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Audição e Equilíbrio

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PARTE 4 - RESUMOS DOS PÔSTERES

AUDIÇÃO E EQUILÍBRIO

A influência da Lei 3028 na idade de ingresso da criança surda no Inês RJ

Mônica Medeiros de Britto Pereira, Vanda Carnevale, John Van Borsel

Introdução: O diagnóstico precoce da deficiência auditiva e como consequência a


intervenção precoce devem ocorrer nos primeiros seis meses de vida da criança, tendo
em vista as graves consequências que a surdez pode ocasionar no processo linguístico e
na comunicação. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo investigar a idade de
ingresso das crianças matriculadas na estimulação precoce do Instituto Nacional de
Educação de Surdos, INES/MEC, antes e após a criação da Lei 3028 – (Teste da
Orelhinha) de 17 de maio de 2000, a qual tornou obrigatório o diagnóstico da audição dos
bebês imediatamente após o nascimento nas maternidades e hospitais da rede municipal
de saúde do Rio de Janeiro. Método: Foi realizado um levantamento na Divisão de
Registro Escolar do INES retrospectivo à idade de ingresso de 161 crianças, sendo 96 do
sexo masculino e 65 do sexo feminino, matriculadas na estimulação precoce nos anos de
1995 a 2012, antes e depois da lei. Resultados: Os resultados obtidos comprovaram que
a idade média de ingresso a qual antes da lei era de 35 meses passou para 27 meses
após a lei. Houve significância estatística entre os dois grupos pesquisados (p<< 0.001). A
análise dos dados apontou a prevalência do sexo masculino (p= 0.018). Conclusão: Após
a promulgação da lei municipal 3028 (Teste da Orelhinha), houve uma redução
significativa na idade de ingresso das crianças matriculadas na estimulação precoce do
INES, no entanto, constata-se que há um descompromisso da saúde pública na execução
dessa lei, uma vez que não há fiscalização nos hospitais e nas maternidades públicas ou
privadas em prol do cumprimento efetivo da lei.

1
A perda auditiva na esclerose sistêmica

Suelaine Alves da Silva, Maysa Bastos Rabelo, Ana Paula Corona

Introdução: A esclerose sistêmica (ES) é uma doença auto-imune que apresenta como
principal característica clínica alterações cutâneas. Ocorre em todas as áreas geográficas,
em diversas raças e a incidência é estimada em 19 casos por um milhão de
habitantes/ano. As mulheres são acometidas três vezes mais que os homens e a idade
média de aparecimento da doença é entre 30 e 50 anos. Estudos internacionais revelam
elevada prevalência de alteração auditiva do tipo sensorioneural em indivíduos com ES.
Entretanto, não há consenso em relação ao grau desta afecção e como a ES pode
prejudicar a função auditiva. Objetivo: Investigar as hipóteses descritas na literatura para
explicar a plausibilidade biológica da alteração auditiva na ES. Métodos: Foi realizada
uma revisão sistemática, sem metanálise, a partir das bases de dados PubMed, Lilacs, Isi
Web of Knowledge, Scielo e Scopus, utilizando a combinação das palavras-chave
“systemic sclerosis and balance or vestibular” e “systemic sclerosis and hearing or
auditory”. Foram selecionados artigos publicados até dezembro de 2011, nos idiomas
inglês, português e espanhol. Os estudos de revisão de literatura, cartas, editoriais e,
aqueles que não satisfaziam ao tema, foram excluídos. Após, foi realizada a leitura dos
artigos selecionados na íntegra e buscou-se nas referências destes, outros estudos que
poderiam contribuir com a investigação. Em seguida, foram descritas as hipóteses
formuladas pelos autores para explicar o comprometimento auditivo decorrente da
doença. Resultados: Foram selecionados quinze artigos e dez foram localizados na
íntegra. Destes, apenas um apresentou possíveis mecanismos para a alteração auditiva
em indivíduos com ES. Desta forma, foi realizada a busca de informações que
embasassem as hipóteses elencadas pelos autores. Indivíduos com ES podem
apresentar perda auditiva do tipo sensorioneural, mista ou condutiva. Estudo revela que o
acometimento da orelha interna é decorrente de alterações vasculares, as quais causam
diminuição do fluxo sanguíneo para a cóclea e consequente hipóxia tecidual, que culmina
com a morte de células ciliadas. Já para o comprometimento de orelha média, hipotetiza-
se que ocorra a expansão do processo inflamatório, característico da doença, ao ouvido
médio e à tuba auditiva. Além disso, como a fisiopatologia da ES envolve alterações
teciduais e articulares em diversos órgãos e sistemas, acredita-se na possibilidade de
envolvimento da orelha média, em decorrência do comprometimento mecânico das
estruturas que compõem o sistema tímpano-ossicular, levando a uma alteração na
condução sonora. Conclusão: A etiologia da perda auditiva em indivíduos com ES não é
totalmente esclarecida. Novos estudos devem ser conduzidos para investigar a
plausibilidade biológica da perda auditiva na ES e assim contribuir para a prevenção,
diagnóstico precoce e reabilitação adequada de indivíduos com ES, visando uma melhor
qualidade de vida.

2
A prevalência do zumbido na perda auditiva unilateral

Flávia Bianca de Souza Lopes, Maria Fernanda Capoani Garcia Mondelli

Introdução: A perda auditiva unilateral pode ser responsável por dificuldades acadêmicas,
alteração de fala e linguagem e dificuldades social-emocionais. É caracterizada pela
diminuição da audição em apenas uma orelha comprometendo, principalmente, as
habilidades de localização espacial da fonte sonora e dificuldade de compreensão da fala
em presença de ruído ambiental. As dificuldades de localização sonora em atividades de
vida diária são afetadas, porque indivíduos com perda auditiva unilateral não tem o
benefício do tempo interaural. Muito se tem pesquisado a respeito desta população para
que haja um conhecimento mais aprofundado de suas características e necessidades. O
zumbido é considerado uma percepção de som sem que haja sua presença no meio
ambiente. Consiste de uma sensação definida como ilusória que pode ser caracterizada
como barulho semelhante ao ruído da chuva, do mar, de água corrente, de sinos, insetos,
apitos, chiado, campainha, pulsação e outros. Esta sensação pode ser contínua ou
intermitente, apresentar diferentes características tonais, ser intensa ou suave, além de
ser percebida nos ouvidos ou na cabeça (10-13). Sua intensidade pode variar, desde um
zumbido audível somente em ambientes silenciosos, até zumbido que causa grande
desconforto ao indivíduo. A correlação positiva da perda auditiva com o zumbido pode ser
justificada se considerarmos que esta é o fator desencadeante do zumbido, sua presença
acaba aumentando o risco de o zumbido provocar interferência na concentração e no
equilíbrio emocional ou que ela funcione como um co-fator desta interferência, isto é, que
a nota de incômodo dada ao zumbido seja “contaminada” pelo incômodo causado pela
perda auditiva associada.Objetivo: Descrever a prevalência do zumbido em pacientes
com perda auditiva unilateral.Metodologia: Para este estudo observacional de corte
transversal, foram analisados todos os prontuários de pacientes diagnosticados com
perda auditiva unilateral, matriculados na Clínica de Fonoaudiologia do Departamento de
Fonoaudiologia da FOB/USP Bauru e da Divisão de Saúde Auditiva do Hospital de
Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP Bauru onde, foram levantados dados
de presença ou ausência da queixa de zumbido. Para elaboração dos resultados foram
utilizados testes estatísticos Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, e realizada análises
descritivas pertinentes ao objetivo proposto no estudo. Resultados: No presente estudo
foram encontrados o zumbido isolado, o zumbido em conjunto com a vertigem e a
exposição à ruídos foram as principais queixas relacionadas com a perda auditiva
unilateral. Sendo, o zumbido isolado queixa principal presente em 76,07% dos indivíduos
da amostra. Conclusão: Concluímos que a principal queixa é a presença de zumbido
isolado em indivíduos com perda auditiva unilateral na amostra estudada.

3
Achados audiológicos de pacientes com Síndrome de Down que realizam terapia
fonoaudiológica

Mônica Carminatt, Mariele Peruzzi Felix, Amanda Zanatta Berticelli, Bárbara de Lavra-
Pinto, Erissandra Gomes, Pricila Sleifer.

Introdução: A audição dentro dos padrões de normalidade desempenha um papel


importante para que as crianças possam prestar atenção de maneira adequada aos
constituintes fonológicos da fala. Da mesma maneira, a audição é fundamental na
diferenciação e produção correta de fonemas com similaridades fonéticas e acústicas. Na
síndrome de Down, quando existe perda auditiva, os graus do déficit são variáveis,
podendo ocorrer perdas do tipo condutiva, mais frequente, neurossensorial ou mista. A
perda auditiva pode dificultar o processo de alfabetização de crianças portadoras de
Síndrome de Down. Objetivo: Analisar os achados audiológicos em crianças portadoras
de Síndrome de Down que estão em terapia fonoaudiológica. Metodologia: Foram
avaliadas 19 crianças, sendo 10 meninos e 9 meninas, com Síndrome de Down e que
estão em terapia fonoaudiológica. O grupo analisado apresenta idades entre 10 e 11
anos. Todas as crianças realizaram meatoscopia, audiometria tonal e audiometria vocal
com figuras. Resultados: Das 19 crianças avaliadas, 9 apresentaram algum tipo de
alteração na avaliação audiológica. Dessas, 7 apresentaram perda auditiva condutiva,
sendo 4 de grau moderado e 3 de grau leve, 1 apresentou perda auditiva sensorioneural
moderada e 1 apresentou perda auditiva mista moderada. Conclusão: Verificamos que
47,4% das crianças avaliadas apresentaram algum tipo de alteração auditiva. Tais
achados reforçam a relevância da investigação de alterações auditivas, considerando-se
a importância da realização de procedimentos preventivos de avaliação da audição de
crianças com Síndrome de Down e consequente intervenção fonoaudiológica.

4
Achados audiológicos em crianças com labiopalatina não-sindrômica

Mônica Carminatti, Pricila Sleifer, Sílvia Dornelles, Sady Selaimen da Costa.

Introdução: A fissura labiopalatina (FLP) é uma das malformações congênitas mais


comuns na raça humana, ocasionada pela falta de fusão dos processos faciais
embrionários. Nas crianças portadoras de FLP, a alteração mais frequente relacionada à
audição é a otite média, em decorrência de malformações anatômicas e/ou funcionais da
tuba auditiva e região do esfíncter velofaríngeo. Objetivo: Analisar os achados
audiológicos obtidos em crianças com fissura labiopalatina não-sindrômica. Metodologia:
Realizamos um estudo transversal com 128 crianças, de 5 a 10 anos de idade, de ambos
os sexos, atendidas e que realizaram avaliação audiológica no Centro de Otite Média do
Brasil do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Todas as crianças realizaram avaliação
otorrinolaringológica prévia aos exames de audiometria tonal, audiometria vocal e
medidas de imitância acústica (pesquisa dos reflexos acústicos e timpanometria).
Resultados: Não verificamos diferença estatística significante na comparação entre os
achados audiológicos e o sexo (p= 0,421), bem como, na comparação dos achados com
as orelhas direita e esquerda (p=0,428). Verificamos que 41,7% apresentaram alteração
nos limiares auditivos, ou seja, valores superiores a 15dBNA na pesquisa da audiometria
tonal. Destas 100% apresentaram perda auditiva do tipo condutiva, 83,5% unilateral,
75,2% de grau leve 24,8% de grau moderado. Observamos que nas crianças que
evidenciaram alteração nos limiares auditivos 63,6% apresentaram curvas
timpanométricas tipo B e 29,1% do tipo C e 7,3 do tipo Ad (segundo a classificação de
Jerger, 1970 e 1972). Conclusão: Verificamos alterações auditivas nas avaliações
audiológicas das crianças com fissura labiopalatina não-sindrômica. A perda auditiva
condutiva leve unilateral foi a alteração auditiva mais frequente, desta forma enfatizamos
na importância da avaliação e do acompanhamento fonoaudiológico e
otorrinolaringológico nestas crianças.

5
Achados audiológicos em pacientes submetidos ao transplante renal

Cláudia Giglio de Oliveira Gonçalves, Karlin Fabianne Klagenberg, Bianca Simone


Zeigelboim, Paulo Breno Noronha Liberalesso, Lucimary de Castro Sylvestre, Ari Leon
Jurkiewicz, Jair Mendes Marques.

Introdução: A insuficiência renal crônica (IRC) é uma doença silenciosa que causa perda
lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Atualmente a IRC é considerada um
problema de saúde pública. No Brasil, a prevalência de pacientes mantidos em programas
crônicos de diálise dobrou nos últimos nove anos e a incidência de novos casos cresce
cerca de 8% ao ano. Estudos observaram que um alto número de sessões de hemodiálise
ou transplantes renais reincidentes podem induzir mudanças eletrolíticas, bioquímicas,
imunológicas, osmóticas e vasculares que podem alterar a orelha interna e provocar
sintomas auditivos como perda auditiva nas frequências agudas e/ou desenvolver a perda
de audição no curso da doença, além de sintomas vestibulares. Objetivo: investigar o
comportamento auditivo em pacientes com IRC submetidos ao transplante renal.
Métodos: este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de Seres Humanos
do Hospital Pequeno Príncipe, sob o n° 0715-09. Foram avaliados 30 pacientes, 10
(33,33%) do gênero feminino e 20 (66,67%) do gênero masculino, na faixa etária de 13 a
26 anos, média 16,97 anos, desvio-padrão de 3,60 anos. Os pacientes foram submetidos
à anamnese, avaliação otorrinolaringológica, audiológica convencional e de altas
frequências, medidas de imitância acústica e do processamento auditivo central. Para os
resultados da audiometria de altas frequências foi utilizado um grupo-controle.
Resultados: 1) ausência de queixas auditivas na anamnese; 2) na audiometria
convencional houve predomínio da normalidade; 3) os pacientes apresentaram audição
pior na audiometria de altas frequências em comparação com o grupo-controle; 4) na
imitânciometria o predomínio foi da curva do tipo A bilateral; 5) presença de alteração do
processamento auditivo central em 14 pacientes (46,67%) no teste Staggered Spondaic
Word Test (SSW); 6) diferença significativa entre a variável idade e o resultado da
audiometria tonal limiar, ou seja, a sensibilidade auditiva nos limiares de 250Hz a 8000Hz
diminuiu com o avanço da idade; 7) a relação entre o tipo de doador, cadáver ou vivo, e o
resultado do teste SSW foi significativo. Quando o doador era cadáver os índices de
resultados alterados foram maiores quando comparados ao doador vivo. Conclusão:
conclui-se que houve alterações na avaliação audiológica convencional e de altas
frequências e no processamento auditivo central. Há necessidade de esclarecimento à
equipe de profissionais envolvida, sobre os cuidados, a prevenção e identificação precoce
do acometimento audiológico.

6
Achados eletrofisiológicos no transtorno de aprendizagem

Ana Claudia Figueiredo Frizzo, Simone Fiusa Regaçone, Ana Claudia Bianco Gução, Ana
Carla Leite Romero, Célia Maria Giacheti, Heraldo Lorena Guida

Introdução: A pesquisa dos potenciais evocados auditivos refere-se às mudanças


elétricas ocorridas nas vias auditivas periféricas e centrais, decorrentes de estimulações
acústicas. Escolares com transtorno de aprendizagem têm apresentado alterações destas
atividades elétricas, consequentemente, déficit nas habilidades auditivas. Objetivo:
Analisar os achados eletrofisiológicos e comparar esses dados em escolares com e sem
transtornos de aprendizagem. Métodos: Após aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (Processo número 842/2010), foram submetidos a uma avaliação
fonoaudiológica em uma Clínica-Escola de uma Universidade Pública do interior de São
Paulo, 30 escolares, de ambos os gêneros, com idade variando de 7 a 14 anos e média
de idade de 10 anos. Os critérios de inclusão foram: audiometria tonal liminar e
logoaudiometria dentro dos padrões de normalidade. Os participantes do estudo foram
divididos em dois grupos: grupo pesquisa (GI) – caracterizado por 15 escolares avaliados
no estágio supervisionado de Diagnóstico Fonoaudiológico, tendo como diagnóstico o
transtorno de aprendizagem; e o grupo controle (GII) - caracterizado por 15 escolares com
bom desempenho em português e matemática por dois bimestres consecutivos
(selecionados pela escola), confirmados por avaliação fonoaudiológica. O processo de
diagnóstico fonoaudiológico incluiu a aplicação de procedimentos fonoaudiológicos
específicos - história clínica, avaliação clínica com provas e testes formais e
complementares, avaliação neurológica e intelectual, realizada por profissionais da área.
A pesquisa dos potenciais evocados auditivos de longa latência (PEALL) foi realizada em
sala acusticamente tratada, com temperatura controlada a 24ºC, utilizando-se o
equipamento Eclipse EP25- Interacoustics. Os resultados foram analisados através do
teste t no software Statistica. Resultados: Os componentes N1, P2, N2, P3 dos potenciais
corticais foram visualizados para todos integrantes de ambos os grupos. No que se refere
à latência e amplitude desses potenciais de longa latência, os resultados assim obtidos
comparando os grupos estudados mostraram que houve diferença em relação às médias
das latências de N1, P2 e N2 que apareceram no registro de GI, mais alongadas, e
redução da negatividade na amplitude da onda N2, quando medidas na orelha esquerda,
indicando alterações básicas de processamento auditivo, além de déficit nas habilidades
auditivas mais complexas relativas ao processamento auditivo-linguístico nessa
população. Conclusões: A pesquisa do PEALL mostrou-se útil para auxiliar na avaliação e
diagnóstico de escolares com transtorno de aprendizagem, além de contribuir para a
elaboração de programas terapêuticos direcionados as dificuldades específicas de cada
escolar, na busca de melhor prognóstico e efetividade terapêutica.

7
Achados vestibulares em integrantes de uma banda militar

Cláudia Giglio de Oliveira Gonçalves, Bianca Simone Zeigelboim, Crislaine Gueber,


Thanara Pruner da Silva, Paulo Breno Noronha Liberalesso, João Henrique Faryniuk.

Introdução: A exposição à música é assunto de diversos estudos, uma vez que está
relacionada às atividades profissional e social do indivíduo. Muitos músicos encontraram
na banda militar a oportunidade de realização profissional e isso requer dos integrantes
várias horas de estudo individual e coletivo e essa exposição sistemática a níveis
elevados de pressão sonora pode causar prejuízo auditivo permanente o que torna uma
ameaça potencial ao ouvido humano. Sintomas não auditivos podem estar presentes, tais
como: zumbido, irritação, tontura, cefaléia, distúrbio gástrico, perturbação do sono,
redução da capacidade de concentração, entre outros. Objetivo: Avaliar o comportamento
vestibular em músicos de banda militar. Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética Institucional, protocolo nº. 014/2008. Foi realizado um estudo retrospectivo de corte
transversal onde avaliaram-se 19 músicos na faixa etária entre 21 e 46 anos (média de
33,7 anos e desvio padrão - 7,2 anos) submetidos aos seguintes procedimentos:
anamnese, avaliação otorrinolaringológica e vestibular. Resultados: a) Os sintomas
otoneurológicos mais evidenciados na anamnese foram: zumbido (84,2%), dificuldade
para ouvir (47,3%), tontura (36,8%), cefaléia (26,3%), intolerância a sons intensos (21,0%)
e dor no ouvido (15,7%); b) O exame vestibular esteve alterado em sete músicos (37,0%)
sendo localizado na prova calórica; c) Houve prevalência de alteração no sistema
vestibular periférico e, d) Houve predomínio das disfunções vestibulares periféricas
irritativas. Conclusão: A alteração no exame vestibular ocorreu na prova calórica (37,0%),
houve prevalência de alteração no sistema vestibular periférico com predomínio da
disfunção vestibular do tipo irritativa. A tontura foi o sintoma mais significante na
correlação do exame vestibular com os sintomas otoneurológicos. Este estudo permitiu
verificar a importância do exame labiríntico e ressalta que esse tipo de população deveria
ser melhor estudada, uma vez que a exposição sistemática a níveis elevados de pressão
sonora podem gerar alterações vestibulares importantes.

8
Adesão ao acompanhamento audiológico em programa de saúde auditiva infantil

Adriana Ribeiro de Almeida e Silva, Camila Padilha Barbosa, Ana Karollina da Silveira,
Nathália Raphaela Pessôa Vaz Curado, Silvana Maria Sobral Griz

Introdução: O diagnóstico da perda auditiva no Brasil é tardio. Um dos fatores que pode
explicar este fato, mesmo diante de inúmeros programas de triagem auditiva
implementados, pode ser a evasão das famílias, não concluindo a avaliação auditiva da
criança. O alto índice de evasão ao acompanhamento audiológico infantil é apontado
como o principal problema na efetividade dos programas de triagem auditiva neonatal.
Objetivo: Descrever a adesão ao acompanhamento audiológico em um Serviço de
Triagem Auditiva Neonatal. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, analítico e
transversal, realizado com 188 mães de neonatos e lactentes atendidos em um Programa
de Saúde Auditiva Infantil, nascidos no período de junho a novembro de 2011 e
encaminhados ao acompanhamento audiológico. Este estudo foi iniciado após aprovação
em Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Resultados: Pôde-se
observar que 29,8% (n=56) das mães estudadas aderiram ao acompanhamento
audiológico. Dentre os aspectos socioeconômicos e demográficos estudados, a ‘região de
moradia’ foi o único que apresentou associação estatisticamente significante em relação à
adesão ao acompanhamento audiológico. A presença de indicadores de risco e o
resultado ‘falha’ na triagem auditiva não foram significantes em relação à adesão ao
acompanhamento audiológico. Conclusão: O Serviço de Saúde Auditiva Infantil estudado
apresenta adesão ao acompanhamento audiológico aquém do recomendado. Alguns
aspectos relativos às mães e relativos ao serviço, podem atuar como favoráveis ou
desfavoráveis à adesão das mães de neonatos e lactentes ao acompanhamento
audiológico. Estes aspectos relativos ao serviço podem ser repensados e adaptados à
população atendida para propiciar melhor efetividade do serviço e contribuir para a
identificação da perda auditiva e qualidade de vida da população.

9
Adesão das mães a triagem auditiva neonatal após ação informativa nas unidades
básicas de saúde

Caroline Donadon e Maria Cecília Marconi Pinheiro Lima

Uma perda auditiva na primeira infância restringe a experiência auditiva no início da vida,
alterando o desenvolvimento auditivo e de linguagem e interferindo no desenvolvimento
global da criança. A Triagem Auditiva Neonatal (TAN) inserida em programas de saúde
auditiva é vista e descrita como o principal instrumento para se chegar ao diagnóstico e
intervenção precoces da deficiência auditiva. No Brasil, em agosto de 2010, foi aprovada
a lei nº 12.303 que torna obrigatória a realização do teste das Emissões Otoacústicas em
todos os hospitais e maternidades do país. No município de Campinas o teste é
obrigatório desde 2000, com a lei municipal de nº 10.759. Entretanto, a população de
gestantes/mães parece não ter informa¬ções suficientes a respeito da TAN. Com isso, o
objetivo do estudo foi avaliar a adesão das mães ao Programa de Triagem Auditiva
Neonatal (TAN), após ação informativa nas Unidades Básicas de Saúde. Participaram do
estudo mães residentes no município de Campinas, que tiveram seus filhos nascidos em
um hospital público, usuárias de oito Centros de Saúde do distrito Norte da cidade. Foram
distribuídos nos Centros de Saúde dois panfletos informativos sobre a Triagem Auditiva
Neonatal, um para as mães e outro para o médico pediatra e médico ginecologista,
durante os meses de Novembro e Dezembro de 2012. Em Fevereiro de 2013 foram
realizadas as entrevistas com as famílias que compareceram ao Programa de Triagem
Auditiva Neonatal. A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com o
parecer de n. 1031/2011. No período de Fevereiro a Março de 2013 compareceram 54
mães nos 21 dias em que se realizou a TANU (2,57 mães/dia), já no período de Outubro a
Novembro de 2012 compareceram 62 mães em 24 dias (2,58 mães/dia). Das mães
entrevistadas neste período, 40,8% estão na faixa etária de 21-25 anos, com idade média
de 26,09 anos, 78% já conheciam o teste, sendo que 16 ficaram sabendo através dos
familiares e 16 por meio dos profissionais da maternidade; 78% das mães não tiveram
acesso ao panfleto informativo entregue nas UBS e somente três dos oito Centros de
Saúde visitados apresentaram o panfleto às mães. Concluímos que a maioria das mães
conhecia a TAN, porém esse conhecimento não adivinha de informações fornecidas pelos
profissionais de saúde envolvidos no cuidado das famílias. Verifica-se a necessidade da
TANU se tornar parte da rotina dos profissionais que atuam com gestantes e com mães
de neonatos e lactentes na atenção básica.

10
Adolescentes e o risco da música amplificada

Graziella Simeão Munhoz, Marina Panelli, Lia Uieda, Andrea Cintra Lopes

Introdução: A música é vista principalmente como arte e lazer para os adolescentes,


trazendo muitos benefícios. No entanto, quando o indivíduo se expõe de forma
inadequada, o prazer proporcionado pela música pode trazer efeitos auditivos e não
auditivos. Os riscos, para adquirir a perda auditiva dependem de fatores como número de
horas de fones auriculares ou intensidade. A quantidade de intensidade sonora bem como
o tempo que se fica exposto a eles são fatores determinantes da capacidade de prejudicar
a audição. Objetivo: Investigar a prevalência de alterações auditivas mínimas em
adolescentes, e seus conhecimentos sobre a PAIM. Metodologia: Foram aplicados
questionários sobre a música amplificada e audição, e realizada Audiometria tonal liminar
e de Alta Frequência, bem como a Imitânciometria, em 28 adolescentes. Resultados: Em
todas as audiometrias realizadas, observamos que 99% apresentaram entalhes em 6 KHz
bem como quedas nas altas frequências, nas imitanciomentrias observamos curva A em
todos os casos, porém foi encontrada ausências de reflexo em 21%. Pelo questionário,
observamos que os adolescentes fazem o uso de alguma forma, principalmente por fones
auriculares, e por menos que seja o tempo diário, o volume é frequentemente muito alto,
em torno de 51 á 75% do volume máximo do equipamento, 43% da amostra informa que
já apresentaram zumbido. Conclusão: Embora 100% já tenha sido informada sobre os
riscos auditivos, 43% da amostra, acredita que sua audição não está prejudicada, o que
não condiz com os resultados encontrados na audiometria, e 61% acredita que a
deficiência auditiva tem cura, sendo necessário uma maior conscientização, bem como
projetos de educação auditiva.

11
Amplitude das emissões otoacústicas produto de distorção e o uso de
contraceptivos hormonais: estudo preliminar

Fernanda Abalen Martins Dias; Tatiana Rocha Silva

Introdução: As emissões otoacústicas evocadas por estímulos transientes e as emissões


otoacústicas produto de distorção, em indivíduos com audição dentro dos padrões de
normalidade, apresentam variação de amplitude quando comparadas entre os indivíduos
ou entre as frequências testadas. Entretanto, na análise intra-indivíduo, a amplitude é
consideravelmente consistente. Sendo assim, exposições a ruídos, drogas, doenças ou
excitações eferentes podem ser monitoradas. As alterações que ocorrem durante o ciclo
menstrual podem influenciar o funcionamento do mecanismo ativo coclear e podem ser
avaliadas através da amplitude da emissão otoacústica. Objetivo: Identificar se há
diferença na amplitude das emissões otoacústicas de mulheres que utilizam e não
utilizam contraceptivo hormonal. Métodos: A realização deste estudo foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da insituição em que o mesmo foi realizado (CAAE
0342.0.213.000-10). Participaram da pesquisa 30 indivíduos do gênero feminino, 15 que
utilizam o método contraceptivo hormonal e 15 que não utilizam o método contraceptivo
hormonal. Todos sem queixa auditiva e com audição dentro dos padrões de normalidade.
A coleta de dados foi realizada por meio das emissões otoacústicas transientes e pelas
emissões otoacústicas produto de distorção. Resultados: Não houve diferença entre os
valores de amplitude das emissões otoacústicas produto de distorção para as frequências
de 1.0kHz (p=0,212), 1.4kHz (p=0,697), 2.8kHz (p=0,298), 4.0kHz (p=0,648) e 6.0kHz
(p=0,409) na orelha direita entre os grupos estudados. Na frequência de 2.0kHz (p=0,068)
houve tendência à diferença entre os valores de amplitude das emissões otoacústicas
produto de distorção entre o grupo de mulheres que não usam e que usam contraceptivo
hormonal. Na orelha esquerda não houve diferença entre os valores de amplitude das
emissões otoacústicas produto de distorção para as frequências de 1.0kHz (p=0,631),
1.4kHz (p=0,315), 2.0kHz (p=0,530), 2.8kHz (p=0,420), 4.0kHz (p=0,603) e 6.0 kHz
(p=0,352) entre os grupos estudados. Conclusão: Não foram observadas diferenças na
amplitude das emissões otoacústicas produto de distorção pelo uso de contraceptivo
hormonal nos grupos estudados.

12
Análise da efetividade da acupuntura em indivíduos com vertigem: revisão narrativa

Julya Macedo; Luciana Lozza de Moraes Marchiori,; Marcelo Yugi Doi, Adriane Rocha-
Shultz

Introdução: A tontura rotatória ou vertigem é um sintoma muito prevalente, e presente em


10% da população mundial, e em 85% dos casos é decorrente de disfunção vestibular.
(NICHINO, GRANATO, CAMPOS, 2008; MAZUCATTO e BORGES, 2009). Sua origem
está correlacionada em 85% dos casos com distúrbios do sistema vestibular, ocorrendo a
sua sintomatologia em geral, durante a movimentação da cabeça ou mudanças posturais
(TEIXEIRA e MACHADO, 2006). A acupuntura vem se tornando uma opção terapêutica
cada vez mais utilizada (MORÉ et al. 2011). Porém as efetividades terapêuticas das
mesmas permanecem escassas na literatura. Objetivo: O objetivo desse trabalho é
agrupar as evidências terapêuticas da acupuntura na reabilitação de pacientes com
vertigem. Método: Foi realizado um estudo de revisão de literatura no período 2006 a
2011. A busca foi realizada nas bases de dados LILACS, ProBE e PubMED, com suas
respectivas referências de artigos de revistas especializadas, sites e livros da área de
acupuntura. Durante a pesquisa nas bases eletrônicas de dados foram utilizados como
palavras-chave os termos: “Acupuntura”, “Vertigem”, “Disfunção vestibular”,” e “qualidade
de vida”. Resultados: Após pesquisa e leitura dos artigos e textos encontrados, foram
incluídos12 artigos para esta revisão. Os motivos da exclusão dos artigos foram:
duplicidade de artigo encontrado e artigo não relacionado ao tema. Resultados: Uma
revisão sistemática de pesquisas sobre todos os tipos de acupuntura para a síndrome de
Ménière, sugeriu um efeito benéfico da acupuntura, tanto para pacientes em fase aguda
da doença como para aqueles que tiveram a síndrome em fase crônica. (Long 2011). Os
ensaios clínicos randomizados têm sido realizado quase que inteiramente pelos chineses,
e comparados com diferentes tipos de acupuntura, ao invés de acupuntura versus
terapias. Muitos têm centrado especificamente à vertigem cervical, que envolve o
fornecimento insuficiente de sangue através da artérias vertebrais (que fornecem ao
tronco cerebral e cerebelo). Exemplos recentes descobriram que a terapia combinada de
injeção e eletroacupuntura por acupontos foi mais eficaz do que a acupuntura de rotina ou
a electroacupuntura sozinha, nos casos da cura para a vertigem cervical (Li 2011);
Conclusão: Pode se concluir por meio dessa revisão bibliográfica que a atuação da
Acupuntura na Vertigem se mostrou eficaz. Auxiliando na paciente liberdade para
realização de suas atividades de vida diária (AVDs) e conseqüentemente melhorando a
qualidade de vida e bem-estar. Dentre as técnicas mais utilizadas foram: acupuntura e
acupuntura auricular. Não houve consenso acerca do melhor recurso adotado.

13
Atuação fonoaudiológica junto à pessoa vivendo com hiv/aids: uma revisão da
literatura

Ana Maria da Silva; Wagner Teobaldo Lopes de Andrade, Ana Karênina de Freitas Jordão
do Amaral, Jaims Franklin Ribeiro Soares, Émerson Soares Pontes

Introdução: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) tem como agente causador


um retrovírus específico, o HIV (Hu¬man Immunodeficiency Virus), que afeta o sistema
imunoló¬gico e propicia a ocorrência das chamadas infecções oportunistas. Além dessas,
os efeitos colaterais da terapia antirretroviral (TARV) medicação utilizada para o controle
da replicação viral no indivíduo com HIV, traz uma série de complicações que necessitam
muitas vezes de tratamento multidisciplinar. Apesar de diminuir a morbimortalidade dos
indivíduos com HIV, a TARV pode trazer efeitos colaterais que incluem reações cutâneas,
sintomas gastrointestinais, distúrbios metabólicos e lipodistrofia, além de estar associada
a um maior risco cardiovascular como hiperlipidemia e obesidade central. O
fonoaudiólogo tem sido incluído na equipe multiprofissional necessária ao bom
atendimento do paciente com HIV/AIDS, intervindo ao nível das infecções oportunistas
que acometem as estruturas responsáveis pelo bom desempenho da comunicação e das
funções vitais do indivíduo. Assim, o fonoaudiólogo pode contribuir para melhorar a
qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/AIDS. Objetivo: Revisar a literatura sobre
a atuação fonoaudiológica em pessoas vivendo com HIV/AIDS. Métodos: A pesquisa foi
realizada por três pesquisadores e foram selecionados artigos cujo método incluía seres
humanos de ambos os sexos, de qualquer idade. A busca foi realizada no período de
fevereiro a abril de 2013. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados
LILACS e SCIELO utilizando os descritores AIDS e Fonoaudiologia. Foram selecionados
apenas os artigos que tinham relação com a Fonoaudiologia. Assim, ao final, foram
encontrados seis artigos: cinco da área de audiologia e um sobre disfagia. Resultados: O
enfoque principal desses artigos é a perda auditiva em pacientes com HIV/AIDS,
investigando se a causa é o vírus ou a utilização da TARV, que pode ser ototóxica.
Observou-se que independente da exposição ao tratamento com TARV, o paciente com
HIV/AIDS pode apresentar comprometimento da via auditiva central e, portanto, a
utilização do exame de potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) foi o
procedimento mais realizado nos artigos encontrados. Tendo em vista que o sistema
nervoso e o sistema imunológico são os principais alvos do HIV, os artigos confirmam a
grande ocorrência de alterações nos potenciais evocados auditivos, mostrando a
importância de exames eletrofisiológicos que identifiquem essas alterações e
complementem a avaliação auditiva. A abordagem feita na área de disfagia traz um
estudo sobre patologias da cavidade oral causadas por doenças oportunistas em pessoas
vivendo com HIV/AIDS, sendo as mais comuns: candidíases hiperplásicas, gengivites,
ulcerações aftosas e lesões por herpes simples. Conclusão: A literatura na área de
Fonoaudiologia relacionada ao HIV/AIDS direciona-se, em maior parte, às alterações
auditivas, embora haja também conhecimento acerca das importantes implicações da
doença sobre as estruturas e funções estomatognáticas. Assim sendo, revela-se
imperiosa a realização de estudos nas áreas de motricidade orofacial e disfagia, assim
como maior aprofundamento das questões audiológicas, considerando a necessidade dos
pacientes de tratamento especializado nessas áreas.

14
Atuação fonoaudiológica na área da surdez

Tamara Barros Moreno; Elizabeth Oliveira Crepaldi de Almeida, Mariene Terumi Umeoka
Hidaka

Introdução: Torna-se importante conhecer qual é o momento atual de qualquer área da


ciência para fins de redirecionamento de pesquisas na área, além da evolução da mesma
em qual contexto e objeto científico. Objetivo deste trabalho é explanar o estado da arte
da área da audiologia a partir de periódico que envolve a publicação de textos científicos
da área clínica e terapêutica.nesta área. Metodologia: foi realizada a pesquisa
bibliográfica por meio da seguinte seleção textual: i) especificidade na área da
fonoaudiologia sobre deficiência auditiva surdez; e audiologia clínica ii) procedência e
idioma: nacional; iii) tipo de publicação: Revista CEFAC; iv) ano de publicação 2010 à
2013. A revista CEFAC foi escolhida por apresentar corpo editorial composto por um
respeitável grupo de profissionais titulados com representantes de todos os estados da
federação e de profissionais das mais diversas partes do mundo. Em 2006 foram
alcançadas as duas indexações almejadas: BASE DE DADOS LILACS – LITERATURA
LATINO-AMERICANA E DO CARIBE EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E COLEÇÃO SCIELO
BRASIL. Desde 2005 a revista está disponível na íntegra on-line. Resultados: Foram
encontrados 78 artigos na Revista CEFAC de 2010 à 2013,sendo 70 artigos de audiologia
clínica, totalizando 89,75% e 8 artigos de audiologia educacional, 10,25%.Os tipos de
estudos de pesquisas dos artigos selecionados em audiologia clínica foram: AASI –
Aparelho de Amplificação Sonora Individual sendo 7 artigos e 10%; IC – Implante Coclear
2 artigos, 2,85%; Triagem 5 artigos 7,14%; Diagnóstico-Triagem 5 artigos 7,14%; PAC –
Processamento Auditivo Central 66 artigos 8,57%; Revisão 4 artigos 5,72%; Saúde
Auditiva 11 artigos 15,72%; Zumbido/Vertigem 4 artigos 5,72%; Epidemiologia 13 artigos
18,72%; Diagnóstico/Exame Audiológico 6 artigos 8,57%; TAN - Triagem Auditiva
Neonatal 7 artigos 10%,total 70 artigos 100%.Tipos de estudos e pesquisas dos artigos
selecionados em audiologia educacional Libras – Coesão Textual 2 artigos 25%; Saúde
Auditiva/Capacitação 4 artigos 50%; Desenvolvimento/Habilidades Auditivas 2 artigos
25%,total 8 artigos 100%.Os números de artigos selecionados foram audiologia clínica 70,
89,75% e audiologia educacional 8, 10,25%; total 78, 100%.Conclusão: evidencia-se uma
vasta produção em audiologia clínica e pequena produção em audiologia educacional,
mesmo com o programa de saúde auditiva nacional tendo sido implantado a mais de 10
anos.

15
Auto percepção do status auditivo e triagem auditiva em uma população americana
africanos descendentes

Ana Paula Carvalho Corrêa; Deborah Viviane Ferrari, King Chung, Sherise Garmon,
Kasey Twine

Introdução: Há uma crescente necessidade de abordar questões relacionadas à saúde


auditiva, a fim de se manter uma boa qualidade de vida e evitar as consequências da
perda auditiva não tratada. Apenas 20% dos 46 milhões de americanos obtém um
tratamento benéfico para a perda auditiva. A perda auditiva pode levar a prejuízos, como
incapacidade de detectar e localizar sons, dificuldade de compreensão da fala, menor
qualidade de vida, e diminuição da saúde psicológica, mental e física. Entretanto, através
da detecção e tratamento precoce da perda auditiva, esses efeitos negativos podem ser
reduzidos. Objetivo: Determinar a relação entre o conhecimento sobre a perda auditiva e
a saúde auditiva dos participantes e descobrir se apresentações presenciais sobre
Atenção à Saúde Auditiva irá encorajar os participantes a buscarem cuidados em saúde
auditiva. Metodologia: Participaram do estudo 60 indivíduos, com 50 anos ou mais; 40%
dos participantes estavam na faixa etária de 50-55 e 67% eram mulheres. O local de
aplicação foram igrejas na cidade e subúrbios de Chicago, Illinois, Estados Unidos. Os
participantes preencheram um pré-questionário, que avaliou práticas de saúde auditiva,
percepções e conhecimentos sobre perda auditiva. Após, os participantes ouviram uma
apresentação sobre o sistema auditivo, efeitos da perda de audição, e saúde auditiva; e
então, preencheram um pós-questionário. Ao fim, todos os participantes foram
submetidos a uma triagem auditiva que incluía: otoscopia, timpanometria e emissões
otoacústicas. Se houvesse falha em alguns destes procedimentos, a audiometria tonal
liminar via aérea era realizada. Resultados: Como resultado, os participantes foram
informados sobre assuntos da audição e cuidados de saúde, como: natureza da perda
auditiva e como esta afeta as pessoas, os tipos e benefícios do tratamento disponível
para perda de audição, bem como se têm indicativos de que possuem ou não perda
auditiva. Quando questionados, 76% dos participantes afirmaram que buscariam cuidados
para sua saúde auditiva após a apresentação. Em relação à triagem auditiva, resultados
indicaram que 61% dos participantes informaram que não tinham perda auditiva e
passaram na triagem, 10% informaram que não tinham perda e não passaram na triagem.
Isto indicou que 70% das pessoas foram capazes de avaliar corretamente seu status
audição. No entanto, 15% não passaram na triagem e relataram que tinham perda, 12%
não passaram na triagem e relataram não ter perda, e 2% não relataram certeza. Estes
resultados sugerem que 30% das pessoas não foram capazes de avaliar corretamente
seu status da audição. Por fim, os participantes avaliaram a utilidade da apresentação
educacional presencial para ajudá-los a entender: o sistema auditivo, efeitos da perda
auditiva, e ouvir as opções de cuidados de saúde, através de uma escala de 10 pontos.
Resultados apontaram respostas com média de 9,6, indicando que apresentações
presenciais são muito úteis para aumentar o conhecimento dos participantes. Conclusão:
Os resultados indicaram que apresentações presenciais foram úteis para aumentar o
conhecimento sobre saúde auditiva, defendendo a criação de oficinas educativas que
podem efetivamente informar as populações idosas sobre a audição, opções de cuidados
de saúde e ajudá-los a superar as barreiras para procurar tratamento.

16
Avaliação de leitura em crianças com perda auditiva

Jessica da Silva Andrade; Brunna Luiza Suarez, Ingrid Prata das Dores

Introdução: Sabe-se que as dificuldades de leitura apresentadas por crianças com perda
auditiva influenciam negativamente no seu desempenho escolar e social. A avaliação da
leitura nesta população é fundamental para auxiliar o diagnóstico e garantir a intervenção
fonoaudiológica eficaz. Objetivo: Avaliar o desempenho de leitura de palavras e
compreensão de frases e de texto curto em crianças usuárias de Aparelho de
Amplificação Sonora Individual (AASI). Metodologia: Estudo de casos, com casuística
composta por quatro crianças, com idade entre oito a quinze anos, sendo duas meninas e
dois meninos, com perda auditiva neurossensorial de grau moderado ou profundo,
oralizadas e usuárias de AASI. A pesquisa foi realizada em um Hospital Público de Belo
Horizonte em março de 2013. Realizou-se a aplicação de testes de leitura, elaborado
pelos pesquisadores, compostos por três etapas: (a) identificação de palavras divididas
em três categorias, sendo elas, proximidade semântica, proximidade fonológica e
palavras irregulares. Foram apresentadas 12 pares palavras/imagem em cada categoria
onde a criança deveria fazer as associações; (b) compreensão de frases em sequência
lógica e (c) compreensão de texto curto. Os testes foram aplicados individualmente em
sessão de 40 minutos. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e de
forma qualitativa. Resultados: No teste de identificação de palavras apenas uma criança
apresentou muita dificuldade em todas as categorias, sobretudo em relação proximidade
semântica 6/12 erros. Para a categoria proximidade fonológica uma criança apresentou
três erros, e as outras não apresentaram dificuldade nesta tarefa. Na tarefa de
identificação de palavras irregulares apenas duas crianças demonstraram dificuldades. Na
segunda etapa, compreensão de frases em sequência lógica, apenas uma criança não
conseguiu organizar as frases. Na última etapa, composta por interpretação de texto
curto, uma criança não conseguiu realizar a tarefa e as demais, realizaram a tarefa sem
dificuldades. Discussão: Observou-se neste estudo que as dificuldades de leitura de
crianças com perda auditiva estão relacionadas não apenas à identificação de palavras
por proximidade fonológica, mas também por proximidade semântica. Comparando os
resultados dos testes de compreensão de frases em sequência lógica e de textos curtos,
obteve-se um menor desempenho, uma vez que o entendimento global é mais complexo,
como pode ser comprovado por Menezes et. al. 2008. Conclusão: As crianças com perda
auditiva deste estudo apresentaram maiores dificuldades na compreensão de textos,
entretanto os resultados sugerem que o bom desempenho de identificação de palavras
relacionadas à proximidade semântica e fonológica pode auxiliar nesta tarefa.

17
Avaliação do processamento temporal em crianças com dificuldades na escrita

Luciana F. Seacero Granja; Letícia Reis Borges, Jorge Rizzato Paschoal

Introdução: O processamento temporal está envolvido na maioria das habilidades do


processamento auditivo, porque muitas informações auditivas são influenciadas, pelo
menos em parte, pelo tempo. Para reconhecer e identificar os padrões auditivos,
processos perceptuais estão envolvidos, como a percepção correta das variações dos
elementos acústicos e da ordenação temporal dos mesmos. A percepção adequada da
frequência e resolução dos estímulos acústicos é imprescindível para o processamento
adequado das pistas acústicas, sendo essenciais para o desenvolvimento da escrita. Na
atualidade, entre os procedimentos de avaliação do processamento temporal, há o teste
de padrão de frequência (Pitch Pattern Sequence Test – PPS) e o teste de detecção de
intervalos de silêncio (Random Gap Detection Test – RGDT). Objetivo: O trabalho tem
como objetivo avaliar o processamento temporal de crianças com dificuldades na escrita
utilizando os testes de padrão de frequência e de detecção de intervalos de silêncio.
Metodologia: Como metodologia, foi feita uma análise retrospectiva do desempenho de 60
sujeitos, com dificuldades na escrita, nos testes de padrão de frequência e detecção de
intervalos de silêncio. As crianças do estudo apresentaram idade entre 7 e 12 anos e
foram avaliadas em uma clinica particular da cidade de Campinas no ano de 2012. A
análise dos resultados para o teste de padrão de frequência foi realizada de acordo com a
normalidade agrupada por idades: 7 e 8 anos, 9 e 10 anos, 11 e 12 anos. Resultados: No
teste RGDT, a média dos intervalos de silêncio somando as frequências de 500Hz,
1000Hz, 2000Hz e 4000Hz foi de 9,2ms, ficando dentro dos parâmetros de normalidade.
Porém, 21 crianças apresentaram respostas inconsistentes. No teste PPS, a média de
porcentagem de acertos ficou abaixo do esperado para todas as faixas etárias: 7 e 8 anos
46%; 9 e 10 anos 48% e 11 e 12 anos 51%. Conclusão: A avaliação do processamento
temporal nessa população é valiosa, uma vez que todas as crianças com dificuldades na
escrita apresentaram alteração para o teste de padrão de frequência.

18
Caracterização das habilidades auditivas em crianças com desnutrição

Patricia Andréia Caldas; Célia Maria Giacheti, Simone Aparecida Capellini, Erica
Alessandra Caldas, Adriana Maria Feijão de Carvalho

Introdução: Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social, multifatorial, é uma das


causas mais comuns de morbidade e mortalidade infantil. No Brasil a prevalência da
desnutrição na infância vem diminuindo, porém o percentual de óbitos por desnutrição se
mantém em torno de 20%, valor acima do preconizado pela Organização Mundial de
Saúde, que é inferior a 5%. A desnutrição continua a ser um problema de saúde pública,
principalmente nas regiões Norte e Nordeste, na área rural e periferias das grandes
metrópoles. Estudos nacionais avaliaram a prevalência da desnutrição em crianças
menores de cinco anos e a forma crônica da desnutrição foi a mais prevalente, no tocante
às regiões do Brasil, Norte e Nordeste apresentaram as taxas mais elevadas. No
Maranhão, ainda falta muito para se alcançar o índice médio do País (22,58%), segundo
dados do Ministério da Saúde o índice atual é de 35,18 %. Vários fatores contribuem para
tal fato, entre eles o baixo índice de desenvolvimento humano, especialmente na região
semiárida, onde parte da população não dispõe de recursos para se alimentar
adequadamente. Considerando que a desnutrição provoca efeitos nocivos ao SNC, deve-
se refletir como as habilidades do Processamento Auditivo Central (PAC) podem ser
afetadas, já que este compreende um conjunto de habilidades auditivas, realizadas pelo
SNC, que são necessárias para a interpretação das informações auditivas. O correto
funcionamento do Sistema Nervoso Auditivo Central é essencial para o perfeito
reconhecimento e discriminação de todos os eventos sonoros, desde o mais simples, até
a mais complexa mensagem falada. Numerosos mecanismos cognitivos são necessários
para a correta e precisa decodificação, percepção, reconhecimento e interpretação do
sinal auditivo. Objetivo: Caracterizar as habilidades auditivas de crianças com
desnutrição. Métodos: Após submissão ao comitê, foram avaliadas 10 crianças
desnutridas, na faixa etária de 6 a 9 anos, atendidas no setor de nutrição da clínica escola
Santa Edwiges, em São Luis-Ma. Após orientações os responsáveis assinarem o TCLE,
as crianças foram submetidas à avaliação da audição periferia e posteriormente foram
aplicados os Testes de memória sequencial para sons verbais e não verbais (TMSV e
TMSnV), teste de localização da fonte sonora e PSI com mensagem competitiva ipsi e
contralateral. Resultado: 10% da amostra apresentou perda auditiva neurosensorial
mínima a moderada bilateralmente e não foi submetida à avaliação do PAC, 100% dos
demais responderam os testes de localização sonora adequadamente, 77,77%
apresentaram TMSV alterado, 88,88% apresentaram TMSnV alterado, 11,11% tiveram
PSI-MCC alterado, PSI-MCI teve percentual de alteração em relação fala ruído em: (F/R)=
0 11,11%, F/R= -10 33,33% e F/R= -15 33,33%. Conclusão: Apesar da pequena amostra,
os dados preliminares mostram que crianças com desnutrição apresentam alterações nos
mecanismos fisiológicos auditivos de discriminação de sons em sequências e
reconhecimento de sons verbais em escuta monótica e dicótica, bem como alterações nas
habilidades auditivas de ordenação temporal, figura-fundo para sons verbais e associação
de estímulos auditivos e visuais e prejuízo nos processos gnósicos de ordenação e
codificação. Poucos estudos foram encontrados, demonstrando uma lacuna na pesquisa
do desenvolvimento nas habilidades de comunicação em crianças desnutridas.

19
Caracterização das habilidades auditivas em crianças com dificudalde de atenção

Luciana F. Seacero Granja; Letícia Reis Borges, Jorge Rizzato Paschoal

Introdução: Para a aquisição e desenvolvimento da linguagem oral, a audição é


fundamental, havendo uma interdependência entre o desenvolvimento da linguagem e a
capacidade de ouvir, com isso, a integridade auditiva é fundamental no sistema sensorial
humano, contribuindo efetivamente para o processo ensino-aprendizagem. Das
comorbidades que se apresentam concomitantes às alterações de processamento
auditivo (PA), a queixa de dificuldade de atenção é uma dos mais frequentes. Objetivo:
Avaliar as habilidades auditivas por meio do teste comportamental do PA em crianças
com queixa de dificuldade de atenção. Metodologia: A análise retrospectiva das
habilidades auditivas, por meio dos testes comportamentais do processamento auditivo,
de 53 crianças com queixa de dificuldade de atenção em uma clinica particular da cidade
de Campinas no ano de 2012. As crianças tinham idade entre 7 e 13 anos. As habilidades
auditivas avaliadas por meio dos testes de processamento auditivo foram: figura-fundo
(teste de identificação de figuras/sentenças com mensagem competitiva – PSI/SSI),
integração binaural (teste dicótico de dígitos), interação binaural (teste masking level
difference – MLD) e ordenação temporal (teste de padrão de frequência – PPS).
Resultados: Na análise do desempenho do teste PSI/SSI a média de acertos foi de 54%
para a orelha direita e 50% para a orelha esquerda, na relação sinal/ruído -15, ficando
abaixo do esperado em relação à normalidade. O teste dicótico de dígitos apresentou
média dentro dos padrões aceitáveis para ambas as orelhas (95%). O teste MLD
apresentou desempenho inferior ao esperado, com média de resposta de 8dB. Para o
teste PPS, considerando as porcentagens de acertos por idade, apenas a idade de 12
anos obteve desempenho rebaixado (64%). Conclusão: A habilidade de ordenação
temporal apresentou-se alterada apenas para crianças com faixa etária de 12 anos. As
habilidades auditivas avaliadas de figura-fundo e interação binaural apresentaram-se
alteradas em todas as crianças avaliadas. Alteração nessas habilidades pode expressar
dificuldades auditivas na ocorrência de ruído de fundo ou na presença de mais de uma
pessoa falando ao mesmo tempo, na localização sonora, comprometendo o desempenho
a atenção no âmbito escolar.

20
Caracterização de sujeitos com queixa de tontura e comorbidades auto referidas
associadas à veng normal

Maria da Glória Canto de Sousa; Taís Senea Batista Araújo

Introdução: A tontura é um dos sintomas mais comuns no mundo, atingindo ambos os


sexos e tendo maior prevalência em adultos, especialmente idosos, e é a sétima queixa
mais encontrada em mulheres e a quarta nos homens. No Brasil, ela representa a terceira
queixa mais comum em consultórios médicos, perdendo apenas para dor e febre. O
sistema vestibular atua como uma espécie de sinalizador biológico a respeito do
funcionamento de outros órgãos ou sistemas, e, em virtude disso, a tontura pode aparecer
como um sintoma de possíveis desordens não necessariamente vestibulares. Mas, nem
sempre se pode afirmar que esse sintoma seja fruto de disfunções não vestibulares, tendo
em vista o comprometimento vestibular ainda ser pequeno, e por esse motivo não ser
possível sua detecção no exame vestibular, ou já ter havido, inclusive, a recuperação do
mesmo. Objetivo: traçar o perfil dos pacientes com queixa de tontura que apresentam
comorbidades auto referidas associadas ao exame vestibular normal. Metodologia: O
presente estudo foi aprovado pelo CEP sob o nº 253.990. Trata-se de um estudo que faz
parte de um projeto de extensão do laboratório de reabilitação do equilíbrio corporal o
qual abrange avaliação e tratamento da tontura. A presente pesquisa teve desenho de
estudo retrospectivo de caráter descritivo e quantitativo, composto, em sua amostra
parcial, de 36 pacientes até a presente data. Foram utilizados os prontuários dos
pacientes selecionados, que constam de anamnese e relatório de avaliação vestibular.
Resultados: Até onde foram coletados os dados, dos 36 pacientes com queixa de tontura
e comorbidades auto referidas associadas ao exame vestibular normal, 31 foram
mulheres (86,11%), com idade entre 30 e 60 anos, e 5 homens (13,89%), com idade entre
45 e 60 anos; 16 pacientes apresentaram queixa de tontura e vertigem concomitantes,
sendo que desses, 13 (81,25%) foram mulheres e 3 (18,75%) homens; 20 pacientes
referiram apenas queixa de tontura associada a alguma comorbidade, sendo 18 (90%)
mulheres e 2 (10%) homens; em relação as comorbidades auto referidas, 23 pacientes
apresentaram hipertensão arterial, 20 (86,95%) mulheres e 3 (13,04%) homens; 17
relataram distúrbios da coluna cervical, 14 (82,35%) mulheres e 3 (17,65%) homens; 2
(6,45%) mulheres apresentaram cefaleia; 2 (6,45%) mulheres referiram alteração
hormonal; 16 pacientes apresentaram disfunção metabólica, sendo que 5 (31,25%)
mulheres referiram diabetes, 2 (12,5%) mulheres informaram possuir alteração da
tireóide, uma (6,25%) mulher apresentou disfunção lipídica, 5 pacientes relataram
distúrbios relacionados ao colesterol, sendo 4 (25%) mulheres e 1 (6,25%) homem e 3
(18,75%) mulheres apresentaram alteração metabólica, mas sem informar de qual tipo.
Conclusão: Com estes dados foi possível conhecer o perfil dos pacientes atendidos no
Setor de Otoneurologia de uma Clínica-Escola de Fonoaudiologia referência na área. Os
achados corroboram, em sua maioria, os dados encontrados na literatura vigente, uma
vez que a queixa de tontura é bastante recorrente na população. Contudo, apesar de o
exame vestibular dos pacientes não apresentar alteração, e mesmo com a presença das
comorbidades auto referidas, não é possível afirmar que a queixa de tontura seja fruto
dessas disfunções não vestibulares.

21
Características dos efeitos auditivos e extra - auditivos em trabalhadores de uma
indústria de papel

Márcia Maria Simões de Oliveira Castro; Flaviane Barros de Oliveira, Cleide Fernandes
Teixeira

Introdução: Um dos principais sentidos para o desenvolvimento do ser humano, de


importância essencial na integração do homem à sociedade tanto no âmbito social quanto
psicológico é a audição. Vários fatores podem levar à perda da audição, dentre eles as
doenças metabólicas, vasculares, isquêmicas e iônicas, uso de medicamentos, estresse,
predisposição genética, fatores nutricionais, exposição ao ruído, entre outros. A exposição
a níveis de pressão sonora é considerada um importante agravo à saúde auditiva dos
trabalhadores expostos, podendo causar algumas seqüelas, tais como: queixa de perda
auditiva, zumbido, tontura, cefaléia, nervosismo, perda auditiva, influenciando,
negativamente, na qualidade de vida do trabalhador e das pessoas que o cercam. Muito
se pode fazer para prevenir a perda auditiva induzida por ruído, mas pouco pode ser feito
para reverter os danos causados por ela e os sintomas são sutis, começando, na maioria
dos casos, pelas freqüências agudas. O monitoramento anual dos trabalhadores expostos
ao ruído é fundamental para identificar os efeitos auditivos e extra auditivos para as ações
de promoção e prevenção da saúde auditiva, através de um conjunto de ações que
minimizem os riscos dessa exposição, caracterizando assim, o Programa de Conservação
Auditiva (PCA). Este, por sua vez, além de buscar a conservação dos limiares auditivos
dos trabalhadores, abrange medidas relacionadas ao nível primário de saúde. Objetivo:
Identificar as características dos efeitos auditivos e extra-auditivos em trabalhadores
expostos ao ruído numa indústria de papel, na região da mata norte do estado de
Pernambuco. Método: Estudo transversal descritivo, constituído de 480 trabalhadores de
ambos os sexos e expostos ao ruído numa indústria de papel, na região da mata norte do
estado de Pernambuco, realizado no ano de 2011. Para a coleta de dados e história
pregressa e atual, foram utilizados os resultados dos limiares auditivos do exame
periódico de 2010, através dos prontuários médicos da empresa, para posteriormente
serem comparados com os de 2011 e também feita a aplicação de questionário no início
da jornada de trabalho de cada turno, no ano pesquisado. Resultados: Dos 480
funcionários avaliados, com relação à anamnese, 12,92 % apresentaram dificuldades
auditivas; 25,21 % alegaram ter zumbido, 19,79 % declararam ter recrutamento; No que
diz respeito às queixas extra-auditivas, 12,92 % afirmaram ter insônia e 8,54 % tinham
constante irritabilidade; Quanto aos exames audiométricos, foram avaliados 480
trabalhadores, revelando que 9,5% apresentaram alterações sugestivas de PAIR de
origem ocupacional estável, onde 4,7% foram de grau leve; 4,2% moderado; 0,4% severo
e 0,2% profundo; 6,8% perdas auditivas de procedência não ocupacionais e 71,6%
resultados normais em todas as freqüências; Conclusão: Foi verificado que o
envolvimento desta empresa para com os trabalhadores e a seriedade da mesma, refletiu
nos resultados encontrados. Fica, então, comprovado que as características auditivas e
extra-auditivas, aqui pesquisadas, dependerão da forma como a empresa assumirá a
saúde do trabalhador, através do uso de EPIs e de orientações ao próprio, tanto da
atuação na mesma como em sua vida extra laborativa e, assim, diminuindo os riscos dos
sintomas auditivos e extra-auditivos.

22
Comparação entre queixas auditivas e resultados da triagem auditiva em escolares

Ana Sabrina Sousa; Ana Paula Duarte, Mariana Keiko Kamita, Marielen de Oliveira,
Brenda Cordeiro, Paula Holz, Ana Claudia M. Ribeiro, Bruna Nappi

Introdução: O desenvolvimento da linguagem depende do funcionamento normal dos


processos auditivos para receber e transmitir, perceber, relembrar os sons e integrar as
experiências sonoras. Assim sendo, a detecção precoce e a intervenção imediata em
crianças com perda auditiva aumentam a probabilidade de otimizar o potencial de
linguagem receptiva e expressiva, de alfabetização (leitura e escrita), desempenho
acadêmico e desenvolvimento emocional e social. A triagem auditiva tem por objetivo
fazer medidas preventivas, buscando a identificação de indivíduos portadores de
problemas auditivos, afim de que possam ser encaminhados para avaliação audiológica
completa e otorrinolaringológica. Objetivo: Analisar os achados da triagem auditiva em
escolares e as queixas dos responsáveis. Método: Participaram desta pesquisa 77
alunos, cursando o quarto ano do ensino fundamental, do Colégio de Aplicação da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com faixa etária de 9 a 11 anos de
idade. Todos os responsáveis pelos alunos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) sobre a participação dos escolares no estudo. Este estudo foi
aprovado pelo comitê de ética da UFSC sob o número 02905412.8.0000.0121. Os
responsáveis responderam um questionário sobre desenvolvimento, dificuldades de
aprendizagem, histórico de doenças e manifestações comportamentais do processamento
auditivo. A triagem auditiva foi constituída pela meatoscopia, imitanciometria e pesquisa
dos limiares auditivos. Na imitanciometria foi pesquisada a timpanometria (tom de sonda
de 226 Hz) e a pesquisa do reflexo acústico estapediano ipsilateral por meio do
imitanciômetro portátil modelo Titanic da marca Interacoustic. Para a investigação dos
níveis mínimos de respostas foi utilizado o audiômetro pediátrico portátil modelo PA5,
marca Interacoustics Resultados: Dos 77 alunos triados verificou-se que na meatoscopia
cinco escolares apresentaram cerúmen total na orelha direita e oito na orelha esquerda.
Na imitanciometria foram encontradas alterações em 14 orelhas direitas (18%) e 12
orelhas esquerdas (15,5%) sendo a curva predominante a do tipo C na orelha direita (50
%) e tipo Ar na orelha esquerda (42%). Em relação aos reflexos acústicos estapedianos
19 orelhas direitas (24,6 %) e 17 orelhas esquerdas (22%) apresentaram reflexos
ausentes. Na pesquisa dos limiares auditivos houve alteração em apenas duas orelhas
direitas e uma orelha esquerda. Em relação as queixas verificou-se que a mais frequente
relatada pelos pais foi de alterações comportamentais como desatenção e agitação,
seguida da queixa de otites. Constatou-se que 42 (54%) pais relataram alteração de
comportamento dos escolares e 33 relataram histórico de otites prévias. Comparando as
queixas com os resultados da avaliação foi encontrada correlação entre a queixa de
desatenção e alteração comportamental com os resultados da triagem auditiva.
Conclusão: Conclui-se que o achado de alteração mais frequente na triagem auditiva foi
ausência dos reflexos acústicos e alteração das curvas timpanométricas. Houve um
elevado número de queixas dos pais em relação a alterações comportamentais e histórico
de otites que apresentaram correlação com os achados da triagem auditiva. O estudo
mostrou a importância de ações de triagem auditiva na escola para promover a saúde
auditiva e auxiliar na identificação de aliterações que comprometam o processo de ensino
aprendizagem.

23
Comunica: reflexão acadêmica sobre a assistência à saúde do usuario surdo

Regiane Ferreira Rezende; Leonor Bezerra Guerra, Sirley Alves da Silva Carvalho, Thales
Cézar Coelho, Mayra Adelina Santana, Luís Augusto Monteiro Coura, Kênia da Silva
Costa, Flávia Araújo de Souza Brazões, Ágatha Ferreira Lopes, Álvaro Luiz Mendes da
Nóbrega, Bruna Aline Moraes do Nascimento

Introdução: A acessibilidade ao sistema de saúde pelo surdo ainda é deficitária. A Lei


Federal nº 10.436 de 24 de Abril de 2002 determina que o Sistema Único de Saúde,
deverá garantir atenção integral à saúde do surdo, e que o atendimento na rede deverá
ser realizado por profissionais capacitados para o uso de Língua Brasileira de Sinais -
LIBRAS ou acompanhado por intérpretes. Na formação do estudante de medicina, bem
como de outros profissionais da área da saúde, não se observam ações concretas que
possibilitem contemplar essa demanda social e exigência legal. Diante disso, admite-se a
necessidade de ações que promovam o acesso mais facilitado dos surdos à saúde.
Objetivo: Visamos, através desse projeto, a uma maior integração entre a comunidade
surda e a comunidade acadêmica, a fim de sensibilizar futuros profissionais da saúde
para as dificuldades de um atendimento integral ao surdo. Busca-se também a divulgação
da LIBRAS e de sua importância no contexto da cultura surda. Metodologia: Realizamos
uma dinâmica (ou intervenção) que visa estimular, no contexto acadêmico, a discussão
sobre temáticas diversas relacionadas à pessoa com deficiência auditiva. A dinâmica é
realizada com estudantes do quinto período de medicina, iniciantes do ciclo clínico da
graduação, uma única vez no semestre e é constituída por uma série de quatro
atividades/simulações. Essas buscam fomentar a reflexão sobre as dificuldades, inclusive
as de comunicação, vividas pelos surdos dentro da assistência à saúde. Nas três
primeiras atividades convidamos os alunos para interpretarem os papéis propostos. A
primeira simulação demonstra as dificuldades na comunicação entre pacientes e médicos
ouvintes. Basta acrescentar um tema constrangedor (a impotência sexual, por exemplo),
que algumas intercorrências aparecem e interferem no processo do atendimento
simulado. Na segunda simulação um médico ouvinte tenta realizar um atendimento de um
surdo analfabeto em português, em LIBRAS e que não consegue fazer leitura labial. Na
terceira simulação acrescentamos um intérprete, representado por um “telefone sem fio”,
a fim de demonstrar que, ainda assim há ruído na comunicação. Debatemos acerca da
presença de uma terceira pessoa na consulta, e o quanto isso interfere na qualidade
desta, considerando um possível constrangimento que pode inibir o paciente. Na quarta
situação, o paciente surdo e o médico ouvinte sabem LIBRAS e se entendem sem a
interferência de uma terceira pessoa, sendo que o diálogo entre eles é interpretado pelo
grupo que conduz a dinâmica. Antes do início das atividades e após as mesmas, os
estudantes recebem um pequeno questionário com perguntas idênticas de modo a avaliar
sua nova percepção frente uma consulta com um paciente surdo. Resultado: Os
estudantes participantes da atividade demonstraram muito interesse pelo tema e pela
discussão de formas para melhorar a acessibilidade do surdo à saúde. Alguns aderiram
ao projeto como novos integrantes. Iniciamos, assim, um processo de sensibilização
acerca de algumas demandas dos surdos e divulgamos a LIBRAS. Conclusão: O projeto
tem alcançado seus objetivos, pois sensibiliza futuros profissionais saúde, contribuindo
para que haja, efetivamente, uma maior acessibilidade dos surdos ao sistema de saúde.

24
Conceitos e notícias sobre a surdez em âmbito nacional

Mariene Terumi Umeoka Hidaka; Elizabeth Oliveira Crepaldi de Almeida, Celina Letícia
Magalhães dos Santos, Jessica Fenille Chagas

Introdução: A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) foi oficializada no Brasil em abril de


2002 (LEI 10.436 DE 24 DE ABRIL DE 2002). Desde então muitas notícias sobre o seu
uso, contexto na qual deve ser adotada e o papel do intérprete tem sido discutido por
leigos e pesquisadores em redes de comunicação. Objetivo: O presente trabalho tem
como objetivo discutir a Surdez, Deficiência Auditiva e a LIBRAS por meio de uma revisão
bibliográfica, contemplando artigos nacionais e internacionais e a partir dos dados da
coleta categorizar as notícias publicadas no Portal G1 (http://g1.globo.com/) sobre o
assunto e criar um weblog visando divulgar e compartilhar as notícias e experiências na
área da Surdez (disponível em http://clubedasurdez.blogspot.com.br/).Método: Revisão
sistemática sobre Surdez, Deficiência Auditiva e a LIBRAS, coleta eletrônica de dados no
Portal G1 referente ao tema, abrangendo os 26 estadose 01 Distrito Federal no período
de 01 de abril de 2012 a 25 de junho de 2013. Os mesmos foram categorizados em
ordem cronológica, sendo inseridos em uma planilha e dispostos na sequência: data de
publicação, título, estado, link da publicação, data de acesso e disponibilizados com seus
links no weblog, que podem ser lidos e discutidos neste ambiente virtual, onde cada leitor
pode comentar a reportagem que preferir. As reportagens foram descritas, organizadas
por ano de publicação e catalogadas por estado, possibilitando selecionar e ler de acordo
com sua região. Sendo qualificados, quantificados estatisticamente de acordo as analises
realizadas.Resultados: Foram encontradas 374 notícias em todo o país e divididas por
regiões: Norte (43), Nordeste (74), Centro-Oeste (29), Sudeste (197), Sul (31) e
subdivididas de acordo com os temas, LIBRAS (116), Deficiência Auditiva (187) e Surdez
(72).As notícias publicadas no weblog obtiveram 846 acessos de 01 de Janeiro de 2013 a
25 de Junho de 2013, destas 377 são nacionais resultando em 10 comentários e 469
internacionais, sendo estes: (335) EUA, (93) Rússia, (18) Alemanha, (03) Portugal, (06)
Holanda, (04) Japão, (01) Austrália, (01) Canadá, (01) Finlândia, (01) Reino Unido, (01)
Indonésia, (01) Nigéria, (01) Tailândia, (01) Espanha, (01) México e (01)
Ucrânia.Conclusão: Conclui-se que esse tipo de espaço informativo pode difundir
conceitos e notícias importantes sobre a Surdez no âmbito nacional.

25
Correlação entre audiometria infantil e potencial evocado auditivo por frequência
específica em lactentes com perda auditiva

Mônica Carminatti; Pricila Sleifer, Bruna Fiorenzano Herzog Conrado, Luciane Ferreira
Pauletti, Cristina Fernandes Diehl Krimberg

Introdução: A avaliação eletrofisiológica é fundamental para o diagnóstico da perda


auditiva antes dos seis meses de vida. O potencial evocado auditivo de tronco encefálico
por frequência específica (PEATE-FE) permite estabelecer a configuração da perda
auditiva nesta faixa etária. O PEATE-FE é considerado padrão-ouro para estimar o limiar
auditivo em crianças menores de seis meses de idade. Objetivo: Verificar a existência de
correlação entre os limiares da audiometria infantil em campo aberto e os limiares obtidos
no potencial evocado auditivo de tronco encefálico por frequência especifica em crianças
de dois a seis meses de idade com perda auditiva sensorioneural. Métodos: Foram
avaliadas 23 crianças com idade entre 2 e 6 meses de idade com perda auditiva
sensorioneural de grau leve a severo, bilateral. Foram realizadas avaliações:
otorrinolaringológica, pesquisa de emissões otoacústicas, medidas de imitância acústica e
audiometria infantil em campo aberto. Após foi realizada a pesquisa dos potenciais
evocados auditivos de tronco encefálico por frequência específica, nas freqüências de 500
Hz e 2000Hz. O PEATE-FE Foi realizado com o equipamento Smart EP, da marca IHS.
Resultados: Para verificar a existência de correlação utilizamos o coeficiente de
correlação de Spearman. Não houve diferença significativa entre as orelhas (p=0,694) e
entre os gêneros (p=0,513). Houve correlação significativa entre os limiares obtidos no
PEATE-FE e na audiometria infantil em campo aberto nas freqüências de 500Hz
(p=0,038) e 2000Hz (p<<0,000). Conclusão: Verificamos correlação significativa entre os
limiares obtidos na pesquisa do PEATE-FE e os limiares auditivos obtidos na audiometria
infantil em campo aberto. Acreditamos que os procedimentos são complementares e
auxiliam no diagnóstico audiológico em crianças menores de 6 meses de idade.

26
Desempenho de crianças em teste de figuras para discriminação fonêmica

Ana Teresa Brandão de Oliveira e Britto; Graziela Luiza de Oliveira Louzada, Denise
Brandão de Oliveira e Britto

Introdução: A discriminação fonêmica diz respeito à capacidade que o indivíduo tem de


distinguir auditivamente os sons da língua. O Teste de Figuras para Discriminação
Fonêmica (TFDF), avalia o desempenho de crianças na discriminação auditiva de pares
mínimos, escolhidos pelas oposições dos fonemas em relação ao valor binário de cada
traço distintivo e as combinações possíveis entre os traços de lugar, bem como pelas
oposições de estruturas silábicas. Objetivo: Avaliar o desempenho de crianças mineiras
no Teste de Figuras para Discriminação Fonêmica e comparar com os resultados
alcançados no estudo piloto feito, anteriormente, com crianças gaúchas. Métodos:
Participaram da pesquisa 31 crianças de 6 a 8 anos, sendo 21 (68%) do gênero feminino
e 10 (32%) do gênero masculino, matriculadas em uma creche comunitária. As crianças
realizaram o TFDF após serem submetidas à avaliação da fala e linguagem, avaliação
articulatória e triagem auditiva por via aérea. Resultados: Foi realizada análise descritiva
(média, mediana e desvio padrão) para a pontuação obtida no TFPF por gênero e grupo
etário. Para verificar associação entre a pontuação no teste com gênero e grupo etário, foi
aplicado o teste não paramétrico Kruskal-Wallis e, para comparar os resultados do
presente estudo com aqueles obtidos no estudo anterior, realizou-se o teste Mann-Whitey.
Para ambos os testes considerou-se o nível de significância de 5% (p≤0,05). Não houve
diferença na pontuação entre os gêneros (p=0,885), nem entre os grupos etários
(p=0,089). Ao comparar os resultados entre os dois estudos, também não foi encontrado
diferença, seja por gênero (p=0,245) ou grupo etário (p=0,193). Conclusão: Os sujeitos
participantes da pesquisa tiveram desempenho considerável no que se refere à aplicação
do TFDF, e os resultados das crianças mineiras, evidenciaram respostas coniventes e
equivalentes às obtidas no estudo anterior, feito com sujeitos gaúchos. A padronização do
TFDF contribuirá para o desenvolvimento de uma metodologia abrangente no que diz
respeito à avaliação da discriminação fonêmica por meio de figuras e contribuirá ainda
como referência comparativa para esta análise em crianças que apresentam alterações
fonológicas.

27
Efeitos da radioterapia e/ou quimioterapia no sistema auditivo de crianças
portadoras de câncer

Erica Alessandra Caldas; Elias Victor Figueiredo dos Santos, Patrícia Andréia Caldas,
Luciane Maria Oliveira Brito

Introdução: O câncer infanto-juvenil deve ser estudado separadamente do câncer do


adulto por apresentar diferenças nos locais primários, diferentes origens histológicas e
diferentes comportamentos clínicos, pode ser tratado com cirurgia, radioterapia e/ou
quimioterapia. Cada modalidade de tratamento ocasiona diferentes alterações funcionais,
sendo algumas reversíveis, e outras não. A radioterapia trás efeitos colaterais tardios,
sendo que estes irão depender do volume e do local irradiado, da dose total, do
fracionamento, da idade, das condições clínicas do paciente e dos tratamentos
associados. A quimioterapia apresenta agentes quimioterápicos que podem gerar efeitos
colaterais como ototoxicidade. Objetivo: investigar os efeitos da radioterapia e/ou
quimioterapia no sistema auditivo em crianças portadoras de câncer. Métodos: estudo
prospectivo realizado no período de janeiro a maio de 2013. Foram avaliadas 16 crianças
entre 03 e 12 anos submetidas à radioterapia e/ou quimioterapia. Utilizou-se das
emissões otoacústicas evocadas transientes (EOA-TR) e produto de distorção (EOA-DP)
como forma avaliativa. Resultados: Foi realizada análise descritiva e 6,25% das orelhas
testadas falharam para as EOA-DP e para as EOA-TR. Quando avaliada por frequencias,
a média encontrada de respostas relação sinal-ruído para EOA-TR nas freq. de 1.5 a 4.0
KHz variou entre 1,5 e 6,65, já para as EOA-DP nas freq. de 2.0 a 5.0 KHz variou entre
10,06 e 18,78, conferindo maior número de frequências com respostas presentes para as
EOA-DP. Conclusão: Programas de monitoramento audiológico devem ser realizados a
longo prazo para pacientes submetidos a tratamento quimioterápico e radioterápico, pois
os efeitos na audição podem não surgir durante ou logo após o término do tratamento.

28
Elaboração de um material educativo para orientação e efetividade do uso do aasi
em adultos

Graziella Simeão Munhoz; Camila Guarnieri, Carla Aparecida Curiel, Maria Renata José,
Maria Fernanda Capoani Garcia Mondelli

Introdução: Segundo censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística-IBGE, cerca de 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, o que
representa 5,1% da população brasileira. De acordo com a Organização Mundial de
Saúde (2011) esse valor já atingiu 28 milhões de brasileiros que apresentam alguma
alteração auditiva, o que revela que esse número tende a crescer. Nos adultos, os
sintomas da perda auditiva podem ter inicio a partir dos 40 anos, principalmente em
decorrência do envelhecimento das células ciliadas, ruídos do dia-a-dia, má-alimentação
e uso do álcool e cigarro. Para a reabilitação dessa população o Aparelho de Amplificação
Sonora Individual (AASI) é efetivo para a continuidade das atividades de vida diária. O
período de adaptação do AASI é um processo lento que envolve um aprendizado
criterioso por parte do usuário e planejamento de orientações por parte dos
fonoaudiólogos. Sugere-se que durante a orientação seja abordado tópicos como
características gerais do AASI, instruções sobre o uso, higiene e cuidados com o
dispositivo, assim como demonstrações do manuseio do AASI. Objetivo: desenvolver um
material de apoio para o momento da orientação e de pós-orientação, que o paciente
possa consultar em caso de dúvida. Metodologia: foi desenvolvido um material educativo
em forma de apostila didática, com detalhes e imagens sobre uso, manuseio, cuidados e
higiene do AASI, de forma a facilitar o momento da orientação, e para que o paciente
tenha a possibilidade de consultar o material em casa. O manual foi elaborado com base
nos resultados obtidos na aplicação de questionários prévios dirigidos á profissionais da
área que descreveram quais as principais dificuldades do usuário do AASI e suas
principais dúvidas. Resultados: foi elaborado um manual com orientações, um campo de
tira-dúvidas e um espaço para o “diário” de experiências auditivas. Os assuntos
abordados foram: identificação do tipo de aparelho, tamanho/número e troca da pilha,
inserção e remoção do dispositivo da orelha, armazenamento do AASI/pilhas,
higienização do molde e do AASI e por fim dicas do que pode ou não prejudicar o uso
efetivo do aparelho auditivo. Ao final do material um “diário de bordo” permite que o
paciente escreva sobre suas experiências com o uso do AASI, tempo de uso e quais
foram suas dúvidas mais frequentes. Conclusão: o manual permitiu que as informações
oferecidas no momento da orientação se tornassem mais esclarecedoras no decorrer no
tempo de uso.

29
Emissões otoacústicas produto de distorção (EOAPD) em alunos usuários de
estéreos do distrito Cabula Beiru

Maria da Glória Canto de Sousa; Maria Cecília Castello Silva Pereira, Megnara de
Carvalho Santana

Introdução: A música está presente no cotidiano dos jovens. Isso é evidenciado pelo
constante uso de tecnologias (estéreos pessoais) que permite a escuta da música em
níveis de pressão sonora elevado desejado, por grande período de tempo. O uso contínuo
de estéreos em níveis elevados de pressão sonora pode resultar em lesões as células
ciliadas externas. As Emissões Otoacústicas Evocadas por Produto de Distorção
(EOAPD) têm-se revelado um instrumento relevante na identificação precoce de
alterações cocleares. Objetivo: Verificar os resultados da EOAPD em alunos de uma
Unidade de Ensino do Distrito Cabula Beiru e sua relação com hábitos/tempo de uso
estéreos pessoais. Método: Foi realizado um estudo de caráter transversal, descritivo e
quantitativo. Os dados do presente estudo faz parte de um projeto de pesquisa cujo
parecer do CEP teve sua aprovação por meio do Nº 179.799. Foram avaliados 18
estudantes, sendo 8 do gênero feminino e 8 do gênero masculino, com idade entre 11 e
17 anos; todos cursando o ensino fundamental. Os participantes responderam a um
questionário adaptado e validado, e, posteriormente submetidos ao teste de Emissões
Otoacústicas Evocadas por Produto de Distorção com equipamento Otoread
(Interacoustics). Os exames foram analisados de acordo com o critério de análise
(S/R>>3 dB). Resultados: Com relação ao tempo de uso por dia dos estéreos 33,33%
(6/18) faz uso por1h; 11,11% (2/18) faz uso de 2h; 33,33% (6/18) uso acima de 2h;
16,66% (3/18) uso acima de 8h e 5,5% (1/18) uso abaixo de 1h, 100% dos participantes
utilizam os fones bilateralmente, sendo que 61,11% (11/18) costumam ouvir no volume
máximo; 5,5% (1/18) ouvem na metade do volume; 11,11% (2/18) ouvem no volume
mínimo e 6,25% (1/16) ouve ¾ do volume. Observou-se que, 44,44% (8/18) da população
relataram zumbido após usar o estéreo. Em relação aos resultados das Emissões
Otoacústicas Evocadas por Produto de Distorção (EOAPD) 88,88% (16/18) passaram e
11,11% (2/18) falharam no teste. Conclusão: Os resultados demonstraram que, embora o
índice de alunos que apresentem alterações cocleares sejam ainda baixo, a queixa de
zumbido está relacionada após a exposição de ruído por meio do estéreo pessoal. Logo,
orientações e campanhas de prevenção sobre a perda auditiva induzida por ruído (PAIR)
devem ser realizadas nessa população.

30
Emissões otoacústicas transientes no diagnóstico audiológico na oncologia

Carlos Kazuo Taguchi; Priscila Feliciano Oliveira, Tarsila Santos Amaral, Joice Santos
Andrade, Camila Silva Oliveira

Introdução: As alterações de audição ocasionadas pelo tratamento oncológico são


bilaterais e irreversíveis, acompanhadas de zumbido e comprometimento das altas
frequências e acometem as células ciliadas externas. Objetivo: Realizar avaliação
audiológica e emissões otoacústicas transientes (EOAT) nos pacientes oncológicos.
Material e método: A pesquisa foi encaminhada e aprovada pelo CEP da UFS sob número
0066.0.107.000-1. Participaram 14 sujeitos submetidos ao tratamento quimioterápico e/ou
radioterápico do setor de oncologia do Hospital de Urgências de Sergipe. Foi aplicada
uma anamnese e audiometria tonal, vocal e exame de EOAT. Resultados: A média da
idade foi de 44,5 anos, sendo a maioria do gênero feminino (92,9%). O câncer de mama
apareceu em 57,1% dos casos seguido de colo de útero (28,6%). Observou-se que 71,4%
dos sujeitos relataram antecedentes familiares. Com relação as queixas auditivas 64,3%
apresentam dificuldades para escutar e 92,9% tem zumbido. 71,4% descreveram piora
dos sintomas auditivos pós- tratamento quimioterápico, porém evidenciou-se 85,7% das
orelhas com limiares auditivos normais e 14,3% com perda sensório neural. A média da
amplitude das otoemissões foi de 11,56 dB, presente em 85,7% das orelhas. Não
observou-se diferença significativa no teste de Mann-Whitney para o grupo com presença
e ausência de emissões relacionada ao número de sessões de quimioterapia (p=0,096) e
radioterapia (p=0925). Na relação da amplitude das EOAT na presença ou ausência do
tratamento quimioterápico, não observou-se diferença estatisticamente significante entre
os grupos (p=0,830). Conclusão: A inclusão do exame de EOAT complementa os dados
obtidos na avaliação audiológica básica. Desta forma é importante estabelecer um
protocolo de monitoramento audiológico com o uso das EOA.

31
Estilo de vida e trabalho: aplicação do intrumento whoqol-bref em audiologista
brasileiros

Marlos Suenney de Mendonça Noronha; Clara Mércia Barbosa Silva, Daniele Santana de
Lima Silva, Tiago Oliveira Motta, Josefa Mariele dos Santos Rosário, Marcela Cássia
Silva, Adriano Freitas dos Santos

Introdução: o trabalho relaciona-se com a saúde-doença de quem o executa, num


espectro de efeitos, respostas ou danos que vão desde a fadiga física e a fadiga mental,
até as doenças e acidentes do trabalho. No que concerne ao ambiente de trabalho dos
profissionais de saúde, existe uma série de riscos ocupacionais (físicos, biológicos,
psicossociais, químicos, mecânicos e ergonômicos) que são os principais
caracterizadores de insalubridade e de periculosidade, que se não forem controlados,
poderão desencadear agravos à saúde, doenças e acidentes de trabalho. Objetivo: Traçar
o perfil profissional do audiologista, através da utilização do Whoqol-Bref enquanto
instrumento de avaliação da qualidade de vida disponibilizado sob formulário eletrônico
disponível via WEB. Método: Trata-se de um estudo descritivo com uma abordagem
quantitativa. O estudo foi realizado com fonoaudiólogos, registrados no Conselho Federal
de Fonoaudiologia (CFFa) e nos Conselhos Regionais de Fonoaudiologia, que atuam nas
diversas áreas de Audiologia. A amostra foi composta de 60 fonoaudiólogos com título de
especialista em Audiologia. As análises estatísticas realizadas incluíram análises
descritivas de frequência e tendência central. O estudo transcorreu de maio a julho de
2012. RESULTADOS: Os indivíduos estudados são, em sua maioria, mulheres (90%),
solteiro(a) (55%). Quantos aos registros profissionais: CRFa 4ª Região (38%), CRFa 5ª
Região (35%), CRFa 2ª Região (7%), CRFa 1ª Região (3%), CRFa 3ª Região (5%), CRFa
6ª Região (7%) e CRFa 7ª Região (5%). Quanto à distribuição de renda: Até 1 salário
mínimo (2%), 1 salário mínimo (1,02%), De 1 salário mínimo a 3 salários mínimos (42%),
De 3 salários mínimos a 6 salários mínimos (25%), De 6 salários mínimos a 10 salários
mínimos (18%), 10 salários mínimos a 15 salários mínimos (7%) e acima de 15 salários
mínimos (2%). A percepção da qualidade de vida dos fonoaudiólogos demonstrou que os
domínios que refletiram os seguintes escores de avaliação: Físico (67,92%), Psicológico
(61,74%), Relações sociais (60,69%) e Meio ambiente (54,53%). Conclusões: Pode-se
concluir que os audiologistas investigados apresentam os maiores escores no domínio
físico e os menores no domínio ambiental de qualidade de vida. O estudo mostrou a baixa
adesão dos fonoaudiólogos em participar da pesquisa utilizando formulário eletrônico,
especificamente os que atuam no Sul e Sudeste do país.

32
Estudo da prevalência de hipoacusia em indivíduos com diabetes mellitus tipo i

Cláudia Giglio de Oliveira Gonçalves; Bianca Simone Zeigelboim, Diego Augusto de Brito
Malucelli, João Henrique Faryniuk

Introdução: Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica decorrente da não produção
adequada de insulina pelo pâncreas ou da incapacidade do organismo em utilizar de
modo eficaz a insulina presente, levando a uma situação de hiperglicemia. É uma das
principais enfermidades crônico-degenerativas. Dentre as inúmeras complicações
crônicas do DM, no sistema auditivo, a doença pode levar à atrofia do gânglio espiral,
degeneração da bainha de mielina do VIII par craniano, diminuição de fibras nervosas na
lâmina espiral ou espessamento das paredes capilares da estria vascular e das pequenas
artérias dentro do canal auditivo. Objetivo: verificar os limiares auditivos em indivíduos
portadores de DM tipo 1. Métodos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em
Pesquisa Institucional protocolo nº 009/2005. Participaram deste estudo 60 indivíduos de
ambos sexos, divididos em: Grupo Estudo (GE) com 30 indivíduos com DM tipo 1 e Grupo
Controle (GC) com 30 indivíduos não-diabéticos. Critérios de exclusão: malformações,
otite média crônica e rolha de cerúmen ou sangue em alguma orelha. Realizado
anamnese, exame físico e otorrinolaringológico, além do exame audiométrico. Os
resultados obtidos no estudo foram expressos por médias, medianas, valores mínimos e
máximos e desvio padrão; por frequências e percentuais. Resultados: em relação aos
limiares de audibilidade nas orelhas direita e esquerda, no GE, houve diferença
estatisticamente significante nas frequências 250, 500, 10.000, 11.200, 12.500, 14.000 e
16.000 Hz em ambas orelhas e médias das orelhas. Em 9.000 Hz apenas na orelha
direita e na média de ambas orelhas. Na comparação dos GE e GC, houve diferença
estatisticamente significativa com uma maior probabilidade de ocorrência de hipoacusia
em alguma frequência independente da orelha testada no GE. Conclusões: houve
diferenças estatisticamente significativas nos achados audiológicos no GE quando
comparado com GC, justificando avaliação audiológica completa em pacientes diabéticos
tipo 1, incluindo audiometria de altas frequências.

33
Estudo da satisfação dos usuários de aparelhos auditivos cros e bicros com
tecnologia wireless

Mônica Carminatti; Simone Araújo Lopes, Pricila Sleifer

Introdução: A perda auditiva pode trazer dificuldades nas interações sociais devido à
redução da capacidade para localizar e discriminar os sons. Os aparelhos auditivos
CROS (ou BiCROS se a orelha melhor também precisa de ajuda adicional) são a melhor
solução quando a audição de uma orelha é bem pior do que a da outra orelha. A
aplicação de questionários possibilita avaliar e reconhecer as vantagens oferecidas com a
adaptação do aparelho auditivo em relação às suas dificuldades auditivas e desvantagens
psicossociais. Objetivo: Verificar a satisfação dos usuários de aparelhos auditivos CROS
e BICROS com tecnologia wireless e avaliar seus efeitos psicossociais por meio dos
questionários QI-AASI e HHIA-S. Metodologia: Foram pesquisados 8 pacientes, 3 do sexo
feminino e 5 do sexo masculino, com idade de 18 a 77 anos. Todos os participantes foram
submetidos à Avaliação Otorrinolaringológica, Anamnese, Audiometria Tonal Liminar,
Audiometria Vocal, Medidas de Imitância Acústica e questionários QI-AASI e HHIA-S.
Após a aplicação dos questionários foi realizada adaptação CROS ou BICROS, CROS foi
adaptado em pacientes com anacusia unilateral e orelha contralateral com limiares
auditivos normais e BICROS naqueles que apresentaram anacusia unilateral e orelha
contralateral com perda auditiva, podendo ser de grau leve a profundo. Os aparelhos
utilizados foram da marca Phonak, modelos Micro-retroauricular CROS e Audéo S Smart
III para orelha contralateral. O microfone transmissor captou os sons oriundos da orelha
anacúsica e envio-os, em tempo real e sem fio, ao aparelho receptor da orelha com
melhor audição. Os pacientes foram orientados quanto à colocação e adaptação do
aparelho. Os pacientes fizeram uso durante 12 dias, sendo que no 5º dia os mesmos
foram solicitados a realizar uma ligação telefônica para a fonoaudióloga pesquisadora,
utilizando o lado anacúsico. Ao término dos 12 dias, foram aplicados novamente os
questionários HHIA-S e QI-AASI. Resultados: Verificamos que houve diferença
estatisticamente significante (p<<0,000) entre as respostas obtidas nos questionários QI-
AASI e HHIA-S antes e após o uso dos aparelhos auditivos CROS e BICROS com
tecnologia wireless. Não houve diferença estatística na comparação entre satisfação e
idade. Conclusão: Observamos por meio dos questionários QI-AASI e HHIA-S que existe
satisfação e benefícios psicossociais nos usuários de aparelhos auditivos CROS e
BICROS com tecnologia wireless.

34
Estudo de caso de treinamento auditivo formal em idoso: avaliação comportamental
e P300

Ivone Ferreira Neves-Lobo; Patrícia Tiemi Hashimoto, Aline Albuquerque Morais, Eliane
Schochat

Introdução: Indivíduos idosos necessitam de mais tempo para responder aos estímulos
sensoriais. Diversos fatores contribuem para esta condição, como por exemplo, falta de
integridade da mielina e menor sincronia neural. Um dos efeitos importantes na qualidade
de vida do idoso é a dificuldade de compreensão da fala, principalmente em situações
desfavoráveis, como a presença de ruído. Estudos com idosos têm demonstrado que o
Treinamento Auditivo Formal (TAF) promove tanto habilidades auditivas como cognitivas.
Acredita-se que a estimulação intensa promova a plasticidade neural e,
consequentemente melhore os aspectos sensoriais e cognitivos da percepção auditiva.
Objetivo: Verificar a efetividade TAF em idoso com Transtorno do Processamento Auditivo
(TPA) por meio da comparação do desempenho em testes comportamentais e do
potencial evocado auditivo cognitivo P300 no pré e pós treinamento. Métodos: Este
estudo contou com a aprovação do Comitê de Ética (nº 192/10) e o participante assinou o
Termo de Consentimento. O caso descrito trata-se de um idoso com 64 anos de idade,
perda auditiva neurossensorial de grau leve, índice de Reconhecimento de Fala de 88%
em ambas as orelhas e com queixas de dificuldade de compreensão da fala. Foram
aplicados testes comportamentais e o P300 pré e pós TAF. As habilidades auditivas que
deram como alteradas na avaliação inicial do idoso foram estimuladas durante o TAF, o
qual consistiu em 8 sessões, de 50 minutos cada, em cabina acústica. Não foram
utilizados os testes aplicados nas avaliações durante o TAF. Resultados: Após o TAF,
observou-se melhora no desempenho de todas as habilidades auditivas estimuladas. No
teste Fala com Ruído, a resposta de 84% e 88% de acertos para as orelhas direita e
esquerda passaram para 92% e 100%. Para o teste SSW, as respostas de 57,5% e 90%
de acertos, nas condições direita e esquerda competitivas, foram para 97,5% e 95% de
acertos. Em relação aos testes temporais, o GIN era de 5 ms e foi encontrado 4 ms, os
testes de Padrão de Frequência e Duração de 60% e 73% de acertos passaram para 85%
e 90% de acertos no pós TAF. No P300 verificou-se diminuição no valor da latência
(Orelha direita: 305,81 ms pré e 290,36 ms pós; orelha esquerda: 282,56 ms pré e 277,15
pós) e aumento dos valores da amplitude (Orelha direita: 9,55 µv pré e 14,78 µv pós;
orelha esquerda: 10,24 µv pré e 16,2 µv pós). Conclusão: Este estudo de caso sugere
que a estimulação auditiva do TAF em um idoso com TPA pode ter induzido a plasticidade
neural, sendo demonstrada pela melhora em tarefas de percepção auditiva e inclusive no
P300, o qual envolve tarefas cognitivas.

35
Evasão no reteste da triagem auditiva neonatal

Monique Ramos Paschoal; Adriana de Lima Pinto Ribeiro, Juliana Bezerra Trajano,
Rayane Kênia Campêlo da Silva, Maria Raquel Basílio Speri, Fabiana Cristina Mendonça
de Araújo

Introdução: O programa de triagem auditiva neonatal (TAN) é o meio mais efetivo e


recomendado para propiciar a detecção e a intervenção precoce de problemas auditivos
no recém-nascido. Porém, a literatura tem evidenciado grandes dificuldades devido aos
altos índices de evasão dos neonatos nos retornos, bem como nas demais etapas do
programa. São citados nos estudos como motivos que justifiquem esses índices, o
desinteresse e a dificuldade em conciliar o atendimento com a rotina da família, o
esquecimento da data marcada, a distância do hospital e problemas com transporte. O
programa de TAN está inserido numa maternidade pública de referência terciária do
Sistema Único de Saúde, localizada na capital do estado. A maternidade apresenta uma
grande demanda de mães provindas do interior do estado e de mães jovens. Dentro da
perspectiva de adesão ao programa, existem aspectos que podem interferir no
desenvolvimento do serviço de TAN. Objetivo: Analisar a correlação dos dados
sóciodemográficos com a evasão dos neonatos agendados para reteste na triagem
auditiva neonatal. Métodos: Foram estudados 75 neonatos do programa de TAN que
falharam na triagem e foram agendados para reteste, nos meses de março e abril de
2013. Os dados referentes à idade da mãe, número de consultas realizadas no pré-natal e
cidade de origem (capital ou interior) foram levantados das anamneses e em seguida, foi
realizada uma análise estatística correlacionando-os com o comparecimento ou não para
o reteste. Resultados: Dos 75 neonatos agendados, 27 não compareceram na
maternidade e 48 compareceram. A partir dos testes estatísticos foi constatado que houve
correlação estatisticamente significativa para todos os dados estudados. Verificou-se uma
correlação inversamente proporcional à idade, ou seja, as mães jovens faltaram com mais
frequência o reteste da triagem do que as mães mais velhas. Pôde-se constatar uma
correlação diretamente proporcional, em relação ao número de consultas realizadas e o
comparecimento no reste, mães que realizaram mais consultas compareceram com maior
frequência. Quanto à cidade de origem, observou-se que as mães da capital
compareceram ao reteste em maior frequência do que as mães provindas do interior.
Conclusão: A idade da mãe, o número de consultas realizadas no pré-natal e a cidade de
origem apresentaram correlação significativa com a evasão dos neonatos agendados
para reteste na triagem auditiva neonatal, a partir desses resultados o programa pode
desenvolver estratégias com foco nessa população para reduzir índices de evasão.

36
Exposição a ruído e agrotóxicos e ocorrência de perdas auditivas

Tereza Raquel Ribeiro de Sena; Cláudia Santana Santos, Priscila Barreto Oliveira,
Thassya Fernanda Oliveira dos Santos, Solano Sávio Figueiredo Dourado

Introdução: Estudo de corte transversal, cujo objetivo foi verificar a ocorrência de perda
auditiva em trabalhadores expostos a ruído e/ou agrotóxico na em uma empresa rural do
nordeste brasileiro. Foram realizados os procedimentos de anamnese, meatoscopia,
audiometria tonal liminar aérea nas freqüências de 1k a 8k Hz e Teste de Weber, nas
freqüências de 0,5 a 4k Hz. Todos os pesquisados realizaram repouso acústico mínimo
de 14 horas e o ambiente de exame estava em conformidade com a Norma
Regulamentadora do Ministério do Trabalho nº 07. O estudo foi realizado em uma
empresa rural de abastecimento de água e irrigação que também desenvolve atividades
de apoio à piscicultura, implantação de esgotos sanitários, construção de barragens,
açudes, e perfuração de poços para comunidades rurais no nordeste brasileiro.
Participaram do estudo 17 indivíduos de ambos os sexos, sendo 15 sujeitos do sexo
masculino, com faixa etária de 42 a 65 anos, e 02 do sexo feminino com faixa etária de 43
a 62 anos, nas funções de: operador de bomba (n=6); técnico agrícola (n=3), mecânico de
manutenção (n=3); motorista (n=2); engenheiro agrônomo (n=1), auxiliar de serviços
gerais (n=1), e auxiliar administrativo (n=1). Foram incluídos na pesquisa indivíduos com
tempo mínimo de exposição a ruído intenso de oito anos e/ou agrotóxico, independente
da função. Os critérios de exclusão foram idade inferior à maioridade legal e aqueles que
apresentaram alguma alteração de orelha externa e/ou média que impossibilitasse a
realização do exame. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido. Os resultados indicaram a ocorrência de perda auditiva em 70,5% (n=12) dos
trabalhadores avaliados, e em relação à exposição ao risco físico ruído, quando
comparada à exposição combinada deste com agentes químicos, agrotóxicos, o número
de sujeitos com perda auditiva foi similar em ambos os casos. Estes dados apontam para
a ocorrência de efeitos deletérios à saúde auditiva nesta população exposta a ruído e
agrotóxicos.

37
Família no berço das emoções

Cilmara Cristina Alves da Costa Levy; Juliana Habiro Sousa Miguel, Ana Paula Pinto de
Carvalho, Sonia Maria Simoes Iervolino

Introdução: Por varias décadas, o trabalho centrado na família é uma prática da


intervenção precoce. A percepção das dificuldades emocionais vivenciados pelos pais
obstaculiza a apreciação das importantes e divergentes correntes no processo de
enfretamento dos diversos sentimentos causados pela dor do diagnostico da surdez. Os
aspectos emocionais que os pais enfrentam são clássicos e conhecidos por muito
sofrimento e dor. Considerações culturais auxiliam a preparação e a composição do
processo de conhecimento de novos paradigmas. A necessidade de qualificar os
sentimentos das famílias e acompanhar as transformações no berço das emoções é
importante para se planejar as diretrizes de acompanhamento do processo terapêutico. O
Objetivo deste trabalho foi descrever o sentimento que os pais enfrentam pós diagnostico
e suas adaptações frente às escolhas clinicas feitas pelos pais após um ano do
diagnostico. Concluímos com este trabalho que as necessidades de se adaptarem com
mudanças emergentes sobre a surdez desde sua comunicação e dispositivos eletrônicos
vem de encontro com o conhecimento das possibilidades que a criança passa a ter diante
das escolhas, como uma tomada de posicionamento e enfrentamento dos pais e o
respaldo que a nova politica de saúde auditiva proporciona a população, minimizando
assim os sentimentos de dor, tristeza e pesar descritos na primeira fase para um
sentimento de conforto e acomodação dos fatos.

38
Fatores que dificultam a melhora da tontura na reabilitação vestibular

Franciely Maria de Oliveira, Samantha Pereira

Introdução: A reabilitação vestibular (RV) é um tratamento terapêutico que tem como


objetivo a melhora do equilíbrio global e a restauração da orientação espacial para o mais
próximo do fisiológico. Esse tratamento é indicado para pacientes com comprometimento
na habilidade do sistema nervoso central em realizar o processamento dos sinais
vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção do equilíbrio
corporal. A RV busca, por meio de exercícios, estimular os fenômenos de adaptação,
envolvendo a habituação e a compensação. A avaliação do benefício da RV pode ser
realizada por meio do Questionário de Handicap para Tontura (QHT), que avalia o
impacto da tontura na qualidade de vida do paciente. Este questionário é composto por
vinte e cinco questões com as seguintes opções de respostas: “sim”, “não” ou “às vezes”.
Para cada resposta afirmativa são atribuídos quatro pontos, para cada negativa zero
ponto e para cada resposta “às vezes”, conta-se dois pontos. Objetivo: Investigar os
motivos pelos quais alguns indivíduos não apresentam melhora dos sintomas de tontura
após a RV. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo realizado por meio da análise
dos prontuários de 150 pacientes submetidos à reabilitação vestibular (RV) em um
Hospital escola de Belo Horizonte entre 2003 e 2012. Para a análise, foram incluídos os
pacientes que realizaram pelo menos seis sessões de RV sem uma diminuição mínima de
18 pontos entre a primeira e a última aplicação do QHT. Em seguida, buscaram-se
características comuns entre os pacientes que não alcançaram melhora da tontura com a
RV. Resultados: Dos 150 pacientes submetidos à RV, 20 não tiveram melhora, sendo 14
mulheres e 6 homens, com média de idade de 60, 7 anos. Destes 20, 7 tiveram o
diagnóstico de presbivertigem, 4 de Meniére, 3 de acidente vascular encefálico (AVE), 3
de esclerose múltipla (EM), 2 de causas metabólicas e 1 de vestibulotoxidade. Conclusão:
Dos indivíduos que não apresentaram melhora com a RV, a presbivertigem apareceu
como a principal alteração, seguida pela doença de Meniére, o AVE e a EM. Sabe- se que
a presbivertigem é causada por uma junção de inúmeros fatores. Essa multifatorialidade
pode impedir a cura com a RV. Em relação à Meniére, estudos mostram que, enquanto o
paciente estiver em crise não haverá melhora com a RV. Ou seja, nestes casos a RV só é
indicada quando há uma perda definitiva da função vestibular. Já o AVE e a EM são
alterações centrais, que independem da RV para se obter uma melhora da tontura e/ou
desequilíbrio.

39
Frequência de alteração vestibular em bombeiros militares de Alagoas

Ana Carla Lima Barbosa; Ilka do Amaral Soares, Elizângela Dias Camboim

Introdução: Uma das principais causas de acidentes de trabalho graves e fatais decorre
de quedas de diferentes planos. A Norma Regulamentadora n.º 35 – NR 35 – Trabalho
em Altura surgiu da necessidade de se promover aspectos de segurança e saúde
ocupacional, propondo a realização de avaliações que compreendam os principais fatores
predisponentes às quedas de planos elevados, como as alterações vestibulares. Os
militares dos Corpos de Bombeiros atuam diariamente em alturas iguais ou acima da
estabelecida por esta norma em operações de salvamento em altura, corte de árvore,
resgate em poço e outras ocorrências, havendo risco de queda. Objetivos: Investigar a
frequência de alterações vestibulares em um grupo de bombeiros militares que atuam em
Alagoas, verificando as principais vestibulopatias apresentadas pelos sujeitos avaliados
associando às suas queixas. Métodos: Pesquisa transversal desenvolvida com grupo de
bombeiros. Todos os indivíduos foram informados sobre os procedimentos a serem
realizados e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Realizou-se
otoscopia, audiometria tonal e imitanciometria, sendo descartados da amostra os sujeitos
com resultados alterados nesses exames. Posteriormente a amostra submeteu-se à
anamnese otoneurológica e ao exame vestibular por meio da manobra de Dix-Hallpike e
da vectoeletronistagmografia. Os dados foram analisados utilizando-se os testes Qui-
Quadrado e Exato de Fisher, com nível de significância de 5% (p=0,050). Resultados: A
amostra foi composta por 30 voluntários, sendo 4 sujeitos (13,3%) do gênero feminino e
26 masculino (86,7%), com idades entre 24 e 35 anos (média de 28,7 anos). Nos testes
vestibulares, encontrou-se 13 resultados normais (43,4%) e 17 bombeiros (56,6%)
apresentaram alterações detectadas na prova calórica. Houve maior ocorrência de
disfunção vestibular periférica (33,3%) seguida de disfunção vestibular periférica
deficitária unilateral (23,3%) e nenhuma vestibulopatia central. Não houve diferença
estatisticamente significante quanto à presença de vestibulopatia (p=0,5839) ou quanto à
classificação dessas alterações (p=0,0560). Queixa de tontura foi relatada por 7
bombeiros, presença de manifestações auditivas por 13 e antecedentes patológicos por
16. Comprovou-se diferença estatisticamente significante para queixa de tontura entre os
gêneros (p=0,0307), sendo o feminino mais propenso a apresentá-la. Não houve
diferença estatisticamente significante quanto à queixa de tontura entre as faixas etárias
avaliadas (p=0,9274), verificando-se, entretanto, uma maior tendência em indivíduos com
idade mais elevada. Não foi encontrada relação estatisticamente significante entre
vestibulopatia e as queixas de tontura (p=0,4268), manifestações auditivas (p=0,1376) ou
antecedentes patológicos (p=1,0000). Conclusões: Não foi encontrada uma relação
estatisticamente relevante entre o grupo estudado e a alteração vestibular. Todavia, entre
os bombeiros que apresentaram alteração, houve maior ocorrência de disfunção
vestibular periférica seguida de disfunção vestibular periférica deficitária unilateral, sem
diferença estatisticamente significante entre elas. Os bombeiros apresentaram queixas de
tontura, manifestações auditivas e antecedentes patológicos, mas sem relação
significante com as vestibulopatias.

40
Gradiente timpanométrico no diagnóstico das alterações de orelha média em pré
escolares

Meirivan dos Santos Rosário Oliveira; Aline Cabral de Oliveira-Barreto, Raphaela Barroso
Guedes-Granzotti, Carla Patrícia Hernandez Alves Ribeiro César, Diziane Souza
Nascimento, Gabriela Gois Matos, Marcela Cassia Silva, Gregorina Rocha

Introdução: As medidas de imitância da orelha média se constituem em um dos mais


valiosos e inestimáveis instrumentos de avaliação de problemas auditivos em crianças,
tornando-se indispensáveis dentro da bateria audiológica. Analisar a forma da curva
timpanométrica nem sempre é tarefa fácil, principalmente nos casos limítrofes entre curva
plana e curva com pico. O gradiente timpanométrico é uma forma de se obter uma
descrição quantitativa da forma do timpanograma na região vizinha ao pico, fornecendo
informações adicionais. Entretanto, esta medida imitanciométrica é pouco estudada e não
existem dados para esta medida imitanciométrica é pouco estudada e não existem dados
que verifiquem a importância deste valor para o diagnóstico da alteração de orelha média
na população infantil. Objetivos: Verificar a relação entre os valores de admitância
acústica estática de pico compensado (Ymt) e o gradiente timpanométrico (GR) e
comparar o GR entre os diferentes tipos de curvas timpanométricas. Métodos: O estudo
foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de Sergipe sob nº
270.079. A amostra foi composta por 208 medidas de admitância acústica estática de pico
compensado (Ymt) e gradiente timpanométrico (GR) obtidas em 104 crianças, de ambos
os gêneros, sem obstruções no conduto auditivo externo. Além de a otoscopia, os
indivíduos foram submetidos ao teste de imitância acústica (equipamento ZA 235,
Interacoustics), através da medida de Ymt, da pressão e do GR. Na análise dos dados, foi
utilizado o software PASW 17.0 e os valores foram considerados significativos para p ≤
0,05 e o valor de alfa admitido foi de 0,1. Resultados: Foram obtidas 208 medidas
imitanciométricas (104 crianças), sendo 55,8% de meninos e 44,2% de meninas, com
média de idade igual a 5:1± 0,65 anos, com ausência de diferença entre os gêneros
(p=0,113). Quanto aos tipos de curvas timpanométricas, pode-se verificar que a maioria
dos pré escolares (76,8%) apresentou curva do tipo A, indicando presença de
normalidade na orelha média; enquanto as curvas que indicam alteração tiveram as
seguintes frequências: C-14,5%, Ar-7,2%, Ad-1,4% e ausência de B. Nas curvas do tipo
A, observou-se valores médios de compliância estática iguais a 0,57±0,28 mL e gradiente
0,30±0,17; enquanto esses valores, respectivamente, foram, na tipo Ar de 0,14±0,88 e
0,09±0,07; Ad igual a 2,28±0,41 e 0,73±0,31; e na C foram de 0,73±0,27 e 0,32±0,27.
Aplicando-se o teste de correlação bivariada, coeficiente de Spearman, foi observada
presença de correlação positiva forte entre compliância estática e gradiente (p≤0,001 e
R=0,86) para toda a amostra (n=208). Por meio do teste de Kruskal Wallis, foi verificada
diferença no valor de gradiente entre os tipos de curvas para valores de p menores que
0,001. Conclusão: Foi observado que os valores de gradiente estão relacionados,
positivamente, aos valores de admitância acústica estática, sendo o gradiente
estatisticamente diferente a depender do tipo de curva, o que demonstra sua importância
no diagnóstico das alterações do sistema tímpano ossicular.

41
Habilidades auditivas e de consciência fonológica em escolares

Ana Sabrina Sousa; Brenda Cordeiro, Paula Holz, Ana Claudia M. Ribeiro, Marielen de
Oliveira, Bárbarah W. Henkels, Mariana Keiko Kamita, Ana Paula Duarte, Bruna Nappi

Introdução: A audição é a principal via de entrada para que a aquisição linguística se


torne possível. Durante a aquisição fonológica, a criança pode alcançar um nível
metacognitivo que a auxilia a entender a língua, demonstrando, que, para ler, é
necessário aprender as correspondências que existem entre os fonemas da língua e os
grafemas que os representam, ou seja, manipular as letras. As alterações na consciência
fonológica e desordem de processamento (central) podem interferir no processo de
aprendizagem, pois a integridade dos mecanismos fisiológicos auditivos exerce um papel
fundamental na percepção da fala, leitura e escrita. Objetivo: Avaliar e comparar as
queixas relatadas pelos pais com os resultados dos testes que avaliam as habilidades
auditivas e de consciência fonológica em escolares. Metodologia: Participaram desta
pesquisa 62 alunos do Colégio Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina,
sendo do gênero 35 masculino e 27 do feminino, com faixa etária de 09 a 11 anos de
idade. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de ética e pesquisas da UFSC sob o número
02905412.8.0000.0121. Todos os responsáveis assinaram um termo de consentimento
livre e esclarecido sobre a participação dos escolares no estudo. Inicialmente foi
elaborado um questionário para os responsáveis sobre alterações do desenvolvimento,
dificuldades de aprendizagem, histórico de doenças e manifestações comportamentais do
processamento auditivo (central) (PAC). Na escola foi realizada a avaliação simplificada
do PAC (Pereira, 1993) para avaliar as habilidades auditivas de ordenação temporal e
localização sonora. O teste Confias (Moojen et al, 2007) foi utilizado para avaliar as
habilidades de consciência fonológica. Resultados: Dos dados colhidos no questionário a
queixa principal dos pais foi alteração comportamental (64%), seguida pela dificuldade de
aprendizagem (29%) e a dificuldade para compreender em ambiente ruidoso (22%) e
pedido de repetição (19%). Dos 62 alunos triados, 26 (41%) tiveram alteração no teste
Confias, sendo a provas mais alteradas a de exclusão fonêmica (25%), seguida da
transposição fonêmica (22%). Na avaliação simplificada do PA 13 (20%) crianças foram
alteradas, sendo a prova mais alterada a memória sequêncial verbal (16%). Verificou-se
que cinco (8%) escolares apresentaram alteração no CONFIAS e na avaliação do PAC.
Os alunos com alteração nestas provas foram encaminhados para realização de
avaliação do processamento auditivo (central) Conclusão: A habilidade mais alterada nos
escolares foi a de consciência fonológica. Além disso, não houve correlação entre as
habilidades auditivas avaliadas e as habilidades de consciência fonológica. O elevado
número de crianças com alteração na habilidade de consciência fonológica teve
correlação com as queixas apresentadas pelos pais nos questionários uma vez que a
habilidade de consciência fonológica é muito importante para o processo de
aprendizagem. As demais queixas relatadas pelos pais podem ser indícios de alteração
do processamento auditivo (central) que devem ser confirmadas com uma avaliação
formal.

42
Hemorragia periintraventricular em neonatos: avaliação do sistema nervoso
auditivo periférico e central

Ana Micheline Costa Faga; Rosana Giaffredo Angrisani, Marisa Frasson de Azevedo

Introdução: A hemorragia Peri intraventricular (HPIV) é uma afecção neurológica


importante no período neonatal, acometendo principalmente os recém-nascidos
prematuros de baixo peso. Pode afetar o sistema auditivo central, refletindo no atraso do
desenvolvimento da linguagem e aprendizado. Objetivo: verificar a ocorrência de
alterações auditivas periféricas e centrais em recém-nascidos prematuros com diferentes
graus de hemorragia Peri intraventricular, acompanhados ao longo dos dois primeiros
anos de vida. Método: Trata-se de estudo retrospectivo longitudinal, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa sob o nº 195.777 Para se classificar os diferentes graus
dessa afecção utilizou-se os critérios de Papile et al.(1978). A amostra foi constituída por
42 recém-nascidos com HPIV, nascidos no período de 2009 a 2012 em hospital público,
sendo vinte e seis (65,1%) de grau I, nove(18,6%) de grau II, três (6,9%) de grau III e
quatro (9,4%) de grau IV. Todos foram submetidos à avaliação audiológica do sistema
nervoso auditivo periférico com emissões otoacústicas por estímulo transiente-
EOAT(AccuscreenPro) e do sistema nervoso auditivo central com potencial evocado
auditivo de tronco encefálico–PEATE (SmartEP-IntelligentHearingSistem), no período de
internação e acompanhados aos dois primeiros anos de vida por meio de avaliação
comportamental da audição no ambulatório de Audiologia Infantil. Resultados: Todos os
42 recém-nascidos (100%) tiveram presença de EOAT, sugerindo função coclear normal;
14 (33,3%) apresentaram alteração de latências das ondas III e V e intervalo interpicos I-V
do PEATE ao nascimento. Destes, 13 (92,9%) foram acompanhados, sendo que sete
(53,8%) mantiveram o PEATE alterado no acompanhamento e seis (46,1%) apresentaram
resultados normais, demonstrando alteração transitória. A ocorrência de alteração central
foi maior nos prematuros com HPIV grau II (55,6%), grau III (100%) e grau IV (50%). Os
neonatos com HPIV grau I (84,7%) mostraram resultados normais. Conclusão:O sistema
nervoso auditivo central foi afetado pela HPIV nos neonatos pré-termo, enquanto que o
sistema nervoso auditivo periférico manteve-se íntegro.Conclui-se, portanto, que estas
crianças são de risco para alterações centrais, podendo acarretar distúrbios na linguagem
e no aprendizado, e devem ser acompanhadas em longo prazo.

43
Hidroterapia aplicada para reabilitação vestibular de pacientes com vestibulopatias
periféricas: série de casos

Julya Macedo; Luciana Lozza de Moraes Marchiori, Heloísa Freiria Tsukamoto, Giovana
Garla Sella, Ully Orlandini Pessoa, Hingrid Camara, Viviane de Souza Pinho Costa

Introdução: O sistema vestibular, em associação com os órgãos sensoriais da audição, o


sistema visual e o proprioceptivo, é responsável pela manutenção da postura corporal.
Qualquer perturbação em algum destes sistemas pode acarretar alterações no equilíbrio
postural, causando inúmeros sintomas como a tontura. A reabilitação vestibular (RV)
destaca-se como um instrumento eficaz no controle dos sintomas relacionados às
disfunções vestibulares, baseada nas estimulações dos movimentos oculares e cervicais.
Esta técnica, em associação com os estímulos proporcionados pelos exercícios de
fisioterapia aquática em água aquecida, facilita a compensação vestibular, pelas
influências de desequilíbrios constantes e estimulação visual pelo efeito de refração da
água. Objetivo: Analisar os resultados de um protocolo de fisioterapia aquática para
reabilitação vestibular (FARV) no tratamento de pacientes acometidos por vestibulopatias
periféricas. Método: Trata-se de um estudo do tipo série de casos, realizado com
pacientes com diagnóstico clínico de síndrome vestibular periférica, atendidos no Projeto
de Reabilitação Vestibular da instituição. Os participantes foram avaliados através dos
seguintes testes: goniometria, para avaliar a amplitude de movimento (ADM) cervical;
teste de sentar e alcançar (banco de Wells), para mensurar a flexibilidade corporal; teste
de alcance funcional, para avaliar o equilíbrio postural dinâmico; Dizziness Handicap
Inventory (DHI), para a análise da autopercepção de qualidade de vida; e escala visual
analógica (EVA) de tontura, para medir a autopercepção da intensidade de tontura. O
protocolo de FARV, associado aos exercícios de alongamentos cervicais e de equilíbrio
postural em apoio unipodal, foi aplicado durante seis semanas, totalizando 12
atendimentos, com frequência de duas vezes semanais e duração de 60 minutos. Ao
término do período, os pacientes foram reavaliados através dos mesmos testes.
Resultados: Participaram do estudo oito pacientes (seis mulheres), com média de idade
de 50±13,6 anos (29 a 69 anos). Ao final do tratamento, observou-se aumento da ADM
cervical para os movimentos de flexão, extensão, rotação e flexão lateral; melhora da
flexibilidade corporal (média de 24,6 para 28,5 cm); e melhora do equilíbrio postural
dinâmico (média de 34,2 para 37,5 cm). Porém, não houve diferença estatisticamente
significante para estas variáveis. No DHI, pode-se observar que os sintomas vestibulares
influenciavam negativamente a qualidade de vida dos participantes, com média de 49
pontos no início do tratamento. Houve redução destes valores, o que denota melhora da
autopercepção nos domínios de atividades físicas, funcionais e emocionais, com média
final de 17,5 (P=0,004). E por fim, todos os pacientes relataram redução da intensidade de
tontura ao final do tratamento, sendo que cinco participantes apresentaram resposta
“zero” na EVA de tontura, mostrando a ausência de sintomas. Conclusão: Para este
grupo, o protocolo de FARV ajudou a minimizar e/ou resolver o conflito sensorial
existente, estimulando a função vestibular e iniciando o processo de compensação,
notadas pela redução dos sintomas clínicos gerados em decorrência das vestibulopatias
periféricas. Sugere-se a realização de estudos com um maior número de participantes e
grupo controle, e também, com variação no período total de intervenção, porém
certamente a hidroterapia se constitui em mais uma apoção de tratamento no auxílio de
pacientes com relacionados às disfunções vestibulares.

44
Intervenção ante a perda auditiva infantil: o cenário na cidade do Recife

Joice Maely Souza da Silva; Denise Costa Menezes,

Introdução:O processo de aquisição de uma língua surge, na infância, de forma


espontânea quando se convive em ambiente linguístico.O desenvolvimento da língua oral
(fala) está relacionado à integridade do sistema auditivo e ao desenvolvimento da
audição. Um bebê com perda auditiva deve receber, desde os primeiros meses de vida,
intervenção apropriada para garantir sua inserção no mundo linguístico, seja na
linguagem oral (desenvolvimento de fala) ou na língua de sinais. O atraso na aquisição de
uma língua pode influenciar o desenvolvimento cognitivo, social, educacional e emocional
de uma criança. Por este motivo, a triagem auditiva em berçários vem sendo cada vez
mais valorizada no Brasil. O Governo Federal, em 2010, sancionou a Lei Federal 12.303,
que determina que toda maternidade brasileira deva oferecer triagem auditiva neonatal.
Os esforços não devem se limitar apenas à triagem, mas ainda ao que se fazer após a
identificação de uma perda auditiva. É preciso que exista a oferta de serviços integrados
que ofereçam à família da criança surda o apoio necessário para seu desenvolvimento.
Objetivo:O objetivo desse estudo foi analisar a situação de triagem e intervenção em
maternidades da cidade do Recife.Método: Através do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos em Saúde (CNES), foi feito um levantamento das instituições que
oferecem serviço de maternidade na cidade do Recife. Profissionais dessas instituições
foram contatados e responderam a entrevistas sobre o assunto. Algumas informações
foram coletadas através de visitas às instituições. Aspectos éticos relacionados à
pesquisa científica foram respeitados. A análise dos dados deu-se através de
métodoquantitativo. Resultados e discussão: Foram identificadas dezesseis (16)
instituições (entre Hospitais Gerais, Maternidades e Unidades Mistas) que possuem o
serviço de maternidade na cidade, constituindo a amostra desse estudo (N=16). Dessas,
dez (10) oferecem serviço de triagem auditiva neonatal. Dentre as que oferecem triagem,
apenasseis (06)relatam que o diagnóstico audiológico é realizado na própria instituição e
quatro (04) oferecem pelo menos uma forma de intervenção ante a perda auditiva. Todas
as instituições que oferecem o serviço de triagem auditiva neonatal, o fazem através do
Exame de Emissões Otoacústicas (EOA). Quanto aos profissionais que realizam a
triagem auditiva neonatal, todas referem ser o fonoaudiólogo. Apenas duas (02)
instituições possuem cadastro no GATANU. Dasdez (10) instituições, quatro (04) realizam
a triagem auditiva neonatal universal(TANU). Conclusão:O cenário sobre triagem auditiva
neonatal e intervenção ante a perda auditiva no Recife mostra avanços após a Lei Federal
12.303, no entanto, ainda existe um longo caminho a ser trilhado até que o cenário se
mostre satisfatório.

45
Lateralidade e tipo da perda auditiva em trabalhadores de João Pessoa/PB: um
estudo epidemiológico

Ana Maria da Silva; Wagner Teobaldo Lopes de Andrade, Jaims Franklin Ribeiro Soares,
Tereza Cristina Melo Pereira, Bruno Igor Sanches Gonzalez Roman

Introdução: A realização de estudos epidemiológicos tem sido considerada essencial para


o conhecimento mais preciso dos agravos em saúde de uma determinada população,
contribuindo para que os profissionais da área possam auxiliar no desenvolvimento de
políticas públicas e de programas mais eficazes de promoção de saúde e prevenção de
doenças. No que diz respeito à perda auditiva de trabalhadores expostos ao ruído,
investigar a prevalência e o tipo de perda por orelha tem demonstrado ser essencial uma
vez que estas questões ainda representam uma lacuna na literatura da área. Objetivos:
Investigar a prevalência de perda auditiva segundo o tipo de perda e a forma como estes
tipos se manifestam quando considerado o acometimento das orelhas direita (OD) e
esquerda (OE) de trabalhadores expostos a ruído ocupacional. Método: Foi realizada a
análise de prontuários de 1253 trabalhadores, de ambos os sexos, expostos a níveis de
pressão sonora superiores a 85dB por pelo menos dois meses. Os sujeitos foram
provenientes de empresas de diversos ramos da atividade econômica, sendo a indústria o
ramo predominante. Os exames audiométricos foram realizados nos anos de 2011 e 2012
em um centro de referência em saúde do trabalhador da cidade de João Pessoa/PB. A
média de idade dos sujeitos foi de 31 anos (DP = 10,0 anos). Os dados receberam
tratamento estatístico por meio do software SPSS, versão 16.0. O projeto de pesquisa foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Hospital
Universitário Lauro Wanderley sob número 289.643. Resultados: Foi verificada uma
prevalência de perda auditiva da ordem de 18,5% da população investigada, sendo 111
casos de perda auditiva unilateral (8,9%) e 121 casos de perda auditiva bilateral (9,7%).
Quanto à lateralidade, percebeu-se maior prevalência de perda auditiva na OE (15,3%)
em relação à OD (12,9%). Já no que diz respeito ao tipo da perda auditiva, o padrão de
prevalência foi o mesmo para OD e OE: as perdas do tipo sensório-neural são as mais
frequentes (OD = 8,8% e OE = 10,3%), seguidas pelo rebaixamento aéreo restrito às
frequências de 6000 e/ou 8000Hz (OD = 2,0% e OE = 2,1%). Conclusão: Considerando
que a literatura científica sobre prevalência da lateralidade da perda auditiva é
inconclusiva, entende-se que acrescentar estudos a esta área pode ser de grande valia
para o desenvolvimento de melhores programas de conservação auditiva em ambiente
ocupacional. Em acréscimo, sugerem-se esforços para a realização de pesquisas
analíticas da prevalência em questão, bem como pesquisas de corte longitudinal onde a
incidência possa também ser analisada a fim de melhor subsidiar as ações de
conservação auditiva do trabalhador.

46
Limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído em jovens e adultos

Bárbara Cristiane Sordi Silva; Melina Putti, Erika Barioni Mantello,


Adriana Ribeiro Tavares Anastasio

Introdução: Com o declinar dos anos, ouvintes com ou sem perda auditiva podem
apresentar considerável dificuldade em compreender a fala, em especial, quando esta se
encontra distorcida acusticamente ou em ambiente ruidoso. Testes de reconhecimento de
sentenças no silêncio e no ruído constituem um valioso instrumento na avaliação
audiológica, uma vez que possibilitam a análise das habilidades auditivas em um contexto
que se aproxima das experiências auditivas cotidianas. Com a apresentação destes
materiais em campo livre, pode-se ainda avaliar a compreensão da fala na condição
binaural, que reflete a forma como se estabelece a comunicação diária. Objetivo:
Comparar os limiares de reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído,
caracterizando-os em relação à faixa etária. Métodos: Após aprovação do comitê de ética
da instituição envolvida (processos nº 12608/2012 e 12609/2012), participaram deste
estudo 40 indivíduos, de ambos os gêneros, divididos em 2 grupos; o grupo 1 (G1) foi
composto por 20 sujeitos com idades entre 18 a 30 anos e o grupo 2 (G2) foi formado por
20 indivíduos de 40 a 65 anos. Em todos os sujeitos foi realizada, após avaliação
audiológica básica (Audiometria Tonal Liminar, Logoaudiometria e Imitanciometria), a
pesquisa do Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio (LRSS) e do Limiar de
Reconhecimento de Sentenças no Ruído (LRSR), por meio do teste Listas de Sentenças
em Português, realizado em campo livre, de forma binaural, com os indivíduos
posicionados a um metro da fonte sonora, na condição 0º azimute, sem deslocamentos no
plano horizontal ou vertical, seguindo as recomendações da autora para calibração do
ruído e das sentenças. Os dados foram analisados de forma descritiva e comparados por
meio do teste t de Student, adotando como significante p<< 0,05. Resultados: Entre os
sujeitos avaliados, 97,5% apresentaram ATL dentro dos padrões de normalidade
bilateralmente e limiar de reconhecimento de fala e índice percentual de reconhecimento
de fala compatíveis com os limiares da via aérea. 100% dos indivíduos obtiveram curva
timpanométrica do tipo A, indicando normalidade do sistema tímpano-ossicular. Foi
observada a presença de reflexo acústico contralateral em todas as frequências
pesquisadas em 67,5% dos indivíduos, sendo que 32,5% apresentaram ausência do
mesmo em, pelo menos, uma das frequências. A média do LRSS e do LRSR e da relação
S/R para o G1 foi de 25,79; 49,03 e -15,97 e para o G2 de 33,46; 54,52 e -10,58,
respectivamente. Observou-se diferença significante na comparação entre o LRSS e o
LRSR para o G1 (p=0,0202) e G2 (p=0,023). Conclusões: Houve diferença significante
entre os resultados obtidos para o LRSS e o LRSR intragrupo, caracterizando que o ruído
prejudicou o reconhecimento das sentenças para os dois grupos avaliados. O grupo G2,
quando comparado ao G1, apresentou pior desempenho em relação aos achados
pesquisados (LRSS, LRSR e relação S/R) em ambas as situações (silêncio e ruído), o
que pode ser explicado pelo fator idade, uma vez que os indivíduos dos dois grupos não
apresentaram queixas e/ou perda auditiva importante.

47
Limiar diferencial de mascaramento (MLD): valores de referência em adultos

Silvana Maria Monte Coelho Frota; Suzana do Couto Mendes, Millene de Fatima Martins
Campbell Correia, Olinda dos Reis Barcellos

Introdução: O Limiar Diferencial de Mascaramento (MLD) é um dos testes que compõe a


avaliação comportamental do processamento auditivo e é responsável por avaliar a
categoria de integração binaural do processamento temporal. O MLD consiste na exibição
de um tom puro pulsátil de 500 Hz juntamente com a apresentação de um ruído de banda
estreita em ambas as orelhas para a determinação de limiar auditivo. Objetivo:
estabelecer valores normativos em adultos com faixa etária entre 20 e 30 anos do sexo
feminino. Método: Foram avaliadas 56 mulheres sem queixas auditivas. Pesquisou-se os
limiares auditivos através da apresentação do sinal e ruído em três condições distintas:
tom puro e ruído idêntico nas duas orelhas (S0N0- homofásico); ruído em fase invertida
em uma das orelhas e o tom puro em fase nas duas orelhas (SπNO – antifásico) tom puro
invertido em fase em uma orelha e ruído em fase bilateralmente (SπNO - antifásico). A
detecção do sinal mascarado medido pelas condições antifásicos foram diminuídos dos
limiares obtidos na condição homofásica para a definição do MLD em decibéis.
Resultados: O valor médio na condição homofásica (S0N0) foi de 10,85 dB com desvio
padrão de 2,84 e na condição antifásica (SπNO) foi de 24,21 dB com desvio padrão de
2,9. O valor médio resultantes da subtração dessas duas condições, Limiar Diferencial de
Mascaramento, foi de 12,39 dB com desvio padrão de 3, 18. Discussão: Os resultados
encontrados neste estudo são compatíveis com estudos anteriores que consideram
valores normais para a população adulta maior ou igual a 7 dB. Se consideramos o desvio
padrão, sugerimos que valores entre 9 a 16 dB possam ser encontrados em indivíduos
normais. Devido à discordância com outros estudos quanto ao valor mínimo do MLD
considerado normal para a população adulta, deve-se ampliar a amostra a fim de obter
valores mais consistentes e confiáveis. Conclusão: Valores maiores que 9 dB foram
considerados normais para a população estudada.

48
Limiares auditivos em altas frequências em indivíduos normo-ouvintes com e sem
queixa de zumbido

Mônica Carminatti; Amanda Zanatta Berticelli, Mariele Peruzzi Felix, Pricila Sleifer

Introdução: O zumbido pode ser definido como a percepção de um ruído, uma sensação
sonora que não tem relação com uma fonte externa geradora de som e está associado à
diminuição da sensibilidade auditiva. A audiometria de altas frequências é uma das
avaliações que pode detectar a redução da audição em indivíduos com zumbido. A
audiometria tonal de altas frequências é um relevante exame audiológico complementar
na detecção precoce de perdas auditivas. Objetivo: analisar os limiares de audibilidade
nas frequências 10.000Hz, 12.000Hz, 14.000Hz e 16.000Hz, em adultos normo-ouvintes,
com e sem queixa de zumbido, e verificar a ocorrência de eventuais diferenças entre as
idades, os sexos e as orelhas. Metodologia: Foram avaliados 145 indivíduos, de 18 a 35
anos, sendo 65 com queixa para zumbido e 80 sem queixa. Para as análises estatísticas,
foram utilizados os testes de Mann-Whitney e de Wilcoxon e o coeficiente de correlação
de Spearman, com nível de significância de 5%. Resultados: Os indivíduos com queixa de
zumbido apresentaram limiares significativamente mais elevados em todas as
frequências, tendo as mulheres limiares significativamente menores que os homens em
praticamente todas as frequências. Em ambos os grupos, houve associação positiva
significativa entre a idade com os limiares auditivos – em 10.000Hz em ambas as orelhas
(p=0,047 e p=0,005) para os indivíduos sem queixa de zumbido e em 16.000Hz na orelha
esquerda (p=0,029) para os indivíduos com queixa. Quando comparados os limiares entre
as orelhas e o local do zumbido, foram observadas diferenças significativas apenas em
16.000Hz em ambas as orelhas, sendo mais altos os limiares quando havia queixa de
zumbido. Conclusão: Indivíduos com queixa de zumbido apresentaram limiares
significativamente mais elevados em todas as frequências testadas. Na comparação dos
limiares auditivos entre as orelhas com local do zumbido, observou-se diferença
significativa apenas na frequência de 16.000Hz.

49
Manual informativo para os pais: conhecendo melhor a surdez

Monica Medeiros de Britto Pereira; Alecia Santos Paula

Introdução: A participação familiar, inquestionavelmente, é fundamental no processo de


aquisição e desenvolvimento do conhecimento na criança. Para tanto, é primordial que os
pais, ao tomarem conhecimento do diagnóstico da surdez, tenham acesso a informações
que direcionem ao comportamento que precisam adotar para lidar com este portador de
deficiência sensorial de modo a colaborar no seu desenvolvimento integral. Objetivo: O
presente estudo tem como finalidade a confecção de um manual explicativo sobre a
surdez para orientação de pais/ responsáveis de crianças surdas. Metodologia: Para a
confecção do manual, foi realizada uma pesquisa, através da aplicação de um
questionário aos pais/responsáveis de crianças surdas matriculadas na Educação Infantil
e no 2º ano do Ensino Fundamental do Instituto Nacional de Educação de Surdos- INES.
As perguntas versavam sobre causas da surdez; formas de comunicação; importância da
prótese auditiva e implante coclear e orientações recebidas no momento da confirmação
do diagnóstico. As respostas obtidas, após a aplicação dos questionários, foram
analisadas e serviram como referência para a confecção do manual informativo sobre
prevenção; sintomas e etiologia da surdez; tipos de surdez; aparelhos de amplificação
sonora individual; implante coclear; estimulação da linguagem; atendimento
fonoaudiológico e locais de atendimentos a surdos. Após a elaboração do manual, foi
solicitado aos pais/responsáveis participantes, que fizessem a leitura do mesmo, e em
seguida, respondessem ao questionário investigativo. Resultados: Observou-se que, após
lerem o informativo, os pais verbalizaram maior curiosidade e interesse pela surdez, bem
como, as respostas ao questionário foram mais corretas. Conclusão: Conclui-se, portanto,
que os pais/familiares necessitam de orientações e informações sobre a surdez que
facilitem o convívio, a interação entre surdos e ouvintes e contribuam para o
desenvolvimento social, emocional e cognitivo da pessoa surda. Nesta direção, o manual
poderá fornecer informações que auxiliem os pais a terem uma melhor compreensão e
entendimento da surdez.

50
Medo de cair: preocupação ou realidade numa população de idosos de uma UATI de
Salvador?

Maria da Glória Canto de Sousa; Amanda Nery Santos

Introdução: O envelhecimento da população é um evento que ocorre em todo o mundo. A


senescência traz consigo consequências irreversíveis ao sistema auditivo, acarretando
aos idosos agravos em suas interações sociais, relações pessoais e profissionais,
afetando a qualidade de vida dessa porção da população. O envelhecimento provoca
sintomas que podem interferir ativamente nas atividades da vida diária dos idosos, tais
como, instabilidade e desequilíbrios posturais, que podem comprometer a marcha,
predispondo assim, a ocorrência de quedas, fator complicador da saúde geral. É de suma
importância, portanto, avaliar as causas que podem levar a uma disfunção vestibular em
indivíduos que apresentam ou não queixas de desequilíbrios corporais. Objetivo:
Caracterizar as situações relacionadas ao medo de cair dos idosos frequentadores de
uma Universidade Aberta à Terceira Idade – UATI em Salvador. Metodologia: Este estudo
teve parecer aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o nº 78644. Desenho de
estudo do tipo descritivo e quantitativo do tipo transversal, a partir da aplicação da Escala
Internacional de Eficácia (FES) e da Avaliação da Modalidade orientada pelo desempenho
(POMA). Como critério de inclusão foi estabelecido que os sujeitos tivessem idades igual
ou superior a 60 anos e que frequentassem regularmente uma UATI de Salvador. Foram
excluídos do estudo àqueles que utilizassem dispositivos que auxiliassem na marcha e
portadores de doenças neurológicas degenerativas. Foram aplicados os questionários
(POMA e FES-I) que avaliam, respectivamente, o equilíbrio dos idosos em diferentes
contextos e a preocupação que eles têm de cair em distintas situações. A amostra foi
composta por 28 idosos, frequentadores de forma regular, de uma UATI. Resultados: A
média de idade dos participantes do estudo foi de 70,14 anos, havendo predomínio total
do gênero feminino (100%). Com relação ao FES-I, todas as pacientes apresentaram
medo de cair em pelo menos um dos 16 questionamentos. As atividades que
apresentaram maior preocupação em cair, para os idosos, foram: subindo e descendo
escadas, andando em uma superfície escorregadia, caminhando sobre uma superfície
irregular e pegando algo acima de sua cabeça ou do chão. Conclusão: A presente
pesquisa mostrou que os idosos demonstram importante preocupação em cair, mesmo
tendo bom desempenho e equilíbrio corporal, como demonstrado no questionário POMA.
É importante então, que se faça um trabalho informativo de promoção e prevenção da
saúde, voltado, portanto, para esclarecimentos acerca do funcionamento do sistema
vestibular.

51
Monitoramento do treinamento auditivo formal por meio de avaliacao
eletrofisiológica

Isabella Monteiro de Castro Silva; Erika Luisa Firme Lima, Waffa Bitar Ferraz, Monyca da
Silva Ramos Bitar

Introdução: O bom funcionamento do SNA é essencial para o reconhecimento e


discriminação dos estímulos acústicos. Vários fatores, porém, podem afetar esse
processo como é o caso de uma baixa de audição, da existência de problemas cognitivos
e perceptivos, de lesões e de disfunções neurológicas. Programas de Treinamento
Auditivo podem melhorar a funções auditivas elevadas. O sucesso do TA é baseado na
plasticidade neural. A cada nova experiência do indivíduo, portanto, redes de neurônios
são rearranjadas, outras tantas sinapses são reforçadas e múltiplas possibilidades de
respostas ao ambiente tornam-se possíveis. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi
observar a eficácia do TA em pessoas com Transtorno do Processamento Auditivo e que
foram submetidas ao Treinamento Auditivo Formal, através da captação de medidas
eletrofisiológicas dos exames PEATE (BERA-click) e PEALL (P300). Material e Métodos:
Foram selecionados 10 sujeitos atendidos na clínica Audiologia Brasília com TPA e que
estavam sendo submetidos ao TA. Os pacientes foram convidados a realizar exames
eletrofisiológicos antes de iniciar o treinamento e repeti-los após 2 ou 3 meses para 4
sujeitos e logo apos o termino do TA para comparar também o tempo ideal para
visualização de mudanças neurofisiológicas ocorridas durante o TA por meio dos
potenciais evocados. Resultados: Observou-se mais clareza na morfologia das ondas,
além de melhora ou adequação de latências e amplitudes dos potenciais tanto de tronco
encefálico como de longa latência. Conclusão: O TA é capaz de estimular as estruturas
neurais relacionadas ao desempenho das habilidades auditivas treinadas e beneficiar o
indivíduo.As medidas eletrofisiológicas do exame PEALL (P300) e PEATE são
ferramentas úteis para o monitoramento das mudanças ocorridas no SNAC, para
complementação de diagnóstico e acompanhamento da reabilitação.

52
Nível de satisfação de usuários idosos com sua prótese auditiva e com seu meio
ambiente

Gleide Viviani Maciel Almeida; Lorena Kozlowski, Angela Ribas

Introdução: A audição é um dos mais importantes sentidos do ser humano, sendo devido
à audição que os humanos se comunicam, já que a maior parte dela é feita por padrões
sonoros. A principal função da audição é possibilitar a comunicação oral, sendo que a
deficiência auditiva pode prejudicar esta habilidade. O acompanhamento de adultos e
idosos com perda auditiva visa minimizar as dificuldades e o handicap que ocorrem como
conseqüência desta patologia. Objetivo: avaliar o nível de satisfação dos usuários idosos
de aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Método: estudo descritivo
exploratório, com 108 indivíduos (m=56%; f=44%), com idade média de 77 anos,
protetizados há 2 semanas no mínimo, com perda auditiva do tipo sensorioneural (90%)
ou mista (10%), através do questionário de auto-avaliação International Outcome
Inventory for Hearing Aids – IOI-HA para determinar o grau do benefício e a satisfação
dada pela amplificação sonora. Resultados: para 52,78% o uso da prótese melhorou a
qualidade de vida, evidenciado pela alta pontuação (média=27,3). A relação do usuário
com o meio ambiente foi significativamente melhor (p<<0,001) do que a relação do
usuário com sua prótese. Conclusão: O IOI-HA é uma ferramenta, simples, fácil de aplicar
e por este estudo pode-se atestar o alto grau de satisfação do uso do AASI pela maioria
da amostra coletada, melhorando a qualidade de vida dos usuários.

53
O acompanhamento audiológico na quimioterapia e radioterapia

Carlos Kazuo Taguchi; Camila Silva Oliveira, Priscila Feliciano de Oliveira, Tarsila Santos
Amaral, Ana Paula Gois

Introdução: A ototoxicidade das drogas quimioterápicas e radioterápicas podem causar


danos às estruturas da orelha interna de forma bilateral e irreversível. Desta forma, é
imprescindível o monitoramento auditivo para se obter um diagnostico precoce das
alterações auditivas. Objetivo: Realizar monitoramento auditivo nos pacientes oncológicos
Material e método: A pesquisa foi encaminhada e aprovada pelo CEP da UFS sob número
0066.0.107.000-1. Participaram 10 pacientes em tratamento quimioterápico e/ou
radioterapico do centro de oncologia do Hospital de Urgências de Sergipe. Realizou-se
anamnese, meatoscopia, exame de audiometria tonal e logoaudiometria. Cada paciente
realizou dois exames, sendo o segundo exame realizado um mês após o primeiro. Para
análise do exame sequencial foi utilizado o critério proposto pela ASHA. Resultados: O
gênero feminino e o câncer de mama foram os mais incidentes (60%). Dentre os
tratamentos oncológicos, 80% se submeteram a quimioterapia e 60% radioterapia pós-
cirurgia. Destes, 40% relataram dificuldades na audição pós- quimioterapia e 80%
apresentaram zumbido associado. A perda auditiva sensório neural foi encontrada em
40%,sendo a frequência de 6 kHz a mais acometida. De acordo com os critérios da ASHA
verificou-se que 20% apresentaram piora do quadro audiológico no segundo exame. Não
houve correlação significativa, por meio do coeficiente de Spearman entre o tipo de
tratamento e piora nos resultados audiométricos (p= 0,545). O teste de Mann-Whitney não
evidenciou diferença significativa na correlação entre piora do quadro audiológico e a
quantidade de sessões de quimioterapia (p=0,18) e radioterapia (p=0,83).Conclusão: Os
pacientes submetidos ao tratamento oncológico podem apresentar alteração auditiva e o
monitoramento permite adoção de medidas para melhorar a qualidade de vida destes
pacientes.

54
O conhecimento e a aplicabilidade clínica da triagem auditiva neonatal na rotina
médica

Léa Travi Lamonato; Camila Viganó, Luciana Pillon Siqueira, Natália Ramos

Introdução: A identificação precoce da perda auditiva através da Triagem Auditiva


Neonatal (TAN) é necessária para uma intervenção adequada, evitando atrasos na
aquisição e desenvolvimento da linguagem dentre outras funções. Conforme a lei
sancionada nº 12.303, é obrigatória a realização gratuita do exame Emissões
Otoacústicas Evocadas em todos os neonatos nascidos em hospitais e maternidades.
Quanto maior o número de profissionais possuírem o conhecimento sobre tal exame,
cada vez mais os direitos dos neonatos acolhidos por ela serão cumpridos, além de
melhorar a qualidade do atendimento ao paciente que será visto de maneira integral.
Objetivo: Avaliar o conhecimento e a conduta de pediatras, ginecologistas e clínicos
gerais frente à TAN. Método: Estudo transversal, observacional e quantitativo, aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Nossa Senhora de Fátima sob parecer
número 70742/2012, realizado com pediatras, ginecologistas e clínicos gerais que atuam
em consultórios particulares e Unidades Básicas de Saúde da cidade de Caxias do Sul-
RS, os quais responderam a um questionário elaborado pela autora composto por 19
questões. Resultados: A partir das respostas obtidas pela amostra, percebeu-se que 98%
dos pediatras e 87,5% dos médicos da família (clínicos gerais) afirmaram conhecer a
Triagem Auditiva Neonatal; enquanto 52,4% dos ginecologistas mostraram não conhecê-
la. Evidenciou-se que o encaminhamento para esse exame é realizado por 87,5% dos
médicos da família e 80% dos pediatras, porém 57,1% dos ginecologistas revelaram não
encaminhar os neonatos. Em relação à lei 12.303, houve associação significativa em 92%
dos pediatras que responderam conhecer a legislação. Os resultados foram considerados
significativos a um nível de significância máximo de 5% (p≤0,05) Conclusão: Em suma,
pediatras e médicos da família conhecem a Triagem Auditiva Neonatal e encaminham os
neonatos para realização da mesma. Porém, os ginecologistas, mesmo fazendo o
acompanhamento da parturiente, referem não conhecer o exame e, por consequência,
não realizam o encaminhamento. Diante disso, a divulgação da importância da realização
desse exame por parte dos fonoaudiólogos e o apoio dos órgãos governamentais torna-se
imprescindível.

55
O estado da arte sobre as respostas auditivas de estado estável

Aline Tenorio Lins Carnauba; Pedro de Lemos Menezes, Ilka do Amaral Soares, Kell
Cristina Lira de Andrade, Erika da Rocha Mahon, Otavio Gomes Lins

Objetivo: revisar de forma integrativa as frequências portadoras mais utilizadas na


avaliação das respostas evocadas auditivas de estado estável, bem como identificar na
literatura qual a finalidade do uso das mesmas. Métodos: A revisão foi orientada a partir
de buscas eletrônicas nas seguintes bases de dados: MedLine e LILACS, por meio das
plataformas BIREME e PubMed, no período de agosto a setembro de 2012. Realizada por
dois autores/avaliadores que discutiram sobre o cruzamento dos seguintes descritores
(DeCS) e termos livres (TL): Evoked Potentials, Auditory (DeCS/MeSH) AND Carrier
frequency/ Carrier frequencies (TL) OR steady state (TL) OR auditory steady state
response (TL); Hearing (DeCS/MeSH) OR steady state (TL) OR auditory steady state
response (TL). As discrepâncias apresentadas pelos autores/avaliadores foram
esclarecidas por um terceiro autor/avaliador. Não foi considerado um limite em relação ao
período de publicação, sendo os artigos selecionados posteriormente por critérios de
inclusão e exclusão. A seleção dos artigos encontrados com a busca foi realizada em três
etapas, considerando os critérios de inclusão (abordar estudos com respostas auditivas
de estado estável por via aérea em adultos; ser artigos originais, ter como sujeitos de
pesquisa indivíduos sem patologia e estar publicado nos idiomas português, inglês,
espanhol):1ª leitura dos títulos dos artigos encontrados, 2ª leitura dos resumos dos
estudos selecionados na primeira etapa e 3ª leitura de todos os estudos que não foram
excluídos nessas duas primeiras etapas. Resultados: Foram localizados 2641 estudos.
Após análise do título e resumo, selecionaram-se 62 para leitura completa. Destes,
apenas 16 atenderam aos critérios propostos e foram incluídos na revisão. Quanto ao uso
das frequencias portadoras, foi verificado que utilizam as frequências de 500, 1000, 2000
e 4000 Hz para estimar objetivamente os limiares, enquando as frequências acima de
4000 Hz são utilizadas para avaliar protocolos de diagnóstico, bem como estimar a
avaliação da via auditiva das respostas auditivas de estado estável.Conclusão: As
frequências portadoras de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz são as mais utilizadas na avaliação
das respostas evocadas auditivas de estado estável com a finalidade de determinação
dos limiares objetivos audiométricos.

56
O perfil do fonoaudiólogo nos centros de referência em saúde do trabalhador

Cybele Abrantes Tavares; Alcieros Martins da Paz

Introdução: A Saúde do Trabalhador surge para que ocorra uma transformação da


realidade na saúde dos trabalhadores, e por extensão a da população como um todo, a
partir da compreensão dos processos de saúde-trabalho-doença de forma articulada com
a atividade laboral desenvolvida, esta relação vêm sendo historicamente estabelecidas a
partir de determinadas relações sociais, culturais, econômicas e produtivas e orientadas
pelas políticas de saúde. Nesta relação encontramos na fonoaudiologia uma área
importante para o desenvolvimento das relações de trabalho e a promoção da saúde do
trabalhador. Objetivo: verificar as áreas de atuação dos fonoaudiólogos nos CEREST`S –
Centros de Referencia em Saúde do Trabalhador de Pernambuco. Dos 08 CEREST`s só
foi possível realizar a pesquisa em 06 Centros. Método: Foi entregue aos fonoaudiólogos
um questionário semi-estruturado, com 10 perguntas referentes à sua atuação na Saúde
do Trabalhador, os dados foram analisados e confrontados embasados na literatura.
Resultados: A maioria dos fonoaudiólogos atribui importância maior a reabilitação tanto
audiológica quanto vocal; pouco realizando o papel de promotor de saúde. Alguns
Centros realizam o trabalho de prevenção e orientação, numa perspectiva de promoção
da saúde, criando condições favoráveis para que o trabalhador conheça o ambiente de
trabalho insalubre e diante deste conhecimento não se exponha aos riscos que por
ventura existam. Conclusão: A partir da analise dos questionários e da própria história da
Saúde do Trabalhador no Brasil, verificou-se a possibilidade de algumas mudanças na
atuação do fonoaudiólogo nos CEREST`s, para que o mesmo seja reconhecido como um
promotor de saúde, atuando fielmente na prevenção e elaboração de laudos para nexo-
causal das patologias, expandindo também seu conhecimento para os trabalhadores;
sendo necessário, ampliar as formas de percepção dos problemas da área
fonoaudiológica, de maneira a dar conta das suas relações com as condições de vida e
do trabalho da população.

57
O projeto comunica e a integração social da comunidade surda

Regiane Ferreira Rezende; Sirley Alves da Silva Carvalho, Leonor Bezerra Guerra,
Patrícia Sutic Vasconcellos, Carla Andrade dos Santos, Ana Carolina Ferreira Roberto,
Ana Carolina Corrêa Riccio, Marina Teixeira Piastrelli, Júlia Guimarães Lopes, Raíssa
Diniz do Carmo

Introdução: O projeto COMUNICA, constituído por alunos dos cursos de Medicina e


Fonoaudiologia, visa levar informações sobre saúde e bem-estar às pessoas com
deficiência auditiva, já que este público tem pouco acesso a esse tipo de informação
devido à comunicação. Como uma das atuações no Projeto, os integrantes realizam
palestras referentes à saúde em instituições especializadas que atendem pessoas com
deficiência auditiva, promovendo informação em sua própria língua, a Língua Brasileira de
Sinais. Conforme esta atuação foi realizada uma palestra para surdos da terceira idade
cujo tema foi “Depressão”, conforme solicitação da própria instituição, na qual são
observadas situações que sugerem significativa ocorrência do quadro clínico em pessoas
com deficiência auditiva na terceira idade. Objetivo: Propiciar conhecimento às pessoas
com deficiência auditiva sobre o que é a depressão e ajudá-los a reconhecer e prevenir tal
doença por meio convívio social. Metodologia: Com o auxílio de uma intérprete de Língua
de Sinais, inicialmente aplicou-se algumas das questões do Inventário de Depressão de
Beck, no intuito de sensibilizar os participantes sobre seus próprios sentimentos, que
poderiam estar relacionados a algum caráter depressivo ou até mesmo para que
identificassem em seus amigos ou familiares tais sintomas, para uma futura ajuda.
Durante a apresentação, foram identificados os principais sintomas da depressão e
apresentadas formas diversas para que a depressão fosse prevenida ou até mesmo
superada. Mostrou-se como a relação com os amigos, com os filhos, com os irmãos entre
outros, é importante para o constante estímulo mental, levando-os a reconhecer seu
próprio valor. Foram apresentados também os benefícios que as atividades físicas
poderiam promover na qualidade de vida deles. Por fim, foram sugeridos locais onde os
participantes poderiam procurar ajuda e locais onde eles poderiam ter maiores estímulos
sociais. Resultado: As pessoas com deficiência auditiva na terceira idade, participantes da
palestra, puderam refletir sobre sua saúde mental e descobriram novos meios de interagir
com o próximo para evitar a depressão, além de conhecerem atividades alternativas que
podem realizar. Durante a palestra, muitos participantes tomaram a palavra dando como
exemplos positivos como incentivo aos outros participantes, tais como: amigos, sair,
namorar, dançar e praticar outras atividades de convívio social para evitar que ficassem
depressivos. Muitos relataram dificuldades em fazer tais atividades devido à falta de
profissionais proficientes em Língua de Sinais para uma comunicação mais efetiva.
Conclusão: Os resultados sugerem que a palestra atingiu seu objetivo de esclarecer as
dúvidas a respeito da depressão e de estimular os surdos idosos à prática de atividades
que evitem tal estado, percebemos que muitas pessoas com deficiência auditiva na
terceira idade desejam ter uma vida mais ativa para evitar a depressão e outros
problemas de saúde. No entanto, as atividades de recreação e promoção de saúde
pública como a “Academia da Cidade” não oferecem intérpretes ou profissionais
proficientes em Língua de Sinais, o que dificulta o acesso das pessoas com deficiência
auditiva.

58
Ocorrência de queixas auditivas e não auditivas de pacientes usuários de AASI

Carla Aparecida Curiel; Maria Fernanda Capoani Garcia Mondelli

Introdução: Segundo o IBGE no censo de 2010, cerca de 9,8 milhões de brasileiros


apresentam deficiência auditiva. O Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI)
pode minimizar os problemas causados pela perda da audição, pois permite o resgate da
percepção dos sons da fala e dos sons ambientais, promovendo a melhora da habilidade
de comunicação. O uso do AASI representa uma grande chance de se modificar os rumos
da relação do deficiente auditivo com o meio em que vive. Objetivo: identificar as
principais dificuldades dos pacientes usuários de aparelho auditivo, com intuito de
antecipar suas queixas, melhorando assim sua adaptação e restauração de sua audição.
Método: Foram analisados 40 prontuários de pacientes com idades entre 30 e 70 anos
(média de 61,9 anos), com perda auditiva neurossensorial ou mista de grau moderado e
severo; recém-adaptados com AASI retroauriculares na Clínica de Fonoaudiologia da
FOB-USP. Foram analisadas as queixas que os pacientes apresentavam após uma
semana de uso do aparelho auditivo no primeiro retorno para ajuste fino do AASI. Os
pacientes foram divididos em grupos de acordo com suas queixas: Grupo 1(G1):
pacientes com queixas exclusivamente auditivas, Grupo 2(G2): pacientes com queixas
exclusivamente não auditivas, Grupo 3(G3): pacientes com queixas auditivas e não
auditivas, e Grupo 4(G4): pacientes sem queixas quanto ao aparelho. Resultado: Dos
pacientes analisados, nota-se que cerca de 48% faziam parte do G2, enquanto que 22%
integravam o G1 e 17%, integravam o G4. Dos 13% de pacientes que integravam o G3,
nota-se que 60% dessas queixas diziam respeito ao manuseio e desconforto a sons
intensos, enquanto que as outras queixas foram relacionadas ao molde auricular. As
queixas do G2 relacionadas ao manuseio do AASI representam 45% das queixas não
auditivas, seguida por dificuldades de higiene e com o molde auricular, 17%. Dentre as
queixas do G1, 46% diz respeito ao AASI fraco/forte, e 38% quanto a qualidade sonora do
AASI. Conclusão: A maioria das queixas apresentadas pelos novos usuários de aparelho
auditivo dizem respeito ao manuseio do AASI, seguidas pelas queixas auditivas referentes
ao conforto do paciente com a regulagem.

59
Ocorrência de tontura e queixas auditivas em escolares do distrito Cabula-Beiru

Maria da Glória Canto de Sousa; Maria Cecília Castello Silva Pereira, Megnara de
Carvalho Santana

Introdução: A tontura é uma sensação de alteração do equilíbrio corporal que surge em


decorrência de conflitos das informações dos sistemas vestibular, visual e proprioceptivo.
A tontura quando rotatória é denominada de vertigem e pode estar presente em idosos,
adultos, adolescentes e crianças. Atualmente, jovens referem sentir tontura, sintoma este
que antigamente afetava mais os idosos. A sensação de plenitude auricular, zumbido,
sintomas neurovegetativos, desconforto no ouvido e perda da audição podem cursar
concomitantemente à tontura. Objetivo: Verificar a ocorrência de tontura nos alunos do
ensino fundamental e médio, devidamente matriculados, de duas escolas públicas da
cidade do Salvador. Método: Foi realizado um estudo de caráter transversal, descritivo e
quantitativo. Tal estudo faz parte do projeto de pesquisa cujo parecer do CEP foi
aprovado por meio do Nº 179.799. A população foi composta por 60 estudantes, sendo 27
do gênero masculino e 33 do gênero feminino, com idade entre 11 e 17 anos; 40 alunos
cursavam o ensino fundamental e 20 alunos do ensino médio. Os participantes
responderam a um questionário validado e adaptado. Resultados: Observou-se que
41,66% dos participantes referiram apresentar tontura, sendo 56% rotatória e 40% não-
rotatória. No que diz respeito à percepção auditiva, 15% dos participantes classificaram
como “excelente”, 80% informaram “boa” e 5% classificaram sua audição como “ruim”.
Verificou-se ainda que 53,33% da população estudada referiram presença de zumbido,
sendo 78,12% de pitch agudo e 9,37% de pitch grave. Quanto ao lado acometido, 71,87%
foi bilateral (OD/OE), e 15,62% unilateral (OE). Os achados em relação aos sintomas
otológicos foram: otalgia (28,33%), sensação de plenitude auricular (30%), autofonia
(36,66%) e hiperacusia (36,66%). Conclusão: Os resultados do presente estudo
evidenciam que aproximadamente dois quintos da população pesquisada apresenta o
sintoma tontura, e, mais da metade dos estudantes apresentam o sintoma zumbido,
sendo de pitch agudo de maior ocorrência. Pois, tais achados, podem comprometer o
aprendizado dos escolares, bem como interferir na qualidade de vida desta população.

60
Oficina de processamento auditivo no curso de sensibilização para profissionais da
educação e saúde

Adriana da Silva Mello; Margareth Attianezi, Paula Soares de Melo, Caroline Rodrigues da
Silva Souza, Giselle Goulart de Oliveira Matos

Introdução: O curso de Sensibilização para Profissionais da Educação e Saúde


representa ações desenvolvidas pelo programa de Saúde Escolar, coordenado pela
Fonoaudiologia, de um núcleo especializado pela atenção integral à saúde do
adolescente em uma universidade pública do estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas
quatro edições do curso, sendo a oficina de processamento auditivo incluída na última
edição. Objetivo: Conscientizar os professores e profissionais da saúde sobre as
dificuldades que alterações auditivas podem ocasionar em adolescentes no
desenvolvimento da aprendizagem e assessorar no encaminhamento para rede de
assistência. Metodologia : A oficina é realizada em 2h/aula presenciais, onde os
participantes usam máscaras/venda para ocultar a visão e protetor auricular descartável
para diminuir a acuidade auditiva. São realizadas atividades de localização,
discriminação, atenção, análise, síntese, fechamento e figura fundo auditivos. Resultados:
A oficina foi composta por profissionais variados, dentre eles: psicólogos, assistentes
sociais, fonoaudiólogos, professores, pedagogos, enfermeiros, psicopedagogos,
fisioterapeutas, musicoterapeutas e auxiliares de enfermagem, que ao final relataram
compreender melhor como a baixa da acuidade auditiva pode interferir nos processos de
aprendizagem e quão importante é o encaminhamento para avaliação por profissionais
especializados. Conclusão: Através da oficina de processamento auditivo foi possível
observar o quanto as alterações da acuidade auditiva interferem nos processos de
aprendizagem e que esta deve fazer parte da rotina do programa do curso de
sensibilização para profissionais da educação e saúde.

61
Ototoxicidade na tuberculose multirresistente

Roberta Ferreira Silva Santos; Cláudia Maria Valete-Rosalino, João Soares Moreira, Tiago
Rosa Pereira, Fernanda dos Santos Silva, Ananda Dutra da Costa, Claudia Cristina
Jardim Duarte, Debora Cristina de Oliveira Bezerra

Introdução: A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium.


Tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch. A infecção ocorre a partir da
inalação de gotículas contendo bacilos expelidos pelo doente com tuberculose ativa de
vias respiratórias (pulmonar ou laríngea). Os doentes bacilíferos são a principal fonte de
infecção (MINISTÉRIOS DA SAÚDE 2010).O tratamento é realizado com administração
de fármacos, descritos na literatura como prejudiciais ao sistema vestibular e auditivo.
Entre eles estão o combinado de R (Rifampicina) – H (Isoniazida) – Z (Pirazinamida) – E
(Etambutol), siglas adotadas pela OMS, e o aminoglicosídeo Estreptomicina. Devido ao
seu baixo custo e amplo espectro antimicrobiano, os aminoglicosídeos são ainda
fármacos muito utilizadas em países em desenvolvimento. Já em países desenvolvidos,
verifica-se uma redução considerável de seu uso (DALE, CLARKE, DRYSDALE 2011).
Uma das reações adversas mais comuns e mais graves da Estreptomicina é a
ototoxicidade, envolvendo tanto alteração auditiva como disfunção vestibular. A alteração
auditiva predominante é sensório-neural, atingindo inicialmente a base da cóclea, sendo
irreversível, podendo ser rápida ou progressiva, uni ou bilateral (OMS,1997). Quando há
resistência aos fármacos, principalmente à isoniazida e rifampicina, definimos a
tuberculose multirresistente. Este tipo de tuberculose requer um tratamento prolongado de
até 18 a 24 meses com aminoglicosídeos injetáveis (DALE, CLARKE, DRYSDALE 2011).
Devido ao aumento global de tuberculose multirresistente, a utilização de
aminoglicosídeos está aumentando, colocando muitas pessoas em risco de ototoxidade
(DALE, CLARKE, DRYSDALE 2011). A longa exposição aos fármacos ototóxicos
normalmente afeta a extremidade basal da cóclea e as estrias vasculares, e provoca a
perda auditiva nas altas frequências. No entanto, a exposição continuada afeta
progressivamente as frequências mais baixas. A audiometria de alta frequência e a
emissão otoacustica por produto de distorção foram indicados como os meios mais
confiáveis de detectar previamente danos às células ciliadas externas da cóclea (DALE,
CLARKE, DRYSDALE 2011). Objetivos:Relatar um caso de paciente com tuberculose
multirresistente e verificar os efeitos adversos nos sistemas auditivo dos fármacos
utilizados no tratamento da tuberculose. Método Paciente do sexo masculino, 46 anos,
com diagnostico de tuberculose pulmonar apical escavada bilateral, com confirmação
diagnóstica através de microscopia de expectoração. Em 2005, fez uso do combinado de
RHZ, apresentou abandono do tratamento retornando em 2010 com RHZE. Desde então
está sendo acompanhado no ambulatório de Tuberculose multirresistente, devido à
falência terapêutica. Relatava perda auditiva, zumbido, otalgia, plenitude auricular, após o
início do tratamento e negava tontura. Foi realizado audiometria convencional e de alta
freqüência, na qual observamos perda auditiva neurossensorial leve na orelha direita e de
leve a moderada na orelha esquerda, com altas freqüências acima de 25dB. No exame de
emissões otoacústicas observamos ausência de Emissões por produto de distorção e
transientes. Conclusão: O estudo alerta aos profissionais de audiologia a realizarem
monitoramento auditivo de pacientes em tratamento para tuberculose, em especial
através de Audiometria de Altas Frequências e Emissões Otoacústicas por Produtos de
Distorção, que se alteram mais precocemente no curso da ototoxicidade.

62
Parâmetros timpanométricos utilizando sonda multifrequencial em bebês com e
sem envolvimento de palato

Camila de Cássia Macedo; Monalysa Lopes Sette, Mariza Ribeiro Feniman

Introdução: Porque as alterações de orelha média com consequente perda auditiva é uma
entidade clínica comum em sujeitos com fissura labiopalatina, um diagnóstico preciso,
utilizando um método eficaz, é fundamental para a escolha de tratamento adequado. A
timpanometria tem sido o procedimento objetivo mais utilizado na prática clínica para
avaliar as condições funcionais da orelha média. Estudos mostram que o uso da
timpanomeria de baixa frequência pode produzir resultados errôneos dando destaque
para o uso da timpanometria com uma sonda de alta frequência. Objetivo: Verificar os
parâmetros timpanométricos com a sonda multifrequencial nos bebês com e sem
envolvimento de palato. Métodos: Trabalho aprovado pelo Comitê de Ética 119/2011-
SVAPEPE-CEP. Estudo prospectivo de 129 bebêscom (106) e sem (23) envolvimento de
palato, da faixa etária de três a doze meses, com fissura labiopalatina, escolhidos
aleatoriamente. As avaliações timpanométrica e otoscópica foram realizadas no ano de
2011. Todos os bebês incluídos neste estudo não apresentavam qualquer síndrome
genética associada e nem haviam sido submetidos a qualquer cirurgia reparadora da
malformação e/ou otológica. Todos os pais fizeram a leitura da Carta de Informação e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As otoscopias visaram verificar
a condição para realizar a avaliação timpanométrica. A timpanometria foi realizada com os
três tons, 226Hz/678Hz/1000Hz, para ambas as orelhas. Os parâmetros verificados
forama Pressão de Pico Timpanométrico (PPT); Volume equivalente do meato acústico
externo (Vea); o Pico compensado de admitância acústica estática (Ymt)e o Efeito de
Oclusão(EO).Na comparação das variáveis entre os grupos com e sem envolvimento de
palato foi utilizada teste do qui-quadrado ou teste exato de Fisher. Nos testes estatísticos
foi adotado nível de significância de 5% (p<<0,05). Resultados: O EOesteve presente na
sonda de frequência de 678Hz em 43 orelhas direitas e 51 esquerdas e, na sonda de
1000Hz em uma orelha esquerda. A PPT apresentou valores médios de -4,99 daPa; -
16,76 daPa; -22,3 daPa, respectivamente em 226Hz, 678Hz e 1000Hz para os bebês sem
envolvimento de palato e de -29,33 daPa; - 17,82 daPa; -19,04 daPa, respectivamente em
226Hz, 678Hz e 1000Hz para os bebês com envolvimento de palato.O Ymt apresentou
valores médios de 0,41 ml; 0,53 ml e 0,44 ml, respectivamente em 226Hz, 678Hz e
1000Hz para os bebês sem envolvimento de palato e de 0,35 ml; 0,40 ml e 0,42 ml,
respectivamente em 226Hz, 678Hz e 1000Hz para os bebês com envolvimento de
palato.O Vea apresentou valores médios de 0,35 ml em 226 Hz, 1,17 mmho em 678Hz e
2,00 mmho em 1000Hz para os bebês sem envolvimento de palato e de 0,35 ml em 226
Hz, 1,18 mmho em 678Hz e 2,03 mmho em 1000Hz, para os bebês com envolvimento de
palato. Conclusão: Os parâmetros timpanométricos PPT, Ymt e Vea obtidos com tom de
sonda 226/678/1000Hz de bebês com e sem envolvimento de palato apresentam-se
diferentes entre si, com significância estatística somente para o Vea.

63
Parceria maternidade e universidade: impacto no serviço de TANU

Marlon Gledson Silva dos Santos; Monique Ramos Paschoal, Adriana de Lima Pinto
Ribeiro, Kyze Shannon Morais de Macedo, Mariana Guimaraes Alves e Souza, Fabiana
Cristina Mendonça de Araújo.

Introdução: Em agosto de 2010 foi sancionada a lei federal que determinou a realização
de triagem auditiva neonatal universal (TANU) em todo o território nacional. Desta forma,
serviços de triagem tiveram que ser implementados. A partir do levantamento das
recomendações internacionais e nacionais que versão sobre a realização da triagem
auditiva, constata-se que a estruturação de um programa não é simples, requerendo
experiência e capacitação de profissionais. Normalmente, os serviços implementados são
desenvolvidos por fonoaudiólogos, sem necessariamente ter vinculação acadêmica. No
entanto, a possibilidade de desenvolver um serviço que possa ter perfil para ensino,
pesquisa e extensão, trás uma perspectiva para a estruturação de programas de triagem
bem como para a formação de profissionais com experiência na área. Objetivo: Relatar a
parceria maternidade e universidade e o impacto no serviço de triagem auditiva neonatal
universal. Métodos: Foi analisado o programa de TANU de uma maternidade escola,
pública e realizado o levantamento das atividades acadêmicas desenvolvidas no referido
serviço. Os dados foram coletados a partir do banco de dados da TANU e do sistema
integrado de gestão de atividade acadêmicas (SIGAA) da universidade, no período de
agosto de 2010 à junho de 2013. Resultados: observou-se que entre agosto de 2010 e
dezembro de 2012 o serviço de TANU foi realizado por uma fonoaudióloga e uma bolsista
técnica, semanalmente em cinco períodos. Neste primeiro momento, houve o inicio de
uma parceria a partir de capacitação da fonoaudióloga, por meio de cursos de extensão, o
que caracterizou uma parceria técnico-cientifica entre as instituições. No entanto, os
indicadores de qualidade do serviço de TANU apresentavam-se abaixo do recomendado,
tendo em média 32% dos recém-nascidos triados, no período de agosto de 2010 a
fevereiro de 2013. Devido a necessidade do programa, contratou-se outra fonoaudióloga
em dezembro de 2012. Em seguida, iniciou-se a execução de projeto de pesquisa e
extensão por docentes da universidade em parceria com os fonoaudiólogos do serviço. A
partir da implementação acadêmica houve ganhos quantitativos e qualitativos no
programa. Foi possível haver suporte para a ampliação de horários de atendimentos com
a participação de professores e alunos do curso de graduação na rotina de atendimento,
passando-se atualmente a triar 66% dos RNs. Com o estabelecimento de reuniões
quinzenais, foi possível realizar discussão que subsidiaram modificações no programa,
tais como: reformulação da anamnese, com intuito de gerar novas pesquisas;
disponibilidade de um equipamento reserva; mudança no protocolo, com a introdução do
potencial evocado auditivo de tronco-encefálico-automático (PEATE-a); e o
acompanhamento dos RNs encaminhados para monitoramento e diagnóstico auditivo na
Clínica Escola de Fonoaudiologia. Soma-se a estes ganhos, a abertura de espaço para
alunos desenvolverem extensão e pesquisa, e complementarem sua formação acadêmica
em um serviço que visa a qualidade. Conclusão: Através da parceria da Maternidade e
Universidade foram constatados o aumento dos RNs triados, a melhora da qualidade do
serviço e a contribuição técnico-científica na capacitação de profissionais e graduandos.

64
Percepção auditiva e dislexia: uma revisão sistemática

Ana Karina Lima Buriti

Introdução: A percepção auditiva refere-se ao processamento de um sinal acústico


audível, que é iniciada por células receptoras envolvendo as estruturas do Sistema
Nervoso Central, vias auditivas e córtex, e são sensíveis a um determinado estímulo, que
são responsáveis pela localização e discriminação sonora, reconhecimento auditivo,
aspectos temporais da audição, desempenho auditivo com sinais acústicos sem
competição e desempenho auditivo em situações acústicas desfavoráveis. Além disso,
são aplicáveis a estímulos verbais e não-verbais, podendo afetar diferentes áreas,
incluindo a fala e a linguagem. Dentre as diversas dificuldades de aprendizagem para
habilidades de leitura e escrita, a dislexia, caracteriza-se por existir uma dificuldade em
perceber os sons, e com isso surgem às dificuldades de aprendizagem e fraco
desempenho das habilidades auditivas. Objetivo: descrever aspectos fundamentais da
percepção auditiva em crianças com dislexia, visando contribuir para a atualização de
fonoaudiólogos e educadores que atuam com o processo de desenvolvimento da
linguagem em escolares. Métodos: foi realizado um levantamento bibliográfico em bases
de dados Medline, Scielo, Lilacs, a partir da combinação entre os descritores, percepção
auditiva, dislexia, criança, aprendizagem, linguagem infantil. Foram selecionados para
análise deste estudo, 16 artigos nacionais, após a exclusão de artigos repetidos e com
palavras ou temas não condizentes com a temática. Resultados: observou-se que a
grande maioria dos estudos utilizou a avaliação do processamento auditivo para avaliação
das habilidades auditivas, o que também foram avaliadas sob o Teste de Desempenho
Cognitivo-Linguístico, em crianças com faixa etária entre 6 a 14 anos. Os resultados
demonstram correlação entre as dislexias e os distúrbios de aprendizagem com as
alterações nas habilidades auditivas do processamento temporal auditivo. Conclusão:
Baseado nos estudos analisados percebe-se a necessidade não somente de detectar as
alterações da percepção auditiva em crianças com distúrbios de aprendizagem e dislexia,
mas que seja proposto pelo fonoaudiólogo o treinamento da percepção auditiva para
promover um melhor desempenho das habilidades auditivas e linguísticas dos escolares,
diminuindo assim, os inúmeros fracassos escolares.

65
Percepção do ser deficiente em uso do aparelho auditivo

Mirna Rossi Barbosa; Luiza Augusta Rosa Rossi-Barbosa, Cristina Andrade Sampaio,
Maísa Tavares de Souza Leite

Introdução: A audição apresenta papel fundamental na comunicação humana, e com isso,


a maior dificuldade proporcionada pela perda desta função refere-se às habilidades de
reconhecimento de fala, prejudicando as relações sociais dos indivíduos. Objetivo:
Compreender a percepção dos deficientes auditivos sobre o uso de Aparelho de
Amplificação Sonora Individual (AASI), conhecendo as situações vividas pelos usuários
antes e após o uso do aparelho. Método: Trata-se de estudo descritivo com abordagem
qualitativa, sob o enfoque da fenomenologia. A coleta dos dados foi realizada com
usuários de AASI, por meio de entrevista semiestruturada após aprovação no CEP com o
parecer 3042 de 21 de outubro de 2011. Resultados: A análise de sentido revelou duas
categorias e quatro subcategorias. Na categoria “Situação que mais gostaria de ouvir
antes de usar o AASI”, observamos que as necessidades de cada um são pessoais e
estão relacionadas às suas experiências de vida. A categoria “Significado do uso do
AASI” revelou que o uso do aparelho foi percebido de maneira bastante positiva, trazendo
felicidade, bem-estar, representando também a cura. A subcategoria “Dificuldades sem o
AASI” mostra o impacto da perda auditiva na vida das pessoas, principalmente em
situações de conversação. Na subcategoria “Atitudes da família”, observamos familiares
que ajudam e também aqueles que são displicentes com a pessoa deficiente auditiva. A
subcategoria “Comunicação após o uso do AASI” mostrou os benefícios trazidos pelo uso
do AASI e na subcategoria “Dificuldades na adaptação do AASI” os entrevistados
puderam revelar suas dificuldades em adaptar-se ao aparelho e os motivos de alguns
terem diminuído ou abandonado seu uso. Conclusão: Considera-se que as necessidades
de cada ser devem ser valorizadas e suas queixas compreendidas e investigadas no
momento da adaptação do AASI.

66
Perda auditiva sensorioneural por meningite criptococica

Roberta Ferreira Silva Santos; Cláudia Maria Valete-Rosalino, João Soares Moreira, Tiago
Rosa Pereira, Fernanda dos Santos Silva, Ananda Dutra da Costa, Claudia Cristina
Jardim Duarte, Debora Cristina de Oliveira Bezerra

Introdução: A meningite criptocócica é causada pelo patógeno Cryptococcus neoformans,


um fungo oportunista que infecta as meninges cerebrais, sendo geralmente observada em
pacientes com vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou outra forma de
imunosupressão. A Criptococose é muito mais comum em pacientes com
imunodeficiência adquirida adquirida (AIDS) do que na população em geral (Aaron C.
Moberly,, Ilka C. Naumann,, Susan R. Cordes, 2008). Cryptococcus infectam seres
humanos, por via inalatória, após a exposição ambiental ao fungo que vive no solo,
principalmente pela excreta de fezes de aves, como o pombo (Ministério da sáude 2010).
A apresentação é subaguda, com febre, cefaléia, náuseas e alteração do comportamento.
A perda auditiva ocorre em até 27% dos casos, quase sempre bilateral e de apresentação
súbita (Matos et AL 2006). A meningite criptocócica pode causar danos com
características cocleovestibular distintamente diferentes daquelas das meningites
bacterianas (W.K. Low 2001). O estado imunodeficiente dos pacientes predispõe
infecções meníngeas que podem levar à perda auditiva sensorioneural, incluindo
meningite causada por Cryptococcus neoformans, ao acometer o gânglio espiral e o ramo
coclear do VIII par craniano, podendo levar à surdez. Eventos intracranianos, como
encefalite, leucoencefalopatia multifocal progressiva, hemorragias e linfomas cerebrais,
também podem conduzir a déficit de audição (Rezendel et al 2004). Objetivo: Relatar um
caso de um paciente sem imunosupressão com meningite criptocócica evoluindo com
perda auditiva. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 37 anos, foi tratado da
hanseníase do tipo II, em 2009, apresentando alta por cura após o uso de predisona e
talidomida. Em outubro de 2010 apresentou cefaléia persistente, redução da força
muscular, dificuldade para andar, redução de audição e visão turva. Paciente apresentou
teste de aglutinação pelo látex para Criptococcus reagente e sorologia anti-HIV não
reatora. Em 2011, foi internado com diagnóstico de meningite criptocócica. Apresentou
amaurose e hipoacusia quase totais, além de febre e cefaléia. Iniciou tratamento com
anfotericina B deoxicolato + fluconazol, com boa tolerância, mas persistiu a hipoacusia e
amaurose. Na audiometria foi observado perda auditiva sensório neural de grau
moderado a severa bilateral, com perfis timpanométricos do tipo A e reflexos contra-lateral
ausentes. Conclusão: A descrição deste caso alerta aos profissionais da área da
audiologia para a necessidade de investigação precoce das perdas auditivas em
pacientes com meningite criptocócica favorecendo a reabilitação mais precoce e
adequada para cada perda auditiva.

67
Perda auditiva unilateral: percepção de fala e queixa de zumbido em usuários de
AASI

Marina De Marchi dos Santos; Maria Renata José, Maria Fernanda Capoani Garcia
Mondelli

Introdução: A perda auditiva unilateral é caracterizada pela diminuição da audição em


apenas orelha, e pode ser responsável pela dificuldade de percepção de fala em situação
de ruído, dificuldades na habilidade de discriminação dos sinais incomuns que é realizada
de maneira automática em sujeitos com audição normal, dificuldade de localização sonora
e um aumento global de esforço para compreensão da fala. O zumbido pode ser definido
como uma sensação sonora endógena não relacionada a nenhuma fonte externa de
estimulação, sendo uma queixa frequente em pacientes com perda auditiva (PA). Mesmo
sujeitos normo-ouvintes com queixa de zumbido podem apresentar dificuldades no
reconhecimento de fala em presença de ruído competidor. Estudos relatam que indivíduos
com perda auditiva associada ao zumbido têm demonstrado beneficio com uso de
aparelho de amplificação sonora individual (AASI), pois estes auxiliam na compreensão
da conversação e ainda podem aliviar o zumbido. Objetivo: Verificar a efetividade do uso
do AASI quanto ao reconhecimento de fala no ruído em sujeitos com perda auditiva
unilateral e queixa de zumbido. Metodologia: O projeto teve aprovação no CEP da FOB-
USP, protocolo nº 095/2010. Participaram do estudo 21 sujeitos, com idade média de 43
anos, diagnosticados com PA unilateral e queixa de zumbido, usuários de AASI há pelo
menos seis meses, devidamente matriculados na Clínica de Fonoaudiologia – FOB/USP.
Para determinar o limiar de reconhecimento de sentenças foi aplicado Hearing In Noise
Test (HINT), com e sem ruído competidor, sendo que o ruído foi apresentado de três
formas: frontal (RF), à direita (RD) e à esquerda (RE). O teste foi aplicado com e sem
AASI. Resultados: Quanto à perda auditiva, 61,9% apresentaram PA na orelha esquerda
(OE) e 38,1% na orelha direita (OD). Em relação ao grau da perda auditiva foi constatado
que 52,4% apresentaram perda de audição de grau severo e 47,6% moderado. Quanto à
lateralidade do zumbido, 81% relataram a percepção do sintoma associado à orelha da
PA, 19% bilateralmente. Quando verificado a relação sinal/ruído (S/R) sem e com AASI,
sujeitos com perda moderada apresentaram melhora nas quatro situações do teste,
enquanto aqueles com perda de grau severo apresentaram melhora somente nas
situações de RD e RE. Quando relacionado á lateralidade da perda auditiva com o
zumbido, houve melhora da percepção de fala com o uso do AASI em todas as situações
do teste, tanto na OD quanto na OE, na qual a única situação em que a relação S/R se
manteve constante com e sem a amplificação, foi RF à esquerda. Conclusão: O uso do
AASI demonstrou melhora da percepção de fala em sujeitos com perda auditiva unilateral
associada ao zumbido.

68
Perda auditiva, idade e tempo de exposição ao ruído em trabalhadores de João
Pessoa/PB

Larissa Medeiros Alves; Pâmmela Laís Silva Amazonas de Souza, Matheus Leão de
Melo, Tereza Cristina Melo Pereira, Jaims Franklin Ribeiro Soares, Wagner Teobaldo
Lopes de Andrade

Introdução: A exposição ao ruído é a principal causa de perda auditiva sensório-neural em


indivíduos adultos. O trabalhador, exposto a ruído de maior ou menor intensidade, de
acordo com a função exercida e natureza do trabalho, apresentará maior ou menor
vulnerabilidade ao desencadeamento de perdas auditivas e demais alterações auditivas e
extra-auditivas. Objetivo: Investigar a ocorrência de perda auditiva em relação às variáveis
idade e tempo de exposição ao ruído em trabalhadores da cidade de João Pessoa/PB.
Método: Foi realizada a análise de prontuários de audiometria periódica de 1243
trabalhadores de ambos os sexos, expostos a níveis de pressão sonora superiores a
85dB. Os trabalhadores foram provenientes de diversos ramos de atividade econômica,
predominantemente industrial. Os exames audiométricos foram realizados nos anos de
2011 e 2012 em um centro de referência em saúde do trabalhador da cidade de João
Pessoa/PB. A média de idade dos sujeitos foi de 31 anos (DP = 10,0 anos) e todos
tinham, à época da avaliação, registro de trabalho em condições ruidosas por no mínimo
dois meses. Os dados receberam tratamento estatístico por meio do teste qui-quadrado
(software SPSS, versão 16.0). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos do Hospital Universitário Lauro Wanderley sob número
289.643. Resultados: Os trabalhadores foram divididos em dois grupos de idade e de
tempo de exposição ao ruído, em conformidade com a mediana (Md = 29 anos de idade;
Md = 36 meses de exposição). Foi observada diferença estatisticamente significante entre
a ocorrência de perda auditiva em sujeitos com até 29 anos e com mais de 29 anos (p
<<,001). Além disso, verificou-se que os sujeitos com mais de 29 anos de idade
apresentaram maior frequência de perda auditiva bilateral em relação aos mais jovens (p
<<,001). Da mesma forma, foi identificada diferença estatisticamente significante entre a
ocorrência de perda auditiva nos sujeitos com até 36 meses e aqueles com mais de 36
meses de exposição a ruído (p <<,001). Os sujeitos com mais de 36 meses de exposição
a ruído apresentaram maior frequência de perda auditiva bilateral em relação aos que
atuam em ambiente ruidoso por menos tempo (p <<,05). Conclusão: O avanço da idade e
o aumento do tempo de exposição a ruído são fatores diretamente relacionados à
instalação da perda auditiva em trabalhadores. Para minimizar este efeito, é necessário
que seja desenvolvido um programa de conservação auditiva nesses ambientes, para que
outros fatores sejam adequadamente controlados, propiciando uma maior segurança para
os trabalhadores expostos a ruído.

69
Perfil audiológico dos idosos atendidos em uma clinica escola de fonoaudiologia
em Natal/RN

Kaliani Thaliny Xavier de Souza Patricio; Marcelo Luiz Medeiros Soares, Maria Raquel B.
Speri, Fabiana Cristina Mendonça de Araújo

Introdução: De acordo com o IBGE, existe um crescimento da população idosa no Brasil.


Com isso, há uma busca dos profissionais das mais diversas áreas em entender o
processo de envelhecimento para promover uma melhor qualidade de vida para essa
população. Um dos fatores que mais afeta a qualidade de vida dos idosos é a perda
auditiva (PA), que no processo de envelhecimento é denominada presbiacusia. Objetivo:
O objetivo deste estudo é analisar o perfil audiológico dos idosos atendidos nos três
primeiros semestres de funcionamento de uma Clínica Escola de Fonoaudiologia da
região Nordeste. Metodologia: Foram analisados 50 prontuários dos idosos atendidos nos
Estágios Supervisionados de Audiologia Clínica e de Adaptação de Aparelho de
Amplificação Sonora Individual (AASI) no período de fevereiro de 2012 a junho de 2013.
Resultados: Foram atendidos 29 (58%) idosos no Estágio Supervisionado de Audiologia e
21 (42%) no Estágio Supervisionado de Adaptação de AASI. Dos 50 sujeitos, 29 (58%)
são do sexo masculino e 21 (42%) do feminino com idade variando entre 60 e 88 anos,
com média aritmética de 70,4 anos. Dos sujeitos atendidos, 33 (66%) apresentam
alterações auditivas e 17 (34%) limiares auditivos de 0,5, 1 e 2 KHz dentro dos padrões
de normalidade. O grau de perda auditiva foi atribuído de acordo com a classificação de
Davis e Silvermam, 1970. De 33 sujeitos que apresentam perda auditiva, 25 (75,8%) é do
tipo sensorioneural e 8 (24,2%) mista, sendo 14 (42%) de grau leve, 11 (33%) moderado,
6 (12%) severo e 2 (6%) profundo. Em relação à orelha afetada, 29 (87%) apresentaram
perda auditiva bilateral e 4 (13%) unilateral. Realizaram teste de AASI 16 (48, 5%) dos
idosos com perda auditiva e todos foram encaminhados para um serviço de Alta
complexidade SUS que são referência na região para receberem os AASIs. Do total de
sujeitos avaliados, 39 (78%) apresentaram zumbido. Conclusão: Em indivíduos acima de
60 anos o zumbido é uma queixa de grande parte dos sujeitos atendidos, por tanto se faz
necessário estudos mais contundentes acerca desta temática. A perda auditiva
sensorioneural leve bilateral é significativamente frequente, sendo a que melhor
representa o perfil audiológico dos idosos atendidos. Além disso, caracterizou-se, em sua
maioria, por um grau variado e de acordo com a idade o que evidencia que a deficiência
auditiva progride com o aumento da idade, podendo prejudicar de forma significativa a
comunicação desses indivíduos.

70
Perfil otoneurológico dos pacientes atendidos num hospital universitário

Luiza Helena de Oliveira Diamantino

Introdução: A tontura é a sensação de alteração do equilíbrio corporal devido a um conflito


de informações gerada por uma lesão em algum dos sistemas responsáveis pelo
equilíbrio (sistema vestibular, sistema visual e sistema proprioceptivo). Nesses casos, o
indivíduo é encaminhado para realização de uma avaliação otoneurológica, que consiste
num conjunto de procedimentos que permitam um conhecimento dos sistemas auditivo e
vestibular, e suas relações com o sistema nervoso central. Tais procedimentos são a
anamnese, exame otorrinolaringológico, investigação audiológica e teste vestibular (TV).
As principais indicações ao TV são aqueles pacientes com qualquer tipo de tontura ou
desequilíbrio, zumbido e/ou perda auditiva neurossensorial. Objetivo: Identificar o perfil
dos pacientes submetidos ao teste vestibular no serviço de audiologia de um hospital
universitário. Métodos: Estudo descritivo transversal com revisão dos prontuários dos
pacientes submetidos ao teste vestibular de 2011 a 2013, encaminhados por
otorrinolaringologista ou por outra clínica do SUS ao serviço de audiologia de um hospital
universitário. Foram coletados dados dos prontuários referentes à idade, gênero, além de
resultado da prova calórica e do teste vestibular. Resultados: foram atendidos 64
pacientes, com média de idade de 56,51 anos, sendo 12 (18,75%) do gênero masculino e
52 (81,25%) do gênero feminino. Houve predomínio de resultados normais (70,31%),
seguido de Predomínio Labiríntico alterado (14,06%), Preponderância Direcional alterada
(14,06%) e teste vestibular sugestivo de lesão central (4,68%). Conclusão: Os pacientes
encaminhados para o teste vestibular no hospital universitário são predominantemente do
gênero feminino. O resultado normal foi o mais freqüente, seguido de disfunção vestibular
periférica deficitária unilateral.

71
Potenciais evocados auditivos em crianças com distúrbio fonológico

Haydée Fiszbein Wertzner; Luciana de Oliveira Pagan Neves, Bárbara Carrico, Fernanda
Cristina Leite Magliaro, Carla Gentile Matas

Introdução: O transtorno fonológico é uma alteração de fala que não possui causa
definida. Crianças com esta alteração podem apresentar alterações na produção e na
percepção da fala, e na organização de regras linguísticas. Estudos utilizando potenciais
evocados auditivos (PEAs) em indivíduos com transtorno fonológico sugerem alteração na
sincronia neural da via auditiva desta população. Desta foram, torna-se importante
investigar as respostas auditivas, especialmente para os estímulos de fala nessa
população. Objetivos: Investigar as respostas do Potencial Evocado Auditivo de Tronco
Encefálico (PEATE) e do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência (PEALL) com
estímulos de fala e tone burst em crianças com distúrbio fonológico bem como comparar
estes resultados aos encontrados em crianças com desenvolvimento típico. Métodos: A
pesquisa foi aprovada pela CAPpesq da instituição sob protocolo nº 1360/06. Participaram
do Grupo Estudo (GE) 5 crianças entre 5 e 7 anos (2 do gênero feminino e 3 do gênero
masculino), diagnosticadas com distúrbio fonológico, porém sem atendimento terapêutico
prévio. Participaram do Grupo Controle (GC) 16 crianças entre 7 e 12 anos de idade (05
do gênero feminino e 11 do gênero masculino), com desenvolvimento típico, sem queixas
de fala e linguagem. Todas as crianças apresentavam limiares auditivos e PEATE clique
dentro da normalidade bilateralmente, sem antecedentes neurológicos e psiquiátricos. Os
procedimentos realizados foram: anamnese; otoscopia; audiometria tonal;
logoaudiometria; medidas de imitância acústica; PEATE com estímulo clique
bilateralmente; PEATE com estímulo de fala (/da/) na orelha direita; PEALL com estímulo
tone-burst (1000 Hz raro, 2000 Hz frequente) bilateralmente; PEALL com estímulo de fala
(/da/ raro, /ba/ frequente) bilateralmente. Resultados: Para a análise estatística foi
utilizado o teste ANOVA com nível de significância de 5%. Houve diferença na latência do
componente F do PEATE com estímulo de fala entre os grupos (GP: 42,67; GC: 40,35)
sendo que o GP apresentou maior latência. Houve diferenças nas latências das ondas P1
e N2 do PEALL com estímulo de fala entre os grupos, sendo que o GP (P1: 101.07; N2:
259.2) apresentou maior latência que o GC (P1: 85.84; N2: 241.0). Também se encontrou
diferenças estatisticamente significantes para as amplitudes P1-N1 e P2-N2 do PEALL
com estímulo de fala entre os grupos (GP: P1-N1: 2.80; P2-N2: 8.48) (GC: P1-N1: 4.02;
P2-N2: 6.21) Não houve diferença significante nas latências e amplitudes das ondas do
PEALL com estímulo Tone Burst entre os grupos. Conclusões: Os achados do presente
estudo demonstraram que as crianças com distúrbio fonológico apresentam uma redução
da atividade neuronal e uma lentidão no processamento do estímulo de fala ao longo da
via auditiva central. No que tange a avaliação das crianças com distúrbio fonológico, o
estímulo de fala mostrou-se mais sensível em identificar as dificuldades apresentadas por
esta população.

72
Potenciais evocados auditivos em crianças com distúrbio fonológico em terapia
fonológica

Haydée Fiszbein Wertzner; Luciana de Oliveira Pagan Neves, Bárbara Carrico, Fernanda
Cristina Leite Magliaro, Carla Gentile Matas

Introdução: O transtorno fonológico é uma alteração de fala que não possui causa
definida. Crianças com esta alteração podem apresentar alterações na produção e na
percepção da fala, e na organização de regras linguísticas. Estudos utilizando potenciais
evocados auditivos (PEAs) em indivíduos com transtorno fonológico sugerem alteração na
sincronia neural da via auditiva desta população. Desta foram, torna-se importante
investigar as respostas auditivas, especialmente para os estímulos de fala nessa
população. Objetivos: Investigar as respostas do Potencial Evocado Auditivo de Tronco
Encefálico (PEATE) e do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência (PEALL) com
estímulos de fala e tone burst em crianças com distúrbio fonológico após terapia
fonológica, bem como comparar estes resultados aos encontrados em crianças com
desenvolvimento típico. Métodos: A pesquisa foi aprovada pela CAPpesq da instituição
sob protocolo nº 1360/06. Participaram do Grupo Estudo (GE) 5 crianças entre 6 e 9 anos
(4 do gênero feminino e 1 do gênero masculino), diagnosticadas com distúrbio fonológico,
com pelo menos seis sessões de atendimento terapêutico prévio. Participaram do Grupo
Controle (GC) 16 crianças entre 7 e 12 anos de idade (05 do gênero feminino e 11 do
gênero masculino), com desenvolvimento típico, sem queixas de fala e linguagem. Todas
as crianças apresentavam limiares auditivos e PEATE clique dentro da normalidade
bilateralmente, sem antecedentes neurológicos e psiquiátricos. Os procedimentos
realizados foram: anamnese; otoscopia; audiometria tonal; logoaudiometria; medidas de
imitância acústica; PEATE com estímulo clique bilateralmente; PEATE com estímulo de
fala (/da/) na orelha direita; PEALL com estímulo tone-burst (1000 Hz raro, 2000 Hz
frequente) bilateralmente; PEALL com estímulo de fala (/da/ raro, /ba/ frequente)
bilateralmente. Resultados: Para a análise estatística foi utilizado o teste ANOVA com
nível de significância de 5%. Não houve diferença estatisticamente significante na latência
dos componentes V, A, C, D, E, F, O do PEATE com estímulo de fala entre os grupos.
Houve diferença nas latências das ondas N2 e P300 do PEALL com estímulo de fala entre
os grupos, sendo que o GP (N2: 259,2; P300: 336,8) apresentou maior latência que o GC
(N2: 241; P300: 308,4). Não houve diferença significante nas latências e amplitudes das
ondas do PEALL com estímulo Tone Burst entre os grupos. Conclusões: Os achados do
presente estudo demonstraram que as crianças com distúrbio fonológico em terapia,
apresentam uma lentidão no processamento do estímulo de fala para os componentes
endógenos do PEALL. No que tange a avaliação das crianças com distúrbio fonológico, o
estímulo de fala mostrou-se mais sensível em identificar as dificuldades apresentadas por
esta população.

73
Potencial evocado auditivo de tronco encefálico em lactentes pré-termo: evolução
da audição

Bruna Sana Teixeira; Rosanna M. Giaffredo Angrisani, Marisa Frasson de Azevedo

Introdução: Os primeiros anos de vida são considerados críticos para o desenvolvimento


das habilidades auditivas e de linguagem. O Potencial Evocado Auditivo de Tronco
Encefálico (PEATE) é um teste eletrofisiológico que avalia a integridade da via auditiva,
desde sua porção periférica (nervo coclear) até a central (tronco encefálico), sendo capaz
de diagnosticar alterações retrococleares, bem como monitorar a maturação do sistema
nervoso auditivo. Objetivo: Verificar o desenvolvimento da audição de crianças pré-termo
com PEATE sugestivo de alteração retrococlear ao nascimento. Método: Estudo
retrospectivo longitudinal por meio de análise de prontuários dos recém-nascidos
prematuros atendidos no programa de Triagem Auditiva Neonatal com posterior
acompanhamento ambulatorial multidisciplinar. A amostra foi constituída por dois grupos
de neonatos pré-termo nascidos entre 2009 e 2011. O grupo estudo (GE) foi formado por
18 crianças com PEATE alterado ao nascimento. O grupo controle (GC) foi formado por
18 crianças sem alteração de PEATE ao nascimento, pareados por idade e sexo. Os dois
grupos foram acompanhados em relação ao desenvolvimento da audição durante os dois
primeiros anos de vida. O PEATE foi considerado sugestivo de alteração retrococlear
quando as latências absolutas das ondas III e V e o intervalo interpico I-V se mostraram
aumentados, com latência absoluta da onda I dentro da normalidade para a idade.Todos
os neonatos foram submetidos à triagem com emissões otoacústicas evocadas por
estímulo transiente e à pesquisa do PEATE na pré-alta hospitalar. Posteriormente, o
desenvolvimento da audição foi acompanhado por meio de: avaliação comportamental,
audiometria com reforço visual (de 6 a 24 meses de idade, com o audiômetro pediátrico
da Interacoustics), audiometria lúdica condicionada (a partir de 2 anos, com o audiometro
MA-41 e fones TDH39), otoscopia e imitanciometria (Impedance Audiometer AZ7).
Resultados: Ao nascimento, 50 neonatos tiveram PEATE alterado. Somente 18 (36%)
realizaram acompanhamento com avaliações periódicas nos dois primeiros anos de vida.
Das 18 acompanhadas, 10 (55,6%) apresentaram atraso de linguagem, principalmente no
reconhecimento auditivo. As demais 44,4% apresentaram desenvolvimento normal. Das
18 crianças do GC, 100% tiveram PEATE normal ao nascimento e desenvolvimento
auditivo normal, sendo que apenas 15% apresentaram alteração no reconhecimento
auditivo de ordens. Conclusão: Crianças prematuras com audição periférica normal e que
apresentaram PEATE alterado ao nascimento, podem apresentar atraso no
desenvolvimento da habilidade auditiva reconhecimento de ordens, o que pode sugerir um
prejuízo à aquisição de linguagem.

74
Potencial miogênico evocado vestibular e suas implicações no domínio das
frequências

Aline Tenório Lins Carnaúba; Otávio Gomes Lins, Ilka Do Amaral Soares, Kelly Cristina
Lira de Andrade, Pedro de Lemos Menezes

Objetivo: verificar se existe associação entre o VEMP no domínio do tempo (DT) e no


domínio das frequências (DF). Métodos:No exame de VEMP no DT, foram promediados
200 estímulos toneburst na frequência de 500 Hz, com taxa de estimulação de 5,1
estímulos/s na intensidade de 95 dBNAn. Após a realização do VEMP no DT, seguiu-se
com a captação no DF, onde foram promediados 200 estímulos constituídos por tons
puros de 500 Hz (frequência portadora) modulados na frequência de 40 Hz. Foi realizado
o cálculo do Odds ratio e aplicado o teste Qui-quadrado para a comparação entre as
respostas dos dois domínios. Estudo de coorte contemporânea com corte
transversal.Resultados: O VEMP no DT foi registrado, por meio da estimulação e
captação unilateral, com morfologia adequada, em 100% das orelhas. Na realização do
exame no DF foi registrada a presença de pico de estado estável em 30 (83,33%) dos 36
exames realizados. Quando realizado o teste Qui-quadrado e Oddsratio foi possível
observar que existe uma forte relação entre os dois domínios. Conclusão: Conclui-se que
existe forte associação entre os exames de VEMP no DT e no DF, o que habilita sua
utilização na prática clínica.

75
Prevalência de indicadores clínicos para alterações auditivas em crianças

Elaine Cristina Moreira Ogeda; Luciana Lupoli, Thaysa Vidal Dias De Freitas, Teresa
Maria Monenshon-Santos, Gabriela Bueno De Nobrega

Introdução: O estudo da prevalência dos indicadores de risco para transtornos auditivos


em crianças, permite que ações de prevenção e promoção da saúde possam ser
implementadas para que essas crianças recebam a atenção necessária para superar
dificuldades. Objetivo: Determinar a prevalência de indicadores de risco para alterações
da função auditiva Em crianças de zero a sete anos de idade atendidas em uma clínica
otorrinolaringológica de São Paulo. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo,
realizado por meio de análise de banco de dados de uma clínica da cidade de São Paulo,
especializada no atendimento de pacientes com queixas audiológicas. Foram analisados
158 prontuários de crianças de zero a sete anos, atendidas no período de janeiro a
dezembro de 2008. Os dados levantados referem-se aos indicadores clínicos para
alterações auditivas em crianças e os resultados dos exames audiológicos realizados.
Resultados: Os resultados mostraram que dos 158 prontuários analisados, 105 (66,5%)
eram de crianças do gênero masculino e 53 (33,5%) do gênero feminino. Os indicadores
clínicos encontrados foram: infecções de vias aéreas superiores em 31%, respirador bucal
em 21%, intercorrência na gravidez em 13%, queixa familiar em 8%, meningite em 2%,
rubéola em 1% e outras (prematuridade, pequeno para idade gestacional, uso de
medicamentos ototóxicos, permanência na UTI neonatal por mais de 24 horas, ventilação
mecânica e consanguinidade) em 24%. A análise dos resultados dos exames
audiológicos mostrou que 14,6% apresentam algum grau de perda auditiva; sendo que o
grupo de meninos responde por 9,5% dessas crianças. Conclusão: O indicador clínico
encontrado com maior prevalência foi infecção de vias aéreas superiores. O maior índice
de alteração auditiva foi encontrado no gênero masculino (9,5% da amostra) o que vem
ao encontro dos estudos publicados nesta área.

76
Prevalência de indicadores clínicos para alterações auditivas em crianças

Elaine Cristina Moreira Ogeda; Thaysa Vidal Dias de Freitas, Luciana Lupoli, Teresa
Maria Momenshon-Santos, Gabriela Bueno de Nobrega

Introdução: O estudo da prevalência dos indicadores de risco para transtornos auditivos


em crianças, permite que ações de prevenção e promoção da saúde possam ser
implementadas para que essas crianças recebam a atenção necessária para superar
dificuldades. Objetivo: Determinar a prevalência de indicadores de risco para alterações
da função auditiva Em crianças de zero a sete anos de idade atendidas em uma clínica
otorrinolaringológica de São Paulo. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo,
realizado por meio de análise de banco de dados de uma clínica da cidade de São Paulo,
especializada no atendimento de pacientes com queixas audiológicas. Foram analisados
158 prontuários de crianças de zero a sete anos, atendidas no período de janeiro a
dezembro de 2008. Os dados levantados referem-se aos indicadores clínicos para
alterações auditivas em crianças e os resultados dos exames audiológicos realizados.
Resultados: Os resultados mostraram que dos 158 prontuários analisados, 105 (66,5%)
eram de crianças do gênero masculino e 53 (33,5%) do gênero feminino. Os indicadores
clínicos encontrados foram: infecções de vias aéreas superiores em 31%, respirador bucal
em 21%, intercorrência na gravidez em 13%, queixa familiar em 8%, meningite em 2%,
rubéola em 1% e outras (prematuridade, pequeno para idade gestacional, uso de
medicamentos ototóxicos, permanência na UTI neonatal por mais de 24 horas, ventilação
mecânica e consanguinidade) em 24%. A análise dos resultados dos exames
audiológicos mostrou que 14,6% apresentam algum grau de perda auditiva; sendo que o
grupo de meninos responde por 9,5% dessas crianças. Conclusão: O indicador clínico
encontrado com maior prevalência foi infecção de vias aéreas superiores. O maior índice
de alteração auditiva foi encontrado no gênero masculino (9,5% da amostra) o que vem
ao encontro dos estudos publicados nesta área.

77
Prevalência de zumbido em pacientes com histórico de exposição ao ruído
ocupacional

Graziella Simeão Munhoz; Nelfa Souza Ferreira, Mariza Ribeiro Feniman, Andrea Cintra
Lopes

Introdução: Com a prevalência estimada em 28 milhões de brasileiros, o zumbido é um


dos sintomas auditivos mais referidos durante a anamnese audiológica. Podendo
apresentar características e etiologias diversas, a exposição ao ruído ocupacional é
notavelmente uma associação bastante comum em pacientes com queixa de zumbido.
Objetivo: Investigar a prevalência de zumbido em pacientes com histórico de exposição
ao ruído ocupacional. Métodos: Trata-se de um estudo transversal e retrospectivo, por
meio de dados secundários, coletados nos prontuários de pacientes atendidos numa
Clínica de Diagnóstico Audiológico do curso de Fonoaudiologia de uma Faculdade do
interior do Estado de São Paulo. Foram incluídos no estudo os prontuários dos pacientes
atendidos no período compreendido entre novembro de 2012 e março de 2013 e que
referiram durante a anamnese audiológica exposição ao ruído ocupacional (pregressa
e/ou atual). Resultados: Dos 300 prontuários consultados, 135 possuíam a informação de
exposição ao ruído ocupacional, compondo assim a amostra final de estudo. Destes, 103
(76,3%) sinalizavam a presença do zumbido. Conclusão: Os achados deste estudo
revelam a alta prevalência do zumbido em pacientes com histórico de exposição ao ruído
ocupacional, ressaltando a relevância dos cuidados com a saúde auditiva dos sujeitos que
têm na exposição ao ruído uma constante em seu ambiente de trabalho.

78
Promoção de saúde à comunidade surda: a boa relação afetiva na vida social

Regiane Ferreira Rezende; Sirley Alves da Silva Carvalho, Leonor Bezerra Guerra, Luide
Scalione Borges Dias, Gabriella Oliveira Lima, Ariel Jose Villar Gonçalves, Lidia Diniz
Guedes

Introdução: O COMUNICA, projeto de extensão universitária constituído de acadêmicos


de fonoaudiologia e medicina, visa desenvolver ações de promoção da saúde em
comunidade surda de Belo Horizonte, MG. Esse projeto atua em instituições desde 2006.
Uma Escola Estadual que realiza a Educação de Jovens e Adultos (EJA) surdos é uma
das parceiras importante do projeto. Durante um dos encontros entre o COMUNICA e
essa Escola discutiu-se que a diferente forma de comunicação dessa comunidade pode
causar certo isolamento social, o que acaba limitando a chegada natural de informações
que, para a comunidade ouvinte, são espontâneas. Em 2009 foi desenvolvida nesta
escola uma série de intervenções voltadas para a avaliação do estado de saúde dos
surdos e a conscientização sobre a importância de se manter um estilo de vida saudável.
Em 2013, o foco das intervenções passou a ser os vários tipos de relações afetivas
interpessoais e interferência destas relações no nosso dia-a-dia. O tema “relações
afetivas” foi proposto pela equipe pedagógica da Escola. Objetivos: Promover a
acessibilidade do surdo à saúde, por meio de informação em sua língua, propiciando a
melhor compreensão das relações afetivas. Metodologia: Inicialmente foi apresentado aos
alunos um teatro mudo, abordando varias relações afetivas tais como: entre pais e filhos,
homem e mulher e amigos, e como a condução destas relações poderiam interferir
negativamente na vida do indivíduo. Em seguida o tema foi abordado através de uma
palestra para que os alunos refletissem sobre o que foi exposto. A palestra visou
esclarecer o que são relações afetivas interpessoais, quais os tipos e como podem
interferir em nosso dia-a-dia, positivamente ou não. Ao final da palestra, um questionário
relacionado ao tema foi entregue aos professores para ser aplicado aos alunos
posteriormente, em sala de aula, uma vez que alguns deles possuem dificuldades
particulares e necessitam de ajuda na elaboração das respostas, já que o questionário
está em português e muitos ainda possuem dificuldade com a língua. Resultados:
Participaram 40 alunos surdos, com idade media entre 20 e 45 anos, seis professores, um
diretor da instituição, um interprete de LIBRAS e nove integrantes do COMUNICA. Os
alunos mostraram grande interesse e participação durante o teatro, devido ao estímulo
quase que exclusivamente visual. Durante a palestra não foi observada dificuldade de
compreensão do que estava sendo exposto, uma vez que o tema foi abordado de maneira
objetiva com exemplos e figuras ilustrativas. Ao final da palestra os integrantes do
COMUNICA se reuniram com a direção da instituição para um feedback sobre a atuação
e de interesse na continuação dos trabalhos. Conclusão: Apesar dos resultados dos
questionários ainda não estarem disponíveis a observação crítica da ação sugere que os
participantes compreenderam as várias nuances das relações afetivas e a importância
dessas para a construção do indivíduo. Os resultados dos questionários servirão para
planejar futuras ações junto com a equipe pedagógica da escola, cuja parceria contribui
para o planejamento de ações de impacto na saúde e qualidade de vida dos alunos do
EJA.

79
Qualidade de vida: comparando resultados em idosos com e sem presbiacusia

Gleide Viviani Maciel Almeida; Renata Almeida Araújo Silvestre, Carla Meller Mottecy,
Lorena Kozlowski, Angela Ribas

Introdução: O processo do envelhecimento do ser humano traz no seu bojo uma série de
efeitos que comprometem a qualidade de vida das pessoas, seja do indivíduo senil,
quanto da comunidade que o cerca. A Fonoaudiologia vem se debruçando sobre estas
questões, principalmente no que se refere aos aspectos auditivos, pois, a população idosa
comumente se queixa de perda auditiva (presbiacusia). Em geral esta entidade clínica
afeta os dois ouvidos de forma similar e simétrica, tem origem basococlear e compromete
o reconhecimento da fala. É fator de risco para o desencadeamento de uma série de
outros sintomas: depressão, isolamento, auto estima rebaixada, rejeição, dentre outros. A
indicação de próteses auditivas é uma das alternativas utilizadas para melhorar a
percepção auditiva desta população e diminuir as sequelas da perda. Estudos vêm
demonstrando que o uso de próteses auditivas favorece a melhora da qualidade de vida
em usuários destes aparelhos, porém estas pesquisas fazem comparações intragrupo,
avaliando as queixas dos respondentes antes e depois da adaptação dos aparelhos.
Torna-se, portanto, necessário, verificar o impacto da perda auditiva e da protetização em
população idosa, em relação a pessoas com audição normal. Objetivo: avaliar a qualidade
de vida de um grupo de idosos presbiacúsicos após a protetização e comparar os
resultados com um grupo de idosos normouvintes. Método: Trata-se de um estudo clínico
descritivo transversal. Participaram 51 indivíduos divididos em dois grupos: G1, formado
por 36 presbiacúsicos, com idade média de 73 anos, de ambos os gêneros e usuários de
prótese auditiva (mínimo de 6 meses de usu); G2, formado por 15 idosos normouvintes,
com idade média de 69 anos. Foi aplicado o questionário WHOQOL-Bref e os dados
relativos aos quatro domínios abrangidos (físico, psicológico, meio ambiente e relações
sociais) foram analisados e comparados entre os grupos. Resultados: Qualitativamente
todos os sujeitos presbiacúsicos declararam que sua vida melhorou depois da adaptação
da prótese, porém, os escores do WHOQOL-Breaf revelam: em relação ao domínio físico
não houve diferença significativa entre as respostas dos dois grupos, certamente porque o
avanço da idade traz no seu bojo uma série de limitações; nos demais domínios houve
diferença estatisticamente significante entre os grupos, sendo que no grupo de
presbiacúsicos a qualidade de vida foi pior. Tal fato permite inferir que, no grupo de
presbiacúsicos, apesar do uso da prótese, as limitações impostas pela idade continuam
comprometendo a autoestima, as relações interpessoais e o convívio social. Conclusão: O
uso da prótese favorece a melhoria da percepção auditiva, porém a melhora da qualidade
de vida geral dos indivíduos avaliados depende de outros fatores que podem não ter
relação com a perda de audição.

80
Queixas auditivas e extra-auditivas em professores da rede pública de ensino de
João Pessoa - PB

Laise Paiva; Vanessa Mascarenhas, Vânia Souza, Bruno Silva, Anna Alice Almeida,
Leonardo Lopes, Elma Azevedo, Maria Fabiana Bonfim de Lima Silva

Introdução: os professores estão constantemente expostos nas suas atividades laborais a


ambientes desfavoráveis no âmbito escolar, que podem afetar a sua saúde e qualidade
de vida e dentre os fatores de risco, encontra-se o ruído. Estudos mostram que os
professores são levados a cumprir jornadas de trabalho prolongadas, expostos a níveis
elevados de pressão sonora que muitas vezes causam estresse, cansaço, queixas
auditivas e extra-auditivas, entre outros problemas que afetam a qualidade de vida dos
professores. Dessa forma, faz-se necessária a identificação do risco do ruído para a
saúde auditiva a fim de se adotar medidas de prevenção e conscientização das suas
consequências, visando promover melhoras à saúde do professor. Objetivo: identificar as
queixas auditivas e extra-auditivas referidas por professores decorrentes do ruído
ocupacional de escolas da rede pública da cidade de João Pessoa. Método: contamos
com uma amostra de 100 professores na cidade de João Pessoa –PB entre 24 e 52 anos.
Aplicou-se um questionário de autopercepção Condição de Produção Vocal do Professor,
composto por 79 questões, as quais foram selecionadas as questões relativas a audição.
Também foram realizadas medições de ruído por meio de medidor de pressão sonora
marca Minipa, nas salas de aula e pátio da escola.. Os dados foram tabulados no
programa Microsoft Excel 2010, e submetidos a análise descritiva. Tal pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (protocolo n° 091/13). Resultados: a amostra
do estudo apresentou predominância do sexo feminino 68%, com idade média de 42
anos. O tempo médio de trabalho dos entrevistados foi de 21 anos, 42% trabalhavam em
apenas uma escola e 58% em mais de uma escola, 38% afirmavam permanecer de 10 a
20 horas por semana com os alunos na escola. A prevalência de queixas auditivas foi de
29% (tontura/vertigem), 22% (zumbido) e 17% (dor de ouvido). Já entre as queixas extra-
auditivas investigadas, a cefaleia mostrou-se ocorrente em 21% dos entrevistados do
presente estudo.A intensidade sonora encontrada nas salas de aula da escola variou de
55 a 74dB e no pátio de 82 a 95dB. Conclusões: para salas de aula, a Associação
Brasileira de normas Técnicas estipula que o limite tolerado é de 40 a 50 decibéis e as
classes observadas, no entanto atingiram 74dB. A ocorrência de tontura/vertigem foi
semelhante quando confrontada com outros estudos de mesma natureza, se destaca
entre os sintomas auditivos mais frequentes na população de professores expostos a
ruído ocupacional. Já entre os sintomas extra-auditivos investigados, a cefaleia foi o mais
presente. Percebe-se, desta forma, a necessidade premente de outros estudos
epidemiológicos relacionados à saúde do professor na Paraíba, considerando que, até o
momento, os estudos desta natureza ainda são incipientes. Além disso, a partir dessas
pesquisas poderemos realizar ações de promoção à saúde do professor.

81
Ramo de atividade econômica e prevalência de perda auditiva em trabalhadores
expostos a ruído

Isabel Grasielly Dutra de Azevedo; Pâmmela Laís Silva Amazonas de Souza, Marília
Medeiros e Silva, Tereza Cristina Melo Pereira, Jaims Franklin Ribeiro Soares, Wagner
Teobaldo Lopes de Andrade

Introdução: Trabalhadores que desenvolvem suas atividades sob exposição a nível de


pressão sonora superior a 85dB, sem o uso adequado do equipamento de proteção
auditiva, estão sujeitos ao desenvolvimento de perda auditiva induzida por níveis elevados
de pressão sonora (PAINPSE). A PAINPSE é caracterizada por uma perda auditiva
progressiva e irreversível devido a uma exposição sonora de nível elevado por um
período de tempo intenso e prolongado, afetando as células ciliadas responsáveis pela
audição. Objetivo: Investigar a prevalência da perda auditiva induzida por ruído em
trabalhadores de diferentes ramos de atividades econômica da cidade de João
Pessoa/PB. Método: Foi realizada a análise de prontuários de audiometria periódica de
1078 trabalhadores de ambos os sexos, expostos a níveis de pressão sonora superiores a
85dB. Os trabalhadores foram provenientes de diversos ramos de atividade econômica,
predominantemente industrial. Os exames audiométricos foram realizados nos anos de
2011 e 2012 em um centro de referência em saúde do trabalhador da cidade de João
Pessoa/PB. A média de idade dos sujeitos foi de 31 anos (DP = 10,0 anos) e todos
tinham, à época da avaliação, registro de trabalho em condições ruidosas por no mínimo
dois meses. Os dados receberam tratamento estatístico por meio do teste qui-quadrado
(software SPSS, versão 16.0). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos do Hospital Universitário Lauro Wanderley sob número
289.643. Resultados: Foi identificada diferença estatisticamente significante (p <<,001)
entre a prevalência de perda auditiva nos ramos de atividade econômica investigados. A
frequência da perda auditiva variou entre 12,6% (indústria têxtil) e 30,2% (destilaria). Uma
provável justificativa para tal é o nível de pressão sonora de cada atividade. A lateralidade
da perda auditiva também apresentou diferença estatisticamente significante (p <<,001)
entre os ramos de atividade. A frequência da perda auditiva bilateral variou entre 33,3%
(têxtil) e 72,9% (destilaria). O tipo de perda auditiva mais frequente em todos os ramos foi
o sensório-neural, variando entre 50% (ramo alimentício) e 84,6% (ramo siderúrgico).
Conclusão: A prevalência e a lateralidade de perda auditiva variam em função dos ramos
de atividade econômica. Considerando os cinco ramos de atividade investigados, a
indústria têxtil foi a que apresentou menor quantidade de trabalhadores com alteração
auditiva e menor ocorrência de perda auditiva bilateral. Já o ramo de destilaria apresentou
maior quantidade de trabalhadores com perda auditiva e maior acometimento auditivo
bilateral. De forma intermediária, em ordem crescente de acometimento auditivo,
encontraram-se os ramos de siderúrgica, alimentício e de construção civil.

82
Reabilitação vestibular em idosos

Julya Macedo; Daline Backes Eyng, Maria Izabel Argenton Manfredini

Introdução: O corpo humano vai sofrendo modificações gradativas com o passar dos
anos, sendo essas, consideradas normais quando se diz respeito ao envelhecimento.
Assim também ocorre com o sistema vestibular, que no decorrer dos anos reduz sua
funcionalidade, ocasionando sintomas de tontura e vertigem. Sintomas esses, que
associados a instabilidades posturais e de equilíbrio, comuns em idosos, interferem
diretamente na qualidade de vida desses sujeitos, ocasionando desconforto e até quedas.
Nesse contexto, a reabilitação vestibular atua na compensação vestibular central,
abrangendo um conjunto de procedimentos terapêuticos, que visam restabelecer o
equilíbrio corporal, e minimizar os sintomas de tontura e vertigem, auxiliando na melhora
das funções globais e da qualidade de vida dos idosos. Objetivo: Verificar os benefícios
da Reabilitação Vestibular em um grupo de idosos. Metodologia: Foram selecionados
através de um questionário 11 idosos com queixas de tontura. Após o questionário, o
grupo selecionado realizou seis encontros com os exercícios de reabilitação vestibular,
em seguida foram reaplicados os questionários. Resultados: Participaram até o final da
pesquisa 6 idosos, e todos apresentaram melhora significativa, sendo que os mesmos
relataram não possuir mais nenhum incomodo referente a tonturas e/ou vertigens. A
reabilitação vestibular é de suma importância e muito eficaz no tratamento dos sintomas e
sinais clínicos relacionados às disfunções vestibulares e, pode ser utilizada em casos de
tontura ou outras manifestações clínicas ocasionadas por distúrbios do equilíbrio corporal.
Conclusão: A partir dos resultados encontrados, nota-se que a melhora dos sintomas nos
idosos mostrou o quão eficaz é a reabilitação vestibular para a saúde e qualidade de vida
desses idosos.

83
Relação entre domínio emocional do dhi e queixas de depressão em pacientes em
reabilitação vestibular

Maria da Glória Canto de Sousa; Camila Sá Andrade, Amine Larangeiras, Fernanda


Moreira

Introdução: A tontura é a ilusão de movimento do próprio indivíduo ou do ambiente que o


circunda. O paciente com tontura habitualmente relata dificuldade de concentração
mental, perda de memória e fadiga. A insegurança física gerada pela tontura e pelo
desequilíbrio pode conduzir à insegurança psíquica, irritabilidade, perda de autoconfiança,
ansiedade, depressão ou pânico. Em função da tontura, os pacientes passam a restringir
as atividades físicas, viagens e reuniões sociais, com o intuito de reduzir o risco de
aparecimento destes sintomas desagradáveis e assustadores, e para evitar o embaraço
social e o estigma que eles podem causar. Objetivo: Correlacionar os sintomas
depressivos ao quadro de tontura nos usuários de um programa de reabilitação vestibular
(RV) em Clinica Escola de Fonoaudiologia referência na Bahia. Metodologia: O presente
estudo é de Corte transversal, de análise quantitativa e descritiva. Teve parecer do CEP
aprovado sob o nº 253.990. Trata-se de um estudo que faz parte de um projeto de
extensão do laboratório de reabilitação do equilíbrio corporal o qual abrange avaliação e
tratamento da tontura. Os dados foram levantados a partir da aplicação do questionário
validado denominado Dizziness Handicap Inventory (DHI) pré e pós programa e a Escala
de Beck. Foram incluídos na pesquisa 21 participantes que frequentaram regularmente o
programa de RV, pelo período de quatro meses, ininterruptos. Como critério de inclusão,
foi estabelecido que os sujeitos deveriam estar em tratamento há pelo menos dois meses
e submetidos há no mínimo 12 sessões. Foi comparado os domínios emocional do DHI
pré e pós programa e em seguida o DHI pós programa do domínio emocional
correlacionado com os dados obtidos na escala de Beck. A amostra constou de 21
sujeitos que frequentaram com regularidade o programa de reabilitação vestibular (RV) na
Clínica-Escola de Fonoaudiologia da UNEB, pelo período de dois semestres
consecutivos, totalizando quatro meses. O programa de RV constou de exercícios de
relaxamento de cintura escapular, aplicação do protocolo de reabilitação vestibular de
Cawthorne e Cooksey em conjunto ao trabalho do reflexo vestíbulo ocular (RVO) com
estimulador optocinético, modelo TB 103 de marca Berger. A cada sessão o paciente era
orientado a realizar em casa os exercícios propostos em terapia, numa frequência de três
vezes ao dia, todos os dias. Resultados: Avaliando-se o domínio emocional do DHI pré e
pós programa obteve-se uma média de escore de 12,09 pontos para o pré programa e
6,28 pontos para o pós programa. Ao fim do programa foi aplicado, nesses sujeitos, o
Inventário de Beck no qual foi constatado que 61,9% dos participantes não têm queixa de
depressão; 28,57% dos participantes apresentaram sintomas de disforia; 9,52%
apresentaram sinais de depressão moderada a grave, e, os 9,52% restantes
apresentaram sinais de depressão grave, segundo a classificação de Beck. Conclusão:
Baseado no estudo foi possível perceber que os pacientes acometidos por queixas de
tontura, não apresentaram relação direta com depressão nesta fase da intervenção.

84
Relação entre perda auditiva e sexo de trabalhadores expostos a ruído de João
Pessoa/PB

Isabel Grasielly Dutra de Azevedo; Ellen Késsia Barbosa de Santana, Vanessa Evellin
Fernandes Isidro Gomes, Tereza Cristina Melo Pereira, Jaims Franklin Ribeiro Soares,
Wagner Teobaldo Lopes de Andrade

Introdução: A perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados (PAINPSE) é
uma das doenças ocupacionais de mais alta prevalência entre os trabalhadores e se
caracteriza por ser irreversível e progressiva ao longo dos anos de exposição ao ruído. No
entanto, até o momento, os estudos em Audiologia Ocupacional são divergentes em
relação à influenciada variável na instalação da perda auditiva em trabalhadores expostos
a ruído. Objetivo: Investigar a prevalência de perda auditiva em função do sexo de
trabalhadores expostos a ruído. Método: Foi realizada a análise de prontuários de
audiometria periódica de 1243 trabalhadores de ambos os sexos (931 homens e 292
mulheres), expostos a níveis de pressão sonora superiores a 85dB. Os trabalhadores
foram provenientes de diversos ramos de atividade econômica, predominantemente
industrial. Os exames audiométricos foram realizados nos anos de 2011 e 2012 em um
centro de referência em saúde do trabalhador da cidade de João Pessoa/PB. A média de
idade dos sujeitos foi de 31 anos (DP = 10,0 anos) e todos tinham, à época da avaliação,
registro de trabalho em condições ruidosas por no mínimo dois meses. Os dados
receberam tratamento estatístico por meio do teste qui-quadrado (software SPSS, versão
16.0). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos do Hospital Universitário Lauro Wanderley sob número 289.643. Resultados:
Entre os resultados mais expressivos, observou-se diferença estatisticamente significante
(p <<,001) entre a ocorrência de perda auditiva de qualquer tipo entre os homens (22,4%)
em relação às mulheres (6,8%). Não foi verificada diferença estatisticamente significante
entre a ocorrência de perda auditiva bilateral entre os homens (51,7%) e as mulheres
(60%). Entre as orelhas alteradas, o tipo de perda auditiva mais frequente foi o sensório-
neural, ocorrente em, no mínimo, 69% das orelhas dos homens e 42,9% das orelhas das
mulheres. Já a perda auditiva mista apresentou comportamento inverso: aconteceu em,
no mínimo, 4,1% das orelhas dos homens e em 16,7% das orelhas das mulheres.
Conclusão: Os trabalhadores do sexo masculino expostos a ruído apresentam mais perda
auditiva dos que os do sexo feminino, com maior frequência do tipo sensório-neural nos
dois sexos. No entanto, não foi identificada diferença entre a ocorrência de perda auditiva
unilateral/bilateral em relação aos grupos.

85
Relação entre sintomas auditivos, ramo de atividade econômica e sexo em
trabalhadores expostos a ruído

Julyana Carla Carvalho Sousa; Larissa Medeiros Alves, Jonas Almeida de Freitas, Tereza
Cristina Melo Pereira, Jaims Franklin Ribeiro Soares, Wagner Teobaldo Lopes de
Andrade

Introdução: A exposição contínua de trabalhadores a níveis de ruído superiores a 85


dBNA pode levar, ao longo dos anos, a uma perda auditiva irreversível, além de sintomas
auditivos, como zumbido, diminuição auditiva e sensação de plenitude auricular. É sabido
que o acometimento dos trabalhadores por algum destes sintomas poderá provocar
prejuízos à sua qualidade de vida. Nesse sentido, deve se lançar mão de estratégias de
controle do ruído no ambiente ocupacional, além das medidas de proteção coletiva e
individual. Objetivo: Investigar a prevalência de sintomas auditivos em relação ao ramo de
atividade econômica e sexo em trabalhadores exposição a ruído. Método: Foi realizada a
análise de prontuários de 1078 trabalhadores de ambos os sexos, expostos a níveis de
pressão sonora superiores a 85dB, considerando a referência aos sintomas de zumbido,
hipoacusia, otalgia e sensação de plenitude auricular pelos trabalhadores. Os
trabalhadores foram provenientes de diversos ramos de atividade econômica,
predominantemente industrial. Os exames audiométricos foram realizados nos anos de
2011 e 2012 em um centro de referência em saúde do trabalhador da cidade de João
Pessoa/PB. A média de idade dos sujeitos foi de 31 anos (DP = 10,0 anos) e todos
tinham, no momento da avaliação, registro de trabalho em condições ruidosas por no
mínimo dois meses. Os dados receberam tratamento estatístico por meio do software
SPSS, versão 16.0. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos do Hospital Universitário Lauro Wanderley sob número 289.643.
Resultados: A menor prevalência dos sintomas foi de 4,0% de zumbido (ramo têxtil), 1,2%
de otalgia (construção civil). A hipoacusia e a sensação de plenitude auricular não foram
referidas por trabalhadores do ramo alimentício e de construção civil. As mulheres
revelaram maior frequência de zumbido (5,6%), hipoacusia e otalgia (ambas referidas por
3,3%) em relação aos homens. Estes, por sua vez, referiram maior frequência de queixa
de sensação de plenitude auricular (1,8%) do que as mulheres. Conclusão: A prevalência
das queixas auditivas pelos trabalhadores variou em função do ramo de atividade
exercido. As queixas de zumbido, hipoacusia e otalgia foram mais referidas pelas
mulheres e a queixa de sensação de plenitude auricular, mais referida pelos homens.
Faz-se imperiosa a realização de outros estudos de natureza epidemiológica, a fim de se
obter dados suficientes que atendam aos requisitos mínimos para a realização de provas
estatísticas que permitam comparações mais amplas e conclusões mais precisas sobre
associações entre as variáveis em questão. Deve-se, ainda, atentar para o fato de que
esta prevalência pode estar sendo subnotificada, tendo em vista que as queixas são
autorreferidas.

86
Relato de elaboração de material educativo na atenção auditiva de pré escolares

Wanderson Fraga; Acácia Feitosa, Brigida Santos, Rodrigo Dornelas, Roxane de alencar
irineu, Aline Cabral de Oliveira-Barreto

Introdução: A detecção precoce e a intervenção imediata em crianças com perda auditiva


aumentam a probabilidade de otimizar o potencial de linguagem receptiva e expressiva,
de alfabetização (leitura e escrita), desempenho acadêmico e desenvolvimento emocional
e social. Objetivo: Descrever a experiência de construção de material educativo sobre
cuidados com a audição de crianças na idade pré escolar. Metodologia: O processo de
construção de material informativo aconteceu durante a vivência de acadêmicos do Curso
de Fonoaudiologia, o qual adota como metodologia de ensino a Aprendizagem Baseada
em Problemas – ABP. Este processo aconteceu em uma creche municipal em que os
discentes realizam a subunidade curricular denominada “Práticas de Ensino na
Comunidade” (PEC), na qual intervenções voltadas para a atenção auditiva na infância
são abordadas e, dessa forma, são desenvolvidos trabalhos junto às crianças, pais e/ou
professores. Dentre essas ações, foi realizada avaliação comportamental da audição em
dezessete crianças, com detecção de dificuldades em responder aos estímulos em 13
crianças, resultado norteador para a presente proposta intervencionista. Resultados:
Dessa forma, os discentes elaboraram três estratégias educativas e informativas, a saber:
uma voltada aos pais, por meio de uma oficina sobre a importância dos cuidados com a
audição e a adequada higienização da orelha; outra aos professores, a qual configurou
uma palestra sobre os problemas de aquisição da linguagem relacionada aos problemas
da audição e; para as crianças, um teatro de fantoche com personagens que tratavam de
alguns hábitos saudáveis norteadores de uma adequada saúde auditiva. Participaram das
estratégias propostas, 26 pais, oito professores e 40 crianças. Conclusão: Diante desta
estratégia intervencionista, os discentes puderam elaborar estratégias educativas em
saúde auditiva, de acordo com a demanda institucional, neste caso a creche e, auxiliar
crianças, pais e professores no cuidado à audição, prevenindo alterações auditivas, as
quais podem contribuir para prejuízos de linguagem e escolares futuros.

87
Resultados do programa de triagem auditiva neonatal da clínica escola de
fonoaudiologia da UNEB-BA

Karen Garcia Alves; Flávia Leal Ferreira Silva, Mara Renata Lago-Rissato

Introdução: A prevalência das perdas auditivas na infância é estimada em 1,5/1000. As


recomendações internacionais e nacionais, atualmente, propõem a identificação de
perdas auditivas até os três meses de idade por meio da Triagem Auditiva Neonatal
(TAN). O programa de identificação precoce da deficiência auditiva deve contemplar a
TAN por uma medida eletrofisiológica - Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA) e
Potencial Evocado de Tronco Encefálico (PEATE), pela pesquisa dos indicadores de risco
e o acompanhamento de todos os lactentes que apresentam tais indicadores, além da
investigação da etiologia. Os recém-nascidos e/ou lactentes que apresentem indicadores
de risco auditivo devem, sem exceção, ter monitoramento audiológico a cada seis meses,
até completar três anos de vida. A Lei Federal 12.303 de 2010, artigo 1º regulamenta a
obrigatoriedade da TAN nas maternidades antes da alta hospitalar e ou em unidade da
rede estadual de saúde auditiva. Objetivo: Apresentar os resultados obtidos na TAN dos
bebês atendidos na Clínica Escola de Fonoaudiologia da Universidade do Estado da
Bahia (UNEB) e os resultados alcançados com o acompanhamento audiológico dos
bebês que passaram na TAN e apresentaram fator de risco. Metodologia: É um estudo
descritivo de caráter quantitativo, observacional e retrospectivo, realizado na Clínica
Escola de Fonoaudiologia da UNEB. Foram analisados todos os prontuários desde a
implantação do serviço (maio de 2012), de bebês que realizaram TAN e com idade de 0 a
24 meses. Considerou-se o gênero, idade, presença ou ausência de fator de risco, tipo de
EOA utilizada (Transientes e/ou Produto de Distorção) e os resultados da TAN (critério
passa/falha). No acompanhamento audiológico realizou-se os seguintes exames: EOA
transientes e/ou produto de distorção, imitanciometria, audiometria com reforço visual
(VRA) e audiometria comportamental. Resultados: Foram analisados 95 prontuários, 36
(37,9%) foram do gênero masculino e 59 (62,1%) do gênero feminino, na faixa etária entre
6 dias e 21 meses e 6 dias. Observou-se que 84 (88,42%) passaram e 11 (11,58%)
falharam. Dos 84 que passaram, 41 (48,8%) apresentam fator de risco e 43 (51,2%) não
apresentam. Das 11 que falharam, 9 (81,82%) apresentam fator de risco e 2 (18,18%) não
apresentam. O fator de risco predominante foi o uso de medicamentos ototóxicos (16%),
seguido pelo uso materno de drogas/álcool durante a gestação (13%) e fototerapia (12%).
Os demais fatores de risco corresponderam a 59%. Foram selecionados 51 bebês para o
acompanhamento audiológico, sendo que até o momento 11 bebês foram agendados,
destes 8 não compareceram e 3 compareceram apresentando até o momento audição
social normal, 34 mudaram de telefone e/ou endereço. Houve muita dificuldade no
acompanhamento dos bebês por mudança de endereço e/ou telefone e pelo não
comparecimento no dia agendado. Conclusões: É de extrema importância que todos os
bebês sejam avaliados através da TAN, mesmo que não apresentem fator de risco para
perda auditiva. O acompanhamento audiológico dos bebês que passaram na TAN e que
possuem fator de risco faz-se necessário para acompanhar o seu desenvolvimento
auditivo.

88
Revisão teórica sobre resultados encontrados nas avaliações de linguagem em
crianças usuárias de implante coclear

Vera Lúcia Ferreira Avelino, Elizabeth Oliveira Crepaldi de Almeida, Mariene Terumi
Umeoka Hidaka

Introdução: A Linguagem faz parte do desenvolvimento humano, porém vários fatores


podem interferir em sua aquisição, sendo a deficiência auditiva uma delas. O Implante
Coclear (IC) é indicado de acordo com seguintes critérios: idade e tempo de privação;
capacidade auditiva; desenvolvimento global e família, nos casos em que a perda auditiva
é severa ou profunda, para melhor aproveitamento dos resíduos audiológicos. O presente
estudo tem como objetivo realizar uma revisão teórica que possibilite verificar os
resultados encontrados pós-avaliações de linguagem em crianças usuárias de Implante
Coclear. Metodologia: seleção e análise de artigos publicados em revistas nacionais e
internacionais indexadas nas bases de dados para as ciências da saúde, LILACS, SciELO
e MEDLINE, pesquisados na Biblioteca Virtual em Saúde, no período de 2004 à 2013,
utilizando-se como descritores, “implante, criança, reabilitação, perda auditiva". Como
critério de inclusão dos textos, considerou-se além do ano, a categoria das revistas de
acordo com base nos dados e a presença da temática sobre o desenvolvimento de
linguagem dos sujeitos implantados. Os artigos foram categorizados por ano, amostragem
da idade dos sujeitos no momento do Implante Coclear, fator etiológico e desenvolvimento
de linguagem (satisfatório e insatisfatório). Nos artigos nacionais, foram excluídos 03
artigos, e das publicações internacionais, 02 artigos não foram utilizados, por não
corresponderem aos critérios de análises estipulados. Foram encontrados 10 artigos
nacionais e 10 artigos internacionais, totalizando 20 artigos publicados entre os anos de
2004 a 2013, e 620 indivíduos estudados. Dos artigos científicos nacionais, encontrou-se
uma amostragem de 209 sujeitos. Destes, 69% apresentavam entre 22 meses à 06 anos
de idade quando foram implantados, e 31% sem os dados relacionados; a etiologia
encontrada em maior proporção foi a desconhecida (50%), seguida da Idiopática (9%) e a
Prematuridade (9%); e a avaliação do desenvolvimento da linguagem, revelou-se
satisfatória após colocar o implante coclear, em 86% da população estudada. Nos artigos
Internacionais, encontrou-se o total de 411 sujeitos, os quais atendiam os critérios:
Sujeitos entre 04 meses à 36 meses (35%), quando fizeram a cirurgia do Implante
Coclear; a etiologia predominante foi 89% desconhecida, seguida pela causa congênita
(5%); e a avaliação do desenvolvimento da linguagem, prevaleceu satisfatória (100%), de
acordo com o estudo. Conclusão: Com relação ao Desenvolvimento da Linguagem, em
86% dos artigos nacionais os resultados foram satisfatórios, e 14% insatisfatórios. Nos
artigos Internacionais, a satisfação quanto ao desenvolvimento da linguagem, foram
confirmados em 100% dos estudos encontrados.

89
Síndrome de Gomez-Lopez-Hernandez: relato de um caso

Vicente Coelho da Silva; Byanka Cagnacci Buzo, Cristina Moraes do Nascimento, Raiene
Telassin Barbosa Abbas

Introdução: A síndrome de Gomez-Lopez-Hernandez é uma desordem genética muito


rara, de etiologia desconhecida, sendo descrita pela primeira vez em 1979 por Gomez em
uma menina de 4 anos e em 1982 por Lopez-Hernandez em duas pacientes do sexo
feminino com idades de 10 anos e 11 anos, respectivamente. Até o ano de 2008, foram
relatados apenas 27 casos desta síndrome na literatura mundial. Suas características
consistem em: atraso global no desenvolvimento neuropsicomotor, retardo mental,
transtornos de conduta, ansiedade, auto e hetero agressão, lesões variável nos olhos e
face, ataxia, alopecia em regiões parietal e occipital uni ou bilaterais. A tríade que
caracteriza esta síndrome consiste em: romboencefalosinapsis (RES), anestesia
trigeminal e alopecia nas regiões parietais. Não são descritas na literatura alterações
auditivas relevantes. Objetivo: Este relato de caso tem como objetivo descrever os
resultados audiológicos de uma criança do sexo feminino acometida pela Síndrome
Gomez-Lopez-Hernandez. Descrição do Caso: E.A. C. S., 12 anos, sexo feminino. A
suspeita inicial de alteração auditiva foi levantada pela mãe que notou que a criança, com
6 anos, não respondia quando era chamada e dizia não escutar a televisão no mesmo
volume que os demais irmãos o faziam. Inicialmente foi realizada a audiometria tonal que
evidenciou perda auditiva condutiva moderada à esquerda e mista severa à direita. Foi
realizada tomografia computadorizada e observado malformação bilateral dos estribos
que apresentam morfologia monocrural, com espessamento dos mesmos, e aparente
fixação na janela oval; possível atresia de janela oval direita; sinais de displasia do canal
semicircular lateral direito, discreta displasia coclear direita caracterizada por partição
incompleta das espiras média e apical, associada a hipoplasia do modíolo e alargamento
do aqueduto vestibular direito compatíveis com síndrome do aqueduto vestibular
alargado. Resultados: Imediatamente após os primeiros exames diagnósticos, a criança
foi encaminhada ao serviço de protetização, no qual foram adaptados dois aparelhos
auditivos a fim de diminuir os efeitos da perda diagnosticada. Simultaneamente a criança
foi inserida em terapia fonoaudiológica. A paciente se encontre assistida no que se refere
aos atendimentos fonoaudiológicos e o ganho funcional se mostra satisfatório e dentro do
ganho alvo. A perda auditiva à direita apresentou caráter progressivo, piorando para,
atualmente, uma perda neurossensorial profunda. Já a perda da orelha esquerda tem se
mantido estável desde o diagnóstico inicial. Apesar das demais deficiências próprias da
síndrome que interferem negativamente nas habilidades comunicativas da criança; com o
crescimento, a mesma já perceberam a importância e necessidade do uso da
amplificação. A progressão da perda auditiva tem sido acompanhada a fim de viabilizar o
máximo uso e benefício das próteses auditivas. Conclusão: As alterações auditivas
encontradas evidenciam perda auditiva bilateral sendo condutiva moderada à esquerda e
neurossensorial profunda à direita. O acompanhamento fonoaudiológico é realizado com
o intuito de monitorar a audição da criança a fim de fornecer meios para que seu potencial
comunicativo seja funcional, minimizando os efeitos negativos da deficiência auditiva no
aprendizado e qualidade de vida.

90
Triagem auditiva neonatal: comparando recomendações brasileiras com países
americanos de maior índice de desenvolvimento humano

Jéssica Marchiori Correia; Hanna Cristina Moreno de Sousa, Iára Bittante de Oliveira,
Mariene Terumi Umeoka Hidaka

Introdução: a detecção precoce da perda auditiva e consequentemente sua intervenção,


são os passos mais importantes para o bom desenvolvimento da comunicação de
crianças com déficit auditivo. A Triagem Auditiva Neonatal (TAN) é o primeiro processo de
avaliação da audição do recém-nascido, podendo detectar precocemente alguma possível
alteração auditiva em neonatos, mesmo naqueles que não apresentam indicadores de
risco para deficiência auditiva. Objetivo: verificar as recomendações para a TAN
preconizadas pelos países do continente americano que apresentam Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) considerados como muito elevado e compará-los às
recomendações propostas pelos órgãos oficiais brasileiros. Métodos: foi realizada uma
busca de dados sobre quais países americanos apresentam IDH considerado como muito
elevado segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A
partir desta seleção foram pesquisados comitês, recomendações, fluxogramas e leis
relacionadas à TAN de cada um desses países que apóiam a inserção do programa de
TAN, sendo estes comparados com as propostas recomendadas pelo Brasil. Resultados:
os cinco países das Américas que apresentam IDH classificado como muito elevado
segundo o PNUD são: Estados Unidos, Canadá, Barbados, Chile e Argentina. Já o Brasil
encontra-se um nível abaixo possuindo IDH considerado elevado. Dos países envolvidos
neste estudo foi constatado que os seguintes divulgam possuírem comitês que apóiam e
recomendam a TAN: Joint Committee of Infant Hearing (JCIH) – Estados Unidos;
Canadian Association of Speech-Language Pathologists and Audiologists (CASLPA) –
Canadá; Consenso Argentino de Intervención Temprana de La Hipoacusia Infantil
(COADITHI) – Argentina e Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva (COMUSA) –
Brasil. Observou-se que todos os comitês têm como base as recomendações propostas
pelo JCIH. Três países divulgam em sites oficiais fluxogramas que ilustram o seguimento
do programa de TAN (Estados Unidos, Canadá e Brasil) e três países apresentam lei que
dispõe sobre a obrigatoriedade da realização do programa (Estados Unidos, Argentina e
Brasil). Barbados e Chile não apresentam projetos/recomendações oficiais que apóiam o
programa de TAN, porém no Chile há uma recomendação apenas para triagem auditiva
em recém-nascidos prematuros e baixo peso. Conclusão: observou-se a semelhança
entre a recomendação proposta pelo JCIH (Estados Unidos), CASLPA (Canadá),
COADITHI (Argentina) e COMUSA (Brasil), pois o JCIH foi o pioneiro a publicar
recomendações que são referência mundial na saúde auditiva da criança e recém-nascido
até os dias atuais. Quando comparadas as leis estrangeiras com a brasileira, verificou-se
a necessidade de maiores detalhamentos para especificação das atividades, buscando
melhoria e qualidade do serviço das instituições de saúde públicas e privadas. Dos países
analisados, Barbados e Chile são os países que apresentam maior necessidade de
reconhecimento da importância da TAN em crianças e recém-nascidos. Considerando tal
necessidade, estes países têm como possibilidade dar início a elaboração de programas
de diagnóstico e intervenção precoce, independentemente da existência de indicadores
de risco para deficiência auditiva. O Brasil embora não esteja classificado pela PNUD
como sendo de nível muito elevado, apresenta programas de TAN compatível com países
como Estados Unidos, Canadá e Argentina.

91
Triagem auditiva neonatal: conhecimento de mães e orientações recebidas

Leilanne Marinho Rodrigues Viana; Joyce Monte Silva Coelho, Johnnatham Fillipe
Nascimento Silva

Objetivo: Investigar o conhecimento e as orientações recebidas por mães de neonatos,


usuários de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), sobre assuntos relacionados a triagem
auditiva neonatal universal (TANU). Método: Estudo quantitativo e transversal,
desenvolvido no programa de triagem auditiva de uma UBS, no período de abril de 2011 a
maio de 2012. A amostra constituiu-se de 327 mães que compareceram com seus filhos
para a realização da triagem durante o período do estudo. Os dados foram coletados
mediante aplicação de formulário, abordando a temática proposta. Resultados: Contatou-
se que 295 (90,2%) mães afirmaram desconhecer as causas da deficiência auditiva (DA)
em neonatos, 257 (78,6%) desconhecem a idade ideal para a realização da TANU, 227
(69,4%) não sabem sobre os cuidados com a audição e 146 (44,6%) desconhecem o
“teste da orelhinha”. Referente às orientações recebidas pelas mães: 315 (96,3%) não
foram orientadas sobre as causas da DA; 301 (92,0%) não receberam orientações sobre
a idade ideal para a realização da TANU; 261 (79,8%) não foram informadas sobre os
cuidados com a audição e 237 (72,5%) não foram orientadas sobre o “teste da orelhinha”.
Conclusão: Mostrou-se evidente neste estudo um conhecimento reduzido das mães
acerca dos assuntos investigados, bem como, escassez de orientações recebidas pelas
mães por parte dos profissionais de saúde.

92
Triagem auditiva: análise audiológica e indicadores de risco em crianças de 0 a 6
meses

Johnnatham Fillipe Nascimento Silva; Joyce Monte Silva Coelho, Leilanne Marinho
Rodrigues Viana

Objetivo: Analisar o perfil audiológico e identificar os Indicadores de Risco para


Deficiência Auditiva (IRDA) em crianças de 0 a 6 meses. Método: Estudo quantitativo,
descritivo e transversal, desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade
de Fortaleza-Ce, no período de abril de 2011 a maio de 2012. Participaram do estudo 277
crianças de ambos os sexos. Os dados foram coletados mediante aplicação de um
formulário e da realização da triagem auditiva por meio das emissões otoacústicas
transientes e da pesquisa do reflexo cócleo palpebral. Resultados: Das 277 crianças
avaliadas, 267(96,4%) passaram na triagem inicial e no reteste e, 10 (3,6%) falharam,
com predomínio da falha bilateral em 8 (5,8%) crianças. Ressalta-se que falharam na
triagem inicial 19 (,%) crianças, 15 (,%) compareceram ao reteste, portanto a taxa de
adesão foi de 78,9%. Observou-se que 18 (6,5%) crianças apresentaram IRDA. A história
familiar de perda auditiva e a permanência em unidade de terapia intensiva foram os
IRDA mais prevalentes. Conclusões: A avaliação auditiva apresentou: falha em 10 (3,6%)
crianças; taxa elevada de adesão no reteste com 78,9% e IRDA presente em 18 (6,5%)
crianças. Portanto, evidenciou-se resultado satisfatório no primeiro ano de implantação da
triagem auditiva em uma UBS.

93
Uso do videogame XBOX 360 na reabilitação vestibular: uma proposta terapêutica?

Maria da Glória Canto de Sousa; Luciana Aguiar Ferrer Santiago, Monique Oliveira
Côrtes, Ângela Samae Azevedo Matos, Amanda Nery Santos, Nathalia Carneiro

Introdução: A disfunção no sistema vestibular provoca, nos indivíduos acometidos por


esta alteração, sintomas como zumbido, tontura e/ou vertigem. Os pacientes com esta
afecção têm como opção terapêutica, em sua maioria, um tratamento que dispensa o uso
de medicamentos. Trata-se de exercícios físicos ordenados, efetuados com praticidade e
que obtém resultados satisfatórios, promovendo um aumento da autoconfiança do
paciente na realização das atividades da vida diária. O tratamento em questão é a
Reabilitação Vestibular (RV) que tem por objetivo melhorar e reestabelecer o equilíbrio
corporal por meio de exercícios específicos de movimentação ocular, cefálica e corporal,
fundamentados em protocolos validados mundialmente. Com os avanços tecnológicos
existentes nos dias de hoje, o uso da realidade virtual na remissão das tonturas,
possibilitado por videogames, a exemplo do XBOX 360, possibilita movimentos de cabeça
e tronco, tornando o tratamento mais dinâmico do que a reabilitação convencional, pois
simula movimentos desempenhados no dia a dia das pessoas. Objetivo: Apresentar a
percepção que os participantes de um programa de reabilitação vestibular de uma clínica
escola de fonoaudiologia possuem sobre o uso do videogame XBOX 360. Método: O
presente estudo foi aprovado pelo CEP sob o nº 253.990. O mesmo faz parte de um
projeto de extensão do laboratório de reabilitação do equilíbrio corporal o qual abrange
avaliação e tratamento da tontura. Trata-se de um estudo descritivo do tipo exploratório.
Foram realizados registros das respostas de 07 participantes sobre os seguintes
questionamentos: “Você acha que exercícios, por meio da realidade virtual, lhe
proporcionou uma experiência que pode vir a substituir o protocolo de RV até então
utilizado em seu tratamento de forma convencional ou seria apenas uma alternativa
complementar?” Resultados: A partir das respostas dos participantes obteve-se duas
categorias de respostas: “O videogame XBOX 360 como complemento”: “Primeiro temos
que fazer as outras coisas, ou seja, os exercício. O videogame seria complementar”. “Pelo
costume do tratamento convencional, seria uma alternativa complementar”; E, o
videogame XBOX 360 como substituto: “Substitui com certeza. O videogame trabalha os
movimentos de cabeça e corpo. Estimula a mente e o corpo.” “Substitui, mas acho a
reabilitação convencional importante”. Conclusão: A presente pesquisa mostrou que a
realidade virtual pode ser um importante proposta terapêutica coadjuvante no auxilio à
reabilitação vestibular convencional. Entretanto, para alguns participantes, apesar de
reconhecerem a importância de seguir protocolos padronizados e validados na terapia
labiríntica, a utilização do videogame poderia substituí-la sendo um importante
instrumento neste processo.

94
Utilização de instrumento informatizado na avaliação da audição de lactentes com
anomalias craniofaciais

Monalysa Lopes Sette; Camila de Cássia Macedo, Mariza Ribeiro Feniman

Introdução: Considerando que o local onde se desenvolveu a pesquisa possui um número


importante de pacientes na faixa etária de 6 a 24 meses; o papel fundamental da
avaliação audiológica comportamental na identificação, o mais cedo possível, de
alterações auditivas, as quais são de grande ocorrência na população em estudo, foi
realizado um estudo prospectivo da aplicabilidade deste instrumento com a aprovação do
Comitê de ética em Pesquisa em seres Humanos da Instituição, conforme parecer no
165.396- CEP, a fim de auxiliar na caracterização do perfil audiológico dos pacientes com
este tipo de malformação, bem como propor a sua inclusão na rotina clínica. Assim, o
objetivo deste estudo é verificar a aplicabilidade de um procedimento de avaliação
comportamental da audição em crianças com fissura labiopalatina de 6 a 24 meses de
idade, no que se refere às variáveis tempo de duração da avaliação, número total de
estímulos, ao número de estímulo controle, número de interrupções e nível mínimo de
resposta auditiva. Foi realizada entrevista audiológica, inspeção visual do meato acústico
externo, avaliação eletroacústica (medidas de imitância acústica nas frequências 226 Hz e
1000 Hz) e audiometria de reforço visual informatizada em campo livre. Resultados
mostraram que exceto à variável nível mínimo de resposta auditiva na condição auditiva
utilizando a sonda 1000Hz (p=0,03), as demais variáveis mostraram ausência de
significância estatística em relação à faixa etária, sexo e condição auditiva. Concluiu-se
que a Audiometria de Reforço Visual Informatizada em lactentes com fissura labiopalatina
de 6 a 24 meses de idade se mostrou um teste comportamental viável, sem interferência
em relação ao sexo, idade e condição auditiva pela sonda 226 Hz, porém com diferença
estatisticamente significante para o nível mínimo de resposta auditiva na condição
auditiva com a utilização da sonda 1000 Hz.

95
Variabilidade teste-reteste na audiometria tonal com fone de inserção

Lilian Aguiar de Mello; Roberta Almeida Machado da Silva, Daniela Gil

Introdução: Em audiologia clínica, os tipos de fones auriculares mais utilizados são os


supra-aurais e os de inserção. Os fones de inserção geram maior confiabilidade no
exame, pois proporcionam maior atenuação interaural, geram maior atenuação do ruído
ambiental, diminuem o efeito de oclusão do meato acústico externo na testagem da via
óssea e reduzem o risco de colabamento do meato acústico externo. Foram realizados
alguns estudos com o fone de inserção comprovando que existe diferença significante nos
resultados obtidos no teste e reteste com esse tipo de fone. Estudos de variabilidade
teste-reteste são importantes em audiologia já que a maioria dos procedimentos é
subjetiva, ou seja, depende da resposta do paciente. Objetivo: O objetivo deste estudo é
caracterizar a variabilidade teste-reteste do fone de inserção ER 3A em adultos com
audição normal. Método: Para esta pesquisa foram selecionados 100 (cem) indivíduos de
ambos os sexos a partir dos seguintes critérios de inclusão: idade entre 13 e 59 anos;
limiares auditivos entre 250 Hz e 8000 Hz menores ou iguais a 25 dB NA, e curvas
timpanométricas do tipo A; não apresentarem síndromes, comprometimentos
neurológicos e/ou cognitivos evidentes; apresentarem passado otológico negativo. Todos
os indivíduos selecionados foram submetidos aos seguintes procedimentos: primeiro foi
realizada a Anamnese e a Meatoscopia. Em seguida, o sujeito foi submetido à
Audiometria Tonal por Via Aérea e Logoaudiometria com o fone de inserção. Após esta
primeira avaliação foi realizado o exame de medidas de imitância acústica. Os
procedimentos de audiometria tonal foram repetidos para que a variabilidade teste-reteste
pudesse ser caracterizada, com o reposicionamento dos fones. Resultados: Os resultados
encontrados até o momento mostraram uma diferença variando de 5 a 15 dB entre o
teste-reteste, observando melhora dos limiares na condição reteste. Essa melhora pode
estar relacionada ao efeito do aprendizado do exame. Conclusão: Há variabilidade teste-
reteste com o fone de inserção, com melhores limiares na condição reteste.

96
Investigação sobre a participação em sala de aula regular do aluno deficiente
auditivo

Tacianne Kriscia Machado Alves; Regina Tangerino de Souza Jacob, Adriane Lima
Mortari Moret

Introdução: A inclusão do deficiente auditivo na escola é assegurada pelo poder público


no Brasil por documentos oficiais e o sistema FM é um instrumento da tecnologia assistiva
que o professor deve ter acesso. Informações sobre como o deficiente auditivo se auto-
avalia quanto a sua participação na sala de aula regular podem auxiliar no
desenvolvimento de estratégias quanto a este aspecto tanto pelo aluno como por seus
professores e colegas, inclusive sobre a efetividade do uso do sistema FM. Objetivo:
Traduzir e adaptar para a Língua Portuguesa o questionário “Classroom Participation
Questionnaire (CPQ)”. Método: A tradução e a adaptação cultural do questionário CPQ
seguiu as seguintes etapas: A versão original foi distribuída para dois tradutores-
intérpretes de Inglês, fluentes nesse idioma, que não se conheciam e não conheciam o
questionário, visando elaborar individual e sigilosamente a primeira versão para o
Português. Este procedimento foi realizado com o intuito de gerar duas traduções
independentes do questionário.O grupo revisor foi constituído por duas fonoaudiólogas
(brasileiras, conhecedoras com fluência da Língua Inglesa), que analisaram os dois
documentos resultantes e reduziram as diferenças encontradas nas traduções, adaptando
o texto à cultura brasileira. Desta forma, foi obtido um novo inventário. Para a revisão da
equivalência gramatical e idiomática, uma cópia do questionário foi encaminhada para
dois outros tradutores, de mesma condição lingüística e cultural dos primeiros. Estes,
desconhecedores do texto original, realizaram nova versão do instrumento para o idioma
Inglês. O mesmo grupo revisor realizou nova avaliação das duas versões resultantes,
comparando-as com a original em inglês. Na etapa de adaptação cultural a versão em
Português foi aplicada em 15 alunos com deficiência auditiva, 9 do sexo feminino e 6 do
sexo masculino, na faixa etária entre 14 e 22 anos, matriculados do primeiro ano do
ensino médio ao terceiro ano da graduação. Resultados: A tradução do CPQ em Inglês
para o Português resultou no instrumento “Questionário de participação em sala de aula”
com o mesmo número de questões da versão original e a adaptação linguística foi
observada por não haver dificuldade na compreensão dos itens propostos na aplicação
em alunos com deficiência auditiva. Conclusão: O instrumento CPQ foi traduzido e
adaptado culturalmente para a população brasileira, sendo nomeado “Questionário de
participação em sala de aula” na versão em português. O estudo permitiu verificar sua
confiabilidade para observação e acompanhamento da participação em sala de aula
regular do aluno com deficiência auditiva usuário do sistema FM. De maneira geral, os
alunos informavam maior confiança e participação em sala de aula com o uso do Sistema
FM. Sugere-se a aplicação do questionário nas diferentes regiões do país e em faixas
etárias não contempladas neste estudo.

97
DISFAGIA

Desempenho de adolescentes no teste de deglutição de 100 ml de água

Jussier Rodrigues da Silva; Joana Cristina Vasconcelos da Silva, Renata Veiga Andersen
Cavalcanti, Leandro de Araújo Pernambuco

Introdução: a deglutição envolve uma refinada integração neurofisiológica e depende do


estado maturacional do indivíduo. São escassos os estudos que analisam o mecanismo
da deglutição na adolescência, logo, conhecer como essa função se comporta nessa
etapa pode colaborar para o entendimento das transformações fisiológicas ao longo da
vida. O teste da deglutição de 100 mililitros (ml) de água é um procedimento clínico
simples, rápido e de baixo custo que fornece medidas quantitativas complementares para
a compreensão da fisiologia da deglutição, além de auxiliar na avaliação e monitoramento
terapêutico em disfagia orofaríngea. Objetivo: Caracterizar o desempenho de
adolescentes assintomáticos no teste de deglutição de 100 ml de água. Métodos: foram
incluídos 102 adolescentes, sendo 72 (70,6%) do sexo masculino, sem queixas
relacionadas à deglutição, com idade entre 13 e 16 anos (14,60±0,84). O voluntário
permaneceu sentado confortavelmente, enquanto deglutia naturalmente 100 ml de água
em um copo plástico transparente. O procedimento foi filmado na visão lateral para
posterior análise, considerando como limite superior da imagem o ápice do nariz e como
limite inferior a região clavicular. As duas medidas obtidas ao analisar o vídeo foram o
número de deglutições e o tempo para deglutir todo o volume. O tempo foi cronometrado
a partir do momento em que a água tocava no lábio superior, e terminava quando a
laringe retornava à sua posição habitual. O registro do número de deglutições foi realizado
a partir de inspeção visual do movimento vertical da laringe durante a filmagem. A partir
dessas duas variáveis foram obtidas outras três medidas: volume por deglutição
(100ml/número de deglutições realizadas), capacidade de deglutição (100ml/tempo em
segundos) e velocidade de deglutição (tempo para deglutir/número de deglutições). A
análise estatística dos dados considerou a média e o desvio padrão e para verificar
diferenças entre as medidas do teste e os sexos foi aplicado o teste não paramétrico de
Mann-Whitney, com significância de 5%. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e
Pesquisa em Seres Humanos da instituição sob o número CAAE 04205112.4.0000.5292.
Resultados: as médias da amostra total foram: número de deglutições = 8,13(±2,94);
tempo total para deglutir = 10,46(±3,25) segundos (s); volume por deglutição =
13,55(±4,22) ml; capacidade de deglutição = 10,40(±3,11) ml/s; velocidade de deglutição
= 1,32(±0,28) s. No sexo feminino as médias foram: número de deglutições = 9,23(±3,98);
tempo total para deglutir = 11,59(±3,91) s; volume por deglutição = 12(±3,07) ml;
capacidade de deglutição = 9,34(±2,42) ml/s; velocidade de deglutição = 1,31(±0,33) s. No
sexo masculino: número de deglutições = 7,67(±2,25); tempo total para deglutir =
9,99(±2,83) s; volume por deglutição = 14,19(±4,48) ml; capacidade de deglutição =
10,88(±3,27) ml/s; velocidade de deglutição = 1,33(±0,26) s. Houve diferença
estatisticamente significante entre os sexos em relação ao tempo total para deglutir e a
capacidade de deglutição. Conclusões: os resultados dessa amostra permitiram
caracterizar o desempenho de adolescentes assintomáticos no teste de deglutição de 100
ml de líquido. Adolescentes do sexo masculino levaram menos tempo para deglutir todo o
volume e ingeriram um maior volume a cada deglutição.

98
A efetividade da oxímetria de pulso na detectabilidade da broncoaspiração

Ana Maria Furkim; Francine Lúcia da Silva, Fabiani Rodrigues da Silveira

Introdução: A disfagia é um sintoma de uma doença de base que pode acometer qualquer
parte do trato digestivo, desde a boca até o estômago e que pode trazer complicações
clínicas como desnutrição, desidratação e aspiração ao paciente. A aspiração é definida
como a inalação de conteúdo orofaríngeo ou gástrico para a laringe e trato respiratório
inferior. A avaliação clínica da deglutição pode ser assessorada por avaliação
instrumental, com a utilização de métodos não invasivos para verificar a seguridade da
função. A oximetria de pulso tem contribuído para a monitoração de uma ampla variedade
de situações clínicas e quando associada à videofluoroscopia da deglutição permite
relacionar a queda da saturação periférica com episódios de broncoaspiração. Objetivo:
Verificar a eficácia da oximetria de pulso na detectabilidade da broncoaspiração.
Metodologia: Estudo realizado em um Hospital Universitário, com 16 pacientes com
indicação médica para realização da videofluoroscopia da deglutição, e monitoração da
oxímetria de pulso concomitante ao exame. Foram anotados os valores de repouso do
oxímetro de pulso do paciente ao iniciar o exame e a cada aspiração detectada. Quando
observada queda maior de 2% na saturação de oxigênio consistente, era considerado que
a oximetria de pulso foi capaz de detectar broncoaspiração. Resultados: Foram avaliados
10 homens e 6 mulheres com média de idades de 53,5 anos (mínimo: 14 dias, máximo 84
anos). Os resultados demonstraram uma taxa de 18,75% de episódios de dessaturação,
12,5% de episódios de broncoaspiração e 6,25% de episódios de broncoaspiração
concomitante a dessaturação de oxigênio. Dados estatísticos revelaram valores de 33,3%
de sensibilidade e 76,9% de especificidade para a utilização do método. Conclusão: Os
resultados da pesquisa indicam que a oximetria de pulso não foi capaz de detectar
broncoaspirações nessa população de forma expressiva. Porém, a heterogeneidade e o
reduzido número da amostra corroboraram para a queda nos resultados de sensibilidade
do método para este objetivo. De qualquer forma, não se despereza a importância da
utilização da oximetria de pulso para a monitoração do estado clínico geral dos pacientes.

99
A produção do conhecimento sobre disfagia: análise de pesquisas nacionais entre
2003 e 2013

Adriano Freitas dos Santos; Marlos Suenney de Mendonça Noronha, Daniele Santana
Lima Silva, Marcela Cássia Silva, Clara Mércia Barbosa Silva

Introdução: Definida como um distúrbio de deglutição, com sinais e sintomas específicos,


a Disfagia é distinguida por alterações em qualquer fase ou entre as fases da dinâmica de
deglutição que pode gerar dano pulmonar, nutricional e social ao indivíduo. Objetivos:
Identificar as perspectivas no estudo da Disfagia a partir de artigos científicos e fornecer,
assim, um panorama do que vem sendo pesquisado sobre este tema. Métodos: Trata-se
de estudo com abordagem quantitativa, retrospectiva de natureza observacional na base
de dados bibliográficos Scielo na área de disfagia no Brasil. Foram encontrados artigos
brasileiros que datavam de 2003 até 2013 (n=35), os quais foram analisados e
classificados sistematicamente. Resultados: Quanto à população do estudo: (74%) dos
artigos tiveram como população estudada os adultos e idosos, (3%) crianças e adultos e
(24%) crianças e adolescentes; A idade dos investigados variou de 3 meses a 91 anos;
Quanto ao gênero dos investigados: (6%) dos artigos envolveram apenas indivíduos do
sexo masculino, (3%) envolveram o sexo feminino, (29%) não informaram o sexo dos
investigados e (63%) envolveram participantes de ambos os sexos; Quanto à etiologia:
(3%) Cardiopatia, trauma de Laringe, câncer de Esôfago, doença metabólica, Refluxo
laringofaríngeo, Botulismo, Disfunção Temporomandibular, Refluxo gastresofágico,
Patologias da coluna cervical, (6%) Traumatismo craniano, Síndromes, Doenças de
Chagas, (9%) doenças pulmonares, Paralisia cerebral, câncer de laringe, doenças
degenerativas, refluxo laringofaríngeo e (17%) acidente vascular cerebral. Quanto às
manifestações clínicas foram citadas: Disfonia, Incoordenação do mecanismo de
deglutição, Incoordenação respiratória. Muito dos estudos observados não relataram
manifestações clínicas da Disfagia. Conclusões: O estudo permitiu conhecer o
quantitativo de artigos publicados sobra a Disfagia no país, evidenciando que apesar do
crescimento desta área de atuação, é restrito o número de publicações sobre a temática
nos dados bibliográficos Scielo Brasil. Assinalamos para: a) necessidade de ampliação
dos estudos na população infantil; b) necessidade de estimular as pesquisas empíricas
nacionais; c) identificação de muitas pesquisas que não relacionam a etiologia e as
manifestações clínicas dos investigados.

100
A relevância do uso de protocolos em uti neonatal

Rute Silvia Moreira Santiago, Aline de Moraes Arieta, Monique de Carvalho Ferreira,
Elizabeth Oliveira Crepaldi de Almeida, Ana Terra Santos Pompeu

Introdução: O uso de protocolos em UTI neonatal é importante para nortear a atuação


fonoaudiológica e contribuir para a eficácia no atendimento, e desta forma produzir
impacto direto na evolução do recém-nascido e na ciência fonoaudiológica. Objetivo:
Comparar diferentes protocolos utilizados em UTI neonatal, destacando os itens
considerados indispensáveis, e a partir desses, elaborar um novo protocolo. Método:
Estudo de abordagem qualitativa, do tipo exploratório, efetivado por meio de uma
pesquisa bibliográfica. Foram comparados 7 protocolos específicos de UTI neonatal,
sendo que 4 protocolos foram publicados em artigos científicos e 3 em livros. A seleção
dos artigos incluiu os estudos publicados de maio de 2005 a setembro de 2009. O artigo
de Fujinaga et al (2007), que tem por objetivo testar a confiabilidade de um protocolo, foi
utilizado como referência na comparação dos protocolos analisados. A análise dos dados
ocorreu por meio de uma leitura exploratória de todo material selecionado. Por seguinte,
procedeu-se a leitura interpretativa, que estabeleceu uma relação entre o conteúdo das
fontes pesquisadas e outros conhecimentos, ou seja, procurou-se conferir significados
mais amplos aos achados com a leitura analítica. Com os dados obtidos no levantamento,
foram analisados todos os itens contidos nos diferentes protocolos e destacado os
considerados relevantes. Com base nesses resultados, elaborou-se um novo protocolo
contendo todos os itens considerados essenciais. Resultados: Foram analisados todos os
itens presentes nos diferentes protocolos e constatou-se que alguns não continham todos
aqueles considerados essenciais, como o nome e idade da mãe, data de nascimento do
recém-nascido, avaliação da sucção não-nutritiva, peso atual, hipótese diagnóstica,
malformação de cabeça e pescoço, presença de refluxo, pesquisa de resíduo gástrico,
idade gestacional, idade corrigida, condições gerais, histórico medicamentoso, ganho
ponderal, uso de incubadora e volume de leite, que são itens considerados fundamentais
para nortear a atuação fonoaudiológica, que por sua vez, produzirá um impacto direto na
evolução do recém-nascido. Dos protocolos analisados, verificou-se que alguns itens
considerados relevantes estão presentes em todos os protocolos, como o estado de
consciência do recém-nascido, sinais de estresse e reflexos orais. Estes itens contribuem
para a atuação do fonoaudiólogo, pois estabelecem a continuidade ou interrupção
temporária da estimulação. Conclusão: Para verificar a eficácia dos protocolos,
aconselha-se que estes tenham a confiabilidade comprovada e sejam padronizados, pois
dessa forma, fornecerão dados para a análise da situação do recém-nascido e
favorecerão a intervenção fonoaudiológica de forma eficaz.

101
Achados videofluoroscópicos em pacientes com queixa de refluxo gastroesofágico:
estudos de casos

Crislayne Melo da Silva; Hipólito Virgílio Magalhães Júnior, Leandro de Araújo


Pernambuco, Heitor Lincoln Canuto de Almeida, Amanda Cibelly Brito Gois

Introdução: O Refluxo Gastroesofágico (RGE) é um sinal de afecção digestiva que pode


provocar inflamação crônica das vias aéreas e dar origem à doença do refluxo
gastroesofágico (DRGE) que leva a várias consequências sobre a saúde do indivíduo,
inclusive a disfagia. A videofluoroscopia é um método instrumental de avaliação da
deglutição reconhecidamente aceito pela comunidade científica e permite visualizar o
comportamento da morfofisiologia dessa função desde o trânsito do bolo alimentar na
boca, faringe e esôfago até sua chegada ao estômago. Além disso, por ser um exame
dinâmico pode registrar episódios de refluxo gastroesofágico. Objetivo: Descrever as
alterações relacionadas à deglutição e sua possível relação com a queixa de RGE.
Métodos: Estudo retrospectivo, de corte transversal, tipo estudos de casos. Foi feita uma
consulta aos roteiros de observação dos exames de videofluoroscopia da deglutição
realizados em um hospital universitário, em busca dos registros de alterações na
morfofisiologia da deglutição de pacientes com queixa de RGE. A busca resgatou seis
casos para serem descritos quanto aos achados videofluoroscópicos apontados nos
roteiros de observação. Todos os exames contemplaram a oferta de 5 e 20 ml de líquido
(L), líquido pastoso (LP), pastoso fino (PF) e pastoso grosso (PG). A textura sólida (S) foi
ofertada em volume único. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos da instituição sob CAAE nº 13035213.0.0000.5292. Resultados:
Caso 1 – sexo masculino, 64 anos. Estase em valéculas nas consistências PF e PG
(ambas em 20 ml) e LP em 5 e 20ml; estase em aritenoide em PF 5 e 20ml; estase na
transição faringoesofágica (TFE) em LP, PF e PG, 5 e 20 ml. Caso 2 – sexo feminino, 39
anos. Encontraram-se estase em base de língua e estase em valécula, ambas em PF nos
volumes de 5 e 20 ml. Caso 3 – sexo feminino, 39 anos. Estase em base de língua (PF
20ml); estase em valécula (L 5ml e LP 20ml). Caso 4 – sexo feminino, 62 anos. Os
achados referem-se à alteração na formação do bolo (S); estase assoalho da boca (LP 5
e 20ml); estase na língua (LP 5ml e PF 20ml); estase na base de língua (LP, PF e PG 5 e
20ml); estase na valécula (todas as consistências, exceto sólido); estase palato mole (PF
20ml). Caso 5 – sexo feminino, 65 anos. Estase no assoalho da boca em todas as
consistências; estase base de língua e estase valecula (PF e PG 5 e 20 ml). Caso 6 –
sexo masculino, 85 anos. Perda prematura do bolo (LP 20 ml); estase no assoalho da
boca (LP 5 e 20 ml e PF 20 ml); estase na língua, em base de língua, em valécula e na
TFE em todas as consistências. Conclusão: Diante dos casos descritos, a estase de
resíduos alimentares em estruturas orofaríngeas foi o achado videofluoroscópico mais
frequente em pacientes com queixa de refluxo gastroesofágico. Estudos com grupos
maiores são necessários para compreender a influência que o RGE pode exercer sobre a
deglutição.

102
Acurácia da ausculta cervical na investigação da disfagia orofaríngea na paralisia
cerebral

Danielle Bonfim; Rarissa Rúbia Dallaqua dos Santos, Paula Cristina Cola, Francisco de
Agostinho, Ana Maria Furkim, Adriana Gomes Jorge, Fernanda Matias Peres, Lídia
Raquel de Carvalho, Roberta Gonçalves da Silva

Introdução: O uso da ausculta cervical como procedimento de investigação para


penetração e aspiração laringotraqueal tem sido utilizada na prática da investigação da
disfagia orofaríngea. No entanto, as divergências entre os distintos autores, sugerem a
necessidade de investigarmos o procedimento nas populações com alto risco de
aspiração laringotraqueal, como na Paralisia Cerebral. Objetivo: Este estudo teve por
objetivo comparar a acurácia da ausculta cervical na Paralisia Cerebral entre dois centros
especializados na área. Casuística e Método: Estudo clínico, transversal e retrospectivo.
Participaram deste estudo 145 indivíduos com paralisia cerebral de distintos tipos, sendo
86 do gênero masculino e 59 do gênero feminino, faixa etária variando de 1 a 19 anos.
Destes, 44 indivíduos eram do centro I e 101 do centro II. Realizada ausculta cervical e
videofluoroscopia de deglutição nas consistências líquida e pastosa, ambas realizadas por
fonoaudiólogos especializados nos procedimentos por 2 anos. A presença de alteração de
ausculta e dos sinais penetração e aspiração foram considerados independentes da
consistência oferecida. Foram calculados os valores de especificidade e sensibilidade
para os dois centros e estes foram comparados por meio do intervalo de 95% de
confiança de ambos. Resultados: O centro I apresentou sensibilidade de 85,7% com IC
(75,4%;96,0%), e especificidade de 62,5% com IC(48,2;76,8). No centro II a sensibilidade
foi de 62,5% com IC(53,1%;71,9%), e especificidade de 72,3% co IC(63,6%;81,0%).
Houve diferença entre os dois centros quanto à sensibilidade, porque os intervalos não se
interpõem, porém não houve diferença quanto à especificidade. Conclusão: Houve
diferença entre sensibilidade, mas não houve quanto à especificidade entre os dois
centros estudados.

103
Adaptação postural de cabeça para frente: revisão de literatura

Mariana Ribeiro Lopes Neves; Fabiana Pinheiro Marçal, Camila Romano Vellardo,
Charles Henrique Dias Marques, Mariana Pinheiro Brendim, Yonatta Salarini Vieira

Introdução: a intervenção da disfagia, geralmente, se inicia com uso de estratégias ou


técnicas compensatórias que se destinam a gerar impactos positivos na deglutição.
Dentre essas, a literatura descreve as adaptações posturais e voluntárias, modificações
na viscosidade e terapêutica objetivando melhora na sensibilidade e motricidade ligada ao
processo de deglutição. As adaptações posturais são estratégias compensatórias que
podem, de maneira geral, auxiliar na proteção das via aéreas, na ejeção oral e compensar
dificuldades no transporte do alimento na faringe. Esse trabalho foi delineado no estudo
das mudanças propiciadas pela adaptação postural de cabeça para frente como
estratégia de intervenção da disfagia orofaríngea. Objetivos: revisão sobre mudanças
anatômicas e funcionais geradas pela adaptação postural de cabeça para frente. Método:
Foram incluídos livros especializados e artigos indexados nas bases Pubmed e SciELO e
no periódico Dysphagia. Quanto à temporalidade, foram incluídos estudos publicados
entre 1992 e 2013, utilizando os termos “swallow”, “deglutition disorders”, “dysphagia” e
“chin tuck” e suas respectivas traduções para a língua portuguesa. Além disso, as
revisões sobre o tema e as listas de referências de todos os artigos considerados
relevantes foram consultadas, em busca de novos artigos para inclusão. A busca foi
realizada por meio de palavras encontradas nos títulos, nos resumos e no corpo do texto.
Resultados: foram levantadas 39 referências, sendo 16 em português e 23 em inglês.
Três autores relatam que o uso dessas estratégias melhoram a deglutição de forma
imediata ou temporária. As adaptações posturais, apresentaram os primeiros estudos
iniciados na década de 80. Quanto à adaptação de cabeça para frente, alguns trabalhos
relatam aumento do espaço valecular e diminuição da distância entre o osso hióide e a
laringe. Dois trabalhos estrangeiros e um nacional relatam mudanças na geração de
pressão exercida pela língua. Embora a estratégia de cabeça para frente, seja
amplamente aplicada na reabilitação da disfagia, vários autores relatam sobre algumas
desvantagens desta técnica, devendo ser adaptação com aplicação em curto prazo.
Outros trabalhos pesquisados referem que indivíduos com deglutição tardia não se
beneficiam com esta técnica, que pode ser útil na eliminação ou redução da aspiração,
porém não produz o mesmo efeito em todos os pacientes com disfagia devido as
diferenças anatômicas e os diferentes tipos de consistências alimentares utilizadas. Além
disso, não deve ser utilizada em indivíduos com problemas respiratórios devido a
possibilidade do tempo de apneia ser maior, possível impacto na musculatura constritora
da faringe, tornando-a potencialmente menos eficaz na progressão do bolo e chance de
ineficiência no movimento de excursão laríngea. Conclusão: Dado que a postura de
cabeça para frente pode alterar as dimensões da faringe e da laringe, os possíveis efeitos
positivos e negativos das alterações devem ser avaliados em relação a cada paciente.
Através das buscas bibliográficas realizadas para a elaboração desse trabalho, notou-se a
existência de poucas pesquisas nacionais relacionadas à área e ao assunto tratado. Para
que o estudo dessa e de outras adaptações posturais seja complementado é importante e
necessário que mais pesquisas sejam realizadas envolvendo métodos objetivos de
avaliação.

