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Revista Internacional Do Espiritismo v12 N 10 Nov.1936

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wpxit — Brasil-E. S. Paulo-Mattào. 15 de Novembro de 1936-N.

1C

PUBLICAÇÃO MENSAL DE ESTUDOS ANÍMICOS E ESPIRITAS


r
LIBRARY OF PRINCETON
DIRECTOR :

CAIRBAR SCHUTEL

\
SUMMMRIO

Os Horisontes da Vida
A psychologia espirita
Tributo de Gratidão
O Espirito no espaço
Litteratura de ultra-tumba \
/ O sabio Dr. William Stekel e o ^
' Espiritismo ,
» Uma bella photo espirita 'i
’ O Espiritismo — Sua Historia
Basta de lagrimas
Notas Espiritas — «Antes, o que?»
Chronica Extrangeira
Ecos e Noticias
Notas e Factos
Espiritismo no Brasil
Topicos de «The Two Worlds»

Photo Espirita
__Z&iK
ANNO XII — E. S. Paulo — Mattão. 15 de Novembro de 1936 - NUM. 10

ReDista Internacional f
i
do Cspiritúmo
PUBLICAÇÃO MENSAL DE ESTUDOS ANÍMICOS E ESPIRITAS
DiRECTOR : CAIRBAR SCHUTEL x collaboradores : DIVERSOS

0(5

OS HORISONTES da yida
S concepções scientificas e Virlualmente os nossos «Guias»
religiosas dos detentores permanecem nos princípios de Plolo-
dos poderes intellectual e meu, gue assignala a terra como
espiritual não abrangem «Centro do Universo», e na doutrina
senão um limitado cyclo anthropocentrica, gue faz do corpo hu¬
de conhecimentos. mano o centro da vida.
A Vida para estes senhores está Vamos concordar gue esse mo¬
absolutamente restricta ao campo de do de vêr é a causa de todos os ma¬
sua acanhada visão e dos seus sen¬ les moraes porgue passa a humani¬
tidos deficientes e falliveis a todos os dade, São essas duas crenças me-
momentos. dieváes as dornas onde fermentam o
À vesania do orthodoxismo reli¬ orgulho e o egoismo, as ambições
gioso e scientifico chegou ao auge pegueninas, e os interesses bastardos
de classificar de loucura o guerer gue originam as contendas e o des¬
augmentar os horisontes da Vida além amor entre os povos e as nações.
dos limites de suas idéas preconce¬ Limitada a exislencia á terra, e
bidas ; não ha guem os possa con¬ a vida do berço ao tumulo, não se
vencer de gue detidos em lobregos pode esperar outra cousa senão o
antros, elles não poderão mesmo com- desencadeamento das paixões e lo¬
prehender a Vida tal como ella é dos esses desregramentos gue origi¬
com suas maravilhas e esplendores. nam a crise gue atravessamos.
Acham gue a Vida não passa de phe- O Espiritismo veio demonstrar-
nomenos eléctricos e chimicos (hypo- nos gue essas iheorias são por de¬
these mecanicista), ou então é o re¬ mais errôneas, são proposições fal-
sultado de uma força occulla (theo- sissimas em seus princípios e preju-
ria vitalista). Não se lhes pode falar dicialissimas em suas finalidades ni-
de alma, de espirito, expressão gue, hilislas.
guando acceita por alguns, não pas¬ O Espiritismo veio nos dar uma
sa do resultado do conflicto das for¬ Ideologia nobre, grandiosa e digna
ças gue o engendram. dos atiributos divinos.
Presos á sua pírronice, os van¬ Proclamando o Espirito como
guardeiros da civilisação resumiram autor de todos os phenomenos intel-
o Universo ao nosso insignificante lectuaes e moraes gue observamos, o
planeta e, semelhantes á rã do brejo Espiritismo dá a razão clara e lógi¬
gue não admittia a existência de ou¬ ca da existência terrestre e mostra a
tros brejos, também elles não admit- Vida desdobrando-se sob múltiplos
tem outros meios de vida, outros mun¬ aspectos em todo o Universo. Os
dos senão o nosso. seus phenomenos irrefi agaveis, incon-
292 — Revista internacional do Espiritismo

cussos demonstram a permanência do ções, povos contra povos se degla-


«Indivíduo» vencendo o transe da diando em guerra fratricida.
morte» e perpetuando atravez do Sem uma bússola firme para nos
tempo e do espaço. conduzir a destinos melhores, sem
Emquanto a velha psychologia uma orientação verdadeira gue nos
permanece dogmatisando num circu¬ dirija para o Ideal, é humanamente
lo vicioso, nós os espiritas, desfral¬ impossível o erguimento do espirito,
dando a Lei do Progresso, procla¬ immerso nos interesses inconfessáveis,
mamos a Vida perpetuando-se por tangido por uma falsa sciencia e uma
todo o infinito, proporcionando aos falsa philosophia que dividem os po¬
espíritos luzes sempre crescentes, fe¬ vos e os homens, destruindo os mais
licidades progressivas no seio do puros affectos, aniquilando todas as
Cosmos. nobres paixões, e menosprezando as
E’ por isso gue a nossa Doutri¬ virtudes activas que proclamam a fra¬
na resolve magnificamente todos os ternidade e o Amor, assim como os
problemas gue se mostram insolúveis princípios de Justiça que sanccionam
para os «sábios» materialistas e «phi- a Eralernidadade e o respeito ás Leis
losophos» religiosos. Divinas.
Por todos os titulos, o Espiritis¬ À educação popular se torna ho¬
mo se tornou a grande Ideologia gue je mais necessária do que em todos
tem por finalidade o progresso, a os tempos. Ella precisa se fazer por
conguista da felicidade e a ascenção lodos os meios, pela palavra, pela
para Deus. Elle é tão cheio de sa¬ imprensa, nas praças publicas, por
bedoria, de belleza e de verdade gue cima dos telhados para que todos
o illustre escriptor Pinheiro Guedes comprehendam o escopo da existên¬
denominou, — a sua Philosophia — a cia, e as falsas doutrinas se tornem
«Philosophia do Futuro.» conhecidas como elementos delele-
Insistimos na refutação da these rios, prejudiciaes ao indivíduo, á fa¬
gue sustenta a concepção materialis¬ mília, á sociedade e ás nações.
ta do Universo, porgue julgamol-a, O Espiritismo está encarregado
corno dissemos, a causa de todo o desta grande Missão.
atrazo social, de todos os males que Alargando-nos os horisontes da
massacram os homens e paralysa a Vida, assentado em princípios immor-
evolução da humanidade. lahslas, elle nos offerece, não só com
Emquanto não se remover essa a sua inegualavel e racional theoria,
causa, emquanto permanecerem as mas sim com os seus phenomerios
idéas archaicas que dominam a civi- edificantes e consoladores, a verda¬
lisação, sentiremos sempre o mal es¬ deira orientação para as bellas ac-
tar que nos molesta actualmente, ve¬ quisições que constituem o nosso the-
remos ainda as nações contra na¬ souro imperecível.

ooooooooooooooooooooooooooooooo

o A PSYCHOLOGM ESPIRITO :=
O Edifício da Psychologia que os sábios materialistas ergueram
sob as bases do principio de Lavoisier, leria forçosamenle que se desmo¬
ronar com o conhecimen/o do Mundo Espiritual.
Nós somos felizes por presenciarmos a derrocada desse carco¬
mido edifício e ainda mais por sermos conlados entre os obreiros do
Grande Monumento Psychologico delineado por Allan-Kardec, que em
breve abrigará a humanidade Ioda.
A nossa Psychologia não só abrange as espheras da Vida phy-
sica e psychica na Terra, como lambem dos mundos que inierpenelram-
n'a e rodeiam-ifa.
Sob os seus auspícios a humanidade passará por completa trans¬
formação. — X.
Kcvlstg mternaclonai do Espiritismo — 293 —

o Tributo de Gratidão ALLAN-KARDEC

obra de Allan-Kardec foi o Positivamente, Jesus não disse


'CCjnf maior dos legados com que tudo o que tinha para dizer, porque
- o Supremo Senhor doou a Revelação não se faz de um jacto.
a humanidade. Ella abrange os cyclos da evolução
Muitas têm sido as revelações humana, ab inilio ad eterno. E foi
que formam hoje o nosso thesouro de por isso que o Divino Nazareno, se¬
conhecimentos : a rotação da terra, gundo refere o Evangelista S. João,
o equilibrio universal, as vibrações no cap. XVI, v.v. 12-15, antes da sua
da luz e do som, a electricidade, que passagem para o Além, disse aos
originaram todas essas commodida- que lhe seguiam :
des que temos actualmente ; mas pou¬
co valor teria tudo isso se o homem «Tenho muito que vos dizer,
não tivesse consciência da sua indi¬ mas não o podeis suportar ago¬
vidualidade e certeza dos seus des¬ ra; quando, porém, vier aquelle
tinos immortaes. Espirito da Verdade, elle vos
Si a vida se resumisse a uns guiará em toda a Verdade ; por¬
tantos annos de existência e a per¬ que não talará de si mesmo, mas
sonalidade se extinguisse no tumulo, dirá o que tiver ouvido, e vos
seria até preferível viver na ignorân¬ annunciará as cousas que estão
cia dessas verdades, como vivem os para vir. Elle me glorificará por¬
passaros e os animaes incultos nas que ha de receber do que é meu
mattas e nos campos, que, vamos di¬ e vol-o hade annunciar».
zer, são muito mais felizes do que À obra kardecista, como bem
nós, os pobres calcetas jungidos ás se verifica do trecho evangélico, foi
dominações dos poderes terrenos. prophetísada por Jesus Christo e es¬
O principio da Immortalidade, tá, por Elle ungida com o oleo santo
proclamado por Àllan Kardec, veio da sua Palavra que não passa, Pode¬
nos despertar de um grande pesade¬ mos affirmar, com segurança que o
lo. E’ justamente essa Immortalidade Espiritismo não é mais do que uma
que vem justificar a necessidade, pa¬ revivescencia do Christianismo com o
ra nós humanos, dessas revelações seu promettido complemento.
que a precederam, bem como a dis¬ Lembrando as palavras de Jesus,
ciplina a que nos achamos submeth- de «Não ser o seu Reino neste Mun¬
dos, o fardo pesado que temos obri¬ do.», o Espiritismo prende a nossa at-
gação de carregar, em contraposição tenção para a Immortalidade, onde,
á vida livre dos animaes e os seus do outro lado do tumulo, se encon¬
limitadíssimos deveres. tram os nossos destinos felizes para
À Revelação kardecista é, com a posse de um Reinado no qual o
justo titulo, a maior, a mais substan¬ Grande Eundador do Christianismo,
ciosa, a mais racional, a mais sabia, reina em espirito e verdade, com A-
a mais amorosa de todas as Revela¬ mor, com Sabedoria, com Justiça. E
ções, em todas as espheras dos co¬ para que alcancemos esse Reino, a
nhecimentos humanos, inclusive na figura magisfral de Allan-Kardec, col-
esphera religiosa, quer comparando-a ligiu, coordenou os Ensinos dos Espí¬
á Revelação de Confucius, ou á de ritos prepostos pelo Senhor, para ope¬
Budha, de Zoroastro ou de Mahomet, rarem a iegeneração, a transforma¬
e até mesmo á Revelação Christã, ção da humanidade, baseando os
porque a Revelação Kardecista é um seus dictames na sobrevivência do
complemento da Obra Messiânica, da homem á morte do corpo, na procla¬
Revelação de Jesus Chrisio, tal como mação da Vida Eterna uue nos a-
prometteu o Divino Mestre, quando guarda; favorecendo-nos ainda com
em sua estadia no nosso planeta. as apparições e communicações dos
— 294 — Revista Interrvaclorwai do Esplrirismo

chamados «mortos», afim de que a Relembrando a incarnação do


nossa Fé seja intelligenle, racional e grande Mestre, occorrida em 3 de
livre de toda e qualquer duvida. outubro, não podemos deixar de bem-
O trabalho de Allan-Kardec é dizer a sua profícua existência, cujo
um conjuncto verdadeiramente har¬ trabalho intelligenle e escoimado de
monioso, no qual a religião está de erros, consitúe, para nós, o maior
pleno accordo com a sciencia, cons¬ de todos os legados com gue o céo
tituindo uma admiravel philosophia, nos presenteou.
toda baseada em factos. Ào Mestre, o nosso tributo de
A obra de Àllan-Kardec veio, gratidão, os nossos melhores affec-
emfim, nos offerecer as verdadeiras di- tos, os testemunhos do nosso amor,
rectrizes da Vida, resolvendo todos os da nossa viva sympathia.
problemas que obscureciam o nosso Que o Supremo Senhor o aben¬
entendimento, abrindo-nos novas vere¬ çoe e dê ao Grande Missionário po¬
das de progresso, nos proporcionou der, sabedoria e forças para comple¬
um vasto campo de estudos e de tar a sua obra de Espiritualisação da
pesguizas, e, além disso, trouxe ás humanidade, de fraternisação dos po¬
nossas almas doridas a consolação e vos.
a esperança, a fé e a verdade. CA1RBAR.

0 Espirito no Espaço Por


Gabriel Delanne

Espirito está revestido de finito, que constituem modos de exis¬


um involucro a que cha¬ tência de que não podemos formar
mamos perispirito. Este idéa, por falta de palavras para ex-
corpo é formado pelo flui¬ primil-a.
do terrestre, isto é, pela A alma assiste, pois, a espectá¬
matéria sob a sua forma culos que não temos meios de des¬
primordial. A união entre crever: ouve harmonias que nenhum
o corpo e a alma pode ser compara ouvido humano tem apreciado, move-
da a uma combinação. Quando essa se em completa opposição ás condi¬
combinação se desfaz, o que succede ções de viabilidade terrestre. 0 Espi¬
na occasião da morte, a alma se des¬ rito libertado das cadeias do corpo
prende com seu involucro espiritual, não tem mais necessidade de alimen¬
que é indecomponivel, pois que é tar-se, não se arrasta mais pelo sólo :
composto pela matéria em sua forma a matéria imponderável de que é for¬
inicial, e conserva as suas proprieda¬ mado, permitte-lhe transportar-se pa¬
des, como o oxygenio que, sahindo ra os mais longínquos logares com a
de uma combinação, nada perdeu de rapidez do relampago e, segundo o
suas affinidades. Nesse estado, o cor¬ grau de seu adiantamento moral, suas
po espiritual, segundo a expressão de occupações espirituaes se afastam
S. Paulo, tem sensações que nos são mais ou menos das occupações que
desconhecidas na terra e que lhe de¬ tinha na terra. Não se pode negar a
vem dar gozos muito superiores aos existência do corpo espiritual, porque
que experimentamos aqui. experiencias directas nos permittiram
A sciencia nos ensina que os estudar a sua natureza e o seu modo
nossos sentidos apenas nos fazem co¬ de condensação.
nhecer uma ínfima parte da natureza, Vimos, nas experiencias de Croo-
porém que, além e aquem dos limites kes e de Aksakof, esse corpo espiri¬
impostos ás nossas sensações, exis¬ tual ir revestindo aos poucos os ca¬
tem vibrações subtis, em numero in¬ racteres da matéria e, as moldagens,
Kcvlsta internacional do Espiritismo — 295 —

