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Revista Eletrônica IAT - A Pedagogia Histórico-Crítica
Revista Eletrônica IAT - A Pedagogia Histórico-Crítica
Revista Eletrônica IAT - A Pedagogia Histórico-Crítica
Resumo
O presente estudo configurou-se na retomada teórica de conceitos importantes da Pedagogia
Histórico-Crítica como fundamento para a elaboração curricular que se proponha a integrar educação
profissional técnica de nível médio ao ensino médio. Portanto, foram utilizados autores que trabalham
com ambas as temáticas buscando sua interseção enquanto fundamentos teóricos: Saviani (2013) na
perspectiva dos príncipios filosóficos e epistemológicos para a referida integração; e Ramos (2014) no
embasamento para a construção curricular coletiva, que efetivamente seja realizada tendo o trabalho
como Princípio educativo em sua dimensão histórica e ontológica.
Introdução
1 Doutoranda em Políticas Públicas e Formação Humana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Supervisora Educacional da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
<ro.afarias@gmail.com> O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
Estudos IAT, Salvador, v.4, n.1, p. 45-56, mar., 2019.
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teoria tem seu fundamento, o seu critério de verdade e a sua finalidade na prática."
(SAVIANI, 2013, p. 91) E destaca que, se no âmbito da materialidade da teoria há
entraves que prejudicam seu avanço, ao mesmo tempo possibilita-se a
compreensão desses e o desenvolvimento de mecanismos de transformação dos
mesmos.
De forma geral, o referido autor enuncia três desafios à materialidade da ação
pedagógica brasileira: a ausência de um sistema de educação nacional, a
contradição entre as formulações teóricas críticas e a estrutura organizacional da
educação já existente, e por último, e talvez mais grave, a descontinuidade das
políticas educacionais. Dado que o primeiro e o último desafio localizam-se com
maior preponderância no âmbito das políticas públicas para a educação,
localizaremos maior enfoque no segundo desafio por este apresentar maior
centralidade nas atividades cotidianas da escola e do currículo.
Nesta perspectiva, Saviani destaca que enfrentamos "o problema relativo ao
descompasso entre o teor da proposta, em sua formulação teórica, e o modo como
se concebe e se executa o processo de implantação." (SAVIANI, 2013, p. 99) ou
seja, ainda que teoricamente a proposta seja crítica aos determinantes sociais, o
processo de implantação coloca aos docentes a necessidade e o desafio de pensar
em novas formas de organização de seu trabalho, de sua ação pedagógica, a fim de
promover a mobilização e desenvolvimento de mecanismos de resistência aos
mesmos. Para tal, "a forma de implantação envolve a problemática organizacional
que, por sua vez, tem a ver com a questão da ligação entre teoria e prática que nós,
educadores, teimosamente tendemos a compreender como polos separados."
(SAVIANI, 2013, p. 99)
Ao separar-se teoria e prática, há a tendência a valorização de um ou outro
na forma como a ação pedagógica será organizada. Assim, se por um lado se critica
a pedagogia tradicional por se centrar na teoria, por outro, as tendências
progressistas centraram-se na valorização da prática, da experiência. Saviani (2013)
exemplifica com a organização da sala de aula, como a concepção de educação
materializa-se: em uma sala de aula tradicional, cuja centralidade está na figura do
professor e o objetivo é a transmissão do conhecimento, a organização se dá em
carteiras enfileiradas tendo o quadro negro e a mesa do professor à frente e nenhum
estímulo visual que não seja aquele exposto no quadro, de modo que toda atenção
dos alunos deve estar nesta exposição; em uma sala de aula progressista, cuja
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quando se quer mudar o ensino, guiando-se por uma outra teoria, não
basta formular o projeto pedagógico e difundi-lo para o corpo docente,
os alunos e, mesmo, para toda comunidade escolar, esperando que eles
passem a se orientar por essa nova proposta. É preciso levar em conta
a prática das escolas que, organizadas de acordo com a teoria anterior,
operam como um determinante da própria consciência dos agentes,
opondo, portanto, uma resistência material à tentativa de transformação
alimentada por uma nova teoria. (SAVIANI, 2013, p.102)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS