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Estudo Do Arranjo Fisico em Empresas de Panificacao de Pequeno Porte
Estudo Do Arranjo Fisico em Empresas de Panificacao de Pequeno Porte
Estudo Do Arranjo Fisico em Empresas de Panificacao de Pequeno Porte
DE PEQUENO PORTE
Área Temática: 1. Administração
Resumo
Esta pesquisa investigou a importância atribuída pelo empresário e a forma como está sendo
estruturado o arranjo físico no processo produtivo em empresas de panificação de pequeno
porte. A metodologia utilizada foi de abordagem tanto quantitativa, quanto qualitativa, pois
primeiramente foi realizada a aplicação de um questionário com todas as panificadoras de
Cascavel-PR associadas ao Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Oeste do
Estado Do Paraná, se caracterizando assim, como um levantamento com tentativa de censo.
Em seguida, na parte qualitativa, se realizará uma observação sistemática em três
panificadoras escolhidas por conveniência, a fim de analisar o arranjo físico existente nelas,
assim também se caracteriza como um estudo de caso múltiplo e comparativo. Os resultados
apontaram que as empresas de panificação valorizam o arranjo físico, mas que ainda há
alguns aspectos que podem ser melhorados para diminuir a movimentação dos funcionários e
evidenciou-se que algumas panificadoras não consideram devidamente a ergonomia. O estudo
se caracteriza pelas contribuições para com o tema arranjo físico em empresas de pequeno
porte, contribuindo também, para que haja um melhoramento na estruturação dos processos e
por consequência melhoras na eficiência das organizações com estas características.
1 Introdução
2 Arranjo físico
3 Setor de panificação
No Brasil, o hábito de consumir pão foi introduzido no século XIX, por meio de
colonizadores e demais imigrantes, que faziam uma produção caseira e os vendia nas ruas
(FABRICIO, 2013). Atualmente, de acordo com Lellis et al., (2012), o setor de panificação é
um dos maiores seguimentos industrias do país, contribuindo para a geração de emprego e de
renda, incrementando assim a economia nacional. Fernandes e Freitas (2013), explica que isto
ocorreu porque o consumo de produtos derivados de cereais, em especial do trigo, se tornou
um fator cultural, estando frequentemente presente na dieta alimentar dos brasileiros.
Considerado por Souza et al., (2011) uma das formas mais tracionais de varejo, tanto
no Brasil quanto no mundo, as padarias ou panificadoras, vem sofrendo perceptíveis
modificações, a fim de se adequar as expectativas dos consumidores, passando a ser similar a
lojas de conveniência ou se transformado em minimercados. Uma pesquisa realizada pelo
Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria (ITPC) com parceria da Associação
Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP), feito com 1.018 empresas de
diferentes portes e de todo o país, mostrou que desde 2010 o setor vem sofrendo uma
desaceleração no faturamento, mas ainda se mantem um crescimento contínuo.
Com a competitividade cada vez maior e com consumidores de diferentes rendas e
diferentes preferências, cabe as panificadoras buscar a continua adaptação (LELLIS et al.,
2012). De modo que Moreira (2013) expõe que uma boa panificadora é a que consegue
atender a todas as classes sociais, com oferta de produtos sofisticados e saborosos, que
desperte o desejo dos consumidores.
Os avanços nos sistemas e técnicas produtivas resultou em séries mais curtas na
produção das panificadoras, possibilitando o aumento da variedade de produtos produzidos,
além disso, também se passou a oferecer produtos de conveniência, transformando o modelo
de negócio das padarias (LELLIS et al., 2012). As mudanças constantes no mercado requerem
que as empresas de panificação tenham uma organização versátil, que possa se adaptar
conforme vão surgindo às necessidades (SOUZA et al., 2011).
Assim, o arranjo físico das panificadoras é um fator primordial, que deve ser estudado
a fim de torna-lo sempre o mais eficiente possível (LELLIS et al., 2012). Na visão de Freitas
e Gonzalez (2013), o tipo de arranjo físico mais indicado em padarias é o por produto, que é
usado quando as operações de produção ocorrem em sequência linear.