nos mostram que esse corpo é rigo¬ respeito das verdadeiras proporções
rosamente idêntico ao que o Espirito do Universo.
tinha na terra. Quando a sciencia, com a inexo¬
Uma simples analogia pode, se rável lógica dos factos abriu aos nos¬
não explicar, ao menos ajudar a com- sos olhos attonitos e deslumbrados
prehender o que se dá em tal caso : as perspectivas illimitadas do infinito,
O perispirito pode ser asseme¬ quando a astronomia projectou o seu
lhado a um electro iman; o corpo ao telescópio sobre os espaços sideraes,
espectro magnético ; e a vida á elee- as velhas legendas se evaporaram ao
tricididade. sopro da realidade. Os mundos que
Emquanto o fluido electrico não povoam o universo, são terras como
circula, não ha espectro, o electro- a nossa, sobre as quaes palpita a vi¬
iman fica indifferente : eis um estado da universal, e o homem moderno ri
analogo ao do perispirito no Espaço ; das pretenções infantis dos nossos
elle contem virtualmente em si, to¬ antepassados que quizeram limitar a
das as linhas que formam o organis¬ este imperceptível grão de areia, cha¬
mo, mas não as dispõe. Logo que a mado terra, as manifestações da for¬
corrente circula no electro-iman, a li- ça infinita, increada e eterna, a que
magem se accomoda seguindo uma se dá o nome de Deus.
certa ordem, e forma esse desenho a Se, porém, o céo não existe no
que chamamos espectro-magnetico ; logar em que o indicavam, para onde
do mesmo modo succede com o pe¬ foi elle transportado ? Em que regiões
rispirito : sob a influencia do fluido do immenso Universo devemos collo-
vital subtrahido do médium, elle ac¬ car o éden de delicias promettido ás
comoda a matéria conforme o dese¬ almas que cumpriram dignamente a
nho do organismo, e reproduz o cor¬ sua missão? Eis o que nenhuma reli¬
po humano, como este era na vida gião indica, e somente o Espiritismo,
terrena. demonstrando o verdadeiro destino
O perispirito, bem que formado do homem, nos põe no estado de com-
de matéria primitiva, é mais ou me¬ prehender o progresso indefinido do
nos puro de misturas, conforme o Espirito, por transmigrações successi-
mundo habitado pelo Espirito. Essa vas. Tomando por ponto de partida a
observação nos conduz ao assignala- natureza do homem e os attributos
mento do verdadeiro logar que occu- de Deus, Allan Kardec mostrou qual
pamos no Universo. devia ser o nosso futuro espiritual.
Uma verdade que a astronomia Vamos, resumindo, expôr a sua dou¬
hoje tornou vulgar, é a de não ser o trina.
nosso mundo o centro do universo ; O homem é composto de corpo
segundo e 11 a. a nossa pequena terra e Espirito ; o Espirito é o ser princi¬
é um dos planetas mais pobremente pal, o ser racional e intelligente; o
dotados do systema solar. Nada, em corpo é o involucro material que o
seu volume ou na sua posição eclip- Espirito reveste temporariamente pa¬
tica, da qual resultam as estações, ra o cumprimento da sua missão na
dá-lhe o direito de orgulhar-se do lo¬ terra, e para a execução do trabalho
gar que occupa, e, não muito longe necessário ao seu adiantamento. O
de nós, o planeta Júpiter nos offere- corpo, quando gasto, é destruído, mas
ce o exemplo de condições de habi- a alma sobrevive a essa destruição.
tabilidade preferíveis ás nossas. Com Em summa, o Espirito é tudo, e a
esses conhecimentos, que fazem das matéria não é mais do que um acces-
estrellas sóes como o nosso, em cujo sorio, de modo que a alma, libertada
redor circulam planetas, cahiram os dos laços corporaes, entra no Espa¬
«! erros seculares dos nossos avós, se¬ ço, que é a sua verdadeira patria.
gundo os quaes o inferno achava-se Ha, pois, o mundo corporal, com¬
collocado no centro da terra, e o ter¬ posto de Espíritos incarnados, e o
ceiro céo, aquelle onde foi elevado S. mundo espiritual, formado pelos Es¬
Paulo, distava nos confins da creaçáo. píritos desincarnados. Os seres do
Estes dadps cosmologicos se basea¬ mundo corporal, em virtude do seu
vam na ignorância dos theologos a involucro material, estão presos á
- 296 — Revista irtfemaclorval do Espiritismo

terra ou a outro globo qualquer ; o cessar, se cruzam no espaço e que


Mundo Espiritual está em toda a par¬ dão áquelles que as testemunham os
te, ao redor de nós e no Espaço ; el- mais inefáveis gozos ! Uma compara¬
le é illimitado. Como o dissemos, em ção vulgar fará melhor comprehender
razão da sua natureza fluidica, os se¬ essa situação :
res que o compõem, têm um modo Se num concerto se acharem
de vida particular, dependente do seu dois homens, um delles bom musico
organismo imponderável. de ouvido educado, o outro sem co¬
Os Espíritos são creados simples nhecimentos musicaes e de ouvido
e ignorantes, mas com aptidão para pouco delicado: o primeiro experi¬
adquirirem tudo e progredirem em menta uma sensação de agrado, ao
virtude ds seu livre arbítrio. Pelo pro¬ passo que o outro fica insensível ;
gresso, adquirem novos conhecimen¬ porque um comprehende e percebe o
tos, novas faculdades e, por conse* que nenhuma impressão faz ao outro.
quencia, novos gozos desconhecidos O mesmo se dá em relação a todos
aos Espíritos inferiores ; vêm, ouvem, os gozos dos Espiritos ; elles são
sentem e comprehendem o que os proporcionaes á aptidão que estes
Espíritos atrazados não podem vêr, têm para sentil-os.
ouvir, sentir ou comprehender. A fe¬ O mundo da erraticidade tem por
licidade está na razão directa do pro¬ toda a parte esplendores e harmonias
gresso feito ; de modo que, de dois que os Espiritos inferiores, ainda do¬
Espiritos, um não pode ser tão feliz minados pela matéria, nem mesmo
como o outro, unicamente por não entrevém; que sómente são accessi-
ser tão adiantado intellectualmente e
veis aos Espiritos purificados.
moralmente, sem que tenham neces¬
sidade de achar-se cada um em um O Espiritismo ensina que, a nos¬
logar differente. sa situação na vida de além tumulo,
Achando-se mesmo ao lado um é a resultante do nosso estado moral
do outro, pode um estar em trevas, e dos esforços que fizermos para nos
quando tudo é resplandecente ao re¬ elevarmos ao caminho do bem. Pode¬
dor do outro, exactamente como se mos trabalhar em nosso adiantamen¬
dá com um cégo caminhando ao lado to espiritual com actividade ou negli¬
de uma pessoa que vê perfeitamente; gencia, segundo o nosso desejo, mas
um percebe a luz, ao passo que o ou¬ também os nossos progressos são a-
tro nenhuma impressão tem a esse pressados ou retardados, e, por con¬
respeito. A felicidade dos Espiritos sequência, a nossa felicidade se apro¬
sendo inherente ás qualidades que xima ou se afasta segundo a nossa
possuem, elles gozam onde quer que vontade.
estejam : na superfície da terra, no Os Espiritos são os proprios
meio dos incarnados, ou no espaço. constructores do seu futuro conforme
E’ facil comprehender que o or¬ o ensino do Christo : «A cada um se¬
ganismo fluido seja mais ou menos gundo suas obras !» Todo o Espirito
apto para receber as sensações, con¬ que ficar demorado em seu progresso,
forme o Espirito for mais ou menos somente de si proprio deverá quei-
grosseiro. Sabemos que as paixões xarse, do mesmo modo que, aquelle
más viciam o involucro perispirital, que se adiantar, tem todo o mérito
do mesmo modo que as enfermidades do seu procedimento; a felicidade que
corrompem a carne terrena ; visto is¬ elle conquistou tem por esse facto
to, existe para os seres desincárna- mais valor aos seus olhos.
dos uma recompensa proporcional á A vida normal do Espirito effec-
somma de virtudes que elles adquiri¬ tua-se no Espaço, mas a incarnação
ram. Na terra, acontece muitas vezes opera-se numa das terras que povo¬
ficarmos cheios de admiração á vista am o infinito ; esta é necessária ao
das maravilhosas perspectivas de um seu duplo progresso, moral e intellec-
radiante occaso do sol ou de uma au¬ tual : o progresso intellectual, pela ac-
rora esplendida : mas o que são es¬ tividade que elle é obrigado a des¬
ses matizes de luz ao lado das innu- envolver no trabalho ; ao progresso
meraveis vibrações fluidicas que, sem moral, pela necessidade que os ho-
Revista internacional do Espiritismo 297 —

mens tem um dos outros. A vida so¬ insufficiente para que o Espirito pos¬
cial é a pedra de toque das bôas e sa adquirir tudo o que lhe falta de
das más qualidades. A bondade, a bem, e despojar-se de todo o mal que
malvadeza, a doçura, a violência, a em si exista. O selvagem, por exem¬
benevolencia, a caridade, o egoismo, plo, não poderá numa só incarnação
a avareza, o orgulho, a humildade, a attingir o nivel moral do europeu
sinceridade, a franqueza, a lealdade, mais adiantado. Isso lhe é material¬
a má-fé, a hypocrisia, em uma pala¬ mente impossível. Deverá elle, por¬
vra tudo o que constitue o homem tanto, ficar eternamente na ignorân¬
de bem ou o homem perverso, tem cia e na barbarie, privado dos gozos
por movei ou por incentivo as rela¬ que só lhe podem vir com o desen¬
ções do homem com os seus seme¬ volvimento de suas faculdades ? O
lhantes ; aquelle que vivesse só, não simples bom senso repelle uma tal
teria vicios nem virtudes, porque, se supposição, que seria ao mesmo tem¬
pelo isolamento elle se preserva do po a negação da justiça, da bondade
mal, annula com isso o bem. Uma só de Deus e da lei progressiva da na¬
existência corporal é manifestamente tureza.

(ê) JLitteratura de Ultra-Tumba ^

t
Por Ernesto Bozzano Da «Revne Spirite»
(Continuação)

ara citar alguns dados des¬ cos e confinado na mesma região du¬
ta sorte, eu lembrarei o ter¬ rante a guerra. Eu lhe perguntei dos
mo polylarchia, que não acontecimentos a este respeito ; elle me
existe na «Versão autorisa- declarou que a «descripção que se ti¬
. da» do Novo Testamento» nha feito dos Escriptos era todavia, e-
# e que, nos Escriptos de xacta, e que, em torno da villa de Ico-
Cleophas é empregado co¬ nium, se estende uma planície desolada,
mo uma transcripção no alphabeto totalmente desprovida de agua. (Light,
moderno (transliteração) da palavra 1928, p. 233)»
grega correspondente, empregado nos
Actos dos Aposlolos XVII, 6. O mes¬ Como se poude vêr, o Rev. John
mo acontece com o vocábulo Archon Lamond nota entre outras cousas que
(p. 161), devendo indicar a chave da os Escriplos de Cleophas são escla¬
communidade julgadora em Àntiochia recidos duma nova luz de numerosos
da Syria ; palavra na qual se consta¬ acontecimentos dos quaes os Actos
ta a justeza, porque pode-se assegu¬ dos Aposlolos tocam rapidamente. À
rar que o imperador Augusto, no an- titulo de exemplo, eis um dos acon¬
no 11 de nossa Era, tinha destinado tecimentos.
a recollocar o antigo titulo d’tlhnarck. No cap. VIII dos Aclos dos A-
Mrs. Barbara Mackenzie ajunta postolos lê-se que a multidão lapidou
esta outra coincidência geograohíca a S. Estevão : o versículo 5Ô nos mos¬
que os espertos em questão não ha¬ tra que «os testemunhos depõem seus
viam assignalado : vestidos aos pés dum moço chama¬
do Saulo» — Como não se diz outra
«Nos PIscriptos de Cleophas eu li cousa a respeito pergunta-se : Porque
com o mais vivo interesse o episodio elles fizeram isso? Que significa essa
pitoresco de Barnabé—o descobridor de acção? Quem eia Saulo?»
fontes — na planície arida que envolve Os Escriplos de Cleophas con¬
a villa de Iconium. Pois bem, eu en¬ tam o episodio mais deialhado e en¬
contrei, ha alguns dias, um official que tão se comprehende.
tinha sido feito prisioneiro pelos Tur¬ Saulo era um moço que tinha
— 298 — Revista internacional do Espiritismo

motivos especiaes de irritação contra respondentes, mas incompletos dos


Estevão. Este tinha causado a elle um Actos dos Apostolos, se chega á con*
vivo ciume devido aos dons de ora¬ elusão racional incontestável que os
dor que o distinguia; dons que for- factos contados devem se ter desen¬
navam-n’o um adversário irreductivel rolado justamente da maneira que foi
contra Saulo, assim bem entre os Juizes dita no ditado mediumnico, pois que
como entre os Christãos. Saulo tinha estas narrações servem para elucidar
então assalariado alguns homens do os versetos obscuros do texto evangé¬
povo, entre os que eram mais mal lico tão completamente, que não se
dispostos contra Estevão, e deseja¬ saberia imaginar uma outra versão
vam matal-o, para se apossarem do capaz de dar conta do mesmo texto.
seu dinheiro e sua roupa, e chega¬ São estes os detalhes de uma
ram a este trágico fim. Mas o crime, apparencia insignificante mas que
uma vez consumado, os assassinos são os mais importantes para as pes-
ficaram de tal modo impressionados quizas sobre a natureza da persona¬
pela coragem heroica do martyr, «que lidade mediumnica que transmittiu
sentiram-se profundamente deprimidos os Escriptos. Não é inútil citar al¬
e arrependidos, crendo ter matado o guns. Miss Gibbes escreve:
eleito do Senhor». O relato continua
assim : «Em diversas occasiões, o «Men¬
sageiro» tinha affinnado que «Cleophas
«Quando as sombras negras da empregava numerosas chronicas da épo¬
cólera se dissiparam, elles abandonaram ca.» Teria sido interessante descobrir
no caminho o corpo do santo e foram alguma prova tendente a confirmar es¬
em busca de Saulo, lhe dizendo: «Tu ta affirmação do «Mensageiro.» Nós fi¬
nos fizeste praticar um crime, e nós cavamos muito embaraçados quando,
não queremos gozar o preço do crime.» nos primeiros tempos da transmissão
Dizendo isto atiraram as capas aos pés das «mensagens apostólicas», uma des¬
de Saulo, capas que elle lhes havia da¬ tas, actualmente incluída no capitulo
do, assim como o dinheiro com o qual IV, começou, contra o seu habito, na
os havia assalariado. Elles foram-se em «primeira pessoa» a mensagem dizia :
seguida cheios de remorsos, de visões “Eu tenho estado longamente com Pe¬
e de terror nos corações, porque no dro esforçando-me para servil o e ouvir
momento que S. Estevão acabara de en¬ todas as suas palavras; elle tinha o
tregar a alma. elles tinham percebido poder de transmittir aos outros a fa¬
Deus ao seu lado » culdade de ter “visões’’ e “sonhos’’ a-
travez do poder radiante de sua pala¬
Tal é a concepção simples e de¬ vra.” Quinze mezes depois, quando se
talhada dum acontecimento que no preparava para a publicação da primei¬
texto dos Actos dos Aposlolos pa¬ ra serie dos Escriptos, pediu se explica¬
reciam inexplicáveis por causa do re¬ ções d personalidade que se ccmmuni-
lato insufficíente e obscuro que tinha cava á respeito da phrase que acabo
sido feito. Agora, ao contrario, to¬ de citar. Nos foi respondido :
dos comprehenderão porque «as tes¬ “E’ precisa que saibais que quan¬
temunhas tinham deposto os vestidos do estas palavras foram dictadas, nos¬
aos pés de um moço chamado Sau¬ sa intenção era de traduzir no vosso
lo. * Eu notarei que, conforme os fac¬ idioma, palavra por palavra, uma chro-
tos narrados, o termo «testemunhas» nica antiga desta epoca, transmittindo-
do texto evangélico, deveria ser con¬ a ao mundo por intermédio desta mão.
siderado como sendo inexaclo; de¬ Mas nossa intenção se modificou desde
ver-se-ia chamal-os «sicários», ou que nós descobrimos que os corpos es»
«mandatarios» ou «assassinos». O va¬ pirituaes de duas mulheres que nós
lor theoricamente interessante das empregamos continham um poder suf-
concordâncias analogas á que eu ve¬ ticiente para receber de nós as narra¬
nho assignalar, consiste no facto que, tivas contidas em varias chronicas Nes¬
quando se lê semelhantes relatos nos tas condições, as palavras da introdu¬
Escriptos de CJeophas e que se os ção que nós ditamos, ha vários mezes,
pode comparar com os versetos cor¬ não devem se entender como tendo tra-
Revista irvíerfxaciorwQi do Espiritismo — 299 —

