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O TAO Da Física
O TAO Da Física
O TAO Da Física
Fritjof Capra
Editorial Presença, Lisboa, 1989
(Este trabalho não pretende ser mais que um resumo livre do livro com a transcrição de partes da obra. Deseja-se que seja não um aperitivo
mas um rebuçado que provoque a vontade de ler tudo).
I – Os caminhos da Física
Escola de Mileto (Jónia, século VI a.C.) – Ciência, filosofia e religião não estavam
separadas.
A matéria era dotada de vida; não distinguiam entre animado e inanimado, espírito e
matéria. Todas as formas de existência eram manifestações de ”física”, dotadas de vida e
espiritualidade.
Era semelhante à visão filosófica indiana e chinesa, e o paralelismo era mais forte com
Heráclito de Éfeso que acreditava mais num mundo de contínua mudança.
Heráclito ensinava que todas as mudanças no mundo provinham da conjugação
dinâmica e cíclica dos opostos, e concebia qualquer par de opostos como unidades. A esta
unidade que contém e transcende todas as forças opostas, chamava de Logos.
A Escola de Eleia, sustentava um “Princípio Divino” estável acima dos Deuses e dos
Homens. Este princípio é identificado inicialmente com a unidade do universo, foi depois
encarado como um Deus inteligente e personalizado, que permanecia acima do mundo e que o
dirige. Começa assim uma tendência do pensamento de que resultou a separação entre matéria
e espírito e o dualismo que se tornou uma característica da filosofia ocidental.
Parménides de Eleia designou o seu princípio básico de Ser único e imutável.
Considerava não ser possível a mudança e encarou as alterações no mundo como meras
ilusões dos sentidos.
No século V a.C. os filósofos gregos tentam conciliar as duas visões, o Ser imutável de
Parménides e o eterno devir de Heráclito. Definiram assim que o Ser se manifesta em certas
substâncias invariáveis cuja mistura e separação dá lugar às mudanças do mundo conduzindo
ao conceito do átomo, a mais pequena unidade individual da matéria. Leucipo e Demócrito,
atomistas, definiram assim que a matéria era composta por “blocos de construção” ou
partículas passivas e intrinsecamente mortas que se mexiam no vazio, ideia que se tornou no
elemento essencial do pensamento ocidental, criando um dualismo entre matéria e espírito,
entre corpo e alma. Este esquema que foi sistematizado por Aristóteles ocupou o pensamento
ocidental durante mais de 2000 anos com o apoio da Igreja Cristã, acreditando que as
questões concernentes à alma humana e à contemplação da perfeição divina eram mais
importantes que as investigações sobre a matéria. Com o Renascimento no século XV, o
homem começou a libertar-se da influência aristotélica e da Igreja renovando o seu interesse
pela natureza, paralelamente ao interesse crescente na matemática o que levou à formulação
de teorias científicas corretas baseadas na experiência e expressas em linguagem matemática.
Galileu foi o primeiro a combinar o conhecimento empírico com matemática sendo
por isso considerado como o pai da Física Moderna.
Este nascimento da física moderna foi precedido e acompanhado por um
desenvolvimento do pensamento filosófico que conduziu a uma formulação extrema do
dualismo espírito-matéria. No século XVII, Descartes, fundava a sua visão da natureza numa
divisão fundamental em dois domínios diferentes: o da mente (res cogitans) e o da matéria
(res extensa). A visão cartesiana permitiu aos cientistas tratar a matéria como morta e
completamente separada de si próprios, e ver o mundo material como uma multiplicidade de
objetos diferentes, reunidos numa imensa máquina. Esta visão mecanicista do mundo foi
sustentada por Newton, que construiu a sua mecânica naquela base e a tornou no alicerce da
física clássica. Este modelo dominou todo o pensamento científico do século XVII ao século
XIX. As leis fundamentais da natureza, procurados pelos cientistas, eram então as leis de
Deus, invariáveis e eternas, às quais o mundo estava submetido.
A filosofia de Descartes «cogito ergo sum» (penso logo existo), levou os pensadores
ocidentais a equivaler a sua identidade com a sua mente, em lugar de com todo o seu
organismo. Isto levou a que muitos se concebessem como «egos» isolados que viviam
«dentro» dos seus corpos. A mente era assim separada do corpo, caracterizada pela fútil tarefa
de o controlar, causando um conflito entre a vontade consciente e os instintos involuntários.