4 Metodologia
O questionário foi dividido em duas partes, sendo que a primeira parte formada por
perguntas fechadas referentes a aspectos gerais da empresa. A primeira questão referiu-se ao
porte da empresa, onde utilizou-se a definição de porte de empresas do Sebrae (2013),
segundo o número de empregados. Obteve-se como resultado, que 50% das panificadoras
pesquisas são microempresas, com até 9 funcionários e 50% são empresas de pequeno porte,
que tem entre 10 a 49 funcionários.
A segunda questão referiu-se ao tempo que a empresa está no mercado, onde optou-se
por deixar o campo em aberto para a pessoa preencher a quantos anos a empresa é atuante no
mercado. Assim, pode-se verificar grande variação, sendo que a empresa a menos tempo foi
aberta a apenas 1 ano e a mais antiga já tem 33 anos de atuação. Optou-se por dividir as
panificadoras em 5 grupos quanto ao tempo de atuação, conforme visualiza-se na Figura 1.
Figura 1 – Resultados
Fonte: elaborado pelos autores (2016).
A parte do processo produtivo que se caracteriza como arranjo físico por produto é
usado na fabricação do pão francês, que é feito 2 vezes por dia, e, do pão caseiro, do pão
fatiado e do pão doce, que é feito sempre que o estoque de produto acabado chega próximo a
zero. Assim, para a produção destes itens, inicia-se o processo pegando as matérias-primas na
geladeira (3) e no estoque de matéria-prima (19) que fica embaixo das mesas centrais (18 e
19), utilizando-se um medidor, coloca-se a quantidade exata de cada ingrediente na masseira
(4). Após misturada, a massa é cilindrada e posta em formas (6), sendo que no caso do pão
francês, antes ainda passa pelo divisor de massa (5), para então ir para as estufas - de mesma
forma que é feito com os outros tipos de pães - onde o pão irá crescer homogeneamente.
Depois disso, os pães são levados para o forno (11) e após assados, são colocados na mesa
(18) para esfriar. O pão francês, assim que fica morno é colocado no estoque de produto
acabado (13), onde fica disponível para venda. Os demais pães, são empacotados com
embalagens que ficam junto ao estoque de matéria-prima (19), pesados na balança (15),
etiquetados com o preço e então são levados para a área comercial da panificadora.
. Os demais itens produzidos são feitos a partir de um arranjo físico por processo, sendo
que os demais itens salgados, que são pasteis e pão-de-queijo, são feitos três vezes por dia na
mesa para salgados (18). Para o pastel, busca-se os ingredientes nas geladeiras (3), no freezer
(14) e no estoque de matéria-prima (19), os recheios são feitos no fogão (8) e a massa é
amassada na mão, depois passa pelo cilindro (6) e então a montagem dos pasteis é feita na
mesa (18), depois utiliza-se a fritadeira (9) e quando fritos, os pastés são colocados na mesa
(10) para esfriar suficientemente para ser levado para o balcão de produtos à venda.
Para o pão-de-queijo busca-se os ingredientes na geladeiras (3) e no estoque de
matéria-prima (19) e o liquidificador, as formas e demais utensílios necessário no armário
acima da pia (1). Os demais processos são feitos na mesa (18) e depois de postos nas
forminhas, vão para o forno. Após assados são deixados na mesa (18) até esfriarem o
suficiente para serem tirados das formas e levados para o balcão de produtos à venda.
