CRIAÇÃO DA REDE E BASE DE DADOS PARA O
SISTEMA VIÁRIO DE VIÇOSA – MG, UTILIZANDO SIG
Márcia Codevilla de Moura 1
Carlos Antonio Alvares Soares Ribeiro 2
Antonio Cleber Gonçalves Tibiriçá 3
Vicente Paulo Soares 2
1
Universidade da Região da Campanha (URCAMP)
Profª. Pesquisadora M.Sc. do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais e Energia (NEPAE)
Av. Tupy Silveira, 2099 - Cep 96400-110 – Bagé – RS - Brasil
E-mail: mcmoura@alternet.com.br
2
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Prof. Ph.D do Departamento de Engenharia Florestal
Campus da Universidade – Cep: 36571-000 – Viçosa – MG – Brasil
E-mail: cribeiro@mail.ufv.br
vicente@mail.ufv.br
3
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Prof. DS do Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Campus da Universidade– Cep: 36571-000 – Viçosa – MG – Brasil
E-mail: tibirica@mail.ufv.br
RESUMO
Uma das atividades urbanas que constantemente necessita de investimentos e planejamento é o aprimoramento do
sistema viário e de transportes, de modo a facilitar a circulação de pessoas e mercadorias, minimizando os custos
operacionais. Com a criação da base de dados do sistema viário de uma cidade, uma série de estudos e análises poderá
ser realizada auxiliando na tomada de decisões e no planejamento do sistema viário e de transportes. O presente
trabalho teve como objetivo criar a rede com a base de dados para o sistema viário de Viçosa – MG, assim como
desenvolver metodologia para automatizar a derivação das linhas de centro para representação das ruas sob a forma de
arcos simples e trabalhar com a geocodificação de endereços, utilizando-se dos softwares ArcInfo e ArcView.
Palavra-chave: sistemas de informações geográficas, planejamento urbano, criação de base de dados geográficos.
ABSTRACT
One of the urban activities that constantly demands investments and planning is the streets system and the transportation
system, in order to facilitate flow of people and commodities and to minimize the operational costs with transportation.
Setting up a network database for the streets set of a city allows a series of studies and complex analyses to be
performed, helping in decision making and planning of the streets and transportation systems. This paper presents a
methodology aimed to automate the derivation of the center lines for representing the streets network as a set of single
arcs. A network having those characteristics can then be used for specifying and identifying locations by their
addresses, a process known as geocoding. The case study was performed for streets network of the city of Vicosa, in the
State of Minas Gerais, Brazil, using Arc/INFO and ArcView.
Keywords: geographical information systems, urban planning, creation of base of geographical data
Revista Brasileira de Cartografia Nº 54
1. INTRODUÇÃO
um conjunto de pares de N (ou seja, os arcos). Aos
arcos de uma rede podem ser atribuídos valores,
definindo grandezas como custos, distâncias, tempo de
viagem, capacidade do arco, entre outros. Segundo
DYKSTRA (1984), a soma dos valores (dos arcos) entre
a origem e o destino da rede pode, então, ser otimizada.
De modo geral, estudos em rede envolvem processos de
otimização dos recursos, buscando minimizá-los ou
maximizá-los de acordo com o objetivo a ser alcançado.
Neste começo de século XXI, um dos grandes
desafios que administradores e planejadores municipais
enfrentam, consiste em melhorar a qualidade de vida
nas cidades. Um desses desafios refere-se a atender às
exigências da população quanto às suas necessidades de
circulação dentro do perímetro urbano. Para isso, é
necessário gerenciar e investir no sistema viário e de
transportes, de modo a facilitar a circulação de pessoas e
mercadorias e a minimizar o impacto gerado pelo
maciço uso de veículos. Em outras palavras, é
necessário reduzir os custos operacionais (busca do
menor caminho), as poluições sonora e atmosférica
decorrentes da intensidade de tráfego de veículos e,
principalmente, os problemas sociais e psicológicos
advindos do trânsito, devidos aos congestionamentos.