104
Alterações clínicas da deglutição na esclerose sistêmica

Luciana Dantas Lopes; Silvia Elaine Zuim de Moraes Badrighi, Isis Paloma Silva Aragão,
José Caetano Macieira, Cleverton Canuto Aragão

Introdução: Esclerose Sistêmica é uma doença reumática autoimune, do tecido


conjuntivo, pouco frequente, de etiologia desconhecida e com evolução variável, podendo
progredir de maneira lenta ou rápida. Atinge órgãos nobres como também os tecidos
periorais e o sistema estomatognático. Objetivo: Descrever as alterações clínicas da
deglutição na Esclerose Sistêmica. Método: Trata-se de um estudo exploratório clínico
descritivo, analítico quantitativo e qualitativo, realizado no setor de Reumatologia de um
Hospital Universitário, no ano de 2011. Como critério de elegibilidade, todos os sujeitos
deveriam ter diagnóstico médico prévio de Esclerose Sistêmica e estar em
acompanhamento médico no setor de Reumatologia do HU-UFS. Foram avaliados seis
indivíduos, todos adultos de ambos os gêneros, com de idade de 23 a 60 anos. Foi
utilizado o Protocolo de Avaliação do Risco para Disfagia – PARD (adaptado) proposto
por Padovani et al. (2007).Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos sob nº CAAE-0326.0.107.000-11, seguindo a Resolução
196/96 (BRASIL. Resolução MS/CNS/CNEP nº 196/96). Resultados: Em relação às
alterações clínicas da deglutição, as alterações mais evidentes foram: contração de
mentual (100%), deglutição de pastoso com escape (66,7%), participação da musculatura
perioral (83,3%), presença de tosse (50%), resíduos pós-deglutição (100%) e (50%)
apresentaram queixa de tensão laríngea durante a deglutição. Conclusão: concluiu-se que
existe correlação entre a Esclerose Sistêmica e alterações clínicas da deglutição,
evidenciando a necessidade da participação do fonoaudiólogo nesses casos.

105
Análise comparativa dos sons da deglutição em crianças com paralisia cerebral
avaliadas com sonar doppler

Maria Cristina de Alencar Nunes; Cibele Fontoura Cagliari, Adriane Celi, Gisela Carmona
Hirata, Edna Marcia Abdulmasshin, Rosane Sampaio Santos, Liliane de Fátima Friedrich
Gallinea

Introdução: A paralisia cerebral, também denominada encefalopatia crônica da infância


não progressiva, é a sequela neuromotora de uma intercorrência no período pré, peri ou
pós-natal. A lesão cerebral acometida em uma criança pode levar a consequências
variadas, como alterações no funcionamento neuromotor. Quando tais distúrbios do tônus
muscular, de postura e movimentação voluntária, acometem grandes grupos musculares,
pode levar a dependência da criança em relação aos pais ou ao cuidador. A alteração da
função motora oral, com a presença da disfagia, tem sido relatada pelos pais e cuidadores
como um dos maiores problemas das crianças portadoras de paralisia cerebral. Na busca
de avaliar, diagnosticar e monitorar a disfagia utilizamos o que os avanços tecnológicos
podem nos proporcionar como instrumentos de avaliação. Com a possibilidade do
desenvolvimento da técnica do sonar Doppler como método de avaliação e
monitoramento da deglutição se faz necessário a compreensão dos achados normais e
dos achados que indicarão desordens na deglutição, definidos assim como os sinais
clínicos da disfagia. Objetivo: Avaliar os sons da deglutição com o uso do Sonar Doppler
em crianças com paralisia cerebral. Método: Este estudo é do tipo teste diagnóstico,
prospectivo, observacional, com a participação de 42 crianças, subdivididas em 2 grupos.
O grupo de estudo composto de 21 crianças com diagnóstico de paralisia cerebral, com
queixas de disfagia, de 2 a 15 anos, ambos os sexos. O grupo controle com 21 crianças,
sem alterações neuromotoras, de 2 a 15 anos, ambos os sexos. Recebendo avaliação
clínica e instrumental da deglutição com o uso do sonar Doppler. Esta pesquisa teve
aprovação do Comitê de Ética, registro CEP: 2099.266/2009-11, em 12 de Março de
2010. Resultados: Os parâmetros analisados do sinal sonoro da deglutição, captados pelo
sonar Doppler, em crianças com paralisia cerebral, mostraram significância estatística
quando comparados à população de crianças sem alteração neuromotora. Observando
diferença significativa na consistência líquida em todas as variáveis, e para as variáveis:
tempo, frequência e intensidade na consistência néctar. A média do tempo é
significativamente maior para o grupo de crianças com paralisia cerebral nas duas
consistências estudadas. Conclusão: Observamos diferença significativa dos sons da
deglutição entre os dois grupos estudados. O sonar Doppler mostrou-se adequado como
instrumento de apoio e diagnóstico, no trabalho da fonoaudiologia com crianças com
paralisia cerebral com disfagia orofaríngea.

106
Análise da produção científica por pesquisadores brasileiros em disfagia

Fabiani Rodrigues da Silveira; Fernanda Pizani Dutra, Thamy Fernandes Schmitt, Ana
Maria Furkim

Introdução: O aumento da produção científica no Brasil em Fonoaudiologia requer uma


análise periódica das tendências dessas produções. Diferentes especialidades realizaram
levantamento das publicações nas suas respectivas áreas, porém não há registro de
levantamento da produção em disfagia dos pesquisadores brasileiros. A disfagia é um
sintoma de uma doença de base que pode acometer qualquer parte do trato digestivo,
desde a boca até o estômago e que pode trazer complicações clínicas ao paciente.
Objetivo: Analisar a produção de conhecimento na área de disfagia dos pesquisadores
brasileiros. Metodologia: Pesquisa realizada nas bases de dados SciELO, LILACS
(BIREME) e PUBMED limitada entre 1987 e 2012 utilizando-se os seguintes descritores
“disfagia AND alta”; “disfagia AND orofaríngea”; “transtornos de deglutição”. Para
mapeamento das publicações encontradas foram levantadas as seguintes características:
tema abordado, ano de publicação, tipo de trabalho, periódico, palavras-chave, titulação e
área de atuação. Resultados: A pesquisa pelo descritor “disfagia AND alta” resultou em
145 trabalhos na base de dados LILACS (BIREME) e 33 no SciELO; o descritor “disfagia
AND orofaríngea” resultou em 47 trabalhos no SciELO e 85 no LILACS (BIREME) e a
pesquisa pelo descritor “transtornos de deglutição” resultou em 71 trabalhos no SciELO e
733 no LILACS (BIREME), na base de dados PUBMED a pesquisa pelos descritores
“oropharyngeal dysphagia AND Brazilian” resultou em 29, a busca por “swallowing
disorders AND Brazilian” resultou em 31 e “dysphagia AND Brazilian” resultou em 38
trabalhos. Após realização da triagem dos artigos, chegou-se ao resultado final de 186
trabalhos, destes temos que o tema mais frequentemente abordado em disfagia é disfagia
mecânica (59) seguido de disfagia neurogênica (54), o ano que mais registrou
publicações foi em 2012 (35) seguido do ano de 2010 com 28 trabalhos, os anos que
menos registraram publicações foi de 1987 a 1993 registrando apenas 1 publicação por
ano. O tipo de trabalhos mais frequente foi Artigo Original (110), seguido de Artigo (37) e
Relato de Caso com 17 publicações. O periódico que mais registrou publicações foi
CEFAC (24) seguido de Arquivos de Gastrenterologia e Revista da Sociedade Brasileira
de Fonoaudiologia com 22 trabalhos cada. As palavras chave mais utilizadas foram
Transtornos de Deglutição (85) seguido de Deglutição (42), a titulação prevalente dos
autores foi de 53% de doutores, 17% de mestres, 13% graduação e 10% especialistas,
1,5 de pós-doutores (4% não informados). 49% dos autores são fonoaudiólogos, 39%
medicina, 6% não informaram, 6% outras. Conclusão: Com a análise dos resultados é
possível perceber que o tema mais abordado nas publicações é Disfagia Mecânica e a
palavra-chave mais utilizada pelos autores é Transtorno de Deglutição. A formação
predominante dos autores é de profissionais Fonoaudiólogos, sendo que a titulação de
doutor é prevalente entre todos os autores. O ano de 2012 foi o que mais registrou
publicações, sendo o periódico CEFAC o que mais registra trabalhos em disfagia por
autores brasileiros e o tipo de publicação mais comum é Artigo Original.

107
As alterações na deglutição dos idosos avaliados

Amanda Cibelly Brito Gois; Patrícia Araújo de Brito, Bárbara Queiroga Mangueira, Hipólito
Virgílio Magalhães Júnior

Introdução:O envelhecimento é um processo complexo e gradual que envolve


modificações funcionais na motricidade, propriocepção, coordenação e força muscular
nas estruturas orofaciais. Levando em consideração o aumento da expectativa de vida
dos idosos no Brasil, a fonoaudiologia se propõe a atuar na identificação das alterações
miofuncionais orofaciais, do diagnóstico e planejamento da intervenção integrada à
perspectiva de ganhos na qualidade de vida dos idosos. Objetivo: Descrever a frequência
de alterações na deglutição em idosos saudáveis. Métodos: O estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), sob o número de CAAE 3468.0.000.294-10. A população foi
composta por 49 idosos saudáveis, de ambos os sexos, com idade entre 60 e 96 anos
(média de 71,29 ± 8,06), avaliados em um serviço especializado em geriatria, no período
de agosto de 2012 a maio de 2013. Foram excluídos os idosos com quadro de demência
e doenças neurológicas. O protocolo clínico utilizado abrangeu aspectos relacionados ao
histórico de problemas de deglutição, e à avaliação miofuncional orofacial e funcional da
deglutição nas consistências líquida (água), pastosa (água espessada) em diferentes
volumes e textura sólida (wafer), de acordo com critérios estabelecidos para análise dos
resultados observados. Para análise descritiva dos dados, foram consideradas as
frequências absolutas e relativas e as medidas de tendência central e dispersão. Para a
análise bivariada, a idade foi dicotomizada com base na mediana e, juntamente com a
variável sexo, foram associadas com as alterações mais frequentes encontradas por meio
da aplicação do teste do qui-quadrado ou teste Exato de Fisher, em nível de significância
de 5%. Resultados: Dos voluntários avaliados, 38 (77,6%) do sexo feminino e 11 (22,4%)
do masculino, 2 (4,1%) apresentaram presença de tosse e pigarro durante ou após a
deglutição em 3 ml de água e 3 (6,1%) em 5 ml de água. Outra alteração encontrada, foi
que 9 (18,4%) idosos apresentaram resíduo oral em 5 ml de pastoso, assim como na
consistência líquida, 5 (10,2%) em 3 ml e 4 (8,2%) em 5 e 10 ml de água. Para textura
sólida, foi observada presença de resíduo oral em 21 (42,9%) voluntários. Na análise
bivariada destes achados descritos, em relação idade dicotomizada e sexo, não foi
encontrada nenhuma associação significativa. Em nenhum dos voluntários avaliados,
encontrou-se queixa de problemas de deglutição, relatos de pneumonias recorrentes ou
aspirativas. Conclusão: Os achados mais frequentes referem-se à presença de tosse e
pigarro durante ou após a deglutição em menores volumes de água e maior presença de
resíduo oral na textura sólida, sem associação destes com sexo e idade. A avaliação
fonoaudiológica não constatou presença de quadro disfágico. A amostra apenas
identificou alterações na deglutição que podem fazer parte dos distúrbios miofuncionais
orofaciais.

108
Ativação cerebral e deglutição em indivíduos saudáveis: uma breve revisão

Aline Nogueira Gonçalves; Elisabete Carrara De Angelis, Renata Lígia V. Guedes, Aline
Gomes Lustosa Pinto

Introdução: A deglutição envolve eventos neuromusculares que dependem da integração


sensório-motora e inputs sensoriais e qualquer comprometimento neste processo
favorece o acometimento da deglutição. Conhecer o funcionamento cerebral durante este
processo pode contribuir para o reestabelecimento de uma deglutição saudável em
pacientes disfágicos. Objetivo: Revisar o que a literatura aponta sobre a correlação entre
deglutição e ativação cerebral em sujeitos saudáveis. Metodologia: Foram selecionados
artigos publicados nos últimos 10 anos em três bancos de dados internacionais, sendo
utilizados como descritores os termos neuroplasticidade, deglutição, adultos e
normalidade. Para análise dos artigos foram considerados os itens: objetivo, gênero, faixa
etária, tarefas, consistências avaliadas, estímulo, exames complementares e resultados.
Resultados: Foram incluídos 20 artigos prospectivos compostos por sujeitos saudáveis.
Todos apresentavam como objetivo correlacionar a deglutição com a ativação de
estruturas cerebrais. A maioria dos artigos analisados foram compostos por sujeitos de
ambos os gêneros, com grande variabilidade com relação à faixa etária quando
comparados entre si (entre 18 e 89 anos). Ao considerar as tarefas e estímulos utilizados,
foi apresentada como tarefa a deglutição isolada, e 9 destes correlacionaram a mesma
com o comando visual, auditivo, mobilidade de língua e repouso. Os demais artigos
correlacionaram a deglutição com estímulos gustativos, elétricos, magnéticos, pigarro,
deglutição com esforço, manobra de Mendelsohn, mobilidade dos dedos e aplicação de
anestésico na região orofaríngea. As tarefas de deglutição foram: deglutição de saliva
isolada, deglutição de água, bário e líquidos associados a diferentes sabores. O exame
mais utilizado para avaliar a ativação cerebral foi a ressonância magnética funcional. As
regiões cerebrais mais ativadas na deglutição foram giro frontal, área motora suplementar,
lobo parietal, cerebelo, ínsula, giro pós e pré central e córtex sensório motor. Conclusão:
A literatura sobre ativação cerebral durante a deglutição ainda é incipiente, mas cada vez
mais auxilia na compreensão de como o cérebro funciona durante o processo de
deglutição saudável, o que possivelmente virá a garantir intervenções fonoaudiológicas
mais efetivas.

109
Atuação fonoaudiológica em cuidados paliativos: uma revisão da literatura

Thaís Belo Moreira; Ana Maria da Silva, Bruno Igor Sanches Gonzalez Roman, Leir Alves
de Souza Neta, Leniane Silva Dantas, Maria Clara Quirino Nunes Vicente, Jaims Franklin
Ribeiro Soares

Introdução: Cuidados Paliativos (CP) é uma abordagem em saúde que tem como objetivo
promover a qualidade de vida de pacientes que enfrentam doenças que ameaçam a
continuidade da vida. Em CP, pretende-se prevenir e aliviar o sofrimento, avaliar e tratar a
dor e oferecer suporte físico, psíquico e espiritual ao paciente e seus familiares. Objetivos:
Revisar a literatura sobre Cuidados Paliativos e Fonoaudiologia, com vistas a
compreender qual a contribuição do fonoaudiólogo nesta área. Métodos: Foi realizada
uma revisão na base de dados BIREME, em língua portuguesa, com os descritores
fonoaudiologia + cuidados paliativos, publicados entre 2002 e 2012. Resultados: A busca
por estudos publicados na área de “Cuidados Paliativos” (CP) retornou 4041 trabalhos,
dos quais apenas 06 relacionados à atuação do fonoaudiólogo. A equipe clássica em CP
é composta por médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social. Os estudos
encontrados mostram que a inserção do profissional fonoaudiólogo na equipe de CP dá-
se principalmente através das intervenções em deglutição e comunicação. Ao
fonoaudiólogo participante da equipe de CP cabe avaliar a qualidade do processo de
deglutição de alimentos, secreções orais, saliva e medicações, desde o seu controle oral
até o nível faríngeo. Diante de sintomas como a disfagia, náuseas e vômitos, odinofagia,
alteração do nível de consciência e desidratação, é do fonoaudiólogo o papel de manter
segura a deglutição por via oral por meio de adequações de postura, e planejamento da
consistência adequada do alimento. O fonoaudiólogo é também é o profissional capaz de
diminuir no paciente a sensação de fracasso, planejando o tamanho das porções que
serão oferecidas para estimular e preservar a deglutição. A importância do fonoaudiólogo
na equipe de CP reside na capacidade de orientar aqueles que interagem com o paciente
de forma a maximizar a comunicação, seja através da readaptação da linguagem oral,
seja no estabelecimento de uma comunicação não-verbal efetiva. Conclusão: A pequena
publicação científica sobre a inserção do fonoaudiólogo em equipes de CP em contraste
com os registros sobre a relevância de sua atuação nesta área faz alusão a um espaço
profissional com grande possibilidade de expansão. As estratégias terapêuticas utilizadas
pelo fonoaudiólogo no setor de CP podem garantir segurança e conforto para o paciente e
sua família, tanto em relação a sua alimentação quanto em relação à comunicação entre
o conjunto paciente-família-equipe. Há que se considerar que a alimentação é a maneira
essencial pela qual o corpo obtém os nutrientes necessários para sua manutenção e que
a comunicação é um instrumento crucial para interação do indivíduo com o meio em que
vive. Assim sendo, observa-se a importância da inserção do fonoaudiólogo na equipe de
cuidados paliativos e a contribuição deste profissional para o bem estar físico e psíquico
do paciente melhorando sua qualidade de vida e de sua família enquanto possível.

110
Atuação fonoaudiológica em paciente com PKAN: relato de caso

Laís Polezer; Alethéa Bitar Silva, Camila Lago Santiago, Brasília Maria Chiari, Maria Inês
Rebelo Gonçalves

Introdução: A neurodegeneração associada à pantotenato quinase (PKAN) (Síndrome de


Hallervorden-Spatz), é uma doença rara, autossômica recessiva de rápida progressão,
que resulta no acúmulo de ferro no cérebro. Alguns sinais típicos da doença são:
manifestações extrapiramidais, alteração da marcha, distonia focal, disfunção piramidal,
retinopatia pigmentar e comprometimento cognitivo. Mais raramente podem ser
observadas distonia orolingual, disfagia e disartria. Objetivo: Descrever a atuação
fonoaudiológica no atendimento de paciente do sexo masculino, 15 anos, com restrições
de ferro e alimentos cítricos na dieta e diagnóstico de PKAN. Método: Realizada avaliação
fonoaudiológica, com enfoque na deglutição. Foi utilizada escala de avaliação funcional
da alimentação (FOIS) e terapia direta. Resultados: Paciente apresentava tempo de
refeição acima de uma hora, perda de peso importante, hemiparesia à esquerda,
supressão da fala, paralisia pseudobulbar, sensação de corpo estranho na faringe,
hiperextensão cervical durante a alimentação e recusa alimentar, principalmente
socialmente, pois sentia vergonha de se alimentar na frente de outras pessoas.
Classificado no nível V da escala FOIS. Foi orientado a sentar-se mantendo
posicionamento a 90º, auxiliar o vedamento labial com as mãos (dessa forma foi capaz de
sugar no canudo) e otimizar a ejeção oral do alimento pastoso. Após a intervenção
fonoaudiológica, o paciente apresentou maior funcionalidade à alimentação, embora
tenha se mantido no nível V. As mudanças realizadas favoreceram sua alimentação em
público. Foi sugerida a introdução de via alternativa de alimentação, devido também à
dificuldade de ganho de peso. Conclusão: A abordagem fonoaudiológica foi fundamental
para promover modificações e adaptações que contribuíram para a melhora da
funcionalidade da deglutição, além da reinserção do paciente na sociedade.

111
Atuação fonoaudiológica precoce na atresia de esôfago com esofagostomia: relato
de experiência

Carolina Castelli Silvério; Viviane Simões do Vale

Introdução: a atresia de esôfago é uma afecção congênita que se caracteriza pela


ausência de um segmento do esôfago, associado ou não à comunicação com a traquéia.
A esofagostomia consiste em um orifício de comunicação do esôfago com o meio externo,
para escape salivar em casos de ausência de passagem esofágica. Objetivo: descrever
um caso de atresia de esôfago com presença de esofagostomia que recebeu atuação
fonoaudiológica com relação à deglutição antes da cirurgia corretiva do esôfago. Métodos:
criança do sexo masculino, seis meses de idade, diagnóstico de atresia de esôfago
isolada e presença de esofagostomia. Nascimento: parto cesárea, 38 semanas, 2.725 Kg,
47 cm. Com 3 dias foi submetido à gastrostomia e esofagostomia. No momento da
avaliação fonoaudiológica, criança com alimentação e hidratação exclusivas via
gastrostomia, recebendo estimulação gustativa com chupeta embebida no leite, peso de
7Kg, hipersecretividade pulmonar e engasgos com saliva. Constatou-se presença das
reações orais esperadas para a idade, hiperreatividade frente ao manuseio oral,
mobilidade e tonicidade dos órgãos fonoarticulatórios alteradas. O processo de
reabilitação fonoaudiológica teve como objetivo otimizar a deglutição de saliva e
posteriormente promover o treino de alimentação. Foram realizados estimulações
sensoriais, manuseios motores, treino de deglutição com introdução de volume mínimo
por via oral associado à adaptação de utensílios para alimentação. Após a oferta de via
oral, o volume do alimento deglutido era eliminado pela esofagostomia, com autorização
da equipe médica, assim como era realizado com o acúmulo salivar. Resultados: o
acompanhamento fonoaudiológico ocorreu por 11 meses, sendo que o paciente recebeu
alta enquanto aguardava cirurgia para correção esofágica. Verificou-se que o paciente
conseguiu receber de forma segura a oferta de via oral nas consistências alimentares
pastosa heterogênea e líquidos finos com controle de volume e uso do canudo, sem
sinais clínicos sugestivos de penetração e/ou aspiração laringotraqueal e sem
intercorrências clínicas. O uso da gastrostomia foi mantido, já que a oferta de via oral não
apresentava possibilidade de nutrir o paciente. Porém, a oferta de via oral mesmo sem a
possibilidade de nutrição, mostrou-se importante no desenvolvimento motor oral.
Conclusão: este relato de caso demonstra os benefícios de iniciar a atuação
fonoaudiológica precocemente em casos de atresia esofágica com esofagostomia, pois
possibilitou ao paciente a experiência oral frente à oferta de alimentos e a estimulação
das funções neurovegetativas de sucção, mastigação e deglutição, favorecendo assim a
retirada da gastrostomia em um prazo menor após a realização da cirurgia de correção
esofágica.

112
Ausculta cervical no diagnóstico das disfagias orofaríngeas em crianças com
paralisia cerebral: revisão integrativa literatura

Schirleyde Fabiana da Silva; Cláudia Marina Tavares de Araújo, Brenda Carla Lima
Araújo

Introdução: Alterações na função da deglutição são frequentes em crianças com paralisia


cerebral, daí a importância do diagnóstico das disfagias orofaríngeas precocemente. A
avaliação clínica fonoaudiológica é imprescindível, mas pode não ser suficiente no
processo de investigação, sendo necessário o auxílio de avaliação instrumental para um
diagnóstico mais preciso de disfagia. Sendo a ausculta cervical considerada um método
instrumental de avaliação dos transtornos de deglutição, atualmente faz parte da
investigação clínica por suas características práticas e pouco invasivas contribuindo
sobremaneira para o diagnóstico Objetivo: pesquisar na literatura nacional e internacional
publicações referentes ao uso da ausculta cervical no diagnóstico das disfagias
orofaríngeas em crianças com paralisia cerebral. Método: Esta pesquisa é uma revisão
integrativa da literatura, com a busca realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e
suas bases de dados são COCHRANE, MEDLINE, LILACS e SCIELO. No período de
janeiro de 2000 a dezembro de 2011. Os estudos que estavam de acordo com os critérios
de inclusão foram enviados para um banco de dados onde foram devidamente fichados e
analisados. Resultados: Foram encontrados 13.783 artigos pela estratégia de busca,
destes apenas três artigos corresponderam aos critérios de inclusão estabelecidos na
proposta. Observou-se que todos os artigos foram publicados no Brasil, sendo dois no
ano de 2009 e um em 2008. Os benefícios encontrados na maioria dos estudos estão
relacionados à inferência dos riscos de permeação e/ou penetração laríngea de alimento
e/ou saliva através da ausculta cervical. Os artigos que constituíram esta revisão
descrevem que as principais dificuldades encontradas apontam para a baixa percepção
da ausculta cervical quanto à permeação e/ou penetração laríngea dos alimentos e/ou
saliva para as vias aéreas inferiores, quando comparada com a videofluoroscopia da
deglutição. Outro método de avaliação da deglutição encontrado neste estudo foi a
videofluoroscopia da deglutição, que é considerada padrão ouro no diagnóstico da
disfagia. Conclusão: Observou-se que a ausculta cervical é um método que corrobora
diretamente no diagnóstico da disfagia orofaríngea em crianças com paralisia cerebral,
além de ser um instrumento de baixo custo e não invasivo. Também foi observado a
necessidade incentivar a utilização da ausculta cervical durante a avaliação e diagnóstico
das disfagias orofaríngeas por fonoaudiólogos, principalmente pelo baixo índice de
publicações voltadas para essa temática e sua importância no contexto da investigação
fonoaudiológica nas disfagias.

113
Avaliação da deglutição em lactentes com cardiopatia congênita e síndromes
genéticas

Deborah Salle Levy; Karine da Rosa Pereira, Deborah Bohm, Tzvi Bacaltchuk, Cora Firpo

Introdução: No Brasil, cerca de 2 a 5% dos recém-nascidos brasileiros apresentam algum


defeito congênito. Objetivo: Descrever a prontidão motor-oral para alimentação e as
alterações de deglutição em lactentes com cardiopatias congênitas e síndromes
genéticas. Métodos: Estudo prospectivo, descritivo, observacional. Relato de caso de
quatro lactentes com cardiopatia congênita, diferentes diagnósticos sindrômicos e
suspeita de dificuldade de deglutição. No presente estudo foi utilizado o Instrumento de
prontidão do prematuro para início da alimentação oral e um protocolo de avaliação
clínica da deglutição. A Pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o
número 4603/11. Resultados: Dos 4 lactentes, 2 realizaram correção cirúrgica. A idade
mínima variou de 2 dias de vida à 5 meses e oito dias de idade. Três lactentes tinham
cardiopatia congênita acianótica. Na avaliação da prontidão oral 3 lactentes apresentaram
sucção fraca, arrítmica, grupos de sucção inferior a 5 sucções/pausa e 1 lactente
apresentou sucção forte, rítmica e grupos de sucção de 5 a 8 sucções/pausa. O escore de
prontidão variou de 15 à 28 pontos. Na avaliação da deglutição 3 lactentes incoordenaram
a sucção, deglutição e respiração, 2 apresentaram estase de alimento líquido em
cavidade oral, 1 apresentou tosse durante a deglutição. A disfagia orofaríngea foi
identificada em todos os lactentes avaliados. Conclusão: Lactentes com cardiopatia
congênita em associação com síndromes genéticas apresentam risco aumentado de
disfagia orofaríngea. A identificação precoce do distúrbio de deglutição é essencial para
manejo destes pacientes.

114
Avaliação das características anatomofucionais da língua do idoso

Amanda Cibelly Brito Gois; Naiara da Silva Paula, Leandro de Araújo Pernambuco,
Hipólito Virgílio Magalhães Júnior

Introdução: Em indivíduos idosos, os órgãos fonoarticulatórios podem sofrer influência da


diminuição do tônus muscular orofacial, modificação esta que tem possibilidade de
interferir na mastigação, formação do bolo alimentar e deglutição. Dentre as estruturas
orofaciais que participam das funções relacionadas com a alimentação, a língua está
diretamente envolvida durante a realização das ações de mastigar e deglutir e seu
funcionamento também recebe influência do processo de envelhecimento. Objetivo:
Avaliar características anatomofuncionais da língua do idoso. Métodos: Este estudo foi
aprovado pelo comitê de ética e pesquisa em seres humanos da instituição sob CAAE nº
3468.0.000.294-10. Participaram 48 idosos, 11 (22,9%) homens e 37 (77,1%) mulheres,
com faixa etária que variou entre 60 e 96 anos e idade média de 71,4 (± 8,1). Foram
excluídos os idosos com quadro de demência, submetidos à radioterapia e com histórico
de câncer ou malformação de cabeça e pescoço. Após avaliação realizada pelo geriatra,
os voluntários encaminharam-se para a avaliação fonoaudiológica. As variáveis
consideradas nesse estudo foram: condições dentárias, uso de prótese, aspectos
anatômico, postural e pico pressórico de língua. Para avaliação desta última, utilizou-se o
Iowa Oral Performance Instrument (IOPI) ®. Trata-se de um aparelho portátil composto
por um bulbo plástico preenchido com ar que é colocado sobre a língua do paciente para
que este o pressione contra o palato duro e permita a obtenção da pressão exercida pela
língua em kilopascal (kPa). Nesse estudo considerou-se o pico pressórico obtido por meio
da média de três repetições da tarefa de pressão da língua. Para análise dos dados
utilizou-se a descrição de frequências absolutas e relativas, além de medidas de
tendência central e de dispersão. Para testar associação das variáveis sexo e idade com
o pico pressórico, foram aplicados o teste do qui quadrado ou o teste exato de Fisher,
com as variáveis quantitativas dicotomizadas pela mediana, considerando o nível de
significância de 5%. Resultados: Quanto às condições dentárias, 23 (47,9%) indivíduos
eram edêntulos totais, 22 (45,8%) edêntulos parciais e três (6,3%) tinham dentição
funcional. Dos edêntulos totais e parciais, 34 (70,8%) utilizavam próteses. Em relação aos
aspectos anatômicos da língua, observou-se que 32 (66,7%) idosos apresentaram língua
com características normais, 9 (18,8%) geográficas e 7 (14,6%) fissuradas. Em relação à
postura de repouso da língua, foi observado que 35 (72,9%) idosos estavam com o ápice
lingual rebaixado e 36 (75,0%) com o dorso elevado. O pico pressórico dos idosos com
dentição funcional foi de 36,33 kPa (± 19,58); nos edêntulos parciais 38,44 kPa (± 25,05)
e nos edêntulos totais 56,00 kPa (± 20,88). Não houve relação entre o pico pressórico e a
idade ou sexo. Conclusão: A amostra demonstrou maior quantidade de idosos edêntulos,
com predomínio de aspecto anatômico de língua sem alterações, ponta de língua
rebaixada e dorso elevado no repouso e pico pressórico dentro dos padrões de
normalidade para a idade, mas com variações de acordo com a condição dentária. A
idade e o sexo não influenciaram no pico pressórico.

115
Capacitação em disfagia orofaríngea na unidade de terapia intensiva: estudo piloto

Mariana de Toledo Lins; Ana Maria Furkim, Daiane Bassi

Introdução: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é o local dentro do hospital destinado ao


atendimento pacientes graves ou de risco e é comum que esses pacientes apresentem
disfagia. O fonoaudiólogo frente ao paciente com disfagia orofaríngea pode colaborar,
juntamente com a equipe, na melhora clínica do paciente e diminuição do tempo de
hospitalização. A equipe de saúde deve permanecer atualizada para desenvolver a
assistência com segurança e qualidade. Neste sentido, o Ministério da Saúde publicou a
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. A Educação Permanente é feita a
partir dos problemas enfrentados na realidade, levando em consideração conhecimentos
e experiências prévias das pessoas. A capacitação é uma alternativa para “fortalecer
conhecimentos, habilidades, atitudes e práticas”. Um Programa de Educação Permanente
deve promover atualização sobre temas recorrentes em pacientes críticos e compor a
rotina da equipe. Os momentos de troca de experiências, proporcionam o esclarecimento
de dúvidas e construção de uma prática voltada para a atenção integral. Objetivo: Estudo
piloto para avaliar o impacto de uma capacitação disfagia orofaríngea com uma equipe da
UTI. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, exploratório com análise quantitativa
dos resultados, sendo a população pesquisada formada pela equipe da Unidade de
Terapia Intensiva (UTI). Os profissionais que aceitaram participar da capacitação
preencheram um questionário antes, e o mesmo questionário logo após o curso com
duração de 4 horas. Resultados: Participaram da pesquisa 7 profissionais da equipe
sendo 5 enfermeiros, 1 nutricionista e 1 técnica de enfermagem. Nenhum dos
profissionais havia participado de algum curso de capacitação em disfagia. Na amostra
estudada, todos os profissionais já conheciam alguns fatores de risco para disfagia, antes
da capacitação, e após o curso, 2 (28%) acrescentaram etilismo e 1 (14%) diabete
mellitus ao grupo de risco. Antes da capacitação, 4 (57%) não consideravam “voz
molhada” um sinal de broncoaspiração enquanto que após a capacitação, 5 (71%)
assinalaram todos os sinais de broncoaspiração, inclusive “voz molhada”. Apenas 2 (28%)
profissionais reconheciam todos os sinais de disfagia listados e após o curso, 6 (86%)
marcaram todos os sinais de disfagia descritos. Foram realizadas 5 questões utilizando
escala de Likert que informa o grau de concordância ou discordância em relação a cada
afirmativa. Em todas as afirmativas sobre condutas com pacientes disfágicos, o
profissional deveria marcar a alternativa que discordava completamente com a afirmação
dada. Antes da capacitação essa resposta foi marcada em 67% das vezes e depois da
capacitação 93% das vezes. Quando perguntados se sentiam preparados e seguros em
relação aos cuidados com o paciente disfágico, antes da capacitação, 57% discordavam
parcialmente desta afirmação, 29% discordaram parcialmente e 14% concordaram
parcialmente. Após a capacitação, 86% concordaram parcialmente com esta afirmação.
Conclusão: A capacitação pode ser uma alternativa eficiente para envolver a equipe de
uma UTI e discutir sobre condutas com os pacientes com disfagia desde que seja voltada
para a prática e considere as vivências, experiências e a colaboração de cada profissional
da equipe interdisciplinar.

116
Contribuição precoce da fonoaudiologia em um protocolo institucional no AVE

José ribamar do Nascimento Junior; Juliana Medeiros Viana, Roberta Souza Guimarães,
Ana Maria Furkim

Introdução: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é definido segundo a Organização


Mundial de Saúde como “um sinal clínico de desenvolvimento rápido de uma perturbação
focal da função cerebral de possível origem vascular e com mais de 24 horas”. A
prevalência dos distúrbios da deglutição tem sido avaliada em pacientes internados,
incluindo quadros nosológicos indiscriminados, com percentual em torno de 12%5.
Diversos estudos que abordaram os aspectos epidemiológicos e história natural da
disfagia, associada a quadros vasculares encefálicos agudos, apontam para uma
incidência em torno de 50% para distúrbios da deglutição. A alimentação é um ponto de
grande importância a partir da fase aguda para a fase crônica, em termos de minimizar as
complicações e manter a qualidade de vida. A incidência de quadros de pneumonias
podem variar de 7% a 29% em indivíduos com AVE diagnosticados com disfagia,
dependendo do método de identificação, início e local das lesões. A elaboração de
protocolos visa garantir a qualidade do que está sendo oferecido, além de permitir a
aplicação do conceito de atuação baseada em evidências contribuindo para uma melhor
assistência principalmente de forma precoce. Objetivo: descrever e caracterizar a
assistência fonoaudiológica em um protocolo institucional para pacientes com AVE de
origem isquêmica nas primeiras 24horas e a escala funcional de ingestão por via oral
(FOIS) no início e no final do acompanhamento fonoterápico. Metodologia: foi realizado
um estudo retrospectivo através do levantamento dos prontuários de 115 pacientes (75M
e 40F) com diagnóstico médico de AVEi, incluidos em um protocolo institucional de um
hospital Geral de São Paulo, Brasil, no período de janeiro de 2010 à março de 2012.
Resultados: Pôde-se observar que 22% encontravam-se com via alternativa de
alimentação prévia à avaliação fonoaudiológica; 59% em jejum aguardando avaliação
para determinação da conduta sobre alimentação e 31% com alimentação por via oral
liberada antes da avaliação. Dos pacientes avaliados, 38% foram diagnosticados com
Disfagia Orofaríngea Neurogênica e 62% classificados como deglutição funcional/normal.
Dos pacientes que foram enquadrados para acompanhamento/reabilitação
fonoaudiológica (evolução de consistência e/ou terapia direta/indireta), destes 54%
encontravam-se em jejum previamente a avaliação não podendo ser calculado o valor na
escala FOIS; 24% com FOIS >> 4; 22% FOIS << 3; após reabilitação fonoaudiológica,
84% apresentaram FOIS >> 4 e 16% com FOIS << 3. Conclusão: O atendimento
fonoaudiológico nos pacientes com AVEi precocemente através da inserção deste
profissional em um protocolo específico, aplicado para que seja evitado possíveis
complicações na fase aguda da doença, como broncoaspiração, é fundamental para uma
melhor segurança do paciente frente a alimentação e seu prognóstico de reabilitação.
Vale a pena ressaltar que alguns pacientes que após acompanhamento/reabilitação
fonoaudiológica permaneceram com FOIS << 3 não apresentavam condições de via oral
exclusiva e de forma segura, sendo assim garantida uma melhor qualidade de vida dentro
dos limites terapêuticos.

117
Correlação entre os sinais de risco para disfagia orofaringea infantil

Aline Poliana Schmatz; Roberta Gonçalves da Silva, Sandra Regina Gimeniz-Paschoal

Introdução: A disfagia orofaríngea infantil está associada a inúmeros fatores, como o


aumento do tempo de internação hospitalar e a necessidade de cuidados especializados.
Este sintoma pode ser identificado precocemente por meio de instrumentos de rastreio
que valorizem seus sinais e sintomas, o que pode desencadear rapidez no diagnóstico e
medidas prognósticas favoráveis à qualidade de vida do indivíduo disfágico. Objetivo:
Verificar a correlação entre os sinais de risco para a disfagia orofaríngea infantil. Método:
Estudo clínico transversal observacional, realizado em uma Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal e enfermaria pediátrica de um hospital público municipal. Participaram 53
crianças, sendo 27 do gênero masculino e 26 do gênero feminino, com idade entre um dia
a um ano e cinco meses, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido pelos responsáveis. Foi elaborado e aplicado Protocolo de Rastreio para o
Risco de Disfagia Orofaríngea Infantil. Para análise dos dados foi utilizado o teste
estatístico de Correlação de Spearman. O projeto foi aprovado por Comitê de Ética em
Pesquisa (Parecer 0364/2011). Resultados: Verificou-se correlação moderada entre a
presença de choro e dificuldade na sucção (0,57) e a presença de engasgo se
correlacionou com presença de choro (0,54); o tipo de alimentação teve correlação
moderada com a presença de escape oral anterior do alimento (0,57), presença de tosse
(042) e presença de engasgo (0,41); a presença de pneumonia mostrou correlação
moderada com a necessidade de suporte ventilatório (0,41). Conclusão: Houve correlação
moderada entre distintos sinais de risco na disfagia orofaríngea infantil. Os sinais de risco
que apresentam correlações entre si podem indicar os indícios mais fortes de disfagia
orofaríngea na população estudada, indicando aos profissionais de saúde a necessidade
de valorização desses sintomas.

118
Deglutição e válvula fonatória: um estudo de caso

Lisiane Lieberknecht Siqueira; Émille Dalbem Paim,Gabriela Decol Mendonça, Ana Clara
Varella

Introdução: A traqueostomia (TQT) é um procedimento cirúrgico, e é indicada em casos


em que há obstrução respiratória. A TQT possui alguns benefícios, entretanto ainda sim,
causa alguns impactos negativos no organismo, como: ciclo respiratório incoordenado;
entrada de ar diretamente a via aérea, maior fixação laríngea, o que provoca alteração no
processo da deglutição; dentre outros. A válvula de fala tem a finalidade de melhorar a
comunicação, higienização e umidificação das vias aéreas dos pacientes em uso de
traqueostomia, minimizando assim os impactos negativos que esta causa. Estudos
elegem a videofluoroscopia como o melhor exame, para identificação do distúrbio da
deglutição. Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho é analisar a deglutição de um
paciente traqueostomizado com e sem válvula de fala através da videofluoroscopia, a fim
de evidenciar os benefícios da válvula de fala na deglutição do paciente em questão.
Após a assinatura do consentimento informado, pelo responsável, foi utilizado um exame
de videofluroscopia do banco de dados do serviço de fonoaudiologia. O exame refere-se a
um bebê do gênero masculino, de 1 ano e 7 meses, portador de escoliose congênita,
diastematomielia e medula presa, hipotireoidismo, sem alterações neurológicas, em uso
de traqueostomia com válvula de fala (VF) Passy-Muir e gastrostomia. O paciente foi
encaminhado para exame pelo pediatra para liberação de alimentação via oral. Durante o
exame de videofluoroscopia, além da avaliação comumente realizada, testando-se várias
consistências, para avaliação da fase oral e faríngea da deglutição, foi observada se a
deglutição das consistências líquida e pastosa fina testadas sofriam influencia com o uso
da válvula de fala. Observou-se os seguintes aspectos: na consistência pastosa fina, com
o uso da válvula de fala, na fase oral observou-se melhora do controle e propulsão do
bolo e pouco escape prematuro posterior e reação de deglutição ocorrendo em valéculas.
Na fase faríngea com o uso da VF observou-se diminuição do tempo no trânsito
faringoesofágico, sendo este mais rápido, limpeza após deglutição, não sendo observada
presença de estase em valécula. Com a consistência líquida não foi observada diferença
significativa com e sem o uso da válvula. Observou-se que neste paciente em questão a
válvula de fala melhorou o padrão de deglutição na consistência pastosa fina. Evidenciou
que para este paciente a válvula de fala é eficaz, pois diminuiu os riscos de penetração e
aspiração melhorando com isso a qualidade de vida do paciente.

119
Descrição de habilidades funcionais de crianças com encefalopatia crônica não
progressiva – um estudo comparativo

Lourdianny Melo Barros; Francelise Pivetta Roque, Ana Paula Cajaseiras de Carvalho

Introdução: A encefalopatia crônica não progressiva (ECNP) é uma doença do sistema


nervoso que pode causar implicações no desenvolvimento do movimento, postura e
tônus. Escalas e classificações funcionais têm se demonstrado úteis na aplicabilidade
clínica e epidemiológica, porém observa-se escassez de estudos com a população infantil
que relacionem alimentação com outras habilidades funcionais. Objetivo: classificar as
habilidades funcionais (alimentação, utensílios de alimentação, instrumentos, de crianças
com ECNP, por meio da aplicação do Inventário de Incapacidade Pediátrica (PEDI),
comparando o desempenho funcional destas a de crianças com desenvolvimento típico.
Metódos: A amostra foi composta por 60 crianças, sendo 30 com diagnóstico de ECNP e
30 com DNPM típico para a sua faixa etária, pareadas por sexo e idade. Para descrição
da funcionalidade quanto à alimentação (texturas e utensílios), higiene oral e linguagem
oral, realizou-se entrevista junto aos cuidadores, cujas questões foram baseadas nos
itens Autocuidado e Função Social do PEDI. Resultados: a maioria das crianças foi do
sexo masculino e alimentavam-se exclusivamente por via oral. Dos cuidadores
entrevistados, a maioria eram mães das crianças, tendo-se observado a participação de
apenas um cuidador do sexo masculino. Apenas a crianças com ECNP apresentaram
inabilidade importantes para ingestão de alimentos (pontuação 1 no item Texturas), tendo
a maioria das crianças com DNPM típico obtido pontuação máxima – 4. Quanto ao uso
funcional da comunicação, houve limitação das crianças neuropatas para essa tarefa,
representadas por pontuações menores do que as das crianças com DNPM típico.
Embora não tenha sido observada diferença significante, as crianças com ECNP, quando
comparadas às com DNPM típico, solicitaram mais ajuda/participação do cuidador
durante as atividades de alimentação e comunicação. Conclusão: A identificação da
funcionalidade é indispensável para se propor condutas/cuidados específicos de
indivíduos ou populações acometidas por certas doenças de base ou incapacidades,
assim como para subsidiar a elaboração de políticas de atenção à saúde destinadas a
esse público-alvo.

120
Desempenho de adultos jovens no teste de deglutição de 100 ml de água

Marluce Nascimento de Almeida; Joana Cristina Vasconcelos da Silva, Jussier Rodrigues


da Silva, Jéssica Nazita Silva e Lima, Wellyda Cinthya Felix Gomes da Silva, Anne da
Costa Alves, Renata Veiga Andersen Cavalcanti, Leandro de Araújo Pernambuco

Introdução: o conhecimento do mecanismo fisiológico natural da deglutição em todas as


fases da vida é essencial para subsidiar o diagnóstico, avaliação e conduta terapêutica
em disfagia. O teste da deglutição de 100 mililitros (ml) de água é um procedimento
clínico simples, rápido e de baixo custo, que tem como proposta avaliar o desempenho do
indivíduo durante a deglutição de uma determinada consistência e volume. O teste
fornece medidas clínicas quantitativas a partir da obtenção do número de deglutições e do
tempo gasto para deglutir, por isso, pode ser uma opção complementar na compreensão
da fisiologia da deglutição, bem como um instrumento auxiliar na avaliação e
monitoramento terapêutico em disfagia orofaríngea. Objetivo: Caracterizar o desempenho
de adultos jovens assintomáticos no teste de deglutição de 100 ml de água. Métodos:
Foram incluídos neste estudo, 33 adultos jovens, sendo 7 (21,2%) homens e 26 (78,8%)
mulheres, sem queixas relacionadas à deglutição, com idades entre 19 e 25 anos
(20,67±3,0). O teste foi realizado com o voluntário sentado confortavelmente em uma
cadeira, enquanto deglutia 100 ml de água em um copo plástico transparente. O
voluntário foi instruído a deglutir de forma natural todo o volume. O procedimento foi
filmado na visão lateral para posterior análise, considerando como limite superior da
imagem o ápice do nariz e como limite inferior a região clavicular. Os vídeos foram
posteriormente analisados e foram obtidas inicialmente duas medidas: o tempo para
deglutir todo o volume e o número de deglutições. O tempo para deglutir foi cronometrado
a partir do momento em que a água tocava no lábio superior, e terminava quando a
laringe retornava à sua posição habitual. O registro do número de deglutições foi realizado
a partir de inspeção visual do movimento vertical da laringe durante a filmagem. A partir
dessas duas variáveis foram obtidas outras três medidas: volume por deglutição
(100ml/número de deglutições realizadas), a capacidade de deglutição (100ml/tempo em
segundos) e a velocidade de deglutição (tempo para deglutir/número de deglutições). A
análise estatística dos dados considerou a média e o desvio padrão das cinco variáveis
do teste de 100 ml. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres
Humanos da instituição sob o número CAAE 01996812.0.0000.5292. Resultados: As
médias da amostra total foram: número de deglutições = 9(±2,46); tempo total para
deglutir todo o volume = 14,26(±5,42) segundos (s); volume por deglutição = 11,95(±4,22)
ml; capacidade de deglutição = 7,93(±2,81) ml/s; velocidade de deglutição = 1,61(±0,52)
s. No sexo feminino as médias foram: número de deglutições = 9,08(±2,63); tempo total
para deglutir = 15,05(±5,74) s; volume por deglutição = 11,92(±3,46) ml; capacidade de
deglutição = 7,56(±2,83) ml/s; velocidade de deglutição = 1,69(±0,55) s. No sexo
masculino: número de deglutições = 8,71(±1,79); tempo para deglutir = 11,36(±2,68) s;
volume por deglutição = 12,10(±3,60) ml; capacidade de deglutição = 9,29(±2,44) ml/s;
velocidade de deglutição = 1,31(±0,22) s. Conclusão: Foi possível caracterizar o
desempenho de adultos jovens assintomáticos durante a deglutição de 100 ml de água.

121
Dificuldade de alimentação em pacientes internados pela clínica médica de onco-
hematologia

Bárbara Sandrin Abarzúa; Mariana de Toledo Lins, Ana Maria Furkim

Introdução: Pacientes internados em clínicas de onco-hematologia em virtude da doença


de base são submetidos a diversos tipos de tratamentos agressivos. Os tratamentos de
câncer podem incluir radioterapia, quimioterapia e intervenções cirúrgicas. A Radioterapia
pode promover alterações e sequelas como a xerostomia, osterradionecrose, mucosite e
a candidose. Além das alterações já citadas quando submetido à quimioterapia o paciente
pode ter sangramento gengival, herpes labial e odontoalgia. Em alguns procedimentos
cirúrgicos a que são submetidos esses pacientes, há necessidade de intubação
orotraqueal (IOT). Quando o tempo dessa assistência ventilatória é prolongado, podem
ocorrer lesões em cavidade oral, faringe, laringe e diminuição de sensibilidade local.
Essas alterações podem ocasionar a disfagia orofaríngea e levar a desnutrição,
pneumonia aspirativa e piora no quadro clínico do paciente. Pacientes da onco-
hematologia podem não ter disfagias orofaríngeas justificadas por suas doenças de base,
mas a condição de internação prolongada, os procedimentos invasivos e com efeitos
colaterais podem ocasionar dificuldades na alimentação. Objetivos: Avaliar os sinais e
sintomas de dificuldade de alimentação em pacientes internados pela clínica médica de
onco-hematologia. Métodos: Estudo retrospectivo realizado com 14 pacientes internados
submetidos à triagem universal da deglutição na clínica médica de onco-hematologia. Os
pacientes responderam a um questionário e foram submetidos à avaliação funcional da
deglutição, e estes dados foram comparados. O questionário consiste em saber se o
paciente alimenta-se bem, se fez modificações na dieta e se tem vontade de comer. A
avaliação funcional foi realizada com as consistências líquida, néctar, mel, pudim e sólida.
Resultados: Em relação ao questionário sobre a alimentação, 92,8% relataram se
alimentar bem e 7,2% responderam que não se alimentavam bem. Quanto a alterações
na dieta - postura, consistência, volume e utensilio, 14,3% necessitam umedecer os
alimentos e 85,7% não alteraram suas dietas. Nove pacientes (71,5%) relataram vontade
de comer, 28,5% relataram inapetência. Em relação à avaliação funcional da deglutição,
10 pacientes (71,5%) passaram e não apresentaram nenhum sinal e sintoma para
disfagia e broncoaspiração. Quatro pacientes (28,5%) falharam sendo que: 3 (75%)
apresentaram resíduo em cavidade oral após a deglutição da consistência sólida; 1 (25%)
apresentou tosse, voz molhada, pigarro e voz molhada para a consistência sólida e 1
(25%) apresentou tosse, pigarro e desconforto para a consistência líquida. Conclusão:
Apesar da maioria dos pacientes internados na clínica médica de onco-hematologia não
terem risco de disfagia e broncoaspiração, o rastreio universal pode ser eficaz para
detectar possíveis consequências de efeitos adversos dos tratamentos. Alguns
medicamentos e procedimentos como a quimioterapia e radioterapia podem causar
alterações como inapetência e xerostomia afetando a alimentação. Assim o
fonoaudiólogo, após detectar dificuldades na alimentação, poderá sugerir mudanças na
postura, consistência, volume e utensílio que tragam mais segurança, eficácia e conforto
ao paciente.

122
Dificuldades alimentares em uma doença reumatologica: relato de caso

Luciana Dantas Lopes; Sílvia Elaine Zuim de Moraes Baldrighi, Milena Cabral de Lima,
José Caetano Macieira, Leylane Fonseca Almeida

Introdução: A Esclerose Sistêmica (ES) é uma doença difusa do tecido conjuntivo que
afeta primariamente a pele e os órgãos internos. Acometimento do trato digestivo tem sido
descrito em mais de 90% dos pacientes e o esôfago está frequentemente afetado, sendo
que a musculatura lisa distal deste constitui a porção mais afetada, com evidência, à
manometria, peristalse diminuída ou ausente e diminuição da pressão do esfíncter
esofágico inferior. Objetivo: Relatar a dificuldade alimentar de uma paciente portadora da
Esclerose Sistêmica. Método: Relato de caso de uma paciente do gênero feminino, 45
anos, portadora de ES há 16 anos. Encaminhada do serviço de Reumatologia de um
Hospital Universitário, para acompanhamento fonoaudiológico por apresentar
comprometimento da deglutição caracterizado por engasgos e limitação importante da
abertura oral. Foi utilizado o Protocolo de Avaliação do Risco para Disfagia – PARD
(adaptado) proposto por Padovani et al. (2007), para a prova do teste de deglutição da
água, e o protocolo MBGR, 2009 (adaptado) para o exame miofuncional orofacial. Os
achados clínicos foram correlacionados com o exame de Manometria Esofágica e Raio-x
do Esôfago. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos sob nº 0132.0.107.000-10, seguindo a Resolução 196/96 (BRASIL. Resolução
MS/CNS/CNEP nº 196/96). Resultados: Paciente há cinco anos, alimenta-se
exclusivamente de líquido, outras consistências causam-lhe dificuldades respiratórias e
presença de refluxo. Após a avaliação verificou-se microstomia (30 mm), recessão
gengival, utilização de prótese parcial removível superior, ausência de selamento labial e
restrição da musculatura orofacial. O exame da manometria esofágica revelou
hipocontratilidade de corpo esofágico e hipotonia do esfíncter inferior do esôfago.
Enquanto que no raio-x observou-se retardo no esvaziamento esofágico e dilatação
mínima/moderada da luz esofágica. Portanto, a musculatura lisa distal do esôfago
constitui a porção mais afetada, com evidência, à manometria, de peristalse diminuída e
diminuição da pressão do esfíncter esofágico inferior. Durante a avaliação de líquido,
deglutiu gole a gole, apresentou escape oral anterior, tempo de trânsito adequado (devido
deglutir gole a gole), única deglutição, ausência de refluxo nasal, ausculta cervical
alterada, voz rouca, e ausência de tosse ou engasgo no momento da avaliação. Laringe
elevada aparentando rigidez e crepitação. Conclusão: Nos casos de pacientes
esclerodérmicos é de suma importância a avaliação da deglutição, devido à presença de
sinais e sintomas de disfagia.

123
Disfagia neurogênica em adultos: estudo sobre protocolos de avaliação

Jéssica Marchiori; Iara Bittante de Oliveira, Melina Martins Chinen,, Laís Helena Lange
Machado

Introdução: A dificuldade, desconforto ou inabilidade de transportar o bolo alimentar


recebe o nome de disfagia, e pode ser classificada em níveis de acordo com sua
gravidade. A fonoaudiologia é a ciência habilitada no estudo funcional da deglutição,
responsável pela reabilitação dos pacientes disfágicos. Objetivo: Analisar e comparar
protocolos contidos em publicações científicas que visam avaliar a disfagia neurogênica
em adultos. Métodos: Foram selecionados artigos do período de 2007 a 2013 captados
por meio de descritores retirados com base no DECs, a saber: deglutição, disfagia,
transtornos de deglutição, avaliação/métodos, Fonoaudiologia e os termos em inglês:
deglutition, deglutition disorders protocols. Foram consultadas as bases Medline, Scielo,
Lilacs e Pubmed e encontrados 31 artigos que se referiam a disfagia neurogênica em
adultos e estudados os resumos para se proceder à seleção. Dos artigos captados 10
foram selecionados para avaliação mais detalhada, por conterem como tema principal
protocolos de avaliação da disfagia. Com estes foi realizada uma análise aprofundada
estudando-se seus objetivos, metodologia, resultados e conclusões com destaque ao
estudo dos procedimentos relacionados a protocolos de avaliação de pacientes
neurológicos disfágicos. Resultados: Verificou-se que os estudos utilizaram os seguintes
protocolos: Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD),
Escala Funcional de Ingestão por Via Oral (FOIS), Protocolo Para Controle De Eficácia
Terapêutica em Disfagia Orofaríngea Neurogênica (PROCEDON), Functional Oral
Intake,The Burke Dysphagia Screening Test (BDST) e Protocolo Fonoaudiológico de
Introdução e Transição da Alimentação por Via Oral para pacientes com risco de disfagia
(PITA). Artigos selecionados avaliaram disfagia (8,6%), patologias associadas à disfagia
(25,6%), métodos de avaliação fonoaudiológica (30,7%), condutas fonoaudiológicas
(24,1%). Os quadros patológicos de maior ocorrência para disfagia foram decorrentes de
Acidentes Vasculares Encefálicos (AVE), Traumatismos Cranioencefálicos (TCE) e de
quadros de Demências. Estudos de revisão bibliográfica foram os de maior ocorrência
(29%), seguidos de caso-controle (22,6%) e estudos de caso (12,9%). Com a comparação
de protocolos obteve-se que grande maioria dos estudos refere à videofluoroscopia como
útil no diagnóstico de aspiração, sempre acompanhada de testes clínico-funcionais. Foi
considerada como importante uma avaliação prévia à videofluoroscopia, observando-se
critérios clínicos como: tempo de extubação maior que 24 horas, paciente clinicamente
estável e em estado de alerta. Para que a deglutição seja avaliada é sugerida a utilização
de diferentes consistências (líquidos em consistência fina e espessada, pastoso e sólido),
com a oferta monitorada através de ausculta cervical, oximetria de pulso e também
monitoramento vocal. Os estudos apontaram utilização de volumes variados escolhidos
entre 3, 5, 10 ou 15 ml. As maiores divergências encontradas são referentes à
consistência e volumes ofertados durante a avaliação. Conclusão: Os estudos defendem
que o exame clínico da disfagia neurogênica deve conter anamnese detalhada,
acompanhada pela avaliação do estado de consciência e desempenho do paciente antes
da oferta do alimento. Conclui-se que, a avaliação clínica completa da deglutição de
pacientes com distúrbios neurológicos, em que a videofluoroscopia está incluída é
necessária e importante para o melhor desempenho do trabalho fonoaudiológico futuro
para a reabilitação do paciente.

124
Disfagia orofaríngea neurogênica: análise de protocolos de videofluoroscopia
nacionais e norte-americanos

Patricia Dorotéia de Resende; Juliane Borges Dobelin, Iara Bittante de Oliveira

Introdução: A videofluoroscopia da deglutição é um método diagnóstico objetivo e


funcional, que possibilita a visualização das estruturas anatômicas e fisiológicas da
deglutição, em que é possível uma análise da deglutição, em seus diferentes momentos.
Os protocolos utilizados para videofluoroscopia da deglutição avaliam, possibilitam
caracterizar e graduar a intensidade das disfagias, mas não existe uma padronização
entre eles. Objetivo: analisar e comparar uso de protocolos nacionais e norte-americanos
para videofluoroscopia da deglutição em pacientes com histórico de acidente vascular
encefálico (AVE) discutindo-se formas de aplicação. Metodologia: revisão de literatura que
analisou artigos brasileiros e norte-americanos com relação a procedimentos para
videofluoroscopia, para avaliação da deglutição de sujeitos que sofreram acidente
vascular encefálico. Para a seleção obedeceram-se os seguintes critérios: artigos
nacionais e norte-americanos publicados no período entre 2003 e 2013; artigos que
descreveram a aplicação dos exames de videofluoroscopia e que recomendaram
procedimentos analisando-se a eficácia da videofluoroscopia. Foram consultados os
bancos de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System (MEDLINE), Scientific
Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde LILACS e consultada a relação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS)
para seleção de descritores em português e em inglês como por exemplo: transtornos de
deglutição/ deglutition disorders; fluoroscopia/ fluoroscopy; e acidente vascular cerebral
/stroke entre outros.Os artigos foram analisados e categorizados com base em Bardin
(2004) que visa descrever estudos de forma objetiva e sistemática.Resultados:
Encontrados 17 artigos que atenderam aos critérios de inclusão, sendo nove (53,0%)
norte-americanos e oito (47,0%) nacionais. Desses, buscou-se comparar metodologias
quanto aos procedimentos para realização das videofluoroscopias, tais como
posicionamento para o exame, consistências e quantidades (em mililitros) de oferta de
bolo, tipos de utensílios utilizados e ainda, verificar quais os modelos teóricos em que os
procedimentos se basearam. Observou-se que os estudos nacionais (62,5%) não relatam
quantidades em mL oferecidas, enquanto todos os artigos norte-americanos detalharam
as quantidades (variaram entre 5 e 15ml); tipos de alimento e suas consistências foram
detalhadas em todos os estudos internacionais o que ocorreu somente em um artigo
nacional (12,5%) porém, não citando o tipo de alimento. Quanto à posição do paciente
durante o exame, 75,0% dos artigos nacionais não relataram tal procedimento enquanto
89,0% dos norte-americanos o fizeram. Os utensílios para oferta do bolo são citados em
44,0% dos norte americanos e em apenas 12,5% dos nacionais. Quanto à escala de
penetração 56% dos artigos norte-americanos e 75% dos nacionais não citam critérios
para a graduação, citando que há variações conforme o tipo de AVE. Grande parte dos
artigos traz como referência o protocolo de Logemann (1983), porém verificam-se
divergências quanto à aplicação. Conclusão: a maioria dos artigos nacionais não traz
metodologia suficientemente descrita já os norte-americanos o fazem de forma mais
detalhada. Percebe-se, no entanto que em ambas as situações não há padronização para
procedimentos em avaliação videofluoroscópica tanto nacional como norte americana.

125
Disfagia orofaríngea no indivíduo cardiopata pós-acidente vascular encefálico
submetido à intubação orotraqueal

Tatiana Magalhães de Almeida; Paula Cristina Cola, Daniel Magnoni, João Italo Dias
França, Roberta Gonçalves da Silva

Introdução: O acidente vascular encefálico (AVE) é uma alteração neurológica comum no


indivíduo cardiopata, sendo alta a incidência de disfagia orofaríngea nesta doença. Um
dos fatores preditivos, presentes nesta população, e já demarcados na disfagia
orofaríngea, é a intubação orotraqueal (IOT). Levando em consideração esses dois
fatores no indivíduo cardiopata, torna-se relevante investigar esta associação. Objetivo:
Este estudo tem por objetivo descrever os sinais clínicos sugestivos de penetração e/ou
aspiração em cardiopatas com acidente vascular encefálico submetidos à IOT. Métodos:
Trata-se de estudo clínico observacional transversal descritivo e retrospectivo. Realizada
coleta de dados de todos os protocolos de avaliação clínica fonoaudiológica de indivíduos
cardiopatas com AVE atendidos pela equipe de fonoaudiologia entre Setembro de 2012 a
Abril de 2013, em Instituto de Referência de Cardiologia do Estado de São Paulo. Foram
avaliados clinicamente 41 indivíduos e estes foram divididos em 3 grupos. O grupo I
constou de 19 (46,3%) indivíduos não intubados formando o grupo controle, o grupo II de
15(36,6%) indivíduos intubados mais de 24 horas e o grupo III de 7 (17,1%) indivíduos
que foram intubados por mais de 15 dias e evoluíram para traqueostomia. Excluídos
indivíduos com intubação inferior a 24 horas e os com seqüelas neurológicas prévias.
Foram considerados sinais clínicos sugestivos de penetração e/ou aspiração
laringotraqueal a alteração na qualidade vocal, ausculta cervical alterada, tosse antes,
durante e após a deglutição, engasgo e alteração na dinâmica respiratória. Resultados:
Verificou-se que no grupo I(não intubados) 46,7% dos indivíduos apresentaram sinais
clínicos sugestivos de penetração e /ou aspiração, no grupo II (intubação maior que 24
horas) foram observados os sinais em 92,9% dos indivíduos e no grupo III
(traqueostomizados) 100 % dos pacientes apresentaram os sinais clínicos sugestivos de
penetração e/ou aspiração (p=0, 004). Conclusões: Constatou-se que a intubação
orotraqueal e a traqueostomia tiveram impacto clinico significativo nesta população
aumentando os sinais clínicos sugestivos de penetração e/ou aspiração laringotraqueal.

126
Disfagia: revisão sistemática em periódicos brasileiros

Patrícia Valente Moura Carvalho; Emília Larissa Andrade Gois, Erika Mendes Estevam,
Rachel Ferreira Loiola

A disfagia é toda a dificuldade para deglutir que pode vir a ocorrer devido a causas
neurológicas ou estruturais, apresentando-se como sintoma de alguma doença de base.
O fonoaudiólogo é o profissional especializado para avaliar, diagnosticar e tratar a
disfagia. Para realização desta pesquisa foi feito levantamento bibliográfico de estudos
publicados em periódicos nacionais de Fonoaudiologia. O objetivo da pesquisa foi buscar
publicações que continham no título e/ou nos descritores os termos “deglutição” e/ou
“disfagia”. Foram encontrados 42 publicações sobre o tema. No ano de 2010 foi publicada
a maioria dos artigos (26,19%). Em todas as publicações houve a autoria de
fonoaudiólogos, sendo que em 28 (66,66%) os autores eram exclusivamente
fonoaudiólogos. Foram encontrados seis artigos de revisão (11,90%) e 36 artigos originais
(85,71%). Quanto à etiologia da disfagia, 14 artigos citaram causas estruturais (33,33%) e
23 artigos citaram causas neurológicas (54,76%). A disfagia orofaríngea foi abordada em
30 artigos (71,42%); a disfagia esofágica em três artigos (7,14%). A maior parte das
publicações foi sobre avaliação e/ou diagnóstico (66,66%). Os idosos constituíram a faixa
etária mais pesquisada (40,47%). Apenas 11 estudos utilizaram algum tipo de protocolo.
A disfagia foi associada a alterações ou doenças de base em 66,66% das publicações,
sendo as doenças mais citadas a Paralisia Cerebral e o Acidente Vascular Encefálico.
Pode-se observar nitidamente o crescimento da atuação fonoaudiológica em disfagia nos
últimos anos, principalmente na disfagia orofaríngea de base neurológica. Porém,
percebe-se ainda a carência da interdisciplinaridade e da estruturação dos atendimentos
através de protocolos.

127
Efeito dos exercícios vocais e respiratórios no comportamento da laringe e esôfago

Aline Nogueira Gonçalves; Irene de Pedro Netto, Simone Aparecida Claudino Silva,
Luciana Dall´Agnol Siqueira, Danyellë Sardinha de Oliveira, Douglas Barbosa, Paula
Angelica Lorenzon Silveira, Elisabete Carrara-de Angelis, Juliana Chiancone FranzottiI

Introdução: Ainda há falta de fundamentos científicos sobre as técnicas usadas na


reabilitação da deglutição. O objetivo desse estudo foi investigar o comportamento
laríngeo e do esfíncter esofágico superior, assim como a intensidade da contração dos
músculos supra e infra-hióideos durante os exercícios vocais e respiratórios. Método:
Através de um estudo piloto prospectivo observacional foi realizado exame laringológico
associado à eletromiografia de superfície em 20 sujeitos saudáveis do sexo feminino. Os
sujeitos realizaram 15 performances vocais e tarefas respiratórias com diferentes
dispositivos, incluindo tubos de ressonância, Respiron® Classic e Shaker® Classic. A
laringe e a abertura do esfíncter esofágico foram analisadas por 3 fonoaudiólogas. A
amplitude e o padrão gráfico da atividade das musculaturas supra-hióidea (canal 1) e
infra-hióidea (canal 2) foram obtidos durante as tarefas. Resultado: Todas as tarefas
mostraram contração das musculaturas supra e infra-hióidea, mas os exercícios de força
muscular expiratória e de trato vocal semi-ocluído com bochechas infladas demonstraram
maior abaixamento laríngeo e elevada abertura do esfíncter esofágico superior. A maior
intensidade da contração muscular dos músculos supra-hióideos foi obtida durante os
exercícios com Respiron® Classic (carga 3: 28,8µV ± 14,8), Shaker® Classic (27,3 µV ±
11,6 µV) e tubos de ressonância com as bochechas infladas (27,5 µV ± 13,1 µV e 26,3 µV
± 12,8 µV). Quando as tarefas foram realizadas com as bochechas infladas a musculatura
infra-hióidea apresentou maior intensidade de contração. Conclusão: A compreensão
sobre a fisiologia do mecanismo das tarefas vocais e respiratórias pode direcionar
pesquisas futuras para determinar se esses exercícios são efetivos no tratamento das
disfagias.

128
Efeitos da toxina botulínica na redução de saliva na esclerose lateral amiotrófica

Amanda Almeida Batista; Marília Pinheiro de Brito Pontes, Safira Lince de Medeiros,
Patrick Macedo Bezerra, Layse Caroline Camara Muniz, Flávia Horta Azevedo Gobbi,
Maria de Jesus Gonçalves

Efeitos da Toxina Botulínica na redução de saliva na Esclerose Lateral Amiotrófica

Introdução: O acúmulo de saliva na cavidade oral e/ou seu escape ser causado por
alteração de sensibilidade e/ou motricidade oral. Eles podem indicam uma falha
neurogênica na coordenação dos músculos da língua, palato e face que atuam na
primeira fase da deglutição. Tal acúmulo leva a queixas que colaboram para o estigma
social da doença, dificuldade de integração social, e baixa autoestima, acentuando os
quadros de depressão e as dificuldades de reabilitação. Nesta perspectiva, a aplicação da
Toxina Botulínica nas glândulas salivares em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica
(ELA) tem como objetivo bloquear a ação nas fibras autonômicas colinérgicas diminuindo
o acúmulo de saliva e/ou seu escape. Objetivos: Este estudo objetiva discutir o efeito da
aplicação da Toxina Botulínica para redução de saliva e as implicações para o processo
de terapia fonoaudiológica e seus efeitos na interação social e na qualidade de vida do
paciente. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência de uma equipe de
Fonoaudiologia do projeto de extensão Linguagem e comunicação alternativa em
pacientes com desordens neurológicas, em uma clinica escola e no ambulatório de
neurologia de um Hospital Universitário. Foram acompanhadas duas pacientes idosas de
73 e 77 anos, com diagnóstico clínico de ELA bulbar e fizeram a aplicação da Toxina
Botulínica após iniciar a terapia. Foram realizadas avaliações de Motricidade Orofacial e
avaliação clínica da deglutição, com os dados sendo coletados pré e pós-fonoterapia
associada à aplicação de toxina botulínica. O trabalho propõe atividades e orientações
que visam à função de deglutição e, quando necessário, trabalha-se a fala ou a
comunicação alternativa. Resultados: A idade de incidência da doença está de acordo
com a literatura. O comprometimento severo na articulação das palavras e os distúrbios
de deglutição apresentados pelas pacientes caracterizam a ELA de início bulbar. A
salivação em excesso seguida de escape extra-oral ou acúmulo na cavidade oral é um
sinal clínico de dificuldade de deglutição. Nesses indivíduos, é possível observar que o
acúmulo de saliva acelera a dificuldade articulatória e compromete a inteligibilidade da
fala, visto que eles apresentam sempre a preocupação em reter a saliva na cavidade oral.
A presença do ”lenço” na frente da boca é a particularidade que encontramos nesses
sujeitos. Uma das pacientes já apresentava sinais de depressão, como perda da vontade
do convívio social e isolamento, devido ao constrangimento que sentia com a estase e
escape de saliva. Foi possível observar na terapia e no relato das pacientes, que após a
aplicação da Toxina Botulínica ocorreu a diminuição da saliva, melhorando tanto aspectos
de reabilitação fonoaudiológica quanto a autoestima e a relação com seus interlocutores.
Ambas experimentaram significativa melhora dos sintomas e da qualidade de vida,
manifestando o desejo de reaplicação. Conclusão: Os benefícios da aplicação da toxina
botulínica associada à fonoterapia em pacientes disfágicos pode ser uma alternativa para
promover redução do acúmulo de saliva, melhora da função deglutição, melhora a
mobilidade e força das estruturas orofaríngeas e, sobretudo, uma melhora da qualidade
de vida dos pacientes.

129
Eficácia da terapia fonoaudiológica para decanulação em disfágicos

Carolina Marques Castro; Isabella Christina Oliveira Neto, Jaqueline Duarte Guerreiro,
Sheila Almeida Mendes, Luciano Rodrigues Neves, Maria Inês Rebelo Gonçalves

Introdução: Disfagia é qualquer dificuldade no processo de deglutição, com risco ou


ocorrência de aspiração, desnutrição e/ou desidratação. As etiologias mais freqüentes são
alterações neurológicas ou mecânicas. Trata-se de um sintoma que pode causar
prejuízos na condição pulmonar, nutrição e hidratação. Indivíduos traqueostomizados que
apresentam disfagia com broncoaspiração de saliva necessitam manter o cuff inflado.
Quando não há risco de aspiração de saliva, o médico pode optar pela troca da cânula
plástica por metálica ou, até mesmo, pela retirada da mesma. O fonoaudiólogo faz parte
da equipe multiprofissional e é responsável pela reabilitação das disfagias. Objetivo:
Verificar o número de atendimentos necessários para a retirada da cânula de
traqueostomia em indivíduos disfágicos. Método: Estudo observacional, analítico e
retrospectivo baseado no levantamento dos dados de prontuários de indivíduos
traqueostomizados disfágicos atendidos no Ambulatório de Disfagia de um Hospital
Universitário no período de janeiro a dezembro de 2012. Resultado: Foram analisados
prontuários de 20 indivíduos, 8 do sexo feminino, com média de 53,75 anos de idade e 12
do sexo masculino, com média de 47,5 anos de idade. Destes indivíduos, 11 (55%)
apresentavam disfagia neurogênica e nove (45%) disfagia mecânical. Todos os indivíduos
eram traqueostomizados, sendo 14 (70%) em uso de cânula plástica. Destes, 11 (78,57%)
mantinham o cuff inflado. Os indivíduos que faziam uso de cânula plástica com cuff inflado
necessitaram em média de 12,1 atendimentos até a retirada da cânula de traqueostomia.
Entretanto,verificou-se que 3 (21,43%) indivíduos do grupo com cânula plástica e cuff
inflado apresentaram um número de atendimentos elevado (média de 26,66
atendimentos) quando comparados aos demais, sendo que os fatores que influenciaram
na evolução terapêutica destes casos foram rebaixamento do nível de consciência,
depressão e ansiedade. Os demais 8 (72,72%) indivíduos do grupo com cânula plástica e
cuff inflado retiraram a cânula em média em 8,7 atendimentos. A retirada da cânula de
traqueostomia nos 3 (15%) indivíduos com cânula plástica com cuff desinflado ocorreu em
média em 6,6 atendimentos. Seis (30%) indivíduos utilizavam cânula metálica e tais
indivíduos a retiraram em média em 2,3 atendimentos. Conclusão: A retirada da cânula
de traqueostomia ocorreu em média em 12,1 atendimentos em indivíduos com cânula
plástica e cuff inflado, em 6,6 atendimentos para os com cânula plástica com cuff
desinflado e em 2,3 atendimentos em indivíduos com cânula metálica. Ansiedade,
depressão e rebaixamento do nível de consciência contribuíram para o aumento do
número de atendimentos necessários para a retirada da cânula de traqueostomia.

130
Elaboração de protocolo de avaliação da disfagia (PAD) para a população
portuguesa

João Carlos Torgal Batista; Sônia Cristina Cação de Matos, Barbara Macedo Machado,
Maria da Assunção Coelho de Matos, Ana Catarina Borges Bouça

Introdução: O ato de comer é um ato natural que faz parte da interação social e assegura
a nutrição diária e a saúde geral do indivíduo. As perturbações da deglutição e/ou
disfagia, mesmo que sutis, afetam a qualidade de vida de quem as apresenta. Estas
poderão ter como consequência a entrada de alimento na via aérea inferior, com
presença ou ausência de tosse, engasgos, problemas pulmonares e aspiração. Poderão
também provocar défices nutricionais e desidratação, resultando em perda de peso,
pneumonia e óbito. Embora muitos países tenham proposto e validado instrumentos para
a avaliação da disfagia orofaríngea, em Portugal, até à data, não foram encontrados
protocolos de avaliação validados e que permitam efetuar uma avaliação adequada e
completa, sendo utilizadas maioritariamente traduções sem validação ou adaptações de
protocolos já existentes. Objetivo: O objetivo deste estudo foi elaborar um protocolo de
avaliação de disfagia orofaríngea específico para a população adulta portuguesa.
Métodos: Trata-se da primeira fase de um estudo para elaboração e validação de
instrumento de avaliação da disfagia orofaríngea. O Protocolo de Avaliação da Disfagia
(PAD) foi elaborado considerando os protocolos já existentes, mediante a identificação de
pontos comuns discutidos em grupo, e a introdução de itens considerados relevantes. Os
itens foram complementados com sugestões de Terapeutas da Fala com experiência
prática em disfagia orofaríngea (Grupo Português do Estudo da Disfagia - GPED).
Resultados: O PAD é constituído por duas partes: 1. Anamnese e 2. Avaliação e
classificação do grau de risco e gravidade da disfagia. Na primeira, foram incluidos os
itens que permitem conhecer o historial clinico e alimentar do utente, desde a instalação
da doença até à avaliação terapêutica. A segunda constitui numa avaliação clínica da
deglutição, com recurso a diferentes consistências, visando a observação das funções
estomatognáticas, bem como a análise da dinâmica do processo da deglutição, em cada
uma das fases da deglutição, com excepção da fase esofágica. Permite pesquisar se
existe captação ineficiente, escape oral anterior, preparo ineficiente, tempo de trânsito oral
alterado, atraso do reflexo de deglutição, escape para rinofaringe, elevação laríngea
reduzida, auscultação cervical positiva, sinais clínicos de penetração e/ou aspiração. É,
ainda, indagada a presença de outros sinais como deglutições múltiplas, resíduos na
cavidade oral, sensação de estase, cianose, alteração da frequência respiratória e
cardiaca, e da saturação de oxigénio. No final da avaliação, são ainda sugeridas
adequações posturais ou o recurso à utilização de manobras terapêuticas, que devem no
entanto, ser comprovadas com recurso a meios complementares de diagnóstico, os quais
também estão contemplados no protocolo. Desta forma, pode ser determinado o grau de
comprometimento da Disfagia Orofaríngea e o nível funcional da via oral. Conclusões: O
PAD é baseado na experiência prática de um grupo de Terapeutas da Fala e na revisão
da literatura existente acerca da temática da disfagia. Futuramente pretende-se efetuar a
validação do seu conteúdo através de um painel Delphi, fazer a sua validação
psicométrica para a população portuguesa e criar subescalas adaptadas a outros tipos de
disfagia e/ou específicos de outras populações com perturbação da deglutição.

131
Frequência de queixas de deglutição e voz em indivíduos com doença tireoidiana

Marluce Nascimento de Almeida; Leandro de Araújo Pernambuco, Érika Beatriz de Morais


Costa

Introdução: doenças tireoidianas podem dificultar a deglutição e a fonação pela


localização da glândula tireoide e sua relação com estruturas associadas a essas
funções. Nesse sentido, podem surgir transtornos como odinofagia, engasgos, tosse,
rugosidade, soprosidade e fadiga que costumam interferir negativamente na condição de
saúde dos indivíduos, uma vez que limitam sua vida social e laborativa. O relato da queixa
pelos pacientes torna-se essencial para auxiliar o diagnóstico do clínico e a conduta
terapêutica. Objetivos: investigar a frequência de queixa de voz e/ou deglutição em
indivíduos com doença tireoidiana. Métodos: a amostra foi composta por 75 indivíduos,
com idade média de 43,76±14,88 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico de doença
tireoidiana, atendidos em um hospital universitário. Foi realizada entrevista com os
pacientes para coleta dos dados sóciodemográficos, bem como questionamento quanto à
presença ou ausência de queixa vocal e/ou de deglutição. Os dados foram analisados no
programa estatístico PSPP versão 0.7.5. A análise descritiva da amostra considerou as
frequências absolutas e relativas, além de média e desvio-padrão. O trabalho foi aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da instituição sob o número
515/2011. Resultados: 73 (97,3%) indivíduos eram do sexo feminino. 41 (54,7%) tinham
ensino fundamental e 53(70,7%) eram residentes do interior do estado. Quanto ao
diagnóstico, 28 (37,3%) pacientes apresentaram nódulo tireoidiano, 27 (36%)
hipotireoidismo e 8 (10,7%) hipertireoidismo. 30 (40%) relataram queixa de voz e
deglutição, 17 (22,7%) queixa apenas de deglutição, 15 (20%) queixa apenas de voz e 13
(17,3%) não referiram queixas. Com relação ao tipo de tratamento, 29 (38,7%) realizaram
tratamento medicamentoso, 4 (5,3%) cirúrgico e medicamentoso, 4 (5,3%) apenas
cirúrgico e em 38 (50,7%) casos o tratamento não estava especificado. Quanto à
distribuição dos casos em relação à queixa e ao diagnóstico, dos 30 que referiram queixa
de voz e deglutição, 14 (46,7%) tinham nódulo e 8 (26,7%) hipotireoidismo; dos 15 com
queixa apenas de voz, 7 (46,7%) tinham hipotireoidismo e 6 (40%) nódulo; dos 17 com
queixa apenas de deglutição, 6 (35,3%) tinham hipotireoidismo e 5 (29,4%) nódulo; dos
13 sem queixas, 6 (46,2%) tinham diagnóstico de hipotireoidismo e 3 (23,1%) de nódulo.
Conclusão: a amostra de pacientes com doença tireoidiana apresentou grande
predomínio do sexo feminino com diagnóstico de nódulo ou hipotireoidismo. Queixas
associadas de voz e deglutição foram as mais frequentes nessa população.

132
Gerenciamento da deglutição em crianças portadoras de paralisia cerebral em
escola escpecial

Andréa Siqueira Kokanj Santana; Andréa Castor Nogueira, Elaine Dal´bo Lemos

Introdução: As alterações de deglutição são frequentemente observadas nos portadores


de Paralisia Cerebral, podendo levar a complicações como broncopneumonias,
desnutrição, desidratação, dentre outras. O momento da alimentação faz parte da rotina
escolar e deve ser conduzido da forma mais segura possível. Objetivo: Descrever as
evoluções ocorridas na rotina alimentar de crianças com Paralisa Cerebral que
frequentam uma escola especial, após a atuação fonoaudiológica. Método: Foram
avaliadas 11 crianças, sendo 5 do sexo feminino e 6 do sexo masculino, portadoras de
Paralisia Cerebral, alunas de uma escola especial, em relação à funcionalidade da
deglutição com as consistências pastoso homogêneo, semi-sólido, sólido, líquido fino e
líquido espessado. A partir da avaliação foram determinadas as consistências adequadas
para cada aluno, os utensílios adequados para cada um, as adaptações e estratégias
necessárias para o momento da oferta de alimento por via oral, e o treinamento das
atendentes responsáveis por ofertar os alimentos aos alunos. Resultados: Após a
realização das avaliações funcionais da deglutição, verificou-se que: cinco alunos
apresentavam deglutição funcional para todas as consistências testadas, três alunos
apresentaram disfagia orofaríngea de grau leve e três alunos apresentaram disfagia
orofaríngea de grau moderado. Foram realizadas alterações na consistência dos
alimentos oferecidos de 4 dos 11 alunos avaliados. Destes quatro alunos, todos recebiam
apenas alimentos pastosos homogêneos e três recebiam líquidos espessados,
anteriormente à avaliação. Após a realização da avaliação funcional da deglutição, 2
destes alunos passaram a receber alimentos semi-solidos e 2 alimentos sólidos em
pequenos pedaços de forma adaptada. Todos os alunos passaram a receber líquidos
finos. Após o treinamento realizado com as atendentes da escola, 2 dos alunos que
necessitavam da presença das mães no momento da alimentação passaram a ter os
alimentos ofertados pelas atendentes. Os 3 alunos que eram alimentados por atendentes
específicas passaram a receber alimentos ofertados por qualquer uma das atendentes
presentes em sala de aula. Um dos alunos passou a necessitar apenas de auxílio parcial
no momento da alimentação e os 5 alunos que já eram independentes para se alimentar,
assim se mantiveram. Conclusões: A partir da avaliação fonoaudiológica funcional da
deglutição que precisou às consistências alimentares adequadas a cada criança, foi
possível retirar de sala de aula as mães, mantendo a rotina escolar adequada, houve uma
maior dinamização do momento da alimentação, pois a maioria das crianças passou a ser
alimentada por qualquer dos atendentes ali presentes, houve melhora da aceitação
alimentar por parte das crianças, devido ao maior número de opções de alimentos
permitidos. Verificamos assim a importância e a eficácia da avaliação fonoaudiológica
individualizada na população presente em escolas especiais.

133
Gerenciamento de um protocolo de risco de broncoaspiração em um hospital geral
de São Paulo.

Juliana Medeiros Viana; Ana Maria Furkim, Roberta Souza Guimarães, José Ribamar do
Nascimento Junior

Introdução: A pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar resultante do


processo infeccioso ou inflamatório, responsável por 5% do total das mortes notificadas
no mundo, instalando-se geralmente em indivíduos cujos mecanismos de defesa
encontram-se comprometidos. A relação estreita entre as alterações da deglutição e a
predisposição para pneumonias bacterianas de repetição e sua associação com
desordens neuromusculares tem sido objeto constante de pesquisas. Institucionalizar um
protocolo para identificação do risco precocemente com a finalidade de prevenir o
aumento da morbidade e mortalidade. Alguns fatores de risco como: intubação
orotraqueal prolongada >> 24h; sialorreia intensa; traqueostomias; disfagias; vias
alternativas de alimentação; reflexo de tosse diminuído ou ausente; rebaixamento do nível
de consciência, Glasgow menor que 12; pós operatório de cirurgia buco maxilar; utilização
de sedativos; doenças neurológicas (AVE, Paralisia Cerebral, Demência, dentre outras);
demora no esvaziamento gástrico; refluxo gástrico esofágico; próteses dentárias mal
adaptadas; doenças respiratórias (DPOC, dentre outros), foram adotados no protocolo
como critérios elegíveis. Objetivo: Descrever e caracterizar o gerenciamento dos
pacientes no protocolo institucional de broncoaspiração internados na UTI. Metodologia:
foi realizado um estudo retrospectivo através do levantamento dos prontuários de 142
pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), incluídos no protocolo institucional de
broncoaspiração de um hospital Geral de São Paulo, Brasil, no período de janeiro de 2013
à abril de 2013. Resultados: Pôde-se observar que a média de idade dos pacientes foi de
65 anos, 75 (52,81%) pacientes do gênero masculino e 67 (47,18%) feminino. Das
especialidades médicas destacam-se a neurologia, pneumologia e infectologia. As
doenças de maior notificação foram: AVE, Rebaixamento do nível de consciência (RNC) e
Hematoma sub-aracnóideo (HSA) para neurologia; Insuficiencia respiratória aguda e
broncopneumonia para Pneumologia e Infecção urinária e Sepse para Infectologia.
Previamente a avaliação fonoaudiológica, 56 (39,43%) pacientes apresentavam suporte
de via alternativa de alimentação e 86 (60,56%) estavam em jejum ou com dieta via oral
liberada. Dos pacientes com via alternativa de alimentação, 18 (32,14%) com
gastrostomia, 37 (66,07%) com sonda nasoenteral (SNE) e 1(1,78%) com nutrição
parenteral. Dos pacientes inseridos no protocolo, em relação à Function Oral Intake Scale
(FOIS), 94 (66,19%) encontravam-se com FOIS ≤ 3 e 48 (33,80%) pacientes ≥ 4. Dos
pacientes avaliados pela equipe de Fonoaudiologia, 28 (19,71%) pacientes foram
enquadrados para seguimento fonoaudiológico, 39 (27,46%) para terapia fonoaudiológica
diária e 75 (52,81%) sem indicação fonoaudiológica devido ao não comprometimento dos
aspectos da deglutição/voz/fala/linguagem. Após avaliação fonoaudiológica e/ou
seguimento, 77 (54,22%) permaneceram com FOIS ≤ 3 e 65 (45,77%) com FOIS ≥ 4.
Conclusão: A elaboração de protocolos visa garantir a qualidade do que está sendo
oferecido, além de permitir a aplicação do conceito de atuação baseada em evidências
favorecendo assim o delineamento da população de risco e maximizando o atendimento
precoce garantindo melhor abordagem terapêutica e de reabilitação e prevenção de
complicações clínicas.

134
Habilidade de ingestão oral e gravidade motora global de crianças com
encefalopatia crônica não-progressiva

Lourdianny Melo Barros; Francelise Pivetta Roque, Maria Inês Rebelo Gonçalves, Ana
Paula Cajaseiras de Carvalho

Introdução: Embora as desordens da deglutição na encefalopatia crônica não progressiva


(ECNP) manifestem-se precocemente, comumente estas são avaliadas e tratadas
tardiamente, ou seja, diante de complicações clínicas como desidratação, desnutrição e
alteração da saúde pulmonar. Segundo a literatura, as habilidades orofaringolaríngeas
estão associadas ao quadro motor, observando-se maior impacto na habilidade de
ingestão oral conforme a gravidade das manifestações motoras globais. Objetivos:
Verificar a correlação entre gravidade motora global e habilidade de ingestão oral em
crianças com ECNP. Métodos: estudo descritivo analítico realizado com 20 crianças com
diagnóstico clínico de ECNP, tendo-se classificado a ingestão oral a partir de duas
escalas – Functional Oral Intake Scale (FOIS) e Textura/Auto-Cuidado do Inventário de
avaliação pediátrica de incapacidade (PEDI). Para tal, realizou-se levantamento junto aos
cuidadores quanto à via de alimentação, consistências e volumes utilizados e o
desempenho da criança frente a tarefas relacionadas à alimentação. A gravidade motora
foi descrita a partir da escala de Medição da Função Motora Grossa (GMFM), tendo a
classificação sido realizada pelo Serviço de Fisioterapia de uma IES pública. A fim de
verificar a correlação entre as variáveis, utilizou-se teste de correlação de Spearmam.
Resultados: A amostra foi composta por 20 crianças, entre 2 e 12 anos de idade (média
de 4,95 anos), havendo predominância do sexo masculino (55%). A classificação quanto
à GMFM apontou um grau significativo de desordem motora, tendo 60% das crianças sido
classificadas nos níveis IV e V. Quanto à FOIS, 17 (85%) encontravam-se no Nível 5,
enquanto as demais (15%) foram classificadas no Nível 2. O escore das crianças no PEDI
variou entre 1 e 4 pontos. O estudo de correlação das variáveis foi significante apenas
entre GMFM e PEDI (p=0.0011), não tendo sido observada correlação entre as
classificações das crianças quanto à GMFM e FOIS (p= 0.1185). Conclusão: Houve
correlação entre habilidade entre função motora grossa e habilidade de ingestão oral
quando utilizada a classificação proposta pelo PEDI. A depender do instrumento utilizado,
adequado para a faixa etária e doença de base pode-se refinar o diagnóstico funcional
relacionado à deglutição, contribuindo-se para o manejo terapêutico do paciente
neuropata.

135
Identificação dos sintomas indicativos de disfagia e associação com fatores de
risco cardiovascular em idosos

Tatiana Magalhães de Almeida; Raquel Gama Fernandes, Michele Fernanda Canfild


Antunes Germini, Daniel Magnoni. Amanda Guerra de Moraes Rego Sousa

Introdução: A disfagia é uma alteração da deglutição, que surge sempre em decorrência


de alguma doença, sendo assim um sintoma, que se caracteriza por qualquer alteração
no trânsito do alimento da boca até o estômago, colocando o indivíduo em risco de
aspiração pulmonar, desnutrição e desidratação. O aumento da expectativa de vida traz
um crescente número de enfermidades cardiovasculares inerentes à idade como:
hipertensão arterial (HAS), diabetes melito (DM) e dislipidemia (DLP). Objetivo: Identificar
os sintomas indicativos da disfagia e sua associação com fatores de risco cardiovascular
em idosos. Método: Foram triados no ambulatório de cardiogeriatria 60 idosos, 20 do
gênero masculino (33%) e 40 do gênero feminino (67%), com média de idade 78 anos,
com fatores de risco cardiovascular: HAS, DM, DLP, obesidade, sedentarismo, etilismo e
tabagismo, utilizado o questionário “Questionnaire for dysphagia screening”, com o
objetivo identificar os sintomas indicativos da disfagia e associar com os riscos
cardiovasculares. O questionário é composto por quinze perguntas, à 1 refere ao histórico
de pneumonias, a 2 à questão nutricional, 3 a 7 a fase faríngea, 8 à 11 à fase oral, 12 à
14 fase esofágica e a 15 à proteção das vias aéreas. Cada pergunta tem três opções de
resposta: moderado (sintoma muito frequente), leve (sintoma pouco frequente) e ausência
(sem sintomas). Os idosos que tem um sintoma moderado serão considerados como
indicativo de risco para disfagia, assim o paciente será orientado e encaminhado para a
avaliação fonoaudiológica. Resultados As médias de respostas dos idosos que
apresentaram sintomas de disfagia foram 12,90%, sendo 10,45% de respostas leves e
2,45% de respostas moderadas. Verificou-se que 10% das alterações eram referentes a
alterações na fase oral (questões de 8 a 11) e 8,3% na fase faríngea (questões de 3 a 7)
da deglutição. Verificou-se também significância estatística entre o fator de risco
cardiovascular, obesidade e a disfagia. (p=0,048). CONCLUSÃO: Essa triagem identificou
que a população idosa com fatores cardiovasculares associados apresenta risco para
disfagia orofaríngea, com sintomas indicativos de alterações na fase oral e faríngea da
deglutição, sendo necessária à triagem dessa população, visando à identificação dos
sintomas e encaminhamento precoce para avaliação, orientação e terapia
fonoaudiológica, reduzindo os riscos das complicações relacionadas à disfagia e
possibilitando ao idoso melhor assistência e qualidade de vida. São necessários novos
estudos com maiores números de sujeitos e focando o desenvolvimento de instrumentos
de triagens da disfagia específicos para essa população.

136
Influência da estimulação sensório motor-oral no aleitamento materno de recém-
nascidos pré-termo

Lisiane Lieberknecht Siqueira; Angela Regina Maciel Weinmann, Marcia keske-Soares

A Fonoaudiologia tem se inserido gradualmente na Neonatologia, procurando auxiliar e


diminuir as dificuldades que o recém-nascido pré-termo apresenta para se desenvolver
fora do útero materno, fruto da imaturidade de seus órgãos e funções. A atuação junto
aos RN deve priorizar e incentivar o aleitamento materno, já que esta prática beneficia o
desenvolvimento motor-oral, o vínculo mãe/recém-nascido, o crescimento e
desenvolvimento global e a saúde como um todo. Esta pesquisa teve como objetivos
verificar a influência da estimulação sensório-motora oral em RNPT no estabelecimento
do aleitamento materno, mediante a aplicação de um protocolo de observação da
mamada proposto pelo UNICEF. A amostra foi constituída por 22 binômios mãe/recém-
nascido pré-termo, que foram alocados, por sorteio prévio, para os grupos estimulados
(GE) e controle (GC). Os recém-nascidos do GE receberam estimulação sensória motora
oral duas vezes ao dia, antes do horário da mamada, por um período de 15 minutos,
sendo iniciada no momento em que o recém-nascido pré-termo atingia 80 cal/kg/dia de
dieta por via enteral e mantida até que o mesmo estivesse recebendo todas as mamadas
por via oral, por no mínimo 24 horas. No momento em que recebiam a liberação médica
para iniciar a via oral, a mamada ao seio era filmada, para aplicação do protocolo
proposto pelo UNICEF. Este protocolo avalia características ou comportamentos do
binômio mãe/filho, sendo dividido em duas partes: uma que corresponde aos
comportamentos favoráveis e outra, que corresponde aos desfavoráveis ou indicativos de
dificuldades, que contribuiriam para o desmame ou a falta de sucesso para a
amamentação ao seio. Para a análise, computou-se a frequência de comportamentos
favoráveis e desfavoráveis, para cada aspecto avaliado. De acordo com o número de
comportamentos observados foram empregados escores de avaliação, classificados em
bom, regular e ruim. Para a comparação das diferenças entre os aspectos avaliados,
utilizou-se o teste do qui-quadrado, sendo aceito um nível de significância de p <<0,05. Ao
final da pesquisa pôde-se concluir que o programa de estimulação utilizado não mostrou
melhora estatisticamente significativa na sucção dos recém-nascidos pré-termo
estudados, segundo o protocolo de observação da UNICEF. Com relação aos
comportamentos desfavoráveis, observou-se uma tendência do grupo estimulado
apresentar um número menor de comportamentos indicativos de dificuldades em relação
ao item resposta da dupla, podendo inferir-se uma provável influência do programa de
estimulação adotado. Sugere-se realizar novos estudos utilizando este protocolo, porém
modificado para aplicação em recém-nascidos pré-termo devido a escassez de
intervenções dirigidas ao incentivo do aleitamento materno de recém- nascidos
prematuros.

137
Influência da consistência do alimento no tempo de resposta faríngea no acidente
vascular encefálico

Rarissa Rúbia Dallaqua dos Santos; Paula Cristina Cola, Adriana Gomes Jorge, Fernanda
Matias Peres, Roberta Gonçalves da Silva

Introdução: A influência da consistência e volume dos alimentos na biomecânica da


deglutição orofaríngea tem sido discutida ao longo das décadas na área de disfagia. No
entanto, estas diferenças merecem análise quantitativa visando definir parâmetros mais
objetivos e que possam colaborar com o protocolo de condutas nesta população
disfágica. Objetivo: Este estudo teve por objetivo analisar a influência da consistência
pastosa e líquido ralo no tempo de resposta faríngea no indivíduo pós-acidente vascular
encefálico isquêmico (AVEi). Método: Estudo clínico transversal retrospectivo. Foram
analisadas 50 videofluoroscopias de deglutição de indivíduos pós-AVEi, independente do
local da lesão. Foram incluídas somente as VFD que permitiam enquadramento nos
parâmetros e consistências de alimento estudadas. Portanto, foram analisados 14
exames, sendo 11 do gênero feminino e 3 do gênero masculino, com faixa etária variando
entre 40 e 101 anos (média de 66 anos). O tempo entre a data do AVE e a sua inclusão
neste estudo variou entre 2 e 30 dias (média de 13 dias). Resultado: Verificou-se que na
consistência pastosa fina e liquido ralo, respectivamente, a média de tempo foi de 2806
milissegundos e 1015 milissegundos para a resposta faríngea. Assim, existe diferença
estatística significante no tempo de resposta faríngea, entre a consistência pastosa fina e
líquida no indivíduo AVE disfágico, com p-level:0,012. Conclusão: Houve diferença no
tempo de resposta faríngea no AVE de acordo com a consistência do alimento ofertado.

138
Inserção da fonoaudiologia na atenção hospitalar de um hospital-escola de alta
complexidade

Laelia Cristina Caseiro Vicente; Poliane Cristina de Lima Aarão, Patrícia Marques de
Oliveira, Jordana Siuves Dourado, Danielle de Lima e Melo, Nayara Aparecida
Vasconcelos Pereira Carvalho

Introdução: A Fonoaudiologia Hospitalar ainda é uma área em expansão. Caracteriza-se


por intervenção à beira do leito, precoce e intensiva, com forte caráter interdisciplinar. Seu
principal escopo concerne à reabilitação dos distúrbios da deglutição, permitindo a
introdução segura de via oral e minimizando a incidência de pneumonia aspirativa; não
obstante, a reabilitação dos distúrbios de linguagem e fala – especialmente aqueles que
relacionam-se aos distúrbios neurológicos –, voz e motricidade oral também permeiam
essa prática clínica. Objetivos: Analisar a evolução do Serviço de Fonoaudiologia de um
Hospital-Escola de Alta Complexidade nos anos de 2009 e 2012, identificando-se o
número de atendimentos realizados, média de atendimentos por dia, quais clínicas
realizaram interconsultas e pacientes que não foram atendidos por não haver
fonoaudiólogo disponível. Métodos: Foi realizada análise retrospectiva das estatísticas
apresentadas à Coordenação de Fonoaudiologia do hospital nos períodos de julho a
dezembro dos anos de 2009 e 2012 e os resultados foram apresentados descritivamente.
Resultados: No segundo semestre de 2009 foram realizados 907 atendimentos, sendo a
média de 7,55 atendimentos/dia; e 177 atendimentos não realizados. Foram recebidas
152 interconsultas, sendo 72 da Clínica Médica, 28 da Neurologia, 14 da Cirurgia de
Cabeça e Pescoço, 12 da Cardiologia, 11 da Neurocirurgia, quatro da Cirurgia do
Aparelho Digestivo, quatro do Transplante, duas dos Cuidados Paliativos, duas da
Infectologia, uma da Psiquiatria, uma da Geriatria, e uma da Coloproctologia. No segundo
semestre de 2012 foram realizados 3.623 atendimentos, com uma média de 22,04
atendimentos/dia e 23 atendimentos não realizados. Foram recebidas 318 interconsultas,
sendo 130 da Neurologia, 63 da Clínica Médica, 33 da Unidade Coronariana, 21 da
Cardiologia, 13 da Neurocirurgia, 13 da Cirurgia de Cabeça e Pescoço, 10 da Fisioterapia,
10 da Geriatria, seis da Infectologia, quatro dos Cuidados Paliativos, três dos
Transplantes, três da Hematologia, três da Oncologia, três da Terapia Ocupacional, uma
da Cirurgia Vascular, uma do Centro de Terapia Intensiva e uma da Pneumologia.
Conclusões: O atendimento fonoaudiológico na atenção terciária ainda é um nicho em
crescimento. Os resultados evidenciam um aumento de 400% no número de
atendimentos no período, o recebimento do dobro de interconsultas, assim como a quase
extinção de pacientes que deixaram de ser atendidos e a diversificação das
especialidades que solicitam interconsultas. Acredita-se que o crescimento da demanda
do Serviço de Fonoaudiologia no Hospital em questão deva-se ao reconhecimento da
profissão e de seu propósito nesse nível de atenção, assim como à instituição de políticas
educacionais (a abertura de Residência Multiprofissional, com a inserção da
Fonoaudiologia) e de saúde (a implantação da Unidade de Acidente Vascular Encefálico).
Espera-se ainda que o serviço mantenha-se em expansão, vide o baixo número de
interconsultas recebidas da Unidade de Terapia Intensiva – setor tradicionalmente
reconhecido como espaço de atuação da Fonoaudiologia Hospitalar. Estudos que
analisam a demanda da atenção fonoaudiológica no nível hospitalar considerando o
número de leitos no estabelecimento de saúde se fazem necessários para que se possa
discutir políticas que definam a necessidade de fonoaudiólogo/leito.

139
Levantamento de pacientes adultos com queixa de disfagia apresentando avaliação
nasolaringofibroscópica da deglutição funcional

Maria Cristina de Alencar Nunes; Gisele Sant´Ana Pinto, Elmar Fugmann

Introdução: A disfagia é um distúrbio de deglutição com sinais e sintomas específicos que


se caracterizam por alterações em qualquer etapa e/ou entre as etapas da dinâmica da
deglutição. Uma mudança de hábito alimentar, isolamento ou uma queixa subjetiva devem
ser considerados relevantes e observados como indício de alguma alteração. Objetivo:
Realizar um levantamento de pacientes adultos com queixa de disfagia apresentando
exame de avaliação nasolaringofibroscópica da deglutição (FEES®) funcional Métodos:
Estudo retrospectivo, de março de 2012 a abril de 2013, do banco de dados das
fonoaudiólogas do Setor de Endoscopia Peroral de um hospital onde os exames FEES®
são realizados nas quintas-feiras. Foram estudados 80 pacientes, sendo 53 (66,2%) eram
do gênero masculino e 27 (33,8%) do feminino com a idade variando de 17 a 83 anos,
média de 53,0 e desvio-padrão: 15,6 anos. Foram excluídos pacientes que realizaram a
FEES® com doença neurológica aguda, internados ou admitidos no hospital no momento
do exame para descartar a disfagia aguda. Foram incluídos 80 pacientes com queixa de
disfagia (engasgo e tosse), anotado a consistência alimentar que o paciente se queixava
(líquida, pastosa ou sólida) e a conclusão da FEES® (penetração laríngea e/ou aspiração
traqueal). Estudo aprovado pelo comitê de ética do HC-UFPR sob o número
2169.064/2010-03. Resultados: Dos 80, 57 (71,2%) apresentavam queixa de disfagia
(engasgo e tosse) com a FEES® funcional, sendo que 42 (73,7%) queixavam-se com a
consistência líquida, 3 (5,3%) com a sólida e 12 (21,0%) com todas as consistências
alimentares. Dos 80, 23 (28,8%) apresentavam queixas de disfagia com aspiração
traqueal na FEES®, sendo que 17 (74,0%) queixavam-se com a consistência líquida, 1
(4,3%) com a sólida e 5 (21,7%) com todas as consistências. Conclusão: Observou-se
uma prevalência de pacientes com queixa de engasgos sem alterações na FEES®.

140
Medidas de tempo de trânsito oral em crianças com paralisia cerebral

Carolina Castelli Silvério; Nátali da Silva Lustre, Talita Regina Bezerra Freire

Introdução: Crianças com alterações neuromotoras, como no caso da paralisia cerebral


(PC), apresentam frequentemente alterações na função de deglutição, levando a
comprometimentos clínicos, dentre eles a pneumonia de repetição e a desnutrição.
Devido ao impacto nutricional decorrente do aumento do tempo de trânsito oral nessas
crianças, torna-se necessário o conhecimento a respeito do tempo que as crianças com
paralisia cerebral apresentam, correlacionando-o com o grau de severidade da disfagia.
Objetivo: verificar o tempo de preparo e de trânsito oral da deglutição de crianças com
paralisia cerebral (PC), e relacioná-lo ao grau de severidade da disfagia e ao nível motor
de acordo com o GMFCS (Gross Motor Function Classification System). Método:
participaram desta pesquisa 50 crianças com PC, média de idade de 3,6 anos, sendo 10
crianças de cada nível motor. A avaliação fonoaudiológica clínica da deglutição consistiu
na oferta de alimentos nas consistências líquido fino (água) e pastoso homogêneo
(iogurte tipo “petit suisse”). Foi mensurado o tempo de preparo e de trânsito oral, e
realizado o diagnóstico da função de deglutição classificando-a em normal, disfagia leve,
moderada ou grave. Resultados: A média do tempo de deglutição encontrado foi de 1,33
segundos para a consistência líquida e de 3,33 segundos para a consistência pastosa.
Quanto maior o nível motor do grupo de crianças, maior o tempo de deglutição para a
consistência líquida. Encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos,
para as duas consistências, com aumento progressivo do tempo de deglutição quanto
maior o comprometimento da função de deglutição. Conclusão: O tempo de preparo e de
trânsito oral de crianças com PC encontra-se aumentado. O maior valor de tempo
encontrado relaciona-se com o grupo de crianças com o nível motor V de acordo com o
GMFCS e com o grupo com disfagia orofaríngea grave.

141
Nasoendoscopia de deglutição em doenças neurodegenerativas

Rarissa Rúbia Dallaqua dos Santos; Paula Cristina Cola, Suely Mayumi Motonaga, Joice
dos Santos Costa, Roberta Gonçalves da Silva

Introdução: A disfagia orofaríngea nas doenças neurodegenerativas é determinada por


distintos comprometimentos nos mecanismos de controle neuromotor desta função. Esta
questão afeta a biomecânica da deglutição de forma diferenciada em cada doença, na co-
dependência de cada estágio da neurodegeneração, não sendo possível generalizar os
achados encontrados. Objetivo: Comparar os achados nasoendoscópicos da deglutição
na Doença de Parkinson (DP) e na Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Método: Estudo
clínico transversal retrospectivo, de série de casos, mediante coleta de banco de dados
de um Centro de Referência de Disfagia. Participaram deste estudo 10 indivíduos. Estes
foram divididos em dois grupos, sendo que o grupo I (GI) constou de cinco indivíduos com
Doença de Parkinson e o grupo II (GII) de cinco indivíduos com Esclerose Lateral
Amiotrófica, apresentando variações no estágio de evolução da doença intra e inter-
grupos, sendo 7 do gênero feminino e 3 gênero masculino, faixa etária de 26 a 77 anos. A
análise dos exames nasoendoscópicos de deglutição foi realizada por profissionais
especializados, considerando-se os achados dos exames nas consistências pastosa e/ou
líquido ralo, no volume de 5 ml. Resultados: Constatou-se no GI que dos 5 (100%)
indivíduos, 4 (80%) apresentaram escape oral posterior, 2 (40%) resíduos na faringe e
não encontrou-se penetração e/ou aspiração. No GII também foi encontrado escape oral
posterior em 4 (80%) indivíduos, porém observou-se também resíduo faríngeo em 1
(20%), penetração laríngea em 2 (40%) e aspiração em 1 (20%). Conclusão: Não houve
diferença na freqüência de escape oral posterior, porém os indivíduos com ELA
apresentaram sinais de penetração e aspiração laringotraqueal, o que não ocorreu nos
indivíduos com Doença de Parkinson desta amostra.

142
Pacientes geriátricos e disfagia: quais os reais riscos?

Gabriela De Luccia; Hellen Viviane Morgenstern Silva Santos, Bianca Kviecinski, Adriana
Lima Valente

Introdução: Com os avanços da medicina e a melhoria nas condições gerais de vida da


população, a perspectiva de vida dos brasileiros elevou-se. Aidentificação precoce de
idosos com risco de desenvolverem problemas de saúde, por meio de instrumentos de
fácil aplicabilidade, é um grande desafio, poiso serviço de saúde no Brasil, muitas vezes é
limitado quanto ao número de profissionais, recursos e formação específica para compor
uma equipe multidisciplinar que envolva todas as necessidades deste público. A disfagia
pode acometer além desses idosos que apresentam as alterações comuns ao processo
do envelhecimento, aqueles que apresentam patologia associada. A identificação precoce
da disfagia, por meio de instrumentos de fácil aplicabilidade, é um grande desafio, pois a
realidade do serviço de saúde no Brasil, muitas vezes é limitada quanto ao número de
profissionais, recursos e formação específica. Objetivo:Identificar os sintomas de disfagia
em pacientes geriátricos por meio de questionário de triagem de disfagia. Métodos: Foram
avaliados 70 pacientes do Hospital da rede públicade Cuiabá – MT, que passavam por
atendimento geriátrico. Os critérios de inclusão foram ambos os sexos, com idade
superior a 60 anos e grau de escolaridade indiferenciado.Foi realizada uma breve
anamnese e aplicado um questionário de triagem de risco para disfagia, contendo 15
perguntas.Foram determinados 4 fatores: Fator I: função faríngea e proteção das vias
aéreas superiores, composto pelas pergunta 3, 4, 6, 7, 11 e 13; Fator II: função esofágica
e história de pneumonia – compostos pela pergunta 1, 5, 12, 14 e 15; Fator III: estado
nutricional composto pelas pergunta 2, 8 e 9 e Fator IV: função oral a pergunta 10.
Discussão: Com o avançar da idade, ocorrem alterações estruturais e funcionais próprias
do processo de envelhecimento, porém, isso não deve ser considerado uma doença,
sendo importante diferenciar o processo de envelhecimento e as afecções que são mais
prevalentes nessa faixa etária. Neste estudo a questão 8, merece considerações, pois foi
a pergunta com maior incidência de sintomas, 56% dos pacientes relataram sentir que
levam mais tempo para comer hoje se comparado com a idade adulta. Este fato ocorre,
devido a algumas mudanças na cavidade oral que afetam a fase preparatória e oral, como
o aumento da quantidade de tecido conjuntivo da língua, perda da dentição, perda da
redução da força mastigatória e prolongamento da fase orofaríngea. Resultados:Na
análise dos fatores foram encontrados como resultados da amostra:Fator I –Sintomas
relacionados à função faríngea e proteção das vias aéreas, nas perguntas, P3 21%, P4
24%, P6 10%, P7 24%, P11 09% e P13 19%, apresentaram sintomas
leve/moderado.Fator II –Função esofágica e histórico de pneumonia, P1 29%, P5 21%,
P12 30%, P14 19% e P15 36% apresentaram sintomas leve/moderado. Fator III –Estado
nutricional,P2 40%, P8 56% e P9 44% apresentaram sintomas leve/moderado e Fator IV –
Função oral, P10 17% apresentaram sintomas leve/moderado. Conclusão: Por meio deste
estudo, foi observado que o questionário de triagem utilizado nesta pesquisa, mostrou-se
efetivo no sentido de detecção das alterações relacionadas ao processo da deglutição do
indivíduo idoso.

143
Perfil do paciente com traumatismo cranioencefálico encaminhado para triagem
fonoaudiológica em centro de reabilitação terciário

Luciana de Abreu Soares Borges; Danielle Ramos Domenis, Marisa Tomoe Hebihara
Fukuda, Raphaela Barroso Guedes Granzotti

Introdução: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é definido como qualquer agressão


traumática que acarrete comprometimento anatômico ou funcional do crânio, meninges,
couro cabeludo, encéfalo ou seus vasos. É importante causa de morte e de deficiência
física e mental, sendo comum em adultos jovens, trazendo grande impacto social,
econômico e em sua qualidade de vida. Os sintomas são variados e dentre as alterações
fonoaudiológicas presentes estão as disfagias e desordens de linguagem. Objetivo:
Caracterizar a população de pacientes com TCE encaminhados para triagem
fonoaudiológica em centro de reabilitação terciário. Método: Estudo retrospectivo dos
prontuários dos pacientes com diagnóstico de TCE, encaminhados para triagem
fonoaudiológica no período de agosto de 2010 a dezembro de 2012. Resultados: Dos 253
pacientes adultos encaminhados para triagem fonoaudiológica no período estudado, 27
(10,67%) foram vítimas de TCE. Caracterizando a amostra, 22 (81,48%) eram homens e 5
(18,52%) mulheres; quanto à idade, essa variou entre 19-70 anos, sendo a média de
35,51. As principais causas do TCE foram: colisão automobilística (59,26%),
atropelamento (18,52%), queda (11,11%) e espancamento (3,70%). Com relação às
alterações fonoaudiológicas presentes nos pacientes, 17 (62,96%) apresentaram distúrbio
de linguagem e disfagia, 9 (33,33%) apenas distúrbio de linguagem e 1 (3,70%) apenas
disfagia. No momento da triagem, 14 (51,85%) estavam com cânula de traqueostomia.
Dos pacientes que apresentaram alterações, todos foram inseridos para reabilitação
semanal. Conclusão: Apesar do número de pacientes com TCE encaminhados para
triagem fonoaudiológica ter sido pequeno com relação ao total de encaminhamentos no
período estudado, a maioria apresentou graves alterações fonoaudiológicas, sendo a
maioria dos pacientes homens, jovens e em idade produtiva profissionalmente. A
intervenção fonoaudiológica precoce nesses pacientes é de extrema importância, pois
diminui o risco de pneumonia, desnutrição e desidratação, reduz o risco de morte; além
de permitir a melhora da comunicação e qualidade de vida do paciente e de seus
familiares.

144
Perfil dos pacientes gastrostomizados após acidente vascular encefálico à
avaliação fonoaudiológica inicial

Amélia Augusta de Lima Friche; Laélia Cristina Caseiro Vicente, Marina Santos Tupi
Barreira Schettino, Nayara Aparecida Vasconcelos Pereira Carvalho

Introdução: Uma das complicações mais frequentes após o Acidente Vascular Encefálico
(AVE) é a disfagia orofaríngea - reconhecida como um dos principais fatores de risco para
ocorrência de pneumonia aspirativa. Estudos apontam a prevalência de disfagia entre 41
e 90%. Pacientes com disfagia grave têm sua dieta oral suspensa e, de acordo com a
avaliação fonoaudiológica, é indicada via alternativa de alimentação. A gastrostomia
geralmente é indicada a pacientes cujo distúrbio da deglutição tem prognóstico de
reabilitação de médio a longo prazo. Objetivos: Descrever o perfil dos pacientes pós-AVE
que durante a internação foram gastrostomizados em Hospital de referência; identificar
variáveis biológicas, contextuais e sinais e sintomas de disfagia mais frequentes à
avaliação fonoaudiológica em pacientes submetidos à gastrostomia. Métodos: Trata-se de
estudo observacional analítico de delineamento retrospectivo realizado por meio de coleta
de dados em prontuários de pacientes internados na Unidade de AVE, submetidos à
gastrostomia durante a internação, maiores de 18 anos, atendidos pelo Serviço de
Fonoaudiologia de junho de 2012 a maio de 2013 com diagnóstico de AVE na fase aguda,
confirmado por tomografia computadorizada ou ressonância magnética de crânio. Foram
excluídos pacientes com exames de imagem inconclusivos e instáveis clinicamente. Na
coleta de dados considerou-se a localização da lesão (escala Oxfordshire Community
Stroke Project) e diagnóstico clínico fonoaudiológico quanto à escala de gravidade da
disfagia, ocorrência de aspiração salivar, presença de distúrbios de linguagem, fala e
paralisia facial. Os resultados foram analisados descritivamente por meio de medidas de
tendência central das variáveis contínuas e distribuição de frequência das variáveis
categóricas. RESULTADOS: Dos 260 indivíduos avaliados no período, treze foram
gastrostomizados e incluídos no presente estudo, sendo quatro do sexo feminino (30,8%)
e nove do sexo masculino (69,2%), média de idade de 68,8 anos; doze apresentaram
AVE isquêmico e um hemorrágico. Dos indivíduos com AVE do tipo isquêmico 50,0%
eram do subtipo circulação posterior, 33,3% circulação anterior total e 16,7% circulação
anterior parcial. Como comorbidades clínicas associadas, verificou-se predominância de
Hipertensão Arterial Sistêmica (100%), seguida de tabagismo ativo (42,9%) e Diabetes
Mellitus (37,7%). Quanto ao padrão respiratório, verificou-se uso de traqueostomia em
seis indivíduos, cateter nasal em três e quatro indivíduos em ar ambiente. Durante a
avaliação fonoaudiológica constatou-se que 100,0% dos indivíduos apresentavam
paralisia facial e alteração da comunicação oral, sendo a alteração mais encontrada a
disartria (100,0%), seguida da afasia (61,5%). Quanto ao padrão de deglutição, todos os
indivíduos foram classificados como disfagia grave, apresentando sinais e sintomas de
aspiração salivar. Desses indivíduos, sete (53,8%) não apresentaram deglutição
automática de saliva, quatro (30,7%) apresentaram deglutição incompleta e dois (15,38%)
apresentaram deglutição de saliva. Conclusões: O uso de traqueostomia pós-AVE e o
subtipo circulação posterior podem estar relacionados à indicação de gastrostomia após o
AVE. Sinais de aspiração substancial e ausência ou falha na deglutição completa foram
as alterações da deglutição mais frequentes. Estudos que abordem os fatores preditivos
de gastrostomia se fazem necessários na identificação dos pacientes que podem
beneficiar-se com gastrostomia precoce e assim diminuir a permanência hospitalar
desses indivíduos.

145
Qualidade de vida relacionada à deglutição em pacientes hospitalizados com
disfagia

Laelia Cristina Caseiro Vicente; Jordana Siuves Dourado, Tatiana Simões Chaves, Camila
Fernandes da Silva

Introdução: A disfagia pode interferir nos convívios familiar e social dos pacientes pelas
características das sintomatologias impostas, podendo causar constrangimento e/ou
frustração. Muitos pacientes internados apresentam limitações na habilidade de
alimentação, sendo inclusive necessário o uso de via alternativa de alimentação.
Conhecer o impacto do transtorno da deglutição na qualidade de vida do paciente
internado com disfagia é importante para promover estratégias terapêuticas que otimizem
o cuidado dessa população. Objetivos: Analisar a qualidade de vida relacionada à
deglutição em pacientes disfágicos hospitalizados e verificar se as variáveis gênero,
idade, escolaridade, via de alimentação, doença de base e percepção de saúde
interferem no julgamento. Métodos: A amostra foi composta por 57 pacientes com
diagnóstico clínico de disfagia orofaríngea, maiores de 18 anos, de ambos os gêneros,
internados em hospitais-escolas de referência, que foram atendidos pelas equipes de
fonoaudiologia dos referidos locais. A coleta dos dados foi realizada por meio da
aplicação do questionário de Qualidade de Vida em Deglutição SWAL-QOL validado para
língua portuguesa brasileira. Os dados coletados foram tabulados em um banco de dados
e análises estatísticas apropriadas foram empregadas utilizando-se o valor de
significância de 5% (p ≤ 0,05). Resultados: Dos 57 pacientes que participaram do estudo,
apenas 8,8% fazia uso exclusivo de via alternativa para alimentação e 91,2%
apresentavam pelo menos uma consistência por via oral. Quando questionados quanto à
auto-percepção da qualidade da saúde, 12,3 % a consideram ruim, 29,8% satisfatória,
49,1% boa, e 8,8 % muito boa. Os escores duração da alimentação e sono foram os que
mais sofreram impacto na qualidade de vida. O estudo evidenciou que a via de
alimentação impactou negativamente na qualidade de vida em deglutição dos
participantes quanto ao escore geral e nos domínios deglutição como um fardo,
frequência de sintomas, seleção de alimentos, comunicação, medo e saúde mental.
Quanto à doença de base, houve relevância para os escores frequência de sintomas e
fadiga, sendo que os resultados indicaram que o grupo dos pacientes neurológicos
apresentou os piores escores no SWAL-QOL. Quanto à correlação entre os domínios do
SWAL-QOL e o FOIS, os participantes com via alternativa apresentaram os menores
escores em vários domínios do SWAL-QOL. Houve correlação entre a idade e o escore
total, além do domínio frequência de sintomas, uma vez que o aumento da idade levou a
uma redução dos escores citados. Conclusões: A disfagia interfere na qualidade de vida
relacionada à deglutição do paciente hospitalizado, sendo que a via de alimentação
alternativa e as doenças neurológicas foram as variáveis que mais impactaram nos
domínios do SWAL-QOL entre os participantes deste estudo.

146
Queixas de deglutição e voz em idosos com sequelas de acidente vascular
encefálico

Giédre Berretin-Felix; José Roberto Pereira Lauris, Alcione Ghedini Brasolotto, Marcela
Maria Alves da Silva, Claudia Tiemi Mituuti, Paula de Campos Bovolin

Introdução: Disfunções neurológicas são decorrentes da interrupção de um ou mais


estágios da complexa cadeia neuromuscular responsável pela fala, voz e deglutição,
podendo resultar em quadros de disartrofonias e disfagias neurogênicas. Podem ocorrer
por diversas causas, dentre elas o acidente vascular encefálico (AVE). Na literatura
nacional e internacional há estudos que caracterizam as alterações de voz ou de
deglutição nas diferentes doenças neurológicas. Entretanto, compreender a relação entre
essas funções em doenças como o AVE, poderá auxiliar intervenções fonoaudiológicas
em casos neurológicos. Objetivo: Verificar a relação entre as queixas de distúrbios da
deglutição e de voz em indivíduos idosos acometidos por AVE. Métodos: Após a
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, foram analisados prontuários e
exames de um banco de dados e selecionados 30 indivíduos acometidos por AVE, 14 do
gênero feminino e 16 do gênero masculino, com idades entre 61 e 90 anos (média 72
anos), tempo de lesão entre 8 meses e 9 anos. Consideraram-se critérios de inclusão
idade igual ou superior a 60 anos, independente do gênero; ser acometido por AVE
atestado por laudo médico; estar em acompanhamento neurológico clínico regular; tempo
mínimo da doença de seis meses; condição geral de saúde estável que possibilitasse
responder aos questionários; ausência de lesões ou alterações estruturais mínimas de
pregas vocais, diagnosticados por otorrinolaringologista, por meio de exame de
videolaringoscopia; não ter sido submetido à reabilitação fonoaudiológica prévia nas áreas
de disfagia e voz. Os pacientes responderam a um questionário referente a queixas de
deglutição e outro relacionado a queixas vocais e faringolaríngeas. Para verificar
associação entre os questionários foi utilizado o teste exato de Fischer. Adotou-se nível
de significância de 5%. Resultados: Observou-se relação entre cansaço depois de falar
muito com dificuldade para deglutir os alimentos (p=0,03), engasgo durante as refeições
(p=0,00) e tosse após as refeições (p=0,01). Isto pode estar relacionado à restrição da
mobilidade das articulações laríngeas inerente ao envelhecimento. Ainda, pela atrofia dos
músculos respiratórios e perda de força muscular do diafragma, o que contribui para a
fadiga vocal e para a ocorrência de dificuldades de deglutição, engasgos e tosse durante
a mesma. Observou-se também relação entre catarro preso na garganta e engasgo
durante as refeições (p=0,04); entre pigarro na garganta e ingestão de líquido para ajudar
na deglutição (p=0,03); pigarro na garganta e pigarro após as refeições (p=0,00). Estas
relações justificam-se pelas modificações no sistema sensitivo-motor oral que podem
ocorrer pelo envelhecimento ou pelo quadro neurológico; também pelo atraso da fase
faríngea, causando retenção do bolo alimentar, havendo, assim, a necessidade de ingerir
líquidos para auxiliar no transporte do bolo; ainda devido às alterações na fase
preparatória e/ou oral da deglutição, à diminuição dos movimentos peristálticos, à redução
da elevação e anteriorização laríngea e/ou à incoordenação do músculo cricofaríngeo,
que justifica o pigarro após a alimentação. Conclusão: As queixas de fadiga vocal e de
pigarro e secreção na garganta foram os aspectos quanto à voz que apresentaram
relação com queixas de deglutição em idosos acometidos por sequelas de AVE.

147
Tipo de queixa e autopercepção da voz e deglutição em mulheres com doença
tireoidiana

Marlisson Paulo Pinheiro da Silva; Leandro de Araújo Pernambuco

Introdução: queixas de alterações na fonação e deglutição podem surgir nas doenças


tireoidianas em virtude da desregulação hormonal e localização anatômica da glândula
tireoide na região cervical. Para o fonoaudiólogo existe uma clara interface morfofuncional
entre deglutição e voz em virtude das estruturas anatômicas compartilhadas por esses
dois mecanismos fisiológicos. Já a perspectiva do paciente em relação à sua condição
vocal e de deglutição contempla dimensões particulares não acessadas pelo
fonoaudiólogo e que podem determinar a autopercepção de alterações nessas duas
funções. Objetivos: Verificar a relação entre o tipo de queixa e a autopercepção da voz e
da deglutição e analisar a correlação entre a autopercepção da voz e da deglutição em
mulheres com doença tireoidiana. Metodologia: amostra constituída por 55 mulheres com
diagnóstico de doença tireoidiana, média de 44,00(±16,33) anos de idade, usuárias do
ambulatório de Endocrinologia de um hospital universitário. A autopercepção da voz e da
deglutição foi mensurada por meio de uma escala analógica-visual (EAV), composta por
uma linha de 0 a 100 mm, cujo extremo à esquerda (0) refere-se à ausência de alteração
e o extremo à direita representa o grau máximo de desvio (100). Foi utilizada uma linha
para cada função, configurando a EAV da voz (EAV-V) e a EAV da deglutição (EAV-D).
Foram utilizados os testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney, além do
coeficiente de correlação de Spearman. O nível de significância foi de 5%. A pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da instituição sob o
número 515/2011. Resultados: Em relação ao tipo de doença, 19 (34,5%) pacientes
tinham hipotireoidismo, 21 (38,2%) nódulo, 6 (10,9%) hipertireoidismo, 1 (1,8%) câncer de
tireóide, 5 (9,1%) outras doenças tireoidianas e 3 (5,5%) estavam sem diagnosticado
definido. 27 (49,1%) pacientes referiram queixas de voz e deglutição associadas, 6
(10,9%) apenas de voz, 13 (23,6%) apenas de deglutição e 9 (16,4%) sem queixas. A
média geral da EAV-V foi 45(±29,69) e da EAV-D foi 38(±34,83). Houve diferença
estatisticamente significante entre as duas escalas de autopercepção e o tipo de queixa
(p=0,003). A autopercepção da voz foi pior nas pacientes com queixas associadas de voz
e deglutição quando comparadas às com queixa apenas de deglutição e às sem queixa. A
EAV-V também foi pior nas pacientes com queixa apenas de voz em relação às com
queixa apenas de deglutição. Na EAV-D, pacientes com queixas associadas
apresentaram pior autopercepção da deglutição quando comparadas às com queixa
apenas de deglutição e às sem queixa. Quem tinha queixa apenas de deglutição foi pior
na escala do que as sem queixa. Houve correlação moderada, positiva e estatisticamente
significante entre EAV-V e EAV-D (rho=0,63; p<<0,001), ou seja, as médias de
autopercepção da voz e deglutição aumentaram ou diminuíram concomitantemente na
população estudada. Conclusão: Nessa amostra de mulheres com doença tireoidiana,
houve diferenças na autoavaliação da voz e da deglutição em relação ao tipo de queixa;
existiu correlação moderada e positiva entre a autopercepção da voz e da deglutição.

148
Atuação fonoaudiológica em paciente com PKAN: relato de caso

Laís Polezer; Alethéa Bitar Silva, Camila Lago Santiago, Brasília Maria Chiari, Maria Inês
Rebelo Gonçalves

Introdução: A neurodegeneração associada à pantotenato quinase (PKAN) (Síndrome de


Hallervorden-Spatz), é uma doença rara, autossômica recessiva de rápida progressão,
que resulta no acúmulo de ferro no cérebro. Alguns sinais típicos da doença são:
manifestações extrapiramidais, alteração da marcha, distonia focal, disfunção piramidal,
retinopatia pigmentar e comprometimento cognitivo. Mais raramente podem ser
observadas distonia orolingual, disfagia e disartria. Objetivo: Descrever a atuação
fonoaudiológica no atendimento de paciente do sexo masculino, 15 anos, com restrições
de ferro e alimentos cítricos na dieta e diagnóstico de PKAN. Método: Realizada avaliação
fonoaudiológica, com enfoque na deglutição. Foi utilizada escala de avaliação funcional
da alimentação (FOIS) e terapia direta. Resultados: Paciente apresentava tempo de
refeição acima de uma hora, perda de peso importante, hemiparesia à esquerda,
supressão da fala, paralisia pseudobulbar, sensação de corpo estranho na faringe,
hiperextensão cervical durante a alimentação e recusa alimentar, principalmente
socialmente, pois sentia vergonha de se alimentar na frente de outras pessoas.
Classificado no nível V da escala FOIS. Foi orientado a sentar-se mantendo
posicionamento a 90º, auxiliar o vedamento labial com as mãos (dessa forma foi capaz de
sugar no canudo) e otimizar a ejeção oral do alimento pastoso. Após a intervenção
fonoaudiológica, o paciente apresentou maior funcionalidade à alimentação, embora
tenha se mantido no nível V. As mudanças realizadas favoreceram sua alimentação em
público. Foi sugerida a introdução de via alternativa de alimentação, devido também à
dificuldade de ganho de peso. Conclusão: A abordagem fonoaudiológica foi fundamental
para promover modificações e adaptações que contribuíram para a melhora da
funcionalidade da deglutição, além da reinserção do paciente na sociedade.

149
Traqueostomia e disfagia: uma revisão sistemática do impacto da traqueostomia na
deglutição.

Letícia Miranda da Silva; Alessandra Inacio de Oliveira, Mariana Pinheiro Brendim,


Yonatta Salarini Vieira de Carvalho, Charles Henrique Dias Marques

Introdução: A deglutição consiste no transporte do alimento da cavidade oral para o


estômago. Esse transporte é realizado através da coordenada interrelação das estruturas
orais, faríngea, laríngea e esofágica. Apesar de diversos estudos evidenciarem alterações
da deglutição em pacientes traqueostomizados, a literatura ainda é controversa sobre o
real impacto das diferentes traqueostomias na função de deglutição. Objetivo: Realizar
uma revisão sistemática da literatura sobre os impactos da traqueostomia na função da
deglutição. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão sistemática de literatura sobre
os impactos da traqueostomia na deglutição. Foram incluídos artigos publicados em
revistas indexadas nas bases de dados Pubmed e Scopus. Quanto à temporalidade,
foram incluídos estudos publicados no período entre 2002 e 2012. Para a pesquisa, foram
utilizados os termos: “swallow” e “tracheostomy”; “dysphagia” e “tracheostomy”. Além
disso, foram incluídos apenas os textos nos idiomas português e inglês. A busca foi
realizada por meio de palavras encontradas nos títulos, nos resumos e no corpo do texto.
Foram excluídos textos que não abordavam o objetivo específico do trabalho. Os artigos
foram analisados quanto ao tipo de estudo, objetivo, perfil dos participantes,
características da traqueostomia, método de avaliação empregado e resultados.
Resultados: Dentre os 60 artigos levantados na Pubmed e 580 na Scopus, 19 artigos
atendiam aos critérios de inclusão e exclusão deste estudo. De acordo com o tipo de
estudo, 13 eram prospectivos e 6 retrospectivos. Em relação à traqueostomia, 13 estudos
investigaram pacientes com traqueostomias plásticas; 1 estudo traqueostomias metálicas
e plásticas; e 5 não especificaram a cânula de traqueostomia. Quanto ao método de
avaliação empregado, (I) 9 estudos utilizaram a videofluoroscopia da deglutição (VFD),
sendo que 3 estudos associaram a avaliação clínica da deglutição; (II) 4 estudos a
fibroendoscopia da deglutição (FEES), sendo 1 associado à avaliação clínica da
deglutição; (III) 1 estudo a VFD e FEES; (IV) 2 estudos a avaliação clínica da deglutição;
(V) 3 estudos a eletromiografia, sendo 2 associados à pletismografia; (VI) 1 estudo a
laringoscopia e broncoscopia; e (VII) 1 a pneumotacografia. Apenas 3 dos 19 estudos não
evidenciaram alteração da deglutição nos pacientes traqueostomizados. Em 10 estudos
destacou-se que status do cuff e de oclusão, a presença de válvula de fala, a cânula de
traqueostomia, a necessidade de ventilação mecânica acoplada à traqueostomia ou a
idade foram condições interferentes no desempenho da deglutição dos pacientes
traqueostomizados. Em contrapartida, em 4 estudos não houve modificação do
desempenho da deglutição independente da presença ou ausência da cânula, do status
do cuff ou da adaptação da válvula de fala, sugerindo, assim, que o desempenho
apresentado é dependente de outros fatores clínicos. Conclusão: A maioria dos estudos
evidencia alteração da função de deglutição em pacientes traqueostomizados. Entretanto,
algumas pesquisas sustentam que as possíveis alterações de deglutição presentes
nesses pacientes não são decorrentes da traqueostomia, mas sim das condições clínicas
que determinam a necessidade de traqueostomia. Além disso, os trabalhos ainda são
controversos quanto ao impacto das diferentes condições da traqueostomia na função
deglutitória, o que reforça a necessidade de mais estudos nesta temática.

150
Triagem e conduta fonoaudiológica: estudo de caso sobre ataxia telangiectasia

Daniela Regina Molini-Avejonas; Isabel Junqueira de Almeida, Jéssica Sales Vosgrau,


Silmara Rondon

Introdução: Ataxia telangiectasia (A-T) é uma doença neurodegenerativa progressiva,


autossômica recessiva. Caracteriza-se por ataxia, imunodeficiência, infecção
sinopulmonar, envelhecimento precoce, comprometimento nutricional, disfagia e disartria.
A triagem fonoaudiológica pode favorecer a identificação dos fatores de risco para
alterações fonoaudiológicas nesses casos e a realização de encaminhamentos assertivos.
Objetivos: Descrever alterações fonoaudiológicas em dois irmãos com A-T, identificadas a
partir da triagem fonoaudiológica e acompanhar os encaminhamentos realizados após a
conclusão deste procedimento. Método: Os sujeitos assinaram Termo de Consentimento
para autorização do uso dos dados para pesquisa. Foi aplicado protocolo de triagem
fonoaudiológica da instituição em que foi desenvolvido o estudo pelo qual foram
investigados: idade; gênero; raça; escolaridade; profissão; idiomas; condição geral de
saúde; identificação, escolaridade, idade e profissão dos pais; renda familiar. O protocolo
contém questões específicas de Fonoaudiologia cujas respostas são “sim”, “não” ou “às
vezes”, referentes às seguintes áreas: audiologia, fluência, fonologia, motricidade
orofacial, pragmática, voz, vocabulário e interação comunicativa. Resultados: Os sujeitos
do estudo são irmãos, afetados pela A-T. O sujeito 1, masculino, 23 anos, ensino
fundamental completo, apresentou queixa de engasgos, refluxo e rouquidão. Na triagem
foram identificadas as seguintes alterações: dificuldade para produzir o som /r/;
dificuldade na mastigação; engasgos frequentes e rouquidão de grau 1 (escala GRBAS-I).
O sujeito 2, feminino, 20 anos, ensino fundamental incompleto, apresentou queixa de
engasgos frequentes. Na triagem foram identificadas as seguintes alterações: dificuldade
na produção do som /r/; dificuldade para mastigar e engolir; dificuldade na coordenação
motora fina. A paciente afirmou que nem sempre compreendem sua fala. Após a análise
dos dados, definiu-se a hipótese diagnóstica fonoaudiológica de disfagia orofaríngea para
ambos e realizou-se encaminhamento para ambulatório de disfagia, onde foi realizada
avaliação clínica e objetiva (videodeglutograma). Confirmou-se, para os dois sujeitos, o
diagnóstico fonoaudiológico de disfagia orofaríngea leve, sendo observada no VDG
penetração de líquido na laringe, sem aspiração. Ademais, o sujeito 1 apresentou disfonia
e o sujeito 2, disartria. O tratamento da disfagia foi priorizado e os sujeitos receberam
duas sessões iniciais de terapia, após as quais apresentaram melhora, sem novas
queixas de tosse ou engasgos. Discussão: Nos casos de A-T problemas relacionados à
aspiração tendem a progredir acompanhando a deterioração neural. Infecções
respiratórias também progridem e configuram importante fator de risco, junto às
aspirações recorrentes. Os casos deste estudo apresentaram episódios frequentes de
pneumonia. No VDG identificou-se penetração de líquido na região supraglótica sem
aspiração laringotraqueal para ambos. A presença de alimento nas vias áreas é fator de
risco para pneumonia, o que se agrava com a imunodeficiência e a progressão da
doença. Portanto, entende-se que nesses casos a identificação de fatores de risco para
disfagia e a indicação de acompanhamento fonoaudiológico foram essenciais para
realização do diagnóstico e do tratamento adequado. Conclusão: Confirmou-se que a
identificação correta dos fatores de risco para alterações fonoaudiológicas e a tomada de
conduta adequada realizadas através da triagem foram fundamentais para ratificação do
diagnóstico dos sujeitos e definição de condutas a partir da avaliação e do
acompanhamento fonoaudiológico, para promoção da deglutição segura aos referidos
pacientes.

151
Videofluoroscopia na disfagia orofaríngea mecânica: revisão de literatura

Laudiléia Ransato Alves Ribeiro

Introdução: a disfagia orofaríngea mecânica ocorre por alterações estruturais, funcionais


ou idiopáticas, podendo ser decorrente de traumas, estenoses, tumores de cabeça e
pescoço, sequelas do tratamento com radioterapia ou quimioterapia; pode ainda ser de
origem inflamatória, como no uso prolongado de intubação orotraqueal, uso prolongado
de sondas nasoenterais e traqueostomia, dentre outras causas. A videofluoroscopia é
considerada padrão ouro da avaliação da deglutição. Importante auxílio no diagnóstico
dos distúrbios da deglutição, esta pode ser definida como um exame radiológico
contrastado, analógico ou digital acoplado a um monitor de vídeo que permite visualizar
imagens do processo de deglutição, favorecendo uma avaliação objetiva. Permite
observar o tempo de trânsito faríngeo e a mobilidade das estruturas orofaríngeas,
identificar comprometimentos anatomofisiológicos nessas estruturas e concluir da
intensidade da disfagia. Objetivo: estudar os procedimentos e recomendações
preconizados pela literatura científica nacional para realização da videofluoroscopia da
deglutição em pacientes com disfagia orofaríngea mecânica. Metodologia: foram
estudados artigos de pesquisa, por meio de consulta às bases de dados Scielo e Lilacs,
referente ao período de 1995 A 2012. Para captação dos artigos científicos foram
utilizados os descritores das ciências da Saúde (DeCS) tendo sido estudados e
selecionados os seguintes: deglutição, transtornos de deglutição, videofluoroscopia,
neoplasias laríngeas, traqueostomia, fluoroscopia, cinerradiografia. Os artigos foram
analisados e classificados quanto ao título, natureza do estudo, autoria, ano de
publicação, fonte e resumo. Quando atendidos aos critérios de inclusão e exclusão os
artigos foram selecionados, estudados e comparados quanto aos seus objetivos,
metodologia e conclusões. Resultados e discussão: Foram captados 24 artigos por meio
dos descritores e atendendo aos critérios de procedimentos em avaliação
videofluoroscópica da deglutição associada à disfagia orofaríngea mecânica foram
encontrados somente quatro. Os estudos que avaliaram o grau de disfagia por meio da
videofluoroscopia envolveram uma casuística de 137 pacientes, em sua maioria
laringectomizados ou faringolaringectomizados e a avaliação videofluoroscópica apontou
61 sujeitos (44,5%) com deglutição funcional; 53 com grau discreto de disfagia (38,6%);
15 com disfagia moderada (11,0%) e finalmente oito (5,8%) com disfagia considerada
grave. As dificuldades observadas nos exames foram relacionadas maciçamente à
manipulação, organização, ejeção do bolo e aumento do tempo de trânsito. Os resultados
dos estudos destacaram presença de estase com prevalência em hipofaringe e
destacando redução da elevação laríngea. Dos estudos selecionados nenhum referiu ter
utilizado protocolo para procedimentos na avaliação da videofluoroscopia, o que não
permitiu análises. Conclusão: A videofluoroscopia da deglutição representa um método
eficaz no diagnóstico, pois permite observar o tempo de trânsito faríngeo, a mobilidade
das estruturas envolvidas, a identificação de alterações anatômicas, bem como
determinar o comprometimento anatomofisiológico e a intensidade da disfagia. O estudo
permitiu concluir que as dificuldades mais encontradas na videofluoroscopia estão
relacionadas à ação do fonoaudiólogo, uma vez que se encontra a maioria na fase oral e
início da fase faríngea. Sugere-se aprofundamento no estudo de eficácia de protocolos
para procedimentos em avaliação videofluoroscópica da deglutição.

152
ENSINO EM FONOAUDIOLOGIA E POLITICAS PUBLICAS
(PET-SAÚDE E PRÓ-SAUDE)

A iniciação científica enquanto processo de construção de competências e


habilidades profissionais em fonoaudiologia

Vivian de Carvalho Reis Neves; Ana Paula Mendes Rodrigues, Gilson Saippa de Oliveira

Introdução: Trata-se de um relato de experiência, que busca descrever as aprendizagens


produzidas nas relações de reflexão/Ação num projeto Iniciação Cientifica CNPq/
(2012/2013) cuja dinâmica de investigação integra a combinação e o cruzamento de
múltiplos pontos de vista,assim como um emprego de uma variedade de técnicas de
coletas de dados permitindo uma abordagem complementar do dialogo de questões
objetivas e subjetivas,que busca produzir uma maior familiaridade com a temática da
Educação Permanente em Saúde (EPS). Objetivo: Descrever as aprendizagens e
desenvolvimento de competências e habilidades profissionais a serem desenvolvidas na
vivência de uma aluna de Fonoaudiologia enquanto bolsista Pibic CNPq, num projeto que
busca mapear as agendas de educação permanente em elaboração ou executadas na
Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro identificando o contexto e seus
condicionantes institucionais e políticos, tendo por referencias as recentes agencias de
regionalização e qualificação da Atenção Básica propostas pelo SUS e que adota como
metodologia a utilização de entrevistas estruturadas com aplicação da técnica do circulo
hermenêutico dialético que é um processo de construção e de interpretação de um
determinado grupo através de reflexões constantes entre as interpretações e
reinterpretações sucessivas (dialéticas) dos indivíduos. Por meio desta técnica busca-se a
interlocução entre os gestores e dirigentes da Comissão de integração Ensino Serviço da
Região Serrana do Rio de Janeiro. Métodos:O processo de Iniciação Cientifica descrito
envolve a realização de reuniões sistemáticas entre Orientador e Bolsista que buscaram
superar dúvidas e obter a compreensão sobre o processo de implementação de agendas
publicas no campo da saúde,tendo como referencia a utilização do arcabouço teórico do
Neoinstitucionalismo histórico e cultural,com a valorização da produção de ajustes e a
redefinição do plano de trabalho do bolsista,construção do roteiro de entrevistas e do
Termo de Consentimento Livre Esclarecido que servirão de base para a realização das
entrevistas que,após serem transcritas,serão confrontadas com a literatura previamente
selecionada. Resultado: Busca-se ampliar a familiaridade da Bolsista com a construção
de processos de pesquisa de caráter qualitativo com a valorização da importância da
realização de movimentos de categorização e sistematização conceitual e
analítica,produção de síntese e posterior apresentação dos seus resultados em
Congressos Científicos. Conclusão: A Iniciação Científica se revela um importante
mecanismo de produção de autonomias o que possibilita a construção de uma visão ativa
e critica sobre o processo de formação sobre as necessárias competências e habilidades
profissionais, com relevância para os aspectos da gestão do conhecimento, interação com
grupos, leitura e criticas das agendas publicas de saúde.

153
A produção do conhecimento sobre a velhice para a fonoaudiologia brasileira entre
2008 e 2010

Giselle Massi; Poliana Nucci, Roxele Ribeiro Lima

Introdução: O crescimento expressivo da longevidade aponta para a necessidade de


compreendermos a velhice e suas implicações, tanto individual como socialmente. O
enfoque sobre o envelhecimento, que consistia em preocupar-se com a doença ou com
suas consequências vem sendo ampliado. E, atualmente, busca abranger todos os
sujeitos que vivenciam seu envelhecimento, sem estarem necessariamente doentes. As
ciências da saúde têm constatado que não basta que o número de idosos aumente em
nossa sociedade. É preciso considerar a qualidade de vida e a autonomia que o idoso
terá perante esses anos que estão lhe sendo concedidos pelos avanços das ciências. O
envelhecimento populacional deve ser enfrentados pelos órgãos governamentais e pela
sociedade de forma geral, ao longo do terceiro milênio, abrangendo aspectos
educacionais, de saúde, sociais e econômicos. Objetivo: Analisar a produção do
conhecimento fonoaudiológico acerca do processo de envelhecimento. Método: Trata-se
de revisão da literatura exploratória e descritiva que considerou artigos originais
publicados em todos os periódicos brasileiros vinculados à fonoaudiologia e indexados no
banco de dados da Biblioteca Virtual do SciELO e do LILACS. Envolve a Revista
Distúrbios da Comunicação; a Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; a
Revista CEFAC; e o Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (continuação da
Pró-Fono Revista de atualização científica), entre 2008 e 2010. Tal revisão considerou as
áreas de atuação fonoaudiológica; os tipos de intervenções; e os contextos institucionais
privilegiados nos artigos. Resultados: Em 2008, foram publicados 157 artigos originais,
na totalidade, com nove focados no envelhecimento; em 2009, foram 234 artigos, sendo
14 voltados ao envelhecimento; e, em 2010, dos 246 artigos, somente 16 enfocaram o
envelhecimento. A Audiologia é a área que mais publicou textos envolvidos com idosos,
seguida da Linguagem Oral, Voz e Motricidade Oral. As intervenções voltadas à avaliação
e ao diagnóstico foram as mais relatadas, tanto em contextos clínicos, como em hospitais.
Conclusão: Novos estudos sobre a produção do conhecimento acerca do envelhecimento
devem ser realizados visando a definição de ações e campos estratégicos para o
implemento da pesquisa na área.

154
Aprendizagem baseada em problemas como metodologia de formação do
fonoaudiólogo: experiência pioneira

Raphaela Barroso Guedes Granzotti; Carla Patrícia Hernandez Alves Ribeiro César, Aline
Cabral de Oliveira Barreto, Danielle Ramos Domenis, Fabiana Cristina Carlino, Rodrigo
Dornelas do Carmo, Roxane de Irineu Alencar

Introdução: Nas últimas décadas diversos questionamentos surgiram sobre o perfil do


profissional da saúde, muitas vezes dissociado das necessidades do sistema de saúde
brasileiro. A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional e as Diretrizes Curriculares
incentivaram a utilização de metodologias ativas de ensino na busca de uma prática
pedagógica crítica, reflexiva e transformadora, ultrapassando os limites do treinamento
técnico, para alcançar a formação do homem capaz de realizar uma assistência integral e
pautada na transdiciplinaridade. Objetivo: Descrever a estrutura pedagógico de um curso
de Fonoaudiologia que utiliza a metodologia de Aprendizagem Baseada em Problemas
(ABP). Resultados: Dentro desse contexto o Curso de Fonoaudiologia aqui descrito tem
como eixo para a estrutura curricular a utilização da ABP, formado por quatro ciclos
integralizados em quatro anos, tendo cada ciclo um foco de aprendizagem, seguindo um
nível crescente de complexidade. O primeiro ciclo é desenvolvido, integralmente, com
todos os demais cursos da Saúde, constituindo-se assim o ciclo básico da formação em
saúde com grande enfoque na atenção primária; o segundo, terceiro e quarto ciclos são
específicos da formação do Fonoaudiólogo e acrescentam os outros níveis de atenção à
saúde, essencial para a formação de um profissional generalista. Além disso, estes ciclos
são compostos por subunidades curriculares refletindo as áreas de competência da
Fonoaudiologia relacionadas com o ciclo de vida; sendo o segundo para crianças e
adolescentes e o terceiro para adultos e idosos; o quarto ciclo é destinado aos estágios e
trabalho de conclusão de curso. O cumprimento de um ciclo sempre é pré-requisito para o
cumprimento do ciclo seguinte. Visando a integração da teoria com a prática desde o
primeiro ano os espaços de aprendizagem são divididos em Sessões Tutoriais,
Habilidades em Fonoaudiologia, Práticas de Ensino na Comunidade (PEC), Palestras e
Aprendizagem Autodirigida (AAD), sendo todas as atividades desenvolvidas em grupos de
8 a 12 alunos. Nas sessões tutorias são apresentados problemas previamente elaborados
pelo corpo docente baseado no conteúdo programático do curso, tendo o professor como
tutor e facilitador da aprendizagem. Em um primeiro encontro, ocorre a discussão do
problema baseado em conhecimentos prévios e a elaboração dos objetivos de
aprendizagem; em um segundo encontro é realizado uma nova discussão, à luz dos
novos conhecimentos adquiridos em estudos individuais. A prática de Habilidades
propõem desenvolver competências e habilidades técnicas para a avaliação e
procedimentos terapêuticos da prática fonoaudiológica. Na PEC o aluno vai conhecer os
aspectos teórico-práticos dos níveis de prevenção e promoção de saúde relacionando-se
diretamente com a comunidade em atividades supervisionadas. A possibilidade de
momentos para AAD são fundamentais nesta metodologia, possibilitando ao aluno buscar
pelo conhecimento por meio de estudos em bibliotecas, laboratórios, recursos de
informática ou em consultorias didáticas proporcionadas pelos professores. Conclusão:
Na ABP, a estratégia de ensino é centrada no estudante, que deixa o papel de receptor
passivo e assume o de agente responsável por sua aprendizagem propiciando ao
aprendiz a habilidade de resolver problemas de forma eficiente, usando uma base de
conhecimento flexível e integrada.

155
Atendimento integrado domiciliar: benefícios da atuação interdisciplinar

Ana Carla Lima Barbosa; Gabriela Mendes de Aguiar, Bárbara Patrícia da Silva Lima

Introdução: A assistência domiciliar à saúde tem sido agregada ao exercício da Estratégia


de Saúde da Família como forma de proporcionar o acesso da comunidade ao
atendimento multiprofissional em casos de pacientes impossibilitados de deambular,
conforme preconiza a Portaria nº 154/2008 do Ministério da Saúde. A interdisciplinaridade,
fundamental neste tipo de atuação, propicia ao profissional de saúde o desenvolvimento
de uma visão que transcende a especificidade do seu saber, levando-o a compreender as
implicações sociais decorrentes da sua prática, para que esta possa resultar em um
produto coletivo eficaz. Do mesmo modo, a integralidade, um dos princípios doutrinários
do Sistema Único de Saúde, deve permear o diálogo durante estes atendimentos, para
que se reconheçam, além das demandas explícitas, as necessidades dos cidadãos no
que diz respeito ao seu bem estar biopsicossocial. Objetivos: Relatar a experiência de
atendimento domiciliar integrado a uma paciente com Doença de Huntington por
estagiárias dos cursos de Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, apresentando os
benefícios da interdisciplinaridade para os envolvidos. Métodos: Este estudo consiste em
um relato de experiência das discentes do curso de Fonoaudiologia de uma Instituição de
Ensino Superior pública de Alagoas, no período de fevereiro a junho de 2013. O estágio
obrigatório ocorreu numa comunidade assistida por uma Unidade de Saúde da Família da
cidade de Maceió/AL, e contou com atividades desenvolvidas de forma interdisciplinar por
duas estagiárias de Fonoaudiologia e três de Terapia Ocupacional, orientadas por duas
supervisoras, uma de cada área. A paciente atendida apresentava diagnóstico de Doença
de Huntington e recebia semanalmente a visita domiciliar para atendimento conjunto, com
duração de 1 hora. Resultados: Ao longo dos atendimentos, alcançou-se grande
envolvimento e senso de responsabilidade compartilhada entre as estagiárias de ambas
as áreas. O conhecimento das atividades desempenhadas por cada profissão, além do
planejamento e execução das ações em conjunto, propiciaram a compreensão de
objetivos e estratégias aplicados pelas categorias, muitas vezes comuns entre as
mesmas. Do mesmo modo, observou-se que ao serem iniciadas as sessões pelas
estagiárias de Terapia Ocupacional, havia redução dos movimentos involuntários
corporais, característicos da patologia, e melhora de sua postura, facilitando a intervenção
fonoaudiológica na região orofacial. Já as estratégias utilizadas pelas estagiárias de
Fonoaudiologia resultavam em melhora da inteligibilidade de fala e redução dos
movimentos coreicos da mímica facial, facilitando a intervenção conjunta para
aprimoramento dos aspectos cognitivos. A partir desta vivência, identificou-se a
necessidade imperativa de mudança da cultura disciplinar e individualizada originada
desde a graduação, levando-se à reorientação das práticas educacionais e profissionais
para favorecer a promoção da saúde e garantir uma abordagem integral do processo
saúde-doença. Conclusões: Verificaram-se diversos benefícios a partir do atendimento
integrado domiciliar, tendo em vista que houve um aprendizado coletivo a partir da
responsabilidade compartilhada entre os envolvidos, além de terem sido alcançadas
melhoras quanto às manifestações da paciente.

156
Atividade pedagógica em motricidade orofacial: uma prática inovadora para fixação
de conteúdos

Ana Karênina de Freitas Jordão do Amaral; Ciro Santos

Introdução: A atividade de monitoria faz parte do processo de ensino das universidades.


Considerada uma modalidade de ensino e aprendizagem, tem contribuído para formação
do aluno dos cursos de graduação, através de práticas inovadoras na construção desse
processo. Além disso, favorece o desenvolvimento da competência pedagógica e auxilia
os alunos na compreensão e produção do conhecimento. Neste trabalho apresentamos
uma atividade pedagógica aplicada pelo monitor da disciplina Motricidade Orofacial, numa
turma do 3º Período de Fonoaudiologia de uma Universidade Federal. Objetivo: Favorecer
a fixação e aprendizado do conteúdo da disciplina através de uma atividade dinâmica e de
cunho pedagógico. Metodologia: A atividade abordou os temas mastigação e deglutição,
em duas horas/aula. A turma foi dividida em dois grupos, equipe azul e amarela. Cartões
azuis e amarelos foram colocados numa sacola plástica de cor preta, onde cada aluno
tirou sua cartela. Uma vez formadas as equipes, um líder foi escolhido pelo próprio grupo.
A atividade foi do tipo perguntas e respostas. As perguntas, um total de 36, foram
preparadas pelo monitor da disciplina, com respostas subjetivas e objetivas, e submetidas
previamente à análise da professora da disciplina. Duas caixas nas cores azul e amarela,
de mesmas dimensões, também foram confeccionadas. No interior das caixas foram
colocadas cartelas com as respostas das questões, com exceção das subjetivas, cuja
resposta seria escrita no quadro branco pelo líder da equipe. Dentro da caixa, além das
cartelas com as respostas certas, existiam cartelas com nomes e frases sem relação com
os temas, a fim de confundir os alunos propositadamente. No quadro foi escrita uma
sequencia de números de 01 à 36, correspondente à quantidade de perguntas. Cada
grupo, por vez, escolhia um número dessa sequencia. O monitor, de posse da relação das
perguntas, fez a leitura da pergunta escolhida por duas vezes. Após a leitura da pergunta,
o grupo tinha 60 segundos para encontrar a resposta e fixar no quadro o cartão. Para as
questões subjetivas o apresentador informava ao grupo que a resposta deveria ser escrita
no quadro pelo líder da equipe. Neste caso a equipe também teve o mesmo tempo para
discutir e definir a resposta. A equipe com mais respostas certas foi dada como vencedora
e recebeu um prêmio. Resultados: Os resultados foram satisfatórios, pois os alunos
conseguiram interagir uns com os outros, numa dinâmica de discussão participativa e
integrativa, permitindo esclarecer dúvidas, revisar e fixar o conteúdo. Conclusão:
Percebemos que a prática e realização desse tipo de atividade, como parte das ações de
monitoria, favorecem, de forma pedagógica e dinâmica, a fixação e o aprendizado do
conteúdo da disciplina. Além disso, estimula a prática do ensino para os alunos monitores,
a fim de que busquem ainda mais, o conhecimento necessário para sua formação e
atuação profissional.

157
Avaliação da comunidade através do processo de territorialização - contribuição
para formação em fonoaudiologia

Thamyres Grazielle dos Santos Martins; Lourdianny Melo Barros, Anália Maria Correia
Ribeiro da Silva, Thales Roges Vanderlei de Góes

Introdução: O termo territorialização significa localizar, mostrar o lugar, repará-lo,


organizá-lo. A Estratégia da Saúde da Família (ESF) define e é responsável por um
recorte territorial, que corresponde à área de atuação de suas equipes de saúde, da rede
de serviços, da reorganização da atenção e das práticas sanitárias locais. É de suma
importância a territorialização no cenário da ESF, pois fornece subsídios para o
conhecimento de quais são as reais necessidades de uma comunidade a fim de que se
possam planejar futuras intervenções. Objetivos: Relatar a vivência de acadêmicos de
Fonoaudiologia durante a aula prática de uma disciplina que teve como objetivo a
avaliação da comunidade através do processo de territorialização. Métodos: Estudo
descritivo de relato de experiência. Estudantes do terceiro ano do curso de
Fonoaudiologia realizaram uma avaliação da comunidade através do método de
territorialização nas áreas de abrangência de uma Unidade Básica de Saúde (UBS)
pertencente a uma comunidade circunvizinha à Universidade. Foi realizado o
levantamento dos agravos de saúde das professoras do ensino fundamental de uma
escola da comunidade, onde, posteriormente, foram discutidas e elaboradas estratégias
de planejamento em saúde. O grupo foi supervisionado por uma fonoaudióloga, residente
em Saúde da Família. Ao final, elaborou-se um relatório que continham traçadas ações de
saúde a serem realizadas no local. Resultados: O planejamento em saúde teve como
problema identificado o alto índice de queixas vocais em professoras do ensino
fundamental. Os objetivos foram promover a qualidade vocal das professoras e
sensibilizá-las quanto a cuidados com a própria voz. Como meta, a redução do número de
queixas vocais das professoras. As atividades seriam compostas por quatro encontros,
contendo 30 minutos cada, no horário de 16h45, onde seria conversado com a diretora da
escola para se chegar ao acordo de que, no dia da semana que fosse ocorrer a atividade,
os pais fossem buscar as crianças trinta minutos mais cedo. Tendo em vista que seriam
somente quatro encontros, ocorrendo uma vez na semana, isto não afetaria
negativamente a dinâmica da escola. Nas atividades, teríamos uma análise perceptivo-
auditiva utilizando a escala GRBASI e aplicação do questionário de qualidade de vida
relacionada à voz (QVV), roda de conversa sobre fisiologia da voz, mitos e verdades
acerca de cuidados com a voz, técnicas de aquecimento e desaquecimento vocal e
fechamento, pontuando alguns pontos trabalhados durante os encontros anteriores,
análise perceptivo-auditiva utilizando a escala GRBASI e reaplicação do questionário de
qualidade de vida relacionada à voz para serem comparados com os achados do primeiro
encontro. Conclusões: A avaliação por meio do processo de territorialização permitiu que
os acadêmicos conhecessem melhor a Estratégia da Saúde da Família e os profissionais
da escola, desenvolvendo, assim, uma visão holística da promoção e prevenção da saúde
na Atenção Básica. Possibilitou, ainda, o entendimento multifatorial da territorialização,
abrangendo, além dos aspectos geográficos, conceitos sociais, políticos, culturais e
econômicos da comunidade, identificando, desta forma, as necessidades e os problemas
demandados pela população analisada.

158
Avaliação do conhecimento dos estudantes de fonoaudiologia sobre o auto-exame
da boca

Schirleyde Fabiana da Silva; Roberta Borba Assis, Ana Maria Bezerra de Araujo, Benilda
Silva da Luz

Introdução: Devido o câncer de boca ser um dos tipos mais comuns de neoplasia que
podem acometer os indivíduos na região de cabeça e pescoço, observa-se a importância
do auto-exame da boca, proporcionando uma detecção precoce, e do conhecimento por
parte dos profissionais de saúde. Visto que tal conhecimento deve ser adquirido na
graduação, pois é neste período que os estudantes de fonoaudiologia e demais
acadêmicos da área de saúde estão sendo formados e deverão obter o máximo de
informações possíveis para não apenas tornassem agentes reabilitadores, mas também
de prevenção. Objetivos: Avaliar o conhecimento de estudantes de Fonoaudiologia sobre
a detecção precoce do câncer de boca através do auto-exame. Metódos: Tratou-se de um
estudo transversal e descritivo, que buscou através de um questionário semi-estruturado
composto por perguntas abertas, respondido individualmente por 25 alunos, sendo dois
do sexo masculino e 23 do sexo feminino, que estavam no último ano do curso de
fonoaudiologia, de duas instituições de ensino superior. Resultados: Através dos
questionários observou-se que 100% dos estudantes referiram conhecer os fatores de
riscos para o câncer de boca. O tabagismo foi citado por todos como um grande fator de
risco; seguido de alcoolismo (72%); higiene oral precária (48%); próteses mal adaptadas
(28%); fatores genéticos e radiação solar (20%), HPV (16%); lesões crônicas, desnutrição
e dieta pobre em vitaminas e proteínas (8%) e exposição a agentes químicos (4%).
Quanto ao conhecimento dos sinais e sintomas notou-se que 64% dos alunos citaram a
presença de lesões crônicas; 52% manchas esbranquiçadas como suspeitas de câncer
de boca; 32% presença de dor; 24% vermelhidão e presença de caroços; e 8% dos
graduandos não soberam informar. Em relação aos encaminhamentos, em caso de
suspeitas de câncer de boca, 52% dos graduandos encaminhariam para o cirurgião
dentista; 24% para o Médico; 16% para o Otorrinolaringologista e Cirurgião de cabeça e
pescoço; e 8% para o Bucomaxilofacial e Fonoaudiólogos. 20% dos participantes não
ouviram falar ou leram sobre o auto-exame de boca. 56% dos alunos conheceram o auto-
exame através de palestras e congressos, 20% a partir de aulas da graduação; 12%
através de estágios; 8% por revistas; e 4% por meio de campanhas educativas. Porém,
apenas 36% dos estudantes afirmaram saber realizar o auto-exame da boca. Conclusões:
Nota-se a necessidade de um maior investimento por parte das instituições de ensinos
superiores quanto ao aprimoramento do conhecimento técnico a cerca da importância na
realização do auto-exame de boca, como medida preventiva e de detecção precoce de
um dos cânceres mais comuns na região de cabeça e pescoço causando alterações
morfofuncionais.

159
Educação em saúde na atenção à amamentação: experiência pet-saúde numa
maternidade referência em alto-risco

Jordana de Lima Silva Santos; Vanessa de Oliveira Tenório, Maria da Conceição Carneiro
Pessoa de Santana, Ana Paula Cajaseiras de Carvalho, Simone Schwartz Lessa

Introdução: As práticas de Educação em Saúde desenvolveram-se de forma significativa


nas últimas décadas, ocupando espaço prioritário nas ações cotidianas dos serviços de
saúde, devido a sua ênfase em ações preventivas e de promoção à saúde, cujo maior
objetivo é proporcionar conhecimentos que favoreçam melhor qualidade de vida. Na
espécie humana, a amamentação configura-se como um comportamento complexo,
influenciado por condições culturais, socioeconômicas, demográficas, psíquicas,
biológicas e outras vinculadas a vivências, como condutas hospitalares e suporte pós-
parto, que podem determinar a adesão e duração do aleitamento materno. Apesar das
inúmeras evidências referentes aos benefícios do aleitamento materno, sua prevalência,
especialmente em prematuros, é baixa. Considerando que a Educação em Saúde visa
propiciar a mudança de comportamento, individual e/ou coletivo, a partir de acesso a
informações, acredita-se que práticas interdisciplinares apoiadas nesse princípio possam
levar à aquisição de hábitos maternos que minimizem o desmame precoce. Objetivo:
Descrever a vivência de um grupo do PRÓ/PET-Saúde de uma universidade pública
estadual de Alagoas, no âmbito da Educação em Saúde, numa maternidade pública
referência para o atendimento de gestantes de alto-risco. Métodos: Após o
reconhecimento, tanto da estrutura física quanto dos recursos humanos existentes no
período, elaborou-se um plano de ações. As práticas de Educação em Saúde
aconteceram por meio de atividades estimulativas, que objetivaram atrair a genitora para
participar do processo educativo; exercitativas, caracterizadas pela oferta de condições
para aquisição e formação de hábitos, assim como para a assimilação, construção e
reconstrução de experiências; orientadoras, que enfocaram os aspectos de liberdade,
autoridade, autonomia e independência; didáticas, baseadas na transmissão e veiculação
de conhecimentos específicos; e terapêuticas, que permitiram retificar os eventuais
descaminhos do processo educativo. Considerando o perfil de cada grupo populacional,
foram realizadas estratégias individuais e/ou coletivas. Os recursos educativos
relacionaram-se, especialmente, à temática aleitamento materno em prematuros.
Resultados: Evidenciou-se, ao longo do processo, a participação ativa das genitoras no
processo de construção do conhecimento. Nas participações das puérperas nas
atividades educativas realizadas, houve trocas de experiências acerca dos temas em
discussão - a brincadeira e o jogar garantiram a liberdade verbal, o que diminuiu o medo
de se expor, além de terem favorecido a aquisição e aprofundamento de conhecimentos.
Os alunos dos grupos PETs tiveram a oportunidade de vivenciar a Educação
Interprofissional e a aplicação dos princípios da Educação em Saúde em cenário real de
prática. Percebeu-se que as genitoras, já com os seus saberes transformados,
começaram a ser facilitadoras da promoção da amamentação junto às demais das
unidades. Conclusão: A Educação em Saúde pode ser desenvolvida no ambiente
hospitalar, mesmo diante dos desafios estruturais e de recursos humanos. Todavia, faz-se
necessário a proposição de um trabalho diferenciado, criativo e respaldado, direcionando-
os às especificidades e necessidades dos usuários. As ações de cunho preventivo
orientam as ações de detecção, controle e enfraquecimento dos fatores de risco,
distanciando ou evitando o desmame precoce. A vivência dos alunos no planejamento e
execução das práticas de Educação em Saúde no cenário exposto favorece a ampliação
do olhar para o cuidado integral na saúde materno-infantil.

160
Enfrentamento das questões emocionais do aluno de fonoaudiologia durante a
prática clínica – uma experiência grupal

Mirian Nagae; Bernadete Mello

O aluno ao iniciar sua prática, percebe sua inexperiência, insuficiência de conhecimentos,


bem como a realidade vivida por cada paciente e sua família com relação ao aspecto
emocional. Exigem uma adequação e respostas assertivas imediatas na resolução de
suas dificuldades e que na verdade essas dificuldades são pertinentes nesta fase. Nesta
época de transição entre o papel de aluno e profissional, observa-se ansiedade,
frustração, temores, angústias, dificuldades interpessoais, preocupação excessiva,
inabilidade em concentrar-se em outros assuntos, dificuldade em relaxar e altos níveis de
exigência consigo próprio, que passam a fazer parte da vida do aluno. Alguns alunos
passam a apresentar sintomas psicossomáticos como: insônia, distúrbios estomacais,
funções imunológicas comprometidas, hipersensibilidade emotiva sem razão aparente.
Nesta fase os alunos terão que se adaptar a rotina de novos horários, afastamento do
ambiente familiar e compromissos acadêmicos que favorecem o desequilíbrio emocional.
Observa-se que eles não têm a compreensão clara das mudanças que ocorrem nesta
fase, passam a exigir de si atitudes que não condizem com a situação que estão
vivenciando. Preocupados com o bem estar dos alunos e com seu desempenho
acadêmico, o corpo docente de um curso de graduação em fonoaudiologia de uma
universidade estadual buscou soluções. Sob a responsabilidade de um docente,
psicólogo, criou-se o grupo operativo cujo objetivo é proporcionar um espaço de
expressão, discussão e reflexão das questões emocionais do aluno que envolve esta
experiência inicial. Os encontros são realizados com um grupo de alunos durante o 3º ano
de curso de fonoaudiologia de uma instituição pública de ensino. Os grupos acontecem
uma vez por mês com duração de uma hora e são acompanhados por um psicólogo
docente do curso. Essa experiência focalizou o período de 1993-2012. Em 11 anos de
existência do grupo operativo, a participação dos alunos vem permitindo uma reflexão e
entendimento das situações problema vivenciados a cada etapa do estágio, favorecendo
mudanças individuais e no grupo, bem como um autoconhecimento de suas
potencialidades e limites.

161
Expectativas de graduandos em fonoaudiologia frente a um estágio clínico
supervisionado

Lilian Lobo Damasceno; Maria Claudia Cunha

Introdução: O estágio clínico curricular é fundamental para a formação profissional do


estudante de graduação na área de saúde, pois propicia o desenvolvimento de
competências nos campos técnico/científico, acadêmico, institucional e da cidadania. Tal
atividade promove a compreensão do aluno acerca dos processos de planejamento e
elaboração/utilização de procedimentos e técnicas clínicas. Contudo, observa-se na
prática docente que tal atividade também desencadeia conteúdos subjetivos (tensão,
insegurança e ansiedade) nos alunos. Estes sentimentos podem perturbar a
aprendizagem e a atuação, especialmente dos iniciantes; sendo imprescindível que o
docente considere e construa estratégias para lidar com esse aspecto durante o processo
de supervisão. Objetivo: Investigar os conteúdos subjetivos mobilizados em um grupo de
alunos de um curso de Fonoaudiologia a partir das primeiras vivências de estágio clínico
de avaliação diagnóstica. Método: Casuística: cinco alunos do quinto semestre do curso
de Fonoaudiologia de uma Universidade particular da cidade de São Paulo.
Procedimento: aplicação de questionário com questões abertas, envolvendo as seguintes
variáveis: expectativas em relação ao estágio, avaliação do processo de supervisão,
relação estabelecida com o paciente, entendimento sobre a importância da avaliação
diagnóstica e da função das entrevistas na clínica de linguagem. Os dados coletados
foram registrados em planilha específica e categorizados para efeitos de estabelecimento
de critérios de análise. O estudo foi realizado respeitando as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, elaboradas pelo Conselho
Nacional de Saúde (Resolução 196/96). Resultados: As respostas dos questionários
foram distribuídas em categorias, nas quais selecionou-se unidades significativas de
conteúdo, que foram articuladas umas às outras. Nesse processo, emergiram os temas
significativos relacionados com as primeiras vivências de estágio, a saber: dificuldades
em colocar em prática os conteúdos teóricos previamente aprendidos, insegurança em
relação à avaliação da competência profissional pelos pacientes e familiares,
preocupações quanto à execução adequada de entrevistas e aplicação das técnicas de
avaliação, ansiedade quanto ao vínculo com o paciente, preocupação em corresponder às
expectativas do supervisor, paciente e família, temor em não saber como agir em
situações clínicas imprevisíveis. Os estagiários enfatizaram a importância da supervisão
nesse processo, em termos de orientações teóricas, no suporte para o manejo da relação
terapeuta/paciente e no acolhimento às angustias pessoais que emergem a partir dos
atendimentos. Os resultados foram compatíveis com a literatura pesquisada, pois
verificou-se o impacto emocional que o início das atividades práticas causam nos
alunos/estagiários, o que está associado à falta de vivência profissional e aos sentimentos
mobilizados pela experiência de cuidar, terapeuticamente, do outro. Conclusão: Os
resultados constatam a relevância do estágio clínico como espaço de reflexão, de
construção da identidade profissional e de expressão/elaboração de sofrimento psíquico
diante desta experiência prática, particularmente em suas etapas iniciais.

162
Experiência do ensino em saúde do trabalhador na graduação em fonoaudiologia

Ivone Ferreira Neves-Lobo; Clayton Henrique Rocha, Isadora Longo Altero, Renata
Rodrigues Moreira, Seisse Gabriela Gandolfi Sanches, Alessandra Giannella Samelli

Introdução: A Saúde do Trabalhador é um campo de práticas e conhecimentos cujo


enfoque teórico-metodológico, no Brasil, emerge da Saúde Coletiva. De acordo com as
Diretrizes Curriculares Nacionais, o curso de graduação em Fonoaudiologia deve formar
profissionais aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação
da saúde, em nível individual e coletivo. Na formação em Fonoaudiologia, o conhecimento
sobre a saúde do trabalhador é considerado um campo de estudo. Porém, na prática
profissional desta área, o fonoaudiólogo ainda se caracteriza por desenvolver ações
predominantemente técnicas, limitadas e não seqüenciais, comprometendo a eficácia da
atuação voltada para a promoção da saúde do trabalhador. Neste momento em que
esforços vêm sendo empreendidos para construir uma política nacional e integrada dos
campos da Saúde, Trabalho e Previdência Social, é oportuna a reflexão sobre a formação
do aluno de graduação nesta área. Objetivo: Caracterizar a disciplina Audiologia do
Trabalhador do Curso de Graduação em Fonoaudiologia de uma universidade pública de
São Paulo, descrevendo suas estratégias de ensino-aprendizagem e avaliação. Método:
A disciplina é oferecida aos 25 alunos do terceiro ano de graduação do curso, divididos
em quatro grupos, com duração de um semestre. As atividades teórico-práticas são
realizadas no hospital da universidade. O conteúdo teórico da disciplina conta com aulas
expositivas, que introduzem conceitos sobre os efeitos do ruído na audição,
características das perdas auditivas induzidas pelo ruído, Programas de Prevenção de
Perdas Auditivas (PPPA) e atualidades na área. A legislação e a inter-relação entre a
Fonoaudiologia e os outros profissionais envolvidos no cuidado da saúde do trabalhador
são enfatizadas. A Portaria 19 é um dos conteúdos mais discutidos durante o estágio,
relacionando os aspectos teóricos com a prática dos atendimentos. Além disso, há
apresentação de seminários e a elaboração de materiais didáticos pelos alunos, utilizados
para orientações e treinamentos dos trabalhadores. As atividades práticas estão
relacionadas ao atendimento dos funcionários da universidade, que fazem parte do PPPA,
que ocorre em consonância com o SESMT. O atendimento compreende: avaliação
audiológica completa, realização do treinamento para utilização efetiva da proteção
auditiva, bem como orientações sobre cuidados com a audição e devolutiva para o
paciente. Ao final dos atendimentos, são realizadas discussões dos casos clínicos,
orientadas pelas supervisoras e pela docente responsável pela disciplina. Os alunos
também realizam visitas em ambientes com níveis de ruído elevado. Na visita, há a
oportunidade de medir o nível de ruído no local além de observar a utilização dos
protetores auditivos pelos funcionários dos setores. Ao término da disciplina, os alunos
são avaliados com relação aos trabalhos entregues, seminários realizados, conteúdo
teórico e atendimento prático. Conclusão: Apesar das limitações, a disciplina de Saúde do
Trabalhador consegue abordar aspectos fundamentais ao exercício profissional nesta
área, incorporando desde aspectos de legislação até o monitoramento audiológico,
passando pelas questões da importância da interdisciplinaridade e da avaliação da
efetividade dos PPPA. Desta forma, a disciplina tem despertado o interesse de alunos
para o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema na iniciação científica e na pós-
graduação, assim como para a atuação clínica.

163
Fonoaudiologia e educação em saúde: relato da atuação preventiva numa
comunidade em Alagoas

Ana Carla Lima Barbosa; Jacileide Carvalho de Oliveira Souza, Natália Mayra Nascimento
Palmeira Paz, Bárbara Patrícia da Silva Lima

Introdução: A prática de Educação em Saúde configura-se como o processo integrador do


cuidar, constituindo um espaço crítico de reflexão-ação, fundado em saberes técnico-
científicos e populares, promovendo mudanças a nível social de comportamento
potencialmente prejudiciais à saúde e na aquisição de hábitos favoráveis ao bem comum
e à saúde pessoal. Em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de
Saúde (SUS), a Atenção Básica (AB) caracteriza-se como um contexto privilegiado para
desenvolvimento de práticas educativas em saúde. Espera-se que os profissionais
alocados no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF) desempenhem assistência
integral e contínua às famílias da área assistida, identificando situações de risco à saúde
e enfrentando-as em parceria com a comunidade. A saúde bucal é um dos focos da AB, e
nesse âmbito, a Educação em Saúde é amplamente utilizada com o público infantil, posto
que, são durante os primeiros anos de vida que a criança vai incorporando em sua vida os
hábitos, as noções de higiene e hábitos saudáveis, bem como o comportamento perante a
coletividade e a família. Assim, a escola se constitui num dos principais cenários, onde os
profissionais da AB devem fomentar as ações de promoção da saúde e prevenção de
agravos. Objetivos: Relatar a experiência da atuação interdisciplinar da Fonoaudiologia e
da Terapia ocupacional em uma Creche-escola. Métodos: Este estudo retrata a
experiência da atuação interdisciplinar da Fonoaudiologia e da Terapia Ocupacional em
práticas educativas desempenhadas numa Creche-escola no município de Maceió-AL. As
atividades foram desenvolvidas semanalmente por graduandas do curso de
Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional de uma Instituição de Ensino Superior (IES)
pública no decorrer do Estágio Supervisionado Obrigatório em Saúde Coletiva dos
referidos cursos, no período de fevereiro a junho de 2013. Resultados: Foram realizadas
atividades em grupo, envolvendo dinâmicas de socialização e integralização de saberes
científicos e populares com a temática higiene bucal. Previamente realizou um estudo e
delineamento das ações educativas a serem executadas com o público-alvo.
Posteriormente, as atividades tornavam-se práticas por meio da utilização de recursos
áudio-visuais adequados para a faixa etária do público atendido. No decorrer das ações,
admitiu-se assimilação e disseminação por parte do público-alvo sobre o tema explanado
na atividade, assim como interação de forma intra-grupo com os participantes. Observou-
se ainda, a garantia da prática crítica-reflexiva por meio de tais estratégias, o que garantiu
o enfrentamento dos problemas de saúde marcados pela integração entre o saber técnico
e o saber popular e pela mútua colaboração. Conclusões: A atuação na creche-escola
mostrou a importância da Fonoaudiologia atuar em parceria com a Terapia Ocupacional
no desenvolver de atividades eficazes em prol da prevenção para o desenvolvimento
saudável das crianças envolvidas.

164
Fonoaudiologia e promoção da saúde: relato de experiência com alunos de
graduação

Denise Gonçalves Roza; Ana Magda Rezende de Oliveira, Juliana Mota Ferreira, Carlos
Antonio Bruno da Silva

Introdução: A formação acadêmica em Fonoaudiologia exige cada vez mais que os alunos
vivenciem a realidade da saúde coletiva e se apropriem desse campo de atuação, visando
à promoção da saúde fonoaudiológica e a prevenção dos agravos. Objetivo: Descrever a
experiência de alunos de graduação em Fonoaudiologia em atividades de promoção da
saúde. Métodos: Estudo descritivo, de natureza qualitativa, desenvolvido pelos alunos da
disciplina de Práticas Integrativas em Saúde Coletiva de uma faculdade privada de
Fortaleza, no período de março a junho de 2013. Foram realizadas ações de promoção da
saúde fonoaudiológica, em escolas, hospitais, asilos, orfanatos e no espaço da faculdade,
através de palestras informativas e atividades de orientação em grupo, abordando temas
da Fonoaudiologia relacionados à voz, audição, linguagem, motricidade orofacial e
deglutição. Os alunos foram divididos em 3 grupos, cada grupo responsável por 3 projetos
de promoção da saúde. As atividades foram registradas por meio de imagens e relatórios.
Ao final, foram realizadas entrevistas não-estruturadas com os alunos sobre suas
experiências. Resultados: As atividades contaram com a participação de 23 alunos,
cursando o último semestre da faculdade. Foram realizadas 26 intervenções em
promoção da saúde fonoaudiológica, das quais 6 (23,1%) envolviam tema relacionado à
audição; 3 (11,5%) mastigação e deglutição; 7 (26,9%) motricidade orofacial; 7 (26,9%)
voz; e 3 (11,5%) linguagem oral e escrita. Os alunos tiveram autonomia para desenvolver
suas atividades, escolhendo os locais, os temas e o material utilizado. Os cuidados com a
audição e a voz e o desenvolvimento da linguagem, foram debatidos em forma de
palestras em escolas; a saúde do idoso, abordando orientações sobre a audição e higiene
bucal, foi trabalhado em oficina com idosos de um abrigo. No hospital, foram abordados
temas relacionados à mastigação e deglutição, através de palestras com candidatos à
cirurgia bariátrica; e temas relacionados a saúde materno-infantil, com orientações às
gestantes e puérperas sobre amamentação, sucção, motricidade orofacial e linguagem.
Foi realizada sala de espera no setor de estágio da faculdade, junto à família de pacientes
em atendimento, abordando o desenvolvimento da linguagem. Na parte externa da
faculdade, foram realizadas panfletagens com temas relacionados ao cuidado com a voz,
audição. Os alunos revelaram se sentirem mais preparados para a vida profissional, às
vésperas da finalização do curso, após as vivências práticas. Conclusão: A experiência
prática da saúde pública e coletiva mostrou-se como importante estratégia de inserção do
estudante na realidade da Fonoaudiologia na saúde pública, gerando maior visão,
maturidade e autonomia dos alunos. As vivências estreitaram a relação entre a teoria e a
prática, e proporcionaram a humanização do cuidado. As atividades desenvolvidas
também ampliaram o acesso da população aos temas relacionados a Fonoaudiologia,
favorecendo o conhecimento e o interesse pela área. Os resultados dessa experiência
evidenciam a importância do trabalho do fonoaudiologia no âmbito de atenção primária e
promoção de saúde.

165
Formação docente graduação em fonoaudiologia

Lia Maria Brasil de Souza Barroso; Fernanda Mônica Oliveira Sampaio, Mércia Maria
Araújo Pinto

A formação do profissional da saúde como docente tem se configurado como uma


temática que propiciará mudanças no posicionamento profissional/docente, em virtude de
estar direcionada para o desenvolvimento de uma postura de co responsabilidade por
parte do aluno e professor no seu processo de aprendizagem. O artigo refere-se a um
relato de experiência que teve como objetivo apresentar a significância da formação do
docente Fonoaudiólogo numa mudança curricular, cuja proposta metodológica baseia-se
na utilização das metodologias ativas. Desde o ano de 2007, o processo foi iniciado com a
realização de reuniões formativas no viés pedagógico, apoiadas em estratégias
possibilitassem ao docente uma reflexão sobre o seu fazer acadêmico, o seu lugar
enquanto educador e formador de profissionais da área da saúde. No ano de 2012, foi
ofertada a matriz curricular que versava sobre a apresentação da teoria associada a
vivência prática, na qual os conteúdos específicos para a formação do Fonoaudiólogo era
integrado. O sujeito a ser contemplado no atendimento fonoaudiológico era visualizado
em sua integralidade. Essa experiência possibilitou ao corpo docente da graduação em
Fonoaudiologia uma desconstrução dos modelos de ensino baseados na aula expositiva -
tradicionalismo, nos quais o docente é considerado o retentor do saber a ser adquirido
pelo aluno; para um modelo em que a aprendizagem do aluno é mediada em sua grande
maioria por ele mesmo. E, o professor é o mediador desta aprendizagem. Verificou-se
que a participação do aluno nesta metodologia é melhor definida, e o mesmo
compromete-se mais com sua formação, ou seja vai buscar mais o conhecimento, não
espera a demanda do professor. Assim como o professor, necessita de uma postura
educadora presente, visto que o mesmo será o gerenciador do aprendizado do aluno.

166
Idosos institucionalizados e os residentes na comunidade itapagipana: análise
descritiva da situação de saúde

Monique da Silva Fraga Gomes; Ana Verena Rocha Carvalho, Joiceangela Alves
Nascimento, Laiana Silva Reis, Lidiane dos Santos Sotero, Luzia Poliana Anjos da Silva

Introdução: O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que ocorre de forma


cada vez mais acelerada. As projeções mais conservadoras indicam que, em 2020, o
Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, desta forma faz necessário
estudar a situação de saúde desta população a partir dos ambientes em que estão
inseridos. Métodos: Trata-se de um estudo de caso de abordagem quantitativa, mediante
corte transversal, com base em aplicação de questionários auto-referenciados. Foram
utilizados questionários distintos entre os grupos estudados. A aplicação dos
questionários ocorreu entre janeiro e março de 2011, no Lar mãe Maria Luíza localizado
no município de Salvador-BA, e entre maio e julho de 2011 na Unidade Básica de Saúde
(UBS), Virgílio de Carvalho, do mesmo município. Resultados: Quanto à idade dos idosos
asilados, 10,71% não souberam referir a idade, dos que referiram a maioria (28,57%)
afirmaram ter entre 71 e 80 anos, enquanto a faixa etária predominante entre os Idosos
Não Institucionalizados (ININS) foi a de 60 a 70 anos. Apenas 32% dos INI definiram-se
como solteiros, contra 46% dos Idosos Institucionalizados (IINS). Quanto à renda, a
direção da instituição informou ser em média um salário mínimo referente a
aposentadorias. Já para os ININS a declaração desta ficou a critério dos investigados, dos
35,5% dos idosos que referiram sua renda mensal, 72,72% relatou ter uma renda
equivalente a um salário mínimo. Sobre a execução das Atividades de Vida Diária (AVD)
de forma independente, esta predominou na população não institucionalizada, sendo
96,80%. Referente à morbidade, a hipertensão foi a patologia mais atinge a faixa etária,
sendo referida por 41,90% dos idosos não institucionalizados e por 28,27% dos
institucionalizados. Conclusão: Observou-se que a diminuição das funções cognitivas e o
maior grau de dependência dos idosos residentes no lar de acolhimento, se faz o maior
fator discrepante entre os grupos analisados, com potencial para impulsionar a demanda
de institucionalização na região estudada, já que a renda média salarial se manteve em
ambos os grupos. A partir deste estudo, pôde-se inferir sobre a necessidade de Políticas
Municipais de Saúde que reflitam sobre este grupo populacional específico e estudos
científicos que retratem a realidade desta população em crescimento na Bahia e no Brasil.

167
Impacto da reforma curricular no curso de fonoaudiologia: desafios e beneficios

Monique Da Silva Fraga Gomes; Ana Verena Rocha Carvalho, Joiceangela Alves
Nascimento, Laiana Silva Reis, Lidiane dos Santos Sotero, Luzia Poliana Anjos da Silva

Introdução: Decorrente do crescimento da Fonoaudiologia na Bahia o curso da


Universidade Federal da Bahia (UFBA) compreendeu a necessidade de mudanças em
sua grade curricular modificando significativamente seu currículo para atender a uma
demanda de maneira que a atuação fonoaudiológica pudesse cumprir seu papel social,
especialmente, contribuindo para a inserção do fonoaudiólogo no Sistema Único de
Saúde (SUS). Desse modo, após diversas discussões sobre os possíveis ajustes
curriculares, no ano de 2010 entrou em vigor o novo currículo, com propostas para
habilitar profissionais com uma nova visão social de atuação. Objetivo: Apurar a opinião
dos discentes quanto às mudanças curriculares do curso assim como a respeito das
disciplinas adicionadas de Saúde Coletiva (SC). Método: Trata-se de um estudo de
prevalência mediante corte transversal. Realizado através de um questionário elaborado
pelos pesquisadores a respeito dos ajustes sucedidos, com 15 perguntas fechadas e
abertas aplicados no período de junho a novembro de 2011. O questionário se referia as
novas disciplinas, aos docentes, os benefícios e a satisfação dos discentes em relação à
nova grade curricular. Foram incluídos na pesquisa alunos devidamente matriculados e
que frequentavam regularmente o curso de graduação de Fonoaudiologia da UFBA e que
aderiram ao novo currículo e excluído os ingressos em 2011.2(1º semestre). Resultado: O
presente estudo foi realizado com 74 discentes contabilizando 38% do total de alunos. Foi
possível verificar que deste total entrevistados 93,5% concordaram que as mudanças
curriculares foram positivas e que trouxeram um acúmulo cientifico importante. Ao serem
questionados sobre a relevância na relação da SC e a Fonoaudiologia, 98,6%
consideraram de extrema importância essa relação, porém ao interrogar sobre os
docentes inserirem a Saúde Coletiva nas áreas de Fonoaudiologia, apenas 6,8%
consideram que todos fazem essa relação. Sobre a aptidão em discutir sobre as políticas
de saúde, 50% dos alunos afirmam não se sentirem aptos a entrar em uma discussão
sobre a Lei 80/80, Pacto pela Saúde, NOB e NOAS. Discussão e Conclusão: Os
discentes reconhecem a importância desta mudança na grade curricular, no entanto, com
a vivência do currículo pela maior parte dos alunos questionados, verificam-se grandes
lacunas. Em relação às disciplinas de SC a maioria dos discentes haviam cursado as
disciplinas disponíveis, porém ao serem questionados a respeito do domínio em discutir
determinadas políticas de saúde muitos não se sentem aptos em entrar em uma
discussão apesar de já ter visto o conteúdo, isso advém do déficit decorrente na
administração e/ou ementa das disciplinas, e no diálogo entre os professores da SC e
Fonoaudiologia, visto que as disciplinas são ministradas também por professores de
outros departamentos. Fato também decorrente da pouca relação feita entre a SC e a
Fonoaudiologia pelos próprios docentes do curso que se firmam ainda no modelo de
formação especializada e segmentada. Conclui-se que os discentes reconhecem a
importância da relação da Fonoaudiologia e SC e que reajustes curriculares ainda devem
ser feitos para se obter uma pratica ampliada a partir de uma formação generalista
voltada para ações de Atenção Primária da Saúde (APS) e fortalecimento do SUS.

168
Liga acadêmica da voz da universidade federal de são paulo: descrição das
atividades de 2012

Bruna Rainho Rocha; Cássia Gomes Amaral, Patricia Barbarini Takaki, Paloma Hiroko
Sato, Helena Marçal, Felipe Moreti, Renata Azevedo

Introdução: Uma liga acadêmica é uma associação civil e científica livre, de duração
indeterminada, sem fins lucrativos, com sede e foro na cidade da instituição de ensino que
a abriga, que visa complementar a formação acadêmica em uma área específica do
conhecimento por meio de atividades que atendam os princípios do tripé universitário de
ensino, pesquisa e extensão. A Liga Acadêmica da Voz da Universidade Federal de São
Paulo (LAV-UNIFESP) é formada por uma diretoria administrativa, responsável pela
organização das atividades e por membros efetivos, sendo todos alunos de graduação em
Fonoaudiologia, supervisionados por professores e profissionais vinculados ao
Departamento de Fonoaudiologia da UNIFESP. A LAV-UNIFESP foi criada em 2004 com
os objetivos de fornecer aos acadêmicos conhecimentos técnico-científicos relacionados à
área de voz, realizando projetos de promoção e prevenção de saúde vocal e qualidade de
vida da população. Objetivos: Descrever as atividades executadas pela LAV-UNIFESP no
ano de 2012. Métodos: A LAV-UNIFESP, composta por vinte e três membros, apresentou
aulas semanais, com duração de duas horas cada, ministradas por palestrantes
convidados pela Diretoria Executiva, sendo o cronograma previamente discutido com o
professor preceptor e coordenador científico da Liga. Os novos membros da LAV
ingressaram após aprovação por meio de avaliação após Curso Introdutório, sendo as
vagas divididas por ano de graduação de acordo com a proporção de inscritos de cada
turma no curso, totalizando 8 novos membros. Durante o ano, a LAV em parceira com a
LAAE (Liga Acadêmica de Audição e Equilíbrio) realizou o I Workshop Integrado – Saúde
do Trabalhador, com 8h de duração. Resultados: O Curso Introdutório, realizado em
março, deu início às atividades teóricas da LAV. Contou com 5 palestrantes e temas
relacionados à anatomia e fisiologia vocal, fononcologia, voz profissional e disfonias.
Durante o ano de 2012 foram realizadas 10 aulas teóricas, cada uma com um palestrante
diferente e distribuídas em temáticas diferentes; 9 reuniões clínicas realizadas no Centro
de Estudos da Voz – CEV com participação de 4 alunos por vez; 1 Workshop e 1 encontro
exclusivo para eleição da nova Diretoria (2013) e reunião com os membros da LAV. O ano
vigente foi um ano atípico por ter presenciado uma greve de professores e alunos da
Rede Federal de Ensino. Por essa razão, 6 aulas foram canceladas, sem tempo e espaço
para reposição até o final do ano letivo. Conclusões: As atividades da LAV-UNIFESP
ofereceram aos seus membros diferentes subsídios teóricos e práticos, além de
momentos para esclarecimento de dúvidas, discussão de casos e ampliação do
conhecimento na área de voz, possibilitando contato com profissionais de outras
entidades e de outras áreas de atuação. Para a diretoria, proporcionou aprendizado com
noções de gestão, organização e trabalho em equipe, além de maior contado com
profissionais da área de voz.

169
Monitoria em libras em cursos de saúde: experiência da fonoaudiologia

Mariana Batista de Souza Santos; Tayza Mirella de Santana, Lucineide Cristina Barbosa,
Acácia de Souza Barros, Erika Taise Gomes Ferreira, Elisabeth Cavalcanti Coelho,
Adriana Di Donato

Introdução: A Língua Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida pela Lei nº10436/2002 e


regulamentada pelo Decreto nº5626/2005, no artigo 3º estabelece a inserção da disciplina
Libras como obrigatória nas diferentes licenciaturas e em cursos de Fonoaudiologia,
Pedagogia e Educação Especial. Aos demais cursos de saúde, com grau de bacharel, o
referido decreto confere o caráter optativo à grade curricular, apesar da relevância para a
acessibilidade comunicacional frente às pessoas surdas. A disciplina Libras oferecida pelo
curso de Fonoaudiologia em uma universidade pública federal atende, prioritariamente,
aos estudantes da área de saúde. Mesmo como disciplina eletiva, observa-se a busca
consciente por tal conhecimento, gerando uma grande lista de espera. Apresenta
conteúdos introdutórios quanto aos aspectos linguísticos e socioantropológicos da Libras,
discutindo questões relativas às pessoas surdas em uma perspectiva de inclusão social
voltada à área da saúde. Nesta disciplina, estudantes de Fonoaudiologia têm a
oportunidade de vivenciar a experiência de iniciação às práticas de docência através de
atividades de monitoria. Objetivo. Descrever a experiência de estudantes de
Fonoaudiologia nas práticas de monitoria em Libras, junto a estudantes da área da saúde
no Ensino Superior. Métodos. Participaram do grupo de monitoria cinco estudantes de
Fonoaudiologia, atuando em três turmas compostas por alunos de diferentes cursos e
períodos: Educação Física (bacharelado),Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Enfermagem,
Medicina, Ciências Biológicas e Fonoaudiologia. Foram realizados encontros semanais
para estudos de aprofundamento, planejamento das aulas e produção de material didático
como: jogos a partir de materiais recicláveis, jogos digitais, vídeos do tipo esquetes.
Estratégias utilizadas: atividades de fixação da aprendizagem; filmagem das vivências
para discussão da produção em Libras pelos estudantes; acompanhamento suplementar
aos estudantes com demandas específicas. Resultados. O aspecto didático-metodológico
foi contemplado, possibilitando a construção de atividades com fins de ensino e avaliação.
Quanto aos materiais didáticos produzidos, elaboração de jogos e dinâmicas todos foram
recebidos obtiveram excelente receptividade pelos estudantes, pois puderam resgatar e
fixar conteúdos ministrados pela professora. A produção de vídeos no formato de
pequenos esquetes humorísticos, objetivando contextualização da aquisição linguística,
foi um dos elementos de maior destaque na atividade de monitoria, facilitando o processo
de ensino-aprendizagem. Tais atividades possibilitaram aos estudantes da disciplina a
reflexão sobre a quebra das barreiras atitudinais, para a promoção da acessibilidade
comunicacional na área da saúde, garantida por lei. Posturas relativas à organização,
disciplina, responsabilidade, pontualidade e espírito de equipe foram fortalecidas no
processo de realização da monitoria. Respondendo ao desejo de investimento no
aprofundamento na área, duas monitoras realizam cursos de Libras fora da referida
instituição. Conclusão. A monitoria possibilitou experiências importantes para formação
acadêmica das estudantes, promovendo o desenvolvimento coletivo das atividades, com
iniciativa e criatividade. O contato com a prática docente no Ensino Superior permitiu
agregar importantes conhecimentos acerca de aspectos didático-metodológicos no
processo ensino-aprendizagem. Assim, a prática da monitoria ofereceu resultados
satisfatórios, na perspectiva das monitoras, principalmente no que se refere à
oportunidade de reflexão para o futuro exercício profissional perpassado pelo viés da
acessibilidade e respeito às pessoas com necessidades especiais, aspecto fundamental
para a formação do profissional de saúde.

170
O lúdico como recurso de incentivo à linguagem: um relato de experiência na
comunidade

Tuany Lourenço dos Santos; Thales Roges Vanderlei de Góes, Bárbara Patricia da Silva
Lima

Introdução: As habilidades comunicativas da criança vão se aprimorando com o


amadurecer da idade. Em cada fase do desenvolvimento infantil, existem habilidades que
são comumente esperadas a todas as crianças, porém fatores sociais, econômicos e
culturais podem influenciar diretamente no desenvolvimento da linguagem. Pensando
assim, é conhecida a importância de atividades lúdicas e cantigas de rodas para o
desenvolvimento comunicativo, intelectual e afetivo desenvolvidas com crianças em idade
escolar. Objetivos: Relatar a vivência de graduandos em Fonoaudiologia no
desenvolvimento de ações educativas de incentivo à linguagem junto a crianças de uma
escola da rede municipal de ensino, de uma comunidade assistida pelos cursos de uma
Instituição de Ensino Superior (IES) Pública de Alagoas. Métodos: Este estudo consiste
em um relato de experiência, que foi desenvolvida com crianças de 6 a 10 anos de idade,
de uma rede municipal de ensino, através de cantigas de rodas e atividades lúdicas, que
contou com a atuação interdisciplinar de discentes e docentes de Fonoaudiologia,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resultados: Foram elencadas atividades lúdicas
como “telefone sem fio” e “vivo ou morto” e as cantigas de roda “atirei o pau no gato” e
“ciranda-cirandinha”. As atividades lúdicas proporcionaram o incentivo à linguagem, a fim
de favorecer a intenção comunicativa, a socialização entre as crianças, o conhecimento
sobre esquema corporal, a capacidade de concentração, a memória de trabalho e funções
motoras. Pôde-se observar o interesse das crianças durante as atividades, mostrando o
desejo de participar das brincadeiras e os conhecimentos que cada um possuía no
momento da atividade. Algumas demonstraram conhecer previamente as brincadeiras e
cantigas de rodas, enquanto outras assimilaram as melodias por meio das atividades,
notando-se, portanto o uso da memória de trabalho, potencializado pelas rimas e
aliterações presentes nas cantigas. Além disso, houve o favorecimento de habilidades
motoras e de concentração, possibilitou ainda, a interação entre os participantes,
favorecendo a troca de conhecimento. Conclusão: As ações educativas realizadas pelos
acadêmicos de Fonoaudiologia, juntamente com os de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional, mostraram que as atividades lúdicas e as cantigas de rodas, podem ser
eficazes no incentivo às habilidades comunicativas, bem como podem contribuir na
prevenção de alterações de linguagem. Percebeu-se grande interesse por parte dos
referidos discentes na busca por conhecimentos referentes aos os aspectos envolvidos no
desenvolvimento da linguagem, bem como as estratégias que poderiam contribuir com tal
desenvolvimento.

171
Oficina educativa em saúde na atenção a gestantes e puérperas

Aline Vargas Maia; Jeyseane Ramos Brito, Juliana Nunes Santos

Introdução: Diante da necessidade da utilização de novas metodologias de ensino-


aprendizagem que visem ampliar as atividades práticas nos serviços de saúde além do
hospital universitário, foi desenvolvido o Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação
da Formação Profissional em Saúde). Este programa é uma iniciativa do Ministério da
Educação e da Saúde com o objetivo de inspirar modificações curriculares que envolvam
a rede de serviços de saúde para desenvolvimento de atividades práticas, sobretudo na
atenção básica à saúde. Objetivo: Relatar experiências vividas pelas acadêmicas de
Fonoaudiologia/UFMG na realização de ações de promoção de saúde em Oficinas às
Gestantes e Puérperas, desenvolvidas no estágio Pro-saúde e fonoaudiologia no Centro
de Saúde MG020, Belo Horizonte/MG. Metodologia: Ciclo de oficinas temáticas semanais
realizadas para gestantes e puérperas em ambiente de convivência do Centro Saúde
MG020. Foram realizados três encontros a fim de abordar temas de interesse e relevância
para população local, os quais estão descritos a seguir: - mudanças vivenciadas no
período gestacional, desenvolvimento intra-útero, hábitos orais deletérios,
desenvolvimento infantil e cuidados com a alimentação e estimulação do bebê. Foram
utilizados materiais educativos e informativos, dinâmicas de grupo e jogos, a fim de
proporcionar interação entre as participantes e de promover maior assimilação do
conhecimento. Outros profissionais de saúde como enfermeiras, médico ginecologista e
psicólogo contribuíram com seus saberes no ciclo de oficinas. Resultado/discussão: Nos
encontros, compareceram 13 gestantes de variadas idades gestacionais assim como
puérperas com filhos de até dois anos. As ações foram avaliadas positivamente pelas
participantes, as quais mantiveram-se ativas durante os debates e atentas às explicações.
As rodas de discussão, os casos problematizados e as dinâmicas realizadas favoreceram
maior interação entre o conhecimento técnico e o popular. As participantes utilizavam
suas vivências pessoais para justificar suas respostas ou fazer questionamentos,
mostrando autonomia na busca do letramento em saúde. Do ponto de vista das
acadêmicas, foi notório o aprimoramento de algumas habilidades tais como falar em
público, coordenar discussões, manter escuta direcionada, além do conhecimento da
realidade da atenção básica. Conclusão: O desenvolvimento do ciclo de oficinas com as
gestantes e as puérperas permitiu um estreitamento dos laços entre acadêmicos,
profissionais da atenção básica e as gestantes e puérperas, além de promover a saúde
da mulher e da criança.. O conhecimento de temas corriqueiros do período gestacional e
do puerpério são essenciais no auto-cuidado e na promoção de saúde familiar. O Pro-
saúde foi o indutor dessas ações e tem contribuído para a mudança da formação do
acadêmico em Fonoaudiologia, com foco na saúde da comunidade e nas reais
necessidades da população.

172
Os benefícios do monitoramento visual e auto avaliação na performance
comunicativa

Jeyseane Ramos Brito; Juliana Nunes Santos, Keiner Oliveira Moraes, Mariana Souza
Amaral, Nayara Duviges Azevedo

Introdução: Desde os primórdios da humanidade a comunicação, seja ela falada ou


escrita, constitui-se em uma ferramenta de fundamental importância no desenvolvimento
dos indivíduos, que gradativamente, tornam-se comunicadores hábeis. A arte de falar
bem, desde fazer uma entrevista de emprego e apresentar uma idéia ou socializar-se
simplesmente é imprescindível na sociedade atual. Objetivos: Verificar os benefícios do
monitoramento visual e auto avaliação na performance comunicativa de acadêmicos de
fonoaudiologia. Métodos: Trata se de um estudo longitudinal prospectivo de avaliação da
performance comunicativa de estudantes em dois momentos da disciplina de tutoria II,
oferecida pelo curso de fonoaudiologia de uma universidade federal. Para coleta de dados
foi utilizado um instrumento de avaliação da performance comunicativa elaborado pelas
autoras, contendo os seguintes parâmetros: domínio do assunto, projeção, fluência, uso
adequado de ênfase, uso adequado de pausas, ausência de vícios de linguagem,
expressão corporal - posição das mãos, expressão corporal - utilização de gestos,
expressão facial - direcionamento do olhar e aparência. Os parâmetros foram pontuados
na escala de 1 a 5, sendo a nota 1 correspondente a avaliação ruim e a nota 5 a
avaliação muito boa do parâmetro em análise. Foi criado um índice de performance
comunicativa expresso em porcentagem para quantificar o desempenho das alunas. Para
monitoramento e feedback das alunas foi utilizado o recurso de filmagem durante uma
apresentação individual oral. As alunas assistiram a filmagem, avaliaram a performance
comunicativa e discutiram os aspectos a serem aprimorados. Depois de 45 dias foi
realizada nova apresentação oral e reavaliação dos parâmetros. Resiltados: Foram
avaliadas oito alunas de diferentes períodos do curso, com a média de idade de 21,7
anos. Na avaliação inicial e final os parâmetros obtiveram os seguintes resultados médios:
domínio do assunto 100% e 97%, projeção vocal 86% e 86%, fluência 82% e 84%, uso
adequado da ênfase 76% e 81%, uso adequado das pausas 71% e 84%, ausência de
vícios de linguagem 65% e 80%, expressão corporal – posição das mãos 66% e 79%,
expressão corporal – utilização de gestos 65% e 79%, direcionamento do olhar 61% e
83%, aparência 93% e 97%. Ao comparar as médias das avaliações nos 10 parâmetros
de performance comunicativa investigados nos dois momentos, obteve-se valores de 76%
e 84%, respectivamente, uma diferença estatisticamente significante (p=0,006) mostrando
a melhora do desempenho das alunas nas situações de apresentação oral. Conclusão:
Muitos foram os benefícios do feedback com monitoramento visual para as acadêmicas
participantes, pois permitiu um auto conhecimento, análise e aprimoramento da
performance comunicativa, especialmente nos parâmetros de direcionamento do olhar e
ausência de vícios de linguagem durante uma apresentação oral.

173
Percepção da estruturação de atenção básica por acompanhantes de crianças de
Nova Friburgo

Vivian de Carvalho Reis Neves; Gilson Saippa de Oliveira, Alfredo José Monteiro da
Cunha, Bruna Alves Pires Pinheiro, Caroliny de Faria do Couto, Débora Schuenck Corrêa,
Gabriella do Valle da Silva, Gisele Cunha Rosa Faustino, Izabela dos Santos Teixeira,
Joyce dos Santos Emydio

Introdução: A disciplina Trabalho de Campo Supervisionado em Fonoaudiologia III (TCS


III) é uma disciplina obrigatória com carga horária de 40 horas oferecida aos alunos do
terceiro período do curso de Fonoaudiologia. Possui dentre seus esforços a tentativa de
responder aos desafios da formação do profissional Fonoaudiólogo de acordo com as
exigência colocadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de
Fonoaudiologia, buscando a construção de processos de reflexão sobre o binômio teoria
e prática a partir da inserção da Fonoaudiologia na Atenção Básica da Saúde, primeiro
nível assistencial na Rede de cuidados do Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo: O
presente estudo tem como objetivo compreender as Políticas Públicas de Saúde e a rede
de serviços do SUS através da percepção da estruturação da Atenção Básica no
município de Nova Friburgo por acompanhantes de crianças a partir das categorias de
análise pre-estabelecidas. Métodos: A turma do TCS III foi divida em três grupos com
temas de atuação em áreas diversas para que pudessem perceber a rede pela ótica de
usuários de três públicos-alvo distintos. Aulas teóricas e discussões permitiram a
aproximação do grupo com os conceitos fundamentais para compreensão da Atenção
Básica no município e dos pressupostos a serem considerados quanto ao público alvo
pretendido. Para esta análise foi confeccionado um questionário com perguntas abertas e
fechadas aplicadas a 80 acompanhantes de crianças com idade entre 5 e 9 anos. Os
achados serão confrontados com as categorias de análise, a saber: acesso,
longitudinalidade, vínculo e territorialização. Resultados: Ao final das análises dos
questionários busca-se compreender como estes usuários se referenciam e utilizam a
Atenção Básica do município através do confronto com as categorias de análise. Ampliar
os conhecimentos do aluno de Fonoaudiologia acerca das competências e habilidades
necessárias para o bom desempenho de suas atividades profissionais, a partir da
compreensão das Políticas Públicas de Saúde. Um disciplina de campo com público alvo,
no caso, acompanhantes de criança valoriza um ensino com aprendizagens significativas
através do diagnóstico situacional de uma população real com características da realidade
do serviço. Conclusão: A rede de serviços do SUS de Nova Friburgo ainda precisa ser
explorada. A partir dos achados coletados nos questionários com os acompanhantes este
grupo pretende explorar a compreensão da atuação do profissional fonoaudiólogo a partir
dos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Fonoaudiologia.

174
Percepção do discente de critérios avaliados no estágio

Fernanda Dreux Miranda Fernandes; Danielle Azarias Defense Netrval

Introdução: A disciplina MFT0284 – Investigação Fonoaudiológica nos Distúrbios do


Espectro Autístico (LIF – DEA) consiste num estágio supervisionado do quarto ano do
Curso de Fonoaudiologia da FMUSP. As atividades desenvolvidas nesse estágio são:
Planejamento, atuação clinica, Supervisão, Leitura de textos e Resenhas Objetivo:
Verificar quais dos critérios de avaliação do estagiário se demonstram mais difíceis de
serem cumpridos no olhar do alunos. Método: Participaram da pesquisa cinco estagiários
que realizam a disciplina descrita. O material utilizado foi um teste que continha os
critérios de avaliação do estágio pelo docente. Os critérios eram: Assiduidade,
Atendimento, Burocracias, Leituras, Planejamento, Pontualidade, Resenhas e Temas para
supervisão. Os alunos responderam ao teste proposto, enumerando de 1 a 8 cada item de
acordo com o grau de dificuldade de atingir cada um destes. Eles deveriam considerar
como 1 o item mais difícil e 8, o mais fácil. Resultados: De acordo com os resultados, o
critério assiduidade foi o mais fácil de se atingir, visto que a única obrigação deste é que
eles estejam presentes enquanto que os critérios leitura e planejamento foram
considerados os mais difíceis de se atingir, um pela disponibilidade e tempo em se
dedicar a leitura de um texto e o outro, devido a exigência de um raciocínio clinico.
Conclusão: Estes resultados permitem que o docente possa englobar no planejamento
desta disciplina técnicas que possam auxiliar tanto na leitura como no planejamento.

175
Perfil do fonoaudiólogo no estado do Rio de Janeiro: aspectos sócio-demográficos
e profissionais

Monica Medeiros de Britto Pereira; Bruna Mota Rodrigues, John Van Borsel

Introdução: A Fonoaudiologia foi regulamentada em 1981, através da ei n◦ 6965/81. A


profissão cresceu e o fonoaudiólogo vem ocupando novos nichos de mercado. Esse
crescimento vem acompanhando as mudanças político-econômicas mundiais advindas do
neoliberalismo e da globalização. Isso evidencia que o saber em Fonoaudiologia vem se
desenvolvendo e se modificando na medida em que as mudanças no mercado de
trabalho ocorrem e se estabelecem. Em um país com dimensões continentais e com
culturas tão diferenciadas como o Brasil, a abertura do mercado de trabalho para o
profissional fonoaudiólogo ocorre de maneira diferenciada Segundo um levantamento em
nível nacional feito pela Comissão de Educação do Conselho Federal de Fonoaudiologia,
verificou-se que durante os anos de 1991 até 2010 quadruplicaram os cursos de
fonoaudiologia nas universidades públicas (de 5 para 23), e nas privadas triplicaram (de
23 para 70). Apesar deste aumento na oferta de cursos de fonoaudiologia em
universidades públicas e privadas, um estudo realizado, em nível nacional, no período de
1991 a 2008, mostrou que dentre 14 cursos de saúde, a menor taxa de ocupação foi em
fonoaudiologia (25,7%). O Rio de Janeiro apresentou um retrocesso neste sentido. O
estado já contou com 14 cursos de graduação em Fonoaudiologia, no entanto nos últimos
anos, observou-se o fechamento de diversos cursos, restando apenas seis. A
possibilidade de atuação do profissional em diversos nichos de mercado, não tem sido
capaz de atrair estudantes e manter os profissionais fonoaudiólogos na carreira. O
encolhimento da profissão é questão de preocupação para os fonoaudiólogos e para os
órgãos da classe. Objetivo: Investigar o perfil do fonoaudiólogo no estado do Rio de
Janeiro, considerando os aspectos sócio-demográficos e profissionais. Método:
Participaram do estudo os fonoaudiólogos inscritos no CREFONO 1ª região, cadastrados
para o recebimento do Dialogando. Foi aplicado um questionário em formato eletrônico e
disponibilizado no site do CREFONO 1ª região, composto dos dados de identificação do
fonoaudiólogo e 26 perguntas, abertas e fechadas, abordando aspectos como formação
continuada, área de atuação, condições de trabalho e expectativas do fonoaudiólogo em
relação à profissão, entre outros. Resultados: 96,7% dos respondentes eram do sexo
feminino; a média de idade foi de 37,46 anos; 90,4% dos profissionais informaram ter feito
ou estar fazendo formação continuada. A fonoaudiologia educacional foi a área de
atuação mais citada (32,3%); 27,9% dos participantes informaram ser autônomos e 37,6%
ganham entre R$ 1.000,00 e R$ 2.500,00. Verificou-se que a formação continuada
influencia quantitativamente na remuneração mensal (Chi-square test p<<0.001) e a
associação entre renda e satisfação com a profissão mostrou-se estatísticamente
significativa (Chi-square test p<<0,001). Conclusão: A maioria dos profissionais é do sexo
feminino, com média de idade de 37,46 anos e a grande concentração está na região
metropolitana. A audiologia foi a área de especialização mais procurada e a
fonoaudiologia educacional a área de atuação mais citada. A carga horária de trabalho
semanal varia em torno de 24 a 40 horas, em mais de um local de trabalho. A renda
mensal gira em torno de R$ 1.000,00 e R$ 2.500,00.

176
Perfil do fonoaudiólogo no estado do Rio Grande do Norte – 2011

Agda Ribeiro Harrisson Vieira; Leandro de Araújo pernambuco, Camila Marluce Fagundes
Mendonça, Milena Magalhães Augusto, Keliane Gomes Matias

Introdução: Ao fonoaudiólogo compete a promoção de saúde, prevenção, avaliação,


diagnóstico e tratamento dos distúrbios da voz, linguagem, audição, motricidade orofacial
e disfagia, sendo fundamental sua inserção nos serviços de saúde públicos e privados.
Conhecer o perfil do fonoaudiólogo que atua em determinada região pode colaborar na
compreensão da sua inserção no mercado de trabalho, apontar possíveis necessidades
da profissão e colaborar na identificação das potencialidades e fragilidades que permeiam
as perspectivas profissionais. Objetivo: analisar o perfil do fonoaudiólogo no estado do Rio
Grande do Norte (RN)no ano de 2011. Método: consulta ao banco de dados do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), via DATASUS, considerando as
seguintes variáveis: microrregião, atividade de ensino/pesquisa, esfera administrativae
tipo de estabelecimento. Resultado: Em 2011existiam 338 fonoaudiólogos cadastrados no
CNES, o que representou um aumento de 34% em relação ao ano de 2008. A maior
concentração de profissionais (n=191; 56,5%)ficou na microrregião de Natal, seguida por
Mossoró (n=30; 8,87%). Apenas 27(8%) fonoaudiólogos estavam vinculadosa serviços de
ensino e pesquisa.159 (47%) atuavam na esfera privada, 115 (34%) na municipal,
53(16%) na estadual e 11 (3%) na federal. A maior parte dos fonoaudiólogos executavam
suas atividades emclínica/ambulatório especializado (n=128; 38%), seguido de centro de
saúde/unidade básica da família (n=55; 16,27%) e hospital geral (n=46; 13,60%). Os
ambientes menos ocupados por fonoaudiólogos no RN foram Centro de Atenção
Psicossocial, Centro de Apoio à Saúde da Família, Hospital Dia e Pronto Socorro
Especializado, cada um com apenas 1 profissional registrado. Conclusão: no RN, em
2011, os fonoaudiólogos estavam concentrados na microrregião de Natal, com pouca
representatividade em atividades de ensino, inseridos de forma equilibrada nos serviços
público e privado, especialmente em clínica/ambulatório especializado.Existem áreas no
RN com carência de profissionais, assim como ambientes de atuação ainda
poucoocupados pelo fonoaudiólogo.

177
Perfil dos egressos de um curso de fonoaudiologia: preferências quanto a área de
especialidade

Fernanda Pereira França; Giorvan Ânderson dos Santos Alves, Isabelle Cahino Delgado,
Mariana Lopes Martins, Brunna Thaís Luckwu de Lucena, Amanda Câmara Miranda,
Thaís Medonça Maia Wanderley Cruz de Freitas, Talita Maria Monteiro Farias Barbosa,
Julyane Feitoza Côelho, Yolanda Abrantes Paletot

Introdução: A Fonoaudiologia, desde 2010, possui sete áreas de especialidade


reconhecidas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa): Audiologia, Voz,
Linguagem, Motricidade Orofacial, Saúde Coletiva, Fonoaudiologia Educacional e
Disfagia. As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em
Fonoaudiologia indicam que o egresso/profissional em Fonoaudiologia deve ter “formação
generalista, humanista, crítica e reflexiva”. Contudo, profissionais de saúde são levados à
escolha da área de atuação durante a carreira, quando muitos estímulos são dados à
especialização profissional específica. Na Fonoaudiologia esse processo é perceptível
desde a graduação e tido como uma maneira de formar profissionais altamente
capacitados para atuar com êxito e eficácia. A gestão da carreira é uma decisão
individual, porém, vários aspectos podem estar atrelados a estas escolhas. Objetivos:
Investigar a decisão dos egressos com relação à área de especialidade escolhida para
seguir na profissão; estabelecer quais atividades do curso contribuíram para a escolha
dessa área e comparar as áreas de especialidades preferidas pelos alunos de graduação
em Fonoaudiologia no início da graduação e no ano final de curso verificando se há
ocorrência de mudança. Método: Trata-se de um estudo descritivo, observacional e
longitudinal, desenvolvido junto a alunos do curso de Fonoaudiologia. O estudo foi divido
em duas etapas: a primeira, sendo constituída por 38 estudantes do primeiro ano do
referido curso, no qual todos os participantes responderam a um questionário que
abordava dados gerais e área de especialidade preferida; na segunda etapa, participaram
31 dos estudantes iniciais, já no último ano do curso. O segundo questionário investigou
dados gerais, decisão pela área de especialidade a seguir dentro da profissão e
atividades do curso que contribuíram para a escolha dessa área. Os dados foram
tabulados e analisados através do software Microsoft Excel 2010. Resultados: Com
relação à avaliação dos discentes no primeiro momento do estudo, observou-se que
houve maior referência à área de Motricidade Orofacial como pretensão para atuação
(26), seguido pelas áreas de Voz (17), Linguagem (12), Audiologia (10), Fonoaudiologia
Educacional (4), Saúde Coletiva (3) e Disfagia (2). Verificou-se que 28,9% dos estudantes
que se encontravam no primeiro ano de curso, referiram preferência em atuar
concomitantemente nas áreas de Motricidade Orofacial e Voz. Concernente ao segundo
questionário aplicado, identificou-se mudanças quanto à citação da área de preferência
para atuação profissional, com destaque para as mais referidas: Voz (9) e Audiologia (9),
sendo seguida por Linguagem (8), Disfagia (6), Motricidade Orofacial (5), Fonoaudiologia
Educacional (1) e Saúde Coletiva (3). Os fatores que mais contribuíram para a escolha
das áreas foram a participação em projetos de extensão, seguido da opção voltada às
disciplinas ofertadas durante o curso de graduação, e projeto de iniciação científica,
respectivamente. Conclusão: De acordo com os resultados do estudo, observou-se que a
decisão com relação à escolha da área de atuação está relacionada à fragilidade das
atividades acadêmicas, bem como ao número insuficiente de docentes nas áreas que
sofreram a mudança.

178
Possibilidade de atuação da fonoaudiologia na unidade básica de saúde

Inês Aparecida de Souza; Yung Sun Lee Damasceno

Introdução: A atuação da Fonoaudiologia preconiza a promoção, prevenção e reabilitação


dos distúrbios relacionados à Comunicação Humana. No Sistema Único de Saúde (SUS)
sua atuação exige cada vez mais uma formação generalista e multiprofissional, o que
possibilita intervir em diversas demandas. Objetivo: O presente estudo tem o objetivo
analisar a produção cientifica dos Congressos de Fonoaudiologia, referente á
“Possibilidades de atuação da Fonoaudiologia na Unidade Básica de Saúde”.
Método:Foram classificados e analisados 137 resumos da área de “Políticas Públicas de
Saúde e Educação”, sendo que 71 apresentavam como temática a Educação, 46 resumos
sobre temas variados (Hospital, Clinicas de Especialidades, Telessaúde,
Telefonoaudiologia, Fonoaudiologia e Odontologia, etc) e 20 relacionados á atuação da
fonoaudiologia na unidade básica, isto é na Atenção Primaria. A análise dos dados
coletados foi realizada em duas etapas. Na primeira, foram identificados os dados
referenciais aos resumos (ano de publicação, estado de origem, instituição). Na segunda
etapa ocorreu a análise dos resumos, quanto a atuação da fonoaudiologia na unidade
básica de saúde e o método utilizado..Resultados: Constatou-se na análise que, no ano
de 2008 o número de resumos apresentados, referente ao tema, foi de 40% regredindo
em 2009 para 25%, voltando á ter quantidade significativa em 2010 35%. Dos resumos
selecionados 45% foram inscritos, por alunos graduandos de Instituições de Ensino
Superior dos cursos de Fonoaudiologia e 30% por profissionais que atuam nos
municípios. Com relação aos estados 60% foram oriundos do estado de São Paulo e 13%
do Rio Grande do Sul. O estudo constatou que 30% da atuação ocorram e parceria à
equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF) e 14% com a avaliação vocal do Idoso.
Sendo que 35% dos resumos foram elaborados tendo como metodologia, os relatos das
experiências vivenciadas na Unidade Básica de Saúde, por questionário e pesquisa 25%,
tendo a mesma porcentagem a analise de dados sobre Política Públicas. Conclusão: Dos
resumos analisados somente 15% se refere à possibilidades de atuação da
Fonoaudiologia na unidade básica de saúde. Conclui que se faz necessário uma maior
inserção da profissão neste espaço, ampliando as formas de atuação dentro do Sistema
de Saúde, bem como aprimorando seus saberes e práticas consolidando sua atuação na
promoção, prevenção e cuidado á saúde, contribuindo para a construção do Sistema
Único de Saúde

179
Prática baseada na evidência: barreiras percecionadas pelos terapeutas da fala

Paula Cristina Grade Correia; Mónica Alexandra Gomes Ferreira, Ana Paula Lopes
Tavares Martins, Olinda Roldão

Introdução: A Prática Baseada na Evidência (PBE) vem sendo conceptualizada como


sendo um processo sistemático de procura, avaliação e uso contemporâneo de resultados
em investigação com o objetivo de suportar as tomadas de decisões clínicas. A terapia da
fala baseada na evidência constitui-se como um instrumento para a tomada de decisões
sobre os cuidados a prestar, baseado na localização e na integração dos melhores
resultados científicos procedentes da investigação original e aplicáveis às diferentes
dimensões da prática clínica desta profissão. A utilização da evidência leva assim à
construção de uma reflexão crítica e construtiva dos procedimentos terapêuticos destes
profissionais, contribuindo para o desenvolvimento de cuidados mais efetivos e eficazes,
em prol da qualidade de vida dos utentes e de uma boa gestão dos cuidados de saúde.
Vários estudos, em diferentes profissões, têm determinado as barreiras que surgem na
tentativa de implementação da PBE, como resultado da interação de fatores sociais,
organizacionais, políticos, económicos e culturais. Contudo, existe escassez de
investigação em relação à perceção dos terapeutas da fala sobre esta temática, muito
embora, quer a nível nacional quer a nível mundial, seja notório o esforço destes
profissionais para o implementar com sucesso. Objetivos: Definiram-se como objetivos
para esta investigação: descrever as barreiras percebidas pelos terapeutas da fala
portugueses face à implementação da PBE, quer globalmente quer face a cada um dos
fatores da escala; verificar se barreiras percebidas pelos terapeutas da fala face à
implementação da PBE (quer globalmente quer face a cada um dos fatores da escala)
dependem significativamente do género, da área geográfica em que estão inseridos, do
local de trabalho, do número de anos de experiência profissional, do grau académico e do
local de formação; verificar se a idade influencia significativamente as barreiras
percebidas face à implementação da PBE. Métodos: Desenhou-se um estudo quantitativo,
transversal, de tipo descritivo, comparativo e correlacional. A recolha de dados foi
realizada através da aplicação da tradução e adaptação do questionário original “Barriers
- Barriers and Facilitators to Using Research in Practice”, de estrutura fatorial
(competências dos terapeutas da fala; fatores contextuais/ambiente de trabalho;
implicações de investigação para a Prática Clínica; procedimentos de investigação;
acessibilidade) e constituído por com 31 itens. A cotação é efetuada através de uma
escala de likert. Participaram neste estudo, 125 terapeutas da fala portugueses.
Resultados: Os principais resultados obtidos indicam-nos que as barreiras face à
implementação da PBE são percebidas como moderadamente significativas pelos
indivíduos da amostra. Verifica-se ainda que existem diferenças significativas na perceção
de barreiras consoante o género e a área geográfica em que estão inseridos, e diferenças
marginalmente significativas consoante o número de anos de experiência e o local de
formação. Conclusões: Os dados recolhidos contribuíram tanto para a identificação das
barreiras percebidas pelos Terapeuta da Fala Portugueses como para as principais
necessidades dos mesmos, relativamente a este processo.

180
Programa de educação tutorial: contribuindo para a formação de fonoaudiólogos

Tania Afonso Chaves; Bianca Rosas de Oliveira, Priscila Aparecida Pereira da Silva,
Amanda de Andrade Emmerick Santos, Laís Dias Alves, Martha Nunes da Conceição,
Izabela dos Santos Teixeira, Tayane Frez Pacheco, Louise Eller Nery, Camila Silva
Machado, Larissa Alves de Almeida, Isadora Morgado Pinheiro Neves, Lidiane Pinto
Nunes, Simone Barreto Santos

Introdução: No processo de formação de novos profissionais de saúde, um dos desafios


para as instituições formadoras é a adoção de políticas institucionais e estratégias
pedagógicas que de fato contribuam na direção da constituição de um perfil do egresso
em consonância com a realidade sócio-econômica e cultural presentes nos diferentes
espaços de atuação. Para que haja avanços nessa direção, é fundamental a valorização
de competências e habilidades de busca ativa e sistemática de conhecimentos, de
atuação em equipes multiprofissionais e capacidade de diálogo. O programa de ensino
tutorial em Fonoaudiologia, vinculado ao Programa de Educação Tutorial Institucional –
Pro PET, visa aumentar a qualidade e a quantidade de cidadãos formados que estejam
preparados ética e tecnicamente para os desafios da sociedade, ampliando a produção
científica por meio da pesquisa e da extensão; contribuindo, por meio de bolsas de auxílio
financeiro aos discentes, para a realização de atividades de excelência acadêmica; e
visando a redução da retenção e evasão dos estudantes. Objetivos: O presente estudo
tem como objetivos relatar e discutir as motivações que levam os discentes de uma
universidade a concorrerem ao processo de seleção para este programa. Métodos: Um
estudo transversal com metodologia qualitativa foi realizado, a partir da análise de
conteúdo da Carta de Intenção dos 15 discentes que participaram do processo seletivo
para integrarem o Grupo do Pro PET – Fonoaudiologia em 2013. A elaboração da carta
foi uma das etapas do processo seletivo e deveria abordar os seguintes tópicos: (1)
motivos que o levam a concorrer ao Pro Pet Fonoaudiologia; (2) experiência acadêmica
até o momento; (3) expectativas com o Pro PET na sua formação profissional. A categoria
de análise investigada neste estudo contemplou a motivação e as expectativas citadas
pelos alunos Os dados obtidos foram tratados por meio de estatística descritiva.
Resultados: As cartas de intenção revelaram oito motivos/ expectativas que levaram os
estudantes a se candidatarem: crescimento acadêmico (93,3%), integração
ensino/pesquisa/extensão (66,6%), oportunidade de desenvolver trabalho em equipe
(66,6%), aprimorar capacidades e competências (53,3%), contribuir com o curso (33,3%),
promover benefícios para a comunidade (20%) e necessidade financeira do discente
(20%). Assim, a principal motivação/ expectativa dos discentes foi a contribuição do
programa para seu crescimento acadêmico, seguida da oportunidade de integrar ações
de ensino/pesquisa/extensão e a oportunidade de trabalhar em equipe. A necessidade
financeira e o benefício da comunidade como resultado das ações do PET foram
categorias menos citadas pelos alunos. Conclusão: As motivações que levam os
discentes a participarem do Programa de Educação Tutorial são diversas, e confirmam a
necessidade de desenvolver programas como este na graduação que possam contribuir
para: a) a melhoria da qualidade acadêmica do curso de graduação em Fonoaudiologia
da Universidade; b) o desenvolvimento de habilidades nos discentes como
autoconhecimento, trabalho em equipe, co-responsabilização e compromisso social; c) a
disseminação dessas experiências para os demais alunos do curso, modificando e
ampliando a perspectiva educacional de toda a comunidade acadêmica.

181
Programa de educação tutorial: motivação dos discentes

Tania Afonso Chaves; Bianca Rosas de Oliveira, Priscila Aparecida Pereira da Silva,
Amanda de Andrade Emmerick Santos, Laís Dias Alves, Martha Nunes da Conceição,
Izabela dos Santos Teixeira, Tayane Frez Pacheco, Louise Eller Nery, Camila Silva
Machado, Larissa Alves de Almeida, Isadora Morgado Pinheiro Neves, Lidiane Pinto
Nunes, Simone Barreto Santos

Introdução: No processo de formação de novos profissionais de saúde, um dos desafios


para as instituições formadoras é a adoção de políticas institucionais e estratégias
pedagógicas que de fato contribuam na direção da constituição de um perfil do egresso
em consonância com a realidade sócio-econômica e cultural presentes nos diferentes
espaços de atuação. Para que haja avanços nessa direção, é fundamental a valorização
de competências e habilidades de busca ativa e sistemática de conhecimentos, de
atuação em equipes multiprofissionais e capacidade de diálogo. O programa de ensino
tutorial em Fonoaudiologia, vinculado ao Programa de Educação Tutorial Institucional –
Pro PET, visa aumentar a qualidade e a quantidade de cidadãos formados que estejam
preparados ética e tecnicamente para os desafios da sociedade, ampliando a produção
científica por meio da pesquisa e da extensão; contribuindo, por meio de bolsas de auxílio
financeiro aos discentes, para a realização de atividades de excelência acadêmica; e
visando a redução da retenção e evasão dos estudantes. Objetivos: O presente estudo
tem como objetivos relatar e discutir as motivações que levam os discentes de uma
universidade a concorrerem ao processo de seleção para este programa. Métodos: Um
estudo transversal com metodologia qualitativa foi realizado, a partir da análise de
conteúdo da Carta de Intenção dos 15 discentes que participaram do processo seletivo
para integrarem o Grupo do Pro PET – Fonoaudiologia em 2013. A elaboração da carta
foi uma das etapas do processo seletivo e deveria abordar os seguintes tópicos: (1)
motivos que o levam a concorrer ao Pro Pet Fonoaudiologia; (2) experiência acadêmica
até o momento; (3) expectativas com o Pro PET na sua formação profissional. A categoria
de análise investigada neste estudo contemplou a motivação e as expectativas citadas
pelos alunos Os dados obtidos foram tratados por meio de estatística descritiva.
Resultados: As cartas de intenção revelaram oito motivos/ expectativas que levaram os
estudantes a se candidatarem: crescimento acadêmico (93,3%), integração
ensino/pesquisa/extensão (66,6%), oportunidade de desenvolver trabalho em equipe
(66,6%), aprimorar capacidades e competências (53,3%), contribuir com o curso (33,3%),
promover benefícios para a comunidade (20%) e necessidade financeira do discente
(20%). Assim, a principal motivação/ expectativa dos discentes foi a contribuição do
programa para seu crescimento acadêmico, seguida da oportunidade de integrar ações
de ensino/pesquisa/extensão e a oportunidade de trabalhar em equipe. A necessidade
financeira e o benefício da comunidade como resultado das ações do PET foram
categorias menos citadas pelos alunos. Conclusão: As motivações que levam os
discentes a participarem do Programa de Educação Tutorial são diversas, e confirmam a
necessidade de desenvolver programas como este na graduação que possam contribuir
para: a) a melhoria da qualidade acadêmica do curso de graduação em Fonoaudiologia
da Universidade; b) o desenvolvimento de habilidades nos discentes como
autoconhecimento, trabalho em equipe, co-responsabilização e compromisso social; c) a
disseminação dessas experiências para os demais alunos do curso, modificando e
ampliando a perspectiva educacional de toda a comunidade acadêmica.

182
Projeto de assessoramento acadêmico: uma experiência promissora na graduação
em fonoaudiologia

Simone dos Santos Barreto; Beatriz Manhães de Lucena, Edylaine Aparecida Cabral
Cocudôro, Jully Ane Mira Lagoas Dias, Gilson Saippa de Oliveira, Tania Afonso Chaves

Introdução: No processo de formação de novos profissionais de saúde, um dos desafios


para as instituições formadoras é a adoção de políticas institucionais e estratégias
pedagógicas que de fato contribuam para a formação de profissionais crítico-reflexivos,
aptos a assumir o papel de atores de sua aprendizagem. Para que haja avanços nessa
direção, é fundamental a construção de novos olhares e possibilidades de compreensão
do que significa educar, de modo a incentivar a adoção de práticas educacionais que
auxiliem o discente em seu desenvolvimento acadêmico. O projeto de assessoramento
acadêmico “Ensinando e Aprendendo: o graduando de Fonoaudiologia como agente de
transformação de sua aprendizagem”, vinculado ao programa Bolsa de Desenvolvimento
Acadêmico (BDA), implementado por uma instituição de educação superior, mostrou-se
uma experiência promissora para o alcance dessas metas. Objetivos: O presente estudo
tem como objetivo relatar o processo de formação em saúde a partir da experiência de
desenvolvimento deste projeto. Métodos: Partiu-se da descrição analítica da experiência
formativa de três graduandos de fonoaudiologia contemplados pelo programa BDA desta
instituição, no período de Novembro de 2012 a Março de 2013. O projeto contou com a
participação de três docentes do curso. Foram analisados os documentos relacionados ao
projeto, registros das reuniões docentes de planejamento, acompanhamento e avaliação
das estratégias propostas, registros escritos dos docentes, relatórios finais e portfólios dos
alunos. Três perspectivas de análise da experiência vivenciada foram definidas: a
construção das estratégias de ação do projeto, considerando a singularidade da
experiência neste seu primeiro ano de desenvolvimento; o aluno como centro do processo
de aprendizagem/desenvolvimento acadêmico; e o papel do docente. Resultados: O
projeto de assessoramento proposto assumiu os moldes de uma tutoria, cujas metas
estabelecidas foram possibilitar aos bolsistas: assumir o papel de atores do processo de
aprimoramento de seu desempenho acadêmico; identificar suas potencialidades e
limitações, e traçar estratégias que viabilizassem novas oportunidades de aprendizagem;
além de construir um plano de estudo orientado, que levasse em conta seus interesses e
necessidades. A partir dos objetivos definidos, foram delineados quatro eixos norteadores:
(1) Quem sou eu?; (2) Minhas competências, habilidades e dificuldades; (3) Planos de
ação; e (4) Oportunidades. Tais eixos foram trabalhados por meio de encontros mensais
com todo o grupo, encontros individuais semanais com o tutor, atividades coletivas com
os demais alunos do projeto e atividades individuais. Ao final do projeto, além da
elaboração de portfólio, os alunos programaram e executaram atividades para o
acolhimento dos alunos ingressantes do curso, com o intuito de compartilhar suas
vivências e aprendizagens no projeto. Conclusões: Com as experiências oportunizadas,
foram identificados movimentos de motivação, desenvolvimento de habilidades,
superação de dificuldades, construção de estratégias para o desenvolvimento acadêmico,
traduzidos na elaboração de portfólios, autoavaliações, na geração de produtos e ações
e, consequentemente, no aumento do Coeficiente de Rendimento desses alunos. O
projeto mostrou-se uma estratégia promissora para o processo de formação, por viabilizar
a reconstrução coletiva de saberes e fazeres discentes e docentes.

183
Projeto VERAS Fono: uma experiência de pesquisa mediada pelo ambiente virtual

Ana Clara de Oliveira Varella; Cristiane Barelli, Gizely Ceretta, Émille Dalbem Paim,
Luciana Grolli Ardenghi

O Projeto VERAS – Vida do Estudante e Residente na Área da Saúde é um estudo


multicêntrico, de abrangência nacional, que envolve pesquisadores de aproximadamente
20 cursos de fonoaudiologia do Brasil, cujo objetivo é avaliar diferentes aspectos da vida
dos estudantes. Por se tratar de uma pesquisa randomizada, de abrangência nacional, os
resultados obtidos permitirão generalizações quanto a qualidade de vida dos estudantes,
algo inédito no país. Cada instituição participante deve randomizar 30 estudantes de
graduação, pareados em relação ao gênero e nível do curso. Os sujeitos da pesquisa
sorteados são informados e, ao consentirem, acessam uma plataforma eletrônica com 13
instrumentos denominada plataforma VERAS, que oferece também um espaço de
consulta sobre qualidade de vida e ambiente de ensino. Os instrumentos abrangem:
dados sócio-demográficos, qualidade de vida (Veras-q), empatia, resiliência, sono,
sintomas depressivos e ansiedade, ambiente de ensino e Burnout. O objetivo deste relato
é compartilhar as estratégias de sensibilização em ambiente virtual adotadas pela nossa
instituição para o desenvolvimento da pesquisa, revelando suas potencialidades e
fragilidades. Após a aprovação do comitê de ética local, o projeto VERAS-Fono foi
apresentado aos professores e estudantes do curso, durante a realização de uma jornada
acadêmica. Nesta oportunidade foi explanado o propósito da pesquisa e orientado que os
respondentes fossem apenas os alunos randomizados, após formalização do termo de
consentimento. Esta ação foi importante para promover a reflexão sobre a temática da
qualidade de vida entre os estudantes, pois nos eventos de formação predominam
assuntos técnicos específicos da profissão. Como a plataforma define um prazo para o
preenchimento dos instrumentos, a equipe de pesquisadores precisou monitorar o
preenchimento sem incidir em perdas na amostra. A maior fragilidade após o cadastro foi
manter a adesão do respondente, pois são vários instrumentos, requerendo um tempo
longo para respondê-los. Essa monitorização se deu através de contato pessoal, por e-
mail (cartas personalizadas) e pela rede social. Ao contrario do curso de medicina, na
fonoaudiologia ocorreu apenas duas perdas de respondentes. Os alunos tiveram 10 dias
para responder aos questionários, fora dos períodos de provas e trabalhos, por serem
considerados momentos em que os estudantes encontram-se mais vulneráveis. Dos 30
alunos, apenas 2 não responderam no período estipulado, sendo substituídos. Na opinião
dos sujeitos pesquisados não ocorreram dificuldades em efetuar o cadastro na plataforma
e responder os questionários. Relataram algumas queixas quanto ao número de
questionários, e pela extensão destes. Uma fragilidade encontrada no processo é que as
relações interpessoais entre os pesquisadores e alguns sujeitos selecionados interferiram
em recusas para participar do estudo. A rede social se revelou uma ferramenta importante
no contato e na adesão dos sujeitos ao estudo, embora exija mais tempo de dedicação
por parte dos professores. Os alunos pesquisadores tiveram a oportunidade de vivenciar
metodologia de pesquisa com apoio em ferramentas de ambiente virtual. Concluímos que
tivemos êxito na coleta de dados e pudemos contribuir com o estudo nacional,
fortalecendo as evidencias que podem nortear intervenções e aprimoramento no ensino
de fonoaudiologia no Brasil.

184
Promoção e prevenção da saúde auditiva: integração entre saúde e educação

Bárbara Bruna Godinho Moreira; Juliana Nunes Santos,Vanessa Oliveira Martins-Reis,


Sara Lisboa Marques, Fabrícia Baía Fabris Carvalho, Fabiana Cristina da Silva

Introdução: A poluição sonora está presente em todos os ambientes, direta ou


indiretamente, prejudicando a saúde e a qualidade de vida do cidadão, seja em seu local
de trabalho ou local de estudo. O ruído se identifica como um som incômodo e indesejado
aos nossos ouvidos e dependendo do grau e do tempo de exposição ao mesmo a pessoa
pode apresentar sinais e sintomas como falta de concentração, estresse e dor de cabeça.
A equipe escolar da Escola Municipal Secretário Humberto Almeida (EMSHA) apresentou
a demandado ruído, para a equipe de alunos do curso de fonoaudiologia, como um
grande problema na escola, sendo fator dificultador do trabalho. No Centro de Saúde (CS)
MG20, os profissionais também relataram incômodo proveniente do ruído produzido na
sala de espera, afetando diretamente nos atendimentos. Objetivo: Sensibilizar e
conscientizar tanto alunos, funcionários e professores da EMSHA como profissionais da
saúde e usuários do CS sobre os efeitos maléficos do ruído, visando à diminuição do
mesmo.Metodologia:A equipe de alunos do curso de fonoaudiologia da UFMG realizou
por meio de projeto vinculado ao Pró-Saúde, e em parceria com o Grupo Tutorial MG20
do PET-Saúde, uma campanha denominada “Campanha de Controle do Ruído”, na
EMSHA e noCS MG20. A campanha foi realizada com estudantes de dois turnos da
escola. As estratégias utilizadas foram: mini palestras, blitz e utilização do “Barulhômetro”,
instrumento que auxiliou a percepção e monitoramento do ruído produzido pela turma, e,
finalizando a campanha, foi organizado o concurso cultural “Qual é seu talento contra o
ruído?” para estimular a participação dos alunos. No CS as estratégias utilizadas foram
instalação do “Barulhômetro”, minipalestras e apresentação de vídeo na sala de espera. O
vídeo e as mini palestras eram compostos por informações sobre a audição, ruído,
prevenção e promoção da saúde auditiva, sendo proposto ao final das apresentações
uma discussão sobre o tema. Resultados:As ações promovidas na EMSHA e no CS
tiveram resultados satisfatórios. Na escola houve grande empenho dos alunos e
motivação dos funcionários diante das atividades propostas. Devido aos resultados
positivos a comunidade escolar solicitou que a campanha se estendesse e o
“Barulhômetro” continuou sendo utilizado dentro das salas de aula após a finalização.
Houve uma grande mobilização dos funcionários do CS, no qual os mesmos
manuseavam o “Barulhômetro”, com o intuito de conscientizar os usuários e apresentar
um reforço visual sobre o nível de ruído na sala de espera. A comunidade participou de
forma efetiva demonstrando interesse através de discussões e busca por informações
com os profissionais e estudantes Observou-se que na escola a adesão foi maior quando
comparada ao CS, devido grande repercussão e ao pedido, vindo da direção, para dar
continuidade à campanha no ano seguinte, 2013. Conclusão:A “Campanha de Controle
do Ruído” alcançou seus objetivos visto que, qualitativamente, houve uma diminuição
significativa do ruído e esta foi essencial para a promoção da saúde integrada e
prevenção de riscos à saúde auditiva.

185
Pró-saúde: educação em saúde na sala de espera

Jeyseane Ramos Brito; Juliana Nunes Santos, Aline Vargas Maia, Francine Vieira Reis

Introdução: O Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional


em Saúde), tem induzido a reforma curricular do curso de Fonoaudiologia com inclusão
de conteúdos de saúde coletiva, além de favorecer a inserção precoce do aluno na
atenção primária com realização de práticas promotoras de saúde nos equipamentos
sociais do território de estágio. Tais mudanças tem permitido aos estudantes uma
compreensão ampliada do processo saúde-doença, embasando-se numa prática
intersetorial e interdisciplinar com vistas ao alcance da integralidade da atenção. Objetivo:
Descrever experiências dos acadêmicos de Fonoaudiologia ao realizar ações de
promoção de saúde na sala de espera de um centro de saúde do distrito Norte do
município de Belo Horizonte.. Métodos: Trata-se de uma ação realizada em Dezembro de
2012, na sala de espera do Centro de Saúde MG-020, localizado no Bairro Ribeiro de
Abreu em BH - MG. Uma das palestrantes se vestiu com uma orelha feita de espuma
chamada Dona Orelha, com o intuito de atrair a atenção dos participantes para abordar os
aspectos propostos sobre a audição e teste da orelhinha. No decorrer da atividade houve
interação com o público por meio de perguntas e respostas sobre cuidados auditivos,
exames e formas de evitar alterações no aparelho auditivo. Houve a exibição de um filme
de curta metragem sobre a importância e as formas de comunicação utilizadas no
cotidiano, seguida de discussão com os usuários do SUS em sala de espera. Resultados:
O público participou da ação mostrando-se interessado no tema abordado, tirando
dúvidas e contando suas experiências. Os gestores locais manifestaram o desejo de que
ações semelhantes continuassem a ser realizadas na sala de espera. Tais ações vão ao
encontro da proposta da Política Nacional de Promoção de Saúde do Ministério da Saúde
e dos objetivos da estratégia de saúde da família, os quais buscam capacitar a população
para o auto-cuidado. Além disso, em comunidades de baixo nível sócio econômico e
vulnerabilidade social, como a população atendida no Centro de Saúde MG020, tais
ações assume uma importância ainda maior e buscam favorecer a equidade social.
Percebeu-se também que a utilização de metodologias ativas de aprendizagem para a
transmissão de conhecimento são valiosos para atrair a atenção de um público em um
contexto de sala de espera, o que confere dinamismo e produtividade à ações.
Conclusão: As práticas fonoaudiológicas de promoção de saúde nos serviços públicos de
saúde visam aumentar os conhecimentos dos usuários acerca das alterações que afetam
a comunicação humana e dos cuidados necessários para preveni-las. A ação realizada
mostrou a importância da elaboração e organização de intervenções de saúde, que
atendam as necessidades e características do local, proporcionando práticas vinculadas à
realidade da população. A experiência prática possibilitou um novo olhar e
amadurecimento das acadêmicas envolvidas, as quais entenderam que a atuação na
atenção básica requer mais que conhecimentos teóricos e científicos, requer habilidades
interpessoais e comunicativas dos proponentes para alcançar êxito.

186
Quatro décadas de produção do conhecimento científico no programa de estudos
pós-graduados em fonoaudiologia da puc-sp: temáticas e tendências

Ligia Tunes Ribas; Érika Sousa Ditscheiner, Bruna Souza Diógenes, Amanda Monteiro
Magrini, Maria Claudia Cunha, Leslie Piccolotto Ferreira

Objetivo: Analisar as dissertações e teses produzidas no Programa de Pós- graduados


em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no período entre
1972 e 2012, levando-se em consideração as temáticas e métodos de pesquisa. Método:
Trata-se de um estudo transversal realizado no PEPG em Fonoaudiologia da PUC- SP.
Para tanto, os resumos de cada dissertação e tese defendidas ao longo dos 40 anos de
existência deste programa foram utilizados como material de análise e categorizados em
planilha específica da seguinte maneira: ano, título, autor, orientador, resumo, área (voz,
audição, linguagem, motricidade orofacial, saúde coletiva e métodos clínicos) e, por fim,
método de pesquisa (avaliação/diagnóstico observacional, intervenção e revisão de
literatura). Análise descritiva foi feita por meio de frequências absolutas e relativas e
medidas de tendência central e dispersão. Para isso, foram testados os modelos de
regressão linear, quadrático, exponencial, polinomial e de potencial considerando ano,
área e método de pesquisa. O número de teses foi considerado variável dependente (y) e
o ano independente (x). A padronização do ano foi realizada pela subtração do primeiro
ano avaliado. Para a significância estatística, assumiu-se um nível descritivo de 5%. As
análises foram realizadas no software SPSS, versão 17.0 para Windows. Resultado:
Foram analisadas 739 produções (736 dissertações e três teses), sendo o primeiro
registro de defesa datado de 1978, com média anual de 24 produções (número mais
expressivo nos anos de 2000 e 2001, a saber, 62). Dentre as áreas, o maior número de
defesas foi registrado nas áreas de Audição (294-39,8%), Linguagem (142-19,2%) e Voz
(122-16,5%), seguidas de Métodos Clínicos (81-10,9%) e Motricidade Orofacial (46-6,2%).
No que concerne às temáticas os resultados apontaram a sequencia em maior número de
pesquisas que abordaram: Avaliação/Diagnóstico Observacional (373-50,5%),
Intervenção (165-22,3%) e por fim Revisão de Literatura (69-9,3%). As áreas Audição,
Linguagem e Voz apresentaram tendência crescente, enquanto as áreas de motricidade
orofacial e métodos clínicos registraram curva convexa. A realização de
Avaliação/Diagnóstico esteve mais presente nos procedimentos de produções nas áreas
de Audição, Linguagem e Voz (207, 124 e 119, respectivamente), com tendência
crescente, estatisticamente significativa. Conclusão: Os resultados encontrados
possibilitaram a análise do perfil da produção do conhecimento do Programa no período
significativo de quatro décadas, evidenciando a compatibilidade dessa produção com seu
campo de concentração de estudos, a saber, a clínica fonoaudiológica.

187
Reorientação da formação de recursos humanos em saúde da universidade de são
paulo (campus capital)

Daniela Regina Molini-Avejonas; Alessandra Gianella Samelli, Fatima Oliver, Ana Carolina
Basso Schmitt, Renata Takaha, Yara Carvalho, Simone Junqueira

Introdução: O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o


PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005, tem o objetivo de integrar ensino e
serviço, visando à reorientação da formação profissional, procurando assegurar uma
abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na Atenção Básica,
promovendo transformações na prestação de serviços à população. Dando continuidade
às estratégias para Reorientação da Formação Profissional em Saúde, a partir de 2008,
foram lançados novos editais: PET-Saúde, PET-Saúde da Família, Saúde Mental,
Vigilância em Saúde, PRÓ-PET e PET-Redes de Atenção. Objetivo: Caracterizar a
participação do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo nas estratégias de reorientação da formação de recursos humanos em saúde.
Método: Trata-se de um estudo descritivo, com base nos relatórios de atividades e
documentos apresentados ao Ministério da Saúde. Resultados: São 10 os cursos da
Universidade de São Paulo envolvidos nas estratégias para reorientação da formação
profissional em Saúde, incluindo o curso de Fonoaudiologia. De 2005 até 2013, houve um
aumento de três para 10 cursos de graduação envolvidos, sendo 1.670 alunos
matriculados / ano em 2005 e 3.320 alunos / ano em 2013. Em relação ao número de
bolsistas PET, houve um total de 428 alunos no período. Estes alunos contaram com
tutores-docentes da Universidade de São Paulo (37 bolsas) e preceptores-profissionais de
serviços de saúde envolvidos nos projetos (162 bolsas). Discussão: Os resultados
mostraram que a política indutora do PRÓ-SAÚDE reverteu numa mudança substancial
nos cursos de graduação da Universidade de São Paulo envolvidos no processo,
incluindo o Curso de Fonoaudiologia. Em virtude das mudanças de paradigma
fomentadas pelas estratégias, foram criadas novas disciplinas para os alunos de
graduação da área da saúde, bem como houve reestruturação das matrizes curriculares
de diversos cursos ou estas matrizes estão em discussão para reestruturação. Todas
estas modificações visavam, principalmente, a reorientação da formação profissional,
buscando assegurar uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na
Atenção Básica à saúde. Além disso, a importância do trabalho multidisciplinar foi
ressaltada, revertendo inclusive na criação de uma disciplina específica optativa aberta a
todos os cursos, para tratar deste aspecto. O Curso de Fonoaudiologia participa
ativamente destas estratégias, seja por meio da participação de alunos bolsistas,
tutores/docentes ou preceptores. Muitos estudantes do curso estão cursando a disciplina
optativa supracitada, assim como houve reestruturação da matriz curricular para atender a
estas demandas de reorientação da formação profissional. Cabe ressaltar que as
mudanças vivenciadas pelos cursos de graduação somadas à participação de
preceptores dos serviços de saúde podem fortalecer as transformações almejadas na
prestação de serviços à comunidade. Sabe-se que tanto as modificações no que se refere
aos cursos de graduação quanto os possíveis benefícios trazidos para a prestação de
serviços à comunidade são apenas esforços iniciais para uma mudança mais profunda na
formação profissional para o fortalecimento do SUS. Conclusão: Foram observadas
mudanças substanciais nos cursos de graduação envolvidos nas estratégias de
reorientação da formação de recursos humanos em saúde, sendo que o Curso de
Fonoaudiologia participou ativamente deste processo.

188
Resenha crítica: um método de avaliação para a fonoaudiologia

Karine Schwarz; Andressa Colares da Costa, Audrei Thayse Viegel de Ávila, Iara Costa
Machado, Márcio Pezzini França

Introdução: A fonoaudiologia tem como um dos mais difundidos objetos de estudo e


intervenção a comunicação humana; seja ela oral ou escrita, individual ou coletiva. Desta
forma, para comunicar com excelência, é necessário, entre outros aspectos,
argumentação consistente e organizada. Arguir com veemência e ter clareza na
organização das ideias no momento da produção oral ou escrita não são habilidades
inatas ao ser humano e devem ser treinadas. Além disso, para expor pensamentos com
segurança é preciso que o orador/escritor domine o tema e desenvolva o senso crítico.
Objetivo: expor uma experiência sobre o método avaliativo, resenha crítica, vivenciada
semanalmente, no primeiro semestre de 2013, por acadêmicos do curso de
Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na disciplina de
Fonoaudiologia Preventiva, ministrada no quinto semestre. Método: trata-se de um estudo
quanti-qualitativo, fenomenológico, por meio da aplicação de um questionário, com quatro
questões objetivas (sim ou não), sobre a relevância do método de avaliação (resenha
crítica) e a análise das discussões realizadas pré e pós-questionário, durante as aulas.
Resultados: 26 alunos matriculados na disciplina; 14 responderam ao questionário; oito
consideram o método de avaliação válido; nove relataram dificuldades para escrever a
resenha; 14 acharam os temas interessantes; 13 verificaram melhora na sua produção
escrita ao final do semestre; o professor verificou maior participação dos alunos nas
discussões em aula, melhora na escrita e desenvolvimento do pensamento crítico.
Discussão: percebeu-se que o método avaliativo influenciou positivamente na participação
dos alunos nas discussões em aula, bem como durante os estágios em saúde coletiva.
Além disso, a necessidade de escrever de forma crítica, sobre temas relevantes,
promoveu o aperfeiçoamento do discurso oral e escrito. Outro ponto considerado
essencial foi o encorajamento para a produção de textos científicos. Conclusão: resenhar
constitui-se uma ferramenta importante para formação de um fonoaudiólogo crítico,
comprometido, investigativo, pró-ativo e pode contribuir para a evolução da habilidade
escrita.

189
Revisão bibliométrica dos trabalhos apresentados no congresso brasileiro de
fonoaudiologia sobre envelhecimento (2009-2012)

Crislayne Melo da Silva; Rodrigo Oliveira da Fonsêca, Antonio Cassio Barbosa de


Oliveira, Naiara da Silva Paula, Leandro de Araújo Pernambuco

Introdução: O envelhecimento da população mundial tem sido uma das mudanças


demográficas mais importantes observadas na realidade atual.Com o avanço da idade, a
fonoaudiologia torna-se fundamental na busca de evidências científicas à atuação
profissional para que se avalie numérica e quantitativamente os estudos pré-
existentes,recorrendo, assim, à revisão bibliométrica de informações advindas do
Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia (CBFa), auxiliando na compreensão e aplicação
dos dados em futuros estudos.objetivos: realizar uma revisão bibliométricados trabalhos
apresentados no CBFa sobre envelhecimentoentre os anos de 2009 e 2012. Métodos:foi
realizada uma busca ativa nos anais dos CBFa realizados entre 2009 e 2012,
disponibilizados para acesso público no site da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
No campo “busca” foram utilizadas asseguintes palavras-chave: “idoso”, “idosa”, “terceira
idade” e “envelhecimento”.As variáveisconsideradas para análise foram o ano de
publicação, área de especialidade da Fonoaudiologia, tipo de estudo e perfil da
amostra.RESULTADOS:foram encontrados 256 trabalhos no total, sendo 57 (22,3%) em
2009, 84 (32,8%) em 2010, 59 (23%) em 2011 e 56 (21,9%) em 2012. Em relação às
especialidades da Fonoaudiologia, 77 (30,1%) foram trabalhos de audiologia, 40 (15,6%)
de disfagia, 37 (14,5%) de saúde coletiva, 36 (14,1%) de voz, 35 (13,7%) de linguagem,
13 (5,1%) de motricidade orofacial e 18 (7%) trabalhos não foram enquadrados nas áreas
citadas. Quanto ao tipo de estudo, o mais frequente foi o seccional com 195 (76,2%)
trabalhos, seguido por estudo de coorte com 21 (8,2%), revisão sistemática de literatura
com 14 (5,5%), caso-controle e estudo de caso, ambos com 5 (2%), revisão narrativa da
literatura com 4 (1,6%), ensaio clínico randomizado com 2 (0,8%) e série de casos com 1
(0,4%). Em 9 (3,5%) trabalhos não foi evidente qual o tipo de estudo. Apenas 1 (0,4%)
trabalho foi realizado com animais e todos os outros, com seres humanos. Conclusão:
entre os anos de 2009 e 2012, os trabalhos sobre envelhecimento apresentados no
CBFaapresentaram predomínio da área de audiologia e de estudos do tipo seccional, com
seres humanos. Percebe-se a escassez de trabalhos com maior nível de evidência e um
maior investimento das demais especialidades da Fonoaudiologia em apresentar
pesquisas sobre o tema envelhecimento.

190
Situações-problema: ferramentas de construção da aprendizagem em metodologias
ativas

Rodrigo Dornelas; Roxane de Alencar Irineu, Aline Cabral de Oliveira-Barreto, Carla


César, Raphaela Granzotti, Danielle Ramos

Introdução: A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), uma metodologia ativa de


ensino, tem como estratégia a utilização de situações-problema. O objetivo principal é
contemplar as necessidades acadêmicas para a formação de um profissional
contextualizado e com poder de resolutividade. As especificidades das disciplinas
ministradas no modelo tradicional de ensino são substituídas por situações-problema que
funcionam como ferramentas disparadoras para o estudo autônomo do discente,
permeado pelos objetivos de aprendizagem. Tais objetivos são construídos em
consonância com a subunidade curricular deste método, baseado no currículo do curso.
Objetivo: Descrever a experiência de docentes na construção de situações-problema em
um curso de graduação em Fonoaudiologia que utiliza metodologias ativas. Metodologia:
A descrição da metodologia de construção de situações-problema será realizada a partir
da experiência dos autores associada a cursos de capacitação e artigos científicos que
abordam o tema. Resultados: O primeiro passo na construção de situações-problema foi
identificar quais os objetivos de aprendizagem que deveriam ser contemplados naquela
subunidade curricular. Após essa identificação discutem-se os aspectos amplos e
pertinentes relacionados ao assunto. Pode-se exemplificar em uma situação-problema
que aborde o tema: “Distúrbio Vocal Relacionado ao Trabalho (DVRT)”. A situação-
problema deverá abordar, neste caso específico, as características da alteração, a
descrição sobre a ocupação profissional, o acolhimento nos Serviços Públicos e a
influência na qualidade de vida do sujeito. Desta forma, o texto que aborda o tema deverá
subsidiar a discussão dos discentes em um sentido amplo, que facilite a identificação dos
objetivos de aprendizagem, tais quais não se restrinjam apenas à descrição da doença,
mas também à interferência e influência dos aspectos sociais, psíquicos entre outros no
conteúdo estudado. A escrita das situações-problema foi realizada a partir da formulação
de uma história real baseada em situações epidemiológicas as quais serão comuns na
futura prática clinica do discente, para que assim, este consiga pensar na sua resolução,
considerando a singularidade nas intervenções fonoaudiológicas. Conclusão: A
construção de situações-problema utilizados na ABP requer dos responsáveis por sua
elaboração atenção e conhecimento acerca do assunto a ser estudado. É imprescindível
que exija do discente a capacidade de identificar os objetivos de estudo, demonstrar seu
conhecimento prévio sobre o assunto e, por fim, explorar as diversas possibilidades para
a resolução do problema.

191
Tendências de mercado de trabalho e pós-graduação dos egressos de
fonoaudiologia

Julyane Feitoza Côelho; Giorvan Ânderson dos Santos Alves, Isabelle Cahino Delgado,
Brunna Thaís Luckwu de Lucena, Fernanda Pereira França, Mariana Lopes Martins,
Amanda Câmara Miranda, Thaís Mendonça Maia Wanderley Cruz de Freitas, Talita Maria
Monteiro Farias Barbosa, Yolanda Abrantes Paletot

Introdução: A Fonoaudiologia, regulamentada no Brasil em 1981, tem apresentado muitos


avanços, e os profissionais possuem uma abrangente área de atuação, que envolve
ações de promoção da saúde, prevenção de agravos e reabilitação voltados aos
distúrbios da comunicação humana. No Sistema Único de Saúde, a sua atuação pode se
dar na atenção básica à saúde e na rede especializada, atuando também com pacientes
hospitalizados em condições de risco. Além disso, o trabalho do fonoaudiólogo envolve
atuação inerente à expressividade da comunicação, estética facial e vocal, entre outros,
visando a qualidade de vida e a comunicação eficiente. Considerando que a formação é a
base para a atuação profissional, mostra-se relevante a realização de estudos que
busquem caracterizar o perfil dos egressos dos cursos de graduação, analisando suas
tendências de mercado de trabalho e pós-graduação. Objetivo: Verificar quais os campos
de atuação preferidos pelos egressos do curso de Fonoaudiologia e o interesse destes
pelos níveis de pós-graduação. Método: A pesquisa foi realizada, inicialmente, com 38
graduandos do primeiro ano do curso de Fonoaudiologia, os quais responderam a um
questionário que continha questões acerca dos dados gerais e área de especialidade
preferida; posteriormente, em 2013, 31 desses estudantes, atualmente no último ano de
curso, responderam a um segundo questionário que sondavam dados gerais, englobando
preferências de campos de atuação e o interesse pelos níveis de pós-graduação. Os
dados foram tabulados e analisados através do software Microsoft Excel 2010. O projeto
foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da
referida Universidade. Resultados: Com relação à preferência dos campos de atuação
dos egressos, destaca-se a intervenção em hospitais e maternidades, seguida de clínicas
e consultórios, atuação em universidades, unidades básicas de saúde, homecare, rádio e
televisão e em escola, respectivamente. Referente ao nível de pós-graduação, foi mais
preterido a Especialização, Mestrado Acadêmico e Residência, seguidos de Doutorado,
Mestrado Profissionalizante, Pós-Doutorado e MBA. Conclusão: A preferência pelos
campos de atuação e interesse pelos níveis de pós-graduação refletem as tendências
atuais de formação profissional na área de Fonoaudiologia, sendo direcionada pela matriz
curricular do curso da instituição estudada, pelas atividades acadêmicas e pelo perfil dos
docentes da universidade. Esse estudo se configurou importante para corroborar com as
necessidades de mudanças curriculares que o curso vem discutindo nos últimos dois
anos.

192
Título: nível de satisfação dos participantes do meeting fonoaudiológico 2013

Gabriele Ramos de Luccas; Ana Julia dos Passos Rizatto, Ana Paula Carvalho Corrêa,
Bárbara Camilo Rosa, Caroline Antonelli Mendes, Daniele Istile Simeão Machado,
Francielle Martins Ferreira, Isabela Alves de Quadros, Julia dos Reis Tognozzi, Lilian
Fabiano Oliveira, Maria Gabriela Cavalheiro, Rudmila Pereira Carvalho, Giédre Berretin-
Felix

Introdução: O Meeting Fonoaudiológico representa um evento promovido anualmente pelo


PET-Fonoaudiologia destinado à comunidade acadêmica em geral e à comunidade
externa à instituição de ensino superior. É realizado durante dois dias, com o propósito de
divulgação de conhecimento e atualização científica, desenvolvendo cidadania e
compromisso social no compartilhamento do saber, bem como extensão da produção
intelectual universitária a toda comunidade. A Grade Científica do VII Meeting
Fonoaudiológico no ano de 2013 teve o propósito de abordar a atuação fonoaudiológica
no âmbito da neonatologia em diferentes contextos, uma vez que tal conteúdo não é
abordado na estrutura curricular do curso. Objetivos: Avaliar o nível de satisfação dos
participantes do Meeting Fonoaudiológico realizado em 2013, como forma de contribuir
com a melhoria do curso de graduação em que o PET está inserido e com o processo de
educação continuada. Métodos: O evento foi realizado nos dias 27 e 28 de maio de 2013.
Os cursos “Teste da Linguinha” e “Triagem Auditiva Neonatal” foram realizados no
primeiro dia, ambos com duração de 1 hora e 30 minutos e ministrados pelas
fonoaudiólogas Roberta Martinelli e Juliana Chaves, respectivamente. A palestra “Atuação
Fonoaudiológica em Neonatologia: Enfoque na Deglutição e Disfagia”, realizada no
segundo dia, teve duração de 3 horas e foi ministrada pela fonoaudióloga Maria Izabel
Botelho. O evento contou com a presença de aproximadamente 100 ouvintes, sendo
estes docentes, discentes de graduação e pós-graduação e profissionais fonoaudiólogos.
Ao final de cada dia de atividades foi aplicado um questionário contendo questões de
múltipla escolha, considerando a qualidade dos cursos, carga horária proposta, a
aplicabilidade das informações no campo de trabalho, bem como se os palestrantes
abordaram e aprofundaram adequadamente o tema proposto. O questionário também
possuía uma questão aberta para críticas e sugestões. Resultados: Ao final do evento,
contabilizando ambos os dias, foram recolhidos 131 questionários. Destes, 124 ouvintes
classificaram que o evento atingiu plenamente os objetivos propostos e 7 classificaram
como parcialmente. Em relação à carga horária proposta, 123 participantes classificaram
como adequada, 4 como insuficiente e 4 como excessiva. A qualidade das palestras foi
classificada como boa por 126 pessoas e regular por 5. Os tópicos durante as palestras
foram abordados de forma prática e clara de acordo com 120 ouvintes e parcialmente de
acordo com 11. Para 119 pessoas o aprofundamento do tema durante a palestra foi
adequado, para 11 pessoas foi classificado como insuficiente e para 1 pessoa como
excessivo. Quanto ao conteúdo da apresentação, 124 classificaram que não sentiram
falta de nenhum assunto e 7 pessoas tiveram carência de informações. Em relação à
questão aberta, o evento recebeu ótimos comentários elogiando a organização do evento
e poucas críticas. Conclusões: O Meeting Fonoaudiológico pode ser considerado de
ótima qualidade, pois a maioria dos participantes mostrou-se satisfeito com as atividades
desenvolvidas, tendo possibilitado apresentar ao público noções teóricas e práticas da
atuação do Fonoaudiólogo na área da neonatologia.

193
Unidade básica de saúde: campo de práticas do agir problematizador da formação
em fonoaudiologia

Simone dos Santos Barreto; Lueyne Hottz de Vasconcellos,Gilson Saippa de Oliveira

Introdução: é fundamental que a graduação em Fonoaudiologia acompanhe as mudanças


teórico-metodológicas do campo da Saúde Pública/ Coletiva e, pautando-se por elas,
participe do processo de implantação de uma política de saúde nacional, definindo seu
papel e lugar junto à promoção da saúde da população de maneira reflexiva, consciente,
responsável e atuante. A disciplina obrigatória de Trabalho de Campo Supervisionado III
(TCS III), ministrada no terceiro período do curso de graduação em Fonoaudiologia de
uma instituição de ensino superior, tem como objetivo a construção de um espaço de
reflexão, problematização e ações, onde o aluno deverá observar a conduta do
profissional fonoaudiólogo nas unidades básicas de saúde, a partir da realização de
visitas em campo. Objetivo: relatar a experiência de iniciação à docência, por meio de
projeto de monitoria, de uma discente do curso nesses espaços de aprendizagem.
Métodos: estudo qualitativo, sob a forma de relato de experiência, baseado na atuação da
discente monitora a partir das atividades desenvolvidas na disciplina. O TCS III tem carga
horária de 40 horas, com 10 horas teóricas e 30 horas práticas. Nas primeiras três
semanas, a turma foi orientada a respeito das categorias de análise definidas no Manual
de Avaliação da Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, para a construção de
sínteses após as visitas. As duas semanas seguintes serviram para organização de
grupos de discussão e criação coletiva de um roteiro de observação e de entrevistas, que
teve por referência as categorias de análise da Atenção Básica: Integralidade, Acesso,
Longitudinalidade, Coordenação da atenção, Atenção à saúde centrada na família e
Orientação comunitária. As entrevistas foram realizadas com os profissionais e usuários,
incluindo idosos, adultos e pais de crianças. Foram realizadas quatro visitas a duas
unidades: uma que contava com a atuação de uma profissional fonoaudióloga e outra
organizada a partir da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Após os relatórios e visitas
realizadas, os alunos deveriam elaborar um trabalho final, subdividido em uma
apresentação oral e um trabalho escrito, contendo o que foi observado e registrado nas
visitas para apresentar ao grupo que estava presente na outra unidade e não vivenciou a
mesma experiência. Resultados: Tendo em vista a especificidade e estratégias propostas
pela disciplina, as atividades da discente monitora concentraram-se nas discussões
teóricas (em sala) e nas visitas a campo, auxiliando na elaboração de mapas temáticos,
roteiro de observação e entrevistas, e divisão da turma em grupos para discussão de
temas relativos à Atenção Básica em Saúde. Além disso, ofereceu suporte aos grupos
nas visitas e na confecção dos relatórios de campo, por meio do uso de tecnologias de
informação e comunicação. Conclusão: A atuação como monitora da disciplina
possibilitou a ampliação das competências e habilidades requeridas para o pleno
exercício profissional, maior compreensão da importância da formação em cenários de
práticas no campo da saúde coletiva, valorização da pró-atividade e interação com
trabalhos com grupo, condição indispensável para a ampliação e efetividade do exercício
profissional.

194
Valorização da percepção de idosos na construção de competências e habilidades
do agir fonoaudiológico

Vivian de Carvalho Reis Neves; Gilson Saippa de Oliveira, Andréia Monteiro de Abreu,
Angelica Hottz Martins, Diego da Conceição Borrher, Elisângela da Silva Oliveira, Jussara
Marques Ribeiro Pereira, Laryssa Thays Schuindt Grativol, Priscila Aparecida Pereira da
Silva, Tamirys Silva de Souza

Introdução: A disciplina Trabalho de Campo Supervisionado em Fonoaudiologia III (TCS


III) é uma disciplina obrigatória com carga horária de 40 horas oferecida aos alunos do
terceiro período do curso de Fonoaudiologia. Possui dentre seus esforços a tentativa de
responder aos desafios de formação do profissional Fonoaudiólogo de acordo com as
exigência colocadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de
Fonoaudiologia, buscando a construção de processos de reflexão sobre o binômio teoria
e prática a partir da inserção da Fonoaudiologia na Atenção Básica da Saúde, primeiro
nível assistencial na Rede de cuidados do Sistema Único de Saúde (SUS). A
compreensão das Políticas Públicas de Saúde e rede de serviços do SUS ocorre a partir
do levantamento da percepção de idosos no município de Nova Friburgo em relação aso
seus princípios estruturantes. Objetivos: Busca-se compreender a percepção dos idosos a
partir de categorias de análises estruturantes da Atenção Básica de Saúde, a saber:
acesso, vínculo, responsabilidade, longitudinalidade e territorialização em um Centro de
Convivência a pessoas idosas no município de Nova Friburgo. Métodos: A turma foi divida
em três grupos com temas de atuação em áreas diferentes para a compreensão da
percepção da rede por usuários de três públicos-alvo distintos. Aulas teóricas e
discussões permitiram a aproximação do grupo com os conceitos fundamentais para
compreensão da Atenção Básica no município e dos pressupostos a serem considerados
quanto ao público alvo pretendido. Para esta análise foi confeccionado um questionário
com perguntas abertas e fechadas, a ser aplicado a 80 idosos frequentadores de dois
Centros de Convivência, que posteriormente serão confrontadas com as categorias de
análise estruturantes da Atenção Básica. Resultados: Ao final das análises busca-se
compreender como estes usuários se referenciam e utilizam a Atenção Básica do
município através do confronto com as categorias de análise. Ampliação dos
conhecimentos do aluno de Fonoaudiologia acerca das competências e habilidades
necessárias para o bom desempenho de suas atividades profissionais. A perspectiva de
trabalho de uma disciplina do campo com algum público alvo valoriza um ensino com
aprendizagens significativas através do diagnóstico situacional de uma população real
onde os futuros profissionais poderão atuar. Conclusão: A rede de serviços do SUS de
Nova Friburgo é um cenário de prática que deve ser explorado e, será a partir da ótica do
idoso, que este grupo pretende explorar a compreensão da atuação do profissional
fonoaudiólogo a partir do que rege as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Fonoaudiologia.

195
Vivência pet-saúde junto a um processo de mapeamento no mbito hospitalar

Jordana de Lima Silva Santos; Vanessa de Oliveira Tenório, Maria da Conceição Carneiro
Pessoa de Santana, Ana Paula Cajaseiras de Carvalho, Simone Schwartz Lessa

Introdução: A busca de novos paradigmas para a Saúde Coletiva deve ser obtida pelo
desenvolvimento de métodos que articulem os níveis do indivíduo e das coletividades. A
territorialização é considerada um passo muito importante para o trabalho em equipe, e
possui três sentidos diferenciados e conectados: delimitação da área de atuação;
reconhecimento do local, da população e dos seus hábitos; bem como, a prática da
intersetorialidade. A realização desse processo no ambiente hospitalar é possível e se faz
necessário antes do planejamento das ações. O mapeamento, enquanto etapa da
territorialização, permite a identificação de situações que constituem problemas para a
execução do planejamento da gestão e propicia a organização das ações e das práticas
nos serviços, sendo de grande utilidade, inclusive, para o processo de vigilância em
saúde. Objetivo: Descrever a vivência de um grupo do PRÓ/PET-Saúde de uma
universidade pública estadual de Alagoas junto a um processo de mapeamento
desenvolvido num alojamento conjunto de uma maternidade pública referência para o
atendimento de gestantes de alto-risco. Metodologia: Estudo transversal exploratório
descritivo de mapeamento (aspectos organizacionais e estruturais) de um setor/território
(alojamento conjunto da maternidade), a partir da descrição do perfil geral de cada uma
das suas micro-áreas. A coleta foi realizada por participantes do PET-Saúde,
supervisionados pela preceptora do grupo, por meio de observações e entrevistas semi-
dirigidas com profissionais, gestantes e puérperas.. Resultados: O mapeamento realizado
caracterizou o perfil de cinco micro-áreas do alojamento conjunto: enfermaria 1- cinco
leitos, utilizada de isolamento quando necessário; enfermaria 2- oito leitos, onde foram
visualizadas gestantes com intercorrências, puérperas sem e outras com seus recém-
nascidos; enfermaria 3- oito leitos, onde encontraram-se puérperas com seus recém-
nascidos; enfermaria 4- cinco leitos, funcionando como segunda etapa do Método
Canguru; enfermaria 5- quatro leitos, onde encontraram-se mulheres com intercorrências
pré e pós natais. Também foram identificados dois corredores, sendo utilizados quando
não há vagas disponíveis nas enfermarias ou quando há a necessidade de isolamento de
alguma das enfermarias. Quanto aos aspectos organizacionais, constatou-se que, para as
enfermarias 1,2,3 e 5, não há fluxos definidos para ocupação dos leitos, conforme o perfil
de cada gestante ou puérpera. Apenas para a enfermaria 4 existem pré-requisitos para
ocupação relacionados tanto às puérperas quanto aos prematuros. Evidenciou-se
também que as micro-áreas se relacionam entre si por meio de 2 postos de enfermagem,
sendo um destinado às enfermarias 1,2,3 e 5, e um outro à enfermaria 4. Conclusão: O
processo de mapeamento no alojamento conjunto contribuiu para o planejamento das
ações de intervenção e de Educação em Saúde, especialmente de cunho preventivo, do
grupo PET-Saúde. A identificação dos aspectos organizacionais e estruturais favoreceu
uma olhar diferenciado no ato de planejar tais ações. A realização do processo implicou
reunir dados de reconhecimento e investigação acerca de tais aspectos que direcionaram
as intervenções relacionadas à saúde materno-infantil, sendo essas influenciadas por
fatores socioeconômicos, demográficos, culturais, condutas hospitalares e suporte pós-
parto, determinadores da duração do aleitamento materno.

196
FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL

Avaliaçâo das habilidades iniciais de leitura, em crianças de 1º. e 2º. ano EF

Ana Luiza Gomes Pinto Navas; Carla Nicolau Cabezas

Introdução: Alguns sinais de dificuldade na linguagem podem ser identificados


precocemente já no ensino infantil, como vocabulário pobre, uso inadequado de gramática
e déficits no processamento fonológico. Uma vez identificada alguma dificuldade, a
intervenção precoce melhora muito o prognóstico de crianças que apresentam
desempenho abaixo do esperado em habilidades de leitura e escrita nos primeiros anos
de alfabetização. Objetivos: Avaliar e caracterizar a fase inicial de alfabetização de
escolares de 1º. e 2º.anos do ensino fundamental. Método: Participaram desta pesquisa
73 crianças entre seis e oito anos, estudantes de uma escola pública de São Paulo. Foi
utilizado um instrumento de avaliação da leitura e escrita inicial com 20 subtestes de
linguagem oral, processamento fonológico, compreensão, leitura e escrita. Resultados:
Não houve diferença de desempenho em ambos os anos em relação a habilidades de
linguagem oral avaliadas pelo protocolo, vocabulário, discriminação auditiva e
compreensão. Considerando o desempenho total no Protocolo de avaliação inicial de
leitura e escrita, não houve diferença estatisticamente significativa entre o desempenho
de alunos do sexo feminino ou masculino (ANOVA, F=1,18; p=0,30), somente para a
escolaridade, entre 1º. e 2º. anos (ANOVA, F=0,45; p=0,018). Não foi constatado nenhum
efeito de interação entre as variáveis, sexo e escolaridade (ANOVA, F=1,2; p=0,29). O
desempenho dos alunos do 1º. foi inferior aos de 2º. ano nas seguintes provas: (a)
identificação de letras (Mann-Whitney, F=9,00; p=0,011) (b) leitura de palavras;(Mann-
Whitney, F=7,00; p=0,001) (c) leitura de pseudopalavras”(Mann-Whitney, F=8,50,
p=0,009) (d) ditado de palavras, (Mann-Whitney, F=1,00; p=0,002); (e) ditado de
pseudopalavras; (Mann-Whitney, F=6,50, p=0,003);e (f) produção de rimas; (Mann-
Whitney=8,00; p=0,003); Conclusão: Avaliação das habilidades iniciais de leitura foi capaz
de identificar difenrenças de desempenho entre o 1º e 2º ano de escolaridade, sendo que
as diferenças mais pronunciadas encontram-se no processamento fonológico e no
reconhecimento de palavras e pseudopalavras.