Cada indivíduo foi assim cindido num grande número de compartimentos separados
de acordo com as suas atividades, talentos, sentimentos, crenças, etc., cisões essas
comprometidas em conflitos intermináveis, geradores de contínua confusão metafísica e
frustração.
O meio ambiente é encarado como se tratasse de partes separadas a ser exploradas por
diferentes grupos de interesses. Esta visão fragmentária estende-se à sociedade, dividida em
diferentes nações, raças, religiões e grupos políticos.
A visão cartesiana e a visão mecanicista do mundo foram benéficas e maléficas
simultaneamente. Foram bem sucedidas no desenvolvimento da física clássica e tecnologia,
mas tiveram consequências adversas para a civilização ocidental.
É fascinante verificar que, em meados do século XX, ultrapassa essa fragmentação e
regressa à ideia de unidade expressa nas primeiras filosofias gregas e orientais.
Em contraste com a visão mecanicista, no oriente a visão é orgânica. Tudo o que
existe e que é percecionado pelos sentidos está interligado, objetos, acontecimentos, etc., são
somente aspetos diferentes ou manifestações da mesma realidade última. A nossa tendência
para dividir o mundo em coisas singulares e isoladas é considerada como uma ilusão da nossa
mente contabilizadora e catalogadora. É denominada de «avidya» ou ignorância.
Apesar das suas diferenças todas as escolas orientais realçam a unidade básica do
universo, característica fundamental dos seus ensinamentos. O objetivo é tornarem-se
conscientes da unidade e mútua inter-relação de todas as coisas, transcender a noção de
indivíduo isolado, e identificar-se com a realidade última. A urgência desta tomada de
consciência – conhecida como iluminação – não é só um ato intelectual, mas uma experiência
que envolve a pessoa como um todo. O cosmos é visto, nesta perspectiva, como uma
realidade inseparável – para sempre em movimento, vivo, orgânico; espiritual e material,
simultaneamente.
2 Conhecendo e observando
3 Acerca da linguagem
O estudo do mundo dos átomos forçou os físicos a entender que a nossa linguagem
vulgar não é apenas inexata, mas completamente inadequada para descrever a realidade
atómica e subatómica. A teoria quântica e a da relatividade tornaram claro que a realidade
transcende a lógica clássica e que não podemos falar delas em linguagem comum.
Para descrever os aspetos paradoxais observados no mundo subatómico o misticismo
oriental desenvolveu vários caminhos diferentes. Os budistas chineses e os japoneses
adotaram uma técnica taoista de comunicação do sentir pelas simples exposição do seu
carácter paradoxal. Com o sistema koan desenvolveram uma maneira única de transmitir os
seus ensinamentos sem qualquer verbalização. Koans são charadas sem sentido,
cuidadosamente inventadas, que pretendem fazer o estudante entender as limitações da lógica
e do raciocínio da maneira mais dramática. O teor irracional e conteúdo paradoxal destes
enigmas torna-os impossíveis de resolver pelo pensamento. São destinados precisamente a
deter o processo de pensamento, e assim tornar o estudante apto para o sentir não verbal da
realidade.
Ex.:
Qual era a sua face original – a que tinha antes dos seus pais o conceberem?
Pode produzir o som do bater das mãos. Mas qual é o som de uma mão?
Com a ajuda da mais sofisticada tecnologia a visão das propriedades dos átomos
perderam a noção macroscópica de bolos, como aa bolas de bilhar, que permitiam uma
experiência sensorial, para ser aprofundada, descobrindo camada após camada, da molécula,
aos átomos a que se seguiram os seus componentes – núcleo e eletrões – e depois os
constituinte do núcleo – protões e neutrões e demais partículas subatómicas. Desapareceu a
noção sensorial macroscópica, impedindo de ver os próprios fenómenos investigados,
permitindo observar apenas as suas consequências, manchas ou rastros em chapas
fotográficas, sons em contadores Geiger, etc.
