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Slides - Aula 1 (Filosofia Da Educação)

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UAB/Unimontes

Curso de Pedagogia

Disciplina: Filosofia da Educação

Prof. Me João Paulo da Silva Andrade


Prof. Me João Paulo da Silva Andrade
Graduação em Licenciatura Plena em História – Unimontes
Graduação em Licenciatura em Pedagogia – Unisanta
Especialista – Didática e Metodologia do Ensino Superior / Educação à Distância –
Unimontes
Mestre em Ciências Humanas – UFVJM

Experiências Profissionais:
Professor da Rede Estadual e Municipal em Montes Claros-MG desde 2011
Professor Formador de UAB/UNIMONTES – IFNMG
Professor Substituto IFNMG
Professor de Educação Superior – Faculdades Santos Agostinho (Montes Claros-MG)
Professor de Educação Superior – Unimontes
Apresentação da Disciplina
Filosofia da Educação
Plano de Ensino
Filosofia – “A análise racional da existência humana”
• Nessa unidade veremos primeiro o que se compreende por Filosofia, quais as peculiaridades do
conhecimento filosófico e porque a Filosofia está em busca de um saber que vai além do simples
conhecimento comum dos homens e também do sistemático conhecimento desenvolvido pelas chamadas
ciências modernas. Analisaremos a importância da experiência mítica na construção do sentido da
existência e particularmente os valores presentes na narrativa mítica grega que são largamente expostos
nos poemas de Homero e Hesíodo. Em seguida apresentaremos a gênese do pensamento filosófico e os
principais filósofos do período clássico da filosofia grega, Sócrates, Platão e Aristóteles.
• Você certamente já se questionou acerca do que vem a ser Filosofia. Seguramente não temos uma
resposta satisfatória para essa questão. E, por mais incrível que possa parecer, esse é, de fato, um ponto
positivo. Quando tratamos de questões filosóficas, muitas vezes, a finalidade última não é encontrar uma
resposta clara e precisa. Muito mais importante nas questões filosóficas é exatamente o progresso que
experimentamos na descoberta das inúmeras possibilidades de se responder ao problema que nos é
apresentado. Para entendermos melhor essa afirmação, vou recorrer à autora
• Maura Iglesias que nos apresenta um exemplo bem interessante, como podemos ver a seguir: “Se
perguntarmos a dez físicos “o que é física”, eles responderão, provavelmente, de maneira parecida. O
mesmo se passará, provavelmente, se perguntássemos a dez químicos “o que é química”. Mas se
perguntarmos a dez filósofos “o que é filosofia”, ouso dizer que três ficarão em silêncio, três darão
respostas pela tangente, e as respostas dos outros quatro vão ser tão desencontradas que só mesmo outro
filósofo para entender que o silêncio de uns e as respostas dos outros são todas abordagens possíveis à
questão proposta. ” (IGLÉSIAS, 1986, p. 12).
• Então, como podemos notar, não há uma resposta única e satisfatória para a pergunta que foi feita.
No entanto, é possível destacar aspectos específicos que são aceitos como características peculiares
daquilo que compreendemos como Filosofia. Podemos começar pelo próprio termo Filosofia.
Acredita-se que tenha sido Pitágoras o primeiro a utilizar a palavra Filósofo, que quer dizer
literalmente, amigo da sabedoria. Ele utilizou esse termo, pois entedia que era como um amante da
sabedoria e que por isso estaria sempre em busca de novo saber.
• Diferente de quem se considerava um sábio, que acreditava possuir a sabedoria plena.
• E como consequência veio a palavra Filosofia, (formada por dois vocábulos gregos Philo = amor +
Sophia = sabedoria) quer dizer o amor pela sabedoria. A Filosofia seria então a atividade do filósofo,
ou a busca pela sabedoria.
• Certa vez o filósofo Sócrates afirmou que uma vida sem reflexão não merecia ser vivida.
