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Psicodrama Psicologia Organizacional PDF
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ORGANIZACIONAL
BRASÍLIA
NOVEMBRO DE 2009
LARISSA RAMIRO BARBARINI
O PSICODRAMA SOCIOEDUCACIONAL:
Lima Meira.
__________________________________________________________
Profª. MSc. Maria do Carmo de Lima Meira
__________________________________________________________
Profª. MSc. Leida Maria de Oliveira Mota
__________________________________________________________
Profª. MSc. Maria Cristina Loyola
SS
Melhor serem dois do que um, porque têm melhor paga pelo seu trabalho. Porque se um cair,
o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro
que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se
aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três
dobras não se quebra tão depressa.
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus pela vida! Porque antes do meu nascimento o Senhor havia me
escolhido e amado. Graças te dou porque o Senhor tem cuidado de mim em todo tempo. Obrigada
Jesus, por ter me salvado! Obrigada Espírito Santo, por ser meu fiel companheiro! “Que darei eu
ao SENHOR, por todos os benefícios que me tem feito?” (Salmo. 116:12).
Agradeço ao meu marido Rafael, por me apoiar na conclusão desse curso. Obrigada por
entender (ou pelo menos se esforçar) as mudanças de humor e as crises existenciais! Obrigada por
me fazer sorrir nos momentos de tensão, me acalmar nas noites de ansiedade, me animar quando
eu quis desistir. Você, com sua alegria, serenidade e fé, me sustentou. Eu te amo para sempre!
Agradeço à minha família. Meus pais, Lina e Edson, por estarem sempre ao meu lado.
Obrigada por todo investimento e confiança ao longo da minha vida. Vocês são meus exemplos de
trabalho e persistência. Agradeço aos meus irmãos Márcia, Carol e Júnior. Tenho orgulho de
vocês! Meus cunhados, Jeff, Carlos e Marina, por cuidarem de pessoas tão importantes para mim.
Minhas lindas sobrinhas Fernanda e Giovanna, por alegrarem meus dias. Eu amo todos vocês!
Agradeço aos meus amigos e irmãos em Cristo da Comunidade Atos dos Apóstolos, por
edificarem a minha vida e intercederem por mim.
Agradeço à Prof.ª Maria do Carmo, por ter aceitado a entrar nesse barco comigo!
Obrigada por acreditar na possibilidade do Psicodrama Organizacional como um tema para a
monografia. Agradeço sua atenção, paciência e carinho.
Agradeço à Prof.ª. Leida Mota, por abrir meu caminho na Psicologia! Seu apoio foi
fundamental na elaboração deste trabalho e na minha formação como uma psicóloga. Sua paixão
me inspira! Obrigada pela compreensão, amizade e apoio.
Agradeço aos colegas de caminhada e aos amigos que fiz ao longo do curso.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 1
3.3 – O Role-playing 48
3.6 – O Sociodrama 56
CONSIDERAÇÕES FINAIS 59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62
vii
RESUMO
econômicos e políticos, bem como pela globalização e pelo advento de novas tecnologias.
Tais mudanças interferem, por sua vez, na organização do processo de trabalho, que passa a
ser ditado pelas necessidades de um mercado moderno, que demanda do sujeito uma
fator humano, muitas vezes, implicam em contradições. Se, por um lado, as empresas buscam
procedimentos, por outro lado, o aumento da produtividade é cada vez mais demandado do
(Fator, 2005).
inovação, autonomia, trabalho em equipe e tantas outras, sem esquecer a rapidez do ritmo
moderno e a rapidez das mudanças” (p. 48). De maneira que, conforme a autora, são
apresentados vários desafios diante deste sujeito, que deseja assegurar a sobrevivência da
família, mas também a manutenção da sua identidade. Para tanto, torna-se fundamental a
busca por novas alternativas para sua atuação profissional, descobrindo significado para o seu
esforço despendido.
Fator (2005) aponta que este conflito, que se estabelece na identidade do sujeito,
perpassa pelas condições de ser e estar trabalhador, demonstrando que sua prática cotidiana
não corresponde a sua representação social, especialmente se esta última não possibilitar ao
indivíduo manter-se em sua espontaneidade criadora. Pois é esta que, conforme a autora,
ações” (p. 44). De maneira que, o trabalhador, ao desempenhar um papel que não está
consciente para si, tem sua identidade comprometida, e a permanência nesta atuação culmina
encontra o trabalhador, que deixa de visualizar todo o processo de trabalho, para buscar a
lucratividade aclamada pelo capitalismo. O trabalho, para os autores, “é uma relação de dupla
transformação, geradora de significados” (p. 12), e ocupa uma posição estruturante na vida do
homem, que por sua vez, tem poder de gerar sentidos. O rompimento desta relação promove o
uma pré-Revolução Industrial? E como fica a chamada Era da Inovação, tão aclamada no
presente século? Seria uma era de inovação de processos, equipamentos e gestões, mas de
Professora Leida Maria de Oliveira Mota, onde as ações promovidas em empresas são
orientadas pela Teoria de J.L. Moreno, o Psicodrama. Tal possibilidade foi enfatizada pelo
interesse despertado nas aulas de Psicodrama, ministradas pela Professora Maria do Carmo de
Lima Meira.
possibilita diversas formas de trabalho nas organizações e demais instituições sociais, não
apenas como um eficaz recurso pelo uso de suas técnicas, mas também pelo seu embasamento
Moreno concebia o Homem como um ser social, em relação com o outro. Esta
compreensão das relações interpessoais é a base da sua teoria, que visa investigar o
comportamento social e grupal (Gonçalves et. al., 1988). Não satisfeito com as abordagens
individuais, Moreno desenvolve o Psicodrama que atende não apenas o sujeito, mas o grupo
em que este está inserido. Para ele, a espontaneidade e a criatividade são recursos inatos ao
homem, que predispõem seu desenvolvimento, no entanto, são afetados por ambientes
sua vida. Quando jovem, ainda cursando a faculdade de Medicina, Moreno gostava de contar
improviso, provocando ações espontâneas (Gonçalves et. al., 1988), na tentativa de “plantar
prostitutas vienenses, que tinha por finalidade dar mais dignidade à classe de trabalhadoras,
Moreno concluiu que um indivíduo pode ser agente terapêutico do outro. O projeto que
uma reorganização grupal, visando diminuir os conflitos existentes (Gonçalves et al., 1988).
Nos Estados Unidos, Moreno trabalhou em uma escola de reeducação de moças, utilizando
Utilizou, ainda, seus métodos na seleção de oficiais americanos na Segunda Guerra Mundial.
Em suas realizações com os mais diversos grupos, bem como, no atendimento aos
possibilidades viáveis ao tratamento (Marineau, 1992). Na sua teoria e nos métodos criados
por ele, a dinâmica grupal tem lugar fundamental, no qual se encontra o sujeito, que é capaz
Partindo da breve síntese do trabalho de Moreno junto aos grupos sociais, é possível
“um indivíduo altamente espontâneo tirará o maior proveito dos recursos que tem à sua
que é superior nesses recursos, mas deles tira o mínimo proveito” (p. 142). Desta forma, a
O mundo real não comporta uma única visão da realidade. Estamos na época da
pessoas e dos grupos novas abordagens para entender e enfrentar múltiplos desafios.
sociodrama, para discorrer sobre uma “ação co-decidida, co-planejada e co-desenvolvida” (p.