197
A (des)patologização da educação: implicações para a atuação do fonoaudiólogo
escolar

Ana Paula de Oliveira Santana; Rita de Cassia Fernandes

Introdução: O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é considerado um


dos transtornos psiquiátricos mais comuns da infância. Pautados em um paradigma
positivista, há os que defendem que o TDAH é causado por uma disfunção cerebral que
acarreta sintomas como hiperatividade, impulsividade e desatenção. Por outro lado,
filiados a uma perspectiva histórico-social, pesquisadores preconizam o caráter social
como uma explicação para os problemas comportamentais e de aprendizagem dos
escolares. Entende-se, segundo este ponto de vista, que o TDAH reflete um processo de
patologização da educação, quando questões sociais se transformam em questões
biológicas no espaço da escola. Objetivo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre o
processo de patologização da educação por meio da análise de discursos que se
instauram em torno do aluno considerado hiperativo/desatento. Partiu-se da hipótese de
que a formação de discursos depreciativos de educadores sobre/para o aluno pode afetar
a sua subjetividade, aprendizagem e socialização; conduzindo, muitas vezes, a um
processo que culmina no diagnóstico de TDAH. Método: A fim de implementar o estudo
(aprovado pelo Comitê de Ética da UFSC, sob processo 94.405/2012), realizou-se análise
da história de uma menina de 10 anos de idade, estudante do quinto ano do ensino
fundamental, e com diagnóstico de TDAH. Os dados foram gerados por meio de
entrevistas com a criança, sua mãe e professores, além de observação participante em
sala de aula, avaliação fonoaudiológica individual e pesquisa documental (pareceres
avaliativos/descritivos da escola – atuais e pregressos; atividades pedagógicas
desenvolvidas no decorrer da escolaridade; agendas; cadernos etc). Os dados da
pesquisa qualitativa foram analisados conforme a abordagem dialógica, de cunho
bakhtiniano. Resultados: Os resultados confirmam a hipótese de que discursos
estigmatizantes acarretam prejuízos ao desenvolvimento do aluno, uma vez que ele
passa a assimilar parte das percepções de seu grupo de convívio. A menina em questão
teve/tem sérios problemas relacionais e apresentou dificuldades no processo de
alfabetização – sem ter uma alteração constitutiva que pudesse justificar qualquer
problema. Conclusões: Assumindo os postulados de Vygotsky (1984), de que a atenção é
uma função cognitiva que se forma na vigência da intersubjetividade, e os de Bakhtin
(2006), de que construímos nossa autoimagem em meio ao olhar do outro, conclui-se que
o aluno tido hiperativo/desatento, longe de apresentar “sintomas” de um suposto
transtorno psiquiátrico, pode manifestar sinais de sofrimento e rejeição à sala de aula
como uma resposta à qualidade das interações sociais que se estabelecem no contexto
da escola. Desse modo, cabe ao fonoaudiólogo escolar, antes de aderir à patologização,
promover espaços de discussão com os educadores para investigar a que o aluno está
respondendo.

198
A escrita alfabética, sua natureza e representação: contribuições à fonoaudiologia
educacional

Maria Letícia Cautela de Almeida Machado

Introdução: Essa pesquisa situa-se no campo epistemológico da Fonoaudiologia


Educacional. A prática fonoaudiológica no Brasil tem sua gênese vinculada a medidas de
uniformização e normatização da língua. As ações fonoaudiológicas foram, desde a sua
origem, influenciadas pelo positivismo e pelo pensamento naturalista, o que se traduziu
em uma atuação, marcadamente, clínico-médica e numa concepção normativa de
desenvolvimento e aprendizagem da escrita. Esforços têm sido empreendidos para se
instituir no campo educacional uma atuação fonoaudiológica diferenciada, que se destitua
do caráter curativo e normativo e se volte para a promoção do processo de ensino-
aprendizagem. No entanto, apesar dos esforços em busca da modificação e ampliação da
atuação fonoaudiológica educacional, esse caráter clínico-médico persiste. Entende-se
que tal perpetuação é sustentada por paradigmas enraizados e mantidos até hoje na
formação do fonoaudiólogo e do educador. Trata-se de visões que universalizam
questões relativas à linguagem e ao processo de aprendizagem da escrita e medicalizam
padrões que se apresentam fora do esperado como normalidade. Objetivo: Caracterizar a
natureza e a representação da escrita alfabética, visando a contribuir para a superação da
cultura naturalística e biologizante na abordagem das questões sobre a aprendizagem e o
domínio da língua escrita no campo da Fonoaudiologia Educacional. Método: Pesquisa
científica de base teórico-conceitual. Resultados: Essa pesquisa revela que o sistema
estrutural da escrita constitui um fenômeno com propriedades gramaticais e
representacionais que se distinguem da fala. Evidencia-se que a relação entre a língua
escrita e a língua oral não é direta, de tal modo que a escrita alfabética não é uma
transcodificação da fala. Além disso, essa pesquisa sustenta que a natureza da escrita
não é biológica, mas eminentemente cultural, de tal maneira que sua apropriação e
domínio constituem um processo conceitual singular. Tal concepção implica o
entendimento de que diferentes sujeitos socioculturais interagem e conceituam a escrita
de modos diversos. Essa diversidade ocorre porque sujeitos sociais plurais apresentam
modos diferenciados de organização e operação mental que, por sua vez, implicam
diferentes formas de interação com o mundo, com o outro e com a escrita, resultando em
diferenças individuais na estruturação e no uso da fala e da escrita. A partir desses
conceitos, sistematizam-se princípios norteadores para a constituição de uma atuação
fonoaudiológica educacional, no campo da escrita, destituída de qualquer caráter clínico–
médico. Conclusões: O entendimento de que a apropriação da escrita não tem natureza
biológica permite a compreensão de que os diferentes modos de escrita não podem ser
validados por regras universais baseadas em um sistema mental apriorístico, nem,
tampouco, considerados produtos de uma condição de anormalidade intrínseca ao sujeito.
Essa pesquisa demonstrou que a manutenção de uma concepção de um determinismo
biológico para as dificuldades na aprendizagem ou domínio da escrita, na verdade,
envolve uma questão paradigmática. Enfim, os parâmetros que definem as categorias do
que é “normal” e do que é “anormal” na estruturação e no uso da escrita não são regidos
por princípios biológicos, mas por categorias paradigmáticas. Assim, a ideia de um
distúrbio de aprendizagem da escrita se sustenta somente sob determinado paradigma.

199
A gagueira no contexto educacional

Ana Sabrina Braun Sousa; Ana Paula Santana, Laís Oliva Donida, Vitória Pereira
Gonçalvez, Douglas Ezequiel Fernandes

Introdução: A gagueira é vista, geralmente, como uma disfluência da fala na qual há


repetição de partes de palavras ou frases, prolongações sonoras e pausas. A etiologia,
ainda discutida, refere na literatura, fatores como genéticos, sociais e psicológicos. A
gagueira se constitui como uma questão social e estigmatizada do falante. Assim a
descrição sintomatológica da gagueira, não revela o significado real e subjetivo que ela
tem para o sujeito que sofre. Por ocorrer no espaço discursivo e interativo, a disfluência
provoca dificuldades como a exclusão e o preconceito social, que comumente acentuam-
se no ambiente escolar. Objetivo: Analisar, a partir do discurso do sujeito, como ele se
constituiu enquanto falante com base em suas interações no contexto educacional.
Método: Esta pesquisa configura-se como um estudo de caso. Realizou-se uma entrevista
reflexiva e uma análise do prontuário de atendimento fonoaudiológico. Utilizou-se uma
abordagem discursiva como fundamentação teórica. O entrevistado é estudante
universitário do gênero feminino, e se chamará sujeito S. Resultados: S tem 36 anos e
relata gagueira desde os 5. Ela passou por acompanhamento psicológico aos 8 anos de
idade, e fonoaudiológico aos 35. Seus familiares nunca a rotularam como gaga. No
ambiente escolar, S relatou que desde a pré-escola isolava-se, e acredita ter sido afetada
nas suas relações pelo medo de gaguejar. De acordo com seu discurso, os primeiros dias
de aula eram um “tormento”. Ao longo dos anos o sujeito criou estratégias para driblar sua
disfluência, como manter a calma e trocar palavras que produzia com maior disfluência,
neste caso, palavras iniciadas em “s”. Ela relatou que quando fala com animais ou bebês,
não gagueja, e que sua maior dificuldade está na interação grupal. Atualmente S cursa
pedagogia, e sente-se inclusa pelos colegas e professores. Mas, ainda existem situações
de ansiedade, em que ela relata um bloqueio, como na apresentação de trabalhos. Por
meio da análise do discurso de S, percebe-se que sua imagem como falante ainda é
estigmatizada. Apesar do ambiente familiar não a rotular, sua fala foi legitimada como
incompetente pela escola, e isso perdurou durante toda sua educação. Atualmente,
apesar de receber o apoio de professores e colegas, S ainda sente-se constrangida com
sua comunicação, o que motivou sua busca pelo tratamento fonoaudiológico. Conclusão:
Evidencia-se que, ao entrar na meio escolar, a criança com gagueira se isola deixando de
participar efetivamente das interações escolares. O sistema educacional não está
preparado para lidar com o diferente. Além disso, há necessidade emergente de se refletir
sobre as questões de inclusão/exclusão na formação dos professores, pois se a
constituição do sujeito falante se faz a partir de suas interações é importante proporcionar
interações com interlocutores que valorizem o sujeito e sua fala, mesmo que diferente, no
ambiente escolar.

200
A inserção da disciplina de libras na formação inicial do fonoaudiólogo

Claudia Regina Mosca Giroto; Atalita Fernanda Marinho de Azevedo, Gabriela Escane
Gimiliani, Beatriz Aparecida Barboza Nascimento,Gabriela Geovana Pinho

Introdução: O Decreto nº 5626 (BRASIL, 2005) trata, entre outros itens, da inclusão da
disciplina de Libras nos cursos de Fonoaudiologia, Pedagogia e demais licenciaturas.
Com base nos dispositivos dessa legislação e após levantamento no site do MEC, para a
identificação das Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado de São Paulo, que
oferecem o curso de Fonoaudiologia. Objetivo: a presente pesquisa, de natureza
documental, teve por objetivo investigar a inserção da disciplina de Libras na grade
curricular de 21 cursos de Fonoaudiologia de IES públicas e privadas do Estado de São
Paulo, com vistas a observar se atendem ao referido decreto. Método: Foi realizada
consulta aos sites dessas instituições para o acesso às grades curriculares desses
cursos. Essa consulta foi orientada, inicialmente, pelos descritores: Fonoaudiologia; grade
curricular; matriz curricular; disciplinas e projeto pedagógico. Frente aos documentos
obtidos, foram utilizados os descritores: Libras; LIBRAS; e Língua Brasileira de Sinais. A
análise categorial foi corroborada por dados quantitativos. Cabe ressaltar que a consulta
ao site do MEC indicou 20 IES credenciadas, tendo sido considerada duplamente uma
instituição privada, pela oferta de dois cursos em locais diferentes. Critério que não foi
mantido para as IES públicas, tendo em vista que uma IES pública também oferece dois
cursos, mas foi considerada uma única vez, o que totalizou 21 cursos. Resultados: Desse
total, cinco (23,80%) cursos se encontram vinculados a IES públicas e 16 (76,20%) a IES
privadas. A análise categorial permitiu a eleição de duas categorias: “Cursos de IES
Públicas” e “Cursos de IES privadas”, ambas com as seguintes subcategorias: “Grade
curricular disponibilizada”, “Grade curricular não disponibilizada”, “Oferta curricular da
disciplina Libras”, “Oferta optativa da disciplina Libras” e “Ausência da disciplina Libras”. A
análise quantitativa, após consulta online aos sites das instituições, revelou que dos 21
cursos, 19 (90,48%) se encontram em funcionamento, sendo que dois (9,52%) não
constam nos sites das respectivas instituições que figuram na lista do MEC. Do total de
cursos em funcionamento, cinco (26,30%) correspondem a cursos de IES públicas, sendo
14 (73,70%) de IES privadas. Dentre os cursos de IES públicas, 20% não disponibilizam a
grade curricular, enquanto 80% adota esse procedimento. Desses, dois cursos (50%)
oferecem a Libras como disciplina obrigatória, um (25%) como optativa e em um (25%)
essa disciplina não consta na grade disponibilizada. Dos 14 cursos de IES privadas em
funcionamento, três (21,40%) não disponibilizam a grade, enquanto 11 (78,60%) facilitam
o acesso a tal documento. Desses, sete (63,60%) oferecem a Libras como disciplina
obrigatória, dois (18,20%) como optativa, sendo que outros dois (18,20%) não incluíram
tal disciplina na grade disponibilizada em seus respectivos sites. Conclusão: Os
resultados obtidos permitiram concluir a necessidade de: atualização, por parte do MEC,
dos cursos credenciados; de os cursos que não atendem esse dispositivo legal se
organizarem em conformidade com a legislação; de continuidade da referida pesquisa
numa segunda etapa, para conhecimento dos conteúdos abordados na disciplina em
questão, bem como é importante ressaltar o crescente atendimento, por parte dos cursos
de Fonoaudiologia, ao referido decreto.

201
Ambiente familiar e sua relação com os processos de leitura em crianças do ensino
fundamental

Michelle Porto Conceição; Marina Ribeiro, Mariana Souza Amaral, Talita Caroline Alves
da Silva, Juliana Nunes Santos, Vanessa de Oliveira Martins-Reis

Introdução: Ambientes familiares estimuladores são considerados facilitadores da


aprendizagem, potencializando as práticas educacionais e as habilidades cognitivas.
Entretanto, ter apenas a estrutura necessária não é o suficiente. O envolvimento dos pais
é fundamental para um melhor desempenho escolar e está diretamente relacionado ao
investimento de tempo e de recursos na criação e educação dos filhos. Objetivos:
Verificar a influência dos recursos do ambiente familiar no desempenho de leitura de
crianças de uma escola pública de Belo Horizonte. Método: Trata-se de um estudo tipo
transversal descritivo realizado em uma escola pública do município de Belo Horizonte,
localizada em região de vulnerabilidade social Participaram 46 crianças com idade entre 9
e 11 anos, sendo 27 do masculino (58%). As crianças foram avaliadas na própria escola e
os pais entrevistados em visita domiciliar. Para a coleta de dados foram utilizados os
instrumentos: o Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) e a Prova de
Avaliação dos Processos de Leitura (PROLEC), com os subtestes 2, 5, 6, 7 e 10. Os
valores do RAF foram relacionados aos resultados das provas do PROLEC por meio do
teste t de Student com valores de p <<0,05. Resultados: Nas provas de discriminação de
letras e estrutura gramatical os índices de normalidade foram 78,3% e 84,8,
respectivamente. 58,7% dos estudantes apresentaram dificuldades na compreensão de
leitura e 52,2% na leitura de pseudopalavras. Na leitura de palavras e pseudopalavras
regulares 37% apresentaram dificuldades e o valor subiu para 43% em palavras
irregulares. Os valores médios do RAF nos três domínios analisados foram: 37,9% em
recursos do ambiente familiar, 19,2% em estabilidade na vida familiar e 11% em práticas
parentais que promovem a ligação família-escola. Ao relacionar os resultados das provas
de leitura aos recursos familiares, observou-se relação estatisticamente significante entre
o desempenho de leitura de palavras e pseudopalavras e melhor escore no RAF
(p<<0,05). Conclusão: Os recursos do ambiente familiar influenciam positivamente nos
processos de leitura de palavras e pseudopalavras. Ambientes familiares mais
estimuladores favorecem o aprendizado, o que reforça a necessidade de investimentos na
comunidade, no sentido de promover práticas parentais positivas por parte dos
profissionais da saúde. A integração ensino serviço favorece tais práticas e contribui para
a melhoria da formação do acadêmico em fonoaudiologia e outras áreas da saúde.

202
Análise dos erros na produção de fala de uma criança com deficiência auditiva pré-
lingual

Michele Picanço do Carmo; Teresa Maria Momensohn-Santos, Nayara Thais de Oliveira


Costa

Introdução: A produção de fala é baseada em processos articulatórios realizados a partir


de características acústicas dos fonemas previamente discriminadas pelo indivíduo. No
caso das crianças com perda auditiva pré-lingual, principalmente de grau severo e
profundo, o impacto decorrente da perda auditiva pode comprometer de forma marcante a
formação do sistema fonológico e, consequentemente, a inteligibilidade da fala. Objetivo:
Analisar os erros na produção de fala de uma criança com deficiência auditiva pré-lingual.
Método: Participou desta pesquisa uma criança do sexo masculino, de sete anos de
idade, com perda auditiva neurossensorial de grau profundo na orelha esquerda e severa
na orelha direita, de configuração descendente bilateral, usuária de aparelho de
amplificação sonora individual (AASI) e em processo terapêutico fonoaudiológico há
quatro anos. A amostra de fala foi eliciada por meio da Avaliação Fonoaudiológica da
Criança - AFC e os resultados foram analisados de forma quali-quantitativa por meio da
Matriz de Confusão (MC) e da análise de traços articulatórios e de traços distintivos.
Resultados: Com a MC identificou-se a produção de 20 fonemas do português brasileiro,
com exceção do fonema /ŋ/ distribuídos no total de 162 produções, em que 82,72% foram
corretas, 11,11% substituições e 6,17% representou fonemas omitidos. As trocas mais
frequentes na amostra de fala da criança foram /s/;/ e /z/, representando 44,44% e
16,70% das substituições, respectivamente. Após a análise identificou-se os seguintes
traços articulatórios comprometidos: Ponto de Articulação com troca de consoantes
médias por posteriores e Fricção com troca de consoantes fricativas por africadas. E
alterações dos seguintes traços distintivos: [soante], [lateral], [anterior], [coronal], [alto],
[estridente]. Identificou-se que os fonemas fricativos /s/ e /z/ são os que sofrem mais
substituições na produção de fala da criança, isso se justifica por serem as fricativas as
consoantes mais fracas e agudas do português brasileiro e extremamente difíceis para
um deficiente auditivo reconhecer, além disso, são considerados os fonemas fricativos
mais intensos, mais graves e, portanto, os mais facilmente percebidos auditivamente por
crianças surdas Conclusão: Apesar das alterações presentes na fala da criança,
considera-se que a mesma obteve um bom desenvolvimento fonológico, já que crianças
com esse tipo e grau de deficiência auditiva possuem pouca reserva auditiva, o que pode
comprometer de forma acentuada o reconhecimento dos segmentos fonéticos e das
regras fonológicas da língua. A partir desses dados, acredita-se que as habilidades
auditivas da criança foram favorecidas pela seleção e adaptação do tipo e características
tecnológicas do AASI adequados às suas necessidades acústicas, além da intervenção
terapêutica fonoaudiológica efetiva. Dessa forma, conclui-se que a estratégia de análise
dos erros é eficaz para uma mensuração mais detalhada da produção de fala, assim
como, da relação entre a percepção e produção da fala, o que pode trazer implicações
importantes para o processo de reabilitação auditiva de crianças deficientes auditivas.

203
Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor em instituições municipais de
educação infantil

Meirivan dos Santos Rosário Oliveira; Olga Elisabete de Oliveira Brito, Raphaela Barroso
Guedes Granzotti, Aline Cabral de Oliveira Barreto, Carla Patrícia Hernandez Alves
Ribeiro César

Introdução: Este estudo faz parte do “Projeto Pequeno Cidadão: a creche promotora de
saúde” que tem como principal objetivo proporcionar ações educativas nas creches do
município de Lagarto/Sergipe visando favorecer o desenvolvimento das habilidades de
comunicação e consequentemente prevenir alterações. Para tanto é importante conhecer
a demanda da população com relação aos aspectos neuropsicomotores do
desenvolvimento. Objetivo: Caracterizar desenvolvimento neuropsicomotor de crianças
que frequentam instituições municipais de educação infantil. Método: A pesquisa foi
aprovada pelo CEP nº 270.079 e os responsáveis assinaram termo de consentimento livre
esclarecido, além responderam a um questionário sobre grau de instrução, idade e renda
familiar. A triagem foi realizada em três instituições municipais de educação infantil
localizadas na zona urbana de Lagarto-SE. Foram triadas 212 crianças com idades entre
dois e cincos anos e onze meses, de ambos os sexos, por meio do Teste de Triagem de
Desenvolvimento de Denver II (Frankenburg et al., 1990).O teste é composto por 125
itens distribuídos em 4 áreas do desenvolvimento: a)Pessoal-Social: aspectos da
sociabilidade da criança dentro e fora do ambiente familiar; b) Motor Fino Adaptativo:
coordenação viso-manual, manipulação de pequenos objetos; c) Linguagem: emissão de
som, capacidade de reconhecer, entender e usar a linguagem e; d) Motor grosseiro:
controle motor corporal, sentar, caminhar, pular e os demais movimentos realizados pela
musculatura ampla. Para analise estatística foi utilizado o Mann-Whitney Test e o Chi-
Square Test. Resultados: A maioria dos familiares responsáveis apresentam ensino
fundamental incompleto (63,77%) e renda familiar de até dois salários mínimos (82,44%).
Das 212 crianças que realizaram o teste 112 (52,8%) eram do gênero masculino com
idade média de 4,6 anos (± 0,97) e 100 (47,2%) do feminino, com idade media de 4,4
anos (± 1,06). A frequência de respostas adequadas à idade cronológica foi significativa
em todas as áreas, sendo de 77,3% na área pessoal social, 83,3% no motor fino
adaptativo, 79,5% na linguagem e 84,5% no motor grosseiro. Comparando o desempenho
obtido entre os gêneros não observamos diferenças na área pessoal social (p=0,69),
motor grosseiro (p=0,71) e linguagem (p=0,09); entretanto, no motor fino adaptativo
encontramos um desempenho melhor no gênero feminino (p<<0,05). Conclusão: Apesar
do número significativo de crianças com desempenho adequado à idade esses dados
forneceram informações importantes para propostas de atividades interdiciplinares que
irão favorecer o desenvolvimento neuropsiomotor e consequentemente desenvolver as
habilidades necessárias para o aprendizado da leitura e escrita. Além disso, a triagem
possibilitou a detecção precoce de alterações no desenvolvimento de algumas crianças
para que as condutas necessárias pudessem ser tomadas a fim de minimizar impactos
futuros no desenvolvimento.

204
Avaliação escolar na aprendizagem de leitura e escrita: uma análise
fonoaudiológica

Maria Aparecida Gonçalves dos Santos; Simone Rocha de Vasconcellos Hage; Aline
Roberta Aceituno da Costa

Introdução: há cerca de cem anos atrás, a escola tinha na figura do professor, o detentor
do saber; o aluno era uma tabula rasa e o professor depositava ali conhecimentos, o
aluno lhe devolvia através da avaliação, que simplesmente verificaria se ele reteve o
conhecimento. Atualmente o ensinar requer muito mais que alfabetização, implicando na
formação de sujeitos alfabetizados e letrados que possam ler, compreender e emitir
opiniões a partir do que leram. A avaliação e seus pressupostos são imprescindíveis para
a qualidade de ensino. Conhecer as concepções de avaliação utilizadas pelos docentes
pode favorecer a instrumentalização utilizada também pelos profissionais de saúde para
possíveis diagnósticos de distúrbios de aprendizagem. Objetivo: verificar qual a
concepção de avaliação utilizada na prática alfabetizadora pelos professores. Método:
participaram da pesquisa dez professores com idade entre 25 a 56 anos alfabetizadores
do 2º ano do Ensino Fundamental de escolas pública e privada de cidade do interior de
São Paulo. A pesquisa descritiva foi exploratória, utilizando-se a técnica de aplicação de
conversa formal com relato das atividades rotineiras e procedimentais utilizadas no fazer
pedagógico, composta por duas partes, uma primeira de identificação e uma segunda
com perguntas relacionadas à avaliação. Na primeira parte foram compilados dados de
identificação do participante: iniciais, idade, nível de escolaridade, tempo no magistério,
carga de trabalho, especializações, séries para as quais já lecionou, atividades de lazer,
atividades relacionadas à leitura e à escrita: para si, para a sala, com a sala. Na segunda
parte, foram realizadas perguntas sobre as atividades práticas e as concepções teóricas
sobre a avaliação, que estão descritas a seguir: Fale sobre sua prática em sala de aula,
sua rotina. Qual a sua conduta metodológica de avaliação da aprendizagem de leitura e
escrita? Você segue alguma abordagem teórica? Qual? O que ela propõe? Essa proposta
utilizada você traz de sua formação acadêmica, é uma proposta de ensino da rede de
educação a qual você está vinculada no momento ou derivam de estudos e decisões
independentes suas? Qual a função da avaliação para você, pra que você avalia? Por
favor, comente a frase: “A avaliação é parte muito importante do final de todo um
processo de ensino.” A pesquisa foi aprovada pelo CEP sob o parecer CAEE no.
0179.0.224.000-11. Resultados: tanto as professoras de escola pública, quanto as
professoras de escola privada realizam as avaliações como instrumento de diagnóstico de
aquisição ou não de aprendizagem. Há professores que realizam as avaliações dentro do
modelo tradicional, mas a utilizam para realizar novas intervenções pedagógicas,
permeando assim, as possíveis falhas de aquisição de aprendizagem significativa, ou
seja, falhas que podem impedir o avanço pedagógico do escolar. Outros a utilizam como
simples diagnóstico de escrita de palavras espontâneas do mesmo campo semântico
realizado pelos alunos. Conclusão: em todos os relatos, a preocupação com a
aprendizagem dos alunos é percebida como anseio fundamental do professor, porém a
metodologia de avaliação desse processo permanece classificando o aluno como apto ou
inapto, sendo mero instrumento de conceitos, sem uma abordagem de avaliação
formativa.

205
Avaliação simplificada do processamento auditivo em estudantes do ensino
fundamental e sua relação com as queixas de dificuldades escolares

Sarah Stephanie Teles Gonçalves; Luciana Mendonça Alves, Adriana Cristina dos Santos
Lima, Vanessa Mariz

Introdução: o processamento auditivo exerce um papel importantíssimo no


desenvolvimento e uso da linguagem normal. Qualquer desordem pode contribuir para a
ocorrência de deficiências no aprendizado da comunicação, sejam elas manifestadas por
meio da linguagem falada ou escrita. Objetivo: investigar o desempenho na avaliação
simplificada do processamento auditivo em estudantes com e sem queixa de dificuldades
escolares do segundo ao quinto ano do ensino fundamental das redes pública e particular
de ensino da cidade de Belo Horizonte. Método: participaram da triagem 138 escolares.
Para seleção das crianças com e sem queixas foram utilizados questionários para pais e
professores. Aplicou-se a avaliação simplificada do processamento auditivo, que
contemplou as habilidades de memória sequencial verbal, não verbal e localização
sonora. Para cada grupo pesquisado foram calculadas médias, desvio-padrão e
coeficiente de variação. Procedeu-se à comparação entre as variáveis e à investigação
das diferenças entre as médias utilizando-se o teste t de Student. O nível de significância
utilizado foi de 5% (p<<0,05). Resultados: a análise estatística permitiu comparar os
resultados entre diferentes variáveis: gênero, idade/escolaridade, presença e ausência de
queixas de dificuldade escolar e escola pública e particular. Constataram-se diferenças
nas variáveis presença/ausência de queixa e escola pública/particular. O que permitiu,
para as duas variáveis, verificar diferença nos testes de sons verbais e de sons não
verbais. Nas demais variáveis, não houve diferenças significantes. Para as habilidades
testadas, 77,54% dos escolares apresentaram triagem conforme o padrão de normalidade
e 22,46% apresentam a avaliação alterada. Dos estudantes que apresentaram alterações,
61,30% pertencem ao grupo com queixa de dificuldade de aprendizagem. Indivíduos com
queixas de dificuldades escolares geralmente apresentam pior desempenho em testes de
processamento auditivo, em função do atraso na maturação das habilidades auditivas.
Tais habilidades são fundamentais para o processo de aprendizagem da leitura e escrita.
No entanto, as crianças sem queixas também podem ter essa habilidade em defasagem,
necessitando orientação para alcançar melhor desenvolvimento na aprendizagem. As
diferenças evidenciadas em relação ao desempenho nas habilidades de memória auditiva
para os sons verbais e não verbais quando se comparou escola pública com particular
estão em consonância com a literatura pesquisada, sugerindo que a diferença no
desempenho observada leva a uma associação do fracasso escolar ao fator
socioeconômico das famílias da rede pública de ensino no Brasil. Conclusão: o
desempenho dos estudantes na avaliação simplificada do processamento auditivo em
escolares com queixa de dificuldade de aprendizagem foi significativamente inferior ao de
escolares sem histórico de dificuldade de aprendizagem. Da mesma forma, foi possível
concluir que os escolares da rede pública de ensino apresentaram pior desempenho
quando comparados com os da rede privada. Ressalta-se, assim, a importância da
atuação do fonoaudiólogo na escola na identificação das características comportamentais
sugestivas de alterações das habilidades do processamento auditivo que possam
prejudicar o aprendizado escolar. Esta identificação é importante para o estabelecimento
de estratégias de estimulação em sala de aula, assim como para o encaminhamento dos
casos que necessitam de apoio pedagógico ou clínico individualizado.

206
Compreensão de textos em escolares pré e pós programa fonoaudiológico de
promoção do letramento

Fabrícia Baía Fabris de Carvalho; Andréia Gomes de Oliveira, Luanna Maria Oliveira
Costa, Ainoã Athaíde Macedo

Introdução: A capacidade de realizar leitura compreensiva é influenciada por diversos


fatores interdependentes, embasados no conhecimento prévio de mundo, habilidades
metalingüísticas e processos mentais superiores. Sendo assim, programas de promoção
do letramento baseados nestas habilidades são instrumentos eficientes na maximização
do aprendizado escolar. Objetivo: Verificar a eficácia de um Programa Fonoaudiológico de
Promoção do Letramento (PFPL) na melhora da compreensão de leitura de crianças do 4º
ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública municipal de Belo Horizonte.
Método: Participaram desde estudo 34 crianças do 4º ano do ensino fundamental de uma
escola municipal localizada em região de alto índice de vulnerabilidade social no
município de Belo Horizonte. Os participantes foram agrupados em dois grupos: grupo
caso e grupo controle. O grupo caso foi constituído por 19 crianças e o grupo controle por
16 crianças de mesma idade e período escolar, com desempenho semelhante em
compreensão de leitura. Todos os sujeitos foram submetidos à avaliação auditiva e ao
teste de Processos de Leitura PROLEC (Prova 10 – compreensão de textos). As crianças
do grupo caso participaram das atividades do PFPL. O PFPL foi implementado em oito
encontros semanais com duração média de 50 minutos. A estrutura geral consistia em
atividades de leitura compartilhada, estratégias de Scaffolding e elaboração discursiva
coletiva, além de tarefas de processamento fonológico e ortográfico. Ao final do programa,
as crianças de ambos os grupos foram reavaliadas quanto à compreensão de leitura.
Estabeleceu-se como critérios de exclusão: a participação inferior a quatro encontros,
alterações auditivas e do desenvolvimento neuropsicomotor. Para verificar a efetividade
do PFPL utilizou-se o teste não paramétrico de Wilcoxon e Qui-quadrado. O nível de
significância adotado foi de 5%. Resultados: O desempenho das crianças na prova de
compreensão foi classificado em: normal, dificuldade pequena e dificuldade grande. Os
resultados foram analisados quanto à distribuição de frequência do desempenho e
pontuação total na prova. No grupo caso pré-PFPL, 52,6% das crianças obtiveram
resultado normal na prova de compreensão de leitura, enquanto no grupo controle 43,8%
das crianças apresentaram resultado normal para a mesma prova (p=0,75). Nas
avaliações pós-PFPL os valores de normalidade encontrados foram 88,2% para o grupo
caso e 53,3% para grupo controle (p=0,04). Em relação ao número de acertos foi
verificada melhora estatisticamente significante na comparação entre as medianas obtidas
pelo grupo caso pré-PFPL e pós-PFPL (p= 0,007), enquanto que no grupo controle não
houve variação (p= 0,57). Conclusão: O estudo mostrou-se relevante, uma vez que a
leitura compreensiva é o objetivo final do ensino formal. Além disso, estudos que relatam
resposta à intervenção (RTI) em sua maioria não se propõem a verificar resultados em
compreensão de leitura. Desta forma, o Programa Fonoaudiológico de Promoção de
letramento mostrou-se eficaz ao constatar-se que o desempenho em compreensão de
leitura pós-intervenção melhorou de forma significativa nos alunos do grupo caso.

207
Conceito de acessibilidade: estudos sobre as barreiras comunicacionais para
surdos no ensino superior

Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins; Raquel Chaguri Esteves, Lucia Pereira Leite

Introdução: Esta pesquisa teve por objetivo levantar e analisar o conceito de


acessibilidade descrito em artigos publicados na base de dados - Scielo e no Pepsi.
Objetivo: Tal levantamento teve por finalidade auxiliar na revisão do conceito de
acessibilidade que ampara as reflexões sobre as barreiras comunicacionais de alunos
surdos, na universidade. Método: A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas, porém os
dados que seguem visam demonstrar os resultados encontrados na primeira etapa,
referente ao trabalho de levantamento bibliográfico realizado. A localização dos artigos
ocorreu por meio do uso da ferramenta de busca com os seguintes descritores:
“acessibilidade e deficiência”. Na sequencia procedeu-se a tabulação dos dados a partir
da identificação do conceito de acessibilidade, nos trabalhos localizados. A luz do texto de
Sassaki (2002), os conceitos de acessibilidade foram classificados em cinco âmbitos:
atitudinais, comunicacionais, arquitetônicos, programáticos, instrumentais e
metodológicos. Resultados: Na base de dados Scielo foram localizados 27 artigos, dentre
os quais 18 trabalhos foram analisados e 9 descartados por serem repetidos. Dentre os
materiais selecionados, 12 artigos retrataram o conceito de acessibilidade. Do montante
analisado, embora seis artigos retratassem sobre a temática, deixaram de descrever o
conceito de acessibilidade. De modo geral, os trabalhos analisados conceituaram
acessibilidade, nos seguintes âmbitos: 9 artigos enfatizaram o conceito acessibilidade
arquiteônico, 3 priorizaram aspectos atitudinais, 2 localizaram questões comunicacionais,
4 concepções programáticas. Na base de dados – Pepsi foram encontrados 3 artigos cuja
ênfase recaiu sobre o conceito de acessibilidade arquitetônica e o Desenho Universal. A
partir da análise dos artigos encontrados podese concluir a acessibilidade é um tema
recente, principalmente, no que diz à conceituála em diferentes âmbitos, conforme
descrito nos estudos de Sassaki (2002). Conclusão: Observou-se que o conceito de
acessibilidade arquitetônico foi mais recorrente nos estudos analisados. Esse estudo
permitiu constatar que o conceito de acessibilidade no âmbito comunicacional pouco
citado nos trabalhos investigados, fato que reitera a necessidade de investigar as
barreiras comunicacionais para os surdos no ensino superior, tema enfatizado na
continuidade desse estudo.

208
Conhecimento de professores do ensino infantil e fundamental i sobre a triagem
auditiva escolar

Lia Maria Brasil de Souza Barroso; Mirian Albuquer Barroso, Nayara Kelly Pires Lima

Objetivo: Analisar o conhecimento de professores sobre a triagem auditiva escolar.


Métodos: Estudo quantitativo, transversal e descritivo. Participaram deste estudo 30
professores de escola pública e particular regular no município de Fortaleza, estado do
Ceará, graduados em pedagogia ou letras que lecionam em turmas do ensino infantil e/ou
fundamental I. Estes responderam um questionário com perguntas fechadas. Resultados:
População entrevistada de 25 à 59 anos, sendo 29 mulheres e 1 homem com o tempo de
exercício da profissão de 2 à 27 anos. Verificou-se que: 86,6% dos professores têm
conhecimento sobre os impactos da perda auditiva na infância, os quais em situações
cotidianas interferem na vida social, prejudicando a comunicação do indivíduo; 80%
conhecem os procedimentos, porém não relacionaram esta informação ao período de vida
escolar do indivíduo; 20% afirmam já terem ouvido falar do procedimento na escola,
sendo importante que o professor tenha conhecimento sobre a triagem auditiva escolar e
seu objetivo para que possa encaminhar a criança de forma adequada; 80% não
souberam identificar o tipo de exame realizado no ambiente escolar, visto que o grande
índice de não reconhecimento do exame deve-se a falta da divulgação do programa de
triagem auditiva escolar e; 93% relatou que a triagem não é realizada em sua escola,
sendo o procedimento uma exigência apenas em algumas escolas, não sendo uma rotina
na maioria das instituições públicas e particulares. Conclusão: Concluiu-se que os
professores desconhecem a triagem auditiva dentro da escola.

209
Consciência fonológica em alunos do 6º ano com dificuldade de leitura e escrita

Isabel Cristiane Kuniyoshi; Flávia Évely Santos Ribeiro, Lidiane Tavares Pereira Batista,
Márcia Suely Souza de Castro Ramalho, Lidiane Cristina Barraviera Rodrigues, Daniele
de Oliveira Brito

Introdução: A maneira como a instituição pedagógica lida com o método de ensino pode
ser facilitador para um bom desenvolvimento linguístico, do contrário outra forma que
desencadeia essa dificuldade é a base da aquisição da linguagem oral e escrita. O
método de ensino é essencial na hora de determinar as estratégias de aprendizagem,
pois há estudos que citam a influência metodológica destas habilidades nos escolares
iniciantes. Acredita-se que as dificuldades de aprendizagem estejam intimamente
relacionadas à história prévia de atraso na aquisição da linguagem. As dificuldades de
linguagem referem-se a alterações no processo de desenvolvimento da expressão e
recepção verbal e/ou escrita. Por isso, a necessidade de identificação precoce dessas
alterações no curso normal do desenvolvimento evita posteriores consequências
educacionais e sociais desfavoráveis. Objetivos: Caracterizar o desempenho da
consciência fonológica de alunos do 6o ano quanto ao gênero e idade e repetição de não
palavras (1a e 2a tentativas), correlacionando as variáveis. Método: Foram avaliados 30
sujeitos que cursam o 6o ano do ensino fundamental, sem queixas audiológicas,
cognitiva, intelectual ou neurológica e cujos pais consentiram a participação no projeto de
pesquisa. Aplicou- se as provas de habilidades metalinguísticas, esta sendo consciência
silábica e fonêmica e repetição de não palavras. Resultados: As provas que apresentaram
mais erros foram concentradas em combinação silábica para consciência silábica e
substituição fonêmica para consciência fonêmica. Foi observado que quanto maior a
idade maior também os resultados de erros em polissílabas na 1a tentativa de repetição
de não palavras. Existe diferença entre os gêneros para substituição de sílabas apenas
em consciência silábica. Conclusão: O desempenho da consciência fonológica encontra-
se rebaixado comparando com a referência do protocolo aplicado, as séries e a idade dos
indivíduos submetidos a análises. Pode-se dizer que há correlação entre idade e gênero
do indivíduo e quanto mais velho piores os resultados, e o baixo desempenho da
consciência fonológica encontraram-se maior em meninos.

210
Desempenho do léxico receptivo e expressivo em escolares adolescentes do
ensino fundamental de belo horizonte

Patrícia Valente Moura Carvalho; Viviane Cristina dos Santos, Débora Sathler Aguiar,
Maria Cecília Costa, Viviane Pereira Medeiros, Débora Fraga Lodi

Introdução: O léxico é considerado um conjunto de palavras de uma língua e pode ser


segmentado em léxico receptivo e expressivo. Durante a adolescência há um acréscimo
no rendimento psíquico, no entanto, estudos pontuam um déficit linguístico resultante da
falta de bagagem vocabular. Objetivo: Os objetivos do presente estudo são determinar o
perfil socioeconômico; analisar e comparar o léxico receptivo e expressivo de escolares
adolescentes do 7º ano do ensino fundamental de uma escola pública de Belo Horizonte.
Método: Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior com o tema, Investigar se o
hábito de leitura interfere no vocabulário da criança, que foi aprovada pelo CEP sob o
protocolo 154/10. A pesquisa trata-se de um estudo com delineamento transversal
descritivo de caráter quantitativo comparativo, no qual participaram 11 adolescentes, de
ambos os sexos, com idades entre 12 e 13 anos de idade, pertencentes a uma escola
pública de Belo Horizonte. Com intuito de avaliar a capacidade lexical foram aplicados os
testes Teste de Vocabulário por Imagem Peabody (TVIP) e ABFW (Parte B). Os
responsáveis responderam o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) e
questionário escolar a fim de caracterizar a amostra. Os dados obtidos receberam
tratamento estatístico para comparação das variáveis: perfil socioeconômico, grau de
instrução dos pais, sexo, idade, vocabulário receptivo e expressivo. Resultados: O
universo amostral contou com a participação de 11 adolescentes, sendo 54,5% (06) do
sexo feminino e 45,5% (05) do sexo masculino. A média de idade foi de 12,5 anos, sendo
a idade mínima de 12 anos e 01 mês e a máxima de 13 anos e 02 meses. A distribuição
socioeconômica da amostra corroborou com as classes esperadas para a região
metropolitana de Belo Horizonte, sendo elas C1 (9,09%), C2 (54,5%) e D (36,3%). Foi
possível observar resultados favoráveis nos testes de vocabulário em níveis inferiores de
ensino e em classes socioeconômicas baixas. O resultado final do TVIP demonstrou que
72,7% (08 alunos) apresentam vocabulário receptivo alto superior e 27,3% (03 alunos)
alto inferior. Quanto ao vocabulário expressivo verificou-se os campos conceituais
alimentos, formas e cores, local e vestuário apresentaram percentuais abaixo da
padronização para a faixa etária do teste (06 anos). Realizada a comparação entre a
variável sexo com os resultados do vocabulário receptivo e do vocabulário expressivo,
observou-se que os participantes do sexo feminino apresentaram melhor desempenho
lexical em contraposição ao sexo masculino. Quanto à categorização nos grupos de
vocabulários receptivo e expressivo, 100% da amostra foi classificada em VR+ e 90% em
VE+. Conclusão: O estudo confirmou as hipóteses de que o desempenho do vocabulário
receptivo é superior em relação ao expressivo e de que os adolescentes abarcam
habilidade lexical adequada para a idade. Os testes de vocabulário TVIP e ABFW (Parte
B) se mostraram eficientes para a análise do léxico dos adolescentes, no entanto, faz-se
necessária a construção e padronização de testes direcionados ao público com maior
faixa etária.

211
Development and evaluation of interactive educational material on the orientation of
elementary school teachers about learning disorders

Janaína Borba Garbo; Thaís dos Santos Gonçalves, Juliana Bolsonaro Conde, Patrícia
Abreu Pinheiro Crenitte

Introduction: Despite the importance of joint action between teachers and speech
pathologists to promote student learning, the work of the speech pathologist rarely is part
of the school routine. Still, teachers have little knowledge about issues in the development
of written language, such as when to start this process, factors that favor and the origin of
difficulties. Objectives: To inform, through the development of interactive educational
material, school teachers about the main aspects of school difficulties and learning
disorders and to analyze the effectiveness of the material as a guidance tool. Methods:
Participants were 28 elementary school teachers from two cities in the state of São Paulo,
Brazil (10 public schools and 18 private schools). The CD-ROM has been prepared based
on the doubts and anxieties of teachers on the subject. To evaluate the contribution of the
material in the teachers’ knowledge, we required them to complete a questionnaire before
they were given access to the CD-ROM (pretest) and after two weeks of material study
(post-test). Regarding the evaluation of the technical aspects (quality of the pages, links,
images, videos, language, and content), the teachers completed a specific questionnaire
along with the post-test questionnaire. Results: When comparing the pre- and post-test,
statistically significant differences were noted in the definition of school difficulties and
causes of school learning and learning disorders. Regarding the teachers’ concerns about
the subject, the pre-test showed that most teachers would like to have knowledge of
specific activities for working with students who have difficulties in reading and writing. In
the post-test, it was observed that the material contributed to filling this need. As for the
technical aspects, the material was rated “excellent” by the majority of teachers in all
aspects evaluated. Conclusion: The results showed that the CD-ROM helped improve the
knowledge of teachers regarding school difficulties and learning disorders.

212
Efeitos de uma ¨oficina musical¨ na memória auditiva, consciencia fonológica e no
ritmo de pré-escolares

Barbara Gabriela Silva; Lidia Maria Lorençon Rodrigues, Maria Cecilia Marcom, Mariana
Cristina Zanin, Tatiane Martins Jorge, Karulyne Olvia Alves

Introdução: A atuação fonoaudiológica na escola não visa somente a detecção de


alterações na comunicação dos escolares, mas também a criação de condições
favoráveis e eficazes para aprimorar as capacidades de cada um. No período da
educação infantil, particularmente, as crianças encontram-se em fase de plena expansão
das habilidades linguísticas orais e escritas. A literatura refere que favorecer a memória, a
consciência fonológica e o ritmo, auxilia no processo de aprendizagem. Objetivo: Verificar
o efeito de uma Oficina Musical realizada com pré-escolares, no que se refere à memória
auditiva, à consciência fonológica e ao ritmo. Método: Os pré-escolares pertenciam a uma
escola de educação infantil do município de Ribeirão Preto/SP e apresentavam idades
entre cinco e seis anos de idade. Durante o estágio curricular realizado por graduandos
da Fonoaudiologia de Ribeirão Preto/SP na escola acima mencionada, foi desenvolvida
uma Oficina Musical com 36 pré-escolares, semanalmente, durante quatro encontros que
tinham duração média de 40 minutos. O objetivo da Oficina era favorecer algumas
habilidades dos pré-escolares, a partir de atividades lúdicas e dinâmicas que envolviam
músicas e movimentação corporal, principalmente. A fim de verificar os efeitos da Oficina
Musical, os educandos foram submetidos a uma avaliação antes e depois da mesma,
investigando-se os seguintes aspectos: orientação espacial, ritmo, memória auditiva e
rima/aliteração. Essa avaliação ocorreu na própria escola, individualmente, em ambiente
afastado da sala de aula e teve duração média de cinco minutos por educando. Para a
análise das mudanças obtidas com a Oficina, considerou-se apenas 26 educandos, os
quais estiveram presentes nos dias das avaliações. Utilizou-se o teste estatístico
McNemar para a comparação do desempenho intra-sujeito antes e depois da Oficina.
Resultados: Foi possível verificar que a Oficina melhorou o desempenho geral do grupo
de pré-escolares. No entanto, a análise estatística revelou mudanças significativas
apenas nos aspectos de orientação espacial (p<<0,05) e memória auditiva (P<<0,05).
Conclusão: Conclui-se que as atividades realizadas na Oficina Musical surtiram efeitos
positivos nas habilidades de orientação espacial e memória auditiva dos menores

213
Escola Polo bilíngue para surdos: uma proposta de educação inclusiva

Ana Cristina Guarinello; Marta Rejane Proença Filietaz, Flávia Regina Valente

Introdução: O movimento pela inclusão se refere não apenas às pessoas com deficiência,
mas impulsiona a valorização da diversidade como um fator de qualidade da educação,
trazendo à tona a questão do direito de todos à educação e ao atendimento às
necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência enfatizando o acesso, a
participação e a aprendizagem. A partir dessas reflexões originaram-se as motivações e
ideias iniciais em torno da temática “Escola Polo Bilíngue para Surdos - Município de
Piraquara”. Assim, o processo de implementação da Escola Básica na Modalidade de
Educação Especial, na especificidade da área da Surdez, foi oficializada pelos órgãos
políticos responsáveis do município em questão. Objetivos: analisar o processo de
implementação da formação continuada de professores em uma escola polo bilíngue e os
resultados obtidos a partir dessa implementação, considerando os aportes teóricos e
metodológicos dos contextos históricos e legais que sustentam o processo educacional
dos surdos. Método: A investigação seguiu o caminho da pesquisa documental, na qual,
por meio dos textos legais, das normativas e pareceres que regulam a questão da
inclusão de alunos surdos no ensino regular, buscou-se compreender as tendências para
a educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Para tanto, desenvolveu-se
durante um ano, em encontros quinzenais, uma formação continuada para a comunidade
escolar desse município. Resultados: Apesar do direito à Língua de Sinais expresso no
Decreto 5626/05, a maioria das escolas inclusivas ainda hoje não tem esse direito
cumprido, além disso, os profissionais que atuam na educação dos surdos ainda não
possuem as informações necessárias para trabalhar com a comunidade surda. Apesar
disso, percebeu-se que como o processo de formação continuada para a comunidade
escolar iniciou-se antes mesmo dos alunos surdos virem a estudar nessa escola, esses
profissionais demonstraram bastante interesse em trabalhar com alunos surdos e
interessaram-se principalmente pelo curso de língua de sinais oferecido à comunidade.
Conclusões: Essa pesquisa aponta para a necessidade da comunidade escolar conhecer
a respeito dos sujeitos surdos e suas especificidades, sendo que esse conhecimento
inclui as bases históricas e legais que sustentam o contexto de educação bilíngue.
Conclui-se que quando uma comunidade tem a oportunidade de adquirir esses
conhecimentos antes mesmo de um aluno surdo estudar na escola, essa população terá a
oportunidade de estudar em uma escola de qualidade, na qual se leva em conta uma
sociedade plural e democrática que procura adaptar-se ao trabalho com a diversidade.

214
Escolas especializadas em surdos e o uso da língua portuguesa na modalidade
escrita

Ana Cristina Guarinello; Silvana Lopes Valentim

Introdução: O artigo 1º da Lei Federal 10.436/2002 reconhece a Língua Brasileira de


Sinais - Libras como meio legal de comunicação e expressão da comunidade surda. A
conquista e o reconhecimento da Libras causou impactos significativos na vida social e
política do povo brasileiro. Atualmente, a língua de sinais é um direito do surdo à língua
natural, responsável pelo seu desenvolvimento cultural social e acadêmico/educacional.
Mesmo que esta legislação reconheça a Libras como forma de comunicação e expressão
da comunidade surda, o artigo 4o da referida Lei destaca que a Libras não poderá
substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Com isso, os surdos necessitam
aprender a Libras como sendo sua língua natural (L1) e o Português escrito como
segunda língua (L2). Objetivo: Verificar se as escolas especializadas em surdez
trabalham com a Libras e o Português escrito com os estudantes surdos e analisar se
esses estudantes estão conseguindo aprender a L2 de forma eficiente. Método: Para
tanto foi aplicado um questionário, com questões descritivas, aos professores bilíngues e
coordenadores de cinco escolas paranaenses especializadas em surdez com questões
referentes a aquisição da língua portuguesa escrita. Resultados: Todas as escolas
responderam que trabalham sob uma perspectiva bilíngue, sendo que, tanto a Libras
quanto o Português, são ensinadas aos estudantes. Duas escolas responderam utilizar
uma metodologia específica para o ensino da L2, mas apenas uma delas informou que
adota a metodologia contrastiva. Quando questionados se estudantes surdos aprendem o
Português escrito de forma eficiente, os professores foram unânimes ao afirmar que os
surdos demonstram dificuldades em aprender a L2 e que, de certa forma, não estão se
apropriando dessa língua. Conclusões: Percebe-se que a grande maioria dos
profissionais compreende que a aquisição do Português escrito é extremamente
importante para a educação dos surdos, porém, a maior parte deles ainda não percebeu
bons resultados no que diz respeito à aquisição da L2 pelo aluno surdo. Sendo assim,
defende-se a necessidade do estabelecimento de novas políticas educacionais a fim de
subsidiar uma reestruturação do plano educacional brasileiro com o objetivo de orientar
práticas educativas voltadas à garantia do direito do surdo ao ensino e à aprendizagem
significativa da Libras e da língua portuguesa na modalidade escrita.

215
Escrita do português como segunda língua para pessoas surdas: parceria da
fonoaudiologia e da educação

Adriana Di Donato; Elisabeth Cavalcanti Coelho, Érika Justino dos Santos Sonoda,
Débora Balbino da Silva, Bernardo Luis Torres Klimsa, Gesilda Pereira Leal, Lúcia Inês de
Sá Barreto Queiroz, Mireli Maria da Silva, Juliana Maria de Melo, Jaqueline Martins da
Silva

Introdução:Pessoas surdas evidenciam aspecto singular na acessibilidade comunicacional frente a


outras minorias linguísticas como utentes de uma língua sinalizada. A apropriação e uso peculiar
da escrita por pessoas surdas constituem-se objeto de interesse linguístico comum nas esferas da
Fonoaudiologia e Educação. O conhecimento insatisfatório da escrita do português por aprendizes
surdos, verificado no plano da palavra e da produção textual através de diferentes gêneros
textuais, fomentou a interdisciplinaridade deste estudo. Assim, articulou-se Fonoaudiologia e
Educação Básica, em parceria com duas instituições de Ensino Superior (pública e privada) e uma
de Educação (pública). Objetivo: Proporcionar subsídios teóricos a fim de potencializar a mediação
no uso do português escrito por aprendizes surdos como segunda língua, de modo dialógico, entre
Fonoaudiologia e Educação. Método: Adotou-se pesquisa qualitativa do tipo pesquisa-ação, na
qual pesquisadores e participantes envolveram-se de modo cooperativo, dialógico e
interdisciplinar, na temática escrita do português como segunda língua (L2) para surdos. As ações
foram desenvolvidas em espaço clínico (uma clínica-escola de Fonoaudiologia em instituição
pública e outra privada) e educacional (uma escola pública de referência na inclusão de surdos).
Participaram do estudo: docentes e discentes de diferentes períodos de cursos de Fonoaudiologia;
docentes surdos e ouvintes da escola pública inclusiva; tradutores-intérpretes de Língua Brasileira
de Sinais (Libras). Atendimentos aos pacientes/famílias e discussão de casos totalizou 144 horas.
Tradutores-intérpretes participaram na mediação comunicativa entre terapeutas/ estagiários da
clínica-escola e sujeitos surdos. No espaço educacional, houve 64 encontros de estudos com
equipe de docentes surdos e de ouvintes especialistas em educação de surdos, estudantes e
docentes de Fonoaudiologia. Nos encontros discutiram-se os temas pessoa surda e surdez, com
proposição de intervenções clínico-pedagógicas às peculiaridades encontradas na produção
escrita de surdos. Aplicaram-se instrumentos de avaliação do português escrito a partir de gêneros
textuais: tirinhas; curta-metragem de animação; lista de supermercado com o Protocolo de
Avaliação do Desempenho na Escrita de Palavras por Aprendizes Surdos (PADEPAS). Período:
março/2011 a dezembro/2012. Edital aprovado com fomentos, com CEPnº295/09 de uma
Instituição de Ensino Superior.Resultados:Esta pesquisa-ação oportunizou aos estudantes e
supervisores do Curso de Fonoaudiologia e aos docentes da escola pública inclusiva conhecer
aspectos da aquisição do português como L2 da pessoa surda sob as óticas clínica e linguística.
Estudantes e supervisores afirmaram que associação a teoria/prática terapêutica contribuiu com:
motivação crescente na ida ao atendimento; menor resistência nas atividades com português
escrito; satisfação familiar; enriquecimento no processo terapêutico com tradutor-intérprete.
Docentes da escola inclusiva relataram que os instrumentos aplicados proporcionaram: melhor
compreensão do processo de aprendizagem do português escrito pelos estudantes surdos,
confirmando as hipóteses em relação ao desempenho dos avaliados; maior segurança na dinâmica
didático-pedagógica a partir dos estudos realizados, reavaliando suas práticas e concepções sobre
aquisição de linguagem em aprendizes surdos. Conclusões: A parceria Educação e
Fonoaudiologia mostrou-se bastante produtiva, oportunizando o enriquecimento dos estagiários e
supervisores de Fonoaudiologia e docentes da Educação Básica. A união de diferentes saberes
permitiu aos envolvidos reflexão, aprendizagem e resultados sobre as dinâmicas na interação
aprendiz surdo e escrita do português como L2.

216
Fonoaudiologia e educação: a constituição de uma parceria responsiva ativa

Kyrlian Bartira Bortolozzi; Ana Paula Berberian

Introdução: O presente estudo trata da constituição de uma parceria responsiva ativa


entre a Fonoaudiologia e a Educação. Ainda que exista um consenso na Fonoaudiologia
quanto à pertinência de sua inserção no contexto escolar, o mesmo não se apresenta
quando da definição dos princípios e das práticas envolvidos em tal atuação. Objetivo: O
objetivo deste estudo foi analisar a contribuição de uma proposta de intervenção voltada à
parceria responsiva ativa entre a fonoaudiologia e as professoras atuantes em uma escola
do ensino fundamental no Município de Piraquara (PR). Método: A metodologia da
pesquisa compreendeu a elaboração, implementação e análise de uma proposta de
intervenção que foi sistematizada a partir de preceitos da teoria enunciativa de Bakhtin,
ancorada na perspectiva sócio-histórica para investigação qualitativa, denominada de
pesquisa-intervenção em ciências humana. A proposta de intervenção foi elaborada com
o intuito de promover o trabalho em grupo com e pela linguagem, proporcionar o contato
com materiais escritos, como também, práticas significativas de oralidade, por meio das
narrativas, de leitura e de escrita a partir de diferentes gêneros textuais, do resgate das
memórias e histórias das professoras relativas à leitura e escrita e da ressignificação da
relação de parceria estabelecida entre os profissionais da fonoaudiologia-psicologia-
educação. A implementação da proposta ocorreu em um período de 21 meses (de abril de
2010 a dezembro de 2011), no qual foram realizados 20 encontros quinzenais teórico-
reflexivos, às sextas-feiras, com duas horas e quarenta e cinco minutos de duração, em
datas pré-agendadas com 18 professoras desta escola. Também houve participação da
pesquisadora na hora-atividade destas professoras e observação-ação em sala de aula e
em demais situações no contexto escolar. Analisou-se a proposta mediante visualização
dos vídeos e leituras das transcrições dos encontros teórico-reflexivos, bem como dos
relatórios escritos relativos às anotações de campo e dos registros enunciativos que
priorizassem discussões e práticas relativas à leitura e escrita e que apontassem para a
parceria estabelecida entre os sujeitos da pesquisa no que se refere: (a) a constituição do
grupo e da parceria estabelecida entre fonoaudióloga e professoras e (b) o
desenvolvimento das discussões e práticas de leitura e escrita proposta na pesquisa-
intervenção. Resultados: Tais dados revelaram que a proposta de intervenção
apresentada favoreceu a parceria responsiva ativa entre fonoaudiólogo e professor a
partir da socialização dos conhecimentos teórico-práticos entre tais profissionais e da
ressignificação do papel do fonoaudiólogo no contexto escolar. Os relatos de histórias de
vida das professoras permitiram resgatar e reconstruir suas experiências relativas à leitura
e escrita. As discussões teórico-reflexivas proporcionaram situações dialógicas
privilegiadas, o confronto e o compartilhamento de conhecimentos. Conclusões: Em
síntese: a reflexão, a experimentação, as indagações e, principalmente, a construção de
caminhos em parceria entre o fonoaudiólogo e os professores possibilitou a ambos
profissionais tornarem-se sujeitos responsivos e autores de sua prática, com o objetivo de
contribuir para a concretização de mudanças que possibilitem o acesso e a apropriação
da linguagem escrita por parte da população brasileira.

217
Fonoaudiologia escolar e a formação do profissional generalista: relato de
experiência

Júlia Escalda; Taís Senea B. Araújo, Vanessa Miranda, Késia Santos de Oliveira, Igor
Carlos Silva de Souza, Karine Reis Souza

Introdução: Com o passar dos anos a Fonoaudiologia teve seu espectro de atuação
ampliado, deixando de lado a perspectiva tecnicista e buscando visão ampla da saúde, na
qual a prevenção e promoção em saúde são elementos de destaque. Tais aspectos ficam
evidentes na atuação do fonoaudiólogo em ambiente escolar, cujos objetivos envolvem
aspectos relativos ao desenvolvimento da comunicação oral e escrita, voz e audição.
Nesse ambiente o fonoaudiólogo deve ter uma visão generalista, mas não superficial a
respeito da Fonoaudiologia e da Educação. Nesse ambiente o modelo de “clínica” não se
aplica, e o cliente em questão, é a própria escola e não o aluno ou o professor, e suas
ações devem ser desenvolvidas em parceria com os educadores e demais profissionais
da comunidade escolar. Objetivo: Conhecer a dinâmica de uma instituição educacional da
rede privada e promover a reflexão sobre a atuação do Fonoaudiólogo Escolar. Método:
Foi realizada uma visita técnica a uma instituição de ensino particular de Salvador – BA e
entrevistados membros da comunidade escolar (dois alunos do Ensino Fundamental II,
uma professora de matemática, coordenadora pedagógica e porteiro), e realizada
observação das condições físicas e rotina da escola. Resultados: A comunidade escolar
demonstrou conhecer a Fonoaudiologia Clínica, entretanto, seus membros não souberam
apontar quais seriam suas principais ações. Em relação às políticas de inclusão e
acessibilidade, a escola tem duas alunas com diabetes no Ensino Fundamental II que
precisam de maior atenção devido à sua alimentação e uso de insulina. Os professores
apontaram dificuldades para a inserção de alunos deficientes físicos e visuais. Observou-
se também nas falas dos entrevistados que existe uma dificuldade na interação entre a
escola e a comunidade externa. A inserção dos profissionais de saúde no ambiente
escolar é praticamente inexistente e não há nenhum tipo de orientação, por exemplo,
quanto à saúde vocal dos professores, apesar de haver queixas. Apesar de amplo espaço
físico recursos suficientes, a escola não foi projetada visando à acessibilidade, o que
demonstra aspectos que vão além de questões financeiras para a existência de uma
escola realmente inclusiva. A falta de inserção e diálogo entre escola e profissionais da
saúde denota a dificuldade acerca da interlocução entre saúde e educação, mesmo em
escolas da rede privada de ensino. É importante que o fonoaudiólogo destaque para a
comunidade escolar os limites e as possibilidades de sua atuação no contexto
educacional buscando nas escolas, coordenação, professores, alunos, pais e família
parceiros que visem à construção de ações que atendam as demandas específicas de
cada realidade escolar. Conclusões: A experiência foi enriquecedora, pois expandiu a
visão dos discentes sobre o funcionamento de uma instituição de ensino e de como a
atuação fonoaudiológica é importante para a comunidade escolar. Sugere-se a criação de
um programa interdisciplinar que envolva discentes e docentes, no intuito de promover
práticas de saúde fonoaudiológica, bem como atividades de promoção e prevenção,
levando em consideração os aspectos peculiares de cada escola.

218
Grupo de acolhimento e orientações aos pais: sua importância no prognóstico de
crianças deficientes auditivas

Cristiane M. Pedruzzi; Cynthia A. de Lima, Juliete M. dos Santos

Introdução: O desenvolvimento auditivo, linguístico e cognitivo da criança deficiente


auditiva, não depende apenas dos atendimentos especializados e da utilização de
recursos tecnológicos que favorecem a comunicação. Os pais e a família são parceiros
ativos no tratamento e prognóstico dessas crianças. As condutas que deverão ser
realizadas diante da aceitação do diagnóstico, das decisões sobre o tratamento, com o
auxílio terapêutico e de profissionais envolvidos serão fatores decisivos para o
desenvolvimento destas crianças. Para que os pais tenham condições de compreender e
desempenhar seu papel como parceiros ativos no desenvolvimento da criança,
orientações adequadas são imprescindíveis. Objetivos: relatar a experiência vivida em um
grupo de acolhimento e orientação de pais de crianças com perda auditiva e descrever a
importância da formação desses grupos como estratégia otimizadora no prognóstico de
crianças com esse diagnóstico. Método: os encontros do grupo de pais ocorreram uma
vez por semana, durante uma hora e trinta minutos em um Centro de Atendimento às
Pessoas Surdas, na cidade de Maceió-AL. Estes aconteceram semanalmente, do mês de
fevereiro a junho do ano de 2013. Participaram desse grupo os pais de crianças
deficientes auditivas, as quais participavam de oficinas de linguagem e/ou estavam em
terapia fonoaudiológica neste centro. O acolhimento e as orientações foram mediados por
estagiárias do último ano do curso de Fonoaudiologia. Quanto aos temas abordados no
grupo, inicialmente, foram apresentados questionamentos gerais acerca da perda
auditiva. Por meio das informações coletadas e dos depoimentos registrados realizou-se
uma análise dos temas que emergiram para que orientações posteriores fossem
fornecidas como citomegalovirus uma das etiologias que um estudante apresentava,
atividades para estimular a oralização, dentre outros. Resultados: Conforme os dados
coletados durante os encontros do grupo e registro destes verificou-se participação mais
efetiva dos pais de crianças com menor faixa etária. Estes apresentavam muitas dúvidas
e almejavam aprender mais sobre audição, aquisição e desenvolvimento de fala, assim
como informações sobre o Implante Coclear e opções de comunicação, indicando como
relevantes os temas relacionados à comunicação. Desse modo, por meio de atividades
que envolviam encenações de situações cotidianas de comunicação geralmente
vivenciadas pelos deficientes auditivos; de dinâmicas temáticas; de apresentação de
recursos terapêuticos industrializados e caseiros; e por meio da utilização de algumas
estratégias facilitadoras da comunicação, as informações e experiências vividas pelo
grupo foram compartilhadas. No grupo novos conceitos acerca da perda auditiva e de seu
impacto no desenvolvimento da criança foram aprendidos; dúvidas foram esclarecidas,
bem como foram fornecidas sugestões de atividades que pudessem ser adequadas ao
contexto familiar e colaborassem para o desenvolvimento comunicativo de seus filhos.
Conclusões: uma intervenção em que é possível, de fato, envolver os familiares na
reabilitação auditiva, atendendo suas necessidades e interesses, favorece o
desenvolvimento da criança deficiente auditiva, colaborando para o melhor prognóstico
desta, bem como, na qualidade de vida da família.

219
Inclusão no ensino superior: relato de pesquisa a partir da visão dos
coordenadores

Ana Paula de Oliveira Santana; Paola Baron, Suelen Machado Silva

Introdução: O ingresso das pessoas com necessidades especiais nas universidades ainda
pode ser considerado baixo porque a conclusão dessas pessoas no ensino fundamental
ainda é pequena. Contudo, há uma demanda crescente que o processo de inclusão,
através do vestibular por cotas, vem apresentando. Com o processo de democratização
universalizou-se o acesso, mas a exclusão daqueles que estão fora do padrão
homogenizador ainda ocorre, como os alunos com deficiências, autistas, com dislexia,
TDAH, dentre outros. Questiona-se se os docentes e coordenadores estão preparados
para receber tais alunos, pois a educação, a partir de perspectiva inclusiva, está exigindo
novos posicionamentos dos docentes diante dos processos de ensino e aprendizagem. É
a partir dessa questão que esse trabalho constitui-se como um relato de pesquisa.
Objetivo: Esta pesquisa tem por objetivo identificar o posicionamento dos coordenadores
dos cursos de graduação diante da situação da inserção dos alunos público-alvo da
educação especial na universidade. Método: Foi utilizado um questionário contendo sete
questões, enviado por e-mail para 73 coordenadores de curso de graduação. Como
apenas 14 coordenadores responderam, o resultado trata-se de uma amostra. As
questões referem-se ao levantamento da existência de alunos com necessidades
especiais, transtornos especiais específicos, dificuldades de linguagem e que possam
sofrem algum preconceito linguístico nos cursos. Também foi questionado a coordenação
qual a sua posição em relação à educação inclusiva e se está preparada para receber
estes alunos. Resultados: 50% dos coordenadores dizem possuir alunos de inclusão, 29%
não há registro e 21% não possuem alunos de inclusão. A maioria destes alunos não foi
encaminhada para nenhum atendimento específico, como a fonoaudiologia, por exemplo.
Na análise do resultado foi observado que 93% dos coordenadores não se sentem
preparados para apoiar pedagogicamente estes alunos. Eles apontam como principais
problemas: o despreparo da universidade e dos professores para lidar com esses alunos
e a necessidade de cursos preparatórios e de profissionais com competência na área que
possam acompanhar os alunos com dificuldades. Podemos ainda inferir que há um
desconhecimento e insegurança dos coordenadores sobre o assunto, visto que apenas
19,18% destes responderam. O fonoaudiólogo, por também tratar de questões
relacionadas à leitura e a escrita é um profissional que poderia assessorar a formação dos
docentes universitários. CONCLUSÃO: Como ocorre no ensino básico, a universidade
não está preparada para receber tais alunos. Acrescente-se aqui a necessidade de
realizar mais estudos na área, a fim de aprofundar a análise da realidade da educação
inclusiva no ensino superior e contribuir com mudanças políticas, sociais e educacionais
visando uma educação verdadeiramente inclusiva.

220
Instrumentos de rastreio na investigação de escolares em fase inicial de
alfabetização

Ana Flávia de Oliveira Nalom; Maria Silvia Cárnio,Cristiane Rodrigues Lima, Renata
Correia da Silva, Aparecido José Couto Soares

Introdução: As queixas de alterações de leitura e escrita são frequentes no âmbito


escolar. Tais alterações podem envolver déficits nas habilidades de leitura, escrita,
soletração e aritmética. Contudo, estudos apontam a falta de domínio por parte de
profissionais da educação em diferenciar tais alterações e identificar as dificuldades
escolares. O apoio de questionários e/ou de instrumentos mais pontuais pode auxiliar
estes profissionais a identificar crianças com possíveis alterações e a realizarem
encaminhamentos mais apropriados. Objetivos: Verificar a compatibilidade de dois
instrumentos de rastreio na investigação de escolares com e sem indicativos de
alterações de Leitura e Escrita em fase inicial de alfabetização. Método: Pesquisa
aprovada pelo Comitê de Ética da Instituição sob nº 403/11 e realizada em uma escola
pública de São Paulo – SP. Participaram deste estudo 58 crianças do 2º ano do Ensino
Fundamental (29 meninos e 29 meninas, com média de idade de 8,2 anos) e 48 do 3º ano
do Ensino Fundamental (21 meninos e 27 meninas, com média de idade de 8,9 anos),
que atenderam a critérios de inclusão específicos e cujos responsáveis assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os sujeitos foram triados e separados em
dois grupos, ou seja, com e sem indicativos, em ambas as séries por meio de dois
instrumentos diferenciados. O primeiro foi um Teste de Desempenho Escolar – TDE, que
mediu as habilidades das crianças em Aritmética, Leitura e Escrita, classificando-os em
diferentes níveis, desde o inferior até o superior. O outro foi uma classificação qualitativa
feita pelos professores envolvidos após o preenchimento de um questionário informativo
sobre o desenvolvimento acadêmico e linguístico dos seus alunos. Resultados: Para os
alunos do 2º e 3º ano que não apresentavam indicativos de alterações de Leitura e
Escrita, observou-se que houve uma concordância de 100% entre as respostas dadas aos
questionários pelos professores com os resultados encontrados no TDE. Entretanto, nas
crianças do 2º ano com presença de indicativos, 76% dos questionários tiveram respostas
incompatíveis com a classificação do teste. Dos 18 alunos (62%) que tiveram
desempenho classificado como Inferior, apenas seis (33%) foram identificados pelos
professores como tendo alguma dificuldade e/ou atraso em Leitura e Escrita, sendo que
estes tiveram pontuação no TDE abaixo da média nas três habilidades testadas. Nas
crianças do 3º ano, com presença de indicativos, apesar de todos os alunos apresentarem
desempenho classificado como Inferior no TDE, apenas 45% dos questionários tiveram
respostas compatíveis com esta classificação. Os demais alunos, 55% restantes, não
foram identificados pelos professores como possuidores de dificuldades, apesar de todos
eles apresentaram alterações nas três áreas testadas do TDE. Conclusões: O TDE
mostrou-se uma ferramenta relevante para uma triagem de escolares de Ensino
Fundamental. Houve compatibilidade entre os dois instrumentos apenas para os
escolares sem indicativos de alterações de Leitura e Escrita, ou seja, constata-se a falta
de conhecimento do professor em identificar as possíveis alterações no processo de
alfabetização dos escolares. Os dados deste estudo sugerem a necessidade de uma
parceria mais efetiva entre o fonoaudiólogo e os profissionais da educação.

221
Investigação de associações entre processamento auditivo e vocabulário
expressivo em pré-escolares

Carina Sartini Fonseca; Clara Regina Brandão de Ávila, Raquel de Aguiar Furuie

INTRODUÇÃO: Estudos relacionados com o desenvolvimento infantil apontam o


necessário e adequado desenvolvimento do processamento das informações auditivas
para o progresso das habilidades linguísticas e o consequente sucesso na alfabetização
(Quintas, 2010; Rabelo, 2011). A literatura tem, então, evidenciado associações entre
déficits de subsistemas da linguagem oral, principalmente o fonológico e Distúrbios do
Processamento Auditivo. Em certas etapas do desenvolvimento verifica-se o crescimento
simultâneo do vocabulário e do sistema de sons linguísticos. Identificar relações entre o
vocabulário e o processamento auditivo pode auxiliar o estabelecimento de fatores de
risco para o insucesso do aprendizado. OBJETIVO: Investigar, em pré-escolares, a
presença de possíveis relações entre o desenvolvimento vocabular e habilidades do
processamento auditivo. MÉTODOS: Estudo aprovado pelo CEP da Instituição nº1063/10.
Foram avaliados 39 pré-escolares de 05 anos a 05 anos e 11 meses, matriculados em
uma única escola de Educação Infantil da cidade de São Paulo. Foram excluídos da
amostra pré-escolares com indicadores de déficits cognitivos ou neurológicos compatíveis
com atrasos ou transtornos do desenvolvimento neuropsico-motor e com ausência do
Reflexo Cócleo-Palpebral na Avaliação Simplificada do Processamento Auditivo (ASPA).
Os 39 pré-escolares foram agrupados segundo a presença (GI – n=19) ou ausência (G2 –
n=20) de déficit do vocabulário expressivo identificado pela aplicação do ABFW-
Vocabulário (Befi-Lopes, 2000). Apenas as categorias semânticas: vestuário, alimentos,
móveis e utensílios e meios de transporte, foram consideradas neste estudo. À aplicação
do protocolo ASPA (Pereira, 1997) avaliaram-se a Localização da Fonte Sonora, e as
Memórias Sequenciais Verbal e Não-Verbal, além da pesquisa do Reflexo Cócleo-
palpebral para a seleção da amostra. Aplicaram-se os Testes Mann-Whitney, Exato de
Fisher e Correlação de Pearson, considerando 0,05 o grau de confiabilidade.
RESULTADOS: As classes semânticas Vestuário e Alimentos diferenciaram e definiram o
agrupamento dos pré-escolares (p<<0,001). Não foram observadas diferenças
estaticamente significantes entre os pré-escolares do GI e GII em relação ao desempenho
no PAC. Não foram observadas associações (ou divergências) entre o desempenho em
vocabulário expressivo e as provas que avaliaram o processamento auditivo (Exato de
Fisher: p=0,144). No GI, o estudo das correlações entre o Vocabulário Expressivo e o
Processamento Auditivo mostrou que somente as respostas das Memórias Sequencial
Verbal e Não-Verbal mostraram-se positivamente correlacionadas. No GII, nenhuma
correlação estatisticamente significante foi encontrada. CONCLUSÃO: Não foram
encontradas associações ou correlações entre vocabulário expressivo e processamento
auditivo. Somente no grupo de pré-escolares com algum tipo de déficit vocabular foi
observada correlação positiva entre memória sequencial verbal e não verbal.

222
Livros infantis: análise de material adaptado para crianças surdas

Jéssica Marchiori Correia; Elizabeth Oliveira Crepaldi de Almeida, Sheila Cristina Bordin

Introdução: A aquisição da leitura em crianças Surdas pode ser dificultada, em virtude do


isolamento linguístico ocasionado pela privação sensorial, porém a utilização de materiais
literários que possuam uma maior estrutura e apoio linguístico podem auxiliar no processo
de desenvolvimento da leitura. Objetivo: Selecionar livros comerciais, classificados como
envolvendo atenção a contextos relacionados a Surdez. Método: Foram selecionados
livros comerciais, classificados como envolvendo atenção a contextos relacionados a
Surdez. O procedimento utilizado para a realização desta pesquisa iniciou-se com o
levantamento de títulos de livros de literatura Infantil para crianças Surdas em catálogos
de algumas das principais editoras nacionais que se dedicam à publicação nessa área.
Esses catálogos vêm sendo organizados pelas editoras, direcionando a atenção a esse
público, como também aos pais e aos profissionais que atuam com essas crianças. Foi
considerado oportuno esse olhar sobre os catálogos dessas editoras, uma vez que eles
se constituem em um elo com profissionais que atuam com essas crianças, pais e
também, institucionalmente, com a instância responsável pela ampliação das bibliotecas
em instituições que atendem esse público, direcionando interesses no sentido das
escolhas a serem efetivadas. Nessa primeira aproximação do material, foi possível
selecionar os livros que atendiam à especificidade da pesquisa, bem como proceder a
uma análise preliminar das formas como os sujeitos são nomeados/narrados e destes
retirada uma amostra de 12 (doze) livros, considerando-se os seguintes critérios: 1) ter na
trama das histórias contextos relacionados a Surdez ou ter personagens Surdos; 2)
mensagem do livro: conteúdo que o livro pretende passar à criança Surda; 3) tratar-se de
livros impressos ou de contos contidos em livros que estejam à disposição para compra
em catálogos virtuais ou espaços físicos e 4) diferentes faixas de custos. Os livros
clássicos traduzidos são imprescindíveis para a leitura de obras que circulam na literatura
nacional ou na literatura mundial, mas não são objetos de análise nesta pesquisa, já que
o objetivo foi analisar livros cuja temática fosse a Surdez. Os critérios utilizados para
análise dos livros encontrados foram separados em sete categorias, sendo elas: 1) tema
principal; 2) condição do personagem (Surdo ou ouvinte); 3) ilustrações (cor, tamanho e
disposição); 4) glossário; 5) objetivo principal do texto do livro; 6) texto na versão em
português ou bilíngue e 7) caracterização das páginas. Resultados: Na amostra dos 12
(doze) livros selecionados, foram encontrados, em sua maioria, publicações de Clássicos
Infantis, sendo o personagem principal Surdo, abordando contextos relacionados às
histórias de vida e as dificuldades de inserção em uma sociedade ouvinte. Conclusões:
Conforme a amostra dos livros analisados nota-se a escassez de publicações infantis
para crianças Surdas. No entanto, as histórias encontradas apresentam conteúdos que
enfatizam as histórias de vida, os valores e o orgulho de ser Surdo e também, as
dificuldades de aceitação da família e a inserção dos personagens em uma sociedade
ouvinte.

223
O aluno surdo no ensino regular: da sensibilização à inclusão

Cristiane Pedruzzi; Cynthia Alves de Lima, Juliete Melo

Introdução: Os conhecimentos que os professores possuem sobre a deficiência auditiva,


para exercer sua prática profissional e suas atitudes frente ao processo de inclusão são
pontos determinantes no processo de aprendizagem do aluno surdo. Objetivos: relatar a
experiência vivida em visitas de sensibilização realizadas em escolas regulares de ensino
fundamental, as quais estão inseridas alunos com deficiência auditiva, assim como e
descrever a importância de desenvolver estratégias de sensibilização a docentes e
discentes para a inclusão destes alunos no ensino regular. Métodos: foram contempladas
nas visitas três escolas de ensino fundamental, sendo uma da rede municipal e as demais
da rede particular de ensino. Para cada uma delas foi realizada apenas uma visita, sendo
inicialmente realizado com os docentes uma discussão acerca das características da
perda auditiva, dificuldades no processo de ensino-aprendizagem do aluno surdo,
estratégias utilizadas para inclusão do aluno surdo e estratégias que poderiam favorecer
sua aprendizagem. Em seguida, realizou-se a sensibilização com a classe em que estava
inserido o aluno surdo. Para esta foi preparado um recurso educativo, em que foi possível
apresentar ludicamente a fisiologia da audição, os recursos tecnológicos que existem para
efetivar a comunicação do surdo e como funcionam. Foi, ainda apresentado um desenho
infantil em que abordava reflexões de quem era o surdo e a importância da LIBRAS para
a sua comunicação. Todo o trabalho de sensibilização foi mediado por uma fonoaudióloga
e duas estagiárias do último ano do curso de Fonoaudiologia. Resultados: foi possível
verificar que os professores não estão preparados para atender as necessidades do aluno
surdo, dado que a maioria demonstrou não possuir conhecimentos básicos a respeito da
deficiência auditiva, dos diferentes graus de perda auditiva, recursos tecnológicos para o
aproveitamento da audição residual, bem como estratégias para efetivar a comunicação
do surdo. Além disso, verificou-se que nenhum dos professores que participaram também
sabiam LIBRAS e desconheciam a importância da utilização de recursos visuais no
processo de ensino-aprendizagem do surdo. Desse modo, a discussão temática sobre
esses assuntos ajudaram esses professores a entender melhor seu aluno e aperceberem
a necessidade da realização de cursos de LIBRAS e de capacitação. No que se refere à
sensibilização com os alunos, verificou-se que os discentes demonstraram pouco
conhecimento sobre a deficiência auditiva, e apresentaram concepções inadequadas de
como ajudar as crianças com essas dificuldades. Com a discussão e aplicação dos
recursos educativos, foi possível identificar, ao final do processo, por meio de perguntas
realizadas as crianças, que estas começaram a entender melhor o deficiente auditivo e
suas dificuldades. Conclusões: No âmbito escolar, observa-se a falta de preparo
pedagógico do professor para atender as crianças com deficiência auditiva, fato que
dificulta a construção de um ambiente social acolhedor e a prática inclusiva. Portanto,
intervenções como estas podem ser uma alternativa imediata nas quais poderiam auxiliar
a aprendizagem desses alunos. Fato que não descarta a necessidade da preparação
prévia desses professores, o apoio especializado, assim como a realização de
campanhas de conscientização com a comunidade sobre a problemática da inclusão do
surdo em classe regular.

224
O conhecimento demonstrado por professores do município de caxias do sul/rs
sobre a fonoaudiologia educacional

Léa Travi Lamonato; Luiza Lobe Signori, Louise Varela Dutra

Introdução: A escola é um espaço de atuação do fonoaudiólogo legalmente definido. O


Fonoaudiólogo pode atuar no âmbito escolar auxiliando no processo de ensino-
aprendizagem, como assessor e consultor, realizando o planejamento e execução de
projetos, bem como realizando triagens. A equipe escolar e o fonoaudiólogo devem
trabalhar em conjunto em benefício dos escolares. Objetivo: Verificar o conhecimento
demonstrado por professores do ensino público e privado, de Caxias do Sul/RS, sobre a
atuação do fonoaudiólogo no âmbito educacional. Método: Estudo transversal e
quantitativo, realizado em 13 escolas, sendo duas da rede particular, quatro da rede
municipal e sete da rede estadual. Os dados foram coletados através de um questionário
composto por 22 perguntas fechadas de múltipla escolha aplicado aos professores. O
presente trabalho foi analisado e aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa através do
parecer 63.224 Resultados: O maior índice de conhecimento com relação ao trabalho
fonoaudiológico em escolas foi demonstrado pelos professores do ensino fundamental de
escolas municipais, do gênero feminino, com idade entre 36 a 45 anos, que possuem
ensino superior completo, formados de 4 a 9 anos, pós-graduados, atuantes em escolas
entre 20 e 29 anos e com carga horária de 20 horas semanais. CONCLUSÃO: Os
professores do ensino público e privado do município de Caxias do Sul/RS conhecem o
trabalho do fonoaudiólogo, de uma forma geral, sendo o maior índice de conhecimento
nos professores de escolas municipais.

225
O estudante com paralisia cerebral e sua inclusão no ensino superior

Ana Paula Santana; Mariana Borges Uliano

Introdução: As novas políticas de inclusão têm possibilitado as pessoas com


necessidades especiais alcançarem o nível universitário. O estudante com paralisia
cerebral pode apresentar, além do comprometimento motor, alterações associadas como,
problemas visuais, auditivos, de fala e linguagem. Nesse sentido, oferecer uma educação
de qualidade para tais alunos tem representado um grande desafio para a educação
superior. Objetivos: O objetivo desse trabalho é relatar as condições de inclusão de um
aluno com paralisia cerebral no nível universitário a partir da sua própria narrativa.
Metodologia: Como metodologia foi realizada uma entrevista semi-estruturada com uma
estudante de 24 anos do curso de pedagogia com diagnóstico de paralisia cerebral e
análise discursiva dessa entrevista. Resultados: Os recursos disponibilizados pela
Universidade têm possibilitado a permanência da aluna no ensino superior. Foram
disponibilizados dois bolsistas de estágio não obrigatório para a auxiliarem em sala de
aula e em estudos extra-classe, nas atividades que necessitem de coordenação motora
fina. Um professor orienta sua matrícula e acompanha seu desempenho acadêmico. A
aluna apresentava características de apoio na oralidade em sua escrita, pois antes da
universidade não era ela quem escrevia seus próprios textos. O núcleo de acessibilidade
a encaminhou para terapia fonoaudiológica, o que promoveu avanços na sua leitura e
escrita. A aluna faz uso de recursos de acessibilidade ao computador, como a colméia de
acrílico, construindo assim, autonomia na produção de textos. No entanto, questões
relativas ao espaço físico dificultam o livre trânsito de alunos com mobilidade reduzida,
resultando em barreiras arquitetônicas que ainda precisam ser vencidas. Conclusão:
Logo, pode-se concluir, que embora a inclusão de alunos com deficiência no ensino
superior seja um tema recente, cabe as instituições desenvolverem uma cultura de
inclusão dentro das universidades, priorizando ações pautadas no respeito às
necessidades educativas especiais desses alunos. O caso da estudante reflete como
essas ações podem promover a permanência e o bom desempenho acadêmico de tais
alunos.

226
O olhar dos professores para inclusão de alunos surdos no ensino regular

Ana Cristina Guarinello; Jessyca Soares Lula Pacholek, Maria Fernanda Bagarollo,
Denise Maria Vaz Romano França, Jáima Pinheiro de Oliveira

Introdução:A inclusão educacional de alunos com deficiência vem sendo discutida há


anos e o objetivo dessa prática educacional é possibilitar que o indivíduo possua
desenvolvimento satisfatório, independência e exerça o seu direito de cidadão. Na
inclusão, perante o aluno surdo, é preciso que a equipe escolar esteja pronta a adquirir
conhecimentos e trabalhar junto com outros profissionais, como o intérprete de Língua
Brasileira de Sinais e o fonoaudiólogo em sala de aula. O fonoaudiólogo pode fazer parte
do processo de inclusão do aluno surdo assessorando e ajudando o professor a entender
as peculiaridades do seu aluno e levá-lo à aprendizagem da leitura e da escrita e dos
demais conteúdos escolares. Apesar do processo de inclusão dos alunos surdos estarem
em andamento há anos, a literatura mostra que ainda há muitas dificuldades na
permanência dos alunos surdos em sala de aula regular e que o conhecimento dessas
dificuldades é um importante caminho na solução e otimização da inclusão educacional
desses alunos. Objetivos: Investigar o processo de inclusão de alunos surdos a partir da
visão de professores de algumas das escolas públicas estaduais de um município
paranaense; verificar como os professores se comunicam com o aluno surdo; pesquisar
se os professores do ensino regular utilizam metodologias diferenciadas para o surdo em
sala de aula; verificar se há interpretes de LIBRAS e professores de apoio para os surdos
incluídos; conhecer as dificuldades do aluno surdo na visão do professor que trabalha
com estes. Metodologia:Para a pesquisa foram selecionados professores de dois colégios
estaduais, pertencentes ao Estado do Paraná que possuem surdos incluídos e aplicado
um questionário semi-estruturado com questões abertas sobre os temas abordados.
Resultados: Das respostas do questionário foram determinados os eixos temáticos pelos
temas mais abordados pelos professores, que são eles: dificuldade de aprendizagem,
comunicação, métodos pedagógicos, intérprete e formação de professores. A partir dos
eixos temáticos e da leitura do material coletado, foram realizados recortes nas respostas
dos professores para efetuar a discussão sobre o tema referente à inclusão dos alunos
surdos. A discussão engloba os resultados obtidos na pesquisa juntamente com o
respaldo de outros autores sobre o tema surdez, o que gera certa indecisão perante a
classe se a inclusão ocorre de maneira eficaz ou não deveria existir. Conclusão:Espera-se
que o presente estudo contribua para futuras discussões sobre a inclusão de alunos
surdos no ensino regular, assim como a contribuição do fonoaudiólogo para o sucesso
desse processo de inclusão.

227
O surdo no ensino regular: uma proposta em construção

Ana Cristina Guarinello; Daline Backes Eyng

Introdução: Muito se discute acerca do processo de inclusão do surdo no ensino regular,


porém pouco se verifica de efetivo com relação à apropriação dos conhecimentos por
esse aluno nesse contexto. A escola, em geral, não possui o preparo necessário para
receber esses alunos, e estes, por sua vez, parecem apenas usufruir o direito de
frequentar o ensino regular. Objetivo: Analisar a prática de inclusão escolar de alunos
surdos em um município do Paraná, a partir do ponto de vista desses alunos. Métodos:
Foram aplicados questionários a dezoito alunos surdos do município de Medianeira/PR,
com questões referentes a seu processo de inclusão no ensino regular. Todos os sujeitos
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, e a pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética da Faculdade Assis Gurgacz, sob o parecer n° 148/2011. Resultados: Os
resultados apontam uma satisfação por parte dos alunos, com relação a conquista do
direito de inclusão no ensino regular, porém quando questionados com relação a
apropriação dos conhecimentos, poucos mencionaram este processo como efetivo, pois
referem que o conhecimento adquirido se deu anteriormente na escola de educação para
surdos. Os alunos referem ainda que, a inclusão proporciona o acesso destes ao convívio
social, porém percebem uma carência nas condições básicas que o sistema educacional
brasileiro apresenta para contemplar a atual política de inclusão. Conclusão: Acredita-se
que a conquista do direito à inclusão seja percebida pelos sujeitos como suficiente para
seu processo educacional, pois mesmo pontuando as lacunas existentes nesse processo,
poucas foram as sugestões de melhorias apontadas pelos mesmos.

228
Política de educação inclusiva e surdez: análise da implementação no município de
nova friburgo

Manon Santos Cosendey; Vivian de Carvalho Reis Neves, Priscila Starosky

Introdução: A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva (PNEEPEI), implementada pelo MEC desde 2008, preconiza mudanças no
ambiente escolar e na prática social/institucional para promover a participação e
aprendizagem dos alunos com necessidades especiais na escola comum. No caso dos
indivíduos portadores de deficiência auditiva (alunos surdos), a PNEEPEI apoia-se na
perspectiva bilíngue para construir seu modelo inclusivo. Historicamente, a perspectiva
bilíngue para a educação de surdos foi construída em oposição à abordagem oralista e
preconiza que o indivíduo surdo desenvolva e utilize duas línguas no cotidiano escolar e
social: a língua de sinais, como primeira língua, e a língua oral-auditiva e/ou escrita da
comunidade ouvinte, como segunda língua. Segundo a PNEEPEI, esta abordagem
corresponde às necessidades do aluno surdo, construindo um ambiente propicio à sua
aprendizagem e inclusão social. Entretanto, analisando os pressupostos da abordagem
bilíngue para a educação de surdos, percebemos que o modelo proposto pela PNEEPEI
apresenta fragilidades. Objetivo: Este trabalho, portanto, tem por objetivo analisar as
diretrizes da educação de surdos na PNEEPEI e a sua implementação no ensino público
no município de Nova Friburgo. Metodologia: A análise ocorreu, inicialmente, a partir da
análise de materiais de formação dos professores elaborados e distribuídos pelo MEC
sobre o modelo de educação de surdos na perspectiva inclusiva à luz da literatura sobre a
perspectiva bilíngue e o desenvolvimento de linguagem e cognição na abordagem socio-
histórica vigotskiana. Posteriormente, foram realizadas visitas à instituições públicas de
ensino do município de Nova Friburgo, durante o ano de 2012, com o intuito de conhecer
o processo de implementação da PNEEPEI in locu e, também, recolhidos relatos de
educadores (professor e gestor) dessas instituições. Resultados: A PNEEPEI preconiza a
inclusão compulsória dos alunos surdos na escola comum, levando ao desmanche das
classes e escolas especiais para surdos. A primeira crítica aponta a falta de
comprometimento com o desenvolvimento da linguagem desde a primeira infância,
resultado da dificuldade de diálogo entre as políticas e práticas das áreas da saúde e da
educação. Apoiados em uma visão socio-histórica que considera a interação sociocultural
essencial para desenvolvimento linguístico-cognitivo, entendemos que o contato da
família e da criança surda, desde bebê, com a língua de sinais e a comunidade surda é
essencial para o seu pleno desenvolvimento. A segunda crítica diz respeito à prática de
ensino-aprendizagem que se baseia, fundamentalmente, no Português Brasileiro no lugar
da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) que é considerada a primeira língua na
perspectiva bilíngue, causada pela falta de professores surdos e/ou proficientes em
LIBRAS e de intérpretes. E, por fim, criticamos o modelo por desconsiderar as reais
necessidades pedagógicas frente à diversidade linguística, cultural e identitária da
comunidade surda, pois não possibilita o encontro surdo-surdo. Conclusão: O estudo e
análise da PNEEPEI para alunos surdos e da sua implementação no ensino público de
Nova Friburgo permitiu a elaboração de três críticas fundamentais, frente aos
pressupostos da perspectiva bilíngue e da abordagem socio-histórica, considerando as
necessidades dos indivíduos surdos para o seu pleno desenvolvimento linguístico,
cognitivo e social.

229
Possibilidades e recursos no processo de inclusão de alunos surdos em mogi
mirim

Cristhiane Maria Mantovani Marsura; Zilda Maria Gesueli Oliveira da Paz

Introdução: Com base na teoria sócio-histórica, concebemos a linguagem como de


fundamental importância para o processo de interação do sujeito com o mundo e com o
outro. Dessa forma, no caso de crianças surdas, consideramos a língua de sinais como
responsável pela mediação semiótica. Assim, dada a proposta de educação inclusiva
parece necessária a inserção desta língua no contexto da escola regular, o que ainda não
tem sido realizado de forma efetiva, na maioria dos casos. A inclusão de alunos surdos no
ensino regular ainda gera forte discussão na área educacional e nas políticas públicas. As
dificuldades encontradas nesse processo não são inerentes à surdez, mas sim às
possibilidades de acesso à Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e aos recursos
específicos que atendem essa demanda. Assim, muitos alunos surdos estão sendo
inseridos na sala de aula, mas não incluídos efetivamente. Objetivo: Levantar os recursos
oferecidos pelo município de Mogi Mirim do Estado de São Paulo no processo de inclusão
do aluno surdo. Método: Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, cujos sujeitos são
duas professoras de uma escola de educação básica do município, que estão envolvidas
na inclusão de alunos surdos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa
sob nº 1195/2011. Resultados: Nas palavras das profissionais, a capacitação dos
profissionais, o ensino da LIBRAS e o uso de materiais didáticos pedagógicos específicos
para surdos contribuem para que as escolas regulares se tornem mais preparadas e
sensibilizadas para receber esses alunos. Entretanto, ainda faltam recursos e
entendimento sobre as questões que se colocam na surdez, como o reconhecimento da
comunidade surda, suas características e especificidades enquanto minoria linguística.
Conclusões: Os profissionais do ensino regular do município ainda não se
conscientizaram da importância da língua de sinais e do seu papel no processo de
desenvolvimento da criança surda, optando ainda pela oralidade e por uma metodologia
que não prioriza o visual. As dificuldades na sala de aula inclusiva ainda são muitas, mas
a falta de uma língua em comum entre alunos surdos e professores ouvintes impossibilita
a interação e, consequentemente, o processo de ensino-aprendizagem. Com a sala de
recursos e atendimentos fonoaudiológicos na área da saúde, a inclusão em Mogi Mirim
está vivenciando um momento de quebra de paradigmas para efetivar e consolidar
atitudes mais concretas neste processo pedagógico. Tais mudanças encontram-se em
processo, mas muito ainda deve ser feito para a efetivação de um proposta inclusiva.

230
Programa saúde na escola - relato de experiência

Tania Afonso Chaves; Edilayne Cocudoro, Tatiana Bagetti

Introdução: O Programa Saúde na Escola (PSE) surgiu como uma política intersetorial
entre os Ministérios da Saúde e da Educação, na perspectiva da atenção integral
(prevenção, promoção e atenção) à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino
público básico, no âmbito das escolas e unidades básicas de saúde, realizadas pelas
Equipes de Saúde e educação de forma integrada. O curso de Fonoaudiologia da UFF
visa contribuir para o aprimoramento do PSE em Nova Friburgo, nas referidas áreas de
abrangência do programa, incorporando a expertise de professores e alunos do curso de
graduação em Fonoaudiologia, juntamente com profissionais das redes públicas de saúde
e educação. Objetivos: O Programa Saúde na Escola prevê a realização de diversas
ações articuladas pelas equipes de saúde e de educação com o objetivo de garantir
atenção à saúde e educação integral para os estudantes da rede básica de ensino por
meio de ações de avaliação das condições de saúde; promoção da saúde e prevenção de
doenças e agravos não transmissíveis; educação permanente dos profissionais da área
de educação e das equipes de saúde; e monitoramento e avaliação da saúde dos
beneficiados. Nesse sentido espera-se gerar multiplicadores locais que compreendam as
formas de construção de um ambiente saudável na escola; as etapas do desenvolvimento
infantil e sua importância; a relação entre linguagem, fala, cognição, audição e
aprendizagem; que sejam capazes de identificar fatores de risco que dificultem o
desenvolvimento infantil e que consigam detectar e encaminhar precocemente crianças
que apresentem dificuldades. Métodos: Como cenário de prática, foi escolhida uma
Escola da Rede Municipal de Ensino da cidade de Nova Friburgo, selecionada em comum
acordo com as Secretarias Municipais de Saúde e Educação. As atividades propostas
tiveram como eixo norteador a indissociabilidade do ensino-pesquisa-extensão, a
integração ensino-serviço-comunidade, articulação das ações multidisciplinares, o
planejamento de saúde regional e as quatro áreas prioritárias do PSE. Como atividade
inicial, a proposta é desenvolver ações voltadas à Educação permanente e capacitação
de profissionais da Educação na área de conhecimento da Fonoaudiologia. Resultados: O
trabalho aconteceu de forma bem participativa por conta das professoras, que
determinaram de forma impar a implementação e o caminho do projeto, construindo de
forma coletiva o trabalho a ser desenvolvido, na perspectiva central da gestão
compartilhada e da corresponsabilização. O trabalho envolveu rodas de conversa
abordando os temas escolhidos pela equipe. Conclusões: Espera-se com esta proposta
contribuir para a qualificação e o fortalecimento da atenção integral dos beneficiados do
PSE; para o aprimoramento dos processos de geração de conhecimentos, ensino-
aprendizagem e de prestação de serviços de saúde à população; e para o fortalecimento
das Redes de Atenção à Saúde.

231
Proposta de favorecimento das habilidades de memória auditiva, noção espacial e
consciência fonológica de uma escola de Ribeirão Preto- SP

Thaís Cristina da Freiria Moretti; Marina de Oliveira Canavezi, Tatiane Martins Jorge

Introdução: As habilidades metalinguísticas referem-se à capacidade de pensar sobre a


própria língua quanto aos aspectos sintático, semântico e fonológico. Os processos
cognitivos envolvidos na leitura e na escrita estão relacionados ao processamento
fonológico, incluindo memória e consciência fonológica. Algumas crianças apresentam
consideráveis dificuldades durante o processo de alfabetização, dificuldades que se
tornam obstáculos para o desenvolvimento da aprendizagem da leitura e escrita e para a
assimilação dos conteúdos propostos. Objetivo: Apresentar proposta de uma Oficina de
favorecimento das habilidades de memória auditiva, rima e noção espacial de direita e
esquerda de uma escola de Ensino Fundamental de Ribeirão Preto. Metodologia: Este
estudo foi desenvolvido no início de 2013, durante um estágio curricular voltado para
ações preventivas em uma escola de Ensino Fundamental de Ribeirão Preto. Esse
trabalho foi motivado após análise do perfil dos escolares do terceiro ano, os quais
apresentavam desempenho insatisfatório nas provas de memória auditiva, rima, e noção
espacial de direita e esquerda. Resultados: Foram realizadas quatro oficinas com duração
de 50 minutos, uma vez por semana na referida escola. As atividades foram realizadas de
modo grupal e lúdico. Para favorecer a memória auditiva propôs-se sequêncialização de
ordens, números, cores e onomatopeia. Para favorecer a rima confeccionou-se um jogo
da memória gigante, bem como um dominó gigante, com figuras que rimavam,
posicionados sobre o chão; os alunos foram divididos em dois grupos para essas
atividades. O mesmo dominó, em tamanho original, também foi entregue para os
escolares brincarem em grupos menores. Também foi entregue atividades de pintura de
figuras que rimavam entre si. Para o favorecimento de noção espacial de direita e
esquerda realizou-se a brincadeira ‘vivo x morto’, adaptada para ordens de direita e
esquerda, e utilização de figuras para pintura. Discussão: A Oficina em sala de aula pode
ser considerada bastante útil, pois é de fácil execução, divertida e de baixo custo. Além
disso, os materiais confeccionados foram entregues à professora para continuidade das
ações ao longo da semana em sua rotina escolar. Conclusão: Este estudo apresentou
estratégias para o favorecimento das habilidades de memória auditiva, rima e noção
espacial e direita e esquerda. A utilização da Oficina tem sido bem aceita pelos escolares
e pela professora e tem favorecido a otimização das habilidades propostas.

232
Relação entre o hábito de leitura e o léxico expressivo de adolecentes do ensino
fundamental

Patrícia Valente Moura Carvalho; Viviane Pereira Medeiros, Débora Fraga Lodi, Débora
Sathler Aguiar, Maria Cecília Costa, Viviane Cristina dos Santos

Introdução: Na esfera do desenvolvimento humano, talvez a capacidade de aprender seja


a função mais importante, dentro da qual o aprendizado do léxico de sua língua nativa se
estabelece com evidência. O léxico é o elemento que melhor caracteriza a língua e a
distingue das demais. Ao ingressar no contexto escolar a pessoa estará exposta não
somente a sua comunidade linguística como toda e qualquer forma de conhecimento
sobre tal, ampliando ainda mais o seu léxico. Um dos meios que possibilita o indivíduo
entrar em contato com diversas informações e conhecimentos sobre o seu mundo é a
leitura, considerada uma habilidade linguística essencial para o desenvolvimento humano
e da comunicação oral e escrita. Compreender a leitura como prática social alude na
ampliação de seus domínios e a acrescenta a várias formas de inclusão do indivíduo na
sociedade. Objetivo: Averiguar se existe relação entre o hábito de leitura e léxico
expressivo em leitores adolescentes escolares do 7° ano da rede de ensino fundamental
de Belo Horizonte. Método: Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior com o tema,
Investigar se o hábito de leitura interfere no vocabulário da criança, que foi aprovada pelo
CEP sob o protocolo 154/10. Participaram desta pesquisa 11 estudantes adolescentes do
7° ano de uma escola pública de Belo Horizonte, submetidos à aplicação de um
questionário que visava analisar o perfil socioeconômico dos escolares, ao teste ABFW -
parte de Vocabulário - bem como a um questionário acerca de hábitos de leitura.
Resultados: 54,5% da amostra eram do sexo feminino e 45,5% do sexo masculino. A
média de idade foi de 12,5 anos, sendo a idade mínima de 12 anos e 1 mês e a máxima
de 13 anos e 2 meses. À análise do perfil socioeconômico, verificou-se que 54,5% da
amostra pertencem à classe C2, 36,3% à classe D e 9,09% à classe C1. A média geral da
pontuação quanto ao perfil de leitura foi de 11,36 % e quanto ao desempenho do
vocabulário expressivo essa média correspondeu a 88,97%. No que se refere ao perfil de
leitura, 54,5% caracterizou-se como “leitor ativo” e 45,5% como “leitor muito ativo”. Ao
comparar a variável sexo e os resultados de perfil de leitura e vocabulário expressivo
percebeu-se, no sexo feminino, maior predominância e melhor desempenho no se refere
ao perfil de leitura e vocabulário expressivo. Conclusão: Diante dos resultados obtidos,
pôde-se observar bom desempenho dos escolares no teste de vocabulário. Quanto ao
hábito de leitura, constatou-se o predomínio de dois perfis de leitores, o leitor ativo e o
muito ativo, o que demonstra que tais adolescentes se encontram em frequente contanto
com a leitura. Ao correlacionar as duas variáveis, o estudo confirmou a hipótese sobre a
inter-relação existente entre o hábito de leitura e léxico expressivo, na qual o leitor
considerado muito ativo apresenta melhor desempenho em seu léxico expressivo.

233
Saúde e educação: uma perspectiva de fonoaudiólogos que atuam na inclusão de
alunos surdos

Cristhiane Maria Mantovani Marsura; Zilda Maria Gesueli Oliveira da Paz

Introdução: A inclusão de surdos no ensino regular é ainda um tema complexo, gerando


forte discussão na área educacional e no campo das políticas públicas. Muitas escolas
regulares oferecem um apoio paralelo aos alunos surdos como a sala de recursos, com
profissionais para atender suas dificuldades, porém, em muitos casos, os profissionais
não apresentam capacitação para atender esta demanda, principalmente no que se refere
ao conhecimento da língua de sinais e às especificidades linguístico-cognitivas dos
alunos. Diante disso, os professores encaminham as crianças surdas para atendimentos
fonoaudiológicos na rede municipal. Dessa forma, a fonoaudiologia contribui para o
processo de aquisição e desenvolvimento da aprendizagem oral destes alunos e uma
interlocução da saúde com a educação no que se refere a uma proposta inclusiva.
Objetivo: Analisar a interação educação e saúde no município de Mogi Mirim do Estado
de São Paulo no processo de encaminhamento de alunos surdos das escolas municipais
e estaduais, para o atendimento fonoaudiológico, visando verificar como estes
encaminhamentos acontecem, além da dinâmica do trabalho desses profissionais.
Método: Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, cujos sujeitos são duas
fonoaudiólogas do departamento de saúde do município que atendem crianças surdas. A
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob nº 1195/2011. Resultados:
Com base nas entrevistas semi-estruturadas com as fonoaudiólogas, a interação saúde e
escola ocorre através de orientações e discussões. Além disso, em relação aos
encaminhamentos, as crianças surdas podem ser encaminhadas para atendimento
fonoaudiológico por meio das Unidades Básicas de Saúde, de instituições, de outros
serviços médicos e de escolas estaduais, municipais e particulares. Fora isso, a própria
família/cuidador da criança pode procurar o serviço sem encaminhamento. Conclusões:
Muitas dificuldades ainda são encontradas no atendimento ao surdo no município, pois
além de contar com apenas uma fonoaudióloga para o atendimento terapêutico, a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) não é utilizada com status de língua, mas como suporte e
recurso para a oralidade, sendo que as crianças não têm um contexto linguístico na
escola nem na saúde que favoreça o aprendizado da LIBRAS. Quanto aos
encaminhamentos, o acesso ao serviço independe do local e/ou profissional que
encaminha a criança. Orientações periódicas são realizadas pela fonoaudióloga às
escolas e a toda equipe pedagógica, incluindo a diretoria, coordenação e professores das
salas de ensino regular e de recursos. Apesar das dificuldades existentes, tanto a equipe
diretiva e pedagógica das escolas quanto as fonoaudiólogas dão grande importância a
essa parceria, demonstrando que o trabalho interdisciplinar da fonoaudiologia e da
educação é essencial para a evolução das crianças surdas.

234
Saúde e trabalho docente: uma experiência inter/transdisciplinar no contexto de
políticas públicas

Maria Lúcia Vaz Masson; Isabele Neri Leal Sampaio, Aldeneide Soares Sena, Camila
Santos Ferreira, Cintia da Silva Santos, Manuela Brito dos Santos, Cristina Aparecida da
Silva, Maria Regina Borges dos Anjos

Introdução: trata-se de relato de experiência sobre programa de governo destinado à


saúde e valorização do professor da rede pública estadual de ensino, numa perspectiva
de atenção integral à saúde. O programa nasceu da necessidade de responder à
desvalorização do trabalho, aos agravos de saúde do professor e à ausência de políticas
públicas em saúde do trabalhador, particularmente no contexto da educação pública.
Implantou-se em 2009, com a atuação de uma equipe mínima composta por 14
fonoaudiólogos, dois fisioterapeutas, uma psicóloga e uma assistente social, priorizando
cuidados direcionados à saúde vocal, LER/DORT e situações de estresse profissional.
Com o desenvolvimento das ações e em função das demandas dos professores, o
programa veio tomando proporções maiores, passando a oferecer um acompanhamento
mais sistematizado. Este contexto possibilitou a contratação de um número maior de
profissionais, a inclusão de nutricionistas e a distribuição das atividades das equipes em
unidades fixas (à serviço da escola em turnos semanais) e variáveis (com a realização de
visitas técnicas e oficinas em outras unidades escolares). Objetivos: apresentar o histórico
de um programa público destinado à saúde e valorização do professor e discutir os
avanços para a construção de uma nova perspectiva de atuação, em equipes de
referência nos territórios-piloto. Métodos: relato de experiência sobre as transformações
vividas em programa voltado a professores do ensino público, resultado de elaboração
reflexiva, fundamentada teoricamente em conceitos ampliados de saúde, educação e
política, os quais sustentam esta prática. Devido ao tipo de trabalho, não houve
submissão a CEP. Resultados: as ações, inicialmente multidisciplinares, eram pontuais,
ocorriam por meio de visitas técnicas para levantamento de demandas e oficinas
temáticas nas unidades escolares. A reflexão evidenciou mudanças importantes no
emprego das oficinas específicas de Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicologia, Serviço
Social e Nutrição para outras perspectivas metodológicas (rodas de conversas, atividades
grupais, ações coletivas interdisciplinares), bem como nos atendimentos individualizados
ao professor e diagnósticos institucionais. Na mediação dos conflitos, nas parcerias com
as universidades e com a rede de apoio socioassistencial, nos espaços de escuta
individual e coletiva, o foco de atuação do programa, antes direcionado aos processos de
adoecimento, tem possibilitado ações mais efetivas de promoção de saúde ao considerar
a inter-relação de diferentes fatores (educacionais, sociais, políticos, individuais,
ambientais). Do cuidado antes direcionado à voz, ao estresse, à dor na coluna, passou-se
a adotar o trabalho em equipe e uma escuta ampliada, relacionando as “dores”, o
estresse ao histórico de vida, às condições de trabalho e ao campo das políticas
educacionais. Tais avanços exigiram uma reformulação na atuação dos profissionais, por
meio de discussões coletivas, grupos de estudo e redirecionamento de ações para
perspectivas inter/transdisciplinares. Conclusões: a proposta de atuação tem possibilitado
novas concepções na área de saúde do trabalhador (particularmente do professor) e
evidenciado a complexidade de sua atuação, por meio de um constante processo de
construção que envolve diferentes atores. Colocar a prática em questionamento parece
ser a diretriz para a criação de ações interdisciplinares e o caminho para que se
transformem em transdisciplinares.

235
Uso do calendário como reforço visual lúdico para retirada de hábitos orais
deletérios

Yara Helena Rodrigues; Melina Putti, Naalian de Paula Nunes, Natalia Cristina Alvarenga
Maruyama, Tatiane Martins Jorge

Introdução: Entre os tipos diversos de hábitos orais deletérios, os hábitos de sucção


nutritivos e não nutritivos apresentam uma prevalência elevada e são comumente
utilizados por crianças de maneira prolongada. O hábito prolongado de sucção pode
trazer um impacto negativo na dentição, nas funções de respiração, fala e deglutição e no
desenvolvimento físico e emocional. É uma das atribuições da Fonoaudiologia
implementar estratégias para a retirada de hábitos orais deletérios, atuando junto aos
alunos, pais e professores. Objetivo: Descrever uma experiência de retirada de hábitos
orais deletérios, voltada aos pais de crianças pré-escolares. Metodologia: Este estudo
baseia-se em descrição de experiência, ocorrida durante a prática de graduandos em
Fonoaudiologia numa escola de educação infantil do distrito oeste de Ribeirão Preto.
Resultados: Este trabalho ocorreu em três etapas. I) Inicialmente, foi enviado aos pais de
todos os alunos regularmente matriculados numa escola de educação infantil, um
questionário sobre o uso, por parte de seus filhos, de algum hábito oral deletério (sucção
de dedo ou chupeta e mamadeira). II) Os questionários foram recolhidos, sendo que os 40
pais que responderam afirmativamente ao questionário aplicado foram convidados para
orientações com a Fonoaudiologia na escola, cujo tema era o de auxiliar os pais quanto à
retirada dos hábitos de sucção de chupeta, dedo ou mamadeira. III) A roda de conversa
ocorreu durante 30 minutos, no final da tarde, em horário definido pela escola. Apenas
cinco pais compareceram. As orientações foram baseadas no conhecimento prévio dos
pais e nas dúvidas apresentadas durante a roda de conversa. Figuras/ imagens de mordia
aberta anterior e outras maloclusões também foram apresentadas para esclarecer os pais
sobre as conseqüências odontológicas do hábito persistente. Além disso, os prejuízos
sociais e emocionais também foram reforçados. Aos pais foi apresentado e fornecido um
calendário impresso, referente ao mês em vigência. Esse calendário era colorido, do
tamanho de uma folha A4 e continha um imã no seu verso. Ele deveria fixado num
ambiente de boa visibilidade, de modo que chamasse a atenção de todos os familiares,
além da própria criança. Os pais foram orientados a fazer um acordo verbal com seus
filhos sobre a retirada ou diminuição de algum hábito. Ao final do dia, caso a criança
diminuísse a freqüência do hábito combinado/acordado, eles colocariam naquela data um
desenho de “carinha feliz”; caso a criança não se esforçasse, a data seria preenchida com
um desenho de “carinha triste” e, ao final de um período determinado pelos pais,
juntamente com os filhos, a criança seria recompensada, caso diminuísse o hábito
durante esse mesmo período. @Normal = Conclusão: A estratégia sugerida e fornecida
foi considerada de fácil aplicabilidade, sendo compreendida por todos os pais presentes.
Os pais que participaram tiveram grande interesse e compreenderam a importância de
reforçar a diminuição do hábito de modo gradativo.

236
Verificação do desempenho acadêmico por meio da avaliação formal e da opinião
do professor

Débora Cristina Alves; Denise Gonçalves Cunha Coutinho, Maria Cecília Periotto, Erasmo
Barbante Casella

Introdução: a aquisição de habilidades como leitura, escrita e aritmética tem sido foco de
diversas pesquisas visto que problemas nestas áreas podem afetar o processo de
escolarização e comprometer o desenvolvimento acadêmico do escolar. Estudos apontam
para a necessidade da identificação precoce dos problemas de aprendizagem, com
consequente intervenção, tão logo eles sejam observados. Por ser na sala de aula que os
problemas de aprendizagem se concretizam, o professor toma um lugar de destaque na
identificação de tais dificuldades. Objetivo: Diante do exposto, a presente pesquisa teve
por objetivo mapear e comparar o desempenho de escolares em relação à avaliação
formal e a opinião dos professores. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da
Instituição sob nº523/11. Participaram deste estudo 89 escolares do 3º ano ao 5º ano do
ensino fundamental de uma escola do Serviço Social da Indústria da cidade de São
Paulo, de ambos os sexos, com idade entre oito e onze anos. Todos os participantes
foram avaliados por meio do Teste de Desempenho Escolar, nas habilidades de leitura,
escrita e aritmética, tendo seus desempenhos classificados em superior, médio e inferior.
Antes da aplicação do teste os professores foram contatos e solicitados a anotarem quais
alunos na opinião deles apresentavam problemas para aprender. A partir da informação
dos professores, formou-se um grupo de crianças com dificuldade e outro sem
dificuldades. Resultados: a professora do 3º ano indicou oito escolares como tendo algum
tipo de dificuldade em sala de aula. Destes, 87,5% apresentaram desempenho total no
TDE classificado como Inferior para a escolaridade. Das 20 crianças consideradas como
não tendo dificuldades, 85% apresentaram desempenho Médio ou Superior no teste
aplicado. Já para os estudantes do 4º ano, três foram considerados como tendo
dificuldades, destes, 66,6% foram classificados como com desempenho Inferior na
avaliação formal. Das 26 crianças sem dificuldades, 92,3% tiveram desempenho na média
ou superior. Nove alunos do 5º ano foram considerados como tendo dificuldades, sendo
que destes, 77,7% apresentaram desempenho Inferior no TDE. Dos 23 alunos sem
queixa, 91,4% obtiveram desempenho médio ou superior. A alteração da habilidade da
escrita foi a mais destacada pelos professores. Conclusão: tanto o instrumento utilizado
nesta pesquisa quanto à opinião do professor foram sensíveis para detectar crianças com
queixa de problemas relacionados à aprendizagem acadêmica. Um maior número de
crianças com dificuldades foi apontado no 5º ano, sugerindo que embora os professores
sejam capazes de identificar tais dificuldades, trabalhos individualizados ainda não têm
sido realizados nas fases iniciais da escolarização.

237
Vivência do tutor na formação de alunos de fonoaudiologia através da metodologia
ativa: relato de experiência

Rodrigo Dornelas do Carmo; Fabiana Cristina Carlino, Carla Patrícia Hernandez Alves
Ribeiro César, Aline Cabral de Oliveira Barreto, Raphaela Barroso Guedes Granzotti,
Danielle Ramos Domenis, Roxane de Irineu Alencar

Introdução: Uma nova metodologia de ensino atualmente possui amplo destaque: a


Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), dentro das Metodologias Ativas de ensino.
Foi instituída primeiramente na Faculdade de Medicina de McMaster no Canadá na
década de sessenta e surgiu no cenário brasileiro em 1997, na Faculdade de Marília. A
estratégia central da ABP é a discussão de problemas através de grupos tutoriais
formados por oito a dez alunos, onde são analisados problemas estruturados a partir do
currículo, que visam permitir a discussão contextualizada dos tópicos, favorecendo a
recuperação do conhecimento prévio e a aquisição de novos conhecimentos por meio de
estudos individualizados. O docente, designado tutor, desempenha o papel de facilitador
no processo de aprendizagem. No conceito original sobre a ABP são definidos como
objetivos a promoção do desenvolvimento humano por meio da construção, pelas
pessoas, de competências e habilidades que lhes permitam alcançar seu
desenvolvimento pleno e integral: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
Atualmente tem-se observado a necessidade de romper com a postura de mera
transmissão de informações, em que os estudantes assumem o papel de sujeitos
passivos, preocupando-se apenas em memorizar conhecimentos. O ABP fornece aos
estudantes condições de desenvolver habilidades técnicas, cognitivas e atitudes
aplicáveis, sempre, articulando teoria com a prática. Objetivo: Relatar a vivência do tutor
no processo de formação, por meio da metodologia ativa ABP, de discentes de graduação
em Fonoaudiologia de uma Instituição de Ensino Superior. Resultados: Dentre os
aspectos positivos da utilização da abordagem tutorial desde o início da graduação em
Fonoaudiologia, pode-se citar o desenvolvimento da formação humanista, crítica e
reflexiva, pautada em princípios éticos, de responsabilidade e compromisso por parte do
acadêmico em relação a sua educação profissional. Além disso, essa abordagem fomenta
a busca pelo conhecimento de métodos e técnicas de investigação e elaboração de
trabalhos acadêmicos e científicos; o interesse na utilização, no acompanhamento e
incorporação das inovações técnico-científicas do campo fonoaudiológico e a estimulação
do pensamento crítico para analisar os problemas da sociedade e procurar soluções para
os mesmos. Acrescenta-se também o benefício mútuo entre os futuros profissionais e os
demais dos serviços destinados à população, inclusive, estimulando e desenvolvendo a
mobilidade acadêmico/profissional. Quanto às dificuldades encontradas na
implementação do método, pode-se citar a resistência inicial, tanto de docentes, quanto
de estudantes, diante da proposta de aprendizagem contínua da tutoria, com tendência à
preferência por abordagens tradicionais de ensino. A metodologia da ABP norteia a
conquista dos objetivos propostos para a sua aplicação. Este sucesso é demonstrado
pela satisfação dos protagonistas envolvidos com este método. Certamente ajustes são
necessários para que se obtenha o profissional que se adeque ao contexto em que está
inserido. Conclusão: Percebe-se a necessidade de novas pesquisas na área, com o
objetivo de melhoria e aperfeiçoamento do método ABP. Tais pesquisas devem analisar
pontos de vista de discentes, tutores e coordenadores dos mais variados períodos do
curso de Fonoaudiologia, para observar se há mudanças durante o decorrer do curso,
análise da organização e da estrutura. Isso é de grande importância para que ocorram
reorientações de novos saberes e práticas pedagógicas.

238
LINGUAGEM

Adaptação transcultural para o português brasileiro do teste de rastreamento


western aphasia battery-revised

Monica Medeiros de Britto Pereira; Marli Borborema Neves, Emylucy Martins Paiva
Paradela, John Van Borsel

Introdução: Pesquisas referentes à linguagem normal do adulto e do idoso e da análise de


sua estrutura e processos, devem ampliar possibilidades no estudo dos distúrbios de
linguagem adquiridos(14). Apesar de existirem baterias internacionais de avaliação da
comunicação já adaptadas para o contexto brasileiro, ainda há espaço para instrumentos
de avaliação dos componentes comunicativos dos indivíduos. Objetivo: A proposta deste
estudo foi traduzir e adaptar transculturalmente o Teste de Rastreamento Western
Aphasia Battery-Revised, colaborando para futura aplicação do instrumento em adultos
brasileiros. Métodos: O roteiro de adaptação foi baseado na perspectiva universalista,
segundo Herdman (1997, 1998). As etapas de equivalência conceitual e de itens,
semântica e operacional foram cumpridas rigorosamente, chegando-se a uma versão-
síntese usada no pré-teste. Participaram do estudo 30 indivíduos, dos 18 aos 89 anos,
todos apresentando o Português Brasileiro como 1ª Língua. No entanto, apenas 28
voluntários preencheram os critérios de inclusão na pesquisa. Dois participantes foram
excluídos, porque apresentaram pontuação baixa no Mini-Exame do Estado Mental, e
foram encaminhados para avaliação geriátrica e reabilitação. Resultados: A versão-
síntese do Teste de Rastreamento WAB-R, usada no pré-teste, permitiu observar o
comportamento e a linguagem dos sujeitos em interações, coletar impressões do quadro
geral de comunicação e quantificar a habilidade comunicativa através do cálculo do
quociente de afasia e do quociente de linguagem, de acordo com parâmetros do
instrumento original. Conclusão: Ao se adaptar um instrumento é importante manter suas
características originais. Contudo, as propriedades de medidas podem não estar de
acordo com as propriedades psicométricas da cultura brasileira. Sendo assim, propõe-se
a análise da confiabilidade e validação no cenário brasileiro, que ocorrerão na
equivalência de mensuração e funcional.

239
Desempenho de estudantes surdos na habilidade de memória e de reconto

Cristiane Pedruzzi; Ediene Máximo

Introdução: segundo Piaget (1975), o processo de aprendizagem envolve,


essencialmente, duas etapas, cada qual com seus estágios: a aquisição da informação é
a primeira etapa, enquanto a compreensão é a segunda etapa. Segundo Patatas e Chiari
(2006), a memória faz parte do processo de aprendizagem e está associada à aquisição
de linguagem, ao aumento do vocabulário a compreensão da leitura. Objetivo: o objetivo
do estudo foi analisar o desempenho de estudantes surdos na habilidade de memória e
de reconto. Método: A amostra deste estudo, do tipo transversal qualitativo, foi constituída
por 10 estudantes de ambos os sexos, surdos e usuários de LIBRAS, que frequentam o
Centro de Atendimento ao Surdo, na faixa etária entre 10 a 15 anos de idade. Foi aplicado
o teste de Figuras Complexas de Rey (Oliveira, 2010) e a subparte do IALS expressão,
(Quadros e Cruz, 2011). Resultados: No teste figuras complexas de Rey, os participantes
apresentaram melhor desempenho na memória do que na cópia, porém não alcançaram
boa classificação. Na cópia, foi verificado que nove (90%) dos dez participantes não
atingiram o valor mínimo esperado para classificação. No que concerne à memória, cinco
(50%) dentre os dez participantes, apresentaram classificação inferior a média, três (30%)
com classificação média inferior e dois (20%) não atingiram o valor mínimo esperado para
classificação. No teste de reconto foi possivel verificar que os participantes com melhor
resposta para a sequência de fatos e os números de fatos narrados na história são os
mesmo que apresentaram melhor vocabulário. Conclusão: Nesta pesquisa foi possível
verificar que os participantes obtiveram uma média inferior para memória e para a
habilidade de reconto.

240
A atenção compartilhada em crianças típicas a partir da correlação com a
linguagem segundo gesell

Priscila Starosky; Danielle Câmara Silveira, Jacy Perissinoto, Sulamita Câmara de Lima

Introdução: A atenção compartilhada (AC) é definida como a habilidade que envolve a


alternância do olhar e outros sinais comunicativos entre o parceiro e o objeto/evento.
Estudiosos dos mecanismos atencionais sugerem que as interações sociais iniciais
requerem rápida mudança de atenção entre diferentes estímulos, e este comportamento
seria deficiente nos indivíduos com autismo. A AC é subdividida em Iniciação de Atenção
Compartilhada (IAC) e Resposta de Atenção Compartilhada (RAC). A AC é considerada
um importante fator preditivo do desenvolvimento da linguagem por se tratar de habilidade
relacionada a engajamento social e desenvolvimento de funções cognitivas de forma
muito precoce nos indivíduos. Segundo Gesell e Amatruda, na observação da linguagem,
estão incluídas todas as formas visíveis e audíveis de comunicação, através de
expressões faciais, gestos, movimentos posturais, vocalizações, palavras, expressões ou
frases, incluindo também a capacidade de imitação e compreensão das comunicações de
outras pessoas. As escalas de desenvolvimento refletem os principais ganhos ao longo do
desenvolvimento e têm o objetivo de determinar, através da observação direta do
comportamento, o nível evolutivo específico da criança. Objetivo: Estabelecer escores de
referência da AC em crianças típicas a partir da correlação com a escala de linguagem de
Gesell e Amatruda. Metodo: Para a observação da linguagem, utilizou-se a Escala de
Desenvolvimento Comportamental Gesell e Amatruda (EDCGA) no campo do
comportamento de linguagem. Para estabelecimento dos escores da AC, foi utilizada a
versão traduzida para o Português Brasileiro da Early Social Communication Scale
(ESCS). Da ESCS selecionou-se a categoria de AC para caracterizar o comportamento
da comunicação social inicial da criança. Ambas as escalas foram aplicadas em 6
crianças com desenvolvimento típico entre 8 e 30 meses de idade. Resultados: Em
relação ao EDCGA, os resultados indicaram equivalência entre idade cronológica e o
comportamento da linguagem no grupo estudado. As crianças foram divididas em 2
grupos conforme a faixa etária, a saber: 8 meses aos 19 meses (G1) e outro grupo dos 20
aos 30 meses de idade cronológica (G2). Conforme esperado, na ESCS as crianças do
G2 obtiveram maiores escores de AC. O G1, nas provas de seguir o apontar a distância,
foi capaz de localizar as figuras a direita e a esquerda, no entanto, o grupo não foi capaz
de acompanhar o apontar atrás. O G2 obteve 100% de respostas satisfatórias na primeira
tentativa de seguir o apontar em todas as direções. Conclusão: Os escores da iniciação
de atenção compartilhada (IAC) e os escores da resposta de atenção compartilhada
(RAC), apresentados por este grupo de crianças típicas, puderam ser considerados como
padrão de referência, pela relação preditiva entre o desenvolvimento da linguagem e a
habilidade de compartilhar a atenção descrita na literatura.

241
A contingência das respostas de indivíduos com transtornos do espectro do
autismo em interação com suas mães

Aline Citino Armonia; Aline Cristina Rocha Fiori de Souza, Laís Carvalho Mazzega,
Mônica Bevilacqua, Fernanda de Alcantara Pinto, Ana Carina Tamanaha, Jacy Perissinoto

Introdução: a ineficiência comunicativa de indivíduos com Transtornos do Espectro do


Autismo (TEA) é observada, entre outros aspectos, na dificuldade de manutenção de
tópico de conversação e dificuldade no respeito às regras de conversação. Umas das
dificuldades deste grupo está relacionada à inabilidade em estabelecer contingência em
situações dialógicas, ou seja, fornecer resposta relacionada ao tópico iniciado
anteriormente. Entendemos que a troca comunicativa constitui-se por iniciação e
responsividade, e dedicamos este estudo a compreender, nesta população, qual o espaço
utilizado para fornecimento de respostas e como essas se dão. Objetivo: investigar as
respostas fornecidas por indivíduos com TEA às iniciativas de suas mães em situação de
brincadeira quanto à contingência. Metodologia: trata-se de estudo de tipo transversal
(CEP 131799), a partir de 160 minutos de filmagens de 8 sujeitos com diagnóstico
multidisciplinar de TEA, com idade variando entre 6, 3 anos e 12,10 anos e média de
idade de 9,1 anos, em situação de Brincadeira Semi -Dirigida (Befi-Lopes et al, 2000;
Menezes, Perissinoto, 2008), em interação com suas respectivas mães em clínica-escola
de Fonoaudiologia. As situações foram analisadas de acordo com o Protocolo de
Pragmática (Fernandes, 2000), adaptado para considerar também os atos comunicativos
de respostas. As respostas dos sujeitos após iniciativas de suas mães foram classificados
conforme Tager-Flusberg, Anderson (1991) em adjacentes (enunciado que segue
imediatamente um enunciado do adulto dirigido à criança), não adjacentes (enunciado
que não segue logo após enunciado do adulto, ou após enunciado do adulto não dirigido
à criança) e ininteligível (enunciado parcial ou totalmente ininteligível). As adjacentes
foram divididas em imitação (repetição exata ou parcial do adulto), contingente (mantém
tópico, sem ser uma simples imitação) e não contingente (não se relaciona ao tópico
anterior). Para a análise, foram utilizados os recursos estatísticos de Correlação de
Spearman, teste de Correlação, Intervalo de Confiança para Média (P-valor 5%). Os
dados referentes aos atos comunicativos, espaço comunicativo e tipos de respostas,
foram correlacionados à pontuação total no Inventário de Comportamentos Autísticos –
ABC/ICA (Marteleto, 2003) e ao Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (Capovilla,
Capovilla; 1997). Resultados: A média de atos comunicativos apresentados pelos sujeitos
foi de 111,6, utilizados em 15 minutos de interação, ocupando 49,7% do espaço
comunicativo. A média de iniciativas foi de 81,6 atos, ocupando 36,2% do espaço, e a
média de respostas de 30 atos, que ocupou 13,5% do espaço comunicativo. Verificou-se
que, quanto maior a Idade, maior a pontuação no ABC (correlação de 75,5%) e que
quanto maior esta pontuação, maior o Espaço Comunicativo utilizado pelos sujeitos na
interação com as mães (74,3%). Encontrou-se que quanto maior o Espaço utilizado por
respostas, maior o número de respostas contingentes (62,7%) e respostas por imitação
(64,7%). A idade foi inversamente proporcional às respostas ininteligíveis (-72,1%).
Conclusão: os resultados nos permitiram concluir que esses sujeitos com TEA são pouco
responsivos, o que está diretamente ligado à sua ineficácia comunicativa em uma troca
dialógica.

242
A demanda fonoaudiológica no contexto escolar

Julya Macedo; Daline Backes Eyng, Amanda Vechiato Bordin

Introdução: Historicamente a Fonoaudiologia foi inserida no contexto escolar, para atuar


no aspecto educacional, porém cada vez mais vem desempenhando papel fundamental,
pois atualmente, abrange não somente educação, como também saúde, favorecendo o
bem estar não somente do aluno, como também de funcionários e professores. Apesar da
sua atuação pontual, que identifica a demanda existente nesse campo, sabe-se que
muitas alterações visualizadas na triagem, possivelmente não seriam evidenciadas sem o
envolvimento da fonoaudiologia nesse contexto. Segundo Zorzi (1999), a triagem
fonoaudiológica na escola deve ser simples e rápida com objetivo de observar a
linguagem oral e escrita, audição e voz das crianças, a fim de identificar alterações para
que as mesmas possam ser encaminhadas e receberem o atendimento necessário em
outros locais. Objetivo: Identificar a demanda fonoaudiológica no contexto escolar.
Metodologia: Este estudo baseia-se em referenciais teóricos e na observação da
experiência prática do estágio em Fonoaudiologia Educacional, que acontece
semanalmente com visitas nas escolas da cidade de Umuarama – Paraná para realização
de Triagem Fonoaudiológica Escolar. Resultado: É realizada uma triagem em todas as
crianças no qual os professores observam alterações fonológicas, de leitura, escrita, voz e
audição. Quando identificadas alterações na triagem fonoaudiologica, faz-se um
encaminhamento para avaliação completa na clínica escola da faculdade, para posterior
conduta, tratamento e encaminhamentos necessários. Em observação da prática de
triagem verificou-se que a incidência é maior de alterações relacionadas à área de
linguagem oral e escrita, quando comparada a outras áreas de atuação da fonoaudiologia,
sendo maior ainda o índice de alterações na fala especificamente. Conclusão: Concluiu-
se que a atuação da fonoaudiologia é de suma importância no contexto escolar, pois a
prática da triagem permite identificar possíveis alterações auditivas, de estruturas
orofaciais, vocais e fonológicas. Além disso, a prática do profissional nesse contexto pode
contemplar orientação aos professores quanto à saúde vocal, triagens auditivas,
avaliação do processamento auditivo central nos alunos, e orientações ã família e escola
como um todo.

243
A evolução da comunicação no espectro autistico através da utilização do método
PECS

Rawilza Calado da Costa; Gabriela Leite Alves Saraiva, Alessandra Sales da Silva

Introdução: O autismo infantil ou transtorno autista, manifesta-se antes da idade de 3


anos e a sua apresentação clínica é caracterizada por uma síndrome comportamental,
composta por uma tríade: dificuldade na interação social recíproca, graves problemas na
comunicação verbal e não-verbal e comportamento focalizado e repetitivo. Portanto, é
necessário um trabalho planejado para estes indivíduos, visando facilitar e ensinar
habilidades e competências que contribuirão para a integração do mesmo na sociedade.
Cabe ao fonoaudiólogo conhecer e implantar estratégias de intervenção que sejam
efetivos, permitindo que estes indivíduos expressem seus sentimentos, desejos e sejam
capazes de manifestar suas opiniões. O objetivo do método Picture Exchange
Communication System (PECS) é estimular o indivíduo a comunicar-se através de troca
de figuras. A partir deste sistema é possível estimular a criança a expressar aquilo que ela
deseja de uma forma espontânea e em um contexto social. O PECS é assimilado
rapidamente e muitas crianças aprendem o intercâmbio fundamental no primeiro dia de
estimulação. Consequentemente, esse sistema tem sido utilizado em vários lugares do
mundo, pois não utiliza materiais complexos ou caros, é relativamente fácil de utilizar;
pode ser aplicado em qualquer lugar e quando bem utilizado apresenta resultados
inquestionáveis na comunicação, através de cartões, nas crianças que não falam, e na
organização da linguagem verbal em crianças que falam, mas que precisam organizar
esta linguagem. Objetivo: Analisar a evolução da comunicação em crianças portadoras do
espectro autístico, através da utilização do método PECS. Método: A pesquisa foi
realizada em uma instituição particular especializada em atraso no desenvolvimento,
localizada na cidade do Recife-PE, sendo a amostra composta por 10 indivíduos do
gênero masculino, com idades entre 3 e 5 anos. Todos realizaram intervenção
fonoaudiológica durante 8 meses, as evoluções foram registradas em um protocolo e a
coleta de dados extraída dos registros individuais de cada criança. A pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa em seres humanos do Hospital Agamenon
Magalhães/Recife – PE, no dia 30 de março de 2010, com o número de registro 46,
conforme a resolução do CONEP 196/96. Todos os pais ou responsáveis dos pacientes
que foram incluídos no estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados: Foram identificados avanços em todas as crianças nas áreas de linguagem
receptiva e expressiva, no uso da nomeação de objetos e figuras, no uso de solicitações
através da fala, na participação de atividades dialógicas e no uso da comunicação através
do PECS. Conclusões: A utilização do método PECS foi eficiente nas 10 crianças
avaliadas, uma vez que após o inicio da intervenção todas elas apresentaram ganhos em
sua comunicação, sendo capazes de desenvolver suas habilidades comunicativas e
auxiliando-as a expressar suas vontades.

244
A implementação da comunicação alternativa e a intersubjetividade ampliada na
formação terapêutica.

Crislaine Souza Santos; Rosana Carla do Nascimento Givigi, Solano Sávio Figueiredo
Dourado, Juliana Nascimento de Alcântara

Introdução: Este trabalho articula temas presentes no campo da Fonoaudiologia,


assumindo a intersubjetividade enquanto construtora da linguagem. Na perspectiva
assumida o sujeito não é desconsiderado e a linguagem é um processo psíquico que
acontece do inter para o intra-subjetivo, numa interação dialética do homem com seu
meio sócio-cultural que lhe fornece mediação para compreender e agir no mundo. Neste
contexto a Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) abrange necessidades e
possibilidades dos sujeitos com oralidade e/ou escrita ausente ou restrita. A CAA foi
analisada neste processo enquanto dispositivo de construção de linguagem ampliando a
relação terapeuta/paciente, construindo um processo terapêutico reflexivo/crítico.
Objetivos: O presente trabalho tem por objetivo analisar de que forma a Comunicação
Alternativa e Ampliada (CAA) age na formação terapêutica, através da intersubjetividade
ampliada no trabalho com uma criança com paralisia cerebral e com significativas
alterações de linguagem. Métodos: Este trabalho é um recorte de uma pesquisa mais
ampla, onde o trabalho é feito na perspectiva das redes, isto é, o processo terapêutico de
uma criança com paralisia cerebral, a família e a escola. Tal pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa sob o no. 0052.0.107.000-11. Metodologicamente, segue-se
o método clínico-qualitativo ao remeter-se aos atendimentos fonoaudiológicos no setting
terapêutico. Tal perspectiva permite que sejam analisados aspectos inerentes à
linguagem e ao psiquismo envolvido no processo, viabilizando que prática e teoria
caminhem de forma imbricada. Ainda quanto aos métodos seguem-se as ferramentas da
pesquisa-ação colaborativo-crítica, partindo do principio de que pesquisa e intervenção
podem acontecer simultaneamente, sobrepondo-se constantemente no decorrer do
processo de forma dialética. A pesquisa foi realizada durante um ano de intervenção, com
atendimentos terapêuticos semanais. Resultados: No processo terapêutico margeado
pela funcionalidade da CAA, a valorização preponderante do aspecto intersubjetivo foi
elemento fundamental erigido a favor da formação terapêutica. No que tange os aspectos
de subjetivação, as práticas foram pensadas à favor da ampliação das possibilidades
representativas, interpretativas e reflexivas que transferem ao sujeito, momentos de
aberturas que orientam o dialogismo na construção linguística. Neste exercício
imprevisibilidade e reflexão assumiram a conotação de um exercício constante, que fez da
CAA uma importante ferramenta na propulsão de elementos que suscitam possibilidades
de trabalho, de estratégias que estejam em conformidade a um sujeito para além das
especificidades eminentemente biológicas. (Re)significando um espaço clínico que aponte
os sujeitos como participantes e capazes dentro do processo. Assim, as práticas
construídas com a CAA apontaram à formação terapêutica fincada na necessidade de
que formulações teóricas devem se originar na clínica e a ela sempre retornar
Conclusões: O caminho percorrido nestas ações não pára, e a configuração é tecida em
fios de sentidos e possibilidades imprevisivelmente apontadas pelos próprios sujeitos no
transcorrer do setting terapêutico com reflexões advindas do trabalho com a CAA. O
trabalho aqui é sempre construído, a favor do sujeito, o que da visibilidade ao processo de
formação terapeuta face à contribuição teórico-metodológica da CAA.

245
A importância da avaliação da fluência durante a aquisição de linguagem – relato de
caso

Bianca Rodrigues Lopes Gonçalves; Camila Mayumi Abe, Priscila Pereira dos Santos,
Simone Aparecida Lopes-Herrera

Introdução: A maioria das crianças passa por momentos de disfluência devido a aquisição
e desenvolvimento da linguagem (período de disfluência normal de fala). Se estes casos
seguirão o curso do desenvolvimento ou se firmarão como gagueira do desenvolvimento
(GD), depende da adequada orientação e/ou intervenção fonoaudiológica. É comum que
crianças com queixa de atraso de linguagem cheguem ao fonoaudiólogo para realização
de triagens, mas infelizmente, em muitos casos, os fatores de risco para desenvolvimento
da gagueira não são levantados. Os fatores de risco para desenvolvimento para GD são:
histórico familiar; atrasos na aquisição e desenvolvimento da linguagem; características
psicológicas predisponentes; famílias com traços linguísticos desfavoráveis. Objetivo:
Descrever os achados clínicos da avaliação de uma criança disfluente em fase de
aquisição de linguagem e com fatores de risco para desenvolvimento de quadro de
gagueira do desenvolvimento. Métodos: Criança com 4 anos de idade, atendida na Clínica
de Fluência da Clínica de Fonoaudiologia da FOB-USP. Os pais já haviam procurado uma
fonoaudióloga anteriormente com queixa de atraso de liguagem; no entanto, segundo
relato dos pais, na época desta primeira avaliação, nenhuma orientação foi fornecida pela
fonoaudióloga, nem realizada uma triagem sobre a fluência da criança, mesmo os pais
tendo relatado os casos já existentes na família. Portanto, durante a atual avaliação,
foram aplicados os seguintes protocolos: Protocolo de Risco para a Gagueira do
Desenvolvimento-PRGD; Protocolo das Características de Temperamento-PCT; Protocolo
das Atitudes Comunicativas dos Pais-PACP; RILEY-Stuttering Severity Instrument for
Children and Adults, e Protocolo de Perfil de Fluência de Fala do Teste ABFW: Teste de
linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Resultados:
criança apresentou os seguintes resultados na avaliação: alto risco para gagueira, nas
respostas fornecidas pelos pais para o PRGD; temperamento predominante extrovertido
para o PCT; perfil de temperamento predominante de pais predominantes formais ou
permissíveis para PACP; gagueira de grau moderado para o RILEY; e presença das
seguintes disfluências: hesitações, revisões, repetições de sons, prolongamento, pausas
e bloqueios no ABFW, apresentando características que necessitam maior atenção para o
diagnóstico precoce da gagueira. Diante do exposto e da pouca idade do paciente, a
conduta foi realizar a orientação familiar sistemática e início da intervenção
fonoaudiológica com a criança, dada a precoce presença de bloqueios. Pode-se observar
que - em pouco tempo de terapia - a criança melhorou a disfluência, muito pela mudança
do comportamento da família em relação a criança, devido as orientações que lhe foram
dadas concomitante ao trabalho com a criança. Conclusão: Em casos de disfluência de
crianças pequenas é muito importante o trabalho de orientação familiar, muitas vezes este
é mais relevante do que o processo terapêutico com a criança em si, pois, havendo um
ambiente favorável, a sua comunicação se torna mais fácil. Da mesma forma, protocolos
de avaliação da fluência deveriam fazer parte da rotina de avaliação fonoaudiológica em
casos que chegam com queixa de atraso de linguagem, para que orientações adequadas
sobre o período de aparecimento das disfluências no desenvolvimento da linguagem
sejam fornecidas de forma preventiva.

246
A importância da interdisciplinaridade na definição de quadros com queixa de mau
desempenho escolar

Nayara Salomão Barini; Ana Paola Nicolielo, Mariana Germano Gejão, Maria de Lourdes
Merighi Tabaquim, Simone Rocha de Vasconcellos Hage

Introdução: mau desempenho escolar pode ser definido como um rendimento escolar
abaixo do esperado para idade e escolaridade. Para que haja aprendizagem com
“sucesso” são necessárias diferentes habilidades cognitivas associadas a oportunidades
adequadas. Ambientes que proporcionem experiências sensoriais são fundamentais, visto
que a privação pode levar a prejuízos. Ambientes familiares que proporcionem pouca
estimulação e pouca interação sociolinguística podem levar a criança ao não
desenvolvimento de suas habilidades e aptidões. A literatura aponta que condições
desfavoráveis socioeconômico-culturais influenciam negativamente no desempenho
cognitivo e acadêmico, ocasionam maior índice de mau desempenho e insucesso escolar.
Estudos mostram que de 15% a 20% das crianças no início da escolarização apresentam
dificul¬dade em aprender, indicando um desempenho escolar deficitário. A presença de
mau desempenho escolar é deletéria e custosa, tanto em termos financeiros, devido à
necessidade de atenção especial para o aluno, quanto em termos pessoais, em virtude do
sofrimento trazido para o aluno e para a família, levando, na vida adulta, à baixa auto-
estima e dificuldades nas relações interpessoais. É necessário amplo conhecimento para
realizar o diagnóstico diferencial e a identificação de comorbidades. O reconhecimento
precoce e correto das comorbidades é a base do sucesso terapêutico. Objetivo: investigar
os tipos de diagnóstico e conduta de crianças com queixa de mau desempenho escolar.
Metodologia: por meio de estudo retrospectivo, foram analisados 40 prontuários de
Instituição Pública que oferece serviço de diagnóstico em alterações de fala, linguagem e
aprendizagem. O período de análise foi de março/2011 a março/2013. Dados como idade,
avaliações realizadas, diagnóstico e conduta foram contabilizados em planilha para
análise descritiva com dados numéricos e categóricos. Resultado: a faixa etária variou de
8 a 15 anos, mais um adulto com 23 anos. Todos os sujeitos foram submetidos à exame
audiológico, cujo resultado indicou audição normal, avaliação de linguagem oral e escrita,
de processamento psicolinguístico, do nível intelectual, do nível perceptomotor e de
aprendizagem, realizadas por fonoaudiólogos e neuropsicólogos. Em todos os casos
houve entrevista escolar com professor. 20% da amostra também foi submetida à
avaliação atencional em função de queixa específica e 3% à avalição emocional, ambas
realizadas por psicólogos. As avaliações interdisciplinares apontaram: dois quadros de
TDAH, seis de Distúrbio Específico de Linguagem com repercussão sobre as habilidades
acadêmicas, dois de Dislexia, onze de Transtorno de Aprendizagem, dois casos com
alterações psíquicas, dois com defasagens intelectuais leves ou limítrofes, quatro de
Transtorno Fonológico com repercussão sobre a ortografia, uma criança superdotada, dez
crianças sem alterações nas habilidades para a linguagem e aprendizagem. As condutas
envolveram tratamento fonoaudiológico, neuropsicológico, psicológico, apoio pedagógico
e orientação escolar. Conclusão: as causas do mau desempenho escolar são diversas,
podendo ser de natureza intrínseca (individual) ou extrínseca (ambiental). A identificação
destas causas deve envolver avaliações e discussões interdisciplinares, incluindo o
professor.

247
A influência da classe gramatical na produção correta da coda /r/

Luciana da Silva Barberena; Marcia Keske-Soares, Joviane Bagolin Bonini, Ana Rita
Brancalioni

Introdução: Na terapia de crianças com desvio fonológico, além da seleção de som alvo e
de sua posição na palavra, considera-se importante a seleção das palavras alvo, pois a
palavra atribui significado, podendo sua classe gramatical ser uma variável facilitadora no
processo terapêutico. Objetivo: Verificar a influência da classe gramatical na produção
correta da coda /r/. Metodologia: Este estudo faz parte de um projeto de pesquisa
aprovado pelo comitê de ética de uma instituição de nível superior pelo número
23081.011790/2010-81. O corpus da amostra foi composto por 1700 palavras de 133
crianças com idades entre 4:0 e 8:0 anos e diagnóstico de desvio fonológico. As palavras
foram coletadas a partir da primeira Avaliação Fonológica da Criança (AFC), pertencentes
ao Banco de Dados de uma Instituição de Ensino Superior do Sul do Brasil. As palavras
foram coletadas em um formulário criado no Access e codificadas em símbolos. Após
coleta, os dados foram submetidos à analise estatística multivariada no programa
Varbwin. As variáveis independentes analisadas foram: posição na sílaba e classe
gramatical, enquanto que a variável dependente analisada foi à produção correta. A
significância considerada foi de p<<0,05, foram utilizados os seguintes parâmetros
probabilísticos: 0 a.49 pouco favorecedores; de.50 a.59 neutros; superiores a.60
favorecedores. Resultados: O programa não selecionou nenhuma variável como
significativa, por isso analisou-se os pesos relativos apresentados pelo programa no nível
1 do step up, onde as variáveis recebem pesos do programa estatístico quando
consideradas isoladamente. Em relação à posição na sílaba, a coda medial apresentou
peso de.47 (pouco favorecedor) e a coda final de.59 (neutra), enquanto que na variável
classe gramatical o substantivo apresentou peso de.52 (neutro), adjetivo.45 (pouco
favorecedor) e verbo.21 (pouco favorecedor). Esses achados indicam que a posição de
coda final em palavras pertencentes à classe gramatical substantivo, facilita a aquisição
do fonema /r/ para crianças com desvio fonológico. Ainda, apesar de apresentarem
valores caracterizados como pouco favorecedores, os adjetivos devem ser preferidos aos
verbos na seleção de palavras alvo. Provavelmente, esse dado ocorre em função do
vocabulário da criança, que está em processo de desenvolvimento, no qual é composto
inicialmente por substantivos, sendo seguido por adjetivos e verbos. Conclusão: na
seleção de palavras alvo para o tratamento da coda /r/, em crianças com desvio
fonológico, palavras pertencentes à classe gramatical substantivos em posição de coda
final, como em pintor, cantor, amor, tambor, podem mostrar-se mais favorecedoras no
processo de aquisição fonológica.

248
A influência da família e o papel da brincadeira em um caso de atraso de linguagem

Flávia Horta Azevedo Gobbi; Aline Costa Almeida

Introdução: A linguagem é um veículo para a comunicação e se constitui como um dos


principais instrumentos utilizados nas interações sociais. Sua aquisição relaciona-se com
as primeiras trocas de experiências e conhecimento de mundo que acontecem no
contexto familiar. A família torna-se, portanto, a unidade básica de crescimento do ser
humano, com importante influencia no desenvolvimento da personalidade da criança, no
seu processo de socialização e, consequentemente, em seu percurso emocional e
intelectual. Dentre as alterações que interferem na aquisição da linguagem destaca-se o
Atraso de Linguagem. Este, corresponde à evolução lentificada da aquisição e
desenvolvimento da linguagem. Tal distúrbio pode ter variadas causas e repercutir em
contextos sociais diferentes, com destaque à família e à escola. Objetivo: Discutir as
possíveis interferências do contexto familiar no atraso de linguagem e características da
intervenção fonoaudiológica. Método: Trata-se de um relato de caso de um paciente, 08
anos de idade, gênero masculino, acompanhado na Clínica Escola de Fonoaudiologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Segundo a avó materna, que é a
responsável pela criança, a busca pela fonoterapia justificou-se pela presença de “trocas
na fala e dificuldades de leitura e escrita”. Sobre a história do paciente, ela contou que a
filha sempre teve dificuldades em assumir e cuidar da criança, contava com a ajuda da
família para tanto. Quando decidiu casar-se novamente e morar em outra cidade, coube
ao paciente, aos 08 anos de idade, a decisão de não acompanhar a mãe e continuar
morando com a avó. A avaliação fonoaudiológica investigou a linguagem oral e aspectos
relacionados à leitura e à escrita. A coleta de dados aconteceu em momentos de
interação durante as sessões. Utilizou-se, também, provas de nomeação, repetição,
ditado, cópia, escrita espontânea e leitura de palavras e pequenos textos. Resultados:
Desde o início do processo fonoterápico, o paciente sempre falou pouco. Respondia às
perguntas com movimentos de cabeça, gestos ou únicas palavras, emitidas em baixo
volume. Na avaliação, teve melhor desenvoltura nas provas de repetição. Identificou-se a
presença de desvios fonológicos, os quais tornam sua fala ininteligível em muitos
momentos. Apresentou dificuldade no simbolismo e demonstrou extremo desconforto e
insegurança no papel de falante. Nas 20 sessões até o presente momento, a intervenção
incluiu um trabalho voltado à estruturação da linguagem oral em todos os seus níveis e da
imagem de falante. Utilizou-se a brincadeira como uma das principais estratégias, devido
à sua função terapêutica ao ser entendida como instrumento fundamental no processo de
desenvolvimento da linguagem. Nas sessões, o paciente encontrou no brincar espaço
para experenciar de modo diferente situações de sua história de vida, as quais ele mesmo
trazia para o contexto da brincadeira. Conclusão: A história de vida decorrente do
contexto familiar do paciente foram entendidas com agentes que interferiram de forma
substancial na alteração de linguagem do caso apresentado. Durante o processo
fonoterápico, as experiências vivenciadas nas brincadeiras contribuíram para melhora na
expressão oral e na imagem de falante do paciente.

249
A intergeracionalidade como possibilidade de relação de troca com o diferente

Giselle Aparecida de Athayde Massi; Carolina Kustel Frreira, Isis Aline Lourenço de
Souza, Ana Cristina Guarinello

Introdução: Atualmente, acompanhamos um profundo distanciamento entre pessoas de


diferentes gerações em vários espaços sociais. Contudo, apesar das dificuldades atuais
para o estabelecimento de convívios intergeracionais efetivos, é preciso investir nas
possibilidades interativas de pessoas de diversas idades. Entendemos, de acordo com a
Organização das Nações Unidas, que é por meio do convívio intergeracional que homens
e mulheres sentem-se integrantes da comunidade em que vivem, cooperando com outros
e assumindo funções em relação a esses outros. No Brasil, o Estatuto do Idoso dispõe, no
artigo 21 do capítulo 5, sobre a prioridade na “viabilização de formas alternativas de
participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações”. Objetivo: Nessa
direção, ao concebermos a linguagem como atividade que (re)organiza a história de vida
de cada pessoa, promovendo integração social, objetivamos analisar sentidos que
pessoas idosas atribuem a encontros intergeracionais. Métodos: A pesquisa foi realizada
em dezembro de 2012, com treze pessoas de ambos os sexos, com idades entre 60 e 87
anos, que responderam a entrevista semiestruturada. Como critério de inclusão, os
participantes deveriam ter frequentado, em 2012, a Oficina da Linguagem, desenvolvida
em uma Unidade de Saúde situada em Curitiba/Paraná. Tal Oficina está fundamentada
em uma abordagem que busca o desenvolvimento de práticas grupais com a linguagem,
destacando o protagonismo de atividades dialógicas. A Oficina mantém encontros
semanais, com duração de noventa minutos cada. Especificamente no ano de 2012, os
encontros foram organizados em função de um grupo formado por sujeitos de diferentes
idades: treze pessoas consideradas velhas - com idade superior a 60 anos; e dez jovens
estudantes de fonoaudiologia e de psicologia. As respostas que os idosos deram ao
questionário foi analisado, qualitativamente, em função de uma perspectiva dialógica da
linguagem.Resultados: Os idosos anunciaram bem estar durante os encontros, interação
com novas ideias, maior aceitação e acolhimento, respeito, atenção e companheirismo
por parte de pessoas mais novas. Reconheceram a necessidade de ouvir os mais novos e
referiram que inicialmente durante os primeiros encontros, sentiram que alguns
participantes - jovens e idosos - estavam constrangidos, mas que esse sentimento foi
desaparecendo. Passaram a entender, então, que estavam fazendo parte de um grupo de
pessoas com interesses diversos, mas com intenção de estabelecer relações de trocas.
Afirmaram, ainda, que a visão que tinham sobre pessoas mais jovens mudou a partir dos
encontros intergeracionais. Para a maioria deles, foi possível entendê-los melhor e
perceber que todos, independentemente da idade, necessitam de compreensão e de
acolhimento. Alguns idosos reconheceram a possibilidade de aprender com os mais
jovens. Outros perceberam-se úteis, na medida em que afirmaram que os jovens têm
interesse nas experiências de vida dos idosos. Conclusão: os relatos dos idosos indicam
que a intergeracionalidade envolve trocas de experiências contínuas; interação social,
enriquecimento e crescimento pelo contato com o diferente.

250
A música para o desenvolvimento cognitivo e linguagem expressiva na síndrome de
down

Isabel Cristiane Kuniyoshi; Hayn’s Justah Lemes, Márcia Suely Souza de Castro
Ramalho, Ana Karolina Zampronio Bassi, Tames Cristina Oliveira Lima, Daniele de
Oliveira Brito

Introdução: Grande parte dos trabalhos que abordam a música e a síndrome de Down são
realizados no âmbito da musicoterapia e da educação musical, o que implica numa
formação diferenciada. Neste estudo a pretensão foi tratar sobre a Fonoaudiologia, que é
a ciência da comunicação, utilizando-se da música como estratégia em suas terapias, a
fim de verificar avanços cognitivos e de desenvolvimento de linguagem expressiva nas
crianças com síndrome de Down, sem comparar estes dados a um padrão de
normalidade, e sim os verificando dentro de um único âmbito: as próprias peculiaridades
desta população. Objetivo: Analisar a importância da música como estratégia na terapia
fonoaudiológica para o desenvolvimento cognitivo e linguagem expressiva de crianças
com síndrome de Down. Métodos: Participaram deste estudo 12 crianças com síndrome
de Down, com idade de 3 anos e 2 meses a 4 anos e 8 meses, sem perda auditiva, de
ambos os gêneros, sem outra síndrome associada e que frequentam a Associação
Pestalozzi de Porto Velho/RO. A pesquisa foi realizada em 15 encontros com cada
criança. Uma sessão destinada a anamnese e avaliação fonoaudiológica, 13 sessões
destinadas à terapia fonoaudiológica com a música inserida em suas estratégias, e uma
ultima sessão foi utilizada para a reavaliação. Os dados obtidos na avaliação
fonoaudiológica foram comparados, verificaram-se os resultados obtidos pela avaliação
antes das terapias realizadas e estes foram comparados com as respostas alcançadas na
avaliação fonoaudiológica feita após sessões de terapias concluídas. Além desta analise,
compararam-se os ganhos entre os gêneros e realizou-se correlação do ganho com a
idade dos sujeitos. Resultados: Foi encontrada diferença estatisticamente significante
entre os momentos pré e pós intervenção fonoaudiológica para todas as variáveis. Não
houve significante diferença entre os gêneros. Somente existiu correlação significante da
idade para o aspecto de linguagem expressiva. Conclusão: A música como estratégia na
terapia fonoaudiológica pode ser uma ferramenta eficaz, pois é capaz de estimular o
neurodesenvolvimento de crianças com síndrome de Down fazendo com que a cognição
e linguagem expressiva das mesmas apresentem evolução.

251
A posição refratária em crianças com desvio fonológico analisada por meio dos
contos de fadas

Luciana da Silva Barberena; Márcia Keske-Soares, Taís Cervi

Introdução: o desvio fonológico é considerado um tipo de alteração na linguagem que se


caracteriza como uma dificuldade de fala pelo uso inadequado dos sons. Essa alteração
na fala tem a sua maior ocorrência em crianças entre quatro e oito anos de idade. A
etiologia do desvio fonológico ainda é desconhecida embora alguns estudos mais
recentes tenham apresentado possíveis fatores influentes, principalmente o núcleo
familiar. Em termos de reações no que se refere a uma proposição de mudança nos
padrões de fala pela criança, há variações entre crianças que assumem uma postura de
mudança e outras que resistem às mudanças, chamando-se esta última de posição
refratária, isto é, a criança se mostra refratária às mudanças na fala. Objetivo: analisar a
posição refratária e aspectos psíquicos de crianças com desvio fonológico por meio dos
contos de fadas. Metodologia: trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem
qualitativa, a partir da análise de conteúdo. A pesquisa incluiu os resultados das
entrevistas semiestruturadas com os pais e a análise da situação de avaliação das
crianças com a utilização dos contos de fadas disponibilizados, obtidos por meio de
filmagens e gravações. Os contos escolhidos para a pesquisa foram os contos de fadas
clássicos em formato pop-up, sendo eles: Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, João
e o Pé de Feijão e Os Três Porquinhos da editora Todo Livro e Aladim e a Lâmpada
Maravilhosa, Bela Adormecida e Pinóquio da editora Libris. Resultados parciais: os dados
coletados foram de oito crianças. Destas, em apenas três delas houve a participação do
casal na entrevista, sendo que no restante houve a participação apenas das mães. Dentre
as crianças participantes, verificou-se que todas elas se encontram na posição refratária.
Constatou-se ainda que os contos mais utilizados foram: Chapeuzinho Vermelho, Branca
de Neve e Os Três Porquinhos. Conclusões: crianças diagnosticadas com desvio
fonológico apresentam uma posição refratária às mudanças nos padrões de fala que
estaria relacionada à impossibilidade de ter consideração pelo outro, ou seja, ao não
preocupar-se com ser ou não entendido pelo outro. Poderiam negar a convenção
linguística em função de uma dificuldade de sair do período de dependência relativa com
a mãe. Essa dificuldade se apresenta, pois essas crianças possuem mães super
protetoras e função paterna pouco presente. Além disso, concluiu-se que essas crianças
geralmente são infantilizadas no contexto familiar, sendo a forma errada de falar super
valorizada.

252
A pragmática em crianças com síndrome de down de um grupo de estimulação
precoce

Isabel Cristiane Kuniyoshi; Maria Eliselma Pereira da Silva, Márcia Suely Souza de Castro
Ramalho, Tames Cristina Oliveira Lima, Ana Karolina Zampronio Bassi, Daniele de
Oliveira Brito

Introdução: A interação social produz um envolvimento ativo entre os participantes,


oferecendo a eles experiências diferentes em que a criança compartilhe de interações
sociais ativas, e essas são fundamentais para o desenvolvimento de suas habilidades
linguísticas, cognitivas e de conhecimentos. A interação social produz um envolvimento
ativo entre os participantes, oferecendo a eles experiências diferentes em que a criança
compartilhe de interações sociais ativas, e essas são fundamentais para o
desenvolvimento de suas habilidades linguísticas, cognitivas e de conhecimentos.
Objetivo: Comparar o meio pragmático usado pela criança com síndrome de Down em
dois contextos comunicativos um propiciados pelo o terapeuta e o outro com sua família.
Métodos: Participaram deste estudo 13 crianças, com idade de 1 ano e 5 meses a 4 anos
e 2 meses e atendidas em terapia fonoaudiologia na Clinica de Fonoaudiologia da
Faculdade São Lucas em Porto Velho-RO, precisamente no grupo específico de
estimulação precoce. Utilizou-se o protocolo da pragmática nos dois contextos
comunicativo, para possível determinação do perfil comunicativo de cada criança, que
poderia ser verbal, vocal e/ou gestual. Resultados: Houve maior utilização do meio
comunicativo verbal no contexto familiar e do meio gestual no contexto terapêutico. A
maioria das crianças (61,53%) utilizou todos os modos comunicativos com semelhanças
interativas entre os dois contextos vivenciados pela criança. Conclusão: Considerando
que o meio comunicativo mais utilizado socialmente é o verbal e foi marcante no contexto
família com a criança; ao passo que no contexto interativo com o terapeuta a criança
utilizou mais o meio gestual para se comunicar, ou seja, a falta ou pouca comunicação
verbal não evitou que a criança se comunicasse com seu interlocutor.

253
A relação entre o processamento fonológico e o desempenho na leitura e na
escrita: uma revisão da literatura

Denise Brandão de Oliveira e Britto; Monique Delgado Cunha, Ana Teresa Brandão de
Oliveira e Britto

Objetivo: estabelecer a relação entre o processamento fonológico e o desempenho na


leitura e na escrita por meio da revisão de literatura sistemática. Métodos: realizou-se a
busca de artigos, em língua portuguesa, contidos nas bases de bancos de dados LILACS
e SCIELO selecionando-se estudos publicados no período de 2008 a 2013 de acordo com
os critérios de inclusão. Adotou-se como critério de exclusão os artigos publicados em
idiomas diferentes do português, as publicações que não fossem pertinentes ao objetivo
da pesquisa e artigos publicados fora do período pré-estabelecido. Os descritores
escolhidos para a localização dos artigos foram: Fonoaudiologia, Estudos de linguagem,
Transtornos de Aprendizagem, Leitura, Dislexia, Disgrafia e Educação. Para direcionar a
investigação das publicações e basear-se no princípio da revisão sistemática, utilizou-se
da pergunta: “É possível estabelecer a relação entre o processamento fonológico e o
desempenho na leitura e na escrita?” Resultados: foram encontrados estudos realizados
com escolares com dificuldades de aprendizagem, com distúrbio de aprendizagem, com
dislexia do desenvolvimento e escolares sem problemas de linguagem escrita
comparando o desempenho dos mesmos nas habilidades de linguagem escrita. Além
disso, foram encontrados artigos que propunham métodos de estimulação de habilidades
metalinguísticas em escolares, estudos direcionados a temas específicos na leitura e
escrita de escolares e trabalhos de revisão de literatura. Vários artigos abordam que
quando uma ou mais habilidades do processamento fonológico (memória de trabalho,
acesso lexical e a consciência fonológica) encontra-se em defasagem o escolar apresenta
dificuldades no desempenho de leitura e escrita. Observou-se consenso sobre a
importância do desenvolvimento das habilidades do processamento fonológico para o
bom desempenho da leitura e da escrita, entretanto os referenciais teóricos destacam a
relevância do diagnóstico e avaliações das dificuldades e transtornos de aprendizagem
existindo uma escassez de pesquisas centradas na intervenção terapêutica. Verificou-se
que há controvérsias nas definições de problemas de aprendizagem e distúrbio de
aprendizagem tornando confusa a compreensão e diferenciação entre esses temas. Não
existe entre os autores consenso acerca da nomenclatura dos
distúrbios/transtornos/alterações/dificuldades de linguagem o que dificulta o entendimento
do fonoaudiólogo comprometendo, muitas vezes, a fidedignidade do diagnóstico. Poucos
trabalhos pesquisam as diferenças no desempenho de escolares de ensino público e
particular. Poucas pesquisas dão enfoque na identificação e intervenção precoce em
escolares. A maioria dos estudos demonstrou evidências de alterações nos escolares dos
anos finais do ensino fundamental. Conclusão: após a análise e interpretação do
levantamento bibliográfico, foi possível estabelecer a relação entre o processamento
fonológico e o desempenho na leitura e na escrita. Encontrou-se como resultado do
estudo que essa relação está na relevância da estimulação do desenvolvimento do
processamento fonológico para o bom desempenho da leitura e da escrita sendo que o
processamento fonológico interfere e sofre interferência do desenvolvimento da
linguagem escrita.

254
A seleção de acionadores no trabalho de comunicação alternativa em sujeitos com
paralisia cerebral

Rosana Carla do Nascimento Givigi; Raquel Souza Silva, Edênia da Cunha Menezes,
Thaís Alves de Souza, Kivia Santos Nunes

Introdução: Este trabalho é um recorte de um estudo mais amplo que funciona em redes:
sujeito, família e escola, o foco neste texto está na rede sujeito. Objetivo: O objetivo foi
analisar as repercussões do comprometimento neuromotor na seleção de mecanismos e
ferramentas no processo inicial de implementação da Comunicação Alternativa e
Ampliada (CAA) de três sujeitos com paralisia cerebral. Metodo: Como aporte teórico
metodológico utilizou-se o método clínico-qualitativo e o estudo de caso. Os materiais se
constituíram da análise dos relatórios dos atendimentos na implementação da CAA. A
partir da seleção dos acionadores foram analisadas as mudanças dos dispositivos e das
demandas neuromotoras. Para a escolha dos acionadores é salutar a detecção do
movimento de maior controle voluntário para cada sujeito, correlacionando à efetividade
das respostas linguísticas necessárias ao uso desse movimento para o uso da CAA.
Resultados: Foram testados os mecanismos com três sujeitos, sendo o Sujeito 1 com
treze anos de idade, sexo masculino e apresenta diagnóstico de Paralisia Cerebral
Espástica Quadriplégica Severa. Seu processo de implementação da CAA teve início com
análise da possível forma de indicação dos sinais. Inicialmente, foi levado em conta
aspectos relacionados a mobilidade e o quadro postural geral do sujeito. Após as
tentativas, a característica fundamental para a escolha do seu dispositivo foi relacionada
ao seu controle mandibular, ao passo que este proporcionava respostas consistentes
necessárias a implementação da CAA. Sujeito 2 com sete anos de idade, sexo feminino,
diagnóstico de Paralisia Cerebral Atetóide Leve. Essa criança possui ausência dos
movimentos voluntários dos membros inferiores com a atrofia das suas extremidades,
bem como imprecisão dos movimentos voluntários dos seus membros superiores,
apresentando incoordenação na execução destes. Seu acesso ao acionador é difícil,
diante da fragilidade dos seus movimentos. Utilizou-se o ampliado de pressão e ainda
assim apresentou dificuldade em apertar o dispositivo como também, entender que o
apertar do botão configurava-se a partir da escolha e da mudança da prancha e não
somente o fazer sem reflexão do movimento. Por fim, o Sujeito 3 com nove anos de
idade, sexo masculino, com diagnóstico de Paralisia Cerebral Espástica Quadriplégica
Severa. Seu quadro clínico geral é de espasticidade, com significativas vocalizações na
tentativa de se comunicar. Sua fala era ininteligível e através da realização de uma
avaliação da sua condição motora observamos grande número de espasmos e ausência
no controle dos movimentos corporais. O movimento de maior controle voluntário
encontrado para essa criança foi o piscar de olhos. Além desse recurso, a cada sessão
arriscava e brincava com os sons, por várias vezes tentou falar apontando para uma
maior construção linguística. Como Conclusão, foi possível reconhecer outras formas de
se comunicar e de ampliar a linguagem. Percebe-se a importância da escolha dos
acionadores, sendo necessário investir em propostas que investigem as condições
neuromotoras, facilitando o acesso a Comunicação Alternativa e a estruturação
linguística.

255
A utilização da eletromiografia no estudo e tratamento da gagueira

Kleuvencleiton Jose dos Santos Oliveira; Tarcya Sibele Bastos Santos, Mayra Cristina
Jorge Oliveira, Susana de Carvalho

Introdução: A eletromiografia de superfície (EMGS) é um método não-invasivo que


permite avaliar o potencial de ação muscular, tanto nos momentos de contração do
músculo quanto em situação de repouso. Na gagueira, ocorrem movimentos involuntários
caracterizados por bloqueios, repetições e prolongamentos. Por ser um método que
registra as condições fisiológicas da atividade muscular, o uso da EMGS poderia
proporcionar uma compreensão maior da ação dos músculos na fala de pessoas que
gaguejam, auxiliando tanto na avaliação pré e pós-tratamento, quanto fornecendo um
feedback nas situações terapêuticas. Na literatura, é mais comum encontrar o uso da
EMGS na área da Motricidade Oral, porém, recentemente, já é possível encontrar relatos
de sua utilização na área da fluência e/ou gagueira. Objetivo do presente estudo é
descrever o uso da eletromiografia em casos de alterações da fluência ou gagueira.
Método: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica na qual foram analisados os artigos
publicados em periódicos nacionais, nos últimos cinco anos, sobre o tema em pauta. Com
os descritores “eletromiografia AND gagueira” e “eletromiografia AND fluência”, realizou-
se um levantamento nas bases de dados Scielo e Lilacs. Para a análise dos artigos, foram
considerados os seguintes aspectos: participantes, método empregado e finalidade.
Resultados incluem apenas quatro artigos relatando a utilização da eletromiografia de
superfície em casos de gagueira ou fluência da fala. A análise dos artigos revela a
participação de sujeitos gagos e fluentes, de ambos os gêneros e todas as idades, sem
uniformidade quanto aos fatores de inclusão ou exclusão para os participantes. Nos
estudos, foi encontrada uma predominância na aplicação da EMGS com adultos, quando
comparados a crianças gagas. No tocante ao método empregado, ainda não há uma
padronização quanto à posição dos eletrodos, a distância entre eles e as tarefas testadas.
Destaca-se, aqui, a importância dessa padronização pois, apesar de seu caráter objetivo,
os sinais eletromiográficos são sensíveis a inúmeras variáveis. Quanto à finalidade, foi
observada uma preocupação maior em avaliar o tempo de repouso e de reação para fala,
assim como a coordenação da musculatura durante a fala. Percebe-se, na maioria dos
estudos, que seu propósito é a avaliação, sendo pouco frequente o uso em situação
terapêutica. Apesar da possibilidade da EMGS ser aplicada como técnica associada à
terapia, como se observa em outras áreas do conhecimento, na Fonoaudiologia esta
ainda é pouco utilizada. Sua utilização poderia complementar o diagnóstico e permitir uma
terapia mais direcionada. CONCLUI-SE, a partir dos estudos publicados, que a utilização
da EMGS como método auxiliar na abordagem da fluência da fala ainda é incipiente.

256
Acidente vascular encefálico e reabilitação: análise de produções científicas.

Aline Teixeira Fialho da Costa; Keite Maiara Rosa, Yung Sun Lee Damasceno

Introdução: O acidente vascular encefálico (AVE) atualmente é considerado um problema


de saúde pública mundial. Essa patologia atinge a irrigação sanguínea do encéfalo e pode
causar incapacidades que prejudicam a qualidade de vida dos acometidos. Objetivo:
analisar publicações científicas referentes à reabilitação de pacientes pós-AVE. Método:
Buscou-se artigos nas bases de dados Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando os
seguintes descritores: “acidente vascular cerebral reabilitação”, “acidente vascular
encefálico reabilitação” não sendo estipulado um período específico. Foram selecionados
para análise 49 artigos que estavam de acordo com os critérios de inclusão. Resultados:
Constatou-se que houve um crescimento de publicações com essa temática a partir de
2008 (14%). Prevaleceram estudos do tipo empírico (71%). Quanto à autoria das
produções verificou-se que 18(37%) eram multiprofissionais, as demais eram de áreas
específicas como: fisioterapia 7(15%), enfermagem 6(12%), medicina 5(10%) psicologia
5(10%), e fonoaudiologia 3(6%). Em relação ao local de desenvolvimento do estudo
houve predominância na região sudeste 21(43%), seguida de nordeste 14(29%) e sul
7(14%). Quanto à amostra, verificou-se que 33(68%) dos artigos realizaram suas
pesquisas com um número de sujeitos entre 1-50 e os comprometimentos mais citados
foram: incapacidade motora 17(26%), incapacidade motora e sensitiva 12(18%), distúrbio
de comunicação 12(18%), incapacidade sensitiva 8(12%), alterações emocionais 7(11%)
e disfagia 5(8%). Conclusão: Estudos com essa temática vêm se ampliando a partir de
2008. O número de sujeitos encontrados na amostra 1-50 demonstra a necessidade de
novos estudos com um número maior de indivíduos visando traçar um melhor perfil dos
sujeitos acometidos. Outro aspecto sinalizado no estudo é que o AVE pode ocasionar
uma série de comprometimentos, o que caracteriza a necessidade de um trabalho
integrado entre os profissionais.

257
Ação e intervenção do cuidador na doença de alzheimer: uma revisão da literatura

Cláudia Marina Tavares de Araújo; Cinthya Leite, Terce Liana Mota de Menezes, Érica
Verônica de Vasconcelos Lyra

Introdução: Crônica, neurodegenerativa e progressiva, a doença de Azheimer (DA) é o


tipo mais comum entre mais de 140 tipos de demência e atinge cerca de 25 milhões de
pessoas no mundo. Em torno de 90% dos casos, a DA tem início após os 65 anos. O
comprometimento da memória é um sinal evidente da doença, cuja evolução também faz
despontar outros sintomas, como prejuízo da linguagem e dificuldade para realizar as
tarefas do dia a dia. Com o intuito de manter a qualidade de vida do idoso com esse tipo
de demência, faz-se necessário auxílio específico fornecido por um cuidador, que deve ter
preparo o suficiente para lidar com quem tem DA. Para se sentir seguro nessa tarefa, o
cuidador precisa conhecer a doença, o que favorece uma convivência facilitada e um
melhor planejamento do apoio ao idoso com essa demência. Embora pesquisas
confirmem que o cuidador bem informado é hábil na relação médico-paciente-família, o
sistema de saúde ainda não legitima a atuação dele na intervenção na DA. Justificativa:
Este estudo se justifica pela necessidade de o cuidador ter acesso a programas
psicoeducativos que promovam a compreensão da doença e, consequentemente, o
auxiliem a desenvolver estratégias adequadas para cuidar do idoso com DA. Objetivo:
Identificar as ações e o envolvimento do cuidador diante do comportamento e dos sinais
apresentados pelo idoso com DA. Método: Foi feito um levantamento de estudos nas
bases de dados PubMed, MedLine, Lilacs e SciELO, utilizando os seguintes descritores e
termos livres para estratégia de busca: “cuidadores” or “educação em saúde” or
“treinamento” or “cuidadores de idosos” and “doença de Alzheimer”; “elderly caregiving or
“training” or “health education” or “caregivers” and “Alzheimer disease”; “cuidadores de
personas mayores” or “formación” or “educación em salud” or “cuidadores” and
“enfermedad de Alzheimer”. RESULTADOS: A busca nas bases de dados resultou em
1.547 artigos. Após aplicação dos critérios para compor esta revisão, foram eleitos 12
artigos para análise, classificados em três categorias: 1) Cuidador diante das
necessidades e das condições do idoso com doença de Alzheimer; 2) Cuidador diante
dos distúrbios de comportamento do idoso com doença de Alzheimer; 3) Cuidador diante
do processo comunicativo do idoso com Alzheimer. Na maioria dos estudos, verificou-se
que a orientação a respeito do que é a enfermidade e a sua evolução pode interferir na
maneira como o cuidador planeja e executa as ações de cuidado. CONCLUSÃO: A
avaliação da qualidade do cuidado e os modelos educativos para cuidados em saúde são
inquietações da comunidade científica mundialmente. Assim, é necessário criar
oportunidades para cuidadores conhecerem a doença de Alzheimer, compreenderem o
idoso com essa demência e as possibilidades de atuação (seguras e eficazes) junto a ele.
Pode-se inferir que, na medida em que há investimento na formação dos cuidadores,
estima-se melhora na qualidade de vida da população com a doença.

258
Adaptação transcultural do sistema de classificação da função de comunicação
para indivíduos com paralisia cerebral

Raphaela Barroso Guedes Granzotti; Carla Patrícia Hernandez Alves Ribeiro César, Aline
Cabral de Oliveira Barreto, Isabella Carolina Santos Bicalho, Marisa Tomoe Hebiara
Fukuda, Danielle Ramos Domenis

Introdução: Em função da complexidade das manifestações clínicas da paralisia cerebral


(PC) e das dificuldades em classificar o desempenho da comunicação nestes pacientes,
estudiosos canadenses elaboraram o Communication Function Classification System
(CFCS). O CFCS não é considerado um teste, portanto não substitui as avaliações de
comunicação. Seu objetivo é classificar o desempenho da comunicação diária dos
indivíduos com PC em cinco níveis, utilizando uma linguagem comum entre profissionais
e leigos. Objetivo: Realizar a adaptação transcultural para o Brasil do CFCS para
Indivíduos com PC. MÉTODOS: O trabalho foi aprovado pelo CEP no. 192.852 e seguiu
as seguintes etapas: Etapa 1 - Autorização dos autores do instrumento; Etapa 2 -
Tradução inicial, do inglês para o português por P1 que foi conferida e discutida com P2,
que anotou as diferenças entre a versão original e a traduzida. Em seguida, P3 realizou a
revisão das traduções, e apresentou a versão 1 para ser retrotraduzida. Etapa 3 -
Retrotradução da versão 1, P4 realizou retrotradução para a língua materna do
instrumento (inglês) conforme procedimentos indicados por Beaton et al.1 e Herdman et
al.2. Foi então realizada uma comparação entre a retrotradução da versão 1 e a versão
original do instrumento por P1 e P4 resultando na versão 2. Etapa 4 - Análise semântica
dos itens, a versão 2 foi submetida à análise semântica, que consiste em verificar se os
termos utilizados nos itens e parágrafos do instrumento estão claros. Segundo Pasquali3,
essa etapa deve ser realizada por dois grupos diferentes: pelo estrato mais baixo,
representado por pessoas de menos habilidades que utilizam o instrumento, e pelo
estrato mais alto, representado por pessoas de mais habilidades na área em questão. Os
participantes dessa etapa receberam a ficha de análise semântica e a versão 2 do CFCS,
esclareceu-se a forma de preenchimento dos itens contidos na ficha que após preenchida,
era entregue a uma das pesquisadoras. Etapa 5 - Análise de conteúdo ou de juízes, após
a realização da análise semântica por parte dos dois estratos e da comparação das
sugestões dos participantes do estrato mais alto com a literatura da área de
fonoaudiologia e neuropediatria, resultou na versão 3. Essa versão foi novamente
entregue aos participantes do estrato mais alto (denominados aqui de juízes) para que
eles analisassem o conteúdo do instrumento e assinalassem se estavam ou não de
acordo com o item/parágrafo avaliado. Etapa 6 - Retrotradução da versão final e
submissão aos autores, após a análise de conteúdo, foi elaborada uma nova versão da
tradução, denominada versão final, a qual foi traduzida novamente para a língua inglesa
por P1 e P4, sendo essa retrotradução enviada aos autores do instrumento para
averiguação e aprovação. Resultado e conclusão: Após a adaptação transcultural do
CFCS para o português falado no Brasil estamos realizando a testagem do mesmo para
verificação da confiabilidade entre observadores do instrumento para crianças brasileiras.
Pretendemos assim que a versão em português do CFCS possa contribuir e aprimorar a
prática baseada em evidencia nos serviços de atendimento a pessoas com PC.

259
Ambiente virtual de aprendizagem em aquisição e desenvolvimento da linguagem
infantil

Luciana Paula Maximino; Wanderléia Quinhoneiro Blasca, Líliam Maria Dib Marson,
Marília Cancian Bertozzo, Aline Martins

Introdução: Observa-se grande preocupação por parte dos pais com o desenvolvimento
das habilidades comunicativas das crianças e muitos procuram o médico pediatra em
busca de esclarecimentos e soluções para as dificuldades de seus filhos. Nesta interação,
observa-se a necessidade da atuação interdisciplinar entre os profissionais da área da
saúde, no que tange ao conhecimento específico do médico pediatra quanto aos
problemas pertinentes à Fonoaudiologia, especialmente quanto ao desenvolvimento da
linguagem e fala da criança. Convergindo com essa temática, a Teleducação é uma
proposta relevante, que rompe as barreiras físicas com a utilização de tecnologias de
informação e comunicação, como os ambientes virtuais de aprendizagens (AVA),
possibilitando troca de informação e orientação. Objetivo: Este estudo teve por objetivo
desenvolver e analisar um ambiente virtual de aprendizagem sobre a aquisição e
desenvolvimento da linguagem infantil para orientação de Médicos Pediatras.
Metodologia: O trabalho recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (092/2011).
Para a produção e análise do AVA a pesquisadora seguiu 4 fases de desenvolvimentos,
respectivamente: Análise e Planejamento, Modelagem, Implementação e Avaliação. A
fase de avaliação englobou dois instrumentos: O primeiro questionário consistiu de uma
adaptação do Health-Related Web Site Evaluation Form Emory composto por 36 questões
que avaliam os recursos tecnológicos. O outro instrumento avaliou o conteúdo específico
de cada página. RESULTADOS: Durante a primeira e segunda fase foi realizada uma
ampla revisão de literatura nas bases de dados SciELO–Brasil, Lilacs, Medline e Pubmed,
bem como em teses e livros da área sobre as etapas de desenvolvimento da linguagem,
de forma cronológica, desde o nascimento até os 7 anos de idade, indicando as principais
características e os marcos do desenvolvimento em cada fase. Na terceira fase, foi
definido como melhor interface para o desenvolvimento do AVA, a elaboração de um blog,
devido à usabilidade e a acessibilidade. O material desenvolvido está disponível no
endereço eletrônico http://fonopediatria.com. Na última fase, a de avaliação, participaram
da amostra 63 fonoaudiólogos que avaliaram a qualidade do conteúdo e os recursos
tecnológicos apresentados no Blog. De acordo com a análise proposta pelo questionário
Emory, as porcentagens demonstraram que o blog foi avaliado como “Excelente”
(pontuação maior ou igual a 90%) quanto aos aspectos de conteúdo, precisão, autoria,
público, navegação, links externos e estrutura. Assim sendo, a porcentagem geral foi de
95,8%, que indica a qualidade do blog como “Excelente” (Este website é uma fonte
excelente de informação da saúde. Os consumidores poderão alcançar e compreender
facilmente a informação contida neste local. Não hesite em recomendar este site aos seus
clientes). O segundo questionário utilizado na avaliação denotou que todas as páginas
apresentaram qualidade “Excelente” (pontuação maior ou igual a 90%). Conclusão: Este
trabalho desenvolveu um ambiente virtual de aprendizagem em formato de blog, contendo
informações sobre a aquisição e o desenvolvimento da linguagem infantil. O processo de
avaliação, que validou o material, realizado pelos fonoaudiólogos foi efetivo para conferir
a qualidade do instrumento utilizado e do material disponibilizado, com o intuito de
oferecer um conteúdo fidedigno.

260
Análise da adequação de figuras para a eliciação da palavra-alvo

Ana Cristina Melo Prates; Marizete Ilha Ceron, Marileda Barichello Gubiani, Simone
Nicolini de Simoni, Márcia Keske-Soares

Introdução: O desvio fonológico, sem etiologia definida, caracterizado por um desvio no


processo natural de aquisição típica pode causar sérias complicações no inventário
fonético e fonológico, dificultando à comunicação da criança, bem como seu bem- estar
social. Objetivos: Verificar a adequação de figuras pela eliciação de 116 palavras em um
grupo de crianças comparando quanto ao tipo de escola, gênero, desenvolvimento
fonológico típico e atípico e diferentes faixas etárias. Metodologia:. Este projeto está
registrado no CEP sob o número 23081.006440/2009-60. A amostra foi não-aleatória e de
conveniência sendo constituída por 48 crianças com idades entre 03 anos e 08 anos e 11
meses. As crianças foram agrupadas conforme uma combinação de escolas públicas e
privadas, gênero, desenvolvimento fonológico típico e atípico e faixa etária. Foi testada a
nomeação espontânea de 116 palavras por meio de figuras apresentadas no computador
sendo estas dividias em: 1) Eliciação correta, 2) Eliciação com trocas, 3) Eliciação com
palavras similares e 4) Não eliciação. As crianças deviam nomear espontaneamente a
palavra-alvo desejada e, para isso, havia perguntas-chaves como “o que é isto?”, “Que
cor é esta?”. Analisou-se a adequação das figuras pela nomeação dos 4 itens acima
comparando as combinações. Resultados: Das 48 crianças participantes, constatou-se
que 69,61% de modo geral responderam corretamente às imagens, sendo
significativamente coerente apontar que 17,31% eliciaram com trocas, 7,81% fizeram uso
de palavras similares e apenas 5,26% não eliciaram nenhuma palavra referente à figura.
Quanto a combinação de escolas públicas e particulares, esta última, o índice de palavras
corretas superou à de escolas públicas, alcançando 73,28%, consequentemente as
crianças de escola pública apresentaram maior porcentagem ao eliciar palavras com
trocas, em torno de 19,29%, não sendo significativo o número de palavras trocadas por
sinônimos. A não eliciação, no caso escolas públicas, obteve um percentual maior sendo
o dobro comparado às escolas particulares. Quanto ao gênero, não houve diferença na
porcentagem de eliciação correta, o que chama atenção é que no sexo masculino o
número de palavras eliciadas com trocas foi maior do que no sexo feminino, 19,43% e
15,19%, respectivamente. Porém a diferença mais notável foi quando comparamos a
aquisição típica e a desviante, a última apresenta um número baixo de eliciações corretas
50,34% e, portanto, um número maior de eliciações com trocas 33,27%, porcentagem alta
comparada à aquisição típica que fica com os números 85,94% e 3,78% respectivamente.
É viável nesta última análise o número visto de não eliciação caracterizando a dificuldade
das crianças com desvio fonológico, portanto, maior, 7,64% contra 3,25% de aquisição
típica. Comparando os grupos referentes às faixas etárias, é visível o aumento gradativo
de eliciações corretas de 57,71% (3 anos) à 89,01% (8 anos) e uma diminuição quando
comparada a eliciação com trocas, de 20,37% (3 anos) à 5,17% (8 anos). Conclusão:
Crianças com desvio fonológico apresentaram índices menores de eliciação correta e
maiores de eliciação com trocas, comparada a crianças com desenvolvimento típico.
Ainda, o tipo de escola e a faixa etária podem interferir nesse processo.

261
Análise da habilidade de imitação em crianças pré-escolares em diferentes
situações de estímulo

Aline Cristina Rocha Fiori de Souza; Laís Carvalho Mazzega, Aline Armonia Citino,
Fernanda Chequer, Ana Carina Tamanaha, Jacy Perissinoto

Introdução: A imitação serve para indexar a memória da recordação infantil e a habilidade


da criança para produzir ações com base mentais armazenadas que representam eventos
sociais e sequências de ação. A capacidade da imitação precoce pode ajudar no
desenvolvimento da atenção compartilhada, sociabilidade, e mais tarde na teoria da
mente. A imitação não apenas desempenha um papel importante no desenvolvimento
social precoce, mas também para prever a capacidade do desenvolvimento da linguagem
em geral. Estudos recentes apontam que a capacidade de uma criança aprender
seqüências de ações a partir de uma tela é significativamente menor que a capacidade de
aprender a partir de uma demonstração ao vivo. Quando a imitação é feita ao vivo são
observadas pistas sensoriais que facilitam o aprendizado e quando a representação é na
tela essa informação deixa de ser individual e dificulta tal processo. Sendo assim a
hipótese deste estudo foi a de que a habilidade imitativa da criança em desenvolvimento
típico varia da forma como o estímulo é observado. Objetivo: Testar a interferência do
contexto na habilidade de imitação em pré-escolares. Métodos: Trata-se de um estudo
transversal (CEP n°60936). A amostra foi constituída por 14 pré-escolares, de 5 e 6 anos
de idade, sendo 4 meninos e 10 meninas, regularmente matriculados em escola pública
de educação infantil. Consideramos como critério de inclusão a faixa etária e escolaridade
e como critério de exclusão: presença de malformações ou síndromes genéticas
associadas, alterações neurológicas, motoras e/ou deficiências física, auditiva ou visual.
Utilizamos a etapa de imitação da Avaliação da Maturidade Simbólica (Takiuchi, Beffi-
Lopes, 2000) que foi adaptada para este estudo. Ou seja da proposta original de imitação
de nove esquemas gestuais simples foram acrescidas mais oito ações, que foram
posteriormente randomizadas e apresentadas para criança em dois contextos diferentes:
em situação interativa tridimensional (face a face) e em situação por imagem
bidimensional (tela de computador). Em ambas as situações foi cronometrado o tempo de
execução das tarefas. Resultados: As tarefas foram executadas, em média, em 6 min.
Não houve diferença em relação ao tempo gasto para execução de tarefas oferecidas
face a face ou por imagem na tela. Todas as crianças foram capazes de imitar os
esquemas gestuais simples (100% de acertos) independente da forma como o estímulo
foi apresentado. Ou seja, não houve diferença no desempenho das crianças para imitação
de gestos oferecidos tridimensionalmente, face a face, ou quando apresentado por
imagem bidimensional. Conclusão: Foi possível observar que as crianças pré-escolares
foram capazes de imitar esquemas gestuais simples independente da forma de
apresentação do estímulo, mostrando que nesta faixa etária os processos cognitivos
relacionados à habilidade de imitação já encontram-se consolidados.

262
Análise da porcentagem de consoantes corretas em casos clínicos de transtorno
fonológico.

Flávia Bianca de Souza Lopes; Giovana Cristina Ribeiro Manzatto, Kellen Fernandes
Santos, Janaína Borba Garbo, Tacianne Kriscia Machado Alves, Caroline Antonelli
Mendes, Maria Gabriela Cavalheiro, Mariane Monteiro Quinalha, Camila de Castro
Corrêa, Profª Dra Luciana Paula Maximino

Introdução: O transtorno fonológico é uma alteração de fala, caracterizada pelo uso


inadequado dos sons, considerando a idade, que pode envolver erros na produção,
percepção ou na organização do sistema de contrastes. Embora seja uma alteração muito
comum na população infantil, seu diagnóstico nem sempre é realizado em idade precoce,
dada a heterogeneidade clínica que pode ocorrer. Neste sentido, a avaliação
fonoaudiológica centrada nos aspectos fonológicos é de suma importância, seja no
diagnóstico desta alteração quanto no acompanhamento evolutivo. O índice de
Porcentagem de Consoantes Corretas (PCC) é uma medida que auxilia na classificação
da gravidade do transtorno fonológico, e pode auxiliar tanto no diagnóstico quanto na
evolução terapêutica. Objetivo: analisar a gravidade do transtorno fonológico em casos
clínicos e correlacionar com os processos fonológicos encontrados. Métodos: Foram
utilizados para análise as provas de nomeação do ABFW (ANDRADE et al, 2004) de 3
crianças com diagnóstico de transtorno fonológico na fase anterior a intervenção em uma
clínica escola, na faixa etária de 5 a 8 anos. Para verificar o grau da gravidade do
transtorno fonológico foi realizado o cálculo de Porcentagem de Consoantes Corretas
(PCC)(Shriberg e Kwiatkowski, 1982). Resultados: No paciente 1 que apresentou
simplificação de liquida e simplificação de encontro consonantal, o PCC foi de 96,93%,
valor que corresponde a normalidade. O paciente 2 apresentou frontalização de velares, o
valor obtido no PCC foi de 91,8%, sendo classificado como normal e o paciente 3 que
apresentou frontalização de velar e de palatal, além de simplificação de liquida e de
encontro consonantal obteve o valor de 78,5%, sendo classificado como levemente
moderado. Conclusão: Apesar da amostra reduzida de casos estudados, observa-se com
o estudo que a quantidade de processos fonológicos encontrados em cada caso avaliado,
influenciou no valor obtido por meio do PCC. Entretanto, o grau de gravidade do
transtorno fonológico se diferiu quando comparado com a quantidade de processos
fonológicos entre os pacientes estudados.

263
Análise das competências de linguagem de crianças com transtorno específico de
linguagem

Mariana Martins Appezzato; Ana Carina Tamanaha, Jacy Perissinoto

Introdução: A linguagem é um conjunto arbitrário de sinais auditivos e/ou gestuais


codificados, desenvolvidos para possibilitar a realização da comunicação interpessoal. Ela
desempenha papel fundamental na organização e expressão do pensamento e pode ser
codificada, didaticamente, em quatro níveis: fonológico; gramatical; semântico e
pragmático. Os Transtornos Específicos de Fala e Linguagem são condições nas quais as
modalidades da fala e da linguagem estão comprometidas desde os primeiros estágios do
desenvolvimento. Esses transtornos não podem estar ligados à déficit sensorial, cognitivo
ou ambiental que o justifique; portanto o diagnóstico é dado por exclusão. Algumas
manifestações encontradas nesses casos são: vocabulário restrito, estruturação
gramatical simplificada, comprometimento da compreensão verbal, alteração de
representações fonológicas e de consciência fonológica; uso funcional da comunicação
comprometido. Portanto, as manifestações clínicas são bastante distintas e embora
muitas dessas condições já estejam bem descritas em diferentes produções cientificas
não temos muitos estudos comparativos sobre a frequência de ocorrência de prejuízos
nestes subsistemas de linguagem em crianças brasileiras. Objetivo: Sendo assim, o
objetivo deste estudo foi analisar as competências de linguagem quanto à frequência de
ocorrência em crianças com Transtorno Especifico de Fala e Linguagem. Métodos: Trata-
se de estudo transversal (CEP Nº 0684/11). A amostra foi constituída por cinquenta e
cinco crianças, de ambos os sexos, na faixa etária entre dois e doze anos, com
diagnóstico multidisciplinar de Transtorno Específico de Fala e Linguagem e atendidas em
intervenção terapêutica fonoaudiológica direta e indireta em clínica-escola. Todas as
crianças estavam matriculadas regularmente em instituições de ensino infantil ou
fundamental e possuíam os limiares auditivos compatíveis com os padrões de
normalidade. Para avaliação das competências de linguagem foram aplicadas provas de
compreensão verbal (Exame de Linguagem Tipiti) e de produção verbal nos níveis:
fonológico (Prova Fonologia do Teste de Linguagem ABFW), semântico (Prova de
Vocabulário do Teste de Linguagem ABFW), gramatical (Sequencias lógico-temporais) e
pragmático (Prova de Pragmática do Teste de Linguagem ABFW). Essas provas foram
realizadas no período de avaliação fonoaudiológica que comumente precede o processo
terapêutico. Para análise dos resultados estabeleceu-se nível de significância de 5%.
Resultados: A média de idade das crianças foi de 06 anos e 09 meses, não houve
diferença entre os sexos. Na análise dos subsistemas observamos diferença
estatisticamente significante com maior frequência de ocorrência de alterações no
subsistema fonológico (92,5%), seguido do semântico (54,7%). A menor ocorrência de
prejuízos foi na pragmática (7,5%). Observamos ainda, 34% de alteração na
compreensão verbal. Conclusões: Foi possível analisar a frequência de ocorrência de
prejuízos dos subsistemas de linguagem e verificar que a maior frequência de prejuízos
foi ao nível fonológico.

264
Análise das habilidades comunicativas e compreensão verbal em uma criança com
síndrome de down

Leniane Silva Dantas; Isabelle Cahino Delgado, Emily Carla Silva Santos, Ingrydh
Cordeiro dos Santos, Fouvy Leccia Sarmento Crisóstomo

Introdução: A comunicação é um processo essencial para todo o ser humano e pode


acontecer através de várias formas de linguagem, seja ela oral, gestual ou escrita. Em se
tratando da linguagem oral, sabe-se que a mesma se desenvolve a partir da exploração e
contato com o meio em que se vive, resultado do desenvolvimento neurossensoriomotor.
Na criança com Síndrome de Down, alterações orgânicas, endócrino-metabólicas e
otorrinolaringológicas estão presentes, prejudicando assim a construção do
conhecimento, e, consequentemente, a aquisição da linguagem oral. Esta, por sua vez,
processa-se lentamente - com especificidades e potencialidades - e em graus variáveis
entre diferentes sujeitos com ou sem necessidades especiais, pois se sabe que a
aprendizagem depende da complexa integração dos processos neurológicos e do
desenvolvimento das funções específicas. Objetivo: Avaliar as habilidades comunicativas
e a compreensão verbal de uma criança com diagnóstico fonoaudiológico de atraso de
linguagem secundário à Síndrome de Down. Métodos: O estudo foi feito em um período
de seis meses, seguindo uma abordagem clínica fonoaudiológica, através da estimulação
da linguagem oral de uma criança com três anos de idade, sexo masculino, a qual
recebeu o diagnóstico de atraso de linguagem secundário à Síndrome de Down. A
observação e análise foram realizadas através do PROC (Protocolo de Observação
Comportamental), com ênfase nas habilidades comunicativas e na compreensão verbal.
As ações foram realizadas nas dependências da Clínica Escola de Fonoaudiologia da
Universidade Federal da Paraíba. Resultados: A criança apresentou melhoras
consideráveis quanto às habilidades comunicativas e suas funções, interagindo mais
espontaneamente aos estímulos fornecidos, como também atingiu um maior nível de
simbolização e na interação com os objetos. Quanto à compreensão verbal, passou a
compreender ordens de maior complexidade e a emitir algumas palavras com
significação, indicando um bom desempenho semântico. Conclusão: A estimulação
precoce é um fator essencial no desenvolvimento da comunicação da criança com
Síndrome de Down, principalmente no que diz respeito à linguagem oral. Nessa dinâmica,
a família atua como agente modificador da realidade e o fonoaudiólogo, como agente de
apoio. É importante ressaltar que a educação da pessoa com Síndrome de Down deve
atender às suas necessidades especiais, sem se desviar dos princípios básicos da
educação proposta às demais pessoas. Sabe-se que, com o tratamento adequado, o
envolvimento da família e a estimulação precoce, os sujeitos poderão ter uma boa
qualidade de vida e uma integração social dentro dos padrões de normalidade.

265
Análise do perfil ortográfico e consciência fonológica em crianças da quarta série
do ensino fundamental

Ana Clara de Oliveira Varella; Luciana Grolli Ardenghi, Nívia Eloísa Tedesco

Introdução:As crianças em seu primeiro contato com a escrita criam hipóteses sobre suas
regras de funcionamento buscando compreender a sua forma de representação. As
regras ortográficas vão progressivamente sendo internalizadas no decorrer da experiência
acadêmica para tornar-se próxima ao padrão da língua da comunidade. O processo de
relacionar os sons das letras com sua grafia é um processo constante durante os
primeiros anos de alfabetização até tornarem-se relativamente independentes durante o
processo de aprendizado da ortografia. Objetivo:O objetivo principal deste estudo foi
realizar a comparação dos erros ortográficos encontrados nos alunos da quarta série do
Ensino Fundamental, através do Ditado Balanceado e compará-lo com as habilidades de
consciência fonológica.metodo: Após a aprovação do Comitê de Ética da Universidade, e
a inclusão de sujeitos de acordo com os critérios estabelecidos, a pesquisa foi realizada
com 27 alunos em uma escola pública de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul.
Os estudantes tinham idade entre dez e treze anos, sendo treze do sexo feminino e
quatorze do sexo masculino. Aplicou-se o teste de avaliação sequencial CONFIAS para
avaliação da consciência fonológica e o teste do ditado Balanceado para avaliação
ortográfica. A análise dos dados do CONFIAS foram organizados com a base na
pontuação obtida pelos sujeitos nas tarefas testadas. No ditado balanceado
categorizaram-se as trocas ortográficas apresentadas pelos sujeitos em três categorias:
conversor grafema-fonema, regras contextuais e irregularidades na língua. Resultados:
Os resultados encontrados, na testagem de consciência fonológica, demonstraram que os
sujeitos obtiveram melhores resultados nas tarefas de manipulação silábica em
detrimento a manipulação de fonemas de forma adequada ao conhecimento acadêmico
para a quarta série. Em relação ao desempenho ortográfico aponta-se maior incidência de
trocas relacionadas com a categoria de irregularidade da língua, superando todas as
outras categorias. Conclusao:Portanto, neste estudo não houve correlação entre o
desempenho ortográfico e a consciência fonológica.

266
Aplicabilidade da ultrassonografia na fonoaudiologia

Luciana da Silva Barberena; Brunah de Castro Brasil, Roberta Michelon Melo,


Marcia Keske-Soares, Carolina Lisbôa Mezzomo, Helena Bolli Mota

Introdução: A clínica fonoaudiológica tem buscado avanços tecnológicos e métodos


complementares à sua avaliação diagnóstica e procedimentos terapêuticos. A
ultrassonografia surge como um instrumento recente nos estudos nacionais da área. Essa
é considerada uma técnica segura, de baixo custo e desprovida de exposição à radiação.
Objetivo: Apresentar estudos recentes que utilizaram a ultrassonografia na área da
Fonoaudiologia, os quais evidenciam a aplicabilidade dessa técnica nas diferentes
subáreas da Fonoaudiologia. Métodos: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica na base
de dados Pubmed, utilizando como descritores – ultrasonic, speech, phonetics, language
and hearing sciences, voice, deglutition e myofunctional therapy, contemplando algumas
das áreas da Fonoaudiologia. Utilizaram-se os termos ultrasound, ultrasonography,
swallow, speech disorders, orofacial myofunctional therapy e orofacial myology na busca,
mesmo não sendo descritores, por encontrá-los diversas vezes nos artigos da área. Como
critérios da pesquisa em base de dados, selecionaram-se: (a) estudos dos últimos cinco
anos e, (b) estudos em humanos. Resultados: Foram selecionados 320 artigos desde o
ano de 2008, sendo o mais recente referente a 2013. Foram encontrados, em relação ao
total, 34,7% estudos relacionando “ultrassom” e “fala”, os quais tratam da aplicação da
ultrassonografia como método de feedback visual na fonoterapia, de parâmetros de
análise na ultrassonografia, da comparação com outros instrumentos de avaliação, do
estudo da co-articulação e da investigação de patologias específicas (Fissura
Labiopalatina, Glossectomia, etc.). Na pesquisa relacionando “ultrassom” e “fonética”,
foram encontrados 3,4% dos estudos, destes apenas 18,2% não foram comuns aos
termos “ultrassom” e “fala”, os quais investigaram tendências genéticas no controle e
organização de sequências de sílabas e contrastes entre consoantes dentais, alveolares e
retroflexas. Não foram encontrados estudos referentes aos últimos cinco anos
relacionando “ultrassom” e “fonoaudiologia”. 46,6% dos artigos referem-se à busca
“ultrassom” e “deglutição”, dentre estes alguns investigaram o deslocamento do osso
hióide durante a deglutição, a avaliação da disfagia em patologias/síndromes específicas
(ELA, AVC, etc.), a deglutição atípica e a comparação com outros métodos de avaliação.
Na pesquisa “ultrassom” e “voz” foram encontrados 14,4% artigos, sendo destes somente
26,1% com relação à área da Fonoaudiologia e apenas 13% inéditos na pesquisa.
Encontraram-se estudos relacionados à tonicidade de músculos da glote, prótese de fala,
comprimento da prega vocal, paralisia de prega vocal, entre outros. Quando se pesquisou
“ultrassom” e “motricidade orofacial”, encontraram-se três artigos (0.9%), um deles sem
relação com a área fonoaudiológica, e outros dois já encontrados em pesquisas com
outros descritores da área – métodos de imagem no processo de deglutição e métodos de
imagem no tratamento integral (ortodôntico, ortognático e terapêutico miofuncional).
Destaca-se que mesmo ao selecionar descritores e outros termos referentes à
Fonoaudiologia, muitos estudos não estavam relacionados à área, portanto, não foram
incluídos na presente pesquisa bibliográfica. Conclusões: Foram encontradas diferentes
pesquisas que se voltaram ao emprego da ultrassonografia na Fonoaudiologia. Cada
qual, a partir de seu objetivo, confirmam novas possibilidades de uso desse instrumento
nas diversas subáreas, visando um diagnóstico mais preciso e novas possibilidades, tanto
avaliativas quanto terapêuticas.

267
Aplicação do inventário de avaliação pediátrica de incapacidade (pedi) em crianças
com alterações de linguagem

Karolina Pessote Sideri; Regina Yu Shon Chun

Introdução: Para avaliação da linguagem infantil são necessários procedimentos e


materiais apropriados para a caracterização dos meios comunicativos e sua inter-relação
com os diferentes contextos, sendo que no Brasil ainda são poucos os protocolos
padronizados para este fim. O PEDI - Pediatric Evaluation of Disability Inventory tem sido
utilizado na Terapia Ocupacional e Fisioterapia, mostrando-se como um instrumento
viável para tal finalidade, porém sua aplicação, ainda é pouco explorada no âmbito
Fonoaudiologia. Objetivos: Investigar aspectos da comunicação e interação social de
crianças com alterações de linguagem em acompanhamento fonoaudiológico por meio do
PEDI na perspectiva de pais/familiares/cuidadores e caracterizar perfis das crianças e dos
entrevistados. Métodos: Trata-se de pesquisa quantitativa transversal, com 20 sujeitos,
pais/familiares/cuidadores de crianças com alterações de linguagem entre 1 ano e 6
meses e 4 anos e 6 meses em acompanhamento fonoaudiológico. Realizou-se a coleta
de dados por meio de três fontes: (i) prontuários, para caracterização do perfil das
crianças quanto à idade, gênero, escolaridade, hipótese diagnóstica, características de
linguagem e tempo de acompanhamento fonoaudiológico; (ii) entrevista com
pais/familiares/cuidadores, para caracterização quanto à idade, gênero, escolaridade,
profissão e tempo de cuidado das crianças e (iii) aplicação da primeira parte do PEDI com
os pais/familiares/cuidadores, voltada às habilidades de função social, em que se incluem
os aspectos de comunicação e de interação social das crianças estudadas. A pesquisa foi
aprovada pelo CEP sob nº 179/2009. Resultados: Os dados obtidos com a aplicação da
Parte I do PEDI (escala de função social) foram submetidos à análise para comparação
das informações coletadas com os valores de referência atribuídos pelo PEDI nas faixas
etárias estudadas. Os resultados mostram que, sob a ótica de pais/familiares/cuidadores,
quatro crianças apresentaram desenvolvimento abaixo do esperado segundo valores de
referência do PEDI, quatro ficaram em uma classificação limítrofe em relação a esses
valores e as demais dentro do esperado para a idade. Tais achados evidenciam a
validade do PEDI como instrumento complementar à avaliação fonoaudiológica.
Conclusão: O PEDI possibilitou avaliação do desempenho funcional da população
estudada, trazendo subsídios para o planejamento terapêutico e acompanhamento
longitudinal dos casos, o que reafirma sua aplicabilidade na clínica fonoaudiológica.

268
As consoantes plosivas sonoras do português brasileiro

Luciana Regina de Oliveira; Zuleica Camargo, Sandra Madureira, Irene Queiroz


Marchesan, Fabiana Nogueira Gregio

Introdução: os estudos e procedimentos fonoaudiológicos apoiados no instrumental da


análise acústica têm referido como critério de alteração da sonoridade na fala a presença
de valores de voice-onset-time (VOT) similares entre as produções de consoantes
plosivas surdas e sonoras. A literatura fonético-acústica aponta que o VOT é dependente
de língua. Considera-se pertinente o desenvolvimento de estudos para compreender as
características das consoantes plosivas do português brasileiro, especificamente, no que
se refere ao contraste de sonoridade, em situação habitual de fala. Tais investigações
podem servir de referência para análise de sons produzidos em situação de alteração de
fala. Objetivo: investigar as características acústicas da barra de sonoridade e valores de
VOT das consoantes plosivas sonoras do português brasileiro. Métodos: participaram dez
adultos, na faixa etária de 20 a 50 anos, falantes do português brasileiro, sem referências
ao bilinguismo. Além de responderem aos critérios acima elencados, os sujeitos
apresentaram ausência de queixas de alterações de fala, linguagem, voz, motricidade
orofacial, audição e histórico negativo para alteração neurológica. Em laboratório
equipado e tratado acusticamente foi realizada individualmente uma gravação do sinal
acústico de fala. O corpus constou da leitura de sentenças-veículo contendo os pares de
consoantes plosivas sonoras do português brasileiro. Para análise dos dados coletados,
foi realizada a inspeção visual do traçado da forma da onda em referência ao
espectrograma de banda larga para análise das características da barra de sonoridade e
extraídas medidas de duração de VOT, manutenção da barra de sonoridade, interrupção
da barra de sonoridade e burst das consoantes plosivas sonoras. Na sequência, os dados
foram submetidos à análise estatística. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da
instituição sob o nº330614. Resultados e discussão: os achados revelaram que algumas
consoantes plosivas sonoras foram produzidas com interrupção da barra de sonoridade e
valores de VOT positivos sem comprometimento da identidade auditiva do som, uma vez
que eram falantes sem alteração de fala. O uso do instrumental acústico evidenciou
detalhamentos da produção de fala nem sempre percebidos por meio de avaliação de
percepção auditiva. Tais dados sugeriram a existência de outras pistas acústicas
envolvidas na implementação e na percepção do contraste de sonoridade, bem como
estudos futuros para aprofundamento. Conclusões: acusticamente, as consoantes
plosivas sonoras de sujeitos sem alteração de fala foram caracterizadas com valores de
VOT negativos e, algumas produções, principalmente, nas velares, com valores de VOT
positivos e achados de interrupção da barra de sonoridade.

269
Atribuição de estados mentais no discurso de indivíduos do espectro do autismo

Fabiana Pereira; Jacy Perissinoto, Ana Carina Tamanaha

Introdução: Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) caracterizam-se por prejuízos


severos e persistentes nas áreas de interação social, comunicação verbal e não verbal e
por um repertório restrito e estereotipado de interesses. Dentre as inúmeras
manifestações clinicas a inabilidade em atribuir e inferir estados mentais tem sido
considerada por muitos estudos, um importante endofenótipo para indivíduos autistas.
Objetivo:Sendo assim, o objetivo deste estudo é analisar a atribuição de estados mentais
em crianças autistas por meio do uso de adjetivos de discurso. Método: Trata-se de um
estudo transversal (CEP n 173.192). A amostra foi constituída por 9 meninos autistas
verbais, na faixa etária entre 5 a 11 anos, diagnosticados por equipe multidisciplinar
segundo os critérios do DSM IV Tr (2002). Todos estavam regularmente matriculados em
escola regular inclusiva e frequentavam intervenção terapêutica fonoaudiológica direta e
indireta em clinica escola por período mínimo de seis meses. Para análise do discurso
foram transcritas duas sessões de terapia de cada criança, sendo intervalo de tempo
médio entre as sessões de 16 meses. Após as transcrições foram identificados os
adjetivos emitidos espontaneamente pelas crianças e que posteriormente foram
classificados quanto ao número e tipo (físico ou mental. Os dados foram submetidos a
tratamento estatístico pelos testes de Wilcoxon, Mann-Whitney e Correlação de
Spearman, com nível de significância de 0,10. Resultados: Verificamos que houve
diferença estatisticamente significante com o uso de adjetivos físicos pelas crianças ao
longo do processo terapêutico (p=0,015). Também notamos aumento significante de
emissão de adjetivos de estados mentais (p=0,068) no discurso das crianças. Conclusão:
Foi possível analisar a atribuição de estados mentais de crianças autistas por meio do uso
de adjetivos em seus discursos.

270
Atuação fonoadiológica na síndrome de coffin-lowry: relato de caso

Mariane Querido Gibson; Hyris Célia de Souza Almeida, Daniele Albuquerque Alves de
Moura, Joice Maely Souza da Silva, Luana Priscila da Silva, Nathália Angelina Costa
Gomes, Ana Cláudia Carvalho Vieira

Introdução: A Síndrome de Coffin-Lowry (SCL) tem fenótipo caracterizado por retardo


mental de grau moderado a grave, dismorfismo facial, animálias digitais, deformidade
óssea progressiva, baixa estatura e hipotonia, as quais sugerem o diagnóstico, que pode
ser clinicamente estabelecido pelo estudo radiográfico das mãos. Esta condição é
transmitida por heranças semi-dominantes ligadas ao X, porém, cerca de 80% destes
pacientes não tem antecedentes familiares da síndrome. Mutações no gene RPS6KA3
causam a SCL e a incidência desta síndrome ainda é incerta, mas pesquisas estimam
que a desordem afeta 1 em 40 a 50 mil pessoas, apresentando sintomas mais severos
em homens que em mulheres, onde aqueles tipicamente apresentam retardo mental e
atraso no desenvolvimento. Estudos relatam que o prejuízo no aprendizado desta
síndrome está relacionado a mutações em componentes-chave na via de sinalização da
proteína-quinase MAP. Deficiência cognitiva e de desenvolvimento da fala prejudicado
são frequentes, mas variável em gravidade. Outras manifestações raramente associadas
incluem ataques epiléticos e perda auditiva neurossensorial, que pode ser profunda.
Episódios de Queda de Estímulo Induzidas são comuns. O envolvimento cardíaco foi
avaliado (15%). As referências sobre características da linguagem desta síndrome são
escassas, principalmente em crianças, tornando este estudo importante para melhor
conhecimento da patologia. Objetivo: Relatar características da linguagem em um caso de
Síndrome de Coffin-Lowry em uma criança com 5 anos de idade. Métodos: HVCS,
paciente do sexo masculino, 5 anos de idade, estudante de uma escola regular,
dignosticado com SCL pelo geneticista. Apresentou-se à Clínica-Escola de
Fonoaudiologia de uma Universidade Federal, no dia 06 de Junho de 2013. Seus pais
relatam que o paciente faz acompanhamento com Pediatra, Geneticista, Fisioterapeuta,
Odontólogo e já fez acompanhamento fonoaudiológico em um conceituado centro de
reabilitação antes de procurar os serviços desta Clínica-Escola. Resultados: À análise das
estruturas orais, observou-se língua hipotônica, com palato ogival e ausência de
elementos dentários. Sua genitora relatou que os dentes incisivos centrais superiores e
inferiores amoleceram e caíram aos 3 anos de idade. Tem baixa estatura, em
comparação à sua idade, assim como voz com pitch elevado e pouca concentração nas
atividades propostas durante os atendimentos. Para avaliação intelectual, o paciente foi
submetido ao protocolo PODCLE, o qual tem por objetivo observar o desenvolvimento
cognitivo e da linguagem expressiva. Conclusão: O PODCLE sugere que o paciente
encontra-se na 6ª fase do período sensório-motor. Quanto à linguagem, a criança
apresenta boa compreensão, entretanto a expressão oral encontra-se ainda na emissão
de pequenos vocábulos. Desta forma, podemos concluir que é de extrema importância a
atuação fonoaudiológica em casos de SCL, assim como em qualquer outra patologia que
apresente atraso no desenvolvimento da linguagem. A evolução da linguagem e cognição
proporcionarão maior autonomia e melhor qualidade de vida destes pacientes.

271
Atuação fonoaudiológica atraso de linguagem decorrente de exposição à
bilinguismo: relato de caso

Bianca Rodrigues Lopes Gonçalves; Camila M. Abe, Rachel Mantovani Moço,


Camila Guarnieri, Simone Aparecida Lopes-Herrera

Introdução: Os distúrbios da comunicação são um problema frequente no


desenvolvimento de crianças em idade pré-escolar. O Atraso de Linguagem pode ser
originado devido a fatores ambientais inadequados e possui melhor prognóstico se houver
o diagnóstico e intervenção precoces. O processo de aquisição e desenvolvimento da
linguagem é altamente complexo para crianças monolíngues e a exposição ao bilinguismo
aumenta a complexidade desse processo de aprendizagem, fazendo-a assimiliar todos os
aspectos de duas línguas diferentes, levando a criança ao estresse e alta exigência
linguística. Objetivo: Relatar a intervenção fonoaudiológica de uma criança com atraso de
linguagem exposto ao bilinguismo. Metodologia: Criança do sexo masculino, 2 anos e 5
meses anos, exposta as Línguas Japonesa e Portuguesa desde seu nascimento. Há
casos de atraso de linguagem e distúrbio fonológico em familiares de ascendência direta.
A família não tinha queixa a respeito da fala da criança, porém o médico encaminhou a
criança para que realizasse uma avaliação fonoaudiológica. Na avaliação fonoaudiológica,
foi aplicado o Teste de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem (ADL), no qual a
criança apresentou compreensão da linguagem adequada para a idade, segundo o
escore proposto; no entanto, a linguagem expressiva mostrou-se prejudicada, não
havendo condições de responder ao teste, já que a criança produziu menos de dez
palavras isoladas (todas emitidas na Língua Portuguesa). Não foi possível aplicar nenhum
protocolo de observação comportamental, pois a criança não saía do colo da mãe e a
mesma se recusava a sair da sala de avaliação. Desta forma, decidiu-se dar início à
intervenção fonoaudiológica como uma forma de dessensibilizar a criança e à família para
a aplicação posterior de procedimentos de avaliação. A intervenção objetivou a
estimulação da linguagem oral, enfocando: onomatopeias, nomes de familiares, palavras
curtas, troca de turnos, e orientação familiar sobre apresentação da linguagem para a
criança no ambiente domiciliar enfocando somente a Língua Portuguesa. Resultados: Não
houve resultados significativos, pois a família mostrou-se resistente à mudança das
práticas inadequadas, orientações propostas quanto à estimulação de linguagem e rotina
da criança, além de ter apresentado um grande número de faltas às sessões terapêuticas.
Já havia sido realizada orientação da família pelo Serviço Social e cogitou-se
encaminhamento ao setor de Psicologia, mas a família desistiu do atendimento.
Conclusão: na intervenção fonoaudiológica em casos de bilinguismo, muitas vezes, antes
mesmo de uma atuação mais direta com a criança, deve-se buscar quebrar resistências
familiares, descobrir as possibilidades de comunicação e a partir disso potencializá-las, no
intuito de aumentar as habilidades comunicativas, ampliar as possibilidades interacionais;
porém é indispensável que a família seja o agente facilitador deste processo – o que,
infelizmente, no momento, não foi possível no caso aqui relatado – levando a reflexões
sobre o que poderia ter sido realizado para evitar a desistência do tratamento pela família.

272
Atuação fonoaudiológica com criança com baixa visão e fala ecolálica

Nayara Mota de Aquino; Erika Maria Parlato-Oliveira, Galton Vasconcelos, Renata Maria
Moreira Moraes Furlan, Simone Rosa Barreto, Priscila Guimarães Kimura, Josiane Célia
de Lima, Jeyseane Ramos Brito, Nayara Duviges de Azevedo

Introdução: A visão é um canal sensorial importante como estímulo motivador para a


comunicação nos primeiros anos de vida. Nas crianças com baixa visão, a comunicação e
interação com o mundo pode ser desenvolvida com alterações. A ecolalia, repetição de
itens lexicais finais da fala do interlocutor, tem sido observada em crianças com baixa
visão. Objetivo: Relatar a evolução da linguagem de uma criança atendida pelo Serviço de
Baixa Visão Infantil de um hospital universitário. Métodos: A criança foi avaliada pelos
profissionais do Serviço: oftalmologista, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo e
fonoaudiólogo. Foi realizada anamnese, observação comportamental e aplicação do
protocolo de avaliação da linguagem de crianças com visão subnormal, Parlato, Ramos e
Sacramento (2005), que avalia aspectos receptivos, emissivos e cognitivos da linguagem.
Foram apresentados dados da avaliação, diagnóstico, conduta e evolução da criança.
Resultados: O paciente GLSD, 3 anos, sexo masculino, sem queixas familiares
relacionadas à comunicação, apresentou boa saúde geral, desenvolvimento
neuropsicomotor satisfatório, audição normal, diagnóstico oftalmológico de microcórnea,
glaucoma, astigmatismo e baixa visão de grau grave, usa óculos de grau – 2 no olho
direito e plano no esquerdo, desde um ano de vida. Foi submetido a cirurgia devido ao
glaucoma. Na avaliação fonoaudiológica, observou-se que a criança era tranquila e
interativa. GLSD apresentou intenção comunicativa, comunicou-se pelo código linguístico
oral, com vocabulário restrito e enunciado pouco estruturado. Verificou-se bom
desempenho nos aspectos receptivos e cognitivos da linguagem, porém emissão aquém
do esperado para a idade e fala ecolálica. Observou-se que a ecolalia ocorria com
intenção comunicativa, como forma de interação, já que algumas competências
linguísticas apresentavam déficit. Todas as ocasiões em que ocorreu ecolalia, houve
relevância entre o contexto linguístico e situacional. Foi realizada também avaliação
fonológica e do sistema estomatognático, não tendo sido encontradas alterações. A
terapia teve como objetivos: adequar o aspecto emissivo da linguagem do paciente à sua
faixa etária, a partir da ampliação do vocabulário, aprimoramento do uso da ecolalia e
melhora da estrutura do enunciado, promovendo, assim, a competência comunicativa. A
terapia foi conduzida de forma lúdica, utilizando brinquedos coloridos e sonorizados de
diversos tamanhos, músicas e vídeos infantis, fantoches, histórias e jogos. No decorrer
das sessões, a mãe foi orientada quanto às estratégias para estimulação da linguagem. O
paciente apresentou evolução satisfatória, uma vez que houve adequação da linguagem
emissiva por meio da resignificação da produção ecolálica, sendo esta eliminada à
medida em que houve ampliação do vocabulário e evolução da estruturação do
enunciado. A criança recebeu alta após 8 sessões terapêuticas. Conclusão: Por meio da
terapia fonoaudiológica, com o apoio familiar, foi possível adequar a linguagem emissiva
da criança. É importante ressaltar a possibilidade de uso da ecolalia em prol da terapia,
quando essa apresentar valor comunicativo. O fato de alguns pais, assim como a mãe da
criança aqui supracitada, não apresentarem queixas quanto às habilidades comunicativas
dos filhos, revela que muitos deles não têm instrução suficiente para perceber tais
alterações, confirmando novamente a necessidade de atendimento especializado, sempre
em parceria com a família.

273
Autoimagem corporal: considerações biopsicossociais na atuação com idosos

Patrícia Valente Moura Carvalho; Rachel Ferreira Loiola, Luana Marsicano Alves, Thais
Mendes Rocha Alves Vieira

Introdução: O envelhecimento é um processo morfofisiológico caracterizado pela redução


de aspectos motores e funcionais do organismo. Pode causar sentimentos descontentes
quanto à sua imagem corporal. Esta é caracterizada pela representação da aparência
física bem como a estrutura corporal, envolve uma gama complexa de fatores
biopsicossociais. Sabe-se que muitas são as transformações, principalmente físicas,
decorrentes do envelhecimento, fato que implica diretamente na imagem do indivíduo
idoso. Objetivo: Conhecer a percepção da imagem corporal que os idosos têm de si sobre
o envelhecimento, através de uma revisão realizada na literatura. Pretende-se ainda
propor uma reflexão ao fonoaudiólogo sobre o tema a fim de que este profissional inclua
em sua atuação à saúde questões relacionadas a autoimagem do idoso, considerando
todos os aspectos biopsicossociais do envelhecimento. Métodos: Foi realizada uma
pesquisa na literatura utilizando-se as bases de dados eletrônicas Scielo, Lilacs e Bireme,
buscou-se estudos através dos seguintes descritores: idosos, envelhecimento, velhice,
imagem corporal, autoimagem corporal e autoestima. Também realizou-se uma
checagem nas referências bibliográficas dos artigos selecionados. O presente estudo
incluiu periódicos dos últimos dez anos. Resultados: O envelhecimento é caracterizado
por fatores de degeneração evolutiva, embora lenta, do organismo como um todo. Tais
modificações trazem incômodo à grande maioria dos idosos, as pesquisas revelam que a
insatisfação com a imagem corporal é comum entre os idosos. Encontra-se na literatura,
uma concentração de trabalhos sobre esta temática nas áreas de Enfermagem, Educação
Física, Nutrição e Geriatria. Os estudos feitos com idosas foram os mais encontrados na
literatura. Isto pode ser explicado pelo fato das mulheres ocuparem a maior parte da
população idosa. Além disso, o público feminino é mais interessado às questões de
imagem corporal, em todas as fases do desenvolvimento da mulher há uma preocupação
com os aspectos do corpo. Conclusão: Constatou-se com o desenvolvimento deste
estudo que os idosos, em sua grande maioria, não são satisfeitos com a imagem corporal.
Os aspectos funcionais do corpo é a principal queixa dos idosos quanto à insatisfação
com o corpo. Dessa forma, como profissionais da saúde, devemos atuar pensando em
minimizar essas queixas relacionadas ao envelhecimento, com o intuito de melhorar a
qualidade de vida dessa população e, consequentemente, atenuando à satisfação
corporal.

274
Avaliação do desenvolvimento semântico em crianças com atraso secundário de
linguagem

João Henrique Honorato de Carvalho; Marllon dos Santos Moura e Silva, Jose Henriques
da Costa Neto, Andre Felipe Emilio dos Santos, Jocelio Delfino da Silva

Introdução: O desenvolvimento da linguagem engloba uma série de aspectos que vão


proporcionar à criança uma competência comunicativa, assim, garantindo seu
desenvolvimento global. Dentro desses aspectos estão incluídos todos os níveis
linguísticos, boa capacidade cognitiva e interação social. Torna-se possível dividir,
didaticamente, a linguagem contemplando sua forma, conteúdo e uso. Sendo assim, a
forma está relacionada a produção dos sons e a estrutura de frases, consequentemente
associado aos níveis fonético-fonológico e morfossintático; o conteúdo relacionado aos
significados e associado ao nível semântico;e o uso relacionado ao emprego social da
língua e associado ao nível pragmático. O desenvolvimento dessas três áreas costuma
ocorrer simultaneamente, pois um disparate entre elas pode acarretar em possíveis
dificuldades nesse desenvolvimento, prejudicando a criança principalmente na sua
inclusão social e escolar. Este estudo parte da necessidade de analisar a área associada
ao conteúdo, que se refere ao desenvolvimento semântico da linguagem oral e suas
particularidades em crianças com atraso secundário. Sendo assim, observando a
capacidade de compreensão e produção dos vários tipos de significados. Objetivo:
analisar o desenvolvimento semântico em crianças com atraso secundário de linguagem.
Métodos: participaram do estudo três crianças com atraso secundário de linguagem, entre
três e seis anos, sendo dois surdos oralizados e uma criança do sexo feminino com
Síndrome de Down. Foi aplicado o teste ABFW- vocabulário com 94 itens. Resultados: as
crianças apresentaram um total de 174 designações corretas dos vocábulos. Houve
diferença pouco relevante quanto ao número de itens nomeados, e o número de itens não
nomeados foi maior em uma das crianças surdas. Os processos de maior evento foram os
de hiperônimo, co-hipônimo e atributo semântico. Conclusão: Os processos mais comuns
entre as três crianças em ordem decrescente foram os de hiperônimo, co-hipônimo,
atributo semântico, vocábulo incorreto, modificação da categoria gramatical,
parassinônimo e hipônimo. Dentre as categorias indicadas no teste, apresentaram mais
dificuldades na nomeação das profissões e de móveis e utensílios.

275
Avaliação do processo de leitura em crianças com desnutrição

Patricia Andréia Caldas; Priscila Barroqueiro, Ruth Glayce Oliveira

Introdução: Muitas crianças em todo o mundo sofrem com o problema de desnutrição e


consequentemente apresentam sequelas em decorrência da má nutrição. A desnutrição
afeta crianças durante os estágios mais vulneráveis do desenvolvimento cerebral,
alterando eventos de maturação cerebral e conduzindo a alterações comportamentais,
alterações nas funções cognitivas e distúrbios no aprendizado. O quanto a desnutrição
precoce pode alterar o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central e qual a seu impacto
no prognóstico neurológico tem sido uma questão bastante discutida do ponto de vista
experimental. É evidente o efeito deletério causado pela desnutrição no desenvolvimento,
porém clinicamente ainda persistem questionamentos. Alguns autores citam que a
nutrição inadequada durante o desenvolvimento encefálico, pode comprometer a estrutura
do cérebro, interferindo negativamente no rendimento escolar e no desenvolvimento
cognitivo Objetivo: avaliar o processo de leitura de crianças com desnutrição.
Metodologia: tratou-se de um estudo prospectivo, transversal, realizado na Clínica Escola
Santa Edwiges, em São Luis-Ma. A amostra foi composta por 10 crianças de 6 a 8 anos
de idade, com diagnóstico de desnutrição, atendidas no setor de Nutrição. Utilizou-se
como critério de exclusão o diagnóstico prévio de perda auditiva e história de patologias
neurológicas ou síndromes associadas. Como forma avaliativa dos processos de leitura
aplicou-se a adaptação brasileira das Provas de Avaliação dos Processos de Leitura –
PROLEC. Resultados: 50% das crianças cursavam o 2 ano e 50% cursavam o 3 ano, em
escolas públicas, sem histórico de reprovação e todas frequentavam reforço escolar no
horário oposto das aulas regulares. 10% das crianças tiveram dificuldade na execução da
tarefa do nome das letras e não realizaram as demais tarefas, 20% apresentaram baixa
pontuação na prova de decisão lexical, leitura de palavras e leitura de pseudopalavras,
100% das crianças tiveram baixa pontuação na prova de estruturas gramaticais, tendo
60% delas dificuldade e 40% dificuldade grande, e não realizaram as demais provas.
Conclusão: Neste estudo pode observar que as crianças com desnutrição apresentam
baixa capacidade para segmentar as palavras em letras, escasso vocabulário ortográfico
e dificuldades em estruturar orações.

276
Avaliação do vocabulário de crianças surdas inseridas no contexto educacional da
pré-escola

Monica Medeiros de Britto Pereira; John Van Borsel, Regina Celia Azevedo Soares

Introdução: A capacidade de se comunicar, utilizando-se a linguagem verbal, é uma das


características que diferenciam os seres humanos dos demais seres viventes. Quando
ocorre limitação nesta capacidade, a comunicação fica comprometida, uma vez que a
linguagem possibilita o compartilhamento de sentimentos, ideias e necessidades.
Objetivo: avaliar o vocabulário expressivo de alunos surdos, matriculados na educação
infantil, usuários da Língua Brasileira de Sinais, buscando analisar em quais campos
conceituais os educandos apresentam maior domínio de nomeação e identificar os
processos por eles utilizados. Métodos: Foi realizado um estudo transversal descritivo. A
amostra foi composta por dezessete alunos, matriculados na pré-escola do Serviço de
Educação Infantil, do Instituto Nacional de Educação de Surdos - MEC, com diagnóstico
de surdez neurossensorial severo-profunda, divididos em dois grupos, com idades entre
cinco a nove anos e onze meses, de ambos os sexos. Como língua de instrução foi usada
a Libras, razão pela qual o intérprete permaneceu junto ao pesquisador durante o
processo de aplicação do teste. Não participaram da pesquisa alunos matriculados na
pré-escola há menos de um ano e aqueles que apresentaram outras deficiências
associadas à surdez. Foi utilizado o Teste de Linguagem Infantil ABFW – Vocabulário.
Resultados: Na faixa etaria de 5 anos a comparação relativa à Designação de Vocabulo
Uusual (DVU) e os processos de substituição (PS) entre a amostra de crianças do INES
(A) e os dados normativos (N) foi significativa (p=0,008 )demosntrando que o grupo de
pesquisa apresentou desempenho inferior no que se refere a DVU e mais processos de
substituição. Já em relação aos processos de não designação(ND) não foram observadas
diferenças entre os grupo de pesquisa e os dados normativos do teste (p= 0,440). Na
faixa etára de 6 anos observou-se diferença entre os dados das crianças do INES que
apresentaram diferenças significativas para DVU e PSA (p=0,008), demonstrando que o
grupo de pesquisa apresentou desempenho inferior no que se refere a DVU e mais
processos de substituição. Novamente, como no grupo de 5 anos nenhuma diferença foi
observada em relação aos processos de não designação (ND). A comparação entre as
crianças de 5 e 6 anos do INES apontou diferenças significativas para DVU (p=0,008) e
ND (p=0,044), demostrando que as crianças de 6 anos apresentam vocabulario mais
completo do que as de 5 anos. Não foram observadas diferenças em relação aos
processos de substituição (p= 0,172). Conclusão: As crianças do INES apresentaram
desempenho inferior aos dados normativos do teste de vocabulário ABFW utilizado na
avaliação. Observa-se que o baixo desempenho do grupo pesquisado pode ser explicado
pelo fato de que a maioria das crianças são oriundas de famílias ouvintes que
desconhecem ou pouco usam a Libras como língua de instrução, comprometendo etapas
que são cruciais para que a criança adquira conceitos e amplie seu vocabulário.

277
Avaliação, por meio da escala saqol-39, da qualidade de vida de sujeitos afásicos

Giselle Athayde Massi; Roxele Ribeiro Lima, Ana Cristina Guarinello, Carla Heloisa Cabral
Moro, Helbert do Nascimento Lima

Introdução: O acidente cerebral vascular (AVC) representa uma importante causa de


incapacidade neurológica com um aumento de sua incidência nos países de menor renda
e a afasia, como complicação do AVC, determina impacto na qualidade de vida (QV).
Contudo, há poucos estudos sobre os fatores associados à qualidade de vida de afásicos,
principalmente no âmbito da comunicação, em países emergentes. Objetivo: Ampliar o
entendimento sobre o impacto da alteração da linguagem após um AVC na QV dos
sujeitos com afasia. Metodologia: Realizou-se uma revisão de prontuário de pacientes
com diagnóstico de AVC isquêmico admitidos em um hospital público de referência em
Joinville/Brasil, no período de agosto de 2010 a dezembro de 2011. A QV foi avaliada
através do SAQOL-39. Os fatores associados com o prognóstico da afasia foram
avaliados com relação ao domínio da comunicação. Resultados: Dos 50 pacientes
afásicos avaliados, 60% eram do sexo masculino. A média de idade foi 69,6 anos e o
tempo médio após o AVC foi de 11,7 meses. A média do escore total do SAQOL-39 foi de
3,09. O domínio com maior escore foi o relativo à energia e o de menor escore o
psicossocial. O hábito de leitura antes e após o AVC, o maior nível socioeconômico, o
maior tempo transcorrido após o AVC e os maiores escores do domínio físico foram
associados significativamente com os melhores escores do domínio da comunicação. Não
houve associação com a idade, gênero, cuidador, número de habitantes na casa e
atividade física e social. Conclusão: No âmbito da comunicação, a leitura demonstrou
implicações positivas na QV no domínio da comunicação. Novos estudos são necessários
para avaliar o implemento de práticas de leitura como possibilidade terapêutica.
Descritores: Afasia, Qualidade de Vida, Acidente Vascular Cerebral.

278
Bateria montreal-toulouse de avaliação da linguagem: evidências de fidedignidade e
validade

Karina Carlesso Pagliarin; Karin Zazo Ortiz, Maria Alice Pimenta Mattos Parente, Yves
Joanette, Jean-Luc Nespoulous, Rochele Paz Fonseca

Introdução: No Brasil, não há instrumentos publicados e comercializados padronizados


para o Português Brasileiro que possibilitem uma avaliação formal da linguagem de
adultos com afasia. Objetivos: Este estudo teve como objetivo buscar evidências de
fidedignidade e de validade de construto para a Bateria Montreal-Toulouse de Avaliação
da Linguagem (MTL-BR). Métodos: Participaram do estudo 537 adultos, sendo 463
neurologicamente saudáveis e 74 com lesão cerebral unilateral (25 com lesão de
hemisfério direito, 21 com lesão de hemisfério esquerdo - LHE com afasia e 28 LHE sem
afasia). A fidedignidade foi analisada a partir das técnicas alpha de Cronbach e teste-
reteste. Para análise teste-reteste foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson e
realizada uma análise de variância de medidas repetidas, com a variável escolaridade
como covariante. A validade de construto foi verificada por meio da correlação entre os
escores de cada tarefa da Bateria MTL-BR e os escores de algumas tarefas de outros três
instrumentos que apresentam tarefas semelhantes. Resultados: Verificou-se satisfatória
confiabilidade interna (de 0.79 a 0.90) e correlações teste-reteste (média 0.52), além de
ter adequada correlação com o desempenho de instrumentos semelhantes. O controle da
variável escolaridade foi importante para índices mais puros de teste-reteste. Conclusão:
As análises sugerem a utilidade da Bateria MTL-BR como uma ferramenta válida e
confiável para a detecção de afasia e acompanhamento de seu progresso. Estudos em
busca de evidências de validade de critério, de sensibilidade e de especificidade com
grupos de diferentes tipos e severidade de afasia são necessárias.

279
Capacidade de nomeação de imagens em adultos idosos saudáveis

Paula Cristina Grade Correia; Olinda Roldão, Catarina Ferreira, Filipa Gonçalves, Monica
Carrilho, Ana Paula Martins, Aldora Quintal

Introdução: A capacidade de atribuir um nome a um estímulo visual começa pelo


processamento visual e o reconhecimento, isto é, pelo acesso à descrição estrutural
armazenada, pelo que a nomeação de imagens implica, para além de capacidades
verbais, capacidades percetivas relacionadas com a forma, cor e outros atributos
estruturais do estímulo. O subsequente acesso a uma representação semântica, traduzida
posteriormente numa representação lexical apropriada, corresponde à informação
conceptual. Esta capacidade é a realização mais precoce no desenvolvimento da
linguagem na criança e a sua diminuição é muitas vezes associada ao envelhecimento
normal. Objetivos: Descrever a capacidade de nomeação dos adultos idosos saudáveis;
verificar se esta depende significativamente das variáveis grupo etário, escolaridade e
sexo. Metodologia: Desenvolveu-se um estudo transversal de metodologia comparativa
com base descritiva cuja amostra foi constituída por 141 indivíduos saudáveis com idade
superior a 70 anos divididos em dois grupos etários ([70-79 anos] e [80-89 anos]). O
instrumento utilizado foi o teste de nomeação de Boston. Para o tratamento dos dados
usou-se uma estatística descritiva de tendência central e o t-student para comparação de
amostras independentes. Resultados: A quantidade total de respostas corretas no Teste
de Boston foi em média 35,27 ± 9,535, contudo esta capacidade foi superior nos mais
indivíduos mais novos (respetivamente, 37,95± 9,285 e 32,09 ± 8,960), embora sem
evidência significativa. Os resultados comparativos comprovaram diferenças significativas
para a variável escolaridade (IC 95% 35,36-41,47 para os alfabetizados e 28,00-33,65
para os analfabetos). Conclusão: Com este estudo concluiu-se que a capacidade de
nomeação de imagens de objetos diminui com a idade e aumenta com a escolaridade.
Não se encontraram evidências estatisticamente significativas no que respeita à variável
sexo.

280
Caracterização da emissão e recepção da linguagem de crianças de dois anos com
baixa visão

Priscila Guimarães Kimura; Erika Maria Parlato-Oliveira, Galton Carvalho Vasconcelos,


Jeyseane Ramos Brito, Renata Maria Moreira Moraes Furlan, Nayara Mota de Aquino,
Nayara Duviges de Azevedo, Josiane Célia de Lima, Simone Rosa Barreto.

Introdução: A visão é um importante canal sensorial de relacionamento da criança com o


mundo. As crianças aprendem por meio de imitação e de perguntas sobre o que
enxergam e escutam. Dessa maneira, a privação ou limitação desse canal sensorial pode
trazer sérios prejuízos para o desenvolvimento da linguagem. O Ambulatório de Baixa
Visão Infantil em um hospital universitário conta com uma equipe interdisciplinar formada
por oftalmologistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, pedagogo e
psicólogo, e trabalha no acompanhamento e na assistência a crianças com baixa visão.
Todas as crianças do serviço passam pela avaliação de cada um dos profissionais e
permanece em terapia conforme haja necessidade. Objetivo: O objetivo desta pesquisa foi
investigar o desempenho de crianças de dois anos de idade, com baixa visão, na
avaliação dos aspectos de recepção e emissão da linguagem. Métodos: Foi realizado um
estudo do prontuário de oito crianças atendidas pelo Serviço de Baixa Visão Infantil do
hospital universitário. Constituíram critérios de inclusão da amostra: idade entre 2 e 3
anos, baixa visão, ausência de má-formação do sistema nervoso central, paralisia
cerebral, déficit auditivo, doença neurológica progressiva ou retardo mental. Foram
coletados e apresentados dados sobre etiologia e grau do déficit visual, nível sócio
econômico da família, resultado da avaliação dos aspectos de emissão e recepção da
linguagem. A avaliação da linguagem foi realizada por meio do Protocolo Parlato, Ramos
e Sacramento (2005). Resultados: A amostra do estudo compreendeu oito crianças,
sendo seis do sexo masculino e duas do sexo feminino, média de idade de 2 anos e 6
meses. Com relação à renda aproximada da família, quatro famílias apresentavam renda
de até um salário e meio, duas das famílias apresentavam renda de até dois salários e
outras duas de até cinco salários. As crianças da amostra apresentaram diagnósticos
oftalmológicos diversos, com prevalência do glaucoma (37,5%). Com relação ao grau da
perda visual, obtido por meio da avaliação da acuidade visual, verificou-se que três
(37,5%) crianças apresentaram perda moderada, três (37,5%) apresentaram perda grave
e uma (12,5%), perda profunda. Verificou-se melhor desempenho das crianças na
recepção (75% de tarefas cumpridas) do que na emissão (57% de tarefas cumpridas).
Com relação à recepção, a tarefa “responde com adequação a situação rotineira” foi a
que apresentou o maior número de falhas (50%). Apenas a tarefa “executa uma série de
três ordens relacionadas” apresentou 100% de acertos. Já com relação à emissão, as
tarefas com maior número de respostas alteradas foram: “combina verbo ou substantivo
com este e aqui emitindo duas palavras”, “combina duas palavras para exprimir posse”,
“aplica regra regular de gênero”, “usa eu”, “compreende o como, respondendo
adequadamente”. Os resultados estão de acordo com a literatura. Conclusão: As crianças
com baixa visão apresentaram pior desempenho no aspecto de emissão, quando
comparado com a recepção. Verificou-se atraso na aquisição de termos espaciais,
pronomes pessoais e possessivos e de gênero. Faz necessária a intervenção
fonoaudiológica com essas crianças.

281
Caracterização de crianças incluídas no espectro do autismo segundo o differencial
assessment of autism and other developmental disorders.

Fernanda Dreux Miranda Fernandes; Milene Rossi Perreira Barbosa

Introdução:Caracterizar crianças incluídas no espectro do autismo tem sido um grande


desafio para os profissionais envolvidos no tratamento desses indivíduos. Verificar,
quantificar e analisar as habilidades alteradas de crianças autistas é um passo
fundamental para a compreensão do quadro clínico e para o delineamento do processo
terapêutico. O diagnóstico precoce é fundamental, uma vez que há evidencias crescentes
de que, com a intervenção adequada iniciada precocemente, a evolução no
desenvolvimento se dá com maior rapidez nas crianças com distúrbios incluídos no
Espectro do Autismo. O diagnóstico correto não apenas facilita o planejamento
terapêutico para um melhor desenvolvimento, mas também fornece o apoio necessário às
famílias. As técnicas utilizadas para avaliação devem ter como objetivo o diagnóstico
diferencial e questões sobre o aperfeiçoamento das funções comunicativas, uma vez que
a linguagem ocupa um papel fundamental na descrição do Espectro do Autismo. O
estabelecimento de critérios de avaliação para uma padronização dos dados é de grande
importância para a efetivação das técnicas terapêuticas a serem propostas. O Differencial
Assessment of Autism and Other Developmental Disorders foi criado para discriminar, a
partir dos comportamentos das crianças, os distúrbios específicos do desenvolvimento,
entre eles o Autismo, a Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger, os Transtornos
Invasivos do Desenvolvimento não Especificados, a Apraxia, o Retardo Mental e a
categoria Outras Síndromes. Essas três últimas categorias não serão abordadas na
presente pesquisa por não fazerem parte dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento
conforme o DSM-IV ou a CID 10. Objetivo: O objetivo desse estudo é caracterizar um
grupo de 45 crianças e adolescentes com diagnósticos do Espectro do Autismo conforme
o instrumento o Differencial Assessment of Autism and Other Developmental Disorders.
Metodo;Pelo fato do Laboratório de Investigação Fonoaudiológica nos Distúrbios do
Espectro do Autismo fazer atendimento especificamente para pacientes incluídos no
Espectro do Autismo, para este estudo não foram utilizadas as categorias de outras
patologias trazidas pelos protocolos (Apraxia, Retardo Mental e a categoria Outras
Síndromes). A aplicação foi realizada através de entrevista com as terapeutas
responsáveis por cada sujeito. A entrevistadora fez as perguntas às terapeutas e, se
essas confirmassem que se aplicava à criança, o item era marcado. Os dados obtidos
foram pontuados e transferidos para um banco de dados de acordo com as ocorrências
dos comportamentos apresentados. Resultados:Após feita a analise estatística os dados
indicaram que conforme aumenta a idade dos sujeitos, a tendência é que o questionário
caracterize melhor as possibilidades de diagnóstico diferencial entre os Distúrbios do
Espectro do Autismo. A área Linguagem no questionário apresentou diferença
significativa quando comparada entre os grupos. Na área Pragmática, a comparação
entre os grupos foi estatisticamente significativa em todos os diagnósticos incluídos no
Espectro do Autismo, evidenciando a diferença nesses aspectos em relação à idade.
Conclusão: As análises permitem dizer que quanto mais nova a criança, mais fácil se dá a
diferenciação entre estar incluída no Espectro do Autismo e não estar, e quanto maior a
idade da criança mais o instrumento identifica o diagnóstico diferencial dentro do Espectro
do Autismo.

282
Caracterização do perfil de memória e linguagem de participantes da asp-pe

Maria Vanessa; Maria Lúcia Gurgel da Costa, Jessika Kalinny Batista Sobral

Introdução:A linguagem possibilita a comunicação e a interação de forma ilimitada entre


os indivíduos, permitindo ação sobre o meio (pela atividade cognitiva) e sobre o outro
(pela atividade comunicativa). Somente a partir dessas ações os indivíduos podem
exercer ativamente seu papel na sociedade. Há um grande número de autores que se
debruçaram sobre o estudo das alterações de fala e linguagem em Pacientes com doença
de Parkinson (DP), demonstrando significativa incidência de alterações na comunicação
oral, provavelmente decorrentes dos sintomas motores resultantes da referida doença. A
DP é um distúrbio degenerativo do sistema nervoso central que acomete principalmente o
sistema motor; seus principais sintomas são: rigidez muscular, bradicinesia (lentidão dos
movimentos), tremor e alterações posturais. Foi descrita em 1817 por James Parkinson, e
inicialmente denominou como paralisia agitante. Há maior probabilidade de manifestação
em pessoas com aproximadamente 60 anos, apesar também de se manifestar em adultos
jovens, pois a incidência e prevalência da doença aumentam com o passar dos anos,
tendo uma taxa em média de 120 a 180 por 100.00 em populações brancas e acima de
65 anos é aproximadamente 1%. O distúrbio de memória também está entre as
alterações observadas na DP. Caracteriza-se pela dificuldade em recordar informações
verbais recentemente aprendidas, por causa da dificuldade na capacidade de utilizar a
codificação semântica, devido a problemas no processamento da informação. A memória
implícita é a mais amplamente estudada em paciente com DP, mas a que está mais
prejudica é a memória operacional, pois esta envolve as habilidades motoras, que nos
parkinsonianos estão diminuídas. Objetivo:Este estudo objetiva investigar o desempenho
cognitivo de pessoas com Doença de Parkinson nos aspectos memória e linguagem,
antes e após um período de terapia fonoaudiológica. Metodo: Trata-se de um estudo
descritivo, de intervenção, longitudinal, caso controle, que só foi iniciado após a
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas. A coleta de dados foi realizada na
Associação de Parkinson de Pernambuco (ASP-PE), com 11 sujeitos sócios de ambos os
sexos, com doença de Parkinson, nos estágios 1, 2 e 3 de Hoen & Yahr. A pesquisa foi
realizada com a aplicação do Protocolo Capuano (1999-2005), seguido de 10 oficinas
consecutivas, baseadas nas variáveis descritas no referido protocolo. Ao término destas
realizou-se uma reavaliação para verificação e da eficácia e desempenho dos sujeitos
pesquisados. Resultados:Dos onze indivíduos, sete foram reavaliados. De acordo com o
protocolo de Capuano (1999-2005), todos aumentaram seus escores nas reavaliações
nos itens nele contidos. Já no Miniexame de Estado Mental (MEM) seis tiveram um
aumento em relação a média e só um permaneceu. Tendo em vista que após as oficinas
todos elevaram seu desempenho na memória e linguagem. Conclusão:Após as dez
oficinas destinadas para um melhor desempenho da memória e linguagem, foi percebido
que os sujeitos com a Doença de Parkinson, necessitam de acompanhamento
fonoaudiológico que visem à otimização do desempenho cognitivo, pois estes tiveram
ganhos após intervenção.

283
Caracterização dos aspectos linguísticos do discurso de idosos com doença de
alzheimer

Jéssica Batista; Maria Isabel D’Ávila Freitas, Beatriz Wendie Henkels

Introdução: As mudanças na pirâmide populacional mostram o aumento do número de


idosos e indicam a necessidade de se diagnosticar, prevenir e tratar causas de
comprometimento cognitivo prevalentes no envelhecimento, que comprometem a
independência e inserção social desses indivíduos. A Doença de Alzheimer (DA) é a
principal causa de demência, com incidência de 50% a 70%, e caracteriza-se por
alterações progressivas da memória, do julgamento e do raciocínio intelectual. Embora a
memória seja a função mais perceptivelmente comprometida, a literatura tem apresentado
grande número de estudos sobre as alterações de linguagem na DA, e parece haver um
consenso quanto à heterogeneidade do comprometimento de linguagem e comunicação
ao longo do processo demencial. Objetivos: Analisar as características linguísticas do
discurso narrativo com o auxílio de apoio visual em idosos com DA. Métodos: Trata-se de
um estudo transversal, constituído por 12 indivíduos idosos, que são atendidos em um
ambulatório de Neuropsiquiatria Geriátrica. Foi aplicado o Mini-Exame do Estado Mental
como rastreio cognitivo da amostra estudada. Logo após, a “Figura do Roubo dos
Biscoitos” foi apresentada a cada idoso e foi solicitado que produzissem um discurso
sobre o que estavam observando na referida figura. O relato dos pacientes foi gravado em
áudio, transcrito e analisado quanto ao número total de palavras do discurso, uso de
palavras que indicassem uma pessoa, objeto, localização, ação ou uma característica de
uma pessoa, objeto ou ação da figura. Resultados: Foram avaliados idosos com
diagnóstico de DA provável com médias de idade de 74,1 anos e escolaridade de 4,1
anos. Na analise do discurso, os idosos apresentaram dificuldade de nomeação de
substantivos comuns e de localização, poucas caracterizações (adjetivos) de pessoas,
objetos ou ações e o aspecto mais integro do discurso foi à descrição das ações (verbos).
Conclusão: Neste estudo foi possível identificar que as características linguísticas mais
deterioradas no discurso de idosos com DA são aquelas referentes a substantivos e
localização, porém mais estudos, com amostras maiores, precisam ser realizados.

284
Comparação do perfil escolar e escore de inteligência não-verbal em crianças do
espectro do autismo

Fernanda Dreux Miranda Fernandes; Larriane Karen de Campos

Introdução: O Autismo caracteriza-se por uma tríade de déficits nas áreas de cognição,
linguagem e interação social. Há casos de autismo com diagnóstico de retardo mental
associado, variando de leve a profundo. A linguagem e o desenvolvimento cognitivo
emergem no contexto das relações sociais. A escola torna-se o ambiente mais favorável
para promover interação social necessária para o melhor desenvolvimento destas
crianças. Devido às dificuldades de compreensão, é necessário avaliar as crianças com
Distúrbio do Espectro do Autismo (DEA), por meio de teste não verbal, como o de
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial, que determina o escore de
inteligência não verbal e mostrou-se eficaz na avaliação de crianças com DEA em
estudos anteriores. Objetivo: Verificar a correlação entre a frequência, em horas
semanais, da criança com DEA na escola, com o seu escore de inteligência não verbal.
Método: Esta pesquisa obteve aprovação da comissão de Ética sob o número 410/12, e
os responsáveis pelas crianças assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A
amostra foi de oito sujeitos, com faixa etária de cinco a 15 anos de idade, matriculados
em escola regular, com diagnósticos inseridos no DEA, que frequentam terapia
fonoaudiológica uma vez por semana há, no mínimo, um ano e que já apresentavam em
seu prontuário o Teste de inteligência não verbal, aplicado e analisado por psicóloga. Os
responsáveis responderam a um questionário para levantamento do perfil escolar de
seu(ua) filho(a), e as informações sobre o escore de inteligência não verbal foram
retiradas dos prontuários dos pacientes. Na análise foi correlacionado o tempo, em horas,
em que a criança permanece na escola por semana, com os escores de inteligência não
verbal, utilizando-se o teste não–paramétrico de Spearman, devido ao tamanho da
amostra e à diversidade apresentada pelos participantes, com uso do software SPSS - 17.
Adotou-se o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05). Resultados: Os resultados obtidos
mostraram correlação negativa, entre os percentis do Teste de inteligência não-verbal
(Raven) e o tempo de permanência na escola, revelando coeficiente de correlação
negativo, igual a – 0,608, e o ρ de Spearman igual a 0,110, que não é estatisticamente
significativo, tendo em vista o nível de significância adotado (p ≤ 0,05), provavelmente
pelo tamanho da amostra e a grande variabilidade encontrada entre os sujeitos. Esse
resultado não era esperado, uma vez que é consenso que a escola seja um local que
ofereça oportunidades de aprendizagem constante. Porém, há necessidade de
levantamento de outros dados, como: comportamento, habilidade de socialização,
atividades realizadas na escola, e mediação oferecida. Conclusão: A correlação negativa
observada vai contra a literatura, que propõe, com relação às crianças com autismo, que
a criança passe um tempo estendido na escola para o desenvolvimento de atividades
focadas em instrução individualizada e áreas de necessidade identificadas pelas famílias.
Porém, os aspectos já apontados pela Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva tornam a inserção de alunos com deficiência, um
desafio às escolas, pois pressupõem a utilização de adequações ambientais, curriculares
e metodológicas.

285
Comparação entre o functional communication profile – revised e o perfil funcional
da comunicação de autistas.

Fernanda Dreux Miranda Fernandes; Thaís Helena Ferreira Santos

Introdução: O autismo, classificado como Transtorno Global do Desenvolvimento, teve


descrito pela American Psychiatric Association um complexo conjunto de inabilidades, as
quais afetam a comunicação, a capacidade cognitiva e a interação social dos indivíduos.
Embora nesses distúrbios existam diversas manifestações clínicas, verificam-se
constantemente as dificuldades na área da comunicação verbal e não verbal, já que estas
manifestações representam um impacto significativo na inserção social e cultural dos
indivíduos. As técnicas utilizadas para avaliação devem ter como objetivo específico o
diagnóstico diferencial e as questões sobre o aperfeiçoamento em funções comunicativas.
Utilizado para avaliar a comunicação, o Functional Communication Profile – Revised
oferece um método sensível e organizado de avaliar as habilidades comunicativas
individuais por idade com déficits adquiridos ou desenvolvimentais. Objetivo: Associar o
Functional Communication Profile – Revised (FCP-R) ao Perfil Funcional da Comunicação
(PFC) – especificamente no que se refere à iniciativa e interatividade comunicativa de
crianças e adolescentes incluídos no espectro do autismo. Métodos: Foram selecionados
50 sujeitos com idades entre três e 14 anos em atendimento no LID-DEA da FMUSP e
com diagnósticos incluídos no espectro do autismo. As terapeutas responderam ao FCP-
R de acordo com o desempenho individual que classifica os domínios encontrados de
acordo com a severidade, variando de normal a profundo. Para a análise do PFC foram
gravados 15 minutos de interação entre terapeuta e paciente e transcritos e analisados os
cinco minutos considerados mais simétricos pela pesquisadora. Os dados obtidos foram
associados sendo cinco áreas do FCP-R (comportamento, atenção/concentração,
linguagem receptiva, linguagem expressiva e pragmática/social) e três informações do
PFC (interatividade da comunicação, número de atos expressos por minuto – A/M e
porcentagem de ocupação do espaço comunicativo - %OEC). Os dados foram associados
através de análise estatística pertinente. Resultados: A distribuição média da proporção
de interatividade da população analisada evidencia uma importante diminuição conforme
o aumento da severidade para as áreas selecionadas de uma forma geral. O desempenho
no domínio pragmática/social, evidenciou, em especial uma diminuição abrupta da
classificação moderada para a severa. O mesmo ocorreu para linguagem receptiva e
linguagem expressiva, o que mostra que conforme a severidade do quadro aumenta para
essas áreas há, também diminuição da proporção de interatividade da comunicação para
a população estudada. Os dados que evidenciam a intenção comunicativa, encontrados
em N/A e %OEC evidenciam que, os indíviduos com maiores A/M e %OEC tendem a
obter classificações mais severas de acordo com o FCP-R. Esse resultado indica que não
adianta haver muita intenção comunicativa se ela não é dirigida ao interlocutor.
Conclusão: Muitos estudos vêm sendo realizados para a adaptação, validação e
elaboração de escalas de severidade e diagnósticas para autismo no Brasil. Ainda não há
uma convergência entre as escalas no que se refere ao grau de severidade, porém, é
sabido que o uso complementar de escalas com outras do mesmo tipo e com avaliações
clínicas individuais é de extrema importância para o delineamento terapêutico e a
evolução clínica de indivíduos autistas.

286
Competência social em indivíduos com diagnóstico da síndrome del22q11.2

Gabriela Mello Costa; Amanda de Oliveira Santos, Natalia Freitas Rossi, Celia Maria
Giacheti

Introdução:A síndrome del22q11.2, com frequência de 1 para 2000 nascidos vivos, é


causada pela microdeleção no braço longo do cromossomo 22 na região q11.2,
diagnosticada pela técnica da Hibridização in situ por Fluorescência (FISH). O fenótipo da
síndrome apresenta expressividade variável, sendo as manifestações mais comuns a
presença de fácies típica; alterações renais e esqueléticas; hipernasalidade em
decorrência das disfunções velofaríngeas; alterações cardíacas, representando cerca de
90% da causa de óbitos nesta síndrome; atraso no aparecimento dos marcos da
linguagem; problemas de aprendizagem; déficits em tarefas de aritmética e distúrbios
comportamentais. Dentre os problemas comportamentais frequentemente citados como
parte do fenótipo da síndrome estão as manifestações psiquiátricas, principalmente, as
que constituem parte dos transtornos esquizofrênicos, levando a prejuízos na adaptação
social. Objetivo:O objetivo deste estudo foi investigar a competência social de indivíduos
com a síndrome del22q11.2. Metodo:Participaram deste estudo pais de 10 indivíduos com
diagnóstico da síndrome del22q11.2, cujos filhos apresentavam idade entre 6 e 18 anos,
de ambos os gêneros. Os pais responderam ao inventário social do Child Behavior
Checklist (CBCL), que é composto por 138 itens, sendo 20 deles destinados à
competência social. As escalas de competências sociais incluem: (1) atividades (que
refere-se ao envolvimento da criança ou jovem em diversas atividades como esportes,
passa tempos, jogos, trabalhos e tarefas); (2) sociabilidade (participação em organizações
grupais como times e clubes e relacionamento com a família e amigos e (3) escolaridade
(aproveitamento nas matérias, repetência e necessidade de classe especial). Os perfis
sociais obtidos foram convertidos em escores que receberam a seguinte classificação: (a)
clínicos: fora dos padrões de normalidade (b) limítrofes e (c) não clínicos: dentro dos
padrões de normalidade. Resultados:Os resultados mostraram que oito indivíduos foram
classificados na categoria clínica, ou seja, que apresentam problemas na área de
competência social e um indivíduo na categoria limítrofe. Apenas um indivíduo apresentou
classificação dentro dos parâmetros de normalidade para as habilidades de competência
social do CBCL. A partir da análise das informações relatadas pelos pais dos indivíduos
com a síndrome del22q11.2, problemas na habilidade social podem acompanhar quadros
dessa afecção genética. Conclusão:Os achados aqui descritos são ainda preliminares e
necessitam de estudos adicionais a fim de melhor caracterizar as habilidades de
competência social dos indivíduos com a síndrome del22q11.2, incluindo aspectos mais
específicos relacionados ao comportamento e às habilidades sociais da linguagem.

287
Comunicação alternativa: garantindo a conexão com o ambiente em síndromes
degenerativas

Maria de Jesus Gonçalves; Victor Vasconcelos Barros, Aleida Regina Silva Ribeiro,
Amanda Almeida Batista, Flávia Horta Azevedo Gobbi

Introdução: A comunicação alternativa tem por objetivo auxiliar pessoas com distúrbios de
fala, permitindo a sua comunicação com o ambiente que o circunda. A comunicação
alternativa possibilita ao seu usuário: maior independência na própria comunicação;
exercício de sua autonomia, garantindo sua participação na tomada de decisões a
respeito de si próprio; e melhora a autoestima e o contato com seus diversos
interlocutores. É utilizada com indivíduos com doenças neurológicas com variados
comprometimentos de fala e linguagem. Objetivos: Discutir a importância do uso da
comunicação alternativa no processo de reabilitação de um paciente com a síndrome
degenerativa do córtico-basal. Metodologia: Será apresentado um relato de caso, de um
paciente que chegou à clínica de fonoaudiologia pelo ambulatório de neurologia de um
Hospital Universitário com o diagnóstico de Síndrome degenerativa do córtico-basal. Esta
doença inicia-se com um quadro de afasia progressiva primária, caracterizada por
problemas de linguagem, que evoluem com alterações de comportamento e outras
funções cognitivas. Apresenta déficits motores e apraxias, além de déficits visuoespaciais.
No relato de caso aqui apresentado foi utilizado um sistema de comunicação alternativa
com pranchas temáticas implementadas em computador e em papel. Para elaboração
deste material foram utilizadas as ferramentas do software Boardmaker, com símbolos de
PCS e fotos. RESULTADOS: Paciente J. G, do sexo masculino, 55 anos, acompanhado
desde março de 2013. Chegou à clínica com diagnóstico de Síndrome degenerativa do
córtico-basal e inicialmente não apresentou dificuldades na mastigação ou deglutição.
Sua queixa principal foi relativa à fala. Foi realizada uma avaliação de linguagem bem
como de disfagia e motricidade orofacial. Embora, ainda houvesse presença de fala,
diante do quadro progressivo optou-se por iniciar o trabalho de comunicação alternativa
com participação do paciente nas escolhas do tipo de sistema bem como da seleção
repertório. Houve uma aceitação imediata desta proposta por parte do paciente. O
paciente apresentou piora gradativa na articulação, fraqueza nos membros superiores e
inicios de disfagia com líquidos no decorrer das sessões. Notou-se também durante a
terapia uma dificuldade maior na compreensão de ordens e uma labilidade emocional. As
adaptações do sistema têm acompanhado as mudanças no quadro do paciente de forma
a garantir a comunicação do paciente. Conclusão: Apesar da síndrome degenerativa do
córtico-basal ter caráter progressivo e ter evoluído rapidamente nesse caso, dificultando
principalmente sua articulação e deglutição, o uso da comunicação alternativa vem sendo
utilizava pelo paciente, o que segundo sua esposa facilita muito a comunicação entre
eles.

288
Comunicação funcional de idosos saudáveis em alagoas

Jéssica Cardoso Lima; Francelise Pivetta Roque, Paulo Henrique Ferreira Bertolucci,
Brasilia Maria Chiari

Introdução: No envelhecimento normal, ocorrem mudanças na linguagem e nas demais


funções cognitivas, que têm sido alvo de estudos, no sentido de identificar os limites entre
o normal e o patológico, com vistas ao aprimoramento do diagnóstico inicial de quadros
neurológicos em que há alterações desses aspectos. Também é atual a tendência
científica de se estudar a linguagem sob o aspecto funcional, havendo a necessidade de
estudos em populações com características sociodemográficas diferentes das estudadas.
Objetivos: Verificar as habilidades funcionais de comunicação de idosos saudáveis de
Alagoas. Métodos: Trata-se de um estudo transversal retrospectivo, aninhado a uma
pesquisa de pós-doutorado, com 50 voluntários idosos saudáveis, de ambos os sexos,
residentes na comunidade, em Maceió, Alagoas, Brasil, cujos dados compõem um banco
de dados. A amostra foi composta por conveniência, emparelhada, em relação a sexo e
idade, com uma amostra de idosos com demência de Alzheimer do referido estudo. A
comunicação foi avaliada funcionalmente por meio do questionário de Habilidades
Funcionais de Comunicação - ASHA-FACS, traduzido para o Português e validado no
Brasil, por meio de entrevista com pessoas que residiam com os idosos saudáveis. Nele
há quatro domínios: Comunicação Social (CS), Comunicação das Necessidades Básicas
(NB), Leitura, Escrita e Conceitos Numéricos (LEC) e Planejamento Diário (PD). A
pontuação é calculada por domínio e no total (valor médio de independência
comunicativa), e varia de um (não é capaz de determinado comportamento mesmo com
assistência máxima) a sete (indivíduo tem desempenho adequado, sem necessidade de
qualquer auxilio). Coletaram-se ainda os dados sociodemográficos e culturais. Aplicou-se
a estatística descritiva, e analítica (Teste de Correlação de Spearman) para analisar
possíveis associações entre as variáveis, adotando-se significante o p-valor de 0,050.
Resultados: A amostra foi composta por 38 (76%) mulheres e 12(24%) homens, de 60 a
98 (média=77,98±8,70) anos, com escolaridade de 0 a 15 (média=4,54±4,62) anos.
Dentre os quatro domínios que compõem o questionário ASHA-FACS, o de CS foi o que
apresentou maior média (6,88±0,25), seguido pelos domínios NB (6,79±0,30), LEC
(5,68±1,86) e PD (5,96±1,51). O valor médio de independência comunicativa variou de
4,23 a 7 (média= 6,32±0,88). A idade associou-se aos domínios NB (r=-0,344,p=0,014) e
PD(r=-0,377, p=0,007). O sexo se correlacionou aos domínios LEC (r=0,346, p=0,014) e
PD(r=0,351, p=0,012), tendo os homens melhor desempenho. A escolaridade se associou
a todos os domínios (CS: r=0,315, p=0,026; NB: r=0,434, p=0,002; LEC: r=0,662,
p=0,000; PD: r=0,660, p=0,000). O valor médio de independência comunicativa se
correlacionou à idade (r=-0,410, p=0,003), sexo(r=0,336, p=0,017) e escolaridade
(r=0,694, p=0,000). Conclusões: Os idosos saudáveis apresentaram melhor desempenho
nas habilidades de menor complexidade, nas quais requereram ajuda mínima ou
nenhuma ajuda para se comunicar. A escolaridade influenciou positivamente em todas as
habilidades funcionais comunicativas, bem como no índice médio de independência
comunicativa. A idade influenciou negativamente nas habilidades funcionais
comunicativas de necessidades básicas e nas de planejamento diário, e no índice médio
de independência comunicativa. Os homens tiveram melhor desempenho nas habilidades
comunicativas de leitura, escrita e conceitos numéricos, nas de planejamento diário e no
índice médio de independência comunicativa

289
Condições de vida e fonoaudiologia: avaliação da qualidade de vida de
especialistas em linguagem

Adriano dos Santos Freitas; Tiago Oliveira Motta, Marlos Suenney de Mendonça Noronha,
Josefa Mariele dos Santos Rosário, Daniele Santana Lima Silva, Marcela Cássia Silva,
Clara Mércia Barbosa Silva

Introdução: A Linguagem é o campo da Fonoaudiologia voltado para o estudo, pesquisa,


promoção, prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento de transtornos a ela
relacionados, a fim de garantir e otimizar o uso das habilidades de linguagem do
indivíduo, objetivando a comunicação e garantindo bem estar e inclusão social. Estudos
sobre a saúde do trabalhador afirmam que em todo trabalho existem riscos que são
peculiares às atividades desenvolvidas. A exemplo, os profissionais da clínica
fonoaudiológica estão imersos em um contexto onde o risco ocupacional faz parte de seu
cotidiano. Estes riscos e consequentemente o medo do adoecimento e ou sua
concretização interfere diretamente em seu desempenho com repercussões na qualidade
de vida. Objetivo: Traçar o perfil do fonoaudiólogo especialista em Linguagem, através da
utilização do Whoqol-Bref enquanto instrumento de avaliação da qualidade de vida
disponibilizado sob formulário eletrônico disponível via WEB. Método: Trata-se de um
estudo descritivo com uma abordagem quantitativa. O estudo foi realizado com
fonoaudiólogos, registrados no Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa) e nos
Conselhos Regionais de Fonoaudiologia, que atuam nas diversas áreas de Linguagem. A
amostra foi composta de 14 fonoaudiólogos com título de especialista em Linguagem. As
análises estatísticas realizadas incluíram análises descritivas de frequência e tendência
central. O estudo transcorreu de maio a julho de 2012. Resultados: Os indivíduos
estudados são, em sua maioria, mulheres (90%), solteiro (a) (50%). Quantos aos registros
profissionais: CRFa 4ª Região (36%), CRFa 5ª Região (21%), CRFa 2ª Região (14%),
CRFa 3ª Região (14%) e CRFa 8ª Região (14%). Quanto à distribuição de renda: De 1
salário mínimo a 3 salários mínimos (14%), De 3 salários mínimos a 6 salários mínimos
(43%), De 6 salários mínimos a 10 salários mínimos (29%) e acima de 15 salários
mínimos (14%). A percepção da qualidade de vida dos fonoaudiólogos demonstrou que
os domínios que refletiram os seguintes escores de avaliação: Físico (78,32%),
Psicológico (72,32%), Relações sociais (70,24%) e Meio ambiente (66,74%). Conclusões:
Pode-se concluir que os fonoaudiólogos que atuam na área da linguagem apresentam os
maiores escores no domínio físico e o menor no domínio ambiental. O estudo mostrou a
baixíssima adesão dos especialistas em linguagem em participar da pesquisa utilizando
formulário eletrônico. Recomenda-se estudo que amplie a amostra pesquisada, com o
intuito de se obter uma avaliação mais fidedigna destes profissionais.

290
Consciência fonológica e compreensão de leitura em escolares do 2° ano do ensino
fundamental

Aparecido José Couto Soares; Renata Correia da Silva, Cristiane Rodrigues Lima, Maria
Silvia Cárnio

Introdução: Consciência fonológica é uma competência metalinguística que está


relacionada à habilidade de refletir e manipular os segmentos da fala. Compreensão de
leitura é o processo pelo qual se atribui significado a um texto escrito, envolvendo
diferentes tarefas cognitivas. Alguns estudos apontam a relação entre consciência
fonológica e compreensão de leitura, contudo ainda são escassos, fato que justifica o
presente estudo. Objetivos: Caracterizar o desempenho de escolares de 2º ano do Ensino
Fundamental, com e sem indicativos de alterações de leitura e escrita, em consciência
fonológica e compreensão de leitura de orações e verificar possíveis correlações entre
ambas. Métodos: Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética da Instituição sob nº 403/11.
Participaram deste estudo 58 crianças (29 meninos e 29 meninas, com média de idade de
8,2 anos) do segundo ano do Ensino Fundamental de uma escola pública, com e sem
indicativos de alterações de leitura e escrita. Os responsáveis assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Para seleção dos sujeitos nos dois grupos foi utilizado
o Teste de Desempenho Escolar e o questionário informativo sobre o desempenho dos
mesmos, preenchido pelos professores. Para a coleta de dados experimentais, os
indivíduos foram avaliados individualmente em relação à consciência fonológica e
compreensão de leitura de orações. Resultados: Quanto ao Teste de Desempenho
Escolar, as médias dos sujeitos sem indicativos de alterações de leitura e escrita estão
dentro da média padronizada pelos autores do teste para a normalidade nesta faixa de
escolaridade. Entretanto, os sujeitos com indicativos de alterações de leitura e escrita
ficaram muito abaixo da média estabelecida nos três subtestes, sendo que o pior
desempenho foi em escrita, seguido da leitura e depois da aritmética. Conforme
esperado, os alunos com indicativos de alterações de leitura e escrita tiveram pior
desempenho em compreensão de leitura de orações do que os alunos sem indicativos de
alterações de leitura e escrita. Contudo, quanto à consciência fonológica, ambos os
grupos tiveram seu desempenho abaixo da média. A investigação da correlação global
(incluindo todos os escolares) entre as habilidades avaliadas pelo Teste de Desempenho
Escolar e aquelas avaliadas pelas provas experimentais indicou que nos escolares do 2º
ano todos os subtestes e a pontuação total do teste se correlacionam positivamente com
todas as tarefas experimentais. Conclusões: Os escolares do 2º ano do Ensino
Fundamental sem indicativos de alterações de leitura e escrita têm melhor desempenho
em consciência fonológica e em compreensão de leitura de orações, em comparação aos
escolares com indicativos de alterações de leitura e escrita. Além disso, os escolares do
2º ano com bom desempenho em consciência fonológica têm melhor performance em
compreensão de leitura de orações. Há correlação positiva entre as sub-habilidades da
consciência fonológica e a habilidade de compreensão de leitura de orações para os
alunos sem indicativos de alterações de leitura e escrita, entretanto para aqueles com
indicativos, a correlação positiva ocorreu apenas entre as habilidades de compreensão de
leitura de orações e a consciência silábica.

291
Consciência fonológica: diferença entre sexo feminino e masculino

Ana Clara de Oliveira Varella; Luciana Grolli Ardenghi, Jessica Ana Rustik

Introdução:A consciência fonológica é uma das habilidades metalinguísticas que envolve


a capacidade de manipular e analisar os componentes da nossa fala, de forma
independente ao conteúdo da mensagem. Objetivo: O presente estudo teve por objetivo a
comparação do desempenho das habilidades de consciência fonológica entre alunos do
ensino fundamental do sexo feminino e masculino. Metodo:A partir da aprovação do
Comitê de Ética da Universidade, realizou-se a seleção dos sujeitos após seu
consentimento livre e esclarecido. Com base em critérios de inclusão que consideraram a
análise do desenvolvimento dos participantes, aplicou-se o CONFIAS para avaliação da
consciência fonológica. Esse teste avalia as tarefas de manipulação silábica e fonêmica
através de atividades estruturadas em grau crescente de complexidade. A avaliação foi
realizada nas escolas participantes do projeto em sessões individuais em ambiente
apropriado, utilizando o material necessário para a testagem. Os dados obtidos foram
comparados estatisticamente através do teste “teste t de Student” considerando-se valor
de p ≤ 0,05. Foram selecionados 23 meninos e 18 meninas de Escolas Municipais e
Estaduais de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul. Resultados: Nas tarefas de
manipulação silábica as meninas apresentaram média de 36 pontos e os meninos 36,9
pontos e nas tarefas de manipulação fonêmica as meninas apresentaram média de 27,5
pontos e os meninos de 26,4 pontos. Neste trabalho não houve diferença significativa nas
médias totais das tarefas entre meninos e meninas com mesmo grau de escolaridade e
idade cronológica, entretanto no teste de exclusão fonêmica e transposição fonêmica o
desempenho das meninas foi estatisticamente superior ao dos meninos.
Conclusão:Concluiu-se que para esta amostra não houve variação no desempenho dos
sujeitos em relação às habilidades de consciência fonológica. Sugere-se a continuidade
dos estudos sobre este tópico com amostras de tamanho maior para comparação de
resultados.