ços nossos, mas do autor da chronica se dirigiu para ter informações á res¬
donde extrahimos as resenhas ; ellas peito do «Mensageiro» que ditava as
eram constituidas por imagens que «chronicas sagradas». O «Espirito-
Cleophas acolheu da grande “Arvore guia» tinha respondido :
das Lembranças”, para as transmittir
em seguida á nós, seus “mensageiros” «Depois de algum tempo, um
encarregados de as transformar em ter¬ grupo collectivo de espíritos trabalha¬
mos accessiveis aos homens de vossa vam para descobrir um sensitivo capaz
geração. De todo o modo, será bom de receber, atravez do mecanismo do
supprimir no texto as palavras de in¬ seu cerebro, a historia das origens do
trodução, afim de evitar toda a confu¬ Christianismo. Os membros deste grupo
são nas pessoas que lerem estas chro- pensavam que não pudesse haver ahi
nicas”. um expediente melhor para combater o
horrível vácuo espiritual que se havia
Miss Gibbes continua dizendo : produzido nas almas da geração actual;
vácuo terrificante, quando se o observa
«Algumas palavras da introdução do mundo espiritual... Cleophas e seus
foram suprimidas no texto que foi pu¬ coadjutores se propuzeram então a der¬
blicado. Notarei que a explicação aci¬ ramar sobre os humanos o remedio de
ma era absolutamente inesperada por que elles careciam lhes revelando a his¬
nós. Entretanto, si se deve julgar pelo toria do periodo apostolico. A meu ver,
immenso material de factos que foi ci¬ elles não se conformam de que os ho-
tado por Mme. Cummins, nós podemos risontes mentaes da humanidade se a-
reconhecer bem fundada a affirmaçâo cham enormemente transformados de¬
segundo a qual se havia mudado de pois da época que elles viveram na ter¬
intenção, desde que se constatou a ra. Nem percebem que na presente so¬
grande capacidade mediumnica do «ins¬ ciedade humana não ha quasi lugar pa¬
trumento» que se empregava ; isto é, ra a fé; a humanidade quer chegar ao
que decidiu-se então ditar ao médium espiritual atravez do material». (Light,
uma historia dos tempos apostolicos in¬ 1928, p. 194).
finitamente mais longa e mais extensa
do que se havia convencionado então. D'onde resalta que o «espirito-
—(Light, 1929, pag. 152.) guia» de Miss Cummins duvida da
nobre tentativa de Cleophas e de
No que concerne aos fins a que seus coadjutores, que se propuzeram
se havia proposto os espíritos que se transmittir ao mundo as chronicas
communicavam, ditando as chronicas authenticas dos tempos apostolicos,
em questão, eis como elles falam : na esperança de salvar assim a pre¬
sente humanidade, reconstituindo a fé
«Nossa intenção é de semear no dos Christãos primitivos no seu Mes¬
coração dos homens de vossa geração, tre. Muitos de meus leitores partilham
o germe da fé no Divino Mestre, de sem duvida do aviso do «espirito-
modo que esta fé possa reflorescer. Es¬ guia» de Miss Cummins. Mas isto ne¬
peramos que o coração dos homens de nhuma importância tem sob o nosso
hoje acolherá a nossa semente ! Entre ponto de vista e serve unicamente
elles ha muitos que creem que Christo para confirmar uma verdade conheci¬
morreu. Absolutamente não ! Ab¬ da ha muito tempo, isto é que não
solutamente não ! Elle vive mais do se fica omnisciente só porque se des-
que nunca e reviverá nos corações, e incarna, mas que se permanece intel-
nos espíritos das gerações futuras com lectualmente no mesmo estado quan¬
mais efficacia que agora !—(Light, 1929, do no momento da morte. Não se tar¬
P. 147)
da a assimilar um grande numero de
conhecimentos concernente ao mundo
Taes são suas intenções, taes espiritual, onde o indivíduo se acha,
são suas esperanças. Agora é curio¬ mas não se despoja senão lentamen¬
so e interessante saber á este res¬ te das concepções intellectuaes que
peito a opinião dum outro «espirito- se possuia e não se entrevê senão
guia» de Miss Cummins, a quem esta vagamente ainda as verdades espiri-
- 300 — Revista internacional do Hsplrltlsmo

tuaes, á respeito das quaes, no Além facto do médium os ter captado nas
como no mundo dos vivos, cada um subconsciencias dos assistentes ou
tem o dever de exercer livremente dos ausentes (clarividência lelepathi-
seu discernimento; o que dá lugar, ca). Não se trata, pois, de «visões
como na terra, a varias opiniões mais psychometricas» em relação com um
ou menos em desaccordo entre si. objecto presente ao sensitivo — e por
Com isto, eu iulgo ter citado e consequência circumscriptos pelas «in¬
commentado sufficientemente o caso fluencias» existentes em estado laten¬
de que se trata, para fazer resaltar o te mesmo no objecto, mas trata-se,
grande valor lheorico em favor da ao contrario, de chronicas organicas,
interpretação espirita dos factos. O isto é, de uma narração ordenada de
caso é, entretanto, analogo ao de Pa- occorrencias, com numerosas noções
tience Worth, e em nada lhe é infe¬ geographicas, topographicas, históri¬
rior pela natureza maravilhosa do cas, philologicas ignoradas do mé¬
texto obtido mediumnicamente. À dif- dium e da qual se tem em seguida
ferença entre os dois casos é de na¬ constatado a authenticidade. Trata-se
tureza secundaria, e consiste na cir- finalmente em grande parte de episó¬
cumstancia de que nas communica- dios, aos quaes se tinha já feito al-
ções de Patience Worth se encontram lusão duma maneira obscura nos 4c-
dados—sobretudo sua linguagem per¬ los dos Aposíolos, e que, por outro
sistente em dialeclo archaico — gue lado, são relatados de uma maneira
podem servir indirectamente, mas ef- detalhada nos tscnplos de Cleophas,
ficazmente, para provar a indepen¬ tornando pela primeira vez intelligi-
dência espiritual, e, sob certo ponto vel o texto evangélico. Em summa,
de vista, mesmo a identificação pes¬ trata-se de uma obra histórica orde¬
soal da entidade gue se communi- nada, completa, vital, que está já
cava; emquanto que, no caso de composta de tres grossos volumes e
Cleophas, se vê apparecer dados no¬ não está acabada ainda. Não é, cer-
táveis desta natureza. Em todo o ca¬ tamenfe na sub-consciencia do mé¬
so, isto não representa uma impor¬ dium gue se deve procurar a genese
tância theorica apreciável, porque nos de uma obra de real importância his¬
dois casos a efficacia demonstrativa tórica e religiosa e na qual se en¬
dos factos nada ha a fazer com a contra dados, resenhas, detalhes que
questão da identificação pessoal, pa¬ não se saberia controlar sem se es¬
ra se limitar unicamente na natureza tar especialisado nas sciencias histó¬
intrínseca do material psychographico ricas, geographicas, theologicas, phi¬
obtido, cuja proveniência é explicável lologicas. Nestas condições não resta
por toda a hypothese naturalista. De senão uma cousa : acolher, esta vez
facto, mesmo no caso de Cleophas, ainda, em nome da lógica e do bom
as hypotheses da telepathia, da cryp- senso, as explicações dadas pelas
tomnesia, não chegam de maneira personalidades mediumnicas que dic-
nenhuma a dar conta de semelhantes taram a obra de que se trata: isto é,
factos, sobretudo si o se considera que as personalidades são entidades
que não se trata de resenhas isola¬ de defuntos que relaiam acontecimen¬
das, ou acontecimentos fragmentários tos aos quaes ellas assistiram, ou que
susceptíveis de serem attribuidos a se verificaram na época e na região
emergencias da subconsciencia do em que ellas viveram.
médium (cryptomnésia), ou bem ao (Continua)

4 luz de Alèm-Tumba se reflecte alravez de lodos os conhecimen¬


tos que consliluem os lhesouros da humanidade : na arle, na philosophia,
na sciencia, na religião e até na litleratura, se percebe a manifestação do
Espirito, com suas affirmalivas de intelligencia, de consciência, de saber
e de virtudes. E assim como é logico que elle assim se affirme, para de¬
monstrar a sua existência, é illogico não querer vêt-o e negar a sua vida
e a sua possibilidade de acção. — L. B.
Ktvlstg if\rerfKiclojv3i do Espiritismo 301

0 sabio Dr. William Stekel e o Espiritismo


(9 Leopoldo MACHADO Q)

M AL concluíramos a leitura
da entrevista do sabio aus¬
je, a doutrina do sr. Freud, sentenciar
sobre uma ciência. E ciência das mais
tríaco, dr. William Stekel, belas, das mais importantes, porque
sobre o Rio de Janeiro e, é ciência da alma. «O Espiritismo —
muito particularmente, sobre o Espi¬ diz o seu codificador—será cientifico
ritismo, inserta em «O Jornal» de 12, ou não será nada.» Estudando-o com
aflorou-nos, para logo, á memória, a- absoluto critério de um verdadeiro
quela assertiva de Montaigne : «Cada sabio, sem empirismos psicanalistas,
um deve escrever sobre o que sabe e concluiu Maxwell: «Pelo que me diz
quanto sabe». respeito, acho extremo interesse nes¬
Com muito maiores razões, se sas reuniões (espiritas) e sinto a im¬
esse cada um fôr um sabio. Ser-lhe á pressão de assistir ao nascimento de
profundamente risivel e ridículo falar um movimento religioso fadado a
sobre o que ignora absolutamente ... grandes destinos. O espiritismo vem
Um sabio houve, e bem maior a seu tempo, e corresponde a uma
do que o austríaco e psicanalista, que necessidade geral. A extensão que
nos honra com a sua visita — Cesar esta doutrina está tomando é um dos
Lombroso — que dissera coisas pio¬ fenomenos mais curiosos da época
res do Espiritismo. Estudando-o, po¬ atual».
rém, com o rigoroso critério dos sᬠEssa extensão é que apavora ao
bios e a honestidade dos consciencio¬ sabio Stekel e a outros, do mesmo
sos, retratou-se, depois, de mil mo¬ coturno. Apavorou se o sabio psica¬
dos. Aqui está uma de suas retrata¬ nalista «com a verdadeira epidemia
ções, que talvez aproveite a alguém : de espiritismo, que grassa em certos
«Só qualifica o Espiritismo de supers¬ meios». Em todos os meios, poderia
tição, o que não o tem reflexionado dizer—porque estamos no século das
como êle merece. Eu me envergonho luzes —se houvesse menos preconcei¬
de ter combatido a possibilidade dos tos e mais amor á Verdade da parte
fenomenos espiritas». de quantos se recorrem dele. Se o
O sabio psicanalista e austríaco, conhecesse bem. através de todos os
esquecido do judicioso conceito de seus aspectos, veria o sabio leviano
Sócrates, que diz «é sabedoria não se que essa epidemia é o unico reme-
querer saber o que se não sabe», foi dio capaz de curar a humanidade tris¬
mais longe: julgou o Espiritismo uma temente contaminada de falsas reli¬
superstição, uma coisa própria de es¬ giões, falsas doutrinas sociais e filo¬
píritos fracos, uma enfermidade. Com sóficas. teorias cientificas falsissimas.
que autoridade ? Em nome de que ? «São pessoas cerebramente fracas, ás
Com a autoridade de seu nome ? E’ que se socorrem ao espiritismo» afir¬
pouco. Deve ela valer tanto para as ma, ajustando á afirmativa que «en¬
pessoas criteriosas, que conheçam o fermos, por exemplo, que tendo per¬
espiritismo de perto, quanto valeria dido toda a esperança de recuperar a
a nossa, que nada sabemos de grego, saúde, se dirigem a espiritas, e veri¬
sobre a lingua grega. E essa autori¬ ficam, por coincidência, que ligeira
dade de sábios que tais, é bem da¬ melhora se registrou em seguida á
quelas de que nos disse Goethe: «Na¬ observação das prescrições espiritas».
da ha que mais retarde a marcha do Porque a medicina oficial, de que é
progresso, do que o respeito ás cha¬ sabio o ilustre doutor, permittiu que
madas autoridades». Em nome da psi¬ esses enfermos perdessem a esperan¬
canálise, tampouco póde êle falar. Não ça de se curarem? Claro que se ela,
póde uma panacéa cientifica, como é, a sua medicina, os curasse, êles não
naquilo que podemos apanhar até ho¬ iriam bater ás portas do Espiritismo,
- 302 — Revista internacional do Espiritismo

