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Climatologia Epidemias e Endemias Do Ceara 1997
Climatologia Epidemias e Endemias Do Ceara 1997
Climatologia Epidemias e Endemias Do Ceara 1997
EPIDEMIAS
E ENDEMIAS
DO CEARA Apoiar produções no campo da pesqui-
sa e da documentação tem sido, em anos re-
centes, uma atividade constante da FUNDAÇÃO
Dr. Barão de Studart WALDEMAR ALCÂNTARA que, desse modo, ofere-
ce uma pequena parcela de colaboração para
o resgate de registros marcantes do processo
de formação da sociedade brasileira.
A Biblioteca Básica Cearense é uma co-
leção de obras raras de autores que no pas-
sado se debruçaram sobre o contexto sócio-
cultural do Ceará de seu tempo e, com isto,
nos forneceram o principal instrumento de
que dispomos para uma correta compreen-
são da realidade atual.
Com o apoio do Ministério da Ciência e
Tecnologia, através do CNPq, a FUNDAÇÃO WAL-
DEMAR ALCANTARA reedita estas obras após rea-
lizar um rigoroso trabalho de pesquisa e sele-
ção, no qual foram convocadas a participar
destacadas personalidades do nosso universo
intelectual.
É a expressiva participação nestas ini-
ciativas de segmentos comprometidos com
o nosso desenvolvimento cultural que nos
tem permitido cumprir, no quadro das limi-
tações próprias de uma organização não-go-
vernamental, este que é um dos principais
objetivos da fundação - o de contribuir para
a preservação da memória bibliográfica do
Ceará, indispensável na evolução dos estu-
BIBLIOTECA BÁSICA CEARENSE dos da nossa realidade e da análise do nosso
FUNDAÇÃO WALDEMAR ALCÂNTARA desenvolvimento.
APRESENTAÇÃO
José Borges de Sales
(Da Academia Cearense de Medicina
e do Instituto do Ceará)
Rs cons como historiador, as publicações do Barão de Studart
são consultadas e referidas com renovada frequência. Permane-
em, no entanto, seus escritos de ordem médica olvidados e desco-
nhecidos dos profissionais da mesma categoria.
Não existia periódico especializado em Fortaleza e seus trabalhos
eram publicados em páginas da Revista da Academia Cearense, que cir-
culava, na épcca, de maneira limitada ou em folhetos editados pela tipo-
grafia Minerva, que permanecem esquecidos e afastados de análises e
perquirições de médicos voltados para esses temas de antanho..
Relembrou Raimundo Girão em publicação do Instituto do Ceará
(1956) sua contribuição à literatura médica através de muitos e acurados
trabalhos publicados. Em Bibliografia Médica do Ceará (1978) indexamos
essas obras e nutrimos o plano de reeditar algumas dessas Memórias na
secção “Subsídios para a História da Medicina do Ceará”, dos Anais da
Academia Cearense de Medicina.
Volta-se, nesse ensejo, o Senador Lúcio Alcântara, fundador da
Fundação Waldemar Alcântara para o projeto denominado de “Biblio-
teca Básica Cearense”, tendo incluído nesse programa de publicações as
memórias médicas de autoria do Barão de Studart.
Apresentou o Barão ao 4º Congresso Médico Latino-Americano,
reunido no Rio de Janeiro, trabalho intitulado Climatologia, Epidemias
e Endemias do Ceará. Constitui essa Memória Histórica o 1º volume
desse programa de “Reedições de Obras Raras”.
Inícia seu minucioso estudo, precisando a posição geográfica do
Ceará no Nordeste Brasileiro, sua superfície e população. Estima e consi-
dera o clima como seco e salubre, proporcionando assim, condições de
melhorias para pacientes acometidos de tuberculose e de beribéricos em
sua forma paralítica.
Ocorrem, no Ceará, segundo ele, duas estações: a chuvosa e o
verão, e afirmou que, se o inverno fosse regular, nenhum outro Estado
competiria com o nosso em crescimento econômico. De quando em quan-
do, no entanto, acontecem períodos de seca. Lembrou o fato histórico
ocorrido no início da conquista da terra com o desbravador Pero Coelho
de Sousa, em retirada em companhia da família e de gente de sua
desfalcada bandeira, a pé, enfrentando fome, sede e açoitado por um sol
escaldante. Nessa travessia, perde seu primogênito e é finalmente socor-
rido por gente de Natal.
O complexo problema das longas estiagens, motivo de discutidas
polêmicas, era no conceito do Barão um fenômeno natural, derivado da
situação geográfica do Nordeste em relação às correntes aéreas.
Oferece um quadro com dias de chuva e os milímetros caídos por
anos de 1840 a 1908. Acompanha com pormenores o quadro negro das
secas ocorridas de 1721 a 1725, de 1790 a 1793 e de 1877 a 1879.
A varíola acompanhava o cortejo dantesco dessas grandes estiagens.
O estado sanitário de Fortaleza, quando se declarou a seca de 1877, era
satisfatório. Ocorriam casos de febres, sem diagnósticos precisos e os de
varíola eram recolhidos ao lazareto da Lagoa Funda. Registrou o pluviô-
metro, no decorrer dos meses chuvosos, 469 milímetros. Foram sepultados
no cemitério da cidade, no decorrer do ano, 2.666 cadáveres e as causas
maiores de óbitos registrados foram febres biliosas e disenterias.
