, quando está
nesse estado, é chamado de "o Justo, Fundação do mundo".
Aqui, a palavra "mundo" é Olam, indicando, também, Elam - "Escondido".
Assim sendo, Yesod-Fundação é chamado Justo quando o órgão sexual está
escondido, e não é expressado.
Similarmente, José é chamado de Justo (Tzadik), precisamente porque se recusou a
copular com a mulher de Putífar.
Quando Yesod-Fundação está nesse estado, não há união entre o Zer Anpin e a
Fêmea.
A Fêmea está, então, em estado de julgamento.
No outro estado, Yesod-Fundação é chamado Chai - "vivo". Diz-se que está vivo
quando está funcionando durante a copulação.
Se alguém busca ser um justo, desperta essa contraparte nas alturas, e realiza a
união divina. Pode, então, "viver e ocupar a terra".
Quando o versículo diz que ele "viverá", significa que ele trará Yesod-Fundação ao
seu estado Chai, que é o de união. Ocupará, portanto, a "Terra", que sempre indica
a Sefirá Malchut-Reino, que é a Fêmea.
Comentário:
A palavra "clarão" (Nogá), em geral, se refere ao crepúsculo, que é a luz do dia
brilhando na noite.
Conforme observamos anteriormente, o dia é Macho, e a noite, Fêmea.
O "clarão" do crepúsculo, portanto, é a ocasião em que o Macho se introduz na
Fêmea.
Por isso representa o órgão sexual da Fêmea, e diz-se estar "à Sua frente".
Explica-se, então, que a primeira "justiça" é a Presença Divina (Shechiná), que é
Malchut-Reino, a Fêmea. Refere-se ao órgão sexual da Fêmea.
A outra "justiça" é o órgão sexual masculino, que é a sefirá Yesod-Fundação.
Amedronta os justos, "pois não há homem justo sobre a terra, que faz o bem e não
peca" (Eclesiastes 7:20).
É mais amedrontador, pois a justiça sexual, enquanto possível para a mulher, é
quase impossível para o homem.
Pergunta o autor se essa "justiça" é a caridade.
Caridade é o conceito de dar alguma coisa gratuitamente, sem que isso seja
merecido.
A resposta é não.
O conceito da dádiva gratuita é como uma "cota de malha", usada sobre o "corpo".
O "corpo" é Tiferet-Beleza, que é o conceito do dar comedidamente (ver verso 30).
Se Deus concedesse Seu bem gratuitamente, sem que fosse merecido, não seria
um bem perfeito. Porque, não sendo merecido, seria o "pão da vergonha".
Além disso, uma vez que o receptor está recebendo sem dar, quando recebe, não
se assemelha, de forma alguma, a Deus, e isso, em si, é o conceito da vergonha.
Por isso, para que esse bem seja perfeito, deve ser merecido.
Esse é o conceito de "justiça" (Tzedek), onde uma recompensa justa é concedida a
uma ação justa para obtê-la.
Diz-se que esse conceito de "justiça" está na "cabeça", que é definida como
"verdade" (EMeT). "Verdade" já foi definida nesse contexto, consistindo de
Chochmá-Sabedoria, Biná-Compreensão e Daat-Conhecimento (ver verso 50).
Entretanto, de acordo com o que já foi definido, Chochmá-Sabedoria e Biná-
Compreensão são, respectivamente, os conceitos de similaridade e diferenciação
(ver verso 30).
A única maneira pela qual o homem é capaz de receber o bem de Deus é sendo
semelhante a Ele, que é o conceito de Chochmá-Sabedoria.
Porém, ao mesmo tempo, se Deus dá e o homem recebe, então Deus e homem
estão polarmente distanciados, e, em última instância, diferentes.
A Solução dessa dicotomia é o conceito de "justiça" e integridade, indicando que o
homem deve fazer por ser merecedor desse bem.
O meio pelo qual nos tornamos merecedores desse bem é a Torá, a qual, no
contexto desse versículo, é "Tua palavra".
O fato de que as letras finais das três primeiras palavras da Torá, BeReshit Bara
Elohim, formam a palavra EMeT " verdade" (Baal HaTurim ad loc.), indica também
isso.
Todavia, nesse contexto, a ordem é invertida e as letras de EMeT aparecem como
oTav, Alef, Mem, representando Biná-Compreensão, Chochmá-Sabedoria e Daat-
Conhecimento, respectivamente, nessa ordem.
A ordem é a do paradoxo e sua resolução.
Para a relação entre Verdade e Paz, ver verso 2, 137 e 190.
Já foi observado que Fogo e Água são Biná-Compreensão e Chochmá-Sabedoria,
refletidos em Guevurá -Força e Chesed-Amor.
Do mesmo modo, Verdade, que é a confluência de Chochmá-Sabedoria e Biná-
Compreensão, está refletida na Paz, confluência de Chesed-Amor e Guevurá-Força.
Conforme mencionado anteriormente, embora Keter-Coroa seja a Sefirá mais
elevada, está oculta, e, por isso, é apenas expressa internamente.
Externamente, é representada por Daat-Conhecimento, confluência entre
Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão.
A Verdade indica, principalmente, Keter-Coroa, enquanto Daat-Conhecimento é
Paz.
A Verdade genuína é oculta, e apenas interna.
Cada pessoa conhece sua própria verdade e ninguém pode verificar a verdade de
outrem.
Tudo o que se pode ter é Conhecimento de outra pessoa e, em sentido maior, isso
advém da intimidade.
Daat-Conhecimento é a confluência do Macho e da Fêmea, Pai e Mãe.
Esse é o conceito da Paz (ver verso 186).
É a Paz que reconcilia os opostos e, por isso, é o conceito que permite a união entre
homem e mulher. Refere-se a isso como "Paz doméstica" (Shalom Bait).
Metade dos dias do Rei Ezequias estava associada ao atributo de Davi, que é
Malchut-Reino, a Fêmea. A outra metade, estava associada à Paz e Verdade, os
atributos que unificam as seis Sefirot do Zer Anpin em uma única unidade, sendo
essa unificação o resultado da união entre Abba-Pai e Imma-Mãe.
Zer Anpin é o Macho, a outra metade de seus dias.
O conceito do ciclo diário é o da Paz, pois reconcilia dia e noite, que são dois
opostos.
Continua
O Bahir – Parte 15
Comentário:
O conceito de "santidade" é o de separação.
Assim, Deus é chamado de "santo", pois está totalmente divorciado de qualquer
conceito associado à sua obra.
Portanto, "santidade" indica as três Sefirot mais elevadas, impossíveis de serem
conhecidas.
Essas constituem o conceito de "Sagrado" do "Palácio Sagrado" (ver verso 70).
Esse nível é chamado "santo" ou "sagrado", pois está completamente divorciado de
nossas concepções.
O conceito que liga essas três Sefirot mais elevadas às sete inferiores é chamado
Daat-Conhecimento, o qual tem, portanto, a conotação de ligação e conexão, como
em "Adão conheceu sua mulher".
Os "anos" aqui mencionados são as sete Sefirot inferiores, onde o tempo existe.
Diz o profeta: "faz conhecer no meio dos anos", isto é, através de Daat-
Conhecimento, os níveis mais elevados deviam ser revelados nas sete Sefirot
inferiores. As sete Sefirot inferiores incluem Macho e Fêmea.
Quando o conceito do Conhecimento existe entre eles, o Macho e a Fêmea são
unidos.
Esse é o significado de "Deus viu, e Ele conheceu".
Como resultado das ações da humanidade, Seus "filhos", Zer Anpin e a Fêmea
podem se juntar, sendo esse o conceito de Seu "conhecimento" Dela.
Assim sendo, quando os "filhos" cumprem a vontade do Rei, Ele se lembra de sua
Mãe.
Em nível superior, quando as sete Sefirot inferiores estão em estado de retificação,
Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, o Pai e a Mãe, estão, também,
vinculados através de Daat-Conhecimento.
Quando estão assim unidos, o conceito de Daat-Conhecimen-to os vincula,
também, às sete Sefirot inferiores.
77. Qual é o significado do versículo (Habacuc 3:2): "Na cólera, lembra-te
do amor (rachem)"?
Disse ele: Quando Teus filhos pecam diante de Ti e Tu estás encolerizado
com eles, "lembra-te do amor".
Qual é o significado de "lembra-te do amor"?
Aquilo a respeito do que está escrito (Salmos 18:2): "Eu Te amo (rachem),
Ó Deus, minha força."
E Tu lhe deste esse atributo, que é a Presença Divina de Israel.[A Sefirá
Reino]
Lembrou-se de seu filho, que ele herdou e que Tu lhe deste.
Está, portanto, escrito (I Reis 5:26): "E Deus deu sabedoria a Salomão."
E Tu deves recordar Abraão, pai deles, conforme está escrito (Isaías 41:8):
"A semente de Abraão, Meu amigo" — "faz conhecer a Tua obra no meio
dos anos."
Comentário:
É um conceito semelhante ao do verso 34.
A palavra Rachem, que traduzimos como "amor", e que, muitas vezes, é traduzida
como "misericórdia", vem, de fato, da mesma raiz que Rechem, "útero".
Assim sendo, uma tradução mais precisa seria "amor de mãe", o amor que a mãe
tem pelo fruto de seu ventre.
Embora Malchut-Reino seja a raiz do atributo da Justiça, essa Sefirá é, também, o
"útero" de onde fluem todas as almas.
Conforme mencionado anteriormente, Atzllut-Proximidade é o Universo das Sefirot,
enquanto Beriyá-Criação é o Universo das Almas.
A Sefirá mais inferior de Atzllut-Proximidade é Malchut-Reino, e, portanto, a Sefirá
mais próxima do Universo das Almas, fazendo com que surjam.
Nesse sentido, é chamado de "útero".
Foi o Rei Davi quem disse: "Eu Te amo (Rachem), Ó Deus, minha força."
O atributo de Davi é Malchut-Reino, conforme textos cabalísticos apontam inúmeras
vezes.
Uma vez que Davi comungou com Deus através desse conceito de "amor de mãe",
que é Malchut-Reino, esse atributo lhe foi dado (ver verso 75).
O filho de Davi, Salomão, representa, também, o atributo de Malchut-Reino (ver
verso 65). Deus concedeu sabedoria a Salomão por intermédio desse atributo.
Salomão representa a união entre Macho e Fêmea, o conceito que traz "paz"
(Shalom) à Fêmea.
Os elementos do Zer Anpin estão, assim, aptos a operar através da Fêmea, a
Presença Divina (Shechiná) que zela por toda a providência.
Chesed-Amor é o elemento do Zer Anpin que mais se deseja estar operante, e esse
é o atributo de Abraão (ver versos 135, 190 e 191).
Diz-se, por isso, que a "semente" deveria ser a de Abraão, significando que a
"semente" que Zer Anpin introduz na Fêmea deveria se derivar de Chesed-Amor.
Isso é realizado através de Daat-Conhecimento e, portanto, o versículo finaliza:
"faz conhecer a tua obra no meio dos anos".
Comentário:
De acordo com o Talmud, o nome da filha era, de fato, Bakol, que significa "Com
tudo".
A palavra "Tudo" sempre indica a Sefirá Yesod-Fundação, o órgão sexual (ver verso
22).
Literalmente, BaKol é Bet Kol, e, sendo Bet a segunda letra do alfabeto hebraico,
indica, por isso, o número dois.
Assim sendo, BaKol é o "segundo Tudo", o segundo órgão sexual, isto é, o da
Fêmea.
Deus deu a Abraão o mandamento da Circuncisão, a retificação do órgão sexual do
macho, assegurando, assim, que ele teria "semente".
Em sentido físico, significava que estaria habilitado a ter filhos com Sara, e que
teria descendentes até o fim do tempo. Significava, também, que ele teria acesso
às almas geradas pelo atributo de Yesod-Fundação.
Todavia, em sentido puramente espiritual, significava que o atributo de Abraão,
Chesed-Amor, teria "semente" e entraria em Malchut-Reino, a Fêmea,
influenciando, assim, toda a providência.
Por isso, está escrito: Deus abençoou Abraão "com Tudo", isto é, com a Sefirá
Yesod-Fundação, chamada de "Tudo".
Mas, de fato, a bênção foi que esse atributo deveria entrar em Malchut-Reino, a
Filha.
Ensina-se, portanto, que Deus abençoou Abraão com uma filha.
O versículo ora citado é: "Todos os que são chamados pelo Meu nome, para Minha
Glória."
Outra vez, como sempre, "Glória" indica Malchut-Reino.
"Meu Nome" é Sh'mi, literalmente Shem Yud, "o Nome do Yud", sendo Yud o
aspecto de Chochmá-Sabedoria, a primeira letra do Tetragrama.
O atributo "Tudo" transmite o Yud, que é Chochmá-Sabedoria, à Glória, que é
Malchut-Reino, a Fêmea.
Significa que Yesod-Fundação é o atributo que traz Chochmá-Sabedoria à Malchut-
Reino, sendo esse o mesmo aspecto já examinado no verso anterior em relação a
Salomão. Por isso, está escrito que Deus "abençoou" Abraão.
Conforme observamos anteriormente, "bênção" indica sempre Chochmá-Sabedoria
(ver verso 3).
Em nível mais profundo, a Sefirá Chesed-Amor deriva-se diretamente de Chochmá-
Sabedoria (ver verso 30).
A "bênção", de Chochmá-Sabedoria, é, portanto, para Abraão, a personificação de
Chesed-Amor.
Tanto aqui quanto no verso 65, Chochmá-Sabedoria é chamada de "filha".
Pode parecer surpreendente, pois Chochmá-Sabedoria é um elemento macho,
enquanto diz-se, habitualmente, que "filha" se refere à Malchut-Reino.
Entretanto, a palavra hebraica para "filha" é BaT, formada por Bet Tav.
Conforme mencionado anteriormente, Bet é Chochmá-Sabedoria, enquanto Tav é
Malchut-Reino.
O conceito "Filha" é, portanto, o que canaliza Chochmá-Sabedoria à Malchut-Reino.
Conclui o versículo:
"Eu criei, formei e fiz."
"Minha Glória" é Malchut-Reino, o nível mais inferior de Atzilut-Proximidade.
Os três universos inferiores são, então, mencionados explicitamente: Beriyá-
Criação, Yetzirá-Formação e Asiyá-Manifestação.
Desse versículo, na verdade, os textos cabalísticos extraem o mistério dos Quatro
Universos.
Em Gênese 26:24, Deus chama Abraão de "Meu escravo".
O Rei a quem o escravo pertence é a Sefirá Malchut-Reino, a Presença Divina
(Shechiná). A esse atributo, Abraão primeiro se vinculou como escravo.
Por isso, diz o Talmud que Abraão foi o primeiro a se dirigir a Deus pelo Seu nome
Adonoy, o nome associado à Malchut-Reino. Ver Quadro abaixo.
Essa Sefirá entregou Abraão ao seu "irmão mais velho", que se refere à Yesod-
Fundação, o elemento mais inferior do Zer Anpin.
Deus, então, Se revelou como Shadai, o Nome associado a Yesod-Fundação.
Ele deu a Abraão o mandamento da circuncisão, que é a retificação de Yesod-
Fundação, o órgão masculino.