pedindo-lhe aquilo que os sábios mé¬ teoria do sobrenatural, que só existe,


dicos lhes não deram. E recebem-no, pela extensão da ignorância humana.
por coincidência que, entretanto, se Tudo quanto existe, existe dentro da
repetem aos milhares de vezes ! E natureza. O que lhe, agora, está, para
quem póde o menos, póde o mais. a nossa ignorância—tenha-se ou não
Logo, se no Espiritismo os enfermos um diploma de doutor e sabio - aci¬
encontram ligeiras melhoras, também ma dos conhecimentos naturais, póde
encontram melhoras definitivas. Quem ser, amanhã, coisa naturalíssima. O
isto escreve andou, por mais de três radio seria, por certo, um sobrenatu¬
lustros, procurando, inutilmente, em ral ha coisa de alguns annos atraz.
todas as terapêuticas, a cura para as E’ a nossa ignorância que admite o
pedras de seu figado, a sua colite crô¬ sobrenatural. Muito não faz que, em
nica, e as insuficiências de seu esofa- Roma. se reuniu o «Congresso de Fí¬
go, que lhe amarguravam a vida. De¬ sica Nuclear». Pois em meio desse
pois de muito dinheiro consumido congresso, um dos sete prêmios No-
com sumidades medicas, foi encontrar bel a êle presentes, alteou a voz para
a cura absoluta para seus males, no dizer : «Talvez daqui a duzentos anos
espiritismo, nos espíritos. Deve-a ao saibamos alguma coisa acerca do a-
espirito de Bezerra de Menezes, que tomo». Aqui está, a respeito da ciên¬
foi, na terra, medico e sabio, modes¬ cia objectiva, coisa mais seria do que
to e bom, que não se arreceiou de psicanálises .. .
prégar e praticar o Espiritismo. Nada ha, no Espiritismo, que jus¬
Fracas, as pessoas que se preo¬ tifique o sobrenatural, o impossível.
cupam com o Espiritismo ! Onde já se Aliás, um grande sabio universal bem
viu tamanha leviandade de afirmativa mais sabio do que o sr. Ereud e o
da parte de um sabio!? Porque um sabio Stekel, - Camilo Flamarion—já
sabio extrangeiro, aqui deixamos meia escrevera que *a palavra impossível
duzia de nomes de pessoas fracas, deve desaparecer dos dicionários.»
que s. excia. deve, melhor do que nós, Não cremos sejamos lido pelo
conhecer, porque também, extrangei- sabio austríaco, a esta hora longe do
ros : Flamarion, Paul Gibier, Cari du Brasil. E’ possível sejamos por um
Prel, Russel Wallace, Crookes, Ri- ou outro que leiam por sua cartilha.
chet, Hodgson, Hyslop, Gladston, 01 i- Para esses, aqui deixamos a retrata¬
ver Lodge, Lombroso, Albert de Ro¬ ção sinceríssima do dr. Ochorowicz :
cha, Gustavo Getey, Hans Driesch, «Quando me lembro que, em uma cer¬
G. Cabrom, Dr. Osty, Ermacora, Ak- ta época, eu admirava a coragem de
sakofe. Zõllner e... mas, basta essa Crookes em sustentar a realidade dos
meia duzia de fracos, que nos vêm, fenômenos mediunicos ; quando reflito,
agora, á memória .. . sobretudo, que li as suas obras com
Aqui está um asserto do illustre o sorriso estúpido que ilumina o ros¬
sabio, com que concordáramos: «A to dos meus colegas, ao mais leve
simples idéa de estar em relações enunciado dessas coisas, tremo de
com um mundo desconhecido e so¬ vergonha por mim e pelos outros.
brenatural é o bastante para abalar o Tremerá, um dia, o sabio psica¬
equilíbrio mental». Concordáramos, ab¬ nalista e quantos lhe seguem as teo¬
solutamente, por isso mesmo que so¬ rias, quando fizerem o que fez Ocho¬
mos espiritistas; que não aceitamos rowicz. Porque, na verdade, o que se
o mundo sobrenatural e desconhecido tem a fazer com aquilo que se vai
da psicanálise. Para nós, espiritistas, combater, é, primeiro, estudá-lo crite¬
o mundo dos espíritos nos é tão na¬ riosamente, honestamente, sabiamente.
tural e conhecido como este, material, Nem é de outro modo que a ciên¬
em que vivemos ou... vejetamos. O cia espirita se quer impor ás inteli¬
Espiritismo não admite ademais, a gências de todos...

 sabedoria humana, no seu orgulho cégo, jacta-se sempre de


saber o gup não sabe, pondo, assim, linhas divisórias á manifestação da
Verdade. E’ essa a causa dos males gue entravam a evolução da huma~
nidade. - QUINTILIÂNO.
rcevlsta laíernaclonai do Espiritismo — 303 -

Uma Bella Photo-Espirita


Da «Revue Spirite Relge» ~
Os resultados dum congresso espirita... E o que elte nos permittiu vêr...

Tradução especial para R. 1. E.

Q UEM não se recorda das


numerosas communicações
insertas na nossa revista,
estar. Infelizmente, certos contratem¬
pos impediram mais de um... e os
congressistas dos outros annos se en¬
ha alguns mezes, para nos contraram augmentados, talvez por
convidar a participar dessa jornada algumas unidades.
de estudo— porque congresso é syno- Entretanto, não c nessas reu¬
nymo de trabalho — e certamente to¬ niões nacionaes que se possúe uma
dos os espiritas pensaram poder ahi reserva de força nova para continuar
a tarefa espiritual que é
desenvolvida em cada um
aqui em baixo (cuidados aos
doentes, clarividência, expe¬
rimentação photographica,
effeitos physicos, emfim me-
diumnidade de todos os ge-
neros).
Uma vez mais, o Con¬
gresso de 1936 servio para
crear uma fraternidade no»
va e sobretudo cheia de in¬
teresse sob o ponto de vis¬
ta «espiritual.»
Os leitores do numero 7
do mez de Julho, da «Revue
Spirite Belge» assignalou
que numerosos representan¬
tes dos grupos espiritas de
nossos amigos francezes,
assistiram os nossos deba¬
tes e nos trouxeram assim
o auxilio moral e o encora¬
jamento para os organisa-
dores desta manifestação.
E foi no correr desta reu¬
nião de espiritas que tive¬
mos occasião de fazer co¬
nhecimento com Mme. Gal,
médium do Grupo Fiat-Lux
de Nice, que acompanhou
M. e Mme. Dangy, de Char-
leville.
Cliché da Revue Spirite Belge. No começo da primeira
jornada, depois da brilhante
PHOTO-ESPIRITA : Obtida com o concurso palestra de M. Richard, de
de Mme. H. Gal, médium photographo e de Douai, e depois da sessão
effeitos phvsicos; directora do Grupo «tiat de clarividência e de psy-
Pux», de Nice. A cabeça inferior, situada na chometria, dada por Mme.
massa ectoplasmica foi formalmente reconhe¬ Richard, nós podemos tro¬
cida por M. Pierre Louis. car com Mmes. Gall e Dan-
— 304 — Revista internacional do Espiritismo

gy, assim como com M. Dangy, nos¬ Utilisados os tres chassis, accres-
sas impressões da jornada e nosso centamos mais um para um ensaio.
entretenimento proseguiu sobre a ex¬ Alguns convidados chegaram e
perimentação espirita: havia tanto estavamos em uma reunião de nove
que dizer que alguns dias depois nós pessoas, que se recolhem e esperam
nos reunimos em Charleville. muito que os nossos amigos do outro mun¬
felizes de poder aproveitar algumas do se manifestem, si for possível.
horas e assistir com toda a sympa- Mme. Gall ornou-se de bracele¬
thia a novas manifestações dos nos¬ tes phosphorescentes nos ante-braços
sos amigos do Espaço.
E o nosso intuito de hoje é
vos descrever esta sessão que
foi dada em nossa intenção.
Que nos seja permittido in¬
sistir sobre esta maneira parti¬
cularmente franceza de bom
acolhimento e de fraternidade
que nos foi reservada, porque
nós somos os «amigos belgas»
visitando os irmãos em crença.
Mme. Gall, em ferias entre
seus amigos, queria bem nos
dedicar uma «soirée», e os ex¬
perimentadores que leram o li¬
vro de Raoul Montandon sobre
a «Photographia Transcenden¬
tal» se lembram dos phenome-
nos supra-normaes produzidos
na presença desse médium.
E foi para uma dessas ses¬
sões que fomos convidados e
nos confessamos satisfeitos.
O apparelho photographico
que ia servir á Mme. Gall nos
foi apresentado, e nosso exa¬
me resultou ser um simples ap¬
parelho Kodac do formato 9x12
com lentilhas planas, do mode¬
lo conhecido por todos os tu¬
ristas.
Com o fim de ter um contro¬
le do phenomeno que se pro¬
duziria, M. Dangy pôz á nossa RETRATO DE Mlle. X. — Nossos leitores
disposição seu gabinete escuro constatarão facilmente que os traços cio
e pediu nos carregar nós mes¬ rosto são de uma semelhança flagrante
mos os chassis —o que fizemos. com os da figura da photo espirita na
Uma vez carregados, não os parte inferior do ectoplasma e justificam
perdemos mais de vista, e não plenamente a convicção de M. Pierre Louis.
foi senão no momento da pôse
que um delles foi collocado no appa¬ e se achava sentada entre nós.
relho. Um phono do modelo de «antes
Poderosos reflectores parabóli¬ da guerra», nos convidou a não usar¬
cos, sem possibilidade de sombra, il- mos a nossa vontade... força magi¬
luminaram a pessoa á photographar; ca... e nós nos deixamos acalentar...
a médium concentra-se cinco minutos quando, derepente, se manifesta a pre¬
mais ou menos, e depois passamos sença de uma entidade... o phono
também nós concentrados tres mi¬ foi subtraído e nós percebemos uma
nutos. vóz grave, profunda, mas pouco per-
Revista mTerrvaclonoi do Espiritismo — 305 —

ceptiveis aos ouvidos pouco habitua¬ mais tarde, terminado tudo, nós pas¬
dos. samos no gabinete escuro para ahi
Foi o guia do médium que se desenvolver as placas e vêr se encon¬
manifestou. travamos algum amigo do Espaço.
Alguns instantes de paciência, e No gabinete, onde tudo é mys-
eis que uma voz fluente, clara, argen¬ terio para o não iniciado, mas onde
tina, agradavel e vem dizer o bôa- todos os que têm manipulado á cla¬
noite a cada um dos assistentes ; foi ridade vermelha, as banheiras, os fras¬
a entidade familiar do grupo, a pe¬ cos dos sáes reveladores, etc., conhe¬
quena Liliane, desincarnada com a cem o desejo de ver apparecer na
idade de 4 annos. placa immersa no banho, o que viram
Ella teve uma palavra gentil pa¬ no momento em que photographaram.
ra todos, depois pediu um pouco de Ora aqui, este mesmo sentimen¬
musica para que outros amigos po- to reina, sobre o que nós ignoramos
dessem se manifestar e chegar a pro¬ do que se vai mostrar, mas nossa
duzir os phenomenos luminosos. curiosidade é sem cessar, cada vez
Nós ouvimos, então, no silencio, maior ... uma primeira placa está no
uma conversação astral, e emquanto banho e agitada,... emfim eis que ap-
Mme. Gall se entretinha comnosco, parece a reprodução de um de nós,
os segredinhos continuam mais dis- mas não ha outra cousa; nós passa¬
tinctamente : um amigo espiritual do mos á segunda, a mesma impaciên¬
grupo vem dar alguns conselhos á cia, depois de um momento uma man¬
M. Dangy. cha negra, muito escura, apparece de¬
Mme. Gall pede ás entidades de pois a vista normal do cliché, ha en¬
se mostrarem aos nossos olhos, di¬ tão alguma cousa, mas o que é ?
zendo que ella se punha á disposição Uma terceira é posta com pre¬
de todos, depois, nós vimos um cla¬ caução no mesmo banho, mas ella
rão azul persistente por alguns ins¬ não revela outra cousa que a photo
tantes, depois se dissolvendo em fu¬ da terceira.
maça luminosa e attingindo o gabine¬ Resta a quarta, que está confia¬
te da salla da sessão. Esta luminosi¬ da á banheira no revelador... e eis
dade persiste por certo tempo, depois que apparece uma massa enorme que
desapparece. Estes effeitos se produ¬ se vê nitidamente, mas nós distingui¬
zem e se succedem numerosas vezes mos os detalhes de nossas pessoas
e illuminam á direita e a esquerda, apparecer em baixo na placa.
embaixo e encima, entrecrusando-se,
Ha cabeças na massa fluidica,
parecendo que se assiste a um fogo
em quantidade, mas essas placas de¬
de artificio.
vem ainda passar pela manipulação
Um desprendimento de ozone nos
da fixagem e seccagem antes de po¬
inunda e nossos olhos maravilhados
der-se pronunciar á respeito.
seguem essas evoluções que vão se
fundir na noite. Vê-se que todas as Não é senão no dia seguinte,
entidades que se manifestam se es¬ depois de fixar o cliché no papel sen¬
forçam para nos dar o maximum de sível que o nosso amigo Pierre Louis,
satisfação. no momento em que se lhe apresenta
Algumas phrases de fraternida¬ esta photographia reconhece uma pes¬
de são pronunciadas para nós... nós soa amiga de mocidade, desincarnada
agradecíamos os esforços feitos para em 1914.
obter esses magnificos resultados, de¬ Esta cabeça se sobrepõe á ca¬
pois a sessão foi encerrada com uma beça de M. Louis e é perfeitamente
prece. Não esquecemos o bello exem¬ reconhecível.
plo de amor dado por esse grupo. Uma photographia desta pessôa
Mas havia ainda uma placa que está junta com a photographia supra-
não tinha sido usada e essa nós re¬ normal, afim de se poder constatar a
servamos para o fim da «soirée». similitude dos differentes detalhes da
Mme. Gall quiz então se concen¬ figura.
trar e nos photographar todos tres Uma outra cabeça, a do meio,
em uma só chapa. Alguns minutos nos é totalmente desconhecida e nin-
- 306 — Revista internacional do Espiritismo

guem a poude conhecer até o presen¬ uma placa photographica, sem meios
te. E’ para notar que Mme. Gall não fraudulentos ?
conhece pessoa alguma que teria po¬ Que nos seja permittido, á gui¬
dido pôl-a em relação com os conhe¬ sa de conclusão, annunciar que
cidos desincarnados de M. Louis, por¬ logo poderemos receber entre nós es¬
que foi em Dinant que nós nos en¬ ta excedente pessoa e nós seriamos
contramos pela primeira vez, o pri¬ felizes com todos os espiritas, si Mme.
meiro dia do Congresso e a segunda Gall consentisse dar-nos uma sessão
fez em Charleville, e não se teve tem¬ em homenagem aos espiritas liegenses.
po de falar sobre pessoas, que deixa¬
ram... este planeta, crêde-o !! ! Iwan MATHUS. Armand AL-
E os incrédulos falarão ainda... BERTZ. Pierre LOUÍS.
de suggestão, telepathia, etc. etc., 15 Agosto 1936,
mas elles souberam já suggestionar Grupo Pierre Louis.

ooooooooooooooooooooooooooooooo

0 ESPIRITISMO — Sua Historia


-2J VA-
-• O que descobriram os investigadores
-Ti k-

«lhe Two Worlds» Trad. W. Campello


Por J. B. IVPIndoe

Ha oitenta annos, numa obscura desta descoberta data toda a scien-


villa perto de Nova York, fizeram-se cia radiologica e nossas concepções
ouvir estranhas pancadas. Não zom¬ sobre a energia foram revolucionadas.
beis do methodo de communicação, E assim foi com as pancadas de Hy-
o que imporia é a mensagem. O ca¬ desville. O moderno espiritualismo nas¬
carejar de patos evitou a queda de ceu de um incidente banal e hoje el¬
Roma nas mãos dos inimigos, em le é uma força potente em todos os
certa noite. Galvani observou as con- paizes. Os sábios entregaram-se á in¬
tracções da perna de uma ran. Seus vestigação dos phenomenos e, ha cin¬
inimigos zombaram delle e denomi¬ coenta annos tanto s" fatiou delles
naram-no «o mestre da dansa de que organizaram uma sociedade para
rans», porém, da sua observação re¬ fazer investigações — Sociedade para
sultou estarmos sendo illuminados nes¬ Investigação Psychica. Esta já publi¬
ta noite pela luz electrica. Colombo cou mais de cincoenta volumes sobre
viu uma arvore fluetuar no Atlântico, os differentes phenomenos.
uma coisa banal, porém essa arvore Si existirem seres vivos em ou¬
indicou-lhe a proximidade da terra e tras espheras, porém incapazes de
elle conseguiu persuadir a tripulação mostrar-se a nós, como poderão el¬
amotinada a proseguir a viagem e les provar-nos a sua existência ?
assim foi descoberto um novo conti¬ Descartes fundou todo seu sys-
nente. fema philosophico nesta simples pro¬
Ha cincoenta annos o velho sᬠposição: «Penso, logo existo». Então,
bio francez, Becquerel, encontrou um provando-nos que pensam é que os
pacote de chapas photographicas que mortos nos convencerão de estarem
tinham algumas marcas peculiares. vivos, por meio dos tres attributos do
Eram coisas também banaes, porém pensamento — conhecimento, vontade
despertaram a curiosidade do sabio e (querer), recordação — que constituem
elle descobriu que as chapas estive¬ provas da sobrevivência.
ram pousadas perto de uma substan¬ Eoi escripto mais sobre Mrs. Pi-
cia insignificante, chamada blenda de per, o médium de transe do que so¬
breu (pez) que emanava radiações; bre as maiores celebridades mundiaes
ftevlsta mtemaclonqi do fcsplrlflsmo — 307

