O Real e o Paradoxo em Auschwitz
O Real e o Paradoxo em Auschwitz
O Real e o Paradoxo em Auschwitz
Jacques Fux
UNICAMP
Vitor Cei
UFMG
Daiane Carneiro
UFMG
1 Em certos momentos, falar de uma experiência traumática como a dos campos de concentração
nazistas torna-se uma questão jurídica e histórica da qual o sujeito não consegue se livrar, por
mais que só queira esquecer o que viveu. Essa obrigação em contar uma experiência aparece no
livro Shoah, de Claude Lanzmann, – no qual estão transcritas as entrevistas que o cineasta francês
fez tanto com sobreviventes de campos quanto com pessoas que ou trabalharam para a máquina
nazista (SS, maquinista, etc.) ou que viviam próximas aos campos e que compõem o filme
homônimo de Lanzmann – quando o sobrevivente Mordechai Podchlebnik, que testemunhou no
célebre julgamento de Eichmann, diz que não acha bom falar sobre o que se passou com ele em
Chelmno, mas que “agora é obrigado a falar” (LANZMANN, 1987, p. 22). Sobre o uso jurídico
do testemunho, ver Arendt (1999).
2 “Então, quando eu falo de uma visão, quero dizer algo real que assume que uma roupagem
princípio fundamental da hidrostática, que lida com a força de empuxo exercida por um fluido
sobre um corpo imerso total ou parcialmente no fluido.
4 Fazemos referência aqui ao ensaio “Kafka e seus precursores” (BORGES, 1999), no qual Borges
postula uma concepção de tradição desvinculada das ideias de linearidade, sequência e causalida-
de. Procedendo a um “exame dos precursores de Kakfa”, o escritor argentino conclui que a seme-
lhança entre a obra de Kakfa e outras que a precederam cronologicamente é possível porque a obra
de Kafka tornou visíveis certos aspectos das obras anteriores imperceptíveis antes de seu surgimento.
5 Como já haviam feito Z. Ryn e S. Klodzinski ao publicar o artigo “Na fronteira entre a vida e a