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Fidalgo p.60

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O Fidalgo

Cena II
1. O percurso cénico feito pelo Fidalgo é o
seguinte: primeiro, chegada ao cais, depois
dirige-se à Barca do Diabo, seguidamente, vai até
à barca do Anjo e, finalmente, regressa à do
Diabo para embarcar.
1.ª parte (vv. 24-66)

2. Fidalgo revela-se arrogante e altivo, desprezando o Diabo


(trata-o por “senhora”- v. 30) e a sua barca (“Parece-me isso
cortiço” – v.32). A sua atitude está relacionada com os símbolos
cénicos que traz consigo (a cadeira, o Pajem e o manto), pois
estes caracterizam o Fidalgo do ponto de vista social (pertence
à Nobreza) e pessoal, já que mostram a sua vaidade e o seu
sentimento de superioridade ( presunção, arrogância) em
relação aos outros. Estes elementos cénicos caracterizam a
personagem e funcionam como prova dos comportamentos e
atitudes do Fidalgo durante a vida que o vão condenar.
1.ª parte (vv. 24-66)
3.1. De facto, o diálogo entre o Fidalgo e o Diabo é semelhante a um julgamento e a
sentença é ditada logo no início, nos vv. 40-41, quando o Diabo afirma “Vejo-vos eu em
feição / pera ir ao nosso cais …”

3.2. O Fidalgo apresenta, então o seu primeiro argumento de defesa, dizendo que não
vai para o Inferno porque deixou na terra quem reze por ele (“Que leixo na outra vida/
Quem reze sempre por mim. – vv. 44-45).

3.3. De imediato, o Diabo apresenta dois argumentos de acusação que sustentam a


sentença já anunciada. Acusa o Fidalgo de ter vivido a seu bel-prazer, fazendo tudo o que
queria, pensando que a sua alma se salvaria porque deixava alguém a rezar por ele (“E tu
viveste a teu prazer/Cuidando cá guarecer/por que rezem lá por ti?!...” – vv. 48-50).
Acrescenta que a forma como viveu a vida na terra determina a vida depois da morte / a
vida eterna (“Segundo lá escolhestes, /assi cá vos contentai.” – vv. 57-58). Além disso, a
vida terrena de D. Hanrique foi pecaminosa e cheia de prazeres (“Do que vós vos
contentastes. – v. 66).
1.ª parte (vv. 24-66)
3.4. O Diabo utiliza um tom irónico e jocoso, desde o
início do diálogo com o Fidalgo (vv. 24-25), como
forma de acusação, para destacar os seus vícios e
troçar (vv. 46-47) da sua inconsciência, revelada nos
argumentos de defesa que apresenta.

3.5. No discurso do Diabo está presente o cómico de


linguagem quando usa a ironia para ridicularizar o
Fidalgo (vv. 46-47).
2.ª parte (vv.67- 107)

4. O Anjo mantém-se em silêncio e indiferente à


chegada do Fidalgo. Perante esta receção, D. Anrique
fica nervoso, insiste em falar com o Anjo, tornando-
se arrogante e mal-educado /desrespeitoso no
aparte que faz (vv.71 a 74). A personagem estava
habituada a que todos lhe obedecessem e a ser o
alvo de todas as atenções, portanto fica zangado com
o comportamento do Anjo.
2.ª parte (vv.67- 107)