Titulado em dezembro de 1877, recebeu Guilherme Studart o grau
de doutor em Medicina; regressou para Fortaleza e, indicado, passou a
atender no acampamento do Alto do Pimenta, que abrigava 20.496 retiran-
tes. Averiguou em inspeção realizada que 5.691 pessoas se encontravam
acometidas de varíola. Atendeu, nessa oportunidade, em Maranguape, muitos
retirantes com hemeralopia. Era desconhecida a carência de vitamina A.
Nesses casos de cegueira noturna, assinalou em sua memória, a melhora
dos pacientes com o emprego de medicação tonificante.
Abrigava o acantonamento de Fortaleza 135.000 deslocados pela
seca. Dessa população albergada, o número dos não vacinados era muito
elevado e a varíola foi impiedosa em sua ceifa. Registra o barão que o
obituário em 1878 atingiu a cifra de 57.780, e desse total, 24.884 foram
vítimas de mortífera virose. Assinala o 8 de dezembro como dia lúgubre,
em que faleceram de varíola 1.008 desses retirantes.
Aniquilou essa seca a pecuária existente, dizimou a economia par-
ticular e os prejuízos foram orçados em 175 mil contos de reis. Passou a
varíola à modalidade endêmica, com os casos surgindo entre os menos
favorecidos. A vacinação era permanente. Aplicada pelo poder público e
principalmente por Rodolfo Teófilo, o grande benemérito dessa campa-
nha saneadora, que mantinha um Vacinogênio e inoculava sua linfa
vacínica nos bairros mais afastados.
Em 1790 o estado sanitário era favorável. Não se falava em impa-
ludismo, quando ocorreram os primeiros casos em Acaraú, Camocim e
até na Ibiapaba. O número cresceu e alcançou intensidade epidêmica.
Solicitada pelo governo da Província, veio de Recife uma Comis-
são chefiada pelo cirurgião Cardoso de Almeida que, em Relatório de
1791, afirmou serem as terçãs perniciosas resultados dos ventos sudestes
transportadores de miasmas endêmicos que provocavam na atmosfera
maiores fermentações.
A Comissão visitou Sobral. Realizou observações e forneceu ins-
truções, para serem ministradas, caso ocorresse recrudescência da epi-
demia palustre, e regressou a Recife, via Fortaleza.
Reinava na época dessa Comissão a teoria miasmática das doen-
ças. Em sua Memória o Barão se ocupa do papel dos Anofelinos como o
transmissor dos Plasmódios, agentes causadores da malária. Sabe-se nos
dias atuais que as condições de temperatura e salinidade nas regiões
costeiras facilitam criadores do A. tarsimaculatus, o maior transmissor
da malária no litoral brasileiro, e do A. darlingi o transmissor nas mar-
gens cearenses do Poti.
Refere nessa Memória o Barão de Studart as epidemias importadas
e estuda a de febre amarela, ocorrida em 1851, e a de cólera, em 1862.
Febre amarela
Um passageiro desembarcado, vindo de São Luís pelo navio “São
Sebastião”, desencadeou essa mortífera epidemia. A população de Forta-
leza era de 15.000 habitantes. Ocorreram 8.000 casos e o obituário foi de
351 doentes. Sobral, Aracati e Baturité foram as cidades mais atacadas
pela epidemia.
Cólera
Disseminada em Icó por paciente vindo do Rio do Peixe, na Paraíba,
a cólera alcançou dias depois Aracati, Russas e Fortaleza. Estendeu-se tam-
bém para o Cariri. Determinou esse surto em toda a província 11.000 óbitos.
Disserta o Barão nessa célebre Memória sobre a epidemia de
disenteria, ocorrida em 1905, em Fortaleza, sobre o surto de peste bubô-
nica, ocorrida no início do século XX e sobre o Tracoma existente na
região caririense.
Decorridos 90 anos, o quadro nosológico do Ceará apresenta-se
bem diferente. A varíola foi erradicada. Casos de malária ocorrem em
pacientes vindos da Amazônia ou em recidivas de casos crônicos. Trata-
dos, em tempo, não formam focos. Os últimos casos de febre amarela
foram diagnosticados em 1934. Erradicado o Aedes (Stegomya) aegypti,
voltou a proliferar em nosso meio. É o transmissor da Dengue, que cons-
tituí preocupações aos serviços de Saúde. Não há notícias de novos casos
de Cólera no Estado. A Peste Bubônica e o Tracoma encontram-se sobre
controle.
Foram estes os comentários que achamos por bem traçar ao apre-
sentar esta admirável Memória do Barão de Studart, exibida no 4º Con-
gresso Médico Latino-Americano do Rio de Janeiro, em 1908.
CLIMATOLOGIA
EPIDEMIAS
E ENDEMIAS
DO CEARÁ
Dr. Barão de Studart
FORTALEZA
1997
CATALOGAÇÃO NA FONTE:
BiBLiOTECÁRIA TELMA SOUSA
MEMORIA
APRESENTADA AO
RIO DE JANEIRO
PELO
Uta
PRA
CEARA'— FORTALEZA
Tyr. Mineeva—Rua M, Facundo, 55, 57
1909
CLIMATOLOGIA, EPIDEMIAS E ENDEMIAS DO CEARA
MEMORIA
APRESENTADA AO
1886 87 1.39
r887 8o 1320
1888 54 74!
1889 67 7772
1890 104 1.530,3
1891 81 869,9
1892 91 1.271,4
1893 122 1.564,8
1894 164 2.719
1895 185 2.408,1
1896 146 1.909
1897 Ho 1.922,1
1898 84 546,6
1899 147 2.768,4
1900 82 534
1901! 121 1.545,2
1902 94 857.9
1903 a 812
1904 94 1.128
1905 97 1.133,8
1906 104 1.568
1907 95 734
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QUANTO Á MORTALIDADE