Os sistemas de informações geográficas (SIGs)
são utilizados para armazenar e manipular e visualizar
informações geográficas, que são organizadas sob a
forma de uma base de dados espaciais. Dentre as
possibilidades de uso dessa ferramenta, destacam-se na
realização de estudos e pesquisas na área de transportes,
auxiliando no planejamento e monitoramento do sistema
viário e de transporte público, na simulação de rotas de
coleta/distribuição, e no acompanhamento dinâmico de
veículos.
A base de dados geográficos pode ser
considerada como um conjunto de entrada,
processamento e saída de informações, que fornecem
subsídios para o sistema gerenciador de banco de dados
recuperar e transformar dados em informações
(BURROUGH, 1989). A criação da base de dados
talvez seja a etapa mais importante no processo de
análises em SIG; a escolha do método mais apropriado
está em função do objetivo do trabalho e de sua
aplicação. Cabe salientar que a qualidade dos dados
originais e a precisão da técnica irão determinar o nível
dos resultados finais do trabalho. Em geral, é formada
por componentes geográficos, que representam as
características espaciais da superfície e os dados
alfanuméricos que descrevem as características dos
elementos geográficos.
Os sistemas de informações geográficas
armazenam e manipulam informação espacial utilizando
uma grande variedade de formatos. Um modelo de
dados é um conjunto de regras usado para converter
dados geográficos reais em pontos, linhas, áreas ou em
um continuum (células ou triângulos). É, portanto, uma
abstração digital ou aproximação do mundo real
(ARONOFF, 1989).
Mediante a utilização de um modelo vetorial,
os SIGs auxiliam na solução de problemas de
transportes, modelando o sistema viário sob a forma de
uma estrutura em rede (Fig. 1), na qual os arcos (feições
lineares) representam, por exemplo, ruas ou rodovias e
os nós (confluência de dois ou mais arcos), ou o
cruzamento de vias.
Uma rede pode ser descrita como um par
ordenado R (N, A), em que N é um conjunto de nós e A
Revista Brasileira de Cartografia Nº 54
Nó
Arco
Arco
Arruamentos
Rede ou grafo equivalente
Fig. 1 – Representação da rede de transporte.
Os SIGs oferecem recursos de apresentação
gráfica do sistema viário e dos pontos de atendimento, e
também proporcionam mais rapidez e flexibilidade,
possibilitando a localização automática de clientes e
endereços.
O presente trabalho descreve a metodologia
utilizada para o estabelecimento de uma base de dados
digital para armazenar o sistema viário da cidade de
Viçosa – MG. Para tanto, faz-se necessária a derivação
das linhas de centro das ruas, gerando uma série de
arcos simples interconectados, que poderá ser então
utilizada para especificar e identificar locais a partir dos
respectivos endereços. O processo foi desenvolvido
utilizando-se os sistemas de informações geográficas
ArcInfo e ArcView.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A realização do trabalho foi realizado em três
etapas. A primeira constou da coleta de dados
geográficos e alfanuméricos para criação da base de
dados digital, obtidos em Departamentos da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) e na Prefeitura
Municipal de Viçosa.
Na segunda, promoveu-se a derivação das
linhas de centro para representação das ruas sob a forma
de arcos simples, formando assim a rede (ou grafo).
Na terceira, efetuou-se a conexão dos atributos
(dados alfanuméricos) a esses arcos, utilizando a técnica
de geocodificação de endereços para identificação
automática das edificações.
A metodologia para criação da base de dados
do sistema viário de Viçosa teve como ponto de apoio e
fundamentação os sistemas de informações geográficas.
59
2.1. Definição da área de estudo
topologia de polígonos para o arquivo de arruamentos.
Para tal, optou-se por utilizar o software ArcInfo, versão
8.0.1, devido aos recursos de edição nele disponíveis.
De posse do arquivo digital com os
arruamentos, procedeu-se à representação das ruas com
feições lineares tipo arcos simples.
A derivação das linhas de centro pode ser feita
tanto manualmente quanto automaticamente. No
primeiro caso, procede-se à digitalização em tela, tendo
por referência as ruas. No segundo, geram-se polígonos
de Thiessen a partir de um conjunto de pontos
regularmente distribuídos ao longo das margens das
ruas.