Os itens de confeitaria produzidos são bolos de diversos sabores, cucas recheadas, cup
cake, brigadeiro e cueca virada. Estes produtos são feitos uma vez por dia - com exceção dos
bolos de camadas que são feitos apenas sob encomenda -, na mesa de confeitaria (17), onde,
após pegar os ingredientes nos locais apropriados (3; 14; 19) e os utensílios necessários (1),
usa-se a batedeira (16) para misturar a massa. Com exceção do brigadeiro que é feito
utilizando-se unicamente o fogão e depois de moldados são levados para a geladeira até
esfriarem. No caso dos bolos e dos cup cakes, após a massa estar pronta e enformada, leva-os
para assar (11), enquanto isso, se faz os recheios e a cobertura, que são usados justamente
com a massa para montar os bolos em camadas e o cup cake, que tem apenas um camada de
recheio. As cuecas viradas são primeiro cilindradas (6) e então processadas na mesa (17) para
ficarem no formato correto, depois disso são colocadas em formas e assadas. As cucas são
recheadas e então ficam em repouso na mesa (17), até a massa crescer, para então serem
levadas para o forno. Após sair do forno, as cuecas viradas e as cucas ficam na mesa (17) até
esfriarem, então são embaladas e postas para a venda.
A segunda panificadora produz pães e cucas em quantidade regular para seu cliente
principal, que é uma instituição particular de ensino infantil, desta forma, programa-se a
produção para atender a este cliente e se produz um excedente para ser vendido no balcão
para os demais clientes. Além disso, são feitos bolos sob encomenda. Os demais produtos da
panificadora são fornecidos por outras empresas.
Nesta panificadora utiliza-se o arranjo físico por produto, pois realiza-se as atividades
de maneira linear. Assim, de segunda a sexta é feito uma quantidade determinada de pão
francês, pão de forma e cuca, que são levados todos os dias de manhã para a instituição de
ensino, sendo que o pão de forma e as cucas são produzidas no dia anterior e apenas o pão
francês é feito na manhã antes do horário da entrega. O layout, ou seja, a disposição gráfica
do arranjo físico é apresentado na Figura 3.
A produção do pão francês e do pão caseiro tem um processo semelhante, pois inicia-
se pegando as matérias-primas no estoque (16), em seguida utiliza-se a balança (2) para medir
corretamente a quantidade de cada ingredientes e então adiciona-se eles a masseira (1), que
faz a mistura dos ingredientes para formar um massa, que então é levada para o cilindro e
depois de cilindrada é devidamente posta na mesa de aço inoxidável (4).
No caso do pão francês é utilizado um molde pequeno para separar a massa de um por
um, sendo que há dois moldes, que são usados simultaneamente pelas 2 pessoas que
participam do processo produtivo. Para o pão de forma, separa-se com base no peso da massa,
de modo a manter um padrão de tamanho.
Destaca-se que para o pão francês é necessário buscar os moldes no estoque de
utensílios (17), sendo que neste mesmo momento também pega-se as formas apropriadas. E,
para o pão de forma é necessário mover a balança de cima da masseira até a mesa e depois de
realizado a pesagem da massa, leva-la de volta até o lugar original. Assim, como a produção é
feita por duas pessoas, enquanto uma busca a balança a outra vai até o estoque de utensílios
buscar as formas apropriadas.
Depois de moldada, a massa é levada para a estuda de crescimento (8), onde
permanece por 2 horas, então leva-se para o forno (9), durante este tempo as funcionárias
limpam e organizam o espaço produtivo. Depois que os pães saem do forno eles vão para o
armários (10) onde ficam até esfriarem para então serem embalados. O pão francês, depois de
esfriar, é diretamente embalado, assim, pega-se a embalagem adequada no estoque (14) e após
embalados, leva-os até o armário de pães embalados (13). Para o pão de forma, primeiro é
necessário fatia-lo em uma máquina específica (11), onde o pão, após fatiado, já é
automaticamente colocado na embalagem, a qual é pega no estoque (14), enquanto o pão está
esfriando.
A produção das cucas inicia-se buscando os utensílios no estoque (16), incluindo a
batedeira que é usada neste tipo de produção. Assim, enquanto uma das funcionárias busca
estes itens a outra busca as matérias-primas no estoque (15) e pesa os ingredientes na balança
(2). Então, uma das funcionárias usa-se a batedeira, que fica disposta no balcão, para bater os
ingredientes, ao mesmo tempo que a outra funcionária faz o farofa doce que é colocada por
cima das cucas. Após a massa estar pronta, ela é colocada na formas e levada diretamente
para o forno (9), onde fica por 30 minutos, então é retirada e levada pra o armário (10) onde a
farofa é colocada por cima e então retorna ao forno por mais 10 minutos para terminar de
assar.
