Libras: A Língua Natural Dos Surdos
Libras: A Língua Natural Dos Surdos
Libras: A Língua Natural Dos Surdos
SUJEITO SURDO
Resumo
Este projeto de pesquisa de cunho bibliográfico, teve como resultado mostrar a importância da
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como língua natural do sujeito surdo, para o
desenvolvimento cognitivo, psicológico, social. Para todas as pessoas a comunicação é de
extrema importância para a sobrevivência, para sermos compreendidos é necessário que
saibamos uma língua, que muitas vezes aprendemos de maneira natural, desde quando
nascemos somos expostos à uma língua por meio de nossos pais, familiares, para os ouvintes
a língua oral é de fácil aprendizagem, porém para os surdos é grande a dificuldade para
compreende-la, sendo necessária estudá-la. A língua de sinais não é universal, sendo que cada
país possui a sua, no Brasil a LIBRAS é reconhecida e regulamentada como a língua oficial
da comunidade surda desde 2002, sendo o principal meio de comunicação, assim os surdos se
expressam de forma natural, e que são capazes de compreender o mundo que os cerca, mas a
realidade dos surdos brasileiros é que primeiramente lhes é ensinado a língua oral, no caso o
português, e posteriormente a LIBRAS, sendo necessário oportunizar o primeiro contato com
sua língua materna desde quando se descobre a surdez, a família precisa ser a principal fonte
incentivadora, para não prejudicar o desenvolvimento do surdo para que possam compreender
o mundo a sua volta, sendo a LIBRAS uma língua espacial-visual facilita o entendimento das
palavras, por se tratar de uma língua natural, não sendo necessário um treinamento para
aprende-la, e o português lhes é ensinado na maneira escrita, tornando o sujeito surdo um ser
bilíngue.
1. Introdução
Para todas as pessoas a comunicação é a maneira mais importante para expressar seu
pensamento, seu sentimento, sua opinião. Para isso utilizamos uma língua, podemos dizer que
1
Pós Graduada em LIBRAS pela instituição Uníntese. Professora Interprete Colaboradora da Universidade
Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO. E-mail: justus.luisa@gmail.com
ISSN 2176-1396
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[...] a criança ouvinte desde seu nascimento é exposta à língua oral, dessa forma é
fornecida para ela a oportunidade de adquirir uma língua natural, a qual irá permitir
realizar trocas comunicativas, vivenciar situações do seu meio e, assim, possuir uma
língua efetiva e constituir sua linguagem. Para a criança surda deveria ser dada a
mesma oportunidade, de adquirir uma língua própria para constituir sua linguagem.
(CAPORALI et al, 2005, p. 587)
A língua portuguesa é uma língua oral-auditiva, sendo que para os ouvintes adquiri-la
se torna uma maneira fácil e natural, pois a todo momento somos expostos a ela. A língua de
sinais é uma língua visual-espacial, sendo esta natural para o surdo, pois não é necessário um
treinamento para adquiri-la, conforme cita RUBIO et al (2014, p. 14) “a língua de sinais é a
única que pode ser adquirida naturalmente pelo surdo; basta que ele seja posto em contato
com os seus pares. Já a língua oral pode ser aprendida, mas não adquirida espontaneamente”,
sendo assim fazendo com que tenham o primeiro contato com sua língua natural tardio, de
acordo com CAPORALI et al (2005)
Para tanto, a família se torna a principal fonte incentivadora para que a criança surda
tenha o contato com sua língua natural desde os primeiros anos de vida, muitas vezes os pais
não aceitam a língua de sinais, prejudicando o desenvolvimento cognitivo, emocional e
pessoal da criança, segundo FALCÃO (2007) “a interação familiar possibilita a aquisição de
valores culturais e morais imprescindíveis na formação da pessoa cidadã”, sobre esse assunto
as autoras CAPORALI et al (2005), expõem sua opinião
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É imprescindível para essa criança e para sua família que o contato com a língua de
sinais seja estabelecido o mais rápido possível. Quando a família aceita a surdez e a
LIBRAS como uma modalidade comunicativa importante e passa a utilizá-la com a
criança, esta irá apresentar condição para realizar novas aquisições, impulsionando
seu desenvolvimento linguístico. A família, então, exerce papel determinante para o
estabelecimento da língua de sinais, como língua funcionante no discurso da criança
surda nos primeiros anos de vida. Quando a criança não recebe o suporte familiar,
apresentará, muitas vezes, resultados insatisfatórios quanto ao desenvolvimento de
linguagem e comunicação, o que irá afetá-la emocionalmente. A família é o alicerce
para a criança e quando esta base não está firme advirão consequências para o
desenvolvimento, gerando comportamentos agressivos e frustrações. (CAPORALI
et al 2005, p. 591).
