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Abordagemconceitolugar CarmoFilho 2021
Abordagemconceitolugar CarmoFilho 2021
Abordagemconceitolugar CarmoFilho 2021
Caicó – RN
2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - -CERES- - Caicó
Data: ____/____/_______
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________
Prof. Dr. Gleydson Pinheiro Albano
Orientador
________________________________________________________________
Profa. Dra. Sandra Kelly de Araújo
UFRN
Examinadora Interna
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Paulo Sérgio Cunha Farias
UFCG
Examinador Externo
CAICÓ-RN
2021
A minha esposa e meus filhos que estiveram comigo ao
longo de toda jornada, incentivando e compreendendo as
minhas angústias e necessidades. Passamos por muitas
coisas e eles sabem disso.
AGRADECIMENTOS
Ao homem mais forte do mundo, que conheci meu avô Emídio Pedro (cem anos de
vida), que mesmo diante de todas as adversidades da vida, nunca perdeu a fé e esperança de
dias melhores. Como ele mesmo sempre dizia: tenha paciência. As minhas avós, in
memoriam, Rita e Malú, onde estiverem com certeza estão felizes por minha conquista.
A minha esposa Gracinha por toda fortaleza, dedicação e compreensão, sempre apoiando
as minhas decisões, com certeza você foi fundamental na realização desse sonho.
Aos meus filhos Maria Rita e Pedro Lucas, que foram o porto mais seguro de toda minha
caminhada no mestrado (lembro-me do apoio na varanda), quando diziam não desista, mesmo
com o mundo caindo em nossas cabeças, obrigado a você dois.
Ao meu pai in memoriam, e minha Maria, viva. Agradeço a surra quando eu não queria
estudar e sim passear pelas ruas. Obrigado por tudo.
Aos meus tios e tia em especial minha tia Madalena por tudo. Não posso esquecer os
meus tios maternos que foram muito presentes na minha vida. Não posso deixar de lembrar o
meu tio Severino, in memoriam, e uma frase que vou guardar pra o resto de minha vida.
Aos meus primos que sempre torceram por mim, e que estão felizes e com certeza torço
por vocês também.
Aos meus amigos da graduação e da pós: Maria das Lágrimas (Lalá), Telma, Samara,
Lucas e Wedell, que estiveram comigo em todas as fases do mestrado. E aos colegas que
cursaram algumas disciplinas comigo, jamais me esquecerei de vocês.
Ao meu orientador Prof. Dr. Gleydson Pinheiro Albano, que foi desde muito cedo um
cara sensacional, mostrando suas ideias a respeito da minha pesquisa e que mostrou, mesmo
com minhas falhas, ser uma pessoa correta na condução, como orientador. Confesso que fui
falho, e mesmo assim ele compreendeu meu lado.
Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia – (GEOPROF) – Mestrado Profissional
em Geografia, UFRN – CERES – Caicó – RN, por ofertar um curso tão importante na vida
dos profissionais da Geografia.
Agradeço ao Prof. Dr. Paulo Sérgio Cunha de Farias, por suas contribuições na pesquisa
e todos os professores do GEOPROF.
Não posso esquecer o meu amigo Prof. Félix, pelas correções finais da minha pesquisa,
sempre mostrou ser muito solícito comigo.
Para terminar, falo novamente a Deus e agradeço por tudo. Lembrar que sem ele nada em
minha vida teria acontecido. E sei como é importante ter fé.
O estudo da Geografia a partir das suas categorias de análise é fundamental para se construir a
leitura espacial dos fenômenos naturais e sociais. Nossa pesquisa aborda uma das categorias
geográficas importantes, que é o Lugar, analisando como ela é abordada nos livros didáticos
de Geografia. Fizemos levantamentos de como o conceito de lugar está sendo interpelado nos
livros didáticos de Geografia que fazem parte do PNLD 2020 e como os professores estão
trabalhando com seus alunos o lugar no ensino de Geografia. A partir desse levantamento de
informações, produzimos uma sequência didática, mostrando como podemos trabalhar de
forma mais significativa essa categoria de análise nas aulas da referida disciplina. Foi
necessário começar a pesquisa com uma revisão bibliográfica em teses e dissertações em
repositórios de universidades, acerca do tema escolhido, como também uma análise dos livros
de Geografia do 6º ano que fazem parte do PNLD, específicos do ano 2020. Em seguida,
elaboramos um questionário que foi aplicado junto a professores das escolas das redes
municipais e estaduais que foram escolhidas. Foi feito um relatório mostrando de forma
quantitativa e qualitativa os resultados da pesquisa. Vale ressaltar a importância desse
trabalho, pois proporcionará aos estudiosos e professores de Geografia um material, ou seja,
uma sequência didática que servirá, aos docentes como apoio em suas aulas. Após todo o
processo, foi produzida uma sequência didática, como já citada, com estratégias de trabalho
para o professor nas aulas de Geografia, quando o conteúdo trabalhado for a categoria do
lugar.
Palavras-Chave em Português
livros, lugar, Geografia, sequência didática, ciência geográfica
Abstract
The study of Geography from its analysis categories is essential to build a spatial reading of
natural and social phenomena. Our research addresses one of the geographic categories,
important that is the Place, analyzing how this category is approached in Geography
textbooks. We made surveys of how the concept of place is being addressed in the Geography
textbooks that are part of the PNLD 2020 and how teachers are working with their students
the place in the teaching of Geography and from this information survey, we produced a
didactic sequence showing how we can work more significantly the place in Geography
classes. It was necessary to start the research with a bibliographic review of theses and
dissertations in university repositories, about the chosen theme, as well as an analysis of the
6th year Geography books that are part of PNLD, specific to the year 2020. After analyzing
the books 6th year of Geography, we prepared a questionnaire that was applied to teachers
from schools in the municipal and state schools that were chosen. A report was made showing
the results of the research in a quantitative and qualitative way. It is worth emphasizing the
importance of this work, as it will provide Geography scholars and teachers with material,
that is, a didactic sequence that will serve, to the teachers as support in their classes. After the
whole process, a didactic sequence was produced, as already mentioned, with work strategies
for the teacher in Geography classes, when the content worked is the place.
Keywords
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
INTRODUÇÃO 16
2.3 O Lugar nos livros didáticos e nas obras aprovadas no PNLD 2020 ( 6º ano do ensino
fundamental) 39
Considerações finais 64
Referências 66
Apêndices
Introdução
Geografia do 6º ano, destacando pontos importantes para nosso estudo. Vale ressaltar a
importância desse trabalho para os professores de Geografia, pois proporcionará aos
estudiosos dessa ciência um material, ou seja, uma sequência didática como estratégias para
trabalhar o conteúdo lugar no ensino da disciplina, servindo de grande apoio ao professor.
A nossa pesquisa se utilizou do método qualitativo, na medida em que buscamos
conhecer a realidade de como o conteúdo lugar é apresentado e trabalhado com os alunos; e
quantitativo, mostrando dados percentuais da pesquisa, por acharmos necessário para um bom
desenvolvimento do trabalho. Fizemos um ensaio com professores que lecionam nas escolas
que foram campo do estudo, destacadas na figura 1, aplicando um questionário com perguntas
objetivas e também subjetivas, a fim de conhecermos melhor o trabalho dos docentes e suas
necessidades quando trabalham com conceitos geográficos e mais especificamente da
categoria de lugar.
Após a pesquisa bibliográfica inicial, dividimos o nosso trabalho em quatro capítulos. No
primeiro, destacamos o estudo do lugar no ensino de Geografia, com algumas considerações
sobre o seu respectivo conceito. No segundo, tratamos da abordagem da já citada categoria
nos livros didáticos de Geografia do 6º ano do PNLD 2020, destacando a importância deles, a
sua difusão e análise no Brasil. No terceiro capítulo, temos uma caracterização do recorte
espacial da pesquisa, os procedimentos metodológicos e análise dos dados coletados e dos
resultados, ou seja, o que dizem os professores sobre as formas de trabalhar o lugar nas aulas
de Geografia. No quarto e último, temos a produção do material textual exigido pelo
programa de mestrado do Geoprof. Com base no que fizemos em nosso trabalho, com apoio
dos professores que aceitaram participar da pesquisa e das obras consultadas, produzimos uma
sequência didática para docentes, que apresenta três sequenciamentos didáticos com
estratégias de abordagem do conteúdo sobre o lugar no ensino de Geografia.
Destacamos também anteriormente citado conceito na Geografia com base em duas
acepções de autores, que se utilizam do materialismo histórico e da Geografia Humanista. No
contexto da pesquisa a ser realizada pelo autor deste trabalho, o conceito fundante é Lugar, já
que é a partir deste que a produção espacial se realiza. Conforme Ana Fani Alessandri Carlos
(2007):
Nesse mesmo contexto, destacamos o lugar como construção social e que tem
funcionalidade para o mundo, tendo no ensino de Geografia um importante meio de formar
cidadãos que possam compreender a realidade socioespacial da qual fazem parte. Callai
(2005), ao interpretar o papel da Geografia, discute o conceito de “olhar espacial”, que
procura estudar determinada realidade social a partir de marcas inscritas nesse espaço.