21), de forma que os membros do grupo, uma vez integrados, podem juntos discutir as
CAPÍTULO I
O trabalho de J. L. Moreno seguiu a trajetória de sua vida pessoal, uma vez que em
psicoterápica (Gonçalves et. al., 1988). Os lugares onde Moreno viveu e as pessoas com quem
1953, In Marineau, 1992, p. 9), um homem visionário e ousado que acreditava que “um
procedimento verdadeiramente terapêutico deve ter como objetivo toda a espécie humana”
interessante divisão dos fatos relevantes em sua vida, que utilizaremos no presente trabalho:
ao primeiro momento que cobre sua origem familiar, infância e o princípio de seu trabalho na
Ação e Compartilhamento, outros termos morenianos, para os anos vividos nos Estados
de Moreno Nissim Levy e Paulina Iancu, ambos de origem judaica e pais de outros cinco
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filhos. Há, porém, outras versões para o nascimento do autor, e a principal delas, é a que
Moreno (1985, In Marineau, 1992) conta que teria nascido em um navio sem bandeira que
navegava no Rio Negro, em 1892, declarando-se, então, como um “cidadão do mundo”. Tal
Aos cinco anos de idade, Moreno vivenciou um episódio marcante em sua vida, ao
representar Deus, em uma brincadeira com outras crianças, que seriam seus “anjos”. O
pequeno Jacob e seus amigos construíram o “céu”, em cima de uma grande mesa com várias
cadeiras empilhadas, até alcançar o teto. No alto, Moreno sentou-se em seu “trono”, enquanto
seus “anjos” cantarolavam, e um deles perguntou “por que você não voa”, ao que Moreno
respondeu esticando os braços e caindo cadeiras abaixo, terminando no chão com o braço
Conforme Gonçalves et. al. (1988), Moreno afirmava que naquele episódio da
brincadeira de ser Deus estava o embrião de sua idéia de espontaneidade como centelha
divina nos homens. Segundo Yozo (1996), Moreno utilizou de um jogo dramático, conceito
que será retomado no Capítulo III, para brincar de ser Deus, e a partir da própria vivência
concluiu que a criança não tem sua espontaneidade comprometida por censuras e normas
sociais como o adulto, e ainda que “a espontaneidade é o fator primordial para uma existência
saudável e o indivíduo espontâneo amplia sua capacidade criadora” (Moreno, 1975, In Yozo,
1996, p. 15).
de forma adequada, uma vez que não se trata apenas de um processo intrapessoal, mas de um
por resultado uma situação interpessoal. Conforme o autor, o bebê nasce dotado de
espontaneidade, pois o nascimento requer o mínimo de fator e, como ele chamou, para que a
aquecimento preparatório do ato espontâneo de estar nascendo para um novo ambiente a que
o nascituro terá que ajustar-se rapidamente” (p. 105). Esclarece que as principais condições
situações inéditas exigem da pessoa novas respostas adequadas, dando maior espaço à
Pouco tempo depois do episódio de ser Deus, a família de Moreno mudou-se para
Viena por motivos econômicos, onde ele adaptou-se com facilidade. No ano de 1905, a
família mudou-se novamente, e desta vez para Berlim, lugar que Moreno, com 14 anos de
idade, morou por apenas três semanas, voltando à Viena para morar com amigos. Naquela
época, Moreno teve que lidar com a difícil separação dos pais, rebelando-se contra Deus, a
escola e o sistema político, passando por um período de dois anos distante de todos, em busca
retomando o seu contato com o mundo. Fez amizade com o estudante de Filosofia Chaim
encontros. Tinham por finalidade expressar sua rebeldia contra os costumes da época e, para
tanto, “usavam barbas e viviam pelas ruas à maneira dos mais pobres” (Gonçalves et. al.,
1988). Posteriormente, quando se juntaram a eles outros três estudantes, fundaram a Casa do
Encontro, que abrigava novos imigrantes refugiados. Moreno desempenhava o papel de líder,
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Certo dia, Moreno (1934) andava por um jardim em Viena, quando começou a
observar as crianças brincando e começou a contar-lhes uma história, o que veio a ser seu
passatempo preferido. Moreno afirmava que “por detrás da tela de contos de fadas contados às
crianças e da encenação dos sociodramas de uma nova sociedade, tentava plantar sementes de
uma pequena revolução criadora” (p. 26). Ali também estavam as sementes da idéia de atuar,
juntamente com o médico Wilhelm Gruen e o editor de jornal Carl Colbert, iniciaram um
trabalho com as prostitutas vienenses, uma classe de pessoas segregadas por sua ocupação.
Eram realizados encontros semanais com prostitutas divididas em grupos de oito ou dez, para
a discussão de temas relativos a situações enfrentadas por elas. O objetivo principal era o de
categoria. Moreno concluiu que um indivíduo pode ser agente terapêutico do outro e, ainda,
pode observar aspectos como a autonomia do grupo e a existência de uma estrutura grupal,
1934).
pelo trabalho de Buber que afirmava que no princípio era a relação, ao que Moreno
discordava, ao afirmar que no princípio era a ação e o grupo (Marineau, ibid). Moreno (1934)
Foi quando eu elaborei o que talvez seja a definição mais simples de relações
interpessoais: “Um encontro de duas pessoas: olhos nos olhos, face a face. E quando
estiver próximo, arrancarei seus olhos e os colocarei no lugar dos meus e arrancará
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meus olhos e os colocará no lugar dos seus, então olharei para você com seus olhos e
que abrigava mais de dez mil pessoas que fugiram de suas casas, devido à Primeira Guerra
Mundial. Ele observou que a comunidade se organizava em cabanas, cada uma alojava
diversas famílias e um homem era responsável pelo bem-estar de todo o grupo. O governo
uma fábrica de sapatos, onde muitos ali foram empregados. Todavia, as pessoas eram
acomodadas em barracas sem que fatores como afinidades, estilo de vida, posição social,
fossem levados em conta, de forma que não havia um planejamento social e psicológico.
Moreno (1934) afirmou que as pessoas, de origens diferentes, “foram colocadas para viver
juntas, sem seleção prévia, sem conhecer o novo meio-ambiente, desajustadas mesmo em suas
vidas” (p. 38). Nessa experiência, Moreno desenvolveu a capacidade de observar grandes
sociométrico, propondo uma reorganização de cada grupo, com o objetivo de diminuir o atrito
No ano de 1918, Moreno formou um grupo com poetas, filósofos e sociólogos, todos
jornal chamado Daimon. Moreno era editor e escreveu alguns artigos que lhe proporcionaram
publicou a obra As Palavras do Pai, despertando raiva em alguns de seus opositores, que o
12
casas de pacientes para discutir meios para o tratamento, utilizando o que ele chamou de
(Marineau, ibid).
pós-guerra, em que a Áustria estava sem liderança, Moreno organizou uma apresentação
provocativa no teatro, que tinha por objetivo levar os presentes a discutirem sobre o futuro do
país. Quando as cortinas se abriram, diante de um público bem diverso, Moreno estava só no
palco, vestido de bobo da corte, ao lado de um trono, onde haviam uma coroa e um manto de
púrpura. Moreno disse que procurava um rei e propôs aos que aspirassem pela liderança, que
subissem ao palco e apresentassem as suas idéias. Apesar das críticas recebidas e do fracasso
que foi a noite, ali se deu o primeiro Sociodrama, ou seja, “o método de ação profunda que
lida com relações intergrupais e ideologias coletivas” (Moreno, 1975, In Marineau, 1992, p.