O Dr. Richard Hodgson foi enviado á phases anormaes da hysteria. Deve-


America para investigal-a. Elle era se notar o seguinte : o celebre psy¬
um agnostico, não acreditava no phe- chologo jamais disse serem os phe-
nomeno e para elle todos os me* nomenos o resultado da hysteria. Não
diums não passavam de uma corja se aponta um unico sabio de reputa¬
de trapaceiros. Porém, havia na sua ção que, tendo estudado o phenome-
vida um incidente pessoal que, dois no, negasse a sua legitimidade. Flam-
annos depois de começar suas inves¬ marion, Lombroso, Sir William Bar-
tigações, constituía parte do seu rela¬ rett, Sir William Crookes, Conan Doy-
tório enviado a S. P. R. Quando mo¬ le, Sir Oliver Lodge, passaram annos
ço elle pediu a mão de uma joven a estudar e todos chegaram á mes¬
australiana, mas os pais desta se op- ma conclusão. Alfred Russel Wallace,
puzeram ao casamento. Hodgson sa- o co-descobridor com Darwin da sua
hiu da Àustralia e nunca mais ouviu grande iheoria, disse: «fui esmagado
falar da moça até o dia em que ella pelos factos!» Em resumo: O Prof.
se communicou atravez da medium- A. M. Low, que não é espiritualista,
nidade de Mrs. Piper. falando num banquete offerecido por
Quinze annos depois, o Dr. Hodg¬ Harry Price, que lambem não é es¬
son escreveu á Sociedade: «Não te¬ piritualista, a Renê Sudre, investiga¬
nho mais duvida alguma — são os dor psychico francez, disse: «A vasta
chamados mortos os que se commu- maioria dos nossos sábios, que se
nicam atravez de Mrs. Piper». Como entregaram á investigação psychica,
se vê, elle não chegou apressada¬ juntamente com mediums expontâneos,
mente a esta conclusão, llm homem declaram que a maior parte dos re¬
está autorisado a falar depois de in¬ sultados obtidos dependem da exis¬
vestigar cuidadosamente durante quin¬ tência dos espiritos dos mortos».
ze annos! Sómente uma hypothese Uma unica existência não póde
explica os factos—a hypothese da so¬ produzir semelhantes phenomenos. Si
brevivência pessoal. Hodgson foi su¬ formos intelligenles, nossos espiritos
bstituído pelo Dr. James Hyslop, cele¬ deverão mostrar conhecimento, von¬
bre professor da Universidade de Har- tade (querer), memória.
ward. O prof. realizou dezeseis ses¬ Gerald Massey, grande espiri¬
sões com Mrs. Piper. Depois da sex¬ tualista e reformador, disse : «O es¬
ta elle escreveu : «Eu tenho falado a piritualismo tornará a religião infini¬
meu pai, a meu irmão, a meus tios. tamente mais real, traduzindo-a do
Será difficil convencer-me de pode¬ dominio da crença para o da reali¬
rem as personalidades secundarias de dade. Comparo a vida sem o espíri-
Mrs. Piper assim reconstruir as per¬ ritualismo a um prisioneiro encerrado
sonalidades mentaes de meus paren¬ no porão de um navio, envolto em
tes. A sua admissão envolver-me-hia escuridão profunda, aclarada sómente
em enormes improbabilidades. Prefiro por uma fraca luz de uma véla, ig¬
a explicação mais simples». norando a gloria que se ostenta aci¬
ma da sua cabeça, cégo ás mil pos¬
Diz elle no seu livro, Vida após sibilidades do sêr e então, subita¬
Morte: «Eu não perco tempo a dis¬ mente, numa noite estiellada, levam-
cutir com scepticos. O homem que no á coberta, pela primeira vez, para
nega a realidade da vida depois da contemplar o estupendo mechanismo
morte, ou sua evidencia, é ignorante do céu estrellado, fulgurando com a
ou um covarde moral...» gloria de Deus. Esse prisioneiro sorve
Temos aqui o mesmo testemu¬ a longos tragos uma nova vida em
nho destes dois homens e Hyslop foi cada inspiração da sua admiravel li¬
um psychologo familiar a todas as berdade.

A Lei da Evolução eternisando a intelligencia, atravez das vidas successi-


vas, é uma demonstração patente da Immortalidade. Aquelles que têm olhos para
ver, veem a Immortalidade em toda a parte ; os que não têm, mesmo c mi o sol ao
meridiano só veem trevas. — LUCIPAZ.
- 308 — Revlsra internacional ao Espiritismo

BASTA DE LAGRIMA 8
(q Pela mão de Anthol que voltou do Além Q)
Da iRevue Spiritc» ll Trad. para a R. 1. E. 11 Por J. ). PRUDHOM
(Continuação)

Q UE oppressão senti no co¬


ração quando o ouvi fa¬
lar assim ! Meu filho ! Eu
lhe que era observador, e «me disse
essa clarividente que era para mim
absolutamente extranha, elle me diz
sabia que elle não volta¬ que vós sois sua mãe e que foi vos¬
va mais 1 so proprio pae que o trouxe aqui.
«Dia seguinte elle nos deixou e Elle diz que foi o vosso pae que o
vinte e oito dias depois estava mor¬ acolheu por occasião da sua chega¬
to. Elle era observador na aviação e da no Além, e que elle reconduziu
bem que o seu piloto tivesse sido o vosso filho ao íhealro de sua des¬
identificado e enterrado, meu filho truição, para lhe mostrar no campo
nem seu apparelho (n.° 7504) não fi* de balalha alguns átomos reconhe¬
guram nos registros inglezes ou alle- cíveis do que linha sido o seu invó¬
mães. Viu-se-o pela ultima vez cahír lucro mortal, para lhe fazer com-
perto de Menin. prehender que elle havia já passa¬
«O gélido e fatal telegramma of- do pela transição que se chama
ficial chegou quando meu marido es¬ morle. Elle disse que foi morto per¬
tava ausente. Eu me achava em via lo de Menin, á lesle de Armenlières.
de cuidar de minha velha mãe. O gol¬ Disse lambem que seu avô tinha si¬
pe, embora esperado, ultrapassa io¬ do medico na terra.
da a descripção ... Desapparecido ! «Se eu vos disser que iodas es¬
Elle tinha desapparecido 1 Ah! que sas resenhas eram absolutamente e-
terríveis palavras ! Onde estaria elle xactas, comprehendereis então que
a estas horas da noite sob a clari¬ eu tinha o que pensar. Até esse mo¬
dade das esirellas de Deus !. ..» mento eu não tinha ouvido falar de
A dôr materna tem um grande Armentières, mas meu filho era ob¬
curso. Este capitulo, o segundo, era servador na aviação, e foi morto per¬
intitulado: Morle. Mas o seguinte é to de Menin, que effectivamente se
mais consolador. Capitulo 111: Vida. acha á léste de Armentières, e meu
Neste capitulo, a pobre mãe nos pai, que elle nunca vira em carne,
explica como, depois das mortes suc- porque elle nos havia deixado em
cessivas de seu filho bem amado, de 1885, tinha sido medico...»
seu marido, de sua mãe e finalmente Mme. Stuart fez numerosas via¬
de sua irmã, ultima sobrevivente, o gens á França, passando e repassan¬
desespero de seu coração se trans¬ do diante de myriades de tumulos
formou numa felicidade delirante e desconhecidos. Teria ella passado,
permanente. sem saber, no de seu filho ? Um dia
Nessa época Mme. Stuart não que ella estava em communicação
acreditava no Espiritismo. Mas a cu¬ directa com elle, ella lhe propoz a
riosidade, que tem prejudicado tantas seguinte quesião : «Meu querido me¬
mulheres, incitou-a, um dia, a assistir nino, diz-me, então, onde repousam
a uma sessão : esta curiosidade foi a os teus restos mortaes. E’ preciso que
sua salvação. A clarividente annun- eu saiba antes de voltar mais uma
ciou que estava vendo desbruçadas vez á França. Eu não posso passar
sob Mme. Stuart duas pessoas. A sem saber onde o teu corpo repousa».
mais Joven tinha sido um official de Elle me respondeu logo : «Querida
aviação. Este official, dizia ella, cha¬ mãe, porque te obstinas em ir á Fian¬
mava sua attenção para uma insígnia ça ? Eu não estou lá. Estou aqui em
que trazia no seu uniforme para dizer- casa, comtigo!» E accrescentou do-
Kevlstq mtemqclonqi do Espiritismo — 309 -

cemente: «Não é uma bella cousa, nós sermos exirangeiros dava ao in¬
eu vos dizer, mas, mamãe, eu não te¬ cidente um espectáculo pathetico. Meu
nho tumulo; do meu corpo não ficou filho me murmurou docemente muitas
senão uma perna; enterraram-n’a no cousas intimas, em segredo. Depois,
campo com seis outras; o que restou pedindo aceitar a lembrança affectuo-
foi uma massa informe e eis-rne a- sa de seu pai e sua avó, por quem
qui!» Estes detalhes confirmavam a tinha uma grande affeição, elle bei¬
declaração feita pela clarividente, so¬ jou-me na fronte e retirou-se.»
bre o facto do seu avô o reconduzir O capitulo termina, como se po¬
para mostrar-lhe «alguns átomos re¬ de prever, por vibrantes effusões de
conhecíveis)'. gratidão ao Deus dos vivos, e uma
Em uma outra sessão, um Espi¬ não menos vibrante profissão de fé,
rito se communica e fala longamente. ou antes de negação do que se cha¬
Pelo modo de se exprimir, sobre as ma morte.
cousas ditas, Mme. Stuart reconheceu No seu quarto capitulo, Mine.
seu filho. Mas qual foi a sua emoção Stuart accumula as provas de identi¬
quando, á pedido dum assistente ao dade. Foi esta uma famosa sessão de
Espirito, para declinar seu nome e voz directa com auxilio das cornetas.
qualidades, antes de se retirar, o mé¬ Ella recebe o pavilhão do instrumen¬
dium formalisa-se e se finge em po¬ to perto de sua orelha e a vóz de
sição de soldado de guarda, emquan- Athol, jubilosa, lhe lembra uma pra-
io a mão direita faz continência mili¬ messa que elle fez :
tar, exclama numa vóz clara e forte os «Oh, mamãe, diz elle, não é isto
quatro nomes do joven aviador mor¬ maravilhoso ? Nunca feriamos sonha¬
to no campo da honra, accrescentan- do com semelhantes possibilidades !
do immediatamente : E minha promessa, marnãesinha? Eu
«Eu não sou senão um menino. te disse que logo voltaria e recanta-
Eu não tinha senão desoito annos e ria as canções!» E ante vinte e ires
nove mezes quando tombei, viclima testemunhas, a vóz de meu filho re-
da crueldade do homem para o ho¬ soou na sala. Soaram então as pala¬
mem, em Menin, á léste de Àrmen- vras de «A Perfect Day» (O dia per¬
tières. Eu não fui dispersado aos qua¬ feito). À vóz pára. Seguiu um silen¬
tro ventos, mas sim aos quarenta ven¬ cio indescriptivel. Parecia que nos
tos ; eu fui reduzido a migalhas . ..» haviamos transportado ao céo. Ver¬
Houve uma pausa, depois, estenden¬ dadeiramente era o cântico de um
do-me o braço íé a mãi quem fala) anjo, e sua vóz era mais rica e mais
«Eis ahi minha mãi sentada ali em bella como nenhuma outra eu havia
baixo; vem mamãe!» Eu estava pa- ouvido.
ralysada. Duas ou tres pessoas extra- Todos se achavam electnsados
nhas me deram signal para me ap- e eu, me parecia não estar mais na
proximar do médium; eu deixei en¬ terra» ... «O Silencio foi novamente
tão a cadeira, atravessei a sala, para interrompido pela vóz de meu filho.
aquella que havia miraculosamente Desta vez foi o «Let the great hig
se transformado em meu filho. Desde world keep tourning (Que volte o
que aproximei-me do meu menino, grande mundo). Mas quando elle che¬
pois era bem o meu menino, elle me gou ao velho estribilho familiar: «Yon-
disse : «Dá-me um beijo, mamãe que¬ ly Know y Wani you so...» parou
rida, indicando um ponto na sua fron¬ bruscamente e disse : “pois bem, ma¬
te e accrescentou; < Elles deram-me mãe, tu esqueceste o estribilho ? Tu
uma bailada aqui e em seguida me tinhas o habito de cantar comigo.
pulverisaram. Te digo isto, para que Canta!’’ E uma vez ainda nossas vo¬
sempre me reconheças quando me zes se misturaram, emquanto canta¬
communicar comtigo, e saibas que mos, elle em espirito, eu na carne !
sou eu.» Eu era a unica em toda a sala que
«Não houve na sala quem não tinha os olhos seccos, porque eu co¬
chorasse. Não é sempre que se pode nhecia a belleza destas palavras
assistir á reunião de urna mãe com “Vossa tristeza se transformará em
seu filho desapparecido, e o facto de alegria.” Um dos assislentes disse-
- 310 Revista lr\lerr\aclor\al do Espiritismo