Finalizamos a primeira parte do trabalho destacando a relação do global com local, em que
um mundo dito globalizado surge à compreensão do lugar, um conceito importantíssimo por
ser a maneira como o global se manifesta, devolvendo ao mundo tais manifestações
(CAVALCANTE, 2009). Sabemos também que a Geografia tem a função de possibilitar ao
aluno fazer diversas conexões entre as escalas de análise, tanto global como local,
possibilitando ao aluno compreender e saber relacionar as escalas geográficas.
Por último, fazendo uma análise das formas de como a Geografia pode oferecer
caminhos para um ensino significativo na vida do aluno, usando como pressuposto a
concepção socioconstrutivista da educação, que é na verdade uma ação conjunta,
compartilhada entre o professor e o aluno, deve-se levar em consideração o conhecimento
prévio de cada aluno em decorrência de suas vivências com o lugar, despertando nele a
necessidade de uma reflexão sobre o espaço conhecido e relacioná-lo com outros lugares. O
ensino de Geografia significativa insere o aluno no contexto das aulas e só assim ele pode
construir conceitos, o que é importante no processo de ensino-aprendizagem. A Geografia
escolar que temos hoje, com o papel de formar cidadãos conscientes e reflexivos, atentando
para os problemas que estão ao seu redor, partindo do seu lugar de vivência, através de uma
compreensão do que acontece no mundo, e que interfere no seu cotidiano, passou por um
longo processo de estruturação metodológica, e essa estruturação sempre esteve ligada à
prática docente.
Na segunda parte do nosso trabalho, analisamos o livro didático de Geografia usado por
professores de escolas públicas, escolhidos pelo PNLD 2020, para saber como o conceito de
lugar é trabalhado nos livros escolhidos. É de extrema importância uma pesquisa que analise
essa modalidade de material escolar, que possa mostrar determinados assuntos e se o material
em questão possui informações em quantidade e qualidade suficientes ao entendimento dos
conteúdos vinculados ao ensino do Lugar na Geografia. Mesmo com toda modernidade de
equipamentos de multimídias, internet e de computadores e outras ferramentas, na maioria das
19
escolas, o livro didático ainda é o único material pedagógico utilizado por professores. Por
isso, fizemos uma descrição de leis e de momentos em que passaram a ser utilizados em nosso
território.
O estudo da categoria Lugar, como também outros conceitos fundantes da Geografia,
não pode ser omitidos nos livros, mesmo que em alguns livros não se tenha o registro desse
conteúdo da forma que deveria ser. Como base em nossa pesquisa, boa parte dos livros
apresenta o supracitado conceito, referindo-se ao espaço vivido e percebido pelo aluno e não
apenas como localização geográfica. Essas informações são mostradas através de gráficos que
as comprovam.
A terceira parte do trabalho deu continuidade com a aplicação de questionários para
professores das escolas escolhidas e respectiva coleta de informações. Questionários com
perguntas para esses profissionais, com o intuito de verificar como o lugar é abordado nos
livros, como abordam na aula de Geografia o lugar, conforme pode ser analisado no apêndice
2 do presente trabalho. Com base nas informações coletadas, produzimos uma análise dos
números e também das respostas subjetivas que temos no questionário. O nosso projeto foi
desenvolvido com professores de três escolas públicas da cidade de Caicó – RN, a Escola
Municipal Professor Mateus Viana, localizada na zona oeste da cidade; a Escola Municipal
Presidente Kennedy, localizada no centro da cidade; e a Escola Estadual Professor Antônio
Aladim, sediada na zona norte de Caicó.
Na quarta parte da pesquisa, temos a sequência didática com três estratégias de
abordagem do estudo do lugar de maneira mais significativa para o aluno, podendo ser
utilizada como apoio para professores nas suas aulas de Geografia. A sequência traz de forma
bem detalhada e organizada as estratégias que foram criadas pelo autor do trabalho e com
levantamentos bibliográficos em livros de Geografia.
Esperamos e acreditamos que o nosso trabalho poderá ajudar os professores de Geografia
dos anos finais do ensino fundamental, como também pesquisadores que tenham necessidade
de alguma estratégia didática para trabalhar o lugar no ensino da disciplina.
20
Esse interesse pelo caráter individual das áreas, grandes ou pequenas, encontra sua
expressão mais clara no fato universal de que muito antes do advento dos geógrafos,
os lugares conhecidos pelo homem receberam denominações próprias, para fins de
reconhecimento de sua individualidade […] (HARTSHORNE, 1978, p.123, apud
FERNANDES, 2013).
Milton Santos (1998) destaca algumas acepções sobre o lugar, em sua obra
“Metamorfoses do espaço habitado”, apresentando uma concepção estreitamente relacionada
à própria definição de espaço
Tudo que existe num lugar está em relação com os outros elementos desse lugar. O
que define o lugar é exatamente uma teia de objetos e ações com causa e efeito, que
forma um contexto e atinge todas as variáveis já existentes, internas; e as novas, que
vão se internalizar (SANTOS, 1998, p.97)
Esse espaço é construído, resultante da vida das pessoas que nele vivem, das formas
como trabalham e habitam, como se alimentam e como usam do lazer ao seu jeito. Ele
constrói as marcas e histórias de cada um. É, na verdade, a vida de determinados grupos
sociais, vidas que ocupam certo espaço em um tempo único (CALLAI, 2004).
Para Nascimento (2012), e concordando com ela, podemos perceber que o espaço vivido
do aluno perde importância porque o lugar onde os alunos vivem ainda não se tornou, de fato,
objeto de conhecimento das propostas didáticas do ensino de Geografia ao longo do Ensino
Fundamental. Vale ressaltar que, no Brasil, existem importantes propostas de ensino sendo
desenvolvidas, tanto em escolas públicas quanto privadas, em que o lugar como dimensão do
vivido é objeto de estudo nas aulas de Geografia. No entanto, isso ocorre nos anos iniciais do
Ensino Fundamental.
Voltando ao pensamento de Callai (2011), ela ainda ressalta que o lugar é um espaço
construído como resultado da vida das pessoas, dos grupos que nele vivem, das formas como
trabalham, como produzem, como se alimentam e como fazem e usufruem do lazer, é a
própria realidade, o lugar onde se vive caracterizado pela experiência e pelo mundo vivido.
25
Cirqueira (2010) afirma que o lugar pode ser conceituado tanto da relação sujeito com o
espaço de forma particular quanto pela vivência de grupos sociais. É possível perceber que a
experiência torna-se central na formação desse conceito. Com base nessa afirmação, podemos
citar também o que diz Mello (2011) a respeito da identidade com o Lugar, ao afirmar que a
formação da sua identidade submete-se ao vínculo criado, a partir da experiência, dos
caminhos, da permanência e dos símbolos entre o indivíduo ou grupo social com toda a
essência que envolve aquele espaço, conduzindo à criação dessa identificação, pois o
“habitué” de um lugar se apodera, simbolicamente, dos logradouros, das construções, dos
artefatos, dos aspectos naturais presentes em seus trajetos. Assim, a extinção ou degradação
de um objeto causa ressentimento e manifestações contrárias, uma vez que influencia as
pessoas e as suas vidas, assim como o lugar.
Callai (2004) destaca que cada lugar recebe influência externa (global) e responde de
acordo como os indivíduos que ali habitam estão organizados, mostrando que cada espaço
possui sua própria identidade, sua característica. É nele onde conhecemos aspectos globais e
que esses se misturam, provocando as diferenciações de lugares, não permitindo que se
tornem homogêneas. A partir dessa concepção, devemos considerar que ele não se restringe
aos seus próprios limites, mas comporta o mundo.
Um dos desafios da educação formal, atualmente, é dar conta de formar sujeitos cidadãos
de uma realidade social, econômica, política, cultural e ambiental emblemática e
contraditória. O ensino de Geografia tem um papel fundamental nesse contexto, contribuindo
para a formação de alunos cidadãos que possam ter compreensão/apreensão da realidade
socioespacial da qual faz parte.
Callai (2005), ao interpretar o papel da Geografia, discute o conceito de “olhar espacial”
que procura estudar determinada realidade social a partir de marcas inscritas nesse espaço.
Como elemento principal de análise da ciência Geográfica, ele se torna um fator cada vez
mais decisivo, principalmente na realidade atual em que convivemos com a globalização.
Podemos dizer que é na Geografia que vão ser também discutidos vários aspectos da vida em
sociedade e que, por sua vez, o aluno faz parte dela e traz consigo vivências inerentes ao seu
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lugar, ou seja, marcas construídas conforme a sua vivência social, não podendo ser deixada de
lado na construção do conhecimento geográfico.