Infelizmente muitos pais não sabem como agir ao descobrir a surdez de seu filho (a),
faltando até mesmo informações de profissionais da área a respeito da língua de sinais, mas
quanto mais tardio for o contato do surdo com sua língua natural maior será a possibilidade do
mesmo ter futuros problemas, emocionais, cognitivos, sendo então firmada a importância em
aprender sua língua, LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais desde seu nascimento, quando
inicia-se o processo de comunicação.
Desenvolvimento
As línguas de sinais não são universais. Cada uma possui sua própria estrutura
gramatical. A língua de sinais, assim como a língua oral é a representação da cultura
de um povo. Países com a mesma língua oral possuem línguas de sinais diferentes.
Um exemplo, é o caso de Brasil e Portugal. Por mais que esses países possuam a
mesma língua oral, possuem língua de sinais diferentes. (RUBIO et al, 2014, p.3).
propagador o campo gesto-visual, o que a diferencia da língua oral, que utiliza o canal oral-
auditivo. Além dessa diferença, também apresenta antagonismos quanto às regras
constitutivas. No entanto, a língua de sinais deve ser respeitada como língua, pois assume a
mesma função da língua oral, a comunicação”.
As autoras RUBIO et al (2014), citam sobre a naturalidade da língua de sinais,
também demonstram as regras, e as constantes mudanças que esta língua sofre, pois sempre
há novos sinais sendo criados.
As línguas de sinais são naturais, pois surgiram do convívio entre as pessoas. Elas
podem ser comparadas à complexidade e expressividade das línguas orais, pois pode
ser passado qualquer conceito, concreto ou abstrato, emocional ou racional,
complexo ou simples por meio delas. Trata-se de línguas organizadas e não de
simples junção de gestos. Por este motivo, por terem regras e serem totalmente
estruturadas, são chamadas Línguas. As línguas de sinais diferenciam-se das línguas
orais porque se utilizam de um meio visual-espacial, ou seja, na elaboração das
línguas de sinais precisamos olhar os movimentos que o emissor realiza para
entendermos sua mensagem. As línguas de sinais possuem mecanismos
morfológicos, sintáticos e semânticos. O canal usado nas línguas de sinais (o espaço)
pode contribuir muito para a produção de sinais que estejam mais em contato com a
realidade do que puramente as palavras. Como todas as outras, as línguas de sinais
estão em constante mudança com novos sinais, sendo introduzidos pela comunidade
Surda de acordo com sua necessidade. (RUBIO et al, 2014, p.3).
Sobre a Língua Brasileira de Sinais, ela é uma língua completa e cheia de significados,
foi reconhecida no ano de 2002 como língua oficial da comunidade surda brasileira.
Conforme citam os autores UZAN et al (2008, p.2) “a Libras, assim como diversas línguas
existentes, é composta por níveis linguísticos: fonologia, morfologia, sintaxe e semântica.
Assim, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos na qual há uma forma
de comunicação e expressão, de natureza visual- motora, com estrutura gramatical própria”.
Para o pesquisador FALCÃO (2007), o aprendizado da LIBRAS deixa o surdo livre,
para viver, para se expressar, ou simplesmente para SER.
Bilinguismo
Sobre bilinguismo a autora BORTOLOTI, menciona que é algo muito simples, que faz
parte da educação do surdo para melhorar seu aprendizado no contexto escolar.
Para o sujeito surdo, é importante que o mesmo aprenda primeiramente sua língua
natural, LIBRAS, para que então está o ajude a compreender a aquisição de uma segunda
língua.
Assim, a concepção bilíngue linguística e cultural luta para que o sujeito surdo tenha
o direito de adquirir/aprender a LIBRAS e que está o auxilie, não só na aquisição da
segunda língua (majoritária), mas que permita sua real integração na sociedade, pois
ao adquirir uma língua estruturada o surdo pode criar concepções e oportunidades,
participando ativamente do convívio em seu meio. (CAPOLARI et al 2005, p.592).
[...] a Libras é uma língua natural surgida entre os surdos brasileiros com o propósito
de atender às necessidades comunicativas de sua comunidade. São línguas naturais
porque, como as línguas orais, surgiram espontaneamente da interação entre os
surdos, além de, através de sua estrutura, poderem expressar qualquer conceito
desde o descritivo/concreto ao emocional/abstrato. (UZAN et al, 2008, p.2).