• Aqui temos outra característica sem a qual não podemos sequer falar de Filosofia. A reflexão é,
portanto, uma característica que está intimamente associada à compreensão do que vem a ser a
Filosofia. Todavia é necessário destacar que não se trata de uma reflexão comum ou um pensamento
qualquer, pois, conforme observou Saviane (2007, p. 20): “Se toda reflexão é um pensamento, nem
todo pensamento é reflexão”. A reflexão filosófica, segundo o mesmo autor, deve conter alguns
aspectos específicos que são:
• a) radicalidade: ser radical nesse sentido quer dizer ir até a raiz das questões, buscar os fundamentos, ou
como os gregos chamavam, arché (princípio);
• b) rigor: essa reflexão deve ser sistemática, seguindo critérios rigorosos e metodológicos com a finalidade de
colocar em xeque todos os tipos de verdade absoluta;
• c) globalidade: procura alcançar o conjunto, expandindo o pensamento de modo a abarcar a maior
quantidade de aspectos do problema em questão. Mais um aspecto específico da Filosofia que não
poderíamos deixar de mencionar é a sua relação com os conceitos. Desta vez, é o filósofo Gilles Deleuze
(1992, p.13) que nos ajuda a compreender que: “A filosofia é a arte de formar, de inventar, de fabricar
conceitos. (...) A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos. ” Assim
podemos entender que a Filosofia, como criadora de conceitos, representa algo de extrema importância na
construção dos saberes que foram sendo elaborados ao longo da História. Conforme observou Bochenski
(1975), o trabalho da filosofia é lidar com a realidade, não de modo arbitrário, mas sempre operando com os
conceitos. Como vimos, embora haja pontos de vistas e considerações diferentes a respeito da mesma
questão, não podemos negar que os filósofos conformam com a ideia de que a Filosofia é uma “atividade”
imprescindível para aqueles que estão interessados no conhecimento acadêmico e profissional e também
para todos aqueles que querem compreender melhor a vida e os desafios que ela nos apresenta.
• É claro que a compreensão do que é a Filosofia vai além do que foi dito. Mas, de agora em diante, vocês já
estão, de certo modo, aptos a continuar a busca pelo sentido da Filosofia, sem cair na armadilha da
banalização.
Mito
• Já se tornou um hábito comum se referir ao mito como uma lenda, como algo irreal, como uma criação imaginária,
como algo ligado a uma realidade fantasiosa. Vejamos a definição que encontramos no dicionário Aurélio:
• “Mito. s.m. Narrativa popular ou literária, que coloca em cena seres sobre-humanos e ações imaginárias, para as quais
se faz a transposição de acontecimentos históricos, reais ou fantasiosos (desejados), ou nas quais se projetam
determinados complexos individuais ou determinadas estruturas subjacentes das relações familiares. / Fig. Coisa
fabulosa ou rara: a Fênix dos antigos é um mito. / Lenda, fantasia. / Fig. Coisa que não existe na realidade. ”
(DICIONÁRIO AURÉLIO, 2013)
• Essa definição de mito não abarca a totalidade do conceito. Isso porque ela deixa de lado pelo menos dois aspectos
essenciais da narrativa mítica. Primeiro podemos afirmar que toda narrativa mítica carrega consigo uma tentativa de
explicar o sentido da realidade.
• Toda narrativa mítica fala de um princípio que originou este ou aquele ser. Outra característica fundamental para a
compreensão do que é o mito é o seu caráter de sacralidade. Desde os tempos mais remotos, o mito é compreendido
pelos homens como algo sagrado e, portanto, relacionado sempre com o divino. O historiador e filósofo Mircea Eliade
(2006, p. 124) afirma que, sendo o mito algo sagrado, é somente por meio da experiência direta com o sagrado, “do
encontro com uma realidade transumana, que nasce a ideia de que alguma coisa existe realmente”, ou seja, surge a
ideia de que “existem valores absolutos, capazes de guiar o homem e de conferir uma significação à existência
humana”. Outro grande estudioso dos mitos, o antropólogo Malinowski, nos ajuda a compreender melhor essas
afirmações feitas acima.
