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Manejo Do Solo

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Manejo do Solo

Manejo e conservação do solo

O manejo, a proteção e uso do solo devem-se basear, primeiramente, no seu


potencial produtivo. Sendo que para um manejo adequado do solo é
necessário considerar suas propriedades físicas (aeração, retenção de água,
compactação, estruturação), químicas (reação do solo, disponibilidade de
nutrientes, interações entre estes) e biológicas (teor de matéria orgânica,
respiração, biomassa de carbono, biomassa de nitrogênio, taxa de colonização
e espécies de microrganismos).

Um bom manejo do solo é aquele que propicia boa produtividade no tempo


presente e que, também, possibilita a manutenção de sua fertilidade,
garantindo a produção agrícola no futuro. Entre os fatores a considerar na
escolha do sistema de manejo do solo em um vinhedo estão a conservação ou
o aumento do teor e qualidade da matéria orgânica, a proteção do solo contra o
impacto das gotas de chuva e a economia da água nele armazenada.

A matéria orgânica ou húmus do solo, desempenha papel fundamental para as


plantas e para o solo: atua como um cimento que faz a união entre as
partículas de solo, formando os agregados. Estes são importantes porque
tornam o solo mais poroso, melhorando e aumentando a infiltração da água da
chuva e da irrigação no perfil, e consequentemente, reduzindo a quantidade da
água que vai com a enxurrada. Os agregados estáveis também aumentam a
resistência do solo ao impacto das gotas de chuva. Como resultado, ele estará
mais resistente aos processos erosivos. A matéria orgânica é importante,
também, para aumentar a capacidade de troca catiônica (CTC), que é a
capacidade que o solo tem de armazenar nutrientes para as plantas, tais como:
cálcio, potássio e magnésio. Além disso, a matéria orgânica é capaz de
fornecer nitrogênio, fósforo e enxofre para a nutrição das plantas.

Conservação do solo

A conservação do solo é uma prática que não é muito usada no cultivo da


videira. A resistência à adoção de práticas conservacionistas é atribuída às
dificuldades que surgem por ocasião da instalação das latadas e espaldeiras,
acompanhando o contorno do terreno, exigindo o emprego de práticas como:
plantio em nível e terraceamentos. No Submédio do Vale do São Francisco,
devido ao seu relevo plano, estas práticas não têm sido adotadas.

Porém, a discussão de aspectos do manejo de solo nesta cultura é maior do


que enfatizar as alterações de ordem química, física ou biológica. É necessário,
a partir de uma visão sistêmica, integrar o sistema produtivo ao ambiente e
verificar as ações e reações, integrando aspectos econômicos, sociais e
ambientais. Neste sentido, práticas conservacionistas como a utilização de
adubos verdes, compostos, biofertilizantes, manejo adequado dos restos de
poda são alternativas que podem viabilizar a sustentabilidade do sistema de
produção da videira.

Nutrição e adubação verde

A utilização de plantas intercalares, como adubos verdes, na cultura da videira,


possibilita a obtenção de altas quantidades de resíduos orgânicos, o que
permite o aumento do teor de carbono do solo e da CTC, bem como a redução
da lixiviação de cátions e água. Por outro lado, a produção de material vegetal
"in situ" e a sua utilização como cobertura morta, diminui a evaporação da água
aplicada, minimizando os riscos de salinização das áreas cultivadas.

Em regra, qualquer espécie vegetal pode ser utilizada como adubo verde.
Porém, considerando as características desejadas, algumas espécies devem
ser prioritárias para integrar um sistema de produção que inclua a Nutrição e
Adubação verde, destacando-se as seguintes características :

 Ter sistema radicular profundo para facilitar a reciclagem dos nutrientes.


 Ter elevada produção de massa seca, tanto da parte aérea quanto da
radicular.
 Ter alta velocidade de crescimento e de cobertura do solo.
 Ser agressiva e rústica.
 Possuir baixo custo de sementes.
 Apresentar facilidade na produção de sementes.
 Possuir, preferencialmente, efeitos alelopáticos e/ou supressores em
relação às plantas não cultivadas.
Além da quantidade de matéria seca, avalia-se também, a qualidade desta, ou
seja, sua capacidade em permanecer protegendo o solo e suprindo de
nutrientes a cultura principal (videira).

Uma alternativa compreende o uso de adubos verdes na forma de coquetéis


vegetais. O coquetel vegetal consiste no plantio de uma mistura de sementes
de várias espécies e famílias, incluindo, leguminosas, gramíneas, oleaginosas,
entre outras, com o objetivo de promover melhorias nas características
químicas, físicas e biológicas do solo. As seguintes espécies, em diferentes
proporções foram testadas e apresentaram um bom desenvolvimento no
Submédio do Vale do São Francisco: leguminosas: Calopogônio
(Calopogonium mucunoide), Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis, feijão de
porco (Canavalia ensiformes), guandu (Cajanus cajan L.), lab-lab (Dolichos
lablab L.), mucuna preta (Mucuna aterrina), mucuna cinza (Mucuna
conchinchinensis); não-leguminosas: gergelim (Sesamum indicum L.), girassol
(Chrysantemum peruviamum), mamona (Ricinus communis L.), milheto
(Penissetum americanum L.) e sorgo (Sorghum vulgare Pers.). O fato das
espécies fornecedoras de material orgânico serem plantadas em coquetel
proporciona, ainda, uma melhor exploração do solo, reciclando os nutrientes de
forma mais eficiente que o monocultivo, favorecendo, assim, à diversificação de
espécies no sistema de produção (incluindo o aumento e diversificação da
população microbiana presente na rizosfera) e, fornecendo material orgânico
com composição de nutrientes mais diversificada.

Aplicação de compostos orgânicos e biofertilizantes

Outra alternativa que pode ser utilizada no cultivo de videira é a aplicação de


composto orgânico (Figura 2). A compostagem é um processo biológico de
transformação do material orgânico, biodegradável, em matéria orgânica
humificada ou estabilizada. É uma técnica idealizada para se obter mais
rapidamente, e em melhores condições, a desejada estabilização da matéria
orgânica. A compostagem é um processo de digestão aeróbica do material
orgânico por microrganismos em condições favoráveis de temperatura,
umidade, aeração e pH. A eficiência do processo baseia-se na perfeita
interação desses fatores. Há uma oportunidade de utilizar os restos da poda da
videira para aumentar a taxa de retorno de nutrientes e aumentar o seu teor de
matéria orgânica. O processo de compostagem, também, pode garantir a
eliminação das fontes de inócuos e de patógenos.

No processo de compostagem a relação Carbono/Nitrogênio (C/N) inicial ideal


é de 25-35:1 e pode ser atingida por meio do uso aproximado de 75% de restos
vegetais variados e 25% de esterco. Esses resíduos, vegetais e animais, são
dispostos em camadas alternadas, formando uma leira ou monte de dimensões
e formatos variados. O composto orgânico altera as propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo, fornecendo nutrientes e carbono mais
estabilizado. Como o composto pode ser feito com diferentes matérias primas,
após estabilizado, deve-se fazer uma análise química, utilizando como
extratores água e ácido, e assim determinar as concentrações de nutrientes
prontamente e potencialmente disponíveis.

O emprego de biofertilizantes em substituição aos agroquímicos vem


crescendo em todo o País e tem contribuído para o aumento da produtividade
com a diminuição de custo e controle de pragas e doenças das plantas. Na
literatura já se encontram alguns resultados positivos da aplicação de
biofertilizantes no semiárido tropical brasileiro para diferentes culturas, bem
como no controle de pragas e doenças, na decomposição de matéria orgânica
com elevada relação C/N, na melhoria das características físicas, químicas e
biológicas do solo e no baixo custo de seu uso. Em síntese, os biofertilizantes
recomendados são adubos orgânicos líquidos, produzidos a partir da
fermentação de esterco fresco, sem a presença de ar, ou pode ser um produto
da fermentação aeróbica de substratos orgânicos.

As técnicas de manejo devem ser incorporadas ao sistema de produção da


videira de acordo com o nível tecnológico empregado, considerando os
aspectos relacionados aos genótipos, as características edafoambientais,
econômicas e os sistemas de certificação da qualidade como produção
integrada, global gap, etc.

Manejo E Conservação Do Solo E Da Água Na Região Cacaueira Da Bahia


Aspectos Básicos

Reflexão Inicial

A relação que existe entre solo e planta é de completa dependência um do


outro. O solo serve para dar sustentação às plantas e funciona como um
reservatório de água e nutrientes necessários para a vida das plantas. Por
outro lado, as plantas promovem a cobertura do solo e fornecem matéria
orgânica que é importante para a formação e conservação do solo.

O solo é composto por pequenos espaços vazios, chamados de poros. Os


poros de tamanho maiores são conhecidos como macroporos e os de menor
tamanho, de microporos. Eles desempenham funções específicas no solo, os
microporos servem para armazenar água, enquanto que os macroporos são
responsáveis pela drenagem da água, pela entrada e saída dos gases no solo
e pela penetração das raízes das plantas.

Assim sendo, é de extrema importância que as técnicas adotadas para o cultivo


de plantas não promovam a alteração na porosidade do solo. No entanto,
sempre ocorrem mudanças, a mais comum é o aumento da quantidade de
microporos e a diminuição de macroporos. Com isso, a velocidade de
infiltração da água no solo fica mais lenta e a água passa a se acumular na
superfície, provocando o escoamento que é conhecido como enxurrada. Esse
escoamento superficial é um importante fator que provoca erosão.

A erosão é o processo de desgaste acelerado do solo, provocado pela


utilização de técnicas inadequadas para o cultivo. Ela provoca o
empobrecimento do solo e a perda da capacidade produtiva com o passar dos
tempos. Além disso, ela é responsável por importantes desajustes ambientais.
Um deles é o transporte de terra para dentro dos rios que, muitas vezes,
provoca a sua morte. Outro impacto importante é a poluição dos mananciais,
que compromete a qualidade da água para consumo humano e animal.

Conservação do Solo e da Água

O solo é um recurso natural que deve ser utilizado como patrimônio da


coletividade, independente do seu uso ou posse. É um dos componentes vitais
do meio ambiente e constitui o substrato natural para o desenvolvimento das
plantas.

A ciência da conservação do solo e da água preconiza um conjunto de


medidas, objetivando a manutenção ou recuperação das condições físicas,
químicas e biológicas do solo, estabelecendo critérios para o uso e manejo das
terras, de forma a não comprometer sua capacidade produtiva. Estas medidas
visam proteger o solo, prevenindo-o dos efeitos danosos da erosão
aumentando a disponibilidade de água, de nutrientes e da atividade biológica
do solo, criando condições adequadas ao desenvolvimento das plantas.

Do ponto de vista da conservação do solo, a ocorrência de chuvas fortes em


uma determinada região é preocupante, pois essas chuvas têm um alto
potencial de desgaste dos solos. Na região cacaueira da Bahia é muito comum
a ocorrência de chuvas intensas, donde se pode concluir que é uma região que
pode ocorrer erosão, dependendo apenas do tipo de uso do solo.
O impacto das gotas das chuvas fortes sobre a superfície de um solo sem
cobertura vegetal, provoca a separação das partículas de argila, silte e areia.
As partículas individualizadas que são transportadas pela água para dentro do
solo, estacionam no interior dos macroporos e provocam o entupimento. Como
os macroporos são responsáveis pela infiltração da água, começa a ocorrer um
acúmulo de água na superfície, resultando em enxurrada e conseqüente
erosão. Portanto, as aparentemente inofensivas gotas de chuva são as
principais responsáveis pelo desgaste dos solos sem cobertura vegetal.

Diante disso, o agricultor deve se empenhar ao máximo para manter a


cobertura vegetal do solo, uma vez que ela amortece o choque das gotas de
chuva contra a superfície do solo, diminuindo os riscos de ocorrência de
erosão. Essa cobertura pode ser feita por intermédio da preservação das
florestas, pelas culturas agrícolas, pelas plantas de cobertura e/ou pela adição
de restos de plantações.