Através dos conhecimentos geográficos, podemos entender o espaço, revelando muito
sobre a ação humana na modelação da superfície terrestre e como a sociedade, por meio de
suas ações, pode criar possiblidades de sobrevivência no lugar em que vive, modificando-o e
mudando a sua realidade social. Para os alunos, os conhecimentos geográficos podem, como
citamos antes, contribuir na formação social, adquirindo através deles o conhecimento de
mundo, que permite refletir acerca das situações que se apresentam em um contexto
globalizado, ou seja, podem formar um ser pensante com opinião própria, livre de
manipulação e que possa contribuir para com a sociedade.
Atualmente, uma das discussões mais frequentes na Geografia é aquela que se propõe a
analisar como essa ciência é ensinada na sala de aula, enquanto disciplina estabelecida pelos
currículos. Ela é de grande importância para o conhecimento de mundo, sobretudo do espaço,
e se deve buscar sempre o melhoramento na forma de ministra-la nas escolas. Os
conhecimentos geográficos são fundamentais para os alunos entenderem o espaço em que
vivem e as formas de como esses conhecimentos são sistematizados, selecionados e
repassados para eles. Isso deve ocorrer de uma maneira bem organizada e pensada de acordo
com a realidade do aluno e que possa contribuir para sua formação (SANTOS, 2010, p.35).
No passado, os currículos de Geografia valorizavam muito a descrição e enumeração,
priorizando a memorização, o que revela que o indivíduo seria necessário decorar o máximo
possível de nomes de acidentes geográficos, cidades, dentre outros.
Hoje, com uma renovação na forma de ensinar Geografia, outros aspectos são colocados
em pauta, entre eles a relação do homem com o espaço, a percepção de que existem várias
forças atuantes na construção desse espaço e que muitas vezes uma é dominante e outra é
dominada, mostrando a dialética existente no espaço. Assim sendo, o ensino de Geografia de
cunho tradicional se tornou obsoleto e sem lugar na atualidade, pois é necessária uma
Geografia que possa contribuir na formação de cidadãos ativos. Segundo afirma Vesentini,
Através dessas discussões, percebe-se cada vez mais como a educação e, nesse caso, o
ensino de Geografia pode ter um papel importante no desvendar da realidade que nos cerca,
pois observamos que através de diferentes ideologias podem-se mascarar situações e impedir
que os alunos descubram e aprendam a pensar o espaço de maneira mais crítica. Isso não é
somente com base nos conhecimentos geográficos trazidos pela Geografia Radical, mas nos
meios de pensar na realidade dos livros e naquela sentida, vivida todos os dias, formulando
um discurso contrário.
Portanto, o ensino de Geografia não se limita a uma renovação do conteúdo -
incorporando novos temas/problemas, normalmente ligados às lutas sociais, implica também
em valorizar determinadas atitudes – como combate aos preconceitos, ênfase na ética, no
respeito ao próximo, dentre outras. Para isso, é fundamental uma adoção de novos
procedimentos didáticos: não somente aulas expositivas, mas estudo do meio, dinâmicas de
grupo e outros procedimentos (VESENTINI, 2008).
Na Geografia, o estudo de muitos autores tem sido concebido como instrumento de
construção de cidadania. Eles discutem como o conhecimento do espaço por parte do aluno
pode colaborar para uma visão mais crítica diante da sociedade em que vive. Assim sendo,
pode-se dizer que o ensino de Geografia, como elemento do currículo escolar, pode contribuir
para formação de sujeitos conscientes de seus papéis no meio socioespacial do qual, ao
mesmo tempo, são produtores e produtos.
Na Educação Básica, o processo de ensino de Geografia se constitui como uma
oportunidade de estudar o espaço vivido cotidianamente, pelos seres humanos e suas relações
com o meio ambiente, e com a prática da cidadania. O ensino dessa maneira refere-se à
possibilidade de fazer com que os alunos aprendam a habitar o seu lugar, reconhecendo-o
como o “espaço do acontecer”, (FERNANDES, 2013). Podemos chegar ao conhecimento da
identidade do lugar se baseando em análise das percepções, atitudes e valores encontrados na
relação de moradores de uma cidade com o ambiente. A questão da identidade de um ser ou
objeto marca as relações de individualidade, proximidade, territorialidade e pertencimento.
Ela está cada vez mais presente na modernidade no contexto da globalização, porém não é
recente, considerando-se a identidade como sendo “imprescindível para se perceber a
personalidade dos lugares, seus sentidos e significados” (HISSA, 2002, p.68).
A identidade é construída durante todo o decorrer da vida e ela é passível de mudanças
de acordo com os momentos e fases que cada um vive. No ensino de Geografia, a formação
dela em cada aluno está ligada ao local de vivência, tanto na escola como na rua, casa e na
comunidade em que mora. Se considerarmos que as identidades são modos de inscrição que
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diversas conexões entre as escalas de análise, tanto global como local, trazendo para a
discussão em aula o tema globalização, permitindo ao aluno compreender e saber relacionar
as escalas geográficas. Ao se discutir sobre a relação entre esses dois contextos, é necessário,
inicialmente, que o aluno possa atentar para a questão das escalas, entendendo que os fatos
que acontecem em outros lugares do mundo podem interferir no local, mostrando, assim, a
problemática e importância de saber trabalhar com elas, pois essa questão inclui a relação e a
inseparabilidade entre tamanho e fenômeno. Possibilitar ao aluno uma educação mais
qualificada, em um mundo que se quer global, mas que ainda é vívido no local, passa pelo
oferecimento dos elementos necessários à compreensão desse próprio mundo (SPOSITO,
2002, p.154).
Monastirsky e Rocha (2008) afirmam que, na escala global, muito se fala em
homogeneização do espaço, graças à pulverização das informações, com encurtamento das
distâncias e na economia com acumulação flexível de capital, o que faz crer em uma cultura
padronizada de aprendizado e consumo, ou seja, a formação da chamada “aldeia global”. É
importante destacar que o aluno em suas reflexões deve analisar que a famosa “aldeia” se
mostra equivocada, pois a propagação de seus feitos nos países centrais esconde o lado
perverso da globalização, em que, nos países periféricos, são profundas as diferenças locais.
Poucos fazem parte da dinâmica global e a competitividade toma espaço nas relações sociais,
gerando uma fragmentação em que o desemprego, a pobreza e a fome aparecem com
frequência (MONASTIRSKY E ROCHA, 2008). Cabe ao professor provocar o seu aluno, no
sentido que ele possa entender essa relação com base naquela escala.
É importante destacar também, nesse contexto, a diferença entre lugar e local. Leite
(2012) destaca que o lugar se refere ao ponto de articulação entre o mundial que se anuncia e
a especificidade histórica do particular. É onde se vive, onde o cotidiano se realiza e, por isso,
expressa o caráter mundial. Portanto, para se entender esse ideal universal, deve-se partir do
lugar, pois é nele onde as formas mundiais se reproduzem. Já o local diz respeito à
especificidade concreta, é o momento; constitui-se apenas uma etapa do processo, uma
variável a mais (LEITE, 2012). É importante permitir ao aluno a reflexão a respeito tanto do
global quanto do local, deixando que ele entenda as relações existentes entre essas duas
escalas.
O conceito global, a partir da leitura do lugar, possibilita ao aluno uma compreensão e
análise acerca das influências que a globalização provoca no seu cotidiano. Portanto, levar a
discussão do cotidiano do aluno como conteúdo de Geografia não possibilita apenas o estudo
do lugar como conceito fechado, pelo contrário, este é onde se reproduz a totalidade. A
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construção dos conceitos local e global por alunos proporciona a compreensão dos conteúdos
de forma crítica e reflexiva, contribuindo para a formação da cidadania, permitindo entender
que a relação entre esses dois pontos é cheia de particularidades.
Enfim, a análise do processo dialético entre o global e o local através do ensino de
Geografia permite ao aluno visualizar as diversas interpretações do cotidiano em um
movimento mundial muito dinâmico. Cabe a cada professor utilizar das ferramentas
necessárias que possibilite ao alunado refletir sobre seu cotidiano, comparando com o mundo
e verificando as transformações ocorridas no seu espaço.
compreensão da realidade espacial do seu meio. Compreendendo seu lugar, o aluno pode
compreender o mundo (CAVALCANTI, 2012). Santos (2010) destaca a importância que a
Geografia Crítica teve na formação cidadã do aluno como ser pensante:
em sua dimensão humana e social, aberto ao imprevisto, aberto ao novo com força ou poder
para residir e intervir na sociedade da qual é participante (PONTUSCHKA, 1998).