292
Crianças com alterações no desenvolvimento: interações entre parceiros e usos de
objetos na escola inclusiva.

Cristina Rei Gimenes; Cecilia Guarnieri Batista

Introdução: A interação entre pares é importante para o desenvolvimento infantil, e um


dos momentos em que ela pode ser observada, assim como a mediação do adulto, é
dentro do contexto lúdico. O brincar é essencial no desenvolvimento infantil, pois contribui
na constituição social, afetiva, motora, de linguagem e cognitiva, contribuindo para a
formação infantil. Objetivo: O presente projeto teve como objetivo analisar as formas de
interação das crianças nos momentos de brincadeira, e o uso de objetos por elas.
Método: O foco da pesquisa foram duas crianças matriculadas em uma instituição da rede
particular de ensino situada na cidade de Campinas, com diagnósticos de Síndrome de
Down (6 anos) e Transtornos do Espectro Autista (7 anos). A pesquisa foi devidamente
aprovada pelo Comitê de Ética sob o número CEP 928/2011. Foram analisadas sessões
videogravadas dos momentos do brincar dessas crianças na pré-escola regular inclusiva.
Resultados: A análise da frequência das categorias de Parten, relativas a modalidades de
interação, mostrou que, em ambos os casos, predominou a categoria “brincadeira solitária
independente”. A análise de episódios foi centrada na busca de ocorrências de
“brincadeira paralela” e “associativa” e evidenciou situações em que, a partir da mediação
do adulto, o manuseio de objetos se tornou mais complexo. Para as duas crianças alvo,
com a mediação do adulto, observou-se ampliação da interação com as demais crianças,
especialmente no caso da criança Down. Conclusão: A análise de episódios sugeriu que a
intervenção do adulto esteve relacionada à complexidade do manuseio de objetos e à
interação das crianças alvo com as demais crianças. Evidenciou-se a necessidade de
novos estudos sobre o papel do adulto na promoção da interação entre crianças, uma vez
que as crianças com alteração no desenvolvimento tendem a buscar a interação com o
adulto nessa situação, e se reconhece a brincadeira entre parceiros como um dos
contextos relevantes para o desenvolvimento das crianças, incluindo as que apresentam
alterações no desenvolvimento.

293
Descrição do perfil linguístico fonológico de crianças de quatro a seis anos de
idade

Nayara Duviges de Azevedo; Julie Mary Mourão Alves, Rita de Cássia Duarte Leite

Introdução: A capacidade fonética é a capacidade em produzir os sons da fala,


diferentemente da capacidade fonológica que é o emprego do som com valor contrastivo.
Para o domínio de uma língua a criança precisa ter o inventário fonético e o sistema
fonológico estabelecidos como padrão normal. A fala é o principal meio de comunicação e
dificuldades nesta área podem repercutir negativamente no desenvolvimento social e
acadêmico, caso não sejam precocemente tratadas. Objetivo: Descrever o perfil
linguístico fonológico de crianças de quatro à seis anos de idade de um centro
educacional de Belo Horizonte. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de campo
transversal descritiva. A amostra foi composta por 61 crianças de 4:00 à 6:00 anos de
idade, de ambos os gêneros, falantes da variante mineira do português brasileiro e que
atendiam aos critérios de inclusão. Para coleta e análise das amostras de fala utilizou-se
a proposta do ABFW na área de fonologia. Os dados foram analisados estatisticamente
utilizando o software EPI-INFO e para análise inferencial utilizou os seguintes testes:
Teste t Independente, Teste Qui- Quadrado e Exato de Fischer. O nível de significância
estatística considerado em todas as análises foi p p ≤ 0,05. Resultado: A média de idade
foi de 59,9 meses, sendo a máxima de 72 e a mínima de 50 meses. 57,4%(35) das
crianças são do sexo feminino e 42,6%(26) do sexo masculino. Na prova de imitação, em
relação ao inventário fonético 82% das crianças apresentou-o completo e 18%
incompleto, no sistema fonológico 45,9% (28) apresentou-o completo e 54,1%(33)
incompleto. Destas, 44,3%(27) das crianças alcançaram a pontuação máxima de acertos
e 55,7%(34) cometeram erros, sendo 42,6%(26) substituições, 32,8%(20) omissões.
Apenas 11,5%(7) crianças fizeram distorções, sendo nos fonemas /s/, /z/, /ch/, /j/, /r/ e nos
encontros consonantais da consoante líquida lateral e não lateral. Na prova de
nomeação, 80,3%(49) das crianças apresentou inventário fonético completo e 19,7%(12)
incompleto, no sistema fonológico 36,1%(22) apresentou-o completo e 63,9%(39)
incompleto. Destas, 26,2%(16) das crianças alcançaram a pontuação máxima de acertos
e 73,8%(45) cometeram erros, sendo 55,7%(34) substituições, 59%(36) omissões.
Novamente, 11,5%(7) crianças fizerem distorções nos mesmos fonemas da prova de
imitação. A variável gênero não apresentou diferença estatística em relação à aquisição
fonológica. Em relação a idade, percebemos que o aumento da mesma interferiu
positivamente no inventário fonético e consequentemente na aquisição do sistema
fonológico, na prova de imitação. Na prova de nomeação a idade não teve influência no
inventário fonético, porém a mesma influenciou positivamente na aquisição do sistema
fonológico. Conclusão: O inventário fonético quando adquirido possibilita o
desenvolvimento do sistema fonológico que é melhor na prova de imitação que na
nomeação devido ao modelo do terapeuta, o que condiz com os resultados obtidos. É
esperado que a prevalência de substituições seja maior que as omissões e distorções, o
que foi encontrado neste trabalho. A distorção é menos esperada, pois, reflete uma
dificuldade fonética como mostra os resultados da prova de nomeação e imitação. O sexo
masculino tem mais alterações no sistema fonológico, porém não apresentou significância
estatística nesse trabalho.

294
Desempenho da memória de trabalho em indivíduos com transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade

Talita Fernanda Gonçalves-Guedim; Patricia Abreu Pinheiro Crenitee

Introdução: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é o distúrbio


neuropsiquiátrico mais comum da infância e está incluído entre as doenças crônicas mais
prevalentes entre escolares. Tanto o processo diagnóstico quanto o tratamento do TDAH
são complexos, não só pelo caráter dimensional dos sintomas de desatenção e/ou
hiperatividade, mas também pela alta frequência de comorbidades apresentadas pelos
pacientes. As dificuldades de atenção e hiperatividade apresentadas pelas crianças com
TDAH podem afetar seu desempenho acadêmico. O déficit de linguagem exibido pode
comprometer o aprendizado do sistema de escrita alfabética, considerando-se que as
habilidades subjacentes a esse processo, tais como habilidades metalinguísticas
(capacidade de refletir sobre a linguagem), prejudicam essa aquisição. O domínio
fonológico exerce grande influência no processo de aprendizagem da leitura e da escrita,
uma vez que este possibilita a generalização dos sistemas. Habilidades do
processamento fonológico são fundamentais para a aquisição e o desenvolvimento da
leitura e da escrita. A MT é considerada uma habilidade importante para a aquisição e
desenvolvimento da leitura e da escrita, pois refere-se à capacidade de reter e manipular
temporalmente a informação. É responsável pelo armazenamento temporário da
informação para o desempenho de uma série de tarefas cognitivas, como aprendizagem,
compreensão da linguagem e raciocínio. Sendo de grande valia pela contribuição para a
memória de longo prazo e sua relação com a inteligência, ou seja, com a capacidade de
raciocínio e resolução de problemas (MORGADO, 2005). A MT é a base da
aprendizagem, quando alterada traz prejuízos como distúrbios de aprendizagem. A
intervenção precoce da MT pode evitar problemas de aprendizagem. Objetivo: Comparar
o desempenho memória fonológica entre escolares com TDAH e escolares com
desenvolvimento típico. Métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos (CEP) sob protocolo número nº 65/2010. Participaram
deste estudo 30 indivíduos em idade escolar, cuja faixa etária e escolaridade variaram
respectivamente de nove a doze anos de idade e 4º ao 7º ano, de ambos os gêneros
(feminino e masculino), sendo 15 com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade – TDAH, Grupo Experimental (GE) e 15 escolares com desenvolvimento
típico, Grupo Controle (GC), que frequentavam o Ensino Fundamental de escolas públicas
e particulares. A avaliação foi realizada por meio da Prova de repetição de palavras sem
significado. Resultados: Para análise dos dados da MT utilizou-se o teste não-paramétrico
Mann Whitney, visando comparar o desempenho entre os grupos. Sendo possível
verificar que os escolares do GE apresentaram um desempenho aquém do grupo GC,
com nível de significância de 0,00. O nível de significância adotado foi p% ≤ 0,05.
Conclusões: Dificuldades de Memória de Trabalho afetam grande parte do
processamento de informação, uma vez que a memória é uma estrutura mediadora das
informações. A Memória de Trabalho é a base para o aprendizado e a alteração na
mesma pode trazer prejuízos acadêmicos. Sendo assim, os escolares com TDAH
apresentaram desempenho aquém em relação aos escolares com desenvolvimento típico.

295
Desempenho de sujeito com traumatismo cranioencefálico na tarefa de fluência
verbal semântica: estudo de caso

Marcela Lima Silagi; Renata Paula de Almeida Gasparini, Marianne Querido Verreschi,
Leticia Lessa Mansur

Introdução: Sujeitos com traumatismo cranioencefálico (TCE) podem apresentar prejuízos


em tarefa de fluência verbal; porém, é possível a utilização de estratégias para favorecer
o bom desempenho. A tarefa de fluência verbal consiste na geração do maior número de
palavras que tenham associação direta e coerente a um estímulo alvo num determinado
período de tempo, e fornece dados sobre as funções executivas e a habilidade de
recuperação da memória semântica. O acesso e a integridade da memória semântica
podem estar prejudicados em sujeitos com TCE, o que pode comprometer a emissão oral.
Objetivo: Comparar de forma qualitativa e quantitativa o desempenho de sujeitos normais
e com TCE na tarefa de fluência verbal semântica. Método: A amostra foi composta por
um sujeito-pesquisa e um grupo-controle, composto por 5 indivíduos normais, pareados
quanto à idade e escolaridade. O sujeito-pesquisa tem 61 anos, 14 anos de escolaridade,
é destro e recebeu o diagnóstico fonoaudiológico de alteração lingüístico-cognitiva,
decorrente de TCE em região frontal à direita associada à lesão predominante em região
temporo-parietal à esquerda. Apresenta compreensão oral funcional e emissão oral com
anomias, parafasias semânticas e paráfrases. O grupo-controle apresenta média de idade
de 62,8 (DP=4,1) anos e média de escolaridade de 12 (DP=1,2) anos. A tarefa de fluência
verbal consistiu em fornecer aos sujeitos cinco palavras de alta frequência (carro, água,
sol, rua, emprego), que serviram de disparadores para a evocação de outras palavras, em
livre associação. O tempo para a realização foi de 2 minutos. Resultados: A média de
associações geradas em cada palavra para o grupo-controle foi: carro=26,2 (DP=16,33),
água=22 (DP=12,88), sol=20,4 (DP=7,89), rua=23 (DP=13,17), emprego=24,2
(DP=14,72). O número de associações em cada palavra pelo sujeito-pesquisa foi:
carro=13, água=10, sol=10, rua =17 e emprego=14. Entretanto, mesmo após a orientação
quanto à realização da prova, o sujeito apresentou dificuldade na evocação da forma
fonológica, sendo que parte das respostas foram paráfrases relacionadas à palavra-alvo
pelo atributo de função: carro=3 (23% das respostas), água=3 (30% das respostas), rua=6
(35% das respostas), emprego=7 (50% das respostas). Portanto, o número de evocações
lexicais corretas apresentadas pelo sujeito-pesquisa foi: carro=10 (2 DP abaixo do GC),
água=7 (2 DP abaixo do GC), sol=8 (4 DP abaixo do GC), rua=11 (4 DP abaixo do GC) e
emprego=7 (3 DP abaixo do GC). Conclusão: A tarefa de fluência verbal está associada a
habilidades em funções executivas e capacidade de armazenamento na memória
semântica. Para realizar a tarefa com adequação, deve-se dispor da informação
semântica e concomitantemente ter a capacidade de evocar os itens que constam nesta
memória. Neste estudo, o paciente apresentou menor número de respostas que os
sujeitos normais e necessidade de estratégias para a evocação da palavra-alvo, como a
ativação de traços semânticos por meio de paráfrases com informações de atributos de
função. Conclui-se que neste paciente com TCE a memória semântica está relativamente
preservada, porém observa-se grande dificuldade de evocação da forma fonológica, o que
responde pela falha de acesso lexical. Estratégias terapêuticas podem ser realizadas para
fortalecer a rede semântica e também facilitar as evocações.

296
Desempenho dos usuários de implante coclear na aquisição de linguagem oral na
abordagem bilíngue

Cristiane Pedruzzi; Cynthia Alves de Lima

Introdução: Com a tecnologia avançada dos implantes cocleares tem-se aumentado a


complexidade do tratamento da perda auditiva infantil, exigindo novas posturas e decisões
tanto dos pais como dos profissionais envolvidos. Apesar da implantação coclear, em
crianças com surdez pré- lingual, possibilitar o desenvolvimento efetivo das habilidades
auditivas e da linguagem oral, apenas a sua utilização não é o suficiente para que esse
desenvolvimento ocorra. É necessário que a influência de fatores extrínsecos e
intrínsecos sejam também analisadas. Conforme a influência desses fatores, verifica-se
que os benefícios individuais proporcionados pelo IC, a nível do desenvolvimento da
linguagem, variam consideravelmente. Há casos em que este não garante o
desenvolvimento satisfatório das habilidades auditivas e de linguagem oral. Entretanto,
estes indivíduos não podem ser privados da possibilidade da aquisição e do
desenvolvimento da linguagem, sendo possível se beneficiarem por meio do canal
gestovisual, ou seja, por meio da LIBRAS. Objetivo: verificar o desempenho dos usuários
de implante coclear na aquisição da linguagem oral considerando a abordagem bilíngue.
Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL (número 1925). Todos os
responsáveis pelos participantes envolvidos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido conforme resolução 196/96. Participaram do estudo cinco crianças deficientes
auditivas pré-linguais usuárias de implante coclear que estão em atendimento
fonoaudiológico em um centro de atendimento ao surdo, conforme a intervenção bilíngue,
bem como seus responsáveis legais. Foi aplicado com os responsáveis legais um
questionário para identificar dados da história clínica da perda auditiva e tratamento
fonoaudiológico das crianças que participaram do estudo e o protocolo MUSS. Com as
crianças foi realizada uma vídeo gravação em situação de atividade lúdica semidirigida
para avaliação dos aspectos pragmático e morfossintático da linguagem; aplicada a parte
de vocabulário do ABFW, e o Instrumento de Avalição de Língua de Sinais – IALS, afim
de identificar o nível de desenvolvimento das crianças na Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e a influência que este pode exercer no desempenho da linguagem oral.
Resultados: todas as crianças que participaram do estudo apresentaram fatores que
influenciaram negativamente seu desempenho na aquisição da linguagem oral, tais como
o tempo de privação auditiva e a realização da cirurgia do implante coclear em um
período menos favorável, de dois anos a quatro anos de idade. Duas crianças as quais
estão há mais tempo em acompanhamento fonoaudiólogo sob a abordagem bilingue
apresentaram melhores resultados quanto ao aspecto pragmático, morfossintático e
semântico lexical da linguagem. Já as demais crianças, embora não tenham apresentado
bons resultados em todas as provas analisadas, verificou-se bom desempenho quanto ao
desenvolvimento do vocabulário expressivo. Conclusão: crianças com implante coclear
apresentam bom desempenho na aquisição da linguagem quando são expostas por mais
tempo a LIBRAS pré e pós-cirurgia do implante coclear.

297
Desempenho em teste de fluência verbal em adultos saudáveis

Amalia Maria Nucci Freire; Michele Devido dos Santos

Introdução: A tarefa de Fluência verbal traz informações sobre o armazenamento do


inventário lexical e campos semânticos além de evidências das estratégias usadas para
acesso destes. Recuperar estas informações no momento da elaboração do discurso é
parte fundamental para uma comunicação eficiente, pois esta habilidade tem papel
importante na organização do pensamento, o que também está relacionado à cognição do
indivíduo. Objetivo: Descrever a fluência verbal em indivíduos saudáveis com diferentes
graus de escolaridade. Método: Trata-se de uma pesquisa prospectiva, descritiva, de
caráter qualitativo e quantitativo. Participaram desta pesquisa 30 sujeitos adultos,
saudáveis, com níveis de escolaridade diferentes: Grupo 1 – Ensino fundamental, Grupo
2- Ensino médio, Grupo 3 – Ensino superior. Foram aplicados os testes de Fluência
Verbal - FAS. Para complementação do Teste de Fluência verbal (FAS) foram aplicadas
outras categorias semânticas e fonológicas, baseado no estudo de Cattaneo et al, 2011:
“Nomes” e “Frutas”, e as categorias fonológicas /P/ e /L/. Para a análise estatística foi
utilizado software R Core Team (2012). As analises realizadas foram gráficas,
corroboradas quando possível pelos testes de Shapiro-Wilks para normalidade e Wilcoxon
para comparação de medianas 2 a 2 e o teste de Kruskal-Wallis para comparações
múltiplas. Resultados: A expectativa inicial era a de que o G3, composto por indivíduos
universitários, teria mais facilidade no acesso lexical que G1 e G2, composto por não
universitários. Isso confirmou-se com a hipótese de que as medianas de G1, G2 e G3 são
diferentes (G1 99, G2 113,5 e G3 148). O teste Kruskal-Wallis confirmou que de fato
existe diferença estatisticamente significante entre os grupos G1, G2 e G3 (p-valor
0,00136). Quando comparado G1 e G2, pelo teste de Wilcoxon esses grupos não são
diferentes (p-valor 0,6849). Quando analisado G1+G2 versus G3, mostrou que G3 teve
mais acessos lexicais do que G1 + G2, o que foi confirmado estatisticamente pelo teste de
Wilcoxon (p-valor de 0,0001134), corroborando nossa hipótese inicial. A categoria que
obteve mais acessos lexicais foi “Nomes”, independentemente do nível de escolaridade.
Estes dados sugerem que o acesso deve-se menos às rotas semântica e/ou fonológica e
mais a uma associação com as pessoas (e seus respectivos nomes) com quem o
indivíduo convive socialmente. Ainda, foi possível observar nas outras categorias
semânticas e fonológicas do estudo que, quando a rota semântica foi utilizada o número
de acessos aumentava em comparação à rota fonológica. Conclusão: O Nível de
escolaridade pode influenciar na tarefa de acesso lexical. Quanto maior o nível de
escolaridade, maior parece ser o número de acessos lexicais.

298
Desempenho fonológico de um grupo de crianças brasileiras que frequentam
escola bilíngue

Maria Claudia Cunha; Karin Ximenes de Genaro

Introdução: A aquisição de linguagem oral de crianças expostas a duas ou mais linguas,


além de uma demanda clínica, justifica-se como problema de investigação científica.
Objetivo: analisar comparativamente o desempenho fonológico de crianças brasileiras, na
faixa etária de 3;3 a 6;0 anos, que frequentam escolas bilíngues ou monolíngues. Método:
Pesquisa de natureza quantitativa desenvolvida por meio de estudo exploratório.
Casuística: 120 crianças brasileiras, filhas de pai e mãe brasileiros falantes da língua
portuguesa que frequentam escola bilíngue (Grupo pesquisa/GP) e 51 crianças também
brasileiras que frequentam escola monolíngue (Grupo controle/GC). Procedimento: Os
sujeitos do GP e GC foram avaliados individualmente pela pesquisadora por meio do
instrumento para avaliação da Fonologia do Teste ABFW (Wertzner, 2000). Critérios de
interpretação dos resultados: Foi realizada a análise descritiva dos dados por meio de
freqüências absolutas e relativas, medidas de tendência central (média e mediana) e
dispersão (desvio-padrão, mínimo e máximo). Para variável idade, utilizou- se o teste não
paramétrico Mann-Whitney. Para a análise da associação entre as variáveis
independentes qualitativas e o desfecho dicotômico crianças sem disfunção fonológica e
com disfunção fonológica, utilizou-se o teste do qui-quadrado. Resultados: a maioria dos
sujeitos desta pesquisa (83,6%) não apresentou alterações fonológicas e, quando estas
estiveram presentes, somente a variável sexo não se mostrou associada a presença da
alteração fonológica. Quanto à idade, também se observou associação com alterações
fonológicas. Foi possível afirmar que os bilíngues apresentaram menor probabilidade de
alterações fonológicas quando comparados aos monolíngues, independentemente das
variações nas respectivas medianas de idade. Conclusão: Na população estudada, a
aquisição simultânea de duas linguas por crianças brasileiras inseridas em ambiente
linguístico coincidente com a sua língua materna, não prejudicou a aquisição fonológica
do português.

299
Desempenho ortográfico em escolares de 1º ao 9º ano

Denise Brandão de Oliveira e Britto; Alessandra Bertoni da Silva Aguiar, Ana Teresa
Brandão de Oliveira e Britto

Objetivo: avaliar o desempenho ortográfico de escolares do 1º ao 9º ano, comparando a


escrita de palavras de alta frequência, baixa frequência, pseudopalavras e escrita
espontânea. Métodos: foram coletadas amostras de escrita de 54 sujeitos por meio de
ditado de palavras de alta frequência, baixa frequência e pseudopalavras e registro da
escrita espontânea. Analisaram-se os erros ortográficos classificando-os como:
representações múltiplas, apoio na oralidade, omissões, junção-separação; confusão
am/ão, generalização de regras, substituição surdo e sonoro, acréscimo, inversão, letras
parecidas, acentuação e outros. Na escrita espontânea também foi analisada a
pontuação, a coerência e a organização temporal. A análise estatística foi realizada por
meio do software MINITAB 16. Para comparação entre palavras de alta e baixa frequência
e pseudopalavras foi aplicado o teste de hipótese para diferença das médias. Foi adotado
o nível de significância de 5% (p≤0,05). Além disso, foi realizada análise descritiva da
amostra para tipos de erros no ditado e escrita espontânea, bem como a pontuação,
acentuação, coerência e organização temporal na escrita espontânea. Resultados: As
palavras de alta frequência apresentaram maior média de acerto em todos os anos, assim
como as pseudopalavras revelaram menor média de acerto. Houve diferença para a
média de acertos entre palavras de alta e baixa frequência no 2º, 3º, 8º e 9º anos. Em
relação à comparação entre palavras de alta frequência e pseudopalavras, houve
diferença na média de acertos em todos os anos, exceto para 1º e 6º. Em relação à
comparação entre palavras de baixa frequência e pseudopalavras, houve diferença no 3º,
4º, 7º, 8º e 9º anos. Em relação à escrita espontânea observou-se que o uso da
acentuação e da pontuação é maior no 9º ano. Quanto à coerência observou-se que a
maioria dos informantes do 4º ao 9º ano apresentou coerência no texto produzido. A
organização temporal foi mais frequente no 9º ano. Em relação aos erros ortográficos,
foram formados dois grupos para análise: 1º ao 5º e 6º ao 9º. Os erros de maior
ocorrência dos escolares dos dois grupos no ditado de palavras de alta frequência, baixa
frequência e escrita espontânea foram os de representações múltiplas. Conclusão: Os
resultados apontam para o fato de escolares aumentarem o número de acertos à medida
que vão avançando nos anos escolares. Erros ortográficos ocorrem em maior frequência
em pseudopalavras, palavras de baixa frequência e por último em palavras de alta
frequência. A coerência e a organização temporal começam a melhorar a partir do 4º ano
do ensino fundamental.

300
Desenvolvimento da linguagem escrita na epilepsia – relato de caso

Maria Gabriela Cavalheiro, Thaís dos Santos Gonçalves, Jéssica P. Argentim, Patrícia
Abreu Pinheiro Crenitte

Introdução: Epilepsia trata-se de uma disfunção cerebral, determinada por alterações


anatômicas ou funcionais. Caracteriza-se por descargas eletroquímicas recorrentes,
anormais, excessivas e transitórias das células nervosas. A patologia associa-se com
riscos para problemas de comportamento e aprendizagem. As dificuldades de
aprendizagem (que ocorrem na minoria dos casos) podem decorrer da epilepsia
acompanhada de disfunção cerebral, de crises frequentes e prolongadas interferindo no
processo de aprendizagem e do efeito colateral dos medicamentos, que podem causar
fadiga, sonolência, diminuição da atenção e alteração de memória. Objetivo: Descrever,
por meio de relato de caso, o desenvolvimento da aprendizagem da leitura e escrita em
um caso de epilepsia. Metodologia: Paciente do sexo feminino, 14 anos de idade,
estudante do 5º ano do ensino fundamental, com diagnóstico médico de epilepsia. Foi
realizada avaliação fonoaudiológica da linguagem oral e escrita, complementada pela
avaliação neuropsicológica e neurológica. Resultados: A paciente foi diagnosticada aos 4
anos de idade, porém apresentava crises de ausência desde o 1º ano de vida,
controladas somente aos 9 anos de idade. Não tem histórico de atraso de fala e de
desenvolvimento neuropsicomotor. Atualmente apresenta comportamentos infantilizados
para a idade. Até os 12 anos de idade apresentava comportamentos agressivos e de
inquietude, que atualmente estão controlados. Na avaliação neurológica, a ressonância
magnética realizada aos 5 e aos 14 anos de idade não mostraram alterações. A avaliação
genética também não encontrou alterações. A eletroencefalografia realizada aos 6 anos
de idade mostrou presença de atividade epileptiforme frontal à direita. Atualmente a
paciente faz uso dos medicamentos Depakene® e Lamitor®. A avaliação
neuropsicológica encontrou rebaixamento intelectual. Iniciou terapia fonoaudiológica aos 8
anos de idade, com enfoque na aprendizagem, e não estava alfabetizada. Na avaliação
fonoaudiológica atual, aos 14 anos de idade, observou-se alteração da linguagem quanto
ao nível pragmático. Na consciência fonológica apresentou pontuação correspondente a 6
anos de idade. Na habilidade de acesso ao léxico, a paciente apresentou pontuação
abaixo da 1ª série. Na compreensão auditiva o desempenho foi equivalente a 7 anos. O
desempenho para memória sequencial auditiva foi equivalente a 4 anos e 4 meses e a
memória sequencial visual foi equivalente a 10 anos e 11 meses. Quanto à aritmética, a
paciente apresenta dificuldades no raciocínio lógico-matemático, inclusive em operações
simples de adição e subtração. Em relação à escrita, iniciou aos 14 anos a realizar
associação fonema-grafema, utilizando apoio na fala, faz omissões de grafemas e
encontra-se na fase escrita silábico-alfabética. Quanto à leitura, esta é silabada e faz uso
da rota fonológica. Conclusão: De acordo com o histórico da paciente, durante longo
período da infância houve crises de ausência não controladas, o que pode ter interferido
em sua condição intelectual, refletindo em um distúrbio de aprendizagem secundário a
essa patologia. A intervenção fonoaudiológica iniciou-se somente aos 8 anos de idade.
Dessa forma, observa-se que em seis anos de intervenção, a evolução das habilidades de
leitura e escrita tem se mostrado lenta. No entanto, enfatiza-se a importância do
diagnóstico e intervenções precoces, a fim de minimizar as possíveis dificuldades de
aprendizado.

301
Desvios fonológicos: modelos de tratamento mais utilizados

Isadora Lima Santos; Taís Andrade Mendonça, Susana de Carvalho

Introdução: Há algum tempo, discute-se a questão da abordagem terapêutica nos casos


de desvios fonológicos. Sabe-se que, nesses casos, a dificuldade está na organização e
no uso do sistema fonológico da língua e não, necessariamente, nos aspectos mais
periféricos da produção da fala. Modelos terapêuticos, com foco na fonologia, foram
traduzidos e/ou adaptados para o português brasileiro e tem sido utilizados pelos
terapeutas. Objetivo: Identificar os modelos de tratamento mais utilizados na terapia dos
desvios fonológicos, no Brasil.método: Trata-se de um estudo descritivo, que utilizou os
procedimentos de pesquisa documental. O levantamento bibliográfico foi realizado nas
bases eletrônicas de dados SciELO e Lilacs. Foram localizados os periódicos publicados
e dirigidos a fonoaudiólogos, nos últimos cinco anos, a saber: CoDAS (2013); Jornal da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (2011 e 2012); Pró-Fono Revista de Atualização
Científica (2009 e 2010); Revista CEFAC (2009 a 2013); Revista da Sociedade Brasileira
de Fonoaudiologia (2009 a 2012) e Revista Distúrbios da Comunicação (2009 a 2013). A
partir da leitura dos periódicos, foram selecionados os artigos que abordavam a terapia
dos desvios fonológicos. O exame desses artigos permitiu relacionar as modalidades de
tratamento utilizadas. Resultados: O levantamento resultou em 27 artigos que
mencionavam o modelo terapêutico utilizado para o tratamento dos desvios fonológicos.
Muitos estudos dedicam-se a comparação entre modelos e, por isso, mencionam duas ou
três abordagens, simultaneamente. Desta forma, foram identificadas 43 menções a
abordagens terapêuticas. Os modelos de tratamento mais utilizados foram: o Modelo de
Pares Mínimos com Oposições Máximas e o ABAB-Retidada e Provas Múltiplas, ambos
com 10 citações cada um; Modelo de Ciclos Modificado, com sete citações e a
abordagem por meio de Oposições Múltiplas, com seis citações. O Modelo de Pares
Mínimos com Oposições Mínimas foi utilizado em quatro situações, seguido pelo Empty
Set (Oposições Máximas), com duas citações. Em dois estudos, utilizou-se uma
abordagem exclusivamente fonética e uma combinação do Modelo de Pares
Mínimos/Oposições Máximas com exercícios práxicos é mencionada em um artigo. Uma
abordagem exclusivamente miofuncional é apresentada para o tratamento dos desvios
fonológicos associados a discretas alterações miofuncionais. Discussão: Percebe-se o
predomínio de modelos fonológicos, mas sem a exclusão das abordagens com foco na
produção articulatória. Independente da abordagem terapêutica utilizada, todos os
estudos relatam melhoras no sistema fonológico dos participantes. Entretanto, deve-se
destacar que a maioria das pesquisas publicadas envolve um número bastante reduzido
de participantes, o que as caracteriza como estudos de caso e não permite
generalizações para populações maiores. Conclusão: Este estudo demonstrou a
predominância dos modelos de Pares Mínimos com Oposições Máximas e ABAB-
Retidada e Provas Múltiplas, nas pesquisas publicadas sobre o tratamento dos desvios
fonológicos. A predominância desses modelos não deve ser interpretada como uma
recomendação ao uso dos mesmos.

302
Diagnóstico precoce de linguagem em paciente com agenesia de corpo caloso:
relato de caso

Camila da Costa Ribeiro; Nathane Sanches Marques Silva, Andressa Vital Rocha,
Dionísia Aparecida Cusin Lamônica

Introdução: O corpo caloso é a maior via de associação entre os hemisférios cerebrais,


sendo que a sua função é permitir a transferência de informações entre um hemisfério e
outro fazendo com que eles atuem harmonicamente. A ausência do corpo caloso pode ser
total ou parcial, podendo ser encontrada em 1 a 3/1000 crianças nascidas vivas. Agenesia
do corpo caloso pode ser assintomática, porém são achados comuns a epilepsia, atraso
do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) e outras manifestações clínicas. Objetivo:
Descrever o caso de uma paciente aos 11 meses com agenesia de corpo caloso
congênita em processo de avaliação da linguagem. Metodologia: Cumpriram-se os
princípios éticos. A avaliação constou de assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido, entrevista com os responsáveis, seguida da avaliação com os seguintes
instrumentos: Observação do Comportamento Comunicativo (OCC), Escala Early
Language Millestone (ELM), Teste de Screening de Desenvolvimento Denver-II (Denver-
II), Escala de Desenvolvimento Comportamental Global de Gesell e Amatruda (EDCGGA)
e Inventário Portage Operacionalizado (IPO). Resultados: Nascimento a termo, pesando
2700g, medindo 46 cm, perímetro cefálico de 33 cm e apagar 9-9-10. Gestação e
nascimento sem intercorrências. Com um mês realizou ressonância magnética com os
achados de agenesia da porção posterior do corpo caloso e do esplênio, discreta
dilatação do III ventrículo, deformidades dos ventrículos laterais caracterizadas por
dilatação dos cornos posteriores, principalmente à direita, proeminência do espaço extra-
axial na fossa posterior bilateralmente inferindo em redução volumétrica dos hemisférios
cerebelares. Na OCC observou-se presença de intenção comunicativa, protesto, imitação,
realização de balbucios indiferenciados, interrupção de atividade quando chamada,
sorriso social e compreensão de ordens simples. Na ELM apresentou desempenho
compatível com a idade cronológica, 9 meses para as área auditiva expressiva; auditiva
receptiva e 11 meses para área visual. No Denver-II não apresentou desempenho
compatível com a sua idade cronológica para as áreas de linguagem e motora-grossa. O
desempenho ficou compatível com a idade cronológica de 9 meses para área da
linguagem e 10 meses para área motora-grossa. A área pessoal social e motora fina-
adaptativa estão de acordo com a idade cronológica. No EDCGGA o desempenho na
área motora grossa foi compatível à 10 meses, na área motora fina compatível a 11
meses, nas áreas de comportamento adaptativo e comportamento pessoal social foi
compatível a 11 meses, e na área da linguagem foi compatível a 9 meses. No IPO,
verificou-se desempenho compatível a faixa etária até um ano para a linguagem (60%);
cognição (78,6%); área motora (75,6%); socialização (85%) e autocuidados (64,3%).
Discussão e Conclusão: A criança possui defasagem quanto a linguagem receptiva e
expressiva, e defasagem do desenvolvimento motor grosseiro. Neste sentido verifica-se
na literatura que a categoria malformações congênitas do corpo caloso, pode acarretar
atrasos no desenvolvimento. Evidencia-se a importância do diagnóstico precoce e a
necessidade de orientações quanto à estimulação das habilidades comunicativas,
desenvolvimento global e procedimentos terapêuticos, bem como a importância de
reavaliações periódicas para o acompanhamento do desenvolvimento da criança.

303
Distúrbios do sono e alterações de memória na Síndrome de Williams-Beuren

Stella Donadon Santoro; Luciana Pinato

Introdução: A síndrome de Williams-Beuren (SWB) é um distúrbio neurodesenvolvimental


decorrente da microdeleção de múltiplos genes localizados no braço longo do
cromossomo 7 (região 7q11.23) e apresenta incidência de 1:7000 nascidos. A SWB
exerce impacto sobre as áreas comportamentais, motoras, cognitivas e lingüísticas, sendo
também as queixas de sono freqüentes nessa população. A correlação entre sono e os
aspectos de memória em crianças é abordada na literatura, contudo em se tratando da
SWB ainda não há relatos de como interagem estes dois aspectos. Objetivo: Portanto o
objetivo deste estudo foi identificar alterações do sono e de memória em crianças com
diagnóstico de SWB. Métodos: As mães de 23 indivíduos com diagnóstico de SWB,
confirmado pelo exame citogenético de FISH, de ambos os gêneros e idade entre 6 e 18
anos, cadastrados em uma associação específica para a doença do município de São
Paulo/SP, responderam a Escala de Distúrbios do Sono para Crianças (EDSC),
instrumento de investigação da frequência de alterações relacionadas ao sono. Foi
aplicado nesta mesma população de SWB o Illinois Test of Psicolinguistic Abilities (ITPA
3), para avaliação de memória visual e utilizados dados de memória auditiva provenientes
da Escala Weschler para crianças (WISC-III) e para adultos (WAIS-III). Todas as crianças
que participaram deste estudo apresentavam histórico de alterações no desenvolvimento
da linguagem, aprendizagem e comportamento, estavam matriculadas em escolas
regulares ou especiais, não apresentavam alterações auditivas ou faziam uso de
medicamentos que pudessem interferir na coleta. Resultados: Com relação aos aspectos
do sono observamos alterações nas subescalas referentes aos distúrbios do despertar em
4,35% da amostra, sonolência excessiva diurna em 13%, e distúrbios de início e
manutenção do sono em 21,7% da amostra, sendo que as subescalas mais afetadas,
segundo relato dos pais são as referentes aos distúrbios respiratórios do sono (e.g.
presença de ronco) totalizando 30,4% da amostra e hiperidrose do sono (e.g. transpira
muito ao adormecer) com valor semelhante de 30,4%. Nos testes de memória todas as
crianças apresentaram habilidade abaixo do esperado para a idade cronológica. Apenas
65% das crianças atingiram o resultado base para aplicação da prova de memória visual
do ITPA, a diferença entre a idade cronológica e psicolingüística nesta prova variou de 2 a
13,4 anos sendo a média desta diferença de 7,97 anos. O teste de memória auditiva de
dígitos de ordem direta também ficou aquém do esperado, visto que apenas 3 crianças
atingiram o desempenho adequado para suas respectivas idades, quanto ao teste de
ordem indireta nenhuma das 23 crianças foi capaz de responder corretamente a mais do
que uma sequência de dígitos. Conclusão: Concluímos a partir da análise das
informações que há alterações de sono e memória na população de SWB, e sabemos que
estes aspectos podem interferir no desempenho lingüístico, sendo clinicamente
importantes para a fonoaudiologia. Podemos inferir que as alterações de memória
estejam relacionadas com as alterações de sono, mas para tanto se faz necessária
investigação de outros aspectos cognitivos, bem como neurobiológicos para a devida
correlação.

304
Diversidade lexical na narração de história de indivíduos com transtorno do
espectro alcoólico fetal

Giulia Ganthous; Natalia Freitas Rossi, Célia Maria Giacheti

Introdução:O Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF) refere-se ao conjunto de


alterações físicas e neurodesenvolvimentais relacionado à ingestão materna de álcool no
período gestacional que inclui dentre as principais manifestações características faciais,
alteração no Sistema Nervoso Central e no crescimento. O quadro de manifestações é
variável, quanto ao tipo e grau de comprometimento, sendo a forma mais grave do TEAF
denominada Síndrome Alcóolica Fetal (SAF). A variabilidade de manifestações também é
observada nas alterações comportamentais, cognitivas e de linguagem frequentemente
presentes no TEAF. Dentre as alterações cognitivas e de linguagem apresentadas pelos
indivíduos com TEAF, estudos anteriores descreveram a presença de déficits
significativos na narração oral com prejuízos tanto na dimensão macro quanto
microestrutural da narrativa. A diversidade lexical, também denominada “Type Token
Ratio” é uma medida formal que expressa a variação do vocabulário no discurso e tem
sido amplamente utilizada em estudos com narrativa oral, por permitir identificar o
repertório lexical utilizado pelo indivíduo na narração. Considerando que o prejuízo
semântico é uma das principais alterações citadas pelos estudos com indivíduos com
TEAF, Objetivo: o objetivo deste estudo foi investigar a diversidade lexical na narração
oral de história e compará-los a indivíduos com idade cronológica semelhante e com
desenvolvimento típico (DT). Metodo:A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa (nº 0442/2012). Participaram deste estudo 20 indivíduos com TEAF de
ambos os gêneros com idade cronológica entre seis e 17 anos. O diagnóstico de TEAF foi
realizado por equipe multidisciplinar utilizando o “4-Digit Diagnostic Code”. O grupo
comparativo foi composto por 20 indivíduos com DT pareados por gênero e idade
cronológica. A narrativa oral foi eliciada com o livro de figuras “Frog where are you?”. As
narrativas foram transcritas e analisadas quanto (1) total de palavras, (2) total de palavras
diferentes e (3) proporção do número de palavras diferentes pelo número total de palavras
da narração, resultando na diversidade lexical. A análise dos dados foi realizada por meio
de estatística descritiva e para comparação dos grupos foi utilizado o teste estatístico não-
paramétrico Man-Whitney. Resultados:Os resultados mostraram que os indivíduos com
TEAF produziram mais palavras na narração de história do que o grupo DT, porém, com
menor emissão de palavras diferentes, o que contribuiu para o menor valor encontrado na
medida de diversidade lexical do grupo TEAF e, assim, para a diferença estatística entre
os grupos. Estes dados corroboram com a literatura compilada, que descreveu alteração
na habilidade léxico-semântica, com utilização de elementos inadequados, produção de
sentenças ambíguas e erros de referência nominal na narrativa oral desta população. A
dificuldade para utilizar um repertório lexical variado durante a elaboração de história
pode estar relacionada com os déficits cognitivos apresentados pelos indivíduos com
TEAF. Conclusão:Os resultados desta pesquisa são ainda preliminares e requerem uma
análise mais detalhada da narrativa, seja dos aspectos macro quanto microestruturais
bem como do impacto do nível de desempenho intelectual e do espectro de
manifestações resultantes do álcool sobre o desempenho narrativo destes indivíduos.

305
Efeito de supressão das emissões otoacústicas em gagos

Cláudia Fassin Arcuri; Ana Maria Schiefer, Marisa Frasson de Azevedo

Introdução: A gagueira é um distúrbio complexo, marcado pelas rupturas, que o tornam


facilmente reconhecido como uma dificuldade de natureza motora. Entretanto, está
entremeado por questões auditivas, perceptuais e lingüísticas, que não podem ser
desconsideradas (Gregory, 2003). As pesquisas têm investigado das queixas auditivas
até o funcionamento do sistema auditivo central, visando relacionar o desenvolvimento da
audição à fala disfluente (Schiefer, Pereira e Gil, 2007), mas não foram encontradas
pesquisas a respeito do efeito de supressão em sujeitos com gagueira. Objetivo:Sendo
assim, o objetivo deste estudo foi verificar a ocorrência do efeito de supressão das
emissões otoacústicas em gagos. Método:Trata-se de um estudo observacional
transversal analítico com comparação entre grupos. Foram selecionados 15 adultos
gagos(18 a 40 anos), com grau de severidade variando de leve a severo (Riley, 1994),
que foram pareados por sexo, faixa etária e nível de escolaridade com indivíduos sem
nenhuma queixa ou alteração de fala e linguagem. Todos os sujeitos passaram por
avaliação fonoaudiológica convencional, avaliação específica da gagueira, avaliação
audiológica básica (audiometria, imitanciomentria e pesquisa dos reflexos acústicos) e
avaliação audiológica específica (pesquisa do efeito de supressão das emissões
otoacústicas).Os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística com aplicação
do Teste de comparação de duas proporções (unilateral). Foram considerados como
estatisticamente significantes valores de p inferiores a 0,05. Resultados: Foi realizada a
comparação entre o Grupo Estudo e o Grupo Controle no que diz respeito à ocorrência do
efeito de supressão das emissões otoacústicas. Foi verificada a presença do efeito-
supressão em 46,7% do grupo estudo em 46,7%, enquanto que no grupo controle
verificou-se 93,3% desta mesma ocorrência. quando comparados estes valores, foi
observada diferença estatisticamente significante entre os grupos(0,008), sendo que os
gagos apresentaram maior ausência deste efeito, indicando anormalidade no
funcionamento do sistema olivococlear medial. A chance de um indivíduo do grupo estudo
não apresentar efeito-supressão é 16,0 vezes a chance de um indivíduo do grupo controle
não apresentar efeito-supressão (odds-ratio=16,00). Discussão:Na literatura observou-se
uma série de estudos que identificaram alta correlação entre a alteração funcional da
audição e a gagueira. Entretanto, não foram encontrados estudos que relacionassem a
gagueira com a ausência ou ocorrência do efeito de supressão das emissões
otoacústicas. Algumas pesquisas têm associado à ocorrência de dificuldades no
processamento das informações auditivas a ausência do efeito de supressão (Galambos,
1956; Bonaldi et al., 1997; Hill et al., 1997; Bruel et al., 2001; Carvallo, 2002). Em função
disso e baseados na literatura que discute a ocorrência de desordens do processamento
auditivo em indivíduos gagos, pode-se hipotetizar que os achados desta pesquisa
justificam-se por isto. Conclusões: Neste estudo, os mecanismos funcionais auditivos dos
gagos mostraram-se diferentes dos não-gagos, com funcionamento deficitário do sistema
olivococlear medial, um dos responsáveis pela realização de figura-fundo auditiva,
compreensão no ruído, proteção e atenção seletiva.

306
Efetividade da memória de trabalho para lista de palavras com semelhança fonética
versus semelhança semântica

Nátali Romano; Cristhiane Maria Mantovani Marsura, Amanda Maura Borin, Júlio César
Gonçalves Trabanco

Introdução: A memória de trabalho é utilizada para retenção de informações por um


período curto de tempo, se responsabilizando por gerenciar a realidade momentânea de
um indivíduo, determinando a utilidade de uma informação, verificando se ela deve ser
armazenada ou descartada e se existem informações semelhantes já armazenadas
previamente em nossa memória. Propõe-se que memória de trabalho seja constituída por
três componentes distintos, possuindo cada um, capacidades e atuações diferenciadas.
São eles: O circuito (ou alça) fonológico, o bloco de esboço visuoespacial e o executivo
central. Como a memória de trabalho exerce função primordial no processamento de
informações, se mostram relevante as análises de como esta se dá e os efeitos ligados a
mesma. Objetivo: Este estudo volta-se á descrição, verificação e análise das possíveis
diferenças entre a efetividade de acesso à memória de trabalho para lista de palavras
com semelhança fonética e lista de palavras com semelhança semântica. Métodos: A
pesquisa consiste em uma investigação de caráter quantitativo com corte transversal com
40 universitários de idade entre 16 e 30 anos, separados em dois grupos (grupo E e C).
Para o grupo E foram aplicadas duas listas de palavras: uma lista de palavras com
semelhança fonética e outra de palavras com semelhança semântica. No grupo C foi
aplicada uma lista que não tinha semelhanças fonéticas e/ou semânticas. Essas listas
continham 10 palavras cada. Para memorização de cada lista foram disponibilizados 20
segundos e após a leitura a lista era vedada e era oferecido 1 minuto para que o sujeito
repetisse todas as palavras da lista que se lembrasse. Resultados: A lista com
semelhança fonética apresentou maior número de palavras lembradas na mesma ordem,
em contrapartida, o número de palavras lembradas foi o menor entre as três listas
testadas. Palavras semanticamente semelhantes mostraram-se mais fáceis para
armazenamento e evocação pela memória de trabalho que aquelas das outras duas
listas. Notou-se a presença dos efeitos de frequência e comprimento da palavra, assim
como de primazia e recenticidade, sendo estes dois últimos os mais evidentes.
Conclusão: No presente estudo foi verificado que os itens mais recuperados pelos sujeitos
foram as palavras que apresentam relações semânticas. Além disso, os resultados
encontrados mostraram que os sujeitos analisados lembraram mais palavras que se
encontravam nas extremidades das listas, principalmente os primeiros três itens das
listas, evidenciando os fenômenos da primazia e da recenticidade. Entretanto, a memória
de trabalho é um tema complexo, gerando diversos resultados em testes de memorização
de listas de palavras em sujeitos distintos, já que envolve a mente humana. Assim, isso
mostra a necessidade de mais estudos nessa área tão específica, a fim de identificar,
também, a natureza destes fenômenos.

307
Efetividade do modelo abab-retirada e provas múltiplas modificado nos desvios
fonológicos.

Taís Andrade Mendonça; Isadora Lima Santos, Susana de Carvalho

Introdução: O modelo de intervenção ABAB-Retirada e Provas Múltiplas fundamenta-se


na Hierarquia Implicacional dos Traços Distintivos e sua meta é tratar sons mais
complexos para que os sons menos complexos sejam adquiridos, auxiliando nas
mudanças do sistema fonológico da criança. O método compreende ciclos de tratamento
e avaliação, demandando várias sessões terapêuticas. Tratamentos muito prolongados,
principalmente em comunidades carentes, podem levar ao seu abandono e essa
preocupação foi o ponto de partida para o presente estudo. A proposta consiste em uma
modificação do modelo ABAB-Retirada e Provas Múltiplas, com uma redução do número
de sessões dedicadas a cada ciclo, a fim de que a criança receba a alta fonoaudiológica o
mais precocemente possível. Objetivo: Avaliar a efetividade de um modelo ABAB-Retirada
e Provas Múltiplas Modificado na intervenção dos desvios fonológicos. Método: Trata-se
de um estudo experimental e analítico, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade
Federal de Sergipe, sob o nº. CAAE 0185.0.107.000-11. A modificação do modelo de
intervenção terapêutica ABAB-Retirada e Provas Múltiplas foi concebida da seguinte
forma: a coleta de dados inicial (A1) com duração de uma sessão e cada ciclo de
tratamento (B1, B2, B3) com quatro sessões cada um, sendo que em cada ciclo são feitas
três Provas Alvo-Básica e, após cada ciclo, acontecem os Períodos de Retirada (A2, A3,
A4) durando três semanas cada um, onde são feitas as Provas de Generalização. Os
participantes são duas crianças, com 4 e 7 anos. Os critérios para incluí-las foram a
presença do desvio fonológico, que não estivesse associado a alterações auditivas,
cognitivas ou motoras, e não ter participado de terapia fonoaudiológica anteriormente. Foi
realizada uma anamnese e a análise da fala foi realizada com a utilização do AFC –
Análise Fonológica da Criança – a partir da qual foram escolhidos os sons-alvo. Após a
escolha dos sons-alvo, deu-se início à intervenção propriamente dita por meio das
sessões com os mesmos conteúdos do modelo original, porém com a duração reduzida.
Resultados: A pesquisa encontra-se em desenvolvimento no Laboratório de Voz, Fala e
Fluência da Universidade Federal de Sergipe desde abril deste ano e, até o momento, os
participantes apresentam resultados positivos com o modelo ABAB-Retirada e Provas
Múltiplas Modificado. Constata-se que o modelo proposto favorece a adequação do
sistema fonológico, proporcionando a aquisição de fonemas com a ocorrência de
generalizações. Observa-se que a generalização é mais eficaz no caso menos grave de
desvio fonológico, sendo possível hipotetizar que o sucesso é mais dependente da
gravidade do quadro do que do numero de sessões terapêuticas. Conclusão: A redução
do número de sessões nos ciclos do modelo ABAB-Retirada e Provas Múltiplas é uma
alternativa viável para a redução do tempo de tratamento, antecipando a alta
fonoaudiológica nos casos leves de desvios fonológicos.

308
Elaboração de um instrumento para uma avaliação lúdica da fala

Susana de Carvalho; Renata Silvestre Santos Gonçalves, Poliane Marques de Oliveira

Introdução: Dentre os procedimentos usualmente adotados para a avaliação da fala de


crianças, inclui-se uma prova de nomeação. A prova é realizada por meio da designação
de imagens, representações bidimensionais capazes de evocar palavras que, em
conjunto, contenham todos os fonemas da língua. A proposta aqui apresentada é de uma
avaliação lúdica, por meio de objetos tridimensionais, e que permita que a produção da
fala se dê em um contexto mais natural e próximo das brincadeiras e situações cotidianas
vivenciadas pela criança. Pretende-se, com o instrumento, uma prática que envolva a
criança no processo de avaliação, tornando-a ativa e, desse modo, facilitando a eliciação
de uma fala mais espontânea. Objetivo: Elaborar um instrumento para a avaliação da fala
de crianças. Método: Trata-se de um estudo experimental, aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa sob o no. 07639912.3.0000.0058. A pesquisa desenvolveu-se em duas
fases. A primeira fase foi constituída das etapas de: a) descrição e comparação dos
protocolos para avaliação da fala, já existentes e utilizados no Brasil; b) determinação do
vocabulário alvo a ser utilizado no instrumento para a avaliação lúdica e c) seleção e
aquisição de objetos representativos do vocabulário alvo. A segunda fase consistiu na
aplicação do instrumento, envolvendo treze crianças, sem alteração de fala e idades entre
três e 10 anos, com o propósito de verificar a adequação dos objetos selecionados para a
evocação do vocabulário alvo proposto pelo instrumento. A consistência interna dos itens
que compõem o instrumento foi determinada pelo coeficiente alfa de Cronbach.
Resultados: A primeira fase do estudo resultou em um conjunto de 39 objetos, miniaturas
icônicas, acondicionadas em uma única maleta plástica. O tempo para a aplicação do
instrumento variou entre um minuto e 56 segundos a 10 minutos e 46 segundos e
evidenciou o envolvimento dos participantes no processo de avaliação: as crianças faziam
questão de retirar os objetos da maleta, montando uma brincadeira contextualizada ou
manipulando-os um a um, descrevendo e comparando com objetos familiares. O
instrumento também possibilitou o surgimento de narrativas, provocadas pelas
brincadeiras, enriquecendo a avaliação com amostras de fala espontânea da criança. O
coeficiente alfa de Cronbach foi 0,8760, indicando a confiabilidade do instrumento.
Conclusão: Até o momento, o instrumento mostra-se adequado para a avaliação da fala
de crianças.

309
Enquadres interacionais de crianças surdas e sua terapeuta em atividades de jogos
com regras

Priscila Starosky

Introdução:Os estudos sobre jogos e brincadeiras têm-se intensificado nos últimos anos,
considerando o prestígio que este tipo de atividade vem adquirindo nos contextos
educacionais e terapêuticos. Neste estudo, serão abordadas questões linguísticas e
interacionais relacionadas a atividades de jogos infantis no contexto terapêutico-
fonoaudiológico da surdez inserido em uma abordagem bilingue. Os jogos são uma
atividade que possibilita o posicionamento e a ação da criança a permitir que ela se
engaje no enquadre de brincadeira. A noção de enquadre é dinâmica e ocorre no curso
da interação, negociando a relação entre os interlocutores.Consideramos que o jogo
lúdico constitui uma forma da criança desenvolver a habilidade de mudar de enquadre ou
de papel e de interpretar a ação do outro, conforme sinalizado pelas pistas
contextuais.objetivo:Este trabalho tem por objetivo estudar os modos interacionais de
crianças surdas e de sua terapeuta, analisando os enquadres instrucional e competitivo
observados nas situações interativas dos jogos com regras. Metodo:No presente trabalho,
que tem como modelo metodológico a micro-análise etnográfica do tipo participante, de
caráter longitudinal exploratório, analisamos as mudanças de enquadre na interação face
a face de uma criança surda com sua terapeuta (fonoaudióloga) e com outras crianças em
uma situação de jogo. A pesquisa foi desenvolvida em uma clínica escola de
fonoaudiologia que possui um programa educacional bilíngue para crianças surdas, em
que a primeira língua (L1) é a LIBRAS (Língua de Sinais Brasileira) e a segunda língua
(L2) é o Português. Resultados e conclusão:Observamos a maleabilidade com que a
criança e seus interlocutores passam de um enquadre para outro através da interação
com jogos. Observou-se também que este tipo de interação constitui uma forma da
criança desenvolver a habilidade de mudar de enquadre e de emergir diferentes
esquemas de conhecimento, conforme sinalizado pelas pistas contextuais.

310
Epilepsia e achados fonoaudiológicos relacionados às modalidades de linguagem
oral e escrita: revisão de literatura

Ana Paula Berberian; Ana Paula Belido, Christiane Hopker, Ingrid Mazzarotto, Jenane
Topanotti da Cunha, Rosane Santos

Introdução: As epilepsias são eventos clínicos que refletem a disfunção temporária de um


conjunto de neurônios de parte do encéfalo (crises focais) ou área extensa, envolvendo
simultaneamente os dois hemisférios cerebrais (crises generalizadas); os sintomas
dependem das áreas do cérebro envolvidas. A epilepsia afeta aproximadamente 50
milhões de pessoas no mundo. Dados epidemiológicos indicam que a prevalência da
epilepsia varia de 4 a 10/1000 habitantes. Estudos acerca da incidência da epilepsia,
realizados internacionalmente, revelam que os índices variam de 20 a 70/100.000
habitantes, ocorrendo em todas as faixas etárias, com maior incidência em crianças e
idosos. Dentre as implicações da epilepsia, as alterações da linguagem são apontadas
como aspectos importantes de serem observados, visto que estão relacionadas à
qualidade de vida dos sujeitos acometidos por esse problema. Objetivo: Realizar revisão
da literatura de artigos científicos a respeito de possíveis alterações relativas à oralidade,
leitura e escrita de sujeitos com epilepsia. Método: Levantamento bibliográfico
abrangendo as publicações nacionais e internacionais das bases de dados da Biblioteca
Virtual em Saúde (Lilacs, Ibecs, Medline, Biblioteca Cochrane, Scielo), entre 2003 e 2013.
Para compor este estudo, foram utilizadas como palavras-chaves epilepsia agrupada a
transtornos da linguagem e distúrbios da fala. Resultados: Do total de setenta e oito
artigos encontrados que fizeram referências diretas ao tema deste estudo, foram
selecionados quatorze para compor a amostra, pois muitos destes artigos referiam-se a
aspectos indiretamente relacionados à linguagem oral e escrita. Todos os artigos
selecionados foram escritos por autores estrangeiros. Destes, cinco referiam-se ao pré-
operatório, nos quais as principais alterações encontradas foram dificuldade de
compreensão, nomeação, palilalia, ecolalia e alteração da melodia e frequência da fala.
Conforme três artigos de pré e pós-operatório foram achados no pré-operatório um
paciente com problemas de nomeação e três outros pacientes com déficits lingüísticos
considerados como não muito relevantes; no pós-operatório houve diminuição da
compreensão da linguagem e fluência da fala e déficit de nomeação. Os quatro estudos
do pós-operatório referem afasia temporária, anomia, déficit de compreensão, déficit da
fala espontânea na compreensão da linguagem, na repetição, leitura, escrita e fluência. Já
nos dois artigos que abordaram pacientes que não passaram por cirurgia, foram
identificadas falhas na fluência verbal, anomia, compreensão de leitura e compreensão
auditiva, omissões orais e dificuldade semântica. O artigo do pós-operatório evidenciou
uma associação significativa entre o declínio de habilidades de nomeação e alterações
das funções semânticas e anomia. Conclusão: Tendo em vista os achados da literatura
que apontam para o fato da epilepsia estar relacionada a sintomas que incidem sobre as
diferentes dimensões da linguagem, ou seja, discursiva, textual e normativa, e
considerando a ausência de estudos nacionais acerca de tais implicações, esse estudo
aponta para necessidade do implemento de pesquisas fonoaudiológicas nacionais
relacionadas à temática epilepsia e linguagem oral e escrita, com intuito de subsidiar
práticas clínicas fonaoudiológicas voltadas à referida população.

311
Erros de leitura e escrita em escolares com e sem transtorno fonológico

Fernanda Teixeira de Carvalho; Caroline Alves Ferreira de Carvalho, Clara Regina


Brandão de Avila

Introdução: Ao início da alfabetização todas as regras fonológicas devem estar, há muito,


adquiridas. A literatura apresenta déficits do processamento da informação fonológica
associados a prejuízos do domínio do princípio alfabético. Não raramente, subjacentes a
essa condição encontram-se alterações persistentes da fala e o tipo de processo
fonológico pode associar-se ao erro de codificação ou de decodificação da escrita, ou
influenciar a frequência com que ocorre. Objetivo: Caracterizar os erros de escrita e leitura
de escolares com Transtorno de Leitura e Escrita (TLE), com e sem Transtorno
Fonológico (TF) e investigar a presença de correlações entre o processo fonológico e o
tipo de erro. Método: Estudo aprovado pelo CEP/UNIFESP-HSP sob o nº 0438/10.
Analisaram-se 38 protocolos de avaliação de escolares com diagnóstico fonoaudiológico
de Transtorno de Leitura e Escrita, matriculados na rede pública de ensino, com (GTF=14
escolares) e sem (GSTF=16 escolares) diagnóstico de Transtorno Fonológico. A análise
das gravações obtidas pela aplicação do ABFW-Fonologia (nomeação) permitiu a
identificação dos processos fonológicos e o cálculo da PCC-R. As gravações da leitura de
palavras isoladas e as escritas de palavras sob ditado permitiram identificar erros, analisa-
los e tipificá-los. Buscaram-se associações entre presença ou ausência do Transtorno
Fonológico e as variáveis de tipologia do processo e de erro de leitura ou escrita.
Também investigaram-se correlações entre as variáveis de interesse. Aplicou-se o Teste
Exato de Fisher e calculou-se o coeficiente de Spearman, adotando-se nível de
significância de 5%. Resultados/Discussão: Observaram-se, associados ao GTF, os
processos fonológicos: Plosivação de Fricativas (p=0,022), Sonorização de Fricativas
(p=0,003) e o Ensurdecimento de Plosivas (p=0,003). O erro de Codificação de fonemas
surdos ou sonoros (p=0,020) e Omissões e Adições na leitura (p=0,018), também
mostraram-se associados ao GTF e assim diferenciaram os grupos. O estudo das
correlações mostrou diferentes perfis para cada grupo: no GSTF somente variáveis da
mesma natureza se correlacionaram. No GTF correlações positivas, em sua maioria, que
variam de moderadas a fortes mostraram associações entre processos fonológicos e
erros de leitura e escrita entre: sonorização e ensurdecimento de plosivas e erro na
codificação de fonemas surdos ou sonoros substituídos por seus equivalentes,
codificação por na apoio na oralidade e erros complexos na leitura, respectivamente aos
valores do coeficiente (r=0,632 p=0,027; r=0,816 p=0,001; r=0,756 p=0,018). Lembrando
que ambos os grupos apresentam TLE, pode-se observar maior frequência de erros de na
leitura e escrita nos indivíduos que apresentaram o diagnóstico de TF. Os achados
mostraram que a maior frequência de ocorrência de processos fonológicos encontrados
envolveu o traço de sonoridade que mostraram fortemente correlacionados com erros de
escrita que envolveram a sonoridade. Conclusão: O grupo com TF mostrou mais
associações entre processos fonológicos e erros de leitura e escrita. Correlações mais
fortes foram identificadas entre os processos de maior ocorrência na amostra e os erros
de leitura e escrita.

312
Esclerose tuberosa e comportamentos do espectro autístico: relato de caso.

Dionísia Aparecida Cusin Lamônica; Camila da Costa Ribeiro

Introdução: Esclerose tuberosa (ET) é uma desordem autossômica, degenerativa causada


por mutação genética, caracterizada pela presença de manchas hipocrômicas, tubérculos
na pele e lesões neoplásicas que invariavelmente afetam o sistema nervoso central
podendo incluir no rol de sintomas convulsões, atraso do desenvolvimento e problemas
comportamentais. Cerca de um terço apresenta a tríade característica que envolve
angiofibromas faciais, deficiência intelectual e epilepsia. A literatura relata que 25% dos
casos de ET apresentam comportamentos do espectro do autismo. Objetivo: Descrever
habilidades comunicativas em uma menina de oito anos e nove meses, com diagnóstico
de esclerose tuberosa e comportamentos do espectro do autismo. Material e Métodos:
Cumpriram-se os princípios éticos. A avaliação constou de assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido e entrevista com os responsáveis e aplicação dos
instrumentos: Observação do Comportamento Comunicativo (OCC), Teste de Screening
de Desenvolvimento Denver-II (Denver-II), Childhood Autism Rating Scale (CARS) e
Inventário Portage Operacionalizado (IPO). Resultados: Gravidez e nascimento sem
intercorrência com Apgar 10/10. Aos cinco meses iniciaram crises convulsivas
generalizadas e de ausência, tendo sido recebido diagnóstico de Síndrome de West. Aos
sete meses receberam diagnóstico de Esclerose tuberosa, iniciando tratamento
medicamentoso com anticonvulsivantes. Os pais informaram que notam que a filha vem
perdendo as habilidades adquiridas e que atualmente tem comportamentos do espectro
autístico. A Ressonância por imagem indicou a presença de túberos cerebrais múltiplos
nas áreas cerebrais frontal e temporo-parietal. Apresenta autoestimulação na região da
face e genital e tem hábitos esfincterianos peculiares. Não realiza nenhuma atividade de
vida diária com independência. Não apresenta problema auditivo. Tem estrabismo. A
avaliação evidenciou: Na OCC: função de protestar, intenção comunicativa assistemática;
vocalizações e repete, assistematicamente, palavras isoladas sob comando. Explora
brinquedos, mas não realiza brincadeiras simbólicas. A família relata que esta é uma
habilidade que perdeu. Quando deseja chamar atenção aponta ou direciona as pessoas
usando-as como instrumento. No Denver-II apresentou desempenho compatível com a
faixa etária de 16 meses para área pessoal-social; 17 meses para área motora fina-
adaptativa; 22 meses para área da linguagem e 28 meses para área motora-grossa. No
CARS obteve pontuação 31. No IPO verificou-se desempenho compatível a faixa etária
de zero a um ano para socialização (71,42%); linguagem (60%); de um a dois anos para
cognição (70%) e autocuidados (72,72%) e de três a quatro anos para área motora (60%).
@Normal = Discussão e Conclusão: A gravidade das manifestações clínicas e
comportamentais na ET se relaciona com a gravidade do envolvimento do sistema
nervoso central, com sequelas irreversíveis. A literatura evidencia que epilepsia de difícil
controle nos casos com deficiência intelectual severa e as doses altas de medicamentos
para o controle das crises interferem no sistema de alerta com interferência nos
processos de aprendizagem. As alterações comportamentais não configuram um quadro
autístico clássico, entretanto como efeito da evolução do quadro de ET, há dificuldades
perceptivas, que interferem nos processos de aprendizagem e comportamentos atípicos.

313
Estimulação de linguagem infantil em diferentes classes sociais

Taísa Giannecchini; Mayara Viesba, Debora Ferrazin, Marina Padovani

Introdução: Durante o processo de aquisição de linguagem, a criança sofre influência das


relações dialógicas, principalmente da fala do adulto, que usa diferentes estratégias para
interagir e conversar, configurando assim um dos estímulos para o desenvolvimento
normal da linguagem da criança. Esse é um processo natural que ocorre sem que haja a
necessidade de orientação profissional na maioria dos casos. Porém, a falta dessa
estimulação pode acarretar alterações no desenvolvimento de linguagem com
consequências negativas para as situações de comunicação. A literatura aponta como
fator de risco para o distúrbio específico de linguagem, pobre estimulação das crianças
nas classes socioculturais baixas. Objetivo: verificar na população quais são os estímulos
mais utilizados pelas mães no desenvolvimento da linguagem das crianças e suas
consequências, nas diferentes classes sociais. Método: A partir de um questionário
elaborado, foram selecionadas 44 mães de crianças entre 2 e 5 anos, sendo 08 da classe
A, 21 da classe B e 15 da classe C, assim distribuídas de acordo com critérios do IBGE. O
questionário continha 15 questões de múltipla escolha e abertas e foi aplicado em uma
única sessão, após preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com
duração aproximada de cerca de 20 minutos, de março a junho de 2013. As questões
abordaram critérios para definição da classe social, dados sobre a gestação,
desenvolvimento de linguagem e métodos e /ou itens usados para realizar essa
estimulação. Resultados: Os dados coletados foram tabulados e os resultados
preliminares mostraram 18,2% de presença distúrbios de fala ou linguagem autoreferidos,
com diferença na ocorrência, de acordo com a classe social (12,5% classe A, 14,3%
classe B e 26,7% classe C), gravidez indesejada em 25% da classe A, 57,1% da classe B
e 60% da classe C, contato com o bebê ao nascimento presente nos 3 grupos, com
estimulação da linguagem nas atividades de rotina, mais detalhadamente descritas na
classe A, com inclusão de outras opções, e uso de livros, dvds, brinquedos, mais
frequente nas classes A e B; início da fala aos 11,7 meses na classe A, 13,3 na classe B
e 15,9 na classe C, com diferenças também no início da vida escolar:17,6 meses na
classe A; 44,7 meses na classe B e 36 meses na classe C. Conclusão: Há diferenças no
comportamento e no uso da língua entre os grupos sociais, desde o período pré natal,
podendo interferir no processo de desenvolvimento da linguagem infantil.

314
Estratégias utilizadas na intervenção fonoaudiologica na área da fluência infantil

Camilla Guarnieri; Camila Mayumi Abe, Bianca Rodrigues Lopes Gonçalves, Simone
Aparecida Lopes-Herrera

Introdução: As Disfluencias são alterações na fluência que ocasionam interrupções e


reduzem o fluxo da informação; em muitos casos, é comum existirem movimentos físicos
associados. O grau da disfluência pode variar de leve a grave, sendo que esta
classificação é dada de acordo com a quantidade de rupturas e movimentos associados
presentes. Existem várias abordagens para a intervenção fonoaudiológica nos casos de
distúrbios da fluência, porém as estratégias terapêuticas utilizadas na reabilitação da
linguagem nesses casos não são elaboradas para esse fim, mas adaptadas de outros
contextos (principalmente do pedagógico). Dessa forma, há necessidade de sistematizar
essas estratégias para otimizar os planejamentos terapêuticos, ressaltando que nos casos
de intervenção em crianças as estratégias utilizadas devem ser lúdicas para melhorar a
eficácia. Objetivo:Coletar e organizar informações numa Clínica-Escola de Fonoaudiologia
a respeito das estratégias terapêuticas aplicadas na intervenção fonoaudiológica nos
casos de disfluências em crianças. Metodo: Foram analisados 122 planos diários de
terapia de duas crianças atendidas na Clínica de Linguagem Infantil de Fonoaudiologia da
FOB-USP, entre 2009 e 2011. As crianças tinham entre 5 e 8 anos de idade, ambas com
avaliação fonoaudiológica indicando a presença de disfluências associadas a outra
alteração da linguagem (atraso de linguagem e distúrbio fonológico). A análise foi feita por
um protocolo específico e elaborado para a pesquisa. Os objetivos trabalhados na
intervenção com enfoque nas disfluências foram: reduzir velocidade de fala, trabalhar
controle respiratório, conscientização da disfluência, reduzir tensão e bloqueios no
momento da fala.Resultados: Destes objetivos, o mais frequente foi a redução da
velocidade de fala, seguido do controle respiratório; o menos frequente foi a
conscientização sobre a disfluência. A estratégia mais comumente usada para reduzir a
velocidade da fala (75%) foi a leitura de histórias ou repetição de palavras com
prolongamento de vogais; para o objetivo de trabalhar o controle respiratório, a estratégia
mais utilizada (56,25%) foi o controle da inspiração e expiração diafragmática com a
criança deitada com uma pista visual na região do abdômen. Para trabalhar a
conscientização, a estratégia mais utilizada foi a vídeo-modelagem (54,47%) e, para a
redução da tensão cervical e dos bloqueios, foram utilizados o prolongamento de vogais
(68,38%) e alongamentos cervicais (33,33%). As estratégias terapêuticas utilizadas nesta
amostra para trabalhas as disfluências foram empregadas repetitivamente, sempre
trabalhando primeiro a respiração, depois os demais objetivos na leitura/repetição de
palavras e, por último, automatizando na fala espontânea. Conclusão:Nota-se que o
objetivo prioritariamente enfocado foi a redução da velocidade de fala, pois lentificando a
fala do individuo com disfluência, observa-se menos rupturas e movimentos associados a
mesma. Contudo, os resultados não podem ser generalizados uma vez que foram
estudados apenas dois indivíduos, havendo então, a meritória necessidade de
reaplicação desse estudo numa população mais abrangente.

315
Estudo comparativo de interação entre mãe e criança cega

Wanessa Fernandes Moura da Silva

Introdução: Estudos sistemáticos a respeito da aquisição de linguagem em crianças


cegas, especialmente na faixa etária de 3 anos (bebês) são relativamente escassos.
Pesquisa recente que envolve a utilização em escalas padronizadas, observacional e
analíticas, permite que o estudo se torne eficaz, seja analisada e comparada aos dados
dos grupos diferentes no exterior. Objetivos: o presente estudo revela a investigação da
interação entre crianças cegas e suas respectivas mães, bem como a repercussão da
aquisição e desenvolvimento de linguagem. Material e Método: A pesquisa envolve um
estudo qualitativo, comparativo e longitudinal, observando e registrando, através de
protocolos e videogravações, com duração de 20 minutos, comparando a interação de
mães videntes e suas respectivas crianças cegas ou crianças videntes apresentando a
mesma idade e classe social. 86 crianças com visão subnormal foram excluídas.
Resultado: É aparente a diferença entre os dois grupos apresentando uma variedade na
observação e qualidade das amostras, mas em relação à estatística, apenas duas
características foram diferentes: a criança cega tenta localizar objetos indiretamente e
tenta sem nenhuma posição da cabeça. Conclusão: Foram encontradas diferenças entre
crianças cegas e videntes, mas é necessário mais estudos sobre o assunto. É necessária
a análise com mais ferramentas observacionais em diferentes aspectos e que acompanhe
a evolução das crianças. A expectativa é de que este tipo de abordagem venha a
contribuir para a melhora do suporte ao profissional da saúde para as crianças cegas.

316
Estudo da integração visuomotora e cordenação motora fina em crianças com
transtorno de aprendizagem

Débora Lodi, Maria do Carmo Mangelli Araujo, Juliana Aguiar, Claudia Machado Siqueira,
Luciana Mendonça Alves

Introdução: estudos têm mencionado má qualidade gráfica em crianças com dificuldade


escolar (DE). Isso pode estar relacionado à dificuldade nas habilidades de integração
visuomotora (IVM) e motora fina (MF), que são essenciais para a execução das formas
gráficas da escrita. Existem poucos estudos dessa dificuldade em crianças com transtorno
de aprendizagem (TA). É importante diagnosticar a disgrafia, para que ocorra intervenção
e um melhor desempenho escolar. Objetivo: identificar a dificuldade de integração
visuomotora e motora fina em crianças com critérios para o diagnóstico de transtorno de
aprendizagem atendidas em um Ambulatório de Transtornos da Aprendizagem de um
Hospital público de Minas Gerais. Métodos: foram colhidos dados de 78 prontuários de
crianças com queixas de mau desempenho escolar, entre 6 e 15 anos de idade, avaliadas
por equipe multidisciplinar. Esses dados foram referentes ao diagnóstico para TA aos
resultados dos testes: Developmental Test of Visual-Motor Integration e Manual de
Avaliação Motora (EDM) aplicados por uma terapeuta ocupacional. O VMI é um teste de
cópias de desenhos, com critérios de pontuação e escores, para identificar possíveis
problemas de Integração visuomotora, e o EDM avalia a coordenação motora do indivíduo
de acordo com o esperado para a idade cronológica. Resultados e discussão: das 78
crianças avaliadas 19 (24,36%) apresentaram TA. Destas, 18 (94,7%) apresentaram IVM
aquém do esperado, e apenas 1 (5,3%) com IVM dentro do esperado. Das outras
crianças, 59 (75,64%), que não tiveram diagnóstico para TA, 42 (71,2%) apresentaram
IVM aquém do esperado, e 17 (28,8%) dentro do esperado (p=0,69). Em relação à
coordenação MF, 11 (57,9%) dos escolares com TA tiveram desempenho aquém do
esperado e 8 (42,1%) dentro do esperado. No grupo sem-TA, 28 (47,5) apresentam
dificuldade MF, e 31(52,5%) coordenação MF dentro do esperado (p=0.03). A dificuldade
na coordenação MF encontrada nos escolares com TA pode ser uma das causas da
dificuldade nos traçados da escrita, já a IVM não foi expressivo em comparação às outras
crianças com queixas de DE. Conclusão: a dificuldade de coordenação MF está presente
nos quadros diagnosticados com TA, o que também pode interferir nos traçados gráficos
dessas crianças e no baixo desempenho escolar. A IVM, embora, esteja presente, não é
expressiva em crianças com TA comparada às crianças com queixa de DE. O
desempenho motor é muito importante na aprendizagem, pois é uma forma de expressar,
organizar e armazenar conhecimento. Ainda são escassas as pesquisas e referências na
literatura envolvendo o tema, o que vem reforçar a necessidade de uma maior atenção
dos profissionais envolvidos com a aprendizagem a estas questões e, sobretudo, ao
envolvimento de pesquisadores nessa área. A avaliação da terapia ocupacional nessas
crianças é de extrema importância para identificar essa dificuldade e os seus
componentes, assim como a intervenção, para melhor desempenho acadêmico.

317
Estudo dos prolongamentos na fala de gagos e fluentes

Pamila Bento da silva; Juliana Furini, Cristiane Moço Canhetti de Oliveira

Introdução: O prolongamento é uma disfluência que pode ocorrer na fala pessoas com
gagueira e sem gagueira, e, assim pode dificultar o diagnóstico do distúrbio. Análise
quantitativa e qualitativa dos prolongamentos, portanto, são recomendadas na tentativa
de distinguir os prolongamentos utilizados como estratégias linguísticas normais no
processo de comunicação, dos prolongamentos típicos de uma pessoa que gagueja.
Objetivo: Realizar análise quantitativa e qualitativa dos prolongamentos da fala de adultos
com gagueira desenvolvimental persistente e comparar com adultos sem gagueira.
Métodos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição (n° 0672/2013), e
todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento. Participaram da pesquisa
12 adultos, na faixa etária de 18 a 46 anos, sendo 8 do gênero masculino e 4 do feminino,
divididos em dois grupos: grupo experimental (GE) composto por 6 adultos com gagueira
desenvolvimental persistente, e o grupo controle (GC) composto por 6 adultos sem
gagueira, pareados ao GE por gênero e idade. Os critérios de inclusão do GE foram:
queixa de gagueira por parte dos próprios participantes; início da gagueira ocorreu na
infância; tempo mínimo de 12 meses de duração das disfluências; mínimo 3% de
disfluências gagas, e; apresentar no mínimo gagueira leve de acordo com o Instrumento
de Severidade da Gagueira – SSI. Foram utilizados dois procedimentos: avaliação da
fluência e aplicação do Instrumento de Severidade da Gagueira. A análise estatística foi
realizada de forma descritiva. Para as variáveis de natureza quantitativa foram calculadas
a média, mediana, valor mínimo, valor máximo e desvio-padrão. Resultados:
Quantitativamente observou-se que os grupos apresentaram semelhança na quantidade
de prolongamentos hesitativos (GE, X= 1,4%, 0-3,5%; GC, X=1,5%, 0-3,5%). Porém, GE
apresentou em média mais prolongamentos (X=1%, 0-2,5%) do que GC (X= 0,3%, 0-1%).
A análise qualitativa mostrou que a presença de tensão muscular associada ao
prolongamento é um dos fatores que diferiram os prolongamentos que ocorreram no GE e
GC. Os dois participantes do GC que apresentaram prolongamentos em sílabas iniciais,
realizaram sem tensão e com a finalidade de enfatizar a palavra. Quanto ao som
prolongado, observou-se que todos falantes, com gagueira ou não, manifestaram os
prolongamentos hesitativos, ou seja, aqueles que ocorrem nas sílabas finais das palavras,
sem tensão muscular e de curta duração. Mas, qualitativamente pessoas com gagueira
manifestaram mais prolongamentos nas sílabas inicias, com tensão muscular ou
concomitante físico, prejudicando a estrutura prosódica da palavra. Conclusão: Os
resultados mostraram que pessoas com gagueira manifestaram maior quantidade de
prolongamentos do que as pessoas sem gagueira. Porém, prolongamentos hesitativos, ou
seja, nas sílabas finais das palavras, sem tensão muscular e de curta duração ocorreram
em quantidade semelhante nos dois grupos. Qualitativamente pessoas com gagueira
manifestaram prolongamentos associados à tensão muscular, de maior duração e com
alteração na prosódia da palavra. Os resultados auxiliarão a realização do diagnóstico da
gagueira, bem como nortearão os procedimentos terapêuticos.

318
Expectativas e satisfação com o tratamento para gagueira

Kleuvencleiton Jose dos Santos Oliveira; Susana de Carvalho, Ayslan Melo de Oliveira

Introduçao: A satisfação dos pacientes em relação ao tratamento recebido é tema pouco


investigado na clínica fonoaudiológica. Diferentes estudos demonstram que a satisfação
do paciente interfere na adesão ao tratamento e em sua qualidade de vida. Considerando
que muitos casos de gagueira são refratários ao tratamento e que as recidivas são
frequentes, seria de grande valia compreender a opinião e os sentimentos dos pacientes
em relação à terapia para gagueira. Tal compreensão pode converter-se em um
importante indicativo da qualidade da atenção dada a esses pacientes. Objetivo:
Investigar as expectativas e a satisfação de adultos que gaguejam com o tratamento
fonoaudiológico recebido. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo, parte das ações
desenvolvidas na pesquisa “Intervenção fonoaudiológica na gagueira: perfil dos pacientes
atendidos no Laboratório de Voz, Fala e Fluência”, aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa, sob o no CAAE 0181.0.107.000-11. Foi elaborado um questionário contendo
oito questões abordando segurança ao falar, sentimentos ao falar, percepção do outro em
relação a sua fala, o compromisso fora do ambiente terapêutico e benefícios terapêuticos
percebidos. O questionário foi respondido por 10 participantes, do gênero masculino e
idades entre 19 e 33 anos (IM: 24,2). Todos procuraram, voluntariamente, por tratamento
para gagueira no Laboratório de Voz, Fala e Fluência do Núcleo de Fonoaudiologia da
Universidade Federal de Sergipe e encontram-se em tratamento por períodos que variam
de um a cinco meses, com um tempo médio de 2,3 meses em terapia. As respostas
fornecidas pelos participantes ao questionário foram analisadas por meio de estatística
descritiva. Resultados: Em relação aos sentimentos ao falar, depois de começar o
tratamento, 100% declara que se sente bem melhor. No que se refere a segurança ao
falar, 100% percebe-se seguro a maior parte do tempo. Para 50% dos participantes, a
reação dos outros à sua fala está melhor. Ao considerar a adesão ao tratamento, indicada
pela realização dos exercícios propostos fora do ambiente terapêutico, observa-se que
apenas 30% dos participantes os executam. Quando indagados sobre a aplicação das
estratégias aprendidas em situações cotidianas, 100% afirma que procura utilizá-las. No
aspecto satisfação com o tratamento, 100% afirma estar satisfeito. Sobre os benefícios do
tratamento, 100% asseguram seu valor. Conclusão: Conclui-se que, mesmo com a baixa
adesão à prática dos exercícios fora do ambiente terapêutico, os participantes aplicam as
estratégias nas situações cotidianas, reconhecendo uma utilidade prática na terapia. Há
mais segurança ao falar e, consequentemente, satisfação consigo mesmo. É a partir dai
que percebem os benefícios propiciados pelo tratamento.

319
Formação de sentenças de escolares de 6 a 10 anos nascidos com baixo peso

Selma Mie Isotani; Rebeca Rodrigues Pessoa, Jacy Perissinoto

Introdução: O baixo peso ao nascer é fator de risco ao desenvolvimento e está


relacionado a fatores biológicos, psicossociais e demográficos. As crianças que convivem
com riscos biológicos nos primeiros anos de vida são mais propensas a problemas que
podem afetar o seu desenvolvimento e implicar a aquisição da linguagem. Estudos sobre
o desenvolvimento da linguagem de crianças nascidas com baixo peso têm apontado
para alterações na linguagem quanto a vocabulário, fluência verbal, morfossintaxe e
pragmática e correlações entre funções executivas, habilidades de atenção, consciência
fonológica e memória de trabalho. Tivemos como hipótese neste estudo que crianças
nascidas com baixo peso apresentam inabilidades para o processamento de informações
com efeito refletido em sua habilidade expressiva de formulação frasal. Objetivo:
Caracterizar a linguagem de escolares nascidos com baixo peso pela análise da
construção de frases. Métodos: Comitê de Ética em Pesquisa nº 184.779. A amostra foi
composta por 300 escolares, matriculados em escolas municipais do Embu das Artes–SP.
Participaram do presente estudo crianças na faixa etária de 6 a 10 anos, de ambos os
sexos, que apresentaram baixo peso ao nascimento (<<2500g) compondo GP (Grupo
Pesquisa, N= 238), e com peso ao nascimento acima ou igual a 2500g compondo o GC
(Grupo Controle, N= 175). Excluíram-se do estudo crianças com anomalias ou
morbidades. Para este estudo considerou-se o desempenho medido pelo subteste
Recriando Atos de Fala do Test of Language Competence – Extended Edition (TLC-E)
traduzido para pesquisa, por Araújo, Perissinoto (2004), que avalia a organização da
estrutura frasal, além da memória auditiva. O subteste está apresentado em 16 itens, de
modo que em cada item, a criança pode pontuar no quesito número de palavras somado
ao quesito holístico. A análise dos resultados considerou as respostas dos grupos no
subteste e verificou a associação entre as respostas com as variáveis peso ao
nascimento, sexo, idade da criança e idade e escolaridade materna, por meio dos testes T
de student e qui-quadrado, além da regressão linear e logística. Resultados: O GC obteve
melhor desempenho quanto ao número total de palavras utilizadas (p= 0,030) em relação
ao GP, além de melhor desempenho no item 3 (p=0,016) e no item 6 (p=0,001). Não
houve diferença entre os grupos quanto ao escore holístico. Na análise de regressão
constatou-se o impacto positivo das variáveis peso ao nascimento (p=0,002), idade da
criança (p= 0,017), idade da mãe (p=0,001) e escolaridade da mãe (p<<0,001) sobre a
pontuação padrão do teste em ambos os grupos. CONCLUSÕES: Para a construção de
frases a partir de figuras e palavras dadas, o grupo de crianças nascidas com baixo peso
apresentou número menor de palavras quando comparadas às crianças com peso
adequado ao nascimento. Foi verificado que quanto mais alto o peso ao nascimento,
maior a pontuação padrão do teste. Em ambos os grupos, evidenciou-se evolução relativa
à idade nas habilidades morfossintáticas abordadas no estudo e os fatores de proteção
escolaridade e idade da mãe, tiveram impacto positivo no desempenho da linguagem.

320
Função comunicativa oral no adulto com diagnóstico de esclerose múltipla

Ana Karênina de Freitas Jordão do Amaral; Flávia Luiza Costa do Rêgo, Jaims Franklin
Ribeiro Soares, Wagner Teobaldo Lopes de Andrade, Maria do Socorro Pereira da Silva

Introdução: São diversas as etiologias de alterações da linguagem do adulto que não se


enquadram em prolongamentos das alterações surgidas na infância. Traumatismo
cranioencefálico, surdez pós-lingual, acidentes vasculares encefálicos, Doença de
Alzheimer, Doença de Parkinson e outras demências corticais e subcorticais são alguns
dos fatores etiológicos mais frequentemente associados às disfunções da linguagem do
adulto. Sendo o comprometimento neurológico o principal elemento caracterizador da
Esclerose Múltipla e também um fator diretamente associado à maior parte das alterações
da linguagem do adulto, considerou-se oportuno realizar estudo capaz de registrar as
habilidades de linguagem em pacientes com Esclerose Múltipla. Objetivo: Investigar a
função comunicativa oral em pacientes com diagnóstico de Esclerose Múltipla. Método:
Dezesseis sujeitos com diagnóstico de Esclerose Múltipla, de ambos os sexos, foram
entrevistados em interação dialógica em uma clínica-escola de Fonoaudiologia de uma
Universidade Federal de João Pessoa/PB. Os sujeitos apresentaram idade entre 22 e 67
anos e tempo de diagnóstico da doença pelo médico neurologista entre os primeiros
sintomas e cerca de após um ano, mediante a resultados de exames. As entrevistas
foram gravadas em áudio e transcritas para fins de avaliação. A pesquisa foi aprovada por
comitê de ética da instituição sob protocolo de número 0086/12. Resultados: Entre as
principais características da função comunicativa dos sujeitos com Esclerose Múltipla,
observou-se integridade na intenção e iniciativa de estabelecer a conversação e na
compreensão dos significados ou intenções comunicativas do interlocutor em todos os
participantes do estudo. Quanto à habilidade conversacional, verificou-se que todos os
sujeitos investigados preservavam, à época da avaliação, a capacidade de manter o
intercâmbio conversacional, a eficiência na organização e desenvolvimento da
conversação, a habilidade de ceder e retomar os turnos na conversação e concluir os
assuntos iniciados. Na amostra estudada, todos os sujeitos foram também capazes de
demonstrar interesse no diálogo. Não foram verificados casos de sujeitos que falassem
apenas quando provocados por questionamento, sendo considerados esperados os níveis
de fala espontânea na interação fonoaudiólogo-paciente. Nenhum dos participantes do
estudo demonstrou dificuldade na evocação de palavras ou embaraço para evocar nomes
de pessoas ou coisas (anomia). Conclusão: Todos os sujeitos com diagnóstico de
Esclerose Múltipla apresentam função comunicativa preservada. No entanto,
considerando-se a possibilidade de acometimento de diversas funções orgânicas por esta
doença, pode-se considerar que o tempo de instalação da doença pode ser um fator
desencadeador de alterações da função comunicativa, o que poderá demandar atenção
fonoaudiológica específica, a fim de minimizar os prejuízos à qualidade de vida do sujeito.

321
Gênero textual “canção”: uso na intervenção fonoaudiológica em leitura-escrita
junto a pessoas com deficiencia intelectual

Maria Rita Figueiredo Toledo Volpe; Stella Maris Cortez Bacha

Introdução: Presente no cotidiano da maioria dos indivíduos, a canção é reconhecida


como um elemento de especial interesse tanto pelas crianças quanto adultos, uma vez
que proporciona para a grande maioria, um estado agradável de bem estar. Quanto ao
aspecto textual, é considerada do gênero híbrido, devido à relação intrínseca entre texto x
melodia. Ao lidarmos com crianças/alunos com déficits intelectuais, observamos diversas
características comuns, dentre elas, as dificuldades e/ou transtornos da linguagem oral e
comunicação, pensamento abstrato, concentração e interesse bem como em
aprendizagens acadêmicas, incluindo a escrita, leitura e entendimento do material lido.
Objetivo: Estimular e/ou aprimorar a linguagem oral e competência leitora junto a jovens
e/ou adultos com deficiência intelectual, utilizado-se do gênero textual canção. Métodos:
Inicialmente selecionou-se 50 canções do repertório popular brasileiro sendo estas
organizadas segundo 4 critérios: 1- por autor, 2- por gênero e/ou estilo (ex: hip-hop, funk,
sertaneja, bossa nova, rock, dentre outras), 3- por tema (ex: românticas, políticas,
regionais e outras), 4- por extensão do texto escrito. Após, as mesmas foram organizadas
como textos, escritas na fonte Arial, tamanho 16, minúscula visando favorecer
acessibilidade visual para leitura. As mesmas foram apresentadas de março a novembro
do ano de 2012, junto a 6 pacientes com idades entre 17 e 38 anos com diagnóstico de
deficiência intelectual mas que apresentam nível elementar de alfabetização, o
equivalente às séries iniciais do Ensino Fundamental. Os mesmos freqüentavam
fonoterapia 2 vezes por semana e este trabalho específico foi realizado periodicamente
em 1 das sessões da semana. Resultados: Após a explicitação ao paciente quanto à
proposta a ser realizada, era solicitado que escolhesse uma das canções do arquivo. Em
seguida, era apresentada a canção (letra e musica) fonte youtube, para audição e leitura
concomitante. Buscava-se durante a leitura a compreensão do vocabulário e as dúvidas
eram pesquisadas em dicionário online. O paciente era incentivado a refletir sobre o tema
e mensagens contidas. Realizava-se ainda análise gramatical elementar e a
descoberta/estudo das rimas. Utilizou-se de um caderno pautado com cada paciente,
onde as canções escolhidas eram fixadas. Para algumas músicas eram solicitadas
também, registros escritos sobre as análises bem como sua impressão pessoal quanto ao
tema e trabalho realizado. Ao final o mesmo era incentivado a cantar fazendo a leitura
simultânea. Conclusão: Este trabalho atingiu satisfatoriamente o objetivo proposto e
ainda, pode demonstrar as diversas possibilidades de estratégia/dinâmica terapêutica em
Linguagem Oral e Escrita no campo da Fonoaudiologia.

322
Habilidade de decodificação de leitura em escolares com transtorno do deficit de
atenção e hiperatividade

Marcela Lira Hermógenes; Luciana Mendonça Alves, Débora Fraga Lodi, Maria do Carmo
Mangelli Ferreira, Cláudia Machado Siqueira, Leticia Correa Celeste

Objetivo: analisar a habilidade de decodificação de leitura em indivíduos com Transtorno


do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H). Métodos: foram analisados os dados da
avaliação da habilidade de decodificação de leitura de 54 sujeitos, com idade entre 7 e 16
anos, com diagnóstico multiprofissional de TDA/H, avaliados pela equipe de um
ambulatório de ávaliação dos transtornos da aprendizagem de um hospital público de
Minas Gerais, nos anos de 2007 a 2012. Compuseram os dados os resultados da prova
de leitura da lista de palavras e não-palavras proposta por Pinheiro. Os sujeitos foram
agrupados pela presença ou ausência de comorbidades e também por faixa etária. Para
análise estatística dos dados foi utilizado o teste de Mann Whitney. Resultados:
comparando os grupos com ausência e presença de comorbidades, o grupo com
comorbidades apresentou desempenho inferior ao grupo sem comorbidades. Não houve
diferenças significativas entre os grupos de faixa etária. Os sujeitos com TDA/H
apresentaram médias de erros para a leitura de palavras e não palavras mais altas em
relação à população geral. Conclusão: os indivíduos com TDA/H apresentam neste
estudo tendência a terem dificuldades com a habilidade decodificação de leitura,
provavelmente causados pelo comportamento impulsivo e desatento, fazendo leituras
imprecisas das palavras.

323
Habilidades auditivas receptivas, expressivas e visuais em indivíduos com
hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria: estudo preliminar

Rachel Mantovani Moço; Mariana Germano Gejão, Dionísia Aparecida Cusin Lamônica

Introdução: A fenilcetonúria (PKU), deficiência parcial ou total da enzima hepática


fenilalanina hidroxilase, interfere na síntese protéica cerebral e acarreta alterações difusas
no sistema nervoso central. É uma desordem metabólica que se manifestada por
rebaixamento intelectual, hiperatividade, microcefalia, falhas no crescimento,
comportamentos autísticos e/ou transtornos de conduta, quando não tratada
precocemente. Em idade pré-escolar as crianças, mesmo diagnosticadas e tratadas
precocemente, podem apresentar dificuldades na área de linguagem, nas funções
executivas e neuropsicolinguísticas, déficits de atenção e hiperatividade. O
hipotireoidismo congênito (HC) é um distúrbio do metabolismo sistêmico caracterizado
pela produção deficiente dos hormônios tireoideanos. Crianças com HC podem
apresentar alterações cognitivas, linguísticas e problemas comportamentais, mesmo
quando o diagnóstico e o tratamento iniciaram precocemente. Objetivo: Comparar o
desempenho nas habilidades auditivas receptivas, auditivas expressivas e visuais de
indivíduos com HC, PKU e grupo típico. Método: Estudo aprovado por Comitê de Ética em
Pesquisa (protocolo 02600112.0.0000.5417). Participaram deste estudo 6 crianças com o
diagnóstico de PKU (4 meninos e 2 meninas), 4 com HC (2 meninos e 2 meninas) e 10
crianças com desenvolvimento de linguagem típico (6 meninos e 4 meninas), de ambos
os sexos, com idade cronológica variando entre 12 e 31 meses, pareadas quanto ao sexo,
idade cronológica e nível social. Todas as crianças com PKU e HC foram diagnosticas
pela Triagem Neonatal e tratadas precocemente (iniciaram tratamento antes dos 60 dias
de vida em um Programa de Triagem Neonatal credenciado pelo Ministério da Saúde);
realizavam o tratamento de acordo com as diretrizes nacionais; não apresentavam outras
doenças crônicas. A avaliação constou de entrevista com pais, obtenção de dados dos
prontuários de acompanhamento da doença desde o nascimento e aplicação da Escala
de Aquisição Iniciais de Linguagem (AIL – Early Language Milestone Scale), que avalia as
funções auditiva expressiva, auditiva receptiva e visual. Foram descritos os desempenhos
das crianças em meses em cada uma das funções avaliadas. A análise estatística foi
descritiva (média, valores mínimo, máximo e desvio padrão). Foi realizada a comparação
entre o desempenho dos três grupos na escala final e nas três funções avaliadas, por
meio dos testes de Kruskal-Wallis e Dunn. Resultados: Duas crianças do grupo PKU
apresentaram as três funções avaliadas alteradas. Entretanto, quando comparada a idade
de desempenho das crianças dos grupos PKU e HC com as do grupo típico verificou-se
que 70% do grupo típico apresentaram médias de desempenho superior aos grupos PKU
e HC. Foi verificada significância entre o desempenho dos grupos com PKU e típico na
escala final e nas funções auditiva expressiva e receptiva. Conclusão: Todas as crianças
com HC e a maioria das crianças com PKU apresentaram escores em níveis normativos
do desenvolvimento da linguagem, mostrando a efetividade do tratamento precoce das
alterações do metabolismo. Entretanto, na comparação dos desempenhos com crianças
com desenvolvimento típico de linguagem, verificou-se diferenças na velocidade de
aquisição de habilidades, tanto receptivas quanto expressivas e visuais de linguagem.
Ressalta-se a importância do acompanhamento do desenvolvimento comunicativo destes
indivíduos, tendo em vista as possíveis alterações de linguagem oral e escrita descritas
em literatura.

324
Habilidades de desenvolvimento na encefalocele parieto-occipital à esquerda:
importância do engajamento familiar.

Camila da Costa Ribeiro; Lidianne Alves Ribeiro, Mariana Germano Gejão,


Dionísia Aparecida Cusin Lamônica

Introdução: A encefalocele é um defeito do tubo neural caracterizado pela protrusão do


conteúdo do crânio por má-formação óssea congênita, decorrentes de defeitos na fusão
das estruturas da linha dorsal média do tubo neural primitivo, durante as três primeiras
semanas de gestação. Como sequela acarreta comprometimentos no desenvolvimento da
criança. Esta condição traz repercussões à família quanto às expectativas do futuro e traz
consequências para a homeostase familiar. O profissional deve estar atento para atender
as demandas de reabilitação destas crianças e também auxiliar a família na compreensão
das necessidades de desenvolvimento da criança. Objetivo: Descrever o caso clínico de
um paciente aos cinco meses com encefalocele parieto-occipital à esquerda e relatar a
importância do acolhimento familiar nesta atuação. Metodologia: Cumpriram-se os
princípios éticos. A avaliação constou de assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido e entrevista com os responsáveis, seguida da avaliação com os seguintes
instrumentos: Observação do Comportamento Comunicativo (OCC), Escala Early
Language Millestone (ELM).Teste de Screening de Desenvolvimento Denver-II (Denver-II)
e Inventário Portage Operacionalizado (IPO). Resultados: Pais descobriram o problema
do bebê no terceiro mês gestacional. Realizou a cirurgia logo após o nascimento. A
família procurou a fonoaudiologia para auxiliá-los no desenvolvimento da linguagem,
entretanto, verificou-se que a expectativa familiar era saber sobre o futuro da criança
quanto seu desenvolvimento comunicativo. Na avaliação constatou-se que: Na OCC: não
utiliza o choro como recurso comunicativo, não sorri com a chegada de familiares, não
localiza estímulos auditivos ou visuais, mas demonstra comportamentos de atenção para
a voz da mãe. Faz vocalizações. Quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor não
apresenta equilíbrio cervical, não senta com apoio e apresenta reflexos primitivos (Moro,
Tônicos Cervicais, Babinski, Preensão Palmar e Plantar). Na ELM apresentou
desempenho compatível com 3 meses para área auditiva expressiva; 1 mês para auditiva
receptiva e função visual. No IPO, aplicado em forma de inventário à família apresenta
comportamentos da faixa de 1 a 3 meses. No Denver-II apresentou atraso em todas as
áreas avaliadas. Realizou avaliação audiológica (PEATE) com resultados de latência
absoluta aumentada para onda III e V. Apresenta hipersensibilidade auditiva e não reage
aos estímulos visuais. Na devolutiva verificou-se preocupação da família quanto ao futuro
da criança. O processo terapêutico, nestes casos, deve envolver a família, com
planejamento de objetivos em curto e médio prazo, voltados ao desenvolvimento de
habilidades e orientações quanto ao manuseio e estimulação da criança no ambiente
familiar. Discussão e conclusão: O quadro de encefalocele pode acarretar graves
prejuízos no desenvolvimento infantil. A família deve receber suporte, para que eles
possam compreender seus sentimentos, lidar com as expectativas, compreender as
necessidades da criança, engajar-se no processo terapêutico e auxiliar no decorrer do
seu desenvolvimento.O profissional deve estar preparado para condutas assertivas e
fornecimento de recursos necessários para que a família possa conviver com as sequelas
e participar do processo de estimulação da criança.

325
Habilidades lingüísticas para la lectura de niños con tel de primero básico

Zulema De Barbieri; Carmen Julia Coloma, Carmen Sotomayor

Introducción: El Trastorno Específico del Lenguaje (TEL) es uno de las alteraciones de la


comunicación oral más frecuente en los niños. Ellos pueden evidenciar dificultades en
conciencia fonológica y en los ámbitos léxico y del discurso narrativo. Dichas dificultades
pueden impactar en el aprendizaje lector porque es sabido que la conciencia fonológica
es un predictor de la decodificación y que los aspectos léxico y narrativo se requieren en
la comprensión lectora. Objetivo:El objetivo del presente trabajo es indagar sobre el
desempeño en conciencia fonológica, discurso narrativo y léxico en escolares con TEL.
Método: La muestra está constituida por 25 escolares con TEL de establecimientos de
Educación Básica de la Región Metropolitana con Proyecto de Integración que cursan
primero básico. Además, se considera un grupo control de 25 niños con desarrollo típico
del lenguaje (DTL) del mismo nivel educativo. A ambos grupos de niños se les evalúo, con
pruebas estandarizadas, la conciencia fonológica, el vocabulario y el discurso narrativo
tanto expresivo como comprensivo. La evaluación fue individual y se realizó en el
establecimiento educacional en dos sesiones diferentes. Resultados: Los resultados
muestran que los niños con TEL solo se diferencian en conciencia fonológica de los
menores con DTL. A su vez, su comportamiento en discurso narrativo y léxico es
equivalente al de los niños con desarrollo típico de lenguaje. A pesar de la ausencia de
diferencias, es necesario destacar que en producción narrativa ambos grupos presentan
un bajo desempeño, según las normas del instrumento utilizado. Conclusiones: El grupo
de niños con TEL de primero básico presenta un rendimiento significativamente inferior
que sus pares conciencia fonológica, lo que podría tener consecuencias en su aprendizaje
de la decodificación. A pesar de que no se encontraron diferencias en los otros aspectos
evaluados, se advirtió que el desempeño en producción narrativa estaba descendida tanto
en el grupo con TEL como en el grupo control. Ello podría impactar negativamente en la
comprensión lectora.

326
Habilidades metalinguísticas em crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental de
belo horizonte

Rafaela Teodoro da Silva; Rita de Cássia Duarte Leite, Anna Carolina Ferreira Marinho

Introdução: A consciência fonológica e consciência sintática são habilidades


metalinguísticas importantes para aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita. A
consciência sintática refere-se à habilidade de refletir sobre a estrutura sintática da
linguagem, facilitando a aquisição de regras ortográficas que envolvem análises
morfossintáticas, além de contribuir para compreensão e decodificação da leitura. A
consciência fonológica por sua vez, baseia-se na reflexão sobre a estrutura sonora da
linguagem, estando interligada com as habilidades do processamento fonológico. Seu
aprendizado permite a facilitação nos componentes mais complexos da linguagem.
Objetivo: Verificar o desempenho de alunos do 1º ao 5º anos de uma escola municipal de
Belo Horizonte, em provas de consciência sintática e fonológica; analisando se há
melhora com o progresso escolar. Metodologia: Foram utilizadas para avaliação a prova
de consciência sintática e a prova de consciência fonológica por produção oral,
individualmente, em crianças de ambos os sexos pertencentes à uma escola municipal de
Belo Horizonte. Resultados: O desempenho das habilidades metalinguísticas aumentou,
significativamente, com o progresso escolar. Em relação à Prova de Consciência
Sintática, houve dificuldades do primeiro ao terceiro anos no subteste correção gramatical
de frases agramaticais e assemânticas. Na Prova de Consciência Fonológica foram
constatadas, em todas as séries, dificuldades relacionadas à segmentação e transposição
fonêmica. Conclusão: A pontuação geral nos dois testes mostrou que esses estão
interligados, indicando que a consciência sintática é um facilitador da aquisição de regras
ortográficas envolvendo análise morfossintática; enquanto que a consciência fonológica
permite a criança identificar, conscientemente como unidades específicas, palavras,
sílabas e fonemas, contribuindo na aquisição da linguagem escrita e de regras
contextuais grafo-fonêmicas.

327
Habilidades pragmáticas e diagnóstico diferencial em crianças pertencentes ao
espectro do autismo.

Fernanda Dreux Miranda Fernandes; Thaís Helena Ferreira Santos, Milene Rossi Pereira
Barbosa, Leticia Segeren, Cibelle Albuquerque de la Higuera Amato

Introdução: O termo “Distúrbio do Espectro do Autismo” (DEA) utilizado por vários


especialistas e estudiosos da área reflete uma tendência a valorizar uma grande
variedade clínica observada. O diagnóstico diferencial dos quadros autísticos inclui outros
distúrbios invasivos do desenvolvimento, essa diferenciação é uma das grandes
dificuldades do clínico. As dificuldades de linguagem encontradas nos indivíduos com
distúrbios do espectro do autismo são diversas, e certamente, as habilidades pragmáticas
encontram-se alteradas. Objetivo: Relacionar o diagnóstico diferencial obtido à severidade
das habilidades pragmáticas/sociais. Métodos: Foram selecionadas 24 crianças com
idades entre 2 e 8 anos em atendimento no LIF-DEA da FMUSP há pelo menos 6 meses
com a mesma terapeuta. As terapeutas responderam a dois questionários: o Diferential
Assessment of autism and Other Developmental Disorders – reduzido (DAADD-r) e ao
Functional Communication Profile-Revised – reduzido (FCP-Rr). O DAADD-r na área
pragmática/social fornece a probabilidade de um diagnóstico diferencial dentre três
possibilidades: autismo, síndrome de asperger(SA) e transtorno invasivo do
desenvolvimento sem outra especificação (TID-SOE) e o FCP-Rr verifica a severidade
das habilidades pragmáticas graduando de normal a profunda. Os dados obtidos nos
questionários foram comparados pelo domínio pragmática/social. Os indivíduos foram
agrupados de acordo com os seus diagnósticos e a severidade obtida foi determinada nos
grupos. Os dados passaram por análise estatística pertinente. Resultados: O domínio
analisado nos dois questionários foi pragmática/social. As crianças que tiveram Síndrome
de Asperger como diagnóstico diferencial pelo DAADD-r tiveram, em sua maioria (70%) a
severidade leve no FCP-Rr, sendo significativo em relação às outras classificações de
severidade. Os indivíduos que tiveram Autismo como diagnóstico diferencial no DAADD-r
tiveram a seguinte distribuição de acordo com a severidade no FCP-Rr: leve: 10%,
moderada 30%, severa 50% e profunda 10%; e os indivíduos que foram classificados
como tendo TID-SOE pelo DAADD-r obtiveram, pelo FCP-Rr maior grau de severidade,
tendo sido 50% severa e 50% profunda. Conclusão: O diagnóstico diferencial pode ser
uma importante ferramenta para o delineamento terapêutico e a tomada de decisões no
que diz respeito à criança com autismo, levando em consideração o desempenho nas
habilidades pragmáticas.

328
Hipersegmentação, aglutinação e trocas entre surdas/sonoras em escolares do
ciclo1 do ensino fundamental

Clara Regina Brandão de Avila; Mirian Aratagy Arnaut, Maria Mercedes Saraiva Hackerott

Introdução: O aprendizado da ortografia depende, entre outros fatores, do conhecimento


metalingüístico de fenômenos morfossintáticos, da adequação das representações e do
processamento das informações fonológicas, que fundamentam a associação fonema-
grafema. No início do aprendizado, o escolar representa na escrita o que é funcional no
sistema de sons da língua, isto é, os fonemas capazes de distinguir significados. No
português, fonemas e grafemas estabelecem relações ou biunívocas ou múltiplas. Na
construção de hipóteses sobre a escrita, o aprendiz é influenciado pela prosódia. Porém,
como nem sempre a fronteira prosódica coincide com a fronteira vocabular, observam-se
na escrita de escolares aglutinações e hipersegmentações de palavras. Objetivo:
Caracterizar, no Ciclo 1 do Ensino Fundamental, o desempenho quanto à ocorrência de
hipersegmentações, aglutinação e de desrespeito à correspondência biunívoca fonema-
grafema, em escrita sob ditado em alunos diferenciados pelo ano escolar e pela rede de
ensino (pública / particular). Método: Pesquisa aprovada (CEP/UNIFESP nº1768/11).
Todos os TCLE foram assinados. Analisaram-se os ditados de 80 escolares (40 rede
particular – RPA; 40 rede pública – RPU), 10 por ano escolar (2o ao 5o). Os alunos foram
indicados pelas professoras, pela ausência de queixas de aprendizado ou de indicadores
de déficits ou problemas sensório-motores, cognitivos, psico-afetivos ou neurológicos. O
ditado constou de 32 sintagmas e foram aplicados em 8 grupos de 10 crianças. As
ocorrências de hipersegmentação, aglutinação e trocas de surdas/sonoras foram
computadas. Aplicou-se o teste de Mann-Wihtney (nível de significância 0,5%) para as
comparações por ano escolar entre as redes. Resultados/Discussão: A comparação por
trocas surda/sonora mostrou melhor desempenho da RPA, no 3º (p<<0,001), 4º
(p<<0,001) e 5º (p=0,001) anos. O 2o ano de ambas as redes foram semelhantes na
aplicação das regras de correspondência biunívoca. Esses erros foram os mais
frequentes nos dois anos iniciais da RPA e diminuíram com a escolarização,
diferentemente do que ocorreu na RPU. A análise da hipersegmentação de palavras
mostrou semelhança de desempenho entre as redes, com exceção do 4o ano (p=0,030)
com menor ocorrência de erros na RPA. Quanto à aglutinação, observou-se melhor
desempenho na RPA evidenciado por diferenças entre o 2º (p<<0,001), 4o e 5º
(p<<0,001) anos. Apenas o 3o ano indicou melhor desempenho na RPA. Portanto, as
trocas surda/sonora e aglutinações diferenciaram as redes de ensino. A literatura aponta
a superioridade da RPA em tarefas de escrita ortográfica. Apesar destes resultados
corroborarem esses estudos, a análise de erros eminentemente relacionados ao
processamento da informação fonológica, e principalmente à hipersegmentação, mostrou
que o desempenho das redes pode ser semelhante. O tamanho da amostra limita este
estudo, mas pode indicar que dificuldades maiores estejam relacionadas ao
processamento ortográfico e não ao fonológico, quando se avalia a escrita de escolares
sem queixa de aprendizado. Conclusão: Os alunos da rede particular mostraram melhor
desempenho de escrita quanto às ocorrências de aglutinações e trocas surda/sonora.
Porém, quanto à hipersegmentação, o desempenho em ambas as redes mostrou-se
semelhante, na maioria dos anos escolares estudados.

329
Identificação precoce de transtorno do espectro do autismo: estudo preliminar

Taissa Garcia dos Santos; Andréa Regina Nunes Misquiatti

Introdução: Os Transtornos do Espectro do Autismo são transtornos do


neurodesenvolvimento que acometem mecanismos cerebrais de sociabilidade básicos e
precoces, que resulta na interrupção dos processos normais de desenvolvimento social,
cognitivo e da comunicação. Tais atrasos de linguagem são percebidos pelos pais apenas
por volta dos três anos de idade. Porém há vários fatores que podem ser avaliados já em
idades menores, por um profissional da linguagem, propiciando assim, uma intervenção
precoce nas crianças com risco de TEA. Objetivo: Identificar crianças com faixa etária
entre seis a 24 meses de idade com risco de TEA e orientar os responsáveis sobre
intervenção precoce, visando diminuir os riscos e melhorar o prognóstico dessas crianças.
Método: Foram sujeitos desta pesquisa 20 crianças do município de Regente- Feijó,
interior de São Paulo provenientes do Posto municipal de saúde do município. Tais
crianças foram filmadas realizando (ou não) atividades do Instrumento de Vigilância
precoce do Autismo, e foram divididas em 4 grupos: G1) de seis a oito meses; G2) nove a
12 meses; G3) 13 a 18 meses e G4) 18 a 24 meses. No G1 foram analisados o contato
ocular, reação auditiva e sorriso responsivo. No G2 foram analisados o olhar para a face
do outro sem presença de estímulo, olhar para objetos na mão do adulto e presença de
orientação para seu nome. No G3 foram analisados se a criança segue o apontar;
presença de apontar declarativo; presença de apontar imperativo e presença de
linguagem referencial. No G4 foi aplicado o método de avaliação CHAT, pois, apesar de
avaliar comportamentos que estão no Instrumento de Vigilância Precoce do Autismo, o
CHAT também avalia outros comportamentos ausentes no Instrumento que são
importantes para o diagnóstico. Os comportamentos que foram testados apenas no CHAT
foram o jogo simbólico, e se a criança consegue construir uma torre com tijolos.
Resultados: Nos grupos G1, G2 e G3 todos os bebês realizaram ações de acordo com o
esperado para a normalidade, estando fora do risco de diagnóstico precoce de autismo.
No G4 apenas uma criança não conseguiu realizar os itens A7 e B4, que são
respectivamente construir a torre com tijolos e usar o dedo indicador para mostrar seu
interesse em algo. Conclusão: De acordo com o score do método de avaliação CHAT,
crianças que não conseguem realizar tais itens tem um risco médio de apresentar o
autismo. Ainda de acordo com o método deve-se reavaliar tais crianças após um mês a
fim de averiguar se a criança consegue realizar o item não alcançado anteriormente.

330
Influência da otite média em medidas fonológicas em crianças com transtorno
fonológico

Haydée Fiszbein Wertzner; Janaína de Souza Simões, Luciana de Oliveira Pagan-Neves

Introdução: O transtorno fonológico(TF) é uma alteração de linguagem caracterizada pela


dificuldade na produção, percepção e/ou representação dos sons da língua, acarretando o
uso indevido desses sons. A otite média(OM) é um dos fatores etiológicos mais
recorrentes desse transtorno acometendo aproximadamente 70% das crianças que
apresentam ao menos um episódio nos três primeiros anos de vida. Tal fato pode
acarretar prejuízo no período mais crítico de desenvolvimento de linguagem da criança.
Objetivo: Analisar a influência da OM na ocorrência do TF por meio de medidas
fonológicas. Método: Foram selecionados 23 sujeitos de acordo com os seguintes critérios
de inclusão: diagnóstico de TF, idade entre 5:0 e 8:11 anos e histórico de dois ou mais
episódios de OM. Foram analisadas a prova de Fonologia (nomeação de figuras) e o
Teste de Sensibilidade Fonológica Auditivo e Visual(TSF-A e TSF-V). O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética (#192/11).Resultados: O valor médio do PCC-R dos
sujeitos foi de 78,61% e o PDI de 0,55. Verificou-se ocorrência de 4,7 tipos de diferentes
processos fonológicos, sendo 18,3 por sujeito. No TSF-A e TSF-V, respectivamente,
73,9% e 78,2% dos sujeitos apresentaram desempenho adequado na aliteração igual;
65,2% e 69,5%, na aliteração diferente; 47,8%(em ambos os testes) na rima igual; 34,7%
e 47,43%, na rima diferente. Em seguida, os sujeitos foram separados em dois grupos. O
G1 foi composto por 14 sujeitos com PCC-R abaixo de 85%, com médias de 4,8 tipos
diferentes de PF e 24,8 PF por sujeito. No TSF-A e TSF-V, respectivamente,
apresentaram desempenho adequado: 71,4% em aliteração igual em ambos os testes;
64,2% e 71,4%, na aliteração diferente; 50% em ambos os teste, na rima igual; e 35,7% e
50%, na rima diferente. O G2 foi composto por 9 sujeitos com PCC-R acima de 85%,
médias de 3,1 tipos diferentes de PF e 8,9 processos por sujeito. No TSF-A e TSF-V,
apresentaram desempenho adequado 77,8% e 88,9%, na aliteração igual; 66,7% em
ambas as provas, na aliteração diferente; 44,4% em ambas as provas, na rima igual;
33,3% e 44,4%, na rima diferente. A análise da correlação de Pearson entre as
habilidades do TSF-V e TSF-A foram analisadas nos dois grupos. Verificou-se que para o
G1 houve correlação forte entre as habilidades de aliteração diferente (p=0,004; R=0,75),
aliteração igual (p=0,000; R=0,83), rima diferente (p=0,002; R=0,78) e rima igual (p=0,000;
R=0,85). Para o G2 houve correlação forte entre as habilidades de aliteração diferente
(p=0,018; R=0,75) e rima igual (p=0,027; R=0,72). Não houve diferença para as
habilidades de aliteração igual (p=0,136; R=0,53) e rima diferente (p=0,334; R=0,36).
Conclusões: A maioria das crianças com OM apresentou maior gravidade de TF
sugerindo a influência da OM na gravidade do quadro. Nas provas de aliteração e rima, os
sujeitos apresentaram melhor desempenho no TSF-V, independentemente da gravidade
do quadro, indicando que o estímulo visual auxilia no desempenho. Os resultados
sugerem correlação entre a gravidade do TF em crianças com TF e OM e seu
desempenho nas habilidades metafonológicas mais complexas.

331
Influência das narrativas no trabalho com linguagem oral em crianças com
Síndrome de Down

Rosangela Viana Andrade; Suelly Cecilia Olivan Limongi, Caio Henrique de Carvalho
Assunção

Introdução: O discurso narrativo refere-se à integração de habilidades cognitivas,


linguísticas e sociais. Por meio dele, o indivíduo aprende a linguagem e organiza a
memória e o conhecimento. Além disso, a sua estrutura facilita não apenas a expressão,
mas também a compreensão dos eventos. Durante a evolução da narrativa na criança
pequena observa-se o desenvolvimento de conteúdos linguísticos que vão fazendo parte
do seu cotidiano. As limitações sintáticas dos indivíduos com síndrome de Down (SD) são
mais evidentes nas tarefas de narrativa do que na conversação. São poucos os estudos
que descrevem as habilidades narrativas nessa população, principalmente com relação
ao seu uso na intervenção clínica. Alguns autores sugerem que as narrativas são boas
escolhas de intervenção clínica pois, por meio delas, pode-se ampliar o vocabulário de
indivíduos com SD, bem como melhorar o seu discurso narrativo. A oportunidade de ver a
história previamente e o suporte de figuras favorece adolescentes com SD a
apresentarem narrativas com complexidade sintática maior do que aqueles que não têm
este apoio. Uma forma de se analisar o desenvolvimento linguístico é a utilização da
extensão média do enunciado (EME), por meio da medida de uso de morfemas e
palavras. Objetivo: observar o desempenho linguístico de crianças com SD por meio da
utilização de morfemas e palavras a partir do trabalho com narrativas. Métodos: cinco
participantes com idades entre 9 e 15 anos, no período operatório concreto, foram
submetidos a processo terapêutico durante 12 meses com ênfase em narrativa, com
trabalho sistematizado para os componentes de microestrutura na narrativa: forma
(habilidades gramaticais e sintáticas) e conteúdo (diversidade lexical). A coleta constou de
avaliações inicial e final, com análise da EME a partir de relato do livro Frog, where are
you?, gravadas em vídeo e transcritas em protocolos específicos. Os dados foram
submetidos a análise estatística apropriada, que constou de análise descritiva e teste não-
paramétrico de postos de Wilcoxon. Resultados: as análises do grupo mostraram
aumento na media na avaliação final para todas as variáveis de EME estudadas, embora
não tenham sido significantes, o que pode ser justificado pelo pequeno número de
participantes (EME-m 4,4X4,7; MG1 377,8X402,4; MG2 57,2X69,2; EME-p 2,6X2,9;
palavras 254X280,6). As análises individuais mostraram que um dos participantes
apresentou pequeno decréscimo nas médias e outro permaneceu estável. Conclusão:
embora fossem poucos participantes, o estudo evidencia que o trabalho com narrativas
trouxe aumento na utilização de palavras e morfemas, o que significou desenvolvimento
sintático e lexical para esses sujeitos.

332
Influência de diferentes processos fonológicos no desempenho de crianças com
transtorno fonológico

Haydée Fiszbein Wertzner; Luciana de Oliveira Pagan-Neves, Nathália de Oliveira Nunes

Introdução: Durante o desenvolvimento fonológico os fonemas /l/, /ɾ/ e /ʎ/ apresentam


aquisição tardia e, frequentemente, é observado o uso do processo fonológico de
simplificação de líquidas (SL). Outro processo fonológico de grande ocorrência no
transtorno fonológico é o ensurdecimento de plosivas (EP)(/b/, /d/ e /g/) e de fricativas
(EF) (/v/, /z/ e /ʒ/). Diante da heterogeneidade do TF é necessária a investigação
minuciosa do sistema fonológico da criança. Para isto, podem ser aplicados índices de
classificação da gravidade da fala (PCC-R e PDI) e utilizados procedimentos como a
verificação da inconsistência de fala (IF), da estimulabilidade da fala (E), da
eletroglotografia (EGG) e da Taxa Articulatória (TA). Objetivos: O presente estudo tem
como objetivo comparar o desempenho de crianças com TF nos índices PCC-R e PDI e
nas provas complementares de IF, estimulabilidade dos sons ausentes, TA e EGG
separadas em dois subgrupos de acordo com a produtividade nos processos fonológicos
SL ou EF e EP. Método: Os critérios de inclusão para a pesquisa foram: apresentar idade
entre 5:0 e 7:11 anos, ter o diagnóstico de TF e apresentar PCC-R inferior a 95%. As
crianças do grupo 1 (G1) apresentaram os processos fonológicos de EF e EP com
produtividade superior a 25% e ocorrência menor que 25% no processo de SL. Já as do
grupo 2 (G2) deveriam apresentar o processo fonológico de SL com produtividade
superior a 25% e ocorrência inferior a 25% em EF e/ou EP. Os responsáveis assinaram
termo de consentimento livre e esclarecido e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética
(#192/11). Resultados: Para o PCC-R, na prova de nomeação de figuras, o G1
apresentou média de 70,91% e o G2 de 79,36%; na de imitação o G1 obteve média de
73,04% e o G2 79,34%. Em relação à IF no G1 observou-se que 11% das crianças foi
consistente e no G2, 88,9%. Na prova de estimulabilidade de fala constatou-se que a
média de sons ausentes por sujeito do G1 foi de 7,8 sons/sujeito e do G2, de 7,3
sons/sujeito. Na TA, para sequência curta, o G1 obteve média de 1,435 e o G2 de 1,559.
Para sequência longa, G1, 2,02 e G2, 2,61. Na EGG, a média do quociente de abertura
para o fonema /v/ foi de 49.45 para o G1 e de 54,53 para o G2; para /z/, o G1 tem média
45,72 e o G2, 50,68 e, para /j/, o G1 teve média de 54,25 e o G2, 49,50. Conclusão: O
estudo sugere que crianças com TF e presença de EF e EP (G1) tem PCC-R menor,
apresentam mais inconsistência de fala, tem taxa articulatória menor e maior QA das
pregas vocais para sons vozeados demonstrando uma interação entre os
processamentos motor da fala e cognitivo linguístico. Já o G2 com SL demonstra maior
dificuldade específica para a produção dos sons.

Agradecimento: CNPQ (475986/2010-5) e FAPESP (420/11).

333
Influência do ambiente familiar e escolar no desenvolvimento da linguagem e do
processamneto auditivo

Nathália de Jesus Silva Passaglio; Marina Alves de Souza, Valquíria Conceição Souza,
Ramilla Recla Scopel, Stela Maris Aguiar Lemos

Introdução: O processamento auditivo é a capacidade do Sistema Nervoso Central de


utilizar a informação auditiva de forma efetiva e engloba habilidades de localizar fonte
sonora, focar, compreender, discriminar e reconhecer estímulos sonoros. Experiências
auditivas e funções cognitivas como atenção, percepção e memória, mesmo não estando
diretamente integradas ao processamento auditivo, exercem influência neste, assim como
o desenvolvimento da linguagem e o ambiente familiar e escolar. No presente trabalho,
foram evidenciados dois subsistemas da linguagem: fonologia e vocabulário, que se
relacionam ao processamento auditivo. Objetivos: Investigar o processamento auditivo de
crianças na faixa etária de quatro a cinco anos e 11 meses, estudantes de unidades de
educação infantil da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, e a associação com
recursos do ambiente familiar e o desenvolvimento da linguagem. Métodos: Trata-se de
estudo analítico transversal com amostra não probabilística por tipicidade, realizado em
duas instituições de ensino de financiamento público e uma de financiamento privado,
pertencentes ao município de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foram avaliadas 96 crianças
na faixa etária de quatro a cinco anos e 11 meses, sendo 42 na faixa etária de quatro
anos e 54 na faixa etária de cinco anos. Os critérios para inclusão das crianças foram: a
idade da criança estar compreendida na faixa etária proposta e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido pelos responsáveis. Foram excluídas as crianças
cujos responsáveis assinaram menos de 70% do questionário Recursos do Ambiente
Familiar – RAF, que estiveram ausentes na instituição de ensino, apresentaram condições
inadequadas de avaliação, ausência de reflexo cócleo-palpebral e possíveis alterações
neurogênicas ou cognitivas. Para a avaliação, foram usados como instrumentos o
Inventário de Recursos do Ambiente Familiar – RAFe as provas de fonologia e
vocabulário do ABFW – Teste de Linguagem Infantil. O estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade sob o parecer ETIC288/10. Resultados: Ao
relacionar a idade ao processamento auditivo e suas habilidades: memória sequencial
não verbal, memória sequencial verbal e localização sonora, observou-se que a maior
parte das crianças apresentou resultados adequados, em ambas as idades e que crianças
de cinco anos apresentaram maior adequação. Crianças do gênero masculino
apresentaram resultados mais adequados. A maior parte das crianças com
processamento auditivo adequado tinham pais com ensino superior. Os indivíduos que
apresentaram resultados inadequados nas habilidades do processamento auditivo
apresentaram também inadequação nos domínios do RAF. O teste de localização sonora
mostrou-se mais sensível ao ser comparado ao teste de memória sequencial verbal. Na
maior parte das crianças que apresentaram as habilidades de processamento auditivo
adequadas, a fonologia também estava adequada, mas o vocabulário encontrava-se
inadequado. Crianças com processamento auditivo alterado apresentam 3,10 chances
maiores de apresentarem alteração no vocabulário. Conclusões: A análise do
processamento auditivo de crianças na faixa etária de quatro a cinco anos e 11 meses
mostrou que o ambiente familiar exerce influência no desenvolvimento infantil. Além disso,
crianças com processamento auditivo adequado apresentaram fonologia adequada, mas
vocabulário inadequado.

334
Influência do ambiente no desenvolvimento fonológico e lexical de crianças

Marina Alves de Souza; Nathália de Jesus Silva Passaglio, Valquíria Conceição Souza,
Ramilla Recla Scopel, Stela Maris Aguiar Lemos

Introdução: O desenvolvimento da linguagem é fundamental para que se estabeleça


comunicação. Este depende de características individuais e de influências do meio, seja
ele familiar ou escolar. Didaticamente, a linguagem pode ser dividida em quatro níveis:
fonológico, semântico, gramatical e pragmático, e, neste trabalho, foram destacados os
dois primeiros. O sistema fonológico consiste na aquisição de fones contrastivos e da
estrutura silábica e o vocabulário refere-se ao aprendizado de palavras relacionadas a
nomes de objetos, pessoas e é dependente de relacionamentos sociais. Objetivos: O
presente trabalho tem como objetivo correlacionar o perfil fonológico e lexical de crianças
de quatro a cinco anos e 11 meses, estudantes de instituições públicas e privadas de Belo
Horizonte, Minas Gerais. Além disso, analisar a relevância da participação da família e da
instituição de ensino no desenvolvimento da linguagem infantil. Métodos: Estudo
observacional analítico transversal, realizado em três instituições de ensino infantil de
Belo Horizonte, Minas Gerais, sendo duas de financiamento público e a outra de
financiamento privado. Avaliaram-se 96 crianças de quatro a cinco anos e 11 meses: 42
de quatro anos e 54 de cinco anos. Excluíram-se os participantes ausentes na instituição
de ensino, com condições inadequadas de avaliação, com alterações neurogênica ou
cognitiva ou cujos responsáveis responderam menos de 70% do RAF ou não assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para a avaliação, usaram-se o Inventário
de Recursos do Ambiente Familiar – RAF e as provas de fonologia e vocabulário do
ABFW – Teste de Linguagem Infantil. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e
Pesquisa da UFMG (parecer ETIC 288/10). Resultados: Em todas as idades, os
participantes obtiveram melhores resultados na prova de fonologia. A quantidade de
crianças do gênero masculino que apresentaram resultados inadequados na prova de
vocabulário foi superior às do gênero feminino. Na relação entre o ambiente familiar e os
aspectos fonológico e lexical, a maioria dos participantes apresentou fonologia e
vocabulário adequados. Alunos da instituição de ensino privada apresentaram
desempenho inferior nas provas de fonologia e vocabulário. Em todas as instituições, as
crianças que apresentaram vocabulário adequado também demonstraram ter fonologia
adequada. Crianças com fonologia alterada apresentam 1,15 chances maiores de
alteração lexical. Conclusões: A correlação entre o perfil fonológico e o vocabulário de
crianças na faixa etária de quatro a cinco anos e 11 meses mostrou que o ambiente
familiar exerce importante influência no desenvolvimento infantil. Além disso, a maior
parte das crianças que apresentaram desempenho adequado no teste de vocabulário
também demonstraram ter desenvolvimento fonológico adequado. No presente estudo,
não houve evidência de que a instituição de ensino e a escolaridade parental são
determinantes para o desenvolvimento global da criança.

335
Instrumentos de avaliação e reabilitação nas afasias: revisão de literatura nacional

Marina Padovani; Jane Marley Ribeiro de Souza, Marisa Sacaloski

Introdução:Lesões em áreas específicas do cérebro podem resultar em dificuldades de


linguagem, chamadas de afasias, que são classificadas de acordo com a localização e
sintomas. O Acidente Vascular Cerebral é considerado a principal causa das afasias,
seguido de traumatismo craniano e doenças neurológicas. As afasias requerem um
tratamento multidisciplinar, com a Fonoaudiologia inserida no contexto do corpo clínico
para tratamento. Sabe-se que as manifestações afásicas sofrem interferência do grau de
escolaridade, extensão e tipo de lesão, idade e por este motivo, cada indivíduo acometido
pode apresentar características peculiares de seu quadro afásico. Quanto à reabilitação, a
atenção que se deve ter com a qualidade de vida do paciente bem como de seus
cuidadores e familiares também é um aspecto importante nesta temática. Estudos
revelam que a rotina familiar sofre inúmeras alterações diante de um caso de afasia, seja
pelas capacidades perdidas por um dos membros da família ou pela sobrecarga que este
representa. Objetivo: Considerando a complexidade e diversidade dos quadros afásicos,
este trabalho teve como objetivo identificar protocolos utilizados na avaliação das afasias,
bem como as linhas de tratamento utilizadas pelo fonoaudiólogo, buscando compreender
o papel, a indicação e a efetividade dos instrumentos para a fonoterapia na melhora da
qualidade de vida e/ou da recuperação da linguagem. Metodo:Foram selecionados 26
artigos completos a partir de levantamento de artigos científicos em português, no período
entre 1992 a 2012, nos sítios da Bireme e Scielo, com a busca das palavras: afasia,
linguagem e fonoterapia e os seguintes filtros: afasia, terapia de linguagem, teste de
linguagem, afasia de Broca, compreensão e fonoterapia. Foram encontrados cerca de 70
mil artigos tanto em periódicos da área Fonoaudiológica quanto nas áreas Neurologia,
Neurolinguística e Psiconeurologia. Para a seleção dos mesmos, a pesquisa foi refinada
por meio de filtros, sendo percebida uma repetição no aparecimento dos artigos de acordo
com os filtros empregados. Neste estudo, foram encontrados para avaliação das afasias,
testes objetivos (mapeamento eletrencefalográfico, processamento auditivo, Potencial
acústico evocado de média e longa latência, P300, audiometria tonal liminar), protocolos
padronizados de habilidades linguísticas (Boston, Prancha do roubo do biscoito, M1 Alfa,
MAC, ABBR, Token Test) e cognitivas (Neupsilin), metodologia subjetiva e individualizada
(interacionismo), além de protocolos de avaliação do cuidador (qualidade de vida e
sobrecarga). Na reabilitação, não foi possível determinar qual método terapêutico seria
capaz de trazer melhores resultados na recuperação, pois um método poderá não ser
eficaz caso não enfoque a necessidade especifica do paciente. No entanto, há varias
possibilidades de intervenção, que devem considerar as características de alteração da
comunicação e a habilidade do clinico em sua aplicação. Resultados:A análise dos
resultados permite concluir que os protocolos encontrados para avaliação das afasias
distribuem-se entre exames objetivos, protocolos padronizados com enfoque linguístico
ou cognitivo e abordagem sócio e interacionista; a reabilitação pode acontecer
individualmente ou em grupo, sob contexto sociointeracionista, por interação baseada no
cotidiano, pela neurolinguística discursiva, com apoio da escrita quando possível ou ainda
com uso da comunicação suplementar ou alternativa como apoio inicial ou opção na
ausência de fala. Conclusão:Não há consenso quanto ao melhor protocolo de avaliação,
ou melhor abordagem de reabilitação. O importante é considerar as características da
alteração da comunicação e a habilidade do clínico na aplicação da
técnica/protocolo/linha selecionada. A família tem papel essencial no tratamento e deve
estar inserida na reabilitação da comunicação do afásico.

336
Interpretação de provérbios no envelhecimento

Ana Paula de Oliveira Santana; Daniel De Martino Ucedo

Introdução: A literatura sobre envelhecimento aponta mudanças biopsicossociais no


desenvolvimento normal do ser humano. Uma das mudanças relacionada aos aspectos
linguístico-cognitivos é à dificuldade dos idosos de trabalhar com inferências. Considera-
se provérbios um gênero que apresenta inferências e implícitos. A questão que se coloca
é: os idosos apresentam dificuldades com esse gênero? Objetivo: Analisar a interpretação
de provérbios por idosos saudáveis. Metodologia: Participaram dessa pesquisa oito
sujeitos idosos com diferentes níveis de letramento, práticas sociais e formação escolar.
Seguiu-se o seguinte critério: dois trabalhadores não-manuais urbanos; dois
trabalhadores não-manuais de rotina de nível alto; dois trabalhadores não-manuais de
rotina de nível baixo; dois trabalhadores manuais semi e não qualificados. Foi realizada
uma entrevista para coletar os dados sobre a história de vida dos sujeitos e aplicação de
um protocolo com cinco provérbios para interpretação. Todas as entrevistas foram
gravadas e transcritas para a análise. Resultado: Os resultados desta pesquisa apontam
para o fato de que os idosos não apresentam dificuldades na interpretação dos
provérbios. A hipótese é de que, por fazer parte de um processo cultural, os provérbios
permitem aos idosos uma análise contextual e histórica. Ou seja, mesmo que a
interpretação de provérbios seja uma atividade metalinguística, essa atividade evoca
aspectos culturais durante sua realização, o que facilita a interpretação. Acrescente-se
ainda que não se identificou diferenças entre sujeitos com níveis letramento e práticas
sociais variados. Contudo, o modo como cada idoso interpretou os provérbios está
diretamente relacionado com as práticas sociais de cada sujeito. Isso evidencia mais uma
vez que linguagem e cognição não estão apartadas de nossas práticas de vida.
Conclusão: O resultado dessa pesquisa aponta que, na amostra estudada, os provérbios,
embora sejam gêneros que envolvam inferências, por estarem relacionados aos aspectos
sócio-histórico dos sujeitos e envolverem uma memória coletiva e social, estão
preservados no processo de envelhecimento.

337
Intervenção fonoaudiológica em epilepsia do lobo frontal: relato de caso

Karine Schwarz; Amanda Lisbôa Marques da Silva, Mônica Carminatti, Carolina Louise
Cardoso, Barbara de Lavra Pinto Aleixo

Introdução: a epilepsia do lobo frontal é uma alteração neurológica com ativação da área
do córtex frontal, com repercussões neuropsicológicas importantes, entre elas, déficits na
memória de trabalho e na atenção, que são funções indispensáveis para os processos de
leitura, linguagem, pensamento e desenvolvimento da aprendizagem. Objetivo: descrever
a avaliação e o processo terapêutico fonoaudiológico em um caso de epilepsia do lobo
frontal, a fim de ampliar o conhecimento sobre o tratamento e o prognóstico dessa
afecção. Método: estudo de caso, realizado por meio da análise dos registros de
prontuário e das sessões semanais de terapia fonoaudiológica, com duração de 45
minutos, no período de março a junho de 2013, totalizando 13 atendimentos, no projeto
de extensão: Atendimento Fonaudiológico a Crianças com Deficiências, na clínica de
Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O paciente, L.J.B.P, 11
anos, do sexo masculino, apresenta epilepsia do lobo frontal, déficit de atenção como
comorbidade associada e faz uso de Carmazepina. O protocolo de avaliação utilizado foi
elaborado pelas autoras com base na Avaliação Fonoaudiológica Escolar do Método das
Boquinhas. Além disso, aplicou-se o CONFIAS (consciência fonológica: instrumento de
avaliação sequencial) e uma avaliação psicológica cognitiva (WISC-III). Resultados: foram
observadas alterações de memória de trabalho auditiva e visual; prejuízos relacionados à
memória anterógrada; déficit de consciência fonológica em todos os níveis avaliados e
dificuldades relacionadas à orientação espaço-temporal, reconhecimento de cores, letras
e de seus respectivos sons. Conforme avaliação psicológica cognitiva, L. apresenta QI
verbal: 70 – Limítrofe; QI Execução: 54 – Retardo Mental Moderado; QI Total: 59 –
Retardo Mental Leve; IFD: 51 – Retardo Mental Moderado; Potencial: 6 – Médio Inferior.
Na fonoterapia, objetivou-se o aprimoramento da consciência fonológica e a identificação
dos sons e grafemas vocálicos. Para tanto, utilizou-se atividades com pinturas, imagens,
recortes, músicas, vídeos, jogos e programas de computador. L. também realiza
atividades em casa diariamente, conforme orientação. Observou-se uma evolução lenta
na aquisição de novos conceitos e significados. Porém, por meio da repetição e
diversificação dos estímulos, constatou-se que o paciente adquiriu e armazenou novas
informações, conseguindo fazer associações corretas, o que contribuiu para a construção
de novos aprendizados. Discussão: a terapia fonoaudiológica foi o primeiro passo para a
evolução do aprendizado e melhora da qualidade de vida do paciente. A partir das
situações terapêuticas, observou-se que o paciente apresentou maior confiança em suas
capacidades e, por conseguinte, maior autonomia. Nesse sentido, evidenciou-se que a
persistência, a motivação, a experiência (prática) e o método são pontos fundamentais
para a melhora das habilidades de aprendizagem. Conclusão: a intervenção
fonoaudiológica demonstrou-se, neste primeiro momento, eficaz para este caso de
epilepsia de lobo frontal, auxiliando no aprimoramento da consciência fonológica e de
funções executivas como a memória de trabalho e, consequentemente, no processo de
aprendizagem.

338
Intervenção fonoaudiológica na panencefalite esclerosante subaguda: limites e
possibilidades

Tânia Augusto Nascimento; Fernanda Chequer de Alcântara Pinto, Larissa Zanichelli,


Sarah Cueva Soares Araújo, Karin Zazo Ortiz

Introdução: A panencefalite esclerosante subaguda (PEES) é uma doença


neurodegenerativa inflamatória relacionada à persistência do vírus do sarampo no
organismo, caracterizada por demência, incoordenação motora, ataxia, mioclonias e
outros sinais neurológicos focais. É a complicação mais severa causada pelo Morbillivirus.
O início das manifestações ocorre, geralmente, entre 5-14 anos. È uma doença rara (1-5
casos por milhão). Estima-se taxa de remissão de 5% dos casos, com prognóstico
reservado, sendo o tempo de sobrevida variável em até 20 meses. Objetivo: Descrever e
discutir um caso atípico de PEES, com remissão parcial da doença e queixa atual de
distúrbio grave de linguagem. APRESENTAÇÃO DO CASO: M.G.O., 23 anos, destra,
ensino médio incompleto (estudante), foi diagnosticada com PEES aos 15 anos, em 2006.
Os sintomas iniciais foram: mioclonias, agitação e dificuldade de atenção. Na avaliação
médica foi levantada hipótese de distúrbio psiquiátrico. Após 04 meses do início dos
sintomas, o quadro agravou-se e M. passou a apresentar ausência de fala, dificuldades
alimentares, com perda importante de peso, alteração motora grave e dependência total
para as atividades de vida diária (AVDs). Devido ao grave comprometimento global
apresentado por M. e a ausência de diagnóstico, foi realizada nova avaliação médica,
para tanto, a paciente permaneceu internada por 06 meses e somente neste período foi
concluído o diagnóstico de PEES. Por falta de recursos do hospital de origem, M. foi
transferida e nesta segunda instituição, após 06 dias de internação, o diagnóstico foi
confirmado. Assim, houve recomendação médica de que a paciente permanecesse
internada. A possível evolução da doença foi descrita aos pais que, devido à limitação do
prognóstico provável (óbito em cerca de dois anos), optaram por levar a paciente para
casa. A paciente apresentou evolução diferente da inicialmente prevista pela equipe
médica, tendo apresentado as seguintes melhoras nos últimos 06 anos: retomada da
marcha, independência parcial para as AVDs e intenção comunicativa. A melhora parcial
motivou a família a procurar atendimento fonoaudiológico em outubro/2012. Resultados: à
avaliação fonoaudiológica M. apresentou dificuldade para manter-se sentada, direcionar e
manter o olhar para o avaliador, além de raras respostas às solicitações verbais. Assim, a
agitação motoral, impossibilitou a realização de procedimentos formai de avaliação. No
entanto, durante as atividades discursivas, a observação do comportamento linguístico
permitiu as seguintes conclusões: distúrbio de compreensão oral grave e emissão oral
com redução, restrita a ecolalias tardias e respostas perseverativas. Observou-se também
prejuízo importante da inteligibilidade de fala, com aumento da velocidade e distorção de
consoantes e vogais. A grave alteração apresentada pela paciente fez com que
optássemos, inicialmente, para o encaminhamento para o setor de neurologia, a fim de
tentarmos a associação entre a terapia cognitiva e a medicamentosa. Acreditamos que,
devido a ausência de responsividade aos estímulos, a paciente, neste momento, não se
beneficiaria de terapia fonoaudiológica isolada. Conclusão: A partir deste caso, fica claro
que a avaliação e o acompanhamento multiprofissional são essenciais para o seguimento
clínico de grande parte dos casos. Ressaltando-se que a discussão clínica proporciona
melhor intervenção terapêutica e maiores ganhos para os pacientes.

339
Intervenção fonoaudiológica no ambulatório de baixa visão infantil – relato de
experiência

Nayara Duviges de Azevedo; Simone Rosa Barreto, Jeyseane Ramos Brito, Josiane Célia
de Lima, Priscila Guimarães Kimura, Nayara Mota de Aquino, Renata Maria Moreira
Moraes Furlan, Galton Vasconcelos, Erika Maria Parlato-Oliveira

Introdução: A fonoaudiologia está inserida na equipe interdisciplinar de atendimento a


crianças com baixa visão de um hospital universitário. Composta por oftalmologistas,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogo e pedagogo, a equipe
acompanha crianças com baixa visão até os seis anos de idade. Alunas do curso de
graduação em fonoaudiologia participam dos atendimentos por meio do projeto de
extensão “Intervenção Fonoaudiológica no Ambulatório de Baixa Visão Infantil”. Objetivo:
Relatar a experiência de estudantes de fonoaudiologia participantes do projeto de
extensão no período de agosto de 2012 a junho de 2013. Métodos: A entrada da criança
com queixa de comprometimentos visuais no Serviço é a consulta oftalmológica. Ao se
confirmar a baixa visão, a criança é encaminhada para avaliação de todos os profissionais
da equipe, que se reúne semanalmente para discussão dos casos. Durante a avaliação
fonoaudiológica, a investigação dos aspectos de emissão, recepção e cognitivos da
linguagem é realizada por meio do Protocolo: Parlato, Ramos e Sacramento, 2005. Este
protocolo exclui itens que envolvem a função visual e a habilidade motora, permitindo
assim, a avaliação dos aspectos de linguagem independentemente do déficit visual.
Avaliação das estruturas e funções do sistema estomatognático também é realizada e as
crianças são encaminhadas para avaliação audiológica. Os atendimentos no período de
agosto de 2012 a junho de 2013 foram semanais, realizados por seis alunas, em duplas.
A família acompanhou as atividades dentro da sala de terapia e recebeu orientações
quanto às estratégias para estimulação da linguagem em casa. Após os atendimentos,
todos os casos foram discutidos em supervisão. As alunas iniciaram na equipe no quinto
período da graduação e finalizaram sua participação no sétimo período. Um questionário
foi aplicado às acadêmicas sobre: a formação acadêmica, se as atividades foram
favoráveis às crianças com baixa visão, se a base teórica do curso foi eficaz e se o
projeto permite o conhecimento teórico-prático. Às alunas também foi solicitado relatar os
pontos positivos e negativos do projeto. Resultados: As alunas atribuíram nota máxima
para: importância do projeto para pacientes com baixa visão e para a formação
acadêmica das estagiárias. Foram abordados como pontos positivos: o fato de a prática
acontecer em conjunto com as aulas teóricas, o que possibilitou às alunas o raciocínio
clínico, a supervisão do projeto após cada atendimento, esclarecendo as dúvidas das
alunas e orientando-as quanto à elaboração de estratégias terapêuticas e o entendimento
na prática da importância do trabalho multiprofissional para evolução do paciente. As
alunas sentiram a necessidade de maior embasamento teórico para atendimento dos
casos. Conclusão: De acordo com a opinião das alunas, o projeto de extensão foi uma
ótima oportunidade de aprendizado, pesquisa, contato com a prática, com profissionais de
outras áreas e de colocar em prática o que foi aprendido na teoria. A necessidade de
maior embasamento teórico é esperada, já que este tema é pouco abordado nas
disciplinas regulares e mostra o empenho das alunas. A terapia fonoaudiológica em
criança com baixa visão requer do terapeuta, conhecimentos muito específicos para
diálogo com a equipe e definição das estratégias terapêuticas.

340
Intervenção fonoaudiológica no desenvolvimento de linguagem de prematuros
gemelares: apresentação de casos

Sarah Cueva C.S. de Araújo; Gabriela Juliane Bueno, Selma Mie Isotani, Jacy Perissinoto

Introdução: Sabe-se que a prematuridade, bem como as intercorrências que ocorrem em


decorrência deste parto são fatores de risco para alterações no desenvolvimento,
inclusive da linguagem. Neste contexto, o diagnóstico do atraso de linguagem e a
estimulação, podem ser determinantes para a adequação de comportamentos linguísticos
em crianças muito jovens. Objetivo: Apresentar a evolução terapêutica da linguagem
(receptiva e emissiva) de irmãos gêmeos prematuros, após um ano de intervenção
fonoaudiológica. APRESENTAÇÃO DO CASO: O estudo descreve o caso de gêmeos
monozigóticos nascidos prematuros de 28 6/7 semanas. A primeira criança a nascer
(GMHS¹) apresentou baixo peso (BP) e a segunda (GMHS²) muito baixo peso (MBP),
entre outras intercorrências durante o período de internação, 160 e 226 dias
respectivamente. Foram avaliados em maio de 2012, com 01 ano e 06 meses sendo
diagnosticado atraso do desenvolvimento de linguagem receptiva e emissiva em ambos
os casos. Para o processo de avaliação, foi realizada observação clínica, a aplicação do
protocolo Preschool Language Scale 4 (PLS-4) e aplicação do protocolo de maturidade
simbólica. Iniciou-se o processo de estimulação da linguagem destes gêmeos em junho
de 2012, por meio de sessões semanais com duração de 45 minutos cada. Até o presente
momento, realizaram-se aproximadamente 30 sessões de estimulação. Cada sessão teve
objetivos específicos para o desenvolvimento da linguagem receptiva e expressiva, como
reconhecer e objetos e ordens simples, emitir onomatopeias e palavras simples e solicitar
pequenas ações por meio de linguagem verbal e não verbal, visando aumentar o
repertório lexical dessas crianças. Além disso, também foi objetivo a realização de
imitação de gestos verbais e não verbais, bem como o uso de objetos com funcionalidade
e posteriormente com simbolização, uma vez que grande parte da aprendizagem no
universo infantil se dá através da imitação de gestos e do reconhecimento da
funcionalidade no cotidiano, o que antecipará os esquemas simbólicos. Como forma de
complementar a intervenção, foram realizadas orientações sistemáticas aos pais quanto a
melhor forma de estimulá-los em casa. Após um ano de intervenção, a mesma
metodologia de avaliação foi utilizada, quando as evoluções de cada criança foram
registradas. Resultados: Na avaliação inicial, embora tenha sido observada intenção
comunicativa de ambas as crianças, pôde-se observar compreensão oral assistemática
de palavras e presença de vocalizações em um dos casos (GMHS¹). Também foi
verificada presença de imitação de esquemas gestuais simples inconsistentes ou
ausentes e exploração predominantemente sensorial nos dois casos, sendo observado
esquema pré-simbólico inconsistente em um dos casos (GMHS¹). Após um ano de
intervenção, os gêmeos compreendem ordens simples e também complexas (quando
contextualizadas) e uma das crianças (GMHS¹) está emitindo palavras isoladas. Pôde-se
observar nítida evolução nos dois casos, presença de esquemas gestuais simples e
complexos e exploração funcional em ambos os casos. Conclusões: Apesar do fator de
risco da prematuridade, o diagnóstico e intervenção precoces, associados às orientações
sistemáticas de estimulação de linguagem foram extremamente importantes para
estimular o desenvolvimento das habilidades de linguagem das crianças observadas.

341
Inventário fonológico de uma criança com síndrome de roberts

Karina Carlesso Pagliarin; Vanessa Deuschle-Araújo

Introdução: A Síndrome de Roberts é uma alteração cromossômica recessiva,


caraterizada por alterações do crescimento, fissura labiopalatina, hipoplasia das asas
nasais, dedos das mãos costumam ser reduzidos a 4 membros ou menos, além dos
pacientes apresentarem, geralmente, grave atraso mental. Objetivo: Verificar o inventário
fonológico de uma criança com Síndrome de Roberts dada a escassez de pesquisas
nessa área. Método: E. S., 5 anos, apresenta fissura palatina completa. A fissura labial foi
corrigida quando a criança tinha 6 meses e a primeira tentativa de correção cirúrgica da
fissura palatina foi aos 12 meses, porém sem sucesso. Uma nova tentativa foi realizada
no ano passado, entretanto, o menino contraiu uma infecção hospitalar e a palatoplastia
se rompeu alguns dias após a cirurgia. O paciente aguarda uma nova palatoplastia,
contudo esta depende do paciente ganhar peso para realizá-la.E.S. frequenta a pré-
escola do ensino regular com bom desempenho, e recebe acompanhamento
fonoaudiológico e fisioterapêutico, semanal, na Escola Especial do município. Apresenta
boa cognição geral de acordo com avaliação neurológica e psicopedagógica. A partir da
fonológica constatou-se mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios preservados, sem
demonstrar escape nasal de líquidos ou alimentos, porém apresenta alterações no foco
ressonantal vocal (voz com nasalidade moderada). O sistema fonológico da criança foi
avaliado por meio do instrumento Avaliação Fonológica da Criança, sendo os dados
analisados descritivamente. Resultados: Pôde-se constatar que o menino realiza os
fonemas do português brasileiro em quase sua totalidade, com omissões apenas dos
fonemas /k/ e /g/ em Onset Inicial e Medial. Isto se justifica pela fissura palatina
apresentada pelo paciente.Conclusão: O prognóstico é favorável, levando-se em conta a
boa cognição do menino, a assiduidade aos atendimentos que realiza e o
comprometimento da família. Espera-se que com a palatoplastia associada à intervenção
fonoaudiológica, o inventário fonológico do paciente se complete.

342
Investigação de habilidades comunicativas em pacientes com epilepsia

Noemi Takiuchi; Cristiane Stravino Messas, Christina Morotomi Funatsu Coelho, Raiene
Telassin Barbosa Abbas

Introdução: As alterações de linguagem decorrentes da ELT caracterizam-se por


dificuldades, principalmente, do sistema léxico-semântico. Contudo, apesar do
conhecimento destas dificuldades no âmbito das avaliações clínicas, suas implicações
sobre aspectos da comunicação funcional raramente são estudadas. Objetivo: Investigar
a autopercepção de dificuldades de comunicação em pacientes adultos com epilepsia de
lobo temporal e caracterizar estas possíveis dificuldades. Método: Entrevistamos 30
pacientes (P) com epilepsia temporal esquerda, direita e bitemporal do ambulatório de
epilepsia da Irmandade da Santa Casa de São Paulo, sem outras doenças
neuropsiquiátricas, além de 30 sujeitos controles (C). Foram avaliados sujeitos de idade
acima de 18 anos e escolaridade com 8 anos de estudo minimamente. As entrevistas
consistiram da aplicação do questionário de habilidades comunicativas que foi
desenvolvido para este projeto que é composto por 8 questões contendo aspectos
linguísticos e extralinguísticos da comunicação. As respostas de ambos os grupos foram
computadas e comparadas pelo teste de igualdade de duas proporções (p=0,05)
Resultados: Os grupos não diferiram quanto à idade (P=41 anos e C =43 anos) e à
escolaridade P e C = 8,3 anos). Os grupos foram homogêneos quanto ao gênero.O grupo
de pacientes pontuou positivamente para dificuldades de comunicação nos aspectos
linguísticos e extralinguísticos, com diferença estatisticamente significante em relação ao
grupo controle em todas as questões, exceto a 1 e 2, que não atingiram a significância
estatística. Em relação aos aspectos linguísticos, o grupo de pacientes pontuou
positivamente, com diferença estatisticamente significante, para dificuldades em
compreensão funcional da linguagem (P=20%, C=0%) e dificuldade em acesso lexical
(P=57%, C=10%). Quanto aos aspectos extralinguísticos os pacientes relataram
dificuldades com diferença significativa em: atingir o ponto principal do discurso ao
expressar-se (P=57%, C=0%) e ao compreender (P=50%, C=0%); dificuldade com
sentido conotativo (P=50%, C=0%) e em relação à verbosidade (P=67%, C=6%).
Conclusão: A comparação entre os grupos demonstrou a presença de percepção de
dificuldades em habilidades da comunicação em pacientes com epilepsia, principalmente
no que se refere a aspectos específicos da linguagem, como evocação léxico-semântica e
funções pragmáticas da comunicação. O esclarecimento deste aspecto pode contribuir
para direcionar pesquisas em avaliações de linguagem e programas de saúde específicos
que visem melhora na qualidade de vida destes pacientes, além de contribuir para a
especificidade da atuação da Fonoaudiologia para com esta população.

343
Investigação de narrativas orais em crianças e adolescentes com desenvolvimento
típico de linguagem

Amanda Aparecida Leandra Costa Monsalves; Patrícia Pupin Mandrá

Introdução: A formalização da narrativa é condição importante para a inserção da criança


no contexto familiar, educacional e social. O desenvolvimento do discurso narrativo é
natural, gradual, mas influenciado por fatores externos a criança, além de fatores de
ordem cognitiva, comunicativa e linguística. Objetivo: Verificar o tempo de narrativa e de
pausa, o número de palavras e de intervenções do interlocutor em narrativas orais de
crianças e adolescentes com desenvolvimento típico de linguagem. Método: O presente
estudo foi aprovado pelo CEPHCFMRPUSP, sob processo nº 6001/2007. Participaram 50
crianças e adolescentes divididos em três grupos etários: GI (7:0 a 9:0 anos), GII (9:1 a
12:0) e GIII (12:1 a 15:0). Foram registradas em áudio e, posteriormente transcritas
amostras de narrativas nos contextos de: 1) estímulo visual, com o livro “O dia dia de
Dada”; 2) estímulo visual, com o livro “Catarina e Josefina” e 3) narrativa espontânea “O
que você gosta de fazer?”. Para a análise do número de intervenções, considerou-se:
“Nenhuma intervenção” (N.I.), “Pouca intervenção” (P.I.) de 1 a 3 intervenções e “Muita
intervenção” (M.I.) para mais de 3 intervenções. Os tempos de narrativas e pausas foram
cronometrados em segundos e os números de palavras foram contabilizados. Resultados:
Nos três contextos analisados as intervenções foram classificadas em P.I, no GI ocorreu
maior número de intervenções durante a elaboração das narrativas seguidas por GII e
GIII. Para os tempos de narrativas e pausas, GI apresentou maiores médias, seguidos de
GII e GIII para os três contextos. Para os tempos de narrativa, no contexto 1, as médias
foram 64,21; 45,86 e 36,04 segundos respectivamente para GI, GII e GIII. No contexto 2,
GI apresentou média igual a 105,13 segundos, para GII e GIII foram respectivamente
90,78 e 59,50 segundos. Para o contexto 3, as médias de tempo para GI, GII e GIII foram
equivalentes a 52,59; 49,54 e 28,45. Nos tempos de pausa, no contexto 1, GI, GII e GIII
apresentaram médias iguais a 20,72; 10,35 e 8,92 segundos. No contexto 2 verificou-se
médias iguais a 32,55; 17,86 e 12,16 segundos e no contexto 3, as médias foram 15,54;
8,86 e 3,27 segundos. Para os números de palavras, no contexto1, GI apresentou maior
média, sendo igual a 78 palavras, seguido por GII e GIII, com médias iguais a 75 e 74
palavras. O GII apresentou maior média no contexto 2, com 143 palavras, seguido pelo
GIII e GI, estes com 122 e 119 palavras respectivamente. No contexto 3, verificou-se
maior média para o GII, este que obteve 90 palavras, seguido por GI e GIII, iguais a 81 e
67 palavras. Conclusão: Este estudo possibilitou verificar que na medida em que aumenta
a idade entre os grupos etários, ocorre o aumento do tempo de narração, diminuição dos
tempos de pausas e diminuição das intervenções. Quanto a variável número de palavras,
essa relação foi verificada apenas no contexto 1, nos demais contextos, o grupo GII
apresentou as maiores médias.

344
Jogos com ilustração de personagens infantis como mediadores no trabalho com
os desvios fonológicos

Stella Maris Cortez Bacha; Maria Rita F. Toledo Volpe

Introdução: Na categoria dos distúrbios da fala há os desvios fonológicos, que


correspondem a dificuldades relacionadas ao domínio fonêmico da língua, na ausência de
alterações auditivas ou anatômicas detectáveis. Há vários recursos lúdicos especializados
disponíveis no mercado para ser usado com crianças como apoio às técnicas de
intervenção fonoaudiológica nestes casos. Porém, com alguns pacientes estes não são
motivadores porque eles têm interesse maior por personagens de desenhos e de filmes
infantis e, nesta categoria, os jogos disponíveis não são específicos para o trabalho com
fonemas e, por isso, podem não contribuir de forma direta e intencional para a
estabilização e automatização daqueles instalados. Objetivos: Elaborar recursos lúdicos
com ilustrações de personagens infantis para o trabalho com desvios fonológicos.
Métodos: Elaboração e confecção de jogos de regras envolvendo os fonemas /r/, /R/, /s/,
/z/ e o arquifonema {S} para ser utilizado com quatro pacientes do consultório; uma
menina, 8 anos, com distorção do /r/; dois meninos, cinco anos, um com omissão do /R/,
outro com omissão do {S}; um menino, seis anos, com omissão de /s/-/z/, sem
dificuldades com o traço de sonoridade. Os jogos de regras são indicados por
proporcionar reflexão e cumprimento de sequência, mas não ressaltaríamos a competição
e sim o trabalho com os fonemas. Resultados: Confeccionamos jogos de cartas, cujo
objetivo era formar pares de personagens. Seguimos a orientação de acessibilidade em
textos. Em cada carta, de aproximadamente 5,5x8,5cm, com bordas coloridas e fundo
branco, havia a ilustração colorida centralizada, abaixo desta, o nome do personagem em
letra Arial, maiúscula, tamanho entre 12 e 16pt; no canto superior esquerdo, a numeração,
com o mesmo tipo de letra, em tamanho 36pt. O vocabulário do fonema /r/, em 20 cartas,
foi: Homem Aranha, Wolverine, Mulher Maravilha, Acelerado, Cocorocoide, Capitão
América, Ariel, Cinderela, Máskara, Enormossauro, Naruto, Mário, Margarida, Dick
Vigarista, Jeremias, Maria Cebolinha, Marina, Horácio, Macaco Aranha, Kiara; do fonema
/R/, 20 cartas, em posição inicial e não-inicial: Robin, Rapunzel, Riquinho, Rosinha, Rex,
Hulk, Homer Simpson, Ratatouille, Ruivão, Pantera Cor-de-rosa, Marquês de Rabicó, Rita
Najura, Arraia-à-Jato, She-ra, Pocahontas, Corredor X, Bulkhead, Sr. Barriga, Jerry,
Homem de Ferro; das 18 cartas do arquifonema {S}: Bob Esponja, Besta, Buzz Lightyear,
Nimbus, Tio Patinhas, Scooby-Doo, Gasparzinho, Cascão, Jeremias, Ben 10, Asterix,
Dóris, Visconde, Tazz, Esmeralda, Snoopy, Fred Flinstones, Coelho Osvaldo; das 27
cartas dos fonemas /s/ e /z/, sendo as de 1 a 17 com predomínio de /s/ e de 18 a 27 de
/z/, em posição inicial e não-inicial: Cebolinha, Sansão, Super Poderosas, Super Homem,
Sininho, Saci, Soneca, Simba, Sid, Cinderela, Sofia, Pequena Sereia, Sally, Sargento,
Ursinho Puff, Enormossauro, 4 Braços Supremo, Zorro, Zé Carioca, Zé Lelé, Besouro,
Tanzan, Rapunzel, Rosinha, Narizinho, Coisa, Luluzinha. Privilegiamos personagens
masculinos e femininos, heróis e vilões, antigos e atuais, alguns em inglês. Fizemos
impressão duplicada dos jogos; utilizamos com cada paciente o indicado, com o suporte
adaptado para cartas. Conclusões: A receptividade para os jogos foi excelente; eles foram
motivadores e proporcionaram o treino desejado, auxiliando a estabilização e a
automatização dos fonemas instalados.

345
Levantamento de protocolos e métodos diagnósticos do transtorno autista
aplicáveis na clínica fonoaudiológica

Thamyres Grazielle dos Santos Martins; Tábatta Martins Gonçalves, Cristiane Monteiro
Pedruzzi

Introdução: A Fonoaudiologia, no âmbito das ciências da saúde que estudam a


comunicação humana, assume grande importância tanto no diagnóstico quanto no
tratamento daquelas pessoas com autismo. Entretanto, ainda são poucos os
fonoaudiólogos que publicam regularmente sobre o tema, o que demonstra ser uma área
que necessita de mais estudos. O transtorno autista caracteriza-se por um prejuízo no
desenvolvimento da interação social, da comunicação e do comportamento. Seu
diagnóstico deve ser criterioso e considerar os três campos acima. É comum o
fonoaudiólogo ser o primeiro profissional procurado pelos pais de crianças autistas;
portanto, ele deve saber identificar esses casos. Objetivo: Levantar métodos e protocolos
de avaliação e diagnóstico do transtorno autista, disponíveis na literatura nacional, cujas
aplicações possam ser da prática clínica fonoaudiológica.Metodologia: Foram realizadas
buscas em bases de dados no intervalo de tempo de agosto de 2011 a julho de
2012.Resultados: A partir de várias referências, encontraram-se dez protocolos: sete
traduzidos e validados da língua estrangeira para o português brasileiro e três
desenvolvidos no próprio Brasil. Não foram encontradas publicações nacionais que
utilizassem quatro dos dez instrumentos apresentados para fins de triagem ou diagnóstico
de casos suspeitos ou com risco para autismo. Evidencia-se, também, a pouca
participação do fonoaudiólogo nesse processo.Conclusão: A Fonoaudiologia ainda tem
muito que avançar em suas pesquisas em relação ao transtorno autístico, auxiliando,
dessa forma, no processo de diagnóstico e no tratamento das pessoas autistas. É
fundamental a continuidade de pesquisas nesta área da linguagem, pois ela constitui a
subjetividade de uma pessoa, o que está diretamente associado ao quadro de autismo.

346
Linguagem oral e habilidades metafonológicas em escolares com distúrbio
específico de linguagem

Débora Maria Befi-Lopes; Ana Manhani Cáceres-Assenço, Paula Renata Pedott

Introdução: Crianças com distúrbio específico de linguagem (DEL) possuem alterações


significativas no processo de desenvolvimento da linguagem oral, o que as torna mais
propensas a enfrentar dificuldades no desenvolvimento da metafonologia e da
alfabetização. Objetivos: Caracterizar o desempenho de escolares com DEL em tarefas
de linguagem oral e metalinguísticas, além de verificar a presença de correlação entre tais
tarefas. Métodos: Doze escolares entre 7 e 9 anos (média 103,4 meses, ±10,449),
previamente diagnosticados com DEL e em atendimento fonoaudiológico semanal foram
avaliados. Todos possuíam audição preservada e inteligência não verbal adequada
(média WISC execução = 102,9 ±10,518). A avaliação envolveu vocabulário expressivo,
porcentagem de consoantes corretas revisada (PCC-r) nas provas de imitação e
nomeação da fonologia, morfemas gramaticais 1 e 2, extensão média do enunciado em
morfemas, repetição de pseudopalavras, percepção dos sons da fala e soletração de
palavras. Seu desempenho foi caracterizado pela análise descritiva dos acertos em cada
prova, e a presença de correlação entre estas habilidades foi verificada pelo coeficiente
de correlação de Pearson, com nível de significância de 5%. Resultados: A média de
acertos foi 75,9% (±11,847) no vocabulário expressivo; 79,8% (±17,765) (±17,476) no
PCC-r na prova de imitação e 77,9% na nomeação; 481,3 (±166,027) morfemas
gramaticais 1, 135,3 (±64,994) morfemas gramaticais 2 e 6,2 (±2,258) na extensão média
do enunciado em morfemas; 47,5% (±28,644) na repetição de pseudopalavras; 36,2
(±11,976) na percepção dos sons da fala; e 47,1% (±19,680) na soletração de palavras.
Dentre as correlações investigadas apenas o PCC-r nas provas de imitação e nomeação
indicou correlação positiva com a repetição de pseudopalavras (r=0,653, p=0,021;
r=0,738, p=0,006; respectivamente); e os morfemas gramaticais 1 e a extensão média do
enunciado em morfemas se correlacionaram positivamente com a percepção dos sons da
fala (r=0,644, p=0,024; r=0,640, p=0,025; respectivamente). Discussão: a análise
descritiva mostrou que estes escolares mantém o prejuízo na linguagem oral,
comprometendo suas habilidades metafonológicas. Em consonância com estudos
anteriores com pré-escolares com DEL, nossos achados indicaram que a melhora da
memória de curto-prazo fonológica e da fonologia estão relacionadas durante a vida
escolar. Tal fato implica que a exposição à linguagem e o aumento da idade cronológica
não são suficientes para sanar as dificuldades linguísticas destes sujeitos, que
necessitam de intervenção específica para se tornarem capazes de lidar com tarefas mais
complexas. Outro achado interessante foi que tanto o uso de palavras de classe aberta
quanto um melhor desempenho gramatical geral se relacionam a uma melhor percepção
dos traços distintivos dos fonemas. Esta percepção é essencial para a solidificação das
representações fonológicas e estas, quando bem estabelecidas, auxiliam no processo de
aquisição de novas palavras e, por consequência, facilitam o aprimoramento gramatical e
a elaboração de enunciados mais complexos. Conclusão: Apesar do número restrito de
sujeitos, nota-se a manutenção das dificuldades fonológicas durante a fase escolar. Além
disso, verificamos que um maior domínio na produção dos fonemas se associa à melhora
da memória de curto-prazo fonológica, e que a percepção dos traços distintivos dos
fonemas está relacionada a um melhor desempenho gramatical geral.

347
Maloclusão e desvio fonético: uma revisão integrativa da literatura

Lucineide Cristina Barbosa; Mirella Bezerra Rodrigues Vilela, Elisabeth Cavalcanti Coelho

Introdução:A normalidade da oclusão dentária é fundamental para a harmonia do


crescimento e desenvolvimento craniofacial. Estudos apontam que fatores como a
influência genética e ambiental podem acarretar maloclusões e alterações no sistema
estomatognático, provocando consequências como o desvio fonético. Objetivo:Assim,
este estudo teve como objetivo identificar as evidências científicas sobre a relação entre
maloclusão e desvio fonético. Metodo: Para tal, foi desenvolvida uma revisão integrativa
da literatura, cuja busca foi realizada em base de dados eletrônicos da Scientific
Electronic Library Online (Scielo) e da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência
da Saúde (Lilacs), e da lista de referência dos artigos encontrados. A leitura dos artigos foi
realizada por dois avaliadores independentes e utilizou-se a técnica de consenso para
inclusão dos mesmos na revisão.Resultados: Nos resultados observou-se uma flutuação
temporal nos anos de publicação dos manuscritos com a temática estudada, apenas um
definiu o desenho de estudo, quatro estão indexados na Scielo e dois na LILACS, o
tamanho amostral da população de estudo variou de 40 a 333 sujeitos, e a faixa etária
mais observada nos estudos foram crianças dos 03 a 06 anos. Os artigos analisaram uma
diversidade de alterações oclusais e de alterações de fala, e quase a totalidade
evidenciou uma relação estatisticamente significante entre a maloclusão e o desvio
fonético. Conclusão: Desta forma, este estudo permitiu ratificar a existência de associação
entre maloclusão e desvio fonético, de modo que traz como importante contribuição
científica a condensação das informações de diversos achados sobre esta relação,
contribuindo também para a prática clínica dos profissionais que têm a maloclusão e/ou o
desvio fonético como objeto de estudo e/ou de intervenção.

348
Mapeamento da comunicação de idosos: compensação de perdas e manutenção da
funcionalidade

Leticia Lessa Mansur; Marcela Lima Silagi, Eliane Schochat, Aline Rufo Peres

Introdução: A investigação da disponibilidade de situações comunicativas e queixas de


linguagem e comunicação em indivíduos idosos pode contribuir para a detecção do
estímulo social disponível e a funcionalidade e orientar intervenções de estímulo à
comunicação. Objetivos: 1. descrever o mapa de comunicação de idosos saudáveis; 2.
buscar associações entre a) frequência e tempo destinado à comunicação e queixas de
dificuldade de compreensão e de acesso lexical; b) número e horas de interlocução e
idade, gênero e escolaridade. Métodos: O instrumento Circles of Communication Partners
(CCP) foi utilizado para obtenção do mapa de comunicação dos sujeitos. Os idosos foram
solicitados a responder as perguntas: “Quem são as pessoas com quem você conversa?”
e posicionar os interlocutores em círculos. Considerando o tempo de uma semana,
aproximadamente quantas horas você conversa com eles?”Além do CCP foram aplicados
o domínio de Comunicação Social do questionário ASHA-Facs; escala de estadiamento
cognitivo – Clinical Dementia Rating-Expandido (CDR-E) – com questionamentos sobre
dificuldades de compreensão da linguagem oral e escrita e também dificuldades de
acesso lexical; prova de fluência fonêmica e o bloco 9 do Token Test-R. Foram obtidos
dados de frequência de ocorrência de interlocutores e o tempo de interlocução. Foi
analisada a associação entre a frequência de oportunidades comunicativas e gênero,
idade, escolaridade. Adicionalmente, foram verificadas associações entre o mapa de
comunicação e queixas de comunicação funcional, desempenho em provas de fluência
verbal fonêmica e Token Test- R. Resultados: Foram avaliados 55 sujeitos. A máxima
alteração do CDR-E foi no domínio Linguagem: 7(12,72%) sujeitos apresentavam queixas
nesse domínio. Notas abaixo de 90% no bloco 9 do Token Test ocorreram em 31(36%)
indivíduos e esse resultado não foi associado à escolaridade. Na fluência fonêmica,
18(32,72%) dos sujeitos teve desempenho abaixo do esperado para idade e escolaridade.
A média obtida na Comunicação Social do Asha-Facs, foi adequada. O mapa mínimo de
comunicação funcional mostrou que todos os sujeitos tinham interlocutores no domínio
familiar. Nos demais domínios, decresceu o número de interlocutores. Em relação ao
número de horas, não houve grande variação entre os círculos, porém chama a atenção o
menor número de horas dedicado aos amigos próximos. Houve associações significantes
positivas entre o círculo 1 (família) e idade; associação negativa em relação aos contatos
nesse núcleo e a escolaridade; associação positiva entre queixa no domínio Linguagem
do CDR-E e o número de interlocutores e horas despendidas no contato, no domínio
relacionado aos “amigos próximos”. Notamos baixo desempenho no Token Test e
Fluência verbal, em paralelo ao relato de desempenho adequado na Comunicação Social,
medida pelo ASHA-Facs. O questionamento direto sobre dificuldades favoreceu a
percepção e reconhecimento delas, e isso ocorre nos indivíduos que estão mais expostos
à comunicação. Conclusão: O conjunto de dados nos leva à interpretação de que
dificuldades de compreensão auditiva e de acesso à rede lexical, são compensadas nas
situações de comunicação social, embora permaneça a queixa subjetiva de dificuldades.
Cabe reconhecer o potencial desse estudo, para orientar a ampliação do convívio social,
fator de manutenção de funcionalidade.

349
Memória de curto prazo fonológica e vocabulário em crianças com distúrbio
específico de linguagem

Amália Maria Nucci Freire; Amalia Rodrigues, Ana Luiza de Souza Morrone, Gabriela Lolli
Tanese

Introdução: Muitas pesquisas comprovaram a existência de correlação entre o


aprendizado de novas palavras e o funcionamento da memória de curto prazo. A relação
entre estas duas habilidades sugere que quanto maior o vocabulário, maior o
conhecimento sobre as estruturas fonológicas possíveis na língua e melhor a
representação fonológica da nova palavra no buffer fonológico desta memória. Da mesma
forma, quanto melhor a capacidade de armazenamento e manutenção nesse sistema de
memória, mais facilmente a criança realiza o processamento semântico e fonológico
desse novo item lexical, permitindo a ampliação do vocabulário na memória de longo
prazo. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi verificar o desempenho de crianças com
Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) em Testes de Memória de Curto Prazo
Fonológica-TMCPF (Rodrigues, 2007) e de Vocabulário Expressivo (Befi-Lopes, 2002).
Método: Participaram nove sujeitos com DEL, com idades entre 3:6 e 6:7 anos. A amostra
foi constituída de quatro crianças após confirmação do diagnóstico e sem terapia
fonoaudiológica e cinco sujeitos em processo de reabilitação (média de 58 sessões).
Todos os responsáveis assinaram o termo de consentimento para participação neste
estudo. O TMCPF é constituído de 40 NP divididas em 10 itens de uma, duas, três e
quatro sílabas, apresentadas nesta ordem. O número de acertos em ambas provas foi
calculado e comparado à normalidade. Para análise estatística foram utilizados os testes
de correlação de Spearman, Kruskal-Wallis e Wilcoxon, com nível de significância de 5%.
Resultados: Na prova de vocabulário, o grupo apresentou média de 59.2% de
designações, encontrando-se abaixo do esperado para a idade (W=1224;p-valor=0,000).
Todos apresentaram desempenho abaixo do esperado no TMCPF, com as seguintes
médias para monossílabas (M=9.3), dissílabas (M=8.0), trissílabas (M=5.1) e polissílabas
(M=2.7), que apresentaram diferença significante (H=23.58;p-valor=0,000). Porém, não
houve correlação entre o desempenho em teste de vocabulário e TMCPF no grupo
estudado (rs=0,627;p-valor=0,07). Conclusões: Os sujeitos com DEL apresentaram,
mesmo após terapia fonoaudiológica, desempenho inferior a seus pares normais em
ambos testes. Estas crianças apresentaram déficits semânticos e na capacidade de
armazenamento da MCPF. O tamanho reduzido da amostra foi fator decisivo para,
mesmo sob aparência de existência de correlação, esta não ser significante. Este estudo
apresentou seus dados preliminares e continua em andamento.

350
Nível de escrita e habilidades de processamento auditivo de crianças com e sem
experiência musical

Júlia Escalda; Flávia Leal Ferreira Silva

Introdução: Os usos e funções sociais da linguagem escrita são desenvolvidos em


diversos contextos, dentro e fora da escola. A alfabetização refere-se ao processo de
aquisição do sistema convencional de escrita e acontece primordialmente no contexto
escolar. Já o letramento refere-se ao conjunto de práticas sociais que têm a escrita como
instrumento de mediação simbólica em diferentes contextos para atingir objetivos
diversos. A participação das crianças em aulas de música pode contribuir para o
desenvolvimento da linguagem escrita. Elementos da música podem atuar em aspectos
cognitivos e criativos do sujeito e assim estimular o desenvolvimento da sua comunicação
e da afetividade. Além disso, a música tem relevância no desenvolvimento auditivo de
crianças e no desenvolvimento de linguagem oral e escrita. Objetivo: Investigar diferenças
entre o nível de escrita e habilidades de processamento auditivo entre grupos de crianças
que participam e não participam de aulas de música formal. Metodologia: Trata-se de
estudo transversal com amostra selecionada por conveniência, realizado com as crianças
com idades entre cinco anos e dez meses e seis anos. Participaram do estudo 21
crianças que foram distribuídas em dois grupos: Grupo Estudo (GE): 10 crianças
matriculadas em escola especializada de música durante pelo menos seis meses; Grupo
Controle (GC): 11 crianças, matriculadas em escola regular, que não frequentavam aulas
de música formal. Foram enviados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e
questionários aos pais e responsáveis para seleção e caracterização dos participantes.
Foi realizada a Avaliação Simplificada do Processamento Auditivo (ASPA), um ditado de
palavras e pseudopalavras e coletadas amostras de escrita com base em uma canção
infantil. Os dados foram analisados por meio do teste Mann-Whitney, para as variáveis
contínuas e do teste do Qui-quadrado para as variáveis categóricas por meio do programa
SPSS, versão 17.0. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, sob o
parecer número 216.283. Resultados: Não foram encontradas diferenças significantes
entre os dois grupos, em relação às variáveis demográficas, socioeconômicas e escolares
estudadas, configurando grupos homogêneos, sendo a principal diferença participação
em aulas de música. Em relação à ASPA, observou-se diferença significante (U= 35,0; p=
0,039) entre os dois grupos no teste de Localização Sonora, com maior frequência de
acertos no GE, resultado que pode ter sofrido influência de sua participação em aulas de
música. A maioria das crianças de ambos os grupos encontram-se na fase alfabética de
escrita (n= 8; 80% no GE e n= 7; 63,6% no GC), sem diferenças estatísticas (X2= 1,02; p=
0,600). Conclusões: Em relação ao nível de escrita, não foram observadas evidências de
diferenças entre as crianças dos dois grupos. Os resultados da ASPA demonstraram que
a participação em aulas de música pode influenciar desempenho de crianças no teste de
localização sonora. Ressalta-se a relevância da música nas práticas letradas dentro e fora
da escola e, assim a necessidade de maiores investigações na área, visando também
buscar aplicações da música na clínica fonoaudiológica, em especial para abordagens
sociais voltadas para a linguagem escrita.

351
O impacto da severidade comunicativa de indivíduos autistas no nível de estresse
de seus pais.

Fernanda Dreux Miranda Fernandes; Thais Helena Ferreira Santos, Leticia Segeren,
Milene Rossi Pereira Barbosa

Introdução: A descoberta de uma patologia, deficiência ou alteração em uma criança traz


repercussões na vida dos pais, como também acontece com a família de uma criança
autista. O impacto sofrido por cada membro varia de caso a caso, mas a verdade é que
todos são impactados. Os sintomas dos distúrbios do espectro do autismo (DEA)
desencadeiam ele¬vados níveis de estresse nos membros da família. Sendo que os pais
de crianças autistas relatam passar por períodos de estresse principalmente pela
dificuldade de comunicação das crianças, do comportamento e do isolamento social.
Objetivo: Relacionar a severidade de habilidades comunicativas de crianças e
adolescentes autistas ao nível de estresse de seus pais Métodos: Foram selecionados 36
sujeitos com idades entre 3 e 14 anos em atendimento no LIF-DEA da FMUSP. Os pais
desses sujeitos responderam a um questionário que verifica o nível de estresse e as
respectivas terapeutas responderam ao Functional Communication Profile – Revised
(reduzido) (FCP-Rr) que verifica a severidade de cinco áreas: comportamento,
atenção/concentração, linguagem receptiva, linguagem expressiva e pragmática/social.
Os dados obtidos foram descritos e correlacionados a fim de verificar o impacto das
habilidades avaliadas pelo FCP-Rr ao nível de estresse relatado pelos pais. Resultados:
Os resultados parciais indicam que, no domínio comportamento, os pais de indivíduos
com alterações de grau normal a leve (que constituem 27%) apresentam baixo nível de
estresse em relação à amostra. Esse fato não acontece nos outros domínios:
atenção/concentração, linguagem receptiva e expressiva e pragmática/social,
evidenciando que qualquer mínima alteração para estes domínios há interferência no
nível de estresse dos seus pais. Conclusão: O nível de estresse dos pais de indivíduos
autistas aumenta progressivamente conforme aumenta a severidade do comportamento
de seus filhos e constituem uma importante ferramenta de verificação para um programa
de orientações.

352
O papel do léxico e das pistas auditivas, visuais e audiovisuais na percepção da
fala

Luciana Rodrigues Esmeraldo; Wilson Júnior de Araújo Carvalho

Introdução: A maioria dos estudos sobre percepção de fala considera que os mecanismos
acústico-auditivos são suficientes para que se dê a percepção da sonoridade da fala
(SANTOS, 2006; FICKER, 2003; PEREIRA, 2007; NOGUEIRA, 2009), no entanto, neste
estudo, assumimos que a percepção da fala apresenta uma natureza multimodal, a partir
da qual vários canais sensoriais se encontram integrados, tais como a audição e a visão
(Mc GURK e MAC DONALD, 1976; MASSARO; COHEN, 1983; KLUGE, 2004, 2009),
além disso, consideramos que a percepção pode ser afetada por aspectos relativos ao
léxico (BYBEE, 2001; DAMÁSIO, 2004). Objetivo:Assim considerando, temos por objetivo
analisar o papel do léxico e de pistas auditivas, visuais e audiovisuais na percepção das
oclusivas labiais e velares em crianças monolíngues do português brasileiro.
Metodo:Participaram da pesquisa 10 crianças alfabetizadas, de ambos os sexos, com
faixa etária entre 7 e 9 anos, nascidas e residentes na cidade de Fortaleza. Para seleção
da amostra, as crianças foram submetidas à avaliação auditiva, visual e de fala, para que
qualquer alteração dessas habilidades fosse excluída. A avaliação auditiva foi realizada
por meio de audiometria tonal e vocal e imitânciometria. A acuidade visual foi investigada
pela tabela de Snellen. A avaliação da fala foi realizada com o teste Avaliação Fonológica
da Criança (YAVAS et. al, 2001). Para a realização da coleta de dados utilizamos um
aplicativo para testes de percepção de estímulos – TPS (RAUBER; RATO; KLUGE;
SANTOS, 2012), software que permitiu a elaboração e a aplicação do teste de percepção
de fala. O teste utilizado foi o de identificação em três condições (auditiva, visual e
audiovisual). O teste formulado utilizou palavras e não palavras, além de palavras
distratoras, todas no padrão CVCV. Resultados:A análise foi feita com os dados gerados
pelo TPS em uma planilha que revelou as respostas nas três condições testadas. De
acordo com os dados já analisados, a condição audiovisual parece favorecer a percepção
da fala. Conclusão:As análises iniciais indicam ainda que não há diferenças significativas
nas respostas entre palavras e não palavras.

353
O projeto amplitude e o atendimento multidisciplinar no transtorno do espectro
autista

Tânia Augusto Nascimento; Talita de Freitas Cicuti, Roberta Issa Santana, Paloma
Moreno Martins Ferreira, Natany Compasso Seixas, Mariana Ueda de Souza Benevides,
Kamilly Santos Guedes Pereira, Isabella Faria, Fernanda Chequer de Alcântara Pinto,
Bruna Martins Araújo, Ana Paula Alves de Sousa

Introdução: O Autismo é um transtorno de desenvolvimento caracterizado por prejuízos


em três grandes áreas: comunicação, interação social e comportamento. Existe uma
ampla e complexa variabilidade de sinais presentes em cada uma das três áreas, por isso
o atendimento terapêutico visa o ensino de habilidades comunicativas, sociais,
acadêmicas, de vida diária e aumento do repertório de interesses, criando estratégias que
garantam o aprendizado e favoreçam o desenvolvimento integral das crianças. Objetivo:
Apresentar uma organização não governamental especializada em atender crianças com
Transtorno do Espectro Autista (TEA). APRESENTAÇÃO DA INSTITUIÇÃO: O projeto
amplitude surgiu de uma experiência de vida, onde o diagnóstico, o tratamento e a
informação foram importantes para promover desenvolvimento e qualidade de vida. A
finalidade do projeto é dar assistência gratuitamente a crianças com TEA através de
terapia fonoaudiológica, psicologia comportamental, acompanhamento pedagógico e
orientação aos familiares e cuidadores, bem como trabalhar para difundir e aumentar o
conhecimento sobre transtornos de desenvolvimento. Atualmente são atendidas 80
crianças, com até 10 anos idade e diagnóstico de TEA. O processo de avaliação começa
na primeira entrevista com a assistente social, em seguida, iniciam-se as entrevistas e
avaliações com as equipes específicas. Após a avaliação e discussão dos casos, são
formulados os objetivos terapêuticos semestrais baseados em um currículo de ensino,
assim, as crianças iniciam as intervenções. Os atendimentos são realizados
individualmente, duas vezes por semana com cada especialidade, sendo cada sessão
com duração de 50 minutos. Semanalmente são realizadas discussões multiprofissionais
e ao longo do semestre são oferecidos cursos para pais e profissionais. A terapia
psicológica utiliza como metodologia a terapia comportamental e os atendimentos
fonoaudiológico e pedagógico baseiam-se nos preceitos da Análise do Comportamento
Aplicada (ABA). Com base nesta metodologia, a fonoaudiologia atua no processo de
desenvolvimento da linguagem verbal e não-verbal. O primeiro passo é avaliar os
recursos linguísticos e comunicativos utilizados pela criança e, em seguida, auxiliar no
desenvolvimento das habilidades que apresentam falhas. Quando necessário, é utilizado
o Sistema de Comunicação por Troca de Figura (PECS) como método alternativo e
aumentativo de comunicação, tal utilização consiste no uso de troca de figuras para
realização de pedidos e comentários. A criança aprende a trocar o símbolo pelo objeto de
desejo e assim, iniciar atos comunicativos em todo seu cotidiano. As respostas são
registradas a cada sessão, analisadas periodicamente e a cada semestre novos objetivos
são traçados visando o desenvolvimento constante e global da criança. O Projeto
Amplitude encontra-se em constante aprimoramento para adequar os seus atendimentos,
visando sempre a melhora dos atendimentos terapêuticos e consequentemente o
desenvolvimento e a qualidade de vida das crianças e de seus familiares.

354
O uso da retextualização como estratégia nas terapias fonoaudiológicas com
sujeitos surdos

Ana Cristina Guarinello; Débora Pereira Cláudio, Priscila Soares Vidal Festa, Hugo
Amilton Santos de Carvalho, Ana Paula Berberian, Giselle Massi

Introdução: Esse trabalho está fundamentado em uma concepção de linguagem que a


reconhece como trabalho constitutivo, social, histórico e implicado na constituição dos
sujeitos e da própria linguagem, a qual se organiza por meio de gêneros textuais.
Considera os recursos de retextualização como importantes para que os surdos
estabeleçam relações entre a língua de sinais e a língua portuguesa, sendo capazes de
produzir textos escritos de acordo com convenções ortográficas e gramaticais do
português. Objetivo: O objetivo desse trabalho é analisar operações de retextualização
usadas nas produções escritas de sujeitos surdos. Métodos: Fazem parte da pesquisa 24
textos escritos por 8 surdos que possuem perda auditiva profunda com idades entre 11 e
33 anos que faziam uso de LIBRAS e da língua portuguesa em sua modalidade escrita.
Os textos eram produzidos em sessões em grupo, contando com a presença de uma
fonoaudióloga, além de outros profissionais envolvidos com os sujeitos. Inicialmente os
sujeitos produziam textos em língua de sinais, que, depois de comentados e discutidos,
eram retextualizados por meio da escrita. Após essa retextualização, os sujeitos surdos
eram convocados a reler o texto e, caso julgassem necessário, a modificá-lo. Na
sequência, eles reliam os textos em conjunto com os profissionais e o retextualizavam em
uma versão final escrita. E, para efeitos da análise, as versões originais, as
retextualizadas, bem como as operações usadas pelos profissionais são apresentadas em
quadros. Resultados: Nos textos analisados, as operações de reestruturação de
estruturas sintáticas, de reconstruções textuais em função da norma da língua, bem como
as de tratamento estilístico com seleção de novas estruturas sintáticas e opções lexicais
foram as mais usadas nos processos de retextualização. Conclusão: A análise realizada
dos textos de sujeitos surdos anuncia que, a partir dos processos de retextualização, os
sujeitos da pesquisa passaram a refletir sobre a escrita e sua função social, assumindo
essa modalidade da linguagem com mais disposição e autoconfiança.

355
O uso do dispositivo speecheasy na terapia da gagueira desenvolvimental
persistente: relato de caso

Cláudia Fassin Arcuri; Eliane Regina Carrasco, Ana Maria Schiefer, Marisa Frasson de
Azevedo

Introdução: Normal em relação ao efeito do feedback auditivo atrasado (Delay Auditory


Feedback) e da realimentação com a frequência alterada (Frequency Altered Feedback).
A utilização do feedback auditivo atrasado como técnica terapêutica pode levar a um
efeito positivo na fluência da fala em indivíduos que gaguejam, e por isso parece ter uma
função importante na melhora da gagueira. Estudos têm mostrado que inúmeros fatores
podem interferir na eficácia deste recurso, sendo difícil prever quando um indivíduo que
apresenta gagueira desenvolvimental persistente terá benefícios na fala ou não. Objetivo:
Verificar o efeito do feedback auditivo atrasado (DAF) e alteração da frequência (FAF) na
severidade da gagueira em um adulto com gagueira desenvolvimental persistente, por
meio do aparelho SpeechEasy associado à terapia fonoaudiológica de fala durante um
período de 6 meses. Metodo: O estudo foi realizado no Setor de Avaliação e Diagnóstico
Fonoaudiológico de um hospital público do estado de São Paulo (CEP nº 0336/11), com
um indivíduo do sexo feminino, 32 anos, 3º grau completo, diagnosticado com Gagueira
(CID- 10 F 98.5) de grau moderado (SSI-3,Riley,1994). Foi feita gravação de fala
espontânea e quantificou a severidade da gagueira durante a utilização do aparelho
SpeechEasy testado em ambas orelhas, separadamente. Após de 06 meses de utilização
do aparelho previamente adaptado na orelha de escolha da paciente (Direita), sem apoio
terapêutico, a severidade da gagueira foi verificada novamente (SSI-3,Riley,1994).
Resultados: apresentou frequência das disfluências atípicas na avaliação inicial de 15,8%
e grau de severidade da gagueira classificado como MODERADO. Após imediata
adaptação do aparelho, apresentou 2,53% de disfluências atípicas e o grau foi
classificado em MUITO LEVE. Após a utilização do aparelho por 6 meses, sem
acompanhamento terapêutico, na reavaliação apresentou 6,19% de disfluências atípicas e
o grau foi classificado como LEVE. Discussão: A utilização do feedback auditivo atrasado
e da alteração da frequência como recurso terapêutico, mostrou neste indivíduo, uma
modificação positiva na fluência da fala de forma imediata. Porém, a utilização do
dispositvo sem apoio terapêutico ao longo dos 6 meses, refletiu num aumento das
disfluências atípicas, e consequentemente, no grau de severidade da gagueira. Esses
resultados indicam a necessidade de realização de terapia fonoaudiológica conjuntamente
ao uso do dispositivo para se desenvolver a atenção ao sinal acústico, como preconiza a
literatura. Conclusão: houve melhora expressiva na severidade da gagueira do indivíduo
analisado por meio do uso do dispositivo de feedback auditivo atrasado - DAF e alteração
da frequência –FAF. Entretanto, a melhora inicialmente verificada não se manteve tão
efetiva com o uso do dispositivo sem a terapia em conjunto.

356
Ocorrência de alterações de linguagem em crianças prematuras de 12-36 meses de
idade cronológica

Selma Mie Isotani; Paloma Hiroko Sato, Jacy Perissinoto

Introdução: A OMS define como recém-nascido pré-termo, ou prematuro, aquele nascido


com idade gestacional abaixo de 37 semanas (36 semanas e 6 dias) e, como criança de
baixo peso, todo bebê com peso inferior a 2500 gramas ao nascimento. A prematuridade
é apontada como um fator de risco biológico para o desenvolvimento típico infantil,
aumentando a probabilidade para problemas em diversas áreas e momentos do curso do
desenvolvimento (Linhares, 2004). Embora grande parte dos recém-nascidos prematuros
não desenvolva alterações neurológicas graves, estes estão mais propensos a
apresentarem alterações e/ou desvios em suas aquisições e em seu desenvolvimento nas
áreas motora, linguística, cognitiva, podendo apresentar no futuro, distúrbios de
aprendizagem, déficits de atenção, problemas de comportamento, déficits na
coordenação motora, percepção viso-espacial e dificuldades de linguagem (Lamônica e
Picolini, 2008). Objetivos: Descrever a ocorrência de alterações da linguagem nos
aspectos de emissão e recepção em crianças nascidas pré-termo e de baixo peso, com
idades entre 1 e 3 anos no primeiro dia de avaliação fonoaudiológica e, verificar a
associação de alterações de linguagem com as variáveis: sexo, idade gestacional (IG),
peso ao nascimento (PN), classificação do neonato, idade e escolaridade materna.
Método: A amostra foi constituída por 57 prontuários de crianças de ambos os sexos,
sendo 26 do sexo masculino e 31 do sexo feminino, nascidas prematuras e
acompanhadas por equipe multidisciplinar, avaliadas entre 2007 e 2012. Foram excluídas
da amostra as crianças que não completaram a avaliação fonoaudiológica por meio do
PLS-4, ou que não apresentarem avaliação audiológica e/ou neurológica, ou crianças que
apresentarem diagnóstico na avaliação audiológica e/ou neurológica alterado. Para a
avaliação de linguagem das crianças foi utilizado o PLS-4 – Preschool Language Scale –
Fourth Edition que tem por objetivo avaliar as habilidades de linguagem, nos aspectos de
Compreensão Auditiva (CA - recepção) como de Comunicação Expressiva (CE -
emissão), de acordo com a faixa etária. O instrumento prevê escores padronizados e
classifica a idade equivalente para as subescalas de CA e de CE, as quais possuem um
escore bruto (absoluto) e um escore padrão (relativo), e escore total de linguagem. Cada
uma dessas subescalas avaliam as habilidades nas áreas de comportamentos pré-
verbais, bem como as competências linguísticas nas áreas de morfologia, semântica,
sintaxe e competências linguísticas integrativas e consciência fonológica. Resultados: As
crianças apresentaram alteração de linguagem (28,1%), com maior prevalência de
alteração em CA (24,6%) do que em CE (22,8%). Houve uma associação positiva entre a
idade das crianças no dia da avaliação com os escores absoluto/ bruto: quanto maior a
idade, maior foi o valor do escore absoluto/ bruto. Em relação às outras variáveis, não
houve diferenças significantes em nenhuma das variáveis associadas tanto à CA quanto à
CE. Conclusão: Crianças nascidas prematuras e de baixo peso estão em risco para o
desenvolvimento da linguagem receptiva e expressiva. Nesta amostra não foi verificada
associação entre resultados no PLS-4 e as variáveis estudadas, embora a literatura
aponte para a influência das mesmas.

357
Os afásicos consideram prazerosas atividades de comunicação do cotidiano?

Leticia Lessa Mansur; Marcela Lima Silagi, Sueli Aparecida Zampieri, Priscilla Donaire
Brasil

Introdução: São poucos os estudos e instrumentos que avaliam a qualidade de vida em


pacientes afásicos, supostamente impactada pela diminuição da capacidade funcional e
de participação em atividades prazerosas. Estudos com pessoas idosas mostram que um
fator fundamental para o bem estar desta população é participar de atividades prazerosas
o que os ajudaria a lidar com efeitos negativos de perda de funcionalidade, viuvez e
restrição de contatos familiares, e favoreceria o bem-estar físico e psicológico. Os
instrumentos que medem qualidade de vida em idosos valorizam a opinião do idoso a
respeito das questões que consideram importantes em sua vida. Consultamos três
instrumentos que avaliam este aspecto: The Pleasant Events Schedule – AD, The
California Older Person Pleasant Events Schedule- COPPES e The Pool Activity Level
Checklist – PAL. Neste trabalho foi utilizado o instrumento COPPES composto por 66
itens que descrevem atividades que idosos tendem a considerar prazerosas. O propósito
deste instrumento é o levantamento de atividades que sejam prazerosas a indivíduos
idosos, referidas por eles próprios. É investigada a frequência de determinadas atividades
na vida do paciente, sendo classificadas em nenhuma vez(0), algumas vezes(1) e muitas
vezes(2) e o grau de prazer que elas proporcionam ao indivíduo, cujas respostas são
classificadas em nenhum prazer(0), pouco prazeroso(2), bastante prazeroso(3). A
discrepância entre estas respostas, frequência e grau de importância, indicará qual ou
quais atividades deverão ser intensificadas diariamente na vida do paciente. Objetivo: O
objetivo deste trabalho foi avaliar o envolvimento de pacientes com o diagnóstico de
afasia de Broca em atividades prazerosas, com ênfase nas atividades que dependem
diretamente de habilidades comunicativas. Metodo:Foram selecionadas 12 das 66
atividades que constam no COPPES. O instrumento foi aplicado a duas pacientes com o
diagnóstico de Afasia de Broca e que estão em atendimento no Laboratório de
Investigação Fonoaudiológica em Distúrbios Neurológicos no Adulto e no Idoso da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Resultados: Os dados foram
analisados quali-quantitativamente. A análise quantitativa revelou que a paciente 1 referiu
grau 2 de frequência em 66% das atividades apresentadas e grau 2 de nível de prazer em
91% delas. A paciente 2 referiu grau 1 de frequência em 50% das atividades
apresentadas e grau 2 de nível de prazer em 58% das mesmas. A análise qualitativa
revelou discrepância nas respostas das pacientes. Se compararmos as habilidades
comunicativas destas pacientes, a paciente 1 com melhor desempenho comunicativo
indicou 25% das atividades como prazerosas, enquanto a paciente 2 com maiores
dificuldades indicou 66%. É possível que a paciente 1, com melhor desempenho
comunicativo vivencie dificuldades, pelo fato de se engajar em tarefas de comunicação, o
que não acontece com a paciente 2. Outros fatores, além da afasia, deveriam ser
explorados para explicar preferências de engajamento de pacientes com acidente
vascular cerebral e afasia em atividades do cotidiano, tais como idade, estilo
comunicativo, suporte social. Conclusão:A ampliação da amostra é necessária para obter
resultados representativos desses pacientes.

358
Parâmetro de tempo para implementação do picture exchange communication
system-pecs em crianças autistas

Laís Hamada Kobayashi; Jacy Perissinoto, Ana Carina Tamanaha

Introdução: O Autismo caracteriza-se por prejuízos severos e persistentes nas áreas de


interação social, comunicação e por um repertório restrito e estereotipado de atividades.
Sabe-se que cerca de 75% das crianças autistas encontram-se impossibilitadas de utilizar
a comunicação verbal devido à associação com algum grau de comprometimento
intelectual. Portanto esses indivíduos necessitam de um recurso alternativo de
comunicação que permita a eles iniciar, sustentar e ampliar a situação dialógica. O PECS
(Picture Exchange Communication System) é um dos programas de comunicação mais
utilizados para esses casos, pois foi construído especificamente para atender aos
usuários autistas. Esse sistema envolve não apenas a substituição da fala por uma figura,
mas incentiva a expressão de necessidades e desejos. É composto por figuras/fotografias
selecionadas de acordo com o repertório lexical de cada sujeito. Seu treinamento é
composto por seis fases que devem ser cuidadosamente implementadas pelo
fonoaudiólogo, para que haja garantia de um uso autônomo. Sendo que as três primeiras
fases são fundamentais pois permitem o próprio entendimento do uso de cartões, a
discriminação de figuras e a seleção do repertório de figuras. E embora seja amplamente
usado mundialmente, não há evidências quanto ao tempo de implementação que possa
ser considerado norteador para a prática clínica. Objetivo:Sendo assim, o objetivo deste
estudo foi identificar um parâmetro de tempo para implementação da fase III do PECS em
crianças autistas não verbais. Método: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (nº do parecer 60704) e baseia-se na análise de um acervo de prontuários,
havendo autorização e consentimento prévio dos responsáveis pelas crianças. A amostra
foi formada por dez crianças autistas não verbais, do sexo masculino, com idades entre
cinco e dez anos, diagnosticadas e atendidas por equipe multidisciplinar em clínica-
escola. Todas as crianças apresentavam retardo mental variando de grau leve a
moderado. Nas avaliações neurológica e audiológica os resultados encontravam-se
dentro dos parâmetros de normalidade. Foram coletadas informações sobre escolarização
(tipo de escola e tempo); intervenção terapêutica fonoaudiológica (tempo médio - em
sessões – para implementação das fases I, II e III do PECS e total) e outras intervenções
multidisciplinares (em tempo médio). Para análise dos dados consideramos nível de
significância de 7%. Resultados: O tempo total médio entre as fases foi de 12 sessões. As
variáveis tempo de escolarização, tipo de escola, outras intervenções multidisciplinares
não mostraram correlações significativas. Apenas o Quociente Intelectual (QI) mostrou
correlação negativa (-76,3% p=0,017), ou seja quanto menor o desempenho cognitivo
maior o tempo gasto para implementação da fase I do PECS. Além disso, houve
correlação estatisticamente significante com a idade: quanto maior a idade, maior o
número total de sessões. Conclusão: Foi possível identificar como parâmetro de tempo
para implementação da fase III do PECS o intervalo de 12 sessões. Verificamos ainda,
influência do quociente intelectual e da faixa etária.

359
Parceria da fonoaudiologia com terapia comportamental no atendimento de
crianças com transtornos do espectro autista

Tânia Augusto Nascimento; Talita de Freitas Cicuti, Paloma Moreno Martins Ferreira,
Luma Fernandes Prexedes, Kathia de Souza Cordeiro, Kamilly Santos Guedes Pereira,
Juliana Maiara Silva Ribeiro, Gabriela Oliveira Castro, Fernanda Chequer de Alcântara
Pinto, Denise Miranda de Oliveira Donadio, Bruna Martins Araújo

Introdução: O quadro clínico do autismo infantil é descrito como uma síndrome, com início
precoce, caracterizada por perturbações das relações afetivas com o meio, inabilidade no
uso da linguagem para a comunicação, presença de boas potencialidades cognitivas;
aspecto físico aparentemente normal e comportamentos ritualísticos. Entre os sinais e
sintomas apresentados, nota-se grande déficit na comunicação e linguagem, sendo estes
importantes parâmetros para o diagnóstico diferencial e adequado. Os distúrbios de
comunicação podem envolver aspectos verbais e não verbais, assim como atingir os
subsistemas da linguagem, entre eles, o morfológico, o sintático e o semântico. Existe
uma grande variedade de fundamentos teóricos, que pautam as abordagens terapêuticas
com autistas, porém, os objetivos finais são os mesmos: melhorar as habilidades
linguístico-cognitivas, sociais e comportamentais.Sabe-se que a terapia comportamental,
que utiliza a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), é um dos métodos mais eficazes
no atendimento desses casos. Nesta abordagem comportamentos indesejados (como
estereotipias e falta de atenção) podem ser retirados ou extintos e comportamentos
desejados (como contato visual e intenção comunicativa) podem ser reforçados e
modelados por meio de estratégias como: ecóico, imitação motora, mandos, tatos,
intraverbais, pareamento de estímulos, entre outras técnicas, assim, é possível utilizar
estes pressupostos na intervenção fonoaudiológica. Objetivo: Caracterizar e descrever o
atendimento fonoaudiológico de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA),
baseada nos preceitos da ABA,envolvendo uma equipe multiprofissional. Método: A partir
da criação de um currículo subdivido em programas e habilidades essenciais para o
desenvolvimento infantil, o atendimento foi estruturado e dividido entre as áreas da
fonoaudiologia, psicologia e pedagogia. O seguimento clínico inicia-se após avaliação de
cada área, sendo as crianças diagnosticadas em serviços específicos e inseridas nas
terapias baseadas no sistema ABA. Os atendimentos são realizados individualmente em
sessões com duração de 50 minutos, duas vezes por semana e as terapias seguem
estruturadas com um profissional e um estagiário auxiliando a criança através de uma
hierarquia de ajudas onde o objetivo final é garantir respostas independentes e
consequentemente o aprendizado do paciente. O sistema estruturado e hierarquizado é
adaptado e adequado a cada criança, envolvendo amplo número de ações e estratégias
que compõe os objetivos diários e semestrais. Resultado: O atendimento em parceria com
as equipes de psicologia e pedagogia, associada aos preceitos da Análise do
Comportamento Aplicada permitem que a cada atendimento sejam observadas e
trabalhadas uma ampla quantidade de habilidades. Em cada sessão são realizadas
marcações referentes aos estímulos treinados e às respostas obtidas. Somente após a
obtenção de respostas independentes estes estímulos são trocados. Desta forma, é
possível acompanhar a evolução de cada criança e estabelecer metas específicas para
cada sessão, o que favorece também as orientações específicas realizadas com os pais.
Conclusão: A análise do comportamento possibilita que o fonoaudiólogo consiga entender
a função de comportamentos inadequados, o que facilita o direcionamento dos mesmos,
favorecendo o bom andamento da sessão e a aquisição de novas habilidades.

360
Percepção da fluência na leitura de crianças com dislexia e com desenvolvimento
típico: análise multilinguística

Muriel Lalain; Luciana Mendonça Alves, Alain Ghio, César Reis, Letícia Correa Celeste

Introdução: A dislexia é uma queixa frequente durante o processo de aprendizagem e é


definida pela Associação Internacional de Dislexia como um transtorno caracterizado por
dificuldades com reconhecimento preciso e/ou fluente de palavras e pela má ortografia.
Objetivo: testar a efetividade da Escala Multidimensional de Fluência em Leitura na
detecção de problemas de leitura e verificar o impacto das habilidades prosódicas na
percepção de professores brasileiros e franceses. Métodos: a metodologia consistiu na
apresentação de frases extraídas da leitura do texto por crianças disléxicas e leitores em
desenvolvimento normal para os juízes que classificaram cada extrato de acordo com a
Escala de Fluência Multidimensional. Amostras de três trechos diferentes da leitura de 10
crianças disléxicas e 10 leitores com desenvolvimento típico da mesma idade e
escolaridade (média de idade de 9,5 anos), todos os falantes nativos de Português, foram
aleatoriamente e cegamente apresentados a 20 juízes, 10 deles juízes brasileiros e 10
juízes franceses. O experimento foi executado no software Perceval. Cada trecho ouvido
pelos juízes foi classificado (observando as características descritas nos escores da
escala de 1 a 4 de acordo com as especificações para cada score) nos seguintes itens: A.
Expressividade B. Fraseamento (marcação das fronteiras de significado), C. Ritmo e D.
Velocidade. Foram realizadas medidas de estatística descritiva (média, mediana e desvio
padrão) e o teste não paramétrico de Mann Whitney foi aplicado, com um nível de
significância de 5%. Resultados: a resposta média para o grupo dislexia foi
significativamente inferior quando comparado com o grupo de controle. Ou seja, a escala
utilizada funciona bem como um indicador de problemas de leitura porque ele foi capaz de
definir bem a classificação entre os dois grupos, distinguindo claramente o grupo de
crianças disléxicas como não leitores fluentes e do grupo de leitores regulares como
fluente. Não houve diferença estatisticamente significativa nas respostas entre os juízes
brasileiros e franceses. Isto é, a percepção dos aspectos suprassegmentais da leitura é
extremamente relevante para a classificação de fluência na leitura, independentemente da
compreensão do conteúdo da mensagem lida. Conclusão: as habilidades prosódicas são
fortes fatores para a identificação de leitores disléxicos. O estudo demonstrou a
importância da atenção às características suprassegmentais da linguagem quando se
analisa a leitura. Essas características são importantes não só para descrever melhor a
leitura das crianças disléxicas, mas também para o monitoramento de fluência da leitura
na escola, com todos os alunos. A escala mostrou ser uma importante ferramenta para o
monitoramento fluência na leitura e também para a identificação de maus leitores, o que
seria indicativo para o acompanhamento e encaminhamento para o diagnóstico. A Escala
Multidimensional de Fluência em Leitura pode ser usada como uma ferramenta para a
triagem e monitoramento, tanto para fonoaudiólogos quanto para professores em salas de
aula regulares.

361
Perfil comparativo do nível de letramento de acadêmicos ingressantes e
concluintes do ensino superior

Sandra Silva Lustosa; Ana Cristina Guarinello

Introdução:Nos últimos anos, no Brasil, pesquisadores vêm demonstrando uma maior


preocupação em relação à leitura e à escrita dos alunos que ingressam na universidade.
A democratização do acesso à escola tem acarretado, nas universidades, o ingresso de
estudantes nem sempre familiarizados com os tipos e graus de letramento que a vida
acadêmica pressupõe. Tem-se verificado a presença de jovens que necessitam trabalhar
para custear os estudos, que acarreta diminuição do tempo de dedicação aos estudos.
Por outro lado, a escola de ensino fundamental e médio, de onde os alunos/trabalhadores
são oriundos, não tem conseguido desenvolver adequadamente as competências
necessárias para a formação de leitores produtores de texto. Objetivo: O presente estudo,
de campo e de caráter transversal, teve como objetivo verificar o nível de letramento de
alunos ingressantes no nível superior em comparação com o nível de letramento de
alunos em fase de conclusão em uma universidade privada do interior de São Paulo, bem
como verificar o perfil dos alunos ingressantes. Metodo:A amostra foi constituída por 392
participantes, sendo 218 alunos do primeiro ano e 174 alunos concluintes dos cursos de
Bacharelado e Licenciatura (Pedagogia, Letras, História, Geografia, Matemática, Física,
Química, Ciências Biológicas, Filosofia, Artes e Artes Visuais). A coleta de dados foi
realizada por meio de questionário com questões abertas e objetivas, com informações
pessoais, de vida escolar, além de dados sobre uso da leitura e escrita no cotidiano.
Foram utilizados testes práticos de leitura e escrita extraídos do Indicador Nacional de
Alfabetismo Funcional (INAF, 2009), composto por questões envolvendo a leitura e a
interpretação de textos do cotidiano: bilhetes, notícias, instruções, textos narrativos,
gráficos, tabelas, mapas anúncios e etc. (INAF – BRASIL, 2009). Resultados:A pesquisa
encontra-se em fase de análise, porém é possível apresentar os seguintes resultados
preliminares: 69,24% dos sujeitos são do sexo feminino, 61,59% possuem menos de 24
anos e 98,86% estudam no período noturno. A maioria, 79,55% dos acadêmicos, é
proveniente de instituições de ensino pública e a principal forma de ingresso no Ensino
Superior foi por meio do vestibular (92,27%). Parte dos sujeitos, 68,64%, trabalha nas
mais diferentes atividades e apenas 10,68% exercem funções relacionadas ao ensino e à
docência. A renda familiar de 47,50% da amostra é de 1 a 3 salários mínimos e de 3 a 6
salários para 31,14%. A maioria, 82%, aprendeu a ler e a escrever na escola tradicional e
apresentam alguma dificuldade para ler e para escrever, sendo 34,31% e 51,36%
respectivamente. Também foi possível verificar, pelo teste de Qui Quadrado (p ≤ 0,005),
que a proporção entre aqueles que referiram ter pouca e/ou muita dificuldade para
ler/escrever e dificuldade na faculdade foi significativamente maior do que os que
afirmaram não apresentar qualquer dificuldade. Concluir:É possível concluir, previamente,
que a dificuldade no letramento não diminuiu com os anos de contato com leitura e escrita
na universidade na amostra estudada, independente do conceito ENADE ser favorável
para os cursos estudados.

362
Perfil comportamental na doença de huntington: relato de casos de uma mesma
família

Caroline Stephanie da Silva; Célia Maria Giacheti

Introdução:A Doença de Huntington (OMIM ID #143100) é uma doença hereditária


neurodegenerativa ocasionada pela expansão excessiva do trinucleotídeo CAG,
responsável pela codificação da huntingtina no cromossomo 4p.16.3. Tal desordem
autossômica implica em, dentre outras manifestações, distonia muscular, coréia,
alterações cognitivas associadas a distúrbios de linguagem e disfagia; além de alterações
comportamentais que surgem como uma das primeiras manifestações desta condição. Há
variações quanto à prevalência da doença em diferentes países, regiões e grupos étnicos,
porém estima-se que a frequência é de quatro a sete a cada 100.000 indivíduos. O
diagnóstico da doença se dá por meio de aparecimento de sintomas, avaliação genética e
levantamento do histórico familial. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi identificar os
problemas comportamentais de dois indivíduos com o diagnóstico de Doença de
Huntington de uma mesma família (S1-pai e S2-filho), diagnosticados há mais de cinco
anos.Metodo: Os sujeitos são do gênero masculino, com quadro de disartria hipocinética,
déficit moderado de compreensão e histórico de alterações comportamentais. Para
responder o objetivo foi aplicado o inventário comportamental Adult Behavior Checklist
(ABCL) para indivíduos de 18 a 59 anos em forma de questionário a um dos membros da
família que é saudável, que também é a cuidadora dos participantes. Os resultados foram
analisados conforme o escore obtido em cada uma das oito Escalas Isoladas e agrupadas
em Escalas Internalizantes, Externalizantes e Total de Problemas. Os pontos de corte
determinam as categorias em não clínica, limítrofe e clínica para cada escala.
Resultados:Foi observado que ambos os indivíduos apresentaram comportamento clínico
para a escala de isolamento, com escores elevados para a escala de ansiedade. Nas
escalas agrupadas observou-se escore clínico para a escala de comportamentos
internalizantes. Constatou-se também escores mais elevados para o indivíduo S1, o mais
velho dos participantes (pai), que pode estar relacionado ao avanço da doença, uma vez
que se trata de uma condição degenerativa. Conclusão: Os dados aqui reportados são
ainda preliminares, porém ressalta-se que os problemas comportamentais encontrados
em nossa amostra confirmaram aqueles já descritos como parte do fenótipo de indivíduos
com a Doença de Huntington e podem subsidiar a atuação multidisciplinar que esta
condição exige e o impacto das alterações comportamentais não prejudicarem a
intervenção fonoaudiologica. (Apoio Fapesp-2013)

363
Perfil dos pacientes com distúrbios da linguagem atendidos nos setores de
fonoaudiologia e psicologia

Ana Cristina de Albuquerque Montenegro; Rafaella Asfora Siqueira Campos Lima, Luziara
Bormann Goes

Introdução: A Fonoaudiologia é uma ciência que possui interface com várias disciplinas.
Na área de linguagem infantil é comum haver interação com a Psicologia do
desenvolvimento e da aprendizagem. A aquisição e desenvolvimento da linguagem oral
requerem dentre outros fatores um bom desenvolvimento no aspecto
Psicológico.Objetivo: Este estudo tem como objetivo demonstrar o perfil dos pacientes
atendidos no ambulatório de uma Instituição da cidade do Recife, que apresentavam
transtornos no desenvolvimento da linguagem oral ou escrita e que foram encaminhados
ao setor de Psicologia da Instituição após avaliação fonoaudiológica. Metodo: Para este
trabalho, foi realizado um levantamento do banco de dados do setor de Fonoaudiologia da
Instituição, do período de 2003 a 2013, sendo selecionadas as crianças com idade de 0 a
12 anos, com queixa de alterações da linguagem oral ou escrita, totalizando 123 crianças.
Para a construção do perfil, foram selecionadas as variáveis: idade, gênero e hipótese
diagnóstica. Foi utilizada a análise estatística descritiva dos dados.Resultados: Os
resultados demonstraram que das 184 crianças atendidas no setor de Fonoaudiologia da
Instituição, 123 (66,85%) crianças apresentavam queixa de alteração na linguagem. Deste
total de 123 crianças, 35 (28,45%) foram encaminhadas ao setor de Psicologia. Quanto às
variáveis analisadas neste subgrupo, foi constatado que houve uma predominância de
crianças do sexo masculino 22 (62,85%). O grupo etário em que mais houve
encaminhamento para o setor de psicologia foi entre 1:0 e 4:11 anos totalizando 57% das
crianças. Quanto à hipótese diagnóstica, o grupo de crianças em que mais ocorreram
encaminhamentos do setor de psicologia foi: desvio fonológico (25,71%) e retardo no
desenvolvimento de linguagem simples (25,71%) ou associado a transtorno global do
desenvolvimento (22,85%). Além disso, houve encaminhamentos de crianças com
hipótese diagnóstica de dificuldade de leitura e escrita (5,71%), distúrbio de leitura e
escrita (14,28%), disfluência fisiológica (2,85%) e gagueira (2,85%). Assim, observa-se
que crianças do sexo masculino, com idade entre 1:0 a 4:11 anos, com hipótese
diagnóstica de desvio fonológico ou retardo no desenvolvimento da linguagem simples ou
associado a transtorno global do desenvolvimento formam o perfil de pacientes com maior
índice de encaminhamentos ao setor de Psicologia. Conclusão:Observa-se que há uma
estreita relação entre o desenvolvimento do aspecto psicológico e o desenvolvimento da
linguagem oral. Espera-se que este trabalho possa contribuir para um maior
alcance/entendimento da interrelação entre a Fonoaudiologia e a Psicologia.

364
Perfil fonoaudiológico e comportamental de um caso com diagnóstico de esclerose
tuberosa

Tâmara Andrade Lindau; Tamires Soares, Dionísia Aparecida Cusin Lamônica, Célia
Maria Giacheti

Introdução: A Esclerose Tuberosa ou doença de Bourneville (OMIM ID #191100) é uma


facomatose, ou seja, uma doença do sistema nervoso central caracterizada pela formação
de lesões cerebrais como tubérculos, nódulos subependimais e anomalias da substância
branca que, adicionalmente, causam sintomas em nível cutâneo, de herança autossômica
dominante frequentemente causada por uma mutação de novo, com penetrância
incompleta e expressividade variável. Há mutações conhecidas em dois genes
associados a esta condição, o primeiro é o TSC1, localizado no cromossomo 9q34 e o
segundo TSC2 localizado no cromossomo 16p13, porém não há diferença significativa do
fenótipo relacionado a um dos genes, sendo tais mutações variadas e de difícil
identificação. Apresenta o fenótipo caracterizado por tríade de sintomas, que envolve: (1)
manifestações do sistema nervoso central: epilepsia, dificuldade de aprendizagem e
problemas de comportamento; (2) lesões renais: angiomiolipomas, cistos e carcinomase
(3) lesões cutâneas: angiofibroma da face e máculas melanóticas, porém esta tríade não
é encontrada em grande parte dos indivíduos. Portanto, devido à difícil identificação do
gene e a presença da tríade pode-se considerar o diagnóstico clínico desta condição
quando constatamos a presença de dois sintomas maiores – adenomas sebáceos, pontos
hipopigmentados, tubérculos corticais, nódulos subependimários - ou um maior e dois
outros sintomas menores – cistos ósseos ou renais, miomas gengivais, tumores benignos
renais. Apresenta prevalência mínima global de 1/27.000. Objetivo: O objetivo do trabalho
é descrever as características da linguagem falada e comportamentais de um caso com
diagnóstico de Esclerose Tuberosa. Métodos: Refere-se a um estudo de caso com um
sujeito de 9 anos de idade do gênero feminino. Foi realizada avaliação da linguagem
falada, por meio de observação do comportamento comunicativo e pela aplicação do
inventário MacArthur de desenvolvimento comunicativo: primeiras palavras e gestos
(IMDC), segundo avaliação dos pais. Para o perfil comportamental foi utilizado o
inventário comportamental para pais Child Behavioral Checklist / 6-18 (CBCL).
Resultados: Apresenta distúrbio de linguagem de grau severo com prejuízos significativos,
nos vários subsistemas. Produz monossílabos isolados, e algumas palavras com
significado. Apresenta compreensão oral assistemática e acata algumas ordens simples
em contextos imediatos e concretos. Os resultados obtidos pelo IMDC confirmam o
extenso prejuízo nas habilidades receptivas e expressivas. Apresentou alteração nos
aspectos cognitivos, com dificuldades nas funções viso-espaciais, sensório-motora
corporal, tempo de atenção reduzido e dificuldade de interação. Quanto ao inventário
comportamental (CBCL/6-18), a análise do escore obtido em relação ao esperado para a
faixa etária e gênero indicou que a escala de total de problemas comportamentais e a
escala de problemas sociais e atencionais apresentaram pontuação inserida na categoria
clínica, indicando a presença de problemas nestas áreas. Já os comportamentos
internalizantes (problemas ansiedade/depressão; isolamento/depressão e queixas
somáticas) e externalizantes (problemas comportamentais de quebrar regras e
comportamento agressivo) apresentaram pontuação dentro dos padrões de normalidade.
Conclusão: Diante o exposto, verificou-se desempenho muito abaixo do esperado,
caracterizado por prejuízo significativo, nas habilidades comunicativas, linguísticas e
comportamentais. Há necessidade de investigações específicas a fim de melhor
compreender o fenótipo comportamental e de linguagem nesta condição e compreender
os efeitos deletérios da Esclerose Tuberosa.

365
Perfil fonoaudiológico na ataxia de friedreich: relato de caso

Tâmara Andrade Lindau; Tamires Soares, Roberta Gonçalves Silva, Célia Maria Giacheti

Introdução: A Ataxia de Friedreich (OMIM ID #229300) é uma condição genética grave,


com herança autossômica recessiva, que afeta o sistema nervoso central e periférico, em
que a maioria dos casos está associada à mutação do gene frataxin (FXN) - que codifica
a proteína mitocondrial frataxina - no cromossomo 9q21. A prevalência estimada é de
1/50.000 em populações caucasianas, sendo rara em indivíduos africanos e não existente
no extremo oriente. O fenótipo clínico apresenta progressão variável, tendo em vista a
grande complexidade de manifestações neurológicas, que incluem: ataxia de marcha,
dismetria, perda da sensibilidade proprioceptiva e superficial grave, fraqueza e atrofia das
extremidades, perda de tônus muscular, espasticidade, reflexos deprimidos; distúrbios
oculomotores complexos; déficit visual e auditivo, disartria e disfagia. Aproximadamente
85% dos pacientes com Ataxia de Friedreich (FRDA) apresentam cardiomiopatia e 25%
têm diabetes mellitus. Objetivo: Caracterizar o perfil fonoaudiológico de um indivíduo de
11 anos de idade cronológica, do gênero masculino com diagnóstico de Ataxia de
Friedreich. Métodos: Para responder ao objetivo do relato do caso foi realizada a história
clínica, avaliação da linguagem falada complementada pela narrativa oral de história,
eliciada com o livro “Frog, where are you?, avaliação da linguagem escrita e da audição
por meio da audiometria tonal e imitânciometria. A avaliação para risco de disfagia foi
realizada por meio do instrumento Eating Assessment Tool (EAT/10). Resultados: Em
tarefas de linguagem falada foi observado um quadro disártrico leve caracterizado pela
hipernasalidade, velocidade reduzida e diminuição do tônus. Apresentou desempenho
léxico-sintático e pragmático preservado na elaboração e estruturação da narrativa oral de
histórias, sem dificuldades para seguir instruções simples ou complexas, ou seja, o nível
receptivo da linguagem falada encontra-se preservado, assim como o nível expressivo.
Apresenta lentidão na escrita, caracterizando grau leve de disgrafia pela falta de precisão
decorrente de alteração de tônus muscular pertencente a esta condição. Em relação à
avaliação auditiva, esta se encontra dentro dos padrões de normalidade. Mediante
resultado encontrado na avaliação de deglutição o P. apresentou pontuação sugestiva de
problemas de deglutição e segurança. Conclusão: Foi possível concluir que o fenótipo de
linguagem do caso descrito com FRDA não foi caracterizado por alterações na linguagem
oral e escrita envolvendo o nível expressivo e receptivo. Porém, em relação à fala
encontra-se um quadro disártrico, característico desta condição. Estes achados sugerem
a necessidade de investigações mais específicas e acompanhamento voltado às
habilidades de fala e deglutição.

366
Performance de pré - escolares brasileiros no dyslexia early screening test:
achados preliminares

Tatiana Ribeiro Gomes da Matta; Débora Maria Befi-Lopes

Introdução: Crianças com dificuldade de aprendizagem estão cada vez mais presentes
nas instituições escolares. Estudos epidemiológicos indicam que a prevalência dos
transtornos específicos de leitura está entre 5 e 10% da população mundial em idade
escolar. A identificação precoce destes distúrbios possibilita uma intervenção mais eficaz,
além de prevenir consequências emocionais e comportamentais. É imprescindível,
portanto,identificar a dislexia o mais cedo possível de modo que a intervenção possa ser
iniciada visando prevenir as dificuldades de leitura. Instrumentos padronizados são
bastante utilizados como auxiliares nos processos de avaliação e diagnostico. O Dyslexia
Early Screening Test (DEST-2) é um instrumento de triagem capaz de identificar
dificuldades características da dislexia, além de fornecer informações importantes que
podem ser utilizadas para planejar processo terapêutico. O objetivo é identificar as
crianças de risco para possibilitar a intervenção adequada antes que elas iniciem um
processo de insucesso acadêmico e baixa autoestima. Objetivo:Traduzir e adaptar o
DEST-2 para verificar sua aplicabilidade e eficácia em pré-escolares falantes nativos do
português brasileiro.Metodologia:O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
responsável sob o protocolo de pesquisa 014/12. Participarão desta pesquisa 200
crianças, de ambos os gêneros, com idades entre 4 anos e 6 meses e 6 anos e 5 meses,
regularmente matriculadas em escolas municipais da Grande São Paulo. Do total de
participantes 40 constituirão o grupo controle (estudo piloto) e 160 o grupo teste. A
pesquisa possui 3 etapas: na primeira foram realizadas a tradução e retrotradução do kit
completo do DEST-2. A segunda etapa (estudo piloto) visa garantir a qualidade da
tradução e a aplicabilidade das provas em falantes nativos do português brasileiro. Desta
forma, apenas as crianças que possuem desempenho adequado nas provas de fonologia
e vocabulário do ABFW Teste de Linguagem Infantil realizam as provas traduzidas do
DEST-2. Na última etapa serão aplicados ambos os testes (DEST-2, fonologia e
vocabulário do ABFW teste de linguagem infantil) em uma amostra randomizada de 160
crianças. Os sujeitos que falharem no DEST-2 terão os resultados das provas de
Fonologia e Vocabulário analisados para confirmar a existência de déficits e desta forma
verificar a efetividade do teste para crianças brasileiras. Os dados obtidos receberão
tratamento estatístico para responder aos objetivos propostos. Resultados: Até o
momento participaram da pesquisa 20 crianças de ambos os gêneros, sem queixas
relacionadas à aprendizagem e sem indicadores de alterações da visão, audição,
distúrbios neurológicos, cognitivos ou comportamentais. Todos os participantes
apresentaram desempenho dentro do padrão de normalidade para sua faixa etária nas
provas de Fonologia e Vocabulário do ABFW teste de linguagem infantil, bem como nas
provas traduzidas do DETS-2.Conclusões: Os achados preliminares indicam que o DEST-
2 é eficaz na identificação de alterações características da dislexia em crianças falantes
nativas do português brasileiro, sem necessitar de mudanças significativas na sua
tradução.

367
Pesquisa bibliográfica sobre a utilização do nasômetro

Beatriz dos Santos Carvalho; Joviane Bonini, Marileda Barichello Gubiani, Marizete Ilha
Ceron, Helena Bolli Mota, Márcia Keske-Soares, Carolina Lisboa Mezzomo

Introdução: Cada vez mais está se buscando métodos objetivos para a avaliação de
pacientes com desordens de fala. Uma das medidas que se investiga é a nasalidade, que
é derivada da relação entre a produção da energia acústica nas cavidades nasal e oral
dos falantes. Essa avaliação, até então era realizada de modo subjetivo. A partir da
evolução tecnológica incidiu o uso de intrumentos objetivos na avaliação da fala; no caso
da nasalidade, passou-se a utilizar o nasômetro.O nasômetro pode ser empregado para
fins de avaliação, por meio da análise de nasalância padronizada através de leitura de
passagens ao longo do tempo por até 100 segundos. O aparelho é utilizado para a
gravação e visualização dos parâmetros acústicos da fala relacionados à nasalância.
Ainda, pode ser usado durante a terapia, pois pode ser um importante instrumento de
feedback visual para pacientes com transtornos de nasalidade. Objetivo: Realizar
levantamento bibliográfico sobre a utilização do nasômetro. Métodos: Foi realizada uma
pesquisa bibliográfica em maio de 2013, com busca na base de dados PubMed. Foram
utilizados como descritores as expressões: “Nasometer”, “Speech”, “Therapy”, “Speech
Disorder”, “Voice” e “Stomatognathic System” em associações. Foram selecionados
artigos nacionais e internacionais publicados nos últimos 5 anos. Os critérios de inclusão
estabelecidos para a seleção dos textos foram: ser artigo científico e indexado na base de
dados mencionada, ter sido publicado nos últimos 5 anos e estar de acordo com os
descritores acima. Resultados: Foram encontrados 61 trabalhos de acordo com os
descritores citados acima. Cruzando-se os descritores “nasometer” e “speech”, foram
localizados 24 artigos. A partir dos descritores “nasometer” e “therapy”, localizou-se nove
artigos científicos. Utilizando-se os descritores “nasometer” e “speech disorder”, foram
buscados 11 artigos. Foram encontrados 13 artigos com os descritores “nasometer” e
“voice”. Quatro artigos resultaram da busca pelos descritores “nasometer” e
“stomatognathic system”. Vários destes artigos repetem-se, mesmo com a mudança de
combinações com os descritores pesquisados. Dos 61 trabalhos localizados, 21 foram
encontrados em mais de um descritor. Dessa forma, após serem filtrados os artigos
repetidos foram localizados um total de 40 trabalhos com o tema “nasometer” referente
aos últimos cinco anos. Conclusões: Embora a evolução tecnológica esteja contribuindo
muito para a avaliação objetiva da fala, o volume de pesquisas disponíveis utilizando
estas tecnologias, mais especificamente o nasômetro, ainda é pequeno. No entanto,
observa-se uma tendência científica de investimentos nesta área em algumas
universidades brasileiras. Assim, infere-se que o volume de pesquisas científicas
utilizando o nasômetro deverá aumentar consideravelmente nos próximos anos, trazendo
grandes contribuições para o conhecimento dos parâmetros de nasalidade e sua
aplicação na avaliação, diagnóstico e tratamento nas alterações de fala.

368
Porque buscar tratamento fonoaudiológico: o ponto de vista dos pacientes adultos

Thiago Gonçalves de Jesus; Susana de Carvalho, Kleuvencleiton Jose dos Santos


Oliveira, Tarcya Sibele Bastos Santos

Introdução: É recomendado que, em casos de gagueira, a intervenção ocorra o mais


precocemente possível. Há quatro anos, um grupo de pesquisa e extensão de uma
instituição de ensino superior oferece atendimento para pessoas que gaguejam. Nesse
período, o grupo atendeu a 112 pacientes e, dentre estes, somente 11,6% (n=13) tinha
idade inferior a 12 anos. Compreender os fatores que determinaram a procura pelo
tratamento fonoaudiológico, apenas na fase adulta da vida, foi o ponto de partida para
esta investigação. Desse conhecimento podem emergir ações preventivas mais eficazes,
que assegurem o atendimento precoce. Objetivo: Conhecer a motivação de adultos que
gaguejam para buscar tratamento fonoaudiológico. Método: Trata-se de um estudo
exploratório e descritivo, parte das ações desenvolvidas em uma pesquisa mais ampla,
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o no. CAAE 0181.0.107.000-11. Foram
analisados os depoimentos de 68 pacientes, com queixa de gagueira e que procuraram,
voluntariamente, por tratamento fonoaudiológico. Nenhum deles havia se submetido a
tratamento para gagueira, anteriormente, e foram convidados a responder a pergunta:
“Por que gostaria de se tratar agora?”. A estatística descritiva foi utilizada para a análise
das respostas. Resultados: Dentre os participantes, 74% (n=50) era do gênero masculino
e 24% (n=18) do gênero feminino, com idades entre 14 a 64 anos (IM: 25,6), sendo que
94% (n=64) é natural da região nordeste e 71% (n=48) possui nível superior incompleto.
Para 31% dos participantes (n=21), a procura por tratamento foi motivada pelo ingresso
na vida profissional. Encontrar a oportunidade para se tratar, por meio do atendimento
oferecido pelo grupo, foi o motivador para 16% (n=11). Para 26% (n=18), o
desconhecimento sobre as possibilidades de tratamento acabaram por adiar a procura até
o momento e o mesmo número de participantes – 26% (n=18) – relata a falta de
prioridade. DISCUSSÃO: A importância atribuída à comunicação e seus cuidados é
dependente de padrões sociais e culturais. Para a maioria dos participantes, falta de
prioridade e desconhecimento foram a causa, não para a busca, mas para retardá-la. Dois
aspectos podem ser considerados aqui: o primeiro diz respeito a demandas concorrentes,
que relegariam as habilidades comunicativas a um segundo plano, no âmbito dos
cuidados à saúde; o outro relaciona-se com a falta de acesso a informação. Isto remete,
então, aos participantes que procuraram pelo tratamento a partir do momento em que
tiveram conhecimento dessa oportunidade. Embora estes sejam minoria, reforçam a ideia
do acesso à informação como um elemento importante a ser considerado nos serviços em
saúde. A inserção em atividades profissionais foi o principal motivador, revelando a
importância da pressão social na opção pelo tratamento. Conclusão: Nos quadros de
gagueira, fatores sociais e culturais parecem ser determinantes na procura, ou não, por
tratamento fonoaudiológico.

369
Possíveis relações entre a pesquisa psicolinguística sobre o del e a prática
fonoaudiológica

Tatiana Bagetti; Letícia Maria Sicuro Corrêa

Introdução: O DEL (Déficit Específico de Linguagem) tem atraído considerável atenção de


linguistas, psicolinguistas e fonoaudiólogos nas últimas décadas. A razão do interesse da
parte de linguistas se deve basicamente à possibilidade de o DEL permitir que se avaliem
hipóteses sobre as propriedades da linguagem verbal, exclusivamente humana, e se
obtenham evidências informativas sobre seu modo de funcionamento. Psicolinguistas,
voltados para os processos mentais que transcorrem na produção e na compreensão da
linguagem, buscam identificar os fatores que possam acarretar as manifestações do DEL.
Objetivo:Este trabalho visa a apresentar, no contexto da prática e pesquisa
fonoaudiológica, os resultados de um estudo (Corrêa, 2011; Corrêa, Augusto & Bagetti,
2011) conduzido com crianças em idade escolar por meio do MABILIN (Módulos de
Avaliação das Habilidades Linguísticas) (Correa, no prelo) e discutir sua pertinência para
a prática clínica. Metodo:No Brasil, a prática fonoaudiológica depara-se com dificuldades
na avaliação de habilidades linguísticas de crianças no domínio sintático, a qual poderia
servir para identificar alterações mais sutis de linguagem. Esta dificuldade pode ser
decorrente da escassez de testes direcionados à identificação de habilidades de
processamento sintático alteradas em crianças com suspeita de DEL. O estudo conduzido
por Corrêa e colaboradores (Corrêa, 2011; Corrêa, Augusto & Bagetti, 2011) baseou-se
na hipótese de que as crianças com DEL teriam dificuldades em processar operações
sintáticas de alto custo computacional (estruturas sintáticas que requerem muito esforço
de processamento). A fim de verificar o desempenho linguístico de crianças de 7 a 12
anos e identificar as dificuldades em sentenças de alto custo de computacional foi
aplicado o módulo sintático do MABILIN em 288 crianças de duas escolas municipais do
Rio de Janeiro. O módulo propõe-se a avaliar a compreensão de sentenças de alto custo
na compreensão: interrogativas QU (Quem/O que?) de sujeito e de objeto e QU+N (Que
x?), orações relativas ramificadas à direita (Mostra o menino que o palhaço chamou) e
encaixadas no centro (O menino que o palhaço chamou sorriu) e orações passivas
(reversíveis – O urso foi puxado pelo tigre; e irreversíveis – A pedra foi levantada pelo
urso). Resultados: Das 288 crianças, 27 delas, ou seja, 9,3% apresentaram algum grau
de dificuldade na compreensão de estruturas sintáticas. No total de crianças, 3 crianças
apresentavam comprometimento severo, 13 expressivo e 11 moderado. As dificuldades
constatadas podem ser indicativas de DEL, como pode ser atestado em diferentes línguas
(Clashen, 1989, Leonard, 1992, Hakansson & Hanson, 2000). Estudos dessa natureza
são importantes pela contribuição no que diz respeito aos resultados preliminares da
aplicação de um instrumento que pode auxiliar na identificação de habilidades linguísticas
sutis no domínio sintático. Esse estudo também é importante à prática fonoaudiológica,
pois o MABILIN em conjunto com outras avaliações de linguagem, pode contribuir para o
diagnóstico do DEL, a ser concluído por exclusão. Outra possível contribuição é o auxílio
na diferenciação entre o DEL no domínio sintático-fonológico e o Desvio fonológico, na
medida em que propõe uma investigação mais sutil do processamento
sintático.Conclusão: Desta forma, considera-se a interlocução entre estudos linguísticos,
fonoaudiológicos e psicolinguísticos, altamente pertinente.

370
Precursores de decodificación y comprensión lectora en pre-escolares con tel

Carmen Julia Coloma Tirapegui; Carola Holtheuer, Macarena Silva, Sandra Palma

Introducción: Los niños con Trastorno Específico del Lenguaje (TEL) presentan problemas
de lenguaje que no se pueden atribuir a un déficit específico ya sea sensorial, emocional,
neurológicos, cognitivo o de otro tipo. Además de su problema de lenguaje oral pueden
evidenciar dificultades en su aprendizaje lector; sin embargo, la relación entre su déficit
lingüístico y las posteriores dificultades lectoras aún se discuten. Así, al estudiar el
desempeño de los niños con TEL en lectura se ha determinado que presentan mayores
problemas en la comprensión lectora que en decodificación. También se ha establecido
que la severidad y la persistencia del problema lingüístico impacta en su aprendizaje de la
lectura. En cuanto a los precursores, se ha advertido que la conciencia fonológica es
fundamental para el aprendizaje de la decodificación. En cambio, en la comprensión
lectora otras habilidades lingüísticas como la sintaxis y el vocabulario son importantes en
los niños con TEL. En síntesis, los menores con TEL son un grupo de riesgo para el
aprendizaje lector. Por ello, estudiar los precursores de lectura contribuye al apoyo del
problema lector de los niños con TEL. ObjetivoGeneral: Estudiar precursores de
decodificación y comprensión lectora en pre-escolares con TEL. Método: 1. Participantes
Participaron 26 pre-escolares que asisten a escuelas con proyectos de integración. Todos
presentaban habilidades cognitivas no verbales adecuadas para su edad. Ellos fueron
distribuidos en dos grupos: a) Grupo en estudio: 13 pre-escolares con TEL (7 niñas y 6
niños), cuyo promedio de edad es de 4 años, 2 meses. b) Grupo control: 13 pre-escolares
con desarrollo típico de lenguaje (6 niñas y 7 niños) y su promedio de edad es de 4 años,
5 meses. @Normal = 2. Instrumentos de evaluación Decodificación: @Normal =
Precursores de la decodificación: conciencia fonológica y acceso al léxico. Conciencia
fonológica se evaluó con la Prueba destinada a Evaluar Habilidades Metalingüísticas de
Tipo Fonológico. El acceso al léxico se midió mediante Rapid Automatic Naming (RAN).
Comprensión Lectora: Precursores de la comprensión lectora: léxico receptivo e
inferencias. Para el léxico se aplicó el Test de Vocabulario en Imágenes (TEVI). Las
inferencias se midieron con preguntas sobre un relato elaborado para esta investigación.
Resultados En relación a los precursores de la decodificación, se advirtieron diferencias
en conciencia fonológica. En cuanto a los precursores de la comprensión lectora, los
grupos se comportaron de manera similar aun cuando los promedios de los niños con TEL
fueron menores que los del grupo control (vocabulario receptivo: TEL=33.5, control=38.3;
inferencias: TEL=4.9, control=6.2). Conclusión Se corrobora la dificultad en conciencia
fonológica de los pre-escolares con TEL. No obstante, no se constatan las dificultades con
los precursores de la comprensión lectora.

371
Prematuridade e desenvolvimento da linguagem

Lisiane Lieberknecht Siqueira; Ana Clara de Oliveira Varella, Gabriela Decol Mendonça,
Émille Dalbem Paim

Introdução:A evolução tecnológica está propiciando a sobrevivência de bebês cada vez


mais prematuros, porém com a alta hospitalar surge a preocupação com o
desenvolvimento deste bebê. Os Recém-Nascidos Pré-Termos (RNPT) são vulneráveis a
um amplo aspecto de morbidades que podem resultar entre outras alterações o atraso do
neurodesenvolvimento. O desenvolvimento da linguagem pode sofrer interferência das
condições biológicas, genéticas, ambientais e psicossociais. Objetivo: O objetivo desta
pesquisa é descrever as alterações encontradas no desenvolvimento da linguagem de
RNPT que frequentam o Ambulatório de Egressos de CTI Neonatal relacionando com a
idade gestacional e outros fatores de risco. Metodo:Os dados foram colhidos dos 91
prontuários de RNPTs que participam do Ambulatório de Egressos do CTI Neonatal desde
agosto de 2011 quando o ambulatório foi inaugurado. Foi utilizado como critério de
inclusão na pesquisa RNPT com idade gestacional corrigida entre 6 e 18 meses e como
critério de exclusão síndromes, surdez, uso de traqueostomia e menos de 6 meses de
idade gestacional corrigida. Resultados:Na avaliação de linguagem observaram-se as
fases lalação, balbucio e primeiras palavras. Como resultado observou-se que dos 91
prontuários 50 RN preenchiam os critérios de inclusão, 18 (9%) apresentaram atraso na
aquisição da linguagem, destes, 12 apresentam alterações neurológicas associadas e 6
com atraso no desenvolvimento da linguagem tiveram como único fator de risco a
prematuridade. Não houve relação estatisticamente significativa do atraso de linguagem
com a idade gestacional. Conclusão:O ambulatório de follow up para prematuros é de
essencial importância, para que seja realizado o encaminhamento para intervenção
fonoaudiológica no período critico do desenvolvimento da linguagem, trazendo benefícios
na qualidade de vida destas crianças.

372
Presença de queixa escolar referida por indivíduos com sinais da síndrome
velocardiofacial

Carla Franciele Souza Garcia; Katia Flores Genaro, Giovanna Rinalde Brandão

Introdução: A Síndrome Velocardiofacial (SVCF) reúne um conjunto de sinais e sintomas


envolvendo anomalias cardíacas, faciais e velar, sendo também conhecida como
síndrome de deleção do cromossomo 22q11.2. Foram descritos mais de 180 sinais
fenotípicas variáveis, o que pode dificultar o diagnóstico precoce. Dentre as
características dessa síndrome, há relatos de déficit nas habilidades de atenção, memória
de trabalho fonológica, dificuldades matemáticas e leitura e escrita, as quais acarretam
em dificuldade escolar. Objetivo: Identificar a presença de queixa de dificuldades
escolares referidas pelos indivíduos com sinais da SVCF. Método: Esse trabalho obteve
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição no qual foi desenvolvido
(parecer 167.965). Trata-se de estudo retrospectivo que analisou os prontuários de
indivíduos com sinais clínicos da SVCF, levantados pela equipe de genética clínica da
instituição, dos quais alguns deles tinham a confirmação da deleção por exame molecular.
Tais prontuários pertenciam a indivíduos inscritos na instituição num período de 22 anos,
abrangendo de 1990 a 2012. A associação entre a presença ou ausência da queixa em
relação ao sexo foi verificada pelo teste do Quiquadrado, considerando significante o valor
de p>>5%. Resultados: Foram analisados 180 prontuários de indivíduos com sinais da
SVCF, dos quais foram selecionados aqueles com idade a partir de 7 anos e que
dispunham no prontuário das informações quanto ao aspecto escolar. Assim, foram
excluídos 67 casos menores de 7 anos e outros 10 casos pois faltavam as informações,
restando 103 que fizeram parte da amostra, sendo 42,72% do sexo masculino (n=44) e
57,28% do sexo feminino (n=59), com idade entre 7 e 37 anos (mediana=8 anos). A
queixa de algum problema escolar, como dificuldade para aprender ou até mesmo de
frequentar sala especial, foi relatada por 86,41% (n=89) dos casos, sendo 46,07% (n=41)
do sexo masculino e 53,93% (n=48) do sexo feminino, não havendo associação entre a
presença da queixa e sexo (p=0,08320418). Conclusão: A análise dos resultados mostrou
predomínio de relatos de queixa escolar pelo próprio paciente ou pelos responsáveis,
apontando para a necessidade de maior atenção a esse aspecto por parte de todos os
profissionais envolvidos no processo de reabilitação. Além disso, preparar os professores
para atender a essas crianças, bem como para identificá-las, se faz importante, visto que
a escola pode ser a porta de entrada para o diagnóstico, uma vez que o sinais fenótipos
não são tão marcantes e pode passar despercebido por profissionais da área da saúde.
Apoio: CNPq

373
Prevalência das alterações específicas do desenvolvimento da linguagem em
crianças de um centro educacional de belo horizonte

Rita de Cássia Duarte Leite; Débora Helena Lote dos Santos Dutra, Maryane Paula
Santos

Introdução: O desenvolvimento normal da linguagem e da fala é fundamental para o


desenvolvimento humano. Quando ocorre uma falha no processo de aquisição e
desenvolvimento da linguagem determinada por alterações linguísticas primárias;
caracteriza-se um quadro de Alterações Específicas do Desenvolvimento da Linguagem
(AEDL). As crianças com AEDL são diagnosticadas, em sua maioria, baseadas em
critérios de exclusão como perda auditiva, déficit intelectual, impedimentos motores da
fala, distúrbios emocionais significativos e sintomatologia neurológica; tendo como critério
de inclusão o baixo desempenho em testes formais e padronizados de linguagem. Tais
crianças apresentam grandes riscos para desenvolverem dificuldades relacionadas aos
aspectos sociais e escolares. Objetivo: Verificar a prevalência das AEDL em crianças com
idade entre quatro anos e um mês a seis anos e sete meses de um centro educacional da
cidade de Belo Horizonte - MG. Métodos: Estudo de campo transversal descritivo,
predominantemente quantitativo, com amostra por conveniência, realizado em um centro
educacional de Belo Horizonte e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo
seres humanos - FEAD, sob o número de protocolo 189; composto por 59 crianças com
idade entre quatro anos e um mês a seis anos e sete meses. Para a coleta dos dados,
realizou-se a aplicação da escala de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem (ADL),
que é uma escala de avaliação padronizada com o objetivo de avaliar a linguagem de
crianças na faixa etária de um ano a seis anos e onze meses, para a identificação de
alterações na aquisição e desenvolvimento da linguagem. Os resultados da aplicação da
ADL em relação ao desempenho linguístico podem ser classificados em faixa de
normalidade, distúrbio leve, moderado e severo. Os dados foram analisados
estatisticamente utilizando o software EPI-INFO - versão 6.04. Para fins de análise
descritiva, foi realizada a distribuição de frequência das variáveis categóricas, análise das
medidas de tendência central e de dispersão das variáveis contínuas. Para análise
inferencial foram utilizados os Testes Qui- Quadrado e t-Student. Para identificação da
prevalência, foi utilizada a distribuição de frequência. Resultados: Os resultados foram
analisados considerando as seguintes variáveis: gênero, idade, presença ou ausência de
AEDL e grau do distúrbio quando presente, de acordo com a escala de avalição ADL.
Foram avaliadas 59 crianças com idade média de 64,98 meses (cinco anos e cinco
meses), sendo a idade mínima 49 meses (quatro anos e um mês) e máxima 79 meses
(seis anos e sete meses); 25 (42,4%) crianças eram do gênero masculino e 34 (57,6%)
crianças do gênero feminino. Quanto ao diagnóstico, 21 (35,6%) crianças apresentaram
AEDL; destas 13 eram do gênero feminino. Em relação ao grau do distúrbio, os mais
frequentes foram o de grau leve e severo, sendo 9 crianças (15,3%) em cada grau.
Quanto à associação entre gênero, idade e diagnóstico verificou-se que não houve
diferença entre estas variáveis (p>>0,05). Conclusão: Após realização do estudo foi
possível verificar que a prevalência encontrada de AEDL em crianças com idade escolar é
superior à referida em outros estudos. O que leva ao questionamento acerca da
importância de um diagnóstico e intervenção precoce dessas alterações visando
minimizar o impacto de tais alterações na vida da criança.

374
Principais alterações de linguagem pós-acidente vascular encefálico recente

Marina Padovani; Daniela Tonellotto, Patrícia Gregório, Mayra Venegas, Daniela Ruegg,
Rosana Tiepo Arévalo

Introdução:O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma doença neurológica frequente,


sendo uma das maiores causas de mortalidade em todo o mundo, a primeira causa de
mortes no Brasil e a doença vascular mais incapacitante. As principais sequelas
provenientes de um AVE são os déficits neurológicos que poderão se refletir em todo o
corpo, uni ou bilateralmente, podendo apresentar como sinais e sintomas perda do
controle voluntário em relação aos movimentos, hemiplegia ou hemiparesia, disfagia e
diversas alterações de fala e de linguagem como afasia, dislexia, apraxia, disartria e
disgrafia, além de comprometimentos sensoriais, perceptivos, comportamentais e de
cognição. Relatos de avaliações fonoaudiológicas em ambiente hospitalar sugerem que o
impacto mais grave na comunicação dá-se durante a fase aguda da doença. Os déficits
apurados demonstram comprometimento da qualidade de vida do paciente, pois
impactam suas relações familiares e sociais, prejudicando sua interação e a comunicação
de suas necessidades, desejos e pensamentos. A aplicação de uma bateria de testes em
um indivíduo afásico visa não somente diagnosticar os diferentes tipos de afasia e
quantificar o grau da lesão em cada uma das áreas da linguagem, mas principalmente
investigar as manifestações e suas interrelações, utilizando os resultados obtidos como
guia terapêutico para melhorar as funções, maximizar os recursos disponíveis e
considerar o prognóstico, assim como balizar a evolução terapêutica durante o processo
de reabilitação Objetivos: Esta pesquisa teve como objetivo verificar o desempenho
linguístico de sujeitos diagnosticados com acidente vascular encefálico recente, Metodo:
avaliados a beira-leito, por meio do protocolo M1-ALPHA, a fim de caracterizar as
principais alterações de linguagem durante a fase considerada aguda para a reabilitação.
Resultados:Os dados foram analisados estatisticamente e os resultados indicaram uma
diferença de desempenho de acordo com o hemisfério acometido, de modo que o pior
desempenho nas tarefas linguísticas, deu-se nos indivíduos acometidos por lesão em
hemisfério esquerdo, corroborando com os achados na literatura. Conclusão: Observou-
se ainda que os piores resultados ocorreram nas tarefas de cópia e ditado, sugerindo a
necessidade de atenção direcionada à essas habilidades, tão logo o indivíduo apresente
condições clínicas para tal, a fim de direcionar e maximizar a recuperação espontânea.

375
Produção oral e gestual durante tarefa de nomeação de substantivos na Síndrome
de Down

Suelly Cecilia Olivan Limongi; Andressa Bueno Martins

Introdução: A criança com síndrome de Down (SD) faz uso dos gestos de maneira a,
muitas vezes, predominar sobre a utilização de vocábulos e não como apoio à
comunicação oral, como acontece com as crianças com desenvolvimento típico (DT).
Observa-se que os gestos permanecem por tempo mais prolongado e seu repertório de
gestos representativos é mais reduzido. A literatura, em geral, ao abordar a relação entre
gestos e desenvolvimento de linguagem na criança com SD e ao comparar os dados com
outras populações, toma como referência idades até 36 meses, quando muito 48 meses.
São poucos os estudos que se dedicam a tal análise a partir dessa idade. Objetivo:
investigar a produção lexical/substantivos na SD e o papel dos gestos no processo desse
desenvolvimento. Métodos: participaram 15 crianças com idades entre 4 e 9 anos, no
período pré-operatório, com preferencia pela comunicação oral. Foram submetidas a
prova de nomeação, em que foram selecionados 44 substantivos do ABFW. A aplicação
foi individual, realizada sempre pela pesquisadora, gravada em vídeo e transcrita em
protocolo específico. Os participantes deveriam responder à pergunta “o que é isso?” a
cada figura apresentada. Foram analisadas as emissões orais (acertos e erros
semânticos, visuais e outros tipos), os gestos utilizados (dêiticos, representativos,
convencionais e enfáticos) e as modalidades de combinações entre ambas as formas
(repostas bimodais iguais ou diferentes, corretas ou incorretas em relação aos
substantivos-alvo). Os dados obtidos foram submetidos a análise estatística apropriada,
com análise descritiva e distribuição de frequências. Resultados: a média de acerto para
cada substantivo foi de 12,68 (±3,881) e o mínimo de acertos para um substantivo foi 3 e
o máximo foi 19. Entre os erros, a maior média está relacionada com os semânticos (3,91
±3,456). Os gestos mais utilizados foram os representativos, com média de 0,75 (±0,991).
Na utilização de gestos simultâneos à emissão oral, os dêiticos apresentaram média de
1,00 (±1,479). Quanto aos representativos, a predominância foi de utilização de gesto
igual ao conteúdo do substantivo, mas com expressão oral incorreta (média 0,89 ±1,298).
Enfatiza-se que os valores foram obtidos a partir das emissões de todos os participantes
em relação aos 44 substantivos-alvo. Conclusão: evidencia-se a baixa frequência de uso
de gestos como substitutos aos substantivos. É importante ressaltar a utilização de gestos
representativos em combinação com emissões orais incorretas ao se considerar o
processo terapêutico com relação ao desenvolvimento lexical dessa população.

376
Produção oral e gestual durante tarefa de nomeação na síndrome de down: ênfase
em verbos

Suelly Cecilia Olivan Limongi; Tamiris de Lima Barros

Introdução: Verbos possuem o papel de organizadores da estrutura sintática e, no


desenvolvimento de linguagem, seu adequado uso favorece a aquisição de novas
palavras com diferentes funções gramaticais. Leva-se em consideração o fato que
crianças com síndrome de Down (SD) utilizam, durante período mais prolongado,
estruturas sintáticas compostas principalmente por nomes, mesmo que já ocorra a
combinação de dois vocábulos. A criança com SD faz uso dos gestos de maneira a,
muitas vezes, predominar sobre a utilização de vocábulos e não como apoio à
comunicação oral, como acontece com as crianças com desenvolvimento típico (DT).
Observa-se que os gestos permanecem por tempo mais prolongado e seu repertório de
gestos representativos é mais reduzido. A literatura, em geral, ao abordar a relação entre
gestos e desenvolvimento de linguagem nessas crianças e ao comparar os dados com
outras populações, toma como referência idades até 36 meses, quando muito 48 meses.
São poucos os estudos que se dedicam a tal análise a partir dessa idade, com ênfase em
verbos. Objetivo: caracterizar a produção de verbos em crianças com SD e sua relação
com a produção gestual. Métodos: participaram 20 crianças com idades entre 4 e 9 anos,
no período pré-operatório, com preferência pela comunicação oral. Foram submetidas a
prova de nomeação de ações/verbos com 21 palavras alvo. A aplicação individual foi
realizada pela pesquisadora e foi gravada em vídeo e transcrita em protocolo específico.
Foram analisadas as emissões orais (acertos, erros semânticos e visuais), os gestos
(dêiticos, representativos, enfáticos e convencionais) e as modalidades de combinações
entre ambas as formas. Os dados obtidos foram submetidos a análise estatística
apropriada, com análise descritiva e distribuição de frequencias. Resultados: a média de
acerto para os verbos foi 7,48 (±4,082), sendo o mínimo de acerto foi 1 e o máximo foi 16.
Os erros visuais e semânticos tiveram média próxima (3,53±1,467 e 3,35±1,880,
respectivamente). Os gestos representativos foram os mais recorrentes (4,43±2,731),
seguidos pelos dêiticos (3,90±1,917). Na combinação entre emissão oral e gestual, os
dêiticos apresentaram média de 3,90 (±1,917) e entre os representativos a maior média
foi daqueles acompanhados de emissão oral incorreta (2,88±1,996), seguidos daqueles
com emissão oral correta (2,08±1,320). Enfatiza-se que os valores foram obtidos a partir
das emissões de todos os participantes em relação aos 21 alvos de ações/verbos.
Conclusão: é evidente a maior utilização de verbos por emissão oral exclusiva, embora
não pode ser desconsiderado o uso de gestos dêiticos e representativos que
acompanham a linguagem expressiva. Esse fato deve ser considerado no processo
terapêutico em relação ao desenvolvimento lexical com ênfase em verbos e na utilização
de estruturas sintáticas por essa população.

377
Produtividade linguística em narrativas orais e escritas de escolares do ensino
fundamental

Maira Barbosa Lobo; Adriana de Souza Batista Kida, Carolina Alves Ferreira de Carvalho,
Clara Regina Brandão de Ávila

Introdução: A produção escrita é mais demandante que a oral no processo inicial da


aprendizagem. Contudo, ao longo da escolarização, maior domínio da codificação, e
maior consciência quanto às diferenças entre o discurso oral e o escrito refletem,
especialmente sobre a elaboração escrita, que progressivamente, deve apresentar-se
mais complexa do ponto de vista semântico e gramatical. Objetivo: Caracterizar a
produtividade linguística em tarefas de produção narrativa, nas modalidades oral e escrita,
de escolares do quinto ano do Ensino Fundamental. Método: Estudo exploratório
retrospectivo aprovado pelo CEP (protocolo nº 11111/05). TCLE e de Anuência foram
assinados. Selecionaram-se 20 prontuários do NEAPEL de escolares típicos, meninos e
meninas (idades entre 120 e 128 meses), matriculados no 5o ano do Ensino
Fundamental, à época da avaliação. Destes, nove eram de alunos da rede pública de
ensino, e 11 da particular (em São Paulo). Analisaram-se as transcrições dos recontos
orais sobre um mesmo texto lido e das produções escritas a partir de uma sequência de
figuras (compunham uma história), realizadas por cada participante. A análise computou,
em cada produção, as variáveis linguísticas: número total de palavras, de substantivos, de
verbos, de adjetivos, de advérbios, de locuções adverbiais, de numerais, de marcadores
temporais (antes, depois, então, quando), de preposições, de enunciados completos, de
enunciados incompletos. Em seguida, analisou-se a proporcionalidade, em função do
número total de palavras produzidas (variáveis/número total de palavras). Os dados foram
tabulados e encaminhados para análise (Testes-t para amostras emparelhadas. Nível de
significância=0.05). Resultados: As narrativas orais mostraram-se mais extensas quando
comparadas às escritas (Média Narrativa oral–NO=111,1; Média Narrativa escrita–
NA=49,2). Assim, a análise comparativa da produtividade revelou: menor produtividade da
NO que as NE para as variáveis verbos (NO=0,23; NE=0,26; p=0,014), verbos no pretérito
(NO=0,06, NE=0,19; p=0,000), enunciados incompletos (NO=0,12, NE=0,17; p=0,000);
maior produtividade da NO e NE para adjetivos (NO=0,02, NE=0,00; p=0,000), advérbios
(NO=0,09, NE=0,05; p=0,000) e enunciados completos (NO=0,16, NE=0,19; p=0,000). Os
resultados revelam que escolares iniciam a diferenciação entre a linguagem falada e
escrita uma vez que a oralidade caracterizou-se pelo uso de maior número de palavras
para transmitir um número restrito de informações, tendo a escrita, em contraponto, se
revelado menos redundante, mais concisa. Gramaticalmente, a NE mostrou-se mais
simples à medida que maior número de verbos sugere uso de maior número de
sentenças, em sua maioria simples, o que torna mais simples o emprego da gramática e
pode justificar o uso mais apropriado de verbos no pretérito, necessário para marcação
temporal das narrativas. Menor complexidade gramatical também é expressa pelo menor
uso de elementos não essenciais tais como adjetivos e advérbios em NE. Conclusão:
Escolares do quinto ano do EF produzem narrativas escritas menos complexas
gramaticalmente que as orais.

378
Promoção de habilidades em contexto lúdico – mediação do adulto voltada para
crianças com alterações no desenvolvimento

Cristina Rei Gimenes; Cecília Guarnieri Batista

Introdução: O momento do brincar é essencial no desenvolvimento infantil e pode ser


especialmente relevante para a promoção da inclusão de crianças com necessidades
especiais. A inclusão é essencial no desenvolvimento dessas crianças, pois através desse
processo elas podem se relacionar e interagir com outras crianças e com o adulto, e
dessa maneira criar vínculos que fortaleçam a capacidade de seu desenvolvimento. No
caso de crianças com necessidades especiais, o lúdico é um dos momentos em que se
pode observar habilidades que podem contribuir no seu desenvolvimento. A promoção de
habilidades no momento do brincar pode ser dada pela mediação do adulto. Objetivo: O
estudo teve como objetivo analisar as formas de mediação do adulto e os tipos de
manuseio de crianças com alterações no desenvolvimento, nos momentos de brincadeira
na escola regular. Método: Participaram da pesquisa crianças selecionadas dentre as
matriculadas no Infantil III e Primeiro Ano do Ensino Fundamental, em uma instituição da
rede particular de ensino, situada na cidade de Campinas. O foco da pesquisa foram duas
crianças que apresentavam alterações no desenvolvimento, uma com diagnóstico de
Síndrome de Down (6 anos) e outra de Transtorno do Espectro Autista (7 anos). A
pesquisa foi devidamente aprovada pelo Comitê de Ética sob o número CEP 928/2011.
Foram videogravadas 8 sessões (média de 25 minutos) na escola. Foi realizada análise
de episódios significativos, com base em categorias elaboradas para o estudo.
Resultados: No que se refere às Formas de Intervenção do Adulto, destacaram-se:
Encorajamento e Aprovação da interação com colegas de turma, Demonstração e
Incentivo ao uso de objetos. Quanto às crianças, observou-se, com destaque:
Atendimento às orientações do adulto (incluindo as relativas à interação com os colegas),
e Aumento da complexidade no manuseio de objetos. Foi possível observar formas pelas
quais o adulto contribuiu para o favorecimento das interações entre as crianças e para o
aprimoramento do manuseio de objetos. Conclusão: O estudo contribuiu, portanto, para a
identificação de fatores que propiciam a inclusão escolar de crianças com necessidades
especiais.

379
Proporção e gravidade do transtorno fonológico em escolares do ensino
fundamental da cidade de maceió-al

Estela de Melo Silva; Renata Kiara Lins Valença, Vanessa Porangaba de Medeiros,
Ranilde Cristiane Cavalcante Costa

Introdução: transtorno fonológico é a alteração mais prevalente entre os distúrbios da


comunicação na infância sendo caracterizado por uma inadequação na produção da fala
e/ou representação mental das regras do sistema fonológico, caracterizado pelo uso
inadequado dos sons, incluindo erros na produção, percepção ou organização mental
destes. Sua característica principal é a persistência de processos fonológicos além da
idade prevista para a eliminação. A presença de processos fonológicos prejudica a
inteligibilidade de fala da população infantil, pois torna a mensagem falada
incompreensível para o ouvinte. A inteligibilidade de fala varia de acordo com a gravidade
do transtorno fonológico. A gravidade pode ser medida por diferentes índices, sendo que
o Porcentual de Consoantes Corretas tem sido utilizado com maior frequência em
pesquisas nacionais. Objetivo: verificar a proporção e a gravidade do transtorno
fonológico em escolares do primeiro ano do ensino fundamental em Maceió-AL. Métodos:
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob protocolo de n.
1717/2011. Estudo analítico transversal com participação de 89 escolares (45
participantes do gênero feminino e 44 gênero masculino) matriculados regularmente em
três escolas de ensino fundamental em diferentes regiões de Maceió. Para obter dados de
diferentes regiões, a cidade foi dividida em três grandes áreas (alta, central e baixa),
sendo inserida nesta pesquisa uma escola de cada região. A escolha das escolas foi
realizada segundo critério sócio-demográfico e conveniência de acesso pelos
pesquisadores. Foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Infantil DENVER para
selecionar a amostra e a prova de fonologia do Teste de Linguagem Infantil ABFW para
avaliar a fala. A gravidade do transtorno fonológico foi obtida pelo Percentual de
Consoantes Corretas (PCC). Como critérios de inclusão foram estabelecidos: escolares
regularmente matriculadas no 1º ano do ensino fundamental, compreendidos na faixa
etária entre 5 anos e 0 meses e 7 anos e 11 meses, de ambos os gêneros, com
desenvolvimento cognitivo e físico adequado para a idade. Foram excluídos os escolares
que apresentassem atraso no desenvolvimento. Foi utilizados testes estatísticos
paramétrico descritivo qui-quadrado e analítico exato de Fisher, com valores de
significância a baixo de 0,05 (p-valor 0,05). Resultados: 15,73% dos escolares
apresentaram transtorno fonológico. Houve maior concentração destes na gravidade leve
(50%), seguida da levemente moderada (35,71%). Os processos fonológicos mais
frequentes foram simplificação de encontro consonantal e simplificação de líquida.
Conclusão: a proporção do transtorno fonológico em escolares do 1º ano do ensino
fundamental de Maceió é de 15,73% e a gravidade dessa alteração de fala se concentra
nos níveis leve e levemente moderado.

380
Proposta do teste de figuras para discriminação fonêmica – tfdf

Beatriz dos Santos Carvalho; Helena Bolli Mota

A discriminação fonêmica é muito importante para a aquisição da linguagem. É através da


associação dos aspectos auditivos ao gesto motor articulatório que os fonemas da língua
são memorizados e passam a ser utilizados na fala da criança. Sendo a discriminação
fonêmica um fator relevante no processo de aquisição normal da linguagem, deduz-se
que, nas patologias da mesma, esta habilidade possa estar alterada. Com esta premissa,
deliberou-se propor um teste para avaliar a discriminação fonêmica em crianças de 4:0 a
8:0 anos através de pares mínimos. Estes foram escolhidos com base nas oposições dos
traços distintivos, a menor unidade dos fonemas. Fez-se então um cruzamento dos
valores binários de cada traço distintivo e das combinações possíveis entre os traços de
lugar ([labial], [coronal], [dorsal]), bem como das oposições de estruturas silábicas. A
partir deste cruzamento selecionou-se fonemas que se opusessem somente nos traços
alvos em questão e encontrou-se pares mínimos que contrastassem estes fonemas,
representando-os em figuras. Assim, propôs-se o Teste de Figuras para Discriminação
Fonêmica - TFDF. O TFDF é um teste que avalia a habilidade de discriminação fonêmica,
composto por 30 pares mínimos (60 palavras) devidamente representados por figuras e
organizados em cartelas de apresentação. Para explicar as tarefas do teste, fazem parte
dele quatro itens de demonstração. Os 30 pares mínimos foram organizados em 40
apresentações, das quais 30 contêm duas palavras diferentes e 10 contêm duas palavras
iguais. As tarefas do TFDF consistem em ouvir duas palavras (que podem ser diferentes
ou iguais) e apontar para a cartela que contém as figuras que as representam. Realizou-
se um estudo piloto para aplicação do TFDF e averiguação da qualidade do teste,
estrutura, organização, adequação das palavras e figuras selecionadas. O estudo piloto
foi desenvolvido na cidade de Santa Rosa-RS, e tem aprovação do CEP sob nº 0128/06.
Nele, foram avaliados 49 sujeitos, com idades entre 4:0 e 7:11, sendo 24 oriundos da
escola particular e 25 da pública. Dos sujeitos, 22 eram do sexo feminino e 27 do
masculino. Todos foram triados, para exclusão de alterações fonoaudiológicas graves.
Após a realização deste estudo, concluiu-se que a estrutura e organização do TFDF estão
adequadas para a faixa etária a que se propõe a avaliar, é de fácil e rápida aplicação,
bem aceito pelas crianças, pode ser utilizado em diferentes ambientes de testagem e
muito útil no diagnóstico das alterações fonoaudiológicas e pesquisas científicas. No
entanto precisa sofrer modificações em duas figuras. Com os resultados quantitativos,
verificou-se que não houve diferença significativa de desempenho entre os grupos etários,
as escolas e os sexos. No entanto, encontrou-se diferença estatisticamente significativa
no tempo de aplicação do TFDF entre as escolas, sendo este tempo maior na escola
pública. As modificações nas figuras já foram realizadas. Mas para que o TFDF possa ser
amplamente utilizado, precisa passar por um processo de normatização para que se
tenha escores de desempenho esperado por faixa etária, alcançando assim um grande
valor diagnóstico.

381
Protocolo de triagem de alterações de fala para crianças com paralisia cerebral

Luiza Teles Barbosa Mendes; Danielle Muhm Vöelin, Marianna Ribeiro Torres, Carolina
Castelli Silvério

Introdução: a paralisia cerebral (PC) é uma desordem permanente e não progressiva do


movimento e da postura, que causa limitação de atividade. Ocorre durante o
desenvolvimento cerebral fetal ou infantil, e pode levar a desordem do padrão de
execução de atividade motora e controle muscular oral, afetando diretamente a fala.
Alterações como desvios fonético-fonológicos, apraxias, disartrias, entre outras, podem
manifestar-se nestes indivíduos. Objetivo: desenvolver e aplicar um protocolo que
identifique as alterações de fala encontradas em crianças com paralisia cerebral.
Métodos: o protocolo de triagem dos aspectos da fala em crianças com PC foi elaborado
e inicialmente enviado para a análise de um grupo de nove fonoaudiólogos. Após a
aprovação destes profissionais, o protocolo foi então aplicado em trinta crianças com PC,
de ambos os sexos, com idade entre cinco e dez anos, sendo seis crianças para cada
nível motor, segundo o Gross Motor Function Classification System. A aplicação do
protocolo ocorreu de forma independente, em um mesmo momento, por dois
fonoaudiólogos (A e B), com intuito de verificar a reprodutibilidade inter avaliador. Após 15
dias, o mesmo processo foi realizado, para verificar a reprodutibilidade intra avaliador.
Outros três fonoaudiólogos (juízes especialistas) realizaram a triagem convencional da
fala destas crianças, a partir de filmagem da primeira avaliação, com intuito de
estabelecer o diagnóstico fonoaudiológico das mesmas, e compará-lo com o diagnóstico
estabelecido pelo protocolo. Resultados: a análise quantitativa revelou valores
estatisticamente significantes na reprodutibilidade interavaliador do protocolo. A
reprodutibilidade intra-avaliador não apresentou relação estatisticamente significante para
ambos os avaliadores. A comparação entre os diagnósticos atribuídos pelos avaliadores A
e B e os diagnósticos dos juízes especialistas mostrou significância apenas para o
avaliador B. A correlação dos diagnósticos dos juízes especialistas entre os níveis
motores dos sujeitos demonstrou que os indivíduos classificados com nível motor I
apresentaram a alteração de fala mais branda, enquanto as manifestações mais graves
estiveram presentes no nível V. Conclusão: O protocolo de triagem de alterações de fala
para crianças com PC demonstrou reprodutibilidade interavaliador e mostrou eficiência
parcial em indicar diagnósticos compatíveis de fala em crianças com PC.

382
Qualidade de vida e independência funcional em idosos que residem em instituição
de longa permanência

Danielle de Oliveira Bonfim; Giuliana Reckmann Steiner, Marina Aparecida da Silva, Stella
Donadon Santoro, Célia Maria Giacheti

O crescimento da população idosa em todo mundo tem despertado o interesse para


questões sociais relacionadas com o envelhecimento, apresentando consequências que
afetam diretamente os serviços de assistência social e de saúde geriátrica. Também se
observa a dificuldade das famílias em cuidar de idosos dependentes funcionais, fato este
que é um dos principais motivos da institucionalização. A independência funcional dos
idosos tem sido um dos importantes indicativos da sua qualidade de vida, pois o
desempenho adequado nas atividades da vida diária permite a eles- e a sua família-
maior tranquilidade e conforto e resultando em melhor convivência. Sendo assim, este
estudo teve por objetivo correlacionar a independência funcional com a qualidade de vida
de idosos que residem em uma instituição de longa permanência (ILP). Método:
Participaram do estudo 30 idosos, de ambos os gêneros (14 homens e 16 mulheres), com
faixa etária e nível de escolaridade variável, residentes em uma ILP do município de
Marilia/SP. Para a caracterização da amostra quanto ao nível de compreensão da
linguagem falada foi utilizado o Teste Token. Do total de idosos avaliados, 16,60%
apresentaram compreensão preservada e em 83,40% a compreensão estava alterada em
algum grau de comprometimento. Para análise da funcionalidade foi utilizada a escala de
Medida de Independência Funcional (MIF), que analisa o grau de independência dos
indivíduos para realizar atividades de vida diária (AVDs) e varia em sete pontos, entre
dependência e independência total de terceiros. A qualidade de vida foi avaliada
utilizando o protocolo específico proposto pela OMS (WHOQOL-bref), que foi respondido
pelo próprio idoso, de acordo com a forma como vivencia a velhice, podendo variar entre
dois extremos: muito boa e péssima. Os procedimentos foram aplicados individualmente,
por meio de levantamento de dados, análise das AVDs e conversa dirigida. Para análise
estatística dos resultados foi utilizado o teste de correlação de Pearson. Resultados: Em
relação à MIF, a média total encontrada foi de 96,46 pontos, com a média de escore
cognitivo de 27,16 e de escore motor de 69,30. A análise dos escores da MIF mostrou
que existe dependência modificada (nível 5) para a realização das AVDs, na maioria dos
casos. A pontuação média do WHOQOL-bref foi de 87,23, resultado que pode indicar boa
qualidade de vida do grupo de idosos, sujeitos desta pesquisa. A partir dos dados
coletados, observamos correlação positiva entre a qualidade de vida e o escore cognitivo
obtido com a MIF; e correlação positiva também entre a funcionalidade e a capacidade
motora dos idosos. Conclusão: De acordo com os resultados obtidos foi possível observar
que houve correlação entre a funcionalidade e a qualidade de vida, relacionadas
principalmente à dependência cognitiva. A grande parcela de idosos com déficit na
compreensão da linguagem falada poderia justificar a pontuação obtida na qualidade de
vida, principalmente porque o idoso frequentemente tem dificuldade em responder
algumas das perguntas realizadas pelos pesquisadores. Investigações futuras,
associando outros instrumentos de avaliação, poderão ajudar a responder essas questões
de pesquisa e indicar diretrizes.

383
Reconhecimento do próprio nome por bebês de 6 e 7 meses de idade.

Aline Moreira Lucena; Cynthia Ribeiro do Nascimento, Nárli Pereira Machado, Patrícia
Reis Ferreira, Raíssa de Melo Costa, Renato Oliveira Alves, Sirley Alves da Silva
Carvalho, Erika Maria Parlato-Oliveira

Introdução: O reconhecimento do próprio nome é indicativo do processo de aquisição da


linguagem da criança, pois fornece dados sobre a acuidade auditiva, dos fatores
perceptuais fonéticos-fonológicos e prosódicos da linguagem e da relação da criança com
seu entorno. Objetivo: Correlacionar os dados obtidos por meio de avaliações auditivas,
de linguagem e de reconhecimento do próprio nome da criança com achados na literatura.
Além disso, pretendeu-se identificar as características das respostas apresentadas pelas
crianças de 6 e 7 meses quando respondem à evocação do próprio nome em experimento
controlado por parâmetros pré-estabelecidos. Métodos: Após aprovação do Comitê de
ética (0418.0.203.000-11), participaram desta pesquisa 36 crianças que passaram pelo
serviço de Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) da instituição responsável pela
pesquisa. Inicialmente foi aplicado um questionário de experiência linguística da criança e
da família com relação ao prenome, para reconhecimento da população estudada.
Critérios de exclusão: apresentar comprometimento neurológico e/ou visual, apresentar
nome composto; não assinar o termo de consentimento livre e esclarecido; apresentar
alteração na avaliação da TANU; responder de forma afirmativa para os itens do
Questionário sobre Experiência Linguística da Criança e da Família com Relação ao
Prenome, que investigavam uso de apelidos, coincidência entre o nome da criança e de
seu pai e convivência com crianças de mesmo nome. Após a seleção dos sujeitos uma
lista de prenomes foi criada, e organizada em 3 categorias, por pareamento, de Próprio
Nome (PN) e Outro Nome (ON) segundo parâmetros fonológicos. Após as crianças serem
reavaliadas por Emissões Otoacústicas Transientes para verificar a audição e pelos
testes: Early Language Milestone (EML) e Protocolo Adaptado para Avaliação de
Crianças de 0 a 24 meses, para investigação da linguagem, os bebês eram submetidos à
Avaliação de Reconhecimento do Próprio Nome em ambiente acusticamente tratado. A
criança permanecia no colo da mãe, e enquanto assistia a um DVD infantil, era exposta
aos estímulos sonoros de PN e ON, bilateralmente, de forma alternada aleatória. Utilizou-
se “busca à fonte sonora” e “tempo de permanência do olhar” como critérios para análise
das respostas das crianças. Resultados: Os resultados obtidos reforçam os dados na
literatura quanto às respostas apresentadas pelas crianças de 6 e de 7 meses para o
reconhecimento do próprio nome. Elas mantiveram maior tempo de atenção e maior
quantidade de busca para o próprio nome, quando evocado alternadamente a outro
nome, sendo este resultado melhor observado na categoria 1 de estímulos, na qual a
duração e os componentes fonológicos eram mais diferentes. Conclusão: Confirmou-se
os dados da literatura de que os bebês estão atentos às propriedades fonológicas da
língua. Os sujeitos de 6 e 7 meses utilizam os traços suprassegmentares: ritmo,
entonação da fala e duração para o reconhecimento do próprio nome. A importância
clínica dos achados desta pesquisa encontra-se na aplicação da avaliação do
reconhecimento do próprio nome na prática clínica, de forma a instrumentalizar os
profissionais da atenção primária à saúde para a identificação de possíveis alterações no
desenvolvimento auditivo, de linguagem e da constituição psíquica da criança.

384
Reflexões sobre as interações linguísticas entre familiares ouvintes e seus filhos
surdos

Ana Cristina Guarinello; Débora Pereira Cláudio, Priscila Soares Vidal Festa

Introdução: A comunicação e o uso da linguagem na interação familiar podem ser


considerados como a base da estruturação da formação de um sujeito. Portanto, ao
estudar a linguagem dentro do contexto familiar, se faz necessário conhecer os sujeitos,
sua história e suas interações. É comum que as famílias ouvintes com filhos surdos não
partilhem de uma língua que permita que os contatos sociais ocorram normalmente e que
a linguagem seja viva e fluente nas interações. Uma das formas de ajudar as famílias a
entender a surdez e suas consequências é por meio de grupos de familiares. Objetivos:
refletir sobre discursos produzidos em um Grupo de Familiares ouvintes sobre sua
interação linguística com seus filhos surdos, bem como a respeito da percepção dos pais
ouvintes a respeito do diagnóstico da surdez. Métodos: A pesquisa foi calcada na
metodologia qualitativa. O estudo foi realizado durante as reuniões do Grupo de
Familiares de Surdos, que ocorre semanalmente em uma clínica de Fonoaudiologia em
uma Universidade de Curitiba. Esse projeto do Grupo de Familiares de Surdos tem por
objetivos orientar os familiares de surdos quanto a questões relativas à surdez, bem como
realizar discussões e reflexões em grupo sobre a surdez, a linguagem e a educação. As
reuniões foram gravadas e transcritas para o levantamento e análise dos temas
recorrentes da experiência dessas famílias. Resultados: Na relação entre pais ouvintes e
filhos surdos, a comunicação é uma constante preocupação nas famílias. O estudo
apontou existirem queixas e dificuldades dos familiares no processo de interação
linguística com seus filhos surdos. Existe a insegurança e a dúvida sobre qual língua usar
(Português ou Libras) e esta insegurança resulta na utilização de uma mescla entre o
Português e gestos ou mímicas, tornando pobre a comunicação entre os sujeitos.
Conclusões: O desenvolvimento de um ambiente onde haja interações eficientes
possibilita ao sujeito ocupar um lugar de falante. Isso não no sentido da articulação da
fala, mas no seu discurso na sociedade em que vive. Há ainda a falta de informações
sobre o que é a surdez e quais suas consequências.