• Como podemos notar o mito vai além da simples curiosidade sobre deuses e forças divinas. Isso porque o mito, como
portador de sentido, também procura explicar os efeitos provocados pela interferência desses deuses, desses seres ou
forças na vida de cada comunidade. (ANDERY, 1988, 20)
• Ele constitui, portanto, o tesouro de muitos povos que ainda hoje exercem significativa influência
sobre o processo de desenvolvimento da nossa cultura.
• Para avançarmos um pouco mais em nossos estudos sobre os saberes míticos, vamos voltar à
antiguidade grega. Estamos no período entre os anos de 1600 a.C. e 1050 a.C., mais conhecida como
a Civilização Micênica da cultura grega. Os micênios desenvolveram uma economia sustentada pela
atividade mercantil, desenvolveram uma escrita silábica e nos transmitiram os primeiros documentos
escritos em grego. Produziram vasos e estatuetas que narram os fatos acontecidos e imaginários que
formam um arcabouço cultural importantíssimo para o futuro surgimento da filosofia.
• Entre os gregos, como em todas as culturas, os mitos constituíram-se por meio de uma tradição oral
muito rica. Acredita-se que as narrativas míticas gregas ganharam registro pelas mãos dos aedos ou
poetas-rapsodos como Homero e Hesíodo que, através de suas obras, deram ao mundo
monumentos da cultura grega: A “Ilíada”, a “Odisseia”, são dois poemas atribuídos a Homero (viveu
provavelmente entre os séculos IX e VIII a.C) e a “Teogonia” e “Os Trabalhos e os dias” que são outros
dois poemas atribuídos a Hesíodo (2007) (acredita-se que tenha vivido provavelmente entre os
séculos VIII e VII a.C). Na compreensão dos gregos, os poetas são escolhidos pelas musas e por elas
inspirados para cantar a existência como um todo: a origem dos deuses, a origem do mundo, a
origem dos homens e de tudo que os cerca. Por isso as narrativas míticas são consideradas uma
espécie de Cosmogonia.
A explicação mítica, conforme observa Chauí (2000), se dá principalmente de três modos:
Primeiro: Através da Criação
• O mito procura narrar quem são os genitores (pai e mãe) das coisas e dos seres. Tudo o que existe é fruto de relações sexuais entre forças
divinas pessoais. A partir dessas relações surgem os demais deuses; Narra também a origem das nossas paixões.
Segundo: Por meio da Luta
• A narrativa mítica pressupõe uma luta, uma rivalidade ou um acordo, uma aliança entre os deuses. E dessa luta ou dessa aliança surgirá
alguma coisa no mundo; Nessa relação de conflito ou acordo entre as divindades algo acontecerá no mundo dos mortais; A própria guerra de
Tróia teve início com uma rivalidade entre as deusas Hera, Atena e Afrodite.
Terceiro: Estabelecendo prêmios e castigos
• O mito revela que há uma relação entre recompensas e castigos com a obediência ou não aos desígnios dos deuses. Assim os deuses podem
castigar a quem os desobedece, assim como podem trazer recompensas a quem é obediente; O mito de Prometeu nos ajuda a entender como
a façanha de um Titã, que roubou o fogo dos deuses e deu de presente para os homens, trouxe o castigo não somente para si mesmo como
também para os homens que foram beneficiados com esse ato de desobediência; O castigo dado aos homens explica como surgiram os males
no mundo. Como elemento indissociável de todas as culturas, o saber mítico se manteve presente também nas primeiras reflexões ditas
filosóficas do povo grego. Portanto, pelo menos no princípio, não há uma ruptura total entre o Mito e a Filosofia. Acredita-se que a Filosofia vai
surgindo através de um processo gradativo de racionalização das narrativas míticas e necessariamente da transformação do relato mítico
cosmogônico em reflexão sobre o cosmos, ou em uma cosmologia.