80). Percebe-se que Moreno novamente apresentou uma nova possibilidade para a aplicação
ibid). O Jornal Vivo, que mais tarde seria conhecido como a técnica do Jornal Dramatizado,
constituía-se na junção do jornal com o teatro, uma vez que uma situação noticiada só é
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Bárbara sempre interpretava papéis doces e românticos, mas segundo seu marido George, em
casa, ela agia de forma agressiva e violenta. Moreno, então, pede que Bárbara interprete o
papel de uma prostituta assassinada por um estranho, e que continue desempenhando estes
mesmos tipos de papéis. Após algum tempo, George relata a Moreno como sua esposa está
mais calma e diferente (Gonçalves et. al., 1988). Segundo Marineau (1992), o Teatro
Terapêutico era uma abordagem inédita, que além da dramatização, o grupo atuava como
parte essencial da terapia, de maneira que o Psicodrama foi ganhando forma. No princípio da
livro O Teatro da Espontaneidade, propondo quatro formas de teatro utilizadas por ele: o
Moreno era um homem de ação e sua abordagem foi sendo desenvolvida a cada
presentes em todas as suas tentativas de não apenas compreender, mas proporcionar uma
melhoria na vida das pessoas. Foi assim com as crianças nos jardins de Viena, com o
sindicato das prostitutas, com os refugiados de Mittendorf, com as famílias de Bad Vöslau e
com o casal Bárbara e George. Moreno foi ousado e abriu um campo para uma Psicologia fora
dos consultórios e longe dos divãs, e mesmo no início do seu trabalho, mostrando que um
Sociometria, da Psicoterapia de Grupo e do Psicodrama, mas o seu trabalho ainda estava para
ser concretizado. Moreno havia feito alguns inimigos, devido às suas idéias revolucionárias e
reconhecimento em seu próprio país parecia incomodá-lo. Surge então uma possibilidade de
Unidos, com a esperança de que seus projetos se concretizassem, mas os primeiros anos
naquele país não foram fáceis. Moreno não possuía visto americano para permanência e
dependia do auxílio do irmão William, que também estava tentando se estabelecer em Nova
York. Moreno não tinha domínio da língua inglesa e não estava habilitado para exercer sua
profissão. Foi quando conheceu o Dr. Bela Schick, que lhe deu uma oportunidade de trabalhar
Em 1927, realizou o exame para adquirir o certificado médico, obtendo êxito em sua
segunda tentativa. Foi para Montreal, no Canadá, em busca de um visto temporário. Nesse
mesmo período, conheceu Beatrice Beecher, que estava dando palestras de psicologia infantil
casar com Moreno, na tentativa de ajudá-lo na sua legalização naquele país, de forma que o
casamento realizou-se em 1929 e o divórcio, cinco anos depois. O resultado dessa relação foi,
Moreno entra em uma nova fase de sua vida nos Estados Unidos. Agora como
cidadão americano, médico e se relacionando com pessoas como William H. Bridge, Helen H.
Teatro do Improviso e teria seu futuro livro Quem Sobreviverá? (1934) patrocinado
(Marineau, ibid).
No ano de 1936, Moreno abriu o Sanatório de Beacon, onde trabalhava como diretor,
além de dar aulas como convidado em algumas universidades. Em 1938, casou-se com
Florence Bridge, uma jovem médica, com quem teve uma filha, Regina Moreno. Florence não
ocupou o lugar de musa que Moreno precisava. Por outro lado, ele era idolatrado pela moça.
Em 1941, Moreno conheceu Celine Zerka Toeman, a mulher que superou todas as suas
expectativas e se tornaria sua sócia e companheira constante. Ainda casado com Florence, de
quem se divorciou apenas em 1948, Moreno estabeleceu uma profunda relação com Zerka,
também em 1936, em Nova York. No sanatório, Zerka rapidamente tornou-se “o alter ego de
Moreno, sua inspiração, co-terapeuta, parceira de pesquisas e acima de tudo seu verdadeiro
amor” (Marineau, 1992, p. 113). Eles se casaram em 1949 e tiveram um filho, Jonathan, a
questionários, Moreno analisou trinta variáveis para cada prisioneiro, com a finalidade de
de terapêutica grupal.
Escola para Educação de Moças do Estado de Nova York, em Hudson. Na escola, além da
processo, escolhendo, inclusive, a líder para cada grupo. Moreno desenhou mapas e elaborou
sociogramas, que descreviam os diferentes tipos de interação, além de começar a usar o role-
gráficos (Marineau, ibid). Através desses dados, é possível compreender regras das relações
entre as pessoas em um dado contexto. Gonçalves et. al. (1988) esclarecem que existem
quatro etapas para a aplicação do teste sociométrico, a saber: (a) os componentes do grupo
devem escolher o critério a ser mensurado de forma consensual; (b) cada indivíduo deve fazer
escolhas positivas, negativas e indiferentes, explicando o motivo; (c) o grupo deve indicar
como será escolhido por cada um e o porquê; e, (d) leitura de cada uma das escolhas e
concordaram e discordaram entre si. Após esse momento, é necessário tempo e espaço
adequado para que, se for o caso, haja confronto e esclarecimento entre as pessoas, para uma
A Sociometria foi reconhecida pelo seu valor diagnóstico, abrindo espaço para
Moreno avançar na divulgação de suas teorias. Em 1937, ele criou o periódico Sociometria:
utilizada como um método seguro para a seleção e instrução de oficiais. Marineau (1992)
afirma que “a sociometria e a terapia de grupo foram estimadas como recursos apropriados
para a seleção de pessoal e para elevar o moral das tropas” (p. 127).
ganhava mais espaço e se consolidava como uma importante forma de trabalho das relações
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maneira recíproca, de modo que a regra fundamental é a interação livre e espontânea entre
todos os participantes do grupo. Moreno (1975) afirmava que a Psicoterapia de Grupo era
revolucionária, frente aos métodos terapêuticos da época, uma vez que três princípios se
diferenciavam: (a) o locus da terapia, que sai do sujeito para o grupo; (b) o agente de terapia,
que deixa de ser o terapeuta ou a pessoa que cura, para ser qualquer sujeito do grupo e; (c) o
veículo da terapia, que passa a encontrar lugar em todo e qualquer elemento do grupo, ao
O Psicodrama, que seria a alma da teoria moreniana, tornou-se uma forma das
Sanatório de Beacon. Ali foi construído o primeiro Teatro de Psicodrama, no início dedicado
aos pacientes internados, mas posteriormente aberto para outras pessoas que desejavam
Conforme Moreno (1975), “o Psicodrama coloca o paciente num palco, onde ele
possa exteriorizar os seus problemas com a ajuda de alguns atores terapêuticos” (p. 231). O
autor explica que o método pode ser utilizado com pessoas de todas as idades e ser adaptado a
qualquer tipo de situação, seja pessoal ou de grupo, uma vez que “o psicodrama é a sociedade
em dado espaço-temporal, e pode ser social, grupal ou dramático. O Contexto Social é aquele
uso de técnicas psicodramáticas, e ao todo são cinco: (a) Cenário; espaço onde ocorre a
dramatização; (b) Protagonista, aquele que representa o papel, seja individual, seja
processo; (d) Ego-auxiliar, que pode atuar junto ao protagonista, observar a cena ou auxiliar o
diretor e; (e) Público, que é a platéia, formada pelos demais participantes do grupo. As etapas
dramatização é a ação em si, o protagonista vai representar aquilo que emergiu do grupo ou de
definido como:
Psicodrama que atendesse às demandas coletivas, uma vez que “o verdadeiro sujeito de um
sociodrama é o grupo” (p. 413). O Sociodrama está indicado para um grupo já organizado
19
papéis.