me: «pedi ainda ao vosse anjo me¬ fim, um bello dia, sua mulher aca¬
nino para cantar.» bou por vencer sua repugnância e
Elle respondeu vivamente: "Sim, fel-o assistir a uma sessão. À primei¬
eu tenho de cantar uma outra canção, ra palavra do Espirito controle foi ;
mamãe. Deus te entregue a mim (God «Àllô papae !»
send you beack to Me). E elle pôz-se «Meu marido não respondeu. U-
a cantar. Mas desta vez uma coisa ma pausa, depois meu filho voltando-
ainda mais maravilhosa se produziu. se para mim, me disse : «Mamãe, pa¬
Cantando, elle transportava a canção pae não crê que seja eu». Elle voltou-
imteira ao presente : "Deus me entre¬ se para seu pae e disse: «Eu venho
gou á ti!» Tudo num ritmo e numa agora para te dar prova».
métrica perfeita gue nos tornaram ma¬ «Quando meu filho partiu para
ravilhados. Vós vos lembrais gue par¬ a França, meu marido foi só acom-
tindo para a França elle tinha pro- panhal-o e disse-lhe adeus em Fol-
metfido cantar estas fres canções kestone. Eu despedi-me delle em ca¬
guando voltasse dentro de ires me- sa. «Agora, papae, disse meu filho,
zes. Isto era um segredo entre nós. nem uma pessoa na terra ouviu as
Nenhuma engenhosidade humana po¬ ultimas palavras que me dirigistes por
de explicar esses factos concretos. occasião de nossa seoaração : tú to¬
Elles provam até á evidencia gue não mastes minhas duas mãos, uma em
ha morte 1» cada uma das tuas e tu me disseste:
E pois este facto trivial, mais «Deus te abençoe, meu filho; tu ago¬
dum valor muito probante embora se ra és um homem». Não foi preciso
trate duma cousa insignificante. dizer mais nada a meu marido, por¬
«Meu filho, diz Mme. Stuart, que elle banhou-se em lagrimas, di¬
guando era xnuito pegueno tinha pe¬ zendo : «Diante disto, meu pequeno,
na de pronulciar a palavra «cross» eu não posso mais duvidar. Eu sei
(cruz). Elle inventara uma peguena pa¬ que estas palavras são verdadeira-
lavra para elle que era «corky» e um mente tuas». E voltando-se para mim
dia tinha que tinha cahido, elle nos me disse: «Foram bem estas as ulti¬
entristeceu muito, a mim e a meu ma¬ mas palavras que lhe dirigi».
rido, apresentando-se diante de nós, E Àthol contou a seu pae como
dizendo : «Not corky?», (Não corky» ?). elle tinha ensaiado varias vezes cha¬
Elle não tinha 3 annos nessa época. mar a sua attenção, sobre sua pre¬
Outra noite, depois de trinta annos sença no quarto.
passados, elle manifestou-se repentina¬ «Eu te falei no ouvido, te disse :
mente em uma sessão : «Diz, mamãe, Àllô papae ! Impossível foi me fazer
não corky?» Eu fiquei fulminada; elle entender. Então nós nos acariciamos
vinha me despertar a lembrança. Este todos juntos, eu e alguns camaradas
appello de sua infancia me aturdiu. que se achavam commigo. Fizemos
Eu tinha complelamente esquecido o um alvoroço em toda a casa, mas
«não corky ?» de tres annos. Elle vi¬ em vão. Foi então que, antes de par¬
nha bruscamente me lembrar. O que tir, eu gritei com todas as minhas
prova que no Além não ha esqueci¬ forças: «Àllô, papai!» Desta vez eu
mento do passado». feri a vibração que era preciso e tu
No capitulo cinco foi o marido te levantastes julgando ter sido «so¬
de Mme. Stuart que ganhou no Espi¬ nho». Abristes o interruptor, déste u-
ritismo. Elle não acreditava. Uma noi¬ ma volta na casa e no quarto, mas
te elle foi despertado por uma vóz . não podias me vêr, então voltastes a
«Àllô papae !» Elle levantou-se, te deitar e te puzestes a chorar, e
mas julgou haver sonhado, porque no oh! papae, tu me fizeste chorar tam¬
quarto ninguém estava. Isto era bem bém — isto é horrível !»
o que seu filho costumava a dizer
para annunciar a sua presença. Em- íConclúe no p. numeroJ.
Revista míernaclonai do Esplrlllsmo - 311

Q.__£>

Notas Espiritas"
1 ”
«Untes, o que ?»

Sir Oliver Lodge synthetisou fe¬ tros, emquanto o furacão e a tempes¬


lizmente esta eterna questão e con¬ tade se desencadeiam por toda parte.
fessou a ignorância do scientista de¬ Arrastado pela tormenta, um passa¬
fronte da mesma, quando disse: »E’ rinho entra por um logar, vôa em
preciso admittir que a sciencia nada torno de nós e depois sahe por outro.
conhece das primeiras origens». Os Fóra daquelle rápido instante nós na¬
scientistas poderão se mostrar scep- da mais sabemos delle. E’ o que se
ticos deante da confissão franca de dá com a vida do homem, e nós tan¬
um physico tão illustre e poderão at- to ignoramos o que precedeu a nos¬
tribuil-a á sympathia do Lodge pelo sa actual existência como o que se
espiritismo. Mas isto que elle affirmou lhe seguirá. E por isto eu julgo que,
com toda a humildade, deve ser ie- se esta nova fé nos puder dar uma
conhecido como uma solida verdade. certeza maior, os seus missionários
Até um Emerson, que primeiro merecem ser recebidos.» E esta fé deu
condemnou em termos amargos a re¬ mais tarde á humanidade ascetas co¬
signação, devia depois confessar a mo Francisco de Assis e videntes co¬
sua derrota e admittir que nem mes¬ mo Joanna d’Arc.
mo videntes como Tolstoi ou o «seu» Cedo ou tarde, o problema se
! Platão podiam encontrar uma respos¬ apresenta na vida de cada um. E’ tão
ta a esta eterna pergunta ; e para inevitável que não são necessários
uma solução viu-se constrangido a re¬ muitos argumentos para convencer-
correr á grande fonte da Pé, e não á nos disso. E cada um deve responder
sciencia. "Um pouco de attenção —- a isto, eu nesta vida, ou em uma ou¬
escreve elle mais tarde —nos demons¬ tra vida futura. Não o vemos nós es-
tra que os acontecimentos são regu¬ cripto, com letras maiusculas, em to¬
lados por uma lei superior á nossa das as paginas da natureza?
vontade; que nós somos postos ape¬ Haroldo Beglie na sua «Historia
nas nas acções simples e expont⬠do mundo» escrevia: «A historia de
neas, e que quando nos resignamos á que o homem tanto se orgulha, as
obediência das leis divinas, tornamo- luctas para a liberdade, a sua evolu¬
nos divinos nós também. Deus exis¬ ção, suas guerras, suas revoluções,
te, ó irmão.» são todas cousas que nada significa¬
O esforço para resolver este e- ram para a terra sobre que se reali-
nigma—o porque da existência do ho¬ saram. São apenas como arranhões
mem, donde elle provêm e para onde de ponta de alfinete na crosta da ter¬
vae —tem millenios de edade, c nao é ra, durante o seu silencioso rodar em
monopolio de qualquer povo ou re¬ torno do Sol... Temos visto o nascer e
gião em particular. Todos tentaram o desapparecer de povos, como as
chegar a uma conclusão. Na Inglater¬ ondas do mar, o desmoronar de for¬
ra já em 626 vemos que quando Ed- midáveis impérios, o extinguir-se de
j win, o rei anglo saxão, estava deli¬ religiões antiguíssimas... lemos visto
berando se devia receber os missio¬ como, antes que a Historia escripta
nários christãos, um dos seus nobres iniciasse, épocas sem conta transcor¬
! lhe disse: «A vida presente, ó rei, reram, elevando sob as estrellas os
consagrada ao tempo que está longe palacios e os templos de civilisação
de nós, me faz lembrar o tempo quan¬ que nada deixaram atrás de si e dos
do, durante o frio, estás sentado jun¬ quaes nada sabemos, quando os ac-
to do fogo, rodeado pelos teus minis¬ tuaes continentes eram ainda areia no
— 312 — Revista internacional do Espiritismo

fundo dos Oceanos. E todavia, como balho dos evos. Mas uma vez admit-
a historia de uma folha é apenas um tido que a evolução do Universo pro¬
dia da historia humana, assim a his¬ cede por cyclos, a morte apparece
toria inteira da terra é como um mo¬ tão inevitável como o nascimento,
ver de palpebras deante da historia porque a semente deve germinar,
do Universo.» transformar-se em arvore e morrer,
Seja como fôr, uma cousa é cer¬ para nascer ainda e repetir o cyclo.
ta, e que liga toda a Creação: o A- O caminho é através da cruz. Tam¬
mor. Tudo parece ser a sua manifes¬ bém aquelle que vae em direcção do
tação. A própria morte, por este pon¬ poente alcançará o levante, porque a
to de vista, apparece como uma li¬ terra é redonda. Porém aquelle em¬
bertação, um alcançar dos fins. O pregará muito mais tempo e cansei¬
mundo não seria um valle de lagri¬ ras do que este que vae directamen-
mas, se nós assim não o fizéssemos, te para o Oriente, pois verá surgir o
com o nosso egoismo e a nossa bai¬ sol mais depressa.
xeza. Toda vez que conseguirmos li¬ Mas isto requer Fé, e a Fé ««/-
bertar-nos daquella attitude, apparen- trapassa a razão». Estaes vós pre¬
temente innata, mas na realidade crea- parados para trocar a razão pela Fé?
da pela sociedade humana, que nos
Se sim, vós estaes sobre a estrada
faz chamar «minhas» as cousas, nós
principal que conduz á solução do
percebemos não apenas a paz em nós,
mas que também a infundimos aos mais profundo enigma da Creação:
outros. Antes, o que ?
A nossa vida é curta demais pa¬
ra poder envolver com o olhar o tra¬ Mariano Rango dAragona.

Ghronica Extrangeira
Por W. CAMPELLO

Eu vi meu pae sentes estava uma pessoa que assis¬


tira ao funeral. O espirito estava an-
«The Two Worlds» Por Alice Ford cioso por noticias da filha que deixa¬
ra para traz.
ESPIRITO QUE VOLTA NO DIA DO Meu proprio pai, morto ha tres
FUNtRAL DO SEU CORPO annos, estava de pé, em frente de
mim, exactamente do mesmo modo que
Na noite passada tive o ensejo o vi da ultima vez e me falou, com
de assistir a uma maravilhosa sessão a mesma voz tão conhecida minha,
com a médium Mrs. Helen Duncan, de coisas intimas, que não podiam
na Igreja Espiritualista de Warthing. estar no conhecimento de quem quer
Materialisaram-se dezesete for¬ que fosse, empregando a mesma phra-
mas, inclusive Albert, guia da mé¬ seologia característica. Foi um mo¬
dium, espirito este dotado de perso¬ mento maravilhoso para nós dois.
nalidade encantadora e voz delicio¬ Albert affirmou que elle (o espi¬
sa e a menina Peggy, que tagarelou rito de meu pai) tem ido á minha ca¬
alegremente e comnosco cantou. sa e tem ministrado curas a meu ma¬
Apresentou-se uma forma espiri¬ rido durante alguns mezes.
tual, cujos despojos foram sepultados Meu pai tem pleno conhecimen¬
na manhã do mesmo dia em que o to de tudo o que se lhe refere em
espirito se apresentou. Entre os pre¬ «The Two Worlds», inclusive dos re-
Revista tntemaclonoi do Espiritismo — 313 -

cortes dessa revista em meu poder e meia idade, de elevada intelligencia e


que levei á sessão. apparencia etherea, de nome Mrs.
Ignez Wagner. Ella se offereceu bon¬
dosamente a dar-me uma sessão par¬
Curado por um ticular de trombeta. Entrámos numa
medico espiritual pequena bibliotheca e depois de col-
locarmos duas cadeiras e uma trom¬
Por fean Blair beta no centro do aposento, abaixá¬
mos a gelosia da janella, de modo a
Eu estava em tratamento no ficar o aposento quasi escuro quan¬
Real Hospital Samaritano, Glasgow. do nos assentámos.
Depois de tres semanas, os médicos A trombeta elevou-se no ar e
declararam nada poderem fazer por delia sahiu estas palavras : «Charles
mim—nenhuma esperança—menos de Hyde, sou teu pai.» Estou certo de
seis semanas de vida. Eu já estava que nenhuma pessoa daquella redon¬
em casa havia tres semanas e come¬ deza me coniiecia, nem pessoa algu¬
cei a melhorar. ma poderia saber onde eu me acha¬
O meu medico mostrou grande va naquelle momento ; não me foram
admiração, pois durante os seus 49 feitas perguntas e não havia possibi¬
annos de pratica, elle nunca ouvira lidade de o meu nome ser conhecido
ou conhecera de alguém nas minhas por alguém da visinhança.
condições que se restabelecesse. Eu Não era um caso de fraude, po¬
expliquei que estava sendo tratado rém, de phenomeno.
por um medico espiritual. Elle se es¬
Depois de uma conversa satis-
pantou, porém, aconselhou-me a sus¬
factoria com meu pai, falou outra voz
pender os seus remedios e seguir in¬ atravez da trombeta dizendo : «Quem
teiramente as prescripções do medico-
lhe fala é Charles Leavitt, o homem
espirito e, assim fazendo, curei-me por que lhe forneceu um dos seus nomes.»
completo. Não me lembrei desta personalidade
O medico espiritual deixou este que fôra amigo de meu pai, desde a
mundo ha 65 annos e está effectuan- sua infancia. Certamente não havia
do curas em Greenock e districto ha pessoa alguma naquella cidade co¬
20 annos. Elle vem duas vezes por nhecedora dos factos referentes ao
semana. Seu médium ou instrumento meu nome medio conforme me fôra
é um humilde trabalhador de uma re¬ dito pelo espirito ou intelligencia de
finaria de assucar, «não acceita remu¬ Charles Leavitt.
neração» e dá toda pequena sobra do
Outros espíritos me falaram, sen¬
seu tempo a este grande e glorioso
do um o de urna mulher que só po¬
trabalho. _
dia falar num fraco sussuro ; forne¬
ceu o nome — Harriet Austin, uma
Um Testemunho de senhora com quem tive negocios ha
valor muitos annos.
Ha poucos annos tive outra ex-
«The Two Worlds»
periencia admiravel e da qual falo
Mr. Charles Leavitt Hyde es¬ mais livremente, pelo facto de ter es¬
creve a seguinte historia, das suas tado em minha companhia o meu fi¬
investigações, no National Spiritua- lho Theodoro, então de 12 annos. Ap-
list. pareceu diante de mim meu pae em
Pessoalmente senti profundo in¬ forma completamente materialisada.
teresse por este estudo durante mui¬ Eu disse, «Theodoro, você está ven¬
tos annos. do o que eu vejo ?» e elle replicou,
Em Dezembro de 1921, achando- «ora esta, é vôvô, não é ?»
me só na cidade de Los Angeles, Ca¬ Assisti a muitas sessões e nun¬
lifórnia, entrei casualmente numa igre¬ ca ouvi geralmente expressão que em
ja espiriritualista, onde notei um car¬ si tivesse qualquer elemento immo-
taz — «Médium de Trombeta». A se ral. Em face de taes experiencias, tor¬
nhora que dirigia os serviços era de na-se difficil admittir as más influen-
— 314 — Revista internacional do Espiritismo