Afinal, o mito é coisa do passado ou ainda está presente em nossos dias? De acordo com Aranha e Martins (2009), ainda hoje a experiência
mítica é parte fundamental para a organização e compreensão do homem no mundo. Como elemento formador de uma cultura mítica, o rito
ainda hoje prevalece em nossa sociedade. Estamos sempre envoltos em rituais, que mesmo não sendo especificamente religiosos revelam o
quanto nós estamos, de algum modo, ligados a algo que nos ajuda a encontrar um sentido para a nossa vida. Podemos citar alguns costumes
que podem ser considerados como “ritos de passagens”, tais como: comemorações de aniversários de debutantes, a recepção de um novo
membro da família que acaba de nascer, festas de casamentos e formaturas, o trote de calouros nas universidades, etc. No Brasil ainda
encontramos elementos míticos presentes em manifestações que já fazem parte de um imaginário nacional, como por exemplo, o carnaval e o
futebol.
O Nascimento da filosofia
• Estamos por volta do sec. VII a.C. onde as cidades gregas se formam em torno da ágora (a praça). Nesse espaço público cada
cidadão pode participar do comércio, discutir sobre a política, ou simplesmente passar o tempo conversando amenidades. Já
temos as primeiras constituições escritas e cada cidadão tem o direito de voto. Na Grécia já se estuda a matemática, a
astronomia, a geometria e esses novos saberes ainda convivem com os antigos relatos míticos.

• • Tales
• Os historiadores da Filosofia acreditam que tenha sido entre os séculos VII e VI a.C, na cidade de Mileto (624-548 a.C), que
tenha vivido aquele que é considerado o primeiro filósofo. Ele se chamava Tales. Tales de Mileto era matemático e astrônomo e
se empenhou em buscar uma explicação para a origem do cosmos que fosse além dos relatos míticos.
• Então o problema para Tales era responder, com base na observação e no raciocínio, a pergunta sobre a arché, ou seja, sobre o
princípio primordial de tudo que existe na phÿsis (natureza).
• Depois de observar que a água é o nutriente de todas as coisas, que “a terra está sobre a água”, que “o alimento de todas as
coisas é úmido”, que “todo alimento é suculento”,que “a semente de todas as coisas são úmidas” e que todas “as coisas mortas
ressecam-se”, Tales chegou à conclusão de que a “água” é a arché, ou o princípio primordial, ou, ainda, o elemento original de
tudo que existe. Segundo ele a água, embora possa se transformar em diferentes estados, é o único elemento físico que
permanece basicamente o mesmo seja em forma de vapor, seja no estado líquido ou também no estado sólido. Essas
observações de Tales apontam para uma nova relação do homem com o conhecimento. Aqui percebemos que a narrativa mítica
da origem dos deuses e do cosmos não tem mais força suficiente para dar sentido pleno às questões colocadas pelo filósofo
Tales. É necessário de agora em diante superar a explicação de uma “cosmogonia” dos mitos em direção a uma “cosmologia”.
Na esteira de Tales vieram outros filósofos que se empenharam em continuar a reflexão filosófica em busca de um princípio
primordial de todas as coisas com base na observação da natureza. Esses filósofos foram chamados de “pré-socráticos”. Com base no
texto de Cotrim (2010), faremos uma relação breve de alguns filósofos e de suas respectivas teses acerca do elemento originário do
cosmos:
• Anaxímandro de Mileto (610-545 a.C.) chamou o princípio de “apeíron” (ilimitado). - Tese: “Principio dos seres... ele disse (que era)
o ilimitado...”
• Anaxímenes de Mileto (585-528 a.C.) elegeu o “ar” como elemento primordial. - Tese: “Como nossa alma, que é ar, soberanamente
nos mantém unidos, assim todo o cosmo sopro e ar o mantém.”
• Heráclito de Éfeso (544-484 a.C.) acreditava ser o “fogo” causador da única realidade do ser que é o “devir” ou o vir-a-ser. - Tese:
“Este mundo, o mesmo de todos os (seres), nenhum deus, nenhum homem o fez, mas era, é e será um fogo sempre vivo,
acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas.”
