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Diagnostico de Carie Dental

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REVISO DE LITERATURA
CRIE: DIAGNSTICO E PLANO DE TRATAMENTO
VITOR ALEXANDRE MARINHO (*)
GERALDO MAGELA PEREIRA(*)

RESUMO
Como a Odontologia moderna no pode limitar-se apenas a identificar cavidades, toda e qualquer tentativa de
diagnstico da doena crie em seu estgio mais precoce vlida. Assim, os mais variados e modernos mtodos de
diagnstico de crie vm sendo desenvolvidos com a inteno de tornar mais preciso o diagnstico de leses incipientes de
crie, ainda confinadas ao esmalte, em seu estgio sub-clnico. Porm, na clnica odontolgica diria, os mtodos de diagnstico
utilizados so aqueles universalmente empregados, utilizando-se, muitas vezes, apenas sonda exploradora e espelho clnico.
A inteno dessa reviso a de despertar o interesse do clnico geral para a importncia de um exame diagnstico bem
feito, possibilitando dimensionar melhor a condio de sade bucal dos pacientes e a amplitude da doena crie.
DESCRITORES: Crie dentria; diagnstico; plano de tratamento; controle de paciente.

SUMMARY
CARIES: DIAGNOSIS AND PLANNING
Modern dentistry should not restrict itself to identifying cavities. Any attempt to diagnose caries in its earlier stage
is useful. Therefore, different and modern methods have been developed in order to increase the accuracy of initial subclinic
enamel carious lesions. However, in dental daily practice, only conventional methods have been used, mainly with the help
of a mouth-mirror and a probe. The purpose of this paper is to arouse the practioners interest in the importance of a well done
diagnostic exam to better evaluate the patients conditions.
KEY WORDS: Dental caries; diagnosis; treatment; patient control.

1.INTRODUO
A crie dental durante muito tempo foi, e talvez
ainda seja, tratada apenas no sentido mais estrito da
palavra (do latim destruio, decomposio) limitandose o seu tratamento apenas remoo do tecido cariado
e obturao da cavidade decorrente.
A crie dental pode ser tida como uma doena
tpica do homem civilizado e, de maneira genrica,
todo indivduo adulto durante sua vida acometido
pela crie dental, datando porm, da pr-histria o
aparecimento da crie entre os seres humanos. Num
exame de 100 crnios do homem de Neanderthal no
se constatou a presena de crie, significando no a
sua ausncia mas sim uma incidncia de crie apenas
ocasional neste perodo, restrita a uns poucos
espcimes. Porm a partir de um maior consumo de
acar por volta de 1665, a incidncia de crie
aumentou drasticamente (Pinheiro, 1983).
Destruio progressiva e localizada dos dentes,
principalmente das coroas dentrias; doena infectocontagiosa que resulta em uma perda localizada de
miligramas de minerais dos dentes afetados, causada
por cidos orgnicos provenientes da fermentao
microbiana dos carboidratos da dieta, seriam outras
definies de crie. Qualquer que seja a definio de
crie, quando no tratada pode haver progresso

culminando com a destruio quase total do dente e


levando infeco da polpa e tecidos de suporte, com
seqelas s vezes graves (Burnett et al., 1978; Weyne,
1989).
Ao se planejar o tratamento da crie dental, o
clnico dever decidir quanto a ser ou no mais
apropriado tentar impedir o progresso da leso, excisla e restaurar a cavidade, ou extrair o dente. Caso seja
adotada a abordagem restauradora, ento algum
julgamento dever ser exercido quanto extenso do
procedimento operatrio, o tempo que ser necessrio
e os materiais restauradores a usar. Dentro desse
contexto deveria ficar determinado se o tratamento
realmente necessrio, se ele constitui a maneira mais
apropriada de controle da doena e se ele ser
empreendido dentro do contexto das necessidades do
paciente, alm de ser imprescindvel lembrar que a
propagao da crie ocorre de maneira diferente de
acordo com a superfcie do dente (Elderton e Mjr,
1990; Kidd e Joyston-Bechal, 1987).
O manejo de pacientes na prtica Odontolgica
envolve a coleta de informaes diagnsticas atravs
do processo clnico em seu todo. No tratamento e
preveno da crie, diversos mtodos de diagnstico
so usados servindo ao propsito de determinar a
presena da doena e a sua extenso num paciente
suspeito, permitir a escolha da alternativa de

*Professores do Instituto de Odontologia UNIFENAS, Universidade de Alfenas, C. P. 23, CEP. 37.130-00, Alfenas-MG E-mail: marinho@artefinal.com.br

