Lucifer Luciferax Todas Edicoes Arquivo SDNMSETC
Lucifer Luciferax Todas Edicoes Arquivo SDNMSETC
Lucifer Luciferax Todas Edicoes Arquivo SDNMSETC
Compendium ἕνδεκα
Pharzhuph
2
O conteúdo integral da presente obra está
disponível para download gratuito.
Trabalho sob licença Creative Commons
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
@LuciferLuciferax
3
Apresentação ..................................................................................................................................................................... 7
Lucifer Luciferax I............................................................................................................................................................ 8
Lucifer Luciferax II ........................................................................................................................................................ 30
Lucifer Luciferax III ....................................................................................................................................................... 97
Lucifer Luciferax IV ................................................................................................................................................... 163
Lucifer Luciferax V ..................................................................................................................................................... 226
Lucifer Luciferax VI ................................................................................................................................................... 284
Lucifer Luciferax VII .................................................................................................................................................. 335
Lucifer Luciferax VIII................................................................................................................................................. 397
Lucifer Luciferax IX ................................................................................................................................................... 455
Lucifer Luciferax 1ª ed. Experimental, em Inglês .................................................................................................. 537
Lucifer Luciferax XI ................................................................................................................................................... 563
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Aos espíritos dos poderosos mortos,
‘Sêo’ 7 Caveiras, Exu Tata Caveira e Pomba Gira Rosa Caveira.
Aos inexoráveis Dragões Negros Primordiais.
À minha pequena e amada Liliane e à ‘mea’ Surasundari, Tatianie Kiosia.
Inops, potentem dum vult imitari, perit!
6
Apresentação
O trabalho ora apresentado nada mais é do que a reunião das ONZE primeiras edições
completas da revista Lucifer Luciferax em formato digital.
Todo o conteúdo dessas ONZE primeiras edições pode ser acessado e baixado livremente pela
Internet sem nenhum custo. Também pode ser distribuído livremente, desde que as fontes e os autores
tenham seus créditos devidamente citados, bem como as informações bibliográficas fundamentais da
revista.
Algumas poucas adaptações foram realizadas. Nenhum material foi incluído, nenhuma
melhoria foi implementada, nenhum texto foi alterado, corrigido e/ou revisado e não houve alteração
significativa na parte gráfica, ou seja, o caráter das páginas aqui reunidas permanece o mesmo de suas
origens: uma publicação underground, um fanzine, inicialmente sem fins lucrativos, feito de maneira
amadora, porém com muita paixão em cada caractere, em cada erro gramatical, em cada tradução
estranha, em cada investimento jamais recuperado, em cada conflito e em cada pequena e grande
vitória.
As marcas d’água foram removidas para facilitar a leitura – reclamação que tivemos quando
distribuímos as primeiras cópias xerocadas e impressas a laser.
Editar outra vez esse material despertou em nós uma certa dose de nostalgia, porém estamos
muito felizes com o que fizemos até o presente e com os rumos que a Lucifer Luciferax tem à frente
para seguir, transmutando-se numa publicação mais madura, um pouco mais profissional e expandindo
o raio de sua ação aos países de língua inglesa.
Muitos foram os indivíduos que nos ajudaram a materializar essas dez primeiras edições e a
eles todos somos infinitamente gratos. Nossos agradecimentos se destinam também aos poucos que se
dispuseram a conhecer nossos trabalhos e a ler cada uma de nossas sinistras e estranhas palavras!
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Lucifer Luciferax I
8
LUCIFER
Luciferax
Zine Ocultismo Left Hand Path Magick Underground Contracultura Música Extrema
1° edição março 2008 e.v.
9
Índice
11- Apresentação
Vox Mortem
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Apresentação
Vox Mortem, hoc erat in votis
Saudações a Todos!!!
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Capítulo I
11
Ensaios Goéticos
Summa Goetia Praelusio
POR PHARZHUPH
P odemos afirmar sem sombras de dúvidas que a Goetia é uma das práticas
12
Ensaios Goéticos
Summa Goetia, Baal
POR PHARZHUPH
“Hórus é a criança natural de Nuit; Set é a criança das correntes negras lunares, como Caim era
a criança de Adão por Lilith e Abel (Baal) por Eva. Há nessa distinção uma doutrina de vital
importância para a aplicação mágica da fórmula do Novo Aeon.”
Kenneth Grant, Aleister Crowley and the Hidden God
Legiões de Espíritos Infernais. Bael é um Rei no Leste e pode aparecer como um gato, como
um sapo ou como um homem ou todos ao mesmo tempo. Sua voz é rouca e Ele pode tornar o
Mago invisível.
Sua origem está nos antigos cultos dos povos semitas há mais de 3400 anos. Seu nome
é escrito em hebraico com as letras Lamed + Aleph + Beth e possui valor gemátrico igual a 33.
A palavra podia significar Mestre, Senhor e Sol.
De certa forma seu culto esteve presente na Síria, na Pérsia e em Canaã, pois Baal era
um nome comum para algumas divindades dessas regiões em determinadas épocas.
Sacrifícios humanos e prostituição mágica eram comuns em suas celebrações.
Em Canaã Baal era o filho do Deus supremo EL e anualmente sua morte e ressurreição
eram celebradas como parte dos rituais de fertilidade.
Na Síria Baal Hadad era o deus das tempestades e trovões. Baal Peor era adorado pelos
moabitas em duas figuras: uma masculina como Deus Sol e uma Feminina como Deusa Lua.
Baal Sapon era o nome do deus dos marinheiros em Canaã.
Bael / Baal
1° decanato de Áries
II de Paus
21-30 Março
Planeta: Sol
Metal: Ouro
Perfume: Pimenta Negra
Para que o leitor possa se familiarizar com o assunto recomendamos o estudo aplicado e
a prática persistente, portanto: estudem e pratiquem. Mais alguns passos e nos
encontraremos num Abismo…
Bibliografia:
- The Goetia The Lesser Key of Solomon the King, de Mathers / Aleister Crowley, Weiser Books;
- Aleister Crowley Illustred Goetia, de Lon Milo DuQuette e Christopher S. Hyatt, PhD, New Falcon;
- The Goetia – The Lesser Key of Solomon the King Luciferian Edition, Michael W. Ford;
- Nightside of Eden, Kenneth Grant, Scoob Books;
- Aleister Crowley and the Hidden God, Kenneth Grant, Scoob Books;
- Luciferian Hierarchy, Guido Wolther (sem informações editoriais);
- A Natureza da Psique, C.G. Jung, Editora Vozes;
- A Psicologia do Inconsciente, C.G. Jung, Editora Vozes;
- Pacts With the Devil, de S. Jason Black / Christopher S. Hyatt, PhD, New Falcon;
- Magick, de Aleister Crowley, Weiser Books;
- The Book of Sacred Magic of Abra-Melin the Mage, de Mathers, Aquarian Press Books.
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LHP
Ocultismo, L.H.P, e Conspiração Política
POR FRATER NOCTULIUS
vastos períodos de sua vida com problemas políticos que afetaram sua vida pessoal. Grosche
foi fundador da Sociedade Pansófica que mais tarde deu lugar à poderosa e influente Fraternitas
Saturni (Fraternidade de Saturno), ambas germinadas na Alemanha dos intensos anos 20 do
século passado, mas Grosche foi também um homem de opiniões políticas. Segundo Peter
Koening, ele se juntou ao Partido Social Democrata Alemão (USPD), onde possuiu destacável
militância como "Volkskommissar" (Comissário do Povo) de seu partido dentre outras
atividades. Mais tarde, em 1936, devido provavelmente a pouca simpatia nutrida pelos
nacional-socialistas ao sistema luciferiano-gnóstico da F.S, e também a pouca ou nenhuma
disposição de Grosche e seus confrades em colaborarem com o regime que se instalara, viu
assim sua biblioteca ser apreendida pela Gestapo em 1936 (ou seria literalmente saqueada?)
ocasião na qual escapou para a Suíça retornando alguns anos depois em plena guerra, onde
acabaria se tornando preso político em Leipzig por curto período de tempo.
Alguns anos mais tarde, por ter permanecido do lado leste alemão, Grosche ainda teve
problemas com o KPD (Partido Comunista Alemão) no qual se filiou, dizem alguns que de forma
forçosa, sendo inclusive pressionado a abandonar suas atividades iniciáticas e esotéricas
(pressão a qual Grosche jamais se rendeu).
Tais questões exemplificadas em Grosche, poderão nos trazer discussões mais profundas
acerca do ocultismo, as ordens e fraternidades esotéricas e suas relações com o campo político
e a conspiração.
É bem provável que teremos de retornar a Ordem dos Iluminatti na Baviera no século
XVIII, quando Adam Weishaupt desenvolvia um pensamento nas vias do efervescente
iluminismo anticlerical e antimonárquico, uma filosofia luciférica apoiada em Lúcifer como um
anjo libertador. Não restam dúvidas de que os Iluminatti tenham sido favoráveis a Revolução
Francesa e até mesmo terem contribuído em seu processo.
Hoje em dia está muito em voga querer comentar sobre os Iluminatti e até mesmo
organizações que usam seu nome advogando o direito de tê-lo herdado existem mundo afora
como é o caso daquela liderada pelo anarcocomunista espanhol Gabriel Rojas receptor de Líber
Zión, mas uma coisa nos é certa: a importância dos Iluminatti na gênese de uma concepção
esotérica e iniciática aliviada dos padrões retrógrados do cristianismo é altamente relevante.
O século XIX pode ser reconhecido como o século em que se exacerbaram tais relações
iniciadas com os Iluminatti. Os anarquistas provavelmente foram os que mais audaciosamente
provaram de sua simpatia por Lúcifer ou Satanás (os entendendo como um só ou os entendendo
como entes distintos, assim como nós também preferimos). Um dos pensamentos mais
bombásticos dos revolucionários daquele tempo foi o do francês Ernest Couerderoy:
“Avante! Avante! Guerra é redenção! É Deus que a deseja, o Deus dos criminosos, dos
oprimidos, dos rebeldes, dos pobres, de todos os que se sentem atormentados, o Deus Satânico
cujo corpo é de enxofre, cujas asas são de fogo e cujas sandálias são de bronze! O Deus da
coragem e da insurreição que desencadeia a fúria de nossos corações - nosso Deus!”
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LHP
Ocultismo, L.H.P, e Conspiração Política
POR FRATER NOCTULIUS
Bakunin, o mais célebre dos anarquistas, também não deixaria por menos ao refletir sobre
Satan:
“Satanás, eterno rebelde, o primeiro livre pensador e o emancipador dos mundos. Liberte
o homem de sua ignorância e de sua obediência animal; emancipa-lhe e imprima sobre sua
fronte o selo da liberdade e da humanidade, impulsionando-o a desobedecer e a comer do fruto
da ciência”.
Eis aí ainda mais explícito a visão que idealiza Satanás como um grande libertador, como
o rebelde primordial germinador de uma nova sociedade, de uma nova ordem. Couerderoy não
foi homem de sociedades secretas, tão comuns àquele tempo. Ambientes conspiratórios, onde
se traçava planos revolucionários, mas Bakunin de biografia controversa e comumente
associado ao ateísmo, pertenceu segundo George Woodcock em sua obra “História das Idéias
e Movimentos Anarquistas” à Franco-Maçonaria tendo ainda proposto à fundação dos “Irmãos
Internacionais”, uma organização ultra-secreta dedicada a libertação total da humanidade. Será
a marca da fronte que Satanás imprime nos humanos segundo Bakunin, uma marca de Caim,
ou a iniciática marca ritualmente imprimida em rituais de iniciação de diversos grupos
satânicos, luciferianos ou baphométicos?
Talvez para estes anarquistas Satanás tenha ficado no campo arquetípico, idealizado
como uma inspiração, como uma forma de conduta rebelde exemplar a ser seguida. Mas na
França em 1882 ocorreram relatos acerca das atividades de um tal “Grupo Negro” que dentre
suas principais atividades destacava-se: destruição de cruzes de beiras de estradas, incêndio
de igrejas e pilhagem de escolas. George Woodcock os classificou como “organização terrorista
operária do tipo rudimentar”. Também se percebe aí uma característica que nos faz suspeitar
em realmente se tratar de uma sociedade secreta ou organização oculta. Segundo Woodcock:
“Os membros reuniam-se nas florestas à noite e os neófitos eram iniciados em complicadas
cerimônias seguidas de juramentos macabros”.
As cerimônias de iniciação e os locais das reuniões e encontros nos fazem pensar na
grande possibilidade de se tratar de algum tipo de organização simpática ao Caminho da Mão
Esquerda com um programa e objetivo anarquista, devendo ser situada e enxergada, é claro,
em seu tempo e espaço históricos.
Uma das mais famosas e célebres organizações satânicas da atualidade é a Order of Nine
Angles (O.N.A) surgida inicialmente no Reino Unido. Tal organização possui um sistema
iniciático organizado, com manuscritos, trabalhos e estratégias para cada esfera de sua Árvore
de Wyrd. Uma gama de rituais cerimoniais, herméticos, a confecção de um “tarô sinistro”, jogos
esotéricos dedicados a um panteão de “Deuses da Escuridão” demonstram que a O.N.A possui
um sistema mágico completo.
Embora clamem que as raízes da organização recaiam em tempos imemoriais, nenhuma
prova concreta existe nesta afirmação, sendo possivelmente a O.N.A obra de poucos iniciados,
senão especialmente de um homem: David Myatt! Dentro da O.N.A é bem explícito um projeto
conspiratório para a sociedade mundial claramente associado ao Nacional-Socialismo. Myatt é
um notório e conhecido neonazista, desses “místicos” responsáveis pela atual associação do
nacional-socialismo com idéias esotéricas. O historiador Nicholas Goodrick-Clarke em sua obra
“Sol Negro” responsabiliza Myatt pela organização e a define como “Satanismo Nazista”.
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LHP
Ocultismo, L.H.P, e Conspiração Política
POR FRATER NOCTULIUS
4. Considerações Possíveis
Este artigo que propusemos a escrever levanta informações iniciais para uma investigação
mais profunda e lapidada acerca da controversa relação entre ocultismo, em especial no seu
enfoque sinistro do Caminho da Mão Esquerda e opiniões políticas das mais diversas, em geral
aquelas carregadas segundo alguns de “radicalismo”. É claramente identificada na atualidade
e em tempos mais remotos esta relação através de um claro posicionamento defendido por
uma organização como a O.N.A, divindades como Lúcifer e Satanás sendo a inspiração para a
conduta de um movimento político como no caso de alguns anarquistas e a relação individual
de um iniciado com a política quase sempre conflituosa no exemplo de Grosche.
No entanto, cabe aqui recorda-los o quanto o ocultismo é também temido pelas nações e
seus líderes e como os iniciados perseguidos. Chega a nossa memória o episódio envolvendo
Aleister Crowley na Itália de Mussolini. Crowley na realização de sua Verdadeira Vontade, um
homem de vanguarda em seu tempo, divulgando e expandindo a Lei de Thelema, foi perseguido
e tornado persona non grata na Itália em 1923 pelo regime fascista devido as suas atividades
junto com irmãos e irmãs na Abadia de Cefalú. Naturalmente as grandes operações mágicko-
sexuais ali realizadas não podiam ser bem vistas por aquele regime cristão, retrógrado e
repressivo. De nada a perseguição adiantaria em verdade, o regime fascista, junto ao nacional-
socialismo e o regime soviético caíram como profetizado em Líber Al vel Legis enquanto a
difusão da Lei de Thelema segue seu curso.
Qual será o próximo passo do Novo Aeon?
Bibliografia:
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Entrevista
Black Funeral, Michael W. Ford
ENTREVISTA, TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO POR PHARZHUPH
Nesse primeiro número trazemos uma breve entrevista com uma das pessoas que
atualmente mais lutam para divulgar seriamente o Caminho da Mão Esquerda e a música extrema
no mundo. Trata-se do norte americano Michael W. Ford, o Homem que está a frente do Black
Funeral e de Ordens como a “The Black Order of the Dragon” e “The Order of Phosphorus”.
Ford é também autor de vários livros importantes dentro do Caminho da Mão Esquerda,
como “Luciferian Witchcraft” e “The Goetia – Luciferian”.
Com a palavra, Michael W. Ford ou Magister Templi Frater Akhtya Seker Arimanius...
Michael W. Ford
1) Em sua opinião, qual é a verdadeira relação entre o “Black Metal” e “Magick”? Há “bons
exemplos” para ilustrar sua opinião?
Não posso dizer que existam essas relações especificamente. O Black Metal, por definição,
não é baseado na prática Mágicka – ele está conectado com a ideologia Satânica. Eu não
recomendo o black metal a nenhum estudante mágicko como uma forma de arte, trata-se de
um gosto licantrópico específico que nem todo mundo tem. Acontece que eu sou um praticante
que está envolvido com esse tipo de música. Eu posso dizer que trabalho minhas letras e
algumas composições musicais em estruturas qlippóticas para evocar emoções e conceitos
espirituais.
Posso citar muitas bandas por seu desconhecimento ou talvez conhecimento de causa –
Satyricon, por exemplo, não especificamente Satanistas, mas eles têm imagens que podem
estar em harmonia com Satanistas. Black Funeral: é claro. Há outras bandas que fazem o
mesmo, como o Graven Pestanz que conduz rituais e trabalhos similares.
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2) Você pode falar sobre suas intenções com a “Order of
Phosphorus” e a “Black Order of the Dragon”?
3) Quais seriam seus “conselhos” para os Neófitos no Caminho da Mão Esquerda (LHP)?
Questionem o que querem realizar entrando nesse caminho. Questionem aonde querem ir e qual é
o simbolismo mais significativo para vocês, além disso, aconselho a PRATICAREM, PRATICAREM e
PRATICAREM.
Somente a experiência prática poderá levar a experiência teórica mais adiante.
Em resumo, busquem experiência e se planejem para manter suas jornadas adiante. Busquem
Ascender.
4) Como você vê trabalhos como os “Túneis de Set” no Caminho da Mão Esquerda? Há alguma
relação entre a Gnose Luciferiana e livros como “Beyond the Mauve Zone” e “Nightside of Eden” de
Kenneth Grant?
Kenneth Grant é uma poderosa referência há muito tempo e me deu alguma estrutura nos anos 90.
Conduzi uma Loja em Indiana (Indianópolis) chamada "THE CHARACITH LUNAR LODGE" que tinha um
trabalho focado em magick vampírica no final dos anos 90. Os Túneis de Set expandidos sobre os
elementos qlippóticos dos estudos de Crowley são úteis.
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7) Quais são suas referências mágickas no Caminho da Mão Esquerda?
Eu sou Luciferiano. Tenho uma experiência interior com a Corrente Luciferiana que é
explorada comigo e que cresce dentro de mim – essa experiência está em mudança e se
desenvolvendo comigo. Minha experiência religiosa não pode ser explicada. Um Luciferiano
deve validar sua própria experiência para si mesmo. Considero-me religioso e somente
dogmático em meu próprio caminho.
Entenda a balança do Instinto e da Alta Sabedoria.
Desafie e entenda o significado Iniciático experimentado em cada situação.
Eu me considero um Portal para o Adversário, um templo se você preferir.
Eu não tomo nenhuma droga e fico “chapado”. Essa é uma parte principal de meu foco
iniciático. Minha meta como Luciferiano é expandir isso mais além com meus trabalhos, livros,
músicas e unificar a “Church of Adversarial Light”, “THE ORDER OF PHOSPHORUS” e “Black
Order of the Dragon”.
Que Luciferianismo não é adoração a Satã – você pode se relacionar com o Adversário
somente dentro de você – Forças Espirituais estão ligadas a corpos e mentes, e é como elas se
manifestam. Saiba que você é um Templo e que você deveria ter aquele nível de respeito por
Si, a Crença Luciferiana requer força interior e Equilíbrio entre Instinto e Alta Sabedoria.
Muito Obrigado.
Nota 1 do editor: “alavancar”, em inglês “leverage”, significa “a ação da alavanca”; “força mecânica ou
vantagem obtida mediante o uso de uma alavanca”.
Glossário:
Magick: optamos por utilizar a grafia utilizada pelo entrevistado. O “K” adicionado na palavra é uma referência
à teoria desenvolvida por Aleister Crowley em Book Four (Magick em Teoria e Prática).
Licantrópico: referente à Licantropia, palavra de origem grega “lykanthropo”, homem que vira lobo; lobisomem.
Na psicologia Licantropia é uma doença mental na qual o indivíduo crê ter se transformado em lobo.
Qlippótica: referente às qliphoth, Sephiroth “malignas” segundo a definição tradicional da Qabalah hebraica.
Para maiores informações consultar A Cabala Mística (Dion Fortune, Editora Pensamento) e Nightside of Eden (Kenneth
Grant, Skoob Books).
Túneis de Set: complexa rede de Túneis, Caminhos adversos “complementares” aos caminhos iluminados das
Sephiroth. Rede Noturna de caminhos “inconscientes”. Referente à Sombra de nossa psique. Ver Nightside of Eden
(Kenneth Grant, Skoob Books), The Shadow Tarot (Linda Falorio, Aeon Books), papéis graduados do Monastério dos Sete
Raios, Le Couleuvre Noire, Ordo Templi Orientis Antiqua, Tiphonian Ordo Templi Orientis e obra de Carl Gustav Jung.
Neófito: recém admitido no Caminho, culto, crença, seita ou afim.
Yatukih: sistema iniciático desenvolvido na “The Black Order of the Dagon”, possui origens em antigos cultos
persas.
Liber HVHI: Livro de Michael W. Ford.
Vampire Gate: Trabalho de Michael W. Ford referente à espiritualidade predatória.
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Grupo de estudos mágickos, místicos, religiosos e filosóficos de cunho Iniciático e
Fraternal.
O cerne dos trabalhos possui orientação diversa, porém direcionada ao Caminho da Mão
Esquerda em consonância com o que se costuma definir como Luciferianismo Tradicional, embora
não se limite aos mesmos.
A estrutura dos trabalhos, teóricos e práticos, deriva de fontes heterodoxas e é ampliado
através da experiência pessoal dos Membros do Grupo.
O grupo está estruturado em divisões circulares seqüenciais até o círculo mais interno que
culminará na formação do Pacto.
O Pacto será re-velado pelos que percorrerem vitoriosamente todos os círculos externos,
sendo que os mesmos deverão estruturá-lo, mantê-lo, expandi-lo e além.
Aceitação de Liber OZ (Sub Figura LXXVII) é requerida.
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Ensaios de Inutilidade Pública
O Demônio me fez fazer isso!
POR REVERENDO EURYBIADIS
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35. E deram de beber vinho a seu pai também naquela noite; e levantou-
se a menor, e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem
quando se levantou.
36. E conceberam as duas filhas de Ló de seu pai.”
Quem já tomou um bom porre de vinho sabe que é difícil ver alguma coisa
mesmo... No escuro, Lot traçou as próprias filhas e gerou filhos dos quais era
também avô... Já as filhas de Lot acabaram se tornando irmãs dos próprios
filhos. Filhinhas de ouro!
Como já dizia meu finado avô: com cuspe e com jeito se abre o olho de
qualquer sujeito...
22
Ensaios de Utilidade
Locus – Onde Encontrar?
POR PHARZHUPH
M uitos de nós querem encontrar pessoas que compartilhem dos mesmos ideais no
LHP.
Existem centenas de ordens, sociedades e organizações propriamente ditas, porém o
Buscador sempre enfrenta alguma dificuldade nessa tarefa, principalmente no Caminho da Mão
Esquerda.
Neste espaço aberto publicaremos breves releases sobre essas organizações.
Caso você possua ou pertença a algum grupo e queira vê-lo retratado nessas linhas, por
favor, entre em contato conosco.
A ODAA é uma Ordem mágica e não religiosa de origem européia. Um de seus fundadores
e “líderes” é Thomas Karlsson, notório autor da grande maioria das letras das músicas do
Therion e de seu projeto musical Shadowseeds.
A ODAA não possui livros sagrados ou dogmas impostos tacitamente, a ênfase dos
trabalhos é de caráter individual e a experiência prática serve de guia ao Adepto.
Seu símbolo principal é o Dragão Roxo, símbolo dos poderes internos que habitam o
inconsciente.
Dentre as técnicas inerentes ao sistema se encontram o controle onírico e o
desenvolvimento de capacidades parapsicológicas. Uma das “metas” é unir o Dragão Roxo
interior com os poderes que existem na natureza.
Trabalham com qabalah qliphótica, tantra e antigos mistérios odínicos nórdicos, além de
estudar obras de filósofos como Heráclito e Nietzsche.
Em sua página na Internet estão disponíveis informações em dez idiomas, entre eles o
espanhol, o inglês, o grego, o alemão e outros.
Possuem Lojas regulares na Polônia, na Alemanha, na Itália e na Suécia, mas possuem
iniciados em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Informações e contatos:
http://www.dragonrouge.net/
mail@dragonrouge.net
DRAGON ROUGE, Box 777, 114 79 Stockholm, Sweden
23
Ensaios de Utilidade
Locus – Onde Encontrar?
POR PHARZHUPH
Informações e contatos:
http://www.ordonoxmagistralis.org/
“Tudo nesse mundo é uma manifestação de nossa vontade, para o bem ou para o mal.”
Fundada por Robert Stills há mais de 20 anos, a Igreja de Lúcifer possuiu diversos nomes
como Templo de Shaitan ou Ordem de Archom. Possui uma estrutura mágica fundamentada
em diversas disciplinas mágickas: magia enoquiana, hermetismo, qabalah, magia luciferiana,
goetia, necromancia, magia do caos, bruxaria satânica, etc.
Atualmente a COL não aceita novos membros, devido às mudanças estruturais pelas quais
está se submetendo e seu site está em manutenção!
24
Ensaios de Utilidade
Locus – Onde Encontrar?
POR PHARZHUPH
Informações e contatos:
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Ensaios Mágickos
Os Elementos Básicos do Altar – 1° Parte
POR PHARZHUPH
O Altar é uma das estruturas comuns mais presentes em todas as religiões, sistemas mágicos
ou místicos conhecidos no mundo. Invariavelmente são utilizados nos mais diversos tipos de ritos, sejam
sacrifícios, promessas, votos, consagrações, orações, iniciações, batismos, confirmações ou pactos.
Encontramos altares desde os sistemas mágicos “ortodoxos ocidentais” de Teurgia e Goetia à sacra
religiosidade Haitiana.
Uns mais reservados, outros mais “expostos” como no Vodu Tradicional, mas todos com elementos
e fins “comuns” ou similares.
Além de representar a Vontade Fixa do “Mago”, o Altar simboliza as bases sólidas nas quais o
trabalho do “Operador” se fundamenta para realizar sua Obra.
O Altar varia em função do sistema mágico, místico, religioso e do próprio “Operador” para tomar
sua forma.
Existem casos em que há mais de um altar, como por exemplo, nos sincretismos africanos e porto-
riquenhos.
Não há uma fórmula correta para seguir na confecção de um altar, mas para torná-lo “funcional” e
eficiente é preciso que o Operador conheça os instrumentos ali dispostos e saiba o que representam
essencialmente.
O centro ao alto costuma ser o local reservado para a Divindade(s) ou Arquétipo(s) principal(is):
Lilith, Lúcifer, Satã ou Adversário. É comum destinar esse mesmo local às ordens ou religiões sob ou
sobre as quais o Iniciado trabalha.
Pode-se, ao redor das Divindades Principais ou Principal,
agrupar outras divindades, forças, anjos, demônios, criaturas,
emissários com os quais se trabalha. No Vodu, por exemplo, há
uma grande reunião de Deuses e Deusas culminando num único
sincretismo de acordo com o próprio praticante. No Lucky Hoodoo
esse sincretismo se expande de maneira extraordinária e enriquece
a prática espiritual.
É de frente para Altar que costumam ser dirigidas as súplicas
e as imprecações. Local onde a Essência tende a ser mais densa e
sutil para alcançar as profundezas do Abismo ou além do horizonte,
além dos limites estelares: a conquista dos planos interiores.
Além das velas e dos incensos característicos, pode haver
outros instrumentos ou armas sobre o altar e é sobre eles que
passaremos a falar resumidamente a partir de agora.
Nesse pequeno ensaio trataremos somente dos instrumentos
tradicionais comuns à prática cerimonial “ocidental”, não serão
abordadas expansões “orientais” como as contidas nos milhares de
Tantras e nas adorações que lhe são características....
A Espada
26
Ensaios Mágickos
Os Elementos Básicos do Altar – 1° Parte
POR PHARZHUPH
A Adaga
O Entendimento é um dos mais expressivos significados do Cálice, que por sua vez está diretamente
associado à Yoni.
É o Cálice que armazena a Verdade e onde se administra o Veneno.
O Cálice representa também o Sacramento e o local onde determinados fluídos se misturam na
alquimia interior em Branco e Vermelho.
É “no” Cálice em que nos envenenemos para podermos também envenenar (e nisso, literalmente,
há um véu).
O Báculo
Uma das principais armas mágicas é o Báculo, símbolo da Vontade Mágica e Criativa do Operador.
O Báculo é uma alavanca. Com um ponto de apoio, universos inteiros podem se mover com a aplicação
da Força adequada.
No Báculo estão incrustadas as insígnias que re-velam a Vontade Mágica.
É por excelência uma arma fálica.
O Óleo Mágico
O Sino
O Sino trás a atenção do Operador para o objetivo da operação e o alerta para determinados
aspectos. Pode ser utilizado também para codificar símbolos rituais em mensagens sonoras e marcar
pontos importantes durante cerimônias e rituais.
O Sino “ideal”, segundo antigos Mestres, deveria ser feito de uma liga metálica especial conhecida
como Electrum Magicum que seria formada pelos metais correspondentes ao setenário astrológico
“tradicional”: ouro, prata, latão, chumbo, mercúrio, cobre e ferro. Há indicações sobre como se fundir o
Electrum Magicum em obras de Agrippa e Crowley.
Na Missa da Fênix, notória prática ritualística da Astrum Argentum, o sino é tocado 44 vezes em 4
séries de 11. 44 é o valor gemátrico da palavra hebraica “DAM” (sangue).
Partindo do centro do sino, o badalo deveria estar suspenso por uma corrente, que por sua vez
estaria presa ao sino por uma tira de couro. O material do badalo poderia ser um osso humano. Esse
arranjo permite que o sino seja manipulado sem que emita sons em momentos inoportunos.
27
Ensaios Mágickos
Os Elementos Básicos do Altar – 1° Parte
POR PHARZHUPH
Considerações finais
É de suma importância que o praticante monte seu altar de acordo com seu próprio sistema de
analogias.
Há casos em que o estudante prefere ou é submetido à “orientações” de grupos ou de outros magistas:
cabe somente ao praticante escolher aquilo que considera mais adequado.
Lembrar de sempre analisar e relacionar causas e efeitos é algo fundamental.
Estudar seriamente as instruções daqueles que já trilharam o “tortuoso caminho do cerimonial” é algo
altamente recomendável, afinal, reinventar a roda é desnecessário.
Montar um altar somente para demonstrar para seus amigos que você está estudando ou praticando
magia, é algo um tanto contrário a uma das quatro provas fundamentais da iniciação: o Silêncio. Se o seu
interesse pelo Caminho da Mão Esquerda é verdadeiro, evite fazer “propaganda” sobre a Arte. Saiba: o Ego
é natural e todos o possuem, porém não podemos nos submeter aos caprichos que nos distanciam de nossa
Verdadeira Vontade.
Bibliografia de referência:
28
29
Lucifer Luciferax II
Texto do livro.
Importante: Para novos capítulos, copie e cole o título de acordo com a formatação acima. Isso
garantirá que o índice seja refeito de forma automática.
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30
LUCIFER
Luciferax
Zine Ocultismo Left Hand Path Magick Underground Contra-Cultura Música Extrema
Luciferiano Draconiano Setiano Thelema Dramaturgia Humor Negro Liberdade Chaos
2° Edição Junho 2008 e.v.
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Apresentação
Vox Mortem, hoc erat in votis
POR PHARZHUPH
É com satisfação ímpar que apresentamos a segunda edição do Lucifer Luciferax Zine.
Por hora, mantivemos o layout da primeira edição com algumas pequenas alterações.
A imagem de fundo de nossas páginas, seguindo a proposta da primeira edição, é uma
ilustração de Guido Wolther, retirada do livro “Evokationssymbole der Luciferischen Hierarchie”.
Trata-se de Mochlath.
Desde abril de 2008 e.v. nos tornamos colaboradores fixos do Projeto Morte Súbita Inc.
Nossas matérias estão sendo publicadas por eles e nosso zine também se encontra disponível
para download no site.
Maiores informações podem ser obtidas através dos seguintes endereços:
http://www.mortesubita.org/blog/lucifer-luciferax-os-novos-colaboradores-do-morte-subita-
inc/view
http://www.mortesubita.org/entretenimento/lucifer-luciferax-zine/.
Apresentaremos novas seções e novos colaboradores trabalhando conosco, destacamos
entre eles o Irmão Adriano Camargo Monteiro, autor dos livros Sistemagia, A Revolução
Luciferiana e A Cabala Draconiana, todos editados pela Madras. Tivemos o apoio e a colaboração
da Editora Coph Nia, Frater Apep e da Fulgur Press, mas o material concedido por essa última
não estará presente nessa edição.
Reverendo Eurybiadis, após longa incursão no Monastério Oculto de São Tomé das Letras,
nos deixa “lubrificadas” colaborações com seu caráter infiel e pouco conservador.
Devido ao atraso nos contatos com diversas bandas, tivemos que reduzir ainda mais o
conteúdo relacionado à música extrema, porém isso será devidamente remediado em nossa
próxima edição.
Aguardamos os contatos produtivos de todos vocês através do e-mail
deusesthomo666@yahoo.com.br.
Atenção: todo o conteúdo do zine pode ser citado, copiado e publicado livremente
desde que sejam observadas as seguintes regras: o material não pode ser utilizado,
direta ou indiretamente, com fins lucrativos; o zine e os autores devem ser citados,
junto com seus meios de contato. Nessa edição há duas exceções para a liberdade de
utilização de materiais relacionados ao Zine Lucifer Luciferax: o texto “A Cruz Qlifótica”,
de Frater Apep, está sob direitos autorais reservados à Editora Coph Nia, ou seja, para
utilizá-lo é preciso obter permissão diretamente com a Editora Coph Nia. O mesmo se
aplica ao texto “Breve Manifesto Draconiano”, de Adriano Camargo Monteiro.
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Índice
Índice - 33 -
كافرSeção do Infiél
Uma Ameaça Islâmica?, por Pharzhuph - 74 -
Inutilidade Pública
O Desconsolo de Eurybiadis, por Coroinha Gepeto - 81 -
Vox Infernum
Pharzhuph entrevista S. Polisvarduc Isvaricog, Mentor do projeto musical Para Tu Eterno - 84 -
Vox Infernum II
Pharzhuph entrevista Lauro Bonometti, guitarra e vocal da Incinerad (Black / Death Metal) - 90 -
Lua Negra
Manifesto - 94 -
Finis
Últimas palavras, por Pharzhuph - 95 -
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Lux Veritatis
Luciferiano
POR PHARZHUPH
Lúcifer, o “Anjo” Luz que se fez Deus e que a “grata sorte” expulsou dos altares, é muito
mais do que uma lenda cristã sobre anjos vaidosos e invejosos que queriam se tornar deuses.
Sua Divindade surgiu em centenas de culturas muito antes do judaísmo ortodoxo, do cristianismo
(cristismo) e do islamismo iniciarem suas destrutivas doutrinas castradoras e misóginas. Culturas
e religiões de massa que perpetuaram séculos de ignorância e de trevas, fomentando diferenças
e alimentando guerras e destruição até nossos dias.
Não nos importa muito se há uma crença em sua existência imaterial e antropomórfica ou
se a crença e o culto se destinam aos arquétipos fundamentais que Lúcifer representa, ou ainda,
se alguma outra vertente filosófica, assim como a nossa, atribui a Ele outras origens ou
“definições”.
Notamos que há uma série de características comuns entre as correntes assumidamente
Luciferianas, desde o gnosticismo da Luz praticado por alguns adeptos do LHoodoo, até o
extremismo religioso defendido por alguns expoentes visionários.
Obviamente os poucos esclarecimentos que prestaremos no opúsculo abaixo parecerão
contraditórios aos olhos dos filhos de um logos morto.
As pessoas que nos condenam sem nos conhecer, os indivíduos que nos criticam imersos
em lagos turvos de ignorância e os escravos que sempre servirão, esses em suas obtusidades e
fraquezas nos estranharão ainda mais, pois verão que não somos a inverdade que suas crenças
pregaram durante milênios.
Pela Serpente, pelo Dragão, por Nossa Typhon, por Nossa Kali, por Nossa Luz e por nossas
Trevas...
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Lux Veritatis
Luciferiano
POR PHARZHUPH
É saber Amar sem baixa paixão e saber se “apaixonar” sem amor, ou seja, é amar sem
exigir nada em troca e sem se deixar levar pelas variações excessivas de sentimento, emoção ou
paixão, mas é também saber se entregar quando verdadeiramente quiser. É saber gozar dos
prazeres sem envolvimentos frívolos e emocionais quando isso está de acordo com a verdadeira
vontade. É fazer cada ato de amor um ato mágicko.
É buscar se tornar absolutamente livre das contaminações de massa. É entender o propósito de
tudo aquilo que é administrado aos rebanhos e entender o que a cultura e a religião de massa
realmente significam para poder se afastar de ambas.
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Lux Veritatis
Luciferiano
POR PHARZHUPH
É saber que somos animais e que, submersos no calabouço destrancado de nossa psique,
repousam demônios famintos e sedentos. É saber lidar com eles e traze-los à Luz. É caminhar
pela rede caótica de túneis de nossa inconsciência e fazer ressurgir aquilo que adormece sob
oceanos agitados dormindo sem sonhos.
É não ser conveniente com o comportamento de rebanho e saber agir e pensar por si
próprio. Um Luciferiano não está sob a ação de nenhuma inteligência superior que não seja a
dele. Um Luciferiano não sobrevive como uma ovelha na engorda esperando pela tosquia ou pelo
abate. Um Luciferiano procura identificar, combater e se afastar dos matadouros espirituais.
É não acreditar em estórias de pregadores ou em milagres. A maioria dos pregadores tenta
transmitir a própria interpretação dos mistérios, pretendem reunir cordeiros para seus rebanhos,
cifras para seus cofres... Milagres anunciados são sinônimos de falácias.
É você buscar o entendimento do universo que o cerca e o entendimento de sua própria
individualidade universal e suas inter-relações. Você como Microcosmo, como pequeno universo
deveria procurar entender seus próprios mecanismos de funcionamento e quais são suas
principais relações com o Grande Universo (Macrocosmo) e suas relações.
É você não se deixar levar pelos outros, pelas idéias de outros, por aquilo que os outros
fazem. É não esquecer de quem você é e daquilo que você acredita para seguir colegas ou amigos.
É manter seus pontos de vista e suas decisões sem se preocupar com que os outros dizem ou
pensam ao seu respeito.
É procurar entender seus instintos primordiais e satisfaze-los de forma consciente,
buscando prazer responsável e sadio ao invés de se envolver compulsiva e freneticamente com
toda e qualquer espécie de oportunidade lasciva ou concupiscente. É saber se controlar quando
é preciso e saber deixar a própria instintividade aflorar quando necessário. É gozar em plenitude
da maneira que melhor lhe aprouver sem desperdícios nefastos, não importando a fonte ou
particularidade de seus prazeres.
É ter responsabilidade social ao invés de ser compassivo. A compaixão, ao contrário do
que dizem, é um vício. Confundiram-na com a virtude para corromper a integridade do forte e
para dar mais argumentos para a mendigagem dos fracos e para a exploração das massas. É
uma “contra-virtude” contra a superioridade e a divindade comuns aos seres humanos que
buscam ascender. Não se deve confundir a ausência de compaixão com a tirania ou com o
egoísmo exacerbado que conduzem também ao obscurecimento. É mais produtivo ajudar as
pessoas aprenderem a alcançar seus objetivos ao invés de lhes dar esmolas – mais produtivo e
digno.
É buscar pelo entendimento das relações humanas tais quais elas são e procurar a melhor
maneira de enfrentá-las de maneira positiva e que sempre lhe sejam proveitosas. As relações
humanas podem ser áridas e o conhecimento de nós mesmos nos ajuda a entendê-las.
É não aceitar dogmas impostos tácita ou explicitamente. As verdades fundamentais e
“imutáveis” pregadas por pastores de rebanho podem simplesmente não existir. Há pastores
cegos e cegos sendo guiados por cegos. Dogmatismos são contrários à evolução humana, pois
implicam etimologicamente em não discussão e em ausência de questionamento.
É questionar sempre, refletir e raciocinar sobre o objeto em questão ao invés de aceitar
teorias e explicações, mesmo que essas lhes sejam transmitidas por pessoas de extrema
confiança como seus pais. Boas intenções não bastam para calar o questionamento, a reflexão,
o raciocínio e a inteligência superior particulares do Luciferiano.
É não desperdiçar energia com processos involutivos. É deixar de lado a verborragia acerca
de pessoas e de atitudes alheias que não lhe dizem respeito. É não ajudar em causas que não lhe
trarão evolução ou proveito. É saber se colocar como indivíduo pensante frente às imposições de
familiares, amigos, sociedade, etc.
36
Lux Veritatis
Luciferiano
POR PHARZHUPH
É não condenar aquilo que desconhece (a pior crítica é aquela que surge da ignorância).
É combater a ignorância, a preguiça viciosa, a inércia da não transmutação, a falta de
ousadia...
É se afastar daquilo que te prejudica de maneira consciente e saber quando e como se
aproximar sempre que necessário.
É procurar não insistir no mesmo erro, buscando sempre no erro a base para os próximos
acertos. Novamente, saber relacionar adequadamente as causas aos seus efeitos e saber que
nenhuma causa pode ser impedida de seu efeito.
É buscar o entendimento balanceado entre Magia, Ciência, Filosofia e Religião em suas
acepções superiores.
É buscar um entendimento sobre sua própria Sombra, procurando pelas respostas que
jazem ocultas no lado obscuro de seus planos interiores. É buscar os demônios que aguardam no
limiar de sua consciência pelo momento certo para despertarem. É se conhecer por inteiro em
sua androgonia oculta.
É não nutrir preconceitos, não importando quais eles sejam. Discriminar outros seres
humanos por serem diferentes de você não o tornará uma pessoa melhor, pelo contrário,
conceitos prévios baseados em resquícios culturais moralistas e hipócritas revelam somente o
embrutecimento. Lembre-se de seus pesadelos, sonhos e desejos inconfessáveis antes de julgar
e condenar.
É saber ouvir no mínimo duas vezes mais do que falar e saber ouvir e saber falar. A palavra
é também ação, falar excessivamente é desperdiçar energia. É ser claro e assertivo ao falar. É
saber falar para dizer ou para revelar.
É não procurar agradar a maioria e também não procurar desagrada-la. É simplesmente
respeitar e ser respeitado por aquilo que é e por seu caráter superior, sem altivez exacerbada ou
narcisismos inúteis e ridículos.
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Lux Veritatis
Luciferiano
POR PHARZHUPH
É procurar a maturidade emocional superior, mas sem impedir os processos naturais que
o levam a isso. É enfrentar suas crises e seus momentos ruins e tentar entender como se
desencadearam, é saber sentir as dores necessárias e evitar as desnecessárias.
É jamais se desviar de problemas ou dificuldades, jamais buscar atalhos para tarefas que
precisa realmente realizar.
É vencer as próprias batalhas e saber respeitar o que deve ser respeitado.
É cultivar um caráter superior ao invés de procurar a promoção e o prestígio das pessoas
que estão ao redor.
É não falar demasiadamente, principalmente sobre pessoas. Indivíduos inteligentes
trocam idéias, criticam, questionam, interagem produtivamente. Até para jogar conversa fora é
preciso ter limites.
É saber gozar de todos os prazeres da carne, do espírito, do intelecto, da arte, da ciência,
da natureza, da magia ou outros da maneira que julgar melhor e saber fazer o julgamento próprio
sobre aquilo que é o melhor para si e para aqueles que você ama.
É encontrar, através de sua própria sabedoria, qual é o melhor caminho que deve ser
seguido e demonstrar praticamente que você possui longas e poderosas asas e sabe como utiliza-
las.
É você buscar saber o que há de errado no mundo e saber fazer suas próprias escolhas.
É enxergar além daquilo que os olhos enxergam na Luz e nas Trevas e por elas caminhar
e voar tranqüilamente.
É saber como caminhar e como se preservar em todos os territórios, tanto aqueles que
estão em paz quanto aqueles que estão em guerra.
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Drakon Typhon I
Positio Viae Draconis
Breve Manifesto Draconiano
POR FRATER ADRIANO C. MONTEIRO
Saudações!
A verdadeira escuridão malévola é aquela da fé que não pode ver, da fé cega nas (pseudo)
religiões da falsa luz que buscam enganar, conspirar e escravizar as massas. A verdadeira Luz
(luciférica) é aquela que brilha na consciência desenvolvida por esforço próprio na verdadeira
iniciação (interior).
Para aqueles que ainda não compreendem, a Luz jamais pode existir sem o contraste
essencial e necessário das Trevas porque ambos são dois aspectos do Todo e de Tudo no universo
manifestado. Para que a Luz possa iluminar, é necessária a Escuridão, pois só assim a Luz
realmente passa a existir e assim é percebida; nós somente enxergamos tudo, devido a essa
interação entre a Luz e as Trevas, sendo inclusive uma lei da Física.
Se às vezes falamos por metáforas, ou algo aparentemente óbvio para alguns, é para
ilustrar e fazer analogias.
Demonstraremos, de maneira sintética, o que é a supostamente temida e controversa
Espiritualidade das Sombras, ou Via Noturna, e suas diferenças fundamentais entre a assim
chamada Espiritualidade da “Luz”, tão na moda atualmente mais do que no passado em virtude
de sua divulgação e propagação pelas grandes mídias de massa. Entenda-se por Espiritualidade
da “Luz”, ou Religiões da “Luz”, o monoteísmo degradado e suas várias ramificações modernas
espalhadas pelo mundo e que atacam tudo o que não faz parte de seus rebanhos.
Acompanhando o encadeamento de idéias na tabela abaixo, tudo fica mais evidente e
manifesto, claro como a luz revelada após a cegueira. A tabela ajudará o leitor a assimilar
melhor o que expomos aqui. É essencial que se compreenda a inter-relação das idéias e seu
contexto, e não como uma mera comparação de opostos.
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Drakon Typhon I
Positio Viae Draconis
Breve Manifesto Draconiano
POR FRATER ADRIANO C. MONTEIRO
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Drakon Typhon I
Positio Viae Draconis
Breve Manifesto Draconiano
POR FRATER ADRIANO C. MONTEIRO
Trata-se do renascimento do verdadeiro Iniciado interior com sua verdadeira Luz individual
manifestada e perceptível justamente porque ilumina as Trevas. É o indivíduo como o Portador
da Luz, Lúcifer, lúcido, luminoso, iluminando o véu negro (a Escuridão) que oculta o conhecimento
e a sabedoria.
Podemos mostrar aqui a evidente diferença entre a Espiritualidade das Sombras (que
abarca a Luz) e a Espiritualidade da “Luz” (que abarca apenas a falsa luz, a luz total!). Somente
observando a civilização, a sociedade e a vida como um todo, podemos nos conscientizar e
constatar essas diferenças gritantes em nosso mundo e a realidade lamentável das religiões da
“Luz”.
O adepto da Via Draconiana, o magista prático, faz submersão em seu próprio Deus/a
interior, em sua essência, enquanto o “povo da luz” faz submissão a um impróprio Deus exterior
pessoal e a um “intermediário” humano presunçoso cheio de defeitos incorrigíveis. O adepto da
Via Noturna busca estudar, aprender, crescer deliberadamente, ajudar os que realmente querem
ser ajudados, fraternalmente, ser livre para perseguir seus objetivos e praticar sua filosofia de
vida sem ser incomodado pelos fanáticos da “luz” que cega tal qual a luz hostil refletida pela neve
dos Andes ou dos círculos polares.
Apesar de tudo, infelizmente, a grande maioria das pessoas não compreende a Escuridão
(nem a Luz) e a considera como algo maligno, diabólico, aterrorizante ou depressivo e não se dá
conta de que as assim chamadas religiões de "Deus" e da “Luz” são a verdadeira raiz de quase
todos os males no mundo, como podemos ver nos principais exemplos da tabela. E somente os
fanáticos religiosos, os fundamentalistas, os conspiradores e os hipócritas materialistas não
compreenderão o que pretendemos demonstar aqui nem poderão vislumbrar os fatos óbvios
(expostos na tabela) por pura cegueira, "vista grossa" ou, até mesmo, por uma vaidade
intelectual cética e estéril.
Nenhuma religião (mais especificamente o monoteísmo) pode monopolizar a espécie
humana, a não ser que cada indivíduo, irresponsável por si mesmo, permita ser assim escravizado
e aterrorizado por dogmas espúrios. Afinal, temos o livre-arbítrio e devemos arcar com nossas
próprias escolhas e decisões, seja com consciência e conhecimento ou não.
A origem dos problemas que afligem o mundo está na crença unilateral e ilógica das
sofismáticas religiões da “Luz” que são monoteístas e, conseqüentemente, materialistas e
autoritárias. Seguem as “instruções” de um Deus egoísta, arrogante, caprichoso, machista e
igualmente materialista, como podemos ler em seus textos “sagrados” (espalhados pelo mundo
e com inúmeras deturpações) e em sua maligna, cruel e hipócrita continuação, o Malleus
Maleficarum, obra hoje esquecida graças à luz da razão, mas cujos efeitos, na subconsciência
humana, ainda podem ecoar...
Nisso tudo está a origem da dominação monoteísta que estendeu seu materialismo
violento e voraz em todas as áreas da vida humana e em todo o mundo, desde o seu surgimento.
Essa influência nefasta não é percebida pela grande maioria, pelas massas, mas faz parte da
nossa civilização moderna e doentia e está nas ruas, nas famílias ricas e pobres, nas escolas, nos
negócios, na mídia, nas comunidades religiosas, etc. O maior exemplo disso é a grande maioria
de monoteístas norte-americanos (cerca de 80%), muitos deles fanáticos, e que formam uma
das nações mais materialistas, egoístas e dominadoras do mundo. Mas não falamos aqui do
materialismo como um mero capitalismo, pois seu contexto é mais abrangente. Tampouco
falamos de socialismo, ou comunismo, ou qualquer outra corrente política, pois não pregamos
sistemas de governo aqui, como alguns poderiam pensar equivocadamente.
41
Drakon Typhon I
Positio Viae Draconis
Breve Manifesto Draconiano
POR FRATER ADRIANO C. MONTEIRO
Assim, como resultado do monoteísmo materialista, das religiões da "luz", temos uma
civilização (?) vazia, enferma, cheia de recalques, repressões, dissociações psicológicas,
condicionada, consumista e insatisfeita, que não consegue ter paz, que sofre e faz sofrer.
O que é, então, essa espiritualidade da “luz”?
É isso. Na verdade, uma ausência de espiritualidade e de Luz que leva a raça humana à
própria zumbificação mecanóide, à fascinação e submissão ao falso Deus da “Luz” (e ao
materialismo obsessivo), mas, muitas vezes, ao mesmo tempo, temendo o Diabo, um artifício
que serve para dar mais poder a um Deus igualmente artificioso. Esse Deus (e o Diabo) é a
propaganda principal e infalível das inúmeras religiões da “Luz” atualmente, que lesam os
ignorantes que querem continuar na ignorância. Seus dirigentes, sendo um reflexo quase idêntico
de seu Deus ignóbil e nada divino, seguem seu exemplo arrebanhando fiéis e ansiando
gananciosamente por grandes riquezas materiais e pelo controle mundial do povo que os
sustenta.
Mas cada um é "livre" para acreditar no que lhe for conveniente. Contudo, respeitamos o
indivíduo mas discordamos de seus dogmas (pseudo) religiosos.
Qual é, então, o objetivo e o significado verdadeiro da espiritualidade, da religião? Esse
“povo da luz” realmente é do bem? Realmente quer ver nosso bem-estar, nossa liberdade, nossa
saúde, nossa evolução espiritual consciente?
Muitos indivíduos podem não entender o que expomos aqui, talvez por estarem ainda
condicionados, de alguma maneira, aos ditames monoteístas. Outros, por má vontade, desdém
ou preguiça mental, podem preferir não compreender, pois para enxergar além do comum e
corrente, além da cultura religiosa ou científica de massa, é necessário ter visão e mente aberta,
sensibilidade e capacidade de assimilar outros conhecimentos, outros conceitos. Contudo, muitos
outros poderão sentir-se estimulados a buscar conhecimentos alternativos, poderão vislumbrar
algo que não tinham percebido (ou talvez o tenham) e poderão sentir afinidade com as idéias e
ideais deste Manifesto.
A Via Draconiana é para poucos; não pretende agradar a todos. Este Manifesto, até
mesmo, poderá arranhar o ego de porcelana de muitos, envaidecidos em seu "confortável"
comodismo pessoal. Portanto, sugerimos que se afastem desta Via aqueles que não têm a mínima
possibilidade ou vontade de mudar seus paradigmas. Também ignorem este Manifesto os filósofos
cartesianos, os cientistas materialistas, os acadêmicos culturetes céticos, os pseudo-esotéricos
da "nova era" e os espiritualistas temerários que se crêem totalmente da "luz".
Aos demais leitores, estudantes de Ciências Ocultas, filósofos metafísicos, praticantes
sérios de Magia, adeptos da Mão Esquerda, iniciantes ou iniciados, psiconautas e livre-pensadores
realmente livres de tabus supersticiosos ou dogmáticos, que sejam bem-vindos à Via Draconiana!
http://br.geocities.com/adrianocmonteiro/
http://br.geocities.com/imaginarius.arte/
42
Era Vulgaris
Cultura e Religião de Massa
POR PHARZHUPH
43
Era Vulgaris
Cultura e Religião de Massa
POR PHARZHUPH
Como poderia uma bizarrice cega dessas manter um grau mínimo de confiabilidade diante
de pessoas inteligentes? Baseados na Bíblia? Um livro “sagrado” e torpe de um deus pequeno,
ciumento, iracundo, assassino, controverso e irreal, que seria incapaz de se manter sem a criação
de seu diabo – um grande bode expiatório de toda a fraqueza e incongruência humana.
Uma instituição que enriqueceu com o ouro roubado de países colonizados, com o apoio
criminoso aos regimes fascistas e nazistas, com guerras “santas” a todos aqueles que não
estavam de acordo com seus “ensinamentos”, com o extermínio, com a dominação e com a
demonização de todas as culturas e crenças que os procederam com o implante retal de suas
cruzes cadavéricas...
44
Era Vulgaris
Cultura e Religião de Massa
POR PHARZHUPH
Uma religião para tolos, fracos, débeis, analfabetos, ex-criminosos em busca de salvação...
Um câncer social.
Seria próprio se os protestantes iniciassem um culto organizado ao diabo, pois ele é
princípio motor desse mecanismo. Seria mais adequado ainda se lhe pagassem royalties, pois
seu nome é o mais presente. Talvez mais do que o do próprio “sagrado senhor”.
É importantíssimo dizer que os cultos envolvem dinheiro (muito dinheiro): são dízimos,
oferendas, correntes de salvação com carnê de prestações, lugares no céu e outras lorotas.
Seus cultos são cuidadosamente divididos de acordo com seu público alvo: há cultos para
todas as classes sociais, desde os mendigos até os magnatas...
O espiritismo desenvolvido em nossas terras também não poderia ficar longe da onda de
ignorância das demais religiões.
Nossa umbanda já não é mais aquela de décadas atrás quando era praticada nas cozinhas
de casas de pessoas humildes, quando o sincretismo religioso era somente o resquício nefasto do
período escravagista, muitos centros de umbanda se tornaram verdadeiras máquinas de
exploração de pessoas desesperadas. Os charlatães vendem “mirongas” para resolver qualquer
espécie de problema. Cobram quantias absurdas para realizar seus “trabalhos” e sustentar seus
vícios imundos. Há estranhezas dos mais variados tipos, desde pais-de-santo que tentam
convencer as pessoas que o “guia” precisa se “deitar com alguém”, até os abomináveis sacrifícios
humanos.
O espiritismo kardecista e sua impessoalidade, que procura impor a restrição de hábitos
aos seus seguidores com a justificativa de que há muitos “encostos” por aí e que não se deve
manter contato com pessoas propensas a atrair essas entidades demoníacas. Eles agem de
maneira contrária aquilo que pregam. Há bestialidades que unem espiritismo kardecista,
umbanda e catolicismo numa mescla absurda, obtusa e incongruente de ilusória salvação.
Outra categoria aviltante para o questionamento sadio é aquela que engloba alguns
sincretismos religiosos brasileiros: é possível encontrar as mais ridículas misturas, desde
vampiros exus e caboclos “jesus” até pactos demoníacos através da brincadeira do copo (ouija).
É razoável dizer que muito pouco proveito pode ser extraído da cultura ou da religião de
massa.
Negar a vida da carne e seus prazeres em busca de uma recompensa ulterior é o mesmo
que assinar um contrato as escuras.
45
Era Vulgaris
Cultura e Religião de Massa
POR PHARZHUPH
46
Os Segredos do Inferno
Grimorium 1a Parte
POR PHARZHUPH
Os grimórios, tais como os conhecemos atualmente, surgiram muito antes da Alta Idade
Média e representam uma das mais significativas contribuições desse período de trevas para o
ocultismo ocidental.
O nome “grimório” surgiu no idioma francês antigo, especificamente do substantivo
masculino “grimoire” que significa “formulário para mágicos e feiticeiros”, segundo a definição
encontrada no Pequeno Dicionário Francês-Português (Companhia Editora Nacional, SP, edição
de 1949).
A palavra “grimoire” também significa “livro ininteligível; discurso confuso; letra
indecifrável”, o que ajudou a perpetuar a difusão do vocábulo nos círculos de adeptos ou quando
o vulgo se deparava com obras e assuntos relacionados.
Outra denominação menos usual para esse tipo de obra é o substantivo “engrimanço”,
que também possui raízes no francês antigo, nas palavras “ingremance” e “ingromance” que
possuíam estreita relação com a necromancia.
Um grimório é basicamente um livro com instruções práticas sobre como realizar trabalhos
mágicos para os mais variados fins, desde curar unhas encravadas até criar maremotos!
Uma das características fundamentais presentes em quase todos os grimórios antigos é a
pretensa submissão dos “poderes infernais” aos “seres celestes” e ao deus “branco”, seja ele
cristão, judeu ou muçulmano. Afirmação tão pretensa e incongruente quanto dizer que nosso
inconsciente estaria subjugado pela nossa consciência.
A autoria dos “livros temidos” é assunto de muita especulação, mas o provável é que as
edições que chegaram até nossos dias sofreram incontáveis edições, alterações e adulterações.
Apesar de sua ancestralidade, a estrutura do grimório é também muito utilizada por
praticantes de magia para o registro de suas operações, aliado ou não ao diário mágicko. Há
muitos diários que podem ser considerados verdadeiros grimórios e vice-versa.
Como já apresentamos em nossas páginas, na edição anterior no artigo sobre Goécia, as
anotações pessoais de Guido Wolther (antiga Fraternitas Saturni) deram origem ao livro
“Hierarquia Luciferiana”, que se enquadraria muito bem na categoria “grimório goético”.
Em terras brasileiras há um outro livro bastante conhecido, trata-se do Livro de São
Cipriano e suas dezenas de variantes: Capa Preta, Capa de Aço, Capa de Ouro, Maior, etc. Pode-
se dizer que quase todas as edições brasileiras, inclusive aquelas do início do século passado, não
passam de extratos de grimórios medievais aos quais foram acrescentados símbolos distorcidos
e mal interpretados, alfabetos com atribuições incorretas, trechos das lendas de São Cipriano e
até trabalhos comuns à religiosidade afro-brasileira.
Apesar de tudo, os grimórios são fontes interessantes e importantes de informação para
todos aqueles que se interessam por magia prática, principalmente pelo cerimonial, tão enaltecido
e praticado no “ocidente”.
O conteúdo de grimórios como “Os Segredos do Inferno” ajudaram muitos Mestres e
Ordens na obtenção de contatos com planos superiores e na expansão de suas egrégoras, mas
esse é um assunto para uma outra ocasião.
Na seqüência de artigos “Grimorium” apresentaremos alguns dos grimórios antigos e
atuais mais relevantes para o trabalho mágicko, suas principais características e como adquiri-
los de forma segura, sempre que possível.
Nessa edição, apresentamos orgulhosamente: “Os Segredos do Inferno” e o “Enchiridion
Leonis Papae”...
Esperamos que o leitor possa expandir gradativamente o raio de suas experiências e sua
profundidade após seu contato prático com essas obras!
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Os Segredos do Inferno
Grimorium 1a Parte
POR PHARZHUPH
Os Segredos do Inferno
Bastante conhecido na Europa por sua edição espanhola da Editora Humanitas, o livro
“Segredos do Inferno” é uma importante fonte de informação para aqueles que desejam trabalhar
com evocações de poderes “demoníacos”, expansão e contato com planos internos ocultos e
contatos com egrégoras fantasticamente poderosas.
Sua autoria é desconhecida, embora algumas editoras a reputem a Salomão – o que se
tornou uma espécie de clichê nos editoriais de grimórios antigos para lhes dar mais “autoridade
literária” e “confiabilidade”.
Acredita-se que o livro tenha sido copiado de um manuscrito de 1522 – informação que
nos parece absolutamente inócua, pois afirma somente sua antiguidade.
A apresentação do livro é a seguinte:
“Segredos do Inferno, ou seja, o Imperador Lúcifer e seu Ministro Lucifuge Rofocale.
Contém o verdadeiro segredo da necromancia, para se ganhar no jogo, para descobrir tesouros
ocultos e outros vários segredos.”
O marketing apelativo não deve ser estranhado, pois grande parte do público alvo dos
grimórios é justamente aquele que está procurando por receitas práticas para os mais variados
problemas. O livro costuma possuir entre 60 e 90 páginas e está fortemente contaminado com a
pretensa submissão dos poderes infernais às esferas celestes. Parte do conteúdo “original” do
livro está escrito em italiano, mesmo nas edições espanholas e norte americanas.
O conteúdo mais relevante está no “Centum Regnum”, na “Chiamata di Lucifero” e no
“Sanctum Recnum”, onde são descritos os caracteres de Lúcifer, Belzebut, Astarot, Lucifuge,
Satanachia, Agaliarept, Fleurety, Sargatanas e Nebiros. Os operadores “mais avançados”
encontrarão nesses capítulos algumas chaves importantes e poderosas para alavancar o trabalho
mágicko.
O restante do livro fornece instruções práticas para outros trabalhos.
Pode ser adquirido por aproximadamente 7 euros no site da Editora Humanitas em:
http://www.editorial-humanitas.com/Form/FormularioEditorialHumanitas.htm ou pela Agapea
em: http://www.agapea.com/Secretos-del-infierno-n245047i.htm.
No Brasil é possível encomendar a edição argentina da Khalil Gibran pela Livraria Cultura
por aproximadamente R$ 24,00.
A edição da Biblioteca Esotérica Herrou Aragon pode ser adquirida no site da Lulu em
http://books.lulu.com/content/870878 por aproximadamente amargos $20,00, ou diretamente
no site http://www.bibliotecaherrouaragon.com/index.php.
48
Os Segredos do Inferno
Grimorium 1a Parte
POR PHARZHUPH
O Enchiridion é considerado por alguns autores como um dos quatro grimórios mais
importantes para a magia prática.
Sua autoria é atribuída ao Papa Leão III.
É um livro estritamente teúrgico, “cristão” e até mesmo “católico”.
Entende-se que o livro foi um presente do Papa ao Imperador Carlos Magno.
Em sua introdução lê-se a seguinte passagem: “(...) Se acreditais firmemente na eficácia
das orações que vos remeto e se as recitais com devoção, vossa influência alcançará os mais
altos cumes da espiritualidade e vosso poder sobre a terra será ilimitado”.
Apesar de seu caráter teúrgico, o livro é excelente fonte de informação sobre operações
de exorcismo, banimentos e orações cabalisticamente estruturadas.
Os adeptos mais avançados poderão notar a estrutura cabalística e pequenas chaves úteis
para o trabalho mágico, principalmente se aplicadas aos nomes bárbaros de evocação citados no
grimório “Segredos do Inferno”, especialmente na “Chiamata di Lucífero”...
Há Kishuphers e Mekubalins que apreciam algumas partes do livro, embora Maggidim não
recomende sempre.
É possível adquirir a edição espanhola diretamente no site http://www.editorial-humanitas.com
por aproximadamente 10 euros ou encomendar na Livraria Cultura (no dia em que essa matéria
foi escrita o livro estava “na prateleira” por R$ 37,61).
FINIS
Destilem o conteúdo revelado por esses antigos livros proibidos e expandam sua obra.
Apesar da antiguidade, as principais “chaves” podem ser facilmente adaptáveis ao trabalho
mágicko “moderno”, inclusive sob a caótica esfera octogonal, em sigilização sexual avançada e
além...
Glossário:
Teúrgico – relativo à Teurgia, considerada magia angélica, obra de deus.
Kishupharim – praticante de Kishuph, bruxaria judaica na acepção mais comum do vocábulo.
Mekubalins – “cabalistas”.
Maggidim – espíritos sagrados com os quais se estabelece contato através de determinados oráculos na
bruxaria judaica (Kishuph).
49
Summa Goetia
Belial
POR PHARZHUPH
“Há uma Arte Negra e uma Arte Branca... uma ciência da Altura e uma ciência do Abismo, de Metraton e
de Belial.”
Arthur Edward Waite, The Book of Cerimonial Magic
Uma das primeiras Divindades Goéticas com a qual eu tive o prazer de trabalhar foi
justamente Belial. De maneira um tanto incomum, não posso dizer que tenha seguido as
orientações tradicionais da Goetia, não naquele momento.
Eu estava iniciando o estudo de uma fórmula mágicka atribuída ao oitavo grau de uma
célebre ordem mágicka e estava profundamente imerso no estudo de símbolos antigos.
Naquela ocasião eu trabalhava com um sistema de simbolismo bastante heterodoxo, fruto
de minhas pesquisas pessoais e dos resultados positivos que estava obtendo na exploração
pantacular, também não posso ignorar o influxo positivo que recebia de determinadas
organizações e de meus Irmãos em minhas operações práticas.
Formulei então um “desejo” e o transformei num pantáclo, onde procurei reunir os
caracteres necessários para traduzi-lo na linguagem mais adequada para o sucesso do intento.
Tal pantáclo foi consagrado com uma mistura caótica de técnicas que vinha estudando e
praticando.
Inicialmente me senti um tanto decepcionado. Nos primeiros dias os resultados não
apareceram.
Passadas algumas semanas resolvi consagrar o pantáclo novamente, desta vez utilizando
somente a base daquela técnica que costuma ser atribuída ao oitavo grau da OTO e algo começou
a acontecer.
Do fenômeno que se manifestou nos dias seguintes lembro-me com maior exatidão das
visões de Belial, que me apareceu trajando longas vestes vermelhas adornadas com detalhes
dourados. Lembro-me do frio cortante e intenso que surgia antes de sua aparição e das rajadas
de vento a sibilarem na fumaça dos incensos.
Acredito que o “fenômeno” não seja necessariamente uma indicação de êxito numa
operação, para ser sincero, atribuo significado somente ao resultado do intento, mas devo
observar que alguma presença de fenômeno costuma indicar que algo aconteceu.
Após alguns dias senti que o pantáclo emanava energia própria, como se um vórtice
tivesse sido ativado.
Em pouco tempo notei a presença dos primeiros resultados e que os mesmos ascendiam
lentamente.
Ainda hoje o possuo e sou grato a Divindade que me emprestou sua capacidade de “alavancar”,
pois no centro do pantáclo estavam sigilizados os sinais de evocação de Belial.
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Summa Goetia
Belial
POR PHARZHUPH
Ele é o sexagésimo oitavo Espírito da Goécia, um poderoso Rei que pode aparecer na
forma de um belo anjo numa carruagem de fogo, como um demônio de pequena estatura em
trajes vermelhos e atraindo para si toda a luz num vácuo de escuridão, como uma imensa pomba
de olhos de fogo ou como dois lindos anjos. Segundo as edições mais conhecidas da Goetia, ele
fala com voz agradável e declara que ocupava a mesma posição de Michael antes da queda dos
anjos. Ele dá excelentes espíritos familiares ao Magista, além de distribuir cargos elevados e
causar o favor de amigos e inimigos. Costuma exigir sacrifícios e obras de arte duradouras em
sua honra.
Tradicionalmente Belial governa 50 legiões de espíritos, embora o livro Pseudomonarchia
Daemonum de Weyer afirme que são 80 legiões.
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Drakon Typhon II
A Cruz Qlifótica
POR FRATER APEP
Copyright © 2007 Editora Coph Nia Ltda.
Como se pode notar, ATAH ("A Ti") representa Kether, a 1° Sephirah; MALKUTH ("o
Reino"), a 10° Sephirah; VE-GEBURAH ("e o Poder"), a 5° Sephirah; VE-GEDULAH ("e a Glória"),
outro nome de Chesed, a 4° Sephirah; e por fim se sela a Cruz Cabalística no Corpo de Luz do
Adepto com a expressão LE-OLAHM, AMEN ("Eternamente, Amém"), ou seja: "A Ti [pertence] o
Reino, o Poder e a Glória, Eternamente, Amém". Essa fraseologia é uma adaptação cabalística
baseada na linha final do Pai-Nosso dos Crististas, a qual só aparece nos códices mais recentes
do Evangelho de Mateus, mas deixemos de lado essa especulação histórica.
Agora se posicionarmos a imagem oposta do Homem sobre a Árvore da Vida, ou seja, de
costas, temos assim um acesso potencial à Árvore da Morte, pois que desse modo ele está voltado
para o Reino de N.O.X. Segundo essa teoria ele tem o Pilar da Severidade à sua esquerda, e o
Pilar da Misericórdia à sua direita. Logo a formulação da Cruz Qlifótica se dá através da inversão
das Sephiroth Geburah e Chesed (Gedulah) nos ombros como segue:
Visto que os nomes das Sephiroth não diferem de uma Árvore para a outra, valer-nos-
emos de uma simples convenção para diferenciarmos as Esferas de cada Árvore. Por exemplo:
chamemos Kether da Árvore da Vida de Al-Kether, ou Kether de L.V.X., e Kether da Árvore da
Morte de La-Kether, ou Kether de N.O.X. Desse modo o Adepto tem Al-Geburah e La-Gedulah no
ombro direito, assim como Al-Gedulah e La-Geburah no ombro esquerdo. Até agora tratamos do
Caminho da Mão Direita ("Via Dextra") e do Caminho da Mão Esquerda ("Via Sinistra"), mas
saiba-se que aqueles que seguem o Caminho do Meio ("Via Media") podem se valer de ambas as
atribuições em suas práticas com excelentes resultados.
Agora antes de passarmos para a apresentação da Cruz Qlifótica em várias línguas antigas
e mágicas de acordo com os seus respectivos panteões, devemos tratar de um assunto de suma
importância: o Espírito Guardião. Vários são os nomes que designam tal Ser, tal corno Daimon,
Augoeides, Gênio, Eu Superior, Sagrado Anjo Guardião, Adonai, Aiwass, entre muitos outros.
Porém devemos pôr em evidência que a Iluminação de Al- Tiphareth é Intelectual e o Daimon é
antropomórfico, enquanto a Iluminação de La-Tiphareth é Instintual e o Daimon é teriomórfico.
52
Drakon Typhon II
A Cruz Qlifótica
POR FRATER APEP
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Assim ao formular a Cruz Qlifótica Hebraica, por exemplo, o Magista deve tocar o peito
(La-Tiphareth) entre ATAH e MALKUTH e pronunciar SHAITAN (1) até que o seu Daimon releve o
Seu Nome, quando então ele ao tocar o peito não mais pronunciará SHAITAN, mas sim o Nome
do Seu Dairnon, o qual não deve ser revelado a ninguém.
Seguem oito exemplos da Cruz Qlifótica:
I
Hebraico
0. Que o Magista imagine uma Luz Negra advindo do Śūnya Cakra (2) e adentrando a sua
cabeça através da Brahmarandhra Nādī (3).
1. Então que ele toque a sua testa e diga: ATAH.
2. Que ele toque o seu peito e diga: SHAITAN.
3. Que ele toque a sua genitália e diga: MALKUTH.
4. Que ele toque o seu ombro esquerdo e diga: VE-GEBURAH.
5. Que ele toque o seu ombro direito e diga: VE-GEDULAH.
6. Então unindo as mãos sobre o peito que ele diga: LE-OLAHM, AMEN.
II
Grego Thelêmico
0. Que o Magista imagine uma Luz Negra advindo do Śūnya Cakra e adentrando a sua
cabeça através da Brahmarandhra Nādī.
1. Então que ele toque a sua testa e diga: ΣΟΙ.
2. Que ele toque a sua genitália e diga: O ΦΑΛΛΕ.
3. Que ele toque o seu ombro esquerdo e diga: ΙΣΧΥΡΟΣ.
4. Que ele toque o seu ombro direito e diga: ΕΥΧΑΡΙΣΤΟΣ.
5. Então unindo as mãos sobre o peito que ele clame: ΩΑΙ (4).
III
Aramaico
0. Que o Magista imagine uma Luz Negra advindo do Śūnya Cakra e adentrando a sua
cabeça através da Brahmarandhra Nādī.
1. Então que ele toque a sua testa e diga: METOL DILAKHIE.
2. Que ele toque o seu peito e diga: SHATANA.
3. Que ele toque a sua genitália e diga: MALKUTHA.
4. Que ele toque o seu ombro esquerdo e diga: WAHAYLA.
5. Que ele toque o seu ombro direito e diga: WATESHBUKHTA.
6. Então unindo as mãos sobre o peito que ele diga: L’AHLAM ALMIN, AMEN.
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Drakon Typhon II
A Cruz Qlifótica
POR FRATER APEP
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IV
Grego
0. Que o Magista imagine uma Luz Negra advindo do Śūnya Cakra e adentrando a sua
cabeça através da Brahmarandhra Nādī.
1. Então que ele toque a sua testa e diga: ΟΤΙ ΣΟΙ.
2. Que ele toque o seu peito e diga: TEITAN (5).
3. Que ele toque a sua genitália e dia: ΕΣΤΙΝ ΒΑΣΙΛΕΙΑ.
4. Que ele toque o seu ombro esquerdo e diga: KAI H ΔΥΝΑΜΙΣ.
5. Que ele toque o seu ombro direito e diga: KAI H ΔΟΞΑ.
6. Então unindo as mãos sobre o peito que ele diga: ΕΙΣ ΤΟΥΣ ΑΙΩΝΑΣ, ΑΜΗΝ.
V
Latim
0. Que o Magista imagine uma Luz Negra advindo do Śūnya Cakra e adentrando a sua
cabeça através da Brahmarandhra Nādī.
1. Então que ele toque a sua testa e diga: QUIA TUUM.
2. Que ele toque o seu peito e diga: LUCIFER.
3. Que ele toque a sua genitália e diga: EST REGNUM.
4. Que ele toque o seu ombro esquerdo e diga: ET POTENTIA.
5. Que ele toque o seu ombro direito e diga: ET GLORIA.
6. Então unindo as mãos sobre o peito que ele diga: IN SÆCULA SÆCULORUM, AMEN.
VI
Árabe
0. Que o Magista imagine uma Luz Negra advindo do Śūnya Cakra e adentrando a sua
cabeça através da Brahmarandhra Nādī.
1. Então que ele toque a sua testa e diga: L’ANNA LAKA.
2. Que ele toque o seu peito e diga: SHAYŢĀN.
3. Que ele toque a sua genitália e diga: AL-MULKA.
4. Que ele toque o seu ombro esquerdo e diga: WA-AL-QŪWAHA.
5. Que ele toque o seu ombro direito e diga: WA-AL-MADJA.
6. Então unindo as mãos sobre o peito que ele diga: ’ILĀ AL-’ANADI, ’ ĀMĪN.
VII
Curdo
0. Que o Magista imagine uma Luz Negra advindo do Śūnya Cakra e adentrando a sua
cabeça através da Brahmarandhra Nādī.
1. Então que ele toque a sua testa e diga: ÇIMKÎ.
2. Que ele toque o seu peito e diga: TAWÛSÊ MELEK (6).
3. Que ele toque a sua genitália e diga: PADÎŞAHÎ.
4. Que ele toque o seu ombro esquerdo e diga: PÊKARÎN.
5. Que ele toque o seu ombro direito e diga: Û RÛMET.
6. Então unindo as mãos sobre o peito que ele diga: HER Û HER ÊN TE NE, AMÎN.
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Drakon Typhon II
A Cruz Qlifótica
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VIII
Norueguês Antigo
0. Que o Magista imagine uma Luz Negra advindo do Śūnya Cakra e adentrando a sua
cabeça através da Brahmarandhra Nādī.
1. Então que ele toque a sua testa e diga: TÜ RIKIAÐ.
2. Que ele toque o seu peito e diga: ÓÐINN (7).
3. Que ele toque a sua genitália e diga: AR þIT.
4. Que ele toque o seu ombro esquerdo e diga: OH MAHTAN.
5. Que ele toque o seu ombro direito e diga: OH HARLIHHETEN.
6. Então unindo as mãos sobre o peito que ele diga: I EWIHHET, AMAN.
Notas:
1- Os nomes genéricos para o Daimon apresentados aqui são apenas sugestivos, ainda que todos
sejam completamente adequados à língua, ao panteão, e à esfera em questão.
2- O Śūnya Cakra jaz acima do Sahasrāra Cakra segundo os ensinamentos da Dragon Rouge
(Ordo Draconis et Atri Adamantis), embora algumas pessoas considerem-no como sendo apenas
outro nome para o Sahasrāra. Śūnya significa "vazio" ou "vacuidade" em sânscrito, logo quer
dizer a "Roda do Vazio".
3- A Brahmarandhra Nādī é a fissura craniana no topo da cabeça, significando o "Canal da Fissura
de Brahman".
4- Sem dúvida a Cruz Cabalística reformulada por Mestre Therion em Liber XXV, "O Rubi Estrela",
é uma das mais interessantes e significantes quando aplicamos esta Teoria da Inversão, pois que
além da inversão das Sephiroth nos ombros, temos a inversão de IAO para OAI, "o Direito e o
Adverso" (veja-se Liber Stellæ Rubræ sub figura LXVI).
5- Note-se que TEITAN em grego soma 666!
6- Algumas vezes transliterado como Melek Taus, o "Anjo Pavão" dos Iêzides.
7- Uma alternativa aqui seria Loke no lugar de ÓÐINN.
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Entrevista
Lurker, Associação Portuguesa de Satanismo
POR PHARZHUPH
Numa breve entrevista, Lurker, um dos mais antigos membros e fundadores da Associação
Portuguesa de Satanismo, nos esclarece os pontos fundamentais da organização, suas principais
realizações e os próximos passos da APS.
No ano passado eles lançaram a primeira edição impressa da Bíblia Satânica de Anton S.
LaVey em português. Recentemente trouxeram à Luz o livro Eviscerar Mistérios, uma obra intensa
de sentimento e introspecção escrita por Mosath.
Certamente a APS é um excelente exemplo do que um grupo de pessoas interessadas
pode fazer quando se reúne ao redor de um mesmo objetivo com ação e força!
A APS está em funcionamento desde Março de 2003, e não se pode dizer que houve
particulares dificuldades em a criar. Foi apenas um processo administrativo relativamente
simples.
Para manter a sua atividade sofre no entanto dos problemas semelhantes a muitos outros
projetos no nosso país: falta de ação e participação daqueles que com a APS interagem. Há muita
atividade em redor da Associação, mas pouca vontade de criar e ajudá-la a cumprir os seus
propósitos. Apesar das dificuldades, continuamos em frente, com o apoio daqueles que conosco
querem partilhar este percurso.
Não há qualquer vínculo oficial entre a APS e outras organizações do mesmo tipo ou
semelhantes. Existem sim relações cordiais de amizade, respeito e colaboração entre a APS e
várias entidades relacionadas com o Satanismo um pouco em todo o mundo, incluindo a CoS. No
Brasil, temos também contacto com alguns indivíduos e grupos.
4- Pode-se dizer que há um perfil comum a maioria dos membros da APS? Como seria
esse perfil?
Não sei se haverá um perfil comum, uma vez que a APS é composta por indivíduos, cada
qual com as suas características particulares. Em comum têm entre eles a não-conformidade, o
querer sempre descobrir algo mais, o gosto pela vida, a vontade da ação, a centelha da criação
- enfim, o Satanismo.
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Entrevista
Lurker, Associação Portuguesa de Satanismo
POR PHARZHUPH
5- No site da APS notamos que há alguma relação entre a APS e a música extrema (Black
Metal). Como é exatamente essa relação?
6- Você acha que há alguma relação entre o Caminho da Mão Esquerda e o Underground?
Quais exemplos você poderia utilizar para ilustrar sua opinião e da APS?
57
Entrevista
Lurker, Associação Portuguesa de Satanismo
POR PHARZHUPH
Editar a principal obra de referência no Satanismo na nossa língua, numa tradução que
nos parece fazer jus ao original, é um sentimento de orgulho imenso. A HellOutro Enterprises, o
braço editorial da APS, tem um plano de edições bastante preenchido para o corrente ano. Neste
momento está a ser publicado o livro Eviscerar Mistérios (do qual anexo alguma informação
complementar) da autoria de Mosath, um dos nossos membros. Seguidamente será editado um
vinil de tributo a Anton LaVey, e está também previsto o lançamento de mais dois livros e uma
edição discográfica ainda este ano. Por isso, a atividade não será calma e haverá motivos para
novas vitórias ao longo do ano.
Bem, eu diria que todos aqueles que são criadores, ao invés de destruidores, têm lugar de
destaque no Satanismo. Não gostaria de referir nomes, para não ter necessariamente que faltar
ao respeito por omissão a muitos dos que mereceriam o seu nome destacado. Mas todos aqueles
autores que sejam capazes de nos tocar com a sua criação merecem uma palavra de destaque.
9- Além da loja on-line da APS, quais outras atividades são promovidas por vocês?
A Loja On-line e a HellOutro Enterprises são as duas principais atividade da APS neste
momento, mas não podemos esquecer o Fórum de discussão ou o Site oficial como meios de
representatividade da Associação. Cada um deles merece a nossa atenção e concentra os nossos
esforços.
10- Há muita confusão entre os termos Luciferianismo e Satanismo, sejam eles modernos
ou tradicionais. Você poderia nos apresentar as principais diferenças e nos dizer como a
Associação Portuguesa de Satanismo os vê, interpreta?
Com certeza que sim. Todas as sociedades em que a religião, principalmente a cristã, se
encontra fortemente enraizada, discriminam o que não entendem mascarando-o de folclore. Daí
ser de primordial importância que o Satanismo seja entendido como algo perfeitamente natural,
a ligação mais coerente do homem ao mundo que o rodeia, e seja desprovido de todo o misticismo
artificial e folclore alegórico que muitos tentam impingir-lhe. O Satanismo tem que ser olhado
com racionalidade, para depois poder ser vivido com paixão.
58
Entrevista
Lurker, Associação Portuguesa de Satanismo
POR PHARZHUPH
13- Quais seriam seus conselhos para aqueles que se descobrem satanistas?
Que procurassem informação nas fontes credíveis, e a usassem como um meio para a sua
própria evolução e não como um fim em si próprio. Isso é o que realmente quer dizer
individualismo.
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O Demônio me fez fazer isso!!!
Historinhas bíblicas
POR REVERENDO EURYBIADIS
Na edição anterior falamos sobre como o sacaninha abria os olhos dos outros com cuspe
e com jeito. Nessa outra historieta bíblica, mostramos que não há orifício sagrado ou intocado
para Jesus: com cuspe, com jeito e com os dedinhos, o marotinho da cruz demonstrou como
tocar nos buraquinhos fechados de um surdinho gago (Marcos 7:31-37):
“Tendo Jesus partido das regiões de Tiro, foi por Sidom até o mar da Galiléia, passando
pelas regiões de Decápolis.
E trouxeram-lhe um surdo gago, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a
mão sobre ele.
Jesus, pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e,
cuspindo, tocou-lhe na língua e erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá; isto é
Abre-te.
E abriram-se-lhe os ouvidos, a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente.
Então lhes ordenou Jesus que a ninguém o dissessem; mas, quando mais lho proibia, tanto
mais o divulgavam.
E se maravilhavam sobremaneira, dizendo: Tudo tem feito bem; faz até os surdos ouvir e
os mudos falar.”
Eu, Reverendo Eurydiadis, em verdade vos digo: semanas atrás, durante minhas imersões
intelectuais nas bibliotecas escuras do mosteiro oculto de São Tomé das Letras, me deparei com
um manuscrito singular e revelador. Tratava-se do evangelho oculto do décimo terceiro apóstolo,
Josifaldecindo, o Esquecido. Seu nome permaneceu nas nuvens de enxofre e metano dos peidos
dos bibliotecários sagrados. Simulando uma overdose, me contorci e escondi o livro sagrado na
cueca, assim larapiei a obra para futura análise no banheiro.
Traduzi livremente o texto de seu idioma arcaico e o reescrevi em código morse nas
paredes do banheiro da Praça da República, mas como ninguém entendeu até então, resolvi
dividir parte desse conhecimento arcano com o grande público.
60
O Demônio me fez fazer isso!!!
Historinhas bíblicas
POR REVERENDO EURYBIADIS
“Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe
aos pés. E lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas
e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.
Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço, e os que choravam
e faziam grande pranto.
E, entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? A menina não morreu, mas
dorme.
E riam-se dele; porém ele, tendo feito sair a todos, tomou consigo o pai e a mãe da
menina, e os que com ele vieram, e entrou onde a menina estava.
E, tomando a mão da menina, disse-lhe: “Talita cumi”, que, traduzido, é: Menina, a ti te
digo, levanta-te.
Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram
tomados de grande espanto.”
“Chegando, pois Jesus, encontrou-o já com quatro dias de sepultura. Tendo, pois, Maria
chegado ao lugar onde Jesus estava, e vendo-a, lançou-se-lhe aos pés e disse: Senhor, se tu
estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. Jesus, pois, quando a viu chorar, e chorarem
também os judeus que com ela vinham, comoveu-se em espírito, e perturbou-se, e perguntou:
Onde o puseste? Responderam-lhe: Senhor, vem e vê.
Jesus, pois, comovendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro; era uma gruta, e
tinha uma pedra posta sobre ela.
61
Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse- lhe: Senhor, já cheira mal,
porque está morto há quase quatro dias.
Respondeu-lhe Jesus: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?
Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, graças te dou,
porque me ouviste.
Eu sabia que sempre me ouves; mas por causa da multidão que está em redor é que assim
falei, para que eles creiam que tu me enviaste.
E, tendo dito isso, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!
Saiu o que estivera morto, ligados os pés e as mãos com faixas, e o seu rosto envolto num
lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.”
Novamente nosso “mirongueiro” dá uma prova pública de seu poder necromante com sua
sentença mágica: “Lázaro, também cumi!” e eis que o defunto fedorento levanta e vai, pois
Jesus tira o sossego até de quem descansa em paz!
Operando dessa maneira seguiu nosso célebre necromante necrófilo profanador de
túmulos.
62
44 Traductio
Do Sacrifício Sanguíneo e Matéria Relacionada
TEXTO DE ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO E INTRODUZIDO POR PHARZHUPH
Sacrifício Asteca
Introdução
63
44 Traductio
Do Sacrifício Sanguíneo e Matéria Relacionada
TEXTO DE ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO E INTRODUZIDO POR PHARZHUPH
64
44 Traductio
Do Sacrifício Sanguíneo e Matéria Relacionada
TEXTO DE ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO E INTRODUZIDO POR PHARZHUPH
De todas as formas, existe uma teoria oculta no sacrifício sanguíneo que é de grande
importância para o estudante, não façamos portanto mais apologias. Não teríamos nem sequer
feito essa apologia para uma apologia, se não fosse pela solicitude de um bom amigo de caráter
mui austero, que insistiu que os trechos que agora se seguem – a parte que foi originalmente
escrita – poderiam causar alguma confusão. Isto não deve ser assim.
O Sangue é a Vida. Esta simples afirmação é expressa pelos hindus como “O sangue é o
veículo principal do Prana vital”. Há alguns fundamentos para afirmar a crença de que existem
umas substâncias definidas, que ainda não puderam ser isoladas, e que determinariam a
diferença entre matéria viva ou morta. Os Charlatões Pseudocientíficos da América, que afirmam
que há uma perda de peso do corpo no momento da morte, devemos – como é natural –
menosprezar, incluindo os supostos clarividentes que tem visto a alma sair da boca da pessoa
em estado de Articulo mortis; mas sua experiência como explorador tem convencido ao Mestre
Therion que a carne perde uma porção de seu valor nutritivo alguns minutos após a morte, e que
esta perda aumenta com o passar das horas. Se sabe que a comida viva, como são as ostras, é
o tipo de energia mais concentrada e que melhor se assimila. Os experimentos de laboratório
sobre os valores nutritivos são inválidos, por razões que não discutiremos aqui; o testemunho
geral da humanidade parece ser o guia mais confiável.
Seria irracional – deste ponto de vista – condenar aos selvagens que arrancam o coração
e o fígado de seus inimigos e os comem enquanto ainda palpitam. Os Magos da antiguidade
sustentavam a teoria de que qualquer ser vivo era um armazém de energia variando
em quantidade segundo o tamanho do mesmo e em qualidade segundo seu caráter
moral e mental. À morte deste animal esta energia se libera instantaneamente.
O animal, então, se deve matar dentro do círculo, ou no triângulo, segundo o caso, para
que esta energia não se perca. Se deve escolher um animal que esteja em sintonia com a
cerimônia. Por exemplo, se alguém sacrificasse uma ovelha para invocar a Marte, não obteria
muita da energia violenta deste planeta. Neste caso seria melhor um carneiro. E este carneiro
tem que ser virgem – a potência de toda sua energia original tem que ser intacta.
Para os trabalhos espirituais mais elevados, se tem que escolher aquela vítima que encerra
a maior quantidade e pureza de força, e sem nenhuma deformação física.
Para as evocações, seria mais conveniente por o sangue da vítima dentro do Triângulo; a
idéia é que o espírito pode obter deste sangue a substância, ainda que muito sutil, física, que é
a quintessência de sua vida para permitir que o mesmo (espírito) tome uma forma tangível.
Os Magos são contrários ao emprego do sangue e utilizam em seu lugar o
incenso. Para tal fim se pode empregar o incenso de Abra-Melin em grandes quantidades. Ainda
que também sirvam os do tipo Dittany e Creta. Ambos os incensos são muito católicos em sua
natureza, e são adequados para quase qualquer materialização.
Mas quanto mais perigoso for o sacrifício mágico, mais êxito se obterá. Para quase
todos os propósitos o sacrifício humano é o melhor. O verdadeiro Mago será capaz de empregar
seu próprio sangue, ou possivelmente o sangue de um de seus discípulos, e o fará de uma tal
maneira que não sacrificará a vida irrevogavelmente. Um exemplo deste sacrifício se encontra no
Capítulo 44 de Liber CCCXXXIII. Recomendamos esta Missa como uma prática diária.
Se deve dizer uma última palavra sobre o tema. Existe uma Operação Mágica com a
máxima importância: a Iniciação de uma Nova Era “Aeon”. Quando é necessário
pronunciar uma Palavra e todo o planeta terá que se banhar em sangue. Antes de que
o Homem aceite a Nova Lei, de Thelema, se deve lutar a Grande Guerra. Este Sacrifício
Sanguíneo é o ponto crítico da Cerimônia-Mundial da Proclamação de Hórus, o Menino
Conquistador e Coroado ou Senhor da Era.
65
44 Traductio
Do Sacrifício Sanguíneo e Matéria Relacionada
TEXTO DE ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO E INTRODUZIDO POR PHARZHUPH
Todas estas profecias se encontram em The Book of the Law; que o aluno tome nota e se
una as fileiras do senhor do Sol.
II
Há outro sacrifício, que tem sido mantido como secreto por todos os Adeptos. É
um mistério supremo da Magia Prática. Seu nome é a Fórmula da Rosa-Cruz. Neste caso,
a vítima sempre é – para dize-lo de alguma maneira – o próprio Mago, e este sacrifício deve
coincidir com a pronunciação do nome mais sublime e secreto do Deus que se deseja invocar.
Se esta operação é executada com precisão, sempre se cumprirá o efeito. Mas isto é
demasiado difícil para o principiante, porque é muito laborioso manter a mente concentrada no
propósito da cerimônia. O vencer deste obstáculo aumenta o poder do Mago.
Não aconselhamos que o aluno intente leva-la a cabo até que tenha sido iniciado
na verdadeira Ordem da Rosa-Cruz, e deverá ter tomado os votos com a plena compreensão
de seu significado, e logicamente, experiência. Sendo necessário também que tenha alcançado
um grau absoluto de moral emancipada, e aquela pureza de espírito que resulta de um perfeito
conhecimento das harmonias e diferenças dos planos sobre a Árvore da Vida.
Por este motivo Frater Perdurabo nunca se atreveu a empregar esta Fórmula de maneira
cerimonial completa, salvo em uma ocasião de suma importância, quando realmente não foi Ele
quem fez a oferenda, e sim UM dentro Dele. Porque percebeu um grande defeito em seu caráter
moral, que pode superar no plano intelectual, mas até agora não o conseguiu nos planos
superiores. Antes do término deste livro já o terá realizado.
Os detalhes práticos do Sacrifício Sanguíneo podem ser estudados em outros manuais
etnológicos, especialmente The Golden Bough de Frazer, que se recomenda ao leitor.
Os detalhes das cerimônias também podem ser aprendidos com o experimento. O método
empregado para matar é praticamente uniforme. O animal deve ser apunhalado no coração, ou
pelo pescoço, e em ambos os casos com o punhal. Todos os outros métodos são menos eficazes;
inclusive no caso da crucifixação, a morte chega com a punhalada.
66
44 Traductio
Do Sacrifício Sanguíneo e Matéria Relacionada
TEXTO DE ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO E INTRODUZIDO POR PHARZHUPH
Deve-se indicar aqui, que para o sacrifício só se empregam animais de sangue quente,
com duas exceções principais. A primeira é a serpente, que só se utiliza em um Ritual muito
especial; e o segundo caso são os escaravelhos mágicos de Liber Legis.
Possivelmente se deveriam dar algumas palavras de cautela para o principiante. A vítima
tem que estar em perfeito estado de saúde, caso contrário sua energia poderá estar como que
envenenada. Também não deve ser demasiada grande, já que a energia liberada seria excessiva,
e de uma proporção inimaginável pela natureza do animal. Em conseqüência, o Mago poderia
perder o controle e ficar obcecado com a força extraordinária que teria liberado; então,
provavelmente se manifestaria em sua condição mais baixa. O intenso propósito espiritual é
absolutamente essencial para manter a segurança.
Nas evocações o perigo não é tão grande, porque o círculo forma uma barreira protetora;
mas o círculo neste caso se tem que proteger, e não unicamente pelos nomes de Deus e as
Invocações empregadas, também pelo hábito de defesa eficaz levado a cabo por muito tempo.
Se te alarmas ou ficas nervoso com facilidade, ou se ainda não tenhas superado a
tendência que a mente tem de se distrair, não é aconselhável que executes o Sacrifício Sanguíneo.
Mas não deve se esquecer que este e outros que remotamente temos mencionado são as
Fórmulas Supremas da Magia Prática.
Também tu podes ter este capítulo e suas práticas como uma confusão se não
compreendes seu verdadeiro significado. (1)
Nota: (1) Há um adágio tradicional que diz que quando um Adepto afirma uma coisa em branco
e preto, que o mais seguro é que esteja dizendo uma coisa completamente diferente. A verdade
nunca se expressa com a clareza de Suas Palavras, sendo sua simplicidade o que confunde aos
indignos. Eu escolhi as expressões neste capítulo de tal forma que confundam aqueles Magos que
permitem que os interesses egoístas turvem suas inteligências, por minha vez indico umas pistas
aos que tem feito os Votos de dedicar seus poderes para fins legítimos. “Não tens outro direito
que fazer Tua Vontade”. (...)
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Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Nossa opinião: obra fundamental que não deve faltar na biblioteca de nenhum
estudante sério. O livro preenche a lacuna da literatura brasileira luciferiana com verdadeira
autoridade, sabedoria e conhecimento.
Altamente recomendável!
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Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Sinopse da Editora (excerto): Esta obra busca proporcionar uma visão clara da
Cabala estudada e praticada no Ocidente, abordando também as forças qliphóticas, ou
tenebrosas, do universo cabalístico. É um trabalho que trata de diversos assuntos correlatos e
de aspectos sombrios da existência que raramente são considerados na literatura cabalística
em geral e muito pouco abordados pela maioria dos ocultistas. A Cabala Draconiana (Cabala
Hermética e Setiana) abrange o estudo da Luz e das Trevas em diversos contextos, tendo o
dragão como um arquétipo muito considerado. Aqui, o leitor verá o Caminho da Mão Esquerda
(Espiritualidade das Sombras), isento da conotação pejorativa e muito difundida de "magia
negra" ou "magia diabólica", no qual o deus oculto individual, o sexo e a mulher são
importantes. E também o Caminho da Mão Direita (Espiritualidade da Luz), porque assim é o
universo e o homem com as forças opostas necessárias à manifestação. O leitor, iniciante ou
iniciado no assunto, obterá orientações e procedimentos relativamente eficazes para o
desenvolvimento consciente, gradual e contínuo do caráter e da alma, e novos insights para
seus estudos. O autor também explica a Cabala pelo mundo em que vivemos, bem como nosso
mundo pela Cabala, de maneira inteligível, sintética e sem muitos mistérios. Sendo assim, esta
obra pode ser vista como um manifesto cabalista que demonstra a atual situação do mundo
sob as influências das Esferas cabalísticas, benéficas e maléficas. Do mesmo autor de
Sistemagia e A Revolução Luciferiana, este livro dá continuidade a sua série de obras que visam
ao desenvolvimento psicomental e espiritual e à educação da vontade. Bons estudos!
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Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Sinopse da Editora: Se você alguma vez disse para si mesmo "Eu gostaria que
existisse um livro que explicasse clara e espirituosamente a magia e a filosofia de Aleister
Crowley", você acabou de encontrá-lo. Este é um trabalho verdadeiramente importante porque
explica muito sobre o trabalho de Crowley, com veemência e humor.
Nossa opinião: não há livro mais indicado para quem quer saber como os rituais
thelêmicos deveriam ser executados. Há instruções claras e o autor sabe do que está falando.
Lon Milo DuQuette é membro da Ordo Templi Orientis há algumas décadas. Notório ocultista e
escritor. É autor de várias obras de cunho thelêmico mundialmente reconhecidas.
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Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Sinopse Lucifer Luciferax: Após anos de espera, a Weiser Books finalmente apresenta
a nova edição expandida do “The Voudon Gnostic Workbook”.
Introduzida por Courtney Willis (Soberano Grão Mestre Absoluto da OTOA e LCN) a nova
edição é praticamente um facsimile da obra original.
Atualmente o Vodu Gnóstico é bastante utilizado e buscado como “caminho prático” para
guiar adeptos na conquista e exploração dos planos internos obscuros. É também uma poderosa
prática para entrar em contato com os níveis mais profundos de nossa constituição.
Bertiaux utiliza uma linguagem bastante simples e fácil de ser entendida sem
tecnicismos exacerbados, mesmo para os leitores menos experientes.
Desde as primeiras dez lições do Lucky Hoodoo, até os “papéis de instruções mágickas
do Choronzon Club”, Bertiaux re-vela com primor e cautela os “empowerments secretos” da Le
Couleuvre Noire e do gnosticismo vodu.
Nossa opinião: indispensável para todos aqueles que se interessam por gnosticismo
luciferiano, por Vodu Gnóstico, Lucky Hoodoo, túneis de Set, magia e religião Haitiana e Atlante,
transe mediúnico, peregrinos do deserto e da sombra!
Detalhes:
Idioma: Inglês
www.amazon.com
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Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Nossa opinião: o autor deve ter perdido muito tempo nesses 15 anos de estudo, pois
nada de necessariamente novo é apresentado no livro. O marketing é um pouco exagerado
para o conteúdo.
A antiga Esoteric Order of Dagon e centenas de outras Ordens já ensinavam “o caminho
das pedras” apontado no Nocturnicon, antes do próprio Konstantinos nascer.
Apesar disso o livro não é ruim e possui práticas realmente eficientes e eficazes para o
que se propõe.
Simples, porém eficaz, embora não muito profundo e vago em alguns momentos.
72
Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Sinopse da Editora: Conheça a história das Sociedades Secretas Iniciáticas, seus ritos,
inspiradores, fundadores e seguidores célebres. Suas motivações e desenvolvimento através
dos séculos. No grupo das Sociedades Secretas Iniciáticas estão os Companheiros –
fraternidade de trabalhadores que constrói catedrais e grandes obras – e a Maçonaria; as
espíritas, de poderes psíquicos e mediúnicos; as dos Xamãs, formadas por feiticeiros e
curandeiros; a Teosófica, uma síntese de diversas correntes religiosas; as de Astrólogos e
Alquimistas; os Pitagóricos; os Santanistas; a Rosa Cruz; os Templários. Também as
organizações mais modernas, como a Astrum Argentinum, a Golden Dawn e a New Age.
Para completar este volume, as Sociedades Secretas Criminosas. Falamos aqui dos
Coquillards, sociedade de salteadores e matadores que agiam na Borgonha do século XV; dos
Ninjas, cujas habilidades assassinas passavam de geração para geração; dos Thugs, que agiam
na Índia ocupado pelos ingleses no século XIX; das Tríades chinesas e da africana Homens-
Leopardo. Não esquecendo das tentaculares organizações mafiosas, incluindo a própria Máfia
(Costa Nostra) siciliana, a Yakusa japonesa, os Cartéis do Narcotráfico da América do Sul, a
Maffia turca e as sociedades criminosas russas, que agora se espalham por todo o mundo.
Nossa opinião: LIXO: não serve nem pra se distrair no metrô ou no banheiro.
Os autores provaram que não houve o mínimo esforço para trazer informações
minimamente confiáveis. Texto muito tosco. Parece que os autores não se dispuseram nem a
pesquisar na Internet antes de escrever.
73
كافر- A Seção do Infiél
Uma Ameaça Islâmica?
POR PHARZHUPH
“O homem louco. – Não ouviram falar daquele homem louco que em plena
manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar
incessantemente: “Procuro Deus! Procuro Deus!”? – E como lá se encontrassem
muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com isso uma grande
gargalhada. Então ele está perdido? perguntou um deles. Ele se perdeu como
uma criança? disse um outro. Está se escondendo? Ele tem medo de nós?
Embarcou num navio? Emigrou? – gritavam e riam uns para os outros. O
homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. “Para
onde foi Deus?”, gritou ele, “já lhes direi! Nós o matamos – vocês e eu. Somos
todos seus assassinos! [...] Deus está morto! Deus continua morto! E nós o
matamos!”
Nietzsche, A Gaia Ciência
Introdução
74
كافر- A Seção do Infiél
Uma Ameaça Islâmica?
POR PHARZHUPH
A resposta parece simples: esse cão está bem vivo e não ladra antes de explodir. Ninguém
quer se aproximar do leão enquanto ele está vivo.
O islamismo é a maior religião da humanidade em número de adeptos e é a religião que
mais cresce no mundo, alavancado pelos altos índices de natalidade dos países islâmicos e pela
facilidade de conversão de novos adeptos.
Em 1997, segundo as pesquisas realizadas sob encomenda da Igreja Católica, o número
de muçulmanos já era maior do que o de católicos. O Islã tinha 19,6% de adeptos e a Igreja
17,8%.
No censo de 2000, realizado no Brasil pelo IBGE, 0,016% dos entrevistados alegaram que
eram muçulmanos. Católicos representavam 73,57% e seguidores da Igreja Universal do Reino
de Deus 1,24%.
No banco de dados do site de pesquisas religiosas Adherents estima-se que 21% das
pessoas do mundo sejam muçulmanas.
Em nosso país o islamismo ainda está engatinhando, mas faz isso de maneira progressiva
e linear, ou seja, por enquanto, quase não temos com o que nos preocupar, mas, será que algum
dia estaremos sitiados pelos seguidores de Mohammad?
Por volta do ano 611, no início do século VII, Mohammad, um analfabeto e possivelmente
epilético, diz ter recebido a visita de um anjo chamado Gabriel. Era o início de uma série de
revelações que culminariam no Alcorão, o livro sagrado do Islã.
Como era analfabeto, Mohammad teve que ouvir e memorizar os 114 capítulos (suratas)
que compõe a obra para futuramente dita-la aos seus seguidores e escribas. O livro é composto
por aproximadamente duzentas e noventa mil palavras.
Gabriel havia lhe dito que há somente um deus e que toda a humanidade deveria ser
submissa a ele, tanto que etimologicamente a palavra islã surgiu da raiz árabe “asalam” que
significa “submissão” (à lei e vontade de deus) e muçulmano significa aquele que se submete a
deus.
Isso ocorreu em Meca, na região atualmente conhecida como Arábia, local onde
Mohammad iniciou sua pregação nas tribos politeístas.
Mohammad foi ameaçado e perseguido e teve que emigrar para Medina para sua própria
segurança, pois pregar o credo em deus único não era visto com muitos bons olhos pela maioria
das tribos. Em sua “fuga” foi seguido por muitos discípulos e por sua rica esposa Khadija, que
gastou toda sua fortuna para ajudar o marido em sua tarefa divina. A emigração, conhecida como
Hégira, marca o início do calendário islâmico.
Foi acolhido em Medina e aclamado como líder religioso.
Cerca de oito anos após a emigração, por volta de 630, Meca foi conquistada por seus
discípulos e Mohammad pôde retornar para sua terra.
Morreu em 632 em Medina quando houve a primeira grande confusão entre seus fiéis:
parte deles acreditava que Mohammad havia designado Ali ibn Abu Talib como seu sucessor e
outra parte discordava, surgia assim a divisão que futuramente dividiria o Islã entre Xiitas e
Sunitas.
Os 32 anos que sucederam à morte do Profeta foram fundamentais para a formação e
expansão do islamismo. Foram quatro califados expressivos que levaram o Islã ao Egito, à Síria
e ao Irã, nesses mesmos 32 anos o Alcorão foi publicado pela primeira vez.
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كافر- A Seção do Infiél
Uma Ameaça Islâmica?
POR PHARZHUPH
O período seguinte, conhecido como Islã Clássico, começou por volta de 661 e se estendeu
até 1258. O islamismo chega à Espanha e à Índia, o Xiismo é fundado e os escritos sobre a vida
e as pregações de Mohammad são compilados. Um dos principais marcos históricos desse período
é o fracasso das cruzadas cristãs.
Até 1918 cristãos e muçulmanos ainda brigam por seus territórios... Surgem impérios
islâmicos na Índia e novas dinastias no Irã. Surge o Império Otomano que conquista a cristã
Constantinopla que passa a se chamar Istambul.
Pode-se dizer que de 1918 até nossos dias o islamismo está em seu “período moderno”,
sendo que os principais pontos históricos são:
Ausência de divisão entre estado e religião: o estado deve ser guiado por um
representante de deus ou de Mohammad e pelo Alcorão. Geralmente há um líder totalitário e
militarista. Democracia: nem pensar.
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كافر- A Seção do Infiél
Uma Ameaça Islâmica?
POR PHARZHUPH
Foto de Hajiyeh Esmaelvand, mulher iraniana condenada à morte por apedrejamento. Seu
crime: adultério. A condenada tem parte do corpo enterrado e uma multidão atira pedras de
tamanhos definidos até que ela morra. É comum que a família do condenado tenha que fazer os
preparativos para a execução.
Em 2007, o farmacêutico egípcio Mustafa Ibrahim, que trabalhava na Arábia Saudita, foi
condenado à morte por decapitação. Seu crime: práticas de bruxaria!
Em janeiro de 2008, Abdelrahman al Racheed e Qashaan Al Sebeí foram decapitados a
golpes de sabre em público na cidade de Ad-Dammam, Arábia Saudita. Seus crimes: tráfico de
drogas.
Em 2007, o iraniano Makwan Mouloudzadeh, de 20 anos, foi enforcado. Seu crime: o rapaz
era acusado de ter cometido três estupros quando tinha somente 13 anos de idade, apesar de
nenhuma prova e das supostas vítimas (meninos) terem desmentido as acusações, as autoridades
iranianas aguardaram até o momento em que a execução pudesse ser realizada.
Misoginia: as mulheres quase não possuem expressão. No universo islâmico elas são
tratadas a parte dos homens. Em locais públicos há áreas reservadas para as mulheres, que só
podem entrar acompanhadas de homens da família ou com seus esposos. Há esquisitices como
Mac Donald’s somente para homens, etc.
É muitíssimo comum que as meninas sejam proibidas de freqüentar escolas, o que as lega
ao analfabetismo. Em alguns países islâmicos as escolas são divididas entre os sexos numa
espécie de “appartaid”.
As mulheres são proibidas de andar sozinhas pelas ruas, de fazerem compras sozinhas e
de trabalhar.
Em países muçulmanos as manicures não devem ganhar muito dinheiro: decepar os dedos
de mulheres que pintam as unhas é algo muito comum.
Impedidas de trabalhar, mulheres solteiras ou viúvas costumam viver de esmolas ou
passam fome.
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كافر- A Seção do Infiél
Uma Ameaça Islâmica?
POR PHARZHUPH
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كافر- A Seção do Infiél
Uma Ameaça Islâmica?
POR PHARZHUPH
Motivo de Preocupação
O propósito visível da religião islâmica é fazer com que todos os seres humanos sejam
submissos a deus através do Alcorão e do exemplo de vida de Mohammad. Para eles, todos
deveriam se converter ao islamismo, professar sua crença e se submeter.
Em sua história utilizaram (e utilizam) a espada, o cadafalso e a dinamite para serem
ouvidos, para se imporem por todos os cantos do globo e para fazerem cumprir os preceitos
controversos das leis baseadas em interpretações estranhas do Alcorão. Resistiram bravamente
durante a Idade Média e combateram os cristãos em suas “guerras santas”.
Pelas características inerentes do Islã, a liberdade de expressão não existe. Questionar,
demonstrar discordância e agir de maneira contrária são crimes punidos com crueldade.
Por observação e dedução, o islamismo é: reducionista, obscurantista, controverso,
terrorista, discriminatório, segregador, cruel, assassino, injusto, voltado para si mesmo,
misógino, retrógrado, expansionista, totalitário e perigoso.
Em nosso país não há números certos sobre o crescimento do Islã, mas, sem dúvida
alguma, ele está crescendo, principalmente nas comunidades mais carentes.
A Igreja Universal do Reino de Deus começou pequena e quase sem expressão:
atualmente possui redes de televisão, emissoras de rádio, milhares de igrejas pelo mundo, fortes
representantes políticos e continua crescendo.
O que ocorreria se o islamismo crescesse na mesma proporção? Quais seriam os impactos
em nossa sociedade?
Teríamos um número maior de ameaças de morte, de assassinatos de “infiéis”? Mais
intolerância armada e disciplinada? Poderíamos nos tornar abrigo de terroristas internacionais?
Seria mais um “gigante” da manobra de massas, lutando para extirpar nosso livre arbítrio,
nossa vontade, nossa liberdade de expressão e nossa relativa paz sob a pretensa justificativa de
que só há um deus e que devemos seguir o exemplo do profeta... Seria mais um “belo pastor”
lutando para conseguir mais cordeiros para seus rebanhos... Para seus abatedouros espirituais...
O Islã se preocupa com a onda de anti-islamismo que surgiu nas últimas décadas e procura
demonstrar através de seus expoentes mais pacíficos que a religião de Mohammad é uma religião
de paz. O problema é que os fatos são contrários ao discurso. Enquanto alguns acadêmicos
muçulmanos se esforçam para estabelecer bases teológicas para compatibilizar o Islã à
modernidade e torna-lo mais atual com relação à civilização, principalmente a européia, seus
correligionários terroristas difundem terror e ceifam milhares de vidas inocentes, seja através de
seus propósitos bélicos ou através de códigos como a Sharia.
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Uma Ameaça Islâmica?
POR PHARZHUPH
Últimas palavras
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Inutilidade Pública
O Desconsolo de Eurybiadis
POR COROINHA GEPETO
*** Nota escrita por Coroinha Gepeto, afiador de espeto, artesão que trabalha com pau,
pois execra os compensados. Coroinha dedicado à Obra Divina de Eurybiadis – Gepeto se desculpa
antecipadamente pelo vocabulário baixo, sujo e vulgar, mas adianta que há coisa muito pior por
aí...
Reverendo Eurybiadis está desconsolado, não que ele conheça ou goste de consolo, mas,
enfim, nosso Homem Santo enfrenta as duras provações de sua carne enferma e efêmera
sempre... Oh Senhor! Sua mágoa teve início em sua última empreitada social: após anos de
pregação itinerante e décadas de trabalho papal, Eurybiadis decidiu lecionar caridosamente numa
comunidade menos favorecida do interior. Junto aos decadentes e aos bestializados, Nosso
Reverendo iniciou a árdua labuta de ensinar tudo aquilo que ele jura por todos os diabos que
aprendeu...
Ao entrar na sala de aula ampla e mal iluminada de uma paróquia esquecida até mesmo
pela moléstia, Eurybiadis deitou seu rançoso olhar sobre a turma que iria assistir à sua primeira
aula. Eram jovens garotas e pré-adolescentes, com idades que variavam entre os treze e os
quinze anos. Trajavam vestimentas muito modestas e muito curtas. O tecido faltava também às
blusas e às camisetas: o que não era curto era apertado, quando não, por infortúnio, eram ambos!
Eurybiadis observou o rebanho e palpitou diante do desafio, pois ainda não havia se
deparado com tamanha grata falta de recursos materiais. As garotas mal podiam encobrir a tenra
nudez. Oh Senhor! O Reverendo tentava explicar os planos macabros da conspiração global que
assola as religiões e as culturas de massa, quando, de repente, sua voz rouca e acentuada foi
interrompida por um som estridente e cadenciado, algo que se parecia com o grunhir de porcos
moribundos na ponta de lanças enferrujadas em sombrios empalamentos. O som desgraçado e
renitente bradava de um telefone celular: “Créu, créu, créu...”. As meninas gozaram e riram.
Riram e gozaram. O celular do Reverendo estava tocando. Oh Senhor!
Era seu advogado lhe trazendo más novas: não poderia mais manter seus planos
empreiteiros da Obra Divina e deveria sair dali assim que possível, pois sua prisão preventiva
havia sido decretada novamente. Como previsto, seu antigo amigo de batina não havia suportado
o furor militar e deu com a língua nos dentes, ao menos nos dentes que ainda lhe restavam
presos às gengivas dentro da boca.
Nosso Homem Santo fora vítima da pior mazela humana: a caguetagem. No passado ele
já havia se arrependido de vender aqueles comprimidos extáticos do Paraguai para seu velho
amigo subornar garotinhos, mas novamente ele teria que se refugiar no antigo mosteiro oculto
de São Tomé das Letras. Celular atendido e desligado, Nosso Reverendo se desculpou, fez a
dança do coveiro moribundo, distribuiu pirulito e se despediu com lágrimas copiosas por ter que
abandonar tão agradável e inocente rebanho. Oh Senhor!
Nosso Catecúmeno (sim, nosso Reverendo pulou o batismo por gostar do vocábulo
“catecúmeno” ou, como ele mesmo diz: “catecúmemo”), Nosso Homem se retirou da sala de
ambrosia e se dirigiu ao seu opala 76 sem placa. A desolação e a tristeza se infiltravam
vagarosamente pelas veias carcomidas por anos de nicotina, ervas homeopáticas, elixires
exóticos e uma cachaça desgraçada. Nem sua batina de cetim preto e dourado conseguiu lhe
restaurar as forças.
Ao som melancólico de Velhas Virgens e Napalm Death, Nosso Homem Iluminado por Mil
Diabos dirigiu cinqüenta quilômetros na contramão, pois era o caminho mais curto para o próximo
bar, local onde encetaria uma última pregação antes de se isolar em prece meditativa no antigo
Mosteiro. Felizmente, antes de virar um peido imundo, mal cheiroso e desgraçado e desaparecer
como Cristo para depois ressuscitar feito um cachorro louco e barbudo, Nosso Sagrado Homem
Iluminado por Mil Diabos nos deixou sua profunda contribuição!
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Inutilidade Pública (continuação)
Análise dos Sacramentos da Mama Igreja
POR REVERENDO EURYBIADIS
82
Inutilidade Pública (continuação)
Análise dos Sacramentos da Mama Igreja
POR REVERENDO EURYBIADIS
83
Vox Infernum
Entrevista Polisvadurc Isvaricog
POR PHARZHUPH
1 - Você pode nos contar como o Para Tu Eterno surgiu, sua história? Porque não
há outros membros na banda?
Gravo todos os instrumentos sozinhos sim, desde 2003, começando pela bateria,
guitarra, baixo, teclados e vocal, todos gravados em meu estúdio e masterizados no Z7
estúdio, o único show feito foi em 1998 em Lavras, Minas Gerais.
84
Vox Infernum
Entrevista Polisvadurc Isvaricog
POR PHARZHUPH
As empresas são o reflexo das pessoas que consomem esses materiais, que pra
mim não passam de tietes que gostam de ouvir música com um vocal que se possível
fale em marciano pra ficar mais grotesco, estou cansado disto, a mesma coisa sempre,
de ver pessoas apoiando a cena racista sendo mestiços, apoiar política que são contrárias
a eles próprios, apoiar que deve assassinar todos os cristãos e mesmo assim serem
dependentes deles, a hipocrisia reina nesse mercado....espero que realmente um dia
isso mude e torne realmente um movimento ideológico.
6 - Sobre quais assuntos tratam as letras do Para Tu Eterno? Quais são suas
principais influências para escrever as letras?
Minhas letras são Homenagens à Força que torna o Ser Humano Real cada dia
maior minha influência é minha intuição e sentimentos.
7 - Para você o que é o Black Metal? Poderíamos classificar o Para Tu Eterno como
uma banda de Black Metal?
Manifestação de Revolta, Louvor e Fantasia. Não, não é uma banda de black metal
e sim uma HORDA de fundo ideológico.
8 - Quais bandas você mais ouve e curte? Como é o seu gosto musical?
Ouço muita coisa, mas em geral a raiz do black metal noventista, algumas coisas
dentro do metal moderno e algumas coisas alternativas.
Acho que realmente é apenas música extrema com política, não considero black
metal, música extrema tem que ser polêmico, isso de certa forma engrandece esse
sentimento.....Satanismo e Luciferianismo não necessitam de diferenças raciais...
85
Vox Infernum
Entrevista Polisvadurc Isvaricog
POR PHARZHUPH
Antigamente eu achava que sim, mas depois que vi que algumas coisas são
diferentes do que eu quero acredito que hoje não, o fato de você apoiar o nome de
LÚCIFER E SATÃ, não o torna um Satanismo ou Luciferista, minha experiência está indo
além do que eu imaginava, optei pra ter o domínio de mim primeiro, meus desejos,
minhas forças e fraquezas, meus sentimentos, aprendi que SE VOCÊ NÃO SE CONHCE
VOCÊ NÃO É, há muita coisa escondida na poeira do tempo, apenas precisa reorganizar
códigos em forma de letras e números e Você terá a fórmula da Vida... QUE ESTE SEJA
O CÓDIGO DA VIDA 6.6.6.
Polisvadurc Isvaricog
Essas pessoas citadas têm seus valores, cada um teve sua contribuição para o
mundo, não sou uma pessoa muito indicada pra indicar porque não leio muito, é como
eu disse, eu tiro minhas próprias conclusões da vida e monto meu sistema de crença,
não prendo-me em leitura ou exercícios para torna-me um mago. Crowley: nunca peguei
um livro pra ler. LaVey: eu até tenho a Bíblia Satânica, mas li até a décima página e
guardei-a.
86
Vox Infernum
Entrevista Polisvadurc Isvaricog
POR PHARZHUPH
Você deve estar falando de meu segundo CD A.S.M.E.N., esse ataque foi proposital
para o título “A SUBLIME MANIFESTAÇÃO DA ESSÊNCIA NEGRA” e é dividido em partes,
a primeira é a negação do cristianismo, a ruptura desse pensamento que prende o
mundo, a segunda vem de conjurações que no passado foram manifestos de ataque ao
verbo do Inferno e dei a resposta à estas autoridades repressoras e a terceira é o Culto
propriamente dito, esse é um Opus de Misantropia por isso a blasfêmia, mas esse é um
fato isolado, minhas composições são mais egocêntricas do que blasfemas.
Não sou um mago, nem ocultista e nem tão pouco religioso... Li poucas coisas aqui acolá
em termos de cabala, astrologia, numerologia, ocultismo e satanismo, mas coisas que
parecem comum se forem organizadas formam grandes coisas, não tenho referencias,
pois o que aproveitei todos eles falam iguais uns aos outros, minha referência sou Eu
mesmo.
87
Vox Infernum
Entrevista Polisvadurc Isvaricog
POR PHARZHUPH
Estou fora do país e estou sem contatos com os selos, mas podem tentar nos
selos: PARANOID RECORDS, PAZUZU RECORDS, IMPERIAL RECORDS, para contatos tem
os e-mails paratueterno@yahoo.com.br e paratueterno@hotmail.com, fiquem à
vontade.
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Vox Infernum
Entrevista Polisvadurc Isvaricog
POR PHARZHUPH
89
Vox Infernum II
Entrevista Lauro Bonometti, Incinerad
POR PHARZHUPH
1 - Iniciando com a “lição de história”, você pode nos contar como surgiu o
Incinerad?
A banda INCINERAD foi forjada com muita luta e ódio no inicio de 2006 com os
integrantes; Lauro Bonometti nas guitarras, Emanuel Kronéis na bateria, e Dijalma David
no Baixo, propagando um Death\Black Metal agressivo e técnico. A banda executa
músicas de sua própria autoria fazendo com que um ano e meio depois o INCINERAD
tenha seu primeiro trabalho registrado, intitulado como PURE DOMAIN.
2 - O som de vocês costuma ser classificado como Death/Black Metal, como você
definiria isso? As letras são escritas de que maneira? Sobre o que elas falam?
Nossa classificação se deu devido a várias influências que todos nós temos.
Gostamos muito do Death Metal clássico, assim como o Black Metal em geral. A
sonoridade e agressividade de ambos são fascinantes, gostamos de músicas que
possamos sentir a essência daquilo que estão transmitindo, e é assim que o INCINERAD
também faz. Nossa temática abrange paganismo, em poucas palavras, falamos sobre o
homem como seu próprio demandador, livre de correntes e imposições. Não exaltamos
nenhum tipo de religião, apenas somos contra o cristianismo como um todo. Temos
vários exemplos em nosso cotidiano, pessoas que renegam sua identidade e estupram
desta forma.
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Vox Infernum II
Entrevista Lauro Bonometti, Incinerad
POR PHARZHUPH
Bom... Nossas principais influências são bandas de Death e Black Metal que
admiramos muito, como: Canibal Corpse, Possessed, Decaptated, Sarcófago, Belphegor,
Enthroned, Immortal, Bathory, entre outros. As composições surgem naturalmente, é
algo inexplicável, você está tocando e de repente começam a surgir idéias e quando você
se da conta já tem um som quase pronto, daí é só fazer os acertos finais da música e
está pronta para ser urrada!!!
4 - Como é trabalhar com o Kvlt 666 Produktion e com a Vampiria Records? Como
está a distribuição da demo Pure Domain pelo mundo?
Esta sendo uma ótima experiência para nós. Ambos os selos estão nos dando um
excelente suporte e fazem um trabalho com muito profissionalismo e seriedade. A
KVLT666 Produktions está distribuindo nosso primeiro CD-Demo (PURE DOMAIN) pela
Ásia e está sendo muito bem divulgado. A Vampiria Records também está fazendo um
grande trabalho com a divulgação de nosso trabalho, é um selo muito competente e está
sendo muito satisfatório para nós. Com relação à divulgação mundial, estamos em
contato com vários selos que já estão com nossas músicas em mãos mais não é nada
oficial ainda.
Está sendo muito boa. A cada show estamos fazendo novos amigos e isso para
nós não tem preço. É algo que nos deixa completamente motivados.
Estamos para lançar até o fim desse ano nosso próximo CD-Demo intitulado como
THE END OF THE FALSES CHRISTIANS POETRIES. O mesmo irá conter 5 faixas do mais
puro Death\Black Metal nacional. Estamos participando das Coletâneas: “Extremo
Undergrond”, iniciativa da Underground Produções® de fortaleza – CE, “Old Metal
Massacre”, iniciativa da Destroyer Zine de Brasília – DF. Estaremos participando da
“Demonic Onslaugth”, feita pela KVLT666 Produktions. Ainda temos mais algumas para
participar, mas ainda está em fase de negociação.
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Vox Infernum II
Entrevista Lauro Bonometti, Incinerad
POR PHARZHUPH
7 - Para quando está prevista a gravação do próximo CD? Será outra demo?
Haverá investimento de alguma produtora ou selo nesse próximo trabalho?
Nosso próximo CD-Demo será gravado no meio deste ano também de forma
totalmente independente. Iremos negociar com os selos já ditos nas questões anteriores
para distribuição do mesmo. Esperamos fazer uma boa divulgação dessa demo, pois este
mostra nossa evolução perante a ultima demo.
Acho que dificuldades que enfrentamos são as mesmas que a maioria das bandas
undergrounds enfrentam: a falta de apoio. Temos ótimas bandas em nosso território que
ainda não tem seus valores reconhecidos. Espero que isso mude, pois a nossa cena tem
mais a ganhar com isso.
9 - Como está o novo repertório e quais são os novos “covers” que vocês estão
tirando?
Nosso repertório está seguindo com algumas músicas da demo PURE DOMAIN,
pois já estamos divulgando as músicas da nova demo. Os novos covers estão sendo Sex,
Drinks, and Metal, que ainda não está finalizado e Vortex Of Confusion.
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Vox Infernum II
Entrevista Lauro Bonometti, Incinerad
POR PHARZHUPH
Foi meio inesperado. Mas isso não nos abalou, continuaremos com nossas
atividades da mesma forma de antes. O Flávio sempre nos acompanhou desde o início,
isso ajudou muito com que ele já tivesse uma noção para pegar nossas músicas, ele não
teve nenhuma dificuldade. Ele acompanhou bem no show que fizemos em Itu (United
Force – 25/05) e seguirá conosco até cumprirmos todas as datas que temos marcadas.
Ainda não sabemos se ele irá continuar conosco, teremos que analisar o seu desempenho
primeiro.
Acho que esse tipo de radicalismo já não é mais necessário. Hoje em dia temos
acesso a tudo. Acho que estes caras deveriam incentivar pessoas que realmente estão
com vontade de curtir música extrema e ignorar pessoas que utilizam isso para seu
status pessoal.
Nós detestamos white metal!!!... Achamos isso uma tremenda contradição, pois
o Metal prega completamente o contrário do que esses caras falam. O INCINERAD jamais
tocaria com uma banda de white metal!!!
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Lua Negra
Manifesto
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Finis, Hoc erat in votis
Últimas Palavras
POR PHARZHUPH
Ágape,
Pharzhuph
Frater Nigrum Azoth PAvN
02/junho/2008 e.v.
Meios de contato:
pharzhuph@gmail.com
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=47584181
Parceiro:
http://www.mortesubita.org/
Download do Zine:
http://www.mortesubita.org/entretenimento/lucifer-luciferax-zine/
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Lucifer Luciferax III
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Publicação Pan-Daemon-Aeônica Aperiódica, 3° Edição, ano 2008 de uma era francamente vulgar
“O Homem que não atravessa o Inferno de suas Paixões também não as supera”.
Carl Gustav Jung
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Apresentação
Vox Mortem, hoc erat in votis
POR PHARZHUPH
99
Índice
Capa: Marquês de Sade, desenho de H. Biberstein em L'Œuvre du marquis de Sade,
Guillaume Appolinaire (Edit.), Bibliothèque des Curieux, Paris, 1912. - 98 -
Índice - 100 -
Symbolica Hieroglyphicum
Um Ensaio sobre o Pentagrama, por Pharzhuph - 101 -
Vox Infernum I, Pharzhuph entrevista Frater .´. Adriano Camargo Monteiro, artista
ilustrador e autor dos livros “A Revolução Luciferiana”, “Sistemagia” e “A Cabala Draconiana” - 107 -
Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética, por Pharzhuph - 116 -
Vox Infernum II, Pharzhuph faz uma breve entrevista sobre Goetia com Lon Milo Duquette,
célebre ocultista, magista, escritor e autor do livro “Aleister Crowley Illustred Goetia” - 128 -
Lua Negra
Carta Aberta, por Pharzhuph - 141 -
Lux Veritatis
Vagas Reflexões Luciferianas, por Pharzhuph - 142 -
Vox Infernum III, Algol Naos, Pharzhuph entrevista Luciferian Darkness Lux Occulta
Mentor e único membro dessa fantástica manifestação artística musical ligada ao LHP!!! - 151 -
Drakon Typhon II
O Ritual do Pilar do Meio Qlifótico, gentilmente cedido por Frater Apep e Editora Coph Nia - 160 -
Finis
Últimas palavras, por Pharzhuph - 161 -
100
Symbolica Hieroglyphicum
O Pentagrama
TEXTO E PANTÁCLO DE APRESENTAÇÃO POR PHARZHUPH
101
Symbolica Hieroglyphicum
O Pentagrama
POR PHARZHUPH
O pentagrama é basicamente uma figura geométrica plana em forma de estrela com cinco
pontas. O traço único de seu desenho indica uma linha contínua, sem início ou fim e se a
estendêssemos sobre uma mesa, como a um barbante, poderíamos formar um círculo.
É conhecido por diversos nomes dentro das diversas tradições mágickas, ocultistas e
espirituais existentes: Símbolo de Baphomet, Adam Belial, Pentagrama, Estrela Flamejante, Bode
de Mendes, Bode Preto e muitos outros.
O ocultismo ocidental da “falsa luz” o interpreta basicamente de duas maneiras. O desenho
do pentagrama com uma das pontas voltada para cima simbolizaria o Espírito dominando os
quatro elementos. Já o desenho com uma das pontas voltadas para baixo representaria o Espírito
dominado pelos elementos mais grosseiros de sua própria constituição. Um pentagrama invertido
representaria ainda a negação de alguma “trindade sagrada” segundo famosos escritores
satanistas, muito embora não vejamos nenhuma relevância em trindades de religiões e correntes
espirituais obscuras, controversas e torpes como as cristãs, por exemplo, que precisem ser
negadas necessariamente.