5.1. Na tentativa de ser recebido na barca do Paraíso,


o Fidalgo vai apresentar argumentos para convencer
o Anjo a deixá-lo embarcar. De facto, está convencido
de que a sua posição social (ser nobre) é suficiente
para merecer ir para o Céu. Assim, diz ao Anjo “Sou
fidalgo de solar, /é bem que me recolhais.” (vv. 82,83)
e questiona-o : “Pera senhor de tal marca / nom há
aqui mais cortesia?” (vv.90, 91)
2.ª parte (vv.67- 107)
5.2. A sentença do Anjo é a seguinte: “Não se embarca tirania
/neste batel divinal. (vv. 84, 85). Esta sentença é baseada nos
argumentos de acusação apontados pelo Anjo.
De facto, o Fidalgo foi presunçoso, como comprovam os vv. 88,
89 – “Pera vossa fantesia/ mui estreita é esta barca”-, vaidoso
(“fumoso”, v.107) e tirano para com o povo (“cuidando na
tirania /do pobre povo queixoso”, vv. 102-103).
Os símbolos cénicos que traz consigo são a prova de
todos estes vícios /defeitos. A cadeira e o manto refletem
o seu poder e a ostentação, a sua vaidade, e o Pajem é a
prova da sua tirania e da exploração dos mais pobres.
3.ª parte (vv.108- 182)
6. No início da cena, o Fidalgo mostrou-se arrogante,
altivo e orgulhoso. Neste momento, surge
humilhado, e resignado, visto que já percebeu que
será condenado, mesmo pertencendo à Nobreza.
Mais uma vez, revela a sua inconsciência enquanto
estava vivo, pois julgava que o inferno era
ficção/imaginação e, por isso, não se preocupou com
a vida depois da morte. 9ºA
3.ª parte (vv.108- 182)

7. A canção entoada pelo Diabo cria um cómico


de linguagem e de situação, uma vez que o
Fidalgo terá de entrar na barca que desprezou.
Revela ainda a certeza que o Diabo sempre teve
de que o Fidalgo seria seu passageiro.
3.ª parte (vv.108- 182)

8. O Fidalgo quer voltar à vida para ver a amante (”Tornarei


à outra vida/ ver minha dama querida” – vv. 131, 132) e a
mulher (“Dá-me licença te peço/ que vá ver minha mulher.
”- vv. 150-161). Estes pedidos revelam a ingenuidade do
Fidalgo, o facto de ser adúltero, mas também ser traído,
sem saber, com alguém de condição social inferior e de a
mulher ter ficado feliz com a sua morte.
3.ª parte (vv.108- 182)

9. Ao recusar os pedidos do Fidalgo, o Diabo não só


ridiculariza a sua ingenuidade assim como critica as
atitudes das mulheres que são falsas e infiéis: a
amante enganava-o e a mulher ficou contente com a
sua morte.
3.ª parte (vv.108- 182)
10. O pajem não embarca, porque não é ele que está
a ser julgado, não cometeu nenhum pecado, apenas
foi explorado pelo Fidalgo e está ali como vítima da
tirania do seu amo.
3.ª parte (vv.108- 182)
11.1. A intenção crítica de Gil Vicente em relação à sociedade do
seu tempo e o seu objetivo de a moralizar, pondo em prática a
máxima latina “Ridendo Castigat mores”, estão patentes nesta
cena.
Assim, através do Fidalgo que é uma personagem-tipo, critica-
se e condena-se a ostentação, a vaidade, a corrupção moral
(adultério) e a tirania, vícios de muitos elementos da nobreza
quinhentista.
A referência ao pai do Fidalgo, no verso 54, é a prova de que
outros nobres também já tinham sido castigados pelos mesmos
pecados. Em suma, O Fidalgo representa os defeitos de toda a
classe da nobreza.
Gramática
A)2

B) 5

C) 1

D)6

E) 3
Gramática
2.
a) Os vícios condená-lo-ão.

b) O Diabo afirma que o receberá na barca infernal.

c) O Anjo não lhe respondeu.


Gramática
3.
a) Paragoge.

b) Assimilação.
Escrita
Tópicos a respeitar:
Indica o espaço onde as personagens se encontram:
junto a um rio / junto a uma ribeira / num cais / junto da barca do Anjo/ na barca
( Anjo)
Refere outra personagem em cena durante o diálogo:
Diabo / Companheiro / moço da cadeira.
Explicita a função desempenhada pelo Anjo:
o Anjo tem como função julgar o Fidalgo.
Apresenta dois argumentos usados pelo Anjo:
a «tirania»; a «fantesia».
Indica o destino do Fidalgo:
Inferno / barca do Diabo.
Explica a intenção de crítica social presente no excerto:
no excerto, é feita uma crítica à nobreza, classe social que o Fidalgo representa.

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