Quanto aos bolos, estes são feitos apenas sob encomenda, de modo que a receita da
massa, o recheio e o tamanho são variáveis, mas de modo geral, inicia-se o processo buscando
os utensílios (16) e as matérias-primas no estoque (15), então coloca-se os ingredientes na
balança (2), depois leva-os para a batedeira disposta na extremidade mais próxima do balcão,
após batida, a massa é colocada nas formas e repousa na mesa (4) por alguns minutos, então é
levada para o forno (9). Enquanto isso os recheios e a cobertura são feitos utilizando-se a
mesa (4), a pia (5), o fogão (6) e a geladeira (7). Após as massas assarem, elas são levadas
para a mesa (12) onde são cortadas, recheadas e postas na forma, que compõe a embalagem
final, então por último coloca-se a cobertura no bolo e finaliza-se de forma personalizada, por
exemplo, pode-se escrever “parabéns” ou fazer desenhos no formato de flor, coração, etc.
Portanto, apesar de alguns processos envolverem alguns retornos ou cruzamentos, de
maneira predominante percebe-se uma sequência linear das operações, de modo a concluir
que trata-se realmente de um arranjo físico por produto.
Na terceira panificadora, o arranjo físico utilizado é o celular, pois conforme pode ser
visto na Figura 4, há dois espaços distintos, sendo o primeiro usado para a produção de pães
variados e pão-de-queijo e o segundo, usado exclusivamente para confeitaria, onde são feitos,
bolos, brigadeiros, beijinhos e cup cakes.
Figura 4 – Layout da primeira panificadora observada
Fonte: elaborado pelos autores (2016).
No primeiro espaço verifica-se que o arranjo usado é por produto, pois os tipos de pães
produzidos seguem a seguinte ordem de processos: a matéria-prima é pega, já com as medidas
certas, no estoque (1) e levada até a masseira (3), após misturada, a massa passa pelo cilindro
(4), então é separada manualmente na mesa (2) e colocada nas formas que ficam armazenadas
em cima da masseira, então leva-se para a estufa de crescimento, sendo que no caso do pão
francês, vai para a estufa própria (5) e os demais vão para a estuda de pão caseiro (6).
Depois da massa descansar na masseira, sendo visto que o tempo varia de acordo com
o tipo de pão, os pães crus são levados para os fornos (7 e 8) para assar, onde o tempo
também é variável de acordo com o item produzido. Depois de assar, os pães são tirados e
ficam em cima do forno até esfriar, para então serem empacotados com as embalagens que
ficam no armário (10). Além de pães, está panificadora faz pão-de-queijo, que seguem a
mesma ordem da fabricação de pães, apenas não passando pelo cilindro e pela estufa. É
importante ressaltar que a geladeira e os freezers são usados de forma conjunta, assim, antes
do início do processo de fabricação de pães e do pão-de-queijo, busca-se os ingredientes
necessários na geladeira ou freezer, que está na área de confeitaria.
Quanto a área de confeitaria, o arranjo físico é por processo, pois para produção de
cada um dos itens cria-se uma rede de fluxos, onde pega-se ingredientes no freezer (15 e 16),
na geladeira (14), utensílios de cozinha e equipamentos, como batedeira e liquidificador, no
armário e utiliza-se a pia com fogão (12) e a mesa (13) para realizar efetivamente os
processos de confeitaria. Desta forma, há etapas distintas para cada produto, dependendo
também do sabor que está sendo feito. É importante ressaltar que para a massa de bolos é
necessário buscar matérias-primas no estoque (1), que, assim como a geladeira e os freezers,
são compartilhados na produção de pães e na confeitaria.
6 Análise dos resultados
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