A experiência de escola que os alunos têm contribui com a construção de significados
que eles atribuem a ela: aquilo que é vivido na escola que lhe confere um sentido particular é
influenciado não só por outros grupos externos à própria instituição de ensino, como também
por outros fatores. Então, como afirma Leite (2012):
aluno autonomia para refletir sobre o mundo em que vive (ARAÚJO, 2013). É importante que
ele perceba que o professor valoriza o seu pensar e que não só sua contribuição, mediante
relato de fatos do seu cotidiano e do seu espaço, pode fazer parte da dinâmica da aula, mas
que suas reflexões sobre o que se está estudando ou discutindo possam dar direcionamento
aos temas propostos (ARAÚJO, 2013). Os assuntos abordados em sala de aula, segundo
Callai (2003, p. 58), não podem ser apresentados como prontos e acabados, como se apenas o
homem fosse produzindo o espaço, ignorando a dinâmica natural, substituindo, dominando a
natureza e o lugar linearmente, sem obstáculos, criando nele um espaço organizado.
Na visão de Callai (2003), devemos considerar o aluno e o ambiente em que está
inserido, como ponto de partida no processo de ensino aprendizagem do lugar, deixando que
ele se reconheça como parte do espaço estudado. O grande desafio é fazer da Geografia uma
disciplina interessante para o aluno, ensinando o que tenha a ver com a sua realidade e não
apenas com informações distantes dela (CALLAI, 2003).
Os conteúdos de Geografia devem ser apropriados tomando como referência o cotidiano
do aluno, como método de aprendizagem, valorizando o conhecimento prévio, importante
para construção do geográfico. A compreensão da realidade constitui-se em um embate
cotidiano com o sentimento de pertencimento e identificação com um determinado espaço. O
sentimento de pertencer a um território significa fazer dele o seu lugar de vida e estabelecer
uma identidade com ele, traduzindo assim os vínculos afetivos. Cabe ao professor de
Geografia ser um mediador de um processo de ensino que utilize da realidade do aluno,
transformando em conteúdo que tenha sentido para o este e que ele se perceba como
participante do espaço em que estuda. No próximo capítulo, vamos analisar a abordagem do
conceito de lugar nos livros didáticos de Geografia que fazem parte do PNLD 2020,
destacando como os professores de Geografia trabalham-no em suas aulas.
35
Os livros são usados como didáticos há alguns séculos, porém, no Brasil, somente a
partir do século XIX, com a vinda da família real e a permissão da impressão desse material
no país, dá-se início à publicação de livros didáticos (MANTOVANI, 2009 apud ALBANO,
2017, p. 84). No século XX, o governo brasileiro, após pressões de intelectuais como
Monteiro Lobato (que chegou a ser empresário fundador de uma editora), institui uma política
para o livro com a criação do Instituto Nacional do Livro (INL), em 1937, assumindo a
missão inicial de publicar a “Enciclopédia Brasileira” e o “Dicionário da Língua Nacional”.
Segundo Bragança (2009, p. 227 apud ALBANO, 2017, p.84).
Pouco tempo depois, em 30 de dezembro de 1938, o decreto Lei nº 1006 estabelecia pela
primeira vez as condições para a produção, importação e utilização do livro didático, ao
mesmo tempo em que fazia uma censura prévia do material, mais precisamente em seu artigo
3º (BRASIL, 1938).
Nessa mesma lei, era previsto no seu artigo 8º a criação das caixas escolares em todas as
escolas do país, com a função de arrecadar dinheiro com base em matrículas para a compra de
livros didáticos, além da Comissão Nacional do Livro Didático, que visava avaliar e autorizar
o seu uso (BRASIL, 1938). Entretanto, inúmeras eram as causas que impediam a autorização
de um material do gênero, segundo a Lei nº 1006 (BRASIL, 1938), e elas iam desde questões
ligadas à ofensa à Pátria, ao Presidente ou ao Regime, até problemas na norma da língua
portuguesa.
37
A referida ei, além de ser direcionada para o livro didático, era uma política de avaliação
e, por sua vez, de censura e direcionamento ideológico em que estava pautado o país naquela
conjuntura política, com o regime ditatorial de Vargas, chamado de Estado Novo.
Durante o período da ditadura militar, que se iniciou em 1964, ocorre uma intensificação
dessas políticas de massificação na distribuição dos livros didáticos, além dos seus
respectivos controles de avaliação e autorização, com a criação da Comissão do Livro
Técnico e Livro Didático (COLTED), no âmbito de um acordo de cooperação entre o governo
brasileiro (MEC) e a agência de cooperação e ajuda internacional dos EUA (USAID), entre
1966 e 1971.
Segundo Krafzik (2006 apud ALBANO, 2017, p. 86), pode-se observar que a COLTED,
auxiliada pelos técnicos dos EUA, elaboraram critérios de avaliação de novos títulos didáticos
que seriam comprados para a utilização nos três níveis de ensino (primário, secundário e
superior), a partir da utilização de fichas, as quais informavam os itens referentes à
qualificação do autor, tais como: formação, experiência no magistério, orientação didática e
filosofia da educação. Em relação ao livro, eram observados tanto aspectos materiais como
formato, impressão, ilustrações, índices, além de aspectos de conteúdo, que eram examinados
quanto ao tema ou assunto, exatidão científica, extensão e profundidade, organização das
ideias, exatidão da linguagem (de modo geral e técnica), de caráter discursivo ou reflexivo.
No decorrer desse pequeno histórico, sobre a normatização e a avaliação dos livros
didáticos no Brasil, não é difícil especular sobre os interesses envolvidos para controlar o tipo
de livro didático que o aluno brasileiro iria ter acesso, principalmente com a interferência de
técnicos americanos no processo. Com o avanço desse controle ideológico dos livros
didáticos, vários estudos foram desencadeados, principalmente a partir dos anos 1970, para
averiguar o que os livros didáticos apresentavam para os alunos, tanto no Brasil como no
mundo.
Um trabalho pioneiro nessa área, escrito por Eco e Bonazzi (1980 apud ALBANO, 2017,
p.87), mostrava como as crianças italianas eram educadas para o silêncio, a fim de consentir
na espoliação e na submissão à eterna forma opressiva de uma mesma ordem, disciplinadas
nas carteiras escolares por meio dos livros didáticos. Um exemplo da análise feita por Eco
e Bonazzi (1980) é a forma em que aparecem os pobres nos livros didáticos, em demasia,
reafirmando sua proximidade com Deus – e que todos vão ser iguais depois de mortos no
paraíso. “Os ricos possuem muitas coisas para comer e podem viver no ócio. Isto provoca
frequentemente doenças que os pobres, graças a Deus, não conhecem. Há males que se
escondem apenas nos pratos, nos copos, nas poltronas de seda e nas camas macias” (ECO;
38
BONAZZI, 1980, p. 23). Essa passagem evidenciada pelos autores mostra como a ideologia
dominante tenta mascarar e distorcer as classes sociais no sistema capitalista, levando o pobre
a se conformar com sua situação.
No Brasil dos anos 1970, foi escrito um trabalho de fôlego sobre as ideologias que os
livros didáticos passavam para as crianças nos primeiros anos do ensino fundamental. O
trabalho de Deiró (2005, apud ALBANO, 2017, p.88) analisou 166 livros didáticos, os mais
indicados por 44% das escolas da Rede Oficial de Ensino do Estado do Espírito Santo. Dessa
análise, resultaram que os livros didáticos brasileiros estavam, assim como os italianos,
impregnados de ideologias das classes dominantes, preconceitos, racismo, que certamente
influenciaram na personalidade em desenvolvimento das crianças.
Deiró (2005) identifica as principais ideologias presentes nos materiais didáticos que
dizem respeito à obediência à autoridade constituída do pai, do professor e dos representantes
da pátria, à abordagem da natureza ao transmitir que não existe contaminação e de que tudo é
belo, à ideia de que a felicidade não depende da riqueza, tentando pregar o conformismo
social na mente da criança (apud ALBANO, 2017, p.88)
Após o período do regime militar e com a abertura democrática, o Ministério da
Educação inicia uma nova etapa em relação aos livros didáticos, a partir da criação do
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), em 1985, que tinha como inovação a
indicação do referido material pelos professores. Um novo processo de avaliação dos livros
didáticos tem início a partir de 1994, com a publicação de uma obra chamada “Definição de
Critérios Para a Avaliação de Livros Didáticos”, fruto de uma comissão de especialistas de
várias áreas chamados pelo MEC para diagnosticar os livros que o governo comprava para as
escolas públicas.
Desse modo, foi verificado que os livros tinham uma péssima qualidade. Diante disso, o
governo de Fernando Henrique Cardoso, então presidente à época, resolve investir em um
programa de avaliação do livro didático no 1996. Com essa formulação do Guia do Livro
Didático, houve a exclusão das obras que apresentavam erros conceituais, indução a enganos,
desatualização, preconceito ou discriminação de qualquer tipo. Vale salientar que, além disso,
Fernando Henrique Cardoso também foi responsável por aumentar a distribuição dos livros
didáticos e promover sua universalização para as séries finais do ensino fundamental
(BASSO, 2013; MANTOVANI, 2009).