À medida que penetramos mais na natureza, temos de abandonar progressivamente as
imagens e conceitos da linguagem vulgar. Inquirindo dentro dos átomos e investigando a sua
estrutura, a ciência ultrapassou os limites da nossa imaginação sensorial. A partir deste
momento, não podia confiar completamente na lógica do senso comum. A física atómica
dotou os cientistas dos primeiros relances da natureza essencial das coisas. À semelhança dos
místicos, os físicos lidavam agora com a experiência não sensorial da realidade e, como eles,
tinham de enfrentar os aspetos paradoxais desta experiência. A partir de então, os modelos e
as imagens da física moderna tornavam-se aparentados dos da filosofia oriental.
4 A nova física
A física clássica era baseada na noção de corpos sólidos que se moviam no espaço
vazio. Por exemplo o átomo. Esta noção continua a ser válida na zona da experiência
quotidiana. Zona das dimensões médias. Só que tanto o corpo sólido como o espaço vazio são
noções que foram destruídas pela física moderna a física atómica.
Quando Rutherford bombardeou átomos com partículas alfa, obteve resultados
sensacionais e totalmente inesperados. Longe das partículas pesadas e sólidas que se
acreditava serem desde a antiguidade, os átomos passaram a consistir em vastas regiões de
espaço vazio, nas quais partículas extremamente pequenas – os eletrões – se moviam em volta
de um núcleo, a isso compelidos por forças elétricas.
Para fazer uma ideia de grandeza dos átomos, o diâmetro do átomo tem dimensões
próximas da centésima milionésima parte de um milionésimo do centímetro, assim para
visualizar este tamanho diminuto, imagina uma laranja inchada até ao tamanho da Terra. Os
átomos da laranja teriam então o tamanho de cerejas. Miríades de cerejas apertadas num globo
do tamanho da Terra – aí está um quadro dos átomos numa laranja.
Um átomo é extremamente pequeno comparado com “laranjas”, mas é imenso
comparado com o núcleo no seu centro. Para poder observar um núcleo, teríamos de tornar o
átomo do tamanho da cúpula do nosso Palácio de Cristal, só assim poderíamos ver o núcleo
do tamanho de um grão de areia, e partículas de poeira rodopiando à sua volta.
Apesar do núcleo ser 100.000 vezes mais pequeno que o átomo, é composto por
nucleões (protões e neutrões) que são 2000 vezes maiores que os eletrões.
A teoria quântica mostrou que os átomos apesar da frequência de colisões entre eles
mantêm as suas características. A velocidade com que as partículas giram dentro do átomo é
tal que não se diz que apresentam um duplo aspeto onda-corpúsculo da matéria. Esta
velocidade sofre influência da proximidade entre os seus constituintes. Por exemplo o eletrão
circula a 600 Km/s; esta enorme velocidade faz parecer que o átomo é semelhante a uma
esfera rígida, pois que a sua rotação não se faz na mesma orbita, mas em todo um espaço,
mantendo um equilíbrio que os faz girar em torno do núcleo a uma distância tal que se
encontre entre a atração para o núcleo e a sua relutância em ser aprisionada. Mas dentro do
núcleo, protões e neutrões giram a 40.000 Km/s, sendo portanto uma forma de matéria muito
diferente da que observamos no nosso mundo macroscópico.
II – O caminho do misticismo oriental
5 Hinduísmo
Não se pode designar como filosofia, nem é uma religião bem definida. É uma ampla e
complexa estrutura sócio religiosa constituída por inúmeras seitas, cultos e sistemas
filosóficos, envolvendo múltiplos rituais, cerimónias e disciplinas espirituais, bem como a
adoração de um sem-número de deuses e deusas. As múltiplas facetas desta estrutura,
espelham as complexidades geográficas, raciais, linguísticas e culturais do vasto
subcontinente indiano.
As manifestações do hinduísmo vão das filosofias altamente intelectuais, até ao nível
de práticas rituais ingénuas e infantis das massas. Se a maioria dos hindus é de proveniência
humilde o hinduísmo criou nas suas fileiras mestres espirituais a produzir profundos
raciocínios.
A fonte espiritual reside nos Vedas, sem o Rigveda o mais importante e antigo (1700-
500 a.C.). O Upanishade é o último livro dos Vedas e contém a parte espiritual do hinduísmo.
O grosso do povo indiano recebeu os ensinamentos do hinduísmo não através do
Upanishade, mas de um grande número de contos populares, coloridos em enormes épicos,
que são a base da vasta e colorida mitologia indiana.
