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Ecologia, Meio Ambiente e Sustentabilidade
Ecologia, Meio Ambiente e Sustentabilidade
Ecologia, Meio Ambiente e Sustentabilidade
INTRODUÇÃO
O ano de 2050 tem sido considerado por especialistas ambientais como o “marco
crítico”, ou seja, o ano em que, mantido o mesmo crescimento médio da economia mundial
que já se ocupou de 83% do planeta superando sua capacidade de suporte e regeneração em
20%, haverá total colapso e esgotamento dos recursos naturais, gerando uma crise
considerada “Crise Sistêmica do Capitalismo”, pois ela é “econômico-financeira, social e
ecológica” (Dupas, 2008; Trigueiro, 2008).
Nesse cenário totalmente negro, essa revolução, muitas vezes, parece ser utópica e
sonhadora, com pouca esperança que seja possível levá-la a cabo diante do sistema vigente e
do atual quadro da Terra, que corroboram com o Consumismo, o Aquecimento Global, as
Mudanças Climáticas, a Crise Hídrica/Desertificação, as Desigualdades e Injustiças Sociais, a
Extinção tanto de espécies como de ecossistemas e de povos/comunidades.
Quero, como Boff (2008), “trazer à memória o que pode nos trazer esperança” (Lm.
3.21), o que pode trazer uma nova forma de ser, capaz de eliminar a inativação diante do caos
que se instalou, a “Espiritualidade”. Segundo o Teólogo Leonardo Boff, antropólogos como
Claude Lévi-Straus e Clifford Geertz afirmam que em momentos em que um paradigma
civilizatório entra em crise, a espiritualidade emerge para que nasçam paradigmas capazes de
fazer outra história, de dar esperança às comunidades e às pessoas (Geertz, 1973).
Da mesma forma, o Teólogo John Stott (2001) afirma que o envolvimento ecológico
deve estar incluído na Missão Cristã, pois não se pode amar verdadeiramente ao próximo
destruindo o ambiente no qual ele vive e do qual depende, pois Jesus Cristo encarnou para
entrar em nosso mundo e nos ensinar que a Missão do Deus Triuno e, consequentemente, da
Igreja Cristã é, também, entrar no mundo das outras pessoas, incluindo sua realidade social e
ambiental.
Diegues (2008a, b) afirma que a atual crise é: - global, porque afeta a Biosfera como
um todo; - acelerada e crescente; - irreversível, devido à resiliência reduzida de vários
ecossistemas às condições ambientais; - ameaçadora, pela crescente capacidade de
destruição; - reforçadora das desigualdades sociais e entre nações; - causadora de impactos
socioculturais, com as camadas mais pobres sendo as mais afetadas.
O “Dia da Sobrecarga da Terra” (Earth Overshoot Day), que tem sido medido por
quatorze anos pela Organização Internacional Global Footprint Network (GFN, 2014), é um
alerta quando a pegada ecológica da humanidade excede a capacidade de o planeta repor seus
recursos naturais e manter seu equilíbrio natural. Em 2000 essa sobrecarga ocorreu em 01 de
outubro, enquanto em 2013 foi em 20 de agosto e 2014 em 19 de agosto, mostrando que a
cada ano a data é alcançada mais cedo e por mais dias do ano a humanidade está em “dívida
ecológica” com o planeta. Para atingir o saldo positivo atual seriam necessários um planeta e
meio, enquanto projeções para 2030 apontam para a necessidade de dois planetas.
VULNERABILIDADE E ADAPTAÇÃO
Os desastres podem ser divididos em: - naturais, causados pela dinâmica interna e
externa da Terra e por fenômenos e desequilíbrios da natureza, que podem ou não serem
agravados pela ação humana, como terremotos, maremotos, vulcanismo, tsunamis, tornados,
chuvas intensas provocando inundação, erosão e escorregamentos; ventos fortes formando
vendaval, tornado e furacão; etc; - humanos ou antropogênicos, resultantes de ações ou
omissões humanas, como incêndios, contaminações de rios, vazamento de petróleo no
oceano, etc (Marcelino, 2008; Tominaga et al., 2009).