cias e ficamos certos não se tratar seu futuro, descreveu os acontecimen¬


de uma illusão ou fraude. tos mais importantes da vida de Sua
Magestade e finalmente, o seu fim
aos 69 annos de idade.
Predições de um vi¬ A coroação fôra fixada para Ju¬
nho de 1902, porém, devido á sua gra¬
dente celebre ve moléstia, a Rainha Alexandra con¬
O Rei Eduardo VII — Kitchner — vidou Cheiro a ir ao Palacio Buckin-
gham.
Alguns dos convertidos
Impressionou o Rei
De «Prediction»
Foi esta a consequência assom¬
Uma noite destas ouvi pelo ra¬ brosa da predicção de Cheiro e para
dio o tributo á memória de Lord Kit- fazer um relato exacto, abro o gran¬
chener, 20 annos depois da mysterio- de volume — Memórias de Cheiro. A’
sa explosão do Hampshire e me lem¬ pagina 48 leio ter-se a Rainha dirigi¬
brei da predição de «Cheiros (Conde do a Cheiro, á sua chegada, do modo
Louis Hamon.) o mais simples possível: «Cheiro, o
«O senhor não morrerá no cam¬ senhor impressionou sua Magestade
po de batalha, porém, perecerá no de tal maneira no sentido da sua mor¬
mar», dissera elle. Naquelle tempo te não se verificar antes de elle atin¬
Kitchner era moço e a predição tan¬ gir os sessenta e nove annos, que
to o impressionou a ponto de tornar- pedi a sua vinda aqui nesta séria e-
se um nadador perito. mergencia para que de novo o senhor
o impressione, assegurando-lhe a rea¬
Ao Ministério da Guerra lização da sua coroação para Agosto
de 1902, conforme sua predicção.»
Volvidos alguns annos, Cheiro «Im media tamen te», diz Cheiro,
foi ao Ministério da Guerra para re¬ «entramos na camara real. O Rei es¬
ver Kitchner. Nessa entrevista, seis tava muito fraco e recostado numa
annos antes da guerra dos Boers, pilha de almofadas e sobre a mesa ao
Cheiro lhe indicou os cargos mais ele¬ lado, estava uma folha de papel, a
vados que lhe seriam confiados e re¬ mesma sobre que elle escrevera as
petiu a antiga predição — elle não minhas palavras da primeira entre¬
encontraria a morte do soldado, po¬ vista. A data 69 estava sublinhada
rém, pereceria no mar. por um forte traço a lapis.
Kitchner fez a campanha da A- «Elle me saudou com um sorri¬
frica e esteve na Grande Guerra e os so de boas vindas e disse com voz
perigos porque passou não o impres¬ debil : «estou muito, muito doente; o
sionaram. senhor ainda acredita que chegarei
Em certa occasião cahiu um pe¬ aos sessenta e nove annos V»
sado obuz junto a elle e sua calma Cheiro sustentou estar absoluta¬
foi notada no seu estado maior. Se¬ mente certo da sua predição e lem¬
gundo os relatos nos jornaes daquel- brou ao Rei as suas palavras relati¬
le tempo, elle mencionou a predicção vamente á sua coroação, data por el¬
da sua morte no mar. Doze dias an¬ le fixada para Agosto de 1902.
tes de elle completar o seu sexagési¬ Esta confirmação pareceu infun¬
mo nono anniversario, segundo a pre- dir novo animo no Rei que pergun¬
dicçào, elle desappareceu no desastre tou a Cheiro qual seria o melhor dia
do Hampshire. A predicção de Chei¬ do mez para a coroação. Por diver¬
ro é a mais notável da historia mo¬ sos motivos Cheiro suggerio o dia
derna. nove e declarou que o Rei passaria
Quando o Rei Eduardo VII era á posteridade como «Eduardo o Pa¬
o principe de Gales, contando 52 an¬ cifico.»
nos de idade, Cheiro teve com elle O Rei agradeceu a visita e no
uma entrevista em casa de Lady Ar- dia seguinte a Rainha mandou u’a
thur Paget. mensagem a Cheiro, dizendo terem as
Naquella epoca elle predisse o suas palavras infundido novo animo
Kevlstq iníernaclorvoi do Espiritismo — 315

no Rei. a ponto de elle ter dormido o que resolver, se seria melhor divi¬
bem e com indícios de rápido resta¬ dir sua fortuna ou deixai a ao filho,
belecimento e ter sido fixado o dia com a condição de zelar pela irmã.
nove de Agosto para a coroação. O Ella receia deixar dinheiro á moça
Rei restabeleceu-se completamente e devido á sua tendencia de gastar
ainda viveu mais oito annos, atingin¬ prodigamente. Escrevei-lhe, de minha
do o seu sexagésimo nono anniver- parte, que a partilha entre os dois é a
sario. unica coisa justa e o emprego que a
moça der á sua fortuna de modo ne¬
nhum influenciará a mãe. Se o dinhei¬
ro ficar com o filho a irmã não verá
Admirável mensagem um penny.» «Oh», protestou minha
mulher, «isto não é exacto, eu conhe¬
The Two Worlds — Por E. Oaten ço bem o rapaz.» Mr. Whyman repli¬
cou, «não se trata do que elle faria,
porém, elle está mettido em especu¬
E’ eSta a mais admiravel prova lações o que lhe impedirá a fazer o
psychometrica entre as muitas que te¬ que deseja.»
nho tido e obtida ha dois annos. Com Em seguida Mr. Whyman mos¬
surpresa havíamos recebido uma car¬ trou-se muito agitado e disse, «podeis
ta da Italia de uma senhora america¬ escrever-lhe immediatamente, porém,
na, que então suppunhamos estar em a vossa amiga não receberá a carta,
Honolulu. Nós a perdêramos de vista ella estará morta antes de recebel-a.»
ha vinte annos. Ella era velha amiga Rimo-nos. «Oh», proseguiu elle, «po¬
de minha mulher e a carta nos dizia deis rir, porém a vossa amiga está
estar ella, em companhia da mãe e gravemente enferma neste momento
marido, passando uma temporada na- e todo o seu mal está na cabeça. El¬
quelle paiz. Ella nos disse estar a la não viverá para receber a carta.»
mãe bastante desconsolada pelo facto Minha mulher respondeu imme¬
de não ter ainda encontrado um mé¬ diatamente e a carta foi postada na
dium na Italia e remettia um annel mesma tarde. Quinze dias decorridos
de cabellos para, por meu intermédio, recebemos uma carta da Italia. No
ser apresentado a um médium psy- dia anterior á mencionada sessão,
chometra. Naquella occasião Mr. Ar- nossos amigos sofíreram um acciden-
thur Whyman estava de visita a Man- te de automovel. No mesmo momen¬
chester, convidei o para vir á minha to em que realisavamos a sessão,
casa. Depois do chá, sem-lhe dar qual¬ Mrs. James estava recolhido ao hos¬
quer informação, passei lhe o enve- pital com um medonho ferimento na
loppe contendo o annel de cabellos. cabeça. Ella morreu no dia seguinte
Elle o segurou e disse : «Obtenho o e, portanto, não recebeu a nossa car¬
nome James. Penso ser um sobreno¬ ta. O médium ainda havia dado ou¬
me e estou vendo um senhor que me tros detalhes exactos em tudo. Eu es¬
diz chamar se Frederich. Elle affirma crevia cuidadosamente tudo o que o
estar bastante preoccupada a dona do médium dizia e ainda possuo as no¬
cabello, preoccupação proviniente de tas. Não descobri um só detalhe er¬
uma clausula testamentaria. Ella tem rado. São estes os factos positivos,
dois filhos, casal. «Os nomes foram porem substitui os nomes verdadei¬
dados com exactidão.» Ella não sabe ros por outros fictícios.

Collecções da Revista Internacional do Espiritismo


Encadernada, lombo de couro :
1.0armo — 50S000 ; 2.o anno — 30$000 ; 3.o anno — 50S000
4.o anno — 30S000 ; 5.o anno — 30S000 ; 6.o anno — 30S000
7 o anno — 30S000; fi.o anno — 30S000 ; 9.o anno - 40S000
10. anno — 40$000 ; II.o anno - 40$000.
— 316 — Revista internacional do Espiritismo

- <9_Q_

Ecos c Noticias
(3

O Espiritismo na França vai luc- Noiicia a «Revue Spirite»:


tando, graças aos esforços de meia — O sr. L. Seton Scott publican¬
duzia de apostolos dedicados. do um artigo sobre o Espiritismo no
À «Maison des Spirites» tem Japão, onde foi recebido pelo sr. Wa-
proporcionado aos seus assistentes, saburo Àsano, Presidente da S. E. P.
interessantes provas de Immortalidade. Japoneza, gue retirou-se da Escola
Fizeram conferencias na «Mai- Naval, onde ensinava para se consa¬
son des Spirites» os srs.: fienri Reg- grar unicamente ás pesquizas psychi-
nault e André Dumas. Estes propa¬ cas. Elle edita um importante orgão
gandistas proseguem nas séries de psychico gue tem numerosos leitores.
suas conferencias. A mediumnidade, sobretudo as vózes
«Psychica» publicou a carta em directas, foi desenvolvida em um gráo
gue o Prof. Charles Richel se decla¬ elevado assim como a cura espiritual.
ra espirita, devido ás Monographias Tokio e Osaka são dois centros ac-
do Prof. Ernesto Bozzano. tivos pelo desenvolvimento medium-
Nesta carta o Dr. Richet diz ao nico, e o autor participa das experiên¬
Prof. Bozzano: «O gue eu não con¬ cias de Tokio. Desde o «oui-já» até
segui obter, nem por Myers, nem por as trombetas de pequenas dimensões
íiodgson, nem por Hyslop, nem por são fabricados no lapão para as ses¬
Sir Oliver Lodge, obtive por meio das sões espiritas, mas o que é melhor,
vossas magistraes monographias gue diz elle, é que se obtem optimos re¬
sempre li com religiosa attenção.» sultados.
• * *

Tribuna Psychique noticia uma


explendida conferencia do activo pro¬
pagandista M. Henri Regnault, sobre
Àllan Kardec. O grande movimento espirita na
Depois de lembrar que Àllan- Inglaterra, colloca este paiz á frente
Kardec foi doutor em medicina, e pe¬ de iodo o movimento Espiritualista.
dagogo, que falava allemão, inglez, Pelas secções a cargo do nosso
italiano, hespanhol e hoilandez, o ora¬ companheiro Dr. Waison Campello,
dor fez uma analyse das obras de os nossos leitores acompanham me¬
Allan Kardec, com especialidade «A lhor o movimento espirita nesse paiz.
Instrução Pratica sobre as Maniíesta-
ções Espiritas». Ao concluir, o ora¬ Deparíamenlo de Propaganda
dor convidou a todos os epiritas a
fazerem o máximo de propaganda da O sr. Charles R. Hicks commu-
grande Doutrina, para que entremos nicou-nos a fundação de um «Depar¬
na era de fraternidade, de solidarie¬ tamento Editorial de The Two Worlds*
dade e de paz humana. que vem cooperar para a permuta de
• • • correspondências, photographias, no¬
ticias, informações, etc. de diversos
Foi demittido de secretario ge¬ jornaes psychicos de toda a Europa.
ral da Federação Espirita Internacio¬ E’ assim que também o illusire chefe
nal, a bem dos interesses espiritas, o do Departamento, lembrou-se da «Re¬
sr. Jean Riviére. vista Internacional do Espiritismo»,
Revista mtcrnacional do Espiritismo — 317 -

que respondeu aplaudindo a idéa e Proseguem as conferencias es¬


inscreveu-se no Departamento. piritas, proferidas por diversos ora¬
* dores.
* *

O Rev. Thomas Grinshan decla¬


rou : «Eu prego o espiritismo ha 50
annos; si sou louco, é uma loucura
bem agradavel !»
*
* •
“As policias de Budapest e Sfo-
A estação Corrour, na alta Es- kolmo estão se utilisando dos mé¬
cossia tem sido visitada por «trens diuns para a pesquiza dos crimino¬
fantasmas». sos.”
* •
* E’ signal que breve se utilisarão
Por occasião da inauguração da dos mesmos para pesquiza da Ver¬
nova igreja espirita de Ealing, Mr. dade.
Maurice Barbanell affirmou que as re¬
ligiões estão em declínio na Inglater¬
ra, principalmente a religião catholi-
ca romana depois da guerra da A-
byssinia. O movimento espirita belga pro¬
gride.
A “Revue Spirite Belge” está
sendo bem cuidada.
Os trabalhos experimentaes es¬
Temos sobre a mesa a interes¬ tão produzindo optimo successo.
sante revista «Zeitschríft fur metapsy- A União Belga, a Federação Lie-
chische Forschung». Bôa collabora- gense, a Federação de Borinage, es¬
ção e uma gravura de um «meta- tão em plena actividade.
plasma.».

“Rosendo”, revista espirita de


Recebemos: «La Ricerca Psichi- Matanzas tem melhorado muito a sua
ca» e “Mondo Oceulto”. publicação com o estabelecimento de
* outras secções, de vasto noticiário.
* *
*
O grande e incançavel espiritis¬ * •
ta e sabio italiano Dr. Ernesto Bozzano, Os cubanos estão desenvolven¬
continua a trabalhar nas suas subs¬ do grande actividade,
tanciosas monographias. Breve haverá outra concentra¬
ção espirita.
* *
*
A revista “Rosendo” diz que, em
Villa Cison de Palmarino, durante
“La Idéa” dá conta de todo o uma sessão de etfeitos physicos, em
movimento da Confederação Espiritis¬ que tomaram parte unicamente estu¬
ta Argentina. diosos senos, occorreu um phenome-
• * no verdadeiramente notável. O me*
*

dium, que se achava amarrado a uma


A “Constância” tem publicado
cadeira, desappareceu do recinto das
excellentes artigos.
sessões, indo os experimentadores re-
* encontral-o em uma cidade distante.
- 318 — Revista internacional do Esplrltlsnrvo

NOTAS E FACTOS Por Tavares de Souza

Um homem com duas com «injecções de valerianato de a-


cabeças tropina.»
Vocês estão vendo que «dança
Não sabemos se este titulo ca¬ macabra» neste «travesser» dos dois
be no que se vai lêr, pois, traía-se «sábios»...
de um caso que, comquanto não se¬
ja muito raro, se torna digno de re¬
percussão, para nos pôr de alcatéa Power reinicia sua
contra esses homens que costumam
repartir o espirito, e procuram “ao
campanha de
mesmo tempo, como diz o rifão po¬ propaganda
pular, servir a Deus e ao diabo.”
Assim aconteceu com o sr. )ean Segundo diz a revista ingleza
Rivière, segundo nos communicam de Lighl, «Power», o Espirito que traba¬
Paris. Este senhor, que era secreta¬ lha com Mrs. Meurig Morris, e que
rio geral da Federação Espirita Inter¬ foi ouvido em Londres e circumvisi-
nacional, realisou, em Paris, sob o nhanças por centenas de milhares de
pseudônimo de Marques, uma confe¬ ouvintes, vai reencelar suas conferen¬
rencia, na qual denunciou o Espiritis¬ cias instruetivas e cultivo da alta sa¬
mo — “como o meio empregado pela bedoria que decorre dos ensinamen¬
Franco-Maçonaria, para descatholisar tos espirituaes dados na Escola de
o mundo.” Mezzantni, em Hampstead.
Sahiu-lhe á frente o nosso dis-
tincto collaborador M. Gabriel Go-
bron, com tres successivas cartas in- O novo testemunho
terpellando-o “Como Marques (con¬
tra o Espiritismo) e Rivière secretario dum ecclesiastico
geral da Federação Internacional, po¬ canadense
deriam cooexistir num mesmo indiví¬
duo ?” — ameaçando provocar um es¬ “Revue Spirite” extrahiu da Light
cândalo. «Alors, diz o nosso corres¬ a noticia que transcrevemos:
pondente, il a preféré partir, il a dé~ — “O Rev. Dr. Mc Keen Reid,
missioné.» lembrando as graves palavras do Rev.
Dr. Norman Maclean, uma das per¬
sonalidades mais salientes da Egreja
O sabio da Áustria e da Escossia á proposito da situação
religiosa, disse: «Não é de admirar
o sabio do Brasil se os corações desesperados se vol¬
O Dr. William Stekel e o Dr. tam para as sessões espiritas, como
Henrique Roxo também não causa extranheza os
bancos da Egreja ficarem vasios.»
O Dr. William Stekel, veio da O Dr. Reid, ha 3 annos, acom¬
Áustria ao Brasil, para dizer, em no¬ panhou uma série de experiencias
me da droga que se chama Psycha~ num circulo espirita.
nalise, que: o espiritismo é uma su¬ Elle teve provas da sobrevivên¬
perstição ; uma cousa própria de es¬ cia dos seus, acompanhadas de ad¬
píritos fracos, uma enfermidade» (O miráveis phenomenos physicos. As
que dirão deste homem Richet, Lom- sessões de Sealtle com os mediums
broso, Crookes, etc?) Mr. e Mrs. Britton foram particular¬
O Dr. Henrique Roxo foi a Fran¬ mente felizes e concludentes. Entre
ça para dizer, de «innumeros casos os innumeraveis factos mediumnicos,
de perturbações mentaes pelo occul- citamos o caso de um padre que se
tismo, com o nome de delírios epi¬ manifesta e conversou em hespanhol
sódicos espiritas», que affirmou curar perfeito. Mas seria muito nos alongar
Revista internacional do Esplrlllsmo 319 -

relatar todas as provas obtidas pelo guns minutos. Mary, conforme a sua
Rev. Reid. Limitemo-nos a estes de¬ promessa, appareceu, o seu rosto es¬
talhes : tava envolto em um halo brilhante, e
«Ernquanto meu pae conversava produzia luzes brilhantes.»
comigo por meio da trombeta, uma Esta demonstração do espiritis¬
moça irrompeu e, por vóz directa, mo pela alta personalidade ecclesias-
deu um alegre bom dia á sua mãe tica, que é o Dr. Mac Kleen, terá uma
atravéz da sala, e iodos os dois se profunda repercussão, cremos, no Ca¬
entretiveram conversando durante al¬ nadá.