R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:27-37, 1998

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V. A. MARINHO e G. M. PEREIRA

tratamento mais indicada, monitorar o curso da doena,


avaliar a eficincia do tratamento e determinar a
presena de fatores que possam favorecer o
estabelecimento e a progresso da crie. O principal
objetivo da coleta de informaes diagnsticas a
melhora da sade, no levando em conta apenas
sintomas ou condies locais (Johnson, 1996;
Thylstrup, Fejerskov, 1988).
Apesar da definio clssica de crie associarse dissoluo dos tecidos mineralizados do dente,
isto apenas uma face do processo carioso. Na verdade
o processo carioso apresenta uma dinmica que, se
desmineraliza o dente, tambm pode remineraliz-lo
frente a condies especficas. Portanto, o processo
carioso apresenta naturalmente momentos de
desmineralizao e remineralizao (Oppermann,
1984).
Quando a crie de esmalte detectada
inicialmente em uma radiografia, praticamente j existe
o comprometimento da dentina subjacente,
caracterizando uma leso de crie em estgio subclnico que no pode ser diagnosticada visual ou
radiograficamente (Bjorndal et al., 1998; Consolaro e
Pereira, 1994; Seow, 1997). Sendo assim, a somatria
dos elementos anamnese, exame clnico, exames
complementares, alm do raciocnio, levam a um
diagnstico completo. Tambm real a afirmao de
que o diagnstico precoce de suma importncia dentro
da responsabilidade profissional, superada apenas pela
responsabilidade preventiva, que deve ser o primeiro
objetivo das cincias que cuidam da sade do homem
(Castro, 1981).
A respeito da etiologia da crie, a teoria
qumico-parasitria ou da placa inespecfica, proposta
por Miller em 1890, admite que todas as espcies
bacterianas localizadas nas superfcies dentrias so
capazes de contribuir para o ataque cido sobre as
superfcies do esmalte. Como estas bactrias compem
a microbiota dos dentes e, portanto, so encontradas
em todos os indivduos, no h necessidade de se
aplicar algum recurso de diagnstico bacteriolgico
que possa identificar os pacientes de acordo com risco.
Sendo assim, no precisa ser empregado qualquer
critrio de seleo para o tratamento, desde que a
bactria encontrada em paciente com quadro de crie
aguda seja similar quela encontrada em paciente sem
leso de crie. A principal diferena entre sade e
doena seria a magnitude dos depsitos de placa. Como
h formao de placa continuamente nas superfcies
dentrias, o tratamento deve ser dirio, e como todas
as pessoas devem ser tratadas mais ou menos
continuamente, difcil a adoo de uma conduta
antimicrobiana (Loesche, 1993).
J a teoria da placa especfica considera que
certos tipos de placa so odontopatognicos, porque
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so colonizados e/ou dominados por um ou mais tipos


bacterianos, capazes de determinar uma quantidade
mensurvel de crie dentria. Estas espcies
odontopatognicas incluem S. mutans e lactobacilos
na crie de superfcie coronria, alm do A. viscosus
na crie de superfcie radicular. Isto no quer dizer
que estas espcies bacterianas seriam responsveis por
todas as leses de crie, mas deixa claro que sejam
responsveis por boa quantidade de leses de crie,
quantidade esta que ser significativa do ponto de vista
biolgico. Neste conceito est implcita a possibilidade
de ocorrncia de placa sem que haja doena,
significando a presena de placa no dominada pelos
organismos odontopatgenos (Loesche, 1993; Mount
e Hume, 1997).

2.DIAGNSTICO E MTODOS
Dentro do contexto da teoria da placa especfica
que se inclui a dentstica preventiva, onde
interessante que se conheam as condies
microbiolgicas do indivduo para que sejam realizados
procedimentos adequados no apenas com o intuito
de restabelecer condies satisfatrias dentrias, mas
tambm de sade bucal e preveno de futuras doenas.
Um mtodo de diagnstico ideal deve ser
confivel, capaz de detectar leses de crie em estgio
inicial, diferenciar leses reversveis das irreversveis
e permitir sua documentao. Alm disso, custo
acessvel, conforto para o paciente, rapidez e facilidade
de execuo, aplicabilidade a todos os stios dos dentes
com a mesma eficincia so caractersticas essenciais
para um mtodo diagnstico ser considerado adequado
(Filestone et al., 1998; Magid, 1996; Pitts, 1992a).
Dentre as tcnicas de diagnstico adequadas
para uma boa avaliao do quadro de doena crie,
algumas consideraes sero feitas, baseando-se nos
tipos de diagnstico que possam estar acessveis, at
certo ponto, grande maioria dos cirurgies dentistas,
e que seriam de suma importncia para um diagnstico
aceitvel e estabelecimento de um plano de tratamento
completo.
2.1.AVALIAO DO RISCO DE CRIE
O conhecimento do nmero total de dentes
apresentando crie resumia bem o conceito de
diagnstico de atividade de crie h algum tempo atrs,
ou ainda, o nmero de novos casos ocorridos em um
prazo determinado (incidncia). Porm, esta
mentalidade estava preocupada apenas com os sinais
da doena e no com sua etiologia (Weyne, 1989).
A doena crie no se instala a partir do
momento em que h leso visvel clinicamente e sim
muito antes disto. Assim, a atividade de crie deve ser
considerada alta quando muitos fatores cariognicos