O Mahabharata contém o lindo poema espiritual que é o Bhagavad Gita onde
“Krishna, disfarçado de cocheiro de Arjuna, dirige o carro para o meio dos dois exércitos, e
neste cenário dramático do campo de batalha começa a revelar a Arjuna as verdades mais
profundas do hinduísmo. À medida que o deus fala, o teatro realista da guerra entre as duas
famílias cedo se desvanece e torna-se claro que a batalha de Arjuna é a batalha espiritual da
natureza humana, a batalha do guerreiro na busca da luz interior.
A base da instrução de Krishna, como de todo o hinduísmo, é a ideia de que a
multiplicidade das coisas e acontecimentos à nossa volta são apenas manifestações diversas
da mesma realidade última. Esta realidade, chamada Brahman, é o conceito unificador que
confere ao hinduísmo o seu carácter monístico essencial apesar da veneração de inúmeros
deuses e deusas.” Todos os deuses são apenas reflexos de uma realidade última.
Só ele (Brahman) é todos os deuses. A manifestação do Brahman na alma humana é
denominada de Atman, e a ideia que Atman e Brahman, a una e última realidade, são a
mesma coisa, é a essência da Upanishade.
O tema básico na mitologia hindu é a criação do mundo pelo autossacrifício de Deus –
sacrifício no sentido original de «tornar sagrado» – por meio de Deus vem o mundo que no
fim, se torna de novo Deus. Esta atividade criativa do divino é designada de “lila”, o
desempenho de Deus, e o mundo é visto como o palco do desempenho divino. Brahman é o
grande mágico que se transforma no próprio mundo e desempenha este feito como o seu
«poder mágico criativo», que é o significado original de maya no Rigveda. Maya, uma das
palavras mais importantes na filosofia indiana, foi alterando o seu significado ao longo dos
séculos. Da «força», ou «poder», do divino ator e mágico, tornou-se sinónimo do estado
filosófico de qualquer pessoa sob o fascínio de um desempenho magico. Enquanto
confundirmos as miríades de formas do divino lila com a realidade, sem apreender a unidade
de Brahman sublinhando todas estas formas, estamos sob a influência de maya.
Maya, portanto, não significa que o mundo seja uma ilusão. A ilusão está meramente
no nosso ponto de vista, se pensarmos que as formas e estruturas, coisas e acontecimentos que
nos rodeiam são realidades da natureza, em vez de entender que são conceitos do nosso
espírito quantificador e categorizador. Maya é a ilusão de tomar estes conceitos pela
realidade, de confundir o mapa com o território.
Na visão hindu da natureza todas as formas são relativas, fluidas e maya em contínua
mudança, conjuradas pela grande magia da atividade divina. O mundo de maya muda
continuamente porque o divino lila é um desempenho rítmico e dinâmico. A força dinâmica
da atividade é Karma que significa ação. É o princípio ativo do desempenho, o universo total
em ação, onde tudo está divinamente relacionado com tudo o resto. Nas palavras do Gita,
«karma é a força da criação, donde todas as coisas retiram a sua vida».
O significado de Karma, como o de maya, foi trazido do seu nível cósmico original
para o nível humano, onde adquiriu um sentido psicológico. Enquanto a nossa visão do
mundo for fragmentada, enquanto estivermos sob o fascínio de maya e pensarmos que
estamos separados do nosso meio e podemos agir independentemente, estamos dominados por
karma. Ser livre do vínculo de karma significa entender a unidade e harmonia de toda a
natureza, incluindo nós próprios e agir adequadamente.
Ser livre do fascínio de maya, quebrar as amarras de karma, significa entender que
todos os fenómenos que apreendemos com os nossos sentidos são parte da mesma realidade.
Significa sentir, concreta e pessoalmente, que tudo, incluindo nós próprios, é Brahman. Este
sentir é denominado Moksha, ou «libertação» na filosofia hindu, e é a própria essência do
hinduísmo.
A escola mais intelectualizada é a védica, que é baseada no Upanishade, realça
Brahman como um conceito impessoal, metafísico, livre de qualquer conteúdo mitológico.
Envolve uma meditação diária e outros exercícios espirituais para atingir a união com
Brahman.