Esse "irmão mais velho" chamou Abraão de seu "amigo", por intermédio do aspecto
da "semente".
Esse é o aspecto de Yesod-Fundação.
O belo "vaso" oferecido à Abraão foi essa "filha", conforme observamos
anteriormente.
Aqui, o conceito é o processo pelo qual a "motivação de abaixo" faz surgir a
"motivação de acima".
Abraão se vinculou ao aspecto de Malchut-Reino, e toda essa vinculação é, em si,
um aspecto de Yesod-Fundação. Foi-lhe, então, concedido o Atributo de Yesod-
Fundação, que era a aliança em seu corpo, e ele se tornou, assim, digno de
vivenciar Malchut-Reino "em seu lugar".
A respeito dos "tesouros dos reis", ver verso 89.
Comentário:
Diz, literalmente, esse versículo: "Ouvi Tua audição."
Está bem estabelecido que "audição" se refere à Compreensão e, por isso, quando
o profeta disse: "Ouvi Tua audição" significa que entendeu a Compreensão de
Deus. Isto é, com sua própria compreensão, ele sondou a Sefirá Biná-
Compreensão, que é infinita, conforme está escrito: "Sua Compreensão é
insondável" (Isaías 40:28).
Ozen, palavra hebraica para ouvido, é formada por Alef Zain Nun.
O conceito do Alef foi explicado anteriormente (ver verso 70).
Das três Sefirot mais elevadas, a única que pode ser compreendida é Biná-
Compreensão. Por isso, ensina-se que a Torá usa alegorias antropomórficas para
"satisfazer o ouvido", pois é o nível mais elevado de nossa compreensão.
Pela mesma razão, dizemos: "Escuta, Ó Israel" (Deuteronômio 6:4).
A visão e a audição correspondem, respectivamente, a Chochmá-Sabedoria e Biná-
Compreensão. Podemos apenas apreender o Divino com compreensão, mas não
com sabedoria.
O nível mais elevado de nossa compreensão é, portanto, Biná-Compreensão, o
nível do "Ouvido", mas, mesmo aqui, existe um reflexo de Keter-Coroa no Alef de
Ozen.
Diz o autor que Alef é a raiz dos Dez Mandamentos.
No nível mais simples, é porque Alef é o primeiro nível do Decálogo.
Em nível mais profundo, assim como Alef é a primeira letra do primeiro dos Dez
Mandamentos, representa, igualmente, a primeira das Dez Sefirot, Keter-Coroa.
Comentário:
Aqui, a lição importante é que o nome de cada coisa é sua essência espiritual, e
está intimamente relacionado à sua entidade física.
Continua
O Bahir – Parte 16
Comentário:
O exemplo, aqui, é a raiz de uma árvore.
O simbolismo da "árvore" é bastante desenvolvido no Bahir, e a "raiz da árvore" é a
raiz de toda a existência.
Relaciona-se às letras Shin e Resh.
A respeito do Shin, ver versos 26 e 118.
A lição final é que cada galho da Árvore pode ser a raiz de uma nova "árvore".
Pode ser trazido de volta para seu "solo", e enraizado outra vez.
Depois do Alef, que representa Keter-Coroa e sua relação em Biná-Compreensão,
surge o Zain, que representa as sete Sefirot seguintes, examinadas no próximo
verso.
Comentário:
Aqui, encontramos a explicação básica de todos os antropomorfismos na Bíblia, e
em outros textos.
Embora saibamos que Deus é absolutamente incorpóreo, não possuindo corpo,
configuração ou forma, ensina-se que "Ele pede emprestado os termos de Suas
criaturas para expressar Seu relacionamento à Sua criação"
(Mechilta, sobre Êxodo 19:18).
Esses termos são usados alegoricamente, mas, ao mesmo tempo, cada um possui
significado definido em termos nas Sefirot. Ver Quadro abaixo.
O versículo diz ter sido o homem criado à "imagem de Deus", e isso significa que o
homem se assemelha às Sefirot na estrutura de seu corpo e de sua mente.
É especialmente verdadeiro à respeito da Personificação (Partzun) do Zer Anpin,
que é o Homem Divino.
Foi dito anteriormente, contudo, que as Sefirot do Zer Anpin são representadas
pelo Vav (ver verso 130), porque é formado de seis Sefirot. E surge a pergunta,
como podemos dizer que tem sete partes?
Responde-se que Malchut-Reino está, também, incluído, pois Yesod-Fundação e
Malchut-Reino estão ligados.
A palavra Ouvido (Ozen), tem a conotação de comunhão.
Em tempo de comunhão, quando Macho e Fêmea estão unidos, Vav se torna Zain.
Aqui, o ensinamento parece difícil de ser compreendido.
Computando os sete, ao invés de contar o "cônjuge" como o sétimo elemento, é
enunciado como "cabeça". Entretanto, de fato, isso está relacionado ao Bat, a
"Filha", onde Chochmá-Sabedoria é atraído para baixo através de Malchut-Reino.
Zer Anpin possui Chochmá-Sabedoria apenas quando está ligado à sua Noiva, e
somente então tem uma cabeça.
Isso está relacionado ao ensinamento talmúdico de que um homem está incompleto
enquanto não tiver esposa.
Vav tem a forma de uma linha, e um pequeno quadrado à esquerda.
A forma de Zain é uma linha, e um quadrado completo ao topo, que se estende à
direita e à esquerda.
Quando Zer Anpin é representado pelo Vav, tem apenas o hemisfério cerebral
esquerdo, que é Biná-Compreensão.
Quando é representado pelo Zain, os hemisférios cerebrais esquerdo e direito estão
presentes, indicando que tem tanto Chochmá-Sabedoria quanto Biná-Compreensão.
Quando ambos, Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, existem, sua confluência
gera Daat-Conhecimento, que os vincula ao corpo.
Por isso, a "cabeça" pode, também, ser computada.
Mas quando apenas Biná-Compreensão está presente, Daat-Conhecimento não
existe, e, como a cabeça não pode influenciar o corpo, não é computada no estado
do Vav.
83. Qual é o significado do Nun [na palavra OZeN]?
Ensina que o cérebro é a parte principal da medula espinhal.
Constantemente nutre-se daí e, se não fosse pela medula espinhal, o
cérebro não resistiria.
E, sem o cérebro, o corpo não resistiria.
Todo o corpo existe a fim de prover as necessidades do cérebro.
E, se o corpo não resistisse, o cérebro também não resistiria.
A medula espinhal é o canal que liga o cérebro a todo o corpo.
É representado pelo Nun inclinado.[A letra Nun assume duas formas:
inclinada, no meio da palavra, e ereta no final.]
Mas [na palavra OZeN], o Nun é ereto.
O Nun ereto está sempre no final de uma palavra. Ensina que o Nun ereto
inclui ambos, o inclinado e o ereto.
Mas o Nun inclinado é a Fundação.
Ensina que o Nun ereto inclui ambos, macho e fêmea.
Comentário:
A letra Nun tem a forma de um Zain alongado, e seu valor numérico é cinqüenta.
Se observarmos o Diagrama da Àrvore da Vida, veremos que existem quatro Sefirot
na linha central: Keter-Coroa, Tiferet-Beleza, Yesod-Fundação e Malchut-Reino.
Quando a quase-Sefirá, Daat-Conhecimento, é também incluída, a linha central tem
cinco elementos, e é esse o significado do Nun.
Cada um desses cinco elementos é multiplicado por dez, resultando em cinqüenta -
valor numérico do Nun.
É esse o conceito da medula espinhal, que une o corpo ao cérebro.
Anteriormente, foi dito que o Nun é Biná-Compreensão (ver verso 61), devido ao
fato de Keter-Coroa ser somente compreendida por intermédio de
Biná-Compreensão, o conceito do Ouvido.
Por essa razão, a "cabeça" do Nun é inclinada ligeiramente à esquerda, indicando a
preponderância de Biná-Compreensão.
Nun é, também, a letra final de Ozen, que significa "ouvido".
É o conceito do Filho, Ben em hebraico, onde Chochmá-Sabedoria, associado ao
Bet, flui através do Nun para ser expresso.
Em geral, o "filho" se refere ao Zer Anpin.
Existem duas letra Nun no alfabeto hebraico: o inclinado, no meio de uma palavra,
e o ereto, no final de uma palavra.
Nun Nun final (nun Sofit)
Comentário
A letra Mem representa o presente, que é o útero do futuro (ver verso 37 e 50).
Em seu aspecto externo, representa Daat-Conhecimento, enquanto em seu aspecto
interno, é Keter-Coroa.
Mem tem valor numérico quarenta, que consiste de quatro passos, cada passo
contendo dez elementos.
Esses quatro passos são Keter-Coroa, Chochmá-Sabedoria, Biná-Compreensão e
Daat-Conhecimento
No verso seguinte, observamos ser o Mem aberto, que ocorre no meio da palavra,
a fêmea, enquanto o Mem fechado, que fica no final da palavra, é o macho.
A letra Mem, em si, é formada por Mem Mem, com ambos, o Mem aberto e o
fechado, e, por isso, inclui tanto o macho quanto a fêmea, pois contém ambos,
Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, Pai e Mãe.
O Mem é o ventre aberto abaixo para dar à luz.
Por outro lado, o Tet é o ventre aberto em cima para receber do Macho.
Em outro sentido, existem duas Sefirot fêmeas, Biná-Compreensão, a Mãe divina, e
Malchut-Reino, a Noiva divina.
Mem é o útero de Biná-Compreensão, enquanto Tet é o de Malchut-Reino.
Uma vez que Biná-Compreensão é uma das três insondáveis Sefirot superiores,
pode ser vista apenas externamente.
Por outro lado, Malchut-Reino é o útero do universo, e portanto visível apenas pelo
lado de dentro.
Estamos dentro da letra Tet, olhando para cima através de sua pequena abertura
no topo.
Mem Mwm Final (Sofit) Tet
Continua
O Bahir – Parte 17
86. Por que deveria o Mem ter duas formas, aberta e fechada?
Porque dissemos: Não lê Mem, porém Maim (água).
A mulher é fria e, por isso, deve ser aquecida pelo macho.
Por que deveria o Nun ter duas formas, inclinado e ereto?
Porque está escrito (Salmos 72:17): "Que Seu nome reine (ya-Nun) diante
do sol." [Isto é,] dos dois Nuns, o Nun inclinado e o Nun ereto, e deve ser
por intermédio do macho e da fêmea.
Não há Comentário
87. Está escrito (Eclesiastes 1:8): "O ouvido não se farta de ouvir."
Está, também, escrito (Eclesiastes 1:8): "O olho não se sacia de ver."
Ensina que ambos recebem do pensamento.
Que é o pensamento?
É um rei necessário a todas as coisas que foram criadas no mundo, tanto
acima como abaixo.
Comentário:
Conforme observamos anteriormente, a audição é Bina-Compreensão, enquanto
visão é Chochmá-Sabedoria.
Ambos se derivam do pensamento, Keter-Coroa.
Comentário:
O conceito do pensamento é igual ao de "acima".
Não importa o quão alto se alcance, pode-se ainda ir mais além.
Por isso, a respeito do pensamento, a palavra "elevar" é empregada.
Embora não haja limite a quão alto se possa ir, em um corpo finito, tal como o
planeta Terra, há um limite quanto à distância que se pode ir.
Dependendo do assunto, há um limite para o quão profundamente pode ser
inquirido.
O Conhecimento é a expressão da mente.
Não importa quão profunda seja a expressão, ela pode, em última instância, ser
entendida.
Mas a mente, em si, não pode ser entendida.
Similarmente, Merkava-Carruagem é apenas uma expressão do Divino e não o
próprio Divino. Por isso é chamada de "visão".
A visão consiste de elementos na mente do vidente que interagem com o
insondável.
Diz-se que o vidente está acima da visão, pois esta emana de elementos de sua
própria mente.
O conceito dessa "coberta" (Sucá, que vem da mesma raiz que Sechuta), já foi
mencionado ligeiramente (ver verso 74) no versículo "Ele faz da treva Seu
esconderijo ... Sua Sucá, de águas escuras e nuvens espessas dos céus
(Sechakim)" (Salmos 18:12).
Conforme mencionamos, Sechakim se refere às Sefirot Netzach-Vitória e Hod-
Esplendor, as duas Sefirot que são a origem da visão e da inspiração.
Todavia, isso surge apenas através do conceito de "Sucá".
A palavra "Sucá" indica ambos: "ver" e "cobrir", e, por isso, é uma coberta através
da qual pode se ver.
Quando falamos do "pensamento" de Deus, estamos falando de um nível onde Ele
"envolve todos os mundos". Por outro lado, quando falamos da Merkava-
Carruagem, estamos falando de um nível onde Ele "preenche todos os mundos".
Por isso podemos olhar dentro de nossa própria alma para vê-Lo.
Comentário:
O Segol é um ponto vogal, discutido anteriormente (ver verso 36).
Todavia, além de ser um ponto vogal, o Segol é, também, uma nota de cantilação.
Os quatro níveis de expressão são: Letras, Ornamentos, Vogais, e Cantilações.
Comentário:
Os anjos usam duas formas de louvor.
A primeira é: "Santo, santo, santo, o Senhor das Hostes, toda a terra é preenchida
com sua glória" (Isaías 6:3).
Fala da imanência de Deus, onde Sua Glória, o aspecto de Malchut-Reino, preenche
toda a criação.
O segundo louvor é o aqui citado: "Bendita seja a glória de Deus, desde Sua
morada" (Ezequiel 3:12).
Indica Sua transcendência, onde mesmo Sua Glória, que é Malchut-Reino, o nível
mais inferior, deve ser abençoada de longe.
Esses dois níveis foram estudados anteriormente (ver verso 2), quando foi dito que
Deus tanto preenche todos os mundos, quanto envolve todos os mundos.
A palavra "abençoa" indica o aspecto no qual Deus preenche todos os mundos (ver
verso 3).
Contudo, isso vem da "morada" de Deus, isto é, do aspecto onde "Ele é o lugar do
universo", envolvendo toda a criação.
Portanto, quando se diz: "Abençoada seja a glória de Deus, desde Sua morada",
significa que o aspecto no qual Ele "envolve todos os mundos" deve ser trazido
abaixo, para que Ele "preencha todos os mundos".
Entre o aspecto que Ele "preenche todos os mundos" e o que Ele "envolve todos os
mundos" estão os próprios universos, onde Deus está oculto pelo conceito de
Tzimtzum-Constrição.
O conceito do Zarka significa, portanto, cruzar esse abismo e, uma vez que
ninguém pode alcançar o outro lado, deve ser "atirado".
Traz-se a Luz do aspecto "envolve todos os mundos" ao de "preenche todos os
mundos", que compreende-se ao fitar a Merkava.
Esse é Segula, o tesouro.
Ambos, preencher e envolver, incluem a palavra Glória (Kavod), que representa
Malchut-Reino. Esses dois aspectos são representados, respectivamente, pelo Zarka
e pelo Segol, as duas cantilações que indicam Malchut-Reino.
Um "atira" o pensamento para atingir o nível de "envolver", enquanto o outro é o
"tesouro" do "preenchimento".
O autor diz tudo isso em linguajar altamente misterioso, que é, também,
reproduzido no Talmud.