• Empédocles de Agrigento (492 - 432 a.C.) acreditava que os quatro elementos: “ar, terra, água e fogo” constituíam as únicas
substâncias do cosmos. - Tese: “Pois ora um foi crescido a ser um só de muitos, ora... a ser muitos de um só, fogo e água e terra, e de
ar a infinita altura...”
• Parmênides de Elea (540 -470 a.C) defendia a unidade do “ser”como princípio. - Tese: “Necessário é o dizer e pensar que (o) ente
(ser) é... nem divisível é, pois é todo idêntico ...nem também algo menos, mas é todo cheio do que é...”
• Pitágoras de Samos (570 - 496 a.C.) considerou que o “número” era a matriz de todas as coisas. - Tese: “no fundo de todas as
coisas” a diferença entre os seres consiste, essencialmente, em uma questão de números (limite e ordem das coisas).

Não é difícil notar que a filosofia pré-socrática foi predominantemente uma filosofia voltada para a reflexão sobre o cosmos e suas
origens. Também podemos perceber com clareza que o filósofo Sócrates (469-399 a.c), diferentemente dos seus antecessores, se
dedicou a pensar exclusivamente sobre os problemas do homem consigo mesmo e com outros homens.
A filosofia socrática surge então como um divisor de águas na história da filosofia exatamente porque o interesse agora é deslocado
do cosmos para o indivíduo.
• • Sócrates
• Alguns fatos da história de Sócrates são curiosos. Ele não era da nobreza grega. Seu pai era um escultor e sua mãe uma parteira.
Foi casado e teve vários filhos. E o mais inusitado talvez tenha sido o fato de ele não ter deixado nenhum registro escrito dos
seus ensinamentos. Graças ao filósofo Platão e outros discípulos é que temos ideia do que foi o pensamento socrático. É,
sobretudo, através dos diálogos escritos pelo seu discípulo Platão que tomamos conhecimento de que Sócrates foi considerado o
homem mais sábio de Atenas. Ele era considerado sábio não porque tinha a resposta para as perguntas que lhe eram feitas, mas
ao contrário porque vivia sempre questionando acerca das respostas para questões tais como: O que é a essência do homem? O
que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça? Isso significa que o filósofo não se contentava com as respostas e queria ir
em busca de mais conhecimento sobre o homem e seus valores.
• A reflexão socrática começa com a sentença oracular no portal do templo de Delfos, dedicado ao Deus Apolo, onde está escrito:
• “Conhece-te a ti mesmo”. Sócrates fez dessa máxima a base de sua reflexão filosófica e, por isso, afirmava que os homens
deveriam buscar primeiro o conhecimento de si mesmos, para depois ir à busca do conhecimento de outras coisas. Acredita-se
que ele tenha sido considerado o homem mais sábio entre os seus contemporâneos porque teria dito no templo de Apolo: “Só
sei que nada sei.” Ao dar essa resposta, Sócrates se coloca como um homem que está aberto ao conhecimento e, portanto,
precisa continuar questionando a opinião (doxa) de cada um.
• Deste modo, o filósofo pretende através de um diálogo levar os seus discípulos e interlocutores a questionar eles mesmos suas
próprias opiniões, a fim de chegarem mais próximos do conhecimento verdadeiro (episteme) das coisas.
• Sócrates lançava uma pergunta e, a cada resposta que ouvia, uma nova questão era levantada.
• Esse método utilizado pelo filósofo foi chamado de “maiêutica”, que quer dizer parto. O método maiêutico consistia, pois, em
fazer com que cada participante do diálogo pudesse extrair de dentro de si mesmo suas opiniões, a fim de que chegassem eles
mesmos a uma definição a respeito do que foi questionado. Para Sócrates, por exemplo, cada um deveria refletir o bastante para
ser capaz de chegar a compreender por si mesmo o que é ser justo. Vejamos uma passagem do texto platônico onde Sócrates
fala de sua experiência e de seu projeto na busca pelo saber
• • Platão
• Não se sabe bem ao certo até que ponto Sócrates tenha de fato dialogado com seus discípulos, conforme nos
relata Platão (427-347 a.C). O mais importante, porém, é saber que Platão desenvolveu o pensamento
socrático a ponto de construir aquela que talvez tenha sido a mais influente das teorias filosóficas do Ocidente.