Outro componente importante na ocorrência de erosão é a topografia do


terreno. Em locais muito declivosos, a possibilidade de ocorrer erosão é muito
maior do que em locais mais planos. A região cacaueira da Bahia tem extensas
áreas declivosas, as quais são susceptíveis à erosão. O declive acentuado
favorece a uma maior velocidade de escoamento das águas e conseqüente
aumento da capacidade de transporte de terras para as partes mais baixas do
relevo.

Nesse contexto, pode-se afirmar que, por apresentar a maior parte das terras
ocupadas por sistemas agroflorestais, nos quais o cacau é a cultura de
interesse econômico principal, a região cacaueira da Bahia possui uma boa
estratégia para evitar a erosão, uma vez que as plantas que compõem o
agroecossistema funcionam como amortecedores do choque das gotas de
chuva sobre o solo.

No entanto, isso não significa que o cacauicultor possa ficar despreocupado


com a erosão. Em visitas freqüentes feitas em diversas fazendas de cacau da
região, engenheiros agrônomos que trabalham com manejo e conservação do
solo, têm observado a ocorrência de erosão laminar em áreas declivosas.
Nessas áreas, a cobertura do solo proporcionada pelo cacau, juntamente com
as demais plantas que compõem os sistemas agroflorestais, não é suficiente
para evitar a erosão.

Desse modo, o cacauicultor deverá introduzir uma técnica de conservação do


solo para aumentar a resistência do solo contra a erosão, evitando assim o seu
empobrecimento. Faz-se necessário conhecer e adotar algumas técnicas
conservacionistas que são eficientes para o controle da erosão.

Nos últimos tempos, a região sul da Bahia passou por uma mudança muito
importante no uso de seus solos, em decorrência da crise estabelecida na
lavoura cacaueira. A alteração mais significativa foi a substituição da cabruca
por áreas de pastagem, de fruteira e de café, entre outros. Essas modificações
ocorridas têm gerado preocupações com relação à conservação do solo, pois,
até então, os agricultores não viam necessidade de se adotar técnicas
conservacionistas, uma vez que a proteção do solo promovida pelo sistema
cabruca é mais eficiente do que os outros tipos de usos que surgiram.

As pastagens bem manejadas, nas quais se utilizam o sistema de rotação de


pastos, a associação com plantas leguminosas, a calagem e a adubação,
contribuem para a conservação dos solos, pois promovem a cobertura dos
solos por intermédio das gramíneas e pelo fornecimento de matéria orgânica.
No entanto, em boa parte das terras ocupadas por pastagens na região
cacaueira, o que se observa é o pastoreio excessivo, no qual, os animais
cortam o capim rente à superfície do solo, levando a uma completa degradação
dos pastos e deixando o solo exposto à erosão. Para piorar a situação, a
técnica mais utilizada no manejo de pastagens degradadas é o uso
indiscriminado do fogo.

Com a diversificação dos cultivos ocorrida na região, houve um aumento das


áreas ocupadas por fruteiras e café. Como essas plantações naturalmente
promovem uma menor cobertura do solo quando comparadas com o sistema
cabruca, ocorreu, possivelmente, um aumento das perdas de solo por erosão.
Entretanto, essas perdas podem ser minimizadas com a adoção de técnicas
eficientes de controle da erosão.

A Queimada e o Solo

Existe uma ilusão de que a terra fica mais fértil depois de queimada. O que
ocorre na realidade é que os nutrientes que seriam adicionados aos poucos, ao
solo, pela decomposição da matéria orgânica, passam a ficar disponíveis de
uma só vez nas cinzas. Com isso, esses nutrientes são levados embora pelas
chuvas e o resultado é um solo muito mais pobre do que antes de ser
queimado. Além disso, existem diversas recomendações que devem ser
seguidas, com o objetivo de se fazer uma queimada controlada. Para isso, os
agricultores devem procurar informações nos órgãos especializados.

A natureza demonstra que os ambientes, nos quais a queimada ocorre como


um fenômeno natural (provocado por descarga elétrica, por fricção entre
corpos), apresentam-se, de modo geral, com solos empobrecidos, com
conseqüentes deficiências nutricionais, pH inadequado, altos teores de
elementos tóxicos. Dentre as conseqüências negativas advindas da queimada
estão: a destruição dos organismos do solo, a queima da matéria orgânica,
volatilização de alguns nutrientes, liberação de CO2 para a atmosfera,
diminuição da infiltração e retenção de água, aumento da susceptibilidade do
solo à erosão, redução da capacidade produtiva dos terrenos e desequilíbrios
no meio ambiente.

Os efeitos do fogo têm sido mais desastrosos, quando decorrentes de


queimadas mal conduzidas e aplicadas continuamente. Tem-se verificado que
em áreas prejudicadas pelo fogo, como parte de um manejo deficiente, as
culturas revelam queda de produtividade e os pastos diminuem sua capacidade
de suporte. Os prejuízos ambientais decorrentes do fogo têm sido mais
intensos, destacadamente, em áreas de relevo acidentado e muito inclinado.
Tipos mais Comuns de Erosão

Erosão por Salpicamento: é provocada pelo choque das gotas de chuva


contra a superfície do solo descoberto. Com o choque, as partículas do solo
ficam separadas umas das outras e entopem os poros. Nas áreas mais
declivosas ocorre uma maior quantidade de terra transportada.

Erosão Laminar: é o tipo de erosão mais importante que existe. Na maioria


das vezes, o agricultor não percebe a sua ocorrência e quando ela é notada, os
estragos já foram feitos. Por isso, é considerada como a mais perigosa das
erosões. Esse tipo de erosão se caracteriza por retirar finas camadas ou
lâminas de solo, daí o nome laminar. O agricultor deve ficar atento no
surgimento de certos sinais de ocorrência dessa erosão, como o aparecimento
de raízes e pedras na superfície do solo cultivados com culturas permanentes,
como são os casos do cacau, do café e de certas fruteiras.

Erosão em Sulco: é o tipo de erosão que mais chama atenção do homem.


Porém, provoca menos desgaste do que a erosão laminar. Locais declivosos e
com solo descoberto é favorável a ocorrência desse tipo de erosão.

Erosão em Voçoroca: esse tipo de erosão provoca um grande impacto visual.


A sua origem é a erosão em sulco não controlada. É muito cara e difícil de ser
controlada. Em áreas de ocorrência de voçoroca fica impossibilitado o uso de
máquinas e equipamentos agrícolas.

Planejamento Conservacionista

A solução dos problemas decorrentes da erosão não depende da ação isolada


de um produtor. A erosão produz efeitos negativos para o conjunto dos
produtores rurais e para as comunidades urbanas. Um plano de uso, manejo e
conservação do solo e da água deve contar com o envolvimento efetivo do
produtor, do técnico, dos dirigentes e da comunidade.
Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, destaca-
se um maior aproveitamento das águas das chuvas. Evitando-se perdas
excessivas por escoamento superficial, podem-se criar condições para que a
água pluvial se infiltre no solo. Isto, além de garantir o suprimento de água para
as culturas, criações e comunidades, previne a erosão, evita inundações e
assoreamento dos rios, assim como abastece os lençóis freáticos que
alimentam os cursos de água.

Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamental para a


diminuição do impacto das gotas de chuva. Há redução da velocidade das
águas que escoam sobre o terreno, possibilitando maior infiltração de água no
solo e, diminuição do carreamento das suas partículas.

Principais Técnicas de Conservação do Solo

Práticas Vegetativas Práticas Edáficas Práticas Mecânicas

 Preparo do solo e
 Florestamento e  Cultivo de plantio em nível
reflorestamento acordo com a  Distribuição
 Plantas de cobertura capacidade adequada dos
 Cobertura morta de uso da caminhos
 Rotação de culturas terra  Sulcos e
 Formação e manejo  Controle do camalhões em
de pastagem fogo pastagens
 Cultura em faixa  Adubação:  Enleiramento em
 Faixa de bordadura verde, contorno
 Quebra vento e química,  Terraceamento
bosque sombreador orgânica  Subsolagem
Cordão vegetativo  Calagem  Irrigação e
permanente drenagem
 Manejo do mato e
alternância de capinas

Cultivo de acordo com a capacidade de uso


As terras devem ser utilizadas em função da sua aptidão agrícola, que
pressupõe a disposição adequada de florestas / reservas, cultivos perenes,
cultivos anuais, pastagens etc, racionalizando, assim, o aproveitamento do
potencial das áreas e sua conservação.

Plantio em Contorno:

É conhecido também como plantio em curva de nível. Neste método todas as


operações de preparo do terreno, balizamento, semeadura e outras, são
realizadas em curva de nível. No cultivo em nível ou contorno criam-se
obstáculos à descida da enxurrada, diminuindo a velocidade de arraste, e
aumentando a infiltração d’água no solo. Este pode ser considerado um dos
princípios básicos, constituindo-se em uma das medidas mais eficientes na
conservação do solo e da água. Essa técnica não pode ser usada
isoladamente, principalmente em locais de topografia acidentada e regiões de
chuvas intensas, devendo vir junto com outras técnicas para a maior eficiência
conservacionista.

A escolha dos métodos / práticas de prevenção à erosão é feita em função dos


aspectos ambientais e sócio-econômicos de cada propriedade e região. Cada
prática, aplicada isoladamente, previne o problema de maneira parcial. Para
uma prevenção adequada da erosão, faz-se necessária a adoção simultânea
de um conjunto de práticas.

Adubação Verde e Plantas de Cobertura

A adubação verde consiste na incorporação de plantas ao solo. Essas plantas


são especialmente cultivadas para esse fim e são cortadas na época da
floração para serem enterradas. Nessa época é onde ocorre o maior
armazenamento de nutrientes nas plantas.
As plantas de cobertura são cultivadas com o objetivo de proteger o solo contra
a erosão. Elas não são cortadas, nem incorporadas ao solo, permanecem
durante todo o seu ciclo cobrindo-o.

As espécies mais comuns são: feijão-de-porco, mucuna, crotalária, cudzu,


amendoim forrageiro, guandu, feijão-de-corda, calopogônio, leucena, entre
outras.

Tanto a adubação verde quanto as plantas de cobertura são importantes para a


melhoria das propriedades do solo. Os solos ficam mais ricos em nutrientes,
especialmente em nitrogênio. Esse enriquecimento ocorre por intermédio da
adição de resíduos orgânicos ou pela associação com microorganismos. Com
o passar dos anos, aumenta o teor de matéria orgânica nos solos cultivados
por essas plantas e melhora as propriedades físicas, como a infiltração e
armazenamento de água, entrada e saída de gases no solo e penetração das
raízes das plantas. Além disso, essas plantas podem controlar as ervas
daninhas e alguns tipos de pragas e doenças. Antes de adotar essas técnicas,
o agricultor deve se informar com os órgãos oficiais para saber quais as
espécies mais indicadas para a região, a disponibilidade de sementes e o
hábito de crescimento dessas plantas.

Cordão de Vegetação Permanente

São plantas cultivadas em fileira (cordão), dispostas em curva de nível, com


uma largura aproximada de um a dois metros. É uma técnica eficiente no
controle de erosão em áreas declivosas. As plantas utilizadas no cordão devem
ter um retorno econômico para o agricultor. As espécies mais utilizadas são
cana-de-açúcar, capim elefante, capim santo, capim colonião, entre outras. A
depender do grau e do comprimento do declive, o agricultor pode plantar mais
de um cordão na sua área.

Cobertura Morta:
São restos de vegetais utilizados para cobrir o solo e evitar a ocorrência de
erosão. Essa técnica evita a perda excessiva de água do solo mediante a
evaporação. O exemplo mais conhecido na região é o do cacau “bate folha”.
Outro bom exemplo de cobertura morta é o das folhas cortadas das
bananeiras.

Palavras Finais

A história da humanidade está intimamente ligada à história de uso da terra. A


conservação do solo e da água mantém a riqueza (capacidade produtiva) das
terras, melhora o rendimento das culturas e garante um ambiente equilibrado,
para a atual e as futuras gerações. Os agricultores, como protagonistas desta
história, têm um papel fundamental na construção de uma vida saudável.

Por Que Fazer Análise De Solo ?

A realização da análise de solo é importante, pois somente os dados obtidos a


campo através da observação visual não são suficientes para se determinar
possíveis problemas nutricionais das plantas.