O conceito de uma Coroa é o de algo que envolve, do mesmo modo que uma coroa
envolve a cabeça. Quando Deus é chamado de "Dono do céu e da terra", significa
que Ele zela por todas as coisas com Sua providência, sendo esse o conceito de
"preencher".
Assim trazemos a coroa, que é "envolver", ao da cabeça, que é Chochmá-
Sabedoria, e bênção, que é o conceito de "preencher".
O versículo, em sua totalidade, é: "Bendito seja Abraão ao Deus mais Alto, Dono do
céu e da terra."
Portanto, o conceito do "Dono" envolve "bênção".
Continua
O Bahir – Parte 18
Comentário:
O acento está no final da palavra, indicando que é, de fato, o nível mais inferior.
Mas no conceito "Coroa'', o envolvente se eleva cada vez mais alto,
indefinidamente, tal como o conceito "para cima", estudado anteriormente.
Eis porque Keter-Coroa está intimamente relacionado a Malchut-Reino, sendo esse
o conceito "Coroa do Rei".
Embora um seja a Sefirá mais elevada, e a outra, a mais inferior, estão ligadas pelo
conceito: "Seu princípio está embutido em seu fim" (Sefer Yetzirá 1:7).
Além do mais, toda a criação, mesmo os níveis mais elevados, nada mais é que o
Malchut-Reino da Entidade Infinita, sendo esse o mistério do versículo, "Teu Reino
(Malchut) é o Reino de todos os mundos" (Salmos 154:13).
A pedra aqui mencionada é chamada Dar, examinada no verso 190.
Comentário:
Agora, retorna-se aos Trinta e Dois Caminhos, introduzidos no verso 63.
Diz-se aqui que se assemelham aos trinta e dois fios dos Tzitzit.
Os Tzitzit são as borlas ou franjas rituais mencionadas em Números 15:38.
São usadas no Talit, bem como no "pequeno Talit" (Talit Katan), usado o dia todo.
A palavra Tiztzit vem da raiz Tzut - "sondar", pois destinam-se a ser objeto de
contemplação e meditação.
A respeito deles, diz a Torá:
"Vendo-os vos lembrareis de todos os mandamentos de Deus, ... sem jamais seguir
os desejos do vosso coração e dos vossos olhos..." (Números 15:39).
O Talit cobre todo o corpo, enquanto as franjas do Tzitzit pendem ao redor das
pernas.
Conforme observamos anteriormente, as duas pernas correspondem às Sefirot
Netzach-Vitória e Hod-Esplendor, que são a origem da profecia e da visão.
As franjas do Tzitzit representam, portanto, o conceito da visão mística.
Consistem de trinta e dois fios, que correspondem aos Trinta e Dois Caminhos da
Sabedoria, caminhos pelos quais o iniciado ascende.
São chamados "vigias dos caminhos", pois sua finalidade, conforme reza a Tora, é
impedir pensamentos enganadores - "sem jamais seguir os desejos do vosso
coração e dos vossos olhos".
O fio azul das franjas do Tzitzit era tingido com uma tintura especial, extraída de
um molusco chamado Chilazon, provavelmente relacionado ao Murex e ao Purpura.
Fala-se do fio azul como objeto de contemplação mística:
"O azul é qual o mar, o mar é qual o céu, e o céu é qual o Trono da Glória" (ver
verso 96).
Por seu intermédio, ascende-se do terrestre ao astral, e, depois, ao transcendental.
No Talit, existem quatro franjas Tzitzit, cada qual com oito fios, perfazendo um
total de trinta e dois fios.
Diz-se que as quatro franjas do Tzitzit representam os quatro conceitos básicos em
cada um dos quatro universos.
São os quatro "elementos" (ou estágios da matéria) no universo físico de Asiyá-
Manifestação; em Yetzirá-Formação - o universo dos anjos - são os quatro
arcanjos: Miguel, Gabriel, Uriel e Rafael; as quatro pernas do Trono em Beriyá-
Criação - o universo do Trono; e, finalmente, em Atzilut-Proximidade - Universo das
Sefirot - são as quatro letras do Tetragrama.
As quatro franjas do Tzitzit estão presas ao Talit, roupagem em forma de xale que
cobre o corpo.
Diz-se que o Talit representa o Chasmal (Electrum), mencionado em Ezequiel 1:4.
Nos ensinamentos cabalísticos, o Chasmal é a vestimenta que protege das Klipot
(Cascas) do Mal, mencionadas, também, no mesmo versículo:
"Um vento tempestuoso... uma grande nuvem, e fogo flamejante."
Como está evidente nesse contexto, Ezequiel foi obrigado a passar através dessas
três Klipot antes de vivenciar sua visão, que se inicia com o Chasmal.
Portanto, é por intermédio das franjas do Tzitzit, que esse Chasmal interno pode
ser alcançado.
Comentário:
O fio azul simboliza Malchut-Reino, indicando que Deus é o Rei de todos os
caminhos.
O exemplo é um "rei que viaja ao estrangeiro".
Refere-se à Essência Divina quando é reduzida, de modo a se tornar o sujeito de
uma visão.
Caso errem, os escravos têm medo do rei e, por isso, ele lhes dá um símbolo, isto
é, o Tzitzit.
Os sete fios brancos do Tzitzit correspondem aos sete elementos do Zer Anpin,
conforme observamos no verso 82. O fio azul indica Malchut-Reino, a filha, e, ao
mesmo tempo, indica, também, Biná-Compreensão (ver verso 96).
94. O Rabino Amorai sentou-se, e explicou:
Qual é o significado do versículo (I Reis 8:27)"Observe! O céu, e o céu do
céu, não Te podem conter"?
Ensina que o Santo Abençoado tem 72 nomes.
["Céu" e "Céu do Céu" indicam três níveis: Eixo, Esfera e Coração. [Ver
Pardes Rimonim 21:6]. Cada um desses três inclui 24 nomes. Ver verso 95.
O modo de deduzir-se esses nomes é encontrado no verso 110.]
Todos eles foram colocados nas Tribos [de Israel].
Está, portanto, escrito (Êxodo 28:10): "Seis de seus nomes em uma pedra,
e os nomes dos outros seis na outra pedra, de acordo com suas gerações."
Está, também, escrito (Josué 4:9): "Ele erigiu doze pedras."
Assim como as primeiras são (Êxodo 28:12) "pedras de memorial", essas,
também, são (Josué 4:9) "pedras de memorial".
[Existem, portanto,] 12 pedras [cada uma contendo seis nomes], formando
um total de 72.
Correspondem aos 72 nomes do Santo Abençoado.
Por que principiam com doze?
Ensina que Deus tem doze diretores.
Cada um deles tem seis Poderes [perfazendo um total de 72].
O que são?
São os 72 idiomas. [São as setenta nações mencionadas em Gênese 10.
Cada uma delas tem seu próprio Vigia. Ver Targum J. sobre Gênese 11:7, 8,
Deuteronômio 32:8. Para o significado dos dois outros, ver verso 167.]
Comentário
Os Trinta e Dois Caminhos são formados por Dez Números e Vinte e Duas Letras.
Os Dez Números correspondem às Dez Sefirot.
As Vinte e Duas Letras estão divididas em Três Mães, Sete Duplas e Doze
Elementares.
As Três Mães são as três linhas horizontais básicas da Árvore, as Sete Duplas, as
sete linhas verticais; e as Doze Elementares, as diagonais.
As Três Mães e as Sete Duplas correspondem também às Dez Sefirot.
As Três Mães são as três Sefirot mais elevadas, e as sete Duplas, as sete Sefirot
inferiores.
Cada uma das Sete Duplas se estende para cima, originando-se de uma das Sefirot
mais inferiores.
As restantes são as Doze Elementares, que correspondem às doze diagonais.
A primeira afirmação é que cada uma dessas Doze Elementares consiste de seis
"nomes". Os seis nomes correspondem às seis direções de um "continuum"
tridimensional.
Portanto, cada uma das Doze é, em si, um "continuum" espacial completo.
Os doze caminhos diagonais propriamente ditos, estão no mundo das Sefirot, o
Universo de Atzllut-Proximidade.
Estão refletidos nos Doze Diretores, os arcanjos do mundo do Trono — Universo de
Beriyá-Criação.
Disse Isaías a respeito desses arcanjos: "Vi Deus sentado em um Trono elevado e
exaltado... acima Dele, estavam os Serafins (arcanjos), cada um tinha seis asas"
(Isaías 6:1,2).
Fala dos arcanjos que habitam o mundo do Trono.
Cada um desses Arcanjos Diretores tem seis asas, e essas asas correspondem aos
Poderes que possuem no mundo abaixo do trono, o mundo dos anjos — Universo
de Yetzirá-Formação — perfazendo um total de Setenta e Dois Poderes.
Cada um desses Anjos de Poder é anjo guardião de uma das Setenta e Duas
nações, que correspondem às setenta e duas línguas.
São o reflexo dos Poderes no mundo físico.
Conforme mencionamos anteriormente, embora Asiyá-Manifestação inclua o mundo
físico, é, principalmente, seu aspecto conceituai.
Fala-se, portanto, do nível de Asiyá-Manifestação como as setenta e duas línguas,
ao invés de nações.
A língua é uma entidade conceituai, e não física, e as línguas representam as
setenta e duas maneiras de expressarmos conceitos mundanos.
Em nível mais profundo, cada uma das setenta e duas línguas tem uma raiz no
nome de Deus de setenta e dois elementos e, por isso, cada uma dessas línguas
pode ser usada para se entrar no plano dos mistérios.
Reflete o ensinamento do Midrash, onde Elias disse: "Trago o céu e a terra para
testemunhar que qualquer humano, judeu ou gentio, homem ou mulher, livre ou
escravo, de acordo com suas ações, pode ser merecedor do Ruach HaKodesh, o
'Espírito Santo', a experiência transcendental." (Tana DeBei Eliahu Raba 9).
Esses setenta e dois elementos existem em cada um dos quatro universos,
perfazendo um total de 288.
É esse o significado das 288 centelhas de Santidade existentes na criação (ver Etz
Chaim, Shaar RaPaCh Netzutzin).
95. O Santo Abençoado tem uma única Árvore, que possui doze fronteiras
diagonais: [Como os doze lados de um cubo. A respeito da árvore, ver
verso 119.]
A fronteira nordeste, a fronteira sudeste;
A fronteira leste superior, a fronteira leste inferior;
A fronteira sudoeste, a fronteira noroeste;
A fronteira oeste superior, a fronteira oeste inferior;
A fronteira sul superior, a fronteira sul inferior;
A fronteira norte superior, a fronteira norte inferior;
Espalham-se para todo o sempre;
São os "braços do mundo".[A expressão "Braços do Mundo" aparece em
Deuteronômio 33:27. Ver verso 189.]
Dentro delas está a Árvore.
Correspondendo a essas diagonais, existem doze Funcionários.
Dentro da Esfera existem, também, doze Funcionários.
Incluindo as próprias diagonais, temos um total de 36 Funcionários.
Cada um deles tem outro. Está, portanto, escrito (Eclesiastes 5:7):
"Pois um zela acima do outro." [Isso perfaz um total de 72.]
Torna-se, portanto, evidente, que o leste tem nove, o oeste tem nove, o
norte tem nove e o sul tem nove.
São doze, doze, doze, e são os Funcionários do Eixo, da Esfera e do
Coração.
Seu total é 36.
O poder de cada um desses 36 está em todos os outros. Embora existam
doze em cada um dos três, estão todos ligados uns aos outros.
Portanto, todos os 36 Poderes estão no primeiro, o qual é o Eixo. E se os
buscares na Esfera, encontrarás os mesmos. E se os buscares no Coração,
outra vez encontrarás os mesmos. Por isso, cada um tem 36.
Todos eles não têm mais do que 36 Formas. Todos eles completam o
Coração [o qual tem valor numérico 32] Restam, portanto, quatro. Some
32 a 32, e o total é 64.
São essas as 64 Formas.
Como sabemos que 32 deve ser somado a 32?
Porque está escrito (Eclesiastes 5:7): "Pois um zela acima do outro, [e
existem outros superiores acima deles]."
Temos, portanto, 64, oito menos que os 72 nomes do Santo Abençoado.
Encontra-se uma alusão a eles no versículo "e existem outros superiores
acima deles", e são os sete dias da semana. Porém, ainda falta um.
O versículo seguinte refere-se a ele (Eclesiastes 5:8): "Em tudo, a
vantagem do solo é o Rei."
O que é essa "vantagem"? É o lugar de onde a terra foi esculpida.
É uma vantagem sobre o que existira anteriormente.
E qual é essa vantagem?
Tudo o que as pessoas vêem no mundo é tomado de seu brilho. É, então,
uma vantagem.
Comentário:
A Árvore é a matriz das Sefirot, ligadas pelos Trinta e Dois Caminhos, conforme o
Diagrama anexo. Esse diagrama contém doze caminhos diagonais, que
correspondem às doze direções diagonais.
Conforme exposto no Sefer Yetzirá (capítulo 5), esses doze caminhos
correspondem, também, aos doze signos do zodíaco, aos doze meses do ano e às
doze principais funções do corpo.
Correspondem, igualmente, às doze tribos, e às doze maneiras em que as letras do
Tetragrama, YHVH, podem ser transpostas.
Diz-se que essas direções se estendem ao infinito.
Ao tentar penetrar esse infinito, podemos nos aproximar da Árvore e, portanto,
alcançar seus caminhos.
Diz a citação do Sefer Yetzirá:"Dentro delas está a Árvore."
São chamadas de "Braços do mundo", termo empregado no versículo "Seu orgulho
está nos céus (Shechakim); a morada é o Deus da Eternidade (Kedem) enquanto,
debaixo, estão os braços do mundo" (Deuteronômio 34:26, 27).
Conforme mencionado em inúmeras passagens (ver verso 1), o termo Sechakim
sempre indica Netzach-Vitória e Hod-Esplendor, as duas Sefirot envolvidas em
profecia e inspiração.
Diz, então, o versículo: "a morada é o Deus da eternidade", indicando que Deus é
eterno, para além do espaço e do tempo.
Aqui, a palavra para "Eternidade" é Kedem, termo usado, geralmente, para Keter-
Coroa.
Deus é chamado de "morada", pois Ele envolve, também, o espaço e o tempo.
Por isso, debaixo desse conceito estão os "braços do mundo", a infinidade das
fronteiras diagonais que definem o espaço.
Conforme observamos anteriormente (no verso 30), a criação consiste de cinco
dimensões, a saber: espaço, tempo (que é a quarta dimensão), e uma quinta
dimensão espiritual (Sefer Yetzirá 1:5).
No Sefer Yetzirá, estão divididas em três conceitos principais: Universo, as três
dimensões do espaço; Ano, a dimensão do tempo; e Alma, a dimensão espiritual.
Todos os vinte e dois conceitos, que correspondem às vinte e duas letras do
alfabeto hebraico, estão refletidos em cada uma dessas três categorias.
O Sefer Yetzirá diz que o Eixo (Teli) é o rei do Universo; a Esfera, ou Ciclo (Galgal),
é o rei do ano; e o Coração (Lev) é o rei da Alma.