CRIE: DIAGNSTICO E PLANO DE TRATAMENTO


esto presentes e em condies crticas. Desse modo,
novas leses cariosas podem ser realmente evitadas.
Dentro dos novos conceitos de preveno doena
crie est o estabelecimento do prognstico do
aparecimento de novas leses, associado ao risco
do paciente desenvolver a doena. Com as novas
correntes de preveno, o conceito de risco torna
necessria uma forma de avaliao mais abrangente,
incluindo informaes sobre a dieta do paciente, fatores
salivares e microbiota (Adams, 1995; Newbrun, 1993;
Weyne, 1989).
Exames laboratoriais complementares para
determinar a capacidade tampo, fluxo salivar, nmero
de Streptococcus mutans e lactobacilos tm sido
desenvolvidos para que se tornem mais simples.
rpidos e fceis de serem manipulados na prtica
diria. Mesmo assim, o alto custo e a desinformao
tm tornado inacessveis esses testes, deixando a
Odontologia voltada apenas para o campo restaurador
(Van Houte, 1993).
A medida do fluxo salivar estimulado recolhido
aps 5 minutos revela hipo-salivao ou pacientes
xerostmicos, indicando a necessidade de cuidados
maiores com os dentes, exames mdicos e
intensificao das medidas preventivas (Larmas,
1985). A avaliao do pH e capacidade tampo da
saliva indicam a susceptibilidade do paciente crie,
pois determinam a resposta mais importante do
hospedeiro atuando contra a crie (Larmas, 1992). A
alta contagem de lactobacilos na saliva revela, em
muitos casos, uma alta freqncia na ingesto de
acar ou mesmo um grande nmero de leses cariosas
abertas em plena evoluo (Larmas, 1985). J a
presena de S. mutans na saliva um poderoso
indicador do risco de crie (Alaluusua et al., 1984).
Ao exame clnico visual, pacientes de alto risco
apresentam mltiplas leses cariosas primrias ou
secundrias; mltiplos tratamentos endodnticos e/ou
dentes ausentes devido crie ou mesmo
procedimentos iatrognicos, decorrentes de
experincias com profissionais pouco habilitados;
mltiplas leses ou restauraes em superfcies lisas
ou radiculares, alm de uma higiene oral precria e
completa falta de informao. J os pacientes de baixo
risco no apresentam leses primrias ou recorrentes;
no apresentam dentes ausentes devido a extraes ou
tratamentos endodnticos provocados por crie;
apresentam poucas ou nenhuma superfcie restaurada
e uma higiene oral adequada, com alto ou bom grau
de informao.
Altas contagens de S. mutans e lactobacilos e
baixo fluxo salivar so caractersticas de pacientes de
alto risco. Quando testes com esta finalidade so
aplicados em pacientes de baixo risco observa-se
menor contagem de S. mutans e lactobacilos

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(Pegoraro, 1995). Existem mtodos simplificados que


podem ser realizados no consultrio odontolgico,
entre eles o Dentocult-SM e o Dentocult-LB, o
Caritest-SM e o Caritest-LB e o mtodo da esptula
de madeira28. Esses testes tm a finalidade de permitir
ao cirurgio dentista a realizao de um diagnstico
preciso dentro da avaliao do paciente, evitando que
o diagnstico conclusivo se d apenas pelo exame
clnico visual. De posse de testes como estes, bem
conduzidos, pode-se identificar pacientes que
necessitem de aconselhamento diettico,
acompanhamento mdico (pacientes xerostmicos, por
exemplo) ou pacientes que necessitem interveno em
relao microbiota oral, permitindo que se reduza o
risco a novas leses cariosas.
2.2.MTODO CLNICO
O exame de cicatrculas e fissuras com sonda
exploradora pontiaguda um mtodo de diagnstico
recomendado em estudos de epidemiologia da crie
dentria pela Organizao Mundial da Sade em 1987,
em Relatos de Sade bucal (Hargreaves et al., 1993).
O mtodo ttil tradicional consiste em sondar a rea
suspeita com uma sonda exploradora afiada, sendo
uma possvel variao da tcnica a limpeza e secagem
da rea para o exame visual, em boas condies de
iluminao (Downer, 1989).
A validade da sondagem da superfcie dentria
tem sido cada vez mais questionada, (AngmarMansson e Ten-Bosch, 1987; Beltrami et al., 1990;
Downer, 1989: Newbrun, 1993; Penning et al, 1992;
Pitts, 1991b; White et al, 1995) pois a reteno da
sonda em um certa regio depende de fatores alm da
presena de crie, como por exemplo caracterstica
morfolgica do ponto sondado ou a presso exercida
na sondagem (Downer, 1989; Eccles, 1989). Alm
disso a sondagem pode causar danos integridade da
superfcie do esmalte parcialmente desmineralizado,
podendo funcionar como um procedimento iatrognico,
convertendo uma leso incipiente, paralisada, passvel
de remineralizao em uma cavidade com chance de
destruio progressiva maior que antes da sondagem
(Beltrami et al., 1990; Benn, 1993; Downer, 1989;
Eccles, 1989; Newbrun, 1993, Penning et al., 1992;
Pitts, 1991a). H de se considerar, tambm, a
possibilidade da sonda transferir microorganismos
cariognicos de um stio infectado para outro no
infectado (Downer, 1989; Newbrun, 1993).
O fato da sonda ficar retida ou no, pode no
identificar corretamente a presena ou ausncia de
leso cariosa (Pitts, 1991b). Se no h cavitao, a
sondagem pode ser prejudicial e se, por outro lado, j
existe cavitao, ela normalmente visvel.
O uso do explorador no diagnstico de crie
deve ser restrito remoo cuidadosa de placa e
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resduos que podem estar depositados na superfcie