Deve-se fazer a análise de solo como parte de um planejamento da instalação


das culturas agrícolas ou florestais. Serve como prevenção para futuros
problemas nutricionais que podem facilitar o aparecimento de pragas e
doenças. Com a realização da análise pode-se chegar a aumentar a
lucratividade, pois haverá um aumento da produção e da resistência da planta,
diminuindo os gastos com agrotóxicos (inseticidas, herbicidas e fungicidas). Em
conseqüência disso, haverá uma melhor qualidade de vida e menor impacto
ambiental.

A análise de solo é um instrumento que pode auxiliar o produtor rural a


aumentar a lucratividade da exploração agrícola ou florestal e a acompanhar as
mudanças da fertilidade do solo. Deve ser utilizada, juntamente com outras
informações, como um guia para as recomendações de uso de calcário e
adubos (minerais e orgânicos).
A análise de solos apresenta duas funções:

 Indicar os níveis de nutrientes no solo, possibilitando o desenvolvimento


de um programa de calagem e adubação;
 Pode ser usada regularmente para monitorar e avaliar as mudanças dos
nutrientes no solo (POTAFOS, 1998).

Como Fazer A Análise De Solo?

No sistema de análise de solo há uma divisão de trabalho:

 O agricultor tira a amostra de terra que representa a gleba. A correta


amostragem do solo é uma das principais fases da análise, pois dela
depende a exatidão dos resultados analíticos. Caso haja dúvida na
coleta da amostra, deve-se consultar um Engenheiro Agrônomo ou
Florestal ou um Zootecnista;
 O laboratório analisa a amostra de solo. Deve-se procurar laboratórios
que participem de programas de qualidade (como o CELA, no Paraná),
garantindo metodologias padronizadas para a análise de solo;
 De acordo com o manejo empregado e com a realidade do produtor
rural, o engenheiro agrônomo ou florestal ou o zootecnista interpreta os
dados obtidos na análise e recomenda a calagem e a fertilização que
devem ser feitas;
 O produtor adota as recomendações técnicas, depois de tirar suas
dúvidas com um Engenheiro Agrônomo ou Florestal ou um Zootecnista.

Tipos de Análises de Solos mais Utilizadas Pelo Produtor Rural

As principais análises existentes para avaliação das propriedades do solo são:


química e granulométrica.

É importante que se realize ambas em conjunto, pois assim pode-se relacionar


os teores de nutrientes e acidez com o potencial de uso e manejo do solo. Com
o resultado das duas análises será possível elaborar um diagnóstico mais
preciso da fertilidade.
1) Análise química: Avalia a fertilidade química do solo, determinando a
disponibilidade de nutrientes para as plantas, o pH e a matéria orgânica do
mesmo.

2) Análise granulométrica: Determina a proporção de constituintes do solo


(areia, silte, argila) que influenciam no seu correto uso e manejo, indicando:
risco de erosão, disponibilidade de água para as plantas, o uso econômico de
adubos, a mecanização adequada e qual a melhor cultura a ser implantada.
Serve também como complemento da análise química, garantindo maior
segurança para o diagnóstico.

Vantagens da análise de solos

 São análises rápidas, de baixo custo e que podem ser feitas em


qualquer época do ano, de preferência de três a seis meses antes do
plantio, geralmente com um intervalo de 2 a 4 anos entre as análises
(dependendo do tipo da cultura e do solo);
 Os resultados podem ser interpretados por Engenheiros Agrônomos ou
Florestais ou Zootecnistas;
 Pode-se elaborar um programa de adubação e calagem, pois é possível
determinar as quantidades de nutrientes que o solo será capaz de
fornecer às plantas e qual a quantidade de adubos e calcário que deverá
ser aplicada, visando oferecer as melhores condições de produção e de
qualidade às culturas (EMBRAPA, 1982).

O manejo convencional (ou químico)

No sistema de manejo convencional, o solo é considerado somente como


suporte físico para as plantas. Esse sistema foi disseminado em todos os
continentes e se baseia no emprego de pacotes químicos destinados a nutrir
as plantas cultivadas. A verdade, porém, é que são manejos que matam os
solos, ao utilizarem as seguintes práticas:

• A calagem corretiva, que provoca a rápida decompo- sição


da matéria orgânica do solo.
• A aração profunda, que areja o solo favorecendo o
desenvolvimento dos organismos que decompõem a matéria
orgânica. Após quatro horas da aração, uma grossa nuvem
de gás carbônico paira sobre o solo. Em seguida, ela é
dissipada na atmosfera, aumentando o efeito estufa.

• A adubação nitrogenada, que, por aportar grande quanti-


dade de nitrogênio ao solo, favorece igualmente a decom-
posição acelerada da matéria orgânica. Isso acontece por-
que a relação entre os teores de carbono e nitrogênio (C/
N) nos restos vegetais do solo é reduzida – passando de 45/1

para 15/1, por exemplo –, possibilitando que os


microrganismos consumam inclusive a porção da matéria
orgânica com alta relação C/N e, portanto, com maior
resistência à decomposição biológica (como as ligninas,
muito presentes em palhadas de gramíneas).

Com a redução dos teores de matéria orgânica do solo, a maior parte da vida
microbiana não sobrevive, pois fica sem alimento. Sem a ação da matéria
orgânica e dos microrganismos, o solo desagrega, compacta e endurece.
Assim, sua capacidade de produção fica cada vez mais de- pendente do
pacote químico da agricultura convencional.

O manejo convencional provoca ainda os seguintes efeitos negativos sobre


a vida do solo:

• Agrotóxicos (inseticidas e fungicidas): como em geral as adubações

químicas fornecem apenas cinco dos 45 nutrientes de que as plantas


necessitam, elas ficam desnutridas, tornando-se suscetíveis ao ataque de in-
setos e microrganismos, especialmente fungos, mas também bactérias e vírus.
O ataque desses organis- mos sobre as plantas cultivadas é uma estratégia da
natureza para eliminar as plantas que sofrem deficiên- cias nutricionais e que
por isso não conseguem elabo- rar suas substâncias essenciais (como as
proteínas, for- madas a partir dos aminoácidos livres). Assim, os agrotóxicos
são utilizados para evitar que as chama- das pragas e doenças eliminem as
plantas que apresen- tam deficiências nutricionais causadas justamente pelo
sistema de manejo da agricultura convencional.

• Herbicidas (mata-mato): são utilizados para manter os solos limpos de

plantas nativas que, assim como os insetos e os microrganismos, são


excelentes indicadoras ecológicas, pois evidenciam deficiências minerais e
condições físicas adversas nos solos, como compactação, ausência de
arejamento, baixa permeabilidade, etc.

• Irrigação intensiva: nos solos mortos e compactados a taxa de infiltração

de água das chuvas é muito reduzi- da. Um solo agregado e vivo, por exemplo,
apresenta taxas de infiltração de 100 até 400 mm/h. Mas essas taxas podem
ser reduzidas para 7 a 8 mm/h quando ele é manejado de forma inadequada.
Com essas baixas taxas de infiltração, os cultivos sofrem com a falta de água
logo após pequenos períodos sem chuvas e os lençóis freáticos deixam de ser
reabastecidos em sua plenitude. Para compensar esse efeito gerado por ela
mesma, a agricultura convencional preconiza a irriga- ção intensiva, prática que
acelera ainda mais os proces- sos que levam à degradação dos solos. Dessa
forma, cria-se um círculo vicioso em que a maior demanda por água doce na
agricultura é gerada justamente em re- giões onde esse recurso escasseia
cada vez mais em razão do manejo inapropriado do solo.

Aquecimento do clima: com o crescente desma- tamento das


florestas nativas, especialmente para a implantação de monoculturas
de cana-de-açúcar e de soja, os ventos passam livremente sobre as
áreas cultivadas, chegando a evaporar o equivalente a 750 mm de
chuva por ano. Além disso, os solos compac- tados e mantidos limpos
se aquecem muito, junta- mente com a camada de ar sobre eles.
Devido ao fenômeno da convecção, esse ar quente sobre o solo sobe
em direção à atmosfera em velocidades tanto maiores quanto mais
quente estiver, podendo atin- gir até 400 km/h. Como esse ar quente é
impedido de se dissipar para o espaço devido ao efeito estufa, que vem
se agravando com o aumento das emissões de gases, especialmente o
gás carbônico, o metano e o óxido nitroso, o nosso Planeta está
aquecendo e secando, sendo esta a razão pela qual formam-se a cada
ano mais de 10 milhões de hectares de desertos.

Para concluir, podemos afirmar que a agricul- tura convencional está


diminuindo cada vez mais as possi- bilidades da continuação de vida
em nosso Planeta.

A agricultura orgânica por substituição de insumos

A agricultura orgânica produz alimentos mais saudáveis do que aqueles


produzidos pela agricultura con- vencional. Mas quando ela não é baseada em
princípios ecológicos, e sim na mera lógica de substituição de insu- mos, pode
ser bastante trabalhosa e exigir muitos sacrifí- cios do agricultor. Nesse caso,
sua base é o uso intensivo de compostos e estercos que nem sempre têm
procedên- cia em sistemas orgânicos de produção. Além disso, sua
produtividade é, em geral, baixa, fazendo com que depen- da de mercados que
remunerem com um preço acrescido para que seja viável economicamente.
Por essa razão, tra- ta-se de uma produção de luxo e não acessível a todos.

Do ponto de vista do manejo dos solos, a agricultura orgânica por substituição


de insumos costuma apresentar as seguintes limitações e equívocos:

 Continua trabalhando em solos mortos, embora apli- que


grandes dosagens de compostos orgânicos e es- tercos com
base na crença de que esses materiais sempre melhoram o solo
e nutrem as plantas.

 Trabalha com arações profundas, revirando o solo até uma


profundidade de 45 cm. Dessa forma, traz para a superfície as
camadas mortas do solo que se desagregam facilmente sob o
impacto da água das chuvas ou da irrigação.
 O material orgânico é enterrado com a suposição de que as raízes se
desenvolvem em sua direção em bus- ca de nutrientes. Mas essa
suposição está duplamen- te equivocada. Primeiro, porque a função do
com- posto e dos estercos não é a de nutrir as plantas dire- tamente,
mas sim os organismos do solo. São esses organismos que mobilizam
os nutrientes minerais do solo para em seguida deixá-los disponíveis
para as plantas. Segundo, porque esses materiais deverão ser
completamente decompostos pelos organismos do solo até se
converterem em água, minerais e gás carbônico. Quando enterrados, os
materiais orgâni- cos são decompostos essencialmente por organismos
anaeróbicos por meio de um processo biológico que produz o gás
sulfídrico (SH2) e o metano (CH4), em vez do gás carbônico (CO2).
Como ambos os gases.
 são altamente tóxicos para as raízes das plantas, elas desviam seu
crescimento em direção às camadas su- perficiais do solo que se
encontram empobrecidas em nutrientes, resultando numa baixa
produtividade das culturas. Nesse sentido, podemos afirmar que um
composto produzido com grande esforço mas mal aplicado no solo pode
gerar um efeito contrário ao desejado, fazendo com que o agricultor
produza muito menos do que poderia.