O Sefer Yetzirá diz, também, que cada um desses doze caminhos diagonais têm sua
correspondência na Alma, isto é, nas doze funções principais do corpo, sob a
regência do Coração.
Existem, também, doze signos no zodíaco do Universo, e doze meses no Ano, sob a
regência do Eixo e da Esfera, respectivamente.
Todos os três domínios perfazem, portanto, um total de trinta e seis.
Uma vez que cada um deles tem uma contraparte "acima", temos um total de
setenta e dois.
Entretanto, a origem de toda elevação espiritual é o Coração, rei da Alma.
Dessas cinco dimensões, o iniciado viaja aos planos místicos através da Alma.
Por isso, o autor diz que tudo está incluído na Alma.
Os Trinta e Dois Caminhos existem no Coração (ver verso 63).
As sessenta e quatro Formas aqui mencionadas são as mesmas vistas por Ezequiel.
Cada uma das quatro pernas do Trono tem quatro anjos, e cada um desses anjos
tem quatro "faces", perfazendo um total de sessenta e quatro "faces" ou Formas
(ver Pirkey Rabi Eliezer 4).
Em última instância, o Coração contém as sessenta e quatro.
São os Trinta e Dois Caminhos com "motivação de abaixo", e esses mesmos
caminhos com "motivação de acima".
Esses sessenta e quatro caminhos podem ser realizados somente através do
Coração, dimensão da Alma.
Os sete seguintes são completados pelo ciclo da semana - o Tempo, domínio da
Esfera.
Correspondem às sete Sefirot inferiores.
O último, envolve o espaço - único ponto no espaço por intermédio do qual o Divino
pode brilhar.
E esse o conceito da Presença Divina (Shechiná), que é a Sefirá Malchut-Reino
manifesta no mundo físico espacial.
É a "vantagem" do mundo, a dimensão adicional percebida pelo iniciado.
O grande cabalista Rabino Judá Low (O Maral de Praga), que tem o crédito de haver
criado o Golem, assim explica.
O mundo consiste de seis direções e, por isso, foi criado em seis dias.
O Shabat, o sétimo dia, é o ponto central, unificando as seis direções e os seis dias.
O número sete, portanto, é a perfeição da criação, e por isso surge na Torá em
tantos conceitos.
É o ponto de Malchut-Reino.
Oito é o nível que transcende o físico.
Em razão disso, por exemplo, a circuncisão é feita no oitavo dia, pois permite
atrair-se uma alma do plano transcendental. Está, também, nos oito fios das
franjas do Tzitzit, e nos oito dias de Chanuká. Essa é a "vantagem" da terra.
Os sete dias representam as sete Sefirot inferiores, e o oitavo, é a Sefirá Biná-
Compreensão, portal para as três Sefirot superiores.
Por isso é chamada de "vantagem". Continua
O Bahir – Parte 19
Comentário:
Embora a "Terra" seja, em geral, identificada à Malchut-Reino, existe uma "Terra"
mais elevada, identificada à Biná-Compreensão.
Enquanto a terra inferior é chamada de "Shechiná Inferior", a terra superior é
chamada de "Shechiná Superior".
Esses dois níveis correspondem às duas letras Heh no Tetragrama, onde Biná-
Compreensão é o primeiro Heh, e Malchut-Reino é o Heh final.
A Terra inferior foi talhada da Terra superior.
Essa Terra Superior é identificada como Trono, que está no Universo de Beriyá-
Criação.
De acordo com a correspondência entre as Sefirot e os Universos, Beriyá-Criação
corresponde à Biná-Compreensão.
É, também, o "Mar da Sabedoria".
O "mar" sempre é um elemento fêmea e, em geral, é Malchut-Reino.
Mas o "Mar da Sabedoria" é o elemento fêmea associado à Chachmá-Sabedoria,
que é Biná-Compreensão.
Diz-se que isso é o azul nas franjas do Tzitzit.
O Trono é Biná-Compreensão, o "Trono elevado e exaltado", avistado por Isaías.
O "Trono da Glória", todavia, está associado à Malchut-Reino, pois "Glória" sempre
indica essa Sefirá.
O Universo do Trono, Beriyá-Criação, é derivado de Biná-Compreensão. Mas, ao
mesmo tempo, é o grau imediatamente abaixo da Sefirá mais inferior de Atzllut-
Proximidade, Malchut-Reino.
Por isso é chamado de "Trono" para a Glória, que é Malchut-Reino.
Por isso, o fio azul nas franjas do Tzitzit contém os conceitos de ambos, Biná-
Compreensão e Malchut-Reino.
O principal conceito do azul é Malchut-Reino, pois o azul é a cor da realeza (ver
verso 93). Mas expressa, também, o oitavo nível, aquele que está acima do
mundano, que é Biná-Compreensão.
Quando esses conceitos são unidos, o oitavo nível é chamado de "Trono da Glória",
pois é por intermédio do nível acima do mundano que Malchut-Reino, a Presença
Divina (Shechiná), é revelado ao mundo.
Malchut-Reino é chamado de pedra preciosa, pois recebe e reflete todos as outras
Sefirot. Similarmente, um diamante reflete luz branca como todas as cores (ver
verso 146).
Comentário:
Terumá, a Oferenda Elevada, foi determinada durante a construção do Tabernáculo
no deserto, após o Êxodo do Egito.
Oração é o "serviço do coração".
Por isso, é uma das principais maneiras de darmos conta do Coração nas alturas,
fazendo com que os Trinta e Dois Caminhos se abram (ver verso 103).
Comentário:
Dos setenta e dois, setenta se referem às setenta nações, e os outros dois são
Israel e Satã (ver verso 167).
Aqui, o fruto mencionado é Etrog ("Limão"), levado nas mãos durante o festival do
Sucot (Tabernáculos), juntamente ao Lulav (Fronde de Palmeira), à murta e ao
salgueiro, tema a ser abordado posteriormente (ver verso 176).
Se todos os bovinos ofertados durante o festival do Sucot (mencionado em
Números 29:12-34) fossem contados, o número total atingiria setenta. Diz o
Talmud que esses bovinos expiariam pelas setenta nações (Sucot 56b).
Porém, o mandamento que Israel observa nesse festival envolve coisas extraídas
de árvores, principalmente do Etrog, ou "limão", do Lulav, ou fronde de palmeira,
da murta e galhos de salgueiro. Portanto, Israel leva a verdadeira Árvore. Na mão
direita, leva-se o Lulav, juntamente à murta e ao salgueiro, representando a
própria Árvore. O "coração" dessa Árvore é o Etrog, segurado na mão esquerda,
diante do coração. Principalmente durante o festival do Sucot, tornava-se possível
vislumbrar essa Árvore. Por isso, havia uma festa de "Extração", quando, durante o
Sucot, a água era extraída para um "Sacrifício de Água" especial, sobre o altar. Diz
o Talmud que se trata da celebração da Extração, porquanto as pessoas extraíam
Ruach HaKodesh (Espírito Santo, a experiência transcendental).
Sobre esses Caminhos se encontra um Vigia, mencionado anteriormente (92). A
Árvore da Vida é a Árvore das Sefirot, onde esses Trinta e dois Caminhos são
definidos.
Comentário:
As formas são os Cherubim, idênticos aos Chayot (Anjos da Vida), conforme
definido pelo profeta (Ezequiel 10:15). Esses Chayot eram, portanto, as primeiras
coisas que Ezequiel percebeu em sua visão (Ezequiel 1:5).
Comentário:
O "Santo Abençoado" é o nome que indica Zer Anpin. Consiste das seis Sefirot,
chamadas de "Céu" (ver verso 30).
Continua
O Bahir – Parte 20
Comentário:
Pode, também, ser interpretado: "os trinta e seis transferidos ao coração" (em
alusão ao verso 97). São os trinta e seis (Lamed Vav) justos que sustentam o
mundo, os trinta e seis indivíduos que caminham pelos Trinta e Dois Caminhos da
Sabedoria.
Comentário:
Aqui, outra vez, "céu" indica Zer Anpin, enquanto "terra" é Malchut-Reino.
Mas, em sentido mais amplo, "terra" é o mundo físico, enquanto "céu" é o
transcendental.
Em ambos os casos, aquele que deseja ascender às alturas, deve viajar sempre
pelo caminho que leva de Malchut-Reino à Yesod-Fundação.
Observando o diagrama dos caminhos, fica evidente que, embora existam muitos
caminhos interligando as outras Sefirot em Malchut-Reino, a Sefirá mais inferior,
existe apenas um só caminho que conduz para cima, caminho que leva à Yesod-
Fundação.
Esse caminho é chamado Tzadik, Pilar da Justiça, representado pela letra Tav.
Do mesmo modo que é o único caminho para cima, é também o único caminho
para baixo que traz todas as bênçãos e sustento espiritual. É forte quando existem
pessoas justas no mundo; caso contrário, é fraco.
Uma vez que o universo existe apenas por intermédio da força criativa de Deus, a
fluir através desse mesmo caminho, o mundo não poderá se manter caso ele seja
fraco.
Apenas os justos podem oferecer o Coração, e está, portanto, escrito: "de cada
homem que ofereceu seu coração" (Êxodo 25:2).
As oferendas são tomadas das outras pessoas.
Comentário:
Yud representa a Sefirá Chachmá-Sabedoria, e corresponde à sabedoria humana.
Os Trinta e Dois Caminhos são, principalmente, caminhos de sabedoria.
Conforme observamos anteriormente, esses Trinta e Dois Caminhos estão no
coração, lugar onde termina a revelação de Biná-Compreensão e, ao mesmo
tempo, Chachmá-Sabedoria começa a ser revelada (ver verso 63).
O conceito da Oferenda Elevada (Terumá) é a elevação do indivíduo através da
Sabedoria, a fim de tornar-se capaz de caminhar pelos Trinta e Dois Caminhos.
A palavra hebraica para "sabedoria" é Chachmá, e, conforme diz o Zohar, tem as
mesmas letras que Ko'ach Má, "poder" ou "potencial" do Aquilo (Zohar 3:28a,
235b).
Alternativamente, Ko'ach Má significa "determinado potencial".
No sentido citado em primeiro lugar, é o poder de questionar, de ir além do que é
percebido com Compreensão.
No outro sentido, é um potencial indefinido, potencial impossível de ser entendido
com a Compreensão, situada em nível inferior, mas que deve ser vivenciada em si.
Como tal, vivenciar está dentro da capacidade do homem, pois a Sabedoria é
formada pela experiência.
Quando caminhamos pelos Caminhos da Sabedoria, começamos com o Coração,
que é Compreensão.
Mas, então, vamos além, até a Experiência da Sabedoria, que não pode ser
compreendida.
Comentário:
Existe um mandamento na Tora que diz: quando encontramos um ninho contendo
ovos ou pequenos pássaros, devemos expulsar a mãe pássaro antes de tirarmos
qualquer coisa do ninho.
No Zohar, a explicação aqui enunciada é reiterada numerosas vezes.
Biná-Compreensão é a Sefirá imediatamente anterior às sete Sefirot inferiores, que
correspondem aos sete dias da criação.
Biná-Compreensão é o futuro, ponto final do "continuum" temporal e, assim sendo,
representa a conclusão do conceito do tempo. A existência, tal como conhecemos,
existe somente de uma justaposição de Chachmá-Sabedoria e Biná-Compreensão,
passado e futuro (ver verso 30). A criação existe apenas no contexto do tempo, e,
por isso, é expressa em termos de dias. Biná-Compreensão é, portanto, o Útero
Materno, de onde emergiu toda a criação. É, também, a Mãe da qual emanaram
todas as sete Sefirot inferiores.
Comentário
Aqui, diz-se que as sete Sefirot inferiores podem ser levadas conosco, mas que
Biná-Compreensão deve ser mandada embora. Significa que não se pode sondar
acima das sete Sefirot inferiores, e que até mesmo a mera tentativa de penetrar os
três superiores é proibida.
Pode parecer encontrarmos aqui uma contradição, pois tal afirmação revela ser
proibido sondar Biná-Compreensão, enquanto em outras passagens observamos
que Biná-Compreensão é o nível mais elevado possível de atingir-se, e que até
mesmo Chachmá-Sabedoria é acessível.
Mas é esse o significado: Embora Zer Anpin seja construído por seis das sete
Sefirot inferiores, é uma estrutura completa e, portanto, tem Dez Sefirot de direito.
Quando o Tikuney Zohar declara que "Compreensão é o Coração", fala de Biná-
Compreensão, conforme expresso no Zer Anpin (Tikuney Zohar 17a, Etz Chaim,
Shaar Partzufey Zachar U'Nekevá 4). Assim sendo, quando Biná-Compreensão
penetra as sete Sefirot inferiores do Zer Anpin na condição de Coração, é, então,
atingível. Mas, quando está em seu próprio lugar, Mãe do Zer Anpin, é inatingível, e
deve ser "mandada embora" (ver Introdução ao Shaar flaHakdamot).
Os "filhos" são as Sete Sefirot, correspondendo aos sete dias da semana.
Diz-se que correspondem, também, aos sete dias de Sucot, pois é durante esse
festival que as pessoas "atraem o Espírito Santo", e vivenciam essas sete Sefirot
(ver verso 98). Além das Quatro Espécies examinadas anteriormente, o principal
mandamento do festival de Sucot é a própria Sucá.
Sucá é uma cabana, de quatro paredes, coberta por um telhado feito de material
vegetal não comestível. Esse telhado é chamado S'chach. Ambas as palavras, Sucá
e S'chach, têm „a conotação de ver e de cobrir (ver verso 88).
Por isso, o festival era de visões.
A casa, em si, é Chachmá-Sabedoria, pois "Uma casa é construída com Sabedoria".
Com nossa Sabedoria, atingimos as esferas superiores (ver verso 103).
O telhado da Sucá contém pequenas aberturas, por onde o céu pode ser avistado.
Reflete o conceito de uma visão, em sua maior parte coberta e oculta, e podemos
ver apenas através das fendas mais estreitas. Quando entramos em nossa
Sabedoria, experiência em potencial que não pode ser compreendida, é como
entrar na Sucá. Acima, o telhado está coberto, mas tem pequenas fendas por onde
a luz pode ser avistada
Continua
O Bahir – Parte 21
Comentário:
Das cinco dimensões mencionadas pelo Sefer Yetzirá, as três dimensões espaciais
são o Mundo; a dimensão temporal, o Ano; e a dimensão espiritual, a Alma.
O Eixo (Teli) rege o Mundo; a Esfera ou Ciclo (Galgal), o Ano; e o Coração, a Alma.
O Eixo representa Zer Anpin e, na Cabala, é do que trata o versículo do Cântico dos
Cânticos (Etz Chaim, Shaar Arich Anpin 5:3).
Zer Anpin consiste das seis Sefirot que correspondem às seis direções do mundo
tridimensional.
O versículo é: "Sua cabeça é ouro puro, suas madeixas encaracoladas, negras qual
o corvo."
As sete Sefirot inferiores correspondem aos sete planetas astrológicos: Mercúrio,
Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, o Sol e a Lua. (Não se consideram os planetas
exteriores capazes de afetar a terra.)
