2 RENZO (Imperio Familia Caccini) - ANE LE
2 RENZO (Imperio Familia Caccini) - ANE LE
2 RENZO (Imperio Familia Caccini) - ANE LE
Capa: Vic_designer_
Revisão: Amanda Mont’Alverne Diagramação: Ane Le Imagens: Canva
Plágio é crime.
A violação autoral é crime, previsto na lei nº 9.610/98, com
aplicação legal pelo artigo 184 do código penal.
Criado no Brasil.
Obra registrada.
SUMÁRIO
Sua vida era organizada e tranquila, mas tudo mudará quando uma
ruiva, dezessete anos mais nova, passar a ser sua responsabilidade.
Ao completar a maioridade, Melanie é obrigada a se casar com
Renzo e mergulhar de cabeça na escuridão do subchefe sombrio e gélido.
Revelações serão feitas e ela descobrirá que toda a sua vida foi uma
completa mentira.
NOTAS DA AUTORA
Olá, meu querido leitor, tudo bem? Que bom tê-lo por aqui, seja
mais uma vez, seja a primeira vez!
Peço, por favor, que antes de iniciar a leitura, leia essa nota e se
atente aos gatilhos presentes neste livro.
Primeiramente gostaria de agradecer por escolher esse livro para ler
e também lembrá-lo que esse é o 2º livro da série família Caccini. O
primeiro livro você pode ler clicando aqui: ROCCO - Império família
Caccini
Diante disso, preciso deixar claro que esta é uma história de
romance dark e com alguns temas que podem gerar gatilhos como: traição,
morte, violência psicológica, tortura e uso de drogas lícitas e ilícitas.
Renzo é um homem difícil por ser muito frio, mas dê-lhe uma
chance de mostrar que o amor mudará a sua percepção de vida. Nossa
mocinha é forte e fará do limão, uma doce limonada.
Garanto que não irá se arrepender se escolher levar essa leitura até o
final.
Melanie Salvatierra
Eu não tenho amigas, nunca fui para escola, estudei em casa a vida
inteira. Meu pai queria me proteger de tudo e de todos, mas agora eu te
pergunto, para quê? Para me entregar depois para um mafioso cruel? Não
consigo entender o que ele está querendo fazer.
Sei que meu pai está doente e que a qualquer momento ele pode
morrer, e isso me dói profundamente, ele é tudo que tenho nessa vida. Mas
não consigo aceitar que ele me entregou a um desconhecido, meu coração
sangra só de imaginar minha vida sem meu pai e pior ainda, minha vida nas
mãos de um monstro.
Meu pai me criou sozinha, minha mãe morreu ao me dar a luz e esse
é o meu maior medo ao gerar uma criança. Não que meu pai não tenha me
criado bem, muito pelo contrário, ele fez de tudo para amenizar a falta que
minha mãe faz na minha vida, mas mesmo assim é um vazio que ninguém
consegue preencher.
Mesmo sem nunca tê-la conhecido, sinto muito a sua falta. Queria
ter compartilhado com ela todas as coisas que meninas compartilham com a
mãe, mas eu nunca tive uma figura materna em minha vida. Meu pai nunca
mais se casou. Ele a amava muito e ainda a ama. Às vezes o pego sofrendo
por sua falta.
Meu coração acelerou. Ele era meu segurança desde quando eu tinha
12 anos e tenho uma quedinha por ele, mas Giovanni só me enxergava
como uma pequena criança.
— Oi?
— Você o conhece?
— Sim.
— E como ele é?
— Fisicamente.
Entendo que beleza não é tudo, mas sei que ele é uns bons anos mais
velho do que eu e tenho medo de que seja pavoroso.
Ai, Jesus! Será que ele é um daqueles velhos barrigudos? Não, meu
pai não faria isso comigo… faria?
— Melhor você nem saber. — Ele se virou para sair do quarto, mas
segurei no seu braço.
— Não, por favor, eu quero saber — insisti. — Eu tenho esse direito
— tentei convencê-lo.
— Por que?
— Meu Deus! — Levei a mão na boca. — Meu pai não podia ter
feito isso comigo. — Andei de um lado para o outro. — O que vai ser da
minha vida agora?
— Meu pai disse que é por isso que tenho que me casar, eu não
posso comandar a máfia por ser mulher.
— Mas eu poderia te ajudar. Não sei porque seu pai colocou esse
cara no comando; — Giovanni pareceu estar mais indignado com o fato do
cara comandar a máfia do que eu estar me casando com esse monstro.
— O que você vai fazer, papai? Vai me bater? Tudo bem. Uma surra
não é nada perto do que fez com a minha vida. Você vai me entregar de
bandeja para um monstro.
Respira fundo, Melanie, você é forte, você tem que ser forte.
— Filha abre, sou eu. — Escutei meu pai bater na porta novamente
— Trouxe uma pessoa para falar com você. — Conclui ser alguém de fora,
porque ele estava falando em inglês. Seria o meu noivo?
— Não quero falar com ninguém, pai, eu não vou descer — afirmei
com afinco.