• Platão conheceu Sócrates quando ainda era jovem e se impressiona a tal ponto com o mestre que chega a
abandonar sua futura carreira política para se dedicar a Filosofia. Após a morte de Sócrates, que foi condenado
a tomar cicuta, Platão funda a “Academia”, uma espécie de “Faculdade” dedicada ao estudo dos problemas
filosóficos. A tese central defendida pelo filósofo fundador da Academia, conforme nos diz Nicola (2005, p. 63),
é que ele “exclui a hipótese de que as idéias derivam dos sentidos; elas são pura visão intelectual, uma
representação na tela da mente.” Acredita-se que Platão tenha escrito cerca 36 obras, das quais destacamos “A
república”, onde se encontra uma das mais famosas passagens da literatura filosófica do mundo ocidental: A
alegoria da caverna, ou como ficou mais conhecido “o mito da caverna”, apresenta de modo metafórico o
modo como podemos chegar ao conhecimento verdadeiro de todas as coisas. Para Platão todos nós homens
deveríamos nos esforçar para alcançarmos as ideias puras e essenciais de todas as coisas que vemos, ouvimos,
sentimos e tocamos através dos nossos sentidos. Vamos ao próprio texto de Platão para entendermos como o
filósofo constrói a imagem da caverna e de seus habitantes:
Mito da Caverna
• • Aristóteles
• O mais ilustre dos discípulos de Platão foi sem dúvida Aristóteles (384-322 a.C) que, segundo a tradição, chegou a escrever mais de
cem obras que infelizmente foram perdidas ao longo do tempo, restando apenas quarenta e sete. A grande preocupação do nosso
filósofo se refere à capacidade humana de conhecer.
• No Livro I, de sua obra “Metafísica”, Aristóteles (1969, p. 36) afirma: “Todos os homens, por natureza, desejam conhecer.” Mas o que
significa conhecer para ele?
• Ao contrário do seu mestre, conforme observou Cotrim (2010), Aristóteles rejeita a teoria das ideias de Platão quando afirma que o
conhecimento pode partir da realidade múltipla dos seres que são percebidos pelos nossos sentidos. Por isso ele afirma que existem
dois tipos de ciências pelas quais os homens chegam ao conhecimento das coisas. As ciências teóricas constituídas pela metafísica, a
matemática e a física que investigam o que é necessário e universal. E as ciências ditas práticas ou empíricas, como, por exemplo, a
medicina, a ética, a política e outras, que cuidam da experiência particular e social dos indivíduos. O filósofo reconhece que, embora
as ciências práticas sejam capazes de produzir saberes com resultados notáveis, elas não podem prescindir da ciência metafísica.
• Por isso, a ciência metafísica, conforme afirma Nicola (2005, p.87), é a “única capaz de analisar em nível puramente teórico aquilo que
todas as outras formas particulares do saber têm em comum, ou seja, a noção de ser.”
• Ela é considerada como a filosofia primeira porque estuda o verdadeiro ser de cada coisa.
• O verdadeiro ser de uma coisa corresponde, pois, a sua substância, ou seja, com aquilo que não pode deixar de estar presente.
Aristóteles entende então que é através da metafísica que descobrimos a necessidade de haver um princípio de que sua essência seja
sua própria atividade.
• Este princípio, sendo um movimento primeiro, é também causa do movimento que observamos em tudo que existe na natureza.
• Segundo Aristóteles, tudo o que se move deve ter sido levado ao movimento pela força de outra coisa que o fez mover. E essa outra
coisa certamente se movimentou por causa de outra força que a impulsionou. Logo, se seguirmos o raciocínio, teríamos
necessariamente uma cadeia infinita de sucessivas causas do movimento. Mas como um ser finito pode prosseguir numa cadeia
infinita de sucessões? Seria impossível. Por isso Aristóteles está convicto de que deve haver um primeiro motor que é a causa do
movimento de todos os seres, mas que não está em movimento. A essa causa primeira ele chamou de “primeiro motor”.