métodos que compõem a Sociatria, que é a terapêutica das relações sociais. Ao longo de sua
vida, Moreno desenvolveu a Teoria Socionômica, composta por três grandes áreas de estudo
forma que, o uso do termo Psicodrama como a teoria de J. L. Moreno, constitui-se uma
metonímia, representando mais do que a técnica em si, mas todo o trabalho do autor. Para fins
A Socionomia ocupa-se com “o estudo das leis que regem o comportamento social e
grupal” (Gonçalves et. al., 1988, p. 41), sendo que a visão moreniana de Homem é a de um
De acordo com a teoria moreniana, o bebê nasce em um sistema social que o recebe,
e ele irá se desenvolver enquanto indivíduo, a partir do papel que irá desempenhar nesse
aprendizagem dos papéis, formando a sua “placenta social”, o lugar que permite a existência
uma fosse parte da outra, de forma que a criança depende inteiramente desse Ego-auxiliar, o
forma que ela é capaz de tomar o papel do outro, bem como a troca concomitante de papéis.
Segundo Moreno (1975), “estas fases representam a base psicológica para todos os
projeção e a transferência” (p. 112). Baseado nesses princípios e influenciado, mais uma vez,
pelo teatro, Moreno desenvolveu a Teoria dos Papéis, que complementaria sua prática
psicodramática. O autor afirma que “um papel é uma experiência interpessoal e necessita,
com as suas funções sociais, tais como papéis profissionais, afetivos, familiares, etc. Moreno
capaz de adotar para si, desempenhar e inverter com esse outro, de forma espontânea e
criativa (Gonçalves et. al,1988). Moreno (1934; 1997) afirma que o desenvolvimento de um
O role-playing, enquanto uma técnica, foi uma das mais utilizadas por Moreno nas
Foi também utilizada por outras abordagens, nas mais diversas áreas da Psicologia. Conforme
Gonçalves et. al. (1988), outras técnicas criadas pelo autor, baseadas na formação da Matriz
de Identidade, foram:
idéias que o Protagonista não consegue colocar em ação, facilitando a elaboração do mesmo
associação para coordenar a classe. Para tanto, Moreno publicou o livro Psicodrama, em 1946,
que seria seguido por outros volumes. Continuou produzindo, consolidando seu trabalho,
viajando por outros países, disseminando sua filosofia e teoria, realizando congressos,
empreendendo novos projetos. Jacob Levy Moreno morreu em maio de 1974, em Beacon,
deixando mais que uma abordagem, mas um legado de novas alternativas à psicoterapia.
Marineau (1992) esclarece que escrever uma biografia para Moreno não foi uma
tarefa fácil, uma vez que em sua vida, os fatos lendários e verdadeiros se misturam.
Entretanto, aponta que, ao final dessa experiência, foi possível descobrir que muitos relatos
22
são reais, e mesmo a existência daqueles não tão exatos lhe permitiu a compreensão do que
Moreno chamava de verdade poética e psicodramática: “esta verdade não visa nenhuma
maneira que, a importância não está na precisão de datas e acontecimentos, mas na forma com
que Jacob Levy Moreno dirigiu a história de sua vida, interpretando os papéis principais e
como construiu um cenário de inúmeras possibilidades para o uso do Psicodrama. Sua teoria
CAPÍTULO II
Psicodrama, com a finalidade de discutir este contexto por meio da produção teórica de
organizacional e do trabalho.
O Psicodrama está pautado na concepção de homem como um ser social, que só pode
ser compreendido a partir das suas relações interpessoais e da forma em que está inserido em
um grupo. Jacob Levy Moreno desenvolveu sua teoria, baseado no pressuposto de que a
espontaneidade e a criatividade são recursos inatos a esse homem, que tem a tendência a
(Gonçalves et. al., 1988). Para Moreno (1975), essa adequação refere-se à capacidade de
emitir respostas inovadoras, utilizando todos os meios acessíveis, ao invés de utilizar aquelas
estereotipadas.
De acordo com Moreno (1975), esses fatores vitais são inibidos, diante de sistemas
sociais rígidos, que apresentam uma alta probabilidade de eventos repetitivos e requerem do
por leis absolutas e um elevado nível de inflexibilidade, não há lugar para o desenvolvimento
resume:
cristalizar-se, tornando-se o que ele chamou de Conserva Cultural (Gonçalves et. al., 1988).
Ou seja, toda ação finalizada, que atinge tal qualidade que deixa de ser questionada, tornando-
Conserva Cultural (Moreno, 1975). Gonçalves et. al. (1988) afirmam que, para que a
partida e a base da ação, sob pena de se transformarem em seus obstáculos” (p. 48).
Face ao exposto, é possível traçar uma comparação entre o que Moreno chamou de
Conserva Cultural e o paradoxal contexto das organizações. Paradoxal por que, se por um
lado é palco de constantes mudanças e avanços, por outro, pode se tornar um ambiente social
Esta ambigüidade comparece em pleno Século XXI, quando é possível encontrar, desde
organizações que ainda seguem o modelo mecanicista da Era Clássica da Administração, até
procuram por funcionários criativos e autônomos (Almeida, 2004), mas, por outro lado, a
busca por alta produtividade e lucro a curto prazo afetam aspectos como a motivação,
25
do sujeito.
encontra-se alienado quanto ao seu processo de trabalho, uma vez que o produto vislumbrado
transformação entre o homem e a natureza, onde o trabalhador, por meio de sua ação,
processo do trabalho são retirados do indivíduo, logo a sua identidade está comprometida.