A "cabeça" do Zer Anpin corresponde aos "primeiros turbilhões", as nebulosas
espiraladas, e grande parte dos antigos a denominava "Serpente Abrangente" ou
"Via Láctea". Por isso, diz o versículo: "Suas madeixas são encaracoladas."
É, também, uma meditação sobre o espaço.
Buscando penetrar o infinito das galáxias, pode-se realizar o salto mental, até a
cabeça e Mentalidades do Zer Anpin.
A Esfera é o rei do Ano, sendo a dimensão temporal.
É o útero do presente, de onde nasce o futuro. A palavra Galgal (esfera) pode,
também, ser traduzida como "ciclo". O ciclo da vida vai do útero à tumba.
Em linguagem talmúdica, a mesma palavra, Kever, é empregada para ambos: útero
e tumba (ver Ohalot 7:4).
Finalmente, o Coração é o rei da Alma, a dimensão espiritual.
Essa dimensão corresponde à linha que se estende de Keter-Coroa a Malchut-Reino
(ver verso 30). Conforme observamos anteriormente, o Coração é Yesod-Fundação
de Chachmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, que se estende até o "tórax" do Zer
Anpin. Porém, o Yesod-Fundação de Chachmá-Sabedoria é, também, uma
"roupagem" encobrindo o Yesod-Fundação de Keter-Coroa.
Além disso, o "tórax" do Zer Anpin está no mesmo nível da "cabeça" de Malchut-
Reino, a Fêmea, e, assim sendo, o "coração" do Zer Anpitz emana na "cabeça" da
Fêmea.
Do mesmo modo que, em geral, Keter-Coroa está fora da cabeça, assim o
"coração" de Zer Anpin é a força exterior à cabeça de Malchut-Reino e, portanto, é
a "coroa" da Fêmea.
Portanto, torna-se evidente que o Coração é, de fato, o ponto principal da
dimensão espiritual que conecta Keter-Coroa à Malchut-Reino.
A palavra "Céu" sempre indica Zer Anpin.
O "coração do céu" é, portanto, o coração do Zer Anpin.
O versículo aqui citado fala sobre a revelação do Sinai, onde o povo viu as vozes
mencionadas no verso 47 e, de fato, esse versículo (Deuteronômio 4: 11) antecede
o versículo citado. O povo viu as "Sete Vozes", que são as Sefirot do Zer Anpin e da
Fêmea.
O caminho por intermédio do qual essas Vozes são "avistadas" passa através do
"coração do céu". Isto é, ascende pela "cabeça" de Malchut-Reino ao "coração" do
Zer Anpin, que forma a coroa Dela.
Conforme mencionado anteriormente (verso 82), as sete são unidas quando Zer
Anpin e a Fêmea se unem.
Os Trinta e Dois Caminhos conectam as Sefirot do Zer Anpin.
Em outro sentido, o Eixo representa o ângulo longitudinal; a Esfera, o ângulo
azimutal, ou latitude; e o coração, o raio.
Esses três elementos representam o "continuum" tridimensional em coordenadas
esféricas.
Comentário:
É a Bênção Sacerdotal. Diz-se que, quando as mãos são elevadas e os dez dedos
estendidos, os dez dedos indicam as Dez Sefirot (ver verso 124).
As três bênçãos representam: Universo, Ano e Alma.
São os três níveis da projeção espiritual, desde o espaço ao tempo, e até a
dimensão espiritual.
Os pontos terminais dessas três dimensões são Zer Anpin, Biná-Compreensão e
Malchut-Reino. São os três nomes, YHVH, da Bênção Sacerdotal. Conforme
observamos anteriormente, o nome YHVH pode ser enunciado de quatro maneiras
diferentes, correspondendo aos quatro níveis da criação (ver verso 70). Os três
mais inferiores desses níveis correspondem aos três pontos terminais, que são os
três Nomes da Bênção Sacerdotal.
Se as duas letras Heh no Tetragrama YHVH forem tomadas como letras diferentes,
então, as quatro letras desse Nome podem ser transpostas de quarenta e duas
maneiras. Por isso alguns cabalistas escrevem esses dois Hehs de forma um tanto
diferente um do outro. Se os dois Hehs não forem diferenciados, as quatro letras
terão apenas doze permutações.
Assim sendo, existem doze em cada domínio, mas as doze devem ser duplicadas
(como no verso 95). As doze permutações habituais do Nome correspondem a doze
direções diagonais.
Cada versículo em Êxodo 14:19-21, contém setenta e duas letras, e esses três
versículos correspondem, também, aos três níveis (ver verso 110).
Os "líderes" ou, mais literalmente, "cabeças" aqui mencionados são arcanjos do
Universo de Beriyá-Criação; Os "oficiais", anjos de Yetzirá-Formação; o "exército"
em si, o domínio de Asiyá-Manifestação.
Comentário:
Além dos três níveis horizontais, existem também três "pilares" verticais.
Esses pilares são chamados Amor (Chesed), Severidade (Din) e Harmonia
(Mishpat).
No mundo dos anjos, o pilar da direita, encimado por Chesed-Amor, é representado
por Miguel.
O pilar da esquerda, encimado por Guevurá-Força, é representado por Gabriel.
O pilar do meio, encimado por Tiferet-Beleza, é representado por Uriel.
Assim sendo, existem setenta e duas Formas em Yetzirá-Formação, aqui
mencionadas, e setenta e dois Poderes em Beriyá-Criação.
Os Poderes em Beriyá-Criação correspondem às almas de Israel, pois Beriyá-
Criação é o nível de Neshamá-Almas.
Mas a resposta é que as Formas e os Poderes são unidos através do sacrifício.
Comentário:
A idéia do sacrifício animal é unificar o animal no homem com sua essência
espiritual.
Assim como o animal é "aproximado" de Deus, a pessoa que realiza o sacrifício
também o é. Conforme observamos anteriormente (verso 5), o conceito do Nariz
corresponde ao Zer Anpin e à Yetzirá-Formação.
Sopro, por outro lado, emana da Boca, que é Malchut-Reino, o nível mais inferior
de Atzlut-Proximidade e, portanto, o Sopro está no nível de Beriyá-Criação.
O conceito "fragrância agradável" representa o elo entre Beriyá-Criação e Yetzirá-
Formação. Quando isso tem lugar, Yetzirá-Formação, o mundo dos anjos, nível do
Ruach na alma, é fortalecido, e capaz de afetar o homem no mundo físico.
Pois esse é o nível de Ruach HaKodesh (Espírito Divino), onde o homem, de fato,
vivencia o nível do Ruach. Essa experiência consiste também de comunhão com um
anjo, que está, também, no nível do Ruach.
Em tais casos, diz-se que o Sopro, que é Re'ach (da mesma raiz que Ruach),
"desce".
Continua
O Bahir – Parte 22
Comentário:
112. São esses os Sagrados e Exaltados Nomes Explícitos.
Existem doze Nomes, um para cada uma das doze tribos de Israel:
Comentário:
O número total de letras nesses nomes, quando escritos corretamente e sem
computarem-se sufixos, é setenta e dois.
É, por isso, o nome de setenta e duas letras, usado para atingir o "coração do céu".
Esses nomes não são encontrados em nenhum outro texto cabalístico, nem existem
quaisquer instruções a respeito de sua utilização.
O sufixo "on" ou "ron" é, também, encontrado em nomes angélicos, tais como
Metatron e Sandalfon.
Comentário:
Dos vinte e dois Caminhos, que correspondem às letras do alfabeto, doze são
diagonais, e indicam as doze tribos de Israel.
Obtém-se acesso a esses caminhos por intermédio dos nomes anteriormente
mencionados.
Através desses canais, toda a força das Sefirot mais elevadas flui para as inferiores.
Quando as Sefirot são assim fortificadas, podem, por sua vez, influenciar eventos
nos mundos inferiores.
Mas quando as pessoas não são merecedoras, as Sefirot são ainda abençoadas,
mas apenas sob a condição de não concederem nada aos que estão abaixo.
É uma lição relacionada aos nomes anteriores.
Os canais por onde fluem se abrem somente quando a geração é merecedora.
Assim sendo, encontramos muitos casos onde certas pessoas mereciam atingir
determinados mistérios, mas não os puderam atingir por não pertencerem à
geração merecedora.
Nesse caso, os "cajados" são os canais.
Aqui, o Rei é Keter-Coroa, e seus "irmãos", as demais Sefirot.
Comentário:
Existem quatro níveis básicos da criação, representados por Chachmá-Sabedoria,
Biná-Compreensão, as seis Sefirot do Zer Anpin, e Malchut-Reino.
Quando podem ser diferenciados, diz-se que formam um "quadrado".
Quando não podem ser diferenciados, são chamados de "círculo".
Esses conceitos não são diferenciados no sentido verdadeiramente espiritual.
Podem ser vistos como diferentes apenas quando refletidos no físico.
Portanto, o quadrado é Malchut-Reino, nível onde todos podem ser vistos.
É o nível que corresponde à Asiyá-Manifestação, abrangendo, também, o mundo
físico.
O círculo, por outro lado, é Biná-Compreensão.
O quadrado indica, também, o que é feito pelo homem, conforme observamos no
Talmud (Yerushalmi, Nedurim 3:2).
O homem trabalha no mundo físico, domínio de Malchut-Reino.
Mas é dentro dos trabalhos do homem que o círculo, representando o espiritual,
pode se mover.
O quadrado representa Asiyá-Manifestação, plano do mundo físico, enquanto o
círculo é Beriyá-Criação, universo das almas.
Comentário:
Não há
Comentário:
Diz-se, em geral, que Alef representa Keter-Coroa (ver verso 70).
De fato, o "Palácio Sagrado" é a confluência dos quatro conceitos básicos, Keter-
Coroa, Chachmá-Sabedoria, Biná-Compreensão e Malchut-Reino, e ponto central
das seis Sefirot do Zer Anpin.
Os quatro conceitos são indicados pelos quatro cantos do Alef.
Além disso, no diagrama dos Trinta e Dois Caminhos, Alef é o canal ligando
Chachmá-Sabedoria à Biná-Compreensão.
118. Yud é as Dez Declarações com as quais o mundo foi criado. [O valor
numérico do Yud, dez.]
O que são elas?
São a Torá da Verdade, que inclui todas as palavras.
O que é o Shin?
Disse ele: É a raiz da árvore. A letra Shin é semelhante à raiz de uma
árvore.
Comentário:
Essas Dez Declarações correspondem às Dez Sefirot, e são sua reflexão no mundo
físico.
As Dez Declarações são:
Comentário:
Não há
120. Como sabemos que a Presença Divina é chamada Tzedek (Justo)?
Está escrito (Deuteronômio 33:26): "Aquele que cavalga nos céus é teu
auxílio, e Sua majestade está no firmamento (Shechakim)."
Está, também, escrito (Isaías 45:8): "Os céus (Shechakim) se movimentam
com a Justiça (Tzedek). "
Tzedek é a Presença Divina, conforme está escrito (Isaías 1:21): "A Justiça
(Tzedek) habita nele."
A Justiça foi concedida a Davi, conforme está escrito (Salmos 146:10):
"Que Deus reine para sempre, vosso Deus, Ó Sião, de geração em
geração."
Está, também, escrito (I Crônicas 11:1):"Sião é a cidade de Davi."
Comentário:
Não há
Continua
O Bahir – Parte 23
Comentário:
Não há
122. Como é isso? Um rei tinha escravos e ele os vestiu com roupagens de
seda e cetim, de acordo com sua capacidade. O relacionamento se rompeu
e ele os expulsou, os repeliu e tirou deles suas roupagens.
Eles, então, seguiram seus próprios caminhos.
O rei tomou as roupagens, as lavou bem, até não haver nelas uma única
mancha. Colocou-as com seus comerciantes, comprou outros escravos e os
vestiu com as mesmas roupagens. Não sabia se os escravos eram bons ou
não, mas eram [pelo menos] dignos das roupagens que ele já possuía, as
quais já haviam sido usadas anteriormente. [Continua o versículo]
(Eclesiastes 1:4): "Mas a terra existe para sempre."
É o mesmo que (Eclesiastes 12:6) "O pó retorna à terra como era, mas o
espírito retorna a Deus, que o deu."
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
124. Por que são as mãos levantadas quando eles são abençoados dessa
maneira?
Porque as mãos têm dez dedos, em alusão às Dez Sefirot com as quais
foram selados o céu e a terra. Correspondem aos Dez Mandamentos.
Nesses Dez, estão incluídos os 613 Mandamentos.
Se contares as letras nos Dez Mandamentos, observarás que existem 613
letras.
[Existem 613 mandamentos na Torá. De fato, os Dez Mandamentos contêm
620 letras, mas as sete últimas letras, em Asher LeReyecha não são
computadas, sendo essa a essência da Torá, como em Yerushalmi ,
Nedarim 9:4.]
Eles contêm todas as 22 letras, exceto Tet, que está faltando.
Por qual motivo?
Ensina-nos que Tet é o ventre — e não está incluído dentre as Sefirot.
Comentário:
Os Dez Mandamentos correspondem às Dez Sefirot do Zer Anpin.
Mas Zer Anpin corresponde, também, a ambos: ao homem e à Tora.
O corpo do homem tem 613 partes, 248 membros e 365 vasos.
Do mesmo modo, a Torá tem 613 mandamentos, 248 imperativos e 365 proibições.
Mostra que, além de consistir de Dez Sefirot, Zer Anpin é uma Personificação
(Partzuf), contendo elementos que correspondem a todas as partes do corpo
humano. Como tal, Zer Anpin é o Homem macrocósmico.
Comentário:
Embora a palavra Saper seja traduzida como "declarar", essa raiz contém, de fato,
três conotações básicas:
1. Declarar ou exprimir.
2. Registrar ou decretar. "Livro" é Sepher.
3. Delinear ou contar. "Número" é Mi-Spar.
Comentário:
A Kedushá consiste do versículo: "Santo, santo, santo é o Senhor das Hostes, toda
a terra é preenchida pela Sua glória" (Isaías 6:3).
Os três "santos" nesse versículo são os três domínios (ver Targum ad loc.).
Comentário:
Aqui, a pergunta é: se existem quatro níveis básicos de criação, por que existem
três santos e não quatro?
A resposta é que os quatro conceitos estão dispostos em três pela matriz tríplice
das Dez Sefirot.
Além disso, as Sefirot estão expressas em três conceitos: Alma, Ano e Universo.
Targum, a respeito da Kedushá, traduz: "Santo no céu mais elevado... Santo na
terra... e Santo para todo o sempre."
"Céu" é a dimensão da Alma, "Terra" é o Universo, e "para todo o sempre", o
Tempo.
Esses três conceitos correspondem, também, aos três estágios do tempo: passado,
presente e futuro.
Lembramos do passado, e, portanto, o passado está na Alma.
Universo é o presente.
Mas o futuro é unicamente Tempo, e não afeta Alma ou Universo.
Os dois nomes YHVH representam misericórdia "antes do pecado, e após o pecado"
(Rosh HaShaná 17b).
Assim sendo, representam passado e futuro.
Os Treze Atributos da Misericórdia atuam no presente.
O fato de existirem Treze Atributos confirma, também, a natureza tríplice das
Sefirot, e a razão de estarem dispostas em três colunas.
Os componentes acima de cada coluna são duplos, cada qual se nutrindo do nível
acima.