 Mal posicionamento da raiz. Uma agricultura limita- da unicamente à


lógica da substituição dos insumos químicos por orgânicos emprega o
mesmo procedi- mento de plantio de mudas (de hortaliças, de flores e
de árvores) adotado nos sistemas convencionais que, graças à
adubação química freqüente e à irrigação constante, dispensa maiores
cuidados nessa opera- ção. Mas, como já mencionado, o cultivo
convencio- nal não depende do solo como um organismo vivo. Funciona
praticamente como um cultivo hidropônico ao ar livre, no qual o solo
exerce apenas a função de suporte físico para as plantas, não sendo
reconheci- do como um meio de cultura físico-químico-biológi- co. Não
dispondo dos adubos químicos altamente solúveis da agricultura
convencional, qualquer siste- ma orgânico de produção deve se basear
na intensa inter-relação solo-planta. Nesse sentido, o cuidado com o
desenvolvimento das raízes é essencial para o sucesso da agricultura
orgânica. Se a muda for bem plantada com sua raiz orientada para
baixo, sua ten- dência será a de se desenvolver bem, caso o solo não
apresente impedimentos físicos e/ou químicos na subsuperfície. Por
outro lado, se a muda for mal im- plantada, a raiz pode se desenvolver
lateralmente e não se aprofundar no solo. Esse fato ocorre com fre-
qüência quando a muda vai para o campo com a raiz muito comprida e
a sua ponta volta-se para cima e se desenvolve em direção à superfície,
explorando pe- queno volume de solo. Nessa condição a planta tam-
bém se desenvolve mal e sua produção é muito baixa.
 Manejo inadequado da irrigação. A murcha das plan- tas cultivadas logo
após duas a três horas da inter- rupção da irrigação não significa
necessariamente falta de água no solo. Provavelmente as raízes não se
desenvolveram bem por alguma das razões já expos- tas (como solo
compactado ou presença de substân- cias tóxicas na subsuperfície), o
que faz com que as plantas não absorvam água de camadas mais
profun- das no solo. Adicionado a isso, talvez haja um vento seco
permanente sobre a área de cultivo devido à ausência de florestas na
região, promovendo o rápi do ressecamento das camadas superficiais
do solo. Nesse sentido, a necessidade de irrigação freqüente, mesmo
com solos encharcados, é um sintoma de manejo inadequado do solo e
não de um problema climático. Manejos simples como a manutenção de
cobertura morta e a instalação de quebra-ventos po- dem minimizar
muito a necessidade de irrigação.

O manejo agroecológico

A Ecologia se refere ao sistema natural de cada local, envolvendo o solo, o


clima, os seres vivos, bem como as inter-relações entre esses três
componentes. Trabalhar ecologicamente significa manejar os recursos naturais
res- peitando a teia da vida. Sempre que os manejos agrícolas são realizados
conforme as características locais do ambi- ente, alterando-as o mínimo
possível, o potencial natural dos solos é aproveitado. Por essa razão, a
Agroecologia depende muito da sabedoria de cada agricultor desenvol- vida a
partir de suas experiências e observações locais. O manejo agroecológico dos
solos se baseia em cinco pontos fundamentais:
Solos vivos e agregados (bem estruturados)

Um solo vivo pressupõe a presença de variadas formas de organismos


interagindo entre si e com os com- ponentes minerais e orgânicos do solo.
Essa dinâmica bio- lógica exerce uma função essencial na agregação do solo,
de modo a torná-lo grumoso e permeável para o ar e para a água. Além disso,
são esses organismos que mobilizam os nutrientes e os disponibilizam para as
plantas.

Sob clima temperado os solos tendem a ser ra- sos e ricos quimicamente. Já
os solos sob clima tropical tendem a ser mais profundos e empobrecidos em
elementos minerais. Apesar disso, os ecossistemas tropicais têm uma
produtividade biológica 5 a 6 vezes superior aos dos ecossistemas
temperados. Uma das razões para esse fato se encontra exatamente na
diversificada teia da vida existente nos solos tropicais que atua de forma
eficiente na mobilização dos nutrientes necessários ao desenvolvimen- to das
plantas.

Biodiversidade

A manutenção de grande diversidade de plan- tas em uma mesma área é uma


estratégia da natureza para construir maiores níveis de estabilidade na
produção bio- lógica. Um dos mecanismos naturais que asseguram a di-
versidade biológica nos ecossistemas é a secreção de subs- tâncias tóxicas
por determinadas espécies de plantas (como as seringueiras, as castanheiras,
o mogno, o pau-brasil) com a função de evitar o nascimento de sua própria se-
mente em um raio de até 50 metros. Essa é a razão biológica que explica o fato
de serem encontrados apenas 35 m3 de madeira de lei (8 a 10 árvores) em um
hectare de floresta amazônica e de os seringueiros terem que caminhar bas-
tante entre um pé e outro de seringueira.

Outra razão para a existência dessa diversida- de de vegetação no


ecossistema natural é a necessidade de fornecimento de matéria orgânica
diversificada que, por sua vez, fomenta o desenvolvimento de variadas for- mas
de vida no solo, aumentando assim o leque de nutri- entes mobilizados. Nesse
sentido, a produtividade do ecossistema depende da manutenção da
diversidade ve- getal que fornece as condições necessárias para a diversi-
dade biológica nos solos.

É certo, entretanto, que nos ecossistemas agrí- colas a biodiversidade vegetal


não pode ser tão grande como nos ecossistemas naturais. Mas algumas
práticas são importantes para aumentar o nível de biodiversidade no
agroecossistema. Entre elas, destacam-se:

• Rotação de, no mínimo, cinco culturas na mesma área. Essa prática


muitas vezes encontra limitações em lo- cais nos quais os mercados
não absorvem os produtos das espécies cultivadas que entram nas
rotações.
• Plantio de coquetéis de adubação verde compostos por até cinco ou
sete espécies diferentes.
• Rotação entre áreas com lavouras e com pasto.
• Manejo do mato mole, mantendo vivas as plantas nativas que não
prejudicam as culturas. Cultivos como alface, repolho, cebola e
outros se desenvolvem mui- to bem (e até melhor) quando
associados ao mato mole, muitas vezes sem a necessidade de
irrigação.
• Policultivos que associam várias espécies (como mi- lho, feijão,
mandioca, abóbora, melancia, tomates, etc.) na mesma área e ao
mesmo tempo.

Proteção do solo contra o aquecimento excessivo, o impacto da


chuva e o vento permanente

Para a proteção contra a insolação direta (aque- cimento excessivo) e o


impacto das gotas de chuva, os solos devem ser cobertos o máximo possível,
seja por uma camada de palha, ou mulch, ou por uma vegetação densa.

Com a manutenção de uma cobertura permanente, nem que seja com uma
camada de palha de dois centímetros de espessura, a água se infiltra com mais
facilidade do que nos solos desnudos e compactados. Além disso, com o solo
descoberto e sem proteção contra os ventos, a água que se infiltra é facilmente
evaporada. Mas se essa evaporação é evitada com a cobertura do solo e com
quebra-ventos, a água do solo pode se conservar ao alcance das raízes
mesmo após longo período sem chuvas, propiciando produções
significativamente maiores.

Bom desenvolvimento das raízes

Além da manutenção do solo bem estruturado e sem impedimentos


físicos e/ou químicos ao apro- fundamento das raízes, algumas
medidas simples podem ser tomadas para que o sistema radicular das
plantas culti- vadas tenha um bom desenvolvimento e explore grande
volume de solo:

a) o uso de um pau pontudo para fazer a covinha de plan- tio,


orientando a raiz obrigatoriamente para baixo;
b) a poda da raiz;
c) evitar a deficiência de boro, uma vez que a falta desse
micronutriente compromete o desenvolvimento da raiz mesmo
quando todas as demais condições são adequadas. Isso
porque o boro é um nutriente indis- pensável para que
substâncias fotossintetizadas se- jam translocadas das folhas
para as raízes.

Autoconfiança do agricultor

Nas últimas décadas incutiu-se nos agricultores a crença de que eles


dependem de assistência técnica para manejar seus solos já que não
conseguem interpretar por si sós as análises químicas. Como não
foram capacitados para fazer essas análises, passaram a ser
condicionados a rece- ber orientações sobre o quê e como fazer. Esse
foi o cami- nho pelo qual foram induzidos a adquirir máquinas e
insumos químicos, tornando-se assim co-financiadores da
industrialização, ao mesmo tempo em que perderam a auto- confiança
em seus conhecimentos adquiridos pela expe- riência e pela
observação da natureza.
Já na Agroecologia, o agricultor deixa de per- guntar “O que faço?” e
passa a questionar “Por que ocor- re?”. Simplesmente ao reorientar o
tipo de pergunta dian- te de um problema técnico em seus cultivos, ele
muda a sua atitude em relação à forma de praticar a agricultura. Em
vez de receber receitas técnicas prontas, passa a obser- var, pensar e
experimentar. Com o tempo ele começa a produzir melhor que a
agricultura convencional e ganha autoconfiança. E é assim que ele se
dá conta de que é produtor de alimentos junto com a natureza que
Deus criou, que respeita as leis eternas e que acredita em si mesmo.

Manejo do solo para plantio direto: como funciona?

O manejo do solo é um dos aspectos mais importantes do sistema plantio


direto. Iniciado na década de 1970 no sul do Brasil, a técnica sempre
preconizou a ausência de revolvimento do solo e a semeadura realizada
diretamente sobre a palha. Desde então, o plantio direto se espalhou por todo
território nacional, totalizando atualmente mais de 30 milhões de hectares sob o
sistema. Nesse período todo o sistema evoluiu em todas as áreas, se tornando
cada vez mais complexo e eficiente em proporcionar o aumento de
produtividade agrícola e a conservação do solo e do meio ambiente.
O manejo do solo para plantio direto envolve uma série de benefícios para a
saúde e qualidade do solo. A seguir, explicaremos alguns aspectos deste
manejo, e como este importante sistema pode levar à uma elevação dos níveis
de conservação do solo e produtividade agrícola.

Manutenção dos agregados do solo

Os agregados do solo são estruturas formadas a partir da união de partículas


primárias de argila, silte e matéria orgânica. Tendo sua formação
proporcionada pela atuação dos chamados agentes de agregação do solo
(matéria orgânica, hifas de fungos, raízes de plantas, óxidos, íons metálicos,
etc.), os agregados desempenham um papel fundamental na proteção da
matéria orgânica do solo e os estoques de carbono (C).

O manejo do solo para plantio direto, preconizando o não revolvimento do solo


e a manutenção da palha sobre a superfície, contribui significativamente para a
formação de agregados do solo e consequentemente aumento dos estoques e
sequestro de C.

No artigo “Agricultura brasileira e o aquecimento global”, nós discutimos um


pouco mais sobre o papel da agricultura na redução do efeito estufa.

Melhoria da atividade biológica do solo

O manejo do solo para plantio direto é feito de forma a proporcionar uma


melhoria da qualidade biológica do mesmo. Como pudemos ver no artigo “Por
que não devemos confiar apenas na análise química para avaliar a qualidade
do solo?”, os aspectos físicos e biológicos do solo são tão importantes para
elevar a produtividade quanto os conteúdos de nutrientes no solo.
A maior atividade da microbiota do solo pode promover uma maior ciclagem da
matéria orgânica adicionada no sistema através dos resíduos culturais. Da
mesma forma, essa maior atividade microbiana pode levar à degradação do C
do solo caso não haja substrato para ser decomposto (nesse caso a palhada).
Dessa forma, a rotação de culturas planejada de forma a manter uma cobertura
adequada ao solo durante o ano todo, é fundamental para manter os estoques
de C do solo.

Agricultura sustentável através do manejo do solo para plantio direto

O principal objetivo do manejo do solo para plantio direto é proporcionar


aumentos de produtividade para o agricultor aliado à sustentabilidade
ambiental. Através do manejo sustentável do solo, é possível elevar a
produtividade das culturas, reduzir a necessidade de aplicações de
agrotóxicos, além de promover a preservação do meio ambiente.

A expansão da agricultura brasileira e a recuperação de solos degradados


De acordo com a Pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras
agrícolas , publicada em julho de 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a safra 2017 de cereais, leguminosas e oleaginosas
totalizou 221,4 milhões de toneladas, 20,3% superior à obtida em 2016 (184,0
milhões de toneladas).

A expansão da agricultura em se tratando de área plantada de produtividade


sinaliza números positivos e expressivos para a nossa agricultura, neste ano.
A estimativa da área a ser colhida é de 59,9 milhões de hectares, com um
crescimento de 4,9% em relação à área colhida em 2016 (57,1 milhões de
hectares). O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos. Somados,
representam 93,5% da estimativa da produção e responderão por 87,4% da
área a ser colhida.
A recuperação de solos degradados e o aumento da área de plantio
Se os números agradam, é preciso uma reflexão sobre a continuidade desse
crescimento e da expansão da agricultura brasileira. E quando tratamos do
tema, sabemos que para ampliarmos as áreas de cultivo é fundamental
investirmos na recuperação de solos degradados.
As práticas inadequadas são os principais agentes causadores do desgaste do
solo de uso agrícola. Elas afetam a sua estrutura física, química e biológica.
Estrutura física:
 Compactação;
 Erosão;
 Selamento superficial;
 e impedimento à aeração;

Estrutura química:
 Acidificação;
 Esgotamento e desequilíbrio dos nutrientes;
 Exaustão da fertilidade;
 Alcalinização e salinização.