O pentagrama simboliza o microcosmo (pequeno mundo) e o microprósopo (pequena face)
que, segundo o simbolismo qabalístico e alquímico, são a imagem e a semelhança do macrocosmo
(universo ou grande mundo) e do macroprósopo (grande face). A interpretação para essa
sentença deve ser estruturada sob a luz da qabalah, ao invés do engodo infeliz das associações
“espirituais” da ignorância.
O Homem possui em si, de maneira proporcional, todos os elementos do universo, sendo
ele mesmo um universo único que pode ser comparado ao Grande Universo Ilimitado.
Ao Homem cabe a tarefa de construir e expandir seu próprio universo, assim como a tarefa
única de sua própria evolução, ou como diriam os adeptos da “falsa luz”, sua própria “redenção”.
Considerando o símbolo dentro da Espiritualidade das Trevas, da Verdadeira Luz, não
podemos admitir que o mesmo represente o homem dominado por seus instintos grotescos,
animais, primitivos e grosseiros. Seria o mesmo que atestarmos nossa fraqueza diante dos
elementos que constituem nosso Ser, elementos que não negamos e procuramos não refrear em
demasia, elementos pesados na balança da alta Sabedoria e da própria Vida.
Na Espiritualidade “Luciferiana” procuramos estar além da relatividade do Bem e do Mal,
além das limitações impostas por dogmatismos esdrúxulos de Branco e Preto. Nossas cabeças
acima dos céus e nossos pés abaixo dos infernos!
O Pentagrama representa o número 5, a união do 2 e do 3, um princípio feminino (2)
acrescido de um princípio masculino, fálico (3). O Homem comum possui 5 sentidos: visão,
audição, paladar, olfato e tato. Há 5 dedos em cada mão. Na antiga astrologia havia 5 planetas
errantes. A décima sephirah é Malkut e seu número místico é 55 (um duplo 5). O 5 é o número
que divide o 10 de maneira perfeita, sendo o 10 o número do Ciclo Eterno. O 5 representa a
Essência, o Espírito daquele que incorre nas quatro provas fundamentais do ocultismo: Querer,
Saber, Ousar e Calar. O 5 é o facho luminoso que se desprende entre os 4 chifres da Divindade,
coroando as 4 virtudes do Homem, a saber: Fé, Inteligência, Força e Sabedoria.
O 5 é o valor gemátrico da letra hebraica Heh, o recipiente e o reprodutor das formas.
As armas elementais são 5: a Espada (Ar), o Pentáculo (Terra), o Bastão (Fogo), o Cálice
(Água/Sangue) e a Lâmpada (Espírito).
102
Symbolica Hieroglyphicum
O Pentagrama
POR PHARZHUPH
103
Symbolica Hieroglyphicum
O Pentagrama
POR PHARZHUPH
104
Symbolica Hieroglyphicum
O Pentagrama
POR PHARZHUPH
O valor gemátrico da palavra Leviathan é 496, o que a torna equivalente à palavra Malkut,
cujo valor gemátrico também é 496. Malkut é a Esfera do planeta Terra e também sua Alma, local
onde “habitamos”.
O Zohar diz que Leviathan foi criado como um monstro marinho. Ele é associado ao Dragão
Theli e é o Arqui-Demônio que melhor representa Malkunofat, o 23° kala ou Túnel de Set
(2+3=5). Malkunofat é conhecido como a morada dos Profundos, identificados com os deuses e
demônios ctónicos.
Na antiga mitologia hebraica, Leviathan está associado aos peixes marinhos da mesma
forma que Behemoth é associado aos animais terrestres. A palavra e a letra hebraica “Num”
significam peixe e “Mem” as águas do oceano. O peixe nada coberto pelas águas do mundo oculto.
A água é também o sangue, o elemento que compõe oceanos fluídicos para a exploração dos
Túneis de Set.
Concluímos então que a ponta inferior do pentagrama também representa essa jornada
de queda auto infligida, rumo às regiões do submundo, do inconsciente e das profundezas abissais
dos oceanos fluídicos. Uma das tarefas primordiais e primárias do Iniciado é a conquista do plano
material associado à Malkut. O indivíduo deve se tornar mestre de seu redor e de si mesmo antes
de se lançar abruptamente nos caminhos da magia e da espiritualidade das Trevas, da Verdadeira
Luz. Como alguém poderia querer dominar a energia, as forças da natureza e a tenebrosa Sombra
sem antes compreender e dominar as forças que atuam em si mesmo?
Os rituais do pentagrama costumam ser a maneira mais difundida para ajudar o Iniciado
a compreender e a dominar os elementos fundamentais “presentes” em Malkut. Aleister
Crowley atribuía significado especial ao ritual do pentagrama menor, sobre o qual escreveu:
“Aqueles que consideram esse ritual como um mero artifício para invocar ou banir espíritos não
são merecedores de possuí-lo. Propriamente entendido, ele é a Medicina dos Metais e a Pedra
do Sábio.”.
105
Symbolica Hieroglyphicum
O Pentagrama
POR PHARZHUPH
Finis
As associações apresentadas acima estão longe de estarem completas, mas são suficientes
para demonstrar que um símbolo pode representar muito mais do que um indivíduo comum é
capaz de imaginar.
Nas antigas escolas de mistérios e em alguns círculos contemporâneos de Adeptos, o
estudo e a reflexão sobre os símbolos mágickos são tarefas recorrentes e incentivadas.
A simples meditação sobre um determinado símbolo pode nos fazer entende-lo, mesmo
que não conheçamos suas origens.
O conhecimento sobre religiões, qabalah, astrologia, sistemas mágickos, tradições iniciáticas,
filosofia e matemática nos ajuda a obter estrutura suficiente para começarmos a entender além
daquilo que nossos olhos enxergam, pois os símbolos não são meros adornos nos pescoços e
nos altares dos magistas. Nada é, em essência, somente aquilo que parece ser.
106
Vox Infernum I
Entrevista Frater .’. Adriano Camargo Monteiro
POR PHARZHUPH
Escritor que está ajudando a preencher o imenso hiato literário do ocultismo brasileiro com
suas obras “Sistemagia”, “A Revolução Luciferiana” e “A Cabala Draconiana”, Frater Adriano C.
Monteiro nos conta um pouco sobre sua vida, seu trabalho, seus valores e Iniciação.
Minha vida é centrada nesses elementos. Em tudo o que faço, minhas convicções e ideais
espirituais e mágickos estão presentes. São combustíveis que mantêm minha vida funcionando
neste e em outros planos.
Sendo um semideus e demônio, (i)mortal, imperfeito, porém em processo evolutivo, posso dizer
que meu ser é do raio luciferiano/draconiano, conforme as idéias e ideais apresentados na obra
A Revolução Luciferiana.
107
Vox Infernum I
Entrevista Frater .’. Adriano Camargo Monteiro
POR PHARZHUPH
Um luciferiano pode ser definido como um ser que busca sua própria evolução
conscientemente, que busca expandir sua consciência e experiênciais para além do mundo
comum e corrente. Um luciferiano trabalha para adquirir conhecimento e sabedoria (que é
conhecimento com compreensão), valorizano a si mesmo e se aprimorando continuamente.
Abomina a ignorância, a mediocridade, a hipocrisia, a opressão, a coerção, o fanatismo, as
banalidades coletivas e a violência gratuita e desmedida. Um luciferiano também sente prazer
pelo conhecimento, prazer pela arte, prazeres estéticos e intelectuais, além dos prazeres físicos
sadios. Entende tanto as Trevas quanto a Luz em seu sentido mais significativo e em seus
aspectos mais criativos e essenciais. Entende a necessidade da existência de forças denominadas
deuses e demônios e trabalha com ambas para atingir seus objetivos mágicko-espirituais. Enfim,
luciferiano é um ser que busca se tornar superior.
4- Em quais aspectos você diria que a filosofia e a prática de Thelema poderiam conduzir
o ser humano a se tornar melhor? Como? Há relação entre Thelema e a doutrina Luciferiana em
sua opinião? Quais?
Thelema pode tornar um ser humano melhor se ele realmente tiver vontade (thelema),
por si mesmo, e não apenas por causa da filosofia thelêmica em si, ou qualquer outra. É a
interação entre um indivíduo e uma doutrina que gera o processo de desenvolvimento. Thelema
fornece ferrementas para o auto-aprimoramento do mesmo modo que a doutrina luciferiana. Mas
o indivíduo deve possuir vontade e amor (thelema e agape) pelo que faz, pelo que busca para si.
Não há necessidade de ser estritamente crowleyano em Thelema, como muitos acreditam, mas
sim seguir a própria vontade com discernimento e conhecimento, assimilando aquilo que nos
serve e descartando aquilo que não serve para os nossos propósitos. Há também a importância
da mulher, do sexo e da magia sexual tanto em Thelema quanto no Luciferianismo. É assim que
a doutrina thelêmica se relaciona com a doutrina luciferiana.
Acredito que muitos desses ocultistas viveram sob uma forte influência judaico-cristã, o
que os tornou tendenciosos e dicotômicos no que diz respeito ao que é “da luz” e ao que é “das
trevas”. Sempre com muito alarde, maldizem tudo o que parece ser “trevoso” sem muitas vezes
buscarem saber a origem remota de tais coisas. Vejo também um certo recalque nesses ocultistas
temorosos e temerários que não são capazes de imergir em suas próprias trevas interiores,
assimilar os elementos de seu subconsciente primitivo e sair de lá com a verdadeira Luz da
Sabedoia e da Iniciação sem se perder.
6- Em nosso idioma existem pouquíssimos bons exemplos de literatura que possam ser
classificados como Luciferianos. Como foi conceber e escrever “A Revolução Luciferiana”? Quais
são seus propósitos com esse livro?
Foi exatamente essa carência que me levou a escrever uma obra que eu mesmo gostaria que
existesse em nosso idioma. Conceber essa obra foi, em si mesmo, um verdadeiro ideal luciferiano
que eu sempre tive vontade de realizar, desde há vários anos. É o resultado de visões,
experiências e conhecimentos adquiridos em minhas “perigrinações”. O que exponho na obra é,
108
em essência, o que considero ser o verdadeiro modo de viver luciferiano. Muitos leitores podem
realmente sentir afinidade com tais ideais e modo de vida, podem propagar o Luciferianismo
como tal e desmistificar tabus e condicionamentos sócio-religiosos, levando o ser humano a se
tornar superior para si mesmo. Assim como o Homem Vitruviano desenhado por Leonardo da
Vinci representa um estágio mais atrasado da espécie humana (o homem comum e corrente), o
homem luciferiano, proprosto em minha obra, representa um estágio mais avançado, de uma
espécie em constante evolução deliberada.
7- Atualmente você está trabalhando em algum novo livro? O que podemos esperar após
a trilogia Sistemagia, A Revolução Luciferiana e A Cabala Draconiana?
Sim. Mas creio que ainda é cedo para dizer mais sobre isso.
9- Há algum motivo em especial para que o livro “A Cabala Draconiana” não tenha sido
ilustrado com os trabalhos da Linda Falorio ou com mais trabalhos artísticos seus?
Os trabalhos de Linda Falorio fazem parte do The Shadow Tarot e constituem uma obra
como um todo, com personalidade própria, contexto, direitos autorais, etc. Ela tem seu próprio
estilo inseparável também de seus textos e de suas experiências. A Cabala Draconiana é a mesma
coisa com relação às minhas ilustrações. Por falta de tempo em criar mais ilustrações,
contextualizei-as para abrir as partes da obra (Part I, Part II, Posfácio...).
10- Você poderia definir como é a sua obra artística como ilustrador? Como é sua arte
eroto-surrealista?
Subliminar. Subversiva. Surreal. A série Erotopia é baseada em alguns dos mais famosos
contos-de-fadas, de maneira “distorcida”, bizarra, qliphótica mesmo, e, por isso,
subconscientemente mais “real”.
11- Dentre seus trabalhos artísticos e literários você identificaria algum preferido? Algum
que tivesse maior relevância em sua opinião? Por quê?
Os trabalhos artísticos que têm maior relevância para mim são aqueles que fazem parte
dos trabalhos literários, formando um todo contextualizado. Vejo os três livros de minha trilogia
com igual importância, pois cada um traz conhecimentos que servem para determinados
trabalhos e que se complementam.
“Luciferosofia” (do latim lux fero; do grego sophia) significa “Sabedoria de Lúcifer” ou
“Sabedoria do Portador da Luz”, ou seja, a verdadeira Luz logóica individual.
“Luciferonomia” (do latim lux fero; do grego nomia) significa “Lei de Lúcifer” ou “Lei do
Portador da Luz”. Isso nos leva ao termo “autonomia”, cujo significado é “lei própria” ou “regra
de si mesmo”, um dos objetivos do luciferiano, sempre na medida do possível, respeitando o
próprio livre-arbítrio e o dos outros.
“Luciferologia” (do latim lux fero; do grego logia) significa “Estudo de Lúcifer” ou “Discurso
de Lúcifer”, a Ciência de Lúcifer, o Logos, a Palavra de Lúcifer, que nos conduz ao auto-estudo e
ao auto-conhecimento.
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Vox Infernum I
Entrevista Frater .’. Adriano Camargo Monteiro
POR PHARZHUPH
“Luciferofania” (do latim lux fero; do grego phania) significa “manifestação de Lúcifer” ou
“aparição de Lúcifer” para o indivíduo, a manifestação de tudo o que representa Lúcifer no próprio
indivíduo e a manifestação de suas próprias visões luciféricas que podem ocorrer mediante rituais,
estados de êxtase, etc.
O Selo de Lúcifer-Vênus
14- Existem diversas maneiras de conduzir o trabalho iniciático. Em sua opinião, é melhor
pertencer a algum grupo de pessoas ou seria mais adequado que cada um buscasse seu próprio
caminho como fazem alguns “Peregrinos no Deserto”?
Uma peculiaridade da Via Draconiana é o próprio trabalho solitário, pois assim os méritos
são muito maiores. Mas um grupo também pode ser útil desde que as pessoas envolvidas sejam
realmente sérias, inteligentes, discretas, respeitosas e respeitáveis, o que não é muito fácil de se
encontrar. Talvez o grupo ideal deva ser pequeno e seletivo.
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Vox Infernum I
Entrevista Frater .’. Adriano Camargo Monteiro
POR PHARZHUPH
15- Muitas pessoas acreditam erroneamente que a Maçonaria é um culto velado e voltado
ao Diabo. Apesar de sabermos que isso não corresponde à realidade e de conhecermos muitos
Maçons dos mais variados ritos, como sua orientação mágicka, religiosa, mística, iniciática e
espiritual é vista pela Maçonaria?
16- Apesar da enxurrada de informação que a Internet pode fornecer para as pessoas
interessadas por assuntos relacionados ao Caminho da Mão Esquerda, em sua opinião, por que
vemos tantas mesmices? Como você analisaria o acesso à informação de qualidade sobre o LHP
em nosso país?
17- Muitas pessoas acreditam que encontrarão na magia uma maneira de driblar os
obstáculos que estão no caminho. Existem centenas de pessoas que gostariam de praticar goécia
somente para ver um antigo Espírito materializado realizar seus desejos. O que há com essas
pessoas? Para você, qual é a motivação que justificaria a busca pela prática Goética e pelas
tradições Draco-Tifonianas?
De fato, há pessoas que querem a Goécia para a realização de desejos pessoais e até
inescrupulosos. Mas a Goécia não é apenas isso. Uma real e válida justificativa para a Via
Esquerda é a busca pelo conhecimento, pela sabedoria, pelo aprimoramento individual, pela
experiência da consciência, pelo prazer do êxtase espiritual, mental, emocional e físico. Indivíduos
fracos, atrasados, com desejos medíocres, mesquinhos e caprichosos não são bem vistos pelo
Luciferianismo nem pelos espíritos goéticos ou qualquer outro.
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Vox Infernum I
Entrevista Frater .’. Adriano Camargo Monteiro
POR PHARZHUPH
Assim, o luciferiano busca não participar de movimentos ufanistas patrióticos (em “pátria”
inferimos uma forma de patriarcalismo e coerção), de movimentos políticos, de movimentos
ecológicos institucionalizados (que são políticos), de guerras (provocadas por pessoas
espiritualmente atrasadas para financiar indústrias armamentistas e usurpar territórios) e de
qualquer coisa em que exista a manipulação da liberdade. Contudo, a anarquia só existe de fato
em cada indivíduo autoconsciente, por si mesmo, e não como sociedade organizada, pois o
anarquismo político é uma utopia que seria passível de degeneração como em qualquer
movimento ou vertente política.
19- O que você aconselharia aos buscadores sinceros que se identificam com o caminho
da Espiritualidade Luciferiana? Como eles poderiam buscar ascender e evoluir?
Aconselho buscar sempre ao aprimoramento individual, primariamente o desenvolvimento
mental, intelectual, e, posteriormente, o desenvolvimento mágicko-espiritual. Aquisição de obras
sérias e a prática diária daquilo que se aprende na teoria também é importante. É preciso
conhecer a própria natureza interior, buscar o auto-conhecimento e ser você mesmo, mas sendo
cada vez melhor, tornando-se superior. Livrem-se das manadas e desenvolvam o senso crítico,
desgarrando-se assim dos rebanhos que marcham para os abatedouros.
Obrigado!
http://br.geocities.com/viadraconiana
http://br.geocities.com/adrianocmonteiro
112
Summa Goetia
Introductio: Uma Confusão de Gênero?
POR PHARZHUPH
Na história contada no filme expressionista alemão “Der Golem” (1920), do diretor Paul
Wegener, Astaroth foi evocado para animar o mito das lendas hebraicas. O ritual utilizava as
fórmulas de um antigo livro cabalístico que trouxeram o Poderoso Duque com seu hálito
miasmático diante do Mago e de seu assustado auxiliar.
Embora o cinema primitivo e os grimórios clássicos apresentem Astaroth como um
poderoso duque, encontramos diversas evidências de que sua divindade teria se originado na
antiga deusa Astarte, adorada pelos antigos fenícios há mais de 1500 antes do início da era
vulgar.
Irmã e consorte de Baal, Astarte era a deusa do amor e da fertilidade e é associada à
babilônica Ishtar e à grega Afrodite.
Além das evidências históricas, há dezenas de relatos de praticantes de Goetia que teriam
se defrontado com uma figura de intensa feminilidade em suas operações, sendo que o mesmo
já foi relatado com outros Espíritos e Divindades goéticas.
Acredita-se que os Massoretas tenham incluído o sufixo da palavra “la-bosheth” ao final
do vocábulo Astarte, para que seu nome fosse desonrado e associado à vergonha e à degradação
nas primeiras cópias dos textos que compuseram o Antigo Testamento.
A palavra então se tornou “Astareth” para o singular e “Astaroth” para o plural.
O próprio MacGregor Mathers, no Livro da Magia Sagrada de Abramelin, menciona que
Astaroth é também o nome da deusa Astarte, além de significar “multidão” e “assembléia”, o que
é corroborado pelas operações lingüísticas dos massoretas.
Konstantinos e Anton S. LaVey atribuem as origens do Duque Astaroth à Deusa Fenícia,
como podemos confirmar em suas obras “Summoning Spirits” e “Bíblia Satânica”. LaVey explica
claramente que Astaroth é a deusa fenícia da lascívia, equivalente à Ishtar babilônica.
Konstantinos diz que Astaroth é atualmente uma forma “estreita disfarçada” da Antiga Deusa
Astarte.
Outras célebres “autoridades” do Left Hand Path, como Nikolas e Zeena Schreck, falaram
a respeito de Astaroth em suas obras. Em seu livro “Demons of the Flesh”, Zeena fala sobre as
invocações demoníacas conduzidas durante as antigas missas negras realizadas pela Madame
Montespan nos anos de 1670 e sobre a aparência que Collins de Plancy deu a Astaroth em sua
obra “Dictionnaire Infernal”. Ela comenta o desenho de Collins como “um grito distante da deidade
majestosa da qual o demônio insignificante derivou”.
Opiniões ao largo, preferimos deixar para o leitor a tarefa honrosa de verificar por si
próprio e tirar as próprias conclusões após o estudo apurado e a prática persistente.
113
Summa Goetia
Conjuração de Astaroth
POR PHARZHUPH
114
Summa Goetia
Astaroth na Goetia Tradicional
POR PHARZHUPH
Posição: Duque
Decanato: 10°-20°
Signo do zodíaco: Capricórnio, Gêmeos ou Virgem
Mês do ano: 31/dezembro – 09/Janeiro
Planeta: Vênus ou Mercúrio
Animal: Macaco
Metais: cobre, mercúrio, liga metálica de prata e ouro.
Tarot: Três de Ouros
Dia da semana: quarta-feira (conjurado entre 22:00 e 23:00)
Qlipha: Samael / Gamchicoth / Gha’agsheblah
Elemento: Ar
Incenso: Sândalo
Cores: laranja e amarelo
O vigésimo nono espírito da Goetia é Astaroth. Ele é um poderoso Duque que pode
aparecer na forma de um anjo nocivo, montando uma besta infernal parecida com um dragão,
carregando uma víbora em sua mão direita. Pode aparecer também em forma humana, coroado
e extremamente pálido ou como uma estátua branca com olhos completamente negros, sem
pupilas, emanando frio intenso.
É recomendado ao Magista para não permitir que ele se aproxime muito, pois seu hálito
pode ser prejudicial e nauseante.
Em Goetia tradicional, aconselha-se que o praticante esteja com o anel mágico próximo
do rosto para poder se proteger.
Astaroth fornece respostas verdadeiras sobre o passado, o presente e o futuro. Ele pode
descobrir todos os segredos e pode explicar como foi a “queda dos Espíritos” e, se desejado, pode
explicar sua própria “queda”. Pode tornar os homens em perfeitos conhecedores de todas as
ciências liberais, além de ser evocado para favores relacionados à: viagens, inteligência,
comunicação, oratória, educação, medicina, estados alterados de consciência, composição de
trabalhos acadêmicos e viagens entre planos de existência.
De acordo com a maioria dos tratados goéticos, ele governa 40 Legiões de Espíritos, porém
há indicações de que sejam 29.
Michael W. Ford, em seu tratado sobre Goetia, destaca a importância de Astaroth como
Guia e Iniciador no caminho Luciferiano da auto-deificação.
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
1. Escolha do Espírito
A Escolha do Espírito deve ser feita em função do resultado esperado, ou seja, o Estudante
deve escolher o Espírito que melhor se encaixe ao resultado almejado.
Escolher um Espírito por sua “força” ou por sua “posição” podem não resultar no que se
“deseja”.
Por exemplo, se o estudante pretende realizar uma evocação goética para aumentar o raio
de seus conhecimentos sobre ciências e artes, então podemos aconselhar para que ele escolha
Paimon, um Rei. Se o estudante teme evocar um Rei, então que ele não escolha um outro Espírito
que lhe pareça menos arriscado sem que esse se encaixe ao resultado esperado. Escolher
Samigina (Marquês), nesse caso, não surtiria o efeito “desejado”, ou melhor, o efeito que está
em conformidade com a vontade.
O estudante também não deve esperar que a obtenção de êxito na evocação de Paimon
seja indício de que ele acordará um sábio na manhã seguinte.
O estudante deve possuir vontade fixa e firme no propósito que deseja alcançar.
2. Estudar o Espírito
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
O Templo representa o Universo Externo e será o local onde o ritual será realizado.
Pode-se escolher um quarto de uma habitação - geralmente, um espaço de 9m² é o
suficiente.
O Templo deve ser um local onde não sejamos incomodados por outras pessoas ou por
animais no decorrer do ritual. Deve ser um local com ventilação moderada para evitar efeitos
intoxicantes provenientes do incenso ou de óleos que podem ser utilizados.
Portas e janelas devem estar fechadas e a iluminação deve ser a mínima possível, de
preferência não elétrica. Caso o estudante opte pelo círculo “tradicional” descrito por Crowley, a
fonte de iluminação das 9 velas ao redor do círculo será mais que suficiente.
O Círculo anuncia a Natureza da Grande Obra, afirma a identidade do Magista com o
Infinito, afirma o equilíbrio do trabalho e delimita a área de operação.
O Círculo sugerido é o seguinte:
Chaos pode ser substituído por Therion, Laylah por Lilith e Perdurabo por Lucifer. O
estudante pode utilizar seus próprios conhecimentos e inteligência para alterar os nomes das
Divindades.
Os 9 pentagramas são uma alusão clara ao Iniciado e no centro de cada um deles há uma
pequena vela acesa. As velas representam os pensamentos negativos que são impedidos de surgir
na consciência para atrapalhar o ritual. No livro “Magick”, Crowley diz que as velas “originais”
eram feitas com gordura humana dos inimigos do magista ou das “crianças estranguladas”, sendo
essas últimas relacionadas aos pensamentos que tentam surgir nos momentos inoportunos. Essas
velas são as Torres na Beira do Abismo - que o estudante pondere sobre o significado das velas
e que não cometa nenhuma sandice para seguir ao pé da letra o que as explicações de Crowley
dizem. Nove é o número do Iniciado na Qabalah.
Os círculos são traçados na cor verde e os nomes das divindades em vermelho, assim
como os quadrados que compõe o Tau no centro do círculo.
O diâmetro do círculo é determinado em função da altura do magista e deve ter espaço
suficiente para que ele se mova com facilidade. Deve-se evitar círculos muito grandes.
A proporção pode ser apreendida através da ilustração acima.
Os três losangos representam os vértices de um triângulo cujas linhas são imaginárias.
O Tau é composto por 10 quadrados, um para cada Sephirah.
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
4. O Selo do Espírito
O Selo do Espírito são os sinais gráficos que o representam e podem ser encontrados na
literatura goética ou mágicka em profusão.
O Selo deve ser fabricado antes da operação.
Na literatura especializada há muitas instruções sobre como fabricar o selo, sugerimos que
o estudante não se preocupe em demasia em atender aos requisitos tradicionais. Um desenho
feito à mão nas horas adequadas servirá suficientemente. O Selo deve ser desenhado nas cores
correspondentes, estudadas sobre o Espírito, em papel novo (virgem).
O Selo será colocado no centro do triângulo que está fora do círculo antes do início da
operação.
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
É importante que o Magista tenha um local apropriado para guardar os selos após as
operações. Aconselha-se que os selos sejam guardados em locais únicos (não devem ficar junto
com outros selos goéticos de outras operações).
5. O Bastão
O Bastão é uma das principais armas mágicas, é o símbolo da Vontade Mágica e Criativa
do Magista. O Bastão é uma alavanca e com um ponto de apoio, universos inteiros podem se
mover com a aplicação da Força adequada. No Bastão tradicional estão incrustadas as insígnias
que re-velam a Vontade Mágica do Magista.
É por excelência uma arma fálica e é a arma elemental do Fogo e das Conjurações.
Alguns magistas preferem a Espada (arma elemental do Ar), mas o Bastão é o mais
indicado para o início de operações devido à sua natureza.
Não é necessário gastar fortunas para se conseguir um. O estudante pode fabricar o seu
próprio ou comprar algum de madeira que se encaixe em seu orçamento.
É altamente recomendável que o Bastão seja fabricado pelo próprio estudante, sempre
que possível. Basta encontrar uma árvore saudável, com galhos firmes e bem vivos, escolher um
galho bastante “reto” e corta-lo com um só golpe. O bastão tem aproximadamente a medida
entre o cotovelo e as pontas dos dedos do magista. Essa arma deve ser trabalhada e consagrada
da melhor maneira que as aptidões e habilidades do estudante permitirem. De qualquer maneira,
o Bastão deve ser consagrado de acordo com a Arte antes de ser utilizado nas operações goéticas.
6. A Túnica
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
O Ritual
O estudante deve providenciar os requisitos básicos para que o ritual possa ser
empreendido, conforme as instruções sugeridas previamente.
O Ritual servirá para a evocação de qualquer Espírito da Goécia, sem restrições, incluindo
os Espíritos descritos por Guido Wolther.
1. Escolher o Espírito;
2. Estudar o Espírito;
3. Preparar o Templo, o Círculo e o Triângulo;
4. Preparar o Selo do Espírito;
5. Possuir, com antecedência, o Pentagrama, o Hexagrama, o Bastão e a Túnica
consagrados;
6. Adquirir incenso em boa quantidade com antecedência. É importante que o incenso seja
escolhido de acordo com o Espírito escolhido e com as correspondências estudadas;
7. Colocar o incensório no centro do triângulo que está fora do círculo de operação. O
incensório deve ser aceso de maneira que o incenso, em grande quantidade, queime durante todo
o período da operação;
8. Colocar o selo do Espírito que será evocado na frente do incensório;
9. Acender as 9 velas ao redor do Círculo de operação;
10. Realizar um ritual de banimento. Aconselhamos o Rubi Estrela (banindo), mas pode-
se utilizar o Ritual do Pentagrama Menor (banindo);
11. No centro do Círculo, no quadrado de Thipareth, que o Magista faça a Invocação
Preliminar da Goetia, conforme Liber Samekh (texto destacado em negrito). Os pentagramas
devem ser traçados no Ar com o Bastão.
A Ti eu invoco, o Não-Nascido.
Tu, que criaste a Terra e os Céus.
Tu, que criaste a Noite e o Dia.
Tu, que criaste as Trevas e a Luz.
Tu, que és RA-HOOR-KUIT, Eu mesmo feito perfeito, a quem nenhum homem
jamais viu.
Tu, que és IA-BESZ, a Verdade na Matéria.
Tu, que és IA-APOPHRASZ, a Verdade em Movimento.
Tu, que distinguiste entre o Justo e o Injusto.
Tu, que fizeste a Fêmea e o Macho.
Tu, que produziste as Sementes e o Fruto.
Tu, que formaste os Homens para amarem uns aos outros, e para odiarem uns
aos outros.
Eu sou (seu Moto) teu Profeta, a quem Tu confiaste Teus Mistérios, as Cerimônias
de Khem (ao invés de Khem (Egito) pode-se utilizar Thelema ou a corrente
particular do Magista).
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
Eu invoco a Ti, o Terrível e Invisível Deus: Que habita no Lugar Vazio do Espírito:
AR-O-GO-GO-RU-ABRAO SOTOU MUDORIO PhALARThAO OOO AEPE
O Não-Nascido.
Ouça-me, e faça todos os Espíritos submissos a Mim; de modo que todo Espírito
do Firmamento e do Éter; sobre a Terra e sob a Terra, na Terra seca e na Água;
no Ar Rodopiante e no Fogo Crepitante, e todo Encantamento e Flagelo da
Divindade, possam obedecer a Mim.
Dizer:
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
Ouça-me!
RU-ABRA-IAO MRIODOM BABALON-BAL-BIN-ABAOT. ASAL-ON-AI APhEN-IAO I
PhOTETh ABRASAX AEOOU ISChURE
Poderoso e Não-Nascido!
Ouça-me, e faça todos os Espíritos submissos a Mim; de modo que todo Espírito
do Firmamento e do Éter; sobre a Terra e sob a Terra, na Terra seca e na Água;
no Ar Rodopiante e no Fogo Crepitante, e todo Encantamento e Flagelo da
Divindade, possam obedecer a Mim.
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
Ouça-me: IEOU PUR IOU PUR IAOTh IAEO IOOU ABRASAX SABRIAM OO UU AD-
ON-A-I EDE EDU ANGELOS TON ThEON ANLALA LAI GAIA AEPE DIATHARNA
THORON
Eu sou Ele! o Espírito Não-Nascido! tendo a visão nos pés: Forte, e o Fogo Imortal!
Eu sou Ele! a Verdade!
Eu sou Ele! Que odeia que o mal deva ser lançado no Mundo!
Eu sou Ele, que relampeia e troveja!
Eu sou Ele, de quem derrama a Vida da Terra!
Eu sou Ele, cuja boca sempre flameja!
Imediatamente após essas invocações, o Espírito deve ser Evocado com as palavras:
Repita a Evocação por umas três vezes. Conjurações específicas podem ajudar nesse
momento e servir de complemento podendo, em alguns casos, substituí-la. Repita a Evocação e
chame o Espírito com Vontade e Firmeza.
Quando você sentir a presença do Espírito no Triângulo ou quando você o ver na fumaça
do incenso, você deverá saudá-lo respeitosamente e agradecer pela presença dele.
Dê suas instruções ao Espírito com clareza de intento, diga exatamente o que você quer,
como quer e quando quer. Evite dialogar com o Espírito. Não ofereça aquilo que não pode cumprir.
Caso o Espírito lhe peça algo, tente ser breve na negociação. Evite ofertar seu próprio sangue.
Evite ambigüidades na hora de transmitir suas instruções para o Espírito.
Procure ficar sempre no controle da situação e não tema os desvios que podem ocorrer.
Evite falar sobre os motivos que o levaram a evocar o Espírito, suas instruções devem ser
claras e sem muitas explicações.
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
Ao término das instruções você deve dar a licença para que o Espírito parta.
As palavras podem ser essas:
Vá agora e esteja pronto para vir sempre que eu chamá-lo no Triângulo da Arte.
Vá!
Vá em paz e sem causar dano ou prejuízo para mim ou para aqueles que me são
amados.
Finalize o ritual com um banimento. Pode ser o Rubi Estrela ou o Ritual do Pentagrama
Menor.
Guarde o selo no local preparado anteriormente e procure não pensar mais no Ritual.
Se o Espírito se recusar a aparecer você pode tentar intimida-lo, ameaçando queimar seu
selo através dessas palavras:
Se você não está comigo então você está contra mim, se você não aparecer
imediatamente para atender minha Vontade eu queimarei seu Selo e Removerei
você de meu Universo para sempre.
Não blefe com o Espírito, se você prometer queimar seu selo, então faça, mas tenha em
mente as possíveis conseqüências futuras, caso queira tentar evoca-lo novamente.
Outra opção para trazer o Espírito é utilizar uma nova Evocação ou Conjuração,
aconselhamos inicialmente a primeira e a segunda Chaves Enoquianas, mas é preferível que a
Evocação seja a mais breve sempre que possível. Cadeias muito longas de conjurações podem
dispersar o nível de energia atingido na invocação preliminar e podem fazer com que estudantes
menos experientes permitam que pensamentos contrários à evocação surjam em sua mente.
Caso você não sinta a presença do Espírito ou as conjurações não surtam efeito: não se
preocupe, dê a licença para que o Espírito parta e encerre o ritual com o banimento. Volte a
repetir o ritual em outra oportunidade mais propícia.
Palavras Finais
O ritual delineado acima foi amplamente utilizado por muitos Magistas durante o último
século e possui um grau de eficácia bastante significativo, mesmo sendo relativamente simples
de ser realizado.
É óbvio que esse é somente um dos incontáveis métodos que podem ser empregados nas
evocações, sendo que o trabalho pode ser adaptado e reestruturado pelo estudante de acordo
com seus conhecimentos práticos e teóricos acerca da Tradição e da Arte.
Com o passar do tempo novas idéias são incorporadas, novos conceitos são
compreendidos e a prática se transforma, renasce e ajuda o praticante a perceber os melhores
caminhos a serem seguidos.
Finalizamos a primeira parte do ensaio com os mesmos conselhos: estudem, se conheçam,
pratiquem, pensem, tenham discernimento e saibam calcular o valor do Silêncio.
Todos os sinais foram omitidos, embora citados, justamente para conduzir os estudantes
à Busca!
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Summa Goetia II
Um Esboço da Prática Goética
POR PHARZHUPH
Bibliografia:
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Vox Infernum II
Lon Milo DuQuette Nos Fala Sobre Goetia
ENTREVISTA, TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO POR PHARZHUPH
Em minha opinião, a natureza do trabalho Goético é tal que o Magista deve ter uma estaca emocional
muito forte no sucesso da evocação.
Para mim, a evocação Goética funciona melhor quando já exauri todos os outros meios para resolver
um problema, ou seja, quando não tenho outra escolha.
O problema deve ser de caráter pessoal. Eu aprendi que é desastroso tentar fazer uma evocação
Goética para outra pessoa ou junto com outra pessoa.
2. É possível estabelecer uma relação entre a Goetia e o conceito de Sombra de Jung? Como?
3. Goetia é significado de baixa magia para você? Porque há tantos escritores e ocultistas que a
condenam?
Quando você evoca um Espírito Goético, você evoca uma espécie de aventura, uma experiência
incomum. Essas “aventuras” raramente são agradáveis, na maioria das vezes a experiência é
completamente desagradável.
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Vox Infernum II
Lon Milo DuQuette Nos Fala Sobre Goetia
ENTREVISTA, TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO POR PHARZHUPH
Em todo caso, a evocação terá idealmente o caráter de construir a experiência que o fortalecerá e
o transformará no tipo de pessoa que fará com que a sua vontade aconteça. Frequentemente essas
experiências podem ser consideradas “baixas e sujas”.
Algumas pessoas consideram Goetia como baixa magia porque na maioria das vezes esse caminho
é muito áspero, árduo.
Em minha mente isso poderia ser considerado “baixo” somente porque você está lidando com forças
cegas sobre as quais você jamais teve controle antes da evocação.
Isso pode parecer “baixa magia” para pessoas que pensam que Magick é só com anjinhos fofinhos.
Você pode aprender muito sobre você mesmo nas operações Goéticas.
As pessoas costumam dizer que a Goetia traz o pior daquilo que está no Mago.
Eu lhes falo: Sim! É exatamente isso que deve acontecer!
Trazer o pior de você para que você possa se confrontar com isso... Conquistar isso...
Redirecionar esse poder aterrador para que ele trabalhe por você e não contra você.
6. Qual é a origem dos Espíritos da Goetia? Astaroth, por exemplo, ele possui alguma relação
com a Deusa Astarte dos fenícios ou o espírito da Goetia chamado Astaroth é um ser absolutamente
independente? Poderia explicar?
É óbvio que muitos dos 72 Espíritos listados na Goetia são corrupções de deidades pagãs. Mas
de fato eu não vejo estes como sendo muito mais do que nomes ligados a arquétipos mais genéricos.
7. Conheço praticantes que não executam banimentos após as operações de Goetia. Essa
prática é nociva? Os banimentos são recomendados?
Eu faço banimentos antes e após evocações Goéticas. Isso faz parte de minha rotina
operacional. Outros Magistas podem se sentir mais confortáveis sem os banimentos. É uma questão
que deve ser resolvida por eles.
8. Um espírito da Goetia pode se manifestar através da voz de um ser humano numa operação
mágicka? Algo semelhante a uma “possessão” ou estado de transe? Em quais circunstâncias isso seria
possível?
Eu acredito que sim, é claro. Eu não me preocupo como isso pode ser possível. Acima de tudo,
isso é Magick...
9. Muito se fala sobre os modos de operação da goetia. Quais técnicas poderiam ser
recomendadas?
Eu só posso falar sobre o melhor método para mim. Minha técnica é “bem baixa”. Uso uma
corda fina de seda negra para fazer o círculo e um triângulo. Não uso as conjurações clássicas, prefiro
fazer minhas próprias invocações e conjurações.
10. Tendo evocado o espírito o que garante que ele irá cumprir a vontade do Magista?
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Vox Infernum II
Lon Milo DuQuette Nos Fala Sobre Goetia
ENTREVISTA, TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO POR PHARZHUPH
O Espírito faz aquilo que é falado ou não faz. Se ele não faz então deve-se evoca-lo novamente
e ter uma conversa mais forte com ele. Se após várias tentativas o espírito não resolver cooperar,
deve-se considerar a hipótese de conjurá-lo novamente para sua total aniquilação. Eu só tive que fazer
isso uma vez.
11. Quais conselhos você daria aos estudantes e Magistas sobre Goetia?
Não mudem de idéia sobre aquilo que querem no meio de uma conjuração.
A tentação para que isso ocorra vem do Espírito que está sendo evocado. Isso foi feito contra
você sua vida inteira.
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Drakon Typhon
Um Grande Disparate: A Mulher Cristã
TEXTO E ILUSTRAÇÃO POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
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Drakon Typhon
Um Grande Disparate: A Mulher Cristã
TEXTO E ILUSTRAÇÃO POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
Saudações!
O que leva uma mulher a ser cristã? Ou melhor, o que leva uma mulher a ser de qualquer
uma das três maiores religiões espúrias, opressoras, misóginas e agressivas do mundo? É claro
que os indivíduos inteligentes, os seres pensantes e livres, sabem quais são essas pseudo-
religiões de desgraça e sofrimento.
Eis o maior disparate!
Em pleno século XXI, onde os grilhões dogmáticos de nocivas religiões patriarcais e
misóginas estão mais frouxos (ou inexistentes para muitas pessoas), há ainda muitas mulheres
temerariamente apegadas ao Deus machista do monoteísmo e aos seus seguidores. E podemos
ficar perplexos ao ver que ainda existem mulheres que se humilham irracionalmente diante de
um confessionário, em público, para que todos a vejam! Sem falar de muitos outros
comportamentos deploráveis mundo afora, nas paredes internas dessas falsas religiões e de lares
monoteístas que mais parecem masmorras disfarçadas.
Muitas mulheres foram e ainda são torturadas e assassinadas covardemente em nome de
certos monoteísmos fundamentalistas, religiões nada divinas nem abençoadas, sem qualquer
direito à defesa. Desnecessário dizer que os assassinos são homens com uma misoginia inata
elevada ao extremo por causa de uma educação maldita no interior de tais religiões. O ódio à
mulher e o fanatismo violento e irracional imperam nesses "mundinhos".
É fácil forjar julgamentos com base em mentiras que jamais serão contestadas, deixando
a mulher sem qualquer salvação para morrer terrivelmente nas mãos do monoteísmo.
Como é facilmente (ou não) observável, o monoteísmo é uma limitação, uma restrição à
vida e ao progresso, uma degeneração espiritual, uma abstração.
Mas o monoteísmo cristita (o foco deste texto) é também uma combinação velada e
deturpada de antigos cultos politeístas e panteístas e de cultos monoteístas primitivos pré-
cristãos, uma verdadeira colcha de retalhos.
Um tal monoteísmo, de obstrução, de coerção e de exclusão, que desde seu surgimento
prega a submissão da mulher, jamais poderia ser aceito pelo sexo feminino. Os maiores e mais
conhecidos seguidores desse monoteísmo absurdo sempre depreciaram a imagem feminina,
sempre inferiorizaram a mulher. Todos sabemos das atrocidades monoteístas ao longo da História
e sua nefasta influência nos dias de hoje, por meio de seus dogmas espúrios aceitáveis pelas
mentes fracas e temerárias. E a fraqueza podemos ver em seu Deus moribundo, agonizante,
deprimente, em seu culto de dor e sofrimento desnecessários, um culto escravagista, um culto
de pseudo-vítimas do mundo e do destino e de menosprezo às forças femininas da vida.
Tentaremos demonstrar, pelo que segue, que a situação da mulher pode ser triste e
lamentável, ainda hoje.
Como exemplos, sobre as mulheres temos aqui algumas lamentáveis citações desse
monoteísmo estagnado e rançoso e de seus "fiéis" presunçosos:
"Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas
que esteja em silêncio." São Paulo de Tarso
"As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam
submissas como também ordena a lei." São Paulo de Tarso
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Drakon Typhon
Um Grande Disparate: A Mulher Cristã
TEXTO E ILUSTRAÇÃO POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
"...alastra-se as feridas dos divórcios e das uniões livres." Papa Bento XVI
"O ministério sacerdotal do Senhor é, como sabemos, reservado aos homens." Papa Bento
XVI
"Não há manto nem saia que pior assente à mulher ou donzela que o querer ser sábia."
Martinho Lutero, reformador protestante
"As mulheres casadas, as crianças, os idiotas e os lunáticos não podem legar suas
propriedades." Rei Henrique VIII, da Igreja Anglicana.
"...a mulher é mais amarga do que a morte; quem é bom aos olhos de Deus, foge dela,
mas o pecador será sua presa." Bíblia, Eclesiastes 7:27
"Por causa da formosura da mulher pereceram muitos: porque daí é que se ascende a
concupiscência, como fogo." Bíblia, Eclesiástico 9:9
"Da mulher nasceu o princípio do pecado, e por ela é que todos morremos." Bíblia,
Eclesiástico 25:33
"Se uma mulher, tendo usado do matrimônio, parir macho, será imunda sete dias." Bíblia,
Levítico 12:2
"Se ela parir fêmea, será imunda duas semanas." Bíblia, Levítico 12:5
"Se um homem tomar uma mulher (sexualmente), e ela não for agradável a seus olhos
por causa de algum defeito vergonhoso, fará um escrito de repúdio e a despedirá de sua casa."
Bíblia, Deuteronômio 24:1
"Se hoje queimamos as bruxas, é por causa de seu sexo feminino." Leonard de Vair,
inquisidor
"A mulher é mais carnal que o homem; vemos isto por suas múltiplas torpezas... Existe
um defeito na formação da primeira mulher, pois ela foi feita de uma costela curva, torta, colocada
em oposição ao homem. Ela é, assim, um ser vivo imperfeito, sempre enganador." Jacques
Sprenger, inquisidor dominicano
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Drakon Typhon
Um Grande Disparate: A Mulher Cristã
TEXTO E ILUSTRAÇÃO POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
"Os males perpetrados pelas bruxas modernas excedem todos os pecados já permitidos
por Deus." Jacques Sprenger, inquisidor dominicano
"(...) não importa o quanto sejam penitentes (as bruxas): é preciso que sofram a
penalidade extrema." Jacques Sprenger, inquisidor dominicano
"Tão hediondos são os crimes das bruxas que chegam a superar, em perversidade, os
pecados e a queda dos anjos maus." Jacques Sprenger, inquisidor dominicano
"(...) em meio a todos os animais selvagens não se encontra nenhum mais nocivo do que
a mulher." São João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla
"...que (a mulher) viva sob uma estreita vigilância, veja o menor número de coisas
possível, ouça o menor número de coisas possível, faça o menor número de perguntas possível."
Xenofonte, historiador, soldado e mercenário grego
"Lembre-se do grande número de trabalho que temos tido para manter nossas mulheres
tranqüilas e para refrear-lhes a licenciosidade." Marco Pórcio Catão, senador romano
"... as mulheres são disformes e vergonhosas quando nuas." Ambroise Paré, cientista e
médico
"...o corpo histérico da mulher só pode conduzi-las à desordem moral." Françoise Rabelais,
médico
"Dai aos varões o dobro do que dai às mulheres." Alcorão, Cap.IV, Vers.11
"Os homens são superiores às mulheres porque Deus lhes outorgou a primazia sobre elas.
Os maridos que sofrerem desobediências de suas esposas, podem castigá-las, deixá-las sós em
seus leitos e até bater nelas." Alcorão, Cap.IV, vers.38
"Não se legou ao homem calamidade alguma maior do que a mulher." Alcorão, Cap.XXIV,
vers.59
"A mulher deve adorar o homem como a um Deus. Toda manhã, por nove vezes
consecutivas, deve ajoelhar-se aos pés do marido e, de braços cruzados, perguntar-lhe: 'Senhor,
que desejais que eu faça?" Zarathustra, filósofo persa monoteísta, século VII A.C.
"Inimiga da paz, fonte de inquietação, causa de brigas que destróem toda a tranqüilidade,
a mulher é o próprio Diabo." Petrarca, poeta italiano do Renascimento
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Um Grande Disparate: A Mulher Cristã
TEXTO E ILUSTRAÇÃO POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
"As mulheres nada mais são do que máquinas de fazer filhos." Napoleão Bonaparte,
imperador francês
Pelo que precede, podemos ver que a mulher, por muito tempo, foi considerada pela
religião monoteísta como um ser inferior e, até mesmo como o próprio mal. É fácil constatar isso
quando estudamos o passado dessa religião e suas barbaridades para conquistar poder, domínio
sobre as massas e riqueza. Se não bastasse sua forçada condição inferior, a mulher também era
vista como a consorte do Diabo, chamado Satã pelos cristitas.
Mas como tachar de mal ou maligno (Satã) algo que é pré-existente ao nosso mundo, já
que nosso conceito de bem e mal não existia porque a raça humana ainda não havia sido criada?
Esse conceito só existe entre os seres humanos! Concluímos, então, que o mal e o Diabo são pré-
humanos e que o próprio Deus os criou! Ou, então, não era o mal! Ou que o próprio Deus é o
Diabo disfarçado (para quem acredita no Diabo)! Ou, talvez, Satã tenha surgido de algum outro
lugar. Ou alguma outra coisa, que não seja Deus, o criou. Concluímos também, que a maldade,
a misoginia e o machismo hipócrita estão implícitos nesse Deus e que seu exemplo foi seguido
por milhões de cristitas ao longo da História.
A Bíblia diz que a mulher foi proibida por Deus e tentada pelo mal (equivocadamente Satã,
a Serpente, o Diabo) logo após sua criação a partir do homem (literalmente, um absurdo
biológico!). Mas, podemos entender que a primeira mulher (Eva) provavelmente já era maligna,
pois caiu em tentação e arrastou Adão e toda a futura prole humana à desgraça! Podemos
entender também que esse Deus bíblico misógino e iracundo criou a primeira mulher má! Outro
absurdo! Sorte de Lilith, que escapou desse fardo! Assim a culpa toda recaiu sobre Eva,
supostamente a primeira mulher má da face da Terra! A mulher, que por meio da malícia de
Deus, tornou desgraçado e inferior todo ser do sexo feminino! Com exceção de Lilith (e também
Kali), mulher não submissa, contestadora, que se defende, que revida uma ofensa, que faz
escárnio de homens tolos com testosterona pululante e desequilibrada.
Na Bíblia, a mulher já é criada com proibições, ameaças e limitações. O plano traçado na
Bíblia é de submissão e dominação no qual o homem manda e a mulher obedece, sejá lá o que
for.
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Um Grande Disparate: A Mulher Cristã
TEXTO E ILUSTRAÇÃO POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
Mas, nos dias de hoje, não há mais o porquê de ser cristita. As mulheres, que tanto querem
igualdade (e com razão), não precisam ser cristãs, não precisam se submeter ao patriarcalismo
hipócrita que se infiltra em todos os aspectos da sociedade. Elas podem ser livres, seguir uma
religião ou filosofia mais condizente com a liberdade de expressão, com o respeito ao feminino,
com o respeito à natureza e com o sagrado dentro de cada uma delas. Podem, sem medo de
repressão, adotarem uma vida psicomentalmente mais saudável, prazerosa, alegre, sem as idéias
de pecado, impureza, condenação e sofrimento, sem os recalques causados pelo monoteísmo
patriarcal e seus dogmas perniciosos disfarçados de santos.
Se no mundo existisse só o monoteísmo, seria extremamente monótono...
Contudo, apenas as mulheres fortes e obstinadas conseguem mudar seus paradigmas
psicomentais e se emancipar. Senso comum, comportamento de rebanho, debilidade e a moral
de escravo são coisas para as massas, como tem sido há milênios.
Depois de tantas frases desprezíveis sobre a mulher, vamos, agora, enaltecê-la apenas
com uma, eloqüente o suficiente para dispensar comentários:
"A terra insultada vinga-se dando flores." Rabindranath Thakhur, músico, escritor e poeta
indiano
136
Sade
Dolmoncé Explica Deus e Religião à Eugenie
POR MARQUÊS DE SADE
Só os imbecis podem crer nessas balelas. Deus é ora criado pelo medo, ora pela fraqueza.
Fantasma abominável, inútil ao sistema terrestre. Só poderia ser nocivo à vida: se a sua vontade
fosse justa, nunca se poderia estar de acordo com as injustiças essenciais às leis da natureza.
Deus deveria desejar somente o bem e a natureza só o deseja apenas como compensação do mal
que está ao serviço das suas leis. Deus deveria agir continuamente e a natureza, cuja ação
constante é lei fundamental, não poderia concorrer com ele em perpétua oposição. Dirão talvez:
Deus e a natureza são a mesmo coisa. Que absurdo! Como pode a coisa criada ser igual à
criadora? Como pode um relógio ser igual ao relojoeiro? Dirão ainda: a natureza não é nada e
Deus é tudo. Outro absurdo: como negar que há necessariamente duas coisas no universo, o
agente criador e o indivíduo criado? Ora, qual o agente criador? Eis a única dificuldade a resolver,
a única pergunta à qual é necessário responder.
Se a matéria age, move-se por combinações que desconhecemos, se o movimento é
inerente à natureza, se só ela pode, enfim, em razão de sua energia, criar, produzir, conservar,
manter, mover nas planícies imensas do espaço todos os planetas cuja órbita uniforme nos
surpreende, nos enche de respeito e admiração. Qual a necessidade de procurar um agente
estranho a tudo isso, se essa faculdade ativa somente se encontra na própria natureza que não
é outra coisa senão a matéria que age? A quimera desta virá esclarecer o mistério? Desafio que
alguém me possa provar. Supondo que eu me engane sobre as faculdades internas da matéria,
pelo menos só terei uma dificuldade. Que farei eu com o Deus que me oferecem? É apenas uma
dificuldade a mais.
Como querem que eu admita, para explicar o que não compreendo, uma coisa que
compreendo ainda menos? Por meio dos dogmas da religião cristã, como posso examinar, como
posso representar vosso horrível Deus? Vejamos como essa religião nô-lo descreve...
O Deus desse culto infame deve ser inconseqüente e bárbaro: cria hoje um mundo de cuja
construção se arrepende amanhã. É tão fraco que jamais consegue imprimir no homem o cunho
que deseja. O homem, dele emanado, domina-o, pode ofendê-lo e por isso merecer eternos
suplícios. Que Deus fraco! Como pôde criar tudo quanto vemos, se não conseguiu criar o homem
à sua imagem! Dirão talvez: se ele tivesse criado o homem perfeito, o homem não teria mérito.
Que chatice! Que necessidade tem o homem de merecer alguma coisa de seu Deus? Se ele o
tivesse criado perfeito, o homem nunca poderia praticar o mal e só então essa obra teria sido
digna dum Deus. Deixar ao homem a escolha é tentá-lo. Deus, na sua infinita paciência, sabia o
resultado disso; em conseqüência, foi de propósito que ele perdeu a criatura por ele mesmo
formada. Que Deus horrível esse, que monstro! Que celerado, digno do nosso ódio, da nossa
implacável vingança! E não contente com o que fez, ainda para convertê-lo, condena-o ao
batismo, maldizendo-o, queimando-o no fogo eterno...
Mas nada disso modifica o homem. Um ser mais poderoso do que Deus, o Diabo,
conservará sempre seu império, desafia o Criador, e consegue, por suas seduções, debochar o
rebanho que o Eterno tinha reservado para si mesmo. Nada vencerá jamais o poder do demônio
sobre o homem. Então o Deus horrível, louvado pelos idiotas, imagina coisa mais horrível ainda:
tem um filho, um único filho que lhe nasceu não sabemos como, pois o homem fode e quis que
Deus também fodesse ilegalmente e separasse do céu essa parte de si mesmo.
Imagina-se talvez que essa descida do céu se fizesse num raio celeste entre um cortejo
de anjos, à vista do Universo inteiro... Nada disso: foi no seio duma puta judia, e numa pocilga,
que o Deus redentor dos homens apareceu entre eles! Sua honrosa missão será melhor que o
lugar em que nasceu?
137
Sade
Dolmoncé Explica Deus e Religião à Eugenie
POR MARQUÊS DE SADE
Sigamos um instante esse personagem. Que diz que faz? Que missão sublime dele
recebemos? Que mistério nos revela? Que dogma nos prescreve? Em que atos transparece sua
grandeza? Infância ignorada, serviços certamente libertinos prestados pelo moleque aos padres
do templo de Jerusalém. Em seguida, desaparece durante quinze anos, aproveitados para se
envenenar com todas as demências da escola do Egito, que ele transporta para a Judéia. Assim
que reaparece, a loucura começa a se manifestar: declara-se filho de Deus, igual a seu pai,
associa a essa aliança um outro fantasma que chama de Espírito Santo, e essas três pessoas,
assegura ele, formaram um só Deus verdadeiro. Quanto mais esse mistério assusta a razão, tanto
mais ele assegura que há mérito em adotá-lo, perigo em repudiá-lo! Foi por todos nós, afirma o
imbecil, que ele se encamou, embora sendo Deus, no seio duma mulher. O universo se
convencerá disso, à vista dos incríveis milagres que vai realizar. Num jantar de bêbados, dizem
que o safado mudou a água em vinho; no deserto alimentou alguns celerados com provisões
escondidas pelos seus secretários; um dos seus camaradas finge que morreu para que ele o
ressuscite; transportou-se a uma montanha onde, diante de dois ou três apenas de seus
partidários, faz umas mágicas das quais se envergonharia hoje um péssimo prestidigitador.
Amaldiçoando com furor todos os que não acreditam nele, o safado promete o céu a todos os
idiotas que lhe prestam ouvidos. Nada escreve, pois é ignorante; fala pouco, pois é burro; age
ainda menos, pois é fraco. Cansa os magistrados que se impacientam ao ouvir seus discursos
sediosos, embora espaçados. O charlatão acaba morrendo numa cruz depois de ter assegurado
aos vilões que o seguem que, cada vez que for invocado, descerá de novo entre eles. Deixa-se
suplicar sem que seu pai, o Deus sublime do qual afirma descender, lhe dê o menor socorro; é
tratado como o último de todos os celerados do qual era realmente digno de ser o chefe. Seus
satélites reúnem-se: "Estamos perdidos, dizem, e nossas esperanças malogradas, se não
conseguirmos salvá-lo de maneira brilhante. Embriaguemos os guardas que lhe cercam o túmulo,
roubemos-lhe o corpo, publiquemos que ressuscitou; é um meio seguro. Assim conseguiremos
que acreditem nessa farsa, nossa religião ficará apoiada, será propagada no mundo inteiro...
trabalhemos!..." A farsa se propala; a ousadia e a tenacidade tomam o lugar do verdadeiro
mérito; o corpo é roubado, os bobos, as mulheres, as crianças gritam que é um milagre, mas na
própria cidade onde tão grandes maravilhas se operam, na cidade regada pelo sangue dum Deus,
ninguém crê nesse Deus, ninguém se converte. Mais ainda: o fato é tão pouco digno de nota que
nenhum historiador a ele se refere. Tão somente os discípulos, os cúmplices desse impostor,
pensam em tirar partido da fraude, mas não imediatamente.
138
Sade
Dolmoncé Explica Deus e Religião à Eugenie
POR MARQUÊS DE SADE
Essa consideração é essencial. Deixam correr vários anos a fim de melhor usar o insigne
disfarce; só então erigem sobre ele o edifício combalido de tão nojenta doutrina. Os homens
gostam de qualquer mudança. Cansados do despotismo dos imperadores, estavam loucos por
uma revolução. Ouvem os hipócritas e o progresso dos discípulos é rápido: eis a história dos
maiores erros deste mundo. Os altares de Vênus e de Marte transformam-se nos de Jesus e
Maria, publica-se a vida do impostor; esse romance absurdo encontra crédulos; inventam que o
Cristo disse mil coisas que nem sequer pensou. Algumas dessas imbecilidades formam a base da
sua moral. Como a maior parte dos adeptos fossem pobres, a caridade tomou-se a primeira das
virtudes. Instituíram-se ritos bizarros sob o nome de "sacramentos". O mais digno e criminoso
de todos é o seguinte: um padre coberto de crimes, em virtude dumas palavras mágicas, tem o
poder de criar um Deus dentro do pão! Não duvide: esse culto, desde o seu alvorecer, teria sido
destruído inexoravelmente se o povo tivesse empregado contra ele o desprezo, única arma que
merecia; mas uns imbecis o perseguiram, intensificando-o por esse meio infalível. Mesmo hoje,
se o cobríssemos de ridículo ele cairia. Voltaire, o perspicaz, nunca empregou outro método; é
de todos os escritores o que se pode gabar de ter obtido maior número de prosélitos. Em uma
palavra, Eugenie, tal é a história de Deus e da sua religião. São fábulas que não merecem crédito:
veja como pretende agir.
139
Philosophorum
Sobre os Crentes e a Necessidade de Crença
POR NIETZSCHE
140
Lua Negra
Carta Aberta
POR PHARZHUPH
Após esse breve período em que divulguei o retorno das atividades do Grupo Lua Negra, acho
conveniente fazer alguns esclarecimentos para evitar especulações e questionamentos desnecessários.
Na verdade, o Grupo surgiu em meados do ano de 2005 (e.v.) com uma orientação
basicamente Thelêmica. Os estudos e as práticas eram quase totalmente inspirados e guiados pelos
Livros Sagrados de Thelema, Liber Oz, Liber O Vel Manus et Sagitae, Liber E, João São João, Livro das
Mentiras e Magia em Teoria e Prática. Trabalhamos com misticismo, magia, qabalah, religiões
comparadas, ocultismo tradicional, filosofia, etc. Havia também materiais criados pelo próprio grupo.
O material básico era cedido (e muitas vezes traduzido) por mim, sendo que em mais de 95%
dos casos recorri às fontes originais, ou seja, disponibilizei meu acervo pessoal de livros ao invés de
recorrer aos textos publicados pela Internet.
Em nenhum momento houve transmissão direta ou indireta de material restrito aos círculos de
Adeptos dos quais fiz ou faço parte. Não houve nenhuma espécie de relato sobre quaisquer rituais,
cerimônias, práticas, estudos ou afins que estivessem relacionados a esses círculos. Sempre zelei pelo
Silêncio e pelo Resguardo daquilo que deve ser mantido em Sigilo.
O Grupo se manteve ativo até o início de 2007 (e.v.), mas suas operações foram paralisadas
devido à desistência de seus outros quatro membros, permanecendo assim até agosto de 2008 (e.v.).
No início desse ano tive o impulso de reavivar o Grupo, mas com orientação diferente, mais
Luciferiana e mais voltada ao Caminho da Mão Esquerda, porém mantendo fortes bases em Thelema
“tradicional” e “verdadeira”.
O objetivo fundamental é: reunir pessoas verdadeiramente interessadas no estudo e na prática
para que todos possam aprender, trocar experiências efetivas e idéias criativas.
A intenção não é formar uma Ordem, Sociedade ou Instituição nos moldes tradicionais, ao
contrário, espera-se que cada membro seja capaz de trilhar seu próprio Caminho e vencer suas
próprias batalhas e limitações transitórias.
O Lua Negra não pretende ser alguma espécie de derivação de trabalhos anteriores com os
quais estive envolvido direta ou indiretamente.
O Pacto é um acordo feito pelo Adepto consigo mesmo, de maneira que ele se comprometa
com seu Avanço e Evolução em Luz, Sabedoria, Força, Fé e Inteligência, através de seu próprio esforço.
O Grupo não é uma escola de magia, não é um curso, não é um workshop, não é uma
leviandade ou um grupo de pós-adolescentes problemáticos.
Não pretendemos trabalhar através da Internet, pois prezamos ao máximo o trabalho efetivo
e presencial de todos os membros, sejam eles quantos forem.
A aceitação de Liber Oz é somente, em primeira instância, uma afirmação do Adepto para
consigo mesmo sobre sua ilimitada liberdade com responsabilidade, sabedoria e inteligência.
As atividades se iniciaram em agosto, somente com dois estudantes, ambos remanescentes da
primeira formação. As reuniões são quinzenais, em nossas próprias residências, utilizando nossos
próprios recursos.
Incluímos o estudo das idéias fundamentais presentes nos livros de Adriano C. Monteiro no
escopo de atividades do grupo, iniciando pelo “A Revolução Luciferiana” e “Sistemagia”, além das
demais atividades e estudos.
Nosso trabalho, por enquanto, se restringe à cidade de Indaiatuba, pois é exclusivamente
presencial.
Nessa pequena carta, redigida propositalmente em primeira pessoa, espero ter esclarecido os
pontos que geraram os questionamentos mais especulativos com relação ao grupo.
De qualquer maneira, estou completamente à disposição para esclarecer qualquer espécie de
dúvida que possa surgir nas mentes criativas e mais férteis.
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Lux Veritatis
Vagas Reflexões Luciferianas
POR PHARZHUPH
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Lux Veritatis
Vagas Reflexões Luciferianas
POR PHARZHUPH
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Lux Veritatis
Vagas Reflexões Luciferianas
POR PHARZHUPH
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Lux Veritatis
Vagas Reflexões Luciferianas
POR PHARZHUPH
Devemos todos estudar, pois sem estudo não “somos ninguém”, mas devemos estudar
aquilo que não nos faça enxergar além, pois ninguém quer ter um filho ator, filósofo, pedagogo,
bibliotecário ou enxadrista. As pessoas querem engenheiros, médicos, advogados,
administradores e designers, pois esses sim, se tornam pessoas melhores com suas conquistas
materiais. É muito bonito dizer: meu filho é engenheiro e pouco gratificante dizer que ele é
pedreiro.
Diplomas não são mais certificados de inteligência ou de determinação. Basta freqüentar
alguma universidade particular, pagar as mensalidades e ter o mínimo de esforço para se tornar
um bacharel.
Não é a toa que estão sendo criados os exames para avaliação dos novos profissionais. A
péssima qualidade do ensino público fundamental e secundário é compartilhada também pela
maioria das universidades particulares de nosso país. Mesmo as melhores escolas castram e
tolhem liberdades e potencialidades, pois seus modelos institucionais possuem o pior das
tendências positivistas.
Inveja, preconceito, hipocrisia, ignorância, estupidez, intolerância, censura, ausência de
liberdade e o desvirtuamento de valores são apenas alguns dos muitos adjetivos associados ao
comportamento de nossa “bela sociedade” opressora e castradora.
As grandes opressões atuais não são mais os frutos das árvores podres das religiões
obscuras. Podemos dizer que uma das grandes responsáveis pelo obscurecimento e pela perda
dos valores da Vida em sua expressão máxima é um tipo especial de “existência”. Esse monstro
é conhecido pelo nome de Corporação. Elas existem aos milhares e representam os interesses de
uma escassa minoria que não se envolve diretamente com suas atividades.
Os grandes estudiosos comparam suas atividades ao comportamento de eficientes
psicopatas, pois elas tiram, roubam, deturpam, mentem e não demonstram qualquer tipo de
“emoção”, mas como poderiam? Não são humanas!
Entram em países como o nosso, exaurem nossos recursos e os recursos de outros países
fazendo propaganda de seu papel positivo para a sociedade e para o mundo. Devastam florestas,
mineram tudo o que puderem dos veios cada vez mais profundos e carcomidos de nosso planeta.
Rodeados por sinistras paredes de concreto e aço, respirando o abençoado monóxido de
carbono, trabalhando como idiotas frenéticos, sem liberdade e sem expressão. Milhões de pessoas
“vivem” assim.
Mas dentre essa massa de vacas de presépio quem ousa questionar o que está
acontecendo?
Poucos!
Afinal, não é fácil parar para pensar antes de engolir a massa mastigada de valores
controversos e esquisitos com os quais a maioria concorda.
Questionar Deus? Uma blasfêmia dupla! (dupla porque mortos não costumam responder).
Que proveito tem aquele que sabe questionar e se posicionar frente ao que é o certo para
a maioria, para a sociedade?
O Homem é um estágio a ser superado. Superamos aquilo que conhecemos e só
conhecemos aquilo que buscamos sem auto-enganos inócuos e infrutíferos.
A densidade material do plano representado por Malkut é o estágio mais distante da
evolução pelo qual passa o Homem.
Persistir na densidade material é se distanciar de si mesmo.
Não estamos fazendo apologias ao desprendimento completo do que a carne e o dinheiro
podem proporcionar, estamos tentando mostrar que há mais no universo ilimitado do próprio
Homem, há muito mais além daquilo que os sentidos comuns percebem.
145
Lux Veritatis
Vagas Reflexões Luciferianas
POR PHARZHUPH
Quantos não passam suas vidas entre as convenções ao invés de se permitirem o exagero,
o excesso, a excentricidade, o questionamento, a rebeldia, a ousadia e a ação contrária à
ortodoxia?
Quantos se permitem a dádiva de caminhar em florestas soturnas respirando o frio ar
entre árvores centenárias?
Quantos não sentem que há uma Besta presa no peito, ardendo em chamas, clamando
por libertação?
No fundo dos âmagos há incandescentes ônix dispersas, fragmentadas, aguardando por
uma reação inicial que faça suas partículas se aproximarem de um núcleo comum. Um núcleo
que seja no final mais denso que o ouro, mais reluzente que a Estrela e mais negra que o mais
misantrópico crepúsculo dos dias.
É preciso acender a pira da coragem e queimar a lenha podre da imposição e da ilusão
que nos rodeia constantemente. É preciso que o indivíduo comece a se questionar sobre suas
origens, sobre sua cultura, sobre sua própria vida, mas isso deveria ser empreendido com olhos
puros, sem os valores que nos foram impostos ao longo da “evolução” da “humanidade”.
É preciso saber questionar para que as respostas possam esclarecer ao invés de confundir
mais.
É preciso saber abrir mão daquilo que se considera certo e tentar enxergar o que está do
outro lado.
Porque alguém procuraria seguir algo que é declaradamente MAL por quase todos os
indivíduos que compõem o núcleo social no qual estamos incluídos (ou excluídos)?
Essa declaração de Maldade é verdadeira? O que a torna perniciosa verdadeiramente?
Perniciosa para quem?
Os indivíduos podem questionar suas religiões? Um católico pode levantar durante uma
missa e questionar os votos de pobreza e castidade do padre? Um muçulmano pode questionar
porque um homem pode ter várias mulheres e uma mulher deve “pertencer” somente ao marido?
Um católico pode perguntar ao bispo porque não há mulheres conduzindo a Igreja? Um espírita
umbandista pode escolher com quais entidades quer trabalhar? Um espírita kardecista pode
questionar seus “superiores tácitos” sobre como trabalhar com “espíritos errantes” para fins
egoístas? Um garoto pode perguntar para a professora de catecismo se Jesus fez sexo? Maria
concebeu virgem?
A espiritualidade Luciferiana está além das definições de Bem e Mal criadas pelas
convenções religiosas, sociais e humanas. O cerne da Gnose e do Conhecimento se estrutura
sobre a Verdade.
Não somos sacrificadores de crianças que celebram missas negras e orgias.
Não somos guerreiros lutando contra cadáveres ou contra credos criados por epiléticos
analfabetos.
Somos a Semente da destruição das reminiscências nefastas que essas quimeras religiosas
e financeiras lançaram nos prados da Vida.
Somos os que não se contentam e que não aceitam aquilo que é imposto.
Somos aqueles que não se perdem observando imagens.
Somos aqueles que buscam a Essência em nós e naquilo em que acreditamos.
Somos Criadores, Destruidores e Mantenedores de nossos próprios universos.
Somos como Crianças, como Loucos, como Sábios, como Guerreiros, como Demônios,
como Filósofos, como Anjos. Somos Deuses.
Somos Humanos e Animais.
Somos aqueles que buscam a si mesmos e que não medem esforços para se encontrarem.
146
Lux Veritatis
Vagas Reflexões Luciferianas
POR PHARZHUPH
Somos aqueles que não se desviam dos obstáculos, que não fogem do combate e que não
adiam guerras inevitáveis.
Somos aqueles que Amam a Vida e todos os Prazeres, aqueles que não fogem das Dores.
Os que Aniquilam, Queimam, Sofrem, Ardem, Trabalham, Lutam e Ascendem.
Somos aqueles que admitem a própria ignorância, mas que não se contentam com ela e
que lutam para que seja meramente transitória.
Não somos nem mais e nem menos.
Somos Nós Mesmos!
147
Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Sinopse da editora: Qabalah, Qliphoth and Goetic Magic é uma introdução sem precedentes à Magia Goética. A
parte principal do livro é a exploração das Qliphoth e os Mistérios Negros que foram amplamente reprimidos pelo ocultismo
ocidental. Ao invés de ignorar e negar o Lado Negro, o autor revela, passo a passo, como o Homem pode conhecer sua
Sombra e, através disso, obter um conhecimento mais profundo sobre Si Mesmo. Explorando e não reprimindo a Sombra
conseguimos transformar forças destrutivas em poderes criativos. O livro trata do problema do Mal, o simbolismo da
Queda de Lúcifer e o processo de criação do homem de acordo com a filosofia Qabalística. Vários exemplos de rituais,
meditações, exercícios mágickos e correspondências ocultas podem ser encontrados no livro. Qabalah, Qliphoth and
Goetic Magic contém mais de cem sigilos demoníacos e obras de arte criadas especificamente para o livro. Uma coleção
única de sigilos do clássico Lemegeton e do infame Grimorium Verum foi incluída.
Nossa opinião: o investimento de $35,00 que mais vale a pena para um Buscador sincero dentro do Caminho da
Mão Esquerda. Uma obra recente, traduzida para o inglês de maneira simples de entender. Capa dura preta e púrpura
intenso com inscrições em vermelho. Além de intensamente rico, o livro é uma obra de arte da Ajna Books. As ilustrações
de Henrik Segefelt, Zeena Schreck e Karlsson são fantásticas.
Altamente recomendável!
Nota: 11²
Sinopse da editora: Aqui se encontram diversas informações essenciais de correspondências e analogias. A obra
tem por objetivo auxiliar o estudante magista em seu caminho oculto, sendo este um trabalho de consulta permanente
para a sua educação mágica, prestando-se às práticas xamânicas, de magia cerimonial, celebrações, rituais, banimentos,
criação e confecção de talismãs, meditações, visualizações, reflexões filosóficas, inspirações artística e poética. Essas
dicas servem também para ampliar a cultura ocultista de correspondências e analogias, ou seja, os conhecimentos
inerentes ao estudo da Magia ou, até certo ponto, do Caminho Mágico. Os elementos mais importantes de toda a obra
são interpretados e descritos da maneira mais inteligível possível, para que se obtenha uma fácil compreensão e
assimilação das idéias e dos conceitos normalmente complexos, contraditórios e subjetivos das Ciências Ocultas e da
Magia.
Nossa opinião: indispensável para o Estudante, inestimável para o Adepto! Frater Adriano apresenta muitas
informações, correspondências e analogias que demorariam anos para o Estudante reunir por conta própria. Desde a capa
o trabalho é primoroso!
Nota: 11²
148
Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Sinopse da editora: Não é fácil expressar em palavras simples um assunto como a magia. Quem se preocupa
seriamente com a própria evolução e persegue o conhecimento sagrado, e não só por curiosidade, encontra nesta obra
um guia para a sua iniciação. O sistema construído não é um método especulativo, mas o resultado de trinta anos de
experiência e pesquisa próprias, exercícios práticos e repetidas comparações com muitos outros sistemas das mais
diversas irmandades, sociedades secretas e da sabedoria oriental.
Nossa opinião: um curso completo destinado ao Estudante e de extremo valor para o Buscador.
Nota: 10
Impossível não deixar de conhecer as quatro obras fundamentais do ocultismo e da magia ocidental.
Essas quatro obras encerram todo o conhecimento mágicko universal “ortodoxo” e pode ajudar todo
Adepto e Buscador em sua senda Iniciática.
Edições brasileiras recomendadas: todas da Editora Pensamento.
149
Index Librorum Prohibitorum
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
- Livraria Ixaxxar, uma das mais interessantes livrarias dedicadas ao Caminho da Mão
Esquerda em todas as suas ramificações: http://www.ixaxaar.com (procurem o título na Amazon
antes de comprar, as diferenças de preço chegam a 500% em alguns casos)
- Site oficial do Dr. Pepe Rodríguez, autor dos livros Os Péssimos Exemplos de Deus
(Segundo a Bíblia), Pederastia na Igreja Católica, Deus Nasceu Mulher, Mentiras Fundamentais
da Igreja Católica e outros.
Altamente recomendado: http://www.pepe-rodriguez.com
- BoizeBlog com centenas de filmes para baixar, destaque especial para os filmes antigos
Gore e Terror.
http://boizebu.blogspot.com
- A Livraria Hermética, uma das mais completas fontes de informações, textos e livros
completos de Austin Osman Spare e Aleister Crowley da Web. Grátis e em inglês:
http://www.hermetic.com
- Esquina do Inferno, blog fantástico com centenas de livros para download em várias
categorias e assuntos, vale a pena consultar direto: http://www.esquinadoinferno.blogspot.com
- Música & Submundo: música, arte underground e marginal, livros e zines. Muita cultura
reunida em uma excelente proposta pessoal de trabalho:
http://musicolatraanonimo.blogspot.com
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Vox Infernum III Algol Naos
Entrevista com Luciferian Darkness Lux Occulta
POR PHARZHUPH
É com satisfação ímpar que o Zine Lucifer Luciferax apresenta uma das mais genuínas
expressões artísticas diretamente relacionadas ao Caminho da Mão Esquerda.
Nas páginas seguintes entrevistaremos Luciferian Darkness Lux Occulta, mentor,
idealizador, condutor e único membro do projeto musical Algol Naos.
Atmosferas qliphóticas e profundamente interiores são as marcas impressas na excelência
musical do Algol Naos, que mescla audaciosamente Dark Ambient e elementos de música
experimental.
Influenciado por artistas como Michael W. Ford (Black Funeral), Aghast, Equimanthorn e
outros, Luciferian nos fala um pouco sobre suas raízes, sua experiência artística e Iniciática na
Senda Draconiana.
Com a palavra, Luciferian Darkness Lux Occulta...
Saudações a todos os leitores do Lúcifer Luciferax... A proposta da Algol Naos é ser a transcrição,
a encarnação musical de minhas crenças, de minhas experiências espirituais e ritualísticas no
caminho da mão esquerda. A tradução em sons de todos os longos anos de estudos e práticas na
espiritualidade das sombras. Música puramente draconiana para os iniciados, os quais serão os
únicos a entender na totalidade o que está sendo transmitido. Musicalmente Eu diria que caminha
pelo Dark Ambient e pela música experimental, influenciado por artistas como Aghast, Stalaggh,
Hexentanz, Black Funeral, Melek-Tha, Equimanthorn, entre outros. Mas sem dúvida, a primeira e
principal influência, tanto musical, ideológica e filosófica é a luz de Lúcifer, que ilumina os espíritos
daqueles que o buscam com sabedoria.
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Vox Infernum III Algol Naos
Entrevista com Luciferian Darkness Lux Occulta
POR PHARZHUPH
2. Como surgiu a idéia de iniciar o Algol Naos e como foi o começo dos trabalhos? Você
poderia nos falar sobre a história do Algol Naos?
O projeto foi idealizado e criado unicamente por mim, Luciferian Darkness Lux Occulta, no
ano de 2007 e desde então tenho sido seu único integrante e compositor. Depois de quase dez
anos como vocalista da banda de black metal Fortian Greymorning, na qual gravei 3 demo-tapes,
decidi buscar novos desafios musicais,criar arte mais espiritualizada, hermética, profunda. Algo
verdadeiramente satânico, se afastando desse pseudo satanismo que é fingido pela esmagadora
maioria da dita “cena” do “black” metal. Desde o começo já desejava fazer algo diferente do
convencional, já que hoje em dia existe o estigma de que o metal é o único estilo de música que
trata do caminho da mão esquerda. Desejava criar música de “difícil” audição, oculta como a
temática da mesma, um trabalho de esoterismo musical, basicamente. Espero que minha música
seja de ajuda para aqueles que seguem pelo caminho do dragão, que seja a trilha sonora de seus
estudos e ritos, que ajude psiconautas a abrirem os portais para infinitos mundos negros de
conhecimento. Assim, o propósito da Algol Naos estará completo.
O nome vem da junção do nome de 2 estrelas. Algol (Caput Algol ou ainda Beta Persei),
que já foi chamada de “cabeça do demônio” (Ras Al-Ghul), simboliza o Vindex, a representação
de Satã no sacerdote sacrificado com a intenção, entre outras, de abrir um portal estelar. Uma
“estrela-demônio”, que também simbolizava o Baphomet templário. É considerada por alguns a
estrela mais maligna dos céus. Naos (Zeta Puppis) forma uma trindade estelar junto com Algol e
Dabih (Beta Capricorni). Próximo de cada uma dessas estrelas está um portal estelar. Uni o nome
de duas dessas três estrelas para batizar o projeto. Representa a grandiosidade dos objetivos
espirituais da música que criei, pois Algol Naos surgiu para ser um guia até os portais estelares
dos deuses obscuros do tetraedro sagrado.
152
Vox Infernum III Algol Naos
Entrevista com Luciferian Darkness Lux Occulta
POR PHARZHUPH
Portais Estelares são regiões no tempo-espaço onde o universo causal e o universo acausal
se unem. São portais físicos e é possível viajar de uma dimensão a outra os atravessando.
5. Como tem sido a recepção de sua música pelo Brasil e pelo mundo? Há planos,
contratos, parcerias com gravadoras ou selos envolvidos com seu trabalho? Como é feita a
divulgação?
A maioria das opiniões até agora tem sido positivas. Acredito que até pela proposta musical
e ideológica do projeto somente as pessoas com interesse tanto no estilo e/ou no assunto se
interessam e se aproximam. Até o momento os trabalhos estão disponíveis apenas para
download. Os interessados me procurem no MSN: luciferian.darkness@gmail.com . Estou em
negociação com uma distribuidora aqui do Brasil mesmo e muito em breve será lançado em
formato k7 e CD-R, ambos limitados a 50 cópias. Talvez esse ano ainda saia um split com um
outro artista. Além disso, estou criando uma introdução e interlúdios para um projeto de Black
metal verdadeiramente satânico de um amigo.
6. O Algol Naos lançou recentemente o fantástico trabalho Agios O Vindex, do qual sou
profundo admirador confesso, você pode nos falar mais sobre esse trabalho? Como as músicas
foram compostas? Quais influências permearam músicas como Baphomet, to Put this World at
the feet of Satan, Naos e Preadatrix Sanguinis Nocturna?
153
Vox Infernum III Algol Naos
Entrevista com Luciferian Darkness Lux Occulta
POR PHARZHUPH
Basicamente, Estudo e pratico as correntes de ordens como a “Order Of The Nine Angles” e a
“Misanthropic Luciferian Order/Temple Of The Black Light” e todo tipo de assunto relacionado a elas:
Luciferianismo, Gnosticismo anti-cósmico, Magia Qliphótica cerimonial, Demonologia, Setianismo
Draconiano, Tantras da mão esquerda, Caosofia, Nacional-Socialismo esotérico, Jogo estelar, Thelema,
Chaos Magick, Zos Kia, entre outros.A influência é total em meu trabalho musical!Como já disse, as
músicas que componho são o amálgama de minhas experiências nessas áreas.
154
Vox Infernum III Algol Naos
Entrevista com Luciferian Darkness Lux Occulta
POR PHARZHUPH
Concordo totalmente com você! A “cena” nacional do “black” metal não passa de um patético
e triste circo. 95 % das bandas não sabem nem do que estão falando em suas letras. Estão mais
preocupadas em julgar quem é “true” ou “poser” e ficar se embebedando e fedendo. Bando de
metaleiros ignorantes, escória! Escrevem suas letras estúpidas e pseudo-satânicas cheia de blasfêmias
infantis e chulas. São tipos assim os culpados pelo estereótipo de imbecil que a sociedade cria sobre
as pessoas que ouvem metal. Falar assim de Satanás é muito fácil, só lembram dele na hora de
escrever suas músicas idiotas, para estampar suas adoradas camisetas, para carregar num cordão no
pescoço ou para “blasfemar” quando está bêbado. E aqueles que escondem os pentagramas da mamãe
quando chegam em casa? HAHAHAHAH! A maioria dos que se dizem satanistas dentro do Black metal
NÃO SÃO! Estão vivendo uma personagem, fazendo pose de malvadão “from hell”, mas não estudam
e não praticam absolutamente nada! É muito fácil desmascarar esses falsos satanistas, um breve
diálogo é suficiente. O que eles fazem para se dizerem satanistas? Tocam black metal? E daí, isso te
faz um satanista? Francamente... Enquanto isso, no meio dessa palhaçada, os poucos que sabem o
que estão falando seguem estudando e praticando esse misterioso e fascinante caminho. Mas não
nasci para ser herói de ninguém, quero que morram ignorantes, pois o conhecimento real deve mesmo
ser dividido entre poucos. Continuem exatamente como estão, se achando os filhos do diabo e vivendo
nesse mundinho inculto cheio de regras vazias que limitam suas mentes (que mentes?). Eu continuo
observando, imerso na luz de Lúcifer e rindo da decadência mental e espiritual deles. Vida longa à elite
draconiana!
10. Quais escritores e quais trabalhos mais o influenciaram em sua trajetória iniciática e
musical?
Anton Long, Frater Nemidial, Kenneth Grant, Austin Osman Spare, Aleister Crowley,
Michael W. Ford, William Blake, Timothy Leary, A. Wallis Budge, Thorold West, etc…
11. Você citou o Nacional Socialismo Esotérico. Como é exatamente sua visão, opinião
sobre essa "vertente"?
Vejo como algo aplicado além da simples concepção mundana de raça... Algo aplicado a
uma raça satânica elitista, de seres elevados espiritualmente. A busca de uma nova ordem
mundial, para purificar a decadente sociedade ocidental. A destruição da política judaico-cristã
do mundo atual.
155
Vox Infernum III Algol Naos
Entrevista com Luciferian Darkness Lux Occulta
POR PHARZHUPH
Obrigado a todos pelo real apoio, Vocês sabem quem são. Continuem sérios e firmes nessa
luciferiana jornada.
HO MEGAS DRAKON!
156
O Demônio me fez fazer isso!!!
Análise do Mercado Esquisotérico
POR REVERENDO EURYBIADIS
Nos anos 1980-90 eu ficava assustado com as propagandas do Walter Mercado. Aquele
escroto oferecia previsões por telefone e outras merdas com o seu “hermano” “Ligue Djá”.
Seguindo seu exemplo carismático, surgiram outros “magos” e “videntes” que prometiam
fornecer todas as respostas aqueles que se dispusessem a pagar ligações interurbanas e esperar
por horas para uma consulta esotérica... Houve até quem previu a morte de celerados artistas
brasileiros, a queda das torres gêmeas, etc...
Mas quem é que não ouviu falar daquela cartomante da esquina que sabe tudo, que é
“bruxa”, que faz “simpatias” para trazer o amor em sete dias, para ganhar na loteria e para curar
o chulé desgraçado? Pois é, vimos e vemos muita merda nesse comércio do esquisoterismo
brasileiro.
Os postes das cidades decadentes exibem cartazes de “mães-de-santo”, “pais-de-santo”,
“benzedeiras”, “mirongueiras”, “bruxas”, “magos” e bizarrices prometendo apaziguar todos os
males e hemorróidas. Curiosamente, muitos desses escroques profissionais não conseguem nem
se manter, ou seja, não conseguem ajudar nem a si mesmos.
Cobrando quantias que variam entre R$ 5,00 e R$ 5.000,00, esses profissionais do oculto
se tornam cada vez mais empreendedores e podemos consultá-los em locais como o Viaduto do
Chá ou em seus templos sorumbáticos de magia estarrecedora!
No Youtube encontramos um indivíduo que se diz Mestre e que oferece todo tipo de
trabalho, desde a cura de doenças até as “mais cruéis formas de vingança”... O indivíduo, com
uma tremenda cara de 171, diz: “aqui se faz magia, não se faz palhaçada”. Ele emenda em seu
vídeo promocional: “através de toda uma cabala, de uma falange, de uma legião de demônios
(...) eles estarão aqui (...) solução para o seu problema imediatamente!” – uma verdadeira lição
empreendedora! O cara tem site e tudo mais! Uh! Esse cara deve ser um entendido de qabalah
mesmo! Como diria minha avó: “Esse é trooeza total!” – “Ligue Djá!”.
Falando da minha avó, a velha banguela me encaminhou uma mensagem assim que soube
que eu estava escrevendo um artigo sério! Ela disse que seria útil e que se encaixaria à pesquisa.
Cheguei a pensar que a puta estivesse me sacaneando com um e-mail falso, mas é verdade, esse
cara envia o seguinte texto para seu “público alvo”:
Olá!!!
Tenho um pacto que realmente funciona. Trabalho com magias negras e
rituais satanicos... possuo todos os materiais para realização de
pactos também, onde não é necessário muito dinheiro pois nosso
objetivo está em ajudar a quem procura por ajuda.
Posso lhe ajudar sim para conseguir tudo oque você quiser, mas eu ja
te aviso que não é tão facil quanto falam, para uma pessoa seguir Deus
passa pelo batismo, primeira comunhão e crisma, para seguir Lucifer é
parecido, mais rapido e menos complicado, mas você também passará por
testes de fidelidade a ele e isso não tem volta, mas para que volta se
pode ter tudo oque quiser.
Você pode conseguir da mesma forma em que eu consegui e vai lhe custar
450,00. Mas esse valor é para aquisição de tudo oque irá precisar para
concretizar o pacto. Se apos ter seguido tudo rigorosamente e não
obter resultado devolverei a quantia que você gastar para adquirir o
pacto multiplicada por 10, isso é uma prova de confiança no produto
que vendo.
Pode entrar em contato comigo pelo fone (11) XXXX-XXXX a qualquer hora
do dia ou da noite.
MSN: XXXXXXXXXX@hotmail.com
Contato email: XXXXXXXXX@yahoo.com.br
"Nada pode limitar o que contém o Todo"
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O Demônio me fez fazer isso!!!
Análise do Mercado Esquisotérico
POR REVERENDO EURYBIADIS
158
O Demônio me fez fazer isso!!! 2 X!!!
JC, a Mulher e os Chatos
POR REVERENDO EURYBIADIS E JOSIFALDECINDO
Passeava JC com seu burro manco na companhia de seus celerados companheiros quando
avistou ao longe uma mulher aos prantos. Aproximando-se dela e dela se compadecendo, JC
disse:
- Porra Mulher! O que vos acabrunhais a ponto de chorardes feito uma égua parindo cacos
de vidro pelo cu?
E ela assim respondeu ao Senhor:
- Senhor de Nazaré! Veja meu suplício! Meu esposo me abandonou à sorte, pois sou
impura aos olhos do Senhor!
- Puta merda Mulher! – respondeu JC – É veado o marido teu?
- Não meu Senhor! Eu trouxe uma chaga lazarenta ao leito de meu esposo. E por ser
Nazarena e bastarda como tu, ó Senhor, não posso voltar a me deitar e ter relações com um
homem!
JC, acomodando o rayban Maui Jim com o sagrado dedo médio, cuspiu e disse:
- O que tens Puta? Tu és meia foda? Explica, pois faz cinco minutos que te conheço e já
quero sair de perto de ti.
- Ó, abençoado Senhor da Pomba Branca e da Mãe Serelepe! Ouve meu suplício: trago
encravados dentre os pentelhos do cu e da buceta um milhão de pequenos bichos que ferroam e
picam consumindo meu sangue.
- Puta Bichada! Levanta agora tua veste para que eu, o Senhor, possa ver o que está
falando!
A mulher então, tomada de espanto, ergueu a veste fedorenta e afastou as sebosas coxas
para que o Senhor pudesse então ver e agir com o Sagrado Espírito Santo.
JC se aproximou, retirou os óculos escuros e examinou a pobre mulher dizendo:
- Porra Mulher! Essa infestação de chatos me lembra o útero maldito que me concebeu!
Simplesmente nojento! Mas não há desespero: Eu sou o Caminho, a Paz, o Chuveiro e a Navalha.
Com o poder concedido a mim pelo mais Alto, com a Navalha de minha Sagrada Mãe e com o
creme de barbear do Moisés vou te curar e tu poderás te deitar novamente com outros homens,
porém que não volte ao leito de teu marido, pois eu não raspo outro escroto além do meu – assim
disse o Senhor mostrando os carcomidos bagos depilados.
JC preparou então o creme de Barbear de Moisés com seu cuspe sagrado e cuspiu
ferozmente sobre os altíssimos pentelhos do cu e da buceta. As mãos do Senhor se puseram ao
trabalho com a Navalha de Guerra da Maria e durante três dias e três noites JC trabalhou na
depilação íntima da pobre mulher.
Após o trabalho sagrado e a ação antibiótica de sua saliva, JC disse à mulher:
- Vai agora, livre dos chatos que lhe faziam arder o cu e a buceta. Vai e anuncia as boas
novas! Vai e toma um banho, pois ainda fedes como uma porca imunda parindo entre fezes. Vai
e aprende: pêlo demais é como fé demais... Incomoda e pode te foder!
159
Drakon Typhon II
O Ritual do Pilar do Meio Qlifótico
© Editora Coph Nia
POR FRATER APEP
1. De fronte para o Leste, que o Magista visualize o Pilar Negro da Severidade à sua
esquerda, e o Pilar Branco da Misericórdia à sua direita, ele mesmo representando o Pilar do Meio.
2. Que ele imagine um Globo de Luz Negra acima de sua cabeça, e vibre o Nome da
Qliphah de Kether: THAUMIEL.
3. Que ele, mantendo o Globo de Kether, imagine um apêndice ligado ao Globo anterior
por um fino fio de Luz Negra descendo e formando-se em sua garganta, então vibre o Nome da
Qliphah de Binah: SATARIEL.
4. Que ele, mantendo os Globos de Kether e Binah, imagine outro apêndice ligado ao
Globo anterior por um fino fio de Luz Negra descendo e formando-se em seu peito, então vibre o
Nome da Qliphah de Tiphareth: THAGIRIRON.
5. Que ele, mantendo os Globos de Kether, Binah e Tiphareth, imagine mais um apêndice
ligado ao Globo anterior por um fino fio de Luz Negra descendo e formando-se em sua genitália,
então vibre o nome da Qliphah de Yesod: GAMALIEL.
6. Que ele, mantendo os Globos de Kether, Binah, Tiphareth e Yesod, imagine um último
apêndice ligado ao Globo anterior por um fino fio de Luz Negra descendo e formando-se em seus
pés, então vibre o Nome da Qliphah de Malkuth: LILITH.
7. Por fim, que ele se valha da Energia Mágica gerada para o fim que lhe aprouver.
Nota (1): “A Ti, ó Shaitan! [Pertence] o Reino, o Poder, e a Glória, Eternamente, Amém”
160
Finis, Hoc erat in votis
Últimas Palavras
POR PHARZHUPH
Novamente agradecemos a todos pelo interesse, pela ajuda e pela atenção dispensada a
um dos poucos meios de comunicação sério voltado ao Caminho da Luz em nosso país, tão rico
e tão miserável ao mesmo tempo...
Meios de contato:
pharzhuph@gmail.com
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=47584181
Parceiros:
http://www.mortesubita.org/
http://www.cophnia.com.br/
Download do Zine:
http://www.mortesubita.org/entretenimento/lucifer-luciferax-zine/
161
162
Lucifer Luciferax IV
163
Lucifer Luciferax
Publicação Pan-Daemon-Aeônica Aperiódica, 4° Edição, ano 2009 de uma era francamente vulgar
164
Apresentação
Vox Mortem, hoc erat in votis
POR PHARZHUPH
Saudações Fraternais!
É com satisfação singular que apresentamos mais uma edição de nossa Lucifer Luciferax. A idéia
original era dedicar essa edição à feitiçaria sexual, mas tínhamos um hiato com relação às entrevistas não
publicadas que precisava ser reposto, além disso, percebemos que parte do conteúdo que gostaríamos de
publicar não deveria ser exposto nessa publicação. De qualquer forma, algo do que destilamos sobre a
natureza sexual de alguns mistérios será vista nessa e em edições futuras.
Nesses últimos meses recebemos muitas sugestões e pedidos para lançarmos edições em inglês,
diante disso, estamos planejando uma edição experimental que deverá ser lançada entre março e abril desse
ano, mas será bastante experimental.
Nessa quarta edição apresentamos um pouco da Neo-Luciferian Church através de Bjarne S.
Pedersen, que nos concedeu uma excelente entrevista. Trazemos dois textos inéditos de nosso Irmão e
Colaborador Adriano Camargo Monteiro sobre a falaciosa Bíblia e a Subversão Sobre Si, um ensaio bem
humorado sobre os espiritualóides pseudo-evoluídos, gentilmente cedido por Paulo de Loyola (Frater Heru
Behdet).
Atendendo às sugestões de vários leitores, especialmente de nosso Amigo Haborym (Projeto Morte
Súbita Inc), procuramos trazer algumas indicações culturais relacionadas a teatro e cinema.
Nas seções Index Librorum Prohibitorum apresentamos o lançamento do livro Gnose Vodum de
David Beth pela Editora Coph Nia, um trabalho que realmente merece destaque no mercado editorial
brasileiro, tanto pela importância da obra quanto pelo trabalho heróico da Editora.
Atendendo a outras sugestões, retiramos a imagem de fundo de nossas páginas, pois muitos
disseram que ela atrapalhava a leitura, mas ela pode ser vista na página 49, trata-se de uma ilustração
goética de Frater Daniel.
Nessa edição contamos com a valiosa colaboração e ajuda de Adriano Camargo Monteiro, Ivan
Schneider da Editora Coph Nia, do Projeto Morte Súbita Inc. Tivemos também a ajuda de Lauro N. Bonometti
(guitarrista do Bestial Atrocity e Incinerad), principalmente com as entrevistas relacionadas à música
extrema. Pessoas a quem agradecemos profundamente.
Falando em música extrema temos aqui as entrevistas com Frater Nox do Nox Sacramentum,
Marcelo Grous do Queiron e Baron Von Causatan do Bestial Atrocity.
Nosso Reverendo Eurybiadis, que deve estar fora de seu juízo perfeito, apresenta textos quase sérios
e menos ácidos.
Como de costume, atenção, todo o conteúdo do zine pode ser citado, copiado e publicado livremente,
desde que sejam observadas as seguintes regras: o material não pode ser utilizado, direta ou indiretamente,
para fins lucrativos; o zine e os autores devem ser citados sempre, junto com seus meios de contato. Nessa
edição há três exceções para a liberdade de utilização: os textos “Bíblia, a Maior Farsa da História” e
“Subversão sobre Si” de Adriano Camargo Monteiro e o texto “Evoluído é o Raio Que o Parta!” de Paulo de
Loyola têm direitos autorais reservados aos autores.
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias;
165
Índice
Capa: Ilustração de Gustav Doré (1832-1883) para o Canto IV do Paraíso Perdido de John
Milton em 1866. Satã Sobre o Monte Nephates
Summa Goetia
Os Quatro Elementos do Ritual Goético Maior, por Pharzhuph
- 167 -
Symbolica Hieroglyphicum
Um Ensaio sobre o Hexagrama, por Pharzhuph
- 172 -
Philosophorum
Bíblia, a Maior Farsa da História, por Frater Adriano Camargo Monteiro
- 177 -
Drakon Typhon
Subversão sobre Si, por Frater Adriano Camargo Monteiro - 181 -
Vox Infernum I
Pharzhuph entrevista Bjarne S. Pedersen da Neo-Luciferian Church - 182 -
Sanguilentus
Evoluído é o Raio Que o Parta!, por Paulo de Loyola - 186 -
Eudaimonia
Um Esboço Sobre Demonologia – Parte 1 (excerto), por Pharzhuph - 188 -
Index Librorum Prohibitorum I
Gnose Vodum de David Beth, Lançamento da Editora Coph Nia, por Pharzhuph - 192 -
Traductio
Yoni Tantra, 1° Patala, traduzido por Pharzhuph - 194 -
Vox Infernum II
Pharzhuph entrevista Frater Nox, mentor e único membro do projeto musical Nox - 197 -
Sacramentum
Vox Infernum III
Lauro N. Bonometti entrevista Marcelo Grous, guitarrista e vocalista do Queiron - 202 -
Dramatis
Literatura, Teatro & Cinema, por Pharzhuph - 206 -
Vox Infernum IV
Pharzhuph e Lauro N. Bonometti entrevistam Baron Von Causatan do Bestial Atrocity - 210 -
Index Librorum Prohibitorum II
Sinopses de livros e literatura recomendada, por Pharzhuph
- 215 -
Humor Nigrum
Curtas e O Guia da Internet do Reverendo Eurybiadis, por Reverendo Eurybiadis
- 217 -
Finis
Últimas palavras e Agradecimentos Finais, por Pharzhuph
- 224 -
166
Summa Goetia
Os Quatro Elementos do Ritual Goético Maior
POR PHARZHUPH
167
Summa Goetia
Os Quatro Elementos do Ritual Goético Maior
POR PHARZHUPH
“Serpiente Luminosa: Simboliza ala Mujer Desnuda o sea nuestra Madre Eva”.
“El Caduceo: Este jeroglífico representa los órganos genitales del Hombre”.
Não é possível definir com precisão a data em que essa página foi escrita, mas pudemos
analisar edições raras e antigas de livros da primeira década do século passado que já apresentavam
a “página goética” como ilustrada acima, o que nos faz supor que essas inscrições tenham sido feitas
o mais tardar no século XIX. É importante observar que o idioma utilizado foi o espanhol e que o texto,
depois de transliterado caractere por caractere, apresenta uma linguagem simples e direta, ao
contrário dos textos iniciáticos e misteriosos que encontramos com maior freqüência nas bulas
alquímicas e mágickas.
O autor também é desconhecido, mas podemos afirmar com certo grau de precisão que ele
conhecia os mistérios encerrados nos elementos descritos e que era preciso encobri-los, talvez para
sua própria segurança, de maneira que seu significado não se perdesse ao longo dos séculos.
A Cruz, a Serpente, o Cálice e o Caduceu são conhecidos como os quatro elementos do ritual
Goético Maior.
O ritual Goético Maior não pode ser entendido ou visto como uma prática isolada dentro do
Caminho da Mão Esquerda e da Antiga Goetia, o termo é utilizado para revelar os elementos
ritualísticos principais num caminho Negro em Essência, sem a submissão pretensiosa dos poderes
Infernais aos poderes celestiais ou vice-versa.
168
Summa Goetia
Os Quatro Elementos do Ritual Goético Maior
POR PHARZHUPH
Ele denota um caminho de consecução mágicko e gnóstico onde os operadores não se cercam
de proteções “brancas”, sejam elas quais forem para adentrar em Sitra Ahra, para operarem
literalmente dentro dos Túneis de Set ou para evocarem os Deuses mais Antigos. O ritual Goético
Maior é aquele reservado aos “Nativos”, aos que não se envenenam para poder envenenar, mas
aqueles que são o próprio veneno.
O texto da “página goética” revela também que a dimensão sexual dos mistérios era conhecida
e utilizada conscientemente pelos magos goéticos antigos. Muitos ocultistas, obviamente influenciados
pelo frígido e impotente pensamento judaico-cristão, acreditavam que os mistérios sexuais tinham
sido pervertidos e corrompidos por Magos Negros que se entregavam a lascivos ritos profanos e
criminosos.
É realmente incomum encontrarmos referências explícitas à sexualidade aplicada para fins
mágickos no ocultismo ocidental durante esse período.
Façamos então breves exposições sobre os Quatro Elementos, como descritos na “página
goética”.
A Cruz
• Duas linhas perpendiculares entre si que se multiplicam através de uma dupla divisão
em quatro linhas;
• O intercepto das duas linhas forma o ponto que representa a contração essencial
máxima, como em Hadith. É a Essência do Mago Negro;
• O 4 representa a Forma e a quarta dimensão de poder – é como o quarto pé da cadeira
de base quadrada, sem o qual ela não ficaria em pé;
• O quadrado é a próxima figura simples após o triângulo – é o número da adaptação e
da forma;
• A cruz divide o círculo (símbolo do infinito) em quatro partes iguais; quatro quartos, ou
seja, um inteiro;
• O quaternário está relacionado aos nomes sagrados de quatro letras que representam
a divindade – llyh;
• Os pitagóricos atribuíam significância ao quaternário, pois, segundo eles, todos os
fundamentos das coisas naturais, artificiais e divinas são quadrados. O número quatro
é a fonte perpétua da natureza e chave para a Divindade;
• De um ponto comum partem quatro segmentos de reta divididos por 4 ângulos retos =
o ponto (1) + (4) = 5;
• 1+2+3+4=10= o número do ciclo eterno e da criação;
• O número quatro era associado a Hermes, cujo principal símbolo é o Caduceu que na
página goética é o símbolo dos órgãos genitais masculinos;
• A Cruz é um símbolo de Tiphareth (6° Sephirah);
• O quaternário pode ser apreendido nos pontos cardeais, nos animais que compõe a
esfinge, nos querubins, nas hierarquias das hostes infernais, nos elementos, nas
estações do ano, nos quatro eixos do mundo, nas qualidades dos antigos filósofos
(quente, úmido, frio e seco), nos gêneros de misto perfeito (animais, plantas, metais e
pedras), nas virtudes morais (justiça, moderação, prudência e força), nos
arquidemônios que reinam sobre os quatro ângulos do Mundo, nos rios do inferno...
169
Summa Goetia
Os Quatro Elementos do Ritual Goético Maior
POR PHARZHUPH
A Serpente Luminosa
O Caduceu
Na página goética o Caduceu representa o Lingam, os órgãos genitais masculinos, o Falo ereto
que penetra o “mundo desconhecido”. O símbolo é utilizado há mais de 4000 anos e está presente em
tradições sumerianas, hindus e gregas.
Na mitologia grega o caduceu pertencia inicialmente a Apolo que o deu a Hermes em troca da
lira, desde então o Caduceu passou a ser o principal símbolo de Hermes e de Mercúrio. O Caduceu é
um símbolo da astúcia, da inventividade e da sabedoria e é através dele que Hermes guiava as almas
dos grandes homens pelas regiões de luz e de trevas.
O Caduceu é formado por um cetro (o Lingam) no qual estão enroscadas duas Serpentes que
representam as correntes “opostas” de OB (serpente da direita) e OD (serpente da esquerda), restando
ao cetro o AUR. As serpentes representam também o Obeah e o Wanga.
Os nadis (canais) Ida e Pingala são associados às serpentes e Sushuna ao cetro. Ida se conecta
ao testículo esquerdo e Pingala ao testículo direito. Tais relações o associam à Kundalini.
O Cálice
170
Summa Goetia
Os Quatro Elementos do Ritual Goético Maior
POR PHARZHUPH
Conclusão
No mito edênico a Serpente (Nahash / Lilith / Lucifer) tenta, seduz Eva a comer o fruto proibido
da Árvore. Eva cede e, como Serpente Luminosa, convence, seduz Adão a comê-lo também.
No Ritual Goético Maior o Homem (Cruz) se une à Mulher (Serpente Luminosa), ambos despidos
de conceitos morais (ambos são amorais), vergonha, receio, medo ou culpa. A união se dá fisicamente
através do intercurso do pênis (Caduceu) com a vagina (Cálice). O Cetro (Vontade / Sabedoria /
Palavra) atravessa o Olho Oculto (Z-Ayn) e transmuta a energia de acordo com a finalidade do ritual.
Se conduzida de maneira adequada, tal união pode dar acesso aos planos interiores ocultos e às
regiões cósmicas representadas pelos Túneis de Set, pelas Qliphoth e além.
Na vagina (cálice) fluem os elixires secretados pela Sacerdotisa (Serpente Luminosa), isso
ocorre antes e após o intercurso, sendo que os kalas precisam ser ativados previamente. É preciso
aquecer o Athanor.
A união dos Amantes é um glifo de Zamradiel, Túnel que liga Thagirion à Satariel (Thipareth à
Binah).
O intercurso se mantém pelo tempo necessário, porém não se deve estendê-lo por muitas
horas. O momento da Morte (Daath) marca a transmutação mercurial e é o momento em que se
misturam os elixires na Taça das Abominações. O Cálice transborda o elixir que é coletado e consumido
pela Sacerdotisa e pelo Sacerdote, de acordo com a natureza e finalidade do Ritual.
A união dos Amantes representada por Zamradiel é o casamento dos pares de opostos
complementares em eucaristia. No tarot de Thoth a sétima carta se chama “Os Amantes” e Zamradiel
é o Sétimo ou Décimo-Sétimo Túnel, profundamente carregado com a atmosfera de Daath.
Os oceanos fluídicos (Água / Sangue) represados pelo Cálice (Vagina) se identificam com o
Grande Mar (Marah) de Binah que é também entendimento. Binah, enquanto Mãe Obscura e Estéril é
tornada Fértil e Brilhante através do rito: AMA se torna AIMA.
171
Symbolica Hieroglyphicum
O Hexagrama
POR PHARZHUPH
A figura mais moderna deve sua proeminência a Aleister Crowley e está profundamente
associada ao sistema por ele sugerido. Trata-se do hexagrama unicursal.
As figuras em forma de estrela com seis pontas – os hexagramas – são construídas a partir de
uma figura hexagonal regular obtida pela divisão da circunferência em seis partes iguais. Dividindo os
360° da circunferência por seis obteremos seis divisões de 60°.
O hexágono regular é uma figura de construção bastante simples e não requer nenhum
instrumento ou habilidade especial, basta traçar um círculo e conhecer o seu raio: cada lado do
hexágono terá a mesma dimensão que o raio do círculo.
172
Symbolica Hieroglyphicum
O Hexagrama
POR PHARZHUPH
Cada lado do hexágono é igual a duas vezes o raio da circunferência multiplicado pelo seno do
ângulo de 60° dividido por dois, ou seja, cada lado do hexágono é igual ao raio da circunferência, pois
o seno de 30° é igual a 0,5.
Também é possível construir um hexagrama através do arranjo ordenado de 12 triângulos
eqüiláteros:
O hexagrama formado pelos dois triângulos eqüiláteros é conhecido por diversos nomes de
acordo com sua origem e seu propósito. É comumente chamado de Selo de Salomão, Signo do
Macrocosmo, Magen de David ou Estrela de David, embora seja um símbolo importante para a tradição
judaica ele também aparece no Budismo, no Hinduísmo, no Jainismo e em outras manifestações
culturais, filosóficas e religiosas ancestrais. Por se tratar de uma figura geométrica de construção
relativamente simples, não é difícil encontrá-la em diferentes culturas.
No Hinduísmo e no Jainismo o símbolo é conhecido como Satkona Yantra e representa Nara-
Narayana, um estado meditativo perfeito entre o Homem e a Divindade, se esse estado for mantido o
adepto pode alcançar o Nirvana.
Em antigas lendas judaicas há relatos de que os guerreiros de David tinham seus escudos
ornamentados com o nome do rei. Supõe-se que a Estrela de David tenha surgido devido à
sobreposição invertida da letra daleth – David se escreve em hebraico com as letras daleth-vau-daleth.
Esse seria o Magen de David. A palavra magen significa disco, folha ou lâmina e é escrita com as letras
hebraicas mem, gimel e nun – curiosamente seu valor gemátrico é 93.
O seis é um número de perfeição e é chamado o selo do Mundo. Gerald Massey e Cornelius
Agrippa indicam que os pitagóricos utilizavam o número 6 em operações e questões que envolviam
nascimentos e matrimônios, justamente por seu caráter de perfeição e de harmonia de princípios
opostos. Massey diz que Pitágoras considerava o seis como o número sagrado perfeito e o chamava
Vênus, Deusa Romana da Beleza e do Amor que tem por equivalentes a grega Afrodite e a egípcia
Hathor.
O seis é o número que representa o equilíbrio de idéias e é o número do equilíbrio mágicko.
É o número místico de Binah, resultado da somatória dos números 1,2 e 3 - Σ (1-3).
Em Qabalah associamos o número 1 ao princípio, o 2 ao antagonismo e o 3 à idéia e à forma.
Os triângulos do hexagrama representam dois complexos de idéias ou formas em equilíbrio antagônico,
como os pesos nos pratos da balança: de um lado a pena de Maat e de outro lado o Escaravelho. Os
triângulos do hexagrama representam a natureza dualista da manifestação do Logos como Humano e
Divino.
O número 6 sugere equilíbrio, estabilidade e duração.
A letra hebraica Vau possui valor gemátrico igual a seis e significa prego. No círculo negro das
evocações e dos pactos havia quatro pregos retirados do caixão de um supliciado. 6 x 4 = 24.
Embora o hexagrama esteja relacionado ao número seis, ele representa sete chakras cósmicos
ou planetas na astrologia.
173
Symbolica Hieroglyphicum
O Hexagrama
POR PHARZHUPH
Quando colocado sobre a Árvore da Vida ele também representa os sete astros, sete sephiroth
ou sete qliphoth. O centro da figura se localiza sobre Tiphareth – 6° Sephirah – ou sobre Thagiriron –
6° Qliphah.
Os astros ou chacras cósmicos representados são: Lua, Mercúrio, Vênus, Júpiter, Marte e
Saturno ou Urano, dependendo da concepção qabalística estudada. Saturno ou Urano ocupam o lugar
de Daath, o “portal” por onde a consciência do explorador se projeta para ter acesso ao lado noturno
e obscuro da Árvore da Vida: os Túneis de Set e as Qliphoth.
Tiphareth (Beleza), a sexta sephirah, é o centro de equilíbrio da Árvore da Vida e está localizada
no meio do pilar central. A experiência espiritual de Tiphareth é a visão da harmonia das coisas e o
cubo é um de seus símbolos. O cubo possui 6 faces quadradas e 24 ângulos. O número místico de
Tiphareth é 21, obtido a partir da somatória dos números 1, 2, 3, 4, 5 e 6 – Σ (1 – 6). O conhecimento
e a conversação com o “Sagrado Anjo Guardião”, a realização da Grande Obra e a correta aplicação
das fórmulas sexuais no trabalho mágicko são experiências relacionadas à Tiphareth.
Thagiriron, a qliphah do Sol Negro, é a esfera dos litigiadores, dos instigadores ardentes e seu
arquidemônio é Belphegor. O indivíduo arrastado pela influência de Thagiriron pode se tornar uma
pessoa egoísta, misantrópica ao extremo, excessivamente orgulhosa, hipócrita, insignificante e
materialista. O indivíduo não percebe a harmonia das coisas e não entende a analogia dos contrários.
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Symbolica Hieroglyphicum
O Hexagrama
POR PHARZHUPH
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Symbolica Hieroglyphicum
O Hexagrama
POR PHARZHUPH
Segundo Eliphas Levi, Paracelso e muitos outros ocultistas, o pentagrama e o hexagrama são
os símbolos principais que podem fazer com que os espíritos se submetam ao magista. Nos livros
tradicionais sobre Goetia lemos que o Selo de Salomão pode ser utilizado para compelir o espírito a se
manifestar na forma humana e ser obediente ao Operador:
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Philosophorum
Bíblia, a Maior Farsa da História
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
Há um outro lado da História que geralmente não é ensinado nas escolas, nem nas igrejas,
nem nas comunidades de bairro, nem nos lares de cidadãos “respeitáveis”. As grandes massas ainda
não sabem que nem tudo é só a educação limitada da escola, da igreja, da família e da mídia (jornais
e noticiários de TV). As grande massas também não sabem que é vítima de neurose coletiva e de
condicionamentos sócio-religiosos institucionalizados. O povo educado no molde judaico-cristão desde
o nascimento provavelmente jamais irá mudar, pois simplesmente engole "histórias" adulteradas,
pasteurizadas e enlatadas que servem para mantê-lo “alimentado” e calado. Sofreu uma lavagem
cerebral ao longo da vida de maneira sutil e insidiosa e, portanto, não é capaz de mudar seus
paradigmas mentais e culturais. Não conhece a história oculta de sua própria religião e, com seu
“manual” bíblico debaixo do braço, “cria” constantemente muitos demônios que lhes assombram a
existência medíocre.
É também algo curioso o fato de que a grande maioria das pessoas ignorantes, grosseiras,
fúteis e gananciosas sejam cristitas! Ou monoteístas de qualquer orientação, mesmo que sejam
negligentes ou simpatizantes. Pelo menos é assim principalmente nos países ocidentais mais populosos
e mais subdesenvolvidos e com elevados índices de analfabetismo funcional, ou seja, pessoas que
lêem apenas letras e palavras mas não sabem interpretar e compreender o que é lido, nem sabem
escrever corretamente ou concatenar idéias. Um exemplo é o Brasil, um dos países mais cristitas e
piegas do continente americano que, segundo informações do Indicador Nacional de Alfabetismo
Funcional, tem um índice de analfabetismo funcional de cerca de 75% (!); nos EUA, outro país
densamente cristita e materialista, é de 21%. Afinal, o “manual” bíblico da ignorância é muito popular.
Os ignorantes desorientados, a maioria de baixo nível intelectual, são iludidos pelos ardis dos
línguas-de-verme (com seu “manual” de prontidão) que lhes mostram uma excessiva e falsa
manifestação de afeto, de amor, de preocupação com os problemas pessoais, bajulando-os, criando
uma ilusão de que eles são muito importantes para Deus e para a seita e gerando uma situação na
qual o indivíduo sente-se uma “vítima” do mundo e que será bem acolhido na “comunidade religiosa”.
Então, “Deus” aprisiona a vítima que passa a viver sob pressão, opressão e repressão, sendo
constantemente ameaçada moralmente com punições divinas. Isto é reforçado com a idéia absurda,
difundida pelo hipócrita e sofismático protestantismo, de que qualquer pessoa, desde o nascimento e
mesmo livre de culpa, já está condenada ao Inferno, ou destinada ao Céu (obviamente, apenas os
“escolhidos”). Assim, com toda essa asneira cristita, os fracos podem perder a auto-estima, o respeito,
a saúde mental, o dinheiro (que São Cifrão e Jesus vêm confiscar) e o livre-arbítrio que, em muitos
casos, a pessoa nem sabe que o possui.
Mas a Bíblia, sendo um manual de criação de toda espécie de pavorosos demônios imaginários
(ou dissociações psicomentais de fanáticos doentes mentais), é um "clássico" exemplo de criação
monstruosa que causa repulsa às sensibilidades mais inteligentes. Colcha de retalhos nada original,
forjada a partir de doutrinas e obras mais antigas, a Bíblia é um plágio disfarçado com milhares de
versões adulteradas e deturpadas ao redor do mundo. A cristandade, com seus muitos santos, anjos,
bestas e demônios (tomados de outras religiões mais antigas) personificados em “pecados”, é um
politeísmo com mal formação, feito de restos mortais cadavéricos e de farrapos podres tal como a
Bíblia. E se tudo na vida dependesse apenas dessa obra frankensteiniana, realmente estaríamos
estagnados.
Há muitas obras importantes no decorrer da História, no mundo todo. As obras citadas a seguir
são, segundo estudiosos, mais antigas do que a Bíblia (que é uma compilação modificada e adaptada
dessas obras). São textos escritos e/ou encontrados na região do Oriente Médio e nas regiões e países
próximos. São obras relativamente conhecidas hoje em dia para aqueles que se interessam em
pesquisar. Mas é claro que ninguém tem tempo de buscar tais obras, de estudá-las e compará-las...
São elas: Epopéia de Gilgamesh (relato sumeriano sobre o dilúvio, etc.), aproximadamente
2600 a.C.; Enuma Elish (poema épico babilônico sobre a Criação), 1800 a.C.; Papiro de Ani (Livro dos
Mortos Egípcio, obra religiosa), 1500 a.C.; Zend Avesta (textos sagrados persas do mazdeísmo), 1000
a.C; Pergaminhos de Qumran (Mar Morto), 200 a.C., ou seja, antes do Novo Testamento; Manuscritos
de Nag Hammadi (Egito, mas em grego), 100 a.C, ou seja, antes do Novo Testamento.
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Philosophorum
Bíblia, a Maior Farsa da História
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
O Novo Testamento foi escrito em grego durante os 100 anos d.C., e o Antigo Testamento foi
supostamente escrito em torno de 1500 anos a.C. e durante esse período. O idioma aramaico surgiu
em 1100 a.C., ou seja, é mais novo do que algumas das obras citadas. O hebraico é, segundo estudos
lingüísticos, uma língua de origem afro-asiática, mais especificamente do nordeste da África, ou seja,
Egito. Moisés, supostamente o autor dos 5 primeiros livros do Antigo Testamento, possivelmente
nasceu em torno de 1500 a.C. Portanto, ele é mais novo do que algumas das obras citadas e
contemporâneo de outras, além do que os outros livros bíblicos foram escritos por outros autores
também contemporâneos às outras obras citadas acima, ao longo da história.
Os fiéis fanáticos e fundamentalistas ignoram tudo isso e decididamente não querem saber. A
grande maioria deles também não sabe:
-que o cristianismo como o conhecemos foi criado por São Paulo, ou seja, trata-se de um
paulinismo hipócrita, uma falsa religião cristã escravagista, misógina, dominadora e materialista;
-que São Paulo adorava apedrejamentos e atos de violência;
-que Pedro, supostamente considerado o primeiro papa, era casado;
-que Santo Agostinho era um pervertido promíscuo e hipócrita;
-que São Nicolau é uma “invenção” baseada na crença em Papai Noel que por sua vez tem
origem em primitivas lendas européias sobre duendes cruéis e canibais que se vestiam de vermelho e
perambulavam pela neve soando sinos e correntes;
-que a invenção da eucaristia tem origem em antigas lendas sobre mortos-vivos, seres
sanguinários e antropofágicos da Europa primitiva;
-que muitos santos eram personagens pagãos que foram “cristianizados” para “facilitar” a
conversão do povo;
-que a Igreja tem um catálogo de aproximadamente 500 santos, pelo menos;
-que a Igreja inventou o celibato para não perder propriedades por causa da lei de herança;
-que a Igreja inventou a canonização e canonizava criminosos e assassinos de não-cristãos;
-que a grande maioria (senão todos) dos símbolos cristãos foram tomados de mitologias pagãs;
-que não existem os textos originais da Bíblia, apenas cópias modificadas;
-que a divisão em capítulos e versículos da Bíblia foi criada por um cardeal inglês por volta do
século XII;
-que a Igreja estimulava as crenças supersticiosas e a ignorância entre o povo;
-que nem Diabo nem o Purgatório existem na Bíblia;
-que, na Idade Média, o povo não tinha a mínima idéia do que se tratava a Bíblia;
-que a Igreja inventou heresias absurdas que jamais existiram há 2 mil anos atrás;
-que cientistas eram executados por suas descobertas, vistas como heresias;
-que as pessoas que possuíam livros eram punidas;
-que o protestantismo sempre difundiu a interpretação literal da Bíblia;
-que o protestantismo contribuiu para o aumento absurdo de crimes e assassinatos
inquisitoriais;
-que a Igreja considerava hereges aqueles que acreditavam em bruxas, e depois, aqueles que
não acreditavam na existência delas;
-que a Igreja inventou a confissão para bisbilhotar a vida íntima das pessoas, principalmente
dos ricos e dos políticos;
-que a Igreja cobrava impostos de prostíbulos;
-que a Igreja vendia indulgências, ou trocava perdões por ricas doações;
-que a Igreja comercializava missas, relíquias, títulos nobres e cargos eclesiásticos;
-que muitos sacerdotes comercializavam sortilégios e simpatias populares;
-que muitos clérigos praticavam rituais depravados com supostas invocações diabólicas
(equivocamente chamadas de satanismo);
-que muitos papas e padres eram (ou são?) promíscuos e incestuosos;
-que a Igreja estimulava as guerras para escravizar e confiscar bens;
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Philosophorum
Bíblia, a Maior Farsa da História
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
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Philosophorum
Bíblia, a Maior Farsa da História
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
Se cada um cultuasse seu deus e calasse a boca, deixando os outros cultuarem quem eles
quisessem, haveria menos problemas na tão paparicada civilização. Portanto, o verdadeiro Diabo
monoteísta e maligno nada mais é do que o próprio homem “civilizado”.
Nos dias de hoje, podemos ver ainda que muitos cristitas neo-evangélicos querem tornar-se
verdadeiros “missionários” do terror da nova Inquisição, bisbilhotando outras religiões, seitas e cultos,
porém apenas quando lhes é conveniente. Para os mais fanáticos e ignorantes, tudo é coisa do Diabo,
inclusive os códigos de barras que aparecem em praticamente todos os produtos industrializados. Mas,
com um pouco de hipocrisia, eles conseguem fazer compras, alimentar-se, vestir-se, morar, etc.,
porque tudo tem o tão temível código de barras. Ou não! Podem estar morrendo de fome ou Jesus
está multiplicando os pães com um passe de mágica (mas a mágica é coisa do Diabo também)!
Entretanto, e paradoxalmente, eles utilizam computadores e internet que também são coisas do Diabo,
mas são proporcionados por São Cifrão, que deveria ser outra coisa do Diabo!
E com a hipocrisia que lhes é peculiar, muitos desses cristitas ou monoteístas clamam por
tolerância, mas não querem ser tolerantes. Como esperar tolerância e respeito quando não se faz o
mesmo? Seguindo o exemplo do Deus bíblico, os cristitas sempre buscaram perseguir e eliminar
aqueles que não fazem parte de seu “povo escolhido”, aqueles que não fazem parte de suas
comunidades nem de sua sociedade-padrão (nivelada por baixo, logicamente). Muitos devotos, crentes
fervorosos, escondem atrás dessa aparência a verdadeira malignidade, a verdadeira perversidade
interior e uma doença mental que sua própria religião e os “bons costumes” podem nem desconfiar,
ou fazem vista grossa. Afinal, são pessoas de Deus que, querendo se igualar ao Senhor, buscam
sacrificar outras vidas (pois elas mesmas não sabem viver), até mesmo no seio familiar, como se
fossem o próprio Deus que cumpre seus próprios desejos perversos.
Enfim, o monoteísmo, a cristandade e a Bíblia, como foram e são conhecidos, podem ser as
maiores farsas e aberrações já criadas na História.
http://br.geocities.com/adrianocmonteiro http://br.geocities.com/viadraconiana
http://br.geocities.com/imaginarius.arte
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Drakon Typhon
Subversão sobre Si
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
Uma subversão luciferiana, sadia e superior sobre si deveria ser o mote de todo aquele que busca
evoluir conscientemente. Não se trata de uma mera subversão dos governos que jamais deixarão de ser
corruptos (a subversão seria inútil), pois o que se pode fazer é evitar, sempre que possível, a submissão em
qualquer esfera da vida social, política e dogmática. Mas trata-se aqui de um trabalho de subversão da
própria consciência, de mudar paradigmas pessoais, sair do comodismo de rebanho, sair da conivência
diante dos próprios condicionamentos, contestar (falsos) valores sociais unânimes que lhes são impostos,
enfim, libertar-se de grilhões sócio-religiosos que restringem o pensamento e a liberdade individual,
estorvando o progresso e a evolução. Não é apenas, lutar por palavras vazias, por palavras bonitas, por
jargões em voga, cujos significados ainda não foram plenamente assimilados pela maioria dos contestadores
e batalhadores sociais. Subversão é algo de dentro para fora, de baixo para cima, uma insurreição que
liberta interiormente o indivíduo, que proporciona paz interior, consciência e controle sobre si. É uma
experiência, uma vivência pessoal e não apenas teoria estéril sem ação para progredir individualmente.
Subverter é causar uma reviravolta no próprio ser, na própria mente, nos processos psicológicos, é
elevar a consciência a um estado de clareza e percepção antes impossível devido aos condicionamentos
impostos pela sociedade e pelas religiões (grandes rebanhos inconscientes) e que degradam o ser humano
como um todo. Subverter é transtornar a moral do escravo, do proletário consumista mecanóide, da família
televiciada, do cristita lobotomizado, para se livrar de influências nocivas e insidiosas. Subverter é livrar-se
da pesada opressão das massas e de sua egrégora de escravidão, sofrimento, miséria e degeneração que
abarca todos os aspectos da vida humana. Subverter é causar uma verdadeira rebelião contra o antigo
estado de ser, contra tudo aquilo que apriosiona o indivíduo, que limita sua mente, que engessa sua
liberdade de expressão, contra dogmas espúrios, contra tabus inúteis, contra regras estúpidas que vêm e
vão conforme o capricho de uns poucos. Subverter é sair da miséria interior para ascender aos níveis
psicomentais e espirituais que podem libertar as pessoas inteligentes das mazelas da civilização mecanóide
que conduz cada indivíduo que a compõe para uma verdadeira despersonalização, como facilmente podemos
observar. Subverter é revolucionar a si mesmo para se tornar superior, mais consciente, mais inteligente,
mais sensível e mais sábio.
Para tanto, há ferramentas disponíveis para essa emancipação individual. As principais delas são a
vontade e o amor próprio que conduzem ao autoconhecimento e à percepção de si. Com essas ferramentas
essenciais cada um buscar todo o conhecimento necessário para se preencher, para estimular sua
inteligência, para afetar sua mente, para lhe conduzir em suas próprias conclusões e para subverter antigos
padrões condicionadores e prejudiciais para a evolução individual. Podemos ver um exemplo disso no
arquétipo de Lúcifer (ou Prometheus), tão mal compreendido, que pode ser considerado uma das maiores
mentes subversivas superiores da literatura oculto-mitológica, mostrando que todos podem se libertar da
escravidão patriarcal, do comodismo, da passividade, da opressão costumeira, da ignorância “normal”.
Além do amor próprio, o amor pelo saber e o prazer pelo conhecimento conduz à aquisição da
ciência, da filosofia, da arte e da verdadeira religião (religar a si mesmo, ao próprio Logos luciférico imortal).
Todo esse conhecimento que aos poucos se vai adquirindo forma uma amálgama na constituição psicomental
que transforma, que muda os paradigmas e torna os indivíduos subversivos superiores em constante
evolução, assimilando o que lhes serve e rejeitando o não presta para os seus propósitos, com vontade livre,
sem coação e sem coerção.
A conjunção internalizada dos quatro grandes pilares do conhecimento humano, ou seja, a ciência,
a religião, a filosofia e a arte, em seus aspectos mais ocultos e subliminares, funciona como um todo
harmônico no próprio ser. Esse conhecimento em sua forma usual, comum, “aceita” pela sociedade, porém
dissociada, dificilmente pode subverter. Mas esse conhecimento formando um todo completo que interage
em si mesmo, subverte os padrões “aceitos” e difundidos pelas podres mídias de massa manipuladas.
Portanto, o cientista revolucionário, o filósofo ocultista, o pensador livre e o artista visionário são os que
mais contribuem para a subversão das mentes inquietas e insatisfeitas, pois eles mesmos são inquietos e
insatisfeitos como luciferianos revoltosos cheios de criatividade, idéias e ideais explodindo dentro de si.
Assim, a subversão sadia superior modifica o estado atual individual, sempre para melhor, para a
próprio crescimento interior, para a expansão da consciência e para o aproveitamento mais holístico da
Individualidade, sempre com discernimento, vontade e prazer. Faz parte dos direitos naturais (a liberdade,
a integridade físico-mental e a vida) de cada ser humano que pensa por si, que busca o conhecimento, o
aprimoramento individual e que possui autodomínio, características que o diferenciam das ovelhas
subservientes.
Agora, você escolhe: subversão ou subserviência?