Desastres têm acontecido no decorrer da história, como a inundação que matou cerca
de sete milhões de pessoas afogadas na China em 1332, o terremoto de 8.6 graus na escala
Richter que atingiu Portugal em 1755 matando cerca de cinquenta mil pessoas, devido aos
tremores, tsunamis e incêndios ocorridos (Bryant, 1997; Marcelino et al., 2006). O prejuízo
mundial em 2007 chegou a US$ 74,9 bilhões, com 414 desastres naturais no mundo, 16.847
mortos, 211 milhões de pessoas afetadas. No Brasil, neste ano de 2015, o tornado ocorrido em
Xanxerê e Ponte Serrada (SC), além dos mortos, feridos e desalojados, causou um prejuízo que
ultrapassou R$ 113 milhões (Veja, 2015b).
Muitos desastres têm impactado duramente várias regiões do planeta, mas foi a partir
da década de 50 do século vinte que houve um significativo aumento de desastres em todo
globo (EM-DAT 2005). Houghton (2003), dentre outros estudiosos, acredita que o principal
propulsor dos desastres naturais têm sido as mudanças climáticas globais, principalmente
pelos impactos cada vez mais intensos, com expressivos danos e perdas de caráter social,
econômico e ambiental (Tominaga et al., 2009; Freitas, 2011).
Os dez locais classificados como os mais vulneráveis e que possuem menor capacidade
adaptativa são: 1º Arquipélago Vanuatu (Oceania); 2º Tonga (Oceania); 3º Filipinas (Ásia); 4º
Ilhas Salomão (Oceania); 5º Guatemala (América Central); 6º Bangladesh (Ásia); 7º Timor-Leste
(Ásia); 8º Costa Rica (América Central); 9º Camboja (Ásia); 10º El Salvador (América Central)
(IMASH/UONU, 2011).
Tal erosão tem destruído ilhas paradisíacas do Pacifico Sul, como os países de Kiribati e
Tuvalu, cujas populações estão sendo obrigadas a deixar o país e, além de perderem seus
bens, perdem também sua própria nacionalidade. A elevação do nível do mar coloca em risco a
produção de alimento na Índia, Tailândia, Vietnã, Indonésia e China, cujas plantações de arroz
estão sendo afetadas. No Brasil os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte,
Alagoas e Sergipe têm vários municípios sofrendo com o avanço do mar, com perda de praias,
imóveis, calçadas, muros, restaurantes, empregos, com prejuízos econômicos e sociais (Vitola,
2007).
A América Latina e o Caribe estão entre as regiões com elevada vulnerabilidade aos
efeitos das alterações climáticas devido às suas características geográficas (a deficiência
política para enfrentar o fenômeno, a dependência da atividade agrícola, derretimento das
geleiras e fornecimento de água, elevação do nível do mar) e seus aspectos socioeconômicos,
já que uma boa parcela da população se encontra em condições de extrema pobreza com uma
frágil gestão ambiental (Mudanças Climáticas, 2015a).
Nações mais vulneráveis precisam, por sua vez, de apoio financeiro externo. A ONU
considera que serão necessários investir de US$ 50 bilhões a US$ 70 bilhões anuais, enquanto
o Instituto Internacional para Ambiente e Desenvolvimento (IIED/Instituto de Mudanças
Climáticas do Imperial College-Inglaterra) acredita que serão necessários valores duas a três
vezes maiores do que o estimado pela ONU e o Banco Mundial calcula que os gastos ficarão
entre US$ 100 bilhões anuais até 2050.
Fica claro, diante desse quadro, que se fazem necessárias estratégias globais urgentes
para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência dessas regiões mais desfavorecidas
(IPCC, 2014).
RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA
Nos séculos XVII e XVIII o homem passa a ser visto como a razão (“o cogito”) e os
elementos da natureza, que antes eram temidos, passam a ser dominados e a ele servir. A
supervalorização das ciências naturais, ocorrida no século XIX, influencia as ciências humanas,
ocorrendo a dominação do homem para a preservação de uma determinada ordem
econômica, política e social, cuja finalidade se concentrava no bom e adequado
funcionamento de produção e reprodução capitalista, ou seja: produção, circulação, consumo
e lucro.
Essa relação do homem moderno com o mundo natural tem causado danosa agressão
aos ecossistemas, que não conseguem revertê-la devido ao ritmo acelerado dessa agressão
que, somado ao sistema econômico, necessita de uma produção desenfreada de mercadorias
para atender ao consumismo exacerbado, resultando na degradação do meio ambiente e,
consequentemente, do esgotamento dos recursos naturais (Homem-Consumidor) (GFN, 2014).
A nossa sociedade está organizada para nos induzir a consumir cada vez mais e cada vez com
menos critérios. Importante é questionar e definir as reais prioridades no ato de consumo, pois
na forma que consumimos surgem impactos sociais e ambientais.
A Humanidade deve buscar, segundo Leff (2006 apud Gavazzoni, 2015a), um novo
valor para as relações econômicas, éticas e estéticas entre homem-natureza modificando,
também, as concepções de democracia, justiça e convivência, pois não se trata apenas de
defender a natureza e, sim, de uma cosmovisão que leve em consideração o planeta como um
sistema de interrelações da humanidade entre si e com o meio. A nova visão deve ser holística,
ética e moral radical, reconhecendo o mundo como um todo integrado, com ampliação da
percepção, do pensamento e dos valores, rompendo com a antiga visão antropocêntrica
(Capra, 2008; Siqueira-Batista et al., 2009).
Durante a Revolução Industrial, com o aumento de produção foi havendo cada vez
mais demanda por energia, utilizando-se como fontes energéticas o carvão e os combustíveis
fosseis. A atmosfera foi, assim, recebendo uma grande carga de poluentes, principalmente de
dióxido de carbono, metano, óxidos nítricos, ozônio, que são, também, gases de efeito estufa
(GEE). Há GEE, como os aerossóis, que são de origem natural e têm um importante papel no
balanço energético entre o sistema Terra-atmosfera, como os emitidos pela atividade
vulcânica e o de sal marinho, resultado do atrito do vento com a superfície oceânica.
A alta concentração do ozônio troposférico que ocorre nas áreas urbanas vegetadas,
como o Parque do Ibirapuera e Parque do Estado em São Paulo, segundo a Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos pode levar à morte prematura por doenças cardíacas
ou pulmonares, ao aumento da suscetibilidade a infecções respiratórias, ao aumento de
internações hospitalares por problemas respiratórios ao aumento no número de ocorrências
em emergências e consultas, ao aumento no uso de medicamentos, a faltas escolares mais
frequentes e relacionadas a problemas respiratórios.
Tem havido esforços do Peru, Chile, Colômbia e México, em relação aos impactos nas
Florestas e Oceanos; da China, Estados Unidos e Canadá, em relação ao uso do carvão; Brasil e
Colômbia, na diminuição do desmatamento. No Brasil, 75% das emissões de GEE são
provenientes do desmatamento, 21 % do setor energético, 17% do setor agropecuário, 4-7%
da indústria. Embora, entre 2005-2012, tenha havia ligeira queda do desmatamento na
Amazônia e Cerrado no Brasil, a taxa anterior não foi compensada.
Fisher & Knutti (2015), trabalharam com 25 modelos climáticos, com simulações
históricas entre 1901-2005 e projeções para 2006-2100 (altas emissões) e concluíram que: -
75% das temperaturas extremas e 18% das tempestades brutais se devem ao aquecimento
global ; - a influência humana no aumento de temperatura equivale a 89% na África, 88% na
América do Sul, 63% na Europa, 67% na América do Norte; - no ritmo atual das emissões GEE,
os eventos extremos até o fim do século terão 93% de culpa do homem.