385
Relação do tempo de terapia fonoaudiológica e de diagnóstico com autoeficácia
dos pais de autistas

Cristina de Andrade Varanda; Cibelle Albuquerque de La Higuera Amato, Fernanda Dreux


Miranda Fernandes

Introdução: O autismo é caracterizado por dificuldades nas interações sociais, na


comunicação, por comportamentos estereotipados e interesses restritos. A despeito da
severidade da apresentação desses comportamentos, uma criança com autismo poderá
apresentar desafios únicos e estressores para a sua família tanto pela ambiguidade do
diagnóstico, a severidade e duração do transtorno e problemas da falta de adesão da
criança às normas sociais. É esperado que pais de crianças com autismo que estejam em
tratamento sintam-se mais confiantes ao lidar com as dificuldades de comunicação de
seus filhos, já que os profissionais fonoaudiólogos costumam orientá-los no manejo de
tais dificuldades. Da mesma forma, o tempo decorrido do recebimento do diagnóstico
pode estar relacionado com a habilidade dos pais em lidar com fatores estressantes por
desenvolverem estratégias para o manejo de tais dificuldades no decorrer do tratamento e
ao longo do desenvolvimento de seus filhos. Objetivo: Verificar se o tempo de terapia
fonoaudiológica e o tempo decorrido desde o diagnóstico têm relação com quão confiante
os pais se sentem para lidar com dificuldades de comunicação e de comportamento
investigadas pela escala de autoeficácia. Métodos: 60 pais de crianças diagnosticadas no
espectro do autismo em terapia fonoaudiológica responderam à Escala de Autoeficácia,
composta por 15 itens que avaliam dificuldades no manejo dos comportamentos e
comunicação de pais de crianças com autismo. Foi utilizado Teste t Student Independente
para comparar as médias obtidas na escala de autoeficácia em duas situações: 1) tempo
de diagnóstico médico entre 1 até 6 meses (grupo 1) e há mais de 6 meses (grupo 2) e 2)
tempo em terapia fonoaudiológica de 1 a 30 semanas (grupo 1) e os que estão em terapia
há mais de 30 semanas (grupo 2). Além disso, foram feitas análises de correlação com o
teste Spearman, para a verificação da relação entre as variáveis estudadas. Resultados:
Verificou-se uma correlação positiva entre tempo de terapia em semanas e média das
respostas na escala de autoeficácia e uma correlação negativa entre o tempo decorrido
desde o diagnóstico e as médias na Escala de Autoeficácia sem significância estatística
nos dois casos. Em média, os pais das crianças em terapia no período entre 1 até 30
semanas obtiveram médias maiores na escala de autoeficácia que os pais de crianças em
terapia há mais de 30 semanas, assim como os pais das crianças cujos diagnósticos
foram dados no período entre 1 a 12 meses em relação aos pais de crianças com
diagnósticos há mais de 12 meses, mas sem diferenças significativas dos desempenhos
na escala de autoeficácia entre os grupos. Conclusões: A partir dos resultados
apresentados, pode-se inferir que nem o tempo em terapia fonoaudiológica, nem o tempo
decorrido desde o diagnóstico afetam o manejo dos pais das dificuldades
comportamentais e de comunicação de seus filhos. Isso leva a hipotetizar que talvez haja
a necessidade do fornecimento de um serviço de orientação sistematizada aos pais que
os instrua a lidar com essas dificuldades.

386
Relação entre alterações do desenvolvimento neuropsicomotor e do
processamento auditivo central em pré escolares

Meirivan dos Santos Rosário Oliveira; Raphaela Barroso Guedes Granzotti, Carla Patrícia
Hernandez Alves Ribeiro César, Aline Cabral de Oliveira Barreto, Olga Elisabete de
Oliveira Brito

Introdução: Os primeiros anos de vida são considerados os mais importantes para o


desenvolvimento neuropsicomotor e das habilidades auditivas, pois nesse período ocorre
a maturação do sistema nervoso, com maior crescimento cerebral e formação de novas
conexões neuronais. Objetivo: Avaliar a relação entre o processamento auditivo central e
o desenvolvimento neuropsicomotor em crianças que frequentam instituições municipais
de educação infantil. Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo CEP sob nº 270.079 e os
responsáveis assinaram termo de consentimento livre esclarecido. A triagem foi realizada
em três instituições municipais de educação infantil localizadas na zona urbana de
Lagarto-SE. Foram triadas 108 crianças com idades entre quatro e cincos anos e onze
meses, de ambos os sexos, com timpanometria normal. Foi aplicado o Teste de Triagem
de Desenvolvimento de Denver II (FRANKENBURG et al., 1990) que avalia quatro áreas
do desenvolvimento: pessoal-social, motor fino adaptativo, linguagem e motor grosseiro.
Para triagem do processamento auditivo foi realizada a avaliação simplificada do
processamento auditivo (ASPA) baseada na proposta de Pereira (1993). O teste de
detecção sonora foi realizado por meio de instrumento sonoro de fraca intensidade e o
teste de localização sonora (LS) com instrumento denominado guizo, devendo o estímulo
sonoro ser percutido nas seguintes posições: acima, na frente, atrás, lados direito e lado
esquerdo da cabeça. Para o teste de memória sequencial não-verbal (MSNV) foram
utilizados os instrumentos guizo, sino, agogô e black-black apresentados em três
diferentes sequências com três instrumentos cada, sendo solicitado à criança que
apontasse a sequência dos instrumentos na ordem que julgasse correta. Para o teste de
memória sequência verbal (MSV) o avaliador emitia as sílabas [pa], [ta], [ka] em três
diferentes sequências, sem pista visual, e a criança era solicitada a repetir as sílabas
ouvidas. O reflexo cócleo-palpebral (RCP) foi investigado utilizando-se o agogô
(109,1dBA). Para análise estatística foram utilizados o Mann-Whitney Test, Test Qui-
quadrado e o Test de correlação bivariada (Sperman). Resultados: Das 108 crianças 59
(54,6%) eram do gênero masculino, com idade média 4,4 anos, e 49 (45,4%) do gênero
feminino, com idade média de 3,9, grupos homogêneos. A frequência de respostas
adequadas à idade cronológica, no Teste de Denver II, foi significativa (p≤ 0,05) em todas
as áreas, sendo de 86,9% na área pessoal social, 96,3% no motor fino adaptativo, 89,7%
na linguagem e 94,3% no motor grosseiro. No PAC, 100% apresentaram respostas
normais na prova de detecção, 81,5% na localização sonora, 49% na MSNV, 58,1% na
MSV e 98,1% no RCP, sendo que nas provas MSNV (p=0,84) e MSV (p=0,097) não foram
encontradas diferença entre respostas alteradas e normais. Aplicando-se o teste de
correlação bivariada, entre todas as áreas avaliadas no Denver e todas as provas de PAC
encontrou-se relação significativa apenas entre as alterações de linguagem com a MSV
(p=0,004) e a MSNV (p=0,031). Conclusão: O presente estudo possibilitou a identificação
da MSV e da MSNV como aspectos relevantes para o desenvolvimento da linguagem,
demonstrando a importância da memória de curto prazo para as aquisições linguísticas.

387
Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno de
linguagem

Lais Carvalho Mazzega; Fernanda Chequer Pinto, Aline Cristina Fiori Rocha Souza, Aline
Citino Armonia, Ana Carina Tamanaha, Jacy Perissinoto

Introdução: A literatura e a prática clínica mostram que a aquisição e a habilidade de usar


palavras de modo adequado ao contexto são aspectos essenciais para o desenvolvimento
da linguagem. Sabemos que para que haja o uso efetivo da linguagem é necessária a
integração dos componentes receptivo e expressivo, que embora se complementem, não
são necessariamente proporcionais em termos quantitativos e qualitativos. As crianças
com alteração do desenvolvimento de linguagem tendem a apresentar melhor
desempenho em tarefas de vocabulário receptivo do que de vocabulário expressivo. De
modo geral, o índice de vocabulário expressivo é uma via mais rápida de à linguagem do
indivíduo, enquanto que as medidas do vocabulário receptivo são mensuradas de modo
indireto e nem sempre perceptíveis no discurso isolado. A restrição de vocabulário e a
dificuldade em adquirir novas palavras são comumente associadas aos transtornos de
linguagem e as análises quantitativas e qualitativas das dificuldades relacionadas a estes
aspectos permitem a detecção e a intervenção precoce desses transtornos. Objetivo:
Comparar o vocabulário receptivo e expressivo de crianças com Transtornos de
Linguagem Material e Método: Trata se de um estudo transversal (CEP n1382/10). A
amostra foi constituída por 21 crianças, na faixa etária entre 3 e 10 anos, de ambos os
sexos, sendo 9 meninos e 12 meninas, diagnosticadas por equipe multidisciplinar com
Transtorno de Linguagem e atendidas em intervenção direta e indireta em clínica escola.
Todas as crianças apresentavam limiares audiológicos compatíveis com os parâmetros de
normalidade. Utilizamos a Prova de Vocabulário do Teste de Linguagem ABFW (Befi-
Lopes, 2000) para avaliação do vocabulário expressivo e para o receptivo, o Teste de
Vocabulário por Imagem Peabody -TVIP (Capovilla, Capovilla, 1998). Resultados: Os
dados obtidos por meio da aplicação dos testes originalmente propostos em porcentagens
foram convertidos em valores absolutos para análise estatística dos dados, sendo
atribuídas pontuações padrão esperadas para cada faixa etária. 80,95% das crianças
apresentaram desempenho adequado na avaliação do vocabulário expressivo e apenas
52,38% obtiveram o mesmo desempenho na testagem de vocabulário receptivo,
indicando provável relação com algum grau de comprometimento de compreensão e
processamento de informação verbal. Não houve diferença entre o desempenho de
meninos e meninas. Conclusão: Foi possível verificar que a relação entre as medidas de
vocabulário expressivo e receptivo nem sempre é simétrica e que, portanto necessita do
olhar atento e investigativo do fonoaudiólogo.

388
Relato de experiência de um grupo de pais para estimulação de linguagem

Gislaine dos Santos Andrade; Luciene Pereira Peixoto dos Santos, Marina Padovani,
Taísa Giannecchini

Introdução: A comunicação permite a transmissão de mensagem, expressão de


pensamentos, sentimentos e inclusão no meio social. A família compõe um núcleo básico
e fundamental para a sustentação de ambientes linguísticos favoráveis à aquisição e
desenvolvimento de linguagem. Assim, assume papel importante na formação intelectual
e emocional de seus componentes e, junto com a escola, participa ativamente na
construção do sujeito, caracterizando o fluxo habitual de desenvolvimento. Uma das
possibilidades viáveis na clínica escola é a de oferecer grupos de apoio aos pais para
fomentá-los com informações para o auxílio no manejo com seus filhos. Objetivo: relatar a
experiência de um grupo de pais para estimulação de linguagem. Método: foram
convidados a participar das reuniões com os alunos responsáveis pelas oficinas, os pais
de pacientes atendidos na clínica escola, cujos filhos apresentavam alguma patologia de
linguagem como gagueira, Síndrome de Down, Síndrome de Angelman, Distúrbio de
leitura e escrita e Atraso de linguagem. O programa teve a duração de sete sessões
realizadas semanalmente, com duração de 50 minutos cada e abordou questões acerca
dos distúrbios da comunicação. Para checar a efetividade das informações passadas
foram aplicados 2 questionários nos pais pré e pós-intervenção. O questionário aplicado
no início dos encontros serviu como caracterização da amostra e seu sistema familiar,
com a identificação das habilidades comunicativas verbais entre os membros. O 2º.
Questionário avaliou o impacto das informações nas famílias e nas suas relações com
seus filhos. Resultados: o programa teve grande aderência dos pais que frequentaram
com assiduidade aos encontros. As temáticas abordadas foram: o impacto que sofrem
indivíduos com distúrbios da comunicação, maneiras de identificar indivíduos que
necessitam de atendimento fonoaudiológico, o que esperar após a intervenção da
fonoaudiologia mediante aos distúrbios da comunicação, apresentação de estratégias
facilitadoras para ajudar no desenvolvimento de uma comunicação adequada e maneiras
de estimular a linguagem. Foram apresentados exemplos de privação da comunicação e
de atividades lúdicas para estimulação de linguagem. O grupo foi encerrado com a
realização de uma dinâmica entre as famílias e os pacientes para execução de atividade
educativa dirigida pelos alunos e a aplicação do 2º.questionário. Os dados coletados
apontaram para experiências de aproximação entre os membros das famílias e
principalmente de mudança de posição perante a patologia dos filhos. Conclusão: este
grupo de orientação ofereceu informações sobre a estimulação de linguagem aos pais
dos pacientes atendidos na clínica escola e causou efeitos importantes nas relações
familiares. As crianças que possuem alterações de linguagem apresentam dificuldades,
inclusive com os seus pais. É imprescindível a participação dos pais na intervenção
fonoaudiológica, pois, providos de conhecimentos atualizados e bem direcionados, os
membros da família podem exercer papel importante na reabilitação dos distúrbios da
comunicação, funcionando como facilitador dos processos dialógicos.

389
Relatos de idosas saudáveis sobre sua memória nas atividades de vida diária

Lara Jorge Guedes de Camargo; Júlia Nayara Silva Oliveira

Introdução: A memória é a função cerebral que permite selecionar, consolidar e recordar


informações sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos cerca. No envelhecimento, fase
natural da vida, há alterações biológicas, fisiológica e psicológica e a memória sofre um
declínio. A memória pode se tornar gradativamente menos eficaz nos idosos, podendo
interferir nas atividades de vida diária (AVD). Recomenda-se aos idosos estimular
frequentemente a memória, por meio de diversas estratégias, individuais e/ou em grupo,
para manter a linguagem, AVD e convívio social adequado. Essas afirmações nos
conduzem a questionamentos: como o próprio idoso considera sua memória, como a
referem e o quanto pode influenciar em suas AVD; em lembranças de ocasiões, eventos e
fatos, relatam dificuldades e/ou queixas de declínio da memória. Objetivo: Descrever os
primeiros dados dos relatos de idosas saudáveis a respeito de sua memória, vinculadas à
linguagem e convívio social. Verificar os relatos de sua memória em relação às AVD e
participação de um grupo de memória. Métodos: O estudo tem caráter quantitativo do tipo
exploratório descritivo e de campo. Foram entrevistadas 20 idosas saudáveis, com idade
média de 69 anos, que participam de um grupo específico com atividades sociais e
culturais. Responderam 10 questões semi estruturada voltadas para o uso da memória
nas suas AVD. Para a realização da pesquisa os sujeitos do estudo assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Metodista de Piracicaba, sob o protocolo de pesquisa nº 35/12.
O tratamento estatístico baseou-se nos testes Qui quadrado, teste G e teste de Fisher,
por meio de análises processadas pelo BIOESTATI 5.0, considerando como nível de
significância 5% (p<<0,05). Resultados: Das idosas entrevistadas, 60% referem esquecer
algo no fogo, 85% relatam lembrar de dar recado a alguém e 100% lembraram e
descreveram um evento da infância. As idosas classificaram sua própria memória em
ótimo (20%), bom (25%) regular (45%), ruim (5%) e péssimo (5%). Constatou-se, as
idosas que classificaram sua memória como regular tem relação estatisticamente
significante ao fato de esquecerem algumas palavras e/ou ao que dizer durante uma
conversa (p=0,0369) e ao fato de esquecerem nomes, telefones e/ou ocasiões especiais
(p=0,0369), mas não apresenta relação estatisticamente significante ao fato de
esquecerem onde guardaram os objetos (p=0,1814). Independente de ter participado do
grupo de memória, a maioria das idosas relata esquecer-se das palavras e/ou do que
dizia durante uma conversa (p=0,0335). Conclusões: Este estudo preliminar mostrou que
as idosas que classificaram sua memória como regular e participaram de um grupo de
memória relataram apresentar dificuldades de memória nas AVD, consideradas por elas
como consequência natural do envelhecimento. Esses dados iniciais nos conduzem a
necessidade de aprimorar os estudos sobre a memória dos idosos, focando os relatos
e/ou queixas trazidas por essa população, e, se possível, realizar ações individuais e/ou
em grupo para que haja menor influência nas AVD, proporcionando qualidade de vida
pela linguagem e convívio social das idosas.

390
Repercussões da experiência educacional no desenvolvimento do vocabulário
expressivo e receptivo em crianças.

Natália Adalgiza de Souza Melo; Ana Augusta de Andrade Cordeiro

Introdução:A aquisição e o desenvolvimento da linguagem é um processo complexo,


sendo influenciada pelo ambiente social em que a criança encontra-se e por fatores
extralinguísticos como os gestos, expressão facial e afeto, que contribuem para o sucesso
das interações. É preciso analisar o contexto social da linguagem em uso pela criança,
especificamente, tentar compreender como as crianças ouvem a fala endereçada a elas
ou em seu redor. A relevância desse estudo relaciona-se ao fato de que muitas crianças
de nível socioeconômico desfavorecido, ou pela falta de conhecimentos dos pais, não têm
oportunidade de frequentar diferentes espaços educacionais (centros educacionais
infantis públicos ou escolas particulares). Objetivo: Investigar as possíveis repercussões
da experiência educacional na aquisição e desenvolvimento do vocabulário expressivo e
receptivo em crianças de 6 a 7 anos. Métodos: A pesquisa foi realizada em duas escolas
municipais situadas no Município de Ribeirão-PE. Participaram do estudo 26 (vinte e seis)
crianças, de ambos os sexos, na faixa etária de seis a sete anos de idade, que
frequentavam o 1ª e 2ª ano do Ensino Fundamental I. Em ambas as escolas, as crianças
foram selecionadas aleatoriamente, sendo considerada a média de idade entre seis e sete
anos. Utilizou-se como instrumento de coleta dos dados dois protocolos: um teste de
vocabulário expressivo, pertencente ao teste de avaliação de linguagem-ABFW, e outro
de vocabulário receptivo da tradução, adaptação e validação para o português-
Peabody.Os dados foram submetidos a análise descritiva por meio de cálculos
percentuais das variáveis. Este projeto foi aprovado pelo CEP sob o protocolo 367/11.
Resultados: Foi verificado que no teste do vocabulário expressivo, das 26 crianças
analisadas em relação à DVU,ND E PS (Designação por Vocábulo Usual, Não
Designação e Processo de Substituição), de acordo com cada campo conceitual como,
vestuário, animais, alimentos, profissões, locais, formas e cores, brinquedos e
instrumentos musicais, os alunos sem experiência educacional em creches (advindos do
lar) apresentaram percentuais de respostas mais satisfatórios do que às crianças com
experiência educacional em creches. Em relação ao teste do vocabulário receptivo, foi
encontrado que os dois grupos de crianças conseguiram atingir a pontuação esperada e
estabelecida para a faixa etária escolhida de 6 a 7 anos. Conclusão: A partir da análise
dos dados obtidos, verificou-se que as crianças que não vivenciaram experiência em
creches, apresentaram desempenhos superiores nos teste do vocabulário expressivo em
comparação com as crianças que foram inseridas em creches antes de frequentarem o
ensino fundamental. Foi verificado, também, que a avaliação do vocabulário nesse tipo de
população pode favorecer a orientação de novas políticas educacionais para a educação
infantil.

391
Resultados positivos na reabilitação de leitura de um paciente com traumatismo
cranioencefálico.

Marcela Lima Silagi; Joana Lare, Gabriela Silveira, Leticia Lessa Mansur

A ocorrência de alterações de leitura em sujeitos acometidos por um traumatismo craneo-


encefálico requer a utilização de abordagem terapêutica especifica e direcionada às
dificuldades apresentadas, devendo-se, em primeiro lugar, estudar as manifestações
resultantes da mesma. Objetivo: O presente estudo de caso tem como objetivo analisar a
evolução da leitura num paciente de 61 anos, com dislexia adquirida, que sofreu um
traumatismo craneo-encefálico no lobo parietal esquerdo e lobo parietal direito, decorrente
de uma atividade domiciliar. Apresentou perda de consciência, tendo ficado 45 dias
internado, 30 dos quais em coma, com períodos de amnésia pós-traumática. A lesão, na
encruzilhada temporo-parieto occipital, originou um impacto e contra impacto, afetando
áreas eloquentes, importantes para a leitura e escrita. A literatura descreve o local de
lesão em estudo como pessimista e com um quadro irreversível, sendo escassos os
estudos que informem sobre a natureza das relações cérebro-comportamentais na
decorrência de alterações mais específicas. Assim, torna-se essencial a análise de casos
com alterações mais específicas, apresentando um importante contributo na prática
clínica, nomeadamente, no estabelecimento do diagnóstico terapêutico e conduta
terapêutica. Método: Foi realizada uma análise retrospectiva do prontuário do paciente,
em relação às etapas do processamento nas rotas fonológica e lexical, em três
momentos, com base no modelo de leitura de Lecours e Parente (1997). Adicionalmente
foram utilizados dados de observação de sessões de intervenção. Os dados foram
analisados quali-quantitativamente de modo descritivo e analítico. Resultados: Na leitura
de palavras de alta frequência regulares o paciente em 2005 obteve uma média de 0.625,
0.5000 em 2007 e 1.0000 em 2013. Na leitura de palavras irregulares, em 2005 não leu
nenhum dos itens apresentados, em 2007 obteve 0.3750 e 0.6250 em 2013. Na leitura de
palavras de regra na primeira avaliação obteve 0.1250, 0.2500 em 2007 e 0.8750 em
2013. Na leitura de palavras de baixa frequência em 2005 o E.S não foi capaz de ler
nenhum item apresentado, em 2007 não foi aplicado, sendo que em 2013 nas palavras
regulares apresentou uma média de 0.3750, 0.5000 nas irregulares e 0.6250 nas de
regra. Na leitura de pseudopalavras de alta frequência regulares o E.S em 2005 não foi
capaz de ler nenhuma pseudopalavra apresentada, sendo que em 2007 obteve 0.3750 e
em 2013 0.6250. Na leitura de pseudopalavras irregulares em 2005 a média foi de 0.0000,
em 2007 este item não foi aplicado e em 2013 a média total foi de 0.2500. Nas
pseudopalavras de regra em 2005 não foi capaz de ler nenhum item apresentado, em
2007 não foi aplicado e em 2013 a média foi de 0.6250. Por fim, nas pseudopalavras de
baixa frequência em 2005 não leu nenhum item apresentado, em 2007 não foi aplicado,
tendo obtido, nas palavras regulares em 2013 uma média de 0.2500, irregulares 0.3750 e
de regra 0.2500. Exposto isto é possível concluir que o paciente apresentou uma
excelente evolução em todos os aspetos avaliados, tendo apresentado um diferença
estatisticamente significante de médias, principalmente na última avaliação realizada para
a leitura de palavras de alta frequência.

392
Sensibilidade e especificidade de testes de linguagem para identificação de
comprometimento cognitivo leve em idosos.

Beatriz Wendie Henkels; Maria Isabel D´Ávila Freitas, Jéssica Batista

Introdução: O envelhecimento é caracterizado por mudanças sucessivas de todas as


estruturas e sistemas, que provocam uma diminuição da capacidade de adaptação ao
meio ambiente. As alterações de memória no envelhecimento normal não acontecem de
forma uniforme, isto é, existe variabilidade dos efeitos do envelhecimento em relação à
memória. Na comunicação, o envelhecimento origina uma deterioração da capacidade
comunicativa, do mesmo modo como o faz nos outros aspectos da vida e da saúde.
Quando o idoso apresenta alguma alteração cognitiva sem que esta interfira na sua vida
diária, um distúrbio conhecido como Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) pode se
instalar. Este é caracterizado por um declínio cognitivo, porém de intensidade insuficiente
para se diagnosticar um quadro demencial. Trata-se de um estágio intermediário entre o
estado cognitivo normal e a demência. Objetivos: Verificar a sensibilidade e especificidade
dos testes de linguagem para detectar Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) em
idosos com e sem queixa de memória que frequentam grupos de terceira idade. Métodos:
Participaram do estudo indivíduos idosos integrantes de grupos da terceira idade,
divididos em dois grupos (com e sem queixa cognitiva). As baterias de testes Montreal
Cognitive Assessment (MoCA) e Addenbrooke Cognitive Examination Revised (ACE-R)
foram aplicadas em uma sessão. A acurácia do teste cognitivo foi calculada com a análise
da curva ROC (Receiver Operator Characteristics) para obtenção das notas de corte entre
os grupos, com os cálculos de sensibilidades e especificidades do teste. Resultados: A
média de idade dos grupos foi de 71,5 anos. Os dois grupos foram pareados de acordo
com o sexo, idade e anos de escolaridade. Os testes que foram mais sensíveis e
específicos para a identificação de CCL foram o teste de nomeação e o teste de evocação
tardia. Conclusão: As habilidades de nomear e evocar palavras são mais susceptíveis as
mudanças ocorridas no envelhecimento, porém estudos com amostras maiores precisam
ser realizados.

393
Ser gago: um estudo sobre a ameaça dos estereótipos

Thiago Gonçalves de Jesus; Susana de Carvalho, Claudia Santana Santos, Lucas Xavier
Rocha de Souza

Introdução: Para a teoria da ameaça dos estereótipos, a identificação e o sentimento de


pertença a um grupo, alvo de estereótipos negativos, prejudica a performance do
indivíduo nas atividades mais estreitamente ligadas ao estereótipo. Assim, o desempenho
em determinadas situações não corresponderia ao potencial para realizar tais tarefas.
Estudos sobre a ameaça dos estereótipos são recentes e não existem, no Brasil,
pesquisas que relacionem tal teoria à performance de pessoas que gaguejam, em
diferentes situações comunicativas. Objetivo: Investigar os efeitos da ameaça dos
estereótipos sobre adultos que gaguejam. Método: Trata-se de um estudo exploratório,
parte das ações desenvolvidas em uma pesquisa de caráter mais amplo, aprovada no
Comitê de Ética em Pesquisa, sob o no CAAE 0181.0.107.000-11. Foram obtidos e
analisados os depoimentos de 32 participantes com idades variando entre 14 e 64 anos
(IM: 26,7; DP: 12,4), sendo 75% (n=24) do gênero masculino e 25% (n=8) do gênero
feminino. A partir de uma questão eliciadora – “Você já se sentiu rejeitado ou discriminado
por causa da sua fala?” – os participantes foram convidados a discorrer sobre o tema. Os
depoimentos foram gravados, transcritos e dispostos em tabelas, que permitissem uma
melhor visualização das respostas. A estatística descritiva contribuiu para análise
quantitativa e a análise de conteúdo foi utilizada para a análise qualitativa dos dados.
Resultados: Dentre os participantes, 40,6% (n=13) relatou sentir-se rejeitado e
discriminado por causa da gagueira. Apesar de a maioria dos participantes não identificar
comportamentos de rejeição ou discriminação, 91% (n=29) relatou que a sua fala piora
nas situações comunicativas de maior exposição. A análise do conteúdo dos depoimentos
revela duas categorias de interlocutores: familiares e não-familiares, de forma que,
quando o interlocutor é familiar, as dificuldades para falar diminuem. Um aspecto central,
na teoria da ameaça dos estereótipos, é que diferentes desempenhos estão relacionados
a aspectos situacionais e não são inerentes ao indivíduo. Estudos têm demonstrado que a
adoção de estratégias que valorizem atributos positivos, em detrimento dos estereótipos,
podem tornar os indivíduos menos suscetíveis às ameaças e melhorar, significativamente,
o seu desempenho. Conclusão: A teoria da ameaça dos estereótipos pode auxiliar na
compreensão da variabilidade na performance de pessoas que gaguejam e na proposição
de estratégias terapêuticas mais eficazes.

394
Severidade da gagueira e qualidade de vida a partir dos componentes da CIF

Nátali Romano; Regina Yu Shon Cuhn

Introdução: Este estudo volta-se ao estudo de participação e funcionalidade de sujeitos


gagos, a partir dos componentes da Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde – CIF, proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
analisando aspectos de linguagem, participação, desempenho/funcionalidade e qualidade
de vida desses sujeitos. Objetivos: Investigar questões de linguagem, participação e
desempenho/funcionalidade de adultos e adolescentes gagos em acompanhamento
fonoaudiológico a partir dos componentes da CIF e caracterizar seu perfil. Métodos: Este
projeto encontra-se vinculado à pesquisa “Gagueira: crenças, grau de severidade,
funcionalidade, participação e qualidade de vida”, aprovada pelo CEP sob nº213/2007.
Trata-se de estudo transversal, com amostra de 12 sujeitos gagos em acompanhamento
na clínica-escola de Fonoaudiologia – CEPRE, FCM/UNICAMP. A coleta de dados
envolveu: 1) dados dos prontuários, para caracterização de acordo com a faixa etária,
escolaridade e período de acompanhamento fonoaudiológico, 2) Protocolo do Perfil da
Fluência para caracterização quanto à fluência da fala, 3) entrevistas com questionário
envolvendo os domínios da CIF relacionados à gagueira e qualidade de vida, a fim de
levantar informações sobre a qualidade de vida destes sujeitos. Resultados: Por meio da
caracterização da fluência da fala verificou-se que a maioria dos sujeitos, tanto adultos
como adolescentes, tem algum grau de disfluência na fala e, conforme as entrevistas com
base na CIF, isso é considerado um problema em diversos graus. São observados
impactos nas atividades que envolvem conversação e discussão, interação com
desconhecidos e também nos aspectos emocionais. Foi verificado que fonoaudiólogos,
amigos e familiares se mostram como facilitadores no enfrentamento do problema, no
entanto as atitudes sociais são barreiras na superação do mesmo. Os domínios da CIF,
adaptados para as perguntas nas entrevistas, mostraram-se úteis para descrever a
qualidade de vida destes indivíduos, já que foi possível englobar experiências individuais
e também utilizar uma classificação que permite a comparação com outros aspectos
envolvidos na vida destes. Conclusão: Os resultados mostraram que a gagueira tem
impactos na vida destes participantes, porém de maneiras diversas e individuais e se
relacionam com o grau de severidade. A CIF se mostrou como uma ferramenta útil para
análise da qualidade de vida de sujeitos gagos que frequentam a terapia fonoaudiológica,
englobando diferentes aspectos da linguagem, participação e funcionalidade. Possibilitou
análise da qualidade de vida após um período de acompanhamento fonoaudiológico,
abrangendo não apenas os aspectos negativos, mas também os positivos.

395
Sinais sugestivos de stress infantil em crianças com transtornos de aprendizagem

Janaína Borba Garbo; Patrícia de Abreu Pinheiro Crenitte, Thaís Gonçalves

Introdução: Vários fatores podem influenciar o desenvolvimento escolar infantil, de modo


que dificuldades neste processo podem ser causadas devido a aspectos de origem
orgânica, intelectual/cognitiva e emocional. Observando-se mais atentamente os
comportamentos das crianças que apresentam transtornos de aprendizagem, deve-se
considerar a dinâmica interativa entre os fatores neurobiológicos, sociais e educacionais
que influenciam no processo do aprender. Torna-se necessário então discriminar, dentro
do possível, esses fatores que podem ser indicadores de transtorno de aprendizagem. O
stress infantil pode ser considerado um fator agravante de tais dificuldades, já que influi
diretamente no comportamento da criança, podendo assim colaborar para o fracasso
escolar da criança. Objetivo: Comparar o nível de stress infantil entre crianças com
transtornos de aprendizagem e sem dificuldades escolares e verificar sua influência no
desempenho escolar; ainda, pretende-se verificar o nível de stress entre os grupos de
acordo com o sexo dos participantes. Material e Métodos: Participaram 23 crianças com
fracasso escolar, tendo diagnóstico de Transtorno de Aprendizagem pela avaliação
interdisciplinar na Clínica Escola da FOB/USP, de acordo com os critérios do DSM-IV e
CID-10 (Grupo 1), 23 crianças sem queixas de dificuldades de aprendizagem, com
desempenho escolar dentro do esperado, de acordo com o relato dos professores (Grupo
2). Em ambos os grupos foi aplicada a Escala de Stress Infantil, elaborada por Lipp e
Lucarelli (1998). Resultados: Observou-se no Grupo 1 que 11 crianças não apresentaram
sinais de stress e 7 crianças apresentaram os seguintes sinais de alerta: reações com
componentes depressivos e esta com reações psicofisiológicas; reações psicofisiológicas;
reações psicológicas; 3 para alerta total; 1 em fase de resistência e 1 em fase de quase
exaustão. Em relação ao Grupo 2, observou-se que 4 crianças não apresentam sinais de
stress e 6 crianças apresentaram os seguintes sinais de alerta: reações psicofisiológicas;
reações psicológicas; 5 para fase de alerta total; 5 em fase de resistência; 2 em fase de
quase exaustão e 1 em exaustão. A diferença entre os grupos não foi estatisticamente
significante. Em relação ao sexo notamos que houve um predomínio do gênero feminino.
Conclusão: Em ambos os grupos, a maioria das crianças apresentaram sinais sugestivos
de stress infantil, mostrando assim que este pode não ser um fator determinante no
desempenho escolar na amostra estudada.

396
Síndrome de Joubert: alterações fonoaudiológicas identificadas a partir de triagem
em ambiente hospitalar

Daniela Regina Molini-Avejonas; Camila Aquino, Denise Gonzaga,Silmara Rondon

Introdução: A Síndrome de Joubert e as desordens a ela relacionadas caracterizam-se


por aplasia do vermis cerebelar, ataxia, movimentos oculares anormais, respiração
irregular e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (ADNPM).Até o presente
momento não há estudos disponíveis na literatura referentes às alterações
fonoaudiológicas encontradas nessa síndrome. Objetivos: Descrever alterações
fonoaudiológicas em um caso de Síndrome de Joubert, identificadas a partir de triagem
fonoaudiológica em ambiente hospitalar. Métodos: A responsável pelo sujeito assinou
Termo de Consentimento para autorização do uso dos dados para pesquisa. Foi aplicado
protocolo de triagem fonoaudiológica da instituição em que foi desenvolvido o estudo pelo
qual foram investigados: idade; gênero; raça; escolaridade; profissão; idiomas; condição
geral de saúde; identificação, escolaridade, idade e profissão dos pais; renda familiar. O
protocolo contém questões específicas de Fonoaudiologia cujas respostas são “sim”,“não”
ou “às vezes”, referentes às seguintes áreas: audiologia, fluência, fonologia, motricidade
orofacial, pragmática, voz, vocabulário e interação comunicativa. Resultados: Foi
realizada a triagem fonoaudiológica em ambiente hospitalar com um sujeito do gênero
feminino, 11 anos de idade, cursando o 4º ano do ensino Fundamental, falante do
português brasileiro, cujos diagnósticos médicos são de Síndrome de Joubert e de
ADNPM. O paciente realiza acompanhamento médico com neurologista, endocrinologista
e oftalmologista. A queixa fonoaudiológica foi de dificuldades na fala. A partir da triagem
foi identificada alteração na articulação durante a fala espontânea e volume de língua
aumentado. O sujeito apresentou interação comunicativa adequada, contudo, comunicou-
se com a avaliadora utilizando apenas frases simples, contendo de duas a três palavras.
As hipóteses diagnósticas definidas foram de Disartria e Alterações no desenvolvimento
de linguagem. Foi realizado encaminhamento para ambulatório específico da mesma
instituição em que o sujeito foi submetido à triagem fonoaudiológica, com pedido de
avaliação fonoaudiológica e conduta. Discussão: A ataxia cerebelar, presente nos casos
de Síndrome de Joubert, apresenta como sintomas disartria, disfagia e oscilação postural
e dificuldade de marcha, além da hipotonia que é característica de disfunções
cerebelares. Além disso, os músculos da fonação são acometidos levando a disartria,
justificando a queixa referida pelo sujeito durante a triagem fonoaudiológica. A ataxia
torna-se evidente quando a criança começa a andar, a partir desta fase inicial, a ataxia é
associada com os movimentos da cabeça anormais, é lenta e constantemente
progressiva, no entanto, o normal desenvolvimento das habilidades motoras entre as
idades de 2 e 5 anos tende a mascarar a progressão de ataxia. Nos casos de Síndrome
de Joubert o ADNPM tem relação com a ataxia cerebelar. Além disso, as alterações no
desenvolvimento de linguagem identificadas podem estar relacionadas ao ADNPM,
característico da doença e presente no sujeito estudado. Conclusão: Por meio dos
resultados deste estudo de caso, foram identificadas e descritas alterações
fonoaudiológicas relacionadas ao quadro de Síndrome de Joubert e ao ADNPM. É
importante destacar que se trata de um estudo de caso, sendo necessária a realização de
novos estudos, com casuística ampliada, a fim de investigar mais profundamente as
alterações fonoaudiológicas encontradas nessa síndrome, bem como para propor o
melhor tipo de tratamento fonoaudiológico a ser realizado nesses casos.

397
Sobre o trabalho com gêneros textuais nos distúrbios de leitura e escrita.

Maria Salete Franco Rios; Irani Rodrigues Maldonade

Introdução: O processo de aquisição de escrita constitui um marco importante no


desenvolvimento cognitivo humano. Diferentemente da oralidade, para a aquisição da
escrita, é necessário que as crianças passem por um período de aprendizado formal
oferecido pelas escolas. Entretanto, nem todas alcançam o êxito esperado, razão pela
qual muitas delas são encaminhadas ao tratamento fonoaudiológico, como forma de
correção dos problemas. Objetivo: Refletir sobre a eficácia do trabalho com gêneros
textuais na produção escrita de crianças/adolescentes encaminhadas pelas escolas ao
serviço fonoaudiológico da secretaria municipal de saúde de uma cidade do interior de
São Paulo, por apresentarem alterações no processo de aquisição de leitura/escrita, que
interferem na produção de textos. Método: Foram utilizados registros em prontuários das
crianças/adolescentes que não apresentavam quaisquer problemas de saúde, além de
terem audição e visão normais. Todos estavam matriculados no 6º ou 7º ano do ensino
fundamental, em diferentes escolas da rede pública de ensino da cidade e tinham entre
11 e 13 anos de idade e, em comum, uma história de fracasso escolar. Resultados: As
tiras demonstram ser um gênero textual favorável para o desenvolvimento do trabalho
com os operadores linguísticos/argumentativos, tais como: apesar, mas, até, portanto,
consequentemente (entre outros), além do sentido veiculado pelo texto, geralmente
cômico.Os textos narrativos propiciaram o trabalho e expansão do repertório dos
operadores linguísticos, léxico e sentido na evolução da trama do texto de forma coerente.
Além disso, observou-se que as intervenções do fonoaudiólogo na condução do processo
de reescrita dos sujeitos, não foi o de corretor, mas o desencadeador de textualidade, em
trabalho colaborativo. Conclusão: O trabalho com gêneros textuais facilitou a motivação
para ler e escrever e teve, como consequência, a melhoria da progressão textual, além de
ter possibilitado maior adequação dos aspectos formais da escrita, tais como: o
incremento do vocabulário, uso lexical adequado, ortografia e pontuação. Desta forma, a
terapia fonoaudiológica baseada nos gêneros textuais se mostrou ferramenta eficaz nos
distúrbios de leitura e escrita.

398
Sono-vigília e qualidade de vida em indivíduos com paralisia cerebral

Gabriela Melloni Zuculo; Cintia Cristina Fadini, Luciana Pinato

Introdução: Lesões não-progressivas do sistema nervoso central durante o seu


desenvolvimento podem levar ao quadro clínico neurológico chamado paralisia cerebral
(PC) ou encefalopatia crônica não progressiva da infância. A sintomatologia da PC inclui
problemas musculares, dor crônica e lesões de vias neurais específicas que por sua vez
podem afetar habilidades necessárias para as atividades de vida diária, além de limitar as
atividades sociais e cognitivas. Sabendo que a qualidade de sono têm relação direta com
a qualidade de vida, e considerando os aspectos clínicos da PC, torna-se interessante
investigar se o padrão de sono está alterado nesta população e consequentemente se
isso pode ser um agravante nos aspectos da qualidade de vida destes indivíduos.
Objetivos: Investigar e correlacionar o padrão de sono e a qualidade de vida de indivíduos
com paralisia cerebral. Métodos: Foram utilizados para análise do padrão de sono: o
Questionário de Hábitos Gerais de Sono (versão Belisio, 2010), o Diário de sono e a
Escala de Distúrbios do Sono em Crianças (EDSC) e para análise de qualidade de vida
foram aplicados: o Questionário de Saúde da Criança (CHQ-PF50) e a Escala de
Avaliação de Qualidade de Vida (AUQEI), aplicados em 30 participantes (15 PCs e 15
controles). Resultados: Nas variáveis do sono, os resultados encontrados no grupo PC
indicaram maior percentual em: distúrbio do despertar (pesadelos, terror noturno e
sonambulismo), dificuldade para iniciar o sono, acordar durante a noite e roncar, além de
maior percentual de indivíduos com problemas de saúde, que fazem uso de
medicamentos, estão em terapia e que ingerem café. Nas variáveis de qualidade de vida,
os resultados encontrados indicaram déficit em saúde global, função física, limitação das
atividades devido à função física, autoestima, qualidade de tempo do pais (impacto no
tempo dos pais), qualidade emocional dos pais (impacto emocional dos pais) e percepção
de saúde. Os testes de correlação entre os resultados do sono e qualidade de vida
mostraram que o distúrbio de Hiperhidrose teve correlação em todos os parâmetros de
qualidade de vida da Auqei. Além disso, todos os distúrbios de sono abordados na EDSC
tiveram correlação com o parâmetro impacto emocional nos pais do questionário CHQ-
PF50. Conclusões: Os resultados indicaram que 33% de indivíduos com PC
apresentaram algum tipo de distúrbio de sono, sendo os mais frequentes o Distúrbio
respiratório de sono e a Hiperhidrose do sono, além destes, estes indivíduos
apresentaram problemas de sono como acordar no meio da noite e uma demora maior
para dormir. Também demonstraram uma menor qualidade de vida para estes indivíduos
em diversos parâmetros avaliados pelo CHQ-PH50. A correlação entre distúrbios do sono,
com destaque para o distúrbio hiperhidrose do sono, mostrou uma influencia negativa na
qualidade de vida desses indivíduos e no emocional dos pais ou responsáveis. Portanto,
novos estudos devem contribuir para que tratamentos interdisciplinares incluindo a
melhoria da qualidade do sono, possam oferecer uma melhor qualidade de vida a essa
população.

399
Tecnologia assistiva: desenvolvimento de aplicativo para ipad sobre comunicação
suplementar e/ou alternativa.

Thais Maia; Aline Megumi Arakawa, Magali de Lourdes Caldana

Introdução: Equipamentos assistivos definem-se como “produtos, recursos e técnicas”


utilizadas para promover inclusão social e qualidade de vida. O termo comunicação
suplementar e/ou alternativa (CSA) é utilizado para definir outras formas de comunicação
como o uso de gestos, sinais da língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas
de alfabeto ou símbolos pictográficos, comunicadores, até o uso de sistemas sofisticados
como o computador com voz sintetizada e tablets. A utilização de aplicativos em
fonoaudiologia vem se expandindo no Brasil, porém, ainda não se constitui em prática de
amplo conhecimento. Objetivo: Desenvolver um aplicativo para IPAD sobre CSA visando
melhorar a comunicação de indivíduos com déficit da ou na comunicação oral,
favorecendo assim uma inclusão social mais eficaz. Método: O aplicativo foi desenvolvido
totalmente em português, com uma parte para que o usuário escreva sua frase e aperte
“play“ e o aplicativo irá “falar“ pelo usuário, e outra parte desenvolvida para usuários
analfabetos que será por meio de figuras, as figuras serão divididas em categorias
semânticas, podendo ser repetidas ou não dentro da frase, para que a mesma seja
montada da maneira que o utilizador desejar. O aplicativo foi construído para que a
pessoa com problemas na comunicação oral, consiga usar o mesmo, tanto no ambiente
de terapia quanto em rotinas de comunicação. Foi disponibilizado dentro do aplicativo a
função de acrescentar as figuras que o paciente desejar, fazendo com que o aplicativo se
torne único para cada paciente, efetivo e uma ótima ferramenta para se utilizar dentro do
cotidiano, em todas as situações. Resultado: O aplicativo será testado com pacientes da
clinica de fonoaudiologia numa posterior data, para se observar a efetividade do mesmo,
será aplicado questionário em que o paciente e o cuidador deverão responder a respeito
da qualidade do aplicativo. Conclusão: O aplicativo de CSA para IPAD irá reduzir o tempo
em que o usuário com déficit de comunicação oral leva para se comunicar melhorando
assim sua qualidade de vida e favorecendo uma melhor inclusão social, se tornando
assim uma ótima ferramenta para ser utilizada tanto no dia a dia quanto em terapia
fonoaudiológica.

400
Telessaúde e fonoaudiologia: novas portas para o saber

Taísa Giannecchini Souza Neiva; Luciana Paula Maximino, Luciana Amorim Ladeira,
Caroline Luz, Cristina Silva

Introdução: Desde 2009, a prática da Telessaúde em Fonoaudiologia foi regulamentada


pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, de acordo com a resolução nº 366/2009. A
prática vem revelando projetos importantes, desenvolvidos por universidades brasileiras e
algumas parcerias entre centros educacionais. Desta forma, faz-se possível o exercício da
profissão por meio de tecnologias de informação e comunicação e a criação de ambientes
virtuais favoráveis à promoção da Saúde. Objetivo: realizar um levantamento bibliográfico
acerca das produções científicas fonoaudiológicas na área de Telessaúde e oferecer
informação aos profissionais da Saúde sobre o uso e sistematização dessa ferramenta, a
fim de aprimorarmos nossos meios de aprendizado. Método: Através da revisão da
literatura e a fim de agrupar de forma ordenada as produções científicas na área da
Telessaúde, realizamos pesquisa nas bases de dados Medline, Ibecs, Lilacs, Cochrane e
Scielo, entre os anos de 1993 e 2003, com os unitermos telessaúde, fonoaudiologia,
telemedicina, educação em saúde e educação à distância. O critério de inclusão foi o
artigo cujo texto estivesse em português. Na 2ª. parte desse projeto, 10 profissionais de
áreas da saúde responderam a um questionário fechado contendo 3 questões
dissertativas sobre seus conhecimentos, uso e habilidades com a Telessaúde e suas
respectivas áreas. Participaram desta coleta 2 médicos, 2 dentistas, 1 fisioterapeuta, 1
nutricionista, 1 psicólogo e 3 fonoaudiólogos. Após a realização da pesquisa de campo,
oferecemos aos participantes uma compilação dos artigos escolhidos para o corpo do
trabalho e disponibilizamos material educativo no site da instituição. Resultados: apesar
de uma maior ocorrência de artigos científicos na base de dados Medline (38), Lilacs (18)
e Scielo (10) quando usamos o unitermo Telessaúde, o papel científico da Fonoaudiologia
restringiu-se a 2 publicações no Medline, 2 no Lilacs e 3 no Scielo, com foco
principalmente na Audiologia e na criação de ambientes virtuais favoráveis ao
aprendizado. Quando comparados aos artigos em outras línguas, o Medline apresenta
uma base de 9989 artigos para Telessaúde, 2582 para Educação à distância e 2 para
Fonoaudiologia e Telessaúde. Esta escassez do conteúdo no Português refletiu-se
também no conhecimento das demais áreas da saúde (psicologia, fisioterapia, nutrição,
medicina e odontologia) cujos questionários continham informações divergentes sobre os
termos “Telessaúde” e “Teleducação”. Os profissionais pesquisados revelaram ter pouca
ou nenhuma experiência com a telemedicina (72%) e sentem-se interessados em
aprofundar o assunto (88%) para o avanço científico em suas áreas. Conclusão: existem
restritas produções científicas na área fonoaudiológica com enfoque na Telessaúde. Há a
necessidade de mais estudos para a divulgação do conhecimento pela Telemedicina.
Profissionais de outras áreas da saúde também carecem de informações para o uso
sistemático das Tecnologias de informação e comunicação em suas áreas, o que poderia
aumentar o acesso à saúde de qualidade e a troca de conhecimentos entre os centros
educacionais.

401
Terapia com pares mínimos em casos de apraxia de fala e disartria associadas

Gabriela Silveira; Leticia Lessa Mansur, Janaína de Souza Simões, Marcela Lima Silagi

Introdução: A comorbidade de apraxia de fala e disartria é relatada em diversos estudos,


acarretando maior prejuízo na inteligibilidade de fala. Os modelos terapêuticos
recentemente propostos para apraxia de fala são compostos de treinos fonológicos. Em
paralelo, constam entre as alternativas de reabilitação tradicionais, treinos motores, e de
repetição a partir de modelo e uso de pistas articulatórias. A literatura não apresenta
critérios para a escolha dessas modalidades terapêuticas. Sabe-se que o uso de pares
mínimos pode auxiliar a aplicação de regras fonológicas, percepção da ambiguidade
acarretada pelas trocas e a generalização para sons não tratados. No entanto, tal
programa pode não trabalhar de forma suficiente as dificuldades de articulação
apresentadas pelo paciente com disartria associada, sendo necessário salientar os traços
dos fonemas para promover a articulação correta. Objetivos: Avaliar o alcance e limites de
dois modelos terapêuticos na apraxia de fala: o modelo de repetição de pares mínimos e
uso de pistas sobre traço, zona e modo dos fonemas. Métodos: Mas 56 anos, gênero
feminino, com 10 anos de escolaridade. A paciente sofreu AVCi em região fronto-temporal
à esquerda, manifestando apraxia de fala moderada e disartria associada. Apresenta
alteração da emissão oral, com trocas e distorções de fonemas, sendo os erros mais
sistemáticos nos fonemas /f/ e /m/. Para verificar a eficácia do fornecimento de pistas
sobre os fonemas, foi utilizado o programa de repetição de pares mínimos com oito listas
de estímulos contendo palavras e pseudopalavras com as oposições [f]x[p], [f]x[k], [m]x[b]
e [m]x[k]. Nas apresentações, a primeira metade das listas foi apresentada sem pistas e
na repetição da segunda metade dos pares foram fornecidas pistas sobre os fonemas
quanto ao traço, ponto e zona de articulação. Resultados: Desempenho na repetição das
listas: 1)pares [f]x[p]-50% acertos sem pista e 91,67% acertos com pista nos pares de
palavras; 83,33% acertos sem pista e 100% acertos com pista nos pares de
pseudopalavras; 1)pares [f]x[p]-50% acertos sem pista e 91,67% acertos com pista nos
pares de palavras; 83,33% acertos sem pista e 100% acertos com pista nos pares de
pseudopalavras; 2)pares [f]x[k]-75% acertos sem pista e 91,67% acertos com pista nos
pares de palavras; 43,55% acertos sem pista e 59,68% acertos com pista nos pares de
pseudopalavras; 3)pares [m]x[b]-75% acertos sem pista e 100% acertos com pista nos
pares de palavras; 91,67% acertos sem pista e 91,67% acertos com pista nos pares de
pseudopalavras; 4)pares [m]x[k]-75% acertos sem pista e 80,95% acertos com pista nos
pares de palavras; 75% acertos sem pista e 91,67% acertos com pista nos pares de
pseudopalavras. Analisando-se os dados em conjunto, a paciente apresenta melhor
desempenho com o fornecimento de pistas (p=0,0078). Conclusões: O uso de pistas
quanto ao modo, zona e traço dos fonemas na repetição de pares mínimos promoveu
maior número de acertos. Nos casos de apraxia de fala e disartria associadas é
necessária a combinação de métodos que acionem pistas para as bases articulatórias na
atualização do programa mot

402
Terapia com verbos e melhora do discurso oral na afasia de broca: relato de caso

Marcela Lima Silagi; Thaís Lima Ferreira, Caio Henrique de Carvalho Assunção, Leticia
Lessa Mansur

Introdução: A afasia de Broca caracteriza-se por comprometimento predominante na


expressão oral, com presença de agramatismo, parafasias e anomias.
Consequentemente, o discurso encontra-se reduzido, com maior omissão de verbos e
palavras de classe fechada. Objetivos: Verificar a eficácia da terapia fonoaudiológica com
verbos no discurso oral de uma paciente com afasia de Broca moderada. Métodos:
Paciente D.N.M., sexo feminino, 50 anos, ensino superior completo (15 anos de
escolaridade), destra, com diagnóstico fonoaudiológico de afasia de Broca decorrente de
acidente vascular encefálico, após a retirada de um aneurisma em 2006. A paciente
apresentava discurso oral reduzido, com emissão de palavras isoladas, em sua maioria
substantivos. Foram realizadas atividades para o fortalecimento da rede de verbos com o
objetivo de melhorar a evocação lexical na fala espontânea. A atividade consistia no
fornecimento de pares combinados de sujeito-predicado relacionados a um verbo-alvo, o
qual a paciente deveria evocar (por exemplo: cozinheiro/açúcar, médico/peso – verbo-
alvo: medir) (Edmonds et al., 2009). Posteriormente estes verbos eram colocados em
frases para serem flexionados em diferentes tempos verbais. Conjuntamente, foram
realizadas atividades de preenchimento de lacunas, organização sintática e tarefas de N-
Back com os verbos trabalhados. A intervenção terapêutica teve a duração de 5 meses,
em sessões semanais de 45 minutos. Foram aplicadas três pranchas (Roubo dos
Biscoitos, Sala e Trânsito Simples) para avaliação da narrativa oral antes do início da
terapia e após 5 meses, para controle dos resultados obtidos no processo terapêutico.
Resultados: A análise baseou-se no conjunto das três narrativas orais, produzidas a partir
das três pranchas. Considerou-se resultados pré e após terapia, em relação às seguintes
variáveis: total de palavras emitidas (22 pré terapia/ 33 após terapia); número de verbos
emitidos (1 verbo pré terapia/ 7 verbos após terapia); velocidade de fala (7,54 pré-terapia /
8,6 palavras por minuto após terapia); número de frases emitidas (1 pré terapia/ 5 após
terapia); extensão média do enunciado (MLU) (2 elementos/ 3 elementos). Conclusão: O
aumento do número de verbos emitidos nas atividades de narrativa oral relacionou-se
também ao aumento geral no número de palavras, aumento da velocidade de fala e
melhora do agramatismo. O verbo constitui elemento essencial na conversação,
permitindo a veiculação de informações mais precisas. A terapia fonoaudiológica com
verbos foi eficaz para melhorar o discurso oral de uma paciente com afasia de Broca
moderada.

403
Terapia em grupo de afásicos: relato de experiência

Lenisa Brandão; Raquel Andressa dos Santos Barraza, Nicolli Bassani de Freitas, Tatiane
Machado Lima, Sérgio Duarte Júnior, Magda Aline Bauer

Introdução: A afasia é um distúrbio de linguagem causado por dano neurológico adquirido


em áreas do cérebro que são importantes para os processos de compreensão e/ou
expressão da linguagem. Os déficits comunicativos frequentemente levam a uma
diminuição das interações e afastamento de situações comunicativas. A terapia em grupo
para afásicos propõe um contexto dinâmico e ecológico para a reabilitação das afasias,
sendo que há evidências de sua eficácia no tratamento da afasia. Objetivos: Apresentar a
experiência do Grupo Comunicação. Métodos: O grupo acolhe afásicos e seus familiares,
amigos e terapeutas, contando com a participação de 12 membros afásicos, com idades
entre 40 e 65 anos. Diferentes quadros de comprometimento da linguagem e da cognição
são observados, porém grande parte do grupo apresenta afasia predominantemente
expressiva. A equipe de terapeutas é constituída por duas Fonoaudiólogas, um Psicólogo
e três alunas estagiárias do último ano do curso de Fonoaudiologia. Os encontros
ocorrem semanalmente, com uma hora de duração, sendo estruturados da seguinte
forma: 10 minutos de conversação livre/espontânea, 20 minutos de participação em jogos
e brincadeiras de linguagem, 20 minutos de participação em jogos focados principalmente
em funções extralinguísticas importantes para a comunicação e 10 minutos para avisos e
sugestões dos participantes. As atividades propostas pela equipe são planejadas a partir
do enfoque neuropsicológico e sociocognitivo, visando a reabilitação da comunicação e
da cognição a partir da interação social. Alguns dos participantes também recebem
atendimento fonoaudiológico individual. Resultados: As atividades do Grupo Comunicação
têm ênfase na comunicação funcional e consistem em conversações e jogos,
demandando a interação social entre os participantes. Diferentes processos lingüísticos
são estimulados, como a recuperação lexical, a morfossintaxe, a compreensão e a
produção do discurso narrativo e conversacional. Além das habilidades comunicativas, os
jogos propostos envolvem o exercício de outras funções cognitivas, como a atenção, as
funções executivas e a memória. Observa-se que os afásicos expressam bem estar
durante o contato social, com progressivo aumento da iniciativa nos diálogos em grupo.
Além disso, as conversações dos participantes caracterizam-se pela solidariedade e bom
humor sobre suas próprias dificuldades. Os membros sugerem propostas inovadoras de
atividades em grupo, sendo que a atuação está se expandindo para a criação de uma
associação e de um grupo de teatro afásico. Conclusão: A terapia em grupo constitui uma
mudança paradigmática nas abordagens de reabilitação do afásico, sendo importante
investigar empiricamente a eficiência dessa modalidade. A experiência relatada com esse
grupo de afásicos gerou conhecimentos e reflexões teóricas importantes, dando origem a
um projeto de pesquisa que visa examinar a eficácia dessa modalidade terapêutica nos
próximos 3 anos. O método dessa pesquisa em andamento possibilitará uma avaliação
ampla da linguagem e da cognição de um novo grupo afásico, utilizando não apenas
medidas de avaliação tradicionais. O possível sucesso dessa modalidade terapêutica será
também medido pela análise discursiva e por instrumentos sensíveis para captar
mudanças funcionais das habilidades comunicativas e do uso da linguagem no contexto
social, bem como medidas de qualidade de vida e bem estar.

404
Terapia fonoaudiológica em criança com baixa visão e suspeita de autismo.

Josiane Célia de Lima; Erika Maria Parlato-Oliveira, Galton Vasconcelos, Renata Maria
Moreira Moraes Furlan, Nayara Mota de Aquino, Nayara Duviges de Azevedo, Priscila
Guimarães Kimura, Jeyseane Ramos Brito, Simone Rosa Barreto

Introdução: O comprometimento da função visual reduz o número de informações que o


indivíduo recebe do meio, dificultando a exploração do ambiente e aquisição de
conhecimento. A atuação fonoaudiológica na baixa visão propicia maior interação do
sujeito com o ambiente, por meio da estimulação da visão remanescente e demais
sentidos, além de promover o desenvolvimento das habilidades linguísticas,
proporcionando assim, autonomia e independência ao paciente. O Ambulatório de Baixa
Visão Infantil de um Hospital Universitário, conta com uma equipe interdisciplinar formada
por oftalmologistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, pedagogo e
psicólogo, e trabalha no acompanhamento e na assistência a crianças com baixa visão.
Objetivo: Relatar o caso de uma criança deficiente visual, atendida pela equipe da Baixa
Visão Infantil de um Hospital Universitário. Métodos: Para a delineação do caso foram
utilizados: o prontuário, os relatórios de anamnese, avaliação e evolução do paciente.
Resultados: K.D.C., 3 anos, sexo masculino, portador de catarata congênita e baixa visão
de grau severo, foi submetido à avaliação pelos profissionais da equipe. Nas discussões
da equipe levantou-se a hipótese diagnóstica de autismo. Na avaliação fonoaudiológica,
foi observado que a criança apresentava: dificuldade de interação com outras pessoas,
movimentos estereotipados, tais como, bater objetos no próprio corpo e rolar no chão,
bruxismo quando acordado, resistência à mudança de rotina. A criança fazia pouco
contato visual, não demonstrava interesses por brinquedos, evitava contato físico, não
respondia a ordens verbais, comunicava-se utilizando preferencialmente o meio gestual e
não vocaliza. Além disso, K.D.C. alimentava-se basicamente de biscoito, salgadinhos e
iogurte e fazia uso de chupeta. A terapia fonoaudiológica objetivou melhorar os aspectos
de interação e comunicação da criança com seus familiares, desenvolver o uso da visão
residual e dos demais sentidos na exploração do ambiente pela criança. Foram utilizadas
músicas infantis, brinquedos sonorizados, luminosos, com contraste e variadas cores e
texturas. Observou-se que o ambiente familiar era restrito em estímulos comunicativos e a
conduta materna privava a criança da interação com outras pessoas e, consecutivamente,
impactava no seu desenvolvimento. A família recebeu orientações quanto à estimulação
da linguagem e oferta de alimentos de importância nutricional e participou dos
atendimentos em todas as sessões terapêuticas realizadas. Após 12 sessões, verificou-se
melhor interação do paciente com as terapeutas e com sua família, redução na frequência
de realização dos movimentos estereotipados e eliminação do bruxismo. O paciente já
executa pequenas ordens simples por comando verbal, começou a vocalizar e a emitir
algumas palavras monossílabas durante a terapia e em casa. Conclusão: A criança
apresentava baixa visão. Nos primeiros dois anos de vida esteve inserido em um
ambiente com pouca interação comunicativa e apresentava características que remetiam
ao espectro autístico. A literatura aponta que algumas crianças com baixa visão são
diagnosticadas como autistas por causa do blindismo (movimentos rítmicos repetidos com
o corpo). Estas crianças fixam-se em níveis sensoriais primários de busca do prazer pelos
movimentos ritualísticos. A evolução da linguagem do paciente no decorrer da terapia
fonoaudiológica foi possível graças à parceria entre a família da criança e as terapeutas.

405
The genetic causes of specific language impairment (sli) in an isolated chilean
population

Pia Villanueva Bianchini; D. F. Newbury, A. Hoischen, R. Nudel, C. Gilissen, L. Carvajal-


Carmona, M. Echeverry, L. Jara, Z. De Barbieri, M. A. Fernandez, 2J. Veltman, A. P.
Monaco, H. Palomino, S. E. Fisher

Specific Language Impairment (SLI) is diagnosed in children who experience profound and
persistent language deficits despite otherwise normal development and no obvious
explanatory factors. This disorder affects 5-8% of preschool children and has a complex
genetic aetiology. SLI is highly heritable and twin studies indicate a strong genetic basis.
Nonetheless, the underlying genetic mechanisms are expected to be multifactorial and, to
date, only three risk variants have been identified. One way to increase the power to
detect contributory genetic factors is to study isolated populations derived from relatively
recent shared ancestors (founder populations). In 2008, Villanueva described a founder
population with a particularly high incidence of SLI (10 times that expected). They inhabit
the Robinson Crusoe Island, which lies 677km to the west of Chile and was colonised in
the late 19th century by 8 European and Amerindian families. 77% of the current island
population have a colonising surname. More than 80% of language impaired individuals
can be traced to a pair of founder brothers. This population thus has a short (5-
generations) and well-documented history and represents a unique resource which could
make valuable contributions to the elucidation of genetic mechanisms underpinning SLI.
We applied exome sequencing technologies to five language-impaired individuals from this
population and identified nine non-synonymous coding changes or splice site mutations
that were present in at least three of the five affected individuals sequenced. Sequencing
of the entire cohort identified a single synonymous coding change that was significantly
more frequent in cases than controls (genotype frequencies of 46% and 12% respectively,
p=4.48 × 10-5). We suggest that this rare coding variant may contribute to the elevated
frequency of SLI in this population.

406
Uso de drogas na gestação e a relação com a fonoaudiologia – estudo de caso

Bianca Rodrigues Lopes Gonçalves; Simone Aparecida Lopes-Herrera,


Camila Guarnieri, Mahyara M. Jacob, Camila Mayume Abe

O uso de drogas durante a gestação traz prejuízos importantes tanto fisiológicos quanto
psicossociais para a criança. Pesquisas demonstram que cigarros, álcool e maconha são
as três drogas mais consumidas entre as gestantes. A exposição ao álcool tem sido
associada com déficits nos seguintes domínios: desenvolvimento intelectual em geral,
memória, habilidades visuais / espaciais, atenção, impulsividade e de resolução de
problemas. A maconha provavelmente é a droga ilícita de maior uso durante a gestação;
seu princípio ativo é o delta-9-tetra- hydrocannabinol (THC), substância lipossolúvel que
atravessa com facilidade a barreira placentária, porém há poucas evidências dos efeitos
da maconha e seus metabólitos sobre o feto e sobre as crianças nascidas de mães
usuárias. O objetivo deste estudo de caso foi descrever a importância da investigação do
histórico clínico e familiar de uma criança de 6 anos de idade, com queixa de disfluência,
com mãe usuária de drogas, atendida na Clínica de Fluência da Clínica de
Fonoaudiologia da FOB-USP. Na anamnese, a mãe relatou ser fumante e ingerir bebidas
alcoólicas desde a adolescência, ao engravidar do paciente, nos primeiros meses de
gestação, começou a se desentender com o cônjuge, aumentou a quantidade de tabaco e
álcool e começou a fazer uso de maconha, continuando o uso até o dado momento. Aos 7
meses de gestação, alegando desconforto gestacional, a mesma utilizou chás abortivos,
além de dar socos na própria barriga enquanto ficava deitada para acelerar o nascimento
da criança (sic), que nasceu a termo por meio de parto normal. Após o nascimento, o
bebê foi rejeitado pela mãe, alimentado com o leite materno da mesma até os 10 dias de
vida e cuidado por parentes que residia em conjunto na moradia e a ajudava com os
demais filhos. Todavia, assumiu os cuidados aos poucos, sendo que é a mãe quem o
acompanha na intervenção atualmente. A criança começou andar aos 12 meses, falar aos
3 anos, apresentando fala ininteligível, possui comportamento agitado e nervoso. No
ambiente escolar, não possui contato com as demais crianças, por questão de timidez. Na
avaliação fonoaudiológica, foram aplicados Stuttering Severity Instrument (S.S.I), Teste de
Linguagem Infantil (ABFW): prova de Fonologia, Vocabulário e Fluência e Protocolo de
Habilidades Comunicativas verbais. A criança apresentou gagueira de grau leve,
simplificações fonológicas e vocabulário aquém do esperado para a idade, dificuldade em
manter turnos comunicativos e narrativa com linguagem simplificada, fazendo o uso de
gestos. Na ausência materna em terapias, percebe-se que o paciente apresenta um
padrão comportamental mais afetuoso, desinibido e com menor quantidade de
disfluências gagas. Mesmo salientando aos responsáveis a importância de um
comportamento diferencial perante a presença do paciente e orientados quanto táticas
plausíveis para aumentar o vocabulário e fluência de fala, não houveram mudanças. A
mãe alegou fazer tratamento medicamentoso acompanhado por médicos para
recuperação do uso das drogas. Logo, torna-se evidente que tanto o consumo do álcool,
quanto a exposição concomitante ao tabaco e maconha, afetam especificamente a
memória e em consequência a aprendizagem, sendo assim extremamente necessário o
acompanhamento multiprofissional dessas crianças.

407
Uso de palavras de classe fechada e trabalho com narrativa na síndrome de down

Rosangela Viana Andrade; Paula Lima Cortiñas, Gabriela Gonçalves Tupinelli, Suelly
Cecilia Olivan Limongi

Introdução: Os indivíduos com síndrome de Down (SD) apresentam defasagem cognitiva


com consequente atraso e alterações no desenvolvimento da linguagem, sendo que a
linguagem expressiva encontra-se mais comprometida do que a receptiva, principalmente
com relação ao uso das regras gramaticais e da morfossintaxe. Durante a emissão de
classes de palavras, por exemplo, é fácil observar tendência da criança com SD utilizar
sentenças simples nas quais os artigos, as preposições, os pronomes, as conjunções
entre outros, são omitidos. Isso acontece devido o fato de que essas palavras são
elementos de natureza sintática e não contêm carga semântica. São poucos os estudos
que descrevem as habilidades narrativas de crianças e adolescentes SD, principalmente
com relação ao seu uso na intervenção clínica. Autores consideram o uso e a análise da
narrativa uma importante ferramenta clínica e de pesquisa altamente efetiva por
proporcionar aos examinadores as múltiplas características lingüísticas presentes no
discurso dos sujeitos envolvidos, principalmente no que se refere à produção do
vocabulário e do uso das habilidades gramaticais e sintáticas. Objetivo: Verificar a
utilização de palavras de classe fechada em crianças e adolescentes com SD a partir do
trabalho com narrativas. Métodos: cinco participantes com idades entre 9 e 15 anos, no
período operatório concreto, foram submetidos a processo terapêutico durante 12 meses
com ênfase em narrativa, com trabalho sistematizado para o uso de pronomes,
preposições e conjunções. A coleta constou de avaliações inicial (AI) e final (AF), com
análise da Extensão Média do Enunciado (EME) a partir de relato do livro Frog, where are
you?, gravadas em vídeo e transcritas em protocolos específicos. Os dados foram
submetidos a análise estatística apropriada, que constou de análise descritiva e teste não-
paramétrico de postos de Wilcoxon. Resultados: as análises do grupo mostraram
aumento na media na avaliação final para todas as variáveis de palavras de classe
fechada estudadas, embora não tenham sido significantes, o que pode ser justificado pelo
pequeno número de participantes. Os dados obtidos para pronomes foram 16.2 (AI) X
23.2 (AF); para preposições foram 11 (AI) X 25.6 (AF); para conjunções foram 15.4 (AI) X
29.6 (AF). As análises individuais apontaram a mesma tendência que a análise grupal.
Conclusão: apesar do número pequeno de participantes, o trabalho com narrativas
mostrou-se efetivo para o aumento na utilização de palavras de classe fechada, que
significa desenvolvimento no uso e na qualidade da estrutura sintática por essa
população.

408
Variações semânticas nos enunciados de crianças em processo de
desenvolvimento da linguagem oral: estudo preliminar

Denise Brandão de Oliveira e Britto; Tatiana Rocha Silva

Objetivo: analisar as variações semânticas do enunciado de crianças em processo de


desenvolvimento da linguagem. Método: trata-se de estudo piloto, de tipologia descritiva,
análise qualitativa e quantitativa. Participaram da pesquisa 10 crianças entre 3 e 4 anos,
sendo 5 na faixa etária de 3 anos e 5 na faixa etária de 4 anos. Os sujeitos da pesquisa
foram selecionados por meio da técnica de amostragem não aleatória, do tipo
amostragem por conveniência, sem queixa e/ou alterações auditivas e cognitivas. A coleta
de dados foi realizada por meio de observação e registro, em áudio e vídeo, de situações
de interação lúdica, em sessões de fonoterapia no Centro Clínico. Após a transcrição das
situações de interações lúdicas as variações semânticas encontradas foram classificadas
em relação de contiguidade, superextensão, subextensão, proximidade fonológica,
perífrase, semiótica não verbal, dêitico e variações não classificadas. A análise estatística
foi realizada por meio do software MINITAB 14. Inicialmente foi realizada a análise
descritiva da amostra em relação ao número de ocorrências de variações semânticas
considerando todos os participantes. Essa análise descritiva compreendeu medidas de
tendência central (média e mediana), de dispersão (desvio padrão) e de posição (máximo
e mínimo). Além da estatística descritiva foi realizada a estatística inferencial por meio do
teste não paramétrico Mann-Whitney. Esse teste foi realizado com o objetivo de comparar
a ocorrência de variações semânticas entre os grupos (3 e 4 anos), além de comparar
essas variações em um mesmo grupo, visando determinar se a diferença é
estatisticamente significante. Foi adotado o nível de significância de 5% (p≤ 0,05).
Considerou-se como tendência a significância estatística os resultados significantes ao
nível de 10% (p ≤ 0,10). Resultados: a média de idade da população estudada foi de 3,5
anos (desvio padrão de 0,71), sendo 8 (80%) do sexo masculino e 2 (20%) do sexo
feminino. A superextensão foi a variação semântica com maior ocorrência, seguida das
variações não classificadas. Em contrapartida, a subextensão e a proximidade fonológica
foram as variações semânticas com menor ocorrência. A média de ocorrência de
superextensão foi de 2,4 vezes, enquanto que a média de ocorrência de subextensão e
proximidade fonológica foi de 0,4 vezes, ou seja, a média de ocorrência de superextensão
foi maior que a média de ocorrência das demais variações semânticas encontradas nos
enunciados das crianças independente da faixa etária. Nos enunciados das crianças na
faixa etária de 3 anos, observou-se que houve maior ocorrência da superextensão apenas
em relação à subextensão (p=0,039) e que houve tendência a maior ocorrência quando
comparada com a proximidade fonológica (p=0,053), dêitico (p=0,053) e relação de
contiguidade (p=0,083). Nos enunciados das crianças na faixa etária de 4 anos, houve
maior ocorrência da perífrase em relação à subextensão (p=0,012) e proximidade
fonológica (p=0,012). Não houve diferença significativa entre as variações semânticas
estudadas entre as faixas etárias de 3 e 4 anos. Conclusão: as variações semânticas
mais frequentes encontradas nos grupos de crianças deste estudo foram a superextensão
e a perífrase.

409
Velocidade de fala e frequência de rupturas em adultos mineiros.

Luanna Maria Oliveira Costa; Letícia Corrêa Celeste,Vanessa de Oliveira Martins-Reis

Introdução: A fluência da fala é variável de indivíduo para indivíduo e pode ser analisada
quanto aos parâmetros de velocidade de fala, tipologia e frequência das rupturas. Essa
análise permite verificar a habilidade e maturidade linguística dos indivíduos. Objetivo:
Caracterizar a velocidade de fala e frequência de rupturas em adultos falantes da variante
mineira do Português Brasileiro, bem como verificar o efeito da idade. Metodologia: Trata-
se de estudo observacional do tipo transversal com seleção de amostra por conveniência.
Participaram 123 adultos fluentes, falantes da variante mineira do português brasileiro,
com faixa etária de 18 a 59 anos de idade, sendo 47 do gênero masculino e 76 do gênero
feminino. Os participantes foram agrupados de acordo com a faixa etária: 18 a 29 anos;
30 a 39 anos; 40 a 49 anos e 50 a 59 anos. Os critérios de inclusão foram: ausência de
queixa pessoal e/ou familiar de gagueira e outros distúrbios da comunicação; ausência de
alteração neurológica e/ou doença psiquiátrica; e que tenham realizado atendimento
fonoaudiológico e/ou psiquiátrico anterior. Todos os participantes nasceram e residiram
em Minas Gerais pelos últimos 10 anos. Os procedimentos de coleta e análise das
amostras de fala foram os propostos pelo Protocolo de Avaliação da Fluência da Fala,
sendo selecionadas para o estudo as medidas de velocidade de fala em palavras e
sílabas por minuto e de frequência de rupturas (porcentagem de descontinuidade de fala
e porcentagem de disfluências gagas). Para verificar o efeito da idade em cada uma das
variáveis utilizou-se a análise de variância. O nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados: Não foi observado efeito da idade para nenhuma das variáveis estudadas. A
média geral de velocidade de fala em palavras por minuto foi de 117,32 (F = 0,765;
p=0,820) e de 206,44 sílabas por minuto (F= 0,799; p= 0,777). A média da porcentagem
de descontinuidade de fala foi de 6,07% (F = 1,054; p= 0,411) e da porcentagem de
disfluências gagas 1,69% (F = 1,009; p= 0,473). Conclusão: Os resultados encontrados
sobre o efeito da idade sobre as tipologias das disfluências corroboram com outros
estudos, que indicam que o padrão das rupturas de fala não sofre grande variabilidade ao
longo dos anos. Não foi observado efeito da idade sobre a velocidade de fala, indicando a
fase de estabilização da maturação do sistema neuromotor encontrada em outros estudos
realizados com adultos.

410
Velocidade de leitura em escolares no 1° ao 9°ano

Denise Brandão de Oliveira e Britto; Elaine Monteiro Bueno, Ana Teresa Brandão de
Oliveira e Britto

Objetivos: Identificar a velocidade de leitura de textos e palavras em escolares do 1° ao 9°


ano do ensino fundamental; comparar a velocidade de leitura de escolares de diferentes
gêneros; comparar a velocidade de leitura de textos, palavras de alta e baixa frequência e
de pseudopalavras; além de estabelecer a relação entre a velocidade de leitura e
compreensão dos textos. Métodos: Participaram 54 sujeitos, do 1°ao 9° ano de escola
pública, ambos os gêneros. Os dados foram coletados a partir de leitura de um texto para
cada ano escolar. A compreensão do texto foi registrada por meio do reconto do texto e
de perguntas orais referentes ao mesmo. Além disso, os sujeitos realizaram a leitura das
listas de palavras – alta e baixa frequência - e de pseudopalavras. A análise estatística foi
realizada por meio do software MINITAB 16. Para comparação da velocidade de leitura
entre os gêneros, bem como da média de acertos e velocidade de leitura entre palavras
de alta frequência, baixa frequência e pseudopalavras foi realizado o teste de hipótese
para diferença entre as médias. Para verificar a associação entre velocidade de leitura e
nível de compreensão foi realizado o teste qui-quadrado. Para ambos os testes foi
adotado o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05). Resultados: Os resultados da avaliação
de velocidade de leitura de texto revelaram que os desempenhos do 7° e 9° ano foram
melhores que os demais e piores no 2° ano. Não se identificou diferença de velocidade
entre gêneros masculino e feminino. Observa-se que houve diferença significativa na
média de acerto entre palavras de alta e baixa frequência no 2º, 3º, 4º e 5º anos. Em
relação à comparação da média de acertos entre palavras de alta frequência e
pseudopalavras houve diferença significativa do 3º ao 9º ano. Na comparação entre
palavras de baixa frequência e pseudopalavras a diferença estatística começou a ser
observada a partir do 7º ano. Pode-se observar que a velocidade de leitura foi maior no
texto, seguida das palavras de alta frequência, baixa frequência e pseudopalavras em
todos os anos escolares. Houve associação estatisticamente significativa entre velocidade
de leitura e compreensão apenas do 1º ao 5º ano (p=0,013). Conclusão: Os sujeitos dos
últimos anos obtiveram um melhor desempenho na velocidade de leitura do que sujeitos
dos anos iniciais. A leitura de escolares é mais rápida nos textos, seguido de palavras de
alta frequência, baixa frequência e por último pseudopalavras. A associação entre
velocidade de leitura e habilidade no reconto do texto indica que a leitura mais rápida
possibilita o reconto de forma adequada e a leitura mais lenta compromete a habilidade
do reconto.

411
Verificação da presença de fala ecolálica em indivíduos do espectro do autismo

Marcela Bergamini; Ana Carina Tamanaha, Jacy Perissinoto

Introdução: A ecolalia, entendida como uma repetição em eco da própria fala ou da de


outra pessoa. Pode ser caracterizada quanto ao momento (imediata ou tardia) e quanto à
forma (total ou mitigada). A produção ecolálica possui um dinamismo relacionado ao
aumento da compreensão de linguagem e à ampliação de troca comunicativa e, portanto
sua análise é importante nos quadros de Transtornos do Espectro do Autismo
OBJETIVOS: Verificar a presença de fala ecolálica em indivíduos do Espectro do Autismo
ao longo de intervenção fonoaudiológica, descrever a ocorrência da fala ecolálica quanto
à quantidade, momento e forma de ocorrências e verificar correlações entre a fala
ecolálica e habilidades de compreensão por meio do vocabulário receptivo. MÉTODO:
Trata se de um estudo transversal (CEP nº 81392/2012) A amostra foi constituída por 176
minutos de gravação de intervenção fonoaudiológica de 5 meninos, na faixa etária entre 6
e 13 anos de idade, diagnosticados com Distúrbios do Espectro do Autismo por equipe
multidisciplinar, de acordo com critérios diagnósticos do DSM IV Tr, não apresentando
comorbidades, frequentando escola inclusiva, tendo frequentado regularmente o processo
de intervenção fonoaudiológica por pelo menos 6 meses, com avaliação do vocabulário
receptivo e possuindo gravações de áudio e vídeo, em dois períodos, no acervo em
Núcleo de Investigação Fonoaudiológica em TEA em clínica escola. Foram transcritas
duas sessões de terapia fonoaudiológica (Ss 1 e Ss2), de cada criança, descartados
trechos iniciais e finais e analisados segmentos com duração de 15-20 minutos de cada
sessão. Classificou-se os tipos de ecolalia como total imediata TI, total tardia TT e
mitigada (imediata + tardia) MIT e computou-se a quantidade de episódios ecolálicos em
cada sessão. Para a caracterização da compreensão dos sujeitos foi adotado o Teste de
Vocabulário por Imagens Peabody (TVIP), nas pontuações bruta e equivalente.
Comparou-se as gravações Ss1 e Ss2 quanto à quantidade, momento e forma de ecolalia
e verificou-se as correlações entre ecolalia e variáveis idade e vocabulário receptivo (P-
valor << 0,05). RESULTADOS: Houve uma redistribuição da forma de fala ecolálica em
Ss2, porém a quantidade da mesma não diminuiu. Houve aumento significante entre Ss1
e Ss2 da fala ecolálica total imediata (TI) - P-valor 0,068 e mitigada (MIT) – P-valor 0,080.
Constatou-se tendência de redução de quantidade de ecolalia total tardia (TT) entre Ss1 e
Ss2 – P-valor 0,138.Em Ss1 houve correlação negativa para TVIP equivalente e ecolalia
TI – P-valor 0,051 e para quantidade de ecolalia TI – P-valor 0,051. Correlação positiva
para TVIP equivalente e quantidade de ecolalia TT – P-valor 0,051.Em Ss2 houve
correlação negativa para TVIP bruto e ecolalia TI – P-valor << 0,001. Correlação positiva
para idade e quantidade de ecolalia TT – P-valor 0,089 e para TVIP equivalente e ecolalia
TT – P-valor << 0,001. CONCLUSÃO: Quando comparados dois períodos de intervenção
verificou-se mudanças na forma e no momento da ecolalia, o que fortalece a descrição de
seu dinamismo durante intervenção fonoaudiológica. Foram encontradas correlações
positivas entre vocabulário receptivo, momento e quantidade de ecolalia, reforçando as
relações entre a fala ecolálica e a compreensão.

412
Vocabulário e compreensão de leitura em crianças com transtornos de
aprendizagem

Débora Cristina Alves; Aparecido José Couto Soares, Hellen Cristiane Toledo, Maria
Silvia Cárnio

Introdução: Crianças com transtornos de aprendizagem podem apresentar além de


alterações na leitura e na escrita, vocabulário reduzido, que por sua vez, pode interferir na
compreensão de leitura. A limitação no vocabulário poderia justificar alguns achados na
literatura que demonstram que apenas uma boa decodificação não garante desempenho
adequado na compreensão de leitura. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi comparar
o desempenho destas crianças em prova de vocabulário receptivo e compreensão de
leitura de orações e de textos. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da
Instituição sob nº 092/11. Foram sujeitos desta pesquisa 10 pacientes do Laboratório de
Investigação Fonoaudiológica em Leitura e Escrita. Todas as crianças estavam entre o 3º
e o 5º ano do Ensino Fundamental, com média de idade de 9,3. Do total de participantes,
50% possuíam hipótese diagnóstica de dislexia do desenvolvimento e 50% de distúrbio de
aprendizagem. Foram critérios de inclusão: ausência de queixas ou indicadores de
distúrbios neurológicos e alterações comportamentais e/ou cognitivas. Todos os sujeitos
foram submetidos à avaliação fonoaudiológica específica quanto à linguagem oral, leitura
e escrita. Para a avaliação do vocabulário receptivo foi utilizada prova específica que
avalia a capacidade do indivíduo em identificar adequadamente diferentes itens em
diversas classes gramaticais. A classificação do desempenho foi realizada tomando-se
por base o nível socioeconômico e a escolaridade das crianças, conforme instruções do
teste. Para avaliação da compreensão de leitura de orações foi utilizado um conjunto de
provas na qual a criança deveria ler e seguir as ordens. A compreensão de textos foi
verificada por meio da leitura de textos curtos, sobre os quais a criança deveria responder
diferentes perguntas logo após a leitura de cada texto. O desempenho das crianças nas
provas foi analisado e comparado de forma qualitativa e quantitativa. Resultados: No que
se refere à prova de vocabulário, observou-se que apenas uma criança com hipótese
diagnóstica de dislexia do desenvolvimento apresentou desempenho abaixo da média
esperada para sua escolaridade, ao passo que todas aquelas com hipótese de distúrbio
de aprendizagem apresentaram desempenho abaixo da média. No que diz respeito à
prova de compreensão de orações, apenas 20% das crianças com dislexia apresentou
desempenhou dentro do esperado, enquanto os demais sujeitos, tanto os disléxicos
quanto aqueles com distúrbio de aprendizagem, obtiveram pontuação abaixo da média.
Em relação à prova de compreensão de textos, todas as crianças, independente da
hipótese diagnóstica, apresentaram desempenho abaixo do esperado para escolaridade.
Conclusão: O estudo evidenciou que crianças com hipótese diagnóstica de dislexia do
desenvolvimento tendem a apresentar desempenho adequado na prova de vocabulário
receptivo, indicando que nesses sujeitos, as alterações podem se concentrar estritamente
nas tarefas que envolvem leitura. Por outro lado, as crianças com distúrbio de
aprendizagem apresentam alterações em atividades que envolvem leitura e em outros
aspectos da linguagem, como o vocabulário receptivo.

413
Vocabulário e memória verbal de curto-prazo em crianças com distúrbio específico
de linguagem

Laís Sayuri Kasahaya; Debora Maria Befi-Lopes,; Ana Manhani Cáceres-Assenço

Introdução: Dificuldades em adquirir linguagem podem prejudicar o desenvolvimento


infantil, causando dificuldades acadêmicas, sociais e profissionais. O distúrbio específico
de linguagem é caracterizado por desempenho abaixo do esperado em diferentes campos
da linguagem, expressiva e / ou receptiva, sendo o vocabulário um dos mais comumente
afetado. Crianças com estes quadros também possuem dificuldades em funções
executivas, especialmente relacionadas à memória verbal. Em crianças com
desenvolvimento típico de linguagem o conhecimento vocabular está associado ao
desempenho em tarefas de memória verbal de curto prazo, que por sua vez está
relacionada a habilidades aritméticas e de consciência fonológica. Objetivos: Comparar a
porcentagem de acertos no vocabulário expressivo e o desempenho em tarefas de
memória verbal de curto-prazo em crianças em desenvolvimento normal de linguagem e
com distúrbio específico de linguagem (DEL).
Métodos: Participaram deste estudo doze crianças em desenvolvimento normal de
linguagem (DNL) e doze crianças com distúrbio específico de linguagem (DEL), com
idade entre 60 e 83 meses (média 71,7 meses). Todas eram falantes do Português
Brasileiro e residiam na cidade de São Paulo. Os critérios de inclusão do grupo DNL
foram audição preservada; ausência de queixa de alteração de comunicação;
desempenho normal nos testes de vocabulário, fonologia, fluência e consciência silábica.
Os sujeitos do grupo DEL foram previamente diagnosticados e estavam em atendimento
fonoaudiológico semanal, participaram do estudo aqueles que possuíam inteligibilidade de
fala. A avaliação experimental envolveu vocabulário expressivo, repetição de não-
palavras (RNP) e repetição de dígitos (RD). A porcentagem de acertos em cada prova foi
comparada entre os grupos por meio do teste t independente. Resultados: Os sujeitos
com DEL apresentam um pior desempenho no vocabulário expressivo (DNL média 81,2
±4,271; DEL média 57,9 ±13,414; t¬22=-5,728; p<<0,001), e na memória verbal de curto-
prazo (repetição de dígitos - DNL média 74,7 ±7,667; DEL média 52,3 ±7,984; t¬22=-
7,005; p<<0,001; repetição de não palavras - DNL média 88,8 ±5,168; DEL média 61,7
±14,629; t¬22=-6,047; p<<0,001). Resultados: Em todos os testes os sujeitos com DEL
apresentaram pior desempenho comparado ao DNL, o que confirma o comprometimento
das habilidades lexicais e de memória verbal de curto-prazo característico deste quadro.
Desta forma, considerando que habilidades de memória verbal restritas são associadas a
maiores dificuldades em tarefas de consciência fonológica e aprendizagem aritmética, o
baixo desempenho escolar destas crianças pode ser compreendido. Outro fator que
parece contribuir para as dificuldades desta população reside no fato de que prejuízos
nesta memória podem comprometer a compreensão sintática, prejudicando ainda mais
sua comunicação e escolarização. Portanto, é importante iniciar a intervenção nas
habilidades lexicais e fonológicas, incluindo memória de curto prazo, a fim de minimizar o
impacto destas alterações na comunicação destes indivíduos e facilitar seu ingresso na
escola. Conclusão: As crianças com distúrbio específico de linguagem tiveram um pior
desempenho no conhecimento vocabular e nas tarefas de memória verbal de curto-prazo
em comparação às crianças sem alteração de linguagem. O prejuízo em áreas
linguísticas tão essenciais parece explicar o prejuízo em sua comunicação e
escolarização.

414
Vocabulário receptivo de crianças prematuras em idade pré-escolar

Camila da Costa Ribeiro; Caroline Kauffmann Becaro, Dionísia Aparecida Cusin Lamônica

Introdução: A prematuridade é considerada um fator de risco biológico para o


desenvolvimento típico infantil. Estudos relatam que prematuros estão mais propensos a
apresentar atrasos em várias áreas do desenvolvimento, com interferência nos processos
de aprendizagem. Objetivo: Verificar o desempenho de crianças nascidas prematuras
entre quatro anos a cinco anos e onze meses quanto ao vocabulário receptivo.
Metodologia: Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (protocolo 2012/12349-
5). Os representantes legais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Participaram 20 crianças prematuras, de ambos os sexos. Os critérios de inclusão foram:
crianças nascidas com idade gestacional (IG) inferior a 37 semanas; ter entre quatro a
cinco anos e onze meses; não apresentar perda auditiva pela Triagem Auditiva Neonatal;
não apresentar perdas visuais que impedissem a realização do procedimento; não ter tido
outras condições de morbidade associadas à prematuridade e ter apresentado
desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) em índices normativos. A avaliação constou
da aplicação da anamnese com os responsáveis legais e do Teste de Vocabulário por
Imagens Peabody (TVIP). Não foi utilizado cálculo para correção da idade da
prematuridade. A casuística foi constituída por 55% de meninas e 45% de meninos. A IG
variou de 28 a 36 semanas gestacional (média de 32 semanas) e o peso ao nascimento
foi de 900 gramas a 2900 gramas (média de 1920 gramas). A média de idade cronológica
foi de 4 anos e 8 meses. Dos estudantes, 65% eram de escolas públicas e 35% de
escolas particulares. Resultados: De acordo com os critérios de classificação do
instrumento TVIP observou-se que 20% da casuística obteve classificação média, 40%
média-alta e 40% classificação alta-inferior. Discussão: Apesar da prematuridade ser
considerada um fator de risco biológico para o desenvolvimento típico infantil, nesta
casuística, ter nascido prematuramente não acarretou prejuízos para o vocabulário
receptivo, uma vez que os participantes obtiveram escores na média ou acima. Isto pode
ter ocorrido pelo controle de variáveis, como por exemplo, ter DNPM típico e não ter tido
histórico de comorbidades associadas à prematuridade. A literatura apresenta que as
influências individuais da prematuridade, trazem consequências diferentes, de acordo
com as inúmeras intercorrências e indicadores de comorbidades, o que justificaria a
heterogeneidade de consequências para o desenvolvimento infantil. De fato, a trajetória
do desenvolvimento é determinada por complexas interações entre fatores biológicos,
psicossociais e ambientais e para o conhecimento do perfil do desenvolvimento de
prematuros é necessário o conhecimento das variáveis interferentes neste processo.
Apesar da probabilidade de defasagens no desenvolvimento da linguagem em prematuro,
esta pode ser minimizada se forem cuidados os fatores que influenciam no
desenvolvimento das habilidades linguísticas. Diante disto, é necessário cautela com
relação à predição linear determinista entre a presença de prematuridade ao nascer e
alteração para o desenvolvimento da linguagem. Conclusão: As crianças nascidas
prematuras, desta casuística, obtiveram desempenho no vocabulário receptivo em
escores normativos.

415
Vocabulário receptivo e expressivo em indivíduos com a síndrome do X-frágil

Camila da Costa Ribeiro; Natasha de Luccia, Dionísia Aparecida Cusin Lamônica

Introdução: A Síndrome do X-Frágil, também conhecida como síndrome de Martin & Bell, é a causa
mais frequente de deficiência intelectual hereditária. Esta mutação pode ser encontrada em 1/2000
homens e 1/4000 mulheres. Como características gerais encontram-se déficit intelectual variado,
comportamentos do espectro autístico, alterações de linguagem, convulsões, estrabismo,
hipotonia, flacidez articular, perímetro cefálico aumentado, pés planos, face estreita, fronte alta,
lábios finos, macrodontia, macroorquidia, nariz longo e grande, palato arqueado e estreito,
prognatismo, anomalias de pavilhão aurricular e malformações cardíacas principalmente prolapso
de válvula mitral. Há expectativa de distúrbios graves da comunicação.Objetivos: Verificar
habilidades comunicativas de indivíduos que apresentam a síndrome do X-Frágil, considerando
vocabulário receptivo e expressivo. Metodologia: Cumpriram-se os princípios éticos (CAAE
03406812.2.0000.54.17). Participaram do estudo 10 adolescentes. Cinco apresentavam
diagnóstico clínico e molecular da síndrome do X-Frágil (GE) e cinco indivíduos com
desenvolvimento típico (GC) pareados quanto a sexo, idade cronológica e nível socioeconômico.
Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido os seguintes procedimentos de
avaliação foram aplicados: Anamnese com os responsáveis legais, Observação do
Comportamento Comunicativo (OCC) e Teste de Vocabulário por Imagem Peabody (TVIP). Foi
realizada análise estatística descritiva aplicação do Teste t para amostras independentes. Dos
participantes do GE 60% realizam processo de reabilitação e 100% frequentam escola com apoio
psicoeducacional. Todos do GE apresentavam Quociente intelectual abaixo de índices normativos.
Resultados: Na comparação entre os grupos obteve-se diferença estatística significante na OCC
(p= 0,04*) e TVIP (p= 0,00*). Constatou-se que o GE apresentou vocabulário receptivo aquém do
esperado e as habilidades comunicativas estavam com prejuízo significativo. Durante o processo
de avaliação observou-se que 60% da amostra apresenta comportamentos de balanceio e
flapping. Na OCC foi observado que o GE apresentou consistentemente dificuldades para
participação de atividades dialógicas, respeito de turno, narrativa, compreensão de ordens
complexas, estruturação de frases, e tempo de atenção reduzido. Foram observadas produção de
frases simples, dificuldade de nomeação; manutenção de tópico conversacional; não realização de
sequências lógico-temporais. O vocabulário receptivo avaliado pelo teste TVIP mostrou-se restrito,
o qual obteve-se diferença estatística significante. Discussão e Conclusão: As dificuldades
comunicativas/linguísticas encontradas nos indivíduos com X-Fragil, reforçam achados da literatura
que evidenciam alterações significativas quanto a fala perseverativa, desorganização sintática e
baixa inteligibilidade de fala em alguns momentos. Estudos evidenciam que as alterações
referentes ao vocabulário receptivo e expressivo são decorrentes da estrutura de fala imatura,
deste modo o ambiente tende a influenciar no refinamento das habilidades, que se aprimoram a
cada dia por intermédio das trocas que eles estabelecem com meio. Uma restrição deste estudo
refere-se ao pareamento pela idade cronológica. Os indivíduos do GE apresentaram diferenças
significantes nas variáveis verificadas. Uma sugestão para próximo estudo é a comparação dos
grupos considerando o pareamento não pela idade cronológica, mas pela idade mental. A pesquisa
evidenciou que indivíduos com X-Frágil apresentam alterações importantes nas habilidades
comunicativas, que devem ser monitoradas, uma vez que estas trazem reflexos importantes nas
habilidades comunicativas, nos processos de aprendizagem e na qualidade de vida destes
indivíduos.

416
Vocabulário receptivo e expressivo: concordância da análise dos resultados

Marina Alves de Souza; Nathália de Jesus Silva Passaglio, Bárbara Amélia Costa
Pedrosa, Jordana Siuves Dourado, Stela Maris Aguiar Lemos

Introdução: O desenvolvimento lexical está diretamente relacionado à capacidade de


compreender e produzir vários tipos de significados. Para que isto ocorra, é necessário
que o processo de aprendizagem de palavras seja aprimorado ao longo dos anos. O
vocabulário é um conjunto de palavras utilizadas pelo indivíduo durante sua fala, ou seja,
uma amostra do léxico individual. O estudo da aquisição lexical é importante para a
pesquisa do desenvolvimento de linguagem, já que pode influenciar no processamento da
linguagem e na aprendizagem de novas palavras. Para a avaliação do vocabulário,
devem-se considerar aspectos culturais, regionais e sociodemográficos. Deste modo, o
uso de protocolos e critérios de referência devem ser estudados em situações e contextos
distintos. Objetivos: Verificar a concordância entre provas de vocabulário receptivo e
expressivo de crianças na faixa etária de sete a dez anos de idade, por meio de testes
originalmente brasileiros. Métodos: Trata-se de estudo observacional, analítico e
transversal com amostra não probabilística, composta por 50 estudantes de ambos os
gêneros, com idades entre sete e 10 anos. Os participantes foram alunos do 2° ao 5° ano
de uma escola de financiamento público da Região Metropolitana de Belo Horizonte,
Minas Gerais. A pesquisa se deu por meio da aplicação dos testes de vocabulário
receptivo e expressivo. Para avaliar o vocabulário expressivo, utilizou-se o teste de
vocabulário do ABFW, que consiste na análise do desenvolvimento semântico da criança,
por meio da nomeação de figuras, separadas em campos semânticos. Para avaliação do
vocabulário receptivo, utilizou-se o teste de vocabulário por figuras da USP, no qual as
palavras eram apresentadas oralmente e as crianças deveriam selecionar, dentre quatro
alternativas, a figura que melhor representaria a palavra ouvida. Essa pesquisa foi
aprovada pelo COEP da instituição sob o parecer nº 0672.0.203.000-11. Resultados: No
teste de vocabulário receptivo (TVFUSP) observou-se que 64% dos indivíduos
apresentaram classificação média. O desempenho no teste aumentou de acordo com a
idade para ambos os gêneros, excetuando-se a idade de sete anos. Já no teste de
vocabulário expressivo (ABFW- Prova de Vocabulário) os campos semânticos: vestuário
(79,6%) e alimentos (85,3%) apresentaram escores abaixo do esperado para a idade. Foi
encontrada diferença estatisticamente significante entre os gêneros no campo formas e
cores. As provas de vocabulário receptivo e expressivo apresentaram apenas 1,7% de
concordância entre si.Conclusões: O presente estudo não demonstrou concordância entre
os resultados dos testes de vocabulário receptivo e expressivo, aplicados em estudantes
do 2° ao 5° ano de uma escola de financiamento público da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, Minas Gerais. Verificou-se que o fato de a amostra ser heterogênea entre as
faixas etárias, pode ter interferido na análise dos dados.

417
“Capacitando a espera”: relato de experiência da atuação junto a crianças em
espera por fonoterapia

Aline Tafarelo Vargas; Daniela Pottes de Souza Resende, Mariangela Barros Vergal,
Mirna Tordin Polli

Introdução: Dificuldades de comunicação oral e escrita são frequentes na população


infantil, gerando longas filas de espera para fonoterapia em instituições públicas. Sabe-se
que a intervenção tardia pode ocasionar a progressão da queixa, dificultando a inserção e
manutenção da criança no ambiente social, familiar e escolar. Com uma demanda
desproporcional à sua capacidade de atendimento, uma instituição filantrópica
desenvolveu o projeto “Capacitando a Espera”. O projeto buscou minimizar as queixas
através da intervenção em grupo nas crianças que aguardavam por atendimento e
capacitar as famílias para que estas atuassem nas atividades de vida diária destas
crianças, promovendo o desenvolvimento das habilidades de comunicação. Objetivo:
Relato de experiência do desenvolvimento do projeto e dos resultados alcançados.
Métodos: O projeto foi realizado no setor de reabilitação de distúrbios da comunicação de
uma instituição filantrópica do interior de São Paulo e consistiu de 3 fases. Fase 1 –
formação dos grupos: as crianças que aguardavam por fonoterapia foram separadas de
acordo com as queixas apresentadas e faixa etária e convidadas a participar. Fase 2 -
Encontros: cada grupo específico de crianças acompanhadas por responsável participou
de 12 encontros. Nos encontros coordenados por fonoaudióloga e psicóloga foram
trabalhados aspectos relacionados às dificuldades apresentadas pelo grupo na presença
dos responsáveis, e estes, ao final do encontro, foram orientados sobre como dar
continuidade as atividades em casa. Fase 3 - Avaliação final: cada criança foi reavaliada
individualmente e de acordo com os resultados, obteve alta ou retornou para a fila de
espera. Resultados: Os resultados do projeto permitiram identificar fatores que atuaram
na redução do tempo de espera para fonoterapia. Verificou-se que antes da implantação
do projeto a demanda de espera para atendimento era de cerca de 400 crianças e,
atualmente, reduziu para cerca de 250 crianças. Tal redução se justifica pelo número de
altas dadas ao final do grupo, bem como pelo número de crianças canceladas ou
desistentes no decorrer do projeto. Uma análise inicial indicou que o índice de pacientes
cancelados durante esse período foi de (32%), porém uma análise especifica demonstra
que a porcentagem de cancelamentos antes da execução do projeto era ainda maior
(44,6%). Atualmente a porcentagem de cancelamentos nos atendimentos específicos
diminuiu (21,6%) indicando que os pacientes que iniciam terapia após a estimulação no
projeto aderem ao tratamento com maior efetividade. Conclusões: O projeto “Capacitando
a Espera” mostrou-se uma experiência positiva para as crianças e famílias beneficiadas,
uma vez que pode dar suporte as demandas coletivas quando o atendimento individual
não foi possível. A capacitação das famílias como agentes transformadores, capazes de
atuar nas atividades de vida diária das crianças refletiu numa maior e melhor adesão ao
tratamento, eliminando e muitas vezes reduzindo as queixas iniciais, o que resultou numa
diminuição do tempo de espera para fonoterapia individual e do tempo de fonoterapia.

418
“Adivinhas”: estratégia metalinguistica nas intervenções em linguagem com
crianças com deficits cognitivo-linguisticos

Maria Rita Figueiredo Toledo Volpe; Stella Maris Cortez Bacha

Introdução: As adivinhas podem ser definidas como “brincadeiras que formam a


proposição de enigmas fáceis para serem decifrados”; exploram relações semântico-
pragmáticas que se configuram em enunciados enigmáticos e estimulam a resolução de
um desafio. A questão-problema proposta, geralmente é formulada em versos
metrificados e/ou rimados e a ideia/fato envolve linguagem metafórica e/ou comparativa
visando a dificultar a decifração. Alunos com déficits cognitivo-linguísticos, por suas
especificidades, necessitam de estimulação/intervenção nos aspectos fonológicos,
morfológicos, semânticos, sintáticos e pragmáticos da linguagem, além do ensino da
língua materna, podendo as adivinhas ser utilizadas como atividades pedagógicas e/ou
como jogos de linguagem. Objetivo: Elaborar material terapêutico específico visando a
incentivar leitura e o raciocínio inferencial por meio de recursos textuais
metalinguísticos/adivinhas. Métodos: Selecionamos 30 adivinhas que fazem parte da
cultura popular e folclore brasileiro. As mesmas foram escolhidas por critérios
considerados de maior “acessibilidade” para leitura: presença de rimas, extensão curta do
texto e caracteres linguísticos de fácil compreensão. Utilizou-se por quatro meses em dois
consultórios fonoaudiológicos, com sete pacientes com idade entre 9 e 15 anos, com
déficits cognitivo-linguísticos, bem como queixa de dificuldades de aprendizagem e/ou
recusa diante de atividades com leitura e interpretação. Resultados: Elaboramos um jogo
contendo 30 cartões para leitura, fundo escuro (9x7,5cm), letra em fonte Arial, tamanho
18, minúscula branca, e 30 cartões, fundo branco (6x6cm) contendo em cada, a figura
que representa a resposta da adivinha, bem como o nome da figura, escrito com letra em
fonte Arial, tamanho 16. Tais ilustrações visam a auxiliar, estrategicamente, o usuário em
sua “predição”, ou seja, levá-lo à compreensão dedutiva do problema proposto na
adivinha. Após a leitura de cada cartão com as adivinhas, eram solicitadas respostas
verbais visando desencadear a dedução. Caso negativo, o usuário era exposto aos
cartões de figuras sendo motivado dentre vários a selecionar aquele que corresponderia a
“chave” linguística do enigma. Conclusões: 03 conclusões puderam ser apontadas: 1-
Observamos que as características desse gênero textual/adivinhas como extensão do
texto e rima, ludicidade e desafio, foram fatores desencadeantes de motivação para
leitura, que serviu também como “gatilho” para leitura de outros gêneros textuais
apresentados posteriormente; 2- Observamos a provocação da inferência e raciocínio
dedutivo, vindo de encontro às necessidades cognitivas e linguísticas dos usuários
submetidos, bem como motivando, na linguagem, a argumentação lógica; 3- O uso dos
cartões com as figuras foram indispensáveis no auxílio às deduções junto à leitura da
adivinha, sendo recurso de acessibilidade ao pensamento dedutivo com essa clientela. O
material elaborado foi eficiente e motivador contemplando os objetivos
propostos.Motricidade orofacial

419
MOTRICIDADE OROFACIAL

Movimentos mandibulares durante a fala em crianças com e sem rinite alérgica

Sandro Júnior Henrique Lima; Lucas Carvalho Aragão Albuquerque, Aline de Lima Lins,
Hilton Justino da Silva

Introdução: A respiração é considerada uma função importante para a manutenção da


vida. A respiração oral ocorre quando uma criança substitui o modo respiratório nasal pelo
oral ou misto e esta pode acarretar em alterações miofuncionais estomatognáticas. Dentre
as principais causas da respiração oral crônica está à rinite alérgica que é considerada a
patologia respiratória crônica de maior prevalência no mundo. A eletrognatografia é um
método objetivo de registro da dinâmica mandibular o que torna válida a sua utilização na
análise desses movimentos durante a fala. Objetivos: Caracterizar a amplitude e
velocidade dos movimentos de mandíbula durante a fala em crianças com e sem rinite
alérgica. Métodos: A amostra foi composta por 32 crianças com idade entre 7 a 12 anos
atendidas no Hospital das clínicas da UFPE, divididas em dois grupos com 16 indivíduos
cada sem um grupo caso(diagnóstico médico de rinite alérgica) e um controle(sem
diagnóstico de rinite alérgica). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Número de parecer: 257.940.
Resultados: Observou na comparação entre os dois grupos (controle e pesquisa) que nas
variáveis velocidade de abertura de mandíbula e velocidade de fechamento de mandíbula
o grupo controle obteve uma maior velocidade com diferença de 10,3mm/s e 12,4mm/s
respectivamente. Em relação à variável amplitude de abertura de mandíbula o grupo
controle superou com 2,55mm a mais o grupo pesquisa. No entanto para todas as
variáveis estudadas não houve significância estatística considerando valor de p=0,05.
Conclusão: Foi possível concluir que não há diferença significante entre as variáveis de
velocidade de abertura e fechamento de mandíbula e amplitude de abertura de mandíbula
entre os dois grupos.

420
Reabilitação fonoaudiológica em paciente jovem com paralisia facial central após
AVE

Natália Adalgiza de Souza Melo; Schirleyde Fabiana da Silva, Júlia da Silva Marinho Luiza
Maggioni, Luiza Maggioni, Catharina Ximenes de Moura

Introdução: O acidente vascular encefálico (AVE) ou, como conhecido popularmente por
derrame cerebral ou trombose define-se pela perda rápida das funções neurológicas, que
acontece em função do processo de isquemia ou hemorragia, respectivamente
entupimento ou rompimento de vasos sanguíneos que irrigam o cérebro. A paralisia facial
é uma das principais alterações fonoaudiológicas encontradas em pacientes com
sequelas de AVE, na qual a pessoa perde a possibilidade da comunicação não verbal, ou
seja, das informações fornecidas ao interlocutor que apenas as palavras expressas
oralmente não são capazes de transmitir. O fonoaudiólogo por ser um profissional que lida
diretamente com a comunicação, sente-se motivado a colaborar com o atendimento de
pacientes com paralisia facial, tanto na verificação do dano ocasionado a essa
musculatura e as funções a ela ligadas, bem como a possiblidade de atuação, no intuito
de diminuir as alterações encontradas. Objetivo: Descrever os principais achados na
avaliação de uma paciente com paralisia facial central e afasia após AVEI, relatando as
evoluções obtidas através da terapia fonoaudiológica. Métodos: Trata-se de um estudo de
caso, de uma adolescente de 16 anos de idade, do sexo feminino, com o diagnóstico
médico de endocardite de válvulas mitral, AVEI (em território médio) e diagnóstico
fonoaudiológico de paralisia facial central e afasia global, internada em um hospital
público de referência na cidade do Recife (PE). Inicialmente foi realizada a avaliação
clínica fonoaudiológica no leito, bem como a avaliação funcional da musculatura facial,
das estruturas do sistema estomatognático e da linguagem. Sendo verificado:
Hemiparesia em dimidio direito, alteração das funções estomatognáticas e
comprometimento da escrita, linguagem expressiva e receptiva. A terapia para paralisia
facial consistiu na realização de alongamento da musculatura facial extra e intra-oral com
estimulação da sensibilidade facial, exercícios isométricos, isotônicos e isocinéticos que
visaram aumento da mobilidade, do tônus e da força das estruturas estomatognáticas,
realização de diferentes expressões faciais e exercícios de nomeação, escrita e aspectos
compreensivos para reabilitação da afasia. Resultados: Após a realização da terapia e de
orientações fonoaudiológicas, em 14 sessões, observou-se uma maior simetria facial,
aumento das linhas de expressão no lado afetado, aumento da mobilidade e tonicidade de
lábios, língua e bochechas. Quanto à alimentação por via oral, a paciente progrediu de
uma dieta na consistência pastosa para dieta livre, de forma segura e eficaz, além da
melhora da linguagem oral e compreensiva, com iniciativas verbais simples e respostas
aos comandos verbais. Conclusão: Diante do exposto, a terapia fonoaudiológica mostrou-
se eficaz e indispensável para pacientes com paralisia facial e alterações de linguagem
secundária a lesões cerebrais como nos casos de AVEI. Desse modo, faz-se necessário
que a paciente continue em reabilitação após a alta hospitalar, visando à recuperação das
alterações fonoaudiológicas, com melhora da qualidade de vida.

421
A atuação fonoaudiológica em sujeito com doença de batten: estudo de caso

Luciana Furtado seacero Granja; Letícia Reis Borges

Introdução: A Doença de Batten (DB) ou Lipofuscinose Ceróide Neuronal, é uma doença


neuro degenerativa autossômica recessiva. As manifestações clínicas ocorrem conforme
a o período de seu surgimento que na maioria dos casos ocorrem entre 4 e 10 anos.
Podemos encontrar NCL infantil (INCL); NCL no final da infância (LINCL); NCL juvenil
(JNCL) e NCL no adulto (ANCL), sendo a do tipo 3 a mais encontrada na população.
Como sintomas clínicos, os indivíduos com Doença de Batten podem apresentar
alterações de visão, convulsões, alterações de comportamento, dificuldade de
aprendizagem, perda progressiva das habilidades motoras e cognitivas, perda de massa
muscular, de equilíbrio e diminuição do crescimento encefálico. Podemos encontrar
manifestações na fala e linguagem como ecolalias, repetições, disartrias e dispraxia de
fala, e em casos avançados, disfagia, prejudicando desta maneira a qualidade de vida do
paciente. Objetivos: O objetivo do trabalho é demonstrar e discutir sobre o atendimento
clínico fonoaudiológico realizado a um sujeito que apresenta DB, e a evolução
apresentada com a terapia. Metodologia: Para o início do atendimento, foi realizada uma
avaliação dos aspectos relacionados à fala e linguagem, bem como da motricidade
orofacial. A partir dos achados clínicos, foram traçados aspectos relevantes para início
dos atendimentos fonoaudiológicos, com exercícios para musculatura orofacial, exercícios
articulatórios e terapia direcionada a linguagem. Após avaliação fonoaudiológica clínica,
foi solicitada uma avaliação do Processamento Auditivo Central, para melhor
direcionamento das terapias, e como resultado o exame apresentou alterações de
Decodificação e Prosódia. Resultados: R. está em tratamento fonoaudiológico há 3 anos,
e observamos melhora da articulação da fala e elaboração de linguagem mais adequada
e contextualizada. As repetições continuam mas após a intervenção da terapeuta, a fala
apresenta-se mais contextualizada. A mobilidade orofacial e a deglutição não
apresentaram melhora significativa com as intervenções. Realizamos atividades
direcionadas as habilidades de Decodificação e Prosódia, e R. tem apresentado melhora
significativa referente a estes aspectos. Conclusões: O tratamento fonoaudiológico tem
sido pouco descrito em literatura. Os dados de referência colocam a DB como uma
patologia neuro degenerativa e incapacitante, levando a perdas importantes quanto as
atividades de rotina e vida do sujeito. Observamos que com a terapia fonoaudiológica R.
apresentou melhora do quadro, e estabilidade em algumas funções, o que auxilia na
manutenção de habilidades importantes para qualidade de vida.

422
A cirurgia ortognática minimiza a sintomatologia da DTM?

Mariane Querido Gibson; Luana Priscila da Silva, José Elivelton da Silva, Nathália
Angelina Costa Gomes, Daniele Albuquerque Alves de Moura, Joice Maely Souza da
Silva, Gerlane Karla Bezerra Oliveira Nascimento

Introdução: Nas desproporções maxilo-mandibulares é comum à presença de Disfunções


Temporomadibulares (DTM). A cirurgia ortognática é uma alternativa de tratamento para
essas alterações de bases ósseas e consequentemente para a atenuação dos sintomas
da DTM. O acompanhamento fonoaudiológico nesse processo é primordial no pré e pós-
cirúrgico para identificação de alterações dessa articulação. Objetivo: Fazer uma revisão
sistemática da literatura sobre os benefícios da cirurgia ortognática nos casos de
disfunção temporomandibular. Métodos: Foi realizada uma busca nas bases de dados
SciELO–Brasil, Lilacs, Web of Science e Medline/Pubmed no período de Janeiro a Junho
de 2013. A pesquisa não contou com restrição de idiomas. Não foi considerado um limite
em relação ao período de publicação, sendo os artigos selecionados posteriormente por
critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão foram os estudos referentes à
temática proposta e excluídos os estudos de revisão, os que não eram condizentes com o
objetivo do estudo, trabalhos não disponibilizados completamente nos bancos de dados e
os estudos repetidos. O cruzamento para a busca dos periódicos foi realizado a partir dos
seguintes descritores: cirurgia ortognática and transtornos da articulação
temporomandibular e cirurgia ortognática and articulação temporomandibular.
Resultados: Após o cruzamento dos descritores e aplicados os critérios de inclusão e
exclusão foram selecionados cinco artigos, a partir da análise observamos que a cirurgia
ortognática é um meio importante para a diminuição de sintomas da DTM, tais como:
cefaléia, dor na musculatura facial, dor na articulação temporomandibular (ATM), dor ao
mastigar, dor à palpação na musculatura cervical. Conclusão: É possível observar que a
cirurgia ortognática contribui para diminuir os sintomas da DTM, mas para que não ocorra
recidivas e alteração funcional do sistema estomatognático se faz necessária a atuação
fonoaudiológica no pré e pós-cirúrgico.

423
A influência do hábito deletério tardio na produção da fala na criança.

Viviane Fazzio Zaqueu; Mirian Hideko Nagae

Hábito é um costume incorporado pelo indivíduo que pode ou não causar um dano e/ou
ter um propósito funcional. Dentre os hábitos orais deletérios a utilização prolongada da
chupeta e mamadeira pode causar uma série de danos no desenvolvimento das crianças.
Comprometimentos emocionais, sociais e no desenvolvimento do sistema
estomatognático podem ocorrer. Alterações dentárias, como mordida aberta anterior e
esquelética, como hipodesenvolvimento da mandíbula são frequentemente relatados
devido a tração que a chupeta e mamadeira exercem na cavidade bucal. Com a
deformidade da cavidade bucal, a musculatura também passa a exercer uma série de
movimentos compensatórios. Flacidez na musculatura da língua e hiperatividade nos
músculos periorais, músculos orbicular da boca, músculo bucinador e músculo risório
podem ocorrer. Com isso a inteligibilidade da fala pode ser comprometida e ocasionar
problemas tanto sociais como de aprendizagem nas crianças. A fase de alfabetização
pode ser comprometida, uma vez que a criança se utiliza da fala como um dos recursos
para favorecer a aprendizagem, além de danos na interação entre os colegas devido a
ininteligibilidade e constrangimento da criança ao falar. A partir disto, essa iniciação
cientifica teve como objetivo descobrir se o uso prolongado dos chamados hábitos
deletérios, poderia causar alterações na produção de fala das crianças uma vez que
observamos na clinica fonoaudiológica que grande parte das crianças com alterações da
fala possuíam em seu histórico a presença desses hábitos, por mais que três anos e
meio, tempo que estes já são considerados hábitos tardios. Para investigar a influência
destes hábitos na fala, este estudo foi feito com metodologia quantitativa utilizando o
protocolo de avaliação fonológica da criança, no qual são apresentadas cinco figuras para
que os sujeitos nomeiem 125 palavras que tem sua produção transcrita foneticamente e
analisada. Os sujeitos foram separados em dois grupos, com 16 sujeitos cada, sendo o
primeiro um grupo experimental, e o segundo um grupo controle com sujeitos que não
tiveram a presença de hábitos deletérios durante a infância. Foram coletados 12 sujeitos
do grupo com presença de hábitos deletérios, neste primeiro grupo, encontramos como
resultado, alterações na produção da fala, como omissões, trocas e distorções
principalmente em fonemas fricativos (80%), vibrantes (90%).Foram coletados apenas 2
sujeitos do grupo controle devido a dificuldade em se achar dentro do ambulatório
crianças que não houvessem apresentado estes hábitos, todavia na analise de fala destes
dois sujeitos não encontramos alterações na produção de fala como as presentes no
primeiro grupo. Por fim, percebe-se que há uma relação entre hábitos deletérios e
alterações de fala, todavia não foi possível comprovar a ausência destas na fala de
sujeitos sem hábitos deletérios uma vez que não consegui-se um número suficiente de
sujeitos para fazer comparações e obter significância dos resultados,sendo assim, a fim
de maiores resultados a pesquisa esta sendo estendida.

424
A intervenção fonoaudiológica na cirurgia ortognática

Natalia Vieira Pedroso; Tábata Luana Coghi, Iara Bittante de Oliveira

Introdução: a cirurgia ortognática é um procedimento utilizado na correção de


irregularidades faciais e maxilomandibulares, beneficiando a estética facial e melhorando
a qualidade de vida do paciente. A atuação do fonoaudiólogo é de fundamental
importância, pois auxilia e direciona a reorganização da atividade muscular, orienta
quanto aos aspectos funcionais e posturais no pré-operatório e prepara o paciente para
uma automatização mais rápida no pós-operatório. Objetivo: revisar a literatura científica
nacional relacionada à intervenção fonoaudiológica pós cirurgia ortognática. Metodologia:
foram selecionados artigos originais de periódicos que apresentavam conteúdos
referentes a cirurgia ortognática e intervenção fonoaudiológica. Tais artigos foram
localizados por meio de descritores estudados e retirados dos Descritores de Ciência da
Saúde (DecS) e foram os seguintes: má-oclusão, cirurgia ortognática, fonoaudiologia,
sistema estomatognático, período pós operatório, terapia miofuncional. Analisaram-se os
objetivos, a metodologia e os resultados de todos os artigos estudados. Resultados e
discussão: de um total de 24 artigos encontrados 51% pertenciam às revistas Dental
Press Journal e Cefac. Os demais 49% foram retirados de oito diferentes revistas
científicas. Dos artigos separados para estudo 33,5% referiram-se à intervenção
odontológica e em sua maioria tratavam de cirurgia, enquanto que 37,5% diziam respeito
à intervenção fonoaudiológica. Os demais 29% relacionados ao tema em questão
pertenciam a outras especialidades tratando de conteúdos não pertinentes aos objetivos
deste estudo. As análises dos estudos permitiram verificar que se preconiza que a
correção de irregularidades dentofaciais envolve multidisciplinaridade em sua intervenção
envolvendo áreas como a cirurgia, ortodontia, medicina dentária geral, fonoaudiologia e
psicologia. O fonoaudiólogo, fazendo parte da equipe multidisciplinar, participará do
planejamento cirúrgico, melhorando o prognóstico do paciente; deve conhecer o trabalho
realizado por ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais, odontólogos, protéticos,
otorrinolaringologistas dentre outros. A falta de acompanhamento fonoaudiológico, pode
por em risco o resultado da cirurgia implicando em recidivas. Os estudos destacam ainda
que a interdisciplinaridade entre a fonoaudiologia e a odontologia, a troca de informações
ao longo do tratamento fica cada vez mais necessária, considerando-se a estreita relação
entre a condição óssea/dentária e muscular nas funções do sistema estomatognático. Ao
fonoaudiólogo cabe esclarecer os pacientes, retirando suas inseguranças quanto à
cirurgia, traçar plano terapêutico e verificar os padrões funcionais documentando-os. Na
fase pré-operatória retirar grande parte das interferências que podem causar recidivas,
melhorando o prognóstico do paciente. No pós-operatório, reavaliar, constatando se as
mudanças estão adequadas, para eliminar qualquer alteração muscular e funcional que
persistir, garantindo o sucesso do resultado da cirurgia ortognática. Conclusão: a melhor
forma de se obter melhoras funcionais e estéticas é a correção cirúrgica que resulta em
um efeito positivo em muitos aspectos da vida do paciente. A interrelação da odontologia
com a fonoaudiologia implicará em um resultado satisfatório no tratamento. Ao procurar a
cirurgia, o paciente está motivado a melhorar o aspecto funcional e a estética facial. Os
conhecimentos específicos de motricidade oral relacionados à ortodontia e às alterações
miofuncionais orais definem a importância do fonoaudiólogo na equipe multidisciplinar,
garantindo o sucesso da cirurgia.

425
A intervenção fonoaudiológica na síndrome da apneia obstrutiva do sono: estado
da arte

Heloisa Olivatto Rossetti; Aline dos Santos Santana

Introdução: a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é caracterizada por


episódios recorrentes de obstrução das vias aéreas superiores durante o sono, e dentre
os distúrbios do sono é o que apresenta maiores taxas de mortalidade e morbidade. Há
fatores anatômicos, funcionais e neuromusculares envolvidos nesta síndrome que são
objetos de estudo e intervenção da área de Motricidade Orofacial. Portanto, a
Fonoaudiologia vem ampliando seus estudos e investindo na reabilitação dos pacientes
acometidos pela SAOS. Objetivo: Estudar a produção científica relacionada à intervenção
fonoaudiológica na Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono. Método: Realizou-se
pesquisa bibliográfica de artigos científicos publicados em português, inglês ou espanhol,
no período de 2007 a 2012, com periódicos indexados nas bases de dados eletrônicas, a
saber: SCIELO, LILACS, BVS, BIREME, MEDLINE. Os artigos foram selecionados de
acordo com descritores e critérios de inclusão pré-definidos. Resultados: a seleção final
contemplou 63 artigos nacionais e 17 internacionais, sendo a pesquisa bibliográfica a
natureza de estudo predominante. Foram localizados 10 artigos que abordam
especificamente a atuação fonoaudiológica na síndrome. Desses, 6 versam sobre a
eficácia da terapia miofuncional na SAOS, 3 apresentam a fisiopatologia desta doença,
fazendo uma correlação das alterações encontradas com a fonoterapia, e 1 trata sobre a
avaliação fonoaudiológica em pacientes acometidos por esta síndrome. Conclusão: Os
artigos estudados demonstram que a terapia fonoaudiológica pode ser considerada uma
forma eficaz no tratamento da SAOS, uma vez que com a adequação da musculatura
orofaríngea, há redução dos sintomas, proporcionando, consequentemente, uma melhor
qualidade de vida ao paciente portador dessa síndrome. No entanto, os trabalhos
relacionados à eficácia dos exercícios mioterápicos, junto a esta população, ainda são
pouco difundidos pela área fonoaudiológica, ficando clara a necessidade da realização de
mais estudos.

426
A possibilidade da intervenção fonoaudiológica em bebês que só mamam dormindo
- relato de caso

Flávia Rebelo Silva Puccini

Introdução: O Refluxo Gastroesofágico (RGE) é o retorno involuntário do conteúdo


gástrico para o esôfago, e pode atingir até a boca. Desta forma o RGE pode provocar
hipersensibilidade intraoral e anteriorização do reflexo de vômito. Consequente a isso, o
bebê pode rejeitar a mamadeira apresentando náuseas ao colocá-la em contato com a
cavidade oral. Não é incomum observarmos o bebê aceitar mamadeira somente quando
está dormindo. Nestes casos, o hábito de se alimentar está diretamente ligado ao
desprazer, tornando a rotina familiar extremamente desgastante. O presente trabalho é o
relato de um caso de um bebê de 4 meses que estava perdendo peso e mamava apenas
dormindo. Ele estava sendo medicado e o RGE estava controlado, mas ainda mantinha o
sintoma de mamar apenas enquanto dormia. Método: Foi realizada a anamnese e
avaliação do paciente. A terapia foi embasada nas necessidades específica do paciente.
Foi realizado um trabalho de adequação da sensibilidade da cavidade oral, assim como
adequação do tônus da musculatura orofacial. Resultados: foram verificadas mudanças
significativas na musculatura orofacial e nas funções de sucção, respiração e deglutição,
comprovando que o RGE pode influenciar nas funções do bebê e na musculatura
orofacial através da sensibilidade intraoral. Após 4 sessões o bebê estava aceitando a
mamadeira sem ter reflexo de vômito e conseguindo mamar acordado. Conslusão:
Conclui-se a necessidade da intervenção fonoaudiológica para pacientes com RGE e
dificuldades alimentares. É importante ressaltar que o trabalho fonoaudiológico só surtiu
efeito pois o RGE estava controlado, mas que somente a medicação não foi suficiente
para sanar a recusa à mamadeira.

427
A repercussão da sucção digital na função mastigatória

Carla Salles Chamouton; Mirian Hideko Nagae

Hábito é um ato incorporado que pode ou não causar um dano e /ou apresentar um
propósito funcional. A sucção digital, apesar de muitas vezes gerar sensação de alívio
devido a comprometimentos emocionais como: solidão, insegurança e medo, é, também,
considerada um hábito deletério, pois pode influenciar no arranjo dental (mordida aberta)
e esquelético (atresia palatal). Dependendo da intensidade da mudança na estrutura
dento-esquelética, muitas vezes a musculatura também necessita se readaptar a nova
condição. Com isso, comprometimentos na função muscular também podem ser gerados.
Com a atresia palatal e a mordida aberta, os sujeitos podem deslocar o bolo alimentar
para a região anterior da cavidade bucal e comprometer a função mastigatória. Este
estudo tem como objetivo comparar a função mastigatória por meio da eletromiografia de
superfície, nos músculos masseter e temporal, de sujeitos que possuem hábito de sucção
digital e sujeitos que não realizam sucção digital. Foram investigados 16 sujeitos,
subdivididos em dois grupos distintos, 8 sujeitos que realizam sucção digital e 8 sujeitos
que não realizam sucção digital, com faixa etária entre 5 e 12 anos, dos sexos masculino
e feminino. Para a análise da média da atividade elétrica obtida, foi utilizado o Root
Means Square (RMS) e para a análise estatística, o sistema computacional Statistical
Analysis System (SAS). Para a Análise de Variância foram utilizados os Testes de Tukey
para comparação das médias e t de Student para 2 amostras independentes. Para todas
as Análises de Variância o nível crítico foi de 5% (p<<0,05). Os resultados parciais obtidos
comprovam que não houve diferença significativa entre os músculos tanto no grupo
controle (0,62%) quanto no grupo experimental (0,19%). Já com relação aos grupos
controle e experimental foram encontradas diferenças significativas no músculo masseter
(-0,55%) e músculo temporal (-0,12%). A partir dos resultados obtidos podemos concluir
que houve diferença significativa no comportamento dos músculos masseter e temporal
entre os sujeitos que apresentam hábitos deletérios com os que não apresentam hábitos
deletérios.

428
Achados fonoaudiológicos na esclerose sistêmica

Luciana Dantas Lopes; Sílvia Elaine Zuim de Moraes Baldrighi, Milena Cabral de Lima,
Leylane Fonseca Almeida, José Caetano Macieira

Esclerose Sistêmica Progressiva é uma doença rara autoimune, inflamatória do sistema


nervoso, de etiologia desconhecida, caracterizada por deposição aumentada do colágeno
na pele, e que pode envolver os tecidos orais, periorais, as articulações, os tendões e os
músculos, bem como o sistema estomatognático. Sua incidência é de 2 a 10 para cada
1.000.000 indivíduos na população em geral. Mais frequente em mulheres (4:1). Quanto
às manifestações orofaciais há poucos relatos na literatura especializada, estas incluem
rigidez e atrofia da pele, microstomia, que se desenvolve devido à deposição de colágeno
nos tecidos periorais, causando progressiva limitação da abertura da boca. Desordem da
articulação temporomandibular. Alteração nas funções orais principalmente na
mastigação e desordem da deglutição. Objetivo: Descrever a ocorrência de alterações
orofaciais em indivíduos com Esclerose Sistêmica. Métodos: Estudo exploratório clínico
descritivo-observacional realizado no ambulatório de Reumatologia de um Hospital
Universitário. Amostra composta de sete indivíduos adultos de ambos os gêneros com
diagnóstico médico prévio de Esclerose Sistêmica, destes, um do gênero masculino. A
faixa etária variou de 23 a 64 anos e a média de idade foi de 49,5 anos. A avaliação
fonoaudiológica incluiu entrevista e avaliação miofuncional orofacial, por meio da
aplicação do exame miofuncional orofacial MBGR (2009) adaptado. O diagnóstico do
frênulo lingual seguiu o protocolo de Marchesan (2010). Também foram investigadas as
ocorrências de desordem na alimentação como: dor e/ou engasgos ao deglutir, presença
de tosse, espirros, regurgitação nasal, alteração respiratória, sudorese, vômito. Foi
utilizado o protocolo de avaliação de risco para disfagia (PARD) – adaptado, proposto por
Padovani et al.(2007). Realizaram-se registros fotográficos, audiovisuais (câmera
fotográfica digital Sony Cyber-shot DSC-S3000 10.1 Megapixels). Para a análise
estatística descritiva utilizou-se o software statistical package for the social sciences
(SPSS, versão 16, 2008, SPSS Inc., Chicago, Illinois, EUA). A mensuração da abertura de
boca e medida interincisal utilizando-se o paquímetro digital Western 6”. Estudo aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos sob nº 0326.0.107.000-
11, seguindo a Resolução 196/96 (BRASIL. Resolução MS/CNS/CNEP nº 196/96). Ao
término da avaliação, foi dada devolutiva individualmente para cada sujeito. Resultados: O
estudo revelou 85,7% do gênero feminino. Alterações nas manifestações orais sendo que
85,71% dos indivíduos apresentaram dormência na face, xerostomia bem como a
limitação na abertura máxima de boca. A alteração na mímica facial 85,71%, ausência de
elemento dentário e presença de infecção gengival foi observada em 100% dos casos.
Presença de placa bacteriana e utilização de prótese dentária em 57,14% e 42,85%
frênulo lingual encurtado. Verificou-se, também, presença de alterações nos aspectos
miofuncionais orofaciais, com relação à tonicidade facial 100% dos casos, apresentaram
hipertonia; mobilidade de lábios e/ou língua comprometida em 85,71%. Modo respiratório
alterado sendo 57,14% modo oral e 42,85% modo oronasal. Em 100% dos casos a
mastigação estava alterada. E desordem da deglutição observada em 42,85% e 71,42%
articulação travada durante a fala. Conclusão: Observamos um expressivo percentual da
amostra com alterações relacionadas aos aspectos da motricidade orofacial. O que nos
demonstra a importância e o quanto se torna imprescindível a presença do fonoaudiólogo
na equipe multidisciplinar.

429
Achados fonoaudiológicos na síndrome de backwith- widemann:relato de caso

Adriana de Medeiros Melo; Cristiane Monteiro Pedruzzi, Erika Henriques de Araújo Alves
da Silva, Juliete Melo dos Santos, Kariane Luna da Silva Fernandes, Mariana Almeida
Brasileiro

Introdução: A incidência da Síndrome de Beckwith-Widemann é de 1:17000 nascimentos,


com maior prevalência no sexo feminino. As manifestações mais comuns nesta síndrome
são macroglossia, macrossomia. onfalocele e organomegalia. Objetivo: identificar e
descrever as manifestações fonoaudiológicas relativas à motricidade orofacial, linguagem
e audição em pacientes portadores da Síndrome de Beckwith-Widemann (SBW).
Métodos: trata-se de um relato de caso. Após a aprovação concedida pelo Comitê de
Ética em Pesquisa sob o número 1790, foi feito levantamento de dados dos pacientes por
meio de um formulário específico; entrevista semi-dirigida com enfoque nos aspectos
fonoaudiológicos; e avaliações miofuncional, audiológica e de linguagem. Resultados:
Foram encontrados 02 indivíduos que se encaixaram nos critérios de inclusão. Ambos os
indivíduos (I1 e I2) eram do gênero feminino, e apresentaram como manifestação mais
marcante a macroglossia e a perda auditiva. Em um dos indivíduos foi encontrada a
presença de fissura labiopalatina. I1 e I2 apresentaram alteração de tônus e redução na
mobilidade de lábios, língua e bochechas. Em I1, na mastigação ocorreu dificuldade na
lateralização do bolo alimentar para o lado esquerdo com a presença de lábios
entreabertos e movimentação exagerada de abertura mandibular; na deglutição,
interposição lingual, participação excessiva da musculatura perioral. Para l2, houve
protrusão de língua e abertura exagerada de mandíbula na captação dos alimentos para
as consistências líquida e pastosa. Na sólida, não foi possível avaliar, pois I2 não aceita e
tem histórico de episódios de tosse e engasgos. Na avaliação da linguagem, l1
apresentou: desenvolvimento cognitivo normal para sua idade, encontrando-se no período
representativo e comportamentos indicativos de comunicação intencional, interagindo com
a terapeuta; além de frontalização de palatal, simplificação de encontro consonantal +
posteriorização para velar, redução de silaba, plosivação, harmonização vocálica e
consonantal. I2 encontra-se num nível de desenvolvimento muito abaixo do esperado
para sua idade, estando ainda no período sensório-motor, apresentando características
bastante primárias, a mesma responde aos estímulos oferecidos por meio de expressões.
Nas avaliações audiológicas iniciais, em l1 foram obtidos os seguintes resultados:
Emissões Otoacústicas por estímulo transiente (EOA) ausentes bilateralmente. Em I2,
EOA por estímulo transiente e produto de distorção ausentes bilateralmente. No Potencial
Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (PEATE), l1 apresentou, perda auditiva
sensorioneural de grau leve com integridade retrococlear na orelha direita, perda auditiva
sensórioneural de grau moderado com integridade retrococlear na orelha esquerda ; e l2,
perda auditiva de grau moderado bilateralmente nas faixas de frequência de 2 a 4 KHz.
As hipóteses diagnósticas fonoaudiológicas encontradas foram: Distúrbio Miofuncional
Orofacial, Atraso de Linguagem secundário à SBW para I2; e Desvio Fonético-Fonológico
para I1; Perda Auditiva Neurossensorial. Conclusão: No presente estudo, foi observado
que as manifestações clínicas e fonoaudiológicas encontradas em ambos os indivíduos
corroboram com a literatura existente, exceto a fissura labiopalatina. Espera-se que esta
pesquisa possa contribuir para um maior conhecimento das manifestações
fonoaudiológicas presentes na SBW, garantindo assim uma maior qualidade de vida
destes pacientes.

430
Ação do garrote em eletromiografia de masseter e temporal na paralisia facial
periférica.

Maria Salete Franco Rios; Adriana Teresa Silva, Andréia Maria Silva,
Irani Rodrigues Maldonade, Iriani Rodrigues Maldonade

Introdução: O uso do garrote como recurso de reabilitação vem sendo aplicado há muito
tempo. Existem poucos relatos científicos sobre a eficácia de sua ação com relação aos
músculos masseter e temporal. Objetivo: Analisar e relatar os efeitos do uso do garrote no
sinal eletromiográfico do músculo masseter e temporal em paciente acometido por
paralisia facial de origem periférica. Métodos: Trata-se de um estudo de caso,
experimental, prospectivo e transversal, submetido ao comitê de ética em pesquisa. A
amostra contitui-se de um indivíduo com diagnóstico clínico de paralisia facial periférica e
diagnóstico funcional de hemiparesia facial hipotrófica a esquerda. Utilizou-se para
avaliação a eletromiografia de superfície dos músculos (MM) masseter e temporal (MT)
bilaterais e simultâneos na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) e em repouso
(R). Realizaram-se três análises do sinal eletromiográfico e determinou-se a média
dessas análises. Foram utilizadas duas séries consecutivas de movimentos utilizando o
garrote (tubo de latex nº 204, da marca Lemgruber) como instrumento de intervenção por
um período de 60 dias, 3 vezes ao dia. Na primeira, o paciente mordeu um garrote de 15
cm de comprimento, colocado na região dos molares, iniciando com 20 movimentos de
abertura e fechamento da mandíbula do lado esquerdo, 20 do lado direito e terminando
com 20 do lado esquerdo. Na sequência imediata, mastigou um garrote de 1 cm de
comprimento, com lábios fechados, lateralizando de 5 em 5 movimentos, com início e
término do lado esquerdo. Para o processamento do sinal eletromiográfico, utilizou-se a
raiz quadadra da média (RMS) da amplitude do sinal eletromiográfico antes a após a
intervenção. Resultados: Após a intervenção nota-se que houve um aumento do padrão
de ativação da contração muscular em R e CIVM bilaterais dos MM e MT. A RMS em R
antes e após a intervenção (MTD:5,18 – MTD:7,20; MTE:3,36 – MTE:7,35; MMD:3,28 –
MMD:3,18; MME:3,16 – MME:3,51) respectivamente e da CIVM (MTD:128,32 –
MTD:133,02; MTE:131,61 – MTE:182,73; MMD:66,27 – MMD:74,81; MME:101,30 –
MME:147,25) respectivamente. Conclusão: O uso do garrote gerou efeitos positivos no
padrão de ativação da contração muscular dos MM e MT em paciente acometido por
paralisia facial periférica.

431
Ações fonoaudiológicas com crianças em tratamento ortodôntico - relato de
experiência em motricidade orofacial

Jussier Rodrigues da Silva; Larissa Beatriz Ferreira de Lima, Anne da Costa Alves,
Renata Veiga Andersen Cavalcanti

Introdução: As desproporções maxilomandibulares possuem características miofuncionais


variando de acordo com as alterações envolvidas na forma e função, assim, torna-se
indispensável à atuação interdisciplinar precoce entre o fonoaudiólogo e ortodontista para
a reabilitação das estruturas e funções estomatognáticas, proporcionando uma melhor
qualidade de vida ao paciente. Objetivo: Relatar a experiência da atuação fonoaudiológica
nos pacientes em tratamento ortodôntico da clínica infantil. Métodos: Relato de
experiência da atuação fonoaudiológica na clínica infantil de ortodontia com a participação
de profissionais e estudantes de Fonoaudiologia e odontologia. O projeto é desenvolvido
no departamento de odontologia no projeto de extensão “Ações fonoaudiológicas nas
alterações de Motricidade Orofacial nos pacientes em tratamento ortodôntico da clínica
infantil”, com a participação de 34 crianças, 7 alunos de graduação em fonoaudiologia,
uma docente fonoaudióloga, uma fonoaudióloga monitora e 4 docentes odontólogos como
colaboradores. O propósito do projeto é oferecer aos alunos a oportunidade de vivenciar o
papel profissional na promoção da saúde oral e adequação oromiofuncional frente às
deformidades dentofaciais. Resultados: São realizadas ações de educação em saúde,
promoção, prevenção e sensibilização dos pacientes da Clínica Infantil, aos responsáveis,
e discentes de odontologia, através de palestras, rodas de conversa, e distribuição de
material instrucional, como folder. As crianças em tratamento ortodôntico são
encaminhadas e realizadas a anamnese e avaliação utilizando o protocolo Exame
Miofuncional Orofacial - MBGR para verificação das estruturas e funções do sistema
estomatognático, diagnosticando possíveis distúrbios miofuncionais orofaciais, com
reavaliações semestrais. O acompanhamento dos casos que apresentam algum distúrbio
miofuncional ocorre no ambulatório especializado de atendimento fonoaudiológico no
departamento de odontologia, iniciado nesse projeto de extensão, realizando trabalho de
conscientização das funções orais, mioterapia e terapia miofuncional em grupo. Foram
avaliadas 34 crianças desde o ano de 2012, 11 estão sendo assistidas pelo grupo, 12 não
entraram em acompanhamento, 7 não deram continuidade ao tratamento e 4 foram novas
avaliações realizadas no 1º semestre de 2013. Conclusões: A experiência no projeto
desenvolvido mostra a importância do fonoaudiólogo atuar em parceria com o
ortodontista, promovendo um trabalho interdisciplinar, em busca do equilíbrio miofuncional
orofacial, potencializando a reabilitação no tratamento interceptativo das maloclusões.

432
Alterações da fala nas crianças em tratamento ortodôntico na clínica infantil do
curso de odontologia

Andréa Caroline de Almeida Galvão; Márcia Simonelly Costa dos Santos,


Anne da Costa Alves, Renata Veiga Andersen Cavalcanti

Introdução: A fala é uma característica humana que dá a possibilidade do indivíduo se


comunicar com a sociedade em que vive. Algumas pessoas apresentam alterações de
fala, as quais podem ser de ordem fonética ou fonológica. Neste estudo abordamos
apenas as alterações de ordem fonética as quais se instalam pelo fato do indivíduo
apresentar alguma alteração de origem musculoesquelética ou neurológica, sendo elas
aqui discutidas. Objetivo: Caracterizar as alterações de fala em crianças em tratamento
ortodôntico relacionando com hábitos orais, má oclusão e tipologia facial. Métodos: Trata-
se de estudo descritivo retrospectivo de corte transversal. O trabalho foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa sob o número 45634 de 15/06/2012. Foram analisados os
prontuários de 30 crianças do gênero feminino e masculino, com faixa etária entre 5 e 11
anos que participaram do projeto de extensão: Ações Fonoaudiológicas nas Alterações de
Motricidade Orofacial entre março e junho de 2012. A pesquisa foi desenvolvida na
Clínica infantil do curso de Odontologia da Instituição. Foram excluídos da pesquisa
prontuários e registros que não apresentaram os dados completos e/ou assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A análise dos dados foi realizada de forma
descritiva por meio das frequências absolutas e percentuais. Resultados: Caracterização
da oclusão, tipo facial, presença de hábitos orais e fala: oclusão adequada= 11(36,7%);
oclusão alterada=19 (63,3%); face média= 10 (33,3%); face longa= 11 (36,7%); face
curta= 9 (30%); presença de hábitos orais deletérios= 20 (66,7%); ausência de hábitos
orais deletérios= 10 (33,3%); distorções na fala= 9 (30%); omissões= 4 (13,3%),
inteligibilidade de fala prejudicada= 4 (13,3%); substituições= 1 (3,3%). Ao relacionar má
oclusão com as alterações de fala, observou-se na sobressaliência excessiva: distorções=
5 (45,4%), inteligibilidade de fala prejudicada= 1 (9%); na mordida cruzada foram
encontrados a mesma quantidade para omissões, distorções e inteligibilidade de fala
prejudicada = 1 (25%); e na sobremordida excessiva: distorções= 1 (14,2%). Com relação
ao tipo facial médio: distorções= 2 (20%) e inteligibilidade prejudicada= 1 (10%); no tipo
facial longo: omissões = 1 (9%), distorções = 2 (18,1%) e inteligibilidade prejudicada= 2
(18,1%); e no tipo facial curto: omissões = 3 (33,3%), substituições =1 (11,1%), distorções
= 4 (44,4%) e inteligibilidade de fala prejudicada= 1 (11,1%). Nos hábitos orais deletérios:
distorções= 5 (25%), omissões= 4 (20%), inteligibilidade prejudicada= 3 (15%) e
substituições= 1 (5%). Conclusão: A partir da metodologia utilizada nesse estudo,
verificou-se que alterações de fala estiveram presentes em 60% das crianças
pesquisadas, e caracterizaram-se por distorção, inteligibilidade prejudicada e omissão,
sendo a distorção a mais frequente. Com os resultados obtidos nessa pesquisa,
ressaltamos que os hábitos orais deletérios, tipologia facial e as más oclusões, ao serem
relacionadas com as alterações de fala, observou-se que a distorção esteve presente em
todas as características citadas a cima. Em relação aos hábitos orais deletérios, a
onicofagia foi a mais frequente. No que se refere à má oclusão, observamos a
sobressaliência excessiva. Quanto à tipologia facial, notamos respectivamente os tipos
dolicocefálico, mesocefálico e braquicefálico, em proporções equivalentes.

433
Alterações de mastigação em portadores de esclerose múltipla

Ana Maria da Silva; Jaims Franklin Ribeiro Soares, Ana Karênina de Freitas Jordão do
Amaral, Laíza Regis de Souza, Emily Carla Silva Santos

Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença caracterizada clinicamente pelo


aparecimento de várias alterações neurológicas localizadas em distintas áreas da
substância branca do sistema nervoso central. Tais alterações são consequência da
destruição das bainhas de mielina, o que impede que as informações nervosas sejam
transmitidas adequadamente entre as células. Dentre as muitas alterações causadas pela
EM estão presentes aquelas das funções do sistema estomatognático (SE), com
destaque para a mastigação, já que a doença em si prejudica as atividades motoras
globais e orais do sujeito. Objetivo: Identificar alterações de mastigação em portadores de
diagnóstico de esclerose múltipla. Método: Foram investigados 18 pacientes com
diagnóstico de esclerose múltipla, de ambos os sexos (06 homens), com idade média 43
anos (DP = 12,6 anos), todos encaminhados para a clínica-escola de uma universidade
federal, por uma associação de esclerose múltipla estadual. Os dados foram coletados
através de um questionário, aplicado aos sujeitos, que visava informações sobre dados
pessoais e da convivência com a EM, desde a data do diagnóstico. Em seguida foi
realizada avaliação funcional da mastigação solicitando que o sujeito fizesse ingestão de
uma fatia de maçã (1/4 da fruta com casca). Toda avaliação foi filmada e fotografada,
possibilitando sua reanálise. Quanto ao uso da maçã foi observado o tipo mastigatório e
dificuldades associadas. O trabalho foi aprovado em comitê de ética da instituição sob
protocolo de número 0086/12. Resultados: Foram encontradas alterações de mastigação
em todos os pacientes investigados. Destes, 61% apresentaram um (11%) ou dois (50%)
tipos de alteração e 39% exibiram três (33%) ou quatro (11%) tipos diferentes de
comprometimento da mastigação. Na amostra investigada, as alterações mais
prevalentes foram: 1) Preferência mastigatória unilateral (94%), 2) Alterações no uso da
musculatura perioral e cervical (72%) e 3) Ritmo mastigatório alterado, sendo mais lento
(28%). Comparando grupos através do teste de Mann-Whitney, não foram encontradas
diferenças significantes relacionadas ao sexo, à idade ou ao tempo de diagnóstico do
paciente. Conclusões: A inexistência de diferenças estatisticamente significantes
relacionadas ao sexo, ao tempo do diagnóstico ou à idade do paciente sugere que a
patologia pode evoluir segundo um padrão singular, exigindo acompanhamento caso a
caso, sobretudo quando se considera o grau de comprometimento que pode provocar na
mastigação da maçã. Além disso, as alterações de: preferência mastigatória unilateral e
alterações no uso da musculatura perioral e cervical não são exclusivas da EM; pessoas
não portadoras da doença podem apresentá-las em qualquer faixa etária. Apenas o ritmo
mastigatório lentificado pode ter relação direta com a Esclerose Múltipla.

434
Alterações fonoaudiológicas na presença de anquiloglossia- relato de caso.

Eloisa Pinheiro Ferrari; Thamy Fernandes Schmitt, Maria Isabel d’Ávila Freitas, Cristiane
Gonçalves Montibeller

Introdução: O frênulo de língua é uma prega de membrana mucosa que vai da metade da
face inferior da língua até o assoalho da boca. Quando alterado pode levar a modificações
na mobilidade da língua e nas funções executadas por esta estrutura. É consenso que
estas alterações podem influenciar na alimentação (amamentação, mastigação e
deglutição) e na produção da fala. A anquiloglossia é uma anomalia congênita, que ocorre
quando há a fusão completa ou parcial da língua ao assoalho da boca. Nesses casos,
ainda podem ser encontradas alterações como dificuldade de lamber os lábios, sorvete e
beijar, implicando em constrangimentos sociais. O fonoaudiólogo atua avaliando as
condições do frênulo da língua por meio do exame intraoral, verificando a mobilidade da
língua e avaliando as funções orofaciais de mastigação, deglutição e fala. Quando
necessário sugere avaliação de outro profissional, intervenção cirúrgica ou fonoterapia
para correção das alterações encontradas. Objetivo: Relatar os achados da avaliação
fonoaudiológica de um caso clínico de anquiloglossia. Métodos: Paciente do gênero
feminino, 6 anos e 9 meses, foi encaminhada pela Odontopediatra para avaliação
fonoaudiológica do frênulo de língua. Para avaliação do caso utilizou-se o Protocolo de
Avaliação do Frênulo da Língua e as provas de mastigação e deglutição do Protocolo
MBGR. Resultados: O exame intraoral evidenciou a língua fixada no assoalho de boca,
caracterizando a anquiloglossia. Foram observadas grandes alterações na mobilidade de
língua, a paciente somente realizou o movimento de sugar a língua no palato, os demais,
protrair e retrair, tocar o lábio e superior e inferior, tocar as comissuras labial direita e
esquerda, e a vibração do ápice não conseguiu executar. A abertura de boca e o
movimento mandibular apresentaram-se adequados, porém a medição da abertura
máxima de boca com o ápice da língua tocando na papila incisiva não foi possível
realizar, pois a paciente não consegue elevar o ápice da língua. Na fala, a paciente
apresentou desvio de ponto articulatório nos fonemas apicais, realizando compensação
de movimento de língua, por meio do toque da parte média contra o palato. Esta
compensação não comprometeu significativamente a fala, tendo em vista que esta
modificação evidencia-se acusticamente apenas durante a produção de encontros
consonantais com /r/ associados aos fonemas /t/ e /d/, onde percebe-se a distorção. Na
mastigação a paciente apresentou padrão mastigatório unilateral preferencial à esquerda,
conseguindo alternar o bolo alimentar para ambos os lados. Na deglutição apresentou
contração leve de mentual e presença de resíduo em pouca quantidade, sobre a língua,
após a deglutição. Tendo em vista as alterações encontradas na avaliação foi sugerida a
realização da frenectomia e nova avaliação fonoaudiologica pós-cirurgia. Conclusão: A
alteração do frênulo de língua observada acarretou alterações leves na fala e na
deglutição, demonstrando que a paciente realiza compensações satisfatórias. Porém a
limitação significativa na mobilidade de língua justifica a conduta para a realização da
frenectomia.

435
Alterações mastigatórias na respiração oral secundária à rinite alérgica

Gerlane Karla Bezerra Oliveira Nascimento; Luciana Ângelo Bezerra,


Hilton Justino da Silva, Klyvia Juliana Rocha de Moraes, Ana Carolina Cardoso de Melo,
Renata Andrade da Cunha, Daniele Andrade da Cunha, Décio Medeiros

Introdução: A respiração oral é uma síndrome repleta de sinais e sintomas específicos,


podendo variar o grau de acordo com a patologia de base. Uma causa de grande
prevalência da respiração oral é a rinite alérgica, cujos principais sinais e sintomas são:
obstrução nasal, rinorréia aquosa, espirros em salva e prurido nasal, além da respiração
oral, podendo ser reversíveis espontaneamente ou com tratamento. A inversão do padrão
respiratório de nasal para oral ocasiona mudanças adaptativas nas arcadas dentárias e
tecidos circunvizinhos (alterações anatômicas do palato, ressecamento superficial das
mucosas na fase tardia, surgimento e aumento da mobilidade dentária em estágio tardio
por inflamação crônica da gengiva e ligamento periodontal). A maioria dos estudos que
abordou a função mastigatória em crianças com respiração oral demonstrou interferência
negativa na mastigação em relação ao tempo mastigatório, sobras de alimento na
cavidade oral, postura dos lábios entreabertos e ruído durante a mastigação. Objetivo:
Avaliar o lado de preferência mastigatória e o tempo mastigatório em crianças com
respiração oral secundária à rinite alérgica. Métodos: Estudo aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa com seres humanos da sob o número de CAAE
02578012.0.0000.5208 e realizado no ambulatório de pediatria e de alergia/imunologia de
um Hospital Universitário, Brasil. A amostra constou de 62 crianças com diagnóstico
clínico de rinite alérgica. Foi realizada avaliação mastigatória através de filmagem, onde
se ofereceu um pão francês de 25g (produzido no dia da avaliação) a criança, que
permaneceu sentada confortavelmente (com pés apoiados no chão) em frente a uma
máquina digital afixada em um tripé ajustada no mesmo nível da face da criança. Todo o
procedimento foi cronometrado e a criança foi orientada a comer da mesma forma que
habitualmente mastiga. Resultados: Foram analisados o vídeo de 58 crianças, sendo
37/58 (64%) do gênero masculino. A média de idade foi de 7.56 ± 2.77 anos, a média de
tempo gasto foi de 03 minutos e 34 segundos (214 segundos) ± 0.06 segundos. A média
de velocidade atingida foi de 0.11 g/s. Observou-se preferência de lado mastigatório em
18/58 (31.04%) crianças. Os valores sugerem que quanto mais proporcional for a dentição
(completa ou incompleta bilateralmente), menor será o tempo gasto e maior será a sua
velocidade mastigatória. E, que quanto maior a idade, maior a tendência a ter dentição
mais equilibrada (podendo ser completa ou incompleta bilateralmente), menor o tempo
gasto para mastigar 25g de pão francês e maior a velocidade de mastigação. Conclusão:
Embora, este estudo apresente dados parciais, foi demonstrado, que o tempo
mastigatório encontra-se elevado, embora não existam valores pré-fixados ditos normais.
Porém, a criança com respiração oral tende a levar mais tempo para degradar o alimento,
pois a mesma aumenta o intervalo entre uma mordida e outra, para recuperar a
respiração.

436
Alterações na deglutição em adolescentes com características de depressão e
transtornos alimentares

Mariane Querido Gibson; Natália Regina Duarte Santos, Pollyanna Castello Branco
Gomes, João Marcílio Coelho Netto Lins Aroucha, Valência Avelino Marinho De Oliveira

Introdução: Os transtornos alimentares (TAs) são considerados como um transtorno


psiquiátrico, no qual é caracterizada por graves alterações de comportamento e que afeta
em grande parte os adolescentes. Os principais transtornos estudados são a anorexia
nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN). Os TAs assim como a depressão apresenta
etiologia multifatorial. A aparição da depressão em adolescentes costuma apresentar
sintomas parecidos aos dos adultos e as prevalências de depressão são mais altas em
transtornos alimentares do que na população em geral. A deglutição é um fenômeno
dinâmico ligado à manutenção da rigidez biológica, que se verifica pela ingestão de
nutrientes adequados, absorvidos e incorporados pelo organismo. Indivíduos com BN e
AN têm risco potencial de desenvolver disfagia. Objetivos: Identificar a prevalência de
alterações na deglutição em adolescentes de 16 anos de idade com características de
transtornos alimentares e depressão. Metodologia: O estudo é do tipo transversal,
analítico descritivo de prevalência. As etapas da coleta foram divididas da seguinte forma:
sorteio das escolas, a explicação da metodologia de pesquisa aos alunos e entrega dos
termos de compromisso aos interessados em participar. Os instrumentos utilizados nas
avaliações foram: Teste de investigação bulímica de Edinburh – BITE (rastrear e a avaliar
a gravidade da bulimia nervosa a partir da avaliação de aspectos cognitivos e
comportamentais), o Teste de atitudes alimentares – EAT-26 (rastrear comportamentos
presentes na anorexia nervosa, medindo principalmente comportamentos alimentares
restritivos, como dieta e jejum, e comportamentos bulímicos) e para finalizar passaram
pelo protocolo AMIOFE para avaliação da deglutição. Resultados: Ao serem analisados
os dados coletados na amostra, verificou-se que dos 118 adolescentes pesquisados, em
28,9% apresentaram características de transtornos alimentares. Destes, 73,0% eram do
gênero feminino e 27,0% do gênero masculino. Conclusão: A prevalência de alterações
na deglutição de adolescentes com 16 anos de idade que apresentavam características
de transtornos alimentares e sintomas depressivos foi de 75,0%. Dessa forma, 28,9% dos
alunos regularmente matriculados em escolas públicas apresentaram as características
de transtornos alimentares.

437
Análise da concordância das escalas de comprometimento da paralisia facial

Laelia Cristina Caseiro Vicente; Kércia Melo de Oliveira Fonseca, Aline Mansueto Mourão,
Andréa Rodrigues Motta

Introdução: A paralisia facial pode causar repercussões negativas tanto no aspecto


funcional como no psicossocial. Diversos métodos subjetivos têm sido propostos para
avaliação funcional do comprometimento da mímica facial. Dentre eles, destacam-se as
escalas de House, Brackmann e a de Chevalier. Objetivos: Determinar a concordância
inter e intra-avaliadores da interpretação do grau de comprometimento da paralisia facial a
partir das escalas de Chevalier e de House, Brackmann; identificar qual escala apresenta
maior concordância na classificação e analisar a opinião dos avaliadores quanto à
utilização das escalas. Métodos: Trata-se de um estudo transversal comparativo. Para a
realização do estudo foram selecionadas fotos das expressões faciais de 30 indivíduos
adultos com variação da mímica facial de normalidade à paralisia facial completa
unilateral. Foram excluídos indivíduos com paralisia facial associada à deformidade
craniofacial ou com comprometimento da mímica bilateral. As fotos de cada sujeito foram
apresentadas e analisadas por cinco fonoaudiólogos que atuam com paralisia facial, sem
experiência na utilização das escalas. Os profissionais realizaram treinamento prévio para
classificar a gravidade da paralisia facial por meio das escalas de Chevalier e de House,
Brackmann, em três casos diferentes dos sujeitos apresentados para a análise. Após o
treinamento, as fotos dos 30 indivíduos foram examinadas pelos profissionais
individualmente e sem possibilidade de discussão. As análises ocorreram em dois
momentos diferentes, com intervalo de uma semana entre elas, a fim de verificar a
concordância intra-avaliador. A ordem de apresentação dos casos para a segunda análise
foi alterada. Após a segunda avaliação dos casos, foi solicitado que as profissionais
respondessem a um questionário com quatro questões de múltipla escolha e duas abertas
onde expressaram suas opiniões sobre a utilização das escalas. Para investigar a
concordância intra e inter-avaliadores os resultados foram submetidos à análise
estatística por meio do software R versão 2.15.0 e aplicado o coeficiente Kappa
Ponderado com os intervalos percentílicos bootstrap de 95% confiança. Para as questões
relacionadas à opinião dos fonoaudiólogos realizou-se análise descritiva e qualitativa.
Resultados: Houve excelente concordância de todos os fonoaudiólogos para as duas
escalas (kappa>>0,80). Na escala de Chevalier houve concordância substâncial intra-
avaliadores na 1ª avaliação (kappa=0,792) e excelente na 2ª avaliação (kappa=0,928). Já
a escala de House, Brackmann apresentou excelente concordância nos dois momentos
da avaliação (kappa=0,850 e 0,857, respectivamente). Quanto à opinião dos profissionais,
a maioria considerou as escalas de fácil aplicação e relevante. Na escala de Chevalier
apenas um fonoaudiólogo acha necessário treinamento prévio, já na escala de House,
Brackmann, quatro fonoaudiólogos consideraram necessário haver este treinamento.
Conclusão: Os resultados indicaram que as escalas de Chevalier e de House, Brackmann
apresentaram boa concordância inter e intra-avaliadores. Conclui-se que essas escalas
podem ser empregadas na prática fonoaudiológica para assegurar um padrão de
classificação da paralisia facial permitindo comparações nos segmentos dos casos e nos
achados clínicos em estudos científicos.

438
Análise da força máxima de mordida, segundo a preferência mastigatória

Patricia Barbarini Takaki; Marilena Manno Vieira, Silvana Bommarito

A preferência mastigatória é o lado que um indivíduo usa mais durante o ato da


mastigação, podendo ser uni ou bilateral. Verificar a relação desta com a força máxima de
mordida é essencial, já que é a máxima força exercida pelo indivíduo para a fragmentação
dos alimentos e pode ser modificada de acordo com o exercício da função de maneira
desigual. Objetivo: Relacionar a força máxima de mordida com a preferência mastigatória.
Método: A amostra foi composta por 100 indivíduos, da cidade de São Paulo, divididos
igualmente entre as faixas etárias e os sexos. Cada indivíduo foi submetido a uma
avaliação fonoaudiológica, composta por uma avaliação antropométrica de altura e peso,
através de uma fita métrica e uma balança digital (Magna, G-life), uma avaliação das
condições dentárias, da preferência mastigatória, através do questionamento, e da força
de mordida, por meio de um dinamômetro digital modelo DDK/M (Kratos), em escala
newtons (N). As avaliações dentárias e da força de mordida foram monitoradas por um
ortodontista e por uma fonoaudióloga experientes na área. A análise estatística foi
ANOVA, teste de Turkey e teste T. Resultados: Existe relação significante entre FMM e
preferência mastigatória, sendo que os indivíduos de preferência unilateral à direita
apresentam maior FMM à direita, o que não é observado na preferência unilateral à
esquerda. No caso da preferência mastigatória bilateral, existe relação com a FMM,
sendo, portanto, diferentes entre os indivíduos. Ainda, o sexo não influencia na
determinação da FMM. Conclusão: Existe relação entre preferência mastigatória e a força
máxima da mordida.

439
Análisis de la ubicación del reflejo de vómito en pacientes con parálisis cerebral
infantil

Mónica Mandujano Quintana; Merlin Fernandez Guadalupe, Jenny Moscol Becerra,


Jennyfer Cauchi Arias, David Parra Reyes

Introducción: La parálisis cerebral (PC) es una discapacidad motora no progresiva


manifestándose como una alteración de los movimientos y de la postura, además de
problemas respiratorios y problemas digestivos (dificultades para la alimentación,
malnutrición, reflujo gastroesofágico). Muchas veces este reflujo es provocado con mayor
incidencia por el reflejo de vómito alterado. Las alteraciones en los reflejos orales en los
niños con Parálisis Cerebral Infantil, pueden no aparecer o no desaparecer. Algunos niños
no presentan el reflejo de succión en los primeros meses o no inhiben el reflejo de
morder, o mantienen el reflejo de vómito, con lo que se retrasa el proceso de la
masticación. Objetivo: Analizar y comparar la ubicación del reflejo de vómito con el tipo de
Parálisis Cerebral. Método: Es un estudio descriptivo, observacional y transversal, en
donde se evaluaron 20 pacientes con Parálisis Cerebral Infantil en los cuales se observó
la manifestación del inicio del reflejo de vómito, al ser estimulado con un hisopo en
diferentes puntos de ubicación dentro de la cavidad oral, en la lengua, paladar blando o
duro, úvula, pilar anterior o posterior, y faringe. Resultados: Según los datos obtenidos se
observó que todos presentaron el reflejo de vómito, de los cuales un 35% presentó un
reflejo exacerbado. En un 63% se inició el reflejo del vómito cuando se estimuló la lengua,
de los cuales un 54% se produjo en el tercio medio siendo más frecuente en los pacientes
con PC espástico, mientras que un 33% se produjo en el tercio posterior que en su
mayoría eran pacientes con PC mixta. Conclusión: Existe una relación importante entre el
inicio del reflejo de vómito con la ubicación del estímulo en los pacientes con PC, así
como la predisposición de la ubicación del reflejo según el tipo de PC.

440
As figuras adesivas como mediadores mnemônicos e motivacionais na terapia da
motricidade orofacial

Auto Stella Maris Cortez Bacha; Maria Rita Figueiredo Toledo Volpe

Introdução: Distúrbio Miofuncional Orofacial e Cervical (DMO) é qualquer distúrbio que


envolva a musculatura oral, facial e/ou cervical que interfira no crescimento,
desenvolvimento ou funcionamento das estruturas e funções orofaciais. Uma proposta de
intervenção fonoaudiológica com os DMO é a baseada na conscientização (com
autoconhecimento e propriocepção), na motivação (com compreensão do problema e dos
resultados possíveis de serem obtidos) e na sistematização (com técnicas devidamente
indicadas e aplicadas). O aprendizado atingido na intervenção, com as funções orofaciais
e demais aspectos envolvidos, precisa ser estabilizado e automatizado nas atividades do
dia a dia. Técnicas de autopercepção e automonitoramento favorecem o desempenho
com motivação e o estado motivacional pode ser influenciado por fatores externos. Por
esse motivo propomos o uso de lembretes adesivos, dentre outros, fora do ambiente
terapêutico, mas é necessário se considerar a idade e o interesse de cada paciente e de
sua faixa etária. Objetivos: Elaborar figuras adesivas que pudessem ser utilizadas, de
forma motivada, como lembretes, para se realizar as diversas funções e ações orofaciais
aprendidas adequadamente em fonoterapia, acrescentando-se àquelas disponíveis no
mercado. Métodos: Elaboração e confecção de figuras adesivas com informações
necessárias para a intervenção fonoaudiológica em DMO com três pacientes do sexo
feminino, com idades entre 12 e 14 anos, envolvendo figuras não infantilizadas e de
tamanhos pequenos, ‘para não chamar a atenção dos colegas e amigos em geral’, a
pedido delas. Resultados: Foi possível elaborar e confeccionar adesivos de
aproximadamente 3cm de diâmetro com figuras ilustrativas de respirar pelo nariz, manter
a boca fechada, manter a língua para cima em posição habitual, mastigar e deglutir
corretamente, manter a posição correta da língua ao deglutir saliva, cuidar da higiene da
boca, eliminar hábitos nocivos e, dentre estes, destacadamente, eliminar o hábito de
mascar chiclete. Os adesivos foram utilizados com enfoque em uma função e/ou ação
orofacial por semana, com benefícios e motivação, inclusive de forma diferenciada e
inédita, devido ao seu formato e tamanho, em lápis e caneta, propiciando o trabalho nos
ambientes de estudo. Foram também adesivados em estojo, tablet, celular, televisão e
bicicleta. A utilização deste recurso foi decrescendo na medida em que as pacientes
atingiam adequada autopercepção e automonitoramento sobre as funções e demais
ações orofaciais trabalhadas. Conclusões: As figuras adesivas elaboradas e
confeccionadas agiram como motivador externo para que as pacientes, adolescentes, se
lembrassem de realizar as funções e demais ações orofaciais aprendidas de forma
adequada em fonoterapia; puderam ser utilizadas em diversos locais e ambientes; eram
explicativas e favoreceram a autopercepção e o automonitoramento. Propomos o uso
deste material como um mediador mnemônico e motivacional na terapia dos DMO com
pacientes de todas as idades e não somente com adolescentes, como no trabalho aqui
apresentado.

441
Aspectos miofuncionais orofaciais pré e pós reanatomização de dente conóide:
relato de caso

Daniele de Oliveira Brito; Poliana Fernandes Pereira, Lidiane Cristina Barraviera


Rodrigues, Viviane Castro de Araújo

Introdução: O formato dos dentes é de origem genética ou hereditária, podendo causar


má-oclusões e serem classificadas por fatores intrínsecos e extrínsecos, acarretando
também mudanças nos tipos faciais. Os dentes conóides possuem um formato de cone e
devido a essa forma cônica que geralmente apresenta diastemas, haverá alteração na
forma do elemento dentário, podendo influenciar na postura da face e/ou dos aspectos
miofuncionais orofaciais. A reanatomização consiste em mudar os aspectos estruturais
dos dentes, por meio do aumentando com resina, a fim de deixá-los proporcionais aos
outros elementos dentários, fazendo o fechamento dos diastemas modificando assim a
estrutura intraoral. Objetivo: identificar características miofuncionais orofaciais pré e pós
reanatomização dos dentes conóides incisivos laterais. Métodos: Trata-se do estudo de
caso de um sujeito do gênero feminino, vinte e um anos, com dentição permanente e
presença dos dentes incisivos laterais superiores conóides. Foi realizada anamnese, a fim
de coletar dados acerca do desenvolvimento miofuncional orofacial, antecedentes
familiares e possíveis queixas. Para esta pesquisa foi utilizado o protocolo de avaliação
miofuncional – MBGR, adaptado. Resultados: Foram examinados os aspectos intra-orais,
de mobilidade e funções orofaciais. Observou- se que o sujeito possui vinte e oito dentes,
boa conservação dentária e classe I de Angle bilateral. Quanto aos lábios, apresentou
marcas dentárias na mucosa interna e não houve dificuldade nas mobilidades. Quanto à
mastigação, apresentou incisão lateral, velocidade diminuída e mastigação unilateral para
direita. Na fala não foram detectadas alterações. Após a avaliação, o sujeito foi submetido
ao procedimento odontológico de reanatomização do dente incisivo lateral conóide com
resina, com duração de quatro meses. Ao final do tratamento, foi reavaliado quanto aos
aspectos fonoaudiológicos, seguindo os mesmos critérios da avaliação inicial. Os
resultados mostraram que dentição, oclusões e marcas dentárias na mucosa labial não
foram modificadas, assim como as mobilidades. Quanto à mastigação observou-se
incisão anterior, velocidade diminuída e mastigação bilateral com balanceio. Na fala, foi
verificada omissão de fonemas fricativos no início da palavra. Conclusão: Portanto, não se
pode descartar que após um tratamento odontológico de mudança da estrutura intra-oral
deve ser realizada avaliação fonoaudiológica, a fim de verificar possíveis mudanças.

442
Associação dos sintomas de disfunção temporomandibular em acadêmicos de
fonoaudiologia

Wellyda Cinthya Felix Gomes da Silva; Marluce Nascimento de Almeida,


Jéssica Nazita Silva e Lima, Jussier Rodrigues da Silva, Renata Veiga Andersen
Cavalcanti, Anne da Costa Alves

Introdução: As disfunções temporomandibulares (DTM) representam a causa de dor


crônica mais comum na região orofacial, sendo considerada de etiologia multifatorial. Os
principais sinais e sintomas incluem: dor na face, na articulação temporomandibular
(ATM), nos músculos mastigatórios e cervicais, limitação dos movimentos mandibulares,
ruído articular (estalo e/ou crepitação), fadiga muscular e dificuldades nas funções
estomatognáticas de mastigação, deglutição e fala. Objetivo: Verificar a associação de
disfunção temporomandibular e os sintomas, através da triagem recomendada para
Disfunção Temporomandibular segundo a Academia Americana de Dor Orofacial. Método:
Trata-se de um estudo descritivo transversal, analisado e aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa, sob o número de protocolo 45627/12. A amostra constituiu-se de 144
acadêmicos do Curso de Fonoaudiologia, com média de idade de 20,77 anos, sendo 125
do sexo feminino e 19 do sexo masculino. Utilizou-se como instrumento de coleta de
dados o Protocolo de Fonseca (1994), com a finalidade de classificar a presença e
ausência de DTM e a triagem recomendada para Disfunção Temporomandibular segundo
a Academia Americana de Dor Orofacial. A análise dos dados foi realizada de forma
descritiva e analítica. A descritiva foi realizada pelas frequências absolutas e percentuais;
e a analítica através dos testes do Qui-Quadrado e o Exato de Fisher, com nível de
significância de 5%. Resultados: Verificou-se presença de DTM em 93 (64,6%)
acadêmicos e ausência em 51 (35,4%). Ao analisar a associação entre presença e
ausência de DTM e as variáveis da triagem recomendada para Disfunção
Temporomandibular segundo a Academia Americana de Dor Orofacial, encontrou-se
associação estatisticamente significante para presença de DTM e dificuldade e/ou dor ao
abrir a boca (p=0,014), dificuldade e/ou dor ao mastigar, falar ou usar os maxilares
(p=0,004), ruídos articulares (p=0,002), maxilares rígidos, apertados ou cansados com
regularidade (p=0,008), dor nas/ou ao redor das orelhas, têmporas ou bochecha
(p=0,019), cefaleia, dores no pescoço ou nos dentes com frequência (p≤0,000). Não
houve associação significativa entre presença de DTM e mandíbula presa, travada ou sai
do lugar (p=0,259), alteração recente na mandíbula (p=0,492) e tratamento recente para
problema não explicado na articulação temporomandibular (p=1,000). Nenhum indivíduo
da amostra, com ou sem DTM, sofreu trauma recente na cabeça, pescoço ou maxilares.
Conclusão: Há associação entre disfunção temporomandibular e os sintomas: dificuldade
e/ou dor ao abrir a boca; dificuldade e/ou dor ao mastigar, falar ou usar os maxilares;
ruídos articulares; maxilares rígidos, apertados ou cansados com regularidade; dor nas/ou
ao redor das orelhas, têmporas ou bochecha; e cefaleia, dores no pescoço ou nos dentes
com frequência.

443
Associação entre a consistência dos alimentos consumidos por pré-escolares e as
oclusopatias

Cláudia Marina Tavares de Araújo; Caênia Cristina Costa Silva, Silvia Regina Jamelli

Objetivo: verificar a relação entre consistência dos alimentos consumidos e as


oclusopatias, em crianças pré-escolares. Método: Estudo caso-controle, realizado nos
Centros Municipais de Educação Infantil em Recife – PE, com 315 crianças de três a
cinco anos, de ambos os sexos, divididas em dois grupos: 125 no controle, com oclusão
normal e, outro, caso com má oclusão, no total de 190. As variáveis analisadas foram:
oclusão dentária, consistência alimentar, hábitos de sucção nutritivos e não nutritivos,
padrão mastigatório, saúde oral e condições socioeconômicas. Os testes estatísticos
utilizados foram: Qui-quadrado de Pearson ou teste Exato de Fisher, com significância
para o valor de p≤0,05. Resultados: Apresentaram associação significante com má
oclusão: idade, turno na unidade educacional, cáries interproximais, sucção e duração de
chupeta e o uso de mamadeira. As crianças que fizeram uso de chupeta apresentaram
5,35 vezes mais chances de desenvolver oclusopatias que àquelas que não tinham o
hábito. E o seu uso por mais de três anos, aumentou em 3,8 vezes as chances. Já o uso
de mamadeira aumentou em 3,24 vezes a possibilidade de desenvolver alterações
dentárias. Para a consistência alimentar não foi encontrada associação significante.
Conclusão: A consistência alimentar não interferiu no surgimento de oclusopatias, porém
os hábitos de sucção nutritivos e não nutritivos ainda são fortes determinantes destas.

444
Associação entre distúrbio de voz e sintomas de disfunção temporomandibular em
professores

Ilza Maria Machado; Léslie Piccolotto Ferreira, Susana P. P. Giannini,


Denise Cintra Villas Boas, Esther Mandelbaum Gonçalves Bianchini

Introdução: Os distúrbios vocais em professores podem estar relacionados a diversas


etiologias, tais como: lesões orgânicas das pregas vocais, controle ineficiente da
respiração, tensão laríngea, bem como às alterações na articulação temporomandibular
(ATM). Objetivo: Verificar a relação entre distúrbio de voz e sintomas de Disfunção
temporomandibular em professores do ensino fundamental. Método: Participaram deste
estudo 138 professores, 96 do sexo feminino e 42 do sexo masculino, com média de
idade de 37,69 anos. Os professores responderam questionário, com cinco questões de
autorreferência à presença de alteração de voz no presente e sintomas de Disfunção
temporomandibular. Os dados foram analisados por meio de teste de associação (qui-
quadrado) para verificar associação entre distúrbio de voz e sintomas de Disfunção
temporomandibular, além da relação de cada um deles quanto a sexo e idade.
Resultados: Os sintomas de Disfunção temporomandibular relatados pelos professores
foram: dor de cabeça ou na face (89,86%), dor ao final do dia (74,64%) e dor ao falar
muito (68,84%). Os sintomas de Disfunção temporomandibular em professores com
Distúrbio de voz foram dor ao falar muito, dor ao final do dia e estalido na Articulação
temporomandibular ao abrir e fechar a boca, com diferenças estatísticas significantes em
relação aos referidos por professores sem Distúrbio de voz. Houve diferença estatística
significativa para o sexo feminino quanto à Distúrbio de voz. Constatou-se maior número
de autorreferência à Disfunção temporomandibular, quando comparado ao Distúrbio de
voz, com diferença estatística significativa para o sexo feminino. Conclusão: Os achados
apontam associação estatística entre Distúrbio de voz e sintomas de Disfunção
temporomandibular em professores. Houve maior número de queixas referidas aos
sintomas de Disfunção temporomandibular quando comparadas ao Distúrbio da voz, com
diferença estatística significativa para o sexo feminino.

445
Atuação fonoaudiológica em paciente após ave acompanhado pelo serviço de
assistência domiciliar (sad/ recife)

Schirleyde Fabiana da Silva; Natália Adalgiza de Souza Melo, Érika Juliane G. de Brito

Introdução: O Acidente Vascular encefálico (AVE) constitui um problema de saúde pública


por ser uma das doenças de maiores causas de mortalidade no mundo, e pelos altos
custos de seu tratamento. Define-se como uma alteração neurológica (transitória ou
definitiva) em uma região cerebral secundária à lesão vascular. Caracteriza-se como uma
doença circulatória nas artérias cerebrais, com diversas origens, cujos fatores que ajudam
para a sua ocorrência são: genéticos, clínicos e ambientais. Como principais alterações
fonoaudiológicas encontramos as dificuldades de alimentação/deglutição, de fala e
linguagem. O fonoaudiólogo trabalha visando maximizar a recuperação o mais precoce
possível, garantindo uma melhor qualidade de vida do paciente. Objetivo: Destacar os
ganhos obtidos na terapia fonoaudiológica em paciente com diagnóstico de AVE,
acompanhado pelo Serviço de Assistência Domiciliar (SAD/Recife). Métodos: Trata-se de
um estudo de caso, de um paciente de 59 anos, do sexo masculino, alcoolista, tabagista,
com diagnóstico de dois episódios de AVE’s em março de 2012, acompanhado há seis
meses pelo SAD/Recife. Foi realizada a avaliação clínica fonoaudiológica, avaliação
funcional da musculatura facial, das estruturas do sistema estomatognático e da
linguagem. Sendo observado: Redução de tônus e mobilidade em dimidio esquerdo,
assimetria de face, sialostase e sialorréia, alteração das funções estomatognáticas, porém
paciente sem sinais de penetração laríngea ou broncoaspiração, comprometimento da
linguagem compreensiva e fala disártrica. A reabilitação fonoaudiológica visou o
fortalecimento e mobilidade da musculatura facial extra e intra-oral em dimidio esquerdo,
com manobras de alongamento, exercícios miofuncionais isotônicos, isométricos, e
isocinéticos e estimulação da linguagem. Resultados: Após a realização da terapia
fonoaudiológica, totalizando oito sessões, foi verificada maior simetria facial, aumento da
mobilidade e tonicidade das estruturas estomatognáticas, redução da sialostase e
sialorréia, linguagem mais compreensiva, porém com prevalência de fala disártrica.
Conclusão: Diante dos achados, a terapia fonoaudiológica mostrou-se de suma
importância para a melhora das funções estomatognáticas e da linguagem. No entanto,
faz-se necessário que o paciente continue em acompanhamento fonoaudiológico, visando
à obtenção de ganhos positivos principalmente quanto à fala disártrica.

446
Atuação fonoaudiológica na paralisia facial e os benefícios da intervenção precoce:
um estudo de caso

Adriana Maria Romão; Celina Cabral

Introdução: A paralisia facial decorre de uma lesão no nervo facial, responsável por
inervar dezessete pares de músculos responsáveis pela expressão facial. Uma lesão
pode desencadear vários graus de comprometimento, desde interrupção parcial das fibras
nervosas à interrupção completa, gerando uma paresia ou paralisia uni ou bilateral.
Dentre as etiologias, encontra-se a otomastoidite, inflamação dos processos pneumáticos
do osso temporal, complicação da otite média aguda. A paralisia corre, por que o trajeto
do nervo é próximo a orelha média e a mastóide permite que inflamações destas
estruturas cheguem ao nervo ocasionando complicações. A otomastoidite é infrequênte
sendo 2-4 casos a cada 100 mil otites. Objetivo: Reequilíbrio da musculatura orofacial e
promoção da simetria facial. Metodologia: Trata-se de um relato de caso. Paciente com 11
anos de idade do sexo masculino queixava-se de hipoacusia, ausência de movimentos
faciais em hemiface direita, dificuldades em fechar o olho direito, dificuldades
mastigatórias e escape extraoral para líquidos. No laudo da tomografia computadorizada
constou: Otomastoidite à direita. Na avaliação constatou-se: assimetria de sorriso,
hipotonia dos órgãos fonoarticulatórios na hemiface direita e do músculo frontal direito;
hipertonia da musculatura da bochecha, lábios e língua do lado contralateral; mastigação
unilateral (esquerdo), fechamento incompleto do olho direito e escape de líquidos. Na
avaliação audiológica apresentou limiares auditivos normais na orelha esquerda e
rebaixamento auditivo nas freqüências graves na orelha direita. Curvas timpanométricas
do tipo A e reflexos acústicos ausentes, exceto o ipsilateral da orelha esquerda. Diante
destes dados conduzimos a fonoterapia com exercícios miofuncionais. Primeiramente
com exercícios isotônicos e após isométricos. As orientações foram para realização
diariamente em frente ao espelho, 3 vezes ao dia durante 15 minutos/período. Foram
realizadas nove sessões de fonoterapia, com duração de 40 minutos cada. Após duas
semanas, a segunda avaliação audiológica mostrou a inexistência de gap aéreo/ósseo à
direita. As curvas timpanométricas se mantiveram normais com presença de alguns
reflexos acústicos contralaterais bilateralmente, assim como ipsilaterais da orelha direita.
Estes resultados evidenciaram provável lesão em localização distal. Resultados: Após a
intervenção foi possível verificar adequação do tônus muscular tanto direito como
esquerdo, simetria de sorriso e reestabelecimento das funções estomatognáticas, bem
como presença do reflexo estapediano ipsilateral e contralateral da orelha direita.
Conclusões: A intervenção realizada precocemente foi muito importante para a
recuperação do paciente. Vale ressaltar que a colaboração do paciente teve um papel
fundamental para o sucesso de tratamento. Ao contrário do que se encontra na literatura,
o trabalho inicial com exercícios miofuncionais isotônicos promoveu controle e adequação
preparatória da musculatura para possível trabalho isométrico. Além disso, o tempo de
realização dos exercícios não é padronizado, sendo que cada terapeuta orienta segundo
o caso e a experiência. Neste caso, o tempo de 15 minutos por período foi suficiente,
sendo um dos principais fatores determinantes para o sucesso obtido. Através do estudo,
foi possível estabelecer que o tempo e as orientações em casa foram eficientes e
contribuíram para o sucesso terapêutico. Obtivemos com o tratamento proposto
resultados satisfatórios, pois houveram adequações na musculatura orofacial e retorno da
simetria facial.

447
Atuação fonoaudiólogica no trauma de face: urgência e emergência

Cirleide Maria Campos da Silva; Antonio Carlos dos Santos Souza,


Iara Bittante de Oliveira

Introdução: a avaliação periódica dos traumatismos faciais permite o conhecimento


detalhado das lesões auxiliando na escolha de prioridades clínicas e de pesquisa. A
presença do fonoaudiólogo nesta equipe multiprofissional é importante devido ao
conhecimento que detêm do mecanismo funcional envolvido, podendo auxiliar na
reabilitação e implantação de protocolos destinados à realização de programas de
prevenção. Objetivo: analisar os resultados apresentados por estudos científicos
brasileiros relacionados à eficácia da intervenção fonoaudiólogica junto ao paciente com
traumatismo facial destacando-se o caráter urgência e emergência. Metodologia: foi
realizado estudo exploratório bibliográfico, baseado em trabalhos científicos de revistas
nacionais indexadas nas bases de dados do Pubmed, Scielo e Biblioteca Virtual em
Saúde - BIREME. A busca foi realizada a partir dos descritores em Ciências da Saúde
(DeCS), sendo selecionados os termos: traumatismos faciais, traumatologia, reabilitação
traumática, sistema estomatognático, resultado de tratamento, acidentes de trânsito,
fonoterapia, fonoaudiologia, hospital, saúde pública, politraumatismo, fraturas
cominutivas, fraturas maxilomandibulares, terapia miofuncional, paralisia facial. Os
critérios de inclusão foram período de publicação compreendido entre 2002 e 2013,
artigos originais ou de revisão de literatura enfocando a atuação fonoaudiólogica na
vigência do trauma de face e a urgência e/ou emergência da atuação fonoaudiólogica
diante do trauma. Foram estudados os resumos de todos os artigos selecionados, os mais
conexos aos critérios foram estudados na integra e organizados para reavaliação e
inclusão ou não ao estudo. Resultados e discussão: foram selecionados 28 artigos, sendo
17 originais e 11 de revisão de literatura. Nestes 28 artigos os estudos encontrados foram:
sequelas de trauma de face 60,71%, sequelas de traumatismo cranioencefálico 39,28%,
sequelas de trauma térmico 35,1%, traumas e suas causas 96,42%,estudo de faixa etária
75%, dados de epidemiologia 53%, somente dois artigos (7,14%) discorriam sobre
urgência e emergência. Os estudos envolveram em sua totalidade uma casuística de 574
pacientes, sendo a maioria do sexo masculino 70,56% e 29,44% feminino, destacando-se
como maior causa o acidente de trânsito com 64,28%, sendo que 65,0% destes
ocorrendo na população jovem. A atuação fonoaudiólogica em trauma é recente,
principalmente no atendimento ao paciente internado em unidade de terapia intensiva
(UTI). De acordo com o estudo, a criação dos Programas de Residência Multiprofissional
em Saúde, está alavancando a atuação fonoaudiológica especialmente nas UTIs. Porém,
é evidente a insuficiência e necessidade de estudos abordando a atuação
fonoaudiológica, nos serviços de urgência e emergência, por ser um atendimento
diferenciado. A Fonoaudiologia atua na avaliação do sistema estomatognático e funções
neurovegetativas do paciente, buscando identificar a presença de distúrbios que
comprometam este sistema. O principal objetivo é prevenir e reduzir complicações, a
partir do gerenciamento da comunicação e da deglutição de maneira segura e eficaz, a
fim de proporcionar ao paciente a redução do tempo de internação e a redução na taxa de
re-internações, contribuindo significativamente para a saúde geral dos pacientes.
Conclusão: a expansão da atuação fonoaudiológica em urgência e emergência, sobretudo
nas UTIs adulto, infantil e neonatal, e os resultados obtidos neste estudo tornam visível a
necessidade da elaboração de estudos de pesquisa voltados à formação e especialização
deste profissional.

448
Autopercepção das capacidades das funções de mastigação e deglutição nos
indivíduos idosos.

Amanda Almeida Batista; Hipolito Virgilio Magalhaes Junior, Safira Lince de Medeiros,
Marília Pinheiro de Brito

Introdução: Na senescência as alterações na função de mastigação e deglutição podem


ser resultados de modificações decorrentes de alterações estruturais, morfológicas,
bioquímicas, mudanças no sistema sensitivo e na função motora que podem acarretar
dificuldades de alimentação. Nessa perspectiva, o idoso precisa ter uma atenção das
ações de promoção e prevenção à saúde, voltadas para as dificuldades no processo de
alimentação e manutenção das estruturas e funções estomatognáticas. Objetivo: O
objetivo do estudo foi analisar a autopercepção dos indivíduos idosos sobre o processo de
mastigação e deglutição. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com desenho
seccional. A população foi composta de 30 idosos, com idade média de 74,5 anos (±9,1),
acompanhados em um ambulatório de geriatria. A coleta de dados foi realizada por meio
da aplicação de questionário, contendo questões referentes às condições dentárias e ao
processo de do idoso e sua percepção sobre o processo de mastigação e deglutição. O
trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa, sob número de aprovação
454/10. Resultados: Foram coletados dados de 30 idosos, entre estes vinte e quatro
(80%) disseram usar prótese dentária e, quinze (50%) relataram que a prótese
encontrava-se bem ajustada. Quanto às dificuldades referidas sobre a mastigação, 46,7%
estão impossibilitados de comer algum alimento que gostariam, 50,0% sentem
necessidade de ingerir líquidos durante a refeição e os alimentos que representam
maiores dificuldades para mastigar são: carne (53,3%), frutas e verduras cruas(46,7%) e
cereais (40%). Quanto à autopercepção da capacidade mastigatória, 53,3% referiram
como ótima/boa, 33,3% regular, e 13,3% ruim/péssima. Entre os idosos incluídos na
amostra, 86,7 % disseram não ter dificuldades para começar a engolir e 73,3% afirmaram
não sentir necessidade de engolir várias vezes o mesmo alimento. Dos sintomas que
podem ocorrer durante ou após a refeição, o mais referido foi o pigarro, seguido da tosse
presente em 23,3% dos entrevistados. Na autorpercepção da deglutição, foi observado
uma classificação positiva em relação ao processo. Estudos publicados relataram que
durante o envelhecimento podem surgir modificações no processo de deglutição, em
consequência das alterações funcionais e morfológicas das estruturas orais. Apesar de
relatarem compensações durante o processo alimentar, como: ingestão de líquidos
durante a refeição, mudanças de alimentos na dieta, consistências e quantidades
menores de comida e dificuldades para mastigar alguns alimentos, os idosos tem uma
autopercepção positiva dos processos de mastigação e deglutição. Conclusão: Conclui-se
que os indivíduos idosos estão conscientes sobre as modificações que estão ocorrendo
durante o seu processo de envelhecimento, porém conseguem fazer com que as
adaptações e os mecanismos compensatórios não permitam que seu desempenho
funcional se torne restrito. As dificuldades encontradas pelo idoso ao mastigar e ao
deglutir devem ser descritas com o intuito de estabelecer relação com o processo de
envelhecimento e com outros fatores que interfiram no desempenho destas funções.

449
Avaliação da reprodutibilidade do forlab: estudo piloto

Andréa Rodrigues Motta; Thalyta Magalhães Rodrigues, Tatiana Vargas de Castro Perilo,
Estevam Barbosa Las Casas

Introdução: a Fonoaudiologia é uma ciência nova e que demanda estudos com o intuito
de poder contar com dados quantitativos em suas avaliações, não dependendo apenas da
experiência clínica do profissional. O Grupo de Engenharia Biomecânica da Universidade
Federal de Minas Gerais desenvolveu um instrumento para mensurar a força do músculo
orbicular da boca, o FORLAB. Entretanto, é importante considerar que o uso de
instrumentos não confiáveis pode comprometer a avaliação. Os estudos que descrevem
os instrumentos desenvolvidos para avaliação da força labial pouco abordam sobre as
características dos aparelhos e nenhum deles apresenta pesquisas de reprodutibilidade
do instrumento. Com base no exposto, surgiu a necessidade de se verificar a
reprodutibilidade do FORLAB com o intuído de se evidenciar a confiabilidade de seus
resultados. Apenas dessa forma poderá ser definida sua utilização como instrumento de
avaliação e terapia na clínica fonoaudiológica. Objetivo: avaliar a reprodutibilidade do
aparelho de medição de força labial, FORLAB, em indivíduos saudáveis. Métodos: estudo
longitudinal descritivo, com amostra por conveniência, no qual foram avaliados 25
Indivíduos, 19 mulheres e 6 homens, com idade média de 22 anos. Inicialmente foi
realizada a confecção de um molde para adaptação do instrumento no vestíbulo oral. O
participante pressionou o aparelho com os lábios contra os dentes durante 7 segundos. O
procedimento foi repetido por três vezes com intervalos de um minuto entre as medições.
O participante retornou para realizar a medição em outros dois dias distintos, com
intervalos de aproximadamente uma semana entre eles. Foram analisados os dados de
força média e de força máxima. Cada canal do instrumento foi analisado separadamente.
Posteriormente foi realizado o cálculo do Coeficiente de Variação de Pearson. Resultado:
na análise dos valores de força média verificou-se que o coeficiente de variação foi
classificado como baixo, exceto na análise isolada do canal 3 (lábio inferior direito), que
foi classificado como médio. Os valores de força máxima também foram classificados
como baixos, sendo que apenas o canal 4 (lábio inferior esquerdo) isoladamente
apresentou valores classificados como médio. Na análise entre os dias de coleta, a
grande maioria das comparações recebeu a classificação de coeficiente de variação
baixo; as classificações muito alto ocorreram apenas no canal 3 tanto para força média
quanto para força máxima. Conclusão: foi possível verificar boa reprodutibilidade do
FORLAB, indicando que o instrumento é útil na clínica fonoaudiológica.

450
Avaliação e síntese das evidências relacionadas à utilização do garrote envolvendo
masseter e mastigação.

Maria Salete Franco Rios; Adriana Teresa Silva, Andréia Maria Silva,
Irani Rodrigues Maldonade, Iriani Rodrigues Maldonade

Introdução: Dentre os materiais há muito tempo utilizados pelo fonoaudiólogo em suas


práticas, na área de motricidade oral, estão os garrotes de 5 e 11mm de diâmetro externo.
Eles são frequentemente utilizados em exercícios ou manobras na área de motricidade
oral, que, de forma geral, visam à adequação do alongamento e tônus da musculatura
envolvida no processo de mastigação. Entretanto, são escassos os dados relativos às
especificações dos produtos pelos fabricantes brasileiros e informações sobre o impacto
do desgaste do material nos exercícios ou manobras realizadas pelo fonoaudiólogo após
um período de utilização do mesmo. Preocupados com isso, um grupo de pesquisadores
de várias instituições brasileiras reuniram-se para desenvolver um projeto multidisciplinar
de pesquisa na área. Objetivo:Este estudo objetivou levantar evidências disponíveis na
literatura relacionando o uso do garrote (ou tubo de látex) em intervenções na área de
motricidade oral envolvendo o músculo masseter e a mastigação. Métodos: Optou-se pelo
método de revisão integrativa que possibilita a busca, avaliação e síntese das evidências
disponíveis para a melhor compreensão da utilização do tubo de látex nos exercícios ou
manobras envolvendo o músculo masseter e a mastigação. O levantamento foi feito no
período de 1 de maio a 12 de junho de 2013, utilizando os descritores: masseter, garrote,
tubo de latex, intervenção miofuncional, mastigação.As bases de busca eleitas foram: a
biblioteca virtual em saúde, através do acesso remoto da Unicamp, e o google web.
Resultados:Evidenciou-se a ausência de estudos que abordem o garrote (ou tubo de
látex) como uma ferramenta de intervenção miofuncional para o masseter, quando
utilizamos a base acadêmica. O garrote (ou tubo de látex) aparece na busca do google,
em sites destinados a sua venda,com suas especificações comerciais e não relacionando
o seu uso ao masseter ou à mastigação. O seu uso em exercícios relacionados ao
músculo masseter ou à mastigação aparecem em maior frequência, na busca do google.
Não foram encontradas informações quanto ao desgaste do garrote após sua utilização.
Conclusão: Os resultados evidenciaram a necessidade de trabalhos na área acadêmica
que embasem o seu uso e, principalmente, proponham medidas, a partir das quais o
fonoaudiólogo possa referendar sua prática clínica.

451
Avaliação e terapia fonoaudiológica direcionadas às articulações compensatórias
na fissura palatina: revisão de literatura

Felipe de Oliveira Rodrigues; Aveliny Mantovan Lima-Gregio

Introdução: As articulações compensatórias causam grande prejuízo na fala dos


indivíduos com fissura palatina. Elas envolvem pontos articulatórios atípicos no aparelho
fonador e são resultantes de alteração estrutural ou de disfunção velofaríngea. O
estabelecimento de uma comunicação efetiva, com um padrão de fala adequado, pode
ser conseguido por meio de avaliação e planejamento terapêutico apropriado. Portanto,
estudos que discutam esses dois pontos fundamentais (avaliação e terapia) contribuem
sobremaneira para a fonoaudiologia. Objetivo: Descrever a produção de conhecimento
nacional sobre avaliação e terapia das articulações compensatórias na fissura palatina.
Metodologia: A busca por artigos originais de pesquisa foi realizada pela internet (via
web), por meio dos buscadores Google Scholar e Scirus e nas bases de dados Scielo e
Bireme. Foi realizada busca por livros no buscador Google Books e por trabalhos
acadêmicos (TCC, dissertações e teses) em Biblioteca Digital de Teses de seis
Universidades Públicas, que possuem algum centro de referência no tratamento de
anomalias craniofaciais próximo, a saber: USP, UNICAMP, UNESP, UFPR, UFRJ e
UFPE. Os termos de busca foram definidos conforme descritores cadastrados no DeCS e
outros recorrentes nas ‘palavras-chaves’ dos primeiros trabalhos encontrados. Excluíram-
se da busca os trabalhos que abordaram especificamente a avaliação e o tratamento da
função velofaríngea. Consideraram-se, portanto, válidos apenas os trabalhos nacionais,
escritos em língua portuguesa, e que abordaram avaliação ou terapia das articulações
compensatórias. Resultados: Foram encontrados nove (9) artigos originais de pesquisa,
dois (2) trabalhos acadêmicos (teses de doutorado) e oito (8) capítulos de livros, de
acordo com os termos utilizados na busca. Destes, quatorze (14) abordavam avaliação e
cinco (5) terapia das articulações compensatórias. Em linhas gerais, os autores dos
trabalhos encontrados corroboram as mesmas ideias sobre avaliação e terapia das
articulações compensatórias em indivíduos com fissura palatina. Uma provável explicação
para esse achado é que os direcionamentos tenham vindo de centros de referência
internacionais, uma vez que os autores citados nos trabalhos nacionais são semelhantes.
Os trabalhos que abordam avaliação das articulações compensatórias descrevem a
avaliação clínica e a instrumental, sendo a primeira perceptivo-auditiva e a segunda por
meio de exames complementares. A maioria dos trabalhos sobre terapia das articulações
compensatórias está presente em livros e apresenta etapas semelhantes, que são:
seleção dos sons-alvo, apresentação de pistas facilitadoras, treino e automatização.
Apenas um (1) artigo original de pesquisa abordou a terapia, na modalidade intensiva,
sugerindo-a como uma alternativa eficaz e viável para o atendimento de pacientes em
regiões onde é difícil o acesso a fonoterapia, sendo o seu diferencial a frequência de
atendimento. Conclusão: A busca na literatura nacional para avaliação e terapia
fonoaudiológica direcionadas às articulações compensatórias mostrou que há uma
concentração de informações em livros especializados na área e em artigos originais de
pesquisa, com escassez de trabalhos acadêmicos. Os resultados do presente trabalho
permitem a afirmação de que, no Brasil, há necessidade de se investir em estudos que
melhor explorem, especialmente, a terapia das articulações compensatórias comuns na
fala de indivíduos com fissura palatina.

452
Bruxismo em crianças com transtorno e déficit de atenção e hiperatividade: revisão
de literatura

Danila Rodrigues Costa; Profa. Dra. Giédre Berretin-Felix, Profa. Dra. Patrícia Abreu
Pinheiro Crenitte, Camila de Castro Corrêa

Introdução: O Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) caracteriza-se por


um conjunto de sintomas que envolvem hiperatividade motora, impulsividade e
desatenção. É alta a frequência de comorbidades entre TDAH e os distúrbios do sono,
ocorrendo sobreposição dos sintomas e comprometimentos provenientes das duas
alterações Objetivo: investigar evidências de correlações entre bruxismo e o transtorno e
déficit de atenção e hiperatividade em crianças. Métodos: Por meio de uma revisão de
literatura, considerando artigos nacionais e internacionais, abrangendo o período de 2010
a 2013, consultando as bases de dados Pubmed e Web of Science, e realizando a busca
com os seguintes cruzamentos de descritores: “bruxismo” AND “criança” e “bruxismo”
AND “Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade”. Adotou-se como critério de
inclusão admitir estudos clínicos controlados e estudos de corte, buscando evidências
comprovadas entre bruxismo em crianças com transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade. Em relação ao critério de exclusão, referiu-se aos artigos que tratassem de
indivíduos que, além do bruxismo, apresentassem quadros clínicos mais abrangentes,
que se relacionam necessariamente às alterações de comportamento, como no caso de
autismo, paralisia cerebral e desordens psiquiátricas. Resultados: Foram localizados 49
trabalhos na base Web of Science, do ano de 2010 à 2013, distribuídos da seguinte
forma: 2010 (12); 2011 (12); 2012 (15) e 2013 (9). Quanto à base Pubmed, foram
encontrados 23 trabalhos do ano de 2010 à 2013, utilizando o filtro para a localização de
artigos que apresentassem os descritores necessariamente no título. Mediante aos
critérios de inclusão e exclusão, foram considerados 2 trabalhos da base Pubmed e 3
trabalhos da base Web of Science. No estudo que avaliou o perfil de comportamento de
80 crianças diagnosticadas com bruxismo, verificou que os problemas comportamentais e
emocionais podem ser fatores de risco para o bruxismo em crianças. Em outro estudo,
com objetivo de determinar a associação entre bruxismo do sono, níveis de estresse e
traços de personalidade em 120 crianças com bruxismo do sono e 240 crianças sem
bruxismo do sono, observou-se altos níveis de estresse e responsabilidade, sendo fatores
causais para o desenvolvimento de bruxismo do sono entre as crianças. Na investigação
da associação entre o déficit de atenção e hiperatividade e sintomas de distúrbios de sono
em 325 crianças e adolescentes com e 257 sem TDAH, notou-se que o TDAH esteve
associado com aumento das taxas de distúrbios do sono, como insônia, terror do sono,
sonilóquio, ronco e bruxismo. Adicionalmente, no trabalho que buscou determinar a
prevalência de bruxismo e os fatores correlatos em 600 crianças, constatou-se relação
significativa entre o bruxismo e a hiperatividade. No último estudo analisado, pôde-se
considerar que tanto crianças com TDAH com e sem enurese apresentaram bruxismo.
Conclusão: mesmo com o número reduzido de estudos específicos da temática, foi
possível identificar relações do bruxismo com o transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade em crianças.

453
Caracterização da fala na síndrome de treacher collins- relato de caso

Eloisa Pinheiro Ferrari; Cristiane Gonçalves Montibeller, Helena Ferro Blasi, Maria Isabel
d’Ávila Freitas

Introdução: A Síndrome de Treacher Collins (TCS), também conhecida como Disostose


Mandibulofacial é um distúrbio hereditário e caracteriza-se por anomalias craniofaciais,
com incidência aproximada de 1:10.000.Apresenta a fissura palatina como uma das
manifestações mais recorrentes, sendo esta a condição responsável por diversos tipos de
alterações na produção da fala.Os sintomas mais comuns estão relacionados à
articulação e ressonância, envolvendo principalmente a hipernasalidade, a emissão de ar
nasal, o enfraquecimento dos fonemas de pressão, e os distúrbios articulatórios
compensatórios, que se caracterizam pela substituição do local de produção dos sons
orais por outros no trato vocal. Objetivo: Relatar as características da fala de um paciente
de 8 anos de idade, portador da Síndrome TCS. Métodos: Paciente com fissura palatina
não corrigida cirurgicamente e em tratamento ortodôntico, realizado, primeiramente, para
retração transversal de maxila com aparelhagem fixa, e substituída por aparelho móvel
com obturador de palato. Para análise da fala foram realizadas gravações em vídeo do
perfil lateral completo, de um lado a outro da face do paciente, em posição dinâmica
durante algumas tarefas de fala de sentenças e palavras específicas para avaliações de
indivíduos com fissura. Resultados: Observou-se pitch agudo para a faixa etária, pouca
mobilidade de lábios e língua durante a articulação dos sons, leve comprometimento da
inteligibilidade de fala, hipernasalidade leve, fraca pressão intra-oral, contato articulatório
leve, ponta de língua baixa e dorso alto durante a emissão de fonemas, desvio de ponto
articulatório, distúrbio articulatório compensatório caracterizado pela emissão de plosivas
dorso-médio-palatal, desvio fonético com distorção dos fonemas líquidos e encontros
consonantais e presença de desvio fonológico qualificado por substituição dos fonemas
/b/ por /p/ e /d/ por /t/. Conclusão: A correção cirúrgica da fissura palatina é fundamental
para reabilitação das alterações de fala, no entanto, percebe-se que o paciente se
beneficiou com o uso da prótese obturadora, tendo em vista que sua fala apresenta
alterações leves de inteligibilidade e ressonância, apesar dos comprometimentos. Assim,
torna-se imprescindível a reabilitação fonoaudiológica visando adequação dos aspectos
alterados na fala e melhora na qualidade de vida deste paciente.

454
Caracterização da mastigação em crianças desnutridas de sete meses a um ano de
idade

Denise Klein Antunes; Mara Fádua Jerônimo Pinho, Maria Stela Moura

Introdução: A desnutrição é considerada uma síndrome, que ocorre em variadas


proporções e se desenvolve quando há carência simultânea de calorias e/ou proteínas.
Atualmente a situação da desnutrição vem declinando ao longo dos anos. Devido à sua
multicausalidade, há uma preocupação quanto ao desenvolvimento global das crianças,
podendo refletir, dentre outros fatores, no desenvolvimento muscular inadequado que
resulta em alterações de postura, tônus e mobilidade, bem como na dificuldade em
realizar, adequadamente, as funções orofaciais. Objetivo: Caracterizar a mastigação da
criança desnutrida de uma Instituição de cuidados infantis e verificar a relação dos
achados com o grau de desnutrição. Metodologia: estudo quantitativo, observacional e
transversal. A amostra constou de 15 crianças de sete meses a 1 ano de idade da
Instituição, de ambos os gêneros, no período de agosto de 2011. A coleta de dados foi
realizada por meio da observação direta sobre a mastigação com registro em vídeo,
visando à confirmação dos dados observados, analisando preensão labial, amassamento,
movimento de mandíbula, projeção de língua, lateralização e escape anterior. O projeto
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 11-226. Empregou-se os
testes de Kruskal-Wallis, Mann-Whitney, Qui-quadrado, todos em nível de significância
0,05. Resultados: Pode-se considerar que a mastigação das crianças desnutridas da
pesquisa apresentam as seguintes características: preensão labial, predomínio de
amassamento com projeção de língua, movimento vertical de mandíbula e escape oral de
alimento. Não foram encontradas diferenças estatísticas significantes nas características.
Conclusão: Para esse estudo não houve relação dos achados da desnutrição com o grau
de desnutrição.

455
Caracterização da pressão da língua em idosos

Amanda Almeida Batista; Hipólito Virgílio Magalhães Júnior, Juliana Carvalho Tavares

Introdução: as alterações morfofisiológicas que ocorrem na língua, decorrentes do


processo de envelhecimento, podem favorecer o surgimento de distúrbios de deglutição
nos indivíduos idosos. O conhecimento sobre esse processo pode auxiliar o profissional
de saúde a tornar-se mais capacitado para atender a demanda crescente de idosos nos
serviços de saúde, proporcionando-lhes melhor qualidade de vida. Objetivo: Caracterizar
a pressão da língua em indivíduos idosos. Método: O trabalho teve aprovação do comitê
de ética em pesquisa com seres humanos sob CAAE nº 454/10. Trata-se de um estudo
descritivo transversal. Participaram do estudo 45 indivíduos, os quais não possuíam
distúrbios neurológicos, alterações cognitivas, histórico de câncer de cabeça e pescoço e
não haviam sido submetidos ao procedimento de radioterapia. A coleta foi realizada no
Ambulatório de Geriatria do Hospital Universitário Onofre Lopes em interdisciplinaridade
com a Clínica Escola de Fonoaudiologia e consistiu da mensuração da pressão da língua
utilizando o equipamento IOPI – Iowa Oral Performance Instrument. Resultados: a média
de idade dos idosos foi de 74,2, ± 8,9. O grupo mais idoso apresentou médias de pico
pressórico menor que os idosos mais jovens. Não houve diferenças significantes de pico
pressórico com relação ao sexo, bem como com relação ao grupo com e sem queixa de
deglutição. 71% dos idosos usavam próteses dentárias e apresentou maior média de pico
pressórico do que os idosos que não as usavam. O grupo com tensão de língua diminuída
apresentou menores médias de pico pressórico (36,83KPa) do que os que apresentaram
tensão de língua adequada (46,42KPa). Os idosos que conseguiram realizar o movimento
de estalo de língua apresentaram maiores valores de pico pressórico do que os idosos
que não conseguiram desempenhar esse movimento. Conclusão: houve relação
significativa das médias de pico da máxima pressão isométrica com a idade, tensão de
língua, uso de prótese e mobilidade de língua no movimento de estalo.

456
Caracterização da sucção em crianças desnutridas de zero a seis meses de idade

Denise Klein Antunes; Danielle ferreira Guimarães, Gabryela Sales Assunção

Introdução: a desnutrição é uma síndrome decorrente da carência de um ou mais


nutrientes essenciais para o organismo como calorias e/ou proteínas. É fator
preponderante para risco de morbidade infantil no mundo, atingindo mais as áreas
carentes. O Brasil vem apresentando uma queda da desnutrição na última década em
crianças menores de cinco anos, sendo ainda elevada a prevalência na Região Norte do
país. Condições nutricionais maternas, aleitamento materno e desmame precoce, que
ocorrem nos primeiros meses de vida da criança, interferem diretamente no estado
nutricional infantil. Objetivo: caracterizar a função de sucção em crianças desnutridas de
zero a seis meses de idade de uma Instituição de cuidados infantis. Métodos: estudo
quantitativo, observacional e transversal em crianças de zero a seis meses de idade
atendidas na Instituição, no período de agosto de 2011. A amostra constou de dez
crianças, com idade média de três meses. Aplicou-se o protocolo de avaliação
fonoaudiológica da sucção mediante observação direta da alimentação da criança no colo
da mãe, das seguintes variáveis: formas de alimentação; postura de lábios e de língua;
presença de bolsas de gordura; preensão labial; movimento de língua e de mandíbula;
ritmo de sucção e coordenação sucção, deglutição e respiração. O projeto foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 11-226. Empregou-se os testes qui-
quadrado e teste de igualdade de duas proporções, através do software SPSS V16, todos
em nível de significância 0,05. Resultados: Pode-se considerar que a sucção da criança
desnutrida apresenta as seguintes características: preensão labial (70%) e ritmo de
sucção (90%), movimento anteroposterior (80%) e canolamento de língua (70%),
presença de movimento de excursão mandibular (90%) e presença da coordenação entre
sucção deglutição e respiração (60%). Conclusão: Não houve relação dos achados
referentes ao grau de desnutrição com o comprometimento da função de sucção, com
exceção da característica das bochechas referente às bolsas de gordura na região dos
masseteres. Pôde-se constatar uma relação destas com a desnutrição visto que, nas
crianças desnutridas, a bolsa de gordura estava ausente.

457
Caracterização da tipologia facial e oclusão em adolescentes

Maria Beatriz Medeiros de Araújo; Bianca Freire de Freitas, Anne da Costa Alves,
Leandro de Araújo Pernambuco, Renata Veiga Andersen Cavalcanti

Introdução: A adolescência destaca-se por ser uma fase rica, no desenvolvimento do


indivíduo, ocorrendo também, transformações no sistema estomatognático com grandes
modificações na oclusão como no padrão ósseo, neuromuscular e funcional. A face
humana, que é constituída de estruturas ósseas e musculares, possui variações no seu
formato, caracterizando a tipologia facial, que pode ser classificada em face curta, média
ou longa. A oclusão normal é o contato das arcadas dentárias, caracterizado por um
relacionamento normal dos planos inclinados oclusais dos dentes, qualquer alteração será
chamada de má oclusão. Verifica-se a necessidade de estudo do sistema
estomatognático em adolescentes, devido a escassez na literatura. Objetivo: Caracterizar
a tipologia facial e a oclusão de adolescentes. Método: Trata-se de pesquisa descritiva,
exploratória de corte transversal. Foram avaliados 110 adolescentes com idades entre 13
e 16 anos, estudantes do 1º ano do Ensino médio - técnico. Foi aplicado o Exame
Miofuncional Orofacial – MBGR, onde foram analisados o tipo facial e a oclusão dos
participantes. Para a obtenção da tipologia facial, foi realizada a mensuração da altura da
face (soma dos terços médio e inferior da face) e da largura da face, com paquímetro
digital, registrando cada medida três vezes calculando a média aritmética dos pontos
descritos no protocolo. Foi classificada como face média quando a altura foi semelhante a
largura, com variação máxima de 3mm entre as medidas; face longa quando a altura foi
maior que a largura em 3mm; e face curta quando a largura foi maior que a altura em 3
mm. A oclusão foi obtida através de inspeção visual da cavidade oral do participante e
classificada em relação horizontal, vertical e transversal. Classificou-se em alteração
horizontal quando no protocolo MBGR estava marcado sobressaliência e mordida cruzada
anterior; em alteração vertical quando marcado mordida de topo, sobremordida excessiva,
mordida aberta anterior e mordida aberta posterior; em alteração transversal quando
marcado mordida cruzada posterior direita e mordida cruzada posterior esquerda. A
análise dos dados foi realizada de forma descritiva por meio das frequências absolutas e
percentuais. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres
Humanos da instituição sob o número CAAE 04205112.4.0000.5292. Resultados: Os
resultados evidenciaram, em relação à tipologia facial, que 72 (65,5%) dos indivíduos
apresentaram face longa, 27 (24,5%) face média e apenas 11 (10%) apresentaram face
curta. Em relação à oclusão: relação horizontal adequada= 71 indivíduos (64,5%);
alteração na relação horizontal=36 indivíduos (32,8%); relação horizontal não informada=
3 indivíduos (2,7%); relação vertical adequada= 55 indivíduos (50%); alteração na relação
vertical= 55 indivíduos (50%); relação transversal adequada= 87 indivíduos (79,1%);
alteração na relação transversal= 11 indivíduos (10%); relação transversal não
informada= 12 indivíduos (10,9%). Conclusão: Com relação à tipologia facial, observamos
a maior frequência do tipo facial longo nos adolescentes participantes deste estudo. Em
relação à oclusão, as relações adequadas mais frequentes foram a transversal e
horizontal, e a relação alterada mais frequente foi a vertical.

458
Caracterização das funções orais de pacientes em tratamento ortodôntico

Andréa Caroline de Almeida Galvão; Ana Tereza Borburema da Silva,


Anne da Costa Alves, Renata Veiga Andersen Cavalcanti

Introdução: O sistema estomatognático é composto por estruturas que se correlacionam e


desenvolvem funções comuns. Para que ocorra o equilíbrio e o desenvolvimento normal
deste sistema é necessário que a relação função e morfologia estejam em harmonia, uma
vez que a organização estrutural adequada é necessária para a realização de
comportamentos orofaciais normais, e estes interferem no crescimento e desenvolvimento
craniofacial. As alterações funcionais podem contribuir diretamente como causa ou
agravante de más oclusões, bem como as más oclusões favorecem as alterações
funcionais. Objetivo: Caracterizar as funções orofaciais de mastigação, deglutição e
respiração de crianças em tratamento ortodôntico relacionando com o tipo de má oclusão
e tipologia facial. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva retrospectiva de corte
transversal. Esta pesquisa foi realizada como parte de um projeto de pesquisa,
denominado “Análise dos aspectos morfológicos e funcionais do sistema
estomatognático”, submetido à análise e aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob
o número 45634 de 15/06/2012. Fizeram parte desta pesquisa 30 prontuários de crianças
de ambos os sexos, com idade entre 5 e 11 anos, que realizaram avaliação
fonoaudiológica em motricidade orofacial no projeto de extensão “Ações Fonoaudiológicas
nas alterações de Motricidade Orofacial nos pacientes em tratamento ortodôntico na
Clínica Infantil” entre março e junho de 2012. Foram excluídos da pesquisa prontuários e
registros que não apresentaram os dados completos e/ou assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva
por meio das frequências absolutas e percentuais. Resultados: Verificou-se 13 sujeitos
sem alterações de oclusão apresentando mastigação unilateral (61,52%), deglutição
alterada (69,24%) e respiração nasal (61,52%); 9 sujeitos com alteração oclusal horizontal
apresentando mastigação unilateral (66,67%), deglutição alterada (66,67%) e respiração
nasal (77,78%); 12 sujeitos com alteração oclusal vertical apresentando mastigação
unilateral (66,64%), deglutição alterada (74,97%) e respiração nasal (74,97%); 4 sujeitos
com alteração oclusal transversal apresentando (75%) mastigação bilateral, deglutição
alterada (75%) e respiração oronasal (50%); 10 sujeitos com face média apresentando
mastigação unilateral (60%), deglutição alterada (60%) e respiração nasal (60%); 11
sujeitos com face longa apresentando mastigação unilateral (63,63%), deglutição alterada
(81,82%) e respiração nasal (63,63%); 9 sujeitos com face curta apresentando
mastigação unilateral (55,55%), deglutição alterada (66,67%) e respiração nasal
(66,67%). Conclusão: As funções orofaciais de mastigação, deglutição e respiração das
crianças participantes do estudo caracterizam-se por mastigação do tipo unilateral com
posição de lábios abertos, deglutição alterada com contração de mentual e respiração do
tipo nasal. Observam-se alterações das funções orofaciais quando relacionadas a má
oclusão e as diferentes tipologias faciais.

459
Características da deglutição habitual de sólido e líquido em crianças com má
oclusão

Jussier Rodrigues da Silva; Wellyda Cinthya Felix Gomes da Silva, Marluce Nascimento
de Almeida, Larissa Beatriz Ferreira de Lima, Bianca Freire de Freitas, Anne da Costa
Alves, Renata Veiga Andersen Cavalcanti

Introdução: O Sistema Estomatognático é constituído por estruturas passivas e ativas


interdependentes na realização das funções de respiração, fala, sucção, mastigação e
deglutição. Desta forma, alterações nas estruturas deste sistema, como as más oclusões,
interferem diretamente nas funções estomatognáticas, denominadas de distúrbios
miofuncionais orofaciais. A deglutição modifica de acordo com o tipo de oclusão,
consistência e textura do alimento, podendo ocorrer interposição lingual, contração da
musculatura periorbicular, contração do músculo mentual, interposição do lábio inferior,
movimento de cabeça, ruídos ou resíduos na cavidade oral após a deglutição. Torna-se
importante o estudo dessas diferenças para facilitar o diagnóstico e posteriormente a
conduta terapêutica. Objetivo: Caracterizar as diferenças entre o padrão de deglutição
habitual de sólido e líquido em crianças com má oclusão. Métodos: Estudo descritivo
transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 456345/12,
desenvolvido na clínica odontológica infantil, no projeto de extensão Ações
Fonoaudiológicas nas Alterações de Motricidade Orofacial. A amostra constitui-se de 15
indivíduos, sendo 8 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, com idade entre 7 e 11
anos, com média 9,07 (±1,28) anos. Os participantes foram avaliados a partir do protocolo
Exame Miofuncional Orofacial - MBGR para verificar as estruturas e funções do sistema
estomatognático, diagnosticando possíveis distúrbios miofuncionais orofaciais. A análise
dos dados foi realizada de forma descritiva por meio das frequências absolutas e
percentuais. Resultados: Os dados evidenciam presença de movimento da cabeça
durante a deglutição de sólidos em 4 (26,7%) crianças, na deglutição de líquido, apenas 1
(6,7%) realizou o movimento. Em relação à contração inesperada do músculo mentual
durante a deglutição de sólidos, 7 (46,7%) crianças não apresentaram, 7 (46,7%)
contraíram pouco e 1 (6,7%) contraiu de forma acentuada, e para deglutição de líquidos,
em 11 (73,3%) crianças não houve contração, 3 (20,0%) com pouca contração e 1 (6,7%)
contraiu de forma acentuada. Na análise da contenção do alimento 12 (80,0%) crianças
apresentaram contenção adequada, 1 (6,7%) contenção parcial e 2 (13,3%) inadequada;
na contenção do líquido 14 (93,3%) das crianças apresentaram contenção adequada e 1
(6,7%) inadequada; Durante a deglutição do sólido as 15 (100%) crianças não
apresentaram ruído e 1 (6,7%) criança com ruído ao deglutir o líquido. Todos os
participantes apresentaram coordenação adequada da deglutição de sólido e líquido,
sendo utilizado como parâmetro a presença de tosse e de engasgo. Conclusões:
Ressaltam-se diferenças entre o padrão de deglutição para sólido e líquido, sendo a
deglutição de sólido com maiores alterações na contenção do alimento, contração
inesperada do músculo mentual e movimento de cabeça. A coordenação da deglutição de
sólido e líquido foram adequadas.

460
Características faciais em crianças com rinite alérgica

Ana Carolina de Lima Gusmão Gomes; Décio Medeiros Peixoto, Priscila Rossany de Lira
Guimarães Portella, Amanda Rosselle Cândido da Silva, Elaine Cristina Bezerra dos
Santos, Roberta Borba Assis, Ana Carolina Cardoso de Melo, Daniele Andrade da Cunha,
Raissa Gomes Fonseca Moura, Hilton Justino da Silva

Introdução: A rinite alérgica pode levar, pela presença da obstrução nasal crônica, a
alterações no modo respiratório. Sendo assim, a criança pode apresentar uma
substituição do padrão de suplência nasal pelo oral. A literatura desataca que a
respiração oral poderá gerar diversas características físicas, tais como: alterações
morfofuncionais do sistema estomatognático, alterações craniofaciais e, desequilíbrios
miofuncionais e no eixo corporal. Objetivos: Levantar as características faciais de crianças
com rinite alérgica. Métodos: Estudo observacional, descritivo e transversal, iniciado em
janeiro/2013, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com número protocolar:
116.654. Os critérios de inclusão, para o grupo de estudo: crianças com diagnóstico
médico, em prontuário, de rinite alérgica; entre 07 e 12 anos incompletos; atendidas no
ambulatório de Alergia e Imunologia de um hospital universitário. Para o grupo controle:
crianças sem rinite alérgica; entre 07 e 12 anos incompletos; acompanhadas no
ambulatório de Pediatria do mesmo hospital. Os critérios de exclusão para ambos os
grupos: crianças com comprometimentos neurológicos, psíquicos e cognitivos ou
deficiências visuais, auditivas e motoras limitantes a realização da pesquisa;
anormalidades craniofaciais; cirurgia nasal prévia; pólipos nasais, tumores nasais e
hipertrofia de cornetos, amígdalas ou adenoides em grau III ou IV bilateral; e com
intervenção fonoaudiológica prévia ou em andamento relacionada, aos aspectos
estudados. Para a coleta de dados foram realizados os seguintes procedimentos: 1)
Aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; 2) Revisão de prontuário; 3)
Registro fotográfico da face (perfil e frontal); 4) Avaliação clínica independente por três
avaliadores fonoaudiólogos com experiência na área sobre a presença de olheiras, a
simetria das narinas, o aspecto do lábio superior e inferior, a funcionalidade do músculo
mentoniano e a postura da mandíbula. Dados organizados em planilha Excel® e
analisados com o Bioestat 5.0. Utilizada a frequência absoluta e relativa e o teste Exato
de Fisher com nível de significância de 5% (p<<0,05). Resultados: 60 crianças avaliadas.
30 com rinite alérgica e 30 rinologicamente normais. Corroborando com a literatura
pesquisada foram encontrados resultados estatisticamente significativos no que diz
respeito à presença de olheiras (p=0,005); ao aspecto do lábio superior (p=0,001) e
inferior (p=0,000); e a funcionalidade do músculo mentoniano (p=0,019). Conclusões:
Observou-se, nesse estudo, que a criança com rinite alérgica apresentou aspectos muito
específicos da respiração oral, com relação às características faciais, tendo em vista que
foram encontrados resultados estatisticamente significativos na maioria dos pontos
avaliados. Percebe-se, portanto, a importância desse tipo de estudo para estabelecer
parâmetros visíveis que facilitem o diagnóstico clínico fonoaudiológico.

461
Características respiratorias predominantes en pacientes fisurados post-operados
mayores de 5 años

Mónica Mandujano Quintanal; Kharen Lévano Camones, Mariela Curi Sanchez, David
Parra Reyes

Introducción: La fisura labio palatina es una patología congénita caracterizada por la falta
de unión de los procesos maxilares y frontales de la cara, afectando funcional y
estéticamente la nariz, labio superior, paladar duro y paladar blando. La respiración es
una de las funciones esenciales del organismo. Cambios estructurales hacen que los
pulmones dejen de respirar profundamente, lo que reduce el movimiento diafragmático y
conllevan a una respiración torácica y clavicular que compensan los músculos periorales y
suprahioideos, alterando el funcionamiento del sistema estomatognático. Objetivo:
Determinar las características respiratorias, entre ellas el tipo y modo de la respiración, en
pacientes fisurados. Métodos: Es un estudio observacional y transversal, en cuya
población de estudio se incluyó a niños mayores de 5 años post-operados de fisura labio
palatina. Para obtener los resultados se diseñó el “Protocolo para evaluar la respiración
en pacientes fisurados post-operados”. Consta de 3 ítems, datos personales generales,
anamnesis y examen clínico en el que se considera el tipo y modo de respiración, y otras
características respiratorias. Resultados: Del total de pacientes evaluados, un 55%
presentó un tipo de respiración costal-superior y el 45% presentó un tipo respiratoria
abdominal. Un 50% presentó un modo de respiración nasal y el otro 50% un modo
respiratorio mixto, mientras que ninguno de los evaluados presentó un modo respiratorio
oral. En relación a las características del soplo, un 50% presentó una potencia fuerte y
débil, la direccionalidad era central en un 95%, y el 100% de los evaluados presentó un
control sostenido de soplo. 40% presentó un tiempo espiratorio de 4 a 6 seg. En relación a
las dificultades fonatorias durante la emisión vocálica, se observó que un 90% presentó
una hipofunción del esfínter velofaríngeo, el 75% presentó una hiperfunción de
suprahioideos, y un 55% presentó una movilidad inadecuada de labios. Y por último, la
permeabilidad respiratoria según la espiración (PE) es de 2.1 – 3.0 cm. con un 40% de PE
por la narina derecha y un 30% de PE por la narina izquierda. Mientras que la
permeabilidad respiratoria según la emisión oral “pa” (PO), un 60% presentó una PO por
la narina derecha de 0.0 – 1.0 cm. y un 45% presentó una PO por la narina izquierda de
1.1 – 2.0 cm. Conclusión: La mayoría de los pacientes con fisuras labiopalatinas presentó
una respiración del tipo costal superior, mientras que el modo prevalente fue el nasal y
mixto. Entre las características respiratorias de soplo, la potencia fue indeterminada, la
direccionalidad era central y el control fue sostenido. El tiempo espiratorio promedio es de
4 a 6 seg.. La permeabilidad respiratoria según la espiración es de 2.1 – 3.0 cm. para
ambas narinas, mientras que la permeabilidad respiratoria según la emisión oral “pa”, es
de 0.0 – 1.0 cm. por la narina derecha y de 1.1 – 2.0 cm. por la narina izquierda.

462
Comparação da fala de escolares com má oclusão de angle classe i e classe ii,
divisão 1.

Gisela Rose Lima Borges; Tarcisio César Santos Socorro, Carla Patricia Alves Ribeiro
César, Aline Cabral Barreto, Walter Noronha, Raphaela Granzotti

Diversos são os fatores que podem interferir na fala, dentre os quais se destacam as
alterações estruturais oclusais, sendo consideradas estas alterações como distúrbios
fonéticos, que não interferem na inteligibilidade de fala, mas auxiliam na manutenção da
alteração oclusal. Objetivo: Comparar a produção de fala de escolares com má oclusão
de Angle Classe I e Classe II, divisão 1. Método: 81 escolares entre nove e dez anos
(média: 9,25 anos), sendo 43 (53,1%) do gênero feminino e 38 (46,9%) do masculino
foram avaliados quanto a oclusão dentária, por meio observação visual e fotografias
filmagens das amostras. Resultados: A má oclusão Classe I esteve presente em 77,77%,
sendo mais prevalente em meninos e a Classe II-1 ocorreu em 22,23%, com maior
ocorrência em meninas. Os desvios de linha média foram as alterações mais encontradas
em ambas chaves de oclusão (55,55% na Classe I e 38,39% na Classe II-1). A face
média foi o tipo facial mais prevalente (65,43%), sendo que a face curta foi mais evidente
nas más oclusões Classe I e as longas, nas Classes II-1.O distúrbio fonético esteve
presente na maioria dos escolares (98,76%) na Classe I, foram em 37 escolares (58,73%)
e quando foi analisada a frequência por fonema, encontrou-se: /l/ (30 - 47,62%), /d/ (27 -
42,85%), /t/ (25 - 39,68%), /z/ (18 - 28,57%), /n/ (16 - 25,39%) e /s/ (15 - 23,81%); Na
Classe II, divisão 1 a assistematicidade das distorções na produção da fala prevaleceu
(61,11%), apesar de 100% deste grupo apresentar distúrbio fonético, apenas 55,55%
foram significativos, sendo que os fonemas mais impactados foram o /t/ e o /l/, em todas
as posições da palavra e, ao se analisar qualitativamente a distorção, a projeção anterior
e a anterolateral de língua foram as mais evidentes. Oo ceceio apareceu em 77,78%,
sendo o lateral (92,85%) mais evidente. O grau leve foi o predominante neste estudo.
Conclusão: O distúrbio fonético foi encontrado nos dois grupos do estudo, não diferindo
no percentual de ocorrência, na frequência de aparecimento (assistemática), no grau
(leve) e com projeções alternadas (múltiplas) de língua, em diferentes pontos
articulatórios para um mesmo fonema ou para um conjunto de fonemas, sendo que as
distorções no fonema /l/ foram as mais evidentes em ambos os grupos e o /t/ no grupo
Classe II- 1 e as projeções de língua foram maiores no grupo com Classe II-1. O ceceio
foi mais evidente nos escolares Classe II- 1 do que na Classe I. Conclui-se que a
avaliação, o diagnóstico e o planejamento terapêutico dos distúrbios fonéticos devam ser
realizados de forma conjunta entre a Fonoaudiologia e a Ortodontia.

463
Comparação entre condições dentárias e a satisfação da capacidade mastigatória
em idosos.

Amanda Almeida Batista; Hipolito Virgilio Magalhaes Junior, Marília Pinheiro de Brito,
Safira Lince de Medeiros

Introdução: A capacidade de mastigação está relacionada com a condição de saúde oral,


que inclui o estado dentário. Para isso, é necessário que o indivíduo apresente dentes
naturais, sadios ou de próteses dentárias bem adaptadas, pois quando em más
condições, elas podem prejudicar a trituração dos alimentos, mudar hábitos alimentares e
possibilitar o aparecimento de uma desordem orgânica, que acarreta no aumento de
problemas digestivos decorrentes de uma ingestão inadequada do bolo alimentar.
Objetivo: Relacionar dados referentes às condições dentárias com a capacidade
mastigatória referida em idosos. Métodos: O trabalho teve aprovação do comitê de ética
em pesquisa sob número de aprovação 6297. Trata-se de um estudo transversal com
desenho seccional. A população foi composta de 30 idosos, com idade média de 74,5
anos (±9,1), acompanhados em um ambulatório de geriatria. A coleta de dados foi
realizada por meio da aplicação de questionário, contendo questões referentes às
condições dentárias dos idosos e sua capacidade mastigatória. Resultados: A
caracterização da amostra revelou elevada perda dentária o que se refletiu na alta
frequência de idosos usuários de próteses (n= 24), porém a maioria referiu que suas
próteses encontram-se ajustadas e confortáveis. Não foi observada relação
estatisticamente significante entre as condições dentárias e a satisfação com a
capacidade mastigatória, entretanto dos 16 participantes que referiram capacidade
satisfatória, 81.25% utilizavam alguma prótese dentária. Conclusão: Estes dados indicam
que o número de dentes tem influencia na capacidade de mastigação dos indivíduos e
que as próteses dentárias quando bem adaptadas podem melhorar o padrão mastigatório
de seus usuários. As dificuldades encontradas pelo idoso ao mastigar devem ser
descritas com o intuito de estabelecer relação com o processo de envelhecimento e com
outros fatores que interfiram no desempenho desta função.

464
Comportamento eletromiográfico dos músculos masseteres e supra-hióideos
durante a deglutição de adultos saudáveis

Esther Mandelbaum Gonçalves Bianchini; Andrea Cristina Rossi Di Gioia

Introdução: Vários estudos a respeito da deglutição verificaram a atividade elétrica,


medida pela eletromiografia de superfície, dos músculos da face e pescoço durante essa
função. Entretanto, a diversidade metodológica e variações quanto aos grupos estudados
sugerem ampla gama de resultados e dificuldade na verificação de características
específicas da deglutição. Objetivo: Buscando contribuir ao estudo sobre comportamento
eletrofisiológico dos músculos envolvidos na deglutição, este trabalho teve como meta
verificar o comportamento eletromiográfico dos músculos masseteres e supra-hióideos
durante a fase oral da deglutição em indivíduos adultos saudáveis, visando caracterizar a
deglutição voluntária de saliva e de líquidos com padronização de volumes. Método: Após
processos éticos pertinentes e aplicação de critérios de inclusão e exclusão, participaram
29 voluntários, adultos, saudáveis, de ambos os gêneros, com idade variável de 18 a 50
anos, sem queixas da função de deglutição e sem deformidades craniofaciais. Foi
utilizado o método de análise da amostragem durante três provas de deglutição:
voluntária e única de saliva (seca), voluntária e única de água (10 ml) e voluntária e única
de água (20 ml). Os potenciais elétricos dos músculos em questão foram registrados com
o uso do equipamento de eletromiografia de superfície de quatro canais, em ambos os
lados da face. A análise dos registros das deglutições foi realizada a partir da seleção do
intervalo de dez segundos, estando a deglutição incluída nesse intervalo, visando à
uniformização dos dados. Os resultados foram analisados quanto aos valores médios, em
microvolts, para o intervalo citado; assim como quanto aos valores máximos
correspondentes ao pico obtido no momento da deglutição. As análises estatísticas
consistiram de: ANOVA, comparações múltiplas de Nemenyi, teste de Wilcoxon e
correlação de Spearman. Resultados: Foram constatados maiores potenciais elétricos no
grupo dos supra-hióideos em relação aos masseteres, para os três tipos de deglutição
testados. Constatou-se que a atividade elétrica dos músculos masseteres não difere para
os três tipos de deglutição. Existe diferença entre os potenciais do grupo dos músculos
supra-hióideos, de acordo com o tipo de deglutição, tendo-se constatado maiores
potenciais na deglutição de 20 ml de água comparada à de 10 ml. Houve correlação direta
entre a atividade elétrica dos grupos musculares estudados – masseteres e supra-
hióideos – na deglutição de 20 ml de água para os valores de maiores potenciais,
independentemente dos lados, direito ou esquerdo. Pode-se afirmar, portanto, que, para a
deglutição de 20 ml de água, quanto maior o potencial de um dos grupos musculares,
maior o valor esperado do potencial do seu antagonista. Conclusão: Deglutições
voluntária de saliva e de líquidos com padronização de volumes, em indivíduos adultos
saudáveis, caracterizam-se por maior atividade elétrica dos supra-hióideos em relação
aos masseteres. Os músculos masseteres não apresentam diferenças em relação aos
tipos de deglutição estudados, enquanto que os supra-hióideos apresentam maior
ativação elétrica em volume maior de ingesta.

465
Comprometimento da deglutição de alimentos pastoso e líquido em portadores de
esclerose múltipla

Ana Maria da Silva; Jaims Franklin Ribeiro Soares,Ana Karênina de Freitas Jordão do
Amaral, Maria Clara Quirino Nunes Vicente

Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) provoca a desmielinização da bainha de mielina


que tem como consequência o atraso ou bloqueio da condução, além da dispersão dos
impulsos nervosos. Essas alterações são capazes de prejudicar as respostas
fisiopatológicas normais do indivíduo. A neuralgia do trigêmeo é observada em cerca de
1% dos casos de EM com sintomas de dores lancinantes momentâneas que muitas vezes
impede o portador de se alimentar. Mais de 50% dos portadores de EM apresenta disfagia
em estágios precoces da doença, e nestas pessoas, a disfagia pode se caracterizar com
disfunções orais, dificuldade de desencadear o reflexo de deglutição, espasticidade da
musculatura faríngea, entre outras alterações. A falta de sincronia entre a respiração e a
deglutição, frequentemente, leva à aspiração e pneumonias de repetição como
consequência. Objetivo: Verificar o comprometimento na deglutição de alimentos líquido e
pastoso em portadores de esclerose múltipla. Método: Foram investigados 18 voluntários
com diagnóstico de esclerose múltipla, de ambos os sexos (06 homens e 12 mulheres),
com idade média 43,05 anos (DP = 12,6 anos). A coleta dos dados foi realizada na
clínica-escola de Fonoaudiologia de uma instituição de ensino superior pública. Para
avaliação da deglutição utilizou-se o seguinte procedimento: os voluntários consumiram
os alimentos sentados em posição ereta, deglutindo-os livremente. Os alimentos
utilizados foram: iogurte da marca Isis® sabor morango num copo descartável de 50 ml e
água mineral (sendo 100ml num copo descartável de 200 ml). Com o estetoscópio, foi
realizada a ausculta cervical para verificar a presença de estertores, além da constatação
da ocorrência de episódios de engasgos. Todas as avaliações foram filmadas para efeito
de análise posterior. O projeto de pesquisa foi submetido ao comitê de ética da instituição
e aprovado pelo parecer de número 0086/12. Resultados: Avaliação da deglutição em
pacientes com esclerose múltipla demonstrou que apenas 44% da amostra estudada
deglutem normalmente alimentos pastosos, sendo que essa proporção decai para 22%
quando se trata de alimentos líquidos. Dentre as alterações verificadas quando da
deglutição de alimento pastoso, destacam-se o ruído (50%) e a contração da musculatura
perioral (6%). No que diz respeito à deglutição de alimentos líquidos, o ruído e o engasgo
são as alterações mais prevalentes, com alteração em 61% e 17% da amostra,
respectivamente. Conclusão: A inexistência de diferenças estatisticamente significantes
relacionadas ao sexo, ao tempo de diagnóstico ou à idade do paciente sugere que a
doença pode evoluir segundo um padrão único, demandando acompanhamento caso a
caso. Segundo o que se encontra na literatura, sobretudo quando se considera o grau de
comprometimento na deglutição, os alimentos líquidos provocam mais alterações,
principalmente os engasgos, devido ao risco de escorrimento prematuro muito comum
nesses indivíduos, indo ao encontro daquilo encontrado nesta pesquisa.

466
Construção de questionário estimativo do nível de conhecimento sobre síndrome
da apnéia obstrutiva do sono

Giédre Berretin-Felix; Camila de Castro Corrêa, Wanderléia Quinhoneiro Blasca

Introdução: Aproximadamente 63 milhões de pessoas apresentam a Síndrome da Apnéia


Obstrutiva do Sono (SAOS) no Brasil. No entanto, o subdiagnóstico de tal quadro clínico é
frequente, possivelmente devido à dificuldade de atualização dos profissionais da saúde e
acesso restrito da informação para população. Para mensuração do nível de
conhecimento da população, necessita-se da elaboração de questionários de fácil
aplicação e adequados ao público alvo, sendo o primeiro passo para ações voltadas à
promoção da saúde. Objetivo: Elaborar e aplicar um questionário para a avaliação do
nível do conhecimento de estudantes do Ensino Fundamental II quanto ao tema Síndrome
da Apnéia Obstrutiva do Sono. Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Instituição vinculada, sob o parecer de número 045911/2012. Para a
elaboração do questionário, bases de dados científicas e livros técnicos foram
consultados, selecionando os tópicos de interesses, sintetizando-os e simplificando-os
quanto ao nível da legibilidade, verificado pelo Índice de Facilidade de Leitura Flesch,
para que assim, fossem desenvolvidas questões em um nível adequado para a
compreensão do público alvo. Quanto à aplicação do questionário, 90 alunos foram
convidados a participar, com idade de 12 a 13 anos, cursando o 8o ano Ensino
Fundamental II de uma escola pública de Bauru/São Paulo. Como critério de inclusão, os
sujeitos deveriam apresentar interesse em participar da pesquisa, com a autorização dos
responsáveis por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados: Ao todo, foram elaboradas 16 questões, sendo que nas quatro primeiras,
procurou-se investigar hábitos de higiene do sono. Já nas questões de conhecimento
específicos, da 5ª até a 14ª questão, foram selecionados os seguintes assuntos
específicos da SAOS: definição da SAOS, possível relação com o ronco, anatomia do
sistema respiratório, causas da SAOS, sintomas, diagnóstico e as possibilidades de
tratamento. Enquanto que nas duas últimas questões (15ª e 16ª), realizaram simulações
sobre possíveis situações do dia-a-dia, questionando qual o comportamento favorável à
saúde que seria adotado. Dentre as 16 perguntas, houve questões de múltipla-escolha,
discursiva e de verdadeiro ou falso, com o nível de legibilidade de 55%, compatível com o
nível instrucional do público alvo. A aplicação de tal instrumento de avaliação foi realizada
a 16 alunos, que se adequaram aos critérios de inclusão. Nas perguntas sobre hábitos
pessoais de higiene do sono, obteve-se a média de 6 horas de duração do sono e dos 9
possíveis comportamentos favoráveis a um sono adequado, em média, os alunos
relataram descumprir 3 situações. Em relação às perguntas mais específicas sobre
SAOS, observou-se, em média, 37,5% de acerto. Quanto às perguntas de situações
problematizadoras, 7 alunos (43,75%) indicaram a necessidade de procurar um médico
em caso de suspeita de SAOS. Tais resultados sugerem a necessidade de projetos que
viabilizem a multiplicação do conhecimento sobre a SAOS, quanto aos conhecimentos
específicos e em relação à prevenção de alterações do sono como a importância da
higiene do sono. Conclusão: O questionário foi elaborado e aplicado em alunos,
demonstrando um nível baixo de conhecimento sobre a temática da SAOS.

467
Contribuição da fonoaudiologia na atuação interdisciplinar da paralisia facial:
revisão integrativa

Laís Dantas de Torquato; Hipólito Virgílio Magalhães Júnior

Introdução: A paralisia facial ocasiona alterações na mobilidade e tonicidade dos


músculos orofaciais. Os sinais e sintomas, bem como prognóstico dependem do local, do
tipo, da etiologia e do tempo de instalação da lesão do nervo facial. Há dois tipos de
paralisia facial, a central ou supranuclear e a periférica. A primeira caracteriza-se pela
perda dos movimentos da mímica facial da parte medial e inferior da face, do lado
contralateral à lesão; na segunda, há perda da expressão facial de uma ou das duas
hemiface(s). A Fonoaudiologia vai atuar na paralisia facial com o objetivo de melhorar a
simetria da face e as funções da musculatura inervada pelo VII nervo. Objetivo: este
trabalho tem como objetivo estudar, por meio da revisão integrativa, a contribuição da
Fonoaudiologia na atuação da paralisia facial. Métodos: foi realizada uma busca nas
bases de dados MEDLINE, LILACS, Web of Science, SciELO, Springer, Science Direct,
além de uma pesquisa nas referências dos artigos selecionados. Os critérios de inclusão
consideraram os artigos disponíveis na íntegra nos idiomas inglês, português ou espanhol
que abordassem a contribuição fonoaudiológica no atendimento ao paciente com paralisia
facial e como é sua abordagem junto com outros profissionais da saúde envolvidos no
atendimento da paralisia facial. Resultados: foram analisados dez artigos, dos quais 6
foram selecionados a partir das buscas nas bases de dados (3 da LILACS e 3 da SciELO)
e 4 da busca manual das referências de artigos lidos. A partir dos dados levantados nesta
revisão, observou-se que em alguns estudos a terapia fonoaudiológica é descrita de
acordo com a fase da paralisia. Quanto às funções da musculatura orofacial, o trabalho
fonoaudiológico visa os aspectos alimentares e comunicativos. A maioria dos estudos tem
demonstrado a necessidade da abordagem com respeito à limpeza do vestíbulo oral e
mastigação, além do trabalho com foco no vedamento labial. Os aspectos comunicativos
foram pouco abordados na literatura investigada. Os estudos que consideraram esse
componente, apenas se referiram à expressão facial, porém, a fala não teve atenção
como parte da terapia fonoaudiológica. Conclusão: O trabalho fonoaudiológico visa
trabalhar o tônus e a mobilidade dos músculos da face, ao levar-se em conta a fase da
paralisia em que o paciente se encontra, além de atuar nos aspectos alimentares e
comunicativos. É importante que terapia fonoaudiológica esteja inserida em equipe
interdisciplinar no atendimento ao paciente com paralisia facial, em que os diversos
serviços da saúde que compõe a equipe possuem o objetivo de atingir a mesma meta,
evitar ou diminuir ao máximo as possíveis sequelas na musculatura orofacial.

468
Correlação entre força de mordida, pressão de língua e desempenho na deglutição
em adultos jovens

Jussier Rodrigues da Silva; Jéssica Nazita Silva e Lima, Wellyda Cinthya Felix Gomes da
Silva, Marluce Nascimento de Almeida, Anne da Costa Alves, Renata Veiga Andersen
Cavalcanti, Leandro de Araújo Pernambuco

Introdução: A força de mordida e a tensão da língua estão diretamente envolvidas nos


mecanismos associados ao desempenho da mastigação e deglutição. Estudos que
busquem quantificar e correlacionar medidas envolvidas em todo esse processo podem
contribuir para a melhor compreensão da fisiologia, bem como para o diagnóstico mais
preciso e conduta terapêutica mais consistente. Objetivo: verificar a correlação das
medidas de força de mordida, pressão de língua e desempenho na deglutição de líquido
em adultos jovens. Métodos: foram incluídos 27 adultos jovens hígidos, 20 (74,1%)
mulheres e 7 (25,9%) homens com idades entre 18 e 25 anos (19,5±1,6) anos. Para
obtenção da força de mordida o participante posicionou a placa de mordida do
dinamômetro de força mandibular (EMG System do Brasil®) entre os dentes molares
superiores e inferiores e mordeu com o máximo de força, sem desconforto, durante um
período de 6 a 8 segundos. Foi considerado o valor médio em quilograma força (Kgf) do
período de estabilidade da mordida. Para mensurar o pico pressórico em kilopascal (kPa)
e o tempo de resistência da contração de língua em segundos (s) foi utilizado o Iowa Oral
Performance Instrument (IOPI)®, um equipamento composto por um bulbo plástico
preenchido com ar que foi colocado sobre a língua do participante para que este o
pressionasse contra o palato duro. Finalmente, o desempenho no teste de deglutição de
100 ml de água forneceu três medidas quantitativas baseadas no número de deglutições
e tempo para deglutir: volume por deglutição (100ml/número de deglutições realizadas),
capacidade de deglutição (100ml/tempo em segundos) e velocidade de deglutição (tempo
para deglutir/número de deglutições). As variáveis foram descritas por meio de medidas
de tendência central e variabilidade. A correlação foi avaliada por meio do teste de
Spearman. O nível de significância foi de 5%. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de
Ética e Pesquisa em Seres Humanos da instituição sob o número CAAE
01996812.0.0000.5292. Resultados: A média geral da força de mordida foi 40,3 (±16,3)
Kgf. No sexo feminino a média foi 36,4 (±16,2) Kgf e no masculino 51,5 (±11,1)Kgf. A
média encontrada no pico pressórico foi 47,3 (±12,7) kPa e no tempo de resistência da
contração de língua foi 10,4 (±15,3) segundos. Os valores encontrados no teste de
deglutição de 100 ml foram 11,7 (±3,2)ml na medida de volume por deglutição, 7,7
(±2,4)ml/s na capacidade de deglutição e 1,6 (±0,5)s na velocidade de deglutição. Na
amostra houve correlação significante entre pico pressórico e as medidas de tempo de
resistência da contração de língua (rho=0,43; p=0,02), velocidade de deglutição (rho=-
0,39; p=0,03) e força de mordida (rho=0,45; p=0,01). Houve ainda correlação entre força
de mordida e tempo de resistência da contração de língua (rho=0,44; p=0,01).
Conclusões: nessa amostra de adultos jovens, foi observado que os valores do tempo de
resistência da contração de língua, velocidade de deglutição e força de mordida
aumentam ou diminuem junto com o pico pressórico da língua. Além disso, as medidas de
força de mordida e tempo de resistência da contração de língua também tiveram
correlação positiva.

469
Correlação entre medidas quantitativas do sistema estomatognático em
adolescentes

Jussier Rodrigues da Silva; Amanda Cibelly Brito Gois, Patrícia Araújo de Brito, Leandro
de Araújo Pernambuco, Renata Veiga Andersen Cavalcanti

Introdução: Métodos quantitativos de avaliação do sistema estomatognático são recursos


complementares de diagnóstico, monitoramento terapêutico e compreensão da fisiologia.
É essencial conhecer como esses métodos se correlacionam, especialmente numa fase
crítica de transição anatômica e funcional como a adolescência. Objetivo: verificar a
correlação entre medidas quantitativas do sistema estomatognático em adolescentes.
Métodos: foram incluídos 57 adolescentes hígidos, usuários ou não de aparelho
ortodôntico, sendo 42 (73,7%) do sexo masculino, com idades entre 13 e 16 anos
(14,5±0,6). Força de mordida - o participante posicionou a placa de mordida do
dinamômetro de força mandibular (EMG System do Brasil®) entre os dentes molares
superiores e inferiores e mordeu com o máximo de força, sem desconforto, durante um
período de 6 a 8 segundos. Foi considerado o valor médio em quilograma força (Kgf) do
período de estabilidade da mordida. Abertura de boca - medida por paquímetro digital
posicionado entre os incisivos centrais superior e inferior durante a máxima depressão
mandibular. Pico pressórico em kilopascal (kPa) e tempo de resistência da contração de
língua em segundos (s) - foi utilizado o Iowa Oral Performance Instrument (IOPI)®,
composto por um bulbo plástico preenchido com ar que foi colocado sobre a língua do
participante para que este o pressionasse contra o palato duro. Teste de deglutição de
100 ml de água - forneceu três medidas quantitativas baseadas no número de deglutições
e tempo para deglutir: volume por deglutição (100ml/número de deglutições realizadas),
capacidade de deglutição (100ml/tempo em segundos) e velocidade de deglutição (tempo
para deglutir/número de deglutições). As variáveis foram descritas por meio de medidas
de tendência central e variabilidade. A diferença de médias em relação ao uso de
aparelho e ao sexo foi calculada pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney. A
correlação foi avaliada por meio do teste de Spearman. O nível de significância foi de 5%.
O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da
instituição sob o número CAAE 04205112.4.0000.5292. Resultados: considerando toda a
amostra, as médias encontradas foram: força de mordida=40,6(±14,1) Kgf; abertura de
boca=40,80(±9,38) mm; pico pressórico=53,5(±12,8) kPa; tempo de resistência=6,5(±8,6)
s; volume por deglutição=13,8(±4,9) ml; capacidade de deglutição=10,4(±3,4) ml/s;
velocidade de deglutição=1,3(±0,2) s. Adolescentes do sexo masculino apresentaram
maior abertura de boca (p=0,007). As médias das medidas quantitativas não
apresentaram diferença em relação ao uso de aparelho ortodôntico. Houve correlação
estatisticamente significante entre idade e as variáveis capacidade de deglutição
(rho=0,29; p=0,02), tempo de resistência da contração de língua (rh0=0,32; p=0,01) e
abertura de boca (rho=0,27; p=0,04). Também foi encontrada correlação entre abertura de
boca e as variáveis volume de deglutição (rho=0,30; p=0.01) e capacidade de deglutição
(rho=0,31; p=0,01). Conclusão: em adolescentes, o aumento da idade está correlacionado
com valores mais elevados de capacidade de deglutição, tempo de resistência da
contração de língua e abertura de boca; quanto maior a abertura de boca, maiores foram
os valores de volume e capacidade de deglutição. O uso de aparelho ortodôntico não
influenciou as medidas investigadas e houve influência do sexo apenas em relação à
abertura de boca.

470
Descrição de estratégia para remoção de hábitos orais e investigação de seu grau
de eficiência

Cirleide Maria Campos da Silva; Antonio Carlos dos Santos Souza, Rosana de Fátima
Possobon, Ligia Francisca Prestes Della Riva

Introdução: hábitos prolongados de sucção podem alterar o desenvolvimento normal do


sistema estomatognático, uma vez que pode ter impacto negativo a saúde orofacial e
respiratória da criança. A interrupção do hábito parece ser um processo difícil para
algumas famílias que, muitas vezes, necessitam de apoio profissional para encontrar uma
forma adequada de auxiliar a criança a remover tais hábitos. O objetivo deste estudo foi
mostrar o funcionamento do Programa de Remoção de Hábitos Orais (PRHO), oferecido
pelo Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais - Cepae,
da Faculdade de odontologia de Piracicaba - Unicamp, e investigar o sucesso deste
Programa na interrupção dos hábitos orais entre seus usuários. Método: neste estudo,
foram analisadas 170 crianças de 3 a 5 anos, pacientes do Cepae, que apresentaram
hábitos de chupeta e mamadeira. Estas crianças participaram do PRHO, que consiste em
uma consulta inicial com fonoaudiólogo e dentista e seis contatos telefônicos com a mãe,
para o aconselhamento sobre a interrupção do hábito, com fornecimento de dicas práticas
e suporte afetivo. Os dados mostraram que 88% abandonaram o hábito, o que permite
concluir que o PRHO pode ser uma forma eficiente para auxiliar a interrupção dos hábitos.
Palavras-chave: Hábitos, Aleitamento Materno, Mamadeira; Chupetas.

471
Descripción de funciones orofaciales en lactantes prematuros y de término de 6 y 9
meses

Maria Angelica Fernandez; Fernanda Ubeda, Gabriela Munizaga, Maria Antonia Aldunate

Introducción:El desarrollo de la alimentación de los niños se sitúa dentro de un continuo


en el cual, en un inicio, encontramos los reflejos orofaciales, que con el paso del tiempo
se transforman en funciones orofaciales. La adecuada evolución y ejecución de estas
funciones son importantes para el desarrollo maxilofacial del menor. En los últimos años
se ha incrementado el número de niños nacidos de pretérmino, condición a la cual se
asocian múltiples alteraciones en el desarrollo de las funciones orofaciales, que podrían
afectar directamente la adecuada adquisición de patrones alimenticios y la incorporación
de nuevas consistencias de alimentos. Objetivo: Describir los reflejos orofaciales y
funciones orofaciales en lactantes de término y pretérmino de 6 y 9 meses de edad
corregida, sin daño neurológico y estabilizados médicamente. Método:Previo a la
evaluación, los padres y/o cuidadores debieron firmar un consentimiento informado,
autorizando dicho procedimiento. Se evaluaron 20 lactantes de término de 6 y 9 meses de
edad cronológica y 20 lactantes de pretérmino de 6 y 9 meses de edad corregida. Se
realizó una entrevista a los padres, para la obtención de antecedentes pre, peri y
postnatales relativos a la madre y al menor, y se aplicó la Pauta de Evaluación de
Funciones Orofaciales, que permitió observar los patrones de succión nutritiva, succion no
nutritiva y masticacion del lactante. Resultados:Los resultados de esta investigación
evidencian una clara tendencia del grupo de pretérmino de 6 meses de edad corregida
(80%) a presentar un patrón de succión nutritiva y no nutritiva débil, en comparación con
los lactantes de término que presentaron un patrón dentro de parámetros adecuados. Los
parámetros alterados en este grupo etario son la prensión y acanalamiento lingual. En
cambio, el grupo de lactantes de 9 meses, se observó una tendencia a presentar un mejor
rendimiento en succion nutritiva y no nutritiva (60%), presentando mas dificultades en la
prensión. En relación a los reflejos orofaciales se encontró un rendimiento más deficitario
en los lactantes prematuros de 6 meses de edad corregida; en cambio el rendimiento en
los menores de 9 meses de edad corregida, no presentó mayores diferencias con el grupo
de lactantes de término. En relación a la masticación, el 100% de los lactantes prematuros
de 6 meses realiza movimientos verticales, sin embargo, solo el 10% de los lactantes
prematuros de 9 meses realizaron movimientos verticales y horizontales durante la
masticación. Conclusiones:Se concluye que el grupo de niños prematuros de 6 meses
presentan mayores dificultades en la ejecución de la succión nutritiva y la succión no
nutritiva en comparación con los lactantes de 9 meses. La masticación se vio mas
alterada en el grupo de niños prematuros de 9 meses al realizar solo movimientos
verticales. En cuanto a los reflejos orofaciales, dada la variabilidad de los resultados
obtenidos, la hipótesis no se puede corroborar. Es fundamental continuar analizando las
funciones orofaciales y su implicancia en la incorporación de nuevas consistencias de
alimentos en niños chilenos nacidos de pretermino y así poder tener un parámetro de
comparación.

472
Desenvolvimento da fala e alimentação infantil: possíveis implicações

Cláudia Marina Tavares de Araújo; Victor Costa Alves Medeiros Vieira

Objetivo: Identificar a associação entre hábito alimentar e desenvolvimento da fala em


crianças pré-escolares. Método: Estudo do tipo caso-controle, com amostra constituída
por 273 crianças matriculadas nos Centros Municipais de Educação Infantil da cidade do
Recife. Foi pesquisada a associação do desfecho com variáveis referentes a
características socioeconômicas, hábitos de sucção nutritiva e não nutritiva e
desenvolvimento do sistema estomatognático. Foram utilizados os sofwares STATA/SE
9.0 e Excel 2007 para calcular a medida de risco, Odds Ratio, o intervalo de confiança de
95% e o valor de p≤0,05. Para verificar a existência de associação, aplicou-se o teste qui-
quadrado para variáveis categóricas. Resultados: O sexo masculino demonstrou
associação significativa com alteração de fala. O mesmo não ocorreu com a presença e
duração de hábitos de sucção nutritiva e não nutritiva, nem com a consistência dos
alimentos consumidos. Alterações no sistema estomatognático registraram associação
significativa com o desfecho, principalmente no que concerne à postura habitual de lábios
e língua, além de oclusopatias. Conclusão: A associação direta entre alteração de fala e
consistência alimentar não foi observada, porém ficou evidenciado que esta exerce
influência no desenvolvimento de estruturas orofaciais que se relacionam com a produção
fonêmica, podendo comprometer os aspectos comunicativos dos sujeitos.

473
Diadococinesia oral e presença de ceceio na fala em crianças com fissura
labiopalatina

Mahyara Francini Jacob; Daniela Jovel Modolo, Katia Flores Genaro

Introdução: A fala é uma das funções alteradas nos casos com fissura labiopalatina,
podendo afetar a comunicação devido ao comprometimento da função velofaríngea e da
condição dento-oclusal. Uma vez que a alteração estrutural da cavidade oral está
presente nesses casos e permanece por longo período na vida dessas pessoas
favorecendo adaptações funcionais, a habilidade motora para a fala também poderá estar
afetada. Assim, analisar essa habilidade pelo teste da diadococinesia (DDC), esclareceria
questões quanto à influência das alterações estruturais no desempenho motor oral.
Objetivo: Verificar se a presença de ceceio durante a fala de crianças com fissura
labiopalatina interfere nas tarefas da DDC. Material e Método: Após aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa (nº 164.238) foram analisadas as avaliações de 30 crianças de
ambos os sexos, entre 9 e 12 anos de idade, com fissura completa unilateral do lábio e
palato já reparadas. Dois fonoaudiólogos analisaram amostras de fala envolvendo a
repetição de frases com os fones [s] e [z], com 10 ocorrências cada um em diferentes
posições na palavra, para identificar a presença ou não de ceceio, que foi considerado
presente quando identificado em pelo menos 5 das 10 ocorrências. A análise da DDC foi
feita a partir do registro da repetição das sílabas “ta”, “ca” e da sequência “pataca”, obtida
do programa Motor Speech Profile Advanced (MSP), Modelo 5141, versão 2.5.2
(KayPENTAXTM), que fornece o número de emissões por segundo e o tempo entre
essas. A sequência “pataca” foi analisada quantitativamente por meio do software Sound
Forge 8.0, sendo o número de emissões contado manualmente com apoio de pista visual
e auditiva. Foi aplicado o teste Kappa para verificar a concordância entre os avaliadores e
o teste t para comparar os valores da DDC entre os indivíduos com e sem ceceio,
considerando o nível de significância de 5%. Resultados: Verificou-se boa concordância
entre os avaliadores para os fones [s] e [z], Kappa=0,87 e 0,93, respectivamente. A
presença de ceceio foi identificada em 60% dos casos, sendo 50% nos fones [s] e [z] e
10% somente no fone [s]. As médias do número de emissões por segundo,
respectivamente para as sílabas “ta”, “ca” e sequência “pataca” foram: 4,61±0,47,
3,89±0,60 e 1,72±0,13 para o grupo com ceceio, e 4,70±0,49, 3,83±0,53 e 1,59±0,16 para
o grupo sem ceceio. Em relação ao tempo médio entre as emissões, as médias para as
sílabas “ta” e “ca” foram: 219,12±22,86 e 263,36±39,57 no grupo com ceceio e
215,05±24,55 e 265,64±36,51 no grupo sem ceceio. A comparação entre os grupos com e
sem ceceio não evidenciou diferença para os parâmetros analisados. Conclusão: A
presença do ceceio na fala não influenciou no número de emissões por segundo e no
tempo médio entre as emissões das sílabas “ta” e “ca”, bem como o número de emissões
da sequência “pataca”.

474
Disartria pós síndrome neuroléptica maligna – relato de caso

Gabriela De Luccia; Fernanda Alves Pereira, Ingrid Arruda Sodré, Kamila Cruz Coutinho,
Roberta Priscila Botini

Introdução: A Esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico, por ser uma condição crônica,


demanda tratamento medicamentoso prolongado e este se dá, principalmente pela
utilização de antipsicóticos. A síndrome neuroléptica maligna, inicialmente conhecida
como rara complicação do uso dos antipsicóticos é um estado neurotóxico possivelmente
fatal, que ocorre em aproximadamente 0,2% dos pacientes tratados com neurolépticos e
que idealmente requer cuidados em unidade de terapia intensiva. O uso prolongado
desses neurolépticos induz o Parkinsonismo que tem como característica a presença de
sinais ou sintomas parkinsonianos, tais como, tremor, rigidez muscular ou acinesia.
Objetivo: Relatar um caso de uma paciente esquizofrênica após Sindrome Neuroléptica
Maligna em acompanhamento fonoaudiológico para adequação das bases motoras da
fala. Método: Estudo de caso de uma mulher de 49 anos de idade, diagnosticada com
esquizofrenia, com queixa de alteração de fala, após Sindrome Neuroléptica Maligna e
Parkinsonismo ambos induzidos pelo uso prolongado de neurolépticos. Os achados foram
baseados nos dados colhidos na anamnese e avaliação clínica através de provas
selecionados do protocolo de Disartria, durante acompanhamento fonoaudiológico na
Clínica Escola. Resultados: Após avaliação fonoaudiológica da paciente, foram
observadas: redução da intensidade da voz, articulação imprecisa monotomia de fala, e
distúrbios do ritmo e velocidade de fala aumentada, incoordenação
pneumofonoarticulatória¸ articulação imprecisa, ininteligibilidade 70% monossílabos e
45% frases, hipernasalidade leve, qualidade vocal áspera, entonação prejudicada,
tonicidade e mobilidade de OFA’s diminuída, caracterizando assim um quadro de Disartria
Hipocinética. Discussão: Paciente diagnosticada com esquizofrenia aos 14 anos,
necessitando de tratamento medicamentoso com antipsicóticos. Após uso prolongado
desses medicamentos, apresentou uma crise alérgica aos mesmos, conhecida como
Sindrome Neuroléptica Maligna, esses medicamentos induziram também o aparecimento
do parkinsonismo, que favoreceu o aparecimento das alterações vocais observadas. Tais
alterações são confirmadas pela literatura, que confirmam como as principais alterações
vocais na Doença de Parkinson a ocorrência de distúrbios vocais como, por exemplo,
redução da intensidade e alteração de entonação observada, distúrbios da articulação
que resultam em imprecisão na emissão de consoantes e decorrem da redução dos
movimentos dos órgãos fonoarticulatórios, além do da incoordenação dos movimentos
respiratórios e das funções de ressonância. Conclusão: Com o decorrer da terapia
observou-se melhora na articulação das palavras, e maior coordenação entre fala e
respiração, porém a resposta apresentada foi menor do que a esperada. Acreditamos que
o desinteresse, as alterações comportamentais e a falta de conscientização da paciente
quanto a suas alterações, decorrente da patologia de base, dificultaram a evolução do
caso, tendo em vista que a fonoterapia bem executada precisa estar e associada à
disposição do paciente em realizar os exercícios. Entretanto, esperamos que com a rotina
terapêutica a melhora na fala seja gradativamente melhor.

475
Disfunção temporomandibular em adolescentes com sintomas de transtorno
alimentar

Mariane Querido Gibson; João Marcílio Coelho Netto Lins Aroucha,


Valência Avelino Marinho de Oliveira

Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM) é definida como um conjunto de sinais


ou sintomas que envolvem os músculos mastigatórios, as articulações
temporomandibulares e estruturas associadas. Os transtornos alimentares (TAs) são
disfunções psíquicas caracterizadas por graves alterações do comportamento alimentar,
que afetam em sua maioria adolescentes e adultos jovens do sexo feminino. Os principais
transtornos estudados são a anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN). As DTMs e
os TAs tem origem multifatorial e poucos foram os estudos que investigaram a presença
de ambos. Objetivo: Determinar prevalência de disfunção temporomandibular em
adolescentes com 15 anos que apresentem características de transtornos alimentares.
Métodos: As etapas da coleta foram assim divididas: sorteio das escolas, a explicação da
metodologia de pesquisa aos alunos e entrega dos termos de compromisso aos
interessados em participar. Os instrumentos utilizados nas avaliações foram: Critérios de
Diagnóstico das Desordens Temporomandibulares (RDC/TMD - EIXO II) que classificou o
indivíduo com base no impacto da dor, incapacidade relacionada à dor avaliando fatores
comportamentais, psicológicos e psicossociais relevantes ao tratamento de pacientes com
DTM e o Teste de Atitudes Alimentares (Eating Attitudes Test – EAT-26) e a avaliação é
feita para rastrear comportamentos presentes na anorexia nervosa – mede principalmente
comportamentos alimentares restritivos, como dieta e jejum, e comportamentos bulímicos.
As coletas foram realizadas nas próprias escolas. Resultado: Participaram da pesquisa
223 adolescentes com 15 anos de idade, sendo a maioria do sexo feminino (70%). Dentro
da amostra 32,3% dos alunos apresentaram DTM e 24,2% sintomas de TA, sendo que
8,1% apresentaram ambas as condições. A prevalência de sintomas de TA no sexo
feminino (26,9%) foi maior do que no masculino (17,9%). Em relação a DTM a prevalência
no sexo feminino (34,6%) também foi maior do que no sexo masculino (26,9%). Um terço
dos alunos com sintomas de TA apresentaram DTM (33,3%). Conclusão: Houve uma
maior prevalência de ambos os transtornos no sexo feminino, o que coincide com outras
pesquisas realizadas. Mais estudos serão necessários para analisar esses transtornos,
tendo em vista o crescimento da prevalência de TA identificada nos últimos estudos.

476
Efeito do retalho faríngeo e da esfincteroplastia sobre a função velofaríngea.

Ana Paula Fukushiro; Renata Paciello Yamashita, Carla Aparecida Curiel, Inge Elly
Kiemle Trindade

Introdução: As técnicas cirúrgicas de retalho faríngeo (RF) e esfincteroplastia (EF) são


amplamente utilizadas para a correção da insuficiência velofaríngea residual (IVF), em
indivíduos com fissura labiopalatina reparada. Objetivo: Investigar o efeito do RF e da EF
sobre a nasalidade da fala e o fechamento velofaríngeo, por meio de avaliação
instrumental. Material e Métodos: O estudo teve a aprovação do Comitê de Ética da
Instituição. Foram analisados os resultados da nasometria e da técnica fluxo-pressão de
30 pacientes, com idades entre 6 e 38 anos, com IVF, sendo 15 submetidos ao RF e 15 à
EF. Os pacientes foram avaliados antes (PRÉ) e, no mínimo, 12 meses após a cirurgia
(PÓS). A nasalância (correlato acústico da nasalidade) foi obtida por meio da nasometria
durante a leitura de um conjunto de 5 frases contendo sons exclusivamente orais,
utilizando-se limite superior de normalidade de 27%. A área velofaríngea (AVF) durante a
fala foi obtida por meio da técnica fluxo-pressão e foi determinada durante a produção do
fone plosivo /p/ inserido no vocábulo “rampa”. A partir dos valores obtidos, o fechamento
velofaríngeo foi classificado em: fechamento velofaríngeo adequado = 0–4,9mm2;
fechamento adequado-marginal = 5,0–9,9mm2; fechamento marginal-inadequado = 10,0–
19,9mm² e, fechamento inadequado maior ou igual a 20,0mm². A comparação pré e pós-
operatória para a mesma técnica cirúrgica e a comparação entre as técnicas cirúrgicas foi
feita por meio do teste T de Student, sendo aceitos como significantes os valores de
p<<0,05. Resultados: A nasalância média obtida na condição PRÉ foi de 43±8,4% no
grupo RF e de 45±12,4% no grupo EF. Na condição PÓS, a nasalância média passou a
27±10,1% no grupo RF e 31±14,2% no grupo EF. Após a cirurgia, os valores médios de
nasalância foram significantemente menores que os obtidos antes da cirurgia para ambos
os grupos. Não houve diferença estatisticamente significante entre a nasalância média
dos dois grupos nas condições PRÉ e PÓS. Apesar disso, os resultados mostraram que
antes da cirurgia, os valores médios de nasalância foram indicativos de hipernasalidade
(>>27%) nos dois grupos e após a cirurgia, o grupo RF passou a apresentar nasalância
média indicativa de normalidade (≤27%), enquanto o valor médio do grupo EF
permaneceu indicativo de hipernasalidade. A AVF média pré-cirúrgica no grupo RF era de
51±35,4mm2 e no grupo EF era de 69±29,2mm2. Após a cirurgia, a AVF média passou a
3,6±5,5mm2 no grupo RF e a 24±32,7mm2 no grupo EF. Em ambos os grupos, a AVF
média após a cirurgia foi significantemente menor que antes da cirurgia, sendo que a AVF
do grupo RF foi significantemente menor que a do grupo EF. Verificou-se, ainda, que, em
média, ambos os grupos apresentavam valores de AVF indicativos de fechamento
velofaríngeo inadequado antes da cirurgia. Após a cirurgia, o grupo RF passou a
apresentar valor médio indicativo de fechamento adequado enquanto que o grupo EF
permaneceu com fechamento velofaríngeo inadequado. Conclusão: O RF foi mais
eficiente do que a EF na eliminação da hipernasalidade e normalização do fechamento
velofaríngeo nos pacientes estudados.

477
Efeitos do envelhecimento na deglutição: uma revisão de literatura

Isabel Grasielly Dutra de Azevedo; Ana Karênina de Freitas Jordão do Amaral, Ellen
Késsia Barbosa de Santana, Julyana Carla Carvalho Sousa, Larissa Medeiros Alves,
Pammela Laís Silva Amazonas de Souza

Introdução: O envelhecimento é um processo normal, no qual se estabelece inúmeras


alterações orgânicas, funcionais e psicológicas, que denotam alterações no sistema
estomatognático. Dentre estas, observa-se à diminuição na eficiência no processo de
deglutição, levando o indivíduo a realizar adaptações necessárias a sua funcionalidade
diante das modificações com o passar dos anos. OBJETIVO: Discutir o que se encontra
na literatura científica a respeito do tema: envelhecimento da deglutição. Metodologia:
Trata-se de um estudo de revisão de literatura, realizada por seis pesquisadoras, através
do levantamento de publicações selecionadas entre janeiro de 2010 a fevereiro de 2013,
nas bases de dados LILACS e Scielo; tais artigos incluídos apresentavam método que
incluía seres humanos de ambos os sexos, com idade superior a 60 anos, apresentando
os seguintes descritores e suas combinações: “deglutição”, “fisiologia”, “envelhecimento”,
“idoso”. Resultados: Foram obtidas 8 (oito) publicações que apresentavam objetivos
pertinentes a este estudo com foco nas alterações da deglutição e adaptações no
processo normal de envelhecimento. Nestes estudos foram utilizados exames de
videofluoroscopia, ultra-sonografia, análise acústica digital dos sons da deglutição,
eletromiografia de superfície, entre outros métodos de avaliação. Mostra-se presente nas
publicações, a importância da terapia fonoaudiológica devido às variações fisiológicas
presentes em todas as etapas da deglutição de acordo com a idade. Conclusão: A revisão
permitiu concluir que a maior parte dos idosos apresentam adaptações nas estruturas que
participam da deglutição diante das modificações ocorrentes no envelhecimento, com a
finalidade de realizar uma alimentação segura e satisfatória. Sugere-se a realização de
mais pesquisas sobre o assunto, inclusive clínicas, a fim de se obter respostas mais
concretas sobre tais adaptações.

478
Eficácia da terapia fonoaudiológica em crianças respiradoras orais

Luiza Junqueira Ferrer; Adriana Tessitore, Eulalia Sakano

Introdução: A respiração é uma função inata e vital do ser humano sendo associada às
funções de mastigação, deglutição e fala, além de proporcionar a estimulação adequada
do crescimento facial. Quando a respiração nasal é substituída pela oral, podem haver
várias alterações craniofaciais e, como consequência, adaptação das demais funções
orais. O Protocolo MBGR visa unificar os achados subjetivos e, em conjunto com os
exames objetivos podem formar o diagnóstico fonoaudiológico da respiração oral, dentre
as demais patologias do complexo orofacial. A utilização da eletromiografia de superfície
(EMGs) é um exemplo das avaliações objetivas. Procura complementar o diagnóstico e a
terapêutica dos distúrbios motores orais e das funções estomatognáticas. Objetivos:
Comparou-se por meio da aplicação do MBGR e da análise da EMGs os achados de
crianças respiradoras nasais e orais e observou-se a eficácia da terapia fonoaudiológica
nos respiradores orais. Metodologia: Foram avaliadas 60 crianças divididas em dois
grupos, sendo um grupo de 30 crianças respiradoras nasais e outro de 30 crianças
respiradoras orais. Foi aplicado o Protocolo MBGR e a avaliação eletromiográfica de
superfície nos músculos supra hioideos, orbicular da boca e masseteres nos dois grupos
na primeira sessão. Foi realizada terapia fonoaudiológica semanal durante 12 sessões e
aplicado Protocolo MBGR e de EMGs nas sessões 01 e 12 nas crianças respiradoras
orais. Resultados: Foi observada diferença clínica e eletromiográfica estatisticamente
significante entre o grupo de respiradores orais pré e pós terapia e quando comparados
os dois grupos. Os achados mostraram que após 12 sessões há diferença pré e pós
terapia nos respiradores orais, contudo os respiradores orais pós-terapia não se
equiparam nos resultados aos respiradores nasais. Discussão: Verificou-se que a
etiologia da respiração oral, os apectos morfológicos e ambientais e a aderência ao
tratamento influenciaram positiva ou negativamente nos resultados obtidos. Conclusão: A
terapia fonoaudiológica de 12 sessões se mostra eficaz nos respiradores orais, entretanto
não são suficientes para automatizarem a respiração nasal.

479
Eletromiografia em queimadura de face: relato de caso

Geraldine Rose de Andrade Borges; Valéria Alves dos Santos, Ana Cláudia C. Vieira,
Marcos Guilherme Praxedes Barreto, Lucas Carvalho Aragão Albuquerque, Hilton Justino
da Silva

Introdução: Queimadura de face é uma lesão grave; pode destruir parcial ou totalmente a
pele, seus anexos e camadas mais profundas, provocando infecções e retrações
cicatriciais. Uma cicatriz hipertrófica ao nível muscular interrompe, no seguimento em que
se encontra, a contração do músculo, dificultando o movimento dessa estrutura, quando
localizada no nível cutâneo também altera o movimento. A Eletromiografia (EMG) tem
sido recentemente utilizado na fonoaudiologia, como auxiliar no diagnóstico e tratamento
dos distúrbios motores orais. Este exame, visa mensurar a atividade muscular, é um
método simples e objetivo que pode ser indicado para avaliar as funções faciais
comprometidas com a queimadura. Objetivo: Verificar os valores eletromiográficos em
indivíduo de 11 anos de idade, com retração cicatricial pós-queimadura em hemiface
direita e comparar com a hemiface esquerda não comprometida, visando analisar a
influência da cicatriz na atividade dos músculos orofaciais. Métodos: As funções faciais
foram avaliadas através da EMG. Os eletrodos foram afixados sobre a pele que recobre
os músculos elevadores do lábio superior e infraorbitários, bilateralmente, dispostos
longitudinalmente às fibras musculares. A atividade elétrica foi captada na região
zigomática durante a abertura de boca, protrusão labial e sorriso. Na região infraorbitária,
os potenciais eletromiográficos, foram capturados durante a abertura de boca.
Resultados: Os resultados da EMG mostraram uma hiperatividade na musculatura
orbitária do lado lesado, durante a abertura de boca, porém, a musculatura elevadora da
boca mostrou-se hipoativa durante os movimentos de protrusão labial e sorriso no lado
queimado. Conclusão: De acordo com os achados podemos concluir que, a retração
tecidual pode comprometer a atividade elétrica muscular, pois, durante os movimentos
onde a musculatura da região zigomática deveria estar mais ativa, o sorriso e o bico, esta
apresentou uma hipoatividade e quando a musculatura orbicular do olho deveria estar
hipoativa, esta mostrou-se hiperativa. Através do estudo desse caso comprovamos o que
cita a literatura “ a cicatriz provoca uma disfunção fisiológica nas estruturas musculares
orofaciais e isso determina as alterações nas funções do sistema estomatognático.”