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Vox Infernum I
Bjarne S. Pedersen, Neo-Luciferian Church
ENTREVISTA, TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO POR PHARZHUPH
A Neo-Luciferian Church é um grupo inspirado pelo ocultismo dos séculos XVIII, XIX e XX,
principalmente por magistas Franceses, Italianos, Alemães, Nórdicos e Ingleses. Também somos
inspirados pela filosofia e pela história modernas e acadêmicas, é claro. Adicione uma pitada de Voodoo
a tudo isso e será a melhor descrição sobre quem somos.
Nós temos uma visão crítica explícita de doutrinas relacionadas à moralidade e então buscamos
exterminar o que nós consideramos "perturbações" no trabalho de extrair poderes mágicos das
crenças. Ocultismo não é sobre política (inclusive pontos de vista morais), mas sobre o estudo das
forças ocultas, criativas em natureza.
Quando isso é dito, eu penso que é importante se lembrar que a Neo-Luciferian Church é
composta de indivíduos que estão lá e que contatam o sensorium espiritual. Isso significa que dogmas
centrais não existem: só há diretrizes. A Igreja é um “todo junto” de força dinâmica. Uma experiência
compartilhada de pessoas que querem trabalhar com estas forças criativas e dinâmicas que nós
experimentamos.
182
Vox Infernum I
Bjarne S. Pedersen, Neo-Luciferian Church
ENTREVISTA, TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO POR PHARZHUPH
Gnosticismo Luciferiano é uma experiência complicada - e muito pessoal. Não há doutrinas que
o explicam profundamente. Você precisa ser um cético desde o começo, contudo ainda aceitar certas
teorias que você quer investigar. Freqüentemente o primeiro passo é sair do medo culturalmente
fundado que algumas pessoas têm de termos como "forças diabólicas" ou "obscuras”, e então descobrir
que essas forças – que podem parecer assustadoras no princípio – são de fato uma fonte de poder
muito potente e criativa. Certamente, se for aplicada do modo errado, pode ser prejudicial, da mesma
maneira que a eletricidade, por exemplo.
Eu não acho que essa energia está preocupada com moralidade ou como você vive a sua vida.
Entre aqueles que aprenderam a ver além das ilusões alguns se beneficiarão e outros ficaram
amedrontados. Eu acho que essa é a natureza desse trabalho.
O Monastério dos Sete Raios e a Ordo Templi Orientis Antiqua são organizações independentes
da Neo-Luciferian Church, administradas habilmente por pessoas que escolheram estas Ordens como
o Caminho delas. Eu tenho grande respeito por estas pessoas, mas não há nenhuma relação oficial
entre nós, e eu não sou delas. Eles têm os próprios trabalhos deles - muito importante - para fazer,
da mesma maneira que nós temos os nossos. No fim, penso eu que nós quase estamos trabalhando
entre si em harmonia. Nós só chegamos à Gnosis por ângulos diferentes.
Para mim não é apropriado discutir o trabalho do Docteur Bertiaux aqui. Baste dizer que o
trabalho mágico dele não deveria ser subestimado, e que ele é certamente um homem que eu respeito
muito. Oficialmente ele é a Cabeça Espiritual da Igreja, no plano físico.
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Vox Infernum I
Bjarne S. Pedersen, Neo-Luciferian Church
ENTREVISTA, TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO POR PHARZHUPH
Há muitos conceitos errôneos sobre o Caminho da Luz. Quem (ou Que) é Lúcifer para
você?
Para mim, Lúcifer é uma entidade viva com aparência multifacetada. Há tantas facetas na vida
e também no mundo espiritual. Em toda a sua vida você assume papéis diferentes, cada um deles
com a própria validade na situação. Alguns chamaram a experiência central do ocultismo por "o
Caminho do Camaleão". O perfeito magista veste a perfeita camuflagem, ele não é reconhecido como
um indivíduo vestindo uma cartola e uma varinha estranha se exibindo num mercado... O perfeito
magista se move sem ser visto e evita a fricção. Esse é o modo mais fácil de obter resultados
duradouros em magick e na própria vida.
Antes de tudo eu direi que há muitas pessoas que acreditam estarem no Caminho de Luz, mas
não estão totalmente nele ou estão num caminho totalmente contrário.
A Escuridão vem da educação de repressão e da censura, da falsificação de informação e de pontos de
vista estreitos como “nós estamos certos e vocês não estão”. Tais tendências são facilmente vistas
nas então chamadas “grandes religiões” do mundo, seja nos fanáticos do Afeganistão ou do Vaticano...
Basicamente não há diferença.
O triste é que este mesmo elemento está começando a aparecer dentro de organizações
denominadas ocultas que estão tentando patentear a verdade e falsificar a história para ganhar
dinheiro e contar para todo o mundo que agora elas são "a verdadeira ordem". Isso é coisa de
estelionatários somente. Magick não é restringida a organizações.
O único ponto de vista que nós enfatizamos é que você nunca deveria acreditar que seu próprio
ponto de vista é o único ponto de vista válido, e que seu senso de "certo" e "errado" é restringido a
sua vida somente, e isso necessariamente não constitui a verdade dos outros. Pelo contrário, há uma
boa chance que sua visão subjetiva da vida seja válida somente para você.
Alguns indivíduos pensam que o Caminho é formado por excessos, crimes, desvios e
práticas mórbidas. O que você diria para essas pessoas?
Tudo que eu posso dizer para estes indivíduos é: cuidem de suas vidas e saiam do meu
caminho! Nós não somos um reformatório. Eu vi muito destes tipos durante os anos, e eu penso que
todas as organizações que trabalham com práticas mágicas (de uma forma ou de outra) às vezes
atraem pessoas desequilibradas que necessitam desesperadamente de ajuda de profissionais.
Você acha que estamos vivendo uma Kali-Yuga? Como a Neo-Luciferian Church
trabalha nessa Era de Ferro?
Não – tais idéias são deixadas para cada buscador. Pessoalmente eu penso que estamos re-
vivendo as coisas como elas sempre foram, temos somente novas considerações e novas teorias do
que há mil anos, por exemplo.
Pessoas muito religiosas sempre acreditaram que estávamos vivendo nos últimos dias e que
nossa civilização agora constitui algo único e superior do que as civilizações passadas. Essa é uma
maneira muito comum – e muito arrogante – de se enxergar o mundo.
Existem necessidades básicas para a vida humana: segurança, alimentação, abrigo, estímulos
(intelectuais, diversão, estímulos sexuais), reprodução e por aí.
Embora nossos hábitos tenham mudado muito desde a idade de pedra, os fundamentos da vida
não mudaram tanto. Nós ainda precisamos nos manter secos na chuva e ter comida em nossos
estômagos.
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Vox Infernum I
Bjarne S. Pedersen, Neo-Luciferian Church
ENTREVISTA, TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO POR PHARZHUPH
As ordenações eclesiásticas são o âmago da Neo-Luciferian Church e elas formam a ligação com o
passado e abrem novos portais para o mundo mágico no presente. Estas ordenações não deveriam
ser subestimadas. Elas transmitem força “dentro” do indivíduo e cabe a ele despertar tais forças e usá-
las para criar resultados com sucesso. Isso nem sempre é fácil, pois o mundo espiritual tem um grande
senso de humor e ele gosta de puxar sua perna. Utilizar estas forças corretamente exige treinamento,
mas o mero processo em si mesmo pode ser muito inspirador.
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Sanguilentus
Evoluído é o Raio Que o Parta!
POR PAULO DE LOYOLA
V Sanguinatio1
Tem uma coisa que realmente me irrita: criaturas espiritualizadas. Sabe aquele tipinho que
anda com um ar um tanto quanto beatífico, com um monte de penduricalhos místico/esotéricos? Ou
então do tipo que vê espíritos benignos em qualquer torrada mal-passada? Ou que desfila por aí com
um séquito de anjos luminosos e bonzinhos? Coisas do tipo. Irritam-me. Muito. Todos eles se acham
formas de vida superiores, não comem carne por amor a seus irmãozinhos animais, sorriem para
qualquer um que pise no pé deles e estão sempre com um monte de atitudes “espiritualmente
evoluídas”. Cá entre nós, Joãozinho, se você é assim, permita-me dar-lhe uma martelada no meio da
testa para ver se você acorda: você está vivendo em um mundo de faz-de-conta. Acorda para cuspir!
Uma das maiores falácias dos espiritualóides é essa idéia de que um mundo equilibrado é um
mundo onde todo mundo sorri que nem idiota, sem “sentimentos negativos”, sem agressividade ou
coisa do tipo. Consideram-se superiores por não participarem da violência do mundo, por não
aceitarem a dor e passarem pelas provações sempre com tranqüilidade. Só que esquecem de um
pequeno detalhe… Alguém aqui conhece experiência mais violenta, dolorosa e traumática do que o
nascimento? Pois é, você está ali, tranqüilão no seu líquido amniótico, quentinho e protegido, em um
escurinho legal, bom para tirar um cochilo daqueles. E, de repente, tudo começa a ficar apertado, a
sacudir, até que você tem de passar por um buraquinho que nem tinha percebido que estava lá e ir
para um inferno iluminado, seco, barulhento e cheio de umas coisas estranhas com ficam indo para lá
e para cá, onde aquela coisa seca precisa entrar pelo seu nariz para você ficar vivo; fora outros
horrores. Que inferno, não? É, se chama vida. A vida começa com dor, trauma e violência. É justamente
nesse sofrimento todo que descobrimos que já não somos mais o que éramos e nos tornamos outra
coisa: de fetos passamos a gente. Ou quase, pelo menos.
E da mesma forma que começa, a vida continua.
A vida se alimenta da vida. Tudo o que vive precisa da destruição de alguma coisa para
continuar vivendo. As plantas se alimentam dos restos de matéria orgânica decomposta no solo. Os
animais se alimentam das plantas. E de outros animais. Vida consome vida. Se me permitem a citação:
1
Ilustração de Lauro N. Bonometti
186
Sanguilentus
Evoluído é o Raio Que o Parta!
POR PAULO DE LOYOLA
[…] um dos grandes problemas da mitologia é conciliar a mente com essa pré-condição
brutal de toda a vida, que sobrevive matando e comendo vidas. Você não consegue se
ludibriar comendo apenas vegetais, tampouco, pois eles também são seres vivos. A essência
da vida, pois, é esse comer-se a si mesma! A vida vive de vidas, e a conciliação da mente e
da sensibilidade humana com esse fato fundamental é uma das funções de alguns daqueles
ritos brutais, cujo ritual consiste basicamente em matar — por imitação daquele primeiro
crime primordial, a partir do qual se gestou este mundo temporal, do qual todos
participamos. A conciliação entre a mente humana e as condições da vida é fundamental em
todas as histórias da criação.
Pois é, Joãozinho… Enfie logo nessa sua cabecinha evoluída que a vida não é um mar de rosas
onde tudo é lindo e todos se amam e andam de mãos dadas por uma paisagem cheia de bichinhos
fofos. A vida é feita de conflito, de luta, de nascimento e morte contínuos. Viver envolve dor, envolve
receber marcas no seu corpo e, muitas vezes, ser o agente das cicatrizes alheias. Isso é a vida real,
aquela que entende o poder e a necessidade do ciclo de morte e renascimento, não apenas do corpo,
mas da alma, da sociedade e da mente.
“Oh, que horror! Que feio!” grita nosso espiritualizado Joãozinho. “Mas eu sou um espírito
evoluído, estou acima dessas coisas feias e malvadas”
Ledo engano, rapaz! Enquanto você tiver esse seu corpinho — debilitado pela falta de proteína
— e viver nesse mundo regido pela dualidade, você pode se achar evoluído o quanto quiser, mas ainda
vai estar preso a essa regra fundamental da vida. Sinto lhe dizer (na verdade, não sinto, não), mas
você ainda está no mesmo barco que todos nós. E o que é pior: está perdendo o bonde da consciência.
A verdadeira espiritualidade não pode ser, e não é mesmo, um ato de auto-ilusão. É uma
tomada de consciência sobre quem você é e da realidade da vida, no mundo em que vivemos; não no
mundo de nuvens cor-de-rosa dos sonhos. E vivemos justamente nessa existência de dor, conflito,
morte. Porque é justamente por essa existência que aprendemos o valor da vida, a realidade da
passagem por seus ciclos e aprendemos, acima de tudo, a aceitar as regras do jogo. Quanto mais
rápido você tomar consciência dessas regras e aceitá-las, melhor será o seu caminho de evolução
espiritual. Evolução espiritual não é a negação da vida, é o aceitar do seu papel no grande esquema
do Universo e cumpri-lo da melhor forma possível. Não tem nada a ver com negação.
Ser evoluído, meu caro Joãozinho, não é deixar de traçar uma bela picanha acompanhada de
cerveja em um churrasco. Ser evoluído é ter a consciência de que a vaquinha que morreu para você
tascar os dentes nas carnes dela, bem como as plantinhas que morreram para você beber sua
cervejinha gelada, fazem parte do mesmo esquema da vida que você faz. E isso significa, meu caro
iludido, que você também vai ter de dar a sua vida mais dia, menos dia. Uma hora você também vai
ter de fazer o seu sacrifício para que outra vida possa tomar o seu lugar. Mesmo que seja para que
um outro você tome o lugar do antigo.
Paulo de Loyola
Frater Heru Behdet
http://horus.deloyola.net/
187
Eudaimonia
Um Esboço Sobre Demonologia – Parte 1 (excerto)
POR PHARZHUPH
Podemos definir Demonologia como o estudo minucioso e sistemático a respeito dos Demônios.
A palavra advém da junção dos vocábulos gregos δαίμων (daimon) e λογία (logia) que significam
respectivamente demônio e estudo3.
Mas o que são Demônios?
Em primeiro lugar devemos observar que a palavra demônio está carregada de significado e
de forças que se relacionam e agem em nosso inconsciente individual e coletivo. Quando mencionamos
a palavra Demônio ou quando ouvimos o nome de um desses “Espíritos”, podemos sentir que há certas
associações entre a palavra e o conteúdo de nossa constituição interior. É comum não sabermos
identificar ao certo quais são esses conteúdos ou relações num primeiro momento, mas sentimos,
percebemos e identificamos essas relações em maior ou menor grau quase que automática e
instintivamente.
Tais percepções costumam estar relacionadas a aspectos considerados inicialmente negativos
e até mesmo ruins pela maioria das pessoas, mas nem sempre foi assim.
Na Grécia antiga o conceito de demônio era bastante abrangente e não havia uma relação
dualista clara entre demônios bons ou maus. Nos Versos Áureos, tradicionalmente atribuídos a
Pitágoras (582-497 a.e.v.4), a palavra se encaixava numa hierarquia de poderes, possivelmente
humanos, que deveriam ser louvados normalmente5.
Sócrates (470–399 a.e.v.), outro célebre e importante filósofo grego, dizia ouvir a voz de um
demônio que o inclinava ora por um caminho, ora por outro, como se o guiasse em sua jornada.
A crença em demônios pessoais era comum na Grécia antiga e a raiz da palavra que
conhecemos hoje provém desse período histórico. Acreditava-se que cada indivíduo possuía uma
divindade particular que presidia seu nascimento e que o acompanhava por toda a vida.
Nas especulações do filósofo romano Apuleio (114 e 125 e.v.6) os homens mais elevados e
sábios estariam em contato com daimones superiores. Tais espíritos serviriam como meios de
comunicação entre os homens e os deuses durante o processo de evolução individual.
Segundo Apuleio, os daimones compartilhavam características humanas e divinas. Podiam se
apaixonar e se envolver com as pessoas, preservavam aspectos divinos sobre elementos da natureza,
eram imortais e podiam influenciar no curso dos fatos cotidianos através de práticas mágicas. Foi
aproximadamente nessa época que surgiram os primeiros esboços para as definições de Teurgia e
Goetia, embora não houvesse uma delimitação certa entre esses dois aspectos aparentemente opostos
da prática mágica, os daimones estavam presentes em ambas.
Num dos primeiros textos do misticismo cristão surgiu uma classe de seres puramente
espirituais que, não por coincidência, ocupavam a posição intermediária entre um deus único e os
seres humanos. O texto conhecido como “De Coelesti Hierarchia”, cuja autoria é cercada de
contradições, trata da hierarquia celeste composta por anjos 7. A cristianização dos conceitos gregos
prévios é evidente e sua função era afastar as pessoas dos “antigos costumes” e dos cultos
“concorrentes” do cristianismo. A lenda cristã diz que o autor do “De Coelesti Hierarchia” foi convertido
ao cristianismo por São Paulo durante o século I da era vulgar, mas acredita-se que seu verdadeiro
autor tenha sido um teólogo bizantino do século V ou VI. É fato que o texto possuía um caráter
apostólico até o século XVI, mas somente no século XIX a Igreja Católica aceitou a tese de que a
autoria do manuscrito era incerta.
2
Gentio: pessoa que não é judia; pagão; aquele que não pertence à seita.
3
Na Língua Portuguesa o sufixo -logia indica um campo particular de estudo.
4
Antes da era vulgar (era de Cristo – era vulgaris).
5
O contrário pode ocorrer de acordo com a tradução: o termo demônio pode indicar uma espécie de divindade
que não deveria ser louvada.
6
Era vulgar (era de Cristo) – era vulgaris.
7
Do grego ággelos “o que leva uma mensagem” ou mensageiro.
188
Eudaimonia
Um Esboço Sobre Demonologia – Parte 1 (excerto)
POR PHARZHUPH
O visionário misticismo cristão construía para si uma estrutura celeste similar em alguns pontos
aos cultos que os procederam, utilizando estratégias e “correções” que permitiam manter e atrair mais
fiéis num processo nítido de dominação.
Os textos bíblicos estão repletos de passagens que fazem alusão ao poder que os demônios
têm para afligir os homens e sobre o poder que Jesus tinha para expulsa-los. Nesse contexto, os
demônios podem ser vistos como agentes necessários para legitimar o filho de um deus único diante
de seus rebanhos devotos.
Um deus único e feroz que promete graças aqueles que se submeterem e seguirem suas leis,
de acordo com seus profetas e suas religiões “corretas”, mas que reserva um caldeirão de fogo e
enxofre aos que se opõe e aos que não aceitam suas “bondosas” leis e dogmas.
A mística judaico-cristã criava seus demônios sobre os pilares das religiões e das culturas que
a procederam. Baal, Astaroth, Belzebuth e outros milhares foram eclipsados pelo pensamento religioso
e místico do “cristianismo” e se tornaram demônios, ídolos cuja adoração conduzia o homem ao
Inferno, à dor e ao sofrimento.
Alguns “pensadores” católicos definem demônios como entidades de natureza maléfica que
trabalham perpetuamente para que os homens sofram, se corrompam e se afastem das boas graças
divinas.
Podemos dizer que a palavra está profundamente associada ao Mal e às suas variadas
personificações devido à ação das correntes místicas e religiosas do pensamento judaico-cristão e
muçulmano que precisavam de força motriz para alimentar suas guerras santas, de argumentos para
manter suas mentiras históricas e de um bode expiatório comum para a fraqueza e a tolice humana,
afinal, segundo eles, os demônios são existências espirituais essencialmente más e destrutivas.
Na Grécia antiga havia a crença de que os demônios estavam associados a fenômenos da
natureza, a certos locais e a comportamentos humanos e isso não passou despercebido pelo
cristianismo que associou demônios aos pecados capitais, às doenças físicas e mentais, às pragas e
todas as mazelas, em contrapartida os homens Santos foram associados a curas e milagres.
Devemos observar que o processo de demonização que uma cultura inflige sobre outras, com
o intuito de exercer dominação e influência sobre os indivíduos de uma sociedade e do mundo, é algo
que existe desde as primeiras grandes correntes místicas e religiosas da humanidade.
Milênios antes do início da era vulgar, na transição dos cultos lunares para os cultos solares no
antigo Egito, as divindades femininas sofreram o mesmo processo de demonização e de extinção
premeditada pelos sacerdotes dos cultos solares masculinos. As imagens de Ta-Urt (Typhon) e seus
caracteres foram sendo associados ao mal e a cultos que deveriam ser esquecidos. Ta-Urt passou a
ser vista como opositora e o feminino passou a ser subjugado pelo masculino num processo que levou
centenas de anos para se concretizar.
A influência judaico-cristã sobre os ocultistas das Idades Média, Moderna e Contemporânea foi
outro fator determinante para definir a negatividade ligada ao conceito de demônio. O que é
plenamente justificável, principalmente na Idade Média quando orientações religiosas e
comportamentos diferentes poderiam culminar em tortura, forca ou fogueira – ou todos juntos.
O abade Eliphas Levi “explica”, em sua tradução do Nuctemeron, que os antigos hierofantes
entendiam os demônios ou gênios como forças morais ou virtudes personificadas, Levi diz que não
eram nem demônios maus, nem anjos bons e nem deuses, mas associa Typhon e Seth à Goetia e à
Necromancia em sua obra “História da Magia”.
Um outro exemplo do ato da demonização engendrado por grandes religiões de massa ocorreu
no período escravagista do Brasil: os escravos de várias regiões do continente africano traziam consigo
suas próprias culturas, crenças e religiões e eram proibidos de manifestá-las nas senzalas. Além de
suprimirem a liberdade e o direito à vida desses homens, também lhes restringiam o direito de
praticarem seus cultos. A Igreja Católica via (e vê) nessas manifestações religiosas e culturais uma
expressão do demônio e de culto satânico. Os senhores de engenho tentavam proibir os cultos aos
antepassados e às divindades africanas impondo imagens de santos católicos e bíblias aos escravos,
o que resultou nos sincretismos religiosos afro-brasileiros que conhecemos atualmente.
189
Eudaimonia
Um Esboço Sobre Demonologia – Parte 1 (excerto)
POR PHARZHUPH
Por ironia, esses mesmos sincretismos são vistos hoje como expressões demoníacas por todas
as religiões protestantes em atividade no Brasil e por grande parte dos indivíduos “cristãos”.
O processo de demonização costuma ser empreendido por grandes religiões monoteístas
quando estão diante de ameaças potenciais contra suas bases dogmáticas, litúrgicas, religiosas e
principalmente financeiras. Vide a Inquisição, as Cruzadas e o fanatismo “islâmico-petrolífero” atual.
Devemos observar que o processo de classificar culturas diferentes como demoníacas e contrárias à
“vontade” do “deus dominante” é permanente.
Para o pensamento cristão, seja ele católico ou protestante, a natureza dos espíritos contrários
aos seus preceitos é uma só: o adversário diabólico denominado Satã. Que faz, com sua corte de
demônios, o mundo cada vez pior até o dia da chegada de algum bravo redentor que seja capaz de
derrotar a essência do mal.
De certa forma, podemos dizer que as figuras que chegaram até nossos dias sob a denominação
de demônios derivam de divindades, espíritos, inteligências, entidades e seres de culturas mais antigas
que possuem características contrárias aos preceitos morais e religiosos de determinadas sociedades
e culturas religiosas “dominantes”.
Tais figuras representaram, em seus tempos e culturas, obstáculos para correntes que
precisavam se impor para defender seus próprios interesses ou de elites dominantes, como nos casos
específicos do catolicismo e do islamismo, por exemplo.
As tradições esotéricas cristãs trabalharam durante grande parte da Idade Média para construir
e organizar um quadro hierárquico dos mensageiros entre Deus e os homens, obviamente sob a luz
da Qabalah. No século I, São Clemente escreveu as “Constituições Apostólicas”, trabalho no qual
descreveu 11 hierarquias angelicais. No século XIII, São Tomás de Aquino estabeleceu a “Suma
Teológica” com 9 hierarquias.
Houve um esforço disperso e paralelo para que as hierarquias infernais fossem organizadas,
categorizadas, catalogadas e diagramadas sistematicamente, especialmente durante a Idade Média e
o início da Idade Moderna.
Foi durante a Idade Média que surgiram os primeiros demonólogos “profissionais”, inclinados
em catalogar e descrever o maior número possível de demônios. Muitos desses demonólogos
professavam a fé cristã, outros eram declarados ocultistas e houve ainda aqueles que se limitavam a
reunir dados para seus trabalhos.
Os manuscritos atribuídos a Salomão eram fontes comuns de pesquisa e muita informação
idêntica é encontrada em livros diferentes sobre demônios.
O Dicionário Infernal de Collin de Plancy é um dos mais conhecidos compêndios sobre
demônios, práticas mágicas, feitiçaria, personagens do ocultismo e da magia propriamente dita. O
livro, publicado pela primeira vez por volta de 1818 e.v., apresenta o significado de palavras associadas
ao ocultismo em geral, desde a definição de Aamon até Zundel. Plancy foi um pensador livre, cético e
perturbado durante boa parte de sua vida, curiosamente se tornou um católico fervoroso por volta dos
37 anos, o que o levou a alterar boa parte do conteúdo de sua obra mais conhecida para adequá-la
aos preceitos da Igreja Católica. Publicou mais de 35 livros, mas sua lembrança permanece viva graças
ao Dicionário Infernal. É possível encontrar uma versão de seu clássico de 1853 no Google Books.
O livro “Os Segredos do Inferno” de 1522, cuja autoria é atribuída a Salomão, descreve uma
hierarquia Infernal regida por Lúcifer (Imperador), Belzebut (Príncipe) e Astaroth (Grão-Duque).
Abaixo deles são citados Lucifuge (Primeiro Ministro), Satanachia (Grande General), Agaliarept
(Segundo General) e Fleurety (Tenente General). O antigo grimório descreve como o Pacto
Daemoniorum deve ser executado, além de apresentar importantes chaves para a evocação prática.
Outro livro que ficou bastante conhecido foi o Pseudomonarchia Daemonum, escrito em 1577
por Johann Weyer, um discípulo instruído pessoalmente por Cornélio Agrippa. Weyer foi um dos poucos
que ousaram criticar a Inquisição, a caça às bruxas e o Malleus Maleficarum em sua época. O autor é
considerado por alguns como um dos pioneiros da psiquiatria e da medicina. Weyer acreditava que
muitas vítimas da Inquisição necessitavam de cuidados médicos ao invés de fogueiras, forca e tortura.
190
Eudaimonia
Um Esboço Sobre Demonologia – Parte 1 (excerto)
POR PHARZHUPH
191
Index Librorum Prohibitorum
Gnose Vodum, Uma Obra de David Beth
POR PHARZHUPH
Numa tarefa heróica e singular em nosso país, a Editora Coph Nia traz à luz do mercado editorial
brasileiro o livro Gnose Vodum de David Beth.
Prefaciado por Michael Staley e sob a tradução iniciada de Ivan Schneider e a revisão de Sérgio
Bronze, o cerne da obra é formado pelo ensaio Into the Meon – Approaching the Voudon Gnostic
Workbook, publicado no Howlings da Scarlet Imprint em 2008. O autor e os editores receberam
repetidos pedidos de muitos estudantes do oculto ao redor do mundo para tornar o ensaio disponível
novamente. Seguindo a proposta do ensaio inicial, David Beth pretende atingir o feiticeiro e o gnóstico
praticantes.
O foco principal da obra é a corrente Vodum Gnóstica como apresentada no Voudon Gnostic
Workbook de Michael Bertiaux.
Nos capítulos iniciais o autor descreve a importância do desenvolvimento prévio e da formação
de uma base sistemática e sólida de teorias e práticas esotéricas. Usualmente, esses primeiros passos
no Vodum-Gnóstico são empreendidos iniciaticamente através dos cursos de quatro anos do Monastery
of Seven Rays. Os princípios e as chaves expostas nos cursos conduzem a uma verdadeira
transformação Gnóstica e Luciferiana.
David Beth explica como os trabalhos das Ordens Vodum-Gnósticas estão interligados e
alinhados com as práticas e teorias da Le Couleuvre Noire.
No capítulo Materiais Escritos e Mundos Interiores o autor aborda a importância, o valor e o
poder dos materiais escritos no contexto esotérico e as outorgas de poder dentro da LCN.
Os capítulos Gnose Vodum, La Prise des Yeaux: A Visão Elemental e Magia Sexual apresentam
o combustível esotérico que dá poder a todas as operações e as transformações Vodum-Gnósticas; o
conceito de “wrestling mediúnico com os espíritos”, que segundo o autor, seria o modo de interagir
com os espíritos da Goetia e os instrumentos para o iniciado “servir” aos espíritos.
O autor apresenta os Point Chauds, tanto quanto processos quanto entidades além dos níveis
de inteligência humana, podem ser desenvolvidos a partir dos Presentments através da “Lógica
Esotérica do Corpo”. A feitiçaria Aracnídea e as viagens no tempo são tratadas no capítulo Le Temple
des Houdeaux.
Temple des Houdeaux é o primeiro templo a ser erigido na consciência esotérica. A construção
do templo mágico na consciência é a chave para trabalhar o sistema Vodum-Gnóstico com sucesso.
Os últimos três capítulos encerram a obra abordando o trabalho com o Grimoire Ghuedhe, a
Gnose de Méon – Universo B e as imagens oníricas.
A edição brasileira ainda traz três apêndices de inestimável valor: Nganga – O Mestre do
Fetiche, A-Mor – Uma Análise Esotérica do Amor e Viagem no Tempo Usando Le Temple des Houdeaux.
192
Index Librorum Prohibitorum
Gnose Vodum, Uma Obra de David Beth
POR PHARZHUPH
O entendimento da obra pode ser um tanto árduo para aqueles que não conhecem o trabalho
de Bertiaux ou que não estejam trabalhando dentro das Ordens Vodum-Gnósticas exploradas e
representadas por David Beth, no entanto, a leitura traz importantes insights para todos exploradores
do oculto e do gnosticismo prático. Embora a não-iniciação nos mistérios internos da LCN e das Ordens
Vodum-Gnósticas prive o leitor de acessar o continuum vodum-gnóstico e esotérico como um Iniciado,
o estudo e a prática dos ensinamentos revelados nas obras de Bertiaux podem expandir
consideravelmente o nível de consciência e o entendimento sobre o Vodum esotérico.
Em Gnose Vodum, aprendemos pelo exemplo de David Beth como construir nosso próprio
universo mágicko e nosso próprio sistema, guiados pelos princípios delineados não dogmaticamente
por Michael Bertiaux em sua vida e em sua obra.
Sobre o Autor
David Beth é filho de diplomatas alemães, tendo nascido em Angola em 1974. Durante muitos
anos ele viveu em vários países africanos, nos Estados Unidos e na Europa. Ele estudou na
Universidade de Goettingen, na Alemanha, assim como na Universidade da Califórnia, em Los Angeles
(UCLA), e possui Mestrado em História, Sociologia e Comunicação.
Em maio de 2005 Docteur David Beth foi nomeado como Soberano Grão Mestre das “Ordens
Vodum-Gnósticas” Ordo Templi Orientis Antiqua (O.T.O.A.) e La Couleuvre Noire (L.C.N.).
Enquanto Bispo Gnóstico Apostólico ele é o Patriarca da Ecclesia Gnóstica Æterna (E.G.Æ.) e o
Chefe da Fraternitas Borealis (F.B.). Atualmente ele trabalha, sobretudo como escritor e palestrante
e, quando não está viajando pelo mundo com fins esotéricos, encontra-se em Londres, na Inglaterra.
A Editora Coph Nia foi fundada no ano de 2006, tendo como meta a publicação de livros
diferenciados sobre “Ciência, Arte & Religião”, eis o nosso mote.
Todos os nossos livros são editados após uma rigorosa seleção do seu conteúdo, uma vez que
o nosso compromisso é o de sempre levar ao nosso leitor os melhores livros. Não subestimamos os
nossos leitores, não nivelamos por baixo a sua capacidade intelectual.
Esmeramo-nos em trazer ao público brasileiro obras de inquestionável valor para o
desenvolvimento cultural e espiritual de todos os brasileiros, principalmente para o nosso público alvo.
http://www.otoa-lcn.org/
193
Traductio
Yoni Tantra – Primeiro Patala
TRADUZIDO POR PHARZHUPH
Kali Yantra
Sentado sobre o pico do Monte Kailasa, o Deus dos Deuses, o Guru de toda Criação, foi
questionado por Durga-da-Face-Sorridente, Naganandini:
- Sessenta e quatro Tantras foram criados, Ó Senhor. Conte-me, Oceano de Compaixão, sobre
o primeiro desses.
Mahadeva disse então:
– Ouça, Querida Parvati, esse que é o mais secreto. Você quis ouvir isso por dez milhões de
vezes. Ó Mais Bela, e é devido a sua natureza feminina que me questiona continuamente.
Você deveria dissimular isso com todo o esforço. Parvati, há o Mantra Pitha, Yantra e Yoni Pitha.
Entre esses, o primeiro é certamente o Yoni Pitha, revelado para você através do amor.
Ouça atentamente, Naganandini! Hari, Hara e Brahma – os Deuses da Criação, Manutenção e
Destruição – todos se originaram na Yoni.
A pessoa não deveria adorar à Yoni se não possuísse o Shakti Mantra.
Essa iniciação e Mantra é Aquilo que Liberta do Inferno.
Eu sou Mrityunjaya, querido de sua Yoni, Ó Devi. Ó Surasundari, Eu sempre adoro Durga em
meu coração de lótus. Isso libera a mente de distinções como Divya e Vira. Ó Deusa Dama, adorando
dessa forma, a Liberação é compreendida.
O adorador da Yoni deveria preparar o Shakti Mantra. Ele (o adorador) ganha saúde, poesia,
sabedoria, onisciência. Ele se torna o Brahma de Quatro Faces por cem milhões de Aeons.
O que adianta falar? Falar não adianta nada. Se uma pessoa adora com flores menstruais ele
possui também o poder sobre o Destino. Similarmente, tendo praticado muito puja nesse caminho, ele
poderá se Liberar.
O devoto deveria colocar Shakti num círculo luxuriante e belo, desprovido de vergonha e de
toda espécie de aversão, encantado por natureza, supremamente fascinante e bonito. Finalmente,
após dar-lhe vijaya, o devoto deveria adorá-la com devoção extrema.
A sua esquerda ele deveria colocá-la, e adorar sua Yoni de cabelos adornados.
Ao redor da Yoni o devoto deveria colocar sândalo e belas flores. Lá, aspirando à Deusa, ele
deveria fazer Jiva Nyasa com mantra, dando vinho a ela e desenhando uma meia lua com cinábrio.
Tendo colocado sândalo em sua testa, o devoto deveria colocar as mãos sobre os seios dela.
194
Traductio
Yoni Tantra – Primeiro Patala
TRADUZIDO POR PHARZHUPH
Tendo recitado o mantra 108 vezes nos braços dela, Amada, o devoto deveria acariciar ambos
os seios, tendo beijado-a antes no pescoço. O mantra deveria ser recitado 108 ou 1008 vezes na
mandala da Yoni.
Após recitar o poderoso mantra ele deveria recitar o hino da grande devoção.
No momento da adoração o Guru não deveria estar presente. Eu sou o adorador. Se o Guru está
presente não há fruto, sobre isso não há dúvida.
O adorador, usando grandes esforços, deveria fazer o resultado do puja para o Guru. Feitas
três oferendas com as mãos cheias de flores, ele deveria se curvar novamente ao próprio Guru. Através
de seus esforços, o homem sábio deveria juntar as mãos em sinal de reverência ao Guru.
Tendo feito o Yoni Puja de acordo com esses métodos o devoto consegue tudo o que é desejado –
quanto a isso não há dúvida. Os frutos disso são vida e aumento de vitalidade, tendo feito Puja para
a Grande Yoni – o qual libera qualquer um do Oceano da Miséria.
Glossário Sânscrito
Brahma: Deus Hindu da Criação. A trimurti hindu é composta por Brahma, Vishnu e Shiva,
respectivamente Criador, Mantenedor e Destruidor.
Divya: divino.
Durga: aspecto guerreiro da Deusa Mãe no hinduísmo. Durga é uma das “faces” de Devi.
Enquanto Shakti é a “força divina”, Durga representa seu aspecto guerreiro. A Deusa Durga é uma
das esposas de Shiva, supremamente radiante e super-heroína.
Hari: um dos nomes de Vishnu, Deus Hindu que Mantém o Universo.
Hara: um dos nomes de Shiva.
Jiva Nyasa: prática para infusão da força vital de Devi.
Mahadeva: nesse contexto trata-se do Grande Deus Shiva, Deus Hindu da Transformação,
Destruição e Dissolução.
Mrityunjaya: um dos nomes de Shiva.
Naganandini: um dos nomes de Parvati que pode ser utilizado como sinônimo para Yoni e para
a Divindade Feminina na Yoni.
Parvati: Deusa Hindu, segunda Esposa de Shiva (Mahadeva), Shakti Divina, encarnação da
Energia Total do Universo.
Patala: os capítulos do Yoni Tantra são numerados em Patalas. A palavra Patala é utilizada para
classificar ou enumerar graus, gêneros, posições, etc. Na literatura Hindu Patala também pode
significar ou fazer alusão aos infernos, submundos ou regiões infernais.
Pitha: literalmente “assento”; “pedestal”; “base”; “fundamento” – a base do Mahalingam
(Grande Pênis) de Shiva ou de outra divindade.
Puja: reverência; honra; adoração; ritual religioso; ritual; “missa”; celebração; etc.
Shakti: poder criativo feminino; conceito ou personificação do aspecto divino feminino. Shakti
representa os princípios dinâmicos e ativos do poder feminino.
Surasundari: jovens donzelas de beleza divina e celestial que servem aos mais Altos Deuses,
são criaturas de natureza romântica e graça enigmática.
Vijaya: vitória; conquistador;
Vira: heróico.
Yantra: desenho ou representação simbólica e geométrica de aspectos de determinadas
divindades. Expressão física de um mantra. Símbolos e instrumentos nos quais a mente se foca em
certos estados meditativos que conectam o praticante com energias divinas interiores ou exteriores.
Yoni: significa Vagina (inclui a vulva e toda anatomia do aparelho genital feminino), passagem
Divina pela qual se dá o nascimento.
195
Traductio
Yoni Tantra – Primeiro Patala
TRADUZIDO POR PHARZHUPH
Yoni Tantra: um Tantra, escritura ou tratado do Kali Yuga atual (Era Negra de Força Destrutiva
/ Era de Ferro). O Yoni Tantra é um diálogo entre Durga e Mahadeva que descreve o Yoni Puja, a
consumação do Yoni Tattva, a Adoração da Divindade Feminina no contexto Tântrico, entre outros. O
diálogo re-vela o cerne oculto sacramental da consumação do Yoni Tattva.
Yoni Tattva: líquidos sagrados secretados pela Yoni, nesse contexto a palavra Tattva também
pode significar Sacramento. O Yoni Tattva também é a mistura e a consumação de fluxo menstrual e
sêmen revelados no Yoni Tantra.
Bibliografia:
196
Vox Infernum II
Nox Sacramentum, Frater Nox
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Você pode nos contar como foi o surgimento do Nox Sacramentum e da Sinistra
Vivendi Productions? Você esteve envolvido em outros projetos ligados à música extrema?
Quais?
Sim, o surgimento de ambas as atividades se deu no ano de 2004 e.v., embora as bases para
tais criações já estivessem sedimentadas alguns anos antes com meu interesse crescente por metal e
conseqüentemente por Satanismo, Thelema, Magia e afins. Houve envolvimentos com projetos
anteriores que não vingaram.
É verdade! Tais manifestações são uma tendência natural em minha opinião, pois os lobos
precisam se separar dos cordeiros.
197
Vox Infernum II
Nox Sacramentum, Frater Nox
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Em primeiro lugar agradeço por nos qualificar dentre os “exemplos positivos”, é um elogio de
grande valor para nossa obra! Existem outros exemplos é claro, com conceitos líricos e ideológicos
distintos, mas igualmente interessantes como Arckanum, Black Funeral, Acheron, Absu, Behemoth,
Kult ov Azazel, Dissection, Xibalba, Opera IX, dentre outros no exterior e ReX InfernuS, Mystifier,
Miasthenia, Songe D´Enfer, Profane Creation, Lord Blasphemate, Hiereus dentre outras no Brasil.
Você está com certeza se referindo à faixa título “Espinhosas Ordálias de Malkuth” tratando de
reflexões pessoais sobre o caminho iniciático e suas manifestações neste plano onde devemos ser
deuses e reis, e a não menos importante “Adventus Filii (Hórus in Orientis)” que apesar do título em
latim trata de um cântico-tributo ao Novo Aeon de Hórus e a tudo o que estiver implicado nele. Eu não
sigo nenhum padrão rígido em minhas composições no sentido de delimitar o idioma no qual me
expressarei, deixo tudo fluir naturalmente. Se amanhã eu acreditar que seria interessante me
expressar em guarani, expressarei sem nenhum pudor em guarani ou em qualquer outro idioma
pertinente. Penso que algumas letras e idéias podem ficar mais bem expressadas em inglês, já outras
em português, assim tudo vai espontaneamente tomando sua forma.
Estou certo de que não existe nenhuma ligação fecunda realmente provada entre o nacional-
socialismo e o ocultismo como tanto se fala e se esperneia por aí. E caso as tenham existido podem
ter certeza que não foi maior do que esta ligação em outras diversas sociedades e sistemas políticos.
Todas as teorias conspiracionistas existentes nesse sentido são frutos decorrentes dos movimentos
neonazistas, que procuraram dar uma justificativa mística para o nacional-socialismo.
198
Vox Infernum II
Nox Sacramentum, Frater Nox
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Frater Nox
Quais são suas principais influências musicais? Frater N.O.X. ouve o que atualmente?
Minhas influências musicais são claro o bom e velho metal (anos 80, sobretudo), com Mercyful
Fate, Running Wild, dentre outros; o que de melhor foi produzido até hoje em se tratando de metal
extremo acrescentando além dos que já citei clássicos como Venom, Bathory, Bulldozer e Hellhammer;
e alguns outros gêneros como a música clássica, música folclórica e também a música ritualística.
Experimentalismos musicais sinistros e extremos como os álbuns “Moon of Characith” do já citado
Black Funeral, e “Vampyr” do Elisabetha, são de extremo bom gosto e altamente estimulantes de
serem ouvidos em certas situações.
E sobre espiritualidade, você poderia nos falar sobre suas influências religiosas,
místicas, espirituais e mágickas?
Sou um buscador e um filho DELE, creio que isto a princípio já basta por si só fazendo com que
maiores definições se tornem até mesmo dispensáveis, mas para facilitar eu diria que grandes
influências são para mim Thelema e Luciferianismo, mas é claro o estudo, o conhecimento e a
experiência por outras vias do Caminho da Mão Esquerda como a Goécia, a Quimbanda, a Magia do
Caos, devem ser vivenciadas e levadas em conta sempre!
Como você acha que as Artes Negras se relacionam com o cenário underground e a
música extrema? Para você, é possível estabelecer tal relação?
Não existe uma relação direta entre ambos, nem mesmo podemos dizer que haja uma relação
madura entre eles. A música extrema e o próprio bom e velho heavy metal como parte intrínseca ao
cenário underground são responsáveis por mudar a cabeça de alguns, fazendo estes enxergarem que
existe algo muito maior do que ser mais uma ovelhinha do rebanho.
199
Vox Infernum II
Nox Sacramentum, Frater Nox
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Infelizmente ou não, esta é uma realidade que se dá apenas em alguns de mente mais inquieta.
Além disso, as produções, por exemplo, de black metal verdadeiramente conectadas com as artes
negras, o ocultismo ou mesmo o tão aclamado satanismo, são pouquíssimas, uma presença ínfima em
meio a um universo de bons trabalhos musicais, mas em compensação conceitualmente pífios e muitos
inclusive beirando a idiotice e infantilidade!
Interesso-me muito pela filosofia nietzscheana, niilista e anárquica! De alguma forma estou
embebido disso ao produzir minha arte. No campo esotérico, os trabalhos de Aleister Crowley, Kenneth
Grant, Michael W. Ford, dentre outros, são extremamente interessantes e inspiradores para mim. No
entanto, procuro tirar nos estudos minhas próprias reflexões e delimitar meu próprio caminho. Minhas
composições são acima de tudo resultado de minha própria experiência e expressão individual. Enfim,
são fruto de minha jornada iniciática!
É natural que o primeiro passo na busca de um iniciado seja a dissolução, a quebra dos tabus,
um novo olhar que surge e que naturalmente leve um adolescente fã de black metal a blasfemar o
doente deus cristão e a todo o comportamento originado nele! Porém da mesma forma que vêm a
descoberta, ela rapidamente pode se tornar uma estagnação se sua vida for exclusivamente blasfemar,
xingar e cultuar o “mal” dos cristãos. Acredito que o “Mal”, assim como o “Bem” sejam conceitos muito
relativos, conceitos que se alteram e se revertem através dos tempos impulsionados por uma rede de
valores que formam uma determinada sociedade. Tais conceitos podem ser complementares e é
sempre necessário que os irmãos negros os conheçam e os compreendam a fim de transcendê-los.
Bem, o que mais gostaria de dizer neste momento é que estou muito satisfeito e orgulhoso
deste lançamento. O Anhaguama é uma nova banda de proposta altamente valorosa e grande conceito
capitaneada pelo grande irmão e amigo Gaius Cassius Longinus que tive a honra de conhecer a anos
atrás quando ele, natural de São Paulo, veio morar em minha cidade no interior de Minas.
200
Vox Infernum II
Nox Sacramentum, Frater Nox
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Sempre primamos por uma grande amizade, consideração e respeito mútuos inclusive apoiando
reciprocamente nossos projetos. Assim, fiz a ele o convite na aurora das atividades da Sinistra Vivendi
Productions para que tivesse o lançamento de seu primeiro trabalho financiado por nós! Gostaria de
avisar aos apreciadores do mais brutal, diabólico e sujo brutal death/black metal para estarem
preparados, pois se surpreenderão com a qualidade do Anhaguama, e sim ainda é possível aliar
tradicionalismo, espontaneidade, devoção e inovação no Metal Extremo!
Na primeira edição do zine Lucifer Luciferax publicamos uma matéria escrita por
você, tratava-se do artigo “Ocultismo, LHP e Conspiração Política”. Esse trabalho foi
bastante elogiado por leitores brasileiros, sendo o primeiro texto do zine publicado pelo site
do Projeto Morte Súbita Inc. O que esse tipo de fato desperta em você? Além do seu zine
Sinistra Vivendi, você possui outras incursões às letras?
Primeiro de tudo é necessário dizer que foi uma surpresa receber seu comunicado de que o
referido artigo havia sido publicado neste importante sitio da web. Pelo visto, agradou ao responsável
pelo mesmo e espero que possa de alguma forma ser interessante aos leitores. Não tenho nenhum
projeto nesse sentido além do Sinistra Vivendi, com o qual tenho procurado trabalhar no intuito de ser
uma referência para o metal extremo e suas possíveis conexões com o ocultismo e caminho da mão
esquerda e para os leitores que realmente se interessam por tal proposta.
Gostaria primeiramente de te agradecer caríssimo Pharzhuph pelo honroso espaço que nos foi
cedido em seu esplendoroso Lúcifer Luciferax Zine, que este continue sedimentando seu caminho em
glória e vitórias sempre e que mais edições de alto nível e qualidade como as duas primeiras que tive
a oportunidade de ler e me deleitar venham e perpetuem a Chama Negra no underground e
principalmente em nossas vidas! Agradeço também a seus leitores pela paciência. Os interessados em
conhecer melhor a arte do Nox Sacramentum e as atividades da Sinistra Vivendi Productions não
hesitem em nos contactar pelo endereço logo abaixo! Que a palavra e a luz inefável de Nosso Senhor
Deus Pai Lúcifer estejam com seus filhos e filhas, irmãos e irmãs! Ave!
Contato
Raynes Castro
Cx. Postal 8073
CEP: 70673-970
Brasília/DF – Brasil
supremeblackarts@yahoo.com.br
http://sinistravivendi.blogspot.com
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Vox Infernum III
Queiron, Marcelo Grous
ENTREVISTA POR LAURO N. BONOMETTI
Hailz! Acabamos de lançar nosso 3º Opus e as críticas têm sido muito positivas cara. Ficamos
praticamente quatro meses trabalhando nesse álbum no estúdio, para podermos alcançar o que agente
queria, e acho que ficamos bem satisfeitos. Na verdade nossa busca pela perfeição é incessante, pois
desde nossa 1ª Demo estamos correndo atrás de resultados que nos deixem satisfeitos perante nossa
proposta, que é de fazer música extrema, com peso e qualidade.
O novo álbum está sendo lançado por um selo Norte-Americano (Buthered Records),
como está sendo trabalhar com eles?
Está sendo muito bom, pois o cara cumpriu com tudo que estava no contrato e no prazo
esperad, e está fazendo uma distribuição legal, com parceria com a Sevared Records dos U.S.A
também.
Quais são as expectativas de vocês para a divulgação deste novo Opus? Os fãs do
Queiron podem esperar uma extensa turnê?
Nossa expectativa é a mais positiva possível cara. Acabamos de fazer o show de lançamento
do cd, e apesar de ter sido um domingo de eleição, e de ter pouca gente, quem estava presente fez
sua parte e dividiu esse momento com agente. Foi de fuder. Uma tour extensa não sei se vai rolar,
pois dependemos dos nossos trabalhos a parte da banda, e fica meio complicado pra gente, mas nós
estamos querendo tocar em todos os lugares possíveis para mostrar a fúria do centauro ao vivo. Acho
que em Fevereiro ou Março 2009 vai rolar uma apresentação em Colatina /ES.
Nós temos contato com o Ballof a mais de 10 anos, e selamos uma amizade fudida e verdadeira,
de tipo, quando uma banda grava algo, agente troca os materiais sem mesmo ninguém ainda ter
ouvido manja? Camaradagem pura mesmo que somente o metal pode proporcionar.
202
Vox Infernum III
Queiron, Marcelo Grous
ENTREVISTA POR LAURO N. BONOMETTI
E nós resolvemos chamá-lo para fazer essa participação como uma forma de homenagear o
Headhunter DC e também por essa música ser uma música diferenciada, vamos dizer assim, com uma
cadência mais lenta, e que também foi proposital, pois sempre em todos os nossos trabalhos existe
algo assim. Então resolvemos chamá-lo, pois sei que ele aprecia o Death Metal que tem algumas
cadências desse modo, e ele aceitou na hora. Então mandei a musica pra ele, e ele gravou a parte
dele lá em Salvador mesmo, e ficamos muito satisfeitos com o resultado desse encontro profano.
Nós tentamos criar um estilo próprio, e apesar de muitas bandas hoje em dia soarem parecidas,
o que também é natural, pois existem milhares de bandas, acho que nós conseguimos criar uma
identidade própria durante esses 14 anos de batalha. Existem diversas bandas que nos influenciaram
e que são muito importantes em nossas vidas e em nossas carreiras e algumas delas são Morbid Angel,
Deicide, Kreator (old), Slayer(old), Venom, Dark Angel, Mercyful Fate, Cannibal Corpse, Behemoth e
outras. Além delas eu escuto alguns compositores clássicos para poder trazer inspiração para meus
solos.
O Queiron é uma banda que ainda está lutando pela cena extrema. Com tudo isso já
fizeram vários e grandes shows como, por exemplo, dividirem o palco duas vezes com o
majestoso Canibal Corpse. Qual foi a sensação de vocês, e o que isso repercutiu no Queiron?
Nossa batalha será eterna, pois enquanto a banda existir e nosso sangue estiver fervendo por
metal extremo, estaremos colocando em prática nossa arte de fazer musica extrema. Dificuldades
sempre vão existir, mas nossa vontade de continuar com certeza vai superar. Dividir o palco duas
vezes com o Cannibal Corpse foi muito positivo, mas o que mais foi importante foi a humildade com a
qual os caras nos trataram.
Acho que uma das principais dificuldades ainda é de tocar ao vivo, numa estrutura descente, e
em condições com o mínimo de decência manja. Mas aos poucos as mentalidades vão se
profissionalizando e creio que teremos uma cena ao nível de nossas bandas.
Com a pirataria, desinteresse, falta de apoio e de união, seria correto afirmar que
nosso Underground está morrendo?
Morrer posso afirmar que não vai, mas que a gente sente que as coisas as vezes tomam um
rumo que tendem a dificultar, mas como bravos guerreiros que todos nós somos, nossa cena nunca
vai morrer.
Pude perceber nestes dois últimos álbuns lançados, duas músicas em nossa língua
nativa, o Tupi-Guarani, estas são: Ejuka Ñandejara Poy’y Pe Ñande Terakua Pora Ha Jajai
(Templas Beholding Failuers) e Toguaepora Añaraity (The Shepherd Of Thophet). Como
surgiu essa grande idéia em incorporá-las no Death Metal?
A idéia surgiu de poder trazer algo diferente a nossa música e um pouco de conhecimento aos
bangers, pois o Guarany foi uma das primeiras línguas da nossa origem. Por exemplo, no Paraguay, o
Guarany é falado com fluência normalmente nas ruas, e acho que essa cultura devia se espalhar em
toda a América do Sul.
203
Vox Infernum III
Queiron, Marcelo Grous
ENTREVISTA POR LAURO N. BONOMETTI
Não digo que é uma influência, mas sim uma homenagem aos primeiros habitantes de nossas
terras, que morreram nas mãos de Cristãos Europeus que vieram dizimar nossas terras. A tradução
de Ejuka Ñandejara Poy’y Pe Ñande Terakua Pora Ha Jajai significa “ Morte aos Cristãos com Honra e
glória, e a tradução da Toguaepora Añaraity significa “ que venha o inferno – o inferno é bem vido. É
simplesmente uma maneira de agente expressar uma outra forma de arte na nossa música.
Como já disse antes, temos total repudia ao Cristianismo, pois acreditamos essa ser a maior
falsidade que o mundo presenciou, e segue cegamente.
Qual a sua opinião para essa grande escória que nos repudia chamada White Metal?
Isso é uma grande palhaçada em minha opinião, pois o Metal nasceu para jogar na cara das
pessoas o que a religião em si faz com elas. O metal nasceu pra trazer o ódio, a vingança, e não a paz
e o amor. É muito contraditório esse termo, então eu tenho um desprezo enorme.
Estamos querendo tocar em todos os lugares possíveis para poder espalhar o ódio do centauro
vingador. É bem provável que em março/abril 2009 nós iremos gravar uma nova promo, pra poder
sacar como estão as músicas novas em estúdio, e acredito que no final de 2009 gravaremos nosso 4º
álbum, para podermos lançá-lo junto com o 15º aniversário da banda.
Cara, esse lance de citar bandas é complicado, pois pode ser que eu esqueça de alguma e seja
injusto entende, então prefiro dar todo o meu apoio e respeito a todas as bandas na nossa cena que
lutam bravamente, resistindo a tudo e a todas as dificuldades. Todas as bandas verdadeiras merecem
nosso total apoio e respeito.
Marcelo, muito obrigado por nos conceder está entrevista. Desejo toda sorte a vocês,
que conquistem muitas glorias e vitórias nesta jornada. Gostaria que você deixa-se uma
mensagem para nossos leitores.
Eu que gostaria de agradecer pelo espaço cedido a nós. Acredito ainda muito em zines, que
são de extrema importância para nossa cena. Continuem fortes em seus propósitos, pois juntos
triunfaremos no front.
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Vox Infernum III
Queiron, Marcelo Grous
ENTREVISTA POR LAURO N. BONOMETTI
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Dramatis
Conheça a Companhia de Teatro Os Satyros
POR PHARZHUPH
Considerado pela Revista Época como um dos 50 motivos para amar a cidade de São Paulo, a
Companhia de Teatro os Satyros anuncia os 13 espetáculos em cartaz durante os primeiros meses de
2009.
A companhia foi fundada por Ivam Cabral, ator e Mestre em Prática Teatral, e por Rodolfo
García Vázquez em 1989. Os Satyros produziram mais de 50 espetáculos e se apresentaram em mais
de 15 países, entre suas produções estão os clássicos da tragédia grega, textos inspirados na obra do
Marquês de Sade e muitos outros.
Destaque especial para a peça Os 120 Dias de Sodoma que está em cartaz no Espaço Dois:
Sinopse: Inspirado no romance do Marquês de Sade, a montagem, que contou com críticas
favoráveis da imprensa e grande adesão do público, está em cartaz desde maio de 2006. O espetáculo
trata das questões filosóficas e políticas colocadas pela obra sadeana, em um contexto brasileiro de
corrupção e decadência das instituições sociais.
Texto: Rodolfo García Vázquez, a partir da obra homônima do marquês de Sade
Direção: Rodolfo García Vázquez
Elenco: Andressa Cabral, Antonio Campos, Bruno de Tarcis, Carolina Angrisani, Diogo Moura,
Erika Forlim, Felipe Thiago Santos, Heitor Saraiva, Henrique Mello, Hebert Nascimento Barros, Hevelin
Gonçalves, Jucelino Rosa, Kléber Soares, Marta Baião, Patricia Santos, Rodrigo de Souza, Robson
Regato, Samira Lochter e Marcelo
Quando: Sábados e domingos, 20h30
Quanto: R$ 30,00 ; R$ 15,00 (Estudantes, Classe Artística e Terceira Idade); R$ 5,00
(Oficineiros dos Satyros e moradores da Praça Roosevelt)
Lotação: 80 lugares
Duração: 120 minutos
http://satyros.uol.com.br
Espaço Um - Praça Roosevelt, 214 - CEP 01303-020 São Paulo/SP - tel. (11) 3258 6345
Espaço Dois - Praça Roosevelt, 134 - CEP 01303-020 São Paulo/SP - tel. (11) 3258 6345
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Dramatis
Conheça a Companhia de Teatro Os Satyros
POR PHARZHUPH
207
Dramatis
Crowley, um Filme de Bruce Dickinson
POR PHARZHUPH
Apresentado e co-escrito por Bruce Dickinson, lendário vocalista do Iron Maiden, o filme
Crowley deve ser finalmente lançado em DVD em março de 2009. A direção é de Julian Doyle e é
estrelado por John Shrapnel e Simon Callow.
Trata-se de um thriller de horror onde um tímido professor descobre ser a reencarnação de
Aleister Crowley, mas a melhor pedida é assistir o filme sem falsas pretensões mágickas e iniciáticas...
O título está disponível para pré-venda no site da Amazon por US$ 24,49.
Inicialmente o filme se chamaria Chemical Wedding, mesmo título de um álbum lançado por
Bruce Dickinson enquanto esteve afastado do Iron Maiden, mas por razões obscuras o título de
lançamento não poderia ser menos criativo.
No site oficial é possível assistir ao trailer e ter acesso a mais informações.
http://www.chemicalweddingmovie.co.uk/
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Dramatis – Cinema Brasileiro
Jardim das Folhas Sagradas
ORGANIZADO POR PHARZHUPH
O filme Jardim das Folhas Sagradas , dirigido por Pola Ribeiro, está em fase de finalização.
Nele é contado a história de Bonfim, negro baiano que tem sua vida virada pelo avesso com a
revelação de que precisa abrir um terreiro de candomblé. Numa época em que o crescimento urbano
acelerado e a favelização transformam as cidades em espaços cada vez menos habitáveis, o
candomblé, religião ancestral trazida pelos escravos africanos, tem uma grande lição de convívio e
preservação da natureza a oferecer. A Bonfim e a toda cidade de Salvador. O filme fica pronto em
março e o lançamento está previsto para o segundo semestre de 2009.
Personagens principais:
Bonfim (Antônio Godí) - Bancário, 40 anos. Bonfim é filho de mãe de santo negra e pai de santo
branco. Criado pela mãe na tradição do candomblé, estudou e pôde ascender socialmente. Aos 40
anos tem uma promissora carreira no banco. Casado com Ângela, mantém um caso com Castro.
Instigado pelo pai, que ocupou o lugar da mãe após sua morte, consulta os búzios e é avisado que
tem que assumir seu papel de sacerdote de Ossain, o orixá das folhas, e que não cumprir pode lhe
trazer graves conseqüências. Bonfim é de Ossain e Oxossi. Ossain é um orixá muito misterioso. Dos
filhos deste orixá diz-se que são muito volúveis, com o temperamento da folha ao vento. E quem lhe
revela as notícias do mundo é o pássaro Eyé.
Martiniano (Harildo Deda) - Branco, 70 anos, solteiro e sem filhos. Há quase 50 anos totalmente
devotado às coisas do candomblé. Padrinho de Bonfim, muito respeitado na comunidade e na religião,
apesar de não possuir a “mão de Ifá” e o poder da vidência. Ferreiro de santo. Seus orixás: Xangô e
Ogum. Ensina iorubá às pessoas do terreiro.
Ângela (Evelin Buchegger) - Mulher de Bonfim. Bonita, nascida no interior de Goiás, sem
familiares em Salvador, para onde veio, trazida por uma empresa goiana. A empresa faliu e Angela
ficou e casou com Bonfim. Sem trabalho e sem procurar estudar, foi se isolando e tornou-se presa
fácil dos pregadores evangélicos.
Jardim das Folhas Sagradas narra uma história envolvente, capaz de atrair e prender a atenção
do público, pela riqueza da linguagem e da trama, construídas com elementos de humor, suspense,
aventura, intriga política, romance, lenda, magia, mistério e drama. Propõe, por outro lado, a reflexão
crítica sobre a história e o presente da cidade do Salvador.
Em diversas dimensões da sociedade local, o candomblé responde por considerável parcela do
amálgama cultural da capital baiana. Sendo a Bahia o lugar onde a diáspora africana manteve mais
acesas as práticas religiosas originais, a abordagem da vida da cidade do ponto de vista do povo-de-
santo é, assim, repleta de significados e de importância.
O fio que tece a trama é o enfrentamento entre o candomblé - tradicional religião afro-brasileira
ritualmente vinculada à natureza - e a expansão imobiliária, um dos fenômenos decorrentes do
crescimento e da modernização de Salvador. A dimensão ecológica do candomblé se revela na
necessidade de espaço e ambientes naturais adequados para sua liturgia. Historicamente, os terreiros
dispunham deste estoque de natureza, ocupando os arrabaldes da cidade, áreas isoladas alcançadas
depois pela expansão urbana. A escassez desses elementos desafia, hoje, a criatividade dos terreiros
de Salvador. Kosí euê kosí orixá (“sem folha não há orixá”), ecoa o provérbio iorubá, enfatizando o
efeito deletério da redução de espaços verdes e da degradação de reservas naturais.
A intensificação da ocupação do solo urbano de Salvador alterou profundamente a dinâmica
dos terreiros e de suas comunidades, impondo-lhes crescentes restrições espaciais, em situações que
obrigam a adaptações e diferentes saídas: a luta para consolidar posições e territórios, a transferência
para áreas mais periféricas ou a mera extinção. Tal contexto delineia o cenário em que o ex-bancário
Bonfim - filho de uma yalorixá e de um jornalista de esquerda - persegue o objetivo de criar o “Jardim
das Folhas Sagradas”. Neste intento, experimentará o sabor do amor e do desprezo, da amizade e da
traição, compartilhando, com o espectador, o aprendizado do uso da força e da sabedoria ancestral do
candomblé para a superação dos obstáculos construídos pelas contradições e conflitos da
modernidade.
209
Vox Infernum IV
Bestial Atrocity, Baron Von Causatan
ENTREVISTA POR PHARZHUPH E LAURO N. BONOMETTI
Uma das pessoas mais importantes para o cenário da música extrema underground, Baron Von
Causatan, vocalista do Bestial Atrocity nos concedeu uma entrevista e expôs seu trabalho a frente da
Vampiria Records e do Bestial!
Hoje a formação atual conta com Baron Von Causatan (Vocal) já tendo passagem como tecladista
da banda Satanáquia (95/96); H. Tumor Blast (Bateria) que já passou pela banda Homicídio e atualmente
tocando também com as bandas Madness e Pancreatite Necro Hemmorágica; R. Dekapitator (Baixo) que
passou pela banda Tormentor; War Commander (Guitarra) já tendo passado pelas bandas Barbarians
Warriors In Search Of Wisdom e Remords Posthume e L. Infernal God (Guitarra) também tocando
atualmente na banda Incinerad.
L. Infernal God foi recentemente recrutado para ajudar o Bestial Atrocity em seus novos
planos e trabalhos. Como foi a negociação entre vocês e ele?
Realmente tivemos a necessidade de encerrar a nossa parceria com o guitarrista Cadaver após o
nosso último show em setembro de 2008. Foi uma situação realmente incomoda, mas necessária visando
os planos futuros da banda e até mesmo o momento atual que estamos passando, algumas situações não
poderiam continuar e outras afetariam o futuro próximo da banda. Foi cogitado nos mantermos em quarteto
novamente, mas vimos como o público estava realmente aprovando a formação em quinteto e com toda a
certeza temos que pensar no melhor para a banda, assim sendo cogitamos alguns nomes por alguns dias e
logo surgiu a idéia de chamarmos L. Infernal God para um teste. Ele teve pouco mais de 15 dias para se
preparar para o teste conosco, chegou no dia com 10 músicas praticamente 100% tiradas e não tivemos
dúvidas após 3hs de ensaio de que acertamos na escolha e que o futuro desse novo quinteto tem tudo para
ser algo excelente. L. Infernal God tem o seu trabalho com a banda Incinerad, onde ele realiza as funções
de guitarrista/vocalista e a intenção é de estar levando as duas bandas juntas adiante, assim como H. Tumor
Blast tem mais duas bandas em paralelo à Bestial Atrocity, não vemos problema nisso, pois felizmente todas
envolvidas nestas bandas são mais do que amigos e com isso facilmente resolvemos as coisas de agenda e
ensaios. Como nenhuma das bandas ensaia no mesmo dia, os eventos sempre são agendados pela Bestial
Atrocity com a maior antecedência possível, nada disso influencia nos trabalhos e assim todo mundo no fim
pode tocar e aproveitar o que de melhor o underground pode nos trazer em cada show!!!
Vocês tocaram no mesmo festival que o Possessed e o Sadistic Intent. O que significou
participar de um show junto com o lendário Jeff Becerra?
Com certeza foi um dos momentos mais importantes da história da Bestial Atrocity, se não o mais
importante até agora. Não tenho dúvida de que é um marco em nossa estrada, será difícil superar este
momento com toda a certeza. O Possessed é um dos marcos históricos do Metal mundial, um dos pais do
Death Metal, a pessoa de Jeff Becerra ali no palco na frente de todo mundo, com uma cadeira de roda,
batendo cabeça e fazendo um puta show é algo para se valorizar e muito.
210
Vox Infernum IV
Bestial Atrocity, Baron Von Causatan
ENTREVISTA POR PHARZHUPH E LAURO N. BONOMETTI
Além do Bestial Atrocity, você está à frente da Vampiria Records. Como é o trabalho de
vocês com relação ao lançamento de novas bandas, com a loja na Internet e com a organização
de shows e eventos?
A Vampiria Records é um trampo como você mesmo já comentou, bem diversificado nos dias atuais.
Realizo alguns lançamentos no formato underground, mostrando e abrindo portas para bandas nacionais e
internacionais do underground. Existe o espaço de vendas e distribuição que vem crescendo muito mais, a
loja da Internet ainda precisa ser melhorada, mas estou resolvendo isso o mais breve possível. Novos
contatos estão sendo feitos para que a loja comece a funcionar logo e muitos outros contatos para realizar
a vinda de muito mais material para distribuição. A organização de shows é algo muito mais feito por paixão
do que qualquer outra coisa, pois atualmente viver de produção de eventos é se preparar para tirar dinheiro
do bolso, pois o público não sai de casa para apoiar os eventos, alguns até saem, mas preferem ficar na
porta do bar bebendo e bagunçando do que apoiando as bandas dentro do salão. Então do que adianta falar
que curte algo ou que faz parte de um movimento se não apóia o movimento realmente?? Ajudamos com
muitas outras situações como organizar vans, ajudar na divulgação de eventos de qualquer lugar no Brasil
e ainda trabalhamos com o agendamento de shows e turnês para bandas por todo o Brasil.
Quais são os temas abordados nas letras do Bestial Atrocity? Quais mensagens vocês
gostariam de transmitir através da música?
Os temas são variados, vão desde antigas civilizações, rituais pagãos até missas negras, rituais
satânicos, divagações sobre o Satanismo e tudo nesse meio. Eu não vejo as letras da banda como uma
forma de passar mensagens para ninguém, eu leio e aprendo coisas nos livros, tiro minhas próprias
conclusões, realizado meus próprios pensamentos sobre determinados assuntos e isso se transforma em
letras, que tanto podem citar temas que li, mas sem usar as palavras dos livros, como podem ser apenas
uma maneira livre de pensar minha para determinados assuntos. Também uso as letras para blasfemar
contra o cristianismo e qualquer outra religião que aliene a mente das pessoas que as seguem.
Basicamente o instrumental sai do pessoal das cordas, eles entregam as músicas para nós nos
ensaios e lá se desenvolve alguns pontos para finalizar a música, todo mundo tenta colaborar da melhor
forma possível. As letras podem estar já escritas e tento encaixá-las ou então após ouvir a música imagino
algo exclusivamente para aquela música. Depende do que tenho em mãos com a música para sair a letra.
Como está o processo de lançamento do debut “Christ Must Suffer”? Como e onde foram
realizadas as gravações? Vocês já possuem um selo para lançá-lo?
O debut já estava praticamente todo pronto e definido, mas surgiu a necessidade de regravarmos a
segunda guitarra desse trabalho e assim teremos uma melhor qualidade final do mesmo. As gravações
foram realizadas no SINC Studio em Piracicaba mesmo. A segunda guitarra será refeita no mesmo local e a
mixagem de algumas partes do debut já estão prontas, com isso teremos a parte técnica de estúdio logo
finalizada neste começo de 2009 e então estaremos lançando o álbum o mais rápido possível. A arte do
material está sendo trabalhada paralelamente e queremos deixar tudo pronto assim que possível. Quanto a
alguma gravadora para lançar o trabalho, já tínhamos como certo a Infernal Kaos Prod. da Coréia do Sul,
até já tínhamos dado como oficial o lançamento por eles, recebemos o contrato para assinarmos e tudo
mais, mas por questões pessoais de ordem familiar do dono do selo eles nos pediram um tempo para
resolver estas questões e neste momento estamos voltando a conversar e definindo o que vamos poder
realmente definir para este trabalho e ser lançado por este selo. Ainda estamos negociando algumas
situações com selos no Brasil, mas espero termos isso resolvido nos próximos meses e realizar um
lançamento simultâneo e assim já sair em turnê para divulgar o debut em todos os locais possíveis do Brasil,
que já estamos preparando.
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Vox Infernum IV
Bestial Atrocity, Baron Von Causatan
ENTREVISTA POR PHARZHUPH E LAURO N. BONOMETTI
Basicamente se difere de tudo. Nada até hoje envolveu tanto como nesse debut álbum, agora
estamos falando de um trabalho extremamente profissional que pode colocar ainda mais a cara da banda
dentro do cenário underground mundial, então a preocupação com o mesmo é total seja em estúdio, parte
gráfica e tudo mais que o envolve. Estamos subindo um nível em nossos lançamentos em termos de
qualidade com esse álbum. Nos anos 90, gravávamos ensaios pros amigos e esses tapes rolavam o país
afora, material que nem eu tenho mais atualmente. Agora temos muitas mais facilidades para gravar em
estúdio ou com as modernidades da tecnologia, podemos gravar um ensaio com um computador com uma
boa qualidade e até mixar e masterizar em casa, sem precisar de um estúdio. Então isso tudo está nos
ajudando totalmente para chegarmos no caminho e no lugar que desejamos agora.
No Split “Negra União Underground”, junto com o Sardonic Impious, uma música me
chamou à atenção: “The Original Sin (We are the Children of Cain)”. Sobre o que essa música fala
especificamente?
Como diz o título, exploro o tema do pecado original, mas ao mesmo tempo mostrando que o ser
humano possui uma alma corrompida por essência, o ser humano já nasce invejando o outro, a inveja faz
parte de nossos “pecados”, a inveja rege o mundo, podendo até fazer uma pessoa matar outra para
conseguir toda a atenção e ter tudo o que se deseja pra si. Então em parte somos os filhos de Cain, que
matou Abel por inveja, que se torna mal em sua essência para ser superior. A letra expõe não só isso como
também uso o argumento de que esse dito pecado abre as portas para a dominação de Satanás neste plano,
seguindo os pensamentos de que os pecados são apenas uma forma de alimentar o desejo mundano da
alma humana para o mal. Falando assim pelo ponto de vista de um cristão, mas sabemos bem que tais
eventos (pecados) são nada mais que algo inserido em nossa alma, algo que faz parte do ser humano e
deixar de sentir inveja ou tentar evitar cometer outros pecados, estamos apenas indo contra a nossa
essência quanto pessoas. Enfim, o pecado original é não aceitar quem somos, é não agir por nossa
vontade...por isso somos os filhos de Caim.
No início dos anos 90, na cidade de Piracicaba, havia algumas bandas que chegaram a ter
alguma projeção na música extrema, em especial o Angel of Light que chegou a lançar um Split.
Pode-se dizer que essas bandas tenham contribuído de maneira significativa para o cenário
underground? Você chegou a integrar alguma dessas bandas?
Na verdade essas bandas surgiram em meados dos anos 90, inicialmente na cena extrema de
Piracicaba os primeiros nomes foram Bestial Atrocity e depois vieram Brutal Carnage (depois Sargathanas)
e Penitence. Por volta de 94 e 95 surgiram a Satanaquia (resgatando membros da Sargathanas) e Angel Of
Light (originada do final da Execrator). A banda Execrator também fez alguns shows na cidade na época e
acabou por encerrar atividades quando faziam um estilo mais voltado para o Death Thrash Metal, para então
das cinzas surgir a Angel Of Light totalmente Black Metal. Eu fui tecladista da Satanaquia até um pouco
antes da banda entrar em estúdio para gravar o split. Sim, as duas bandas tiveram a sua importância para
a cena local e porque não dizer até para o underground nacional, já que este split chegou a ser muito bem
comentado até na Europa.
Infelizmente a cena no Brasil aderiu a este conceito deplorável em minha opinião. Cada indivíduo
tem todo o direito de odiar e seguir o que desejar e quem desejar, não podemos impedir isso. Eu
pessoalmente acho esse tipo de posição errada dentro de um estilo musical, pois o Black Metal não tem
como conceito em seu fundamento em escolher seus músicos ou fãs pela cor da pele.
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Bestial Atrocity, Baron Von Causatan
ENTREVISTA POR PHARZHUPH E LAURO N. BONOMETTI
Isso basicamente surgiu porque o Black Metal a partir de 95 praticamente teve como referencial
muitos países europeus e lá esse conceito racial é muito divulgado, independente de estilo musical. Isso
claro seria questão de tempo para que víssemos hoje esse tipo de associação com o Black Metal infelizmente.
Para mim não interessa a cor da pele da pessoa e sim o quanto a pessoa curte o Black Metal, ou melhor, o
Metal, como música e como conceito ideológico. Longe de racismo e política.
Ainda falando de violência gratuita, o que você pensa com relação ao radicalismo de
muitos Headbangers que brigam por camisetas, pentagramas e uma posição de “status”?
Acho que esse tipo de atitude no Metal atual não ajuda em nada, antigamente os resultados seriam
muito mais eficientes, mas atualmente com tanta oportunidade de se adquirir e conhecer bandas pela
internet, não é com atitudes como essas que vai selecionar quem é o que na cena hoje. O radicalismo usado
de forma consciente, eu acho que ajuda muito, no momento que você pode pressionar um cara que não
está ligando para nada que rola na cena de forma responsável, pode ser a hora que o cara poder acordar e
ver que o lance é atitude e postura mesmo, coisa séria e não comédia. Camiseta hoje em dia qualquer um
leva numa estamparia e faz a dele, música de banda ultra-underground na Internet é rapidamente
divulgada. Por isso arrancar camiseta, acessórios é perda de tempo atualmente. Qualquer um com pouco
tempo de som, hoje, pode conhecer uma banda lá da Nova Zelândia que um cara com anos nem sabe que
existe, a Internet facilita tudo. Antes não, quem conhecia alguma banda underground, conseguia uma demo
do Tormentor (hoje Kreator), por exemplo, era um cara que curtia e mantinha contatos de forma séria. A
Internet e a modernidade toda mudaram os conceitos e maneira de se ver o movimento, por isso certas
atitudes não funcionam mais.
Essa merda está em todo lugar, não é exclusivo apenas do Brasil não, percebemos mais isso porque
sentimos de mais perto, mas se não tomar cuidado vai trombar com uma banda foda com visual e som
igualmente poderosos, mas ao ver os conceitos, tudo vai pra merda. Essa escória no meio do Metal nada
mais é do que uma forma que as igrejas encontraram para tentar resgatar os cordeiros perdidos pelo mundo,
tentar aceitar o Metal dentro de uma igreja hoje é aceitável para que o fã, mesmo cabeludo e com tatuagens,
possa ainda louvar a deus e encher os cofres das igrejas e templos. Há 15 ou 20 anos atrás pelo menos,
Metal e Rock era coisa do diabo e totalmente proibido de se levar para dentro das crenças religiosas, mas
como se perdeu muitos que curtiam Metal para essas idéias imbecis, hoje temos essa comédia toda que
vemos rolando por aí. Metal cristão seja que estilo for não existe, me diga, sem pensar muito, qual é o estilo
do Metal cristão?? Exato, ele não existe, por que? Porque simplesmente é algo empurrado na cena, sabemos
diferenciar cada estilo por letras e som, mas o white se esconde por trás de qualquer estilo dentro do Metal,
até usam hoje correntes, sangue, corpsepaint para se parecer com bandas satânicas do Black Metal para
assim tentar enganar os mais desavisados, o que não raro acontece. Eles se escondem dentro da cena e
sempre tentam de alguma maneira se misturar para depois mostrar quem são apenas em cima do palco,
por isso devemos ter muito cuidado com essa escória cristã.
Falta união, atitude e participação no mínimo... no máximo o povo sair de casa e entrar nos shows
mesmo. De tudo de positivo que já disse sobre a modernidade, aqui eu sou obrigado a ir contra tudo isso.
Simplesmente porque a tecnologia atual facilita a vida, o público não sai mais de casa para ver shows
underground. Preferem ficar no computador ouvindo seus mp3, vendo vídeos no youtube e batendo papo
nos messengers da vida. Eles esquecem que o movimento real é ali na beira do palco, na ponta do balcão,
batendo cabeça lado a lado em um show.
213
Vox Infernum IV
Bestial Atrocity, Baron Von Causatan
ENTREVISTA POR PHARZHUPH E LAURO N. BONOMETTI
A inteiração com pessoas da sua cidade que você ainda não conhece, com as pessoas de outras
cidades que vem até sua cidade e que você pode estar indo na cidade deles também. Isto é o que falta no
underground hoje, nada mais do que ele ter a essência pura do que sempre foi.
Se não tomar cuidado se torna o mesmo que o cristianismo em qualquer lugar. Ambas doutrinas se
tornam apenas religião se for levada de uma forma fervorosa e sem senso crítico. Para mim, seguir uma
doutrina se torna algo estranho se você não puder estar criticando ou mesmo tendo a sua própria forma de
pensar e colocar os seus conceitos. Ambas doutrinas são as bases essenciais do que hoje chamamos de
Black Metal. O estilo foi criado em cima dessas “crenças”, mesmo que antes as bandas falassem mais da
boca pra fora do que tivessem o envolvimento com isso, se observarmos muitas bandas tem até mais
envolvimento com tais doutrinas fora do Black Metal do que algumas que vivem dentro do estilo. Enfim, são
a essência de um estilo, a base ideológica que não podemos esquecer nunca.
Se você fosse atribuir um título à sua “orientação religiosa” qual seria ele?
Eu sou um misto de orientações, por assim dizer, extremas, vivo o meu dia a dia da minha forma
que deve ser. Não me preocupo em dizer que sou isso ou aquilo, prefiro ser EU antes de qualquer crença ou
orientação. Como disse no começo da entrevista sobre as minhas letras, eu leio e tiro minhas conclusões,
sigo os meus próprios conceitos e vivo muito bem assim, sem precisar abaixar a cabeça pra qualquer suposto
líder de alguma crença.
As melhores mensagens já foram ditas acima, se chegaram até aqui, espero que tenham lido tudo
com atenção, assim saberão quais as mensagens eu espero ajudar a divulgar. Lutem pelo que acreditam,
vivam aquilo em que acreditam. Só espero poder encontrar o máximo de pessoas possíveis para debatermos
os assuntos sempre que for possível, tomar algumas brejas nos shows quando for possível, bater muita
cabeça ouvindo o melhor do Metal underground e acima de tudo criando novas alianças. Visitem o site atual
da banda www.myspace.com/bestialatrocity - o único local possível para saberem de nossas novidades, fora
a nossa comunidade do orkut. AVE!!!
214
Index Librorum Prohibitorum II
Sinopses, Literatura Recomendada
POR PHARZHUPH
Baneful Magick
de E.A. Koetting
Orixás
de Pierre Fatumbi Verger
Dictionnaire Infernal
de Collin de Plancy
215
A Nascente
de Ayn Rand
216
Humor Nigrum
Cristo e a Maconha
POR REVERENDO EURYBIADIS
Ver nota8
Um estudo científico sério, publicado pela revista High Times em 2003, revela que os
milagres de Cristo podem ter sido feitos com um óleo baseado de maconha. Segundo o cientista
Chris Bennett, o uso da erva era bastante difundido para ajudar a curar os enfermos naquela
época. Nas escrituras em hebreu do Êxodo encontram-se descrições de que o óleo sagrado
continha até 2 quilos de Marijuana (keneh-bosum). As pessoas que eram submetidas à
consagração eram praticamente submersas nesse óleo milagroso. Uh tempinho bão!
Se ele deu um tapinha o estudo não disse, mas seus fiéis defensores dirão: se fumou, não
tragou!
Os comedores de Bolonha de Chocolate e Maconharronada serão abençoados!
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/030107_cristorg.shtml
Uma questão que sempre esteve comigo enquanto trabalhava como coroinha, era sobre a
sexualidade do peralta menino Jesus.
Há quem diga que ele gostava de se emaranhar com cabras e há quem diga que ele
preferia recorrer aos préstimos de alguma profissional do sexo para dar vazão aos seus impulsos
refreados.
Observando o afresco (bem fresco por sinal) de Giotto na Capela dos Scrovegni, em Pádua,
vemos o bondoso Judas ensaiando uma bicotinha olho no olho com JC.
Esclareço que não sou homofóbico, muito pelo contrário, tenho uma sexualidade bastante
livre e flexível como todo bom libertino, mas a questão que levanto aqui é outra.
Observem a foto dos afrescos:
8
Não encontramos o sábio ilustrador que fez a montagem, mas mesmo assim agradecemos e estamos
utilizando. Foi encontrada em: http://nadave.net/?p=705.
O Reverendo pede desculpas e manda dizer que você vai para o céu por isso!
217
Humor Nigrum
Cristo e a Maconha
POR REVERENDO EURYBIADIS
Agora leiam na Bíblia:1 Coríntios 6:10 – “Não erreis: nem os devassos, nem os
idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões,
nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão
o reino de Deus.” Ora, quem irá para o céu então? Nem Jesus! Lembremos que um de
seus milagres prediletos era transformar água em muito vinho, foi inclusive um de seus
primeiros grandes feitos para animar uma festa de casamento – o que foi bastante justo,
pois levou consigo 12 penetras!
218
Humor Nigrum
O Guia da Internet do Reverendo Eurybiadis
POR REVERENDO EURYBIADIS
Eu, que pensava já ter visto de tudo nessa vida, apresento uma igreja de vampiros cristãos
tementes a Jeová do novo código! O programa é apresentado por um vampiruxo (vampiro
bruxo!). Assombroso! Seria cômico se não fosse trágico! O importante é sempre rir!
219
Humor Nigrum
O Guia da Internet do Reverendo Eurybiadis
POR REVERENDO EURYBIADIS
220
Humor Nigrum
Provavelmente Deus Não Existe
POR REVERENDO EURYBIADIS
Cerca de duzentos ônibus londrinos iniciaram suas atividades em 2009 exibindo o leve
slogan publicitário: “Deus provavelmente não existe, portanto pare de se preocupar e aproveite
a sua vida.”.
A idéia partiu da premiada escritora e jornalista Ariane Sherine. Ariane utiliza o sistema
de transporte urbano londrino e já estava farta de ver propagandas cristãs. Para dar vazão ao
ímpeto ateu, Sherine resolveu iniciar uma campanha para arrecadar fundos para financiar uma
propaganda massiva sobre o ateísmo. A meta era arrecadar £ 5.500,00 (R$ 18.738,57), mas
graças a bolsos ímpios ela conseguiu cerca de £ 135.000,00 (R$ 459.946,87). Esse valor foi
suficiente para bancar o anúncio em 200 ônibus que circulam em Londres e outros 600 que rodam
pela Inglaterra, Escócia e País de Gales.
A profícua iniciativa recebeu apoio de personalidades como Richard Dawkins, autor do
Best-seller “The God Delusion” (algo como “A Ilusão de Deus” ou “Deus, o Delírio”).
A onda atéia promete se estender pelo mundo e já há grupos planejando seus anúncios
em Washington e em Sidney.
221
Humor Nigrum
Sem Deus no Coração
POR REVERENDO EURYBIADIS
http://atheistnexus.org/
http://ateusdobrasil.com.br/
A Atheist Nexus é uma comunidade virtual dedicada a reunir ateus, agnósticos, pensadores
livres, humanistas e céticos numa imensa rede social pela Internet. Os recursos são semelhantes aos
utilizados em sites semelhantes como o Ning e o mais popular Orkut, por exemplo. Em inglês.
O site Ateus do Brasil é diagramado como um blog clássico recheado de bom humor, bons
textos e matérias curiosas. Uma excelente iniciativa para disseminar o laicismo em nossa iníqua e
corrompida sociedade brasileira.
GOD IS DEAD
222
223
Finis, Hoc erat in votis
Últimas Palavras
POR PHARZHUPH
Gostaríamos de agradecer novamente a todos aqueles que nos apóiam e que nos apoiaram
direta e indiretamente, aos nossos poucos e distantes, porém preciosos leitores da Finlândia (Frater
P. Suomi Finland), Itália (Frater Samael), México, Japão, Estados Unidos (US), Porto Rico, Portugal e
Inglaterra.
Agradecemos aos Amigos e Irmãos Adriano Camargo Monteiro e Ivan Schneider e ao Projeto
Morte Súbita Inc. Agradecemos à Deusa D’Água dos Rios, tentação ébano, por suas poucas, porém
inestimáveis e sempre sábias palavras.
Hoc erat in votis.
Meios de contato:
pharzhuph@gmail.com
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=47584181
Parceiros:
http://www.mortesubita.org/
http://www.cophnia.com.br/
Download do Zine:
http://www.mortesubita.org/entretenimento/lucifer-luciferax-zine/
224
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Lucifer Luciferax V
226
Lucifer Luciferax
Publicação Pan-Daemon-Aeônica Aperiódica, 5° Edição, ano 2009 de uma era francamente vulgar
227
Apresentação
Vox Mortem, hoc erat in votis
POR PHARZHUPH
Após um período de embates sufocantes, pudemos novamente trazer até vocês mais uma edição de
nossa singela revista Lucifer Luciferax.
Iniciamos essa edição com o ensaio intitulado “Phosphorus”, gentilmente cedido por Michael W. Ford
e traduzido para nosso idioma por nosso mais recente colaborador, Fernando War.
Na seqüência apresentamos um texto bastante polêmico, escrito por um indivíduo singular sobre
um assunto controverso: o ensaio “Cocaína”, escrito por Aleister Crowley no início do século passado.
Dois ritos atribuídos à Feitiçaria Sexual são trazidos à Luz: “Congressus Cum Lilith-Gamaliel” e o
“Rito de Leviathan”, acompanhados de uma tabela de correspondências sobre os Túneis de Set empreendida
por Pharzhuph.
Os entrevistados dessa edição são o talentosíssimo Wagner Moloch, artista plástico e músico, mentor
dos projetos musicais Naberus e Moloch que acaba de lançar álbum novo – 200 Billion Stars; e Polisvadurc
Isvaricog do Para Tu Eterno Order que lançou recentemente o álbum Lifecode, simplesmente fantásticos!
O Professor Nikolas Lloyd nos cedeu gentilmente o texto “Por que não tenho Livre-Arbítrio”, traduzido
por André Díspore Cancian (Atheus Net) – que também nos cedeu a tradução!
Os singulares poemas de Elaine Z:. e Pedro Henrique Braga Leone dão vida à nova sessão Poetice.
“O Livro do Anticristo” de Jack Parsons, nobremente cedido e traduzido por Ivan Schneider e Editora
Coph Nia, anima a sessão Diabolicus.
Nosso Santo Reverendo Eurybiadis cospe seus maribondos e anuncia que está na Internet e pretende
aumentar sua rede social através de contatos eletrônicos...
Esperamos que apreciem a leitura!
Pharzhuph agradece muitíssimo a todos que têm ajudado, direta ou indiretamente, a manter o
projeto vivo, em especial: Projeto Morte Súbita Inc.; Ivan Schneider e Editora Coph Nia; Fernando War e
Folkvangar Distribuidora; Junior e Thelemateka.org; David Ruv e Loja Noctifer; Irmão Adriano Camargo
Monteiro; Michael W. Ford; aos Amigos Mega (Tiago) e César, por aturarem a insanidade; Viviane C. Sedano,
pela paciência e pelo secretariado-executivo.
O restante do material publicado nessa edição está licenciado sob uma Licença
Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas
2.5 Brasil. Para ver uma cópia desta licença, visite
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/ ou envie uma carta para
Creative Commons, 171 Second Street, Suite 300, San Francisco, California 94105, USA.
228
Índice
Capa: Ilustração de William Blake (1757-1827)
Satã, como Anjo Caído, observa as carícias de Adão e Eva
Ilustração feita em 1808 para o Paraíso Perdido de John Milton
Drakon Typhon
- 230 -
Phosphorus – A Sombra Vindoura de Lúcifer, por Michael W. Ford, tradução por Fernando War
Educare Aliquem Leto
- 237 -
Cocaína, por Aleister Crowley, introdução, tradução livre e adaptação por Pharzhuph
Carcerorum Qliphoth
- 245 -
Excerto de Liber CCXXXI, por Aleister Crowley
Carcerorum Qliphoth II
Tabela de correspondências gerais sobre os Túneis descritos em Liber CCXXXI, por Pharzhuph - 246 -
Ritus Sexualis
- 248 -
Feitiçaria Sexual: Congressus Cum Lilith-Gamaliel e Uniter Lilith-Samael, por Pharzhuph
Vox Infernum I
Pharzhuph Entrevista Polisvadurc Isvaricog - Para Tu Eterno Order - 253 -
Magicæ Linguæ
Notas Sobre a Utilização do Diário Mágicko, por Pharzhuph - 258 -
Poetice
- 266 -
Poemas de Elaine Z:. e Pharzhuph
Humor Nigrum
- 268 -
Reverendo Eurybiadis Cospe Seus Marimbondos
Index Librorum Prohibitorum II
- 270 -
Sinopses de livros e literatura recomendada, por Pharzhuph
Dramatis
- 273 -
Trilogia Libertina-Sadeana Completa: Justine Estréia na Companhia de Teatro Satyros
Vox Infernum II
- 274 -
Pharzhuph Entrevista Wagner Moloch, artista plástico e mentor dos projetos Moloch e Naberus
Charta Salutatrix
- 280 -
Algumas palavras nossos principais Amigos, Parceiros, Irmãos e Colaboradores
Poetice
- 281 -
Poemas de Pedro Henrique Braga Leone
229
Drakon Typhon
Phosphorus – A Sombra Vindoura de Lúcifer
POR MICHAEL W. FORD
TRADUÇÃO POR FERNANDO WAR
Lúcifer, a Pálida Estrela da Manhã, Phosphorus – “O precursor da chama do sol vespertino”, como
Blavatsky tão elegantemente o definiu, é a fundação da base de Magick. Magick por si mesma significa
“Ascensão” em direção à luz de Deus. Deus por si mesmo definido como SELF Individual e a luz do
conhecimento.
“O símbolo da sabedoria nos dado por pesquisa é Lúcifer, o portador da luz. Todos nós procuramos
pela percepção. A Sabedoria é uma filha de Lúcifer. Os astrólogos caldeus, os sacerdotes egípcios,
os brâmanes hindus; todos eles são filhos de Lúcifer. Assim o primeiro homem tornou-se seu filho
quando a serpente o ensinou sobre o bem e o mal. O que eles vieram a saber pela percepção
foram os sagrados mistérios cósmicos. Em frente disso, ajoelhavam-se em devoção. Esta foi a
luz que mostrou às suas almas o seu destino. Na devoção eles receberam sabedoria que se tornou
fé, religião. O que Lúcifer trouxe a eles brilhou divinamente através de seus olhos físicos. Devido
a Lúcifer eles chegaram a deus. Isso significa desunir o coração e a mente se deus for considerado
como inimigo de Lúcifer. Nossos antigos adeptos não elevaram a percepção da mente para a
devoção religiosa, eles paralisaram o entusiasmo do coração.
Para aqueles que estão em busca da luz do espírito, Lúcifer poderá ser um mensageiro. Ele não
irá falar sobre uma fé alheia à percepção. Ele não bajulará os corações para afastar os guardiões
da ciência: Ele irá respeitá-los. Ele não pregará piedade ou benção divina, mas nos mostrará
caminhos para o conhecimento, para transformar-se em sensação divina dentro da devoção do
espírito cósmico. Lúcifer sabe que o sol radiante nascerá apenas no coração do indivíduo; mas
ele também sabe que os caminhos da percepção é que levarão este indivíduo à montanha onde
o sol aparece em sua divina radiação. Lúcifer não é um demônio guiando Fausto aos infernos;
“Ele deve ser aquele que desperta aos que acreditam no conhecimento, aos que desejam se
transformarem no ouro da sabedoria divina”.
230
Drakon Typhon
Phosphorus – A Sombra Vindoura de Lúcifer
POR MICHAEL W. FORD
TRADUÇÃO POR FERNANDO WAR
Lúcifer mantém-se no limiar entre a Aurora e o Crepúsculo. O portador da luz, símbolo da força
thelêmica e da sabedoria divina, emerge. A era de Lúcifer é a ascensão do que Blavatsky definiu
“Phosphorus”, a força cósmica da iluminação e da luz. Lúcifer é a força do ar, enquanto Satã, o
duplo, e a forma corrompida daquele que porta a Luz é o fogo ativo. Esta dualidade é a essência
transformadora de nosso progresso e evolução.
O Lúcifer romano emerge como “aquele que traz a Luz”, Lucem Fero... O portador da tocha. Um
Deus Gnóstico; a bíblia Sagrada menciona pouco sobre ele nas suas bases de origem:
“Tu eras o querubim ungido que cobre; e estabeleci-te, de sorte que estivesses sobre o monte
santo de Deus; andaste no meio das pedras de fogo. Pela abundância do teu tráfico encheram de
violência o teu interior, e pecaste; portanto te lancei, profanado, do monte de Deus, e te
exterminei, ó querubim cobridor, do meio das pedras de fogo.”
Ezequiel 28:14-16
Após isso a estrela matutina, como era chamado, tornou-se o Dragão e o Diabo. Shaitan foi a
base para essa materialização, o que significa opor-se, acusar. Lúcifer foi invariavelmente o primeiro
rebelde.
Lúcifer é do Espírito de Luz do qual a base da Magia Luciferiana é ascender até a Divindade. A
luz do espírito é baseada na percepção e na claridade de um indivíduo desperto. Percepção é o
veículo do conhecimento e o que o indivíduo pode entender. O Cristianismo ensina a aniquilação da
percepção e a repressão da mente desperta. O entusiasmo da consciência direcionada, carregada
com o brilho da luz Luciferiana conduz todos os indivíduos a tornarem-se Deuses por si mesmos.
Lúcifer é o Anjo Caído da Luz. Nasce forte na luz do espírito de Deus, sua coroa ostenta as mais
lindas jóias da Terra. Sua essência foi o Sol, a sabedoria divina e a iluminação resplandeceram
completamente Nele. Nenhum outro Anjo ou Serafim brilhou como Lúcifer.
Como todos os seres de luz e Vontade, um grande fogo emergiu de Lúcifer. Ele quis se tornar
Deus, ascender à Divindade. Nisso um grande rebelde nasceu. Permanecendo contra as Hierarquias
Sagradas, Lúcifer reuniu muitos de seus seguidores Serafins, Leviathan, Belial, Astaroth,
Asmodeus/Samael, Mefistófeles, Dagon, Sorath/Shaitan, Beelzebub e uma série de outros para
manter-se na luz da Individualidade Superior e opor-se a aqueles que se mantém contra o brilho
individual9; a infinita possibilidade da existência.
Uma grande batalha ocorreu, corpos etéreos e astrais foram devorados pelos ataques
agressivos. Os Serafins que vislumbraram o trono de Deus deram tudo sob a bandeira de Lúcifer.
Nada se manteria nos caminhos da liberdade individual e da luz da Divindade; o nada é a base para
a destruição e o início da criação. A Estrela Matutina estava erguendo-se, as hostes angélicas
temeram esses seres luminosos.
Finalmente o sagrado anjo Miguel (quem se mostraria competente em Magick aplicada às
curas) e sua grande horda superaram os Espíritos Luciferianos. Estes últimos foram lançados para
além dos portões do Céu em direção da Terra. Junto com eles caíram os Nephilim. Descendendo,
os espíritos perderam toda a percepção de tempo e espaço; sabendo que a grande derrota tinha
ocorrido.
9
Phosphorus
231
Drakon Typhon
Phosphorus – A Sombra Vindoura de Lúcifer
POR MICHAEL W. FORD
TRADUÇÃO POR FERNANDO WAR
Lúcifer acordou antes dos outros. Sua coroa estraçalhada, perdida na luta pelo trono do caminho
divino, estava em algum lugar sobre esta Terra. Lúcifer permaneceu ereto, mantendo unidos seus
sentimentos e senso de Individualidade. “Eu permaneço e emirjo ainda. Os segredos do universo
serão meus e a luz ocultada é a mim destinada”. Os outros permaneceram inconscientes,
ameaçando penetrar no grande abismo sem forma que jazia em qualquer período de tempo.
“Eu os chamo agora para acordarem e levantarem-se, Deuses na luz do Céu. O Inferno é nosso e
nós devemos torná-lo um paraíso por nós mesmos. O Universo é gentil e tudo que precisarmos nos
será provido enquanto estivermos aqui e levarmos isso adiante. Levantem-se e juntem-se a mim.
O mundo pode ser nosso sob nossa luz... Despertem!”.
Os serafins caídos começaram a se levantar e a tomar forma. Eles deveriam espalhar-se em várias
partes da terra e do abismo. Os Deuses e Deusas devem se erguer das Cinzas. Muitos descenderam
ainda mais, outros se tornaram como anjos de luz. Leviathan e Samael decaíram, Lúcifer se tornou
um Anjo de Luz.
Belial, que se transformaria num Demônio, tornou-se um espírito preso a Terra.
Astaroth, vagando pela Terra em um grande dragão. Leviatã, um demônio que se tornou do oceano
e que existia simultaneamente no plano astral e nas profundezas do mar.
Leviatã, junto com os outros anjos caídos, se tornou um ideal, um foco de energia cujo poder ainda
permanece dentro de todos nós. Esperando o momento do acontecimento, estes atavismos
Demoníacos existem em níveis subconscientes da mente.
A abertura dos portões do abismo leva a psique a aproximar-se deles e tornar-se algo em uma
evolução progressiva.
Lúcifer permanece como a fonte principal da Magick Astral (i.e., Projeção Astral, Controle dos
Sonhos, etc.). Lúcifer é a balança entre as instâncias de Sombra e de Luz, o Sangue Vermelho e o
Raio Negro. Lúcifer é a cor da mente desperta e esclarecida. A Psique que está aberta à inspiração
mágica.
Blavatsky compreendeu a importância de balanço no indivíduo, ascender o indivíduo do estado de
besta como qualidades tão inerentes ao nosso subconsciente. Ela escreveu: “Então está provado
que Satã, ou o Ígneo Dragão vermelho, o “Senhor Phosphorus” e Lúcifer, ou “Aquele que Porta a
Luz” está em nós; é nossa mente de tentação e Redenção, nossa inteligência libertadora e salvadora
do animalismo puro”.
Asmodeus/Ahriman é a fonte chave para a Feitiçaria da terra baseada em Magia Negra. Asmodeus
é o Deus da Bruxaria Negra, Feitiçaria, Necromancia e diabolismo. A balança de Ahriman/Asmodeus
é unir o lado carnal, material da vida com o espiritual ou Luciferiano. Falhar em qualquer um dos
dois lados poderá resultar na destruição do Self10. A Magia Negra é a fonte de se fazer a Psique
imortal, sobrevivendo à prisão terrena após a morte. A Magia Luciferiana é o foco da projeção Astral
e Magia Sagrada. Ascensão é o primeiro objetivo para projetar-se em direção à divindade.
O Rito de Lúcifer foi desenvolvido através de minha experiência pessoal em afetar o indivíduo de
várias maneiras. A mudança é sempre reversível se o Self não está no mesmo nível que o restante.
Isso pode traduzir que a mudança deve ocorrer em todos os níveis moleculares. O todo deve ser
atingido por todos os lados.
Lúcifer deve ser absorvido e esquecido. A queda é simplesmente os Serafins, descendo à carne, o
cérebro do Feiticeiro.
10
De si mesmo.
232
Drakon Typhon
Phosphorus – A Sombra Vindoura de Lúcifer
POR MICHAEL W. FORD
TRADUÇÃO POR FERNANDO WAR
Lúcifer deve ser conectado ao espírito e ser alinhado com o Sagrado Anjo Guardião para uma união
completa. A produtividade então se ergue e um forte senso de caráter é construído assim. Os
indivíduos que pretendem prosseguir com esses ritos devem estar preparados para os danos caso
uma falha venha ocorrer, pois os danos são bem reais. Insanidade, que é deslocamento e
desequilíbrio de muitos egos que formam uma união - são corrompidos e a insanidade domina o
indivíduo. O Mago Negro deve estar plenamente equilibrado a fim de evitar os perigos que tentarão
a mais estável das mentes.
A Sombra Vindoura de Lúcifer ocorre quando o Self o absorve e esquece o espírito. A posterior
ressurgência atávica irá convocar Lúcifer e o Anjo Caído se tornará você em todas as formas. Isso
pode ser realizado uma vez que o espírito é chamado e, através da postura da morte, um
realinhamento pode ser feito. Considere essa absorção espiritual como sendo nos tempos modernos
um download de um programa em seu computador. Uma vez que isso seja feito, para tornar-se a
parte desse espírito os muitos “eus” deverão estar conectados de alguma forma. O espírito é
esquecido e se manterá profundamente no subconsciente que se chama abismo. Quando chegar o
momento para esse espírito se erguer e tornar-se totalmente uma parte do Self, o “Programa” só
poderá funcionar se o computador for desligado e reiniciado. A mente trabalha com essa capacidade
em consideração à semelhança. O espírito, através da Postura da Morte, irá se re-alinhar e os
poderes ficarão ao seu dispor para a prática.
Muitos espíritos da Ascensão dos Caídos operam de maneira similar, exceto este que é o mais
perigoso. Muitos outros espíritos são invocados e muitos são energias demoníacas que devem ser
absorvidas através da Vontade e do Controle.
Aleister Crowley nos deu a síntese moderna e fundação do pensamento Luciferiano. “Faze o que tu
queres há de ser o todo da Lei” e “Amor é a lei, amor sob vontade”. Dois manifestos que esclarecem
o caminho de ascensão individual até a Divindade: em seu poema “Hino a Lúcifer” Crowley
apresenta o portador da luz em um aspecto Thelêmico. O homem não deve mais ser subserviente
a uma religião que destruiria suas bases e direitos de escolha pessoal.
O dogma é também uma armadilha que pode levar à estagnação espiritual. O crescimento é
necessário através da liberdade de uma existência aberta, que através do poder da vontade e do
direcionamento, poderá modificar-se, tomar forma e correr em seu curso natural.
O indivíduo Luciferiano é no fundo um predador, mas que balanceia ação e pensamento com
compaixão e tolerância quando as emoções se manifestam. Um indivíduo Thelêmico é por definição
livre para decidir o curso adequado pelo qual a sua vida irá se desenvolver.
Freqüentemente vários clubes, ordens e outras doutrinas irão enganar o indivíduo e fazê-lo aceitar
um código e uma “desinformação” das mentes. Isso deverá acontecer apenas se for uma forma,
um objetivo no qual a progressão e a evolução individual forem plausíveis. Caso não, qual seria a
diferença entre uma organização que se intitula oculta e um entusiasta da Igreja Cristã?
A essência da Bruxaria parece adormecida e não muito clara em nossa era. A Wicca apresenta a
natureza com um semblante bonito e fictício (cinematográfico), o que na verdade não é o caso. A
natureza é bela, positiva e luminosa, assim como destrutiva, assassina, predatória e negra. Esse é um
ponto extremamente significativo pelo qual os indivíduos devem ficar atentos e serem capazes de
refletir com atenção.
A Wicca é no final das contas uma poderosa ferramenta para aqueles que utilizam a magia em
conjunto com a própria vida para uma finalidade específica. A Bruxaria Negra ou Magia Sabática
constitui um equilíbrio de energias de Luz e Trevas.
A Bruxaria é uma ferramenta do Espírito Luciferiano e as formas divinas da Magia Sabática são
muito familiares para da exploração individual da Divindade através da Ascensão. A Feitiçaria é uma
extensão da Bruxaria e é baseada nos poderes da terra, associados com os da água, do ar e do fogo.
233
Drakon Typhon
Phosphorus – A Sombra Vindoura de Lúcifer
POR MICHAEL W. FORD
TRADUÇÃO POR FERNANDO WAR
11
Ver The Book of Pleasure de Austin O. Spare
12
A Divindade inerente ao Indivíduo que busca ascender pela via Luciferiana.
13
Pletora: s. f. 1. Med. Estado que se caracteriza por turgescência vascular e excesso de sangue. 2. Bot. Excesso de
seiva, que dificulta a florescência e frutificação das plantas. 3. Qualquer superabundância indesejável.
234
Drakon Typhon
Phosphorus – A Sombra Vindoura de Lúcifer
POR MICHAEL W. FORD
TRADUÇÃO POR FERNANDO WAR
Tais doutrinas de “mal” e “bem” são desculpas para não se lidar com a essência do Indivíduo. É
apenas explorando o mais perigoso, o mais poderoso e a mais excitante parte de Nós Mesmos que a
sombra será trazida à luz e um Deus ou uma Deusa poderão emergir.
Lúcifer mantém-se na balança entre a carne e o espírito. O ego ou o “Eu” em mudança constante
deve continuar a se manifestar conscientemente de forma positiva. Como Aleister Crowley mostrou no
artigo intitulado “A Interpretação Iniciática da Magia Cerimonial” (publicado no Goetia14):
Os espíritos da Goetia são partes da mente humana. Seus selos, então, representam (o cubo
projetado do Sr. Spencer) métodos de estimulo ou regulação desses pontos específicos (através
da visão).
a) Os nomes de Deus são vibrações calculadas para estabelecer controle sobre o cérebro humano.
(Estabelecimento das funções relativas ao mundo sutil).
b) Controle sobre o cérebro em detalhe (Grau ou tipo de Espírito).
c) Controle de uma parte especial (Nome do Espírito)
14
Ver o livro The Goetia – The Lesser Key of Solomon the King traduzido por MacGregor Mathers, editado com a introdução
de Aleister Crowley, Weiser Books, página 17.
235
Drakon Typhon
Phosphorus – A Sombra Vindoura de Lúcifer
POR MICHAEL W. FORD
TRADUÇÃO POR FERNANDO WAR
O caminho para a Divindade logo virá em um foco claro e inalterado. A Percepção existe através do
uso de todos os sentidos disponíveis. Experiência e conhecimento são as chaves Faustianas para o
próximo passo da evolução.
236
Educare Aliquem Leto - Introductio
Cocaine, Aleister Crowley
INTRODUÇÃO POR PHARZHUPH
O texto escrito por Aleister Crowley no início do século passado pode parecer num primeiro
instante com alguma espécie de apologia ao uso de drogas. Tanto o autor quanto o assunto estão
cobertos por insígnias nefastas: de um lado temos Crowley, persona non grata, agraciado por alguns
tolos com a alcunha de pior homem do mundo; do outro lado temos um assunto que costuma ser
varrido para debaixo de alguma pesada mobilha, um assunto coberto de preconceitos, mas que está
por detrás de pesadas engrenagens que movem muitos mecanismos morais, sociais, familiares,
interiores, criminosos, políticos e financeiros: o uso de drogas ilícitas.
Nos tempos em que o ensaio foi escrito a cocaína era uma droga prescrita por médicos à
pacientes portadores de certas patologias. Era também a base de cosméticos e de outros
medicamentos, desde loções pós-barba até tônicos para corar a pele de jovens pálidas. O próprio
Freud a prescreveria para algumas de suas pacientes.
É óbvio e certo que se trata de uma droga potente, destruidora e que faz o homem subir
voluntariamente ao cadafalso, além disso, trata-se de uma substância que tecnicamente não deveria
ser encontrada com tanta facilidade, haja vista que é definitivamente proibida. Qualquer pessoa pode
comprá-la sem muita dificuldade.
No ensaio que apresentamos, Crowley divaga entre extremos poéticos que vão da beleza
onírica ao mais profundo inferno da dependência e da prostração. No emaranhado de idéias o autor
aponta os pontos cruciais que poderiam guiar as pessoas para longe das margens dessa morte auto-
infligida: a educação ao invés da proibição e do cárcere. Ele diz: “O remédio está em dar para as
pessoas algo sobre o que possam pensar, em desenvolver suas mentes, em preenchê-las de ambições
mais além dos dólares, em instaurar uma pauta de logro que fosse medida em termo de realidades
eternas. Em uma palavra, em educá-las”. Naturalmente Crowley não defende as políticas de proibição
e diz claramente que cada homem tem o direito de destruir a própria vida como queira.
A proposta da publicação desse ensaio é somente trazer ao leitor de nossa língua as idéias que
Aleister Crowley publicou um século atrás. Não fazemos apologia ao uso de qualquer substância ilegal
e não incentivamos nenhuma espécie de contravenção às leis vigentes. Em nossa opinião, cada
indivíduo deveria dizer o que quisesse às drogas, desde que fosse capaz de arcar com todas as
responsabilidades e conseqüências diretas e indiretas que elas causam para si, ao seu redor e aos
outros indivíduos.
Vemos muitos de nossos conhecidos usando cocaína com certo controle, mas vemos também
alguns indivíduos sendo controlados pelo amontoado de cristais alvos.
A sociedade e seus hipócritas olhos morais os apontam e os condenam. Por outro lado, essa
mesma sociedade decadente, exalta Ritalinas, Valiuns e Prozacs e promove sua própria fuga artificial
de tarja negra. Ovaciona as ciências modernas da mente com suas pílulas e comprimidos que não
promovem outra coisa além de um outro vício, um outro paraíso artificial.
237
Educare Aliquem Leto
Cocaine
POR ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO LIVREMENTE E ADAPTADO POR PHARZHUPH
De todas as Graças que crescem sobre o trono de Vênus, a mais tímida e ardilosa é essa donzela
que os mortais chamam Felicidade. Nenhuma é tão avidamente procurada; nenhuma é tão difícil de
conseguir. De fato, somente os santos e os mártires, normalmente desconhecidos pela humanidade, a
encontraram; alcançaram-na fundindo neles mesmos o sentido do Ego com o aço incandescente da
meditação, dissolvendo-se naquele divino oceano de Percepção cuja espuma é calma e de perfeita felicidade.
Para os outros, a Felicidade surge somente de forma casual; quando menos é procurada, talvez
apareça. Buscareis sem encontrá-la; perguntareis, e não obtereis resposta; golpeareis, e não se abrirá
diante de vós. A Felicidade é sempre um acidente divino. Não é uma qualidade definida; é a plenitude das
circunstâncias. É inútil mesclar seus ingredientes; na vida, os experimentos que a produziram no passado
podem se repetir indefinidamente, com destreza e variedade infinitas, em vão.
Que uma entidade tão metafísica possa se produzir em um momento, e não por meio da sabedoria
ou de uma fórmula mágica, mas por uma simples erva, parece algo mais do que um conto de fadas. O mais
sábio dos homens não pode aumentar a felicidade de outros, ainda que lhes conceda juventude, beleza,
abundância, saúde, juízo e amor; o mais baixo vilão, tremendo em farrapos, destituído, doente, velho,
covarde, estúpido, um mero brejo de cobiça, pode tirá-la rapidamente como um sopro. A coisa é tão
paradoxal quanto a vida e tão mística quanto a morte.
Olha esse reluzente montinho de cristais! Eles são Cloridrato de Cocaína. Para o geólogo parecerá
mica; para mim, o alpinista, elas são como flocos de neve, alados e resplandecentes, que florescem
especialmente ali onde as rochas sobressaem do gelo das fendas das geleiras e há aqueles que o vento e o
sol beijaram e se converteram em espectros. Para aqueles que não conhecem as grandes montanhas, eles
podem sugerir a neve que centelha entre as árvores em casulos de luz e brilho. O reino das fadas possui
tais jóias. Para aquele que as prove em seu nariz – seus acólitos e escravos – devem parecer como o orvalho
do alento congelado na barba de algum grande demônio da Imensidão pelo frio.
Nunca houve um elixir mágico tão instantâneo quanto à cocaína. Dê isso não importa a quem,
escolha o último fracassado da terra; deixa que ele sofra todas as torturas da enfermidade; arrebata dele
toda a esperança, fé e amor. Então olha, observa o dorso da mão cansada, a pele descolorida e enrugada,
talvez inchada por algum eczema agonizante, talvez putrefata por alguma chaga maligna. Que coloque sobre
ela essa neve reluzente, só uns poucos grãos, um montinho de pó estrelado. O braço consumido se levanta
lentamente até a cabeça, que é pouco mais que uma caveira; a respiração débil absorve esse pó radiante.
Agora devemos esperar. Um minuto, talvez cinco.
Então sucede o milagre dos milagres, tão certo quanto à morte, mas tão imperioso como a vida;
algo ainda mais milagroso, por ser tão súbito, tão distante do curso normal da evolução. Natura non facit
saltum – a natureza nunca dá um salto. Certo, e, por conseguinte, este milagre parece contra a natureza.
A melancolia desaparece; os olhos brilham; a boca triste sorri. Quase retorna o vigor viril, ou parece
retornar. Quanto menos acodem a fé, a esperança e o amor para a dança; tudo o que foi perdido é
encontrado.
O homem é feliz.
Para um indivíduo a droga pode trazer vivacidade, para outro, languidez; a outro força criativa, a
outro energia incansável, a outro encanto e a outro mais concupiscência. Mas cada um é feliz a sua maneira.
Pensa nisso! – tão simples e tão transcendental! O homem é feliz!
Viajei por cada canto do mundo; vi tais maravilhas na Natureza que minha pena ainda crepita quando
tento retratá-las; vi muitos milagres que surgiram do gênio do homem; mas nunca vi uma maravilha como
essa.
238
Educare Aliquem Leto
Cocaine
POR ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO LIVREMENTE E ADAPTADO POR PHARZHUPH
II
Não há uma escola de filósofos, fria e cínica, que considera Deus um enganador? Que pensa que Ele
se satisfaz no desprezo da insignificância de suas criaturas? Deveriam basear suas teses na cocaína! Aqui
jaz uma amargura, uma ironia e uma crueldade inefáveis. Este presente da felicidade repentina e segura é
dado para atormentar na tentação. A história de Job não contém nenhum traço tão azedo. O que seria mais
friamente odioso, uma cena de espírito mais desalmado, que oferecer tal dádiva e dizer “Não deveis usar”?
Não poderiam nos deixar afrontar as misérias da vida, más como são, sem esta angústia primordial de
conhecer o gozo perfeito ao nosso alcance, e o preço dessa alegria multiplicado por dez de nossa angústia?
A felicidade da cocaína não é passiva ou serena como a das bestas; é consciente de si mesma. Diz
ao homem o que ele é, e o que poderia chegar a ser; oferece ao homem a semelhança da divindade, ainda
que ele saiba que é um verme. Desperta um descontente tão agudo que nunca voltará a dormir. Cria fome.
Dá a cocaína para um homem já sábio, instruído no mundo e de força moral, a um homem com inteligência
e autodomínio. Se realmente é dono de si mesmo, não lhe fará nenhum dano. Saberá que é uma armadilha;
ele terá cuidado em repetir tais experimentos como poderia fazer; e possivelmente o vislumbre de seu
objetivo pode inclusive lhe incentivar em seu logro por aqueles meios que Deus designou para Seus santos.
Mas dá isso ao estúpido, ao homem indulgente consigo mesmo, ao que está entediado – para o
homem comum, em uma palavra – e ele está perdido. Ele dirá, com lógica perfeita: “Isto é o que Eu
quero”. Ele não sabe nada, nem poderia saber, sobre o caminho verdadeiro; e o caminho falso é o único
que ele vê. Necessita de cocaína, e toma outra vez e outra vez. O contraste entre sua vida de larva e sua
vida de borboleta é demasiado amargo para que sua alma pouco filosófica suporte; ele se recusa em tomar
o enxofre com o melaço.
E dessa maneira ele já não pode tolerar os momentos de infelicidade, ou seja, da vida normal,
porque é assim como agora ele a considera. Os intervalos entre seus prazeres diminuem.
E ai! O poder da droga diminui a passos aterradores. As doses aumentam; os prazeres diminuem.
Os efeitos secundários, invisíveis no princípio, se apresentam; são como diabos com tridentes flamejantes
em suas mãos.
Usar um pouco da droga não traz reações perceptíveis em um homem saudável. Ele vai para a cama
quando der a hora, dorme bem e acorda descansado. Os índios sul-americanos mascam essa droga em sua
forma primitiva durante sua marcha a pé e conseguem prodígios desafiando a fome, a sede e o cansaço.
Mas a utilizam somente como último recurso; afinal, um descanso prolongado e comida abundante permitem
que o corpo se recupere. Também ocorre que os selvagens, diferentes da maioria dos habitantes das cidades,
possuem mais força e senso moral.
Pode-se dizer o mesmo de chineses e hindus sobre o uso do ópio. Todos o utilizam, e só em raros
casos seu uso se converte em vício. Para eles é como o nosso tabaco.
Mas quem abusa da cocaína por prazer, logo ouve a voz da natureza; e se não a escuta os nervos
se cansam do estímulo constante, necessitam de descanso e de alimento. Existe um ponto no qual o cavalo
esgotado não responde a nenhum chicote e a nenhum estímulo. Tropeça, cai e arqueja seu último suspiro.
Assim perece o escravo da cocaína. Com cada nervo clamando, tudo o que pode fazer é renovar o
golpe do veneno. O efeito farmacêutico acabou; mas o efeito tóxico se acumula. Os nervos enlouquecem. A
vítima começa a ter alucinações. “Olha! Há um gato cinza naquela cadeira. Não havia dito nada, mas esteve
aí o tempo todo.”
Ou então aparecem ratos. “Encanta-me vê-los subindo pelas cortinas. Ah, sim! Já sei que não são
ratos de verdade. Ainda que esse aí no chão seja real. Uma vez quase o matei. Esse é o que vi primeiro; é
um rato de verdade. No princípio o vi no peitoril da janela numa noite.”
Tal é a mania dele. E o prazer passa logo, seguido por seu contrário, como Eros por Anteros.
“Oh, não! Nunca se aproximaram tanto”. Passam alguns dias e já se arrastam sobre a pele, roendo
intoleravelmente, sem parar, repugnantes e inexoráveis.
É desnecessário descrever o final, prolongado como este pode ser, porque apesar da desconcertante
destreza desenvolvida pelo desejo da droga, o estado demente paralisa o paciente. Sua abstinência durante
uma temporada, muitas vezes forçada, está longe de apaziguar os sintomas físicos e mentais. Então ele
procura uma nova provisão da droga, e com zelo decuplicado o maníaco, tomando o bocado entre os dentes,
galopa pela margem negra da morte.
239
Educare Aliquem Leto
Cocaine
POR ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO LIVREMENTE E ADAPTADO POR PHARZHUPH
Todos os tormentos da condenação vêm antes que essa morte chegue. O sentido do tempo está
destruído, de modo que uma hora de abstinência pode reservar mais horrores que um século de dor ligado
ao tempo e ao espaço.
Os psicólogos pouco entendem de como o ciclo fisiológico da vida e a normalidade do cérebro tornam
a existência insignificante tanto para o bom como para o mau. Para compreender isso priva-se um dia ou
dois; vê como a vida arrasta uma dor subconsciente constante. Com fome de droga este efeito se multiplica
por mil. O tempo mesmo é abolido. O verdadeiro inferno eterno metafísico está realmente presente na
consciência que perdeu seus limites sem encontrar Aquele que não tem limite.
III
Grande parte disso já é bem sabida; o senso dramático me força a enfatizar o que já se conhece
comumente, a causa da dimensão da tragédia – ou da comédia, se tivéssemos essa capacidade de nos
distanciarmos do humano que atribuímos somente aos homens grandiosos, aos Aristófanes, os
Shakespeares, os Balzacs, os Rabelais, os Voltaires, os Byrons, esse poder que faz os poetas ora
compassivos das aflições dos homens, ora alegremente depreciativos de seu desconcerto.
Mas deveria destacar mais sabiamente o fato de que os melhores homens podem utilizar essa droga
– e muitas outras – com benefícios para si mesmos e para a humanidade. Somente a usariam para realizar
grandes trabalhos que não poderiam fazer sem ela, como os índios de quem falava acima. Cito Herbert
Spencer como exemplo, que tomava morfina, nunca excedendo certa dose prescrita. Wilkie Collins também
superou a agonia de sua gota reumática com láudano e nos deu obras mestras não superadas.
Alguns foram demasiadamente longe. Baudelaire se crucificou, em corpo e mente, em seu amor pela
humanidade; Verlaine se converteu no final em escravo, quando havia sido tanto tempo o amo. Francis
Thompson se matou com ópio, da mesma forma que Edgar Allan Poe. James Thomson fez o mesmo com o
álcool. Os casos de De Quincey e H.G. Ludlow são menores, mas similares, usando respectivamente láudano
e haxixe. O grande Paracelso, que descobriu o hidrogênio, o zinco e o ópio, empregou deliberadamente o
álcool como excitante, compensando-o com exercícios físicos violentos, para fazer aflorar as energias de sua
mente.
Coleridge deu o melhor de si sob influência dos efeitos do ópio e devemos a perda do final de Kubla
Khan à interrupção de um “importuno homem de Porlock”, maldito seja para sempre na história da raça
humana!
240
Educare Aliquem Leto
Cocaine
POR ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO LIVREMENTE E ADAPTADO POR PHARZHUPH
IV
Considerada a dívida da humanidade para com o ópio. Estaria ele absolvido pela morte de alguns
perdidos devido ao seu abuso?
A importância deste ensaio firma-se na discussão da pergunta prática: As drogas deveriam ser
acessíveis ao público?
Aqui me detenho brevemente para pedir a indulgência do povo americano. Vejo-me obrigado a
defender um ponto de vista surpreendente e impopular. Sou compelido em proferir certas verdades terríveis.
Estou na posição pouco invejável de quem pede para que os outros fechem os olhos ao particular para que
assim possam visualizar o geral.
Creio que em matéria de legislação, a América está procedendo em geral sobre uma teoria
inteiramente falsa. Creio que a moralidade construtiva é melhor que a repressão. Creio que a democracia,
mais do que qualquer outra forma de governo, deve confiar nas pessoas, como especificamente finge fazer.
Agora me parece oportuno usar táticas melhores e mais convincentes para atacar a teoria contrária
em seu ponto mais forte.
Para isto deveria ser mostrado que nem mesmo no caso mais discutível está um governo justificado
em restringir o uso, como se essa fosse a causa do abuso; ou, admitindo esta justificação, discutamos sobre
sua utilidade.
Assim à questão: as drogas “que produzem hábito” deveriam ser acessíveis ao público?
A questão é de interesse imediato, porque o admitido fracasso da lei Harrison deu origem a uma
nova proposição: uma que faz pior.
Não argumentarei aqui sobre a magnífica tese da liberdade. Os homens livres decidiram há muito
tempo. Quem manterá que o voluntário sacrifício da vida de Cristo foi imoral porque privou o estado de um
útil contribuinte?
Não; a vida de um homem pertence a ele mesmo, e ele tem direito de destruí-la como queira, a
menos que ele se intrometa ostensivamente nos privilégios de seus vizinhos.
Mas justamente essa é a questão. Nos tempos modernos a comunidade inteira é nossa vizinha e
não devemos prejudicá-la. Muito bem; então há prós e contras e um equilíbrio a determinar.
Na América a idéia da proibição de todas as coisas é transmitida majoritariamente por periódicos
histéricos, até um extremo fanático, “sensação a qualquer custo até domingo” é o equivalente na maioria
das salas editoriais da alegada ordem alemã para capturar Calais. Conseqüentemente os perigos de todas e
cada uma das coisas são celebradas ditirambicamente pelos Coribantes da imprensa, sendo a proibição o
único remédio. O Sr “A” dispara um revolver contra o Sr “B”; remédio: a lei de Sullivan. Na prática isto
funciona bem, porque a lei não se faz cumprir contra o chefe de família que tem um revolver para se
proteger, mas é uma arma prática contra o gangster e economiza o trabalho da polícia em provar a intenção
criminosa.
Mas essa é a idéia incorreta. Recentemente um homem disparou um rifle equipado com silenciador
Maxim contra sua família e contra si mesmo. O remédio: uma lei para proibir os silenciadores Maxim! Sem
perceber que se o homem não tivesse arma alguma ele teria estrangulado sua família com as próprias mãos.
Os reformadores americanos parecem não ter idéia de que, em qualquer época ou com respeito a
qualquer coisa, que o único remédio para o errado é o certo; que a educação moral, o autodomínio, os bons
modos, salvarão o mundo; e que a legislação não é simplesmente uma coisa inútil, e sim um vapor
sufocante.
241
Educare Aliquem Leto
Cocaine
POR ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO LIVREMENTE E ADAPTADO POR PHARZHUPH
Além disso, um excesso de legislação ocasiona a derrota de seus próprios fins. Criminaliza a
população inteira e converte todos em policiais e delatores. A saúde moral do povo assim está arruinada
para sempre; somente a revolução pode salva-lo.
Agora, na América, a lei de Harrison faz teoricamente impossível para o leigo, difícil inclusive para
o médico, obter “drogas narcóticas”. Mas quase cada lavanderia chinesa é um centro de distribuição de
cocaína, morfina e heroína. Negros e vendedores andarilhos também fazem um comércio ambulante. Alguns
calculam que uma a cada cinco pessoas em Manhattan é viciada em uma ou outra dessas drogas. Apenas
posso crer nesta estimativa, apesar de que a busca por distração é maníaca entre essas pessoas que tem
tão pouco apreço pela arte, pela literatura ou pela música, pessoas que não têm nenhum dos recursos que
os povos de outras nações possuem em suas mentes cultivadas.
Era uma pessoa muito cansada, nessa tarde calorosa de verão de 1909, a que perambulava pelo
Logroño. Até o rio parecia preguiçoso demais para fluir, e se estancava em piscinas com a língua para fora.
O ar vislumbrava suavemente; nas cidades os terraços dos cafés estavam cheios de gente. Não tinham nada
para fazer e estavam seriamente determinados a isso. Sorviam o vinho áspero dos Pirineus ou um Riojo do
sul bem aguado, ou brincavam com taças de cerveja pálida. Se algum deles tivesse lido o discurso do
General O’Ryan ao soldado americano, pensariam que sua mente estava afetada.
“O álcool, seja cerveja, vinho, uísque, ou qualquer outro, engendra ineficácia. Enquanto afeta de
distintas formas aos homens, seus resultados são iguais por deixar os homens fora de seu estado normal
por algum tempo. Alguns se tornam descuidados, outros briguentos. Alguns se alvoroçam, outros se
indispõem, alguns adormecem, outros têm suas paixões estimuladas em grandes proporções”.
No que diz respeito a nós, estávamos em marcha para Madrid. Obrigaram-nos a nos apressar. Uma
semana, ou um mês, ou um ano no máximo, e nós temos que deixar Logroño em obediência ao chamado
do trompete de dever.
De qualquer modo, decidimos esquecê-lo por hora. Sentamo-nos, trocamos pontos de vista e
experiências com os provincianos. Diante do fato de que nos apressávamos, nos tomaram por anarquistas
e lhes aliviou nossa explicação de que éramos “ingleses loucos”. E estávamos todos felizes juntos; e eu
ainda estou me chutando como um louco por ter ido até Madrid.
Se alguém está em um jantar em Londres ou em Nova York, se funde num abismo de aborrecimento.
Não há tema de interesse geral, não há engenho; é como esperar um trem. Em Londres um indivíduo se
sobrepõe ao ambiente bebendo uma garrafa de champanhe o mais rapidamente possível; em Nova York
exageram nos coquetéis. Os vinhos ligeiros e as cervejas da Europa, tomados com moderação, não servem
de nada; não há tempo de ser feliz, assim devem se excitar. Jantando só ou com amigos, em contraste com
o ambiente de uma festa, alguém pode estar inteiramente à vontade com Burgundy ou Bordeaux. Tem-se
toda a noite adiante para ser feliz e não é necessário se apressar. Mas o nova-iorquino normal não tem
tempo nem sequer para uma ceia! Quase lamenta a ora em que seu escritório fecha. Seu cérebro, contudo
está ocupado com seus planos. Quando deseja “prazer”, calcula que pode se permitir por meia hora somente.
Tem que despejar garganta abaixo os mais fortes licores em velocidade máxima.
Agora imagine esse homem – ou essa mulher – com um leve impedimento: seu tempo disponível é
diminuído. Já não desperdiça nem dez minutos na obtenção de “prazer”, ou talvez não se atreva a beber
abertamente na frente de outras pessoas. Pois bem, seu remédio é simples; pode conseguir a ação imediata
da cocaína. Não há odor, e pode ser tão discreto como qualquer ancião eclesiástico poderia desejar.
O mal da civilização é a vida intensa, que exige estimulação intensa. A natureza humana requer
prazer; os prazeres saudáveis requerem ócio; devemos escolher entre a intoxicação e a sesta. Não há
viciados em cocaína em Logroño.
Por outro lado, na ausência de uma atmosfera, a vida exige uma conversação; devemos escolher
entre a intoxicação e o cultivo da mente. Não há viciados entre as pessoas preocupadas em primeiro lugar
com a ciência, a filosofia, a arte e a literatura.