Na digitalização em tela, o mapa de
arruamentos deve ser colocado em segundo plano, na
tela do monitor. Então, com o auxílio do mouse, o
usuário cria um novo arquivo de arcos e procede à
digitalização das linhas de centro. Nessa técnica, o
usuário dispõe de recursos em zoom, o que facilita o
trabalho e garante melhor precisão na digitalização dos
novos arcos. No entanto, para assegurar uma boa
precisão, a tarefa torna-se lenta, consumindo muito
tempo.
O segundo método – técnica de polígonos de
Thiessen - permite derivar linhas de centro de forma
automática e precisa, com menor intervenção do usuário
e maior rapidez de processamento.
O comando Thiessen, no ArcInfo, cria um TIN
(Triangular Irregular Network) a partir dos pontos
disponíveis ao longo das ruas. Os triângulos gerados
utilizam pelo menos dois pontos em lados opostos do
polígono de ruas. O bissetor perpendicular para cada um
dos triângulos cairá ao longo do centro transversal do
polígono de ruas. Todos bissetores perpendiculares
formam coletivamente a linha de centro que atravessa o
centro geométrico de cada rua (LADAK e MARTINEZ,
1996).
A área de abrangência do estudo limitou-se ao
perímetro urbano da cidade de Viçosa, localizada na
região da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais a
226 km a sudeste da capital mineira. As coordenadas
geográficas, aproximadas, da sede do município são 20º
45’ 14”S e 42º 52’ 53”W.
Segundo os dados preliminares do censo de
2000, o Município de Viçosa tem uma população de
aproximadamente 65 mil habitantes (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,
2001).
2.2. Coleta de dados
Basicamente, os dados utilizados neste trabalho
foram de natureza geográfica e alfanumérica. Os dados
geográficos consistiram de mapas dos arruamentos de
Viçosa. Já os dados alfanuméricos constituíram-se de
informações de caráter qualitativo e quantitativo (nomes
dos logradouros, bairros, numeração das edificações,
sentido do tráfego, conversões proibidas, ruas em que o
trafego de veículos é proibido), referentes aos dados
geográficos.
2.2.1. Coleta de dados geográficos
O mapa referente aos arruamentos da cidade de
Viçosa foi obtido no Departamento de Arquitetura e
Urbanismo, fornecido em meio digital no formato
DWG, na escala 1:10.000. Obteve-se também, junto ao
Departamento de Engenharia Civil, um arquivo digital
com os arruamentos do campus da UFV.
2.2.2. Coleta de dados alfanuméricos
As informações necessárias à construção do
banco de dados alfanuméricos do sistema viário foram,
basicamente, obtidas na Prefeitura Municipal de Viçosa.
A Secretaria Municipal de Trânsito forneceu as
informações referentes ao sentido do tráfego, às
conversões proibidas e à identificação de ruas em que o
tráfego de veículos é proibido. Os nomes dos
logradouros, a numeração das edificações por face de
quadra e os nomes dos bairros foram obtidos no
Cadastro Técnico da Secretaria Municipal de Fazenda.
2.3. Criação da base de dados do sistema viário
Para implementar os dados alfanuméricos na
tabela de atributos da pasta da rede do sistema viário,
houve a necessidade de se modelar um banco de dados,
utilizando-se os recursos disponíveis no ArcInfo.
A primeira etapa consistiu em editar os arcos
da rede. Cada face de quadra deveria receber um arco;
portanto, houve a necessidade de se realocar e adicionar
nós.
2.2.3. Derivação das linhas centrais das ruas
2.3.1. Geocodificação dos endereços
A etapa seguinte à coleta de dados foi a criação
da rede do sistema viário. Para tal, realizou-se a
localização das quadras no mapa de arruamentos, e
verificou-se que alguns logradouros não estavam
presentes no arquivo do Cadastro e encontravam-se no
arquivo de arruamentos. A situação inversa também foi
verificada.