dentria, especialmente nas fissuras, antes do exame
visual, usando sempre uma sonda com ponta romba
(Downer, 1989; Newbrun, 1993; Pitts, 1991; White
et al., 1995).
Embora o exame clnico convencional com
sonda e espelho seja ainda o mtodo mais utilizado
para a deteco de cries, deve-se salientar a
incapacidade deste mtodo para revelar pequenas
leses cariosas em reas de difcil acesso. Uma tcnica
adicional como a radiografia interproximal deve ser
associada ao exame clnico, com o objetivo de suprir
as deficincias do exame clnico visual (Pitts, 1991).
2.3. TRANSILUMINAO POR FIBRA
PTICA
O FOTI (Fiber Optic Transilumination) como
tcnica de diagnstico de crie baseia-se no fato de
que a estrutura dentria amolecida tem um ndice de
transmisso de luz mais baixo que o do esmalte sadio
e, portanto, a rea da leso vista como uma mancha
escura. O mtodo simples, confortvel para o paciente
e no-invasivo, tendo como limitaes o uso apenas
para leses de crie proximais e a impossibilidade de
diagnosticar cries secundrias circunjacentes a
restauraes (Angmar-Mansson e Ten-Bosch, 1987;
Downer, 1989; Mitropoulos, 1985; Schneiderman,
1997; Vaarkamp et al. 1997).
Num estudo comparativo verificando-se a
validade e capacidade de reproduo do exame clnico
visual, FOTI e radiografias inter-proximais no
diagnstico de caries proximais concluiu-se que a
eficincia do FOTI para o exame diagnstico pelo
menos to alta quanto a das radiografias interproximais e ambas so superiores ao exame clnico
visual isolado. Assim, tem sido afirmado que o FOTI
pode ser uma alternativa s radiografias interproximais e maiores desenvolvimentos e pesquisas
podem permitir que a tcnica torne-se um mtodo de
diagnstico de rotina na clnica odontolgica (Peers et
al., 1993; Reddy e Sugandhans, 1994).
H um consenso de que o FOTI seja superior
ao exame clnico com luz direta, particularmente para
os incisivos, sendo necessrios, no entanto, maiores
estudos a respeito da sensibilidade de diagnstico
(Newbrun, 1993; Peltola e Wolf, 1981).
2.4. MELHORIA DAS TCNICAS DE
DIAGNSTICO VISUAL
a) Separao temporria dos dentes: pesquisas
tm mostrado um substancial aumento no nmero de
leses que podem ser diagnosticadas aps o uso de
separadores mecnicos, comparadas com a inspeo
clnica minuciosa e exame radiogrfico padronizado
(Rimmer e Pitts, 1990; Arajo, 1992).
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Avaliando-se a praticabilidade, aceitabilidade


e potencial de diagnstico quando do uso de
separadores como um mtodo auxiliar de diagnstico
de crie, tem sido encontrado um aumento substancial
do nmero de leses proximais diagnosticadas aps a
separao, comparando-se com exames clnicos
detalhados e por radiografia interproximal. O uso de
separador como um mtodo auxiliar tem sido aceito
pela maioria dos pacientes (Rimmer, Pitts, 1990).
A separao temporria de dentes uma tcnica
simples, de baixo custo e aceitvel para a maioria dos
pacientes. Algum desconforto pode ocorrer, sendo
porm, transitrio. Alm disso, a separao dentria
tem como indicaes precisas permitir o diagnstico
de leses duvidosas em esmalte proximal; permitir o
diagnstico definitivo de leses proximais de razes;
permitir o controle de leses; facilitar a aplicao de
selantes proximais e agentes preventivos; facilitar a
confeco de preparos cavitrios conservativos,
reduzindo o risco de comprometimento dos dentes
adjacentes, alm de possibilitar a recuperao do
espao proximal e do contorno anatmico (Pitts e Kidd,
1992; Seddon, 1989). Entretanto, a tcnica um
mtodo auxiliar e no pode ser considerada um
substituto das radiografias inter-proximais (Anusavice,
1997; Arrow, 1997; Seddon, 1989).
b) Deteco de crie por corantes de contraste:
os corantes so substncias capazes de aumentar o
contraste entre tecidos normais e alterados. Os corantes
so capazes de indicar tecidos dentrios afetados pela
crie irreversivelmente, aumentando a preciso no
diagnstico de leses cariosas (Al-Sehaibany et al.,
1996; Eccles, 1989).
A propriedade dos corantes de aumentar o
contraste por sua cor pode ser usada na dentstica
clnica e em investigaes in vitro e in vivo. Tm sido
utilizados para indicao de tecidos dentais afetados e
melhorar os mtodos de diagnstico. O
desenvolvimento de corantes especificamente para
prtica clnica freqentemente trabalhoso devido aos
efeitos de toxicidade, perda da especificidade e
manchamentos irreversveis ou difceis de serem
removidos (van de Rijke, 1991).
Deve ser salientado ainda que estes corantes,
geralmente base de fucsina, no devem ser utilizados
como uma regra, em todos os tipos de cavidades, mas
sim como auxiliar do diagnstico de remanescentes
dentinrios com crie, geralmente em leses profundas.
2.5. RADIOGRAFIAS INTERPROXIMAIS
A progresso de cries proximais melhor monitorada
a partir de radiografias bite-wing seriadas, mas os
fatores que influenciam a interpretao radiogrfica
dos dentistas no muito bem entendido e parece que