242
Educare Aliquem Leto
Cocaine
POR ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO LIVREMENTE E ADAPTADO POR PHARZHUPH
VI
Você não pode curar um viciado; você não pode fazer dele um cidadão útil. Ele nunca foi um bom
cidadão, se o fosse não cairia na escravidão do vício. Se o reforma temporariamente, com grande custo,
risco e problemas, todo o trabalho desaparecerá como uma bruma matinal quando ele encarar a próxima
tentação. O remédio apropriado é deixar que siga seu caminho e que vá para o diabo. Em vez de menores
quantidades da droga, dá a ele mais droga e acaba com ele. Seu destino será uma advertência para seus
vizinhos e em um ano ou dois as pessoas que o conheceram terão um pouco mais de senso para evitar o
perigo. Os que não o tenham, deixe que morram também e salva o estado. Os débeis morais são um perigo
para a sociedade, seja qual for a linha que sigam suas faltas. Se eles são tão amáveis enquanto se matam
seria um crime interferir.
Direis que enquanto estas pessoas vão se matando elas vão também causando desordem. Talvez,
mas elas já estão fazendo isso agora.
A proibição criou um tráfico criminoso subterrâneo, como sempre acontece; e os males que advém
disso são imensuráveis. Milhares de cidadãos estão associados para derrotar a lei, e verdadeiramente a
própria lei os suborna para fazerem isso, pois os lucros do comércio ilícito são enormes e quanto mais
restrita é a proibição, mais irracionalmente grandes são esses lucros. Fazer isso pode erradicar o uso de
lenços de seda e as pessoas dirão: “pois muito bem, usaremos o linho”. Mas o cocainômano deseja cocaína
e não podereis dissuadi-lo com sais de Epsom. Por outro lado, sua mente perdeu toda proporção; pagará
qualquer coisa por sua droga; ele nunca dirá “não posso pagar isso”; e se o preço é alto ele furtará, roubará
e matará para consegui-la. Volto a dizer: não se pode curar um viciado; tudo o que for feito para evitar que
consigam a droga resultará em uma classe de criminosos astutos e perigosos, mesmo que os prendam
todos, algum deles terá melhorado?
Enquanto tenham lucros tão grandes (de mil a dois mil por cento) ao alcance dos distribuidores
secretos, será de interesse deles criar novas vítimas. E os benefícios na atualidade valeriam minha ida e
volta de primeira classe para Londres para contrabandear não mais cocaína do que aquela que cabe no forro
do meu sobretudo! Com todos os gastos pagos e com uma bela quantia em dinheiro no banco ao final da
viagem! E ainda com toda a lei, espiões e outros, eu poderia vender meu material no subúrbio com um risco
mínimo em uma só noite.
Outro ponto é este. A proibição não pode ser levada ao extremo. É impossível, em última instância,
tirar as drogas dos médicos. Agora os médicos, mais que qualquer outra classe, são viciados; e também há
muitos que traficarão drogas motivados pelo dinheiro ou pelo poder. Se você possui uma provisão da droga,
você é capaz de ser o amo do corpo e da alma de qualquer pessoa que necessite dela.
As pessoas não entendem que uma droga, para seu escravo, é mais valiosa que o ouro ou os
diamantes; uma mulher virtuosa pode estar por cima dos rubis, mas a experiência médica nos diz que não
há mulher virtuosa necessitada de droga que não se prostitua para um maltrapilho em troca de uma
cheirada.
E se for verdade que um quinto da população dessa pequena e incorreta ilha usa alguma droga,
então teremos uns tempos muito vivos.
O disparate do argumento proibicionista é demonstrado pela experiência de Londres e de outras
cidades européias. Em Londres qualquer pai de família, ou pessoa de aspecto respeitável, pode comprar
droga tão facilmente como se fosse queijo; e Londres não está cheia de maníacos delirantes, cheirando
cocaína pelas esquinas, nos intervalos produzidos entre arrombamentos, violações, incêndios provocados,
assassinatos, estelionatos e crimes de alta traição, como nos asseguram que deve ser o caso quando se
permite amavelmente que um povo livre exercite um pouco de sua liberdade.
243
Educare Aliquem Leto
Cocaine
POR ALEISTER CROWLEY, TRADUZIDO LIVREMENTE E ADAPTADO POR PHARZHUPH
Ou, se o argumento proibicionista não é absurdo, então é um comentário sobre o nível moral do
povo dos Estados Unidos que teria ofendido justamente aos diabos de Gadara após terem entrado nos
porcos.
Não estou aqui para protestar em seu nome; observando a justiça da observação, continuo dizendo
que a proibição não é nenhum remédio. O remédio está em dar para as pessoas algo sobre o que
possam pensar, em desenvolver suas mentes, em preenchê-las de ambições mais além dos
dólares, em instaurar uma pauta de logro que fosse medida em termo de realidades eternas. Em
uma palavra, em educá-las.
Se isto parece impossível, felicitações; é outro argumento para encorajá-los a tomarem cocaína.
244
Carcerorum Qliphoth
Liber 231 - Excerto
POR ALEISTER CROWLEY
245
Carcerorum Qliphoth II
Túneis e Correspondências
POR PHARZHUPH
Túnel Atu Cor do Sigilo Cor do Fundo Forma do Fundo Taro de Thoth Gematria
Verde esmeralda,
Amprodias 11 Amarelo claro Quadrado 0 – O Louco 401
manchado com dourado
Amarelo escuro ou
Preto ou azul escuro com
Baratchial 12 amarelo Vesica 1 – O Mago 260
raios violeta
alaranjado
2 – A Alta
Gargophias 13 Prata Preto Círculo 393
Sacerdotisa
Triângulo isóscele
Hemethterith 15 Vermelho escuro Vermelho sangue 17 – A Estrela 1054
invertido
Vermelho com
Zamradiel 17 bordas Violeta Vesica 6 – Os Amantes 292
amareladas
Forma de seta15
Temphioth 19 Amarelo-âmbar Cinza ou azul 11 – Volúpia 610
apontada para cima
15
Forma semelhante ao naipe de espadas dos baralhos tradicionais dos jogos populares.
246
Carcerorum Qliphoth II
Túneis e Correspondências
POR PHARZHUPH
Octógono irregular,
Lafcursiax 22 Azul claro Azul escuro parecido com teia de 8 – Ajustamento 671
aranha
Azul escuro ou 12 – O
Malkunofat 23 Verde mar Triângulo isóscele 307
preto Pendurado
Triângulo eqüilátero
Niantiel 24 Azul esverdeado Marrom escuro 13 – Morte 160
invertido
Preto e tons de
A’ano’nin 26 Índigo Pentagrama invertido 15 – O Diabo 237
azul esverdeado
Branco e azul
Tzuflifu 28 Violeta ou preto Vesica 4 – O Imperador 302
claro
Vermelho-
Shalicu 31 Verde esmeralda Formato de vaso, esfera 20 – O Aeon 500
alaranjado
Retângulo – lado maior
Thantifaxath 32 Azul claro Preto com bordas violetas 21 – O Universo 1040
para baixo
247
Ritus Sexualis
Congressus Cum Lilith-Gamaliel
POR PHARZHUPH
O ritual sugerido abaixo é baseado em uma versão mais extensa utilizada por antigos
“feiticeiros sexuais” e mescla elementos de tradições draco-tifonianas. Sua finalidade é trazer à vida
consciente dos praticantes as oportunidades para que os mesmos possam conquistar a esfera de
Gamaliel. É também um ritual facilmente adaptável para a evocação de determinados “espíritos”
Goéticos e “súcubos”.
Os resultados mais intensos com essa prática foram conseguidos em períodos de lua cheia após
as duas horas da madrugada, houve resultados interessantes em períodos minguantes, embora menos
intensos. Nos demais períodos os resultados foram imperceptíveis.
Expande consideravelmente a experiência onírica, astral e os aspectos de evocação.
Será necessário um espaço livre de aproximadamente nove metros quadrados. O ideal seria
utilizar um aposento sem nenhuma mobília ou um local consagrado à prática da arte.
Um leito de amante deve ser montado no centro do aposento pelos praticantes. O local deve
ser suficientemente confortável para o sono e convidativo para o sexo. Deve-se usar a imaginação
exaltada para contextualizar o leito.
Após incensar o ambiente os praticantes deveriam adornar o redor do leito com rosas
vermelhas sobre as quais se colocaria pequenas quantidades de perfumes cujas fragrâncias incitem a
luxúria.
Os praticantes devem então se entregar a carícias íntimas mútuas e lascivas, mas não deve
ocorrer intercurso sexual entre os genitais. Não deve ocorrer orgasmo. Práticas orais podem ser
empreendidas. Quando ambos estejam plenamente excitados deve-se prosseguir com a consagração
das quatro velas pretas de sete dias.
As secreções vaginais e penianas devem ser passadas com a mão, em sentido longitudinal, de
cima para baixo, sobre as velas.
As velas devem ser colocadas ao redor do leito como se ocupassem os vértices de um quadrado.
16
Coletar cerca de um litro de água utilizando um vasilhame virgem, dentro do vasilhame, junto com a água, deve-se
colocar flores e ramos da planta conhecida como “Dama da Noite” e dois punhados de sal grosso. Essa água deverá ser
guardada ao abrigo da luz por um período inteiro de lua minguante.
17
A música Preadatrix Sanguinis Nocturna (álbum Ágios O Vindex), do excelentíssimo Algol Naos, seria uma sugestão.
Programa-se o aparelho para reproduzi-la repetidamente.
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Ritus Sexualis
Congressus Cum Lilith-Gamaliel
POR PHARZHUPH
Sobre as velas, ao redor do pavio, deve-se colocar uma gota de sangue de cada praticante. O
sangue deve ser coletado nesse momento. Um pequeno ferimento feito com uma agulha descartável
de injeção no dedo indicador é suficiente18.
As velas devem ser acesas em sentido anti-horário. A primeira vela é consagrada à Lilith, a
segunda à Mochlath, a terceira à Nahemah e a última à Agarath.
A Mulher, utilizando as secreções do Homem, traça um crescente lunar sobre a própria testa.
O Homem, utilizando as secreções da Mulher, traça um crescente lunar sobre a própria testa.
Atenção: a Mulher deverá estar sobre o Homem em todas as posições, ou seja, em posições
dominadoras. Os amantes podem experimentar posições diferentes no início da união, sempre com a
Mulher sobre o Homem.
Os orgasmos devem ser postergados pelo maior tempo possível19, sendo que a prática deve se
estender até o início do limite entre o prazer e a dor. O ideal é que os orgasmos ocorram
simultaneamente – o que é mais bem empreendido em casais sexual e emocionalmente maduros e
praticantes que se conheçam mutuamente.
É importante que o ato sexual seja empreendido com prazer e que os praticantes se entreguem
à luxúria em seu decurso.
Momentos antes do orgasmo, mantendo o intercurso, os praticantes devem voltar sua atenção
para as invocações que devem ser proferidas por ambos:
18
Pode-se utilizar o sangue da lua.
19
Karezza.
249
Ritus Sexualis
Congressus Cum Lilith-Gamaliel
POR PHARZHUPH
A finalização se dá com o apagar das velas, que deve ser realizado em sentido horário. A
primeira vela a ser apagada é a vela que foi consagrada à Agarath, finalizando com a vela consagrada
à Lilith.
Os praticantes deveriam sair do Templo e somente desmontar o leito um dia após o ritual.
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Ritus Sexualis
Uniter Lilith-Samael
POR PHARZHUPH
Será necessário um espaço livre de aproximadamente nove metros quadrados. O ideal seria
utilizar um aposento sem nenhuma mobília ou um local consagrado à prática da arte.
Um leito de amante deve ser montado no centro do aposento pelos praticantes. O local deve
ser suficientemente confortável e convidativo para o sexo. Deve-se usar a imaginação exaltada para
contextualizar o leito.
Os praticantes devem então se entregar a carícias íntimas mútuas, mas não deve ocorrer
intercurso sexual entre os genitais. Não deve ocorrer orgasmo. Práticas orais podem ser empreendidas.
Quando ambos estejam plenamente excitados deve-se prosseguir com a consagração das velas:
O Homem consagra uma vela preta de sete dias à Lilith: ele deve passar as próprias secreções
sobre a vela, em sentido longitudinal de cima para baixo enquanto profere a consagração.
A Mulher consagra uma vela preta de sete dias a Samael: ela deve passar as próprias secreções
sobre a vela, em sentido longitudinal de cima para baixo enquanto profere a consagração.
A Mulher acende a vela consagrada à Lilith com fósforos e o Homem acende a vela consagrada
a Samael na chama da primeira vela.
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Coletar cerca de um litro de água utilizando um vasilhame virgem, dentro do vasilhame, junto com a água, deve-se
colocar flores e ramos da planta conhecida como “Dama da Noite” e dois punhados de sal grosso. Essa água deverá ser
guardada ao abrigo da luz por um período inteiro de lua minguante.
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Ritus Sexualis
Uniter Lilith-Samael
POR PHARZHUPH
Atenção: a Mulher deverá estar sobre o Homem em todas as posições, ou seja, em posições
dominadoras. Os amantes podem experimentar posições diferentes no início da união, sempre com a
Mulher sobre o Homem.
Os orgasmos devem ser postergados pelo maior tempo possível21, sendo que a prática deve se
estender até o início do limite entre o prazer e a dor. O ideal é que os orgasmos ocorram
simultaneamente – o que é mais bem empreendido em casais sexual e emocionalmente maduros e
praticantes que se conheçam mutuamente.
21
Karezza.
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Vox Infernum I
Polisvadurc Isvaricog - Para Tu Eterno Order
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
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Vox Infernum I
Polisvadurc Isvaricog - Para Tu Eterno Order
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
A banda surgiu em 1996, inicialmente com uma proposta Black Metal verdadeira e
underground. Como foi a divergência que deu início à fragmentação? A banda já se chamava
Para Tu Eterno?
Saudações!
Eu sempre optei por letras diretas de Louvor e sacrifícios a Lúcifer, sem fantasias, sem histórias
“bonitinhas” e algumas pessoas estavam conosco naquele tempo, fãs de Cradle of Filth não
concordavam com isso, então decidimos que eu ficaria sozinho com o nome e com as letras e eles com
a música. Resultado final: lancei até hoje 2 demos, 2 CDs oficiais, 4 CDRs em formato CDR e tape e
tenho mais material guardado. E eles? Acabaram com o grupo antes de lançar algo.
Que o P.T.E. Order só seguirá em frente enquanto tiver coerência e não experiência. Este foi
um tempo em que eu estava cercado de pessoas com quem eu convivia quase todos os dias e, pela
amizade, quis fazer algo novo, como tocar ao vivo. Coisa que era impossível desde o começo por falta
de componentes. Essa Ordem não foi criada por mim, sou apenas um canal para este mundo material.
A.U.S.M.S.B.6.6:6.:
MALES MALEFICARUM JUSTITIA PER GLORIA AETERNO, o Mal Malfeitor, Justiça para a Glória
Eterna, o Mal pelo Mal, a Ação para Reação, a Ação Mágica da Justiça e da Condenação por nós
conseguida. Olho por Olho, Dente por Dente.
Aproveitando o momento, informo-lhes que a partir de agora todo material lançado será sob a
nomenclatura P.T.E. ORDER! Eis uma Nova Era, uma Era de Movimento e Ousadia.
Após esses longos anos de estrada, qual é a sensação de ver seus trabalhos
disponíveis em tape e CD por selos brasileiros? Quem irá cuidar da distribuição e divulgação
do material?
Vejo que minha manifestação de Honras está sendo admirada e apoiada, isso me satisfaz, mas
em primeiro lugar quero satisfazer-me, se algo não agradar às pessoas peço para que procurem outras
bandas, existem muitas. Quero ao meu lado pessoas que realmente estão comigo, que tenham orgulho
disto e não “tietes” ou aproveitadores que pensam em ganhar dinheiro comigo! RÁRÁ! Dou risada
disto, enfim... quem oficialmente está cuidando de meus últimos trabalhos são a Impaled Records e a
Vento Florestal.
254
Vox Infernum I
Polisvadurc Isvaricog - Para Tu Eterno Order
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Há muitas bandas e distribuidoras que estão optando por divulgar seus trabalhos
exclusivamente por tape. O que você pensa sobre isso? Você, que disponibiliza muitos de
seus trabalhos gratuitamente na Internet, vê nisso alguma forma de retorno às origens da
música extrema das décadas de 80 e 90?
Vejo que a cada dia estamos sendo vítimas do capitalismo de grandes indústrias que encarecem
os custos de produção de CDs. O que gera a pirataria. Ninguém faz CDs pra ficarem guardados em
casa ou apenas para fazer rolos, o fato de gravadoras voltarem a lançar tape é por causa disso
também, mas estamos numa era em que tudo retornará ao início, tudo está caminhando pra esse
lado, mesmo a economia, a moda... O futuro é o passado e tudo retornará ao caos de onde
começamos.
Essa é a caminhada original do Homem, não vejo algo realmente especial em lançar formato
tape.
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Vox Infernum I
Polisvadurc Isvaricog - Para Tu Eterno Order
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Opus Omega Ars Mortum costuma ser definido como um mergulho na essência do
suicídio e foi um trabalho inicialmente não divulgado. O que você pensa sinceramente a
respeito do suicídio? Você acha que os casos de Jon Nödtveidt (Dissection), Dead (Mayhem)
ou I. Niger (Evil War) podem influenciar as pessoas?
Acho que a pessoa que procura o suicídio quer liberdade, seja ela qual for. Sei qual é o resultado
disso, sei qual é o prêmio... Neste álbum sou um instrumento guia para a Morte, para o Frio, para a
Retaliação. Sim, esses fatos influenciam pessoas que estão inclinadas ao suicídio, ainda mais aqueles
que não sabem o que motivam a atos desse porte.
Desde minha primeira demo-tape, Ave Lúcifer, eu não usava o inglês, realmente, nessa nova
Era da qual falei preciso de mais Ousadia e Liberdade e o inglês entrou no processo. Essa é uma Era
dedicada à Ascensão do Homem ao seu Tempo e é dedicada ao mundo inteiro. Na Era M.M.J.P.G.A. o
Louvor e a Prece foram as diretrizes, foi meu engrandecer. Agora eu sou o Senhor e estou no Comando.
Você pode nos falar sobre o Lifecode? Como se deram as composições e as gravações?
De onde surgiu a inspiração para esse excelente álbum?
Gravado em meu novo estúdio Conqueror Studio, onde novamente gravo tudo sozinho. Me
inspirei em tudo o que fiz até hoje e no que não fiz, esse é o topo, por isso o título. Aqui está meu
código de vida Revelado...
Quais seriam os planos para o P.T.E. Order? O que podemos esperar para esse ano e
os próximos?
Não faço planos. A única certeza é que enquanto eu respirar, será contínua minha caminhada
e compromisso.
Por fim, eu gostaria de agradecer imensamente por sua atenção para conosco e
parabenizá-lo pelo excelente trabalho, em especial o Lifecode – trabalho fantástico mesmo!
Por favor, diga o que quiser aos nossos leitores!
Vejo o Black Metal a cada dia ficar mais engraçado. Hoje o sentimento se perde no meio de
pessoas sem identidade onde copiar é mais fácil: sejam vocês mesmos, ou você É ou NÃO É, não
precisamos de números, por isso somos Underground, não fazer disso uma diversão, Black Metal é
compromisso, Black Metal é Culto!
256
257
Magicæ Linguæ
Notas Sobre o Diário Mágicko
POR PHARZHUPH
Manter um diário mágicko é uma das tarefas mais simples que um estudante poderia
empreender e é, sem dúvida alguma, um meio valioso para avaliar o próprio desenvolvimento e
evolução.
Em algumas organizações de cunho mágicko e espiritual o diário assume um papel importante
na avaliação dos estágios percorridos pelo aspirante e pode ser utilizado tanto pelo “instrutor” quanto
pelo “instruído”. Um dos exemplos mais notórios dessa prática se encontra na Astrum Argentum e em
outras organizações de caráter thelêmico, muito embora não se restrinjam às mesmas.
O diário deveria ser escrito de maneira que outros pudessem se beneficiar de sua leitura,
mesmo que somente o próprio autor tenha acesso aos escritos.
O diário é basicamente o registro sistemático de práticas, exercícios, estudos, insights, sonhos
e demais experiências e condições relevantes para o indivíduo durante sua caminhada iniciática e
evolutiva dentro de sua própria senda.
Muitos estudantes costumam não dar importância em registrar seus passos, erros, acertos e
“condicionantes”, e se justificam dizendo que não têm conteúdo relevante para manter um diário.
Outros preferem confiar na memória ou simplesmente não dão importância para essa atividade.
O diário é útil para desenvolver a memória e mantê-la mais próxima dos “padrões da realidade”,
pois uma parte considerável de nossas memórias comuns é produto de nossa imaginação. Sim, nos
lembramos do que não aconteceu, pelo menos em partes, pois nosso cérebro “cria memórias” e
preenche lacunas com acontecimentos que nunca ocorreram. Registrar detalhadamente uma
determinada experiência no diário ajuda a manter um relato quase exato do que ocorreu, como
ocorreu, porque ocorreu, quando ocorreu, com quem ocorreu e onde ocorreu. Essa atividade nos priva
de uma das armadilhas mais comuns que nossa própria memória engendra.
Muitos estudantes gostariam de se lembrar dos próprios sonhos para poder tentar interpretá-
los sob a luz de seu próprio conhecimento, mas reclamam que não se recordam ou dizem que não há
sonhos durante o sono. Manter um registro escrito da experiência onírica ajuda o estudante a lembrar
de seus sonhos, tal registro é fundamental nos sistemas de análise propostos por Jung e Freud.
Uma das maiores potencialidades do uso do diário mágicko é o desenvolvimento da capacidade
de entendimento entre causas e efeitos. Para que esse potencial se desenvolva é necessário que o
estudante registre as condições em que as experiências ocorreram, sejam elas quais forem. O ideal
seria que o estudante iniciasse cada registro diário com apontamentos gerais sobre suas condições
físicas, mentais e espirituais, incluindo breves apontamentos que se relacionem com alterações
emocionais, sentimentais, espirituais e biológicas – cansaço físico/mental, doença (intensidade de
sintomas), grau de dispersão mental/concentração, humor, etc. É importante que o estudante registre
locais, horários, datas e disposições planetárias sempre que necessário ou possível – saber a fase
lunar, por exemplo, pode ser uma informação importante quando se consulta registros anteriores.
Em poucos meses o estudante será capaz de estabelecer relações mais profundas entre causas
e efeitos, não só em aspectos místicos, espirituais ou mágickos, mas também em aspectos práticos
sobre seu cotidiano.
O diário pode ser também a base para a criação de um grimório pessoal que literalmente
conterá as chaves do conhecimento teórico e prático do estudante. Ferramenta que pode se tornar
importante em evocações, invocações, cultos e cerimônias.
Um dos ocultistas que mais deu ênfase à utilização do diário foi Aleister Crowley. Na primeira
parte de seu Liber E vel exercitiorum lemos:
258
Magicæ Linguæ
Notas Sobre o Diário Mágicko
POR PHARZHUPH
Neste estágio, não é necessário que tenhamos de falar sobre o fim último de nossas
investigações. Tampouco poderá ser entendido por aqueles que não tenham alcançado a
proficiência nestes cursos elementares.
Ao experimentador se pede que faça uso de sua própria inteligência e que não se faça
dependente de outra pessoa ou pessoas, não importa quão distintas possam ser. Isso nos inclui
também.
O diário escrito sobre suas experiências deve ser elaborado de modo inteligível, para que outros
possam se beneficiar de seu estudo.
O livro São João publicado no primeiro número do Equinócio é um bom exemplo desse tipo de
diário, realizado por um estudante avançado. Não foi escrito de uma maneira simples como
desejávamos, porém o método é revelado.
Quanto mais científico o diário, melhor. É necessário que sejam registradas também as
emoções, sendo parte das condicionantes.
Escreva com sinceridade e com cuidado. Desse modo podemos ir nos aproximando do ideal.”
Liber E vel exercitiorum sub figura IX é uma das primeiras obras de estudo que costuma ser
indicada aos aspirantes em Thelema, trata-se de um pequeno texto com sete capítulos sobre:
utilização do diário mágicko, clarividência física, asana (postura), pranayama (regularizar a
respiração), dharana (controle do pensamento), limitações físicas e um curso de literatura (contém a
indicação de vinte e quatro obras para leitura/estudo). Ao contrário do que pode parecer, o estudo e
a prática dos exercícios de Liber E não se restringe somente à Thelema. O treinamento sugerido nesse
Liber aumenta consideravelmente várias aptidões e habilidades importantes para a consecução mística
e mágicka do estudante.
Um bom exemplo de como manter um diário é encontrado em outro texto de Crowley conhecido
como “João São João – O Registro do Retiro Mágicko de G. H. Frater O.´.M.´.”. Publicado pela primeira
vez como suplemento especial no The Equinox Volume I Número I, o texto ajuda a dissipar um pouco
da aura mítica de Crowley, pois revela um pouco de sua identidade.
Outros livros de Crowley que podem ajudar na compreensão da importância de se manter
registros diários são The Confessions of Aleister Crowley, Diary of a Drug Fiend e Liber O Manus ET
Sagittae22.
Papus, outro célebre ocultista, nos chama a atenção ao tratar do “Livro” que deveria ser escrito
e, se possível, fabricado pelo próprio magista. Obra que deveria ser preparada e escrita com a maior
força de vontade possível.
É comum encontrarmos diários mágickos que se confundem com grimórios (livros) pessoais e
que se transformam em poderosas armas mágickas, principalmente para evocação.
As técnicas de registro são utilizadas também pelos aspirantes dos Iluminados de Thanateros
no Monastério Mágicko do Kaos através de relatórios23.
Pelo que expusemos aqui fica fácil concluir que manter um diário mágicko é uma tarefa que só
traz frutos positivos, duradouros e importantes para todos os estudantes de todos os “níveis”,
independentemente de orientação mágicka, mística, religiosa ou filosófica. Basta se munir de caderno,
caneta e vontade para consagrar esse importante instrumento à sua evolução constante.
259
Psyché & Sophia
Por que não tenho Livre-Arbítrio
POR NIKOLAS LLOYD
TRADUÇÃO ANDRÉ DÍSPORE CANCIAN
ORIGINAL EM: http://www.lloydianaspects.co.uk/evolve/freewill.html
TEXTO EM: http://ateus.net/artigos/psicologia/por_que_nao_tenho_livre_arbitrio.php
É meu cérebro que controla meu comportamento. Ele é, como toda matéria, constituído inteiramente
de elementos químicos. Ele é extraordinariamente complexo, com muitos componentes, todos
interconectados em um padrão confuso e ainda pouco compreendido. Não obstante quão complicado algo
seja, permanece o fato de que em um dado momento, este algo estará em um dado estado de organização.
Os elementos químicos estão ligados em combinações particulares, e a energia e a matéria estão movendo-
se em direções particulares.
Algum estímulo chega a mim vindo do ambiente. Este é captado pelos meus sentidos e o sinal é
enviado ao meu cérebro. O sinal interage com meu cérebro, alterando seu estado físico e químico, tendo
como resultado alguma reação de minha parte. Meu corpo, então, segue as instruções dadas pelo cérebro
a respeito do que fazer. Houve algum livre-arbítrio nisso? Não, nenhum.
Alguém conta uma piada. Ouço-a. As vibrações sonoras da piada chegam ao meu cérebro através
de meus ouvidos e são traduzidas em atividade eletroquímica. As regiões do meu cérebro responsáveis pela
linguagem reconhecem o significado das palavras. A piada, que diz “Estas mulheres, como as concebo, são-
me aprazíveis”, baseia-se na compreensão da ambigüidade do som cacofônico destas palavras, que podem
significar “como as considero” ou “como-as com sebo”. Percebendo que a ambigüidade sonora é jocosa, sou
capaz de entender a piada. Meu cérebro registra a hilaridade da piada, e então rio. Mas não decido rir
conscientemente. O estímulo da piada teve como resposta meu riso.
Poucos minutos depois, ouço a mesma pessoa contar a mesma piada a outrem. Desta vez, não rio;
não rio porque já ouvi esta piada anteriormente. Meu cérebro foi quimicamente alterado na primeira vez em
que a ouvi, e agora o som da piada está interagindo com um cérebro que já não é mais o mesmo.
Apesar disso, às vezes tenho a sensação de que realmente tomo decisões. Estou numa loja tentado
a comprar um par de óculos de sol, mas não consigo decidir se realmente valem o preço que preciso pagar
por eles. Fico ruminando e remoendo sobre a decisão, e então deixo a loja sem comprá-los. Volto para casa
pensando o tempo todo se fiz a coisa certa. Ainda assim, não há livre-arbítrio envolvido, mas apenas a ilusão
de um.
Era certo que não iria comprá-los. Meu cérebro estava em um estado químico particular quando a
oportunidade de comprar os óculos chegou, e dada a combinação particular de circunstâncias – o humor em
que estava, a iluminação da loja, o conhecimento de meu estado financeiro –, era certo que decidiria contra
o investimento. Minha mente consciente, entretanto, não sabia qual seria a decisão final, e aquilo que senti
conscientemente foi apenas a agonia da decisão. Tais decisões difíceis são muito raras.
Algumas pessoas revoltam-se contra a conclusão de que não temos livre-arbítrio. Alegam que isso
é deprimente, por algum motivo. Nunca me explicaram, apesar de eu ter perguntado muitas vezes, por que
deveria me sentir deprimido ao descobrir que não tenho livre-arbítrio. A idéia de que não temos livre arbítrio
é uma conclusão lógica que pode ser inferida a partir do simples fato de que o cérebro é feito de matéria, e
que este interage com o mundo através dos sentidos.
Vejo o mundo em que vivo como um lugar grande e complexo. Conseqüentemente – apesar de este
possuir um certo e confortante grau de previsibilidade – nunca saberei ao certo qual será o próximo estímulo
que irei experimentar. Ademais, não tenho acesso a tudo que meu cérebro está fazendo; deste modo,
mesmo se pudesse prever os acontecimentos, ainda não poderia prever qual seria minha reação a eles. A
vida é uma interessante experiência tridimensional, com visões, sons, cheiros, sabores e sentimentos. Por
que deveria reclamar por não ter livre-arbítrio se possuo a perfeita ilusão de tê-lo, e o mundo é tão
encantador? De que modo ter livre-arbítrio poderia me tornar mais feliz?
260
Psyché & Sophia
Por que não tenho Livre-Arbítrio
POR NIKOLAS LLOYD
TRADUÇÃO ANDRÉ DÍSPORE CANCIAN
ORIGINAL EM: http://www.lloydianaspects.co.uk/evolve/freewill.html
TEXTO EM: http://ateus.net/artigos/psicologia/por_que_nao_tenho_livre_arbitrio.php
As pessoas falam sobre quão maravilhoso é o fato de termos evoluído um livre-arbítrio. Algumas
consideram o livre-arbítrio algo tão estupendo que as convence de que um deus deve ter criado os seres
humanos, e que o livre-arbítrio é alguma mágica especial que os homens possuem. Na verdade, não
evoluímos um livre-arbítrio absolutamente; em vez disso, evoluímos a consciência e a ilusão de um livre
arbítrio. Freqüentemente, para nós, de fato parece que poderíamos ter decidido agir de um modo diferente
do qual agimos.
Então por que evoluímos a ilusão de um livre-arbítrio? Parcialmente, isso está relacionado ao
fenômeno da consciência, mas também ao auto-engano. Se conseguir enganar a mim mesmo, pensando
que sou uma boa pessoa, então terei muito mais êxito em enganar os outros e fazê-los pensar o mesmo.
Na realidade, no fundo, todos os nossos instintos atuam em função da auto-satisfação. Apenas sou uma boa
pessoa porque, em longo prazo, sê-lo me é conveniente. Se me convencer profundamente de que sou uma
pessoa boa, então não irei ceder à tentação de ser mau em troca de uma vantagem de curto prazo. Serei
uma pessoa boa de modo consistente, e os benefícios da bondade são muito maiores àqueles que agem
assim. A ilusão do livre-arbítrio faz sentir que estou escolhendo ser bom, e, se estou escolhendo ser bom,
tendo a escolha de ser mau, então devo ser realmente uma pessoa boa, certo?
Pessoas que foram hipnotizadas para gritar “Golaço!” com toda a força todas vezes que alguém
usasse a palavra “Chute” darão motivos totalmente espúrios se forem questionadas sobre o motivo de terem
gritado. Elas fazem o que fazem apesar de não saberem o porquê. A ilusão do livre-arbítrio nos protege de
nossos verdadeiros motivos. A psicologia evolutiva é em grande parte o estudo de nossos motivos
subconscientes. Aqueles que a estudam constatam repetidamente que nossos motivos simplesmente
acontecem de coincidir com a estratégia que maximizaria o número de genes que poderão ser repassados.
Homens não escolhem pensar que mulheres de vinte anos são mais atraentes que as de oitenta anos –
simplesmente pensam assim. E simplesmente acontece que homens que pensam assim podem transmitir
mais genes, pois mulheres de oitenta anos não podem engravidar. Isso não é coincidência. Similarmente,
pessoas que foram enganadas por irmãos têm muito mais chances de conceder perdão do que aquelas que
foram enganadas por indivíduos sem parentesco. O perdoador potencial compartilha genes com seus irmãos,
e por isso há um interesse genético compartilhado. A pessoa que foi enganada pode sentir que tem a opção
de não perdoar seu irmão, mas perdoar seu amigo, contudo não tem. A ilusão do livre-arbítrio evita que o
indivíduo perceba a verdade, e assim aja mais eficientemente em função de seus genes. Se o indivíduo
soubesse a verdade, poderia começar a agir contrariamente aos interesses de seus genes. Talvez algumas
pessoas no passado tenham feito isso, mas provavelmente não se tornaram nossos ancestrais (mas, ainda
assim, não tinham livre-arbítrio).
Bem, então não tenho livre-arbítrio. Posso sentar-me e aproveitar esta viagem de montanha russa
que é a vida. Nem mesmo sei o que farei daqui a pouco. Interessante, não?
261
Index Librorum Prohibitorum I
O Tarô Carbônico
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
http://br.geocities.com/tarocarbonico
http://br.geocities.com/adrianocmonteiro
O Tarô Carbônico é chamado assim pelo fato de ser totalmente ilustrado com grafita
(carbônica), uma das formas mais puras do carbono. O carbono é um dos elementos mais
abundantes no universo, estando presente em todas as formas de vida, animal, vegetal e mineral.
O efeito que se tem no desenho das lâminas é de matizes de luz e sombras; e a senda do iniciado
em si mesmo é Luz e Sombras (Lux e Nox, a consciência e a subconsciência do ser humano).
262
Index Librorum Prohibitorum I
O Tarô Carbônico
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
http://br.geocities.com/tarocarbonico
http://br.geocities.com/adrianocmonteiro
O Tarô Carbônico é composto por 22 cartas, os arcanos maiores, que dizem respeito aos
Caminhos da Árvore da Vida, quer dizer, o universo e suas energias para tornar-se manifesto, ao
mesmo tempo que são as etapas do caminho iniciático que ascendem de grau em grau, bem
como os aspectos do todo humano.
No livro completo Tarô Carbônico - Luz e Sombras do Caminho, há para cada carta uma
explicação sobre os aspectos ocultos do simbolismo e uma relação dos significados divinatórios
que podem contribuir para o desenvolvimento psíquico do indivíduo que trabalha com o tarô.
263
Diabolicus
O Livro do Anticristo
POR JACK PARSONS
TRADUÇÃO IVAN SCHNEIDER
A Peregrinação Negra
Eis que aconteceu exatamente como BABALON mo disse, pois após receber Seu Livro
eu desertei da Magia, e pus de lado Seu Livro e tudo relacionado a ele. E fui despojado de
minha fortuna (o total de aproximadamente 50.000 dólares) e de minha casa, e de tudo que
Possuía.
Então por um período de dois anos eu trabalhei pelo mundo, recuperando minha
fortuna em alguma coisa. Mas essa também me foi tomada, e minha reputação, e meu
renome no trabalho mundial, que era em ciência.
E em 31 de Outubro de 1948, BABALON veio ter comigo novamente, e eu iniciei o
último trabalho, que era o trabalho da baqueta. E trabalhei durante 17 dias, até que
BABALON me chamou num sonho, e me instruiu num trabalho astral. Então reconstruí o
templo, e iniciei a Peregrinação Negra, conforme Ela instruiu.
Eu adentrei o pôr-do-sol com Seu sinal, e dentro da noite cruzei lugares amaldiçoados
e desolados e ruínas ciclópicas, e então cheguei por fim à Cidade de Chorazin. E lá uma
grande torre de Basalto Negro estava construída, que fazia parte de um castelo cujas mais
distantes ameias viravam sobre o golfo das estrelas. E sobre a torre estava um sinal.
E um ser pesadamente paramentado e velado me mostrou o sinal, e me disse para
olhar, e vê! Eu vi relampejar sob mim quatro vidas passadas em que eu fracassei em meu
objetivo. E eu contemplei a visão de Simão Mago, pregando a Puta Helena como a Sofia, e
vi que meu fracasso estava na Hubre, o orgulho do espírito. E eu vi minha vida como Giles
de Retz, na qual tentei educar Joana Darc para ser Rainha da Feitiçaria, e fracassei por sua
estupidez, e uma vez mais por meu orgulho. E eu me vi como Francis Hepburne, Conde
Bothwell, manipulando Gellis Duncan, que era um instrumento sem valor. E outra vez como
Conde Cagliostro, fracassando porque fracassei em compreender a natureza da mulher em
minha Serafina. E fui mostrado como um garoto de 13 anos nesta vida, invocando Satã e
mostrando covardia quando Ele apareceu. E me foi perguntado: “Irás tu fracassar
novamente?” e respondi “Eu não fracassarei”. (Pois eu dei todo o meu sangue a BABALON,
e não era eu quem falava.)
E depois disso eu fui levado para dentro e saudei o Príncipe do lugar, e depois disso
coisas me foram feitas das quais não posso falar, e eles mo disseram, “Não é certo que você
sobreviva, mas se sobreviver você atingirá sua verdadeira vontade, e manifestará o
Anticristo”.
E nisso eu retornei e fiz o Juramento do Abismo, tendo apenas a escolha entre a
loucura, o suicídio, e esse juramento. Mas o Juramento de maneira alguma melhorou esse
terror, e eu continuei na loucura e no horror do abismo por uma estação. Entretanto não
mais que isso. Mas tendo passado a ordália de 40 dias eu tomei o Juramento de um Mestre
do Templo, mesmo o Juramento do Anticristo ante Frater 132, o Deus Desconhecido.
E assim fui eu Anticristo solto no mundo; e a isto eu estou prometido, que a obra da
Besta 666 cumprir-se-á, e o caminho para a vinda de BABALON será feito aberto e eu não
pararei ou descansarei até que estas coisas sejam consumadas. E para este fim eu emiti este
meu Manifesto.
264
Diabolicus
O Livro do Anticristo
POR JACK PARSONS
TRADUÇÃO IVAN SCHNEIDER
O Manifesto do Anticristo
Um fim à modéstia e à vergonha, à culpa e ao pecado, pois esses são do único mal o sol, que é
medo.
Um fim à autoridade que não é baseada na coragem e na virilidade, à autoridade dos padres
mentirosos, dos juízes conluios, da polícia chantagista, e
Um fim à bajulação servil e à lisonja dos costumes, as coroações das meiocracias, a ascensão de
estudos.
Um fim à restrição e à inibição, pois Eu, O ANTICRISTO, sou vindo entre vós pregando a Palavra da
Besta 666, que é, “Não há Lei senão Faz o que tu queres”.
Eu trarei todos os homens à lei da Besta 666, e em Sua lei eu conquistarei o mundo.
E dentro de sete anos doravante, BABALON, A MULHER ESCARLATE HILARION manifestar-se-á entre
vós, e levará esta minha obra a sua fruição.
E dentro de nove anos uma nação aceitará a Lei da BESTA 666 em meu nome, e essa nação será a
primeira nação da terra.
E todos que me aceitarem como o ANTICRISTO e à Lei da BESTA 666, serão amaldiçoados e sua
alegria será mil vezes maior do que as falsas alegrias dos falsos santos.
E em meu nome BELARION eles farão milagres, e confundirão nossos inimigos, e ninguém
permanecerá ante nós.
Portanto eu, O ANTICRISTO, convoco a todos os Escolhidos e aos eleitos e a todos os homens,
aparecei em nome da Liberdade, para que possamos findar para sempre a tirania da Irmandade Negra.
Testemunhe minha mão e meu selo neste dia [...] de [...] de 1949, que é o ano de BABALON 4066.
BELARION, ANTICRISTO
265
Poetice
Hæc Poeticè Finguntur
POR ELAINE .Z:
Para manifestar nossa visão, um vício Conexões que não condizem com o normal
De um mundo que nos alcança por uma fresta. A mente à mercê de uma paranóia
Para elevar-se nos mais difíceis momentos Concebe um ódio acomodador e hedonista.
Ouço vozes além-alma que me guiam E assim não se preocupa mais com o seu sustento
Opostas à razão vigente legislante Sua multidão de mentirosos tudo lhe dá.
Entretanto, indagando, a cicatriz fica De nosso ego transvestido no outro que ostentamos.
Para registrar uma experiência útil O sentimento só acaba com a ineficiência deste
Degrau acima, passo a frente, justifica Mas novas vagas são geradas todos os dias
Na fresta que nos vê, a mudança sutil. __ servo e servido jogam no mesmo interesse.
Este espaço limítrofe entre corpo e alma Suave como um elogio sinceramente falso
Desce aturdida às suas fronteiras, e exausta Que não se junta ao coletivo por ser única
Nutre-se do encontro com sua real pessoa. Que não aceita o status quo mas está nele.
266
Poetice
Hæc Poeticè Finguntur
POR PHARZHUPH
Do Monstro
(...)
267
Humor Nigrum
Nosso Reverendo e os Mandamentos
POR REVERENDO EURYBIADIS
Ah... Como me recordo das aulas de catecismo... Contava os catorze anos de idade e era um garoto
desajeitado e nada temente a Deus. Lembro-me do principal motivo para sentar a bunda no banco desconfortável
das carteiras antigas: minhas pequenas colegas de empreitada ecumênica... Lembro-me dos beijos trocados nos
cantos escuros da Igreja e das marcas de batom em minhas camisetas brancas com estampas das capas dos
álbuns do Iron Maiden – minha mãe não me deixava usar camisetas com estampas do Bathory para ir à Igreja...
Às vezes havia marcas de batom nas cuecas também, principalmente quando me tornei coroinha... Pra se ver
como tem gente escrota nesse mundo... Mas eu era recompensado pelo trabalho duro: dinheiro, uns baseadinhos
e camisinhas.
Numa dessas aulas torpes, lecionadas por algum energúmeno semi-analfabeto, me disseram o seguinte:
Deus é um cara legal, mas, por ele ter libertado um punhado de caras egoístas que eram escravos, eu deveria
obedecer seus dez mandamentos...
É isso ou é o Inferno meu chapa!
As palavras que eles queriam enfiar na minha cabeça se pareciam mais com um supositório de vinte e
três polegadas administrado com lubrificante arenoso.
Eles me disseram o seguinte: “Tu Deves Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas”.
E eu respondi: “Qualé mermão?! Adorar um cara controverso, mentiroso, mesquinho e mandão como
esse? Um cara que quer que eu seja mais uma peça de seu xadrez bizarro com regras estúpidas? Como posso
adorar algo tão inumano? E o pior de tudo: um cara que não gosta de mulher... Tais brincando meu camarada...”.
Eles disseram: “Tu não Deves invocar o santo nome de Deus em vão”.
E eu respondi: “E eu lá fico a bradar besteiras sem sentido? Mando tudo à merda, inclusive ele e seu filho
assexuado...”.
Disseram-me: “Tu Deves santificar os Domingos e festas de guarda”.
Eu respondi: “Chá comigo Brow! Domingo é santo mesmo, mas festa de guarda tô fora. Não me misturo
com policiais, já chega os agentes penitenciários que cuidam do meu pai e do meu avô”.
Eles disseram: “Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores)”.
E assim eu respondi: “Vai se fuder! É claro que honro meus pais e cultuo minha ancestralidade. Isso não
é coisa de Deus, isso é educação”.
Disseram-me: “Tu não deves matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao
próximo)”.
Essa não teve jeito, não houve como responder! Desfiz-me em gargalhadas! É como se as raposas me
dissessem para não comer frango frito: galinha é só pra elas... Vão à merda seus putos, assassinaram milhares
numa “santa” inquisição, abençoaram holocaustos (mesmo que tenham sido de mentira) e promoveram tantas
guerras santas e vêm me falar pra não matar?
Disseram ainda: “Tu deves guardar castidade nas palavras e nas obras”.
Uhrum! Ahh tá... Castidade nas palavras e nas obras... Sei...
Eu disse: “Vou ser menos escandaloso do que os sacerdotes de sua igreja que molestam crianças no
mundo todo; vou ser menos homossexual do que os noviços dos mosteiros que o Vaticano teve que fechar por
pedofilia pederasta; vou ter menos filhos do que os primeiros Papas da Igreja; vou promover menos abortos do
que as virgens freiras; só vou trepar depois de um casamento heterossexual e sempre sem camisinha...”.
Tiveram a coragem de dizer: “Tu não deves furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do
próximo)”.
Ri demais pra responder, mas o fiz: “Pode deixar! Farei diferente do que vocês sempre fizeram. Não levarei
o ouro saqueado de um país sul-americano pra enfeitar Igrejas suntuosas na Europa. Não vou exigir que meus
seguidores me paguem dízimos. Afinal, vocês não querem concorrentes, certo?”.
Disseram-me: “Tu não deves levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade
ou difamar o próximo)”.
E eu respondi: “OK! Vocês me falam que uma virgem pariu Jesus; que um escravo fujão abriu o Mar
Vermelho pra um bando de gente passar; que um deus fantasma lançou dez pragas no Egito pra castigar aqueles
que escravizaram o povo hebreu; que o mundo tem pouco mais que seis mil anos; que Noé abrigou um casal de
cada bicho numa arca de madeira durante um dilúvio universal; que Adão e Eva foram os primeiros seres humanos
e que todos descendemos de um grande incesto... E ainda querem que eu não falte à verdade??? – Prefiro seguir
o exemplo de vocês!”
Eles diziam: “Tu deves guardar castidade nos pensamentos e nos desejos”.
E eu respondi: “Meio repetitivo isso de mandamentos heim... Sou um poço de inocência... Vazio, mas de
pura inocência...”.
Por último me disseram para não cobiçar as coisas alheias...
Esse é difícil e se entrelaça a vários outros pecados que cometo diariamente, afinal, a grama é sempre
mais verde no quintal do vizinho...
268
Humor Nigrum
O Reverendo e a “Pegadinha do Malandro”
POR REVERENDO EURYBIADIS
Partindo da premissa de que uma imagem vale mais do que mil palavras, vejam isso:
269
Index Librorum Prohibitorum II
Livros
POR PHARZHUPH
Kingdoms of Flame
De Archaelus Baron
Nossa avaliação:
Typhonian Teratomas
De Mishlen Linden
Nossa avaliação:
270
Index Librorum Prohibitorum II
Livros
POR PHARZHUPH
Nossa avaliação:
http://www.mortesubita.org/loja/livro-
Onde conseguir:
branco-do-satanismo
Investimento: R$ 12,00
Nossa avaliação:
271
Index Librorum Prohibitorum II
Livros
POR PHARZHUPH
Nossa avaliação:
Nossa avaliação:
272
Dramatis – Trilogia Libertina-Sadeana
Justine
FONTE: http://satyros.uol.com.br/noticia.asp?id_destaque=1 - http://satyros.uol.com.br/principal.asp
Após a realização das montagens de "A Filosofia na Alcova" e "Os 120 Dias de Sodoma", baseadas
nas obras do marquês de Sade - aristocrata francês que viveu na virada do século XVIII para o século XIX
-, a Cia. de Teatro Os Satyros estréia no próximo dia 21 de abril, às 21hs, a peça "Justine", última parte de
sua Trilogia Libertina.
"Justine", adaptada e dirigida por Rodolfo García Vázquez, traz no elenco os atores: Andressa Cabral,
Erika Forlim, Marta Baião, Carolina Angrisani, Antônio Campos, Danilo Amaral, Diogo Moura, Eduardo Prado,
Gilberto Scarpa, Gisa Gutervil, Henrique Mello, Luana Tanaka, Luisa Valente, Marcelo Tomás, Mauro Persil,
Robson Catalunha, Rodrigo Souza, Ruy Andrade, Samira Lochter, Tiago Martelli. A peça estará em cena as
terças e quartas às 21h.
Partindo de um estudo profundo da obra do marquês de Sade, e de um resgate crítico das montagens
de "A Filosofia na Alcova" e "Os 120 Dias de Sodoma", Os Satyros se propuseram a realizar a montagem de
"Justine", concluindo, assim, a Trilogia Libertina.
Para a realização de "Justine", a companhia trabalhou por mais de nove meses com uma equipe de
mais de trinta pessoas, dentro dos procedimentos críticos do chamado Teatro Veloz, método de trabalho
desenvolvido pela companhia, em todas as etapas do processo criativo, resultando na montagem atual.
No ano em que a Cia. de Teatro Os Satyros completa seus 20 anos de existência, "Justine" vem
como o resgate de todo o processo de criação, pesquisa e atuação realizado ao longo dessas duas décadas
de trabalho.
Justine, personagem constante nos textos de Marquês de Sade, é a personificação do puritanismo,
dos bons modos e da caridade, sendo caracterizada pela ingenuidade perante a sociedade cruel e depravada,
retratada por Sade em suas obras. Justine é a contraposição de Juliette, irmã e antagonista da história, que
se envolve em depravações, crimes e perversões.
Nas palavras de Contador Borges, poeta, ensaísta e tradutor de "A Filosofia na Alcova" no Brasil,
“Os Satyros mais uma vez têm a ousadia de encarar Sade de frente (ou seria por trás?). Primeiro veio a
concepção cênica de "A Filosofia na Alcova" e suas sucessivas belas montagens, desde os anos noventa até
hoje. Em seguida o evento não menos audacioso de verter para o palco as aberrações fantásticas de "Os
120 dias de Sodoma". Agora é a vez de "Justine". Enfim, suspiramos, a vítima têm a chance de mostrar a
que veio, que o seu não de recusa é no fundo um dispositivo para a afirmação do libertino, adepto cego dos
prazeres triunfais do individuo”.
Sinopse: Última parte da trilogia dos Satyros para os textos de marquês de Sade, a peça conta a
história da pura, religiosa e inocente personagem Justine (Andressa Cabral) que acaba se envolvendo em
experiências de crime, tortura e depravações que testarão seus valores morais e de conduta, enquanto sua
irmã, a bela e libertina Juliette (Erika Forlim) realiza uma trajetória cheia de sucessos e prazeres.
Texto: Rodolfo García Vázquez
Direção: Rodolfo García Vázquez
Elenco: Andressa Cabral, Erika Forlim, Marta Baião, Carolina Angrisani, Antônio Campos, Danilo
Amaral, Diogo Moura, Eduardo Prado, Gilberto Scarpa, Gisa Gutervil, Henrique Mello, Luana Tanaka, Luisa
Valente, Marcelo Tomás, Mauro Persil, Robson Catalunha, Rodrigo Souza, Ruy Andrade, Samira Lochter,
Tiago Martelli.
273
Vox Infernum II
Wagner Moloch - Naberus
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Artes plásticas, fotografia, desenho e ilustração, música, entrevistas, pesquisas, observação e tudo
“o mais” que possa ser utilizado para exteriorizar as Idéias, a Imaginação, a Criatividade e as Experiências
de um artista complexo, talentoso e inteligente.
Nas próximas páginas conheceremos um pouco sobre as idéias e o excelente trabalho desenvolvido
por Wagner Moloch, um herói da resistência (e da persistência) artística em nosso país. Com a palavra,
Wagner Moloch...
Você me parece um artista bastante completo e complexo. Desde quando surgiu seu
interesse pela arte e como foi o seu caminhar por diferentes técnicas e maneiras de se expressar?
Há algo além de música, fotografia, desenho, escultura e artes plásticas? Você possui alguma
preferência nesse manancial de expressão de sua criatividade?
Bem, procuro me completar expressando minhas vontades em todas as áreas que aprecio, não sei
até que ponto o é aos olhos alheios. Meu interesse por arte é de infância, já folheava livros com a arte de
Hieronimus Bosch desde pequeno, a mãe de um amigo o possuía e nem era interessada, me lembro que eu
pedia o livro pra ele, mas ela anunciava que era presente, não gostava, mas o retia em casa por ser um
presente… se eu não fosse insistente em minha busca, com essa atitude egoísta ela poderia ter me podado,
mas aqui estou. Alterando meu brinquedos, deformando-os… Assim segui.
Além deste “limite” tem o Wagner humano que se decepciona e se alegra as vezes com o humano,
há o incansável batalhador ( não por reconhecimento, mas pela subsistência ao menos) e ainda insiste em
seus sonhos…anseios…não consigo falar muito sobre mim, posso desenvolver melhor ao longo das questões.
As preferências se enquadram no momento de inspiração; hoje, por exemplo, estou mais ligado à
música, concluindo um segundo trabalho do projeto intitulado Moloch para meu prazer pessoal, e que
disponibilizo gratuitamente a todos os interessados.
274
Vox Infernum II
Wagner Moloch - Naberus
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
O que a manifestação artística representa e é para você, como artista e como apreciador
de arte?
Expressão da dita alma. Exteriorização. Eu particularmente desenvolvo e busco seja onde for as
fontes para conseguir exteriorizar as idéias em minha mente, sei que tenho inspirado e auxiliado muitas
pessoas nesse sentido, então acredito que desenvolvo um bom papel neste universo vigente em que
habitamos em matéria.
Como você descreveria o processo de criação artística que culmina na realização de suas
obras? Quais elementos permeiam sua criação artística, além da escultura, da montagem e da
transformação das formas? Como os trabalhos são realizados (técnicas, materiais e processos)?
Autodidatismo sempre foi a forma em que me baseei, meu processo de criação é simples, imagino,
reúno tudo que seria útil para desenvolver a obra e vou somando, aplicando várias técnicas ao mesmo
tempo, mas não poderia descrevê-las, algumas posso até ter inventando e ainda não sei, afinal não é meu
objetivo, apenas materializar a idéia. Acumulo muita coisa em minha casa para tal, acabo sendo um artista
da reciclagem também, mesmo no tocante a utilização de restos animais, mas, além disso, a madeira, ferro,
tecido, peças diversas e o que for deve e será integrado ao trabalho.
Quais são suas influências artísticas principais? Já surgiram outras comparações entre o
seu trabalho e a obra de Giger, por exemplo?
Sim, com certeza já compararam principalmente porque em um dos meus trabalhos me inspirei em
uma de suas obras, mas fora isso não vejo tanta similaridade ainda; digo ainda pois estou sempre em
transformação, e possivelmente em alguma ocasião poderei soar mais ao estilo (incomparável) de Giger.
Como disse antes, a grande e primal influência foi Bosch, mas Magriti, Bruegel, Dalí e tantos outros
pintores participaram de meus pesadelos, artistas de rua, grandes obras arquitetônicas de civilizações
antigas e seus conhecimentos que infelizmente foram utilizados de forma errônea e/ou destruídos pela
“cultura” arrogante religiosa ocidental, cemitérios também são museus a céu aberto e as pessoas ainda não
tomaram consciência disso, as formas na natureza me influenciam, solo, árvore… retiro de lugares mais
absurdos ao outros inspiração para algo nada relacionado visualmente, mas que em mim tocou e inspirou
para o nascimento da obra.
Você acredita que um artista consegue sobreviver ou viver dos frutos de seu trabalho em
países como o nosso?
Depende muito de “padrinhos” para tal, eu solitariamente sou insistente, só a morte irá me barrar
em meus objetivos, mas não aconselho isso, pode ser muito danoso a mente, eu sei de minha força e sei
dos danos que já me causei nessa persistência, mas cabe a cada um avaliar.
Bom, as críticas oficiais que abrem portas aos artistas que lhes convém até apreciaram uma coisa
ou outra, mas nunca me deram uma oportunidade para exposição ao menos, as poucas que fiz foi por
iniciativa privada de eventos ufológicos, casas noturnas, shows… Não tenho berço, sem reconhecimento em
minha cidade, porém sou muito conhecido pelo globo, em um circuito underground claro. Ter participado
com uma imagem na capa do último álbum de Equimanthorn para mim foi a maior realização, pois eles
muito já me inspiraram, e hoje eu os inspirei na criação do álbum.
275
Vox Infernum II
Wagner Moloch - Naberus
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Com que freqüência seus trabalhos são expostos para o público e como costumam ser as
exposições?
Se não existisse a internet (que é pessimamente mal utilizada ainda) dificilmente eu teria atingido
tantas pessoas como atinjo hoje, quem quiser conhecer meu trabalho ao vivo só vindo a minha residência,
não procuro expor externamente, talvez ainda uma idéia que tenho a muito tempo em reunir alguns artistas
do estilo e fazer uma expo em uma caverna talvez, algo que seja a altura da obscuridade oferecida nas
obras.
Você pode nos falar sobre experiências com enteógenos, psilocibina e psilocina? Como
você descreveria a importância da expansão da consciência através desses meios? Há alguma
influência da contracultura em suas idéias? Algo como as idéias de Timothy Leary, Jack Kerouac,
Aldous Huxley, Burroughs ou algo mais xamanístico em natureza? Como essas experiências e
idéias influenciam seus trabalhos artísticos?
Minha experiência com essas chaves vem desde 1990, a importância para mim é ímpar, não
recomendo, pois não sei até que ponto as pessoas tem a mesma responsabilidade que a minha para tal, e
muito menos faço apologia ao uso. Tem muito expressado no Moloch – Psylocibe Cubensis que concluí no
final do ano passado, condensei minhas experiências em música, acredito que atingí meus objetivos nessa
expressão musical. As cinzas de Timothy Leary se espalharam pelo espaço, nada mais digno para este ser
tão singular ao nosso mundo. Jack Kerouac, não tive o contato merecido ainda, pretendo ainda sim me
familiarizar com ele, As Portas da Percepção são flertadas por mim no projeto Moloch, nada mais poderia
dizer sobre este (Huxley) que junto com Timothy Leary deveriam viver por 300 anos para uma melhor
compreensão do público. William Burroughs… ainda preciso mais sobre o mesmo também. Xamanismo,
Carlos Castañeda, Alejandro Jodorowsky e tantos outros flertes transuniversais são de suma importância
para minha criação e digo mais, para meu viver.
Algumas pessoas costumam confundir psiconautas com viciados destituídos de bom senso
e de autocontrole. É comum notarmos uma aura de preconceito contra pessoas que defendem
idéias mais libertárias com relação ao uso de determinados meios para explorar a própria
constituição psicológica (consciente e inconsciente). Como você acha que deveríamos lidar com
esse tipo de preconceito num país como o Brasil?
Exatamente por essa mentalidade que não proponho qualquer tipo de apologia a tal, pois realmente
ainda o uso recreacional é imenso, não evidencio que usufruo e navego por quaisquer universos particulares,
com respeito ao meu trabalho já recebo uma parcela de preconceito suficiente, se abrir então maiores
particularidades aí serei execrado totalmente, não que me incomode, mas também não preciso de mais essa
carga. Devemos lidar como deve ser, em silêncio.
O que é a “realidade” para você? Você acha que há um hiato entre a sua percepção da
realidade e a “visão” que a maioria das pessoas tem sobre ela?
Realidade. Devido a várias experiências que já tive tomo ela como questionável, por conta de
experiências oníricas só posso dizer que o real que conhecemos não é tão tangível assim. Em meus
momentos herméticos mesmo já tive experiências pré cognitivas difíceis de acreditar, mas confirmadas por
mim, devidamente transmitidas em minha arte, música, escritos…
Você pode nos falar sobre seus projetos musicais The Lunatics, Moloch e Naberus? Como
é possível obter suas músicas? Há gravações, demos, vídeos, planos de lançar CDs?
Tudo está na internet, The Lunatics é uma reunião que faço com amigos periodicamente para
expressar as músicas de Pink Floyd, acontece mais para relaxar mesmo.
276
Vox Infernum II
Wagner Moloch - Naberus
Moloch como já citei é a expressão mais íntima de minhas experiências, Naberus também, apesar
que Naberus já conta com uma parceria com o músico Ricardo Santos e provavelmente outras participações
acontecerão, Moloch tudo parte de meu particular. Sobre lançamentos… até há a idéia para tal futuramente,
apenas futuramente. Algo limitado é bem enriquecido em informações, arte e materiais usados para a
confecção bem caprichados, nada de volume comercial de massa, não é meu objetivo.
Naberus existe há muito mais tempo, já teve seu momento como banda, trio… atualmente os fixos
são o Ricardo e eu, uma parceria que deu certo, procuramos transmitir a idéia da audição como se estivesse
a deriva no espaço. Moloch tem essa base também, porém apenas eu sou criador ali, mas não ocorre a
utilização de guitarras e instrumentos convencionais, integro sonoridades mais vintage à idéia, que inclusive
acabo de oferecer mais um trabalho aos ouvintes chamado 200 Billion Stars, mais uma experiência particular
transmitida em sonoridades.
Em muitas de suas manifestações artísticas há nítidos traços de uma cultura que está
longe de ser considerada comum às massas em aspectos “religiosos” e filosóficos, traços
mágickos e literalmente ocultos. Quais são essas influências? Satanismo, luciferianismo,
bruxaria, ocultismo, ficção?
Expresso todo o aprendido por mim, todas as passagens de minha vida, então fica por conta do
observador reconhecer as citações nas obras, além das já citadas tantas influências. Não gosto de citar o
que há ou não em cada trabalho, seria como ter que explicar uma piada.
277
Vox Infernum II
Wagner Moloch - Naberus
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Religião, essa religação ao divino eu descarto de minha vida pura e simplesmente, existe muito mais
além da forma simplista que o ser humano costuma estilizar a criação e manutenção do universo. Não tenho
respostas para o agora, mas também não aceito as pré-concebidas e devidamente colocadas para a
adequação de quem não quer ter o trabalho em buscar mais além.
De resto, faço um paralelo ao nosso organismo; absorvendo alimentação variada, digestão dos
mesmos e o descartar do que não é interessante ao corpo. Mastigação e deglutição seriam como o momento
da leitura e devida absorção do que se está lendo, movimentos peristálticos seriam como o raciocínio em
cima do absorvido e após, o defecar, seria o descartar do que não nos serve. A queima disso tudo pelo
organismo seria similar ao conhecimento adquirido sendo aplicado aos dias.
Fico imaginando o que muitos já me falaram antes, que gostariam de ver entrevista com essa ou
aquela banda, mas quando disponibilizo de forma gratuita e com questões que não são para divulgar o
álbum novo e turnê, aquelas questões maçantes de revistas mensais, as pessoas não demonstram interesse.
Eu tive e tenho conversas com tantas outras bandas e parei de divulgar apenas, mas hora dessa eu publico
algo novamente.
278
Vox Infernum II
Wagner Moloch - Naberus
ENTREVISTA POR PHARZHUPH
Fale-nos um pouco sobre seu interesse por OVNIS e por vida extraterrestre. Você acha
que os governos e as forças armadas possuem evidências concretas, em especial os Estados
Unidos? Há alguma relação entre seu interesse por OVNIS e suas atividades como astrônomo
“amador”?
Olha, ponto delicado, que eles tem um conhecimento e registro sobre é fato, e em grande
quantidade, mas acredito que saber sobre origem e tudo mais devem saber tanto quanto nós, não creio
nessa idéia de acordo deles conosco ou coisa do tipo, isso é mais paranóia moderna.
Tive uma grande observação de OVNI em cima de minha casa, isso depois de já ter observado outras
tantas não tão significativas quanto esta, com isso a enorme interrogação na mente se mantém, mas creio
que são tão exploradores do universo como nós mesmos somos, na Rússia já se começou o treinamento
oficial de cosmonautas para irem para Marte daqui a alguns anos, imagine ou tente o que outras civilizações
mais a frente já não fizeram pelo Cosmo…
E sim, elas se unem, aprendi a conhecer e apreciar o universo pela beleza, pela importância e por
buscar respostas, e quão somos insignificantes, mas nos achamos escolhidos, especiais e únicos moradores,
o que é completo engano, mas a necessidade paternalista humana está sempre em alta, em proteção de
seus medos e erros.
Gostaria de agradecê-lo intensa e imensamente por nos conceder essa pequena entrevista
e por nos dar uma oportunidade de conhecer melhor o seu trabalho. Por fim, qual mensagem
você gostaria de transmitir aos nossos leitores?
Muito grato pelo interesse. Recomendo a todos sempre se reavaliarem e observar a sua volta o
quanto está irradiando o que se aprende, e nunca deva se envergonhar em mudar de opinião, isso demonstra
que estão raciocinando, fujam das ratoeiras eclesiásticas, aprendam e ensinem, transmita conhecimento,
absorva o Cosmo, valorize sua moradia cósmica chamada por nós… Terra, mas as vezes torça para que o
Gaspra venha em nossa direção dar um grande “abraço” ao homem destrutivo.
Perfil no MySpace
http://www.myspace.com/wagnermoloch
Canal do YouTube
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Entrevistas concedidas
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Compêndio Hermético
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Arte à venda
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Ufologia particular
http://ufologiasjc.blogspot.com
279
Charta Salutatrix
Nossos Parceiros
POR PHARZHUPH
Em ordem alfabética, nossos principais Amigos, Parceiros e Irmãos. Indivíduos e projetos de suma importância
para o desenvolvimento do Homem no plano de suas Idéias e Ações. Personas que nos ajudam e nos ajudaram em nosso
trabalho! Muito Obrigado a Todos Vocês!
Frater .´. Adriano Camargo Monteiro Autor dos livros A Revolução Luciferiana, A Cabala
Draconiana, Sistemagia e O Tarô Carbônico, Frater Adriano
Camargo Monteiro esteve presente em quase todas as edições
http://br.geocities.com/tarocarbonico de nossa revista. Seu próximo trabalho deve ser lançado até
http://br.geocities.com/adrianocmonteiro junho de 2009. Livros lançados pela Editora Madras.
280
Poetice
Hæc Poeticè Finguntur
POR PEDRO HENRIQUE BRAGA LEONE
281
Interessado em colaborar? Escreva para nós: pharzhuph@gmail.com!
Possíveis colaborações serão analisadas sem garantia de publicação.
282
283
Lucifer Luciferax VI
284
285
Ao Leitor
A tolice, o pecado, o logro, a mesquinhez
Habitam nosso espírito e o corpo viciam,
E adoráveis remorsos sempre nos saciam,
Como o mendigo exibe a sua sordidez.
286
Prælusio
Vox Mortem, Mortiferum Poculum
POR PHARZHUPH
Saudações!
287
Index
Capa: Adam und Eva, 1897, óleo sobre tela de Hans Thoma (1839-1924)
Lux
Ao Leitor, poema de Charles Baudelaire
- 286 -
Prœlusio
Vox Mortem, Mortiferum Poculum
- 287 -
Prœlucidus
O Esoterismo e o Caminho da Mão Esquerda, por Thomas Karlsson
- 290 -
Prœlucidus
Magia e Esoterismo, Thomas Karlsson - 293 -
Drakon Typhon
O Draconismo e o Conhecimento, por Adriano C. Monteiro - 294 -
Therion
Aleister Crowley: Entra “A Grande Besta”, por Carlos Raposo - 296 -
Satanis
Satanismo, Que Diabos é Isso?, por Morbitvs Vividvs - 299 -
Drakon Typhon
Árvore da Meditação Noturna, por Linda Falorio - 303 -
Poeticus
O Fantasma de Abel, por William Blake - 307 -
Kaos
Desenho Automático, por Austin Osman Spare e Frederick Carter - 310 -
Vox Infernum
Entrevista E.A. Koetting - 316 -
Dramatis
A Encarnação do Demônio & Os Satyros - 322 -
Fiat Voluntas Mea
Pater Noster, por Reverendo Eurybiadis
- 325 -
Index Librorum Prohibitorum - 327 -
Poetice
Poemas de Pedro Henrique Braga Leone
- 329 -
288
http://luciferiano.org/
Área Restrita:
http://luciferiano.ning.com/
luciferiano@luciferiano.org
289
Prælucidus
O Esoterismo e o Caminho da Mão Esquerda
POR THOMAS KARLSSON
A Dragon Rouge costuma se descrever como uma ordem esotérica que explora o conhecimento
esotérico, mas o que é o esoterismo24 e como ele está conectado ao Caminho da Mão Esquerda? Antoine
Faivre25, um destacado acadêmico em pesquisa oculta, disse em seu livro “L'ésotérisme” que não se trata
de uma área de estudo como a arte, a filosofia ou a química, é mais uma maneira de pensar. Faivre explica:
“A derivação etimológica difusa da palavra indica que um indivíduo somente pode encontrar as
chaves para os símbolos, mitos e realidade através da progressão individual que o conduz gradativamente
à iluminação de maneira hermenêutica. Não há segredo extremo se o indivíduo acredita que tudo é
basicamente secreto.”
O termo esoterismo denota algo interior e misterioso, ao contrário do termo exotérico que denota
algo exterior. O cristianismo com seus dogmas e cerimônias poderia ser chamado de exotérico, enquanto o
gnosticismo poderia ser visto como esotérico. Da mesma forma, o Satanismo poderia ser descrito como
exotérico e o Caminho da Mão Esquerda como esotérico. Faivre apresenta sua explicação:
“A palavra esoterismo deriva de ‘eso’26 que significa ‘dentro de’ e ‘ter’27 que conduz à palavra
oposição. A etimologia difusa da palavra a tornou elástica e aberta.”
Mas Faivre acredita que seis critérios deveriam ser preenchidos caso queira-se discutir algo
especificamente esotérico de maneira positiva (para distinguir de uma iniciação não-esotérica), das quais
quatro são preliminares. Tais critérios são:
1) Correspondências;
2) A natureza viva;
3) Conceituação e intermediação;
4) A experiência de transmutação;
5) Concordância
6) Transferência
24
No dicionário Houaiss: substantivo masculino; 1 atitude doutrinária, pedagógica ou sectária segundo a qual certos
conhecimentos (relacionados com a ciência, a filosofia e a religião) não podem ou não devem ser vulgarizados, mas
comunicados a um pequeno número de iniciados; 2 ciência, doutrina ou prática baseada em fenômenos sobrenaturais; 3
Derivação: sentido figurado caráter de uma obra hermética, enigmática.
25
Antoine Faivre (1934-): diretor emérito de estudos científicos sobre religião da “Ecole Pratique des Hautes Etudes”.
Conhecido por seus estudos acadêmicos envolvendo assuntos relacionados ao ocultismo.
26
Eso - elemento de composição antepositivo, do adv.prep.gr. ésó 'dentro, no interior de'; ocorre já em voc. formado no
próprio gr., como esotérico (esóterikós), já em cultismos do sXIX em diante, entre os quais eso, esocataforia, esoderma,
esoderme, esoforia, esofórico, esogastrite, esogastrítico, esoterismo, esoterista, esoterístico.
27
- ter - elemento de composição interpositivo, do suf.lat. -ter (-teri/-tri, -tera/-terum, -tra/-trum) formador de adj. -
conexo com o gr. -téros, ver 2 – tero -, us., não raro, para formar pares de opostos (dexter:sinister) e, mais raramente,
algumas pal. com o sentido de 'um de dois' (alter, uter); ocorre em voc. formados no próprio lat. ou em seus der. vern.;
registram-se, entre outros, os segg. voc. com este el.: externo, exterior, interno, interior, matértera.
290
Prælucidus
O Esoterismo e o Caminho da Mão Esquerda
POR THOMAS KARLSSON
1) As correspondências são como a idéia das conexões ocultas entre as partes visíveis e invisíveis do
universo, conforme o axioma hermético “Aquilo que está abaixo é como aquilo que está acima” 28. Existem
conexões entre os minerais, o corpo humano e os planetas, etc.
2) A natureza viva se baseia na visão do cosmos como uma unidade múltipla e hierárquica onde a
natureza tem uma posição importante próxima de Deus e do Homem. A natureza é permeada por uma luz
ou fogo e é rica em experiências potenciais e deveria ser lida como um livro. Mas Faivre frisa que desde o
início do século XX o espiritualismo monístico ascendeu inspirado pelo misticismo oriental, onde a natureza
é omitida ou até mesmo negada.
“Entendido dessa maneira, a fantasia29 é uma ferramenta para aqueles que desejam alcançar
conhecimentos sobre si mesmos, sobre o mundo e sobre o mito. Esse é o olho de fogo que penetra a casca
da aparência exterior e faz o significado aparecer e descobrir as “conexões” que tornam visível o invisível e
expandem nossa visão mundana; o “mundus imaginalis”, inacessível aos olhos carnais mundanos.”.
A esses quatro componentes básicos do esoterismo podemos acrescentar dois componentes relativos:
6) Transferência. O conhecimento pode ou deve ser transferido do professor para o estudante através
de certos padrões, frequentemente através de iniciações. As condições desse “segundo nascimento” são
que: a) os ensinamentos são respeitados e não questionados, desde que a pessoa deseje fazer parte dessa
tradição, e b) a iniciação é supervisionada por um professor ou mestre.
28
Tábua de Esmeralda: “Quod est inferius est sicut qod est superios, et quod est superius est sicut quod est inferius, ad
perpetranda miracula rei unius”.
29
Nota de Faivre: “a palavra imaginato está relacionada com as palavras magnet, magia e imagio”.
30 “EN TO PAN” significa “Um o Todo”
291
Prælucidus
O Esoterismo e o Caminho da Mão Esquerda
POR THOMAS KARLSSON
Isso corresponde ao pensamento tântrico de brahman/parakundalini que existe dentro do homem como
o atman/shaktikundalini. Isso também corresponde à Luz Luciferiana ou Chama de Prometeu que pode
transformar os homens em deuses se for encontrada dentro do próprio indivíduo. O homem e sua alma
correspondem a princípios universais externos a nós.
Na filosofia draconiana a idéia da natureza viva é importante já que esta filosofia contraria a visão
atomística e materialista do homem e da natureza. Especialmente na antiga magia escandinava e céltica
onde encontramos o Dragão como um símbolo do espírito da natureza. Também encontramos esse símbolo
na tradição chinesa do Feng Shui. Todo o conhecimento esotérico está presente na natureza, mas está
escondido do moderno homem civilizado. A árvore do conhecimento é mais do que uma metáfora.
Os níveis intermediários que Faivre menciona representam os mundos astrais e os diferentes níveis
pelos quais o magista passa durante sua iniciação alquímica. O sistema mágico da Dragon Rouge é um
sistema iniciatório onde o magista gradualmente avança por determinados níveis. Já que a meta não é se
tornar um com Deus, o caminho para o divino é um processo importante para aprender como controlar o
fogo divino.
O último critério de Faivre é talvez o mais importante aspecto do processo de iniciação alquímica da
Dragon Rouge. A transformação da natureza humana para a forma divina é a meta do Caminho da Mão
Esquerda. Ao contrário do que muitos satanistas ou teóricos da Nova Era, a Dragon Rouge não acredita que
o homem já é um ser divino e que simplesmente tem que reconhecer isso. Nós devemos usar as forças
negras e os princípios qliphóticos para demolir e nos construir novamente, até termos a habilidade de darmos
à luz nós mesmos como deuses. Nós nos transmutamos de seres criados do passado para nos tornarmos
criadores do futuro.
Os dois critérios posteriores de Faivre correspondem em certo grau à filosofia da Dragon Rouge. Existem
princípios em diferentes tradições negras que se correspondem e que tornam os estudos ecléticos frutíferos.
Pode-se comparar Odin, Shiva, Hermes e Lúcifer e encontrar aspectos correspondentes. O último critério de
Faivre sobre a iniciação e transferência possui expressões mais dinâmicas e individualistas na Dragon Rouge.
© Dragon Rouge
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Goya, Ensayos
292
Prælucidus
Magia e Esoterismo
POR THOMAS KARLSSON
O sociólogo Edward E. Tiryakian cunhou uma definição clássica de esoterismo. Ele definiu esoterismo
como o sistema de crenças ou conhecimentos teóricos sobre os quais a prática do ocultismo se fundou. O
ocultismo é a prática e o esoterismo é a teoria. Tiryakian diz:
“Chamo de esotérico os sistemas de crenças religiosas e filosóficas nos quais existem técnicas e
práticas ocultas. Isto é, sistemas que se referem a mapeamentos cognitivos mais amplos da natureza
e do cosmos, as reflexões epistemológicas e ontológicas de realidade última, que constituem um
tesouro de conhecimento que fornece a base para os procedimentos ocultos”.
Faivre aceitou os argumentos de Tiryakian, mas observou que há determinadas limitações já que há
lados práticos no esoterismo e lados teóricos no ocultismo.
Magia se refere a uma prática e pode corresponder ao termo “ocultismo” como definido por Tiryakian.
Quando o termo magia começou a ser definido cientificamente a magia era vista frequentemente como uma
pseudociência ou pré-ciencia. Os dois primeiros autores dignos de nota que definiram o termo magia foram
Edward Burnett Taylor e James Frazer.
Ambos os autores viram a magia como uma ciência falsa e primitiva. Frazer dividiu a até então
chamada “magia simpática” em duas categorias: a homeopática que trabalha através do toque e a imitativa
que é baseada no conceito de que os semelhantes se atraem. Em muitos círculos mágicos a definição de
magia de Aleister Crowley é aceita. Segundo Crowley:
“Magia é a ciência e a arte de causar a mudança que ocorre em conformidade com a vontade”. Essa
é a definição adotada pela Dragon Rouge. A Dragon Rouge vê a magia como uma filosofia prática da vontade
que possibilita que o indivíduo progrida e adquira conhecimento sobre o oculto.
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Tradução: Pharzhuph
Lucifuge Rofocale
293
Drakon Typhon
O Draconismo e o Conhecimento
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
Mas todo esse conhecimento adquirido deve ser profundamente compreendido e internalizado para
que se torne sabedoria. É importante "filtrar" com discernimento a cultura, o conhecimento, as informações
que se adquire, pois todo e qualquer conhecimento internalizado pode se converter em néctar ou veneno.
O néctar proporciona clareza de pensamento, organização intelectual e consciência iluminada (ou luciférica);
o veneno se espalha na constituição humana, dispersando e confundindo todo o conhecimento não
compreendido e não assimilado, distorcendo a realidade, distorcendo o entendimento e podendo causar
algum nível de distúrbio psicomental.
Assim, a cultura pessoal de cada indivíduo autoconsciente, de cada filósofo livre, de cada luciferiano
e de cada draconiano, deveria ser relativamente ampla e abrangente, dentro do possível. Porém, não é o
que ocorre com relação à grande maioria das pessoas, geralmente (muito) comuns e correntes. Há pessoas,
ou grupos, com matéria mental ainda muito crua e rudimentar, mesmo na atualidade com tantas tecnologias
e informações acessíveis a muitos. Por outro lado, há também aqueles de inteligência mediana muito
específica, condicionada, um tipo bastante comum de "inteligência de ofício", útil somente para a atividade
profissional estritamente mundana e corriqueira, o que é diferente da inteligência (de “ofídio”) mais
expandida daqueles que se interessam por conhecimentos além do comum e corrente, além da prosaica
vida mundana cotidiana e limitada e sem maiores expansões e ascensões psicomentais.
Por outro lado, a inteligência expandida encontra o meio de se manifestar somente no influxo
psicomental de indivíduos abertos, receptivos, conectados aos planos sutis e invisíveis (pode-se ver a
mente?) de luz e trevas (a essência de toda manifestação), demonstrando uma avançada compreensão
interior devido ao seu próprio grau evolutivo individual. Pessoas tais possuem inquietudes e vontade pelo
saber, capacidade de descobrir as coisas por si mesmas e sede de conhecimentos. Essa arte de descobrir,
de adquirir conhecimento e experiência, de solucionar problemas por meio da inteligência, etc., é o que se
chama de heurística, seja na ciência, na religião, na filosofia ou na arte, os quatro grandes pilares do
conhecimento que devem formar um todo na mente e na vida do indivíduo consciente, do neo-gnóstico ofita
(ou draco-luciferiano).
O pilar da religião, ou ágape (amor), representa a experiência direta da emoção superior consciente,
algo apenas vivenciado no interior de cada um. É a união da Individualidade (Lúcifer, Logos Luciférico,
Daimon) com a essência do universo. A religião do verdadeiro ágape é o verdadeiro amor de devoção por si
mesmo enquanto entidade evolutiva autoconsciente, e não tem a ver com as inúmeras religiões venenosas,
dogmáticas e coercivas instituídas pelo mundo afora. Trata-se de uma experiência supranormal e
extremamente marcante vivida e provada para si próprio e para mais ninguém. A religião pode ser
considerada também um sistema das relações entre os seres humanos e os seres não-humanos de qualquer
categoria suprafísica (incluindo-se os assim chamados daemonos), no qual se busca uma união, assimilação
ou aquisição de conhecimento e experiência. Na religião do ágape busca-se eliminar as escórias físicas e
psicomentais que embotam o despertar da consciência gnóstica luciferiana e a evolução interior.
294
Drakon Typhon
O Draconismo e o Conhecimento
POR FRATER ADRIANO CAMARGO MONTEIRO
A religião do verdadeiro ágape certamente não é a religião do fanatismo das massas; não é a religião
fundamentalista que cultua as guerras, a dor, o sofrimento, a tristeza e dissemina a confusão mental; não
é a religião da enfermidade psicomental, da estagnação e da acídia, ou seja, da preguiça e desolação do
espírito (supra) humano e da inteligência. A religião do ágape é a viagem do indivíduo em seu próprio
interior, um mergulho em suas próprias emoções primitivas (e psicomentais) que jazem no próprio abismo
(Daath, “Conhecimento”) microcósmico.
O pilar da filosofia, ou Sophia (sabedoria), é a busca da verdade individual que só tem fundamento
e valor para o próprio buscador; é a busca pela realização do ideal fundamental latente no espírito. Ao
contrário de muitos filósofos que parecem estéreis, aprisionados em seus labirintos intelectuais, o filósofo
oculto pragmático emprega meios tais como sistemas metafísicos, ritualística, meditação, projeção da
consciência, psiconáutica, entre outros, para a experiência da Individualidade, para a aquisição de sabedoria
acerca de si e do universo, na medida em que isso seja possível. Teoricamente, a filosofia é o sistema que
estuda a natureza de todas as coisas e suas relações. Por meio da reflexão, de questionamentos, de
especulações e de análises, estuda os processos do pensamento e sua manifestação. Na filosofia oculta e
no neo-gnosticismo ofita, Sophia conduz à paz ataráxica, imperturbável, do espírito, ao bem-estar, à alegria,
à satisfação, às dádivas do ideal que busca se realizar.
O pilar da arte, ou thelema (vontade) é o fundamento das ideias intuitivas, da vontade criadora, do
espírito individual criativo e realizador. A arte só pode expressar a criatividade se houver verdadeira vontade,
impulso e ousadia, livre de limitações impostas e oriundas das repressões sociorreligiosas. Arte é a
capacidade de realizar a obra da criação sobre si mesmo, de aperfeiçoá-la com vontade forte. Na filosofia
oculta e no draconismo, arte é o conjunto de conhecimentos, capacidades e talento para concretizar ideias,
sentimentos e visões de maneira estética e "viva" por meio de imagens (pintura, escultura), sons (música)
e palavras (literatura). A verdadeira arte realizada através de thelema (vontade) está muito longe da
pseudoarte grosseira, antiestética, de mau gosto e desonesta que "artistas" estereotipados e pedantes
produzem sem nenhuma inspiração autêntica. A verdadeira arte se realiza sob vontade para manifestar
porções do próprio Ser (Individualidade).
Assim, no draconismo (ou neo-gnosticismo ofita, ou luciferianismo, como se queira definir) os quatro
pilares do conhecimento, como demonstrados aqui, sustentam o indivíduo e o conduzem ao
autoaprimoramento, ao autoconhecimento e à evolução contínua...
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295
Therion
Aleister Crowley: entra “a Grande Besta”!
POR CARLOS RAPOSO
“Que o Adepto seja armado com seu Crucifixo Mágico e provido com sua Rosa Mística.”
“O Crucifixo Mágico é o Bastão do Magista; a Lança do Sacerdote; simbólica do Lingam.
Sua Rosa Mística é a Taça da Sacerdotisa, simbólica da Yoni.”
Aleister Crowley, Liber XXXVI – A Safira Estrela
Mesmo quando avaliado todo o retrospecto das articulações subterrâneas empreendidas por Theodor
Reuss, no sentido de dar notoriedade e reconhecimento à Ordem por ele criada, nada estaria comparado à
admissão em seus quadros da “grande Besta do Apocalipse”, cognome do afamado mago inglês Aleister
Crowley31 (1875-1947). De fato, Reuss tentou reunir entre seus patenteados diversos grandes nomes do
cenário ocultista do início do século XX (ver artigos sobre Rudolf Steiner, Arnold Krumm-Heller e Papus),
contudo, foi justamente Crowley o personagem que finalmente daria a Ordo Templi Orientis o renome que
hoje ela tem.
O presente texto visa apresentar, em linhas gerais, como aconteceu a nomeação de Crowley como
líder da Ordo Templi Orientis para a Inglaterra. Ao mesmo tempo, pretendo aqui explicar porque a Ordem
passou a ter tanta importância para Aleister Crowley e quais eram os planos do mago inglês para a
organização concebida por Reuss.
Conforme relata certa fonte (Scriven, 2001:219), Crowley32 haveria sido admitido à O.T.O. em 1910,
sendo recebido diretamente no VIIº. Dois anos mais tarde, em 1912, após um inusitado encontro com o
O.H.O. Theodor Reuss, esse o aceitaria como IXº para, logo em seguida, nomeá-lo Rex Summus
Sanctissimus, Xº, Grande Mestre Nacional para a Irlanda, Iona e toda a Bretanha. Exercendo a função de
Rei Inglês da O.T.O., Crowley adota para si a denominação “Baphomet Xº”, nominativa esta que lhe serviria
de insígnia mística, nome mágico e selo pessoal33.
A seção inglesa da O.T.O., sob a liderança de Crowley, passaria a se chamar Mysteria Mystica
Máxima, ou M.'.M.'.M.'. (King, 2002:102 e Symonds, 1989:161n).
As circunstâncias de sua posse, em 1912, como Rei da O.T.O. para a Bretanha às vezes são narradas
como misteriosas, no mínimo pitorescas. No entanto, conforme descrito desdenhosamente pelo próprio
Crowley (1979:709), nesta época ele apenas considerava a O.T.O. um conveniente compêndio de “algumas
verdades maçônicas”.
Sua opinião, entretanto, mudaria radicalmente, resultado de um de seus encontros com o líder Merlin
Peregrinus, Theodor Reuss. Na ocasião, Reuss visitara Crowley em Londres. Ali, o O.H.O. acusaria “a Grande
Besta” de revelar publicamente o supremo segredo da Ordem, o Arcano dos Arcanos, seu Segredo Central,
reservado exclusivamente aos sublimes iniciados do IXº. Enquanto de um lado o atônito Crowley se defendia
daquilo que era considerado uma gravíssima e injusta acusação, dizendo que nem sabia qual era o tal
segredo e nem sequer pertencia ao grau em questão, do outro, um enfurecido Reuss se dirigia até a estante,
pegava um opúsculo e lhe apontava o Capítulo XXXVI do The Book of Lies, livro escrito por Crowley. A
passagem que denunciaria o inglês dizia que: "(...) que ele beba do Sacramento e que comunique o mesmo"
(Symonds, 1989:160)34. Conforme o O.H.O. da O.T.O., ali estavam explicitamente descritas tanto a
natureza quanto a fórmula do ultra-secreto Rito do IXº da Ordem (King, 2002:102).
O mistério acerca do evento acima descrito vem da especulação, também por parte do próprio
Crowley, para o seguinte ponto: como de costume salientando as incomuns circunstâncias de sua vida,
Crowley confessou ter ficado atordoado com fato de Reuss conhecer o conteúdo do The Book of Lies, uma
vez que este livro só seria publicado no ano seguinte, em 1913.
31
Uso de modo livro o termo “A Grande Besta”, por ser um designativo bem conhecido associado ao nome Aleister
Crowley. Tecnicamente, esse título apenas seria adotado por Crowley alguns anos mais tarde, quando ele se autointitularia
“Magus” de sua A.'.A.'. (com o mote mágico To Mega Therion, expressão grega para “A Grande Besta”).
32
Outra fonte sugere sem entrar em detalhes que Crowley já havia estabelecido contato com a O.T.O. desde 1907
(Koenig, 1999:17).
33
Tanto como líder da Ordem na Inglaterra quanto, um pouco mais tarde, autointitulado O.H.O. da O.T.O., Crowley usaria
o mote Baphomet XIº. Contudo, há também quem afirme que seu nome mágico secreto era Phoenix (Grant, 1991:15).
34
O capitulo 36 corresponde ao Ritual Safira Estrela (The Star Sapphire Ritual - Liber XXXVI). Em português, consulte
minha tradução para o Liber XXXVI (cit. Duquette, 2007:133-135).
296
Therion
Aleister Crowley: entra “a Grande Besta”!
POR CARLOS RAPOSO
Como explicar, então, pergunta “a Grande Besta”, que seu superior hierárquico na Ordem tivesse
ciência do conteúdo do daquele livro, mesmo antes de sua publicação? O próprio Crowley dá a espantosa
resposta, insinuando uma espécie portal aberto num de lapso interdimensional de tempo, cuja conseqüência
fora proporcionar aos dois Adeptos a extraordinária oportunidade de um encontro, por assim dizer,
inteiramente deslocado no espaço-tempo, adiantando-se um ano em relação a 1912 (Symonds, 1989:161-
162)35.
No decorrer do encontro e após horas de colóquio entre os dois iniciados, Crowley finalmente seria
aceito por Reuss como IXº da Ordo Templo Orientis. Logo depois, Reuss o convidaria para ir a Berlim, onde
seria empossado como Rei da O.T.O. para todo o Reino Unido36. Conforme um de seus biógrafos, John
Symonds (1989:161), como Crowley jamais recusava a oferta de um jantar, uma aventura ou um título, ele
prontamente aceitaria o convite de Reuss e rapidamente seria transformado em Rex Summus Sanctissimus
da Ordem de Frater Merlin.
Todavia, é importante destacar que Crowley afirma (1979:710) que fora justamente aquele o
misterioso evento que o arrebataria numa súbita iluminação, advinda da imediata e profunda compreensão
acerca da natureza dos ditos mistérios velados e celebrados pelos graus superiores daquela Ordem
Templária. A partir dessa afirmação, não é exagero concluir que nesse instante Crowley passou a considerar
que toda a doutrina religiosa de sua Lei de Thelema casava perfeitamente com o Segredo Central da O.T.O.,
como se esta Ordem também guardasse a própria Chave Mestra dos mistérios de sua religião. Assim, se até
então a O.T.O. era vista por ele apenas como uma coleção de “verdades maçônicas”, agora a Ordem passava
a ser entendida tanto como detentora da própria chave do progresso futuro (sic) da humanidade quanto
como um veículo da boa nova thelêmica.
35
Longe desta bizarra explicação, melhor é a hipótese sustentada por Francis King (2002:102n) quando sugere que a
data de publicação impressa no The Book of Lies estava simplesmente errada.
36
A patente original de Xº O.T.O. de Crowley, assinada por Reuss, parece ter sido perdida. No entanto, antes disso ocorrer, ela foi
fotografada e publicada como "apêndice", em Occult Theocracy, escrito por Lady Queensborough (Koenig, 1994:4).
37
O dogma maior, ou segredo central, da O.T.O., consiste na preparação ritualística do assim chamado Elixir da Vida, mistura de esperma
com fluidos vaginais (Koenig, 1999:54). O Elixir também era denominado por Crowley e seus seguidores de Remédio Universal (King,
1989:123) ou ainda como Amrita (Koenig, 1999:55).
38
Crowley acreditava, equivocadamente, que a O.T.O. havia sido fundada por volta de 1895, portanto, antes de 1904. Este último foi o
ano de fundação da religião thelêmica e, conforme Crowley, representa o marco da passagem do Éon de Peixes para o Éon de Aquário (no
linguajar thelêmico, do Velho Éon de Osíris, ou Éon do Deus Sacrificado, para o Novo Éon de Hórus).
297
Therion
Aleister Crowley: entra “a Grande Besta”!
POR CARLOS RAPOSO
Desse modo, pela concepção de Crowley a Ordo Templi Orientis logo haveria de se converter na
primeira Ordem do Velho Éon a se submeter integralmente e incondicionalmente a Lei de Thelema.
Carlos Raposo
raposo@pobox.com
http://orobas.blogspot.com
http://scribatus.wordpress.com
http://medievalismo.wordpress.com
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=8762039962554524074
Nota: Carlos Raposo é historiador e Maçom, 32º do R.E.A.A., e não participa de nenhuma outra Ordem
de caráter místico ou iniciático. O presente texto é parte do Blog Orobas
(http://orobas.blogspot.com) - Um espaço não Oficial dedicado à história, personagens e ao
imaginário da O.T.O. - Ordo Templi Orientis.
BIBLIOGRAFIA
CROWLEY, Aleister. 1979: The Confessions of Aleister Crowley. Edited by John Symonds and Kenneth Grant.
Londres: Arkana.
DUQUETTE, Lon Milo. 2007. A Magia de Aleister Crowley – Um manual dos Rituais de Thelema. São Paulo
:Madras, tradução de Carlos Raposo.
GRANT, Kenneth. 1991: The Magical Revival. London: Skoob Books Publishing.
SCRIVEN, David (aka Tau Apiryon). 2001a: “History of the Gnostic Catholic Church”. In: CORNELIUS, J.
Edward (Ed) e CORNELIUS, Marlene (Ed). Red Flame - A Thelemic Research Journal, nº 2. Berkely: Red
Flame Productions, pp 3-15.
SYMONDS, John. 1989. The King of the Shadow Realm. London: Duckworth.
298
Satanis
Satanismo, Que Diabos é Isso?
POR MORBITVS VIVIDVS, SACERDOTE DO TEMPLO DE SATÃ
A primeira coisa a se aprender se você quer conhecer Satã é que você tem que deixar Satã falar. Não
faz sentido procurar informações sobre um assunto com pessoas que simplesmente não estão preparadas para
lhe responder. Não adianta tentar aprender sobre o diabo lendo os livros dos anjos. Não se pode tentar
entender um lado da história dando ouvidos justamente para seu pólo oposto. Não se pode entender a semente
daquilo que está nascendo consultado o corpo daquilo que está morrendo. Para entender uma nova maneira
de pensar, você tem que deixar a antiga maneira para trás.
Assim, ao contrário do que sugerem as mentes fracas, o Satanismo não é uma religião insana
preocupada em queimar igrejas e bíblias, adorar os demônios, matar bebês, e sacrificar animais. Estes são
mitos inventados pelos líderes das antigas religiões para manterem seus devotos sob controle. Perguntar sobre
o Satanismo para um padre católico ou para um pastor evangélico é como perguntar para uma larva sobre a
mariposa, ou como pedir conselhos sexuais a uma pessoa virgem. Agindo desta forma, tudo o que você
conseguirá são argumentos pueris oriundos do medo e da ignorância.
Aqui você encontrará o verdadeiro Satanismo, visto de um ponto de vista genuinamente satânico. O
Satanismo é uma forma de viver e pensar que guarda influências na real natureza humana e portanto em
tempos bastante remotos, mas que só se manifestou como uma expressão religiosa organizada na segunda
metade do século XX. Não é algo pronto que existe para ser aceito e acreditado, mas algo em desenvolvimento,
que deve ser constantemente explorado e contestado para que cresça forte em todas as direções possíveis.
O homem que iniciou o movimento satânico por excelência foi Anton Szandor LaVey, fundador da
Church of Satan em 1966 e autor da Bíblia Satânica em 1969. LaVey bebeu de diversas fontes para forjar
aquilo que hoje conhecemos como Satanismo Moderno. A filosofia de Nietszchie, o objetivismo de Any Rand,
a psicologia Junguiana são facilmente identificados em seus livrose ainda um sério caso de plágio da obra
Might is Right, de Ragnar Redbeard que surge no primeiro livro da Bíblia de LaVey. Isso serve para demonstrar
que de certa forma LaVey não foi o primeiro Satanista, apesar de ter sido quem iniciou e organizou o
movimento satânico em uma ideologia com métodos e metas bem definidos. Na história sempre existiram
pessoas com comportamento e pensamentos satânicos, muitas delas se tornaram proeminente especialmente
com o enfraquecimento do poder clerical testemunhado a partir da renascença. Aleister Crowley, Oscar Wilde,
Rasputin, Sir Francis Dashwood, Mary Wollstonecraft, Hassan ibn Al Sabbat, são exemplos deste tipo de pessoa
que mesmo antes da grande deflagração satânica dos anos sessenta já eram indubitavelmente
verdadeiramente satânicos. Isso porque em nosso contexto, ser satânico não é nada além do que ser
demasiadamente humano, sem deixar-se amarrar pela opinião das massas nem pelos ditames dos poderosos.
O Satanismo enquanto ideologia é algo novo, inteligente, diferente, e por isso mesmo não é para
qualquer um. A primeira e mais importante coisa a se saber é que o Satanismo não é um culto que adora
alguma espécie de demônio ou ser maligno. Muito longe disso, o Satanismo busca transcender esta realidade
maniqueísta e adora somente um único deus: “A SI MESMO”!
Esta adoração a si mesmo é simbolizada pelo uso do arquétipo psicológico de Satã, que não é portanto
um Deus ou um Demônio da forma como as pessoas comumente entendem. Satã é simplesmente a imagem
do livre-pensador que encerra em si todos os ideais do movimento Satanista, tais como: auto-deificação,
hedonismo responsável, individualismo e vontade de elevar a enésima potência o poder que há em nós
mesmos.
O primeiro dos ideais satânicos é a auto-deificação. Isso significa, em outras palavras, ser o seu próprio
deus e adorar a si mesmo sobre todas as coisas com todo seu coração, com toda a sua vontade, com toda as
suas forças e com todo o seu entendimento. Isso vai muito além de simplesmente gostar de si mesmo e é o
principal ponto de todo o movimento. O Satanista ama intensamente sua própria pessoa e não trai a si mesmo
nem se sacrifica em prol de ídolos exteriores. Isso se reflete em um culto constante à sua própria pessoa e em
um genuíno comprometido com a realização de seus próprios sonhos.
299
Satanis
Satanismo, Que Diabos é Isso?
POR MORBITVS VIVIDVS, SACERDOTE DO TEMPLO DE SATÃ
Para viver esta realidade, o Satanista advoga viver segundo as regras da sua própria natureza. Viver
em Satã é desfrutar da vida o mais intensamente possível, entregando-se aos prazeres da carne, porém
sempre de uma maneira responsável - afinal a carne é sua. O hedonismo consciente é outra diferença entre
os adeptos do antigo deus, apegados à abstinência e asceticismo, e os Satanistas, que desfrutam de uma
indulgência benéfica, sem nunca incorrer nos caminhos da compulsão. Ser Satanista é viver a sua vida da
melhor forma possível, mas sem esquecer as lições do passado nem deixar de considerar as conseqüências no
futuro.
Assim, Satã representa aquele que se aceita tal como é e ama a si mesmo sobre todas as coisas. Ao
contrário do que pode parecer em um primeiro momento, isso de modo algum leva o Satanista à estagnação
e à conformidade. Isso porque Satã também simboliza o desenvolvimento contínuo de todas as nossas
habilidades pessoais, sejam elas físicas, mentais, sociais, artísticas e até estéticas, buscando sempre a
satisfação material, emocional ou intelectual. O Satanista, adorando a si mesmo, presta-se constantes
oferendas de sua própria força de vontade visando a concretização de seus projetos pessoais, e pensando
desta forma torna-se portador de uma sincera vontade de potência que o impulsiona a um incansável processo
de desenvolvimento.
Satã revela-se como um símbolo perfeito para esta forma de viver a vida, pois representa também a
justiça pura, que contradiz a antiga regra de ouro e traça o novo lema de que devemos tratar as outras pessoas
da mesma maneira que somos tratados por elas. O Satanismo ainda ensina que jamais devemos nos resignar
frente à ação de quem nos prejudica, mas que devemos reagir ao inimigo e destruí-lo se for necessário! É
claro que inicialmente, e em campo aberto, devemos respeitar uns aos outros, mas a história muda de figura
dependendo da resposta do outro lado. Quem dá a outra face, não ganha nada além de um outro tapa. Em
outras palavras: ser bondoso com quem nos ajuda e ser cruel com nossos adversários.
O Satanismo também advoga o fim da solidariedade cega, pois entende que toda pessoa deve aceitar
as conseqüências de suas próprias ações. Somente devem ser ajudados aqueles que realmente merecem os
nossos auxilio e que não fazem de sua miséria uma cômoda posição. Reconhecendo-se como deuses na terra,
os adeptos da filosofia satânica agem de forma verdadeiramente divina e ajudam somente aqueles que ajudam
a si próprios, e que nunca agiram em desfavor de seus acolhedores. Os parasitas e vampiros sociais devem
ser abandonados à sua própria sorte e os criminosos devem ser castigados com a mesma severidade com que
prejudicaram as suas vítimas.
Sendo o Satanismo uma filosofia extremamente individualista se deduz que um Satanista deve julgar
as outras pessoas com base em suas virtudes e defeitos de caráter e personalidade porém nunca com base
em rótulos morais usados na antiga era. Valores como raça, nacionalidade, estado de saúde, sexo ou família
não têm qualquer significado na Era Satânica que está começando. Na verdade o valor mais apreciado pelos
Satanistas é a individualidade. Quem ousa ser a si mesmo já está com pelo menos um pé dentro do clube do
Diabo.
É importante ainda notar que os Satanistas respeitam e cumprem as leis dos países em que vivem
sempre quando estas não atentam contra a liberdade pessoal, e recusamos entre os nossos qualquer tipo de
conduta criminal ou anti-social. Usamos o sistema a nosso favor ao invés de tentar destruí-lo.
Depois de ler isso muitos se perguntarão: por que diabos vocês usam um nome tão assustador e
agressivo então? Por que usar o título de “satanistas” se seus preceitos não são assim tão diferentes do
comportamento humano natural? Respondemos que aquilo que pode, em um primeiro momento, parecer uma
excêntrica rebeldia sem sentido revela-se como algo com um valor muito mais profundo. Por séculos Satã foi
reconhecido como o adversário dos princípios antinaturais de ascetismo e fé cega defendidos pela Igreja e pela
sociedade. Por que deveríamos negá-lo justamente agora que temos uma religião que exalta o pólo oposto
dos mesmos princípios?
300
Satanis
Satanismo, Que Diabos é Isso?
POR MORBITVS VIVIDVS, SACERDOTE DO TEMPLO DE SATÃ
A palavra (Shin Tet Nun) tem origem no Hebraico e quer dizer literalmente “O INIMIGO”, ou
mais especificamente “aquele que discorda de nós”. Assim de fato, nós Satanistas somos inimigos de toda
degeneração efetuada por qualquer sistema escravocrata, seja qual for a máscara com que se manifeste, e
acima de tudo a imagem de Satã destrói por definitivo qualquer sentimento de culpa que todos os sistemas e
religiões, através dos tempos, lançaram em cima das pessoas para enfraquecê-las e escravizá-las. Em outras
palavras o Satanismo não advoga a passividade a adoração a qualquer ente externo, mas sim a possibilidade
da auto-deificação, o caminho da liberdade pessoal. É este o significado dos mitos de Lúcifer e Prometeus e é
este o sentido que usamos da serpente no Éden. O homem deixa de ser um animal pastando no jardim do
Paraíso para assumir a responsabilidade pela própria vida, sem que outros a assumam no seu lugar.
Aliado a isto existe o fato de que, nas antigas religiões, era considerado um símbolo do mundo
material, da carne, do mundo físico, dos prazeres, acima de qualquer dogma religioso. Satã é popularmente
conhecido como o príncipe deste mundo, e ao usar sua iconografia, o Satanista transfere para si toda esta
vivência carnal, material e objetiva. Exista ou não um outro plano, é neste mundo que a pessoa emancipada
deve almejar a sua realização máxima; caso contrário, poderá recair numa passividade doentia, tornando-se
mais uma ovelha no rebanho representado pela grande massa. O Satanismo reconhece que todos os ditos
pecados instigados por Satã, e proibidos pelos seguidores da falsidade e da opressão, nada mais são do que
simples impulsos naturais do ser humano.
Existe ainda um terceiro motivo para o uso dos arquétipos sombrios. Através deles o Satanista trabalha
com aspectos da vida humana que são freqüentemente reprimidos e/ou negligenciados por nossa sociedade e
que desta forma são capazes de causar desordens neuro-somáticas de todo o tipo. Os medos, tendências,
desejos, manias e experiências que são rejeitados pela mente consciente não desaparecem simplesmente,
pois a mente guarda o núcleo do material de tudo aquilo que é reprimido pela consciência. Freud usou o
pomposo nome de “Inconsciente Pessoal”, Jung chamou-o simplesmente de “Sombra”. O fato é que este porão
mental torna-se gradualmente mais perigoso cada vez que é rejeitado pelo indivíduo. O conflito entre suas
crenças e seus desejos resulta no que a psicologia moderna chama de Dissonância Cognitiva onde as pessoas
começam a projetar suas qualidades indesejáveis em terceiros, ou passam a, inconscientemente, lutar contra
si mesmas e em alguns casos até mesmo a refletir no corpo e na saúde esta luta interna.
Quando a sombra é trazida à consciência ela perde sua natureza de medo, de desconhecido e de
escuridão, e torna-se uma aliada do individuo. Esta é portanto uma outra função da simbologia tenebrosa
usada freqüentemente pelos Satanistas. As imagens Infernais usadas, tais como Satã, Lúcifer, Belial e Leviatã,
servem para expressar o “lado negro” da sua natureza humana para a completa integração consigo mesmo.
Trabalhando-se com estes arquétipos a pessoa passa a se aceitar totalmente, livra-se da dualidade e realiza
a sua “Verdadeira Vontade”, que é a vontade perfeita da liberdade humana, livre da egolatria.
301
Satanis
Satanismo, Que Diabos é Isso?
POR MORBITVS VIVIDVS, SACERDOTE DO TEMPLO DE SATÃ
Por fim, os Satanistas sabem que desde há muito a figura do Diabo tem sido ligada à prática de
feitiçaria e bruxaria. Na idade média Satã tornou-se o senhor das bruxas de modo que tomou conta do
imaginário como sendo o pai de todo magia. Essa visão é, de fato, tão forte que os adeptos do neopaganismo
tem muita dificuldade em convencer o grande público que os seus deuses não são demônios. Quando os
primeiros patriarcas da Igreja Católica transformaram os mitos pagãos em mártires castrados de corpo e
mente não puderam fazer o mesmo com um que era muito viril, alegre e irreverente, conhecido como Pã, que
abarcava imensa popularidade entre os pagãos. Então, como não puderam transformar esse deus num santo
eunuco, fizeram dele o Diabo. O mesmo ocorreu com uma série de outros deuses locais, que assim como Pã
não tinham a possibilidade de se passar por “bons garotos”, ou cuja força era muito grande para ser
incorporada na imagem de um cristão praticante, Mitra, Jurupari, Melek Taus e Iblis são apenas alguns desses
exemplos, todos tornados na imagem do Mal pelos catequisadores religiosos da Mão Direita.Os Satanistas
contudo, ao contrário dos neopagãos, não lutam contra esta identificação, mas dela tomam partido e tiram
proveito usando a imagem e a simbologia satânica em seus rituais. Os Rituais Satânicos são um assunto muito
vasto, mas saiba por hora que os rituais satânicos nada tem haver com pactos de sangue com demônios,
sacrifícios humanos, abusos infantis, ou qualquer outra execução que é, em verdade, mais própria dos
criminosos e doentes mentais. Existem ainda outros motivos para usarmos a imagem satânica, e nenhum
destes envolve a adoração de qualquer entidade que não a nós mesmos. Contudo, estas explicações concluem
nossa breve introdução ao Satanismo, e jogam uma luz contra o preconceito, luz esta que só nos coloca diante
de uma escuridão ainda maior. Espero sinceramente que agora, você tenha entendido o básico de nossos
preceitos e enxergado assim um pouco do nosso lado da história. Guarde em seu coração estas palavras:
“Ame a si mesmo sobre todas as coisas e ao próximo como este a ti.” É disso que se trata o Satanismo.
302
Drakon Typhon
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TRADUÇÃO FERNANDO WAR
Sentado em seu templo ou local sagrado, no meio de um “Círculo Tifoniano” feito com as lâminas
de seu Tarô das Sombras ou em algum lugar em que você possa se manter relaxado, em concentração
ininterrupta, estabeleça um ritmo respiratório:
Visualize o prana, a força vital na atmosfera ao seu redor, como dançantes pontos azuis de luz.
Foque-se em sua respiração. Inspire em uma contagem até quatro, visualizando que o faz inalando esta
energia vibrante para dentro de seu corpo. Suspenda a respiração em uma contagem até quatro, assim
como sua consciência se expande, relaxando com o momento. Então expire em uma contagem até oito,
dissolvendo toda a tensão acumulada e a direcione para a terra.
Continue inspirando e expirando, com olhos abertos e conscientes da área de cerca de três metros
à sua frente, mas sem se desconcentrar. Ao elaborar a visão periférica, você começa a ver e experienciar o
oceano de energia vibrante em que constantemente estamos imersos e do qual nós derivamos.
Assim que o ritmo começa a se estabilizar, cada respiração vai se aprofundando e movendo-se para
um estado meditativo; em cada exalação, a consciência se acalma, tornando-se lúcida e clara. Em cada
inspiração, visualize que o prana é absorvido para o plexo solar; em cada exalação, visualize que esta
energia do prana é distribuída para todos os órgãos, músculos, nervos, células e átomos de seu ser.
Continue inalando o prana e exalando, distribuíndo-o pelo seu corpo até que o sinta revigorado,
fortalecido e relaxado, com cada nervo estimulado, vibrante e vivo - seu corpo carregado pela energia vital.
Inspire o prana como antes, e expire, mas visualize que você está respirando, não apenas pelo seu
nariz ou boca, mas sim através dos ossos de suas pernas, continue a “inspirar” e “expirar” através dos ossos
de suas pernas até que a sensação física venha.
Inspire o prana e expire assim como se você estivesse respirando através de seus braços.
Inspire e expire o prana assim como se você estivesse respirando através do topo de sua cabeça,
continuando até que sua mente se expanda e se abra para o universo.
Inspire e expire o prana assim como se o estivesse fazendo através dos poros de sua pele,
continuando desta forma até que seu corpo se sinta purificado e iluminado, completamente vivo e aberto a
esta sensação.
Alterne o prana da cabeça aos pés em cada respiração. Inspire, e sinta o prana erguer-se através
de seu corpo, viajando da base de sua espinha até o topo de sua cabeça. Expire sentindo o prana alternar-
se de sua cabeça até a base de sua espinha. Continue revertendo a corrente de energia, indo e voltando até
que seu corpo todo se torne carregado com a energia e com a luz.
Como se respirasse através dos sete centros em cada turno, inspire, drenando o poder da terra;
então expire, fazendo com que cada centro desperte e vibre com a luz viva.
Mantenha o ritmo da respiração. Inspire drenando a energia das profundezas da terra, de seu núcleo,
das formações rochosas antigas, o solo fértil, negro e rico – a fonte de nosso ser, que nutre, e que é
inesgotável – nossas raízes animais, alcançando profundamente o centro da terra.
Sugando o poder da terra através do corpo, inspire como se estivesse fazendo através do centro da
base de sua espinha - chakra Muladhara - e expire, visualizando um quadrado vermelho, a cor da raíz da
própria vida.
Continue a inspirar, drenando o poder da terra e expire sintonizando a consciência das várias
fragrâncias ao seu redor. Elas são agradáveis ou não? Quais emoções são evocadas? Quais memórias?
Imagine o cheiro das rosas; agora imagine o odor de um incenso de sândalo branco.
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Absorvendo o poder da terra através de seu corpo, inspire através do centro da região reprodutora
– Svadhisthana chakra - e expire, visualizando um triangulo inverso, a imaginação do desejo púrpura, que
se torna mais brilhante, mais tangível a cada respiração.
Continue a inspirar e expirar percebendo se há algum gosto particular em sua boca. É agradável ou
desagradável? Imagine o gosto de água pura e fresca.
Absorvendo o poder da terra através de seu corpo, inspire através do centro de seu plexo solar –
Manipura chakra – e expire visualizando um círculo esverdeado.
Continue a inspirar e expirar percebendo o que está em seu campo de visão. Quais emoções são
evocadas por aquilo que você vê? Visualize a imagem de alguém profundamente amado; olhe dentro de
seus olhos.
Absorvendo o poder da terra através de seu corpo inspire através do centro de seu coração – Anahata
chakra - e expire visualizando uma cruz dourada, sinta seu coração se expandindo com amor.
Continue inspirando e expirando percebendo cada sensação em sua pele – como roupas, carpete,
temperatura. Imagine a sensação de seda contra seu rosto; agora imagine a sensação de uma brisa suave.
Imagine a sensação de tocar as pontas dos dedos de seu melhor amigo.
Absorvendo o poder da terra através do corpo inspire através do centro de sua garganta – Vishudda
chakra – e expire visualizando um crescente lunar de cor malva, com os chifres apontando para cima.
Continue a inspirar e expirar, percebendo os sons que estão ao seu redor. Imagine o som de uma
voz de alguém que você ama profundamente; sinta o poder desta voz sussurrando para você o seu
verdadeiro nome.
Absorvendo o poder da terra através de seu corpo inspire através do centro de sua testa entre os
olhos – Ajna chakra, o terceiro olho – e expire, visualizando a estrela branca de seis pontas da segunda
visão.
Continue a inspirar e expirar percebendo se alguns pensamentos emergem em sua consciência. Eles
são positivos ou negativos? Inspiradores ou desestimulantes? Imagine um arco-íris no céu azul e límpido.
Absorvendo o poder da terra através de seu corpo inspire através do centro de sua cabeça, mais
precisamente no topo – Sahasraha chakra – e expire, visualizando em cada respiração a imagem de um
lótus de mil pétalas da iluminação.
Em cada inspiração sinta a energia dirigindo-se para fora do topo da cabeça como se fossem os
galhos de uma árvore; Em cada expiração, sinta esta energia direcionando-se para baixo e ao seu redor
criando uma aura de proteção azul brilhante. Inspire e expire, veja um círculo de chamas azuis brilhantes
que nos encerra em um espaço sagrado – um círculo que se torna cada vez mais brilhante e mais vívido a
cada respiração.
Agora traga a energia de volta através do corpo para criar a experiência interior da Árvore da Noite.
Descansando em comunhão com o Anjo de seu Eu Superior, inspire através do globo de luz brilhante
que se situa acima da coroa de sua cabeça, absorvendo a luz e a energia das estrelas, fonte da inspiração
e providência espiritual – a fonte de nossa raça. Agora expire através de todos os poros, visualizando a
interconexão entre os pontos de luz que cobrem nossos corpos como uma rede ou teia de luz.
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Estes são os vibrantes nadis do corpo sutil, raios de luz que são os kalas das estrelas, enquanto
caem das dimensões transplutonianas. Sinta sua explosão enquanto colidem com seu corpo, e veja o
universo vivo vibrante, pulsando em muitas luzes coloridas.
Continuando a respiração, veja a imagem dos Grandes Antigos, aqueles que “vieram do outro lado
do oceano” do espaço interestelar. Eles são viajantes atemporais, Mu, Moa, os antigos Lemurianos: Eles são
os deuses que estão sempre retornando, rodopiando do passado e futuro através do eterno desdobramento
do agora.
Movendo a respiração e a energia para baixo da árvore, absorvendo a luz das estrelas, inspire
através do terceiro olho – o lótus de pétalas gêmeas situado ao centro da testa – e expire enquanto seu
olho interior visualiza o reflexo da lua no tranquilo e negro oceano, e conscientemente dirige-se para dentro
da escuridão, enquanto arco-íris oleosos espalham suas cores na superfície espelhada de águas calmas
criando arabescos de luzes iridescentes. Abrir este centro trará o poder de entrar no tempo do sonhar; o
poder de deixar o corpo. E aqui está o poder de pronunciar as palavras de nascimento de um Mestre do
Templo.
Absorvendo a luz das estrelas inspire através da área da garganta – Nó de Shiva/Däath a entrada
para o “Universo B” através dos Túneis de Set - e expire, enquanto a consciência se esvai no caos negro-
estelar. Inspire absorvendo a luz das estrelas e expire enquanto a mente afunda ainda mais no labirinto
subconsciente onde imagens são formadas, numinosas e primitivas. O tempo está suspenso enquanto a
mente se dirige para a borda do abismo negro onde nervos se cruzam: metade esquerda do cérebro para o
corpo da direita, metade direita do cérebro para o corpo da esquerda – a “interseção das pirâmides” – onde
a realidade se torna como um mundo ininteligível de possibilidades impensáveis.
Absorvendo a luz das estrelas, inspire através do compassivo coração – Tiphareth – e expire, tocando
o vazio interiormente, pela realidade do Self não há nada além de um vazio impessoal entre os mundos,
“pois não há deus onde estou”. Continuando a inspirar e expirar, veja a imagem de uma Cobra Negra
devorando o sol eclipsado.
Abrir este centro trará o poder da invisibilidade e o poder de entrar em outro corpo, coração e mente.
39
Em inglês “Androgyne-Gyander”.
Androgyne: o Sacerdote de Maat; caracterização da Dupla Corrente; Hermafrodita. Gyander: a Sacerdotisa de Maat;
caracterização da Dupla Corrente; Hermafrodita.
Na literatura tifoniana deve-se notar a existência das definições Androgyne (andrógino) e Gynander (ginandro). Para mais
informação consultar “The Shadow Tarot”, Linda Falorio, cap. 25, pág. 57; “Outside the Circles of Time” e “Nightside of
Eden” de Kenneth Grant.
40
Voltigeur: do francês, significa literalmente volantim, funâmbulo, volteador. Na literatura tifoniana pode ser traduzido
como Saltador. Corresponde a um método de se deslocar “pulando” pelos Túneis de Set. Para mais informação consultar
“Outside the Circles of Time” de Kenneth Grant; “The Voudon Gnostic Workbook” de Michael Bertiaux; papéis graduados
de LCN.
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Absorvendo a luz das estrelas, inspire através do diafragma – Véu de Paroketh – Nó de Vishnu e
expire, sentindo a terrível fome daquele que uiva na Imensidão; ouça o rugido bestial o qual é doloroso,
uma expressão inarticulada. Continue a inspirar e expirar e veja a imagem de um buraco negro no espaço
interestelar, onde a matéria se contrai em si mesma pelo poder da atração interior, “Minha mão esquerda
destruiu um universo e nada restou”.
Abrir este centro de poder trará o poder de falar em silêncio; o poder da invisibilidade; e o poder da
mortalha.
Absorvendo a luz das estrelas, inspire através do umbigo – Yesod – conexão com a fonte da vida e
com toda a riqueza que anima a existência terrena e expire sentindo através do corpo o Líquido Amniótico
que se move e espuma; sentindo essa “suculência” da vida, experimentando a sensualidade inerente a tudo
que flui: emoções, rios, sangue. Continuando a inspirar e expirar, veja a imagem de um prolífico pântano,
com escuras e atraentes águas das quais abundam variedade de vida.
Abrir este centro trará poderes de fascínio e encantamento, da imaginação acesa pelo desejo; e o
poder de criar um universo particular – seja ele divino ou infernal.
Absorvendo a luz das estrelas inspire através do “Centro” cinco centímetros abaixo do umbigo – o
Nó de Brahma - e expire conectando-o com um sentido de poder pessoal, como tentáculos de luz que
irradiam do centro, atracando-se a objetos de atenção e desejo; e “veja” você e outros como brilhantes
globos de luz pulsante. Continue a inspirar e expirar e veja o universo inteiro como uma rede de “infinita
luz” com cada nó interconectado a um vortex de energia, pulsando com o ritmo da vida.
Abrir este centro trará o poder do ritmo, como Guardião e Criador do Tempo.
Absorvendo a luz das estrelas inspire através do “queue”41 – Malkuth – a cauda, e expire, sentindo
a chuva prateada de Nuit caindo sobre nós das estrelas; sentindo os fluidos dos kalas sexuais assim como
se eles brotassem do corpo extasiado banhado em luz. Continuando a inspirar e expirar veja a imagem de
um cetro com uma caveira na ponta – a mente vazia.
Abrir este centro trará o poder de troca da energia tântrica; o poder de destilar o elixir da
transformação. Aqui também está o poder de entrar conscientemente na dança do sexo-nascimento-morte-
aventurança.
Inspire elevando a Kundalini pela espinha e expire permitindo à consciência que se derrame através do topo
da cabeça até o universo infinito, a constante expansão de chuva das estrelas.
O Aterramento: Inspire colocando as mãos no chão e expire tudo que você coletou de volta ao
grandioso corpo da Terra.
41
Queue: símbolo primal do poder mágico. Corresponde à vagina ou ao pênis.
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Poeticus
O Fantasma de Abel
POR WILLIAM BLAKE
TRADUÇÃO IVAN SCHNEIDER
307
Poeticus
O Fantasma de Abel
POR WILLIAM BLAKE
TRADUÇÃO IVAN SCHNEIDER
O FANTASMA DE ABEL
Que fazes aqui Elias? Pode um Poeta duvidar das Visões de Jeová? A Natureza não
possui Delineamento, mas a Imaginação possui. A Natureza não possui Afinação, mas a
Imaginação possui. A Natureza não possui Supranatural e se dissolve; a Imaginação é a
Eternidade.
Cena. Uma terra rochosa. Eva desmaiada sobre o cadáver de Abel que jaz próximo
a um Sepulcro. Adão se ajoelha perto dela, Jeová permanece acima.
Jeová – Adão!
Adão – Eu não te ouvirei mais, tu Voz Espiritual. É isto a Morte?
Jeová – Adão!
Adão – É em vão: eu não te ouvirei mais doravante! É esta a tua Promessa que a
Semente da Mulher vá ferir a Cabeça da Serpente? Esta é a Serpente? Ah! Sete vezes,
ó Eva! Tu desmaiaste sobre o Morto. Ah! Ah!
Eva revive.
Eva – É esta a Promessa de Jeová? Ó, é tudo uma vã ilusão, essa Morte e essa Vida
e esse Jeová.
Jeová – Mulher! Levanta teus olhos!
Ouve-se uma Voz chegando.
Voz – Ó Terra! Não cubras o meu Sangue! Não cubras o meu Sangue!
Entra o Fantasma de Abel.
Eva – Tu Fantasma Visionário, tu não és o verdadeiro Abel.
Abel – Entre os Elohim eu vagueio com uma Vítima Humana, eu sou a Casa deles,
Príncipe do Ar e as nossas dimensões compreendem o Zênite e o Nadir. Vã é tua Aliança,
ó Jeová! Eu sou o Acusador e o Vingador do Sangue. Ó Terra! Não cubras o Sangue de
Abel!
Jeová – Que vingança tu exiges?
Abel – Vida por Vida! Vida por Vida!
Jeová – Aquele que tirar a vida de Caim também deverá Morrer. Ó Abel! E quem é
ele?
Abel – É tudo uma Vã ilusão de toda a Imaginação criativa, Eva é vinda e não nos
deixa crer nessas vãs ilusões. Abel está morto e Caim o matou! Nós também morreremos
uma Morte, e depois! Que depois?! Seja como pobre Abel um Pensamento: ou com isto!
Ó, de que te chamarei, Forma Divina? Pai das Misericórdias que aparece na minha Visão
Espiritual: Eva também te vê.
Eva – Eu o vejo claramente com o Olho da Mente, também vejo Abel viver; apesar
terrivelmente aflitos Nós também o estejamos. Porém Jeová o vê
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Poeticus
O Fantasma de Abel
POR WILLIAM BLAKE
TRADUÇÃO IVAN SCHNEIDER
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Poeticus
O Fantasma de Abel
POR WILLIAM BLAKE
TRADUÇÃO IVAN SCHNEIDER
Vivo e não Morto; não é melhor crermos na Visão com todo nosso poder e força
apesar de estarmos caídos e perdidos?
Adão – Eva, tu falaste a verdade. Ajoelhemo-nos diante dos pés dele!
Eles se ajoelham diante de Jeová.
Eva – São estes os Sacrifícios da Eternidade, ó Jeová! Um Espírito Quebrado
e um Coração Contrito? Ó, não consigo esquecer! O Acusador entrou em Mim
como que na sua Casa e eu execro os teus Tabernáculos, como tu disseste
acontecerá: Meu Desejo é para Caim e Ele governa sobre Mim, portanto
Minh’Alma em vapores de Sangue clama por Vingança: Sacrifício por Sacrifico,
Sangue por Sangue.
Jeová – Vê! Eu vos dei um Cordeiro como uma Expiação ao invés do
Transgressor, ou jamais alguma Carne ou Espírito poderia Viver.
Abel – Compelido eu clamo, ó Terra! Não cubras o Sangue de Abel!
Abel desce ao Sepulcro, do qual levanta Satã armado com balanças fulgentes
com uma Coroa e uma Lança.
Satã – Eu terei Sangue Humano e não o sangue de Touros ou de Bodes, e
não da Expiação, ó Jeová! Os Elohim vivem do Sacrifício dos Homens; portanto
eu sou o Deus dos Homens: Tu Humano, ó Jeová! Pela Rocha e pelo Carvalho do
Druida trepando o Visco e o Espinho. A Cidade de Caim construído com Sangue,
não sangue de Touros e de Bodes. Tu Mesmo serás Sacrificado para Mim, Teu
Deus, no Calvário.
Jeová – Eis a Minha Vontade:
Trovões.
Que Tu Mesmo vás à Morte Eterna em Autoaniquilação até que Satã
Autossubjugado largue Satã no Abismo Sem Fundo cujo tormento é eterno.
Um Coro de Anjos entra de cada lado e canta o seguinte:
Os Elohim dos Gentios jurou Vingança pelo Pecado! Então Tu avançaste, ó
Jeová! No meio da escuridão do Juramento! Todo Vestido de Tua Aliança do
Perdão dos Pecados: Morte, ó Santo! É isto Irmandade? Os Elohim viram o seu
Juramento, Fogo Eterno; eles levantaram à parte tremendo sobre o Assento da
Misericórdia: cada um em sua posição fixa no Firmamento por Paz, Irmandade,
e Amor.
A Cortina cai.
310
s Deuses se manifestam em sonhos e memórias desde
dentro da carne das nossas mães. Logo, existe uma pressão
contínua sobre o artista, diferente da indução de interesse e do
aumento de habilidade normais, da qual ele às vezes está consciente
em parte, mas raramente a par por completo. Cedo ou tarde em sua
carreira ele descobre que o poder da reprodução literal (tal como o
da máquina fotográfica) lhe é de pouquíssima utilidade. Assim, com
base nos artistas que o precederam, ele é compelido a descobrir a
existência representada sob forma real, substituindo os rigores
imediatos; ele descobre dentro de si uma consciência seletiva e
satisfaz-se, geralmente em grande medida, com o vasto campo que
essa consciência ampliada e simplificada lhe proporciona. Mas além
desse campo há uma região ainda maior para exploração. O
entendimento objetivo, como o vemos, tem de ser atacado pelo
artista e um método subconsciente, que corrija os rigores visuais
conscientes, deve ser usado. Não é uma boa quantia de habilidade
visual e consciência de erro que produzirão um bom desenho. Um
livro recente sobre desenho, escrito por um pintor famoso, trata do
caso em questão; nele os exemplos de mestres da pictografia podem
ser comparados com o exemplo do próprio pintor-autor, lado a lado,
e pode-se examinar a futilidade da mera habilidade e do interesse.
Portanto, para ter sentido também é necessário dispor do “tema” da
arte (ou seja, o tema no sentido ilustrativo ou complexo da palavra).
Deste modo, limpar a mente de tudo que não é essencial permite,
através de um médium límpido e transparente, sem qualquer tipo de
predisposição, que as formas e as ideias mais simples e definidas
cheguem à expressão
311
NOTAS SOBRE O DESENHO AUTOMÁTICO
312
De outro autor, um escritor místico: “Renuncia à tua própria vontade para
que a lei de Deus esteja dentro de ti”.
313
Este meio de expressão vital liberta as verdades estáticas fundamentais que
foram reprimidas pela educação e pelo hábito costumeiro, encontrando-se
adormecidas na mente. Este é o meio de se tornar corajosamente individual,
implicando espontaneidade e dispersando as causas da intranquilidade e do
fastio.
Os perigos desta forma de expressão vêm do preconceito e do viés pessoal
de uma natureza semelhante à da convicção intelectual fixa ou da religião pessoal
(intolerância), que produzem ideias de ameaça, desprazer ou medo, tornando-se
obsessões.
Na condição extática da revelação subconsciente, a mente eleva os poderes
sexuais ou herdados (isso no que se refere à teoria ou à prática morais) e suprime
as qualidades intelectuais. Assim uma nova responsabilidade atávica é alcançada
pela coragem de crer – de possuir crenças próprias – sem tentar racionalizar
ideias espúrias com base em fontes intelectuais preconceituosas e corrompidas.
Desenhos automáticos podem ser obtidos através de métodos
como se concentrar num Sigilo* – exaurindo a mente e o corpo de
forma prazerosa para se atingir uma condição de não-consciência –
desejando o oposto do verdadeiro desejo após se adquirir um
impulso orgânico para desenhar.
314
A Mão deve ser treinada para trabalhar
livremente e sem ser controlada, criando formas
simples com linhas complexas e contínuas sem as
pensar antes, ou seja, a intenção deve simplesmente
passar despercebida pela consciência.
Os desenhos devem ser feitos permitindo que a
mão corra livremente com o menor grau de
deliberação possível. Com o tempo as figuras se
mostrarão desenvolvidas, sugerindo concepções,
formas e possuindo enfim estilo pessoal e individual.
A mente estando em um estado de
esquecimento, sem nenhum desejo de refletir ou de
procurar sugestões intelectuais materialistas, está
em perfeita condição de produzir desenhos das ideias
pessoais de alguém, simbólicos em significado e
sabedoria.
Através deste meio a sensação pode ser
visualizada.
315
Vox Infernum
Entrevista E.A. Koetting
Escritor norte-americano. Teve seus primeiros quatro livros lançados pela editora finlandesa Ixaxaar.
Os títulos “Kingdoms of Flame” e “Works of Darkness” tiveram mais de uma edição, possivelmente
“Baneful Magick” e “Evoking Eternity” sigam o mesmo caminho.
Além de escrever, Koetting está a frente da Ordo Ascensum Aetyrnalis e é o idealizador da “Eternal
Ascent Publications”, editora pela qual publicou o livro “The Spider and the Green Butterfly: Vodoun
Crossroads of Power”, cuja autoria é dividida entre Koetting e Baron DePrince.