Assim sendo, os Treze Atributos derivam das Dez Sefirot (ver Hai Gaon, citado em
Pardes Rimonim 11:1).
Em geral, a estrutura tríplice é derivada da dialética básica (ver verso 1).
Comentário:
O primeiro "Santo" corresponde à dimensão espiritual, conforme mencionado
anteriormente.
É a dimensão que se estende entre Keter-Coroa e Malchut-Reino.
O segundo "Santo" é a dimensão temporal.
É a dimensão definida por Chachmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, bem como por
Daat-Conhecimento, a confluência dos dois.
As Sefirot inferiores emanam dessas superiores que, por isso, formam a "raiz" da
Árvore.
O terceiro "Santo" é Zer Anpin, que define o conceito de espaço e é, também, o
conceito de ligação (ver verso 30).
Esse conceito une todas as Sefirot.
Comentário:
As seis Sefirot do Zer Anpin consistem de duas triplicidades: Chesed-Amor,
Guevurá –Força e Tifèret-Beleza; e Netzach-Vitória, Hod-Esplendor e Yesod-
Fundação.
A triplicidade superior recebe dessas três Mentalidades, enquanto a triplicidade
inferior funciona para conceder à Malchut-Reino e, assim, ao restante da criação.
A triplicidade superior é chamada "filhos" (de Abba-Pai e Imma-Mãe), enquanto a
triplicidade inferior é chamada de "netos".
Se os inferiores não forem merecedores, os superiores só terão o suficiente para si
mesmos, porém não o suficiente para dar aos outros (ver verso 113).
Comentário:
O conceito "toda a terra está preenchida pela Sua Glória", indica Chachmá-
Sabedoria, o "Preenchimento" mencionado anteriormente (ver verso 3).
O conceito Chachmá-Sabedoria é igualdade e homogeneidade e, portanto, indica
que a glória de Deus está universalmente presente (ver verso 30).
Continua
O Bahir – Parte 24
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
133. É isso a "glória de Deus", não de uma de Suas hostes? Não inferior?
Por que a abençoam?
Mas, como é isso? Um homem tinha um belo jardim.
Fora do jardim, porém nas proximidades, ele tinha um belo campo.
Nesse campo, plantou um belo jardim de flores.
Regava primeiro o seu jardim. A água se espalhava por todo o jardim.
Todavia, não atingia a parte do campo, pois não havia ligação, embora
fossem um só. Por isso, ele abriu um espaço e o regava separadamente.
Comentário:
Não há
Comentário:
O conceito do Coração inclui Chachmá-Sabedoria, Biná-Compreensão e Malchut-
Reino (conforme verso 106).
Comentário:
Pode ser compreendido à luz do fato que os seguintes indivíduos são, em geral,
identificados às seguintes Sefirot:
Comentário:
Não há
137. Por que vinho e leite? O que um tem a ver com o outro?
Mas ensina que vinho é o Terror e leite é a Bondade.
Por que é o vinho mencionado primeiro?
Porque está mais próximo de nós. [Pois Força é inferior ao Amor]
Achais, então, que isso se refere ao vinho e ao leite verdadeiros?
Devemos dizer que é a Forma do vinho e do leite.
Por intermédio do merecimento de Abraão, merecedor do atributo da
Bondade, Isaac foi merecedor do atributo do Terror. E porque Isaac foi
merecedor do atributo do Terror, Jacó foi merecedor do atributo da
Verdade, que é o atributo da Paz. Deus lhe concedeu de acordo com a sua
própria medida.
Está, portanto, escrito (Gênese 25:27): "Jacó era um homem íntegro,
habitando em tendas."
A palavra "íntegro" significa nada mais que paz.
Está, portanto, escrito (Deuteronômio 18:13): "Serás íntegro com o Senhor
teu Deus", e o Targum interpreta: "Estarás em paz (sh’lim)."
A palavra "íntegro" não se refere senão à Torá.
Está, portanto, escrito (Malaquias 2:6): "Em sua boca, estava a Torá da
verdade."
O que está escrito na frase seguinte?
Declara: "Em paz e retidão, caminhava diante de Mim."
"Retidão" não é senão paz, conforme está escrito (Salmos 25:21): "Íntegro
e em retidão."
Está, portanto, escrito (Êxodo 17:11): "E enquanto Moisés ficava com as
mãos levantadas, Israel prevalecia."
Ensina que o Atributo chamado Israel tem em si uma "Torá da Verdade".
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Continua
O Bahir – Parte 25
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Comentário:
Biná-Compreensão é chamada "Tesouro da Sabedoria", pois sem compreensão, não
se pode entender a sabedoria.
Quando a Torá fala do "Espírito de Deus", o nome Elohim é usado, nome associado
à Biná-Compreensão.
Ruach-Espírito emana do nível dos Elohim, pois Ruach está no nível do Zer Anpin,
que emana de Biná-Compreensão.
Enquanto Chachmá-Sabedoria é o conceito de similaridade e homogeneidade não
diferenciada, Biná-Compreensão é o conceito de diferença e diferenciação.
Todas as letras, formas e conceitos, portanto, se originam de Biná-Compreensão.
Comentário:
É Chesed-Amor, que corresponde à mão direita.
Comentário:
É Guevurá-Força, que corresponde a ambos, fogo e mão esquerda.
Comentário:
O Trono da Glória é Tiferet-Beleza (ver verso 152).
Zer Anpin é formado por suas Sefirot: Chesed-Amor, Guevurá-Força, Tiferet-
Beleza, Netzach-Vitória, Hod-Esplendor e Yesod-Fundação.
Todavia, quando uma Personificação (Partzuf) existe, se torna uma estrutura
completa e, então, consiste de Dez Sefirot.
Por isso, embora a criação tenha sido realizada em seis dias, consistia de Dez
Declarações.
No "crescimento" do Zer Anpin, passando de seis Sefirot para dez, as três Sefirot
superiores, Chesed-Amor, Guevurá-Força e Tiferet-Beleza, são duplicadas. Chesed-
Amor se torna, então, Chachmá-Sabedoria, Guevurá-Força se torna Biná-
Compreensão e Tiferet-Beleza se torna Keter-Coroa.
São esses os topos das três colunas do Zer Anpin, e são as três Coroas de Israel.
Tornando-se Tiferet-Beleza de Zer Anpin um aspecto de Keter-Coroa, surge, então,
a pergunta: por que é chamado de Trono da Glória?
Os Tefilin indicam o propósito da criação.
Em geral, propósito e vontade são representados por Keter-Coroa, pois é mais
elevado ainda que o intelecto.
Mas vontade e propósito devem, também, ser realizados em termos de ação,
representada pelo braço.
Quando isso acontece, é primeiro canalizada pelo coração.
O conceito de trono é o de redução, pois quando alguém se senta em um trono, seu
corpo é reduzido.
Quando Deus atua, colocando os Tefilin em Seu "Braço", os Tefilin são chamados de
"trono", pois seu conceito é reduzido ao plano da ação.
147. Disse o Rabino Yochanan: Existem dois [tipos de] luz, conforme está
escrito: "[haja luz, e houve luz".
A respeito de ambos, está escrito (Gênese 1:4): "[E Deus viu a luz] que era
boa."
O Santo Abençoado tomou um [desses tipos de luz] e a reservou para os
justos do Mundo Vindouro.
A respeito disso, está escrito (Salmos 31:20): "Quão grande é o bem que
reservaste para os que temem a Ti, que concedes para os que em Ti se
abrigam..."
Aprendemos que nenhuma criatura poderia olhar para a primeira luz.
Está, portanto, escrito (Gênese 1:4): "E Deus viu a luz, que era boa."
Além disso, está escrito (Gênese 1:31): "E Deus viu tudo o que tinha feito,
e era muito bom."
Deus viu tudo o que Ele tinha feito e os viu brilhando, reluzentemente bom.
[Maz'hir Bahir (luminoso, reluzente). É uma alusão a ambos, ao Zohar e ao
Bahir]
Ele tomou tudo aquilo, e incluiu os 32 caminhos da Sabedoria, dando-os ao
mundo.
Esse é o significado do versículo (Provérbios 4:2) "Eu vos dei uma boa
doutrina, Minha Torá, não a abandoneis".
Dizemos que isso é o tesouro da Torá Oral. [A parte da Torá que foi
transmitida oralmente, e, afinal, incluída no Talmud. Ver verso 149.]
Disse o Santo Abençoado: "Considera-se esse Atributo incluído do mundo,
e essa é a Torá Oral. Se guardardes esse Atributo nesse mundo, sereis,
então, merecedores do Mundo Vindouro, que é o bem reservado para os
justos.”
O que é isso?
É a força do Santo Abençoado.
Está, portanto, escrito (Habacuc 3:4): "E o brilho será como a luz, [raios
saem de Suas mãos, lá está Sua força secreta]."
O brilho tomado da primeira Luz será qual [nossa visível] luz, se Seus
filhos guardarem a "Torá e o Mandamento que escrevi para lhes ensinar"
[Êxodo 24:12. Ver Berachot 5a que, aqui, "mandamento" se refere à Torá
Oral.].
Está, portanto, escrito (Provérbios 1:8): "Escuta, meu filho, a advertência
do teu pai e não abandones a Torá de tua mãe."
Comentário:
Não há
148. E está escrito (Habacuc 3:4): "raios saem de Suas mãos, lá está Sua
força secreta".
O que é "força secreta"?
É a luz que foi reservada e escondida, conforme está escrito (Salmos
31:20): "[Quão grande é o Teu bem] que o reservaste para os que temem a
Ti [, que o concedes para os que em Ti se abrigam]."
O que nos resta, é aquilo que "concedes para os que em Ti se abrigam".
São aqueles que encontrarão abrigo em Sua sombra nesse mundo, que
guardam a Sua Torá, observam Seus Mandamentos e santificam o Seu
nome, unificando-o secreta e publicamente.
O versículo, então, conclui: "diante dos filhos do homem".
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Continua
O Bahir – Parte 26
Comentário:
Não há
152. Dissestes [que o sexto dia era] Seu Trono. Não dissemos que é a
Coroa do Santo Abençoado?
Dissemos: "Israel foi coroado com três coroas: a coroa do sacerdócio, a
coroa da realeza e, acima de todas, a coroa da Torá. "
Como é isso? Um rei tinha um cálice agradável e belo, do qual gostava
muito. Às vezes, o colocava em sua cabeça - esse é o Tefilim usado na
cabeça. Outras vezes, o carregava em seu braço - é o nó do Tefilim usado
no braço. De quando em vez, o empresta ao seu filho para que fique com
ele. [É uma alusão aos Tefilin de Deus. Os Tefilin de Deus representam a
Coroa do Zer Anpin (Beleza), conforme encontramos em Tikuney Zohar
17a. Embora exista uma Coroa associada às Sefirot inferiores, é apenas
"emprestada ao seu filho".]
É chamado, às vezes, Seu Trono. Porque Ele o carrega qual amuleto em
Seu braço, assim como um trono.
Comentário:
Não há
Comentário:
Surge, então, a pergunta: se as Aravot estão no lugar de Tiferet-Beleza, como são
os dois diferenciados?
Conforme mencionamos anteriormente, o Coração, chamado de Palácio Sagrado, é,
de fato, a confluência de quatro Sefirot: Keter-Coroa, Malchut-Reino, Chachmá-
Sabedoria e Biná-Compreensão.
Quando as Sefirot de Zer Anpin estão na matriz tridimensional, é exatamente o
ponto central. Uma vez que nesse estado é absolutamente diferente de Tiferet-
Beleza, sempre é computada em separado.
Na dimensão da Alma, Malchut-Reino opõe-se precisamente à Keter-Coroa e, por
isso, apóia todos os outros. Malchut-Reino apóia, igualmente, os outros, através da
"motivação de abaixo".
Tal motivação é todo o propósito da criação e, uma vez que Keter-Coroa representa
esse propósito, nesse estado, Malchut-Reino se torna Keter-Coroa.
Sendo Malchut-Reino o final visível da dimensão da Alma, diz-se ser a dimensão do
pensamento.
Se estende em direção à Keter-Coroa e, por isso, o intercâmbio que liga à Entidade
Infinita (Ain Sof) está ao longo dessa dimensão, para não ter fronteira alguma.
155. O sétimo é o leste do mundo. É de onde vem a Semente de Israel.
A medula espinhal se origina no cérebro do homem, e se estende até o
órgão [sexual].
Está, portanto, escrito (Isaías 43:5): "Do leste trarei a tua semente, [e do
oeste, te congregarei]."
Quando Israel é bom, é, então, o lugar de onde trarei a tua semente, e
nova semente te será concedida.
Mas quando Israel é mau, [então trarei] semente que já esteve no mundo.
Está, portanto, escrito (Eclesiastes 1:4): "Uma geração vai, e uma geração
vem", ensinando-nos que já veio.
Comentário:
Quando falamos da Personificação do Zer Anpin, habitualmente é retratado olhando
para baixo concedendo sustento espiritual ao mundo, sua cabeça para o leste, e
seus pés para o oeste.
A Fêmea, Malchut-Reino, em oposição a Tiferet-Beleza, está, portanto, ao leste.
A "semente de Israel" caminha para baixo pela medula espinhal, desde o cérebro, e
por isso, vem do leste.
Comentário:
Malchut-Reino, a Noiva, é também registrada com a cabeça para o leste.
Por isso, seu útero está para o oeste, útero onde todas as sementes são
"misturadas".
Malchut-Reino é, portanto, chamada Aravot, com a conotação dupla de "oeste" e
"misturar".
Comentário:
É a Sefirá Yesod-Fundação.
O motivo de ser a oitava, e não a nona, conforme o versículo, é examinado a
seguir.
As almas nascem pela união de Yesod-Fundação e Malchut-Reino.
Por isso, Yesod-Fundação é chamado de "fundação de todas as almas".
Surge, então, a pergunta: como podemos dizer que Yesod-Fundação, a oitava
Sefirá, sustenta todas as almas, quando já dissemos que a sétima Sefirá,
representada pelo Shabat, é quem sustenta todas as almas (ver verso 56).
A resposta é que todas as almas vêm, de fato, da sétima, Malchut-Reino, o útero
de almas.
Malchut-Reino é chamada de sétima, ao invés de décima, por ser representada no
meio das seis Sefirot do Zer Anpin.
As seis Sefirot representam as seis direções, enquanto Malchut-Reino é seu ponto
central. Sob esse aspecto, o Shabat está no meio da semana, antecedido e seguido
de três dias.
Comentário:
Yesod-Fundação somente funciona para criar almas em conjunto com Malchut-
Reino.
Por isso, o principal dia de seu funcionamento é o Shabat.
Yesod-Fundação corresponde ao sexto dia, quando Adão foi criado.
Todavia, até o primeiro Shabat, não atingiu a parte mais importante de sua alma,
e, por isso, foi-lhe permitido comer da Árvore do Conhecimento no Shabat.
Seu principal pecado foi o fato de não esperar, mas comer da árvore no sexto dia.