de trabalho, mas parte de um conjunto de fatores que, a partir da segunda metade do século
Segundo Castells (1999, In Almeida, 2004), o advento das novas tecnologias, principalmente
padrões de trabalho e emprego, ao longo das últimas décadas” (p. 31), resultantes da formação
que o autor se refere são os sinais de polarização social na sociedade capitalista, ou seja, se
trabalhadores por meio de exigências do mercado, uma vez que é demandado aos
26
profissionais uma série de competências técnicas e atitudinais, como lidar com novas
tecnologias e novos métodos de trabalho, lidar com pessoas, administrar o tempo, tomar
autora ainda discorre sobre a incerteza e insegurança, que permeiam a vivência dos
trabalhadores, frente a tantas mudanças. Para Castells (1999, In Almeida, 2004), “o novo
Bastos e Lima (2002, In Bastos, 2006) corroboram com o exposto, ao afirmar que o
trabalho. Quanto às estruturas, é possível assinalar que estas estão mais enxutas, devido a
trabalho, ou seja, menos níveis na hierarquia das empresas e, ainda, a existências de redes
subemprego, aumento na jornada de trabalho e redução da renda, uma vez que serviços
2004). Quanto ao novo modelo de gestão da força de trabalho, Bastos e Lima (ibid) discutem
que passa a ser cada vez mais qualificado e engloba um maior número de competências,
direção à modernidade, desafiam o trabalhador a formar-se para um mercado cada vez mais
relação a sua identidade, sem elaborar projetos pessoais e orientando-se somente por aquilo
que lhe é apresentado pela mídia. Quanto a esta crise, Codo e Vasques-Menezes (2000)
outros, do convívio social e está abrindo mão de ser protagonista da própria vida. Ele
não se pertence mais, nem se conhece, deixando-se atordoar pelo que a mídia oferece
trabalhador, é homem. E parte desta condição humana é a construção de si, na relação com o
outro, uma vez que “ele se constrói quando se espelha no outro, no grupo, na sociedade”
(Codo et. al., 2006, p. 279). Este indivíduo está com a própria identidade em jogo, uma vez
que dele é requerido um alto nível de qualificação, alcance constante de metas, adaptabilidade
Para Codo (2002), a doença mental ocorre, quando “afeta esferas de nossas vidas que
são significativas, geradoras e transformadoras de significados” (p. 174). O autor aponta que,
para a elaboração de um diagnóstico de saúde mental e trabalho, duas dimensões devem ser
investigadas: o controle sobre o trabalho e o sentido que o mesmo adquire. Acerca da primeira
dimensão, Codo (2002) questiona como as formas de produção dão acesso ao domínio ao
trabalhador, seja simbólico ou real, ao poder transformador sobre o outro e as outras coisas,
uma vez que o trabalho é compreendido como essa “relação de dupla transformação, geradora
de significados”. A perda desse controle, seja pela via do desconhecimento do produto final
ou rotina, tem como resultado o sofrimento. A segunda dimensão diz respeito ao sentido do
transformadora e geradora de sentidos para o sujeito, passa então a ocupar o lugar de uma
forma de sobrevivência imediata, uma “atividade a qual o trabalhador não domina o processo
e não detém o produto, sendo servo e não senhor da matéria que trabalha” (Borsoi, 2007).
forma a conciliar os diversos interesses, visando o bem coletivo (Zanelli e Bastos, 2004). Para
541), uma vez que tais competências são demandadas ao profissional, devido às mudanças
Zanelli e Bastos, (2004) afirmam que o profissional que, no âmbito das organizações,
está apto a compreender o ser humano de forma integral, em todas as esferas da sua vida, é o
Psicólogo Organizacional e do Trabalho, uma vez que, é no trabalho que as pessoas passam
grande parte dos seus dias, repletos de expectativas, frustrações, alegrias e sofrimentos. De
organizacionais e a forma com que as mesmas atingem o cotidiano das empresas; colaborar
para a melhoria dos processos administrativos que envolvem o fator humano; analisar de que
Bastos, 2004).
relação entre a empresa e o empregado, que, aos poucos, torna-se um colaborador. Conforme
30
Zanelli (2004), a prática do psicólogo nas organizações passa por alguns segmentos, a saber: a
por fim, a análise de acontecimentos externos e a forma com que influenciam o trabalhador.
qualidade de vida e do bem-estar humano” (p. 483). Baseados nas idéias de Drenth, Thierry e
Trabalho, (b) Psicologia Organizacional e (c) Gestão de Pessoas. Ou seja, as interfaces entre
esses fenômenos constituem os diferentes tópicos de estudo da POT, de forma que todos se
palavra trabalho, pois a mesma assume diferentes significados subjetivos, sociais e culturais.
Jahoda (1987, In Borges e Yamamoto, 2004) afirma que é necessário diferenciar trabalho de
emprego, que é “uma forma específica de trabalho econômico que pressupõe a remuneração,
regulado com um acordo contratual de caráter jurídico” (p. 26). O autor ainda cita Blanch
(1996), ao pontuar que o emprego reduz o trabalho a um valor de troca, ou seja, em uma
mercadoria.
31
ambientais e materiais disponíveis para a realização do trabalho; (b) gerencial, que diz
que compreende o discurso elaborado acerca do trabalho e; (e) simbólica, que consiste nos
aspectos subjetivos da relação de cada indivíduo com o trabalho (Borges e Yamamoto, 2004).
vida e saúde do trabalhador, tanto individual quanto coletivamente” (Zanelli e Bastos, 2004,
p. 484). De acordo com os autores, práticas de Condições de Trabalho e Higiene, tais como: a
Para Zanelli e Bastos (ibid), o crescimento deste campo possibilita ao psicólogo uma
nova atuação, que vai além dos limites da convencional Psicologia Organizacional,
trabalho por motivos de saúde. Tal desempenho reflete a face psicossocial que POT adquiriu
Limongi-França, 2003) afirmam que “a melhoria da saúde, por meio de novas formas de
organizar o trabalho tem sido objeto de inúmeros artigos e obras publicados sob a
denominação de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)” (p. 32). A QVT preocupa-se com o
humano envolve questões que vão além da finalidade de adaptação ao cargo ou tarefa, mas
aborda elementos como o contexto social em que a pessoa está inserida. Uma vez que “a
representação que esse trabalho tem socialmente causa impacto na vida e no bem-estar desse
Psicologia do Trabalho, que apresenta uma interface com a Psicologia Clínica. Vasques-
Menezes (2002) propõe um novo olhar que aproxime a prática clínica da categoria trabalho,
uma vez que a falta de articulação entre os mesmos pode levar a erros diagnósticos ou
emocionais são discutidas, mas o próprio trabalho, as interfaces com a vida privada e as
ambiente onde exista a necessidade de se trabalhar o grupo, sem excluir o papel do indivíduo
1
Lucca, S. R. Schmidt, M. L. G. Psicodrama: uma abordagem metodológica qualitativa para o estudo da saúde do
trabalhador.
33
grande porte, com a finalidade de investigar a saúde do trabalhador. Por meio das técnicas
trabalho”.
e perspectivas para este fenômeno (Bastos et. al., 2004). Entretanto, a definição selecionada
para ser utilizada no presente estudo é a de Robbins (1996, In Bastos et. al., 2004, p. 65): “A
pessoas e que funciona numa base relativamente contínua, para atingir objetivos”.
ações precisam ser coordenadas, a fim de atingir metas e objetivos que definem a missão de
uma organização” (Zanelli e Bastos, 2004, p. 484). Esta área, juntamente com outros campos
estudo que investiga o comportamento dentro das organizações, com o propósito de aplicar
este conhecimento em prol do aprimoramento da eficácia de uma organização” (p. 6), e por
como isto afeta o desempenho da estrutura como um todo. O autor aponta que na análise do
são fatores indispensáveis para a eficácia dos recursos humanos de uma organização, são elas:
(a) produtividade, que se dá quando uma “empresa atinge seus objetivos e o faz alcançando
resultados a baixo custo” (p. 14); (b) absenteísmo, que se refere ao índice de faltas dos
funcionários em relação aos dias úteis; (c) rotatividade, que diz respeito a saída de pessoal e;
(d) satisfação com o trabalho, que é definida como “a diferença entre quantidade de
premiações que os trabalhadores recebem e a quantidade que eles acreditam que deveriam
individual, que constitui a base do modelo de CO apresentado pelo autor; variáveis do nível
de grupo, que ao tornar-se mais complexo, atinge o nível de sistemas de organização. A partir
Macro.
além dos vínculos que o trabalhador estabelece com a organização (Robbins, 1999).