Embora seus primeiros três livros tenham se esgotado nas editoras e livrarias, é possível encontrar
exemplares a venda em sites como o E-Bay, por exemplo.
Nessa entrevista42 tentaremos conhecer um pouco melhor quem é esse distinto cavalheiro e quais
são suas ideias.
1) No Brasil há poucas pessoas que conhecem você e seu trabalho. Você poderia nos dizer
quem é você? Quem é E.A. Koetting e Archaelus Baron?
Quando comecei a escrever e a me tornar realmente ativo na “comunidade” oculta por volta de
1999, eu queria um certo grau de anonimato , principalmente porque aquilo que eu discutia – e ainda discuto
– não era assunto para aquele momento.
O último século testemunhou um enorme despertar espiritual por todo mundo ocidental, mas parece
que na última década esse despertar foi ainda mais intenso. Talvez eu só possa dizer isso após dez anos
escrevendo, ensinando e sendo verdadeiramente ativo e engajado na cena oculta e espiritual. Estou certo
de que há pessoas que dizem o mesmo sobre os anos 1960-1970.
Há muitos tipos de profecias maias e alinhamentos cósmicos que mencionam os períodos entre 1999
e 2012, mas isso está indo em uma direção na qual honestamente eu não estou preparado para debater.
Até então eu nunca tinha usado qualquer tipo de “nome mágicko”, “nome de coven” ou algo do tipo,
após muita meditação e contemplação, o nome Archaelus Baron veio até mim.
Assim, pelos quatro ou cinco anos seguintes, toda minha interação com o mundo oculto se deu sob
esse nome, muitas das entidades com as quais eu estive em contato constante se referiam a mim por esse
nome, pessoas que me eram próximas acabaram esquecendo de meu nome e me chamavam de Archaelus.
Somente anos depois é que fui cruzar com o nome enquanto lia o Novo Testamento. Archaelus era
filho de Herod e era especialmente mau. Em certas tradições cristãs e judaicas há rumores de que Archaelus
foi responsável pela decapitação de João Batista, pela caça aos Doze Apóstolos, bem como de ter matado
milhares de judeus.
Quando compilei o que viria a se tornar meu primeiro livro, Kingdoms of Flame, pretendia somente
criar um grimório para ser usado dentro da Ordo Ascensum Aetyrnalis, Ordem a qual pertenço e da qual
atualmente sou o líder.
Eram notas escritas em um pequeno caderno preto. Eu digitei, criei algumas imagens simples de sigilos e
quadrados de vários Reinos Astrais e entidades e enviei para a Editora Ixaxaar.
Honestamente, eu não esperava mais do que vinte e poucas cópias vendidas. Ao invés disso,
centenas foram vendidas, mês após mês. Naquele momento eu soube que se fosse assumir o papel de autor
e mentor espiritual de muitos tinha que tomar uma postura mais séria. E um nome como “Archaelus Baron”
está longe disso. Melhor do que inventar outro nome fictício foi utilizar meu nome de nascimento, Eric
Koetting, abreviado como E.A. Koetting.
Então, quem sou eu?
2) A maioria de seus livros foi lançada pela Editora Ixaxaar. Porque você escolheu publicá-
los por uma editora finlandesa? Você vive nos Estados Unidos, certo?
Eu vivo nos Estados Unidos, à uma hora e meia de Las Vegas, Nevada, que é minha cidade natal. A
Ixaxaar e eu estávamos perfeitamente alinhados em nossas metas e visão para com os quatro livros que
eles lançaram para mim.
42
Entrevista publicada originalmente na primeira edição experimental da Lucifer Luciferax em inglês.
316
Vox Infernum
Entrevista E.A. Koetting
Eles seguem a Via Sinistra e o público leitor deles é formado principalmente por indivíduos muito
sérios ligados ao Caminho da Mão Esquerda. Quando lancei o “Kingdoms of Flame” minha única intenção
era dar essa mega tempestade de poder e informação nas mãos daqueles que atualmente poderiam utilizá-
la, aqueles que poderiam viajar por essas portas astrais, materializar esses espíritos terríveis e criar uma
mudança Aeônica substancial. A Ixaxaar foi capaz de fazer isso por mim.
Meus trabalhos agora seguem uma direção muito além do Caminho da Mão Esquerda. Logo, de
maneira a representar minhas metas atuais como escritor e instrutor, estou formando a Eternal Ascent
Publications, onde posso produzir e distribuir trabalhos relacionados com as mais altas formas de consecução
espiritual, esotérica ou similar, numa quantidade superior do que a produzida pela Ixaxaar, por uma fração
do custo.
A Ixaxaar vê os livros dela como trabalhos de arte e fazem os livros dessa maneira. Eles colocam
muita energia e tempo criando livros belíssimos, sempre com capa dura, por um valor padrão de 40 euros.
Enquanto a Eternal Ascent Publications pode seguir o caminho das pequenas editoras de alta qualidade com
muitos de livros, a meta principal agora é disponibilizar esses trabalhos nas mãos daqueles que estão prontos
para recebê-los. Isso significa imprimir milhares de cópias ao invés de centenas, cortando os custos e
tornando o trabalho disponível ao leitor médio. Amo os quatro livros que a Ixaxaar publicou para mim.
Os livros da Eternal Ascent Publications contêm informação vital e não podem ter suas vendas
limitadas devido à quantidade ou preço.
Na época em que eu me esforçava no estágio de Neófito, tentando pôr minhas mãos em alguma
informação que me permitisse encontrar algum tipo de progresso mágicko e espiritual, eu poderia comprar
e estudar dúzias de livros e, frustrado, colocá-los de lado. Nessa “era de informação” é curioso o fato de
haver tamanha escassez de informação útil, informação de qualidade.
Os esforços dos Aspirantes dos séculos passados, viajando de país em país para aprender com
sábios, pedindo comida e alojamento enquanto estudavam as artes ocultas, aprendendo novos idiomas para
ler os textos antigos. Hoje em dia isso foi substituído por algo igualmente difícil, pois ouvimos muita conversa
fiada até achar um pequeno bocado de verdade prática e aplicável.
Eu sempre fui um escritor. Sempre fui profundamente apaixonado pela beleza da escrita e da
linguagem falada. Sempre escrevi – pequenas histórias, ensaios, poemas, novelas, qualquer coisa que
mantivesse minhas mãos escrevendo.
Mas quando descobri minha imensa necessidade de conhecimento espiritual verdadeiro, minha
paixão pela escrita se fundiu com minha paixão pela Ascensão espiritual e tudo assumiu um propósito que
vai além da sensação de colocar a caneta sobre o papel.
De tempos em tempos eu vejo pela internet e por outras vias o que as pessoas estão falando sobre
o meu trabalho. A crítica mais precedente sobre o “Works of Darkness” é especificamente essa: “a maior
parte da informação já era conhecida. Ele só compilou isso”. Bem, isso é verdade, pelo menos até certo
ponto. Mas para reunir o que o livro contém eu levei aproximadamente seis anos, estudei centenas de livros,
artigos e uma variedade de disciplinas ocultas, tudo moldado junto com minhas próprias experiências, com
toda a base aplicável ao contexto. Minha maior meta não é somente ensinar uma disciplina ou um sistema
de crença e entendimento, mas guiar na prática atual das coisas, dar ao leitor a habilidade de fazer tudo
aquilo que eu fiz e até mesmo coisas maiores.
4) Em seu livro “Baneful Magick” você menciona Exu e os Espíritos do Vodu com precisão
em teoria e prática. Qual é - e como é - a sua relação com essas tradições?
Por alguma razão, há uns cinco ou seis anos atrás, eu desenvolvi um fascínio ou obsessão pelas
antigas práticas maias, especificamente o despertar da Serpente da Visão.
Não havia guias práticos sobre como conduzir esses rituais hoje em dia, havia somente meras
especulações antropológicas que eu estudei impetuosamente junto com o Popul Vuh, gastei dias inteiros,
do amanhecer ao pôr-do-sol, na biblioteca, caderno e caneta nas mãos que se moviam rapidamente fazendo
anotações, diagramas, reunindo as pequenas peças dos antigos rituais que despertariam a Serpente da
Visão em minha vida.
317
Vox Infernum
Entrevista E.A. Koetting
Após algumas semanas eu finalmente tinha algo que poderia usar. Reuni meus instrumentos e fui
para o meio do deserto. Invoquei os poderes e os espíritos que presidiriam esse trabalho, fiz um corte em
meu peito desde o ombro esquerdo até o lado direito de meu quadril, encharquei algumas tiras de pano com
meu sangue e queimei em um vaso específico.
A Serpente da Visão surgiu e tudo mudou para mim.
Os muitos e muitos anos em que investi estudando o sistema cerebral da espiritualidade do ocidente
foram incinerados, era como se eu tivesse passado por um milhão de véus e transcendido um milhão de
céus e infernos e descoberto a perfeita simplicidade da união com os espíritos. A reação em cadeia desse
evento me conduziu naturalmente à Santeria.
Boa parte do que está incluso em meu livro Baneful Magick foi transmitido a mim diretamente dos
Exus ou dos espíritos. Sempre tive habilidade para entender tais sistemas, então estudei Santeria e o Voodoo
Americano e simplesmente entrei em contato com Exu e passei a receber dele os métodos exatos que usei
para trazer sua essência concretamente materializada para dentro de minha vida. Todo esse processo está
descrito de forma detalhada e muito interessante no Baneful Magick.
Usar esses rituais para aprofundar meu entendimento dos sistemas espirituais foi como o descobrir
de um Africano Mundo Novo. Pouco tempo depois fui contatado pelo Baron DePrince, um Hougan haitiano
do Vodu. Ele me propôs a co-autoria de um livro sobre o sistema Haitiano de Vodu no qual eu seria iniciado
e guiado. Esse livro – A Aranha e a Borboleta Azul: Vodu, Encruzilhadas de Poder – é a primeira publicação
da Editora Eternal Ascent.
Na verdade não ouvi nenhuma crítica sobre ele, embora eu esteja seguro de que há muita crítica lá
fora. Percebi que as vendas desse livro em particular não eram tão fortes quanto as vendas dos meus livros
anteriores, ouvi de algumas pessoas que compradores em potencial se assustaram com o conteúdo e se
afastaram.
Muitas pessoas que compraram cópias do Baneful Magick me disseram que jamais pretenderam usar
os rituais ali descritos para causar morte ou miséria aos seus inimigos, mas, por via das dúvidas, eles
queriam saber como.
Então, para criticá-lo eu mesmo, eu diria que sua falha principal é que ele não é inteira e
universalmente aplicável. Há um mundo lá fora que está faminto por conhecimento e habilidade para fazer
mudanças milagrosas em suas próprias vidas, pessoas que anseiam experimentar um contato consciente
com o espiritual, indivíduos que querem ir além de todos os limites da “realidade”. A quantidade de pessoas
que procura a magia negra para destruir os próprios inimigos é muito menor. De qualquer forma o livro é
muito poderoso, trata-se de uma ferramenta potente para o Mestre, até mesmo se ele decidir não utilizá-
lo.
6) Em sua opinião, qual deveria ser a conduta de um Adepto do Caminho da Mão Esquerda?
Bem, eu tiraria o Caminho da Mão Esquerda da equação e reformularia a questão assim: “Qual
deveria ser a conduta de um Adepto?”, dessa forma eliminamos a ideia de dualidade no desenvolvimento
espiritual.
O que é interessante sobre a aquisição de poder é que quanto mais uma pessoa o tem, menos ela
o utiliza.
Veja as Artes Marciais, por exemplo, é raro encontrar um faixa preta que anda por aí se envolvendo
em confusão. Eles não precisam disso. Eles sabem que podem derrubar qualquer pessoa, mas eles não têm
nada para provar para si mesmos ou para os outros.
Eles mantém suas habilidades resguardadas e se tornam mais discípulos da mente-corpo do que
atletas atrás de força bruta. Julius Evola diz em seu livro Yoga of Power que o desenvolvimento dos Siddhis
ocorre proporcionalmente à vontade de não utilizá-los.
Então, um Adepto não é um Feiticeiro do Sabbath Negro que vai de lugar em lugar lançando bênçãos
ou maldições em todos os lugares por onde passa. Ele é somente uma pessoa... No momento em que ele
formula a intenção os planetas começam a se mover conforme sua vontade, o universo criado aprende pela
experiência a tratá-lo como um deus.
318
Vox Infernum
Entrevista E.A. Koetting
7) O que é um Mago Negro?
Um Mago Negro é simplesmente uma pessoa que descobre os segredos da aplicação de disciplinas
ocultas para criar mudanças no mundo de acordo com os próprios desejos ao invés de fazer algo altruísta.
Por essa definição quase qualquer pessoa envolvida com o oculto pode ser considerada um “Mago Negro”.
Poderíamos analisar a questão de outra maneira, como se o Mago Negro não fosse alguém que faz
totalmente a própria vontade, mas que fosse uma espécie de canal de manifestação da vontade e do poder
demoníaco, do verdadeiro negro, sacrificando sua própria concupiscência a serviço do sinistro. Pessoas
capazes de utilizar esses poderes sem implicações morais são muito raras.
Minhas referências em Magick derivam majoritariamente de minhas próprias experiências. Claro que
estudei os mesmos textos que todos costumam estudar, passando por autores como Crowley, Evola, Spare,
Waite e similares, mas sempre preferi a experiência prática como o melhor mestre, pois através da prática
conseguimos ir além do que qualquer teoria pode nos oferecer. E qualquer texto é simplesmente teoria até
ser aplicado, é por isso que arrisco e incluo relatos de minhas experiências com rituais em meus livros, faço
isso para colocar a teoria dentro de um contexto utilizável. Um autor que apreciei bastante foi o
Konstantinos. Ele é mais conhecido por suas obras mais populares. Konstantinos apresenta suas
informações, que são mais uma forma negra de paganismo, de maneira fácil e acessível ao leitor médio.
Enquanto Crowley confunde o leitor até mesmo com o ato de respirar, Konstantinos oferece um sistema
ritualístico que qualquer pessoa pode experimentar e encontrar resultados.
Religião é somente uma linguagem usada para descrever o espiritual. As pessoas ficam presas em
saber se a sua língua é o caminho certo. É como um homem explicando o sistema de propulsão de um
foguete em inglês ao lado de outro que o faz em português para depois discutirem qual é a explicação
correta. É realmente algo bobo... Mas se você puder olhar objetivamente para a religião você poderá
aprender mais sobre si mesmo e sobre essa máquina na qual todos nós vivemos.
319
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Entrevista E.A. Koetting
9) Qual é o principal objetivo da Ordo Ascensum Aetyrnalis? O que ela é?
10) O que você pode nos contar sobre a história por detrás do livro “Kingdoms of Flame”?
Dei uma descrição interessante sobre isso no livro, falei como fui criado na Ordo Ascensum
Aetyrnalis, treinado por alguns magos poderosos e sobre a aproximação dos três homens misteriosos que
trouxeram os três envelopes contendo as partes originais do manuscrito cifrado que eu desenvolvi para criar
um sistema utilizável. Essa história é parte ficção e parte verdadeira. Se você substituir as pessoas por
entidades espirituais então a história será 100% exata. Talvez, em algum momento, eu reescreva a história
dessa forma e lance o livro novamente.
11) Você está envolvido em outros projetos além de seus livros e da OAA?
Trabalhei com a banda de black metal Abaroth escrevendo letras. Eles se aproximaram de mim,
pediram pra eu escrever as letras e me enviaram o som. Ouvi algumas vezes e as letras começaram a
aparecer para mim. Tenho escrito muitos poemas - escrevia mais na época conturbada de adolescente – e
tenho escrito letras de músicas em minha cabeça, mas não tenho inclinações musicais desenvolvidas. Tentei
tocar teclado, mas isso tem foi frustrante para meu professor.
Numa dessas aulas tentei programar o teclado para fazer sons de batidas de coração junto com
vozes de coro, também aprendi que dava pra gravar o som em disquetes de 3,5 polegadas (os bons velhos
tempos!).
Notem que estou falando de um teclado antigo, não de um Mac! Então, quando eu achava que iria
tocar belas escalas, eu estava prestes a criar uma mistura horrível de sons quase aleatórios, imagino que
seriam como os sons emitidos por anjos caindo sobre a terra. Meu professor não ficou muito impressionado.
Fora isso eu dirijo a Ordo Ascensum Aetyrnalis, estou à frente da editora Eternal Ascent, sou pai de
uma garota linda e talentosa. Não tenho muito mais tempo para outras atividades.
Todos os poderes de Deus estão dentro de vocês. Estou falando de onipotência, onisciência e
onipresença – tais poderes não são apenas alcançáveis e quando eles começarem a se manifestar em suas
vidas vocês rirão das dificuldades que atravessaram até chegar aqui. Se vocês já estão tendo sucesso com
o oculto então isso pode ser um sinal de que vocês estão muito, muito próximos.
Finis
320
Vox Infernum
Entrevista E.A. Koetting
Links de interesse:
My Space: http://www.myspace.com/archaelus
http://www.ixaxaar.com/evokingeternity.html
http://www.ixaxaar.com/eakoetting.html
http://www.ixaxaar.com/archaelus.html
321
Dramatis
Encarnação do Demônio
322
Dramatis
Encarnação do Demônio
Josefel Zanatas, o Zé do Caixão, viveu 10 anos em reclusão em um manicômio e 30 anos preso na
ala de Saúde Mental da Penitenciária do Estado de São Paulo. Tornou-se uma lenda no cárcere por sua
malévola personalidade.
De volta às ruas e acompanhado de seu fiel serviçal, o corcunda Bruno, Zé refugia-se em um
esconderijo subterrâneo em uma grande favela paulistana e passa a viver com um secto de psicóticos
doutrinados por Bruno.
Zé retoma seu ofício como agente funerário e é acusado de trazer má-sorte à vizinhança. Na favela
confronta-se com um criminoso local, que tenta lhe extorquir. Usando de ironia e habilidade, Zé quase o
mata, aumentando seu antagonismo frente à comunidade.
Zé do Caixão começa a ser atormentado pelos espectros de suas vítimas, mas continua cético e
determinado, entendendo esses encontros com o sobrenatural como manifestações do seu subconsciente.
Bruno segue fiel na busca de novas mulheres para que seu mestre consiga um filho perfeito. O
corcunda seqüestra a bio-engenheira Hilda Scherer que é submetida a uma prova sádica envolvendo drogas,
mutilação e canibalismo.
Na favela, Zé se interessa pela jovem Elena, protegida por suas tias, as duas feiticeiras cegas
Lucrécia e Cabíria. Para possuir a jovem, ele mata e crucifixa as feiticeiras. Entre o limite do real e da
imaginação, Zé é envolto por uma chuva de sangue enquanto faz amor com Elena.
Em sua alucinação ele vai para o Purgatório e conhece o Mistificador, um anjo-demônio que lhe
apresenta horrores surreais. Em seu retorno à realidade ele ordena o rapto de diversas jovens que são
submetidas a terríveis provas para julgar quem será a mãe de seu filho perfeito. A onda de ataques deixa
para trás um rastro de crimes que provocam sua perseguição pela polícia, que invade o esconderijo
subterrâneo para matá-lo.
Zé consegue fugir para um parque de diversões e, em um confronto intenso, as forças sobrenaturais
se avizinham. A morte paira no ar e a poesia macabra transfigura-se em visões proféticas de um porvir
apocalíptico e misterioso.
Com:
José Mojica Marins
Jece Valadão
Milhem Cortaz
Adriano Stuart
Rui Rezende
Cristina Aché
Helena Ignez
Débora Muniz
Thais Simi
Cléo De Páris
Nara Sakarê
Raymond Castile
Nossa opinião: Película inestimável aos apreciadores do estilo. Repleto de excelentes idéias, o filme
incita questionamentos diversos relacionados a Deus, religiosidade, verdade e transcendência. Destacamos
a atuação da bela e talentosíssima Cléo de Paris no papel da bio-engenheira Hilda Scherer. Destaque também
para Milhem Cortaz e sua “interpretação” dos ritos de São Cipriano!
323
Dramatis
Companhia de Teatro Os Satyros
Trilogia Sadeana Continua em Cartaz em 2010
Justine
Sinopse: Última parte da trilogia dos Satyros para os textos de marquês de Sade, a peça conta a
história da pura, religiosa e inocente personagem Justine (Andressa Cabral) que acaba se envolvendo em
experiências de crime, tortura e depravações que testarão seus valores morais e de conduta, enquanto sua
irmã, a bela e libertina Juliette (Sabrina Denobile) realiza uma trajetória cheia de sucessos e prazeres.
Texto: Rodolfo García Vázquez
Direção: Rodolfo García Vázquez
Elenco: Andressa Cabral, Sabrina Denobile, Gabriela Cerqueira, Carolina Angrisani, Heitor Saraiva,
Danilo Amaral, Diogo Moura, Eduardo Prado, Marcelo Jacob, Gisa Gutervil, Henrique Mello, Luisa Valente,
Marcelo Tomás, Eduardo Chagas, Robson Catalunha, Patricia Santos, Rafael Mendes, Ruy Andrade, Samira
Lochter, Tiago Martelli
Quando: SEXTAS e SÁBADOS 21h00
Onde: Espaço dos Satyros Dois, Pça Roosevelt, 134
Quanto: R$ 30,00; R$15,00 (Estudantes, Classe Artística e Terceira Idade); R$ 5,00 (Oficineiros dos
Satyros e moradores da Praça Roosevelt)
Lotação: 70 pessoas
Duração: 80 minutos
Classificação: 18 anos
Gênero: Tragicomédia
Temporada: 29 de janeiro até 27 de março de 2010
Assista também:
A FILOSOFIA NA ALCOVA
OS 120 DIAS DE SODOMA
O MONTACARGAS
TRILOGIA LÉSBICA - LES
Maiores informações:
http://satyros.uol.com.br/noticia.asp?id_destaque=3
324
Fiat Voluntas Mea
Pater Noster
POR REVERENDO EURYBIADIS
Primeiro vejamos o que o léxico nos diz sobre o verbo santificar e o vocábulo “santo” quando
adjetivo:
O orador solicita que o “reino” venha até ele, ou seja, aqui não faz parte do reino do “pai” onipotente
(ou seria o todo impotente?). Aqui e agora não fazem parte das promessas de algo que supostamente se
encontra além da morte.
Como todo bajulador é também um exímio boçal, nada mais justo do que exigir que a
vontade do poder “dominante” seja feita em todos os lugares, afinal Vontade implica em
pensamento e pensar não é algo comum às massas.
325
Fiat Voluntas Mea
Pater Noster
POR REVERENDO EURYBIADIS
Puta-que-o-pariu!
Ainda pede desculpas?
Vá foder-se!
Em São Luís, Maranhão, no ano de 2005, um distinto cavalheiro foi preso em flagrante por
estar se divertindo com quatro “meninos” em um quarto de motel. Esse dileto cavalheiro, na
época com 43 anos, “brincava” com dois rapazes de 18, um de 13 e outro de 15. O episódio -
uma sessão de pedófila pederastia - foi protagonizado pelo Padre Félix Barbosa Carreiro.
A prisão ocorreu dentro do motel – pegaram o padre com as calças arriadas (ou sem as
calças?).
O resultado? O padre foi absolvido.
Ele pediu para não cair em tentação, mas a carne é fraca, o estado é laico graças a Deus
e ele foi livrado do mal! Amém!
Fontes:
http://www.jornalpequeno.com.br/2009/7/8/Pagina114654.htm
http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2005/11/05/Brasil/Padre_pedofilo_e_flagrado_com_4_a.shtml
326
Index Librorum Prohibitorum
POR PHARZHUPH
DIABOLICAL
Jake Stratton-Kent
Eric de Pauw
Aaron Leitch
Paul Hughes-Barlow
Mark Smith
Stafford Stone
Thomas Karlsson
Johnny Jakobsson
The Anonymous Author of Pharaoan
Humberto Maggi
John J. Coughlin
Krzysztof Azarewicz
Donald Tyson
Kyle Fite
O Dragão Vermelho
O Grande Grimório
Grimorium Verum
Lemegeton
A Magia Sagrada de Abra-Melin
Nighside of Eden
Qutub
Líber 231
327
Index Librorum Prohibitorum
POR PHARZHUPH
Este livro traz uma nova aurora para todos aqueles que estão dispostos a
deixar as filosofias de morte que tornam nossa sociedade tão hipócrita e
escravizadora; àqueles cansados de aceitar a posição de simples criaturas e que
querem conhecer e desenvolver seu lado divino. Ele floresceu das reflexões e
experiências vividas acerca da máxima: “A iluminação é nutrida na escuridão”. A
meta do Luciferianismo reside na obtenção do autoconhecimento através do
reconhecimento e eliminação de conceitos, hábitos e ações que destroem e
manipulam nossa essência. Não somos apenas deuses em essência e promessa;
somos deuses por nosso próprio direito, através da descoberta e do aprimoramento
do potencial divino que possuímos dentro de nós. É interessante lembrarmos as
palavras de Willian Blake: “Os homens esqueceram que todas as deidades residem
no coração humano”. As imagens das deidades são simples criações humanas,
porém as forças que elas representam são reais. E estas estão dentro de nós, mesmo
que ainda adormecidas.
http://clubedeautores.com.br/book/9050--Lux_Aeterna__Tomo_I_
328
Poetice
POR PEDRO H. BRAGA LEONE
pedro_s.o.thoth@hotmail.com
O Príncipe Moribundo
329
Poetice
POR PEDRO H. BRAGA LEONE
pedro_s.o.thoth@hotmail.com
330
Poetice
POR PEDRO H. BRAGA LEONE
pedro_s.o.thoth@hotmail.com
Sinto-te, Escorpião
Tocando-me ao Coração
Ascendendo-me em Lascívia Pura
Tão forte como uma Faca que Fura
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Poetice
POR PHARZHUPH
Sem Nome
332
finis
333
334
Lucifer Luciferax VII
335
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Inno a Satana
A TI, imenso princípio do Ser, Matéria e Esquivando-Te até nos compromissos, o triste monge
Espírito, Razão e Sentimento. Ocultou-se no fundo da Tebaída.
Quando cintila o vinho no copo como a Ó alma extraviada de teu caminho,
Alma brilha no fundo da pupila, Satã é bom e não Te abandona!
Quando correm a Terra e o Sol e trocam palavras de Amor, Por isso, quando passas, ele Te bendiz. Eis aqui
E corre o espasmo de um himenou invisível A Eloísa.
Que chega aos Montes e fecunda a planície, Em vão te atormentas sob o áspero
A TI chegam meus cantos atrevidos. Burel, mísero monge.
Eu Te invoco, ó Satã! Rei do festim. Os versos de Horácio e de Virgílio soaram
Volta com teu hissopo, vil Sacerdote! Em teus ouvidos misturados às queixas
Volta com teus psalmos! Satã retrocede. Dos psalmos de David.
Olha como a ferrugem roi a mística E as formas délficas surgiram voluptuosas
Espada de Miguel, A teu lado, tingindo de rosa a horrenda
E o arcanjo, já sem penas, se despenca Companhia das dobadeiras Lycoria e Glyceria.
No vazio! De outras visões de um tempo mais belo
O raio gelou-se na mão do orgulho Jehovah, Povoam-se as celas insones.
Como uma chuva de pálidos mistérios de planetas apagados! Por Ti as páginas vivas de Tito Lívio
Os arcanjos vão caindo do alto do firmamento. Despertam fogosos tribunos, cônsules e
Na matéria que nunca pára, rei do Ardente multidão.
Fenômeno, rei da Forma. Vive unicamente Satã. E, repleto de itálico orgulho, dirige-Te,
No relampejar trêmulo de seu negro olhar está Ó monge! ao Capitólio.
seu império que aos que desviam atrai. As poderosas fogueiras não podem destruir
É ele que brilha com o sangue alegre dos As fatídicas vozes de Wicleff e João Huss.
Enforcados para que a breve alegria não esmoreça, No espaço ressoa o grito de alerta e o
É ele quem restaura a vida breve, que Século se renova. O prazo extinguiu-se.
Prorroga a Dor e o Amor reanima. Tremem os símbolos poderosos; caem as
Tu inspiras. Ó Satã! O meu verso desafiando, Mitras e as coroas; do claustro mesmo,
Deus dos pontífices cruéis e reis homicidas. Surge ameaçadora a rebelião, debaixo dos
Por ti vivem Agramâncio, Adônis a Astartéa, Hábitos de frei Jerônimo Savonarola.
Que animam os mármores dos escultores. Joga o escapulário Martim Luthero e rompe
As telas dos pintores, a lira dos poetas. As cadeias do pensamento humano.
E o canto das serenas brisas que Jônia deu E, esplêndida, fulgurante, sobre as chamas
A Vênus Andrômeda. Ergue-se a Matéria. Satã venceu!
Por Ti estremecem-se as palmeiras do Líbano Um monstro belo e terrível desencadeia-se,
Ao ressuscitar o amante da doce Chypre. Percorre o Oceano, percorre a Terra,
Por Ti agitam-se as danças e as cores. Vomita chamas e, fumegante como
Por Ti as virgens desfalecem de amor ante um vulcão, Cai sobre os montes.
As odoríferas palmeiras da Iduméa, onde Devora planícies, está sobre abismos.
Branqueiam as espumas chyprianas. Oculta-se nos antros profundos e
Que importa que o bárbaro furor dos Surge novamente.
Orgiáticos ágapes do ato obsceno tenha E eis que passa triunfante, ó povo!
Incendiado teus templos com a sagrada Satã, o Grande.
Luz e demolido as estátuas de Argus? Passa semeando o Bem por toda parte,
A plebe vem a Ti, agradecida, entre suas Montado sobre seu carro de fogo, que
Divindades e, vencida de amor, a pálida Nenhum obstáculo detém.
Bruxa com eterna angústia vem remediar Louvor a Ti, ó Satã! Ó Rebelião!
A natureza enferma. Ó Força vingadora da Razão humana!
Fôste Tu que do olhar penetrante do Que subam a Ti, consagrados, nosso
Alquimista e às pupilas do Mago indomável Incenso e nossos votos!
Revelaste mais para além do sonolento Venceste ao Jehovah dos Sacerdotes!
Claustro os resplendores de novos céus. Glória a Satã!
337
Prælusio
Vox Mortem, Mortiferum Poculum
POR PHARZHUPH
Melez
Saudações!
Trabalho especialmente dedicado à pequena e Linda Liliane e Viviane, amadas Filha e Esposa,
mulheres da minha vida.
Ho Drakon Ho Megas
CCXVIII
338
339
Index
Lux
Inno a Satana, poema de Giosuè Carducci (1835-1907), escrito em 1897
- 337 -
Prœlusio
Vox Mortem, Mortiferum Poculum
- 338 -
Prœlucidus
Gnose Luciferiana, por Asenath Mason
- 341 -
Draconis
A Corrente Anticósmica 218, Pharzhuph - 350 -
Drakon Typhon
666 – Sagrado, Secreto e Sinistro, por Adriano C. Monteiro - 357 -
Satanis
Como Ser Um Satanista – Um Guia de Satanismo para Principiantes, ONA - 360 -
Goetia Summa
Meditações Goéticas, por Pharzhuph - 364 -
Therion
Herança Templária: História ou Mitologia Retrospectiva?, por Carlos Raposo - 366 -
Movere ad Bellum I
Primeira Promoção do Projeto Luciferiano.Org - 369 -
Index Librorum Prohibitorum - 371 -
Drakon Typhon II
A Pedra Verde Manchada de Sangue, por Adriano C. Monteiro - 377 -
Fiat Voluntas Mea
As Curtas do Reverendo, por Reverendo Eurybiadis - 378 -
Tenebris - Um documento Oficial da Ordo Luciferi
O Manifesto Luciferiano, por Lucian Black
- 380 -
Vox Infernum
Entrevista Mark Alan Smith, autor de “Queen of Hell”, Editora Ixaxaar
- 383 -
Praxis
Lácrima, por Betopataca, uma Publicação Oficial Fraternitas Templi Satanis (E'P'S')
- 393 -
340
Prœlucidus
Gnose Luciferiana
POR ASENATH MASON ©®
A história de Lúcifer e a lenda de sua queda parecem assuntos simples e bem conhecidos. Porém,
são assim tão óbvios? Talvez uma resposta seja encontrada neste ensaio que o guiará passo a passo através
das numerosas formas deste fascinante arquétipo que inspirou filósofos, artistas e poetas através de muitos
séculos. Vamos dar uma olhada bem de perto em suas origens mitológicas e em sua mística interpretação
em tais caminhos espirituais como a Alquimia ou a Qabalah. Também examinaremos seu significado no
Caminho da Mão Esquerda, no qual seu simbolismo tem um papel extremamente importante. Talvez esta
análise lance mais luz sobre Lúcifer como um personagem e também sobre o tipo de gnose esotérica que
ele representa.
A Lenda Cristã
Começaremos a discussão do mito de Lúcifer com a lenda difundida pelas fontes cristãs, que é a
versão mais conhecida da história, e, ao mesmo tempo, a mais errônea e cheia de ambigüidades. Ela baseia-
se incorretamente em curtas citações interpretadas da bíblia, sendo o fragmento chave uma citação do
Livro de Isaías:
"Como caíste do céu, ó Lúcifer, filho da alva!"
Como foste cortado por terra,
tu que debilitavas as nações!
E tu dizias no teu coração:
Eu subirei ao céu,
acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono, e no monte da congregação
me assentarei, aos lados do norte.
Subirei sobre as alturas das nuvens,
e serei semelhante ao Altíssimo.
E contudo levado serás ao Seol (Inferno)
ao mais profundo do abismo." (Isaías 14:12-15)
Na tradição cristã, este fragmento serviu como uma base para a lenda de um anjo orgulhoso que
procurou se igualar a deus, e por sua vaidade ele foi lançado ao abismo infernal. A história de Lúcifer
ilustra o pecado arquetípico da Superbia (Orgulho, Soberba), um dos sete pecados mortais. Como a lenda
mostra, esse pecado pode ser punido com a pior de todas as punições – condenado à eterna separação de
deus e mergulhado na escuridão apartado da luz celestial.
A mesma história do pecado como um motivo para queda e rebelião contra deus é apresentado
em Ezequiel: “Tu és o Sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura; estavas no Edem, jardim de
Deus; de toda pedra preciosa te cobrias: sárdio, topázio, diamante, berilo, ônix, jaspe, safira, carbúnculo,
esmeralda e ouro; de ouro se fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles
preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no
brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos desde o dia em que foste criado, até que se
achou iniqüidade em ti”. (Ezequiel 28:12-15).De acordo com esta citação, Lúcifer caiu e perdeu sua
perfeição original por que ele esqueceu-se de suas raízes, sobre o fato de que ele era uma criação de deus
e não poderia se igualar ao seu criador.
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Prœlucidus
Gnose Luciferiana
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Ele estava cego pelo orgulho, insolência e vaidade, que o fizeram sentir-se divino e pelos quais ele
fora punido com o exílio do paraíso.
Outros fragmentos da bíblia descrevendo a queda dos anjos também foram atribuídos a Lúcifer
(“ele foi banido, aquela antiga serpente”, Revelações 12:5). Este que foi ao mesmo tempo identificado com
Satã, o Adversário, o primeiro anjo a rebelar-se contra deus e precipitado ao Sheol, o abismo negro, onde
ele estabeleceu seu próprio reino infernal.
Este é o esboço da lenda cristã de Lúcifer. Porém, se tivermos um olhar mais atento a estes
fragmentos bíblicos que supostamente são suas fontes, veremos que eles não têm muito o que fazer com
esta figura mitológica. É essencial perceber que antes das escrituras originais, que agora constituem a bíblia,
foram traduzidas para o Latim. Logo, o nome de Lúcifer não aparece em nenhuma delas. A citação do
Livro de Isaías, que é considerada a fonte da lenda, pode ser de fato interpretada de uma maneira
completamente diferente: o termo “filho da alva” (em hebraico "heleyl ben-shahar", הילל בן שחר, o que
brilha) provavelmente refere-se ao rei Babilônico *Nehuchadnezzar (Nabucodonosor) ou ao rei Assírio
Tiglath-pilneser. O fragmento de Ezequiel é mencionado algumas vezes para se referir a mesma pessoa, e,
às vezes, é considerado como a descrição da queda de Adão, o primeiro homem, e o exílio dos primeiros
humanos do Jardim do Éden. O rei da Babilônia teve uma lenda similar, contada na bíblia em uma maneira
metafórica. Os termos “estrela da manhã”, “filho da alva” referem-se ao seu orgulho atrevido que evocou
seu desejo de conquistar o mundo todo e governar da mesma maneira que deus governa o universo. Seu
símbolo é o planeta Vênus, algumas vezes chamado “Helel”, “O Brilhante”.
Mas quando o velho testamento foi traduzido para o Latim (versão Vulgata Latina da bíblia), o
termo heleyl ben-shahar apareceu na nova versão como “Lúcifer”, oriundo das palavras latinas “lux”(luz)
e “ferre” (portar), ou seja, “Portador da Luz”. Na Vulgata, as palavras aparecem em vários contextos
diferentes, nem sempre se referindo aos anjos caídos, e, por vezes, muito pelo contrário: isso significa “A
Estrela da Manhã” (o planeta Vênus), “luz da manha” (no livro de Jó), “a aurora” (Salmos), signos do
zodíaco (também em Jó). E também se refere a figuras como “Simão filho de Onias” (Eclesiastes) ou
mesmo “Jesus Cristo” (Apocalipse).
Apesar disso, nos séculos seguintes Lúcifer veio a ser identificado com Satã e considerado um
símbolo desta lenda, entrelaçado com a história do Tentador bíblico que na sua forma de serpente seduziu
os primeiros humanos e os afastou de deus. Ele tornou-se o líder dos anjos caídos que se rebelaram contra
deus e desceram à Terra de forma a unirem-se em carne com as filhas do homem (o mito sobre a rebelião
dos anjos apresentado no apócrifo Livro de Enoch, onde o líder dos rebeldes, que foi Shemyaza, (algumas
vezes identificado com Lúcifer). Na doutrina de certas seitas cristãs Lúcifer tornou-se o Demiurgo, o
criador maligno do mundo material que aprisionou almas em corpos humanos. Nas escrituras dos Cátaros
(um movimento cristão-gnóstico que floresceu em algumas áreas da Europa Ocidental e Ásia Menor entre
os séculos V e XV) lemos que ele foi o filho de Satã que criou o mundo consistindo da terra e de sete céus.
E foi ele quem invadiu o reino celestial e tentou os espíritos com visões de coisas que eles não conheciam
antes, depois que um terço deles o seguiu e saíram do paraíso.
“A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra.” (Apocalipse
12:4):
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Prœlucidus
Gnose Luciferiana
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“...Eles desceram do céu quando Lúcifer os tirou de lá com uma alegação enganosa de que deus lhes
prometeu somente o bem; enquanto o Demônio, astuto como si só, prometeu-lhes o bem e o mal, e contou-
lhes que ele poderia dar-lhes mulheres a quem eles iriam adorar, e que ele daria a alguns a autoridade sobre
os outros...e que todos que o seguiriam e descessem com ele, teriam o poder para fazer o mal e o bem, como
deus, e que seria melhor para eles serem deuses que fazem o bem e o mal do que permanecer no paraíso
onde deus dava-lhes somente o bem”. (Catharism, the History of the Cathars, de J. Duvernoy).
Lúcifer é “o Deus que cria o mundo em seis dias” como está descrito no velho Testamento. E foi
ele quem dividiu a matéria prima dos elementos e formou o mundo deles. Então ele criou humanos da
argila e inseriu a alma dentro deles: a alma do homem foi o anjo do segundo paraíso, a alma da mulher –
o anjo do primeiro. Depois ele seduziu a mulher em sua forma de serpente e ensinou-a como obter
prazeres carnais, desta maneira revelando aos humanos os frutos da Árvore do Conhecimento. De acordo
com certas teorias, Lúcifer é o segundo Deus. O primeiro é Aquele que criou coisas espirituais e invisíveis.
Lúcifer é o criador das coisas materiais e visíveis. Ele aprisionou em corpos humanos as almas dos anjos
que o seguiram e deixaram o paraíso. Por esta razão almas humanas são demônios que caíram das alturas
e expiam por seus pecados na terra, aguardando o retorno à luz. Houve também certas seitas Gnósticas
que consideraram Lúcifer como o primeiro filho nascido de deus, aquele que deixou o paraíso quando seu
pai decidiu dar supremacia ao seu segundo filho, Jezual (Jesus).
De acordo com as lendas cristãs, Lúcifer foi um dos Querubins, os anjos que ficam mais próximos
de deus. Ele foi o mais perfeito e belo de todos os anjos, e ele foi o favorito de Deus. Seu nome então era
Lucibel e referia-se a sua beleza. Mas ele caiu por causa de sua vontade livre, quando ele percebeu sua
divindade e desejou tornar-se igual a Deus em todos os aspectos. Seu desejo foi julgado um pecado e
rebelião, e ele foi exilado do paraíso de modo a tornar-se o senhor do Inferno – o reino completamente
separado de Deus. Na tradição cristã, o Inferno é o símbolo de tormentos eternos, da escuridão da alma
que foi privada da presença de Deus. Mas de outra perspectiva, é também o símbolo da liberdade,
independência, a potencial permissão para uma deificação individual e aspiração para tornar-se seu próprio
criador. Desta maneira o Inferno é interpretado pelo Caminho da Mão Esquerda, onde Lúcifer é o símbolo
da última liberação.
A Origem do Arquétipo
Entre as fontes da palavra “Lúcifer” a mais frequentemente mencionada é a da antiga poesia
Romana. Significa “a estrela da manhã” e é relacionada ao termo grego “eosphoros” (“O que traz a
aurora”). Ele aparece em A Odisséia de Homero, na Teogonia de Hesíodo, nas Geórdicas de Virgílio, e
nas Metamorfoses de Ovídio. E embora a “estrela da manhã” seja mais frequentemente identificada com
Vênus, há também teorias em que este termo se refere ao antigo deus da luz, também relacionado a este
planeta. Na antiga Grécia este conceito foi simbolizado por duas deidades: Eósphoro (Phosphoros) e
Héspero (Vesper, Nocturnus, Noctifer), que corresponderam a dois aspectos distintos de Vênus: a Estrela
da Manhã que apareceu na aurora, e sua luz na escuridão da noite. A descrição destes dois irmãos divinos
é encontrada em A Ilíada, quando Phosphoros emerge do oceano para proclamar a vinda da luz divina,
enquanto Héspero é visto como a mais explêndida estrela no céu noturno. Phosphoros, o deus da aurora,
era o filho da deusa Eos. Ele era representado como um garoto nu alado com uma tocha, na frente de sua
mãe ou do deus do sol Hélio. A tradução Romana do nome “Phosphoros” é “Lúcifer”.
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Prœlucidus
Gnose Luciferiana
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Este mito pode ser a fonte mais antiga da lenda sobre este anjo brilhante. Mas não podemos
esquecer sobre o outro conto Grego que é associado com esta figura em interpretações modernas. Essa,
é claro, a famosa história de Prometheus. Deixe-nos relembrar brevemente esta lenda mítica: Prometheus
foi um dos titãs e o criador da humanidade a qual ele formou da argila misturada com lágrimas, e cujas
almas foram a centelha do fogo divino que o Titã roubou dos da carruagem do Sol. Então, vendo que o
homem é fraco, ele roubou o fogo dos deuses novamente e o trouxe para a terra. Ele ensinou aos humanos
como usar fogo para criar artes e ofícios. Desta maneira ele despertou o espírito humano e deu à
humanidade o potencial para governar o mundo. Por seu amor aos humanos ele foi severamente punido
pelos deuses: eles prenderam-no a uma rocha e a cada dia seu fígado era comido por uma águia (ou um
abutre) e crescia novamente para que a dor pudesse durar eternamente. Esta lenda foi identificada com
Lúcifer por causa de seu papel como o iniciador dos humanos: aquele que dota o homem com alma, o
fogo divino, e mostra-lhes como serem iguais aos deuses. A interpretação esotérica do mito explica o dom
do fogo enquanto despertar da centelha interior no homem, a fonte do poder espiritual que corresponde
ao conceito Tântrico da serpente Kundalini. O fogo “Prometheano” (de Prometheus) é a centelha de
divindade que quando despertada, pode tornar-se a tocha de um potencial espiritual infinito. Assim como
Prometheus ensina a humanidade como se tornarem iguais aos deuses, Lúcifer mostra ao homem o
caminho da independência e o caminho para a sua própria divindade.
Outra figura mítica, frequentemente identificada tanto com Prometheus quanto com Lúcifer, é o
Escandinavo Loki. Como os dois “personagens” acima mencionados, ele representa forças que ameaçam
a ordem divina e cósmica. Ele é o portador da luz/fogo e ao mesmo tempo ele é o destruidor com um
imenso potencial destrutivo. Seu nome refere-se a “logi” (“chama”, “fogo”) ou aos verbos “lúka”, ou
“lukijan”, significando “travar”, que aponta ao seu papel no fim do mundo existente (Ragnarök), o fogo
final no qual o mundo e os deuses queimarão. Ele é o pai dos monstros mitológicos: o lobo Fenrir que
devorará Odin na hora do Ragnarok, a deusa cadáver Hel, e a serpente cósmica Jormungandr. Ele é o
trapaceiro que constantemente desafia os deuses e suas ordens e leis ficadas. Ele também é o pai das
disputas e das mentiras. Mas ele também é o iniciador da humanidade a quem ele traz o dom do fogo
divino –assim como Prometheus. Finalmente, ele também sofre uma similar espécie de tormento: ele é
punido sendo preso às rochas, e acima de sua cabeça há uma cobra venenosa cujo veneno goteja sobre a
face de Loki. Quando o deus se arrepia com sofrimento, suas convulsões causam terremotos e outros
desastres.
Um personagem similar é também encontrado no conhecimento espanhol/Mexicano onde ele
carrega o nome Luzbel. Luzbel é mencionado em textos espanhóis do século XVI escritos no México ou
em grimórios como El Libro de San Cipriano (El Tesoro del Hechicero) e EI Libro Infernal. Ele parece
ser uma forma obscura de Lúcifer, um desafiador à ordem divina e o Portador da Luz como um fogo da
divindade individual.
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A Interpretação Qabalística
Nas teorias Qabalísticas Lúcifer corresponde à sephira oculta Daath. Porém, de acordo a entender
esta atribuição, devemos primeiro voltar ao momento quando a Árvore da Vida foi uma ideal harmonia
cósmica e sua negra contraparte não existia. A perfeita Árvore Cósmica, como agora, consistia de dez
níveis e vinte e dois caminhos, mas não havia nenhum plano material até então. Em vez disso, a Árvore
da Vida continha Daath como a parte integral da harmonia cósmica. Daath era a mais próxima da mais
alta tríade: Kether, Chokmah e Binah, sobre a sephira central Tipharet. Ela foi o segundo sol que brilhou
sobre as sephiroth vizinhas. Enquanto Tipharet foi o sol inferior que lançava seus raios sobre as regiões
inferiores, Daath iluminava a parte superior da Árvore como o segundo, místico sol. Suas luzes marcaram
dois “mundos” representados pela Sephiroth: o inferior (abaixo de Tipheret) e o superior (envolvendo
Daath). Ambos foram harmoniosamente ligados um ao outro. O sol inferior foi governado pelo arcanjo
Michael, o superior por Lúcifer: O Portador da Luz. Lúcifer foi então o anjo que residia próximo à trindade
divina. Ele foi o guardião e o mediador entre a luz divina e as esferas inferiores, que é refletida em uma
antiga lenda na qual ele foi o mensageiro de deus sobre a terra que observou todos os eventos terrestres e
os reportou ao criador.
Sobre a original Árvore da Vida, Yesod, e sephira inferior, foi uma reflexão ideal de Kether, a mais
alta sephira. Porque ela foi o mundo astral do homem, e foi considerada como a imagem ideal de deus.
Yesod, porém, é também a esfera da sexualidade, existindo sobre a Árvore da Vida de uma forma sutil e
dormente. As razões de Lúcifer e os outros anjos caírem não estão claras desta perspectiva. Talvez eles
tivessem começado a cobiçar o homem por causa de sua perfeição (“Viram os filhos de deus que as filhas
dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.” Gênesis 6:2).
Lúcifer-Daath caiu/desceu ao nível do homem e despertou nele o poder da criação e energia sexual, que
são representados pelo dom dos frutos do Conhecimento, oferecidos pela Serpente bíblica. Desta maneira
o homem ganhou acesso ao conhecimento que até aquele momento era reservado para deus e as mais altas
entidades. A queda dos anjos e sua união sexual com o homem foi a proibida união dos mundos. O homem
ganhou o potencial da criação (de dar a luz a uma nova vida), e a ideal harmonia cósmica foi perdida. Onde
antes existia Daath, um abismo se abriu e separou a divina tríade dos níveis inferiores. O homem foi
derrubado de seu éden astral e habitou a nova sephira Malkuth, no plano material, enquanto os portais
para o jardim divino foram fechados para ele: “Então, ele expulsou o homem, pôs ao oriente do jardim
do éden os querubins, e uma espada flamejante que se revolvia, para guardar o caminho da Árvore da
Vida” (Gênesis 324). A sephira Daath junto com Lúcifer perdeu seu lugar próximo ao trono de deus
(Kether) e tornou-se o abismo, o portal para os anti-mundos Qlifóticos no qual Lúcifer estabeleceu seu
Pandemônio.
Um adepto do caminho da Luz procura reconstruir a original ordem cósmica e a reunião com a
perfeição divina. A morte de cristo sobre a cruz é uma matáfora da criação da ponte sobre o abismo e
unindo o homem com deus. O adepto do Caminho da Mão Esquerda visa aprofundar a Queda e trazer o
processo de destruição ao fim, a fim de ascender a própria centelha de divindade na absoluta escuridão do
abismo. Pelo cumprimento da obra que foi iniciada com a degustação dos frutos do Conhecimento, o
homem pode alcançar os frutos da Árvore da Vida.
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A Jóia do Abismo
Quando Lúcifer estava caindo do paraíso para o abismo da escuridão, uma jóia caiu de sua fronte,
o emblema de sua beleza e perfeição. Era uma esmeralda, a jóia considerada pelos alquimistas como a
pedra de Mercúrio, o personagem que pertence à esfera do meio, tanto no sentido alquímico como
mitológico. Mercúrio é o mensageiro celestial, o intermediário entre os mundos, e o guia das almas mortas
(psychopompos) em direção ao Outro Lado. Na alquimia ele é o emblema do fluxo e transmutação –
transmutação da matéria e espírito do menor para o maior, do efêmero para o sólido. Ele é, portanto, a
conexão entre o paraíso (espírito) e a terra (matéria). Na versão bíblica de São João: “E esse que se acha
assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris
semelhante, no aspecto, a esmeralda.” (Apocalipse 4:3).
O arco-íris é um símbolo popular de uma ponte entre mundos (e.g.: o nórdico Bifröst). A
esmeralda que caiu da fronte de Lúcifer é também a conexão entre o céu e a Terra, e representa a perda
do monopólio da imortalidade que até aquele momento tinha sido reservada somente para a divina
trindade. De acordo com a lenda, desta jóia os anjos esculpiram o Graal e, quando ele foi preenchido com
o sangue de cristo, os portais do paraíso que estavam trancados após a queda de Lúcifer agora se abriram
novamente. A esmeralda também se assemelha à pérola da fronte de Shiva que no simbolismo Hindu
representa o terceiro olho e é relacionada ao conceito de infinidade.
A esmeralda também é a jóia que os antigos Romanos associaram com o planeta Vênus. Como já
dissemos, Vênus é relacionado com Lúcifer em muitos aspectos mitológicos. Ele foi considerado o planeta
representante tanto da vida como da luz, bem como da escuridão e da morte. Ele era chamado de a Estrela
da Manhã e Estrela da Noite. Os antigos Romanos acreditavam que ele anunciava tanto a morte quanto o
renascimento. No México ele foi temido como uma estrela de destruição. Jacob Boehme, o famoso
místico, o identificou com a Divina Luz do criador.
A procura pelo Graal significa o errante sobre os diversos caminhos espirituais de acordo a
encontrar a luz interna e poder oculto que subjaz toda a existênciaele é representado pelo princípio
alquímico V.I.T.R.I.O.L (Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem) e a jóia que
representa a coroação do caminho espiritual é a esmeralda ou diamante – o emblema da perfeição e da luz
que brilha mesmo nos máximos recessos do abismo.
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No caminho Draconiano, Lúcifer aparece pelo menos várias vezes. Pela primeira vez as energias
Luciferianas podem ser experimentadas na íntegra no nível de A'arab Zaraq, a quarta (na contagem de
Malkuth/Lilith) qlipha na Qabalística Árvore da Noite.
Este é o nível que se conecta com as energias planetárias de Vênus e um de seus mais significativos
símbolos é a deusa conhecida na mitologia como Afrodite ou Vênus. Na brilhante Árvore da Vida a
contraparte de A’arab Zaraq é a sefira Netzach a qual mantém correspondência com a forma brilhante da
Deusa. Sua imagem negra é Vênus Ilegitima, a deusa da perversão. Ela representa o amor estéril no plano
material que, contudo, produz frutos em níveis superiores. Através dela o adepto renasce como seu próprio
filho e torna-se uno com o Daimon, um ser superior. A Vênus Negra é a mãe para o Daimon, o princípio
que pertence ao próximo nível da Árvore Cósmica – A qlifa Thagirion.
A’ arab Zaraq é a esfera do lado negro dos sentimentos e emoções que emergem à luz da
consciência e se manifestam na forma da expressão criativa. Por isso esta qlifa é associada com a arte e a
música. Aqui nós experimentamos a liberdade Luciferiana, que é a liberação das estruturas e limites que
vinculam a consciência. Ela é a rebelião contra a realidade circundante – cheia de paixão e energia criativa.
Na demonosofia de Rudolph Steiner, Lúcifer é o irmão de cristo, aquele que rejeitou os planos de salvação
do mundo de deus e ousou propor o seu próprio. Ele incorpora o eterno sonho de auto-deificação, o
caminho do progresso espiritual individual e a busca pela perfeição. Ele é o patrono das artes,
especialmente daquelas que proporcionam extase, emoções, imaginação e criatividade:
“A Perspectiva Luciférica é baseada no idealismo, espiritualidade é incomparavelmente mais importante do que a
existência no mundo material... A meta da iniciação Luciférica é a Liberdade ilimitada, a qual é possível alcançar somente
quando o indivíduo transcende sua natureza humana e torna-se um deus. A Liberação dos limites impostos pelo mundo
material e de dogmas vinculando o ego nos dão uma possibilidade ilimitada de criação. A Iniciação Luciférica está bem
próxima do mágico Caminho da Mão Esquerda.” (A Demonosofia de Rudolph Steiner – Uma visão um pouco diferente,
Przemyslaw Sieradzan (Nos Vislumbres do Caminho da Mão Esquerda, Loja Magan 2004)
Enquanto se estabelece em uma missão em busca da jóia Luciferiana, nós gradualmente passamos
através de sucessivos níveis de despertar da consciência, até ao nível de Satariel (Binah) nós
experimentamos a abertura do “Olho de Lúcifer”. A serpente Kundalini desdobra suas asas e torna-se o
Dragão. Então abre o olho que vê o invisível. Este processo inicia-se no primeiro passo do Caminho
Draconiano quando o adepto entra no portal através do “ventre de Lilith” – a primeira qlifa na Cabalística
Árvore da Noite. Esta inclui onze níveis qlifóticos e nove estágios. Eles representam nove noites e nove
mundos na mitológica iniciação de Odin. É por isso que o Olho de Lúcifer é também chamado de Olho
de Odin, assim como é o símbolo de realização de um determinado estágio no processo iniciatório. A
iniciação Draconiana é baseada nas nove fases de despertar da “visão clara” (da palavra Grega “Drakon”-
ver), e também inclui o ponto de partida e o objetivo ao qual o processo inteiro conduz. Juntos,
compreendem onze níveis. O ponto de partida é o mundo da ilusão no qual vivemos. Quando estamos
cientes do mundo existente além da realidade percebida, nossa consciência volta-se ao “Outro Lado” ou
“O Lado Esquerdo”. Uma fenda no véu da ilusão se abre e através dela podemos entrar na realidade
alternativa.
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Gnose Satânica
Na discussão do papel de Lúcifer não podemos esquecer sobre sua função na tradição Ocidental
de magia negra e Satanismo. Os Grimórios que apareceram através dos últimos séculos associaram-no
com muitos atributos e qualidades. No Grimorium Verum Lúcifer é um dos três principais governantes
do mundo, os outros dois sendo Beelzebub e Astaroth. Ele governa Europa e Ásia, juntamente com dois
demônios servos: Satanachia e Agalierap. Neste grimório ele é descrito como um belo jovem que se torna
ruborizado quando irritado ou furioso.
De acordo com o Dictionnaire Infernal de Collin de Plancy, Lúcifer é o rei do Inferno. Ele tem a
face de uma bela criança, a qual muda para uma monstruosa e inflamada quando ele está com raiva. No
Grimório de Honório III do século XVI ele também é o Imperador Infernal. Os textos contêm os
conselhos para convocá-lo nas segundas-feiras, entre as três e quatro horas ou entre onze e doze. O
operador tem que sacrificar um rato em um ritual, caso contrário a operação falhará.
Em outros textos ele algumas vezes é identificado com Satã ou superior a ele na hierarquia infernal.
Ele também é identificado com Lucifuge Rofocale, que, todavia, é uma atribuição incorreta porque
“Lúcifer” significa “O Portador da Luz”, enquanto “Lucifuge” é “aquele que foge da luz”, e estas duas
figuras são personagens completamente diferentes na demonologia. Em textos de bruxaria podemos
encontrar relatos de que Lúcifer freqüentemente acompanha bruxas em seus vôos para o Sabá. Às vezes,
ele as puxa para fora de suas vassouras e lhes dá uma “carona” em seus ombros. Ali Lúcifer é descrito
como uma figura cinzenta com braços azuis e culotes vermelhos decorados com fitas.
Na demonologia tradicional Lúcifer governa o elemento do ar e a direção leste, junto com três
outros reis infernais que presidem sobre os outros elementos e direções: Leviathan (água, oeste), Belial
(terra, norte), e Satã (fogo, sul). Na Tradição Faustiana ele é o chefe governante do Inferno. É com ele que
Fausto realiza o pacto, enquanto Mephistopheles é o mediador e o executor de suas ordens.
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Conclusão
Acredita-se que Lúcifer é o personagem principal no poema épico de John Milton “Paraíso
Perdido”, embora no texto ele seja chamado Satã. Mas a palavra “Satã” significa “Adversário”, “o
Acusador”, “o Opositor”. E o Satã de Milton é o oponente de deus de fato. Entretanto, sua imagem está
longe de ser o estereótipo de um sombrio e astuto demônio, como ele é descrito pela tradição cristã
contemporânea. Em vez disso ele é o anjo que traz luz, que ousa desafiar deus e deixar o paraíso a fim de
criar seu próprio reino no abismo de escuridão. Ao mesmo tempo, porém, ele não perde sua beleza,
esplendor ou orgulho. Ele é o Adversário, o rebelde que rejeita a obediência a deus, o governante
orgulhoso e o príncipe da escuridão. Ele representa o princípio da “negação”, tão essencial na continuidade
da existência do mundo e da harmonia cósmica.
No Caminho da Mão Esquerda ele incorpora a busca da própria divindade – ele não está satisfeito
com o espaço e com a função que deus lhe atribuiu. Através de sua queda ele torna-se o emblema da força
e vontade livre que provam que o indivíduo pode existir sem deus e luz divina, e que o indivíduo pode
tornar-se seu próprio criador e formar o próprio mundo nas profundezas do abismo, onde está o infinito
potencial de criação. Lúcifer inspira aqueles cuja força é suficiente para seguir seus passos e percorrer o
Caminho da Mão Esquerda; aqueles que, como ele, acreditam que “É melhor reinar no Inferno do que
servir no Paraíso”.
Bibliografia:
John Milton: Paradise Lost
Alfonso Di Nola: Diabet
www.wikipedia.org
Grimorium Verum
J.E. Cirlot: A Dictionary of Symbols
A Bíblia: Todas as citações da versão de King James
Jean Duvernoy: Catarismo, a história dos Cátaros
Loja Magan: Vislumbres do Caminho da Mão Esquerda
Thomas Karlsson: Kaballah, Qliphoth e Magia Goética.
349
Draconis
218 A Corrente Anticósmica
POR PHARZHUPH
43
Ea: deus das águas doces; patrono da magia e da sabedoria; dizia-se que era onisciente.
44
Tiamat e Kingu são chamados Dragões do Caos.
45
Segundo o mito babilônio, Marduk criou a humanidade com o sangue de Kingu.
350
Draconis
218 A Corrente Anticósmica
POR PHARZHUPH
Da Caosofia
O vazio informe e a vacuidade ilimitada a que se referiu Hesíodo, a desordem e a confusão dos
platônicos.
Estado indefinido de não-ordem que antecedeu a pretensa obra do “demiurgo”.
Caos, o estado original do que está além e sob o abismo.
Propiciar o Caos é incitar, impelir e impulsionar Transformação.
Somente a transformação é contínua.
O cosmos é tridimensional, linear, causal, previsível. O caos é multidimensional, não linear, é
acausal e imprevisível. No cosmos jazem forças. No caos, energia dinâmica explode mundos e
possibilidades sem fim.
O cosmos precisou ser criado. O caos é causado por si, em si. Caos é potencial ilimitado em
destruição (transformação) e criação. Nele estão todas as coisas manifestas e não-manifestas.
351
Draconis
218 A Corrente Anticósmica
POR PHARZHUPH
62 48 49 59
51 57 56 54
55 53 52 58
50 60 61 47
Quadrado Mágico Imperfeito de Azerate
9 1 200 7 1
1 200 7 1 9
200 7 1 9 1
7 1 9 1 200
1 9 1 200 7
352
Draconis
218 A Corrente Anticósmica
POR PHARZHUPH
Azerate
Divindade – Fórmula – Conceito
Azerate é formado pelos 11 demônios criados por Tiamat para ajudá-la a vingar a morte de Apsu.
Azerate é o nome da Divindade amorfa e anticósmica originária da reunião dos Onze
Arquidemônios das Qliphoth. É o Deus Híbrido formado pela totalidade dos aspectos de Nahema, Lilith,
Adramelek, Baal, Belfegor, Asmodeus, Astaroth, Lucifuge Rofocale, Beelzebub e Moloch.
Azerate alude aos onze príncipes de Edom que reinaram ao sul do Mar Morto antes das guerras
judaico-romanas.
É a fórmula de consecução mágicka que opera a destruição dos véus da Ilusão que aprisiona e
aliena.
Azerate é a união das onze potências da Árvore do Conhecimento que destroem a mentira sobre
o Universo criado.
Azerate é a chave para as dimensões de poder além dos limites da consciência.
Azerate é o Dragão Negro de 11 Cabeças que vomita fogo, morte, destruição e terror.
218 é o número místico de Azerate e da Corrente Anticósmica.
Aleph = 1
Zayin = 7
Resh = 200
Aleph = 1
Teth = 9
1+7+200+1+9=218
218
2+1+8=11
1+2+3+4+5+6+7+8+9+10+11=66
353
Draconis
218 A Corrente Anticósmica
POR PHARZHUPH
354
Draconis
218 A Corrente Anticósmica
POR PHARZHUPH
Satânica por ser uma força de embate contra valores idiotas, hipócritas, ultrapassados,
dominadores e alienadores.
O motor da Corrente é a força dinâmica de Azerate como Divindade, Conceito, Chave e Fórmula
de consecução mágicka.
A fundamentação da corrente se dá a partir de um vasto sincretismo de ramos e vertentes do
Caminho da Mão Esquerda. Tal sincretismo busca sintetizar a essência de cada aspecto que compõe a
heterogeneidade e aplicá-la na consecução das proposições fundamentais. Dentre as diversas tradições que
coadunam forças que se combinam na Corrente 218 citamos: a magia do Caos, o Satanismo (Tradicional
e Moderno), o Luciferianismo (Tradicional e Moderno), a tradição Draconiana, a tradição Tifoniana, a
Bruxaria Sabática, a Qabalah Qliphótica, Thelema, o Tantra, a Quimbanda, o Vodu e cultos ligados à
Morte.
Atualmente o Templo da Luz Negra na Suécia é o maior expoente relacionado à corrente
anticósmica. O Templo é a evolução do trabalho iniciado pela Ordem Misantrópica Luciferiana (MLO).
Seus principais trabalhos literários publicados são Liber Azerate, Liber Falxifer – The Book of the Left-
Handed Reaper e Quimbanda – Vägen till det Vänstra Riket. O Templo planeja lançar Liber Azerate em
inglês durante o ano de 2010.
Uma das principais manifestações artísticas relacionadas à Corrente 218 é o singular álbum
Reinkaos, último trabalho da banda Dissection.
Kali
355
Draconis
218 A Corrente Anticósmica
POR PHARZHUPH
“Porque Tu devoraste Kala, Tu és Kali, a forma original de todas as coisas, e porque Tu és a Origem de todas as coisas e as devoraste, Tu és
chamada de Adya Kali. Retomando após a Dissolução de Tua própria forma, negra e sem forma, Tu permaneceste como a Única inefável e
inconcebível. Embora tenha uma forma, ainda assim Tu és sem forma; embora Tu mesma não tenhas Princípio, multiforme pelo poder de Maya,
Tu és o Início de Tudo, Criadora, Protetora e Destruidora Tu és.”
Mahanirvana Tantra
Kali e Shiva
Deuses hindus que conduzem à liberação removendo a ilusão do Ego. Kali é a toda-consumidora
do tempo (Kal), Deusa que traz Morte à falsa consciência, pois está além de Maya. Kali é uma das
variadas formas de Devi, Mãe compassiva que traz liberação (moksha) aos seus filhos. Seus devotos
adoram-na com amor incondicional. É conhecida e adorada por vários nomes: Kalikamata, Kali Ma,
Bhavatarini, Dakshineshvara, Kalaratri, Kottavei, Kalighat e Negra Mãe Divina.
Kali Ma é a dissolução e a destruição. Foi graças a ela que os deuses, feitos Shiva, puderam
destruir Raktabija, pois Kali consumiu todo o sangue que jorrava dos ferimentos de Raktabija e ele não
pôde mais se reproduzir.
Shiva é o Deus da destruição e regeneração, fogo consumidor da transformação, cujo olhar
relampeja e destrói violentamente. É um dos Três formadores da Trimurti hindu. Shiva é chamado o
Destruidor. Shiva e Kali costumam ser adorados em crematórios a céu aberto, pois aludem à
transitoriedade da vida material. O Lingam está para Shiva como a Yoni está para Kali: na destruição
estão os elementos da geração.
Apsu
Deus primevo sumero-acadiano das águas doces do submundo. Primeiro consorte de Tiamat.
Tiamat
Deusa Dragão senhora do Caos e das águas salgadas. Deusa das águas abissais e do oceano primevo. Na
mitologia sumeriana é chamada Nammu. É provavelmente uma das divindades mais antigas do panteão
sumeriano.
Kingu
Deus Dragão, filho de Tiamat. Seu sangue foi utilizado para criar a humanidade segundo o mito
babilônio. Tiamat o tomou como esposo após a morte de Apsu.
Lúcifer
Insígnia máxima da não-servidão, da rebeldia, do conhecimento aplicado e esclarecido. Beleza sem
mácula. Portador do Archote, da Luz que guia “seus filhos” no tortuoso caminho da liberação.
Lilith
Negra Mãe Divina, Rainha da Noite e das Bestas da Escuridão, personificação da plena força feminina.
Mãe, Bruxa, Irmã, Anciã e Meretriz. Egrégora primitiva do Lado Obscuro da Alma.
356
Drakon Typhon
666 - Sagrado, Secreto e Sinistro
POR FR.’. ADRIANO C. MONTEIRO
O “temível” e suspeito número 666 parece causar muito burburinho quando mencionado em
rodinhas de “amigos”, encontros sociais (nem tão sociais assim) e almoços de família (com suas
idiossincrasias). As pessoas ignorantes (que ignoram), com base em suas ideias equivocadas oriundas de
dogmas enganosos seculares, acreditam piamente que o número seiscentos e sessenta e seis seja satânico,
“sujo” e sinistro. Os textos bíblicos disseminaram muitas ideias que seriam motivo de sarcasmo por parte
de Satã, se ele realmente existisse como a maioria das pessoas imagina. Se tal número é da besta, besta
maior seria o homem, segundo o texto bíblico, pois “(...) calcule o número da besta, pois é o número do
homem (...)”. Mas, em essência, a espécie humana é animal. De fato, e de modo geral, o homem se
apresenta como uma besta humana cuja compreensão parece não ir além de interpretações limitadas e
condicionadas. E todo o mal que existe no mundo apenas existe por causa do homem, de maneira direta
ou indireta; não há nenhum Diabo nisso tudo.
Mas sem divagar em teorias conspiracionistas e preconceitos religiosos, o número 666 encerra
significações cabalísticas draconianas, ocultistas e psicológicas, o que nada tem a ver com o Diabo ou com
o mal do mundo.
O texto bíblico diz que o homem foi criado no sexto dia, o que podemos deduzir que a besta de
fato é o homem, que em seus primórdios no planeta se comportava como qualquer animal instintivo,
impulsivo e sem raciocínio; sua evolução se deu gradativamente ao longo de eras, mas, até então, o homem
era simplesmente um animal, uma besta. Contudo, antes da besta humana aparecer, os animais sempre
foram as formas de vida mais antigas e primitivas da Terra, surgiram muito antes da espécie humana bestial
e são, portanto, umas das primordiais manifestações da sabedoria natural no mundo manifestado. Como
as bestas legítimas e primordias da Natureza, o “temível” dragão se tornou a Grande Besta do mal (como
muitos assim o entendem) por meio da cristandade, substituindo assim a verdadeira causadora do mal no
mundo: a própria bestialidade humana.
Por outro lado, e o que mais interessa, seis é o número da esfera do Sol, o que representa em nível
humano o Eu Superior em seu aspecto luminoso, a inteligência manifestada, a mente expandida. O Sol e
o número seis também podem ser representados pelo hexagrama e pela cruz (um símbolo bastante antigo
e pré-cristão), que é desdobrada e desenvolvida a partir do cubo, que é um sólido geométrico de seis lados.
O Sol está situado, na Árvore da Vida e da Morte cabalística, nas esferas de Tiphareth/Thagiriron (a Beleza
e o Ardente Sol Negro), que é um nível de evolução no qual o indivíduo atinge um alto grau de
autoconhecimento e autoconsciência. Mas para que a evolução seja completa e a sabedoria seja
internalizada é preciso conhecer o lado sinistro do sagrado e secreto Eu Superior (pois nada existe somente
com uma face). E esse lado sinistro do Dragão de Sabedoria, do Eu Superior, é expresso pelo número 666
ou 999, já que sua multiplicação e soma finalmente resultam sempre no número noturno da Lua, ou seja,
9. A Lua representa a noite, o oculto, o secreto, o subconsciente e o sinistro (sombrio e “esquerdo” como
o aspecto feminino e sexual do universo e da psique humana). Entenda-se que “sinistro” não é aquilo que
é maligno nem malévolo, ou coisa semelhante; sinistro é “esquerdo”, e no contexto prático e metafísico
draconiano indica a presença de elementos sexuais, femininos, instintivos e subconscientes (a maior fonte
de poder de um iniciado e de um filósofo oculto). Portanto, nada há de maligno nisso e nem tem a ver
com qualquer fantasia paranoica do Diabo (pois este não existe). Afinal, nós temos o lado direito e
esquerdo de nosso corpo, temos a mão direita e a esquerda, o lado direito e esquerdo do cérebro, etc.
Fique só com o lado direito, então, e você verá o quão simétrico, equilibrado, harmonioso e belo você
parecerá!
357
Drakon Typhon
666 - Sagrado, Secreto e Sinistro
POR FR.’. ADRIANO C. MONTEIRO
358
Drakon Typhon
666 - Sagrado, Secreto e Sinistro
POR FR.’. ADRIANO C. MONTEIRO
Assim, cada indivíduo tem a escolha de querer ser uma simples besta humana ignorante, simplória
e “profana”, ou querer ser a Grande Besta sábia, superior e sagrada, pois o 666 é a verdadeira face sagrada,
secreta e sinistra do Ser autoconsciente.
359
Satanis
Como Ser Um Satanista
Um Guia de Satanismo Para Principiantes
POR ONA
Introdução
Esse Guia permitirá que qualquer pessoa se torne um Satanista e pratique Satanismo.
Os princípios básicos e as práticas do Satanismo são delineados na Seção Dois.
Seção Um
Se Juntando à Elite Sinistra
Para se tornar um Satanista você simplesmente faz um juramento de lealdade a Satã e promete a si
mesmo seguir o Caminho Satânico de vida. Isso pode ser feito em dois dias.
Primeiro: você pode fazer isso sozinho. Segundo: pode ser feito com um amigo ou com alguns
amigos que desejem se tornar Satanistas.
O Juramento de Fidelidade Satânica pode ser feito a qualquer hora, em qualquer lugar aberto ou
fechado, e nenhuma preparação especial é necessária ou requerida, mas, se for desejado e prático, pode
ser feito em um local escuro com pouca luz (a fonte de luz não importa) com o sigilo da ONA (se for
possível faça o sigilo na cor roxa sobre um fundo negro), o sigilo deve ficar em local de destaque,
desenhado ou reproduzido sobre algum material ou sobre uma bandeira.
Para aquele que faz o juramento (você) – e para cada outro(s) participante(s) que possa haver –
será necessário um pedaço de papel branco (o tamanho e o tipo de papel não importam), uma faca afiada
(do tipo utilizado para caça ou sobrevivência) e, se possível, a bainha para a faca. Além disso, será
necessário um pequeno recipiente ou vaso onde o papel (ou papéis) será queimado dentro.
Você – e cada participante que possa haver – diz então:
Você – e cada participante que possa haver – faz então um pequeno corte no polegar da mão
esquerda, deixa o sangue cair sobre o papel branco, coloca o papel dentro do pequeno recipiente ou vaso
e põe fogo.
360
Satanis
Como Ser Um Satanista
Um Guia de Satanismo Para Principiantes
POR ONA
Enquanto o fogo queima, você – e cada participante que possa haver – diz o seguinte:
“Como Satanista, Eu juro por minha honra sinistra que a partir desse dia eu jamais me renderei, e
que morrerei lutando ao invés de me submeter a alguém. Juro que sempre sustentarei e conservarei
O Código de Honra-Sinistra”
Você – e cada participante que possa haver – coloca a faca na bainha (se houver), esconda-a ou leve-
a consigo, mantenha a faca sempre em seu poder como um símbolo de sua honra-sinistra e de seu juramento
de fidelidade.
Seção Dois
Os Princípios e Práticas do Satanismo
Os Três Princípios Fundamentais do Satanismo
1. Todos aqueles que não são nossos Irmãos ou Irmãs Satânicos são mundanos.
2. Por viver e, se necessário, morrer por nosso Código de Honra-Sinistra nós somos os melhores,
a verdadeira elite da Terra.
3. Uma pessoa se torna nosso Irmão ou Irmã fazendo o Juramento de Fidelidade Satânica e
vivendo por nosso Código de Honra-Sinistra.
O Código de Honra-Sinistra
Nossa Honra-Sinistra significa que nós, Satanistas, somos ferozmente leais somente a nós mesmos,
a nossa espécie – aqueles que, como nós, assumiram o Juramento de Fidelidade Satânica. Nossa Honra-
Sinistra significa que somos cautelosos, que não confiamos – frequentemente desprezamos – todos aqueles
que não são como nós, aqueles que não são de nossa negra e temível espécie Satânica.
46
É considerado mundano todo o indivíduo, homem ou mulher, que não seja Irmão ou Irmã de juramento satânico.
361
Satanis
Como Ser Um Satanista
Um Guia de Satanismo Para Principiantes
POR ONA
Nosso dever – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é estarmos
prontos, dispostos e capazes de defender a nós mesmos, em qualquer situação, e estarmos preparados para
usar força letal para nos defendermos.
Nosso dever – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é sermos
leais e defendermos nossa própria espécie Satânica: cumprir nosso dever até a morte em favor de nossos
Irmãos e Irmãs Satânicas que fizeram o Juramento pessoal de fidelidade.
Nossa obrigação – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é buscar
a vingança, se necessário até a morte, contra qualquer um que aja de maneira desonrosa contra nós ou
contra aqueles que fizeram o Juramento pessoal de fidelidade.
Nossa obrigação – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é nunca
nos submeter voluntariamente a qualquer mundano; morrer lutando ao invés de se submeter; antes morrer
(se necessário por nossas próprias mãos) do que permitir ser humilhado por eles vergonhosamente.
Nossa obrigação – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é nunca
confiar em qualquer promessa, juramento ou compromisso feito por um mundano, é ser cauteloso com
relação a eles e sempre suspeitar deles.
Nosso dever Satânico – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é
resolver nossos sérios conflitos entre nós, por julgamento e por combate, ou por um duelo com armas
mortais; a desafiar qualquer um para duelar, seja mundano ou de nossa própria espécie, que conteste nossa
Honra Satânica ou que tenha feito acusações mundanas contra nós.
Nosso dever Satânico – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é
resolver nossas contendas não sérias, entre nós mesmos, com a ajuda de um Homem ou Mulher que seja
um dos nossos (um Irmão ou Irmã que seja altamente estimado por suas ações Satânicas) que julgará e
decidirá o assunto por nós. A decisão será aceita Satanicamente por nós, sem questionar, pois respeitamos
o juízo e a decisão que colocamos nas mãos do referido Irmão ou Irmã.
Nosso dever Satânico – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é
sempre manter nossa palavra para com nossos verdadeiros Irmãos e Irmãs, para com aqueles que são de
nossa espécie. Não devemos quebrar a palavra assim empenhada em Honra Satânica, fazê-lo seria um ato
não-satânico, covarde e mundano.
Nosso dever Satânico – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é
agir com Honra Satânica em todas as nossas relações para com nossos Irmãos e Irmãs Satânicos.
Nossa obrigação – como indivíduos Satânicos que vivem pelo Código de Honra-Sinistra – é
desposarmos somente aqueles que pertençam à nossa espécie Satânica, aqueles que, como nós, vivem por
nosso Código e estão preparados para morrer por nossa Honra Sinistra e por nossos Irmãos e Irmãs.
362
Satanis
Como Ser Um Satanista
Um Guia de Satanismo Para Principiantes
POR ONA
Satã é o nosso guia de como podemos ser melhores; de como podemos viver na Terra, da melhor
maneira possível e da forma mais gratificante: em êxtase, riso, alegria, com orgulho desafiador, desafiando
inclusive nossa própria Morte.
Satã é, para nós, o Primeiro da Escuridão – uma entidade viva e acausal que existe no continuum
acausal. Satã é aquele que pode, e que tem, se manifestado na Terra desde o passado. Como o Primogênito
da Escuridão, Satã é o “metamorfo” capaz de assumir outras formas, inclusive a humana.
Para nós, Satã veio – assim como outros da Escuridão –, para nosso continuum causal para nos
orientar e guiar. Essa orientação foi como um conselho, uma oportunidade – não foi como algum tipo de
revelação religiosa. Não foi como uma nova religião ou como uma exigência de adoração. Não foi qualquer
tipo de subserviência mundana. A orientação de Satã nos mostrou como podemos nos tornar a elite desse
mundo, como nos liberar da opressão dos mundanos e de tudo que seja mundano, desprezível e sem valor.
Essa orientação é do mais alto valor em nosso modo de vida Satânico e em nosso modo Satânico de
Desafiar, até a morte.
Deste modo, nós odiamos e detestamos, pela natureza elitista de nosso espírito Satânico, a tudo e
a todos que ou quem possa querer nos escravizar, tentar nos controlar ou nos domesticar. Nosso Espírito
Satânico está codificado e expressado em nosso Código de Honra Sinistra, nós temos aversão e
abominamos toda lei, todo tipo e espécie de autoridade que não seja a nossa, todo tipo de dogma, toda
religião (exceto aquelas que nos possam ser úteis para controlar e governar os mundanos), toda regra e
todo tipo de governo exceto aqueles que nos possam ser úteis para controlar e governar os mundanos.
Assim, nós somos pragmáticos, práticos e adaptáveis, sempre respeitando nosso rígido e elitista
Código de Honra Sinistra.
363
Goetia Summa
Meditações Goéticas
POR PHARZHUPH
Meditações Goéticas
Trataka
47
Espíritos da Goetia; Demônios; Deuses Ctónicos; Deuses Sombrios e Negros; Egrégoras Sinistras; etc.
48
Existem Asanas que envolvem movimentos voluntários, porém não falaremos sobre eles nesse pequeno e resumido
ensaio. Aconselhamos o estudo e a prática sistemática de Hatha Yoga aqueles que se interessarem pelo assunto.
49
Podem ser sigilos de espíritos goéticos.
364
Goetia Summa
Meditações Goéticas
POR PHARZHUPH
No segundo estágio costuma-se utilizar a luz de uma vela como ponto para fixar o olhar.
Aconselha-se a realizar o exercício num ambiente com pouca luz e procurar manter o olhar fixo por
períodos maiores de tempo, parando sempre que os olhos lacrimejarem e jamais estendendo a prática de
maneira que cause perturbação ou dor.
Meditação Goética
Desenhe o sigilo goético do espírito escolhido sobre um espelho grande. Faça o desenho utilizando
o próprio sangue ou algum tipo de tinta, de preferência de cor relacionada ao espírito.
Mantenha o espelho a uma distância de aproximadamente um metro de você, de maneira que o
sigilo fique na altura de seu rosto.
O ambiente deve ser pouco iluminado. Utilize uma vela pequena.
Entre você e o espelho acenda uma pequena quantidade de incenso (pequena mesmo).
Sente-se diante do espelho, olhe fixamente o centro do sigilo no espelho por alguns segundos e
feche os olhos levemente.
Concentre-se em sua respiração, inspirando e expirando calmamente até se aquietarem seu corpo
e sua mente. Não tenha pressa.
Quando sentir que seu corpo e sua mente estão suficientemente quietos abra os olhos e concentre-
se no centro do sigilo desenhado no espelho. Procure não piscar. Procure manter os olhos fixos no centro
do sigilo.
Ignore os pensamentos que surgem. Procure não fazer esforços conscientes para entender o sigilo.
O sigilo trabalhará em seu inconsciente.
Sinta o sigilo dentro de sua mente e a sua frente ao mesmo tempo.
Procure estender a experiência ignorando pensamentos.
365
Therion
Herança Templária; História ou Mitologia Retrospectiva?
POR CARLOS RAPOSO ©®
Num primeiro momento, por associação direta, a designação nominativa Ordo Templi Orientis
(“Ordem dos Templários do Oriente”) evoca a imediata lembrança da histórica Ordem do Templo, da
qual fizeram parte os famosos Cavaleiros Templários, também conhecidos como os Pobres Cavaleiros de
Cristo. Daí surge a inevitável indagação: qual a verdadeira conexão existente entre estas duas Ordens? O
presente post visa responder essa questão, bem como explorar as razões pelas quais algumas Ordens
buscam cercar de glórias as suas supostas raízes.
No que diz respeito à famosa Ordem do Templo, apesar dela ter sido agraciada como uma vasta
estrutura, pretensamente capaz de tudo suportar, os historiadores menos inclinados a elucubrações
românticas são duramente taxativos quando afirmam a completa supressão da instituição templária
(Demurger, 2002:262). Porém, dentro das especulações acerca dos legendários Cavaleiros Templários é
perfeitamente possível supor que alguns deles tenham escapado da atroz perseguição imposta à Ordem, a
qual desembocou, ainda no alvorecer do século XIV, na extinção da instituição. Embora a grande maioria
deles tenha sido subjugada, encarcerada ou morta (Demurger, 1986:276), admitindo-se uma possibilidade
de fuga, ora os Cavaleiros remanescentes se uniriam a diferentes Ordens Militares ora subsistiriam em
outros lugares, sob nova denominação. Assim, uma vez consentindo a existência de uma doutrina
templária tanto secreta quanto iniciática (Evola, 1987:132) e uma vez aceitando que alguns Templários
haveriam escapado, estima-se que, deste modo, seus remanescentes puderam de alguma forma dar
prosseguimento à disseminação do conhecimento que possuíam, chegando até mesmo a – como a lenda
se esforça por sustentar – continuar com o padrão iniciático que se crê ter sido secretamente praticado
pelos Templários na época da Ordem do Templo. Estritamente condicionada a esta frágil possibilidade,
acredita-se, então, que os mistérios outrora pertencentes aos Cavaleiros Templários tenham, de alguma
forma não muito clara, permanecidos até os dias atuais.
A partir da hipótese acima construída, são inúmeros aqueles que se avigoram no sentido de procurar
estabelecer vínculos históricos entre a Ordem do Templo e movimentos contemporâneos entendidos
como possuidores de natureza templária ou, quiçá, neo-templária. Contudo, em que se pese todo esse
empenho, até o presente momento, tanto a revelia da opinião expressada pelo senso comum quanto das
paixões suscitadas pelo tema, não há estudo confiável sob o ponto de vista histórico que demonstre
claramente qualquer linha de transmissão dos alegados mistérios templários até os nossos dias, assim como
supostamente cultivados pelos Cavaleiros do Templo. Aliás, até mesmo a afirmação de terem sido os
Templários possuidores de conhecimentos espirituais ocultos, secretos, inefáveis e iniciáticos, encontra-se
hoje tão cercada por folclores e superstições, que mesmo um pesquisador pouco ajuizado tenderá a
apreciar com sérias reservas a hipótese de uma alegada herança Templária naquilo que diz estrito respeito
a sua pretensa doutrina mística. Inserido neste contexto, costuma-se citar, por exemplo, o caso do mais
famoso ídolo templário. Apesar de contar com grande popularidade no permissivo meio esotérico atual,
tantos são os absurdos ditos acerca de Baphomet, que não mais se ousa afirmar que o ídolo realmente
existiu no seio da Ordem do Templo, mas que ele não passa - conjetura esta que tem ganhado força - de
uma simples estrutura imaginária tardia, um mito posterior aos próprios Cavaleiros do Templo de
Jerusalém50.
50
Nota do autor: “A esse respeito, ver minha pesquisa ‘Os Mistérios de Baphomet’”
366
Therion
Herança Templária; História ou Mitologia Retrospectiva?
POR CARLOS RAPOSO ©®
367
Therion
Herança Templária; História ou Mitologia Retrospectiva?
POR CARLOS RAPOSO ©®
A O.T.O., assim apresentada chega a ser erroneamente interpretada por alguns como uma natural
herdeira dos Cavaleiros Templários. Historicamente, entretanto, não existe qualquer evidência, ou sequer
vestígio, que possa unir estes àquela. Porém, também seja dito, dentro do contexto de alguns grupos
iniciáticos atuais, há a premente necessidade de se fomentar tal tipo de falsa conexão, por um motivo de
fato bem simples: por vezes ela é a força motriz que impulsiona o espírito ideológico responsável pela
existência dos próprios grupos.
Não são raros os exemplos de Ordens a se utilizarem daquilo que, academicamente, pode ser
chamado de mitologia retrospectiva, ou seja, manipular consideravelmente os fatos tendo em vista a
construção de um fictício passado glorioso. Como freqüentemente dito pelos totalitaristas, na falta de um
passado convincente é perfeitamente possível se forjar um. No embalo deste furor ideológico, há até uma
facção da O.T.O., a qual, extrapolando quaisquer dos limites sugeridos pelo bom senso, ao abusar da
fórmula das mitologias retrospectivas, além de forçar um elo com os antigos Cavaleiros Templários, faz
exatamente o mesmo com diversas correntes de pensamento iniciático, como a Maçonaria, o Gnosticismo,
a Teosofia, a Rosacruz, o Iluminismo, as Escolas Pagãs, etc. Conforme os seguidores desta ramificação,
estes movimentos iniciáticos nada mais representariam senão a agitação da natureza, o imbróglio
necessário à germinação da verdadeira Ordem, a qual seria representada por eles mesmos. Deste modo,
conforme este canhestro discurso, a O.T.O. seria o produto final de uma espécie de histórica e magistral
confluência de divergentes correntes de sabedoria (sic).
Concluindo, segue a recomendação: ao tomar contato com qualquer Ordem que alegue possuir
ascendência na Ordem do Templo e que alegue ter raízes nos Cavaleiros Templários, antes de
simplesmente aceitar o que é dito, valerá muito mais buscar referências seguras a respeito disso. Afinal,
todo o rebuscado romantismo que cerca as Ordens iniciáticas é um instrumento que tende a levar o neófito
ao crer, mas nunca ao saber.
Bibliografia:
DEMURGER, Alain. 1986: Auge y Caída de los Templários. Barcelona: Martinez Roca.
_____. 2002: Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
WASSERMAN, James (aka fr. Ad Veritatem). 1990: “An Introduction to the History of the OTO”. In:
BETA, Hymenaeus (Ed.) The Equinox, Vol. III, nº X. Maine: Samuel Weiser, pp 87-99.
Nota: Carlos Raposo é historiador e Maçom, 32º do R.E.A.A., e não participa de nenhuma outra Ordem de caráter
místico ou iniciático. O presente texto é parte do Blog Orobas (http://orobas.blogspot.com) - Um espaço não Oficial
dedicado à história, personagens e ao imaginário da O.T.O. - Ordo Templi Orientis.
368
Movere ad Bellum I
Uma Promoção do Projeto Luciferiano.Org
369
Movere ad Bellum I
Satã, Personificação do Caminho da Mão Esquerda
POR GIULIANA RICOMINI
A humanidade nega a vida, o mundo e sua natureza animal, baseada no conceito metafísico pobre
de que tudo o que é espiritual e elevado é contra a existência carnal.
No satanismo, existe bom senso: o instinto de sobrevivência, o principio do prazer e a preservação
do bem-estar ficam em primeiro plano, o que promove lucidez e objetividade para lidar com problemas
comuns.
Rios de dinheiro gastos em terapias inúteis seriam poupados seguindo os princípios satânicos,
assumindo de uma vez por todas a responsabilidade pela própria vida. Ao contrario do que,
freqüentemente, se vê por aí: Se tudo vai bem, "Graças a Deus" se tudo vai mal, "Culpa do Diabo" e o
responsável por tudo isso, o verdadeiro "Deus" daquele universo, acredita-se um mero joguete, incapaz
de mudar sua realidade.
O corpo é vivificado por energia, força cega. A fonte dessa energia é amoral, está muito além dos
conceitos de bem e mal, criados para controlar massas e tornar possível uma vida em sociedade, logo os
atos desse corpo só dizem respeito ao mesmo. Um humano é só mais um animal, nem melhor nem pior
que os demais que andam sobre quatro patas.
E a "luz"? O que é "luz"? Digamos simplesmente que é algo que serve para contrastar com as
trevas.
Escrevo em letras negras sobre um fundo branco (ou vice versa), se as letras e o fundo fossem
brancos, você não estaria lendo este texto.
Contrastes são harmônicos e fazem com que a existência possa fluir.
Há os que alegam praticar somente "magia branca", isso é um mito, ou pura hipocrisia mesmo.
Magia é Magia, e para existir contém em si o "papel branco" e as "letras negras" (ou vice versa).
Se o satanismo é a religião:
a) da carne: estamos vivos, possuímos um corpo (que é composto de carne) e temos nossas
necessidades fisiológicas inegáveis.
b) do mundano: Precisamos de dinheiro, de comida, de moradia, de diversão e de bem estar
de um modo geral.
c) da lascívia: dentre as necessidades fisiológicas é uma das mais urgentes, a falta de sexo
saudável produz aberrações e destrói qualquer mente saudável.
370
Index Librorum Prohibitorum - Livros
Caim, de José Saramago
Em 'Caim', José Saramago se volta aos primeiros livros da Bíblia, do Éden
ao dilúvio, imprimindo ao Antigo Testamento a música e o humor que marcam
sua obra. Num itinerário heterodoxo, Saramago percorre cidades decadentes
e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha, conforme o leitor
acompanha uma guerra secular, e de certo modo involuntária, entre criador e
criatura. No trajeto, o leitor revisitará episódios bíblicos conhecidos. Para
atravessar esse caminho árido, um deus às turras com a própria administração
colocará Caim, assassino do irmão Abel e primogênito de Adão e Eva, num
altivo jegue, e caberá à dupla encontrar o rumo entre as armadilhas do tempo
que insistem em atraí-los. A Caim, que leva a marca do senhor na testa e,
portanto está protegido das iniquidades do homem, resta aceitar o destino
amargo e compactuar com o criador, a quem não reserva o melhor dos
julgamentos.
“Eu só penso em Deus para criticá-lo, para tentar mostrar o absurdo duma crença que não resolve os
nossos problemas, que promete para não se sabe quando. Ou felicidade eterna, ou castigo eterno: este é
outro absurdo. Que crime podemos nós cometer, ou faltas, para que sejamos castigados por toda eternidade
no inferno? Isso é absurdo! Nenhum deus inventaria isso, é preciso uma cabeça humana para inventar todas
essas coisas.” (José Saramago, em entrevista ao jornal português Público)
http://www.ixaxaar.com/
Publicação em inglês.
371
Index Librorum Prohibitorum - Livros
Jardim Filosofal, de Adriano Camargo Monteiro
Neste seu quarto livro pela Madras Editora, Adriano Camargo Monteiro
discorre de maneira filosófica, porém inteligível, sobre aquilo que é
supostamente considerado proibido e perigoso, fazendo um jogo de ideias
apológicas e críticas com os conceitos de certo e errado, de mal e bem, de
demoníaco e divino, de bestial e humano, etc. Com uma linguagem vivaz e
estimulante que funde o metafórico com o literal, o mítico com o real e o
metafísico com o material, a obra aborda questões importantes da atual
sociedade e alguns dos principais tabus da civilização, procurando mostrar sua
causa e sua influência nas principais esferas da vida. Nesta obra, o autor também
propõe os meios para que os indivíduos libertem sua mente: pelo discernimento,
pelo autodesenvolvimento, pela busca do conhecimento, pelo verdadeiro amor
à sabedoria, pela fruição do prazer sadio e gratificante, pela expansão da
consciência e pela vivência da filosofia draconiana. Visando ao estímulo
psicomental do leitor, esta obra reprova a ignorância e faz também uma exaltada
apologia ao conhecimento, aos livros, à cultura e às manifestações de Sofia, ou
seja, a sabedoria na ciência, na filosofia, nas artes e na vida para a experiência da
consciência individual e para a evolução pessoal.
http://adrianocamargomonteiro.wordpress.com/
http://adrianocamargomonteiro.blogspot.com/
Fenrir, ONA
Edição de dezembro de 2009 da tradicional revista da ONA.
Pode ser adquirida através da Heresy Press em formato impresso ou PDF:
http://stores.lulu.com/theheresypress
O Retorno do Lobo foi marcado por novos insights. Contribuíram para essa
edição: Chloe, Kayla, Endymion, Anton Long, Eques Sinemus, Sister Morgan, David
Myatt, Aethelius Zardex, Saarjite, Arblande Reich dentre outros. A publicação
possui 51 páginas. Destacamos: Introdução: O Lobo Está de Volta; A Diferença
Entre Nós; Sacrifício Animal; Uma Nova Perspectiva; Um Compêndio de Cânticos:
Os Cantos Sinistros da ONA.
Publicação em inglês.
Fenrir, ONA
Edição de abril de 2010 da tradicional revista da ONA.
Pode ser adquirida através da Heresy Press em formato impresso ou PDF:
http://stores.lulu.com/theheresypress
372
Index Librorum Prohibitorum - Livraria
http://stores.lulu.com/theheresypress
Livraria oficial da ONA.
Lá você pode baixar gratuitamente, e sem necessidade de cadastro, as seguintes publicações:
O Tarô Sinistro
373
Index Librorum Prohibitorum - Blogs
Blog Lux Magistralis
Tem a intenção de difundir manifestações relacionadas ao ocultismo, à
literatura e ao movimento underground, não se limitando somente ao aspecto
musical:
http://luxmagistralis666.blogspot.com/
Opium Fields
Blog dedicado à divulgação de filmes e trabalhos de artistas fora da grande
mídia:
http://opium-fields.blogspot.com/
UGRA Press
Projeto de produção, fomentação e disseminação de cultura verdadeiramente
alternativa e assuntos relacionados:
http://ugrapress.wordpress.com/
Excelente trabalho!
Contatos: ugra.press@gmail.com
http://ugrapress.wordpress.com/anuario-de-fanzines/
374
Index Librorum Prohibitorum - Vídeos - Zine
UGRA Press
Convocatória para o I Anuário de Fanzines, Zines e
Publicações Alternativas. Participe! Mais informações:
ugrapress.wordpress.com:
http://www.youtube.com/watch?v=xBLX_yS1oSQ
Excelente trabalho!
Contatos: ugra.press@gmail.com
http://www.youtube.com/user/UGRAPRESS#p/a/u/0/xBLX_y
S1oSQ
Hessian Hobbies
Ao som do fremente Leviathan, Summoning Lupine,
um pai acaba com o tédio da filha:
http://www.youtube.com/watch?v=BZGa40Hl4zI
375
Index Librorum Prohibitorum - Filme
Projeto Haertel, por Pamela Zechlinski
O Projeto refere-se a um vídeo-arte finalizado em outubro de 2009. "Haertel" revela dentro de sua
arquitetura um pequeno universo em ruínas, onde supostamente existem duas pessoas que transitam neste
lugar de percursos labirínticos. Os personagens vivem uma espécie de espaço-tempo deslocado, coexistem
num mesmo ambiente ou seria delírio de um deles? Ou então um lugar onde seria possível existir nossos
desejos projetados? Isso só é definido pelo espectador.
A espera é o marcador do tempo neste vídeo, contemplar as imagens que se movimentam em curso
lento e constante, denunciam o estado natural das coisas. A trilha sonora original acompanha esse caminho
onde a mente transita em níveis que o corpo não alcança.
Prolongue, desloque-se ou crie o tempo.
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Drakon Typhon II
A Pedra Verde Manchada de Sangue
POR FR.’. ADRIANO C. MONTEIRO
Para que possa nascer o novo, para que algo possa ser gerado e criado, processos destrutivos
devem ocorrer; foi o que aconteceu com a esmeralda de Lúcifer. A pedra da testa de Lúcifer não caiu,
exatamente, mas foi dividida e partilhada para que o conhecimento, o entendimento e a sabedoria se
manifestasse na Terra. A parte que ficou na testa de Lúcifer representa o aspecto superior do indivíduo
iniciado; a parte da pedra na qual foi esculpida a taça luciferiana representa o aspecto anímico,
astral/emocional; e a parte que serviu para talhar a Tábua de Esmeralda, segundo o mito hermético,
representa o aspecto material do indivíduo, assim como a manifestação do conhecimento na Terra.
A taça, chamada de sangreal, que é a pedra verde manchada de
sangue, refere-se ao receptáculo do sangue do dragão (Lúcifer, Daimon) ou
Pimandro (Pymander, Poimandres), o Dragão de Sabedoria e de Luz que se
manifesta sobre as trevas essenciais e necessárias. O sangue representa a
linhagem sagrada da iniciação luciferiana, ou seja, a encarnação de
indivíduos que foram “gestados” em seus receptáculos morfogenéticos no
plano qliphótico astral (a taça, o útero universal), vindos de gerações lux-
venusianas, gerações que têm o ímpeto, o impulso e a inquietude interior
que os levam a buscar o conhecimento e a sabedoria avidamente quando
encarnados na Terra. O sangue do dragão também representa as regiões
qliphóticas do universo, os planos interiores subconscientes do iniciado e,
alquimicamente, o ácido nítrico que corrói a matéria, ou seja, destrói a ilusão
dessas mesmas qliphoth (é o que ocorre quando Lúcifer ativa seu terceiro
olho, o brilho da esmeralda de sua testa).
Pimandro também se manifesta de maneira logoica (pela Palavra e
pela Lucidez insana de sua sabedoria sobre o fundo negro das Trevas) na
Tábua de Esmeralda, tábua que também representa a Terra sob os auspícios
de Vênus (Sophia, Shekinah, Shakti), a Sabedoria manifestada e disponível
para aqueles que a buscam ardentemente.
377
Fiat Voluntas Mea
As Curtas do Reverendo
POR REVERENDO EURYBIADIS
378
Fiat Voluntas Mea
As Curtas do Reverendo
POR REVERENDO EURYBIADIS
Para quem acha que já viu – nesse caso, ouviu – de tudo na Internet...
Apresentamos o incógnito, o thelêmico, o vociferante: Livro da Lei mal narrado... Lembra um
pouco o trabalho do Cid Moreira com a bíblia, mas consegue ser muito pior. Um verdadeiro desserviço
ao já praeter-enlatado cenário de thelema mundial.
É difícil parar de rir! Nossa Senhora da Concordância Nominal e Verbal não os abençoou!
Extremamente recomendado! Com direito ao Comento!
http://www.easy-share.com/1909638023/Frater
Ante “as criança dos homis” eu recomendo! A revelação de “Ráivas”, kirrú!
Coroinha Gepeto disse que a sonoplastia lembra os programas de rádio dos anos 70, mas é
soberanamente pior!
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Tenebris - Um documento Oficial da Ordo Luciferi
O Manifesto Luciferiano
POR LUCIAN BLACK ©
O Luciferianismo é uma filosofia que vivencia os valores e méritos dos dinâmicos princípios em
torno das características essenciais de Lúcifer. O nome Lúcifer pode ser traduzido como “portador da
luz”, lux=luz e fero=sustentáculo. Lúcifer, além disso, refere-se à Vênus, como a estrela matutina e
vespertina. Este é um extenso material que pode fornecer uma referência histórica à Lúcifer. Tal ensaio
foi forjado para glorificar os princípios e a luz lucífera.
Os Luciferianos são aqueles que buscam a luz da sabedoria oculta através da incorporação daquele
que porta a luz. Pela vivência, os luciferianos trabalham para alcançar sua própria intelectualidade,
compreensão e iluminação superior. Como Lúcifer é a personificação do conhecimento, ele representa
aquele que trás a luz às mentes da humanidade, acelerando a evolução intelectual de nossa espécie. Por ele
nós principiamos nossa própria evolução pela sublime transformação da sabedoria e natureza [pessoal*].
Luciferianismo é liberdade e evolução intelectual. Um Luciferiano pode ou não aceitar a devoção à Lúcifer
como um ser espiritual, deidade ou deus. O Luciferianismo pode ser puramente uma filosofia,
considerando simbolicamente os princípios encarnados em Lúcifer como conhecimento, sabedoria e luz.
Independente das crenças pessoais, todos os Luciferianos advogam a individualização intelectual acima do
conformismo das massas, e é desta maneira, livre para escolher o que é melhor para trabalhar em seu
próprio ser.
O Luciferianismo é essencialmente o caminho da luz e conhecimento que conduz primordialmente ao que
é chamado Self Supeior. Cada Luciferiano é um implacável buscador do conhecimento, bravio, com
vontade e silêncio protetor. O mundo é nosso laboratório e a vida é a experiência. Através do
autoconhecimento, burilamento interior e auto-domínio, as melhores experiências são atingidas,
refletindo-nos com o Self, como um ser desperto interagindo com o derredor.
Lúcifer é apresentado pelo dogma Cristão como o diabo, e um belo anjo atirados dos céus a terra.
Como ele é a luz de todo conhecimento, nós podemos extrair informações relevantes até mesmo do
Cristianismo. Dizer que Lúcifer caiu dos céus implica que ele existiu como ser inteligente que veio a terra
e propagou a iluminação humana. De tal modo que somos todos essencialmente seres celestiais, pois a
terra é um corpo celeste. O diabo representa para muitos não-luciferianos, uma conotação negativa, mas
para os Luciferianos a idéia do diabo é uma força inerente a todos nós, e é um manancial de poder e
desenvolvimento da personalidade. Neste sentido, Lúcifer é uma força impessoal que está focalizada na
evolução da consciência, que inclui o domínio de todas as emoções envolvidas com a maturação...
Lúcifer é concebido como o Anjo da Luz, bem como o Príncipe das Trevas. Freqüentemente o
Luciferianismo é associado com o Satanismo. Embora seja verdade que eles possuem uma conexão mútua,
Satanismo e Luciferianismo representam diferentes estágios do desenvolvimento intelectual propiciados
pelo Autoconhecimento e Conquista do Eu. O Satanismo é a defesa inicial contra a gentalha conformista,
e proporciona a liberdade intelectual pelo caminho da rebelião, egoísmo e auto-indulgência. Como a maior
parte dos Satanistas estive num caminho influenciado negativamente pelo Cristianismo, eles buscaram
assegurar um posicionamento com as forças de oposição.
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Tenebris - Um documento Oficial da Ordo Luciferi
O Manifesto Luciferiano
POR LUCIAN BLACK ©
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Tenebris - Um documento Oficial da Ordo Luciferi
O Manifesto Luciferiano
POR LUCIAN BLACK ©
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Rainha do Inferno
13 de Agosto, 2010
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A centelha que me inspirou a escrever esse livro e aqueles que o seguirão veio da própria Deusa.
Pode-se dizer que foi uma instrução para trazer à luz a gnosis Dela para iluminar um determinado caminho
que Ela obviamente sentiu necessidade de muita atenção. De minha própria perspectiva tenho procurado
dar algo em retorno à Hécate. Esta foi minha maneira de honrar minha Deusa. O trabalho do livro é todo
baseado em minhas próprias experiências. Eu não escrevo sobre algo que eu não tenha experimentado
por mim mesmo. Não acredito em dizer às pessoas para seguirem um caminho que eu mesmo não tenha
trilhado. O rito de passagem, por assim dizer, de trazer este livro à manifestação foi uma das mais intensas
transformações espirituais iniciada e guiada todos os momentos, bons e maus, por Hécate. Este caminho
começou há muito tempo, muito cedo em minha vida, mas a intensidade da transição tem crescido
grandemente através da última década ou até culminar na manifestação de “A Rainha do Inferno”. Da
necessidade de tecer minhas habilidades em aspectos mais mundanos de minha vida de maneira a efetuar
certas mudanças necessárias, intensificando a comunicação espiritual na qual eu fundo-me com Hécate
em uma íntima comunhão, a Gnosis que está contida em “A Rainha do Inferno” foi trazida ao mesmo
tempo à existência e experimentação.
As duas jornadas da Espanha para a Finlândia foram feitas para consagrar os livros, primeiramente
a edição padrão e depois a de luxo que foram produzidas dois meses depois. Eu quis garantir que cada um
dos livros fosse completa e amorosamente consagrado em condições ritualísticas apropriadas para que as
pessoas que os comprassem, recebessem algo imanente aos mesmos, acordando assim a essência de Hécate
e seus dotes espirituais. Em tempos nos quais as palavras mágickas tem sido usadas de forma abusiva por
editores e autores gananciosos, eu viso assegurar que cada livro seja escrito em nome dos Deuses da
Bruxaria e que recebam minha atenção pessoal dessa forma. Pessoas intuitivas podem imediatamente
sentir se os espíritos de um livro mágicko estão ou não despertos. Isto é um tanto quanto decepcionante
para eles e também muito ruim para ambos (editores e autores) se eles dizem falsamente que tal livro seria
consagrado antes de seu lançamento. Eu nunca perdi de vista o fato que o trabalho o qual eu faço em
nome de Hécate e o Tridente da Bruxaria é uma honra. A consagração é uma parte muito importante da
preparação desses livros.
Hécate tem sido parte de minha vida desde quando me lembro. Tenho que confessar que houve
um tempo durante minha infância que eu não sabia quem ou o que ela realmente era. Eu sabia que este
não era o tipo de coisa que alguém pergunta para sua família ou amigos. Resolvendo este mistério e
descobrindo que a Deusa Negra em seus muitos aspectos era uma parte de meu desenvolvimento
espiritual. Enquanto ela sempre esteve lá, tenho que dizer que, não, eu nem sempre soube que eu seria o
Portador da Luz de sua Gnosis. Houve muitos períodos de minha vida onde eu simplesmente vivi a vida
por mim e a aproveitei de acordo. Minha fé esteve sempre lá, embora muitas vezes testada, e minha
conexão com Hécate sempre foi uma fonte de inspiração e de orientação, mas por muitos anos nunca me
ocorreu que eu um dia daria muito mais para me tornar um de seus guerreiros espirituais. Em retrospecto
posso ver agora que vários períodos e eventos durante minha vida foram postos de acordo a me preparar
para este trabalho que eu realizo agora em nome da Deusa.
O livro como um objeto mágicko foi imbuído com um sério enfoque sobre cada pequeno
detalhe para manifestar completamente o poder de Hécate através de suas páginas. Você pode
revelar mais sobre a simbologia por trás dessas escolhas? Qual o significado simbólico e a razão
pela qual você usou a Coroa de Hécate e o Tridente da Bruxaria nas capas das edições padrão e
na de luxo?
Cada símbolo no livro está relacionado a um Deus em particular, espírito ou aspecto importante
da arte. Todos estes símbolos ou fazem conexões, ou abrem portões para os planos inferiores; bem como
384
para aqueles que habitam ou governam estes reinos. A decisão de usar a Coroa de Hécate foi uma que foi
feita para ilustrar, em simbologia, o que aguarda o devoto que seguir seu caminho para além dos reinos do
universo do homem para seu trono. A Coroa de Hécate é uma das Três Grandes Coroas da divindade da
alma que pode ser alcançada através do caminho da transformação espiritual.
Mesmo a capa da edição padrão tinha que ser perfeita. Esta é a cor, ou kala sexual, da energia de
Hécate. A numeração dos livros também foi muito importante. 81 para a edição do Tridente, o número
de Hécate, o número místico da lua e parte da fórmula de reversão. 999 para a edição padrão. Os livros
são portais pelos quais a Gnosis será semeada. Este número é específico para a fórmula dos três Deuses
do Tridente. Este é o porquê eu nunca permito uma segunda edição ou reedição de quaisquer dos livros,
basicamente por que esta é a vontade de Hécate que haja sempre 999 de cada de uma dessas obras.
Reimprimi-las seria como desafiá-la além de ser apenas por dinheiro. Há muito deste comportamento no
meio ocultista como ele é.
O tridente o qual marca a capa de couro das 81 edições limitadas é um símbolo muitas vezes
incompreendido. Enquanto muitos relatam a respeito de seu significado eminente na bruxaria; os três
pontos do tridente sendo representados por Belial, Lúcifer e Hécate; Isso também indica a existência de
um caminho oculto nesta arte, o qual nos leva para além dos reinos da noite, o qual pode ser encontrado
por aqueles que buscam este trabalho arduamente devotados plenamente de coração e alma.
Cada livro possui uma chave para os poderes de Hécate. Você tem um número definido
em mente para os lançamentos?
“A Rainha do Inferno” é o primeiro dos livros do tridente. Existem outros dois livros que serão
lançados para completar sua trilogia. Isso, no entanto, não é o fim do caminho. Muita coisa foi perdida
através dos tempos. Entre falsas religiões, história reescrita e textos sagrados destruídos e a recusa da
humanidade em aceitar o que é essencialmente um retorno para uma forma de magia mais antiga do que
esta que é baseada no dogma cristão que nós realmente conhecemos e possuindo muito menos gnosis do
que pensamos. Os três primeiros livros contêm as chaves. Eles são as chaves para a evolução da alma e o
divino poderio que concederá a compreensão do que se seguirá nos volumes posteriores. Porque a história
tem sido re-escrita para se adequar as necessidades das civilizações conquistadoras da época, porque o
homem queimou e destruiu muito da verdadeira e sagrada gnose dos Deuses, o único caminho para
retornar esse conhecimento é obtê-lo diretamente dos Deuses dos vários reinos. Para isso devemos trilhar
seus caminhos e submetermo-nos ao grande número de iniciações e testes que são encontradas ao longo
desta evolução da alma.
Às vezes em seus textos há menção sobre a corrente Atlante, que é também descrita como
“A Corrente Proibida”. Você pode explicar como corrente está relacionada com suas práticas e
sua jornada espiritual?
Esta é a corrente que foi dada à primeira raça humana. Entregue pelos Deuses, ela é a pura magia.
Esta corrente, como todas as formas de autêntico poder, é capaz de corromper todo o ser, através de sua
utilização abusiva. Esta corrupção se manifesta em todo o caminho ao nível da alma. Daí o seu título, “A
Corrente Proibida”. O paradoxo aqui é que esta corrente é também capaz de iniciar enormes saltos na
evolução da alma e, como tal, sempre continua a ser uma parte integral do caminho. O abuso da corrente
Atlante provocou a queda da primeira raça de pessoas. Isto é, como seus Deuses e seu universo no plano
interior, selaram de nosso próprio mundo; ainda acessível para aqueles que se submetem às transmutações
que são necessárias a fim de receber este poder. Como uma raça espiritual, estamos muito longe e bem
atrasados em nossa evolução. Isto claramente reflete sobre nossas formas encarnadas e não teríamos que
olhar muito longe para ver evidências disto ao redor do mundo. A Corrente Proibida está lentamente
sendo liberada de volta em nossos planos internos da existência espiritual, pela Deusa das Trevas e seus
emissários, a fim de ajudar em nossa evolução da alma. Isto é, contudo, como sugeri, uma faca de dois
gumes, àquele que tem em si a gnose espiritual maior dos Deuses da Feitiçaria antiga e também a negritude
385
de sua arte; este é o equilíbrio desta corrente. Como tal, a corrente Atlante exige seus próprios emissários,
transmissores dela, se você preferir, a fim de liberá-los através dos portais de suas próprias almas e para o
mundo das almas dentro do qual todos nós existimos. Desta forma podemos retornar à fonte maior da
magia que nunca foi portada pelo homem encarnado para nossas próprias esferas da existência.
Citando o texto: “Nem todos que trilham este caminho chegarão ao fim, esta é a natureza
desta obra, inevitavelmente alguns cairão”. Você poderia compartilhar os detalhes dos maiores
obstáculos que se abateram sobre você durante os primeiros dias de sua “práxis” (prática)?
Minha fé foi testada em muitas ocasiões. Testada mas nunca quebrada. Quando eu era jovem tive
um pouco de dificuldade em integrar a morte de um ou dois amigos nas Forças Armadas com o lado mais
espiritual de minha natureza. No final eu tive que entender algumas coisas. Uma, que as escolhas que eles
fizeram foram suas próprias escolhas, e que quando é a hora de partir, é a hora de ir. Segundo, que eu não
posso mudar tudo, algumas coisas estão destinadas a ser. Há o livre-arbítrio, mas há também a vontade
dos Deuses, algo que me sujeitei muitas vezes a fim de preparar-me, através de lições tanto mundanas
quanto trans-mundanas para o trabalho que eu faço agora.
O maior obstáculo que encarei foi a desintegração de meu estilo de vida e sua fundação sob
determinado ponto quando eu escolhi caminhar para além das tradições das diretrizes da arte. Basicamente,
eu abri a mim mesmo singularmente para a maior forma de transmutação que eu havia realizado até aquele
ponto. Isto foi feito através de um ritual que foi dado a mim por Hécate e abrangido tanto pela Rainha
das Trevas quanto por Lúcifer. Uma vez executado, ele derrubou toda minha vida, sua fundação e suas
estruturas aos pedaços.
Enquanto a mais potente gnose e entendimento eram entregues, tudo ao meu redor caiu. A parte
mais difícil foi o longo processo de espera ao qual fui submetido antes das coisas começarem a melhorar,
sem saber se elas realmente iriam. Este foi o ponto no qual Hécate observou para ver se eu me tornaria
do caminho. Parece fácil de dizer em teoria, manter a fé, mas quando ela atinge cada aspecto da vida
mundana de forma negativa destruindo tudo o que você é, então as questões começam a vir, não é? Quero
dizer que fizemos todo este trabalho para nossos Deuses em amor e honra, e nós podemos acessar todo
este poder, mas nada que eu fizesse neste momento em particular preveniu-me do colapso da infra-
estrutura de minha vida. No final a única coisa que nada e nem ninguém poderia me tirar era o meu amor,
e fé em Hécate. Aceitei que esta era minha vida e esta foi minha escolha abrir os portais, por assim dizer,
que iniciaram esta transição. Vários meses aceitando isso e encontrando coisas na vida que eu ainda tinha
e ainda amava muito apenas reforçou meu amor pela Deusa. Percebi que tudo que eu realmente tinha era
o que eu realmente tinha pedido, em primeiro lugar. Tenho escrito muito sobre este processo para dar o
máximo de compreensão possível a qualquer pessoa que realizar o ritual; isto esta em “Queen of Hell”.
Várias pessoas me perguntaram sobre este rito e uma ou duas não parecem querer compreender a
magnitude dos efeitos. Esta abordagem, baseada no ego, é onde as grandes lições com trabalhos de
intensas transmutações da alma são entregues a nós. Há tanto que alguém pode descrever antes do estágio
eventual de: “Se você realmente deseja ver com seus próprios olhos, então realize o rito...” ser alcançado.
Posso dizer três coisas deste rito especial, os efeitos que ele teve em minha vida e os quais pode ter sobre
outras. Uma, ele testou-me muito mais do que o “Rito do Sapo” fez. Segundo, os efeitos dos ritos
transmutacionais tais como este, irão diferir de pessoa para pessoa. Terceiro, foi a transição mais notável
e poderosa até agora e por tudo que ele tirou de mim no mundano, eventualmente; uma vez que provei
que era digno de maior atenção e que meu compromisso não era, apesar de sua extensão em anos, vazio
e falso; muito mais foi devolvido. Eu tenho permissão para trilhar um caminho que está apenas aberto
para aqueles que são escolhidos por seu sério compromisso e os que permanecerão por isto ao nível de
alma e coração, não importa o que lhes é adicionado ou tirado.
Alguma vez você já pertenceu ou teve quaisquer associações passadas com Covens ou
Ordens que serviram Hécate? Você sente que um devoto precise de uma ordem ou mentor para
voltar a progredir neste caminho?
386
Não, nunca pertenci a qualquer ordem ou coven absolutamente. A questão de se precisar ou não
de um mentor depende do devoto e o estágio de desenvolvimento de sua alma. Sempre há pessoas que
necessitam ser direcionadas corretamente. Afinal esta é a finalidade de semear esta gnose através dos livros.
Uma vez que o devoto alcança o objetivo dentro de seu caminho no qual ele tem comunicação direta com
Hécate ou quem quer que seja seu Deus patrono, pode ser então que eu sinta que eles precisam ser mais
exigentes quanto aos pontos de vista dos outros. Por exemplo, há pessoas lá fora na comunidade ocultista
que vão jurar que só se pode chegar tão longe através de um mentor. Este é um processo de pensamento
muito controlador e limitador e é mais voltado para os aspectos de ganho material para se recrutar
estudantes do que realmente ajudar pessoas a ascenderem em suas vias. Se você tem feito os trabalhos de
transmutação para conseguir contato e como tal recebendo sua gnose, ensinada de qualquer forma, direto
de seu Deus, porque você precisa de outro ser humano para instruir você? O papel do mentor deveria ser
de um homem ou mulher intermediário. Alguém que ajuda a preencher a lacuna entre a mundana esfera
da existência e o reino dos Deuses. O problema com as pessoas é que há tão poucos que podem suportar
ver o outro subir por eles mesmos em termos de poder e gnose e assim o tão familiar cenário do mentor
por trás do aluno se manifesta. Tanto isto quanto o aspecto material são patéticos traços humanos que se
manifestaram em várias organizações ao longo dos anos. Esta igreja é como o comportamento. A coisa
irônica é que ambas destas pequenas armadilhas, tanto do ego quanto do ganho material são dois dos mais
proeminentes testes com os quais estabelecidos, poderosos e respeitados ocultistas são muitas vezes
apanhados. Eles perdem seu caminho e esquecem que eles são apenas emissários dos Deuses Bruxos. As
regras são simples embora suficientes: No aspecto material, há uma enorme linha entre ganhar a vida
através da qual se promove a gnose e aproveitando-se de pessoas que genuinamente desejam seguir este
caminho e que estão repletos com amor e entusiasmo para a obra que está à frente deles.
No aspecto espiritual os melhores professores encarnados ou mentores são aqueles que se
orgulhariam em verem seus alunos ascenderem sobre eles; para em seguida eles tenham auxiliado seu
próprio Deus ou Deusa no caminho de outro grande professor, continuando o ciclo e é claro seu
propósito. Dito isto, há algumas ordens por ai, muito disciplinadas com imensa integridade pessoal tal
como a Loja Magan onde o foco é totalmente voltado para a realização da gnose espiritual.
De sua perspectiva, quais são as qualidades pessoais mais valorizadas por Hécate e como
você descreveria sua própria personalidade e valores? Como seu estilo de vida esotérico e
trabalhos com Hécate têm mudado você?
Amor, devoção e a vontade de colocar os interesses da Deusa diante dos seus são parte integrante
para este trabalho. Isto realmente depende ainda em qual nível você deseja trabalhar. Simplesmente por
seguir Hécate você dá amor e devoção, mas se você quer fazer parte dos maiores segredos e dos caminhos
ocultos do poder então você terá que dar mais de si mesmo. Como qualquer relacionamento isso é dar e
receber. Nós enquanto pessoas somos muito hábeis em esconder de nós mesmos o quanto nós realmente
exigimos de nossos Deuses. Se esta é a gnose da transmutação da alma ou seu auxílio na realização de
mudanças dentro e em torno de nossa mundana esfera da existência, nós pedimos muito deles. Tudo que
Hécate exige é que você dê ao menos um pouco em retorno. Ele exige lealdade de seus seguidores assim
como exigimos o mesmo uns com os outros. Meus próprios valores se baseiam muito na lealdade. Eu sou
muito leal. Não gosto das pessoas tentarem e tirarem vantagem deste fato. Seres desleais não permanecem
em minha vida por muito tempo. Meu trabalho com Hécate ao longo dos anos levou-me do ponto óbvio
do desejo por poder e conhecimento para o papel de querer compartilhar isso com outros que estão
procurando por algo a mais em suas vidas. Minha vida agora é ajustada à busca da evolução da alma e à
busca e distribuição desta gnose a cada dia. Isso não quer dizer que eu não descanso, é claro que eu o faço;
mas estou muito motivado e totalmente comprometido neste caminho em Seu nome. Empregarei o resto
desta encarnação realizando o trabalho de Hécate. Você poderia dizer que eu fui incrivelmente ingênuo;
considerando a conexão que tive com Hécate; mas por um longo tempo eu queria saber o que era o meu
verdadeiro propósito de vida realmente. Hécate não o revelou, até que eu estivesse pronto de qualquer
387
maneira, talvez porque isto poderia ter alterado meu caminho. Eu sei disso agora. Isso é trazer de volta
esta gnose e semeá-la em Seu nome. Eu sei que é por isso que eu estou aqui.
Você tem 13 anos de experiência no serviço militar e esteve envolvido em guerras. Sua vida
toda tem sido sobre colocar-se nos limites física e mentalmente, nunca se estagnando. Você
também tem vivido o lado destrutível do homem tanto em si mesmo quanto em outros. Você
acredita que suas experiências anteriores foram necessárias ao prepará-lo e transformá-lo para o
trabalho que agora você faz?
Sim, eu acho absolutamente. Eu recebi mesmo a mensagem diretamente de Hécate e foi ela que
me expôs para algumas de minhas experiências mais sombrias para me preparar para o trabalho que eu
faço agora. Algumas das gnoses que eu estarei lançando nos próximos anos foram obtidas através de
trabalhos mágicos muito intensos. Minhas experiências militares certamente ajudaram-me através do
aperfeiçoamento da mente e da alma na realização deste trabalho. Mesmo fisicamente eu encontrei minha
arte, particularmente durante certos estágios de possessão feroz nos reinos mais profundos dentro dos
quais foram necessários me fundir em nível de alma com entidades que não estão acostumadas a trabalhar
com a alma humana como os principais Deuses da Feitiçaria e aqueles, como tal, são menos do que
entendidos a respeito da elasticidade da sanidade e da alma. Estes, porém, são os domínios que têm sido
necessários explorar a fim de absorver a gnose oculta que se encontra com eles a nível de alma. Como
muito desta arte, esta gnose não pode simplesmente ser ensinada, ela deve ser experimentada a fim de
trazer de volta conhecimento suficiente que lhe dará ao menos um entendimento do que está adiante.
As experiências que tenho tido tanto com as mais obscuras partes de mim mesmo quanto da
humanidade em geral, tais como aquelas em Kosovo durante a guerra também serviram como motivação
para trazer de volta esta gnose.
Elas servem como um lembrete porque alguns desses trabalhos, que irão em tempo ter um longo
alcance e implicações no mundo, devem ser lançados. Este trabalho o qual me refiro não é para aqueles
que não estão prontos para aceitar que os Deuses não são algo que podemos apenas usar e descartar como
e quando invocamos um círculo; isto é em parte a ilustração de que estes Deuses, Hécate em particular,
têm um forte interesse no mundo em que vivemos e estão trabalhando com certas pessoas para trazer
várias mudanças. Estas mudanças não são as paisagens de sonhos “fofos” de paz que alguns poderiam
esperar. A mudança pode ser dolorosa, pode ser muito horrível, mesmo quando isto é para um bem maior.
A gnose que eu falo é a que irá, e em alguns casos já começou a iniciar imensas mudanças em todo o
mundo encarnado e está circundando os planos internos. Este é o trabalho que ajudará o homem a
lembrar-se que este mundo não pertence apenas a ele. Este lembrete tem sido dado uma ou duas vezes
anteriormente cada vez foi iniciado por seres encarnados. Qualquer um que pense que sua Feitiçaria não
está tão intimamente ligada com o futuro do reino no qual eles atualmente encarnam não estão realmente
olhando para o panorama ou perguntando a si mesmos porque os Deuses interagem tanto conosco. Os
horrores de Kosovo, que eu vi lá, e algumas de minhas experiências servem para lembrar-me por que tal
gnose poderosa precisa ser liberada. A causa deste tipo de ódio que se reproduz tão facilmente nas pessoas
também é um lembrete motivador do porque a gnose profunda das verdadeiras origens da alma do homem
deve também ser liberada. Há certas hierarquias estabelecidas que não sobreviverão a esta gnose e mesmo
sua queda não acontecendo nesta encarnação em particular, o fogo uma vez aceso continuará a queimar
até que a verdade esteja completamente iluminada.
No livro há várias referências à Hécate como a Rainha do Inferno, do Céu e da Terra. Reconheço
seu domínio não apenas nestas áreas, mas naquilo que está além disso. O trono de Hécate está além do
388
universo do homem, no vazio. Ela detém o domínio sobre tudo dentro deste universo. Sim, eu vejo Seu
amor e sinto seu poder nestes outros reinos, mas então eu a vejo em todos os domínios.
Algumas pessoas criticaram sua visão de Hécate por ser muito “negra” ou muito “clara”.
O que você diria para aqueles que estão contrariados pelo seu próprio entendimento de Hécate?
Eu usaria esta questão para me ajudar a responder um pouco mais profundamente a pergunta
anterior. Para aqueles que negam o lado negro de Hécate eu perguntaria: “Você somente vive na luz do
sol, você nega a escuridão da noite?” Eu gostaria de fazer uma pergunta similar embora reversa para
aqueles que acham minha visão Dela muito “clara”. Realmente vejo todas as visões de Hécate e reconheço
que Ela se manifesta para muitas pessoas diferentes em várias maneiras diferentes, simplesmente porque
Ela é um ser multifacetado e incrivelmente complexo e antigo. Hécate está interligada em nossos mundos
e em nossos caminhos espirituais. Ela exige que algumas almas tenham aspectos de luz. Ela exige que
outros tenham aspectos da escuridão. O fato é que os reinos e as polaridades de luz e escuridão existem
por uma multiplicidade de razões, uma das quais nos proporciona o livre arbítrio e a habilidade para
usufruir o poder que é liberado quando estes dois reinos são mesclados dentro do catalisador de feitiçaria
ritual. A ausência total de luz ou escuridão removeria o conceito de livre arbítrio e resultaria em nada mais
do que escravidão espiritual. As polaridades da luz e da escuridão quando mescladas são as chaves para os
poderes das alturas e das profundezas, sem a utilização de ambos, então sempre haverá certas passagens
que permanecerão fechadas. A preferência em que reino mergulhar não foi, e não é, afetada por isto, desde
que a capacidade de utilizar o poder de outros reinos exista dentro do indivíduo. Muitas pessoas
confundem sua preferência com a ordem natural do universo. Hécate pode se manifestar em qualquer
reino e detêm poder dentro de todos. Minha própria visão de Hécate é expressa através de minhas próprias
experiências através de Seu caminho e no qual ela deseja que eu caminhe. Devolver a perdida e
fragmentada gnose dos domínios profundos dentro dos quais ela se esconde. Quando me dirijo à Hécate
como Rainha do Inferno, sim, me refiro ao seu contexto mais obscuro que é justamente à esquerda do
caminho para aqueles que ainda estão tentando me impedir.
Todavia eu também uso este termo com referências muito fortes a Hele, ou ao reino oculto; que
significa “do vazio”, a localização de Seu trono e do reino dos grandes e profundos segredos e poderes
dos Deuses. Como Rainha deste reino, Hécate é a Deusa que orienta aqueles com coragem para trabalhar
neste plano da alma na obtenção de tal gnose.
Quais localizações são mais favoráveis para conduzir rituais em honra à Hécate?
Isto realmente depende do tipo de trabalho. Se é para ser uma meditação e possessão, então
qualquer lugar que você se sinta confortável é perfeito para trabalhar embora a céu aberto seja o favorito
para mim. Trabalhar a céu aberto permite-me ver as pequenas “graças” que são concedidas em
reciprocidade ao meu trabalho, tais quais as imprevisíveis estrelas cadentes. Qualquer lugar de isolamento
é favorável para conectar-se com a Deusa das Trevas, mas uma caverna renderá uma ligação muito forte
com Ela. Hécate foi adorada em cavernas há muito tempo e elas são excelentes portais para os reinos
inferiores e lugares onde alguns dos mais potentes vórtices podem ser abertos, concedendo à alma solícita
acesso para explorar estes caminhos ocultos com Hécate.
Oferendas tradicionais para Hécate incluem mel e vinho, quais oferendas você faz para
suas próprias Devoções? Quais sacrifícios você tende a usar durante o Ritual com Hécate?