480
Estimulação elétrica transcutânea em músculos mastigatórios em respiradores
orais: revisão de literatura

Roberta Borba Assis; Gerlane Karla Bezerra Oliveira Nascimento, Sandro Júnior de Lima,
Raissa Gomes Fonseca de Moura, Ana Carolina de Melo Cardoso, Luciana Angelo
Bezerra, Renata Andrade da Cunha, Daniele Andrade da Cunha, Hilton Justino da Silva

Introdução: Na tentativa de suprir a deficiência do fluxo de ar inspirado, o respirador oral


respira, predominantemente, pela boca, a partir de qualquer idade, seja por causas
mecânicas, orgânicas, funcionais e/ou ambientais. Clinicamente, os indivíduos que
realizam a respiração oral apresentam alterações craniofaciais, dentárias, corporais, do
tônus de toda musculatura orofacial, dos órgãos fonoarticulatórios e, principalmente, dos
músculos elevadores da mandíbula, apresentando-se flácidos, interferindo na execução
das funções estomatognáticas. A estimulação elétrica transcutânea promove contrações
musculares como complemento da atividade voluntária do músculo que esteja reduzida
ou alterada, através de estímulos elétricos sobre a pele. Tem indicação de uso, entre
outras, para analgesia, reeducação funcional e fortalecimento muscular. Objetivo:
Desenvolver uma revisão sistemática de estudos que estudasse a aplicabilidade da
estimulação elétrica transcutânea nos músculos mastigatórios em respiradores orais.
Métodos: Realizou-se uma busca sistemática nas bases de dados SciELO-Brasil, Lilacs,
Medline/PubMed e Web of Science por artigos originais que abordaram a aplicabilidade
da estimulação elétrica transcutânea nos músculos mastigatórios em respiradoras orais.
Foram excluídos os artigos de editoriais e estudo de casos, de revisão envolvendo
animais, onde a população estudada apresentavam patologias graves.. As palavras-
chaves utilizadas para a busca seguiram a descrição dos termos DeCS/MeSH, sendo
elas: Transcutaneous Electric Estimulation, Masticatory Muscles, Mouth Breathing. As
combinações entre essas palavras foram realizadas utilizando o operador booleano AND
sem restrição linguística. Resultados: Foram encontrados um total de 83 artigos
inicialmente selecionados pela busca eletrônica nas bases de dados, 74 foram excluídos.
Apesar de ser descritas na literatura, a cerca das alterações de tônus da musculatura
orofacial e a influência sobre a execução das funções estomatognáticas, não há
referência de trabalhos que utilizasse a estimulação elétrica transcutânea para trabalhar a
flacidez da musculatura mastigatória em respiradores orais. Os estudos incluídos
demonstraram grande aplicabilidade de estimulação elétrica transcutânea em indivíduos
com bruxismo e DTM para analgesia em músculos mastigatórios. Foi verificada grande
heterogeneidade entre os artigos selecionados. Os anos de publicação variam de 1988 à
2010 e 67%, foram publicados em periódicos Europeus. Os estudos fazem comparação
da estimulação elétrica transcutânea com outras técnicas para analgesia. Poucos estudos
fazem a comparação entre gêneros. Utilizam populações com características em comum
de sinais e sintomas de bruxismo e DTM, como também de normalidade. Referem que a
aplicabilidade da estimulação eletétrica transcutânea para analgesia em músculos
mastigatórios tem bons resultados, como técnica coadjuvante ou combinada. Conclusões:
Portanto, a aplicabilidade da estimulação elétrica transcutânea para trabalhar a flacidez
dos músculos mastigatórios em respiradores orais ainda precisa ser explorada, já que
esta população específica apresenta características próprias e bastante descritas na
literatura com relação a alteração do tônus da musculatura orofacial.

481
Estudo descritivo do perfil de recém nascidos atendidos pela equipe de
fonoaudiologia no método canguru

Manuela Leitão de Vasconcelos; Aline Morais Ferreira, Christini Braga Nóbrega Zenaide,
Larissa Kelly Braga Lira de Sá Barreto, Lilian Correia Rodrigues de Araújo

O aleitamento materno é considerado uma importante estratégia para promoção da saúde


da criança, visto que é a mais completa fonte de nutrição e auxilia no desenvolvimento em
geral. Em casos de recém-nascidos (RNs) prematuros e de baixo peso, esta estratégia é
ainda mais importante, pois para esse público são necessários atenção e cuidados ainda
mais rigorosos devido a sua imaturidade orgânica. Cientes da importância do aleitamento
materno para o desenvolvimento dessas crianças, a equipe multiprofissional deve
dispensar esforços para sensibilização das mães e da família. Atualmente, a equipe
responsável pela promoção do aleitamento materno conta também com o fonoaudiólogo,
atuando na adequação/adaptação dos reflexos orais e musculatura orofacial e,
consequentemente, fornecendo a esses RNs as condições necessárias para a
amamentação. Propomos como objetivo principal desta pesquisa identificar o perfil dos
recém-nascidos assistidos pela equipe de fonoaudiologia na II Etapa do Método Canguru
em Maternidade Pública do Município de João Pessoa. A pesquisa caracteriza-se como
quantitativa e os dados foram coletados por meio de análise de ficha de cadastro do
serviço de Fonoaudiologia do referido setor. Estes dados foram descritos e discutidos com
base na literatura acerca do atuação fonoaudiológica em recém nascidos. Os dados
coletados nos mostram que: a maioria dos RNs atendidos no método são prematuros,
entretanto alguns RNs a termo foram atendidos por apresentarem baixo peso (Pequenos
para Idade Gestacional); com intervenção fonoaudiológica, alguns RNs conseguem
alimentar-se exclusivamente em seio materno antes mesmo de completarem 34s; e que
foram utilizados desde massagens para o desenvolvimento dos reflexos orais e órgãos
fonoarticulatórios até translactação e orientação para amamentação adequada. Estes
resultados nos mostram que a equipe de fonoaudiologia está inserida de forma eficaz na
promoção do aleitamento materno, e que esta intervenção tem trazido benefícios a esta
população, visto que os mesmos têm conseguido iniciar aleitamento materno antes de
completarem 34 semanas, o que auxilia o desenvolvimento sistêmico do bebê.

482
Evolución de la deglución en un grupo de niños chilenos de 9 a 11 años

Maria Angelica Fernandez; Valentina Martinez, Pia Villanueva, Daniela Rojas

Introducción: El desarrollo normal de la deglución involucra la evolución del patrón de


deglución infantil a un patrón de deglución adulta, modificando sus características
específicas. Sin embargo, aún no existe consenso en relación a la edad en la cual ocurre
el cambio del patrón de deglución. En estudios previos hemos detectado la presencia de
patrón típico de deglución en alrededor de un 25% en niños de 2 a 5 años y cercano al
50% en niños entre 6 y 8 años. La evolución de la deglución es de suma importancia para
el desarrollo normal del sistema estomatognático, siendo prioritaria la detección oportuna
de posibles alteraciones. Objetivos: Describir os patrones de deglución en un grupo de
niños chilenos de 9 a 11 años de edad. Método: Previo consentimiento informado, se
aplicó un cuestionario a los padres de 52 menores respecto a la historia médica y
odontológica de los niños, junto con hábitos de limpieza oral y alimentación. En los
menores estudiados se realizó una evaluación de estructuras y funciones orofaciales.
Resultados: La deglución fue encontrada normal, en la observación de deglución de
saliva, para los rangos etáreos de 9.0-9.11, 10.0-10.11, 11.0-11.11 años en un porcentaje
respectivamente de 64,2%, 52,6% y 78,9%. Considerando la totalidad de la muestra en
iguales condiciones, la normalidad fue encontrada en un 64,1%. Conclusiones: Todos los
grupos etáreos estudiados presentaron una alta frecuencia de patrón deglutorio típico. Al
contrastar resultados de investigaciones previas, la presencia del patrón de deglución
típica aumenta de acuerdo a la edad cronológica.

483
Experiência do ouvinte na análise da inteligibilidade de fala após palatoplastia
primária.

Mariana Lopes Andreoli; Ana Paula Fukushiro, Renata Paciello Yamashita

Introdução: As fissuras labiopalatinas são malformações congênitas comuns entre as que


atingem a face humana. Seu tratamento cirúrgico tem por objetivo restabelecer as
condições anatomofuncionais das estruturas envolvidas, a fim de se prevenir e atenuar
alterações, dentre elas os distúrbios de fala. A palatoplastia, em particular, visa a
reconstrução do defeito morfológico do palato duro e mole e, funcionalmente, tem o
objetivo de proporcionar condições para que o véu palatino auxilie o mecanismo
velofaríngeo na separação das cavidades oral e nasal durante as funções orofaciais,
como a fala, a deglutição e o sopro. Dentre os sinais e sintomas de fala mais frequentes,
destacam-se a hipernasalidade, a emissão de ar nasal, a fraca pressão aérea intraoral e
as articulações compensatórias. Tais manifestações influenciam diretamente a
inteligibilidade de fala, podendo comprometer a compreensão da mensagem produzida
pelo falante, dificultando sua comunicação oral e interferindo na sua integração
psicossocial. Objetivos: Verificar os resultados de inteligibilidade de fala de sujeitos
submetidos à palatoplastia primária, sem outras cirurgias secundárias, a partir do
julgamento perceptivo de três diferentes avaliadores: um fonoaudiólogo experiente na
área da fissura palatina, um fonoaudiólogo não experiente na área da fissura palatina e
um profissional de outra área, não atuante na área da saúde. Método: Foram analisadas
as amostras de fala registradas em sistema audiovisual de 78 pacientes submetidos à
palatoplastia primária realizada aos 12 meses de idade, em média, sem outros
procedimentos cirúrgicos subsequentes. Na avaliação perceptiva da fala foi considerado
para análise o aspecto inteligibilidade da fala, classificada durante a conversa
espontânea, utilizando-se uma escala de 3 pontos (1= boa, 2= regular, 3= ruim). Os três
avaliadores foram solicitados a analisar as amostras individualmente, em ambiente
silencioso e fazendo uso de fone de ouvido. A concordância entre os juízes na avaliação
da inteligibilidade foi verificada por meio do coeficiente de Kappa. O sucesso cirúrgico foi,
ainda, analisado descritivamente quanto às proporções de pacientes de acordo com o
grau de inteligibilidade pós-operatória, de acordo com a média dos resultados dos três
avaliadores. Resultados: O grau de concordância entre o fonoaudiólogo experiente e o
não experiente foi substancial (Kappa=0,66). A concordância entre o fonoaudiólogo não
experiente e o leigo e entre o fonoaudiólogo experiente e o leigo (0,46) foi moderada
(Kappa=0,54 e 0,46, respectivamente). As proporções de casos classificados como boa
inteligibilidade foram de 74%, 81% e 79%, respectivamente, para o fonoaudiólogo
experiente, fonoaudiólogo não experiente e o leigo. Com base nos valores médios dos
julgamentos dos três avaliadores, analisou-se o resultado da palatoplastia primária. Em
81% dos casos (63/78) observou-se boa inteligibilidade de fala; em 12% (9/78),
inteligibilidade regular e em 8% (6/78), inteligibilidade ruim. CONCLUSÃO: A palatoplastia
mostrou-se efetiva na adequação da inteligibilidade de fala na maioria dos casos
estudados. A experiência do avaliador foi um fator importante na avaliação dos
resultados, indicando que o avaliador experiente apresenta maior rigor em suas análises,
o que favorece o diagnóstico preciso das alterações de fala. Ressalta-se, assim, a
importância do treinamento e experiência prévia na avaliação e tratamento das fissuras
labiopalatinas.

484
Fissura labiopalatina: o que tem sido pesquisado na fonoaudiologia brasileira -
revisão de literatura

Camila Queiroz de Moraes Silveira Di Ninno; Ana Teresa Brandão de Oliveira e Britto,
Carola Castro Tolentino

Introdução: Indivíduos com fissura labiopalatina podem apresentar dificuldades


alimentares e alterações na comunicação, como perda auditiva, atraso de linguagem, fala
com inteligibilidade comprometida pela presença de compensações articulatórias e
hipernasalidade e disfonia. Desta forma, a presença de um fonoaudiólogo na equipe
profissional que atende pacientes com fissura labiopalatina é imprescindível. Objetivo:
Investigar as pesquisas que estão sendo realizadas no Brasil, por fonoaudiólogos, em
relação às fissuras labiopalatinas. Métodos: Este estudo foi realizado a partir dos anais
dos Congressos Brasileiros de Fonoaudiologia organizados pela Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia entre os anos de 2002 e 2011. A busca foi realizada a partir dos
descritores “fissura” e “fenda”. Após a leitura dos resumos, selecionaram-se todos que
abordavam efetivamente pesquisas na área da fissura labiopalatina. Resultados: No
período investigado foram apresentados 169 trabalhos envolvendo a fissura labiopalatina,
com uma média de 17 trabalhos/ano. O ano de 2007, com 23 (13,61%) trabalhos, foi o
ano com maior número de trabalhos. A maioria foi apresentada na área da Motricidade
Orofacial (63,31%), envolvendo em especial os aspectos alimentares e de fala, seguida
pela área de Linguagem (13,02%), Audiologia (9,47%), Saúde Coletiva (8,28%) e Voz
(5,92%). Quanto ao tipo de pesquisa, a grande maioria dos trabalhos tratava de coleta de
dados (71,01%), seguida por relatos de caso (24,26%) e por estudos de revisão de
literatura (4,73%). A maioria das pesquisas envolveu aspectos de avaliação e/ou
diagnóstico (65,09%), seguidos por levantamento de dados epidemiológicos (12,43%) e
terapia e/ou tratamento (11,24%). A maioria dos estudos foi conduzida por pesquisadores
do estado de São Paulo (52,07%), seguido por Minas Gerais (26,63%) e Santa Catarina
(4,14%). As instituições de origem da maior parte dos estudos foram a Universidade de
São Paulo (39,64%), Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (18,93%) e
Universidade Federal de São Paulo (5,92%). Conclusões: Entre os anos de 2002 e 2011
foram apresentados uma média de 17 trabalhos por ano sobre fissura labiopalatina, em
especial na área de Motricidade Orofacial, envolvendo coleta de dados e aspectos de
avaliação e/ou diagnóstico. A maioria dos estudos foi conduzida por pesquisadores de
São Paulo, principalmente da Universidade de São Paulo.

485
Fonética en pacientes con aparatos ortodóncicos fijos linguales individualizados
(incognito ®)

Pia Villanueva; Walesca Durrels, Eduardo Alvarez

Los pacientes adultos que consultan por tratamientos de ortodoncia, han aumentado la
demanda por aparatos ortodóncicos fijos estéticos, como los aparatos fijos linguales. La
literatura señala que los aparatos linguales individualizados, producirían una menor
alteración funcional que aquellos estandarizados. Por lo que, diversos estudios, han
investigado los efectos que aparatos ortodóncicos intraorales, fijos o removibles, tienen
sobre el habla. El objetivo del presente estudio, fue determinar si existe una alteración en
el punto de articulación de fones, al instalar un aparato lingual fijo individualizado, en
pacientes que hablen español chileno y la adaptación a éstos, dentro del primer mes de
uso de los aparatos. La muestra consistió en 13 pacientes, entre 20 y 42 años de edad
(10 mujeres y 3 hombres). Fueron seleccionados por conveniencia según criterios de
inclusión y exclusión. Los criterios de inclusión establecidos fueron: sujetos sanos con
indicación de tratamiento de ortodoncia fija lingual individualizada, que hablen español
chileno como lengua materna. Se excluyeron sujetos que no cumplían con los criterios de
inclusión y que tuviesen alteración actual o historia pasada de desórdenes del habla o de
la audición. Las mediciones fueron realizadas por un examinador fonoaudiólogo
utilizando: Test de articulación a repetición (TAR) de Edith Schwalm y respaldadas
mediante video digital. Se realizó a todos los pacientes una evaluación previa a la
instalación de los aparatos ortodóncicos fijos linguales individualizados, para obtener la
línea base de cada paciente. Además se realizaron 6 exámenes por paciente, en los
siguientes tiempos: 1.- Inmediatamente después de la instalación del aparato ortodóncico
fijo lingual individualizado inferior. 2.- Transcurridas dos semanas de uso del aparato
ortodóncico fijo lingual individualizado inferior. 3.- Inmediatamente después de la
instalación del aparato ortodóncico fijo lingual individualizado superior, estando el aparato
inferior previamente instalado. 4.- Transcurridas 24 horas de la evaluación N 3. 5.-
Transcurridos 7 días desde la evaluación N3. 6.- Transcurrido un mes desde la evaluación
N3. Los datos obtenidos fueron tabulados en Excel. El análisis estadístico se realizó
utilizando el Software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Se realizó
estadística descriptiva, calculando porcentajes y categorizando la muestra según edad,
sexo y clase esqueletal. Se utilizó el Test de Fisher para determinar si los resultados
obtenidos presentaban diferencias estadísticamente significativas. Se observó que existen
modificaciones en el punto de articulación de fones consonánticos, en pacientes que
utilizan aparatos ortodóncicos fijos linguales individualizados, independiente que el
aparato inferior, sea instalado primero que el aparato superior. Los fones /n/, /s/, /r/, /rr/
fueron estadísticamente significativos. Los fones /r/, /rr/, no muestran una recuperación de
la modificación una vez cumplido el mes de uso. Los fones medios son los únicos
afectados significativamente en todos los momentos de examen. Existe una tendencia a la
resolución favorable de la modificación, desde el examen realizado inmediatamente
posterior a la instalación del aparato superior, hasta un mes de uso del mismo.

486
Força de mordida e disfunção temporomandibular em adultos jovens

Wellyda Cinthya Felix Gomes da Silva; Leandro de Araújo Pernambuco,


Renata Veiga Andersen Cavalcanti, Anne da Costa Alves, Marluce Nascimento de
Almeida, Jéssica Nazita Silva e Lima, Jussier Rodrigues da Silva

Introdução: a força de mordida exercida pelos músculos elevadores da mandíbula


compõe a função mastigatória e está relacionada com a integridade desta função. Esta
medida pode ser registrada por meio de um transdutor de força, contribuindo na atuação
clínica para o entendimento do que é normal e alterado no sistema estomatognático.
Estudos que mensurem a força de mordida na população jovem adulta com e sem
disfunção temporomandibular (DTM) ainda são escassos. Objetivo: Verificar a relação
entre força de mordida e disfunção temporomandibular em adultos jovens. Métodos:
Foram incluídos 27 adultos jovens, 20 (74,1%) mulheres e 7 (25,9%) homens com idades
entre 18 e 25 anos e (19,5±1,6) anos. Inicialmente, os voluntários responderam dois
instrumentos: Questionário Anamnésico de Sintomas de Disfunção Temporomandibular
(QASDT) composto por 10 perguntas e a Triagem para Disfunção Temporomandibular
recomendada pela Academia Americana de Dor Orofacial (TDTM) que possui 10
perguntas. Além disso, os participantes foram questionados se usavam aparelho
ortodôntico. As respostas do QASDT geraram o Índice Anamnésico de classificação da
DTM (IADTM), composto por 4 categorias: sem DTM, DTM leve, DTM moderada e DTM
severa. Para avaliação da força de mordida foi solicitado ao participante que posicionasse
a placa de mordida do dinamômetro de força mandibular da marca EMG System do
Brasil® entre os dentes molares superiores e inferiores e mordesse com máximo de força,
sem desconforto, por um período de 6 a 8 segundos. A placa de mordida foi envolvida por
luva de procedimento para garantir a biossegurança. A análise do sinal foi feita no
software do mesmo fabricante a partir do janelamento do período de mais estabilidade da
mordida, extraindo o valor de média em quilograma força (Kgf). A análise estatística dos
dados considerou os valores absolutos e relativos, além da média e desvio padrão. Foi
aplicado o teste não paramétrico de Mann-Whitney para analisar a diferença de médias
entre a força de mordida e os grupos formados pelo TDTM, IADTM e sexo. O trabalho foi
aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da instituição sob o
número CAAE 01996812.0.0000.5292. Resultados: a média da força de mordida da
amostra total foi 40,3 (±16,3) Kgf. No sexo feminino a média foi 36,4 (±16,2) Kgf e no
masculino 51,5 (±11,1). Em relação aos aspectos mais frequentes relatados no TDTM, 12
(44,4%) participantes referiram que usam e/ou usaram aparelho ortodôntico, 7 (25,9%)
sentem cefaleia, dores no pescoço e nos dentes com frequência, 6 (22,2%) percebem
ruídos na articulação temporomandibular (ATM) e 4 (14,8%) sentem dores nas
proximidades da ATM. Os participantes foram classificados em apenas duas categorias
do IADTM: 11 (40,7%) sem DTM e 16 (59,3%) com DTM leve. A média da força de
mordida no grupo sem DTM foi 39,9 (±13,4) Kgf e no grupo com DTM leve 40,6 (±18,4)
Kgf. Não houve relação estatisticamente significante entre força de mordida e os aspectos
da TDTM, ausência ou presença de DTM leve e sexo. Conclusão: nessa amostra não foi
encontrada relação estatisticamente significante entre força de mordida e DTM.

487
Força de mordida e o uso de aparelho ortodôntico em adolescentes

Kaliani Thaliny Xavier de Souza Patricio; Jussier Rodrigues da Silva, Renata Veiga
Andersen Cavalcanti, Leandro de Araújo Pernambuco

Introdução: A força de mordida exercida pelos músculos elevadores da mandíbula é um


componente ativo na função mastigatória e está relacionada com a integridade desta
função. Esta medida pode ser mensurada por meio de um transdutor de força,
contribuindo na atuação clínica para o entendimento do que é normal e alterado no
sistema estomatognático. Alguns estudos já vêm sendo realizados para mensurar a força
de mordida nos diversos ciclos da vida, mas publicações que busquem caracterizar essa
medida em adolescentes ainda são escassos. Objetivo: Caracterizar a força de mordida
em adolescentes e sua relação com o uso de aparelho ortodôntico. Métodos: Participaram
do estudo 71 adolescentes, sendo 23 (32,4%) do sexo feminino e 48 (67,6%) do
masculino, com idade entre 14 e 17 anos e média de 14,6 (±0,67). Foi solicitado a cada
participante que posicionasse a placa de mordida do dinamômetro de força mandibular da
marca EMG System do Brasil® entre os dentes molares superiores e inferiores, e
mordesse com máximo de força, sem desconforto, por um período de 6 a 8 segundos.
Como medida de biossegurança, a placa de mordida foi envolvida por luva de
procedimento. A análise do sinal foi feita no software do mesmo fabricante a partir do
janelamento do período de mais estabilidade da mordida, extraindo o valor de média em
quilograma força (Kgf). Os adolescentes foram subdivididos em dois grupos: não usam
aparelho ortodôntico (G1) com 53 participantes (74,6%) e usam aparelho ortodôntico (G2)
com 18 (25,4%). A análise estatística dos dados considerou os valores absolutos e
relativos, além da média e desvio padrão. Para verificar diferença entre grupos foi
aplicado o teste não paramétrico de Mann-Whitney. Foi considerado o nível de
significância de 5%. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres
Humanos da instituição sob o número CAAE 04205112.4.0000.5292. Resultados:
Observou se que a média geral da força de mordida dos adolescentes foi 41,2 (± 13,9)
Kgf. Participantes do sexo masculino apresentaram média igual a 41,7 (±14,1) Kgf e do
sexo feminino 40,1 (±13,6) Kgf. Para o G1 a média foi 42,9 (± 14,2) Kgf e para o G2 foi
36,3 (±12,0) Kgf. Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre a força
de mordida e as variáveis sexo e uso de aparelho. Conclusão: Foi possível caracterizar a
força de mordida em adolescentes. Nessa amostra não houve influência do sexo e do uso
de aparelho ortodôntico nos valores de força de mordida.

488
Frequência de hábitos orais deletérios em crianças de um a cinco anos na creche

Mônyka Ferreira Borges; Jéssica Nazita Silva e Lima, Karinna Veríssimo Meira Taveira,
Renata Veiga Andersen Cavalcanti

Introdução: Hábitos orais deletérios são padrões de contrações musculares aprendidos


que comprometem o equilíbrio neuromuscular orofacial do indivíduo decorrente da sua
repetição, que se torna inconsciente, passando a fazer parte da personalidade do mesmo.
Amamentação artificial, sucção não nutritiva de chupeta e/ou dedo por tempo prolongado,
onicofagia, respiração oral e deglutição atípica são alguns dos mais comuns hábitos orais
deletérios e contribuem negativamente para o desenvolvimento do sistema
estomatognático podendo gerar alterações dento-alveolares e miofuncionais levando ao
comprometimento das funções estomatognáticas de mastigação, respiração, deglutição e
fala. Objetivo: Caracterizar os hábitos orais deletérios em crianças de um a cinco anos.
Método: Trata-se de um estudo descritivo transversal, realizado no projeto de extensão “A
educação de saúde nas creches: uma integração fonoaudiológica e odontológica” entre
março e junho de 2013. A amostra constituiu-se de 34 crianças, 20 (58,8%) do sexo
masculino e 14 (41,1%) do sexo feminino, sendo 16 (47 %) crianças de 1 a 3 anos e 18
(53 %) de 3 a 5 anos. Utilizou-se como instrumento de coleta um questionário elaborado
pelos extensionistas do projeto, direcionado aos pais, para investigação de hábitos orais
deletérios em crianças, constituído de 4 questões sobre os hábitos de mamadeira,
chupeta, dedo e onicofagia. Foram distribuídos 87 questionários aos pais das crianças da
creche onde é realizado o projeto, e apenas 34 questionários foram devolvidos
respondidos. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva por meio das
frequências absolutas e percentuais. Resultados: Os resultados evidenciaram que dentre
as crianças de 1 a 3 anos: 12 (75%) fazem uso de mamadeira, 8 (50%) sugam ou
sugaram chupeta, 4 (25%) sugam ou sugaram o dedo e 1 (6,25%) possui o hábito roer as
unhas. Nas crianças entre 3 e 5 anos, evidenciou-se que 16 (88,8%) fazem uso de
mamadeira, 10 (55,5%) sugam ou já sugaram o dedo, 7 (38,8%) sugam ou já sugaram
chupeta, 5 (27,7%) possuem o hábito de roer as unhas. CONCLUSÃO: Percebeu-se que
o hábito de maior frequência em ambas as faixas etárias é a utilização de mamadeira,
seguida do hábito de sugar o dedo e/ou chupeta e a onicofagia. Dessa forma, ressalta-se
a necessidade de atividades de promoção e prevenção em saúde dentro das escolas e
creches, bem como junto aos pais e responsáveis, visando reduzir a frequência dos
hábitos orais deletérios.

489
Funções orofaciais e qualidade de vida em saúde oral em indivíduos com
deformidade dentofacial

Renata Resina Migliorucci; Manoel Henrique Salgado, Hugo Nary Filho,


Ana Carolina Bucci, Silmara Regina Pavani Sovinski, Dannyelle C. B. de O. Freitas
Passos, Dagma Venturini Marques Abramides, Giédre Berretin Felix

Introdução: Há interesse na literatura na busca da relação entre as funções orofacias


(FOF) e as condições do tecido mole, para caracterizar e compreender melhor os fatores
relacionados aos tipos de deformidade dentofacial (DDF) no que se refere às FOF, e
também os aspectos relacionados à qualidade de vida (QV). Objetivo: Verificar as funções
orofaciais, a qualidade de vida, como também a relação entre tais aspectos em indivíduos
com DDF. Métodos: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos da FOB-USP processo n° 049/2009. Participaram do estudo indivíduos
com idade entre 18 e 40 anos (média=27,22), foram distribuídos em três grupos Padrão I
(n=12), Padrão II (n=12) e Padrão III (n=12), sendo sete mulheres e cinco homens. As
FOF foram avaliadas a partir do protocolo MBGR com escores atribuídos no próprio
protocolo, quanto maior a pontuação, pior o desempenho, sendo: respiração (escores 0-
9), mastigação (escores 0-10), deglutição (escores 0-17) e fala (escores 0-11). Para a QV
foi aplicado o questionário Oral Health Impact Profile-OHIP-14, composto por 14 questões
que mensuram a percepção do indivíduo a respeito do impacto de suas condições orais
sobre o seu bem estar nos últimos meses, sendo a resposta máxima individual
representada por 56 pontos. Quanto maior os escores obtidos pior as FOF e a QV. As
comparações entre as FOF e os Padrões Faciais foram verificadas por meio do teste
Kruskal-Wallis e a correlação entre Padrão Facial e OHIP-14 através da Correlação de
Spearman, considerando nível de significância de 5%. Resultados: Os valores mínimo e
máximo, para a Respiração no Padrão I foram respectivamente 12 e 17 (=0,00±0,00),
Padrão II foram 1 e 3 (=1,66±0,77), Padrão III 0 e 3 (=0,83±0,57); para a Mastigação
Padrão I foram 0 e 3 (=0,75±0,96), Padrão II 0 e 3 (=1,75±1,13), Padrão III 1 e 3
(=1,91±0,99); para a Deglutição no Padrão I foram 0 e 7 (=2,25±2,17), Padrão II 7 e 17
(=11,58±3,53), Padrão III 5 e 15 (=8,83±2,75); para a Fala no Padrão I foram 0 e 3
(=0,33±0,88), Padrão II 1 e 12 (=5,83±3,56), Padrão III 0 e 4 (=1,5±1,62); para o OHIP-14
no Padrão I foram 0 e 6 (=1,08±1,92), Padrão II 1 e 31 (=16,65±10,68), Padrão III 2 e 40
(=17,67±10,71). As comparações entre as FOF e os Padrões Faciais foram significativas
(p<<0,005) para todas as funções, e para o OHIP-14. Verifica-se correlação linear
significativa (r=0,666; p<<0,05) entre FOF e OHIP-14, demonstrando que quanto pior as
FOF, pior também o OHIP-14. Conclusão: Indivíduos com Padrão II e III tiveram mais
alterações nas FOF e na QV, em relação ao Padrão I. Para as FOF, o Padrão II
apresentou mais alterações em relação ao Padrão III, principalmente na fala. O Padrão
Facial III apresentou maior impacto na QV, seguido do Padrão II e Padrão I, havendo
relação positiva entre FOF e QV, ou seja, quanto pior as FOF, pior a QV de indivíduos
com DDF.

490
Hábitos orais, mordida aberta anterior e fala: relato de casos

Daniele de Oliveira Brito; Iranilde Lima Medeiros, Lidiane Cristina Barraviera Rodrigues,
Ana Karolina Zampronio Bassi, Tames Cristina Oliveira Lima

Introdução: A mordida aberta anterior é frequente na dentição decídua e mista, porém


quando não tratada adequadamente pode se prolongar para a dentição permanente.
Sabe-se que esta mordida está frequentemente relacionada a alteração denominada
ceceio anterior, que é definido como alteração na pronúncia dos fonemas /s/, /z/,
decorrente da projeção da língua entre os incisivos superiores e inferiores anterior, e
projeção lingual anterior na emissão dos fones linguoalveolares /t/, /d/, /n/, /l/, /r/. Pode ser
visto que os hábitos orais, mordida aberta anterior estão estreitamente relacionados.
Objetivo: relacionar hábitos orais, mordida aberta anterior e suas implicações na fala de
casos em tratamento ortodôntico. Métodos: Foram analisados dez casos com idades
entre 18 e 36 anos, sendo seis do gênero feminino e quatro do gênero masculino. Foi
considerado como critérios de inclusão apresentar mordida aberta anterior, dentição
permanente e tempo de máximo de realização do tratamento ortodôntico de 12 meses.
Foi aplicado um questionário investigatório sobre hábitos orais, abrangendo o tempo,
frequência e intensidade dos hábitos. Em seguida foram aplicadas a prova de fala do
protocolo MBGR. Resultados: Foi encontrado presença de hábito oral em todos os
indivíduos. Na avaliação da fala houve distorção nos fonemas /s/, /z/, interposição de
língua durante a emissão dos fonemas /l/, /n/, /t/, /d/ /r/ em 70% dos casos. Conclusão:
verificou-se que há uma estreita relação entre presença de hábitos orais nos casos de
mordida aberta anterior e alteração na fala,que foi encontrada em 70 % dos casos
estudados.

491
Identificação de um caso de síndrome velocardiofacial por meio de triagem
fonoaudiológica em ambiente hospitalar

Daniela Regina Molini-Avejonas; Joyce Pinheiro, Silmara Rondon

Introdução: A Síndrome Velocardiofacial (SVCF) ocorre por uma deleção 22q112,


caracterizada por alterações cardíacas, faciais, imunológicas e de crescimento,
hipocalcemia, desordens da aprendizagem, distúrbios da personalidade, fissura palatina
(visível, submucosa ou oculta), insuficiência velofaríngea e disfagia. Há poucos estudos
disponíveis na literatura referentes às alterações fonoaudiológicas na SVCF. Objetivo:
Descrever alterações fonoaudiológicas em um caso de SVCF, identificadas a partir de
triagem fonoaudiológica em ambiente hospitalar. Métodos: Utilizou-se o Termo de
Consentimento para autorização do uso dos dados para pesquisa. Aplicou-se protocolo
de triagem fonoaudiológica específico da instituição, sendo investigados: idade; gênero;
raça; escolaridade; profissão; idiomas; condição geral de saúde; identificação,
escolaridade, idade e profissão dos pais; renda familiar. O protocolo contém questões
referentes à audiologia, fluência, fonologia, motricidade orofacial, pragmática, voz,
vocabulário e interação comunicativa, cujas respostas são “sim”, “não” ou “às vezes”.
Resultados: Neste estudo foi investigado o caso de um sujeito do gênero masculino, 2
anos e 6 meses de idade, pardo, falante do Português Brasileiro, não frequenta escola,
com diagnósticos de Síndrome genética (em investigação), Fissura Palatina, Atraso no
Desenvolvimento Neuropsicomotor, Cardiopatia e Acidose Metabólica. Responsável
referiu recusa para alimentos em pequenos pedaços (ingere somente pastoso). A partir da
triagem fonoaudiológica foram identificadas as seguintes alterações: condição geral de
saúde e saúde odontológica regular (alterações endocrinológicas e cardíacas; ausência
de alguns dentes); condição de saúde mental ruim (sujeito apresenta comportamento que
o impede de realizar algumas atividades); antecedentes genéticos (tio paterno apresenta
atraso cognitivo, fissura palatina e dificuldades de fala); face típica de SVCF; uso de
chupeta e mamadeira; recusa alimentar; dificuldades na mastigação; comunicação
gestual e vocal; alterações na expressão e compreensão de linguagem. Com isto, definiu-
se hipóteses diagnósticas de Disfagia e Alterações na aquisição e desenvolvimento de
linguagem (ADL) associadas ao quadro sindrômico. Também, com base nas alterações
fonoaudiológicas, características gerais do paciente e na literatura disponível, foi possível
inferir a hipótese de que a síndrome investigada nesse caso seja a SVCF. Discussão:
Indivíduos com SVCF apresentam alterações de fala, linguagem, motricidade orofacial,
além de alterações de ressonância decorrente da fissura palatina. Cabe ao fonoaudiólogo
identificar fatores de risco para o desenvolvimento dessas alterações e realizar a
reabilitação. Neste estudo a triagem fonoaudiológica foi o instrumento que permitiu
identificar características e alterações que poderão auxiliar no diagnóstico médico da
SVCF. Com base nas alterações encontradas foram realizados os devidos
encaminhamentos. Inerente à confirmação da síndrome, a intervenção fonoaudiológica
corroborará para melhora do prognóstico destes indivíduos. Conclusão: Através da
realização da triagem fonoaudiológica foi possível identificar fatores de risco para disfagia
e ADL associados á síndrome genética e inferir qual síndrome genética o paciente pode
apresentar (SVCF), deverá ser confirmado através de exames genéticos. Evidencia-se a
importância da realização de triagem fonoaudiológica em ambiente hospitalar de forma
precisa e adequada, viabilizando a realização de hipóteses diagnósticas e condutas
assertivas.

492
Importância do trabalho fonoaudiológico na equipe multidisciplinar no ambulatório
de radioterapia

Gabriela Decol Mendonça; Lisiane Lieberknecht Siqueira, Emille Dalbem Paim, Ana Clara
de Oliveira Varella

O Brasil é um dos países com maior índice de pessoas acometidas pelo câncer. Sendo
que o tratamento pode envolver procedimentos cirúrgicos, radioterapia sendo este único
ou em conjunto com quimioterapia. O tratamento radioterápico tem mostrado resultados
importantes no controle desta doença. Estudos apontam um aumento da sobrevida após
o tratamento, o que justifica a intervenção da equipe multidisciplinar afim de uma
reabilitação precoce. Para este estudo foram selecionadas e analisadas 46 triagens
fonoaudiológicas de pacientes acometidos por câncer de faringe, língua, laringe, cerebral
e esôfago, do ambulatório multidisciplinar de radioterapia, sendo este iniciado neste ano
de 2013. Conforme análise pode-se identificar que 100% pacientes apresentaram
alterações fonoaudiológicas, sejam elas, disfagia, alteração vocal, auditiva e/ou
articulatória, como as informações foram baseadas em entrevistas, segundo um mesmo
protocolo de screening, não foram incluídos dados das avaliações realizadas após as
entrevistas. Dos pacientes com câncer de faringe e laringe, 100% apresentaram disfagia,
enquanto 66,6% dos pacientes com câncer de língua, cerebral e esôfago apresentaram
distúrbio de deglutição. Quanto a alteração vocal, os valores variaram de 33,3% a 100%,
sendo este pós câncer de laringe. Quanto as queixas de alteração auditiva, os valores
variaram de 0% a 66,6% dos pacientes, sendo a maioria acometidos por câncer de
laringe. Quanto as alterações articulatórias, 44,4% a 83,3%, sendo a maioria acometidos
por CA de laringe. Assim conclui-se que, todos os pacientes triados, referiram ou
apresentaram alterações fonoaudiológicas, sejam elas do sistema sensório motor oral
envolvendo queixas de deglutição, fala ou voz, até mesmo alterações auditivas referidas
após radioterapia, demonstrando assim a importância do profissional de fonoaudiologia na
equipe multidisciplinar no ambulatório de radioterapia.

493
Intervenção fonoaudiológica em obesos grau iii com persistência de vômito após
cirurgia bariátrica

Ana Teresa Brandão de Oliveira e Britto; Débora Cardoso Rossi, Camila Alves Vieira,
Florence Nunes Brandão, Joana Batista de Ávila Pires, Galzuinda Maria Figueiredo Reis

Introdução: A Organização Mundial de Saúde estima que há 1,1 bilhão de pessoas com
sobrepeso no mundo e que esse número subirá para 1,5 bilhão em 2015. O sobrepeso, a
obesidade e a obesidade grau III estão cada vez mais frequentes na população e podem
ser considerados como um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo.
Inúmeros pacientes obesos, que se submeteram à cirurgia bariátrica, relatam persistência
de vômitos na re-introdução de alimentação sólida. A obesidade, principalmente a de grau
III, no que tange ao período após a cirurgia bariátrica, causa modificações anatômicas e
funcionais gastrointestinais o que sugere a necessidade de adequação da mastigação e
ingestão dos alimentos. Objetivo: avaliar a motricidade miofuncional orofacial antes e
após intervenção fonoaudiológica de sujeitos obesos grau III que apresentavam
persistência de vômito após cirurgia bariátrica e liberação de dieta sólida. Método: a
amostra foi composta por 11 pacientes voluntários de um Centro de Especialidades de um
hospital do Sistema Único de Saúde, que haviam se submetido a cirurgia bariátrica.
Foram avaliados os aspectos miofuncionais orofaciais e testada a mastigação e
deglutição com alimentos de consistência sólida (pão de queijo fresco), pastosa
engrossada (yogurte), líquida (água) antes e após a intervenção fonoaudiológica da
mastigação e da deglutição. Os sujeitos do estudo foram reavaliados com 15 e 30 dias
após a orientação fonoaudiológica com foco na mastigação e deglutição, a fim de
acompanhar a possível mudança de comportamento em relação à essas funções
estomatognáticas. Foi realizada análise descritiva dos dados por meio do programa SPSS
versão 20.0. Resultados: o tempo de pós operatório dos sujeitos do estudo variou de 1 a
24 meses. Em relação aos aspectos alimentares de preferência, 81,8% dos sujeitos
relatou preferência por alimentos pastosos, 18,2% por líquidos e 9,1% por alimentos
sólidos. Todos os sujeitos relataram dificuldade com alimentos de consistência sólida. Em
relação ao teste com alimentos, 90,9% apresentaram mastigação alterada e 100%
apresentaram deglutição alterada. A mastigação de 72,7% dos sujeitos era unilateral
direita; 63,6% realizavam mastigação com lábios ocluídos e com movimentos rotatórios
de mandíbula; em 54,4% o ritmo mastigatório era lento. 27,3% apresentaram mastigação
unilateral esquerda e ausência de oclusão labial; estes também apresentaram mastigação
com participação exagerada da musculatura peri-oral, movimento vertical de mandíbula,
acompanhado de ritmo rápido. A deglutição de 72,7% ocorreu com protrusão anterior de
língua, 63,6% com participação exagerada da musculatura perioral, 36,4% acompanhada
de projeção da cabeça e em 18,2% a deglutição foi ruidosa. Após um mês de intervenção
fonoaudiológica houve mudança de 100% dos sujeitos em relação à mastigação e à
deglutição. Do total de sujeitos, 72,7% relataram desaparecimento dos vômitos e 27,3%
diminuição de sua frequência. Nos sujeitos em que o vômito não cessou, foram
observadas falhas dentárias em pré molares e molares, fator que impedia a adequação
mastigatória. Conclusão: O estudo evidenciou a importância da intervenção
fonoaudiológica na mastigação e deglutição de sujeitos com sintoma de vômitos
persistentes, após cirurgia bariátrica.

494
Intervenção fonoaudiológica na síndrome de angelman

Andrea Wander Bonamigo; Bruna Campos De Cesaro, Josiane Britto

Introdução: A Síndrome de Angelman (SA) caracteriza-se por uma anomalia no espaço


entre a banda 11 e 13 do braço “q”, cromossomo 15. A incidência da SA é desconhecida,
considerada entre 1/20000 a 1/12000 nascimentos. Objetivo: Relatar o caso clínico de
uma paciente portadora da SA em atendimento fonoaudiológico. Metodologia: Participou
do estudo uma paciente, sexo feminino, 10 anos, diagnóstico clínico de SA. Resultados:
Paciente, diagnosticada portadora da SA, foi submentida a anamnese fonoaudiológica,
para caracterização da principal queixa: ausência de intenção comunicativa e dificuldade
em aceitar o toque. Foram abordados dados de seu desenvolvimento desde o período
gestacional, informações sobre características orofaciais, comunicativas, auditivas,
cognitivas, sociais e escolar. Ao exame clínico foi constatada dificuldade em manter a
atenção em atividade, pessoa ou objeto. As habilidades de linguagem oral como
fonologia, sintaxe, fala, voz, fluência e articulação, não foram avaliados devido à ausência
de oralidade. A avaliação da Motricidade Orofacial foi realizada por meio de avaliação
passiva, devido à falta de compreensão da paciente. A avaliação foi realizada por meio da
avaliação visual, seguidas de inspeção oral. Apresentou como características o lábio
superior e inferior aumentados, respiração oral, simetria de língua, palato duro e palato
mole, presença de diastemas, nenhuma alteração gengival. Observou-se escape extraoral
de saliva, má-oclusão dentária e hipersensibilidade ao toque. As condições de higiene
bucal insatisfatórias, apresentando halitose e estase de alimento. A mãe da paciente
relata dificuldade para realizar escovação dentária, devido à hipersensibilidade ao toque.
Na SA o trabalho fonoaudiológico prioriza além da adequação da motricidade
oromiofuncional, o desenvolvimento da comunicação seja ela verbal ou não. Os objetivos
da intervenção fonoaudiológica foram: estimular a intenção comunicativa, introduzir a CA
e adaptação ao toque. Foi utilizado o Picture Communication Symbols System (PCS) para
tentativa de introdução de CA, o PCS foi selecionado por apresentar símbolos que se
relacionam com objetos reais, compreensão e visualização de forma simples. Quanto a
adaptação ao toque foram utilizados exercícios de estimulação orofacial, através do
massageador, estímulos com diferentes texturas, intra e extra oral e escovação dentária.
Conclusão: O paciente apresenta as características esperadas da SA, apresentando
padrões comportamentais, comunicativos e físicos deste transtorno invasivo. Pacientes
com SA podem conseguir um vocabulário de 2 a 5 palavras, mas impossibilidade de
comunicação. Durante este período de tratamento foi possível observar resultados
satisfatórios parciais, dentro de um curto período de atendimento, atendimento semanal,
com duração de 40 minutos, totalizando 10 horas de atendimento. Paciente apresentou
interação com música, batendo palmas, fixando olhar e apresentando vocalizações. A
terapia voltada para manuseios e estímulos com ênfase na estimulação tátil, visual e
proprioceptiva permitiu aquisição do vínculo, melhorou sua comunicação principalmente
através do olhar e de vocalizações, aceitação do toque, resposta física a comandos
verbais e manipulação facial pelo terapeuta, a paciente começou a levar a mão do
paciente ao que buscava. Sugerem-se mais estudos abordando a síndrome, suas
limitações e possibilidades de evolução do paciente.

495
Julgamento perceptivo-auditivo das oclusivas velares associadas à fissura
labiopalatina por alunos de graduação em fonoaudiologia

Mayalle Rocha Bonfim Jurado; Tayrine Souza Marques Borges, Viviane Cristina de Castro
Marino, Aveliny Mantovan Lima-Gregio, Jeniffer de Cássia Rillo Dutka-Souza

Introdução: As articulações compensatórias (AC) são consideradas desvios na produção


dos sons que podem se estabelecer no início da aquisição fonológica em crianças com
fissura labiopalatina (FLP). As AC alteram o ponto articulatório, já que são produzidas em
regiões do trato vocal posterior à velofaringe. Em geral, as consoantes obstruintes são
acometidas, uma vez que estas consoantes requerem maior quantidade de pressão
intraoral. Os fonoaudiólogos que atuam com crianças com FP devem ser capazes de
identificar a produção das AC, a fim de estabelecer o planejamento terapêutico
apropriado. A avaliação perceptivo-auditiva é o instrumento essencial para a identificação
das AC. Objetivos: Verificar a concordância entre os julgamentos de fonoaudiólogos
(padrão ouro) e os julgamentos de alunos de graduação (inexperientes), no que se refere
à produção de oclusivas velares, antes e após fonoterapia, em contextos fonéticos
distintos. Metodologia: Três fonoaudiólogos com experiência na avaliação da fala de
crianças com FP (padrão ouro) julgaram as amostras de fala obtidas de duas crianças,
uma com FP operada (nas condições antes e após fonoterapia) e uma sem fissura
(condição controle), ambas com 5 anos. As amostras foram constituídas de seis palavras
que combinavam as oclusivas velares com as vogais /i/, /a/, /u/, em posição tônica,
inseridas em frase veículo. Os fonoaudiólogos foram instruídos a identificar a
presença/ausência das oclusivas velares ou a presença de AC. Após chegarem a um
consenso, o julgamento final (padrão ouro) dos fonoaudiólogos foi registrado. Três alunos
do segundo ano do curso de graduação em Fonoaudiologia, antes de serem expostos ao
conteúdo teórico e prático sobre as alterações de fala associadas à fissura labiopalatina,
julgaram individualmente as mesmas amostras de fala, seguindo a mesma instrução
fornecida aos fonoaudiólogos. Seus julgamentos foram comparados com o padrão ouro e
analisados utilizando coeficiente Kappa. Resultados: Houve concordância perfeita
(presença de oclusiva velar/fala típica) entre os julgamentos do padrão ouro
(fonoaudiólogos) e dos estudantes para todas as amostras da condição controle e para a
maioria das amostras (94%) da condição pós-fonoterapia. Em relação à condição pré-
terapia, no geral, houve concordância discreta entre julgamentos do padrão ouro e de dois
juízes estudantes (Kappa=21,2%; 21,6%) e concordância pobre entre julgamentos do
padrão ouro e um juíz estudante (Kappa=4,1%). Particularmente, para as amostras
envolvendo /k/ e /g/ diante da vogal /a/, houve concordância perfeita (como omissão)
entre os julgamentos do padrão ouro e de dois estudantes. Já para as amostras
envolvendo /k/ e /g/ diante das vogais altas /i/ e /u/, a concordância entre o padrão ouro e
os juízes estudantes variou entre pobre e moderada (Kappa= 11% e 44,8%,
respectivamente), com tendência de serem julgadas como AC pelo padrão ouro e
omissão pelos juízes estudantes. Conclusão: Os julgamentos perceptivos podem ser
influenciados por vários fatores, tais como experiência dos juízes, condição terapêutica e
o contexto fonético selecionado nas amostras.

496
Levantamento bibliográfico das características da disartria de neurônio motor
superior unilateral no acidente vascular cerebral

Sandy Maira Almeida de Andrade; Mariana Pinheiro Brendim, Lauanda Barbosa dos
Santos, Carolina Ribeiro Neves, Priscila Moreira da Silveira, Yonatta Salarini Vieira
Carvalho, Charles Henrique Dias Marques

Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) caracteriza-se pela interrupção do fluxo


sanguíneo pela obstrução ou ruptura de um vaso intracraniano. De acordo com o
Ministério da Saúde, o AVC é a quarta maior taxa de mortalidade entre os países da
América latina e Caribe. Os sobreviventes tem como consequências sequelas
neurológicas, que podem incluir transtornos de linguagem e motores da fala, dentre estes
a disartria. Objetivo: Visto que a disartria tem ocorrência em aproximadamente 50 % dos
casos de AVC. O objetivo deste trabalho consiste em levantamento bibliográfico descritivo
das características da disartria de neurônio motor superior unilateral. Metodologia: Foram
pesquisados artigos científicos nas bases: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e
Scopus. Em todas foram utilizados os descritores dysarthria e stroke. Na base BVS foram
pesquisados também em português os descritores disartria e acidente vascular cerebral.
Além disso, as referências dos artigos incluídos foram consultadas em busca de novos
trabalhos que pudessem ser relevantes ao estudo. Resultados: Até o momento, foram
revisados 26 artigos, sendo que desses, 12 foram incluídos na amostra e 14 foram
excluídos por não corresponderem à finalidade da pesquisa. Deste grupo, 46 %
apresentaram semelhança em relação ao assunto principal da pesquisa, sendo esta a de
levantar as características das disartria de neurônio motor superior unilateral dispostas na
literatura, assim como expor pontos de divergência entre os autores. Com base neste
levantamento, os aspectos em que os autores concordam entre si, foram: imprecisão
articulatória de consoantes (7 autores, 58% da amostra), lentidão (4 autores, 33 %) e voz
áspera (5 autores, 41% da amostra). As características que ressaltam pontos de
contradição com a literatura relacionam-se a função laríngea, onde 2 autores (16%)
defendem a hiperfunção laríngea e 2 autores (16%) a hipofunção laríngea. Conclusão: É
fundamental trabalhos com dados esclarecedores, principalmente a respeito da
terminologia descritiva. Sendo de extrema importância, o desenvolvimento de uma
padronização das avaliações que possam afastar qualquer subjetividade nos termos
favorecendo os levantamentos bibliográficos.

497
Levantamento bibliográfico das características e manifestações da disartria atáxica.

Mariana Ribeiro Lopes Neves; Karine Cristine Pereira Cortez, Glesan Vieira Gouvea,
Yonatta Salarini Vieira Carvalho, Mariana Pinheiro Brendim, Charles Henrique Dias
Marques

Introdução: A ataxia pode ser definida como um transtorno da atividade muscular


coordenada, relacionada a lesões no cerebelo e suas conexões (Brazis e cols 2001).
Lesões cerebelares e de seus efeitos indicam que o cerebelo regula a força, a velocidade,
a duração e a direção dos movimentos originados em outros sistemas motores. Na
presença de comprometimento dos mecanismos da fala associada ao quadro descrito,
configura-se a disartria atáxica. Descrita por Darley e cols (1969) a disartria pode ser
compreendida por alterações ocasionadas por distúrbios no controle muscular do
mecanismo da fala por lesão ou acometimento do sistema nervoso central ou periférico. O
disártrico pode apresentar alterações em bases motoras da fala como: respiração,
fonação, ressonância, articulação e na prosódia. Murdoch (2005) relatou que havendo
incoordenação na ação da musculatura de produção vocal, caracteriza-se disartria
atáxica. Segundo o mesmo autor, as características predominantes na disartria atáxica
são incoordenação nos aspectos articulatórios e prosódicos da fala, entretanto Brown e
cols (1970) afirmaram que a disartria atáxica é caracterizada por imprecisão articulatória,
excesso prosódico e insuficiência fonatória-prosódica. Diante deste breve histórico, este
trabalho pretende dar ênfase as diversas características e manifestações da disartria
atáxica descrita por diversos autores. Objetivo: Considerando a variação presente na
literatura em relação às manifestações e características da Disartria Atáxica, este estudo
objetiva pontuar essa problemática de forma a identificar as diferentes variações.
Metodologia: As bases de dados pesquisadas foram: Biblioteca Virtual em Saúde,
PubMed e ScienceDirect. Foram utilizados os descritores: “ataxic dysarthria” e “cerebelar
voice”. Foram selecionados para o levantamento bibliográfico artigos publicados
disponíveis em texto completo e capítulos de livros no período compreendido entre 1991 e
2013 que tratassem as características da “disartria” e “disartria atáxica” nos idiomas
português e inglês. Além disso, foram pesquisadas as referências dos trabalhos
selecionados, de forma que novos artigos pudessem ser incluídos.Resultados: Foram
revisados 23 textos. Todos os 23 (100%) foram incluídos na amostra sendo 10 em
português e 13 em inglês, por apresentarem semelhança com a finalidade da pesquisa -
identificação das características e variações descritas na literatura sobre disartria atáxica.
Com base neste levantamento, as características da disartria atáxica mais relatadas
foram: alteração de prosódia (21,73%, N=5); pobreza de inteligibilidade (21,73%, N=5),
tremor vocal (17,39%, N=4), alteração respiratória (13,04%, N=3), imprecisão consonantal
(13,04%, N=3), intervalos maiores (13,04%, N=3), redução da velocidade articulatória
(13,04%, N=3) e alteração de articulação (13,04%, N=3). Outras características descritas
não tiveram relevância (47,84%). Conclusão: No levantamento bibliográfico, apesar de
encontradas características comuns, há grande variação entre as manifestações da
disartria atáxica apresentadas pelos autores. Essas divergências manifestam-se
principalmente dentro dos diferentes graus de imprecisão articulatória e prosódia, e
dependem do território da lesão e do idioma. De acordo com os resultados preliminares
deste trabalho, sugere-se a necessidade de continuidade de novas pesquisas relacionada
a essa temática.

498
Levantamento bibliográfico das características e manifestações da disartria flácida.

Carolina Ribeiro Neves; Priscila Moreira da Silveira, Lauanda Barbosa dos Santos, Sandy
Maira Almeida de Andrade, Yonatta Salarini Vieira Carvalho, Mariana Pinheiro Brendim,
Charles Henrique Dias Marques

Introdução: As disartrias são desordens adquiridas da fala que tem como etiologia
afecções do sistema nervoso e caracterizam-se por comprometimento das bases motoras
(respiração, fonação, articulação, ressonância e prosódia). Embora exista grande
variedade de sistemas para classificação das disartrias, a mais difundida é a proposta por
Darley, Aronson e Brown (1969), no qual definem disartria como nome coletivo para grupo
de alterações resultantes de distúrbios no controle muscular do mecanismo da fala devido
a um dano no sistema nervoso central ou periférico. De acordo com esses autores, a
disartria pode ser: Flácida, por lesão localizada em neurônios motores inferiores ou nos
músculos do mecanismo da fala; Espástica, por lesão em território de neurônio motor
superior; Atáxica, por lesões cerebelares ou em suas conexões; Hipocinética, por lesões
em território extrapiramidal; Hipercinética, por lesões específicas em núcleos da base e
Mista. Segundo Murdoch (1998) as características que diferenciam a flácida de outros
tipos de disartria são decorrentes da especificidade dos nervos atingidos. Sendo assim,
ainda seria possível a descrição de subtipos dentro da disartria flácida. Esses subtipos
teriam características próprias, determinadas pelo nervo acometido. Considerando a
variação presente na literatura em relação às manifestações e características da Disartria
Flácida, este estudo objetiva pontuar essa problemática de forma a identificar as
diferentes características determinadas não somente pelo território, mas também pela
natureza da lesão. Objetivo: Levantamento bibliográfico sobre disartria flácida para
identificação das características e as variações da sua descrição na literatura.
Metodologia: As bases de dados pesquisadas foram: Biblioteca Virtual em Saúde,
PubMed e Scopus. Foi utilizado o descritor: “flaccid dysarthria” retirado do MeSH
(PubMed), e “disartria”, retirado do DeCS (BVS). Foram selecionados para o
levantamento bibliográfico artigos publicados disponíveis em texto completo e livros que
tratassem as características da “disartria” e “disartria flácida” nos idiomas português,
inglês e espanhol. Além disso, foram pesquisadas as referencias dos trabalhos
selecionados, de forma que novos artigos pudessem ser incluídos. Resultados: Foram
revisados 37 textos. Desses, 29 (78%) foram incluídos na amostra por apresentarem
semelhança com a finalidade da pesquisa - identificação das características e variações
descritas na literatura sobre Disartria Flácida - e 8 (22%) foram excluídos por não
corresponderem aos critérios. Com base neste levantamento, as características da
Disartria Flácida mais relatadas foram: hipernasalidade (59%,N=17); soprosidade (41%,
N=12), imprecisão de consoantes (34%, N=10), frases curtas (28%, N=8) monoloudness
(21%, N=6) e rouquidão (21%,N=6). Conclusão: No levantamento bibliográfico, apesar de
encontradas características comuns, há grande variação entre as manifestações da
disartria flácida apresentadas pelos autores. Essas divergências manifestam-se
principalmente dentro dos diferentes graus de imprecisão articulatória, hipernasalidade e
qualidade vocal, e dependem do território da lesão, do grau relativo à fraqueza resultante
do dano e também das características do idioma. De acordo com os resultados
preliminares deste trabalho, sugere-se a necessidade de continuidade de novas
pesquisas relacionada a essa temática.

499
Levantamento de protocolos de trauma de face em motricidade orofacial

Luana Priscila da Silva; Daniele Albuquerque Alves de Moura, José Elivelton da Silva,
Joice Maely Souza da Silva, Nathália Angelina Costa Gomes, Mariane Querido Gibson,
Daniele Andrade da Cunha

Introdução: O trauma é um problema sério e crescente em todo mundo. Segundo dados


da Organização Mundial de Saúde - OMS está entre as principais causas de morbidade e
mortalidade. O trauma de face acarreta muitas consequências ao Sistema
Estomatognático interferindo em suas funções, sendo então importante o
acompanhamento fonoaudiológico na área da Motricidade Orofacial. Para acompanhar
esses casos é necessário o uso de protocolos de avaliação e terapia, visando parâmetros
a serem seguidos e tratamento apropriado. Face ao exposto, este trabalho justifica-se em
virtude da atuação em trauma facial ser uma área de grande expansão da atuação
fonoaudiológica, que necessita de profissionais capacitados e que utilizem instrumentos
adequados. Objetivo: Identificar protocolos utilizados para avaliação e terapia em casos
de trauma de face. Método: Realizou-se revisão sistemática da literatura com busca nas
bases de dados SciELO–Brasil, Lilacs e Medline/Pubmed no período de fevereiro e junho
de 2013. A pesquisa contou com restrição de idioma para português. Não foram
considerados limite em relação ao período de publicação, sendo os artigos selecionados
posteriormente por critérios de inclusão e exclusão. Foram incluídos estudos referentes à
avaliação e terapia em trauma de face. Foram excluídos estudos de revisão, os não
condizentes com o objetivo do estudo, trabalhos não disponibilizados completamente nos
bancos de dados e estudos repetidos. As palavras-chave utilizadas para cruzamento
foram: Trauma de face, avaliação, terapia, protocolo, Motricidade orofacial, anamnese. A
palavra “Trauma de face” foi cruzada com cada uma das outras palavras-chave.
Resultados: foram encontrados 42 artigos. Apenas 4 (9,5%) apresentavam o uso de
protocolos de avaliação que envolvia a Motricidade Orofacial em trauma facial. Os demais
artigos 38 (90,5%) foram excluídos conforme critérios definidos. Dos quatro artigos
selecionados, o primeiro utilizou protocolo de avaliação miofuncional orofacial, o segundo
usou um protocolo geral que além dos dados relativos à Motricidade Orofacial coletaram-
se dados de identificação do paciente, no terceiro artigo a avaliação foi realizada com
base no proto¬colo de Chevalier para análise da mímica facial, e o quarto e último artigo
realizou avaliação fonoaudiológica seguindo protocolos específicos para trauma de face.
Quanto à existência de protocolos de terapia, só foi observado o uso em um dos artigos,
sendo este para terapia miofun¬cional orofacial, seguindo protocolo específico para
fraturas de côndilo unilaterais. Conclusão: observou-se a partir dos dados analisados que
a quantidade de artigos publicados na língua portuguesa sobre a temática é escassa, e
que na maioria dos artigos o protocolo utilizado é sempre dos mesmos autores que
pesquisam nesta área de atuação, mostrando a necessidade de publicação por parte dos
fonoaudiólogos especialistas em Motricidade Orofacial sobre a utilização de protocolos de
avaliação e terapia em casos de trauma de face. A aplicação de protocolos permite maior
acurácia no processo de avaliação e terapia, podendo ser utilizados em vários momentos
da intervenção visando comparação e otimização do processo da terapia fonoaudiológica.
A carência de protocolos específicos para traumas de face na área da Fonoaudiologia nos
convida à realização de pesquisas que auxiliem o estabelecimento de protocolos
específicos em Motricidade Orofacial.

500
Manifestações fonoaudiológicas em pacientes idosos com e sem prótese dentária

Taísa Giannecchini Souza Neiva; Mariana da Silva Segura

Introdução: Com o passar do tempo, os indivíduos vão sofrendo com a perda dos dentes
causada pelo envelhecimento ou pela má conservação dentária. Muitos são indicados
para o uso da prótese dentária, porém alguns indivíduos acabam sofrendo com a má
adaptação da prótese. A perda dentária prejudica o equilíbrio do sistema estomatognático,
ocasionando alterações no esqueleto facial, perda de osso alveolar e da resposta
neuromuscular. Há uma redução da eficiência funcional e uma debilidade nos
mecanismos de defesa, podendo ocorrer perda das reservas funcionais. O
envelhecimento causa mudanças específicas nas estruturas da boca, levando a
dificuldade na produção de saliva, problemas de gengiva e nos dentes, sendo estas
alterações importantes para execução das funções orais. Objetivo: Caracterizar as
manifestações fonoaudiológicas em pacientes idosos com prótese dentária há mais de
seis meses e em idosos que não usam prótese dentária. Método: Foram avaliados 50
indivíduos, sendo 25 indivíduos usuários de prótese dentária e 25 indivíduos sem prótese
dentária, com idade entre 60 a 85 anos. Os critérios de exclusão foram: pacientes com
alterações neurológicas, sintomatologia dolorosa da articulação temporomandibular ou
disfunção temporomandibular. Foi realizada uma sessão que teve a duração de 70
minutos, para a aplicação do protocolo MBGR. O projeto foi aceito pelo Comitê de Ética
do Hospital Universitário da USP sob o número 1160/11. Resultados: Após a análise
estatística com o teste Binomial Test, encontramos alguns valores estatisticamente
significantes, sendo o valor de significância estabelecido de 0,05% ou 95%. As
manifestações do sistema estomatognático mais comuns que acometeram os indivíduos
com prótese de forma significativa foram: diminuição do tônus do lábio superior em 100%,
diminuição do tônus do lábio inferior em 91%, diminuição do tônus do mento em 55% e
100% da amostra com tônus de língua diminuído, mastigação ineficiente em 64%, com
velocidade diminuída. Já os indivíduos sem prótese dentária apresentaram as mesmas
manifestações, porém em graus menores, como diminuição do tônus do lábio superior e
inferior (80% da amostra), 60% com tônus do mento diminuído e 100% com tônus da
língua diminuído. Foram encontrados nos dois grupos alterações nas estruturas extra e
intraorais, com consequências negativas para a realização das funções de mastigação e
deglutição. Conclusão: Idosos apresentaram manifestações oromiofuncionais importantes
que os distanciam dos padrões de normalidade dos adultos e, em idosos usuários de
prótese dentária, essas alterações são agravadas pelo seu uso. É preciso conhecer as
características desta população para traçar planos terapêuticos mais específicos que
potencializem suas estruturas orais e melhorem a efetividade de suas funções orais. A
clínica fonoaudiológica precisa preparar-se teoricamente para receber a população idosa
nos próximos anos.

501
Mordida aberta anterior: tratamento ortodôntico e fonoaudiológico integrado

Bruna Tozzetti Alves; Fernando Henrique Trigueiro, José Luiz Brito de Carvalho

Introdução: A mordida aberta anterior, uma das más oclusões de maior comprometimento
estético e funcional, é definida como a presença de um trespasse vertical negativo entre
as bordas incisais dos dentes anteriores superiores e inferiores enquanto os dentes
posteriores encontram-se intercuspidados. Isso provoca alterações dentárias e
esqueléticas que dificultam a apreensão e corte dos alimentos, além de prejudicar a
produção de determinados fonemas. Esta má oclusão pode apresentar fatores etiológicos
hereditários e/ou ambientais e também pode estar presente durante todos os estágios do
desenvolvimento da oclusão. O tratamento desta má oclusão deve ser multiprofissional
envolvendo a integração entre ortodontista, fonoaudiólogo, otorrinolaringologista e
psicólogo, variando desde a remoção dos fatores ambientais até procedimentos mais
complexos, como a cirurgia. Objetivo: Verificar, com base num levantamento dos artigos
publicados recentemente, a integração entre a Ortodontia e a Fonoaudiologia para o
tratamento da mordida aberta anterior. Métodos: Foi realizado um levantamento dos
artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, entre os anos de 1997 a
2013 utilizando três diferentes bases de dados: BBO – Odontologia (Brasil), Lilacs e
Medline. Como critério de inclusão, os artigos deveriam relatar tratamento da mordida
aberta anterior ortodôntico e fonoaudiológico integrado. Resultados: Foram obtidos 80
artigos, mas somente 11 destes obedeceram ao critério de inclusão. Na literatura verificou
– se que a inter-relação existente entre a Ortodontia e Fonoaudiologia é essencial para o
tratamento e estabilidade desta má oclusão, devolvendo ao paciente a forma e a função
normais por meio do tratamento ortodôntico e fonoaudiológico respectivamente. Porém,
os artigos em sua grande maioria foram levantamentos epidemiológicos sobre a mordida
aberta anterior e não sobre o seu tratamento, seja ele isolado ou multiprofissional
integrado. Conclusão: Poucos estudos encontrados realizaram o tratamento ortodôntico e
fonoaudiológico integrado, porém aqueles que realizaram obtiveram resultados positivos,
concluindo que a integração profissional é fundamental, havendo a necessidade de
estudos adicionais para contribuir e ampliar as informações referentes ao tratamento e
estabilidade da mordida aberta anterior.

502
Mudanças na atividade elétrica dos músculos masséteres com a eletroestimulação
neuromuscular em crianças riníticas

Roberta Borba Assis; Elaine Cristina Bezerra dos Santos, Sandro de Lima Júnior, Daniele
Andrade da Cunha, Tetsuo Tashiro, Décio Medeiros Peixoto, Hilton Justino Da Silva

Introdução: A respiração oral é um dos sintomas mais freqüentes na infância e altera o


equilíbrio da musculatura facial gerando deficiência funcional importante devido a flacidez
do músculo masseter. A eletroestimulação neuromuscular com o uso da corrente russa
auxilia nas contrações musculares complementando a atividade voluntária do músculo
que esteja reduzida ou alterada por uma patologia, e possui indicação terapêutica para
flacidez muscular através do fortalecimento do músculo esquelético Objetivo: Verificar
mudanças na atividade elétrica dos músculos masseteres de crianças riníticas com o uso
da eletroestimulação neuromuscular. Método: Pesquisa com aprovação do Comitê de
Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CAAE 16604113.1.000.5208). Trata-se
de um estudo do tipo transversal, de série de casos, realizado no ambulatório de Alergia e
Imunologia em Recife - PE com 10 crianças que apresentam diagnóstico médico de rinite
alérgica, na faixa etária de 7 a 12 anos de idade. Com os indivíduos confortavelmente
sentados e após higienização da pele com álcool e colocação dos eletrodos auto-
adesivos sobre o ventre anterior do masseter bilateralmente, foi realizado o exame de
eletromiografia de superfície nestes músculos antes de qualquer intervenção, durante a
contração voluntária máxima (CVM), a postura mandibular de repouso e no primeiro ciclo
mastigatório de um pão francês de 25 gramas. Em seguida submetido a aplicação do
programa de eletroestimulação neuromuscular (EENM) com correntes russa, também
com o uso de eletrodos autoadesivos sobre o ventre anterior dos músculos masseteres
durante um período de 25 minutos. Após 5 minutos, a eletromiografia de superfície foi
realizada novamente nos músculos masseteres. As variáveis analisadas serão idade,
sexo, atividade elétrica muscular, modo respiratório, classificação rinite. Resultados: Os
resultados são apresentados em 3 tabelas, onde na Tabela 1 é descrito os valores das
medianas durante a contração voluntária máxima dos masseteres pré e pós a EENM. Não
houve diferença significativa entre os lados direito e esquerdo. Na Tabela 2 é descrito os
valores das medianas durante a postura mandibular de repouso pré e pós a EENM.
Apesar de não haver uma diferença significativa entre os lados, houve uma tendência de
mudança na atividade elétrica para o masseter direito. E na Tabela 3 é descrito os valores
das medianas durante o primeiro ciclo mastigatório de um pão francês pré e pós a EENM.
Não houve diferença significativa entre os lados direito e esquerdo O Gráfico 1 mostra
distribuição da amostra estudada por sexo, prevalecendo o sexo masculino (70%) em
relação ao feminino (30%).Conclusões: Este estudo mostra uma tendência de mudança
na atividade elétrica do músculo masseter direito com a aplicação da EENM utilizando a
corrente russa durante a postura mandibular de repouso. No entanto, se fazem
necessário novos estudos com amostras maiores para inferir e relacionar este tipo de
tendência.

503
O que ocorre com o ângulo columelar após cirurgia de correção da fissura labial?

Mariana Batista de Souza Santos; Mario Jorge Frassy Feijo, Stella Ramos Brandão, Rui
Manoel Rodrigues Pereira, Hilton Justino da Silva

Introdução: As Fissuras labiais e palatinas representam a malformação congênita de


ocorrência mais comum na face, com cerca de 1 caso para cada 700 nascidos vivos.
Causam grande aflição aos pais pelo importante acometimento de estruturas centrais na
face, principalmente nariz e lábio superior além da possibilidade de seqüelas em longo
prazo. A principal deformidade nasal relacionada às fissuras labiais é a assimetria entre
as narinas que tende a ser mais severa quanto maior a gravidade da fissura, assim como
a criação de um nariz simétrico. À medição da inclinação da columela dá-se a
nomenclatura ângulo columelar. A correção desta, de outras deformidades e de seqüelas
nasais da fissura labial representa um grande desafio. Acredita-se que após a cirurgia
para correção da Fissura labial unilateral ocorre uma verticalização da columela, quando
comparados os valores medidos do ângulo columelar no pré e pós-operatório. Objetivos:
Avaliar a ocorrência de mudanças no ângulo columelar após cirurgia de correção para
fissura labial. Materiais e métodos: Foram avaliadas crianças no primeiro e segundo anos
de vida, portadoras de fissura labial unilateral, de ambos os sexos. Aplicados os critérios
de exclusão, a pesquisa obteve um total de 11 crianças participantes. Nos períodos pré e
pós operatórios, foram examinados região nasal e lábio superior da criança e identificados
os pontos antropométricos nasais de referência para medições. Após a marcação dos
pontos realizou-se fotografia para posterior análise fotogramétrica. As imagens obtidas
foram avaliadas através de ferramentas de estudo angular do programa gráfico Image J.
Foi realizado teste de normalidade de Shapiro-Wilk sobre colunas pré e pós e em
seguida, estas foram submetidas ao teste de t de Student. Resultados: No pré-operatório,
a média entre idades das crianças esteve em 6 meses. Na avaliação pós-operatória, a
média das idades esteve em 11,45 meses. Os pacientes com Fissura transforamen
apresentaram na avaliação pré-operatória menor valor médio da medida dos ângulos
columelares e, maior diferença entre as médias pré e pós-operatórias. A média da medida
dos ângulos no pré-operatório foi de 55,41 graus; a média no pós foi de 78,80 graus.
Análise estatística apresentou diferença estatisticamente significante para estas medidas
(p<<0,0001). Conclusão: Ocorre verticalização do ângulo columelar após cirurgia de
correção da fissura labial. Pacientes com deformidades mais complexas apresentam
maior modificação do ângulo.

504
O uso da bandagem elástica kinesio associada à terapia fonoaudiológica na
sialorréia: relato de caso

Patrícia Valente Moura Carvalho; Virginia Cátia Costa Franco, Fabiola Cristina de Sales
Leite, Viviane Cristina dos Santos

Introdução: A sialorréia é definida como uma inabilidade para controlar secreções orais,
causada por múltiplos fatores, que determina consequências físicas e psicossociais.
Existem diversas abordagens de tratamento, dentre elas: drogas anticolinérgicas,
radioterapia, aplicação de toxina botulínica em glândulas salivares, ligadura dos ductos
parótideos, ressecção das glândulas submandibulares e terapia fonoaudiológica.
Atualmente estudos têm descrito o método Kinesio Taping como novo recurso
terapêutico. Objetivo: Verificar a eficiência da bandagem elástica Kinesio associada à
terapia fonoaudiológica no controle da sialorréia. Método: Participante do sexo masculino,
65 anos, asilado, com diagnóstico de sialorréia. Foi submetido ao tratamento com
aplicação da toxina botulínica em março de 2013. Realizou-se avaliação fonoaudiológica
das estruturas/funções do sistema estomatognático e aplicação do questionário e da
escala de frequência e gravidade da sialorréia. A intervenção ocorreu de abril a maio de
2013, abrangendo 04 sessões terapêuticas e 02 aplicações semanais da bandagem em
orbiculares, ventre anterior do digástrico e milo-hióideo. A fonoterapia abarcou:
crioterapia, exercícios isométricos e isotônicos para os órgãos fonoarticulatórios (OFA’s) e
conscientização para o aumento da frenquência da deglutição da saliva. Reavaliação ao
término da intervenção. Resultados: Foram contabilizadas 24 sessões e 13 aplicações da
bandagem elástica. Observou-se: melhora do vedamento labial, sensibilidade, mobilidade
e força de OFA’s; modificação na escala, passando de profuso/constante para
moderado/ocasional. Dos 14 entrevistados: 100% classificaram a sialorréia como
frequente. Quanto às causas, 50% atribuíram ao nojo e 43% à fraqueza para deglutir; 7%
não souberam correlacionar. Acerca do botox apenas 50% observaram redução da saliva,
sendo esta parcial e temporária. Após intervenção 100% consideraram a terapia eficaz,
destacando como melhoras: vedamento labial (57%), percepção e deglutição da saliva
(28%) e redução do escape salivar (86%) e tempo de alimentação (14%). 100%
associaram a evolução à fonoterapia e taping. Os participantes aludiram melhora da fala e
autoestima, o que refletiu positivamente na qualidade de vida do idoso. Conclusão:
Constatou-se uma redução significativa da sialorréia, além de melhora da deglutição e
fala. A fonoterapia associada ao método Kinesio Taping se mostrou eficaz no controle da
sialorréia, sugerindo sua implementação.

505
Padrão mastigatório e rinite alérgica: revisão integrativa

Ana Carolina Cardoso de Melo; Luciana Ângelo Bezerra, Hilton Justino da Silva, Klyvia
Juliana Rocha de Moraes, Renata Andrade da Cunha, Daniele Andrade da Cunha,
Gerlane Karla Bezerra Oliveira Nascimento, Décio Medeiros

Introdução: Na respiração oral o indivíduo faz uso, predominantemente, da cavidade oral


como padrão respiratório, devido à obstrução nasal. Dentre as principais causas da
respiração oral destaca-se a rinite alérgica (inflamação da mucosa nasal, mediada pela
Imunoglobilina E, após exposição a antígenos). Segundo a iniciativa ARIA (Allergic
Rhinitis and Its Impacto on Asthma) a rinite alérgica pode ser classificada em: intermitente
ou persistente (em relação à duração) e leve, moderada ou grave (em relação a gravidade
dos sintomas). Seus sinais e sintomas clássicos são: obstrução nasal, rinorréia aquosa,
espirros e prurido nasal, além da respiração oral. A respiração oral apresenta algumas
características como: alterações morfofuncionais do sistema estomatognático, alterações
craniofaciais, desequilíbrios miofuncionais e no eixo corporal. Objetivo: Esta revisão
integrativa procurou verificar estudos relacionados com alterações mastigatórias em
crianças com respiração oral decorrente de rinite alérgica. MÉTODOS: Foi realizada
busca nas principais bases de dados, Bireme (LILACS, MedLine, SciELOBr) e MedLine
(PubMed), por artigos que abrangessem alterações mastigatórias em crianças com
respiração oral secundária à rinite alérgica. Foram utilizadas as seguintes palavras-
chaves: Mastication, Mouth Breathing como termos DeCS/MeSH; Allergic Rhinitis como
termo livre/MeSH; respiração oral, respirador oral e respirador bucal como termos livres,
nos idiomas português, inglês e espanhol. Resultados: Foram encontrados 1986 artigos e
destes, 15 estavam repetidos nas bases de dados. Após avaliação permaneceram
apenas 2 artigos na íntegra, de mesma autoria, avaliaram a mastigação em portador de
respiração oral secundária à rinite alérgica e observaram apenas o comportamento bucal
durante o processo de mastigação, se ocorria o vedamento labial ou não. Estes estudos
observaram elevada frequência de padrão mastigatório de boca aberta com
amassamento no grupo de 4-11 anos e diferença estatisticamente significante neste
grupo para consistência alimentar pastosa. Concluíram que o aumento do escore de
obstrução nasal e a intensidade de alteração das funções de respiração, mastigação
possuem correlação significativa. Conclusão: Não foram encontrados estudos que
avaliassem o desempenho mastigatório mais aprofundado nesta população. Até o
momento, nenhum dos artigos pesquisados abordou o lado de preferência mastigatório,
nem tempo mastigatório ou outras prováveis alterações na função mastigatória em
portadores de rinite alérgica.

506
Padrão mastigatório e suas relações na simetria do movimento mandibular em
crianças com respiração oral

Aline de Lima Lins; Hilton Justino da Silva, Lucas Carvalho Aragão Albuquerque, Sandro
Junior Henrique Lima

Introdução: A respiração oral ocorre quando um indivíduo apresenta uma obstrução nasal
orgânica ou funcional. A respiração modifica o funcionamento e as estruturas que
compõem o Sistema Estomatognático dependendo do grau de severidade da obstrução
nasal1. Poucas discussões foram estabelecidas acerca de como se desenvolve a função
mastigatória nestes indivíduos. É de consenso que a mastigação é afetada por aspectos
como estado de conservação dos dentes, tipo de oclusão, dificuldades no olfato, paladar.
Sendo muitas destas alterações são causadas pela respiração oral3,4. A eletrognatografia
é um recurso importante na verificação da mastigação, pois ele é capaz de mapear os
movimentos mandibulares milimetricamente e determinar o lado de preferência
mastigatório. Objetivo: Caracterizar o lado de preferência mastigatório e sua associação
com a simetria do movimento mandibular durante a abertura de boca em crianças com
respiração oral. Metodologia: Participaram da pesquisa 22 crianças diagnosticadas com
rinite alérgica, com idades entre 7 e 12 anos, em atendimento no Ambulatório de Alergia e
imunologia do Hospital das Clínicas de Pernambuco. Para a realização da coleta de
dados foi realizado o exame de eletrognatografia, onde foi fixado um magneto na mucosa
oral abaixo dos incisivos inferiores. Durante o exame foi solicitado aos voluntários que
mastigassem um pão (25 gramas), para a verificação do tipo de mastigação. Após a
deglutição foi solicitado que o mesmo abrisse a boca o máximo que pudesse para a
verificação da simetria durante o movimento mandibular. Resultados: A avaliação da
simetria no movimento de abertura de boca levou em consideração a apresentação do
plano frontal para sua determinação. Verificamos que 77,28% apresentaram um desvio no
movimento da abertura de boca caracterizando-se como assimétrico. E apenas 22,72%
da amostra apresentou um movimento mandibular simétrico. Para avaliação da
mastigação, foram considerados o número de ciclos afim de classificá-la em tipos. Foram
considerados os valores estabelecidos pela literatura de que 66% dos ciclos mastigatórios
para um lado seria considerado predominantemente unilateral5. Foi possível verificar que
a maioria dos indivíduos apresentou uma mastigação bilateral alternada com 77,28% da
amostra. Os indivíduos que apresentaram uma mastigação preferencialmente à direita
completam a amostra com 22,72%. Corroborando com estudos encontrados na
literatura6, que inferem que a presença de alteração nas estruturas orofaciais parece não
interferir no tipo mastigatório Aplicando a analise descritiva dos dados apresentados não
foi encontrada relação, estatisticamente significativa, em entre o lado de Preferência
mastigatória e o desvio mandibular. Conclusão: Podemos verificar que a respiração
interfere sobre as estruturas que compõem o sistema estomatognático, mas que estas
alterações podem não influenciar no padrão mastigatório. E que a assimetria do
movimento mandibular durante a abertura de boca não apresentou relação significante
com a escolha de um lado de preferência mastigatório

507
Parámetros de la forma en que los cuidadores alimentan a los niños con pci

Junnelly Solis Vidal; David Parra Reyes, Jerson Chaves Salinas, Paola Cayllahua
Fernández, Gonzalo Cayllahua Fernández

Introducción: La parálisis cerebral infantil (PCI) es un síndrome producido por lesión o


daño del sistema nervioso central durante períodos críticos de su desarrollo, con
manifestaciones clínicas que ocasionan disfunciones motoras en la cavidad oral
causantes del deterioro en la capacidad de alimentación de forma directa (imposibilidad
de deglutir) o indirecta (incapacidad de autoalimentarse), aspiración de alimentos,
incremento en el tiempo de alimentación y desnutrición. El momento de la alimentación es
una experiencia angustiante tanto para el niño como para el cuidador, de allí cobra
vigencia la demanda de orientación y acompañamiento, creando estrategias tendientes a
mejorar la alimentación de estos niños por parte de los cuidadores. Objetivo: Determinar
los parámetros en que los cuidadores alimentan a los niños con PCI. Métodos: Es un
estudio cualitativo observacional. Se diseñó una ficha de observación de la forma de
alimentación del paciente con PCI que comprendía: I. Datos generales; II. Anamnesis
(datos del nacimiento); III. Referencias sobre la alimentación actual, dónde se identificó
algunas características fisiológicas y nutricionales de su alimentación; IV. Observación de
los parámetros de la forma en que los cuidadores alimentan a los niños con PCI de
manera espontánea. Resultados: Del total de pacientes con PCI se determinó que en su
gran mayoría, las horas de alimento fueron de 3 a 4 veces al día, con presencia de
distractores en el dormitorio, comedor y cocina. El modo de alimentación del paciente fue
en las piernas del cuidador o en una silla adaptada, con una postura mayor a 90 grados.
El utensilio más utilizado fue una cuchara sopera grande de metal y plato de plástico. La
consistencia fue pastosa con grumos con temperatura fría y volumen aumentado. La
posición de descargue fue lateral-derecha. La cantidad de alimento ofrecido fue mayor al
tamaño de la cavidad oral, aplicando fuerza al descargar y retirar la cuchara. El tiempo de
espera fue menor a 10” entre una y otra cuchara. Por último se observó un déficit en el
aseo oral después de la alimentación. Conclusión: Se concluye que todos los cuidadores
de los pacientes con PCI, no cumplen con al menos uno de los parámetros para lograr
una adecuada alimentación. Por lo tanto se hace necesario la intervención del
fonoaudiólogo para orientar y realizar el entrenamiento a los cuidadores durante el acto de
alimentación, logrando una deglución eficaz.

508
Perfil das pacientes atendidas na central de aleitamento materno do hospital
universitário da ufsc

Tatiana Nunes Rodrigues; Denise Neves Pereira, Ingrid Born, Leticia David de Amorim

Introdução: O aleitamento materno (AM) se constitui numa das mais importantes ações de
saúde, sendo responsável por diminuir as taxas de mortalidade infantil e melhorar a saúde
materna1-2.Entretanto, o desmame precoce ainda é uma realidade no nosso meio3. Para
que se melhore esse panorama, a mãe necessita de apoio não somente da sua família,
mas também do profissional de saúde, principalmente nos primeiros dias após o parto. A
falta de conhecimento e habilidades por parte dos profissionais de saúde para apoiar o
aleitamento materno tem sido apontada como a principal causa de falha no início e na
manutenção dessa prática (4-6). Diversas são as complicações da má pega ou mau
posicionamento da mãe e do bebê, custando muitas vezes o abandono da prática de
aleitamento. A Central de Aleitamento Materno(CIAM) do HU foi criada há 17 anos e é a
responsável por acompanhar todas as lactantes do alojamento conjunto e UTI Neonatal
do HU, resolvendo todos os problemas relacionados à amamentação. Esta é composta
por uma equipe interdisciplinar com nutricionista, enfermeira e fonoaudiólogas. Desde a
sua criação, não houve levantamento epidemiológico das pacientes atendidas. Sendo
assim, o propósito desse estudo é analisar o perfil das pacientes atendidas no CIAM
explorando os problemas mais comumente encontrados em seus atendimentos.
Objetivos: Analisar o perfil das pacientes atendidas no CIAM explorando os problemas
mais comumente encontrados em seus atendimentos. Metodo: Foi aplicado um
questionário com pacientes que aceitaram participar da pesquisa. Com esse questionário
pudemos correlacionar a quantidade de mães que tiveram orientações para as práticas de
incentivo ao aleitamento materno com a quantidade de puérperas que saíram da
maternidade mantendo aleitamento materno exclusivo. Resultados: Foi entrevistado um
total de 87 puérperas, sendo que 76 (85,53%) conseguiram ter alta hospitalar com
aleitamento materno exclusivo e apenas 11 (14,47%) mães tiveram alta com aleitamento
materno misto. Discussão: A Central de Incentivo ao Aleitamento Materno (CIAM) do
HU/UFSC tem como uma de suas práticas a promoção do aleitamento materno segundo
os preceitos da Organização Mundial de Saúde/Unicef/Ministério da Saúde. Pesquisas
têm demonstrado que nutrizes que possuem acesso a serviços que apoiam o processo de
amamentação, a exemplo da CIAM, possuem taxas mais elevadas de aleitamento
materno do que as menos assistidas. Nesse contexto, é necessário salientar a
importância do profissional fonoaudiólogo quanto ao papel educativo no processo de
cuidado. Conclusão: Com orientação e incentivo observamos nutrizes fortalecidas para
garantir o sucesso do Aleitamento Materno Exclusivo.

509
Pressão de língua em adolescentes

Amanda Cibelly Brito Gois; Jussier Rodrigues da Silva, Patrícia Araújo de Brito, Renata
Veiga Andersen Cavalcanti, Leandro de Araújo Pernambuco

Introdução: A língua é uma estrutura fundamental para a realização e manutenção das


funções do sistema estomatognático. Estudos que buscam quantificar a tensão lingual por
meio da tarefa de pressão da língua podem proporcionar uma melhor padronização dessa
medida. Pesquisas com objetivo de mensurar essa medida têm sido frequentes, contudo
ainda não existem publicações que caracterizem a pressão de língua em adolescentes.
Objetivo: Caracterizar a pressão de língua em adolescentes. Métodos: Participaram do
estudo 102 adolescentes hígidos, sendo 72 do sexo masculino (70,6%) e 30 do sexo
feminino (29,4%) com idade entre 14 e 17 anos e média de 14,69 anos (± 0,84). Para
avaliação da pressão de língua foi utilizado o Iowa Oral Performance Instrument (IOPI)®.
Trata-se de um aparelho portátil composto por um bulbo plástico preenchido com ar que é
colocado sobre a língua do participante para que este o pressione contra o palato duro e
permita a obtenção da pressão exercida pela língua em kilopascal (kPa). Nesse estudo foi
considerado o pico pressórico obtido por meio da média de três repetições da tarefa de
pressionamento da língua entre 3 e 5 segundos contra o palato, com intervalo de 30
segundos entre as repetições. Para avaliar o tempo de resistência de contração da língua
o participante foi orientado a repetir o procedimento de pressionamento durante o máximo
de tempo possível. Para obter essa medida o avaliador ajustou o aparelho com metade da
média dos três valores obtidos na tarefa anterior. Durante a execução da tarefa o
participante teve o apoio visual do ponto luminoso do aparelho que indica a variação de
pressão que estava sendo exercida. A análise estatística dos dados considerou os valores
absolutos e relativos, além da média e desvio padrão. Para verificar diferença entre
grupos foi aplicado o teste não paramétrico de Mann-Whitney. Foi considerado o nível de
significância de 5%. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres
Humanos da instituição sob o número CAAE 04205112.4.0000.5292. Resultados: na
amostra total, a média encontrada para pico pressórico foi 52,0 (±12,5) kPa e a média de
tempo de resistência foi de 6,3 (±7,5) segundos. Para o sexo masculino a média de pico
pressórico foi igual a 53,8 (±12,5) kPa e a média do tempo de resistência foi 6 (±6,1)
segundos. As médias encontradas para pico e tempo de resistência no sexo feminino
foram, respectivamente, 47,9 (±11,7) kPa e 6,9 (±10,1) segundos. Houve diferença
estatisticamente significante entre os sexos apenas em relação ao pico pressórico, ou
seja, os adolescentes do sexo masculino apresentaram maior média em relação ao
feminino (p= 0,02). Não houve correlação entre pico pressórico e tempo de resistência.
Conclusão: Foi possível caracterizar pressão de língua em adolescentes. Existe influência
do sexo no valor de pico pressórico e não há correlação entre pico e tempo de resistência
na população estudada.

510
Prevalência de hábitos deletérios orais em crianças de uma creche na cidade de
goioerê-PR

Julya Macedo; Daline Backes Eyng, Fernando Wolff Mendonça, Lauriane Victorino de
Moura

Introdução: Nas creches podemos encontrar muitas crianças com hábitos deletérios orais,
principalmente mamadeira e chupeta, onde os mesmo podem trazer consequências e/ou
alteração para o desenvolvimento do sistema estamatognatico. A mamadeira e a chupeta
dependendo do tempo, frequencia e intensidade de uso, podem causar alterações na
mastigação, deglutição, respiração e fonoarticulação. Objetivo: Realizar um levantamento
dos hábitos deletérios orais de mamadeira e chupeta dos alunos de uma creche no
município de Goioerê – Pr. Métodos: A pesquisa foi realizada em uma creche autorizada
pela secretaria de educação do município de Goioerê – Pr. O estudo foi realizado
mediante a aplicação de um questionário com todas as crianças de ambos os sexos da
creche para identificar a presença ou não de hábitos deletérios. Foi realizada ainda uma
palestra para pais e professores, com entrega de orientações por escrito, sobre as
alterações causadas pelos hábitos deletérios e a importância de se evitar ou remover
esses hábitos para o desenvolvimento motor oral da criança. Resultados: Foram
coletados os dados de 104 crianças pré-escolares, onde os mesmos foram divididos em
três grupos: berçário com 36 crianças, maternal com 53 e pré-escolar com 15 crianças. A
pesquisa demonstrou que 34 crianças não tem nenhum tipo de hábito deletério oral,
sendo que 70 têm algum tipo de hábito deletério oral, principalmente no grupo do
berçário, indicando o uso de mamadeira e chupeta. Verificou-se ainda uma grande
prevalência de mamadeira e chupeta nas crianças dessa creche, comparadas com os
outros hábitos. Do total de crianças participantes da pesquisa, identificou-se 37 que
utilizam a chupeta, enquanto 41 fazem o uso da mamadeira. CONCLUSÃO: A pesquisa
demonstrou uma alta prevalência do uso de mamadeira e chupeta na creche pesquisada.
Acredita-se que a conscientização dos responsáveis, pais e funcionários da creche é
ainda essencial para a prevenção das alterações do sistema estomatognático e oclusão
dentária alterada.

511
Prevalência dos hábitos de sucção não nutritiva e fatores associados

Cláudia Marina Tavares de Araújo; Maíra Pê Soares de Góes, Silvia Regina Jamelli

Objetivos: Identificar a prevalência de hábitos de sucção não nutritiva em crianças pré-


escolares e associar com fatores socioeconômicos, demográficos, hábitos de sucção
nutritivos e condições de saúde das crianças. Metodologia: Foi aplicado um questionário a
524 pais ou responsáveis de crianças, de ambos os sexos, com idade entre três e cinco
anos, matriculadas em unidades educacionais da rede pública da cidade do Recife/PE,
entre abril e dezembro de 2011. A amostra foi calculada através da técnica de
amostragem aleatória e por conglomerado a partir do sorteio das unidades educacionais,
seguido pelo sorteio dos alunos. Os testes estatísticos utilizados foram: teste Qui-
quadrado de Pearson ou teste Exato de Fisher, com margem de erro de 5,0% e intervalos
de confiança de 95,0%. Resultados: Os dados obtidos apontaram para uma prevalência
de 57,0% de hábitos de sucção não nutritiva. Verificou-se que fatores como: escolaridade
materna, tempo de permanência na unidade educacional, enurese noturna, aleitamento
materno e uso de mamadeira foram associados significativamente com o uso de chupeta
(p<<0,05), enquanto que a sucção digital apresentou associação significativa com
escolaridade dos pais, uso de mamadeira, idade e sexo da criança (p<<0,05). Os
principais resultados mostraram uma maior presença de hábitos de sucção não nutritiva
em crianças não amamentadas ao seio e usuárias de mamadeira (p<<0,001).
Conclusões: Os hábitos de sucção não nutritiva apresentaram alta prevalência, sendo o
uso de chupeta o mais prevalente. Os fatores relacionados com o padrão de aleitamento
(uso de mamadeira e tempo de aleitamento materno) foram apontados como principais
fatores explicativos para a persistência destes hábitos em pré-escolares e os aspectos
psicossociais apresentaram poder de associação relevante, demonstrando que o
conhecimento sobre a condição social dos indivíduos é necessária no estudo de aspectos
referentes à saúde.

512
Protocolo de avaliação da recusa alimentar: proposta para pacientes com paralisia
cerebral

Daniela Pimenta Bittar; Ellen Cristina Siqueira Soares Ishigaki, Giuliana Tessicini, Marcela
de Oliveira Conde

Introdução: A Paralisia Cerebral (PC) é uma desordem do tônus, do movimento e da


postura decorrente de lesão não progressiva do Sistema Nervoso Central (SNC), podendo
ocorrer no período pré, peri ou pós - natal. Dentre as dificuldades decorrentes da PC
estão as alterações motoras globais, no sistema sensoriomotor oral, na fala, linguagem,
entre outras. A limitação motora dos pacientes com PC, causada pelo déficit no sistema
oromotor, interfere diretamente nas funções alimentares. As dificuldades alimentares
podem ser causadas por desorganização do sistema sensorial, e podem impedir o
indivíduo de aprimorar a vivência e o aprendizado de novas formas de lidar e explorar o
ambiente. Assim, o SNC pode não controlar as informações sensoriais e desencadear
uma reação anormal ao estímulo, que quando realizado na cavidade oral, o indivíduo
pode ter dificuldades em aceitar e manipular o alimento. A alteração sensoriomotora na
PC pode levar a uma recusa alimentar. Uma melhor intervenção terapêutica para esta
patologia poderia ser feita a partir de uma avaliação minuciosa através de um protocolo
validado e adaptado para investigação da recusa alimentar. Contudo, não existem
instrumentos para avaliação da recusa alimentar na literatura nacional e internacional. Por
isso, faz-se necessário propor um protocolo para avaliar essa alteração. Objetivo:
Descrever a elaboração e adaptação semântica de um protocolo de avaliação da
sensibilidade e da função motor oral. Método: Foi realizado um levantamento bibliográfico
de protocolos de avaliação da sensibilidade e função motora oral. Em seguida, quatro
fonoaudiólogas confeccionaram as tarefas do protocolo final para avaliação da recusa
alimentar. Após sua elaboração, o protocolo foi analisado criticamente por oito juízes
especialistas com experiência na área de motricidade orofacial e em atendimento a
pacientes com paralisia cerebral. Os dados foram analisados, e houve um consenso entre
os autores do protocolo sobre a permanência ou retirada de uma determinada tarefa. A
análise consensual obedeceu ao critério de 0,7 de concordância entre os juízes.
Resultados: 100% dos juízes concordaram com a maioria das provas estabelecidas no
protocolo, as sugestões propostas foram: alteração de nomenclatura e de alguns
alimentos utilizados para que seja possível uma avaliação mais minuciosa, e a
possibilidade de avaliação de algumas provas na função de mastigação. Conclusão: É
importante a utilização de um instrumento formal com adaptação semântica criteriosa
para garantir a avaliação da função sensoriomotora intra-oral, que especifique a recusa
alimentar dos pacientes com PC. Este protocolo poderá verificar qual o principal fator de
interferência para a recusa alimentar, no caso, a sensibilidade oral ou o comprometimento
motor oral; e assim obter uma melhor intervenção terapêutica para esta dificuldade.

513
Protocolos de avaliação clínica em motricidade orofacial: uma revisão da literatura.

Julyana Carla Carvalho Sousa; Pâmmela Laís Silva Amazonas de Souza,


Isabel Grasielly Dutra de Azevedo, Larissa Medeiros Alves, Ana Karênina de Freitas
Jordão do Amaral, Ellen Késsia Barbosa de Santana

Introdução: A avaliação clínica é uma das fases do processo da atuação fonoaudiológica


e implica no conhecimento e no uso de instrumentos e técnicas, como também em
métodos fidedignos que venham a contribuir na avaliação miofuncional. A Motricidade
Orofacial (MO), através de suas técnicas e avaliações, busca da forma mais completa
possível, critérios que ajudem na identificação de alterações oromiofuncionais, além de
tratamento e reabilitação adequados dos pacientes. Objetivo: Buscar na literatura
protocolos de avaliação na área de Motricidade Orofacial (MO) e descrever suas
características principais. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão de literatura,
realizada por seis pesquisadoras, através do levantamento de publicações selecionadas
entre janeiro de 2010 a fevereiro de 2013, nas bases LILACS, Scielo e Google
Acadêmico; tais artigos deveriam apresentar métodos para avaliação fonoaudiológica na
área de MO, apresentando os seguintes descritores e suas combinações: avaliação,
motricidade orofacial, protocolos. Resultados: Foram obtidas 4 (quatro) publicações; cada
uma delas apresentava os seguintes conteúdos: análise eletromiográfica do trapézio e
músculo mastigatórios: protocolo experimental e dados de reprodutibilidade; proposta de
protocolo de avaliação clínica da função mastigatória; avaliação miofuncional orofacial -
protocolo MBGR; e protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês. Todos esses
resultados apresentavam como objeto de estudo, protocolos de avaliação na área de MO.
Os estudos descrevem a dificuldade de encontrar protocolos específicos como, por
exemplo, para as avaliações da função mastigatória e muitas vezes o próprio estudo foi
realizado devido à dificuldade de encontrar um instrumento padronizado para tal.
Conclusão: Os protocolos obtidos, de maneira geral, permitem ao fonoaudiólogo
estabelecer um diagnóstico mais preciso, além de propiciar comparações de tratamento e
facilitar avaliações futuras. Porém, há uma grande dificuldade em encontrar protocolos
validados para avaliação miofuncional na literatura, sendo necessário o empenho dos
profissionais da área para produção de novos protocolos validados e até mesmo com
escores mais precisos. Desta forma, podendo contribuir com a quantificação e
classificação dos distúrbios miofuncionais orofaciais e cervicais.

514
Protocolos de avaliação em motricidade orofacial

José Elivelton da Silva; Daniele Albuquerque Alves de Moura, Joice Maely Souza da
Silva, Luana Priscila da Silva, Mariane Querido Gibson, Nathália Angelina Costa Gomes,
Gerlane Karla Bezerra Oliveira Nascimento

Introdução: a Motricidade Orofacial (MO) objetiva restabelecer as funções


estomatognáticas e promover o equilíbrio miofuncional orofacial. Os protocolos
desenvolvidos nessa área propõe uma forma de viabilizar a documentação e
padronização dos dados obtidos durante o processo de avaliação como também colabora
com o desenvolvimento do raciocínio clínico sobre o caso. Objetivo: revisar
sistematicamente na literatura os protocolos utilizados na avaliação da motricidade
orofacial. Métodos: foi realizada uma busca nas bases de dados SciELO–Brasil, Lilacs,
Web of Science e Medline/Pubmed no período de Janeiro a Junho de 2013. Foram
incluídos os estudos referentes à temática proposta e excluídos os estudos de revisão
sem definição metodológica delineada, títulos ou resumos não condizentes com o objetivo
do estudo, trabalhos não disponibilizados completamente nos bancos de dados.
Resultados: foram encontrados 43 artigos no cruzamento dos descritores e seus
correspondentes em inglês, onde 36 correspondem à protocolo and fonoaudiologia, 7 à
protocolo and motricidade orofacial e nenhum tanto para avaliação and fonoaudiologia
como para avaliação and motricidade orofacial. Dentre os quais foram selecionados 6
devido aos critérios de inclusão e exclusão. Verificou-se a existência de protocolos
referentes à avaliação: do frênulo lingual (tanto em bebês quanto em crianças e adultos),
da relação entre ocorrência do bruxismo e hábitos parafuncionais sobre as funções
estomatognáticas, da função mastigatória, dos benefícios obtidos após tratamento
estético facial fonoaudiológico e do detalhamento das áreas da motricidade orofacial com
escores. Conclusão: Foi identificada a existência de alguns protocolos na área da
motricidade orofacial, o que ressalta que os profissionais da área tem tido uma visão da
importância em fazer uma avaliação de forma padronizada para que os dados obtidos
possam ser explorados quando necessários, para fins científicos, como também para
possibilitar uma melhor condução dos procedimentos fonoterápicos.

515
Qual o tempo mastigatório para diferentes texturas alimentares?

Ana Karênina de Freitas Jordão do Amaral; Raisa Coutinho Vitcel

Introdução: O termo textura alimentar se refere à capacidade sensorial dos alimentos que
é detectada pelos sentidos do tato (na mão e na cavidade oral), visão e audição, e que se
manifesta quando o alimento sofre deformação. Sabe-se que a textura e o tamanho dos
alimentos a serem consumidos influencia consideravelmente o tempo de mastigação,
visto que as características físicas dos alimentos são considerados fator diferencial entre
estes, já que o processo mastigatório ajusta-se e adapta-se às diferentes texturas
alimentares. Objetivo: Discutir e promover uma reflexão acerca dos diferentes tempos
mastigatórios encontrados para alimentos de diferentes texturas. Métodos: Este trabalho
foi elaborado a partir de uma revisão de livros e artigos nacionais e internacionais, do
período de setembro de 2012 a Janeiro de 2013, realizada através do uso das bases de
dados Lilacs e Scielo, não havendo restrição quanto ao ano da publicação. Os descritores
foram selecionados de acordo com os DeCS: “Fonoaudiologia”, “ Sistema
Estomatognático”, “Avaliação” e “Mastigação”. Foram selecionados 15 artigos, 1
monografia, 2 capítulos de livros e 1 dissertação, de interesse para o estudo, ou seja,
aqueles que faziam referência à duração da mastigação e às diferentes texturas
alimentares utilizadas na prática clínica fonoaudiológica. A maior parte desses artigos
encontrados está publicada em português e suas coletas foram realizadas por
fonoaudiólogos. Resultados: Por ter natureza complexa, a função mastigatória tem sido
muito estudada nos últimos anos. No entanto, percebe-se que ainda existe uma falta de
padronização no seu processo de avaliação no que se refere ao tempo de duração da
mastigação para alimentos de diferentes texturas. Isto gera a necessidade de se construir
um instrumento padronizado na clínica para que se possa desenvolver um trabalho de
forma mais adequada que forneça um diagnóstico preciso e correto da alteração. Alguns
autores mencionam em seus estudos que a mastigação de determinados sujeitos ocorre
de forma rápida ou lenta. Nos protocolos de avaliação da função mastigatória como, por
exemplo, o de Junqueira publicado em 1998, é possível encontrar em um dos itens, a
alternativa lenta ou rápida, se referindo à duração da mastigação, para que o
fonoaudiólogo examinador marque no momento da avaliação. Entretanto, essa forma de
avaliar o tempo e de classificá-lo quanto rápido ou lento ainda é feita de forma subjetiva,
baseado na experiência clínica do profissional, uma vez que não existe consenso de
tempo normal para alimentos de diferentes texturas. Conclusões: Várias são as tentativas
de padronização, inclusive assemelhando-se a alguns métodos utilizados; mas ainda não
possuímos valores de referência para avaliar o tempo de duração da mastigação de forma
efetiva, considerando padrões de normalidade, permanecendo assim muitas indagações
quanto ao que é mastigação lenta ou rápida, ou ainda quanto tempo deve durar a
mastigação fisiológica para diversas texturas alimentares.

516
Qualidade de vida do sono no idoso

Cristiane Leite de Marchi; Taisa Giannecchini

Introdução: Os termos envelhecimento ou senescência têm sido empregados para definir


o processo pós maturacional responsável pela diminuição da homeostasia e aumento da
vulnerabilidade do organismo. Observa-se que, em grande parte desta população, a
eficiência do sono e o sono de ondas lentas diminuem, ocasionando modificações na
quantidade e qualidade do sono, com impacto negativo na sua qualidade de vida. Essas
modificações no padrão do sono e repouso ocasiona modificações na quantidade e
qualidade do sono e alteram o balanço homeostático, com repercussões sobre a função
psicológica, sistema imunológico, humor, depressão, cognitiva e ainda um aumento
potencial para morbidades e mortalidade. No que tange ao idoso, frequentemente os
profissionais de saúde deixam de considerar as implicações da má qualidade do sono no
cotidiano e mesmo na saúde do idoso, negligenciando o seu potencial para causar
prejuízo na qualidade de vida desta população. Objetivo: Avaliar a qualidade de vida do
idoso baseado nas características do Sono. Método: Foi realizado um estudo qualitativo
transversal constituído por 48 indivíduos dos gêneros feminino e masculino na cidade de
São Paulo, sendo 14 idosos institucionalizados e 34 idosos não institucionalizados. Os
indivíduos responderam a entrevistas abertas compostas por 3 questionários de qualidade
de vida, definidos pela Sociedade Brasileira de Sono como instrumentos diagnósticos
para alterações. Compuseram este estudo a Escala de Epworth, questionário de Berlin e
Índice de qualidade do Sono de Pittsburgh, que abrangeram dados referentes à
identificação do indivíduo, além de dados que permitiram observar o comportamento do
sono. Após obter autorização da direção da instituição e dos indivíduos, que assinaram o
Termo de Livre Consentimento, o questionário foi aplicado na própria instituição e na casa
de cada participante, em horários cedidos pela direção da instituição e pelo participante.
Os Critérios de inclusão foram indivíduos que possuíam idade igual ou acima de 60 anos
e os de exclusão foram indivíduos que possuíam idade igual ou acima de 60 anos com
problemas neurológicos ou psiquiátricos. Resultados: o questionário de Epworth apontou
que 31,25% dos idosos avaliados apresentam uma sonolência diurna excessiva; no
questionário de Berlin teve prevalência o sintoma do ronco e de pressão alta. No Índice de
Qualidade do Sono de Pittsburgh, 77,08% dos idosos referem ter uma boa qualidade do
sono, sendo que 91,67% apresentam uma eficiência do sono muito ruim, 35,42% tem
uma latência para dormir acima dos 30 minutos em todos ou quase todos os dias, e a
maioria apresentou um escore >> 5, o que indica que o idoso está tendo grandes
dificuldades em pelo menos dois componentes ou dificuldades em mais de 3
componentes. Conclusão: Os idosos desse estudo apresentaram níveis de qualidade de
vida diminuída quando avaliados no critério sono. Não houve diferença significativa entre
os indivíduos institucionalizados e não institucionalizados. O uso dos questionários ajudou
a diagnosticar com eficiência os problemas do sono em idosos. A Fonoaudiologia deve
desenvolver propostas para atuação direta com esta população, no que tange as
alterações da musculatura orofacial e seu envelhecimento.

517
Reabilitação das funções estomatógnáticas na laringectomia subtotal supra-
cricóide – chep: estudo de caso

Roberta Borba Assis; Ana Maria Bezerra de Araújo, Luciana Corrêa de Araújo Arcoverde,
Leonardo de Siqueira Barbosa Arcoverde, Benilda Silva da Luz, Schirleyde Fabiana da
Silva

Introdução: O câncer de laringe representa cerca de 25% dos tumores malignos e 2% de


todas as doenças malignas. O objetivo do tratamento é a cura e preservação da voz
quando possível. Novas técnicas cirúrgicas obtêm a radicalidade necessária, preservando
a voz. Entre elas, a laringectomia subtotal supracricóide com crico-hióide-epiglote-pexia
(CHEP) permite a ressecção de tumores glóticos associada à retirada de ambas as
cordas vocais e toda a cartilagem tireóide, onde a reconstrução da via aérea é feita com a
elevação e fixação da cartilagem cricóide na epiglote e no osso hióide. Desta forma é
possível manter a voz inteligível, mesmo que rouca, a via aérea fisiológica, assim como a
deglutição por via oral. Os aspectos funcionais deste tipo de procedimento ainda é pouco
referido na literatura, no entanto, o Fonoaudiólogo contribui na reabilitação e adequação
das funções estomatognáticas de respiração, deglutição e voz. Objetivo: Relatar a
contribuição da reabilitação fonoaudiológica nas funções estomatognáticas de respiração,
deglutição e voz de um paciente submetido a laringectomia subtotal supra-cricóide com
CHEP acompanhado no ambulatório de cirurgia de cabeça e pescoço de um hospital de
referência do Recife-PE. Método: Realizada avaliação da história clínica e cirúrgica de
paciente com diagnóstico de carcinoma de células escamosas de tumor glótico de laringe,
através da revisão retrospectiva de prontuário médico e fonoaudiológico, além de laudos
de videolaringoscopia. Resultados: J.A.O., 81 anos, masculino, aposentado, acometido
por tumor vegetante em 2/3 anteriores de prega vocal direita, ainda móvel, e comissura
anterior livre de neoplasia. Em 05 de abril de 2013 foi submetido à laringectomia subtotal
supra-cricóide com CHEP, esvaziamento cervical à direita (níveis II, III e IV), instalação de
traqueostomia (TQT) e sonda nasoenteral (SNE). Quando ainda internado, evoluiu com
grande acúmulo de secreção traqueal, tosse produtiva e voz molhada. Iniciou
acompanhamento fonoaudiológico no pós-operatório imediato com reabilitação da
respiração através de estimulo do modo respiratório nasal, com boa resposta, apesar do
edema difuso visível na videolaringoscopia (4º D.P.O.) e exercícios vocais (sons
hiperagudos, plosivos, manobras de empuxe e cervicais). Orientado a suspender
deglutição de saliva no 7º D.P.O. pela presença de escape na TQT. Após 25 dias da
cirurgia, ainda apresentava fechamento glótico incompleto, e sinais de broncoaspiração
durante teste com dieta por via oral, sendo orientado a intensificar os exercícios para
fechamento glótico. Após 1 mês a equipe médica e fonoaudiológica decidiu pela retirada
do TQT restabelecendo a fisiologia da respiração. Com 6 sessões de fonoterapia,
realizadas 2 vezes na semana foi iniciada o desmame da SNE, liberando via oral pastosa,
já os líquidos com manobra postural de cabeça. A restabelecimento completo da via oral
ocorreu após 8 sessões de fonoaudiologia. A função vocal começou a apresentar melhora
na 7ª sessão de fonoterapia e segue em evolução. Conclusões: A indicação do
tratamento adequado pela equipe médica e a reabilitação fonoaudiológica, além do
comprometimento e aderência do paciente, para uma evolução mais rápida e segura das
funções de deglutição, respiração e voz, trazendo benefícios diretos na autonomia e
qualidade de vida.

518
Reflexos orais, prematuridade e características da sucção não-nutritiva em recém-
nascidos

Vanessa Fava Souza; Karinna Veríssimo Meira Taveira, Renata Veiga Andersen
Cavalcanti

Introdução: O fonoaudiólogo tem como função primordial promover o desenvolvimento


adequado das funções do sistema estomatognático e a estimulação da alimentação oral,
de forma prazerosa e eficaz. Nas unidades neonatais, a prematuridade continua sendo
um problema de saúde e tem sido motivo de preocupação dos profissionais da área. Esse
fator contribui para a manifestação de intercorrências nos recém-nascidos pré-termo,
possibilitando a ausência de reflexos orais, dificuldade para se alimentar, imaturidade
neurológica e reflexos globais reduzidos. Objetivo: Avaliar os reflexos orais em recém-
nascidos pré-termo e a termo, analisando os reflexos de busca, mordida e sucção e
verificar a associação entre prematuridade, reflexos orais e características de condições
gerais de saúde e da sucção não-nutritiva em recém-nascidos. Método: Estudo do tipo
observacional, exploratório, descritivo, desenho do tipo seccional. O estudo foi submetido
à análise e aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número 29776/2012.
Constituído por uma população de 25 recém-nascidos pré-termo e 32 recém-nascidos a
termo, internados nas enfermarias de uma Maternidade Escola, sendo excluídos do
estudo, os recém-nascidos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. As mães dos
recém-nascidos foram esclarecidas sobre a pesquisa e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido antes da realização dos procedimentos, que
correspondiam à coleta de dados a partir do prontuário do recém-nascido e à avaliação
dos reflexos orais em que a pesquisadora responsável realizava esta avaliação através da
manipulação da face e cavidade oral do recém-nascido. Os dados coletados foram
registrados no Protocolo de Levantamento de Dados adaptado de Rocha e Delgado, 2007
e Fujinaga et al, 2008. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva e analítica. A
descritiva para as variáveis quantitativas foi realizada pelo cálculo de medidas de
tendência central e de variabilidade e, para as variáveis qualitativas pelas frequências
absolutas e percentuais. A analítica foi realizada através dos testes do Qui-Quadrado e o
Exato de Fisher, com nível de significância de 5%. Resultados: Os recém-nascidos pré-
termo apresentaram 15 (60%) com reflexo de busca inadequado, 12 (48%) com reflexo de
mordida ausente e 8 (32%) com reflexo de sucção débil; enquanto os recém-nascidos a
termo apresentaram 7 (21,9%) com reflexo de busca inadequado, 11 (34,4%) com reflexo
de mordida ausente e 3 (9,4%) com reflexo de sucção débil. Houve associação
estatisticamente significante entre prematuridade e os reflexos de busca (p=0,008) e
sucção (p=0,045). Além disso, a prematuridade esteve associada às seguintes
características de condições gerais de saúde e da sucção não-nutritiva: problema
respiratório, estado de consciência, postura oral da língua, movimentação da língua,
mandíbula, manutenção do estado de alerta, ritmo, força, uso de sonda e condições ao
nascer. Conclusão: Recém-nascidos pré-termo apresentaram mais alterações nos
reflexos orais de busca, mordida e sucção; há associação entre prematuridade e os
reflexos orais de busca e sucção; a prematuridade está associada à condições de saúde
geral e ao desempenho do recém-nascido na sucção não-nutritiva.

519
Relacion entre las alteraciones oclusales y habitos deletereos en personas con
síndrome de down

Junnelly Solis Vidal; Natalia Flores Castro, Giovanni Ramos Rojas, David Parra Reyes

Introducción: El síndrome de Down, también llamado trisomía 21, representa la anomalía


congénita autosómica más frecuente, así como la causa más común de retraso mental.
Las estructuras orofaciales así como las funciones del sistema estomatognático suelen
estar afectados debido a las variaciones hipotónicas que los pacientes presentan, que
asociados a los hábitos deletéreos explican el alto nivel de alteraciones oclusales.
Objetivo: determinar la prevalencia de las alteraciones oclusales en un grupo de pacientes
con síndrome de Down, así como la presencia de hábitos orales deletéreos que puedan
relacionarse a dichas alteraciones. Material y Método: Para el presente estudio se diseñó
un protocolo de evaluación para determinar los Hábitos orales y maloclusiones de
personas con Síndrome de Down. Esta evaluación consta de dos partes; en la primera
parte se solicitará la autorización a los padres de familia o cuidadores de los pacientes
con Síndrome de Down, quienes responderán un cuestionario que de 9 preguntas de
opción múltiple, relacionadas a los hábitos orales deletéreos de succión digital, succión
labial, onicofagia y bruxismo. Al finalizar el cuestionario se analizaran las posibles
alteraciones oclusales de cada paciente que fueron registradas en fotografías.
Resultados: En cuanto a los hábitos orales deletéreos presentaron succión lingual (71%),
uso prolongado del biberón (57%) y onicofagia (57%), mientras que alteraciones oclusales
presentes fueron mordida abierta anterior (64%), mordida borde a borde (14%) y
sobremordida, mordida cruzada anterior e indeterminado (7%). Se obtuvo que los hábitos
orales son en su mayoría causales de mordida abierta anterior. Conclusión: Los
resultados obtenidos muestran que existe una relación importante entre los hábitos orales
deletéreos con la presencia de alteraciones oclusales, siendo la más prevalente la succión
digital, causante de mordida abierta anterior.

520
Relação entre refluxo gastroesofágico e dificuldades alimentares em recém
nascidos e lactentes - revisão bibliográfica

Flávia Rebelo Silva Puccini; Roseane Rebelo Silva Meira

Introdução: O refluxo gastroesofágico (RGE) é definido como o retorno involuntário do


conteúdo gástrico para o esôfago. Ocorre em aproxidamente 25% dos bebês e é o
segundo maior problema de afecções mais prevalentes das doenças do trato
digestivo.Entre as complicações do RGE encontra-se a dificuldade alimentar. Na medida
em que o RGE abrange áreas extra-esofágicas, ele deixa de ser um problema restrito ao
trato digestório. Alguns problemas são bem conhecidos e discutidos, porém, as alterações
alimentares e a sua correlação com o RGE, ainda é pouco esclarecida. O RGE gera
hipersensibilidade na cavidade oral, anteriorização do reflexo de vômito e aversão a
estímulos táteis, comprometendo a integridade oral do bebê, o que justifica a recusa de
certos alimentos e texturas. Uma alimentação adequada para o bebê além de favorecer o
crescimento físico, desenvolvimento neuropsicomotor, sócio-emocional e a aquisição de
resistência imunológica, é um dos mecanismos iniciais para desenvolver a comunicação e
interação entre pais e filhos. Diante deste fato, o objetivo deste trabalho é realizar uma
revisão da literatura brasileira dos estudos sobre refluxo gastroesofágico em recém-
nascidos e lactentes para verificar se há publicações relacionadas às dificuldades
alimentares. Métodos: A pesquisa foi realizada nos periódicos no site da Bireme
(biblioteca regional de medicina), sendo consultadas as seguintes bases de dados:
SCIELO e LILACS. Os unitermos utilizados para a pesquisa foram: refluxo
gastroesofágico, recém-nascido e lactente. A pesquisa foi realizada com os descritores
pareados, pois isolados abrangiam muitos textos com temáticas diferentes da de
interesse. Resultados: Foram encontrados 22 artigos publicados no período de 1983 a
2012. Destes, 20 artigos citaram apenas a possibilidade de ter uma dificuldade alimentar.
Apenas um explicou a dificuldade alimentar relacionada ao RGE. Conclusão: Foi possível
constatar que há poucas publicações relacionando o RGE com dificuldades alimentares
em recém-nascidos e lactente, mostrando a necessidade de mais estudos no assunto.

521
Relaçôes entre tempo de hospitalização e diagnóstico cid-10 de recém nascidos
prematuros

Janaina de Alencar Nunes; Maria Cláudia Cunha

Introdução: Nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTINs) são internados os


recém-nascidos (RN) de alto risco que apresentam deficiências fisiológicas como:
incapacidade para sugar, engolir e respirar de maneira coordenada, refluxo
gastroesofágico e incapacidade de manter a temperatura corporal e, portanto, necessitam
de cuidados intensivos de uma equipe multiprofissional, na qual o fonoaudiólogo se
insere. Esses RNs são classificados de acordo com a Classificação Internacional de
Doenças (CID-10), cuja codificação padronizada das patologias favorece o diálogo clínico
entre os diferentes profissionais da área da saúde. Objetivo: Relacionar o tempo de
hospitalização com a classificação obtida no CID-10 de RNs internados na Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal de um hospital Infantil. Método: Trata-se de um estudo
descritivo do tipo transversal. Casuística: 83 RNs, de ambos os sexos, atendidos no
período de janeiro à dezembro de 2012 na UTIN. Procedimento: consulta aos dados do
Sistema de Gerenciamento de Internação do hospital. Resultados: No total (83=100%) de
RNs observou-se: 38 (45,78%) com CID P073 (Outros recém-nascidos de pré-termo) com
média de internação de 32 dias; 33 (39,75%) com CID P229 (Desconforto respiratório não
especificado do Recém-nascido) com média de internação de 25 dias; 09 (10,84%) com
CID P071 (Baixo peso) com média de internação de 44 dias e 03 (3,6%) com CID P070
(Peso muito baixo) com média de 62 dias de internação. Portanto, constata-se que quanto
menor o peso, maior o tempo de internação (CID P070). Tal cenário parece associado,
nesses casos, à imaturidade dos mecanismos centrais de regulação autonômica,
incluindo controle da respiração, frequência cardíaca e estágios do sono, com maiores
riscos de apnéia, bradicardia e síndrome da morte súbita. Por sua vez, os RNs com
desconforto respiratório (CID P229) foram os que permaneceram por menor período de
tempo na UTIN. Conclusão: A permanência dos prematuros na UTIN, mesmo que por
diferentes intervalos de tempo, gera efeitos negativos em relação à alimentação e à
interação mãe/bebê. Desta forma, tal aspecto deve ser considerado como fator relevante
nas intervenções fonoaudiológicas realizadas nesse contexto, em termos de evolução
clínica dos RNs.

522
Retalho faríngeo e veloplastia intravelar: efeito sobre a respiração e a fala.

Renata Paciello Yamashita; Rafaeli Higa Scarmagnani, Daniela Aparecida Barbosa, Ana
Paula Fukushiro, Inge Elly Kiemle Trindade.

Introdução: O retalho faríngeo (RF) e a veloplastia intravelar (VI) são cirurgias


empregadas na correção da insuficiência velofaríngea (IVF), decorrente das fissuras
labiopalatinas, e têm como principal objetivo a eliminação dos sintomas de fala sem,
contudo, prejudicar o bom funcionamento das vias aéreas superiores. Objetivo: Investigar
o efeito do RF e da VI sobre a respiração, a ressonância da fala e a função velofaríngea.
Métodos: O estudo teve a aprovação do Comitê de Ética da Instituição. Foram avaliados
78 pacientes com fissura labiopalatina reparada, já submetidos à correção cirúrgica da
IVF há, pelo menos, 12 meses, sendo: 40 submetidos ao RF e 38 submetidos à VI. A
hipernasalidade e a hiponasalidade foram analisadas por três fonoaudiólogos experientes,
a partir de amostra de fala gravada, sendo a hipernasalidade classificada em escala de 4
pontos (1=ausência de hipernasalidade a 4=hipernasalidade grave) e a hiponasalidade
em 1=ausente ou 2=presente. A área nasofaríngea (ANF) durante a respiração e a área
velofaríngea (AVF) durante a fala foram obtidas por meio da técnica fluxo-pressão. A ANF
foi determinada pela medida da diferença de pressão e do fluxo através da nasofaringe
durante a respiração de repouso. A AVF foi determinada durante a produção do fonema
plosivo /p/ inserido no vocábulo “rampa” e, a partir dos valores obtidos, o fechamento
velofaríngeo foi classificado em: fechamento velofaríngeo adequado = 0,000 - 0,049cm2;
fechamento adequado-marginal = de 0,050 - 0,099cm2; fechamento marginal-inadequado
= 0,100 - 0,199cm² e, fechamento inadequado 0,200cm². As queixas respiratórias,
respiração oral, ronco e obstrução respiratória durante o sono, foram investigadas por
meio de questionário específico. A comparação entre ambos os grupos quanto à
proporção de pacientes com hipernasalidade e hiponasalidade foi realizada por meio do
teste de Mann-Whitney. Os valores médios de ANF e AVF entre os dois grupos foram
comparados por meio do Teste T de Student e a comparação entre as proporções de
queixas respiratórias em cada grupo foi analisada por meio do Teste para Duas
Proporções. Foram aceitos como significantes os valores de p<<0,05 em todas as
comparações. Resultados: A proporção de pacientes com hipernasalidade e
hiponasalidade não foi estatisticamente diferente entre os dois grupos (p=0,5896 e
p=0,5756, respectivamente). Por outro lado, o grupo RF apresentou valores médios de
ANF e AVF estatisticamente menores que o grupo VI (p=0,000 e p=0,017,
respectivamente). A proporção de pacientes do grupo RF com fechamento velofaríngeo
adequado foi significativamente maior que no grupo VI (p=0,002). A proporção de
pacientes com queixas respiratórias do grupo RF foi significantemente maior do que do
grupo VI (p= 0,000). Conclusões: O RF foi superior à VI na correção da hipernasalidade e
na adequação da função velofaríngea, sendo esta diferença mais evidente pelo resultado
da avaliação instrumental (técnica fluxo-pressão). Por outro lado, o RF levou ao
aparecimento de sintomas respiratórios em maior proporção de pacientes, causados pela
importante redução nasofaríngea verificada após esta cirurgia, comparativamente à VI.

523
Severidade da disfunção temporomandibular e fatores associados em graduandos
de fonoaudiologia

Wellyda Cinthya Felix Gomes da Silva; Anne da Costa Alves, Marluce Nascimento de
Almeida, Jéssica Nazita Lima e Silva, Renata Veiga Andersen Cavalcanti, Jussier
Rodrigues da Silva

Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM) envolve um conjunto de alterações


clínicas que afetam os componentes do sistema estomatognático, podendo atingir as
articulações temporomandibulares, os músculos da mastigação e estruturas associadas.
As implicações causadas pelas DTMs podem ocasionar uma diversidade de
manifestações, limitações e sintomas que incomodam, e em certos casos, incapacitam os
indivíduos acometidos por essa alteração. As alterações ocasionadas pela DTM
interferem nas atividades diárias e sociais da pessoa afetada, induzindo um efeito
negativo na saúde emocional e na qualidade de vida. Objetivo: Identificar a severidade da
disfunção temporomandibular e fatores associados em acadêmicos de
Fonoaudiologia.Método: Trata-se de um estudo descritivo transversal, analisado e
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número 45627/12. A amostra
constituiu-se de 144 acadêmicos do Curso de Fonoaudiologia, com média de idade de
20,77 anos, sendo 125 do sexo feminino e 19 do sexo masculino. Utilizou-se como
instrumento de coleta de dados o Protocolo de Fonseca (1994), com a finalidade de
verificar a severidade de DTM e a triagem recomendada para Disfunção
Temporomandibular segundo a Academia Americana de Dor Orofacial para avaliação dos
fatores associados a DTM. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva por meio
das frequências absolutas e percentuais. Resultados: Pelo Índice Anamnésico da DTM,
dos 144 acadêmicos participantes desta pesquisa, 51(35,4%) foram classificados como
sem DTM, 74(51,4%) com DTM leve, 11(7,6%) com DTM moderada e 8(5,6%) com DTM
severa. Houve uma maior frequência proporcional de acadêmicos classificados com DTM
severa que referiram fatores associados à DTM, segundo a triagem aplicada: dificuldade,
dor ou ambas ao abrir a boca= 5(62,5%); mandíbula “presa”, “travada” ou fora do lugar =
6 (75%); dificuldade, dor ou ambas ao mastigar, falar ou usar os maxilares = 6(75%);
ruídos na articulação dos maxilares= 7(87,5%); rigidez, aperto ou cansaço dos maxilares
com regularidade= 7(87,5%); dor em região de orelhas, têmporas ou bochecha =
5(62,5%); cefaleia, dores no pescoço ou nos dentes com frequência = 7(87,5%);
percepção de alteração recente na mandíbula 4(50%). Nenhum adolescente referiu ter
sofrido algum trauma recente na cabeça, pescoço ou maxilares. Conclusão: Nessa
amostra de acadêmicos de Fonoaudiologia, em relação a severidade, foi observada maior
frequência de DTM leve, seguidas de sem DTM, DTM moderada e DTM severa. Dentre as
categorias de severidade de DTM consideradas nesse estudo, os acadêmicos com DTM
severa foram os que proporcionalmente mais referiram fatores associados a DTM,
seguidos de DTM moderada e DTM leve. Os fatores associados a DTM verificados neste
estudo foram: dificuldade, dor ou ambas ao abrir a boca; mandíbula “presa”, “travada” ou
fora do lugar; dificuldade, dor ou ambas ao mastigar, falar ou usar os maxilares; ruídos na
articulação dos maxilares; rigidez, aperto ou cansaço dos maxilares com regularidade; dor
em região de orelhas, têmporas ou bochecha; cefaleia, dores no pescoço ou nos dentes
com frequência; percepção de alteração recente na mandíbula.

524
Série de casos: postura de cabeça e pescoço em criança com respiração oral
secundária a rinite alérgica

Ana Carolina Cardoso de Melo; Luciana Ângelo Bezerra, Hilton Justino da Silva, klyvia
Juliana Rocha de Moraes, Renata Andrade da Cunha, Daniele Andrade da Cunha,
Gerlane Karla Bezerra Oliveira Nascimento, Décio Medeiros

Introdução: A respiração oral possui diversas causas, tais como: desvio de septo nasal,
postura incorreta, pólipos nasais, abcessos, tumores e rinite alérgica, sendo esta última
uma das mais comumente encontradas. Este tipo de respiração, quando prolongada,
pode gerar desequilíbrios miofuncionais, mudanças nas funções estomatognáticas e no
eixo corporal. A oclusão da boca é parte integrante do sistema estomatognático. Assim,
um transtorno na oclusão, que geralmente ocorre na respiração oral, poderá repercutir
sobre o corpo como um todo. Objetivo: Verificar alterações na postura de cabeça e
pescoço e deslocamento ântero-posterior do eixo corporal em crianças com respiração
oral secundária à rinite alérgica. Método: Estudo realizado no ambulatório de pediatria e
de alergia/imunologia do Hospital das Clínicas da UFPE, Brasil. A amostra foi composta
por 11 crianças com respiração oral secundária à rinite alérgica, na faixa etária de 6 a 11
anos. As crianças foram submetidas à avaliação postural através da biofotogrametria.
Durante a avaliação postural, a criança permaneceu em postura ortostática sob um tapete
sem marcações. A câmera digital foi afixada em um tripé sendo posicionada na altura da
cicatriz umbilical da criança, permanecendo a 2,5m de distância da criança. As imagens
foram captadas nas vistas anterior, posterior, lateral direita e esquerda. Posteriormente
foram analisadas através do software SAPO. RESULTADOS: Das 11 crianças, 3
(27.27%) eram do gênero feminino; a média de idade foi de 7.81 ± 1,83 anos de idade.
Oito crianças (73%) apresentaram cabeça inclinada à esquerda, 9/11(82%) com a cabeça
anteriorizada e 9/11 (82%) com o corpo deslocado posteriormente, visando uma
compensação corporal para manter a postura bípede. CONCLUSÃO: A respiração oral
leva a alterações miofuncionais gerando desajustes posturais globais, podendo alterar a
função mastigatória. Sugerem-se mais estudos sobre este tema, estimulando a
intervenção precoce na correção postural.

525
Síndrome da apnéia obstrutiva do sono e disfagia orofaríngea: caso clínico

Giédre Berretin-Felix; Camila de Castro Corrêa, Raquel Rodrigues Rosa

Introdução: A disfagia orofaríngea é um distúrbio da deglutição decorrente de alterações


estruturais e/ou funcionais relacionadas aos sistemas estomatognático, digestivo e/ou
respiratório. Especificamente distúrbios miofuncionais orofaciais e respiratórios podem ser
verificados em indivíduos com a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS), um
distúrbio respiratório no qual ocorre a diminuição e/ou interrupção do fluxo de ar durante o
sono. Objetivo: apresentar os achados clínicos de um caso em que a paciente apresenta
sinais e sintomas de disfagia orofaríngea e de SAOS. Métodos: por meio da avaliação
clínica miofuncional orofacial e da deglutição orofaríngea, do suporte respiratório para a
fala, exame videofluoroscópico da deglutição e análise do exame de polissonografia.
Resultados: Paciente de 68 anos, escolaridade 2º grau, apresentou-se ao atendimento
fonoaudiológico com a seguinte queixa: “engasgo às vezes principalmente com sólidos”.
Em avaliação miofuncional orofacial, encontrou-se língua com tremor e marcas dentárias,
alteração na tonicidade e mobilidade de língua, lábios, bochechas e palato mole. Quanto
ao tempo máximo de fonação observou-se no /a/ o tempo máximo de 4’5’’, /s/ de 6’7’’, /z/
de 3’6’’ e /u/ de 4’15’’. Quanto à avaliação clínica da deglutição, notou-se alteração na
ausculta cervical e alteração de voz para líquido e pastoso; pigarro após a deglutição da
consistência sólida; múltiplas deglutições para todos os alimentos, além da oximetria
alterada, com variação no nível de saturação de oxigênio (97-92) e dos batimentos
cardíacos (76-83) para a consistência pastosa. Em relação ao exame instrumental, a
disfagia foi classificada como Disfagia Leve, tendo-se verificado os seguintes sinais:
escape posterior prematuro para todas as consistências testadas, atraso do início da fase
faríngea no líquido; resíduo em valécula e lentidão do trânsito orofaríngeo para sólido;
além de alteração da motilidade esofágica e estase do alimento ao longo do trato
esofágico. Quanto ao exame de polissonografia, resultou em 16,4 eventos por hora,
caracterizando o quadro em Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono de grau moderado.
Dessa forma, as alterações da deglutição, relacionadas às fases oral e faríngea,
verificadas no caso apresentado podem ser justificadas pelas condições miofuncionais
orofaciais e respiratórias da paciente, decorrentes do processo de envelhecimento e
somadas ao distúrbio respiratório do sono, sugerindo a necessidade de estudos voltados
à deglutição orofaríngea desses indivíduos, bem como elaboração de propostas de
intervenção focadas nos sistemas miofuncional orofacial e respiratório, associado à
abordagem direta de deglutição segura e efetiva. Por fim, destaca-se a necessidade de
intervenção integrada a outras especialidades, sendo que no caso apresentado diz
respeito às especialidades médica de distúrbio do sono e gastroenterologia.

526
Síndrome de Crouzon: relato de caso do pré e pós-terapia em motricidade orofacial

Ana Karênina de Freitas Jordão do Amaral; Eveline Gonçalves Silva

Introdução: A síndrome de Crouzon é uma doença genética dominante caracterizada pela


tríade: deformidade craniana, alterações faciais e exoftalmia Aponta-se uma incidência
entre 15,5 e 16,5 de nascidos com a síndrome por milhão. A identificação e possível
diagnóstico da doença se dão principalmente por exames de imagens como a tomografia
ou radiografia. O aumento da pressão intracraniana é um dos principais fatores para
determinar as características dessa síndrome. Realizam-se intervenções cirúrgicas entre
o primeiro e o segundo ano de vida da criança para que essas alterações possam ser
minimizadas. Objetivo: Descrever as modificações do sistema estomatognático antes e
após terapia em motricidade orofacial (MO). Métodos: trata-se de um estudo descritivo,
horizontal tendo como participante um voluntário com 14 anos, atendido na clínica-escola
de Fonoaudiologia de uma instituição pública federal. Esta pesquisa foi aprovada pelo
comitê de ética em pesquisa sob o parecer de número 316.126/2013, atendendo as
recomendações da resolução 196/96 do CNS. Para coleta de dados, utilizou-se o Exame
Miofuncional Orofacial – MBGR. Foram realizadas dez sessões de fonoterapia, com
duração de 30 minutos, cada. Resultados: O paciente realizou cirurgia craniana aos sete
meses de idade e cirurgia de distração facial há sete anos, que auxiliou na diminuição dos
sintomas da síndrome, como a assimetria facial e exoftalmia. Porém, com o decorrer da
idade e contínuo crescimento facial, os sintomas regrediram. A avaliação anterior às
sessões de MO resultaram como características morfológicas, lábios entreabertos durante
o repouso, macroglossia, oclusão classe III de Angle, palato duro apresentando fissura
mediana, com presença da mucosa, apenas, para separar a cavidade oral da nasal. Os
olhos apresentaram-se numa assimetria com hipertelorismo, além da exoftalmia bilateral.
Lábios, língua e bochechas apresentaram-se hipofuncionantes e com tremor durante o
movimento. Apresentou respiração oronasal, sucção pouco eficiente e apreensão
ineficiente de alimentos durante a mastigação. Paciente ainda referiu engasgos
frequentes com alimentos sólidos e líquidos. Os objetivos das sessões estavam voltados
à adequação das funções estomatognáticas e de suas estruturas, junto a orientações
para serem realizadas em casa, devendo os exercícios ser repetidos duas vezes ao dia.
Após as 10 sessões, percebeu-se vedamento labial durante repouso, adequação da
funcionalidade e mobilidade de lábios, língua e bochechas. Adequação, ainda, das
funções de sucção e deglutição, na qual o paciente referiu não possuir mais engasgos,
provavelmente pelo aumento da pressão intraoral conseguida durante as funções.
Conclusão: A terapia fonoaudiológica em MO na síndrome de Crouzon mostrou-se
eficiente quando comparados os dados pré e pós-tratamento de um paciente portador
dessa síndrome. Entretanto, poucos são os estudos na área de MO que visam
demonstrar a atuação com a citada síndrome; dessa forma, sugere-se que mais estudos
sejam realizados para melhor compartilhamento de informações com os profissionais da
área e melhor direcionamento terapêutico almejando sucesso.

527
Tempo de intervenção fonoaudiológica para transição da alimentação de recém-
nascidos do método canguru

Andréa Monteiro Correia Medeiros; Conceição Lima Alvelos, Thalyta Prata Leite de Sá

Introdução: O aleitamento materno propicia bom desenvolvimento das funções


estomatognáticas do recém-nascido, sendo que o ato de sugar estimula adequadamente
os músculos orofaciais. Nesse contexto, a transição da dieta por sonda diretamente para
seio materno exclusivo (sonda-peito) vem sendo utilizada. Inicialmente a estimulação da
sucção é realizada na “mama vazia” e o recém-nascido é alimentado por sonda evitando
que haja incoordenação nas funções de sucção/respiração/deglutição. Quando o recém-
nascido aprimora essa coordenação, o treino de deglutição é realizado em “mama
parcialmente cheia” simultaneamente à dieta ofertada por sonda. Se o ganho de peso é
adequado e o recém-nascido coordena as funções, o complemento por sonda é diminuído
até que haja oferta em seio materno exclusivo. Objetivo: Verificar o tempo de intervenção
fonoaudiológica necessário para o início da alimentação por via oral, utilizando a técnica
da transição da alimentação por sonda para o seio materno, em recém-nascidos de risco
do Método Canguru. Métodos: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética sob CAAE nº
02304812.0.0000.0058, realizado a partir do levantamento dos prontuários médico e
fonoaudiológico de 38 recém-nascidos de risco atendidos em uma Unidade Canguru.
Foram colhidos dados sobre: idade gestacional ao nascimento e corrigida, dias de vida,
peso ao nascimento e atual, tipo e duração da intervenção fonoaudiológica recebida e
volume de dieta oferecido (sonda). Observou-se ainda o tempo de uso de antibióticos e
suporte ventilatório, o que permitiu a divisão dos recém-nascidos em dois grupos de
acordo com as intercorrências médicas (G1 = 17 sujeitos; G2 = 21 sujeitos). Na análise
estatística foi aplicado o teste não paramétrico de Mann-Whitney e o coeficiente de
correlação de Pearson com p>>0,05. Resultados: O tempo de intervenção necessário até
que os recém-nascidos recebessem alta fonoaudiológica não apresentou resultados
estatisticamente significantes entre os dois grupos (G1= 9,35 dias e G2= 10,12 dias). O
peso médio de nascimento dos prematuros apresentou média geral de 1.478,47 gramas
(1.563,53 no G1 e 1.409,62 no G2), nesse aspecto houve diferença estatisticamente
significante entre os grupos 1 e 2. Não foram encontradas diferenças estatisticamente
significantes entre os grupos para o tempo de intervenção fonoaudiológica, embora a
hipótese inicial deste estudo fosse que os recém-nascidos do G1 (sem intercorrências
médicas importantes) necessitariam de menos dias de atendimento fonoaudiológico do
que os do G2. Este dado pode estar relacionado ao fato dos recém-nascidos ao iniciarem
o treino para transição da dieta por sonda para seio materno (momento da avaliação
fonoaudiológica), já se apresentarem clinicamente estáveis e com peso e idades
gestacionais semelhantes. É importante salientar que no momento do nascimento esses
recém-nascidos apresentaram diferenças significantes em relação ao peso. Conclusões:
O presente estudo aponta que as intercorrências médicas apresentadas pelos recém-
nascidos estudados não estiveram diretamente relacionadas à duração da intervenção
fonoaudiológica. Entretanto, observou-se que o uso da técnica de transição da
alimentação para seio materno, a partir do momento que os recém-nascidos atingiram
pesos semelhantes entre os grupos, considerados adequados para intervenção
fonoaudiológica, beneficiou que essa população considerada de risco recebesse
assistência à alimentação precoce, culminando com a alta hospitalar em seio materno
exclusivo.

528
Terapêuticas da dtm em idosos: uma revisão sistemática

Nathália Angelina Costa Gomes; Danielle Albuquerque Alves de Moura, Hyrys Célia de
Souza Almeida, José Elivelton da Silva, Joice Maely Souza da Silva, Luana Priscila da
Silva, Mariane Querido Gibson, Gerlane Karla Bezerra Oliveira Nascimento

Introdução: Dentre as alterações do Sistema Estomatognático (SE) inerentes ao


envelhecimento a disfunção temporomandibular (DTM) pode estar presente.
Caracterizada por diversas modificações anatomofuncionais, musculares e da articulação
temporomandibular (ATM), a DTM ocorre por condições multifatoriais com manifestações
isoladas ou em diferentes associações. Os procedimentos utilizados visando a cura ou
prevenção dessas alterações caracterizam a terapia. Objetivo: revisar sistematicamente
na literatura as terapêuticas empregadas para DTM em idosos. Método: foi realizada uma
busca nas bases de dados SciELO–Brasil, Lilacs e Medline/Pubmed no período de
Janeiro a Fevereiro de 2013. Foram incluídos os estudos referentes à temática proposta e
excluídos os estudos de revisão sem definição metodológica delineada, títulos ou
resumos não condizentes com o objetivo do estudo, artigos de revisões sistemáticas ou
integrativas, artigos que incluíssem patologias associadas, trabalhos não disponibilizados
completamente nos bancos de dados e estudos realizados fora da faixa etária
estabelecida. Resultados: foram encontrados 2088 artigos no cruzamento dos descritores
e seus correspondentes em inglês, onde 772 correspondem à transtornos da articulação
temporomandibular and terapia, e 1316 artigos à transtornos da articulação
temporomandibular and tratamento. Dentre os quais foram selecionados 12. Verificou-se
a prática do tratamento com toxina botulínica tipo A, terapia cognitivo-comportamental,
tratamento com aparelho de estabilização combinado com aparelho suave no maxiliar
oposto, técnicas manuais na região cervical e temporomandibular, terapia miofuncional
orofacial combinada com recomendações e orientações, terapia de reposição hormonal,
exercícios fisioterápicos, cirurgia artroscópica, artroplastia e cirurgia de colocação de
metal. Conclusão: Foi identificada a existência de variadas abordagens terapêuticas de
acordo com cada autor, não havendo padronização dos procedimentos utilizados para o
tratamento da DTM em idosos.

529
Terapia fonoaudiológica em estética facial: estudo de caso

Adriana Mria Romão; Diulia Gomes Klossowski, Maria Fernanda Bagarollo, Gilsane
Raquel Czlusniak

Introdução: A área da estética vem se desenvolvendo cada vez mais, pois nos dias atuais
a demanda de pessoas à procura do rejuvenescimento, ou até mesmo para prevenção é
grande. A atuação fonoaudiológica em Motricidade Orofacial com finalidade estética visa
avaliar, prevenir e equilibrar a musculatura da mímica facial e/ou cervical, além das
funções orais, buscando a simetria e a harmonia das estruturas envolvidas, do movimento
e da expressão, resultando no favorecimento estético. Objetivo: Verificar as modificações
ocorridas na face antes, durante e após intervenção fonoaudiológica em estética facial.
Métodos: Essa pesquisa trata-se de um estudo de caso. O caso estudado foi de uma
voluntária, do sexo feminino de 41 anos de idade. Foi utilizado um protocolo de
Anamnese e Avaliação do Método Magda Zorzela e um Protocolo de Motricidade
Orofacial tradicionalmente usado na área da Motricidade Orofacial. Para coleta de dados
a voluntária foi submetida à 12 sessões de trabalho fonoaudiológico, incluindo anamnese,
avaliação e reavaliação. Nesse período a voluntária passou por técnicas propostas pelo
Método MZ e pela utilização de bandagem não elástica do tipo Transpore®. Os dados
foram registrados através de fotografias ao final de cada uma das 12 sessões, incluindo
avaliação e reavaliação. Resultados: Foi possível observar que os principais resultados
obtidos foram: adequação da maneira de mastigação e deglutição e suavização dos
vincos presentes sobre o músculo frontal. Na pele que recobre a musculatura do olho,
boca não se pode constatar redução das rugas, com esse tempo de tratamento. Assim, o
principal resultado encontrado refere-se à redução significativa das rugas que recobrem o
músculo frontal. Conclusão: Esse estudo mostrou a necessidade de mais estudos,
especialmente, experimentais, que comprovem a eficácia ou não de cremes antirrugas, do
uso da bandagem não elástica durante o tratamento de fonoaudiologia e estética facial e
a busca por evidências científicas que demonstrem a eficiência e a eficácia das técnicas
propostas e utilizadas. Além disso, essa pesquisa abre possibilidades para se pensar em
novos estudos que se ocupem da investigação da continuidade da terapia fonoaudiológica
no domicilio e expansão do tratamento fonoaudiológico.

530
Tonicidade e mobilidade orofacial de pacientes com esclerose múltipla: análise em
função do sexo

Ana Karênina de Freitas Jordão do Amaral; Émerson Soares Pontes,


Aline Cunha de Sousa, Jaims Franklin Ribeiro Soares

Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) constitui-se numa doença desmielinizante e


inflamatória que acomete o sistema nervoso central (SNC) causando disfunções
neurológicas e manifestações clínicas. Todas as atividades motoras provenientes dos
circuitos neuronais do SNC atuam na regulação do tônus muscular. E o tônus normal
permite a execução de movimentos coordenados, elaborados pelos centros superiores. A
EM acomete o sistema motor e pode interferir na capacidade de regulação do tônus
muscular. Como tonicidade e mobilidade das estruturas orofaciais estão interligadas,
alteração no tônus pode levar a uma movimentação inadequada. Objetivo: Verificar como
as alterações de tonicidade e mobilidade das estruturas orofaciais de portadores da
esclerose múltipla variam em função do sexo. Método: Foram convidados 18 voluntários
com diagnóstico de esclerose múltipla, de ambos os sexos, divididos em dois grupos de
idade a partir da mediana (Md = 46,5 anos) para avaliação das alterações de tonicidade e
mobilidade das estruturas orofaciais. Durante a avaliação, foi realizada palpação da
musculatura perioral para verificação da tonicidade e solicitou-se aos voluntários a
realização da movimentação das estruturas como se segue:
protrusão/retração/lateralização lingual, protrusão/retração labial, inflar/sugar bochechas,
abaixamento/elevação da mandíbula, elevação/abaixamento do palato mole produzindo
/a/ e /ã/, associando essa movimentação à condição adequada de tonicidade. Os
voluntários foram avaliados numa clínica-escola de Fonoaudiologia de uma universidade
pública. As avaliações, gravadas em vídeo, foram reanalisadas e os dados obtidos
receberam tratamento estatístico com o uso do SPSS, versão 16.0. O projeto de pesquisa
foi submetido ao comitê de ética da instituição e aprovado pelo parecer de número
0086/12. Resultados: Os resultados obtidos indicam que pacientes do sexo feminino
apresentam alterações iguais ou mais frequentes do que pacientes do sexo masculino em
todas as estruturas analisadas, tanto no que diz respeito à tonicidade, quanto à
mobilidade. Destacam-se os resultados referentes à tonicidade de bochechas (alterada
em 11% dos homens e 78% das mulheres avaliadas), à tonicidade da língua (normal em
100% dos homens e alterada em 56% das mulheres) e à mobilidade das bochechas
(alterada em 11% dos homens e em 44% das mulheres). Conclusões: A literatura aponta
que a EM tem uma maior incidência no sexo feminino. Uma manifestação motora desta
doença é a diminuição do tônus muscular, e, geralmente, as alterações de tônus e
mobilidade são mais significativas em mulheres, associadas às modificações hormonais.
Como é evidente que a tonicidade está interligada com a mobilidade, uma alteração no
tônus pode causar o comprometimento do movimento das estruturas orofaciais. Na EM,
segundo os resultados encontrados nesta amostra, parece que essa condição se repete.
Ou seja, além da maior prevalência em mulheres, o estudo sugere as alterações de
tonicidade também sejam mais intensas no sexo feminino. Do ponto de vista
epidemiológico, os resultados apontam para um indicador “gravidade” da EM, que neste
estudo demonstra ser maior em mulheres no que se refere à tonicidade e mobilidade das
estruturas orofaciais.

531
Tonicidade e mobilidade orofacial em função do tempo desde o diagnóstico da
esclerose múltipla

Ana Karênina de Freitas Jordão do Amaral; Jaims Franklin Ribeiro Soares

Introdução: A esclerose múltipla (EM) é a mais frequente das doenças desmielinizantes,


mas ainda insuficientemente conhecida quanto a sua etiologia. Acomete principalmente
adultos jovens, que podem sofrer forte impacto na sua qualidade de vida em função da
doença em si e/ou pelos efeitos colaterais dos medicamentos utilizados. A EM é uma
doença progressiva, na qual se espera que suas alterações (motoras, sensoriais, visuais
e de coordenação) intensifiquem-se ao longo dos anos. O tempo médio de duração da
doença costuma ser de 6 anos desde o diagnóstico, mas variando entre 1 e 19 anos,
dependendo do ritmo de sua evolução. Objetivo: Investigar a tonicidade e a mobilidade
das estruturas orofaciais de portadores da esclerose múltipla em função do tempo desde
o diagnóstico. Método: Para avaliação da tonicidade e mobilidade da musculatura
orofacial, dezoito portadores de esclerose múltipla, de ambos os sexos, foram divididos
em dois grupos considerando o tempo desde o diagnóstico: até cinco anos e mais de
cinco anos. Todos foram avaliados por palpação da musculatura da língua, lábios,
bochechas e mentual; e a mobilidade solicitando-se a execução de
protrusão/retração/lateralização lingual, protrusão/retração labial, inflar/sugar bochechas,
abaixamento/elevação da mandíbula, elevação/abaixamento do palato mole produzindo
/a/ e /ã/, associando essa movimentação à condição adequada de tonicidade. A coleta foi
realizada numa Clínica-Escola de Fonoaudiologia de uma instituição de ensino superior.
As avaliações, gravadas em vídeo, foram reanalisadas e os dados obtidos receberam
tratamento estatístico com o uso do SPSS, versão 16.0. A pesquisa foi aprovada por
comitê de ética da instituição sob protocolo de número 0086/12. Resultados: Sujeitos com
menos de cinco anos de diagnóstico foram mais frequentemente acometidos pela
hipotonia de lábios (56%) e bochechas (56%) do que sujeitos com tempo desde o
diagnóstico superior a cinco anos. Das estruturas avaliadas, estes últimos apresentaram,
com maior frequência, apenas hipotonia de língua (38%). Quanto às alterações de
mobilidade das estruturas orofaciais, os dois grupos se equivalem quanto à frequência de
alterações na mobilidade de palato mole. Os comprometimentos da mobilidade de língua
(67%), lábios (33%), bochechas (33%) e mandíbula (33%) são mais frequentes no grupo
com diagnóstico mais recente. Conclusão: No que diz respeito à tonicidade e à mobilidade
de estruturas orofaciais, os dados obtidos neste estudo contrariam a crença geral de que
em Esclerose Múltipla a passagem do tempo por si só representaria agravamento do
quadro clínico. Na avaliação miofuncional orofacial em patologias progressivas, convém
atentar para o fato de que as intervenções terapêuticas, a adesão do sujeito aos
tratamentos e suas singularidades podem interferir na condição clínica atual e na
evolução da doença. Acredita-se que a terapia miofuncional orofacial pode ser de grande
valia para a melhoria da qualidade de vida destes sujeitos.

532
Tonicidade e mobilidade orofacial em sujeitos com diagnóstico de esclerose
múltipla em função da idade

Ana Karênina de Freitas Jordão do Amaral; Jaims Franklin Ribeiro Soares, Émerson
Soares Pontes, Aline Cunha de Sousa

Introdução: A Esclerose Múltipla é uma doença degenerativa, neurológica e crônica. Do


ponto de vista patológico é caracterizada por múltiplas áreas de inflamação,
desmielinização e formação de cicatrizes gliais na substância branca do sistema nervoso
central. A degeneração destrói a mielina que é responsável pela transmissão de impulsos
nervosos e daí surgem complicações que afetam a tonicidade e a mobilidade do corpo
inteiro e podem induzir a problemas de locomoção, disfunções orgânicas e problemas
sensoriais, prejudicando inclusive a execução de atividades motoras orais. Objetivo:
Verificar como as alterações de tonicidade e mobilidade da musculatura orofacial de
portadores da esclerose múltipla variam em função da idade. Método: Dezoito sujeitos
com diagnóstico de esclerose múltipla, de ambos os sexos, foram divididos em dois
grupos de idade a partir da mediana (Md = 46,5 anos) para avaliação da tonicidade e
mobilidade da musculatura orofacial. Os sujeitos foram avaliados através da palpação da
musculatura da língua, lábios, bochechas e mentual; e a mobilidade foi avaliada
solicitando a execução de protrusão/retração/lateralização lingual, de protrusão/retração
labial, inflar/sugar bochechas, abaixamento/elevação da mandíbula,
elevação/abaixamento do palato mole produzindo /a/ e /ã/, associando essa
movimentação à condição adequada de tonicidade. Os dados foram coletados numa
Clínica-Escola de Fonoaudiologia de uma Universidade Federal. As avaliações, gravadas
em vídeo, foram reanalisadas e os dados obtidos receberam tratamento estatístico com o
uso do SPSS, versão 16.0. A pesquisa foi aprovada em comitê de ética da instituição sob
protocolo de número 0086/12. Resultados: Os dados demonstram que os pacientes
pertencentes ao grupo de idade mais elevado apresentam mais frequentemente hipotonia
de bochechas (67%), lábios (56%), língua (33%) e palato mole (22%) do que o grupo mais
jovem. Não foi encontrada diferença entre os grupos quanto ao músculo mentual. Já no
que diz respeito à mobilidade das estruturas avaliadas, o grupo mais velho apresenta
alterações mais frequentes na mobilidade de lábios (22%), bochechas (33%) e palato
mole (22%). Quanto à mobilidade de língua (67%) e de mandíbula (33%), o grupo mais
jovem apresentou alterações mais frequentes. Conclusão: Segundo a literatura, existe
uma tendência à diminuição de tonicidade muscular com o avançar da idade, mesmo em
indivíduos considerados saudáveis. Entretanto, as elevadas frequências de hipotonia e
prevalência de alterações da mobilidade em ambos os grupos avaliados fazem crer que a
Esclerose Múltipla é um fator definidor para estas alterações ainda mais importante do
que a idade.

533
Uma comunidade de paralisia facial no facebook: relatos que circulam nas redes
sociais

Mabile Francine Ferreira Silva; Maria Claudia Cunha

Introdução: As redes sociais online aproximam usuários conectados via internet. Tal
mecanismo de sociabilidade tipicamente contemporâneo é caracterizado pela existência
de um grupo social ou comunidade que interage com regularidade e pode, assim,
construir/intensificar novos laços sociais. O Facebook é um site e serviço de rede social,
no qual os usuários criam um perfil pessoal e podem participar de grupos com interesses
comuns. Sabe-se que nos indivíduos com paralisia facial, dentre os principais
comprometimentos está a limitação da função mímica e expressiva da face. Assim,
considerando-se que nesse contexto as interações se estabelecem sem a necessidade do
contato “face a face”, as comunidades de Paralisia Facial no Facebook parecem ser um
dispositivo propício para constituição de laços sociais, favorecendo a exposição de relatos
pessoais. Objetivo: Investigar os relatos de sujeitos inseridos na comunidade de paralisia
facial em uma página do Facebook. Método: Foi selecionada a comunidade intitulada
“Paralisia Facial” no Facebook que havia maior quantidade de participantes. Realizou-se a
análise dos comentários publicados, após consulta aos termos e às políticas de
privacidade para uso e controle de informações do Facebook. A coleta dos dados foi
realizada a partir dos comentários publicados pelos próprios usuários, no período de 01 a
31 de maio de 2013. O material coletado foi interpretado a partir da análise categorial. A
identidade dos usuários foi preservada. Resultados: A página de Paralisia Facial foi criada
em 02/11/2011 e no dia 31/05/2013 registrava um total de 2028 usuários, a grande
maioria domiciliada na cidade de São Paulo e na faixa etária de 25 a 34 anos. No período
investigado foram postados: 54 depoimentos pessoais, 403 comentários sobre os
mesmos (com média de 7,7 comentários por depoimento). A totalidade de depoimentos
foi postada por indivíduos com paralisia facial periférica. As temáticas mais abordadas
foram: histórico clínico do próprio caso (76%), solicitações de informações sobre
medicamentos e/ou tratamentos (42%), por parte de indivíduos que, muitas vezes, estão
em acompanhamento com profissionais da saúde, mas tem dúvidas quanto aos
procedimentos, criticam e questionam a competência desses profissionais quanto ao
tratamento (11,5%). Outros, relatam a própria evolução e efeitos positivos das
intervenções realizadas para o tratamento da paralisia facial (33%), e tendem a relacionar
a melhora dos sintomas com fatores como “capacidade de superação pessoal e/ou
fortalecimento da fé” (17%). Entretanto, 30% dos depoimentos evidenciaram que a
doença gerou problemas emocionais (desânimo, tristeza e raiva) e limitações sociais para
retomar suas atividades cotidianas. Os depoimentos evidenciaram o compartilhamento de
experiências pessoais, sugerindo (via quantidade significativa de comentários) benefícios
em termos subjetivos e de disponibilidade de informações para os usuários. Porém,
muitas das discussões levantadas estavam relacionadas a solicitações de tratamento
medicamentoso e/ou dicas para recuperação dos movimentos mímicos da face, o que se
evidencia preocupante, principalmente ao se pensar que tais intervenções realizadas por
conta própria podem agravar o quadro clínico. Conclusão: Foi interessante investigar os
relatos que circulam entre os sujeitos com paralisia facial pois estes evidenciaram
temáticas importantes e preocupantes que precisam ter espaço para discussão na
fonoaudiologia.

534
SAÚDE COLETIVA

“Memorizando o caminho. Vamos passear?”: uma estratégia para otimizar a


memória de trabalho em idosos

Melina Putti; Yara Helena Rodrigues, Naalian de Paula Nunes, Natalia Alvarenga
Maruyama, Rita Cristina Sadako Kuroishi, Tatiane Martins Jorge

Introdução: A população brasileira sofreu uma profunda transformação devido ao aumento


da expectativa de vida e à redução das taxas de natalidade, o que vem ocasionando o
aumento do número de idosos. Dentre as várias alterações fisiológicas decorrentes do
processo de envelhecimento encontra-se a redução da capacidade de memória de
trabalho, que pode comprometer o bem estar biopsicossocial do idoso impedindo a
continuidade da sua vida social de forma participativa, interagindo com os familiares e
com a sociedade. A memória consiste em um conjunto de procedimentos que envolvem
mecanismos de codificação, retenção e recuperação. Permite manipular e compreender o
mundo, levando em conta o contexto atual e as experiências individuais. A memória de
trabalho, ou curto prazo, recebe informações já codificadas pelo cérebro e retêm tais
informações por alguns segundos, talvez alguns minutos, para que estas sejam utilizadas,
descartadas ou mesmo organizadas para serem armazenadas. As oficinas de memória
(OM) têm como objetivo fortalecer a mesma por meio de exercícios simples e,
preferencialmente, de baixo custo. Objetivo: Este estudo tem por objetivo descrever uma
estratégia elaborada durante a realização de uma OM, denominada “Memorizando o
Caminho, Vamos Passear?”. Método: Trata-se de descrição de uma experiência
vivenciada por alunos de graduação do curso de Fonoaudiologia durante estágio
curricular em uma unidade de saúde da família em Ribeirão Preto/SP. Resultados: A
estratégia foi desenvolvida da seguinte maneira: utilizando-se de Power Point, foi
apresentado um trajeto a ser percorrido por um ônibus, cujo motorista era a supervisora
da OM. Durante o percurso, a supervisora buscava os integrantes da oficina em diferentes
locais, relacionados ao dia a dia desses indivíduos, como farmácia, mercado, padaria. O
destino era o Núcleo de Saúde onde se realizava a oficina. Foram associados às cenas
estímulos sonoros, como celular tocando, trovão e latido. Os participantes eram
solicitados a memorizar vários aspectos, como: cor da roupa e acessórios que utilizavam
e locais visitados e estímulos sonoros e sua ordem direta e inversa de apresentação.
Participaram dessa atividade 13 idosos. Todos se sentiram motivados e interessados em
participar, além de apresentar bom desempenho ao evocar o que foi solicitado. Foi
observada maior facilidade em evocar ordem direta de apresentação das sequências de
locais e estímulos sonoros. Conclusão: A estratégia elaborada e aplicada foi bastante
motivadora e dinâmica, além de permitir integração dos participantes. Desse modo,
sugere-se que a mesma seja replicada em outras unidades de saúde e/ou com outros
grupos de participantes.

535
A atuação da fonoaudiologia junto aos familiares dos pacientes do centro de
atenção psicossocial

Francisco Varder Braga Junior

Introdução: A família é a base fundamental na formação da criança, pois é por meio dela
que passamos a adquirir nossos valores, caráter e formamos nossa personalidade, seja,
por imitação, observação ou condutas dos nossos familiares. Logo, quando existe algum
desajuste no ambiente familiar, seja ele de cunho econômico, emocional e/ou social,
torna-se mais difícil para esta família lidar com a formação do seu filho, principalmente
quando se trata de doença. Sabemos que o convívio com a doença, seja ela física ou
mental, é muito desgastante para a família, o que é agravado quando essa doença tende
a ser de duração prolongada, tendo recidivas de manifestações agudas ou vista como
incapacitante e estigmatizante, como é o caso da doença mental. Objetivos: Pensando
nisso, e tomando como base algumas diretrizes, o Centro de Atenção Psicossocial para
Infância e Adolescência de Iguatu-CE criou um grupo de atenção às famílias das crianças
assistidas na instituição, com o objetivo de dar suporte à saúde psicológica desses
familiares e resgatar a autoestima e a motivação. Metodologia: O grupo é coordenado
pelo Fonoaudiólogo e a Enfermeira, numa perspectiva interdisciplinar, passando
conhecimentos teóricos e práticos relacionados aos transtornos de seus filhos, além de
prestar orientação familiar individualizada quando necessário. É realizado apenas um
encontro mensal devido às dificuldades financeiras e de acesso, além da falta de tempo
dos pais. Após realizar oito encontros, é conferido um certificado aos participantes,
momento de felicidade, orgulho e conquista para os envolvidos, sendo entregue de forma
solene e coletiva que se constitui num evento cultural realizado na instituição. Resultados:
Portanto, com esse grupo surgiu o projeto “Mãe de verdade”, devido às mães serem a
representação mais expressiva do grupo, as quais recebem conhecimento e orientação
de como lidar e entender melhor seus filhos e a lidar com suas dificuldades. Os
participantes demonstraram satisfação, prazer e dedicação, sentimentos observados
mediante a assiduidade, pontualidade e participações durante os encontros. Com isso,
conseguimos obter em oito meses, maior compromisso, empenho, responsabilidade e
motivação dos pais para com o tratamento dos seus filhos, resgatando a autoestima, o
que proporcionou um resultado mais rápido e eficaz no tratamento das crianças.
Conclusão: Logo, a família deixou de ser culpabilizada pela doença do seu filho de forma
leiga e passou a atuar como coadjuvante em seu tratamento e reabilitação, de maneira
consciente, a partir da escuta, orientação e informação.

536
A contribuição da fonoaudiologia no processo de envelhecimento saudável

Andrea Wander Bonamigo; Ana Clara Kettl dos Santos

Introdução: Apesar de idosos possuírem frequentemente doenças crônicas, nem todos


limitam-se, muitos levam uma vida normal, com enfermidades controladas e expressa
satisfação. Saúde será o resultado do equilíbrio entre várias dimensões da capacidade
funcional do idoso, sem necessariamente significar ausência de problemas em todas as
dimensões.Ao fonoaudiólogo cabe oferecer subsídios teóricos e práticos para uma das
interfaces na atenção à saúde do idoso: Comunicação humana. Nessa prática estão
envolvidas várias de suas especializações, como motricidade orofacial, audição, voz, fala
e linguagem. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi rever alguns conceitos sobre a
atuação das áreas da fonoaudiologia no processo de envelhecimento saudável.
Metodologia: Realizou-se uma revisão teórica de artigos na Biblioteca Virtual em Saúde
utilizando as palavras “Fonoaudiologia e Envelhecimento” e livros que referissem sobre a
contribuição das áreas da fonoaudiologia no envelhecimento. Resultados: As alterações
fonoaudiológicas encontradas em literatura e relacionadas ao envelhecimento saudável
foram: perda da acuidade auditiva (presbiacusia), alterações da motricidade orofacial (fala
e presbifagia), alterações vocais (presbifonia) e alterações de linguagem. A presbiacusia
implica em alterações degenerativas do sistema auditivo como um todo, ocasionado, em
especial pela interação de fatores como: ruído, alimentação, medicamentos, tensão diária
e genética. Caracteriza-se pela perda auditiva mais acentuada para sons agudos,
afetando, predominantemente a compreensão da fala. As estruturas da cavidade oral
envolvidas na produção da fala, sofrem alterações no envelhecimento, causando
dificuldades na articulação, produção de sons e inteligibilidade da fala. As modificações
ocorridas na cavidade oral também podem dificultar o processo da deglutição,
comprometendo a nutrição do indivíduo, aumentando sua morbidade e a mortalidade.
Comumente descrita como rouca e fraca, a voz do idoso pode também apresentar
alterações de pitch. A maior concordância entre os estudos se refere à tendência da
frequência fundamental decrescer com a idade, para as mulheres por volta dos 50 anos e
para os homens a elevação da frequência mais evidente após os 70 anos. A possibilidade
de estabelecer um relacionamento produtivo com o meio, trocar informações, manifestar
desejos, idéias, sentimentos está diretamente relacionada à habilidade de comunicar-se.
Para ocorrer é necessário instrumento lingüístico, cognitivo e interacional dos parceiros.
Modificações da linguagem no envelhecimento podem dar-se tanto no meio físico como
no mental. Após os 80 anos podem ser percebidas marcas lingüísticas de relação entre
sujeito e estruturas prosódicas, sintáticas, lexicais, discursivas e conversacionais. Utilizar
um trabalho sequencial com grupos de idosos pode recuperar as funções cognitivas
diminuídas, melhorando a linguagem e a comunicação no envelhecimento, sob essa ótica
foi proposto um programa de estimulação contendo atividades para preservação das
habilidades cognitivas e comunicativas do idoso saudável, o PROHABILIDOSO.
Conclusões: As alterações fonoaudiológicas no idoso saudável decorrem do
envelhecimento do organismo humano como um todo. Com o aumento da expectativa de
vida da população cabe ao fonoaudiólogo a ampliação do olhar para atuar visando a
preservação das habilidades que contribuem para a promoção do estado de bem-estar
físico e mental, com o intuito de minimizar ao máximo circunstâncias que levem ao
adoecimento dessa população.

537
A fonoaudiologia na saúde coletiva: uma experiência acadêmica

Luiza Augusta Rosa Rossi-Barbosa; Erasmo Daniel Ferreira, Kelly Simeia Rodrigues
Cardoso Costa, Caroline Pereira de Avelar

Introdução: Face ao processo de transformação que vem ocorrendo no ensino foi


realizada uma modificação na grade curricular do curso de Fonoaudiologia das
Faculdades Unidas do Norte de Minas - FUNORTE incluindo a disciplina Saúde Pública
desde o primeiro período. Em 2012 o curso passou a funcionar no horário noturno, e no
segundo período as aulas teóricas de Saúde Pública II aconteceram às quintas-feiras e
aulas práticas foram realizadas em subturmas: uma às terças à tarde e outra aos sábados
pela manhã. Os conteúdos abordados nas aulas teóricas foram: atuação da
Fonoaudiologia na sua realidade sociocultural, Epidemiologia, Fonoaudiologia na Saúde
Coletiva e territorialização, com aulas expositivas dialogais e problematizadoras. Nas
aulas práticas os acadêmicos foram a campo tendo um contato direto com a população.
Objetivo: relatar a experiência de dois acadêmicos do curso, um de cada subturma,
abordando aspectos de motivação frente ao desenvolvimento das atividades na disciplina
Saúde Pública. Metodologia: ações realizadas junto à população do bairro Universitário
(neste semestre), conforme ementa da disciplina Saúde Pública – Prática do 2º período,
com carga horária de 80 horas: noções de territorialização, a Estratégia Saúde da Família
- ESF e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família - NASF, identificação dos principais
problemas de saúde da população, investigação epidemiológica, levantamento das
possíveis necessidades fonoaudiológicas e possibilidades de atuação do fonoaudiólogo
na saúde pública. As atividades desenvolvidas consistiram de participação da elaboração
de um questionário sobre territorialização incluindo aqui as questões de infraestrutura,
lazer, educacional e saúde. Completando o processo de territorialização foram feitos,
também, questionamentos sobre o conhecimento a respeito da nossa profissão e um
levantamento das necessidades da população, inclusive com sugestões de atuação para
o próximo semestre, fazendo o link de aproximação entre Saúde Pública e
Fonoaudiologia. O bairro residencial foi sugerido pela professora da disciplina e as ruas
foram sorteadas aleatoriamente. Resultados e Discussão: Desenvolver essas atividades
foi vista pelos acadêmicos como um desafio, gerando expectativas e ansiedades. Frente a
frente com a comunidade puderam perceber a atuação do profissional fonoaudiólogo na
promoção da saúde e prevenção de agravos, além de prepará-los para responder as
dúvidas da população quanto ao atendimento da fonoaudiologia referente ao Sistema
Único de Saúde - SUS. Perceberam, ainda, que a tarefa de abordar a população exigiu
mais do que conhecimento teórico sobre o conteúdo, demandou habilidade para reter a
atenção dos sujeitos. O questionário aplicado deverá passar por ajustes, pois algumas
perguntas necessitam de termos mais simples para melhor entendimento à população. Os
acadêmicos perceberam a necessidade de maior embasamento sobre metodologia e
estatística. Considerações: Realizar atividades em campo no segundo período é uma
válida experiência não somente para o desenvolvimento e capacitação de futuros
fonoaudiólogos, mas verificar a importância da profissão.

538
A gestão da triagem auditiva neonatal na SES/RS

Cristiane Schuller; Márcia Falcão Fabrício, Bruna Mauer Lopes, Claudia Veras

Em 2009, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) adquiriu 40 equipamentos de emissões


otoacústicas evocadas para a realização da Triagem Auditiva Neonatal (TAN) - um
procedimento simples, rápido e de baixo custo, que visa identificar surdez. A distribuição
dos aparelhos aos municípios obedeceu ao princípio da regionalização e critérios como
maior população, número de nascidos vivos e hospitais com Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI) Neonatal. Somados aos municípios que já realizavam a triagem, os novos
locais da TAN - Hospitais ou Unidades Básicas de Saúde - a partir de pactuações,
passaram a ser referência para outros municípios, para garantir o acesso de todos, com a
estimativa de cobertura de 95% dos nascidos SUS no território gaúcho. No ano de 2008,
a cobertura da triagem auditiva neonatal era de 11% dos nascidos. Em 2012 segundo a
produção do TABWIN, a cobertura é de 68.58% dos nascidos SUS. O objetivo desse
trabalho é avaliar o processo de implantação da Triagem Auditiva Neonatal do Sistema
Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Sul (RS), com os avanços e desafios. Dentre os
desafios da gestão estão a estratificação da demanda, maior número de municípios
realizando a TAN, fortalecimento do trabalho em rede na divulgação, bem como na busca
ativa dos bebês faltosos pela Atenção Básica, entre outros. Destaca-se o caráter
preventivo e pioneiro da implantação, pois a TAN contribui para o diagnóstico precoce da
surdez - até o 6° mês de vida do bebê, com intervenção imediata através do uso de
Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) ou Implante Coclear, terapia
fonoaudiológica, refletindo decisivamente no desenvolvimento da linguagem, na inclusão
social, na escolarização e consequentemente, na vida da pessoa com deficiência auditiva.

539
A importância da identificação de queixas relacionadas à comunicação no
acolhimento de usuários em Capsi

Giovana Esturaro; Cristiana Beatrice Lykouropoulos

Introdução: O Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Capsi) é um serviço de atenção


intensiva para crianças e adolescentes que se encontram em situação de sofrimento
mental, vulnerabilidade e risco comprometendo o curso natural de seu desenvolvimento e
socialização. Tem como proposta o acolhimento de porta aberta para identificação da
situação de cada usuário e elaboração de um plano de cuidado na perspectiva da atenção
psicossocial e inclusão. A equipe de um CAPSi é formada por profissionais de diversas
áreas que se distribuem em períodos para acolhimento dos casos e depois discutem a
composição de projetos terapêuticos singulares em redes de cuidado. Nesse processo de
trabalho o fonoaudiólogo tem um papel importante ao considerarmos que a comunicação
é um aspecto significativo na determinação das condições psicossociais dos sujeitos e
nas suas possibilidades de desenvolvimento. Se alterações orgânicas, psíquicas e/ou
cognitivas podem interferir na linguagem comprometendo seriamente as relações sociais
e causando exclusão, por outro lado, o desenvolvimento da linguagem, compreendida
como processo de significação contínua do mundo na relação com os outros, fica
comprometido quando o sujeito é privado da interação social. (Cf. Vygotski, 1984).
Objetivos: O presente estudo foi desenvolvido como exigência de conclusão do estágio de
fonoaudiologia oferecido em parceria pela SMSSP - PUCSP – CIEE e teve como objetivo
identificar a presença de queixas relacionadas à comunicação nas entrevistas de
acolhimento dos usuários recebidos em um Centro de Atenção Psicossocial. Métodos: Na
primeira fase foi feito o levantamento dos casos recebidos em acolhimento no período de
janeiro a dezembro de 2012 divididos por categoria profissional. Na segunda fase foi
realizada a análise dos registros técnicos nas fichas de evolução para identificação de
queixas relacionadas à comunicação e as queixas foram categorizadas em: queixas
diretas envolvendo aspectos da comunicação e queixas indiretas envolvendo a relação
comunicativa. Na quarta fase foi processada a análise cruzada dos dados. Resultados: Do
total de 92 usuários recebidos em acolhimento no serviço, 40% tinha registro de algum
tipo de queixa relacionada à comunicação. Dos 13 usuários recebidos em acolhimento
pela única fonoaudióloga da equipe, 35% tinham registro de queixa e dos 17 usuários
recebidos pelas 05 psicólogas, 46% tinha registro de queixa. Entre as queixas diretas
envolvendo aspectos da comunicação, 63% dos registros apontaram problemas na
linguagem oral. E verificou-se registro de 18% de queixas indiretas envolvendo a relação
comunicativa. Conclusão: A análise dos dados demonstrou a importância de considerar
as queixas relacionadas à comunicação desde a chegada do usuário ao serviço como
aspecto de atenção para toda a equipe e não só para o fonoaudiólogo. O percentual de
identificação de queixas relacionadas à comunicação nos acolhimentos feitos pela
fonoaudióloga e psicólogas sugere a possibilidade de que há um direcionamento da
especialidade na busca deste dado. A interdisciplinaridade precisa ser mais bem refletida
em equipes que trabalham sobre essa ótica, considerando que as condições de
comunicação são um fator preponderante na elaboração dos projetos terapêuticos e
melhores estratégias de intervenção.

540
A influencia das avós no aleitamento materno:visão da puérpera

Danielle Maria da Silva; Priscila Pedrosa Briano, Andrêsa Florêncio Gomes, Juliana
Arruda Araújo, Giovanna Carvalho Austregesilo, Isis Félix Moura

Introdução: Evidências científicas demonstram que o aleitamento materno traz vantagens,


tanto do ponto de vista nutricional, contendo os componentes adequados e para o
desenvolvimento do lactente, além dos aspectos emocionais, sociais e de prevenção de
doenças na vida adulta, entre outros (Ministério da Saúde, 2009). Alguns estudos revelam
que as avós atuam, em alguns momentos, como incentivadoras do aleitamento materno,
auxiliando as mães em suas dificuldades. Contudo, em alguns estudos, percebemos que
há também o desestímulo ao aleitamento materno exclusivo, quando incentivam o uso de
chá, água e outros alimentos antes dos seis meses (Zanin & Schacker, 2010). Apesar de
todos os benefícios descritos, a média de aleitamento exclusivo no Brasil está em torno
de 43%. Com isso, faz-se necessário realizar atividades de promoção e incentivo do
Aleitamento materno, principalmente dentro das atividades dos Núcleos de Apoio a Saúde
da Família (NASF), incluindo não só a gestante e a puérpera, assim como para a família.
Esse estudo traz o resultado inicial, realizado na semana de aleitamento no ano de 2011,
nas Unidades de Saúde de Recife, como atividade proposta pelo núcleo de
Fonoaudiologia da Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Universidade de
Pernambuco, cujo objetivo principal foi verificar como as avós, paternas e maternas, estão
incentivando o aleitamento materno. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, do
tipo descritivo, realizado com puérperas que participaram da semana de aleitamento
desenvolvida nas Unidades de Saúde da Família do Recife. Para coleta de dados foi
aplicado um questionário estruturado, com perguntas fechadas, em que o tema principal
foi a participação das avós no processo de aleitamento materno. Após a coleta os dados
foram digitados no excel 2010 e analisados no stata/SE 12.0, em que foram obtidos os
valores absolutos e as frequências. Resultados: Responderam ao questionário 43
mulheres, porém deste total apenas 22 eram puérperas na época da pesquisa. Foi
observado que 40,91% das mulheres possuíam entre 19 e 31 anos, que 68,18%
possuíam nível fundamental incompleto, 36,3% tiveram 2 gestações e 45,45% possuíam
2 filhos. Quanto a influencia dos avós foi observado que 50% da avós que tinham maior
contato com as crianças eram maternas, 68,18% das avós em geral acreditam que o
aleitamento é importante, porém 50% da mulheres referiram que essas avós não ajudam
no processo de aleitamento. Também foi observado, 54,55% sugeriram uso de
mamadeira, 77,27% sugeriram introdução de água, 68,12% sugeriram introdução de
sucos ou chá e 77,27% sugeriram introdução de outro tipo de leite além do materno.
Apesar de toda influencia das avós, encontrou-se um percentual de 59,09 de mulheres
que estavam realizando o aleitamento materno exclusivo. Discussão: Esse estudo inicial
concluiu que as avós podem influenciar o aleitamento materno de forma negativa, assim
como em outros estudos (Susin, Giugliane, Kummer, 2005);(Do Carmo & Pereira,2010).
Ele nos serviu de base para que as ações com a saúde da mulher e da crianças pudesse
incluir a pauta de aleitamento de forma longitudinal, reforçando a estratégia dentro das
equipes de saúde da família.

541
A surdez e seus desdobramentos: a percepção dos atores sociais envolvidos

Cláudia Giglio de Oliveira Gonçalves; Luciana Santos Gerosino da Silva

Introdução: Este trabalho se insere nas discussões sobre saúde auditiva e tem como
ponto de partida o reconhecimento da problemática da deficiência auditiva na população
brasileira e as diretrizes da atual Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva. Diante da
perspectiva da integralidade da saúde, tem como objeto de estudo a surdez enquanto
problemática social e seus desdobramentos a partir dos discursos dos atores envolvidos.
Objetivo: Investigar os desdobramentos da surdez, a partir do ponto de vista dos atores
sociais envolvidos, num centro de atendimento especializado em cidade da região
metropolitana de Curitiba – PR. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativa e
quantitativa do tipo estudo de caso, aprovado pelo CEP. Foram sujeitos desta pesquisa,
dez pais e/ou cuidadores (família) dos estudantes com deficiência auditiva ou surdez que
iniciaram o acompanhamento no centro de atendimento especializado, a partir de 2004,
(data em que a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva foi instituída
nacionalmente) assim como 9 professores que já vivenciaram ou que estão vivenciando a
experiência de ter um aluno surdo em sala de aula da rede regular de ensino e dois
gestores, um representando a Secretaria de Educação e o outro a Secretaria de Saúde.
Os participantes apresentam a problemática da surdez como ponto em comum em suas
vivências. Cada sujeito com sua perspectiva diante de suas dificuldades desde o
diagnóstico, condutas, escolarização e relacionamento social. A coleta de dados se deu
mediante grupos focais formados por pais e professores e por entrevista aberta individual
aos gestores e análise documental. A análise do material extraído dos grupos focais e
entrevistas se deu a partir da análise do conteúdo na modalidade temática. A discussão
dos dados foi organizada pela análise das falas dos sujeitos. Resultados: Foi possível
extrair quatro grandes categorias temáticas com seus respectivos núcleos de sentido para
discussão que se complementaram e que ajudaram a construir uma compreensão ao
objeto de análise proposto. As categorias temáticas foram: O diagnóstico precoce e a
saúde auditiva como um direito e o acolhimento adequado e orientações iniciais como
uma necessidade; Dificuldades na Relação Intersetorial e Inter-redes; Dificuldades na
comunicação com o surdo; Formação dos professores e suporte do sistema. Conclusão:
Concluímos que os desdobramentos de uma surdez diagnosticada tardiamente
permearam os âmbitos relacionados à saúde e educação das crianças com surdez. O
diagnóstico precoce e acolhimento adequado não ocorreu na maioria das crianças.
Verificou-se a falta de uma relação intersetorial (saúde e educação) satisfatória. A
comunicação com o surdo se mostrou deficitária em decorrência da falta de uma língua.
Os professores não apresentaram formação e condições estruturais adequadas para o
exercício da docência com as crianças surdas. Como considerações finais apontamos as
seguintes necessidades: a efetivação e operacionalização da relação em rede, como
também ampliação dos serviços de assistência; a criação de um NASF municipal com
equipe interdisciplinar em que o profissional fonoaudiólogo esteja presente e fortaleça o
que preza a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva.

542
Abordagem terapêutica fonoaudiológica no serviço de assistência domiciliar (SAD/
Recife): relato de experiência

Natália Adalgiza de Souza Melo; Schirleyde Fabiana da Silva

Introdução: O SAD visa promover assistência aos pacientes que necessitam de atenção à
saúde prestada no domicílio, juntamente com as equipes multiprofissionais auxiliando as
equipes de atenção primaria. Além disso, tenta evitar as hospitalizações desnecessárias e
as desinstitucionalização de pacientes que se encontram internados, seguindo os
princípios do sistema único de saúde (SUS). O fonoaudiólogo dentro dessa equipe atua
no processo de promoção, prevenção e de reabilitação da saúde e dos distúrbios da
comunicação. Objetivo: Relatar a abordagem terapêutica fonoaudiológica na equipe
multidisciplinar do serviço de assistência domiciliar. Métodos: Trata-se de um relato de
experiência através da observação da atuação fonoaudiológica no serviço de assistência
domiciliar (SAD) em pacientes que necessitavam de reabilitação e eram atendidos pela
fonoaudióloga do serviço. O relato foi realizado por duas residentes com formação em
fonoaudiologia que não tinham vivenciado o atendimento fonoaudiológico no SAD, as
observações ocorreram em três meses, duas vezes na semana durante as visitas
domiciliares, consistiam em observar as principais patologias encontradas nos pacientes e
a abordagem terapêutica. Resultados: Verificou-se que grande parte dos pacientes
acompanhados pelo SAD eram idosos com doenças crônicas degenerativas agudas,
patologias que necessitavam de cuidados paliativos exclusivos e pacientes com
incapacidade funcional permanente. Os atendimentos possibilitaram aos usuários do
serviço uma avaliação inicial a fim de obter o diagnóstico fonoaudiológico e criar um plano
terapêutico, levando em consideração o estado geral e a patologia de base de cada
indivíduo. Vale salientar que alguns pacientes eram atendidos mensalmente, devido à
existência de apenas um profissional nesse serviço e pela grande demanda de pacientes,
o que dificultava no monitoramento e no melhor prognóstico. A atuação fonoaudiológica
no SAD não atuou apenas na reabilitação, como também em orientações,
gerenciamentos, ações de promoção à saúde relacionada aos distúrbios
fonoaudiológicos, proporcionando uma melhor qualidade de vida e bem-estar desses
indivíduos. Conclusão: Ao término da experiência, observou-se que a atuação do
fonoaudiólogo dentro da equipe de Serviço de Assistência Domiciliar é imprescindível,
pois corrobora diretamente na qualidade de vida dos pacientes assistidos por esse
programa, além de inseri-los nos princípios do sistema único de saúde, como o acesso,
acolhimento e humanização. É importante destacar que há necessidade do aumento do
número de atendimento fonoaudiológico, a fim de obter-se um prognóstico mais rápido e
positivo para os pacientes.

543
Acompanhamento auditivo de bebês de alto-risco nascidos em hospitais públicos
em Curitiba

Cláudia Giglio de Oliveira Gonçalves; Angela Ribas, Ingrid Helena Elizabeth Kolb
Mazzarotto, Manoel Ferraz da Rocha, Diego A. Malucelli

A identificação da surdez é possível através da Triagem Neonatal Universal, realizada na


alta hospitalar ao nascimento, pelo Teste da Orelhinha-TO. Porém, as crianças que
apresentarem qualquer indicadores de risco para surdez devem receber monitoramento
para pesquisa de perdas auditivas, através de programas de acompanhamento
audiológico, até o primeiro ano de vida, como parte da Política Nacional de Atenção à
Saúde Auditiva. Objetivo: caracterizar o perfil auditivo de bebês de alto-risco nascidos
nos hospitais públicos de Curitiba acompanhados num serviço de saúde auditiva. Método:
estudo longitudinal, que acompanhou bebês de alto risco para a audição nascidos nos
hospitais municipais de Curitiba e encaminhados o Setor de Alta Complexidade em saúde
Auditiva da Clínica de Fonoaudiologia da UTP. Aprovado pelo Comitê de ética em
pesquisa. Foi realizado teste de imitância acústica, teste por emissões otoacústicas
evocadas e teste PEATE, realizados aos 3, 6, 9 e 12 meses de idade do bebê a avaliação
auditiva comportamental com sons não-calibrados. Os pais eram orientados em cada
retorno sobre como estimular o desenvolvimento da função auditiva no bebê. Resultados:
Dos 70 bebês acompanhados no período de um ano, 66% são do sexo masculino, 57%
nascidos prematuramente; 47,14% bebês falharam no TO na maternidade em alguma
orelha, porém, não houve associação significativa entre prematuridade e falha no TO
(P>>0,05). O principal critério de risco foi a internação em UTI por mais de 5 dias com
45,71 %, encontrou-se curva timpânica do Tipo “A” em 66% na Orelha Direita e 62% na
orelha esquerda; 54,28% falharam novamente no TO do serviço da saúde auditiva. Na
avaliação auditiva comportamental observou-se respostas não compatíveis com a idade
em 41,3% aos 3 meses, 44,44% aos 6 meses e 38% aos 9 meses, aos 12 meses os
avaliados estavam dentro do esperado para a idade. O PEATE encontrou respostas
compatíveis com perdas auditivas sensórioneurais em três bebês, encaminhados para
protetisação antes dos 6 meses de idade. Conclusão: apenas 3 bebês apresentaram
perda auditiva sensorioneural, mesmo sendo de risco para surdez ou ter falhado no Teste
da orelhinha. A função auditiva dos bebês avaliados foi amadurecendo, tornando-se
adequada aos 12 meses. Através da PNASA, o acompanhamento e diagnóstico precoce
das perdas auditivas desses bebês foi facilitado.

544
Ações extensionistas de atenção e vigilância à perda auditiva induzida por ruído
relacionada ao trabalho

Ana Carla Lima Barbosa; Maria da Conceição Carneiro Pessoa de Santana, Mariana
Almeida Brasileiro, Nayyara Glícia Calheiros Flores, Mariana Calheiros Flores, Juliete
Melo dos Santos, Vanessa Fernandes de Almeida Porto

Introdução: Estudos indicam que sons gerados no cotidiano podem ser nocivos e produzir
mudanças físicas e psicológicas negativas nos seres humanos. O ruído é um dos
principais agentes causadores de estresse, insônia, depressão e perda auditiva. Em 1992,
foi considerada a terceira maior causa de poluição ambiental, atrás da poluição da água e
do ar. Além disso, pode ser visto como o risco de agravo à saúde que atinge o maior
número de trabalhadores. Estudos indicaram que cerca de 110 milhões de pessoas (16%
da população dos países ligados à Cooperação de Desenvolvimento Econômico) estão
expostas a níveis de ruído que provocam doenças no ser humano. A exposição ao ruído
de forma prolongada e intensa pode provocar o trauma acústico, lesando, temporária ou
definitivamente, diversas estruturas do ouvido. Objetivos: Este trabalho tem o objetivo de
relatar experiências de ações promovidas pelo projeto de extensão: ATENÇÃO E
VIGILANCIA À PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUIDO RELACIONADA AO
TRABALHO EM ALAGOAS. METODOLOGIA: Foram realizadas investigações do
processo de notificação da Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR - Relacionada ao
Trabalho nas unidades sentinelas do estado de Alagoas. Em seguida foram realizadas
ações educativas, palestras e oficinas durante a Campanha de Concientização sobre o
Ruído. Logo após foi apresentado o trabalho “Conscietização sobre o ruído: ação
multiprofissional de educação em saúde na comunidade”, na modalidade oral, no III
Congresso Norte-Nordeste de Residência Multiprofissional em Saúde, na UFPE, de 24 a
28 de julho de 2012. Resultados: Com isso, foi possível conhecimento do perfil dos
profissionais das unidades sentinelas participantes dos processos de diagnóstico e
notificação da PAIR Relacionada ao Trabalho; elaboração uma cartinha informativa de
vigilância e atenção à perda auditiva induzida por ruído relacionada ao trabalho;
apresentação das ações extensionistas em congressos. promover ações educativas de
prevenção e promoção da saúde auditiva; destacar os efeitos do ruído na saúde, na
qualidade de vida e no meio ambiente, através de ações de orientação, informação e
conscientização sobre o ruído e a poluição sonora; conscientizar a população sobre a
responsabilidade de cada indivíduo na redução do ruído gerado pelas atividades diárias.
CONCLUSÃO: Evidenciou-se que, no estado de Alagoas, os levantamentos oficiais não
mostram claramente a realidade da saúde dos trabalhadores e que a subnotificação das
doenças e agravos dificultam essencialmente o planejamento de ações de prevenção, no
âmbito da Saúde do Trabalhador. Contudo, fica clara a importância de ações
extensionistas para prevenção e promoção da saúde auditiva em vários níveis de atenção
a saúde.

545
Ações para promoção da linguagem de crianças que frequentam creches

Mariangela Lopes Bitar; Marcia Simões-Zenari, Janaína Simões

Introdução. O fonoaudiólogo que atua em instituições de educação infantil tem a


possibilidade de desenvolver ações amplas que envolvam as crianças, suas famílias e os
diversos funcionários dos equipamentos, participando do processo de educação em
saúde. Para que ocorra a promoção do desenvolvimento das crianças nas áreas da
comunicação é necessário que se utilizem meios efetivos de comunicação para o trabalho
junto aos diversos atores envolvidos. A tutela na relação entre crianças e adultos é um
aspecto a ser destacado neste trabalho, não só em relação à aprendizagem e cognição,
mas também quanto ao desenvolvimento da linguagem das crianças. Sabe-se que a
criança aprende sozinha, aprende na relação criança-criança e também por meio da tutela
explícita do adulto. A tutela do adulto, quando ocorre de maneira inadequada, pode ser
caracterizada como contra-tutela. Assim, é importante discutir esse tema com educadores
para que possam se apropriar cada vez mais de seu papel de tutor. Objetivo. Analisar a
tutela adulto-criança em situações comunicativas durante as atividades de rotina de cinco
creches; com base nesses dados, aprofundar o trabalho de formação dos educadores
quanto a este tema. Método. Observação, transcrição e análise de diálogos entre crianças
e educadores ao longo de seis meses durante atividades diversas das instituições de
educação infantil participantes: momentos de brincadeira livre, atividades realizadas em
sala e situações de refeição. Na medida em que os dados iam sendo coletados e
analisados os resultados eram apresentados para os educadores e discutidos durante
encontros de formação continuada nas cinco instituições. Resultados. Diversos aspectos
da tutela adulto-criança foram analisados, compondo um corpus valioso. Foram
observadas muitas interações positivas classificadas como tutela complementar, tutela
por correção, tutela paralela estrita, tutela por correção e tutela paralela por esboço, além
da presença de contra-tutela e ausência de tutela. As formações de educadores foram
realizadas periodicamente ao longo do ano em todas as creches participantes e foram
tratados temas relativos à linguagem, englobando desde a aquisição ao bilinguismo. Os
educadores se mostraram muito interessados e participaram ativamente desses
encontros refletindo sobre sua prática e se motivando a aprimorá-la. Como exemplo de
mudança pode ser citada a diminuição significativa do uso de dêiticos e diminutivos pelos
educadores, assunto que foi levantado durante as formações, além de maior
disponibilidade para escutar o que as crianças têm a dizer. Conclusão. Os dados
observados puderam ser utilizados na formação dos educadores para aprimoramento de
seu papel de tutor no desenvolvimento da linguagem das crianças, não apenas nas
instituições em que ocorreram as observações, mas em outras onde essa necessidade
também é evidente.

546
Agentes comunitários de saúde e fonoaudiologia: relato de experiência na região
metropolitana de salvador

Karen Garcia Alves; Carla Cardoso, Kaliandra Moraes Souza Queiroz,


Qays Amina Maud Marine Santana Rocha, Érica Andrade Souza

Introdução: O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é considerado elemento fundamental


na organização da assistência a saúde visto que assume uma posição bidirecional por ser
morador da comunidade em que trabalha e participar como membro integrante da equipe
de saúde. O seu trabalho se desenvolve sob a necessidade de atender a duas vertentes,
pois este trabalha diretamente nos domicílios escutando as queixas da comunidade e
tendo a necessidade de responder as questões geradas e os devidos encaminhamentos e
ao mesmo tempo este profissional necessita confrontar-se com a equipe de saúde e agir
de acordo com as limitações desta e do próprio sistema de saúde. Sabendo das
demandas enfrentadas pelos ACS percebe-se a necessidade deste de obter múltiplos
conhecimentos e habilidades nos diversos campos da saúde e isso será possível através
de permanentes capacitações. Com isso a fonoaudiologia se encaixa como parceira deste
trabalho contribuindo em agregar conhecimentos específicos de sua área ao ACS, de
maneira a elaborar programas de prevenção e promoção de saúde que alcancem a
população. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada com ACS, possibilitada por um
projeto de Iniciação Científica da Universidade do Estado da Bahia desenvolvido em
Unidades de Saúde da Família (USF) nos municípios de Lauro de Freitas, Camaçari e
Salvador, com o fim de promover reflexões acerca da relevância da atuação integrada
entre ACS e Fonoaudiólogos. Metodologia: Este relato de experiência refere-se a um
recorte feito do Projeto de Iniciação Científica intitulado “Agravos Fonoaudiológicos e
Condições de Vida e Saúde nos municípios de Lauro de Freitas e Camaçari” no qual
foram desenvolvidas oficina para capacitação dos ACS pertencentes a seis USF dos
municípios citados anteriormente. As oficinas foram realizadas no mês de outubro de
2012 nas Unidades participantes deste projeto. Nestas oficinas foram abordados temas
referentes às cinco áreas de atuação Fonoaudiológica, a saber: Linguagem, Audição,
Voz, Motricidade Orofacial e Saúde Coletiva. Estas capacitações foram alicerçadas pelo
processo de troca entre ACS e Fonoaudiólogos, valorizando o conhecimento prévio dos
ACS sobre a Fonoaudiologia e posteriormente agregando e correlacionando o que foi dito
com novas informações. Resultados: Notou-se a percepção dos ACS sobre alguns
agravos Fonoaudiológicos principalmente no que diz respeito à saúde vocal e estruturas
orofaciais. Eles demonstraram não ter conhecimento sobre temas relacionados à audição,
memória e linguagem. Foi observado que o conhecimento destes sobre a fonoaudiologia
é insuficiente e restrito a reabilitação de patologias, não relacionando o fonoaudiólogo
como profissional capacitado a desenvolver ações de prevenção e promoção de saúde.
Conclusão: Esta experiência proporcionou entender mais sobre o trabalho dos ACS,
assim como constatar a necessidade de um envolvimento dos profissionais da
Fonoaudiologia ao contexto das USF para compartilhar conhecimentos, proporcionado
compreensão sobre as necessidades de demandas da comunidade. Este trabalho
permitiu o empoderamento no âmbito individual, tanto dos participantes da oficina, quanto
das pesquisadoras.

547
Agravos fonoaudiológicos e condições de vida e saúde na região metropolitana de
Salvador – BA

Karen Garcia Alves; Carla Cardoso, Kaliandra Moraes Souza Queiroz,


Qays Amina Maud Marine Santana Rocha

Introdução: As condições de vida e trabalho dos indivíduos de grupos populacionais se


relacionam com a sua situação de saúde. Fatores sociais, econômicos, culturais,
psicológicos, comportamentais e étnicos são denominados de Determinantes Sociais de
Saúde (DSS). Estes DSS influenciam a ocorrência de situações de risco e problemas de
saúde na população. A ação integrada de diferentes profissionais de saúde amplia a
abrangência e a meta das ações da atenção básica, melhorando a sua eficácia e
eficiência. Objetivo: O objetivo desta pesquisa foi verificar a associação entre as
condições de vida e saúde e os agravos Fonoaudiológicos, nas áreas de linguagem,
audição, motricidade oral e voz, nas cidades de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari
em crianças, de ambos os gêneros, da faixa etária de quatro anos e um mês até cinco
anos e onze meses. Metodologia: Foram selecionadas todas as crianças que são
acompanhadas por Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e que são cadastradas no
Programa de Saúde da Família (PSF) das Unidades de Saúde da Família (USF) dos
distritos de saúde selecionados em cada cidade. Os indivíduos foram avaliados em suas
próprias casas no momento da visita dos ACS que atuaram como facilitadores na relação
entre sujeito e pesquisador. Todos os ACS foram capacitados nas áreas de linguagem,
audição, motricidade oral e voz. As crianças foram divididas em três grupos de acordo
com a condição socioeconômica seguindo os critérios estabelecidos pelo IBGE: grupo 1 –
baixo nível socioeconômico, grupo 2 – médio nível socioeconômico e grupo 3 – alto nível
socioeconômico. Os procedimentos de coleta e analise dos dados foram iniciados após o
parecer do comité de ética (CEP/ UNEB nº 116.083/2012) e assinatura do termo de
consentimento livre esclarecido pelos responsáveis das crianças. Resultados: Os dados
foram tabulados considerando como critérios: 0 a 50% para alteração, 51% a 75% para
probabilidade de alterações (faixa de cuidado), e de 76% a 100% sem alteração. Dos 335
sujeitos da pesquisa 255 (67,16%) compuseram o grupo 1, 80 (23,88%) o grupo 2 e não
houve integrantes no grupo 3. Deste total, 79 indivíduos foram de Salvador, 87 de Lauro
de Freitas e 169 de Camaçari. Dos resultados encontrados verifica-se que 1,8% dos
participantes referiram alteração fonoaudiológica, considerando a triagem em todas as
áreas da fonoaudiologia. Porém, 22,7% apresentaram-se na faixa de grande
probabilidade de alteração, sendo que 84,2% deles possui baixa renda. Após análise dos
dados, os sujeitos participaram de oficinas de promoção de saúde nas áreas de
fonoaudiologia e os sujeitos considerados com alteração foram encaminhados para
avaliação fonoaudiologica. Conclusão: Esta pesquisa permitiu notar que, há uma
necessidade de um planejamento para a realização de políticas públicas em saúde, que
levem em conta a heterogeneidade das condições de vida dos diversos grupos sociais.
Permitiu também conhecer as limitações dos profissionais que atuam nas USF e as
demandas de saúde que surgem na comunidade que se relacionam a prática
Fonoaudiologica. Percebe-se a necessidade de integração de Fonoaudiólogos ao
contexto das USF para compartilhar conhecimentos da área visando um melhor
atendimento a comunidade.

548
Aleitamento materno: vivência extensionista numa campanha estadual

Francielle Freire de Oliveira Cabral; Emanuelle Cabral do Nascimento,


Tuany Lourenço dos Santos, Maria da Conceição Carneiro Pessoa de Santana

Introdução: A Campanha do Aleitamento Materno foi desenvolvida enquanto ação de


extensão com o propósito de oferecer especialmente ao discente a oportunidade de
vivenciar o desenvolvimento de ações para conscientizar a população a respeito do
aleitamento materno. A Semana Mundial de Amamentação faz parte de uma história
mundial focada na sobrevivência, proteção e desenvolvimento da criança. Desde sua
criação, em 1948, que a Organização Mundial de Saúde tem entre suas ações aquelas
voltadas à saúde da criança, devido à grande preocupação com a mortalidade materno-
infantil. Neste contexto, a campanha foi executada. Objetivos: Relatar vivência de
discentes no desenvolvimento da campanha do aleitamento materno. Métodos: O público
alvo da campanha foi a população em geral, abrangendo locais como maternidades
públicas, unidades básicas de saúde, escolas, creches, dentre outros espaços públicos
nos quais foram desenvolvidas oficinas, palestras e outras atividades. Houve divulgação
de orientações sobre os benefícios do aleitamento materno exclusivo, por meio de
oficinas, palestras, distribuição de folders e vivências. Os discentes participaram do
planejamento e vivenciaram práticas de educação em saúde durante todo período da
campanha, que envolveu duas principais ações: capacitação dos acadêmicos relativa à
temática da campanha e atividades alusivas à Semana Mundial de Aleitamento Materno.
Resultados: Verificou-se, desde o planejamento, o envolvimento e a inserção do corpo
discente na campanha. Os alunos relataram, numa reunião de avaliação do evento, que a
atuação constituiu uma excelente vivência, quando houve oportunidade de entender o que
é, realmente, educação em saúde. Também referiram a importância da continuidade das
ações durante todo ano. Conclusão: A campanha do aleitamento materno favoreceu as
acadêmicas a vivência de uma ação de educação em saúde, propiciou a aprendizagem
da sua prática e proporcionou a reflexão sobre a responsabilidade e o compromisso,
contribuindo para que haja benefícios mútuos entre futuros profissionais, profissionais de
serviço, juntamente com a população, atendendo as necessidades, principalmente,
fonoaudiológicas.

549
Análise do conhecimento sobre fonoaudiologia em uma unidade de estratégia de
saúde da família

Vicente Coelho da Silva; Paulo Eduardo Damasceno Melo, Cristina Moraes do


Nascimento, Raiene Telassin Barbosa Abbas

Introdução: A integração da Fonoaudiologia em uma equipe multiprofissional de Unidade


de Estratégia de Saúde da Família (ESF) pode permitir uma construção com o Agente
Comunitário de Saúde (ACS), detentor do saber popular e que representa o elo entre a
população e os profissionais da Unidade, por representar a possibilidade de trazer para
dentro das equipes de saúde o olhar da população, que revela necessidades de um ponto
de vista diferente e abre as portas para novas formas de intervenções, constitui-se na
ligação essencial para a Fonoaudiologia viabilizar a promoção em saúde e aprimorar a
prevenção por meio de práticas a fim de instrumentalizá-los quanto às questões
fonoaudiológicas na população. Objetivos: Analisar o conhecimento a respeito da
Fonoaudiologia em quatro equipes de saúde da família em uma Unidade Básica de Saúde
na região central de São Paulo Métodos: Inicialmente, para cada integrante das equipes
de saúde da família distribuímos um questionário cujas perguntas se referiam ao
profissional de Fonoaudiologia e suas áreas de atuação. Após os profissionais
responderem ao questionário o grupo fez uma apresentação em projeção a fim de
instrumentalizar os profissionais a respeito da profissão e das áreas de atuação que
abrangem a Fonoaudiologia. 30 profissionais participaram desta pesquisa, sendo
contempladas todas as equipes de saúde da família da Unidade. Resultados: Ao
analisarmos os dados, os grupos demonstraram uma visão predominantemente
relacionada às práticas clínicas, de modo especial, em distúrbios da fala (22%) e surdez
(18%). Conclusão: A partir dos resultados expostos o grupo visa um programa educativo
para as equipes a fim de tratar assuntos inerentes à fonoaudiologia na saúde pública de
acordo com a demanda apresentada, visando o embasamento teórico das equipes.

550
As díades mãe-criança nos atrasos de fala em unidade básica de saúde.

Maria Salete Franco Rios; Irani Rodrigues Maldonade

Introdução: No contexto das UBSs (unidades básicas de saúde), observa-se um aumento


da demanda para atendimento de crianças, encaminhadas por pediatras, com queixas de
“atraso de fala”. Para avaliar crianças que ainda não falam, é imprescindível uma análise
detalhada dos aspectos interacionais envolvidos nos diálogos, dos quais a criança
participa com o adulto privilegiado (a mãe), na constituição da matriz dialógica,
responsável pelo fornecimento de dados, que subsidiam a realização do diagnóstico e,
posteriormente, propiciam à obtenção de resultados terapêuticos fonoaudiológicos
satisfatórios, nos casos que requerem a intervenção. Objetivo: Este trabalho buscou
refletir sobre três díades mãe-criança, diagnosticadas com atrasos de fala/linguagem, por
pediatras de UBS da rede municipal de saúde de uma cidade do interior de São Paulo;
razão pela qual foram encaminhadas ao serviço de fonoaudiologia para avaliação e
tratamento. Método: O estudo foi realizado com base em pesquisa de registros em
prontuários de 3 crianças, aos 3 anos de idade, encaminhadas para área de
fonoaudiologia. Para tanto, foram selecionados prontuários de 3 crianças, que não tinham
quaisquer outros problemas de saúde conhecidos ou relatados. Todos passaram pela
triagem inicial com a fonoaudióloga, para confirmação da queixa de atraso de fala,
conforme os registros feitos em prontuário. Resultados: Os resultados demonstraram que:
a) todas começaram a andar entre 1 ano e 1 ano e quatro meses de idade (1;4); b)
frequentavam creche; c) faziam uso de fralda à noite (sendo que uma delas fazia uso em
tempo integral); d) duas utilizavam mamadeira, enquanto que uma era alimentada ao seio
e e) todas faziam uso de chupeta. Com relação ao funcionamento das díades, observou-
se que: a) as crianças ocuparam pouco os seus turnos dialógicos, que eram preenchidos
com vocalizações, onomatopeias e/ou “palavras reduzidas”, às vezes interpretados pelas
mães, ao atender às solicitações de pedidos de ação das crianças; b) as mães, por sua
vez, invadiam os turnos das crianças, preenchendo-os na interação e c) as mães
referiam-se às crianças em terceira pessoa do singular, utilizando a palavra “bebê” e,
raramente, o seu nome. Conclusão: A posição das crianças no processo de aquisição da
linguagem era o mesmo que ocuparam no discurso de suas mães: o de dependência. A
análise realizada foi fundamental não só para o fechamento diagnóstico, mas,
principalmente, para determinar os pontos a partir dos quais o processo de orientação às
mães fosse conduzido: a) retirada dos hábitos de sucção, que reforçavam a condição de
“bebês”, assim como o uso de fraldas; b) frequentar creche, como ambiente social para
implementação de novos tipos de interações, com outros interlocutores; c) discussão
sobre os papéis das mães nos diálogos para favorecer o preenchimento dos turnos
dialógicos pelas crianças. Além disso, o trabalho demonstra a importância dos registros
em prontuários para maior precisão diagnóstica e terapêutica em UBS.

551
As oficinas de leitura e escrita com grupo de familiares na clínica fonoaudiológica

Lara Jorge Guedes de Camargo; Patricia de Barros Camilo, Reginalice Cera da Silva

Introdução: O trabalho em grupo é uma ferramenta dos profissionais da saúde e em


especial da Fonoaudiologia desde a década de 1980. Não somente à terapia, os grupos
na Fonoaudiologia dão enfoque à prevenção e Promoção de Saúde, buscando favorecer,
sobretudo, a maior qualidade de vida do sujeito. O trabalho fonoaudiológico abrange
diversos grupos, dentre eles, o de familiares. A família é a instituição social em que
passamos a maior parte de nossas vidas. Por essa razão é importante integrá-la às
terapias, com o objetivo de construir soluções condizentes às queixas relatadas. A oficina
é uma importante estratégia para se trabalhar em grupo, pois permite trocas de
experiências, percepções e sentimentos sobre um problema comum aos integrantes. Com
esta perspectiva foram organizadas oficinas com familiares de nove meninos e duas
meninas de 06 a 12 anos com dificuldade de leitura e escrita, conduzidas por uma
docente e 04 discentes, da Clinica escola do curso de Fonoaudiologia, do interior de São
Paulo. Objetivos: Sistematizar as Oficinas, traçar o perfil dos participantes, levantar
percepções/conhecimentos e destacar potencialidades. Métodos: Trata-se de um estudo
descritivo de abordagem qualitativa, realizado por meio de pesquisa documental. As
fontes de dados foram os prontuários, relatórios de observação, produtos e fotos que
registraram as oficinas, realizadas no segundo semestre de 2011, que foram autorizados
pelo prévio Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos familiares O
acesso aos prontuários foi autorizado pela coordenação da Clínica. Os dados foram
analisados com base nos referenciais teóricos que norteiam esse estudo. Resultados:
Foram realizadas 08 oficinas semanais com 08 (oito) mães e 02 (dois) pais com idades
entre 28 (vinte oito) e 54 (cinquenta e quatro) anos, com profissões de auxiliar de limpeza,
gerente administrativo, consultora de produtos de beleza, fisioterapeuta, mototaxista,
pedreiro e donas de casa. A renda familiar variou de R$900,00 a R$2.000,00. As queixas
dos filhos relacionavam-se a trocas de sons na fala; alteração de motricidade oral;
dificuldade de leitura e escrita; gagueira; alteração vocal e déficit de atenção. A frequência
dos participantes foi de 60 a 100% e cada oficina contou em média com 07 familiares,
evidenciando o entendimento dos mesmos sobre a oficina enquanto parte do processo
terapêutico. Foram utilizadas estratégias que permitiram aos familiares vivenciar as
dificuldades dos filhos: desenhar seguindo regras rígidas, ler textos em outras línguas e
recortar figuras que representassem o problema enfrentado. Dentre os sentimentos e
percepções que emergiram destacam-se constrangimento e dificuldade ao realizar o
desenho; compreensão do problema enfrentado pelos filhos; reconhecimento das
habilidades dos filhos, antes não valorizadas, conforme expresso por uma mãe durante a
realização do desenho: “Se meu filho estivesse aqui já teria feito”. CONCLUSÕES:
Consoante com os pressupostos da Promoção da Saúde, as oficinas cumpriram
importante papel de propiciar ambiente favorável à discussão e reflexão dos problemas
enfrentados e buscar soluções para superá-los. Elas podem ser um importante
instrumento para práticas educativas e sociais, pois permitem compartilhamentos de
experiências e reflexões construídas coletivamente pelos participantes, docentes e
discentes, a partir de questões problematizadoras.

552
Atenção à saúde das crianças com deficiência auditiva: uma análise das trajetórias
assistenciais

Maria Luiza Lopes Timoteo de Lima; Erica Medeiros, Laura Cordeiro Chaves Feitosa,
Mirella Rodrigues Bezerra Vilela, Ana Karina Pessoa da Silva Cabral, Vera Lucia Dutra
Facundes

Introdução: A ausência de informações sobre a organização das redes de atenção à


saúde, o acesso e a continuidade da assistência para pessoas com deficiência auditiva se
configura como empecilho ao cumprimento do princípio da integralidade do SUS.
Conhecer as trajetórias assistências das pessoas com deficiência auditiva possibilitará a
compreensão dos fluxos entre os diferentes componentes da atenção à saúde e os
principais obstáculos ao acesso. Objetivos: Avaliar o acesso das crianças com deficiência
auditiva as redes de atenção à saúde. Métodos: Trata-se de um estudo observacional,
descritivo e exploratório. Foram investigadas as crianças com deficiência auditiva na
abrangência de uma Equipe de Saúde da Família (ESF). Com os Agentes Comunitários
de Saúde (ACS) foram realizadas visitas domiciliares para identificação das crianças e
reconstituição das suas trajetórias assistenciais na rede de saúde. Diante da realidade
apresentada em cada caso foi traçado um plano de intervenção, em conjunto com o ESF.
O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências
da Saúde da UFPE. Resultados: Até o momento foram estudados quatro casos de
crianças com deficiência auditiva. Para alguns casos a entrevista teve que ocorrer em
duas visitas, pela necessidade de maior e melhor conhecimento da criança, da família e
da dinâmica relacional que envolve a família. As quatro crianças apresentam idade
superior a 10 anos e tiveram uma longa trajetória nas redes de atenção à saúde.
Atualmente, nenhuma esta integrada a uma rede de saúde auditiva, usam os serviços de
saúde para outra finalidade, apesar de todas terem interesse em passar por um processo
de avaliação para uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual. Os principais
obstáculos organizacionais foram: a dificuldade de marcação inicial, o tempo entre o
agendamento da consulta e o atendimento, em alguns casos, superior a seis meses. Sob
o ponto de vista geográfico, a distância dos centros de referência à saúde auditiva e
dificuldades com o transporte foram frequentes em todos os casos estudados. Apesar de
ser uma área que fica no entorno do Hospital das Clínicas, que dispõe de serviço de
saúde auditiva, este parece não ser legitimado perante a população como serviço de
referência. Conclusões: As trajetórias assistenciais de crianças com deficiência auditiva
que foram estudadas apontam para ausência de integração à rede de saúde auditiva, com
dificuldades de acesso organizacional e geográfico.

553
Atendimento fonoaudiológico ao autismo em uma unidade básica de saúde

Andrea Wander Bonamigo; Eduarda Oliveira Cunha, Fabiana de Oliveira

Introdução: O autismo infantil é considerado um distúrbio global do desenvolvimento que


atinge a linguagem, a cognição e a interação social. Algumas características como:
dificuldades de relacionamento no início da vida; atraso no desenvolvimento da
linguagem, ecolalia, comportamento obsessivo e uso ritualístico da linguagem; repertório
restrito de atividades e interesses são encontrados nesses pacientes. Diversos estudos
vêm demonstrando a importância da figura do fonoaudiólogo no tratamento precoce
desses pacientes, que tem como principal alteração a comunicação. Objetivos: Descrever
o processo terapêutico desenvolvido com um menino com diagnóstico de autismo em um
semestre de atendimento fonoaudiológico em uma UBS do município de Porto Alegre.
Métodos: Os atendimentos foram observados em um período de seis meses, ocorrendo
uma vez por semana, na qual participavam a estagiária de fonoaudiologia, a supervisora
de estágio e a criança, e em algumas vezes os responsáveis. Alguns atendimentos foram
gravados e a análise foi baseada na observação do comportamento e das atividades do
menino. Inicialmente o menino não aceitava sair de casa, nem entrar na UBS. Os
primeiros atendimentos foram realizados no domicilio, até conquistar a confiança e
progredir para o atendimento dentro da UBS. O paciente chegava muitas vezes agitado,
permanecendo apenas alguns instantes em cada ambiente ou com algum material.
Dentro da terapia, através do brincar, com diversos objetos, desde bolhas de sabão a
carrinhos, letras em EVA, faziam com que o menino demonstrasse um interesse pelos
objetos e reagisse de diversas maneiras. Resultados: Pôde-se observar uma evolução
nas habilidades comunicativas, no brincar simbólico, na organização da rotina familiar, e
principalmente adapta-se melhor ir a novos ambientes. Faz contato ocular, e tem
situações de troca com a terapeuta. Utiliza principalmente o meio gestual e tem cada vez
mais realizado algumas vocalizações para se comunicar. A atenção aos poucos começou
a ser maior, principalmente com atividades de sua preferencia e passa a aceitar contato
físico (despede-se com um beijinho). Em alguns momentos se desorganiza e a terapia
tem que ser reconstruída do ponto em que havíamos iniciado. Conclusões: A linguagem é
um aspecto fundamental a ser trabalhado no autismo, independentemente da abordagem,
mas principalmente se faz necessário um trabalho integrado, como por exemplo, se é feito
com o centro de atenção psicossocial, favorecendo a evolução desses pacientes. Além
disso, se percebe que o paciente tem um ganho maior quando a família participa em
conjunto com a terapia fonoaudiológica, atribuindo significados e sentido ao que o
paciente demonstra. Faz-se necessário cada vez mais pensarmos que é pertinente o
atendimento desses pacientes dentro de Unidades Básicas de Saúde visto que se tem
essa demanda na medida em que a doença se é conhecida.

554
Atuação interdisciplinar no acidente vascular encefálico: relato de caso

Marina Taborda Englert; Mariangela Lopes Bitar, Joyce Gonçalves dos Santos, Midiã Lins
Silva Coutinho, Amarílis Falconi, Veronica Deyrmendjian, Marcela Pachelli Nardo

Introdução: Acidente vascular encefálico (AVE) é uma lesão cerebral resultante de


interrupção abrupta do fluxo sanguíneo arterial, sendo uma das maiores causas de morte
e incapacidade adquirida. Devido a diversidade de comprometimentos, o trabalho em
equipe é imprescindível para atender às necessidades do sujeito de forma integrada,
realizando um plano terapêutico singular e eficaz, acelerando seu processo de
desospitalização.Objetivo: Relatar o cuidado prestado à uma paciente idosa com AVE,
durante o período de internação, a partir da vivência interdisciplinar das residentes de
Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional de um hospital universitário. Relato
de Caso: C.M, sexo feminino, 77 anos, costureira, antecedentes de hipertensão arterial,
fibrilação atrial e asma. Chegou ao Pronto Atendimento com rebaixamento do nível de
consciência, hemiparesia à direita, linguagem afásica, necessidade de dieta exclusiva por
sonda nasoenteral. Diagnóstico de AVE isquemico. Iniciou-se intervenção
fonoaudiológica, concomitante à fisioterapia e terapia ocupacional, na qual foi possível a
reintrodução de dieta oral sem risco, porém não realizava a tarefa de maneira
independente devido a alteração na função de membro superior direito. No que se refere
à linguagem, apresentava defict severo de expressão e compreensão. A alteração na
comunicação apresentada, a dependência para as atividades de vida diária, a
hospitalização prolongada e a falta de suporte familiar, levou a paciente à um quadro de
ansiedade e irritabilidade, dificultando a intervenção da equipe e a sua evolução funcional.
Com uma atuação interdisciplinar, foi possível proporcionar a integralidade do cuidado,
entendendo e respeitando o processo em que a paciente se encontrava, visando não
somente a funcionalidade, mas também a sua qualidade de vida. A atuação de diferentes
profissionais, aliando seus saberes técnicos em prol do cuidado da paciente favoreceu
sua maior independência e autonomia de forma a se sentir mais participante de seu
cuidado, e assim respondendo melhor as terapias realizadas. A comunicação com a
Terapia Ocupacional foi essencial para garantir a independência durante a refeição de
forma segura e confortável. O contato com os demais profissionais durante o
acompanhamento foi essencial para definição do grau de alteração da compreensão, uma
vez que foi possível acompanhar e discutir os acompanhamentos dos outros profissionais
considerando a compreensão que C.M apresentava. A comunicação com os demais
profissionais levou a terapia fonoaudiológica à trabalhar aspectos de compreensão que
faziam parte de dia-a-dia da paciente o que auxiliou na diminuição do seu estresse e dos
profissionais que a atendiam e não conseguiam compreende-la. O contato com o serviço
social possibilitou que a fonoaudiologia preparesse um material adequado para a paciente
dentro da instituição para qual foi transferida pós alta hospitalar. Sabendo os recursos
disponíveis nesse local pudemos contribuir para um melhor acompanhamento terapêutico
dentro da outra instituição. Conclusão: O caso descrito demonstra a importância da
atuação interdisciplinar para além da patologia, permitindo que o paciente em reabilitação
seja sujeito estruturante de sua produção da saúde. Com isso, a qualidade de vida torna-
se inerente ao processo, reunindo na cadeia produtiva do cuidado um saber cada vez
mais compartilhado.

555
Autoimagem corporal: uma revisão sistemática nas diferentes áreas da saúde

Patrícia Valente Moura Carvalho; Rachel Ferreira Loiola, Luana Marsicano Alves, Thais
Mendes Rocha Alves Vieira

Introdução: Autoimagem corporal pode ser definida como a noção que se tem do próprio
corpo, ilustração mental acerca do tamanho, da imagem, da forma do corpo e, também,
dos sentimentos relacionados a essas características. Está em constante
desenvolvimento e pode sofrer modificações quando influenciada pela relação que o
sujeito tem consigo e com o ambiente que o cerca. Intimamente ligada à autoimagem
corporal está a autoestima e a beleza. Além disso, a imagem corpórea interfere também
nas interações sociais; a aparência, o vestuário e, até mesmo os objetos, comunicam a
respeito de uma pessoa. Além de estar intimamente vinculada aos aspectos sociais, a
autoimagem corporal pode ainda causar danos severos à saúde, como por exemplo, os
distúrbios alimentares. Objetivo: realizar um levantamento de como autoimagem corporal
é abordada nas diferentes publicações da área da saúde. Métodos: Foram selecionados
os principais periódicos das áreas da saúde: Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia,
Nutrição, Terapia Ocupacional, Psiquiatria e Psicologia, no período de 2007 a 2012. A
seleção das revistas baseou-se na maior classificação (A1, A2, B1 e B2) pelo Qualis-
Capes. Foram excluídas da análise: revistas internacionais e revistas com classificação
inferior à B2. Após a delimitação dos periódicos foram feitas leituras a fim de checar se
haviam termos relacionados à autoimagem corporal nos artigos. A pesquisa foi feita pela
internet, através do website Scielo e por meio de consultas de exemplares online, foi
consultada apenas essa fonte, uma vez que este endereço disponibiliza todos periódicos
completos utilizados na pesquisa. A técnica de apuração e análise de dados seguiu-se
por meio da elaboração de um quadro contendo: nome da revista, ano de publicação,
termos associados à autoimagem corporal, definições dos mesmos e aplicações destes
no artigo, tipo de pesquisa e correlação do tema pesquisado à comunicação. Resultados:
Encontrou-se um total de 22 artigos que citam o tema pesquisado. As revistas de
Enfermagem, Psicologia e Psiquiatria mencionaram cinco termos (23,9%) em cada,
associados à autoimagem corporal; seguida da revista de Nutrição com quatro termos
(19,1%); e, por último, a revista de Fonoaudiologia citando dois termos (9,5%). As
aplicações não fazem referência ao número de artigos, isto é, não estão necessariamente
vinculadas a apenas um trabalho. É grande o número de artigos que citam o termo
autoimagem/imagem corporal correlacionando-os aos distúrbios alimentares. Quatro
artigos relacionam os termos autoimagem, imagem corporal e percepção à comunicação.
Conclusão: De forma geral, pode-se dizer que há diferentes discussões a respeito do
termo autoimagem corporal, conforme cada área de atuação. Destaca-se que a
quantidade de trabalhos abordando o tema é reduzida.

556
Avaliação da implementação da rede de atenção à saúde auditiva: um estudo de
caso

Andrezza Gonzalez Escarce; Carolina Campos Esteves, Camila Ferreira Resende, Ana
Cristina Mares Guia, Raimundo de Oliveira Neto, Fernanda Jorge Maciel, Gabriela Cintra
Januário, Kleber Rangel Silva, Lilian Nobre Moura, Sirley Alves da Silva Carvalho, Stela
Maris Aguiar Lemos

Introdução: A Política Nacional de Saúde Auditiva foi instituída pela PM nº 2.073, de


28/09/2004, incentivando ações de promoção e prevenção em todos os níveis de atenção
à saúde. A Rede Estadual de Atenção à Saúde Auditiva em MG contava, até dezembro
de 2012, com 18 Serviços habilitados pelo MS, sendo oito de Alta e dez de Média
Complexidade. Para cada Serviço, definiram-se microrregiões de cobertura, com base no
Plano Diretor de Regionalização (PDR). Objetivo: Avaliar a implementação da Rede de
Saúde Auditiva quanto a organização, acesso, cobertura do serviço e satisfação em
relação ao serviço de saúde auditiva, nas microrregiões de Sete Lagoas e Curvelo.
Metodologia: Estudo transversal, exploratório analítico, com abordagem quantitativa
realizado em três etapas, financiado FAPEMIG e aprovado pelo COEP/UFMG - ETIC 186-
10. Na primeira etapa foi realizado estudo analítico transversal, utilizando-se de
geoprocessamento, baseado no PDR de MG e em dados secundários, referentes ao ano
de 2010. Na segunda etapa ocorreu o estudo piloto. Foram criados instrumentos para
serem aplicados em usuários, profissionais, gestores e informantes-chaves, além de
roteiros de observação de infraestrutura. A terceira etapa consistiu na coleta, realizada
entre abril de 2011 e abril de 2012 em 34 cidades das microrregiões de Sete Lagoas e
Curvelo e no Serviço de Média Complexidade de Diamantina. Delimitada a amostra foi
realizado contato telefônico, convidando o secretário municipal de saúde, referência
técnica, fonoaudiólogo descentralizado e usuário à participação. Todos os participantes
leram, concordaram e assinaram o TCLE. A aplicação dos instrumentos foi realizada em
média de 30 minutos, com gravação digital concomitante. Todas as entrevistas foram
transcritas e categorizadas em banco de dados. Foi realizada análise descritiva da
distribuição de frequência das variáveis categóricas e análise das medidas de tendência
central e de dispersão das variáveis contínuas. Resultados: Foi verificado que foram
realizados todos os procedimentos previstos na saúde auditiva em todas as microrregiões
de saúde do Estado, apesar da frequência de ocorrência não ser homogênea. No total
228 usuários, 34 profissionais, 34 referências técnicas e 32 gestores foram entrevistados.
Os resultados demonstraram que os profissionais estão, na maioria dos aspectos,
satisfeitos com o serviço, 99,1% dos usuários estão satisfeitos com a atenção recebida e
96,9% observaram interesse/preocupação da equipe. Os gestores demonstraram
desconhecimento quanto ao funcionamento e objetivos da Rede e as referências técnicas
relataram que o agendamento de consultas e exames, o transporte intermunicipal e a
contratação de profissionais comprometem o funcionamento ágil e eficaz do serviço.
Quanto à estrutura dos serviços, apesar da boa estrutura física, existem carência de
equipamentos e recursos terapêuticos. Conclusão: Embora exista oferta de serviços de
saúde auditiva, a utilização dessa Rede ainda apresenta padrões heterogêneos entre as
microrregiões. Fatores como acesso, existência de demanda reprimida, dificuldade de
adesão ao tratamento, parecem influenciar a forma de utilização dos serviços. A pesquisa
permitiu a avaliação da implementação da Rede quanto a organização, acesso, cobertura
do serviço, bem como satisfação de usuários e profissionais. Os instrumentos propostos
contemplaram as categorias estrutura, processo e resultado, essenciais para a avaliação
em saúde.

557
Avaliação fonoaudiológica: demanda de um hospital de ensino

Jeyseane Ramos Brito; Thaís da Silva Espíndola, Stephanie Mariane Gonçalves da Silva,
Naiany Nascimento da Silva, Kellen Cristine de Souza Borges, Camila Fernandes da
Silva, Amanda Paulo Soares, Amanda Nocce Aragão, Stela Maris Aguiar Lemos

Introdução: A atuação em equipe multiprofissional, mesmo que seus integrantes tenham


objetivos comuns, nem sempre é tarefa simples o uso das terminologias nos diagnósticos
porque podem se caracterizar como “rótulos”. Porém tem-se a compreensão de que estas
visam a guiar os encaminhamentos e as intervenções para a superação de alterações e
dificuldades. Dessa forma, identifica-se uma necessidade de maior interação entre as
diversas especialidades que assistem os indivíduos como meio de se conseguir melhores
resultados na prevenção e tratamento. Assim, os encaminhamentos realizados por
qualquer profissional devem refletir as necessidades, queixas e dificuldades do paciente.
Objetivo: Descrever encaminhamentos recebidos pelo ambulatório de avaliação
fonoaudiológica de um hospital de ensino. Método: Trata-se de estudo observacional
descritivo transversal com amostra não probabilística de pacientes avaliados em um
ambulatório de fonoaudiologia. 104 sujeitos com idades entre 12 meses e 80 anos, sendo
65 do sexo masculino e 39 do sexo feminino. Foram realizadas as descrições das
especialidades médicas que encaminharam os indivíduos e das especialidades para os
quais os indivíduos foram encaminhados. Foi realizada análise descritiva da distribuição
de frequência das variáveis categóricas e análise das medidas de tendência central e de
dispersão das variáveis contínuas. Para tanto, os dados foram digitados em um banco de
dados e conferidos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
instituição (CAAE: 02272612.9.0000.5149). Resultados: Quanto às especialidades que
encaminharam os indivíduos, 11,5% (12) foram encaminhados por neurologista, 3,8% (4)
por psiquiatra, 2,8% (n=3) por otorrinolaringologia, 1,9% (n=2) por terapeuta ocupacional
e fisioterapeuta, 0,9% (n=1) por clínico geral, 27,8% (n=29) vieram encaminhadas pelo
pediatra, 41,3% (43) foram encaminhados por outro profissional da área da saúde. Dos
104 indivíduos, 7,6% (n=8) não havia a informação da clínica solicitante da avaliação. Dos
104 sujeitos, 78 tiveram a avaliação fonoaudiológica finalizada. Quanto às especialidades
para as quais os indivíduos foram encaminhados observou-se que 0,9% (n=1) foi
encaminhado para nenhum profissional e para o neurologista, 3,8% (n=3) foram
encaminhados para a odontologia e psicologia, 5,1% (4) foram encaminhados para a
psicopedagogia, 23% (n= 18) foram encaminhados para o otorrinolaringologista e 62,8%
foram encaminhados para outros profissionais. Conclusão: A maioria dos pacientes
avaliados no Ambulatório de Fonoaudiologia são encaminhados por outras
especialidades, seguido da pediatria. Observou-se que após a avaliação fonoaudiológica,
a maioria dos pacientes são encaminhados para profissionais de outras especialidades,
seguido da otorrinolaringologia.

558
Avaliação fonoaudiológica: queixas e hipóteses diagnósticas dos pacientes
atendidos em um hospital de ensino

Ana Carolina Martins de Oliveira; Kellen Cristina S. Borges,Maíra Faria Nogueira, Stela
Maris Aguiar Lemos

Introdução: Durante a elaboração do diagnóstico, hipóteses são formuladas, processadas


pelo corpo de conhecimento (teórico e prático) e são confirmadas ou rejeitadas pelo
profissional. Se rejeitadas outras hipóteses serão testadas até o momento em que
profissional possa concretizar uma decisão clínica. É de competência do fonoaudiólogo
realizar diagnóstico fonoaudiológico do paciente, levantando a história clínica,
examinando, solicitando e realizando exames, avaliando aspectos relacionados à
Fonoaudiologia, estabelecendo conduta terapêutica relacionada à Fonoaudiologia e
realizando encaminhamentos necessários. Objetivo: Descrever as queixas e hipóteses
diagnósticas dos pacientes atendidos em um Ambulatório de Avaliação Fonoaudiológica
de um hospital de ensino Método: Trata-se de um estudo observacional descritivo e
transversal com amostra não probabilística de pacientes avaliados em um ambulatório de
fonoaudiologia. Participaram 104 sujeitos com idades entre 12 meses e 80 anos, sendo
65 do sexo masculino e 39 do sexo feminino. Foi realizada a descrição das queixas
relatadas na anamnese e das hipóteses diagnósticas levantadas após a avaliação
fonoaudiológica. Foi realizada análise descritiva da distribuição de frequência das
variáveis categóricas e análise das medidas de tendência central e de dispersão das
variáveis contínuas. Para tanto, os dados foram digitados em um banco de dados e
conferidos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição
(CAAE: 02272612.9.0000.5149).Resultados: Participaram do estudo 104 indivíduos,
sendo 62,5% (n=65) do sexo masculino e 37,5 (n= 39) do sexo feminino. Dos 104
sujeitos, 58 (55,8%) apresentavam queixa de fala, 9 (8,7%) tinham queixa de fluência, 3%
(2,9%) apresentavam queixa de voz, 21 (20,2%) possuem queixa de audição, 31%
(29,8%) com queixa de leitura e escrita, 22,1% (23) possuíam queixa de motricidade
orofacial (MO), 26 (25% apresentavam queixa de linguagem e 30,7% (31) apresentavam
queixa de dificuldade escolar. Dos 104 sujeitos, foram realizadas as hipóteses
diagnósticas (HD’s). Observou-se que 20,1% (n= 21) apresentaram como hipótese
diagnóstica atraso na aquisição de linguagem, 24% (n= 25) apresentou distúrbio do
desenvolvimento da linguagem, 26,9% (n=28), distúrbio de abrangência de linguagem,
11,5% (12) apresentaram como HD distúrbio da audição, 25,9% (n= 27) distúrbio de
processamento auditivo, 23% (24) apresentaram distúrbio de leitura, 27,8% (n=29)
distúrbio de escrita, 18,2% (n=19) distúrbio de consciência fonológica, 2,8% (n=3) HD
como distúrbio da fluência, 22,1% (23) HD de fala, 25% (26) HD de voz e 39,4% (41)
apresentaram como HD alteração da MO. Conclusão: a maioria dos pacientes atendidos
no ambulatório de avaliação possuem queixa de fala e significativa parte da hipóteses
diagnósticas apresentaram como alteração a motricidade orofacial. Observa-se que o
ambulatório recebe pacientes com diversas queixas e muitas vezes há a existência de
duas ou mais queixas concomitantes, assim como duas ou mais hipóteses diagnósticas.

559
Campanha dos 4ssss: uma ação para a prevenção e promoção da saúde no âmbito
escolar

Josiane Célia de Lima, Elisângela de Fátima Pereira Pedra, Keiner Oliveira Moraes,
Priscila Freire Santos, Taniele Novais dos Santos, Juliana Nunes Santos, Vanessa de
Oliveira Martins-Reis, Maria Aparecida Nunes, Adriana Leite

Introdução: O programa Saúde na Escola (PSE) resulta do trabalho integrado entre o


Ministério da Saúde e o da Educação, na perspectiva de ampliar as ações específicas de
saúde aos alunos da rede pública de ensino. A Fonoaudiologia busca ampliar o espaço de
suas ações em parceria com a estratégia de saúde familiar em concordância com as
políticas nacionais de promoção à saúde. O investimento em saúde escolar potencializa
ações de atenção primária constituindo um avanço no cuidado, prevenção e promoção à
saúde. Objetivo: Apresentar uma campanha de prevenção e promoção à saúde no
ambiente escolar realizada por acadêmicos e profissionais da saúde e educação.
Métodos: A campanha está sendo realizada numa escola pública do município de Belo
Horizonte, em uma área de vulnerabilidade social. Essa campanha tem parceria com o
Programa Saúde Escolar e seu público-alvo são os discentes, docentes, funcionários e
familiares dos 850 alunos matriculados na escola nos turnos matutino e vespertino. O
tema da Campanha, “Saúde, Silêncio, Sustentabilidade e Sucesso (4S)” visa à adoção de
medidas de prevenção e promoção à saúde no recinto escolar, incluindo a criação de
ambientes favoráveis. Estão sendo desenvolvidas as seguintes ações: Construção do
Jornal SSSS, com matérias realizadas e disponibilizadas pelos próprios alunos; concurso
de redação em parceria com a CEMIG; confecção e manutenção do Mural Temático 4S;
mini-palestras temáticas para todos os alunos na sala multimeios; construção e utilização
de “barulhômetros” em sala de aula como estratégia de controle e diminuição do ruído;
“Ranking de Silêncio” das salas de aula; Blitz periódicas para avaliação das ações
contempladas na campanha; Feira de Ciências, Cultura e Tecnologia com o tema 4SSSS.
Além disso, foram eleitos dois alunos por turma e um professor padrinho, pessoas de
referência nas ações da campanha. Os acadêmicos de fonoaudiologia e demais áreas da
saúde são os responsáveis pela condução das ações, realização das Blitz, mini-palestras,
além de serem tutores na elaboração dos projetos de pesquisa da Feira de Ciências.
Resultados: O processo de elaboração da campanha foi realizado conjuntamente com a
equipe pedagógica da escola a fim de inserir ações de promoção à saúde no
planejamento escolar. Foi criado um edital de divulgação da campanha, a qual foi
previamente discutido em reunião específica com todos os docentes. A divulgação para
os alunos aconteceu por meio de palestras com apresentações teatrais no auditório
multimeios e em visitas nas 28 salas de aula. A Campanha está em andamento e
apresenta resultados satisfatórios. Destaca-se o “ranking” do silêncio, em que os alunos
atuam como agentes promotores e multiplicadores da ação de monitoramento periódico
do nível de ruído ambiental na sala de aula, por meio do “barulhômetro”. Conclusão: As
ações da Campanha dos 4SSSS refletem uma expansão da atuação da fonoaudiologia
escolar e representa um estreitamento de laços entre os setores da saúde e educação.
Além disso, constitui um avanço na inserção dos acadêmicos no contexto da atenção
básica, em práticas extramuros da universidade, permitindo aos mesmos o conhecimento
da realidade socioambiental da comunidade.

560
Campanha Nacional da Voz 2013 na atenção básica do Recife: relato de experiência

Danielle Maria da Silva Oliveira; Christiane Maria Oliveira Cabral, Andrêsa Florêncio
Gomes

Introdução: A atuação fonoaudiológica na atenção básica vem-se construindo com a


proposta da promoção de saúde e assim aproxima-se de um comprometimento com as
questões sociais, coletivas e as necessidades de saúde da população, considerando-se
entre o campo clínico e o campo social. Este trabalho envolve, neces¬sariamente,
equipes interdisciplinares e criação de dispositivos terapêuticos, articulando ações tanto
individuais quanto coletivas, cujo objetivo é tratar, monitorar e prevenir os processos de
adoecimento. (PENTEADO; SERVILHA 2004). Dentro desta perspectiva, a Campanha da
Voz se caracteriza como uma atuação de âmbito coletivo e a divulgação de experiências
positivas dentre os profissionais engajados é de grande validade. Objetivo: Descrever a
atuação da fonoaudióloga da Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Família
da Universidade de Pernambuco juntamente com a preceptora e fonoaudióloga do Núcleo
de Apoio á Saúde da Família do Recife (NASF) durante a Campanha Nacional da Voz do
ano de 2013. Método: No mês das comemorações referentes ao Dia Mundial da Voz (16
de abril), foram realizadas intervenções na rede de atenção básica do município de
Recife/PE, especificamente no bairro de Dois Unidos, área adscrita de abrangência de
Unidades de Saúde da Família, onde a Residência Multiprofissional em Saúde da Família
da Universidade de Pernambuco está inserida. As ações foram desenvolvidas na rede de
ensino, em forma de oficinas de saúde vocal, abordando os temas: como a voz e a fala
são produzidas, a importância da voz na comunicação humana, principais alterações
vocais, a influência da alimentação na voz, a relevância do alongamento e da postura
corporal no uso da voz, higiene vocal, exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal
e sua importância. Durante a oficina, foram realizadas dinâmicas de interação e de
aprendizado da voz, distribuição de água, maçã e marca texto com orientações vocais.
Houve a participação da equipe multiprofissional do NASF do Recife e da Residência,
visando contemplar a articulação simultânea das ações e dos saberes na área da saúde.
Resultado: As oficinas realizadas proporcionaram aos professores um momento de
interação, trocas de vivências e de exposição dos problemas relacionados à voz;
puderam, também, elucidar dimensões e funcionalidades da voz na vida profissional,
esclarecer dúvidas em relação aos fatores que favorecem ou desfavorecem a saúde vocal
e, consequentemente, adotar medidas preventivas diante do uso da voz. Conclusão: A
presença da Fonoaudiologia no âmbito da atenção básica tem sido uma ferramenta
indispensável não apenas para identificar e tratar alterações fonoaudiológicas, mas
também, no sentido de promover ações de prevenção e promoção à saúde. É importante
que o profissional que utiliza a voz como um dos seus instrumentos de trabalho esteja
sempre atento para a sua produção vocal. Por isso, os professores, enquanto
profissionais da voz e esclarecidos por meio de campanhas preventivas, são agentes
multiplicadores da saúde, estendendo-o até os alunos e às comunidades nas quais estão
inseridos.

561
Caracterização do uso de estereos pessoais na cidade de Brasilia-DF - uma ação do
INAD-2013

Isabella Monteiro de Castro Silva; Rummenigge Pinheiro Pires, Isabella Casella, Felipe de
Oliveira Rodrigues

Introdução: O uso dos estereos pessoais mostra-se mais frequente e preocupante. A


populacao jovem e economicamente ativa vem apresentando como habito o uso de fones
de ouvido com apresentacao sonora em forte intensidade, prejudicando seu sistema
auditivo antes ou concomitantemente a exposicao laboral. Este fato podera acarretar
consequencias importantes para o trabalhador no futuro no que tange a produtividade e
longevidade laboral, alem de ja demonstrar aumento de limiares tonais supostamente
normais em jovens. Objetivo: Este trabalho se propos a coletar informacoes acerca do
habito de uso de estereos pessoais em jovens e adultos de Brasilia, buscando esclarecer
frequencia de uso, intensidade, tipo de som entre outros aspectos. Material e Metodos:
Durante o mes de abril, associando ao INAD de 2013, alunos do curso de fonoaudiologia
do UNIPLAN distribuiram e coletaram 250 questionarios na propria faculdade, rodoviaria
de Brasilia, shoppings e ambientes de trabalho. Participaram da pesquisa apenas
pessoas maiores de 16 anos, de ambos os sexos. Resultados: Os periodos de uso e as
intesidades referidas no questionario sao alarmantes. Muitas pessoas viajam cerca de 3
horas de onibus ate seu destino de trabalho ou estudo e diariamente, no trajeto de ida e
volta estao expostos alem do som do trafego, reconhecidamente irritativo ao sistema
auditivo, tambem expostos a musica em forte intensidade com fones de insercao.
Conclusao: A presente amostra mostrou-se aberta a infrmacoes de saude auditiva
distribuida durante a pesquisa, porem os resultados indicam a necessidade de ampliar
acoes informativas e educacionais acerca do tema saude auditiva.

562
Caracterização clínica e sociodemográfica da população encaminhada para a
clínica escola de fonoaudiologia da UFRN

Thailanne Dariane Monteiro da Silveira; Luana Caroline Soares da Silva,


Michele Soltosky Peres

Introdução: O campo de atuação na Fonoaudiologia se volta para o estudo da


comunicação humana e seus distúrbios nos diferentes ciclos da vida. Embora existam
diferentes áreas para a inserção do fonoaudiólogo, o mercado de trabalho em algumas
regiões do Brasil encontra-se ainda em estruturação, especialmente no que se refere aos
serviços que compõe a rede publica de saúde. A caracterização da população, bem como
das demandas fonoaudiológicas apresentadas nesses locais poderia auxiliar na
estruturação dos serviços e da rede de atenção. Há poucos estudos que caracterizam a
população que procuram serviços fonoaudiológicos na região Nordeste. Objetivo:
Caracterizar o perfil de usuários, bem como das demandas fonoaudiológicas da
população atendida na Clinica Escola de Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte em seu primeiro ano de funcionamento. Metodologia: Estudo
transversal, descritivo, realizado nos meses de fevereiro a dezembro do ano de 2012, a
partir da análise do banco de dados desenvolvidos para o cadastro dos pacientes
atendidos na Clínica-Escola de Fonoaudiologia, localizada no município de Natal.
Resultados: Dos 850 pacientes atendidos neste período, 15,4% dos encaminhamentos
foram realizados pelos próprios alunos do Curso. Os demais procuraram a clínica por livre
demanda, a partir da indicação de outros serviços, conhecidos, ou pela mídia local, ou
ainda encaminhados pelas especialidades médicas do Hospital Universitário Onofre
Lopes e serviços adjacentes a partir das atividades desenvolvidas por docentes
(atividades de extensão e pesquisa). A predominância dos indivíduos foram do sexo
masculino (51,7%), e na faixa etária entre 0 e 10 anos (41,1%). No contato inicial a
maioria não especificou escolaridade (68,4%). Dos que especificaram, 8% são estudantes
e universitários. A maioria dos pacientes é oriunda do município de Natal (59,6%), 9,6%
de municípios limítrofes e 16,7% são provenientes de outros municípios do Estado, sendo
que alguns não especificaram a naturalidade (14,1%). Frequentemente os usuários
apresentaram apenas uma queixa (41,4%). O atendimento exclusivo da área da
Audiologia resulta em 41,5 % dos pacientes atendidos. Em seguida a área de procura foi
Linguagem (17%). Conclusão: A compreensão sobre a demanda fonoaudiológica acolhida
pela clinica escola, possibilita uma leitura inicial sobre os agravos que esta população
possui, e pode resultar na estruturação e implementação de ações diferenciadas no
campo da Fonoaudiologia na rede de atenção à saúde no Rio Grande do Norte.

563
Caracterização do perfil audiológico de funcionários de uma universidade pública
com queixas audiológicas

Ivone Ferreira Neves-Lobo; Clayton Henrique Rocha, Isadora Altero Longo, Renata
Rodrigues Moreira, Alessandra Giannella Samelli

Introdução: Os exames realizados pelo médico do trabalho durante o Programa de


Controle Médico e Saúde Ocupacional visam detectar possíveis problemas de saúde
relacionados e/ou desencadeados pelo trabalho. No caso da audição, na maioria das
vezes, o médico solicitará avaliação audiológica para trabalhadores expostos a níveis de
pressão sonora elevados, sendo de conhecimento geral os prejuízos causados pelo ruído
à audição. Entretanto, trabalhadores não expostos a ruído podem apresentar queixas
auditivas devido a outros fatores não ocupacionais, que diagnosticados tardiamente,
acarretarão em problemas no ambiente de trabalho, como a diminuição da produtividade
e o risco de acidentes. Conhecer as principais queixas auditivas e funções desses
trabalhadores é a primeira medida para realizar um diagnóstico precoce, evitando
prejuízos sociais e no trabalho. Como proposta de um Programa de Qualidade de Vida e
Saúde dos trabalhadores de uma universidade, criou se a necessidade de conhecer as
principais queixas auditivas, com o intuito de desenvolver ações de prevenção de
alterações auditivas e melhoria da qualidade de vida. Objetivo: Caracterizar o perfil
audiológico de funcionários de uma universidade pública com queixas auditivas. Método:
Foi realizado um estudo retrospectivo dos prontuários dos funcionários encaminhados
pelo Ambulatório de Otorrinolaringologia para o Serviço de Audiologia de um hospital
universitário da cidade de São Paulo, no período de 2010 a 2012, com queixas
relacionadas à audição. Resultados: Foram analisados 428 prontuários, sendo que 196
(46%) eram de trabalhadores do gênero masculino, e 232 (54%) do gênero feminino, com
média de idade de 47 anos. Em relação às funções exercidas, as mais prevalentes foram
auxiliares/técnicos administrativos com 52 (12%); os docentes representaram 39 (9,1%);
28 (7%) eram auxiliares/técnicos de laboratório; 26 (6,1%) auxiliares de serviços gerais;
19 (4,4%) secretários; 13 (3%) vigias; 12 (2,8%) técnicos acadêmicos e 10 (2,3%)
motoristas. Em relação às queixas, na maioria dos casos, o mesmo trabalhador
apresentou mais de uma, onde a mais prevalente foi a hipoacusia, com 238 (41%);
seguido pelo zumbido, 157 (27,1%); e a tontura com 148 (25,5%). Os resultados dos
exames mostraram que 72% dos funcionários atendidos apresentaram algum tipo de
alteração auditiva, e 28% apresentaram exames normais. Conclusão: A alta prevalência
de queixas auditivas provenientes de funcionários que desempenham funções
relacionadas a áreas administrativas e de docência revelaram que os distúrbios
audiológicos podem não acometer apenas os trabalhadores expostos a ruído intenso,
sendo necessária, assim a caracterização e análise de todas as queixas auditivas para
propor ações preventivas de alterações auditivas para todas as funções.

564
Características comunicativas de pacientes com deficiência auditiva severo-
profunda não elegíveis para implante coclear

Bárbara Niegia Garcia de Goulart; Luciana Cigana, Daniela Fernandes Marques, Luiz
Lavinsky, Maria Elza Kazumi Yamaguti Dorfman, Caroline Silveira da Silva, Raquel
Andressa dos Santos Barraza, Suzana Campos de Ávila Piccoli

Introdução: A audição é um sentido essencial no desenvolvimento da comunicação


humana e é pré-requisito para a aquisição e desenvolvimento da linguagem oral.
Qualquer déficit no sistema auditivo pode acarretar prejuízos importantes. O diagnóstico e
a intervenção precoce são fundamentais, pois possibilitam uma melhor apropriação da
linguagem e diminuem os riscos de déficits na vida social e intelectual. Uma das maneiras
de amenizar as consequências de um déficit auditivo é a protetização com Aparelho de
Amplificação Sonora Individual (AASI). Alguns indivíduos, porém, apresentam uma
disfunção auditiva tão importante que mesmo uma prótese auditiva potente não consegue
ajudá-los; nesses casos, uma opção para reabilitação e habilitação (no caso de crianças
pequenas) é o Implante Coclear (IC). Este representa um relevante avanço no tratamento
da deficiência auditiva, especialmente quando realizado nos primeiros anos de vida.
Contudo, por mais que o IC traga benefícios para diferentes grupos de pacientes, no
sistema de saúde brasileiro há critérios de indicação e contra-indicação para a realização
do procedimento. A avaliação dos pacientes deve ser realizada por uma equipe
interdisciplinar, composta por médicos otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, psicólogos
e assistentes sociais. Objetivo: Verificar as características gerais e fatores associados à
comunicação de pacientes deficientes auditivos não elegíveis para implante coclear em
um hospital universitário. Método: projeto aprovado pelo CEP, protocolo n. 100034.
Estudo de coorte retrospectivo, a partir de dados de prontuários de 220 pacientes que
buscaram avaliação para ingresso no PASSP (Programa de Atendimento ao Surdo
Severo-Profundo) de um hospital universitário entre 2006 e 2011, com contra-indicação
para IC. Resultados: Dos 220 prontuários analisados, 114 (51,8%) pacientes eram do
sexo feminino; 144 (65,5%) tinham até 18 anos; 109 (49,5%) apresentavam ensino
fundamental incompleto; 101 (45,9%) estudaram em escola especial para surdos; 179
(81,4%) não trabalhavam. Em 91 casos (41,4)% a causa da perda auditiva não foi
determinada, em 71 (32,3%) as causas eram adquiridas e em 44 (20%) a causa da perda
auditiva foi considerada congênita; 13 (5,9%) pacientes nunca tiveram experiências com
AASI; 132 (60,3%) já fizeram fonoterapia; 113 (51,4%) utilizavam LIBRAS (Língua
Brasileira de Sinais) e 63 (28,6%) utilizavam comunicação oral. Em relação a não
indicação de IC, 76 (34,5%) foram considerados não elegíveis pela Otorrinolaringologia,
81 (36,8%) pela Fonoaudiologia, 23 (10,5%) pela Psicologia, 7 (3,2%) pelo Serviço Social,
e 60 (27,4%) foram excluídos por evasão do serviço ou por desistência. Conclusão: Entre
os não elegíveis para o IC predominam crianças e adolescentes, de ambos os sexos, com
proporção relevante de sujeitos com perda auditiva sem etiologia definida e ensino
fundamental incompleto como escolaridade, sendo que 36,8% não foram elegíveis para
implante pela fonoaudiologia, especialmente em virtude do uso limitado da comunicação
oral. Portanto, faz-se necessário acompanhar as repercussões sociais e de comunicação
dos pacientes não elegíveis para implante coclear.

565
Características ocupacionais dos casos de PAIR notificados no SINAN (2006 – 2011)

Aline Cristina Almeida Gusmão Souza; Vilma Sousa Santana, Silvia Ferrite Guimarães,
Tatiane Costa Meira, Franciana Cristina Cavalcante Nunes dos Santos

Introdução: A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) destaca-se como um dos
principais agravos em Saúde do Trabalhador, embora seja possível prevenir seu
desencadeamento e sua progressão. Manifesta-se pela diminuição gradual da acuidade
auditiva, em caráter irreversível, decorrente de exposição ocupacional contínua a
elevados níveis de pressão sonora. A PAIR integra a lista das doenças de notificação
compulsória em todo o território nacional, por meio do Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (SINAN). Destaca-se a importância do conhecimento sobre as
características ocupacionais dos casos de PAIR notificados no País para auxiliar o
planejamento de saúde, a partir da identificação de grupos prioritários para intervenção.
Objetivo: Descrever as características ocupacionais dos casos de trabalhadores com
PAIR notificados no SINAN. Métodos: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo, de
casuística, conduzido com dados oriundos das fichas de notificação da PAIR, registrados
nas bases de dados do SINAN. Foram analisados os casos notificados no período de
2006 a 2011. As bases de dados foram concedidas pelo Ministério da Saúde ao Centro
Colaborador da Vigilância dos Agravos à Saúde Relacionados ao Trabalho, do Instituto de
Saúde Coletiva/UFBA. O projeto deste estudo foi aprovado por um Comitê de Ética em
Pesquisa (n.036/12). Resultados: Nesse período foram notificados 1.403 casos de PAIR,
com crescimento anual contínuo. O ramo de atividade que concentrou a maior parcela
dos casos (45,8%) foi o da indústria de transformação. Dentre os grandes grupos de
ocupação relacionados pela CBO, Classificação Brasileira de Ocupações, o Grupo 7,
“Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais”, foi o mais comum (55,5%).
Esse grupo compreende aqueles trabalhadores que atuam na produção extrativa, na
construção civil ou na produção industrial de processos discretos que mobilizam
habilidades psicomotoras e mentais voltadas primordialmente à forma dos produtos.
Sobre as características relativas à exposição ao ruído, a análise evidenciou que a maior
parcela dos trabalhadores com PAIR esteve exposta predominantemente a ruído contínuo
(51,8%), que aproximadamente metade dos trabalhadores (49,3%) estava exposta,
concomitantemente, a outros fatores de risco para a perda auditiva, como solventes,
gases, metais, medicamentos ototóxicos. A proteção individual foi a conduta mais comum
(46,9%) adotada no ambiente de trabalho para a prevenção da PAIR, seguida da adoção
da proteção coletiva (22,7%). Conclusão: Os resultados permitiram conhecer o perfil
ocupacional dos casos de PAIR notificados no País. Ações que favoreçam a consolidação
da notificação da PAIR no SINAN são fundamentais para que seja possível conhecer mais
profundamente o perfil epidemiológico da PAIR no Brasil e avaliar o impacto de
intervenções.

566
Chupeta e fonoaudiologia: abordagens e estratégias

Lara Jorge Guedes de Camargo; Denise de Souza Oliveira, Reginalice Cera da Silva

Introdução: Os hábitos orais tem sido alvo de investigação por diversos profissionais que
estudam o uso de chupeta vinculado ao Sistema Estomatognático (S.E.) uma vez que
eles podem interferir nas estruturas e funções do mesmo. A Fonoaudiologia enquanto
uma das áreas da saúde trabalha com reabilitação, prevenção e Promoção da Saúde. De
acordo com a Carta de Ottawa, promover saúde é capacitar a comunidade para atuar na
melhoria da sua qualidade de vida e saúde e ter maior participação no controle desse
processo. São definidos 05 campos de ação: elaboração e implementação de políticas
públicas saudáveis, criação de ambientes saudáveis, capacitação da comunidade,
desenvolvimento de habilidades individuais/coletivas e reorientação de serviços de saúde.
Seguindo esses pressupostos, ao problematizar o uso e retirada de chupeta,
fonoaudióloga(o)s devem levar em conta os aspectos afetivos e culturais deste hábito,
sua história e o significado que o uso da chupeta tem para cada mãe. Desse modo o
profissional pode intervir por meio de ações educativas junto às mães, em grupo e em
equipe multiprofissional. Objetivos: Compreender as abordagens e estratégias utilizadas
por fonoaudióloga(o)s nas questões relacionadas ao uso da chupeta. Métodos: Trata-se
de uma pesquisa exploratória, de abordagem quantitativa, realizada por meio de revisão
bibliográfica. Fonte de dados: resumos publicados nos Anais do Congresso Brasileiro de
Fonoaudiologia, disponíveis online (www.sbfa.org.br/portal/), no período de 2008 a 2012.
Descritores: chupeta, hábitos orais e Fonoaudiologia. Os resumos foram quantificados,
descritos e analisados com base nos referencias teóricos que norteiam esse estudo e
distribuídos em relação às abordagens classificadas segundo os pressupostos da
Promoção da Saúde. Resultados: Foram analisados 22 resumos sendo 19 na Sessão de
Pôster e 02 na sessão de Temas livres. O número de resumos distribuiu-se igualmente ao
longo dos anos: 04 (18,1%) por ano - exceto em 2010 que teve um aumento pouco
significativo de 04 para 06 (27,2%) publicações. A maior parte deles, 15 (68,1%) foi
publicada no departamento de Motricidade Orofacial, seguido de Saúde Coletiva com 03
(13,6%) publicações, Epidemiologia com 02 (9,9%) publicações e Atenção à Saúde
acompanhada de Políticas Publicas Saúde e Educação com apenas um trabalho
publicado. Em relação às abordagens fonoaudiológicas, foram encontrados 17 (77,2%)
estudos voltados para detecção das alterações do S.E. e 05 (22,7%) norteados pela
Promoção da Saúde, que utilizaram as estratégias de problematizar uso da chupeta com
os pais, promover conscientização infantil sobre consequências do uso da chupeta e
desenvolver atividades lúdicas. Conclusões: Nota-se que a maioria dos estudos enfatiza a
detecção das alterações provocadas no S.E., confirmando resultados já existentes entre
fonoaudiólogas/os. Poucos buscam os determinantes do problema, o que pode ser
explicado pelo desconhecimento das propostas da Promoção da Saúde que buscam
conhecer o sujeito de forma integral, entender os aspectos afetivos e culturais dos sujeitos
e proporcionar uma melhor qualidade de vida. Este estudo mostrou a necessidade de
aumentar as pesquisas fonoaudiológicas voltadas para o conhecimento das causas da
introdução da chupeta de modo a intervir nos determinantes para obter sucesso na
retirada deste artefato e prevenir alterações no S.E.

567
Condições de trabalho e sintomas vocais autorreferidos por professores
universitários e avaliação fonoaudiológica

Jéssica Marchiori Correia; Emilse Aparecida Merlin Servilha

Introdução: Os estudos sobre a voz do professor indicam a necessidade de se averiguar


os fatores ambientais e organizacionais do trabalho como possíveis facilitadores aos
agravos à saúde e voz desse segmento profissional. O ruído, o pó de giz, a acústica
pobre, além do excesso de trabalho, a necessidade de ficar muito tempo em pé, o uso
prolongado da voz, o estresse, a competitividade, as longas jornadas e locais
inapropriados para descanso criam um ambiente de trabalho pouco saudável e podem
prejudicar a saúde e a voz do professor. Objetivo: Relacionar as condições ambientais e
organizacionais do trabalho e sintomas vocais autorreferidos por professores
universitários com a avaliação fonoaudiológica. Métodos: 112 docentes responderam ao
questionário de Condição de Produção Vocal do Professor adaptado, do qual foram
selecionadas as respostas dos itens de identificação, avaliação do ambiente e
organização do trabalho e voz. Além disso, foi realizada avaliação vocal com linguagem
automática (meses do ano e números de 1 a 20), vogais sustentadas e fala encadeada
(relato sobre o uso da voz na docência), sendo estas analisadas de forma perceptivo-
auditiva e classificadas como ausência de alteração vocal ou presença em grau discreto,
moderado, severo ou extremo. Os dados obtidos nestas duas fontes foram comparados
estatisticamente. Foi tomado 5% como valor de significância. Aprovação do Comitê de
Ética institucional sob nº 0654/11. Resultados: A média de idade foi de 46,6 anos (24-76),
72 (64,3%) do sexo feminino, 78 (69,6%) casados e 74 (66,1%) doutores. Com relação às
características do ambiente de trabalho autorreferidas verificou-se correlação positiva e
significativa entre o ruído e poeira com fadiga vocal, garganta seca, dor ao falar, tosse
seca e voz fraca; fumaça com garganta e tosse secas; ventilação com esforço ao falar; e
temperatura com fadiga vocal, garganta seca, bola e dor na garganta. Na organização do
trabalho constatou-se correlação positiva e significativa entre mau relacionamento e dor
ao falar; estresse com fadiga vocal, secura, ardor, bola e dor na garganta e esforço ao
falar; e violência com fadiga vocal, garganta seca, falta de ar, ardor na garganta, bola na
garganta, pigarro e rouquidão. A avaliação fonoaudiológica mostrou que 77 (67,9%)
docentes apresentaram voz adaptada e 36 (32,1%) algum grau de distúrbio vocal. Não
houve correlação estatística entre presença e ausência de distúrbio vocal na avaliação
fonoaudiológica e condições ambientais e organizacionais de trabalho autorreferidas.
Rouquidão e voz fraca foram os sintomas vocais autorreferidos significativamente maiores
em docentes com presença de alteração vocal. Conclusão: Não se constatou correlação
entre as condições ambientais e organizacionais do trabalho e a presença de alteração
vocal decorrente da avaliação fonoaudiológica. Quando estas condições foram avaliadas
em comparação com a autorreferência de alteração vocal pelos docentes obtiveram-se
valores com significância estatística. Entre os professores avaliados com distúrbio vocal,
os sintomas mais preponderantes foram rouquidão e voz fraca.

568
Conhecimento de pediatras do vale do itajaí sobre gagueira e disfluência do
desenvolvimento

Neusa Amorim Fleury Machado, Elisa Gugelmin Distéfano; Andrea Cristina Rizzotto
Grüdtner, Vanessa Rafaeli, Angela Portella, Izabel Cristina Greuel

Introdução: A disfluência do desenvolvimento manifesta-se predominantemente entre os


dois e os cinco anos de idade, porém, quando o quadro persiste por mais de seis meses
pode caracterizar o início de um quadro de gagueira. A distinção que os pediatras podem
fazer entre disfluência comum da infância e risco efetivo de gagueira é fundamental, visto
que quando diagnosticadas precocemente por este profissional, as chances no sucesso
do tratamento são efetivamente maiores. Além disso, em geral, estes são os primeiros
profissionais a serem procurados pelas famílias e a maioria das crianças pode superar
esta fase normalmente, desde que detectada precocemente e trabalhada
adequadamente. Objetivo: Caracterizar o conhecimento de pediatras do Vale do Itajaí
sobre a disfluência do desenvolvimento e a gagueira infantil. Métodos: Pesquisa de
campo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI, sob parecer número
001/2011. Foi entregue um questionário com perguntas fechadas para pediatras do Vale
do Itajaí. Os dados foram armazenados em arquivo estruturado com recuperação da
informação através de planilha eletrônica Excel versão 7 e submetidos à análise de
distribuição de frequência simples. Resultados: Quanto à variável definição, 57,14% dos
pediatras definiram disfluência do desenvolvimento como uma fase da aquisição da
linguagem a ser superada e 82,86% definem a gagueira como uma ruptura involuntária no
fluxo da fala. Na caracterização, a união de fatores observáveis e não observáveis
prevaleceu; quanto à etiologia, 71,43% apontaram a multicausalidade para a gagueira e
74,28% apontam a disfluência como fase natural do desenvolvimento; 45,71% acreditam
que há prevenção para a gagueira, para a disfluência 40% acreditam que não há; 40%
indicam o tratamento fonoaudiológico para a gagueira e 60%, para a disfluência; 57,14%
teriam conduta de orientação aos pais e encaminhamento para atendimento
fonoaudiológico. As respostas foram condizentes com aspectos apontados pela literatura
consultada, bem como, refletiram suas práticas com pacientes disfluentes; 77,14%
reconheceu a diferença entre as alterações de fluência investigadas. Conclusão: O
conhecimento dos pediatras do Vale do Itajaí a respeito da disfluência do
desenvolvimento e da gagueira infantil é representado pela fusão de conhecimentos
teóricos e empíricos. Os pediatras acreditam que o trabalho em conjunto, pediatra e
fonoaudiólogo é eficaz quando o diagnóstico é precoce.

569
Conhecimento de senso comum sobre gagueira da população que frequenta o sasa
da univali

Neusa Amorim Fleury Machado; Andrea Cristina Rizzotto Grüdtner,


Fernanda Cornelius Lange, Débora Frizzo Pagnossim, Cristiane Moreira Duarte

Introdução: A gagueira é um distúrbio da fluência que afeta crianças, adolescentes,


adultos e idosos. Quando diagnosticada e tratada precocemente, as chances de obtenção
de um resultado efetivo e duradouro são evidentes. Por isso, quando a população tem a
chance de receber informações adequadas sobre este distúrbio, os resultados também se
tornam mais abrangentes. Para isso, saber o quanto a população sabe sobre tal assunto
contribui para a sua divulgação. Objetivo: Caracterizar o conhecimento de senso comum
sobre a gagueira advindo da comunidade que frequenta o Serviço de Atenção à Saúde
Auditiva (SASA) da UNIVALI. Métodos: Pesquisa de campo aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da UNIVALI, sob parecer número 57046/2012. Estudo de caráter
quantitativo, caracterizado pela soma de duas pesquisas, cuja primeira etapa aconteceu
em 2009 com 32 sujeitos e a segunda etapa foi concluída em 2012 com 50 sujeitos.
Assim, a soma dos dois estudos permitiu atingir uma população de 82 sujeitos,
provenientes de 53 municípios do Vale do Itajaí. Desses, 57 (69,51%) do gênero feminino
e 25 (30,49%) do gênero masculino, com idades entre 14 e 83 anos. Aplicou-se um
questionário com perguntas fechadas e alternativas específicas de respostas. Os dados
coletados foram armazenados em um arquivo estruturado e submetidos à análise de
distribuição de frequência simples. Resultados: Com relação à gagueira 90% da
população entrevistada já ouviram falar sobre esta alteração de fala. A grande maioria
aponta a gagueira como sendo proveniente de causas emocionais. Quanto à prevenção a
maioria da comunidade entrevistada acredita no processo preventivo, bem como na
possiblidade de cura para este distúrbio de fluência, quando submetidos a tratamento
fonoaudiológico. CONCLUSÃO: Os achados do presente estudo demonstram que a
população que frequenta a sala de espera do Serviço de Atenção à Saúde Auditiva
(SASA) possui um conhecimento apropriado sobre o tema pesquisado, sendo parte deste
conhecimento proveniente das campanhas anuais de esclarecimento sobre a Gagueira,
veiculadas na mídia oral (rádio, televisão) e escrita (jornais impressos, cartazes sobre o
tema).

570
Conhecimento dos alunos do curso de fonoaudiologia da univali sobre gagueira e
disfluência do desenvolvimento

Neusa Amorim Fleury Machado; Andrea Cristina Rizzotto Grüdtner, Lauren Freitas Paixão
Coelho, Tahuana Romero da Silva, Franciane Proenço Mattos

Introdução: No meio acadêmico, apesar do conhecimento de gagueira e a disfluência se


ampliar a cada dia, informações distorcidas sobre o assunto, advindas do senso comum,
provocam preconceito sobre o tema. Objetivo: Caracterizar o conhecimento dos alunos do
Curso de Fonoaudiologia da UNIVALI sobre gagueira e disfluência do desenvolvimento.
Métodos: Realizada na UNIVALI em 2011/I, a pesquisa contou com 101 alunos
regularmente matriculados no Curso de Fonoaudiologia (1º, 3º, 5º e 7º períodos), entre
eles 97% do gênero feminino e 3% do gênero masculino, com idades entre 17 e 38 anos.
A coleta foi realizada após aprovação do CEP (parecer 002/2011a), a partir da aplicação
de um questionário e os dados foram submetidos a análise de distribuição de frequência
simples. Resultados: 100% dos alunos ouviram falar sobre gagueira; 87,4% do primeiro
período não ouviram falar sobre disfluência; 97% de todos os alunos souberam definir
gagueira; 70% do primeiro, 47,61% do terceiro e 50% do quinto não souberam definir a
disfluência, em contraposição a 56,67% do sétimo período que souberam definir esta
fase. Todos os períodos souberam caracterizar a gagueira (mais de 80%), percentuais
acima de 50% mostraram que os alunos não souberam caracterizar a disfluência.
Diversos fatores associados foi a opção pela etiologia da gagueira em mais de 60% de
todos os alunos do curso; Sobre formas de prevenção da gagueira, 70% dos alunos do
primeiro período e 28,57% do terceiro acreditam que a mesma se dá por meio de
campanhas educativas na escola; 40% do quinto período e 36,67% do sétimo não
acreditam na prevenção para gagueira; 70% dos alunos do sétimo período acreditam que
não há forma de prevenção para a disfluência, enquanto 35% dos alunos do primeiro
período, 38,1% do terceiro e 46,67% do sétimo não responderam essa questão; 98% dos
alunos de todos os períodos acreditam que exista um tratamento para gagueira e 50% de
todos os alunos acreditam no tratamento da disfluência. A intervenção fonoaudiológica é a
opção de tratamento da gagueira escolhida pelos sujeitos. Quanto à disfluência, 80% dos
alunos do primeiro período acreditam no tratamento psicológico; porém, 76,2% do terceiro
período, 70% do quinto e do sétimo acreditam no tratamento fonoaudiológico. O
prognóstico de cura da gagueira é 62,5% para os alunos do primeiro período, 90,48%
para o terceiro, 90% para o quinto e de 53,34% para o sétimo. Mais de 50% dos alunos
do terceiro, quinto e sétimo períodos acreditam na cura da disfluência, porém, 57,5% dos
alunos do primeiro período apontaram não souberam opinar. Os alunos que pretendem
trabalhar com gagueira são 77,5% do primeiro período, os demais não souberam referir.
Quanto à diferenciação entre gagueira e disfluência, 70% dos alunos do primeiro período,
47,62% do terceiro e 60% do quinto não sabem diferenciá-las; 63,33% do sétimo período
sabem fazer tal diferenciação. Conclusão: Os alunos do Curso de Fonoaudiologia da
UNIVALI possuem um conhecimento apropriado e crescente sobre a gagueira. Por outro
lado, demonstram um conhecimento permeado por dúvidas quando o assunto é
disfluência do desenvolvimento.

571
Conhecimento dos docentes da área da saúde da UNIVALI sobre gagueira

Neusa Amorim Fleury Machado, Elisa Gugelmin Distéfano; Andrea Cristina Rizzotto
Grüdtner, Franciane Proenço Mattos, Denise Terçariol, Alessandra Aparecida Tessari,
Naiara dos Santos Espósito

Introdução: A gagueira é um distúrbio da comunicação de etiologia controversa, não


havendo cura para este distúrbio. O diagnóstico e intervenção precoce podem amenizar
tal distúrbio e auxiliar o gago a conviver com esta dificuldade. Assim, o trabalho
interdisciplinar auxilia significativamente nestes casos, uma vez que os sintomas desta
alteração se manifestam não apenas na fala, mas no contingente emocional. Objetivo:
Caracterizar o conhecimento dos docentes da área da saúde da UNIVALI sobre a
gagueira. Metodologia: Pesquisa de campo, de caráter quantitativo, aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da UNIVALI, sob parecer número 57039/2012. Foi aplicado um
questionário com perguntas fechadas a 38 docentes que integram os 8 cursos da área da
saúde da UNIVALI, a fim de concluir um estudo prévio com esta população, iniciado em
2010. A soma dos dois estudos permitiu atingir uma amostra de 57 sujeitos. Os dados
foram armazenados em um arquivo estruturado com recuperação da informação através
de uma planilha eletrônica Excel versão 7 e submetidos à análise de distribuição de
frequência simples. Resultados: Quanto à variável definição, 53,09% dos docentes
definem gagueira como sendo uma ruptura involuntária no fluxo da fala e 37,04% como
envolvendo um modo de falar que não flui; sobre a caracterização, todos os entrevistados
acreditam na presença de graus de severidade da gagueira, entre eles 68,18% acreditam
que ela se apresenta em diferentes estágios, do leve ao severo. Quanto à etiologia da
gagueira, 64,38% acreditam em causas multifatoriais para a mesma. 56% dos
entrevistados não sabem se há prevenção para a gagueira. Na cura, a maioria (82%)
acredita que há cura para a gagueira e 16% não sabem. Quanto ao tratamento, 46
indivíduos acreditam que o tratamento mais adequado seja o fonoaudiológico e 32 o
psicológico. Na conduta, 57,89% encaminhariam para tratamento fonoaudiológico e
33,69% para tratamento psicológico. Conclusão: os docentes da área de saúde da
UNIVALI mostraram que tem um conhecimento próximo do senso comum, em relação ao
conhecimento científico, embora sejam atuantes no meio acadêmico e tenham maior
acesso a informação.

572
Conhecimento vocal e a importância da voz como recurso pedagógico na
perspectiva de professores universitários

Aline Teixeira Fialho da Costa; Emilse Aparecida Merlin Servilha

Introdução: A voz é elemento crucial na viabilização do trabalho docente. O conhecimento


que o professor tem de sua voz é fundamental para reconhecer suas qualidades e limites
e a consequência deles no desenvolvimento da aula. Além disso, a consideração da voz
como recurso pedagógico pode instigar o professor a conhecer estratégias para protegê-
la e aprimorá-la. Objetivo: investigar o conhecimento vocal e sua importância como
recurso pedagógico em professores universitários. Método: Participaram da pesquisa 112
professores universitários, média de 46,60 anos (24-76), 40(35,7%) do sexo masculino e
72(64,3%) do feminino, 74(66,1%) doutores. Cada docente preencheu o questionário de
Condições de Produção Vocal – Professor, adaptado pela pesquisadora com proposição
de escala analógica de zero a dez para a avaliação das condições do trabalho e voz
presentes nos itens do instrumento. Neste estudo foram selecionados os itens de
identificação, motivo(s) do interesse pela pesquisa e voz (demandas vocais,
características e sintomas vocais). Realizou-se caracterização sóciodemográfica dos
professores e a análise qualiquantitativa das questões abertas organizando as respostas
por similaridade de conteúdo e frequência de ocorrência. As questões fechadas
receberam tratamento estatístico quantitativo, considerando-se a média das notas
autorreferidas pelos docentes, em cada variável pesquisada. Os resultados foram
comparados, a partir das variáveis: sexo, idade, estado civil, área de conhecimento,
escolaridade e presença ou não de alteração vocal. Foi considerado 5% como valor de
significância. Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
institucional em 05/09/2011, sob nº 0654/11. Resultados: Em relação às questões abertas,
constatou-se que os motivos da participação na pesquisa mais referidos foram: colaborar
com a pesquisa 32(28,6%) e melhorar a voz na docência 17(15,2%); quanto ao que
mudariam na voz, os docentes responderam: intensidade 17(15,2%), nada 15(13,4%),
tom 13(11,6%); em relação aos recursos vocais utilizados em sala de aula descreveram:
recursos não verbais 29(25,9%), nenhum 21(18,8%), entonação 13(11,6%), variação de
intensidade 8(7,1%), ficar em silencio/fazer pausa 7(6,3%); referente às atitudes quando a
voz está alterada os professores mencionaram: 55(49,1%) repouso vocal, 51(45,5%)
hidratação, 11(9,8%) nada, 7(6,3%) consulta médica, 6(5,4%) medicamentos, 6(5,4%)
exercícios vocais, 4(3,6%) comer maçã, 3(2,7%) gargarejo, 3(2,7%) spray de própolis e
2(1,8%) mel e uso de pastilhas. Nas questões quantitativas observou-se correlação
significativa entre idade e falar muito rápido, avaliação de voz fina e dor ao falar; entre
sexo feminino e voz fina, fadiga vocal e perda da voz; ser solteiro e dor ao falar e perda
da voz; referir alteração vocal e voz fraca, rouquidão, voz insuficiente para o trabalho,
fadiga vocal, voz grave e autoavaliação negativa da voz. A nota média do grupo de
professores ao avaliarem a importância da voz como recurso pedagógico foi 9,42 (4-10).
Conclusão: Os professores mostraram interesse pela pesquisa com o objetivo de
melhorar a docência, souberam qualificar suas vozes, indicaram as mudanças
necessárias para ampliar suas qualidades e condutas quando ela se encontra alterada.
Desta forma, conclui-se que o conhecimento vocal dos participantes é apropriado e,
principalmente, avaliam a voz como recurso pedagógico essencial.

573
Consciência dos brasileiros sobre afasia: estudo preliminar

Daniela Regina Molini-Avejonas; Carla Cardoso, Gabriela De Luccia, Maria Isabel d´Ávila
Freitas, Thais Machado, Thais Alexandre Silva, Lenisa Brandão, Maria de Jesus
Gonçalves, Maria Lúcia Gurgel da Costa, Letícia Lessa Mansur

A Afasia é um distúrbio da linguagem decorrente de uma lesão cerebral. Em 2012 foram


lançadas duas portarias para esta população. Para que os usuários possam se beneficiar
dessas medidas é importante que saibam o que é afasia. O conhecimento científico sobre
afasia tem se desenvolvido, sobretudo nos últimos anos, a partir de modernas técnicas de
diagnóstico e reabilitação. Desconhece-se o grau de informação da população sobre
afasia. Sabe-se que há pouca informação disponível sobre os níveis gerais de
consciência da população brasileira sobre afasia. O objetivo deste estudo foi verificar o
conhecimento dos brasileiros sobre afasia e AVE a partir da aplicação de um questionário
validado e traduzido (“Awareness of Aphasia Survey”). O estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa sob o protocolo número 351/12. Foram selecionados 6 grandes
estados brasileiros, e as entrevistas foram realizadas com a população presente em locais
púbicos. Desta forma, buscou-se a maior heterogeneidade possível da amostra. O
questionário é dividido em dois domínios. O primeiro visa, inicialmente, a seleção da
amostra que tem algum conhecimento sobre afasia e quando não, se havia algum
conhecimento prévio em AVE. O conhecimento em afasia foi mapeado por perguntas
cujas opções de respostas eram sim/não ou não sei. A resposta sobre o conhecimento de
AVE era livre. A partir dos dados obtidos, foi realizada a análise descritiva das respostas
fornecidas. Foram entrevistados 120 pessoas (20 de cada estado), entre 18 e 72 anos de
idade, sendo 97 do sexo feminino e 23 do sexo masculino. Os dados parciais demonstram
que 20% das pessoas “ouviram falar sobre afasia”, e 75% sobre AVE, mas o
conhecimento é superficial. Em relação aos dados descritivos sobre a causa da afasia
verifica-se que os participantes não têm clareza sobre as mesmas. Também não sabem
descrever ou apontar suas características. Sobre o meio pelo qual o conhecimento foi
obtido, a maioria das pessoas entrevistadas citou o contato pessoal com pessoas
acometidas. Esse resultado mostra, a restrição de outras fontes de informação. Fica clara
a necessidade de investimento em produção e divulgação de material destinado a
conscientizar a população sobre acidente vascular encefálico e afasias. Nesse contexto, o
fonoaudiólogo pode atuar como agente facilitador da divulgação produzindo materiais
adequados à população de maior risco. Vale ressaltar que a maioria das campanhas
existentes, destina-se prioritariamente ao conhecimento sobre AVE e não à afasia. Os
resultados mostram que saber sobre AVE não significa conhecer afasia. Em outras
palavras, divulgar somente o AVE é insuficiente para ampliar a consciência da afasia.

