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Os Sete de Chicago RESENHA

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Os Sete de Chicago

Sinopse: Um protesto pacífico contra a guerra do Vietnã em Chicago, no


ano de 1968, se transformou em um confronto violento com a polícia. No
ano seguinte, sete pessoas foram acusadas de conspiração pelo governo
federal dos Estados Unidos.
Análise:
A segunda metade do século XX foi marcada pela luta por direitos civis de
diferentes espécies e, nesse ínterim, diversas minorias sociais juntaram
força na luta contra o autoritarismo. Na grande maioria desses protestos a
repressão dos detentores do Estado imprimiram nesses grupos foi marcada
por violência e sangria.
No caso do filme, baseado em fatos reais, trata-se do comportamento dos
E.U.A. diante da Guerra do Vietnã, um conflito que, com o passar do
tempo, perdeu o apoio popular:
 chamada ‘maioria silenciosa’ tomava cada vez mais o partido dos
estudantes pacifistas e dos socialistas, que organizavam constantes
manifestações de protestos contra a intervenção norte-americana no Vietnã.
(ZIERER, 1978, Pg. 118-9).
O filme “Os Sete de Chicago” aborda o julgamento de sete ativistas: Abbie
Hoffman, Jerry Hubin, David Dellinger, Tom Hayden, Rennie Davis, John
Froines e Lee Weiner, por “incitação à violência” e “formação de
quadrilha” durante a Convenção Nacional Democrata de 1968. O Pantera
Negra Bobby Seale foi retirado dos autos depois de meses de Júri.
Durante esse contexto, uma série de conflitos se inflamaram tal como uma
panela de pressão. Sobre isso cabe o destaque: em um país em que negros
sequer tinham os mesmos direitos civis dos brancos, surge o Partido dos
Panteras Negras, e emblemáticos ativistas como Martin Luther King Junior
e Malcom X, que lutavam contra o retrocesso.
O plano de milhares de jovens estudantes, hippies, membros do Partido dos
Panteras Negras e ativistas políticos era usufruir desse palco
institucionalizado, a reunião dos políticos na Convenção em Chicago para
protestar contra a Guerra do Vietnã. Esse movimento social não foi
autorizado pelo governo local – o que não impediu o acontecimento. O
resultado já se pode imaginar: a repressão organizada pela Polícia Local,
com o apoio do próprio governo Federal, que espionava através do F.B.I.
muitos daqueles ativistas por “atividades contra o Governo”, foi
responsável por uma sangria característica de ditaduras. Muitos foram
presos, entre eles o próprio Tom Hayden. A Polícia agiu com truculência
desmedida contra os ativistas, nas palavras de uma das testemunhas, o
antigo Procurador-Geral dos E.U.A.
Após a tragédia documentada amplamente pela mídia, sete dos ativistas
mais o Pantera Negra Bobby Seale, que sequer estava de corpo presente
nos acontecimentos dos quais eram acusados, foram a Júri, em um
julgamento político que durou meses.
A própria lei que serviu de base para a incriminação dos réus já carregava
sua dose de autoritarismo – fato que é representado pelo próprio juiz, uma
figura caricata que buscou de todas as formas legitimar um processo
fortemente imparcial. A Lei Rap Brown (lei à qual eles foram submetidos
em julgamento) havia sido promulgada justamente com o intuito de
facilitar a punição de quem participasse das manifestações que começavam
a se tornar tão rotineiras na década de 60. Ainda assim, havia pouca base
legal para qualquer incriminação, mesma assim o julgamento de caráter
inquisitorial do juiz Julius Hoffman não mediu esforços para coloca-los em
prisão federal. Foram dezenas de acusações por desacato, fora os atos
absurdos protagonizados em sede. O Pantera Bobby Seale ficou preso
durante todo o processo, e muitas vezes era algemado e amordaçado
durante as sessões do Júri, em uma demonstração absurda do racismo do
magistrado. Bobby passou todo o procedimento sem a assistência de seu
advogado, sendo solenemente ignorado pelo magistrado todas as vezes que
abordava a questão, num atentado ao devido processo legal até a anulação
de sua participação nos autos.
O Júri prosseguiu então para os outros sete réus. Os advogados dos “Sete
de Chicago” fizeram um esforço hercúleo para provar o absurdo das
acusações naquele Júri de cartas marcadas. Em um último esforço de
provar a inocência de seus clientes, foram até o antigo Procurador Geral
dos Estados Unidos, Ransey Clark, que deu seu depoimento de testemunha,
absurdamente, sem a presença do Júri, pois o juiz decidiu que os jurados
não poderiam ter conhecimento das informações prestadas pelo antigo
procurador.
Embora a legislação norte-americana tenha suas particularidades, o Júri dos
sete de Chicago mostra autoritarismos e absurdos dignos da mais ferrenha
das ditaduras. Réu sem a presença de advogados, um juiz que literalmente
mandava as partes calarem a boca, manipulação na formação do corpo de
jurados, os atentados ao devido processo legal dariam uma longa lista.
No fim do filme, em tom “hollywoodiano”, a história acaba quando Tom
Hayden começa a ler o nome de 5 mil soldados mortos no Vietnã. A lista
era das mortes que aconteceram durante o período do julgamento. Depois,
antes dos créditos, é revelado que cinco dos sete manifestantes foram
condenados a 5 anos de prisão. Porém, o julgamento foi revertido após uma
apelação.

REFERÊNCIAS:
OS 7 DE CHICAGO. Drama Biográfico. Direção: Aaron Sorkin.
DreamWorks Pictures; Cross Creek Pictures; Marc Platt Pictures; Amblin
Partners. 2020.
RAMOS, Maria Carolina de Jesus. Os Sete de Chicago. Disponível em:
https://canalcienciascriminais.com.br/os-sete-de-chicago/
TOMÉ, Bruno. Conheça o que realmente aconteceu no fim de “Os 7 de
Chicago.” Disponível em:
https://observatoriodocinema.uol.com.br/filmes/2020/10/conheca-o-que-
realmente-acontece-no-fim-de-os-7-de-chicago-da-netflix

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