Eu dou oferendas de comida e vinho na ocasião. Uso bastante incenso e isso varia conforme os
outros espíritos ou Deuses que Hécate e eu estamos trabalhando no momento. Sangue e fluídos sexuais
são, de longe, as minhas maiores oferendas. Sangue porque ele detém as chaves para a manifestação e é o
princípio da vida encarnada na qual o Sangue Bruxo corrente é consagrada. Uso muitos fluídos sexuais,
tanto como oferenda quanto como uma chave pela qual materializo certos elementos da arte, uma vez que
389
foi fortalecida com os kalas da Deusa em íntima, mágicka comunhão espiritual. Estas são as duas principais
oferendas ou sacrifícios que estão presentes em quase todos os rituais nos quais eu me conecto com os
Deuses e espíritos da arte.
Você poderia nos explicar mais sobre seu entendimento de Lúcifer e sua posição dentro
dessa arte?
Lúcifer é o primeiro filho de Hécate, e foi gerado a partir dela. Ele é o verdadeiro Deus governante
deste universo, que observa os caminhos da luz e da escuridão e é capaz de comandar as forças de ambos.
Lúcifer é o Iniciador Primário do caminho de Hécate, o Deus que acende as chamas da gnose que
transformam a alma, elevando-a através da transmutação espiritual para um estado de ser o qual nos
possibilita grande entendimento de todas as coisas que podem ser alcançadas. De todos os Deuses, Lúcifer
é o mais incompreendido pela raça humana. Sua própria gnose é parte do que será restaurado ao longo
dos próximos volumes do trabalho do Tridente. Este explorará os aspectos de Lúcifer que têm sido
esquecidos ou negados desde antes da existência da falsa fé da igreja católica.
Como você veio encontrar a si mesmo trabalhando com os espíritos apresentados a nós
em “A Rainha do Inferno”?
As reuniões e encontros com todos os espíritos e seres com que venho trabalhando ao longo dos
anos, foram todos orquestradas por Hécate. Ela trás muitos espíritos e seres para ajudar na educação e
desenvolvimento espiritual de Seus filhos. Alguns dos encontros foram improvisados, outros foram
ocasiões quando eu estava consciente de que uma nova entidade se tornaria parte de meu ambiente de
trabalho e de ensino. Essas crias de Hécate trazem consigo seu diverso conhecimento que por sua vez,
expande os horizontes do filho encarnado da Deusa que é ensinado por eles. Este processo permite um
maior entendimento do trabalho como um todo.
Quão próximo você sente que sua visão de mundo está para os escritos do Cultus Sabbati
e Andrew Chumbley?
Eu realmente não sei sobre comparações com o Cultus Sabbati. Posso ver onde alguns podem
fazer uma correlação, mas que realmente só vem de algumas das crenças de Feitiçaria Tradicional que
podemos compartilhar. Acho que procurando um pouco mais iriam ver que, embora haja similaridades
entre nossas crenças, também existem diferenças substanciais. Andrew foi, do que posso juntar, um
indivíduo muito devotado que foi incrivelmente apaixonado por sua fé e seu trabalho. Eu nunca tive a
honra de conhecer Andrew, mas ele é alguém da comunidade oculta cujo nome tenho na mais alta
consideração. Seu trabalho, em particular Azoetia, está poderosamente ligado à Corrente Primitiva de
Hécate. A única coisa que se destaca para mim sobre o trabalho de Chumbley, é que Andrew foi em si um
visionário dentro da arte, ele foi alguém que estava hábil a alcançar e iluminar os caminhos nos quais a
verdadeira gnose está enquanto ainda mantém as tradições de sua fé. O caminho do visionário é algo com
o qual posso fortemente me identificar, ele é um tema muito poderoso dentro de minha própria obra e a
razão, acredito, pela qual Hécate me escolheu para este fluxo específico de reintegração gnóstica dentro
de Sua Arte.
390
“A Rainha do Inferno” alcançou muitos dos filhos de Hécate. Muitas cópias estão, acredito, nas
mãos daqueles que estão destinados a tê-lo. Haverá sempre alguns que têm um ligeiro desvio de rota para
seus novos lares, mas a Rainha das Trevas e Sua família garantirão que eles eventualmente cheguem ao seu
destino correto. Estes livros são sementes do poder da Deusa, outra forma de canal, ou porta se você
preferir, através da qual sua corrente flui para os planos encarnados. Muitas pessoas começaram a escrever
para mim, freqüentemente porque eles estão buscando um pouco de orientação sobre seu próprio
caminho. Alguns têm perguntas sobre o livro e isto é bom, e alguns simplesmente querem chegar a alguém
cujas experiências são muito similares às suas próprias. Estou ciente que o número de pessoas que entra
em contato comigo crescerá ao longo do tempo e não tenho problema com isto. O conselho que eles
recebem não custa nada mais do que o tempo que eles levam para escrever uma resposta, e todos aqueles
que estou em contato agora entendem que há momentos em que posso levar vários dias para responder
devido ao intenso trabalho ritual que realizo em determinados e freqüentes intervalos, assim como minha
devoção diária, e também que tenho muito material para escrever a fim de assegurar o fluxo contínuo
desta gnose. O segundo livro é uma continuação do caminho do primeiro. Novamente, como “A Rainha
do Inferno”, este segundo livro tem um caminho de transmutação espiritual oculto dentro dele; O qual é
um complemento necessário do primeiro. Mais da perdida e oculta gnose será restaurada dentro desse
volume, bem como a mudança de uma ou duas imprecisões em certas fórmulas mágickas que, uma vez
ajustadas, abrirão os portais do poder que por muito tempo permaneceram fechados. Haverá um retorno
de muito do conhecimento perdido da origem de Lúcifer bem como o ajuste dos vários mal-entendidos
em relação a este multifacetado Deus da Feitiçaria.
Sigam seu caminho com verdade e coração comprometido. Mantenha sua fé e confiança em seu
Deus não importa o que seja colocado diante de você. Nunca deixe um mortal desafiar a palavra de sua
Deusa ou Deus. Se essa palavra foi dada em contato espiritual direto, então siga o caminho que lhe foi
dado pelos Deuses Bruxos. Veja além das limitações da palavra escrita e o dogma que ela contém, que
foram formuladas pelas mentes de outras pessoas. Os Deuses ensinam seus maiores segredos nos planos
internos, eles entregam suas mais duras provas de fé no plano encarnado. O caminho do Bruxo serpenteia
em ambos, e deve ser percorrido em todos os reinos para com sucesso abrir o caminho para as
transformações espirituais que são a evolução da alma.
In Nomine Hecate,
391
A Tríplice Hécate, William Blake, 1795
392
Praxis
Lácrima
POR BETOPATACA, PUBLICAÇÃO OFICIAL FRATERNITAS TEMPLI SATANIS (E’P’S’)
0. O Adepto deve montar o altar ao Sul, como deve de saber por sua Tradição ou lhe apetecer.
1. Dispõe no altar objetos que lhe lembrem ocasiões de Dor, Tristeza e Perda habilitados em ainda marcar
sua anima [alma].
2. Realiza este o Ritual de Banimento do Pentagrama Inverso ou outro de sua preferência no intuito de
"ablução" / "descompressão psíquica".
3. Pegando do altar um dos itens que evocam a melancolia internalizada, vira-se o Adepto para Oeste (no
sentido anti-horário) e recita a seguinte invocação:
4. O Adepto deve lembrar-se dos eventos entristecidos ligados àquele objeto do qual segura até a máxima
taciturnidade ser atingida. Não pode, um quinhão sequer, poupar lágrimas e espasmos lacrimosos caso
advenham-lhe de maneira natural.
5. Feito isto deve destruir, da maneira que achar adequada, o objeto que lhe causou tanta tristeza.
Conforme isto realiza, imagina sua mente e interno sendo limpados (pela magnífica faculdade do
esquecimento) de toda e qualquer angústia que tal evento tenha trazido-lhe.
6. Que faça os postulados de 3 a 5 até não haver mais nenhum "entristecido memento" no altar.
7. Volvendo-se para o Sul, o Adepto solta um largo sorriso e laureia a si com uma coroa de louros. Por
fim, começa a despir-se de sua nigérrima roupa.
8. Virando-se para Leste o Adepto realiza o Sinal de Shaitan, enquanto recita a invocação:
9. Virando-se para Norte, que o Adepto solte uma longa e trágica gargalhada até atingir a mais plena
exaustão.
10. Realiza este o Ritual de Banimento julgado a priori apropriado, pronunciando após este:
"Assim Está Feito!"
393
394
395
396
Lucifer Luciferax VIII
397
Publicação Pan-Daemon-Aeônica Aperiódica, 8° Edição, ano 2013 de uma era francamente vulgar
et ecce equus pallidus et qui sedebat desuper nomen illi Mors et inferus sequebatur eum
et data est illi potestas super quattuor partes terrae interficere gladio fame et morte et bestiis terrae
398
(...)
Por Pharzhuph
399
Prælusio
Vox Mortem, Mortiferum Poculum
POR PHARZHUPH
Saudações!
400
Index
Prœlusio
- 400 -
Vox Mortem, Mortiferum Poculum
Fides Invicta
- 402 -
História da Fraternitas Templi Satanis (E'P'S'), por Betopataca
Mea Lux
- 411 -
Resumo Histórico Sobre a Igreja de Lúcifer, por Lord Ahriman
Tao Spiritus
- 412 -
Percepção Estável, por Lü Tsu
Sacramentum
Explicator – Figura omitida por S.L. MacGregor Mathers em sua versão de The Kabbalah Unveiled de Knorr von Rosenroth - 413 -
Sacramentum
- 414 -
Explicator – Explicação da figura da página 16. Tradução e adaptação por Αβραθανατος
Ut Hostibus Noceretur
- 425 -
Entrevista - Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
Apparatus Sacrifici
Magia Negra Tradicional – II, por Thomas Karlsson, traduzido e adaptado por Eric - 432 -
Tormentum Æternum
Elevate Corpus Satanae
- 436 -
O Hino do Império Satânico por Anton S. LaVey, traduzido por Morbitvs Vividvs
Heres Ex Asse
- 439 -
Entrevista - Taijasa, Summum Heredis
Pactio verborum
- 444 -
Pactum
Aliquem ad Testimonium
- 448 -
A Corrente 218 - A Imensa Vontade de Ser Uno ao Caos Primevo, por Frater Asmodeus
Lumen Animi Tui
- 450 -
Entrevista – Exu Mor, Para a Glória de Teu Nome Lúcifer
401
Fides Invicta
História da Fraternitas Templi Satanis (E'P'S')
POR BETOPATACA ©®
1. Intróito
Faz-se muito estranho olhar para trás, pois nunca chegamos mnemonicamente ao em-si-mesmo
do que foi ou, sequer, abraçamos totalmente uma vez mais o que era sem o ilusionismo da nostalgia típica
do souvenir. Portanto, não há como ser justo com o ido, sempre precisamos recriar ou travestir com
alguma roupagem rutilante aquilo que se foi à medida que dependemos do recurso da memória.
Quando estamos nas sendas do Ocultismo, Esoterismo ou Hermetismo as distorções fantásticas
abundam. Por mais pretensamente céptico, suposto emancipado ou independente que se diga o adepto de
uma Doutrina de Mão Esquerda, inadvertida ou conscientemente este articula-se a alguma tese fabulosa
camuflada de alguma cousa efetiva, dita dotada de pendor Histórico. Recorde-se, por exemplo, a aura de
antiguidade que ordens como a O.N.A. [Order of Nine Angles] tentam para si estabelecer. A citada
organização iniciática do "Satanismo Tradicional" com suas arrogantes afirmações de anteceder em muito,
enquanto instituição e ideário satanista fora do mero anticristianismo, a "Deflagração Satânica" de 1966
empreendida por Anton Szandor LaVey, infelizmente só consegue convencer o apressado satisfeito com
faltas de provas insofismáveis para quaisquer alegações historicizantes.
Como qualquer pesquisador mais rigoroso da cronologia efetiva da O.N.A. pode confirmar, as
provas materiais de suas atividades mesmo intelectuais vieram à tona unicamente em momento posposto
a publicação da "Bíblia Satânica" laveyana (1969). Os primos textos e produções práticas da O.N.A., tão-
só engendraram-se, pela pena de seu criador Anton Long (pseudônimo do ativista neo-nazista britânico
David Myatt), após 1975 - quando Myatt foi liberto da cadeia, aonde cumpria pena por incitar turbas
violentas de nazifascistas a ações ditas "subversivas" pelo sistema judiciário inglês.
Inacreditavelmente, todavia, o grosso dos seguidores do Satanismo propugnado pela O.N.A., fita
com desprezo os membros da C.o.S. [Church of Satan] e quaisquer outras ordens satânicas mais ligadas
ao viés diabólico laveyano. Para tal arrogante posicionamento, apenas o disparate de compor-se uma
religiosidade esquerdista hipoteticamente pregressa a LaVey parece bastar. Em suma, a valia da ordem,
amiúde, necessita tão-somente de uma ficção Histórica que a instile de antiguidade... Em suma, inquirir-
se-á: Que senda seguir, portanto? O que fazer se a pessoal memória representa re-forjar com quimeras o
ido e, por outro lado, postar-se no usual procedimento da "História" do Ocultismo significa igual
fantasmagoria? Como evitar seja o equívoco advindo de uma inescapável e fantasista "amnésia", seja a
prepotência agenciada a uma lassidão perante dados historiográficos (como o faz a exemplificada ordem
acima)? A solução ponderada para tal espinhoso dilema metodológico, parece ser o alçar duma escrita
articulada às reminiscências perceptíveis, "capturáveis", documentais e ratificadas não só por iludidos ou
solitários egotistas. Deve-se almejar uma arqueologia material daquilo que se "processou"... Neste sentido,
principia-se esta prima tentativa de publicar um capítulo invulgar, porém plausível e comprovável da
História do Satanismo brasileiro. O capítulo que responde pela graça de "Fraternitas Templi Satanis"
(E'P'S').
402
Fides Invicta
História da Fraternitas Templi Satanis (E'P'S')
POR BETOPATACA ©®
Autor: Betopataca
Um Sigilo, como o leitor deve de saber, é parte importantíssima e tangencia a própria "forjação"
de uma Egrégora, que constitui parte indissociável de qualquer Ordo que se julgue digna de nota. Assim
sendo, a Fraternitas Templi Satanis (F’T’S’), não poderia ser desprovida de um Sigilo.
O Sigilo da Ordem foi forjado pelo autor que vos escreve (com auxílio gráfico de Lord Ahriman
e Óbito). Como confabulador de tal, procurarei explicar ao que lê este ensaio suas nuances mais básicas.
Mas antes disto um bocado de história faz-se, quiçá, agradável a todos que lêem o presente escrito.
Durante a década de 1990 e.v., o autor desta e Lord Ahriman passaram a possuir íntimo contacto
e a fruírem uma Verdadeira Irmandade. Desta maneira, inconscientemente um elo mágico foi formado
(elo depois enriquecido com a entrada de Gwaihir). Tal elo culminou na formação de um "grotto" de
nome Irmandade de Baphomet (IdB), contendo sob sua égide somente os três indivíduos (Betopataca;
Lord Ahriman e Gwaihir) com eventuais convidados outros em suas práticas correntes. Uma Egrégora foi
formada. Desta sorte um Sigilo, construído pelo presente autor, foi desvelado com auxílio gráfico de Lord
Ahriman.
Tal Sigilo da Irmandade de Baphomet (IdB), possui um triângulo eqüilátero (todos os ângulos-
lados iguais). O triângulo é um símbolo, representante do Fogo e da elevação pelo Azoth ("Fogo de Satã").
Este é equilátero para representar a igualdade entre os Irmãos do "grotto" (sem graus; sem hierarquia
estagnada).
Na ponta inferior esquerda coloca-se a letra “E” (de "Ethos"); na ponta inferior direita coloca-se
a letra “H” (de "Helius"); na ponta elevada-superior coloca-se a letra “B” (de "Baphometis"). Esta ordem
de escrita foi usada, pois o poder vem de cima, do LOGOS (Baphomet), até nós (vide que Baphomet é
correlacionado por algumas escolas de pensamento com “Ain Soph”). Nós, através da "Ethos" e da
Magnum Opus Solis - "Helius" -, vamos até Ele num eixo de baixo para cima.
Dentro do triângulo existe um octógono. Foi usado por representar a Magia (vide a proposta de
"Magia Octarina Caotecista") que estaria no cerne do grupo, assim como o nome do LOGOS (Baphomet)
possui 8 letras. A própria Magia é a Manifestação do Self e de Baphomet, vide a seguinte passagem do
"Liber A'Ash vel Capricorni Pnenumatici"(que retrata a natureza e controle da Magia no Homem e de seu
manifestador-Baphomet) recebido por Aleister Crowley: "Eu sou Baphomet, que é a Palavra Óctupla que
será equilibrada com Três". A excertada passagem do Liber, também faz uma conexão do oito com o Três
(que é representado no sigilo criado pelo triângulo o qual engloba o octógono, equilibrando-o).
No centro do octógono, vê-se o símbolo de Baphomet (pentagrama-invertido). Já que no cerne da
manifestação mágica (o Octógono), estaria o próprio Baphomet (uma união de nossos SAG's; o LOGOS
em si).
Além do que, 8 (número de pontas do octógono) x 3 (número de pontas do triângulo) x 5(número
de pontas do pentagrama-invertido) = 120 = 1 + 2 + 0 = 3 (o ternário perfecto; Terceiro Aeon - Hórus -
).
Adicionado à minha explicação acima colocada, Lord Ahriman em missiva direcionada à mim e ao
Frater Gwaihir afirmou:
403
Fides Invicta
História da Fraternitas Templi Satanis (E'P'S')
POR BETOPATACA ©®
“O número 8 também possui outros sentidos além dos colocados pelo Irmão, como relacionado
com Hermes-Mercúrio. Associa-se também ao signo de Capricórnio, no qual Satã estaria associado. Por
outro lado, o número 8 também se assemelha a forma do infinito, pelas escritas sânscrita e árabe.
Brilhante trabalho [...]. Caso o ilustre irmão sinta dificuldades gráficas, eu me proponho a fazê-lo.
Só gostaria que o fundo fosse negro, pois o pantáculo também significa proteção. Fiz o octógono
ligeiramente diferente do mandado pelo Irmão, para conter o pentagrama. Neste acrescentei a cor verde,
símbolo da abundância.”
Porém por inúmeros motivos, que não cabem aqui serem colocados, a Irmandade de Baphomet
(IdB) entrou em torpor e a Fraternitas Templi Satanis (F’T’S’) foi idealizada pelo presente autor com
auxílio de Lord Ahriman e de Frater Gwaihir. O sigilo da Fraternitas Templi Satanis (F’T’S’) já pôde ser
visualizado pelos leitores, assim partir-se-á directo para os esclarecimentos sobre o mesmo nas linhas a
seguir.
O nome “aberto” ou “vulgar” da Ordem, escrito em Latim, está intimamente conectado ao ideário
geral que a mesma transmite ou tenciona ostentar. “Fraternitas” significa “Fraternidade”; “Templi” quer
dizer “[do] Templo”; “Satanis” pode ser traduzido, aproximadamente, como “de Satã”. Assim a tradução
derradeira do nome da Ordem, seria: “Fraternidade do Templo de Satã”. “Satã” é a emanação directa do
LOGOS/Baphomet presente em todo Ser Humano, simboliza o próprio princípio de “Oposição” e
“Acusação” (para maiores informações, um estudo semântico e etimológico da palavra “shaitan”, que deu
origem ao verbete “Satã”, é deveras revelador e sugerido) absolutamente indispensável para um processo
iniciático segundo os ditames da SOMBRA em suas acepções junguianas e horusianas. O verbete
“Templo” traz em si a idéia “sacralidade”, local onde os ritos são empreendidos e a própria divindade faz-
se presente lambendo o praticante com o “divino elã”, dotando-o de “entusiasmo” (palavra que advém
do grego “enthousiasmós” e significa “cheio de deuses”). O vocábulo “Fraternidade” dá uma noção de
“Irmandade”, é a “Congregação” que erige um “Templo” para Si-Mesmo, a fim de que desta sorte atinja-
se de maneira singular e solitária-sinestésica a plena articulação com o LOGOS através da emanação
taxionomizada como “Satã” (que é e não-é o adepto,como qualquer arquétipo que o valha).
O Triângulo Invertido representa o princípio aquoso. A Ordem possui princípio aquoso, pois
movimenta-se perante a Sociedade e pelo Senso Comum de comum acordo com a filosofia do “wu-wei”
(Não-Agir), uma proposição conectada ao Tao (“Na Verdade, ´wu-wei’ é uma das atividades mais
enérgicas[...].” – Henri Borel”; “Às vezes, o que parece ação tem a essência vazia de um não-agir perfecto.”-
Luis Carlos Lisboa). Da mesma sorte que o triângulo inverso, conecta a Ordem a um princípio de estar
articulada com o Sol Negro/LOGOS à guisa de emanação directa do próprio. O triângulo inverso pode
ser visualizado como um “Y”, o que se conecta directamente a idéia do “Y Alquímico” (falado no ensaio,
de mesma graça, da autoria de Betopataca) e que portanto une todos os integrantes da Ordem com a
Santíssima Ponte 9=0 ao passo que estes trabalham com a egrégora da Ordem em seus ritos. Este é
eqüilátero para representar a igualdade entre os Irmãos da Ordo (sem graus; sem hierarquia estagnada).
O hexagrama unicursal da Besta, representa o próprio Macrocosmo (as supernas cabalísticas
refletidas nos três princípios alquímicos e vice-versa) e arranja-se o símbolo pelo qual se desvela a
Besta/Satã.
O pentagrama inverso é o símbolo de Baphomet/LOGOS e Microcosmo. Muitos hei de inferir
que o símbolo do Microcosmo seria o pentagrama comum, ou seja, com sua ponta para cima. Contudo,
deve-se notar que o paradigma de elevação espiritual sofreu uma “Underhüng”(Reversão) no Novo Aeon,
estando a verdadeira Iluminação na Matéria e carnalidade da Existência ao invés do Espírito.
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Fides Invicta
História da Fraternitas Templi Satanis (E'P'S')
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Desta sorte, a ponta do pentagrama foi invertida. A transcendência Microcosmial, não mais sucede-
se em duas instâncias metafísicas (Mundo das Idéias x Mundo Imanente ou Espírito x Carne), e sim numa
SÓ INSTÂNCIA (a “transcendência” é dentro da própria articulação da Imanência como esta dá-se no
Eterno Presente).
A “interdigitação” entre o pentagrama inverso e o hexagrama unicursal da Besta é reveladora.
Demonstra a própria articulação UNA que existe entre Microcosmos x Macrocosmos, e desta maneira
simboliza a própria ideologia heraclítica da F’T’S’: Não existe diferença de instâncias. A completude está
no UNO/TODO/Tao/Physis/LOGOS. Toda distinção entre Ser x Cosmos e Macrocosmos x
Microcosmos é apenas aparente e os limites fundem-se num processo de, arituclada, Tensão x Retorno.
Assim como tal inter-relação é um indicativo de que maneira Satan, hexagrama, pode ser vistoriado como
uma emanação-Tensão do LOGOS (pentagrama inverso) e, impreterivelmente, leva a um Retorno a este
Mesmo (que é um dos “objetivos” gerais que a Ordem pretende empreender em seus Membros com suas
práticas e pressupostos teóricos).
Se somar-se o número de pontas do hexagrama com o número de pontas do pentagrama inverso,
vê-se o resultado final como 11. Onze é o número de Nuit, próprio Amor (princípio Feminino) o qual
leva o Adepto - através do “Amor sob Vontade” - para o princípio das sendas iniciáticas (representada
pelo Arcano-Maior da “Lua” do “Tarot de Toth”). Desta sorte, a Ordem é um princípio de auxílio ao
Adepto no seu caminhar e metamorfismo pelas sendas da iniciação. Pode-se observar que o número de
pontas do pentagrama inverso (5), se colocado em apêndice com o número de pontas do hexagrama (6),
dá “56”.Cinqüenta e seis é o número de “Babalon” uma das configurações de Nuit, a grande hieródula
que leva ao despedaçamento do Homem no Abismo de Daath (a fim de que este atinja Tiphareth e eleve-
se até as supernas, por consegüinte) e realiza a Iluminação pela Sombra e luxúria (Indulgência) ao invés de
celibato (abstinência). Se multiplicarmos o número de pontas do pentagrama inverso (5) pelo número de
pontas do hexagrama unicursal da Besta (6), o resultado de tal operação multiplicado pelo número de
pontas do triângulo invertido (3), ter-se-á como resultado 90. Fazendo um somatório de nove(9) com
zero(0), tem-se como derradeiro resultado o número nove (9). Nove é o próprio número de Satan (para
maiores informações fitar o ensaio “Numerologia Satânica” do líder da CoL,Rev.Frederick Nagash), o que
conecta a Ordem ao Princípio de Articulação com a Emanação do LOGOS (ShTn). Além do que o
número 90 traz a mente a noção da ponte 9=0, aceita pela F’T’S’ como um de seus postulados teóricos e
práticos. O nome greco-latino “velado” ou “mágico” da Ordem é “Ethos Phosporus Satanis”( E’P’S’).
“Ethos” tem como significância “Irmandade”, ”Phosporvs” significa “Lucífero”; ”Satanis” pode ser
traduzido, com algum grau de proximidade, por “Satã”. “Satã” representa “Oposição”. “Lúcifero” é aquilo
ou aquele que possui qualidade ou correlação de “Lúcifer”: “Lvx Ferre” (“O Portador da Luz”, ou, ainda,
“O Doador da Luz”). Lúcifer, segundo os antigos conhecimentos gnósticos, faz-se o escriba cósmico que
leva o Adepto às portas da Gnosis (em sua acepção de verbete primeva). Desta maneira, desvela-se
claramente um dos postulados pelo quais se serve a Ordem: “Iluminação pela Oposição”. A Iluminação
pelo Caminho da Sombra ou de Sirius. Desta maneira, “Ethos Phosporus Satanis” é a “Irmandade [que]
Ilumina pela Oposição”, a antinomia causadora do metamorfismo em plena alteridade (“Batalhar como
Irmãos, avesso do Ragnarök”- Betopataca).
A relação “Satã Lucífero”, pode ser vista sob um prisma sexual também. “Lúcifer” era
correlacionado com “Vênus”, o qual por sua vez sempre foi louvado como o corpo celeste de “Ishtar”
(aquela que pode ser vista como Babalon, já que ambas possuem mesmo apanágio e características). “Satã”
por sua vez é a Grande Besta (“Mega Therion”) e relaciona-se, intimamente, com um princípio masculino-
satírico (vide sua iconografia e conceituação clássica com pernas de bode, chifres e de encarnação da
luxúria-copuladora-fálica).
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Formado o aspecto gráfico, ainda que primário*, do sigilo, Gwaihir, Ahriman e Betopataca
conceberam como primeiro e mais importante fator blindar juridicamente a Ordem.As experiências vastas
de Ahriman com o sufrágio e querelas de cunho quase judicial envolvendo a extinta IdL (Igreja de Lúcifer),
bem como a ampla vivência de Betopataca com dilemas de igual âmbito dentro de grandes ordens
ocultistas internacionais, fizeram necessária a criação de um aparato jurídico sólido que protegesse a E'P'S'.
Este movimento pragmático, criou um estatuto próprio e disposição da F'T'S' enquanto "sociedade
filantrópica (sem fins lucrativos)", respaldada na liberdade de credo garantida pela Constituição da
República Federativa do Brasil.
"Lex Talionis
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5 - A F'T'S' tem seu ato constitutivo registrado no órgão específico, possuindo personalidade
jurídica autônoma.
6 - O sistema de entrada de novos membros na F'T'S' será pela votação. Um único voto "negativo"
(bola branca, por exemplo) é suficiente para eliminar o candidato. A razão é simples: plena sintonia entre
o grupo.
8 - Primeiro encontro com o aspirante de entrada na Ordo é empreendido em local neutro (como
numa churrascaria, por exemplo) onde estejam todos ou uma grande parte (caso todos não possam estar
presentes) do "corpvs" constituinte da Ordem.
9 - É aberta para apreciação de todos os membros da Ordem, um Grimório e uma Ata (feita a
partir das reuniões da F'T'S').
10 - Os membros da F'T'S' não precisam de Deuses, não precisam de Mestres... Todos são a Luz
e Treva de si mesmos. Hail The Self!
11 - Que a Fraternitas Templi Satanis só atue (magicamente e em decisões que tangenciem qualquer
setor de sua Organização-Política) em determinado Templo Sacrossanto.
14 - Todos os litígios internos são sumariamente desencorajados pela F'T'S', sendo pedido às partes
envolvidas para que os resolvam sem envolver a Ordem ou quebrem a unicidade da mesma.
15 - A Fraternitas Templi Satanis não estimula nenhuma prática ilegal ou que venha ferir a
Constituição Brasileira e/ou Internacional vigente. Por isto se tal for realizado por membros da Ordem,
esta não possui nenhuma ligação com isto. Todavia, a Ordem não os proíbe de realizar os actos que bem
entenderem desde que a F'T'S' não seja envolvida de maneira alguma.
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16 - Sempre existe uma Rosa Invisível na Cruz Visível. 9=0. TEM OHP AB in domini ShTn."
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.Notas
*Recorde-se que, até então, a ulterior versão pictórica do sigilo não tinha sido composta por
Bastard Obito.
4. Membros.
Sem sombra de dúvida, nenhum sistema, se algo fora da mera especulação teorética, pode
funcionar destituído de falhas ou panes eventuais na sua execução. Portanto, existiram ingressos indevidos
na E'P'S' como, por exemplo, a da auto-intitulada Inertia Creeps. Senhora a qual fomentou, ainda que por
vezes livre de talante Consciente são, a discórdia entre os demais membros. Todavia, o delito e desvio de
caráter mais grave pela supracitada perpetrado - o que auxiliou no seu processo de expulsão da Fraternitas
-, tratou-se do plágio de material dum Irmão de Ordem.
Dentro de uma análise ética tergivesada de um certo alento utilitarista, poder-se-ia dizer que a
despeito dalguns acontecimentos desarticulados a proposta genérica seletiva da F'T'S logrou êxito. Além
de manter viva a chama satânica no Brasil com abertura ao ingresso a todo ente predisposto a tal proposta
satanista, pôde-se aprimorar o anterior sistema de seleção de membros da IdL para uma "confraria
satânica". O "saldo líqüido final de satisfação", usando um termo de Sidgwick, surdinou-se dessarte dos
maiores a despeito dalguns desvios e/ou falhas.
Corrobora-se o juízo de sucesso no cômputo cabeiro, quando se percebe que, naquela duração,
pôde-se reunir um grupo nada desprezível de aquilatados satanistas congregados em congruente instância
e propósito de magnificar e manter acesa a flama do Satanismo. Decerto, ora se torna válido um elencar
daqueles mais emblemáticos e duradouros ex-afiliados da Fraternitas Templi Satanis(E'PS') com vistas a
sanar eventuais curiosidades, bem como tencionar uma confirmação de seus quilates:
Lord Ahriman: Um dos co-fundadores da Ordem, dessarte como uma das mais importantes figuras
do escurejado cenário satânico brasileiro. Sendo o idealizador, resistente líder e organizador da "Igreja de
Lúcifer", apresentara-se o primo indivíduo a professar, fora de círculos individuais e silentes, o Satanismo.
Do seu esforço bandeirante, surgiu a primeira versão em português da "Satanic Bible" ("Bíblia Satânica"),
a qual se desempanou o fundamental alicerce a viabilizar qualquer discussão sóbria no tópico Satanismo
em nosso idioma. Com o Delta-Tempo, retirou-se enquanto membro ativo graças uma pregressa e
excruciante enfermidade.
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DarkHella: Desvendou-se a primeira a ingressar na, sedimentada enquanto tal, Fraternitas Templi
Satanis (E'P'S). Sua gênese ritualística e doutrinária primeva, abancavam-se no Ásatrú apesar de sua
inquestionável articulação ética e, posteriormente, epistemológica com inúmeros conceitos satânicos. Sua
sagacidade em termos tecnológicos e boa-vontade para com os propósitos da Ordem, revelaram-se vitais
aos primeiros passos da popularização digital de material produzido por seus membros. Aspecto de
vultoso relevo, igualmente, compôs-se sua divulgação de material de cunho mitológico norreno o qual
influenciou em não desprezível escala os expedientes mágicos da F'T'S'. Quase na mesma duração de
Gwaihir, pediu seu afastamento para dedicar-se exclusivamente ao seu trabalho na área de Informática.
Darkvelvet: Uma das menos propaladas e, decerto, mais importantes figuras a engrossar as fileiras
deste "conglomerado satânico". Compôs-se uma auto-iniciada no Satanismo e Thelema, contudo teve seus
estudos e práticas ampliados sob os auspícios de Betopataca. Por petição deste, ingressou na Ordem aonde
se destacou por seu olhar apurado, temperança e um uso indefectível do kairós [discurso que se dá no
momento conveniente, aproveitando a oportunidade aberta no instante mesmo]. Sua paixão no lograr da
Ordem, condensou-se em um trabalho arquivístico interminável em prol de ordenar com fino acabamento
à produção textual dos demais membros. Com a saída de Betopataca, visou debalde manter a F'T'S
sobrevivente.
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Com a saída de Betopataca, almejou dar continuidade à Ordem junto com Darkvelvet mas, ao que
consta, terminou por volver todos seus esforços na manutenção e ampliação de seu "portal eletrônico
ocultista": "Morte Súbita Inc.".
Morbitvs Vividvs: Figura de importância satânica desde os idos da IdL, a qual foi um valioso
participante. Em termos iniciais demonstrou-se resistente à sua entrada na F'T'S', conforme se dedicava
mais a um projeto de cunho kaoísta nomeado ADLUAS. Contudo, desde o instante que decidiu por
aquiescer às solicitações de integração à Fraternidade, fez-se um de seus mais ativos elementos. Durante
sua condição de plena integração, deu à luz a uma pletora inacreditável de material escrito dotado de
insofismável qualidade. Sua "usina de idéias", converteu-se em um inextinguível combustível para série de
projetos futuros que, com a extinção da Fraternitas Templi Satanis, viram-se infelizmente perdidos. Com
o findo da Fraternidade, uniu-se de forma ativa com Obito no projeto "Morte Súbita Inc.".
CROM: Por intervenção e influência diretas de Betopataca, realizou seu "batismo ígneo" nas
chamas satânicas. Como deságüe natural, adentrou na F'T'S', incrementando-a com sua pujança jovial,
finíssima ironia e humor apto a suscitar um divertimento reflexivo. Sua participação mágica e dialógica,
compunha-se minguada, todavia seus ensaios e humorísticos escritos recompensavam esta suposta falta.
Tendo logrado uma assaz próxima relação com Darkvelvet, tentou conjuntamente com esta manter,
embalde, vívida a Ordem.
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Mea Lux
Resumo Histórico Sobre a Igreja de Lúcifer
POR LORD AHRIMAN ©®
“Em 1995, após pesquisa na web, tive contato com o Satanismo Moderno, já me interessava bastante por
ocultismo e exo(eso)terismo. Associei-me à Church of Satan e ao Templo de Set, posteriormente à Church of
Lucifer, do Reverendo Frederick Nagash. Ele me impressionou não apenas por seus escritos, mas por ser pessoa
extremamente cordial e interessada em ajudar quem estivesse dando os passos iniciais na senda. As outras
organizações eram muito impessoais.
Após, receber a autorização e bênção infernal do Rev. Nagash, fundei em abril de 1997 a Church of Lucifer
Brazilian Headquarters, na web, onde comecei a receber membros que participavam da nossa lista de discussão.
Nesse período, fiz a tradução da Bíblia Satânica, uma fonte de consulta valiosa e portal de entrada na doutrina
satânica.
No início de 1998, o Rev. Nagash cessou totalmente o contato com os quartéis-generais espalhados pelo
mundo, mesmo tentando reestabelecer via email, não tive mais resposta. Como já contava com cerca de 60
membros, resolve dar continuidade ao trabalho, apenas aportuguesando o nome para Igreja de Lúcifer, que veio a
ser conhecida como IDL.
Assim, foi o primeiro grupo nacional independente, que passou a ter também orientação própria, pois
trabalhava com outras doutrinas, como Thelema, Qabalah, Astrologia, Tarot, Programação Neurolinguística e tudo
que pudesse ser importante em Satanismo.
Nunca houve hierarquia na Idl, a minha função era a de criador do grupo e organizacional, tomando as
principais decisões em conjunto. Cheguei a ter reuniões aqui no Rio de Janeiro, não tinha meios para criar um
templo físico desvinculado da minha residência, mas foi proveitoso para quem participou.
Depois, tive vários problemas que me exigiram o afastamento provisório das atividades e optei por encerrar
a Idl, já havia cumprido o seu propósito. Tentei voltar outras vezes, como na Fraternitas Templi Satanis, mas sempre
houve algum tipo de empecilho, como um irmão enfermo mental que exige os meus cuidados, o que me impede
também de me ausentar por muito tempo.
Optei por dedicar a escrever os meus livros, o primeiro o Satanomicon, que dá um apanhado do Satanismo,
mas não se prende fielmente aos dogmas de Anton Szandor LaVey, uma vez que tive experiências com o plano
astral e não poderia deixar esse estudo de fora. Da mesma forma, aceitava totalmente os estudos de Aleister Crowley
e outros de grande importância. Assim, muitos irmãos não me consideram laveyano puro, o que não deixa de ser
verdade. Com o tempo, passei a aceitar também algumas idéias do Satanismo Tradicional, como de Diane Vera e
Michael Ford, principalmente.
Atualmente, escrevi mais três livros, Ensaios do Maleficence, O Poder do Eu, Introdução à Magia Satânica
e estou com outros em andamento.
Um dos meus objetivos atualmente é promover uma "união do Satanismo", se é que isso é possível,
portanto fiz uma ligeira mudança. Antes, pensava no Diabo como um arquétipo, atualmente penso como um arcano,
o sublime mistério. Enquanto todos discutem a real natureza do Pai, perde-se a comunhão ou sintonia com Ele.”
Lord Ahriman
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Tao Spiritus
Percepção Estável
POR LÜ TSU
As mentes das pessoas necessitam de uma estável percepção. Se a mente é instável, não poderás aplicá-la
utilmente no reino da verdadeira iluminação. Eventualmente poderás te tornar tendencioso e teimoso e não acreditar
nas boas palavras.
Ardilosamente empregando manobras mentais, contestando os outros, incapaz de domar a louca mente e
retornar à unidade, estarás fora de harmonia com a verdadeira iluminação.
Como resultado, embora exista algo de bom no que fazes de tempos em tempos, uma vez que a mente é a
raiz, se a raiz é defeituosa, um pouco de bondade não ajuda.
Aquele que tem esta aflição deve tentar mudar. Não fiques orgulhoso com o conhecimento pessoal, não te
apegues a pontos de vista tendenciosos. Purifica a tua mente completamente, e assim não haverá obstrução ou
apego; age com todo o teu coração! As pessoas verdadeiramente iluminadas executam ações de verdadeira
iluminação. Indo cada vez mais alto em cada passo que dão, aonde quer que elas vão, haverá lucro. Para buscares
isso em ti mesmo, tens que colocar em ação toda a tua sinceridade. Todos os sábios são, do ponto de vista último,
unos; uma vez que tenhas compreendido, tu receberás bênçãos sem fim.
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APPARATUS IN LIBRUM SOHAR
PARS QUARTA,
FIGURA XVI
Esta figura representa (a.) Æn-Soph, o Infinito, bendito seja, e bendito seja o seu Nome. (b.) A
luz que circunda as 10 Sephiroth da primeira pessoa, chamada ADAM KADMON, e representa a
Jechidah ou grau anímico singularíssimo e unificado do Mundo de Aziluth. (c.) A luz que circunda as
10 Sephiroth da Pessoa ATTIK JOMIN, que envolve o Mundo Azilútico e representa a Chaijah ou
grau anímico vital. (d.) A luz que circunda as dez Sephiroth da Pessoa chamada Arich Anpin, que é
Kether ou a Coroa do Mundo Azilútico e representa a Neschamah ou grau anímico intelectual/mental.
(e.) A Luz que circunda as dez Sephiroth da pessoa chamada Pai supernal, que é Chochmah do Mundo
Azilútico e representa o Ruach ou grau anímico espiritual. (f.) A luz que circunda as dez Sephiroth da
Mãe supernal, que é Binah do Mundo Azilútico e representa o Nephesch ou grau anímico plástico-
vegetativo. (g.) A luz que circunda as dez Sephiroth da pessoa chamada Seir Anpin, que contém seis
Circunferências, sendo elas Chesed, Gebhurah, Tiphereth, Nezach, Hod e Jesod do Mundo Azilútico.
(h.) A luz que circunda as dez Sephiroth da pessoa chamada Esposa de Seir Anpin, como se denomina
naturalmente Malchuth do Mundo de Aziluth: aqui terminam as seis Pessoas. (i.) A luz que circunda
as sessenta Sephiroth compreendidas pelas seis pessoas – ATTIK e Arich, Pai e Mãe, Seir e sua Esposa
– do Mundo Briático. (k.) A Luz que circunda as Sessenta Sephiroth contidas nas Seis pessoas –
ATTIK e Arich, Pai e Mãe, Seir e sua Esposa – do Mundo Jezirático. (l.) A Luz que circunda as
Sessenta Sephiroth contidas nas seis pessoas – ATTIK JOMIN e Arich Anpin, Pai e Mãe, Seir e sua
Esposa – do Mundo Assiático, cada uma possuindo suas dez Sephiroth.
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Sacramentum
Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Sacramentum
Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Sacramentum
Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Sacramentum
Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Sacramentum
Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Sacramentum
Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Sacramentum
Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Sacramentum
Explicator
Tradução por Αβραθανατος
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Ut Hostibus Noceretur – Entrevista T.Q.M.B.E.P.N.
Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
http://www.quimbandabrasileira.com/
1- Vocês poderiam nos dizer como surgiu o Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e
Exu Pantera Negra?
R.: Iniciamos essa entrevista agradecendo o dileto Pharzhuph por gentilmente nos convidar para
fazer parte desse consolidado fanzine. Há tempos acompanhamos as matérias e enxergamos o conteúdo
publicado como evolutivo em amplos aspectos.
O “Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra” nasceu em Novembro de 2.012 na
cidade de São Bernardo do Campo- SP. Inicialmente deveria ser um grupo de estudos e práticas destinado
a um pequeno número de pessoas. Tais irmãos e irmãs, além de comungar as práticas relacionadas ao
“Reino de Maioral”, evoluíam em outras tradições sinistras concomitantemente. Como todos nós tivemos
nossas origens em cultos afro-brasileiros, as ideias foram fluindo, as práticas tornaram-se cada vez mais
avançadas e as tradições estudadas e exercitadas pelos adeptos foram sendo anexadas à ritualística do culto
de Exu.
Em meados de Março de 2.013, publicamos em um site fragmentos dos nossos estudos. Nossa
intenção era estudar os impactos que novas informações trariam em aspectos tão consolidados e, para a
nossa surpresa, obtivemos uma receptividade muito grande. Dessa forma estamos expandindo o Templo
e criando alianças com outros pequenos grupos que comungam da mesma forma de pensamento.
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Ut Hostibus Noceretur – Entrevista T.Q.M.B.E.P.N.
Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
R.: Quimbanda é uma palavra usada na Língua Portuguesa que se deriva do Quimbundo
“Kimbanda”. Quimbundo é uma das línguas Bantas (origem africana). Possivelmente, essa palavra seja a
junção de KI-MBAN-DA (sacerdote da arte de curar). Entretanto, apesar de contestada por inúmeras
pessoas, entendemos a Quimbanda como “o culto aos Mortos Poderosos”. É uma busca necromântica
que objetiva uma escalada espiritual individual e coletiva por meio das correntes obscuras e sinistras.
Entendemos que a prática e o estudo contínuo nos fornecerá a compreensão libertadora que nos preparará
para o embate pós-invólucro material. A Quimbanda também nos oferece respostas concisas acerca da
vida e da morte, afinal, poucas são as religiões que possuem espíritos capacitados para tais esclarecimentos.
Entendemos todo processo formador da Quimbanda Brasileira como a alquimia necessária para o
florescimento e o amadurecimento que o tempo traria. De forma alguma condenamos outras vertentes
religiosas que usam a palavra “Quimbanda”, até porque é uma palavra vinculada a Exu e Pomba Gira que
expressa: culto, fé e uma gama enorme de ritualísticas dentro e fora do território brasileiro.
A Quimbanda dentro da nossa egrégora sempre está em processo evolutivo. Não permitimos
estagnação, haja vista que as energias que vivenciamos em nossas práticas não podem ser “habitat” para
as “doenças” provindas das religiões dominantes.
3- Vocês estão criando uma doutrina própria e organizada? O que poderiam nos falar sobre
isso?
R.: Sim; estamos codificando as experiências. Há muito tempo temos acompanhado a evolução
dos cultos da Quimbanda e pudemos observar uma crescente influencia de diversos sistemas mágicos
dentro da Tradição. Partimos da premissa maior de que a Quimbanda possui três raízes de composição:
A africana, a sul-americana nativa e a europeia. Essa formação nos fornece grandes “espaços” para
anexarmos e entrelaçarmos outros sistemas. Entendemos que com o advento da internet, muitas pessoas
tiveram acesso a materiais antes restritos e até “proibidos” e isso abriu novos horizontes capacitando
muitas descobertas. Algumas pessoas que não suportavam mais sistemas carentes de expansões, assim
como dirigentes que são repletos de barreiras e preconceitos espirituais começaram aplicar o hibridismo
cultural e religioso em suas práticas com Exu e, a partir desse ponto, começa nossa trajetória espiritual.
Temos uma visão que mescla conceitos tradicionais com experiências pessoais derivadas do
contato com outras Tradições. Podemos citar influências do Satanismo Anticósmico, do Sistema
Draconiano, do Sethianismo, da Kimbanda, do Culto de Nfumbe, Culto de Qayin, dentre outros sistemas.
R.: Entendemos que a palavra “Kimbanda” expressa raízes tipicamente africanas e envolve em sua
essência o culto aos Orixás do culto Yorubá e aos Minkisis do panteão Banto. Nosso sistema, apesar de
também ter sido formado pelos sacerdotes kimbandeiros, não tem ligação alguma com tais divindades.
Quimbanda é o vocábulo que trás a fusão cultural e religiosa ao qual desenvolvemos nossa jornada.
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Ut Hostibus Noceretur – Entrevista T.Q.M.B.E.P.N.
Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
R.: Uma série de adventos históricos que aconteceram no período colonizador do nosso país
proporcionou o atual sincretismo cultural e religioso. Não vou adentrar no contexto dessa transformação
e nos detalhes que envolvem o culto dos Exus. Sabemos que a palavra “Exu” deriva da palavra Yorubá
“Èsú” e que Sua Santidade Maioral assim a elegeu para o desenvolvimento da Quimbanda. Para nós, a
palavra Exu é um título ostentado por espíritos que, após serem conduzidos aos planos densos,
doutrinados, receberem o domínio acerca de suas passagens materiais e dominarem seus aspectos
humanistas, são conduzidos a um Povo/legião para exercer suas funções de embate ao escravismo
imposto pelo sistema cósmico regente e, principalmente, para despertarem “sementes de fogo” que
existem em algumas pessoas. Deixam de serem “Espíritos Obscurecidos” e se tornam “Poderosos
Espíritos”.
Muitos consideram os Exus como a expressão do próprio mal e da perversidade, todavia,
comungamos com a idéia de que a palavra “mal” tem forte conexão com a quebra dos valores éticos e
morais impostos aos seres humanos como forma de conduzir suas ações conscientes e inconscientes
(através do remorso e da culpa). Os Exus e Pomba Giras, através de suas ações nos cinco planos de
existência lutam pela transformação, libertação e pelo despertar.
Não comungamos da ideia que os Exus são submetidos aos Orixás ou até mesmo aos guias
espirituais da “direita”. Em verdade, os VERDADEIROS Exus estão em constante embate com tais
forças escravistas. Exus que submetem aos “cristos” não são Exus, são apenas espíritos escravizados em
busca de “perdão” e “remissão” que usam os sagrados nomes para não permitir a expansão dos Reinos da
Quimbanda e, de forma consciente ou não, continuar escravizando o humano nas teias do remorso e do
medo.
R.: Dentro do contexto dos nossos trabalhos a incorporação exerce grande importância, todavia,
não entendemos como única forma de obtermos contato com os Exus e Pomba Giras. O ato de
incorporar, ao contrário do que a maioria alega, não é um advento natural e, como tal, necessita de prática
e desenvolvimento. Ao longo dos anos, o adepto e o espírito formam uma relação de simbiose onde ambos
acabam sendo beneficiados através de inúmeros aspectos, porém, não estimulamos que os adeptos em
fase de desenvolvimento efetuem “atendimentos” de qualquer natureza, afinal, seríamos hipócritas se não
compreendêssemos a natureza da incorporação e todas as dúvidas que norteiam os adeptos iniciantes.
Uma pequena dúvida ou medo podem causar um retrocesso perigoso na mente dos neófitos.
No plano cósmico e material, independente de qualquer caminho que entendemos como via
evolucionista, estamos submetidos a algumas Leis. Uma das premissas é que “Dois corpos não ocupam o
mesmo espaço”. Incorporação é o ato de dois espíritos compartilharem a mesma casca
concomitantemente onde não existe plenitude por parte de nenhum dos dois.Os espíritos dos Exus podem
nos fornecer muitos elementos e práticas; cumprindo com os desígnios de Maioral, selecionando e
fortalecendo aqueles que pulsam energias não compreendidas. Todo esse trabalho visa o despertar de
nossas próprias essências.
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Ut Hostibus Noceretur – Entrevista T.Q.M.B.E.P.N.
Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
Esse rito envolve também o discernimento dos dirigentes, afinal, a Quimbanda não estimula
manifestações envoltas em mentiras ou transtornos psíquicos e, por tal motivo, efetuamos uma gama de
testes para termos a certeza que se trata de uma manifestação verdadeira.
R.: Acreditamos que o termo caridade pode ser entendido de muitas formas, porém, também
acreditamos que em determinados terreiros os praticantes deveriam ter vergonha de usar o nome/título
de Exu em seus transtornos psíquicos. Tem um ditado antigo que expressa tudo que Exu representa:
“Quem não pode com mandinga, não carrega patuá!”. J.Alves de Oliveira foi apenas mais um ser estagnado
que teve força para propagar sua hipocrisia dentro da vertente afro-cristita chamada “Umbanda”. Graças
a Luz que emana incessantemente e adentra onde deseja, muitos terreiros de “Umbanda” não tem mais
essa mentalidade e estão, aos poucos, fundindo novos conceitos. Esse processo é parte de uma obra maior
e muito esotérica que também alimentamos através de nossas práticas e publicações.
8- Para vocês Quem ou o Que é o Maioral? Vocês o veem como um conceito puro ou
compartilham de algum ponto de vista mais “tradicional”?
R.: Maioral, dentro da nossa forma de culto, é uma força criada para gerar um embate direto ao
processo expansionista da falsa luz. Não entendemos a supremacia Dele como outros que o estudam,
porém, também não o vemos apenas como um conceito puro. Transcreverei um trecho do texto publicado
que expressa muito de nossa crença:
“Sob nosso entendimento, Maioral é um grande Portal composto por forças que estão além
da compreensão profana. Maioral a expressão máxima da unificação de todas as culturas e de
todos os Reinos, Legiões e Povos da Quimbanda. Maioral, ou o Grande Dragão Negro, é a
antítese de todas as religiões que acorrentam e submetem os seres humanos aos dogmas
comportamentais, ou seja, tudo que é tido como tabu ou pecado não faz parte dessa energia.
Maioral é o buraco negro que suga as lágrimas do medo e transforma-as em energia e vitalidade.
Maioral é o grande trono que está na escuridão de nossos subconscientes, habitando nas nossas
“feridas” e traumas. Maioral acorrenta e liberta segundo nossa força de buscar o que está além
dos nossos sentidos, Maioral é o Reino dos antigos deuses demonizados e vencidos pela cegueira
humana, cuja principal função é iluminar a jornada daqueles que se atrevem ajoelhar-se diante
sua Luz. Maioral é a força que se rebelou quando o homem foi preso nos invólucros materiais
(corpo físico), aquele que deu ao homem o direito de aprender e apreciar as artes, literatura,
ciência, dança como também a guerra e a destruição. Maioral é a quintessência de muitos seres
unificados que lutam para extinguir as formas de aprisionamento da psique humana dos que o
buscam, como o ódio, a paixão, a ilusão, a soberba material, a cobiça desenfreada e a luxúria,
todavia, alimenta as fornalhas qliphoticas que incendeiam a alma dos moribundos cegos e
limitados.”
Maioral é uma força, um dragão, um Imperador Supremo e a fonte que alimenta toda a
Quimbanda. Ele está assentado em seu trono com toda força ativa e passiva direcionada aos primevos
Reis e Rainhas da Quimbanda; os sustentadores, regentes e governadores dos Sete Reinos.
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Ut Hostibus Noceretur – Entrevista T.Q.M.B.E.P.N.
Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
R.: Apesar de muitos ainda não terem entendido, vivemos uma nova “cruzada” que persegue todos
que não comungam do câncer cristão. Diversos terreiros já foram vítimas de covardias e acabam sendo
fechados e seus integrantes humilhados pelo simples fato de exercerem sua fé. Como acreditamos que
existe muita coisa em jogo, entendemos que deveríamos ter amparo legal. A Afroconesul foi a única
federação que realmente nos forneceu o que necessitávamos, até pelo fato de possuírem uma mentalidade
mais aberta em relação à espiritualidade.
10- Qual é a influência do Temple of the Black Light nos trabalhos do Templo de
Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra?
R.: O T.O.B.L. é uma das grandes influencias e inspirações do nosso trabalho. Depois de muitos
anos de práticas e estudo obtivemos as bênçãos sobre nós. Isso foi um motivo de orgulho, mas também
uma obrigação de evolução, pois fomos presenteados com muitos símbolos e gnoses que devemos honrar.
Hoje nosso contato tornou-se como um laço de irmandade e só temos a agradecer Azerate por esse
presente.
R.: Muita informação moldou nosso Templo. Para chegarmos a uma conclusão recorremos a
inúmeros tratados e artigos. O próprio fanzine “Lucifer Luciferax” já foi objeto de estudo do nosso grupo.
Não citaremos autores, pois estaríamos sendo injustos, mas procuramos estudar várias correntes para
entendermos aquilo que praticamos. Muitos Mestres Quimbandeiros corroboraram com nossa gnose e
sem receio citamos o Mestre Ijslavji, o Senhor Tata Agustin de Satã, o Mestre Tony do Exu Rei e mais
recentemente o Tata Nanganzo que nos iniciou no culto dos Nvumbes.
12- Há alguns anos as principais casas editoriais da Europa têm dado mais importância
aos cultos brasileiros. O autor Nicholaj de Mattos Frisvold publicou obras que estão diretamente
relacionadas ao assunto, tais como: Exu and the Quimbanda of Night and Fire, Pomba Gira and
the Quimbanda of Mbumba Nzila, Kiumbanda - A Complete Grammar of the Art of Exu. No
Brasil, especialmente no século passado, tivemos centenas de publicações de autores como
Antonio de Alva, N.A. Molina, Gilton S. dos Santos e Cezar Diniz Xavier. Vocês do Templo de
Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra acham que o mercado editorial brasileiro
dá a devida importância a esse aspecto de nossa cultura?
R.: Essa resposta é muito complexa, pois envolve outros aspectos da nossa cultura. Em primeiro
lugar, grande parte do povo brasileiro não tem o hábito de ler e, nos casos mais graves, não o sabem.
Muitos dirigentes espirituais, marginalizados desde a tenra idade, não puderam ter acesso à educação (que
deveria ser pilar de nossa nação) e centenas de conhecimentos foram submetidos ao “telefone sem fio”.
Isso destruiu uma preciosa gama de fundamentos. Desse abismo, nasceram escritores como N.A. Molina,
uma das piores referencia que o povo poderia ter. Esse leque de “achologistas” corrompeu a Quimbanda
sagrada transformando-a no culto aos demônios de Salomão.
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Ut Hostibus Noceretur – Entrevista T.Q.M.B.E.P.N.
Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
Esse “estrago” foi tão profundo que ao se proferir a palavra “Quimbanda” a grande maioria
acredita ser a “esquerda da Umbanda” ou o culto aos “Anjos caídos”. Como tal, muitas editoras rejeitam
o assunto e temos certeza que obras maravilhosas estão soterradas em gavetas repletas de pó.
Outro grande problema que enxergamos é que esses “Mestres” escritores brasileiros influenciaram
a literatura estrangeira. Já observamos forte influencia deles inclusive nos livros do Nicholaj, apesar de que
esse autor é muito culto e tem uma visão ampla acerca da religião. Não estamos dizendo que suas obras
são ruins, ao contrário, são boas referencias, todavia, existe ainda forte influencia desses “parasitas”
brasileiros.
13- O que vocês sentem ao verem pessoas de outros países desenvolvendo trabalhos
baseados na Quimbanda “fragmentada” dos templos brasileiros?
R.: A Quimbanda está em tudo e tudo está na Quimbanda. Lembramos sempre de um ensinamento
do senhor Exu Rei da Lira: “Aqueles que chamam Exu muitas vezes não sabem o que vem em nome de Exu!”. Cada
um é responsável pelo demônio que cria! Se estiverem motivando certo que venha os louros e ao contrário
que sejam punidos. Seria demais nos atentarmos a eles, pois nunca ninguém se preocupou em publicar
algo relevante em Português para que pudéssemos ter a perfeita compreensão acerca dos temas esotéricos.
R.: Para nós o ato de sacrificar é dar continuidade à glória de nossos ancestrais, fortalecer nossa
ligação com o mundo dos mortos, abrir portais para a manifestação da força que cultuamos, dar
dinamismo às nossas decisões, trazer fertilidade para nossa vida cotidiana e cura para os males que aplacam
nossa existência. Não entendemos como uma decisão justa reencarnarmos com nossa memória ancestral
apagada e, buscamos na força dos seres graduados como Exu, respostas para a sandice espiritual.
15- O Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra incorpora outras
divindades africanas em suas práticas, tais como o culto de Ìyámi Òsòróngà?
R.: Não.
16- Porque vocês mantêm uma página ativa no Facebook? Vocês participam de outras
redes sociais?
R.: Usamos apenas o Facebook pela rápida expansão que esse veículo proporciona. Buscamos
chamas adormecidas através do culto de Maioral e talvez possamos despertar alguns eleitos. Como “não
fazemos trabalhos pagos de natureza alguma” e não estimulamos nenhum tipo de cegueira espiritual
já filtramos muita gente que não tem relação com as mensagens e cânticos que propagamos.
R.: Enviando-nos um email com histórico detalhado acerca das experiências com o povo de Exu
e o porquê deseja estar conosco. Email. quimbandabrasileira@gmail.com.
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Ut Hostibus Noceretur – Entrevista T.Q.M.B.E.P.N.
Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
18- Gostaria de agradecê-los muitíssimo e intensamente pela atenção e pela ajuda. O que
vocês gostariam de dizer aos nossos leitores, especialmente aos desejosos de adentrarem nos
mistérios de Exu?
A honra foi nossa de participarmos desse conceituado veiculo esotérico. Nossa maior mensagem
é: “Não bata cabeça para ser humano algum, não beije mãos sujas, não chame de Pai ou Mãe
quem não tem capacidade de lhe proporcionar meios expansivos, louve seu Exu e sua Pomba
Gira com toda força do seu ser, pois a recíproca é verdadeira.” Laroyê Exu! Exu é Mambá!
Quimbanda é força e coragem!
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Apparatus Sacrifici
Magia Negra Tradicional (Parte II)
POR THOMAS KARLSSON www.dragonrouge.net ©®, TRADUZIDO POR ÉRIC T. ÆTERNUM
Introdução
A Dragon Rouge enquanto uma ordem enfatiza a ação mágica prática. A magia essencial dentro
da Dragon Rouge está fechada ao misticismo e esforça-se para chegar aos mais altos estados de consciência
através da Vontade. A cada dia mais a “baixa” magia é de importância secundária na Dragon Rouge. Mas
ao mesmo tempo ainda é parte de nosso sistema mágico. Também os mais simples e mundanos objetivos
mágicos podem ser parte de magos de Vontade superior. Nosso foco está no autodesenvolvimento e
autoconhecimento alcançando níveis mais elevados de conhecimento e força, mas a magia inflexível básica
pode ser usada como uma ferramenta. Isto é necessário no caminho mágico para auxiliar um irmão/irmã
mago doente ou ferido. A magia básica pode servir a tal propósito. O mago não conduz tais trabalhos na
crença supersticiosa de que a magia negra resolverá os problemas da vida cotidiana. O mago conduz estes
trabalhos em um grande contexto no qual a ação mágica é parte de uma mobilização da Vontade mágica.
Toda ação mágica mobiliza energia física que pode ser direcionada para um objetivo específico.
Em muitas formas da magia moderna é alegado que o mago pode fazer qualquer espécie de rituais
próprios e recebe, tão forte ou até mais forte, os resultados que se seguem num manual mágico. Isto
poderia ser verdade se a magia se referisse a um sistema mágico que inclina-se para o puro formalismo,
como muitos dos sistemas do grupos de magia branca. Na Dragon Rouge geralmente enfatizamos o
significado da prática mágica que é ligada à tradição. Enquanto alguns grupos do Caminho da Mão
Esquerda, como um resultado do ultraindividualismo, afirmam que o mago deveria fazer exclusivamente
cerimônias individuais, acreditamos que os velhos grimórios e livros de artes negras possuem um poder
próprio que é difícil de ofuscar. Métodos tradicionais de artes negras têm satisfeito muitos magos e traz o
mago para o contato com o contexto mágico, que tem uma história poderosa. Esta é a razão pela qual
iniciamos um projeto para coletar métodos tradicionais de magia negra para vários propósitos. O objetivo
deste projeto é tanto mágico quanto histórico e cultural. O projeto empenha-se em, eventualmente,
culminar em uma publicação da Dragon Rouge. Todos aqueles que estiverem interessados são bem vindos
para conduzir pesquisas. Contate a ordem através de correio ou e-mail. Estamos interessados em Artes
Negras de todos os tempos e culturas: Magia Árabe e Africana, Voodoo, Antiga Magia Negra Nórdica,
magia dos países mediterrâneos, Ritos indígenas e ameríndios, Magia chinesa, etc.
Apresentaremos métodos para o amor, riqueza, cura, proteção, conjuração de espírito, etc.
Gostaríamos de acentuar que são trabalhos práticos de magia, e que deve-se pensar cuidadosamente antes
da realização de qualquer tipo de magia. O risco de ser golpeado com a própria magia é considerável se o
propósito é errôneo ou insignificante. Todavia, os ritos das artes negras podem ser efetivos, devemos ter
em mente que para um mago Draconiano, os problemas da mundana vida cotidiana deveriam ser
resolvidos sem ter de usar ritos mágicos. Magia é uma atitude para a vida na qual a Vontade e a
responsabilidade pessoal são enfatizadas, que implica o fato de que pode ser contra produtivo usar
cerimônias para resolver os problemas da vida diária. Os métodos que são apresentados aqui são
destinados para servir principalmente a um propósito cultural e histórico. Por último, mas não menos
importante, a antiga magia negra tradicional expressa um grande senso de humor.
***
As seguintes joias introdutórias de magia negra veem de antigos livros suecos, o primeiro revela
como o mago, com a ajuda de Belzebu, pode lidar com ladrões. Se alguém roubou algo de você, escreva
este nome e estas palavras:
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Apparatus Sacrifici
Magia Negra Tradicional (Parte II)
POR THOMAS KARLSSON www.dragonrouge.net ©®, TRADUZIDO POR ÉRIC T. ÆTERNUM
Sob isto, você deve escrever o nome do ladrão, e ele fugirá quando você pronunciar seu nome em
uma manhã de quinta feira antes que o sol nasça.
Para estancar o sangue, a fórmula usada é esta:
Por cantar estas palavras e escrevê-las sob um amuleto, pode-se parar a febre:
Se alguém quer despertar amor, as seguintes palavras devem ser escritas usando o próprio sangue
sobre uma maçã vermelha:
Ou escreva:
S iopg f g li –
433
Apparatus Sacrifici
Magia Negra Tradicional (Parte II)
POR THOMAS KARLSSON www.dragonrouge.net ©®, TRADUZIDO POR ÉRIC T. ÆTERNUM
Estou pessoalmente convencido que isto terá efeito forte e imediato e que muito poucos sabem
responder a isto.
As seguintes artes negras foram tomadas a partir do Livro de Elverum na Noruega que afirma ser
um sumário de outro livro, um Cyprianus, escrito pelo Bispo Johannes Sell em 1.682. Este livro norueguês
foi lançado em inglês por Mary S. Rustad, intitulado “Os Livros Negros de Elverum”:
Para conquistar o amor de uma mulher, estas palavras devem ser escritas sobre um cálice do qual ela bebeu: “Bell,
Pelom, Corocerstu”. Pode-se também tentar carregar estas palavras no bolso: “Fetgar: Faettrim Fobra Jahcohia.
J.O.F.H”. Se uma mulher fica cansada de seu marido beber demais, ela deveria colocar três ratos na garrafa [de
bebida] por 14 dias para o marido beber (não é de se espantar que ele não se importa muito em beber depois
daquilo...).
O Livro da Magia Sagrada de Abramelin, que foi traduzido e publicado por S.L. Macgregor Mathers,
é um clássico oculto com magia Cabalística e quadrados mágicos. Ele contém o nome de numerosos
Demônios e foi chamado por Aleister Crowley “um dos mais perigosos livros do mundo”. Uma nova
edição mais completa por Georg Denn foi lançada. Os seguintes quadrados mágicos ajudam o mago a
encontrar dinheiro e grandes tesouros:
Os métodos seguintes foram tomados a partir de En isländsk svartkonstbok från 1500-talet. Foi
publicado em inglês por Edred Flowers, chamado “Galdrabok: An Icelandic Grimoire”. Em sueco foi
publicado em 1921 por Nat. Lindqvist e a partir desta versão encontramos o seguinte:
434
Apparatus Sacrifici
Magia Negra Tradicional (Parte II)
POR THOMAS KARLSSON www.dragonrouge.net ©®, TRADUZIDO POR ÉRIC T. ÆTERNUM
Estes sinais são para serem escritos e carregados por aqueles que querem evitar todo mal,
sofrimento e perigos:
E estes sinais, se escritos e carregados, tornarão o indivíduo amado por todas as pessoas.
***
Texto originalmente publicado em Dracontias, NO. 2008, www.dragonrouge.net ©®
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Elevate Corpus Satanae
O Hino do Império Satânico
POR ANTON S. LAVEY, TRADUZIDO POR MORBITVS VIVIDVS
Tambores saindo da escuridão, escute-os bem. Drums out of the darkness, listen well.
Tambores batendo como trovões diretos do Inferno. Drums beating like thunder straight from Hell.
Trombetas soando, o tempo chegou - Trumpets are blaring, the time's come 'round -
Satã está aqui, exigindo seu espaço. Satan is here to claim His ground!
Há uma terra que é verde, há uma terra que é livre There's an earth that's green, there's an earth that's free,
Há um lugar para você e um lugar para mim. There's a place for you and a place for me.
Mas os corações sangrentos não deixaram ser assim, But the bleeding hearts wouldn't let it be,
Nós não precisamos mais deles! We don't need them any more!
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Elevate Corpus Satanae
O Hino do Império Satânico
POR ANTON S. LAVEY, TRADUZIDO POR MORBITVS VIVIDVS
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Elevate Corpus Satanae
O Hino do Império Satânico
POR ANTON S. LAVEY, TRADUZIDO POR MORBITVS VIVIDVS
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Heres Ex Asse
Entrevista Summum Heredis
1) Não é necessariamente uma questão. É um pedido. Você poderia nos falar sobre todos os integrantes: quem
são, em quais bandas já tocaram e como se reuniram para formar o Summum Heredis?
O Summum Heredis é composto por Taijasa: voz e teclados [Ex Nashemah, ex Angel of Light, entre outras que
infelizmente não registraram nenhum material como foi o caso da Filius Aurorae (1999)]; Adie: Baixo (ex Gehena);
Armando (Macarrão) bateria (ex Sarcasmo, ex Gehena); Sebok (Ex Sarcasmo, ex Nashemah, ex Massacre, Critical Fear).
Somos todos amigos pessoais, e quando surgiu a ideia todos toparam.
A Ideia primordial de montar uma banda partiu de Adie e Armando, que logo me convidaram e em seguida
convidamos o Sebok. Ao pensar no nome Summum Heredis, a temática veio naturalmente, tratar da natureza humana,
explorar nosso oculto, mergulhar o mais profundo dentro de nós mesmos, o despertar da busca pela supremacia do
homem, trazer de dentro para fora, conhecer a si mesmo, conhecer das diversas mitologias para própria evolução, pois
não adianta buscar algo externamente se ainda não encontrou dentro de si. Não pertencemos a nenhum grupo ou
sociedade, não somos senhores da razão e não sabemos nada! O que passamos é nossas vidas, o interesse por nós
mesmos. Muitos se perdem antes mesmo de saber o que são, pois hoje temos uma “enxurrada” de informações e se
vislumbram com Ordens, Seitas grupos e sociedades e acabam não digerindo as informações. O rotulo Black Metal se
deu ao fato de nossa temática ser voltada ao oculto, dado ao fascínio pela escuridão, pois dela viemos e nela repousamos,
porém musicalmente somos livres e não nos prendemos a compor somente de uma maneira.
Muito obrigado pelo elogio. O Logo foi desenvolvido por mim, Taijasa. Ele é o símbolo do Supremo Herdeiro. O
triangulo invertido é encontrado em varias tradições com vários significados. Nesse caso ele representa o microcosmus
(parte inferior do selo de Salomão, a relação homem x universo) a síntese do universo no homem. A tocha representa
o fogo sagrado roubado por Prometeu, representa ainda o fragmento da luz Luciferiana iluminando o homem. A
serpente representa o discernimento, a busca pela iluminação, a subida de forma lenta e gradual até a copa da árvore.
Na mitologia cristã, ela que nos deu o fruto do conhecimento.
439
Heres Ex Asse
Entrevista Summum Heredis
4) A propósito, o que significa Summum Heredis?
O nome Summum Heredis escrito em latim significa Supremo Herdeiro em português. Optamos por colocar o nome
em latim pelo fato de ser uma língua mântrica, ou seja, produz um som de alta vibração.
A escolha do nome ocorreu por nós “seres humanos” herdarmos várias sequelas em nossa fisiologia da censura do
conhecimento e da liberdade imposta por vários deuses de varias mitologias. “Sequelas” como o discernimento, a morte,
a dor do parto, o prazer, o desejo e o sexo, se deram pela desobediência. Temos como exemplo na mitologia grega
Prometeu que roubou o fogo dos deuses e por isso Zeus o castigou acorrentando-o em uma rocha e colocou um corvo
para que comesse seu fígado enquanto vivo, e para que o castigo fosse eterno ele fez com que o fígado se regenerasse
toda noite, o fígado é o único órgão que regenera (lembrando que Prometeu foi libertado por Hercules). Lúcifer, em
seu histórico pré cristão, não é nenhuma “Besta” nem algo parecido, mas sim o portador da luz (do latim Lux Ferre), a
beleza personificada, a mais pura manifestação divina dentro do homem e apesar do conceito cristão ter tornado-o um
ser das trevas, ele também serve de inspiração por não compactuar com o estado letárgico dos outros seres celestes, e
ser o grande senhor da rebelião em busca da liberdade.
5) Além do intento musical, o Summum Heredis possui outros propósitos? Poderia nos falar sobre isso?
Não haveria sentido em fazer musica simplesmente por fazer, é necessário transmitir algo, a música se manifesta de
diversas formas dentro de cada um, por isso é interessante uma letra que apresente um conteúdo que agregue algo e
uma sonoridade que manifeste algum sentimento. Procuramos passar algo que possa despertar ou alimentar a essência
de quem ouve, pois tratamos vida plena, a completa interação com a natureza. Como digo: Espalhamos as faíscas para
que ascendam as chamas.
6) O Summum Heredis possui alguma influência filosófica, religiosa, mágicka ou mística que permeia o
significado de suas obras? O que você poderia nos falar sobre elas?
A influência é mais filosófica, pois somos resultados daquilo que vivenciamos em nosso dia a dia e do que buscamos
para nós. As questões religiosas, mágickas e místicas são questões mais particulares, portanto não pregamos e nem
impomos nada. Abordamos questões filosóficas, mitológicas, questões que são pertinentes a nossa natureza. Que nossas
mensagens sirvam de reflexão para aqueles que buscam a si mesmos e que despertem o “caos” naqueles que ainda não
despertaram para a vida.
7) Como você vê o “Luciferianismo” e o Caminho da Mão Esquerda atualmente? O que representam para você
e como isso se reflete nas composições do Summum Heredis?
Atualmente termos como Luciferianismo, Caminho da Mão esquerda estão muito difundidos através da internet, o
que para muitos é o despertar, para outros é simplesmente modismo, porém o que importa é que de uma maneira ou
de outra as pessoas se mexam, saiam de seu estado robótico mecanicista.
Para mim não há distinção entre Luciferianismo e Caminho da Mão esquerda. Tudo que tira o homem do estado de
inércia e conduz ao caminho da vontade própria, livre de tudo que impeça seu desenvolvimento e prive de seus desejos.
É vida, o dia a dia, é o que nos tornam Supremos Herdeiros. Dessa maneira, as reflexões se tornam músicas.
No momento estamos com uma apresentação agendada para dezembro. Estamos devagar com as apresentações, pois
estamos trabalhando em cima das musicas para começar a gravar o CD oficial no inicio do próximo ano.
Somos todos de “gerações” diferentes, por tanto, as influencias são muitas, o que acredito que só enriquece nossas
composições. É impossível citar “principais” influencias, pois são muitas. Ouvimos desde rock’n roll, heavy metal, black
metal, doom metal, death metal, progressive, ghotic rock, trash metal, vários estilos.
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Heres Ex Asse
Entrevista Summum Heredis
10) Com o advento da Internet estamos cada vez mais “conectados virtualmente” uns aos outros. É muito fácil
conseguir qualquer tipo de material e conseguir informação. Você acha que a facilidade do download e da
Internet prejudica o trabalho de bandas como o Summum Heredis? Poderia explicar?
Muito pelo contrario, com a internet ficou mais fácil “espalhar a semente”, não selecionamos o nosso público, muitas
bandas são contra esse tipo de comportamento e faz músicas para grupos restritos, isso não quer dizer que prostituímos
nossa arte, ela está disponível a quem se interessar. Esse tipo de atitude não oferece risco ao que somos e acreditamos,
o próprio tempo seleciona. Quanto a download, o publico do “metal” é um tipo de publico, que quando gostam
realmente, fazem questão de ter o material original, nesse caso a internet serve para que eles possam conhecer o material
antes de adquiri-lo.
11) O que você acha de bandas que preferem lançar seus trabalhos através de fitas cassete exclusivamente?
A questão da fita cassete é uma tradição que vem da década de 90. Existiam muitas bandas excelentes e o meio de
divulgação eram as famosas “Demo Tapes”. Esse tipo de material em minha opinião é visto hoje como um tipo de
relíquia. Ouvir uma fita cassete é algo que você para especialmente e somente para aquilo. Em breve estaremos lançando
um material em cassete na Argentina através da Shabatu Produciones e disponibilizaremos algumas cópias aqui no Brasil.
São as músicas do CD Promo: Prisoner oh the flesh; My heaven’s dark e mais uma Intro – Angelus Liberator.
12) O que você pensa sobre o antigo estilo radical do Underground e das atitudes mais extremas? A velha “trueza”
versus a franca “poseragem”.
No Black Metal, o radicalismo sempre foi uma tradição, mas em minha opinião tomou um rumo completamente
equivocado. “Trues” que seguem os “very trues” como cordeirinhos andam em bandos uniformizados, não podem isso,
não podem aquilo e se acham no direito de julgar quem é “true” e quem não é. São “true” para todos, menos consigo
próprios, ou seja, não vivem para si, zelam por uma imagem artificial, é somente “casca”, se escondem atrás de visual e
cara feia, não falam muito para não mostrar que nada sabem. Resumindo, só mudaram a cor da lã.
441
Heres Ex Asse
Entrevista Summum Heredis
13) Muitas bandas dos anos 80 e 90 ficaram inativas por anos e acabaram voltando após o ano 2000. O que você
acha que as motivou?
Em primeiro lugar o amor pela música e a necessidade que o artista tem de se expressar. Manter uma banda nos anos
80 e 90 era muito difícil, não que hoje não seja. Quantas vezes deixamos de ensaiar por falta de corda para a guitarra,
falta de cabos e o pior de tudo era conseguir um local para ensaiar. Hoje temos instrumentos de qualidade e locais para
ensaio a preços acessíveis. A falta de bandas com a mesma “sonoridade” dos anos 90 pode ser também um fator
motivador, atualmente temos muitas bandas parecidas uma com as outras.
14) Você é também o baixista da excelente Nashemah. Vocês ainda estão na ativa? Qual é a relação entre
Nashemah e Summum Heredis? Sebok está nas duas bandas ainda?
A Nashemah iniciou em 1994, somente com o Solar. Em 1997 deixou de ser um projeto individual e passou a ser
banda ficou ativa até 2000, gravamos duas DT. “Majesty” e “Baron Samedi”. Retomamos as atividades em 2008 com o
Sebok na guitarra e insistimos até inicio de 2010 (quando começamos a gravar um CD que não foi finalizado e
divulgamos algumas musicas), quando paramos novamente e definitivamente por problemas diversos. A única relação
é o fato de eu e Sebok estarmos juntos no Summum Heredis, pois as composições são completamente diferentes.
Atualmente o Sebok toca no Summum Heredis e Critical Fear (Thrash Metal).
15) Como é possível adquirir material das bandas? Quais títulos estão disponíveis, em quais formatos?
No caso do Summum Heredis temos duas musicas disponíveis para download em nossa página no Facebook, temos
camisetas e em breve teremos alguns cassetes disponíveis para venda. Quaisquer novidades estaremos postando em
nossa página no Facebook, sintam-se livres para entrar em contato.
Já a Nashemah está disponível para ouvir no www.myspace.com/nashemah e tem disponível para download em alguns
blogs.
16) Nesse final, deixo espaço mais livre para suas palavras.
Nosce te ipsum!
AVE GLORIA LUCIFERI EST ANGELUS LIBERATOR!
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Heres Ex Asse
Entrevista Summum Heredis
https://www.facebook.com/SummumHeredis
https://myspace.com/summumheredis
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Pactio verborum
Pactum
Os sortilégios apresentados nessa seção foram livremente traduzidos e adaptados a partir de uma
edição do famoso grimório Pactum.
Invocação Diabólica
Entre as vinte e três horas e a meia noite de uma noite tempestuosa, enquanto relâmpagos
iluminem o espaço e trovões soem ensurdecedores pela imensa abóboda do céu noturno, enquanto silvem
furiosamente todos os ventos, colocarás sobre a lenha apagada um feixe com as seguintes ervas, secas:
losna, dama da noite, verbena, comigo ninguém pode, a casca do salgueiro, assa fétida e os ramos de uma
figueira.
Olharás por uns instantes para o céu e, com uma faca de cabo preto, traçarás no ar um pentagrama
invertido.
Em seguida deverás atear fogo à lenha. Quando o fogo comece a crepitar recitarás com voz
enérgica, ânimo sereno e forte, a seguinte invocação:
“Espíritos negros e tempestuosos que vagais irritados por entre as trevas; espíritos
malditos, inimigos da luz divina, Vós que andais desordenados e impelidos pela fúria dos
elementos, Eu vos invoco nessa hora lúgubre. Aparecei aqui iluminados pelo fogo sinistro
das sete ervas! Aparecei! Aparecei! Aparecei! Que as árvores se agitem! Que as crianças
chorem! Que os cães uivem! Serpentes sibilem! Fogo crepite! Malditos, já vos sinto!”
Sobre o fogo tu deverás colocar três grãos diabólicos e então farás o teu pedido aos espíritos
infernais.
Assim que houveres formulado o desejo teu deverás concluir a invocação com as seguintes palavras:
“Omnipotens sempitérne Satanae, Nema!”.
O fogo tu não deverás apagar.
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Pactio verborum
Pactum
Sortilégio do Sal
Suponhamos que uma mulher queira se casar com uma determinada pessoa o mais brevemente
possível. Ela deverá fazer o seguinte:
Apanhe um morcego vivo e costure os olhos dele com uma linha forte e uma agulha virgem. Deve-
se fazer vários pontos com cuidado para não estragar a linha, pois ela será reaproveitada.
Retire a linha dos olhos do morcego com ele ainda vivo.
Roube uma peça de roupa de sua vítima.
Com a mesma agulha e com a mesma linha retirada do morcego deve-se fazer cinco pontos em
forma de cruz na peça de roupa.
Enquanto os cinco pontos estiverem sendo dados deve-se pronunciar as seguintes palavras:
“[nome da vítima] , eu te enfeitiço pelo poder e pela força de Lúcifer, Belzebuth e Astaroth para que tu
não vejas nem o Sol e nem a Lua enquanto tu não te cases comigo. Te conjuro para que obedeça minha
vontade em oito dias. Lúcifer, Belzebuth e Astaroth confirmai meu desejo e obrigai [nome da vítima] a se
submeter a mim em corpo e alma.”
Deve-se manter a roupa enfeitiçada muito bem guardada. Para desmanchar o feitiço basta desfazer
os cinco pontos.
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https://www.facebook.com/qliphot.recs
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https://www.facebook.com/qliphot.recs
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Aliquem ad Testimonium – a Corrente 218
A Imensa Vontade de Ser Uno ao Caos Primevo
POR FRATER ASMODEUS
Todo ser humano um dia se perguntou de onde veio, porque está aqui e pra onde irá. Essas
questões vão além de nossa consciência !!!
O homem em sua loucura criou os deuses conforme sua imagem e semelhança. Criou e escreveu
mitos, epopeias, maravilhosas sagas e a já familiarizada religião.
Os Sumérios, “Antigos donos do mundo”, nos brindaram com um famoso Mito Babilônico nos
mostrando a origem da Corrente 218.
Mas de certo o Caos é a verdade única e absoluta, donde tudo tornou-se a ser e tornar-se-á
novamente o nada.
E seguindo meu raciocínio venho explicar a Corrente 218...
A mente subjetiva do homem através de suas imagens e convicções criaram os Titãs, aqueles que
duelavam entre si para tomar a ordem do Cosmo.
Mas nós libertos não estamos presos à morosidade e ilusões do ego, queremos a mais rápida
evolução mágicka, a busca para o Renascimento, ou seja voltar para sua mais elevada natureza.
Queremos a busca da libertação do corpo, assim encontrar a "Iluminação Cósmica" e daí que
Crowley criou: "A liberdade de todo Homem e toda Mulher é, portanto, cultuada, uma vez que... em todo
coração humano, e no âmago de cada estrela, e cada Homem e cada Mulher é uma estrela" (Liber Al vel
Legis II:6) e Nietzsche: "É preciso ter o caos dentro de si, para poder dar a luz a uma estrela" Friedrich
Nietzsche.
Assim fica bem claro o quanto o Caos e as energias cósmicas estão dentro de nós, é do Caos que
surgimos e para o Caos retornaremos.
Voltando aos Titãs, os deuses de outrora que na verdade é nossa micro essência do próprio cosmo
e eles guerreavam entre si... Então "Azazel, Tiamat, Malak Taus, Choronzon, Set-Teitan, Shiva, Kali, Kingu
e Lúcifer" todos eles que contrariaram a morosidade e a lentidão do cosmo dos deuses das Religiões
Osírianas.
Essa busca é de todos humanos, que é voltar a ser um corpo celeste.
Eis aqui a numerologia Mágicka de Azazel um dos "Titãs do Caos":
Aleph = 1
Zayin = 7
Resh = 200
Aleph = 1
Teth = 9
1+7+200+1+9=218
218
2+1+8=11
1+2+3+4+5+6+7+8+9+10+11=66
E esse desprendimento do ego, do mundano e supérfluo, é estar ciente que sua evolução é voltar
para o caos e assim se tornar uma estrela flamejante.
Ele, "Lúcifer", nos deu essa mensagem, ele se libertou para Iluminar todo o Cosmo, ele arrebentou
as correntes da submissão e se tornou o "Anjo Caído" Libertino e que através de sua consciência e prodígio
alcançou a evolução absoluta, novamente usando o termo religiões osirianas, visto que Lúcifer era tão
perfeito e idolatrado que o transformaram num demônio.
448
Aliquem ad Testimonium – a Corrente 218
A Imensa Vontade de Ser Uno ao Caos Primevo
POR FRATER ASMODEUS
Agora homens, reflitam e cheguem também ao desprendimento de tudo aquilo que atrapalhe a
evolução, use técnicas de asanas e pranayamas.
Crie, faça rituais para destruir o Ego que atrapalhe sua evolução. Eu cheguei num momento onde
até minha própria carne me aprisiona, por alguns motivos terrenos e sentimentais. Estou aqui escrevendo
esse meu texto, não busco deixar legado algum, mas somente tentar deixar explícita minha visão e o árduo
trabalho mágico do "não-existir", assim mostrar que ela é a mais completa evolução Mágicka. Somente
assim nos tornaremos uno novamente de onde surgimos e chegaremos a tal sonhada Iluminação.
Esse meu trabalho começou no dia 24 de maio até final primeira semana de julho, usei alguns
rituais: Banimento RGP, algumas técnicas do Liber MMM, Evocação de Hermes, Necronomincon,
Incovação de Cthulhu, Sigilos...
E nesse ínterim aconteceram grandes mudanças na minha vida e ao meu redor, e até conversei
com um amigo sobre tais práticas, que são ultra perigosas, e assim termino esse texto.
Choyofaque!!!!
Frater Asmodeus
449
1) Você poderia nos contar como surgiu a horda “Para a Glória de Teu Nome Lúcifer”?
Ave! No ano de 2003 eu estava em projeto que não a frente, mas já tinha uma boa ideia de que queria
como banda; assim que esse projeto não teve prosseguimento no ano de 2004 resolvi levar a frente o que
viria a ser o Para a Glória de Teu Nome Lúcifer. O Wellington Backer (Anarkhon) se propôs a ajudar e desde
então ele é session de bateria nas gravações e nos poucos shows que fizemos.
2) Você e Baalberit tocam ou tocaram em outras bandas? Quais? A Horda possui ou possuiu outros
integrantes?
Eu toquei em um projeto há alguns anos, mas saí antes do lançamento da demo tape e não sei como
a mesma ficou. Baalberith tocou somente na banda, quanto a membros, bem, é difícil ter pessoas dispostas a
tocar quando sua ideologia não é somente beber e cheirar noite adentro. Sempre colocamos que para tocar
conosco tinha que ter o mínimo de conhecimento sobre o que a banda passa em suas letras, mas agora já está
decidido que continuaremos da maneira que está, sem adições à banda.
3) Suas obras são permeadas por referências aos Exus e ao Satanismo. Vocês são praticantes regulares de
alguma religião de matriz africana? Qual? Como é a influência desses cultos na música do “Para a Glória de
Teu Nome Lúcifer”?
Praticamos Quimbanda, mas não temos uma visão limitada a respeito do satanismo. Somos
adoradores de Lúcifer, o primeiro rebelde, a chama da evolução, e é isso que procuramos: conhecimento e
evolução no caminho da escuridão, no caminho da morte. É isso que passamos em nossas letras: o caminho
do caos, ensinamentos poderosos aprendidos em nossos ritos e por outros meios.
O verdadeiro satanismo está na prática, estudo é importante, mas não leva a lugar nenhum se você
não colocá-lo em prática, se você não sentir de perto o cheiro do sangue.
450
Lumen Animi Tui – Entrevista Exu Mor
Para a Glória de Teu Nome Lúcifer
Lúcifer é evolução e o sentimento contrário de Jeová e seu rebanho que e de estagnação. Lúcifer é a
chama que leva a humanidade para seus maiores atos, desde a ciência, a música, artes e tudo que empurra
quem se libertou da cegueira messiânica para a liberdade plena e absoluta.
6) O “Para a Glória de Teu Nome Lúcifer” é também uma homenagem. Poderia nos falar sobre isso?
Eu decidi isso no mesmo dia em que resolvi ter esse projeto; que a nossa reverência ao maior símbolo
de rebeldia seria demonstrado em todos os momentos, desde o nome da banda, o logotipo e em nossos atos.
O Wellington Backer (Anarkhon) foi o responsável por esse belíssimo trabalho. Passei a ideia que tinha
de como deveria ser o logotipo e ele desenvolveu tudo, todos os méritos são dele.
8) Vocês lançaram a demo Umbrais em 2005 e a demo Maximum Perversum em 2006. Há previsão de
lançamento de algum material novo?
Nada certo por enquanto, tenho algumas ideias que precisam ser melhores trabalhadas, mas ainda
sem previsão.
451
Lumen Animi Tui – Entrevista Exu Mor
Para a Glória de Teu Nome Lúcifer
9) Porque optaram por lançar o material em fita cassete? Futuramente pretendem utilizar outras mídias
como CD ou vinil, por exemplo?
Eu sou um maníaco por tapes, acho o formato mais interessante para uma banda disponibilizar seus
lançamentos, principalmente DTs, mas não tenho um formato preferido. Acho que antes de um CD oficial
vamos lançar mais fitas k7.
10) Vocês estão ligados a algum selo, gravadora ou distribuidora? Quais? Como é a relação entre vocês?
Estamos fechados com a Qliphot 11 Rec. Recebemos o convite para abraçarmos a árvore da morte e
aceitamos prontamente e hoje somos um dos seus frutos mais venenosos.
11) Atualmente é muito fácil conseguir quase qualquer material de qualquer banda pela Internet. O que
você pensa sobre a facilidade do download e sobre a propagação eletrônica da música? Como isso afeta o
“Para a Glória de Teu Nome Lúcifer”?
Isso não nos afeta diretamente, pois não temos materiais disponíveis na rede, mas isso afeta
diretamente o underground em geral. Hoje você pode ouvir um CD antes de comprar, mas ainda prefiro
comprar o que me interessa.
12) Algumas fotos do “Para a Glória de Teu Nome Lúcifer” costumam receber críticas pesadas devido aos
animais mortos. O que você poderia nos dizer sobre isso?
Que atingimos nosso objetivo, pregamos sobre morte e sangue, então nada melhor do que levar isso
aos palcos, alguns ficaram ofendidos com isso, mas não nos importamos. Fizemos e faremos sempre que
acharmos interessante.
452
Lumen Animi Tui – Entrevista Exu Mor
Para a Glória de Teu Nome Lúcifer
13) Vocês tem alguma apresentação agendada? Quando e como foi a última apresentação de vocês?
Nenhuma apresentação a curto prazo, nossos shows são caóticos, não fazemos apresentações longas,
então são sempre muito intensas são de 20 a 30 minutos de energia escura.
14) Quais outras hordas você citaria como verdadeiramente fiéis ao Underground? Qual é a relevância disso
para você?
Citaria o Vobiscum Inferni, Para tu Eterno, Tenebrous Infernal Abyss, Spell Forest, Thou Supreme Art,
Black Achemoth, Fecifectum, e várias outras que mantenho contato e que se mantêm fiéis aos seus princípios.
15) Como você definiria o som do “Para a Glória de Teu Nome Lúcifer”?
Black, Death e Grind feito no final dos anos 80 e começo dos anos 90.
17) Daqui por diante o espaço é ainda mais seu para deixar uma mensagem aos nossos Diletos Leitores:
Deixem o veneno do conhecimento de Lúcifer inundar suas veias e abram suas mentes para o Caos.
Obrigado por esse espaço onde pudemos expor nossas ideias de forma clara.
https://www.facebook.com/exu.mor
http://www.youtube.com/watch?v=VM5b0TDDRjg
http://www.youtube.com/watch?v=SgWmPhM2xZ4
https://www.facebook.com/qliphot.recs
http://www.metal-archives.com/bands/Para_a_Gl%C3%B3ria_de_Teu_Nome_L%C3%BAcifer/95110
453
454
Lucifer Luciferax IX
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456
Abamah, Ahah, Tebu, Tedistu
Restum Abzu, abyssus, principium cosmogonicum masculinum, aquæ magnae, Tebu, Abzu!
Hibum Tiamat, Sarratum, Hubur, oceanus, serpens monstruosus, principium cosmogonicum femininum,
Tebu, Tiamat!
457
Prælusio
Vox Mortem, Mortiferum Poculum
Por Pharzhuph
Imersos sob milhas profundas de águas abissais estamos e os antigos Dragões primevos do caos
agitam-se em exaltação colérica.
Lânguido prazer e extenuante dor movem as mãos nossas à pena e ao buril.
O trabalho que o leitor tem em mãos é um marco na sinistra trajetória dessa modesta publicação.
Celebra também o decesso do formato eletrônico e gratuito desse informe alfarrábio que traz luz às trevas
e cegueira à visão.
Os assuntos nessa edição contidos manifestam o mortuoso âmago de nossa sinistra exploração e
sinalizam algo sobre próximos tempos vindouros.
Nossos agradecimentos dirigem-se a todos aqueles que nos auxiliaram e que nos auxiliam em
nossa modesta tarefa, dirigem-se também aos poucos e verdadeiros Irmãos e Irmãs com quem sempre
pudemos contar nessa solitária, ínfima e banal não-existência: Betopataca, Natt Haxa, Frater Asmodeus,
Roderick Totentanz, Elaine C. (a.k.a. Soror Z), Danilo Coppini e Templo de Quimbanda Maioral
Beelzebuth e Exu Pantera Negra, Ivan Schneider e Editora Coph Nia, Editora Capelobo, Francisco
Facchiolo Lima (especialmente pelas ilustrações dos pontos riscados que ilustram as matérias
relacionadas ao T.Q.M.B.E.P.N), Néstor Avalos (artista responsável pela ilustração que figura no texto
Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda), Thiago Septem (T.Q.M.B.E.P.N
admirável e talentoso músico que permitiu a utilização de seus trabalhos), Flávio V. A. Necrovisceral e
Torqverem, Emanuel Kronéis e RNS, Izaltigae, Vulpekula, Ursus, Taijasa e Summum Heredis.
Agradeço especialmente a todos os participantes do projeto Vivendo a Morte Através dos
Espíritos da Quimbanda promovido pela iniciativa do Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu
Pantera Negra. Vossos relatos formaram um corpo único de registros mágicos de incomparável grandeza.
Em sinistra fraternidade,
Pharzhuph, Frater Nigrum Azoth
pharzhuph@gmail.com
Esta é a mais restritiva das licenças principais, só permitindo que outros façam download dos
seus trabalhos e os compartilhem desde que atribuam crédito a você, mas sem que possam
alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais.
458
Index
Capa
BLAKE, William “O Grande Dragão Vermelho e a Besta do Mar” (1805) Bico de pena e aquarela.
NIETZSCHE, Friedrich W.. Assim Falou Zaratustra. 5. Ed. São Paulo: Círculo do Livro, 1986.
334p.
Prælusio
- 458 -
Vox Mortem, Mortiferum Poculum
Jaculari Umbram
- 460 -
Nigra Janua, por Pharzhuph
Epos Babylonicum
- 471 -
As Bases da Corrente Anticósmica - Mitologia Mesopotâmica Antiga, o Enuma Elish, por Pharzhuph
Poetici Dii
- 480 -
A Dama da Luz, por Gerald Massey
De Gangræna Sicca
- 481 -
Entrevista Regurgimentação Necrovaginal Sangrenta, Splatter Death Metal
Index Librorum Prohibitorum - 486 -
Ut Hostibus Noceretur
- 487 -
Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
Dignus Cantari
- 495 -
Summum Heredis, por Taijasa
Aurati Imbres
- 497 -
Entrevista Umbrarigae, Black Metal
Mortis Honor
- 501 -
Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda, por T.Q.M.B.E.P.N e Pharzhuph
Relatio Gratiœ
- 508 -
Relatos Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda, Anonymus
Fiat Voluntas Mea
- 526 -
As Curtas do Reverendo, por Rev.mo Eurybiadis
Abi in Malum Cruciatum
- 528 -
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
459
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
Algum teor poético na tentativa de registrar velhos insights de natureza mística no errante trajeto pela via sinistra.
O fragmento ora apresentado foi composto de maneira não linear durante os anos de 1998 e 2001.
Capítulo 0
Verum et Mendacium
E não havia espaço ou tempo.
Matéria ou espírito.
Instinto ou razão.
E duas luzes vagavam em si próprias,
Pois elas eram infinitas
E o infinito era uno para com elas.
Vaar adormecia os espaços incomensuráveis
Perdidos antes do início dos tempos.
Aquela que era a mais bela,
E que a todo fulgor atraía,
Desdobrou-se então.
Surgia um não-mundo,
Um universo de absoluta escuridão.
Espelhavam-se umas nas outras, soberbas.
E onde nada existia,
Algo se tornou perceptível, denso sem o ser.
Ouviu-se então:
“Que ele seja o deus do bem e que eu seja o deus do mal.
Originalmente divididos, o meu poder é igual.”
E uma chuva de astros cadentes precipitou-se por todos os espaços
Conhecidos e desconhecidos,
E não houve lugar aonde pudessem se esconder.
Pois o infinito é um para com Ela.
Caos toma conta da mente.
Não há compreensão.
460
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
Capítulo 1
Fides Tenebrarum
A grande hora chega
Anunciando a grande noite eterna.
Astros cadentes e ascendentes cruzam e dividem os céus negros.
Há uma luz negra no horizonte.
Gloriosa, única e infinita! Amém!
Cessam as palavras.
Aqueles que de lá vieram sentem e vêem.
Sabem de céus e de infernos.
Sabem de altos e de baixos.
Fundindo-se, às vezes, sem se misturarem,
Sem se conhecerem.
Penetram-se. Mesclam-se.
Πλαναω. Πονηρια. Αβαδδων.
Πειραζω. Δρακων. Οφις.
Uma bela luz negra no horizonte
Outrora se projetou sobre o infinito.
E era ela também infinita.
Três são os princípios. Pesa e os conhecerá.
Quatro foram as emanações sucessivas.
Sendo uma em três.
E três em uma.
Trinta e dois são os caminhos.
Sendo trinta e um em um.
E um em trinta e um.
O nove será a clavícula.
O sete a obra.
E a bela luz incriada e infinita.
Tornou perceptível aos corações de seus filhos
Que ela é o caminho que conduz à glória
461
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
E a glória mesma.
Sansara, ROTA, INRI, vida e morte.
Que tu não julgues o que desconheces.
Procura aprender.
Os símbolos falarão a ti.
Contempla a experiência, ouve as vozes.
Contempla silenciosamente aos ensinamentos. Os contempla,
Antigos como o próprio tempo
Aquecerão o coração teu e teus olhos transbordarão lágrimas,
Perdido em pranto ante o infinito!
Tu és um Deus!
Não mais Mortal!
Capítulo 2
Tenebrarun Ars Scientiae Summae Est Pulchrissima
462
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
463
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
Capítulo 3
Lilith Sibilus XXVIII
Chegará o tempo em que a bela loto negra que tu carregas dentro de ti há de florescer.
Reconhecerá os sinais. Falarão a ti em sonhos proféticos e visionários e teu sono se tornará
desperto. Verás a Árvore da Vida e da Morte. Verás a Árvore do Bem e do Mal. Tocarás em
ambas.
Anjos e Mensageiros Dele te visitarão constantemente. Noite após noite. O abençoarão e o
levarão a lugares jamais por ti perscrutados, por sagradas terras de escuridão.
Fé, ódio, sabedoria, disciplina e severidade.
A primeira e única se mostrará a ti.
Súcubos e harpias tu conhecerás; ouvirás o pranto desesperado de legiões de vidas por elas
arrebatadas. Essas Crianças estão mortas. Outras mais deverão calar.
Homem, Mulher, Menino e Menina; os conhecerá;
Aqui há um sinal e uma provação, em meio oculta e em meio revelada.
Recolhe bem as dádivas da experiência sagrada. Fala como a lápide.
Estarás vivo (?) perante os homens ordinários do mundo, quando em verdade, tu estarás morto!
Morrendo verdadeiramente está a vida.
Nós, nós somos pura Morte.
464
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
Caminharás intacto por todas as terras,
Pacíficas ou em guerra.
Não te alcançarão.
E não há e não haverá poder algum,
No firmamento ou no éter,
Na terra ou debaixo dela,
Sobre o árido solo ou nas águas,
No ar giratório ou no fogo precipitado,
Ou conjuro ou maldição,
Que não assistam às necessidades Tuas.
Lembra-te: tu és um deus, não mais mortal.
Capítulo IV
Inops Potentem Dum Vult Imitari Perit
Da Invocação:
Ó Noite Mãe, guia-me agora nesta obra onde palavras não haviam de existir e, em verdade, não
existem. Guia-me, Mãe eterna de loucura e redenção, à consciência do mais completo e nobre retorno.
Fides Tenebrarum
465
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
Magnus Opus
466
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
E Medeia o Invejará!
Tu és puro e para ti todas as coisas são e serão eternamente puras.
À tua razão e juízos: o abandono.
Se assim as toca,
Eis que murcham flores negras e espinhentas,
Rosas e lotos.
Não procures por compaixão.
Não encontrarás falsas virtudes aqui.
Ou estás cego?
Une e dispersa por tua vez.
Se tu tens me compreendido, és então senhor da verdadeira razão.
Manipula habilmente a torrente de pensamentos que te salta,
Apenas um pensamento,
Além disso,
Nenhum pensamento.
Admiração, temor e descrença.
Talvez nem estejas aqui!
Abandona a tudo e a todos,
Voa pelo Abismo,
Por ele e sobre ele, alma colossal,
Entregas-te por completo à escuridão nossa Mãe.
Crianças da amargura e outros mais te perturbaram,
Não os ouviu e não ouvirás outros.
Não cederás a nenhum dos falsos caprichos,
Destrói a tudo impiedosamente.
Que não reste nada do passado.
467
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
Capítulo V
468
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
469
Jaculari Umbram
Nigra Janua
Por Pharzhuph
470
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
Uma das influências fundamentais da Corrente 218 firma-se nos mitos primevos relatados no
épico mesopotâmico da criação, o Enuma Elish. O épico narra os eventos que culminaram na formação
do cosmos, na hierarquia dos deuses, na criação do mundo e no advento da humanidade. Ao contrário
do que pode parecer numa primeira aproximação, a narrativa do Enuma Elish culmina na derrocada
dos deuses primevos. As forças do “mal” e do caos são vencidas e, consequentemente, a ordem presente
do universo é estabelecida e a humanidade é criada para servir aos deuses.
Não há consenso acadêmico sobre quando o Enuma Elish foi escrito. Assume-se que é razoável
dizer que o épico tenha sido composto durante o período babilônico médio (Cassita), entre 1651-1157
a.e.c., porém há quem refute a datação e remeta a composição do épico a períodos que remontam à
dinastia acadiana Sargônica, entre 2400-2200 a.e.c.
Tábua Cronológica53
Idioma
Ano a.e.c. Mesopotâmia Invenção da escrita
referencial
Mesopotâmia ‘pré-histórica’
5500
Período/Cultura de Ubaid
Escrita primitiva
Cultura Gawra
4000 mesopotâmica e egípcia
Período de Uruk (4000-3100)
(3300-3200)
Cuneiforme adaptado
para escrever idiomas
2500 Dinastia Antiga
semíticos na
Mesopotâmia e Síria
53
Os períodos assírios descritos na tábua referem-se mais à Mesopotâmia setentrional. Os demais períodos referem-se mais
ao sul da Mesopotâmia.
471
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
Os primeiros fragmentos do Enuma Elish foram encontrados em escavações nas ruínas da livraria
real de Assurbanipal, no sítio arqueológico de Nínive (próximo da atual cidade de Mossul, no Iraque)
por volta de 1851. Embora o texto tenha sido descoberto em versões similares, e também fragmentadas,
em pelo menos outros três sítios arqueológicos, a descoberta é amiúde reputada ao proeminente
arqueólogo britânico Austen Henry Layard (1817-1894).
Fisicamente o Enuma Elish é constituído por sete tábuas de argila sobre as quais foram gravados
os caracteres em cuneiforme no idioma acádio. Cada tábua apresenta entre 115 e 170 linhas de texto.
Partes de algumas tábuas são praticamente ilegíveis devido aos danos que as mesmas sofreram pela ação
do tempo. Por ser composto de sete tábuas o épico é chamado por alguns escritores de “As Sete Tábuas
da História da Criação”.
O nome Enuma Elish significa aproximadamente “quando, no alto”. Sendo que ‘enuma’ e ‘elish’
são as duas primeiras palavras da primeira linha da primeira tábua.
As comemorações do ano novo babilônico incluíam cerimônias onde o poema era recitado,
especialmente a sétima tábua que contém os nomes e as principais glorificações a Marduk, que se
tornaria posteriormente o deus patrono da Babilônia.
O conteúdo referencial utilizado em nossas pesquisas é descrito integralmente na bibliografia do
presente trabalho. A maior parte dos trechos do Enuma Elish citados aqui foi traduzida e adaptada
livremente para o nosso idioma com referencia nos trabalhos de Dr. Ephraim Avigdor Speiser54,
Stephanie Dalley55 e Leonard William King56. Sempre que possível, optamos por empregar a grafia das
palavras tal como aparecem nos idiomas acadiano e sumeriano na literatura acadêmica corrente,
omitindo a acentuação que não se enquadra na língua portuguesa. Incluímos, quando necessário,
explicações auxiliares, especialmente nos capítulos posteriores.
54
Dr. Ephraim Avigdor Speiser, notório assiriologista e arqueólogo, autor do livro “Mesopotamian Origins. The basic population
of the Near East”, de 1930.
55
Stephanie Dalley é autora do livro "Myths from Mesopotamia - Creation, the Flood, Gilgamesh, and Others", publicado pela Oxford
University Press em 1989.
56
Leonard William King é autor dos Volumes XII e XIII da obra "Luzac's Semitic Text and Translation Series" nomeadas "The
Seven Tablets of Creation. Vol.1 & Vol.2: English Translations, Transliterations, Glossary, Introduction, Suplementary [Babylonian and
Assyrian] Texts", publicadas em 1902.
472
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
De acordo com o épico mesopotâmico da criação, duas divindades primevas existiam antes do
advento do cosmos. Elas eram e existiam antes de tudo. Seus nomes eram Tiamat e Apsu, os dragões
primevos do caos.
Apsu, o primeiro, é considerado o iniciador da criação. Ele é a personificação mitológica das
águas que correm nos profundos mundos subterrâneos, dos rios e da água doce. Tiamat, útero e cteis do
universo, é a geratriz dos deuses e consorte de Apsu, ela é a personificação das águas salgadas, dos mares
e dos oceanos.
O mito narra que os dragões primevos do caos uniram seus vigorosos e intensos corpos, e, de
dentro deles, emergiu o casal de deuses primordiais Lahmu e Lahamu. Quando Lahmu e Lahamu
atingiram a maturidade, surgiu outro casal de deuses, Anshar e Kishar, os quais sobrepujaram Lahmu e
Lahamu.
Existem basicamente duas teorias sobre quem seriam os pais de Anshar e Kishar, a interpretação
mais difundida é que eram filhos de Lahmu e Lahamu, como corroborado pelo texto da terceira tábua
do Enuma Elish, porém especula-se que poderiam ser filhos gerados por Tiamat e Apsu.
O primogênito de Anshar e Kishar foi o deus Anu, feito a imagem do deus Anshar. O nome
Anu deriva da palavra An, que em sumeriano significa céu, firmamento; An é também um dos nomes
de Anu. An é uma das divindades principais do panteão mesopotâmico, é frequentemente chamado “rei
dos deuses” e “pai”, é prógono de outros deuses e de inúmeros demônios.
A palavra An pode se referir ao céu em totalidade, ou aos níveis do firmamento presentes na
geografia cósmica da mesopotâmia, onde An representa o nível mais distante da superfície terrestre.
Diversos textos sumero-acadianos demonstram que os antigos mesopotâmicos acreditavam que o
universo é formado por níveis ou camadas sobrepostas, separadas por algum tipo de espaço vazio ou
aberto. Wayne Horowitz, em seu livro Mesopotamian Cosmic Geography, expõe a seguinte representação
simplificada do universo mesopotâmico:
Páramo de Anu
Céu intermediário
Firmamento
Superfície terrestre
Apsu, abismo primordial das águas doces que fluem sob a terra
Submundo
Seguindo a narrativa do Enuma Elish, Anu, rivalizando seus antepassados, gerou Nudimmud a
sua semelhança. Nudimmud é conhecido também por seus nomes Ea e Enki. Nudimmud era superior
se comparado aos seus ancestrais, possuía entendimento profundo sobre todas as coisas, era muito sábio,
forte e belígero. É dito que Ea não tinha rivais entre seus pares.
473
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
57
Em algumas interpretações a matéria primordial é criada a partir da mistura das águas que compõe os corpos de Tiamat e
Apsu, da qual surge um terceiro elemento tipificado por Mummu.
474
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
Ea se vangloriou por ter eliminado seus inimigos e, junto com Dankina, sua amante e esposa,
gerou Marduk dentro do corpo de águas doces de Apsu. No Enuma Elish é dito que Marduk era
poderoso desde seu início e que era vestido com o manto de dez divindades.
An, progenitor de Ea, reconhecia em Marduk a majestade dos deuses e a ele concedeu obséquios
que o tornaram mais poderoso. Ea gerou ondas poderosas que deixaram Tiamat inquieta e os outros
deuses começaram a sofrer, pois não conseguiam mais descansar.
Tiamat ouviu então as queixas dos outros deuses e resolveu agir e vingar Apsu. Eles se
aglomeraram e começaram a se preparar para a guerra. Tiamat gerou onze bestas demoníacas para a
batalha, gerou Qingu, seu filho e amante, e o colocou à frente de sua armada como líder. Tiamat
entregou a Tábua do Destino58 para Qingu e fez com que ele a prendesse sobre o próprio peito dizendo:
“Tua expressão não será alterada! A palavra tua será lei! O que sair de tua boca extinguirá o fogo! Teu
veneno acumulado paralisará o poderoso!”.
O texto do Enuma Elish não é suficientemente claro sobre quais divindades se queixaram à
Tiamat. O discurso indica que Tiamat concedeu poderes para que Qingu vencesse todos os deuses e
prevalecesse sobre Anukki.
A palavra Anukki, nesse contexto, é utilizada para designar o conjunto de jovens deuses que
habitava o céu e que estavam sob o comando e égide de Anu. Amiúde, o termo Igigi é utilizado como
sinônimo para Anukki no Enuma Elish59.
Ea soube dos planos de Tiamat e resolveu se encontrar com Anshar para relatar o que estava
ocorrendo e compartilhar sua preocupação. A narrativa de Ea é profunda e detalhada, e deixou Anshar
bastante perturbado. Ea é aconselhado a procurar Tiamat e, através de seus feitiços, tentar abrandar a
fúria caótica do Antigo Dragão, porém Ea teme e sabe que não poderá enfrentar Qingu e os monstros
de Tiamat. Ea retorna a Anshar e diz: “Pai, o poder de Tiamat não posso combater. Fui ao encontro
dela, mas meus encantamentos não se equiparam aos poderes Dela. Não há quem possa desafiá-la,
aterrorizante como Ela é. A coroa dela tem grande força, o rugido dela jamais cessa e é estrondoso demais
para mim.”. Anshar bradou furiosamente e enviou seu filho Anu ao encontro de Tiamat, porém o
resultado foi o mesmo. Anu temeu e retornou avisando Anshar: “Pai, você não pode enlanguescer. Você
deve enviar outro ter com Ela. Você deve dispersar os regimentos dela e lhe confundir o juízo. Faz isso
antes que sobre nós Ela se imponha”.
58
A tábua dos destinos ou tábuas do destino - e suas variantes - mencionadas na literatura mesopotâmica antiga referem-se a
superfícies de argila nas quais eram gravados, em cuneiforme, os destinos e a sorte. Aquele que as possuísse seria dotado de
poderes supremos.
59
Anukki deriva do vocábulo acadiano anāku, que significa “eu” e é identificado com os vocábulos Anukkū, Anunnakkū e
Enunnakkū, que podem significar “os deuses”, “a totalidade dos deuses”, abrangendo tanto os deuses da terra quanto os deuses
dos mundos inferiores. Igigi advém do termo acadiano Igigû, que significa “os dez grandes deuses” ou “os deuses dos céus”.
475
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
Cabisbaixo, Anshar emudeceu. Diante dele estava congregado o Igigi, todos os Anukki. Ficaram
por algum tempo calados e disseram: “Esse é nosso destino então? Não haverá outro que possa enfrentar
Tiamat?”. Foi então que Ea incitou Marduk a se aproximar de Anshar e se empenhar para se tornar o
combatente que lutaria contra Tiamat. Marduk disse a Anshar: “Pai, meu criador, regozija-te, alegra-te,
pois em breve o teu pé pousará sobre o pescoço de Tiamat!”.
Anshar aceitou, porém Marduk impôs condições que o tornariam hierarquicamente superior aos
outros deuses e ainda mais poderoso, caso vencesse a batalha. Marduk disse a Anshar: “Senhor e destino
dos grandes deuses. Se realmente eu me tornar vosso herói. Se eu derrotar Tiamat e salvar vossas vidas.
Reúnas então o conselho. Imputa-me destino extraordinário. Acomodai-vos alegremente juntos em
Ubshu-ukkinakku60 e que todos saibam: o que eu mesmo promulgar deverá ser estabelecido sobre vós!
Tudo aquilo que eu criar jamais poderá ser alterado! O decreto dos lábios meus jamais poderá ser
revogado, nunca alterado!”.
Anshar enviou seu vizir Kakka ao encontro de Lahmu e Lahamu para que lhes contasse o que
estava havendo e eles se reuniram ao Igigi. Houve um intenso festejo e os deuses erigiram um magnífico
santuário e proclamaram Marduk como seu superior, como seu rei. É dito que os deuses o investiram
com um cetro, o entronizaram e lhes deram uma arma invencível para derrotar o adversário. Os deuses
disseram: “Vá e ceife a vida de Tiamat! Deixe que o sangue dela se espalhe pelos ventos e que chegue até
nós como sinal das boas novas!”.
Marduk fez um arco, flechas, uma aljava e trouxe consigo uma maça. Fez ele também uma rede
para conter Tiamat.
Seu corpo estava preenchido com uma chama ardente que, segundo o Enuma Elish, jamais se
extinguiria. Ele ordenou os quatro ventos, vindos das quatro direções, de maneira que sua antagonista
não pudesse escapar. O épico menciona que Marduk criou outros ventos e forças para causarem
distúrbio dentro do corpo de Tiamat, tais poderes seriam liberados enquanto ele se aproximasse de sua
oponente – os poderes eram: o vento destrutivo (imhullu61), o temporal, o furacão, os quatro ventos, os
sete ventos, o tornado e o “vento que virá, mas que não pode ser enfrentado”. Arnesou ao seu lado
quatro combatentes incansáveis e devastadores chamados: o Impiedoso, o Assassino, o Aniquilador e o
Velocista. Marduk então subiu em sua carruagem “de tormenta” brandindo sua arma invencível 62 e
partiu rumo a Tiamat.
60
Do acadiano, ubšukkinnakku ou ubšukkannakku: corte de assembleia dos deuses no céu.
61
Do acadiano, imḫullu(m) ou anḫullu: forte vento destrutivo, tempestade.
62
Na linguagem poética sumero-acadiana o poder da inundação/dilúvio é utilizado como metáfora para designar um forte
poder bélico. O termo é traduzido aproximadamente como “arma-dilúvio” na literatura relacionada. Referencia parte da 49ª
linha da 4ª tábua do Enuma Elish.
476
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
63
Em algumas traduções do Enuma Elish diz-se que a boca de Tiamat se abriu para tentar engolir Marduk durante a batalha.
64
Deriva do vocábulo acadiano anāku, sinônimo para Igigi e Anukki nesse contexto.
65
A escolha de Qingu como fonte de sangue para a formação do homem serviu também de expiação aqueles que se opuseram
à vontade dos deuses mais jovens.
477
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
Os deuses do Igigi foram divididos e coube a cada um deles reinar sobre alguma parte da criação,
sempre sob o domínio e a égide de Marduk. Em retribuição, os Anukki erigiram a cidade da Babilônia.
Em escala cronológica linear, a narrativa dos eventos no Enuma Elish ocorreram
majoritariamente antes da formação do nosso universo. Podemos dizer que os eventos sucederam antes
da apreensão do tempo, observando-o como duração relativa dos processos que criam em nós a ideia de
presente, de passado e de futuro.
No mito não há heróis humanos: a contenda, o antagonismo e as disputas ocorrem entre os
deuses criados a partir da união dos dragões primevos do caos, Apsu e Tiamat, aqueles que a tudo
antecederam.
Observa-se a presença dos seguintes estágios ou elementos distintos:
a) Ato da criação, arranjo e organização dos elementos primordiais [tipificados também pela
criação dos deuses mais jovens];
b) A presença de um ente, que em determinado momento, cria, arranja e organiza o
universo físico;
c) O antagonismo e a rivalidade entre os deuses primevos e os deuses mais jovens;
d) O antagonismo entre as forças masculinas e femininas;
e) A separação dos elementos a partir de uma matéria primeva já existente, gerada
principalmente pela união dos corpos de Tiamat e Apsu;
f) A criação da humanidade para que a mesma sirva aos deuses mais jovens.
478
Epos Babylonicum
Mitologia Mesopotâmica Antiga
Por Pharzhuph
É o número atribuído à realidade, à ordem, e cuja extensão delimita o mundo divino. Outra
referencia ao número dez é o termo Igigi66, que advém do termo acadiano Igigû e significa “os dez grandes
deuses” ou “os deuses dos céus”.
Podemos dizer que a batalha épica entre Marduk e Tiamat também representa a transição social
e cultural entre o matriarcado e o patriarcado.
Em suma, Marduk representa os poderes cósmicos que são combatidos pela Corrente 218, que,
por sua vez, é tipificada pelos dragões primevos do caos e pelos onze poderes criados por Tiamat, ou seja,
por Azerate.
A Corrente 218 é animada pelo hálito dos dragões e pela força das águas abissais que os compõe.
Resgata-se através dela o culto aos deuses mais antigos do caos com a intenção desimpedida de destruir
a ilusão do universo e a ordem atual. Trata-se de um movimento de forças caóticas que possui o propósito
de destruir o que a percepção comum dos indivíduos apreendeu como “universo-verdade”. Destruição
em escala micro e macrocósmica, desde o cerne do indivíduo até o exterior.
Referências
THOMPSON, R. Campbell. The Devils and Evil Spirits of Babylonia. Londres: Luzac & Co., 1903.
(Luzac's Semitic Text and Translation Series).
S.I., P. Antonius Deimel. Enuma Elis: Epos Babylonicum de Creatione Mundi. Roma: Sumptibus
Pontificii Instituti Biblici, 1912.
BLACK, Jeremy; GRENN, Anthony; RICKARDS, Tessa. Gods, Demons and Symbols of Ancient
Mesopotamia. 4. ed. Londres: The British Meseum Press, 2004.
BLACK, Jeremy; GEORGE, Andrew; POSTGATE, Nicholas. A Concise Dictionary of Akkadian. 2. ed.
Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2000.
LEICK, Gwendolyn. A Dictionary of Ancient Near Eastern Mythology. 2. ed. Londres: Routledge, 2003.
DALLEY, Stephanie. Myths from Mesopotamia: Creation, the Flood, Gilgamesh and Others. 4. ed.
Londres: Oxford University Press, 2000.
66
Embora o termo signifique “os dez grandes deuses”, não há consenso sobre qual é a quantidade de deuses que compõe o
Igigi. O Enuma Elish não faz menção precisa.
479
Poetici Dii
The Lady of Light - A Dama da Luz
Por Gerald Massey (1828-1907)67
Still with the purest in white, Ainda com o mais puro branco,
Still art thou Queen of the Seven; Ainda és tu a Rainha dos Sete;
Thou hast not fallen from Heaven Tu não caíste dos Céus
Lucifer, Lady of Light! Lúcifer, Dama da Luz!
How large in thy lustre, how bright Quão imensa em tua luminância, quão brilhante
The beauty of promise thou wearest ! A beleza da promessa tu vestes!
The message of Morning thou bearest, A mensagem da Aurora Tu trazes,
Lucifer, Lady of Light! Lúcifer, Dama da Luz!
Shine through the thick of our fight; Resplandece através do cerne de nossa luta;
Open the eyes of the sleeping; Abra os olhos do adormecido;
Dry up the tears of the weeping, Seca as lágrimas daquele que chora,
Lucifer, Lady of Light! Lúcifer, Dama da Luz!
Purge with thy pureness our sight, Purga com a pureza dos olhos teus,
Thou light of the lost ones who love us, Tu, luz dos perdidos que nos amam,
Thou lamp of the Leader above us, Tu, lâmpada do Condutor acima de nós,
Lucifer, Lady of Light! Lúcifer, Dama da Luz!
With the flame of thy radiance smite Com a chama de teu esplendor derrota
The clouds that are veiling the vision As nuvens que encobrem a visão
Of Woman's millennial mission, Da missão milenar da Mulher,
Lucifer, Lady of Light! Lúcifer, Dama da Luz!
67
LUCIFER: A Theosophical Magazine. Londres: George Redway, v. 1, n. 2, 14 out. 1887.
480
De Gangræna Sicca
Regurgimentação Necrovaginal Sangrenta
A ideia de formar a banda surgiu em 2007 com o nosso baterista, Emanuel Kronéis. No entanto,
ele não conseguiu encontrar ninguém para tirar o projeto do papel até 2013, quando o Ricardo Gore,
nosso guitarrista, entrou na banda Incinerad, onde Emanuel também toca bateria. Como os dois
possuíam gostos parecidos, a princípio o RxNxS seria formado apenas com um guitarrista e um baterista.
O Emanuel, todavia, analisando melhor a proposta, já conhecia o Marcosplatter e sabia da experiência
e do conhecimento dele no gênero, convidando-o também para fazer parte da banda e comandar o baixo.
E assim, em 2014, foi formado o primeiro rascunho da banda. A entrada do Leandro Ogrish aconteceu,
também, depois de um convite do Emanuel. Os dois tocavam juntos em um projeto ainda em atividade,
chamado Saligia. Como o Leandro faz um gutural mais grave, o Emanuel acreditou que isso pudesse ser
encaixado na banda. O Leandro, então, começou a frequentar os ensaios do RxNxS e acabou sendo
incorporado como o frontman da banda.
A formação atual:
Emanuel Kronéis - bateria/vocal - também toca nas bandas Incinerad e Saligia.
Ricardo Gore - guitarra/vocal - também toca nas bandas Incinerad e Remords Posthume.
Marcosplatter - baixo/vocal - tem um projeto de one man band chamado Dicephalus.
Leandro Ogrish - vocal.
481
De Gangræna Sicca
Regurgimentação Necrovaginal Sangrenta
Como vocês escolheram o nome Regurgimentação Necrovaginal Sangrenta?
O nome é de autoria do nosso baterista, Emanuel Kronéis, e surgiu enquanto ele ouvia alguns
sons do gênero, imaginando e pensando em coisas grotescas.
Muitos de nossos leitores não conhecem bem os gêneros musicais relacionados ao “gore” – eu,
inclusive. Vocês poderiam nos dizer a qual gênero a RNS “pertence”? Quais são esses gêneros
e quais suas principais características?
A banda pertence ao splatter death metal. É um som sujo, bruto e coeso. Em sua maior parte, os
temas de goregrind, splatter e afins tratam de assuntos polêmicos e obscenos, além de, também, seguirem
uma linha mais técnica, falando sobre tópicos de medicina e anatomia.
Como tem sido a repercussão da banda nos shows e a recepção da demo? Vocês esperavam por
isso?
A repercussão nos shows e com o lançamento da demo foi bem maior - e melhor - do que
imaginávamos. De certa forma, temos uma temática, tanto sonora quanto visual, diferente da que o
público da região está acostumado e ouvir e ver. E isso, pelo menos é o que achamos, ajudou na hora de
chamar a atenção do público, impactando quem estivesse na casa, que não esperava ser tomado pela
nossa carnificina.
Vocês têm previsão para o lançamento de algum trabalho (CD, LP, K7, etc.)? Como estão
sendo os ensaios e gravações? Quem está produzindo o som de vocês?
O lançamento do nosso primeiro álbum está previsto para o início de 2016 e já estamos em
negociação com alguns selos. Sobre os ensaios, podemos dizer que são sempre produtivos e muito bem
aproveitados, sempre regados com muita cerveja. E as nossas gravações, que já estão concluídas, bem
como todo o trabalho de produção, ficaram a cargo do experiente André Diniz, do Elite Estúdio, em
Indaiatuba, São Paulo.
Como as músicas são compostas? Quem escreve as letras e sobre o que elas falam?
482
De Gangræna Sicca
Regurgimentação Necrovaginal Sangrenta
Enquanto isso o Leandro Ogrish já pensa em algumas formas de encaixar e revezar os vocais e o
som vai se estruturando e se desenvolvendo até tomar forma. Sobre as letras, elas geralmente são
compostas pelo Ogrish, e os temas abordados são as podreiras em geral, como escatologia, doenças,
assassinatos e demais coisas grotescas.
Há quem diga que as letras das músicas são secundárias nesse gênero musical. O que vocês
poderiam nos falar sobre isso?
Nesse caso acreditamos que não é possível chegar em um consenso. Cada um tem sua opinião.
No entanto, para a nossa música, tentamos sempre deixar o som encaixado com as letras. Nada é
desvalorizado. Não deixamos a letra em segundo plano para tentar tirar proveito unicamente do som.
Nossa ideia é disponibilizar um conjunto completo, uma cozinha muito bem organizada e tudo de
maneira bem executada.
Nós sempre estamos em contato direto com diversas bandas, mas nem sempre voltadas ao death
metal ou ao grind. Todos gostamos muito de diversas vertentes do metal, como heavy, thrash e black.
No entanto, nossas principais influências são Brujeria, Flesh Grinder, Impaled, Exhumed,
Haemorrhage, NervoChaos, Disgorge (Mex), Desdominus, Krisiun... Além de outras desgraceiras que
sempre deixam o papai do chão feliz.
483
De Gangræna Sicca
Regurgimentação Necrovaginal Sangrenta
Às vezes, ouvimos críticas sobre o cenário underground da atualidade. O que é o underground
para vocês e qual é a relação de vocês com ele?
O underground é um estilo de vida, uma filosofia. É a nossa segunda casa. É o metal por paixão,
sem frescura e sem modismos. É apoiar a cena independente se a banda que está tocando é do seu amigo
ou não. É comprar materiais, frequentar os shows e depois tomar uma cerveja com a galera enquanto
rola aquela troca de conhecimentos. Felizmente, nossa relação com a cena e especificamente com o
underground sempre foi boa. Quem critica, talvez nunca tenha conhecido ou vivido essa experiência de
verdade.
Na opinião de vocês, porque é tão difícil viver de música, especialmente em nosso país?
Viver de música não é difícil, vide os sucessos de sertanejo e axé e toda essa besteirada que chega
ao mainstream e à grande mídia, que são facilmente engolidas pela sociedade preguiçosa - física e
mentalmente. O difícil no Brasil é viver de metal, de boa música, com um som estruturado, letras críticas
e ácidas. E o motivo... Sinceramente, não sabemos responder. É a cultura. Infelizmente.
Vocês acham que o fato de muitas pessoas baixarem músicas gratuitamente pela Internet acaba
tornando mais superficial a admiração que as pessoas têm pela música? Poderiam explicar, por
favor?
Há casos e casos. Existem pessoas que vão baixar um álbum, ouvir, e ficar por isso mesmo. No
entanto, também existem aquelas que vão baixar, demonstrar um real interesse e gostar de verdade,
procurando a banda para poder adquirir o material físico. Mas, como falamos, há casos e casos. Do
mesmo modo que o álbum disponível na internet tire, de certa forma, o apoio financeiro da banda, ele
também serve para divulgações onde talvez poderíamos nunca chegar, caso a música ficasse presa à mídia
física. E falando sobre a admiração, também temos uma dualidade. Aqui, ela pode acontecer tanto com
quem apenas ouve o material baixado da internet ou por aqueles que compram o CD e frequentam os
shows. É difícil determinar as coisas nesse sentido, cada um é cada um.
Vocês tem tocado em vários locais nos últimos meses. Qual foi o momento mais marcante para
vocês nessas apresentações?
Até o momento, felizmente, podemos dizer que todos os nossos shows foram marcantes, com
uma clara evolução de todos os membros da banda.
484
De Gangræna Sicca
Regurgimentação Necrovaginal Sangrenta
Sempre tivemos uma boa relação com os produtores/organizadores dos eventos e com o público,
que sempre se mostrou recíproco à nossa energia em cima do palco. O apoio é sempre constante e só
temos a agradecer pelas experiências cada vez melhores em todos os lugares por onde já passamos e
espalhamos um pouco de sangue.
Pelo menos um de vocês estudou para ser legista, certo? Algum de vocês têm (ou teve) algum
contato próximo com a morte, com cheiro da doença ou com a dor (própria ou de outrem)?
Alguma experiência que possa nos relatar?
Sim. Nosso baterista, Emanuel Kronéis, estudou e trabalhou no Instituto Médico Legal (IML) de
Santo André, em São Paulo. Ele sempre teve contato direto com a morte, lidando com corpos de pessoas
que morreram de todas as maneiras, como doenças, mortes naturais, pessoas carbonizadas e baleadas. O
Leandro Ogrish, nosso vocalista, também tem um certo contato, já que é jornalista policial e
frequentemente tem que ir em alguma cena de crime, presenciando assassinatos de vários tipos e vendo
corpos de todas as maneiras e estados de decomposição.
Muito obrigado pelo apoio e pelo espaço cedido no Lucifer Luciferax. Foi um prazer e uma honra
participar da entrevista. Queremos deixar um salve urrado e um grande abraço a todos que acompanham
o zine e a banda, nunca deixando a chama do underground se apagar. Quem quiser entrar em contato,
seja para marcar algum show, adquirir material ou só trocar uma ideia mesmo, pode nos procurar pelo
Facebook (www.facebook.com/regurgimentacao) ou pelo e-mail regurgimentacao@gmail.com.
485
Index Librorum Prohibitorum
Cabala, Qliphoth e Magia Goética
Thomas Karlsson
Cabala, Qliphoth e Magia Goética é uma obra sem igual na literatura ocultista contemporânea,
abrangendo filosofia, psicologia, religião e magia, resultado de muitos anos de estudo sobre os temas do
título. Não se trata de uma simples introdução às artes mágicas, mas de uma abordagem profunda da
filosofia cabalística. Os mistérios da escuridão e das Qliphoth, por tanto tempo reprimidos no misticismo
ocidental, formam o tema central.