Soto (2002) define percepção como o “processo pelo qual os indivíduos organizam e
interpretam suas impressões sensoriais, visando dar significado ao seu ambiente” (p. 65). O
autor aponta que fatores internos, como atitudes, motivos, interesses, experiências e
expectativas, bem como fatores externos, como novidade, movimento, sons, tamanho,
compreensão do CO, uma vez que o comportamento das pessoas é baseado na sua percepção
da realidade e na forma com que interpretam a mesma. A percepção, por sua vez, é relevante
à tomada de decisão, que segundo Simonson (1960, In Soto, 2002), estrutura-se da seguinte
forma: percepção de um fato que requer decisão, proposição de alternativas e valorização das
mesmas.
Outra variável de nível individual é a motivação, que vem sendo muito discutida
atualmente. De acordo com Spector (2002), motivação tem sido “geralmente descrita como
um estado interior que induz uma pessoa a assumir determinados tipos de comportamentos”
(p. 198). A partir desta definição, é possível adotar duas perspectivas distintas, uma que tem a
indivíduo mantém com o trabalho e a organização. Segundo Siqueira e Gomide Júnior (2004),
promoções e salário. O envolvimento com o trabalho pode ser compreendido como o “grau
em que o desempenho de uma pessoa no trabalho afeta sua auto-estima” (Lodahl e Kejner,
1965, In Siqueira e Gomide Júnior, 2004, p. 305). Os vínculos com a Organização são:
36
e organização e pode ser concebido de três formas, como afetivo - refere-se aos sentimentos
à questão da liderança e do poder nas organizações e da forma como esses fatores influenciam
pode ser definido por um “conjunto formado por duas ou mais pessoas, que para atingir
tempo relativamente longo, sem o qual seria mais difícil ou impossível obter o êxito desejado”
(p. 358). Os autores apontam que o grupo irá constituir suas normas e regras e que, por meio
à medida que estas valorizam aspectos como o esforço coletivo, responsabilidade pelos
pode ser observada a partir dos resultados produtivos do trabalho, da satisfação dos seus
organizações, além dos líderes formais, aqueles designados para desempenhar o papel
gerencial, podem surgir líderes informais, que emergem espontaneamente das equipes de
trabalho e poder ter maior influência sobre o comportamento dos membros do grupo. French e
Raven (1959, In Spector, 2002) descrevem as cinco bases da influência e poder interpessoais,
a saber: (a) experiência, destinada a fornecer informações; (b) referência, utilizada para fazer
com que os membros do grupo gostem do líder; (c) legitimidade, utilizada para obter um alto
cargo; (d) recompensa, destinada a recompensar pela conformidade e; (e) coerção, que tem a
relacionadas à organização como um todo, sendo que as que mais de destacam são: sua
trabalho são formalmente divididas, agrupadas e coordenadas” (p. 301). A preferência por
uma determinada estrutura organizacional pode variar, de acordo com a situação e irá definir
efeitos diretos sobre o comportamento dos empregados. Os elementos que dimensionam uma
estrutura são: (a) especialização do trabalho, que define o grau de divisão das tarefas; (b)
departamentalização, que é a base pela qual os cargos são agrupados; (c) cadeia de comando,
38
que esclarece os níveis de subordinação; (d) esfera de controle, que determina o número de
níveis que uma organização possui; (e) centralização e descentralização, que definem o nível
de concentração da tomada de decisão; e, por fim, (f) formalização, que se refere ao nível de
centralização. Um exemplo são as empresas simples, como uma pequena loja gerenciada pelo
matricial, que combina duas formas de departamentalização: funcional, que agrupa atividades
similares, e de produto, que congrega tarefas por resultados esperados. A estrutura pós-
são as estruturas de equipe, como consultorias; organizações virtuais e sem fronteiras, que
convicções compartilhado por todos os membros” (Robbins, 1999, p. 497), ou seja, a Cultura
(1999) define cultura como “a argamassa social que ajuda a manter a organização coesa” (p.
individuais. Conforme Willpert (1995, In Siqueira et. al. 2004), construções como mitos,
Organizacional, que, segundo Siqueira et. al. (2004), constitui-se no “sentimento global
gerado pelo layout físico, o modo de interação dos participantes e o modo como os membros
políticas e práticas que revelam a estratégia utilizada para organizar a ação individual e a
coletiva de forma congruente com seus objetivos e com a sua missão” (Gil, 2001). Ou seja, a
Gestão de Pessoas é a forma como os trabalhadores são geridos dentro de uma estrutura
organizacional.
ambos os conceitos (Gil, 2001). Conforme o autor, um Gestor de Pessoas irá desempenhar
monitoramento das pessoas. No entanto, para que possa atuar efetivamente, necessita
empregados como pessoas e não como meros recursos de que a organização pode
organização e não como agentes passivos. Precisa, ainda, tratá-los como parceiros,
40
como pessoas que investem na organização com o capital humano e que têm legítima
como: (a) planejamento; (b) atração de novos talentos; (c) captação, a partir de entrevista
inicial; (d) avaliação das qualificações ideais, que consiste na seleção em si; (e) decisão final
junto ao gestor da vaga em questão e, por fim, (f) avaliação do período de experiência (Gil,
2001).
determinar a eficiência das práticas e dos procedimentos organizacionais” (p.84). Para tanto,
são utilizados Critérios de Desempenho, que podem ser reais ou teóricos, e os Métodos de
Segundo Vargas e Abbad (2006), a área de TD&E tem como principal objetivo o
desenvolvimento das pessoas dentro das organizações. Este campo se inovou, ganhando
e cartilhas;
41
específica, através de ações educacionais de curta e média duração, como cursos e oficinas;
seminários e palestras;
relacionados a um trabalho, por meio de programas de média e longa duração, como cursos
novas atitudes e posturas por parte deste profissional, que passa a desenvolvver competências
frente aos recentes procedimentos e práticas (Gil, 2001). Os mais diversos papéis são
requeridos do psicólogo que atua neste contexto, seja na atenção à saúde do trabalhador,
que visem o desenvolvimento de grupos e equipes, seja na seleção de pessoas para ocupar um
cargo, adequado ao seu perfil e que atenda tanto suas expectativas individuais quanto as
expectativas organizacionais.
como um referencial teórico que o possibilitem atender às demandas das empresas, das
visão pautada no homem como um ser social. No próximo capítulo, estaremos discutindo
CAPÍTULO III
MORENIANA
chamadas conservas culturais (Yozo, 1996). Moreno (1975, In Yozo, 1996) afirma que “a
amplia sua capacidade criadora” (p. 15). A partir deste princípio, Yozo (1996) conclui que,
uma vez que o jogo beneficia o lúdico e a espontaneidade, é possível utilizar este artifício com
o objetivo de resgatar a expressão criadora nos mais diversos contextos, inclusive nas
organizações.