Outro método é o ioga, que significa «emparelhar», «juntar» e que se refere à união da
alma individual com Brahman. Existem várias escolas, ou vias, de ioga envolvendo treino
físico diário e variadas disciplinas mentais concebidas para pessoas de tipos diferentes e de
níveis espirituais diferenciados.
Sendo Brahman a realidade única, o Todo, na Índia são venerados mais de 30.000
divindades, constituindo todas facetas de Brahman. As três mais veneradas são: Brama, o
Criador, Vishnu, o Conservador e Shiva, o Destruidor, conhecidos como Trimurti e Shakti a
mãe divina.
Todos eles podem surgir com outros nomes como por exemplo Shiva com Mahesvara
e Nataraja, Vishnu surge como Krishna no Bhagavad Gita, etc.
Moksha – Libertação
Lila – atividade criativa do divino
Maya – “força ou poder divino”, é a ilusão de tomar as formas, estruturas, coisas e
acontecimentos como a realidade; de confundir o mapa com o território.
Karma – força dinâmica da atividade e significa ação.
Atman – É a manifestação de Brahman na alma humana.
6 Budismo
7 O pensamento chinês
O criador do taoísmo foi Lao Tzu, cujo nome significa literalmente, «o sábio velho» e
que era, de acordo com a tradição, um contemporâneo, mais velho de Confúcio. Diz-se ter
sido o autor de um pequeno livro de aforismos, que é considerado como a principal escritura
do taoísmo, o Tao Te Ching, (“Clássico do Caminho e do Poder”). Outro livro importante do
pensamento taoista é Chuang-tzu, cujo autor Chuang Tzu viveu duzentos anos depois de Lao
Tzu. De acordo com a cultura moderna, ambas as obras não podem ser consideradas como
sendo de um único autor, constituindo antes uma compilação de escritos taoistas feita por
autores diferentes em épocas diferentes.
“Existem três formas – «completo», «tudo abarcante» e «o todo». Estas palavras são
diferentes, mas a realidade nelas contidas é a mesma: refere-se à coisa única. Chuang Tzu
À noção de padrões cíclicos na dinâmica de Tao foi dada uma estrutura bem definida
pela introdução dos polos opostos yin e yang. São eles que impõem os limites para os ciclos
de mudança:
O yang, tendo o seu clímax, retrocede em favor do yin: o yin, tendo atingido o seu
clímax, retrocede em favor do yang. (Wang Ch’ung)
O significado original das palavras yin e yang era o dos lados de uma montanha, – o
luminoso, exposto ao sol, e o sombrio – uma analogia que fornece um bom exemplo da
relatividade dos dois conceitos:
“Aquilo que, ora permite a escuridão, ora permite a luz, é o Tao.”
8 O Taoísmo
Das duas correntes principais do pensamento chinês é o Taoísmo que tem maior cariz
místico. Tal como o hinduísmo e o budismo, o taoísmo está relacionado com a sabedoria
intuitiva, em vez do conhecimento racional.
A desconfiança no conhecimento convencional e no raciocínio é mais forte no taoísmo
do que em qualquer outra filosofia oriental. Baseia-se na sólida crença de que o intelecto
humano nunca poderá compreender o Tao. Nas palavras de Chuang Tzu:
“O conhecimento mais profundo não se compreende, necessariamente a si próprio; o
raciocínio não torna os homens mais sábios. Os sábios são contra ambos estes métodos.”
“A não ação não significa ficar parado ou manter o silêncio. Deixem que tudo o que
acontece naturalmente aconteça, de tal forma que a sua natureza se satisfaça.” Chuang Tzu
“Se alguém pergunta o que é o Tao e o outro responde” diz Chuang Tzu “então
nenhum dos dois o conhece.”
9 O Zen
III – Os paralelos
Ou um paralelismo entre a visão mística de conhecimento no oriente e a as características fundamentais
da visão do mundo emergente da física moderna.
O objeto material torna-se… algo de diferente do que agora vemos, não um objeto
separado de um fundo natural, mas sim uma parte indivisível e, até de uma forma subtil, uma
expressão da unidade do todo que observamos.
Sri Aurobindo, in Síntese do Yoga
As coisas derivam a sua natureza e porvir de uma dependência mútua e não são nada
isoladamente.
Nagarjuna, in T.R.V. Murti