Dessa forma, foi necessário realizar alguns
ajustes de edição, atualização de alguns logradouros de
acordo com o arquivo do Cadastro e estabelecer a
Revista Brasileira de Cartografia Nº 54
Com o intuito de tornar a localização de
endereços mais eficiente, optou-se por utilizar a
geocodificação de endereços para que fosse possível ao
software realizar a localização automática dos
endereços. Esta é uma técnica na qual se define a
posição de um ponto por interpolação, considerando-se
o nome do logradouro, o número da edificação, ou outra
informação de endereços que estiver contida na rede.
Assim, o programa lê os endereços solicitados e os
60
virtude deste último não contemplar algumas ruas e
bairros. Assim, muitas quadras e ruas não foram
localizadas. Outro ponto a ser salientado é a existência
de logradouros não nomeados (principalmente em
bairros periféricos) ou devido ao arquivo do Cadastro
estar desatualizado.
Na coleta de dados, verificou-se a presença de
números de edificações pares (ou ímpares) em faces de
quadras que deveriam conter uma outra seqüência de
números ímpares (ou pares). Também, foram
observadas situações em que a colocação dos números
nas edificações não levam em consideração a metragem
da testada do lote, o que prejudica a localização de
pontos em uma rede, quando se trabalha com
interpolação de endereços.
localiza no mapa, gerando um arquivo de pontos com a
localização espacial dos endereços solicitados.
Para realizar a geocodificação dos endereços,
foram associados a cada arco da rede do sistema viário
informações do tipo: nome do logradouro, identificador
do logradouro, numeração das edificações do lado
direito e esquerdo do arco, bairro e sentido do tráfego.
Para tal, adicionou-se campos na tabela de atributos do
tema da rede do sistema viário para receber essas
informações; esses campos seguem nomenclatura
indicada pelo fabricante do software.
2.3.3. Tabela de cruzamentos de ruas
Uma vez construída a geocodificação de
endereços, teve início a fase de construção da tabela de
impedimentos - turntable, que possui um registro para
cada conversão na rede do sistema viário. Numa
interseção entre quatro arcos, haverá dezesseis registros
associados. Cada arco, que encontra a interseção pode
receber impedimentos do tipo: proibido dobrar à
direita/esquerda, permitido seguir em frente e proibido
conversões em “U” .
Impedimentos referem-se as dificuldades para
ir de um arco a outro (PLUMB, 2001).
3.1. Edição do arquivo de arruamentos e derivação
das linhas centrais das ruas
O primeiro passo foi a importação do arquivo
de arruamentos para o ArcInfo. Após realizar uma
inspeção por meio dos recursos de zoom, foram
verificadas muitas inconsistências topológicas nãoaceitáveis – por exemplo, grande parte dos arcos que
formavam os arruamentos não estavam conectados.
Com relação aos problemas advindos da
conversão de dados de sistema CAD para SIG, DAVIS
Jr. e FONSECA (1994) comentam que erros de
fechamento topológico ocorrem porque nos sistemas
CAD é difícil identificá-los. Nestes casos, podem
ocorrer os undershoots ou overshoots – fechamentos
imperfeitos de elementos vetoriais.
Dessa forma, tornou-se necessária a edição do
arquivo, de modo a eliminar tais inconsistências,
realizando-se o fechamento dos arcos que formavam
polígonos. Em seguida, o arquivo foi georreferenciado
no sistema UTM (Universal Transverse Mercator),
mediante a utilização de ortofotos (43-21-02, 43-21-03,
43-15-22, 43-15-23) oriundas de um levantamento
aerofotogramétrico do ano 1986/87, na escala 1:10.000,
realizado pela CEMIG (Companhia Energética do
Estado de Minas Gerais). Por meio de cinco pontos de
controle, selecionados conforme a facilidade de
identificação no arquivo de arruamentos e nas ortofotos,
procedeu-se ao georreferenciamento.
De posse dos croquis das quadras, procedeu-se
à localização dos mesmos no mapa impresso do arquivo
de arruamentos. Assim foi possível verificar que o
arquivo de arruamentos encontrava-se desatualizado,
apresentando alguns logradouros que não foram
localizados no arquivo do Cadastro. Nesse caso,
procedeu-se à exclusão desses logradouros do arquivo
digital.