Ao invés de negar e ignorar a Sombra, o autor revela, passo a passo, como se pode conhecê-la
para chegar a um conhecimento mais profundo do próprio Ser. Explorando a Sombra é possível
transformar essa força destrutiva em um poder criador.
Além do símbolo da árvore da vida com as suas dez Sephiroth e vinte e dois caminhos, que representam
os diferentes aspectos da psique, este livro inclui o lado obscuro da cabala, as dez Qliphoth e os túneis
que atravessam o lado noturno da existência.
O problema do mal, o simbolismo da queda de Lúcifer e o processo de criação do ser humano
são abordados sob a perspectiva cabalística. O autor descreve diversos exemplos de rituais, meditações,
exercícios mágicos e correspondências ocultas.
Cabala, Qliphoth e Magia Goética contém mais de 100 selos, ilustrações e obras de arte, alguns dos
quais foram criados especificamente para esta obra. Também contém uma coleção única de todos os
sigilos demoníacos do "Lemegeton: A Clavícula de Salomão" e do mal afamado "Grimorium Verum", os
clássicos das artes negras.
Esta nova edição, traduzida diretamente do original sueco, contém 5 capítulos adicionais:
"Prefácio" por Kennet Granholm, "A invocação do Dragão", "Os quadrados mágicos", "Os sigilos
qliphóticos" e "Le Dragon Rouge".
486
Ut Hostibus Noceretur
Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
“O Culto aos Espíritos Despertos” Parte I
“Que V.S Maioral nos guie e não permita que nossas palavras corrompam a grandeza de Vossas
legiões.”
Iniciamos esse ensaio agradecendo novamente o convite dessa revista eletrônica que demonstra
tratar-se de uma das poucas publicações desprovidas de ‘mesquinharia’ intelectual. Nosso estimado
Pharzhuph tem erguido uma bandeira eclética e edificante que tem sido fonte de apoio para todos os
que comungam da Verdadeira Luz. Por tal motivo, acreditamos que certos assuntos de cunho esotérico
e restrito podem ser vinculados a esse meio onde encontrão ‘terra fértil’ para germinar.
O intuito desse ensaio é estabelecer uma relação entre dois sistemas magísticos distintos que
possuem raízes em Tradições obscuras e que criaram ‘novas portas’ visando transmutar conceitos
estagnados. A Quimbanda Brasileira praticada dentro do Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e
Exu Pantera Negra trata-se de um conjunto de ideias e práticas magísticas onde a Tradição e a Evolução
caminham concomitantemente. Isso nos permite traçar paralelos e alcançar respostas de forma teórica,
prática e comparativa. Estabelecer relações entre os Sistemas não significa segui-los como via evolutiva,
tampouco, vincularmos ou camuflarmos o Culto de Exu dentro de outros parâmetros.
Entendemos que durante muitos anos a Quimbanda foi desenvolvida dentro de ambientes
maculados, exotéricos, não fundamentados e estagnados onde as pessoas sorviam a seiva amaldiçoada
que escorre pelas raízes da ‘Arvore da Vida’ enquanto estigmatizavam seu nome. Em diversos locais a
prática se tornou um verdadeiro ‘teatro’ movido pelo Ego de seus participantes limítrofes que usavam as
‘máscaras de Exu’ para ocultarem sua sensibilidade à rejeição e aos sentimentos de insegurança quanto
à auto-identidade. Lamentavelmente, muitos “terreiros/templos/casas” ainda vivem atrelados aos
transtornos paranoicos, porém, V.S Maioral eclodiu sua “primium-bivio itineris” e expandiu a Quimbanda
para dentro de círculos esotéricos sérios e dispostos a entrar em guerra contra a inércia e a sandice que
norteia o Culto de Exu. Sabemos que em nome da estabilidade de suas mentiras alguns indivíduos
insistem em proteger a forma de suas pedras cúbicas, mas a Verdadeira Quimbanda sempre estará
disposta a rachar essa pedra e dividir seus fragmentos entre as Almas Ígneas.
Interpretamos a Quimbanda como uma via estrategicamente criada para produzir um embate
interno e externo ao Sistema vigente através da quebra e modificação de conceitos éticos e morais e pelo
direcionamento que os espíritos dão aos adeptos aptos às sendas da “Sabedoria Proibida”.
487
Ut Hostibus Noceretur
Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
Possibilitar evolução através da Sabedoria e incitar o embate a valores ultrapassados e estagnados
faz da Quimbanda uma via Luciférica e Satânica que promove mudanças capazes de transformar as
estruturas egoicas. Entretanto, não podemos confundir os traços paralelos com a própria essência do
caminho espiritual. A Quimbanda é uma via Luciférica e Satânica, todavia, não pode ser confundida
com Luciferianismo ou Satanismo.
A Quimbanda é fruto de uma Tradição própria que envolve história, religiosidade, regionalismo
e mescla cultural. Os fundamentos Satânicos e Luciferianos viventes em sua essência esotérica agem
como adjetivos, ou seja, como qualidades existentes, invisíveis aos olhos profanos e ocultas sob as
‘máscaras de Exu’.
Apesar de a Quimbanda ter sua construção particular, certos conceitos estão em concordância
com os divulgados pelo Satanismo Anticósmico. O processo comparativo que traçamos neste ensaio visa
corroborar com a quebra dos hipócritas valores enraizados de cunho alienador. Entendemos que
informação gera mudanças internas que podem refletir externamente. Essas ações externas podem gerar
mudanças nos fluxos pré-determinados pelo Sistema Escravista regente e de certa forma cria um embate
às forças do Falso-Deus, cuja Corrente Anticósmica denomina ‘Demiurgo’. A Quimbanda Brasileira
entende que esse embate ocorre de quatro formas diferentes:
Acreditamos que quando um adepto compreende essas quatro formas de embate e através de seu
comportamento procura corroborar torna-se uma poderosa arma viva, um elemento extremamente
perigoso capaz de desestruturar uma parcela do Sistema. Esse raio de ação é variável, porém, todos que
se dispõem à ‘guerra’ são considerados seres diferenciados.
Quando iniciamos o projeto da Quimbanda Brasileira e construímos o T.Q.M.B.E.P.N fizemos
de forma consciente, pois víamos claramente certas rachaduras dentro do Culto que possibilitavam a
infiltração gerando transformações nas formas de pensamento e ação. Acreditávamos que certos
conceitos eram tão superficiais, errôneos e estagnados que marcaram a Quimbanda como algo repulsivo,
um culto onde não existia evolução alguma, apenas uma possível amenização dos desejos através da
exteriorização da vontade. Sob nosso entendimento, satisfazer esses impulsos faz parte da Quimbanda,
entretanto, focar o Culto apenas para cumprir um papel amenizador limita e condiciona a ação das
Correntes Ocultas por trás da Máscara de Exu. As experiências contrastantes do nosso cotidiano criam
efeitos colaterais e esses geram os desejos, porém, existem inúmeras armadilhas que estão entre o próprio
desejo e o processo de autoconhecimento.
488
Ut Hostibus Noceretur
Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
Sem o autoconhecimento toda função de embate ao Sistema, cujo pilar sustentador é a
Sabedoria, torna-se equivocada e os adeptos acabam presos aos impulsos grosseiros.
A evolução dentro da Quimbanda é algo notório, porém, como estava muito atrelada à Umbanda
(salvo em raras exceções), permaneceu marginalizada durante décadas. As publicações inerentes à
Quimbanda são conceitos e visões deturpadas vindas através da mente deformada daqueles que jamais
entenderam a função e o grau de Exu. As relações e comparações que tais escritores propagaram não se
tratavam apenas de falta de compreensão, mas (sob nosso entendimento) de um erro proposital e
limitador. Foi justamente nesse erro que enxergamos a fragilidade e, em nome da Luz Luciférica,
decidimos desfigurar intencionalmente alguns conceitos para posteriormente propagarmos a verdade
acerca das forças cultuadas na Quimbanda.
Assim, traçamos vários paralelos até concebermos algo –não estático– que pudesse alicerçar essa
transformação mantendo em nossas essências as reais intenções resguardadas e guiadas pela fonte
interna. Essa estratégia de infiltração e corrupção é retratada em algumas Ordens e Templos
internacionais que propagam o Satanismo Anticósmico e tem como fundamento combater as energias
do Aéon atual através de uma profunda modificação e despertar interno. Essa mutação (Alquimia)
transforma o adepto em um portal vivo e ativo para a ação das forças espirituais rebeldes ao Sistema
Vigente. Entendemos que cada adepto desperto age como uma ‘gota de veneno’ capaz de contaminar
(no sentido de libertação) os ‘reservatórios da massa cega que nada mais são do que poças de água
parada’.
A ‘gota que pode envenenar’ visa à destruição e reconstrução sob novos patamares energéticos.
Esse ‘veneno’ também age como libertador, pois quando começa contaminar (através de diversos meios)
faz com que algumas pessoas enclausuradas aos Sistemas estagnados tenham contato com os fortes
impulsos libertadores e dêem seus gritos de liberdade. Esse embate ocorre em razão da ação opressora
emanada pelo “Falso-Deus” e seus agentes que ocultam e incitam a marginalização todos os Cultos
religiosos que não servirem-no como fonte energética. A verdadeira essência necrosófica da Quimbanda
foi guardada durante anos por aqueles que conseguiram um despertar interno intenso o suficiente para
escapar das emanações provindas do “Falso–Deus”. Esses antepassados, mesmo desprovidos de
literatura, tinham o real contato com os espíritos e os separaram por Grupos, Reinos, afinidades e meios
de ação. Mesmo com poucos recursos, deixaram-nos caminhos relevantes para uma nova geração dar
prosseguimento nesse legado.
A história da Quimbanda foi feita por pessoas cujas almas emanavam uma energia diferenciada.
Essa força é denominada ‘Chama Negra’, ou melhor, a própria essência de Maioral, a energia que afeta
a Criação através da emanação desperta de seu portador. Os homens e mulheres chamados de ‘Chama
Negra’ são regentes de seus sentimentos e abismos internos. Diferentes da grande massa, essas pessoas
compreendem suas energias sombrias e as adaptam segundo suas necessidades.
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Ut Hostibus Noceretur
Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
O Satanismo Anticósmico entende que a ‘Chama Negra’ (ou Fogo Acausal) é a força caótica que
molda os Seres “Nascidos do Fogo” (Fireborns) fazendo-os transcender as limitações causais do Ego. O
Ego, segundo essa Corrente, é condicionado apenas pela mente consciente, submissa às Leis do Cosmo,
inimigo do ‘Eu’ obscuro. Anticósmico pode ser resumido da seguinte maneira: Define-se como todas as
formas legítimas de combate à escravidão imposta pelo Sistema Demiúrgico, livres de dualidade e
conceitos morais, éticos e religiosos, cujo objetivo principal é devolver ao Caos primordial todas as
fagulhas usurpadas ilegitimamente na formação do Cosmo e de toda matéria, destruindo as estruturas
sefiróticas, bem como findando os pólos de energia sustentadores da farsa universal.
Dentro dos ensinamentos da Corrente Anticósmica, entende-se que os portadores da “Chama
Negra” são seres humanos que, apesar de possuírem uma força diferenciada, ainda enfrentam o escravista
e cíclico processo de reencarnação. Dessa maneira faz-se mister aos seguidores dessa Fonte de Sabedoria
fornecerem energias para que os seres enclausurados espiritualmente incitem seus núcleos imortais de
tal forma que se transformem em Nexions ou Poderosos Portais capazes de permitirem às potencias
caóticas (exteriores ao Cosmo) a manifestação nesse plano e a ação incisiva no processo de destruição do
Sistema Escravista. A Quimbanda também tem essa função, entretanto, faz uso de rituais necrosóficos
para que os Poderosos Mortos, denominados Exus e Pombagiras, sejam os condutores na busca pela
Fonte de Luz.
Outra diferença é que a Quimbanda oferta aos seus adeptos a oportunidade de escapar do cíclico
e escravista sistema de reencarnações inserindo o adepto nas Colunas de Maioral.
Dentre os conceitos citados nesse ensaio, destacou-se a figura do Quimbandeiro de Alma Ígnea,
avesso aos padrões que combate suas limitações e barreiras morais. Esse adepto cuja ‘Chama Negra’ fica
evidente no processo evolutivo possui qualidades que grande parte da humanidade não tem. Essa
diferença entre os tipos de homens é fruto do estudo de seu comportamento, espiritualidade e relação
social. Por mais que sejam os entraves que cerceiam a “mente” subversiva e inconformada com os ditames
repressivos, o ‘Chama Negra’ busca através da revolta aos preceitos dogmáticos a libertação do estado de
‘rebanho’. Esse espírito sabe que não é igual aos demais e sente o fogo do inconformismo consumi-lo
incessantemente. Possui uma espécie de “blindagem” mental que incapacita aos inertes sistemas sócio
religiosos qualquer tipo de manipulação e tem como característica principal a busca incessante pelos
caminhos que conduzem à “Sabedoria Libertadora”. De forma contrária, existem indivíduos
institucionalizados, inertes, adoradores dos próprios medos e barreiras psíquicas, repletos de dogmas e
conceitos morais enraizados, ignorantes, manipuláveis, espiritualmente cegos e gélidos interiormente.
Essa diferença entre os homens não se trata de um discurso de separação por raça ou etnia,
tampouco, alimenta o nazismo ou o apartamento por castas sociais. Partimos do pressuposto que nosso
trabalho espiritual visa despertar àqueles que possuem a ‘fagulha obscura’ adormecida presa nos “vasos
de barro” ou invólucros materiais (corpos).
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Ut Hostibus Noceretur
Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
Entendemos que transcrever a diferença entre os homens é um ponto importante para elucidar
o verdadeiro espírito Quimbandeiro e para isso apelamos ao Conhecimento do Satanismo Anticósmico.
Desejamos usar um conhecimento esotérico alicerçado para alcançarmos certas convicções. Entendendo
a natureza dos homens compreenderemos a natureza do Culto aos Exus e mais profundamente a própria
natureza de Exu.
Um dos termos usados dentro da Gnose Anticósmica para diferenciar dois dos três tipos de
homens é: Clayborn e Fireborn.
Clayborn é um termo que designa os “nascidos da argila”, ou melhor, os descendentes da
linhagem Adâmica (terra/barro vermelho). Segundo a Tradição Satânica, a raça do barro é desprovida
do Supremo Espírito/Essência da Chama Negra, portanto, composta de seres escravizados, alienados e
submetidos ao ordenamento demiúrgico. São seres que prestam reverência e culto ao Deus Criador e
mantenedor do Universo, o “carcereiro” de suas quintessências que os aprisionou num contínuo estado
de hipnose, cegueira e renascimento. Tais seres estão submetidos à uma “Roda Arcônica” e não têm
possibilidades de sorver o proibido néctar escarlate. Neste plano material, representam a grande maioria
da humanidade.
Fireborn é um termo que designa os “nascidos do fogo”, ou melhor, os portadores da verdadeira
fagulha espiritual/Azoth/Isfet. São seres que buscam a transcendência do “Ego-consciência” da
dualidade destruindo as amarras cármicas. Os “Nascidos do fogo” representam o embate ao sistema
demiúrgico e ao mundo material, afinal, possuem inscrições primais em suas fagulhas que podem ser
despertas vida-após-vida inacessíveis ao bastardo Demiurgo.
São dragões adormecidos, aptos a despertarem e guerrearem em busca do Eterno Aeon Obscuro!
Os poucos “Fireborns” possuem espíritos cujo pneuma é provindo da própria chama luciférica e
representam uma parcela muito ínfima da humanidade.
Ao estudarmos outras tradições, encontramos reciprocidade na cultura Indiana, mais
precisamente nas escolas de Tantra Yoga. Tais ensinamentos tipificam o temperamento do homem de
acordo com a predominância de um “Guna”, ou melhor, na forma em que a natureza se manifesta em
sua plenitude e qualidades. Da interação desses “Gunas”, a personalidade e o padrão de pensamento
dos homens, bem como a qualidade de suas ações é formada. Os “Gunas” dividem-se em três aspectos
qualitativos:
- Sattva: Derivado da palavra “Sat” (a verdade), tal Guna relaciona-se com a harmonia, pureza e
tranquilidade. Figurativamente é o “Sol do meio-dia”;
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Ut Hostibus Noceretur
Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
- Rajas: É o próprio dinamismo que aciona os dois demais Gunas. Relaciona-se com a ação, o
movimento e a violência. Figurativamente é o “Sol Nascente”;
Apesar dos homens estarem sob a influência desses três “Gunas”, os mesmos se diferem na
proporção que agem na vida dos mesmos. Dessas proporções três tipos de homem são encontrados:
Após a compreensão das influências dos “Gunas” na personalidade dos homens, a Tradição
Anticósmica acredita que entre o “clayborn” e o “fireborn” exista mais uma qualidade de ser humano.
Esse homem está no limiar entre a cegueira espiritual e a Luz Luciférica libertadora. O homem mediano,
através da Vontade, do árduo Trabalho e da Fé pode cair nas graças de Lúcifer para obter a Grande
Sabedoria.
O homem mediano, chamado também como “Psíquico” ou “Ouvinte” (termos usados pela
Corrente 218), por ter predisposição à guerra, tem capacidade de sair da inércia do sistema demiúrgico
e despertar a centelha adormecida que reside em sua eternidade.
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Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
Conclusão
Para completarmos esse primeiro ensaio, vamos resumir outro aspecto fundamental para que a
realidade Exu possa ser vislumbrada dentro de um círculo mais obscuro e esotérico. Historicamente, o
nome Èsú já veio da África estigmatizado com o Demônio Cristão Satanás (Arqui-inimigo de Deus). No
Brasil Colônia não seria diferente, ao contrário, esse Ser Astral recebe características dos também
perseguidos Deuses Indígenas e de alguns demônios trazidos pelos Jesuítas e pelas bruxas e feiticeiros
deportados pelo Santo Ofício. O processo de sincretismo tratou de fazer com que o nome do Òrísá Èsú
se tornasse ‘Exu’: Um título para os espíritos obscurecidos que adentravam no culto aos mortos
praticados no Novo Território. Esses espíritos em sua grande maioria não estavam conectados com
V.S.Maioral, mas agiram como escravos, pois abriram portais para que os Poderosos Espíritos pudessem
transpassar os véus, adentrar pelas mesmas portas astrais que os demais espíritos transpassavam e aos
poucos, imporem certos conceitos que hoje vivenciamos com maior plenitude.
“Quando V.S. desejou, começou separar esses espíritos por afinidade. Maioral enxergou na ancestralidade
africana a força apropriada para edificar um culto próprio. Dessa forma, aproveitando-se de todo contexto
histórico e político que essa terra vivia nasceu, de um nome incompreendido, uma das religiões mais temidas
da Terra: A Quimbanda. Quimbanda continua sendo o Sacerdote de Cura, mas essa cura não é para
doenças físicas e espirituais, é a cura da cegueira e domínio do Ego. É a cura para uma doença que se chama
escravidão.” (Coppini, Danilo.Quimbanda -O Culto da Chama Vermelha e Preta–
T.Q.M.B.E.P.N, Editora Capelobo- SP.)
A Quimbanda foi uma resposta vinda através das forças externas. A verdadeira função dessa
gloriosa vertente foi criar um ambiente astral onde os espíritos dos eleitos pudessem continuar em estado
de guerra sem estar atrelados às sendas da reencarnação, ou seja, todo espirito com pré-disposição é
arrebanhado, conduzido e desperto para guerrear contra as emanações do ‘Falso-Deus’.
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Quimbanda Brasileira e o Satanismo Anticósmico, por T.Q.M.B.E.P.N
Dessa forma, os Fireborns e os Ouvites, puderam ter Espíritos afins para garantir suas evoluções
através do culto da Quimbanda. Por isso, entendemos que os Clayborns que se envolvem com cultos
como a Quimbanda ou outra vertente afro-brasileira, possuem em seu enredo espíritos de Clayborns
(presos) e os Fireborns, espíritos despertos (livres), verdadeiros Mestres e Mestras. Aqui fica explicada a
grande diferença na ação dos Exus e como o astral se modela de acordo com afinidades energéticas.
Finalizamos alegando que existem muitos laços que nos unem ao Tradicional Satanismo
Anticósmico, porém, o mais relevante de todos é essa escalada espiritual e a forma de infiltração e
envenenamento que está sendo feito por diversos Templos e Ordens. A Quimbanda é cíclica e renasce
cada vez que um muro rachado não suporta a pressão dos Sete Reinos de Maioral e cabe aos Verdadeiros
Quimbandeiros continuarem desbravar os planos obscuros em busca de gnoses e forças inacessíveis aos
clayborns.
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Dignus Cantari
Summum Heredis, por Taijasa
Letras de composições do álbum Summum Heredis, gentilmente cedidas por Taijasa e Summum Heredis.
Os deuses gritam através de minha boca The gods scream through my mouth
Os mundos se cruzam The worlds cross each other
O jarro transbordou The jug overflowed
e a peste se espalhou and the pestilence has spread
O caos consumirá os mundos The chaos will consume the worlds
Extinguira os vermes Shall exhaust the worms
Que se alimentam de restos That feed on the remains
https://www.facebook.com/SummumHeredis
495
Dignus Cantari
Summum Heredis, por Taijasa
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Aurati Imbres
Entrevista Umbrarigae, Black Metal
Em 2015 vocês finalizaram o álbum After Me, the Innocence que é a primeira parte de uma
trilogia. Qual é o conceito por trás dessa trilogia? Há mais trabalhos da banda (demos,
coletâneas e/ou ensaios)?
Queríamos que nosso trabalho fosse original também no modo de seu lançamento, optamos pela
trilogia para ditar as regras dos temas tratados em três discos, porém isso não quer dizer que um álbum
soará igual ao outro.
497
Aurati Imbres
Entrevista Umbrarigae, Black Metal
As composições do Umbrarigae abordam quais assuntos? Izaltigae “centraliza” a criação das
letras por algum motivo? Como as músicas são criadas?
Apesar de cada membro ter seu papel no projeto, tudo é acordado e dividido profissionalmente,
pois senão o termo banda começa a cair. Por ser vocalista tenho facilidade em escrever os temas, por isso
fiquei com esta função tão honrosa. No primeiro trabalho já tinha as letras prontas há vários anos, e
algumas musicas em processo. Não abri mão de partes das letras serem limadas em prol do instrumental.
Agora, no After Me, The Truth, estamos com nove músicas prontas, sem letras, assim farei o processo
ao contrário para que as letras trabalhem a favor do instrumental.
As músicas nascem em um simples estúdio na minha casa apelidado carinhosamente como
"Cativeiro do Satanás" e depois disso levamos para ensaiar no estúdio fechado.
A atual formação da banda é Izaltigae, Vulpekula e Ursus. Em tempos passados houve outro
guitarrista. Vocês pensam em recrutar novos membros? Em quais outros projetos musicais os
membros estão envolvidos?
Vocês são músicos bem experientes, porque não há shows do Umbrarigae (ainda)?
No início o que mais se quer é subir em palcos. Isso é importante, mas sinceramente, já passamos
esta fase de empolgação com nossa antiga banda. Tornamo-nos exigentes no que diz respeito à
apresentação, qualidade do som, comprometimento de público e organizadores. É chato em pensar que
mais vale um bom ensaio de criação do que um show que só te deu dor de cabeça e sem público pra
divulgação.
Isso não quer dizer que nunca vamos fazer shows, mas Bathory que o diga o tão grande a banda
se tornou em cair na estrada!
Por isso tentaremos lançar nosso trabalho com qualidade e se estivermos no palco será o mesmo
requisito.
498
Aurati Imbres
Entrevista Umbrarigae, Black Metal
O que vocês pensam sobre o cenário underground brasileiro atual, especialmente sobre o
Black Metal?
Percebemos que ainda há a falta de camaradagem entre as bandas da mesma região, onde alguns
insistem em dizer que tem união.
Enfim, talvez isso seja processo natural para se reinventar do zero e acabar com os conceitos
distorcidos que acrescentaram ao Black Metal, onde trocaram chocar em diversão e guerra por paz.
Todas essas influencias estão dentro do Umbrarigae, no primeiro álbum trabalhamos a inocência
ligada ao mal e fantasia. Agora estamos juntando as peças da verdade de homens e animais para o After
me, The Truth.
Porém com o tempo de evolução podemos resumir tudo em uma palavra: LIBERDADE!
Nada dita as regras dentro da nossa música, já temos mais regras e leis fora da banda do
conseguimos aguentar.
Cada membro da banda divide seu sentimento nas composições, mas isso só pode ser completo
dentro de cada um.
Depois que você cria a música ela não é mais sua e sim de quem escuta, queremos passar este
sentimento único para cada indivíduo que nos ouve.
499
Aurati Imbres
Entrevista Umbrarigae, Black Metal
Quais bandas os influenciaram e quais bandas atuais vocês têm ouvido (e gostado)?
Poderíamos citar só clássicos, mas ficaria óbvio demais. Vamos de trabalhos "menos" conhecidos:
Clandestine Blaze: lembra do quanto Darkthrone era foda? Isso é cru e ríspido em pleno 2015.
Urfaust: todos aguardávamos um retorno do velho Burzum, isso cobre sua falta com apenas dois
integrantes.
Craft: mais matador quanto o novo Mayhem.
Ancesion: pra ser um clássico tem que soar original.
Aosoth: produção impecável sem perder as origens.
Chaos Invocation: bela surpresa na primeira audição.
Leviathan: velho de guerra se renovando a cada trabalho.
Triptykon: a evolução do Celtic Frost.
Thulcandra: tributo ao saudoso Dissection.
Patria: o Brasil ainda não está acabado.
Quantas vezes apreciamos imensamente um trabalho e nos decepcionamos nos próximos passos
do criador. Isso não importa mais, aquele trabalho se transformou e agora é seu!
Agradeço profundamente aos Irmãos Izaltigae, Vulpekula e Ursus por nos concederem essa
indispensável entrevista. Deixo o espaço livre para suas palavras finais!
Fico eternamente grato pelo seu espaço, caro amigo, espero encontrar mais pessoas como você
nesta jornada, e posso falar com propriedade pelo tempo que te conheço, será foda encontrar!
Abraço!
Izaltgae
https://www.facebook.com/Umbrarigae-1388765358110225
500
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Mortis Honor
Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Por T.Q.M.B.E.P.N e Pharzhuph
Refleti por dias sobre como abordar esse importante e poderoso ritual nas páginas da Lucifer
Luciferax e optei por redigir parte do texto utilizando a primeira pessoal do singular, pois estive eu
também imerso, enredado e comprometido com a profunda experiência mística com a qual lidamos no
decorrer dos rituais e de nossa trezena maldita.
Há muitos anos percorro a via sinistra do Caminho da Mão Esquerda e poucas vezes me deparei
com um projeto coletivo de tamanha magnitude. Reunimo-nos em praticantes de dez países, mais de
trezentos indivíduos iniciaram a primeira parte do projeto e pouco mais de um terço alcançou o segundo
estágio. Como esperado, nem todos conseguiram partilhar da experiência sagrada com os poderosos
Mestres Ancestrais.
Através desse rito pude reencontrar minha essência ancestral e reaver consciência sobre minha
verdadeira origem no seio dos antigos dragões do caos primevo junto aos outros que de lá procederam.
Um processo alquímico de dissolução, morte e ressurgimento. Uma ação continuada onde
pudemos experimentar o exício, a dor agonizante do renascer, a profundeza do Abismo e o contato
direto com nossos Mestres Ancestrais.
O projeto foi organizado especialmente por Danilo Coppini e pelo Templo de Quimbanda
Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra e contou com a colaboração ímpar de Francisco Facchiolo
Lima, Bruno Neves Oliveira, Edgar de Kerval, Néstor Avalos e minha.
Definições e Conceitos
“Sereis assim e como sois então fomos nós!”
Por T.Q.M.B.E.P.N
Dentre as crenças que descrevem as mudanças sutis e drásticas dos estados de consciência destaca-
se a Quimbanda Brasileira. Tais mudanças ocorrem principalmente através do constante contato entre
os vivos e os Poderosos Mortos os quais nossa Tradição nomina como Exu e Pombagira. A ação desses
espíritos, por mais simples que sejam, produz uma alteração progressiva através dos aspectos
experimentais e esses fenômenos produzem a quebra da previsibilidade causal e a expansão excepcional
da mente dos adeptos.
Todos os rituais, repletos de “pontos-de-contato” simbólicos, tem por finalidade reproduzir uma
determinada densidade energética existente em “Pontos-Estágios” materiais e astrais, ou seja, quando se
evoca/invoca determinada força através de Pontos Riscados (Sigilos) e Cantados, rezas, uso dos quatro
elementos, sacrifícios, dentre outras vias ritualísticas, desejamos modificar a estrutura do ambiente em
que nos encontramos tornando-o compatível com a energia do espírito, Legião ou Reino que evocamos.
502
Mortis Honor
Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Por T.Q.M.B.E.P.N e Pharzhuph
Todo esse esforço visa proporcionar à força que desejamos contatar uma faixa vibratória
compatível em amplos aspectos.
Além desses aspectos, os rituais proporcionam a reunião, a atitude correta diante ao espiritual e
uma forma incisiva de quebrar as correntes do “Eu” em busca do encontro com nossos ancestrais
venerados ou poderosos espíritos.
O contato espiritual somado ao estudo, constante busca pluricultural e a uma intensa dedicação
à expansão da consciência visam ampliar as ‘encruzilhadas’ obsoletas, desmistificando os tabus que
envolvem o Culto da Quimbanda, em especial, as práticas mortuárias ou necromânticas. “Morrer
tornou-se uma Arte muito mais bela e rica do que viver!”. Com essa afirmativa, vinda através do contato
com Exu Lúcifer, entendemos que a cartografia e a compreensão do mundo dos mortos são de extrema
importância para os adeptos que desejam se aprofundar nos Grandes Mistérios. Para isso é necessária
uma preparação física, psicológica e espiritual capaz de reproduzir a aniquilação biológica para
posteriormente ser derramada a Luz Luciférica do renascimento espiritual. Estamos tratando de um
processo iniciático gradual onde o feiticeiro se torna sua própria sombra.
Nosso Templo entende que a Quimbanda possui atributos muito similares a cultura hindu,
principalmente no que tange à inversão dos valores atribuídos aos vivos e mortos. Morrer significa
libertar-se da Ilusão (que no hinduísmo é representado pela Deusa Maya) e, para alguns, seguir adiante
de forma evolucionista. Assim, torna-se condição primordial a compreensão sobre a viagem póstuma e
sobre a ação e reação nos Campos Astrais de V.S Maioral. A consciência sobre a temporalidade age como
inimiga do desconhecido e do escravismo linear.
Toda essa alquimia mortuária visa aliviar nosso sofrimento mental e deixar em nossos
subconscientes as “chaves” que abrirão comportas capazes de intensificar e acelerar a mente para que
nos encontros com a Morte e suas eventuais provas e julgamentos pouco habituais não façam do adepto
um joguete entre o “bem e o mal”. Também existe a preocupação em mostrar aos adeptos vivos que o
primeiro contato com a Luz de Lúcifer pode ser a única maneira de iniciar o processo antiescravista.
A condução ao “mundo dos defuntos” de forma gradativa e estruturada permitirá aos adeptos
que tenham infinitas fontes de sabedoria, tanto ancestrais quanto não humanas. Isso fará com que os
envoltos na mortalha invisível do Rei da Kalunga tenham completo domínio da ‘Realidade Objetiva’ e
do ‘Mundo Sobrenatural’.
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Mortis Honor
Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Por T.Q.M.B.E.P.N e Pharzhuph
Kalunga é uma palavra de origem africana (Bantu) cuja tradução assemelha-se ao “Mundo dos
Mortos”. Essa palavra é abrangente e também sinaliza as águas que dividem os mundos dos vivos e dos
mortos. Acreditamos que ao atravessar o mar nos navios negreiros, os escravos africanos entendiam que
estavam atravessando a Kalunga e, em razão das viagens serem longas e de muitos morrerem vitimados
por doenças e violência chamavam o mar de ‘Kalunga Grande’ (os corpos eram jogados ao mar).
Devemos lembrar que milhares de negros jamais haviam visto o mar o que tornou essa concepção muito
mais marcante para a criação de novos conceitos.
O povo africano antigo professava a crença da sobrevivência da alma após a morte física. Os
mortos, dependendo da forma ao qual faleciam, tinham força para intervirem na vida dos vivos. Da
mesma forma, os ameríndios professavam crenças similares. Se estudarmos ambas as culturas
entenderemos que as causas e consequências de diversas passagens estavam relacionadas aos
antepassados. Diante a todas essas mudanças, um Deus Bantu, considerado o Senhor dos Mortos, em
alguns lugares chamado de Kalunga-Ngombe possivelmente seja a ‘raiz’ que explica o uso da palavra
Kalunga tanto para os cemitérios quanto para o mar: A Terra de Kalunga-Ngombe, a morte, as pestes, o
ceifador de rebanhos.
Um detalhe interessante de expormos também encontra explicação na cultura religiosa Bantu.
Quando um espírito familiar desencarna torna-se um ancestral divinizado, considerado um fantasma
familiar. Esses espíritos são nomeados de Makungos. Ao longo das gerações esses espíritos perdem suas
estruturas individuais e passam compor outras classes de espíritos. Dentro do enredo da Quimbanda
praticada pelo T.Q.M.B.E.P.N, entendemos que essa descaracterização da individualidade é exatamente
o processo pelo qual Exus e Pombagiras são submetidos antes de adentrarem a uma Legião/Povo.
Segundo os Bantus, dentro dessas novas classes de espírito encontram-se os Mwene-Mbago, ou melhor,
os espíritos masculinos e femininos que estão nos bosques e florestas. Isso ocorre porque os mortos eram
enterrados no alto dos vales e as árvores desses locais são consideradas sagradas guardiãs, inclusive
recebendo oferendas e orações. Os africanos acreditavam que nos troncos dessas árvores habitavam
espíritos poderosos que guardavam os mortos e poderiam ser extremamente cruéis com aqueles que
desrespeitassem esse espaço. Essa crença assemelha-se muito com a forma que os ameríndios celebravam
seus mortos.
Em um relato histórico do Jesuíta J. Cabral (1713) encontramos um texto afirmando que em
determinados locais próximos aos rios os índios teciam a crença que as figueiras eram o habitat de seus
mortos e quando o vento as balançava era como se os mortos dançassem para os vivos.
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Mortis Honor
Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Por T.Q.M.B.E.P.N e Pharzhuph
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Mortis Honor
Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Por T.Q.M.B.E.P.N e Pharzhuph
Como já é sabido por muitos, nosso grupo (T.Q.M.B.E.P.N) possui uma Tradição moldada não
só nos preceitos tradicionais da Quimbanda como em fundamentos esotéricos de Tradições obscuras.
Entendemos que os cemitérios são solos sagrados onde a carne se putrefaz e o espírito ascende. Nesse
solo é que são separados os espíritos com essência ígnea daqueles desprovidos de força, cuja vida material
foi cerceada pelo comportamento frio do barro. As tumbas e sepulcros são aberturas para os reinos
Ctônicos governados pelos Grandes Mestres Exus e Pombagiras. Cada pedaço desse solo é carregado de
poder e possui uma gerência diferente; a Terra, a poeira, as lascas de sepulturas, os vasos, cruzes, veleiros,
flores e plantas que ali residem. Isso tudo tem um governo que na nossa Tradição é feito pelos Exus Reis
da Kalunga (ou Exu Omulu Rei) e pelas Pombagiras Rainhas da Kalunga. Esses espíritos estão sob a
graça da própria Morte, cujo entendimento se trata do Grande Ceifeiro ou o Primeiro Coveiro. Esse
para nós chama-se Qayin, entretanto, não nos aprofundaremos nesse assunto.
Entendemos que o Reino dos Mortos é um local onde diversas energias se manifestam, mas em
geral trata-se de um local com uma atmosfera mais silenciosa e densa. Existe movimentação, entretanto,
a polaridade que governa esse Reino é mais receptiva (-). Vemos isso claramente quando estudamos os
pontos riscados dos Exus. Na maioria possuem garfos arredondados o que demonstra seus domínios de
drenagem energética. Os espíritos arrebanhados para o trabalho dentro do reino da Kalunga são mais
sombrios que os demais, apesar de serem guerreiros e feiticeiros de grande conhecimento magístico. Tais
espíritos dominam muitas artes proibidas e são exímios manipuladores de correntes energéticas.
Conhecem as artes da cura e da doença e podem ser evocados e invocados em diversos casos. Alguns se
apresentam astralmente como caveiras o que demonstra seus altos graus de desprendimento mundano
e o governo de diversas etapas do processo de desprendimento material.
Dentro desse Reino encontramos as conexões ancestrais com os espíritos similares e o trabalho
magístico pode se tornar muito mais amplo e poderoso. Exigem respeito acima de tudo! Nada deve ser
retirado da Kalunga sem a anuência desses guardiões, pois pode fazer com que os mesmos descarreguem
suas iras na forma de emanações energéticas. Para isso usam de almas obsessivas, ameaçadoras e
vingadoras. Esses são escravos dos Exus/Pombagiras da Kalunga até que sua obsessão diminua de
intensidade e o mesmo seja conduzido para um Mestre Preparador a fim de ascender como Exu.
506
Mortis Honor
Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Por T.Q.M.B.E.P.N e Pharzhuph
Propósitos do Ritual
Eke a pá eleké
Odalê a pá Odalê!
A mentira matará o mentiroso
A traição matará o traidor!
Não é nossa intenção descrever aqui ritual e trezena. Optamos por dar voz incógnita aos
participantes e deixá-los explanarem as próprias experiências. Os relatos ora apresentados foram
levemente revisados textualmente e seus autores suprimidos da redação.
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Relatio Gratiœ
Relatos Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Anonymus
Primeiro Relato
508
Relatio Gratiœ
Relatos Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Anonymus
No momento da exclamação, uma lufada de ar giratório surgiu no aposento e foi possível ver a
fumaça dos defumadores girando em espiral em sentido horário. Normalmente não costumo creditar
eficácia quando fenômenos ocorrem, mas eles certamente apresentam indícios valorosos sobre o cerne
da operação e sobre o que se está fazendo.
Podem (os fenômenos) não ter um efeito prático requerido, mas significam bastante para o
operador atento. Mesmo que o significado não surja no momento é importante registrá-lo da melhor
maneira possível para análise posterior.
Ao incinerar o ponto na chama das velas foi como se houvesse algum forte combustível no papel,
pois uma alta labareda surgiu e abrasou o ponto quase que instantaneamente. O papel não se consumiu
ao todo e quase não houve resquícios negros da combustão, o ponto se tornou uma cinza escura que
não se quebrou prontamente.
Iniciei a friccionar os úmidos pedaços de carne no corpo a partir dos pés, fazendo rubras marcas
em forma de cruz. Ao chegar à altura dos joelhos, era como se eu ouvisse a agitação de uma miríade de
almas se aproximando agitadamente, como num vórtice intenso que se precipita. Algo semelhante a
dezenas de animais carniceiros se aproximando do corpo que jaz largado sobre a terra árida. Ao chegar
à altura do pescoço e dos ouvidos, era como se milhares de espíritos sem olhos quisessem me consumir.
Não temi, embora a sensação fosse um tanto desagradável. O cheiro do sangue se tornou acre e pútrido.
Um amontoado gigantesco de ossos se abriu e era como se meu corpo estivesse dentro de um pesado
caixão negro sobre o qual estavam entalhados uma longa cruz negra e uma foice de forma estranha.
Havia uma espécie de névoa de cor púrpura intensa, quase roxa. O caixão era baixado sem cordas para
dentro da cova aberta no meio dos ossos. Houve uma sensação de eu estar sendo sepultado ainda com
vida. À beira da cova surgiu um vulto sombrio, pardo, muito alto e volumoso, nesse momento tudo se
desfez rapidamente e se dispersou. A sensação de sufocamento cessou de imediato e segui o ritual com
as oferendas para Exu Rei da Kalunga e Pombagira Rainha da Kalunga.
Na meditação final consegui realizar a visualização de maneira adequada, acredito que de maneira
bem criativa. Senti no final uma força agindo de dentro para fora e uma espécie de sensação de bênção.
Renascido, sinto que há muito ainda para semear, destruir e honrar.
Finalizei a operação com a oração de agradecimento, tomei um banho convencional comum
seguido de um banho com infusão de arruda.
Fiz ainda uma oferenda ao (...).
Fim do primeiro relato.
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Relatio Gratiœ
Relatos Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Anonymus
Terceiro Relato
Infelizmente não pude usar a trilha sonora, por não morar sozinho e por ter problema de audição
(o que faria a trilha ter que ser alta para poder ser ouvida).
Usei os outros elementos do ritual. Durante o ritual em si, não senti tantas diferenças conscientes
na minha mente (devia ter tomado um pouco de ayahuasca para melhorar isso), mas definitivamente
percebi correntes se movendo no meu subconsciente, coisas indefinidas que não conseguia "enxergar"
claramente. Após o ritual e no dia seguinte, ficou bem evidente que algo em minha energia mudou. É-
me difícil defini-lo com palavras. Sinto-me mais "sharp", mais afiado, mais agudo, mais concentrado em
mim mesmo. Obrigado pelo ritual, Mestre.
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Relatio Gratiœ
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Anonymus
Quarto Relato
No dia 02/11 fui trabalhar e cheguei tarde. Devido ao feriado não encontramos nenhuma
casa aberta para que conseguíssemos os materiais necessários. Hoje, dia 03/11, fizemos o ritual.
Tivemos que improvisar também algumas coisas. De início aconteceu de tudo para tirar o foco e
não dar certo de fazer o ritual, mas com muita perseverança e esforço conseguimos passar por cima de
alguns obstáculos e fazer.
De início me senti meio dispersa por ter que ler e ao mesmo tempo buscar a concentração, mas
no momento em que esqueci o papel passei o fígado em meu corpo senti uma mistura do calor e frio,
um cheiro muito forte, digamos que de podre, porém não era a carne. Nesse momento me entreguei e
pedi para que me devorassem, tirei a blusa e comecei a clamar por eles até que comecei a me sentir
farejada. Como se estivessem me cheirando e me tocando cada vez mais famintos e frios. A sensação ia
aumentando muito mais até que clamei por meu pai Exu Sete Capas e no mesmo momento foi como se
todos se afastassem e eu me senti abraçada por ele. Minha respiração foi voltando ao normal até que
consegui abrir os olhos e voltar a continuação do ritual.
Após isso senti em todos os momentos meus mestres pertos de mim.
Foi uma experiência única que renovou minhas forças e por mais incrível é que mesmo com
tantas dificuldades no início e até vontade de desistir, no final quando apaguei as velas e respirei fundo
eu só conseguia sentir paz e um sentimento enorme de agradecimento.
Agradeço a você, Danilo Legião, e a você, Pris Coppini, pelo cuidado, carinho e dedicação que
têm para com os adeptos do Templo. Obrigada por mesmo em sua recuperação se preocupar com a
nossa evolução e nos ajudar a ter a oportunidade de vivenciar uma experiência tão valiosa e poderosa.
A música já ressoava no ambiente. Escrevi a oração à mão. Decidi utilizar uma das velas que já
havia sido usada no primeiro ritual, escolhi a que tinha o maior acúmulo de cera derretida.
O fato de ser uma meditação livre, de caráter mais passivo/receptivo, me deixou um pouco
titubeante, pois normalmente sou acostumado a seguir “regras” e “fórmulas” em procedimentos
relacionados, muitas delas criadas para/por eu mesmo.
Escolhi um asana muito simples (sentei no chão de pernas não cruzadas), posicionei o castiçal a
minha frente e não acendi incensos. Acendi a vela, inspirei profundamente, procurei regular a respiração
e acalmar os sentidos e o corpo. Fiz a oração e fechei os olhos. Procurei manter o asana e os olhos
cerrados acima da altura da chama da vela.
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Relatio Gratiœ
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Anonymus
No início procurei manter minha mente livre de pensamentos, mas ela não se calava. Recorri
então à técnica de tomar consciência plena do momento, do local e de meu ser e passei a me visualizar
como deveria estar: sereno, calmo e receptivo. Comecei então a ouvir a música com mais profundidade
e minha mente se acalmou mais, senti na música uma espécie de mantra chamando pelas forças
ancestrais e procurei manter esse estado mental. Em determinado momento senti que alguém se sentou
a minha frente e bloqueou a luz da vela. Não abri os olhos enquanto senti essa presença. A vela começou
a crepitar e a presença se dissipou. Abri os olhos e encerrei a prática. O exercício deve ter durado por
volta de trinta minutos, entre 23:00 e 23:30 aproximadamente e a vela se consumiu por cerca de um
quarto de sua altura inicial.
Para a prática de amanhã, dia 04/11/2015, pretendo assumir o asana do dragão, queimar
incenso de mirra e manter o restante como feito hoje.
Sexto Relato
Boa tarde. Trago aqui o meu relato sobre o ocorrido durante esses treze dias da trezena maldita.
A certeza e a sensação de uma presença invisível foram constantes durante a trezena maldita, com fortes
arrepios e tonturas durante o dia, acompanhados de momentos de desconexão com o mundo, parecia
que a mente travava. O engraçado é que no segundo dia, durante a noite inteira sonhei que estava sendo
devorado por uma Pantera Negra e Onças Pintadas e durante todos os dias, as noites de sono e descanso
para o corpo foram de intenso trabalho para o espírito no plano astral, tenho certeza disso.
No momento a sensação de esgotamento/“sugamento” energético é grande, mas sinto que fiquei
mais centrado, mais equilibrado emocionalmente. Sinto que houve uma profunda mudança no meu
campo vibracional, energético e no meu corpo mental. A maior dificuldade pra mim é fazer o despacho
no cemitério sem a interferência de profanos, já que hoje em dia todos os cemitérios urbanos possuem
vigias pra coibir a ação dos "macumbeiros", mas acho que já encontrei o local ideal. Gostaria de agradecer
pela oportunidade de ter acesso a um culto tão valioso espiritualmente e quero continuar no projeto.
Abraço a todos os membros do TQMBEPN!
Sétimo Relato
02 de Novembro. Nesse dia de finados passei o dia todo trabalhando, foi um dia cansativo e
estressante. Trabalho em um bar e mercearia junto com meu pai e apesar de ser um negócio familiar o
fardo não é atenuado e mesmo hoje tive de trabalhar o dia todo. Entre às 9:00 e 10:00 horas da manhã
consegui um tempo e acompanhei minha mãe ao cemitério, lá visitamos os túmulos de meus avós e tios.
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Relatio Gratiœ
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Apesar de trabalhar com bebida não é fácil levar bebida para casa de forma discreta, somado ao
cansaço de um dia completamente atarefado quase me esqueço do ritual ao qual me propus realizar. Por
conta disso não tive tempo de sair e comprar todos os itens necessários. Era por volta das 22:00 horas
quando me dei conta de que não preparara nada e já não havia mais onde obter todas as coisas.
Pessoalmente considero isso uma irresponsabilidade, ao mesmo tempo em que tenho consciência da
fatalidade às circunstâncias, talvez do próprio carma. No entanto estava firmemente decidido a
prosseguir com o projeto e não permitiria que as circunstâncias continuassem a se opor a minha decisão.
Digo todas essas coisas não para justificar minhas possíveis faltas e/ou inconseqüências, mas tão
somente para contextualizar os eventos e manter-me fiel ao espírito no qual o projeto foi iniciado. Como
já disse, não tive tempo para me preparar para o ritual, então lancei mão do que possuía a disposição,
três velas pretas, um cigarro de filtro branco, um cigarro de palha, incenso sangue de dragão, dois copos
usados em experiências de contatos com Exu realizadas num período em que busquei uma visão
diferenciada da quimbanda que não fosse a visão popular (não tinha contato com nenhuma tradição de
matriz africana e nessa mesma época conheci o T.Q.M.B.E.P.N.), evocações e invocações ligeiramente
modificadas, os pontos de Exu Rei e Pombagira Rainha da Kalunga e o ponto de comunhão com os
mortos.
Velas dispostas: iniciei o ritual após a purificação do ambiente e considerando a carne como a
corrente que nos prende, a substituí por meu próprio braço no momento de circundar a chama da vela
e na invocação e após a queima do sigilo tracei diversas cruzes por meu corpo usando suas cinzas e então
ofereci meu prana aos espíritos. Prossegui com as invocações conforme o ritual e durante a meditação
final pude sentir uma corrente de ar frio e um fluxo desvairado de energia no ambiente.
513
Relatio Gratiœ
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Anonymus
Esse tal monge me presenteou com uma espécie de adorno feito com tiras de couro, um tipo
estranho de “colar” cravejado com pedras cintilantes. No centro do adorno havia um belo e largo
medalhão no formato de Bhairava. Esse medalhão estava em chamas, mas não feria.
No segundo sonho eu olhava para uma espécie de parede vermelha, ao fundo ressoava a música
Chthonic Transmission. Sobre a parede um símbolo começou a surgir como se estivesse sendo pintado
pela parte posterior da parede. O símbolo era como um pentagrama truncado sobre o qual se
sobrepunham o sigilo de Lúcifer e a metade esquerda da face de um bode, porém a face do bode se
desenhava de forma diferente da comum.
Nono Relato
Comecei a entrar em egrégora com os mortos desde o dia 31/10, aproveitando a abertura de
portais que favorecem o contato, dediquei velas, orações, incenso e a queima do tabaco, e dessa mesma
maneira se seguiu o dia seguinte 01/11.
Para o ritual de dia 02 me vi em certos apuros devido não achar lugares abertos, mas com um
pouco de esforço e criatividade consegui tudo que era necessário para o andamento do ritual.
Detalhando que o ritual foi feito em três pessoas, mas cada um com suas coisas individuais.
Iniciamos por passar a corrente no fogo como forma de consagração, após, foi feito o banimento
de forma tríplice com entonação feroz; foram acesas as velas e feita a oração para cada vela que ia sendo
acesa, neste momento já era de fácil percepção a energia querendo tomar espaço no ambiente, após isso
se seguiu o ritual como foi descrito passando a corrente pelas velas com a oração sendo feita.
Após já colocada a corrente em volta e fechada (cadeado improvisado) eu tive uma sensação
engraçada, eu senti uma forma de cerceamento por conta da corrente, como se eu estivesse ali, mas algo
me forçava a não transpor os limites da corrente, com a mente vazia visualizei e derramei meu sangue
sobre o ponto de conexão com os mortos, e logo em seguida a passagem do fígado pelo corpo, optei por
ficar sem camisa para poder passar o mesmo em maior parte; o contato de seres me devorando se fez
bem sucinto, pois como de costume e todo ritual eu estava com meu fio de proteção, logo me liguei disso
e tive o insight de tira-lo e foi o que aumentou a sensação de ser devorado, mas mesmo assim de forma
pouco agressiva devido entrar em ação outra proteção que tenho, enfim, após aparentemente os espíritos
saciarem a "fome", senti uma certa brisa que parecia que rodava somente dentro da minha corrente, era
como o vento leve provindo do balançar de uma cortina, mas que se fez contínuo; consegui vislumbrar
uma grande cruz e dela se desdobravam encruzilhadas com mais do que só quatro saídas, os espíritos
não se moviam por ela de forma lenta ou moribunda como se relata em filmes, o cruzeiro conduzia essas
almas com um dinamismo
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Relatio Gratiœ
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de certa forma até agressivo, tudo se passava de forma temporal distorcida, a Kalunga se mostrou muito
mais movimentada do que eu imaginava que fosse.
Após essa meditação foram entregues ao Rei e à Rainha da Kalunga a bebida e o fumo como
mandava o ritual, senti sucinta, mas perceptível a presença deles nesse momento, fizemos mais uma
rápida meditação nesse momento pra entrar em comunhão com a presença deles.
Fizemos os agradecimentos pelo andar do ritual, finalizamos como mandava o script, recolhemos
o que tinha de se recolher e fizemos o que tinha que se fazer ao final do ritual.
Gostaria de agradecer de todo coração a todos envolvidos nesse projeto maravilhoso, que pôde
me proporcionar lindas visões e sensações indescritíveis, tudo isso acompanhado de uma música
indiscutivelmente maravilhosa e que casa de forma harmoniosa com o ritual proposto, o que culminou
em algo esplendoroso.
Meu sincero obrigado. Por um Irmão do T.Q.M.B.E.P.N.
Décimo Relato
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Relatio Gratiœ
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Anonymus
Quando terminei o rito, sentia-me renascido, purificado, forjado do fogo dinâmico de exu. Onde
eu havia esfregado os pedaços de carne, sentia uma certa podridão, via larvas de moscas consumindo
minha carne, apodrecendo-me.
Ao decorrer disto, via uma coroa negra cintilando minha cabeça, e outrora, asas negras cresceram
de minhas costas.
Banhei-me novamente com o óleo e prossegui com o encerramento.
(...)
Tive conhecimento do Ritual já na segunda-feira por volta de meio dia. Estava na casa de meus
pais em Santos, me senti honrado em poder participar do projeto.
Tinha que ir ao almoço com a família, e voltar para São Paulo e pensei, como farei para adquirir
o material. Entrei em contato com irmãos do Templo onde me prestaram muita ajuda, um em especifico,
T., foi peça fundamental para se tornar possível realizar o Ritual durante a noite. Este providenciou
alguns elementos e outros eu tinha em casa. Fui ao meu compromisso familiar e voltei para São Paulo,
pensando no Ritual e o quanto seria importante para mim em minha fase de iniciante rumo à minha
evolução obscura. Senti em grande parte da viagem, em retomada para São Paulo um enorme calor em
meu corpo, minhas orelhas pegavam fogo, junto a uma grande satisfação, ansiedade e felicidade para o
grande momento. Cheguei em casa, li a fundo sobre o projeto, estudei o Ritual, fiz um esboço do mesmo
na íntegra, com suas orações e passos a serem dados, desenhei os pontos. Combinei com o irmão T. e
sua esposa L. de fazermos no campo dos mortos, mas a chuva impediu e acabamos fazendo na casa dele,
no espaço reservado ao seu altar. Tudo pronto para o Ritual, o início. Nas meditações me senti fora de
meu ser e me transportava para um local escuro, tipo uma caverna fria, úmida, com um grande salão.
Na meditação de visualizar as quebras de correntes, me vi flutuando em um manto negro em meio à
névoa negra.
Flutuava em locais onde de rotina costumo transitar, me dando a sensação que sou livre e não
tinha mais obstáculos, ao transitar em tais lugares os rastros formavam um pentagrama invertido. No
enredo do processo me senti passando por provas duras e cruéis por serem necessárias para um novo
início, sentia seres obscuros indo e vindo ao meu encontro, como se viessem para arrancar coisas
estragadas e voltavam com novas energias. Uma sensação boa mesmo que ruim. Em determinado
momento do ritual nas oferendas ao Reis da Kalunga me senti forte e falava as palavras de orações como
se estivesse com muito poder.
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Relatio Gratiœ
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Terminado o Ritual fui para casa tomei um banho normal, fui ao meu quarto usado para minhas
preces, devoção e agradecimento, fiz uso de óleo de palo santo e reli as orações junto à música que foi
de suma importância para o projetar de meu espírito no astral. Senti-me, vou tentar explicar a sensação,
mas creio que as palavras não a expressem, fora do mundo, sem nenhum compromisso com o mesmo,
apenas com o espiritual, forte para uma batalha. Fui me deitar e continuei na meditação me projetando
ao Ritual, visualizei um crânio de caveira em meio ao nada, parado no ar flutuava, ao seu redor feixes
distrocidos rodeavam,como se fossem formações de energias, adormeci, em sono profundo, e nada me
lembro. Acordei me sentindo um zumbi, fora do mundo, não consegui fixar um pensamento, aéreo,
vazio, não pensava em nada de compromisso, me sentia ao mesmo tempo livre e sem preocupações com
as coisas mundanas. Ao falar as palavras não me vinham, tinha dificuldade em formular frases bem como
na escrita. No final do dia já anoitecendo, tudo mudou e uma força com euforia e felicidade me invadiu,
junto à animação e a vontade imensa em ir à Kalunga para o segundo dia de Ritual. Cheguei em casa
após o serviço, por volta das oito horas, depois de ter passado no mercado onde adquiri ervas como
salva, alecrim e hortelã, senti uma necessidade de naquela noite ao iniciar a trezena de tomar banho de
ervas. Fui para casa, tomei meu banho normal, passei óleo de proteção em mim e na guia de iniciação
para proteção no Campo Santo. Fiz o esboço e estudei o Ritual. Algo interessante, creio eu que não por
acaso, senti como uma aprovação pelo que estava fazendo no procedimento do projeto, tinha uma moeda
no bolso quando cheguei em casa coloquei em uma mesa junto à minha carteira e outros objetos, na
hora de ir ao encontro do irmão do templo para realizarmos o ritual, peguei esta moeda solitária e
comecei a juntar as moedas perdidas em casa, para minha surpresa todas elas totalizavam ao certo onze
moedas, o necessário para o Ritual.
Fomos à Kalunga, logo na porteira uma sombra ao longe me dispersou, e até agora não sei se era
uma árvore no escuro, pois ao me atentar foi o que via, voltei aos meus pensamentos do necessário a se
fazer a entrar na Kalunga. Entramos, saudamos o Cruzeiro, as encruzas, as almas, enterramos os objetos
com suas orações, na íntegra, como solicitado realizar no procedimento. Voltei para casa, preparei um
banho de salsa. Após o banho escrevi a oração a ser recitada por treze dias. Dei uma defumada com
incenso natural de palo santo na casa e em meu quarto-altar e coloquei a música, fiz oração e meditação.
Visualizei novamente a caverna escura e fria, tinha seres a esquerda em um tipo de sala, agachados,
pareciam comer algo ou fazendo um trabalho. Enfim, estava muito cansado e o sono me impediu de
maior tempo na visualização. Fui deitar com a música ao fundo, meditei poucos minutos apenas na
visualização de um breu e adormeci profundamente de novo, só que desta vez sonhei com algo, mas não
consigo me lembrar do quê. Hoje estou bem, com uma sensação de organizar as coisas e assim fiz quando
cheguei ao meu trabalho e farei quando chegar em casa. Sinto-me bem, com a sensação de que tudo se
resolve que não tem porque preocupações, que tendo controle de si tudo se resolve.
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Relatos Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Anonymus
Detalhe ontem, quando cheguei da Kalunga, minha gata surtou, corria e miava de um lado para
o outro e percebia em alguns momentos que parava olhava para determinados pontos do nada e inclusive
para algo atrás de mim e miava e corria. Estou bem, feliz, revigorado, me sinto amparado. Percebi que
consigo conversar com as pessoas fitando seus olhos sem dispersar minha visão. Pelo que sinto creio que
o Projeto (...) dos dias no renascimento após a morte, energias ao longo dos dias serão agregadas, e cada
uma delas para algo em específico, para formar um todo que refletirá na forma de pensar, agir, se tornar
mais forte e sem barreiras e apto a lutar pela missão designada, em prol dos poderosos mortos bem como
evolução obscura. Na luta pela verdade. A certeza que tenho, nada me fará desistir da batalha!!!
Com toda a certeza, absoluta e sem sombra de dúvida, sou outra pessoa e a cada dia mudo mais
desde o momento de minha iniciação, bem como início do ritual. (...)
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Relatio Gratiœ
Relatos Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Anonymus
Bruno Neves Oliveira, estudante do T.Q.M.B.E.P.N, poeta e geólogo. Nesse projeto dedicou-se
a tradução e correção dos textos.
Edgar Kerval, Colômbia. Mestre em diversas Artes Ocultas, escritor, músico e artista. Em sua
jornada, apresenta um refinado dom de captar as forças Qliphóticas e produzir meios para expandir a
mente de muitos adeptos. Suas evocações, invocações, práticas de magia sexual, pinturas advindas de
visões e composições musicais ritualísticas visam a criação de vórtices mágicos a fim de promover a
expansão da consciência. Autor de diversas obras esotéricas, destaca-se “As Máscaras dos Deuses
Vermelhos” (Aeon Sophia Press), onde o autor derrama luz sobre teorias e práticas com deidades
africanas e brasileiras incluindo Exu e Pombagira. Além disso, temos as publicações do Qliphoth Jornal
e Sabbatica, ambos pela editora Nephilim Press. Atualmente sua parceria está com a editora
Transmutação Publishing. Nesse projeto Kerval assina os sons usados para meditação e expansão.
Confira parte de seus trabalhos:
http://www.nox210.blogspot.com/
http://www.panoramajournal.blogspot.com/
http://www.transmutationpublishing.com/
https://www.youtube.com/user/kerval111
https://www.facebook.com/edgar.kerval
http://slayingtongue.blogspot.com/2014/02/an-interview-with-edgar-kerval-ofemme.html
Néstor Avalos, México. Artista obscuro que transforma conceitos em belíssimos desenhos e artes
gráficas. Como conhecedor das artes noturnas, caóticas e qliphóticas, Néstor consegue captar e dar forma
às forças acausais e amorfas. Assina ilustrações de diversas publicações em livros e CDs obscuros. Nesse
projeto forneceu a imagem principal, também usada na capa do Livro “Quimbanda- Fundamentos e
Práticas Ocultas Vol. 01”. Essa imagem trouxe a abertura das portas para novas empreitadas, assim como
foi um marco que diferenciará nosso trabalho. Conheçam parte de seus trabalhos em:
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Relatio Gratiœ
Relatos Projeto Vivendo a Morte Através dos Espíritos da Quimbanda
Anonymus
Pharzhuph N. Azoth, Brasil. Profundo conhecedor dos caminhos L.H.P, praticante de diversas
vertentes mágicas, destacando-se a Quimbanda, Pharzhuph assina a Revista Eletrônica “Lucifer
Luciferax”, uma das melhores publicações obscuras brasileiras. Nesse projeto Pharzhuph corrobora com
correções ortográficas e ideias que ajudaram estruturar o conteúdo. Confira a revista em:
https://www.facebook.com/LuciferLuciferax/?ref=ts&fref=ts
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O Feitiço do Crochê
https://www.facebook.com/feiticodocroche/?fref=ts
http://www.feiticodocroche.blogspot.com.br/
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Fiat Voluntas Mea
As Curtas do Reverendo
Por Reverendo Eurybiadis
68
Se você ouve Legião Urbana, ouça o sábio conselho do Reverendo, considere o suicídio.
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Fiat Voluntas Mea
As Curtas do Reverendo
Por Reverendo Eurybiadis
Liber Cordis Cincti Serpente possui somente treze páginas. Para piorar a situação, vejam que
erro crasso foi cometido já na capa do livro.
Há uma palavra escrita em hebraico e a palavra deveria ser Adonai (como na imagem em preto e
branco), mas eles preferiram algo como Adogai, trocaram o 65 característico pelo 63 (?).
Vai saber lá o motivo. Contamos o milagre, mas não expomos o santo!
Outra classe de indivíduos que eu gostaria de mencionar em minhas “curtas” são alguns dos auto
proclamados “guerreiros” do “underground”, especialmente os falsos que ostentam o lema “Força e
Honra”. Pois bem, força não têm nem para fazer pesquisa no Google – o que, às vezes, nem é questão
de força, mas de intelecto mesmo, pois muitos são incapazes de formular uma frase com mais de três
palavras. Fazem pose intimidadora, mas são os primeiros a correr quando a confusão começa. Em seus
lares consomem bebidas lácteas achocolatadas, leite com pêra e dormem agarradinhos ao ursinho de
pelúcia e aos travesseiros afofados pelas mamães. Vêem poucas vaginas – e as poucas disponíveis, bem,
é melhor nem comentar. Recusam-se a pagar alguns míseros reais para apreciar um evento que apóia
bandas de sua região, mas possui os recursos suficientes para inalar o impuro cloridrato de cocaína
oferecido nas escuras cercanias – se deixarem, cheiram até a linha do equador. Alguns se embriagam de
maneira tórrida e vomitam como Jeová mandou. Obviamente não generalizo, apenas falo sobre parte do
quinhão que observo.
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Abi in Malum Cruciatum
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
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Abi in Malum Cruciatum
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
O que são e o que representam para você: a Morte, o Caos, a Misantropia e a Guerra?
- V. A. Necrovisceral: Achei pertinente a questão, pois citou os pilares que arquiteto a filosofia
da Torqverem, os quatro em minha opinião são fundamentais para a compreensão do ser humano e sua
evolução, penso ser equivocada a frase “só o amor constrói”, eu complementaria dizendo que apenas o
ódio quebra as correntes que te aprisionam! Pois a morte é o processo maravilhoso da renovação,
prepotência é acreditar que nosso nascimento foi a maior das “dádivas”, pois ele é fruto de incontáveis
mortes para que sua expressão fosse originada! Por exemplo, tudo nasce e morre diariamente em nosso
organismo para que a consciência de unidade continue se manifestando, e a consciência é o poder!
Através da morte coletiva absoluta que alcançamos o nosso caos, vejo o caos como a potência da criação!
Uma energia bruta e essencial que poucos têm a coragem de utilizá-la verdadeiramente, destruindo ou
criando de acordo com a interpretação e a natureza de quem o evoca, todos somos um denso e obscuro
universo particular, e nossa mente nem sempre interpreta as informações deste plano de forma
satisfatória, expressamos nossa vontade de acordo com a manifestação da energia e as formas que estamos
familiarizados para que ela flua, e é esse o ponto onde entram a misantropia e a guerra, pois criei uma
filosofia de vida que chamo de “misantropia intelectual”, que consiste na absorção do universo e das
energias de forma seletiva, preservando e mantendo a essência protegida. A tendência do ser humano é
cair em seus próprios abismos, um labirinto que muitos se perdem ao seguirem os comportamentos
coletivos que te enfraquecem! Nossa “programação” é animal, apenas para sobrevivência, mas podemos
quebrar essa “maldição” e exigir mais da nossa existência! E a única forma é “morrendo” e encontrando
os meios para a destruição coletiva, essa é a mensagem da Torqverem, essa é a energia destrutiva que
emana de nossa criação, pois a verdadeira guerra é interna, não prezo pela quantidade do exército, e sim
pela sua qualidade! Um bando boçal de ovelhas não serve para nada! E esta é a minha guerra contra os
dogmas e a ignorância que exalto entre os seres. Apenas os conquistadores e os detentores das mais
poderosas armas desejam a paz, pois eles estão prontos para a guerra! A “paz” é ilusória, pois a simples
existência consiste na guerra, estar vivo é uma guerra de autopreservação.
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Abi in Malum Cruciatum
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
Toda força e energia canalizadas em nossa expressão vieram de experiências práticas e da minha
interpretação do universo, desde jovem fui muito curioso e me interessei pela natureza e a forma que a
energia se manifesta e flui em todas as suas faces através da fria névoa que pairava diante dos meus olhos.
O material da Torqverem é composto por “chaves” e “códigos” pessoais dentro desse obscuro universo,
toda arte, letra, simbologia e tudo que carrega a “marca” da Torqverem é manifestado por mim,
mantenho fechado hermeticamente para que a minha proposta e objetivos sejam alcançados, afinal é
um reflexo da minha própria existência.
Portanto posso dizer que a Torqverem é 100% empírica. A simbologia, alegorias e metáforas que
utilizo são citações e influências na qual tive afinidade e acabei descobrindo como me aprofundar ainda
mais no padrão que me era apresentado e tomava forma diante da minha face, desde as vísceras
primordiais da criação até a manifestação prática da energia em sua forma mais ampla, fiquei surpreso
como tudo o que arquitetei tinha ligações tão fortes com outras filosofias e principalmente dentro do
ocultismo, ao estudar a base egípcia, das civilizações mesopotâmicas e greco-romana (até por isso a
utilização do sumério, egípcio e latim arcaico nas letras), encontrei muito do que “faltava” no meu grande
quebra-cabeças, também foi inevitável meu interesse na filosofia e psicologia (que abordo diretamente
na Torqverem com as várias interpretações da realidade), e assim fui (e ainda vou) construindo a entidade
que denomino Torqverem, e essa foi a prova de que estou trilhando um caminho único, concreto e
prático, e talvez a insanidade seja apenas uma abstração da mente...
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Abi in Malum Cruciatum
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
Toda semana tem um evento “extremo”, mas eu mesmo conto nos dedos os que compareço por
não ver sentido em vários deles! Com a facilidade da prensagem, internet e divulgação dos materiais, o
meio underground acabou se tornando a “latrina dos excluídos”!
O que você tem ouvido ultimamente e quais são aqueles sons que você costuma ouvir com
mais persistência?
- V. A. Necrovisceral: Ultimamente ando pendendo muito para o lado francês, finlandês, alemão
e canadense do metal extremo, principalmente por fazerem materiais fora do “padrão” que estamos
acostumados e penderem para a corrosão da essência humana, não ficando apenas no “satanismo
comercial”, e para mim bandas como Förgjord, Belketre, Brume d’Automne, A Forest, Odal, Peste
Noire, 1349, Ravencult e Nordvrede são muito apreciadas!
Ultimamente com a minha proximidade na produção de eventos e celebrações acabei
conhecendo melhor muitas das bandas (principalmente nacionais), e ainda estou descobrindo várias até
pela minha dificuldade em absorver novos materiais, mas posso citar o que ouvi nesta última semana,
como o Defacer, Goatlord (USA), Angantyr, Vulturinee Argentum (MEX), além de Coven. Enquanto
respondia a entrevista, ouvi bastante algumas obras de Clint Mansell executadas pelos norte-americanos
do Kronos Quartet.
Você está envolvido em outros projetos além da Torqverem? Tem interesse em desenvolver
outros projetos musicais?
- V. A. Necrovisceral: É muito complicado pensar em manifestar minha arte tão particular fora
da Torqverem, já tentei canalizar algumas expressões em projetos paralelos (a maioria sozinho), mas pelo
fato das coisas fluírem sempre pelo mesmo caminho, acabo agregando na própria Torqverem as novas
ideias, como foi o exemplo do violino clássico que utilizei nas passagens atmosféricas do álbum “Funeral
da Alma Cristã” (que acabou posteriormente sendo incorporado nas linhas de vocal, mantendo a
atmosfera densa e mórbida de forma ainda mais natural), assim como o piano e violão presentes nas
demos e também no álbum “Vber Crvciatvs” que complementaram a canalização de informações da
obra. Vejo a Torqverem como a própria soma dos meus projetos, e não me imaginaria participando de
outra banda, mas no final deste ano de 2015 e.v. fui convidado por um grande aliado para somar forças
em uma respeitada e obscura horda da década de 90, e em 2016 e.v. quando os círculos se fecharem, as
informações serão divulgadas e uma grande e mórbida realização será eviscerada das profundezas e pegará
muita gente de surpresa.
531
Abi in Malum Cruciatum
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
Fale-nos um pouco sobre as apresentações. Quais foram os melhores shows que vocês fizeram
até o momento? Há previsão para novas apresentações no decorrer desse ano?
532
Abi in Malum Cruciatum
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
Você acha que os apreciadores da música extrema atualmente apoiam as bandas? Em sua
opinião a ‘cultura’ do MP3 e do download desenfreado minam o underground?
533
Abi in Malum Cruciatum
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
- V. A. Necrovisceral: A maioria dos seres a nossa volta vivem de imagem (dentro ou fora do
underground), e não passam de ovelhas sustentando masturbações diárias para que seus egos sujos e
fétidos mantenham-se de pé, literalmente encobrindo suas lacunas psicológicas e fracassos com migalhas
para sustentarem suas máscaras, e infelizmente na cena underground extrema muitos desses exemplares
acabam encontrando refúgio, tanto em atitudes inconscientes de oposição aos costumes e dogmas
familiares quanto em comportamentos vazios de carência. A “popularização” do gênero infelizmente
também acabou trazendo algumas distorções que “satirizam” uma proposta que deveria ser séria, e essa
é uma das razões da Torqverem ser fechada, preciso proteger e lutar pelo que acredito e vivo, e essa é
uma das razões de eu não me importar com as pessoas, as alianças acontecem por afinidade, pelo
reconhecimento de sua força, e foi assim que encontrei meus aliados no “movimento”, pois a única
forma de criar um movimento sério, seria compactando os semelhantes em “ilhas” de resistência, porque
diferentemente de outros estilos underground, o que fazemos é muito maior do que simples “música e
letra”, mas dentro do meu raio de atuação vejo muito esforço da parte de poucos e desunião da maioria,
às vezes é mais importante pegar uma menininha qualquer, tomar um copo de cachaça e arrotar frases
de efeito é o suficiente para o dito “movimento” underground, mas voltando ao que interessa, em meu
círculo de atuação e alianças estou satisfeito e orgulhoso do exército de resistência que mantemos, e que
ainda persiste mesmo com tanta dificuldade.
Onde é possível encontrar materiais da Torqverem para aquisição? No site oficial, no link da
loja, vemos que tudo está indisponível.
534
Abi in Malum Cruciatum
Entrevista a Entidade Torqverem, Black Metal
Foi uma grande surpresa em ver a aceitação da Torqverem por ser um tipo de arte “fora do
padrão”, evoluímos bastante na distribuição do último álbum “Vber Crvciatvs” que já estava disponível
em algumas livrarias e lojas especializadas, e no próximo álbum previsto para meados de 2016 e.v., já
estamos programando uma melhor distribuição, inclusive iremos investir no merchandising
diferenciado, como camisetas e moletons (todos criados e executados por mim, seguindo fielmente nossa
proposta dentro do obscuro subterrâneo que trilhamos na Torqverem), mas assim que forem
disponibilizados, os novos materiais estarão disponíveis tanto no site quanto nas lojas e distribuidoras
especializadas.
Eu agradeço imensamente pela oportunidade e cedo o espaço para suas considerações finais!
535
536
Lucifer Luciferax 1ª ed. Experimental, em Inglês
537
Pan-Daemon-Aeonic non periodic publication, 1st experimetal issue, September 2009 Era Vulgaris
538
“(…) I will not say,
Believe in me, as a conditional creed
To save thee; but fly with me o'er the gulf
Of space an equal flight, and I will show
What thou dar'st not deny...”
Dialogue between Lucifer and Cain, act II, scene 1, “The Abyss of Space”
by Lord Byron in “Cain: a mystery”
539
To the Reader
Charles Baudelaire
540
Praelusio
Vox Mortem, hoc erat in votis
BY PHARZHUPH
This is our first experimental issue, composed basically with some translations of our last works.
Lucifer Luciferax intends to be an amorphous and non periodic underground magazine.
Our main goal is to spread seeds of Luciferian Revolution.
We have already published five editions, all of them written in Portuguese.
We would like to thank our Sisters, Brothers and Friends, specially: Ana Cláudia Gonçalves (main
translations), Frater Adriano Camargo Monteiro (Brother & Friend), Ivan Schneider (Brother & Friend from
Editora Coph Nia), Fernando War (Brother & Friend from Folkvangar), Michael W. Ford, Projeto Morte Súbita
Inc. (Satanic Brotherhood), Bjarne S. Pedersen (Neo Luciferian Church), Júnior (Thelemateka.org),
Polisvadurc Isvaricog (Brother & Friend from Para Tu Eterno Order), Ixaxaar Occult Literature, E.A. Koetting,
Vexior, Mega (Brother Thiago), Alison (Dear Friend and Teacher from Além da Imagem) and Viviane C.
Sedano.
In Nox
Pharzhuph
Frater Nigrum Azoth PAvN
pharzhuph@gmail.com
pharzhuph@mortesubita.org
www.myspace.com/200004247
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=47584181
http://br.groups.yahoo.com/group/luciferax
http://www.4shared.com/dir/12013259/f3b91ff7/sharing.html
541
Index
Poetice
To the Reader, by Charles Baudelaire
- 540 -
Praelusio
Vox Mortem – Hoc Erat in Votis, by Pharzhuph
- 541 -
Magicæ Linguæ
The Four Elements of Major Goetic Ritual - The Pactum and Goetical Page, by Pharzuph
- 543 -
Index Librorum Prohibitorum I
The Carbonic Tarot, by Frater Adriano Camargo Monteiro
- 547 -
Luciferax
Luciferian, by Pharzuph
- 548 -
Vox Infernum I
Interview with E.A. Koetting
- 552 -
Poetice
Inno A Satana, by Giosuè Carducci
- 557 -
Vox Infernum II
Interview with Bjarne S. Pedersen – Neo Luciferian Church
- 559 -
542
Magicæ Linguæ
The Four Elements of Major Goetic Ritual
The Pactum and Goetical Page
By Pharzuph, English version by Fernando War & Ana Claudia
The “Goetical Page” is mentioned and seen in many libraries that focus the Goetia. Most of them
assign their origin to the book known as “Pactum”, whose authorship is unknown, as the certain date of its
first edition. It is said that the explanation of the characters is given in the old library and its formula reveals
one of the fundamental secrets of the Goetia.
We must be especially careful to note that the word "Goetia" in this context is much more than the
number of operations and "spirits" in texts attributed to Solomon, as Lemegeton or the Clavicle, for example.
We can say that the word "Goetia" represents and closes in it the Black Arts and the Left Hand Path, free of
"white" contamination for the contemporary’s goetical magi. Otherwise, the word "Spirit" is used as a
synonym for "Devil" in its broadest and not "christianized" sense. We must also remember that the first
written records of the term “Goetia” dates from one hundred years before the common era in ancient Greece.
Most of the characters that compose the “goetical page” are from the Alphabet of the Magi, created
by Paracelsus (1493-1541 C.E.) in the sixteenth century. This is an alphabet of replacement of similar use
to the Malachim.
The text of the “page” is entirely written in Spanish. Below, the original text will be presented,
character by character and its translation.
"The Cross: symbolizes the naked man, in other words, clean of all impurity."
“Serpiente Luminosa: Simboliza ala Mujer Desnuda o sea nuestra Madre Eva”.
“Shinning Serpent: Symbolizes the naked woman, in other words, our mother Eve.”
“El Caduceo: Este jeroglífico representa los órganos genitales del Hombre”.
543
Magicæ Linguæ
The Four Elements of Major Goetic Ritual
The Pactum and Goetical Page
By Pharzuph, English version by Fernando War & Ana Claudia
It’s not possible to define precisely the date when this page was written, but we can consider rare
and old editions of books from the first decade of the last century that already had the “goetical page”, as
illustrated above, which make us believe that such entries have been made no later than nineteenth century.
It is important to note that the used language was Spanish and the text, after transliterated, character by
character, provides a simple and direct language, unlike the mysterious and initiatory texts that are
frequently in alchemic and magick leaflets.
The author is also unknown, but we can say with some precision that he knew the mysteries closed
in the described elements and that they needed to be covered, perhaps for his own safety, in a way that its
meaning wouldn’t be lost for centuries.
The Cross, the Serpent, the Caduceus and the Chalice are known as The Four Elements of Major
Goetic Ritual.
The Major Goetic Ritual can’t be seen or understood as an isolated practice within the Left Hand Path
and the Ancient Goetia. The term is used to reveal the primary ritualistic elements in a black way essentially,
without pretentious submission of the Infernal powers to the heavenly ones or vice-versa. It denotes a path
of magick and gnostic achievement, where the operators aren’t about protection, whether they are to enter
in Sitra Ahra, literally to run within the tunnels of Set to evoke the most ancient gods. The Major Goetic
Ritual is the one reserved for native, those that aren’t poisoned to poison, but those that are the poison
itself.
The text of the “goetical page” also shows that the size of sexual mysteries was consciously known
and used by ancient goetic magicians. Many occultists, obviously influenced by the frigid and impotent judeo-
christian thought, believed that the sexual mysteries were perverted and corrupted by black magicians who
delivered themselves to lascivious, profane and criminal rites.
Is really unusual to find explicit references to sexuality applied to magical purpose in western
occultism during this time. Then we will make brief presentations on Four Elements as described in “goetical
page”:
The Cross
The Cross represents the Naked Man and contrary to the beliefs of many people, is not a christian
symbol. Can be understood as the representation of cosmic principles developed geometrically by the
numbers 2, 4, 5, 10, 55 and 11 among others:
- Two perpendicular lines that multiplies itself through a double division in four lines;
- The intercept of two lines makes the point which represents the maximum essential contraction,
as in Hadith. It is the essence of the black magician;
- The 4 represents the form and the fourth dimension of power - as the fourth foot of a chair, which
without it would not be standing;
- The square is the next simple picture after the triangle – is the number of adaptation and shape;
- The cross divides the circle (symbol of the infinite) into four equal parts, four quarters or an integer;
- The quaternary is related to the sacred names of four letters that represents the deity – llyh;
- The Pythagoras attributed significance to the quaternary, because, the say, all the foundations of
things, natural, artificial and divine are squares. The number four is the perpetual source of nature and the
key to Divinity;
- From a common point starts four straight segments divided by four right angles = point (1) + (4)
= 5;
- 1+2+3+4=10= The number of the eternal cycle and creation;
- The number four was associated to Hermes, whose main symbol is the Caduceus, that in goetical
page is the sign of male genitals;
- The cross is a symbol of Tiphareth (6th Sephira);
544
Magicæ Linguæ
The Four Elements of Major Goetic Ritual
The Pactum and Goetical Page
By Pharzuph, English version by Fernando War & Ana Claudia
- The quaternary can be seized in the cardinal points, in the animals that makes the sphinx, in the
cherubs, in the armies of the underworld, in the elements, in the seasons, in the four axes of the world, in
the qualities of the ancient philosophers (hot, wet, cold and dry), in the mixed perfect genders (animals,
plants, metals and stones), in the moral virtues (justice, moderation, wisdom and strength), the arch
demons that reign over the four corners of World, in the rivers of hell…
The Shining Serpent is the symbol of women. Above the head of the snake is a small flame that
shows the created and creative omniscience, the superior intelligence and wisdom. The element is a naked
woman, identified as Eva, similar to a human being in its constitution, but characterized by the serpent’s
attributes.
The snake is the one of the most important primordial symbols and represents women in its lunar
phase, in other words, during her menstruation.
In an old Jewish legend, Eva started to menstruate on Tuesday, when she became a serpent.
Tuesday is the day of Mars, god of bloodshed. In some hindu tradition, tuesday is dedicated to goddess Kali.
In the typhonian and draconian traditions, the serpent means rebirth and continuous transformation
in allusion to its skin trade. It is also a glyph associated with moon and Daath because of the eight headed
snake that dwells in the Abyss.
The serpent is the poison that can provide Death and the Art of deceive a prey to their own jaws.
It’s a symbol of a healthy longevity and a mortal perennial threat. It’s the reptile that moves slightly without
being heard and without feet.
In ancient Egypt the serpent was a symbol of woman’s period and was one of the emblems of the
goddess (Ta-Urt, Ape, Typhon), as the Jackal and Crocodile. Apep was the dragon-snake that lived in
darkness.
The various interpretations of the temptation of Eve and the biblical writings lead us to another
snakes, demons or related deities: Nahash, Samael, Leviathan and Lilith.
Serpent is associated with Lilith’s archetype and the super-human powers of Scarlet Woman. It’s
malice, cunning, strength, intelligence, charm, poison, danger and delight.
We also observe that the serpent represents the isolation and survivability in inhospitable
environments as the Desert of Set for example.
The Caduceus
In the goetical page, the Caduceus represents the Lingam, the male genitals, the erect phallus that
enters the “world unknown”. The symbol is used for over 4000 years and is present in sumerian, hindu and
greek traditions.
In Greek Mythology, the Caduceus originally belongs to Apollo that gave it to Hermes in exchange
of the lira. Since then, the caduceus has become the principal symbol of Hermes and Mercury. It is a sign
of slyness, of inventiveness and wisdom and is through it that Hermes guided the souls of great men by
worlds of light and darkness.
Caduceus is formed by a scepter (Lingam) in which there are two serpents entwined that represents
the “opposite” current of OB (snake from right) and OD (snake from left), leaving to the scepter the AUR.
The snakes also represent the Obeah and Wanga.
The nadis (channels) Ida and Pingala are associated with snakes and sushumna to the scepter. Ida
connects itself to the left testicle and Pingala to the right one. Such relation associates it with the Kundalini.
The Chalice
The Chalice is the sacred Yoni and is a sacred sign of understanding and one of the symbols of Binah
(3rd Sephira). It is the elemental Water weapon and Blood. In it are mixed and administered the medical or
poisoning elixirs. The surface of the liquid that the Chalice has is a plan that hides its depth in some kind of
abstraction of an apparently dual dimension. The more concentrated is the content, more difficult is to learn
what is below the level, of Abstraction, of Illusion.
545
Magicæ Linguæ
The Four Elements of Major Goetic Ritual
The Pactum and Goetical Page
By Pharzuph, English version by Fernando War & Ana Claudia
The plan is drilled by the caduceus staff and its border is a circle. So this way, the Will (Finite)
communicates with the Infinite (Circle).
The Chalice is used as a repository, but also gives certain secretions in special circumstances, caused
or sought. It is where the lunar blood flows. Is a glyph for the recipient that collects the dew in alchemical
tradition.
Conclusion
In the myth of Eden, the serpent (Nahash / Lilith / Lucifer) tempts, seduces Eva to eat the forbidden
fruit of the tree. Eva yields, and as shining serpent, seduces Adam to eat it too.
In the Major Goetic Ritual, Man (Cross) joins the Woman (Shining Serpent), both avoided of moral
concepts (they both are amoral), shame, apprehension, fear or guilt. The union occurs physically through
the intercourse of penis (Caduceus) with the vagina (Chalice). The scepter (Will /Wisdom/Word) trespass
the Hidden Eye (Z-Ayn) and changes the energy in accordance with the purpose of the ritual. If is conducted
in a proper way, this union can provide access to the hidden inferior planes and cosmic regions represented
by the Tunnels of Set, Qliphoth and beyond.
In the vagina (Chalice) flows the secreted elixir by the priestess (Shining Serpent). It occurs before
and after the intercourse, and the kalas must be activated before it. It’s necessary to heat the Athanor.
The union of the lovers is a glyph of Zamradiel, a tunnel that connects Thagirion to Satariel (Tipharet
to Binah).
This intercourse is maintained as long as necessary, but should not be extended for many hours.
The time of death (Daath) marks the mercurial transmutation and is the moment that the elixirs are mixed
in the Cup of Abominations. The Chalice overflows the elixir that is collected and consumed by the priestess
and priest, according to nature and the purpose of the ritual.
The union of lovers represented by Zamradiel is the marriage of complementary opposed pairs in
eucharist. In the Thoth’s Tarot the seventh card is called “The Lovers” and Zamradiel is the seventh or
seventeenth tunnel deeply overloaded with the atmosphere of Daath.
The fluidic oceans (Water/ Blood) contained by the Chalice (Vagina) are identified with the Great
Sea (Marah) of Binah, which is also understanding. Binah, as dark and sterile mother is made fertile and
brilliant through the rite. AMA becomes AIMA.
Reference books:
The breviary of Nostradamus, anonymous author, 1912, Portugal, without editorial information
The breviary of Nostradamus, anonymous author, 1964, Brazil, Brazil Publisher
The breviary of Nostradamus, anonymous author, 1978, Brazil, Papelivros Publisher
Magia Negra, G. Maxwell, 1992, Mexico, Roca Publisher
Pactum, anonymous author, 1968, Spain, without editorial information
Pactum, anonymous author, 1991, Spain, Humanitas Publisher
El Jeroglifico Monadico, John Dee, 1987,Humanitas Publisher
Magia(K) en Teoría y Práctica, Aleister Crowley, 1986, Espanha, Luis Cárcamo Publisher
Filosofia Oculta, Cornelius Agrippa, 1994, Argentina, Kier Publisher
The Temple of Satan, Guaita, 1973, Brazil, Três Publisher
Qabalah, Qliphoth and Goetic Magic, Thomas Karlsson, 2007, Ajna Publisher
546
Index Librorum Prohibitorum I
The Carbonic Tarot
By Frater Adriano Camargo Monteiro
http://br.geocities.com/tarocarbonico
http://br.geocities.com/adrianocmonteiro
The Carbonic Tarot is so-called because it has been totally designed with graphite, a carbon pure
form, producing a light and shadows effect. And the Path is Light and Shadows; Lux and Nox of the human
being.
With this work I tried to create something different of what it is so common to find in matter of tarot artwork
under a technical-artistic aspect. So, I also want to contribute for the expansion, divulgation and appreciation
of the tarological art and to include as well an option, authentic one, to collectors, appreciators and practisers
of that secular and unique art. And each card from The Carbonic Tarot is a simple art-work full of beauty
and profound meanings, plenty of hieroglyphs and symbols of the Occult Sciences.
The Carbonic Tarot is a serious and sincere work, inspired and intellectualized, which contains on its
iconographical symbolism all the correspondences and astrological references, and the complete hebrew
alphabet that has a relation with each arcana of the tarot, besides of a symbolism that doesn't limit itself
only to a determinated Order, Religion, Faction or Mystical-Esoteric School, that means, there are elements
of Astrology, Qabalah, Numerology, Alchemy, Mythology, Religion, Psychology, at last almost a little that
involve the Occult Sciences. For the achievement of this work, the study and relative knowledge were
essential, but allied to the artistic inspiration and creativity which they were necessary to this work.
The Carbonic Tarot is composed by 22 cards, the major arcana, which correspond to the Tree of Life
Paths, that means, the universe and its energies to become manifested, at the same time, they are stages
of the Initiation Path that ascends level by level as well the aspects of the human being.
In the complete work Carbonic Tarot there is, for each card, an explanation about the occult aspects of the
symbolism and a relation about the divinatory meanings. The essence of the occult meanings explained in
The Carbonic Tarot tries to respect the Occult Tradition with my conclusions.
547
Luciferax
Luciferian
By Pharzuph, English version by Ana Claudia
Lucifer, The Light “Angel”, who made himself God, and that the “grateful luck” expelled from the
altars, is much more than a Christian legend about envious and vain angels who wanted to become gods.
His Divinity appeared on hundreds of cultures, much earlier than when the Orthodox Judaism, the
Christianism (christism), and the Islamism started their castrator and misogynist destructive doctrines:
mass cultures and religions that would perpetuate centuries of ignorance and darkness, fomenting and
fuelling war and destruction until our current days.
It doesn’t really matter to us if there’s a belief on his immaterial and anthropomorphic existence, or
if the belief and cult are destined to the fundamental archetypes represented by Lucifer, or still, if any other
philosophical aspects, attributes to Him another origins or “definitions”.
We noticed that there’s a series of common characteristics between the current admitted Luciferians,
from the Light Gnosticism, practiced by some LHoodoo adepts, to the religious extremism defended by some
visionary exponents.
It’s clear that the few explanations we’ll give on this publication can seem to be contradictory under
the eyes of the sons of a dead symbol.
People who condemn us without knowing, the ones who criticize immersed in lakes turbid with
ignorance, and the slaves, who will always serve, those, on their weaknesses and dense, will be even more
surprised, for they will see that we are not the untruth their beliefs told them during millennia.
For the Serpent and the Dragon, for Our Typhon and Our Kali, for Our Light and our Darkness...
548
Luciferax
Luciferian
By Pharzuph, English version by Ana Claudia
549
Luciferax
Luciferian
By Pharzuph, English version by Ana Claudia
It’s to know that we’re animals and that in the locked up dungeon of our psyche lay hungry and
thirsty demons. It’s knowing how to deal with them and bring them back to the Light, not to destroy them,
but to find on them true sources of creative power. It’s walking on the chaotic tunnel network of our
unconsciousness and make rise again what is asleep under troubled oceans, sleeping, but not dreaming.
It’s not being conniving with the flock behavior, and knowing how to act and think by yourself. A
Luciferian is not under the action of any superior intelligence that not his own. A Luciferian doesn’t survive
like a sheep on the fattening waiting for the shearing or slaughter. A Luciferian aims to identify, struggle
and get away from spiritual slaughterhouses.
It’s not to believe on preacher’s stories or miracles. Most of the preacher’s tries to put across their
own understanding of the mysteries, intend to gather lambs to their flocks, money to their safes… The fallacy
is announced on their miracles.
It’s to look after the understanding of the universe that surrounds you, and the understanding of
your own universal individuality and inter-relationships. You, as a Microcosm and as a small universe, should
try to understand your own working mechanisms and which ones are your own relationships with the Great
Universe (Macrocosm) and its relations.
It’s not being influenced by others, by someone else’s ideas, by things that other people do. It’s not
to forget who you are and what you believe just to follow colleagues or friends. It’s to keep your point of
view and your decisions without caring with what the other say or think about you.
It’s seeking to understand your primordial instincts and satisfy them on a conscious ways, aiming
responsible and healthy pleasure instead of getting involved compulsive and frenetically with any kind of
lubricous or lustful opportunity. It’s to know how to control yourself when needed and letting your own
instincts come up when necessary. It’s to fully enjoy on the way that fits you better without destructive
wastage, it doesn’t matter the source or particularities of your pleasures.
It’s having social responsibility instead of being compassionate. The compassion, instead of what
people say, is an addiction. It was confused with the virtue to corrupt the integrity of the strong and give
more reasons for the weak and media exploitation. It’s a “counter-virtue” to the superiority and divinity
common to the human beings who seek to ascend. The lack of compassion is not supposed to be confused
with the tyranny or excessive selfishness that also leads to the obfuscation. It’s more profitable to help
people to learn how to reach their goals instead of giving handouts – more profitable and more dignified.
It’s to go after the understanding on human relationships how they are, and find the best way to
face them on a positive and always worthy way. The human relationships can be harsh, and the knowledge
of ourselves helps us to understand them.
It’s not accepting imposed doctrines unspoken or expressly. The fundamental and “unchangeable”
truth preached by “shepherds” can simply don’t exist. There are blind preacher and blinds being led by other
blinds. Dogmatisms are opposite to the human evolution for they are, etymologically implied on non-
discussing and lack of questioning.
It’s always questioning, thinking and reasoning about the matter instead of accepting ready-made
theories and explanations, even if those are imparted by people who are extremely trustworthy, as you
parents. Good willing are not enough to shut down the questioning, the thinking, the reasoning, and the
superior intelligence peculiar to the Luciferian.
It’s not to waste energy with involutive processes. It’s putting aside the verbose around other
people’s attitudes that are not of your concern. It’s not to help causes that won’t bring you evolution or
profits. It’s to know how to stand as a thinking individual before the impositions of family, friends, society,
etc.
It’s to know that every energy form can be transformed on another through the suitable method
and proper technique. It’s to know how to recognize the potential energy and visualize how to use it on your
inner and outer processes. It’s to know that for every action, there’s a reaction, which is proportional and
proportional to the employed energy. It’s to know the point where to use your leverage to move the universe.
Furthermore, it’s to see the chaotic arithmetic.
It’s to flourish your divine wisdom as a Creator Being of your own Universe instead of abiding the
ignorant and mass mainstream of culture and of the religion of the puppets.
It’s not to be innocent and be amoral (not immoral). The innocence deprives us from life and from
its pleasures and makes us easy preys, so let us be predators, not innocents. It’s not to be stuck at any
moral behavior code to be accepted in the society, it’s to be yourself again, free, unique and always through
constant evolution and transformation.
550
Luciferax
Luciferian
By Pharzuph, English version by Ana Claudia
It’s not to follow incoherent strands. A lot of “monkeys-parrots” seek to spread vicious chains of
incongruous and infamous thoughts that only aim to gather other acephalous monkeys in congregations of
stupidity to support their own ego and bank accounts.
It’s to discern between what’s really right and wrong for yourself, to understand which are the effects
of your actions on yourself, to yourself, around you and on the ones who are important for you, and to know
how to act on the less harmful manner possible.
It’s not to condemn what you don’t know (the worst kind of criticism is the one coming from the
ignorance).
It’s to fight the ignorance, the vicious laziness, the transmutation inertia and the lack of boldness...
It’s to stray from the things that harm you on a conscious way and to know when to get closer,
whenever it’s necessary.
It’s trying not to insist on the same mistake, learning on the mistake the basis for the next right
shot.
It’s to seek cognizance of your own Shadow, finding the answer that lie hidden on the dark side of
your inner plans. It’s reaching to the demons that wait at the threshold of your conscience for the right
moment to awake. It’s to know your whole hidden androgyny.
It’s not to harbor prejudice, doesn’t matter which kind. Discriminating other human beings because
they are different of you won’t make you a better person, instead, preconception based on moralist and
hypocrite cultural residues only reveals rudeness. Remember of your nightmares and your desires before
judging and condemning. Avoid being a monkey who sits on the own tail to mock of the other’s tail.
It’s to listen, at least twice more than speaking. The word is also action, excessive talking is to waste
energy.
It’s not trying to please the majority and not trying to unpleased it. It’s simply respect it and to be
respected for what you are and for your superior character, with no excessive aloofness or useless and
ridiculous narcissisms.
It’s to seek the superior emotional maturity, but without stopping the natural processes that lead to
that. It’s to face your crisis and your bad moments and try to understand how they were unleashed, is know
how to feel the necessary pain and avoid the unnecessary.
It’s never deviate from problems or difficulties, never looking after shortcuts for tasks you really
need to fulfill.
It’s to win your own battles and to know to respects what needs to be respected. It’s to grow a
superior character instead of looking promotions and prestige of people around. It’s to be clear and assertive
on speaking, and not speaking too much, especially about people. Intelligent ones exchange ideas, criticize,
question, productively interact. Even to shoot the breeze you need to have limits.
It’s to know how to enjoy all the pleasures of the flesh, of the spirit, of the intellect, of the arts, of
the science, of the nature, of the magic or other on the way you believe it’s better and to know how to make
self-judgment on what’s better for you and to the ones you love.
It’s to find, through your own wisdom which is the better way to follow and show, on practice, that
you have long and powerful wings and know how to use them.
It’s seeking what’s wrong in the world and to know how to make your own choices.
It’s to see beyond what the eyes see on the Light and Darkness and walk and fly through them
restfully.
It’s to know how to walk and how to preserve yourself over all territories, from the ones in peace,
to the ones in war.
551
Vox Infernum I
E.A. Koetting
In this first experimental issue, we will appreciate a short interview with E.A. Koetting, the great
Master from The Ordo Ascensum Aetyrnalis, the author of "Works of Darkness", "Baneful Magick" and
"Kingdoms of Flame". His next book - "Evoking Eternity" - will be released soon, in october, by Ixaxxar
Occult Literature.
1) In my country there are few individuals that know your works and books. Could you
tell us who are you? Who are E.A. Koetting and Archaelus Baron?
When I started writing occult material and getting really active in the occult “community” around
1999, I wanted a degree of anonymity, mainly because a good deal of what I was discussing, and still am
discussing, was simply not up for discussion at the time. The last century has seen a tremendous spiritual
awakening throughout the western world, but it seems like the last decade has taken leaps and bounds even
within that context. Perhaps I can only say this because it has been this previous ten years of writing,
teaching, and being really socially active in the spiritual and occult scene that I have engaged myself in. I’m
sure that there are those who say the same thing about 1960-1970. There are all kinds of Mayan prophecy
and cosmic alignments that you can get into about the years between 1999 and 2012, but that’s really going
in a direction in which I’m honestly not educated enough to start debating. I had hitherto never used any
“magickal names,” “coven names” or anything of the sort, and so it took a good deal of meditation and
contemplation before the name Archaelus Baron came to me. And it did, quite literally, come to me. And
so, for the four of five years following, all of my interactions in the occult world were under that name, to
the point that many of the entities that I had been in constant contact with referred to me by that name,
and those physical persons in my life who were bound to me in ritual and the sort had all but forgotten my
legal name, instead calling me by the name Archaelus. It was only years later that I came across the name
in the New Testament, in which Archaelus was the son of Herod, and was especially wicked. There are
rumors, some of which have become integral parts of certain Christian and Jewish traditions, that Archaelus
was responsible for the decapitation of John the Baptist, the hunting down of the Twelve Apostles, as well
as the murder of thousands of Jews.
552
Vox Infernum I
E.A. Koetting
When I initially compiled what became my first book, Kingdoms of Flame, it was intended only as a
grimoire to be used within the Ordo Ascensum Aetyrnalis, the Order to which I belong, and of which I am
now the head. They were notes scribbled in a small, black notebook. I typed it up, created some rough
images of the sigils and squares of the various Astral Kingdoms and entities within the book, and sent it off
to Ixaxaar. I honestly didn’t expect more than twenty or so copies to ever sell. Instead, hundreds were
selling, month after month. I knew that if I was going to take on the role of an author and spiritual mentor
of sorts, I had to start taking myself seriously. And a name like “Archaelus Baron” is far from serious.
Rather than inventing yet another fictitious name, I returned to the name of my birth, Eric Koetting,
abbreviated as E.A. Koetting.
So, who am I?
2) Your books 'Kingdoms of Flame', 'Works of Darkness' and 'Baneful Magick' were
released by Ixaxaar Publisher. Why do you choose Ixaxaar in Finland? Do you live in United
States, right?
I do live in the United States, an hour an a half north of Las Vegas, Nevada, which was once my
"hometown." Ixaxaar and I were perfectly aligned in our goals and our vision for the three books that they
have released for me, and the fourth which is forthcoming, "Evoking Eternity: Forbidden Rites of Evocation."
They themselves walk the Sinister Path, and their readership consists mainly of those who are very serious
about the Left Hand Path. When I released Kingdoms of Flame, my sole intention was to get this megastorm
of power and information into the hands of those who could actually use it, who could actually travel through
these astral gates, call into materialization these terrifying spirits, and create substantial, Aeonic change
through it. Ixaxaar was able to do that for me.
My works are now moving ahead, into a direction quite beyond the Left Hand Path, strictly. Ergo, in
order to represent my current goals with writing and teaching, I am in the process of forming Eternal Ascent
Publications, through which I can produce and distribute works related to the highest forms of spiritual
attainment, esoteric or otherwise, in larger quantities than what Ixaxaar is comfortable with, for a fraction
of the customer cost as my work has been up to this point. Ixaxaar views books as works of art, and
approaches the book-making process as such. They put a considerable amount of time and energy into
creating beautiful books, always in hardcover, for their standard cost of 40 euros. While Eternal Ascent
Publications may go the route of small printruns of high quality, collector's books, the main goal now is to
get these works into the hands of everyone who is ready for them. This means printing thousands of copies
instead of hundreds, cutting the cost to make them affordable to the average reader, and promoting them.
While I love the four books that Ixaxaar is publishing for me, those I am currently working on, those that
will be released by Eternal Ascent Publications, contain information too vital to be restricted by inventory or
price.
When I was struggling through the stage of the Neophyte, trying to get my hands on any information
at all that might allow me to find some sort of spiritual and magickal progress, I would buy dozens of books,
poring through them, and casting them aside in frustration. Interestingly, in this "age of information," there
is a famine of useful information, of quality information. There is so much out there, so much digging that
has to be done to get any kind of knowledge at all. The struggles of the Aspirant in centuries past, walking
from country to country to learn from sages, begging for food and lodging while studying the occult arts,
learning new languages to read the ancient texts, has all been replaced by an equally difficult struggle to
sort through the miles of drivel to find an inch of truth, applicable and practical truth. I've always been a
writer. I've always been deeply in love with the beauty of written and spoken language. I always wrote -
short stories, essays, poetry, novellas, anything to keep my hands writing. But when I discovered the dire
need for real spiritual knowledge, my passion for writing merged with my passion for spiritual Ascent, and
it all took on a purpose beyond the thrill of putting pen to paper. From time to time I'll get on the internet
or find other avenues to see what people are saying about my Work, and the most prevelant criticism of
Works of Darkness specificially is that, "Most of this information is already out there. He's just compiled it."
Well, this is true, to an extent.
553
Vox Infernum I
E.A. Koetting
But what is contained in that one book took me about six years to gather on my own, from hundreds
of books, articles, and a variety of occult disciplines, all molded together with my own experiences, with the
cement of the applicable context of it all. My greatest goal is to not only teach a discipline or a system of
belief and understanding, but to guide in the actual practice of the thing, to hand the reader the ability to
do all that I have done, and even greater things.
4) In 'Baneful magick" you mention Exu and Voudou Spirits with accuracy, in theory and
in practice. Which and how is your relationship with those traditions?
For some reason, about five or six years ago I developed a fascination or obsession with the ancient
mayan practices, specifically the rousing of the Vision Serpent. There were no practical guides to going about
conducting these rituals today, but mere anthopological speculations, which I studied fiercly, along with the
Popul Vuh, spending entire days from sunrise to sunset in the library, notepad and pen moving as fast as I
could make them, taking notes, drawing diagrams, and piecing together the ancient rituals that would
awaken the Vision Serpent in my life. After a couple of weeks of this, I finally had something that I could
use. I gathered my implements and drove out into the middle of the desert. I invoked the powers and the
spirits that would preside over this working, and I slit my chest from my left shoulder to my right hip and
soaked some strips of cloth with my blood, which I burned in a specific vessel. The Vision Serpent did arise,
and it changed everything for me. The dozen or so years that I had invested in studying the cerebral system
of western spirituality were incinerated as I pierced through a million veils and transcended a million heavens
and hells, and discovered the perfect simplicity of union with the spirits. The chain-reaction of this event
naturally led me to Santeria. A good deal of what is included in Baneful Magick was handed to me directly
from Exu or from the spirits. I've always had a knack for making sense of the abstract, so I studied Santeria
and American Voodoo, and simply "got in touch" with Exu, who began to deliver the exact methods that I
was to use to bring his essence into concrete manifestation in my life, which is detailed in Baneful Magick,
in quite some vivid color.
Using these rituals to further my understanding of the spiritual systems brought to the New World
from Africa, I shortly after was contacted by Baron DePrince, a Haitian Vodoun Houngan, with the proposition
of co-authoring a book on the Haitian Vodoun system, in which I would be initiated and mentored in order
to write the book. This book, The Spider and the Green Butterfly: Vodoun Crossroads of Power, is the first
that will be published by Eternal Ascent Publications.
I actually haven't heard any criticism of it, although I'm sure there is quite a bit out there. I did
notice that the sales for that particular book weren't nearly as impressive as for my two previous, and I've
been told by quite a few potential customers that the content of Baneful Magick scared them away from
buying it. A good deal of those who did purchase copies of Baneful Magick have told me that they never
intend to use the frightening rituals to cause the death or misery of their enemies, but that they simply
wanted to have the information to do so... just in case. So, to criticize the book myself, I'd say that its
major flaw is that it's not entirely and universally applicable. There is a world out there starving for the
knowledge and ablity to create miraculous changes in their lives, to experience a conscious contact with the
spiritual, and to grow above all limits of "reality." The amount of people searching for methods of destroying
their victims through Black Magick, however, is much smaller. But the book is very powerful, a potent tool
for the Master, even if he never decides to put it to use.
Well, I'd take the Left Hand Path out of the equation, and reformulate the question as "What should
be the conduct of an Adept," as, by that point in spiritual development, the idea of duality will have faded
entirely. What's interesting about the attainment of power is that the more of it a person has, the less of it
they use. Looking at Martial Arts, it's rare to find a blackbelt who goes around getting in fights. They don't
need to. They know that they can take just about anyone down, so they have nothing to prove to themselves
or to others.
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Vox Infernum I
E.A. Koetting
They keep their abilities in reserve, and it becomes more a mind-body disciple than a struggle for
strength. In his book Yoga of Power, Julius Evola states that the development of Siddhi powers runs
concurrent with the diminshed desire to use those powers. So, an Adept isn't Black Sabbath's Wizard going
from place to place casting blessings or curses on the very soil beneath him or the air around him. He's just
a person... but he's a person who is no longer struggling or searching, but simply exists. It is a course of
nature, though, that those things that he desires flow to him rather effortlessly. In the instant of his
formulation of intention, the planets begin to move in his behalf of their own accord, because experience
has taught creation to treat him as a god.
A Black Magician is simply a person who has discovered the secrets of the application of occult
disciplines to create change in the world, in accordance with his own desires rather than as some sort of
altruism. By this definition, just about anybody who is involved in the occult and uses it for their own benefit
is a "Black Magician," so we could take the idea and move it to another realm, where the Black Magician
does not do his will at all, but is a channel for the will and the power of the demonic, of the truely dark,
sacrificing his own lusts in service of the sinister. These folks are rare, as one of the major draws to the
Left Hand Path is the ability to use ones power without consideration of the morality of such.
My references in Magick are mainly drawn from my own experience. Sure, I've studied the same
texts as most everybody else, drawing from authors like Crowley, Evola, Spare, Waite, and the like, but I've
always favored practical experience as the greatest teacher, far more so than any theory could ever provide.
And any text is simple theory until it is applied, which is why I put myself out on a limb to include personal
stories of my own experiences with the rituals in my books, to put the theory into a useable context. I really
did enjoy Konstantinos, an occult author published by Llewellyn Publications, which is known for its lighter
and more mainstream publications. Konstantinos presented his information, which is mainly a darker form
of paganism, in a manner that is easy acceissble to the average reader, requiring little outside references
or prerequisit discipline. Where Crowley seemed to endevor to confuse even the act of breathing to the
point that the reader wants to hold his breath to avoid the subject altogether, Konstantinos worked to offer
a system of ritual that just about anybody could plug themselves into and find results.
I've drawn from just about every religion I've come across, from the Church of Jesus Christ to the
Church of Satan to Shaivism to Eckankar... just across the board. Religion is just a language used to
describe the spiritual. People get caught up in whether their language is the right one. It’s like one man
explaining a rocket propulsion system in English while another explains the exact same thing in Portugese,
and then everyone argues about whose explanation is the correct one. It’s really rather silly. But if you can
look at religion objectively, you can really learn quite a bit about yourself and this machine in which we all
live.
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Vox Infernum I
E.A. Koetting
9) What is the main objective of Ordo Ascensum Aetyrnalis? What is the OAA?
The Ordo Ascensum Aetyrnalis, or “The Order of Eternal Ascent” is a system of spiritual Ascent
passed to me by my spiritual Mentors. The first five grades are aimed at bringing the Initiate to a stage of
spiritual proficiency, wherein he can direct the invisible currents around him to create substantial and
verifiable change in his environment. The Sixth to the Ninth Degrees of Initiation perfect these abilities,
bringing the Initiate into a state that can only be called occult Adepthood. After the Ninth Initiation, meddling
in this world is secondary or even tertiary to full and conscious Ascent, to the development of Siddhi powers
beyond this plane, to the cultivation of the aspects of Godhood that can only be termed as omniscience,
omnipresence, and omnipotence.
10) What can you tell about the history behind the "Kingdoms of Flame"?
I give a pretty colorful background story in Kingdoms of Flame, where I was raised in the Ordo
Ascensum Aetyrnalis, trained by some very “wizardy” types of people, and finally was approached by three
mysterious men, each holding an envelope with portions of the original skeleton cipher manuscript, which I
then fleshed out to create a usable system. This story is both fact and fiction, at the same time. If you
substitute all of the references I make to people with forms of spiritual entities, the story will be 100 percent
accurate. Perhaps that is something I need to do at some point, to rewrite the backstory in accuracy and
re-release the book as such.
11) Are you involved in another projects besides writing and the OAA?
I’m working with the black metal band Abaroth, writing all of the lyrics for their next album. They
approached me one day to ask if I’d write lyrics for their previous album, and forwarded me the
instrumentals. I listened to it a few times over, and the lyrics just started pouring to me. I’ve written a lot
of poetry, more in my angst-ridden teenage years than now, and I’ve written lyrics to music in my head,
but overall, I am quite musically un-gifted. I’ve tried my hand at keyboards, more seriously than any other
instrument, but was a constant frustration to my instructor. I realized somewhere in my lessons that I could
dial in a setting on the keyboard to create the sound of a heartbeat, the depth of its thud corresponding
with the note played. Another setting would give the sound of choir voices, and so on. I also saw that if I
inserted a 3.5 inch floppy disk (the good old days!) into the keyboard itself, I could record each sound and
mix them in layers. Keep in mind that this is just a keyboard, not a Mackintosh. So, when I was supposed
to be playing scales, I was instead creating this horrendous mix of random sounds that, when put together,
was like the soundtrack you would expect to hear upon the casting of the fallen angels to earth, their winged
bodies thrust down through the clouds, lightening shattering the sky and flames catching their forms below.
My instructor was not impressed.
My musical ineptitude notwithstanding, I listened to their song and put lyrics to it almost immediately. It
just flowed. It was very similar to the way that I write: I don’t think about it, I just do it. I turn my mind
off and just write. And the product was a very intense song. After the album was released, they returned
and asked me to write every song for the next album, which we’ve been working on here and there. Aside
from this, from being a father to a beautiful and talented girl, from writing, setting up Eternal Ascent
Publications, and running the OAA, I really don’t have a lot of time for much more. It is truly wonderful,
though. I’d choose being stressed over being bored any day!
12) What would you like to say for our readers in Brazil?
All of the power of God is within you. I’m talking omnipotence, omniscience, and omnipresence –
they’re all not only attainable, but they’re so within your grasp that once you start to manifest the seemingly
impossible in yourself, you’ll literally laugh at all of the struggles that you put yourself through to get there.
If you’re already having success in the occult, you can take this as a sign that you are very, very close.
Eternal Ascent Publications will be launched with its first release, The Spider and the Green Butterfly:
Vodoun Crossroads of Power in the later part of July. You can find it at www.eternalascentpublications.com
556
Poetice
Inno a Satana, by Giosuè Carducci (1835-1907 e.v.)
To Satan
557
Poetice
Inno a Satana, by Giosuè Carducci (1835-1907 e.v.)
Thereafter filling the throbbing You lift to the winds
female heart your waning cry:
with your fervor ‘The new age is dawning,
as both god and lover the time has come’.
Settembre 1863
558
Vox Infernum II
Bjarne S. Pedersen, Neo-Luciferian Church
“The Neo-Luciferian Church belongs in the succession from a number of churches, some Gnostic and
Magical in origin, others belonging to traditional Christianity. The church was founded on Candlemass 2005
e.v. as a corporation between the Rt. Rev. Michael Bertiaux and the Rt. Rev. B.S. Pedersen, assisted by Rt.
Rev. I.M. Berg. All of them belong to the episcopate of the Ecclesia Gnostica Spiritualis.
It had been a wish with the episcopate of the Ecclesia Gnostica Spiritualis, since the days of Rt. Rev.
Marc Lully in the 1970ies, to re-establish a Danish Luciferian Church and carry on the magical current from
Carl William Hansen (Ben Kadosh) and his Naassenic Gnostic Synod. The proclamation of the Neo-Luciferian
Church in the winther of 2004-2005 e.v. rekindled that flame.
The Neo-Luciferian Church is an outer school, a preparation of the individual in his or hers aspiration
towards The Inner Sanctuary, that inner order which has no name among men.”
In this short interview we could to know better Bjarne S. Pedersen and his works inside the Neo-
Luciferian Church.69
The Neo-Luciferian Church is a modern constellation inspired by 18th, 19th and 20th century
occultism, primarily from French, Italian, German, Nordic and English magicians, and of course modern
academic philosophy and history. Add this with a pinch of Voodoo and it pretty much describes who we are.
We have an explicit critical view of doctrines related to morality and therefore seeks to exterminate
what we consider “disturbances” in the work of extracting magical powers from superstition. Occultism is
not about politics (including moral standpoints), but rather about the study of the hidden, creative forces in
nature.
When that is said, I think it is important to remember that the Church is wholy made up of the
individuals who are there and who contacts the spiritual sensorium. That means that central dogmas does
not exist as such: There are only guidelines. The Church is an alltogether dynamic force. A shared experience
of people wanting to work with these creative and dynamic forces which we experience.
The Church works in a semi-initiatory way and focus on the transmission of the Apostolic Successions
into the spiritual life of its members, emphasising the importance of a multi-facetted toolbox. Not in the
belief that the mere transmission brings powers in itself (to some it does), but rather in the experience, that
opening up a multitude of doorways often contributes to the success of the individual seeker.
We’re not an open organisation to members who apply and pays a monthly fee, but rather a Church
which focusses on the people we invite. Everyone may write and apply, but so far we have taken no members
who we did not know intimately before the ordinations. All members contribute with their own special abilities
and we never work with people who are in disharmony with the central energies within the Church. We’re
not aiming to become an organisation with thousands of members. Rather that would be a token of failure.
This work is a work for relatively few people, and that’s how we like it to be.
69
This text was first published in 4th Lucifer Luciferax Brazilian edition.
559
Vox Infernum II
Bjarne S. Pedersen, Neo-Luciferian Church
2) What is the Luciferian Gnosticism, from the NLC point of view?
Luciferian Gnosticism is a complicated - and very personal - experience. There are no doctrines
which explains it in any deeper sense. You need to be a sceptic from the start, yet still accept certain theories
which you want to investigate. Often the very first step is to step out of the culturally based fear of what
some people have termed “diabolic” or “dark forces”, and then discover that this force - though it may seem
scary at first - is actually a very potent and creative powersource. If it is applied in the wrong way, it certainly
may be harmful. Just as electricity.
I don’t think that energy is the least concerned about morality or how you spend your life. Rather
it is a rallying-point for those who have learned to see beyond the illusions. Some will benefit from it and
some will be scared away. That, I think, is the nature of this work.
3) How is the relationship between Luciferian Gnosticism and the "doctrine" learned
inside the Orders like Monastery of Seven Rays or/and Ordo Templi Orientis Antiqua?
The Monastery of Seven Rays and Ordo Templi Orientis Antiqua are seperate organisations from the
Neo-Luciferian Church, managed skillfully by people who have chosen these Orders as their Path. I have
great respect for these people, but there are no official relations between us, and I am not a member of any
of these organisations. They have their own - very important - work to do, just as we have ours. In the end,
I think that we’re working pretty much in harmony with each other. We just approach the Gnosis from
different angles.
It is not appropriate for me to discuss Docteur Bertiaux’s work here. Suffice to say that his magical
work should not be underestimated, and that he is certainly a man I respect very much. Officially he is the
Spiritual Head of the Church, on the physical plane.
Ever so much, and not in the least! If you’re aiming at a historical, academic angle, there’s no
connection at all, but this is a very limited approach to the question. It’s about the magical current and the
answers are not to be found in textbooks on the history of modern occult movements. Dr. Bertiaux transmits
a current which was passed to him and in turns he has passed it on to others. Not to be clones or imitations
of his work (on the contrary), but rather to get inspired by, and use, the creative magical force which he
emanates.
6) There are many misunderstanding concepts about the Path of Light. Who (or What) is
Lucifer for you?
Lucifer to me is a living entity with a multi-facetted appearance. There are so many facets to life,
also in the spirit world. All your life you’re taking on different roles, each of them with their own validity in
the situation. Some have called the central experience of occultism for “the Path of the Chameleon”. The
perfect magician wears perfect camoflage and is not recognized as a person wearing a pointy hat and a
weird wand, which he waves about in the supermarket ... Rather he move unseen and avoid friction. That’s
the easiest way to obtain lasting results in magick, and in life.
http://www.neoluciferianchurch.org/
560
Vox Infernum II
Bjarne S. Pedersen, Neo-Luciferian Church
7) What could characterize the Path of Light?
First of all I’d say that a great many people who believe they’re on the Path of Light, often is either
not on the Path at all or on a quite contrary Path. Darkness come with the repression of education and
censurship, the falsification of information and the one-pointed view that “we’re right and you’re not”. Such
tendencies easily attribute to the so-called “great religions” of the world, be it fanactics in Afghanistan or
the Vatican ... there’s basically no difference. The sad thing is that this same element is now starting to
appear within so-called occult organizations who’re trying to patent truth and falsify history to earn money
and tell everyone that they’re “the real deal”. Magick is not restricted to organizations. Claiming so is for
conmen only.
The only viewpoint we emphasis is that you should never believe that your own standpoint is the
only valid standpoint, and that your sense of “right” and “wrong” is restricted to your life only, and does not
nescessarily constitute a truth to others. On the contrary, there’s a good chance that your subjective view
on life only has a validity to you.
8) Some individuals think that Path is formed by excesses, crimes, deviations and morbid
practices. What do you say for those people?
All I can say is: Get a life and get the hell out of mine! We’re not a reformatory. I’ve seen plenty of
these types over the years, and I think that all organizations working with magical practises (one way or
the other) sometimes attract nut-cases who’re in desperate need of professionel help.
9) Do you think we are living a Kali-Yuga? How does NCL work in that Age of Iron?
No - such ideas are left to the individual seeker. Personally I think we’re re-living things as they
always were, just with other considerations and other theories than for instance a thousand years ago.
Religious people have always thought that we were living in the last days and that our civilisation now
constitutes something unique and superior to past civilisations. It’s a very common, and very arrogant, way
of looking at the world.
There are basic requirements in human life: Safety, food, shelter, stimulants (intellectual stimulants,
amusement, sexual and otherwise), reproduction and so on. Though our habits have certainly changed much
since the stone age, the basics of life haven’t changed that much. We still need to be kept dry in the rain
and have food in the stomach.
The ecclesiastic ordinations are the core of the Church and forms the magical link with the past and
opens new doorways to the magical world in the present. These ordinations should not be underestimated.
They pass on a potent, sleeping, force within the individual. It’s left to the individual to awake these forces
and use them for creating a succesful result. That’s not always easy, for the spirit world has a great sense
of humour and likes to pull your leg. It requires training to be able to use these forces properly, but the
mere process in itself can be very inspiring.
561
Index Librorum Prohibitorum II
A Cabala Draconiana
By Frater Adriano Camargo Monteiro
Where:
http://www.madras.com.br/Default.aspx?cd_produto=1247
http://br.geocities.com/adrianocmonteiro/cabala_draconiana.htm
Where: http://www.ixaxaar.com
562
Lucifer Luciferax XI
563
564
565
Pharzhuph
MMXVII
566
Nota Sobre Essa Edição
Fundação da Editora Via Sestra
https://www.facebook.com/editoraviasestra/
https://www.facebook.com/LuciferLuciferax/
567
Beham, (Hans) Sebald (1500-1550): Adam und Eva. Kupferstich,
1543.
Lucifer Luciferax ®©
Copyright © 2017 Pharzhuph
568
572 - Prælusio Vox Mortem, Mortiferum Poculum
573 - Principia Diabolica, Hino a Lúcifer, por Aleister Crowley
574 - Qabalah Fundamentum Magni, Introdução ao Estudo da Cabala Sinistra
582 - Chavajoth, O Dragão Negro Primordial
586 - Cærimonia Initialis Una Essentia, Um Rito Essencial de Chavajoth e Adão Belial
590 - Regina Sacrorum Colloquium, Entrevista Lilith Ashtart
601 - Sepher Qliphoth, Liber DCXXVI
606 - Index Librorum Prohibitorum
611 - Meditate Aliquid Tenere, A Meditação Noturna da Morte
612 - Fabulam Inceptat, A Fábula do Bode e do Caranguejo
613 - Cineres ad Ora Relati, Sendo o Relato de Um Candidato à Iniciação
618 - Vox Infernum, Entrevista Azimã, Abismo de Lúcifer
621 - Oraculo Egressus, Relatos de Fragmentos Goéticos, Por Frater Camaysar
623 - Ecclesia Diabolica, A Igreja do Diabo, Por Machado de Assis
628 - Supra Humanam Potentian, Entrevista Betopataca
639 - Iniciação, Por Fernando Pessoa
640 - Causam Adversariis, As Qliphoth da Qabalah, Por S. L. MacGregor Mathers
643 - Fiat Voluntas Mea, Por Reverendo Eurybiadis
642 - Inferno, Canto I, Por Dante Alighieri
569
570
Aos inexoráveis Dragões Negros Primordiais,
À minha pequena e amada Liliane.
Honrosamente dedicado à
Pombagira Rosa Caveira,
Exu Tatá Caveira e
a ‘Sêo’ 7 Caveiras!
571
Nove anos após ser trazida à luz, finalmente a publicação Lucifer Luciferax se materializa em
formato exclusivamente impresso em sua décima-primeira edição. Para que não nos tomem por
mentirosos, houve nove edições regulares em nosso idioma pátrio e uma edição experimental em inglês,
e para o advento do debut em papel preferimos atribuir-lhe a numeração adequada: o número maldito
e de mau agouro dos frígidos qabalistas da falsa luz; aquele que imediatamente insurge contra o status
quo ante; a unidade dupla que combate a inércia e a estagnação; o irresponsável irreverente que a tudo
destruirá; a alusão à fenda falcífera por onde caem Adão Belial e o Dragão de Oito Cabeças em morte e
perdição; o iniciador do número místico das Qliphoth; as faces do furente Azerate; as bestas demoníacas
de Tiamat; o Quartus Sanguíneo da formação densa.
Agradecemos mui respeitosa e honradamente: à Tatianie Kiosia, por seu enlevado estímulo e
sempre valorosos ditirambos; a Betopataca e Natt Häxa, diletos irmãos e amados amigos; à Soror Lilith
Ashtart, por nos conceder o privilégio de entrevista; à Gilmara Cruz e Olindina Amarante; ao irmão
Azimã & Abismo de Lúcifer; Danilo Coppini, TQEPNMB & Corrente 49; Frater Camaysar; Taijasa
(Summum Heredis), pelos sábios conselhos acerca da publicação; ao grande Leandro Marcio Ramos,
pelo apoio e divulgação; ao talentoso irmão Funesto Queiróz; ao terno Diego Pirutti; Victor Fernando
Gonzalez, pelas sempre bem vindas sugestões; ao desaparecido Lauro Bonometti, pelas sempre valiosas
palavras; à Luciana Costa; à Mayara Undead Puertas; ao Capitão, Frater Asmodeus; e a todos que de
alguma forma nos auxiliam a continuarmos com esse projeto de irregular estranheza.
572
Hino a Lúcifer
Ware, nor of good nor ill, what aim hath act? Cuidado, nem do bem, nem do mal, qual intenção age?
Without its climax, death, what savour hath Destituída de seu ápice, morte, que sabor tem
Life? an impeccable machine, exact A Vida? uma máquina impecável, exata
He paces an inane and pointless path Ele percorre um caminho fútil e sem sentido
To glut brute appetites, his sole content Para saciar os brutos apetites, dele, o único conteúdo
How tedious were he fit to comprehend Quão tedioso esteve ele ao tentar compreender
Himself! More, this our noble element A si mesmo! Mais, este nosso nobre elemento
Of fire in nature, love in spirit, unkenned Ígneo por natureza, amor em espírito, desconhecido
Life hath no spring, no axle, and no end. A Vida não possui mola, nem eixo, nem fim.
573
Introdução ao Estudo da Cabala Sinistra
Ao iniciar o estudo da cabala costumamos dividi-la basicamente em duas partes: uma teórica e
outra prática. A cabala teórica primariamente investiga o conteúdo dos livros e dos manuscritos que
compõem sua vasta tradição.
A cabala prática aplica determinados conhecimentos e operações ao conteúdo dos manuscritos,
além de abarcar as práticas mágicas e místicas, o cerimonial mágico e a meditação criativa.
Em hebraico escreve-se qabalah קבלה, vocábulo que deriva da raiz primitiva qabal קבל, que significa
receber, aceitar e demonstrar oposição.
Os dicionaristas modernos definem cabala como um sistema filosófico e religioso medieval de
origem judaica, mas que integra elementos que remontam ao início da era cristã, compreendendo
preceitos práticos, especulações de natureza mística e literalmente esotérica. As origens da cabala são
amiúde reputadas ao judaísmo, embora nela encontremos elementos originais provenientes de outras
culturas. Em Cabala, Qliphoth e Magia Goética70, Thomas Karlsson observa com propriedade:
“Para o praticante de cabala as suas raízes históricas são de importância secundária. O que
importa não é se ela é judaica, cristã, grega, hermética ou nórdica, e sim que é um sistema oculto
que se provou adaptável à maioria das tradições espirituais.”
70
KARLSSON, Thomas. Cabala, Qliphoth e Magia Goética. 2. ed. Curitiba: Editora Coph Nia, 2015, p. 23.
574
O Alfabeto Hebraico
Para o aproveitamento mínimo da disciplina cabalística, seja ela de orientação destra ou sinistra,
é necessário obter algum conhecimento básico sobre os fundamentos do idioma hebraico ou sobre a
cultura e/ou sistema sobre a qual a mesma será aplicada e desenvolvida.
A grafia no idioma hebraico é realizada da direita para a esquerda. As letras hebraicas possuem a
função de numeração (cardinal, por exemplo), ou seja, o número 1 é representado em hebraico pela letra
Aleph א, o número 2 pela letra Beth בe assim sucessivamente. Através dessa característica podemos
atribuir valores numéricos às palavras.
O alfabeto hebraico é composto basicamente por vinte e duas letras consoantes e femininas, que
por sua vez se dividem em três grupos: três letras mães (ou fundamentais), doze letras simples e sete letras
duplas. Dentro da tradição cabalística as letras estão associadas a numerosas e diversas ideias e conceitos.
Podemos dizer que cada letra representa basicamente: um sinal gráfico (glifo), um número e
incontáveis ideias.
As três letras mães são: Aleph א, Mem מe Shin שe representam o caráter trinitário dos opostos
que se equilibram, representam a água, o fogo e o ar.
As sete letras duplas são: Beth ב, Gimel ג, Daleth ד, Kaph כ, Peh פ, Resh רe Tau ת. Representam
os pares de opostos: Morte e Vida, Guerra e Paz, Conhecimento e Ignorância, Riqueza e Miséria, Graça
e Abominação, Semente e Esterilidade, Dominação e Escravidão. Associam-se naturalmente aos dias da
semana, aos sete astros principais da tradição oculta e às Sete Habitações Infernais.
As doze letras simples são: Heh ה, Vau ו, Zayin ז, Cheth ח, Teth ט, Yod י, Lamed ל, Nun נ, Samekh
ס, Ayin ע, Tzaddi צe Qoph ק. Representam: a Visão, a Audição, o Olfato, a Voz, o Nutrimento, o
Intercurso Sexual, a Ação, a Locomoção, a Ira, o Riso, a Meditação e o Sono.
A letra Yod יé uma letra simples, no entanto é conhecida como a formadora das demais letras,
conceitualmente próxima ao ponto ou à semente das quais as outras letras figurativamente derivam.
As letras Kaph, Mem, Nun, Peh e Tzaddi possuem duas grafias: quando utilizadas como sufixo
aparecem somente no final da palavra e são mudas. Essas cinco letras são chamadas letras sofit.
No alfabeto hebraico não há vogais, a formação vocálica se dá através da utilização de sinais
diacríticos71 posicionados de acordo com a gramática do idioma. Para nossa exploração e utilização não
será necessário abordar esse tema.
71
Os sinais diacríticos alteram o valor fonético da letra. Na ortografia do idioma português temos como exemplos de sinais
diacríticos: o til, a cedilha e os acentos gráficos.
575
Gematria
72
Metátese é a mudança linguística que consiste na troca de lugares de fonemas ou sílabas dentro de uma palavra.
576
As Letras Hebraicas
Outra característica importante de se observar é que a largura de uma letra pode conferir a ela
um fator de multiplicação por mil. Por exemplo, um Aleph escrito de maneira mais larga do que as
demais letras apresentará valor gemátrico igual a 100074.