Estrutura biológica:
 Redução da biodiversidade do solo
 Decréscimo da biomassa.
Veja o quadro, a seguir:

O sucesso na recuperação dessas terras, e a consequente prosperidade da


agricultura nacional, dependerão da conscientização dos produtores e de
intervenções corretas, supervisionadas por profissionais especializados e com
a adoção de produtos e tecnologias apropriados. As principais intervenções
são:

 Boas práticas de conservação de solo, como realização de curvas de nível de


acordo com a declividade do terreno;
 Prática do plantio direto para a manutenção da matéria orgânica;
 Aplicação equilibrada de nutrientes;
 Equilíbrio das saturações de bases do solo, (Ca. Mg, K).
 Fertilidade em perfil do solo
 Correção do pH do solo.
 Anulação do alumínio (Al).
 Aumento da Microbiologia do solo.

Manejo da água de irrigação


A preocupação com o uso eficiente da água na agricultura irrigada cresce
proporcionalmente com o aumento da escassez de água de boa qualidade,
agravando a competição entre os diversos setores que dela dependem.
Embora a agricultura irrigada seja, geralmente, associada a um elevado nível
tecnológico, é consenso que a irrigação no Brasil é ainda praticada de forma
inadequada, com grande desperdício de água (MANTOVANI et al., 2006;
MAROUELLI et al., 2008c). Estima-se que, de toda a água captada para fins de
irrigação, não mais que 50% sejam efetivamente utilizados pelas plantas
(CHRISTOFIDIS, 2004). Especificamente em sistemas de irrigação por
superfície, as perdas chegam a percentuais bem maiores. Segundo Mantovani
et al. (2006), tal problema ocorre em razão de três fatores principais:
a) diminuta utilização de critérios técnicos de manejo de água na maioria das
áreas irrigadas; b) informações escassas e incompletas de parâmetros para
manejo de água; c) uso de sistemas de irrigação com baixa eficiência de
aplicação de água.
A aplicação de critérios técnicos adequados deve ocorrer tanto na fase de
dimensionamento quanto durante a operação dos sistemas de irrigação. A
escassez de informações completas sobre parâmetros de manejo de irrigação
são sérios indicadores da existência de lacunas de resultados de pesquisa e da
falta de sistematização das informações existentes. Já o uso de sistemas
inadequados ao bom controle da irrigação é fruto de desinformação e/ou
descapitalização para aquisição e implantação de sistemas mais modernos e
eficientes.
A experiência prática permite ressaltar também que o baixo nível de
treinamento e capacitação dos técnicos e irrigantes, responsáveis diretos pela
operação e manutenção dos sistemas de irrigação, tem uma imensa influência
nas baixas eficiências de aplicação de água, principalmente nos países e
regiões com menor nível tecnológico.
O desperdício de água na irrigação, além de aumentar os custos de produção,
acarreta custos ambientais pelo comprometimento da disponibilidade e da
qualidade da água. Essa situação tem levado muitos projetos de irrigação, em
todo o mundo, a uma condição de baixa sustentabilidade econômica e
socioambiental (CULLEN, 2004; OLIVEIRA et al., 2006; OSTER; WICHELNS,
2003). Segundo Oster e Wichelns (2003), a sustentabilidade de projetos de
irrigação somente pode ser atingida por meio de ações efetivas tanto pelo
agricultor quanto por órgãos públicos, visando a minimizar o desperdício de
água durante sua captação, condução e aplicação à cultura, a degradação das
águas superficiais e subterrâneas e, no caso das regiões áridas e semiáridas,
os problemas de salinização.
Mesmo quando as irrigações são realizadas em excesso, prática comum em
região com disponibilidade de água, as plantas são, muitas vezes, submetidas
a condições de deficit hídrico, comprometendo o desempenho da cultura. Isso
ocorre porque o agricultor tende a aplicar quantidades de água maiores do que
o solo pode armazenar e espaça em demasia o intervalo entre irrigações
(MAROUELLI et al., 2008c).
Além de suprir as suas necessidades hídricas, a água proporciona a
solubilização e a disponibilização dos nutrientes do solo para as plantas.
Ademais, cultivos submetidos a condições de excesso ou falta de água são,
respectivamente, mais predispostos a doenças e ao ataque de pragas (LOPES
et al., 2006). Por conseguinte, é possível aumentar a produtividade da maioria
das culturas entre 10% e 30% e, ao mesmo tempo, reduzir o uso de água em
até 30% somente por meio da adoção de estratégias apropriadas de manejo de
irrigação (MAROUELLI et al., 2008c). Segundo Rosegrant et al. (2002), ações
para melhorar a eficiência do uso de água na agricultura irrigada devem ser
focadas nos níveis técnico, gerencial e institucional.
Melhorias técnicas incluem a adoção de sistemas de irrigação mais avançados,
como a aspersão e, principalmente, o gotejamento e a microaspersão, o uso
conjunto de águas superficiais e subterrâneas, além do conceito de agricultura
de precisão, incluindo estratégias para o monitoramento da demanda de água
pelas plantas.
Melhorias gerenciais, em nível da propriedade, incluem a adoção de
estratégias de manejo de água com base na demanda da cultura e melhoria da
manutenção de equipamentos. Em termos institucionais, a melhoria envolve a
criação de comitês para o estabelecimento de regras sobre direitos e uso
eficiente da água e a introdução de tarifas para a cobrança da quantidade de
água utilizada.
Aumentar a eficiência de aplicação de água na agricultura irrigada por meio da
reconversão de sistemas de irrigação de baixa eficiência é, muitas vezes, a
primeira opção a ser considerada. Todavia, a adoção de tal estratégia não
garante redução do uso de água em níveis sustentáveis. Segundo Kongyan
(2005) e Rosegrant et al. (2002), para aumentar a eficiência do uso de água, os
agricultores, além de sistemas de irrigação mais eficientes, necessitam investir
em novas tecnologias poupadoras de água, como aquelas relacionadas ao
manejo racional de água, à redução das perdas de água por evaporação e à
irrigação com deficit hídrico controlado. A adoção de tais tecnologias
geralmente permite, segundo Kongyan (2005) e Lima et al. (1999), reduzir o
gasto de água entre 10% e 50%, inclusive com incremento de produtividade.
Em quase todo o Brasil, é reduzida a frequência e fortes são as resistências ao
uso de qualquer método de manejo racional da água de irrigação. O baixo
índice de adoção dessas tecnologias deve-se, segundo Marouelli et al. (2008c),
ao fato de os produtores acreditarem que são caras, complexas, trabalhosas e
não proporcionam ganhos econômicos compensadores, ou seja, está
relacionado a questões de ordem econômica e social.

O acesso do irrigante à tecnologia é ainda restrito, tanto pela falta de


informação quanto pelo custo dos equipamentos e instrumentos destinados ao
manejo. Em muitas regiões onde se pratica agricultura irrigada, o baixo nível de
instrução dos irrigantes dificulta a implantação de estratégias mínimas de
manejo. Acrescentese o fato de que a água é barata ou sem custo e ainda tida
como um recurso natural inesgotável. Nesse contexto, a prática da irrigação é
desvinculada de técnicas de manejo reconhecidamente capazes de
proporcionar aumentos de produtividade e racionalização do uso da água.

Na agricultura irrigada, assim como em qualquer outro empreendimento, os


benefícios da adoção de uma tecnologia devem superar os custos. A adoção
de estratégias apropriadas para o manejo da água de irrigação é comumente
viável do ponto de vista econômico e ambiental, já que possibilita incrementos
de produtividade, melhoria da qualidade de frutas e hortaliças, redução do uso
de água, energia e agroquímicos, e contribui para a mitigação do problema da
redução gradual de fontes de água de boa qualidade (MAROUELLI et al., 2000;
WESTHUIZEN et al., 1996).

Considerações gerais sobre manejo da água de irrigação.

As questões sobre o momento de irrigar e a quantidade de água a aplicar são


básicas no manejo da água de irrigação. O manejo deve ser feito visando a
fornecer água às plantas em quantidade suficiente para prevenir o estresse
hídrico, favorecendo incremento de produtividade e qualidade da produção, e
minimizar o desperdício de água, a lixiviação de nutrientes e a degradação do
meio ambiente. Isso envolve a decisão de irrigar em quantidades que possam
ser armazenadas no solo, na camada correspondente à zona radicular, e em
intervalos suficientes para atender à demanda de água das plantas.

Em condições de campo, as plantas encontram-se, durante todo o ciclo de


desenvolvimento, sujeitas a estresses ambientais resultantes das variações
temporais dos elementos do sistema solo-atmosfera, que influenciam as taxas
de crescimento e desenvolvimento. O teor de água no solo é um dos mais
significativos elementos desse complexo. Não havendo reposição de água pela
chuva ou irrigação, a redução do teor de água no solo para níveis críticos, por
longo tempo, acarretará alterações e desordens de natureza fisiológica com
reflexos na anatomia, fenologia e crescimento das plantas e, por extensão, na
produtividade e na qualidade do produto colhido.

O solo é um reservatório não somente de água, mas também de nutrientes e


oxigênio, sendo ainda o ambiente onde proliferam microrganismos que
interagem com as plantas e com o próprio meio. Variações da umidade do solo
devem ser reguladas e mantidas em limites que favoreçam a absorção de água
e nutrientes pelas plantas, bem como a aeração e a atividade microbiana,
indispensável à decomposição da matéria orgânica e à estruturação do solo.

A necessidade hídrica de uma cultura, havendo disponibilidade de água no


solo, é dependente das condições atmosféricas locais. Numa área vegetada, a
mudança de estado físico da água e a conseguinte remoção do vapor das
superfícies evaporantes (solo e planta) para a atmosfera denominam-se
evapotranspiração, sendo função da radiação solar, velocidade do vento,
temperatura e umidade do ar. A quantidade de água a ser aplicada por
irrigação deve otimizar a evapotranspiração da cultura em condições de
irrigação total ou suplementar. Além disso, o manejo de água pode ser
requerido para atender a outras finalidades secundárias, como a lixiviação do
excesso de sais para além do sistema radicular das culturas, a aplicação de
fertilizantes e agroquímicos, a proteção das plantas contra geadas, o
resfriamento do solo e das plantas e a germinação de sementes (MARTIN;
GILLEY, 1993).

Do refinamento do processo de manejo da água de irrigação, benefícios


tipicamente esperados incluem (BRONER, 1993; MAROUELLI et al., 2008c):

 Redução das condições de estresse hídrico (excesso e/ou falta de água)


à cultura.
 Redução das perdas de fertilizantes na medida em que minimiza as
perdas de água por escoamento superficial e lixiviação.
 Redução de problemas de doenças de solo e da parte aérea,
principalmente aquelas associadas a irrigações em excesso e/ou
frequentes.
 Manutenção da salinidade na zona radicular das plantas em limites
aceitáveis por meio de lixiviação planejada e controlada de sais.
 Redução de problemas de encharcamento do solo, reduzindo problemas
de aeração e necessidade de drenagem.
 Aumento de produtividade das culturas e da qualidade dos produtos.
 Redução de despesas com água, energia, mão de obra, agroquímicos e
manutenção do sistema de irrigação.
 Redução das perdas de água por percolação profunda, escoamento
superficial e, consequentemente, a erosão dos solos.
 Melhoria da qualidade das águas subterrâneas e/ou superficiais a
jusante.
 Potencialização do retorno do investimento pelo aumento da receita
bruta e redução de custos.
 Ampliação da área irrigada, especialmente na época seca, em razão da
economia de água.
Para fruteiras e hortaliças, as estratégias de manejo de água com o objetivo de
maximizar o rendimento econômico são, em geral, bem semelhantes às
estratégias visando ao máximo rendimento físico (produtividade/qualidade).
Isso porque os custos variáveis associados à irrigação (água, energia e mão de
obra) são pequenos (<5% ) comparados ao custo operacional total para a
produção da maioria das fruteiras e hortaliças (MAROUELLI et al., 1990,
2008a). Assim, as estratégias apresentadas a seguir visam a maximizar a
produtividade/qualidade das culturas por unidade de área, reduzindo-se ao
máximo a quantidade de água aplicada às culturas. Em várias situações, a
maximização da produtividade/qualidade somente é alcançada manejando-se a
irrigação com um determinado nível de deficit hídrico, durante um ou mais
estádios de desenvolvimento da cultura.