• Em busca de uma razão para explicar as mais diversas alterações que se observam em todos os seres da natureza, Aristóteles
então formula a teoria das quatro causas. Como observa Chauí (2000), o filósofo acredita que é possível entender como um ser
veio a existir, porque sofre alterações ao longo de sua existência e porque cada ser existe, ou seja, qual a finalidade de cada ser
no mundo. Isso porque Aristóteles defende a tese de que há em todos os corpos:
• • Primeiro: uma causa material, que está relacionada à matéria pela qual um corpo é constituído. Por exemplo: A madeira é a
causa material da mesa.
• • Segundo: causa formal, ou seja, a forma que a matéria possui para constituir um corpo determinado, assim a forma da mesa
é a causa formal da madeira.
• • Terceiro: causa motriz ou eficiente, que seria a ação responsável pela forma determinada de uma matéria, a ação do
marceneiro ao fabricar a mesa.
• • Quarto: causa final, ou seja, é o motivo ou a razão que fez com que uma matéria
• passasse a ter uma determinada forma. Por exemplo: a madeira ganha forma de mesa para ser usada com esta ou aquela
finalidade.
• Uma das tarefas mais importantes do período medieval foi, sem dúvida, a necessidade de constituir e solidificar uma Teologia
cristã. Já é sabido que, nesse esforço intelectual, a máxima era philosophia ancilla theologiae, ou seja, a filosofia deveria ser a
escrava da teologia, estar ao seu serviço, auxiliar na argumentação das verdades reveladas. Entre os vários pensadores do
medievo estão Boécio (475-524), Duns Escoto (810-877), Abelardo (1079-1142), e outros. Para o nosso propósito daremos
atenção maior a dois outros, Santo Agostinho (354-430) e Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que foram os expoentes dos
movimentos basilares do pensamento cristão: A Patrística e a Escolástica.
• Estamos entre os séculos V e XV, período da decadência do Império Romano, da ascensão da Igreja Católica no mundo e da
consequente cristianização da Europa. Os territórios europeus são divididos em reinos e governados por reis absolutistas.
Surgem as primeiras Universidades. A teologia ocupa o centro do debate entre os filósofos cristãos.
• A Patrística
A Patrística, conforme atesta Chauí (2006), é fruto de um esforço que teve início com os apóstolos Paulo e João e foi seguido pelos primeiros
padres da Igreja. O grande objetivo da filosofia patrística era conciliar a nova religião que acabara de surgir, ou seja, o cristianismo com o
pensamento filosófico dos gregos.
Conforme Abbagnano (1970), a intenção era com isso se defender dos ataques polêmicos e converter os pagãos para aceitarem a verdade
cristã. Ideias estranhas aos filósofos antigos, como a de pecado original, apocalipse e ressurreição foram introduzidas na doutrina como
verdades reveladas por Deus. Essas ideias eram os chamados dogmas que não poderiam ser questionados, uma vez que eram decretos de
inspiração divina.
O expoente maior da Patrística foi Agostinho, que introduziu a noção de “homem interior”, ou seja, a noção de uma consciência moral, de um
livre-arbítrio da vontade humana.
Segundo Agostinho é por causa do livre -arbítrio que o homem pode escolher entre o bem e o mal, e, portanto, se tornar um único
responsável por vir a existir o mal no mundo.
A máxima de Agostinho que se segue revela a grande preocupação do pensador cristão com o conhecimento da verdade. Para ele a verdade
está na alma do homem: “Entra dentro de ti mesmo, pois no homem interior reside a verdade.” (AGOSTINHO, citado por ROCHA, 1989, p. 178)
Aqui é possível notar também a forte influência do platonismo. Assim como Platão, na esteira de Sócrates, pressupunha que o conhecimento
só seria alcançado por via da razão e não dos sentidos, também Agostinho aposta no voltar para si mesmo e no abandono dos sentidos e em
direção a Deus que habita a alma humana. A obra de Santo Agostinho, mesmo tentando conservar algumas características originais da
teologia, como, por exemplo, o dogma da Trindade, vai se aproximar da filosofia grega e, na perspectiva de Cambi (1999, p.135), reativar “no
cristianismo o princípio da filosofia platônica (o inatismo da verdade; o dualismo alma/corpo; a ascese ética e mística típica, sobretudo, do
neoplatonismo).”