Também, foram adicionados ao arquivo digital
os logradouros que possuíam pontos de fácil
identificação
nos
arruamentos
(levando
em
consideração a metragem descrita para o logradouro no
arquivo do Cadastro e a posição do mesmo de acordo
com a numeração das edificações). Para tal, fez-se a
inclusão digital em tela.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As informações referentes às edificações,
armazenadas no Cadastro Técnico da Prefeitura
Municipal de Viçosa, se encontram em arquivos físicos.
Tais arquivos contêm os croquis das quadras com os
limites dos lotes e sua numeração.
De acordo com a metodologia adotada neste
trabalho, nessa fase desenharam-se croquis das quadras,
tendo como fonte os arquivos do Cadastro, para facilitar
a posterior localização dessas quadras no mapa de
arruamentos da cidade, assim como para identificar os
nomes
dos
logradouros.
Foram
analisadas,
aproximadamente, 690 quadras.
Com esse procedimento, verificou-se que em
algumas quadras não existiam seqüência na numeração
das edificações. Nesses casos, foram anotados todos os
números que faziam parte da face da quadra. Quando
existia seqüência na numeração, apenas foram anotados
os números inicial e final de cada face de quadra.
Paralelamente, foi anotado o nome do bairro no qual a
quadra encontrava-se inserida.
Para a transferência das informações
encontradas, nos croquis para o mapa de arruamentos,
procedeu-se à localização das quadras no mapa. Essa
tarefa foi facilitada pelo desenho dos croquis e pelo
mapa existente no Cadastro, que possui a numeração
das quadras, e principalmente pelo auxílio prestado pelo
Chefe do Setor de Cadastro da Prefeitura Municipal de
Viçosa, que também contribuiu para a identificação dos
limites dos bairros.
Dentre as dificuldades encontradas na coleta de
dados alfanuméricos, destaca-se o processo de
identificação das quadras no mapa de arruamentos, em
Revista Brasileira de Cartografia Nº 54
61
Algumas estradas que fazem ligação às Vilas
Chaves, Secundino e Araújo foram digitalizadas a partir
do arquivo digital do campus da UFV. Após ser
realizado o georreferenciamento do arquivo, este foi
colocado no segundo plano, na tela do monitor, e foi
sobreposto a ele o arquivo de arruamentos que receberia
os novos arcos. Assim, procedeu-se à digitalização
direta na tela.
A criação da topologia define os
relacionamentos de conectividade (conectado a, ligado
em), circunscrividade (arcos conectados formando
polígonos), adjacência (vizinho a, ao lado de) e
orientação (de nó e para nó). A topologia define como
os pontos, as linhas e os polígonos relacionam-se entre
si. Após o trabalho de atualização, edição e fechamento
dos polígonos, procedeu-se à criação da topologia de
linhas e polígonos para o arquivo de arruamentos. Com
essa estrutura topológica, o arquivo de arruamentos
passou a ter três tipos de feições: pontos (nós), arcos e
polígonos.
No presente trabalho, o método utilizado para
geração das linhas de centro foi a técnica dos polígonos
de Thiessen. Os procedimentos utilizados no ArcInfo
são apresentados no anexo.
Assim, as linhas de centro foram extraídas,
excluindo-se todos os arcos que não interessavam.
Embora esse procedimento elimine a grande maioria
dos arcos indesejados, alguns ainda permaneceram, o
que posteriormente exigiu um trabalho de edição. Nas
extremidades das ruas ocorre a bifurcação dos arcos da
rede de linhas de centro. Esses arcos foram eliminados e
prolongou-se o arco central, por meio de recursos
disponíveis no software.
– campo com o número final das
edificações localizadas no lado direito do arco
analisado.
• Zone – campo com o nome do bairro a que o arco
pertencia. O programa não exige que sejam
adicionadas as informações de bairro, mas optou-se
por colocá-las devido à existência de logradouros
com mesmo nome.