Indicadores para manejo da água de irrigação


De maneira geral, as irrigações devem ser realizadas quando a deficiência de
água na planta causar decréscimo acentuado em suas atividades fisiológicas e,
consequentemente, afetar o seu desenvolvimento e a sua produtividade. Na
prática, a decisão de quando irrigar é simplificada de acordo com cada caso
particular ou estratégia de manejo adotada, sendo, muitas vezes, tomada com
base na avaliação da deficiência de água no solo ou conjuntamente por meio
de indicadores com base na planta, no solo e/ou na atmosfera.
A quantidade de água que deve ser aplicada por irrigação é comumente a
necessária para que o solo retorne a sua condição de capacidade de campo na
camada de solo correspondente à profundidade efetiva do sistema radicular da
cultura. Essa quantidade pode ser determinada, fundamentalmente, com base
na avaliação da disponibilidade atual de água no solo ou na quantidade de
água evapotranspirada pela cultura entre duas irrigações consecutivas.
Havendo risco de salinidade, que pode ocorrer em regiões áridas e semiáridas
ou em ambiente protegido, deve-se aplicar uma fração de água adicional para
manter o balanço de sais no solo em nível adequado.
Vários são os indicadores disponíveis para a determinação do momento de
irrigar e da quantidade de água a ser aplicada, podendo ser agrupados como
segue:
• Indicadores de manejo com base na planta.
• Indicadores de manejo com base no solo.
• Indicadores de manejo com base na atmosfera (evapotranspiração).

Os indicadores com base na planta possibilitam apenas estabelecer o


momento de irrigar, enquanto aqueles com base na atmosfera permitem
somente estimar a quantidade de água a ser aplicada por irrigação. Já os
indicadores com base no solo geralmente possibilitam determinar quando e
quanto irrigar. Na prática, é comum utilizar conjuntamente mais de um
indicador do sistema solo-plantaatmosfera para fins de manejo da água de
irrigação.
A seguir, são apresentados os principais indicadores com base na planta, no
solo e na atmosfera, que conjugam, em parte ou no todo, praticidade de
operação, e custo competitivo de aquisição e de implantação, além da
vantagem de poderem ser aplicados a um amplo elenco de culturas.

Indicadores de manejo de irrigação com base na planta

O organismo vegetal (planta) integra os efeitos das condições ambientais e faz


a interface entre o solo (reservatório de água) e a atmosfera (“sumidouro”).
Um procedimento lógico, portanto, para programar as irrigações seria avaliar o
estado hídrico da planta.
Para avaliação da deficiência de água nas plantas, Haise e Hagan (1967)
consideraram a folha como o principal órgão da planta a ser avaliado,
destacando-se os seguintes indicadores: mudança da coloração, ângulo de
posição das folhas, índice de crescimento, teor absoluto de água, potencial
hídrico, temperatura, taxa de transpiração e abertura estomatal. Jones (2004)
relatou que, de modo geral, os processos de avaliação desses indicadores,
com exceção da aparência visual, são muito mais caros, trabalhosos e
complexos para uso comercial quando comparados àqueles com base no solo.
Um dos procedimentos com base na planta, com melhor precisão, é o índice de
estresse hídrico da cultura, do termo técnico em inglês Crop Water Stress
Index (CWSI), que leva em consideração a diferença entre as temperaturas da
folha e do ar e o deficit de pressão de vapor do ar.
Até o presente momento, a alternativa de programação da irrigação a partir de
indicadores com base na planta não tem tido muita aceitação. Além de não
permitirem, isoladamente, determinar a quantidade de água necessária a cada
irrigação, os métodos de manejo que utilizam tais indicadores requerem
calibrações sofisticadas, são bastante sensíveis a variações ambientais, pouco
sensíveis a variações do teor de água no solo e ainda demandam maior
desenvolvimento tecnológico. Portanto, são ainda pouco confiáveis para
indicação rotineira sobre o momento de irrigar (JONES, 2004; WRIGHT;
STARK, 1990).

Aparência visual da planta


Em algumas áreas irrigadas, os produtores têm definido o momento de irrigar
apenas com base na aparência visual da planta, principalmente coloração e
ângulo de posição das folhas. Todavia, em muitos casos, quando for possível
observar os sintomas de deficiência de água na planta, seja pela mudança de
coloração, seja pelo ângulo de curvatura da folha, as atividades fisiológicas da
planta e a produtividade já terão sido comprometidas (JONES, 2004). Marouelli
e Guimarães (2006) relataram, por exemplo, que pode ocorrer queda de
produtividade acima de 20% se a decisão de irrigar a cultura da batata for
tomada somente quando aparecerem os sintomas visuais de murchamento e
de folhas com coloração verde mais escuro.
Ao contrário de outras espécies, plantas de cebola e alho geralmente não
murcham quando submetidas a condições de deficiência hídrica. Assim,
sintomas imediatos de deficiência hídrica moderada para essas espécies são
difíceis de ser visualizados em condições de campo (BOSCH SERRA;
CURRAH, 2002).
Como a resposta das plantas ao deficit hídrico depende da espécie e da
variedade cultivada, experiência e cuidados são importantes na aplicação
desse indicador. Algumas culturas, mesmo quando bem hidratadas ou em
solos com umidade próxima à capacidade de campo, podem apresentar sinais
visuais de estresse em torno do meio-dia e início da tarde, em dias quentes e
secos.
A aparência visual, como estratégia de manejo, pode ser melhorada quando da
observação conjunta das condições hídricas da planta e do solo. A avaliação
da umidade do solo deve ser feita na posição e profundidade corretas em
relação à planta e ao seu sistema radicular efetivo.

Potencial de água na folha

Para uso do potencial de água na folha, é necessário dispor de um


equipamento para avaliação do estado hídrico da planta, conhecido como
câmara de pressão tipo Scholander (SCHOLANDER et al., 1965). É um
equipamento de custo relativamente alto e que exige pessoal qualificado para
sua utilização. A metodologia de determinação do potencial consiste em
colocar uma parte da planta, geralmente a folha, no interior da câmara e medir
a pressão requerida para forçar a saída da seiva existente nos tecidos da folha
através do pecíolo. O potencial hídrico da folha (yf ) deve ser lido assim que a
seiva surgir no pecíolo. O potencial deve então ser comparado a um valor de
potencial crítico (yfc) para a cultura de interesse. Deve-se irrigar sempre que o
valor absoluto de yf for maior ou igual a yfc. Na Tabela 1, são apresentados
valores médios de yfc que acarretam reduções significativas da taxa de
transpiração e da produtividade de algumas fruteiras e hortaliças.
Tem sido comumente apresentado na literatura técnica que o potencial de água
na folha é, teoricamente, o indicador mais apropriado para avaliar vários
processos fisiológicos, inclusive para indicar quando irrigar. Entretanto, Jones
(2004) relatou que o potencial de água na folha é pouco preciso em razão de
estar sujeito a rápidas flutuações temporais, em virtude de variações
ambientais, como uma simples passagem de nuvens, e da regulação
homeostática entre diferentes regimes hídricos no solo.

Tabela 1. Potencial crítico de água na folha (yfc), o qual acarreta reduções


da evapotranspiração e produtividade para algumas fruteiras e hortaliças.
Visando a minimizar os problemas levantados por Jones (2004), recomenda-se
que as determinações de yf sejam feitas pouco antes do amanhecer, pois a
hidratação dos tecidos da planta ainda estará sendo controlada pelo teor de
água no solo. Durante o período diurno, a hidratação dos tecidos é controlada
pelas condições meteorológicas. O deficit hídrico na planta pode ser várias
vezes maior durante o período de calor do dia do que antes do amanhecer.
Além disso, as leituras não serão consistentes de um dia para outro por razão
de variações de nebulosidade, temperatura e umidade do ar, velocidade do
vento e inclinação do sol.
Outro problema do indicador potencial de água na folha é que o equipamento
usado para realizar as medições é inadequado a plantas com pecíolos muito
frágeis, que se rompem facilmente antes que qualquer leitura seja feita, como é
o caso das cucurbitáceas (melancia, melão, abóbora, pepino, etc.).

Temperatura da folha e índice de estresse hídrico da cultura

A estimativa do estado hídrico da planta com base na temperatura pode ser


feita por meio de medidas de temperatura do ar e da folhagem, usando-se um
termômetro portátil de infravermelho. A técnica tem como base o fato de que as
folhas de uma planta que se encontra em estado túrgido refletem mais luz
infravermelha do que as de uma planta com folhas murchas (HAISE; HAGAN,
1967) e a temperatura da planta aumenta em relação ao ambiente em resposta
ao fato de o sistema radicular não ser capaz de suprir a demanda de
transpiração.
Quando a disponibilidade de água no solo não é limitante, a temperatura da
folhagem (Tf ) responde à radiação líquida, ao deficit de pressão de vapor e à
velocidade do vento. Em geral e para um amplo espectro de culturas, a Tf varia
de 12 °C abaixo da temperatura do ar (Ta ) a 6 °C acima (HATFIELD;
SNYDER, 1989).
Como regra, para condições sem restrições de água no solo, o valor de Tf se
aproxima do valor de Ta , enquanto, para condições de deficiência hídrica, Tf
torna-se muito maior do que Ta em decorrência de uma redução significativa
da taxa de transpiração. Todavia, as simples medições de Tf e Ta não
permitem determinar, com um mínimo de precisão, o momento de irrigar, pois o
processo de determinação do estado hídrico da planta envolve outras variáveis.
A variação entre Tf e Ta , quando associada ao deficit de pressão de vapor do
ar, pode ser utilizada para determinar quando irrigar por meio do índice de
estresse hídrico da cultura (IEHC), como definido empiricamente por Idso et al.
(1981) e teoricamente por Jackson et al. (1981). Em condições de suprimento
adequado de água, a diferença Tf - Ta depende do deficit de saturação de
vapor de água do ar (DPV). Havendo deficiência de água no solo, Tf - Ta
independe de DPV, como mostrado na Figura 1 para o caso do milho-doce
(SILVA, 2004). Com base nas linhas-base ajustadas para as condições com e
sem deficit hídrico, o IEHC para um valor específico de DPV é calculado
utilizando-se a equação 1, descrita a seguir:

em que Tf é a temperatura da folhagem da planta (°C), Ta a temperatura do


ambiente (°C), (Tf - Ta )B a diferença entre Tf e Ta para uma condição atual e
valor específico de DPV, (Tf - Ta ) C a diferença entre Tf e Ta para uma
condição sem deficit hídrico e valor específico de DPV e (Tf - Ta ) A a diferença
entre Tf e Ta para uma condição com deficit hídrico e valor específico de DPV.
O valor de IEHC varia entre 0 e 1. Valores iguais ou próximos a 0 indicam
plantas adequadamente hidratadas e valores próximos a 1 indicam plantas em
condições de deficit hídrico severo. A decisão sobre o momento de irrigar é
feita comparandose o valor atual de IEHC (IEHCa ) com o valor crítico para a
cultura (IEHCc ). Assim, se IEHCa for menor que IEHCc , não se faz
necessário irrigar; caso contrário, a irrigação deve ser realizada sob pena de
comprometer a produtividade da cultura.

Embora o IEHC tenha-se mostrado vantajoso nas condições áridas do Arizona,


onde foi desenvolvido, Jones (2004) relatou que, em regiões de clima mais
úmido e nublado, a metodologia tem-se mostrado menos precisa. Apesar de
algumas deficiências, o uso de termômetros de infravermelho, como uma
ferramenta para manejo da água de irrigação, tem aumentado principalmente
em regiões áridas. Existe no mercado aparelho capaz de fornecer em tempo
real, além da temperatura da folhagem e do ar e da umidade relativa do ar, o
valor do IEHC no instante da medição e compará-lo com um valor crítico para
definição do momento de irrigar.