Atualmente, o PNLD é um programa fortalecido, que cresceu durante as últimas gestões
presidenciais e hoje contempla do ensino fundamental ao ensino médio. Em relação à
qualidade, o PNLD estabeleceu critérios que visam manter a qualidade do livro didático, tais
39
2.3 O lugar nos livros didáticos e nas obras aprovadas no PNLD 2020 (ensino
fundamental)
A – Magalhães, Cláudia; Gonçalves, Marcos; Tanjerina, Rafael; Rudek, Roseni. Projeto Apoema. 6º ano – 2º ed. – São Paulo,
2018.
B -Dellore, Cesar Brumini.Araribá Mais : geografia, 6º ano – 1º ed. – São Paulo, 2018
C- Garcia, Valquiria. Convergências Geografia, 6º ano – 2º ed. – São Paulo, 2018
D - Melhem; Adas, Sérgio. Expedições Geográficas, 6º ano – 3ª ed.- São Paulo, 2018
E- Paula, Marcelo Morais; Rama, Maria Angela Gomez; Pinosse, Denise Cristina Christov. Geografia Espaço & Interação, 6º
ano - 1ª ed. - São Paulo: FTD, 2018
F- Sampaio, Fernando dos Santos; Souza, Flávio Manzatto. Geração Alpha Geografia, 6º ano - 2ª ed. - São Paulo: SM, 2018
G- Moreira, João Carlos; Sene, José Eustáquio. Geografia Geral e do Brasil, 6º ano - 1ª ed.- São Paulo: editora scipione,
2018
H- Lucci, Elian Alabi; Branco, Anselmo Lazaro; Fugii, William Kyoshi. Geografia: Território e Sociedade, 6º ano - 1ª ed.-
São Paulo: Saraiva, 2018
I- Ribeiro, Wagner Costa. POR DENTRO DA GEOGRAFIA, 6º ano – 4º ed. - São Paulo: Saraiva, 2018
J- Vesentini, José William; Vlach, Vânia. Teláris Geografia, 6º ano - 3ª ed.- São Paulo: Ática, 2018
K- Silva, Valdinei Aparecido de Avila E; Ross, Jurandyr Luciano Sanches. Tempo de Geografia, 6º ano - 4ª ed.- São Paulo:
Editora do Brasil, 2018
L-Torrezani, Neiva Camargo. VONTADE DE SABER GEOGRAFIA 6º ano – 1ª ed. - São Paulo: Quinteto, 2018
-------------------------------------------------------------------------------------------------
cinco. Os livros A e J aparecem também com a mesma quantidade de questões cada, sendo a
menor de todos os materiais escolhidos no PNLD 2020.
O conteúdo sobre a categoria lugar nos livros didáticos que analisamos destaca o espaço
vivido e percebido do aluno como conceito dela. Os gráficos mostraram algumas disparidades
relacionadas ao conteúdo sobre ela: em algumas obras, temos um amplo destaque do conteúdo
sobre o lugar, enquanto em outras acontece o contrário.
A escolha do livro feita por professores deve ocorrer de maneira correta, isto é, deve ser
selecionado o melhor material para os alunos. Além disso, mesmo após a escolha, o professor
precisa ter acesso às obras que não foram elegidas, facilitando quando for necessário a
pesquisa desse material. Na rede de ensino de Caicó, a escolha do livro é feita de forma
democrática, com participação tanto de supervisores quanto dos professores, sendo escolhido
o material didático que atende da melhor maneira os requisitos de análise. Após o processo, é
feita uma votação para escolha, sendo colocado em uso aquele que for mais aceito pelos
professores. A categoria geográfica analisada na pesquisa mostra como é importante para o
discente compreender o espaço em que vive e que, a partir do material de apoio que é o livro
didático, ele possa construir conceitos, sentindo-se pertencente ao lugar em que vive. No
próximo capítulo, vamos conhecer a opinião dos professores e o lugar no ensino de Geografia,
com base no questionário elaborado para servir de apoio na pesquisa.
45
Kennedy, com endereço no centro da cidade de Caicó, atendendo a um público não só central,
mas de diversos bairros e da zona rural do município. A terceira e última escola da pesquisa é
a Escola Estadual Antônio Aladim, que fica localizada no bairro Boa Passagem, zona oeste da
cidade, assim como mostra a figura 1.
Essa pesquisa, mesmo sendo de cunho qualitativa, também considera alguns fatores
quantitativos que foram mostrados através da aplicação de questionários para professores.
Iniciamos ela com um levantamento bibliográfico sobre o tema, em repositórios de
universidades, em produções científicas que serviram de apoio ao nosso projeto. Nesse
levantamento, foram incluídos artigos, periódicos, teses e dissertações, além de livros e
revistas que tratam sobre o lugar no ensino de Geografia. Após isso, fizemos uma leitura
seletiva do que poderíamos utilizar como referências em nosso trabalho.
Em seguida, fizemos uma análise de livros didáticos de Geografia para entender como a
abordagem do lugar aparece neles. Analisamos de forma mais profunda os livros didáticos de
Geografia do 6º ano, pois se constatou que ele é abordado no ensino de Geografia, de forma
mais completa, na referida série do ensino fundamental, por se tratar muitas vezes da
introdução do ensino de Geografia na vida escolar de cada aluno. No próximo tópico, teremos
a análise dos dados da pesquisa junto aos professores.
48
14%
SOMENTE NO 6º ANO
que de forma específica ele aparece nos currículos escolares no início dos anos finais do
ensino fundamental. Dessa forma, possibilita ao aluno como compreender o lugar como sendo
o espaço vivido. Vale destacar que tanto os PCN (1998) quanto a BNCC (2017) colocam a
categoria de lugar como eixo temático. A BNCC, por exemplo, compreende que no ensino
fundamental se faça uma articulação entre o espaço vivido e a experiência com outros lugares,
já a partir dos anos iniciais e finais.
Partindo da necessidade de conhecer a opinião de cada professor a respeito de
possibilidades para trabalhar o lugar em sala de aula, vimos que 43% acreditam que o uso de
materiais específicos pode facilitar a compreensão do conteúdo, enquanto 29% colocam a
atividade de campo como importante na captação dele e que essa aula ajudaria ao aluno a
entender o seu espaço. Cerca de 14% entendem que o trabalho interdisciplinar é uma
possibilidade de compreensão do conteúdo sobre o lugar no ensino de Geografia, mais 14%
acreditam que outros meios podem ajudar ao aluno nessa compreensão, facilitando para a
construção de conceitos. Esses meios envolvem aulas com vídeos, produção de vídeos,
produção de mapas mentais por parte dos alunos (Gráfico 5).
14%
43%
MATERIAIS ESPECÍFICOS
29%
TRABALHO
INTERDISCIPLINAR
14%
ATIVIDADE DE CAMPO
VOLTADA PARA
COMPREENSÃO DO ESPAÇO
OUTROS
Como mostra o gráfico, a maioria acredita que um bom material didático pode facilitar
nas aulas de Geografia quando trabalham o lugar. Materiais específicos, com o assunto bem
destacado, diferente de alguns livros que não tratam essa categoria como um conceito
importante no ensino de Geografia. O conteúdo a respeito do lugar nos livros de Geografia, às
vezes, aparece de forma resumida. Isso mostra que é importante utilizar livros com
especificidades maiores que tenham um conteúdo significativo para trabalhar o referido
assunto. Não podemos esquecer também o trabalho de campo que, na pesquisa de opinião dos
professores, também se destaca como sendo um importante meio de trabalhar o lugar nas
aulas de Geografia, além da interdisciplinaridade e de outras formas importantes e
necessárias.
Sabemos que, mesmo com toda a tecnologia e metodologias que incentivam o aluno em
sala de aula, o professor ainda tem dificuldade de motivar o discente para compreender
conteúdos. Por isso perguntamos para os docentes se os alunos tinham dificuldades em
compreender os conteúdos relacionados ao seu cotidiano (Gráfico 6)
29%
SIM 2
71% NÃO 5
Com base nos números, cerca de 71% dos professores afirmaram que seus alunos não
têm dificuldades de compreender quando o conteúdo se relaciona com o seu cotidiano. Isso
51
mostra que o discente se interessa pelo seu dia a dia, por entender o que se passa ao seu redor,
podendo opinar quando perguntado sobre o seu lugar. Os outros 29% dos profissionais que
colaboraram com a pesquisa, acreditam que os seus alunos apresentam dificuldades de
compreender os conteúdos que se relacionam com as suas respectivas vidas. Vale destacar
que a mediação do professor na aula e o uso de metodologias necessárias podem acabar com
essa dificuldade, tendo em vista que muitos alunos precisam de uma ajuda ou orientação para
compreender o que está sendo colocado em conteúdo.
Levando em consideração que o conhecimento do lugar de vivência do aluno pode ser
utilizado para se fazer um diagnóstico inicial das necessidades dos discentes e assim traçar
metas que facilitem o ensino aprendizagem, foi perguntado aos professores sobre a noção que
eles próprios tinham do lugar em que seus alunos viviam (Gráfico 7).