• Oneway – campo com as informações sobre o
sentido do tráfego de veículos. Quando o tráfego é
permitido em ambas as direções, o arco recebeu o
código B. Nas situações em que o tráfego de veículos
existe em apenas uma direção, considerando-se o
sentido do arco, ou seja, o tráfego só é permitido do
início para o fim do arco, este recebeu o código FT.
Quando o tráfego de veículos só é permitido no
sentido do fim para o início do arco, ele recebeu o
código TF. Nas situações em que o tráfego de
veículos é proibido, o arco recebeu o código N.
Utilizando-se os comandos de seleção dos
arcos, foi possível nomeá-los e inserir as informações
referentes a eles na tabela de atributos da rede.
A seguir são listados os procedimentos
adotados para colocação dos dados alfanuméricos na
tabela de atributos da rede do sistema viário, fato este
necessário em virtude de as numerações das edificações
não apresentarem seqüência e um padrão que fosse
reconhecido pelo software na localização dos pontos de
interesse.
• falta de seqüência na numeração das edificações na
mesma face de quadra – para inserir essas
informações foram realizadas a segmentação dos
arcos que apresentavam essa situação e,
conseqüentemente, a interpolação na seqüência de
numeração, em virtude dos nós que tiveram de ser
acrescentados, para que todos os números fossem
contemplados e não houvessem números duplicados.
A Fig. 2 ilustra essa situação.
• Right_to
3.2. Criação da geocodificação dos endereços
Para criar a geocodificação de endereços para a
rede do sistema viário foi necessário adicionar sete
campos na tabela de atributos do tema e, assim, inserir
os dados alfanuméricos aos arcos da rede. Os campos
adicionados foram os seguintes:
• Street – campo com o nome do logradouro que o
arco estaria representando.
• Type – campo com o identificador dos logradouros
– avenida, beco, estrada, praça, rua ou travessa.
• Endereço – campo com o nome do logradouro que
o arco estaria representando, juntamente com o seu
identificador.
• Left_from – campo com o número inicial das
edificações localizadas no lado esquerdo do arco
analisado. Para isso, considerou-se o sentido do arco
(início/fim). Por meio de recursos disponíveis no
software, pode-se modificar o sentido dos arcos e
torná-los visíveis para facilitar o trabalho.
• Left_to – campo com o número final das
edificações localizadas no lado esquerdo do arco
analisado.
• Right_from – campo com o número inicial das
edificações localizadas no lado direito do arco
analisado.
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410
240
198
12
43
255
235
11
299
a) Arruamentos
410
286
284 240
198
102
443
301
297 255
235
123 299 121
100
12
11
b) Arcos da rede
Fig. 2 – Esquema utilizado para solucionar a falta de
seqüência na numeração das edificações.
• existência
de edificações com número ímpar (ou
par) numa seqüência de números pares (ou ímpares)
62
A coleta de dados e a criação da
geocodificação de endereços, para a rede do sistema
viário, foram as fases mais lentas no desenvolvimento
do trabalho, pelo fato de exigir que fossem analisadas
todas as quadras da cidade e, para que se pudessem
identificar possíveis inconsistências na seqüência de
numeração das edificações. Em alguns casos, foi
necessária a visita a algumas ruas e vilas.
A rede do sistema viário trabalhado conta,
atualmente, com 532.345 nós e 2.829 arcos. A Fig. 4
mostra uma parte da tabela de atributos da rede.
– num primeiro momento, verificou-se se esse
número não estaria contemplado na outra face da
quadra e na mesma posição (ou seja, apenas no lado
contrário). Em algumas situações, esses números
estavam sendo contemplados no lado contrário. Nos
outros casos, optou-se por adicionar nós aos arcos e
interpolar os números nesses arcos, utilizando-se o
mesmo procedimento ilustrado na Fig. 3.
1
10
11
20
a) Arruamentos
Fig. 4 - Parte do banco de dados alfanuméricos da rede
do sistema viário.