O sistema socionômico, criado por Moreno, surge como “uma grande possibilidade
organização em si. Uma vez que depende da atuação desses sujeitos implicados nas
ativa” (Almeida, 2004, p. 49). Segundo Drummond (2005), recentemente, houve uma maior
abertura para o Psicodrama dentro das organizações, que passa a ser reconhecido por sua
“eficácia nas intervenções dos conflitos relacionais” (p. 143), visto que a teoria de Moreno é
atual diante das demandas organizacionais. Datner (2005) afirma que “nas empresas, o
sociodrama como intervenção grupal começa a ser valorizado pelos resultados visíveis e
122).
dos afetos nas relações, é uma tentativa em prol do resgate do humano em um ambiente
por valorizar a liberdade de escolha inerente ao homem, pode parecer inviável ao universo
fechado das organizações, mas é na apreciação dos resultados e das melhorias contínuas que o
Psicodrama vai demarcando seu território. Tal universo é regido por leis rígidas e uma severa
conserva cultural que valoriza registros externos, de forma que a espontaneidade criadora é
prejudicada (Drummond e Souza, 2008). As autoras explicam que “a capacidade criativa para
expandir o universo empresarial fica subordinada a várias normas e regras que às vezes
fornecedores.
desafios cotidianos, ser autor de sua vida, ser sujeito do próprio papel, e não apenas um ator
alienado. No espaço “como se”, as pessoas podem interagir entre o ideal e o real, trocando a
situação estacionada por novas alternativas rumo à conquista almejada (Drummond e Souza,
Essa possibilidade é a busca de hoje nas empresas, para que cada um seja
conseqüência de seu papel. Buscar harmonia nas relações com inteligência individual
e grupal. Facilitar alcançar os objetivos com menos desgaste e poder abrir-se para
olhar o mundo e o mercado, sem precisar gastar energia para “corrigir” as rotas das
utilizado para dinamizar e ampliar a atuação dos profissionais que lidam com processos de
ainda, aceitar a contribuição dada por cada participante ao processo, uma vez que todos são
é o role-playing, técnica que permite às pessoas se perceberem no lugar do outro, bem como,
ainda por meio de reflexões que visam compreender a atuação individual e grupal, buscando a
Fator (2005) pontua que, para realizar uma intervenção psicodramática em empresas,
avaliação de seus trabalhadores, no que diz respeito a três elementos: “a história de sua
seu clima organizacional (espontaneidade e afetividade)” (p. 46). A seguir, são negociados os
promover o “encontro organizacional”, isto é, a saúde social do grupo. A autora esclarece que
não há um formato específico para uma intervenção psicodramática, de forma que esta varia
denominado por sua idealizadora, teve seu início oficial em 1969, durante o IV Congresso
realidade concreta e a difusão de conhecimento, razão pela qual se faz necessário o uso de
nos mais diversos contextos de aplicação, como instituição de ensino, empresa, hospital e
interação com os outros e com o ambiente ou meio do qual faz parte o educando (p.
52).
47
Romaña (1992) afirma que houve uma passagem de uma visão conservadora do
autora, Moreno chamaria de conserva cultural, para uma visão “horizontal e democrática” (p.
54). Tal visão apóia-se em um campo mais amplo para “trabalhar relações à procura de
honestas dos conflitos e dificuldades” (p. 55). Nesse sentido, o Psicodrama passa a ter uma
aplicabilidade ao contexto organizacional, vale ressaltar aquilo que Romaña (1992) define
vivo para dar novos tratamentos às notícias veiculadas pelos meios de comunicação,
ampla e, por meio de suas diversas técnicas, é uma metodologia possível ao Psicólogo
3.3 – O Role-playing
empresas, tais como fornecedor, cliente, colaborador e chefe (Drummond e Souza, 2008). Um
sujeito desempenha vários papéis. de forma dinâmica, de acordo com as circunstâncias, tendo
específico em que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão
envolvidos” (Moreno, 1934, In Gonçalves et. al., 1988, p. 67). Nesse sentido, os papéis
sociais são adaptados, conforme as necessidades apresentadas, de maneira que não seja
podem assumir, requerendo, portanto, uma flexibilidade pessoal (Drummond e Souza, 2008).
unidades de ação” (Gonçalves et. al., 1988, p. 72). Os autores acrescentam, ainda, que tais
Drummond e Souza (2008) apresentam-nas como três formas diferentes de interagir com os
outros: “1- aprisionando-nos ao outro, por meio de comparações; 2- reagindo: o outro fez, o
papéis, ou seja, “denominadores coletivos e diferenças individuais” (p. 149), de forma que
estes são desenvolvidos em clusters (cachos). Para Gonçalves et. al. (1988), os “cachos” são
A Teoria dos Três Clusters, elaborada por Bustos (1990; 1997, In Drummond, 2005),
tem corroborado para o uso do Psicodrama nas empresas e para a escolha de jogos, visando à
formação dos grupos. O cluster 1 (um) é o materno e caracteriza-se como passivo, dependente
e incorporativo. É o momento de trabalhar com jogos que visem à aceitação e suporte, uma
vez que os participantes tendem a se expor aos poucos e, ao serem acolhidos, as mudanças são
Nos grupos devem ser trabalhados jogos que estimulem a autonomia e liderança, para
equilíbrio das relações de poder nas organizações, bem como o estabelecimento de limites.
Por fim, o cluster 3 (três) é o fraterno, identifica-se pelo compartilhar, negociar e conquistar.
alicerce da pessoa é o cluster 1 (um); seu pilar, o cluster 2 (dois); e o cluster 3 (três) é o
Drummond (2005) esclarece que o uso dos clusters embasa a atuação do profissional,
técnica pela qual “as pessoas se percebem entrando no papel do outro e fazendo a inversão de
papéis, pondo-se, assim, no lugar do outro” (p. 152), facilitando as negociações, uma vez que
torna as posturas mais flexíveis, por meio da chance de vivenciar a condição do outro.
papel profissional” (p. 552). As autoras explicam que isto é resultado da eficácia da técnica,
experiência de emitir novas respostas dentro de um clima protegido, no qual erros servem
apenas como referencial, em busca de acertos”. Além de contribuir para o retorno do sujeito
para sua posição consciente e criadora, esta ferramenta também possibilita a condução de um
ensino mais coeso, por abranger diversos graus de aprendizagem: cognitivo, motor e afetivo-
Dentre os processos de TD&e, Nadler (1984, In Tonet e Mota, 2006) assegura que o
“atuação mais criativa (role-creating)” (p. 552). Isto é, as organizações que admitem a
diversidade de papéis e até estimulam a alteridade, abrem espaço para a criação do papel
concreta e permite jogar com papéis sociais, oriundos de uma situação legítima, no jogo
dramático, “joga-se com personagens fictícios, um jogo lúdico, que não pertence ao espaço do
role-playing” (Datner, 1995, In Almeida, 2004, p. 65). Nesse sentido, o jogo dramático
mesmos fenômenos. O dar-se conta, perceber e até mesmo integrar de maneira nova
os dados levantados pelo jogo instiga os participantes para um movimento, até então
Yozo (1996) retoma a experiência de “brincar de ser Deus”, vivida por Moreno, para
envolvidas em uma ação lúdica. O autor define o jogo dramático como uma “atividade que
aos objetivos propostos” (p. 17). Esta definição é direcionada, especialmente, à aplicação em
O jogo dramático é caracterizado por ser uma atividade voluntária, que possui regras
visando a assimilação e resolução de conflitos. Desta forma, o jogo dramático pode ser visto
52
como uma ferramenta específica, com objetivos delimitados. Os procedimentos adotados pelo
Conforme Drummond e Souza (2008), o jogo dramático é útil para apontar o assunto
a ser trabalhado e de que forma cada participante opera no processo. A autora explana que o
jogo pode ser aplicado para maximizar um tema, visando sua elaboração ou diagnóstico;
consolidar uma questão que não esteja esclarecida para o grupo, ainda que seja parte do
imaginário e, por fim, “espelhar uma situação” (p. 51), com a finalidade da mesma ser
visualizada como algo externo. Desta forma, o jogo dramático otimiza o diagnóstico
Yozo (1996) propõe uma classificação dos jogos dramáticos à luz da Matriz de
Identidade, uma vez que esta, segundo Moreno (1975, In Yozo, 1996, p. 25), é a “placenta
social da criança, locus em que ela mergulha suas raízes”. A proposta de Yozo é viável,
presente monografia. O autor aponta que existem quatro momentos básicos para cada membro
do grupo, dando destaque a três fases da Matriz de Identidade: Eu comigo, “momento em que
53
se localiza e se identifica num grupo, quem sou, como estou, como sinto, e está ligado à fase
de Identidade do Eu” (p. 26); Eu e o outro, que tem início quando o sujeito, ao se identificar,
pode identificar o outro e está relacionado à fase de Reconhecimento do Eu; Eu com o outro,
etapa em que o outro é percebido e é possível ocorrer uma pré-inversão de papéis, e equivale
à fase do Reconhecimento do Tu; e, por fim, Eu com todos, que trata da “percepção frente ao
grupo, estabelecendo relação com o todo, em busca de identidade e coesão grupal” (p. 27).