29%
CONHECE TOTALMENTE
57%
NÃO SABE DA REALIDADE DO ALUNO
14%
CONHECE PARCIALMENTE
Dentre os que participaram da pesquisa, cerca de 57% dos respondentes disseram que
conhecem parcialmente o lugar de vivência de seus alunos e 29% conhecem totalmente,
enquanto 14% disseram não conhecer a realidade do discente. Dessa forma, compreendemos
que a maioria conhece, mesmo que parcialmente, o lugar que seus alunos vivem, o que facilita
no planejamento da abordagem do conteúdo sobre o lugar e só assim podem, por meio da
mediação, ajudar na formação dessa categoria, absorvendo o conhecimento prévio de cada. A
52
minoria dos que responderam não conhece espaço de vivência do alunado, o que na verdade
dificulta o planejamento desse tipo de material.
A formação do conceito de lugar é importante no ensino de Geografia e o professor deve
garantir condições que a turma possa criar e formar outros conceitos a respeito das categorias
geográficas. Perguntamos aos profissionais como eles trabalhavam o conceito de lugar. No
gráfico abaixo, temos a representação das respostas: (Gráfico 8)
14%
UTILIZANDO DA VIVÊNCIA DO
43% ALUNO
CRIA JUNTO COM OS ALUNOS O
CONCEITO DE LUGAR
Para 43% dos entrevistados, o conceito de lugar é trabalhado com base no livro
didático, outros 43% também das opiniões afirmaram trabalhar o conceito de lugar utilizando
a vivência do aluno. Para 14%, a melhor forma de trabalhar a categoria é criando conceitos
junto com os alunos. Os livros didáticos que são utilizados nas escolas públicas do Brasil e
que fazem parte do PNLD trazem o conteúdo sobre o lugar, em alguns exemplares, bem
resumido, precisando o professor de materiais de apoio, caso queira aprofundá-lo. Por se
tratar de uma área de análise importante, deve ser bem destacado nos livros escolares, a fim
de que o aluno não tenha dificuldade na aprendizagem desse conteúdo.
acontecer. Perguntamos aos docentes que participaram da pesquisa qual era a maior dessas
adversidades, assim como consta no gráfico abaixo.
Gráfico 9. Qual a maior dificuldade dos professores quando trabalham o lugar no ensino de
Geografia
FALTA DE INTERESSE
14%
29%
14% FALTA DE TEMPO
43%
Para a maioria, em torno de 43% dos que responderam a pesquisa, temos que a maior
dificuldade é posta pelo livro, que é muito limitado, sendo necessário buscar outros recursos,
como, por exemplo, outros materiais de apoio. Cerca de 29% acham que o distanciamento
entre teoria e aplicação à realidade do aluno é o que gera maior dificuldade na aprendizagem
sobre o lugar no ensino de Geografia. A falta de interesse do aluno e a falta de tempo são
citadas cada uma delas por 14% dos que responderam como sendo causadores desses
obstáculos, principalmente nos anos finais do ensino fundamental.
29%
SIM
57%
NÃO
14%
EM PARTES
Pelas respostas obtidas, um total bem expressivo, cerca de 57% dos professores
afirmaram que, em parte, as condições sociais e estruturais podem dificultar a aprendizagem
do aluno em relação ao conteúdo sobre o lugar, enquanto que 29% acreditam que elas
dificultam totalmente a aprendizagem do aluno. Outros 14% dos que responderam
compreendem as condições sociais e estruturais como fatores que não dificultam nesse
processo de aprendizagem do aluno. Podemos destacar que a vivência do aluno é importante
ponto de partida no estudo do lugar. Cabe ao aluno, como sujeito modificador da realidade em
que vive, refletir sobre o seu espaço de vivência, observando os problemas que ali existe, e
buscando melhorar a realidade em que vive.
No tocante ao interesse na aula de Geografia, não podemos deixar de falar que o ensino
dessa matéria nos últimos tempos passou por muitas mudanças, professores buscaram melhor
capacitação e, com o uso das ferramentas digitais, a aula de Geografia ficou mais prazerosa.
Relacionando ao interesse e forma de lecionar dos docentes, foi perguntado se, quando eles
trabalhavam o conteúdo sobre lugar, os alunos demostravam interesse, conforme consta no
gráfico 11.
55
29%
SIM
57%
NÃO
14%
AS VEZES
Para 57% dos que responderam, sim, a turma demonstra interesse, enquanto que 29%
afirmam que os alunos, às vezes, interessam-se pelo conteúdo. Outros 14% dos professores
entenderam que não existe qualquer entusiamos por parte dos alunos. Como já citado, nos
dias atuais, a sala de aula é muito mais atrativa para o aluno, isso se compararmos com o
passado, pois ela conta não só com professores qualificados, mas com um aparato digital que
facilita o processo de ensino, mesmo sabendo que a realidade nem sempre é a mesma, uma
vez que temos escolas onde faltam professores, material de expediente e também não dispõe
de aparato tecnológico. O material didático que é utilizado na rede pública de ensino é
fornecido pelo PNLD, obedecendo critérios que serve para qualificar as escolhas das obras. A
pergunta direcionada aos docentes, desta vez, foi com relação ao livro didático usado nas
aulas de Geografia, no que diz respeito à categoria lugar. No gráfico 12, temos as respostas:
56
Gráfico 12. Com relação ao livro didático usado nas aulas de Geografia
14%
29% ATENDE A NECESSIDADE DE
14% ENTEDIMENTO DO ALUNO
NECESSITA DE MATERIAL DE APOIO,
POIS É MUITO RESUMIDO
MUITO COMPLEXO, SEM
POSSIBILIDADE DE ENTENDIMENTO
43%
POSSIBILITA AO ALUNO COMPREEDER
O SEU ESPAÇO,E CRIAR CONCEITOS
Cerca de 43% dos que responderam afirmaram que o livro didático necessita de
materiais de apoio para trabalhar o lugar no ensino de Geografia, enquanto que 29% afirma
que ele atende às necessidades de entendimento do aluno. Para 14% dos respondentes, o
material é muito complexo, sem possibilidade de entendimento e outros 14% afirmaram que
ele possibilita ao aluno compreender o seu espaço e criar conceitos. Sabemos que o livro
didático é, ainda, única fonte de conhecimento para muitos alunos, e que muitos professores
ainda têm nele uma fonte segura para suas aulas. Por isso é importante um bom livro, uma
obra que tenha o conteúdo de acordo com a necessidade do discente.
6- Que recursos didáticos você utiliza nas suas aulas? Cite esses recursos.
1ª resposta: No geral, utilizo textos contextualizando os conceitos, imagens, construção de
desenhos pelos alunos sobre seu lugar de vivência, vídeos e músicas.
2ª resposta: Usamos textos de revistas, também gosto de trabalhar com fotos da cidade e, às
vezes, uso o mapa mental.
3ª resposta: Como o tempo é pouco e o conteúdo bem reduzido, eu trabalho com imagens do
livro e peço que eles comparem com o seu lugar de vivência.
4ª resposta: Utilizo música, mando fazer o mapa mental do lugar de vivência do aluno. E as
imagens do livro uso para as atividades.
5ª resposta: Gosto de trabalhar com música e tenho filmes que sempre trabalho na aula sobre
lugar, além do livro, que é o mais importante.
6ª resposta: Como os livros não têm muita coisa, procuro texto na internet, imagens, gosto de
elaborar questões em cima desses textos e imagens.
7ª resposta: Mando construírem o mapa do caminho de casa pra escola, também mando
desenhar os lugares que gostam. Tudo com base no livro.
12- O que você acha necessário que tenha nos livros didáticos para melhorar a abordagem do
estudo sobre o lugar? Explique.
58
Os recursos didáticos citados por eles vão da produção de mapas mentais à utilização de
imagens de livros, revistas e também da internet, até a utilização de músicas nas aulas. Tudo
isso para facilitar a compreensão do conteúdo por parte do aluno. O professor utiliza desses
recursos e outros que não foram citados por acreditar que seja a melhor maneira para trabalhar
o conteúdo lugar no ensino de Geografia.
A respeito do que os docentes acham que falta nos livros didáticos para trabalhar melhor o
supracitado tema, tivemos a confirmação de se ter um conteúdo mais amplo, significativo e
que os livros possam dar uma importância maior pra essa categoria de análise da Geografia. O
tempo também é um problema, pois os professores, às vezes, não conseguem desenvolver o
que planejam para uma boa aula desse assunto. Não conseguem adequar o que planejou
59
dentro do tempo, pois esse conteúdo quase passa despercebido nas escolas, segundo os
profissionais.
Nesse capítulo descreveremos o nosso material textual produzido, como deve ser
elaborada uma sequência didática, as considerações a respeito do que é uma sequência, a
nossa justificativa para produzir o material e as partes estruturais das estratégias de trabalho
da sequência e toda sua metodologia.
sua aplicação, mas cria uma expectativa de bons resultados futuros em momento adequado.