CRIE: DIAGNSTICO E PLANO DE TRATAMENTO


os dados dos exames radiogrficos no so
corretamente utilizados pela maioria dos dentistas nas
decises de tratamento.
O mtodo radiogrfico capaz de detectar
pequenas leses proximais confinadas ao esmalte,
identificar grandes leses oclusais ocultas, acompanhar
a evoluo de leses cariosas e fornecer informaes
adicionais, como a condio do septo inter-dental e
margens da restaurao (Downer, 1989; Pitts, 1992b).
O mtodo radiogrfico, alm disso, mostra-se
adequado para diagnstico de cries oclusais,
proximais posteriores e leses secundrias; moderado
para inspeo de superfcies radiculares e deficiente
para superfcies lisas livres, pequenas cries oclusais
e cries oclusais secundrias (Filestone et al, 1986;
Pitts, 1992a).
A aparncia radiogrfica de leses oclusais
ocultas, uma rea radiolcida tnue e difusa
posicionada abaixo da fissura oclusal, pode revelar
dentina cariada subjacente s cicatrculas e fissuras
aparentemente intactas. No entanto esta aparncia
relativamente grosseira para detectar crie oclusal em
esmalte (Downer, 1989; Newbrun, 1993; Pitts, 1991a;
Pitts, 1992b; Weerheijm, 1997).
Para um diagnstico correto preciso cuidado
na execuo da tcnica radiogrfica e no momento da
avaliao da imagem (Arnold, 1987; Eccles, 1989).
A modificao nas condies padronizadas de
iluminao no momento da anlise da imagem tem uma
leve influncia negativa na qualidade do diagnstico.
Entretanto, a principal fragilidade desse mtodo parece
ser a inconsistncia e variabilidade a que est sujeita
a anlise da imagem entre dois ou mais observadores
(Arnold, 1987; Espelid e Tveit, 1986; Pitts e Renson,
1986).
A habilidade de identificar corretamente a
presena de crie (sensibilidade) por radiografias
baixa (Pitts, 1992b), embora oferea melhores
resultados que a inspeo visual das superfcies
proximais e oclusais; as radiografias detectam mais
leses inter-proximais que o mtodo clnico visual
(Newbrun, 1993). Alm disso, servem como
documentao e permitem o controle da leso,
observando sua progresso, paralisao ou regresso
(Pitts, 1992; Pitts, 1997).
Tradicionalmente, o exame clnico feito com
sonda e espelho usados em combinao com as
radiografias. Entretanto, ambos os mtodos so
inadequados para o diagnstico seguro de leses
incipientes, quando a perda mineral ainda pequena
(Angmar-Mansson e Ten-Bosch, 1987; Eccles, 1989).

3. PLANO DE TRATAMENTO
A Dentstica Restauradora tradicional tem

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muitas falhas e no tem apresentado um mtodo efetivo


para manuteno e controle de cries. Apesar disto,
muitos dentistas continuam sendo movidos por uma
agressiva conduta restauradora que pode resultar em
um tratamento exageradamente desnecessrio e que
pode, no presente, ser visto como inapropriado
(Elderton, 1993; Mondelli, et al, 1983).
A Dentstica Restauradora moderna envolve o
tratamento das seqelas da crie dentria em seu
sentido mais amplo, incluindo desde a preveno de
crie ou remineralizao de leses incipientes, at
restauraes mais complexas. Em funo disso
importante que o clnico compreenda todas as fases
da crie dentria, para que possa manter e preservar
uma tima sade dental para o paciente (Elderton e
Mjr, 1990; Limeback, 1996).
O plano de tratamento em si, uma seqncia
ordenada de procedimentos, estabelecidos para realar
a eficincia clnica. Um plano abrangente de tratamento
apresenta algumas vantagens como (Elderton e Mjr,
1990; Mondelli et al., 1983):
1.fazer com que o clnico pense positivamente sobre
suas aes;
2.facilitar a discusso com o paciente sobre opes de
preveno e tratamento;
3.permitir programar o nmero e a durao das
consultas;
4.permitir que itens especficos do tratamento sejam
delegados a pessoal auxiliar;
5.permitir que o tratamento seja continuado por um
outro profissional, quando necessrio
A remoo freqentemente intempestiva do
tecido dental explica, pelo menos em parte, porque o
tratamento restaurador pode gerar ainda mais
tratamento restaurador, cada vez mais complexo e
dispendioso (Elderton e Mjr, 1990).
A adoo de novas tcnicas, explorando
materiais adesivos expandiu os horizontes dos
procedimentos restauradores. Isto, somado ao maior
conhecimento sobre o processo carioso e sua evoluo,
conduz a caminhos conservativos no manejo da crie
dentria (Anderson et al., 1993; Pitts e Kidd, 1992).
Por essa razo o clnico precisa de informaes
diagnsticas de qualidade e confiana para que possa
determinar qual o tratamento mais adequado para cada
situao particular (Anderson et al., 1993; Dawson e
Nakinson, 1992; Pitts e Kidd, 1992).
Essa mudana de uma filosofia restauradora
para uma filosofia voltada para a preveno requer a
reavaliao das tcnicas de diagnstico clnico e um
grande entendimento em torno de uma questo
polmica: At que ponto o tratamento preventivo
vlido e em que instante a interveno restauradora
realmente necessria? (Elderton, 1993; Elderton e
Nuttall, 1983; Newbrun, 1993; Pitts, 1991a; Mondelli
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V. A. MARINHO e G. M. PEREIRA