Teor de água no solo


O nível de umedecimento do solo é representado pelo volume (ou massa) de
água contido em um volume (ou massa) de solo, conhecido como conteúdo ou
teor de água no solo. Constitui informação fundamental para a determinação da
quantidade de água necessária a restabelecer o nível adequado de umidade do
solo na zona radicular da cultura, sem que ocorram perdas significativas de
água por percolação profunda. Além de permitir calcular a quantidade de água
por evento de irrigação, a informação sobre o teor de água no solo também
pode ser utilizada para indicar o momento de irrigar (SHOCK et al., 2007).
A determinação da umidade do solo pode ser feita por vários métodos e
equipamentos. Pode ser estimada por métodos bem práticos e simples, como o
do tato-aparência, ou medida por meio de modernos instrumentos e sensores
eletrônicos. Uma ampla discussão sobre esses métodos encontra-se disponível
na literatura (CAMPBELL; MULLA, 1990; EVETT, 2007; PHENE et al., 1992).
Entre os indicadores de mais baixo custo para fins de manejo de água em
áreas de produção, estão os métodos do tato-aparência, gravimétrico direto
(padrão de estufa) e das pesagens (BERNARDO et al., 2005; MAROUELLI;
GUIMARÃES, 2006). O método gravimétrico direto é referência para
comparação e calibração de todos os outros métodos indiretos de
determinação da umidade do solo. Sua desvantagem para fins de manejo de
água é fornecer o resultado da umidade do solo somente 24 horas após a sua
amostragem.
Uma grande variedade de sensores dielétricos, usando tecnologias de
reflectometria no domínio do tempo (TDR) e de capacitância – também
referenciados como reflectometria no domínio da frequência (FDR) –, está
disponível para estimativa do teor de água no solo. Os sensores do tipo TDR
são os mais precisos, porém de maior custo, o que tem inviabilizado seu uso
para manejo em áreas de produção comercial. A umidade do solo é estimada a
partir da medição direta da constante dielétrica do solo, que varia com a
quantidade de água no solo.
No caso dos sensores do tipo capacitivo ou FDR, a precisão e o custo de
aquisição são inferiores ao TDR, mas mesmo assim fora do alcance dos
agricultores, especialmente no Brasil. Os sensores capacitivos usam diferentes
tipos de osciladores eletrônicos, que produzem uma frequência de onda
ressonante capaz de detectar variações nas propriedades dielétricas e, por
conseguinte, no conteúdo de água no solo (ANDRADE et al., 2008; EVETT,
2007).
Outra técnica que pode ser utilizada para a determinação do teor de água no
solo é a da moderação de nêutrons. Trata-se de uma técnica com boa
precisão, mas tem alto custo. E por se tratar de um equipamento radioativo,
com risco para o ambiente e para a saúde do operador, é indicado apenas para
fins de pesquisa.
A escolha do método mais adequado para a determinação do teor de água no
solo deve levar em conta critérios como cultura a ser irrigada, praticidade de
uso, operacionalidade, exigência em pessoal qualificado, princípio de
funcionamento, tamanho da área irrigada, diversidade de culturas a serem
irrigadas, custo de aquisição e manutenção, e precisão e confiabilidade das
leituras. Vários estudos relatam o uso, a precisão e a versatilidade dos
diferentes indicadores de teor de água no solo, quando do manejo e da
programação da irrigação (DOMINGO et al., 1996; FARES; ALVA, 2000;
SINGANDHUPE et al., 2003; YANG et al., 2003).
A escolha do método mais adequado para a determinação do teor de água no
solo deve levar em conta critérios como cultura a ser irrigada, praticidade de
uso, operacionalidade, exigência em pessoal qualificado, princípio de
funcionamento, tamanho da área irrigada, diversidade de culturas a serem
irrigadas, custo de aquisição e manutenção, e precisão e confiabilidade das
leituras. Vários estudos relatam o uso, a precisão e a versatilidade dos
diferentes indicadores de teor de água no solo, quando do manejo e da
programação da irrigação (DOMINGO et al., 1996; FARES; ALVA, 2000;
SINGANDHUPE et al., 2003; YANG et al., 2003).
Em muitas áreas irrigadas, a aplicação de água não segue um indicador
apropriado e é efetuada apenas repetindo-se as aplicações feitas
anteriormente, consistindo no que os irrigantes têm informado como sendo
“irrigação com base na experiência”. Esse método tem baixo nível relativo de
precisão. Em alguns poucos casos, a avaliação da disponibilidade de água no
solo tem sido realizada pelos agricultores pela aparência visual do solo. A
precisão desse procedimento também é baixa, principalmente para agricultores
sem a devida destreza e se a amostragem for feita em local não representativo.
A avaliação visual da umidade apenas na camada superficial do solo não
fornece informação confiável sobre a real disponibilidade de água na zona
radicular da cultura. Uma precisão minimamente aceitável pode ser alcançada
quando a amostragem de solo é realizada com auxílio de um trado entre 30% e
50% da profundidade das raízes, próximo à planta, e em pelo menos três
pontos representativos da área (MAROUELLI; GUIMARÃES, 2006), utilizando-
se as informações da Tabela 2.
O uso do guia prático apresentado nessa tabela permite ao produtor estimar a
fração de água disponível no solo por meio de observações da consistência
(tato) e da aparência do solo (método do tato-aparência).

Tensão de água no solo

A tensão de água na matriz do solo (valor positivo do potencial matricial) é um


importante indicador de disponibilidade de água para as plantas, pois
caracteriza o estado da energia da água que interage com a matriz do solo,
representando uma medida da quantidade de energia requerida pelas plantas
para extrair água do solo (SMAJSTRLA; PITTS, 1997). Quanto mais fortemente
a água estiver retida no solo, maior será a quantidade de energia que a planta
terá que despender para absorver a água necessária a atender às suas
necessidades metabólicas, com destaque para a transpiração. Desse modo,
medidas de tensão podem ser utilizadas para avaliar indiretamente a
deficiência hídrica das plantas, pois a taxa de transpiração é controlada, dentro
de certos limites, pelo próprio solo (HEERMANN et al., 1990; SILVA et al.,
1999). Assim, segundo Allen et al. (1998) e Evett (2007), a taxa de extração de
água do solo pelas raízes da planta é influenciada mais diretamente pela
tensão de água no solo e sua condutividade hidráulica associada do que pelo
teor de água.
Medidas de tensão tomadas no perfil do solo permitem ainda estimar a
quantidade de água a ser aplicada por irrigação, seja de forma empírica (por
tentativa, com auxílio dos sensores), seja a partir da curva de retenção de água
no solo (curva característica). Nem toda a água presente no solo está
disponível para as plantas de maneira similar. À medida que o solo vai
secando, mais difícil se torna à planta extrair água por meio de suas raízes. Por
outro lado, excesso de água no solo não é garantia de bom desenvolvimento
das plantas. Embora, nesse caso, a água esteja livremente disponível (tensão
próxima a 0), pode saturar grande parte dos espaços porosos do solo,
comprometendo a aeração e afetando negativamente o bom funcionamento
das raízes. Como regra, as informações apresentadas na Tabela 3 podem ser
usadas para interpretar a condição da disponibilidade de água no solo,
conforme as principais faixas de tensão.
Valores de tensão crítica de água no solo para reinício das irrigações são
apresentados na Tabela 4 para hortaliças irrigadas por aspersão, na Tabela 5
para hortaliças irrigadas por sulco e gotejamento e na Tabela 6 para fruteiras.
Conforme indicado nas tabelas, verifica-se que a tensão crítica é também
função do sistema de irrigação, do estádio de desenvolvimento da cultura, da
textura do solo e da demanda evaporativa da atmosfera (SHOCK et al., 2007;
THOMPSON et al., 2007).
Vários equipamentos têm surgido para a medição da tensão de água no solo e
utilizados para fins de manejo de água por agricultores em diferentes países,
com destaque para o tensiômetro e os blocos de resistência elétrica (EVETT,
2007; HEERMANN et al., 1990; SANDERS, 1997). No Brasil, vários produtores
de hortaliças, flores e mudas de fruteiras e espécies florestais têm utilizado o
sistema Irrigas® (CALBO; SILVA, 2006).

Como fazer a avaliação da fertilidade do solo

O solo tem determinadas características físicas, químicas e biológicas. Por


outro lado, as culturas têm determinadas exigências nutricionais, que devem
ser satisfeitas a partir das características químicas do solo. Então, quando o
produtor pretende plantar uma determinada cultura em um determinado solo,
uma dúvida que sempre aparece é: será que as características químicas do
solo são adequadas para o desenvolvimento da cultura a fim de propiciar uma
boa produtividade?

Antecipadamente, sabe-se que, para a maioria dos solos brasileiros, a resposta


é não. Mas como confirmar isto e ter parâmetros para corrigir esta deficiência?
A resposta é simples: por meio da avaliação da fertilidade do solo. Para isso,
existem diversos recursos disponíveis de avaliação da fertilidade do solo.
Geralmente, são agrupados de maneira ampla, sendo:

observação de sintomas visuais de deficiência e excesso de nutrientes em


plantas; - análise de folhas ou de outros tecidos vegetais de plantas que
crescem nos solos; - ensaios biológicos com plantas; - métodos
microbiológicos; - análise química do solo.

Alguns desses recursos de avaliação, também chamados de métodos de


avaliação, são:

Sintomas de deficiência e toxidez: por meio da observação das plantas,


muitas vezes, é possível detectar um problema nutricional. Isto é consequência
de um conjunto de fatores que condicionam a absorção dos nutrientes e,
geralmente, quando detectam-se os sintomas de carência de nutrientes, a
deficiência já está em estágio avançado.

Análise foliar ou de tecidos vegetais: esse método é muito interessante, pois


se trata de uma análise química de planta ou análise foliar onde é possível, por
meio da coleta de amostra de folhas e da análise em laboratório, conseguir
identificar problemas de desordem nutricional. Essa análise representa um
auxílio muito importante para qualquer recomendação da calagem, adubação,
avaliação dos níveis mínimos adequados de nutrientes ou da toxidez de
elementos, como é o caso do alumínio e do manganês, em muitos solos.

Ensaios biológicos com plantas: esse método baseia-se em experimentos,


que podem ser desenvolvidos em casa de vegetação ou no campo, onde, por
meio de uma tecnologia apropriada, consegue-se identificar qual o elemento
que está faltando ou o elemento que está em uma situação de toxidez.
Métodos microbiológicos: esses métodos são aqueles onde se utiliza
microrganismos para avaliar a fertilidade do solo.

Análise química de terra: é importante ressaltar que a análise de terra ficou


como única técnica disponível de fácil acesso para a avaliação direta da
fertilidade do solo. Esta análise química do solo é um veículo de transferência
das informações sobre adubação e correção do solo da pesquisa para o
agricultor. Na prática, a análise de terra tem mostrado bons resultados.

Fertilizantes – Corretivos

Corretivos da acidez dos solos são produtos capazes de neutralizar (diminuir


ou eliminar) a acidez dos solos e ainda repor nutrientes vegetais ao solo,
principalmente cálcio e magnésio. Os corretivos de alcalinidade são produtos
que promovem a redução da alcalinidade do solo e corretivos de sodicidade
são os produtos que promovem a redução da saturação de sódio. Os produtos
considerados corretivos da acidez dos solos são os que contêm como
constituinte neutralizante carbonatos, óxidos, hidróxidos ou silicatos de cálcio
e/ou de magnésio. Os corretivos de acidez são de natureza física sólida, na
forma de pó.

Grande parte dos solos brasileiros são ácidos, com baixas concentrações de
cálcio e magnésio, com níveis elevados de alumínio trocável e baixa
disponibilidade de fósforo, prejudicando a absorção dos nutrientes pelas
plantas e aumentando os custos da fertilização. A acidez de um solo é devida à
presença de H+ livres, gerados por componentes ácidos presentes no solo
(ácidos orgânicos, fertilizantes nitrogenados, etc.). A neutralização da acidez
consiste em neutralizar os H+, o que é feito pelo ânion OH-. Por isso, os
corretivos de acidez devem ter componentes básicos para gerar OH -,
promovendo a neutralização.