Dentre as atividades que mais contribuem para o aumento de concentração dos GEE
na atmosfera, estão aquelas relacionadas com a queima de combustíveis fósseis (indústria e
meios de transportes), o desmatamento, a criação de gado, os campos de arroz, as
hidroelétricas, os lixões. O aquecimento causado pelas atividades antropogênicas tem sido
denominado de Aquecimento Global e as mudanças causadas por ele de Mudanças Climáticas
(Sampaio et al., 2008; Pinto et al., 2009). Sabe-se que no Brasil o setor agrícola é responsável
por emissões significativas de CO2, óxido nitroso (N2O), além de emissões importantes de
metano, principalmente provenientes da digestão de ruminantes e das áreas de plantio de
arroz irrigado.
A Floresta Amazônica fornece a maior parte das partículas que atuam como núcleos de
condensação de nuvens (NCN), efetivamente controlando os mecanismos de formação de
nuvens e precipitação (Artaxo et al., 2005). As raízes de suas árvores (entre 20-30 m)
bombeiam para a atmosfera 20 bilhões de toneladas de água por dia. Essa umidade é contida
pela Cordilheira dos Andes, não se dissipando para o Oceano Pacífico e se deslocando para o
Sul do continente. Há períodos do ano que a Amazônia é responsável pela metade de toda
chuva que cai no Sul e Sudeste do Brasil. O desmatamento da Amazônia causa, portanto,
redução na umidade que acaba por alterar a geração de chuvas para as regiões Centro-Oeste,
Sudeste e Sul do Brasil, bem como para outros países, como Bolívia, Paraguai, Argentina,
Uruguai e sul do Chile (Greenpeace, 2014; Opinião & Notícia, 2014). Nobre (2015) reforça que
retirar floresta é retirar umidade, que o clima é um juiz que sabe contar árvores e nunca se
esquece e não perdoa.
Dados dos relatórios do IPCC têm demonstrado que, de fato, a temperatura média da
Terra tem aumentado e que as alterações nos últimos mil anos se devem a causas antrópicas.
No relatório de 2007 considerou-se que 90% das alterações ambientais se deviam à ação
humana, suspeita essa confirmada no relatório de 2013, que apontou para 95% de
probabilidade de que mais da metade da elevação média da temperatura da Terra (1951-2010)
tenha sido causada pelas atividades humanas, relacionadas ao aumento da poluição, queima
de combustíveis fósseis, queimadas, desmatamento, urbanização (IPCC, 2007; IPCC, 2013). O
aquecimento das cidades, em função do concreto e asfalto, somado ao aquecimento global,
causa o que se denomina de ilha-de-calor, que tem como efeito o aumento das chuvas na área
urbana, causando inundações, raios, queda de árvores (Lettenmaier apud Veja, 2015a).
O ano de 2015 será decisivo na busca de soluções na 21ª Conferência das Partes da
Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas que ocorrerá em Paris em
dezembro. Nessa ocasião serão estabelecidos compromissos para 2020, 2030 e 2050,
considerando-se aspectos específicos dos países ricos, dos emergentes e dos pobres.
Dados da ONU salientam que os seres humanos não precisam mais do que cem litros
de água por dia, mas o que temos constatado é que o uso direto da água tem ultrapassado em
muito esse valor, com uma média de 150 litros no Brasil, 221 litros em São Paulo, 236 litros no
Rio de Janeiro e 400 litros em bairros nobres da capital de São Paulo.