indiferenciado. Nesta etapa, o indivíduo precisa criar sua identidade naquele contexto. Os
jogos relacionados à segunda fase da Matriz têm como finalidade incentivar a sensopercepção
1996).
Além dos jogos dramáticos, outras técnicas, utilizadas por Moreno em sessões
teatro desenvolvida por Moreno, na qual, segundo Aguiar (1990, In Drummond e Souza,
2008), “tanto o texto como a representação são criados no decorrer do espetáculo, sem ensaio
prévio” (p. 66). Ou seja, no lugar de textos elaborados, são empregados temas que movem as
“dramatizar é treinar, experimentar, mudar” (p. 55) e, para tanto, utilizam a metáfora para
desenvolvimento de equipes, tendo em vista que “a revisão de cada papel, de cada script, de
difere do teatro convencional, pois os autores e atores do espetáculo são, ao mesmo tempo, os
profissionais envolvidos.
missão, a razão pela qual a instituição existe; (b) visão, que direciona a concretização do seu
propósito; (c) valores, que “representam um referencial abstrato da natureza moral da conduta
humana e podem ser intrínsecos ou instrumentais”; (d) princípios, baseados nos valores, são
as afirmativas que fundamentam as políticas e ações; e, por fim, (e) objetivos, que delimitam
na gestão da organização, também “favorece a criação de um espaço no qual todos falam” (p.
57).
O método de trabalho utilizado pelas autoras citadas segue uma ordem: o aquecimento
espontaneidade e criatividade; e, por fim, a reflexão e uma “nova contextualização para o aqui
e agora pessoal e da empresa” (p. 69). Na etapa da dramatização, são utilizadas técnicas como
em solicitar que cada participante exponha o que sente e pensa, “permitindo uma amplificação
conteúdos internos daquela pessoa” (p. 132). Outra técnica utilizada é o duplo, que ocorre
passe a imitar sua postura, expressando, em voz alta, o que pensa ou deseja falar.
os conflitos individuais estão relacionados com fatores coletivos. Esta observação foi feita,
3.6 – O Sociodrama
mas abrindo a possibilidade de exercitá-la e desenvolvê-la, por meio do manejo das técnicas
57
área e à própria cultura da empresa” (p. 154). Uma vez que o “sujeito de um sociodrama é o
grupo” (Moreno, 1975), o foco recai sobre os papéis inerentes à cultura organizacional, pois
apesar da importância da visão das partes, ou das áreas, setores e funcionários, existe a
exigência por um resultado que é global, de todos que são parte daquela instituição
que este faz uso da ação, e por meio da dramatização e técnicas aludidas, “intervém com
resultados imediatos, no aqui e agora, com rápida transposição para o cotidiano” (p. 41).
coletiva de problemas sociais, como também uma análise ciosa das origens profundas de
axiodrama, que “permite estudar e analisar os valores próprios a cada papel social e a cada
cultura”; jornal sociodramático, onde “o próprio jornal da empresa pode ser utilizado e
58
157); tribunal do júri, técnica de aquecimento que visa tratar de algum problema social; painel
do grupo para discussão, onde “alguns membros se reúnem e discutem um assunto em frente
ao resto do grupo”; sociomatria em grupo, que elabora e analisa o sociograma das relações
interpessoais; filme sociodramático, que pode ser utilizado como aquecimento para um tema
recursos que possibilitem a adequação ao mundo contemporâneo” (p. 159). Recursos estes
que, só serão aproveitados pelo indivíduo espontâneo (Moreno, 1975). Nesse sentido, torna-
se cada vez mais importante que o trabalhador assuma o papel de autor e ator na vida
profissional. Isto é possível à medida que este desenvolve sua criatividade e espontaneidade,
consideramos que a teoria de Moreno mostra-se como uma possibilidade para a reorganização
organizacional aberto, para que as pessoas criem, cresçam e produzam, valorizando suas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Teoria Socionômica e resgatar a história de seu autor, Jacob Levy Moreno. O psicodrama
teoria, para uma prática clínica. A despeito da ênfase na psicoterapia, Moreno nunca perdeu
psicodrama conquistou espaços para além dos consultórios, possibilitando uma gama de
freqüência, referiu-se ao ano 2000, proclamando que, embora suas idéias fossem prematuras
para o século XX, o século seguinte seria seu”. E realmente foi. A Federação Brasileira de
Uma Revolução Criadora que teve início com o próprio Moreno, que atuava fora da
clínica, longe dos divãs e categorias pré-concebidas, tão valorizadas na época. Realizava o
que ele, mais tarde, chamaria de Sociodrama, com crianças nos jardins de Viena. Atuou junto
playing com seus familiares e vizinhos, discutindo com eles qual seria a melhor alternativa
para o tratamento. No campo de refugiados tiroleses, observou que não era o bastante dar
2
http://www.febrap.org.br/
60
abrigo àquelas pessoas, mas identificar a singularidade de cada um. Com as moças, na escola
selecionou oficiais na Segunda Guerra Mundial (Marineau, 1992). Moreno convidou esses
com Datner (2005), ao discorrer sobre os funcionários que são convocados a participarem de
colocá-los em prática de forma alienante” (p. 22). O Psicodrama Organizacional rompe com
encontra-se como um sujeito que tem perdido sua ação criadora e suas possibilidades,
melhoria das relações interpessoais. Desta forma, anuímos com a posição de Datner (2005) ao
criticar o aparente discurso, de que todos os componentes da equipe têm a mesma posição
importante para o sucesso das organizações. Ora, se tal valor é verdadeiro, o método de
61
trabalhar esses papéis deverá estar a serviço da “saúde dos grupos, suas transformações e a
ativa que permite o desenvolvimento de papéis sociais, valorizando a dinâmica das relações
processo.
colaboradores criativos e inovadores, as mesmas devem investir em ações que não anulem
suas identidades.
vida, conscientizando-se da crise de identidade em que está implicado, para que possa
desenvolver estratégias e buscar soluções para lidar com a sua condição. Isto é possível
através de uma ação conjunta entre empregado e empregador, onde ao primeiro compete o
Finalizamos o presente trabalho, certos de que Jacob Levy Moreno não somente
abriu as portas da Psiquiatria à alegria, conforme solicitou que constasse em sua sepultura
(Gonçalves et. al., 1988), como, também, abriu as portas dos mais diversos contextos,
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