Comentário:
Aqui, vemos Malchut-Reino como a origem de todas as outras Sefirot. Parece
contradizer o conceito habitual de Malchut-Reino, como recipiente de todos as
outras Sefirot. Mas, conforme mencionado anteriormente, a respeito da "motivação
de acima", Malchut-Reino se nutre das outras Sefirot, mas a respeito da "motivação
de abaixo", concede às outras. O conceito de Keter-Coroa é o propósito, enquanto
ode Malchut-Reino é a satisfação. Os dois definem a dimensão espiritual, chamada
Alma. O propósito máximo da criação envolve "motivação de abaixo" e, nesse
respeito, Malchut-Reino é dominante. Esse é o conceito de Coração, onde Keter-
Coroa (através de Chachtná-Sabedoria e Biná-Compreensão) reluz em Malchut-
Reino. É o ponto principal da dimensão da alma. O Coração é, portanto, o "Rei"da
dimensão da Alma, seu aspecto de Reino. O Coração é a força motivadora das sete
Sefirot inferiores.
Comentário:
Não há
Continua
O Bahir – Parte 27
Comentário:
O tamareiro é o Lulav, conforme examinado anteriormente (ver versos 98 e 101).
É a medula espinhal que atua como canal das três Mentalidades:
Chachmá-Sabedoria, Biná-Compreensão e Keter-Coroa, até Yesod-Fundação (ver
verso 166).
Conforme observamos anteriormente, a divisão do Mar Vermelho era a iniciação
aos mistérios das Sefirot, a Árvore da Vida.
Após os israelitas cruzarem o Mar Vermelho, chegaram a Mara, e estavam em
estado de preparação para a Árvore da Vida, porém Satã a removera.
162. Como é isso? Um rei tinha uma bela filha e outros a desejavam.
O rei sabia disso, mas não poderia lutar contra os que queriam conduzir
sua filha a caminhos malignos.
Chegou à sua casa, e a advertiu, dizendo: "Minha filha, não prestes atenção
às palavras desses inimigos, e eles não serão capazes de te subjugar.
Não deixes a casa, mas faz todo o teu trabalho em casa. Não te sintas
ociosa, mesmo por um único momento. Assim, não serão capazes de te ver,
e te causar dano."
Eles possuem um Atributo que faz com que deixem de lado todos os bons
caminhos, e escolham todos os maus caminhos.
Quando vêem uma pessoa caminhando por um bom caminho, eles a
odeiam.
O que é [esse Atributo]?
É Satã.
Ensina que o Santo Abençoado tem um Atributo cujo nome é Mal.
Situa-se ao norte do Santo Abençoado, conforme está escrito (Jeremias
1:14): "Do norte derramar-se-á o Mal sobre todos os habitantes da terra."
E o mal que se abate sobre "todos os habitantes da terra" vem do norte.
[Conforme Provérbios 20:14. Ver verso 145.]
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Comentário:
A Torá foi criada e "escrita" dois mil anos antes da criação do universo, como
observamos anteriormente.
Todavia, é de difícil compreensão, pois a Torá contém relatos sobre pessoas, e
essas pessoas possuem livre-arbítrio.
Mas, de fato, quando a Torá foi escrita, não continha os relatos propriamente ditos,
mas apenas um sistema que dizia como seriam escritos os relatos a respeito dos
diversos tipos de ações.
Mais do que um livro, a Torá era bastante semelhante a um programa de
computador, destinado a produzir um livro específico de acontecimentos
específicos.
Quando a Torá foi, de fato, escrita por Moisés, sua forma fixou-se por toda a
eternidade. Em seu primeiro estágio, a Torá é comparada à água, que é fluida, e
muda de forma para preencher seu recipiente.
Em última instância, entretanto, se torna firme e permanente qual a pedra.
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Comentário:
Retorna, ora, o tema, a Yesod-Fundação.
Na representação habitual, Yesod-Fundação é a nona Sefirá, depois de Netzach-
Vitória e Hod-Esplendor, enquanto Malchut-Reino é a décima.
Contudo, na representação do Bahir aqui apresentada, Malchut-Reino é a sétima, e
Yesod-Fundação, a oitava.
Pertencendo Malchut-Reino ao Shabat, foi contada como sétima, do mesmo modo
que o Shabat é o sétimo dia (ver verso 158). Entretanto, Yesod-Fundação funciona
apenas através de Malchut-Reino.
Yesod-Fundação corresponde ao órgão masculino, e uma vez que o órgão
masculino não pode funcionar sem o feminino, é secundário ao feminino.
Por isso, Yesod-Fundação segue Malchut-Reino, e é a oitava Sefirá.
Uma razão pela qual a circuncisão é realizada no oitavo dia é para que o Shabat
aconteça antes da criança ser circuncidada, dando-lhe, assim, força para o Shabat
(Zohar 3:44a). Outra razão para a circuncisão ser realizada no oitavo dia é porque
inicia a criança no oitavo nível.
O sete representa a perfeição da criação, exemplificada pelo Shabat, enquanto o
oito é o nível acima do físico, isto é, o transcendental.
Nas Sefirot, corresponde ao nível de Biná-Compreensão.
Quando um homem é circuncidado, possui todas as oito direções.
Tendo sido seu órgão sexual retificado pela circuncisão, pode "se unir à sua
mulher".
Conforme mencionamos anteriormente, através de sua mulher, um homem se
torna merecedor do conceito da "cabeça", mas isso é verdadeiro somente se for
circuncidado. Merece, então, Biná-Compreensão, o oitavo nível.
Comentário:
Referem-se à Netzach-Vitória e Hod-Esplendor, consideradas as duas últimas
Sefirot.
Em geral, são a sétima e oitava Sefirot, mas, aqui, são trocadas com Malchut-Reino
e Yesod-Fundação para se tornarem a nona e a décima.
A razão disso é porque a ordem habitual se refere às Dez Sefirot tomadas como
absolutas, antes de serem retificadas em Partzufim.
Todavia, aqui correspondem às Dez Declarações da criação, que pertencem aos seis
dias da criação e, portanto, às seis Sefirot do Zer Anpin.
Netzach-Vitória e Hod-Esplendor correspondem aos pés do Zer Anpin, e os pés são
a parte mais inferior do corpo, abaixo, até mesmo, do órgão sexual.
O retrato habitual do Zer Anpin apresenta essa Personificação em posição deitada,
cabeça voltada para o leste.
O pé direito, que corresponde à Netzach-Vitória, está levantado, enquanto o pé
esquerdo, que corresponde à Hod-Esplendor, está abaixado.
Portanto, diz-se que Netzach-Vitória e Hod-Esplendor representam as direções
acima-abaixo. Em sua visão, Ezequiel viu os Ofanim abaixo dos Chayot (Ezequiel
1:15-21). Ensina-nos que os Ofanim (Rodas) são os anjos de Asiyá-Manifestação,
abaixo dos Chayot (Criaturas Vivas) do Universo de Yetzirá-Formação.
O solo sobre o qual os "pés" estão pousados é considerado o nível inferior, ou o
universo seguinte.
Assim sendo, os Ofanim representam os "pés" dos Chayot e, e, em geral, são os
"pés".
Estando a cabeça de Zer Anpin para o leste, seus pés estão para o oeste.
Todavia, Hod-Esplendor, o pé esquerdo, se inclina para o norte, os lados de
Guevurá-Força, origem do julgamento e do mal (ver verso 163).
Conforme mencionamos anteriormente, Hod-Esplendor nutre o Mal (ver verso 30).
A Presença Divina (Shechiná) é Malchut-Reino, a Noiva.
Embora sua cabeça esteja perto do coração do Zer Anpin, seus pés estão debaixo
dos dele, e isso é o "fim da Presença Divina".
As sete Sefirot da Noiva são chamadas de "sete terras", e Netzach-Vitória e Hod-
Esplendor são as mais inferiores.
Netzach-Vitória e Hod-Esplendor são as Sefirot mais inferiores que tocam o "solo".
Por isso, quando alguém ascende às alturas, são as primeiras Sefirot a serem
atingidas e, assim sendo, servem de origem à profecia.
Comentário:
As duas "vitórias" se referem à Netzach-Vitória e Hod-Esplendor. A terceira, é
Yesod-Fundação.
Continua
O Bahir – Parte 28
Comentário:
Até aqui, estudou-se a seqüência descendente das Sefirot, conforme emanam de
Deus.
Todavia, também existe uma seqüência ascendente, que emana do homem quando
ele influencia as Sefirot através do "despertar de abaixo".
No contexto meditativo, fala da meditação sobre as Sefirot, onde sobe-se escada
acima.
Embora possamos "correr" para baixo após atingirmos o nível mais elevado, a
ascensão é um processo difícil, que exige muito treinamento e disciplina, e não
podemos "correr" para cima.
Quando o versículo diz: "toda a terra é preenchida por Sua glória", indica que onde
quer que estejamos, temos acesso à Entidade Infinita.
A Sefirot mais inferior é Malchut-Reino e, assim sendo, é a mais afastada da
Entidade Infinita.
Malchut-Reino é, portanto, também, a mais próxima das forças do mal, e deve ser
protegida do mal pelo Chasmal, emanação de Chachmá-Sabedoria e Biná-
Compreensão.
Quando percebemos o nível mais inferior, temos também, através do conceito do
Chasmal, acesso aos níveis mais elevados.
Ensina, portanto, o Zohar: "Aquele que compreende qualquer um deles,
compreende todos" (Tikuney Zohar 17a).
Comentário:
As sete "Formas Sagradas" são as sete Sefirot inferiores.
Quando a Torá diz que o homem é criado na "forma de Deus", significa que seu
corpo é uma contraparte da estrutura das Sefirot.
A estrutura das Sefirot, Zer Anpin, era originalmente andrógina, do mesmo modo
que Adão, quando foi criado.
Assim, a afirmação da Torá de que Adão foi criado "à imagem de Deus, macho e
fêmea" (Gênese 1:27), significa que o Adão andrógino tinha a forma do Zer Anpin
andrógino.
A palavra hebraica Tzela, traduzida habitualmente como "costela", deveria ser, de
fato, traduzida como "lado", conforme afirma o Targum, tradução aramaica popular
da Bíblia.
Quando a Bíblia diz: "Ele tomou uma de suas costelas", significa, em verdade: "um
de seus lados", isto é, o lado feminino.
Por ter se originado da estrutura das Sefirot, a fêmea é considerada uma das
Sefirot
O conceito do macho é o de dar, enquanto o da Fêmea é o de receber, manter e
dar à luz. Assim sendo, sem a Fêmea, a criação não podia nem acontecer nem
subsistir.
Etrog é o "limão", enquanto Lulav a fronde da palmeira, e ambos, no festival de
Sucot, são levados na mão. Etrog representa Malchut-Reino, a essência feminina, e
Lulav é Yesod-Fundação, a essência masculina.
Comentário:
O princípio feminino é a sétima Sefirá, Malchut-Reino.
Essa Sefirá está, também, identificada à Presente Divina (Shechiná), Essência de
Deus que permeia toda a criação.
Essa Essência é a verdadeira beleza de todas as coisas.
Assim sendo, todas as vezes que alguém contempla qualquer forma da beleza,
deve compreender que se trata da Essência Divina, e é possível, portanto, utilizá-la
para começar a subir a Escada.
Embora a palavra Nekevá indique os orifícios da mulher, no sentido físico, refere-
se, também, aos orifícios espirituais de Malchut-Reino.
Através desses orifícios, ascendemos até o plano espiritual.
É representado pela abertura no fundo da letra Heh.
174. E por qual motivo dissestes que o Cântico dos Cânticos é belo?
Sim, é a mais bela de todas as Sagradas Escrituras.
Disse, portanto, o Rabino Yochanan: todas as Escrituras são sagradas, e
toda a Torá é sagrada, mas o Cântico dos Cânticos é o Santo dos Santos.
[Em Yadaim 3:5, isso é citado em nome do Rabino Akiba. Todavia, é,
também, citado pelo seu cunhado, Rabino Yochanan ben Yehoshua, e pode
ser esse o Rabino Yochanan aqui mencionado. Alternativamente, pode ser
que se refira ao Rabino Yochanan ben Zakai, mentor do Rabino Akiba.]
Qual é o significado do Santo dos Santos?
Significa que é santo para os Santos.
O que são os Santos?
São as contrapartes das seis direções existentes no homem.[Ver verso 30,
172]
O que é sagrado para eles, é sagrado para tudo.
Comentário:
Embora, externamente, o Cântico dos Cânticos seja apenas uma bela canção de
amor, é, de fato, o mais profundo canto de unificação do Zer Anpin e sua Noiva.
Contém, portanto, uma santidade oculta, do mesmo modo que esse plano mundano
contém a santidade oculta da Shechiná.
Assim sendo, quando alguém recita o Cântico dos Cânticos e medita acerca de seu
significado interno, pode obter acesso à sua essência interna, bem como à oculta
essência interna do plano mundano, a Shechiná.
Diz-se, portanto, que o Cântico dos Cânticos é o Santo dos Santos.
Os "Santos" são as seis Sefirot machos do Zer Anpin, enquanto o "Santo dos
Santos" é o "Santo" que pertence a esses "Santos", isto é, Malchut-Reino.
A palavra “santo”, indica, em geral, separação do plano mundano, e, por serem
transcendentais, as Sefirot são chamadas de santos.
Similarmente, quando uma pessoa entra no estado místico, diz-se que entrou no
plano dos "Santos", isto é, das Sefirot.
Mas a Sefirá que se deve atravessar primeiro é Malchut-Reino e, por isso, ela é o
"Santo dos Santos".
Penetra-se através de Malchut-Reino porque é a mais inferior das Sefirot, e
também porque, na condição de elemento feminino, pertence ao conceito de
receber.
Assim, quando uma pessoa se santifica e se torna um receptáculo para o Divino, é
um receptáculo semelhante à Malchut-Reino.
Mas, no sentido espiritual, quando duas coisas se assemelham, diz-se que estão
vinculadas.
Assim sendo, quando uma pessoa se assemelha a Malchut-Reino, está, também,
vinculada a ela.
Comentário:
Conforme mencionado anteriormente, a beleza do mundo é uma reflexão da
Essência Divina, a Shechiná, que habita no mundo.
O próprio trabalho da Shechiná vem da raiz Shachan, que significa "morar".
As quatro espécies levadas em Sucot consistem do Etrog, do Lulav, da murta e do
salgueiro.
As três últimas estão reunidas para formar um único ramo, levado na mão direita,
enquanto o Etrog é levado na esquerda.
Assim sendo, a mão direita leva as Sefirot machos, e a esquerda, a fêmea,
Malchut-Reino.
A fim de cumprir o mandamento, Lulav e Etrog, macho e fêmea, devem ser unidos.
Comentário:
Das quatro espécies, Etrog é Malchut-Reino; Lulav é Yesod-Fundação; os três
ramos de murta são Chesed-Amor, Guevurá-Força e Tiferet-Beleza; os dois galhos
de salgueiro, Netzach-Vitória e Hod-Esplendor.
Embora diga-se habitualmente que Yesod-Fundação corresponda ao órgão
masculino, aqui, Lulav é a medula espinhal.
Todavia, a Cabala, de fato, ensina que o impulso sexual caminha do cérebro,
através da medula espinhal, até o órgão sexual masculino.
Assim sendo, o órgão sexual é meramente a manifestação externa de Yesod-
Fundação, enquanto sua manifestação interna é, de fato, a medula espinhal.