ooooooooooooooooooooooooooooooo

ESPIRITISMO NO BRASIL
rante a Sciencia». A segunda no dia
5ãa Paulo 4, na séde da Sociedade União Geral
dos Trabalhadores, sobre : «Os Prin¬
Jaboticabal cípios básicos do Espiritismo.»
Ambas as conferencias foram
Os espiritas de Jaboticabal effec- concorridissimas.
tuaram solemnes festejos para com-
memorar o nascimento de Allan Kar- Bury
dec.
No Centro Fé e Caridade, foi of- Esteve nesta localidade uma ca¬
ferecido um almoço aos pobres, no ravana espirita, composta de mais de
qual tornaram parte figuras salientes oitenta pessoas, em serviço de pro¬
da sociedade jaboticabalense. tendo paganda.
falado por essa occasião, o sr. Ma¬ A caravana, que veio de Faxina,
noel Baptista Camargo, que fez, como fez uma conferencia no theatro local,
presidente do Centro, o discurso offi- que esteve litteralmente cheio. Entre
cial, e o nosso companheiro Schutel os presentes se achavam o Prefeito
que falou pelo Microphone da P. R. Municipal e todas as autoridades lo-
G. 4 sobre Allan Kardec e o proble¬ caes.
ma da Vida. Falaram os srs: José Cândido de
Uma commissão de espiritas foi Mello, Maurício Oliveira, Jordão Thi-
á Cadeia local, onde offereceu aos de¬ bes, Emilio Ferreira e Miguel Garcia.
tentos uma bande ja de doces, sendo
na mesma occasião proferidas aos 5. Rita do Paranahyba
mesmos palavras de encorajamento e
A Sociedade Espirita Amor e
de regeneração.
Justiça, desta cidade goyana, inaugu¬
Foi uma bei la festa espiritual na
rou a sua séde, tendo feito um bel-
qual reinou o espirito de fraternidade
lissimo discurso o Sr. Dr. Elias Cha¬
que é o padrão da nossa Doutrina.
ves, que demonstrou as vantagens do
O Clarim foi profusamente dis¬
Espiritismo sobre todas as religiões.
tribuído na cidade.
A assistência foi numerosa. A
sociedade está construindo um hospi¬
Ribeirão Preto tal para cura de obsessões.
Esteve nesta cidade onde fez Do Correspondente.
duas excedentes conferencias o depu¬
tado Campos Vergai. A primeira, a 3 Franca
do corrente, teve lugar na Sociedade
Dopolavoro, antigo Cine Para todos, — Estive em Franca, onde visi¬
sobre o thema: «O Espiritismo pe¬ tei a casa de Saude Allen Kardec, qim
— 320 — Revista internacional do Espiritismo

tem mais de 200 pensionistas, em sua Dia l.o do corrente: «O Culto


maioria gratuitos. Elles recebem opti- dos mortos e a Immortalidade».
mo tratamento.
0 que é mais de admirar são as Conferencias pela Radio
sessões que o conírade José Marques Club-Sorocaba
faz no meio dos obsedados em gran¬
de numero, e durante a sessão se — Sabbado e Domingo 17 e 18
mantém quietos e calados. Em Fran¬ do p. p. fez duas vibrantes conferen¬
ca ha confrades bem esclarecidos co¬ cias pela Radio-Club Sorocaba, o nos¬
mo o Dr. Thomaz Novelino e outros. so confrade Caetano Mero, vice-pre¬
sidente da União Federativa Espirita
João L. Pitta.
de vS. Paulo.
Rio Claro As conferencias nesta Estação
proseguem, graças a bôa vontade do
— O Centro Fé e Caridade, fes¬ seu director o nosso distincto amigo
tejando o 3 de Outubro, inaugurou sr. Orlando S. Freitas.
sua séde social. Presidiu a solemni-
dade o confrade Caetano Mero, que
se achava em visita aos espiritas rio-
clarenses. O illustre confrade esten¬ Rio 6. òo 5ul
deu-se em considerações sobre o Es¬
piritismo, proferindo magnifica oração. Noticias de Livramento
Falou em seguida o confrade Jo¬
sé Dias. Falaram depois diversos con¬ Esteve nesta cidade o Dr. Paulo
frades e senhorinhas recitaram poesias. Hecker, incansável propagandista, que
fez no Cine-Colombo uma substancio¬
Radio Difusora Espirita sa conferencia, sobre o thema : — «O
que é o Espiritismo». O Dr. Hecker
O nosso prestante confrade Cae¬ foi apresentado pelo provecto advo¬
tano Mero prosegue, incansável, na gado Dr. Erico Maciel.
alta tarefa que emprehendeu para o
erguimento da «Nossa Estação de A propaganda espirita desenvol¬
Radio» na Capital. ve-se promissoramente nesta cidade
Sabemos que a «União Federa¬ sulina.
tiva Espirita» está ampliando os seus llodino Soares.
Estatutos para fazer pedido ao Minis¬
tério de Aviação para a nossa Esta¬
ção de Radio.
Na sua viagem de Jaboticabal á Rio òe 'Janeiro
Barretos o nosso amigo conseguiu
passar 900 carteiras. Noticias da Capitai Federal
«O Clarim» continua a receber
diariamente pedidos de carteiras. O Núcleo de Caxias

Conferencias Radiophonicas Inaugurou se em Caixias mais


em Araraquara um núcleo espirita, com o titulo —«Je¬
sus, Maria, José». O acto da inaugu¬
Sob os auspícios d’0 Clarim e ração, apezar da chuva, teve grande
da Revista Internacional do Espiritis¬ concorrência, quer da localidade, quer
mo, o nosso companheiro Schutel, fez dos suburbios da Leopoldina.
pelo Microphone, da Radio Cultura
de Araraquara P. R. 1). 4—conferen¬ A Grande Imprensa e o Espiritismo
cias sobre os seguintes themas : As barreiras elericalistas, por
Dia 8 do p. p. — «As provas es¬ mais esforços que tenham feito para
piritas tia existência e inmwrlalida- esconder a luz sob o alqueire, não
de da Alma». têm conseguido mais evitar em todos
Dia 22: «As Revelações e a Re¬ os jornaes da Capital o noticiário e
velação das Revelações». collaboraçáu espirita. E’ assim que a
Revista internacional do Espiritismo — 321

«Nota«, «Diário de Noticias», «Correio marães, Dr. Mario Costa, Dr. Luiz Au-
da Manhã», «A Vanguarda», «A Pa- tuori, Prof. Jonathas Botelho, membro
tria», “A Nação”, todos os grandes da Academia Fluminense de Lettras,
diários têm actualmente, uma Secção Dr. Henrique de Andrade, Comman-
Diaria, na qual, além de noticias de dante João Torres, Commandante Has-
phenomenos e dos centros, figuram selman, Mario Almeida, Antonio Al¬
substanciosos artigos de fonte espi¬ fredo, Prof. Leopoldo Machado, Ma¬
ritista. noel Quintão, sra. Ancelma Santos Po¬
O Movimento Espirita voa, e dezenas d’outros que não nos
lembramos no momento.
O movimento espirita se accen-
tua em todos os centros do Rio. A
As Obras cie Beneficencia
livraria da FTderação não vence edi¬ — A Cabana Antonio de Aquino
tar obras, muitas das quaes se acham está promovendo uma grande obra,
exgottadas e reclamam uma nova ti¬ um Flospital Espirita.
ragem, como sejam as de Flammarion, — De outro lado nada menos de
de Gabriel Delanne, de Bezerra de sete azylos espiritas se acham em ac-
Menezes, etc. tividade, soccorrendo os desvalidos.

Conferencias Conferencias no Rio pelo Radio


No Rio pode-se dizer que ha pa¬ Consta-nos que diversos confra¬
lestras e conferencias diarias. Diver¬ des cariocas vão iniciar urna série de
sos oradores percorrem os centros le¬ conferencias semanaes pelo Radio.
vando a palavra de Fé e Esperança. Óptima lembrança, pois assim,
Dentre estes notamos os Srs. Dr. Car¬ todos os radio ouvintes de todo o Bra¬
los Imbassahy, Dr. Lins de Vascon- sil, especialmente do Interior, recebe¬
cellos, Dr. Sylvio Travassos, Sra. Jti- rão a Palavra de Fé e de Amor, dos
lieta Gomes, Mauro de Oliveira, Co¬ nossos propagandistas.
ronel Barros Fournier, Dr. Moreira Gui¬ Do Correspondente.

TOPICOS de “The Two Worlds”


- -. -T POR W. CAMPELLO —.E

Testemunho de um pela clarividência de padrão extraordina¬


riamente elevado.
Ministro
Realizou se esplendida reunião na Contradições Publicas
quarta-feira á noite, no Salãa da Maço¬
naria Rcsyth. A grande assistência foi Na semana passada fizemos a cri¬
presidida por Mr. Robert Irvine. O Rev. tica de um pamphleto que tratava do es¬
Colin Livingston foi o orador e assegu¬ tado do homem além da m jrte. Alguém
rou ser o Espiritualismo a confirmação e nos mandou dois outros pamphletos, um
amplificação dos ensinos Christãos. A pró¬ delles com o titulo «Espiritualismo na Bi¬
pria Biblia é um livro psychico e a ver¬ blia» e o outro sem nome do autor e da
dadeira interpretação das Escripturas é casa publicadora. Admiramos a astúcia do
fornecida pelo conhecimento do psychis- autor que procura occultar a sua identi¬
mo. Os espiritualistas não forjam theorias dade. Ambos os pamphletos nos assegu¬
ou supposições. Elles descobriram defini¬ ram, baseados sobre autoridades de tex¬
tivamente que os «mortos» portem falar e tos, que os mortos estão bem mortos e
não hesitam confirmar o facto. Mr. D. B. assim permanecerão até o dia da grande
Kennedy, de Glasgow, também mostrou o Resurreição. Assim, torna-se evidente que
valor do Espiritualismo como um auxilio Moysés e Elias não falaram com Jesus
á vida. Em seguida Mrs. Millard, tam¬ sobre o Monte Tabor e que Paulo estava
bém de Glasgow, forneceu descripções, enganado quando suppoz que Jesus com
— 322 — Revista internacional do Espiritismo

elle falava no caminho de Damasco. Evi¬ Toda a ideia delles era o estabele¬
dentemente Maria não viu o Mestre no cimento de um Reino de Deus neste mun¬
domingo da Rcsurreição e as palavras do e seus escriptos reflectem tanto suas
que o ladrão moribundo ouvira «hoje es¬ opiniões como as manias de inspiração
tarás commigo no Paraizo», deveriam ter divina. Digamos finalmente, é uma sim¬
sido um engano de imaginação ! ples tolice estar a falar de gente morta
a aguardar a Resurreição na sepultura.
Radio Humano Desde que temos mantido conversação
com centenas de espíritos, a nossa expe-
Numa recente demonstração de cla¬ riencia excede em peso, neste assumpto,
rividência em Edmonton, Mr. Cockersell a todas as opiniões dos theologos.
declarou ser elle uma «especie de appa-
relho receptor». Elle «se afina» ao mundo Allocução do Rev. Tys-
espiritual para transmittir as mensagens sul Davis
dos «mortos» aos entes queridos deixa¬
dos para traz. A quasi totalidade das A 2 de agosto realisou se bôa ses¬
mensagens que elle apanha e transmitte são na Associação Espiritualista de Ma*
são notavelmente exactas. Num caso elle rylebone.
descreveu uma ponte de pedra e um moi O orador veio de Bristol ao auditó¬
nho, pouco distantes de uma povoação. rio da Associação.
Uma senhora reconheceu o lugar como «Se o Espiritualismo não é a ver¬
sendo o da sua antiga residência e tam¬ dade, a unica philosophia possível é o
bém reconheceu todos os nomes e des- pessimismo», foi a sentença do Prof. Mac
cripções transmittidos pelo médium. Bride, citada pelo orador. «Qual é o ser¬
viço que os nossos mortos podem pres¬
tar-nos? O facto de poderem elles provar
A Sobrevivência é a
a sua sobrevivência é de grande impor¬
questão real tância».

Um ecclesiastico escrevendo no
Church Times a respeito da sobrevivência
Inscripções Desnecessárias
e agitou este ponto importante: «O ho¬
Visitando um novo cemitério, ha
mem vulgar dá pouco valor á philosophia.
uma semana, elle espantou se com a se¬
Elle quer alguma coisa definitiva e deci¬
guinte inscripção numa lapide : «Aqui el-
siva. Ao homem commum a questão da
la dorme». «E' realmente espantoso», dis¬
immortalidade, differente da sobrevivência,
se elle, «que pessoas religiosas não se en¬
é uma subtileza academ ci que não lhe
vergonha n, no tempo de hoje, de pensar
diz respeito. O que importa á pessoa car¬
que os que morrem pertençim a um deus
regada de lueto é a reunião e reconheci¬
do somno.
mento dos entes que amou e perdeu e se
Antes completamente morto do que
«os rostos angélicos lhe sorrirão de novo».
adormecido naquelle horrivel lugar a es¬
pera de alguma coisa que está para vir .
As experiencias de¬
vem pesar na balança Duplo Scepticismo

A maioria dos textos que presup- Referindo-se a estultícia de certa gen¬


põern os mortos jazerem nos tumulos até te culta no seu methodo de raciocinar, o
o dia da Resurreíção Geral estão no Ve. Rev. Davis declarou haver gente racional
lho Testamento, porém, naquelle tempo que ainda acredita no aniquilamento da
os judeus não tinham uma comprehensão personalidade após a morte e gente reli¬
muito clara da existência de um outro es¬ giosa que acredita que os inertos dor¬
tado de vida além da physica. mem durante séculos.
vV vfy

Renuta Internacional
da Espiritismo
PUBLICAÇÃO MENSAL DE ESTUDOS ANÍMICOS E ESPIRITAS

Director: CAIRBAfi SCHUTEL —-— ■»-._Collaboradores : DIVERSOS

Reòacção e Ròministracção
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A Revisfa Internacional do Espiritismo está em communicação com


as principaes revistas européas, em vista do que, além dos artigos de fundo dos
seus collaboradores, publica os relatos, dos jornaes de além mar, dá conta
das conferencias, dos congressos, e na sua Chronica Exírangeira e E cos e
Noticias, deixa os leitores ao par de todos os factos e novidades Anímicos e
Espiritas occorridos no mundo inteiro. À Revista apparece regular¬
mente a 15 de cada mez, com 32 a 40 paginas de accordo
com a matéria de urgência, utilidade e
—acíualidade.

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