A ONU alerta que a seca causa mais mortes e deslocamentos que furacões, enchentes
e terremotos juntos. Hoje mais de 1 bilhão de pessoas no mundo continuam utilizado água
imprópria para consumo, uma criança de país pobre consome trinta a quarenta vezes menos
água do que aquelas de um país rico. Calcula-se que em 2030 cerca de 47% da população
viverá em condições de estresse hídrico. Se nada mudar, mais de 600 milhões de pessoas
ficarão sem água potável em 2015, causando problemas de saúde e desigualdade social. Essa
Exclusão Hídrica se transformou no mais perigoso e destrutivo fenômeno natural. O IPCC
afirma que no século XXI a água será o que o petróleo foi no século XX, ou seja, razão para
conflitos e guerras (IPCC, 2014).
O Aquífero Guarani, com 1,2 milhão de km, ocupa quatro países, Brasil (840 mil km),
Paraguai (58,5 mil km), Uruguai (58,5 mil km) e Argentina (255 mil km). Em 2010 os quatro
países estabeleceram um Acordo para seu manejo, pois 15 milhões de pessoas dependem
desse Aquífero (Ribeiro, 2008). No Brasil beneficia oito estados das regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste.
Todo potencial contido nos Oceanos é denominado de “Economia Azul”, pois gera
muitos empregos e negócios. As atividades humanas têm provocado, no entanto, vários
problemas aos Oceanos, como a acidificação da água causada por poluentes, morte e
desaparecimento dos recifes de coral, diminuição da biodiversidade (estoques de peixes e
demais espécies marinhas), aumento do nível do mar com erosão costeira e ações prejudiciais
às comunidades litorâneas e aos países-ilhas, pesca excessiva e redução do recurso, poluição
por vazamento de petróleo (Mendonça, 2014; Pensamento Verde, 2014b, c).
O Brasil contém uma das mais extensas costas do mundo, com 9.200 km se forem
consideradas as saliências e reentrâncias, porém somente 1,5% desse litoral é protegido por
APMs e 9% das áreas consideradas prioritárias para conservação já foram concedidas a
companhias petroleiras para exploração. As costas altamente povoadas dos Estados de São
Paulo e Rio de Janeiro concentram a maioria das reservas de petróleo, sendo alvos de
exploração e, consequentemente, de impactos ambientais.
A América Latina e o Caribe são considerados cruciais para a saúde do planeta, devido
à biodiversidade encontrada em seus países, em especial no Brasil. A maior parte dos governos
latino-americanos está buscando criar infraestrutura regulatória e financeira para desenvolver
a indústria dos biocombustíveis na região, reduzindo os impactos ambientais. Na liderança, o
Governo Brasileiro tem firmado parcerias de transferência de tecnologia e cooperação na
produção e comercialização de biocombustíveis (Lessa et al., 2009).
A ONU propõe aos países dessas regiões que intensifiquem políticas de preservação e
alcancem modelos de desenvolvimento sustentável para ser possível combater desafios como
a pobreza, a desigualdade social e o desaparecimento de comunidades e povoados.
SUSTENTABILIDADE
Bodnar (2011) considera que a sustentabilidade, nesse contexto, deixa de ser um valor
para ser uma idealidade, para ser um princípio jurídico. Segundo a ONU (MMA, 1992), a
Sustentabilidade não significa apenas usar de forma consciente e eficiente os recursos
naturais, é também a redução dos níveis de pobreza, a criação de emprego e renda, a redução
das desigualdades e da violência e a democratização das informações e decisões.
A Justiça Ambiental, em que nenhum grupo, seja ele definido por raça, etnia ou classe
social, deve arcar de maneira desproporcional com as consequências ambientais negativas de
determinada obra, política ou projeto. Segundo PNUD (2015), no Brasil o acesso à justiça é
muito mais desigual que a distribuição de renda, sendo necessário o acesso à justiça para
todos na agenda pós-2015. É urgente a intensificação de políticas públicas de preservação e
modelos de Ecodesenvolvimento para a América Latina e Caribe para combate à pobreza e
desigualdade social.