et al., 1983).
Ao serem reavaliadas leses cariosas do ponto
de vista do tratamento, as perguntas mais prticas so:
H leses de crie ativa? ou H leses de crie
exigindo tratamento?. Tendo sido diagnosticada uma
leso cariosa, especialmente uma leso incipiente, esta
informao deve ser usada para uma deciso de
tratamento acertada, sendo de responsabilidade do
clnico considerar cada leso do ponto de vista de
possibilidade de ser iniciado o processo de paralisao.
A introduo de critrios mais conservadores
para o tratamento operatrio tem sido freqentemente
vista como um simples adiamento do tratamento
restaurador. Dessa forma natural que a pergunta
Quando usar a broca?, parea atualmente a questo
chave do tratamento de restaurador. A essa altura, seria
mais apropriado, portanto, pr em pauta uma questo
ainda mais importante: Como algum evita a
necessidade do tratamento operatrio? (Anusavice,
1989).
O risco associado ao adiamento do tratamento
operatrio pequeno, uma vez que os tratamentos
alternativos apropriados reduzem a velocidade de
progresso das leses, mesmo quando,
radiograficamente, elas j penetraram em dentina
(Angamar-Mansson e Ten-Bosch, 1987; Downer,
1989; Eccles, 1989; Newbrun, 1993). Entretanto,
somente com o controle freqente ser tico para o
dentista adotar uma abordagem no-restauradora
(Elderton e Mjr, 1990).
Exames radiogrficos peridicos constituem
importante meio para um acompanhamento bem
sucedido dos efeitos do tratamento preventivo. Hoje,
mais que nunca, radiografias bite-wing so obtidas
na maioria das consultas para revises, mesmo que
estas ocorram com a freqncia de uma ou duas vezes
por ano (Newbrun, 1993).
Ao se adotar uma conduta no-restauradora no
controle de cries, no h apenas uma necessidade
crescente de controle peridico das leses incipientes
ou suspeitas e de restauraes mecanicamente
imperfeitas, mas tambm uma necessidade de
motivao freqente do paciente, aconselhamento
preventivo e encorajamento.
Antes de se formular o plano final de tratamento,
essencial ter uma compreenso total dos diferentes
tipos de restaurao e dos materiais que podem ser
usados, incluindo suas vantagens, desvantagens,
propriedades e custo (Elderton e Mjr, 1990).
A no obrigatoriedade de restaurar poderia
oferecer um benefcio direto em termos de reduo na
necessidade de continuar restaurando e substituindo
restauraes pelo resto da vida (Elderton e Mjr, 1990).
Por isso importante que o cirurgio dentista saiba
avaliar se a leso est restrita ao esmalte ou se est
R.. Un. Alfenas, Alfenas, 4:27-37, 1998

em processo de cavitao ativa. Com essas


informaes, pode ser institudo um tratamento mais
adequado e objetivo, decidindo entre uma terapia
preventiva, conservadora e a interveno restauradora
(Newbrun, 1993).
Dados radiogrficos sobre a progresso de
cries inter-proximais mostram claramente que as
leses em esmalte, mesmo atingindo estgios
reconhecveis radiograficamente, podem ser
transformadas em leses inativas ou paralisadas.
Assim, muitos autores tm sugerido esta estratgia
mais conservadora para a restaurao dos dentes
(Elderton e Mjr, 1990; Elderton e Nuttal, 1983).
Cabe ao Cirurgio-Dentista descobrir certas
informaes sobre o paciente, como o seu desejo e
motivao para o tratamento odontolgico restaurador
ou preventivo, sua disponibilidade em comparecer s
consultas, sua provvel cooperao com as medidas
de preveno e com os procedimentos restauradores.
A idade do paciente deve tambm ser considerada, pois
muito mais provvel que sejam encontradas leses
inativas em um paciente mais idoso do que em um
paciente jovem. Mudanas nos fatores etiolgicos so
tambm crticas para a deciso do tratamento. Assim,
uma leso proximal incipiente pode no progredir em
um paciente que tenha alterado seu padro diettico
ou que tenha aumentado o nvel de higiene oral. No
processo diagnstico, a coleta de informaes
relacionadas a esses fatores em cada paciente
individualmente de importncia decisiva para o
sucesso do tratamento. Alm disso preciso ter
critrios bem definidos para decidir quando tentar deter
e quando restaurar. Existem condies que usualmente
indicam a necessidade de uma restaurao, assim
como: sensibilidade do dente a estmulos quentes, frios
ou na presena de acar, leses definitivamente em
dentina, leso ampla prxima da polpa, fracassos em
tentativas anteriores de deter a leso, com evidncias
de que ela est progredindo, possibilidade da funo
do rgo dentrio encontrar-se prejudicada,
probabilidade de ocorrer desvio atravs da perda de
um ponto de contato e, ainda, motivos estticos, que
talvez sejam os primeiros pelos quais o paciente
procura tratamento (Elderton e Mjr, 1990).
Tanto para leses primrias como secundrias
difcil distinguir entre uma leso ativa e crnica. Se
a leso incipiente ou secundria, no est progredindo,
pode no ser necessria uma interveno operatria
(Newbrun, 1993). A crie aguda progride rapidamente,
com efeito de cura ou de mecanismos defensivos
relativamente pequenos. A crie crnica
caracterizada por progresso lenta, com muitos sinais
de ocorrncia de mecanismos de defesa. Pode
desenvolver-se at o estado de crie paralisada, a qual
poder no requerer qualquer tratamento. As cries