574
Contribuições e desafios da fonoaudiologia na atenção primária: relato de
experiência

Denise Gonçalves Roza; Ana Magda Rezende de Oliveira, Juliana Mota Ferreira, Carlos
Antonio Bruno da Silva

Introdução: A análise das experiências de atuação da Fonoaudiologia na atenção primária


em saúde, nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASFs, são de grande importância
para o avanço da produção e sistematização de práticas de cuidado à saúde que
respondam às necessidades da população e que sejam capazes de enfrentar os graves
efeitos dos distúrbios de linguagem, voz, motricidade oral e audição. Objetivo:
Caracterizar a atuação da Fonoaudiologia na atenção primária em saúde em um
município do Ceará, destacando as contribuições e desafios enfrentados. Métodos:
Estudo de natureza qualitativa, exploratório e descritivo. Foi realizado acompanhamento
das atividades desenvolvidas pelas 8 fonoaudiólogas que compõem as equipes do NASF
em um município do Ceará, durante o período de março a abril de 2013. Utilizou-se um
questionário estruturado, no qual foram abordadas questões voltadas para as ações
desenvolvidas e as dificuldades enfrentadas, e realizadas entrevistas individuais.
Resultados: O município conta com 8 fonoaudiólogas atuando na atenção primária em 6
equipes do NASF. As atividades são prioritariamente coletivas, com a participação de dois
ou mais profissionais da equipe interdisciplinar. Alguns horários são designados para
orientação individual, com o intuito de atender a demanda reprimida que necessita de
acompanhamento fonoaudiológico e permanece na fila de espera do centro de
reabilitação, e visita domiciliar, para orientação. A atuação da Fonoaudiologia baseia-se
na promoção de saúde e prevenção de agravos fonoaudiológicos, através de grupos
infantis (estimulação da linguagem), grupos de idosos (orientações de linguagem, voz,
audição e deglutição), grupos de tabagismo (orientações de voz e anatomofisiologia da
laringe) e grupos de gestantes (orientações sobre amamentação, deglutição e exames
auditivos). A ausência de espaço físico adequado, a carência de materiais educativos e
informativos e a procura por atendimento especializado são as principais dificuldades
enfrentadas pelas fonoaudiológas. A faixa etária de maior demanda para
acompanhamento individual está entre 4 e 8 anos, com queixas de fala e linguagem. As
visitas domiciliares, em sua maioria, assistem pacientes na faixa etária maior que 60
anos, com queixas de linguagem e deglutição. Conclusão: A Fonoaudiologia cresce no
âmbito da saúde pública, ampliando suas potencialidades ao se apropriar do modelo de
atuação na atenção primária. Os desafios enfrentados, diante dos limites impostos pelo
próprio sistema de saúde, estimulam o fonoaudiólogo a encontrar estratégias de
enfrentamento das dificuldades e aprimoramento da sua capacidade de atuação junto à
equipe interdisciplinar.

575
Correlação entre funções estomatognáticas antiaborais e estresse em adolescentes
grávidas

Thales Roges Vanderlei de Góes; Thyara Rúbia Vanderlei de Góes

Introdução: No início do período gestacional, muitas mulheres podem apresentar enjôos e


vômito devido a fatores biológicos, psicológicos e sociais. Sabe-se que a resposta do
organismo ao estresse é adaptativa, preparando-o para enfrentar o desafio, e a
intensidade dessa resposta deve ser proporcional ao agente estressor. Assim, o estresse
que perdurar por um longo período de tempo pode provocar reações ao organismo, como
o desencadeamento das funções estomatognáticas antiaborais: vomito e náusea.
Objetivo: Correlacionar o nível de estresse em adolescentes grávidas e as funções
antiaborais: vômito e náusea. Métodos: Trata-se de um estudo transversal quantitativo
analítico realizado com 39 adolescentes, entre 10 e 19 anos atendidas pela ESF em
Maceió. A pesquisa foi realizada em uma unidade de cada distrito, sendo escolhido
através de sorteio simples. A coleta de dados foi realizada no ano de 2012. Foi aplicado o
Inventário de Sintomas de estresse de Lipp. Resultados: Pode- se observar que das 39
gestantes entrevistadas 53,8% afirmam ter náuseas e dessas, 76,2% apresentam sinais
de estresse. Entretanto 77,8% das gestantes que referiram não possuir náuseas também
apresentam sintomas de estresse. Verificou-se ainda que 80% dessas adolescentes que
têm vômitos frequente possuem algum nível de estresse. Por sua vez, 73,7% das
gestantes que possuem sintomas de estresse não apresentam episódios freqüentes de
vômito. Conclusões: Foi alto o número de gestantes com predominância de náuseas e
vômitos, apesar da não associação estatística significativa entre estes e o estresse.
Sugere a necessidade de outros estudos com um maior número de gestantes para
aprofundar o tema e comprovar ou não a hipótese de que os episódios de náuseas e
vômito no período gestacional são mais freqüentes quando associado ao estresse.

576
Criação de material de educação em saúde para cuidadores de indivíduos com
Síndrome de Down

Bruna Tozzetti Alves; Rafael Ferreira, Amanda Tragueta Ferreira, Dagma Venturini
Marques Abramides, Dionísia Aparecida Cusin Lamônica, Nilce Emy Tomita

Introdução: A manutenção do tratamento odontológico é ferramenta importante para o


estabelecimento de saúde bucal dos pacientes, principalmente quando relacionado aos
pacientes com necessidades especiais, como os pacientes com Síndrome de Down (SD).
Objetivo: A elaboração deste manual tem como objetivo instruir pais e/ou responsáveis
com instruções a respeito de como ter e manter uma boa higienização bucal, a ocorrência
de algumas doenças, como a cárie dentária e doença periodontal, e como isso vai afetar a
saúde geral de seu filho com SD. Métodos: O projeto de pesquisa foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da FOB-USP (protocolo 116/2010),
sendo realizadas perguntas abertas aos pais e/ou responsáveis, cirurgiões-dentistas e
aos participantes com SD por meio de uma atividade lúdica de educação em saúde.
Foram selecionadas as principais dificuldades encontradas para a manutenção e
realização da higiene oral para elaboração de um manual e para sanar essas dúvidas e
instruir aos responsáveis para a manutenção da saúde bucal. Participaram deste estudo
16 cirurgiões-dentistas, 13 pais e 6 participantes com SD. Resultados: Observou-se que
ainda é negligenciado por grande parte dos pais acompanhamento odontológico rotineiro,
como também o desconhecimento de quais doenças são predisponentes na cavidade oral
dos pacientes com SD (como a doença periodontal), e como isso afeta sua saúde
sistêmica e até mesmo piora do quadro cardíaco. As dúvidas eram referentes sobre qual
escova de dente usar, dentifrício (produtos e quantidade), técnica de escovação, uso do
flúor e métodos alternativos de controle do biofilme dentário. Essas dúvidas foram
abordadas no manual, com conteúdo voltado aos adultos, explicadas de forma simples e
objetiva a fim de permitir aos mesmos adequada supervisão e controle da higienização
bucal de seus filhos, como também sobre a importância das visitas periódicas ao CD.
Portanto, são restritos materiais educativos voltados aos pais de pacientes com SD,
sendo que os responsáveis exercem papel fundamental no processo de saúde-doença de
seus filhos, comprometidos principalmente pela falta de informação e dúvidas. Conclusão:
O manual de orientação de higiene bucal aos responsáveis é uma medida importante e
viável em saúde pública, proporcionando informações, conhecimentos, inserção social,
saúde bucal e qualidade de vida à essa parcela da população.

577
Dados fonoaudiológicos atuais na atenção aos idosos de Prudentópolis-PR

Eliane Cristina Pereira; Monica Barby Muñoz, Celia Kozak, Adriana das Graças Vieira
Garrido

Introdução: Visando a qualidade do atendimento ao idoso o Ministério da Saúde (MS)


implantou a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa em 2007. Para o correto
preenchimento da caderneta e atendimento ao idoso, há o Caderno de atenção básica 19
do Ministério da Saúde, sobre envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Este sugere
como avaliação global a investigação em relação à alimentação e nutrição (dificuldade de
mastigação), acuidade auditiva e quedas. Os aspectos fonoaudiológicos de voz e
linguagem não são propostos como avaliações específicas, somente são explanadas
como orientações gerais. Conforme último censo demográfico realizado em 2010, o
município de Prudentópolis possui 5782 pessoas com mais de 60 anos. Assim sendo,
Prudentópolis-PR, desenvolve um Programa de Atenção Integral à Saúde do Idoso
(PAISIP), baseado nestas normas. Objetivo: Verificar os dados fonoaudiológicos, bem
como os encaminhamentos necessários à fonoaudiologia, aos idosos atendidos no
PAISIP. Método: Estudo observacional, descritivo, quantitativo e prospectivo. Atualmente
o PAISIP possui 2.932 idosos cadastrados. Foram incluídos os idosos encaminhados para
atendimento fonoaudiológico conforme queixa ou sinais apresentados no momento do
cadastro com a equipe de enfermagem. Participaram deste estudo 123 idosos, destes 68
do sexo feminino e 55 do sexo masculino, que realizaram atendimento no setor de
fonoaudiologia a partir de junho de 2012, quando foi implantado um protocolo específico
de fonoaudiologia, até junho de 2013. Foram coletados dados pessoais e em relação às
queixas na área da fonoaudiologia, sendo elas: audição, equilíbrio, voz, disfagia e
linguagem oral. Também foram coletados os dados dos encaminhamentos realizados e
uso de prótese auditiva. Resultados: Quanto à idade, temos a média de 69,7 anos (+
7,75). A queixa mais freqüente foi a auditiva 95,12% (117), seguida de 65,04% (80)
queixa vestibular, 17,07% (21) queixa de voz, 8,94% (11) queixa de disfagia, nenhum
apresentou queixa em relação à linguagem oral. Desses idosos 62,60% (77) foram
encaminhados para o Programa de Diagnóstico e Protetização, 24,39% (30) para
remoção de impedimento auditivo, 2,43% (3) para o médico do PAISIP, 7,31% (9) para
médicos especialistas e 4,87%(6) para outros profissionais do PAISIP, como nutricionista
e fisioterapeuta. Do total de idosos atendidos no setor de fonoaudiologia 12,30% (10)
utilizavam o aparelho de amplificação sonora individual ou foram adaptados e 87,80%
(108) utilizavam algum tipo de prótese dentária. Conclusão: Percebeu-se prevalência de
queixas auditivas e vestibulares quando comparadas à voz, disfagia e linguagem oral.
Também houve prevalência de utilização de prótese dentária à auditiva, embora a queixa
auditiva tenha sido prevalente entre as queixas apresentadas pelos idosos. Dos
encaminhamentos necessários como, remoção de impedimento auditivo, outras
especialidades do PAISIP (como nutricionista, fisioterapeuta e médico) contempla-se com
maior agilidade, porém Programa de Diagnóstico e Protetização e médicos especialistas
são realizados muitas vezes fora do município o que torna a concretização mais lenta,
fazendo com que os idosos tenham maior tempo de espera para alguns cuidados de
saúde.

578
Detecção e notificação da pair por profissionais de saúde nas unidades sentinelas
de Alagoas

Ana Carla Lima Barbosa;Maria da Conceição Carneiro Pessoa de Santana, Mariana


Almeida Brasileiro, Nayyara Glícia Calheiros Flores, Elizangela Dias Camboim

Introdução: No Brasil, as ações da Vigilância Epidemiológica são realizadas através do


sistema de registro de morbidade, instituído desde 1969, das chamadas doenças de
notificação compulsória. Esse registro é obrigatório e pressupõe universalidade de
notificação, visando o rápido controle de eventos que requerem pronta intervenção. A
notificação obrigatória de cada caso, individualmente, não se presta para monitoramento
de todas as doenças e outros agravos à saúde. Recursos como análises de dados
secundários, inquéritos epidemiológicos, unidades sentinelas, entre outros, são mais
apropriados para determinadas situações epidemiológicas. Consta no Código Penal, o
Decreto - Lei nº 2848, de 7/12/1940, atualizado pela Lei nº 9677, de 02 de julho de 1998,
no artigo 269, que trata da omissão de notificação de doença determina que em casos de
omissão do médico de denuncia à autoridade pública de doença cuja notificação é
compulsória haverá penalidade de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Esta pesquisa tem o Objetivo de investigar: os métodos de notificação de perda auditiva
induzida por ruído - PAIR - relacionada ao trabalho por fonoaudiólogos e médicos
otorrinolaringologistas lotados em unidades sentinelas do estado de Alagoas; o perfil
desses profissionais que estão envolvidos nos processos de diagnóstico e notificação da
PAIR; os meios utilizados para notificação desse agravo, nas unidades sentinelas do
estado. Metodologia: Foi realizada uma análise de dados no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN) a respeito de notificações de perda auditiva induzida por
ruído relacionada ao trabalho feita pelas unidades sentinelas do estado de Alagoas. Em
seguida, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas enfocando os aspectos de
notificação compulsória, onde foram investigados os aspectos relacionados à notificação
e diagnóstico do agravo. Resultados: Ao total, foram entrevistados vinte e seis
profissionais, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão da pesquisa. Constatou-
se que informações sobre morbimortalidade em Saúde do Trabalhador são geradas de
forma limitada, fragmentada e heterogênea. Levantamentos estatísticos oficiais não
retratam o quadro real de como adoecem os trabalhadores. Há subnotificação importante
do agravo no estado, informação que corrobora com as de outros estudos realizados no
Brasil. Com relação às doenças profissionais, a despeito de persistir a subnotificação,
pode-se detectar que vem ocorrendo aumento significativo do seu registro. Tal fato é
explicado essencialmente pelo melhor acesso à informação do trabalhador, com
referência ao tema saúde e trabalho e pelo aumento da oferta de serviços de saúde do
trabalhador na rede pública de saúde do Brasil. Conclusão: Contudo, foi possível concluir
que, no estado de Alagoas, os levantamentos oficiais não mostram claramente a
realidade da saúde dos trabalhadores e que a subnotificação das doenças e agravos
dificultam essencialmente o planejamento de ações de prevenção, no âmbito da Saúde do
Trabalhador. Por meio do presente estudo, foi possível constatar que ao profissionais do
estado de Alagoas quando notificam PAIR relacionada ao trabalho utilizam prontuário e
não a ficha de notificação preconizada pelo Ministério e Secretárias de Saúde.

579
Educação e promoção à saúde com adolescentes: relato de experiência de um
evento multiprofissional

Beth Graziele Claudino Costa: Ana Carla Lima Barbosa

Introdução: Eventos voltados à educação em saúde constituem um recurso por meio do


qual o conhecimento cientificamente produzido atinge a vida cotidiana das pessoas. Têm
por objetivo transformar os saberes existentes, visando à prevenção de doenças e
promoção da saúde, capacitando a comunidade para decidir e atuar na melhoria da sua
qualidade de vida e dos aspectos relativos ao seu bem estar biopsicossocial. Objetivos:
Relatar a experiência de uma aluna do curso de Fonoaudiologia ao participar de evento
de educação em saúde com adolescentes de um projeto social desenvolvido por uma
Instituição Pública Estadual de Alagoas, apresentando os benefícios para os envolvidos.
Métodos: Este estudo consistiu em um relato de experiência de uma discente do curso de
Fonoaudiologia de uma Instituição de Ensino Superior pública de Alagoas decorrente da
participação em um evento de educação e promoção à saúde realizado em junho de
2013. O evento ocorreu na cidade de Arapiraca/AL e envolveu 40 indivíduos com idades
entre 10 e 13 anos residentes no bairro Manoel Teles, participantes de um projeto social
desenvolvido por uma Instituição Pública Estadual de Alagoas na referida cidade. As
atividades foram realizadas de forma multiprofissional por graduados e técnicos da área
de saúde, além de servidores públicos federais, estaduais e municipais. Resultados: O
evento contou com 15 oficinas realizadas simultaneamente, com duração de 30 minutos
cada, sendo os adolescentes divididos em grupos. Participaram das atividades
aproximadamente 30 profissionais, entre dentistas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros,
assistente social, técnicos de enfermagem, educadores físicos, militares do Exército
Brasileiro e Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, além de servidores da
Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Arapiraca. Foram realizadas
atividades voltadas à educação, promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças,
além da avaliação clínica dos adolescentes nas especialidades envolvidas. As oficinas
foram distribuídas em: prevenção de acidentes com animais peçonhentos; dengue;
responsabilidade com o lixo; atividade física; saúde bucal; alimentação saudável; violência
no trânsito; combate ao uso de álcool, crack e outras drogas e ao tabagismo; erradicação
do trabalho infantil; resgate de brincadeiras de criança; incentivo à leitura; aferição da
pressão arterial; avaliação do risco em saúde bucal; oferta de vacinas imunopreveníveis
na idade escolar; teste de acuidade visual; avaliação antropométrica; avaliação dos
hábitos alimentares e estado nutricional; orientações sobre serviços de assistência social.
A discente acompanhou todas as atividades, tendo observado o interesse dos
adolescentes em conhecer e discutir os temas abordados, como também aprendeu sobre
a atuação das diversas áreas profissionais que participaram deste evento. Conclusões:
Verificaram-se diversos benefícios a partir da participação no evento relatado,
destacando-se a importância da educação em saúde junto aos adolescentes, tendo em
vista que eles estão tanto em processo construção da personalidade como de hábitos
relativos aos aspectos biopsicossociais. Por ter abordado temas do cotidiano e que
atingem a maioria dos jovens participantes do projeto, contribuiu-se para o
desenvolvimento de seu senso de responsabilidade, tornando-os possíveis
multiplicadores do conhecimento. O envolvimento multiprofissional também trouxe grande
aprendizado, evidenciando-se que todo profissional de saúde deve ser igualmente um
educador em saúde.

580
Educação em saúde com gestantes: o olhar da fonoaudiologia na unidade de saúde
da família

Thales Rohes Vanderlei de Góes; Tuany Lourenço dos Santos, Bárbara Patrícia da Silva
Lima

Introdução: A Atenção Básica (AB) em saúde é a porta de entrada do Sistema Único de


Saúde (SUS). Nela são prestados diversos serviços de saúde, considerando os diversos
ciclos de vida e as prioridades da população assistida nas unidades de saúde. Um público
que deve receber atenção especial na AB é a população gestante, devido aos fatores de
risco próprios do período, tanto para a mãe quanto para o bebê. É de suma importância o
desenvolvimento de ações de prevenção e promoção da saúde junto ao grupos de
gestantes organizados nas Unidades de Saúde da Família (USF). Tais grupos devem
contar com a presença de diversas categorias profissionais, para que juntas, na ótica da
interdisciplinaridade, possam promover a saúde, respeitando o princípio da integralidade,
previsto no SUS. As atividades se fundamentaram na visão da atuação interdisciplinar a
fim de facilitar a comunicação entre profissionais e a população, contribuindo para a
realização das ações, de promoção, prevenção e orientação das gestantes. Objetivos:
Descrever a atuação de discentes de Fonoaudiologia, junto a um grupo de gestantes, de
uma comunidade onde ocorrem práticas integradas em Saúde Coletiva dos cursos de
uma Instituição de Ensino Superior (IES) Pública de Alagoas. Métodos: As ações foram
desenvolvidas durante uma gincana com gestantes promovida pela equipe da USF em
conjunto com docentes e discentes dos cursos de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia
Ocupacional. Resultados: As atividades foram iniciadas por meio de uma dinâmica de
interação entre as gestantes e os discentes. Em seguida, promoveu-se uma roda de
conversa relevantes ao público-alvo da atividade, como: “violência contra a mulher e a
criança”, “sexualidade”, “bebidas alcoólicas”, “tabagismo”, “prática de exercícios físicos” e
“amamentação. Posteriormente, foram realizadas práticas corporais como o alongamento,
visando o alívio de tensões musculares relatadas pelas participantes. As ações
educativas facilitaram a comunicação entre as gestantes e os discentes. As mesmas
demonstraram interesse pelos temas, participando com perguntas e comentários,
algumas demonstraram maior conhecimento sobre os temas abordados, enquanto outras
expuseram suas dúvidas e discordâncias. CONCLUSÕES: As atividades desenvolvidas
proporcionaram aos discentes de Fonoaudiologia, a oportunidade de vivenciar práticas da
prevenção e promoção em saúde, no contexto interdisciplinar, viabilizando a construção
coletiva de saberes relacionadas às temáticas abordadas, bem como, motivando a
autonomia das gestantes, por meio da socialização de informações, favorecendo a
atenção integral à saúde da população assistida.

581
Eficácia de um programa de intervenção de terapia da fala em idosos
institucionalizados

Paula Cristina Grade Correia; Hena Margarida Silva, Ana Paula Lopes Tavares Martins,
Olinda Roldão

Introdução:O rápido envelhecimento populacional traz graves consequências sociais, pois


chegar aos limites biológicos da vida humana, sem qualidade de vida, transforma o
processo de envelhecimento numa etapa de grande sofrimento e acarreta um elevado
investimento em recursos. O desenvolvimento e manutenção de uma boa rede social de
suporte podem amenizar o impacto das perdas e limitações naturais que são inerentes ao
processo de envelhecimento. À luz dos estudos das neurociências e da psicologia
cognitiva, têm emergido novas formas de significado, comportamentos e intervenção com
a população idosa, evidenciando que o envelhecimento não vem, necessariamente,
acompanhado de declínio e prejuízo cognitivo, verificando-se inclusivamente, que novas
aprendizagens podem ocorrer até o fim da vida desde que a estimulação seja bem
direcionada. Objetivos: Verificar se a qualidade de vida e a fluência verbal de idosos
institucionalizados melhorou significativamente após a aplicação do plano de intervenção
de Terapia da Fala, com a duração de 11 sessões. Métodos: Avaliou-se seis idosos de
uma Residência Sénior, na região de Sesimbra. Estes indivíduos foram divididos em dois
grupos de três, de acordo com o número de sessões frequentadas. O primeiro grupo
frequentou 4 sessões e o segundo grupo frequentou 11 sessões. Para análise de dados
recorreu-se a uma metodologia quantitativa e longitudinal, de carácter descritivo e
comparativo. Como instrumento de recolha de dados utilizou-se o questionário WHOQOL-
Bref e subteste de Fluência Verbal da Bateria CERAD, ambos aplicados antes e depois
do plano de intervenção. O programa de intervenção em Terapia da Fala, teve duração 1
mês e uma semana (11 sessões), com uma periodicidade de 2 sessões semanais e a
duração de uma hora. Resultados: Com base nos resultados encontrados, pode-se
concluir que não existem diferenças significativas entre a qualidade de vida antes e
depois da aplicação do plano de intervenção da amostra, no entanto, foi possível observar
que quem frequentou 11 sessões apresentou melhor qualidade de vida em todos os
domínios, sendo que o domínio social e meio ambiente exibem maior dispersão de
valores face aos indivíduos que frequentaram apenas 4 sessões. No Teste de Fluência
Verbal, conclui-se que existem diferenças estatisticamente significativas na fluência
verbal, antes e depois do tratamento, para a categoria dos animais. Relativamente aos
dois grupos, foi possível observar que quem frequentou 11 sessões apresentou melhor
fluência verbal nas três categorias (animais, frutas e objetos). Conclusões: Diante do
exposto, pode-se concluir que os idosos institucionalizados que compuseram a amostra,
manifestaram usufruir uma boa qualidade de vida geral. No que refere às atividades
realizadas em Terapia da Fala, foi notória a sua mais-valia para os idosos, com
influências a nível da qualidade de vida e fluência verbal, o que se torna numa ferramenta
importante na manutenção das capacidades comunicativas dos residentes, interação
entre os próprios e manutenção das capacidades cognitivas.

582
Espaço de convivência de afásicos e qualidade de vida

Vanessa Rodrigues Zambão; Rafaela de Moraes, Reginalice Cera da Silva

Introdução: A linguagem é usada para expressar desejos, necessidades, pensamentos,


informar/perguntar e interagir com o mundo. A afasia altera a linguagem oral, escrita ou
gestual, devido a uma lesão cerebral, que pode interferir na capacidade do sujeito afásico
compreender o que lhe é falado/escrito ou se expressar. Ele se vê prejudicado devido à
discriminação e incompreensão das pessoas o que afeta diretamente sua autoestima.
Para manter sua identidade e inserção social necessita participar de eventos
comunicativos que possibilitem a vivência do uso da linguagem no cotidiano. Os
profissionais que atuam na perspectiva da Promoção da Saúde, dentre eles
fonoaudiólogas/os, podem contribuir para a reinserção dos afásicos no grupo social e
melhorar sua qualidade de vida ao dar sentido ao que expressam e significar as
possibilidades de linguagem. Com essa intenção, foi criado em 2008, na Clínica de
Fonoaudiologia de uma Universidade do interior de São Paulo, o Espaço de Convivência
de Afásicos – ECOA, objeto de estudo de Trabalho de Conclusão de Curso em
andamento. Objetivo: Sistematizar as atividades desenvolvidas no ECOA. Metodologia:
Estudo descritivo, de abordagem qualitativa, realizado por meio de pesquisa documental
complementado por levantamento bibliográfico. Foram levantados: prontuários; lista de
presença; relatórios de observação/vídeos dos encontros do grupo; pasta de atividades;
anotações das reuniões; fotos; resumos de Anais de Congressos e Mostra Acadêmica
que permitiram resgatar a história deste grupo, de 2008 a 2012. Os resultados foram
analisados segundo os referenciais que embasam esta pesquisa e comparados com
grupos semelhantes, realizados no Brasil. Resultados: O ECOA iniciou com 12 afásicos e
atualmente tem um homem e cinco mulheres na faixa etária de 44 e 88 anos. Os
encontros são semanais, de 90 minutos. Os integrantes são dispostos em círculo para
comentar fatos ocorridos na semana em suas vidas, na cidade e no mundo. Em média,
ocorreram 12 encontros por semestre. São relembradas as atividades da semana anterior
de forma a situar os faltosos e inicia-se a atividade do dia, definida pelo grupo. Destacam-
se: completar ditados populares, fazer/adivinhar mímicas, descrever imagem e evocar
sentimentos; pintar quadros; cantar e participar de oficinas dos sentidos, que permitem
resgatar a memórias dos participantes, estimular o funcionamento da linguagem e a
plasticidade cerebral. Foram também realizadas atividades externas - únicas
oportunidades de passeio para muitos dos integrantes – visita ao museu, ao SESC e à
Bienal de Arte Naïf, que proporcionam maior interação com a comunidade, autonomia dos
sujeitos, linguagem espontânea e discussões em grupo. As ações de outros grupos no
Brasil mostram-se semelhantes a estas e referem também três momentos: acolhida,
discussão em grupo e realização de atividades direcionadas à linguagem em
funcionamento. Um deles constituiu até uma Associação de Afásicos. Conclusão: A
efetividade das atividades de Promoção da Saúde realizadas no ECOA podem ser
evidenciadas pela presença semanal dos seus integrantes e crescente autonomia no
discurso dos sujeitos, que utilizam linguagem oral, escrita e gestual para interação no
grupo. Portanto, a criação de espaços que propiciem o funcionamento da linguagem e
promovam a saúde são efetivos para a reinserção de sujeitos afásicos.

583
Estimulação cognitiva em idosos: relato de experiência de residentes
multiprofissionais em saúde da família

Robélia Cristinny Gomes Rodrigues; Janiely Tinôco Rapozo, Danielle Cerino Silva, Magda
Tavares de Albuquerque

Introdução: Alterações de memória são freqüentes em cerca de 54% da população idosa.


O envelhecimento populacional gera aumento de doenças crônicas degenerativas, das
quais a demência é uma das mais importantes e, consequentemente causa um grande
impacto no bem estar global do indivíduo.Objetivo: Relatar os benefícios da estimulação
cognitiva em idosos, na perspectiva de equipes multiprofissionais em grupo existente nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Maués e Lagoa Redonda no Município de Vitória
de Santo Antão – PE. Método: O grupo de estimulação cognitiva acontece semanalmente
em um Equipamento social da comunidade localizado no bairro de Maués em Vitoria de
Santo Antão, iniciado através da percepção do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF) nos grupos de idosos na perspectiva da Estratégia de Saúde da Família (ESF)
acerca de déficits cognitivos. Há participação efetiva de equipe multiprofissional em saúde
e em média 20 idosos, com idade entre 60 a 85, e apoio de algumas Agentes
Comunitárias de Saúde (ACS) da UBS. Durante a inserção dos residentes foi realizada a
continuidade do Grupo, onde a proposta já adotada para o grupo citado consta de
atividades cujos objetivos são de promover a estimulação da memória e da linguagem dos
comunitários, resgatar suas atividades de vida diária, desde a função cognitiva até a
motora, estimular a busca de informações para fatos recentes através do discurso sobre
temas atuais e sobre notícias em geral, práticas de linguagem no âmbito social, além de
promover uma melhor localização temporal, garantir autonomia individual e em grupo dos
indivíduos, além de facilitar a ampliação das relações interpessoais. Resultados: O grupo
de Estimulação cognitiva apresentava-se um grupo fortalecido, onde os residentes
multiprofissionais, inseridos no processo de trabalho do NASF, contribuem para a prática
de ações em saúde e para a qualidade da saúde desta população. Os resultados
alcançados durante as atividades propostas foram: aumento do vinculo, o acolhimento
dos residentes por parte dos idosos, fortalecimento coletivo, relato espontâneo de
melhoras nas atividades de vida diária, além de fornecerem propostas para novas
atividades e os idosos já passam a se colocar como sujeitos ativos da situação.
Conclusão: A vivência no grupo de idosos proporciona aos residentes e a equipe de
saúde envolvida maior interesse por questões do envelhecimento humano a fim de
propiciar benefícios, gerando a melhoria das funções cognitivas, bem como oferecendo
suporte aos cuidados dessa população e conduzindo-os para a qualidade de vida.

584
Estratégia para a eliminação de hábito oral deletério em um grupo de escolares

Vicente Coelho da Silva; Cristina Moraes do Nascimento, Raiene Telassin Barbosa


Abbas, Paudo Eduardo Damasceno Melo

Introdução: Hábitos orais tornam-se deletérios quando permanecem após os quatro anos
de idade e podem trazer prejuízos importantes quanto ao desenvolvimento crânio facial,
comprometendo estruturas duras e moles da face além das funções estomatognáticas.
Tomando esta premissa, há necessidade de sensibilização de crianças quanto aos
hábitos orais deletérios e a necessidade de sua eliminação. O ambiente educacional é
potencialmente favorável para realização de atividades de orientação e informação para
grupo de crianças de tal forma que, pela sensibilização das crianças com as informações
oferecidas, seja possível o abandono de tais hábitos. Objetivo: Conscientizar crianças em
ambiente educacional a importância da eliminação de hábitos orais deletérios.
Metodologia: Elaborou-se um texto infantil que foi dramatizado em teatro de fantoches e
seu conteúdo tratava a respeito do uso de chupeta e seus prejuízos. O tema escolhido se
deu por o hábito oral deletério mais prevalente neste grupo de crianças serem o uso de
chupetas. O teatro foi encerrado com uma música, acompanhada por um violão, com o
objetivo de fixar o tema apresentado no teatro. A atividade foi realizada em uma creche
com 103 crianças nas faixas etárias de 3 meses a 4 anos e 11 meses de idade. Foram
divididas em quatro grupos de acordo com as suas faixas etárias para a realização das
atividades. Para o grupo de crianças menores (3 a 12 meses de idade) foi realizada
apenas a atividade musical e orientações para as auxiliares e professoras sobre o uso da
chupeta, faixa etária para retirada, entre outros. Resultados: Ao final da atividade, em
conversa com as crianças, pudemos constatar que elas compreenderam a importância do
abandono de uso de chupeta. No entanto, os resultados desta atividade serão levantados
no segundo semestre do ano letivo de 2013. Conclusão: Intervenções fonoaudiológicas,
com ações coletivas e lúdicas em ambientes educacionais, podem trazer importantes
contribuições para a promoção da saúde infantil.

585
Estudo epidemiológico e espacial da fala infantil

Ana Teresa Brandão de Oliveira e Britto; Denise brandão de Oliveira e Britto, Lucas
Areda, Roseli Modesto Silva

Introdução: Na população infantil, o desvio fonológico é a alteração mais frequente no que


se refere à comunicação humana. A literatura brasileira demonstra percentuais que
estimam a prevalência desses distúrbios variando de 4,19% a 34,16%. Pesquisas
demonstram haver uma correlação entre a presença de desvios fonológicos, gênero e
nível sócio-econômico. Em estudo realizado com crianças de 3 e 6 anos constatou-se
maior ocorrência de desvios na fala em meninos e também que o nível sócio-econômico
pode influenciar em comportamentos relacionados a habilidades de linguagem. Objetivo:
Fazer o levantamento de dados referentes a gênero, idade e procedência dos pacientes
da clínica de fala em um Centro Clínico de Fonoaudiologia, assim como identificar os
processos fonológicos presentes na avaliação dos mesmos. Métodos: A coleta de dados
foi realizada, inicialmente, nos relatórios analíticos do sistema de informações e em
seguida nos prontuários dos pacientes de até 13 anos, atendidos na clínica de Fala,
constituindo um total de 314 sujeitos. Como recurso para mapear a procedência dos
sujeitos foi utilizada a técnica de geocodificação dos endereços declarados nos
prontuários e o tratamento espacial do banco de dados por meio do software
ArcGis/Geogeraes. O levantamento dos processos fonológicos foi feito por meio da
análise dos resultados da prova de nomeação de Fonologia do ABFW-Teste de
Linguagem, contida nos prontuários dos sujeitos e analisados estatisticamente pelo teste
de hipótese ao nível de significância de 5%. Resultados: Dos 314 sujeitos da pesquisa,
120 não haviam sido submetidos à prova de nomeação para análise de processos de fala
e 50 prontuários estavam inacessíveis; os dados referentes a procedência, gênero e
idade foram coletados dos 314 sujeitos e a análise dos processos fonológicos totalizou
144 sujeitos. 96 sujeitos (30,57%) eram do gênero feminino e 218 (69,43%) do gênero
masculino. A grande maioria dos sujeitos (98,09%) estavam na faixa etária de 5 até 13
anos. Houve significância estatística para ambos os achados (p= 0,000).
@Normal = Os processos fonológicos de maior ocorrência nos 144 prontuários
pesquisados foram redução de encontro consonantal com /r/ (75%), redução de encontro
consonantal com /l/ (63%), substituição do tepe alveolar (43%), semivocalização de
líquida (43%), apagamento de líquida final (31%), anteriorização de palatal (30%),
plosivização (28%) e desvozeamento de obstruinte (27%). Encontrou-se significância
estatística para os processos de redução de encontro consonantal tanto no total de
pacientes quanto na faixa etária acima de 5 anos (p=0,000 e p=0,003 respectivamente). A
maior parte dos 314 sujeitos eram provenientes de quatro das nove regionais com índice
de desenvolvimento humano mais baixo da região metropolitana. Conclusão: O estudo
sobre incidência de alterações fonológicas poderá contribuir para a criação de projetos de
prevenção e de intervenção fonoaudiológica na área de linguagem, uma vez que o
conhecimento sobre as variáveis que podem influenciar na prevalência de determinada
patologia facilita o direcionamento mais eficaz de ações preventivas de acordo com a
região onde os sujeitos residem.

586
Exposição a agrotóxicos: aspectos auditivos e de qualidade de vida

Tereza Raquel Ribeiro de Sena; Cristiane Costa da Cunha Oliveira,


Marlizete Maldonado Vargas

Introdução: O trabalho rural é considerado mais perigoso que outras atividades e estima-
se que muitos agricultores sofram sérios problemas de saúde. As repercussões à saúde
dos trabalhadores rurais e à comunidade circunvizinha exposta aos agrotóxicos
representam um problema de saúde pública, e, a dificuldade de acesso aos serviços de
saúde, somada à subnotificação dos casos suspeitos de intoxicações por agrotóxicos,
impossibilitam a elaboração de um perfil de saúde do trabalhador rural brasileiro. A
sintomatologia apresentada nos casos de intoxicação a este agente de risco pode ser
confundida com outros agravos, e, os trabalhadores não associam sintomas como
astenia, náuseas, vômitos, cefaléia e dificuldade respiratória à exposição ao veneno.
Nesse contexto, foi realizado um estudo observacional transversal em trabalhadores
rurais em povoado rural no nordeste brasileiro; com o objetivo de determinar a relação
entre a exposição a agrotóxico, a ocorrência de perda auditiva e o impacto do uso de
agrotóxicos sobre a qualidade de vida desta população. Objetivos:Este estudo teve como
objetivos determinar a relação entre a exposição a agrotóxico, a ocorrência de perda
auditiva e o impacto do uso de agrotóxicos sobre a qualidade de vida desta população.
Métodos: Foi estudada uma amostra de 351 trabalhadores adultos na faixa etária de 18 a
59 anos, de ambos os sexos, com atividade laboral atual ou pregressa associada ao setor
agrícola, na área rural, com ou sem uso de agrotóxicos. A avaliação audiológica tomou
como parâmetros os limiares tonais aéreos nas frequências de 1K, 2K, 3K, 4K, 6K e 8K
Hz, por intermédio de audiômetro calibrado; sala de exame em consonância com a norma
ISO 8.253-1, mensurada por medidor de nível sonoro tipo II. O instrumento usado para
avaliar a qualidade de vida foi a versão brasileira do SF-36, analisados pelos oito
domínios que o compõe. Os exames audiológicos foram classificados como normo-
ouvintes – Grau 0, conforme critério de Merluzzi, e, os demais, em hipoacúsicos com
exposição a agrotóxico (perdas auditiva seletiva em freqüências altas) – Grau 1;
hipoacúsicos com exposição simultânea a agrotóxico e a outro agente de risco auditivo –
Grau 2; e hipoacúsicos sem exposição a agrotóxico – Grau 3. Os dados obtidos foram
tabulados e submetidos a análise estatística (Testes: X2, U de Mann Whitney, V de
Cramer e d de Cohen). O nível de significância adotado foi de 95%. Todos os aspectos
éticos foram atendidos e não houve conflito de interesses. Resultados: A maioria dos
indivíduos (97,6%) com exposição a agrotóxico apresentou classificação audiométrica de
grau I (hipoacusia com exposição a agrotóxico). Os agricultores que se expuseram a
agrotóxicos apresentaram piores escores totais de qualidade de vida quando comparados
aos indivíduos não expostos. O uso de agrotóxico foi significativamente associado com a
presença de perda auditiva e com os índices de qualidade de vida (p<<0,001).
Conclusões: Este estudo pode comprovar que o uso de agrotóxico interferiram na
classificação da perda auditiva encontrada e que os trabalhadores rurais usuários de
agrotóxicos apresentaram piores escores de qualidade de vida quando comparados com
aqueles que não os utilizavam.

587
Exposição ao ruído entre trabalhadores informais de salvador

Luma Cordeiro Rodrigues; Silvia Ferrite Guimarães, Tatiane Costa Meira

Introdução: A participação dos trabalhadores na atividade econômica informal, no Brasil,


vem reduzindo nos últimos anos, entretanto, ainda representa parcela expressiva do
mercado de trabalho brasileiro. Na informalidade os trabalhadores não têm cobertura da
seguridade social, fiscalização e prevenção de fatores de risco no ambiente laboral.
Nesse cenário, os trabalhadores informais tendem a estar mais expostos a fatores de
risco e em uma condição de maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de problemas
de saúde relacionados ao trabalho. Dentre esses fatores de risco, destaca-se a exposição
ao ruído, principal causa de perda auditiva em adultos. Objetivos: Investigar a exposição
ao ruído entre os trabalhadores da atividade econômica informal, em Salvador, Bahia.
Métodos: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo de corte transversal realizado com
dados de uma das fases (2006) de uma pesquisa de coorte prospectiva, de base
populacional, sobre condições de trabalho e saúde de trabalhadores de Salvador, Bahia.
Para este estudo foram elegíveis os trabalhadores remunerados de 18 a 65 anos, sem
carteira de trabalho assinada (N=1.153). Entrevistadores treinados aplicaram
questionários individuais, em visitas domiciliares. A exposição ao ruído no trabalho foi
definida pela resposta positiva às perguntas: “Você já trabalhou em algum ambiente com
muito barulho onde seria preciso gritar para que um colega a um metro de distância
pudesse ouvir?” e “Nos últimos 12 meses você trabalhou em algum ambiente com esse
tipo de barulho?”. Foram estimadas as prevalências da exposição ao ruído para o total da
população de trabalhadores do setor informal, e de acordo com as categorias das
variáveis sociodemográficas: sexo, idade, cor da pele, situação conjugal, nível de
escolaridade e nível socioeconômico. Diferenças foram estatisticamente significantes para
um p-valor ≤ 0,05. Todas as análises foram conduzidas utilizando-se o programa SAS 9.2.
O projeto deste estudo foi aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa (n.49,
01/06/2000). Resultados: Dentre os 1.153 trabalhadores informais, 9,7% (n=112)
trabalhavam expostos ao ruído no emprego atual. Destaca-se que 25,3% referiram ter
trabalhado expostos ao ruído alguma vez na vida, 11,9% trabalharam expostos por mais
de cinco anos, e 17,2%, por mais de 8 horas diárias. Verificou-se que os homens estavam
mais expostos comparando-se às mulheres (p=0,0012). Considerando-se o nível de
escolaridade, aqueles com ensino médio completo (p=0,0110) ou incompleto (p=0,0195)
apresentaram maior prevalência de exposição ao ruído em comparação com os que não
concluíram o ensino fundamental. Não houve diferença estatisticamente significante na
prevalência da exposição ao ruído de acordo com a idade, cor da pele, situação conjugal
e nível socioeconômico. Conclusão: Nessa população, dentre os fatores
sociodemográficos estudados, o sexo masculino e o maior nível de escolaridade foram
fatores associados à exposição a níveis elevados de ruído entre trabalhadores informais.
Ainda são necessários outros estudos para melhor compreensão da distribuição de
exposição ao ruído entre trabalhadores informais, em especial, com o foco nas suas
ocupações e ramos de atividade. Esse conhecimento é uma etapa essencial para o
planejamento de ações, programas de prevenção da perda auditiva e de promoção da
saúde.

588
Fatores associados à subnotificação da perda auditiva induzida por ruído
relacionada ao trabalho

Ana Carla Lima Barbosa; Maria da Conceição Carneiro Pessoa de Santana, Mariana
Almeida Brasileiro, Nayyara Glícia Calheiros Flores, Elizangela Dias Camboim

Introdução: No Brasil, as ações da Vigilância Epidemiológica são realizadas através do


sistema de registro de morbidade, instituído desde 1969, das chamadas doenças de
notificação compulsória. A notificação obrigatória de cada caso, individualmente, não se
presta para monitoramento de todas as doenças e outros agravos à saúde. Recursos
como análises de dados secundários, inquéritos epidemiológicos, unidades sentinelas,
entre outros, são mais apropriados para determinadas situações epidemiológicas. Consta
no Código Penal, o Decreto - Lei nº 2848, de 7/12/1940, atualizado pela Lei nº 9677, de
02 de julho de 1998, no artigo 269, que trata da omissão de notificação de doença
determina que em casos de omissão do médico de denuncia à autoridade pública de
doença cuja notificação é compulsória haverá penalidade de detenção, de 6 (seis) meses
a 2 (dois) anos, e multa.objetivos: Investigar os possíveis fatores desencadeantes da
subnotificação de PAIR relacionada ao trabalho no estado de Alagoas. Metodologia: Foi
realizada uma análise de dados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação a
respeito de notificações de PAIR relacionada ao trabalho feita pelas unidades sentinelas
do estado de Alagoas. Em seguida, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas
enfocando os aspectos de notificação compulsória, onde foram investigados os aspectos
relacionados à notificação e diagnóstico do agravo. Ao total, foram entrevistados vinte e
seis profissionais, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão da pesquisa.
Resultados: Constatou-se que informações sobre morbimortalidade em Saúde do
Trabalhador são geradas de forma limitada, fragmentada e heterogênea. Levantamentos
estatísticos oficiais não retratam o quadro real de como adoecem os trabalhadores. Há
subnotificação importante do agravo no estado, informação que corrobora com as de
outros estudos realizados no Brasil. Com relação às doenças profissionais, a despeito de
persistir a subnotificação, pode-se detectar que vem ocorrendo aumento significativo do
seu registro. Tal fato é explicado essencialmente pelo melhor acesso à informação do
trabalhador e da população em geral, com referência ao tema saúde e trabalho e pelo
aumento da oferta de serviços de saúde do trabalhador na rede pública de saúde do
Brasil. Conclusão: Contudo, foi possível concluir que, no estado de Alagoas, os
levantamentos oficiais não mostram claramente a realidade da saúde dos trabalhadores e
que a subnotificação das doenças e agravos dificultam essencialmente o planejamento de
ações de prevenção, no âmbito da Saúde do Trabalhador. Por meio do presente estudo,
foi possível constatar que profissionais do estado de Alagoas quando notificam PAIR
relacionada ao trabalho utilizam prontuário e não a ficha de notificação preconizada pelo
Ministério e Secretárias de Saúde. Fica clara a importância de se realizar capacitações no
que diz respeito à notificação de doenças e agravos.

589
Fluxograma do núcleo de fonoaudiologia de uma unidade básica de saúde

Andrea Wander Bonamigo; Jade Zaccarias Bello, Leticia Kurtz, Isadora de Oliveira Lemos

Introdução: A Atenção Básica resulta de um conjunto de ações de caráter individual e


coletivo, voltadas à promoção e à proteção da saúde; tendo como objetivo a prevenção de
agravos, o diagnóstico, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida a partir
de práticas gerenciais de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios
específicos, sob as quais se assume a responsabilidade, considerando a caracterização
epidemiológica para determinada população e as particularidades do território.
Fundamenta-se nos princípios da universalidade, coordenação do cuidado, vínculo e
integralidade. Reconhecendo esses princípios e principalmente a integralidade das ações
e importância da comunicação humana na vida das pessoas o fonoaudiólogo se insere
nos serviços de saúde. Objetivo: Estabelecimento do fluxograma de um serviço de
fonoaudiologia em uma unidade básica de saúde. Método: Com a implantação do serviço
de fonoaudiologia em uma UBS tornou-se referência para 15 unidades de saúde, 6 UBS e
9 Estratégias de Saúde da Família foi necessário a construção do fluxograma a partir do
levantamento da demanda reprimida, das características epidemiológicas do território, do
número de unidades da saúde referenciadas, da rede de serviços de saúde de atenção
básica e especializada da região. Resultados: O serviço de fonoaudiologia recebe a
demanda referenciada do Núcleo de Atendimento de Saúde da Criança e do Adolescente
(NASCA) e da Gerência Distrital para onde são enviadas as solicitações de
encaminhamento das 15 unidades de saúde de referência. Utilizando critérios de risco
para os distúrbios da comunicação humana é realizado o acolhimento em fonoaudiologia
que pode ser individual ou coletivo. No acolhimento, pela escuta qualificada, decide-se
pela assistência fonoaudiológica (procedimento diagnóstico e terapêutico). A seguir
decidem-se as modalidades da atenção fonoaudiológica que podem ser: terapia
fonoaudiológica individual ou coletiva, visita domiciliar, matriciamento e/ou atenção
fonoaudiológica escolar. A partir disso, elabora-se o planejamento terapêutico singular
(PTS). No que diz respeito à terapia, individual ou coletiva, contempla as atividades de
informação à unidade de origem sobre o inicio, a desistência e/ou alta dos atendidos;
realização de encaminhamentos se necessário, e sistematização (SISPRAFONO) em
prontuários e sistemas de informação. A visita domiciliar contempla: estudo do caso,
agendamento familiar, organização de instrumentos e materiais para intervenção,
construção de laudo de intervenção domiciliar para equipe de saúde assistente do
atendido, SISPRAFONO. O matriciamento envolve o diálogo permanente com as Equipes
de Saúde da Família; construção do roteiro temático; agendamento de encontros; análise
e seleção de casos; consultas compartilhadas; construção de PTS; socialização de
subsídios didáticos, técnicos e pedagógicos sobre temas que envolvam a comunicação
humana e suas interfaces (ênfases na promoção, na prevenção e na reabilitação),
SISPRAFONO. O matriciamento está expandido para as equipes de saúde dos serviços
especializados e profissionais do NASCA, CAPS e Unidades Básicas de Saúde sem
Equipes de Saúde da Família. A atenção fonoaudiológica escolar contempla a realização
da triagem auditiva do escolar (Estratégia Saúde do Escolar), visita institucional (suporte
terapêutico individual ou coletivo família-criança e/ou adolescente-escola), agendamento,
construção do roteiro de visita, ações de apoio a saúde vocal e saúde auditiva dos
educadores de escola de ensino básico e fundamental estaduais e municipais,
SISPRAFONO. Conclusão: A construção do fluxograma foi um subsídio de elevada
importância no desenvolvimento do processo de trabalho e para a organização do serviço
de fonoaudiologia.

590
Grupos terapêuticos fonoaudiológicos na atenção básica: relato de experiência.

Andréia Bihuna

Introdução: Com os avanços na área de saúde pública, houve necessidade da criação de


mais equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e Núcleos de Apoio à Saúde da
Família (NASF), mudando a forma de pensar a saúde, evoluindo de uma visão do modelo
biomédico e começando a assumir o modelo de determinação social da doença, o qual
afirma que as pessoas adoecem e morrem em função do jeito como vivem. O profissional
fonoaudiólogo vem sendo incluído tanto em ESF quanto em NASF, porém muitas vezes
sem o devido preparo, visto que suas formações, na maioria das vezes, é clínica e
individual, formando filas de espera imensas no sistema. Os grupos terapêuticos são uma
opção de render esta demanda, pois permitem a observação dos processos de interação
social e constituem uma unidade experimental para formulação de hipóteses a serem
confrontadas e comparadas com o que é encontrado em outros agrupamentos humanos.
Objetivo:Reduzir o tempo de espera dos usuários que procuram o atendimento
fonoaudiológico nas Unidades Básicas de Saúde, através da formação de grupos
terapêuticos.Métodos: O Estudo ocorreu em 9 Unidades Básicas de Saúde de um
município apoiadas pelo NASF. Foi realizada avaliação dos pacientes encaminhados pelo
médico responsável, que possuíssem a queixa de “Trocas na fala”, um total de 40
encaminhamentos que estavam em fila de espera até o período de janeiro de 2013. Após
anamnese e avaliação foi realizada formação dos grupos terapêuticos conforme a trocas
fonológicas apresentadas pelas crianças, sendo estes grupos de Plosivos, Fricativos,
Líquida e Encontro Consonantal. Os grupos são classificados como grupos homogêneos
e fechados, visto que mais pacientes conseguem ser atendidos em um período
determinado de tempo, e a sua duração foi de 10 sessões, sendo que destas, 2 sessões
exclusivamente com os pais para troca de experiência. Ao final da décima sessão foi
realizada uma reavaliação para definir condutas. Resultados: Da amostra, 20%
desistiram. Ao final das 10 sessões, 27,5% obtiveram alta, 22,5% mudaram de grupo
terapêutico e 30% mantiveram no mesmo grupo. A cumplicidade entre as crianças, fez
mudar suas posições em relação à fala, percebendo suas próprias trocas fonêmicas,
realizando autocorreções e posteriormente ajudando os colegas. As crianças que não
apresentaram evolução suficiente para a alta ou mudança de grupo muitas vezes foi
devido à falta de corresponsabilização dos pais, visto que houve elevado índice de faltas
e pouca realização de atividades em casa. Os encontros com os pais oportunizaram a
compreensão da dinâmica familiar, definindo a posição que a criança ocupa naquele
ambiente e assim, redefinindo estratégias terapêuticas. Atualmente o tempo de espera
para o atendimento é de no máximo 2 meses e meio, tempo destinado a um grupo
finalizar e outro reiniciar. Conclusão: Os grupos terapêuticos vem sendo uma boa maneira
de reduzir o tempo de espera dos usuários para um tratamento rápido e de qualidade,
porém bons resultados só serão possíveis com muita dedicação e amor à saúde pública,
assim é essencial um bom planejamento com organização, controle e avaliação das
ações.

591
Indicadores clínicos para identificação clínica síndrome velocardiofacial pelos
profissionais da atenção primária de saúde

Sarah Alvarenga Bernardi; Ana Laís Bignotto da Rocha, Jeniffer de Cássia Rillo Dutka

Introdução: A atenção em genética na rede pública do Brasil é caracterizada por: a)


pequeno número de consultas, b) centralização em grandes centros, c) dificuldade de
acesso ao serviço especializado, de referência e contrarreferência, e d) inexistência de
médico geneticista. A identificação de um risco genético na atenção básica permite o
encaminhamento e o acompanhamento do paciente e sua família. A Síndrome
Velocardiofacial (SVCF) tem como etiologia mais freqüente uma microdeleção de uma
pequena área do cromossomo 22 (22q11.2 – del22). Estima-se que 1:2000 nativivos são
identificados com a síndrome. A deleção envolve sintomatologia clínica muito variada,
incluindo mais de 180 achados em mais de 20 áreas clínicas. Com clínica tão variada o
diagnóstico diferencial envolve tanto a observação fenotípica quanto a realização de
testes laboratoriais. Considerando-se a prevalência desta afecção genética é importante
identificar os achados clínicos mais frequentes que possam alertar o profissional da
atenção básica quanto à identificação de candidatos ao exame molecular e
encaminhamento para equipes especializadas. Objetivo: Identificar a porcentagem de
ocorrência de sinais indicadores da SVCF em prontuários de 40 pacientes com sinais da
síndrome agrupados de acordo com diagnóstico molecular (teste positivo) ou clínico (sem
teste). Método: Os dados indicadores da SVCF relatados nas 16 áreas clínicas do
prontuário do paciente foram levantados retrospectivamente para os dois grupos de
interesse deste estudo: Grupo 1: 20 pacientes com sinais clínicos e teste molecular
positivo e Grupo 2: 20 pacientes apenas com sinais clínicos. A porcentagem de
ocorrência dos seguintes achados foi identificada conforme reportado pelos profissionais
em suas respectivas áreas de atuação: características faciais, atraso de linguagem e do
desenvolvimento neuro-psico-motor, dificuldades escolares, alterações cardíacas,
respiratórias e de fechamento velofaríngeo, entre outras. Resultado: Dos 40 pacientes
estudados, 80% apresentavam fissura de palato pós-forame ou disfunção velofaríngea
congênita. Para o grupo que não realizou o teste molecular e teve apenas diagnóstico
clínico características faciais (19%), dificuldades escolares (14%) e atraso no
desenvolvimento (12%) foram os achados mais frequentes. Já o grupo com teste
molecular positivo para a síndrome foram mais frequentes as dificuldades escolares
(15%), características faciais (16%) e problemas respiratórios (20%). Considerando uma
diferença mínima de 5% entre os dois grupos encontramos que problemas cardíacos,
alterações de comportamento e problemas respiratórios são os achados que mais
diferenciam a população com teste molecular daquela com apenas achados clínicos.
Conclusão: Os profissionais da saúde nos serviços de atenção básica precisar ser
alertados quanto aos achados clínicos mais frequentes na SVCF, salientando-se que a
combinação de problemas cardíacos, respiratórios e de comportamento num mesmo
paciente pode ser interpretada como sinal indicativo da necessidade de encaminhamento
para diagnóstico diferencial da SVCF.

592
Indicadores socioeconômicos e a frequência de fatores de risco para perda auditiva
em recém-nascidos

Jaqueline Elaine Bacelar Lobo; Ana Lúcia Vieira de Freitas Borja

Introdução: O conceito moderno de promoção da saúde está associado a uma


perspectiva social, política, econômica e médica. As mudanças demográficas,
socioeconômicas e culturais são consideradas fatores que podem interferir na saúde. A
qualidade e a dinâmica do ambiente socioeconômico, tipo de desenvolvimento
econômico, desigualdades socioeconômicas, concentração de riquezas, responsabilidade
individual e coletiva são componentes essenciais e determinantes no processo saúde-
doença. Segundo alguns autores, os grupos sociais economicamente privilegiados estão
menos sujeitos à ação dos fatores ambientais que estimulam a ocorrência de doenças
cuja incidência é elevada em grupos de renda mais baixa. Atualmente, a deficiência
auditiva afeta 250 milhões de pessoas no mundo, sendo mais frequente nos países em
desenvolvimento. Objetivo: Correlacionar os indicadores socioeconômicos e fatores de
risco para perda auditiva em recém-nascidos. Metodologia: Pesquisa documental,
quantitativa e descritiva de corte transversal com dados secundários. Foram analisados
prontuários de crianças que passaram pelo programa de triagem auditiva durante o
período de 2007 a 2011. Resultados: Foram avaliados prontuários de 701 lactentes sendo
51% do sexo masculino, a idade média foi de 82,36 +/- 58 dias e 53,5% possuíam pelo
menos um fator de risco para perda auditiva. A idade média das mães foi de 27+/- 6 anos,
sendo que 10% possuíam idade inferior a 18 anos. O nível de escolaridade predominante
foi ≤ ao ensino fundamental (40%), 44% não tinham ocupação remunerada e a renda
familiar foi ≤ a 1 salário mínimo em 51% das famílias, com uma média de 5 pessoas por
residência. A média de consultas durante o pré-natal foi de 5,5, sendo que 33%
realizaram menos de 5 consultas. Apenas 16% das crianças realizaram o exame no
período neonatal e 35% realizaram com quarto ou mais meses de vida. Observou-se
associação positiva com significância estatística para a associação entre a presença de
fatores de risco e renda familiar, número de consultas pré-natais e escolaridade da mãe.
Conclusão: A análise dos fatores socioeconômicos sugere uma condição desfavorável
para a saúde auditiva dos neonatos e lactentes. A renda familiar mensal (menor que 1
salário mínimo) e a baixa escolaridade podem influenciar nos cuidados, acesso à saúde e
nutrição da gestante. Além disso, podem comprometer o acesso e a adesão ao
acompanhamento pré-natal adequado, que visa à promoção da saúde e bem-estar das
gestantes, bem como a redução ou eliminação dos fatores ou comportamentos de risco
que afetam a saúde da mãe e bebê. A assistência durante a gestação, no Brasil e em
países em desenvolvimento, tem se mostrado um dos principais fatores de proteção
contra o baixo peso ao nascer, prematuridade e óbito perinatal. Os resultados sugerem
que populações com baixa escolaridade e renda apresentam maior vulnerabilidade a
fatores de risco para perda auditiva. Desta forma, os estudos das condições
socioeconômicas são de extrema importância para a adequação das medidas de saúde
pública, nos vários níveis de prevenção, visto que estas parecem influenciar
negativamente a saúde auditiva de crianças.

593
Inserção de fonoaudiólogos nos centros de atenção psicossocial do estado de são
paulo

Beatriz Paiva Bueno de Almeida; Maria Claudia Cunha

Introdução: Dentre os dispositivos de atenção à saúde mental, os Centros de Atenção


Psicossocial (CAPS) têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira; pois
compõem uma rede substitutiva aos Hospitais Psiquiátricos. Os CAPS são compostos por
equipes multiprofissionais, com presença obrigatória de psiquiatra, enfermeiro, psicólogo
e assistente social, e opcionalmente outros profissionais da saúde, como o fonoaudiólogo.
Objetivo: Analisar a inserção de fonoaudiólogos nos CAPS do estado de São Paulo.
Método: Pesquisa quantitativa aprovada pelo Comitê de Ética da instituição em que foi
realizada. CASUÍSTICA: 24 fonoaudiólogos que atuam em CAPS do estado de São
Paulo. PROCEDIMENTO: Fase 1: Mapeamento dos CAPS do estado de São Paulo. Fase
2: Identificação dos CAPS com presença de fonoaudiólogos. Fase 3: Entrevistas dirigidas
com os fonoaudiólogos, considerando-se as variáveis: idade, tempo de graduação e
atividade no CAPS, experiência no campo da saúde mental, formação pós graduada, tipo
de atendimento realizado (individual e/ou grupo), especialidades fonoaudiológicas
atendidas. CRITÉRIOS DE ANÁLISE DOS resultados: tratamento estatístico descritivo
(frequências e porcentagens). Resultados: Constatou-se a existência de 289 CAPS em
funcionamento no Estado de São Paulo. Em 31 (10,7%), há fonoaudiólogos na equipe,
com maior freqüência na capital (17,2%) que no interior (9,1%); predominantemente nos
CAPS infantil (CAPSi). Ressalta-se que nos 45 CAPS infantil em funcionamento 21
(46,7%) tem fonoaudiólogo na equipe, o que sugere que o atendimento fonoaudiológico
da população infantil tem sido significativamente priorizado. Observou-se que, exceto no
CAPSi, a maioria não tem fonoaudiólogos. Dos 31 CAPS que possuíam - 15 (62,5%)
localizados no interior e 9 (37,50%) na capital - 24 (77,4%) autorizaram a entrevista com
os fonoaudiólogos.Contudo, quando as entrevistas foram iniciadas, 04 CAPS (16,7%) já
não contavam com esse profissional na equipe. Assim, as entrevistas foram realizadas
em 20 CAPS, e o total de entrevistados foi 24 (em dois CAPS havia 02 fonoaudiólogos e
em um havia 03). Quanto às variáveis analisadas: a média de idade é 41,5 anos, com
médias de 19,0 anos de formados e 8,0 anos de trabalho no CAPS; 15 (62,5%) iniciaram
o trabalho em saúde mental no CAPS e 9 (37,5%) em outros locais, 18 (75%) possuem
pós graduação (latu e/ou stritu senso) e 6 (25%) não, 20 (83,3%) realizam atendimentos
individuais e/ou em grupos com prevalência do atendimento grupal, e 4 (16,7%) em
grupo. Quanto ás especialidades: 16 (66,7%) linguagem, 3 (12,5%) não trabalham com
especialidades, 02 (8,3%) motricidade orofacial/linguagem/voz, 02 (8,3%) motricidade
orofacial/ linguagem e 01 (4,2%) voz. Portanto, as demandas dos pacientes concentram-
se no campo da linguagem.Conclusão: Embora a reforma psiquiátrica preconize o
atendimento multidisciplinar, o que inclui a atuação fonoaudiológica nestes serviços de
saúde, a presença do fonoaudiólogo é ainda restrita quantitativamente. A atuação
fonoaudiológica é priorizada nos CAPSi e a maioria dos entrevistados iniciou sua atuação
em saúde mental nos CAPS. As demandas dos pacientes estão concentradas no campo
da linguagem.

594
Inserção fonoaudiológica nos centros de atenção psicossocial

Andrea Wander Bonamigo; Letícia Kurtz, Jade Zaccarias Bello, Isadora de Oliveira Lemos

Introdução: Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços públicos de saúde


mental, locais/regionalizados, destinados a atender indivíduos com transtornos mentais
severos e graves. Esse serviço é uma substituição às internações em hospitais
psiquiátricos e tem como maior objetivo tratar a saúde mental de forma ampliada e
adequada, oferecendo atendimento à população por meio do acompanhamento clínico,
promovendo a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho e ao lazer, a fim de
fortalecer os laços familiares e comunitários. O perfil populacional dos municípios é sem
dúvida um dos principais critérios para o planejamento da rede de atenção à saúde
mental nas cidades e para a implantação de Centros de Atenção Psicossocial. A Portaria
GM/MS Nº 336/02, que define e estabelece diretrizes para o funcionamento dos Centros
de Atenção Psicossocial, prevê o fonoaudiólogo como profissional da equipe técnica do
Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi). Considerando o disposto na
Classificação Brasileira de Procedimentos em Fonoaudiologia do CFFa, as atividades do
fonoaudiólogo nesta área compreendem a realização de procedimentos de avaliação,
intervenção, aconselhamento e acompanhamento dos indivíduos com distúrbios da
comunicação. Objetivos: Verificar a inserção de fonoaudiólogos em Centros de Atenção
Psicossocial do Brasil. Métodos: Foi realizada consulta ao Departamento de Informática
do SUS (DATASUS), base operacional de gerenciamento da rede assistencial, sendo
promovida a busca de relatórios por tipo de estabelecimento (Centro de Atenção
Psicossocial) e Código Brasileiro de Ocupação (Fonoaudiólogo) em todos os estados
brasileiros no mês de março de 2013. Resultados: Segundos os dados identificados pela
base DATASUS, o Brasil possui 2265 CAPS cadastrados na rede assistencial, e o total de
156 fonoaudiólogos inseridos nesses serviços. Conclusões: A fonoaudiologia possui papel
fundamental na manutenção da saúde e, sobretudo, na qualidade de vida das pessoas, é
capaz de dar voz às crianças e adolescentes com transtornos mentais ao aprimorar suas
formas de expressão. Sua intervenção junto a esses indivíduos favorece o
desenvolvimento de atitudes comunicativas efetivas, contribuindo para inclusão familiar,
escolar, social, bem como para o exercício da cidadania. Porém, a demanda por
fonoaudiólogos na Saúde Mental é uma realidade. O reconhecimento da importância do
trabalho interdisciplinar, a construção das redes de apoio, a oferta de oficinas
terapêuticas, e eventos de práticas exitosas em saúde mental nas diferentes regiões do
Brasil, tem evidenciado a relevância do fonoaudiólogo como profissional da equipe de
saúde mental.

595
Interculturalidade e saúde: contribuição da fonoaudiologia para assistência aos
povos indígenas.

Margareth Attianezi; Priscila Caetano

Introdução: A capacitação dos profissionais de saúde no Brasil favorece a formação


biomédica focada em valores, normas e tradições ocidentais. No que se refere à práxis
fonoaudiológica, privilegia-se a adoção da norma culta, indicando um padrão. No entanto,
os povos indígenas estão presentes em quase todos os estados brasileiros, o que requer
políticas de atenção em saúde para atender as 227 etnias indígenas que se comunicam
através de 180 línguas. O presente trabalho apresenta a contribuição de fonoaudiólogos,
pertencentes a uma equipe multidisciplinar de um serviço universitário, na criação de um
material instrucional na temática “Interculturalidade, Direitos Humanos e Saúde”. Em sua
construção optou-se pela atenção a etnia Guarani, presente no Rio de Janeiro. O princípio
que norteia o trabalho é do direito à diferença, propondo a promoção de relações
dialógicas e igualitárias entre pessoas e grupos que pertencem a universos culturais
diferentes, fortemente marcados em sua linguagem. Objetivo: Apresentar um material de
formação que desperta a necessidade de abordagens em saúde adaptadas culturalmente.
Metodologia: Após extensa pesquisa bibliográfica e encontros temáticos com consultoria
especializada, realizamos trabalho de campo em um aldeamento indígena, no município
de Paraty, no Rio de Janeiro. O material coletado serviu de base para a criação de casos
em PDL (Aprendizagem Baseada em Problemas) que compõem um módulo de
autoaprendizagem em atenção integral à saúde do adolescente/jovem de diferentes
etnias. Resultados: Foram criados dois casos pelos fonoaudiólogos, focados nos guarani,
que abordam a comunicação profissional/paciente, o uso de adornos labiais (tembetá), a
evasão escolar/dificuldades de aprendizagem, bullying e a muda vocal como rito de
passagem para a vida adulta, além de outros aspectos de saúde. Observamos que para
os Guarani tanto a doença como a morte estão associadas à causas sobrenaturais
levando a um entendimento diferenciado do processo saúde/doença. O uso de adornos
labiais, por exemplo, tem um significado religioso, não podendo ser retirado sob o risco de
“causar a miséria”, servindo também para que os jovens aprendam a “fazer silêncio, não
falar à toa e comer pouco”. Nesse sentido, recomenda-se que os profissionais conheçam
os saberes e práticas terapêuticas relacionadas à perfuração dos lábios e os cuidados
que envolvem seu uso. Nossa intenção é de despertar para a valorização da
interculturalidade no diagnóstico e abordagem do cuidado. O material composto deve ser
usado como modelo e as condutas sugeridas devem ser alteradas de acordo com a
especificidade cultural de cada etnia. Conclusão:Uma abordagem intercultural leva a um
rompimento da postura hegemônica e ao desenvolvimento de conhecimentos,
competências, atitudes e habilidades específicas para tratar com segmentos sociais
culturalmente diferenciados. Acreditamos que o olhar intercultural auxiliará na
compreensão de que “os diferentes” convivem nas relações de trocas, de empréstimos,
onde conflitos e tensões existem, e não necessariamente devem ser interpretados de
forma negativa. Eles fazem parte do entrelaçamento das redes de conversações que
mantém o diálogo aberto por onde circulam diferentes discursos, amparados em
diferentes conceitos sobre bem-estar e qualidade de vida.

596
Interfaces políticas: fonoaudiologia e o sistema de saúde penitenciário

Michelly Santos de Andrade; Nelma Ellen Zamberlan-Amorim, Bruna Mayara Bonatto

Introdução: o direito à saúde é universal e garantido pela constituição de 1988. Porém,


somente em 2004, o Ministério da Saúde publicou o Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário, desenvolvido para que a assistência à saúde no sistema penitenciário fosse
organizada com base nos princípios do SUS. As ações previstas nesse documento
demandam dos profissionais da saúde, uma atuação voltada às especificidades dessa
população. Objetivo: refletir acerca das possibilidades de atuação ante a competência do
fonoaudiólogo no contexto das políticas públicas de saúde no sistema penitenciário.
Metodologia: o estudo caracteriza-se como documental exploratório. A identificação do
material documental se deu em sites de assembleias legislativas, câmeras municipais,
governos estaduais, prefeituras, biblioteca do Ministério da Saúde, além da Constituição,
das Leis Orgânicas da Saúde e do código de ética do fonoaudiólogo. O período da busca
compreendeu as duas últimas décadas, pois se refere aos anos de instituição e
funcionamento do SUS no país. Foram encontrados doze documentos que redigem
acerca da saúde no sistema penitenciário brasileiro. Desses, dez na esfera nacional, um
estadual e um municipal. Resultados: A análise documental permitiu constatar uma
predominância de ações pautadas em estudos epidemiológicos, focadas na doença e na
exclusão dos aspectos sociais, históricos e culturais do processo saúde-doença. A
fonoaudiologia, na perspectiva das políticas públicas em saúde, poderia sujeitar o
“assujeitado”, desde que se reconhecesse nesse processo, por meio do conhecimento da
realidade da população, a qual se destina sua atuação e, da apropriação de saberes das
ciências sociais e humanas. Conclusão: as reflexões permitiram identificar o
distanciamento entre a Fonoaudiologia e o Sistema de Saúde Penitenciário, devido à sua
falta de aprimoramento técnico e cientifico para atuar com tais questões, o que pode ser
conquistado, ainda na formação. Tal caminho pode ser trilhado, a partir da autorreflexão
do fonoaudiólogo, do reconhecimento em si mesmo como um profissional que pode
espelhar, além das ciências médicas e biológicas, um posicionamento mais humanístico,
pautado nas ciências sociais e humanas. A postura da Fonoaudiologia deve ser aquela
que relaciona o conteúdo das teorias, leis e políticas públicas com o que ocorre
verdadeiramente na práxis e não aquela que simplesmente se apropria dos direitos, leis e
políticas de maneira conveniente, superficial e não sinérgica. Enseja-se que a atuação
fonoaudiológica escape da produção/reprodução de um sistema instituído
hierarquicamente, do Estado para a população, de forma alienada e condizente com a
ideologia do Aparelho de Estado. O presente trabalho constitui-se como um movimento
inicial, incipiente no campo da Fonoaudiologia. Entretanto, acreditamos que seja um
marco importante no caminhar da Fonoaudiologia em direção à atuação junto ao Sistema
de Saúde Penitenciário, abrindo espaços para um trabalho numa perspectiva
interdisciplinar.

597
Internações hospitalares de pessoas com doença de parkinson registradas de 2008
a 2012 na região nordeste

Elthon Gomes Fernandes da Silva; Sintia Ribeiro de Souza, Maria Clara Rodrigues de
Freitas, Gerlane Karla Bezerra Oliveira Nascimento, Rose Mary de Abreu Martins, Maria
Lúcia Gurgel da Costa, Léslie Piccolotto Ferreira

Introdução: O processo de internação, dependendo das condições de saúde, se faz


necessário com o intuito de reestabelecer um grau de saúde que permita o indivíduo obter
melhor qualidade de vida. No entanto, a hospitalização também pode ser entendida como
um fator de risco no desenvolvimento do indivíduo. Se o diagnóstico envolve doença
crônica, as repetidas internações e o estigma de doente incurável podem agravar ainda
mais o quadro do paciente. Objetivo: investigar o número de casos de internação, de
pessoas com Doença de Parkinson na Região Nordeste, registrados por ano, entre 2008
e 2012, segundo sexo e idade. Método: Foram utilizados dados secundários referentes à
internação hospitalar, coletados nas bases do sistema de informações hospitalares, do
Ministério da Saúde (SIH/SUS), disponível em meio online:
http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=02, para verificar a quantidade de
casos de morbidade hospitalar envolvendo pessoas com Doença de Parkinson nos nove
estados do Nordeste registrados de janeiro de 2008 a dezembro de 2012. Resultados: A
análise dos dados por estado, permitiu observar que o Ceará é o estado que apresenta a
maior porcentagem de casos notificados da Doença de Parkinson (42,4% em 2009;
30,7% em 2010; 42,2% em 2011 e 34,5% em 2012) com exceção de 2008, no qual o
estado do Maranhão apresentou maior índice (32,2%). Em relação ao número de casos
registrados por ano na região Nordeste, foi observado aumento de 34,5% considerando
os anos de 2008 (118 casos) e 2012 (180 casos). Com relação ao sexo, em todos os
anos avaliados houve predominância de valores de registro com relação a homens.
Observando o período estudado, destaca-se o ano de 2012 com maior número de
pessoas registradas (total de 175 casos): 104 do sexo masculino (59,4%) e 71 do sexo
feminino (40,6%), enquanto o ano de 2008 apresentou o menor número (com 119 casos
notificados), sendo 76 homens (63,9%) e 43 mulheres (36,1%). Os casos registrados
predominaram na faixa etária de 50 a 79 anos em todos os anos avaliados, representando
77,3% do total de casos em 2008; 69,1% em 2009; 72% em 2010; 72,2% em 2011 e
79,9% do total de casos em 2012. Conclusão: O aumento do número de casos nos
últimos 05 anos pode ser explicado pela maior quantidade de pessoas acometidas com a
doença a cada ano ou ser reflexo de maior preocupação do Sistema Único de Saúde em
realizar tal registro. Há de considerar que o aumento das pesquisas e divulgação de
informações pode ter contribuído para que profissionais de saúde e familiares possam
estar atentos aos mínimos sinais e sintomas referidos e a partir disso ser realizado o
diagnóstico precoce. A base de dados não permite acessar o real motivo das internações,
mas pode subsidiar planejamento e investimento em ações de promoção e prevenção em
saúde para a população acometida com a Doença de Parkinson, com o intuito de reduzir
os agravos de saúde que conduzem às internações hospitalares, fato esse que contribuirá
para proporcionar ganhos salutares a essa população.

598
Intervenção interdisciplinar no cuidado paliativo – relato de experiência

Iracema Santos Andrade; Fabiana Correia, Adriana Ciochetti, Paulo Sergio Campos
Salles, Julia Giorgi, Michelle Mantovanelli, Ana Carolina Brighi, Caroline Kiss

Introdução: A filosofia dos Cuidados Paliativos (CP) implica no cuidado de pacientes e


familiares durante a doença ativa e progressiva sem a possibilidade de cura. Sua
abordagem engloba o alívio da dor, a prevenção do sofrimento, qualidade de vida e de
morte. A intervenção interdisciplinar é muito importante para ajudar o paciente a se
adaptar às mudanças de vida imposta pela doença. A Fonoaudiologia vem compor a
equipe de CP com o papel de desenvolver estratégias, habilidades de comunicação,
restabelecer e ajustar a capacidade funcional, priorizar o conforto e o prazer em se
alimentar dentro das limitações da doença, proporcionando melhor qualidade de vida.
Objetivo: Relatar a intervenção interdisciplinar de um paciente em cuidado paliativo.
Metodologia: Foram realizadas avaliações interdisciplinares (médico, fonoaudiólogo,
nutricionista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicóloga e enfermagem) com
paciente P.K, do sexo masculino, 70 anos de idade, internado em um hospital de
retaguarda na cidade de São Paulo com HD: CA de reto localmente avançado sem status
performance para tratamento oncológico, colostomizado com pequena deiscencia de
sutura e secreção purulenta; histórico de etilismo, DM, HAS e ICC. Com índices de KPS-
30, ECOG 4, PPS 30, PPI 3, PAPs 10. Alimentando-se por SNE exclusiva, escala de
FOIS 1, confuso, pouco contactuante, desnutrido, disfonico pós extubação em internação
previa, utilizando gestos para se comunicar. No início do acompanhamento, em fase de
raiva frente ao adoecimento, resistente á intervenção psicológica e pouco aderente aos
tratamentos propostos pela equipe, apresentava desejo de retirar SNE e voltar a se
alimentar. Resultado: Após acolhimento pela equipe, aderiu ao tratamento. O
adoecimento propiciou ao paciente e seus familiares ressignificar relações e buscar maior
qualidade de vida no processo de terminalidade. Melhora da deiscência em região
abdominal, devido processo cirúrgico, boa evolução em lesão presente na colostomia.
Evoluiu positivamente para o desempenho das atividades significativas para manutenção
do cotidiano, houve melhora da independência e autonomia para o desempenho das
atividades de vida diária. Durante a fonoterapia diária evoluiu para alimentação VO
exclusiva com escala de FOIS 7, boa comunicação oral com fala inteligivel, QV rouca e
sobrosa. Após 2 meses de internação e evolução significativa na qualidade de vida,
paciente foi a óbito. Conclusão: O cuidado paliativo necessita de intervenção
interdisciplinar para reavaliações diárias, objetivando acompanhar o curso da doença e
rever os planos terapêuticos, ressaltando o conforto e a qualidade de vida.

599
Leis de proteção à saúde auditiva do idoso: comparação entre brasil e chile

Paulo Lemes Moraes; Iára Bittante de Oliveira, Najara Regina de Souza Moraes

Introdução: diversos fatores podem alterar a comunicação humana no decorrer da vida,


entre eles o envelhecimento tem chamado a atenção de pesquisadores, devido o
aumento da população idosa em nosso país e consequentemente cresce a incidência de
presbiacusia. A reabilitação auditiva por meio do uso de aparelho auditivo e
acompanhamento fonoaudiológico tem se mostrado o mais eficiente tratamento para
idosos com presbiacusia, e é dever do Estado zelar para que este tratamento seja
oferecido ao usuário do sistema de saúde. Objetivo: pesquisar e analisar leis existentes
no Brasil que garantem a saúde auditiva de idosos verificando-se ainda a existência de
programas em Fonoaudiologia que visam assistir a saúde auditiva do idoso comparando-
se tais dados com os do país de melhor Índice de Desenvolvimento Humano da América
Latina. Métodos: realizada busca em sites oficiais do Brasil e Chile, país de maior IDH da
América Latina, sobre as políticas e leis de saúde auditiva, principalmente em relação ao
idoso e compará-las, mostrando as garantias de acesso, restrições a usuários, avaliação
do usuário e o que se pode melhorar em relação ao que é apresentado em cada país. A
escolha do país de comparação deste estudo foi feita por meio de consulta ao Relatório
de Desenvolvimento Humano 2013 do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) e selecionado o de melhor Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) dos países da América Latina. Resultados: o sistema de saúde no Brasil é
caracterizado pela universalidade, pela qual o usuário tem acesso a todos os níveis de
assistência sem a necessidade de pagamento direto pelos serviços públicos. O sistema
de saúde no Chile é caracterizado pelos planos de saúde estatais e particulares, sendo
que o usuário necessita ser conveniado a estes serviços, para poder usufruir do sistema.
O acesso à reabilitação auditiva e AASI é totalmente gratuito no Brasil. O usuário passa
pela avaliação, diagnóstico, tratamento, reabilitação e acompanhamento periódico nos
serviços especializados em cada região. O usuário do sistema de saúde no Chile tem
garantido o acesso à reabilitação auditiva e AASI desde que pague até 20% do valor do
tratamento pré estipulado pelas diretrizes do ministério da saúde, daquele país,
dependendo do seu plano de saúde. Para alguns planos de saúde estatais o tratamento
pode ser gratuito. Os serviços de fonoaudiologia dos dois países têm a função de avaliar,
realizar exames, selecionar e adaptar AASI, reabilitação auditiva e acompanhamento
periódico. Conclusão: as diferenças desses sistemas são geradas a partir da restrição ou
condição imposta aos usuários para ter acesso aos serviços básicos. No caso específico
do acesso a AASI e reabilitação fonoaudiológica, no Brasil é totalmente gratuito o que não
acontece no Chile. O financiamento dos sistemas de saúde é gerado de receitas
semelhantes nos dois países, mas ao colocar restrições financeiras ao usuário, torna-se
inviável a alguns desses o acesso a esse importante meio de re-socialização.

600
Levantamento de informações em saúde da voz entre trabalhadores do setor
industrial

Amanda Galli; Eliana Maria Gradim Fabron, Luciana Tavares Sebastião,


Fabiana Martins Barreiros, Priscila Vidal Martins, Ana Sílvia Geonesi Cangussu

Introdução: Na literatura fonoaudiológica é grande o número de trabalhos com


profissionais da voz. No entanto, há escassez de pesquisas com trabalhadores de outros
setores de atividade como, por exemplo, indústrias. Nessa área são freqüentes pesquisas
e atuação fonoaudiológica voltada à saúde auditiva, entretanto, ações dirigidas à voz do
trabalhador não são incluídas nas ações preventivas em indústrias. Objetivo: Identificar
queixas vocais entre trabalhadores do setor industrial, bem como levantar informações
sobre o uso da voz no ambiente de trabalho. Método: Aplicação de questionários com
perguntas abertas e fechadas adaptadas a partir de questionário proposto pela Sociedade
Brasileira de Fonoaudiologia na Semana da Voz. Resultados: Participaram 88
trabalhadores de uma indústria alimentícia, sendo 45 mulheres e 43 homens. A idade dos
participantes variou de 17 a 59 anos, média de 30 anos. Questionados sobre a ocorrência
de problemas de voz, 79 (89,8%) trabalhadores negaram e nove (10,2%) indicaram tais
problemas. Foram relatados: rouquidão (4 trabalhadores); alterações quanto à intensidade
vocal (2); coceira na garganta (1); perda da voz (1) e problemas quanto à ressonância
nasal (1). Dentre esses nove trabalhadores que indicaram a ocorrência de problemas
vocais, apenas um relatou a busca por atendimento médico devido a tais problemas.
Dentre o total de trabalhadores, quatro deles (4,5%) informaram ocorrência de problemas
de voz no trabalho e 84 (90,9%) negaram tais problemas. Questionados se faziam uso da
voz no desempenho das atividades laborais, 28 (31,8%) disseram que sim e 60 (68,1%),
não. Dentre os 28 trabalhadores que relataram fazer uso da voz no desempenho das
atividades laborais, 20 (71,4%) relataram fazer uso excessivo, sendo que apenas um
deles relatou a ocorrência de problemas vocais. Os demais oito trabalhadores (28,6%)
disseram usar a voz para o desempenho de suas atividades, mas não de forma
excessiva. Conclusões: Embora poucos trabalhadores tenham relatado a ocorrência de
problemas de voz, um terço da amostra estudada assentiu usar a voz para o desempenho
de suas atividades laborais. Neste sentido, acreditamos que fonoaudiólogos que atuam na
área de saúde do trabalhador deveriam incluir ações de promoção e proteção à voz em
suas atividades no setor industrial.

601
Levantamento dos distúrbios de comunicação em idosos

Vicente Coelho da Silva; Adriana Limongeli Gurgueira

Introdução: O aspecto demográfico do envelhecimento populacional brasileiro vem sendo


bastante enfatizado, principalmente em relação às implicações sociais e em termos de
saúde coletiva. Estima-se que em 2050, haverá 172 idosos de 60 anos de idade ou mais
para cada 100 jovens no Brasil, chegando a uma população de aproximadamente 60
milhões (IBGE 2010). A Fonoaudiologia tem contribuído para a reabilitação no âmbito
individual dos distúrbios da comunicação decorrentes do processo de envelhecimento,
entretanto, ainda são poucos os estudos epidemiológicos que permitem melhor
compreensão das necessidades de saúde da população idosa e consequentemente
intervenções fonoaudiológicas coletivas mais eficazes e eficientes. (LESSA;
CAVALHEIRO; FERRITE, 2010). Objetivos: Verificar os principais fatores de riscos e a
ocorrência de distúrbios da comunicação na população idosa de uma determinada região,
bem como o acesso aos serviços de saúde para tratamento fonoaudiológico. Metodologia:
Participaram deste estudo 112 sujeitos acima de 60 anos de idade, assistidos por equipes
de saúde da família de uma Unidade Básica de Saúde. Foi aplicado no domicílio dos
entrevistados um questionário auto referido elaborado pelos pesquisadores (QSFI –
Questionário de Saúde Geral e Fonoaudiológica no Idoso), que abrange questões sobre
doenças crônicas, estado de saúde geral, alterações fonoaudiológicas de fala, voz,
audição, deglutição e mastigação, intervenções fonoaudiológicas realizadas e serviços de
saúde utilizados para tais intervenções. Resultados: A amostra teve um total de 76% de
mulheres e 24% de homens com média de 70 anos de idade, escolaridade média de 04
anos de estudo e renda familiar de 01 salário mínimo. 90,2% dos entrevistados referiram
algum problema de saúde, sendo os mais frequentes: 61,6 % hipertensão arterial, 49,1%
colesterol e 25% diabetes. 63,4% sofreram algum tipo de acidente, sendo 70,4% queda e
31% acidentes relacionados ao trânsito. 90,1% dos idosos referiram uma ou mais queixas
fonoaudiológicas, sendo: 56,25% fala, 55,36% tontura, 39,25 audição, 35,7% mastigação,
31,25% prótese dentária mal adaptada, 30,36% engasgos, 30,36% zumbido, 25,9%
deglutição, 22,32% voz, e 11,6% compreensão, totalizando 379 queixas. Dos idosos que
referiram alguma queixa fonoaudiológica somente 17,82% foram encaminhados para uma
ou mais intervenções fonoaudiológicas, ocorrendo ao todo 26 intervenções: 15
audiometrias, 07 adaptação de aparelhos auditivos, 02 relacionadas à fala, 01 à disfagia e
01 à voz. 66,6 % dos encaminhamentos foram para serviço público. Conclusão: Conclui-
se que a maior parte dos idosos entrevistados apresentava riscos para ter como
manifestação secundaria um distúrbio da comunicação e que, apesar da identificação de
um grande número de queixas fonoaudiológicas, poucos idosos foram encaminhados
para uma intervenção fonoaudiológica. Portanto, não só a intervenção fonoaudiológica se
faz necessária para garantirmos uma melhor qualidade de vida a esta população, como a
atuação do fonoaudiólogo em ações coletivas para a promoção e prevenção da saúde da
comunicação.

602
Nomeação e identificação visual das seis emoções básicas em crianças dos três
aos cinco anos

Paula Cristina Grade Correia; Ana Vanessa Henriques Costa, Olinda Maria Marques
Roldão, Ana Paula Lopes Tavares Martins

Objetivo: Verificar se as crianças em idade pré-escolar nomeiam e identificam visualmente


as 6 emoções básicas. Métodos: Participaram, até ao momento, 63 crianças, sendo 34 do
sexo feminino [3 anos (4); 4 anos (12); 5 anos (18)] e 29 do sexo masculino [3 anos (4); 4
anos (10); 5 anos (15)]. Aplicou-se um questionário de caraterização sóciodemográfica.
Solicitou-se às crianças que nomeassem 18 imagens de expressões faciais básicas
apresentadas individualmente e que identificassem, em 18 pranchas, a expressão facial
básica alvo em pranchas de três opções. Resultados: Constatou-se que a Alegria (93%) e
a Raiva (80%) são as emoções melhor nomeadas, visto que a Tristeza (61%), o Medo
(3%), a Aversão (40%) e a Surpresa (56%) apresentaram valores abaixo de 75%. Quanto
à identificação, a Alegria (92%), a Aversão (94%), a Raiva (84%), a Tristeza (81%) e a
Surpresa (77%) são as emoções melhor identificadas, visto que o Medo (73%) apresentou
um valor abaixo de 75%. Comprovou-se que o sexo feminino demorou menos tempo a
nomear, a Alegria (3,76s) e o Medo (3,98s), do que o sexo masculino, a Alegria (4,38s) e
o Medo (5,42s). Na identificação, o sexo feminino demorou menos tempo a identificar, a
Aversão (1,89s) e a Surpresa (2,07s), do que o sexo masculino, a Aversão (2,29s) e a
Surpresa (2,47s). Conclusão: Aos 5 anos, as crianças nomeiam 4 (Alegria, Surpresa,
Aversão e Raiva) das 6 emoções básicas e identificam 5 (Alegria, Surpresa, Aversão,
Raiva e Tristeza) das 6 emoções básicas. O sexo feminino nomeia e identifica com mais
sucesso e em menor tempo do que o sexo masculino.

603
O itinerário de pais de crianças com fissura labiopalatina na busca por assistência
em SC

Marileda Cattelan Tome; Cinthia Garcia Wieth, Ariana Silva, Aline Cividine

A criança acometida com a fissura pode sofrer diversas restrições, entre estas, limitações
funcionais na respiração, deglutição, voz, fala e audição e, portanto, geralmente requer
um longo processo de reabilitação, podendo levar em média de 18 a 20 anos. Mesmo
com a criação da rede de referência no tratamento de deformidades craniofaciais
(RRTDCF) há 20 anos e com os avanços significativos na reabilitação das crianças com
FLP nas últimas décadas, os usuários declaram as dificuldades de acesso aos serviços
de saúde para essa população. Na perspectiva da integralidade da atenção, é de suma
importância conhecer a rede a qual este indivíduo foi submetido em todas as fases de seu
tratamento para melhor compreensão do acesso aos serviços necessários e
consequentemente oferta de assistência integral. Objetivo: conhecer o itinerário percorrido
por famílias do portador de fissura labiopalatina na busca por assistência no estado de
Santa Catarina. Metodologia: A pesquisa foi realizada no Núcleo de Pesquisa e
Realibilitação de Lesões Labiopalatais, na cidade Joinville, Santa Catarina. Trata-se de
um estudo com abordagem qualitativa, realizado por meio de entrevista com 30 pais de
crianças com fissura labiopalatina de 25 diferentes municípios do estado de SC.
Resultados: de forma geral os resultados apontam que os serviços não estão organizados
de forma a atender a totalidade das necessidades destes indivíduos em todos os
momentos do processo de assistência. Embora haja um sistema único pelo qual se dá o
percurso das famílias, há falhas nesse processo, principalmente no acolhimento do
usuário e encaminhamento para o serviço especializado. Quando do retorno para o
território do qual o sujeito faz parte, não parece haver acompanhamento efetivo na
resolução de suas necessidades. A população caracteriza-se por usuários pouco
participativos que ainda entendem a assistência como um favor que lhe é prestado e não
como direito garantido. Com tal conduta observa-se pouca possibilidade de exercer
influência no processo decisório daqueles que os representam politicamente, sem
qualquer forma de exercício de controle social, implicando no não benefício dentro das
políticas públicas que tangenciam a área das FLP.

604
Oferta de serviços em reabilitação para pessoas com deficiência nas regiões
brasileiras

Rebeca de Souza Leão; Maria Luiza Lopes Timoteo de Lima

Introdução: A oferta de serviços de saúde auditiva no Brasil tem sido apontada como
insuficiente para atender a demanda crescente de deficientes auditivos, desde as
atividades preventivas até o processo de adaptação à prótese auditiva. Objetivo:
Descrever oferta de serviços em saúde auditiva e a provável demanda de pessoas nas
regiões brasileiras. Método: O estudo foi realizado nas 5 regiões brasileiras, a partir de
informações que constam no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde no ano
de 2012 e no IBGE referente ao censo 2010. No que se refere às informações do IBGE,
foram retirados os valores absolutos das populações das regiões brasileiras e capitais,
quanto às informações do CNES foram coletados dados dos Serviços de Saúde
Especializados em deficiência auditiva. Sendo um estudo do tipo ecológico, transversal e
observacional. Para análise dos dados foi realizada uma análise estatística descritiva.
Resultados: As deficiências nas regiões brasileiras, de forma geral, apresentaram a maior
ocorrência, 36,2%, na região Centro-oeste, e a menor na região Norte 22,1%. Dentre as
deficiências, a deficiência auditiva apresenta maior prevalência na região Centro-oeste
(1,5%) e na região Sul (0,6%) a menor. A menor oferta de serviços ocorreu na região
Nordeste (0,07%), seguidos da região Norte (0,08%), enquanto que a região Sul (0,1%)
apresenta maior número, seguido das regiões Sudeste e Centro-oeste (0,08%).
CONCLUSÃO: É possível visualizar a discrepância na distribuição dos serviços de saúde
auditiva nas regiões brasileiras, os serviços estão concentrados nas regiões que
apresentam maior poder econômico. Por um lado, a distribuição guarda coerência com os
maiores percentuais de deficiência auditiva nas regiões Sul e Centro-oeste. Porém os
achados demostram que a oferta de serviços ainda não se apresenta em quantidade
satisfatória para suprir as necessidades das pessoas com deficiência auditiva como todo
no Brasil, inclusive as regiões com melhores resultados.

605
Oficinas fonoaudiológicas: propostas de promoção e prevenção dos agravos
fonoaudióligos

Karen Garcia Alves; Carla Cardoso, Kaliandra Moraes Souza Queiroz,


Qays Amina Maud Marine Santana Rocha

Introdução: A reflexão sobre a temática da família e sua inserção no cuidado à saúde


proporcionado pelo Programa de Saúde da Família (PSF) é uma oportunidade de se
buscar alternativas que aproximem os profissionais de saúde do núcleo familiar. Sendo
assim, o PSF surge como uma possibilidade de visualizar a família como parte do
processo promoção e prevenção de saúde, buscando construir ações a partir de seu
contexto e necessidades. É no concreto espaço da família, que os profissionais de saúde
buscam esta construção, priorizando a proteção, a promoção do autocuidado e a troca
solidária. Com isso a Fonoaudiologia se encaixa como parceira deste trabalho,
contribuindo em agregar conhecimentos específicos de sua área às famílias, de maneira a
elaborar programas de prevenção e promoção de saúde que alcancem a população.
Objetivo: Relatar a experiência vivenciada na realização de oficinas Fonoaudiológicas
com pais e/ou cuidadores das crianças participantes de um projeto de Iniciação Científica
da Universidade do Estado da Bahia desenvolvido em Unidades de Saúde da Família
(USF) nos municípios de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari, a fim de ressaltar a
relevância do contato entre a família e o profissional fonoaudiólogo, no contexto da
prevenção e promoção de saúde. Metodologia: Este relato de experiência refere-se às
oficinas Fonoaudiológicas desenvolvidas com os pais e/ou responsáveis pelas crianças
participantes da pesquisa. As oficinas foram realizadas durante o mês de abril de 2013,
em cada uma das USF participantes do projeto. Nestas oficinas foram abordados temas
referentes às cinco áreas de atuação Fonoaudiológica, a saber: Linguagem, Audição,
Voz, Motricidade Orofacial e Saúde Coletiva, a fim de fornecer condições para melhor
acompanhamento do desenvolvimento das crianças e empoderá-los na identificação de
possíveis problemas. Estas oficinas foram alicerçadas pelo processo de troca entre
família e Fonoaudiólogos, valorizando o conhecimento prévio delas sobre a
Fonoaudiologia e posteriormente agregando e correlacionando o que foi dito com novas
informações. Resultados: Nas palestras realizadas com os responsáveis das crianças
estudadas notou-se a percepção dos responsáveis para o risco de ocorrência de agravos
fonoaudiológicos nas crianças. Alguns pais identificaram agravos nos seus filhos, porém
não procuraram ajuda especializada. Conclusão: concluiu-se que embora os responsáveis
não saibam exatamente os campos de atuação fonoaudiológica, sabem identificar os
fatores de risco para o desenvolvimento de um distúrbio fonoaudiológico. Observou-se
neste estudo que alguns pais mesmo percebendo que seus filhos possuíam algum tipo de
distúrbio fonoaudiológico não procuraram ajuda profissional. Isso demonstrou que os
responsáveis desconhecem a importância do trabalho fonoaudiológico. Esta experiência
permitiu conhecer melhor os conhecimentos das famílias em relação à Fonoaudiologia e
os agravos fonoaudiológicos, bem como sobre a atuação do Fonoaudiólogo. Possibilitou
também constatar a necessidade de um envolvimento dos profissionais Fonoaudiólogos
ao contexto das USF para compartilhar conhecimentos da área e somar visando um
melhor atendimento a comunidade.

606
Olhar, agir é preciso, para o (a) trabalhador (a) poder sempre ouvir

Aparecida Pavanelli Matosinhos; Meire Aparecida Judai, Maria Aparecida Rodrigues

Introdução: Esta experiência intra setorial mostra uma ação bem sucedida do profissional
fonoaudiólogo da APS (Atenção Primária á Saúde) em parceria com o CEREST/PP
(Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Regional Presidente Prudente) para a
implementação e avanço da saúde do trabalhador no SUS na Atenção Básica, ampliando
o olhar de profissionais que atuam em políticas públicas e/ou na saúde pública, porém,
até então não voltadas à ação em Saúde do Trabalhador. Trouxe contribuição para
identificar, realizar avaliação clínica fonoaudiológica, diagnosticar e estabelecer o nexo
causal com o trabalho e notificar trabalhadores portadores de Perda Auditiva Induzida por
Ruído (PAIR) na área de abrangência do CEREST/PP. Objetivos: despertar e ampliar o
olhar para ações e intervenções em Saúde do Trabalhador na Rede de Atenção Básica-
SUS; diagnosticar casos de PAIR em trabalhadores e estabelecer nexo causal com
trabalho, contribuir para notificação no SINAN NET; executar o papel matriciador do
CEREST de forma articulada, integrada com ações inter e intrasetorial; melhorar as ações
de prevenção em saúde do trabalhador na Atenção Básica. Métodos: Foram realizadas
reuniões mensais com as profissionais fonoaudiólogos (as) dos municípios de
abrangência do CEREST/PP em ações de saúde do trabalhador; realizada campanha de
prevenção de PAIR; notificação dos casos confirmados no SINAN NET com demanda
maior e espontânea de trabalhadores para diagnóstico em PAIR; envolvimento do
Ambulatório Médico de Especialidades Regional do Estado/SP (AME) no fluxo de
referência e contra-referência. Resultados: Ações intra-setoriais em Saúde do
Trabalhador dos profissionais fonoaudiólogos com os demais profissionais da rede de
Atenção Básica em parceria com o CEREST/PP; construção coletiva de ações e
intervenções fonoaudiológicas na área de saúde do Trabalhador a partir de encontros
sistemáticos entre os profissionais fonoaudiólogos da Atenção Básica dos municípios e o
CEREST/PP; realização de avaliações audiológicas completas pelo CEREST/PP em
trabalhadores expostos á ruídos, identificados e referenciados pelas fonoaudiólogas da
Atenção Básica; estabelecimento do nexo causal de PAIR pelos profissionais
fonoaudiólogos da Atenção Básica em trabalhadores, viabilizado pela ferramenta
capacitadora adquirida nos encontros sistemáticos no CEREST/PP; aumento da demanda
espontânea de trabalhadores diagnosticados em outros serviços de saúde (extra-SUS)
como portadores de perdas auditivas; aumento de avaliações audiológicas pelo
CEREST/PP; aumento o diagnóstico de P.A.I.R com nexo causal relacionado a atividade
laboral do trabalhador, que estão sendo notificados em seus municípios de acordo com a
rotina e fluxo de cada um deles. Conclusões: Com a experiência apresentada fica
evidenciado que a ação inter-setorial é uma estratégia eficiente para a prevenção e
efetivação da saúde do trabalhador na Atenção Básica/SUS, bem como, a ação intra
setorial é ferramenta importante para a ampliação das ações de saúde do trabalhador
para além das fronteiras do serviço público; que o papel matriciador do CEREST é “sine
qua non” para a disseminação da cultura de saúde do trabalhador de forma holística,
saindo do conceito limitado de saúde ocupacional para saúde do trabalhador; que é
possível e necessário o protagonismo tanto de profissionais quanto da população alvo nas
ações de saúde do trabalhador.

607
Percepção de cuidadores sobre queixas fonoaudiologica no envelhecimento da
pessoa com deficiência intelectual: dados preliminares

Cláudia Lopes Carvalho

O envelhecimento da pessoa com DI em especial aquelas com Síndrome de Down


acontece de maneira atípica e requer planejamento das ações e cuidados prévios que
facilite a relação existente entre a pessoa cuidada e de seu cuidador. O profissional
fonoaudiólogo pode contribuir de maneira direta e indireta no planejamento dessas ações,
principalmente nos casos de maior nível de dependência funcional. Objetivo: Descrever a
percepção de cuidadores familiares sobre as principais queixas fonoaudiólogos
relacionadas ao envelhecimento da pessoa com Deficiência Intelectual em processo de
envelhecimento. Metodologia: Os dados foram coletados nos meses de Março a
Dezembro de 2012 através de entrevista semiestruturada realizada por uma única
avaliadora. Para coleta de dados foi realizado entrevista com 9 cuidadores familiares
(informais). O protocolo utilizado abrange as áreas relacionadas à deglutição, voz,
audição e aspectos comunicativos. RESULTADOS: Após a analise dos resultados foi
possível verificar que os cuidadores das pessoas com DI em processo de envelhecimento
percebem a existência de queixas fonoaudiológicas em todas as áreas pesquisadas.
Sendo que 39,5 % (n=4) das queixas estão relacionadas à deglutição; 44,4% (n=4) na
autonomia e independência durante as refeições; 33,3% (n=3) apresentam queixas
vocais; 41,2% (n=3) percebem queixas relacionadas à audição. Enquanto que 60% (n=5)
dos cuidadores entrevistados percebem queixas relacionadas aos aspectos
comunicativos. Discussão: A literatura nacional e internacional evidência a necessidade
de atendimento especializado para esta população, principalmente aquelas com
Síndrome de Down. O atendimento a essa população é um tema emergente e desafiador,
tornando-se uma área importante para inserção do profissional fonoaudiólogo. Conclusão:
Os resultados encontrados nesse estudo possibilita o planejamento de estratégias que
atendam a questões globais e especificas dessa população facilitando a intervenção
fonoaudiológica. Analisar a percepção dos cuidadores e levantar suas principais queixas
possibilita um plano de intervenção diferenciado a essa população. As queixas
fonoadiológicas mencionadas pelos cuidadores corroboram para a necessidade de
atendimento fonoaudiológico especializado do nascimento ao envelhecimento.

608
Perfil das orientações recebidas por gestantes e nutrizes de um hospital
universitário

Priscila Campos Martins; Nayara Mota de Aquino, Julie Mary Mourão Alves, Stephanie
Mayra de Moraes, Amélia Augusta de Lima Friche, Andrea Rodrigues Motta

Introdução: vários profissionais da saúde orientam gestantes e nutrizes sobre o


aleitamento materno, sendo essas orientações direcionadas conforme a área de
formação. Por muitos anos o fonoaudiólogo trabalhou com a amamentação apenas na
reabilitação, entretanto, essa realidade está se transformando, sendo mais frequente a
atuação em estratégias de promoção de saúde. A partir disso, entende-se a importância
de conhecer o perfil das orientações fonoaudiológicas às gestantes e nutrizes e
redirecioná-las, se necessário, para atender às necessidades desse público. Objetivos:
verificar a ocorrência e o local de orientações prévias sobre amamentação, o profissional
que orientou e o perfil dessas orientações a partir da percepção das gestantes e nutrizes.
Métodos: estudo transversal descritivo, realizado com 627 gestantes e nutrizes que
participaram das orientações fonoaudiológicas na sala de espera do pré-natal e no
alojamento conjunto de um hospital universitário de Belo Horizonte. As participantes
responderam a um questionário. Realizou-se análise descritiva dos dados. Resultados:
das 627 (100%) entrevistadas, 572 (91,22%) receberam orientações prévias sobre
amamentação. Quanto ao local, 44 (7,69%) não informaram, 310 (54,19%) foram
orientadas no pré-natal ou no alojamento conjunto da instituição – dessas 272 (87,74%)
foram orientadas no projeto Orientações Fonoaudiológicas a Gestantes e Nutrizes –, 218
(38,11%) receberam orientações em outros locais – dessas apenas 64 (29,35%)
receberam orientações no Centro de Saúde. Quanto ao profissional, 276 (48,25%) foram
orientadas por fonoaudiólogos/estudantes da área, 132 (23,07%) por outros profissionais,
164 (28,67%) não responderam. Das orientadas, 556 (97,20%) declararam que as
orientações foram úteis, três (0,52%) não acharam úteis e 13 (2,27%) não responderam.
Quanto ao que consideraram mais importante, das 276 orientadas por
fonoaudiólogos/estudantes da área, 90 (32,60%) destacaram as orientações com foco
fonoaudiológico (teste da orelhinha e os prejuízos do uso da chupeta e da mamadeira),
160 (57,97%) destacaram outras orientações (a posição para amamentar, pega correta,
dentre outras) e 26 (9,42%) não responderam. Das 132 orientadas por outros
profissionais, 24 (18,18%) destacaram as orientações com foco fonoaudiológico, 69
(52,27%) destacaram outras orientações e 39 (29,54%) não responderam. Das 113 (19,
75%) que não informaram quem as orientou, 23 (20,35%) destacaram as orientações com
foco fonoaudiológico e 90 (79,64%) destacaram outras orientações. Quarenta e oito
(8,39%) entrevistadas não informaram o que acharam mais importante e três (0,52%) não
acharam as informações importantes; 137 (23,95%) destacaram as orientações com foco
fonoaudiológico, dessas 122 (89,05%) destacaram o teste da orelhinha e 15 (10,94%)
destacaram os prejuízos do uso da chupeta e mamadeira. Conclusão: A maioria das
entrevistadas foi orientada, sendo que 32,60% das entrevistadas orientadas por
fonoaudiólogos/estudantes da área e 18,18% das orientadas por outros profissionais
destacaram o teste da orelhinha e prejuízos do uso do bico e da mamadeira como tema
mais importante. Isso demonstra que apesar do perfil das orientações por diversos
profissionais serem diferentes, elas se complementam. Verificou-se também que a
maioria das orientações ocorre em outros locais que não nos Centros de Saúde.
Ressalta-se a necessidade de ações multiprofissionais nos Centros de Saúde,
considerando a importância da atenção primária no que concerne a efetivação da
promoção de saúde.

609
Perfil de equipes da rede de atenção à saúde auditiva de duas microrregiões de
minas gerais

Andrezza Gonzalez Escarce; Sirley Alves da Silva Carvalho, Stela Maris de Aguiar Lemos

Introdução: No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), visando a promoção da saúde


auditiva, foram criadas as Redes Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva, instituídas pela
Portaria Ministerial nº 587, datada em 07 de Outubro de 2004, a qual determina a
organização de redes hierarquizadas, regionalizadas e integradas na atenção básica, na
média e na alta complexidade. Minas Gerais conta, atualmente, com 15 Serviços de
Atenção à Saúde Auditiva (SASA) credenciados, dos quais nove são de alta e seis são de
média complexidade. Cada SASA deve, necessariamente, contar com uma equipe
multidisciplinar que, no caso da média complexidade, deve ser composta por médico
otorrinolaringologista, fonoaudiólogos, assistente social e psicólogo e na alta
complexidade, além desses profissionais, a equipe também deverá contar com o médico
neurologista e/ou neuropediatra. Objetivo: Delinear o perfil de equipes que atuam na Rede
de Atenção à Saúde Auditiva, de duas microrregiões de Minas Gerais. Metodologia:
Estudo descritivo realizado com 34 profissionais pertencentes à Rede de Atenção à
Saúde Auditiva de duas microrregiões e a um Serviço de Atenção à Saúde Auditiva,
ambos de Minas Gerais, no período compreendido entre abril de 2011 e fevereiro de
2012. A pesquisa se deu por meio da análise quantitativa de dois eixos de roteiro
estruturado pelos pesquisadores para ser aplicado aos profissionais. O presente trabalho
foi aprovado pelo COEP-UFMG, parecer ETIC 0186.0.203.000-10 e foi financiado pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Resultados:
Foram entrevistados 34 profissionais, dos quais a idade média é de 31,54 anos, o tempo
médio de serviço é de 38,38 meses; 72,5% são contratados; 41,2% possuem pós
graduação; 52,9% já atuaram anteriormente no setor público; e 61,8% possuem média
salarial entre dois e quatro salários mínimos. Todas as equipes possuíam fonoaudiólogos
em suas equipes, 58,82% possuíam assistente social e psicólogo, 17,65% auxiliar
administrativo e 2,94% médico otorrinolaringologista. Dentre as atividades realizadas tem-
se que 50% das equipes realizavam discussão de casos clínicos e planejamento de
ações, 41,2% tinham reuniões para discussão de demandas administrativas e
capacitação de profissionais e 32,4% tinham discussão dos resultados alcançados.
Conclusão: A presente pesquisa demonstrou que todas as equipes possuem o
profissional fonoaudiólogo, evidenciando a importância deste profissional no Serviço de
Atenção à Saúde Auditiva. Além disso, metade ou menos das equipes realizam atividades
e/ou reuniões de equipe, essenciais para o atendimento multidisciplinar, extremamente
importante no tratamento ao indivíduo com perda auditiva.

610
Perfil dos hábitos orais e alimentares em crianças que procuram atendimento
fonoaudiológico em Maceio-AL

Adriana de Medeiros Melo; Natália Mayra Nascimento Palmeira Paz, Euclides Maurício
Trindade Filho

Introdução: O comportamento alimentar da criança é determinado pela interação da


criança com o alimento, pelo seu desenvolvimento anatomofisiológico e por fatores
emocionais, psicológicos, socioeconômicos e culturais. Objetivo: Traçar o perfil dos
hábitos orais e alimentares em crianças que procuram o atendimento fonoaudiológico em
uma Clínica-Escola de Maceió-AL. Método: Trata-se de um estudo descritivo quantitativo.
A pesquisa foi realizada após a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número
1970. A amostra foi composta por 51 pacientes em atendimento fonoaudiológico, com
idade variando de 03 a 12 anos, no período de abril de 2012 a janeiro de 2013, que
responderam um formulário semi-estruturado a fim de obter informações relacionadas ao
histórico de alimentação e os hábitos orais. Resultados: 58,82% (n=30) pertenciam ao
gênero masculino, quanto à faixa etária, 41,18% (n= 21) dos pacientes tinham entre 3 a 6
anos.Verificou-se que 50,98% (n=26) das crianças nasceram de parto Cesáreo. Foram
observadas diferenças estatisticamente significativas (p= << 0,01) quando se avaliou se a
genitora tinha realizado pré-natal 96,08% (n=49) das que não tinham realizado 3,92%
(n=2). Em relação à variável moradia, também foi observada diferença significativa
(p=0,03), na qual 76,47% (n=39) residem na capital e 23,53% (n=12) no interior.
Constatou-se que 72,55% (n=37) das crianças moram em casa própria, 25,49% (n=13)
em casa alugada e 1,96% (n=1) em casa de parente, sendo observada diferença
significante (p= <<0,01). A renda familiar era de 2 a 3 salários 52,94% (n=27). Verificou-se
ainda que 82,35% (n=42) das crianças receberam aleitamento natural exclusivo, número
este significantemente maior (p= << 0,01) do que os que não foram amamentados 17,65%
(n=9). A permanência do aleitamento materno foi em sua maioria 45,10% (23) de mais de
7 meses. Pode se percebe que 45,10% (n=23) era na consistência pastoso.Entre os
hábitos alimentares o uso da colher 88,24% (n=45) teve um valor maior do ponto de vista
estatístico (p= << 0,01) que os que não fizeram uso 11,76% (n=6), assim como os que
também fizeram uso do copo 80,39% (n=41). Já com relação o não uso do canudo a
maioria 78,43% (n=40) foi estatisticamente significante (p= << 0,01) em relação aos que
fizeram uso 21,57% (n=11).Pode se notar que em relação aos hábitos orais o uso da
mamadeira na população estudada foi de 66,67% (n=34), o uso de chupeta 50,98 (n=26).
O hábito de sucção digital 11,76% (n=6) foi significantemente menor (p= << 0,01) com
relação a não realização desse hábito 88,24% (n= 45). Notou-se que a maioria das
crianças apresenta alimentação atual na consistência sólida 98,04% (n=50) tendo valor
estatístico significante (p= << 0,01) em relação à consistência pastosa 1,98% (n=1).
Conclusão: O perfil dos hábitos orais e alimentares em crianças que procuram o
atendimento fonoaudiológico, foi caracterizado por indivíduos que receberam aleitamento
materno por mais de 7 meses, realizaram a transição alimentar no período entre 6 a 9
meses na consistência pastosa, fizeram uso de mamadeira, chupeta, colher, copo e
atualmente alimentam-se com predomínio de alimentos na consistência sólida.

611
Perfil fonoaudiológico de pacientes com lesão encefálica adquirida atendidos em
instituição de reabilitação

Andréa Siqueira Kokanj Santana; Marcela de Oliveira Conde, Giuliana Tessicini, Ellen
Cristina Siqueira Soares Ishigaki

Introdução: A Lesão Encefálica Adquirida (LEA) é causa importante de morbidade e


mortalidade. As sequelas deste quadro neurológico podem levar a dificuldades de fala e
linguagem, além de outros déficits, tais como alterações motoras, cognitivas, sensoriais,
perceptuais, emocionais e comportamentais. Faz-se necessário demonstrar através de
estudos retrospectivos epidemiológicos as características da população atendida na
AACD (Unidade Ibirapuera) no Setor de Fonoaudiologia a fim de demonstrar a
diversidade dos casos no atendimento clínico de pacientes adultos, uma vez que a
instituição presta assistência desde a infância até ao adulto e idoso. Objetivos: Descrever
o perfil dos pacientes da clínica de LEA assistidos no Setor de Fonoaudiologia da AACD
(Unidade Ibirapuera). Métodos: O estudo é uma análise retrospectiva de 293 prontuários
eletrônicos referentes aos atendimentos realizados em 12 meses, no período que
compreende maio de 2012 a maio de 2013. O levantamento realizado levou em
consideração os seguintes parâmetros: procedimento (avaliação / terapia), sexo, idade,
escolaridade, profissão, causa da lesão (AVC, TCE, Anóxia, Tumor, Parkinson, outros),
localização do hemisfério cerebral acometido e diagnóstico fonoaudiológico. Resultados:
Foram encontradas as seguintes distribuições: dos 293 prontuários verificados, 178
pacientes (60,75%) eram do sexo masculino e 115 (39,25%) do sexo feminino com uma
média de idade de 49 anos (Dp: 17,5), e a média da escolaridade foi de 9,3 anos (Dp:
4,45). Todos os pacientes foram submetidos à avaliação e 104 (35,5%) estão ou
estiveram em terapia no Setor de Fonoaudiologia. As causas verificadas das lesões foram
AVC (57,68%, n= 169), sendo 116 (68,64%) isquêmico, 45 (26,63%) hemorrágico e oito
(4,73%) AVCi com transformação hemorrágica; TCE (27,64%. N= 81); Anóxia (5,8%.
N=17); Infecção (3,75%. N= 11); Parkinson (3,41%. N= 10); Tumor (2,73%. N= 8); e
outras causas diversas (1,36%. N= 4). Em relação à localização do acometimento
cerebral, 35,15% das lesões ocorreram em Hemisfério Esquerdo (HE), 22,52% em
Hemisfério Direito (HD), 0,7% foram bilaterais, 0,7% em Tronco Encefálico, 0,34% foram
em Núcleos da Base, 1,36% em Cerebelo, e em 0,7% dos pacientes houve co-ocorrência
de locais de lesão. Em 39,93% dos prontuários não tinham local da lesão especificado.
Em relação às manifestações fonoaudiológicas, foram encontrados 63 pacientes com
Afasia (21,5%), 69 com Disartria (23,55%), 23 com Alteração Linguístico-Cognitiva
(7,85%), 39 com Apraxia (13,31%), 116 com Disfagia (39,6%), nove com Paralisia Facial
(3,07%) e dois com Alteração Sutil de Linguagem (0,7%). Também foram observadas co-
ocorrências de manifestações nos pacientes. Conclusões: A AACD assiste um número
expressivo de pacientes na Clínica de LEA, há uma diversidade de casos e tipos de
lesões. O AVC foi a lesão mais freqüente na população atendida na Clínica de LEA da
AACD- Ibirapuera, e a Disfagia, a manifestação fonoaudiológica mais comumente
encontrada entre eles. Uma alta prevalência de Disartria, seguida de Afasia, também foi
verificada.

612
Período de aleitamento materno de bebês nascidos em hospital do setor público de
São Paulo

Glória Maria Belini; Laura Caruso Ribeiro, Cíntia Kotomi Tanaka

Introdução: A amamentação deve começar a ser considerada como uma especialidade na


área da saúde, necessitando para isso de profissionais capacitados e treinados. É um
processo amplo e complexo que envolve não somente a dupla mãe/bebê, mas também a
família e a sociedade. A amamentação é a melhor maneira de proporcionar o alimento
ideal para o crescimento saudável e o desenvolvimento dos recém-nascidos. O efeito
protetor do leite materno tem início logo após o nascimento. A amamentação deve ser
reconhecida como uma ação que é fundamental para o desenvolvimento humano e trata-
se de um ato de extrema estimulação não apenas de alimentação, mas afetiva,
comunicativa e neuromuscular. A Organização Mundial da Saúde recomenda que seja
ofertado leite materno exclusivo durante os primeiros seis meses de idade; após, para
suprir suas necessidades nutricionais, inicie a introdução de alimentação complementar
segura e nutricionalmente adequada, juntamente com a amamentação, até os dois anos
de idade - ou mais. O desmame precoce traz consequências no desenvolvimento motor-
oral, na oclusão, na respiração e nos aspectos motores orais da criança, portanto
ressaltamos a importância do aleitamento materno. Objetivo: Verificar o período de
aleitamento materno em crianças nascidas na maternidade do hospital do setor público de
São Paulo e as variáveis intervenientes neste período. Método: Fizeram parte deste
estudo mães que deram à luz na maternidade do hospital do setor público de São Paulo,
entre Dezembro de 2008 e Março de 2009 (média de 90 nascimentos/mês) e que
atenderam aos critérios de inclusão de ter disponibilizado, no prontuário do hospital,
número de telefone atualizado; tenha dado à luz um neonato nascido a termo, sem
qualquer intercorrência e que tenha ocorrido internação exclusiva no alojamento conjunto;
ausência de registro em prontuário de alteração cognitiva e/ou psiquiátrica, ou qualquer
outra condição que possa interferir no aleitamento materno; não tenha recebido
atendimento fonoaudiológico durante o período de internação no alojamento conjunto da
neonatologia e aceitar, assinar e enviar via correio eletrônico, o termo de consentimento
livre e esclarecido. Os dados foram obtidos através de análise dos prontuários dos
participantes e da aplicação de um questionário via contato telefônico. Resultados: Na
análise dos resultados observamos diferenças significantes quanto ao tempo de
aleitamento materno que teve como tempo médio 10,8 meses (mínimo 4 meses e máximo
27 meses) sendo que 2 mães não amamentaram e o tempo médio de aleitamento
exclusivo foi de 4,5 meses, sendo maior que o da média da população brasileira. A faixa
etária materna, orientação prévia de amamentação, tipo de parto e experiência anterior
são variáveis que influenciam no tempo de aleitamento materno. Conclusão: Neste
estudo, a partir dos resultados obtidos podemos concluir o tempo médio de aleitamento
materno da população estudada é de 10,8 meses e que o parto natural, orientação prévia,
experiência anterior e idade acima dos 20 anos constituem variáveis que contribuíram
para o aumento do tempo de aleitamento.

613
Prevalência de anquiloglossia em recém – nascidos

Ana Clara de Oliveira Varella; Émille Dalbem Paim, Eva Cristina Biulchi,
Gabriela Decol Mendonça, Lisiane Lieberknecht Siqueira

Anquiloglossia é o termo utilizado para uma alteração anatômica onde ha a inserção


anormal do frênulo lingual no assoalho da boca. O frênulo lingual é uma membrana
mucosa que restringe o alcance de movimento da língua. Quando existe alteração os
movimentos ficam limitados dificultando a sucção, mastigação, fala e deglutição podendo
gerar também alterações oclusais e periodontais. O frênulo lingual adequado é de
extrema importância ao recém nascido devido a necessidade de sucção e amamentação
que o mesmo apresenta, se o frênulo for alterado, o bebê pode ter dificuldades para
realizar a pega no seio materno, não tendo êxito na sucção e retirada do leite o que pode
interferir no ganho de peso do mesmo, além de poder trazer desconforto e dor para as
mães devido a pega inadequada apenas do mamilo. Este trabalho tem como objetivo,
verificar a prevalência de anquiloglossia em recém-nascidos. O estudo tem caráter quali-
quantitativo, onde serão analisados os frênulos linguais de todos os recém nascidos na
maternidade nos meses de janeiro até maio de 2013. Classificando-os como alterado ou
não, através de uma análise visual anatômica.Como resultados, observou-se que ao todo,
nesses cinco meses de análise, nasceram 1288 bebês, sendo que 25 deles fetos mortos
ou foram a óbito antes de 24 horas de vida, 134 bebês tiveram alta hospitalar antes da
realização da análise. 1108 bebês foram avaliados, resultando em 118 (10,64%) frênulos
alterados, sendo 55 do sexo feminino e 63 do sexo masculino. Dos bebês com alteração
94 bebês eram SUS e 24 demais convênios. Tendo em vista tais resultados fica visível a
importância da detecção precoce da anquiloglossia, a divulgação no meio médico sobre
as consequências que a anquiloglossia pode trazer principalmente quanto ao aleitamento
materno e a elaboração de políticas públicas que viabilizem o encaminhamento destes
bebês para frenotomia, tendo em vista que a grande maioria faz parte da rede SUS e,
estes tem difícil acesso na resolução deste problema.

614
Procedimento operacional padrão (pop) para ação da fonoaudiologia em uma
unidade hospitalar

Maria José de Freitas Duarte; Luiz Augusto de Paula Souza

Introdução: Este trabalho surgiu da necessidade de padronizar as rotinas da


fonoaudiologia em um hospital de grande porte e alta complexidade da cidade de São
Paulo, que investe em processos de Acreditação e de qualidade de serviços. Sabe-se que
os programas de qualidade preconizam o estabelecimento de a padrões de trabalho
voltados ao atendimento das necessidades dos pacientes e seus familiares. Trata-se de
um eixo central no gerenciamento da qualidade dos serviços prestados na área hospitalar;
o que contemplamos, na fonoaudiologia, por meio de protocolos de avaliação e
tratamento. A presente pesquisa analisou a implementação de Procedimentos
Operacionais Padrão (POP’s) para as atividades realizadas no setor de fonoaudiologia,
com vistas a maior eficiência e eficácia no processo, a partir das normas de gestão de
qualidade do serviço, o que supõe, inclusive, introduzir alterações e aprimoramentos,
quando necessários, para acompanhar progressos técnico-científicos e contribuir com o
desenvolvimento das atividades de rotina da prática clínica. Objetivo: Analisar o uso de
protocolos no hospital para sistematizar a assistência da fonoaudiologia, bem como suas
relações e processos de trabalho na equipe multiprofissional de saúde. Metodologia:
Levantamento dos protocolos da fonoaudiologia utilizados no hospital; análise dos
resultados de seus usos; e elaboração de eventuais sugestões de revisão e
aprimoramento. Resultados: A implementação dos procedimentos operacionais, na
sistematização da assistência fonoaudiológica, mostrou a necessidade de adequações e
formulação de instruções para equipe multidisciplinar, auxiliando na otimização do uso
dos protocolos na assistência. Conclusão: A utilização dos POPs pela fonoaudiologia tem
possibilitado a padronização e a otimização de ações, inclusive nas realizadas com a
equipe multidisciplinar, contribuindo com a necessária organização do processo de
trabalho hospitalar, bem como com a qualidade da assistência à saúde ofertada.

615
Programa de intervenção fonoaudiológica em atenção básica: alimentação saudável
e presbifagia

Guadalupe Marcondes de Moura; Ana Luiza de Souza Morrone, Juliana Gonçalves,


Raiene Telassin Barbosa Abbas

Introdução: De acordo com estudo epidemiológico brasileiro (RAMOS, 2003) o declínio


cognitivo e o declínio funcional foram detectados como fatores significativos de
mortalidade na população idosa, porém, estes são fatores mutáveis que podem ser
prevenidos com intervenção precoce de promoção e prevenção de saúde. Objetivos:
Desenvolver programa de intervenção fonoaudiológica para a promoção e prevenção da
saúde em pacientes idosos, participantes de um grupo de caminhada, a partir dos eixos
temáticos: Alimentação Saudável e Presbifagia. Metodologia: Realização de atividades
com grupo de caminhada pertencente a uma UBS na região oeste de São Paulo, em um
período de três semanas, abordando questões sobre motricidade orofacial, higiene oral,
respiração, presbifagia, alimentação sustentável e saudável e suas implicações para a
memória. O programa ocorreu em três etapas: A primeira consistiu no empoderamento
dos idosos sobre os temas citados, com a realização de uma dinâmica denominada
“Estação do Conhecimento”, em que os participantes – 15 pessoas por semana, em
média – percorriam um circuito para saber mais sobre saúde fonoaudiológica. A segunda
etapa constou de um “Quiz Fonoaudiológico” e um plantão de dúvidas em que foi possível
verificar a sedimentação dos conhecimentos adquiridos na atividade anterior e responder
a questões remanescentes. A terceira e última etapa constou de um café da manhã
sustentável retomando os assuntos abordados nas etapas anteriores e do levantamento
das opiniões dos idosos sobre a importância das atividades para a promoção e prevenção
da saúde na terceira idade. Resultados: Observou-se em todas as etapas do programa o
interesse integral do grupo e a real sedimentação do assunto com 100% de acertos na
verificação do conteúdo proposto na última etapa. Conclusão: Os resultados indicam que
o programa de intervenção fonoaudiológica realizado consistiu em efetiva ação de
promoção e prevenção da saúde ampliando o conhecimento do grupo de caminhada
sobre a saúde geral, com foco nos aspectos fonoaudiológicos.

616
Promoção da saúde no ambiente escolar para adolescentes: oficina educativa
sobre saúde auditiva

Christina Cesar Praça Brasil; Mirian Barroso de Albuquerque, Ana Angélica Silveira Mota,
Juliana da Fonseca Bezerra, Raimunda Magalhães da Silva, Nayara Kelly Pires Lima

Introdução: A perda auditiva interfere no desenvolvimento da linguagem, da fala e da


aprendizagem, podendo prejudicar o desenvolvimento escolar e as relações sociais. Na
adolescência, a integridade auditiva pode estar relacionada ao estilo de vida e às
atividades de lazer, visto que os ambientes onde os jovens costumam se encontrar
podem apresentar ruído ambiental superior a 100 dBA. Os equipamentos sonoros
portáteis, com fones de ouvido, são outros fatores de risco, podendo ultrapassar esta
inten¬sidade. Nesse contexto, a Liga de Estudos da Saúde da Mulher e do Adolescente
(LEMA), projeto de Extensão da Universidade de Fortaleza, objetiva promover ações de
saúde relacionadas a essa população. Atua de forma interdisciplinar e participativa, tendo
realizando várias ações relacionadas à saúde vocal, auditiva, sexual, reprodutiva, drogas
e violência voltadas ao adolescente no ambiente escolar. Objetivo: Realizar ações
educativas, buscando identificar o conhecimento dos adolescentes sobre saúde auditiva,
além de oferecer acesso a informações sobre este assunto. Método: Estudo quantitativo
realizado em uma escola da rede estadual do Ceará, no município de Fortaleza, de abril a
junho de 2013. Participaram do estudo 47 alunos do ensino médio, entre 16 e 20 anos. Os
dados foram coletados mediante aplicação de um questionário de auto-avaliação e uma
triagem auditiva. A análise dos dados foi realizada à luz da literatura sobre promoção da
saúde auditiva. Pesquisa aprovada pelo COÉTICA/UNIFOR, sob o parecer nº 055/2010.
Resultados: Vinte participantes afirmaram ter dificuldade para ouvir ou entender em
algumas situações, provavelmente pelo uso intensivo de equipamentos acústicos. O fone
de ouvido é utilizado por 44 estudantes; dentre eles, 23 referiram escutar som com fone
de ouvido em volume alto; 16 usam equipamento sonoro menos de 1 hora/dia e 16
escutam de 1 a 2 horas/dia; 17 afirmaram ficar mais de 3 horas em uma festa; 12
disseram ir a festas de 1 a 2 vezes por semana. Sobre o cuidado e a higiene do ouvido,
44 fazem uso do cotonete. Embasados nas respostas obtidas, realizou-se uma oficina
para reduzir os riscos à saúde auditiva, abordando temas que versaram sobre a anatomia
do ouvido, condutas para prevenir as perdas auditivas e orientações sobre higiene e
cuidados com o ouvido. A triagem auditiva, realizada após a oficina, adotando o limiar de
normalidade de 35dB, foi aplicada em todos os estudantes, não revelando nenhum com
perda auditiva. Conclusão: Os hábitos nocivos, a exposição ao ruído e a falta de
conhecimento sobre higiene auricular podem levar a distúrbios e a perda auditiva. Os
adolescentes são capazes de perceber os impactos sociais causados pela dificuldade de
compreensão que interferem no desempenho escolar. Entretanto, desconhecem
estratégias básicas para a manutenção da saúde auditiva, havendo a necessidade de
ampliar as ações que abordem essa temática nas escolas. O LEMA constitui uma
estratégia que possibilita o compartilhamento de informações de forma dinâmica e
continuada, incentivando a co-responsabilização dos adolescentes no cuidado à saúde.

617
Promoção e prevenção da saúde no sertão pernambucano: um relato de
experiência em fonoaudiologia

Ana Carolina de Lima Gusmão Gomes; Elaine Cristina Bezerra dos Santos, Amanda
Roselle Candido da Silva, Jônia Alves Lucena, Maria De Fátima Silva de Sousa

Introdução: A Carta de Ottawa define promoção da saúde como o processo de


capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde,
incluindo uma maior participação no controle deste processo. A promoção da saúde no
âmbito escolar faz parte de uma versão integral e multidisciplinar do ser humano, que
considera as pessoas em seu contexto familiar, comunitário, social e ambiental. Assim, as
ações de promoção de saúde visam desenvolver conhecimentos, habilidades e destrezas
para o autocuidado da saúde e a prevenção das condutas de risco em todas as
oportunidades e educativas. As ações de promoção e prevenção da saúde foram
realizadas no município de Afogados da Ingazeira, que pertence ao sertão
pernambucano. Este município possui cerca de 35.500 habitantes, e índice de
desenvolvimento humano igual a 0,68. Esse parâmetro serviu para fazermos analise das
cidades com baixo desenvolvimento e que necessitam de maior atenção em saúde e
educação, principalmente. Por isso, reunindo a equipe de fonoaudiologia da Universidade
de São Paulo e Universidade Federal de Pernambuco realizamos ações de promoção em
saúde da comunicação humana nas escolas públicas do município. Objetivos: Promover a
saúde da comunicação humana no seu desenvolvimento normal em crianças; Orientar
sobre a importância da transição alimentar aos pais e crianças; Estimular a remoção de
hábitos orais deletérios; Orientar aos pais em relação ao desenvolvimento normal da
linguagem; Relatar aos pais os cuidados com a audição e voz. Métodos: O presente
trabalho refere-se à promoção da saúde realizada com crianças das escolas públicas do
Sertão de Pernambuco, município de Afogados da Ingazeira, no período 10 a 18 de
dezembro de 2012, o qual consistiu em palestras em salas de aulas concentradas na
transformação dos comportamentos das crianças juntamente com seus familiares,
visando nos seus estilos de vida, nos ambientes em que vivem e nas culturas das
comunidades em que estão inseridas. Para isto, foram realizadas atividades, por nós da
fonoaudiologia juntamente com a odontologia e nutrição concentrada em componentes
educativos que estivessem sobre controle dos sujeitos. Resultados: Conscientização e
conceituação aos pais sobre as áreas relacionadas à fonoaudiologia, bem como
promoção da saúde auditiva, alimentar, inibição de hábitos deletérios e estimulação para
o desenvolvimento da comunicação das crianças.Estes resultados foram observados in
loco. Melhor desenvolvimento das habilidades comunicativas das crianças visando a
aquisição de novos conhecimentos. Conhecimentos ampliados dos pais ou parentes
acerca dos aspectos que englobam a saúde da comunicação humana. Conclusões: Foi
percebida a necessidade de um profissional da saúde atuando diretamente na vida
cotidiana das crianças juntamente com seus familiares, estimulando as habilidades
comunicativas das crianças. Principalmente, por se tratar de um local que dificulta o
processo de desenvolvimento. Os graduandos vivenciaram integração teórico-prática e
perceberam a importância da ação para sua formação integral, ampliam cada vez mais a
visão de promoção da saúde e reforçam o compromisso com a melhoria da qualidade de
vida do ser humano.

618
Proposta de instrumento de avaliação de profissionais da rede de saúde auditiva de
Minas Gerais

Andrezza Gonzalez Escarce; Sirley Alves da Silva Carvalho, Stela Maris de Aguiar Lemos

Introdução: Em outubro de 2004 foram criadas as Redes Estaduais de Atenção à Saúde


Auditiva, que determinaram a organização de redes hierarquizadas, regionalizadas e
integradas na atenção básica, média e alta complexidade. Estabelecidas as Redes e
estando o serviço em funcionamento, faz-se necessário a avaliação destes serviços,
buscando-se as diferentes percepções (gestores, profissionais e usuários). Objetivo:
Apresentar uma proposta de instrumento para avaliar o perfil e a satisfação dos
profissionais que integram as equipes de saúde auditiva, da Rede de Atenção à Saúde
Auditiva, de duas microrregiões de Minas Gerais. Metodologia: Estudo descritivo,
conduzido entre abril de 2011 e fevereiro de 2012, realizado com 34 profissionais
(otorrinolaringologistas, fonoaudiólogo, assistente social, psicólogo e coordenador de
serviço) do serviço de atenção à Saúde Auditiva, pertencentes à Rede de Atenção à
Saúde Auditiva de duas microrregiões e a um SASA, ambos de Minas Gerais. A pesquisa
se deu por meio da aplicação de um questionário, elaborado pelos pesquisadores,
compostos por seis eixos: Caracterização do profissional, Dados do atendimento,
Conhecimento do profissional quanto ao perfil da população atendida, Equipe, Satisfação
do profissional e Comunicação e trabalho. Pesquisa financiada pela FAPEMIG e inserida
no projeto “Avaliação da implementação da rede de atenção à saúde auditiva: um estudo
de caso das microrregiões de Sete Lagoas e Curvelo, Minas Gerais”, aprovado pelo
COEP UFMG, parecer ETIC 186-10. Resultados: A média de idade dos entrevistados foi
de 31,54 anos, o tempo médio de serviço de 38,38 meses, 79,4% eram fonoaudiólogos;
72,5% contratados, e 52,9% já haviam atuado no setor público, 41,2% possuíam pós
graduação e 61,8% possuía média salarial entre R$ 1.091,00 e R$ 2.180,00. Os itens
citados como mais realizados foram “Acolhimento de pacientes”, “Encaminhamento de
pacientes” e “Terapia Individual”. Os menos realizados: “Adaptação e seleção de AASI”,
“Diagnóstico audiológico” e “Terapia em grupo”. A maioria da população atendida era
composta por idosos (88,24%) e residia no município de trabalho do profissional
(73,53%).Metade dos profissionais relatou haver discussão dos casos clínicos pelas
equipes e planejamento de ações. A maioria relatou não haver demanda administrativa
(58,8%) e discussão dos resultados alcançados (57,67%). Todas as equipes possuíam
fonoaudiólogos, 58,82% assistente social e/ou psicólogo, 17,65% auxiliar administrativo e
2,94% otorrinolaringologista. Na maioria dos aspectos, os profissionais estão satisfeitos
com o serviço no qual estão inseridos (“Perfil da população atendida”, “Comunicação no
trabalho”, “Atividades desenvolvidas”, “Rotina de trabalho”, “Perfil da equipe em que atua”,
“Perspectiva de atuação” e “Espaço físico”) e com a maneira que a equipe se comunica.
Já os itens “Politica de recursos humanos”, “Equipamentos para diagnóstico” e “Política
salarial” foram citados como de insatisfação.Conclusão: O instrumento proposto
conseguiu atingir seu objetivo, permitindo que fosse realizado o delineamento do perfil e
mensurado o grau de satisfação dos profissionais. Além disso, contemplou as categorias
estrutura, processo e resultado, essenciais para uma boa avaliação em saúde. A
homogeneidade da amostra (maioria dos profissionais eram fonoaudiólogos) pode ter
retratado a opinião dessa classe, entretanto, quando aplicado a outros profissionais, o
instrumento mostrou-se eficiente e capaz de responder ao que foi proposto.

619
Proposta de protocolo de observação de situação alimentar em instituição de
educação infantil

Marcia Simões-Zenari; Mariangela Lopes Bitar, Bruna Thais Simoni

Introdução. A importância da alimentação não se refere somente à satisfação das


necessidades nutricionais da criança, mas ao fato de estar relacionada com a promoção
do desenvolvimento da motricidade orofacial e funções estomatognáticas. As práticas
alimentares nos primeiros anos de vida terão forte impacto no estabelecimento de bons
hábitos que contribuirão com a saúde do indivíduo. As ações voltadas à oferta dos
alimentos nas instituições de educação infantil estão em constante avaliação para que
possam realmente promover o desenvolvimento das crianças. A sistematização da
observação nessa área poderá contribuir com essas práticas. Objetivo: Analisar protocolo
de observação coletiva de alimentação utilizado por educadores e fonoaudiólogos, com
formato/linguagem adaptado para cada segmento, com vistas a verificar se as práticas em
alimentação estão adequadas e se o desenvolvimento das crianças está dentro do
esperado. Método: Foram realizadas pela estagiária de fonoaudiologia quatro
observações coletivas de 45 crianças de quatro a cinco anos divididas em quatro grupos
em uma creche durante o momento de almoço. Foi utilizado protocolo elaborado para
este estudo para caracterizar aspectos individuais e coletivos do momento de
alimentação. Foi criada uma pontuação em que quanto menores os valores mais
alterados os aspectos observados. O mesmo protocolo, numa linguagem adaptada, foi
utilizado por três das quatro educadoras responsáveis pelos mesmos grupos de crianças.
Realizou-se orientação prévia acerca dos aspectos envolvidos. Para correlacionar as
informações dos protocolos com dados individuais foi realizada avaliação dos órgãos da
fala e funções alimentares das crianças, com uso de uma versão reduzida do Protocolo
de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandido (AMIOFE-E). Foi
considerada a pontuação proposta pelo protocolo. Para análise estatística foi utilizada a
distribuição de frequência dos aspectos observados pela estagiária e educadora, além da
análise descritiva (média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo) da pontuação no
AMIOFE-E e a correlação entre todos os dados. A análise inferencial foi realizada pelo
teste de Fisher e o nível de significância adotado foi de 5%. Resultados. A pontuação final
dos protocolos variou entre 4 e 9 pontos, com 60% das crianças com 8 pontos
(observação da estagiária) e entre 5 e 9 pontos, com 48,9% das crianças com 9 pontos
(observação das educadoras). A comparação entre ambos indicou diferença apenas nas
observações sobre o padrão de mastigação. Houve correlação entre o desempenho das
crianças no AMIOFE-E e a pontuação final nos protocolos de observação da estagiária e
das educadoras, ou seja, um participante considerado adequado no protocolo de
observação tendeu a ser classificado como adequado no AMIOFE-E. Conclusão: Houve
concordância entre o AMIOFE-E, considerado padrão de referência neste estudo, e o
protocolo de observação coletiva aplicado tanto pela estagiária quanto pelas educadoras.
A correlação entre as observações e avaliações indicou que este pode ser aplicado em
creches como mais um instrumento que contribua para a discussão sobre os aspectos
que influenciam no desenvolvimento das crianças, principalmente, neste caso, aspectos
da mastigação, uma vez que apenas o olhar do especialista detectou aspectos alterados
nesta função.

620
Qualidade de vida e voz na perspectiva de mulheres empreendedoras

Christina Cesar Praça Brasil; Mírian Barroso de Albuquerque, Raimunda Magalhães da


Silva, Lília Maia de Morais Sales, Juliana da Fonsêca Bezerra, Geraldo Flamarion da
Ponte Liberato Filho

Introdução: A saúde da mulher motiva estudos, visando à melhoria da qualidade de vida e


sua adequação às demandas sociais e profissionais a que estão expostas. Nesse
contexto, a saúde vocal não pode ser esquecida, visto que a boa comunicação oral é fator
relevante para a abertura de novas oportunidades. A voz da mulher merece atenção
especial, diante das interferências que sofre dos fatores anatomofuncionais, emocionais e
ocupacionais. Muitas mulheres têm procurado a inserção no mercado de trabalho,
buscando a realização pessoal e a independência financeira, o que impacta na sua
qualidade de vida. Para isso, participam de cursos de formação para a ocupação de
novas funções ou aperfeiçoamento de habilidades. Estas ações mostram atitudes
empreendedoras, levando-as a ocupar lugar de destaque em relação aos homens. O
projeto “Flores do Bom Jardim”, criado em junho de 2011, na Universidade de Fortaleza,
objetiva o desenvolvimento de perspectivas positivas para as mulheres do Bairro Bom
Jardim, empoderando-as e possibilitando o seu aperfeiçoamento em diversas áreas
profissionalizantes e em atividades que gerem renda. Dentre estas, a comunicação oral
configura-se como ferramenta essencial para o alcance dos objetivos propostos. Objetivo:
Investigar a percepção das mulheres participantes do Projeto Flores do Bom Jardim sobre
os impactos da voz na qualidade de vida. Métodos: Estudo quantitativo, incluindo 120
mulheres, com faixa etária predominante de 20 a 40 anos. Para a coleta de dados,
utilizou-se o protocolo Qualidade de Vida e Voz (QVV), tendo sido preenchido
individualmente, após assinatura do Termo de Consentimento e Livre Esclarecimento.
Foram analisados os três domínios do protocolo – físico, sócio-emocional e global - onde
os valores podem variar de 0-100 escores, sendo piores aqueles com proximidade a 0.
Para a análise dos dados, consideraram-se os escores de 81-100 como baixo impacto da
voz na qualidade de vida (Grupo A), 61-80 médio impacto (Grupo B) e menor ou igual a
60, como alto impacto (Grupo C). Estudo vinculado ao projeto guarda-chuva “Saúde da
Mulher e a interface com a integralidade, a tecnologia e promoção da saúde”, aprovado
pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza sob o parecer nº 055/2010.
Resultados: No domínio sócio-emocional, o Grupo A obteve 86,7% das entrevistadas com
escore médio de 90,62; o Grupo B, com 9,2% das entrevistadas com escore médio de
68,75 e o Grupo C, com 4,1% com escore médio de 36,35. No domínio físico, o Grupo A
apresentou 75% das entrevistadas com escore médio de 91,66; o Grupo B, com 18,3%
com escore médio de 72,16 e o Grupo C, com 6,7% com escore médio de 42,35.
Conclusões: Observou-se que o domínio sócio-emocional foi o que representou os
maiores impactos da voz na QV do grupo estudado; enquanto o domínio físico apresentou
os menores impactos. Porém, as participantes não demonstraram uma visão precisa
sobre a importância da saúde vocal para o alcance dos seus objetivos como
empreendedoras, havendo a necessidade da inclusão de conteúdos sobre a saúde vocal
nos processos de formação profissional para a otimização dos padrões de comunicação
oral.

621
Referred speech-language and hearing complaints in the western region of São
Paulo, Brazil

Daniela Regina Molini-Avejonas; Alessandra Gianella Samelli, Silmara Rondon, Fátima


Correa Oliver

The aim of this study was to characterize the epidemiological profile of the population
attending primary health care units in the western region of the city of São Paulo, Brazil,
highlighting referred speech-language and hearing complaints from activities developed in
the Education Program for Health Work (PET-Saúde). Method: This is a cross sectional
observational study conducted in health care units of the primary health care. Household
surveys were conducted from students and health community workers and information
about 2.602 individuals, including data related to education, family income, health issues,
access to public services, access to health services among others, were collected. The
speech-language and hearing complaints were identified from specific questions. Results:
Our results show that populations that participated in the survey are heterogeneous in
terms of demographic and economic characteristics. The prevalence of referred speech-
language and hearing complaints in this population was 10%, and only half of the users of
the public health system in the studied region who had complaints were monitored or
received specific treatment. Conclusions: The results demonstrate the importance of using
population surveys to identify speech-language and hearing complaints at the level of
primary health care. Moreover, they highlight the need for reorganization of speech-
language pathology and audiology service in the western region of São Paulo, as well as
the need for improvement of the Family Health Strategy in areas that do not have a
complete coverage, in order to expand and improve the territorial diagnostic and the
speech-language pathology and audiology actions related to the prevention, identification,
and rehabilitation of human communication disorders.

622
Representações sociais do idoso

Paula Cristina Grade Correia; Ana Catarina Afonso Monteiro, Ana Paula Lopes Tavares
Martins, Olinda Roldão

Introdução: De acordo com a teoria curso de vida (Life Span), o envelhecimento faz parte
do trajeto de vida de cada indivíduo e é composto por ganhos e perdas. Existe um
desenvolvimento constante e progressivo, influenciado socialmente por ideais, valores,
crenças e pela história pessoal de cada pessoa, sendo consensual que o processo de
envelhecimento humano varia de pessoa para pessoa. Dos estudos desenvolvidos sobre
a temática, emerge no final dos anos 60 o termo ideatismo, que se refere às atitudes e
práticas negativas generalizadas em relação à idade dos indivíduos. Comporta valores
culturais e práticas institucionais do ser humano que se apresentam como atitudes
negativas coletivas. O estudo das representações sociais acerca dos idosos é um
contributo indispensável para uma melhor compreensão dos processos cognitivos e
afetivos dos adolescentes, adultos e idosos, que circundam esta temática, promovendo a
compreensão, consciencialização e mudança de atitudes face a esta problemática na
sociedade atual. Objetivos: Identificar as representações sociais do idoso em função de
diferentes momentos no processo de desenvolvimento humano (adolescência, idade
adulta, senescência). Métodos: Do ponto de vista metodológico, recorreu-se à Teoria das
Representações Sociais proposta por Moscovici, aliada à Teoria do Núcleo Central
elaborada por Abric, integradas na Psicologia Social. Participaram no estudo 150
indivíduos (50 adolescentes, 50 adultos e 50 idosos) de ambos os sexos (Me=44 anos;
Range idade=10-85 anos), tendo sido inquiridos através de três instrumentos:
Questionário sociodemográfico, Guião de entrevista estruturado (baseado na técnica de
evocação livre de Abric, proporcionou a colheita de informações acerca das
representações sociais face ao termo indutor “Ser Idoso”) e Mini-Mental State
Examination (só para indivíduos com mais de 65 anos). Resultados: Obteve-se um total
de 550 evocações com 417 termos diferentes. Após a análise de conteúdo dos termos
evocados definiu-se um sistema representacional, reunido em 12 subcategorias (Ciclo
vital, Aspeto pessoal, Doenças, Perdas físicas e funcionais, Caraterísticas de
personalidade, Comportamentos e atitudes, Componentes emocionais, Cognição,
Isolamento social, Família, Exclusão social e Proteção social). Os resultados
demonstraram também que, para a maioria dos participantes, a representação central de
ser idoso corresponde ao conjunto de evocações relacionadas com as diferentes fases da
vida, identificadas na subcategoria Ciclo vital. Os inquiridos referem o “Ser Idoso” como
um processo de desenvolvimento que faz parte da evolução humana e baseiam-se na
idade cronológica para o determinar. A partir das respostas dadas ressaltam-se alguns
estereótipos positivos (Envelhecer, Longevidade, Maturidade) e outros negativos (Morte,
Velho, Idade). Conclusão: Com este estudo foi possível identificar as categorias
representacionais de “ser idoso” para as três etapas do desenvolvimento humano
estudadas e, igualmente, identificar os estereótipos positivos e negativos a ele
associados.

623
Saúde auditiva na Bahia: o que tem sido pesquisado sobre a audição dos baianos?

Suelaine Alves da Silva; Luciene da Cruz Fernandes, Luzia Poliana Anjos da Silva,
Joiceangela Alves Nascimento, Lidiane dos Santos Sotero

Introdução: Ações em saúde auditiva visam favorecer o melhor gerenciamento sonoro ao


indivíduo. Desta forma, em 2004 o Brasil implantou a Política Nacional de Saúde Auditiva
(PNSA), que prevê o desenvolvimento de estratégias para promoção da qualidade de
vida, educação, proteção e recuperação da saúde e prevenção de danos, além da
proteção e desenvolvimento da autonomia e equidade de indivíduos e coletividades. A
Bahia iniciou suas ações para concordância com a PNSA em 2005, contudo são
incipientes os estudos que apresentam o cenário da saúde auditiva no estado. Objetivo:
Realizar uma revisão sistemática das publicações sobre saúde auditiva dos residentes do
estado da Bahia. Metodologia: Revisão de literatura que busca estudar de forma analítica
os achados. Foi realizada uma busca sistemática no mês de janeiro do ano de 2013 nos
bancos de dados Scielo, Lílacs, BVS e Google Acadêmico, usando, associado ao
descritor “Bahia”, outros como: saúde auditiva; reabilitação auditiva; deficiência auditiva;
prevenção; promoção; triagem auditiva; prótese auditiva; surdez; vestibular e zumbido. Os
artigos científicos foram catalogados segundo suas linhas de pesquisa e posteriormente
analisados quanto às características sobre a audição dos baianos que prevaleceram.
Resultado: Foram encontrados 18 artigos científicos de acesso livre, estes foram
catalogados segundo quatro tipos de classificações definidos pelos pesquisadores, a
saber: Epidemiologia da audição na Bahia, que representou 44%, Investigações clínicas
em audiologia, constando de 33%, Reabilitação auditiva, com 17% e por fim estudos em
Prevenção auditiva, que representou 6% das publicações analisadas. Discussão:
Observou-se que apenas um estudo caracterizou a perda auditiva sem associar a uma
patologia específica, realizado em 2006, e que buscou definir os fatores etiológicos da
deficiência auditiva de um grupo baiano, no qual se evidenciou como principal fator
etiológico a rubéola materna, seguida da meningite piogênica e causas idiopáticas. A
maior parte das crianças teve perda do tipo neurossensorial de grau profundo, porém
menos da metade destas não estavam usando prótese auditiva, devido a não aquisição
e/ou adaptação. Sobre a detecção precoce da perda auditiva, pesquisas apontaram um
atraso significante neste processo, visto que um estudo realizado em 2009 informou que
esta ocorre por volta dos dois anos de idade. Associado a este fator, os estudos
demonstram uma dificuldade no funcionamento adequado do processo de diagnóstico da
perda auditiva na Bahia, visto que há atrasos no mesmo, não realização da triagem
auditiva neonatal por falta de informações da população envolvida (pais e profissionais de
saúde) que sofre influência de fatores sociodemográficos das famílias, como baixa renda
e escolaridade. Observou-se também em uma pesquisa de 1998, com amostra
significante de 7.925 trabalhadores, sobre Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que
um em cada três trabalhadores desenvolveu algum grau de perda em um dos ouvidos.
Conclusão: A saúde auditiva na Bahia necessita de mais ações de prevenção sobre os
fatores de risco para perda auditiva, melhoria nos serviços de diagnóstico precoce, ações
de promoção e educação em saúde e melhoria da atenção a saúde auditiva do
trabalhador. Além da necessidade de pesquisas epidemiológicas com amostras
significativas por todo o estado.

624
Saúde vocal na adolescência: a “lema” em ação

Christina Cesar Praça Brasil; Mírian Barroso de Albuquerque, Ana Angelica Silveira Mota,
Juliana da Fonseca Bezerra, Raimunda Magalhães da Silva, Nayara Kelly Pires Lima

Introdução: A Liga de Estudos da Saúde da Mulher e do Adolescente (LEMA) constitui um


projeto de Extensão da Universidade de Fortaleza que objetiva estudar e promover ações
de saúde relacionadas a essa população. Nesse contexto, atua de forma interdisciplinar,
agregando conhecimentos e estratégias que ofereçam a melhoria da qualidade de vida
em diversos ambientes inseridos na saúde coletiva. Assim, foram planejadas e
executadas, no primeiro semestre de 2013, uma série de ações voltadas ao adolescente
no ambiente escolar, incluindo abordagens sobre: saúde vocal, auditiva, sexual,
reprodutiva, drogas e violência. Objetivo: Realizar oficina educativa, buscando identificar o
conhecimento dos adolescentes sobre saúde vocal e oferecendo acesso a informações
sobre este assunto. Método: Estudo qualitativo realizado em uma escola da rede estadual
de ensino do Ceará, no município de Fortaleza, no período de março a abril de 2013.
Participaram do estudo 106 alunos, do ensino médio, na faixa etária de 15 a 19 anos
(média = 16 anos), sendo 60 (56,60%) do sexo feminino e 46 (43,40%) do sexo
masculino. Os dados foram coletados mediante aplicação do questionário de auto-
avaliação da percepção vocal, após assinatura do Termo de Consentimento e Livre
Esclarecimento. A análise dos dados foi realizada com base na análise de conteúdo de
Bardin. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza sob o
parecer nº 055/2010. Resultados: O grito foi o aspecto mais referido (91,51%) como
nocivo à voz e a rouquidão foi identificada como o distúrbio vocal mais conhecido
(70,75%). Além do grito; tomar gelado, em seguida quente; fumar; falar alto; cantar sem
técnica vocal; usar bebidas alcoólicas; pigarrear e cochichar foram outros aspectos
nocivos à voz apontados. Registrou-se que muitos desses hábitos estão relacionados ao
estilo de vida e às preferências de lazer desses jovens. O grito foi definido por muitos
como uma reafirmação de “poder”, como a possibilidade de “demarcar território”. Com
relação aos momentos de lazer, o uso de bebidas alcoólicas e cantar sem técnica vocal
foram descritos como comportamentos que geram prazer, apesar de reconhecerem os
danos causados à voz. Quanto aos distúrbios vocais apresentados atual ou
anteriormente, os três referidos com maior frequência foram: rouquidão, tosse e dor na
garganta. Os quais aparecem, com maior frequência, após abuso vocal. Conclusão: A
realização de educação em saúde vocal nas escolas para adolescentes é de fundamental
importância, visto que os mesmos reconhecem parcialmente os fatores prejudiciais à voz,
porém não adotam uma postura consciente de conservação vocal, uma vez que relatam a
prática de abuso vocal na vida cotidiana. São necessárias orientações e campanhas para
a mudança de comportamento para a promoção da saúde vocal. O interesse dos
adolescentes pelo assunto também foi observado, principalmente diante de atividades
dinâmicas e participativas.

625
Sistema de informatização em um núcleo de fonoaudiologia de uma unidade básica
de saúde

Andrea Wander Bonamigo; Letícia Kurtz, Jade Zaccarias Bello, Isadora de Oliveira Lemos

Introdução: O sistema de informação de registro dos pacientes de um serviço público é


essencial para a assistência oferecida, organização da demanda, controle e
monitoramento, além de implicar na avaliação e no aprimoramento da gestão. A análise
dos dados fornecidos pela sistematização dos pacientes no SUS pode auxiliar no
planejamento dos recursos humanos e físicos em saúde de cada região. Além disso, as
informações geradas pelo sistema de informação de saúde poderão subsidiar o
estabelecimento de referência e contra-referência entre as especialidades nos mais
diversos níveis de atenção. Objetivos: Cadastrar os pacientes encaminhados ao Núcleo
de Fonoaudiologia de uma Unidade Básica de Saúde de Porto Alegre referência regional
nessa especialidade. Metodologia: As informações dos pacientes encaminhados ao
Núcleo de Fonoaudiologia, a partir do documento de referência e contra-referência
Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT), foram cadastradas em um programa
de informatização construído para este fim, variáveis como identificação do paciente, data
de nascimento, idade, nome da mãe, endereço, encaminhado por quem, queixa e
descrição da indicação de capítulos do Código Internacional de Doenças (CID).
Resultados: O núcleo de fonoaudiologia da UBS Assis Brasil é referência para 16
unidades de saúde do Distrito Norte Eixo Baltazar, da cidade de Porto Alegre que tem
cerca de 200.000 habitantes no seu território. O serviço de fonoaudiologia contempla o
estágio em saúde coletiva, que em 8 horas semanais, envolve 15 estagiários e 2
supervisores docentes. No momento, 33 sujeitos estão em atendimento individual ou em
grupo, porém há ainda uma espera de 108 sujeitos. Desses a maioria crianças,
representando 89,7% dos encaminhamentos, sendo as queixas principais de gagueira e
dificuldade de fala, totalizando 24,8% e 9,48%, respectivamente. O número de idosos é
de 5,6%, com queixa principal de sequelas de AVC com 90,2%, seguido de queixas de
voz, com 9,8%; em seguida, o número de adultos representa 4,65% dos
encaminhamentos, tendo como única queixa as sequelas de AVC. Conclusão: A
informatização do Núcleo de Fonoaudiologia contribuiu para o planejamento de processo
de trabalho, ou seja, para a organização das queixas no que diz respeito aos
procedimentos: representam os atendimentos de consultas individuais e coletivas
terapêuticas e educativas e visitas domiciliares. Comprometidos com a gestão e o
planejamento, apoiados pela informatização, se produziu a organização, coordenação e
integração da atenção à saúde fonoaudiológica a fim de cumprir a integralidade, a
longitudinalidade, a responsabilização, humanização e a acessibilidade.

626
Situação do aleitamento materno em programa de saúde da família

Isabel Cristiane Kuniyoshi; Suélen Naiára Batista da Silva, Lidiane Cristina Barraviera
Rodrigues, Ana Karolina Zampronio Bassi, Lorena Cristina Brito do Nascimento, Daniele
de Oliveira Brito

Introdução: Com o objetivo de priorizar a saúde básica foi criado o Programa de Saúde da
Família que é tido como um programa incremental do Sistema Único de Saúde que
prioriza as ações de proteção e promoção à saúde dos indivíduos e da família, tanto de
adultos quanto de crianças, sadios ou doentes, de forma integral e contínua. Sendo que a
atenção à criança é uma prioridade para o Programa de Saúde da Família e uma das
ações relacionadas à saúde da criança, o incentivo ao aleitamento materno é uma
importante estratégia para a redução da morbi-mortalidade infantil. Objetivo: Investigar a
situação do aleitamento materno no Programa de Saúde da Família, verificando a
prevalência da prática do aleitamento materno exclusivo e predominante identificando a
origem das orientações recebidas pelas gestantes e puérperas, destacando os fatores
motivadores do aleitamento materno e pesquisar as causas do desmame. Métodos:
Participaram do estudo 6 gestantes e 33 genitoras, totalizando 39 mulheres com média de
idade de 23,41 anos. Os critérios de inclusão adotados foram: mulheres gestantes e
genitoras de bebês de até 24 meses, participantes do Programa de Saúde da Família
(PSF). Foi aplicado questionário com 26 perguntas de múltipla escolha que abordava os
seguintes aspectos: aleitamento materno, gestação e histórico da mãe. Resultados: A
maioria das mães realizou aleitamento materno exclusivo (97,4%). As orientações foram
recebidas na maternidade, seguida por enfermeiros durante as consultas (54,3%), de
amigos (2,9%) e de familiares (2,9%). Quanto aos motivos do desmame, 24,2% referiram
que o filho rejeitou o peito, 18,2% referiram ter pouco leite e 3,0% que o leite secou.
Conclusão: A maioria das mães que frequentam o Programa de Saúde da Família
referência em Porto Velho amamentaram exclusivamente no seio materno, sendo que
estas receberam orientações na maternidade e os motivos do desmame foi por rejeição
do bebê e por terem pouco leite. As práticas do aleitamento materno pelas mães que são
atendidas pelo Programa de Saúde da Família, ainda não está conforme é estabelecido
pelo Ministério da Saúde. E percebido a falta de orientações teóricas e práticas mais
aprofundadas e objetivas.

627
Surdos usuários de língua de sinais em psicoterapia e o direito à comunicação:
revisão integrativa

Adriana Di Donato; Carlan Gomes Pachêco da Silva, Denise Costa Menezes;

Introdução. As pessoas surdas trazem consigo algumas especificidades, dentre elas, a


sua língua. No Brasil, esta língua de modalidade espaço-visual é chamada Língua
Brasileira de Sinais (Libras), instituída juridicamente em 2002. Apesar das políticas
públicas em saúde e a legislação vigente assegurarem o direito das pessoas surdas
comunicarem-se e serem compreendidas em sua língua natural, a Libras, observa-se
escassez de investimento no segmento tanto por parte dos gestores, como no âmbito
individual. Ainda existe pouca adesão no uso da Libras por parte dos profissionais da
saúde, particularmente, os psicólogos. No Brasil, são raros os profissionais da Psicologia
que utilizam a Libras em seus atendimentos com surdos, cabendo a estes últimos,
submeterem-se aos procedimentos que os profissionais acreditam ser o melhor nos
atendimentos, mesmo não cumprindo o objetivo proposto. Alguns profissionais tentam
acolher seus pacientes recorrendo aos profissionais tradutores-intérpretes de Libras, cuja
função é mediar a comunicação. O objeto de trabalho destes profissionais é, em grande
parte, pautado na comunicação verbal. Sem língua em comum, como se estabeleceria a
psicoterapia? Objetivo. Investigar como vem acontecendo os atendimentos de surdos
sinalizadores quanto ao uso da língua de sinais e/ou a presença de tradutores-intérpretes
em psicoterapia nos últimos 10 anos. Método. Foi realizada uma Revisão Integrativa em
literatura nacional e internacional, cuja pergunta norteadora foi: “como vem acontecendo
os atendimentos de surdos usuários de língua de sinais em psicoterapia nos últimos 10
anos?” A coleta de dados foi realizada nos seguintes portais de pesquisa e suas
respectivas bases de dados: 1) Portal: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), incluindo as
bases: LILACS, IBECS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane e SciELO; 2) Portal NCBI
(National Center for Biotechnology Information), incluindo a base de dados do PubMed.
Critérios de inclusão: publicações referentes ao período entre 2003-2013; ter o português,
inglês ou espanhol com idioma de publicação. A busca foi realizada com o cruzamento
dos descritores e termos livres e seus correlatos nos idiomas citados, a saber: surdez;
pessoas com deficiência auditiva; surdo; deficiente auditivo; língua de sinais; Língua
Brasileira de Sinais; Libras; psicólogo; psicoterapia. As exclusões foram feitas a partir: da
leitura dos títulos; leitura dos resumos; leitura integral do texto. Os julgamentos foram
realizadas por dois pesquisadores. Nos caso de dúvidas, o artigo passava para a etapa
seguinte. Resultados. A amostra inicial contou com 86 artigos. Após o cruzamento dos
descritores e dos termos livres, nos referidos idiomas, resultou em apenas um artigo
sobre a temática, publicado em 2006 em língua inglesa, o que sugere a pouca valorização
do surdo e sua língua. O artigo encontrado defende a presença de um terceiro (estranho)
em setting terapêutico: o tradutor-intérprete de língua de sinais. Acredita-se, porém, que
essa alternativa deveria ser apenas considerada em situações específicas, mas que não é
uma alternativa apropriada para um bom desempenho terapêutico. Conclusão: Conclui-se
que, apesar de haver artigos tratando da importância da psicoterapia para surdos, o
cenário tanto estrangeiro quando brasileiro, até o momento, não consegue apontar
significativamente como vem acontecendo os atendimentos de surdos usuários de língua
de sinais em psicoterapia.

628
Trabalho em residências terapêuticas: relato de experiência

Ana Paula Carvalho Correa; Maria Gabriela Cavalheiro, Natasha De Luccia, Gessyka
Gomes Marcandal, Ariadnes Nobrega Oliveira, Maria Aparecida Miranda de Paula
Machado

Introdução: Segundo o Ministério da Saúde os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)


são moradias ou casas inseridas na comunidade, destinadas a abrigar as pessoas com
transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que
não possuam suporte social e laços familiares para viabilizar sua inserção social. Esse
serviço visa a manutenção do sujeito em sua comunidade, de modo que não ocorram
perdas de suas relações sociais e permitem que os pacientes reconstruam suas
identidades. A atuação fonoaudiológica nas RTs tem como objetivo promover, prevenir,
diagnosticar e tratar a comunicação oral e escrita, voz, audição e funções orofaciais dos
residentes, bem como orientar quanto às questões de saúde global. Objetivo: Apresentar
por meio de relato de experiência as habilidades desenvolvidas durante a elaboração de
uma horta com grupo de adultos das Residências Terapêuticas de Bauru. Metodologia:
Foi organizada uma horta com vasos de garrafas PET destinados ao cultivo de verduras
presentes no cotidiano de 5 moradores, homens, de uma das Residências Terapêuticas
de Bauru. Cada vaso possuía figuras e palavras, de modo que ao inserir as sementes os
moradores deveriam identificar a correspondência. Foi explicado como a horta precisa ser
cuidada para que possa crescer e, por meio de um cartaz, foi estipulado o dia, o horário e
o morador para rega das mudas, associando às atividades diárias para facilitar a
memorização. Resultados: Foi possível observar que a maioria dos sujeitos identificou
com sucesso as letras das palavras, mas não conseguiu ler a palavra globalmente. Todos
se mostraram motivados e participaram em conjunto da atividade. Conclusão: A atividade
possibilitou melhor interação entre os moradores da RT que apresentaram situações de
cooperatividade, compartilhamento e diálogo, habilidades pouco visíveis durante as visitas
anteriores.

629
Tratamento do câncer de laringe: revisão crítica da literatura publicada nos últimos
dez anos

Juliana Richinitti Vilanova; Monique Silveira Pacheco, Carlos Podalirio Borges de Almeida,
Bárbara Niegia Garcia de Goulart

Introdução: de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil


apresenta alta incidência de tumores malignos da laringe, sendo o sexto sítio mais comum
na população masculina em idade média de 40 anos, com 2.300 óbitos registrados em
1996. Atualmente, muitos estudos demonstram a gravidade do impacto da laringectomia
na qualidade de vida dos sujeitos laringectomizados. A habilidade comunicativa é um
elemento fundamental para a qualidade de vida e toda ação preventiva nessa área irá
contribuir significativamente para promover a saúde global. Assim, a fonoaudiologia tem
procurado construir o seu saber, direcionando suas práticas não somente no sentido do
desenvolvimento tecnológico, mas também para a ampliação do conteúdo formal,
responsabilidade social e política, contribuindo para a manutenção da qualidade de vida
da população. Objetivos: analisar as características da produção bibliográfica científica
indexada sobre o tratamento do câncer de laringe nos últimos dez anos. Métodos: na
presente pesquisa não cabem discussões éticas em relação à revisão sistemática da
literatura, pois os dados secundários já estão publicados. Os pesquisadores seguiram as
normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Seguiram-se os preceitos
do Cochrane Handbook, que envolveu a formulação da questão a ser investigada;
localização; seleção dos estudos e avaliação crítica dos artigos. A pergunta de
investigação que subsidiou a revisão foi: “Quais são as características das produções
bibliográficas científicas sobre o tratamento do câncer de laringe?”. Foram utilizados os
seguintes descritores: laringect$, para as bases de dados LILACS e ScIELO; e laringect*
para a base de dados PubMed. Foram incluídos artigos publicados entre 2002 e 2011 em
periódicos indexados nas bases LILACS, ScIELO e PubMed disponíveis na íntegra. Dos
textos completos obtidos, excluíram-se aqueles não relacionados ao objetivo da pesquisa.
Analisaram-se os textos completos, potencialmente relevantes para a revisão, utilizando-
se um formulário padronizado, quando os seguintes dados foram coletados: objetivos,
desenho da pesquisa, resultados encontrados e discussão sobre o tratamento em câncer
de laringe. Resultados: foram identificados 299 estudos. Após a revisão dos títulos e dos
resumos, e critérios de inclusão e exclusão, e a eliminação dos artigos duplicados, 72
estudos foram efetivamente analisados por referirem nos resultados e/ou nas conclusões
o tema câncer de laringe. A fonoaudiologia está inserida nas publicações em tratamento
do câncer de laringe, com sua particularidade de ser uma área que institui práticas em
construção, direcionando seus estudos para a reabilitação vocal, avaliação da qualidade
de vida, reabilitação da deglutição e alterações do olfato e do paladar. Percebeu-se,
principalmente nos últimos cinco anos, a preocupação dos autores em verificar a
associação entre qualidade de vida/voz e qualidade de vida/deglutição. Conclusão: A
identificação das características das produções bibliográficas sobre o tema pesquisado,
fornece informações relevantes para os p pesquisadores da área que, identificando as
lacunas existentes no conhecimento e nas publicações podem estrategicamente
direcionar os seus focar seus estudos, visando o aprimoramento das estratégias de
tratamento já existentes e a elaboração de técnicas padronizadas que contemplem as
necessidades da população contribuindo com subsídios que venham qualificar,
embasando a prática em evidências científicas.

630
Triagem auditiva neonatal universal: como viabilizá-la

Lisiane Lieberknecht Siqueira; Ana Clara de Oliveira Varella, Gabriela Decol Mendonça,
Émille Dalbem Paim

O Joint Committee on Infant Hearing (JCIH) recomenda que todo o recém-nascido deve
ter sua audição avaliada, tendo em vista a grande incidência de alterações em bebês que
não estão inseridos em um grupo indicador de risco. Para que se possa fazer o
diagnóstico precoce, os bebês considerados de risco para deficiência auditiva ou não,
devem realizar a TAN nas primeiras 48 horas de vida ou antes da alta hospitalar. A
Triagem auditiva neonatal universal (TANU) dentre outras recomendações refere que 95%
dos bebês devem ser triados ao nascimento ou até no máximo 3 meses de idade, e que,
o índice de falsopositivo não deve ultrapassar 3%. O objetivo deste trabalho consiste em
realizar um levantamento dos dados da TAN em um referido hospital a fim de realizar uma
reflexão sobre as recomendações da TANU quanto a porcentagem de falsopositivos
recomendada. Foi realizado um levantamento dos dados da TAN do serviço de
fonoaudiologia de um referido hospital, do ano de 2012. Neste ano foram triados 2243 RN
na maternidade, sendo que destes 2054 passaram e 189 falharam no primeiro teste
totalizando 8,42% de falha, acima do recomendado pela TANU; porém destes que
falharam, 122 realizaram o teste com 24horas de vida pois nasceram de parto e, neste
hospital parto tem alta com 24 horas de vida. Portanto se for realizada uma porcentagem
com apenas os bebês onde a triagem foi realizada com 48 horas de vida a porcentagem
de falha diminui para 2,98%, dentro do valor determinado pela TANU. De acordo com
estes achados, é que deve-se refletir sobre as condições que o fonoaudiólogo enfrenta
nos hospitais para realizar a TAN com todas as recomendações que a TANU exige.
Sugere-se continuar discutindo sobre as recomendações da TANU diante da realidade
que muitos fonoaudiólogos enfrentam, para que possam existir medidas que favoreçam
que a TANU seja realizada da forma em foi idealizada.

631
Vigilância à saúde da criança do município de Mogi Mirim

Kátia de Cássia Botasso; Maria Teresa Pereira Cavalheiro

O direito à saúde, garantido desde a Constituição Federal de 1998, é base para a atenção
à saúde da criança, visando a promoção da saúde, prevenção, diagnóstico precoce e
recuperação dos agravos. O acompanhamento programado do crescimento e
desenvolvimento infantil contribui para a promoção de uma boa qualidade de vida. A
integralidade da atenção é um grande desafio, sendo a Vigilância à Saúde, uma das
ações propostas, pois aborda os determinantes do processo saúde-doença, os riscos, e
os danos à saúde. Considerando o conceito ampliado de saúde e a abrangência do SUS,
é evidente a importância da participação da Fonoaudiologia e de outros profissionais, nos
diferentes níveis de atenção à saúde, no planejamento das ações de Vigilância à Saúde
da Criança. Esse trabalho tem como objetivos: (1) descrever o processo de trabalho para
vigilância à saúde da criança; (2) mostrar alguns indicadores de produção. O município de
Mogi Mirim, com 86.244 habitantes, iniciou a inserção da Fonoaudiologia e da Psicologia
na Atenção Básica em 1998, com ações voltadas às gestantes, em três Unidades Básicas
de Saúde (UBS). Desde 2000, esse projeto ocorre nas onze UBS do município. O
processo de trabalho da vigilância à saúde da criança envolve equipe multiprofissional
que inclui Nutrição, Serviço Social, Odontologia, Psicologia, Enfermagem, ACS e
Pediatria, desenvolvendo as seguintes ações: 1. Orientação à gestante, 2. Agendamento,
após o nascimento, da Triagem Auditiva Neonatal, da BCG e do Teste do Pezinho, 3.
Agendamento no Programa de Observação do Desenvolvimento para monitoramento,
detecção precoce de alterações na aquisição e desenvolvimento da linguagem oral e das
funções auditiva e visual, orientar e observar o aleitamento materno e orientar sobre
condições para o desenvolvimento de fala e linguagem, 4. Acompanhamento com o
pediatra e dentista, 5. Quando necessário encaminhamento à nutricionista, serviço social
e agente comunitário de saúde, 6. Acompanhamento da criança nas instituições
educacionais do território, realizada pela Fonoaudiologia, 7. Encaminhamento à Atenção
Especializada. A equipe de Fonoaudiologia participa do controle social: Comitê de
Aleitamento Materno, Comitê de Prevenção ao Óbito Materno, Infantil e Fetal, Conselho
Municipal de Educação, Fórum Permanente de Educação, voltado à saúde da criança. A
análise dos indicadores de 2010 até 2012 aponta os seguintes dados: Taxa de Gestantes
atendidas: 2009 – 13,50%, 2010 – 30,50%, 2011 – 45% e 2012 – 37%; Nº de RN
inseridos no Programa de Observação do Desenvolvimento: 2009 – 431, 2010 – 465,
2011 – 546 e 2012 – 583; Nº de triagens realizadas de crianças em idade escolar (4 a 10
anos): 2009 – 299, 2010 – 293, 2011 – 305 e 2012 – 309; Taxa de RN que realizaram a
Triagem Auditiva Neonatal – 2009 – 13,5% (início em novembro/2009), 2010 – 89%, 2011
– 97,5%, 2012 – 96,50. Considerações: A vigilância à saúde das crianças, com ênfase na
atenção básica, tem evidenciado a mudança do perfil da demanda do serviço de
Fonoaudiologia e dos distúrbios da comunicação. O atendimento precoce reduziu o
número de crianças em idade escolar para avaliação e reabilitação.

632
Vivência de uma graduanda de fonoaudiologia na gestão de políticas públicas –
relato de experiência

Bruna Mauer Lopes; Cristiane Schuller, Márcia Falcão Fabrício, Claudia Veras

A fonoaudiologia possibilita aos profissionais a atuação nas áreas de audiologia, disfagia,


linguagem, motricidade orofacial, saúde coletiva, voz e fonoaudiologia escolar. Durante a
graduação muitas são as práticas experienciadas em cada uma das áreas de atuação.
Porém, o trabalho na Gestão da Saúde Pública não é vivenciado durante esse período,
principalmente no que diz respeito ao planejamento de ações nas políticas públicas e
regulação de usuários dos serviços de saúde. A partir de um estágio extracurricular na
Secretaria Estadual da Saúde no Rio Grande do Sul foi possível a vivência neste campo
da Saúde Coletiva e o presente trabalho tem por objetivo relatar a prática de uma
graduanda de fonoaudiologia e apontar os principais benefícios dessa experiência. Esse
estágio foi vivenciado no setor da Saúde da Pessoa com Deficiência da Secretaria
Estadual da Saúde no estado do Rio Grande do Sul em um período de um ano e seis
meses, onde foram realizadas atividades referentes à Políticas Públicas de Saúde, com
ênfase na Gestão da Reabilitação Auditiva. Com a supervisão de duas fonoaudiólogas
especialistas em Saúde Coletiva, o estágio contou com atividades de elaboração de
relatórios da Triagem Auditiva Neonatal (TAN), auxilio em reuniões de trabalho para
definição de fluxos da saúde auditiva, elaboração de material audio visual, atualizações
de listas de municípios que ofertam TAN e fonoterapia entre outras ações. A vivência na
gestão de políticas públicas de saúde enquanto graduanda de fonoaudiologia, contribuiu
de forma significativa para a formação, possibilitando uma visão ampla em gestão e ações
em âmbito público além de permitir contato direto com a prática dessas atividades,
influenciando de forma positiva na futura vida profissional.

633
Vivências interdisciplinares de acadêmicos da universidade federal de sergipe: um
relato de experiência

Wanderson Santana Fraga; Ana Claudia Santos, Adriana Gomes Lima,


Yunaré Costa Mattos, Carina Pimentel Souza Batista

Introdução: Este relato de experiência aborda uma vivência interdisciplinar de acadêmicos


do I Ciclo da Universidade Federal de Sergipe - Campos de Lagarto, o qual adota o
método Aprendizagem Baseada em Problemas – ABP em todos os cursos oferecidos. A
experiência foi desenvolvida na disciplina Prática de Ensino na Comunidade (PEC) por
seis alunos pertencentes aos cursos de Fonoaudiologia, Nutrição e Terapia Ocupacional.
Objetivos: Minimizar o número de casos de diarreia, em um determinado povoado, da
zona rural, da cidade de Lagarto/SE. Métodos: Com base no Planejamento e
Programação Local em Saúde (PPLS) desenvolveram-se na comunidade ações de
vigilância em saúde e intervenções com a realização de oficinas, com a população, para a
construção de planilhas que possibilitaram elencar os problemas relacionados à Unidade
de Saúde e à comunidade. De acordo com o PPLS, para a priorização dos problemas
relativos ao funcionamento da Unidade consideraram-se os seguintes critérios: relevância,
urgência e factibilidade. Quanto aos problemas do estado de saúde da população:
magnitude, transcendência, vulnerabilidade e custos. A partir desses pressupostos o
problema escolhido foi a diarreia em crianças, sendo promovidas ações educativas.
quanto à importância e necessidade de higienização das mãos e alimentos no cotidiano
do individuo. O publico alvo foram crianças e adolescentes estudantes da rede municipal.
Como atividades realizou-se Oficina e palestras interativas e lúdicas sobre as condições
adequadas da higienização das mãos e dos alimentos, utilizando como recurso vídeos e
paródias. Resultados e Conclusão: Houve grande aceitação por parte da comunidade em
relação às intervenções propostas o que demandou ampliação da ação nas escolas da
comunidade. Logo, foi perceptível para os discentes a importância de um bom
planejamento (Base no PPLS) para um trabalho interdisciplinar de educação em saúde
efetivo e com eficácia, exigindo além de organização, observação e registro dos dados,
sobretudo, acolhimento e vínculo com a comunidade. Além disso, a importância da
disciplina PEC na vida acadêmica é incontestável, já que faculta ao aluno, a inserção
precoce nos serviços de saúde e contato direto com a comunidade. Por isso, conclui-se a
inegável contribuição que essa disciplina proporciona a cada acadêmico para sua vida
futura profissional, preparando-os para uma maior humanização a partir da articulação
teórico – prática e interação ensino – serviço-comunidade.

634
Vítimas de violência e alterações na comunicação – revisão bibliográfica

Andrea Wander Bonamigo; Bruna Campos De Cesaro, Helena Terezinha Hubert Silva,
Léia Golçalves Gurgel, Fabiana de Oliveira

Introdução: A comunicação manifesta capacidades sociais e intelectuais importantes para


o desenvolvimento. A violência, em todas as suas formas, é um indicador negativo no
desenvolvimento socioeconômico, físico e psicossocial, sendo um problema de saúde
pública. Muitas crianças vítimas de violência podem apresentar alterações de
comunicação. Diversos dos danos causados pelas diferentes formas de violência são
pesquisados e discutidos na comunidade científica, mas muito pouco se sabe sobre as
alterações de linguagem e de comunicação dessas crianças. É importante que estas
alterações sejam conhecidas pelos profissionais de saúde e educação, a fim de que os
mesmos possam detectar, interferir e orientar em casos de violência a crianças. Objetivos:
revisar na literatura publicações que abordam as consequências da violência em suas
diferentes formas com as alterações de comunicação na infância. Métodos: Realizar
revisão sistemática sobre o tema, a partir das bases de dados: MEDLINE (acessado pelo
PubMed), e Scielo. Os termos utilizados foram “Randomized Controlled Trial”, “Domestic
Violence”, “Communication Disorders”, “Violence” e “Speech, Language and Hearing
Sciences”, combinados de forma a tornar a busca sensível ao objetivo proposto pelo
presente estudo, na língua portuguesa e em inglesa. Resultados: Dos 105 estudos
encontrados a partir dos critérios de busca definido, apenas quatro foram incluídos na
presente revisão. Em um dos estudos encontramos questões sobre comunicação,
abordando os benefícios após intervenção fonoaudiológica, não apenas os prejuízos
comunicacionais em casos de violência. Os outros três estudos incluídos são produções
brasileiras, nos quais dois buscaram levantar o conhecimento e a experiência de
fonoaudiólogos sobre o problema da violência familiar contra a criança e o adolescente.
Caracteriza as vítimas quanto a faixa etária mais atingida, sexo, tipo de violência sofrida,
agressor e tipo de queixa fonoaudiológica mais frequente, além de conhecer como a
violência foi identificada e qual foi a evolução dos casos. Como resultados, esses estudos
levantaram a falta de informação sobre o tema. O último estudo buscou descrever o perfil
e a conduta dos fonoaudiólogos diante dos casos suspeitos e/ou confirmados de violência
contra crianças e adolescentes. Verificou-se um reduzido número de notificações de
violência e pouca informação dos fonoaudiólogos sobre as medidas a serem tomadas.
Conclusão: Devido a importância do tema e a escassez de trabalhos existentes no Brasil
e internacionalmente sobre a relação Fonoaudiologia e violência, é imprescindível investir
no trabalho de formação e informação deste profissional. Os profissionais da saúde em
geral necessitam compreender que por trás de uma queixa pode haver um pedido de
socorro. Nesse sentido, a capacidade de identificação e conduta frente aos casos de
violência tornam-se essenciais. A presente revisão aponta que existem poucos estudos
na área e faltam dados sobre as alterações fonoaudiológicas mais frequentes em
indivíduos vítimas de violência.

635
VOZ

Características perceptuales de la voz y hábitos vocales en adultos mayores

Romano; Andrea Karina; Permingeat, Julieta, Santi, María Alejandra

Objetivos: Identificar las características perceptuales de la voz que presentan las


personas mayores. Investigar los hábitos vocales que manifiestan poseer los adultos
mayores. Relacionar las características perceptuales de la voz en los adultos mayores
con presencia y ausencia de técnica vocal. Relacionar los hábitos vocales en los adultos
mayores con presencia y ausencia de técnica vocal. Métodos: Entrevista que
consideraba: aspectos del entrenamiento vocal, hábitos vocales, síntomas y presencia de
disfonías diagnosticadas. Grabación del lenguaje espontáneo con el fin de evaluar el
Tono, Timbre e Intensidad. Población: 36 personas mayores de 60 años; de los cuales 18
presentaban entrenamiento vocal (Coro del Centro Asturiano – Coro de Adultos mayores
de la Ciudad de San Lorenzo)y 18 nunca habían realizado este tipo de entrenamiento.
Resultados: Hábitos vocales adecuados en 3 personas con técnica vocal y en 1 sin dicha
técnica.Características perceptuales de la voz adecuada en todas sus dimensiones en
una solo persona. El total de la población en estudio presentó tono adecuado. Con
respecto al timbre 6 de las personas con técnica vocal presentaban timbre adecuado;
mientras que la totalidad de las personas sin técnica vocal presentaron timbre
inadecuado. Las 18 personas con técnica vocal presentaron intensidad adecuada; esté
parámetro fue adecuado en 15 personas sin técnica vocal. Conclusiones: Los resultados
generales mostraron características perceptuales de la voz y hábitos vocales inadecuados
en la mayoría de la población, siendo mucho más interesante los resultados obtenidos de
manera parcial, en los cuales se evidencian diferencias sustanciales entre el grupo que
presentaba técnica vocal respecto al que no presentaba. Por lo que se evidencia la
importancia que el entrenamiento vocal tiene para morigerar los efectos naturales que el
envejecimiento corporal general produce sobre las características de la voz en los adultos
mayores. Queda en evidencia la falta de acciones fonoaudiológicas en esta población en
la ciudad de Rosario.

636
Efeito imediato da terapia manual laríngea na qualidade vocal de indivíduos
disfônicos

Ana Paula Reimann; Ana Vitória Rondon, Larissa Thaís Donalonso Siqueira, Alcione
Ghedini Brasolotto, Kelly Cristina Alves Silvério

Introdução: A Terapia Manual Laríngea (TML) consiste na massagem da musculatura


perilaríngea com o objetivo de relaxá-la, envolvendo os músculos
esternocleidomastóideos, suprahióideos e membrana tireohióidea. O objetivo principal da
terapia manual na área laríngea e perilaríngea é relaxar a musculatura excessivamente
tensa que acaba por inibir a função fonatória equilibrada, pois a posição elevada da
laringe no pescoço pode influenciar a função fonatória pela alteração do controle do
comprimento e rigidez das pregas vocais, contribuindo para o desequilíbrio da qualidade
vocal. Autores descreveram a TML envolvendo inicial e principalmente os músculos
esternocleidomastóideos e somente depois avançaram para a área da musculatura
suprahióidea e laríngea. Em pesquisa, observaram os efeitos imediatos da aplicação da
TML em 10 pacientes com disfonia por tensão muscular e concluíram que é um método
eficaz para tratamento das disfonias hipercinéticas. Objetivo: avaliar o efeito imediato da
aplicação da TML na qualidade vocal de indivíduos disfônicos. Métodos: participaram 30
indivíduos adultos de ambos os sexos, com idades entre 18 e 45 anos; subdivididos em
dois grupos: Grupo Disfônico, com 15 indivíduos com disfonia funcional e/ou
organofuncional e Grupo Controle, com 15 indivíduos com vozes adaptadas, sem queixas
vocais. Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (CEP-FOB/USP
097/2011), foram gravadas as emissões da vogal /a/ e fala espontânea. Em seguida,
aplicou-se a TML em ambos os grupos e repetiu-se a avaliação inicial. Após a TML, os
indivíduos relataram sobre sensações vocais, laríngeas, articulatórias e respiratórias. Para
a análise perceptivoauditiva, os registros vocais foram randomizados em relação aos
momentos pré/pós TML, aos pares e analisados por três juízes – fonoaudiólogos
especialistas em voz. Foram julgados os parâmetros: grau geral da qualidade vocal,
rugosidade, soprosidade, tensão, instabilidade. Na análise da fala espontânea foram
acrescentados os parâmetros ressonância e articulação da fala. Os dados foram tratados
por meio Teste dos Sinais (p=0,05), comparando-se os momentos pré e pós TML de cada
grupo estudado. Resultados: Em relação à qualidade vocal, a análise perceptivoauditiva
da vogal /a/ revelou que não houve diferença significante em nenhum parâmetro de
ambos os grupos após a TML. Já na fala, o parâmetro rugosidade piorou após a TML nos
indivíduos disfônicos (p=0,008) e não houve diferença em nenhum parâmetro no Grupos
Controle. Observou-se aumento significativo das sensações positivas na laringe (p=0,03)
e na articulação (p=0,01) nos indivíduos disfônicos após a TML, mas não houve mudança
significante nas sensações vocais e respiratórias. Já nos indivíduos do Grupo Controle
não houve nenhuma diferença significante quanto às sensações após a TML. Conclusões:
A Terapia Manual Laríngea não promoveu melhora significante na qualidade vocal de
indivíduos disfônicos e nos sem queixas vocais. Entretanto, produziu sensações positivas
em relação à laringe e à articulação em indivíduos disfônicos.

637
Impacto vocal na qualidade de vida de laringectomizados totais usuários de prótese
traqueoesofágica

Ana Carolina Soares Raquel; Lílian Neto Aguiar-Ricz, Adriana Defina Iqueda, Telma Kioko
Takeshita-Monaretti, Hilton Marcos Alvez Ricz

Introdução: O impacto na habilidade de se comunicar, bem como as modificações na


deglutição, na respiração e na fonação, impostas ao laringectomizado total, acarreta
modificações na qualidade de vida nos aspectos social, físico e emocional. A perda da
voz gera o maior impacto, e a prótese traqueoesofágica é o método de reabilitação de
escolha, em função de seus resultados de voz e fala. Objetivos: Avaliar a auto-percepção
do impacto da alteração vocal na qualidade de vida de laringectomizados totais
reabilitados por meio da prótese traqueoesofágica. Método: Participaram 28 indivíduos
com média de idade de 64 anos, sendo 22 homens e seis mulheres. Destes, 23 sujeitos
foram submetidos à laringectomia total e cinco à faringolaringectomia, com variação do
tempo da realização da cirurgia entre dois e 18 anos. Foi aplicado na condição pós-
reabilitação vocal alaríngea, o protocolo Índice de Desvantagem Vocal. Tal protocolo é
composto por 30 itens, dispostos em três subescalas: domínio emocional, funcional e
orgânico, além do total da desvantagem percebida, sendo caracterizado, conforme a sua
ocorrência em nunca (0), quase nunca (1), às vezes (2), quase sempre (3) e sempre (4),
sendo a desvantagem máxima de 120 pontos e a pontuação máxima, em cada subescala,
de 40 pontos. Quanto maior o resultado, pior é a desvantagem percebida pelo indivíduo.
Resultados: O protocolo Índice de Desvantagem Vocal foi respondido por todos os
participantes ao término da reabilitação vocal alaríngea. Observou-se na subescala
emocional que a média das respostas obteve pontuação de 6,64 pontos que representam
16,6% do total (100%), seguido da funcional a qual apresentou pontuação média de 10,85
(27,12%) e 11,07 (27, 67%) da subescala orgânica. O escore total evidenciou que a
desvantagem percebida pelos indivíduos apresentou pontuação de 28,44 (23,7% de um
total de 100%). Conclusão: Na condição pós-reabilitação vocal alaríngea, evidenciou-se
que o índice de desvantagem vocal foi semelhante nas subescalas funcional e orgânica,
mostrando que os acometimentos sofridos pelo tratamento e o uso da voz interferem nas
funções comunicativas vivenciadas por estes pacientes, tanto nas relações familiares
quanto na vida social. Com base na pontuação total do índice de desvantagem vocal, os
participantes apresentaram percepção de sua voz após o a reabilitação vocal alaríngea e
consequentemente melhor qualidade de vida, ressaltando-se a importância do processo
terapêutico aliado ao conhecimento da auto-percepção do laringectomizado total em
relação a sua voz.

638
A estimulação auditiva como estratégia de exploração da percepção da
expressividade oral em atores

Laura Melamed Barbosa

Introdução: o ator deve ter domínio dos seus instrumentos expressivos, dentre eles: a
comunicação oral. A comunicação oral é constituída por quatro recursos: voz, fala,
linguagem e audição. É por meio da audição que somos capazes de perceber e monitorar
a comunicação oral e toda sua expressividade. Portanto, acreditamos que estimulando as
habilidades auditivas contribuímos ativamente para a exploração da percepção da
expressão oral que por sua vez, potencializará a capacidade do ator/ atriz construir um
desenho expressivo muito mais consciente de suas escolhas. Objetivo: descrever uma
prática pedagógica, aplicada no módulo de expressão vocal do curso técnico em arte
dramática, cujo objetivo é explorar a expressividade oral por meio de exercícios que
estimulem habilidades auditivas. Método: aplicação de um exercício auditivo influenciado
por premissas da educação musical. O exercício consiste em construir uma paisagem
sonora para ser apreciada, identificada e reconhecida pelos alunos do curso técnico em
arte dramática. O grupo de alunos é dividido em subgrupos e cada qual deve construir
uma proposta de paisagem sonora que retrate algum contexto ambiental. A apresentação
deverá levar em consideração a localização, a distância, o volume, a duração e a
ordenação dos estímulos sonoros. Além disso, o grupo proponente definirá qual é a
melhor posição dos ouvintes no espaço para a recepção dos estímulos. Durante a
apreciação da paisagem sonora todos os ouvintes deverão permanecer de olhos
fechados, enquanto identificam e reconhecem o contexto traduzido em sonoridades,
assim como, seus aspectos constituintes. Resultado: os alunos, tanto na posição de
criadores sonoplastas, como na posição de receptores ouvintes, valorizaram a
experiência pela oportunidade de reconhecer a complexidade envolvida no ato de ouvir e
de escutar, assim como, as suas relações com a produção de sonoridades. Os criadores
sonoplastas puderam perceber o quão é importante se ocupar dos efeitos gerados pelo
som que se produz. Os receptores ouvintes, por sua vez, puderam ativar muitas das
habilidades auditivas, dentre elas: interação binaural; figura fundo; separação e interação
binaural; resolução temporal; padronização temporal; memória auditiva entre outras
funções corticais, tais como, atenção; linguagem e cognição. Conclusão: tudo indica que a
qualidade da expressão oral depende da escuta. É por meio da audição que ampliamos o
nosso repertório sonoro. Falamos porque ouvimos! Dizemos porque escutamos! Então,
por meio da estimulação das habilidades auditivas esperamos explorar a capacidades da
percepção auditiva e da percepção da fala com o objetivo de melhorar o monitoramento
da expressividade oral; o reconhecimento dos elementos constituintes dos recursos orais,
dentre eles, voz, fala e linguagem e a capacidade de flexibilizar os mesmos recursos
orais.

639
A percepção de professores sobre problemas vocais na infância – relato de
experiência

Acácia Feitosa; Wanderson Fraga, Brigida Souza, Daniela Sena, Rodrigo Dornelas,
Roxane de Alencar Irineu

Introdução Segundo pesquisas na área de voz os problemas vocais afetam cerca de


17,2% da população infantil em idades entre 02 e 16 anos, considerados assim um
sintoma frequente na infância. Tais problemas podem influenciar as relações sociais
dificultando, inclusive, o processo de aprendizagem das crianças. Nem sempre tais
alterações são devidamente valorizadas pela família e pela escola. Muitos ainda
consideram a rouquidão infantil um sintoma temporário e sem importância, geralmente
associado à infecção ou abuso vocal. Objetivo Conhecer a percepção de professores
sobre as alterações vocais na infância Metodologia Este estudo, de natureza qualitativa
foi realizado em uma creche municipal com a participação de oito professores e 50
crianças com idades entre 03 e 06 anos. Esta pesquisa fez parte das ações dos discentes
da disciplina de Práticas de Ensino na Comunidade (PEC) do segundo ciclo do curso de
fonoaudiologia. No primeiro momento o professor foi instruído a indicar alunos que
poderiam apresentar, na sua percepção, alterações de voz. Em seguida, os alunos
indicados pelos professores passaram por uma avaliação vocal. Os resultados foram
analisados e correlacionados. Resultados Os professores identificaram, na sua
percepção, 18 crianças com problemas vocais, caracterizando as alterações da seguinte
forma: troca de letras, força para falar, gagueira, distúrbio articulatório, gritos, fala muito e
fala rápido. É observado nesta caracterização um desconhecimento sobre disfonia,
citando aspectos característicos de outros distúrbios não relacionados com a voz. Dentre
os 18 alunos indicados pelos professores, apenas nove apresentaram alteração na
qualidade vocal, dentre estas podemos citar: voz rouca, tensa e soprosa. Conclusão A
percepção dos professores em relação aos problemas vocais na infância é de suma
importância para que, à partir da identificação de alterações vocais possa iniciar os
cuidados necessários para minimizar os efeitos da disfonia nestas crianças. Para tanto é
necessário capacitar o docente para ele possa identificar e também intervir nos aspectos
que determinam os problemas de voz na infância.

640
A voz do professor e o ambiente de trabalho: diferenças entre o ensino médio e
superior

Luana Priscila da Silva; Jonia Alves Lucena, Adriana de Oliveira Camargo Gomes, Zulina
Souza de Lira, Ana Nery Barbosa de Araújo

Introdução: Alterações vocais estão muitas vezes relacionadas com ambiente,


organização do trabalho e também com o uso inadequado da voz. Os professores formam
uma das primeiras categorias a apresentar queixas de distúrbios vocais. Por esse motivo,
é importante conhecer o uso da voz pelo professor, considerando as implicações deste
uso na atividade laboral, relacionando os efeitos na voz a partir de realidades distintas de
trabalho, Ensino Médio e Superior, para o estabelecimento de ações de promoção da
saúde desse trabalhador, numa perspectiva mais singularizada. Objetivo: caracterizar o
uso da voz em professores do Ensino Médio e Superior, apontando possíveis diferenças
decorrentes das realidades de trabalho distintas. Métodos: participaram 29 professores do
Ensino Médio e 31 professores do Ensino Superior. Foi aplicado um questionário
individual com perguntas fechadas. A análise foi feita comparativamente entre os dois
grupos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética. Resultados e discussão:
Participaram 31 docentes do Ensino Superior, 58,0% sexo feminino e 42,0% sexo
masculino, faixa etária de 34 a 59 anos com média de 46,1 anos; e 29 docentes do
Ensino Médio, 17,3% do sexo masculino e 82,7% sexo feminino, faixa etária de 26 a 50
anos com média de 38 anos. Há diferença quanto à carga horária de trabalho dos
professores do Ensino Médio e Superior. Onde 55,2% dos professores do ensino Médio
possuem carga horária maior, de 20 a 30 horas semanais. Já a realidade dos professores
do Ensino Superior é diferente, apenas 6,5% dos mesmos permanecem em sala de aula
de 20 a 30 horas semanais. Quanto à ocorrência de alteração vocal, 51,6% dos docentes
do Ensino Superior já tiveram alteração na sua voz, e 3,2% ainda possui. E a maior causa
referida tem-se o uso intenso da voz com 70,6%. Nos professores do Ensino Médio 62,1%
já tiveram alterações vocais e 27,6% apresentam atualmente, a maior causa referida
também foi o uso intenso da voz com 65,5%. Os sintomas vocais referidos pelos docentes
do Ensino Superior foram: 22,2% tem rouquidão, 22,2% falhas na voz e 12,0% tem voz
fraca. Já os docentes do Ensino Médio, 42% relataram ter rouquidão, 48% falhas na voz e
54% voz fraca. Os aspectos ambientais que interferem na saúde e produção vocal, nos
dois grupos foram presentes, o ruído como interferência na exposição oral durante a aula.
Quanto à ingestão de água, apenas 35,5% dos docentes do Ensino Superior fazem o uso
comparado com 48,3% dos professores de Ensino Médio Conclusão: Através desse
estudo observa-se que existem diferenças entre os docentes do Ensino Médio e Superior
com relação à ocorrência de alterações vocais, aspectos ambientais e individuais que
interferem na saúde vocal e produção da voz. Com base nos resultados é importante que
sejam criadas e aplicadas ações de promoção à saúde vocal, voltadas para os
professores, respeitando-se a singularidade, de forma que visem às necessidades de
cada grupo específico. Visto que, os professores precisam manter uma voz saudável, pois
a mesma é seu instrumento de trabalho e requer muitos cuidados.

641
Adequação da qualidade vocal em cantores populares: revisão sistemática de
literatura

Thales Roges Vanderlei de Góes; Tuany Lourenço dos Santos, Lavoisier Leite Neto,
Bárbara Patrícia da Silva Lima

Introdução: A voz cantada necessita de perceptíveis ajustes laríngeos para sua execução.
Após um trabalho de adaptação vocal e auto-percepção da dinâmica da voz, o
profissional pode adequar estruturas, configurar harmônicos e potencializar a qualidade
vocal, evitando-se assim o uso inadequado das características vocais, que podem gerar
as disodias (alterações vocais, que ocorrem durante o canto). Objetivo: Apresentar uma
revisão literária sobre as diferenças na configuração do trato vocal em cantores populares
a fim de se evitar às disodias. Métodos: Revisão sistemática de literatura, através de
pesquisa eletrônica utilizando as bases de dados da LILACS, SCIELO e Google
Acadêmico, do período de 2001 a 2012. Foram consultados listas de referências de todos
os artigos e os seguintes descritores: Formante do Cantor, Recursos Vocais, Voz
Cantada, Qualidade Vocal, Canto Popular e Disodia. Entre os 43 artigos consultados, 15
mostraram-se pertinentes ao tema. Resultados: A qualidade vocal é o padrão básico da
voz de uma pessoa que distingue e o Identifica, emerge da combinação de ajustes
laríngeos e supralaríngeos sendo determinada por características físicas, tais como o
espectro sonoro, série harmônica e aspectos temporais como: ataque e decaimento.
Através de focos de ressonância, o cantor pode direcionar a vibração dentro do seu corpo
e utilizar conscientemente estruturas específicas como ressonadores, possibilitando a
modulação da qualidade vocal. A literatura aconselha que a respiração deve ser do tipo
costodiafragmático-abdominal. A técnica vocal específica para o canto popular,
manifestado nos mais diversos estilos, privilegia a manutenção da laringe em posição
mais baixa e estabilizada, sendo que as mudanças de tom ocorrem basicamente pelo
alongamento e encurtamento das pregas vocais. No canto popular é preferível que a
parede posterior da faringe, apresente-se de forma uniforme e o véu palatino em posição
mais alta para uma melhor amplificação dos harmônicos. A movimentação da língua no
canto é lenta e variada, a fim de favorecer mudanças menos bruscas e proporcionar uma
melhor ressonância. A seleção de ajustes musculares inadequados resultando em
disodia, podem ser resultado de falta de conhecimento vocal ou modelo vocal deficiente.
A voz cantada com suporte respiratório possui aproveitamento de toda área pulmonar e
evita a tensão muscular na região cervical. A literatura indica que com uma boa técnica
vocal é desvinculado a relação entre intensidade e freqüência fundamental. A deficiência
técnica de cantores não treinados, a grande busca por projeção e brilho na voz, e suporte
respiratório deficiente, pode acarretar: tremor vocal, voz abafada, voz nasalizada, ataque
vocal soproso e ataque vocal brusco. Podendo ocasionar uma alteração organofuncional.
No canto popular torna-se necessário um maior espaço de ressonância para a
manutenção de uma qualidade vocal adequada. Conclusão: Devido à alta demanda de
exigências em torno da voz do profissional cantor, coloca-se este como um grupo
privilegiado para o desenvolvimento das disodias, por isso, tais profissionais necessitam
conhecer o seu trato vocal e realizar ajustes eficientes e saudáveis para atender as
necessidades de sua profissão sem prejudicar o seu funcionamento vocal.

642
Adesão à terapia em voz com idosos em clínica-escola de fonoaudiologia

Daniele Albuquerque Alves de Moura; Jonia Alves Lucena, Adriana de Oliveira Camargo
Gomes, Ana Nery Barbosa de Araújo, Zulina Souza de Lira

Introdução: A população de idosos utiliza de forma expressiva serviços de saúde e com a


tendência de crescimento desse segmento populacional, torna-se imprescindível oferecer
intervenções que sejam efetivas. Grande parte dos problemas de saúde do idoso poderia
ser resolvida por meio de medidas preventivas. Uma delas está em investir em pesquisas
que investiguem a questão da adesão por parte dos idosos em tratamentos de saúde. O
interesse primordial em conhecer o processo de adesão à terapia em voz pela população
idosa justifica-se pela preocupação em prestar atendimento fonoaudiológico que possa
contribuir para a qualidade de vida dessas pessoas. Objetivo: caracterizar os
atendimentos prestados a idosos, realizados no período de março de 2005 a julho de
2010 no ambulatório de voz da clínica-escola de Fonoaudiologia quanto à adesão à
terapia vocal, verificando a duração média dos tratamentos realizados em relação ao
processo de alta, as justificativas para desligamento do atendimento fonoaudiológico, as
queixas vocais mais frequentes encontradas. Este estudo teve aprovação do Comitê de
Ética e Pesquisa, sob o protocolo 456/11. Métodos: Trata-se de um estudo quantitativo de
corte transversal e descritivo. Os dados foram extraídos dos prontuários do ambulatório
de voz e sistematizados de acordo com um questionário elaborado para essa finalidade.
Resultados: As informações referem-se a pacientes com idades entre 60 e 88 anos
(média 69,14 ± 8,06). A duração média dos tratamentos que finalizaram com alta foi de 06
meses. Foi oferecido atendimento individual em 100% dos casos. A prevalência de idosos
do sexo feminino foi de 67,85%. Prevaleceu o encaminhamento feito por
otorrinolaringologistas 60,71%. Houve pequena diferença entre alta 46,43% e
desligamento 53,57%. Do total de desligamentos (15), 53,33% ocorreram por exceder o
número de faltas permitido, 26,67% devido a outros problemas de saúde, 13,33% por falta
de interesse e 6,67% por impossibilidade de andar desacompanhado. Dentre as queixas
mais frequentes estão rouquidão 76,47%, pigarro 47,05% e dificuldade para falar 29,41%.
Conclusões: Os resultados obtidos com este trabalho identificaram importantes
características relativas ao processo de adesão à terapia vocal de idosos subsidiando
futuros projetos de melhoria das condições de atendimento fonoaudiológico, na área de
voz, favorecendo, dessa forma, à adesão ao processo terapêutico e aprimorando a
prestação do serviço de saúde.

643
Alterações acústicas relacionadas ao processo de senilidade da voz.

Adriana Bueno Benito Pessin; Elaine Lara Mendes Tavares, Andrea Cristina Joia
Gramuglia, Eny Boia Neves Pereira, Marisa Portes Fioravanti, Regina Helena Garcia
Martins

Introdução: As pregas vocais não são poupadas do processo de senilidade do organismo,


culminando com o desenvolvimento da presbifonia. A presbifonia não deve ser
considerada um evento patológico, entretanto as alterações vocais resultantes deste
processo natural de envelhecimento podem estar relacionadas com piora na qualidade de
vida de muitos idosos inseridos em atividades de trabalho e lazer. Objetivo: Caracterizar
as alterações acústicas vocais relacionadas ao processo de senilidade. Material e
método: Após aprovação pelo comitê de ética e pesquisa da instituição, foram incluídos
41 voluntários com idade entre 60 e 89 anos, subdivididos em três faixas etárias (60-69
anos, 70-79 e acima de 80), sendo 15 homens e 26 mulheres. Todos os participantes
foram submetidos a audiometria tonal limiar, videolaringoscopia e avaliação vocal
perceptivo-auditiva. Utilizou-se como critério de exclusão diagnóstico de lesões na prega
vocal, tabagismo, ter realizado cirurgia prévia de laringe ou traumatismo na região
cervical, ter sintomas de refluxo gastroesofágico, uso de corticóide inalatório e apresentar
na audiometria média tritonal ou SRT acima de 25dB. Para a analise acústica foi utilizado
o programa MDVP, sendo avaliados, durante a sustentação da vogal /a/, os parâmetros
F0, Jitter, PPQ, APQ, Shimmer, NHR e SPI. Os resultados dessas análises na população
de idosos foram comparados às de um grupo controle com idades entre 30 e 50 anos (n-
37; 12 homens e 25 mulheres). Resultados: Na videolaringoscopia, a alteração mais
comumente observada no grupo acima de 60 anos foi a presença de fenda fusiforme. Os
valores de F0 no sexo masculino mostraram-se mais elevados que o controle,
principalmente no grupo acima de 80 anos. Os valores de Jitter, Shimmer, PPQ, APQ e
SPI, mostraram-se mais elevados nos idosos em todas as faixas etárias. Na análise
estatística, as comparações entre os grupos apresentaram valores para F0 de p=0,39;
para Jitter, Shimmer, PPQ e APQ p<<0,001; NHR p=0,005 e SPI p=0,002. Conclusão: As
análises vocais dos idosos mostraram alterações acústicas marcantes quando
comparadas as dos adultos, indicando graus diversos de deterioração vocal. Acredita-se
que algumas dessas alterações possam ser amenizadas ou prevenidas com a terapia
fonoaudiológica, protelando assim as conseqüências da presbifonia.

644
Alterações vocais em professores do ensino fundamental e fatores associados.

Daniela Monique Tavares dos Santos; Edna Pereira Gomes de Morais,


Cristiane Daiane Freire de Araújo, Nayyara Glícia Calheiros Flores

Introdução: As disfonia é considerada uma alteração muito comum entre os professores.


Diversos estudos apontam a carga horária excessiva, a grande demanda vocal e
ambiente de trabalho inadequado como fatores de risco para o desenvolvimento de uma
alteração vocal em professores. Objetivo: verificar a ocorrência de alterações vocais e sua
relação com presença de sintomas vocais, tempo de profissão e carga horária em
professores do ensino fundamental. Método: foi realizado um estudo piloto do tipo
descritivo, do qual participaram 46 professores do ensino fundamental, de ambos os
sexos, com no mínimo um ano de atividade profissional como docente. Os professores
responderam um questionário contendo perguntas quanto a idade, sexo, tempo de
profissão e carga horária semanal, ambiente de trabalho, presença de sintomas vocais e
alterações na voz. A metodologia estatística envolveu a análise descritiva dos dados e o
teste ANOVA. O nível de significância adotado foi de 0,05. O estudo foi aprovado pelo
CEP da UNCISAL sob o protocolo de número 1788. Resultados: a amostra estudada foi
composta por 46 professores, sendo 1(2,2%) do sexo masculino e 45 (97,8%) do sexo
feminino, com média de idade de 37,4 (± 9,2) anos, sendo a idade mínima de 21 anos e a
máxima de 56 anos. O tempo de profissão foi em média de 11,9 (± 8,0) anos e a média de
carga horária semanal de 27,1 (±10,5) horas/aulas. A maioria dos professores (60,9%)
trabalham em uma única escola. Um total de 33 (71,7%) dos professores referem
alterações na voz, sendo os sintomas vocais mais relatados a rouquidão (80,4%), falhas
na voz (71,7%), falta de ar ao falar (52,2%), esforço ao falar (67,4%), cansaço ao falar
(65,2%), garganta seca (71,7%), pigarro (63%) e ardor na garganta (73,9%). Quando
questionados quais os sintomas vocais mais presentes durante as aulas, referiram: falhas
na voz (39,1%), pigarro (23,9%) e tosse (23,9%). Após as aulas queixaram-se de
rouquidão (45,7%) e fadiga vocal (34,8%). Não foram observadas relações entre tempo
de profissão, carga horária semanal e ocorrência de alteração vocal referida. No entanto,
há uma dependência entre a quantidade de sintomas e ocorrência de alterações vocais,
sendo aqueles que apresentam de 16 a 20 sintomas vocais os que apresentam maior
ocorrência de alterações. Conclusão: Observa-se uma ocorrência importante de presença
de alterações vocais autoreferidas na amostra estudada, onde a quantidade de sintomas
vocais presentes são indicares de presença de alterações vocais. A não significância da
relação entre ocorrência de alterações com carga horária e tempo de profissão pode está
relacionada a pequena amostra, sendo necessário ampliar o tamanho da amostra.

645
Análise da produção científica fonoaudiológica brasileira acerca da auto imagem

Patrícia Valente Moura Carvalho; Lidiane Cristina Machado Santos, Glauciene das Graças
Costa Pereira, Rachel Ferreira Loiola

A autoimagem refere-se ao reconhecimento que fazemos de nós mesmos, sendo a


imagem mais realista possível de nossas próprias capacidades, potencialidades,
sentimentos, atitudes e ideias. No presente estudo foi realizado um levantamento
bibliográfico e a caracterização de estudos publicados nos quatro principais periódicos
nacionais de Fonoaudiologia, no período de 2007 a 2012, que tinham como descritor o
termo autoimagem/auto-imagem. Foram encontradas 21 publicações em que o termo
apareceu em alguma parte do corpo do texto. Quanto aos periódicos, a revista CEFAC
apresentou o maior número de artigos 11 (52,38%). Em relação aos procedimentos
metodológicos, prevaleceram os estudos de levantamento em 15 deles (71,43%). Quanto
às áreas de atuação da Fonoaudiologia, a área da Voz foi a que mais abordou o assunto,
estando presente em dez artigos (47,62%), seguida das áreas da Audiologia (14,29%) e
da Linguagem (14,29%). Em 20 artigos houve a participação de pelo menos um
fonoaudiólogo (95,24%) e em sete artigos, além da participação do fonoaudiólogo, houve
a participação de pelo menos um dos seguintes profissionais: biólogo, fisioterapeuta,
médico, psicólogo e patologista. Quanto à seção do texto, verificou-se a maior ocorrência
do termo autoimagem na discussão (38,10%). Sobre as temáticas mais correlacionadas
ao termo, destacou-se autoimagem vocal, presente em seis artigos. Por meio deste
estudo, foi possível verificar a escassez de estudos acerca do tema. Este estudo permitiu
visualizar o que já foi publicado sobre o tema e vem contribuir com dados que podem
subsidiar futuras pesquisas nesta área.

646
Análise da postura corporal adotada por cantores líricos e populares

Anália Maria Correia Ribeiro da Silva; Julio Cesar Cavalcanti de Oliveira,


Larissa Nascimento de Lima, Gabriela Silveira Sóstenes

Introdução: Uma postura corporal adequada facilita a dinâmica respiratória e fonatória.


Desvios posturais no canto, como a elevação e/ou anteriorização excessiva da cabeça e
queixo, podem resultar em ajustes vocais inadequados. Objetivo: Analisar e descrever
aspectos posturais adotados por cantores líricos e populares. Metodologia: Participaram
dez cantores líricos e dez cantores populares, de ambos os sexos, com idades entre 18 e
55 anos, com, no mínimo, cinco anos de profissão e sem histórico de intervenção
fonoaudiológica. A avaliação da postura corporal se deu através de gravação audiovisual
de uma apresentação ao vivo, por meio de um protocolo de avaliação elaborado pelos
pesquisadores. A coleta de dados foi realizada no ambiente de trabalho de cada cantor.
Tomou-se como parâmetro para a avaliação, a apresentação de uma música inteira.
Resultados: Os cantores líricos avaliados não apresentaram elevação excessiva de
cabeça nas notas mais agudas do canto, enquanto que sete cantores populares elevaram
excessivamente a cabeça na emissão dos agudos. Não foram observados movimentos
bruscos de cabeça e/ou lateralização excessiva da cabeça para um dos lados nos
cantores líricos estudados. Três cantores populares apresentaram movimentos bruscos
de cabeça e quatro lateralização excessiva da cabeça para um dos lados durante o canto,
nenhum desses fazia uso de instrumento musical. Quatro cantores populares
apresentaram tensão muscular na região do pescoço. Conclusão: Os cantores populares
deste estudo apresentaram posturas corporais inadequadas durante o canto. Um dos
aspectos posturais mais observados foi a elevação excessiva de cabeça e queixo nas
notas mais agudas do canto, favorecendo tensão na musculatura laríngea. Os cantores
líricos pesquisados usaram boa postura no canto.

647
Análise da produção científica fonoaudiológica brasileira sobre alterações vocais
relacionadas ao trabalho

Luciana de Menezes Ramos; Zulina Souza de Lira, Antônio Roazzi

Introdução: A voz é essencial para a realização da atividade laboral em algumas


profissões. O fonoaudiólogo é o profissional que atua na promoção, avaliação e
aperfeiçoamento da voz, inclusive no âmbito profissional. Assim, é de suma importância
que sejam realizadas e divulgadas pesquisas científicas sobre a voz relacionada ao
trabalho em diversas profissões. Objetivo: Analisar a produção científica fonoaudiológica
brasileira sobre alterações vocais relacionadas ao trabalho entre os anos de 2006 a 2012,
em periódicos de Fonoaudiologia nacionais. Métodos: Estudo documental descritivo
pautado na seleção e análise de artigos científicos, em periódicos brasileiros de
Fonoaudiologia, sobre alterações vocais relacionadas ao trabalho quanto: à distribuição
por periódicos; ao período da publicação; à distribuição de frequência por período; ao
procedimento metodológico empregado; bem como ao tipo de profissional abordado no
estudo. Resultados: Foram encontrados 31 artigos. O maior número de publicações
concentrou-se entre 2010 e 2011. Quanto à distribuição por periódicos, observou-se maior
frequência na revista Distúrbios da Comunicação. Quanto ao procedimento metodológico
empregado, foi observada a predominância de estudos descritivos e observacionais,
seguidos de estudos de revisão de literatura. Em relação ao tipo de profissional em cada
estudo, observaram-se, predominantemente, estudos que abordavam as alterações
vocais e condições de trabalho do professor. Conclusão: Apesar do crescimento da
produção científica fonoaudiológica brasileira sobre alterações vocais relacionadas ao
trabalho, ainda há limitações quanto ao tipo de profissional abordado e a metodologia
empregada. Os dados apresentaram estudos relacionados, predominantemente, a uma
classe profissional específica, em detrimento de outras que utilizam a voz no âmbito
profissional. Além disso, há carência de estudos em que é realizada intervenção
fonoaudiológica, o que pode confirmar a eficácia da atuação da Fonoaudiologia nas
alterações vocais relacionadas ao trabalho.

648
Análise da voz de adolescentes na região centro sul do paraná – estudo piloto

Sabrina Correia dos Santos; Eliane Cristina Pereira, Ana Paula Dassiê-Leite

Introdução: A muda vocal pode ser definida como um conjunto de mudanças no padrão
da voz, que ocorreria entre a infância e a puberdade. De acordo com a literatura, a muda
vocal nos homens ocorre ao redor dos 13 aos 15 anos, enquanto nas mulheres é ao redor
dos 12 aos 14 anos. Nos climas quentes pode ser antecipada em até dois anos e nos
climas frios pode-se atrasar mais de um ano. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi
avaliar o Índice de desvantagem vocal e a frequência fundamental da voz de
adolescentes de 12 anos completos. Método: Estudo observacional, analítico, transversal
e prospectivo. Participaram 29 adolescentes, 17 do gênero masculino (GM) e 12 do
gênero feminino (GF), alunos do Ensino Fundamental e Médio de um colégio estadual,
com idade de 12 anos completos, residentes nos últimos dez anos na região centro sul do
Paraná-PR onde o clima é subtropical. Foram excluídos os adolescentes com história
pregressa de doenças neurológicas, psiquiátricas, gástricas e/ou hormonais, com
obstrução em via aérea superior no dia do exame (gripes, resfriados ou crises
alérgicas/respiratórias), fumantes, etilistas, e/ou com diagnóstico prévio de alteração/lesão
em pregas vocais. Meninas em período pré-menstrual ou menstrual também foram
excluídas. Os responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os
adolescentes responderam ao IDV-10 e emitiram a vogal /Ɛ/ prolongada, cuja F0 foi
obtida por meio do programa Voxmetria (CTS). Os resultados foram submetidos a
tratamento estatístico, por meio do teste t de student. Resultados: O GM apresentou
média do IDV-10 de 5,35, já o GF de 5,30. A média da F0 para o gênero masculino foi de
217,45 Hz e do GF de 230,07 Hz. Não houve diferença estatísticas entre a comparação
dos resultados do IDV-10 e da F0 entre os grupos. Conclusão: Aos 12 anos, meninos e
meninas apresentaram F0 muito próximas e dentro da faixa esperada na infância. Assim,
é possível que o processo de muda vocal ainda não tenha sido iniciado ou esteja em uma
etapa bastante inicial. Quanto à desvantagem vocal, aos 12 anos, meninos e meninas
também apresentam escores de IDV-10 semelhantes e compatíveis com os apresentados
por indivíduos sem queixas vocais.

649
Análise das ações educativas nos grupos de vivência de voz

Vanessa Rodrigues Zambão; Viviane Benysek dos Santos, Regina Zanella Penteado,
Reginalice Cera da Silva

Introdução. Os grupos de vivência de voz são importantes espaços sociais para o


desenvolvimento da per¬cepção da voz e imagem vocal, da expressi¬¬vidade e a
promoção da saúde e qualidade de vida. Este estudo representa uma sistematização dos
trabalhos desenvolvidos no contexto das disciplinas Estágio em Fonoaudiologia
Comunitária I e II, ao longo da história de um Curso de Fonoaudiologia de uma
Universidade particular do interior de São Paulo (1997 a 2013) em um dos eixos que
constitui um dos seus principais diferenciais qualitativos: o eixo Preventivo Comunitário,
orientado para a Promoção da Saúde. Objetivo. Identificar as ações educativas realizadas
e as mudanças ocorridas nos grupos de Vivência de Voz. Métodos. Estudo descritivo, de
abordagem quali-quantitativa, realizado por meio de pesquisa documental. Os dados
foram coletados dos relatórios dos grupos de vivencia de voz elaborados por discentes,
sob supervisão docente, referentes ao período de 1997 a 2013, e analisados somente
aqueles referentes ao primeiro e ao último quinquenio. As ações educativas foram
identificadas, descrita e classificadas em: Dinâmicas; Abordagens Terapêuticas e
Corporais; Abordagens Teóricas e Expositivas; e Abordagens Diagnósticas. Também foi
feito o levantamento da ocorrência de cada tipo de ação por período e realizada a análise
comparativa entre eles. Resultados: Foram analisados 102 relatórios e identificadas as
seguintes “Dinâmicas”: apresentações, depoimentos da voz, desenhos da voz,
dramatização espontânea, dramatização e interpretações vocais dirigidas, relato da
experiência, elaboração de cartaz, jogos educativos e confraternização. Quanto às
“Abordagens Terapêuticas e Corporais”, foram identificadas: aquecimento e
desaquecimento vocal, exercícios corporais e exercícios vocais. Foram identificadas as
“Abordagens Teóricas e Expositivas”: aula expositiva, filmes e impressos; bem como as
“Abordagens Diagnósticas”: questionário inicial e final, avaliação vocal individual e
avaliação vocal coletiva. A análise comparativa dos períodos mostrou que foram
intensificadas as Dinâmicas: apresentações (72% para 100%); desenho da voz (33% para
100%); depoimento da voz (68% para 100%); dramatização espontânea (12% para 88%);
e relatos da experiência (51% para 77%). A elaboração de cartaz, pelos participantes,
passou a ocorrer somente no último quinquênio. Já as “Abordagens Terapêuticas Vocais
e Corporais” mantiveram praticamente a mesma ocorrência. Quanto às “Abordagens
Diagnósticas”, houve substituição da prática de avaliação vocal individual (primeiro
quinquênio) pela de avaliação vocal coletiva (último quinquênio); e a aplicação de
questionários iniciais e finais deixou de ocorrer nos últimos cinco anos. Conclusões: Ao
longo do tempo houve mudanças nas ações educativas realizadas nos grupos de vivencia
de voz, mais evidentes nas Abordagens Diagnósticas, que apresentaram aumento das
ações educativas de caráter coletivo e maior participação ativa dos sujeitos envolvidos,
portanto mais coerentes com a perspectiva da promoção da saúde.

650
Análise das medidas aerodinâmicas antes e depois da prova de fala contínua em
idosas saudáveis

Yara Helena Rodrigues; Lílian Neto Aguiar Ricz, Gleidy Vannesa Espitia Rojas

Introdução: O sistema respiratório e a função laríngea são interligados. O fluxo aéreo


pulmonar funciona como ativador da voz, portanto, o comprometimento aerodinâmico
pulmonar causado pela senilidade pode exercer efeito direto sobre a voz, com relação à
intensidade, frequência e até no tipo vocal. A repercussão na voz com a chegada da
senilidade é conhecida, mas a correlação com a condição aerodinâmica ainda necessita
de investimento científico. Devido aos avanços da tecnologia, análise de medidas
aerodinâmicas tornou-se mais comum na prática profissional fornecendo informações a
respeito da atividade fisiológica da laringe e suas implicações clínicas. Objetivo: analisar
antes e depois da prova de resistência vocal as medidas aerodinâmicas em idosas
saudáveis. Metodologia: participaram do estudo 10 idosas com média idade de 70 anos,
sem alteração vocal e laríngea e que não faziam uso profissional da voz. Realizou-se
avaliação do Sistema Fonatório Aerodinâmico (PAS) antes e após a prova de leitura de
um texto padrão por 60 minutos com monitoramento da umidade, temperatura e
intensidade. O PAS da Kaypentax Modelo 6600 foi utilizado para coletar dados acústicos
e aerodinâmicos de cada participante. Na prova da Capacidade Vital, solicitou-se que o
participante inspirasse e expirasse o ar para coleta do sinal aéreo pela máscara sobre o
nariz e boca. Para este parâmetro considerou duração do fluxo expiratório, pico de fluxo
expiratório e volume expiratório. Para avaliação da fonação máxima sustentada foi
solicitado inspirar todo ar possível e soltar dentro da máscara emitindo a vogal ”a”
sustentada em intensidade e frequência vocal habitual e analisou-se SPL máximo, SPL
mínimo, média SPL, média SPL, pitch, tempo de fonação, o pico de fluxo expiratório, a
média de fluxo expiratório e volume expiratório e para avaliação da eficiência vocal que
traz medidas da pressão subglótica, resistência e eficiência da glote solicitou-se a
inspiração e expiração com a fonação repetida da sílaba “pa” por 5 vezes em uma única
inspiração. Resultados: observou-se aumento na média dos valores após a tarefa de fala
contínua da capacidade vital: duração do fluxo de ar expiratório de 5,05s para 5,78s; pico
de ar expiratório de 0,57 L/seg. para 0,59 L/seg.; volume expiratório de 1,29L para 1,70L.
Quanto ao tempo máximo de fonação houve aumentou no tempo de emissão sustentada
de 9,84s para 12,42s; no nível máximo de pressão sonora de 77,06 dB para 85,23 dB; no
nível mínimo de pressão sonora de 75,22dB para 75,0dB. Com relação à eficiência vocal
também houve aumento na média do pitch de 204,47Hz para 210,12Hz. Conclusão:
houve variabilidade intraindividuos para os parâmetros avaliados sugerindo aumento do
número da amostra a ser avaliada, porém, os valores aumentaram após a leitura
contínua. Por meio dos resultados encontrados infere-se que a leitura oral talvez traga
benefício a voz senil, em virtude do condicionamento da musculatura laríngea ser ativada
pelo uso contínuo da fonação.

651
Análise do uso de paliativos para disodia e disfonia em cantores da noite

Thales Roges Vanderlei de Góes; Lavoisier Leite Neto, Geová Oliveira de Amorim

Introdução: Cantor da noite é o profissional da voz, que atua em bares, restaurantes,


boates e salões de baile, tendo muitas vezes que cantar vários estilos de música para
agradar o público em geral. Com intuito de se conseguir um melhor desempenho,
disfarçando o cansaço vocal, muitas vezes sem o conhecimento de efeitos adversos, esse
grupo de profissionais da voz lançam mão de medicamentos, pastilhas e sprays que
atenuam as sensações desagradáveis durante a emissão da voz e acabam mascarando o
esforço vocal, levando o profissional a abusar da voz. O abuso vocal, por efeito sedativo,
pode causar danos à membrana mucosa das pegas vocais, resultando em alterações na
voz cantada (disodias) e falada (disfonia). Objetivos: Analisar a utilização de paliativos
para as disodias e disfonias em cantores da noite da cidade de Maceió, bem como o grau
de consciência preventiva desta categoria profissional. Métodos: Participaram da
pesquisa 25 cantores da noite da cidade de Maceió-AL, contatados diretamente nos seus
locais de trabalho, onde foi realizada uma entrevista diretiva. Após a coleta dos dados,
estes foram submetidos à análise estatística descritiva, para a significância do estudo
Resultados: O uso de paliativos para as disodias e disfonias não é adotado por uma
porcentagem significativa da população estudada, apenas 20% fazem uso de
medicamentos, 28% de sprays e 36% de pastilhas. no entanto, os cantores da noite não
se encontram conscientizados sobre o uso destes artifícios,pois,64%, 68% e 56%
acreditam que não é prejudicial à voz o uso de medicamentos, pastilhas e sprays,
respectivamente. Conclusões: Faz-se necessário o trabalho do fonoaudiólogo junto a esta
categoria, a fim de orientá-la de forma correta e eficaz acerca dos malefícios decorrentes
do uso de paliativos aliados à abusos vocais, prevenindo eventuais disodias e disfonias,
no intuito de tornar possível a prática do canto no seu cotidiano profissional de forma
adequada, com o mínimo de esforço, máxima eficiência e expressividade.

652
Análise dos parâmetros vocais pitch e loudness em jogadores de futsal pré e pós
jogo

Julya Macedo; Daline Backes Eyng, Bruna Aparecida Malfato Silva,


Lucimar Sperotto

Os jogadores de futsal cometem vários abusos vocais durante uma única partida, dentre
elas pode-se destacar os ambientes ruidosos que favorecem uma demanda vocal alta, a
falta de hidratação e a atividade física realizada concomitantemente a vocalização,
causando sobrecarga nos músculos laríngeos responsáveis pela fonação. O objetivo
deste estudo é analisar as vozes dos jogadores de futsal, antes e após os jogos, a fim de
detectar possíveis alterações de pitch e loudness. Participaram da pesquisa 11 atletas
(seis alas; dois goleiros; um pivô e dois becks), todos do sexo masculino com idade média
de 23,75 anos. Os mesmos foram avaliados por meio de um questionário para
caracterização da amostra e gravação vocal antes e após os jogos. Os resultados
mostraram que com o aumento da idade dos atletas houve também um aumento do
tempo de profissão; ao correlacionar a quantidade de alterações vocais encontradas após
os jogos e o tempo de profissão, oito (72,72%) sujeitos apresentaram alterações, sendo
que, cinco tinham mais de sete anos de profissão. Quanto a qualidade vocal, a rouquidão
foi à alteração mais encontrada na análise perceptivo-auditiva das vozes após os jogos.
Quanto à loudness somente dois jogadores (18,18%) apresentaram alterações após os
jogos, não evidenciando nenhuma alteração significativa neste parâmetro. Já o pitch foi o
aspecto vocal mais alterado, sendo que 10 (90,90%) dos jogadores avaliados
apresentaram vozes mais agudas após os jogos. Portanto, conclui-se que os jogadores
de futsal apresentam alterações no parâmetro pitch após os jogos e não foi evidenciada
nenhuma alteração significativa relacionada à loudness. Salienta-se que as condições de
trabalho e de uso da voz desses profissionais configuram fatores de risco à saúde vocal e
demandam ações fonoaudiológicas para a promoção de saúde.

653
Análise multidimensional da voz de pacientes com Edema de Reinke

Roberto Campos Meireles; Aleida Emanuela Moniz Tavares, Angela Albuquerque Garcia,
Lidia Becker, Roberta Bac, Juliane Rocha, Dayana Oliveira

Edema de Reinke(ER) é uma patologia benigna que afeta a mucosa das pregas vocais,
tendo como causas o tabagismo e o comportamento vocal alterado.Objetivo:Realizar uma
avaliação vocal multidimensional dos pacientes com ER atendidos entre julho e dezembro
de 2012 no ambulatório de Laringe e Voz de um hospital universitário.
Metodologia:Estudo observacional, analítico, transversal e prospectivo.A avaliação vocal
multidimensional incluiu as avaliações otorrinolaringológica, acústica e o impacto da
disfonia na qualidade de vida do indivíduo.O grau do ER foi verificado pelo
otorrinolaringologista pela viodeolaringoscopia. Analisou-se a qualidade vocal
acusticamente da vogal /é/ prolongada no programa VoxMetria. As medidas extraídas
foram freqüência fundamental(Fo.), intensidade, jitter e shimmer.Verificou-se o tempo
máximo de fonação(TMF).Aplicou-se o Questionário de Qualidade de Vida em
Voz(QVV).Elaborou-se questionário com dados sobre sexo, idade, atividade profissional e
uso de tabaco.Resultados e discussão:Participaram 11 indivíduos, sendo 82% (N=9) do
gênero feminino.A idade média dos pacientes foi de 58.09 anos, variando entre 39 a 75
anos.Raramente se diagnostica um ED antes dos 45 anos.Nosso trabalho encontrou um
paciente com 39 anos.O tempo de uso do tabaco variou entre 19 a 51 anos, com média
de 33 anos. Quanto a quantidade de cigarros/dia: 54.54%(N=6) usavam 20 cigarros/dia;
36.36%(N=4) fumavam 40 cigarros/dia e um indivíduo fumava 60 cigarros/dia. Na época
da pesquisa, 63.63%(N=7) ainda fumavam.As profissões apresentaram-se bem
diversificadas; podemos afirmar que um indivíduo utilizava a voz intensamente. Nesse
estudo 100%(n=11) dos indivíduos apresentavam ED bilateral. Observou-se que o ED
simétrico grau I foi mais prevalente(63,6% N=7) que o edema
assimétrico(37,4%N=4).Este dado é corroborado pela literatura.Todos os pacientes
apresentaram TMF bem inferiores aos descritos na literatura. A média de TMF para o
sexo masculino ficou em 6,10"; no sexo feminino foi de 6,17" variando entre 8,74" e 3,43".
Indivíduos com o maior grau de edema são os detentores dos tempos de fonação mais
encurtado. Nesse grupo, a intensidade média da vogal / é / foi 79,19dB (N=11); a Fo.
média feminina(N=9) foi 171,41Hz. Este valor encontra-se dentro dos limites normais, fato
que pode estar associado ao grau I do ER ter sido prevalente alterando de modo leve a
Fo. Verificou-se que 33,3% (N=3) apresentam Fo. abaixo dos dados normativos para
mulheres. Para o sexo masculino(N=2) a média da Fo. foi 109,64 Hz. Este fato pode
justificar a maior procura de tratamento por mulheres, pois os impactos do agravamento
da voz são mais perceptíveis neste sexo. Os valores de jitter para mulheres foi
1,88%(N=9), para homens 1,6%(N=2); os valores de shimmer foram 8,03% e 9,70%
respectivamente para mulheres e homens. Esses valores encontram-se bem alterados. O
QVV demonstrou prejuízo na qualidade de vida sendo o escore total foi de 51,5; o escore
físico 55,8 e o socioemocional 37,8. Conclusão:A análise multidimensional da voz mostrou
que a qualidade vocal, a qualidade de vida e TMF apresentam-se prejudicados no grupo
pesquisado. O grau I simétrico de ER foi prevalente.

654
Análise perceptiva e acústica da fala na acromegalia: resultados preliminares

Roberta Werlang Isolan Cury; José Viana Lima Júnior, Nilza Scalissi,
Zuleica Camargo, Sandra Madureira

A acromegalia é uma doença insidiosa com características clínicas resultantes da


exposição anormal dos tecidos e sistemas ao excesso de hormônio do crescimento
(grown hormone/GH). Apresenta uma baixa incidência, estima-se que no Brasil sãp cerca
de 650 casos/ano. Ocorrem tipicamente modificações fisionômicas como o alargamento
do nariz, aumento dos lábios, prognatismo, má-oclusão dentária, macroglossia, além do
aumento das extremidades. As alterações vocais oriundas desta doença ainda são pouco
exploradas e trazem prejuízos à comunicação destes pacientes que referem queixas
vocais e articulatórias.Em particular interesse para fonoaudiólogos, e na área de
linguística aplicada à fala, há citações das duas maiores alterações estruturais do trato
vocal, as quais tendem a promover alterações no sinal de fala e voz: o alargamento das
estruturas laríngeas e a hipertrofia lingual. Objetivamos analisar as mudanças da fala de
pacientes com o diagnóstico de acromegalia. Foram analisadas as amostras de fala de
pacientes com o diagnóstico clínico e laboratorial da doença e em tratamento no serviço
de Endocrinologia da Santa Casa de São Paulo. Corpus para o estudo: três repetições
aleatorizadas de uma sentença veículo, contendo palavras chaves com as sete vogais
orais do português brasileiro [a][e][ε][i] ][o] [u], e em seguida uma amostra de emissão
semi-espontânea. Após, foram extraídas as medidas faciais de acordo com o protocolo
MBGR (terço médio da face, terço inferior da face e altura da face). Estas amostras foram
posteriormente analisadas por meio do Plug in Akustik disponível no software Praat para a
extração de frequência, largura e banda de formantes (F1,F2,F3 e F4/ B1, B2, B3 e B4).
Para a análise perceptivo-auditiva foi submetido o roteiro VPAS-PB (Vocal Profile Analises
Scheme–VPAS) a um juiz experiente. Os dados foram submetidos à análise estatística
multivariada e discutidos quanto às correlações entre os dados perceptivos e acústicos
com base no modelo fonético da qualidade vocal. Foram observadas principalmente
alterações formânticas relacionadas ao posicionamento e altura lingual.

655
Análise perceptivo-auditiva do pitch e loudness de indivíduos com encefalopatia
crônica não progressiva

Bianca Stephany Barbosa Vital; Amanda Almeida Batista,Hayanna Samara Souza de


Lima

Introdução: A Paralisia Cerebral (PC), também denominada Encefalopatia Crônica Não


Progressiva (ECNP), é responsável por uma lesão no sistema nervoso central que atinge
especificamente crianças no período maturacional podendo interferir no desenvolvimento
sensório-motor. Em decorrência da extensão da lesão neurológica que pode gerar
distúrbios posturais, de tônus e movimentação voluntária, estes indivíduos poderão
apresentar alterações como disartrofonia, na qual se caracteriza alteração na fonação,
articulação, fluência e prosódia. Objetivo: Caracterizar os achados do pitch e loudness de
portadores de ECNP das Instituições Públicas de Natal/RN. Método: Foram avaliados 10
indivíduos, do sexo masculino e feminino, na faixa etária de 3 e 20 anos, portadores de
ECNP de grau leve, atendidos nas principais instituições públicas da cidade de Natal/RN.
A avaliação perceptivo-auditiva foi realizada através de protocolo adaptado para pesquisa,
com a classificação do loudness em adequado, fraco ou forte; pitch em adequado, agudo
ou grave. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição sob
CAAE nº 206/2009 Resultados: Na avaliação do pitch foi observado que 50% dos
indivíduos (cinco) apresentaram o pitch agudo, 30% (três) o pitch foi adequado, já o pitch
grave foi observado em 20% (dois) dos sujeitos. Com relação ao loudness, 60% dos
indivíduos (seis) foram classificados com loudness fraca e 40 % (quatro) tiveram a
loudness adequada. Conclusão: Os indivíduos com ECNP do estudo que apresentaram
loudness com alterações vocais, estas podem estar relacionadas à respiração
insuficiente, irregular e mal coordenada. As alterações no pitch estão associadas às
mudanças posturais e de tonicidade que estes indivíduos apresentam. Esta pesquisa
favorece um olhar mais fidedigno das características psicoacústicas vocais dos indivíduos
deste estudo, permitindo que o fonoaudiólogo realize intervenções e planejamentos
terapêuticos assertivos. As alterações vocais encontradas precisam de melhor
investigação, relacionando-as aos tipos de ECNP, grau de severidade, e faixa etária.

656
Análise perceptivo-auditiva dos parâmetros vocais pitch e loudness em cantores
sertanejos pré-show e pós-show

Julya Macedo; Daline Backes Eyng, Paulo Cesar Alves de Souza

A presente pesquisa teve como objetivo investigar as alterações dos parâmetros vocais
pitch e loudness na voz dos cantores sertanejos antes e após os shows, com a finalidade
de contribuir para melhor atuação fonoaudiológica com esse público. Participaram do
estudo cinco duplas de cantores sertanejos (10 cantores), do sexo masculino, com idade
variando entre 21 e 37 anos, sem queixa vocal. Para realização da pesquisa foi aplicado
um protocolo para caracterização da amostra e gravação vocal antes e após os shows.
Após a coleta de dados, fonoaudiólogas especialistas em voz e um estatístico analisaram
os resultados. Observou-se que o cansaço vocal foi o principal sintoma relatado pelos
cantores (60%); que 70% não procuram por uma assistência especializada com
profissional e que 80% dos cantores após os shows apresentaram alterações dos
parâmetros vocais pitch e loudness. Correlacionando todos os resultados, observou-se
que quando a idade e o tempo de profissão dos cantores aumentam, há um aumento
também na tensão vocal, visto que a tensão pode estar associada ao abuso vocal e a
perda de capacidade vocal. E também foi analisado que cantores que fazem segunda voz
têm mais tendência de ter cansaço vocal. Sabendo de tudo isso, conclui-se que os
cantores sertanejos apresentam alterações nos parâmetros pitch e loudness após os
shows. E salienta-se a importância da atuação fonoaudiológica no contexto musical, por
meio de práticas preventivas, a fim de evitar que os distúrbios relacionados a voz se
instalem.

657
Aplicación de la técnica de masaje laríngeo en disfonías funcionales

Santi, María Alejandra; Romano, Andrea Karina

Introducción: Se presenta a continuación, un Proyecto de investigación, desarrollado por


licenciadas en Fonoaudiología, docentes de la Universidad Nacional de Rosario (UNR) y
de la Universidad Nacional de San Luis (UNSL) de la República Argentina. La co-
dirección estuvo a cargo del Dr. Jorge Gurlekian (CONICET) y de la Dra. Ana Rosa
Scivetti (UNSL). El proyecto surge por la inquietud del equipo de investigación, acerca de
objetivar los efectos de la técnica del masaje laríngeo. Por sus diversas funciones la
laringe, tiende a la contracción de su musculatura. Por lo tanto, se evidencian frecuentes
disfonías por hiperfunción laríngea y/o extralaríngea. La técnica de Masaje laríngeo
consiste en manipulaciones y maniobras coordinadas en tiempo, velocidad, intensidad y
ritmo sobre la musculatura extrínseca de la laringe con el fin de adecuar el tono muscular
de la zona. Objetivo del proyecto:Evaluar y comparar la calidad vocal, pre y post
aplicación de la técnica de masaje laríngeo, en sujetos con disfonías funcionales con
aumento del tonismo muscular extralaríngeo. Metodología: La muestra fue conformada
por sujetos adultos de sexo femenino, de entre 20 y 50 años de edad del Centro Médico
Grupo Oroño de la ciudad de Rosario, Provincia de Santa Fe. Se excluyeron, sujetos con
disfonías orgánicas, psicógenas, audiógenas, oncológicas, neurológicas y/o con
trastornos endócrinos. Los sujetos fueron evaluados previamente por un
otorrinolaringólogo con video-endoscopía laríngea, descartando sujetos con patología
orgánica. Los demás datos para la inclusión y exclusión de sujetos en la muestra, se
extrajeron de las historias clínicas fonoaudiológicas. Se registraron las muestras de las
voces (emisión de /a/ sostenida, vocales, frases fonéticamente balanceadas y emisión de
un glissando ascendente con la vocal /u/), con un micrófono de medición marca Samsom,
modelo MM01; conectado a una interfaz Tascam US 122 MKII y se analizaron los datos a
través del Sofware Anagraf; siendo todas las tomas capturadas en ambiente
sonoamortiguado. Se evaluó las cualidades vocales (tono vocal, timbre, e intensidad) y el
estado de la musculatura extralaríngea pre-post aplicación del tratamiento. Resultados y
conclusiones: Se evidencian mejorías, y en algunos casos adecuación del tono,
intensidad y timbre vocal alterados. Los cambios más significativos se evidenciaron en la
ronquera y tensión (cuantificados a través de la Escala RASAT), permaneciendo igual el
soplo. Se valida la técnica de Masaje laríngeo como herramienta valiosa para el
tratamiento de las disfonías funcionales con aumento de la tensión muscular
extralaríngea.

658
Aquecimento vocal: revisão de literatura

Amanda Chagas de Jesus Carvalho; Maria Lucia Vaz Masson

Introdução: O aquecimento vocal corresponde a uma série de exercícios largamente


utilizados na prática clínica e em programas de saúde vocal, que integram todo o sistema
envolvido na comunicação, ou seja, respiração, fonação, articulação e ressonância.
Contribui para o aumento da flexibilidade das pregas vocais, maior intensidade e projeção
do som, além de uma série de características fisiológicas que proporcionam melhores
condições para a produção do som e maior longevidade da voz. Objetivo: Revisar a
literatura sobre aquecimento vocal a fim de se verificar o efeito destes procedimentos na
voz e no sujeito. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura, que apresenta como
critérios de inclusão, estudos de intervenção sobre aquecimento vocal. Foi realizado
levantamento de dados por meio de periódicos científicos, teses de doutorado,
dissertações de mestrado, monografias de especialização, anais de congresso e demais
referências bibliográficas. A coleta foi realizada nas bases de indexação,
Pubmed/Medline, Scielo/LILACS, Google Scholar e no site da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia. Para a análise dos dados foi confeccionada planilha contendo as
variáveis da pesquisa, a saber: efeitos do procedimento na voz e no sujeito, aspectos
fisiológicos do aquecimento vocal, número de participantes, profissão, duração, hierarquia
dos exercícios, instrumentos de análise do efeito e parâmetros de análise do efeito.
Resultados:Foram encontrados 20 trabalhos sobre o tema, sendo 15 analisados na
íntegra e cinco parcialmente. Em todos eles, pode-se perceber que o aquecimento vocal
traz como efeito geral a melhora da qualidade vocal, embora estudos (especialmente com
número de sujeitos restrito) apontem para grande variabilidade de resposta. Quanto aos
aspectos fisiológicos modificados por esse procedimento, uma importante característica
discutida em algumas pesquisas, é o grau de viscosidade das pregas vocais. Alguns
autores afirmam que o aquecimento vocal leva redução da viscosidade das pregas vocais,
devido ao aumento na temperatura e, atrelado a isso, ocorre uma redução no limiar da
pressão fonatória. Outros estudos mostram exatamente o contrário, que o aquecimento
vocal promove um aumento no limiar de pressão fonatória e, como consequência,
aumento na viscosidade das pregas vocais. O número de participantes variou
consideravelmente, sendo que o mínimo foi de quatro pessoas e o máximo foi de 117.
Entretanto, na maioria dos trabalhos, esse número não ultrapassou de 20 sujeitos. A
grande parte dos estudos teve como amostra profissionais da voz (cantores amadores e
profissionais, professores, estudantes de canto e atores). A duração do aquecimento
vocal foi outra variável bastante diversa, com uma variação entre 5 a 45 minutos.
Conclusão: O procedimento de aquecimento vocal é uma prática atual e, justamente por
isso, a quantidade de pesquisas sobre o tema ainda é pequena. Atrelada a esse fator está
a diversidade de metodologias utilizadas entre os diferentes estudos, tendo como
consequência uma variação muito grande nos resultados, o que impede um consenso
sobre o procedimento. Dessa forma, permanecem as diferentes formas de realização com
diferentes interpretações acerca dos efeitos fisiológicos na voz.

659
Aspectos laríngeos e vocais na avaliação da competência glótica

Gabriela Lima Ricci; Aline Epiphanio Wolf

Objetivo: Este artigo teve como objetivo avaliar a competência glótica por meio de análise
visual, acústica e auditiva; bem como verificar a relação entre os métodos e suas
especificidades e sensibilidades. Método: Participaram da pesquisa 35 sujeitos que
tinham indicação para exame nasofibrolaringoscópico com ou sem queixa de voz. A
avaliação laringológica foi realizada por um médico otorrinolaringologista e o mesmo
emitiu um laudo específico sobre a configuração da glote. Para a análise perceptiva
auditiva foi utilizada a gravação de vogal sustentada, fala encadeada e fala espontânea,
realizada por três fonoaudiólogos experientes na área de voz com teste de confiabilidade
intra-avaliador com repetição de 50% da amostra. Para a análise acústica foi utilizado um
cronômetro e o sujeito foi instruído a emitir as consoantes /s/ e depois a consoante /z/ de
forma prolongada ([s:] e [z:]) e no maior tempo de emissão em uma única inspiração. Na
primeira análise, foi verificado se os resultados do teste visual são iguais (do ponto de
vista da estatística, portanto com uma margem de erro) em relação ao teste acústico
(Relação S/Z) e na segunda análise, foi verificado se os resultados do teste visual são
iguais (do ponto de vista da estatística, portanto com uma margem de erro) em relação à
qualidade vocal atribuída pelas fonoaudiólogas, com teste de confiabilidade intra-avaliador
com repetição de 50% da amostra. Os resultados foram classificados em: análise visual:
coaptação incompleta ou coaptação completa (0 ou 1); análise perceptivo auditiva:
presença de soprosidade ou ausência de soprosidade (0 ou 1) e análise acústica:
soprosidade ou normalidade (S/Z >> 1,2) (0 ou 1). Resultados: Como principais
resultados, observou-se que, dos 35 sujeitos participantes da pesquisa até o momento,
apenas 37,14% apresentaram resultados compatíveis com o teste padrão-ouro, ou seja,
os resultados da análise acústica não são compatíveis com os resultados da análise
visual, e 62,8% apresentaram resultados não compatíveis com o teste padrão-ouro.

660
Aspectos respiratórios e vocais na qualidade de vida em voz de homens e mulheres
idosos

Larissa Thaís Donalonso Siqueira; Kelly Cristina Alves Silvério, Ana Paula Fukushiro,
Alcione Ghedini Brasolotto

Introdução: A busca pela qualidade de vida originou a necessidade de se compreender


melhor os aspectos envolvidos no processo de envelhecimento, visando minimizar suas
consequências. Embora existam muitos estudos sobre a voz do idoso, a compreensão
sobre quais aspectos interferem na qualidade de vida em voz desta população, ainda não
é muito explorada. Objetivo: Averiguar o impacto dos aspectos respiratórios e dos
aspectos vocais na qualidade de vida em voz de homens e mulheres idosos. Metodologia:
Este estudo foi aprovado pelo CEP/FOB-USP (050/2011). Participaram 56 idosos, com
idades entre 60 a 86 anos, sendo 39 mulheres (média de 67,97 anos) e 17 homens
(média de 67,88). Foi aplicado o Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV) e
foram realizados os procedimentos de avaliação vocal utilizando a Escala Analógica
Visual para a análise perceptivo-auditiva da vogal sustentada /a/ e o programa
computadorizado Mult Dimension Voice Program (MDVP), KayPentax, para a análise
acústica dos parâmetros: frequência fundamental (F0), desvio padrão da frequência
fundamental (dp F0), shimmer, cociente de perturbação de amplitude (APQ,) jitter,
cociente de perturbação de frequência (PPQ) e proporção ruído-harmônico (NHR). Foi
realizada a avaliação da respiração, incluindo medidas de capacidade vital (CV), volume
fonatório (VF), fluxo médio fonatório (FMF) e cociente fônico simples (CFS), por meio do
espirômetro Pony Fx; a avaliação do tempo máximo de fonação (TMF) durante a emissão
de /a/, /s/, /z/ e contagem de números. Foi utilizado o teste Spearman para correlação
entre os dados do QVV com os demais procedimentos (p<<0,05). Resultados: Foi
observada correlação negativa do parâmetro rugosidade com o domínio físico (p=0,020) e
o escore total (p=0,014) do Protocolo QVV, para o sexo feminino. Quanto às medidas
acústicas, foi verificada correlação positiva da F0 com o domínio sócio-emocional
(p=0,023), e correlação positiva dos parâmetros shimmer, APQ e NHR com o domínio
físico (p=0,000; p=0,001; p=0,010, respectivamente) e escore total (p=0,017; p=0,001;
p=0,007, respectivamente) do QVV, revelando que quando aumentados, interferem
negativamente na qualidade de vida em voz das mulheres idosas. Não foi verificada
correlação das medidas espirométricas com o Protocolo QVV, porém, foi observada
correlação positiva do TMF de /a/, /z/ e números com o domínio físico (p=0,029; p=0,044;
p=0,023, respectivamente) e escore total (p=0,026; p=0,046; 0,029, respectivamente) do
QVV, apenas para o sexo masculino. Conclusão: Os aspectos vocais têm impacto
negativo, especificamente a rugosidade, na qualidade de vida em voz das mulheres
idosas e os aspectos de coordenação entre respiração e fala são os que mais interferem
na qualidade de vida em voz dos homens.

661
Assessoria fonoaudiológica na comunicação interna de uma instituição não
governamental: ações e resultados

Aline Tafarelo Vargas; Camila Loiola

Introdução: Atualmente, a facilidade do acesso à informação e conhecimento trouxe


diferentes formas de comunicação e tem modificado as relações interpessoais e de
trabalho. Contudo, a comunicação no meio corporativo nem sempre ocorre de forma
assertiva. Nesse cenário, a Fonoaudiologia no âmbito da assessoria pode contribuir para
melhor efetividade da comunicação no ambiente corporativo ao conhecer a demanda e as
necessidades de cada empresa, propondo ações específicas em benefício da
comunicação de qualidade aos indivíduos e seus departamentos. Objetivos: Analisar a
frequência de atitudes positivas de comunicação e verificar os efeitos de ações de
assessoria fonoaudiológica na comunicação interna dos colaboradores e setores de uma
instituição terapêutica filantrópica. Métodos: O estudo foi desenvolvido em uma instituição
terapêutica filantrópica entre os anos de 2010 a 2012, com a participação de 70
colaboradores distribuídos nos setores administrativo, clínico e reabilitação. Os
participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Aplicou-se um
questionário com 14 questões fechadas, que abordou a ocorrência de atitudes favoráveis
quanto à comunicação interna da instituição segundo uma escala Likert de frequência, a
saber: nunca, correspondente à frequência nula; raramente, aconteceu alguma vez;
frequentemente, aconteceram muitas vezes; e sempre, referente a acontecimentos
constantes e sistemáticos que já fazem parte da rotina da instituição. Após o
levantamento de dados, realizou-se a análise quantitativa e qualitativa das questões
respondidas e seus respectivos setores, para a elaboração e execução de um plano de
ação com ênfase nos itens apontados com menor índice de frequência das atitudes de
comunicação. Resultados: Em 2010, 70% das respostas referentes à comunicação
interna foram positivas. As atitudes de comunicação referidas como negativas ou de baixa
frequência de ocorrência foram: a comunicação entre setores não é adequada;
informações não são passadas em tempo hábil para realizar tarefas solicitadas; falta
informação sobre os produtos e serviços oferecidos pela instituição; informações não são
passadas de maneira clara e objetiva. A partir desses dados, foram realizados
treinamentos com gestores e equipes, intensificação da ouvidoria interna, padronizações
de fluxos de comunicação oral e escrita e assessoria direta ao setor de recursos
humanos. Após a implantação do plano de ação, em 2011, com a reaplicação do
questionário, a porcentagem de respostas positivas aumentou para 80%. Uma nova
atuação fonoaudiológica foi realizada frente às respostas que ainda se mantiveram
negativas e em 2012 os colaboradores pontuaram 82% de respostas positivas referentes
à comunicação interna. Portanto, obteve-se, ao final da proposta, um aumento de 12% na
frequência geral das atitudes positivas de comunicação nessa instituição. Conclusões: As
ações de assessoria fonoaudiológica trouxeram efeitos positivos na comunicação interna
da instituição pesquisada, com melhorias nas habilidades comunicativas dos funcionários,
nas ações de fluxo de comunicação oral e escrita e no relacionamento comunicativo.
Evidenciou-se a importância da comunicação como ferramenta estratégica nas relações e
se confirmou uma relação de parceria e compromisso com os colaboradores da
instituição.

662
Atuação fonoaudiológica junto a apresentadores de programas de televisão

Mila Cruz do Valle; Clara Rocha da Silva, Laura Melamed Barbosa, Luana Curti, Maria
Cristina de Menezes Borrego

Introdução: O fonoaudiólogo tem reconhecido papel na formação de profissionais da voz


como atores, locutores de rádio e TV. A televisão possui inúmeros canais de distribuição
de informação, TVs públicas e legislativas, canais comunitários e educativos, operadoras
de TV por assinatura e webtvs, sendo grande a procura por cursos na área de Áudio e
Vídeo. O apresentador de televisão deve conduzir programas de entrevistas, variedades e
entretenimento. A orientação e o aperfeiçoamento da comunicação são fundamentais
para este grupo que necessita de capacitação específica, de acordo com seu perfil
comunicativo, demanda vocal e prática profissional. Objetivo: Apresentar relato de
experiência de atuação fonoaudiológica em curso de formação de apresentadores de
programas de televisão, considerando aspectos como aulas em grupo, número e perfil
dos alunos, espaço e equipamentos, estratégias de aprendizagem. Métodos: O curso é de
qualificação técnica de nível médio, sendo formadas duas turmas de 15 alunos por
semestre. As aulas de voz são ministradas pelo fonoaudiólogo no módulo prático. Essa
disciplina tem 44 horas de duração, distribuídas em aulas semanais no estúdio de TV da
instituição. Equipamentos como câmeras, teleprompter, gravadores e editores de vídeo,
microfones, bancadas e cenários são utilizados para simulação da atividade profissional
no mercado de trabalho. Resultados: A atuação fonoaudiológica neste curso visa dar ao
estudante consciência sobre seu aparelho vocal e sua melhor utilização, conhecimento
sobre produção da voz e saúde vocal; plasticidade e expressividade para o uso da voz de
acordo com o estilo do programa. O fonoaudiólogo trabalha o aprimoramento da voz e da
competência comunicativa propondo exercícios de modulação, intensidade e projeção
vocal, articulação, velocidade de fala e prosódia. A cada aula, após apresentação do
parâmetro a ser trabalhado e experimentação individual do aluno, o exercício é realizado
utilizando-se texto televisivo que promova sua aplicação. As aulas são práticas e
acontecem no estúdio de TV, onde os exercícios são gravados, editados e assistidos
pelos alunos, que recebem uma devolutiva sobre sua performance e, em seguida,
poderão regravar aplicando os ajustes sugeridos. Outra estratégia utilizada é assistir aos
dois vídeos, pré e pós-orientação, observando-se as diferenças. Os textos movimentam
vários recursos comunicativos, porém o aluno deve focar naquele parâmetro trabalhado
no momento. Com o decorrer do curso e apreensão das habilidades, o aluno
gradativamente percebe parâmetros concomitantes e, por fim, todos os recursos
treinados. A leitura do aluno também é trabalhada fazendo uso do teleprompter; a
construção de ideias e organização do discurso são exercitadas por meio de
improvisações. A aula em grupo possibilita atividades em duplas e trios, promovendo
flexibilidade na comunicação uma vez que um aluno deve acompanhar o ritmo do outro.
Conclusão: A voz é uma importante habilidade a ser desenvolvida no profissional
apresentador de TV devendo acompanhar as rápidas mudanças na área do audiovisual.
Cada vez mais torna-se clara a necessidade do fonoaudiólogo ser um profissional que
saiba trabalhar em equipe e explorar de forma mais completa sua atuação nas áreas de
voz – linguagem – competência comunicativa junto aos profissionais da comunicação.

663
Auto-percepção,qualidade de vida e atuação em saúde vocal junto a professores de
uma escola pública

Ana Paula d´Oliveira Gheti Kao; Aline Oliveira Baruzzi, Ana Carolina Ramos de Oliveira
Borges, Daniela Scalon Oliveira, Emelie Villela da Costa, Talita Mazzariello Roveri

Introdução: A voz é utilizada em muitas profissões como instrumento de trabalho, o que


justifica a necessidade de se verificar os fatores que podem ser prejudiciais ao bom
desempenho vocal. O impacto da alteração vocal depende de uma ampla gama de
aspectos particulares que vão desde a influência do ambiente de trabalho até o estresse
psicológico. Objetivo: Descrever os achados obtidos com a aplicação do protocolo de
Anamnese-Voz Falada e do QVV a professores de uma escola pública. Métodos: Os
dados a serem apresentados foram obtidos a partir da aplicação do Protocolo de
Anamnese-Voz Falada e QVV a professores de uma escola pública da cidade de São
Paulo. O Protocolo de Anamnese-Voz Falada é composto de questões fechadas e
abertas sobre aspectos relacionados à voz. Foi inserido, ainda, o Questionário de
Qualidade de Vida em Voz (QVV) validado para o português brasileiro, que tem como
objetivo verificar o impacto do uso vocal com relação a aspectos físicos e emocionais.
Resultados: O protocolo foi respondido por 31 professores, sendo 28 mulheres, com uma
média de 19 anos de atuação profissional – dentre eles, de ensino fundamental I e II. 55%
referiram que às vezes sentem cansaço ao falar e 48% às vezes perdem da qualidade
vocal. Em relação à postura, 51,6% trabalham em pé. Entre os aspectos relacionados aos
hábitos dos participantes, 71% afirmaram nunca terem fumado, 13% referiram ser ex-
fumantes e 16% fumantes. Com relação ao uso de bebidas alcóolicas, 80% referiram não
consumir e 20% declararam o consumo de bebidas fermentadas e/ou destiladas,
socialmente. Pó de giz, poeira e barulho durante às aulas foram os fatores predominantes
relacionados às condições de trabalho. Dentre os fatores relacionados com alteração
vocal, 94% dos professores referiram gritar e 87% relataram que apresentam garganta
seca. Os resultados do QVV mostraram uma média geral de 83,7, sendo 87,32 para o
fator emocional e 81 para físico. Cabe ressaltar que o fator emocional apresentou cinco
escores inferiores a 74,9, sendo seis a menor pontuação. Conclusões: Considerável
porcentagem de professores referiram momentos de “cansaço ao falar” ou “perda da
qualidade vocal” – o que pode estar relacionado ao uso vocal inadequado pelo longo
período profissional. Pó de giz, poeira e barulho constituem aspectos do ambiente de
trabalho que podem influenciar negativamente no desempenho vocal, estando os dois
primeiros relacionados às alterações alérgicas. No que diz respeito ao conhecimento
sobre voz, o “gritar” foi assinalado com maior frequência como fator mais prejudicial à voz
e o “sussurrar” foi o menos citado. Esperava-se a média do QVV menor, dadas as queixas
de cansaço e perda vocal – o que pode constituir reflexo da dificuldade de auto-percepção
vocal desta população.

664
Autopercepção da severidade do quadro disfônico de pacientes em reabilitação
vocal

Sarah Rosita Teixeira Silva Sales; Iara Maia Guerreiro, Charleston Teixeira Palmeira

O impacto dos problemas na voz, as denominadas disfonias, frequentemente manifestam-


se por meio de limitações de ordem emocional, física, social e/ou profissional. Tais
limitações, evidentes nos quadros disfônicos, estão diretamente relacionadas com a
qualidade de vida, que é definida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida,
revelando-se os objetivos, expectativas, padrões sócio-culturais-econômicos e interesses
pessoais, pois enfocam o bem-estar do indivíduo. Por sua vez, a autopercepção sobre o
quanto um problema de saúde compromete a qualidade de vida oferece dados
importantes e pode ser essencial na adesão aos processos terapêuticos. Para tanto,
protocolos de autoavaliação são desenvolvidos para mensurar a opinião de um sujeito
sobre um determinado aspecto de sua vida, e além de contribuírem para o diagnóstico,
são ferramentas importantes para a construção de planos terapêuticos e para estabelecer
critérios de alta. O estudo em questão foi de natureza transversal e quantitativa, e com
população alvo formada por 15 pacientes do sexo feminino, na faixa-etária adulta, entre
18 e 60 anos, com média de idade de 45 anos e que se encontravam em reabilitação
vocal durante o período de março e abril de 2012. Esse projeto foi submetido ao Comitê
de Ética em pesquisa de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde MS
Nº.196/96, sendo utilizado o termo de Consentimento Livre e Esclarecido e encontra-se
registrado sob o número 11-067. A coleta de dados deu-se pela aplicação do Protocolo do
Perfil de Participação e Atividades Vocais – PPAV, instrumento de autoavaliação,
composto de 28 questões objetivas aplicadas nos sujeitos selecionados. O PPAV fornece
informações valiosas sobre o impacto da voz na vida do indivíduo em relação a cinco
parâmetros: autopercepção da severidade do problema vocal, os efeitos desta alteração
no trabalho, na comunicação diária, na comunicação social e na manifestação das
emoções. Os critérios de inclusão contemplavam as pacientes alfabetizadas que
apresentavam diagnóstico fonoaudiológico de disfonia funcional, organofuncional ou
orgânica, de grau leve a severo. Os critérios de exclusão envolveram sujeitos com
doenças associadas a déficit intelectual, cognitivo, neurológico, auditivo e que tiveram
dificuldades em responder as questões da pesquisa. Obtemos como resultados que a
severidade do problema vocal é percebida pela população pesquisada e ao ser
relacionada com os demais aspectos do protocolo, identificou-se que o efeito emocional
foi o mais afetado. Em contrapartida, o efeito da voz na comunicação social mostrou-se
como o de menor referência, sugerindo que o problema vocal não interfere neste aspecto.
Observou-se, também, que o perfil dessa população é em limitar-se na participação das
atividades vocais, reforçando de fato, que se sentem limitadas em exercer suas funções
comunicativas. Portanto, é importante reconhecer que o uso de protocolos de
autopercepção pode favorecer para que seja desenvolvida uma melhor percepção da
qualidade de vida, no que diz respeito ao uso da voz no processo de reabilitação das
pacientes.

665
Autopercepção e sintomas vocais em atores de teatro

Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos; Geová Oliveira de Amorim, António Manuel da


Costa Vieira, Adriano Rockland Siquera Campos, Edney Gustavo Fernandes Tenório,
Phillipe Xavier Moreira de Barros

Introdução: O ator pertence a um grupo de profissionais da voz com alto índice de


alterações vocais, as quais podem estar relacionadas às condições de trabalho
inadequadas e falta de informações acerca da saúde vocal. A percepção precoce dos
primeiros sinais/sintomas vocais podem evitar a instalação de alterações mais severas
relacionadas à voz. A autopercepção vocal diz respeito à percepção do individuo quanto à
dimensão e o impacto que problemas vocais causam em sua qualidade de vida.
Atualmente a opinião do individuo acerca da sua voz tem assumido papel central na área
de terapia vocal. Objetivo: Investigar a autopercepção e a presença de sintomas vocais
em atores de teatro. Método: Estudo observacional transversal. Amostra composta por 28
atores de teatro, sendo 16 homens e 12 mulheres. Participaram da pesquisa indivíduos
com idade entre 18 e 30 anos com média de idade de 24,2 anos. Foi aplicado um
questionário com questões objetivas relativas à autopercepção vocal e uma lista com os
21 sintomas vocais mais relatados pela população em geral. Os indivíduos foram
orientados quanto ao preenchimento do protocolo sendo informados que poderiam marcar
mais de um sintoma desde que já o tenha apresentado. Os dados foram tabulados e
analisados estatisticamente pelo software SPSS 16.0. Resultados: Em relação à
autopercepção vocal, 50% (n=14) avaliou a voz como razoável, 36% considerou a voz
boa e 14% (n=4) como ruim. Todos os sujeitos referiram ao menos um sintoma vocal,
sendo os mais reportados, o pigarro constante (10; 39,2%), dor na garganta (10; 39,2%),
garganta seca (10; 39,2%), dificuldade para falar grosso (10; 39,2%), esforço para falar (9;
32,1%). Conclusão: Atores de teatro, independente da autopercepção vocal, apresentam
um número expressivo de sintomas vocais. Conhecer o trabalho dos atores de teatro
dentro de uma proposta que englobe todos os estressores ocupacionais possibilitará que
fatores que dificultam a comunicação sejam eliminados ou atenuados, através de
programas de treinamento vocal, mais específicos às necessidades dessa classe de
profissionais.

666
Avaliação acústica nas alterações vocais: recursos utilizados em estudos
científicos brasileiros

Elaine Pavan Gargantini; Iára Bittante de Oliveira, Eliane dos Santos Fernandez

Introdução: a análise acústica destaca-se por ser uma avaliação não invasiva da voz,
oferecendo parâmetros objetivos para avaliação vocal, diferenciando-se da análise
perceptivo auditiva por fornecer valores numéricos acústicos que são relevantes no ponto
de vista clínico. Por meio da análise acústica é possível prover características
quali¬tativas e quantitativas da voz, as quais podem ter relevância clínica, no estudo das
vozes pa¬tológicas. Porém, apesar de suas vantagens, este não fornece diagnóstico em
sua função, mas serve como complemento da avaliação vocal, juntamente com os
achados dos exames fisiológicos realizados pelo médico e da análise perceptivo-auditiva
da voz. Objetivo: levantar e analisar estudos científicos brasileiros que em seus
procedimentos utilizaram programas de análise acústica para avaliação da voz e suas
alterações. Método: foi realizada revisão de literatura de artigos científicos nacionais com
intuito de se verificar quais os procedimentos utilizados para análise acústica. As
pesquisas basearam-se nas revistas de Fonoaudiologia brasileiras; revistas de áreas
correlatas, utilizando-se as bases de dados BVS, LILACS e SCIELO. Os descritores em
ciências da Saúde (DeCS) mais utilizados foram: acústica da fala, voz e disfonia. Os
artigos foram selecionados de acordo com o período referente aos últimos cinco anos,
portanto 2008 à 2013. A partir dos descritores, e localizados os artigos, foram lidos todos
os seus resumos e, quando necessário, o artigo foi lido na sua íntegra. Selecionados os
artigos, a metodologia de cada um foi analisada com vistas a: programa de análise
acústica utilizado; parâmetros analisados, e se o estudo era destinado a avaliar vozes
alteradas. Após tal seleção, foram obtidos 63 artigos, que utilizaram análise acústica em
suas pesquisas, dos quais 38 voltados para análises em vozes disfônicas, interesse deste
estudo. Resultados: os artigos que referiram uso de programas de análise acústica em
suas metodologias estão distribuídos quanto ao tipo de programa da seguinte forma:
Multidimensional Voice Program (MDVP) em dez artigos (26,3%), Voxmetria em sete
(18,4%), PRAAT oito (21%), Multidimensional Voice Program Advanced (MDVPA) cinco
(13,1%); GRAM em quatro (10,5%), Dr. Speech um (2,6%) e artigos com uso de dois ou
mais programas, três (7,8%). Dos 38 artigos de vozes disfônicas, 16 são estudos sobre a
eficácia da terapia vocal (42,1%). Desses, 100% utilizaram os programas de análise
acústica como medida objetiva para seus resultados. Já 28 desses artigos (73,7%)
utilizaram o padrão ouro da Fonoaudiologia, combinando análise perceptivo-auditiva
(escala GRBASI) com análise acústica da voz. Sobre os parâmetros da análise acústica
63,1% dos artigos consideraram a medida de jitter, 60,5% consideraram a medida de
shimmer e 55,2% utilizam a Proporção Harmônico Ruído em seus resultados. Conclusão:
As pesquisas clínicas com o uso da análise acústica associadas a avaliação vocal
mostraram-se relevantes, pois fornecem dados suficientes para intervenção e
acompanhamento dos tratamentos fonoaudiológicos. A finalidade do uso de programas
computadorizados na clínica vocal mostrou-se eficaz na maioria dos artigos selecionados.

667
Avaliação da competência comunicativa e o desempenho profissional em
operadores de telesserviços

Jamile Meira de Vasconcelos, Carla Brito, Denise Medeiros, Alessandra Martins

Para competir no mercado, as empresas de telesserviços têm atentado para satisfação e


fidelização com os consumidores e, para isto, contam com a competência do atendimento
prestado por operadores de telesserviços que têm na comunicação sua principal
ferramenta de trabalho. Partindo da hipótese de que a competência comunicativa tem
influência no desempenho do operador de telesserviços, esta pesquisa teve como objetivo
avaliar a relação entre competência comunicativa e desempenho de operadores de
telesserviços de uma empresa de telefonia. O estudo foi realizado em uma central de
telesserviços, de uma empresa de telefonia, localizada em Jaboatão dos Guararapes/PE.
A população de estudo foi composta por 26 operadores, que prestavam atendimento
receptivo a pequenas e médias empresas. O tipo de estudo foi observacional, descritivo,
transversal, misto, quantitativo, com comparação de grupos, segundo competência
comunicativa e desempenho profissional. Baseados no protocolo de avaliação da
competência comunicativa (habilidade para falar composto por parâmetros da voz, fala e
vocabulário, habilidade para escutar e atitudes), elaborado para esta pesquisa, quatro
fonoaudiólogos, especialistas em voz e com experiência em comunicação profissional
avaliaram a competência comunicativa de operadores, a partir da escuta de gravações
compostas por três atendimentos de cada operador disponibilizadas pelo sistema de
monitoria. As avaliações foram organizadas em planilha do Excel® (na plataforma
Windows®), versão 2010, e analisados no programa Statistical Package for Social
Sciences®, versão 17.0. Os preceitos éticos foram assegurados, sendo a pesquisa
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da
Universidade Federal de Pernambuco, sob CAAE nº 04764312.9.000.5208. Os resultados
apontaram que a habilidade para falar foi a categoria que mais comprometeu a
competência comunicativa (61,4%). A ressonância foi o parâmetro da voz no qual os
operadores apresentaram a menor pontuação (69,5%), bem como o maior coeficiente de
variação (3,45%). Ao detalhar os parâmetros da fala, identificou-se a redução
principalmente da pontuação percentual média da entonação (68,9%), da velocidade
(68,9%) e do ritmo (69,6%). O último componente da habilidade para falar, o vocabulário,
mostrou-se o menos comprometido, posto que a ele foi conferida a maior pontuação
média percentual (76,9%) quando comparado aos outros componentes desta categoria,
sendo a maior influência pela perda da propriedade de linguagem dos operadores
(65,4%). Na habilidade para escutar, foi a demonstração da compreensão da mensagem
o parâmetro mais comprometido (73%). A mesma conotação de importância e significado
percebeu-se na ausência de sinais verbais de escuta ativa, do que derivou baixa
pontuação média percentual (75,6%) atribuída pelos avaliadores aos operadores. Dentre
as atitudes, a pontuação média mais baixa foi da empatia (73,5%), seguida da
naturalidade dos operadores (76,1%). Não foi encontrado associação entre desempenho
profissional e competência comunicativa, uma vez que a variação das categorias dos
componentes da competência comunicativa não se acompanhou de variação sistemática
associada a gama de classes de desempenho. Esta constatação contrapõe ao objetivo da
própria função de operador de telesserviços, apontando para necessidade de
modificações no processo avaliatório de desempenho. Admitir esta dissociação é
considerar que a empresa analisada entenda por desempenho apenas atingir metas,
independentemente da satisfação de clientes.

668
Avaliação de sinais e sintomas vocais de técnicos e preparadores físicos de futebol

Noelle Bernardi da Silva; Regina Zanella Penteado

Introdução. Técnicos e Preparadores Físicos de futebol têm, na voz, um importante


instrumento de trabalho e, no entanto, não contam com orientação sobre saúde vocal e/ou
preparo para o uso profissional da voz e apresentam sinais e sintomas vocais. Faltam
estudos fonoaudiológicos junto a Técnicos e Preparadores Físicos de futebol que
possibilitem subsidiar ações de promoção da saúde junto a estas categorias. Objetivo.
Avaliar sinais e sintomas vocais em Técnicos e Preparadores Físicos de futebol. Métodos.
Foram sujeitos 13 Preparadores Físicos (PF) e 13 Técnicos (T) de futebol dos 20 times de
futebol classificados para a primeira fase do Campeonato Paulista de Futebol de
2012/série A. Os sujeitos responderam ao Questionário de Sinais e Sintomas Vocais –
QSSV no momento que antecedia os jogos ou treinos dos times. É feita análise descritiva
das respostas. Aprovação CEP 99/11 (13/12/2011). Resultados. Há diferenças entre as
categorias, nas maneiras de sentir, perceber e identificar sinais e sintomas vocais; e os
Preparadores Físicos apresentam mais sinais-sintomas vocais (PF: 28 sinais-sintomas –
média de 3,5) do que os Técnicos (T: 25 sinais-sintomas – média de 2,27). Apresentaram
três ou mais sinais/sintomas vocais 23% dos Técnicos e 54% dos Preparadores Físicos -
a presença de três ou mais sintomas tem sido apontada como indicativa de risco de
distúrbio vocal. Os sinais e sintomas vocais mais referidos foram: rouquidão (T: 30%; PF:
54%); voz cansada ou mudança de qualidade após curto uso da voz (T e PF: 30%);
desconforto enquanto usa a voz (T: 15%; PF: 38%); perda na extensão na voz cantada (T:
23%; PF: 15%); esforço para falar (T:8%; PF: 23%); pigarro (T e PF: 15%). Os Sinais e
Sintomas menos referidos foram: dor de garganta crônica (nenhum) e dificuldade em
projetar a voz; voz monótona; dificuldade em engolir; e voz tremula (todos com 8% em
ambas as categorias). Alguns sinais e sintomas ocorrem exclusivamente em uma
categoria profissional: ressecamento da garganta crônico (Preparadores Físicos) e
problemas de voz falada ou cantada (Técnicos). Conclusões. Técnicos e Preparadores
Físicos de futebol apresentam sinais e sintomas vocais que sugerem condição de risco à
saúde vocal e demandam ações fonoaudiológicas para promoção da saúde vocal.

669
Avaliação do impacto da aprendizagem de técnicas de expressão e higiene vocal
em alunos de teatro

Carmem Porto; Kátia Nemr, Maria Inês Beltrati Cornacchioni Rehder

Introdução: o ator é um profissional que usa voz e corpo para a arte da representação.
Critérios de escolhas instrumentais cênicas são fundamentais para a construção do
personagem que pode usar recursos vocais insalubres comprometendo a saúde vocal.
Neste contexto o fonoaudiólogo pode contribuir na construção do personagem e na voz
do ator. Objetivo: investigar a utilização de técnicas de expressão e higiene vocal, em
acadêmicos de teatro em diversos níveis da graduação. Metodologia: estudo longitudinal
com 27 sujeitos, 10 homens e 17 mulheres, com idade entre 18 e 44 anos, média 26,4
anos, estudantes da mesma faculdade teatro, divididos em 3 grupos: G1 com 10 sujeitos
do primeiro semestre; G2 com 7 sujeitos, cursando matérias específicas de teatro; e G3
composto 10 sujeitos com experiência de palco. Para avaliação comparativa os dados
foram coletados antes e depois da matéria Técnicas de Expressão e Higiene Vocal
(TEHV). Utilizamos duas perguntas dissertativas: o que é higiene vocal e o que é
expressão vocal. Na segunda parte perguntamos também, quais conceitos aprendidos
estavam sendo utilizados. As respostas foram analisadas considerando um critério
conceitual certo/errado e um lingüístico de coerência de resposta. Para a análise
estatística, utilizamos o Teste de Razão e Verossimilhança e o Teste Exato de Fisher com
nível de significância de 5% (0,05). CEP nº. 122/09. Resultados: embora a higiene vocal
seja um conteúdo conhecido pelos sujeitos apenas 33,3% afirmaram que mudariam seus
maus hábitos. A expressividade vocal apresentou piora para o G1 (p=0,67), melhora para
o G2 (p=0,48) e não se alterou para o G3 (p=0,38). A qualidade linguística das respostas
melhorou no G1, não melhorou no G2 e melhorou G3, com significância nos três grupos
(p=0,01). A análise da citação dos hábitos saudáveis nos dois momentos revelou-se
significante para o preparo da voz antes de esforço (p=0,01) e repouso vocal após esforço
(p=0,04) para todos os grupos estudados. Os três grupos concordaram que o abuso vocal
deveria ser o hábito a ser erradicado (p=0,05%). Discussão: a maior parte dos sujeitos
não se mostrou disposta a mudar hábitos vocais abusivos relacionados às circunstâncias
de abuso vocal em cena, priorizando a construção do personagem. Por outro lado,
concordaram em tentar minimizar seus efeitos em cena com preparo vocal antes da
atuação, repouso depois e redução do abuso no dia-a-dia. No conteúdo da expressão
vocal as diferenças nas respostas vêm ao encontro do próprio nível acadêmico de cada
grupo. A redução dos acertos no grupo 1 pode estar relacionada à falta de conteúdo
acadêmico para a assimilação adequada, o aumento de acertos no grupo 2
provavelmente se deve a fase de intenso aprendizado na qual se encontram, a
manutenção da porcentagem alta de acertos no grupo 3 poderia indicar compreensão
prévia, relacionada a própria bagagem acadêmica. A melhora da qualidade lingüística das
respostas está relacionada ao nível acadêmico. Conclusão: as técnicas de higiene vocal
não foram assimiladas igualmente entre os grupos. A expressividade vocal é melhor
compreendida e assimilada por acadêmicos com experiência de palco.