O impulso sexual, e, portanto, a essência interna de Yesod-Fundação, é expresso
na ocasião da união e da copulação e, nessa ocasião, Yesod-Fundação está em seu
estado Chai-vida.
O número de vértebras na espinha é, portanto, dezoito, valor numérico de Chai.
Comentário:
Os galhos do salgueiro correspondem às Sefirot de Netzach-Vitória e Hod-
Esplendor, que por sua vez correspondem às duas pernas.
Inclinam-se para o oeste e para o norte, conforme anteriormente mencionado (ver
verso 169).
As duas pernas funcionam, normalmente, juntas e, de modo semelhante, Netzach-
Vitória e Hod-Esplendor são em geral representadas como um par e não em
separado.
Assim sendo, dizemos que estão "misturados".
Comentário:
Além de representar as duas pernas, em sentido interno, diz-se que Netzach-Vitória
e Hod-Esplendor representam os dois rins, bem como os dois testículos (Pardes
Rimonim 5:24). Nesse sentido, sempre operam como um par, e a essência dos dois
está sempre misturada.
A "Ribeira" indica a Sefirá Yesod-Fundação, em especial quando "flui" no ápice do
ato sexual.
Nessa ocasião, funciona juntamente com Netzach-Vitória e Hod-Esplendor, os dois
testículos, e as últimas duas Sefirot são, então, chamadas de "salgueiros da
ribeira".
Essa copulação é representada pelo Lulav e o Etrog juntos, quando levados na mão.
Etrog, Malchut-Reino, é, então, o "mar" para onde a "ribeira" flui.
De fato, esse fluxo é derivado da essência de todas as seis Sefirot machos.
Nesse sentido, são todas chamadas de "ribeiras".
Continua
O Bahir – Parte 29
181. Por que está escrito: "Guardareis meus shabats", [no plural], ao invés
de "Meu shabat" [no singular]?
Como é isso? Um rei tinha uma bela noiva e a cada semana ela reservava
um dia para estar com ele.
O rei tinha, também, belos e amados filhos. Disse-lhes: "Uma vez que é
essa a situação, devereis, também, rejubilar-vos no dia de minha alegria.
Pois é para o vosso bem que me empenho, e vós, também, me respeitais."
Comentário:
Não há
Comentário:
Não há
Comentário:
"Vida dos Mundos" representa a Sefirá Yesod-Fundação (como no verso 180).
Conforme mencionado anteriormente, é chamado de "Justo" quando passivo, e
"Vida" quando ativo (ver verso 74).
184. Qual é a razão de dizermos [em bênçãos: "Abençoado seja...] que nos
faz sagrados com Seus mandamentos e nos ordenou" [na terceira pessoa]?
Por que não dizemos: "que Tu nos tornaste sagrados com Teus
mandamentos, e Tu nos ordenaste", [na segunda pessoa]?
Ensina que todos os mandamentos estão incluídos na Vida dos Mundos.
Por causa de Seu amor por nós, Ele nos deu [os mandamentos], para que
nos façam sagrados e nos permitam sermos merecedores do Mundo
Vindouro, o qual é grandioso.
A tesouraria das almas está nas mãos [do Mundo Vindouro].
Quando Israel é bom, essas almas são merecedoras de emergir, e chegar a
esse mundo. Mas, se não são boas, então [essas almas] não emergem.
Por isso dizemos: "O Filho de Davi não chegará até que estejam completas
todas as almas do Corpo.
Qual é o significado de "todas as almas do Corpo"?
Dizemos que isso se refere a todas as almas no corpo do homem. [Quando
estão completas] novas serão merecedoras de emergir. O Filho de Davi (o
Messias), então, chegará. Estará apto a nascer, pois sua alma emergirá em
meio a outras novas almas.
Como é isso? Um rei tinha um exército, e enviou-lhes muito pão para que
comessem. Eram tão preguiçosos que não cuidaram [do pão] não
consumido [imediatamente].
Por isso, o pão se tornou bolorento, e se estragou.
O rei investigou para descobrir se tinham o que comer, e para ver se
haviam comido o que lhes mandara.
Descobriu que o pão se tornara bolorento, e que tinham vergonha de pedir
pão novo.
Como poderiam dizer ao rei: "Não cuidamos do [que nos enviou,] mas
agora pedimos mais"?
O rei também se zangou.
Tomou o pão bolorento, e ordenou que o pusessem a secar, e o
melhorassem tanto quanto possível.
Ele jurou aos homens: "Não vos darei mais pão até que tenhais comido
esse pão bolorento."
Devolveu-lhes, então, o pão.
O que fizeram? Concordaram em dividir o pão, e cada um tomou a sua
parte.
O diligente tomou sua parte e a colocou no ar, com cuidado, e a mantendo
em boas condições de ser comida. O outro, tomou sua parte, e a comeu
concupiscentemente. Comeu o que era capaz, e o resto, pôs de lado, sem
cuidado, pois desistira dele.
O pão se estragou ainda mais, e se tornou tão bolorento que ele não pôde
comê-lo. Por isso, morreu de fome.
Foi, então, culpado pelo pecado de seu corpo: Por que te mataste? Não é o
bastante arruinares o pão na primeira vez? Mas o devolvi a ti, e o
estragaste [outra vez]. Estragaste tua parte, porque eras demasiado
preguiçoso para cuidar dela. E não apenas isso, como também te mataste.
[O soldado] respondeu: "Meu senhor, o que eu poderia ter feito?"
Ele respondeu: "Deverias ter zelado por isso. E se clamas não teres sido
capaz, deverias ter observado teus amigos e vizinhos com os quais
partilhaste o pão. Deverias ter observado o que faziam, e como cuidavam
dele, e deverias tê-lo conservado como eles o fizeram."
Eles, também, o interrogaram: Por que te mataste? Não basta teres
estragado o pão? Mas também prosseguiste, e mataste a matéria de teu
corpo. Encurtaste os dias de tua vida, ou [pelo menos] provocaste isso.
Teria sido possível teres tido um filho bondoso. Ele poderia ter te salvado,
e [corrigido] o dano que tu e outros causaram.
Teu sofrimento, por isso, será aumentado em todos os lados.
Ele se tornou confuso e respondeu: "O que eu poderia ter feito quando não
tinha mais pão? Com o que me sustentaria?" Responderam-lhe: Se tivesses
labutado e trabalhado na Torá, não responderias assim, tola e
impudentemente.
Por causa da tua resposta, é óbvio que não trabalhaste ou porfiaste na
Torá. Está, portanto, escrito (Deuteronômio 8:3): "Pois nem só de pão vive
o homem, mas de tudo o que emana da boca de Deus vive o homem."
Deverias ter buscado, investigado e perguntado: "Por intermédio do quê
vive o homem?" O que "emana da boca de Deus"?
Daí, disseram: "O ignorante não pode ser piedoso [Essa frase é atribuída a
Hilel.]:
Se a pessoa não age com bondade (Chesed) para consigo, não pode ser
chamada de piedosa (Chasid).
Comentário:
Não há
185. Como alguém pode fazer bondade a seu Mestre?
Estudando a Torá.
Todo o estudo da Torá é um ato de bondade para com seu Mestre.
Está, portanto, escrito (Deuteronômio 33:26): "Ele cavalga os céus com a
tua ajuda, [o Seu orgulho está nos céus]."
Deus diz: "Quando estudas a Torá pela Torá, então Me ajudas, e posso
cavalgar os céus." Portanto: "Seu orgulho está nos céus (Shechakim)."
O que é Shechakim?
Dizemos que está na câmara mais recôndita.
O Targum traduz: "Sua palavra está no Céu do Céu."
Por isso, "nem só de pão vive o homem, mas de tudo o que emana da boca
de Deus vive o homem".
Todavia, "o tolo responde impudentemente".
"Abandona essa impudência, e não respondas dessa maneira!"
Por isso, ele é punido.
O que é essa punição?
Já discutimos isso. [Ele deve renascer. Ver versos 121, 122 e 155]
Comentário:
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Comentário:
Os conceitos da Verdade e do Conhecimento já foram explicados (ver verso 51)
Comentário:
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188. Uma vez que isso venha, aguça-o. O que é esse aguçar?
Diga-nos o significado do versículo "Ele tem raios em Sua mão".
Por que diz primeiro "raios" e, depois, "Sua mão"?
Deveria ter dito "Suas Mãos" [no plural]. Não é uma contradição.
Assemelha-se bastante ao versículo (Êxodo 32:19) "Moisés acendeu-se em
ira, e lançou das mãos as tábuas".
Todavia, da maneira que isso está escrito, seria lido "Sua mão" [no
singular].[ Algumas vezes, uma palavra é lida de maneira diferente da que
é escrita. Nesse caso, soletra-se a palavra como Yado, sem o Yud, e,
normalmente, seria lida como "a mão dele". Contudo, a tradição reza que
seja lida Yadav, como se tivesse o Yud, e é traduzida como "as mãos dele",
no plural.]
Do mesmo modo, está escrito (Êxodo 17:12): "E suas mãos estava firme
até o pôr do sol." O versículo diz Emuná ("estava firme" — no singular) e
não Emunot ("estavam firmes" — no plural).
Responderam: Nosso mestre, estamos apontando uma contradição, para
receber resposta, e cobres teus olhos.
Não nos ensinaste, mestre, que deve-se responder primeiro o que vem
primeiro, e por último o que vem por último?"[Ver verso 28]
[Disse ele:] E o que, então, perguntastes?
[O significado de] "Ele tem raios em Sua mão".
Pelo serviço divino, isso acabei de vos explicar com minhas palavras.
Envergonharam-se.
Quando viu que estavam envergonhados, disse-lhes: Não é verdade que
[primeiro] havia água, e que o fogo disso emanou? [Sefer Yetzirá 1:12.
Água, Chesed, e fogo, Guevurá. Ver verso 11 e 145]
A água, portanto, inclui o fogo.
E, Mestre, qual o significado de "raios"?
Respondeu ele: Existem cinco raios. São os cinco dedos na mão direita do
homem.[ Foi dito anteriormente que a água inclui o fogo. Água é a mão
direita, e o fogo, a esquerda. Ver versos 11 e 145. Por isso, a mão direita
inclui a esquerda, e isso responde ao motivo de estar no singular.
Explica, também, por que o plural e o singular estão misturados quando se
fala das mãos]
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Continua
O Bahir – Parte Final
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195. Por que existe um justo que tem o bem, e [outro] justo que tem o
mal?
Porque o [segundo] justo fora maligno anteriormente, e, agora, está sendo
punido.
Alguém é punido pelos seus feitos da infância?
Não disse o Rabino Simon que no Tribunal nas alturas não ocorre punição
alguma até que se atinja os vinte anos de idade, ou mais.
Disse ele: Não falo dessa vida presente. Falo do que já se passou,
anteriormente.
Seus colegas lhe disseram: Por quanto tempo manterás secretas as tuas
palavras?
Respondeu ele: Ide e vede.
Como é isso? Uma pessoa plantou uma vinha, e esperava que crescessem
uvas, mas, ao invés disso, cresceram uvas azedas. Viu que seu plantio e
colheita não eram bem sucedidos, então destruiu tudo. Limpou as vinhas
de uvas azedas e plantou outra vez. Quando viu que esse plantio não era
bem sucedido, destruiu e plantou outra vez.
Quantas vezes?
Ele lhes disse: Por milhares de gerações.
Está, portanto, escrito (Salmos 105:8): "A palavra que Ele empenhou por
milhares de gerações."
Em relação a isso, disseram: "Faltavam 974 gerações. O Santo Abençoado
levantou-se, e os plantou em cada geração." [A Torá foi concedida à
vigésima sexta geração depois de Adão. Quando subtraímos isso de mil,
restam 974]
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198. Por que ela se chamava Tamar e não qualquer outro nome?
Porque era fêmea.
Podemos dizer que [era algo especial] o fato dela ser fêmea?
Mas é porque ela incluía ambos, macho e fêmea. Pois [Tamar significa
tamareiro, e] cada tamareiro inclui ambos, macho e fêmea?
Como é isso? A fronde (Lulav) é macho.
O fruto é macho por fora e fêmea por dentro.
E como? A semente da tâmara tem uma abertura qual a mulher.
O poder da lua nas alturas corresponde a isso.
O Santo Abençoado criou Adão macho e fêmea, conforme está
escrito (Gênese 1:27): "Macho e fêmea ele os criou."
É possível dizer isso?
Não está escrito (Gênese 1:27): "E Deus criou o homem à Sua imagem, à
imagem de Deus Ele os criou"? Apenas posteriormente está escrito
(Gênese 2:18): "Vou fazer para ele um auxiliar oposto a ele", e (Gênese
2:21): "Tomou uma de suas costelas e fez crescer carne em seu lugar."
[Vemos, portanto, que o macho foi criado primeiro, e a fêmea, somente
depois.] Mas devemos dizer que a Torá usa [três palavras diferentes]:
"formou" (yatzar), "fez" (assá) e "criou" (bará). [Referem-se aos três
níveis da criação. Ver verso 13.]
Quando a alma foi feita, a palavra "feita" é usada. [Gênese 1:26: "Façamos
o homem à nossa imagem."]
[A palavra "criado" é, então, usada:] "Macho e fêmea Ele os criou."
A palavra "formou" foi usada quando a alma foi combinada ao corpo e o
espírito unido. [Gênese 2:7: "Deus formou o homem do pó da terra, e
soprou em suas narinas uma alma de vida."]
Como sabemos que "formar" significa unir?
Pois está escrito (Gênese 2:19): "E o Senhor Deus formou (reuniu) todos
os animais do campo, todas as coisas voadoras do céu, e Ele os trouxe ao
Homem para ver como ele chamaria cada coisa."
Isso explica o versículo (Gênese 5:2) "Macho e fêmea Ele os criou".
Está, também, escrito (Gênese 1:28): "E Deus os abençoou."
Comentário:
Aqui, há uma alusão aos três universos inferiores: Beriyá-Criação, Yetzirá-
Formação e Asiyá-Manifestação.
Esses três correspondem aos níveis de Biná-Compreensão, Zer Anpin e Malchut-
Reino, que por sua vez, são os pontos terminais das dimensões do Tempo, Mundo e
Alma.
Por isso, quando a alma é criada, as Escrituras dizem: "Façamos o homem à nossa
imagem."
Essa afirmação é conduzida ao longo da dimensão da Alma, de Keter-Coroa a
Malchut-Reino, que corresponde ao Universo de Asiyá-Manifestação.
Uma vez que essa linha intercepta todas as outras Sefirot, o versículo é no plural:
"Façamos..."
A dimensão do Tempo se origina de Chachmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, os
arquétipos macho e fêmea.
Por isso, quando macho e fêmea vêm à existência, realiza-se o conceito do tempo,
que tem seu ponto terminal em Biná-Compreensão, correspondendo à Beriyá-
Criação.
Assim sendo, é usada a palavra "criar".
Finalmente, o homem deve ser trazido à dimensão do Mundo.
É o conceito do relacionamento e do Zer Anpin, correspondendo ao Universo de
Yetzirá-Formação, e, portando, a palavra "formar" é aqui usada.
Comentário:
Não há
Fim