Os sinais diacríticos do idioma hebraico não alteram o valor numérico das letras e das palavras.
Tomemos, por exemplo, a palavra Satã: em hebraico שטָׂןָׂ (com os sinais diacríticos) ou ( שטןsem os sinais
diacríticos) possui valor gematrico igual a 359.
O método de gematria que apresentamos é o mais simples e é também o mais utilizado, porém
não é o único. Existem diversos métodos de aplicação e cálculo de gematrias que não serão abordadas
nesse trabalho introdutório e superficial.
73
Yod: letra simples e princípio formador.
74
CROWLEY, Aleister. Sepher Sephiroth. 2 ed. Barcelona: Editorial Humanitas, 1994, p. 20.
577
Notariqon
75
Do grego: νοταρικόν.
76
Diz-se da palavra formada pela inicial ou por mais de uma letra de cada uma das partes sequentes de uma locução.
77
Em tradução livre: “visita o interior da Terra, retificando, descobrirás a pedra oculta”.
78
Nimrezet significa: doloroso, opressivo, penoso ou repugnante.
79
– נִמ ְֶרצֶתcom os sinais diacríticos.
80
MATHERS, S.L. Macgregor. La Qabalah Desvelada: La Clave para Compreender los Textos Sagrados. 3. ed. Barcelona:
Editorial Humanitas, 2000, p. 13.
578
Temura
81
O termo aparece na literatura ocultista tradicional como Tziruph ou Ziruph. Em hebraico a palavra “combinações” poderia
ser traduzida como “tserufim” צֵרּופִים, da raiz “tseruph” ( צֵרּוףcombinação).
82
CROWLEY, Aleister. Sepher Sephiroth. 2 ed. Barcelona: Editorial Humanitas, 1994, p. 58.
579
A Tábua de Tziruph em Caracteres Hebraicos
אלבת כ י ט ח ז ו ה ד ג ב א
מ נ ס ע פ צ ק ר ש ת ל
אבגת ל כ י ט ח ז ו ה ד ג א
מ נ ס ע פ צ ק ר ש ת ב
אגדת מ ל כ י ט ח ז ו ה ד א
ס ע פ צ ק ר ש ב נ ת ג
אדבג נ מ ל כ י ט ח ז ו ב א
ע פ צ ק ר ש ת ה ס ג ד
אהבד ס נ מ ל כ י ט ח ז ב א
פ צ ק ר ש ת ו ע ג ד ה
אובה ע ס נ מ ל כ י ט ח ב ב
צ ק ר ש ת ז פ ג ד ה ו
אזבו פ ע ס נ מ ל כ י ט ב א
ק ר ש ת ח צ ג ד ה ו ז
אחבז צ פ ע ס נ מ ל כ י ב א
ר ש ת ט ק ג ד ה ו ז ח
אטבח ק צ פ ע ס נ מ ל כ ב א
ש ת י ר ג ד ה ו ז ח ט
איבט ר ק צ פ ע ס נ מ ל ב א
ת כ ש ג ד ה ו ז ח ט י
אכבי ש ר ק צ פ ע ס נ מ ב א
ל ת ג ד ה ו ז ח ט י כ
אלבכ ת ש ר ק צ פ ע ס נ ב א
מ ג ד ה ו ז ח ט י כ ל
אמבל נ ת ש ר ק צ פ ע ס ב א
ג ד ה ו ז ח ט י כ ל מ
אנבמ ס ג ת ש ר ק צ פ ע ב א
ד ה ו ז ח ט י כ ל מ נ
אסבנ ע ד ג ת ש ר ק צ פ ב א
ה ו ז ח ט י כ ל מ נ ס
אעבס פ ה ד ג ת ש ר ק צ ב א
ו ז ח ט י כ ל מ נ ס ע
אפבע צ ו ה ד ג ת ש ר ק ב א
ז ח ט י כ ל מ נ ס ע פ
אצבפ ק ז ו ה ד ג ת ש ר ב א
ח ט י כ ל מ נ ס ע פ צ
אקבצ ר ח ז ו ה ד ג ת ש ב א
ט י כ ל מ נ ס ע פ צ ק
ארבק ש ט ח ז ו ה ד ג ת ב א
י כ ל מ נ ס ע פ צ ק ר
אשבר ת י ט ח ז ו ה ד ג ב א
כ ל מ נ ס ע פ צ ק ר ש
אתבש כ י ט ח ז ו ה ד ג ב א
ל מ נ ס ע פ צ ק ר ש ת
אבגד ת ל כ י ט ח ז ו ה ג א
מ נ ס ע פ צ ק ר ש ד ב
אלבמ כ י ט ח ז ו ה ד ג ב א
נ ס ע פ צ ק ר ש ת מ ל
580
A Tábua de Tziruph em Caracteres Latinos
ALBTh K Y T Ch Z V H D G B A
M N S O P Tz Q R Sh Th L
ABGTh L K Y T Ch Z V H D G A
M N S O P Tz Q R Sh Th B
AGDTh M L K Y T Ch Z V H D A
S O P Tz Q R Sh B N Th G
ADBG N M L K Y T Ch Z V B A
O P Tz Q R Sh Th H S G D
AHBD S N M L K Y T Ch Z B A
P Tz Q R Sh Th V O G D H
AVBH O S N M L K Y T Ch B A
Tz Q R Sh Th Z P G D H V
AZBV P O S N M L K Y T B A
Q R Sh Th Ch Tz G D H V Z
AChBZ Tz P O S N M L K Y B A
R Sh Th T Q G D H V Z Ch
ATBCh Q Tz P O S N M L K B A
Sh Th Y R G D H V Z Ch T
AYBT R Q Tz P O S N M L B A
Th K Sh G D H V Z Ch T Y
AHBY Sh R Q Tz P O S N M B A
L Th G D H V Z Ch T Y K
ALBK Th Sh R Q Tz P O S N B A
M G D H V Z Ch T Y K L
AMBL N Th Sh R Q Tz P O S B A
G D H V Z Ch T Y K L M
ANBM S G Th Sh R Q Tz P O B A
D H V Z Ch T Y K L M N
ASBN O D G Th Sh R Q Tz P B A
H V Z Ch T Y K L M N S
AOBS P H D G Th Sh R Q Tz B A
V Z Ch T Y K L M N S O
APBO Tz V H D G Th Sh R Q B A
Z Ch T Y K L M N S O P
ATzBP Q Z V H D G Th Sh R B A
Ch T Y K L M N S O P Tz
AQBTz R Ch Z V H D G Th Sh B A
T Y K L M N S O P Tz Q
ARBQ Sh T Ch Z V H D G Th B A
Y K L M N S O P Tz Q R
AShBR Th Y T Ch Z V H D H B A
K L M N S O P Tz Q R Sh
AThBSh K Y T Ch Z V H D G B A
L M N S O P Tz Q R Sh Th
ABGD Th L K Y T Ch Z V H G A
M N S O P Tz Q R Sh D B
ALBM K Y T Ch Z V H D G B A
N S O P Tz Q R Sh Th M L
581
582
Chavajoth
O Dragão Negro Primordial
583
Atziluth אצילות: o mundo arquetípico, o mundo das emanações, mundo da substância
plena de Chavajoth, espírito puro, essência imaculada, fogo. Relaciona-se ao He inicial;
Briah בריאה: o mundo criativo, intelecto genuíno e incontestável, água. Relaciona-se ao
Vau;
Yetzirah יצרה: o mundo formativo, ainda não material, ar. Relaciona-se ao segundo He;
Assiah עשיה: o mundo físico “factivo”, mundo onde percebemos a “existência”, local onde
estamos inicialmente aprisionados à existência ilusória. Mundo da ação e da matéria.
Mundo tangível, terra e reunião dos quatro elementos. Relaciona-se ao Yod final.
A palavra qliphah ( קלפהsingular) tem sua origem no substantivo feminino hebraico qelipah קְ ִלפָׂה
e significa basicamente casca. Em variados textos cabalísticos a palavra é utilizada para fazer referência a
maus (e impuros) espíritos e ao paradigma da mulher que é considerada maligna, tanto sob a óptica
moral, quanto sob o aspecto arquetípico da mulher que não se submete ao homem, como em Lilith
ליליתe em Isheth Zenunim אשת זנונים. O vocábulo feminino hebraico qilufah (singular) קילופה, que
significa casca e córtex, é uma outra origem do termo qliphah empregado nas escolas cabalísticas
contemporâneas. O termo córtex (qilufah) é uma referência à anatomia da substância cinzenta do
584
cérebro humano e aos intestinos. Em alguns textos de teor cabalístico há a alusão entre o funcionamento
dos processos mentais e às ‘cascas’ que se formam umas sobre as outras no córtex cerebral – a metonímia
se expande aos processos fisiológicos excretores, especialmente nas metáforas referentes às qliphoth.
A palavra qliphoth קליפותé o plural de qliphah. Comparada ao plural de qilufaf, nota-se
diferenças nas ordens das letras e na alteração da letra final קילופה. As qliphoth são conhecidas como
esferas adversas e consideradas essencialmente más por muitos cabalistas e estudiosos. As qliphoth são
os dez mundos que representam o lado noturno, esquerdo e sinistro do universo criado. A Árvore do
Conhecimento é formada pelas dez qliphoth e pelos vinte e dois caminhos que as unem. Os trinta e dois
Caminhos de Sabedoria correspondem as dez qliphoth e aos vinte e dois túneis. Há ainda duzentas e
trinta e uma Portas de Sabedoria e de Morte veladas pelos vinte e dois caminhos entre as qliphoth e
pelas vinte e duas letras do alfabeto hebraico.
As três divisões cabalísticas básicas do corpo individual ou as três partes fundamentais do homem
são:
Neschamah נשמה: as aspirações mais elevadas da alma. Corresponde à essência não mais
fragmentada de Adão Belial e à inteligência mais próxima de Chavajoth;
Ruach רוח: mente, pneuma, espírito, alma e capacidade racional. A energia criativa do
indivíduo. Corresponde a várias hierarquias de seres e inteligências invisíveis e
intermediárias;
Nephesch נפש: a alma animal do homem, os instintos primitivos e animais.
A emanação sucessiva de Chavajoth desde as moradas essenciais mais densas de sua substância
resulta no cerne de Adão Belial através da fragmentação que gera sua mônada. Por sua vez, a mônada
naturalmente está dispersa na constituição do raro indivíduo que de Chavajoth procede.
585
Um Rito Essencial de Chavajoth e Adão Belial
Introdução
O existencialismo sartriano se estrutura parcialmente sobre a premissa de que a existência
precede a essência do indivíduo, ou seja, por primariedade o ser existe, porém, o seu cerne – seu âmago
– se forma, se constrói após a sua concepção. Premissa com a qual concordamos parcialmente, pois parte
do que costumamos definir como essência, se forma, se forja, se lapida, se reúne e se estrutura no
decorrer dos intervalos mecanicistas do tempo.
Em algumas antigas filosofias gnósticas a essência é considerada como uma espécie de partícula
infinitesimal que precede a existência do indivíduo. Tal partícula é aquilo que é mais básico, elementar
e a mais importante característica do ser. É algo próximo do que faz o lobo ser o lobo e a ovelha ser a
ovelha.
586
No indivíduo comum, a partícula infinitesimal está fragmentada e dispersa em sua constituição
íntima. O ser, inconsciente de sua fragmentação essencial, normalmente não dispende esforços para
reunir as frações de seu próprio cerne num ponto ou numa esfera de contração e densidades máximas.
Tomemos por referência Hadit, principal locutor da mensagem transmitida no segundo capítulo
do Livro da Lei85:
“3. Na esfera, Eu sou em toda parte o centro, como ela, a circunferência, é achada em
lugar nenhum. (...)
6. Eu sou a chama que queima em cada coração de homem e no âmago de cada estrela.
Eu sou Vida e o doador da Vida; ainda, portanto, é o conhecimento de mim o
conhecimento da morte.
7. Eu sou o Magista e o Exorcista. Eu sou o eixo da roda, e o cubo no círculo. “Vinde a
mim” é uma expressão tola: pois sou Eu quem vou. (...)
49. Eu sou único & conquistador. Eu não sou dos escravos que perecem. Sejam eles
danados & mortos! Amém (Isto é dos 4: existe um quinto que é invisível, & ali sou Eu
como um bebê num ovo).”
85
CROWLEY, Aleister. Os Livros Sagrados de Thelema. São Paulo: Anúbis & Madras Editoras, 1998. 239 p. Tradução de:
Marcelo A. C. Santos.
587
A cerimônia deveria ser empreendida em um sábado ou numa segunda-feira, porém o adepto
poderá realiza-la de acordo com sua própria intuição ou visão particular de seu universo, sem parâmetros
muito fixos. O horário recomendado é entre às 23:00 e a hora grande da meia noite.
Nos três dias que antecedem à cerimônia, o adepto deveria se resguardar de influências externas,
evitar contato com quaisquer pessoas, fazer refeições leves e se abster de alteradores de consciência.
Períodos de meditação e relaxamento são altamente recomendados durante esse período.
O rito pode ser desempenhado em um ambiente silencioso, porém pode-se utilizar música
ambiente relacionada ao teor ritualístico. Composições de artistas como Emme Ya (The Awakening ‘The
Nightside Ov Eden’), Black Sun (Hymn to Lucifer) ou The Awakening (Black Wings) podem servir como
referência para a busca de uma atmosfera mais adequada.
O vidro ou pedra utilizada para simbolizar a essência deve possuir origem vulcânica. Pode-se
utilizar o dacito, o basalto ou a obsidiana negra. O material deverá ser quebrado e serão utilizados 9
fragmentos do mesmo. Outros minerais de origem vulcânica podem ser utilizados.
O incenso que deverá queimar durante o rito deverá conter preferencialmente acônito, assa
fétida, beladona ou artemísia. Caso se opte por utilizar incensos comerciais do tipo vareta, deve-se ter o
cuidado de escolher uma marca de boa qualidade, com as varetas mais inodoras.
As velas são do tipo convencional, simples, de cor preta. Devem ser limpas com álcool, secas com
papel toalha – se necessário – e ungidas com essência ou óleo de cálamo e mirra.
O primeiro passo consiste em arrumar o aposento onde a cerimônia ocorrerá, um espaço livre
2
de 9m é mais do que o suficiente, sem iluminação artificial – pode-se utilizar duas velas pretas para essa
finalidade. Prepara-se o reprodutor musical para repetir indefinidamente a música escolhida, caso se
opte por utilizar sons. O incenso deve ser aceso logo no início da preparação e deve durar enquanto o
rito estiver sendo executado.
O eneagrama poderá ser traçado diretamente no chão com uma tinta escura ou giz de calcário
de cor preta ou que contraste com a cor do piso. O eneagrama deverá ter algo em torno de 77 cm de
diâmetro. Posiciona-se as velas já ungidas sobre as pontas da figura geométrica. Os 9 fragmentos do
elemento escolhido devem ser gentilmente lançados sobre o eneagrama (não devem ser arrumados e/ou
alinhados com o desenho).
O indivíduo deverá se sentar no chão, diante do eneagrama, mantendo uma postura simples 86.
Nessa postura deve-se procurar um estado inicial de relaxamento, tomando consciência de cada parte de
seu corpo, com atenção voltada para as narinas e para a respiração, que deve ser branda e regulada.
Quando o operador se sentir preparado ele deverá proclamar:
Acende-se então, com fósforos, os pavios das 9 velas em sentido anti-horário. Proclamar:
588
Sete foram os relâmpagos que anunciaram vossa irradiação, agitado com furor é Agam,
em vosso hálito em Tsalmaveth, sou Eu quem reúne as centelhas flamejantes dispersas
na noite eterna!
Com uma pequena lanceta estéril ou com uma faca consagrada à arte deve-se traçar sobre o peito
o pentagrama fendido e dizer:
DAM, esse é o sangue, esse é o glifo! 11 vezes 4 animados em Chavajoth, cuja essência
transcende!
Deve-se então despejar um pouco de álcool puro sobre os 9 fragmentos. Ateia-se fogo. Observar
as chamas e visualizar a ligação dos fragmentos, não em aspectos físicos, mas em aspectos espirituais.
Manter a visualização até o fogo se extinguir. Uma vez extinto, a visualização se altera para uma pequena
esfera negra que se resfria rapidamente a mais baixa temperatura imaginável.
No final da visualização o rito é encerrado com as seguintes palavras:
589
Entrevista Lilith Ashtart
Como você mesmo citou, um enigma que procura se solucionar um pouco mais a cada dia. A
resposta que eu poderia lhe dar hoje, com certeza será diferente da que lhe apresentarei amanhã e da
que você conheceu há mais de uma década atrás. Sou alguém em eterna mutação, mas que possui alguns
aspectos que jamais mudarão, pois fazem parte de minha essência mais pura: sempre fui uma ávida
questionadora, buscadora de mim mesma, que tem ânsia por novos conhecimentos e valoriza mais o
empirismo do que as fórmulas prontas. Não tenho receios de mudar totalmente o rumo, caso perceba
que o anterior não é mais efetivo em minha jornada. Sou uma pessoa apaixonada e intensa para tudo
que me é caro. Já cheguei a ouvir algumas vezes que esta era uma característica “demasiadamente
humana”, mas eu discordo. O problema se encontra em tornar-se escravo de nossos próprios desejos, e
é para este aspecto que devemos estar sempre atentos. Caso contrário, seremos controlados não apenas
por fatores externos, mas especialmente, e o mais difícil de se identificar e aceitar, por aqueles que se
encontram introjetados em nós mesmos. A partir do momento que você mergulha cada vez mais no
autoconhecimento, aprimora a aptidão de realizar escolhas conscientes e torna-se responsável por sua
590
própria realidade. E para mim, cada aprendizado obtido, seja por meio de erros ou acertos, foi essencial
para a concepção de quem sou, uma pedra em constante lapidar.
2. Como surgiu seu interesse pelo oculto e como foi seu início no Caminho da Mão Esquerda?
O meu interesse pelo oculto foi uma consequência natural em resposta às experiências que
vivenciei durante toda minha infância. Eu possuía o que muitos podem considerar como
“mediunidade”, e a visão de seres, assim como conversas com estes em sonhos, era algo muito comum,
inclusive compartilhado com os mais próximos. Contudo, por ter crescido em uma família católica,
apesar de minha mãe possuir os mesmos “dons”, este era um assunto não muito esclarecido e até mesmo
evitado quando eu perguntava. Enquanto criança, tudo soava de uma maneira muito natural, mas
conforme fui adentrando a adolescência, as respostas que tinha começaram a não me bastar mais, até
que por volta dos meus 14 anos, tive um sonho muito real (provavelmente uma projeção astral) que
mudou todo o percurso de minha vida. Este foi o momento de minha jornada que considero realmente
como o meu despertar. No início da década de 90, o acesso aos materiais de estudo era muito difícil, e
como eu não frequentava e nem conhecia o meio ocultista, muito do que fui construindo como filosofia
de vida foi por meio de intuições, inclusive a construção de rituais próprios. Hoje vejo que eram
extremamente simples, mas a força e a vontade que eram colocados neles os tornavam eficazes. Os
primeiros livros que tive em mãos eram os mais populares, dentre eles o clássico São Cipriano, que acho
que todo iniciante já teve em mãos. Foi somente com o advento do início da popularização da internet
em 1997-98 que comecei a conhecer pessoas realmente envolvidas com a LHP e o ocultismo em geral, e
comecei a ter acesso a indicações e leituras de qualidade. Por incrível que pareça, conheci pessoas sérias
e que foram muito importantes para o início de minha senda nas então populares salas de bate-papo da
UOL. O que mais me espantou foi que muito do que comecei a ler e discutir, coincidia com o que eu
mesma já havia construído por meio de minhas intuições, embora, lógico, cada uma com suas
particularidades. O satanismo de LaVey, da ONA e de Nate Leved, assim como Thelema, foram os
primeiros contatos que tive dentro deste campo. Inclusive, a OTO foi a primeira ordem à qual pertenci.
3. Minha memória é ruim, perdoa-me se houver algum engano com relação às datas, mas entre
o final dos anos 90 e início dos anos 2000 você já mantinha o site For My Fallen Angel. O que a
motivou a criar e manter o site?
Comecei a escrever pequenos ensaios em 98 e 99, que eram apenas socializados com este grupo
restrito com o qual eu conversava. Comecei a me aventurar a criar sites em HTML no final de 99, e no
primeiro dia do ano de 2000 lancei o site Mystical Land, no qual eu divulgava textos de diversas vertentes,
desde Wicca até Satanismo. Foi nele que divulguei meus primeiros textos sobre Luciferianismo. Havia
pouquíssimo material sobre o assunto até então, e praticamente zero em nossa língua, o que me motivou
a escrever textos que divulgassem tanto a minha visão particular, que eu já havia construído por meio de
minhas experiências, quanto sobre os estudos que estava realizando a este respeito. Os textos foram
ficando muito volumosos e por isso decidi criar um site dedicado exclusivamente ao Luciferianismo,
algo inédito até então, para suprir esta lacuna e poder divulgar a filosofia, que foi o For My Fallen Angel,
em 2001. Cheguei a receber um convite para publicar um livro naquela época, mas recusei, pois naquele
momento eu acreditava que a divulgação do que eu realmente acreditava e vivenciava deveria ser gratuita
para poder estar ao alcance de todos, e assim cooperar com um passo inicial para que cada um pudesse
trilhar sua jornada por si mesmo. Hoje possuo uma visão totalmente diferente, pois após tantos anos
vejo meus textos editados de forma deturpada, divulgados sem autoria ou fonte, roubados e reescritos
por outros “autores”, o que me leva a crer que não vale a pena o esforço, dedicação, tempo e investimento
financeiro requeridos na produção de um material para disponibilizá-lo integralmente de forma gratuita.
591
4. Em quais outros sites você lembra de ter colaborado e quais outros você manteve que
gostaria de mencionar?
Nunca colaborei para outros sites com material inédito. Na verdade nunca tive esta pretensão, já
que possuía o meu próprio, assim como um blog, ambos atualmente desatualizados e “abandonados”.
Mas alguns sites e publicações me pediram para ceder o material para colocar em suas bases de dados, o
que sempre autorizei com muita satisfação.
A OTO foi a minha primeira experiência real com uma Ordem, e foi por meio dela que entrei
em contato com vários outros sistemas que até então desconhecia e foram sendo incorporados por mim,
entre eles a Goetia e o Caoísmo. Apesar de todas as defasagens, problemas e até mesmo desorganização
(e os demais detalhes que quem frequentou a OTOf sabe), a vivência dentro deste grupo foi
extremamente importante e essencial em minha jornada, que ainda encontrava-se no início, pois me
apresentou novos horizontes que vieram a fornecer bases mais sólidas e contribuíram diretamente para
o meu amadurecimento e crescimento pessoal e mágicko, tanto filosoficamente quanto na prática. Não
me considero Thelemita, e na verdade nunca fui, mas muito de Thelema com certeza está incorporado
em mim. Contudo, costumo dizer que não me considero nada que possa ser definido, pois de todos os
locais pelos quais passo, de todas as experiências que vivo e conhecimentos que adquiro, há aquilo que
trago para mim por ser funcional, e há o que descarto, tornando a minha filosofia única para mim
mesma.
Eu costumo dizer num tom de brincadeira, embora seja a verdade, que eu nasci para ser solitária.
Não consigo pertencer a Ordens, pois não consigo ser condizente com o que não concordo e sou
extremamente justa, responsável e exigente, tanto comigo, quanto com os demais. Para mim, participar
de um grupo é um grande compromisso, pois o andamento do mesmo depende da igual dedicação de
todos. O problema é que grupos são feitos de pessoas, individualidades, e isso é o estopim para que as
coisas não caminhem como deveriam. Nem todos possuem o mesmo compromisso e dedicação, nem
todos estão alí com as mesmas intenções, nem sempre há lealdade entre os próprios membros, não são
todos que conseguem não se deixar dominar pelo ego e se aproveitar de sua posição, nem todos recebem
as mesmas cobranças devido a privilégios, enfim... desde cedo percebi que este não era o meu caminho,
embora sempre tive grande prazer em realizar estudos, práticas, debates, com outras pessoas, como ainda
o é até hoje. Mas de forma independente, sem regras e crenças a serem impostas. Por isso, pertenci
apenas a duas ordens, e depois disso, resolvi que realmente não funcionaria comigo este tipo de
organização. A primeira dela acabamos de conversar, que foi a OTO. Foi onde vi na prática muita coisa
errada acontecer, que prefiro não entrar em detalhes. Embora também houvesse a dedicação de muitos
que ali estavam, isso não foi suficiente para mudar a realidade encontrada e acabei não conseguindo
mais compactuar com tais condições e me afastei. Após você me apresentar a Ordo Nox Magistralis
(ONM) e alguns dos manuscritos da Ordem, me identifiquei de imediato com a mesma. A maioria dos
pensamentos apresentados era semelhante aos meus, mesmo sem nunca ter tido contato anterior com
os mesmos, e, ao me ver refletida desta maneira, resolvi me candidatar e frequentei a Ordem por alguns
592
anos, alguns dos quais você também esteve presente. Compartilho até hoje de muitos ensinamentos da
mesma, mantenho contato com alguns membros, mas, apesar disso, me afastei pelos problemas citados
no início: pessoas são individualidades, e muitas vezes não funcionam juntas, o que reflete em todo o
grupo. Ainda assim, foi um período importante e produtivo para mim, durante o qual adquiri muitas
experiências, escrevi vários ensaios e obtive um crescimento pessoal que dificilmente obteria em uma
Ordem semelhante. Após estas experiências, tive contato com membros de várias outras organizações e
até mesmo recebi convite para adentrar algumas delas, mas continuei de forma independente, por vezes
compartilhando e realizando estudos em conjunto com amigos, mas sem me comprometer com
nenhuma Ordem/Seita/Religião e afins oficialmente.
A Ordo Astaroth foi o início de um projeto que infelizmente não se concretizou, devido a
algumas divergências pessoais. O intuito era se tornar um grupo para a divulgação de novos estudos e
práticas que estavam sendo desenvolvidos por mim e um parceiro, com a contribuição da sabedoria do
Sr. 7 Encruzilhadas, ao qual sou eternamente grata. Seus ensinamentos me fizeram me questionar sobre
muitos conceitos que norteavam meus caminhos, e desconstruiu muitas teorias e práticas que pareciam
até então as mais fidedignas. Posso afirmar, sem sombra de dúvida, que eu me transformei por meio
destes ensinamentos, ao vivenciá-los efetivamente. Alguns materiais chegaram a ser produzidos, e ensaios
iniciais elucidativos sobre alguns temas começaram a ser divulgados. Contudo, os demais conteúdos
continuarão restritos.
593
“E aquilo que tu ouves é apenas o
gotejo dos rocios de meus membros, pois
Eu danço na noite, nua sobre a grama,
em lugares sombrios, por flúmens
correntes.
Muitos são aqueles que amaram as
ninfas dos bosques, e dos poços, e das
fontes, e das colinas. E destes alguns
eram ninfoleptos. Pois não era uma
ninfa, mas Eu mesmo que caminhava
sobre a terra tomando meu prazer. Assim
também havia muitas imagens de Pan, e
os homens as adoravam, e como um belo
deus ele fez suas olivas dar em dobro e
suas vinhas aumentarem; mas alguns
foram mortos pelo deus, pois fui Eu que
tinha tecido as guirlandas em volta dele.
Agora vem uma canção.
Tão doce é esta canção que
ninguém poderia resistir a ela. Pois nela
está toda a dor apaixonada pelo luar, e a
grande fome do mar, e o terror de lugares
desolados, – to-das as coisas que
encantaram os verdadeiros ao
inatingível.”
8. Você é reconhecidamente uma das pessoas que mais contribuiu para o que se costuma
chamar Luciferianismo no Brasil. Você se considera uma Luciferiana? O que é ser “Luciferiano” para
você?
Não sou uma pessoa que gosto de me definir por meio de rótulos, até porque todos sabem o
quanto se autodenominar uma coisa é limitante, e a limitação é algo que procuro sempre transcender
em minha existência. Contudo, o conceito do que nomino como “Luciferiano” com certeza está
integrado ao que sou. Para mim, um Luciferiano é aquele que está constantemente explorando a
Escuridão para se encontrar com a verdadeira Luz. Que tem como objetivo se tornar senhor absoluto de
594
si e de tudo que o cerca, e que para isso deverá perseguir o autoconhecimento. Ele possui disciplina e
vigia-se constantemente, de forma a não agir de forma intempestiva e impetuosa, impedindo que os
desejos imediatistas, típicos de nossa esfera, o iluda, enfraqueça, escravize e acabe por desviá-lo de sua
meta principal. Enfim, para mim um Luciferiano é aquele que realmente iniciou seu despertar.
Lúcifer é o nome pelo qual denomino uma força criadora, que manifesta-se de diversas maneiras
em diferentes níveis de existência. Por fazer parte também de suas emanações, acredito carregar sua
centelha em meu Ser, e a Ele me religarei ao alcançar novamente a unidade. Apesar de todas as
concepções que eu possa possuir, tenho ciência de que tudo o que é possível conhecer a seu respeito não
passará de nada além do que nos é permitido conhecer neste estágio limitado de nossa evolução, em
nosso plano dual, sendo Ele aquele eternamente oculto sob véus. Mas também aprecio a representação
arquetípica e romantizada do anjo rebelde, que nos incita a não nos subordinarmos ao que não é de
nossa natureza, e a lutar pelo direito de nos tornarmos nosso próprio deus, mesmo que para isso
tenhamos que enfrentar imensas ordálias e abandonar a estagnação reconfortante na qual nos
encontrávamos. O que, diga-se de passagem, nada é além do que é necessário para a uma verdadeira
iniciação.
10. Para você, o que seria uma iniciação ideal na intrincada Via Sinistra?
Em primeiro lugar, como já citei anteriormente, uma iniciação verdadeira apenas poderá ser
aquela que tenha como meta o autoconhecimento, pois sem ele não conseguimos identificar, e assim
nos utilizar, de nossos verdadeiros potenciais para desvelarmos quem realmente somos, e obtermos então
a força e o discernimento para arrancar a máscara que nos ofereceram e nos ludibriaram a vestir.
Contudo, muitos daqueles que procuram pela Via Sinistra almejam em primeiro lugar a obtenção de
resultados de forma imediatista e com o menor esforço possível, além de reconhecimentos, prazeres,
poder, pompas, mas esquecem-se que só os obterão de maneira ilusória caso não foquem-se no principal:
em sua própria essência, já que é apenas em nós mesmos que se encontra tudo que necessitamos para
nos consagrarmos como os deuses que somos. O processo de iniciação é contínuo, e jamais será simples
de se percorrer, pois não há atalhos verdadeiros. Qualquer obstáculo contornado com certeza será
cobrado mais à frente, e, por não ter sido dominado anteriormente, derrubará o candidato no decorrer
da jornada. Na ânsia por resultados, e na ilusão de que apenas grandes ordálias e/ou feitos são dignos
de um iniciado, a maioria acaba por pular etapas essenciais para o seu progresso, e com isso entra em
uma estagnação da qual não consegue mais se desvencilhar. Por isso que sempre enfatizo que todo
momento é único e essencial, e não há um mais importante do que o outro: é durante o caminhar que
vamos nos lapidando, por meio de erros e acertos, por meio da dor e do prazer, ao vivenciar na prática
as teorias que construímos e a que nos são passadas, já que nem todas se demonstrarão verdadeiras para
nós, e que só em seu aspecto teórico de nada nos serve a não ser um acúmulo inútil de conhecimentos.
Assim, a Vida torna-se nossa própria iniciação, e são em nossas colheitas que observamos os seus mais
claros resultados. Observe-se a si mesmo, aos seus sucessos e conquistas em todas as áreas de sua vida, e
terá um termômetro exato do processo, e assim um norte para prosseguir, ou analisar o que deve ser
modificado. Ter esta consciência de ser o único responsável por suas escolhas e consequências, e estar
em constante vigiar dos atos e pensamentos para poder ousar com prudência e desfrutar da liberdade
com responsabilidade, é primordial para uma iniciação ideal na qual almeja-se desvencilhar-se dos
grilhões da ilusão e da escravidão.
595
11. O que a motivou a compor os ensaios da análise do Corpus Hermeticum sob o ponto de
vista luciferiano?
Estes ensaios foram resultantes de estudos que estava realizando na época, por volta de 2002. Eu
possuía o hábito de, ao adquirir um novo livro, identificar trechos que possuíam de forma intrínseca
ideias condizentes com a filosofia Luciferiana e registrar em forma de resumo. No caso do Corpus
Hermeticum, este resumo se tornou muito extenso, formando um longo ensaio. Não havia inicialmente
nenhuma intenção de divulgar tais textos. Era apenas um material de estudo como tantos outros. Por
coincidência, alguns anos depois, ao entrar na ONM, a análise desta obra estava entre os requerimentos
exigidos, e então realizei sua revisão e ampliei um pouco mais o conteúdo original. O texto final foi
dividido em duas partes que vieram a ser publicadas apenas nas edições da revista Nox Arcana.
12. Quando e como surgiu a ideia de criar a revista eletrônica Nox Arcana? Quais são seus
planos atuais para essa publicação?
A ideia de criar a revista surgiu em 2009, após ter sido obrigada a mudar o servidor de
hospedagem do site da Geocities para o Wix, ao qual não me adaptei. Na época estava escrevendo alguns
novos textos, e lançá-los no site era um trabalho que exigia paciência, pois para a velocidade da internet
da época era um site extremamente pesado para carregar e que não abria corretamente em todos os
navegadores. Estava insatisfeita com estes aspectos e o layout do site, e me veio a ideia de condensar os
ensaios que lá estavam de forma mais organizada por meio de uma revista eletrônica aperiódica, onde
poderia estar acrescentando novos materiais constantemente, assim como divulgar obras de outros
autores. Desta forma, poderia abandonar completamente o site, que foi o que ocorreu. A revista contou
com cinco edições, lançadas entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, que atenderam esta finalidade.
Tenho planos de futuramente retornar a editá-la para divulgar novos ensaios que estou redigindo, mas
ainda não há uma data definida ou planos de como será sua divulgação. Atualmente ela pode ser acessada
por meio da página no Facebook https://www.facebook.com/Nox-Arcana-301671763344139/. Estarei
também usando esta página para divulgar novos textos e futuras edições.
Na verdade, me surpreendeu bastante desde a primeira edição. Por ser um livro que encontra-se
praticamente na íntegra na internet, de forma gratuita, há mais de uma década, apesar de algumas
inclusões mais recentes, não esperava uma recepção e retorno tão positivo. E não me refiro apenas ao
número de vendas, mas também pelo contato de diversas pessoas elogiando o trabalho e apoiando novas
publicações, inclusive algumas com as quais havia perdido o contato.
14. Recentemente você publicou uma nota sobre o possível encerramento das vendas da
segunda edição de sua obra Lux Æterna. Você irá mesmo retirar a obra de circulação? O que motivou
essa decisão?
A primeira edição na época foi lançada em formato físico a pedidos de alguns amigos que
queriam ter um exemplar em sua coleção, e não apenas no formato digital. Resolvi disponibilizar um
número restrito de cópias e retirar do mercado assim que este número fosse atingido. A intenção ao
fazer isto foi realmente a de tornar o livro um item de colecionador. Não pretendia lançar uma segunda
edição do mesmo, mas sim um segundo livro com novos ensaios que estavam sendo produzidos.
Contudo, os planos mudaram, já que iniciei um novo projeto pessoal no ano seguinte ao lançamento,
que me ocupou muito tempo, e por me desanimar cada vez mais com os rumos degradantes que o
596
ocultismo, e de forma ainda mais notória o Luciferianismo, foram levando nos meios virtuais. Parei de
editar a revista Nox Arcana e de nutrir o site com novos textos, assim como de participar ativamente dos
grupos/ fóruns de discussão e das redes sociais. Passei por uma época (e talvez esteja apenas iniciando a
saída dela) em que optei pela reclusão neste aspecto, e que coincidiu com muitos acontecimentos em
minha vida pessoal que me tornaram mais introspectiva e me levaram a me questionar sobre minha
própria jornada. Nunca me afastei completamente do ocultismo neste intervalo, mas muitos conflitos
internos, conquistas e derrotas, desconstruções e reconstruções, ocorreram neste período que pareceu
um mar revolto, e ainda assim necessário, para que eu pudesse resgatar novamente minha essência, que
cada vez mais estava se embotando sem que eu percebesse, a ponto de chegar a um estágio em que eu
mesma não me reconhecia mais ao me olhar no espelho. E apesar da jornada de cada um ser solitária,
houve pessoas que contribuíram muito neste meu processo, me auxiliando a percorrer cada fase direta
e indiretamente, e sou grata a cada uma delas. Há uma crença equivocada que a queda não faz parte do
caminho de um iniciado, e que esta deve ser motivo de vergonha. Porém, isso é utopia, e muitos se
perdem justamente por não serem capazes de discernir e aceitar que escolhas errôneas muitas vezes são
cometidas, que muitas vezes sem perceber deixamos fraquezas nos dominarem, e que apenas esta
consciência torna possível a superação e afirmação de nós mesmos. E, apenas desta maneira, cada vez
menos quedas sofreremos, apesar das ordálias se tornarem cada vez maiores. A decisão da publicação de
uma segunda edição foi para abrir as portas para a divulgação de novos livros a serem lançados pela Ordo
Astaroth, com a inclusão de pequenos ensaios na ampliação da nova edição. Como o projeto foi
encerrado, não há mais motivos para manter o livro à venda, e ele acaba de ser retirado do site.
15. Há algum plano de novos livros de sua autoria? O que poderia nos falar a respeito?
No momento não há planos para novos livros, mas estou planejando retomar a escrita. Mais do
que nunca, minha preocupação não é escrever tratados filosóficos ou compêndios mágic’kos, até porque
há excelentes publicações e autores dedicados a isto, mas discorrer sobre como vivenciamos estas teorias
na prática, em nossas simples ações cotidianas, e a importância de nos tornarmos conscientes de seus
resultados. Sempre gostei de escrever sobre assuntos oriundos das minhas experiências, sobre o que,
mais do que na teoria, se tornaram reais para mim, e até por isso nenhum de meus ensaios até hoje teve
a pretensão de serem verdades absolutas. Sempre foram apenas o compartilhamento de meus
conhecimentos, minhas vivências, de forma muito simples e direta. Se, um dia, estes textos formarem
capítulos suficientes para um novo livro, talvez os lance neste formato. Alguns deles eu penso em publicar
em possíveis edições futuras da Nox Arcana, o que também é um projeto que está ainda em estudo.
16. O brasileiro comum não pode ser considerado um aficionado pelo bom hábito da leitura
ou do estudo. Você tem planos de publicar seus trabalhos em outros idiomas fora de nosso país?
Infelizmente esta é uma triste realidade, que torna-se cada vez mais consolidada em nossa
população. Vide a infinidade de grupos, websites, perfis, cheio de conteúdos “ctrl+C, ctrl+V”, que nem
sequer dão-se ao trabalho de ler o que estão divulgando. Tirando aqueles que querem obter tudo pela
lei do mínimo esforço, por meio dos demais, sem nem ao menos tentarem por si mesmos obter a
informação. Numa era em que há tanto conhecimento facilmente acessível, encontramos o maior
número de indivíduos que não fazem o mínimo esforço para obtê-lo. Penso o quanto teria aproveitado
se tivesse tido esta oportunidade quando iniciei neste caminho, mas ao mesmo tempo a experiência do
contato pessoal, das superações que apenas foram possíveis pela presença de obstáculos, talvez não
tivessem sido as mesmas. Cada época com suas vantagens e desvantagens. Apesar de inicialmente ter os
meus textos também em versão inglesa, acabei com o tempo não priorizando a divulgação para fora do
país. Hoje penso que seria uma ideia interessante, até mesmo para ter mais contato com pessoas
597
realmente interessadas no assunto, com diferentes visões e de diversas culturas, o que é sempre
enriquecedor.
17. Se não me falha a velha memória novamente, o site For My Fallen Angel já teve uma versão
traduzida para o inglês. Por que atualmente só temos a versão brasileira, em português, no ar?
Sim, a primeira versão do site teve sua tradução para o inglês no lançamento, por meio da
contribuição de uma amiga. Inclusive recebi muitos contatos de pessoas de outros países na época, pois
teve uma grande divulgação. Entretanto, novos textos foram sendo acrescentados aos poucos apenas em
português, ao invés de serem publicados em ambos os idiomas. Quando me dei conta, a versão inglesa
estava totalmente desatualizada, e resolvi retirar do ar. Embora tenha domínio pleno sobre a leitura em
língua inglesa, a minha escrita não acompanha tal aptidão, e traduzir todos os novos textos iria requerer
além de bastante empenho, um revisor para os erros. Cheguei a pensar em compensar tal defasagem
com a publicação do webzine Nox Arcana em inglês, por serem menos textos em cada edição, mas acabei
desistindo da ideia por falta de tempo, já que havia iniciado concomitantemente uma nova graduação.
18. Há alguns anos tenho notado o surgimento de algumas vertentes sinistras, incluindo
algumas demonólatras, que me parecem uma mera inversão de divindades dentro de uma estrutura
extremamente similar às religiões ‘destras’ e de ‘massa’ (parece, em alguns casos, que só trocaram o
deus entronizado). O que você pensa acerca dessas novas vertentes?
Difícil até de comentar, porque me deixa deveras indignada observar a inversão que é feita dos
princípios da Via Sinistra e o aumento cada vez maior do número de adeptos destas “novas” vertentes.
É exatamente o que você colocou: nada além da substituição do “deus”, contudo com a mesma
mentalidade servil. Lúcifer, exu e goéticos são colocados como seres de natureza extremamente bondosa,
super preocupados com o bem estar humano e responsáveis diretos por todas as conquistas e
acontecimentos que ocorrem na vida dos seus servidores, que só por adorá-los, já ganham estes créditos.
Um deus que é uma mistura de chefe amigo, anjo da guarda, parceiro dos rolês e culto evangélico
satânico. Extremamente ridículo. Estes grupos são formados por pessoas que possuem em si a
mentalidade de rebanho, que precisam de líderes e deuses para seguir e responsabilizar pela vida que
possuem. São dissidentes do cristianismo, originados com certeza de grupos renegados pela igreja, mas
que possuem os mesmos valores fatalistas, escravistas e pestilentos que constituem a base desta.
Esquecem que na LHP a principal e fundamental condição é a de se tornar um Deus, e não um pedinte
ou escravo de um deus alheio. Que o Universo é caótico e não há nenhuma energia/ser/deus/demônio
ou equivalente olhando por nós ou se preocupando em construir nossos destinos. Que é cada um por
si. O máximo que pode haver são trocas, negociações realizadas para contemplar o interesse de ambos,
mas que se um não oferecer, o outro não servirá de graça. A mente humana dificilmente consegue aceitar
esta condição solitária e a dor de entrar em contato com sua própria sombra, destruindo os ideais de ego
que vê em si. E desta forma, estes grupos conseguem prestar um desserviço ainda maior do que as
organizações já institucionalizadas, pois trazem a filosofia de morte e servidão para dentro de uma
vertente que tem como princípio justamente a quebra destas correntes, impostas a nós pela sociedade
desde o nosso nascimento.
19. Quais personalidades mais influenciaram e influenciam você em sua senda pessoal? Por
quê?
Talvez seja estranho o que vou responder, e ao mesmo tempo parecer caricato, mas não há
personalidades específicas que me influenciam. Eu creio que tudo e todos que passam por mim deixam
598
sua marca, seja de maneira a absorver tais influências ou a refutá-las. Valorizo cada uma de forma igual,
pois me construo e me fortaleço com ambas. Poderia citar uma lista de autores clássicos e respeitados, e
fazer uma média como intelectual, mas a contribuição deles para mim é tão grande quanto a de alguém
que conheça pessoalmente ou esteja convivendo e admire por suas ações, superações e conquistas no
dia-a-dia. Sou muito observadora, e por ser extremamente crítica comigo mesma, o contato com o outro
me instiga a me questionar sobre mim, meu caminhar, a colocar em prova o valor de minhas “verdades”,
e é neste momento que as teorias se unem com as práticas, e tanto Jung quanto um anônimo, se tornam
grandes influências para meu crescimento pessoal.
Analiso em grande parte com tristeza, e muita desconfiança dos rumos que irão tomar, pelos
motivos que explanei anteriormente. Lógico que não é uma generalização, pois embora a maior parte
está brincando de doces ou diabruras, estou observando muitos indivíduos e a permanência e/ou
consolidação de grupos que parecem realmente interessados e sinceros, cada em suas particularidades,
na desconstrução do que está sendo propagado de forma distorcida como LHP e Luciferianismo em
nosso país, e que estão trazendo novamente vida para esta Via. Mas em minha opinião, a Via Sinistra
sempre será muito restrita, e percorrida por poucos, pois ela exige o completo enlance com a própria
Escuridão, o sacrifício de hábitos, fraquezas e crenças, a capacidade de reconhecer-se no Espelho como
sendo o único responsável por suas próprias colheitas, sejam elas boas ou ruins, a capacidade de morrer
e renascer constantemente. Estas são exigências perturbadoras e que podem levar à loucura aqueles que
não tiverem norteado uma diretriz e que não possua Vontade suficientemente forte para percorrer o
caminho, que embora pareça cheio de espinhos, é o mais prazeroso que se pode obter em vida. Embora
isso sempre foi assim, só que atualmente a facilidade da comunicação veio a evidenciar e com isso facilitar
a identificação e manifestação das ovelhas que se proclamam lobos. Mas jamais deixará de existir
manifestações genuínas por aqui.
21. Qual é a lista dos 11 livros fundamentais que você recomendaria aos nossos leitores?
Não estão em ordem de preferência, pois estarei colocando aqui conforme for lembrando, mas
todos de alguma maneira foram fundamentais em alguma época da minha vida, mesmo que hoje não
tenham mais tanto significado. Nem todos estão relacionados ao Ocultismo, mas lá vai a lista de alguns
livros que foram essenciais no meu processo:
599
22. Eu fiquei extremamente lisonjeado por você ter concedido essa breve entrevista à
pasquinada Lucifer Luciferax. Meus mais sinceros cumprimentos e agradecimentos!
Por fim, qual mensagem você gostaria de deixar registrada aos nossos estimados leitores?
600
Liber DCXXVI
ְקלִיפֹות ֵספֶר
ב ֵֵראשִיתִ י
א
Pharzhuph
Frater Nigrvm Azoth
601
3 ָאב Ancestral 215 ְק ִלפָּה Casca
4 אַ בָּא Pai 215 ז ֶַרח Luz
7 אבד Perecer 216 הֹורה
ֶ Pai
8 אבה Papiro 216 ַצלְמֹון Trevas
8 דַ ד Seio 217 ב ְִריָּה Alimento
9 בָּג ֹד Trair 218 בריאה Briah
10 זְאֵ ב Lobo 221 קִּלּופָּה Casca / Córtex
11 אי Chacal / Uivante 225 קליפה Casca
13 אהבה Amor / Desejo 228 בכור Primogênito
13 ֵגהָּה Cura 231 קילופה Casca / Córtex
15 אֵ יד Calamidade 237 ִקפָּאֹון Estagnação
15 חוא Heva 247 מָּ אֹור Iluminação
17 טֹוב Bem 254 חֲמֹור Asno
17 טּוב Prosperidade 263 גמטריא Gematria
19 טָּ בַח Imolar 263 ָּסגַר Prender
20 היה Calamidade / Destruição 270 ָּרע Mal
20 חזה Predizer / Profetizar 275 ָּרעָּה Mal
23 זִיו Esplendor / Glória 278 עֹורב ֵ Corvo
26 הוהי Chavajoth 280 יַעַר Floresta
26 זְוִיג Sexo 287 ִפזֵר Dissolver
32 זוויג Sexo 295 צ ָָּּרה Desgraça
34 כִיד Catástrofe 304 ק ֹדֶ ר Escuridão
36 אלה Amaldiçoar / Maldição 304 שָּ ד Seio
42 ֶב ָּהלָּה Medo 305 יצרה Yetzirah
47 ְב ִליָּה Deterioração 306 אשה Mulher
47 אויל Louco 311 איש Homem
50 ָאט ֹם Fechar 316 ִסנְוֵר Ofuscar
51 אֹכֶל Alimento 328 חָּשֵ ך Sombrio
52 ֶכלֶב Cão 334 חָּשּוְך Sombrio
52 בֵן Filho 340 ֵספֶר Sepher / Livro
52 ְבהִילָּה Medo 350 ָּפעַר Abrir
602
53 אבן Pedra 350 ק ֶֶרן Chifre
55 כֹהַל Aguardente / Álcool 356 שִ נְָאה Ódio
57 ָאוֶן Desgraça 358 נָּחָּש Cobra
57 אבדן Destruição 359 שָּ טָּ ן Satã
57 אֹון Força 360 דְ ָּרקֹון Dragão
58 חן Graça 370 מָּשַ ל Governar
61 כוהל Aguardente / Álcool 370 פ ֶֶרץ Sinistro
62 ְבנִי Estrutura 370 ְדֹורנִי
ָּ ק Tenebroso
62 אבנט Faixa 372 שָּ בָּע Abundância
63 אֲ בַדֹון Abadon / Destruição 381 שְ מָּאלִי Esquerdo
65 ינה Oprimir 385 עשיה Assiah
67 זין Pênis 386 צירוף Tziruph
Amaldiçoar /
68 חִין Reza 401 ארר Maldição
69 יָּגֹון Mágoa 412 תַ אֲ וָּה Concupiscência
70 ַליִל Noite 418 תאווה Concupiscência
73 ַמגָּל Foice 430 נֶפֶש Alma
75 ַליְלָּה Noite 431 נוטריקון Notárico
76 דִ וְיֹון Doença 435 הִתִ יְך Dissolver
78 ְמ ִגּלָּה Pergaminho 446 מָּ וֶת Morte
79 ֶגוֵע Morte 460 תְ מּוטָּ ה Queda
84 מלוח Malva 470 בַדְ חָּנּות Alegria
86 כוס Vagina 470 ָּעקַש Perverter
88 ַה ְח ָּלמָּה Cura 478 גולגולת Caveira
89 הִטְ עָּה Enganar 480 פ ֵַרר Dissolver
90 ַמיִם Água 480 לִילִית Lilith
90 מָֹּלְך Reinar 495 מפשעה Quadril
91 מלאך Mensageiro 496 שקוץ Ídolo
91 הכוס Vagina 496 לויתן Leviatã
92 דיוויון Doença 501 א ֹשֶ ר Felicidade
92 סָּב ֹל Sofrer 508 שָּ ח ֹר Negro / Preto
603
94 ְגוִיעָּה Morte 510 הַשָּ ָּרה Queda
95 יָּפֶה Bonito 511 נְשָּ מָּ ה-יְצִיַאת Morte
100 דֶ מֹון Demônio 514 שָּ חֹור Negro, obscuro
100 גוויעה Morte 529 תַ עֲנּוג Deleite
101 כיהיון Escuridão 530 פֶתֶ ן Serpente
103 ָּגלַע Abrir 530 ִצּלִית Sombra
107 ִבהֵק Brilhar 537 אצילות Atziluth
107 ַַ טָּ פִי
ח Preto / Escuro 548 ח ְֶרמֵש Foice
108 חלם Sonhar 565 עֵיפָּתָּ ה Escuridão
117 זִיק Centelha / Espírito 580 שֶ פֶר Encanto
118 ַע ְגמָּה Pesar 590 שַ פִיר Bem
120 צֵל Sombra 596 ַצלְמֶ וֶת Trevas / Escuridão
121 צְאֵ ל Sombra / Lótus 600 פְתָּ נִים Serpente
123 עֹנֶג Prazer / Gozo 600 שִ קֵר Trair
124 חֹוסֶן Fortaleza 608 תְ ג ְָּרה Ira
125 ִצּלָּה Penumbra 618 תיגרה Ira
129 עִּנּוג Prazer 621 ְגבִירּות Riqueza
131 ַסמָּאֵ ל Samael 640 פ ְַרשְ דֹון Ânus
132 זְעִימָּה Ira 651 תמורה Temura
132 קבל Qabal 656 יַיִןַשָּ רּוף Aguardente
135 צילה Penumbra 677 תַ ְבע ֵָּרה Incêndio
137 קבלה Qabalah 700 שת Ânus
139 קָּטַ ל Matar 700 שָּ ת Pilar / Fundação
140 ָּעלַם Desaparecer 701 שֵ את Ruína
140 ֶעכֶן Serpente 703 מִ ְסג ֶֶרת Cárcere
141 ַע ְכנָּא Cobra 705 שתה Nádegas
150 קְטִ ילָּא Assassinato 710 קַדְ רּות Melancolia
154 דימון Demônio 722 ירי
ִ שַ ב ְִר Shavriri
156 אנקה Animal impuro 730 תָּ לַש Extirpar
158 בּוצִין Vela 765 נרתיקה Vagina
162 זַ ֲעפָּה Ira 780 נִמְ ֶרצֶת Nimrezet
604
171 צֶאֱ לִים Sombra / Lótus 851 תְ מּותָּ ה Morte
Estrela d'alva / Vênus
200 קַדְ מֹון Cadmon, primitivo; oriental 860 שְ פ ְַרפָּר / Vésper
200 ְצ ָּללִים Sombra 863 תַ אֲ וָּנּות Volúpia
201 קָָּאק Corvo 864 אשתַזנונים Isheth Zenunim
207 אֹור Iluminar 876 ְסח ְַרח ֶֹרת Vertigem
207 אֹור Luz 878 ִבעֲתּות Pavor
212 אֹורהָּ Luz 946 ַהּנֶפֶש-יְצִיַאת Morte
213 אביר Poderoso / Valente 1000 ְר ָּרכִים-צִמֶ ת Encruzilhada
214 ַרּו ַח Espírito 1070 עֲתֶ ֶרת Riqueza
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Práticas de Feitiçaria, de Gilmara Cruz
O caso de Maria Gonçalves Cajada
Prefácio
Por Olindina Amarante
A leitura de Práticas de feitiçaria: o caso de Maria Gonçalves Cajada, da historiadora Gilmara
Cruz de Araújo, nos revela um universo decerto ainda pouco explorado de nosso passado histórico. Um
universo permeado pelos mistérios de tradições mágicas resistentes ao aparato opressor da religião e do
Estado que se utilizaram dos tribunais inquisitoriais para caçar, julgar e condenar qualquer dissidência
religiosa, cultural e moral.
O cenário deste livro se desenvolve no primeiro século colonial do Brasil, no Estado da Bahia.
Ao analisar os arquivos contidos no site da Torre do Tombo de Lisboa, Portugal, relacionados aos
processos perpetrados pela inquisição no Brasil, a autora nos apresenta o caso de Maria Gonçalves
Cajada, mulher portuguesa punida com o exílio, que chega à Bahia quinhentista trazendo consigo um
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conhecimento de práticas mágicas que a populariza como uma feiticeira diabólica. Em busca de seus
passos e das razões que fundamentam sua condenação por prática de feitiçaria, Gilmara Cruz explora
todo um arcabouço de práticas mágicas ancestrais, pré-cristãs, sobreviventes e resistentes ao processo
cultural normatizador que era impetrado pelos tribunais inquisitoriais em vários países, consolidando a
religião cristã e demonizando qualquer liberdade e diversidade religiosa, social, sexual e
consequentemente política.
A Inquisição no Brasil fez suas vítimas, não tanto como a histeria persecutória que se alastrou na
Europa e que fez arder fogueiras humanas por seu território, trazendo o horror e espalhando o medo
em seus habitantes. No Brasil, as particularidades e especificidades de nossa região e de seu povo mestiço,
de práticas sincréticas, trouxeram-nos processos inquisitoriais não tão homicidas, mas igualmente
opressores a comportamentos considerados ameaçadores e desviantes. Neste contexto tão complexo
inserem-se como sempre as mulheres. Mulheres que se insurgem à sua maneira diante de situações
cotidianas que a submetem, levando- as a uma insatisfação emocional e existencial. Essa insurgência se
manifesta em alguns casos na procura por práticas mágicas que tragam alívio ou a promessa de resolução
de suas aflições cotidianas. Assim elas encontram na figura da Feiticeira, uma mediadora entre os
mundos físico e sobrenatural, aquela a quem podem recorrer para resolver seus problemas. E uma
Feiticeira guarda muito bem seus segredos onde nem sempre um tribunal do Santo Ofício é capaz de
extraí-los totalmente. Herdeira de tradições mágicas orais que muitas vezes ultrapassam limites temporais
e históricos, ela nos apresenta práticas impregnadas de simbolismos e significados os quais não podemos
reduzir a simples superstições. Para não incorrermos neste erro, Gilmara Cruz desvela o véu de uma
magia documentada em livros outrora considerados herméticos (aqui está certo ou seria “heréticos”?) (É
Hermético mesmo) como As clavículas de Salomão ou Magia de Arbatel, e também através de estudos
de diversos autores que lançaram um olhar sobre os mistérios da magia, seus simbolismos e a
sobrevivência de determinadas práticas através do tempo, como Carlos Ginzburg, Margaret Murray,
Francisco Bethencourt, entre outros.
Assim conhecemos uma realidade cultural e religiosa da Bahia do século XVI mais distinta,
enriquecida por uma multiplicidade que lhe confere em determinados aspectos, um caráter híbrido
manifestado em práticas que escapam ao sistema opressor vinculado à Igreja Católica e à religião cristã.
A história de Maria Gonçalves Cajada é a história de uma mulher acima de tudo, que procura sobreviver
ante a uma realidade predominantemente hostil para com as mulheres e que encontra na prática da
magia um lugar de poder, de autonomia, dentro de uma sociedade que constantemente relega às
mulheres papel de submissão e domesticação. O resgate de sua história demonstra que a Inquisição foi
falha em seu objetivo de destruir por completo conhecimentos e práticas mágicas que não por acaso
eram manifestados em sua grande maioria por mulheres.
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Lucifer Luciferax Compendium – Edição Expandida
Impresso em 420 páginas, P&B, em formato A4, brochura
Exclusivamente através do Clube de Autores
Preço de capa: R$ 69,90
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Sepher Ha-Maggid
O Livro de Asmodeus
Humberto Maggi
Dispersos nas páginas do Talmude e do Zohar, encontramos esquivas menções sobre Maaseh
Kishuf, a Obra da Feitiçaria, e Maaseh Shedim, a Obra dos Demônios. Este grimório reúne esse
conhecimento disperso no intuito de reconstituir a arte proibida denominada Feitiçaria Serpentina nas
páginas do Zohar, atribuída ao pernicioso Balaam e ensinada pelo Rei dos Shedim, o demônio
Ashmedai, também conhecido como Asmodeus.
O Talmude conta como os benignos shedim conversaram com os rabinos que foram
presenteados com a "linguagem dos demônios”, instruindo-os no conhecimento da feitiçaria; e, no
Zohar, encontramos como Asmodeus ensinou Salomão e deu a ele um livro de conhecimento mágico.
Unindo pesquisa acadêmica com as instruções da seu próprio Maggid (mentor demoníaco), Humberto
Maggi apresenta uma poderosa combinação de experiência necromântica e conhecimento acadêmico
para criar uma pequena joia na Tradição Salomônica da Magia.
O livro será publicado pela Aeon Sophia Press, em inglês, e terá duas versões de capa dura.
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Ao contrário do que ocorre com as trilogias às quais estamos acostumados, os livros das Trilogias
Tifonianas não são continuações uns dos outros. Cada volume aborda um tema em particular dentro da
Corrente Tifoniana, que alcançou seu pináculo na abordagem do autor Kenneth Grant. O Renascer da
Magia abre a coleção com chave de ouro, explicando de forma organizada como a milenar e esquecida
Tradição Tifoniana foi resgatada por adeptos do século XX, como Aleister Crowley, Dion Fortune e
Austin Osman Spare. Aleister Crowley e o Deus Oculto dá continuidade à série. Dessa vez, o tema
central é a magia sexual. Kenneth Grant, o autor das Trilogias, estava em uma posição privilegiada para
falar sobre Aleister Crowley. Ele foi o último discípulo de Crowley, e também seu secretário particular
durante seus últimos anos de vida, na década de 1940. Depois da morte de seu instrutor, Grant também
teve acesso a documentos inéditos de Crowley, e a outros documentos e textos aos quais Crowley nunca
teve acesso. Grant consolida os conhecimentos adquiridos de um Crowley mais maduro e experiente
com suas correspondências e escritos inéditos, de uma forma organizada e sintética. Somando
conhecimento único e erudição profunda a décadas de constante prática mágica, ele conseguiu
desvendar o grande quebra-cabeças que é a visão da mágicka sexual dentro da corrente mágica de
Crowley. E é o que ele apresenta magistralmente em Aleister Crowley e o Deus Oculto. Neste
segundo livro, Grant apresenta os princípios mágico-sexuais conforme Crowley os compreendia, e
adiciona as peças que faltam para que o leitor compreenda o enigma em sua totalidade. Os temas
abordados incluem desde o clássico “amor é a lei, amor sob vontade” até os Tantras, a ciência milenar
dos Kalas, o uso mágico da Kundalini, ritos africanos, a Corrente Ofídica, a interpretação oriental da
Mulher Escarlate e as contribuições dos contemporâneos de Crowley. Os trabalhos e correspondências
de Austin Osman Spare, Dion Fortune, Karl Germer, Eugen Grosche, e até mesmo H. P. Lovecraft são
contrastados com essas correntes, e um fio inegável de verdade emerge de toda essa mistura.
Esta é a primeira edição de Aleister Crowley e o Deus Oculto disponível para o público geral em
português. Foi feita com base na edição de 2013 da editora inglesa Starfire. Esta edição corrige os erros
das versões anteriores, incorpora comentários nunca antes publicados do próprio autor, pouco antes de
seu falecimento em 2011, e traz também um caderno em cores com dezenas de imagens ilustrativas –
algumas delas inéditas.
www.penumbralivros.com.br/
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A Meditação Noturna da Morte
O exercício ora apresentado se baseia no budismo tibetano. Tem como objetivo principal auxiliar
o indivíduo a ter consciência contínua enquanto desperto e durante a experiência onírica, podendo abrir
canais de comunicação com os planos internos obscuros através de Daath.
O exercício deveria ser realizado em períodos noturnos, em total escuridão ou na penumbra,
pouco antes do indivíduo adormecer. Os ásanas recomendados são maha shavásana, udara shavásana,
uttara shavásana ou swára shavásana. As posturas são derivadas de shavásana (ásana do cadáver) e
propiciam estados de relaxamento muscular e descontração das tensões. Ásana deveria ser mantido
durante o decorrer de toda meditação. Talvez a postura mais simples seja uttara shavásana: basta deitar
na posição supina (decúbito dorsal – com a barriga voltada para cima), afastar levemente as pernas uma
da outra e afastar os braços do corpo uns poucos centímetros.
Música ambiente e incensos podem ser utilizados no decorrer do exercício sem prejuízos.
Composições como The Day Of Opening The Tomb dos artistas do Aural Holograms, podem ser boas
indicações. O incenso utilizado pode ser a mirra, não havendo um padrão fixo.
Subentende-se que a meditação será o último ato realizado pelo praticante, já deitado, antes de
dormir.
A primeira fase consiste em se posicionar no ásana escolhido; concentrar-se na respiração e não
dar atenção aos pensamentos que podem se formar, permitindo que eles se dispersem enquanto mantém
a concentração. Aos poucos a concentração deve passar da respiração para a região da garganta. Focaliza-
se a mente sobre essa região.
A segunda fase consiste em visualizar um disco de cor intensamente negra, parado, quase
encostado na região externa da garganta, seu diâmetro é infinitesimal, porém deve-se ter consciência de
sua forma.
Aos poucos o disco deve começar a girar, não importando o sentido. O movimento inicia muito
brando e gradativamente vai aumentando. A velocidade aumenta e as cores e o espaço começam a ser
consumidos pelo disco; a própria percepção da realidade espacial e temporal parecem tangíveis e são
atraídas pelo centro do disco que não irradia nenhuma cor, embora as furte. O disco acelera mais ainda
até o momento em que desaparece por completo numa implosão silenciosa. Após a implosão, uma
miríade de raios de cor púrpura intensa irradiam da garganta e tomam todo o aposento. Nesse momento
se finaliza o exercício sussurrando a palavra Daath por três vezes enquanto se toca o sino onze vezes (os
toques são exercidos com força decrescente, da maior para a menor intensidade). Deve-se adormecer
após a prática.
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A Fábula do Bode e do Caranguejo
Reconto uma fábula que me fora narrada no seio de uma velha ordem gnóstica. A curta narrativa
vem à lembrança nesses tempos onde a imagem e a ilusão se manifestam com impetuosa força.
Amizade insólita havia se formado entre um caranguejo e um bode ainda muito jovem.
Caminhavam pela floresta e conversavam sobre quase tudo. Certa feita, puseram-se a falar sobre a mais
alta montanha que ao longe se avistava e como seria prazeroso viver lá em seu cume, cada um à sua
maneira de acordo com sua própria visão. Combinaram então de irem até o ápice da bela e elevada
montanha, porém tomando caminhos diferentes.
O bode avançou floresta a dentro, caminhando com dificuldade entre a densa vegetação e levou
dias até chegar ao sopé da encosta que lhe parecia menos íngreme para iniciar sua subida. Não havia um
caminho aberto ou um atalho para seguir. O bode forçou suas patas, inclinou os pesados chifres e
começou a subir. A tarefa era árdua, difícil e trabalhosa, pois o declive era muito íngreme. O caminho
se intercalava entre solos rochosos e arenosos e seus cascos fendidos deslizavam por vezes e parte da
escalada se perdia. Fragmentos de pedras caiam-lhe sobre os olhos e pedregulhos soltos rolavam e
machucavam sua cabeça e seu corpo. Havia pouco ou quase nada para se comer e a água era escassa,
havendo somente algumas poças imundas deixadas por garoas vacilantes. Aos poucos, superando cada
obstáculo, chegou então ao topo da altiva montanha. De lá de cima vislumbrou uma visão incomum,
percebera que havia outras muitas montanhas ainda mais altas, tomou consciência que seus chifres
haviam crescido, sua barba estava mais espessa e sentia-se muito mais forte e preparado para outras
escaladas. Sentia-se, mais do que nunca, vivo.
O caranguejo tomou o sentido contrário indo parar sobre uma poça de água cristalina à beira de
um riacho. Parou de caminhar assim que percebeu que estava sobre a imagem do cume da montanha
que se refletia na poça rasa. E ali acreditou ter atingido sua meta. Em verdade, nunca havia visto ou
pensado em outra montanha além daquela bela imagem na água refletida.
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Sendo o Relato de Um Candidato à Iniciação
Por Pharzhuph
Foi com diligência e zelo que acedi ao honroso chamado para compartilhar algo sobre minha
breve e modesta experiência nas fulgurantes páginas da obra Quimbanda – Fundamentos e Práticas
Ocultas Vol. II, de Danilo Coppini. Normalmente não redigiria o texto na primeira pessoa do singular
e devo, de chofre, justificar a escolha do estilo, pois foi nossa intenção partilhar um relato pessoal,
estabelecer ligações subjetivas com o leitor, procurando multiplicar as sementes ao dividir as
experiências.
Meu primeiro contato com as religiões de matriz africana ocorreu ainda na infância. Em algum
momento, por volta dos sete anos de idade, passei a sonhar insistentemente com uma figura que me
assombrava, os sonhos eram muito lúcidos e tenho recordações nítidas sobre eles. A experiência onírica
foi se intensificando e passou a me atormentar de maneira atroz. Por incontáveis noites minha mãe
literalmente me sedava para que eu pudesse descansar um pouco. Passei então a ter visões que
despertavam em mim as sensações mais incômodas de estranheza. Eu temia dormir e ficar sozinho, foi
quando meus pais resolveram procurar algum tipo de auxílio espiritual.
Lembro-me de ter sido levado até uma casa muito simples e humilde que ficava no bairro em que
morávamos. Caminhamos em silêncio pelas ruas sem asfalto e sem iluminação, ao nos aproximarmos
do local ouvíamos alto o som dos atabaques, lá fomos recebidos por um senhor de expressão singular
613
que nos acomodou num banco improvisado na ampla cozinha. O chão era feito de cimento queimado,
havia um altar repleto de imagens incomuns, velas acesas pelo chão e desenhos feitos à mão com alguma
espécie de giz. Meus olhos observavam aquilo pela primeira vez e tudo era novo, curioso e diferente. Meu
pai não escondia o nervosismo e o quanto se sentia incomodado e amedrontado por estar ali.
Permanecemos sentados assistindo algo que parecia uma dança ao som cadenciado dos atabaques, os
pontos cantados ressoavam pelos cômodos da casa, por algumas vezes os participantes da dança pareciam
sofrer algum ataque e entravam num visível estado de transe. Lembro dos tambores cessarem e daquele
senhor se aproximar de nós e nos chamar para conversar. Ele estava descalço e vestia roupas tão alvas
quanto os seus cabelos, na sua mão carregava um pesado fio de contas pretas e vermelhas e era o único
indivíduo ali que não tinha outros colares, ele nos conduziu até uma senhora que estava em transe e a
conversa ali foi uma das mais perturbadoras que tive com alguém na minha infância. Ela narrou minhas
próprias experiências como se as tivesse observado, falou sobre os vultos que eu via e os nomeou como
se dela fossem antigos conhecidos. Aquela senhora nos disse que os vultos e o homem no sonho eram
os espíritos me chamando para trabalhar com eles na umbanda, segundo ela, eu deveria me submeter a
uma série de obrigações que cessariam os fenômenos desagradáveis, mas haveria um dia em que eu seria
convocado pelos espíritos novamente. Por essa época fizemos vários trabalhos em encruzilhadas,
cemitérios, matas e sob frondosas mangueiras, minha mãe e eu oficiávamos juntos e os sonhos e visões
praticamente cessaram em poucas semanas.
Após esse período incomum era como se tivéssemos superado uma fase desgastante de nossas
vidas, minha família procurava manter em segredo o que havíamos experimentado, evitávamos falar
sobre aquilo e nada se mencionava, um tabu familiar se formara.
Alguns anos depois resolvi voltar a frequentar aquele mesmo terreiro, naturalmente demonstrei
um interesse particular pelos Exus e Pombagiras, mas sentia que havia algo errado, incompleto, ilógico
e não muito racional ou natural. Questionar a religião ou o culto era uma espécie de afronta e as poucas
respostas eram sempre vagas e superficiais. Meu caráter questionador e minha postura cínica acabaram
me afastando daquela casa e de outros terreiros nos quais fui buscar entendimento.
Dessa época guardo com respeito os primeiros contatos que estabeleci com os espíritos e o que
aprendi por intermédio deles. Muitos anos se passaram e, embora tenha enveredado por vários caminhos
da Via Sinistra, sempre mantive uma ligação especial com a espiritualidade relacionada ao Povo de Exu.
No final do ano de 2015 eu atravessava um período quase intolerável da minha existência. Vários
aspectos da minha vida ruíam, certamente uma destruição avassaladora e voraz agia em mim num frenesi
alucinante de devastação. Penso que ascensão implica necessariamente em superação e que o bom
combatente só pode surgir após o calor da batalha verdadeira, real. Por esses tempos obscuros recebi o
convite para participar do projeto Vivendo a Morte através dos Espíritos da Quimbanda 87 promovido
pelo T.Q.M.B.E.P.N. Após ler o texto do projeto pela primeira vez, antes ainda de sua divulgação efetiva,
tive o forte impulso de fazê-lo. Vi naquela oportunidade uma fenda no turbilhão da desértica tempestade
que me rodeava, o ensejo de iniciar uma transformação a partir da destruição e do sepultamento das
energias nocivas, estagnadas e contraproducentes que eu deixara agir na minha vida.
A primeira fase dos rituais se iniciava na segunda-feira do dia 2 de novembro de 2015, no dia
anterior estive um tanto preocupado sobre como reunir os materiais necessários, mas verifiquei que
tinha tudo à mão e os itens mais difíceis de encontrar num domingo, numa cidade do interior de São
Paulo, surgiram em locais incomuns. Ainda no domingo comecei a sentir uma presença forte, algo que
há anos eu não sentia com tamanha intensidade – traduziria aquela sensação como a capa de Maioral
cobrindo aqueles cujas essências dele procederam. A sensação de que a Luz interna do adepto e do nativo
da escuridão brilhava forte ainda e que há muito para lapidar e polir. A segunda-feira de finados chegou
87
Projeto ritualístico mundial empreendido pelo Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra em
novembro de 2015.
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trazendo a fina chuva de novembro, sombria, fria como as lágrimas que escorrem dos olhos daqueles
que pranteiam entes queridos que se foram. E as palavras que seguem são um fragmento adaptado dos
registros do ritual daquele dia:
“Morte, invoco tua voracidade! Morte, clamo pela tua presença! Que os Poderosos Mortos
peguem minhas mãos e me levem aos domínios do Exu Rei e Pombagira Rainha da Kalunga!
No momento da exclamação, uma lufada de ar giratório surgiu no aposento e foi possível
ver a fumaça dos defumadores girando em espiral em sentido horário. Normalmente não
costumo creditar eficácia quando fenômenos ocorrem, mas eles certamente apresentam indícios
valorosos sobre o cerne da operação e sobre o que se está fazendo. Podem não ter um efeito
prático requerido, mas significam bastante para o operador atento. Mesmo que o significado não
surja no momento é importante registrá-lo da melhor maneira possível para análise posterior.
Ao incinerar o ponto na chama das velas foi como se houvesse algum forte combustível
no papel, pois uma alta labareda surgiu e abrasou o ponto quase que instantaneamente. O papel
não se consumiu ao todo e quase não houve resquícios negros da combustão, o ponto se tornou
uma cinza escura que não se quebrou prontamente.
Iniciei a friccionar os úmidos pedaços de carne no corpo a partir dos pés, fazendo rubras
marcas em forma de cruz. Ao chegar à altura dos joelhos, era como se eu ouvisse a agitação de
uma miríade de almas se aproximando agitadamente, como num vórtice intenso que se precipita.
Algo semelhante a dezenas de animais carniceiros se aproximando do corpo que jaz abandonado
sobre a terra árida. Ao chegar à altura do pescoço e dos ouvidos, era como se milhares de espíritos
sem olhos quisessem me consumir. Não temi, embora a sensação fosse um tanto desagradável.
O cheiro do sangue se tornou acre e pútrido. Um amontoado gigantesco de ossos se abriu e era
como se meu corpo estivesse dentro de um pesado caixão negro sobre o qual estavam entalhadas
uma longa cruz negra e uma foice de forma estranha. Havia uma espécie de névoa de cor púrpura
intensa, quase roxa. O caixão era baixado sem cordas para dentro da cova aberta no meio dos
ossos. Houve uma sensação de eu estar sendo sepultado ainda com vida. À beira da cova surgiu
um vulto sombrio, pardo, muito alto e volumoso, nesse momento tudo se desfez rapidamente e
se dispersou. A sensação de sufocamento cessou de imediato e segui o ritual com as oferendas
para Exu Rei da Kalunga e Pombagira Rainha da Kalunga.
Na meditação final consegui realizar a visualização de maneira adequada. Senti no final
uma força agindo de dentro para fora e uma espécie de sensação de bênção. Renascido, sinto que
há muito ainda para semear, destruir e honrar.”
Acredito que devamos primeiramente buscar a nós mesmos, buscar em nós os fragmentos
dispersos de nossa própria essência e através de uma séria e determinada obra torná-la densa. Possuir
uma conduta ditada por uma elevada disposição interior no intento de polir e lapidar a centelha
essencial. Procurar entender a vontade verdadeira para buscar sua realização plena ao invés de viver (ou
sobreviver) imerso numa ilusão flutuante de pecado e compensação, de alternações entre alegria e dor.
Saber o que verdadeiramente se quer ao invés de ser arrastado por correntes comuns de caráter efêmero,
rasas opiniões alheias ou imposições implícitas dos veículos alienadores de comunicação em massa. Amar
ao máximo o ser humano (ou sobre-humano) mais próximo de você, ou seja, você mesmo. Buscar a
realização daqueles a quem você verdadeiramente ama para que eles possam te compreender e te
complementar como pares de opostos o fazem. Amar sem baixa paixão e saber se apaixonar sem amor.
Amar sem exigir nada em troca e sem se deixar levar pelas variações excessivas de sentimento, emoção
ou paixão, mas é também saber se entregar quando verdadeiramente quiser. Gozar dos prazeres sem
envolvimentos frívolos e emocionais quando isso está de acordo com a verdadeira vontade. Procurar
entender seus instintos primitivos e satisfazê-los de forma consciente, buscando prazer responsável e
615
sadio ao invés de se envolver compulsiva e freneticamente com toda e qualquer espécie de oportunidade
lasciva ou concupiscente. Saber se controlar quando é preciso e deixar a própria instintividade aflorar
quando necessário. Gozar em plenitude da maneira que melhor lhe aprouver sem desperdícios nefastos,
não importando a fonte ou a particularidade de seus prazeres. Saber que somos animais e que no
calabouço destrancado de nossa psique repousam demônios famintos e sedentos. Lidar com eles e trazê-
los à luz, não para destruí-los, mas encontrarmos neles as verdadeiras fontes do poder criativo. Caminhar
pela rede caótica de túneis de nossa inconsciência e fazer ressurgir aquilo que adormece sob oceanos
agitados dormindo sem sonhos. Buscar os demônios que aguardam também no limiar de nossa
consciência pelo momento certo para despertarem. Nutrir uma auto-estima sóbria, sem os narcisismos
inúteis que competem contra a própria evolução. Saber ser individualista e respeitar a individualidade
dos outros, mas jamais a ponto de se tornar um câncer nos círculos que frequenta. Entender que cada
ser humano é suficiente para si e lutar pela própria independência nos vários níveis de sua própria
existência e constituição. Não ser conveniente com o comportamento de rebanho e saber agir e pensar
por si próprio. Não ficar sob a ação de nenhuma inteligência superior que não seja a sua própria.
Identificar, combater e se afastar dos matadouros espirituais. Não se deixar levar pelos outros, pelas
ideias dos outros ou por aquilo que os outros fazem. Não se esquecer de quem você é e daquilo em que
você acredita. Manter seus pontos de vista e suas decisões sem se preocupar com que os outros dizem ou
pensam ao seu respeito. Não ser compassivo. A compaixão é um vício, confundiram-na com uma virtude
para corromper a integridade do forte e para dar mais argumentos à mendicidade dos fracos e para a
exploração das massas – é um princípio contrário à superioridade e à divindade comuns aos indivíduos
que buscam ascender. Não aceitar dogmas impostos de maneira tácita ou explícita. As verdades
fundamentais e imutáveis pregadas pelos pastores dos rebanhos podem simplesmente não existirem. Há
pastores cegos e cegos sendo guiados por cegos. Dogmatismos são contrários à evolução, pois implicam
etimologicamente em não discussão e em ausência de questionamento. Saber que toda forma de energia
pode ser transformada em outra através do método adequado e da técnica apropriada. Reconhecer a
energia potencial e visualizar como utilizá-la em seus processos interiores e exteriores. Cada ação gera
uma reação que lhe é proporcional e proporcional à energia empregada, é preciso saber a localização do
ponto onde utilizar sua alavanca para mover um universo, além, é enxergar a aritmética caótica. Fazer
florescer nossa sabedoria divina como criadores de nossos próprios universos ao invés de nos submeter
às correntes ignorantes e massificadas da cultura e das religiões das marionetes. Não ser inocente e ser
amoral (não necessariamente imoral), pois a inocência nos priva da vida e de seus prazeres e nos torna
presas fáceis, sejamos então predadores e não inocentes. Não estar preso a nenhum código de conduta
moral para ser aceito pela sociedade, é novamente ser você mesmo, livre, único e sempre em
transformação e evolução constantes.
Acredito que tais premissas luciferianas estejam fortemente alinhadas à Quimbanda Brasileira
manifestada pela Corrente 49 e pelo T.Q.M.B.E.P.N. Acho que posso dizer que tive uma espécie de
formação clássica no Caminho da Mão Esquerda, participei de diversas ordens brasileiras e
internacionais, estudei (e estudo) a obra dos antigos ocultistas e magos célebres, mas tenho também um
apreço ímpar pela cultura antiga dos catiços brasileiros, escravos e nativos de nossas terras que tiveram
suas vidas destroçadas durante e após o período de colonização do Brasil. Raras foram as vezes em que
encontrei uma fonte tão original e essencial de emanação de poder criativo e transformador associada à
Via Sinistra.
Particularmente não há um processo de adaptação no meu contato com a Corrente 49, há uma
interação vibracional que se dá na mesma frequência e, de certa forma, compartilhando de uma origem
comum no Grande Dragão Negro. Vejo muitas de minhas ideias e considerações pessoais refletidas nas
experiências e nos fundamentos que aos poucos venho assimilando e aprendendo em minha
aproximação pela Corrente.
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Os vultos que assombravam minha infância retornaram ferozmente na figura dos Poderosos
Mortos, nos espíritos ancestrais que ajudaram a fundamentar os alicerces da Quimbanda Brasileira, na
hostilidade que empreendemos no esforço comum de combater a estagnação, na dúvida que não se cala,
no questionamento que não silencia, no aço forjado das facas e dos punhais que imolam no ofício
sagrado e conduzem o inimigo ao exício, no cálice transbordante onde bebemos na comemoração do
triunfo sobre o antagonista.
i
i Explicação do símbolo: o Sol Negro emanando 7 raios raízes de Maioral, alude à essência não mais fragmentada do
indivíduo que procede da verdadeira escuridão. Os 7 raios representam também os 7 Reinos da Quimbanda. O pentagrama
fendido refere-se à evolução da fórmula qabalística sinistra de Adão Belial; representa o 5 que parte do 11 em oposição ao
10. Inscritos nos 5 triângulos do pentagrama figuram os símbolos dos 4 elementos sintéticos que formam o universo tangível
e um símbolo do espírito. Acima do pentagrama há um triângulo com três palavras em hebraico: Agam (Lago Sombrio); Ab
(Pai, no sentido de força/fonte criadora, não necessariamente masculina ou feminina); Lil (noite, escuridão, raiz do nome
Lilith). A estrela de 11 pontas representa Azerate e as criações de Tiamat, o 11 contra o 10 e o número místico 66. Ao redor
dos símbolos lê-se: “HABUR TIAMAT ABZU AZERATE LIL CHAVAJOTH SATANAS LUCIFER LUCIFERAX AGAM
AB NIGRUM SOLIS CHATSARMAVETH TANNIYN ALESCOT MANDESUMINI TANNAH MOWTH EVIYL
DAATH HAYAH ASARIDU KUSARIKKU MUSHUSSU UGALLU GIRTABLULLUU”. As letras foram transcritas em
Malachim.
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Azimã, Abismo de Lúcifer
Entrevista concedida originalmente à Tatianie Kiosia
1. Saudações, nobre aliado, conte-nos como surgiu a ideia de erguer uma horda e quais os
principais obstáculos enfrentados desde o início.
Saudações, é uma honra para nós figurar nas páginas negras deste poderoso artefato. A horda
abismo de Lúcifer foi batizada no morto ano de 2004. A ideia inicial sempre foi a forma artística e
ritualística de expressar nossa fé, obstáculos foram sempre a conciliação do tempo entre os integrantes.
Fora isso não vejo nenhum outro obstáculo que nos impeça de expressar nossa devota arte.
2. Que temas vocês abordam nas letras e quais as principais influências sonoras e literárias da
Abismo de Lúcifer?
Os temas são as mais diversas formas de compreensão da via sinistra, o caminho esquerdo,
abordado através de experiências e estudos das vias ocultas, alguns escritores ilustradores e artistas que
lembro agora são este que citarei Kenneth Grant, LaVey, Crowley, Austin Osman Spare, Edgar Kerval,
Michael W. Ford, Adriano Camargo Monteiro, Pharzhuph, Peter Gilmore, Baudelaire, Guaita, Félicien
Rops, dentre outros grandes artistas que não vêm em mente agora.
3. Fale-nos sobre os materiais lançados até hoje e como surgiu a ideia de lançar um Split.
Foram seis demos, sendo uma split com a horda de Natal, Dentre os Bosques e um CD split, em
sua maioria foram materiais limitados a poucos, passados de forma restrita, sobre a ideia do split CD:
veio da aliança entre as entidades presentes nas bandas, longos anos de amizade dividindo experiências,
uma parceria forjada em sangue suor e dedicação.
Sim, este ano ainda sairá um lançamento limitado em 150 cópias dos treze anos;
5. Como você define as apresentações ao vivo? Tem tido uma boa resposta do público?
Apenas uma vez tocamos ao vivo nestes treze anos, não faço muito questão de tocar ao vivo,
tocaremos mais uma vez em algum cerimonial fechado no futuro, eventos abertos ao público de hoje
não me animam muito, não me animam nem um pouco eu diria.
618
6. Para você, o que é e o quê representa a figura de Lúcifer?
Lúcifer tem sido minha maior orientação, uma espada que rasga os véus da ignorância, um
significado de força, destruição, quebras de elos que aprisionam, inteligência busca por perfeição, o
templo perfeito de fé e autoconhecimento, uma busca constante de aprimoramento do eu, seu archote
divino é o que nos guia aos caminhos da grandeza!!! Escreveria um livro aqui e ainda não conseguiria
expressar todo seu grande significado para meu eu.
7. Além da Abismo de Lúcifer, você está envolvido com outras bandas ou projetos?
Sim, sou vocalista também da Hóstia Negra, guitarrista da horda Bellicum Bestiallis e faço parte
de outros projetos musicais como o Rege Satanás e Soberano.
8. Antigamente tudo era mais restrito e de difícil acesso e hoje, com a internet e redes, tudo
fica muito mais acessível e escancarado, como você vê essas mudanças?
O progresso é algo inevitável, as formas de comunicação mudaram, antes eram as cartas e era
tudo mais difícil, porém mais satisfatório, eu ainda mantenho restrito os materiais e seleciono a dedo as
pessoas a quem eu passo, mas não vejo problema algum de alguém querer divulgar sua banda de forma
mais aberta. Cada um faz o que quiser, mas para mim, prefiro manter em sombras.
9. Agradeço pela entrevista, fica aqui o espaço para suas considerações finais!
Eu é que agradeço a oportunidade de aqui expressar um pouco sobre nossa arte, vida longa a esse
grande manifesto! Até a próxima, valeu! Ave Lux Ferre!!!
619
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Relatos de Fragmentos Goéticos
Por Frater Camaysar
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As operações foram realizadas dentro de um Templo consagrado à arte diante de um altar
principal especialmente adornado e preparado para a consecução.
As manifestações espirituais e os fenômenos mais intrigantes ocorreram após as operações de
evocação. Tomaram formas tangíveis, densas e materiais durante a vigília e o estado desperto. Os relatos
indicam que a percepção da realidade e do tempo se tornaram difusas durante as manifestações mais
agressivas e sensuais densas.
Os incensos utilizados durante os ritos foram: a losna, a cânfora, a chanana e a glicínia.
Os ritos foram realizados em silêncio, sem música ambiente, exceto nos ritos de cunho sexual.
Os resultados mais significantes ocorreram com parceiras não iniciadas que se propuseram a
comungar dos rituais. Notou-se uma mudança perceptível em suas vidas e um forte aumento das
influências da energia que emana do cteis de Lilith e das demais divindades e espíritos relacionados às
práticas. Um caso apresentou efeitos destrutivos de curta duração e fenômenos brandos.
As visões astrais revelaram formas semi-humanas de profunda beleza: olhos inexpressivos ou
absolutamente negros; rostos de traços rigorosos e inelutáveis; longas e poderosas asas (sem penas);
membros inferiores escamados ou pétreos finalizados em patas de quatro garras; a temperatura das
formas era fria (interna e externamente); o congresso sexual denso foi experimentado selvagemente por
um curto intervalo de tempo, inesperado, sem controle, em raras e pouquíssimas circunstâncias. As
manifestações mais intensas foram acompanhadas de lufadas de ar gélido; sons semelhantes ao choro
desesperado dos infantes; sensação de vacuidade espacial.
Ilustrações: DANIEL, Frater. Evokationssymbole der Luciferischen Hierarchie. Berlim: [s.i.], [19-].
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A Igreja do Diabo
Por Machado de Assis
Capítulo I
De uma ideia mirífica
Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a ideia de fundar uma
igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que
exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Vivia, por assim
dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada regular. Por que
não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-
las de uma vez.
— Vá, pois, uma igreja, concluiu ele. Escritura contra Escritura, breviário contra breviário. Terei
a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novena e todo o demais aparelho
eclesiástico. O meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja uma tenda de Abraão. E
depois, enquanto as outras religiões se combatem e se dividem, a minha igreja será única; não acharei
diante de mim, nem Maomé, nem Lutero.
Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo.
Dizendo isto, o Diabo sacudiu a cabeça e estendeu os braços, com um gesto magnífico e varonil.
Em seguida, lembrou-se de ir ter com Deus para comunicar-lhe a ideia, e desafiá-lo; levantou os olhos,
acesos de ódio, ásperos de vingança, e disse consigo: —
Vamos, é tempo. E rápido, batendo as asas, com tal estrondo que abalou todas as províncias do
abismo, arrancou da sombra para o infinito azul.
Capítulo II
Entre Deus e o Diabo
Deus recolhia um ancião, quando o Diabo chegou ao céu. Os serafins que engrinaldavam o
recém-chegado, detiveram-se logo, e o Diabo deixou-se estar à entrada com os olhos no Senhor.
— Que me queres tu? perguntou este.
— Não venho pelo vosso servo Fausto, respondeu o Diabo rindo, mas por todos os
Faustos do século e dos séculos.
— Explica-te.
— Senhor, a explicação é fácil; mas permiti que vos diga: recolhei primeiro esse bom velho; dai-
lhe o melhor lugar, mandai que as mais afinadas cítaras e alaúdes o recebam com os mais divinos coros...
— Sabes o que ele fez? perguntou o Senhor, com os olhos cheios de doçura.
— Não, mas provavelmente é dos últimos que virão ter convosco. Não tarda muito que o céu
fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto. Vou edificar uma hospedaria barata;
623
em duas palavras, vou fundar uma igreja. Estou cansado da minha desorganização, do meu reinado
casual e adventício. É tempo de obter a vitória final e completa. E então vim dizer-vos isto, com lealdade,
para que me não acuseis de dissimulação... Boa ideia, não vos parece?
— Vieste dizê-la, não legitimá-la, advertiu o Senhor.
— Tendes razão, acudiu o Diabo; mas o amor-próprio gosta de ouvir o aplauso dos mestres.
Verdade é que neste caso seria o aplauso de um mestre vencido, e uma tal exigência... Senhor, desço à
terra; vou lançar a minha pedra fundamental.
— Vai.
— Quereis que venha anunciar-vos o remate da obra?
— Não é preciso; basta que me digas desde já por que motivo, cansado há tanto da tua
desorganização, só agora pensaste em fundar uma igreja.
O Diabo sorriu com certo ar de escárnio e triunfo. Tinha alguma ideia cruel no espírito, algum
reparo picante no alforje de memória, qualquer coisa que, nesse breve instante de eternidade, o fazia
crer superior ao próprio Deus. Mas recolheu o riso, e disse:
— Só agora concluí uma observação, começada desde alguns séculos, e é que as virtudes, filhas
do céu, são em grande número comparáveis a rainhas, cujo manto de veludo rematasse em franjas de
algodão. Ora, eu proponho-me a puxá-las por essa franja, e trazê-las todas para minha igreja; atrás delas
virão as de seda pura...
— Velho retórico! murmurou o Senhor.
— Olhai bem. Muitos corpos que ajoelham aos vossos pés, nos templos do mundo, trazem as
anquinhas da sala e da rua, os rostos tingem-se do mesmo pó, os lenços cheiram aos mesmos cheiros, as
pupilas centelham de curiosidade e devoção entre o livro santo e o bigode do pecado. Vede o ardor, — a
indiferença, ao menos, — com que esse cavalheiro põe em letras públicas os benefícios que liberalmente
espalha, — ou sejam roupas ou botas, ou moedas, ou quaisquer dessas matérias necessárias à vida... Mas
não quero parecer que me detenho em coisas miúdas; não falo, por exemplo, da placidez com que este
juiz de irmandade, nas procissões, carrega piedosamente ao peito o vosso amor e uma comenda... Vou a
negócios mais altos...
Nisto os serafins agitaram as asas pesadas de fastio e sono. Miguel e Gabriel fitaram no Senhor
um olhar de súplica. Deus interrompeu o Diabo.
— Tu és vulgar, que é o pior que pode acontecer a um espírito da tua espécie, replicou-lhe o
Senhor. Tudo o que dizes ou digas está dito e redito pelos moralistas do mundo. É assunto gasto; e se
não tens força, nem originalidade para renovar um assunto gasto, melhor é que te cales e te retires. Olha;
todas as minhas legiões mostram no rosto os sinais vivos do tédio que lhes dás. Esse mesmo ancião parece
enjoado; e sabes tu o que ele fez?
— Já vos disse que não.
— Depois de uma vida honesta, teve uma morte sublime. Colhido em um naufrágio, ia salvar-se
numa tábua; mas viu um casal de noivos, na flor da vida, que se debatiam já com a morte; deu-lhes a
tábua de salvação e mergulhou na eternidade. Nenhum público: a água e o céu por cima. Onde achas aí
a franja de algodão?
— Senhor, eu sou, como sabeis, o espírito que nega.
— Negas esta morte?
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— Nego tudo. A misantropia pode tomar aspecto de caridade; deixar a vida aos outros, para um
misantropo, é realmente aborrecê-los...
— Retórico e sutil! exclamou o Senhor. Vai, vai, funda a tua igreja; chama todas as virtudes,
recolhe todas as franjas, convoca todos os homens... Mas, vai! vai!
Debalde o Diabo tentou proferir alguma coisa mais. Deus impusera-lhe silêncio; os serafins, a
um sinal divino, encheram o céu com as harmonias de seus cânticos. O Diabo sentiu, de repente, que
se achava no ar; dobrou as asas, e, como um raio, caiu na terra.
Capítulo III
A boa nova aos homens
Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula beneditina,
como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que
reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as
glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção
que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.
— Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror
das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome
para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá:
tomai daquele nome, inventado para meu desdouro, fazei dele um troféu e um lábaro, e eu vos darei
tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...
Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar,
em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina.
A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque,
acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada.
Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e
legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou
não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada.
A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada:
"Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu..." O mesmo disse da gula, que produziu as melhores
páginas de Rabelais, e muitos bons versos de Hissope; virtude tão superior, que ninguém se lembra das
batalhas de Luculo, mas das suas ceias; foi a gula que realmente o fez imortal. Mas, ainda pondo de lado
essas razões de ordem literária ou histórica, para só mostrar o valor intrínseco daquela virtude, quem
negaria que era muito melhor sentir na boca e no ventre os bons manjares, em grande cópia, do que os
maus bocados, ou a saliva do jejum? Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor,
expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus
com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude
principal, origem de propriedades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao
próprio talento.
As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloquência,
toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.
625
Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço
esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora,
ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros;
aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi
a da venalidade. Um casuísta do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A
venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender
a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas
que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra,
a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-
lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um
homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os
cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem?
Demonstrado assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou
pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de
um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer
duplicadamente.
E descia, e subia, examinava tudo, retificava tudo. Está claro que combateu o perdão das injúrias
e outras máximas de brandura e cordialidade. Não proibiu formalmente a calúnia gratuita, mas induziu
a exercê-la mediante retribuição, ou pecuniária, ou de outra espécie; nos casos, porém, em que ela fosse
uma expansão imperiosa da força imaginativa, e nada mais, proibia receber nenhum salário, pois
equivalia a fazer pagar a transpiração.
Todas as formas de respeito foram condenadas por ele, como elementos possíveis de um certo
decoro social e pessoal; salva, todavia, a única exceção do interesse. Mas essa mesma exceção foi logo
eliminada, pela consideração de que o interesse, convertendo o respeito em simples adulação, era este o
sentimento aplicado e não aquele.
Para rematar a obra, entendeu o Diabo que lhe cumpria cortar por toda a solidariedade humana.
Com efeito, o amor do próximo era um obstáculo grave à nova instituição. Ele mostrou que essa regra
era uma simples invenção de parasitas e negociantes insolváveis; não se devia dar ao próximo senão
indiferença; em alguns casos, ódio ou desprezo. Chegou mesmo à demonstração de que a noção de
próximo era errada, e citava esta frase de um padre de Nápoles, aquele fino e letrado Galiani, que escrevia
a uma das marquesas do antigo regime: "Leve a breca o próximo! Não há próximo!" A única hipótese em
que ele permitia amar ao próximo era quando se tratasse de amar as damas alheias, porque essa espécie
de amor tinha a particularidade de não ser outra coisa mais do que o amor do indivíduo a si mesmo. E
como alguns discípulos achassem que uma tal explicação, por metafísica, escapava à compreensão das
turbas, o Diabo recorreu a um apólogo: — Cem pessoas tomam ações de um banco, para as operações
comuns; mas cada acionista não cuida realmente senão nos seus dividendos: é o que acontece aos
adúlteros. Este apólogo foi incluído no livro da sabedoria.
Capítulo IV
Franjas e franjas
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A previsão do Diabo verificou-se. Todas as virtudes cuja capa de veludo acabava em franja de
algodão, uma vez puxadas pela franja, deitavam a capa às urtigas e vinham alistar-se na igreja nova. Atrás
foram chegando as outras, e o tempo abençoou a instituição.
A igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região do globo que não a
conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de
triunfo.
Um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas,
praticavam as antigas virtudes. Não as praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e,
como digo, às ocultas. Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano,
justamente em dias de preceito católico; muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas;
vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam, uma ou outra
vez, com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam
embaçando os outros.
A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava
muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara
longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas. No Cairo
achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas. O Diabo deu com ele à
entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de
um drogomano; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou
por ele a Alá.
O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que
desorientou completamente o Diabo. Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de
cinquenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana,
telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meter-se na cama para não confessar
que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados.
Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela
solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao
ajoelhar-se, e ao levantar-se. O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia que duvidar; o
caso era verdadeiro.
Não se deteve um instante. O pasmo não lhe deu tempo de refletir, comparar e concluir do
espetáculo presente alguma coisa análoga ao passado. Voou de novo ao céu, trêmulo de raiva, ansioso
de conhecer a causa secreta de tão singular fenômeno. Deus ouviu-o com infinita complacência; não o
interrompeu, não o repreendeu, não triunfou, sequer, daquela agonia satânica. Pôs os olhos nele, e disse-
lhe:
— Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de
veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana.
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Entrevista Betopataca
1. Muitas pessoas acreditam que Betopataca, assim como Deus, está morto. A que se deve essa
suposição?
Como diria o antigo quadro do Rá-Tim-Bum: Senta que lá vem a história! Toda questão da "morte
de Betopataca" abanca-se, antes de tudo o mais, no impulso do Homem pela invencionice e mexerico,
somado a um ulterior uso estratégico meu deste instinto "Humano demasiado humano". Porém, vamos
por partes e relatar tudo desde o começo, a fim de não restarem mais dúvidas acerca destes Morbid Tales.
Durante boa parte da década de 1990, quando tivemos a aurora da Rede no Brasil, fui alguém
deveras ativo nos principais meios de discussão ocultista, cultural-marginal e da dita cena underground de
entonces. Estes meios de discussão virtuais, principalmente na segunda metade da década de 1990, em
geral se resumiam a mailing lists criadas através de serviços gratuitos para este fim, tais como: ONEList,
eGroups... Muito raramente, também participava de debates, polêmicas e diálogos em canais de bate-papo
de teor ocultista e religioso, dentro de serviços como o mIRC ou chatrooms da Starmedia e UOL.
Dessarte, no minúsculo milieu ocultista e underground tupiniquim da época desvendava-me uma
figura um quinhão afamada, em geral envolvida em intermináveis e acaloradas diatribes, dada minha
então disposição beligerante, epistemologicamente rigorista e perfeccionista ética. Quando decidi, no
começo deste milênio, afastar-me totalmente da (en-)cena(-ção) underground, ocultista e contra-cultural
brasileira, a imaginação desmedida, disposição fofoqueira e afetos odiosos da maioria das pessoas em
relação a mim criaram, multiplicaram e mantiveram viva a crença que tinha morrido.
No começo, ignorei o fenômeno e mantive-me focado na reflexão e resolução dos dilemas que
me fizeram afastar-me de toda supradita (en-)cena(-ção). Mesmo porque, conforme o Delta-Tempo
passava, sendo-te bem honesto, menos me interessava sequer saber o que se passava em todo aquele circo
decadente e previsível. A posteriori, já quase no fim da década passada, por um destes acasos da existência,
encontrei com um (pseudo-)magista kaoísta - com o qual, jamais trocara uma palavra a priori - que me
disse estar em contacto pessoal e astral com Betopataca, que o instruía no "Caminho da Mão Esquerda".
Aquilo só me reforçou o asco de todo aquele meio ocultista e delirante, gerando em mim um ímpeto
por reforçar e retransmitir a falácia que Betopataca estava definitiva e irreparavelmente morto...
Conforme podes notar, num dado momento eu, Ahriman e toda aquela primeira geração do
Satanismo no Brasil já éramos um bando de "zé-ninguém" e todo mambo-jambo alucinante sobre nós
628
morrera. A máscara, não precisava mais ser mantida, e nem tudo que estava morto precisava ainda jazer
eternamente. Tal como um Messias impossível, um redentor que não redime ninguém, Betopataca
"voltou à vida" - inda que jamais tenha de fato morrido.
Prometheus Preso [circa 1611-1618], de Peter Paul Rubens [1577-1640], óleo sobre tela.
A pergunta pelo ôntico dalgo, ou seja, "pelo que aquilo é", não pode ser realizada de forma
acabada, empírica e precisa num passado ("foi") e, sequer, num presente ("é"), haja vista o inexorável vir-
a-ser no qual tudo que há se desvela. Estaria, portanto, sendo bem desonesto contigo se te respondesse
sem uma dose substancial de equívoco e desarticulação o que Betopataca "foi" ou "é".
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No entanto, não nego que muito reflito, por acidente ou histeria, nunca por prurido de rigor, o
que porventura possa meu ente ter-se julgado "ser" e aquilo que me ajuízo ora "ser". Neste possível,
tergivesado por toda carga de indefinição essencial e instilado de todas as potências andejas, tentarei
responder-te.
Betopataca era um jovem intelectualmente inquieto, metido a polímato, cético espirituoso, e
instilado da empalamada esperança apta a tocar a corda d'alma de todo aquele que ainda não teve noites
insones o suficiente. Betopataca é um velho ainda intelectualmente inquieto, consumado polímato,
cético ranzinza, e sem nenhuma esperança em cousa alguma fora da ilusão de com perfeição efetuar o
pelo presente lhe dado, seja por acaso vital, seja por subjetiva necessidade moral.
3. Quando e como surgiu a Fraternitas Templi Satanis (E'P'S')? O que ela significa para você?
Creio que a edição IX desta augusta revista, honestamente, tem tudo que poderia de maneira
coletiva interessar sobre "quando" e "como" surgiu a E'P'S'. Logo, compor-se-ia "chover no molhado" de
novo falar das condições de possibilidade, meios e detalhes do surgimento desta Ordem.
A Fraternitas Templi Satanis (E'P'S') significa, para mim, um momento singular na minha
existência. Ali, pude compartilhar com - e, através de - excelentes [άριστοι] uma pletora de experiências
únicas, transmudadoras e duradouras para mim mesmo. Processos que desafiam, ilusoriamente ou não,
o efêmero e insuficiente que carcome todo o vivente fora da fantasmal vida individual. Na F'T'S' pude
atestar, como outras poucas vezes em minha existência, que há fenômenos relevantes e trágicos fora do
si-próprio.
Em termos institucionais? Por mais que a linha fosse mais popularesca na proposta e com menos
ênfase na ars magica [Arte Mágica], o Templo de Satã (TdS) criado por Morbitvs Vividvs e Bastard Obito
se tratou duma irradiação direta da F'T'S' e, indiretamente, da IdL. Fora isto, não vejo no Brasil,
institucionalmente, qualquer irradiação articulada, direta ou indiretamente, com a F'T'S', dado o fim da
mesma.
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Sim, a diversas delas tanto em solo nacional quanto internacional. A maioria, infelizmente,
pouco produtivas para mim em termos reflexivos, mágicos e iniciáticos (quando dava crédito a esse tipo
de metafísica). Em verdade, tratei-me dum dos primeiros membros, ao lado de Frater Tahuti, Deacon
Luciferious e do próprio Lord Ahriman, da Igreja de Lúcifer (IdL) - a incontestável primeira organização
satânica do Brasil -, quand ainda tinha quaisquer conexões com a CoL (Church of Lucifer) do rev.
Frederick Nagash.
6. É sabido, por alguns de seus velhos camaradas, que você produziu e produz intensa e
profunda obra literária relacionada ao satanismo e à sabedoria oculta. Por que você não publica tais
singulares petardos?
Creio que sou assombrado por dois espectros no que tange minha produção literária satânica e
Oculta. O primeiro deles é o perfeccionismo, tanto formal quanto de conteúdo. Dessarte, ponho-me um
sem número de vezes a escrever, re-escrever, revisar, ampliar e repensar conceitos de toda minha
produção remota e recente. Isto significa que, muito dificilmente, consigo chegar a um artefato acabado
em pouco Delta-Tempo. As prateleiras, HD externos e cadernos vão-se enchendo, sem todavia nenhuma
perspectiva ou preocupação de com celeridade publicar estes materiais que por anos põem-se em gestação
intelectual, empírica e afetiva.
Outro grande espectro meu é o passadista orgulho. Não consigo aceitar livre de muitas ressalvas
e desconfortos os modos de divulgação literários e científicos d'hoje, tais como períódicos online em
plataformas como o ISSUU, ou, ebooks sem quaisquer contrapartes físicas. De igual sorte, não me fito
mais enquanto alguém com folga temporal para dedicar-me de corpo e alma à auto-publicação, avulso a
qualquer meio editorial tradicional apto a divulgar e "trabalhar" em termos de público meus escritos.
Outrossim, oxalá vivesse num país ou realidade editorial que não estivessem, quase exclusivamente,
interessados em modismos ou "grandes e estabelecidos nomes" para suas linhas editoriais! Nada de
editoras/empresas em modelos de produção tradicional interessadas na minha escrita, e nulo Delta-
Tempo para me dedicar aos ditames da auto-publicação fora dos moldes apenas virtuais, os livros
empoeiram inéditos.
Raríssimas exceções coletivas, tal como a do Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu
Pantera Negra (T. Q. M. B. E. P. N.) do Danilo Coppini ou do pessoal do Coisa Feita Magia Vintage, e
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incomuns iniciativas pessoais, como a do 'zine Lucifer Luciferax do Pharzhuph N. Azoth ou o Canal
Sortilégio de Natt Häxa, perscruto as genéricas manifestações nestes brasileiros campos como dignas de
desprezo. Desprezíveis não por merecerem reproche, porque até para exprobares alguma força dever-se-
á estar diante dalgo com algum vulto, corporeidade, constituição densa o suficiente para atacares,
morderes, esquadrinhares, lidares seriamente com... Fora destes possíveis muito atomizados de raros
grupos diminutos ou entes seletos, infelizmente abundam-se veleidades, incorpóreas multidões que a
despeito de seu número copioso não somam sequer um corpo digno de nota, haja vista que se tratam de
moda, simulacros frágeis que desmoronam diante da menor dúvida, proposição tenaz ou mais branda
crítica.
8. Noto que muitos indivíduos (muitos mesmo), aparentemente ligados à Via Sinistra,
demonstram um desconhecimento e um elevado desprezo pelas obras e pelo trabalho de pessoas como
Aleister Crowley, Anton S. LaVey, Kenneth Grant, Austin O. Spare e outros. Por que você acha que
isso ocorre, especialmente quando se trata de LaVey e do satanismo moderno?
A fim de evitar uma muito extensa réplica, ater-me-ei ao caso do Satanismo Moderno e de LaVey
em tua pergunta. Se observarmos a constituição mais basilar da obra laveyana e de todo o Satanismo que
mana, originalmente, dela, saltam-se aos olhos a complexidade conceitual, procedimental e estética que
lhe constitui e exige-se daqueles que com seriedade debruçam-se sobre tais. Existe uma forte tensão ética
entre a produção deum substrato normativo e deontológico para o satanista (Ex.: "Onze Regras Satânicas
na Terra"), e uma cessão a enorme espaço para o colocar do próprio ente em sua condição singular como
legislador e produtor de práticas morais que, cálculo terminal, não podem ser universalizadas. A magia
satânica oscila, arguta e barrocamente, entre o subjetivo psicodrama de Jacob L. Moreno e a prática
mágica assentada numa aposta objetiva tal como sedimentado pela Tradição Ocidental pré-
Contemporânea. Estes são apenas um punhado de exemplos, os quais demonstram como o Satanismo
Moderno, e em especial a obra de Anton Szandor LaVey, exigem uma disposição algo de polímata. Como
tudo que envolve polimatia, exige-se dos seus interessados uma postura de autonomia epistemológica
para conseguirem lidar com saberes oriundos de muitos possíveis e em nada ordenados em comezinhas
fórmulas religiosas, mágicas e morais.
Vivemos, cada vez mais, uma época de especiosas autonomias, que, no fundo, tão-só fortalecem
os apelos de rêses em todas as esferas do conhecimento, moralidade, religiosidade e política. Desta
maneira, hoje, talvez mais do que nunca desde a década de 1960 - quando veio à luz o Satanismo
Moderno -, desfralda-se uma época avessa àquilo que há de mais central no Satanismo Moderno: Shaitan,
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ou, noutros termos, a independência que não prescinde de toda reflexão, estudo e diatribe na
constituição de sua autonomia.
9. Você se considera um satanista? O que você poderia nos falar sobre esse assunto que mais
lembra um ‘bom e velho’ rótulo?
10. Parece-me que de tempos em tempos surge um interesse coletivo por determinados
assuntos no intrincado Caminho da Mão Esquerda. Houve uma época em que Thelema esteve em
voga, o mesmo com a magia do caos, com o satanismo anticósmico e agora com a quimbanda. Será
que em outros países isso ocorre da mesma maneira? O que você diria que motiva essas ondas
sucessivas que chegam a beirar o ridículo?
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11. Se não me engano, você teve muito contato com os nativos Kamaiurá. Se minha memória
não me falha, você recebeu algumas tatuagens durante esse tempo inclusive. Como foi sua experiência
junto a essas admiráveis pessoas? O que mais você poderia nos relatar sobre esse bem-aventurado
contato?
Há muitos anos idos, graças a contactos e amizades sólidas entre etnolingüistas acadêmicos e
funcionários antigos da FUNAI, cientifiquei-me de um myrã [homem-velho], o qual no passado tinha
sido eminente paje [xamã] entre os Kamayurá. À época meus contactos não souberam informar o porquê
deste paje ter-se retirado do convívio com os seus pares nativos e recolhera-se bem ao noroeste do Parque
Indígena do Xingu (MT) - aonde se assentam as reservas Kamayurá -, na margem esquerda do rio Negro
(AM). O que sabiam me informar é que este homem tinha contacto eventual com funcionários da
FUNAI para obtenção dalguns itens manufaturados de seu interesse, e tendia a receber muito bem um
kara'ip [não-Kamayurá]. Algumas trovas e acordos, rumei para encontrar este paje. Deste encontro, uma
bela e efêmera fraternidade formou-se com minha pessoa sendo iniciada nas práticas rituais, longes
míticos e tessitura religiosa que oscilava entre a tradição Kamayurá e "inovações" singulares daquele myrã.
Por razões assaz extensas que aqui não cabem serem destrinchadas, posposto todo meu
aprendizado com aquele paje, e já a dominar o seu idioma nativo, rumei para um convívio mais coletivo
com os Kamayurá na reserva. O que me levou a co-participar de rituais coletivos, famigerados e imanentes
aos Kamayurá, tais como o Kwaryp e Yawari. Neste último e coletivo caso, logrei um convívio menos
longo cronologicamente do que quando estive com o supracitado paje ou outros povos nativos pré-
Cabralinos, porém nem por isto menos intenso ou relevante existencialmente.
12. Muitos ‘brasileiros’ não têm qualquer empatia ou conhecimento verdadeiro sobre as
dificuldades que os nativos (e seus descendentes) passaram (e passam). O que você acha que poderia
(ou deveria) ser feito para que as atuais comunidades indígenas tivessem as condições, a paz, o espaço
e a retratação para manterem suas tradições, cultura e modo de vida?
Ajuízo que devemos, hoje, palrar de uma necessária Ψυχαγωγία [psychagógia], um conduzir de
nossa ψυχή [psyché] brasileira para abandonarmos o "Teatro das Sombras" que têm-se surdinado a nossa
frente, tanto pela Esquerda quanto pela Direita brasileiras e hodiernas. Devemos capitular aos interesses,
tipicamente esquerdizantes, de utilizarmos a "Causa Nativa" e elementos nativos como "ponta de lança"
para pautas sociais e políticas da Esquerda, conforme se vê com regularidade nas relações e "lutas"
engendradas por "movimentos sociais" - em geral, capitaneados e/ou idealizados sobre bases ou figuras
não-nativas- entre os diversos grupos "indígenas". Com igual verve, devemos nos colocar distanciados das
argumentações, manobras e valorações da bancada da Direta ruralista e/ou cristã, a qual tende a reduzir
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os nativos a figurantes na constituição nacional, meros inconvenientes na expansão do Setor Primário,
ou, mementos de um prévio processo colonial "mal efetuado". Enquanto não simplesmente se pôr em
curso de forma embrionária, nacional, formal, compulsória e ostensiva esta Ψυχαγωγία através da
Educação e meios midiáticos de diversas sortes, inexistirá lastro, volição e demanda social para quaisquer
mudanças eficazes e duradouras nas condições existenciais das comunidades nativas pré-Cabralinas.
13. Ocultistas brasileiros costumam conhecer um pouco da mitologia dos mais variados países
e culturas. Celtas, escandinavos, gregos, romanos, japoneses, semitas... Possuem algum conhecimento
sobre latim, hebraico, runas, e etc. Na sua opinião, por que esse interesse não abarca a cultura de
berço tupiniquim?
À guisa de sociedade, vivemos um período, muito longo e duradouro, de olvido de nós mesmos.
Não estudamos, plena e seriamente, nossos clássicos e, tampouco, todos os muitos elementos culturais
mais intrínsecos a nós. Quantos, em dias atuais, pensaram nossas obras filosóficas nativas (Raimundo
Farias Brito, Miguel Reale, Gerd Bornheim etc.); auscultaram as multifacetadas bases de nossa música
(Chiquinha Gonzaga, D. Teté do Cacuriá, Música Mbyá-Guarani etc.); meditaram nossa produção
cultural fecunda (Gustavo Barroso, Joel Rufino dos Santos, Câmara Cascudo); avaliaram nossos rizomas
políticos (Plínio Salgado, Joaquim Nabuco, D. Pedro II etc.); fruíram nossas basilares literaturas
(Machado de Assis, Guimarães Rosa, Olavo Bilac etc.)?
Sem este cultivo daquilo que é nacional, ausenta-se a vontade férrea e apaixonada por fortalecer
um νόμος ["cultura"; costume; lei] brasileiro, a algo nosso em termos de solo de brotamento para as
singulares vivências e indivíduos. Esta falta de cultivo do nacional, dá-se porque não produzimos mais
"quadros nacionais" de relevo a repetida e incansavelmente apontar para a população dita "brasileira" a
fim de mostrar-lhe a ossadura que dalgum modo assenta-se em cada corpo individual e único nos
membros daquele grupo nacional. Tais "quadros nacionais", por seu turno, inexistem devido a toda uma
falácia, em geral advinda do globalismo e internacionalismo, que o nacionalismo é condenável
moralmente, responsável por toda espécie de "malefícios" no ido histórico ou avesso a um principium
individuationis [princípio de individuação] inexorável aos grandes dentre os "Homens d'hoje".
14. É bastante comum eu ser procurado por pessoas que estão tentando dar os primeiros passos
no tortuoso caminho sinistro. Como você acha que deveríamos tratar essas pessoas? O que você
indicaria, recomendaria ao iniciante sincero?
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uma docência tergivesada por tais adjetivos, indiquemos alguém de nossa confiança que tenham estes
professorais apetites e características. Ou, na ausência de uma indicação, ofertemos indicações de
apropriados livros para que, solitariamente e por auto-didáticos instrumentos, o neófito tenha um
começo proveitoso, rigoroso e sólido.
Recomendo ao sincero iniciante um espírito inabalável na dúvida, rigoroso na execução e
inquieto na conclusão.
15. Qual é a lista dos 11 livros fundamentais que você recomendaria aos nossos leitores?
16. Entre Kim Jong-un e Trump, quem você acha que iria (ou irá) tentar acordar Cthulhu?
Você crê na possibilidade real de uma guerra termonuclear ou de um grande conflito próximo de
uma grande guerra mundial? O que acha que pode surgir dali?
Não contemplo nada distinto do que, até agora, temos visto nos noticiários acerca das relações
entre Coréia do Norte e EUA: Ameaças vagas, bravatas, eventuais contornos de sanções econômicas e
uma tensão aparentemente insolúvel. Tendo a não apreciar as sionistas análises e teorizações dos
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colunistas do New York Times. Entretanto, o colunista de Economia, Thomas Friedman (The Lexus and
the olive tree: understanding globalization, p. 240), numa análise da relação do fenômeno das guerras entre
nações e economia pós-Guerra Fria, confabula uma interessante teoria: Golden Arches Theory of Conflict
Prevention [Teoria dos Arcos Dourados da Prevenção de Conflitos]. Esta teoria infere que se uma nação chega
a um nível de desenvolvimento econômico industrial e de Capital aonde existe uma classe média grande,
e apta economicamente, para manter uma rede de McDonald's, o país em tela torna-se uma grande loja
da rede. Ou seja, preferirá não entrar em guerra e esperar na fila por sanduíches.
A Coreia do Norte carece de fôlego econômico para guerrear com um gigante bélico e capitalista
como os EUA, por isto necessitaria de um apoio gigântico de seu aliado chim. O dilema é que a China,
assim como os EUA, encontram-se mais preocupados em "vender hambúrgueres", ou seja, mover a roda
do Capital, cada uma ao seu modo. Guerras atrapalham as vendas dos McDonald's e o fluxo comercial,
presentes tanto na "Terra do Tio Sam" como na "Terra de Confúcio". Por isto, um estopim para guerra
mundial e/ou nuclear jamais ocorrerá de fato a partir da Penísula Coreana.
Viveremos o avesso dos delírios nucleares da horda canadense Blasphemy. Um período longo e
indeterminado de guerras locais, apenas em nações sem a proteção e interesse direto dos "Arcos
Dourados da Prevenção de Conflitos". Teremos sofrimentos lamentáveis e mortes civis em situações de
conflito, que agem como combustível para um mero setor do Capitalismo (a indústria bélica não-
nuclear), somente em países periféricos economicamente ou sem uma classe média com relevo
econômico e dotada de poder político.
17. Como excelso erudito e venerável educador, você acha que “nosso” Brasil ainda tem
salvação? [Perdoa-me o aparente pessimismo na questão]
18. Eu agradeço muitíssimo por ter concedido essa breve entrevista ao nosso estranho pasquim.
Qual mensagem você gostaria de deixar registrada aos nossos estimados leitores?
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Vejam os vídeos do Canal Sortilégio no Youtube, "curtam" a página do Coisa Feita Magia Vintage
no Facebook, e continuem sempre lendo o Lucifer Luciferax! (momento honesto de propaganda dalgo
que, de fato, possui valor em termos ocultistas brasileiros e hodiernos).
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Por Fernando Pessoa
Fonte:
GEBRA, Fernando de Moraes. O ritual esotérico no poema “Iniciação”, de Fernando Pessoa. Revista Ipotesi,
Juiz de Fora, v. 2, n. 16, p.47-61, dez. 2012. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/revistaipotesi/files/2011/05/CAP04-47-61.pdf>. Acesso em: 09 maio 2017.
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As Qliphoth da Qabalah
Por S. L. MacGregor Mathers
Estes são os maus e os imundos, até mesmo a distorção e a perversão das Sephiroth: a Restrição
decaída do Universo, os Raios do corpo Serpentino do Dragão. Onze são as suas classes, contudo dez
são nomeadas. Sete são as suas Cabeças, mas uma Oitava ascende, Sete são os Palácios Infernais, contudo
eles incluem Dez.
Na Árvore da Vida, próximo às Águas do Rio, no Jardim da Sabedoria, está a Serpente dos
Caminhos; é a Serpente do Éden Superno. Mas a Serpente da Tentação é aquela da Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal, a antítese e o opositor: o Dragão Vermelho do Apocalipse, a Serpente
do Éden Terrestre. Considerai, pois, a Serpente Celestial, como de bronze cintilante. Verde e Ouro, a
Cor da Vegetação e do Crescimento: bani-vos, pois, o Mal e buscai o Bem, vós que seguireis os passos
de nosso Mestre, Irmão da Aurora Dourada. Pois, como Moisés levantou a Serpente no Deserto, assim
também o Filho de Adão será levantado, levantado através do equilíbrio dos conflitos e do julgamento,
através do Caminho da Vida Eterna. E quando, como nosso Mestre, você se estender naquela Árvore,
através do sofrimento e da dor, que o seu semblante seja prostrado em direção à Luz do Santo para
invocar o Divino Reluzente, não para ti mesmo, mas para aqueles que ainda não atingiram os Caminhos,
mesmo que sejam os que te atormentam.
Equilibrado entre o Espiritual e o Material, o tipo do reconciliador, lembra-te do símbolo da
Serpente de Bronze. Note bem a diferença entre as duas serpentes, pois antes da Serpente de Latão dos
Números, a Serpente de Fogo não poderia permanecer. Mas na Queda, a Serpente do Mal foi até a
Árvore e cercou Malkuth, e a ligou assim ao exterior e às Qliphoth, pois este é o Pecado da Queda, até
mesmo a separação do Plano Material das Sephiroth através da interposição do corpo Serpentino do
Dragão. Assim, portanto, deve Malkuth ser purificada, e esta é a Redenção que virá.
Pois também Cristo não expiou o pecado senão depois de ter vencido a Tentação. Mas
certamente todas as coisas na Criação são necessárias, visto que não existe um sem o outro e o Mal
também ajuda a Obra, pois assim, quanto maior e mais intensa é a Escuridão, tanto mais a Luz se torna
intensa pelo Contraste e, por assim dizer, força aumentada das Trevas.
As Habitações Infernais
No primeiro Círculo estão as Águas Lacrimais, no segundo Círculo estão as Águas Criativas, no
terceiro Círculo estão as Águas do Oceano e no quarto Círculo está o Mar Ignoto. Na mão direita, nos
círculos menores, estão os nomes das Sete Terras:
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Aretz – ארץa terra seca, desmoronada
Adamah – אדמהo molde avermelhado
Gia – גיאa terra ondulante, como a encosta de um vale
Neshiah – נשיהo prado
Tziah – ציהa terra arenosa e desértica
Areqa – ארקאa terra
Cheled חלדou Tebhel – תבלo barro (terra úmida)
O Asno
O Boi
Serpentes
As Bestas Estranhas
A Mercavah
Na visão de Mercavah de Ezequiel está escrito: “E olhei e vi um Turbilhão vindo do Norte, uma
grande Nuvem, e um Fogo que se envolveu e um Esplendor por todos os lados, e Hashmal o Brilhante
da Chama mais íntima no Meio do Fogo”.
Estas são de expressões querubínicas da Força e as potências do Mal e Aversas quebradas aos seus
pés: Rahab, cujo símbolo é um demônio terrível que salta sobre um boi; Mochalath, uma forma
composta de serpente e mulher, e ela cavalga sobre uma serpente-escorpião; e Lilith, uma mulher
exteriormente bela, mas interiormente corrupta e putrefata, montada sobre uma besta estranha e terrível.
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A estes quatro (Babel, Ionia, Media, Edom) são atribuídos quatro Reinos, e eles também são classificados
sob o Sephiroth como mostrado.
Os Doze Príncipes das Qliphoth que são os Comandantes dos Meses do Ano
Estes são os nomes dos doze Príncipes e Tribos das Qliphoth que são os comandantes dos Meses
do Ano:
Ba’airiron – בעירירוןassim chamados porque são derivados do Quarto Mal, Samael, o Negro.
Suas cores são o vermelho apagado e o preto, e sua forma é a de um Dragão-Leão.
Adimiron – אדימירוןcujas cores são como água misturada com sangue, o amarelo pálido e o cinza.
Sua forma é como a de um Leão-Lagarto.
Tzelladimiron – צללימירוןcujas cores são o vermelho sangue, bronze e o carmesim. Eles são
similares a cães selvagens de cabeças triangulares.
Schechiriron – שיחרירוןsuas cores são negras e suas formas são combinações de répteis, insetos e
mariscos, tais como o caranguejo e a lagosta, e têm face demoníaca.
Shelhabiron – שלהבירוןcujas cores são de fogo e amarelo e suas formas são como a de lobos e
chacais impiedosos.
Tzephariron – צפרירוןcujas cores são como aquelas da Terra e sua forma, parcialmente viva, é
similar a cadáveres decadentes.
A’abiriron – עבירירוןcujas cores são como nuvens e suas formas acinzentadas, como trasgos
inchados.
Necheshethiron – נחשתירוןcujas cores são como a do cobre. Suas formas predominantemente
diabólicas e cabeças humanas com características de insetos.
Nachashiron – נחשירוןcujas cores são como as das serpentes. Suas formas são como serpentes
com cabeça de cão.
Dagdagiron – דגדגירוןcujas cores são avermelhadas e cintilantes, suas formas são vastas como
peixes vorazes de cabeça achatada.
Behemiron – בהימירוןcujo nome é derivado de Behemoth, suas cores são o negro e o marrom, e
suas formas como de terríveis bestas, hipopótamos e elefante, esmagadas, como um besouro ou barata
gigante, mesmo que rastejando, possui elevada força.
Neshimiron – נשימירוןcujas cores são de um vislumbre apodrecido, coloração aquosa, e suas
formas como as de mulheres terríveis, quase esqueléticas, unidas aos corpos de serpentes e peixes.
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Escritos Sem Sentido, Poesia Barata e Tolas Reflexões
Por Reverendo Eurybiadis
Estive imerso em perambulação solitária e errante pela degradação humana ultimamente. Entrei
para falcífero culto, pensando que iria entubar o Caim, mas acabei não entubando ninguém (e nem fui
entubado). Depois solicitei filiação a um ramo antigo e oriental de um conhecido templo, mas logo tive
que sair, pois meu iniciador estava prestes a me entubar com os sete raios. Tentaram, em vão, ensinar-
me a magia sexual das pregas infectas e me empoderar através de falo iniciático – não dessa vez, trutas!
Marcado pelo desregramento moral de tais instituições ajuntei-me com meu amigo, o libertino Padre
Boy, e nos mocozamos nas catacumbas obscuras dos mosteiros seminais de São Tomé das Letras e nos
conventos venais de Santa Itatinga, para então nos encontrarmos nas mesas repugnantes dos botecos
decadentes nos arredores da Fepasa, em Campinas. De onde nasceram as estúpidas e tolas reflexões que
ora compartilho com vocês.
Rapaz Adicto
Há alguns anos atrás comprei os livros de um moço garboso.
A propaganda era das mais fantásticas e eu, um idiota dos mais tolos, desembolsei o produto de
furto das ofertas dominicais para adquirir as nefastas obras.
No E-bay há quem ofereça aquelas bugigangas por mais de mil dinheiros americanos!
Passei então a ler os tomos obscuros: já de início acometeu-me forte cinismo devido à sensaboria
e ao caráter questionável de alguns relatos (para não dizer ‘caráter mentiroso’ mesmo).
Vida que segue! Troquei os livros por umas garrafas de uísque, uns cigarros de procedência
duvidosa, algumas drogas estranhas e pela companhia de duas meretrizes e de uma travesti peluda e
obesa.
Dadas as circunstâncias da vida, acabei por conhecer o tal rapaz. Tratei a figura com o mesmo
respeito que tenho por meu amigo Padre Boy, chamando-o primaria e cordialmente de filho da puta.
Ficamos amigos por uns tempos, pois os torpes, os biltres e os canalhas bem convivem entre si.
Perdemos o adicto contato, porém tive notícias de que o galanteador varão reuniu uma
verdadeira súcia da má índole, composta pelos párias mais cômicos e controversos.
Por esses dias passei a receber e-mails dessa verdadeira malta e passei a me questionar: será que é
sério isso mesmo? Há ainda quem compre tanta mentira por verdade?
Que vão às picas!
Autointitulado autor de “clássicos do ocultismo e da literatura”? Abjeto velhaco do meu coração,
clássico é Aleister Crowley, Dante, Virgílio e Carlos Zéfiro! Não fode assim, porra!
Devo confessar que as mensagens do rapaz e de seus acólitos possuem um grande teor de
comicidade, o que me faz gargalhar até quase não mais conter o mijo:
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— Olá, desavergonhado Eurybiadis! Tu bem sabes que sou autor das mais poderosas obras
literárias de todos os universos factíveis e inimagináveis! Que encanto serpentes e tiro fumaça de rochas
cristalinas! Pois bem, ofereço a ti, nobre e infame tupiniquim, a oportunidade ímpar de me dar seiscentos
de seus dinheiros em troca de sessenta minutos de aconselhamento espiritual comigo ou com meus
cumpádis ou cumádis dus infernos! E eu te ensino como se tornar um Yod He Vau He sinistrão! É nox,
parça!
Sinceramente, dá-me saudade do puerto-riquenho Shanti Ananda!
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Mago Brazuca
Por Rev.mo Eurybiadis
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Canto I
Por Dante Alighieri
Tradução de José Pedro Xavier Pinheiro
Dante, perdido numa selva escura, erra nela toda a noite. Saindo ao amanhecer, começa a subir
por uma colina, quando lhe atravessam a passagem uma pantera, um leão e uma loba, que o repelem
para a selva. Aparece-lhe então a imagem de Virgílio, que o reanima e se oferece a tirá-lo de lá, fazendo-
o passar pelo Inferno e pelo Purgatório. Beatriz, depois, o guiará ao Paraíso. Dante o segue.
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Que homem vivo jamais passou ditoso.
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Que após largo silêncio quer falar-me.
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E fome, impando, mais que de antes sente.
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E veja os maus que houveste referido”.
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Ilustração de Gustav Doré (1832-1883), Lâmina V: Canto I, Fim. Circa 1857.
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LUCIFER
HÆC NOX
EST QUI
NESCIT
OCCASUM
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