CRIE: DIAGNSTICO E PLANO DE TRATAMENTO


agudas devem ser tratadas com cuidado particular, j
que a comunicao com a polpa pode ocorrer atravs
de tbulos dentinrios desobstrudos e expostos ao
meio oral (Elderton e Mjr, 1990).
A respeito de leses de cicatrculas e fissuras,
embora possam permanecer paralisadas, torna-se
difcil avaliar seu estado, sendo virtualmente
impossvel provar que tenha ocorrido deteno e que
a crie ativa esteja paralisada. Por isso, importante
avaliar at que ponto podem ser adotadas abordagens
no operatrias quando houver crie questionvel
nestes locais. Assim, podemos ter as seguintes condutas
na tentativa de controlar cries de cicatrculas e
fissuras: remover a fissura, aplicar selante de fissura,
restaurao preventiva de cimento ionomrico ou
resina, ou ainda uma combinao de tcnicas (Elderton
e Mjr, 1990).
J a respeito da substituio de restauraes,
pode parecer conveniente substituir ou mesmo reparar
uma restaurao nos casos em que se observa uma
fenda na interface entre o dente e o material
restaurador. Entretanto, a presena pura e simples de
uma fenda prxima a uma restaurao no critrio
capaz de definir a necessidade de substituio de uma
restaurao e, se o paciente vai ao consultrio
desejando apenas substituir suas restauraes, por
motivos psicolgicos como a esttica, a restaurao
deve ser removida somente aps todas as vantagens e
desvantagens do tratamento alternativo terem sido
discutidas com o paciente.
A vida clnica efetiva de um dente no depende
somente da vitalidade pulpar, mas tambm da higidez
e integridade do seu aparelho de sustentao e do
relacionamento com os demais dentes do prprio arco
e do arco oposto. Sendo assim, a execuo de
procedimentos restauradores integrados necessita do
estabelecimento de um plano de tratamento baseado
num diagnstico e em uma seqncia teraputica
corretos que eliminem todos os fatores etiolgicos,
restaurem a forma e a funo apropriadas e
estabeleam condies necessrias para curar e manter
o sistema estomatogntico sadio e equilibrado.
Justifica-se assim serem o exame clnico e radiogrfico
fatores de mxima importncia para o correto
entendimento e integrao do tratamento restaurador.
Por isso, o tempo gasto no exame inicial e na
determinao do diagnstico no deve preocupar, pois
ele em geral recuperado durante o tratamento, j que
um exame clnico e radiogrfico bem feito e um
diagnstico correto evitam cometer uma srie de falhas
prejudiciais ao paciente e facilitam o trabalho do
profissional, devendo ser observados todos os passos
no tratamento, como fase inicial, fase restauradora,
fase final e fase de controle do paciente.

33

3.1. FASE INICIAL:


1.Atendimento de urgncia;
2.Adequao do meio (raspagens periodontais e
remoo de bordos cortantes);
3.Remoo superficial da crie e vedamento
temporrio (escavao em massa);
4.Exodontias necessrias;
5.Terapia endodntica:
Preventiva: proteo direta e indireta,
tratamento
expectante;
Conservadora: curetagem pulpar, pulpotomia;
Radical: pulpectomia, obturao de condutos.
3.2. FASE RESTAURADORA:
1.Seleo de materiais e planejamento;
2.Restauraes estticas;
3.Restauraes a amlgama;
4.Restauraes fundidas;
5.Confeco de restauraes provisrias.
3.3.FASE FINAL:
1.Reavaliao;
2.Terapia periodontal;
3.Cirurgias parendodnticas.
3.4.FASE DE MANUTENO E
CONTROLE:
1.Condicionamento do paciente para retornos
peridicos;
2.Exame clnico;
3.Exame radiogrfico para estudos comparativos.
Dentro do planejamento, cabe fase inicial
tornar o meio adequado para a restaurao da funo.
Essa adequao do meio consiste basicamente na
aplicao de agentes anti-bacterianos capazes de ajudar
no controle de situaes de intensa atividade cariosa
(Rosa e Rocha, 1993) e tambm em uma remoo
superficial da crie com o vedamento temporrio das
cavitaes (Souki, 1992).
A clorexidina pode ser muito bem utilizada
como agente anti-bacteriano por possuir caractersticas
particulares como a afinidade por S. mutans e a
substantividade, que a capacidade da clorexidina
adsorver s superfcies orais e depois ser liberada
lentamente na sua forma ativa. A clorexidina destacase como um anti-sptico relativamente seguro e
altamente efetivo na reduo de placa, gengivite e de
S. mutans na placa e saliva (Rosa e Rocha, 1993).
A clorexidina particularmente indicada para
pacientes com cries rampantes, alta atividade cariosa
e alto nmero de S. mutans, alm de situaes onde o
fluxo salivar apresente-se reduzido. Porm, efeitos
colaterais como pigmentao dos tecidos bucais, gosto
amargo e alterao do paladar, assim como
R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:27-37, 1998