3.4. Criação da tabela de cruzamentos de ruas
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
A tabela de cruzamentos de ruas, para a rede do
sistema viário de Viçosa, foi realizada no software
ArcView, utilizando o aplicativo Modelação de redes
viárias, que insere novos recursos ao módulo Network
Analyst. Juntamente com a tabela de cruzamentos de
ruas, o programa cria um arquivo de pontos, em que
cada ponto representa um tipo de conversão presente no
sistema viário. Dessa forma, permite a visualização dos
pontos de conversão, facilitando a identificação, na
tabela, dos locais de conversão proibida. A tabela de
cruzamentos de ruas para a rede do sistema viário
possui 15.079 pontos (conversões).
b) Arcos da rede
Fig. 3 – Esquema utilizado para solucionar a existência
de números ímpares e pares, numa mesma
face de quadra.
• seqüência
de numeração das edificações não
considera números ímpares numa face da quadra e
números pares na outra – essas situações foram
verificadas no bairro Acamari e nas Vilas Araújo,
Secundino e Chaves. Assim, criou-se um arco para
cada par de edificações, conforme ilustrado na Fig. 3.
• existência de logradouros não-nomeados – por se
tratar de travessas, optou-se por identificá-las pelo
nome do logradouro ao qual estavam ligadas,
precedido pelo identificador “travessa”. Foram os
seguintes logradouros:
- Travessa Willian Martins Ramos – Bairro Vale
do Sol
- Travessa Morro do Cruzeiro – Bairro Maria
Eugênia
- Travessa Paraná – Bairro Bom Jesus
• existência de numeração duplicada em duas quadras
pertencentes ao mesmo logradouro – optou-se por
identificá-las com “A” ou “B” no final do nome do
logradouro. Os seguintes logradouros receberam essa
identificação:
- Rua Juquinha de Paula – Bairro Santo Antonio
- Rua Jorge Ramos – Bairro Santo Antonio
- Rua Dom Silvério – Bairro Nova Era
Revista Brasileira de Cartografia Nº 54
4. CONCLUSÕES
Para atingir os objetivos propostos, criou-se
uma base de dados para o sistema viário de Viçosa –
MG, construída com dados geográficos e alfanuméricos,
obtidos na UFV e na Prefeitura Municipal de Viçosa.
Mediante a utilização do software ArcInfo, realizouse a edição do arquivo digital com os arruamentos, ao
que se seguiu a derivação das linhas de centro para a
representação das ruas sob a forma de arcos simples e,
assim, gerar a rede do sistema viário.
Complementarmente, foram inseridos os dados
alfanuméricos (nomes dos logradouros, bairros,
numeração das edificações, etc.) referentes a esses
arcos, utilizando-se a técnica de geocodificação de
endereços para sua identificação automática. Em razão
de algumas ruas não apresentarem uma seqüência na
numeração das edificações, foi necessário realizar uma
segmentação nos arcos dessas ruas, para que a
localização dos endereços fosse mais precisa.
A coleta de dados e a criação da rede do
sistema viário de Viçosa foram as fases em que se
63
PLUMB, G. Preparing network for routing applications.
Disponível em: gis.esri.com/library/userconf/
proc96/TO150/PAP125/P125.HTM
encontrou maiores dificuldades e demandas de maior
tempo de trabalho. Dentre as principais dificuldades
verificadas, destacam-se:
• a coleta de dados alfanuméricos, em virtude de ser
necessário analisar todas as quadras da cidade para
que se pudessem identificar possíveis inconsistências
na seqüência de numeração das edificações;
• a falta de mapas atualizados que contemplassem
todo o perímetro urbano da cidade.
Quanto à metodologia empregada para derivar
as linhas de centro dos arruamentos, pode-se dizer que a
técnica de polígonos de Thiessen apresentou resultado
satisfatório, com processamento automático, rápido e
preciso.
Em relação à utilização do software ArcInfo
para geração e edição dos arcos da rede, comprovou-se
que este apresenta-se como um recurso eficiente,
confirmando a sua potencialidade.
Recomenda-se que a Prefeitura Municipal de
Viçosa e outras instituições busquem parcerias no
sentido de atualizar a base de dados geográfica do
sistema viário da cidade, de forma a sustentar de forma
precisa estudos e trabalhos que venham a ser realizados
por empresas e instituições.
6. AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido como parte de
uma tese de mestrado, portanto os autores agradecem a
CAPES - Coordenadoria de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - pelo apoio financeiro
oferecido ao projeto de pesquisa.
Aos departamentos de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo – UFV - pelo fornecimento
dos dados geográficos da cidade de Viçosa.
À Prefeitura Municipal de Viçosa pelo
fornecimento dos dados alfanuméricos referentes ao
sistema viário da cidade.
7. ANEXO
Os linhas de comando utilizadas no ArcInfo
através do módulo Arc:
• densifyarc Ruas # 1.0 arc – transformação dos
arcos do polígono de ruas em nós, com espaçamento
de 1 m entre os nós (Ruas é a pasta de arruamentos).
A suavidade das linhas de centro depende do
espaçamento entre os nós. Neste trabalho optou-se
por 1 m, uma vez que um valor maior comprometeria
a definição dessas linhas, pois estas não
reproduziriam a curvatura das ruas com a precisão
gráfica desejada. Um valor menor aumentaria
consideravelmente as exigências computacionais e o
tempo de processamento do arquivo.
• nodepoint Ruas Pontos – como o comando
Thiessen só trabalha com pontos, os nós deveriam ser
convertidos em pontos (Pontos é a pasta de saída).
• build Pontos point – construção da topologia de
pontos para a pasta Pontos.
• thiessen Pontos Ruas_th – criação dos polígonos
de Thiessen (Ruas_th é a pasta de saída).
• build Ruas_th line – construção da topologia de
linhas para a pasta Ruas_th.
• reselect Ruas Vazios poly – criação da pasta
Vazios para representação dos polígonos que não
pertenceriam a área de interesse (quarteirões, etc.).
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARONOFF, S. Geographical information system – A
management perspective. Ottawa: WDL, 1989.
249p.
BURROUGH, P. A. Principles of geographical
information systems for land resources
assessment – Monograph on Soil and Resource.
Oxford: Claredon, 1989. 194p.
DAVIS Jr. C. A.; FONSECA, F. T. Erros na conversão
de dados CAD/SIG. Revista Fator GIS. Curitiba,
PR, ano 2, n. 6, p.22-24, jul./Ago./Set. 1994.
DYKSTRA, D. P. Mathematical programing for
natural resource manegement. New York:
McGraw-Hill, 1984. 318p.
ESRI Environmental systems research institute –
ArcInfo help 8.0. Redlands. 1999.
Expressão Lógica:
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA. Informações sobre a população.
Disponível em http://www.ibge.gov.br. Acesso
em: 31 mar. 2001.
A pasta Ruas possuía na tabela de atributos um
campo denominado Vazio, relacionando valor um para
os polígonos que não fizessem parte da área de interesse
e valor zero para o polígono que representava as ruas.
Linhas de comando através do módulo ArcPlot:
• reselect Ruas_th arc overlap Ruas poly # within
– seleção das linhas da pasta Ruas_th que se
encontravam completamente inseridas nos polígonos
da pasta Ruas.
LADAK, A.; MARTINEZ, R. B. Automated derivation
of high accuracy road centerlines Thiessen
polygons techinique. ESRI International User
Conference. may. 1996. Disponível em:
<http://www.esri.com/library/userconf/proc.96/TO
400/PAP 370/P370.htm>. Acesso em: 5 maio
2001.
Revista Brasileira de Cartografia Nº 54
>: reselect Vazio = 1
>:
Y/N? N
64
• unselect Ruas_th arc overlap Vazios poly –
remoção de todos os arcos que estão integral ou
parcialmente dentro dos polígonos da pasta Vazios.
• writeselect centro.sel Ruas_th arc – criação de
um arquivo de seleção para as linhas de centro.
Linhas de comando através do módulo Arc:
• reselect Ruas_th Th_centro arc centro.sel –
criação da pasta Th_centro, contendo somente as
linhas de centro.
Revista Brasileira de Cartografia Nº 54
65