670
Avaliação e intervenção fonoaudiológica na doença de parkinson: relato de caso

Patrícia Valente Moura Carvalho; Viviane Pereira Medeiros,Maria Cecília Costa, Débora
Sathler Aguiar, Viviane Cristina dos Santos

Introdução: A Doença de Parkinson (D.P.) é definida como um distúrbio


neurodegenerativo, de causa desconhecida e instalação insidiosa, leta e progressiva, que
afeta, principalmente o sistema motor. Em seu curso ocorre uma perda progressiva de
células da substância negra, na região do mesencéfalo, configurando a tríade sintomática:
tremor de repouso, bradicinesia e rigidez muscular. Dentre a sintomatologia verificam-se
comprometimentos fonoaudiológicos que interferem consideravelmente na qualidade e
manutenção da vida. Objetivo: Descrever a avaliação e conduta fonoaudiológica em um
caso de D.P.. Método: Participante do sexo feminino, 62 anos, realizou tratamento
fonoaudiológico semanal, sendo uma sessão por semana com duração de 40 minutos, em
uma clínica escola de Belo Horizonte. Realizou-se avaliação fonoaudiológica antes a após
intervenção, abordando Voz, Fala e Motricidade Orofacial. Resultados: Foram
contabilizados 08 atendimentos. Realiza acompanhamento há aproximadamente 14 anos
com neurologista e fisioterapeuta. À avaliação informal e formal revelou: linguagem
receptiva adequada; fala inteligível com atenção, com segmentos ininteligíveis, velocidade
de fala aumentada, pitch e loudness reduzidos, articulação e prosódia restritas,
coordenação pneumofonoarticulatória alterada; rigidez de musculatura orofacial e cervical,
órgãos fonoarticulatórios (OFA’s) com mobilidade e força reduzidas, presença de
tremores; mastigação e deglutição funcional. A terapêutica buscou a melhora da
comunicação oral bem como das estruturas/funções comprometidas e para isso enfatizou:
orientações; relaxamento corporal, cervical e facial; adequação respiratória e da
coordenação pneumofonoarticulatória; favorecimento da articulação, ressonância e
prosódia; redução da velocidade de fala; aprimoramento da mastigação e deglutição. Ao
término constatou-se melhora da mobilidade e força dos OFA’s (permanência dos
tremores) e da articulação, discreta redução da velocidade de fala e início de
modificações prosódicas. Conclusão: Apesar do número de atendimentos, o tratamento
foi eficiente e eficaz. O prognóstico da D.P. é limitado, mas com a compreensão das
manifestações clínicas e intervenção precoce, é possível postergar o quadro evolutivo da
doença e promover maior qualidade de vida.

671
Avaliação laringológica de crianças com hipotireoidismo congênito

Ana Paula Dassie-Leite; Luiz de Lacerda Filho, Elmar Allen Fugmann, Mara Behlau

Introdução: Um dos sinais clínicos do hipotireoidismo congênito (HC) é o choro rouco ao


nascimento e/ou durante as primeiras semanas de vida, que apesar de evidente não tem
sido valorizado. Tal sinal tem relação com a presença de mixedema por acúmulo de
glicosaminoglicanos, substância hidrófila mucopolissacarídea, nos espaços intersticiais,
principalmente na pele e músculos. O mixedema em pregas vocais (PPVV) pode
desencadear choro grave, rugoso e instável, percebido até por leigos. No entanto, ainda
não são claros os dados referentes à persistência ou não de alterações laríngeas e vocais
nessa população. O presente estudo é um recorte de uma avaliação multidimensional,
médica e fonoaudiológica, da comunicação oral de crianças com HC. Objetivo: Obter os
dados da avaliação laringológica de crianças com HC. Método: Participaram 72 crianças,
31 com HC diagnosticado na triagem neonatal (G1) e 41 sem a doença (G2), com idades
entre 3 e 12 anos (média 6,9 anos). Todas as crianças, 40 meninos e 32 meninas, eram
pré-púberes (estadiamento de Tanner). Os participantes também foram analisados de
acordo com o gênero, pois no G1 houve predomínio do gênero feminino (65% - doença
acomete duas vezes mais meninas do que meninos) e no G2 do gênero masculino (70% -
amostra coletada por conveniência). As crianças do G1 eram pacientes em
acompanhamento em um serviço de endocrinologia pediátrica de um hospital de
referência desde as primeiras semanas de vida. Os participantes do G2 eram pacientes
dos ambulatórios de pediatria geral e dermatologia do mesmo hospital, sem alterações
endocrinológicas. Foram excluídas de ambos os grupos crianças com histórico de
quaisquer problemas de saúde que pudessem influenciar na qualidade da voz e na
condição laríngea. As crianças foram submetidas à laringoscopia, realizadas por um
médico especialista e dois médicos residentes. Foram coletados dados referentes à
presença de lesão/alteração em PPVV, tipo de alteração/lesão, coaptação glótica
(completa/incompleta), tipo de fenda associada à fonação e envolvimento supraglótico. Os
dados foram analisados estatisticamente (teste exato de Fisher e Qui-quadrado de
Pearson). Resultados: Os dados laríngeos referentes à totalidade do número de crianças
foram semelhantes entre os gêneros (sete meninos e cinco meninas com lesão em PPVV;
p=0,54), e por isso foram analisados somente de acordo com o grupo. Do total, 19,35%
(n=6) crianças do G1 e 14,6% (n=6) do G2 apresentaram algum tipo de lesão laríngea
(p=0,41). A distribuição quanto ao tipo de lesão também foi semelhante entre os grupos:
nódulos bilaterais (n=2 no G1 e n=2 no G2); cisto epidermoide (n=2 no G1 e n=1 no G2);
edema difuso (n=1 no G1); espessamento (n=1em G1) e sinais de laringite (n=1 em G2).
Quanto à coaptação glótica, 41,94% (n=13) a apresentaram de forma completa no G1 e
41,46%(n=17) no G2 (p=0,84). Diante da coaptação incompleta, houve predomínio de
fenda triangular posterior tanto no G1 (n=8;44,4%) quanto no G2 (n=16;66,7%). Não
houve achados típicos de participação supraglótica à fonação e nem mixedema de PPVV.
Conclusão: Crianças com HC, diagnosticadas e tratadas precocemente, têm a mesma
caracterização laríngea de crianças sem problemas endocrinológicos.

672
Avaliação perceptivo-auditiva da prosódia na expressão das atitudes de dúvida,
incerteza e incredulidade

Luciana Lemos de Azevedo; Denise Brandão de Oliveira e Britto, Nathália Cristina Alves
Ribeiro, Bruna Ferreira Valenzuela de Oliveira, César Reis

Introdução: A comunicação envolve diversos aspectos e parâmetros da voz e da fala. Não


se limita apenas ao ato de transmitir uma mensagem, mas a intenção comunicativa do
locutor. A prosódia se refere aos efeitos vocais gerados a partir de variações nos
parâmetros de frequência, intensidade e duração. Durante a fala, o falante articula uma
sequência de sons que forma um enunciado, e controla os traços vocais. Por meio da
manipulação dos traços prosódicos, o falante tem a possibilidade de moldar a expressão
comunicativa com elementos que não estão necessariamente explícitos no léxico ou na
sintaxe. Objetivo: Identificar as atitudes de dúvida, incerteza e incredulidade no português
brasileiro por meio da análise perceptivo-auditiva da prosódia nos enunciados. Métodos:
16 estudantes de Artes Cênicas, oito do sexo masculino e oito do sexo feminino,
residentes em Belo Horizonte, com faixa etária média de 25,6 anos, emitiram dez
enunciados de dúvida, dez de incerteza e dez de incredulidade. A gravação foi realizada
no programa PRAAT 5.1.31, com um microfone Plantronics digital 5.1. Quatro
fonoaudiólogas especialistas em voz com no mínimo cinco anos de atuação na área,
realizaram a análise perceptivo-auditiva dos 30 enunciados. Posteriormente procedeu-se
com a análise estatística. Resultados: Considerou-se predominância fraca a coincidência
na escolha da atitude de pelo menos três das quatro fonoaudiólogas, e predominância
estrita quando houve unanimidade. Na predominância fraca em todas as atitudes
ocorreram mais acertos, destacando-se a atitude de incredulidade (9 acertos em 10
enunciados). Na predominância estrita houve maior ocorrência de erros, e as atitudes de
dúvida e incerteza apresentaram, respectivamente 8 erros (em 10 enunciados) e 9 erros
(em 10 enunciados), e a atitude de incredulidade apresentou mais acertos (8 em 10
enunciados). Atitudes como ironia, surpresa, arrogância e inconformidade, foram citadas
pelas fonoaudiólogas em enunciados de incredulidade. Houve também um caso em que a
pergunta, foi apontada em um enunciado de incerteza. Conclusão: A maioria das
fonoaudiólogas foram capazes de identificar a atitude expressa e coincidiram suas
respostas. A atitude de incredulidade apresentou maior índice de identificação, e
aproxima-se da expressão de outras atitudes.

673
Avaliação perceptivo-auditiva da voz e queixa vocal de mulheres com doença de
tireoide

Érika Beatriz de Morais Costa; Marluce Nascimento de Almeida, Leandro de Araújo


Pernambuco

Introdução: as doenças da tireoide podem provocar desajustes na produção da voz e


justificar possíveis transtornos vocais como soprosidade, rouquidão, fadiga e instabilidade
vocal. A avaliação perceptivo-auditiva da voz pelo fonoaudiólogo é relevante na prática
clínica, contudo é importante aliar essa avaliação ao relato da queixa pelo paciente, já que
a avaliação do clínico e a avaliação do paciente partem de perspectivas diferentes e
podem ser complementares. Objetivos: verificar frequência de queixa vocal e sua relação
com o resultado da avaliação perceptivo-auditiva da voz em mulheres com doença
tireoidiana. Métodos: o estudo foi realizado com 48 mulheres, com média de idade de
46,44±14,24 anos, diagnóstico de doença tireoidiana, atendidas em um hospital
universitário. As pacientes foram entrevistadas para coleta dos dados e questionadas com
relação à presença ou ausência de queixa vocal. Em seguida, foi realizada gravação de
amostras da voz durante a contagem de 1 a 20 (fala encadeada) e emissão prolongada
da vogal [ɛ]. As amostras foram posteriormente analisadas por um fonoaudiólogo que
classificou o parâmetro grau geral da voz por meio de uma escala analógico-visual (EAV)
composta por uma linha de 0 a 100 mm, cujo extremo à esquerda (0) refere-se à ausência
de alteração e o extremo à direita refere-se ao grau máximo de transtorno vocal (100). Os
dados foram analisados no programa estatístico PSPP versão 0.7.5. A análise descritiva
da amostra considerou as frequências absolutas e relativas, além de média e desvio-
padrão. Para analisar a diferença de médias da EAV entre os grupos com e sem queixa
foi aplicado o teste não paramétrico de Mann-Whitney, considerando o nível de
significância de 5%. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres
Humanos da instituição sob o número 515/2011. Resultados: quanto ao perfil da amostra,
34 (70,8%) pacientes residiam no interior do estado, 27 (56,3%) cursaram o ensino
fundamental e 16 (33,3%) o ensino médio. 38 (79,2%) mulheres referiram queixa vocal e
quanto ao diagnóstico, tanto o nódulo quanto o hipotireoidismo foram encontrados em 18
(37,5%) mulheres, hipertireoidismo em 5 (10,4%) e outras doenças tireoidianas em 4
(8,3%). A média da avaliação perceptivo-auditiva pela EAV de toda a amostra foi
37±24,53 na tarefa de contagem e 43,42±29,17 na emissão da vogal sustentada, ou seja,
o desempenho das pacientes foi pior na emissão da vogal sustentada. Ao estratificar a
amostra em dois grupos de acordo com a queixa vocal, os resultados da EAV obtidos
para o grupo com queixa vocal foram 36,74±22,19 na contagem e 43,18±28,25 na vogal
sustentada. Os valores médios da EAV do grupo sem queixa vocal foram 38±33,44 na
contagem e 44,30±34,07 na vogal sustentada. Ao serem comparados, os grupos com e
sem queixa não apresentaram diferença estatisticamente significante em relação ao valor
da EAV em nenhuma das duas tarefas vocais solicitadas à paciente. Conclusão: foi
verificada elevada frequência de queixa vocal em pacientes com doença tireoidiana. A
avaliação perceptivo-auditiva do grau geral da voz pela EAV não mostrou diferenças entre
os grupos com e sem queixa vocal.

674
Benefícios do exercício de trato vocal semi-ocluído com foco na fonação em tubos
rígidos

Ana Terra Santos Pompeu, Aline de Moraes Arieta, Elizabeth Oliveira Crepaldi de Almeida

Introdução: Os exercícios de trato vocal semi-ocluído (ETVSO) possuem diversas


variações podendo ser adequado de acordo com a necessidade de cada indivíduo. O
objetivo do ETVSO e suas variações é obter uma produção vocal com o mínimo de
esforço e máxima eficiência, em indivíduos com voz normal ou com alteração vocal.
Objetivo: Descrever e comentar os benefícios do exercício de trato vocal semi-ocluído
com foco na Fonação em Tubo Rígido. Método: Para a revisão bibliográfica foram
escolhidos periódicos de 2006 à 2013 que encontravam-se na base de dados Scielo,
Lilacs, PubMed e Medline. Dentro dessas bases de dados, foi encontrado artigos dos
jornais e revistas: Journal of Voice; Logopedic Phoniatrics Vocology; Journal of Speech,
Language, and Hearing Research; Folia Phoniatrica et Logopaedica; Brazilian Journal os
Otorhinolaryngology; Pró-Fono Revista de Atualização Científica e Jornal da Sociedade
Brasileira de Fonoaudiologia. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica usando como
critério de seleção dos textos: a) especificidade na área de fonoaudiologia sobre
exercícios de trato vocal semi-ocluído; b) procedência e idioma: nacional e internacional;
c) tipo de publicação: periódicos e artigos científicos; d) os textos foram selecionados de
acordo com o título; e) após escolha dos textos, foi realizada uma nova seleção através
da leitura dos resumos. Os descritores utilizados foram: Voz, Treinamento de Voz e
Acústica da fala. Também utilizou-se para a localização dos artigos científicos as
seguintes palavras chaves: Trato vocal, semi-ocluído, tubo de ressonância e pesquisou-se
também os mesmos termos em língua inglesa: Vocal Tract, semi-occluded e resonance
tube. Pelo menos uma dessas palavras chaves estão presentes nos resumos dos artigos.
Resultados: Foram selecionados inicialmente através do título, 9 artigos. Após, foi lido os
resumos de cada um, sendo selecionados 7 artigos de acordo com tema, período e
descritores. Sendo 3 artigos nacionais e 4 internacionais. A partir das referências
estudadas verificou-se que os exercícios de trato vocal semi-ocluído possuem efeitos
imediatos. Apenas um dos autores ressalta a correlação da musculatura laríngea e os
efeitos de impedâncias para a atividade desta musculatura e resistência da glote. Como
procedimento utilizou-se tubos de diferentes tamanhos com a produção de fricativas
bilabiais sonoras. Houve a simulação desta situação através de um computador que
evidenciou a economia e eficiência superior da glote devido a uma adução ideal,
possuindo efeito imediato sobre a voz. Conclusão: Torna-se necessário a partir dos textos
estudados uma maior investigação do uso desta técnica em grupos do sexo masculino,
feminino, com voz normal e voz patológica, bem como as instruções detalhadas sobre a
técnica de cada exercício realizado para fins de favorecer as evidencias cientificas sobre
a mesma, além disso outros estudos que correlacionem a musculatura laríngea e os
efeitos de impedâncias e resistência da glote a partir desta técnica.

675
Campanha da voz no Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia: análise do último
quinquênio

Rodrigo Dornelas; Leslie Piccolotto Ferreira

Introdução: A Campanha da Voz promovida pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia


(SBFa) é uma ação em saúde que vem se tornando permanente no cotidiano da
população no decorrer dos anos (iniciada em 2002)e faz parte do calendário de
fonoaudiólogos e de instituições representativas da profissão. Nesse percurso,
pesquisadores tem se interessado pelo tema e assim, utilizam o principal evento científico
da área, o Congresso de Fonoaudiologia, para expor suas experiências e achados
durante a campanha da voz. Objetivo: analisar as publicações sobre o tema Campanha
da Voz, presentes nos anais do Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, nos últimos
cinco anos. Metodologia: Optou-se por realizar o levantamento dos trabalhos publicados
no Congresso de Fonoaudiologia sobre a temática, desde 2008, uma vez que a partir
dessa data os anais encontram-se disponíveis no portal da referida Sociedade. Para tal foi
utilizada a ferramenta de busca simples disponível nos respectivos anos de realização do
congresso. Resultados: Foram encontrados um total de 24 estudos a saber: dois trabalho
publicado no ano de 2008; três em 2009, sete em 2010, oito em 2011 e quatro em 2012.
Os trabalhos foram realizados em todas as regiões do país: Sul (03), Sudeste (10), Norte
(01), Nordeste (01) e Centro-Oeste (09). Em relação à metodologia aplicada, onze
trabalhos apresentam dados de triagem realizada, utilizando instrumentos, sendo citado,
em cinco deles, o protocolo Qualidade de Vida em Voz - QVV; nove enfocam os relatos
das ações exitosas das Campanhas; e outros quatro relatam o perfil da população
participante nas ações da Campanha da Voz. Conclusão: A análise das Campanhas de
Voz permite refletir sobre as ações desenvolvidas pelos fonoaudiólogos, subsidiando
discussões para futuros planejamentos e incentivos com relação a SBFa para se
comemorar o Dia Mundial da Voz.

676
Campaña para concientizar a la comunidad sobre la importancia de la salud vocal

Saba Claudia; Romano, Andrea, Santi María Alejandra, Eezckui Alejandra

El 16 de abril se conmemora el “Día Mundial de la Voz”, realizándose una campaña que


busca concientizar a la población sobre la importancia de la salud vocal para la
comunicación, tanto en el uso laboral como en la vida de relación, incentivando la
profilaxis y la consulta temprana ante cualquier síntoma relacionado con la voz, declarada
de interés municipal en el año 2009 por el Concejo Municipal de Rosario, Decreto Nº
37.083. Se trabaja en forma conjunta la Municipalidad de Rosario, la Escuela de
Fonoaudiología, el Colegio de Fonoaudiólogos de Rosario, organizando una serie de
actividades con la finalidad de concientizar a la población sobre la importancia de la salud
vocal y la detección precoz del cáncer laríngeo. El poder brindar información sobre los
Cuidados de la Voz a la población resultó muy enriquecedor para los profesionales que
participaron en la Campaña y para el público en general.Se aunaron los esfuerzos para
lograr un mejor alcance de la campaña. Fue relevante el trabajo conjunto de diferentes
instituciones públicas (Hospital Provincial del Centenario, L.A.L.C.E.C., Hospital
Provincial, Hospital Carrasco, Hospital Roque Saenz Peña, Centro de Salud Dunant,
Vecinal La Florida) y privadas (Centro Médico- Grupo Oroño, CEFIR, Consultorio Dr. Ruiz
Héctor, Centro De Salud Luis Lescano, Consultorios Vucetich); y de los medios de
difusión (televisión, diarios, diarios digitales, radios). Normal = Como parte de la campaña
se realizó un espectáculo artístico en la Plaza Pringles en donde se repartieron folletos
sobre Cómo mantener la voz saludable y se realizo una muestra de poster realizado por
las alumnas de la Escuela de Fonoaudiología. Como resultado de esta campaña se
detectaron numerosas patologías de la voz, tanto orgánicas como funcionales, siendo
derivados los pacientes a realizar las consultas pertinentes y el tratamiento
correspondiente. Los datos estadísticos fueron: 37% con laringoscopías indirectas
normales; 33% con patología orgánica benigna; 1% con patología orgánica premaligna;
28% con patología funcional; 1% con patología neurológica; 24 % sin evaluación
Otorrinolaringológica (algunas de las instituciones con contaban con esta especialidad).En
relación a la evaluación Fonoaudiológica se detectó un 54% de las personas evaluadas
con el timbre de su voz alterado; 35% con el tono alterado y un 17% con la intensidad
alterada. De la población evaluada los grupos más significativos fueron docentes (25%);
estudiantes (17%) y amas de casa (16%).

677
Canto coral: publicações dos últimos cinco anos no congresso de fonoaudiologia

Rodrigo Dornelas; Geyse Rezende, Roxane de Alencar Irineu

Introdução: Dentre as variações do canto em grupo, o canto coral, por suas


peculiaridades e exigências necessita de um trabalho vocal específico de acordo com a
demanda vocal relacionada ao estilo e gênero musical, carga horária de apresentações e
ensaios, entre outros aspectos ligados ao contexto criativo e expressivo de coristas e
maestro. Com o objetivo de alcançar a harmonia característica do coral é necessário que
os participantes tenham uma preparação vocal adequada, seguindo as orientações
necessárias para se ter uma produção vocal saudável e eficaz. A Fonoaudiologia pode
auxiliar neste percurso, intervém com ações educativas e preventivas, por meio de
orientações e estratégias voltadas para a reabilitação, aprimoramento e aperfeiçoamento
vocal. Objetivo: Categorizar os estudos publicados nos anais do Congresso de
Fonoaudiologia com o tema canto coral. Metodologia:Foi realizada uma pesquisa no
Suplemento Especial (Anais) da Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia,
disponível no site da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia por meio de uma busca
simples utilizando os termos: coro, coral, corais, coristas, coralistas, lírico e clássico no
qual foram levantados os trabalhos publicados nos últimos cinco anos (2008 a
2012).Resultados: Foram encontrados no período estabelecido 43 trabalhos, sendo que
11 em 2008, 08 em 2009, 13 em 2010, 05 em 2011 e 06 em 2012. Os objetivos dos
trabalhos foram divididos em 04 categorias de intervenção, à saber: Avaliação e
autopercepção vocal; Proposta de exercícios e estratégias vocais; Orientação sobre
saúde vocal e; por último, Caracterização vocal. Assim 14 trabalhos estavam voltados
para avaliação e autopercepção, 12 trabalhos tiveram como foco as propostas de
exercícios e estratégias vocais, 08 discorreram sobre orientações sobre saúde vocal e 09
trabalhos buscaram a caracterização da voz de coristas. É observado que o perfil
predominante dos estudos pesquisados é de avaliação e autopercepção vocal, seguido
pela categoria de exercícios e estratégias vocais utilizados com corais. Conclusão: A
categorização dos estudos em Fonoaudiologia sobre coral é necessário para que
possamos conhecer as estratégias que estão sendo utilizadas e sua eficácia no suporte e
acompanhamento desses profissionais, como também de incentivo e direcionamento a
novas pesquisas com este tema.

678
Cantores de baile: um estudo descritivo dos sintomas vocais, autopercepção e
avaliação perceptivo-auditiva.

Edna Pereira Gomes de Morais; Alexandre Lira, Geová Oliveira Amorim

Introdução: Os cantores de baile são cantores populares que costumam se apresentar


exercendo, muitas vezes, o papel de cover. Cantam diversos estilos musicais em uma só
noite e tentam imitar a qualidade vocal dos ídolos famosos, o que levam esses
profissionais à cometer abusos vocais e excessos. Objetivo: Descrever a autopercepção
vocal, avaliação perceptivo-auditiva e a influência dos sintomas vocais entre os cantores
de baile. Método: O estudo foi aprovado pelo CEP da IES responsável pelo estudo, sob o
protocolo de nº 1802. Foi realizado um estudo do transversal observacional descritivo,
com 30 cantores de baile, de ambos os gêneros, com idade variando entre 19 e 60 anos e
média de 35,7 anos. Foram incluídos todos os cantores de baile que estavam atuando
profissionalmente há no mínimo cinco anos. Foram excluídos aqueles que estavam em
terapia fonoaudiológica por problemas vocais. Preencheram um protocolo com dados
sóciodemográficos e relacionados a atuação profissional, aquecimento e desaquecimento
vocal, presença de sintomas vocais; além de responderem uma questão de autoavaliação
da voz falada e cantada. Por fim, a Escala de Sintomas Vocais (Moreti, 2011) foi aplicada.
Os dados foram analisados pela estatística descritiva, utilizado-se o SPSS 17.0.
Resultados: Dentre os 30 cantores estudados, 23 (76,7%) foram do sexo masculino e 7
(23,3%) do feminino. A média de idade foi de 35,7 (±8,10) anos e o tempo médio de
profissão foi de 16 anos. A maior parte dos cantores 27 (90%) não utilizavam a voz em
outra atividade profissional. As apresentações ocorriam entre duas (43,3%) a três (36,7%)
vezes por semana, principalmente no horário noturno (63,3%), com tempo médio de
apresentação de três horas. A maioria (63,3%) referiu já ter realizado aulas de canto, com
treinamento realizado por professor de canto relatado por 40%. Um total de 90,0% dos
cantores referiram ausência de tabagismo e 63,3% de etilismo. Os sintomas vocais mais
referidos foram tosse e pigarro (70,1%), dor na garganta e mudanças na voz (63,3%),
dificuldades para falar em locais barulhentos (50,1%) e rouquidão (46,6%). Quanto a
autopercepção vocal a maioria considera suas vozes falada e cantada como boa. A
avaliação perceptivo-auditiva por meio da EAV mostrou que os sujeitos não apresentam
alterações no comportamento vocal, nem pra voz falada e nem cantada. A Escala de
Sintomas Vocais, mostrou os aspectos relacionados as limitações os mais presentes
(média de 9,9 ± 6,6), seguido dos aspectos físicos (5,9 ± 3,3). Conclusões: Os resultados
apontam que apesar da presença dos sintomas vocais, os sujeitos apresentam uma boa
percepção de suas vozes e ausência de alterações tanto na voz falada quanto cantada.
No entanto, os sintomas mais impactantes estão relacionados as sensações físicas e
funcionais da laringe. A maioria dos sujeitos têm conhecimento quanto ao uso da técnica
vocal para o canto e não apresentam hábitos prejudiciais à saúde vocal como etilismo e
tabagismo, o que mostra uma melhor conscientização desses profissionais quanto aos
cuidados com o bem estar vocal e suas performances.

679
Cantores de bandas de baile – condições de trabalho e uso profissional da voz

Vanessa Rodrigues Zambão; Regina Zanella Penteado

Introdução: No que diz respeito à saúde do trabalhador, a observação in locco é uma


prática importante para o conhecimento do ambiente e das condições de trabalho. Há
poucos estudos fonoaudiológicos que contemplam os aspectos de trabalho e de uso
profissional da voz dos cantores de bandas de baile. Objetivo: Caracterizar as condições
de trabalho e de uso profissional da voz de cantores de banda de baile. Métodos: São
sujeitos 24 cantores de banda de baile (13 homens e 11 mulheres) das seis bandas de
baile da cidade de Piracicaba (SP). Aprovação CEP 89/11 (13/12/2011). Pesquisa de
campo e descritiva. Foi feita observação in loco em apresentações das bandas em Bailes
de Formatura para caracterização das condições de trabalho e de uso profissional da voz
dos cantores em três momentos: chegada/preparação (pré-baile); desenvolvimento (baile)
e finalização/saída (pós-baile) – por volta de 8 horas de observação por banda (total
aprox. 50 horas). Resultados: Na chegada/preparação os cantores falam, cantam, imitam
vozes e gritam enquanto carregam malas, arrumam os camarins e vestem os figurinos. A
maioria não realiza aquecimento vocal. Nos intervalos e trocas de figurino falam o tempo
todo. Além disto, a maioria dos backings vocals é feita por mulheres, do camarim, e em
meio à troca de figurinos. A infra-estrutura de apoio e os camarins são precários quanto
ao espaço, privacidade, luminosidade, acomodações e banheiros. A alimentação
oferecida não é apropriada para o uso profissional da voz (salgados fritos e refrigerantes
gelados) e 12,5% ingerem bebidas alcoólicas geladas fermentadas e destiladas. Os
cuidados com a voz são precários: uso de spray de própolis (8%); de goma de mascar
(12%) e apenas 41% procuram falar pouco e em intensidade fraca no pós-baile. Ninguém
realizou desaquecimento vocal. Conclusões: Os cantores de banda de baile realizam seu
trabalho sob precárias condições de infra-estrutura, suporte, apoio, alimentação e
acomodação e apresentam hábitos, comportamentos e cuidados inadequados e
insuficientes para a saúde vocal e uso profissional da voz. Os cantores de bandas de
baile vivenciam condições de risco vocal e necessitam de ações fonoaudiológicas com
foco na promoção da saúde e bem-estar vocal.

680
Caracterização de vozes de crianças com descritores não lineares e análise
acústica

Regina Aparecida Pimenta; Monike Tsutsumi, Arlindo Neto Montagnoli,


Fernando A. Andrade Sobrinho, Adriana Hachiya, Domingos Hiroshi Tsuji, María Eugenia
Dàjer

Introdução: A análise acústica vocal complementa a avaliação e auxilia o seguimento na


terapia vocal. O crescente avanço de técnicas de processamento de sinais permite o
desenvolvimento de novas ferramentas de análise de voz. Parâmetros acústicos
tradicionais fornecem informações capazes de discriminar vozes saudáveis de
patológicas, enquanto descritores não lineares avaliam a complexidade e a dinâmica da
voz fornecendo descrições quantitativas e qualitativas. Objetivo: descrever por meio da
análise acústica tradicional e de descritores não lineares vozes infantis sem queixas
vocais. Método: foram selecionados os 2 segundos mais estacionários de 21 sinais de voz
infantil do banco de dados do grupo de pesquisa em engenharia médica do CNPq. A
análise acústica foi realizada aplicando o método de autocorrelação para definir a
frequência fundamental (F0) e suas perturbações (jitter e shimmer). Esta abordagem
compara os trechos do sinal de voz ao longo de todo o seu comprimento. Em seguida os
sinais de voz foram submetidos à análise dos descritores não lineares aplicando os
métodos de reconstrução do espaço de fase e seção de Poincaré. Para análise
quantitativa foram calculadas duas medidas de dispersão dos pontos no plano de
Poincaré: desvio padrão da dispersão (DPD) e desvio padrão referente aos eixos (DPE).
A análise qualitativa utiliza uma escala numérica decrescente de 4 a 0 para avaliar o grau
das características de configuração de loops; regularidade e convergência dos traçados.
Para parâmetros quantitativos foram extraídas a média (X) e desvio padrão (PD).
Resultados: os valores médios da análise acústica tradicional foram: para F0 X= 248,70
Hz e DP= 34,06Hz; para jitter X = 0,47% e DP= 0,06%; para shimmer X= 2,17% e DP=
0,68%. Os valores médios da análise quantitativa dos descritores não lineares foram: para
DPD X= 0,0368 e DP= 0,0079 (sendo o valor de referência: X= 0,0143); para DPE X=
0,3116 e DP= 0,0347 (valor de referência: X= 0,1962). A análise qualitativa para loops
apresentou 65% para grau 3; 25% para grau 2 e 5% para o graus 1 e 0. A regularidade
dos traçados apresentou 55% para grau 1; 40% para grau 2 e 5% para grau 0. A
convergência os traçados foi 35% para grau 1; 30% para grau 2; 25% para grau 3 e 10%
para grau 0. Conclusão: as vozes infantis estudadas apresentaram grande variação da F0
e valores aumentados para parâmetros de perturbação, porém todos dentro do esperado
para a normalidade. As medidas de dispersão dos pontos no plano de Poincaré
apresentaram valores aumentados com relação aos valores de referência. Foi observado
menor grau de regularidade e convergência na análise qualitativa sugerindo maior
presença de ruído e perturbação nas vozes infantis analisadas. Tais características
acústicas corroboram o fato de crianças apresentarem menor controle das estruturas
musculares para produção vocal.

681
Características de voz e fala de deficiente auditivo pré e pós-ativação de implante
coclear

Alessandra Bastos de Sousa; Lídia Becker, Angela Albuquerque Garcia, Izabela Lourenço
dos Santos

Introdução: Este estudo analisa amostras de voz de paciente do sexo feminino, de nove
anos de idade, portadora de surdez severa, submetida à cirurgia de Implante Coclear no
âmbito o Programa de Saúde Auditiva do Hospital Universitário Clementino Fraga
Filho/UFRJ. Os fragmentos de voz foram colhidos com intervalo de trinta dias pós-
ativação do implante incluindo dados qualitativos e quantitativos. Objetivos: Verificar as
modificações dos parâmetros vocais e suprasegmentais da fala pré e pós ativação do
implante. Métodos: Os fragmentos de voz e fala foram colhidos em sala acusticamente
isolada, com notebook Samsung Intel Insid Core I5, microfone Pure Audio USB-SA. A
avaliação incluiu: a) apuração de condições clínicas e socioculturais através de
questionário específico aplicado com a responsável; b) análise acústica da voz incluiu as
vogais /a/ e /e/; a fala encadeada incluiu frases exclamativa, afirmativa, negativa,
elaboradas para este estudo e a contagem, visando obter dados supra-segmentares; c)
teste protocolado de percepção de fala, a fim de detectar os processos espontâneos de
familiarização da informante surda com a língua oral. Resultados: Nos valores acústicos,
a qualidade da voz nas vogais não apresenta mudanças significativas entre as amostras
pré e pós ativação. A forte intensidade e o ataque brusco, que caracterizam a emissão
vocal da informante, se mantêm após a ativação do implante, bem como a proporção
harmônico/ruído (GNE). Quanto à Fo média, 16,67% permaneceram sem modificações;
49,99% apresentaram aumento e 33,33% tiveram seus valores reduzidos. Quanto à
variabilidade de frequência, expressa em semitons, percebe-se discreta mudança entre as
amostras, ao que se pode inferir certa tendência à estabilização espontânea da emissão
vocal. Entre os valores de intensidade 16,67% permaneceram sem modificações; 49,99%
apresentaram aumento e 33,33% tiveram seus valores reduzidos – o que configura um
quadro de instabilidade vocal com sinais de discreta adequação da percepção de fala
Vale ressaltar, entretanto, que a espectrografia permite observar claramente os
harmônicos melhor definidos e de maior projeção na mostra pós-ativação, o que significa
melhor controle de uma emissão vocal, melhor adequação da coordenação pneumofono
articulatória e percepção da prosódia. Conclusão: Conclui-se que existe uma relação
direta entre os parâmetros vocais e as habilidades de percepção de fala em pacientes
submetidos a cirurgia do Implante Coclear. O olhar interdisciplinar permite melhor
apreciação dos fatos linguísticos, melhor elaboração na engenharia do diagnóstico e
adaptação mais específica das estratégias terapêuticas como complemento do
desenvolvimento global do sujeito.

682
Características e preferências comunicativas de repórteres de tv em situação de
link e passagem.

Renata Beatriz Massariol Ferraz de Arruda; Mara Behlau, Vanessa Pedrosa Vieira

Introdução: O repórter de TV tem como objetivo transmitir as notícias com autenticidade,


se fazer entendido e contribuir para manter a audiência dos telespectadores com
credibilidade e segurança. Há duas situações em que ocorre exposição da sua imagem: o
link, quando o repórter aparece ao vivo, e a passagem, quando sua imagem é gravada.
No link, o texto falado é geralmente improvisado e o principal desafio é manter a clareza e
objetividade dentro de um tempo previamente acertado com a redação. A situação de
passagem é a “assinatura” do repórter em sua matéria; ela não é uma transmissão ao
vivo e o texto falado é preparado antes da gravação. Objetivo: Realizar um estudo
descritivo sobre as características de comunicação de repórteres de TV, nas situações de
link e passagem, suas preferências de atuação e autoavaliação comunicativa nestas duas
situações. Método: Para este estudo foram selecionados 6 repórteres de uma rede de
televisão aberta, 3 homens e 3 mulheres com faixa etária de 26 a 36 anos e experiência
variando entre 4 a 7 anos. Foram analisados 10 vídeos de cada profissional: 5 em
situações de link e 5 de passagens. Todos os repórteres responderam um questionário
com 4 perguntas sobre autoavaliação do rendimento comunicativo nestas duas situações
e suas preferências de atuação. Os vídeos foram analisados e avaliados por consenso
por duas fonoaudiólogas, que categorizaram 14 parâmetros de aspectos vocais, de fala,
linguagem e ruído no ambiente. Resultados: A situação de link é preferida pelos
repórteres por ser mais desafiadora e por permitir uma fala mais espontânea e natural;
contudo na passagem, relatam que é mais fácil manter um melhor controle das
características vocais. As fonoaudiólogas caracterizaram o link como uma situação de
comunicação com maior uso de: pausas (13,3% contra 6,7% na passagem), ênfase (20%
contra 10% na passagem), loudness aumentada (20% contra 13,3% na passagem),
velocidade variada (23,3% contra 3,3% na passagem), pitch agudo (56,7% contra 30% na
passagem) e incoordenação pneumofonoarticulatória (13,3% contra 3,3% na passagem),
quebras de fluência (23,3% contra nenhuma na passagem) e vícios de linguagem (3,4%
contra nenhum na passagem). Já a situação de passagem é caracterizada por maior:
articulação (20% contra nenhum no link), modulação (13,3% contra 6,7% no link) e uso de
linguagem indireta (23,3% contra 10% no link). Nas duas situações avaliadas apareceram,
com elevada ocorrência, os seguintes aspectos: modulação adequada (93,3% no link e
86,7% na passagem), ritmo adequado (100% no link e 96,7% na passagem) e
ressonância laringofaríngea, com foco nasal compensatório (40% no link e 40% na
passagem). Conclusão: Link e passagem são situações relacionadas, em que há
exposição da imagem do repórter; contudo, há características que as diferenciam. A
percepção dos repórteres de uma fala mais espontânea no link e mais controlada na
passagem confirmou-se na análise dos trechos gravados; porém nesta tentativa de
controle a articulação pode-se tornar eventualmente exagerada, a modulação excessiva e
haver maior uso de linguagem indireta.

683
Características organofuncionais da musculatura laríngea em indivíduos que
gaguejam

Lidia Becker; Ana Maria dos Santos Vicente, Leila Najib, Angela Albuquerque Garcia,
Roberto Campos Meirelles, Roberta Bak

Introdução: A gagueira traz em seu bojo três perspectivas que explicitam as relações
entre voz e linguagem na clínica fonoaudiológica: produção orgânica de som, elemento
suprasegmental ou prosódico e interação verbal. Pode-se afirmar que a gagueira é o
palco onde interagem tais relações. Nas duas primeiras, a voz é suporte para a expressão
oral. Objetivo: Este estudo visa observar o comportamento da musculatura intrínseca da
laringe nas distintas fases do processo fonatório, quais sejam: respiração e fonação,
através de sequencias de fala encadeada (espontânea e leitura), de forma a poder afirmar
o que se supõe empiricamente: a existência de uma correlação extrínseca corporal e
intrínseca da laringe durante a fala. Métodos: Participaram 8 sujeitos gagos adultos, que
se submeteram ao exame de nasovideolaringoscopia, estabelecido como instrumento de
avaliação da função laríngea em movimento fonatório. As imagens obtidas através de
nasovideolaringoscopia obedecem a um programa especificamente elaborado para este
fim, de forma a observar as tensões laríngeas em diferentes momentos que definem o
processo fonatório: respiração e fonação de vogais sustentadas e fala encadeada.
Resultados: entre os achados mais importantes, verificou-se a presença de contrição
laringofaríngea anteroposterior e hipertrofia de bandas ventriculares em 100% dos
informantes; contato da face laringea da epiglote com parede posterior da faringe (75%);
constrição látero-lateral (50%); estase salivar (50%); presença de assimetria de
aritenóides (37,5%) e de pregas vocais (25%), interferindo na postura de fonação. Em
menores proporções, mas não menos importantes, encontrou-se tensão de língua
(12,5%); tremor laríngeo (12,5%); fonação em posição de deglutição (12,5%); sinais de
refluxo (12,5%); microdiafragma laríngeo (12,5%). (12,5%). Conclusão: É fato perceptível
a presença de extrema tensão laríngea em todos os informantes, como estratégia
compensatória à fonação. Não se encontrou nenhuma lesão de massa nas pregas vogais.
Apesar da tensão extrínseca e intrínseca interferir na postura e dinâmica do movimento
funcional das pregas vocais, os resultados não caracterizam os informantes como
indivíduos disfônicos.

684
Características vocais e laríngeas em idosos com presbifonia

Liliane Elise Souza Neves; Bruno Moraes, Ana Nery Barbosa de Araújo,
Adriana de Oliveira Camargo Gomes, Zulina Souza de Lira, Arlene Cavalcanti,
Jonia Alves Lucena

Introdução: em todo o mundo, a expectativa de vida da população está crescendo de


maneira significativa, devido ao progresso nas áreas médica e social. O avançar da idade
amplia a probabilidade de surgimento de problemas de ordem orgânica e/ou funcional. Na
senescência, queixas de voz podem ocorrer relacionadas ao próprio processo de
envelhecimento, o que caracteriza a presbifonia. Considerando que uma alteração de voz
no idoso pode gerar prejuízos em sua qualidade de vida, o diagnóstico vocal é de extrema
relevância para a busca de uma voz saudável. Por meio da avaliação vocal, é possível
propor um plano terapêutico direcionado às demandas específicas de cada indivíduo.
Objetivos: identificar características vocais e laríngeas em idosos com presbifonia.
Método: o estudo se caracteriza como transversal e descritivo. Teve a participação de 14
idosos com queixas de voz, tais como rouquidão, cansaço para falar, alteração da
frequência ou intensidade da voz, entre outras. Todos os participantes tinham diagnóstico
clínico de presbifonia e estavam inscritos em um grupo de Saúde Vocal do Idoso,
pertencente a uma instituição pública da cidade do Recife. As características vocais dos
participantes foram levantadas segundo julgamento perceptivo-auditivo da voz. Foi
realizada gravação de amostras de voz dos participantes e a análise de voz foi
estabelecida por meio da utilização da escala CAPE-V (Consensus Auditory – Perceptual
Evaluation of Voice). A avaliação de laringe foi cumprida por um médico
otorrinolaringologista de um hospital público da cidade do Recife, através de exames de
videolaringoscopia. A análise dos dados foi estabelecida mediante levantamento de
frequências médias dos parâmetros vocais identificados na análise perceptivo-auditiva,
bem como descrição de aspectos visuais laríngeos, obtidos dos laudos médicos.
Resultados: Quanto às características vocais, o grau geral médio de alteração de voz
correspondeu a 47,5%, sendo o parâmetro rugosidade o mais frequente, presente em
65,38% dos participantes. Além disso, outros parâmetros foram identificados, a exemplo
de alteração de loudness e pitch. Ao exame laríngeo, dos 14 idosos, apenas três
apresentaram alterações anatômicas laríngeas compatíveis com diagnóstico médico de
presbilaringe. Os três indivíduos apresentaram fechamento glótico incompleto (21,42%),
sendo duas fendas glóticas do tipo fusiforme anterior e uma do tipo fusiforme médio-
anterior. Além disso, quatro idosos (28,57%) apresentaram edema na região posterior da
laringe, possivelmente associado à doença do refluxo faringolaríngeo. Também foi
observado hipertrofia de bandas ventriculares em um dos pesquisados. Conclusões: um
problema de voz inerente ao envelhecimento pode ou não estar associado a alterações
anatômicas laríngeas. De qualquer forma, uma queixa de voz deve ser sempre valorizada,
em busca de uma voz o mais adaptada possível às situações comunicativas diversas.
Ressalte-se a importância de programas de saúde vocal ou propostas terapêuticas que
tenham o objetivo de minimizar as consequências de um problema de voz decorrente do
processo de envelhecimento.

685
Cautela e especificidade: teste de oximetria como contribuição para dosagem de
exercícios em fonoterapia.

Lidia Becker; Angela Albuquerque Garcia, Taiana Menezes Affonso,


Debora dos Santos Almeida, Daiane de Oliveira

A habilidade de realizar atividades físicas em grau satisfatório tem relevância para a


qualidade de vida. O exercício pode ser definido como uma atividade realizada com
repetições sistemáticas de movimentos orientados que geram impactos sobre o corpo e
podem interferir na função pulmonar e cardíaca. A produção da voz pressupõe a
coordenação entre os sistemas respiratório, fonatório e articulatório; portanto, a avaliação
apurada da função respiratória tem valor inestimável para orientar a estratégia terapêutica
em fonoterapia. Objetivo: verificar a saturação de oxigênio (SaO2) e batimentos cardíacos
(BT) pré, durante e após o exercício de sopro no ar em canudos de alta resistência.
Metodologia: foram convidados a participar da pesquisa todos os pacientes atendidos no
mês de maio de 2013 no ambulatório de voz de uma universidade federal, independente
da patologia vocal e/ou tempo de tratamento; 29 aceitaram participar e assinaram o
TCLE, sendo 27,58% do sexo masculino. Elegeu-se o exercício de sopro no ar em
canudos de alta resistência pelo impacto gerado na respiração, levando-se em
consideração que o protocolo tem sido amplamente reconhecido pela comunidade
científica internacional como estratégia para harmonizar a função laríngea. O projeto
realizou-se nas seguintes etapas: ao chegar, os participantes ficavam 10 minutos em
repouso para verificação da oximetria basal. Em seguida, eram submetidos à série de
exercícios de sopro, conforme protocolo. O teste de oximetria foi aplicado no momento
basal, durante e logo após a realização dos exercícios de sopro. Resultados: a literatura
afirma que a hipoxia durante o exercício define-se como uma queda de 4% ou mais nos
níveis de SaO2 ; BT em pessoas saudáveis variam de 60 a 100 batimentos por minuto.
Nesta amostra, encontraram-se os seguintes valores médios de SaO2: basal, 97,89;
durante 97,68; após 97,68. O BT médio apresentou-se: basal, 77,13; durante 86,20; após
75,86. Observou-se que 6,88% (N=2) apresentaram BT basal acima de 100; durante o
exercício 24,13% (N=7) variaram entre 102 e 104 BT; após o exercício 3,44% (N=1)
apresentou BT de 104. No total da amostra apenas 20,68% (N=6) apresentaram redução
de BT durante o exercício, sugerindo estado de ansiedade inicial. À exceção de 1
paciente, que manteve o nível de BT elevado mesmo após a conclusão da prova, todos
os demais participantes 96,55% (N=28) apresentaram valores de BT reduzidos, quando
comparados aos valores aferidos durante o exercício. Concluiu-se que, nesta população,
o exercício de sopro em canudos de alta resistência não induz a alteração de SaO2,
podendo ser considerado exercício de baixo impacto respiratório e cardíaco, sendo,
portanto, passível de ampla utilização em fonoterapia. Apesar do aumento de BT durante
a realização do exercício, conclui-se que a dosagem aplicada não inferiu maiores riscos a
esta população.

686
Competência comunicativa em docentes do ensino médio

Maria Lucia Suzigan Dragone; Maria Inês Beltrati Cornacchioni Rehder,


Maria Cristina Franco Mora, Luciane Cuba Haddad, Maria da Conceição Farias Freitas
Tandel

Introdução: a competência comunicativa pode ser conceituada como a habilidade do ser


humano de interagir com os outros, utilizando a competência gramatical, a
sociolingüística, a discursiva e a estratégica. A aptidão do docente enquanto mestre e
mediador de conhecimentos envolve, além de sua capacidade intelectual, múltiplas
dimensões de expressividade e competência comunicativa, como qualidade vocal,
fluência, prosódia e elementos não verbais. Objetivo: avaliar a competência comunicativa
de professores do ensino médio e sua relação com sintomas e hábitos vocais.
Metodologia: investigação transversal exploratória e descritiva orientada por uma
abordagem quantitativa e qualitativa. Participaram desta pesquisa 5 docentes do ensino
médio, de ambos os sexos, na faixa etária de 23 a 50 anos, idade média 31,4 anos,
profissionais de uma mesma escola. A coleta de dados consistiu na aplicação de um
questionário a fim de caracterizar o perfil vocal e profissional dos sujeitos e registros em
áudio e vídeo durante atividade letiva. Dois registros de áudio e vídeo foram feitos
simultaneamente, com uma câmara focada no professor e a outra registrando a reação
dos alunos, durante aula expositiva. Utilizamos para a análise da competência
comunicativa um recorte de 20 minutos antecedentes ao segundo intervalo entre as aulas.
A avaliação foi realizada por dois Fonoaudiólogos Doutores e Especialistas em Voz, que
deveriam marcar em uma régua dimensionada de 0 a 10, parâmetros selecionados de
competência para o professor e parâmetros de reação por parte dos alunos no mesmo
trecho de vídeo. Os parâmetros considerados para os professores foram: projeção vocal,
articulação da fala, expressividade da fala, expressividade facial, movimentação corporal,
movimentação das mãos, movimentação da cabeça, fluência, pausas e variações
melódicas. Os parâmetros considerados para a reação dos alunos foram: interação oral
com o professor relacionada à temática, conversas paralelas, olhar atento ao professor e
sinais de impaciência. O resultado final contemplou a média de respostas dos
avaliadores. Os dados foram comparados estatisticamente no ambiente R, com interface
Tinn R e apresentados em gráficos boxplot que possibilitaram a representação da
distribuição dos conjuntos de dados com base na mediana e demais quartis. CEP: 103/10.
Resultados e Discussão: na interface nota total dos hábitos por nota total de competência
comunicativa, verificamos que os professores com menor número de hábitos vocais
nocivos foram os que obtiveram maiores notas de competência comunicativa,
corroborando a importância da saúde vocal na eficiência da comunicação. Confirmando
os resultados referentes aos hábitos vocais, verificamos que as maiores notas de
competência atribuídas aos professores foram inversamente proporcionais às notas dos
sintomas vocais. Os itens que determinaram a maior competência comunicativa foram:
articulação dos sons da fala, melodia e movimentação adequada da cabeça. Os
professores que despertaram o maior número de reações negativas dos alunos foram os
que obtiveram as menores notas nos parâmetros de competência comunicativa
investigados. Conclusão: para os professores do ensino médio estudados, a competência
comunicativa foi determinada pela eficiência articulatória, uso de melodia e movimentos
adequados de cabeça. A competência comunicativa se mostrou estreitamente relacionada
a hábitos vocais adequados e baixo índice de sintomas vocais.

687
Condutas de pediatras do distrito federal em relação à disfonia infantil

Lygia Rondon de Mattos; Jane Katia Mendes Cravo Quintanilha, Jucielli Amaral Silva

Introdução: Quanto mais cedo forem diagnosticados e tratados os casos de disfonia


infantil, mais efetivamente poderão ser revertidos. Nesse contexto, é importante que o
pediatra - profissional que tem contatos regulares com a criança - esteja capacitado para
identificar precocemente os sinais clínicos desse quadro e, na sequência, propor o
tratamento efetivo. Objetivo: Investigar as condutas de pediatras do Distrito Federal sobre
o tratamento das disfonias infantis. Método: Foram entrevistados 50 médicos com
especialização em pediatria. Na amostra foram incluídos somente os profissionais que
concluíram a residência pediátrica e atuam nos hospitais públicos e em clínicas
particulares de Brasília/Distrito Federal. Procedimento: aplicação de questionário
composto por 11 questões fechadas, focadas no diagnóstico e tratamento da disfonia
infantil. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Resultados: Nessa
amostra, 78% dos médicos consideram a rouquidão como um sinal clínico que merece
investigação. A maioria (86%) busca diagnosticar, inicialmente, causas agudas, isto é,
aquelas cujos sintomas persistem por até 15 dias, são causadas por infecções laríngeas
(gripe, laringites) e tratadas com medicamentos e repouso vocal. Também foram referidos
quadros de laringites crônicas não infecciosas (alergia/62%; refluxo gastresofágico/44% e
abuso vocal/30%). Como procedimento diagnóstico prepondera o exame clínico (70%),
enquanto 30% encaminham para exames complementares como raios X e hemograma.
Observa-se que para as disfonias de causa orgânica aguda a opção de tratamento mais
indicado pelos pediatras inquiridos foi o acompanhamento clínico (92%) e tratamento
medicamentoso (60%). Nos casos das disfonias causadas por laringites crônicas foi
recomendada a ação conjunta de otorrinolaringologista e fonoaudiólogo. O
acompanhamento do fonoaudiólogo foi o tratamento mais indicado pelos pediatras para
os casos de disfonias funcionais (82%). Conclusão: Verificou-se que a conduta inicial de
investigar possíveis causas agudas e proceder ao acompanhamento clínico e tratamento
medicamentoso, prepondera na amostra estudada. Nos casos de disfonias decorrentes
de laringites crônicas, os pediatras sugerem a associação de intervenções
otorrinolaringológicas e fonoaudiológicas. E nos casos de alterações funcionais
privilegiam o tratamento fonoaudiológico.

688
Contribuições da terapia vocal em grupo para presbifonia

Liliane Elise Souza Neves; Jonia Alves Lucena, Ana Nery Barbosa de Araújo, Adriana de
Oliveira Camargo Gomes, Zulina Souza de Lira

Introdução: o envelhecimento humano consiste em um conjunto de mudanças que


aglomeram aspectos de ordem física, psicológica e social. Denomina-se presbifonia o
envelhecimento vocal inerente à idade. Idosos com presbifonia podem apresentar
decréscimo na qualidade de vida, já que problemas na comunicação muitas vezes levam
ao isolamento e rebaixamento na autoestima. A terapia vocal em grupo pode ser uma
opção positiva para a melhora da voz dos participantes. A abordagem grupal permite a
interrelação e a autopercepção, tornando mais fácil a adesão terapêutica. Objetivos:
Investigar as contribuições da terapia vocal em grupo para indivíduos com presbifonia.
Método: o presente estudo se caracteriza como transversal observacional e descritivo,
com a participação de 35 idosos com queixas de voz e diagnóstico de presbifonia. Todos
os idosos estavam inscritos em um programa de Saúde Vocal do Idoso, pertencente a
uma instituição pública da cidade do Recife. O grupo tinha encontros semanais de uma
hora e meia por semana e teve duração de três meses. A intervenção grupal envolveu
técnicas que visam à melhoria da qualidade vocal, por meio de exercícios que buscam
estabilizar a emissão vocal, aumentar a precisão articulatória, aumentar os tempos
máximos de fonação, mobilizar e flexibilizar a mucosa laríngea, aumentar a projeção vocal
e melhorar a coaptação glótica. Além disso, aspectos de saúde vocal e uso adequado da
voz também foram abordados no grupo. Para a coleta de dados, foi realizada uma
entrevista junto a cada um dos participantes. Os dados obtidos das entrevistas foram
categorizados e foram estabelecidas estabelecidas categorias de respostas para
levantamento percentual. Resultados: as principais contribuições da terapia vocal em
grupo relatadas pelos idosos foi a possibilidade de ajuda mútua (91,42%), a percepção de
melhora na voz (84%), e a formação de vínculos de amizade (45,71%). Poucos pontos
negativos foram levantados pelos idosos em relação à terapia de voz em abordagem
grupal. Foram citados: pouco tempo durante os encontros (14,28%) e a baixa frequência
de exercícios em casa (17,14%). Conclusões: A terapia vocal em grupo consiste em uma
experiência positiva para a melhora do padrão vocal do idoso com presbifonia.

689
Correlação entre a queixa vocal e os sintomas vocais em professores do ensino
fundamental e médio

Laise Paiva; Anna Alice Almeida, Leonardo Lopes, Bruno Silva, Vanessa Mascarenhas,
Vânia Souza, Elma Azevedo, Maria Fabiana Bonfim de Lima Silva

Introdução: entre os profissionais da voz o professor tem sido alvo da maioria das
pesquisas fonoaudiológicas na área de voz, que apresentam maior risco de
desenvolvimento de distúrbios de voz de base funcional devido a exposição a fatores de
risco de natureza ambiental e organizacional. Nessa perspectiva, há várias pesquisas
sobre identificação de perfis e fatores de risco em professores de diversos locais, porém
na cidade de João Pessoa ainda é incipiente esse tipo de estudo. Tendo em vista o
grande número de afastamentos e readaptações de professores por distúrbio de voz em
João Pessoa, apontado pela Secretaria de Educação do município, se faz necessárias
pesquisas que tenham como meta detectar os aspectos vocais que possam estar
relacionados com a queixa vocal do professor, uma vez que a voz é o principal
instrumento de trabalho dessa categoria. Objetivo: correlacionar os sintomas e sensações
na garganta e na voz à queixa vocal autorreferida por professores de escolas públicas da
cidade de João Pessoa – PB. Método: trata-se de um estudo transversal e observacional,
no qual participarão 100 professores do ensino fundamental e médio. Aplicou-se o
questionário de autopercepção Condição de Produção Vocal –Professor, no qual foi
considerada as questões relacionadas a identificação e aspectos vocais. Os dados foram
analisados estatisticamente, análise descritiva e o teste qui-quadrado. Tal pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética (n° 091/13). Resultados: A amostra do estudo apresentou
predominância do sexo feminino 68% com idade média de 42 anos. O tempo de trabalho
dos entrevistados variou de 1 a 42 anos. 38% afirmavam permanecer de 10 a 20 horas
por semana com os alunos na escola. Dos 100 professores que participaram da pesquisa,
81% referiram queixa vocal, ou seja, apontaram ter uma alteração vocal, sendo que
destes 90% relataram não ter procurado acompanhamento fonoaudiológico. A maioria dos
professores relatou como possíveis causas da alteração vocal o uso intensivo da voz
(63%). 45% consideram sua voz melhor pela manhã e vai piorando. Com relação aos
sintomas vocais mais relatados pelos professores destaca-se: rouquidão (56%), falha na
voz (44%), voz grossa (40%), voz fraca (35%). Entre às sensações na garganta e na voz:
pigarro (54%), cansaço ao falar (50%), tosse seca (46%), esforço para falar (41%). A
correlação entre a queixa vocal e os sintomas vocais foi estatisticamente significativa para
a rouquidão, falha na voz e voz fraca. Quanto a correlação entre as sensações na
garganta e na voz e a queixa vocal foi estatisticamente significativa: o pigarro e o cansaço
ao falar. É importante salientar que a maioria dos professores apresentaram relato de dois
ou mais sintomas e sensações. Conclusão: os dados encontrados indicam que, frente a
necessidade de aprimorar a triagem fonoaudiológica, os sintomas e sensações que
apresentaram associação estatisticamente significativa são relevantes para o
levantamento do distúrbio vocal e merecem maior atenção nas ações fonoaudiológicas de
assessoria em voz junto a professores.

690
Correlação entre as respostas do QVV de pacientes disfônicos em diferentes faixas
etárias

Thales Roges Vanderlei de Góes; Lavoisier Leite Neto

Introdução:O desenvolvimento ontogenético das características vocais acompanha e


representa o desenvolvimento do indivíduo. A partir do processo natural de
envelhecimento surgem alterações fisiológicas que modificam a produção e emissão da
voz,torna-se portanto necessário a investigação do impacto da disfonia na qualidade de
vida do paciente em diferentes faixas etárias. Os protocolos de auto-avaliação vem sendo
utilizados como forma de observar a qualidade de vida do indivíduo com disfonia em
níveis sócio-emocionais e físico,dentre esses protocolos utilizados na prática clinica
fonoaudiológica se destaca o protocolo de Qualidade de Vida em Voz (QVV),por possuir
rápida e simples aplicabilidade, apresenta dez itens: seis de domínio físico e quatro de
aspecto sócio-emocional,os escores do QVV podem variar de zero (pior qualidade de
vida) a 100 (melhor qualidade de vida). Objetivos: Avaliar os escores do protocolo de
qualidade de vida em voz de sujeitos em diferentes faixas etárias, a fim de avaliar se o
processo de envelhecimento vocal interfere significativamente na qualidade de vida do
paciente disfônico. Métodos: Foi aplicado o protocolo de Qualidade de Vida em Voz
(QVV),em 11 pacientes que realizam tratamento fonoaudiológico com queixa de disfonia
em uma clínica escola da cidade de Maceió,sendo 2 sujeitos pertencentes a faixa etária
de 20 a 29 anos,3 de 30 a 39 anos,3 de 40 a 49 anos e 3 pacientes acima dos 50 anos.
Resultados: De acordo com os dados coletados. pode-se dizer que os indivíduos de 20 a
29 anos e 30 a 39 apresentaram os melhores escores.Os sujeitos de 20 a 29 anos
possuem seguintes escores: domínio total de 82,5, sócio-emocional de 75 e físico de
54,2.A faixa etária de 30 a 39 anos apresentou escores de domínio total de 71,6, sócio-
emocional de 83,3 e físico de 63,8.Os indivíduos de 40 a 49 anos apresentaram os
menores escores(domínio total de 36,6,sócio-emocional de 45,8 e físico de 30,5),quando
comparada as outras faixas etárias, e os indivíduos acima de 50 anos apresentaram
escores de domínio total de 53,3, sócio-emocional de 54,2 e físico de 52. Conclusões: O
impacto na qualidade de vida dos sujeitos deste estudo diferiu significativamente nas
faixas etárias analisadas, Notando-se que quanto maior a idade cronológica, menores são
os valores obtidos nos escores do QVV,todavia houve uma inversão nas duas ultimas
faixas etárias analisadas,fato que pode ser explicado pelo processo natural do
envelhecimento que diminui a sensibilidade dos órgãos sensitivos,o que pode levar a uma
menor percepção da repercussão da disfonia na qualidade de vida do sujeito.

691
Correlação entre hidratoterapia, ingesta alcoolica e tabagismo em jornalistas

Edney Gustavo Fernandes Tenório; Geová Oliveira de Amorim, Fernanda Raissa de


Albuquerque Bastos, Lavoisier Leite Neto, Phillipe Xavier Moreira de Barros

Introdução: A voz é um instrumento importante na vida de diversos profissionais,


principalmente nos indivíduos que a utilizam como instrumento de trabalho. O repórter e o
apresentador de telejornalismo encontra na voz uma ferramenta importante no
desempenho de suas atividades profissionais. Os profissionais do telejornalismo
geralmente demonstram uma certa preocupação em manter a saúde da voz e garantir sua
expressividade. Alguns fatores interferem na produção vocal, de maneira direta ou
indireta, tais como a hidratação, o tabagismo e o etilismo. Objetivo: Investigar hábitos de
hidratoterapia, ingesta alcoólica e tabagismo em jornalistas. Método: Estudo transversal
observacional descritivo. Participaram do presente estudo 22 jornalistas (12 do sexo
masculino e 10 do sexo feminino), com média de idade de 21 anos. Os sujeitos
participantes foram solicitados a preencherem um questionário auto-aplicável, composto
por uma lista dos sintomas vocais mais referidos pela população em geral. Os mesmos
poderiam marcar mais de um sintoma. Os dados foram tabulados e analisados
estatisticamente pelo software SPSS 16.0. Resultados: Em termos de hidratação, 95,4%
(n=21) possuem o hábito de ingerir água durante o dia. Destes, a maior parte (8; 36,3%)
referiu ingerir de 3 a 4 copos de água diários. Nenhum participante referiu a prática do
tabagismo. A prevalência da ingesta alcoólica foi de 54,5% (n=12). Dentre os indivíduos
que ingerem bebida alcóolica, 58,3% (n=7) relataram o consumo somente nos finais de
semana e 41,6% (n=5) uma vez por mês. Em relação aos tipos de bebidas, constatou-se
que 8,3% (n=1) ingere somente bebida fermentada, 33,3% (n=4) apenas bebida destilada
e 58,3% (n=7) ingere ambos os tipos de bebida alcóolica. Conclusão: Os jornalistas
participantes do estudo, em sua maioria, apresentam hábitos saudáveis de voz, tais como
a ingestão satisfatória de água durante o dia, baixa ingesta alcoólica e ausência de
tabagismo.

692
Correlação entre prática de tabagismo e presença de sintomas vocais em atores de
teatro

Edney Gustavo Fernandes Tenório; Geová Oliveira de Amorim, António Manuel da Costa
Vieira, Adriano Rockland Siquera Campos, Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos,
Phillipe Xavier Moreira de Barros

Introdução: A Literatura aponta uma série de hábitos e abusos vocais que podem gerar
alterações laríngeas e vocais. Quanto aos hábitos vocais inadequados encontramos o
tabagismo, frequentemente abordados nos estudos científicos referentes à voz de atores
e demais categorias de profissional da voz falada e cantada. Além disso, o tabagismo
pode causar ressecamento e irritação da mucosa das vias aéreas superiores, propiciando
o surgimento de sintomas vocais. Objetivo: Investigar a pratica do tabagismo e a presença
de sintomas vocais em atores de teatro. Método: Estudo transversal observacional
descritivo. Participaram do estudo 51 atores de teatro, sendo 29 do sexo masculino e 22
do sexo feminino. Inicialmente foi aplicado um questionário de identificação da prática do
tabagismo e dos 21 sintomas vocais mais apresentados pela população em geral. Em
seguida os dados foram armazenados, tabulados e analisados estatisticamente pelo
software SPSS 16.0. Resultados: A média de idade dos participantes da pesquisa foi de
26,7 anos. Dentre os sujeitos da pesquisa, 82,4% (n=42) eram não fumantes e 17.6%
(n=9) fumantes. A relação entre tabagismo e presença de sintomas vocais mostrou que
entre os atores fumantes 88,9% (n=8) relataram mais de 02 sintomas vocais. Em relação
aos atores não fumantes, 80,1% (n=37) reportou ao menos um sintoma de voz.
Conclusão: Atores de teatro fumantes e não fumantes apresentam sintomas vocais e
associados, sendo a incidência maior entre os atores tabagistas.

693
Descrição dos 357 atendimentos realizados na semana da voz em umuarama

Julya Macedo; Daline Backes Eyng, Bruna Aparecida Malfato Silva,Soyane Lopes,
Maressa Teodoro Mortean, Camilla Reggiani Nunes, Thayse Mendes de Araújo, Mayara
Sabion Rufato, Gabriela de Sales Milaré

A Campanha da Voz é um evento que acontece anualmente em comemoração ao Dia


Mundial da Voz. O principal objetivo é promover ações que visem a conscientização da
sociedade quanto à importância da saúde vocal. Segundo Pinho (1997), muitas
estratégias fonoaudiológicas podem ser aplicadas para tratar o paciente com alterações
vocais e laríngeas decorrentes do uso inadequado da voz e a tarefa mais importante do
fonoaudiólogo consiste na identificação das formas de abusos vocais. Na cidade de
Umuarama/PR foi realizado durante os anos de 2011 a 2013 a Semana da Voz, com
intuito de alertar a população para os cuidados da voz e identificar candidatos com
alterações vocais, encaminhando para avaliação e tratamento adequados. Inicialmente
foram realizadas 357 triagens vocais, para identificação de possíveis sintomas vocais e os
indivíduos avaliados que apresentassem mais de cinco sintomas, 60 (16%) sujeitos, foram
submetidos à gravação vocal das vogais /a/ e /e/, contagem de números e dias da
semana. Após isso, foi realizada análise perceptivo-auditiva dessas gravações por duas
fonoaudiólogas especialistas em voz há mais de três anos, e 13 acadêmicas do 4o ano de
Fonoaudiologia. Entre 357 pacientes atendidos, 63 (17%) não apresentaram nenhuma
queixa vocal, sendo que 294 relataram uma ou mais queixas vocais. Os sintomas mais
frequentes foram: pigarro e sensação de garganta seca em 254 (71%) pacientes,
mudança de voz ao longo do dia 119 (33%) pacientes e tensão na região dos ombros e
pescoço 105 (29%) pacientes. Na análise perceptivo-auditiva dos 60 pacientes avaliados,
todos (100%) apresentaram qualidade vocal alterada, sendo qualidade vocal rouca
(46,67%), rouca- soprosa (25%), soprosa (13,33%), áspera (6,667%) e tensa (8,33%).
Após avaliação, os pacientes foram encaminhados para atendimento na Clínica Escola de
Fonoaudiologia de uma Instituição de Ensino Superior, ficando claro para a população e
para os estudantes de Fonoaudiologia a importância da Campanha da Voz para
identificação de pacientes com alterações vocais e prevenção de futuros problemas
relacionados à voz.

694
Desvantagem vocal no canto e desconforto no trato vocal em evangélicos cantores
e não cantores

Joel Pinheiro; Janine Santos Ramos, Perla do Nascimento Martins Muniz,


Alcione Ghedini Brasolotto, Kelly Cristina Alves Silvério

Introdução: Os protocolos de qualidade de vida em voz têm a finalidade de melhor


compreender o impacto da voz na qualidade de vida das pessoas. Eles permitem uma
visão diferenciada das questões relacionadas ao problema vocal que não podem ser
detectadas em testes objetivos, pois se referem à percepção do indivíduo quanto à
alteração vocal e os reflexos que isso pode trazer na sua comunicação. O protocolo de
Índice de Desvantagem para o Canto Moderno (IDCM) tem a finalidade de abordar essas
questões com cantores. Por outro lado, a escala desconforto do trato vocal (EDTV) é uma
ferramenta que aborda a percepção sensorial de desconforto no trato vocal de sujeitos
com disfonia e tem o objetivo de quantificar, de maneira qualitativa, a intensidade e a
frequência de um desconforto no trato vocal. É uma escala composta por oito itens que
abordam tanto a frequência quanto a intensidade do sintoma ou sensação percebida pelo
indivíduo. Objetivo: avaliar os índices de desvantagem vocal e desconforto do trato vocal
em cantores evangélicos e comparar com indivíduos evangélicos não cantores. Métodos:
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (nº302.062/2013). Participaram 40
evangélicos, cantores e não cantores, de ambos os sexos, entre 20 e 61 anos,
subdivididos em dois grupos: 20 indivíduos cantores – declararam participar de grupo de
canto e praticar o canto evangélico há pelo menos um ano; 20 indivíduos não cantores –
declararam cantar apenas na congregação/assembleias, não participando de grupos
musicais, sem compromisso do canto em sua religião. Após assinarem o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, todos responderam ao protocolo IDCM, com 30
questões, em três subescalas: incapacidade (impacto do problema de voz nas atividades
profissionais), desvantagem (impacto psicológico do problema de voz) e defeito
(autopercepção das características da voz). Os indivíduos também responderam ao
protocolo EDTV que abordou a frequência e intensidade do desconforto dos seguintes
parâmetros: queimação, aperto, secura, garganta dolorida, coceira, garganta sensível,
garganta irritada e bola na garganta, usando uma escala de sete pontos. Os dados foram
analisados por meio do teste não-paramétrico de Mann-Withney (p<<0,05). Resultados:
Em relação ao IDCM, os cantores evangélicos referiram significativamente mais
desvantagem vocal que os evangélicos não cantores: na pontuação total (p=0,009), nos
domínios desvantagem (p=0,010) e defeito (p=0,001). Em relação ao EDTV, não foram
observados resultados significantes na comparação entre os grupos. Conclusão: Os
resultados demonstraram que cantores evangélicos apresentaram maior desvantagem
vocal autorrelatada em relação a evangélicos não cantores. O protocolo IDCM mostrou-se
sensível para essa população, podendo auxiliar fonoaudiólogos, preparadores vocais e
regentes na verificação de possíveis problemas vocais em cantores evangélicos.
Entretanto, a aplicação do protocolo EDTV não permitiu verificar resultados significantes
na comparação entre os grupos.

695
Dia mundial da voz: experiência em uma escola pública de são paulo

Ana Paula d´Oliveira Gheti Kao; Aline Oliveira Baruzzi, Ana Carolina Ramos de Oliveira
Borges, Daniela Scalon Oliveira, Emelie Villela da Costa, Talita Mazzariello Roveri

Introdução: A voz é utilizada em muitas profissões como instrumento de trabalho, o que


justifica a necessidade de verificar os fatores que podem ser prejudiciais ao bom
desempenho vocal. O impacto da alteração vocal depende de uma ampla gama de
aspectos particulares que vão desde a influência do ambiente de trabalho até o estresse
psicológico. Para muitos professores, o importante não é ter “boa voz” e sim “ter voz”. Não
importa a qualidade vocal, mas a intensidade da voz. Os educadores podem apresentar
alterações vocais frequentes, mas raramente fazem o tratamento adequado, já que existe
a possibilidade de uma “melhora” natural ou pelo uso de medicamentos/pastilhas/sprays.
Além disso, o professor pode utilizar ajustes vocais negativos que “camuflam” o quadro.
Objetivo: Informar e desenvolver a auto-percepção dos professores de uma escola
estadual sobre os cuidados necessários para uma voz saudável. Método: Com o tema
central da campanha do dia Mundial da Voz, “Em todos os ciclos da vida, Seja Amigo da
sua Voz!”, a equipe de Fonoaudiologia de um programa de saúde organizou as seguintes
atividades: aplicação do Protocolo de Anamnese-Voz Falada sobre aspectos relacionados
à voz e do Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV), verificando o impacto do
uso vocal com relação a aspectos físicos e emocionais; exposição de banner com o perfil
vocal dos professores da escola: queixas vocais, ambiente de trabalho, auto-percepção
vocal, conhecimento sobre voz entre outros; exibição de filme abordando questões sobre
o cotidiano da sala de aula, aspectos pessoais que podem interferir na saúde vocal,
influências do ambiente de trabalho (ruídos), importância da hidratação, exercícios vocais
de aquecimento, auto-percepção vocal, alimentação, fumo e uso de pastilhas e spray
entre outros; realização de “QUIZ" discutindo noções sobre saúde vocal; oficina de voz
realizando atividades práticas de alongamento e relaxamento cervical e facial, articulação,
respiração, aquecimento e desaquecimento vocal. Conclusão: Por meio de observações
da equipe de Fonoaudiologia, foi verificado grande envolvimento dos participantes durante
as atividades, expondo suas dúvidas e questionamentos sobre o ambiente de trabalho e
uso vocal, além na realização dos exercícios de alongamento cervical e vocais. Notou-se
grande interesse nesta interface e no desenvolvimento de atividades multidisciplinares
com foco em prevenção e promoção de saúde.

696
Disfonia psicogênica e suas diversas apresentações

Adriana Bueno Benito Pessin; Elaine Lara Mendes Tavares, Paula Ferreira Ranalli,
Andrea Cristina Joia Gramuglia, Regina Helena Garcia Martins

Introdução: As disfonias psicogênicas são desordens vocais de causa funcional, com


formas de apresentações muito variáveis. Objetivos: analisar as apresentações clínicas
de uma série de pacientes com o diagnóstico de disfonia psicogênica a fim de apresentar
as particularidades clínicas e vocais, facilitando o diagnóstico diferencial. Casuistica e
métodos: Foram revisados os prontuários médicos de 26 pacientes com diagnóstico de
disfonia psicogênica, atendidos nos últimos 10 anos no ambulatório de voz da instituição
onde o trabalho foi realizado. Alguns casos ainda se encontram em acompanhamento no
serviço. Foram incluídos apenas pacientes com idade acima de 16 anos. Os parâmetros
analisados foram sexo, idade, profissão, modo de inicio e evolução dos sintomas vocais,
padrão da emissão vocal, relação entre o distúrbio vocal e transtorno emocional, resultado
do tratamento fonoaudiológico e psicológico. Resultados: A faixa etária dos pacientes
incluídos no estudo variou de 16 a 76 anos, sendo 23 mulheres (idade media de 34 anos)
e três homens (idade media de 55 anos). Neste grupo prevaleceu a profissão de
professor, seguida de domestica, secretária, e vendedor. O início súbito dos sintomas foi
reportado por 20 pacientes e a disfonia apresentou curso permanente na maioria deles.
Apenas seis pacientes do grupo estabeleceram relação causal entre o distúrbio vocal e os
fatores emocionais. O tratamento multidisciplinar foi efetivo em todos os pacientes.
Conclusões: a disfonia psicogênica acomete com maior freqüência mulheres, em idade
adulta, apresenta inicio súbito e curso permanente. O padrão vocal mais comum é a
alternância de registro. Distúrbios emocionais relacionados a conflitos familiares ou
profissionais, bem como conflitos de vida pregressa são reportados pela maioria delas e o
tratamento conjunto com fonoaudiólogos e psicólogos é efetivo.

697
Disfonias orgânicas por neoplasias: análise de diagramas de desvio fonatório

Elaine Pavan Gargantini; Iára Bittante de Oliveira, Eliane dos Santos Fernandez

Introdução: o diagrama de desvio fonatório, componente da análise acústica, é baseado


em quatro medidas acústicas, três delas relacionadas à irregularidade do sinal sonoro e
uma quarta ao componente de ruído, denominado proporção sinal glótico/ruído excitado
(GNE – glottal to noise excitation ratio). Objetivo: avaliar e comparar dados acústicos
obtidos por meio de diagrama de desvio fonatório de vozes de pacientes disfônicos após
serem submetidos a laringectomias parciais com vozes de indivíduos de mesma faixa
etária, porém sem queixa vocal. Método: foram estudadas por meio de análise perceptivo-
auditiva em duplo cego e acústica as vozes de 30 sujeitos sendo 15 laringectomizados
parciais, média de idade de 61,0 anos e 15 sujeitos sem queixa vocal compondo um
grupo controle. Ambos os grupos do sexo masculino com mesma faixa etária, variando
entre 46 e 72 anos e mesmo nível de escolaridade, entre fundamental e médio. A análise
perceptivo-auditiva das vozes foi realizada por meio da escala GRBASI e a análise
acústica por meio do software VOXMETRIA®. Foram selecionados para o grupo de
laringectomizados parciais aqueles que realizaram cirurgias acometendo o nível glótico, a
saber: cordectomia (um sujeito, 6,6%), hemilaringectomia (quatro sujeitos, 26,6%) e
supracricóide (10 sujeitos, 67,7%). A cirurgia de laringectomia parcial horizontal foi critério
de exclusão. Resultados: a escala GRBASI mostrou oito sujeitos do grupo de
laringectomizados parciais (53,4%) com grau 3 de desvio vocal (intenso) e sete (46,6%)
com grau 2 ou desvio moderado e portanto, nenhum com grau global de desvio vocal
adaptado ou leve. No grupo controle, cinco sujeitos (33,4%) tiveram grau 2 (moderado),
seis sujeitos (40%) com grau 1(leve) de desvio e quatro (26,6%) apresentaram vozes
classificadas como adaptadas. No grupo controle sete sujeitos (46,6%) foram
considerados com alteração moderada de voz corroborando os achados do diagrama de
desvio fonatório no qual foram localizadas as vozes no quadrante inferior direito,
compatível com vozes rugosas. Dos oito sujeitos laringectomizados que apresentaram
grau intenso de desvio vocal, sete deles concentraram-se no quadrante superior direito do
diagrama, que de acordo com estudos localizam-se neste as vozes mais alteradas. A
análise dos diagramas de desvio fonatório revelou que a maioria das vozes dos
laringectomizados (93,4%) distribuiu-se fora do quadrante de normalidade, e destas
houve predomínio no quadrante superior direito (80%), significância estatística entre os
grupos (Teste Exato de Fisher p=0,0319). Do grupo controle 53,4% distribuíram-se dentro
do quadrante de normalidade, 46,6% localizaram-se no quadrante inferior direito,
compatível com vozes rugosas. Para 93,4% foram verificados desvios horizontais
relativos a jitter e shimmer e 12 sujeitos (80%) apresentaram desvio vertical (GNE) 60%
apresentaram desvio horizontal (shimmer); enquanto que apenas 6,6% apresentou desvio
em jitter (Mann Whitney com valor de p= 0,00001). Conclusão: Houve correlação entre as
vozes consideradas com desvio global vocal entre moderado e intenso na análise
perceptivo-auditivo e a localização dessas no diagrama de desvio fonatório. As alterações
vocais encontradas no grupo de sujeitos sem queixa vocal são compatíveis com estudos
que descrevem características da voz presbifônica.

698
Distúrbio de voz e violência no ambiente escolar em professoras da rede estadual
de lagoas

Anália Maria Correia Ribeiro da Silva; Cristiane Cunha Soderini Ferraciu,


Luciano Veloso de Amorim Santos, Nilian Cerqueira Azevedo

Introdução: Devido à exposição a diversos fatores relacionados ao ambiente de trabalho


no que diz respeito às situações de violência, existe um alto risco de o professor
desenvolver distúrbio de voz relacionado ao trabalho levando a situações de afastamento
e incapacidade para desempenhar suas funções, implicando em custos financeiros e
sociais. Objetivos: Verificar a associação entre a presença do distúrbio de voz e situações
de violência no ambiente de trabalho em professoras da rede estadual de ensino de
Alagoas. Métodos: Estudo epidemiológico de corte seccional analítico. Participaram 110
docentes do sexo feminino, do ensino fundamental (1º a 9º ano) da Rede Estadual de
Ensino de Alagoas – REEAL. Foram submetidas à análise perceptivo-auditiva e
responderam ao questionário Condição de Produção Vocal do Professor – CPV-P, a fim
de levantar dados sócio-econômicos. Após análise perceptivo-auditiva, foram divididas em
dois grupos: com distúrbio de voz (CDV) e sem distúrbio de voz (SDV). Foi utilizado teste
Qui-quadrado de Pearson para associação de significância. Resultados: A média de idade
foi de 45,81 anos ± 7,41 anos, 63,6% eram casadas, 95,5% tinham ensino superior
completo, 50,9% lecionavam de 11 a 20 anos, 49,1% apresentaram carga horária
semanal de 21 a 30 horas. As variáveis que apresentaram associação positiva foram
depredações e violência contra os funcionários. Para as referidas variáveis se destaca
que o percentual CDV foi menos elevado (18,8%) entre as que na escola nunca tiveram
depredações e foi mais elevado entre as que sempre tinham depredações (48,6%); foi
menos elevado entre as que nunca sofreram violência e variou de 50,0% a 55,6% nas
outras duas categorias da variável (às vezes e sempre). As professoras que responderam
que às vezes e sempre ocorrem situações de depredações no ambiente escolar tiveram
1,98 a 2,59 maior razão de prevalência (RP) quando comparadas às professoras que
disseram nunca ocorrer este tipo de situação no ambiente escolar. As professoras que
responderam que às vezes e que sempre acontecem situações de violência contra
funcionários tiveram de 2,03 a 2,25 maior RP quando comparadas ao grupo que
respondeu que nunca aconteceram situações de violência contra funcionários no
ambiente escolar. Conclusão: O esforço do professor em realizar sua tarefa em contextos
em que a violência é vivida de formas distintas pode interferir na qualidade vocal,
ocasionando distúrbios de voz.

699
Distúrbio de voz relacionado ao trabalho e aspectos sociodemográficos e vocais
em professoras da rede estadual de ensino de alagoas

Anália Maria Correia Ribeiro da Silva; Cristiane Cunha Soderini Ferraciu,


Luciano Veloso de Amorim Santos, Nilian Cerqueira Azevedo

Introdução: Devido à exposição a diversos fatores relacionados à organização e ambiente


de trabalho, existe um alto risco de o professor desenvolver distúrbio de voz relacionado
ao trabalho levando a situações de afastamento e incapacidade para desempenhar suas
funções, implicando em custos financeiros e sociais. Além desses prejuízos, poderão
ocorrer problemas pessoais, econômicos e funcionais até mesmo para a escola.
Objetivos: Verificar a associação entre os aspectos sociodemográficos e aspectos vocais
e a presença do distúrbio de voz em professoras da rede estadual de ensino de Alagoas.
Métodos: Estudo epidemiológico de corte seccional analítico. Participaram 110 docentes
do sexo feminino, do ensino fundamental (1º a 9º ano) da Rede Estadual de Ensino de
Alagoas – REEAL. Os sujeitos da pesquisa submeteram-se à análise perceptivo-auditiva
e responderam ao questionário Condição de Produção Vocal do Professor – CPV-P, a fim
de levantar dados sócio-econômicos, aspectos vocais e hábitos de vida. Após análise
perceptivo-auditiva, as professoras foram divididas em dois grupos, sendo grupo 1 com
presença de distúrbio de voz (CDV) e grupo 2, ausência de distúrbio de voz (SDV). Foi
utilizado teste Qui-quadrado de Pearson para associação de significância. Resultados: A
média de idade foi de 45,81 anos ± 7,41 anos, 63,6% eram casadas, 95,5% tinham ensino
superior completo, 50,9% lecionavam de 11 a 20 anos, 49,1% apresentaram carga horária
semanal de 21 a 30 horas. Das variáveis sócio-demográficas pesquisadas, o tempo que
lecionavam e número de escolas que lecionavam apresentaram associação significativa
com a presença de distúrbios de voz. O estudo revelou que o percentual com distúrbio de
voz foi mais elevado entre as professoras que lecionavam de 11 a 20 anos (44,6%) e foi
menos elevada entre as que lecionavam até 10 anos (14,8%); mais elevado entre as que
lecionavam em duas a três escolas do que entre as que lecionavam em apenas uma
escola (49,1% x 22,8%). As professoras que lecionavam a partir de 11 anos ou mais
tiveram de 2,5 a 3,0 maior razão de prevalência (RP) quando comparadas ao grupo que
lecionava até 10 anos. As professoras que lecionavam em mais de uma escola tiveram
2,15 maior RP quando comparadas ao grupo que lecionava em apenas uma escola. Na
variável “Já faltou ao trabalho por alterações vocais?” destaca-se que o percentual das
professoras CDV foi menos elevado entre as que nunca tinham faltado ao trabalho por
alterações vocais (27,0%) e foi mais elevado entre as que faltavam sempre (66,7%).
Secreção/catarro na garganta foi o único sintoma vocal com associação significativa com
a presença do distúrbio de voz e para esta variável se destaca que o percentual com
distúrbio na voz foi mais elevado para quem tinha o problema “Às vezes” (57,1%) e variou
de 26,4% (nunca) a 31,0% (sempre). Conclusão: Distúrbios de voz estão presentes entre
os profissionais que, no contexto ocupacional, fazem uso da voz como um importante
instrumento de trabalho, e diversos fatores podem interferir na presença desses distúrbios
tais quais aspectos sociodemográficos e vocais.

700
Efeito imediato da tens e da tml na dor musculoesquelética de indivíduos com
vozes equilibradas

Bruna Tozzetti Alves; Ana Vitória Rondon, Letícia Oliveira, Perla Nascimento Martins
Muniz, Larissa Thaís Donalonso Siqueira, Alcione Ghedini Brasolotto, Kelly Cristina Alves
Silvério

Introdução: A Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) é uma corrente elétrica


que promove relaxamento muscular, analgesia e melhora da vascularização da área
aplicada, podendo ser utilizada no tratamento das disfonias por tensão muscular. É pouco
utilizada na prática fonoaudiológica, principalmente na área de voz, não sendo possível o
conhecimento dos efeitos desta aplicação em laringes e vozes adaptadas. A Terapia
Manual Laríngea (TML) consiste na massagem da musculatura perilaríngea com o
objetivo de relaxá-la, envolvendo os músculos esternocleidomastóideos, suprahióideos e
membrana tireohióidea. Objetivo: Avaliar o efeito imediato da aplicação da TENS de baixa
frequência e da TML na dor musculoesquelética de indivíduos adultos com vozes
equilibradas. Métodos: Participaram 90 indivíduos de ambos os sexos (45 mulheres; 45
homens), com idades entre 18 e 45 anos, sem alterações vocais e boa saúde geral
autorreferida. Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (098/2011),
responderam um protocolo com desenho das partes do corpo correspondentes aos itens
que deveriam assinalar, caso a dor estivesse presente nos últimos 12 meses. Foram
investigados: região temporal, masseteres, submandibular, laringe, parte anterior e
posterior do pescoço, ombros, parte superior das costas, cotovelos, punhos/mãos/dedos,
parte inferior das costas, quadril/coxas, joelhos, tornozelos/pés. Para mensuração da
intensidade da dor foi utilizada a escala visual analógica (100 milímetros) para cada parte
investigada, em que o indivíduo marcou com um traço vertical cruzando a linha no ponto
que caracteriza a sua sensação de dor, caso presente, no momento que antecedeu a
aplicação do recurso terapêutico, sendo o limite à esquerda referente a nenhuma dor, e à
direita, pior dor possível. Posteriormente, esta marcação foi mensurada com régua para
verificar a pontuação correspondente. Este procedimento foi repetido imediatamente após
a aplicação do recurso terapêutico: TENS (60 indivíduos: 30 homens e 30 mulheres) ou
TML (30 indivíduos: 15 homens e 15 mulheres). Para a comparação dos resultados
utilizou-se o teste de Wilcoxon (p<<0,05). Resultados: Após a TENS houve diminuição
significante da dor na região do pescoço (p=0,000), ombros (p=0,002), superior das
costas (p=0,001), mãos (p=0,043), inferior das costas (p=0,001), joelhos (p=0,012), região
temporal (p=0,011) e região do masseter (p=0,021). Após a TML houve diminuição
significante apenas da intensidade de dor na região inferior das costas (p=0,010). Tais
resultados podem ser explicados pelo relaxamento muscular que a TENS de baixa
frequência promoveu nas regiões do músculo trapézio e submandibular, com vibração em
baixa frequência e alta intensidade, sendo capaz de relaxar e diminuir a dor na região da
cintura escapular. Na TML o resultado significante obtido pode estar relacionado ao fato
do indivíduo permanecer 20 minutos, sentado durante a massagem, com a postura
corrigida pela terapeuta, em repouso e relaxado, não provocando diminuição da dor na
região de cabeça e pescoço. Conclusão: O uso da TENS de baixa frequência promoveu
diminuição da intensidade da dor na região de pescoço, ombros, parte superior e inferior
das costas, mãos, joelhos, região temporal e de masseteres de indivíduos sem alterações
vocais. Por outro lado, a TML promoveu diminuição da dor apenas na região inferior das
costas.

701
Efeito imediato da técnica de trato vocal semiocluído: fonação com canudo inserido
na água

Leandro Alves Viana; Débora Afonso, Pâmela Aparecida Moreira, Suely Mayumi
Motonaga, Eliana Gradim Fabron

Introdução: A compreensão do efeito dos exercícios vocais na qualidade vocal tem sido o
objeto de diversos estudos envolvendo as diferentes técnicas vocais, de forma isolada,
associada ou em programas específicos. Objetivo: Verificar a variação de parâmetros de
análise acústica pré e pós a realização de uma variação das técnicas de trato vocal
semiocluído utilizando o exercício de fonação no canudo inserido na água. Metodologia:
Participaram 32 mulheres, com idade entre 18 e 39 anos (média de 22 anos), sem
queixas vocais. Os critérios de exclusão dos sujeitos foram: ser fumante, consumir álcool
diariamente, estar em período pré-menstrual ou no período menstrual e possuir
treinamento vocal prévio. O registro das vozes foi realizado em sala com tratamento
acústico com a utilização do gravador digital MARANTZ modelo PMD660, microfone
SENNHEISER modelo e855. O microfone foi posicionado a quatro cm da boca dos
sujeitos, que permaneceram sentados de frente para o avaliador. As participantes foram
orientadas a emitir a vogai /a/ sustentada, em frequência e intensidade habitual, após
inspiração profunda, antes e após a realização da técnica vocal proposta. A técnica vocal
consistiu na realização do exercício de fonação no canudo com a utilização de um canudo
de plástico duro de 14 cm e 2 mm de diâmetro. Um lado o canudo foi inserido na boca dos
participantes, seguro pelos dentes para facilitar a emissão prolongada da vogal “u”,
contudo com os lábios acoplados ao canudo. O outro lado do canudo foi inserido dentro
de um copo de vidro com 150 ml de água, de forma que o fluxo expiratório sonorizado
produzisse borbulhas na água. A técnica foi explicada para cada participante que realizou
a mesma durante 3 minutos. Todas as participantes ingeriram aproximadamente 180 ml
de água antes da realização da técnica. Para a análise acústica da voz, foi utilizado o
software Praat. Foram extraídos 5 segundos da emissão da vogal /a/, sendo excluído o
início e o final da emissão, para que respectivamente o ataque vocal e a instabilidade não
interferissem na análise dos dados. Foram analisados os parâmetros de Pitch médio (Hz),
Jitter local (%), Shimmer local (%) e a Harmonic-to-noise ratio (HNR). Resultados: Foram
analisadas as médias das medidas dos parâmetros de análise acústica. Anterior a
realização da técnica os resultados foram: Fo, 203,455; Jitter, 0,354; Shimmer, 2,471 e
HNR 19,905 e após a realização da técnica os resultados foram: Fo, 207,360; Jitter,
0,328; Shimmer, 2,315 e HNR, 20,482. Foi aplicado o Test t para comparar os resultados
encontrados. Observou-se diferença estatística nas medidas de F0. Na análise do
relacionamento entre os resultados das medidas após os exercícios, foi encontrada
correlação negativa entre HNR e Jitter (r = -0,4725; p = 0,0063) e Shimmer (r = -0,3495; p
= 0,0499). Conclusão: A técnica de sonorização no canudo inserido na água provocou
mudança significativa nas medidas de F0. Entretanto a variação nas medidas de Jitter e
Shimmer apresentou correlação com as de HNR, apontando para a diminuição dos
valores de ruído conforme os valores da relação harmônico–ruído aumentaram.

702
Efetividade do programa vocal cognitivo aplicado a indivíduos com sinais de
presbilaringe – resultados preliminares

Gláucia Verena Sampaio de Souza; Nair Katia Nemr, Marcia Simões-Zenari, Adriana
Hachiya, Domingos Tsuji

Introdução. O envelhecimento pode levar a mudanças vocais como redução da


intensidade, aumento do jitter e das pausas, alteração da qualidade vocal, redução dos
tempos máximos de fonação e da diadococinesia e possível agravamento da voz feminina
e agudização da voz masculina. Essas modificações caracterizam a presbifonia,
considerada parte do processo do envelhecimento normal. A atuação fonoaudiológica
junto a esta população pode contribuir com a qualidade de vida do idoso a partir da
obtenção de uma produção vocal mais equilibrada e eficiente, com redução ou eliminação
de lesões laríngeas, repercutindo na melhora da comunicação como um todo. Objetivo.
Pretende-se verificar a efetividade de um programa de intervenção fonoaudiológica para
indivíduos com sinais de presbilaringe com ou sem queixa vocal. Método. Para compor o
piloto deste projeto que prevê a participação de 20 idosos de ambos os gêneros foram
selecionadas três mulheres, duas sem queixa e uma com queixa vocal, média de idade de
67 anos, boas condições gerais de saúde. Todas passaram por exame laringológico –
videolaringoscopia de alta velocidade – realizado por médico otorrinolaringologista em um
hospital escola. Após, as participantes passaram pelos procedimentos de registro vocal
em sala acusticamente tratada e com equipamento adequado e previamente testado – as
tarefas vocais basearam-se no protocolo CAPE-V traduzido para o português e foram
utilizadas tanto para análise perceptivo-auditiva quanto acústica da voz; cada participante
respondeu ao Protocolo de Rastreio de Disfonia Geral e para Idosos. Ao término das
avaliações teve início a fase de intervenção do Programa Vocal Cognitivo (PVC) que é
composto por oito sessões no total, sendo seis de intervenção e duas de avaliação (pré e
pós-intervenção). O planejamento terapêutico contempla duas sessões de trabalho com
respiração, duas com fonte glótica, uma com ressonância/articulação e uma sessão final
englobando os três aspectos. As idosas assistiram em todas as sessões a um vídeo sobre
fonação normal (“Homem Virtual”) após o qual foram explicados/retomados aspectos
relacionados à presbilaringe/presbifonia. A avaliação pós-intervenção ocorreu ao término
das seis sessões, com os mesmos procedimentos iniciais. A análise dos dados
preliminares foi qualitativa comparando todos os itens provenientes das duas avaliações
realizadas. Resultados. Foi observada expressiva melhora em todos os aspectos
analisados, tanto nas participantes com queixa vocal quanto sem queixa vocal, com
destaque para atenuação dos sinais de presbilaringe observados com o exame de
laringoscopia de alta velocidade com melhora da coaptação glótica e movimentação da
onda mucosa; houve elevação da frequência fundamental, adequação dos valores de
jitter, shimmer e proporção harmônico-ruído; a espectrografia mostrou melhor definição e
aumento do número de harmônicos e aumento da intensidade. A paciente com queixa
vocal não apresentou mais essa queixa após o programa. Além disso, as três
participantes referiram melhora em aspectos respiratórios, de fala e projeção
vocal.Conclusão. Os resultados preliminares apontam para a efetividade da proposta uma
vez que o programa contribuiu para melhora da comunicação geral dessas idosas,
devendo haver continuidade do trabalho com o total de pacientes estimado inicialmente.

703
Electroestimulação para relaxamento laríngeo: aparelhos diferentes, resultados
idênticos

João Carlos Torgal Batista; Bruno Tavares de Lima Guimarães

Introdução: O relaxamento laríngeo é uma necessidade a ser trabalhada nos casos de


disfonias hipercinéticas devido à tensão da musculatura extrínseca e intrínseca da laringe
que compromete não só a qualidade vocal, como a excursão laríngea, podendo inclusive
favorecer a hipertrofia dos ventrículos laríngeos, formação de fendas glóticas, assimetria
entre aritenoides, alterar o modo e o ritmo respiratório, a ressonância e fala. A
electroestimulação nervosa transcutânea (TENS) analgésica de baixa frequência, no
modo acupuntura, tem demonstrado ser uma forma bastante eficiente para a analgesia e
para o relaxamento de estruturas com nível de dor e/ou tensão muscular crónicas,
envolvendo todo o sistema que participa na produção da voz. Objetivos: Este estudo teve
como objetivo comparar a qualidade de relaxamento nos clientes no Brasil e em Portugal,
após 4 sessões com a TENS acupuntura, assim como recolher o feedback relativo ao
desconforto laríngeo e à tensão pré e pós sessão. Métodos: Participaram 28 clientes, 2
homens e 26 mulheres. Estando representados no estudo, 14 clientes de cada país, com
idades variando entre 25 e 69 anos. No Brasil foi utilizado o NEURODYN RUBY LINE, 4
canais e em Portugal o equipamento CEFAR REHAB 4 pro 4 canais. A frequência
estabelecida em ambos foi de 10 Hz, com largura de pulso de 300 ms, e com intensidade
variando de cliente para cliente, de acordo com o seu limiar de conforto, apresentando
uma média de intensidade de 25 mA (não atingindo o limiar de estimulação dolorosa - 40
mA). Os elétrodos de 5x8 cm foram posicionados lateralmente à cartilagem tireóidea, no
Brasil foram utilizados elétrodos de silicone untados com gel condutor, e em Portugal
foram utilizados elétrodos autoadesivos. Em ambos os casos foram fixados com fita
adesiva 3M. Cada sessão durou 30 minutos, 1 vez por semana, onde foram avaliadas as
condições de dor e a tensão laríngea pré e pós terapia, sendo que antes da aplicação da
TENS, 100% dos clientes, em ambos os países, referiram desconforto laríngeo, sensação
de aperto, peso, ombros duros, pescoço dolorido e tenso. Durante as sessões nos dois
países foram realizados exercícios respiratórios e vocais em associação à
electroestimulação.Resultados: No final de cada sessão todos os 28 pacientes
descreveram: “garganta mais aberta”, voz mais limpa e mais clara e diminuição da
sensação de tensão, assim como ausência de pontos dolorosos. Verificou-se ainda
aumento dos tempos máximos de fonação, sugerindo uma dinâmica da fonação mais
próxima da normalidade.Conclusão: Concluímos que o uso da TENS acupuntura,
independentemente da marca do equipamento, e do tipo de elétrodos, proporciona um
bom nível de relaxamento e conforto laríngeo, assim como diminuição dos pontos
dolorosos.

704
Escala de sintomas vocais aplicada em cantores de coro misto

Adriana de Oliveira Camargo Gomes; Zulina Souza de Lira, Ana Nery Barbosa de Araújo,
Jonia Alves Lucena, Evelyn Gomes dos Reis

Introdução: A escala de sintomas vocais (ESV) é um protocolo de auto-avaliação da


produção da voz que visa trazer informações quantitativas sobre os sintomas vocais
relacionados a funcionalidade, impacto emocional e sintomas físicos que um problema de
voz pode provocar na vida do indivíduo. A despeito de ser aplicada em população com
queixas vocais, pode ser relevante sua aplicação em populações específicas, cuja
demanda vocal exige ajustes precisos e longo treinamento da voz, como no canto erudito.
Objetivo: Verificar sintomas vocais relacionados a aspectos funcionais, físicos e
emocional de cantores de coro misto, com repertório erudito. Métodos: O estudo foi
realizado após aprovação do comitê de ética em pesquisas com seres humanos, sob
protocolo de número CAAE 02751412.0.0000.5208. A ESV foi aplicada em 29 cantores de
dois coros mistos. Os dados foram analisados como média e desvio padrão dos escores
total e das subescalas do protocolo. Resultados: Os valores médios encontrados e seus
desvios-padrão, em relação aos escores de limitação, emocional, físico e total foram,
respectivamente, 12,5 (±9,2); 3,8(±5,2), 8,3 (±5,4), 24,3 (±16,8). Observou-se que a
subescala de limitação obteve a maior pontuação, seguida do escore físico e do
emocional. Portanto, em termos percentuais, o escore total foi de 20,25% e o físico,
29,64%. Conclusão: Constatou-se que dentre os sintomas vocais dos cantores dos coros
estudados o que mais se sobressaiu foi referente às questões físicas. Portanto, a atuação
fonoaudiológica nesse grupo poderá trazer benefícios quanto aos cuidados e orientações
vocais.

705
Estudo comparativo entre a qualidade vocal de dois estilos musicais: revisão
sistematica de literatura

Tuany Lourenço dos Santos; Thales Roges Vanderlei de Góes, Lavoisier Leite Neto,
Bárbara Patrícia da Silva Lima

Introdução: A configuração do trato vocal varia de acordo com os mais diversos estilos de
canto popular. Portanto há necessidade do desenvolvimento de técnicas para a
adequação da qualidade vocal específicas para cada gênero musical, porém há pouca
literatura sobre a fisiologia do trato vocal em cada estilo. Em virtude de tal cenário, temos
como objetivo: analisar sistematicamente os parâmetros de qualidade vocal entre
cantores de roque e samba, por serem estilos distintos, a fim de contribuir com os estudos
de voz cantada. Métodos: Busca de artigos científicos indexados nas bases de dados
LILACS e Scielo. Foram utilizados os seguintes descritores: cantor popular, recursos
vocais, voz cantada, formante do cantor, timbre vocal, qualidade vocal, estilo musical e
gênero musical. Outra estratégia utilizada foi à busca em listas de referências dos artigos
identificados e selecionados. Os artigos foram categorizados em três categorias: Estudos
que abordavam e conceituavam a qualidade vocal (1) e estudos que tratavam
especificamente do roque (2) ou samba (3), já que não foi encontrado estudo
correlacional entre os dois estilos.Tais estudos foram avaliados independentemente por
dois autores. Resultados: Entre os 34 artigos consultados, 16 mostraram ser pertinentes
ao tema, sendo 6 referentes à (1), 4 ao (2), 6 ao (3). Roque: Laringe predominantemente
rebaixada; A faringe, embora importante no parâmetro de qualidade vocal, possui
informações escassas. Em relação ao pitch, brilho e qualidade vocal, há variações
dependendo da época. Na década de 70 e 80, o pitch é agudo e nas demais décadas
tende a ser médio. As vozes apresentam maior projeção, com brilho vocal. A qualidade
vocal é tensa em 80 e neutra nas outras décadas. Foi observado que no roque há uma
taxa elevada do vibrato, ou seja, uma maior oscilação, com uso intenso do trato vocal e
de todas as estruturas bucais, ocorre posição lingual posteriorizada. Estes cantores
necessitam de tensões e constrições laríngeas, com qualidade vocal que pode ser
intensamente desviada, áspera ou rouca, por vezes tensa e comprimida. Samba: Laringe:
próxima ao repouso, ressonância: Não há um aproveitamento total da ressonância de
cabeça, com registro de peito, possivelmente devido ao menor número de harmônicos.
Apresenta ataque predominantemente isocrônico, pitch grave ou médio para grave, sem
brilho. O samba de raiz deu origem a outros subgêneros musicais, destes os que
apresentam maiores variações são o pagode e o samba-enredo, em análise comparativa
foi observado que no samba-enredo há uma qualidade vocal discretamente rugosa e
articulação imprecisa. Não apresenta constrição hipofaríngea, o que aumenta a
amplificação dos harmônicos, já no pagode ocorre menor sobrecarga, porém com maior
constrição hipofaríngea. Conclusões: Existe uma divergência em relação aos derivantes
dos estilos propostos, mas de forma geral o Roque se diferencia do Samba em sua
qualidade vocal, por possuir maior tensão no trato vocal, em decorrência da alta taxa do
vibrato, ressonância localizada, abaixamento e constrição laríngea, tais ajustes podem
explicar o fato deste grupo apresentar maior quadro disfônico, enquanto o samba possui
qualidade vocal próxima a fala, porém com imprecisão articular.

706
Estudo investigativo da hidratoterapia, ingesta alcoolica e tabagismo em locutores
radialistas

Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos; Geová Oliveira de Amorim, Phillipe Xavier


Moreira de Barros, António Manuel da Costa Vieira, Adriano Rockland Siquera Campos,
Edney Gustavo Fernandes Tenório

Introdução: Locutores radialistas são profissionais que tem a voz como seu principal
instrumento de trabalho. Logo, o bem estar vocal é essencial para esses profissionais,
uma vez que esse é um dos aspectos relacionados a uma comunicação eficiente. Sabe-
se que os efeitos da hidratoterapia são muitos, como redução da viscosidade do muco na
laringe e auxílio do movimento muco-ondulatório, onde uma mucosa mais hidratada
propicia maior flexibilidade para vibração das pregas vocais. Baixos níveis de hidratação,
tabagismo e ingesta alcoólica são considerados hábitos inadequados e propiciadores de
impactos negativos sobre a qualidade vocal. Objetivo: Investigar a prática da
hidratoterapia, ingesta alcoólica e tabagismo em locutores radialistas. Métodos: Estudo
transversal observacional descritivo. Amostra composta por 33 locutores radialistas, 23
homens e 10 mulheres, com média de idade de 32 anos. Os sujeitos participantes foram
solicitados a preencherem um questionário auto-aplicável, que continha questões acerca
de dados relativos à hidratação, tabagismo e etilismo. Em seguida os dados foram
tabulados e analisados estatisticamente pelo software SPSS 16.0. Resultados: Dos
indivíduos pesquisados, 93,9% (n=31) ingerem água durante o dia. Destes, a maior parte
(13; 41,9%) referiu ingerir de 3 a 4 copos de água diários. A prevalência de tabagismo foi
de 10% (n=3), os quais relataram fumar até uma carteira de cigarro por dia. A prevalência
da ingesta alcoólica foi de 51,5% (n=17). Dentre os indivíduos que ingerem bebida
alcóolica, 41,2% (n=7) relataram o consumo somente nos finais de semana, 41,2% (n=7)
uma vez por semana e 17,6% (n=4) uma vez por mês. Em relação aos tipos de bebidas,
constatou-se que 35,4% (n=6) ingere somente bebida fermentada, 17,6% (n=3) apenas
bebida destilada e 47% (n=8) ingere ambos os tipos de bebida alcóolica. Conclusão: Os
locutores radialistas participantes do estudo possuem baixa hidratação e a prática de
hábitos inadequados relativos ao tabagismo e etilismo que a longo prazo podem
comprometer seu desempenho e longevidade vocal. O conhecimento acerca desses
aspectos propicia a criação de propostas de treinamento vocal que contemple os
principais hábitos e abusos vocais vivenciados por essa categoria de profissionais da voz.

707
Estudos sobre a doença de parkinson publicados nos periódicos nacionais de
fonoaudiologia

Patrícia Valente Moura Carvalho; Carolina Xavier Alves, Tatiane Aparecida Bosco Capelo,
Rachel Ferreira Loiola

A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa caracterizada por distúrbio


motor que pode levar ao comprometimento da articulação da fala, da voz e da deglutição.
Para realização deste estudo foi feito levantamento bibliográfico de estudos publicados
em periódicos nacionais de Fonoaudiologia que tinham como descritor o termo “doença
de Parkinson“, publicados no período de janeiro de 2007 a junho de 2011. Foram
encontradas 16 publicações sobre o tema, sendo 13 artigos e três resumos distribuídos
em quatro periódicos nacionais de Fonoaudiologia. Quanto aos periódicos, a revista D
publicou nove estudos (56,25%); a A três (18,25%), a B três (18,75%), e a C um estudo
(6,25%). Quanto ao tipo de estudo, foram encontrados seis do tipo casos controle
(37,5%), seis do tipo transversal (37,5%), três revisões bibliográficas (18,75%), e um
estudo de caso (6,25%). Quanto à formação dos autores, nos 16 artigos o fonoaudiólogo
esteve presente (100%), em cinco houve a participação de médicos (31,25%), em quatro
houve a participação de fisioterapeutas (25%), em um houve a participação de um
bacharel em sistema de informação (6,25%) e em outro de um engenheiro biomédico
(6,25%). Observou-se, através desse estudo, que a doença de Parkinson é de grande
valor para a Fonoaudiologia, mas há um número reduzido de publicações. A maior parte
dos estudos abordou a área de voz, mostrando a necessidade de mais estudos que
abordem as alterações da deglutição e cognitivas relacionadas à doença de Parkinson.

708
Fonoaudiologia e ioga

Autor:Leilanne Marinho Rodrigues Viana

Introdução: A Fonoaudiologia juntamente com a Ioga demonstra ser uma ótima opção
para a aquisição de excelência e sucesso nas terapias fonoaudiológicas, como na
respiração e concentração. Objetivo: Correlacionar a Ioga com a Fonoaudiologia nos seus
aspectos positivos e eficazes, diante os tratamentos Fonoaudiológicos, como as terapias
Fonoaudiológicas, nos aspectos da respiração e da concentração. Método: Estudo de
revisão de literatura, realizado no mês de maio de 2013, por meio da pesquisa em fontes
primárias indexadas e em bases de dados SciELO, sem restrição de data e da análise de
estudo em sites, de relato de profissionais da área, e capítulos de livros. Resultados:
Diante dos textos estudados, em relação aos aspectos físicos, a Ioga tem influência
positiva nas terapias fonoaudiológicas, sendo observada benefícios nas terapias que têm
essas duas áreas associadas, e na concentração, pois os exercícios solicitados pela
fonoaudióloga são realizados com maior precisão e percepção das sensações do corpo e
da respiração. Conclusão: A Ioga associada à Fonoaudiologia mostrou-se ser um
diferencial diante da qualidade e eficácia nas terapias fonoaudiológicas, melhorando a
qualidade de vida dos pacientes. A análise da literatura nos indica a necessidade de
desenvolver produções científicas que abordem essa temática, pois há poucas
publicações sobre a área de terapia alternativa correlacionada a Fonoaudiologia.

709
Funções da voz e necessidades vocais de preparadores físicos de futebol

Noelle Bernardi da Silva; Regina Zanella Penteado

Introdução: Os Preparadores Físicos de futebol têm, na voz, importante instrumento de


trabalho e estão expostos a fatores de risco que podem levar a disfonias. Faltam estudos
fonoaudiológicos voltados para Preparadores Físicos de futebol. Objetivo: Caracterizar
aspectos referentes ao uso da voz por Preparadores Físicos de futebol: importância,
funções da voz e necessidades vocais no trabalho. Metodologia: São sujeitos 13
Preparadores Físicos de futebol dos times classificados para a primeira fase do
Campeonato Paulista de Futebol de 2012/série A. Foi realizada entrevista aberta com os
Preparadores Físicos sobre os seguintes aspectos: importância e a função da voz no
trabalho; as necessidades vocais na profissão e as dificuldades ou problemas com o uso
da voz/comunicação no seu trabalho. A entrevista foi feita no local de treinamento dos
times e gravada por meio de um gravador digital SONY-ICD-PX312. As gravações foram
transcritas e os discursos analisados (análise de conteúdo), com identificação de
categorias temáticas. Aprovação CEP 99/11 de 13/12/2011. Resultados: A análise
temática (analise de conteúdo) das entrevistas permitiu identificar que a voz tem extrema
importância e diversas funções: a) função de comunicação e orientação; b) função de
apoio e motivação; c) função de liderança e comando. Quanto às necessidades vocais,
prevalece a de loudness forte, especialmente nas situações de jogos, que envolvem
ambiente aberto, ruidoso, competição sonora e dificuldade de ser ouvido. As questões do
uso da voz estão centradas nos aspectos relativos à eficiência comunicativa e à
psicodinâmica vocal, com intensa demanda sob condições ambientais ruidosas e
emocionais desfavoráveis à saúde vocal. Conclusões: A voz desempenha papel relevante
e exerce importantes funções na atividade laboral dos Preparadores Físicos de futebol;
sendo que saúde e qualidade vocal, projeção vocal, loudness forte, flexibilidade e
resistência vocal são as principais necessidades vocais para a categoria.

710
Grau de quantidade de fala e intensidade vocal em atores de teatro portugueses

Edney Gustavo Fernandes Tenório; Geová Oliveira de Amorim, Fernanda Raissa de


Albuquerque Bastos, António Manuel da Costa Vieira, Adriano Rockland Siquera Campos,
Phillipe Xavier Moreira de Barros

Introdução: A voz cênica é parte central no processo de produção e preparação vocal de


atores de teatro devido ao requinte vocal exigido e do alto grau de solicitação do aparelho
fonador durante as atividades teatrais. O conhecimento da intensidade vocal é
fundamental na interpretação do ator, pois o mesmo precisa ter o domínio da técnica
vocal e alterar a intensidade vocal a partir da necessidade do personagem, variando
conforme as circunstancias. Em termos de quantidade de fala durante as atividades
cênicas, é solicitado dos atores uma grande demanda de voz e fala nos ensaios,
exercícios cênicos e apresentações, utilizando-se gestualidade vocal de diversas
maneiras. Sabe-se que altas demandas de uso de voz e fala em situações adversas
podem contribuir para uma série de alterações vocais e laríngeas. Objetivo: Investigar a
autopercepção do grau de quantidade de fala e intensidade vocal de atores de teatro
portugueses em ambiente laboral e extralaboral. Métodos: Estudo transversal
observacional descritivo. Participaram do presente estudo 20 atores de teatro portugueses
da Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa, 11 do sexo masculino e 09 do sexo
feminino, com idades entre 20 e 51 anos. Os dados foram coletados por meio do
Protocolo Grau Quantidade de Fala e Intensidade Vocal, desenvolvido em inglês e
traduzido para o português brasileiro. Em seguida os dados foram tabulados e analisados
estatisticamente pelo software SPSS 16.0. Resultados: A media da idade dos
participantes do estudo foi de 30,8 anos no sexo masculino e 21,5 nos indivíduos do sexo
feminino. Em relação à autoavaliação vocal, a maioria dos indivíduos de ambos os sexos
referiu achar a voz boa, sendo 54,5% (n=6) no sexo masculino e 55,5% (n=5) no sexo
feminino. No tocante a quantidade de fala e intensidade vocal em atividades extralaborais,
os sujeitos do sexo masculino apresentaram uma média de quantidade de fala de 5,4 e de
intensidade vocal de 4,8. Nas atividades laborais, o grupo do sexo masculino apresentou
uma média de 5,09 e 4,9 para esses dois aspectos, respectivamente. A média dos
indivíduos do sexo feminino para quantidade de fala e intensidade vocal foi
respectivamente de 4,6 e 4,3 em atividades extralaborais e 5,2 e 5,3 em atividade laboral.
Conclusão: Os atores de teatro portugueses apresentam uma autopercepção vocal
positiva e apresentam medidas de quantidade de fala e intensidade vocal elevadas em
atividades laborais e extralaborais que podem, a longo prazo, proporcionar desvios
importantes da função vocal. O conhecimento dessa dinâmica de voz e fala em atores,
propicia a criação de programas de treinamento vocal que propiciem melhor bem estar e
longevidade vocal.

711
Grau de quantidade de fala e intensidade vocal em locutores radialistas

Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos; Geová Oliveira de Amorim, Phillipe Xavier


Moreira de Barros, António Manuel da Costa Vieira, Adriano Rockland Siquera Campos,
Edney Gustavo Fernandes Tenório

Introdução: O locutor radialista é o profissional da voz que tem a comunicação verbal


como única ferramenta de trabalho. A quantidade de fala exigida no seu ambiente de
trabalho pode ser grande, enquanto que a intensidade vocal não precisa ser elevada, pois
encontrarem-se sempre microfonados. Por serem de natureza individual e refletirem
características pessoais, é importante compreender como a quantidade de fala e a
intensidade vocal manifestam-se e correlacionam-se e no uso laboral e extralaboral
desses indivíduos.. Objetivo: Investigar a autopercepção do grau de quantidade de fala e
intensidade vocal de locutores radialistas em ambiente laboral e extralaboral. Métodos:
Estudo transversal observacional descritivo. Participaram do presente estudo 49 locutores
radialistas, 38 do sexo masculino e 11 do sexo feminino, com idades entre 17 e 51 anos.
Os dados foram coletados por meio do Protocolo Grau Quantidade de Fala e Intensidade
Vocal, desenvolvido em inglês e traduzido para o português brasileiro. Em seguida os
dados foram tabulados e analisados estatisticamente pelo software SPSS 16.0.
Resultados: A média da idade dos participantes do estudo foi de 34 anos nos indivíduos
do sexo masculino e 31 no sexo feminino. Em relação à questão inicial de autoavaliação
vocal, a maioria dos indivíduos de ambos os sexos referiu considerar a voz razoável (22;
44,9%). No tocante a quantidade de fala e intensidade vocal em atividades laborais, os
locutores radialistas do sexo masculino apresentaram uma média de quantidade de fala
de 4,8 e de intensidade vocal de 4,5. Nas atividades extralaborais, os participantes do
sexo masculino apresentaram uma média de 4,6 para quantidade de fala e 4,4 para
intensidade vocal. Os locutores radialistas do sexo feminino apresentaram uma média de
quantidade de fala e intensidade vocal em atividade laboral de 5 e 4,5, respectivamente, e
4,6 e 4,2 em atividades extralaborais. Conclusão: Ao analisar os dados relativos a
quantidade de fala e intensidade vocal no grupo de locutores radialistas do sexo
masculino e feminino, conclui-se que os dois grupos apresentam valores de quantidade
de fala e intensidade vocal elevados, o que pode a longo prazo contribuir para o
surgimento de alterações vocais e laríngeas. Por meio das informações acerca desses
dois parâmetros, pode-se desenvolver estratégias de treinamento vocal mais eficazes
para essa categoria de profissionais da voz.

712
Hábitos e queixas vocais de cantores líricos e populares

Anália Maria Correia Ribeiro da Silva; Larissa Nascimento de Lima, Julio Cesar Cavalcanti
de Oliveira, Gabriela Silveira Sóstenes

Introdução: Cantores, e demais profissionais da voz, deveriam ter conhecimento e prática


de hábitos saudáveis à voz para prevenir irritações e desgastes das pregas vocais, e
evitar alterações vocais que possam impossibilitar o exercício da profissão. Objetivo:
Descrever hábitos e queixas vocais de cantores líricos e populares. Metodologia:
Participaram dez cantores líricos e dez cantores populares, de ambos os sexos, com
idades entre 18 e 55 anos com, no mínimo, cinco anos de profissão e sem histórico de
intervenção fonoaudiológica. A coleta de dados foi feita através de um questionário
elaborado pelos pesquisadores, realizada no ambiente de trabalho de cada cantor.
Resultados: Oito cantores líricos, dos dez pesquisados, relataram fazer aula de canto e
participar assiduamente das aulas, afirmando praticar diariamente os exercícios
propostos. Apenas quatro cantores populares relataram o mesmo, mostrando menos
assiduidade às aulas e menos comprometimento na prática dos exercícios. Todos os
cantores líricos relataram fazer aquecimento vocal antes do canto e seis cantores
populares afirmaram possuir esse hábito. Em relação ao hábito de ingestão de água
durante o canto, nove cantores líricos e sete populares relataram ingerir água enquanto
cantam. Nenhum cantor lírico avaliado relatou fazer uso de bebida alcoólica, cigarro ou
outra droga. Dois cantores populares relataram ingerir bebida alcoólica antes, durante e
depois de cantar, e três relataram fazer uso de cigarro depois de cantar. Um cantor
popular relatou uso de maconha. Cinco cantores líricos e oito populares relataram queixas
com relação à voz falada, as mais prevalentes foram: rouquidão, fadiga vocal, falhas na
voz, dor, pigarro e tosse. Com relação à voz cantada, todos os cantores populares e seis
cantores líricos relataram queixas, as mais citadas foram: fadiga vocal, rouquidão, pigarro,
esforço ao cantar e falhas na voz. Conclusão: Os cantores líricos deste estudo, quando
comparados aos cantores populares, apresentaram maior prática de hábitos saudáveis à
voz e menos queixas vocais, tanto na voz falada quanto na voz cantada.

713
Hidratoterapia, ingesta alcoolica e tabagismo em atores de teatro

Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos; Geová Oliveira de Amorim, Edney Gustavo


Fernandes Tenório, António Manuel da Costa Vieira, Adriano Rockland Siquera Campos,
Phillipe Xavier Moreira de Barros

Introdução: Atores são profissionais da voz que possuem grau de demanda e requinte
vocal elevados, necessitando de uma voz com boa qualidade e plasticidade. Para o bem
estar vocal de profissionais da voz, uma série de hábitos e cuidados necessitam serem
adotados afim de minimizar e/ou eliminar o risco de problemas vocais e laríngeos
Objetivo: investigar a prática da hidratoterapia, ingesta alcoólica e tabagismo em atores
de teatro. Método: Estudo observacional transversal. Amostra composta por 28 atores de
teatro, sendo 16 homens e 12 mulheres. Foi aplicado um questionário com questões
objetivas relativas à hidratoterapia, ingesta alcoólica e tabagismo. Os dados foram
tabulados e analisados estatisticamente pelo software SPSS 16.0. Resultados: A média
de idade dos participantes foi de 24 anos. Do total de sujeitos da pesquisa, 96,43% (n=27)
referem ingerir água durante o dia e 3, 57% (n=1) não possui essa prática. Dos indivíduos
que relataram ingerir água durante o dia, a maior parte (11; 40,74%) relata tomar de 03 a
04 copos de água diários. No que diz respeito ao tabagismo, apenas 03 atores (10, 71%)
referem serem tabagistas e fumarem de uma a duas carteiras de cigarro por dia. Quanto a
Ingesta alcoólica 60,71% (n=17) relatam a prática do etilismo, dentre estes, 64,70%
(n=11) relataram consumir uma vez por mês, 23,5% (n=4) aos finais de semana e 11,7%
(n=2) uma vez por semana. Ao serem questionados acerca do tipo de bebida consumida,
47% (n=8) consome somente bebida fermentada, 5,88% (n=1) apenas bebida destilada e
47% (n=8) ingere ambos os tipos de bebidas alcoólica. Conclusão: Atores de teatro
apresentam consciência vocal preventiva em relação à hidratoterapia e ao tabagismo,
porém o mesmo não ocorre em relação a ingesta alcoólica.

714
Impacto da dermatopolimiosite na qualidade vocal: estudo de caso

Autores: Angela Albuquerque Garcia; Lidia Becker, Bruna Fiuza do Espirito Santo Silva,
Nayana Arruti Santos, Fernanda Cristina de Oliveira Rocha

Dermatopolimiosite é uma miopatia inflamatória, autoimune, de etiologia desconhecida,


caracterizada por fraqueza muscular proximal e simétrica das cinturas pélvica e
escapular, principalmente em tríceps e quadríceps e da musculatura cervical. O
acometimento inflamatório ocorre na musculatura estriada, sendo mais prevalente no
sexo feminino. Dependendo do grau da perda de força, pode ocorrer desde fadiga e
intolerância ao exercício até marcha cambaleante e dificuldade para subir escadas. A
evolução é gradual e progressiva, o que muitas vezes atrasa o diagnóstico. Disfagia,
distúrbios cardíacos, acometimento respiratório, vasculite e calcificações subcutâneas
(calcinoses) são manifestações extramusculares possíveis assim como as fibroses,
reações secundárias ao tratamento medicamentoso. Objetivo: descrever o caso clínico de
portadora de dermatopolimiosite e suas consequências sobre as funções do sistema
estomatognático. Metodologia: Avaliações da voz: anamnese, percepto-auditiva, acústica,
através da vogal /é/ prolongada no programa VoxMetria; exame das estruturas orofaciais.
O estudo foi desenvolvido no ambulatório de voz em hospital universitário no mês de maio
de 2013. Resultados: a paciente tem 40anos, é enfermeira, casada e tem uma filha de
14anos. A doença foi diagnosticada há 3 anos, mas as manifestações da doença já se
apresentavam 2 anos antes do diagnóstico. Passou por 2 internações nestes anos.
Atualmente faz uso de Metotrexato injetável que atua sobre a síntese do DNA e
multiplicação das células, além da ação imunossupressora. Semanalmente, ao tomar a
medicação, percebe dificuldades na mobilidade do terço posterior da língua, decorrendo
estase salivar em cavidade oral e dificuldades na alimentação. Refere dores nos MMII e
fadiga extrema. Apresenta redução da mobilidade da musculatura faríngea direita.
Queixa-se de perda da potencia vocal e cansaço para falar. À avaliação percepto-auditiva
encontrou-se pitch agravado, intensidade fraca, abastecimentos frequentes e curtos,
ressonância faringo-oral com predominância de harmônicos graves, pouca projeção, voz
levemente nasal e articulação adequada. O tempo máximo de fonação encontra-se
reduzido, sendo /a/=7"; /é/=4"; /i/ =6". Proporção s/z =1,2 dentro da normalidade. Na
análise acústica da vogal /é/ prolongada encontrou-se Fo. 180Hz, intensidade de 65db;
jitter de 3,6% e shimmer de 12,54%; Glottal to Noise Excitation ratio foi de 0,29 e o ruído
na voz 3,19. Esses dados apontam para um desvio vocal moderado com características
de hipofunção. Na espectrografia observou-se presença de harmônicos até 1600hz,
subarmônicos e soprosidade além de ataque vocal brusco em início de emissão. Ao
exame das estruturas orofaciais encontrou-se mobilidade da língua reduzida para os
movimentos de projeção e lateralização, bem como tônus reduzido para sucção ao palato
duro. Mobilidade velar restrita, pouca diferença entre a vogal /a/ oral e nasal. Tosse e
gargalhada com intensidade reduzida. Não houve tempo para aplicação do QVV, pois a
paciente compareceu a duas sessões precisando ser internada outra vez. Conclusão: A
paciente é elegível para terapia vocal que deve abranger também a disfagia. O caso
sugere aprofundamento da pesquisa sobre a doença, pois a fonoterapia pode melhorar a
qualidade de vida do paciente.

715
Impacto de exercícios orais e respiratórios na produção fonatória em um indivíduo
com doença de Parkinson

Luana Andrade Santos; Marcia Lopes, Ana Caline Nobrega da Costa,


Maria Francisca de Paula Soares

Introdução: Indivíduos com doença de Parkinson (DP) apresentam dificuldades motoras e


sensoriais envolvendo componentes responsáveis pela respiração, fonação, fala e
deglutição, trazendo como consequências alterações respiratórias, disfonia, disartria e
disfagia. Estratégias de reabilitação interdisciplinares, que visem melhorar os padrões
respiratórios e de deglutição, podem promover melhora na saúde geral do paciente, bem
como, seu prognóstico e sua qualidade de vida. A reabilitação da deglutição envolve,
entre outros aspectos, a melhora da coaptação glótica e da movimentação vertical da
laringe, para a efetividade da proteção de vias aéreas. Ainda, a reabilitação respiratória
envolve o controle e manutenção do fluxo aéreo, condição necessária para a produção
fonatória e da intensidade vocal. Desta forma, é possível inferir que intervenções
terapêuticas que objetivem a melhora das condições orais e respiratórias, possam
impactar positivamente a função fonatória, mesmo que esse não seja o objetivo primário
da intervenção. Este trabalho propõe a inspeção de dados preliminares de um ensaio
clínico que objetiva investigar o impacto de programas terapêuticos envolvendo exercícios
orais e respiratórios em indivíduos com DP. Objetivo: Comparar características acústicas
vocais pré e pós intervenção terapêutica, com exercícios orais e respiratórios, em um
indivíduo parkinsoniano. Método: Esse trabalho é um estudo de caso relativo ao impacto
vocal de um programa de intervenção executados por fonoaudiológos e fisioterapeutas
em um sujeito com DP. Participante do sexo masculino, 67 anos, com diagnóstico de DP.
O mesmo participou de uma bateria de procedimentos de avaliação antes e após o
programa de intervenção. O programa de intervenção foi desenvolvido durante quatro
semanas, sendo realizadas cinco sessões de fonoterapia e cinco sessões de fisioterapia
por semana, totalizando quarenta sessões. A produção fonatória foi avaliada a partir da
coleta de áudio de cinco emissões sustentadas da vogal /a/ e os seguintes parâmetros
acústicos foram avaliados: frequência fundamental (F0) –média, mínima, máxima, desvio
padrão –; jitter; shimmer; PHR; Frequência da frequência do tremor (FTrF); Index da
intensidade da frequência do tremor (FTrI); Index da frequência do tremor (FTrP);
Frequência da amplitude do tremor (ATrF); Index da intensidade da frequência do tremor
(ATrI) e Index da amplitude do tremor (ATrP).Teste-T foi utilizado para análise dos
resultados quantitativos. Resultados: Os valores relativos a F0 e jitter não foram
estatisticamente significantes pré e pós intervenção. Já os dados de intensidade (p=.007),
shimmer (p=.030) e PHR (p=.006) apresentaram significância entre os momentos pré e
pós, indicando melhora nesses parâmetros no momento pós. Entre os índices relativos ao
tremor, apenas o ATrI (p=.04) apresentou significância, demonstrando diminuição do
índice no momento pós intervenção. Esses achados sugerem que exercícios respiratórios
e orais, podem promover impacto positivo na produção fonatória em aspectos relativos ao
controle da intensidade, provavelmente por promover aumento da coaptação glótica, de
força e controle do fluxo aéreo. Conclusões: Conclui-se que intervenções programáticas,
especificamente direcionadas ao trabalho da deglutição e da respiração, podem trazer
impacto positivo em alguns aspectos relacionados à fonação. Entretanto, é necessário
estudos com número maior de sujeitos para corroborar os achados.

716
Impacto do uso profissional da voz na qualidade de vida de pastores - estudo piloto

Patrícia Valente Moura Carvalho; Viviane Pereira de Medeiros, Maria Cecília Costa,
Viviane Cristina dos Santos, Silvia Marcia Campanha Andrade, Débora Sathler de Aguiar

Introdução: Os pastores são classificados como profissionais da voz pela alta demanda
vocal que pode gerar alterações e patologias vocais, causando impacto na qualidade de
vida (QV) do indivíduo. Pesquisas com este público apontam alta ocorrência de alterações
vocais, sobretudo por abuso vocal e falta de conhecimentos sobre a voz. Objetivos:
Verificar a qualidade de vida de pastores evangélicos, com e sem auto-relato de queixa
vocal, relacionada ao uso profissional da voz. Métodos: O trabalho foi realizado após a
aprovação do CEP com o parecer 188/11. Participaram da pesquisa, pastores
evangélicos da cidade de Belo Horizonte e região metropolitana, respondendo a um
questionário para identificação da amostra que abordava a situação funcional, hábitos e
queixas vocais e o auto-relato de alteração vocal e o questionário de qualidade de vida e
voz (QVV). Os indivíduos foram divididos em grupo com queixa vocal (G1) e sem queixa
vocal (G2). Os grupos foram comparados entre si e os escores de qualidade de vida e voz
de ambos foram submetidos à análise estatística. Resultados: A amostra foi composta de
24 pastores evangélicos dos quais 79,2% eram do sexo masculino e 20,8 do sexo
feminino. O relato de alteração vocal ocorreu em 45,8% da amostra, os sintomas vocais
relatados foram encontrados em maior número neste grupo bem como os escores do
QVV menores do que os do grupo sem queixa vocal, embora sem significância estatística.
Nos dois grupos o domínio que sofre maior impacto é o de funcionalidade física, que
alcançou significância estatística na amostra total e no grupo sem queixa vocal.
Conclusão: Os indivíduos da amostra demonstraram boa percepção do impacto da voz na
qualidade de vida, que alcançou escores altos em ambos os grupos, porém relativamente
rebaixados no grupo com queixa vocal. Diante dos resultados, pôde-se inferir que a
participação em um grupo social/religioso influenciou positivamente na percepção da
qualidade de vida dos indivíduos. Sugeri-se aumento da amostra a fim de verificar maior
significância estatística dos dados.

717
Intervenção fonoaudiológica em profissionais do meio televisivo: ações e
resultados

Aline Tafarelo Vargas; Camila Miranda Loiola

Introdução: A comunicação com clareza e naturalidade é fundamental para todo


profissional que atua no meio televisivo. Nesse sentido, o fonoaudiólogo pode auxiliar na
potencialização dos recursos vocais e expressivos utilizados em sua performance, por
meio de programas de intervenção voltados para essa categoria profissional. Objetivo:
Verificar os efeitos de uma proposta de intervenção fonoaudiológica em profissionais do
meio televisivo quanto aos aspectos vocais e de expressividade durante a atuação
profissional. Métodos: Participaram do estudo profissionais de uma emissora televisiva,
sendo 16 repórteres e/ou apresentadores e 4 funcionários da área administrativa.
Inicialmente, todos os profissionais assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido. Posteriormente foi realizada uma avaliação fonoaudiológica na qual foram
analisados: qualidade vocal, tempo máximo de fonação, articulação, ressonância, pitch,
loudness, coordenação pneumofonoarticulatória, tensão corporal e vocal e utilização de
recursos de expressividade. Posteriormente realizou-se uma avaliação in loco de cada
participante durante apresentações ao vivo, gravações de matérias e offs, para a
obtenção de dados complementares à avaliação perceptivoauditiva. A partir dos dados
obtidos, foi efetuada a intervenção fonoaudiológica por meio de 10 encontros semanais
com a duração de 30 minutos, realizados individualmente de forma a atender as
necessidades e demandas específicas de cada participante. Os aspectos da comunicação
oral trabalhados relacionaram-se à adequação da qualidade vocal, equilíbrio de
ressonância, redução de regionalismos, adequação da velocidade de fala, articulação,
modulação, postura corporal, expressões faciais e o uso de gestos. Ao final da
intervenção, todos os profissionais foram reavaliados sob os mesmos parâmetros da
primeira avaliação. Os dados foram comparados intra sujeitos, pré e pós intervenção
fonoaudiológica. Resultados: Do total de participantes, 14 referiram queixas e/ou
alterações relacionadas à qualidade vocal, ressonância, modo respiratório ou queixas
auditivas. Na primeira avaliação realizada, foram observadas alterações na qualidade
vocal com presença de rouquidão, incoordenação pneumofonoarticulatória, articulação
rígida, além de modulação restrita ou repetitiva. Marcas de regionalismo e
comprometimentos na expressividade também estiveram presentes nessa amostra. Após
a intervenção fonoaudiológica, todos os participantes obtiveram resultados positivos em
pelo menos um dos aspectos trabalhados durante a proposta. Dentre os parâmetros que
mais sofreram evolução estão a melhora da qualidade vocal, modulação mais rica,
minimização dos marcadores regionais presentes na fala, além de um uso mais amplo e
adequado de recursos expressivos e dos gestos durante a atividade profissional. Ao final
do estudo, os sujeitos que mantiveram queixa e/ou alteração vocal foram orientados e
encaminhados ao médico otorrinolaringologista para avaliação específica. Conclusões:
Concluiu-se que a intervenção fonoaudiológica junto aos funcionários da emissora de TV
obteve resultados positivos tanto nos parâmetros vocais e corporais como no que se
refere ao uso dos recursos de expressividade. Além disso, o trabalho junto a essa
população propiciou uma melhor propriocepção sobre suas questões vocais e corporais,
além de maior conscientização acerca da importância da manutenção desses cuidados e
do treino formal para o bom desempenho profissional.

718
Índice de desvantagem vocal no canto clássico em cantores de coro misto

Adriana de Oliveira Camargo Gomes; Jonia Alves Lucena, Ana Nery Barbosa de Araújo,
Zulina Souza de Lira, Evelyn Gomes dos Reis

Introdução: O canto erudito exige ajustes vocais precisos e uma qualidade vocal rica em
harmônicos, porém, quando tais ajustes vocais não são bem executados podem favorecer
o surgimento de alterações funcionais ou orgânicas que causem uma desvantagem,
incapacidade ou defeito vocal, afetando o desempenho profissional ou amador de
cantores desse estilo. Portanto, o protocolo de auto-avaliação denominado Índice de
Desvantagem Vocal para Canto Clássico (IDCC) visa verificar o impacto de um problema
de voz da vida do cantor erudito. Objetivo: Verificar o IDCC em um grupo de cantores de
um coro misto. Métodos: Este estudo obteve a aprovação do comitê de ética em
pesquisas com seres humanos da instituição onde foi realizado, sob número CAAE
02751412.0.0000.5208. O protocolo foi aplicado em 25 cantores de dois coros mistos.
Resultados: Os dados foram analisados como média e desvio padrão do escore total e
subescalas de incapacidade, desvantagem e defeito. Os valores médios, em
porcentagem, e seus desvios-padrão, dos escores total e dos subescores incapacidade,
desvantagem e defeito foram, respectivamente, 21,92 (±15,95); 19,76 (±14,76); 12,52
(±13,86); 27,96 (±24,12). O subescore que obteve maior pontuação foi o de defeito que
está associado ao domínio orgânico, à auto-percepção das características da emissão da
voz. Nos coros pesquisados apenas alguns coralistas profissionais relataram fazer
aquecimento e desaquecimento vocal. As queixas vocais podem estar relacionadas a
problemas funcionais, orgânicos ou falta de preparação vocal. Conclusão: Pôde-se
observar que, de modo geral, os coralistas amadores e profissionais têm grande
percepção e preocupação com suas vozes. Os resultados demonstraram que o IDCC
apresentou-se baixo, porém a associação ao domínio orgânico reforça a importância
fonoaudiológica nas orientações em relação à saúde vocal desta população específica.

719
Índice de fonação suave e índice de turbulência vocal a partir da análise
perceptivoauditiva

Alline de Sousa Galdino; Débora Natália Oliveira, Juliana Fernandes Godoy, Kelly Cristina
Silvério, Alcione Ghedini Brasolotto

Diversos estudos analisaram características acústicas de indivíduos disfônicos,


entretanto, poucos avaliaram os parâmetros relacionados à energia de ruído ou à energia
dos harmônicos, denominados VTI - VoiceTurbulence Index (Índice de Turbulência Vocal)
e SPI - Soft Phonation Index (Índice de Fonação Suave). O VTI indica o nível de energia
relativa em ruídos de alta frequência. O SPI é um parâmetro indicativo de quão suave ou
comprimido é o fechamento glótico durante a fonação, dado pela razão média da energia
harmônica de baixa frequência. De acordo com a literatura, a partir destas medidas é
possível obter uma visão geral da função vocal, o que pode auxiliar o diagnóstico e o
acompanhamento terapêutico de indivíduos com alterações vocais. Este estudo objetiva
compreender a contribuição dos parâmetros acústicos VTI e SPI para a avaliação vocal,
correlacionando-os com o grau geral de desvio vocal, rugosidade, soprosidade, astenia,
tensão e instabilidade. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
instituição, onde foram analisadas vozes de um banco de dados constituído por 94
indivíduos com e sem queixa vocal, de 19 a 81 anos de idade, média de 43,2 anos. Foram
excluídos os trechos iniciais e finais de vogal “a” sustentada para que todas as emissões
durassem aproximadamente três segundos. Foi realizada a análise acústica dos
parâmetros VTI e SPI por meio do programa computadorizado Mult Dimension Voice
Program (MDVP, Kay-Pentax modelo 5105) e a análise perceptivo-auditiva por meio da
escala GRBASI, por três juízes especialistas em voz. A escala analisa os parâmetros
Grau geral de desvio vocal (G), Rugosidade (R), Soprosidade (B), Astenia (A), Tensão (S)
e Instabilidade (I) em escala numérica de 0 a 3 (ausente a intenso). Foi considerada a
média dos valores de julgamento pelos três juízes. Os valores de VTI e SPI do grupo de
94 vozes foram, em média, 0,039 (±0,018) e 15,226 (±9,741), respectivamente. Os
valores dos parâmetros VTI e SPI foram correlacionados com os valores dos parâmetros
da escala GRBAS por meio do teste de Spearman (p<<0,05). Em relação ao parâmetro
VTI houve correlação positiva quanto ao grau geral (p=0,00), rugosidade (p=0,047) e
tensão (p=0,004) enquanto para o SPI houve correlação positiva para soprosidade
(p=0,023) e negativa para a tensão (p=0,021). Com os valores apresentados foi possível
observar que quanto maior o VTI maior é o grau geral de desvio vocal, a rugosidade e a
tensão, enquanto que, quanto maior o SPI maior é a soprosidade e menor é a tensão. Os
resultados mostram que, embora a literatura aponte que o VTI se relacione à turbulência
causada pelo fechamento incompleto das pregas vocais e consequentemente, com a
soprosidade, no presente estudo este parâmetro foi mais acentuado em vozes percebidas
como desviadas globalmente e rugosas. Por outro lado, o resultado do SPI confirma
dados da literatura de que o mesmo é um parâmetro sensível para apontar o fechamento
suave das pregas vocais. O presente estudo contribuiu para ampliar o conhecimento
sobre os parâmetros SPI e VTI, os quais podem ser considerados na avaliação do
comportamento vocal.

720
Índice de queixa vocal e a repercussão na qualidade de vida em voz de professores

Julya Macedo; Daline Backes Eyng, Lauriane Victorino de Moura

Para os professores a voz é fundamental para seu desempenho profissional e vários


estudos mostram que devido ao uso excessivo e abusivo, muitos professores têm
problemas e patologias vocais, colocando seu instrumento de trabalho em risco e
prejudicando sua qualidade de vida. Sabendo disso, o objetivo dessa pesquisa foi verificar
o índice de queixa vocal e a qualidade de vida em voz de professores da rede municipal
de ensino de uma cidade do Norte do Paraná. A pesquisa foi realizada através de visitas
nas 23 escolas da rede municipal de Umuarama com aplicação de questionário para
caracterização da amostra e o protocolo de qualidade de vida em voz – QVV. Após
análise dos dados observou-se que o índice de professores com queixa vocal foi de
53,47% e sintomas vocais de 85,15%. Quando correlacionados com a Qualidade de vida
em Voz-QVV por meio de Spearman, foi possível observar um relacionamento negativo e
moderado (ρ=-0,36) entre QVV e queixa vocal e uma correlação negativa e moderada
(ρ=-0,65) entre QVV e sintomas vocais. Ou seja, quando os índices de qualidade de vida
em voz aumentam, o número de sintomas vocais e a presença de queixa diminuem.
Concluindo, a presença de queixa e sintomas vocais afetam a qualidade de vida de todos
os professores da rede municipal de Umuarama- PR.

721
Livros infantis: material motivador para crianças disfônicas em processo
terapêutico

Elaine Pavan Gargantini; Sheila Cristina Bordin, Iára Bittante de Oliveira,


Eliane dos Santos Fernandez

Introdução: a produção da voz para a criança é um processo complexo, abstrato e na


maioria das vezes, a criança não tem consciência de que existe uma alteração em sua
voz. Novos recursos terapêuticos foram criados para facilitar a compreensão da criança
sobre os seus comportamentos vocais e até mesmo sobre importância da voz. No
entanto, recursos biblioterápicos podem constituir estratégias de apoio à fonoterapia
infantil, podendo oferecer estórias com informações que estimulem as crianças a
desenvolver sensibilidade para a importância do uso da voz e para modificação do seu
comportamento vocal inadequado. Objetivo: selecionar livros da literatura infantil
considerados como envolvendo atenção a contextos relacionados a voz e comunicação
entre diferentes personagens, com intuito de motivar crianças disfônicas em processo
terapêutico. Método: estudo documental em que foram realizadas pesquisas em internet
por meio de palavras chave ou termos combinados relacionados a histórias infantis e voz.
Foram selecionados livros comerciais e clássicos infantis com estórias que envolvessem a
voz como característica de um personagem ou fosse a voz um dos elementos da trama
da estória. Os critérios de inclusão de livros para estudo foram: 1. Ter na trama das
histórias contextos relacionados a voz, enquanto importante forma de comunicação ou
que viesse a compor o(s) personagem(ns) dessas histórias; 2. Tratar-se de livros ou de
contos contidos em livros de acessibilidade comercial, estando à disposição para compra
em lojas ou acesso via internet. 3. Livros e estórias que pudessem servir de facilitadores
nas abordagens terapêuticas no tratamento das disfonias infantis, favorecendo padrões
de pensamentos, auxiliares na mudança de comportamentos em favor da recuperação
vocal. Foram excluídos do estudo livros escritos por fonoaudiólogos com estórias já
direcionadas a controle do comportamento facilitador da adequada produção vocal ou que
se refira a comportamentos de bem estar vocal, por se entender serem estes de
comercialização restrita ao meio fonoaudiológico. Resultados: das 93 estórias lidas, 18
delas abordaram a voz em algum aspecto, positivo ou negativo. Por meio das análises
dos contextos das estórias foi possível realizar análises classificando tais contextos por:
importância da voz para as relações pessoais, a questão da voz utilizada no sentido
negativo, voz como importante item na composição do personagem; voz proporcionando
oportunidades de reflexão pela criança das vantagens e desvantagens de uma voz não
saudável ou usada de forma inadequada e o impacto que isso pode causar nas vidas das
mesmas. Conclusão: a literatura infantil há muito tempo aborda a voz de diferentes
formas, proporcionando oportunidades de reflexão pela criança com respeito às
vantagens de uma voz saudável. A leitura de estórias possibilita momentos lúdicos e pode
ser utilizado pelo fonoaudiólogo como recurso motivacional no processo terapêutico para
que a criança valorize sua voz e perceba as desvantagens de uma voz não saudável ou
usada de forma inadequada e o impacto que isso pode causar.

722
Medidas preventivas vocales y caracteristicas perceptuales de la voz de alumnos de
comedias musicales

Romano, Andrea Karina; Santi, María Alejandra, Calore, María Inés

Objetivos: Describir y relacionar las medidas preventivas vocales a través de los hábitos,
hábitos vocales y clasificación vocal; y las características perceptuales de la voz
(intensidad, altura tonal, timbre y resonancia) en los alumnos de comedias musicales de la
ciudad de Rosario, Argentina. Detectar posibles alteraciones en la voz de esta población.
Indagar acerca de la existencia o no de la clasificación vocal de los alumnos. Métodos:
Para evaluar las características perceptuales de la voz se grabaron las voces de los
entrevistados; también se analizó la coincidencia o no entre la clasificación vocal de los
alumnos y la f0 de la voz hablada de los mismos. Con el fin de recolectar los datos sobre
las medidas preventivas vocales se confeccionó una entrevista (se indagó sobre ingesta
de alcohol, comidas picantes, café, gaseosa, cigarrillo, hidratación. También se indagó
sobre hábitos vocales como hablar fuerte, toser, carraspeo, calentamiento y enfriamiento
vocal, hablar mucho y en ambientes ruidosos). Población: Se evaluaron 43 alumnos del
“Estudio de Comedias Musicales del Teatro el Círculo”; cuyas edades oscilaban entre 16 y
40 años de edad, de los cuales 31 eran de sexo femenino, y 12 de sexo masculino.
Metodología: Estudio de tipo observacional, exploratorio y transversal. Resultados:
medidas preventivas vocales: - inadecuada: 100% características perceptuales de la voz -
adecuada: 16,3% - inadecuada: 83,7% Conclusiones: La comedia musical es un género
típico de la cultura anglosajona que combina actuación, canto y baile. Estos tres requisitos
deberían llevar al alumno de comedias musicales a cuidar y entrenar su voz para lograr
una puesta en escena exitosa. Según lo investigado las medidas de prevención vocal en
todos los alumnos se encuentran inadecuadas y las características perceptuales de la voz
en un 83,7% son inadecuadas: La altura tonal e intensidad es adecuada en 42 de los 43
alumnos. El timbre en 23 de los alumnos está adecuado; mientras que en 20 es
inadecuado. La resonancia se encuentra inadecuada en 34 de los alumnos y adecuada en
9 alumnos. 21 de los alumnos dijeron conocer su clasificación vocal; de estos casos,15
coinciden con la F0 de la voz hablada, y 6 no coinciden.

723
Métodos para identificação de falantes

Renata Christina Vieira Gomes; Maria Inês Beltrati Cornacchioni Rehder,


Juliana Aguiar Muniz

Introdução: A perícia para identificação de falantes vem sendo utilizada em processos


civis e criminais, como prova judicial, desde a promulgação da lei nº. 9.296, que
regulamenta a interceptação de comunicações telefônicas para fins de investigação
criminal e instrução processual penal. Para a realização da perícia de voz é necessária a
comparação entre amostras de áudio interceptadas e/ou coletadas, utilizando-se
protocolos metodológicos específicos. Objetivos: compilar e analisar metodologias para a
identificação de falantes. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática através de
pesquisa eletrônica, entre os anos 1954 a 2013, utilizando as bases de dados MEDLINE e
SCIELO BRASIL. Para esta pesquisa foram empregados os seguintes descritores,
confirmados via DeCS, em português/inglês: forense/forensic; qualidade vocal/voice
quality e interface para o reconhecimento da fala/speech recognition software.
Combinações foram feitas entre os descritores para a realização da pesquisa. Não foram
consideradas neste estudo informações contidas em livros que versam sobre o tema bem
como em mídias de qualquer natureza. Os artigos foram compilados e agrupados em
duas categorias expositivas de métodos de identificação de falantes: análise perceptivo-
auditiva e acústica e outros métodos. Resultados: no total foram compilados 57 artigos, 38
relacionados à análise perceptivo-auditiva e acústica e 19 relacionados a outros métodos.
Dos 38 artigos de análise perceptivo-auditiva e acústica, 14 abordavam somente a
perceptivo-auditiva; 11 a acústica e 13 perceptivo-auditiva e acústica, o primeiro artigo
publicado com este tema data de 1966 e o último 2013. O primeiro artigo relacionado a
outros métodos data de 1954 e o último de 2012. Discussão: a maioria dos artigos
compilados aponta limitações, níveis diversos de cientificidade das técnicas empregadas
e a necessidade de estudos mais robustos com amostras maiores, protocolos validados e
delineamento estatístico. O predomínio das publicações está entre os anos de 2004 e
2012, com uma média de três publicações por ano neste período, mostrando um
investimento científico relativamente recente na área. A análise perceptivo-auditiva e
acústica é apontada como soberana na identificação de falantes quando comparada a
outros métodos, dado corroborado pelo número de publicações e desenhos de pesquisa
mais elaborados. Dentro de outros métodos destacamos o uso exclusivo de programas
computadorizados de reconhecimento da voz para a identificação de falantes com
resultados não conclusivos; condições de gravação, estresse vocal, texto-dependente e
conteúdo da amostra a ser identificada. Nas duas categorias expositivas estudadas foram
compilados artigos cujo tema era o disfarce na voz, sendo unâmines quanto aumento do
grau de dificuldade na identificação dos falantes frente a imitadores. Conclusões: o
método mais apontado na literatura para a identificação de falantes foi a análise
perceptivo-auditiva e acústica.

724
O estilo soul music: caracterização vocal de cantoras norte-americanas e britânicas
das últimas décadas

Ana Lúcia da Silva Oliveira; Iara Bittante de Oliveira

Introdução: a reflexão inicial deste artigo parte do contexto histórico da origem do Black
Music, através do pressuposto de vários autores que relatam em seus artigos a influência
africana, européia e religiosa no surgimento de vários gêneros musicais através da
hibridação cultural. Dessas miscigenações surgiu o soul com características técnicas que
o tornam um estilo único como a estrutura harmônica baseada na escala pentablues
dentre outras. Objetivo: caracterizar a voz de cantoras Black Music norte americanas e
britânicas do gênero Soul por meio de avaliação perceptivo-auditiva da voz. Método:
realizado um levantamento criterioso de cantoras do estilo Soul Music que fizeram
sucesso nas décadas (60-79),(80-99) e (2000 –até o momento). Através de um sorteio
foram selecionadas duas cantoras referentes a cada um dos períodos citados
escolhendo-se suas músicas de maior sucesso. Quatro juízes sendo duas fonoaudiólogas
especialistas em voz com experiência em canto e que conheciam o estilo Soul e dois
professores de canto com experiência no estilo referido. Os juízes receberam os arquivos
de áudio digitais das canções, juntamente com um protocolo para cada cantora a ser
analisada, sem sua identificação ou referência a década de sucesso. Resultados: as
análises perceptivo-auditivas das cantoras das décadas de 60/70 foram coincidentes
entre fonoaudiólogas e professores de canto nos seguintes aspectos: pitch classificado de
médio para agudo, volume considerado entre adequado e forte, ressonância
laringofaríngea com foco nasal, vibrato considerado presente e tessitura ampla. Quanto
ao conceito de agradabilidade, para um total de 40 pontos possíveis as cantoras
receberam média de 30 pontos (cantora número um) e quase a nota máxima com 39
pontos a número dois, que segundo os juízes foi a que preservou a raiz do Soul. Os
demais aspectos avaliados divergiram entre os avaliadores. Para as cantoras das
décadas 80/90 os aspectos coincidentes foram: articulação precisa, voz considerada com
brilho e projeção. Quanto ao conceito de agradabilidade, a primeira cantora recebeu
média de 34 pontos e a segunda 37, sendo esta a que foi considerada como tendo
preservadas características do soul. Os demais aspectos divergiram entre os avaliadores.
As análises das cantoras das décadas de 2000 até os dias atuais foram coincidentes nos
seguintes aspectos: pitch classificado de médio para agudo, articulação precisa,
ressonância equilibrada, vibrato considerado presente. Quanto ao conceito de
agradabilidade, para um total de 40 pontos possíveis a cantora um recebeu 27 e a dois
ficou com 39, sendo que ambas consideradas como preservando as raízes do soul. Os
demais aspectos divergiram entre os avaliadores. Conclusão: as cantoras de maior
convergência de julgamentos foram das décadas 60 a 70 e de 2000 a 2013. As de
maiores notas de agradabilidade foram uma da década 60/70 e outra dos anos 2000,
sendo que uma das cantoras da década 80-90 teve nota muito próxima a essas. O estudo
sugere que a impressão de agradabilidade das vozes e a preservação do estilo soul
music não sofreram influência do tempo, na escuta crítica destes especialistas.

725
O significado da queixa vocal inicial na esclerose lateral amiotrófica

Flávia Horta Azevedo Gobbi ; Maria de Jesus Gonçalves, Amanda Almeida Batista,
Marília Pinheiro de Brito Pontes, Deysianne Meire da Silva Lima, Évelyn da Costa Dias,
Safira Lince de Medeiros

Introdução: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é doença provocada pela degeneração


progressiva no primeiro neurônio motor superior no cérebro e no segundo neurônio motor
inferior na medula espinhal. Os achados físicos correlacionam-se com as diferentes
topografias da degeneração dos núcleos motores: bulbar, cervical ou lombar. O
tratamento é multidisciplinar e requer acompanhamento de fonoaudiólogos,
fisioterapeutas e nutricionistas. Objetivo: Discutir os comprometimentos vocais iniciais em
um caso clínico de Esclerose Lateral Amiotrófica. Método: Trata-se de um relato de caso
de uma paciente com 59 anos de idade, diagnosticada com ELA, apresentando como
principal queixa instabilidade vocal e disfonia. Para a análise vocal, foram coletadas
amostras das vogais sustentadas [e] e [a], da fala (contagem de 1 a 10) e (dias da
semana), pré e pós-exercícios. Para a análise acústica foi utilizado o software PRAAT.
Também foram extraídos dados do prontuário e realizada avaliação de motricidade
orofacial. Resultados: A paciente não referia queixas em relação à deglutição ou fala, e
não foram observadas alterações na mobilidade e tônus dos órgãos fonoarticulatórios,
somente tremor na voz. Durante a avaliação vocal, em relação à biomecânica laríngea,
apresentou instabilidade na produção sustentada dos fonemas [s] e [z], com qualidade
vocal trêmula, instabilidade na produção de vogais sustentadas e fala sequenciada. No
decorrer das sessões fonoterápicas, foram realizados exercícios para relaxamento da
musculatura extrínseca da laringe, aquecimento vocal e ressonância, sempre sem gerar
esforço ou cansaço. Após a realização dos exercícios, observou-se melhora significativa
na emissão sustentada e fala encadeada, com redução na instabilidade e aspereza na
qualidade vocal, além de ganho na projeção vocal e maior conforto na fonação.
Conclusões: O acompanhamento do fonoaudiólogo na ELA se faz necessário desde o
diagnóstico. Este caso revela que a queixa do paciente em relação à voz pode ser um dos
sinais de futuras alterações em relação à fala, ou um sinal preditivo do comprometimento
bulbar. A detecção precoce desses sinais permite ao fonoaudiólogo intervir para uma
melhor qualidade na sua produção vocal e articulatória com menor esforço por parte do
paciente, uma vez que este é um ponto central na ELA. Desta forma, é possível
proporcionar melhor prognóstico e manutenção da voz, da fala e da sua comunicação.

726
O trabalho do fonoaudiólogo na área de voz e sua relação com a educação
continuada e renda mensal

Camila Queiroz de Moraes Silveira Di Ninno; Denise Brandão de Oliveira e Britto, Juliana
Nunes Santos, Mariana Thuany Gonçalves, Brízia Lacerda Santos

Objetivo: Verificar a inserção e o trabalho do profissional fonoaudiólogo da 6ª Região que


atua na área de Voz, e a relação entre o grau de aperfeiçoamento profissional e a renda
mensal. Métodos: Foi realizado estudo transversal descritivo com fonoaudiólogos inscritos
no Conselho Regional de Fonoaudiologia 6ª Região, por meio da aplicação de um
questionário analisando as variáveis: formação acadêmica, média salarial, filiação a
entidades de classe, ano de conclusão, estado de realização da graduação, áreas de
atuação profissional e encaminhamentos recebidos. Resultados: A pesquisa do Conselho
Regional de Fonoaudiologia investigou 857 fonoaudiólogos. Foram selecionados os que
atuam com Voz - 487 (56,8%) indivíduos. Dos fonoaudiólogos pesquisados, 255 (52,4%)
se graduaram em Minas Gerai. A grande maioria (78,4%) tem na Fonoaudiologia a sua
única fonte de renda. A maior parte recebe de R$1.635,01 a R$3.270,00. Grande parte
dos profissionais investiu na educação continuada em nível de especialização (48%) e
mestrado (6,8%). Em relação à inserção profissional no mercado de trabalho 17,2%
conseguiram o primeiro emprego imediatamente após a formação (primeiro mês) e 56,2%
nos seis primeiros meses decorrentes do término da graduação. Observou-se relação
significante entre as variáveis educação continuada e renda (p<<0,05). Conclusão: A
inserção no mercado de trabalho do fonoaudiólogo, na maior parte dos casos, tem
acontecido no primeiro semestre consequente à formatura. Além disso, a maioria dos
profissionais vive do trabalho na Fonoaudiologia e relataram investimento na educação
continuada.

727
Oficina para suavização de sotaque no arquifonema {r} – estudo piloto

Iara Lorca Narece; Lídia Cristina da Silva Teles

Introdução: Em nosso país o /r/ pós vocálico interno e externo tem diferentes produções
fonéticas regionais e por este motivo é representado como arquifonema, cujo símbolo é
{R}. Dentre estas variações, algumas são mais prestigiadas e outras menos. E uma das
variações desprestigiadas é o tepe retroflexo, cunhado como característica do falar
caipira. Uma possibilidade para a suavização do sotaque caipira pode ser a substituição
do fonema tepe retroflexo pelo fricativo velar ou pelo tepe alveolar, mais prestigiados em
nosso país. Para isso exercícios têm sido utilizados na prática clínica individualizada ou
em grupo. As oficinas, uma forma de trabalho em grupo, são frequentemente realizadas
com profissionais da comunicação, incluindo repórteres, jornalistas e locutores. Objetivos:
O objetivo deste estudo foi sistematizar e avaliar um método de intervenção
fonoaudiológica para suavização do sotaque caipira no {R} por meio de uma oficina
realizada em dez módulos. Métodos: Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisas sob o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética número
04751912.0.0000.5417 e parecer nº 85605 em 29/08/2012. Para este estudo, foi
desenvolvida uma Oficina para Suavização de Sotaque no {R} composta por dez módulos
divididos em atividades teóricas (módulos 1 e 2) e atividades práticas (módulos de 3 a
10). Participaram da oficina piloto três homens e uma mulher formados em Comunicação-
Rádio e TV ou Comunicação-Jornalismo, falantes do português brasileiro e apresentando
a ocorrência do {R} com sotaque caipira na fala espontânea. Para avaliar se este método
de intervenção para suavização do sotaque no {R} foi eficaz os participantes foram
gravados antes a após a realização da oficina. As amostras de fala foram obtidas pela
leitura de um texto padrão com alta ocorrência do {R} e pela gravação de um minuto de
fala espontânea. Foi aplicado o teste t de Student entre as condições pré e pós oficina da
média de ocorrência do {R} suavizado dos quatro participantes tanto para as amostras de
fala espontânea como para leitura de texto. Resultados: Ao aplicarmos o teste t de
Student entre as condições pré e pós oficina da média de ocorrência do {R} suavizado
dos quatro participantes obtivemos para a fala espontânea p=0,0203 e para a leitura de
texto p=0,0689. Como um dos participantes já apresentava suavização de sotaque
durante a leitura de texto na condição pré-oficina realizamos nova análise estatística
contendo dados apenas dos outros três participantes e obtivemos p=0,0198. Conclusões:
Os resultados obtidos com a Oficina Piloto para Suavização de Sotaque nos permitem
afirmar que a metodologia empregada para a suavização de sotaque neste ambiente foi
eficaz de forma significativa. Sua execução em uma amostra maior poderá confirmar que
este é um método de intervenção fonoaudiológica que pode ser adotado de forma segura.

728
Parâmetros que caracterizam a projeção vocal na concepção de professores de
canto erudito

Nadja Barbosa de Sousa; Marta Assumpção de Andrada e Silva

Introdução: no canto erudito, no qual não é comum o uso de amplificação eletrônica da


voz do cantor, a projeção vocal é uma característica essencial para se garantir a
audibilidade da voz. A questão está em como obter essa projeção sem modificar as
características do timbre da voz do cantor. Na literatura não há consenso nas concepções
do trabalho com a projeção vocal entre os professores de canto. Objetivo: analisar
parâmetros que caracterizam a projeção vocal na opinião de um grupo de professores de
canto erudito. Métodos: a amostra de 72 professores de canto erudito, respondeu, via
eletrônica e por meio da técnica snowball, a um questionário aberto composto de sete
perguntas sobre a projeção vocal para o canto erudito. Para este estudo foi analisada a
questão: “Na sua opinião, o que é projeção vocal?” A análise dos dados contemplou duas
etapas: categorial e estatística (cruzamento entre as variáveis sexo, tipo de formação e
tempo de docência). Resultados: a amostra foi composta por professores de canto erudito
(51 mulheres e 21 homens), atuantes no Brasil. O tipo de formação dos sujeitos inclui
aulas particulares, cursos em conservatórios e universidades (graduação/
mestrado/doutorado). O tempo de experiência docente exigido foi de dois anos, no
mínimo. As respostas dos entrevistados originaram cinco categorias: corpo, respiração,
produção do som (fonte e filtro), estética do som e audibilidade. Houve significância
estatística no cruzamento entre a categoria audibilidade e a variável sexo. No cruzamento
entre as variáveis tipo de formação e tempo de docência, a significância estatística não foi
constatada. Discussão: embora haja divergências de opiniões sobre o que é projeção da
voz no canto erudito, entre professores da área, houve relação entre a concepção da
amostra e a literatura, quanto à caracterização dessa projeção. Segundo os entrevistados,
os aspectos de ordem corporal, respiratórios, de produção e estética do som (fonte e
filtro) e da audibilidade da voz configuram essa projeção vocal específica. A produção do
som e a audibilidade foram as mais citadas entre os entrevistados. No entanto, a
referência à audibilidade foi mais enfatizada pelos docentes masculinos, dado que
destacou-se pela significância estatística. Conclusão: de acordo com os participantes do
estudo, a projeção vocal no canto erudito depende de ajustes de postura corporal,
respiração e emissão da voz, e se caracteriza, sobretudo, pela propagação do som
emitido no ambiente.

729
Parâmetros vocais pré e pós aquecimento vocal em atores de teatro

Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos; Edna Pereira Gomes de Morais, Geová Oliveira
de Amorim

Introdução: Os atores de teatro estão sempre sobre intensa demanda vocal em atividades
que exigem esforço, uma vez que lidam com condições físicas e ambientais
desfavoráveis. Situações em que é exigido do ator que interprete personagens de faixas
etárias diferenciadas exigem desse profissional um conhecimento e domínio da função
vocal para que não venha gerar prejuízos laríngeos e vocais, comprometendo seu
trabalho teatral Assim, o aquecimento vocal corresponde à realização de uma série de
exercícios respiratórios e vocais, com a finalidade de aquecer a musculatura das pregas
vocais antes de uma atividade mais intensa, evitando sobrecarga, o uso inadequado ou
um quadro de fadiga vocal. Objetivo: investigar os parâmetros vocais pré e pós
aquecimento vocal em atores de teatro, Métodos: Estudo transversal observacional
descritivo. Participaram do presente estudo 30 atores de teatro, sendo 15 do sexo
masculino e 15 do sexo feminino com faixa etária entre 16 e 32 anos de idade.
Inicialmente os sujeitos responderam um protocolo sobre perfil vocal e, em seguida, foram
realizadas a avaliação perceptivo-auditiva da qualidade vocal, análise acústica e
autoavaliação da voz antes e após a execução do aquecimento vocal. A avaliação
perceptivo-auditiva foi realizada por três fonoaudiólogos especialistas em voz, que
deveriam analisar quatro vozes de cada sujeito (emissão sustentada e fala encadeada),
sem identificação do momento do registro. Os parâmetros acústicos avaliados foram
frequência fundamental, intensidade, jitter e shimmer na vogal sustentada. Na
autoavaliação vocal, todos os sujeitos responderam à pergunta: “Como você avalia a sua
voz após a realização do programa de aquecimento vocal?”. Os dados foram analisados
por meio da estatística descritiva e inferencial, conforme as variáveis a serem estudadas.
Para a análise estatística foi utilizado o programa SPSS versão 17.0. Resultados: Os
sintomas vocais e queixas associadas referidos pelos estudantes foram: garganta seca
(66,7%), falhas na voz (50%), rouquidão (46,7%), dificuldade em alcançar notas agudas
(43,3%) e dificuldade de falar em forte intensidade (43,4%). A avaliação perceptivo-
auditiva mostrou melhora na qualidade vocal após o aquecimento vocal e, na avaliação
acústica, houve aumento nos parâmetros de frequência fundamental e intensidade da
voz. A autoavaliação vocal indicou melhora na emissão da voz após o aquecimento vocal.
Conclusão: O programa de aquecimento vocal produziu efeitos imediatos positivos nas
avaliações perceptivo-auditiva, acústica e na autoavaliação vocal dos atores de teatro.
Com isso, esse resultados ajudarão no desenvolvimento de programas de
condicionamento vocal específicos às necessidades dessa categoria de profissionais.

730
Partitura corporal estimulando o trabalho vocal expressivo do ator com o texto
dramatúrgico.

Clara Rocha da Silva; Laura Melamed Barbosa, Mila Cruz do Valle, Luana Curti, Maria
Cristina de Menezes Borrego

Introdução: De nada adianta o ator ter um consistente conhecimento técnico vocal se não
for capaz de expressar suas intenções. Considerando que a qualidade da expressão oral
do ator depende da sua capacidade de traduzir qualquer expressão oral em ação física, é
de grande importância que o fonoaudiólogo docente trabalhe a expressividade oral dos
atores promovendo atividades de aprendizagem que mobilizem a criatividade e a relação
corpo, voz e intenções. Objetivo: descrever uma estratégia de partitura corporal utilizada
em aula de expressão vocal de alunos de curso técnico de arte dramática para trabalhar
expressão vocal. Método: cada aluno é orientado previamente pelo docente
fonoaudiólogo a decorar um texto narrativo, de preferência dramatúrgico, que tenha em
média 5 a 7 linhas. Num primeiro momento, espalhados no espaço, os alunos repetem o
seu texto para fixá-lo e experimentar diferentes maneiras de dizê-lo. Nesse momento já é
possível orientá-los a dizer o texto com variações de articulação, ressonância,
intensidade, ênfases, frequência e velocidade de fala. Em seguida, cada aluno deve criar
uma partitura corporal para o seu texto, criada a partir de imagens que o texto gera no
aluno ou ações físicas relacionadas ao texto. Então os alunos realizam essa partitura de
movimento na sala de aula, sem dizer o texto, apenas comunicando este texto com
movimentos corporais. Finalmente, em um terceiro momento, o aluno fala o seu texto
juntamente com a partitura corporal que ele criou. Resultados: foi possível observar uma
ampliação da expressão vocal e corporal do ator. Ao criar a partitura corporal para o seu
texto, o aluno-ator explora seu imaginário, organiza o seu pensamento e ideia sobre o
texto decorado, apropriando-se do que está sendo dito e consequentemente dando mais
intenção ao texto. O movimento corporal aumenta a sua expressividade e estimula a
experimentação de diferentes vozes, relacionadas com o corpo e os movimentos
realizados. Ao vocalizar junto com os movimentos corporais, o aluno coloca em prática a
relação corpo, voz e pensamento e ainda tem a possibilidade de utilizar recursos vocais já
trabalhados anteriormente em exercícios de caráter mais técnico, como articulação,
modulação, intensidade, respiração e ressonância, entre outros, de maneira mais variada
a intuitiva, possibilitando aumento da sua expressividade. Após o exercício, os alunos
referiram maior percepção da influência do corpo na voz e da voz no corpo, aumento da
expressividade na voz e descobertas de novas possibilidades de uso da voz em favor do
texto trabalhado. Conclusão: estratégias que trabalham a relação corpo e voz favorecem
o trabalho vocal expressivo do ator e até mesmo o uso de recursos vocais. É importante
que o fonoaudiólogo docente especialista em voz busque nas suas estratégias em sala de
aula trabalhar a expressão vocal como um prolongamento da expressão corporal do ator
e vice-versa, dialogando com a realidade do universo teatral e possibilitando que o aluno-
ator exercite o treinamento vocal técnico de maneira associada ao treinamento vocal
expressivo.

731
Percepções de cantores de banda de baile sobre saúde vocal e trabalho

Vanessa Rodrigues Zambão; Regina Zanella Penteado

Introdução: Os cantores de bandas de baile têm na voz o seu principal instrumento de


trabalho; entretanto há poucos estudos fonoaudiológicos com a categoria, especialmente
focados nas percepções dos sujeitos. Objetivo: Conhecer a percepção de cantores de
bandas de baile acerca de aspectos de saúde vocal e trabalho. Métodos: São sujeitos 24
cantores de banda de baile (13 homens e 11 mulheres) das seis bandas de baile da
cidade de Piracicaba (SP). Aprovação CEP 89/11 (13/12/2011). Os sujeitos responderam
a uma questão de múltipla escolha sobre mudanças na voz durante ou após o baile e foi
feita análise descritiva das respostas. Também foi realizada entrevista aberta: “O que é
ser cantor de banda de baile?”; “Quais os cuidados com a voz que realiza?”; “Como se
sentem após o trabalho?”; e “Como está a sua voz após o trabalho?”. A entrevista foi
gravada e transcrita para Análise de Conteúdo. Resultados: Os cantores percebem
mudanças na voz durante ou após o baile, sendo o cansaço vocal, a rouquidão, as falhas,
a perda de agudos e o pigarro as mais referidas. Para os cantores prevalece a valoração
positiva do trabalho, visto como fontes de aprendizado, de experiência, de desafios, de
prazer, de realização e de satisfação pessoal e profissional. Na entrevista, a maioria
afirma fazer aquecimento vocal e cinco referem o desaquecimento. Quanto aos cuidados
com a voz, a maioria refere não realizar cuidado algum e poucos o fazem, sendo que
cinco se preocupam com a alimentação e hidratação; quatro se preocupam com os
comportamentos vocais; três com o sono/descanso e com as mudanças de temperatura e
dois restringem o consumo de álcool e fumo. Ao final da jornada de trabalho os cantores
sentem desconfortos, cansaço (físico e vocal), dores (principalmente nas pernas,
costas/coluna; pés, cabeça e nuca) e percebem mudanças na voz (fadiga, rouquidão,
falhas na voz, perda de agudos e voz agravada). O trabalho envolve aspectos positivos e
negativos e tem impactos na saúde geral e vocal dos cantores de banda de baile. A
promoção da saúde vocal e bem-estar vocal demanda maior atenção e diversidade de
cuidados do que os aqui referidos. Conclusões: O conhecimento das percepções dos
cantores sobre o trabalho e a saúde vocal é necessário para o planejamento de ações de
intervenção e de assessoria fonoaudiológica junto a esta categoria de cantores; entretanto
tais percepções devem ser confrontadas com dados da realidade e de observações in
loco.

732
Perfil de extensão vocal de coralistas sopranos de canto erudito

Adriana de Oliveira Camargo Gomes; Evelyn Gomes dos Reis, Ana Nery Barbosa de
Araújo, Jonia Alves Lucena, Zulina Souza de Lira

Introdução: A extensão vocal é o número de notas da mais grave a mais aguda que o
individuo consegue produzir, não importando a qualidade vocal. A extensão vocal é
composta por duas medidas: a extensão fonatória máxima e extensão dinâmica. A
extensão fonatória máxima é a faixa de variação de frequência que um indivíduo
consegue produzir do mais grave ao mais agudo; já a extensão dinâmica é a faixa de
variação de intensidade que o individuo consegue emitir do mais fraco ao mais forte. Os
naipes são diferentes grupos com semelhanças acústicas cuja seleção é feita pelo
regente para se delimitar a personalidade acústica do coro. Cada coralista deve cantar
dentro de sua classificação, numa tessitura confortável. Portanto, é relevante o estudo
sobre perfil de extensão vocal de coralistas de distintos naipes, em termos quantitativos.
Objetivo: Identificar o perfil de extensão vocal de coralistas sopranos de canto erudito.
Métodos: Este estudo obteve a aprovação do comitê de ética em pesquisas com seres
humanos, sob número CAAE 02751412.0.0000.5208. Participaram 08 coralistas de canto
erudito, do naipe soprano, classificadas pelo regente. Foram gravadas as emissões da
vogal /E/ em glissando ascendente e descendente, nas intensidades o mais fraca possível
e o mais forte possível, no programa Vocalgrama da CTS-informática. Os dados foram
analisados como média e desvio padrão das frequências medidas em Hertz (Hz) e em
semitons (st) e das intensidades, medidas em decibels (dB), nas emissões mais fortes
(curvas dos sons fortes) e mais fracas (curva dos sons fracos). Resultados: Os valores
médios (±DP) das frequências fundamentais mínima e máxima, extensão da frequência
fundamental, em Hz e em semitons (st), das sopranos, nas curvas dos fracos, foram,
respectivamente, 163,60 (±25,44); 1.018,56 (±468,66); 854,96 (±452,06); 30,02 (±7,12) e,
na curva dos fortes, 196,41 (±41,92); 931,43 (±476,43); 735,02 (±449,16); 24,97 (±7,49).
Em relação aos valores médios (±DP) das intensidades mínimas e máximas, os
resultados foram, respectivamente, 47,98 (±3,96) e 78,13 (±10,81) na curva dos fracos e
69,67 (±6,86) e 101,51 (±12,57), na curva das emissões fortes. Conclusão: Os resultados
demonstraram o perfil de extensão vocal de sopranos eruditos, em valores de frequência
e intensidade e poderão ser úteis para outros estudos comparativos, em grupos corais.

733
Perfil vocal de professores assistidos por um programa de assessoria em voz

Laise Paiva; Vanessa Mascarenhas, Vânia Souza, Bruno Silva, Anna Alice Almeida,
Leonardo Lopes, Elma Azevedo, Maria Fabiana Bonfim de Lima Silva

Introdução: A voz adquire cada vez mais um papel importante no mercado de trabalho,
principalmente para os profissionais que dependem dela como instrumento de trabalho,
entre esses profissionais podemos citar os professores. Estudos mostram que, dentre os
profissionais da voz, os professores apresentam maior risco de desenvolvimento de
distúrbios de voz de natureza funcional devido à exposição a aspectos ambientais e
organizacionais desfavoráveis do trabalho. Dessa forma o ambiente escolar carece de
condições adequadas ao desenvolvimento eficaz das atividades pedagógicas. Neste
sentido, faz-se necessário a assessoria de um fonoaudiólogo para promoção de ações
para o bem estar vocal de tais profissionais. Objetivo: descrever o perfil vocal dos
professores assistidos por um programa de assessoria em saúde vocal desenvolvido nas
escolas da rede pública de João Pessoa-PB. Método: trata-se de um estudo transversal e
observacional, no qual contamos com a participação de 100 professores do ensino
fundamental e médio. Aplicou-se um questionário de autopercepção Condição de
Produção Vocal do Professor, composto por 79 questões, que aborda tais aspectos: de
identificação, organizacionais, ambientais, de saúde geral e vocal. Os dados foram
tabulados no programa Microsoft Excel 2010, e submetidos à análise descritiva. O estudo
foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (n° 091/13). Resultados: a população do
estudo era predominantemente do sexo feminino (68%), com idade variando entre 24 e 61
anos. Em relação à situação funcional, a média do tempo de trabalho dos entrevistados
era de 21 anos, 38% afirmavam permanecer de 10 a 20 horas por semana com os alunos
na escola, 66% referiram apresentar o ritmo de trabalho estressante.Com relação ao
ambiente físico da escola, 82% considerava o local ruidoso, 65% acústica insatisfatória e
73% poeira no local de trabalho, 45% temperatura desagradável, já em relação aos
aspectos gerais de saúde, 59% problemas de coluna, 44% relataram ter problemas
emocionais e 42% problemas circulatórios. Quanto aos hábitos, 8% fumava, 21%
consumia bebidas alcoólicas, bebiam em média de 01l/dia de água, faziam em média de
02refeições/dia, e dormia em média de 6h/dia. Com relação aos aspectos vocais, 81%
relataram ter ou já tiveram alteração vocal, sendo que 90% relataram não ter procurado
acompanhamento fonoaudiológico. A maioria dos professores relataram como possíveis
causas da alteração vocal o uso intensivo da voz (63%). 45% consideram sua voz melhor
pela manhã e vai piorando. Os sintomas vocais referidos com maior frequência foram:
rouquidão (56%), perda da voz (44%) e voz grossa (40%). Conclusão: os dados
encontrados reforçam o aspecto multifatorial do distúrbio de voz e multidimensional da
voz do professor. A autopercepção dos professores estudados com relação ao seu
contexto de trabalho mostra-se bastante desfavorável a sua saúde geral e vocal. Desta
forma, percebe-se a necessidade premente de programas de assessoria em voz dentro
das escolas para tais profissionais propensos a desenvolver alterações vocais.

734
Postura corporal, saúde e queixas vocais de cantores líricos

Julio Cesar Cavalcanti de Oliveira; Larissa Nascimento de Lima, Gabriela Silveira


Sóstenes, Anália Maria Correia Ribeiro da Silva

Introdução: Cantores líricos são geralmente bastante disciplinados no trabalho, visto que
possuem uma exigência em relação à técnica, qualidade vocal, musicalidade, afinação,
pronúncia, interpretação; preocupam-se com a saúde vocal e com técnicas de
aprimoramento. Objetivo: Descrever aspectos posturais, hábitos e queixas vocais de
cantores líricos. Metodologia: Participaram dez cantores líricos, de ambos os sexos, com
idades entre 18 e 51 anos, com no mínimo, cinco anos de atuação profissional e sem
histórico de intervenção fonoaudiológica. A avaliação da postura corporal se deu através
de gravação audiovisual de uma apresentação ao vivo, por meio de protocolo de
avaliação elaborado pelos pesquisadores, e a coleta dos dados referentes aos hábitos
vocais foi realizada por meio de um questionário elaborado pelos pesquisadores. A coleta
de dados foi realizada no ambiente de trabalho de cada cantor, tomando-se como
parâmetro para avaliação da postura corporal a apresentação cantada de uma música
inteira. Resultados: Quanto aos aspectos posturais avaliados, não houve achados com
relação à elevação excessiva de cabeça em notas mais agudas do canto, de movimentos
bruscos de cabeça e/ou lateralização excessiva da cabeça para um dos lados, de tronco
desalinhado e tensão na região cervical durante a performance vocal. Oito cantores
relataram ter feito aula de canto e participado assiduamente das aulas, afirmando praticar
diariamente os exercícios propostos. Todos os cantores declararam fazer aquecimento
vocal, dentre os quais, apenas três realizam desaquecimento. Dos dez cantores, nove
ingerem água durante o canto. Não houve relato de uso de álcool, cigarro e/ou maconha
antes, durante ou depois de cantar. Com relação à voz falada, cinco cantores relataram
queixas vocais, as mais prevalentes foram: rouquidão, perda temporária da voz, fadiga
vocal, dor de garganta, falhas na voz e presença de pigarro. Quanto à voz cantada, seis
cantores relataram queixas, as mais citadas foram: rouquidão, pigarro ao cantar, fadiga
vocal, falhas na voz cantada e esforço ao cantar. Neste estudo, três cantores relataram já
ter deixado de cantar por problemas vocais e quatro relataram dificuldade na emissão de
notas mais agudas. Três cantores possuem dificuldade na emissão de notas mais graves
e outros três apresentam dificuldade na passagem de uma nota para outra. Conclusão:
Os cantores líricos avaliados neste estudo usaram boa postura corporal durante o canto e
apresentaram hábitos saudáveis para manutenção da voz. O relato de queixas vocais em
mais de 50% desta população pode ser explicado pelo fato de nunca terem realizado
acompanhamento fonoaudiológico e, por isso, possivelmente, utilizarem ajustes vocais
inadequados de voz falada e/ou cantada.

735
Preferências dos ouvintes em relação ao sotaque regional em contexto formal e
informal de comunicação

Leonardo Wanderley Lopes; Ivonaldo Leidson Barbosa Lima, Eveline Gonçalves Silva,
Larissa Nadjara Alves Almeida, Anna Alice Figueiredo de Almeida

Introdução: A prática fonoaudiológica de suavização do sotaque no contexto do


telejornalismo ainda é muito empírica, baseando-se na identificação e manipulação das
marcas de sotaque – que, por muito tempo, foi considerado como ruído comunicativo na
transmissão da notícia –, buscando-se um estilo menos “marcado” de locução. Por outro
lado, pouco se conhece sobre a percepção do telespectador e a forma como ele julga a
presença das diferentes características regionais em situações informais e formais de
comunicação, como, por exemplo, na fala de sua comunidade e na de repórteres e
apresentadores, respectivamente. Objetivo: analisar as preferências dos ouvintes quanto
ao sotaque regional e sotaque suavizado em contexto formal e informal de comunicação.
Método: três telejornalistas gravaram frases-veículo nas situações de sotaque regional e
suavizado. As gravações foram apresentadas a 105 juízes, que escutaram os pares de
palavras e responderam qual das duas pronúncias preferiam para a fala de
apresentadores de telejornal (contexto formal), para falantes nativos da comunidade local
(contexto informal) e para a própria fala (contexto informal). Resultados: os ouvintes
preferiram a presença de sotaque suavizado em contexto formal (apresentação de
telejornal em todas as variantes linguísticas estudadas (p<<0,0001) e, por outro lado,
preferiram a presença de sotaque regional (p<<0,0001) em contexto informal. Porém,
para a própria fala, dentro do contexto informal, não houve uma preferência geral pelo
sotaque regional ou suavizado, havendo significância estatística apenas para
palatalização do /S/ em coda medial (p<<0,0001) e não palatalização das dentais
(p<<0,0001), ambas características do sotaque regional, e a não ocorrência de
monotongação (p<<0,0001) e harmonização vocálica (p<<0,0001), caracterizados como
sotaque suavizado. Conclusão: os ouvintes preferem à fala com sotaque suavizado em
um contexto formal de comunicação, mas preferem o sotaque regional dentro de um
contexto informal, principalmente em falantes menos escolarizados.

736
Preparação vocal na cidade do Recife: a contribuição de maria josé campos lima

Elthon Gomes Fernandes da Silva; Rose Mary de Abreu Martins, Léslie Piccolotto Ferreira

Introdução: Desde meados do século XIX, artistas e grupos relacionados à arte produzida
na cidade do Recife se preocuparam com a formação artística e sistematização dessa
atividade. A ideia da fundação de um curso de teatro, iniciada em 1853, foi concretizada
na segunda metade do século XX, em 1957. É, portanto, na Escola de Belas Artes de
Pernambuco da Universidade do Recife, nos cursos de Interpretação e Dramaturgia que
se ofereceu de modo pioneiro nessa capital, uma disciplina dirigida à preparação da voz
para teatro, sob coordenação de Maria José Campos Lima (Marijose), primeira
preparadora e professora de voz da cena teatral recifense. Objetivo: Analisar a
contribuição de Maria José Campos Lima e as repercussões de seu trabalho pioneiro com
Voz Profissional em Pernambuco. Método: Levantamento de informações sobre formação
artística e atuação profissional, por meio de entrevista na qual 11 profissionais de teatro e
música (atores, diretores, dramaturgos, pianista) relataram suas experiências enquanto
atores e alunos de Marijose no primeiro Curso Superior de Arte Dramática de
Pernambuco. O material foi transcrito, categorizado em temas que explicitassem o
método de preparação vocal proposto por Marijose. Resultados: Adotava, em 1958,
procedimentos didáticos pouco usuais para a época, a exemplo de aulas práticas
utilizando roupas para trabalho de corpo (malhas, sapatilhas), relacionava encenação com
exercício de voz, e em suas aulas existia o espaço para o experimento a partir da
exploração das possibilidades do manejo do corpo, voz e movimento. Em seu método de
trabalho também eram abordados os temas: fisiologia da produção vocal, auto-percepção
sobre a produção vocal, articulação, respiração, projeção vocal, prosódia (para
neutralização de sotaque no palco) e vocalizações que expressam emoções (ex: riso,
choro, grito) sempre com base no texto teatral. Considerava o contexto humano, a
importância da escuta, tentando harmonizar uma prática sem dispensar a fundamentação
teórica que adquiriu por meio das suas buscas durante sua formação. Conclusão: A
principal contribuição de Marijose foi realizar uma preparação vocal numa perspectiva de
que não pode haver a dicotomia entre corpo e voz.

737
Prevalência de disfonia em escolares do município de Maceió

Karlla Maria Lima de Morais; Edna Pereira Gomes de Morais

Introdução:A presença de uma disfonia na infância compromete a função comunicativa,


uma vez que a voz não conseguirá cumprir de forma eficiente seu papel fundamental de
transmissão da mensagem verbal. Como conseqüência, a criança pode vir apresentar
uma imagem vocal negativa, com efeito em seu comportamento emocional e social. Se
faz necessário a elaboração de programas voltados à saúde vocal infantil, para que os
problemas sejam identificados precocemente e os pais orientados no sentido de prevenir
a instalação de uma disfonia ou manutenção da mesma. Assim, as realizações de
estudos epidemiológicos de prevalência favorecem um retrato da população permitindo a
elaboração de programas de saúde vocal que possam atingir crianças em idade pré-
escolar e escolar.Objetivo: investigar a prevalência de disfonia em crianças com idade
entre 6 e 10 anos no município de Maceió. Método: Estudo observacional de prevalência,
do qual participaram 101 crianças com idade entre 6 e 10 anos, de ambos os sexos. Para
identificar a presença de desvio no comportamento vocal, foi realizada gravação das
vozes das crianças (emissão das vogais /a/ e /E/ e contagem de números) para análise
perceptivo-auditiva e acústica da voz. Para análise estatísticaforam utilizadas medidas de
tendência central e Teste exato de Fisher, de acordo com as variáveis estudadas. O
software SPSS 20 foi utilizado para os cálculos estatístico, adotou-se o nível de
significância de 5%. Resultados:Dentre as 101 crianças pesquisadas, 48,5% foram do
sexo feminino e 52,5% do sexo masculino. A prevalência de disfonia nas crianças foi de
38,0%, sendo a maioria com Grau global de comprometimento leve e, apenas 34,21% das
crianças disfônicas percebem alterações na voz. O sexo masculino apresentou maior
ocorrência de disfonia, no entanto não houve significância estatística (p=0,41) entre a
presença de alteração vocal e sexo. Os achados acústicos da F0 encontram-se dentro da
faixa esperada para idade, os demais parâmetros acústicos mostraram grande
variabilidade. Conclusões: A prevalência de crianças disfônicas mostra a necessidade de
ações com escolares e orientações aos pais e professores, a fim de que medidas
preventivas seja realizadas evitando o aumento da ocorrência de disfonia entre os
escolares. Os meninos apresentam mais alterações em relação as meninas e achados
acústicos mostraram grande variabilidade. Os resultados apontam ainda a necessidade
de novas pesquisas com uma amostra maior investigando a prevalência e incidência da
disfonia entre crianças em idade pré-escolar e escolar.

738
Professores de Sergipe: a correlação entre o índice de capacidade para o trabalho e
alterações vocais

Roxane de Alencar Irineu; Rodrigo Dornelas, Catharine Seixas

Introdução: A relação entre o distúrbio vocal em docentes e as condições de trabalho tem


sido alvo de muitos estudos recentes na fonoaudiologia. Estudos estes que visam
compreender o nexo causal de tal patologia. Nesse sentido, foram desenvolvidos alguns
protocolos de avaliação para identificar a relação da disfonia com as condições de
trabalho, outros para compreender as características da alteração, e, ainda, àqueles que
visam compreender a percepção do próprio doente quanto ao seu problema de voz.
Objetivo: Correlacionar os achados dos protocolos Índice de capacidade para o Trabalho -
ICT e Índice de Função glótica - IFG aplicados em professores de uma escola pública.
Metodologia: Este estudo, de natureza quantitativa foi realizado em um município de
Sergipe e a coleta de dados foi realizada durante uma visita técnica do Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador - CEREST na instituição. Participaram deste estudo
11 professores, 10 do gênero feminino e um do gênero masculino. Foram aplicados em
todos os participantes, com ou sem queixa vocal, os dois protocolos: ICT que trata sobre
a presença ou o grau de alteração vocal de acordo com a percepção do sujeito e o ICT
que busca identificar a perda da capacidade para o trabalho de acordo com alguns
parâmetros em que o trabalhador neste caso, o professor, retrata o conceito de sua
capacidade para o trabalho. Os professores foram orientados sobre os protocolos e os
responsáveis pela pesquisa ficaram à disposição para sanar dúvidas em relação ao
preenchimento. Os dados coletados foram analisados e correlacionados. Resultados: Na
análise das respostas para o IFG observa-se que dois professores não apresentaram
sintomas relacionados a alterações vocais, porém nove professores tiveram o escore
maior que sete, sendo que acima de três é caracterizado como propenso à alterações
vocais. Em relação ao ICT dos 11 professores que responderam ao protocolo em uma
escala graduada em baixa, moderada e ótima capacidade, um professor apresentou
capacidade baixa, nove professores apresentam capacidade moderada e um professor
capacidade boa para o trabalho. Na correlação entre os protocolos é observado que o
professor identificado como capacidade baixa no ICT teve como pontuação no IFG treze,
sugere-se assim que as limitações vocais podem interferir na capacidade para o trabalho.
Dentre os nove professores que apresentaram capacidade moderada para o trabalho,
todos foram identificados como escore acima de sete no IFG. Conclusão: A utilização dos
dois protocolos auxilia na identificação e relação dos prejuízos vocais na realização das
atividades no trabalho. Nota-se, neste estudo, que a correlação entre os dois protocolos
facilita a compreensão do distúrbio de voz relacionado ao trabalho e a necessidade de
realizar outros estudos correlacionando os dois protocolos com um número de
participantes maior e de atuações diversificadas.

739
Prontidão de mudança pela escala urica-voz e fatores associados: resultados
preliminares

Luiza Augusta Rosa Rossi-Barbosa; Antônio Prates Caldeira, Ana Cristina Côrtes Gama,
Erasmo Daniel Ferreira, Kamilla Ferreira de Sousa, Renata Martins Morais

A utlilização de escalas para monitoração da motivação é frequente, podendo destacar a


University Rhode Island Change Assessment – URICA e no Brasil já existe uma versão
adaptada para indivíduos com disfonia. Os estágios de um ciclo de mudança dividem-se
geralmente em: Pré-contemplação, quando o sujeito ainda não tem consciência de que há
um problema a ser enfrentado, portanto não apresenta intenção de agir no futuro
previsível, usualmente, nos próximos seis meses; Contemplação, quando o indivíduo
reconhece os aspectos positivos da mudança, mas nenhum esforço efetivo é feito com
esse objetivo; Ação, a pessoa está aberta a modificações no seu estilo de vida e são
feitas tentativas evidentes para a mudança; e Manutenção, que é caracterizado pela
ausência de recaídas, sendo importante que os indivíduos trabalhem no sentido de
prevenir o relaxamento ou a desistência. Objetivo: verificar a prontidão de mudança em
relação ao comportamento vocal entre professoras que autorreferiram problemas de voz
há mais de três semanas e fatores associados. Metodologia: a amostra foi constituída de
professoras dos cinco primeiros anos do ensino fundamental das escolas municipais da
zona urbana de Montes Claros - MG que autorreferiram problema de voz há mais de três
semanas. A variável independente foi a prontidão de mudança pela escala URICA-VOZ e
as variáveis dependentes foram: tempo de trabalho, número de turnos que lecionam,
alterações vocais autorreferidas (até três distúrbios e quatro ou mais distúrbios), e se
procuraram tratamento médico e fonoaudiológico. Para o cálculo da URICA-VOZ, que
contém 32 itens, utilizou-se os seguintes escores: Pré-contemplação menor ou igual a 8,9;
Contemplação 9,0 a 11,9; Ação 12,0 a 14,9; Manutenção 15,0 a 20,0. O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros
sob o número 2889/11. Resultados: Participaram do estudo 57 professoras, destas,
94,7% relataram problema na voz há mais de um mês e 5,3% com o problema entre três
semanas a um mês. A idade variou de 26 a 54 anos, com média de 42 anos. O tempo de
trabalho variou de dois anos e sete meses a 29 anos e 61,4% lecionavam em um turno.
Quanto às alterações vocais, 59,6% referiram garganta seca; 57,9%, rouquidão; 52,6%,
pigarro; 52,6%, esforço para falar; e 42,1%, falha na voz, sendo que 52,6% apontaram
mais de três distúrbios. Sobre as consultas com profissionais devido ao problema vocal,
57,9% relataram ter procurado médico e 26,3% procuraram fonoaudiólogo. Quanto às
fases de mudança em relação ao comportamento vocal, 68,4% se encontravam na Pré-
contemplação, 28,1% na Contemplação, e 3,5% na Ação. Houve associação entre as
fases de prontidão de mudança e o número de alterações vocais (p=0,006), bem como
entre aquelas que procuraram tratamento fonoaudiológico (p=0,039). Conclusão: Neste
estudo, a maioria das professoras com problemas vocais há mais de três semanas estava
no estágio da Pré-contemplação. As fases de prontidão de mudança estiveram
associadas ao número de alterações vocais e à procura por tratamento fonoaudiológico.

740
Protocolos de avaliação da qualidade de vida em voz do professor: revisão de
literatura

Deborah Rodrigues Pinheiro; Edinéia de Lourdes Vieira Teles, Iara Bittante de Oliveira

Introdução: as alterações de voz limitam o trabalho docente e comprometem a qualidade


de vida do professor. São várias as definições para qualidade de vida, visto ser um termo
abrangente, que inclui fatores relacionados à saúde, fatores físicos, funcionais,
emocionais e bem-estar psicoemocional. Objetivos: realizar revisão de literatura, referente
aos últimos 10 anos, relacionada a estudos voltados ao conhecimento da qualidade de
vida em voz do professor. Métodos: realizou-se pesquisa bibliográfica a partir da seleção
de artigos, de 2003 a 2013, retirados das bases de dados MEDLINE, LILACS e biblioteca
virtual - SciELO, considerando os descritores constantes na base de Descritores em
Ciência da Saúde (DeCS) – BIREME, relacionados ao professor, saúde vocal e sua
atuação profissional, bem como combinações de termos livres. Destaca-se que foram
consultadas revistas fonoaudiológicas brasileiras no período referido. Foram selecionados
os artigos que utilizaram protocolos de qualidade de vida em voz, validados para o
português brasileiro sendo: protocolo de Qualidade de Vida em Voz – QVV, Perfil de
Participação e Atividades Vocais – PPAV e Índice de Desvantagem Vocal – IDV.
Resultados: dos artigos selecionados a partir dos critérios deste estudo 18,7% utilizaram
protocolos validados para o português para avaliação da qualidade de vida em voz do
professores. Tais estudos, ou seja, 14, em seu conjunto envolveram uma casuística de
2.738 participantes. A grande maioria dos estudos (92.6%) utilizou o protocolo QVV,
seguido do PPAV que envolveu 153 docentes (5,6%) e finalmente o IDV com amostra de
50 sujeitos (1,8%). Os estudos em sua maioria fizeram referência ao sexo das amostras
estudadas e assim verificou-se que 76,4% dos participantes são do sexo feminino e
23,6% do sexo masculino. No caso dos estudos que utilizaram o QVV verificou-se que o
domínio de maior escore, foi o sócio-emocional. O protocolo PPAV apontou maior
pontuação no item referente a efeitos na comunicação diária. Os estudos que utilizaram o
IDV fizeram referência ao sexo dos sujeitos, sendo 82% do sexo feminino e 18%
masculino. Quanto aos domínios de maiores escores do IDV um artigo apontou escores
semelhantes e mais elevados para os domínios, orgânico e funcional, e o segundo artigo
apontou maior escore para o orgânico. Os estudos envolveram docentes de todos os
graus de escolarização, havendo predomínio de professores do ensino fundamental e
universitário. Verificou-se que 57,1% dos estudos não fizeram referência à procedência do
docente quando a pertencer a escolas públicas ou privadas, porém os que o fizeram
apontaram a maioria como pertencendo à rede pública Conclusão: O Protocolo QVV foi o
protocolo mais utilizado nos artigos revisados, confirmando a literatura que refere ser este
um protocolo resumido, que demanda menos tempo para aplicação. Houve predomínio de
estudos envolvendo docentes do sexo feminino. Destaca-se a importância de se conhecer
a qualidade de vida em voz de docentes e da utilização de protocolos validados, tendo-se
em vista confiabilidade e sensibilidade.

741
Qualidade de vida e voz no envelhecimento: uma revisão sistemática

Renata Serrano de Andrade Pinheiro

A voz é um fator preponderante na comunicação e revela as características físicas e


psicológicas do indivíduo. Para avaliar o impacto destas alterações na voz e na qualidade
de vida do indivíduo usa-se o questionário de qualidade de vida relacionada à voz (QVV).
Objetivo - investigar a influência da auto-percepção da voz, pelo QVV, na qualidade de
vida dos idosos. Método - Realizou-se busca eletrônica nas bases de dados MEDLINE e
LILACS, a partir da combinação entre os descritores: Voz, Qualidade de Vida e Idoso.
Resultados - Na busca foram encontrados 208 artigos, após avaliação 25 foram
contemplados para avaliação mais detalhada, no entanto 22 foram eliminados, por não se
tratar de idosos. Dos três artigos analisados a amostra teve a variação de 10 a 66
indivíduos, sendo todos considerados idosos. Através da aplicação do QVV em idosos,
um estudo apresentou Escore Total de 62,79 outro dividiu em grupos, apresentando
escore de 91,13 para GP, 93,03 para GNP. Os Escores Físicos apresentados foram de
59,34; e nos grupos 90,58 no GP, 90,97 no GNP. E os Escores Socioemocionais foram,
respectivamente, 68,54; e nos grupos 99,46 no GP, 96,09 no GNP. Um estudo não
realizou a análise do QVV pelos escores, mas sim pelas questões. Conclusão - O estudo
mostra a importância da realização da aplicação do QVV para aguçar a auto-percepção
da voz em idosos, pois ao ouvir a própria voz e perceber suas limitações irão poder
buscar aprimoramento que vise melhorar sua relação com os interlocutores favorecendo
uma melhor comunicação e integração social.

742
Qualidade de vida em voz em atores de teatro portugueses

Edney Gustavo Fernandes Tenório; Geová Oliveira de Amorim, Fernanda Raissa de


Albuquerque Bastos, Phillipe Xavier Moreira de Barros, António Manuel da Costa Vieira,
Adriano Rockland Siquera Campos

Introdução: O ator de teatro é o profissional da voz que necessita de uma voz flexível,
com boa projeção, boa articulação e qualidade vocal adequada a cada personagem, sem
marcas de alteração, com foco de ressonância alto e com plasticidade suficiente para se
adequar aos personagens. Com isso, alterações em algum desses aspectos afetam
diretamente na prática laboral e qualidade de vida desses profissionais. A qualidade de
vida inclui fatores relacionados à saúde, como os físicos, funcionais, emocionais e bem-
estar mental e os aspectos não relacionados, como o trabalho, família, amigos e outros
aspectos da vida. Na fonoaudiologia, destaca-se a comunicação e a voz como um
domínio extra na avaliação da qualidade de vida, pelo seu papel crucial no exercício
laboral. Atualmente a opinião do individuo acerca da sua voz tem assumido papel central
na área de terapia vocal. Objetivo: Investigar o impacto da voz na qualidade de vida de
atores portugueses correlacionando-o com a variável sexo. Métodos: Estudo transversal
observacional descritivo. Participaram do presente estudo 20 atores de teatro (11 do sexo
masculino e 09 do sexo feminino) da Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa,
todos com idades entre 20 e 51 anos. Foi aplicado o protocolo de Qualidade de Vida em
Voz-QVV, onde a análise englobou o cálculo do escore total do QVV (questões de 1 a
10). Em seguida os dados foram tabulados e analisados estatisticamente pelo software
SPSS 16.0. Resultados: A média de idade encontrada foi de 30,8 anos para indivíduos do
sexo masculino e 21,5 anos para indivíduos do sexo feminino. Em relação à Qualidade de
Vida em Voz, a média geral do escore total foi de 87,75, sendo 92,95 para os indivíduos
do sexo masculino e 81,38 para os participantes do sexo feminino. As maiores
pontuações foram observadas no domínio sócio-emocional, no qual a média dos escores
foi de 92,62 no sexo masculino e 81,81 no sexo feminino. No domínio físico, foi observado
uma média dos escores de 89,77 no sexo masculino e 81,02 no sexo feminino.
Conclusão: Os atores de teatro portugueses apresentaram um escore levemente
rebaixado do QVV em ambos os sexos. O impacto da voz na qualidade de vida dos atores
portugueses é maior nos atores do sexo masculino, tanto no domínio físico quanto no
sócio-emocional.

743
Qualidade de vida em voz em radialistas

Edney Gustavo Fernandes Tenório; Geová Oliveira de Amorim, Phillipe Xavier Moreira de
Barros, Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos

Introdução: O locutor radialista é o profissional que tem a voz como única ferramenta de
trabalho na mediação entre emissora e ouvintes. Sabe-se que um problema de voz afeta
os indivíduos de modo diverso e particular. Atualmente para avaliar o impacto da voz na
qualidade de vida da população são utilizados protocolos de autoavaliação que
procuraram oferecer informações e medidas valiosas da impressão do próprio indivíduo
sobre seu problema vocal, completando as informações obtidas pelos métodos
tradicionais de avaliação clínica da voz. Objetivo: Investigar o impacto da voz na
qualidade de vida de radialistas com queixas vocais,correlacionando-o com a variável
sexo. Métodos: Estudo transversal observacional descritivo. Participaram do presente
estudo 49 radialistas (38 do sexo masculino e 11 do sexo feminino), todos com idades
entre 17 e 51 anos de idade e com mais de 04 (quatro) sintomas vocais. Inicialmente foi
aplicado um questionário para identificação de sintomas vocais e em seguida aplicado o
protocolo de Qualidade de Vida em Voz (QVV). A análise englobou o cálculo do escore
total do QVV (questões de 1 a 10). Em seguida os dados foram tabulados e analisados
estatisticamente pelo software SPSS 16.0. Resultados: Em relação à idade, 36,73%
(n=18) apresentaram faixa etária entre 30 e 39 anos com média de 34 anos para
indivíduos do sexo masculino e 31 anos para indivíduos do sexo feminino. No tocante à
Qualidade de Vida em Voz, a média do escore total em indivíduos do sexo masculino foi
de 85,13 e 86,81 para os sujeitos do sexo feminino. As maiores pontuações foram
observadas no domínio físico, com média dos escores igual a 87,5 no sexo masculino e
83,3 no sexo feminino, onde se destacaram relatos como dificuldades em falar forte ou
ser ouvido em lugares barulhentos, necessidade de respirar muitas vezes enquanto fala e
dúvidas sobre como a voz sairá ao iniciar a fala em ambos os sexos. Em relação ao
domínio sócio-emocional, a média dos escores foi de 93,8 no sexo masculino e 100 no
sexo feminino, neste domínio destacaram-se sentimentos de ansiedade ou frustração em
função de questões vocais. Conclusão: Os resultados obtidos demonstraram um impacto
moderado da qualidade de vida e voz nos sujeitos do sexo masculino e feminino, pois
escores totais abaixo de 98,0 em indivíduos normais e de 65,9 em indivíduos disfônicos já
evidenciam um impacto da voz na qualidade de vida dos indivíduos dessa categoria
profissional.

744
Qualidade vocal na síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA): algumas
descrições perceptivas e acústicas

Roberta W. Isolan-Cury; Vanessa Medina, Zuleica Camargo,Luiz Carlos Rusilo, Jean


Carlos Gorinchteyn

Introdução: apesar de alguns estudos sugerirem que pacientes com a Síndrome da


Imunodeficiência Adquirida (SIDA) apresentam alterações nas estruturas envolvidas na
produção vocal, não há relatos de descrições de qualidade vocal neste grupo. Objetivo:
avaliar, do ponto de vista fonético, a qualidade vocal de indivíduos portadores da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), por meio da descrição de correlatos
acústicos e perceptivos. Metodologia: o estudo foi realizado com aprovação do comitê de
ética da instituição, sendo que o grupo de pesquisa foi constituído por 20 indivíduos
portadores de SIDA, 10 homens e 10 mulheres com presença de alterações metabólicas
(dislipidemia) e uso de medicamento antirretroviral. O grupo controle foi composto por
nove indivíduos, cinco mulheres e quatro homens que apresentaram alteração
metabólica: dislipidemia sem a presença de SIDA. As amostras de áudio foram coletadas
e submetidas à análise perceptivo-auditiva (roteiro VPAS - PB) e acústica (script
ExpressionEvaluator aplicável ao software Praat v.10). Os dados perceptivo-auditivos e
acústicos foram analisados por meio de análise estatística de natureza multivariada
(software XLStat), considerando-se as variáveis gênero e tempo de medicação
antiretroviral. Resultados: o grupo estudado (SIDA) revelou o predomínio de ajustes do
trato vocal (corpo de língua recuado, corpo de língua abaixado e constrição faríngea),
ajustes de tensão muscular (hiperfunção de trato vocal) e ajustes fonatórios (voz
crepitante, escape de ar associado à voz áspera), diferenciados por gêneros. Do ponto de
vista acústico, o valor segregatório das medidas acústicas foi inferior às descrições
perceptivas. O tempo de medicação revelou relação com as manifestações de qualidade
vocal do ponto de vista perceptivo. A análise integrada de dados perceptivos e acústicos
revelou a maior correlação de ajustes de trato vocal, de tensão e fonatórios a medidas
acústicas de ELT- espectro de longo termo, declínio espectral e frequência fundamental-
f0. Conclusão: do ponto de vista fonético, foram destacados na população com SIDA os
ajustes de qualidade vocal de constrição faríngea e de corpo de língua recuado. Do ponto
de vista acústico, as informações de medidas acústicas frequência fundamental (f0),
primeira derivada de f0, intensidade, declínio espectral e espectro de longo termo (ELT)
revelaram relevância para descrição da população SIDA do gênero masculino. As
descrições de ajustes de qualidade vocal por meio perceptivo foram relevantes para
caracterizar a qualidade vocal do grupo estudado, bem como revelaram associação com o
tempo de medicação.

745
Quantidade de fala e intensidade vocal em atores de teatro

Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos; Geová Oliveira de Amorim, Edney Gustavo


Fernandes Tenório, António Manuel da Costa Vieira,Adriano Rockland Siquera Campos,
Phillipe Xavier Moreira de Barros

Introdução: Qualquer profissão requer o domínio de habilidades e conhecimentos


específicos para que seja desenvolvida de maneira satisfatória e eficaz. Para
determinadas profissões, como é o caso dos atores, a voz se configura em um
instrumento valioso de trabalho. Para esses profissionais o uso da voz é intenso, seja pela
quantidade de horas que se passa falando, seja pelo tipo e qualidade de voz que se
exige. Objetivo: Investigar a autoavaliação do grau de quantidade de fala e intensidade
vocal em ambiente laboral e extralaboral de atores de teatro. Método: Estudo
observacional transversal descritivo. A amostra foi composta por 28 atores de teatro,
sendo 16 homens e 12 mulheres com idades entre 18 e 32 anos. Foi aplicado o protocolo
de grau de quantidade de fala e intensidade vocal, no qual os indivíduos foram orientados
quanto ao preenchimento do protocolo na situação de voz habitual e voz no trabalho. Em
seguida os dados foram tabulados e analisados estatisticamente pelo software SPSS
16.0. Resultados: A média de idade dos participantes da pesquisa foi de 25 anos. Em
relação à questão inicial de autoavaliação vocal, a maioria dos indivíduos do sexo
masculino referiu achar a voz Boa (6; 37,5%) e Razoável (8; 50%) e os indivíduos do sexo
feminino consideraram suas vozes Boa (4; 33,5%) e Razoável (6; 50%). No tocante a
quantidade de fala e intensidade vocal em ambiente extralaboral os sujeitos do sexo
masculino apresentaram uma média de quantidade de fala de 5,0 e de intensidade vocal
4,5. Em atividades laborais esse mesmo grupo apresentou uma média de quantidade de
fala de 4,75 e intensidade vocal 5,0. Já os sujeitos do sexo feminino apresentaram média
tanto de quantidade de fala quanto de intensidade vocal em ambiente extralaboral de 4,0.
No que diz respeito a atividades laborais, o grupo de indivíduos do sexo feminino
apresentou média de quantidade de fala de 5,0 e de intensidade vocal de 4,5. Conclusão:
Atores de teatro do sexo masculino ou feminino, autoavaliam suas vozes como boas e
razoáveis e apresentam escores de quantidade de fala e intensidade vocal em atividades
laborais e extralaborais aumentados. Demandas de uso de voz elevadas com alto grau de
requinte sem um bom condicionamento vocal, podem levar profissionais dessa categoria
profissional a desenvolverem problemas vocais e laríngeos.

746
Quantidade de fala e intensidade vocal em jornalistas

Fernanda Raissa de Albuquerque Bastos; Geová Oliveira de Amorim,


Edney Gustavo Fernandes Tenório, Lavoisier Leite Neto, Phillipe Xavier Moreira de Barros

Introdução: Jornalistas são profissionais que tem a voz como ferramenta de comunicação
e expressividade. Na comunicação jornalística a voz precisa ser agradável, sem desvios
da qualidade, clareza articulatória e com boa plasticidade vocal. A quantidade de fala e a
intensidade de voz, associado ao grau de requinte exigido desses profissionais, constitui
elemento de investigação nesse contexto profissional. Objetivo: Investigar a autoavaliação
do grau de quantidade de fala e intensidade vocal nas atividades laborais e extralaborais
de Jornalistas. Método: Estudo observacional transversal descritivo. A amostra foi
composta por 32 jornalistas, sendo 18 do sexo masculino e 14 do sexo feminino com
idades entre 17 e 45 anos. Aplicou-se o protocolo de grau de quantidade de fala e
intensidade vocal, no qual os indivíduos foram orientados quanto ao preenchimento do
protocolo na situação de voz habitual e voz no trabalho. Em seguida os dados foram
tabulados e analisados estatisticamente pelo software SPSS 16.0. Resultados: A média
de idade dos participantes da pesquisa foi de 23 anos. No que diz respeito à questão
inicial de autoavaliação vocal, a maioria dos indivíduos do sexo masculino referiu achar a
voz Boa (6; 37,5%) e Razoável (8; 50%) e os indivíduos do sexo feminino referiram achar
suas vozes Boa (4; 28,6%) e Razoável (8; 57,1%). No tocante à quantidade de fala e
intensidade vocal em ambiente extralaboral, os sujeitos do sexo masculino apresentaram
uma média de quantidade de fala de 4,22 e de intensidade vocal de 4,5. Em atividades
laborais esse mesmo grupo apresentou média de quantidade de fala de 3,66 e
intensidade vocal de 4,05. Nos sujeitos do sexo feminino a média de quantidade de fala
em ambiente extralaboral foi de 5,65 e o de intensidade vocal de 6,33. Para as atividades
laborais, o grupo de indivíduos femininos apresentou média de quantidade de fala de 5,7
e de intensidade vocal de 5,43. Conclusão: Jornalistas relatam considerar suas vozes
razoáveis e apresentam médias de quantidade de fala e intensidade vocal nas atividades
laborais e extralaborais elevadas,o que pode contribuir para o surgimento de alterações
laríngeas e vocais.

747
Queixa vocal e fatores biopsicossociais dos professores assistidos por um
programa de assessoria em voz

Laise Paiva; Vânia Souza, Vanessa Mascarenhas, Bruno Silva, Anna Alice Almeida,
Leonardo Lopes, Elma Azevedo, Maria Fabiana Bonfim de Lima Silva

Introdução: Os professores são essenciais para o desenvolvimento do país e formação da


sociedade como um todo. Estudos mostram que condições de trabalho desfavoráveis
podem acarretar exaustão psicológica, física e social do professor, que frequentemente é
acometido por patologias, dentre elas, a disfonia funcional, levando muitas vezes a
situações a afastamento temporário ou a readaptação das suas atividades laborais.
Tendo em vista a importância dessa categoria profissional, se faz necessárias pesquisas
que tenham como meta detectar os fatores biopsicossociais que possam estar
relacionados com a queixa vocal do professor, uma vez que a voz é o principal
instrumento de trabalho dessa categoria. Objetivo: Investigar a relação entre os fatores
biopsicossociais e as queixas vocais dos professores de escolas públicas assistidos por
um programa assessoria vocal, em João Pessoa -PB. Método: Foi realizado um estudo
transversal e observacional, no qual participaram 100 professores do ensino fundamental
e médio. Os professores responderam a um questionário Condição de Produção Vocal-
Professor, composto por 79 questões. As variáveis analisadas desse instrumento foram:
sexo, idade, tempo de trabalho, número de escolas onde leciona, permanência com os
alunos, ambiente de trabalho, stress, problemas emocionais, horas de sono, queixa vocal
e sua causa. Os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel 2010, e submetidos
à análise descritiva. Tal pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(protocolo n° 091/13). Resultados: os professores eram predominantemente do sexo
feminino (68%) com idade média de 42 anos. Apresentaram, em média, o tempo de
magistério de 21 anos. 42% trabalhavam em apenas uma escola e 58% em mais de uma
escola. Grande parte da amostra, afirmavam permanecer de 10 a 20 horas por semana
com os alunos na escola (38%). Quanto ao ambiente de trabalho, 61% dos professores
afirmavam que era sempre stressante; 40% consideravam que o stress interferia na sua
qualidade vocal; e 73% dos professores consideram que o ambiente de trabalho interfere
na sua saúde e qualidade de vida. Em relação ao sono 66% dormem menos do que oito
horas por dia. 81% dos professores referiram queixa vocal. Quanto às causas, foram
mencionadas: uso intensivo da voz (63%), stress (36%), alergia (34%) e exposição ao
barulho (30%). Conclusão: houve relação entre os fatores biopsicossociais e as queixas
vocais autorreferidas pelos professores pesquisados. Tendo em vista a grande
quantidade de docentes que consideram que o trabalho oferece condições desfavoráveis
para a sua saúde vocal se faz necessário à realização de uma assessoria em voz, dentro
das escolas, a esses profissionais que estão mais propensos a desenvolver distúrbio de
voz e alterações laríngeas. Ao término do estudo foram realizadas campanhas,
orientações e oficinas, por meio do Programa de Extensão de Assessoria em Voz para
Professores – ASSEVOX, com apoio da Secretaria de Educação do Município e Estado,
com a finalidade de conscientizar os professores sobre o uso adequado da voz, a
importância dos cuidados vocais e do uso dos recursos vocais e expressivos para seu
desempenho profissional.

748
Queixas e hábitos vocais em crianças de 1ª à 4ª série do ensino fundamental

Julya Macedo; Daline Backes Eyng, Flávia Adeline Guilherme do Prado

Introdução: A voz é uma característica pessoal de cada indivíduo, indicadora de suas


atitudes e emoções, possibilita a troca de ideias e experiências, por isso é importante que
se cuide da voz desde a mais tenra idade, pois um dos sintomas mais comuns na infância
são as queixas vocais, dificuldades que impedem a produção perfeita da voz, interferindo
na comunicação do falante e consequentemente do ouvinte. Objetivo: Verificar as
possíveis queixas e hábitos vocais de crianças de 1ª à 4ª série pertencentes a uma escola
da rede municipal de ensino. Metodologia: A metodologia adotada foi de uma pesquisa
quantitativa descritiva por meio de aplicação de questionários, qual constituiu abordar os
pais por meio de questões, para avaliar o comportamento e as queixas vocais de seu
filho. RESULTADOS: Os principais resultados encontrados estão relacionados à
percepção dos pais ao padrão vocal dos filhos, 62% afirmaram haver alteração vocal.
Quanto aos hábitos vocais das crianças, as queixas mais citadas foram: falar muito 100%,
imitar super-heróis 77%. Ao momento que mais se evidencia a alteração vocal na criança,
77% dos pais garantiu acontecer quando as mesmas gritam muito, 69% dos pais notam
que os filhos tossem após falar muito. Das queixas vocais 54% das crianças afirmaram
perceber alterações na própria voz, e 46% queixam-se de dor e ardor na garganta com
frequência. Conclusão: Conclui-se, portanto, que a demanda de queixas vocais infantis é
significativa, portanto, na tentativa de auxiliar na prevenção dos cuidados vocais, deve-se,
desde muito cedo, estimular as crianças a cuidar e a exercitar sua voz de maneira correta.

749
Relação entre autoavaliação vocal e dados da avaliação clínica em indivíduos
disfônicos

Ana Paula Dassie-Leite; Luciana Branco Carnevale, Eliane Cristina Pereira, Caroline
Amália Pereira, Heloiza Lima da Rocha, Luiz de Lacerda Filho

Objetivo: Relacionar os índices de autoavaliação vocal com os dados da avaliação clínica


de indivíduos disfônicos. Método: Trata-se de estudo observacional, retrospectivo,
descritivo. Foram analisados 116 prontuários de pacientes disfônicos atendidos em uma
Clínica-Escola de Fonoaudiologia no período de 2007 a 2011. Foram levantados os dados
referentes à autoavaliação vocal (índices de QVV, IDV e atribuição de nota referente ao
impacto vocal), à anamnese (sexo, idade, profissão, tipo de queixa, tempo de queixa,
tratamentos anteriores para a disfonia), à avaliação perceptivo-auditiva (qualidade vocal,
grau de alteração, pitch, loudness, ressonância, articulação e CPFA) e aos dados
objetivos (TMF e relação s/z). Os dados foram tabulados e analisados estatisticamente.
Resultados: Não houve diferença na comparação dos escores de QVV e IDV com as
variáveis referentes a sexo, qualidade vocal, grau de alteração, pitch, ressonância,
articulação, velocidade de fala e tipo de disfonia. Indivíduos com loudness fraca,
incoordenação pneumofonoarticulatória, que utilizam a voz profissionalmente e que já
fizeram tratamentos anteriores para a disfonia apresentaram piores índices na
autoavaliação vocal. Não houve correlações importantes entre os índices de
autoavaliação vocal e as demais variáveis contínuas (idade, tempo de queixa, TMF e
relação s/z). Conclusão: A autoavaliação vocal é uma impressão bastante subjetiva por
parte do paciente, e independe da maior parte dos dados coletados na avaliação clínica.
Ser profissional da voz, já ter buscado outros tratamentos anteriores para a disfonia,
apresentar loudness fraca e incoordenação penumofonoarticulatória parecem influenciar
negativamente na autoavaliação do indivíduo disfônico acerca do impacto da disfonia em
sua vida diária.

750
Relação entre dados laringológicos e vocais em mulheres com Edema de Reinke

Ana Paula Dassie-Leite; Juliana Benthien Cavichiolo, Elmar Allen Fugmann

Introdução: O edema de Reinke é uma alteração comum entre pacientes tabagistas, e


que afeta substancialmente a qualidade da voz. Objetivo: Relacionar os dados das
avaliações laringológica, vocal e de qualidade de vida de mulheres portadoras de Edema
de Reinke. Método: Estudo observacional, prospectivo e transversal. Participaram 22
mulheres, com idades entre 45 e 78 anos (média 58,3), acompanhadas no Serviço de
Endoscopia PerOral/HC/UFPR. As pacientes foram submetidas à avaliação laringológica
para observação das variáveis referentes ao grau do edema e à associação de outras
lesões e/ou alterações laríngeas; avaliação perceptivo-auditiva da voz e análise acústica
com a obtenção dos dados de frequência fundamental, jitter, shimmer e proporção
harmônico/ruído; autoavaliação vocal por meio do protocolo QVV. Os exames
laringoscópicos e as amostras vocais foram analisados por especialistas em laringe e voz
que não participaram da coleta de dados. Os dados obtidos foram analisados
estatisticamente. Resultados: Foi possível observar que a fadiga vocal e a dificuldade
respiratória aumentaram à medida que houve a piora do grau de edema de prega vocal. O
grau do edema não teve relação com o número de cigarros consumidos ao dia nem com o
tempo médio de tabagismo. No entanto, houve relação estatisticamente significante na
maior parte dos cruzamentos relacionados aos parâmetros vocais (perceptivo-auditivos,
acústicos e de autoavaliação), sendo que pacientes com Grau III obtiveram valores mais
alterados. Conclusões: As características laringológicas referentes à progressão do
edema de Reinke estão diretamente relacionadas à piora dos parâmetros perceptivo-
auditivos e acústicos da voz e a um maior impacto da disfonia na qualidade de vida.

751
Remoção de pólipos em cantores através de fonoterapia. Relato de dois casos

Tatiana Medeiros; Andrea Maria Campagnolo, Jaqueline Maria Priston

Introdução: Na literatura o que encontramos é que o pólipo de prega vocal das lesões
organofuncionais é uma das mais difíceis de involuir com fonoterapia. A conduta
geralmente adotada é a indicação para a remoção cirúrgica, com encaminhamento do
paciente para um acompanhamento fonoaudiólogo pré e pós cirúrgico. Existem poucos
relatos descritos sobre remoção de pólipo somente com fonoterapia. A fisiologia do
exercício revela que um treinamento de alta intensidade e curta duração oferece
resultados superiores quando comparado aos treinamentos de baixa ou moderada
intensidade e de longa duração, tanto em termos de força muscular, função e resistência.
No trabalho de voz profissional onde a demanda vocal é grande e o profissional não pode
parar as atividades por muito tempo o trabalho intensivo com uma terapia com adesão,
diretiva e específica é o ideal para um bom prognóstico. Objetivo: Descrever o relato de 2
casos de remoção de pólipo em cantores com fonoterapia através de método específico.
Metodologia: Relatos de casos de 2 cantores populares: um do sexo masculino, 38 anos,
e outro do sexo feminino, 33 anos, ambos alérgicos, com queixas de rouquidão, sem
histórico de tabagismo, etilismo e fonoterapia. A avaliação otorrinolaringológica revelou
pólipo de prega vocal, nos dois casos lesões recente. A avaliação fonoaudiológica
mostrou nos 2 casos vozes instáveis, rugosas, com quebras nos agudos e ressonância
equilibrada. O planejamento terapêutico incluiu: Avaliação e acompanhamento in locu,
aquecimento e desaquecimento vocal, dieta vocal, atendimento no consultório e utilização
das técnicas vocais de sons de apoio, técnicas de mudanças de postura com emissão de
sons agudos, B prolongado, trato vocal semi-ocluído, execução de escalas, modulação de
altura e intensidade. Os atendimentos foram feitos 2 ou 3 vezes por semana. Fazendo
uma combinação diária de exercícios de relaxamento, resistência e ressonância vocal.
Resultados: Os pacientes sentiram uma excelente melhora na performance vocal. Na
reavaliação otorrinolaringológica e fonoaudiológica, respectivamente observou-se que as
lesões de ambos os casos foram removidas, em 10 atendimentos no caso do cantor e em
15 atendimentos no caso da cantora. As vozes ficaram estáveis, com brilho, ressonância
equilibrada, houve aumento do TMF, extensão e resistência vocal. Discussão: Pólipo de
prega vocal é uma lesão laríngea benigna relativamente comum que causa rouquidão
persistente. Sua aparência pode ser avermelhada, esbranquiçada ou translúcida e a
imagem é de uma lesão elevada, localizada na borda livre da prega vocal, geralmente na
junção do terço anterior com o médio. Acredita-se que o abuso vocal esteja na base de
seu desenvolvimento, provocando rupturas nos vasos das camadas superficiais da lâmina
própria, produzindo um hematoma. Embora a cirurgia seja o tratamento preferido, alguns
médicos observaram que certa proporção dos pólipos desaparece com fonoterapia
dependendo do tamanho, extensão e se é recente ou não! Conclusão: Ainda não existem
muitos relatos se o pólipo pode ou não sair somente com fonoterapia mas alguns casos
estão tendo bons resultados na clínica principalmente se o trabalho for específico e
direcionado

752
Revisão bibliométrica das publicações em periódicos nacionais sobre voz do idoso

Jussier Rodrigues da Silva; Jéssica Nazita Silva e Lima, Leandro de Araújo Pernambuco

Introdução: ao envelhecer, a voz humana pode sofrer mudanças associadas ao declínio


morfofuncional natural do organismo ou a patologias adquiridas. Projeções populacionais
apontam para o crescimento exponencial da população idosa em todo o mundo, inclusive
no Brasil. Verificar a abordagem adotada pelas pesquisas e periódicos nacionais diante
dessa perspectiva no que diz respeito à temática voz no envelhecimento pode auxiliar a
melhor compreender o conhecimento já produzido e elucidar quais lacunas precisam ser
preenchidas. Objetivo: Identificar as características dos estudos publicados no Brasil
sobre voz do idoso a partir de uma revisão bibliométrica. Métodos: as bases de dados
consultadas foram Bireme, Lilacs, Medline e SciELO. A partir dos descritores
selecionados foram definidos os seguintes cruzamentos: idoso and voz; idoso and
distúrbios da voz; idoso and disfonia; envelhecimento and voz; envelhecimento and
distúrbios da voz; envelhecimento and disfonia. Foram inseridas apenas publicações em
periódicos nacionais. 2240 artigos foram encontrados, sendo 2214 excluídos por estarem
publicados em periódicos estrangeiros ou não abordarem diretamente o tema, 9 por
serem repetidos, 3 pela indisponibilidade do texto completo, 1 por ser revisão narrativa da
literatura e 2 por estudarem cadáveres. Após leitura do texto completo, um artigo foi
excluído por não permitir identificar os sujeitos da amostra como idosos. A amostra final
foi composta por 10 artigos. As variáveis consideradas na análise foram: número de
artigos por ano, unidade da federação na qual o estudo foi realizado, origem da amostra,
idade, tema geral da pesquisa, procedimentos realizados, tarefas vocais e parâmetros da
voz. Resultados: houve número reduzido de artigos publicados sobre a temática. Os
artigos incluídos ficaram concentrados entre os anos de 2005 e 2011, contudo, não houve
aumento regular no número de publicações ao longo dos anos. Houve predomínio de
pesquisas realizadas no estado de São Paulo (n=7), seguido de Minas Gerais (n=1) e
Pará (n=1). Apesar de não ficar explícita na maioria dos artigos, a origem da amostra foi
agrupada nas categorias residentes na comunidade (n=7), institucionalizados (n=2) e
frequentadores de associação (n=1). A menor idade encontrada foi 57 anos e a maior 103
anos. Dentre os estudos que referiram a média de idade, a menor foi 66,86 e a maior foi
75,7. Os temas abordados pelas publicações foram: descrição dos parâmetros vocais por
meio de análise perceptivo-auditiva e acústica (n=4), qualidade de vida e voz (n=1),
autopercepção vocal (n=3), voz profissional (n=1) e resultado de intervenção
fonoaudiológica (n=1). Os procedimentos mais realizados foram aplicação de questionário
de qualidade de vida, avaliação perceptivo-auditiva e análise acústica. As tarefas vocais
mais solicitadas foram vogais sustentadas e fala espontânea. Os parâmetros vocais mais
analisados foram pitch, loudness, tempo máximo de fonação e tipo de ressonância.
Conclusões: identificou-se um número reduzido de trabalhos publicados nos periódicos
nacionais sobre voz do idoso, com estabilidade ao longo dos anos, concentração de
estudos realizados em São Paulo, interesse na descrição de parâmetros vocais e
metodologia heterogênea em relação aos procedimentos, tarefas e parâmetros avaliados.

753
Saúde vocal de preparadores físicos de futebol – queixas e cuidados

Noelle Bernardi da Silva; Regina Zanella Penteado

Introdução: O futebol desponta como o esporte em evidencia em função da Copa do


Mundo no Brasil. Os Preparadores Físicos de futebol integram a equipe técnica e fazem
uso da voz no trabalho, mas falta, na literatura fonoaudiológica, estudos voltados para a
saúde vocal desta categoria. Objetivo: Analisar aspectos relativos à saúde vocal de
preparadores físicos de futebol. Metodologia: São sujeitos 13 Preparadores Físicos de
futebol dos times classificados para a primeira fase do Campeonato Paulista de Futebol
de 2012/série A. Foi realizada entrevista aberta com os Preparadores Físicos sobre os
seguintes aspectos: a) queixas, dificuldades ou problemas com o uso da
voz/comunicação no seu trabalho; b) cuidados com a voz; c) relações entre condições de
saúde, trabalho e qualidade de vida. A entrevista foi feita no local de treinamento dos
times e gravada por meio de um gravador digital SONY-ICD-PX312. As gravações foram
transcritas e os discursos analisados (análise de conteúdo), com identificação de
categorias temáticas. Aprovação CEP 99/11 de 13/12/2011. Resultados: Os Preparadores
Físicos de futebol apresentam queixas, dificuldades e problemas com o uso da
voz/comunicação no seu trabalho: falar em forte intensidade em ambiente ruidoso, aberto
e sem acústica; exposição a mudanças de temperatura e choque térmico; alergias,
cansaço vocal, rouquidão, dor de garganta e perda de voz nos finais de semana e de
campeonatos. Quanto aos cuidados com a voz, são poucos os que o fazem, sendo a
preocupação voltada para a hidratação e evitar gelados. Há os que afirmam não realizar
cuidado algum e muitos praticam auto-medicação (consumo de pastilhas). Os cuidados
com a voz são, portanto, precários e insuficientes. Vivenciam uma condição paradoxal no
que diz respeito às relações entre saúde, trabalho e qualidade de vida: as situações de
trabalho envolvem tensão, pressão emocional e estresse, desfavoráveis e com impactos
negativos percebidos na saúde geral e vocal, na comunicação e na qualidade de vida. Por
outro lado, por se tratar de profissionais do esporte - e este ter uma representação social
ligada à saúde - os preparadores físicos se cobram ser exemplos para os jogadores e,
neste sentido, eles se esforçam para ter uma aparência e hábitos saudáveis, como
alimentação adequada, evitar drogas e álcool, descanso/sono e praticar atividade física.
Conclusões: Os Preparadores Físicos de futebol apresentam queixas, dificuldades e
problemas com o uso da voz no trabalho e necessitam de ações para promoção da saúde
e bem-estar vocal e preparo para o uso da voz profissional.

754
Saúde vocal de técnicos de futebol - queixas e cuidados

Noelle Bernardi da Silva; Regina Zanella Penteado

Introdução: Os técnicos de futebol fazem uso da voz no trabalho e não contam com
orientação sobre saúde vocal e/ou preparo para o uso profissional da voz. Além disto, há
poucos estudos fonoaudiológicos com esta categoria, que demanda atenção e que se
encontra em evidência no momento atual, com o advento da Copa do Mundo, no Brasil.
Objetivo: Analisar aspectos relativos à saúde vocal de técnicos de futebol. Metodologia:
São sujeitos 13 técnicos de futebol dos times classificados para a primeira fase do
Campeonato Paulista de Futebol de 2012/série A. Foi realizada entrevista aberta com os
técnicos sobre os seguintes aspectos: a) queixas, dificuldades ou problemas com o uso
da voz/comunicação no seu trabalho; b) cuidados com a voz; c) relações entre condições
de saúde, trabalho e qualidade de vida. A entrevista foi feita no local de treinamento dos
times e gravada por meio de um gravador digital SONY-ICD-PX312. As gravações foram
transcritas e os discursos analisados (análise de conteúdo), com identificação de
categorias temáticas. Aprovação CEP 99/11 de 13/12/2011. Resultados: Os técnicos de
futebol apresentam as seguintes queixas, dificuldades ou problemas com o uso da
voz/comunicação no seu trabalho: alergias, garganta seca, cansaço vocal, rouquidão e
perda da voz no final do dia e de jogos. Quanto aos cuidados com a voz, poucos realizam
hidratação; têm hábitos inadequados, como o consumo do café, a prática de auto-
medicação e o uso de soluções caseiras (principalmente pastilhas, chás e substâncias
como gengibre, própolis, mel, sal e vinagre). Apresentam quadros de resfriados e poucos
se preocupam em poupar a voz. A maioria reconhece não ter cuidado algum, nem
atenção com a saúde vocal; e que falta orientação e preparo para o uso profissional da
voz. No que diz respeito às relações entre condições de saúde, trabalho e qualidade de
vida os técnicos se vêm frente a uma condição paradoxal: por atuarem na área do
esporte, são levados a se preocupar em cuidar do corpo, da mente e da saúde,
especialmente na busca de uma alimentação equilibrada e na prática de atividade física –
inclusive com o intuito de serem exemplos para os jogadores. Por outro lado, o trabalho
envolve o enfrentamento constante de conflitos, problemas e pressões que são
desgastantes e estressantes e exigem muito equilíbrio emocional. Conclusão: Os técnicos
de futebol apresentam queixas vocais e necessitam de ações fonoaudiológicas para
promoção da saúde e bem-estar vocal e preparo para o uso da voz profissional.

755
Saúde vocal em professores

Marina Padovani; Luciene Pereira Peixoto Dos Santos, Marisa Sacaloski

Saúde vocal pressupõe a intenção do profissional em utilizar sua voz de maneira correta
com cuidados. Geralmente o profissional inicia sua carreira sem nenhuma orientação
vocal e este despreparo pode trazer ao docentes alterações, limitando seu desempenho
profissional. As principais necessidades e problemas são percebidos em situações da
vida diária, relacionadas ao desenvolvimento da profissão e trabalho docente. A
caracterização dos estudos em saúde vocal de professores e seus resultados é o nosso
objetivo, a partir do levantamento da literatura nacional dos últimos doze anos. Este
estudo bibliográfico foi realizado a partir do levantamento de artigos periódicos da
Biblioteca Regional de Medicina, BIREME, na base de dados LILACS. Foram
selecionados inicialmente 37 artigos em língua portuguesa. Os critérios de seleção foram:
textos completos de 2000 a 2012, a partir da combinação dos seguintes unitermos:
“Saúde vocal” e “professores”. Foram excluídos aqueles que não tinham aderência ao
tema (artigos sobre deficiência visual e auditiva, análise de literatura, leis, atividades de
ditado em ambiente ruidoso, gerenciamento de grupos, rouquidão em alunos uso de voz
professor de educação física), restando assim, 28 artigos. Os dados foram organizados
em gráficos quando ao tipo de escola que lecionam, sexo dos professores, tipos de
estudo, de intervenção, bem como seus resultados. Observamos que a maioria dos
estudos abordam professores de escolas públicas, a maioria dos sujeitos estudados era
do sexo feminino, 56%, versus 40% do sexo masculino. Os estudos caracterizavam-se
como tranversal (23%) e qualitativa (16%), com utilização dos instrumentos: aplicação de
questionário(54%) e coletas de dados (17%), obtidos por avaliação e entrevista., A maior
parte (82%) concentrou-se no levantamento de dados enquanto apenas 18% realizou
algum tipo de intervenção. No entanto, os estudos de intervenção apontam resultados
positivos (67%).A partir do levantamento de literatura nacional dos últimos doze anos em
voz do professor, pudemos concluir que os estudo concentram-se em dados de escolas
públicas e professoras; com metodologia transversal ou qualitativa, com levantamento de
dados e uso de questionários e avaliação.Há poucos estudos de intervenção, mas estes
foram efetivos.

756
Sensibilidade do IDV e IDV10, pré e pós terapia em profissionais da voz com
disfonia

Vanessa Pedrosa; Graziela Carvalho, Mara Behlau

Introdução: O Índice de Desvantagem Vocal (IDV) é um questionário que quantifica o


impacto de uma disfonia nas dimensões física, emocional e funcional. Sua versão original
contém 30 questões. As 10 questões consideradas como maior relevância foram
selecionadas para uma versão reduzida chamada IDV-10. Os resultados do questionário
serão correlacionados com os dois métodos de reabilitação (Exercícios de função vocal
(EFV) e Programa Integral de Reabilitação Vocal (PIRV) aplicados em profissionais da
voz e com a qualidade da voz pré e pós a reabilitação. Objetivo: Verificar a sensibilidade
do IDV nas versões original e reduzida (IDV-10). Métodos: Participaram 72 sujeitos, 50
mulheres e 22 homens, com idade entre 18 e 55 anos, profissionais da voz, com
diagnóstico de disfonia funcional. Todos os pacientes foram solicitados a responder o
questionário IDV, que é um questionário de auto-percepção-vocal que contém trinta
questões e permite que o paciente analisado escolha entre as seguintes respostas:
nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre e sempre, para perguntas relacionadas à
desvantagem vocal. Esse questionário apresenta quatro domínios, sendo eles: orgânico,
funcional, emocional e total. As respostas do IDV-10 são extraídas do questionário IDV
completo. Após aplicação do IDV, o paciente foi randomizado para dois grupos de
tratamento: o método EFV e o PIRV. Os pacientes foram submetidos a seis sessões de
fonoterapia. Ao termino das sessões, os profissionais da voz responderam o questionário
outras duas vezes. Uma vez no término imediato da fonoterapia e outra após um mês. As
vozes dos pacientes foram registradas nos três momentos e avaliadas por três
fonoaudiólogas quanto ao grau de desvio vocal em uma escala analógica de 100
milímetros. Foi escolhida a avaliação com maior grau de confiabilidade. Resultados:
Houve diminuição média do IDV e do IDV-10 nos três momentos respondidos. No grupo
tratado com EFV as médias do IDV reduziram de 40,86 para 22 e finalmente para 17,59.
No grupo tratado com PIRV as médias reduziram 32,17 para 22,34 e 15,23. O grau de
desvio vocal diminuiu nos dois grupos tratados entre a primeira e a segunda avaliação. No
grupo EFV as médias reduziram de 49 para 34,45 e 32,67 pontos. No grupo tratado com
PIRV as médias foram 47,88, 32,43 e 38,22 pontos. Entre os momentos imediatamente
após o tratamento e um mês após, o grau de desvio vocal não apresentou variação
significativa. Nas três avaliações feitas, observou-se que a média total do IDV 30 caiu
44,77%, demonstrando haver uma melhor desvantagem percebida pelo paciente. Assim
como a do IDV 10, onde a média total caiu 44,06%. Conclusão: Com esse estudo, pode-
se observar que o IDV 10 detecta, assim como o IDV 30, o resultado da fonoterapia e a
diminuição da desvantagem vocal associado ao grau de rouquidão, demonstrando que a
sensibilidade do IDV 10 e do IDV 30 são semelhantes, no pós terapia, em pofissionais da
voz com disfonia. Para este caso, os diferentes programas terapêuticos aplicados não
interferiram no resultado final. Após as sessões de fonoterapia, o.grau de rouquidão
diminui, assim como a desvantagem vocal.

757
Sintomas vocais de professores de cuiabá relacionados ao tempo de docência e
carga horária semanal

Gabriela De Luccia; Barbara Boerner Ciralli, Gabryelli Moraes Silva, Gabriela De Luccia,
Adriana Lima Valente

Introdução: A voz é o principal meio de comunicação, uma voz considerada harmônica é


aquela que chega ao ouvinte com boa qualidade, sendo emitida sem dificuldade ou
desconforto pelo falante. Professores são considerados profissionais da voz, pois
dependem dela para o exercício de suas atividades profissionais. Estão inseridos no
grupo que representam maior risco para o desenvolvimento de distúrbios vocais devido a
particularidades do ambiente de trabalho e a demanda vocal elevada. Objetivo: Verificar
se o docente que exerce a profissão por um período maior de tempo tem mais sintomas
de alterações vocais e se a carga horaria semanal elevada influencia no desenvolvimento
precoce de alterações vocais. Métodos: Composto por 66 professores do ensino médio da
rede pública estadual do município de Cuiabá-MT. Para a coleta de dados foi utilizado o
questionário de autor-referência denominado Condição de Produção Vocal do Professor
(CPV-P). Resultados: Dos 66 professores analisados, 5 (7,5%) não relataram presença de
sintomas vocais, entretanto, 58 (87,8%) relataram algum tipo de sintoma. A correlação
entre sintomas vocais e carga horária semanal não obteve diferenças estatísticas. Em
relação ao tempo de docência e prevalência de sintomas vocais foi encontrado que os
professores que trabalham a mais de 10 anos apresentam uma média geral maior de
sintomas vocais, sendo que dentre os sintomas vocais que apresentaram diferenças
estatísticas foram: rouquidão, falta de ar e secreção, os demais sintomas não
apresentaram diferenças estatísticas significantes. Discussão: Utilizamos nesta pesquisa
um questionário como instrumento para coleta de dados por este ser utilizado na maioria
dos estudos levantados com as mesmas características. Na amostra deste estudo, houve
o predomínio do sexo feminino (69,6%), estudos evidenciam que este predomínio entre os
professores é comum. Nesta pesquisa não foi observada significância em nenhuma das
autorreferências aos sintomas vocais e a carga horária semanal de trabalho. Na literatura,
há alguns estudos que evidenciam maior carga horária semanal, como fator que
predispõem as alterações vocais e outros que apontam ao contrário, mostrando maior
prevalência de disfonia em professores com maior tempo de profissão, concordando com
os resultados desta pesquisa que apresentou correlação significativa entre tempo de
profissão com frequência de disfonia. Os sintomas vocais auto referidos prevalentes nesta
pesquisa foram: rouquidão (63%), falta de ar (40,9%) e secreção (33,3%), tais sintomas
estão diretamente relacionados aos quadros de uso excessivo ou inadequado da voz.
Como mostram os resultados, estes sintomas foram mais frequentes entre os professores
com maior tempo de docência; concluindo-se que o fator tempo de profissão está
fortemente associado às alterações vocais. Conclusão: O presente estudo evidenciou que
o docente que exerce a profissão por um período maior de tempo tem mais sintomas de
alterações vocais, porém com relação à carga horaria semanal elevada no
desenvolvimento precoce de alterações vocais não foram encontradas diferenças
estatísticas.

758
Sintomas vocais e absenteísmo em teleoperadores sindicalizados

Maria Lúcia Vaz Masson; Flávia Silva Santa Mônica, Tânia Maria de Araújo

Introdução: o avanço das tecnologias de telecomunicações ampliou as ferramentas de


marketing criando uma nova categoria profissional que faz uso ocupacional da voz,
denominada “teleoperador”. Apesar do crescimento exponencial do teleatendimento, não
se observou - na mesma velocidade - a incorporação de medidas de proteção aos
trabalhadores. Assim, os processos de adoecimento têm sido frequentes nesse grupo
profissional, especialmente em relação aos agravos na voz. A ausência no trabalho
(absenteísmo) pode ser um indicativo importante dos processos de adoecimento, tendo
em vista a elevada prevalência de alterações vocais em teleoperadores, destacando-se
os fatores ocupacionais presentes. Objetivos: descrever a frequência de sintomas vocais,
absenteísmo por problema vocal e possíveis causas relacionadas aos sintomas e à
ausência no trabalho, referidos por teleoperadores. Métodos: estudo de corte transversal,
de caráter descritivo, com 80 teleoperadores vinculados a sindicato da categoria,
devidamente aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa. Os dados foram coletados por
meio de questionário estruturado. Foram analisadas as frequências de sintomas vocais,
de absenteísmo e as condições de trabalho associados a esses eventos. Para a variável
“sintomas vocais” foi considerada sua presença nas últimas duas semanas e, para
“absenteísmo”, nos últimos seis meses. As causas dos sintomas vocais foram assinaladas
a partir de variáveis ocupacionais pré-definidas. Para a definição do problema vocal que
provocou o absenteísmo consideraram-se respostas abertas dos trabalhadores, as quais
foram posteriormente categorizadas. Os resultados foram digitados em planilha específica
e analisados descritivamente. Resultado: a amostra constituiu-se por 80% mulheres e
20% homens, com idade média de 28 anos (19-52), a maioria (73,3%) na faixa etária
entre 20 a 29 anos. Os sintomas vocais mais referidos foram: garganta/boca seca
(41,3%); falhas na voz (33,8%); e rouquidão (31,3%). A frequência do absenteísmo foi de
35%. O problema vocal mais relatado que impossibilitou o comparecimento no trabalho foi
rouquidão (46,4%). Os teleoperadores referiam como prováveis causas dos sintomas:
“uso intenso da voz” (70,0%); “estresse relacionado ao trabalho (46,4%)”; “presença de ar
condicionado” (57,5%); e “ambiente frio ou quente demais” (35,5%). Conclusões:
sintomas vocais mostraram-se frequentes em teleoperadores, sendo os fatores de
ambiente e organização do trabalho as causas autorreferidas. A ocorrência de
absenteísmo por problema de voz foi elevada, atingindo mais de um terço da população
estudada. Devido às limitações metodológicas impostas pelo tipo de estudo realizado
(corte transversal), os resultados devem ser analisados com cautela. Ademais, refletem a
realidade dos teleoperadores sindicalizados investigados, não sendo passível de
generalização. A alta ocorrência dos sintomas deixa evidente a necessidade de medidas
para redução, controle ou eliminação dessas exposições ocupacionais, pois potencializa
e/ou desencadeia processos de adoecimento no trabalhador.

759
Sintomas vocais e laríngeos e alterações vocais em cantores populares

Marina Padovani; Amanda Schöffel Ferraz, Marisa Sacaloski

Muitas pessoas dedicam-se à música, seja de forma profissional ou somente por hobby.
Em qualquer das duas opções é necessário que o cantor tenha cuidados especiais em
relação à saúde vocal, pois o abuso ou mau uso da voz pode, a longo prazo, limitar a
performance vocal do indivíduo.Tendo em vista que a voz é um instrumento fundamental
na rotina dos cantores, é imprescindível que a qualidade vocal destes seja monitorada e
que os hábitos vocais sejam adequados. Assim, esta pesquisa teve como finalidade
caracterizar os hábitos e sintomas de cantores populares e alterações vocais na voz
cantada. Participaram da pesquisa 30 cantores de música popular, com idade entre 20 e
50 anos, de ambos os sexos, com mais de um ano de prática de voz cantada, que foram
abordados em seus locais de trabalho (casas noturnas, bares e escolas de canto da
cidade de São Paulo). Após a assinatura do TCLE, foi aplicado um breve questionário
para identificar hábitos vocais nocivos e cuidados vocais (Questionário de Sinais e
Sintomas - QSSV), além da descrição de técnicas vocais utilizadas no aquecimento da
voz cantada. Em seguida, foi feita uma avaliação in loco da qualidade vocal durante a
apresentação musical, pela pesquisadora principal do trabalho, por meio da escala
GRBASI, bem como a classificação da qualidade vocal após o canto como igual, pior ou
melhor, quando comparada ao começo da performance. Os resultados mostraram que a
maioria dos cantores apresentou carga horária de canto entre 1 e 5 horas por semana
(33,3%), não fumavam (70%) e ingeriam bebida alcoólica de 1 a 5 vezes por semana
(56,66%). A carga horária de trabalho no canto foi baixa, houve consciência sobre os
malefícios do cigarro, no entanto, mais da metade ingeria bebida alcoólica semanalmente.
Os sintomas mais frequentes referidos pelos cantores foram: pigarro e falar muito alto
(30%), seguido por rouquidão (23,33 %).Quanto aos hábitos, verificou-se que 83,33% dos
participantes costumavam ingerir bebidas geladas com frequência, 60% ingeriam bebidas
alcoólicas pelo menos uma vez por semana, 46,66% costumavam incluir alimentos
achocolatados e derivados do leite em seus hábitos alimentares; alimentos gordurosos
eram consumidos com frequência por 36,66% dos entrevistados e apenas 13,33% faziam
uso de spray ou pastilha. Um pouco mais de um terço dos entrevistados (36,7%)
utilizavam técnica de vibração para aquecimento vocal.Na avaliação in loco, a maioria dos
sujeitos não apresentou desvio vocal. No entanto, observamos desvio leve em tensão (S)
com 36,66% e instabilidade (I) com 26,66%. A qualidade vocal pós canto não apresentou
alteração (57%), porém 42% apresentaram piora da voz, sugerindo que a prática do canto
nesses casos pode estar representando um abuso vocal, quer seja pelas condições
inflamatórias relacionadas a possível refluxo gastroesofágico, quer seja pela qualidade
vocal desviada (tensa e instável) utilizada por longo tempo. A partir do estudo sobre os
hábitos e sintomas de cantores populares e alterações vocais na voz cantada podemos
concluir que cantores populares têm baixa carga de trabalho semanal; queixam-se de
pigarro, uso de forte intensidade e rouquidão; ingerem alimentos gelados e alcoólicos,
além de derivados do leite e achocolatados; apresentam voz adaptada, com tensão e
instabilidade na minoria dos casos e utilizam técnicas vocais para cuidar da voz, que não
se mostraram suficientes para sanar as queixas e alterações encontradas, mostrando a
necessidade de um acompanhamento profissional especializado.

760
Telessaúde em fonoaudiologia: o atendimento fonoaudiológico virtual no Brasil

Telma Dias dos Santos; Vanessa Pedrosa, Mara Behlau

O Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa) regulamentou no Brasil, em março de


2013, o atendimento fonoaudiológico virtual como telessaúde em fonoaudiologia.
Segundo o CFFa, telessaúde em fonoaudiologia é o exercício da profissão por meio do
uso de tecnologias de informação e comunicação, com as quais se pode prestar serviços
em saúde como teleconsultoria, segunda opinião formativa, teleconsulta, telediagnóstico,
telemonitoramento e teleducação. O fonoaudiólogo que presta serviço em telessaúde
deve realizar procedimentos que garantam a mesma eficácia, efetividade e equivalência
do atendimento e do ensino presencial. O atendimento virtual está em discussão no
mundo científico e tem sido explorado pelas profissões da saúde. Hoje já encontramos
trabalhos, internacionais e nacionais, que descrevem essa prática clínica e, inclusive,
apontam uma equivalência entre essas modalidades. Objetivo: Obter dados preliminares
sobre a prática da telessaúde em fonoaudiologia no Brasil. Método: Pesquisa aprovada
pelo Comitê de Ética, com uso de questionário enviado por computador, com distribuição
nacional e ajuda do CFFa, contendo treze questões fechadas relacionadas à região, área
de atuação do fonoaudiólogo e prática fonoaudiológica virtual. Foram consideradas as
respostas colhidas durante duas semanas de acesso e os dados preliminares obtidos
funcionarão como base para um instrumento de levantamento mais detalhado para ampla
aplicação. Resultados: Foram coletados dados de 299 questionários. 44% respondidos
por profissionais da Região Sul, 35,9% da Região Sudeste, 12% da Região Nordeste,
5,2% da Região Centro-Oeste e 3% da Região Norte do Brasil. Quanto à área de atuação,
20,27% atendem linguagem, 17,57% voz, 16,22% motricidade oral, 13,51% audiologia e
fonoaudiologia educacional, 9,46% em disfagia e em saúde coletiva. De acordo com o
levantamento, 79,29% dos profissionais não atendem virtualmente, 16,67% já atenderam
virtualmente algumas vezes e apenas 4,04% praticam o atendimento virtual com certa
regularidade. Quanto às formas de atendimento, 68,19% usam o telefone para os
atendimentos virtuais, 63,64% atendem de forma assíncrona, por e-mail, 16,67% atendem
em tempo real, por videoconferência, sendo o Skype o programa mais usado para os
atendimentos (78,57%). Voz, motricidade oral, linguagem, disfagia e audiologia são as
especialidades que mais usaram ou usam telessaúde com certa regularidade e totalizam
mais de 78% dos casos. Cerca de 11% dos profissionais da fonoaudiologia educacional e
10% da fonoaudiologia e saúde coletiva relataram usar telessaúde, às vezes. Quanto à
prática de exercícios, 36,67% relatam nunca e 16,67% quase nunca fazer exercícios nos
atendimentos virtuais, concentrando sua intervenção em acompanhamento e orientação.
30% fazem exercícios quase sempre e 16,67% sempre. 73,33% dos profissionais relatam
eventual dificuldade ou limitação técnica para fazer os exercícios na modalidade virtual. A
maioria (86,67%) respondeu que as consultas virtuais têm, em média, 30 minutos de
duração e o valor cobrado e a periodicidade no atendimento virtual são diferentes do
presencial para 81,48% e 74,07% dos profissionais. A avaliação da qualidade do serviço
prestado é realizada formal e diretamente apenas por 23,81% dos profissionais, outros
38,10% fazem uma análise quantitativa e qualitativa com base na aderência ao
tratamento e os 38% restantes não avaliam o serviço prestado. Conclusão: A pesquisa
nos mostra que atendimento fonoaudiológico virtual já está em prática no Brasil, com
necessidade de se desenvolver procedimentos melhor controlados e de apoio ao
terapeuta e paciente. As áreas de especialidade que parecem estar se beneficiando mais
desse tipo de atendimento são voz, motricidade oral, linguagem, disfagia e audiologia.

761
Tempo máximo de fonação em falantes sem problemas de voz

Estela de Melo Silva; Silvia Maria Rebelo Pinho, Lucy Mary Muritiba da Silva, Gabriela
Silveira Sóstenes

Introdução: As medidas tecnicamente acústicas fazem parte da avaliação comportamental


da clínica fonoaudiológica, são fundamentais na descrição do comportamento vocal,
servindo entre outras funções para controlar a evolução terapêutica. Fazem parte dessa
avaliação às medidas respiratórias como o tempo máximo de fonação (TMF). O TMF é o
tempo máximo que o indivíduo consegue sustentar uma emissão de um som ou fala
encadeada. Objetivos: Avaliar o tempo máximo de fonação em falantes sem queixas de
voz. Métodos: A amostra foi composta por 70 indivíduos, sendo 35 falantes do sexo
masculino e 35 do sexo feminino, com faixa etária de idade entre 18 a 45 anos. Foram
excluídos os sujeitos cantores, fumantes, com problemas respiratórios e de voz. Foi
solicitada a emissão máxima sustentada da vogal /e/ áfona e sonora, em tom e
intensidade habituais. O tempo máximo de fonação foi cronometrado em segundos. Os
falantes estavam posicionados de pé. Resultados: A faixa etária de idade dos 20 aos 30
anos, em mulheres, apresentou emissão máxima do /e/ áfono, em média, 18,68s e do /e/
sonoro, 15,44s, em homens, /e/ áfono de 19,20s e /e/ sonoro de 16,70s; a faixa etária dos
30 aos 40 anos, em mulheres, teve emissão máxima do /e/ áfono de 19,00s e do /e/
sonoro 17,45s, em homens, 26,15s para o /e/ áfono e 20,73s para o /e/ sonoro; a faixa
etária dos 40 aos 45 anos, em mulheres, apresentou emissão máxima do /e/ áfono 14,71s
e do /e/ sonoro 13,57s, já os homens apresentaram /e/ áfono de 16,66s e /e/ sonoro de
14,66s. Os profissionais da voz em geral, com exceção de cantores, apresentaram
valores em média para o /e/ áfono de 23,23s e para /e/ sonoro 18,90s. As mulheres
praticantes de atividade física regularmente apresentaram uma média de 21,66s para o
/e/ áfono e de 17,13s para o /e/ sonoro, a média dos homens praticantes de atividade
física foi de 24,18s para o /e/ áfono e 19,50s para o /e/ sonoro. Conclusões: Os homens
apresentaram TMF maiores que as mulheres. A faixa etária dos 30 aos 40 apresentou
tempo máximo de fonação maior. Os profissionais da voz em geral e os praticantes de
atividade física apresentaram maiores tempos de emissão sustentada do /e/ áfono e
sonoro.

762
Tens e terapia manual laríngea na intensidade de dor musculoesquelética de
mulheres disfônicas

Larissa Thaís Donalonso Siqueira; Christiano de Giacomo Carneiro, Hardynn Wesley


Saunders Rocha Tavares, Rinaldo Roberto de Jesus Guirro, Alcione Ghedini Brasolotto,
Kelly Cristina Alves Silvério

Introdução: A disfonia por tensão muscular (DTM) é definida como uma alteração
hiperfuncional da fonação; pode ou não estar associada a lesões benignas na laringe,
como nódulos e espessamento mucoso, mais comum em mulheres. Para o tratamento
são recomendadas técnicas de relaxamento cervical e laríngeo. A Estimulação Nervosa
Elétrica Transcutânea (TENS) e a Terapia Manual Laríngea (TML) podem ser aplicadas
no tratamento deste tipo de disfonia, uma vez que promovem o relaxamento muscular e o
controle ou alívio da dor. Objetivo: comparar o efeito da aplicação de TENS de baixa
frequência com a TML na intensidade de dor musculoesquelética de mulheres com
disfonia por tensão muscular. Metodologia: Participaram 20 mulheres, com idades entre
18 a 45 anos (média de 29,5 anos), com presença de nódulos/espessamentos vocais e
fenda glótica a fonação, divididas em dois grupos: GI (10 mulheres que receberam 12
sessões de aplicação de TENS) e GII (10 mulheres que receberam 12 sessões de TML).
Todas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (CEP099/2011). Para
investigação da intensidade da dor musculoesquelética, utilizou-se um protocolo com
desenho das partes do corpo correspondentes aos itens a serem assinalados. As partes
investigadas foram: região temporal, masseteres, submandibular, laringe, parte anterior e
posterior do pescoço, ombros, parte superior e inferior das costas, cotovelos,
punhos/mãos/dedos, quadril/coxas, joelhos, tornozelos/pés. Para mensuração da
intensidade da dor utilizou-se a escala analógica visual de 100 mm, em que a voluntária
marcou com traço vertical no ponto que caracterizasse a dor, sendo o limite à esquerda
referente a nenhuma dor e à direita, pior dor. Esta marcação foi mensurada com régua,
em milímetros, para posterior análise estatística. Essa mensuração foi realizada antes e
após a aplicação de TENS e antes e após a aplicação da TML. As voluntárias do GI foram
submetidas a 12 sessões de aplicação de TENS de baixa frequência por 20 minutos cada,
com eletrodos posicionados na região do músculo trapézio (fibras superiores) e na região
submandibular, bilateralmente. Os parâmetros utilizados foram: pulso quadrático bifásico
simétrico, fase de 200 s, frequência de 10 Hz e intensidade no limiar motor. As voluntárias
do GII foram submetidas a 12 sessões de TML por 20 minutos cada, que aconteceu em
repouso, na posição sentada, com massagens nas regiões dos músculos
esternocleidomastóideo e submandibulares, bilateralmente, além de deslizamento e
deslocamento da laringe. Para comparação dos dois grupos foi utilizado o teste de
Wilcoxon (p<<0,05). Resultados: Observou-se redução da dor após aplicação de TENS
na região posterior do pescoço (p=0,017), ombros (p=0,027) e parte superior das costas
(p=0,043). Já após aplicação de TML observou-se redução de dor apenas na região
posterior do pescoço (p=0,019). Conclusão: A TENS de baixa frequência obteve um efeito
mais amplo na redução da intensidade de dor musculoesquelética na região cervical de
mulheres com disfonia por tensão muscular do que a TML.

763
Terapia vocal e sons nasais: efeitos sobre disfonias hiperfuncionais

Karine Schwarz; Simone Andrade Rattay, Carla Aparecida Cielo

Introdução: A técnica dos sons nasais é considerada facilitadora por propiciar o equilíbrio
fonatório, visto que, além de minimizar o impacto sofrido pelas pregas vocais durante a
fonação, melhora a ressonância vocal. Ela é indicada para o tratamento das disfonias,
principalmente as hiperfuncionais, caracterizadas por excesso de tensão, como é o caso
dos quadros de disfonia abordados nesta pesquisa. Objetivo: verificar os efeitos de um
programa fonoterapêutico que incluiu a utilização da orientação vocal, adequação da
função respiratória e da técnica de sons nasais em três indivíduos do sexo feminino com
diagnóstico otorrinolaringológico de edema na região aritenoide, nódulo na prega vocal
direita, fenda médio-posterior e pontos hemorrágicos em ambas as pregas vocais; nódulo
na prega vocal esquerda e fenda no terço médio; laringe sem alterações;
respectivamente. Método: estudo de caso, por meio da avaliação otorrinolaringológica
completa, com a realização de videolaringoscopia e fonoaudiológica (audiometria,
anamnese, exame orofacial, avaliação vocal e corporal) individual, pré e pós-tratamento.
Na terapia, os pacientes receberam orientações sobre anatomofisiologia do aparato
fonador, cuidados com a voz, incluindo a hidratoterapia, aspectos sobre respiração e
postura, além da técnica de sons nasais. As orientações e exercícios trabalhados nas
sessões fonoaudiológicas (com tempo aproximado de 30 minutos), foram realizados
também no domicílio por mais quatro dias da semana, uma vez ao dia, durante quatro
meses, num total de dezesseis sessões. Os dados vocais pré e pós-programa terapêutico
foram submetidos à análise acústica, por meio do programa Multi Dimensional Voice
Program da Kay Pentax e perceptivoauditiva realizada por três juízes (fonoaudiólogas
especialistas em voz). Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Universidade Federal de Santa Maria/RS sob o protocolo de número 100/05.
Resultados: evidenciou-se que o som nasal, aliado à terapia de base, propiciou:
desaparecimento de edema e de pontos hemorrágicos; diminuição de fendas vocais
médio-posteriores e nódulos; melhora da vibração da onda mucosa das pregas vocais;
adequação postural e do tipo respiratório; melhora da coordenação
pneumofonoarticulatória; melhora do foco ressonantal, do tipo de voz e da loudness; pitch
e frequência fundamental discretamente mais agudos; diminuição do ruído e da
instabilidade vocais. Discussão: verificou-se melhora, pós-terapia, em todas as medidas e
avaliações realizadas: avaliação ORL, tipo respiratório, postura corporal, TMF, relação
s/z, pitch, loudness, análise acústica, constatando-se, o benefício da fonoterapia de base
aliada aos sons nasais. Conclusão: a fonoterapia de base (orientação e adequação da
respiração e da postura), com ênfase na técnica de sons nasais, promoveu um efeito
positivo sobre as pregas vocais e sobre a qualidade vocal como um todo.

764
Uso de medicamentos em transtornos alimentares e seus efeitos na qualidade vocal

Mariane Querido Gibson; Pollyanna Castello Branco Gomes, Natália Regina Duarte
Santos, João Marcílio Coelho Netto Lins Aroucha, Valência Avelino Marinho De Oliveira

Introdução. A adolescência é um dos processos do desenvolvimento humano que tem


como características alterações físicas, mentais e sociais, que depende da cultura e do
momento em que o sujeito esta vivendo. Na questão da valorização excessiva pelo corpo,
no período da adolescência, algumas das manobras utilizadas para perder peso são:
dietas radicais, uso de medicamentos (laxantes e diuréticos) e atividades físicas
excessivas, que poderão desencadear transtornos alimentares (TAs). Objetivo: Identificar
a prevalência de alterações vocais em adolescentes com características de transtornos
alimentares que fazem uso de medicamentos como comportamentos compensatórios.
Método: Trata-se de um estudo transversal, descritivo de prevalência. As etapas da coleta
foram divididas da seguinte forma: sorteio das escolas, a explicação da metodologia de
pesquisa aos alunos e entrega dos termos de compromisso aos interessados em
participar. Os instrumentos utilizados nas avaliações foram: Teste de investigação
bulímica de Edinburh – BITE (rastrear e a avaliar a gravidade da bulimia nervosa a partir
da avaliação de aspectos cognitivos e comportamentais), o Teste de atitudes alimentares
– EAT-26 (rastrear comportamentos presentes na anorexia nervosa, medindo
principalmente comportamentos alimentares restritivos, como dieta e jejum, e
comportamentos bulímicos) e para finalizar passaram por uma análise perceptual auditiva
da voz utilizando a Escala de GRBASI. Resultados: Participaram da pesquisa 118
adolescentes com 16 anos, que ao serem analisados os dados coletados na amostra
verificou-se que 36 apresentaram características de transtornos alimentares, 27 do
gênero feminino e 09 do gênero masculino. Dentre os 36 adolescentes com
características de transtornos alimentares, em relação aos achados perceptuais-auditivos
das vozes segundo a escala de GRBASI, 16 adolescentes apresentaram voz normal e 20
apresentaram algum desvio na normalidade da voz. No que se refere ao uso de
medicamentos e alterações vocais, dos 36 adolescentes com características de TA, 07
faziam uso de medicamentos para emagrecer e 04 apresentaram algum tipo de alteração
vocal. Conclusão Ao realizar análise da coleta com base na literatura, este estudo chegou
às seguintes considerações: a prevalência de características de TA entre jovens
pesquisados foi de 30,5%. Entre os adolescentes com características de TA foi
encontrado alterações vocais com predomínio de 55,6% em grau leve. 19,5% dos
adolescente com características de TA utilizavam medicamentos para emagrecer e 11,2%
apresentaram alterações vocais.

765
Voz e estresse no trabalho de cantores de bandas de baile

Vanessa Rodrigues Zambão; Regina Zanella Penteado, Maria Luisa Meneghetti Calçada.

Introdução: Os cantores de bandas de baile são usuários de voz profissional, mas há


poucos estudos sobre a saúde e o trabalho da categoria. Objetivos: Avaliar a voz e o
estresse no trabalho de cantores de bandas de baile. Aprovação CEP 89/11 (13/12/2011).
Métodos: Participaram da pesquisa 24 cantores das seis bandas de baile de
Piracicaba/SP (13 masc. e 11 femin.). As vozes foram gravadas pré e pós-baile, para
avaliação perceptivo-auditiva (escala GRBASI). Foi aplicada a versão resumida do
protocolo Job Stress Scale (JSS), que avalia as seguintes dimensões, referentes às
fontes de estresse no ambiente psicossocial do trabalho: Demanda (pressões de natureza
psíquica para realização do trabalho); Controle (possibilidade de usar habilidades
intelectuais e ter autoridade para tomar decisões); e Apoio (níveis de interação social). O
cálculo dos escores de cada dimensão considerou: demanda (5 a 20 - maior demanda
pior situação); controle (6 a 24 - maior controle melhor situação) e apoio (6 a 24 - maior
apoio melhor situação). Foi realizado análise conjunta das dimensões, relacionada aos
riscos de adoecimento, com base no Modelo Demanda/Controle de Karasek, que focaliza
a organização do trabalho, considerando: Alto Desgaste (controle baixo e demanda alta -
pior situação/mais nociva); Trabalho Passivo (situação nociva); Trabalho Ativo (controle
alto e demanda alta - situação boa); Baixo Desgaste (situação ideal). Foram analisadas as
avaliações vocais dos sujeitos das situações de Alto Desgaste e Baixo Desgaste.
Resultados: Todos apresentam alterações vocais - prevalência do grau leve no pré-baile
(14 suj. 58,3%) e do grau moderado no pós-baile (13 suj. 54,1%). No geral 25%
apresentou piora vocal, com aumento do grau geral de alteração e 12,5% apresentou
melhora, com redução do grau de alteração. Quanto à avaliação do estresse no trabalho,
a dimensão com melhor situação foi a de Apoio (mediana: 22) e a de pior situação foi a
Demanda (mediana: 14). Controle – mediana: 19. A análise conjunta Demanda-Controle
mostrou que predomina o Trabalho Ativo (58,33% - situação boa); seguido por Baixo
Desgaste (29,16%- situação ideal) e Alto Desgaste (12,5% - pior situação). Não houve
diferenças significativas entre gêneros. No pós-baile, para os cantores do quadrante Baixo
Desgaste houve melhora vocal em 42,85% e prevaleceu a alteração vocal em grau leve
(71,42%); para os do quadrante Trabalho Ativo houve piora vocal em 35,71% e
prevaleceu a alteração vocal em grau moderado (64,28%); e, para os do quadrante Alto
Desgaste houve piora vocal em 33,33% e prevalência da alteração vocal em grau
moderado (66,66%). Conclusões: Os cantores de bandas de baile enfrentam alta
demanda de trabalho; mas contam com aspectos positivos, como o controle, o apoio e a
interação social. O estudo sugere haver relação entre distúrbio de voz e estresse no
trabalho e contribui para a orientação de futuras ações fonoaudiológicas junto a esta
categoria de profissionais da voz.

766
Voz no telejornalismo – estudo piloto

Eliane Cristina Pereira; Fabiley de Wite Diogo, Ana Paula Dassie-Leite, Mario Umberto
Menon

Introdução:A voz é essencial para algumas atividades profissionais, que podem ter seu
uso diferenciado, apresentando maior demanda vocal. O telejornalista é um profissional
que utiliza a voz profissionalmente e pertence a uma população que deve ter cuidados
com a voz. O objetivo deste estudo é analisar a qualidade de vida em voz (QVV) e a
exposição a situações de fonotrauma e situações adversas à saúde de telejornalistas.
Material e Método: Trata-se de um estudo observacional, analítico, transversal e
prospectivo. Foram avaliados 34 sujeitos, divididos em 2 grupos, o grupo de estudo (GE)
composto de 17 telejornalistas, e grupo controle (GC) composto por 17 sujeitos não
telejornalistas que exercem atividades profissionais nas mesmas empresas de
telejornalismo. Os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre esclarecido. Os
critérios de inclusão do GE foi ter concluído ensino superior em Comunicação Social, ser
maior de 18 anos, com ou sem alterações e queixas vocais. O critério de exclusão para
GE foi ser formado em Comunicação Social, mas não atuar como repórter ou
apresentador. Para GC foram aceitos sujeitos acima de 18 anos, com ou sem diploma de
nível superior, com ou sem alterações ou queixas vocais, que trabalham nas mesmas
empresas do GC, porém exercendo atividades diversas que não de telejornalista. Para o
GC o critério de exclusão foi o exercício de atividades profissionais em outros locais, com
intensa demanda vocal. A coleta de dados consistiu de entrevista e aplicação de
protocolos de Qualidade de Vida em Voz (Gasparini & Behlau, 2009) e lista de situações
de fonotrauma e condições adversas à saúde vocal (VILLELA & BEHLAU, 1988), em
ambos os grupos. Os resultados foram submetidos à analise estatística por meio do teste
t de Student. Resultados: Os escores do QVV em ambos os grupos encontraram-se
abaixo dos encontrados em indivíduos classificados como vozes saudáveis (BEHLAU et.
Al, 2009). Os telejornalistas obtiveram médias menores nos três domínios, sendo que
houve diferença no domínio sócio-emocional (p=*0,023). Quanto às situações de
fonotrauma e condições adversas à saúde vocal, o GE apresentou piores resultados,
porém ambos os grupos foram classificados como “campeões de abusos vocais”.
Conclusões: Os telejornalistas estudados apresentaram impacto negativo na qualidade de
vida em voz, principalmente no que refere a situações sócio-emocionais, além disso
também foi identificada a falta de cuidados vocais que podem interferir diretamente na
profissão.

767
Voz profissional: análise da produção científica fonoaudiológica

Jéssica Marchiori Correia; Gisele Maria de Lima, Joyce Cristina Ferreira Maia, Elizabeth
Oliveira Crepaldi de Almeida, Yung Sun Lee Damasceno

Introdução: muitos sujeitos utilizam a voz como principal instrumento para obter uma
comunicação eficaz no trabalho, garantindo o exercício profissional eficiente e o alcance
de metas estabelecidas pela profissão. Objetivo: analisar as produções científicas em voz
profissional, no período de 2008 a 2012, apresentados nos congressos de fonoaudiologia
na sessão de pôsteres. Métodos: para a realização deste estudo, foi iniciada uma busca
dos anais dos Congressos de Fonoaudiologia no período de 2008 à 2012 no site da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, de modo a obter o título e resumo de todos os
anais relacionados à de voz profissional disponíveis no portal eletrônico. Posteriormente
foi realizada uma leitura dos títulos e resumos, separando estes trabalhos em grupos
referentes às diferentes áreas de atuação do profissional em voz (professor, locutor, ator,
cantor, dublagem, entre outros). Na busca de quantificar e qualificar os anais, foi realizada
uma leitura dos resumos e em seguida cada grupo de anais foi novamente separado,
identificando o tipo de estudo realizado, ou seja, teórico ou empírico. Resultados: Foram
contabilizados 426 anais, sendo utilizados para este estudo apenas 386 por se
enquadrarem aos critérios de inclusão. Ao realizar a análise quantitativa sobre as
categorias profissionais estudadas nos anais, pode-se verificar que 40,41% dos anais se
relacionam ao professor, 19,68% ao cantor, 10,88% ao ator, 6,47% ao operador de
telemarketing, 6,21% ao jornalista, 4,66% ao radialista, 2,07% ao pastor/seminarista,
1,81% ao comerciante, 1,03% ao agente comunitário, 1,03% ao dublador, 0,77% ao
treinador de futebol e instrumentista de sopro, 0,51% ao empresário e 0,25% as
categorias de controlador de trafego aéreo, repentista, recepcionista, político, advogado,
bancário, servidor público e atendente presencial. Posteriormente analisou-se o tipo de
estudo das três categorias com maior número de trabalhos, ou seja, professor, cantor e
ator. Observou-se que 92,37% dos estudos relacionados à voz dos professores foram
empíricos e 7,62% teóricos; em cantores 85% foram do tipo empírico e 15% foram
pesquisas teóricas e com relação aos trabalhos dos atores 96,29% dos estudos foram
empíricos e 3,70% teóricos. Conclusão: A análise realizada afirma que, apesar da
referência do fonoaudiólogo por realizar estudos sobre a voz do professor, muitas outras
categorias profissionais também estão sendo estudadas. Vale ressaltar também a
prevalência significante de estudos empíricos nas categorias profissionais do professor,
cantor e ator.

768
Vozes infantis e bilinguismo: comparação entre Voice Onset Time (VOT) de crianças
monolíngues e bilíngues

Maria Teresa Rosangela Lofredo – Bonatto; Marta Assumpção de Andrada e Silva

Introdução: sabemos que a partir dos três anos crianças monolíngues, português
brasileiro (PB), apresentam vozeamento examinado pelo voice onset time (VOT),
parâmetro definido pelo intervalo de tempo entre a liberação da obstrução oral,
identificada pelo burst, e o início da vibração das pregas vocais, estria vertical no
espectrograma (banda larga). Pesquisas indicam que ajustes laríngeos distintos
produzem diferentes VOTs e que adultos bilíngues apresentam diferenças nesses
valores. Na clínica fonoaudiológica observamos crianças bilíngues com dificuldades para
vozear, e pensamos em comparar essa produção em monolíngues e bilíngues, de faixas
etárias semelhantes. A proposta desta investigação é comparar vozeamento em crianças
bilíngues e monolíngues pareadas por idade para verificar possíveis diferenças nesse
parâmetro. Objetivo: descrever comparativamente valores dos VOTs em três crianças
bilíngues e três monolíngues do PB. Método: amostra do banco de dados, pesquisa de
doutorado que caracterizou contraste de vozeamento em crianças monolíngues do PB.
Selecionadas seis meninas, três bilingues duas com 7a e 5m, uma com 7 a e 6m e três
monolíngues, 7a e 3m, 7a e 6m, e 7a e 9m respectivamente. Utilizadas gravações das
seis plosivas do PB (papa, baba, tata, dada, caca, gaga) em frases veículo
(Diga..baixinho). Inspeção do sinal acústico na forma da onda, espectrograma de banda
larga, programa PRAAT (5.2). VOT positivo /p,t,k/, do burst até o onset da vogal, negativo
/b,d,g/, do pré vozeamento até o burst. Resultados: três crianças bilíngues apresentaram
para as não vozeadas valores com médias inferiores (/p/=11ms, /t/= 11ms, /k/=28ms) em
relação às médias das monolíngues (/p/=13ms,/t/=20ms,/k/=38ms). Para vozeadas as tres
bilíngues apresentaram valores de com médias superiores (/b/=-92 ms,/d/=-91ms,/g/=-
82ms) em relação às monolíngues (/b/=-88ms,/d/=-87ms e /g/=-72ms). Discussão: a
literatura aponta que crianças monolíngues começam a apresentam maior estabilidade na
produção do vozeamento e VOTs com menor variação por volta dos 7/8 anos e que
quando ajustes laríngeos não são apropriados ocorrem interrupção ou ausência de
vozeamento, além de outras características como aspiração e nasalidade em
monolíngues. As três bilíngues apresentaram diferenciação nesse parâmetro quando
comparadas com monolíngues. Para as três bilíngues os valores de VOT das não
vozeadas foram inferiores do que para as três monolíngues e das vozeadas com valores
superiores. Portanto, associar análise de dados do VOT das plosivas, poderá facilitar a
adequação no vozeamento da fala de bilingues. Conclusão: comparativamente crianças
bilíngues produziram VOTs com valores menores para não vozeadas e maiores para
vozeadas. Assim, verificamos que o parâmetro acústico do VOT pode auxiliar na terapia
da criança bilíngue que apresenta dificuldade nesse traço.

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