34

V. A. MARINHO e G. M. PEREIRA

descamaes e sensibilidade da mucosa oral, podem


vir a comprometer a pr-disposio do paciente a esse
tipo de tratamento (Le e Schiott, 1970; Le et al.,
1972; Marsh, 1993; Rimmer e Pitts, 1990).
Os fluoretos tambm so conhecidos pelos seus
efeitos inibidores do metabolismo bacteriano mas esses
efeitos so geralmente referidos como de menor
importncia quando comparados com as interaes
diretas dos fluoretos com os tecidos duros da boca
durante o desenvolvimento das leses de crie (Marsh,
1993; van Loveren, 1990).
Em relao escavao em massa com
restauraes provisrias, um estudo avaliou a
influncia desse procedimento utilizando-se um
cimento de xido de zinco e eugenol como material
restaurador provisrio. O estudo foi feito em 14
crianas com idades de 6 a 8 anos e, quarenta e oito
horas aps as restauraes provisrias terem sido
realizadas houve uma diminuio significativa no nvel
de microorganismos cariognicos. Porm, trinta dias
depois o nvel salivar de S. mutans havia retornado ao
nvel encontrado inicialmente. Com isso conseguiu-se
uma reduo inicial no nvel de microorganismos
odontopatognicos, o que j interessante para dar ao
paciente o incio do tratamento com melhoria das
condies bucais (Souki, 1992).

4. DISCUSSO
Vrios so os mtodos de diagnstico relatados
hoje em dia, cada um com suas caractersticas
particulares e, praticamente nenhum deles
imprescindvel e definitivo para ser utilizado em todas
as reas da boca. Cabe ento ao cirurgio dentista
avaliar e selecionar o que melhor se adapta as suas
necessidades.
Os vrios testes para avaliao do risco de crie
relacionados capacidade tampo, fluxo salivar e
contagem de microorganismos patognicos quando
utilizados podem dar ao cirurgio dentista a correta
dimenso da doena crie e tambm deixar o paciente
consciente de suas condies bucais, despertando seu
interesse para a manuteno de um quadro estvel de
sade. O maior problema aqui parece ser o econmico,
cabendo ao profissional mostrar ao paciente a relao
custo-benefcio de um exame diagnstico bem feito e
da correta manuteno da sade.
No entanto, bom salientar que testes
bacteriolgicos requerem um mnimo de treinamento
do cirurgio dentista para uma interpretao adequada
dos resultados. Uma alternativa seria colher o material
e envi-lo a laboratrios especializados, evitando-se
resultados falsos ou m interpretao dos resultados
O exame visual isoladamente no d ao
cirurgio dentista o conhecimento das condies interR.. Un. Alfenas, Alfenas, 4:27-37, 1998

proximais dos dentes sendo, portanto, inadequado


como exame diagnstico nico. O ideal seria
complement-lo com radiografias bite-wing ou mesmo
com a transiluminao (FOTI) para aumentar a
qualidade do diagnstico. Logicamente, as limitaes
de ambos os mtodos devem ser conhecidas para que
possam ser utilizados corretamente.
Grande nfase tem sido dada separao de
dentes para diagnstico precoce de cries por tratarse de um mtodo simples, barato e eficiente. Por isso,
a separao temporria de dentes, mediata ou imediata,
vem sendo utilizada apresentando como nico
inconveniente uma certa averso pelo paciente.
Os raios X tm sido largamente empregados h
muitos anos e constituem-se em um meio auxiliar de
diagnstico efetivo para deteco de cries interproximais e oclusais, alm de ser amplamente
difundido. Porm, o volume de pelculas radiogrficas
jogadas no lixo todos os anos muito alto devido
falta de treinamento, o que aumenta tambm o tempo
de exposio aos raios X. Um outro problema com os
raios X seria a interpretao radiogrfica incorreta,
onde resultados duvidosos podem levar o CirurgioDentista a restaurar dentes que no necessitariam de
interveno ou que poderiam vir a receber condutas
conservativas.

5.CONCLUSO
De posse de todo o arsenal utilizado para
diagnstico pode-se concluir que todo o progresso da
Odontologia est caminhando para o campo da
preveno, do diagnstico acertado, que, muitas vezes,
pode basear-se principalmente na histria pregressa
do paciente, e pode ser complementado por meios
auxiliares.
No correto concluir que o Cirurgio-Dentista
deve utilizar este ou aquele mtodo nico para o
diagnstico. Cabe ao profissional avaliar o que melhor
lhe convm dentro de sua capacidade tcnica e,
tambm, dentro das condies econmicas de seus
pacientes. Porm, no possvel que o profissional
fique alheio aos variados mtodos de diagnstico
restringindo-se apenas ao exame visual ou sondagem,
o que pode vir a comprometer a qualidade do
diagnstico e do tratamento restaurador e conservador
do paciente.
Portanto conveniente afirmar que com a
utilizao de mtodos auxiliares de diagnstico a
avaliao do paciente muito mais precisa quanto ao
risco crie , tornando o tratamento mais objetivo e
abrangente. No necessrio apenas identificar leses
de crie e restaur-las. O importante no exame clnico
determinar o que fazer e como fazer.

CRIE: DIAGNSTICO E PLANO DE TRATAMENTO

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