Olhando pelo lado da eficácia e viabilidade, ela vai oferecer subsídios para impulsionar o
trabalho docente nas aulas de Geografia.
A sequência didática que será apresentada em apêndice vai estimular novas práticas e
novas maneiras de pensar e trabalhar o conceito de lugar na sala de aula com os alunos,
enriquecendo a forma de ensinar de cada professor.
Na verdade, a sequência didática é uma estratégia de ensino que, nos últimos tempos,
ganhou destaque no âmbito escolar. Em nossa pesquisa, observamos que é importante um
sequenciamento didático que possa ajudar professores na sala de aula, a fim de que possam
trabalhar o conteúdo sobre a categoria geográfica que vem sendo apresentada no decorrer de
todo o trabalho.
Uma SD é uma estratégia educacional que busca ajudar os alunos em suas dificuldades
sobre temas e também, mesmo que não tenham problemas, pode ser utilizada por professores.
Vale lembra que as atividades são planejadas e elaboradas seguindo uma lógica sequencial.
Para que ela seja efetiva e tenha um completo valor, é necessário que siga os seguintes passos:
62
Interpretação de textos
DESENVOLVIMENTO
Realização de Fonte de informações (livros, revistas,
atividade internet), pesquisa e elaboração das
conclusões.
FINALIZAÇÕES
Avaliação da aula
sabendo o que realmente é preciso fazer. Vale destacar a importância da avaliação, pois é
através dela é que o professor pode conhecer as necessidades futuras da turma, o que pode
melhorar para facilitar sua aprendizagem.
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do lugar na Geografia permite ao aluno uma análise do seu próprio espaço,
onde vive, realiza suas atividades e se relaciona com os outros indivíduos. Essa categoria
mostra que é importante para o ensino e que pode proporcionar ao aluno um conhecimento do
seu cotidiano. Por meio da presente pesquisa, podemos constatar, entender e opinar sobre as
necessidades que os professores têm em relação os conteúdos resumidos e sem muita clareza,
além da possibilidade de observação de realidades bem diferentes.
Fizemos diversas leituras, pesquisas de imagens, textos, análise de letras de músicas que
se adequassem à produção textual escolhida, para produzir um material que realmente sirva de
apoio aos colegas professores em suas aulas de Geografia. Um material necessário, em virtude
de os conteúdos serem resumidos, assim como foi observado na pesquisa.
Não podemos esquecer que o estudo dessa categoria geográfica vai além da localização
espacial, vai além do conceito formulado em alguns livros de Geografia do 6º ano. Estudar o
lugar é estudar o cotidiano, o que acontece no dia a dia, é perceber que ele é repleto de
sentimentos, símbolos e lutas. A produção do seu conceito nas aulas da disciplina deve
sempre ser baseada na vivência do aluno e na ideia de que os professores devem incluir na
aula o conhecimento que cada aluno tem, inserindo o discente no contexto da aula, tornando o
ensino de Geografia muito mais significativo para a turma.
Com base no que foi perguntado aos docentes no questionário, constatamos que, quando
o assunto é estudo do espaço e principalmente o lugar na Geografia, deixam os professores, de
certa forma, com dúvidas sobre conceito. Mesmo com toda experiência que possuem, deixam
transparecer as dificuldades de trabalhar os conceitos fundantes da Geografia.
Por fim, podemos dizer que a nossa pesquisa revelou a necessidade que alguns
professores têm, no tocante ao trabalho de conteúdos, sendo preciso um apoio didático
pedagógico, e que, a partir dessas informações, tivemos a certeza de que mais materiais de
apoio precisam ser desenvolvidos. Outro fato que deve ser destacado é sobre a importância de
trabalhar os conceitos basilares da Geografia desde as séries iniciais, o que falta na escolas da
rede pública de Caicó-RN, onde desenvolvemos nossa pesquisa.
Dessa forma, tivemos em nossa última etapa do trabalho a produção do material textual já
citado, uma sequência didática que possa contribuir para a prática docente e ajudar na
aprendizagem de adolescentes e jovens. Lembrando que nosso material produzido é uma
estratégia de apoio pedagógico para professores e ajudará no ensino-aprendizado dos
65
discentes. O material foi elaborado com estratégias que facilitam a compreensão do conceito
de lugar e possibilita ao aluno produzir conceitos que são importantes.
Também é bom destacar que as discussões colocadas neste estudo poderão servir de
apoio para outras pesquisas e que contribuirão para que a categoria lugar no ensino de
Geografia possa ser trabalhada com os alunos de forma mais significativa na vida de cada um,
fazendo com que, cada vez mais, esteja presente na prática de ensino da disciplina, não
encerrando aqui o debate da construção do conhecimento geográfico. Além disso, esperamos
que o estudo realizado possa servir de reflexão no cotidiano de outros pesquisadores e
professores da área, isto é, para aqueles que se interessam pelo tema.
66
Referências
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ALBANO, Gleydson Pinheiro. A Oceania nos livros didáticos. In: DANTAS, Eugênia
Maria; MORAIS, Ione Rodrigues Diniz (Orgs). Geografia e ensino (recursos eletrônicos) –
Natal: EDUFRN, 2017.
BARONI, Adriano et al. Geografia em foco: nono ano. São Paulo: Leya, 2012
BASSO, Lucimara Del Pozzo. Estudo acerca dos critérios de avaliação de livros didáticos
de ciências no PNLD – Período de 1996 e 2013. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO, 26., 2013, Recife. Anais... Recife,
2013.
CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do
Ensino Fundamental. Campinas: Cad. Cedes, v. 25, n. 66, p. 227-247, maio-ago. 2005.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo, FFLCH, 2007.
CASTELLS, Manuel. O Poder da Identidade. 2.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
67
COSTA, Fábio Rodrigues da; ROCHA, Márcio Mendes. Geografia: Conceitos e paradigmas
– apontamentos preliminares. Revista Geomae. V.1 N. 2, p 25-56, Jun-dez, 2010.
DEIRÓ, Maria de Lourdes Chagas. As Belas Mentiras: A ideologia subjacente aos textos
didáticos. 13. ed. São Paulo: Centauro, 2005.
ECO, Umberto; BONAZI, Marisa. Mentiras que parecem verdades. Trad. Giacomina
Faldini. São Paulo: Summus, 1980.
GARCIA, Tania Cristina Meira; MORAIS, Ione Rodrigues Diniz. Ensino de Geografia:
refletindo sobre a práxis e a identidade do professor. In: MORAIS, Ione Rodrigues Diniz;
GARCIA, Tania Cristina Meira; SOBRINHO, Djanni Martinho dos Santos (Orgs). Educação
geográfica: ensino e práticas. Natal: EDUFRN, 2014.
GIL, Carlos Antônio. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MELLO, João Baptista Ferreira de. A Humanística perspectiva do espaço e do lugar. In:
Revista ACTA Geográfica. Ano V, n. 9, jan./jun., 2011.
68
MORAES, A. C. R. Geografia: Pequena História Crítica. 6ª. ed. São Paulo: HUCITEC,
1987.
MORAIS, Ione Rodrigues Diniz. Desvendando a cidade: Caicó em sua dinâmica espacial.
Brasília: [s.n.],1999.
TUAN, Yi -Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983.
VESENTINI, José William. Geografia crítica e ensino. In VESENTINI, José William. Para
uma Geografia Crítica na Escola. São Paulo: Ática, 1992
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. – Porto Alegre: Artmed, 1998.
70
Apêndices
Formação acadêmica:
Graduação: ______________________________________________________________
Pós-Graduação: __________________________________________________________
Unidade de trabalho:
________________________________________________________________________
1-O conhecimento sobre o lugar enquanto conteúdo específico costuma ser trabalhado em sua prática
docente geralmente em quais séries no ensino fundamental?
ENSINO FUNDAMENTAL (anos finais)
( ) 6º ANO
( ) 7º ANO
( ) 8º ANO
( ) 9º ANO
2-- Enquanto professor, qual dessas sugestões você poderia indicar como possíveis possibilidades para
trabalhar o lugar no ensino de geografia?
( ) MATERIAIS ESPECÍFICOS
( ) TRABALHO INTERDISCIPLINAR
( ) ATIVIDADES DE CAMPO VOLTADAS PARA COMPREENSÃO DO ESPAÇO
( ) OUTROS
72
7- Qual a metodologia que você utiliza quando trabalha o lugar? E como essa metodologia
pode ajudar em uma educação significativa para o aluno?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8-Em relação aos discentes, na sua opinião qual a maior dificuldade para se trabalhar lugar no ensino
de geografia?
( ) FALTA DE INTERESSE
( ) FALTA DE TEMPO
( ) LIVRO DIDÁTICO MUITO LIMITADO
( ) DISTANCIAMENTO ENTRE TEORIA E APLICAÇÃO A REALIDADE DO ALUNO
73
9- Você acha que as condições (sociais e estruturais) dificultam a aprendizagem que o aluno
tem sobre seu lugar?