Nas palavras do próprio Agostinho, é claramente perceptível a força tanto da filosofia platônica como da mensagem cristã, vejamos:
“No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não consultamos a voz de quem fala, a qual soa por fora, mas a verdade que está
dentro de nós preside à própria mente, incitados talvez pelas palavras a consultá-la. Quem é consultado ensina verdadeiramente, e esse é
Cristo que habita no homem interior, isto é: a virtude incomutável de Deus e a sempiterna Sabedoria, que toda alma racional consulta, mas
que se revela a cada um quanto é permitido.” (AGOSTINHO, citado por ROCHA, 1989, p. 56)
• • A Escolástica
• As questões mais candentes desse período conhecido como escolástica foram determinantes para o surgimento e o
desenvolvimento do que hoje nós conhecemos como Teologia. O que está em pauta nas discussões filosóficas dos
doutores da Igreja remete também aos problemas da filosofia grega, sobretudo, às questões suscitadas por Platão e
Aristóteles.
• Temas como as categorias de infinito e finito, razão e fé, corpo e matéria são discutidos nas primeiras Universidades. O
destaque maior da escolástica é, sem dúvida, Tomás de Aquino (1225-1274) que retomou as ideias aristotélicas para
solidificar a doutrina cristã.
• Seguindo os passos de Aristóteles, o filósofo medieval destaca a importância dos sentidos para o conhecimento e também
se baseia em princípios de causalidade para a construção do processo de conhecimento da realidade.
• Cambi (1999) observa que Tomás de Aquino, em toda sua obra, se esforçou na tentativa de harmonizar a razão e a fé. A
tentativa de provar a existência de Deus demonstra o quanto o filósofo medieval estava interessado em justificar
racionalmente sua fé. São três vias pelas quais é possível provar a existência de Deus: Primeiro: Deus como a causa do
movimento. Segundo: Deus como a causadas causas. Terceiro: Deus como a causa da ordem. Para Tomás de Aquino o
estudo da filosofia não tem como função principal saber o que os homens pensaram, mas em descobrir realmente em que
consiste a verdade.
• Mas, afirma o filósofo, a única autoridade absoluta para garantir a verdade é sem dúvida a palavra de Deus. (NICOLAS,
2001, p.32.)
• Nas palavras de Tomás de Aquino podemos notar o peso da tradição filosófica e cristã ao mesmo tempo: “Ó deus que
quiseste que só os puros conheçam a verdade. Podemos responder que muitos, mesmo os não puros, conhecem muitas
verdades, a saber, pela razão natural.”(TOMÁS DE AQUINO, 2001, p. 281)
Fórum
• Caros alunos,

• É com muita alegria que iniciamos esta disciplina. Espero proporcionar a vocês diversas
reflexões a respeito não só dos temas da filosofia clássica, mas construir um
conhecimento que seja levado para a vida.
• Neste primeiro fórum, proponho que vocês façam uma reflexão a respeito do que é o
mito e pesquisem o “Mito de Origem” de vários povos originários. Exemplo: Indígenas
do território brasileiro, indígenas da América Central, Nórdicos, Egípcios, Aborígenes da
Austrália, etc.
• Desejo um excelente estudo e muito sucesso a todos!
• Abraços!
• João Paulo
Atividade Colaborativa
• Pesquisar filósofos da Antiguidade Clássica, Grécia Antiga,
montar uma linha do tempo, com as imagens e os principais
pensamentos dos filósofos clássicos.
• Bons Estudos!
• Profº João Paulo
Obrigado pela atenção!

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