Boff (2008) afirma que “estamos diante de um momento crítico da história da terra,
numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro... ou formar uma aliança global
para cuidar da terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da
vida”. Lembra, ainda, que nesse contexto dramático é que surge a espiritualidade, pois só ela
pode trazer um novo modo de ser que poderá nos salvar. É da espiritualidade que nascem
paradigmas civilizacionais capazes de fazer outra história e suscitar a esperança.
CRIAÇÃO E MISSÃO
Diante da atual crise e ciente que o homem é o grande responsável por ela, cabendo a
ele a reversão da mesma, ressalta-se o papel dos cristãos, das igrejas e das instituições cristãs
na conscientização e mudança de conduta da sociedade que promova a qualidade de vida de
todos os seres viventes, desta geração e das futuras.
A teologia cristã testifica que a Terra pertence ao Senhor (Sl 24.1, Jó 41.11), que ela
está repleta de Sua glória (Sl 19.1, Is 6.3), reflete sua bondade e justiça (Sl 50.6, Rm 1.20), bem
como que Ele ordenou ao homem que lavrasse e guardasse o Jardim do Éden (manejo e
proteção), mesmo antes da queda (Gn 2.15). O maior mandamento é amar a Deus, e amá-lO
significa valorizar o que Ele também valoriza (Jo 14.15).
Deus, após ter criado todas as coisas, declarou que tudo era bom e descansou no
sétimo dia, pois havia perfeito equilíbrio na Criação, havia sustentabilidade (Gn.1.31, Gn 2.2).
Deus, a partir da Queda, entrou em Missão para derrotar quem promoveu a derrota
do ser humano, para acabar com a degradação causada pela decisão humana, ou seja, para
que Seu plano inicial pudesse ser retomado e todos elementos da Criação pudessem ser
restaurados através de Seu Filho Jesus (Gn 3.15; Cl 1.15-20).
Deus declara que Sua Missão, em Jesus, não é apenas salvar ao homem, mas de
resgate de toda a Criação. Uma Missão Integral, onde nenhum elemento da Criação é deixado
de lado e sem que haja nenhum elemento prioritário, pois todos fazem parte da Missão de
Deus de salvar tudo o que Ele criou.
Romanos 8.20-22 diz “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade,
mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será
libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque
sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora”. Se as
dores são de parto, fica claro que o seu destino, assim como da humanidade reconciliada, é de
vida e não de morte, não de destruição no sentido de aniquilação.
Cooperar com Deus em Sua Missão é estar em missão com Ele, é se envolver com tudo
que foi criado e gerado a partir da Criação. Se Deus está trabalhando para que haja um novo
céu e uma nova terra, essa também é nossa missão... Reconciliação não é aniquilação,
portanto, cabe a quem está em Missão com Deus continuar obedecendo Sua ordem de “cuidar
e guardar” do jardim (Harris, 2001; Mazzoni-Viveiros, 2006; Jones, 2008; Bontempo, 2011;
Carriker, 2014).
A Queda cósmica de Gênesis fez com que a humanidade passasse a ter uma relação
com a natureza de predador, de consumista desenfreado, causando desequilíbrios que têm
trazido problemas ambientais que aumentam as tragédias, os desastres, as extinções, a
pobreza, a fome, a morte... Se amamos a Deus, se somos discípulos de Jesus, devemos “andar
no Espírito e não satisfazer as concupiscências da carne” (Gl 5.16), cooperando com a Missão
de Deus no cuidado com o ser humano e com toda Sua Criação (Reis, s/d; Rogers & Kostigen,
2009; Carriker, 2014) .
Cuidar da Criação, de todas as coisas que existem na terra e nos céus, é antes de tudo
uma atitude de adoração e honra ao Criador, é obedecer Sua ordenança (Is 11.1-9, 1 Sm
15.22b). O destino e o bem-estar da Criação estão entrelaçados com o destino do homem e,
por isso, Deus nos desafia a uma vida simples e comunitária, pois conforme afirma o Teólogo
Dietrich Bonhoeffer, “a igreja só é igreja quando existe para os outros”.
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