Por meio da LIBRAS, sua língua materna, o sujeito surdo consegue aprender e
conhecer a língua portuguesa, construindo os significados de uma segunda língua, facilitando
assim seu entendimento conforme citam os autores RUBIO et al (2014).
Sobre esse tema a autora BORTOLOTI também cita que de maneira oral não é
possível o surdo expressar suas ideias, sendo por meio da língua de sinais a possibilidade de
se comunicar.
A Língua de Sinais é utilizada pela maioria das pessoas surdas oferecendo a elas a
oportunidade da comunicação e expressão, desenvolvendo seu potencial de maneira
que, a língua oral não os permite, pois é organizada de uma forma que define suas
próprias regras em todos os níveis linguísticos [...] expressando ideias complexas e
abstratas, transmitindo informações. (BORTOLOTI, p.17)
Os autores Uzan et al (2008) em sua pesquisa mostram que as pessoas surdas utilizam
a visão e os gestos para se comunicarem, sendo a língua de sinais tendo a mesma função de
uma língua oral – a comunicação.
Os atuais linguísticos demonstram que a língua de sinais oferece para as pessoas
surdas o mesmo conteúdo e funções necessárias à mediação das experiências de
aprendizagem, formais ou informais, oportunizando-lhes o desenvolvimento pleno
da linguagem, pois faz isso utilizando outro canal a visão e uma outra forma de
comunicação a língua de sinais. Embora a grande maioria desconheça, esse conjunto
de “gestos desenhados no ar” estrutura uma língua organizada, com as mesmas
funções das línguas orais. (UZANet al, 2008, p.4).
Para o desenvolvimento dos surdos é importante que os mesmos tenham contato com
sua língua natural desde crianças, sendo integradas na comunidade surda, oportunizando
assim seu crescimento pessoal, cognitivo, para MARQUES et al (2013, p. 516) “a Libras é
fundamental para que o sujeito surdo alcance o patamar mais alto no desenvolvimento,
tornando-se humanizado no nível cultural próprio aos dias contemporâneos”, e a autora
STROBEL (2008) cita em sua pesquisa:
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Pensando no indivíduo surdo, acreditamos que seja importante para este como
sujeito: crescer, desenvolver-se, amadurecer, construir e constituir-se inserido numa
língua própria e natural. A criança, ao ter acesso a uma língua, passa a desenvolver
linguagem, interagindo com o outro, repensando suas ações, elaborando seu
pensamento, vivenciando novas experiências e se desenvolvendo. Uma criança que
não escuta possui as mesmas condições de aprendizagem que uma criança ouvinte,
porém o acesso à linguagem se dará por meio do canal gesto-visual. Ao permitir que
a criança surda tenha a oportunidade de se desenvolver de forma análoga à das
crianças ouvintes, estar-se-á respeitando sua língua, sua diferença. Não se pode mais
negar aos surdos o direito de serem parte integrante e participativa de nossa
sociedade. Além disso, para que o surdo possa desenvolver-se, não basta apenas
permitir que use sua língua, é preciso também promover a integração com sua
cultura, para que se identifique e possa utilizar efetivamente a língua de sinais. A
comunidade surda terá muita importância para o desenvolvimento da identidade,
pois nessa comunidade a língua de sinais ocorre de forma espontânea e efetiva. Todo
sujeito precisa interagir em seu meio, apropriar-se de sua cultura e de sua história, e
formar sua identidade por intermédio do convívio com o outro. (CAPORALI et al,
2005, p. 595).
Considerações Finais
língua natural, o português, porém para a criança surda, este contato é atrasado, pois muitas
vezes ao nascerem, nem sempre é diagnosticada a surdez, retardando o aprendizado pela sua
língua natural, a língua de sinais (LIBRAS). Os motivos pelo qual a criança demorará mais a
aprender a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, se darão pela falta de conhecimento de seus
pais, de médicos, os quais muitas vezes optam e aconselham os pais a procurarem
fonoaudiólogos e até mesmo realizarem implante coclear.
Portanto é de extrema importância que o surdo aprenda a LIBRAS como primeira
língua, de forma natural, e posteriormente o português, tornando-o um ser bilíngue, para que
possa ser estimulado por meio da LIBRAS fazendo com que a percepção sobre o mundo, a
comunicação, o aprendizado de diferentes áreas e seu desenvolvimento cognitivo e emocional
se torne muito mais fácil.
REFERÊNCIAS