A incorporação de calcário no solo é chamada calagem. Além de corrigir a


acidez do solo, fornece cálcio (CaO) e magnésio (MgO), neutraliza o efeito
fitotóxico do alumínio e do manganês e potencializa o efeito dos fertilizantes. A
calagem é considerada como uma das práticas que mais contribui para o
aumento da eficiência dos adubos e consequentemente, da produtividade e da
rentabilidade. O sucesso da prática da calagem depende fundamentalmente de
três fatores que são a dosagem adequada, as características do corretivo
utilizado e a aplicação correta. A análise do solo é a ferramenta básica para
identificar a necessidade de calagem em uma área,

Das características dos corretivos de acidez dos solos relacionados com a


qualidade, duas são consideradas as mais importantes: a granulometria e o
teor de neutralizantes. Essas características determinam o Poder Relativo de
Neutralização Total do corretivo (PRNT), que é resultado do teor de compostos
químicos presentes no calcário que agem na neutralização da acidez (PN
poder de neutralização) e do grau de finura na moagem (RE Reatividade). A
legislação atual determina que os corretivos da acidez do solo devem possuir
como características mínimas passar 100% em peneira de 2 mm (ABNT n° 10);
70% em peneira de 0,84 mm (ABNT n° 20) e 50% na peneira de 2mm (ABNT
n° 10). O teor de umidade máximo admitido para corretivos de acidez é de
10%.

O calcário é o corretivo natural mais abundante e mais utilizado no Brasil,


obtido pela moagem da rocha calcária. Seus constituintes são carbonato de
cálcio CaCO3 e carbonato de magnésio MgCO3. Em função dos teores de Mg
os calcários são classificados em calcítico (< 5% de MgO), magnesiano (5 a
12% de MgO) ou dolomítico (> 12% de MgO).

Cal virgem agrícola é obtida industrialmente pela calcinação ou queima


completa do calcário. Seus constituintes são o óxido de cálcio (CaO) e o óxido
de magnésio (MgO). Cal hidratada agrícola ou cal extinta é obtida
industrialmente pela hidratação da cal virgem, seus constituintes são o
hidróxido de cálcio Ca(OH)2 e o hidróxido de magnésio Mg(OH) 2.O calcário
calcinado, é obtido industrialmente pela calcinação parcial do calcário. Seus
constituintes são (CaCO3) e (MgCO3) não decompostos do calcário, (CaO) e
(MgO) e também Ca(OH)2 e Mg(OH)2 resultantes da hidratação dos óxidos pela
umidade do ar; é um produto de características e propriedades intermediárias
entre o calcário e a cal virgem.

A escória básica de siderurgia é um subproduto da indústria do ferro e do aço.


Seus constituintes são, o silicato de cálcio (CaSiO 3) e o silicato de magnésio
(MgSiO3). O Carbonato de cálcio é obtido pela moagem de margas (depósitos
terrestres de carbonato de cálcio), corais e sambaquis (depósitos marinhos de
carbonato de cálcio), tendo ação neutralizante semelhante à do carbonato de
cálcio dos calcários. O gesso agrícola é também denominado fosfogesso. Nas
indústrias de fertilizantes, durante o processo de fabricação de superfosfatos,
simples e triplo, e fosfatos de amônio, MAP e DAP, usam como matéria-prima a
rocha fosfática, geralmente a fluorapatita, esta, ao ser atacada com ácido
sulfúrico, na presença de água, forma como subprodutos sulfato de cálcio,
ácido fosfórico e ácido fluorídrico. Tem sido usado quando o solo apresenta
baixos teores de cálcio e de enxofre e para diminuição de concentrações
tóxicas do alumínio trocável nas camadas mais inferiores do solo.

A indústria de calcário coloca no mercado produtos com ampla variação na


granulometria, teores de cálcio e magnésio e PRNT. A decisão da escolha
deve ser tomada com base na análise do solo, na exigência da cultura e no
preço. Os corretivos mais reativos são, em geral, de custo mais elevado,
porque necessitam moagem mais intensa ou calcinação ou ambos. O efeito
residual de um corretivo é o tempo de duração da calagem efetuada, e
depende de vários fatores como dosagem usada, tipo de solo, adubações (os
adubos nitrogenados acidificam o solo), intensidade de cultivo, e a reatividade
do corretivo. Quanto maior a reatividade, menor o efeito residual, isto é, mais
rápida a ação do corretivo.

Os corretivos apresentam baixa solubilidade, e sua ação está associada à


umidade do solo e ao contato do corretivo com o solo, fatores diretamente
ligados ao grau de moagem do corretivo, quanto mais moído, maior é o contato
e mais rápida será sua ação, quanto mais misturado, maior é o contato e mais
rápida a ação no solo. Para uma boa mistura do corretivo com o solo é
necessário que ele seja distribuído uniformemente e bem incorporado.

O conceito de eficiência está ligado à lucratividade, isto é, o corretivo mais


eficiente é aquele que proporciona maior lucro. Ocorrem situações que
necessitam de corretivos com maior reatividade, como atraso na calagem,
calagem em terrenos arrendados, hortas, solos muito ácidos, entretanto há
situações que necessitam de efeito residual, como calagem para implantação
de culturas perenes e pastagens. Na eficiência também deve ser considerada a
natureza química do produto e a granulometria. Essas diferenças devem ser
observadas na aplicação. Cal virgem, cal hidratada e calcário calcinado devem
ser incorporados logo após a aplicação para não empedrarem, produtos de
granulometria fina necessitam equipamentos adequados para aplicação, e
podem apresentar perdas devido ao vento.

Manejo de Plantas Daninhas

Erva daninha é o termo utilizado para descrever uma planta muitas vezes
exótica, que nasce espontaneamente em local e momento indesejados,
podendo interferir negativamente na agricultura. Em uma definição mais ampla,
planta daninha é uma espécie vegetal que cresce onde não é desejada. Como
exemplo, uma planta de milho é considerada daninha em um plantio de soja.

O manejo de plantas daninhas se torna indispensável do ponto de vista


agronômico, pois a ação das plantas invasoras já é bastante conhecida,
competindo por água, luz, nutriente e espaço, causando muitos prejuízos às
culturas. Essas perdas se acentuam à medida que não são devidamente
controladas, por este motivo, é de fundamental importância ter conhecimento
sobre a dinâmica das plantas invasoras, sua correta identificação e os
diferentes mecanismos de ação dos herbicidas, evitando a interferência das
plantas daninhas na cultura comercial de interesse.

Atualmente no Brasil, encontramos diversas plantas daninhas resistentes ao


mecanismo de ação de alguns dos principais herbicidas disponíveis no
mercado. Por este motivo, devemos utilizar diferentes estratégias de manejo no
controle de plantas invasoras, tais como: rotação de diferentes mecanismos de
ação durante o processo produtivo e safras; rotação de culturas; redução do
banco de sementes das plantas daninhas durante a entressafra, entre outras.
Como exemplos clássicos de algumas plantas invasoras que já adquiriram
resistência ao mecanismo de ação do Glifosato, temos: Conyza
bonariensis (Buva); Digitaria insularis L. (Capim Amargoso); Lolium
ultiflorum (Azevém); Eleusine indica (Capim Pé de Galinha).

O destaque é para o Capim Amargoso que é uma das plantas daninhas de


maior disseminação em todo Brasil, por se tratar de uma planta perene,
entouceirada e que floresce praticamente o ano todo. Além disso, apresenta
um elevado potencial produtivo de sementes que se dispersam facilmente pelo
vento. Neste caso, torna-se imprescindível o entendimento da biologia desta
planta invasora.

Proveniente de rizomas (tipo de caule subterrâneo rico em reserva energética),


se torna de difícil controle após 45 dias da emergência, quando o número de
rizomas aumenta em uma velocidade considerável, dificultando o controle por
parte dos herbicidas.

Como recomendações para um bom manejo, temos que realizar um excelente


controle pós-colheita e dessecações na fase inicial de desenvolvimento,
evitando a formação de sementes. Os herbicidas que vem apresentando um
bom controle desta invasora são aqueles com princípio ativo Clethodin.

Dentre as estratégicas de manejo para o controle de ervas daninhas nas


lavouras podemos destacar algumas que são de suma importância para a
agricultura:

Rotação e sucessão de culturas:

Com um programa de rotação e sucessão de culturas, é possível alterar o


ambiente comparativamente a um processo de monocultura. A rotação de
culturas também permite a rotação de herbicidas, e com a sucessão de
culturas, há a possibilidade de manter a área ocupada pela espécie desejada,
não permitindo a infestação por espécies daninhas (Gazziero, 1998).

Associar a rotação de culturas com o sistema de semeadura direta tem sido a


prática mais eficaz do ponto de vista do manejo de plantas daninhas. O não-
revolvimento do solo mantém muitas sementes no perfil em profundidades nas
quais não germinam. A palha ou restos culturais proporcionam a cobertura da
superfície, evitando a germinação de diversas espécies que aí se localizam,
além de proteger o solo (Deuber, 1997).

Dessecação:

A dessecação consiste na eliminação das culturas de cobertura e/ou qualquer


vegetação existente antes da semeadura das culturas principais, incluindo as
plantas daninhas presentes na área. Para tal, utilizam-se herbicidas de ação
sistêmica ou de contato, geralmente de ação total sobre as plantas.

Esta prática de manejo é de fundamental importância no sistema de plantio


direto, pois possibilita que a semeadura seja adequadamente realizada, que a
emergência e o desenvolvimento inicial da cultura ocorram em condições mais
favoráveis, controlando plantas daninhas que emergiram antes do
estabelecimento da cultura e facilitando o manejo dentro do ciclo da cultura.
Além disso, mesmo em áreas onde se realiza plantio convencional, a
combinação da aplicação de herbicidas dessecantes antes do preparo de solo
é comumente realizada visando-se eliminar a vegetação pré-existente de
maneira mais eficiente.

Plantio Direto:

Dentre as associações de estratégias, no auxílio do controle de plantas


invasoras, temos o plantio direto, nesse sistema de plantio direto, o trabalho do
arado e grade é substituído pela aplicação de herbicidas capazes de matar as
plantas daninhas presentes e formar uma massa vegetal de cobertura do solo,
a chamada palhada. A cobertura tem como função inibir a emergência de
algumas espécies de plantas daninhas (principalmente gramíneas e espécies
de ciclo anual) que necessitam mais luz para germinar. Entretanto, para que a
cobertura tenha efeito sobre a emergência é necessário uma quantidade
mínima de palhada que dependerá da espécie que escolhemos para nosso
sistema. Por exemplo, se a cobertura escolhida para a supressão de plantas
daninhas for milheto, são necessárias aproximadamente 8 ton/ha.

Pré emergentes:

Esta operação pode ser realizada após o preparo do solo, após a


implementação da cultura ou logo após a semeadura. Deve ser feita antes da
emergência da cultura e da planta daninha.

No sistema de semeadura direta, a origem e a quantidade da cobertura morta


sobre a superfície do solo podem comprometer a capacidade de um herbicida
residual atingir o solo em virtude da retenção do produto pela palha, não
permitindo o contato do produto com o solo (Rodrigues, 1993; Buzatti, 1999).

Outros fatores que exercem influência na retenção dos herbicidas pela palha
são a quantidade e a época das chuvas que ocorrem após a aplicação
(Rodrigues, 1993).

Os produtos aplicados em pós-emergência também apresentam algumas


exigências para serem eficazes. Incluem o estágio de desenvolvimento da
planta daninha e as condições de aplicação (umidade relativa do ar, velocidade
do vento, temperatura), entre outros (Buzatti, 1999).

O uso de associações de herbicidas é comum na maioria das regiões


produtoras. Nesses casos, deve-se dar atenção especial à seletividade das
associações para a cultura e para a erva daninha que se quer controlar.

Em resumo não podemos pensar em controlar as plantas daninhas com


medidas isoladas. É de fundamental importância o conhecimento sobre a
dinâmica dos herbicidas e seus diferentes sítios de ação na planta invasora; a
correta dose do produto associada a tecnologia de aplicação; o correto
momento de aplicação de acordo com o estágio fenológico da invasora
(relação fonte/dreno) e número de aplicações, já que muitas vezes podemos
utilizar como tática uma única aplicação ou aplicações sequenciais.

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