( ) SIM
( ) NÃO
( ) EM PARTES
Caicó – RN
202
76
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 4
PALAVRAS FINAIS 14
REFERÊNCIAS 15
77
APRESENTAÇÃO
Estudar os lugares é muito importante para a Geografia, pois a partir da análise do lugar
podemos entender como o espaço se organiza. O lugar de vivência do aluno é e sempre será
ponto de partida na compreensão do lugar. Em nosso dia a dia frequentamos lugares que
consideramos como especiais.
Neste material vamos explorar alguns lugares que mostram a vivência do aluno, como a
moradia, a escola e lugares que fazem parte do seu dia a dia. Também destacamos a relação
dos lugares que é importante para despertar no aluno a reflexão da importância que tem o seu
lugar para o mundo. O estudo da Geografia tem como objetivo principal formar pessoas
críticas, que sejam capazes de analisar e tomar decisões, sendo atuantes e que possam
transformar seus lugares de vivência.
A elaboração deste material textual visa possibilitar aos professores de Geografia do ensino
fundamental, um apoio didático na forma de trabalhar com os alunos a categoria lugar de
modo que, o aluno possa compreender de forma significativa o espaço habitado por ele. O
lugar nesse aspecto ganha uma dimensão mais ampla, pois deixa de ser apenas uma
localização geográfica, e passa ser o lugar de sonhos, lutas sociais e conflitos.
Nossa proposta é garantir ao aluno um ensino de Geografia que seja significativa, e que
garante ao aluno uma aprendizagem que tenha importância na sua vida e possa torná-lo um
sujeito que reflita e opine sobre seu lugar. Cabe ao professor utiliza de meios que garanta ao
aluno essa forma de educação.
É de minha vontade que esse material possa contribuir com professores e alunos na
preparação de aulas e na formação de alunos, que se sinta parte do mundo em que vive e que
possa atuar de forma positiva sobre ele.
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O Lugar
Nossa casa, nossa rua, nossa escola, a casa de um amigo, de um parente, a pracinha onde
brincamos e conversamos, o nosso bairro, são exemplos de lugares com os quais criamos uma
identidade, ou seja, que tem significado para nós. Estabelecemos vínculos afetivos com os
lugares de nosso convívio, e quando mudamos para outro bairro, outra cidade, oura escola,
temos de nos adaptar ao novo, e estabelecer vínculos com o novo local.
Lugar é o espaço em que vivemos e nos relacionamos com outras pessoas. É no lugar
que compartilhamos nossas alegrias e tristezas, travamos lutas, conquistamos e também
seguimos normas da sociedade da qual fazemos parte.
No ensino fundamental, é no 6º ano que a temática Lugar ganha destaque nas aulas de
Geografia. Os livros didáticos da educação básica também apresentam discursões
relacionadas ao lugar. O professor deve fazer uma relação do conteúdo, com o lugar de
vivência do aluno. Essa relação estabelece uma ligação do conteúdo científico com o
cotidiano ou vivência do aluno.
Trazemos aqui visões de autores que conceituam o lugar com base em métodos de análise.
Yi Fu Tuan, um dos mais importantes representantes da corrente humanista, destaca que a
Geografia estuda o lugar sob duas óticas: a do lugar como localização e a de lugar como um
artefato único. Podemos afirma com base na Geografia Humanista que, “quando o espaço é
conhecido inteiramente, sendo familiarizado, torna-se lugar”. Espaço e lugar se relacionam,
existindo na verdade três tipos de espaços, “o mítico, o pragmático e o abstrato”. Quando o
espaço é experienciado e valorizado se torna lugar, tendo significado para a pessoa. O lugar é
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mais concreto que espaço. Os Lugares são centros aos quais atribuímos valor e onde
satisfazemos nossas necessidades biológicas (comida, descanso e procriação). Então,
para Tuan, com uma abordagem fenomenológica na Geografia Humanista, o Lugar é na
verdade, “um mundo de significados organizados, de sentimentos, ou seja, espaço vivido
através da experiência”.
Um dos problemas da Geografia escolar, e de ainda se trabalhar a compreensão do
conceito de lugar, ligado a uma determinada localização, ou seja, um ponto do espaço. Dessa
forma, o espaço vivido, e experienciado pelo aluno, deixam de ser o ponto de partida na
construção do conceito de lugar.
“o espaço vivido do aluno perde importância porque o lugar onde os alunos vivem ainda
não se tornou, de fato, objeto de conhecimento das propostas didáticas do ensino de
Geografia ao longo do Ensino fundamental”. (NASCIMENTO, 2012)
Essa proposta do espaço vivido como objeto de estudo tem se desenvolvido em algumas
escolas públicas e privadas do Brasil, mas, apenas com alunos dos anos iniciais do ensino
fundamental. E que encontramos respaldo nas propostaa curriculares dos PCNs e da BNCC
para o ensino de Geografia nos anos iniciais e finais do ensino fundamental.
Quadro1. Proposta de sequência didática: introdução ao conceito de lugar
PLANO DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O lugar
Objeto de Introdução ao conceito de lugar
conhecimento
Duração 3 horas / aulas
Objetivos Compreender o conceito de lugar com base no livro didático e criar
conceito com base na sua vivência.
Competências e C – Desenvolver o pensamento espacial para entender o conceito de
lugar e por meio desse pensamento criar o conceito de lugar com base
Habilidades
em sua vivência.
Estratégia do trabalho
https://www.mundoeducacao.uol.com.br-conceito-lugar-para-geografia
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http://www.humanizandopelaarte.blogspot.com/
Atividade
Fonte: www.ead.uepb.edu,br
Finalizando as tarefas e com as correções devidas, o professor toma
conhecimento dos erros dos alunos, e pode avaliar se foi satisfatória a
Finalização
tarefa e o que precisa melhora.
A avaliação e continua e processual, identificando os avanços e
dificuldades.
Elaboração: José do Carmo Filho, 2020.
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Lugar e o mundo
É importante reconhece que os lugares, sempre em constante mudança, pode com o passar
do tempo, alternar sua função e sua identificação. Como isso ocorre?
Graças aos meios de comunicação, como a internet, a televisão e o rádio, que podemos ter
o contato com outros lugares e obtermos informações a seu respeito o tempo todo, no mesmo
momento em que acontece o fato. Isso afeta diretamente a configuração do lugar em que
estamos. Temos uma sugestão didática para trabalhar o conteúdo, veja a seguir.
Estratégia de trabalho
questione-os.
.Onde o menino mora?
.Quais os lugares citados na canção?
.Quais desses lugares você conhece?
.De que maneira você conhece esses lugares?
Então nesta sequência didática temos algumas estratégias para o professor trabalhar com
os alunos de forma que o conteúdo tenha significado para o aluno.
Estratégia de trabalho
O meu lugar
É cercado de luta e suor
Esperança num mundo melhor
E cerveja pra comemorar
O meu lugar
Tem seus mitos e seres de luz
É bem perto de Osvaldo Cruz
Cascadura, Vaz Lobo e Irajá
[...]
Ai meu lugar
Quem não viu Tia Eulália dançar
Vó Maria o terreiro benzer
E ainda tem jongo à luz do luar
Em Madureira
Império e Portela também são de lá
Em Madureira
E no Mercadão você pode comprar
Por uma pechincha você vai levar
Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar
PALAVRAS FINAIS
Este material textual produzido pretende ser um guia, um norte na busca de um material
de apoio e aperfeiçoamento para professores de Geografia que atuam no ensino básico, no
tocante ao conteúdo sobre lugar no ensino de Geografia. O sequenciamento foi elaborado com
base em pesquisa bibliográfica, pesquisa com docentes que atuam diretamente em sala de aula
com alunos do ensino fundamental (anos finais), e vivência em sala de aula. Os
sequenciamentos didáticos propostos nesse estudo visam contribuir com as aulas de Geografia
quando o assunto é o lugar no ensino de Geografia. Desejamos que professores de Geografia
dos anos finais do ensino fundamental possam utilizar esse material e se preciso poderá
complementar para sua prática.
REFERÊNCIAS
DELLORE, Cesar Brumini.Araribá Mais : geografia, 6º ano – 1º ed. – São Paulo, 2018.
LUCCI, Elian Alabi; Branco, Anselmo Lazaro; Fugii, William Kyoshi. Geografia:
Território e Sociedade, 6º ano - 1ª ed.- São Paulo: Saraiva, 2018.
GARCIA, Valquiria. Convergências Geografia, 6º ano – 2º ed. – São Paulo, 2018.
RIBEIRO, Wagner Costa. POR DENTRO DA GEOGRAFIA, 6º ano – 4º ed. - São Paulo:
Saraiva, 2018.
SAMPAIO, Fernando dos Santos; SOUZA, Flávio Manzatto. Geração Alpha Geografia, 6º
ano - 2ª ed. - São Paulo: SM, 2018.
VESENTINI, José William; VLACHV, Vânia. Teláris Geografia, 6º ano - 3ª ed.- São Paulo:
Ática, 2018.