— Oi, Mel. — Não consegui reconhecer essa voz, mas era doce. —
Me chamo Luara, eu gostaria de conversar com você, apenas conversar, não
vou pedir para que desça sem ser da sua vontade, só quero conversar um
pouquinho com você.
Não posso deixar a esposa do Don esperando, então corri para abrir
a porta e, para a minha surpresa, me deparei com uma linda menina, ela era
jovem, totalmente diferente do que eu imaginava.
Capítulo 2
Melanie Salvatierra
Que ironia, não? É até ridículo associar, mas o meu pai estava à
beira da morte por uma doença, já eu, estou porque ele me entregou.
Meu futuro noivo estendeu a mão para que fizessem o corte e eu fiz
o mesmo. Senti a lâmina queimar a palma da minha mão e o sangue
escorrer e nesse momento uma lágrima idiota insistiu em cair do meu rosto.
Ele pareceu gostar de ver o medo estampado em meu rosto, pois abriu um
sorriso de lado, se divertindo com o meu desespero.
Se vocês estão pensando que eu estava chorando pela dor física que
foi causada em minha mão, vocês estão muito enganados, nada se
comparada a dor que sentia dentro do meu peito.
O que me doía mais era olhar para o homem que eu gostava e ver
que ele estava aplaudindo também. Meu coração estava esmagado. Não
tinha mais volta. Fui entregue à morte.
Esperei até que todos se distraíssem, inclusive o meu noivo, que não
parou de me encarar, e vim para o jardim. Precisei de um ar puro. Eu era
muito sensível, sempre fui assim, então qualquer coisa sentia vontade de
chorar e não queria chorar na frente daquele homem. Sentia como se ele
fosse me esmagar a qualquer momento somente com o seu olhar. Que Deus
me proteja de todo mal.
— O que você tem com o soldado que faz a sua segurança? Não me
recordo o nome dele.
Meus olhos se arregalaram mediante a sua pergunta. Além de
assustador, é um exímio observador.
— Se você quer continuar mentindo, tudo bem, mas saiba que eu sei
que é mentira, se vocês não tem nada é porque ainda não tiveram
oportunidade. Te aconselho a disfarçar mais quando olhar para ele.
Pelo menos sei que burro ele não é. Tive vontade de rir do que
acabei de pensar, mas me segurei e fiz uma anotação mental: disfarçar
melhor a maneira como olho para Giovanni. Embora eu ache que a única
maneira de como o olho é com carinho, só queria que ele pudesse me
proteger desse homem, assim como tem feito todos esses anos.
— Senhor Renzo, o senhor está me machucando — avisei
novamente e senti ele afrouxar o aperto. — Já falei que está vendo coisas
onde não tem.
Idiota! Minha vontade é falar isso, mas nem tudo que a mente
pensa, a boca deve expressar. Melhor evitar, né?
Saí correndo para dentro de casa, não queria ficar perto dele nem
mais um minuto. Entrei e dei de cara com Luara.
— Dezoito.
— Ah! — murmurei desanimada.
— Sim, faço dezoito daqui quatro meses. Terei que me casar quando
fizer dezoito ou só quando meu pai se for?
Ainda não tive coragem de conversar com o meu pai sobre isso.
Pensar que ele pode ir embora a qualquer momento me deixa terrivelmente
triste e apavorada.
— Eu não sei qual foi o acordo feito por eles, mas acho que só
quando seu pai partir, mas posso perguntar a Rocco depois.
— Eu agradeceria muito.
Ficamos conversando mais um pouco, mas logo eles começaram a
se despedir para ir embora. A maioria das pessoas já havia ido, só tinha
assistido a minha desgraça mesmo e foram embora felizes da vida, rindo da
minha tragédia.
Ao final da noite, ouvimos barulhos de tiros e ficamos desesperados.
Aconteceu tudo muito rápido, os tiros começaram e os homens correram,
nos arrastando para o esconderijo secreto que havia na minha casa. Dentro
da minha própria casa, onde cresci e fui criada todos esses anos e não fazia
a mínima ideia que existia.
— Pai, você vai entrar, né? O senhor não pode se arriscar, está
fragilizado — alertei, puxando-o para dentro comigo.
— Eu tenho que ir, estão invadindo a minha casa, filha, mas você
ficará bem.
— Pai, você promete que volta?
Estava com medo, com muito medo! Meu corpo inteiro tremia
muito, calafrios terríveis tomavam conta de mim. Nunca passei por uma
situação parecida.
— Já acabou, fica calma, tá? — Giovanni me tranquilizou e foi lá
fora verificar se estava tudo limpo.
Enzo reclamava do tiro que acertou seu ombro e seu paletó estava
encharcado de sangue.
— Não! Me solta! Me solta! Meu pai… meu pai — minha voz saiu
esganiçada, a dor estraçalhando-me por dentro.
Eu não sabia dizer o que estava sentindo, mas a dor era imensa, não
conseguia mensurar.
— Shiu! — Continuou fazendo carinho nos meus cabelos e puxou
meu rosto contra o seu peito. — Vai ficar tudo bem.
Por mais estranho que possa parecer, ele estava conseguindo me
acalmar. Doía muito só de imaginar que eu não iria ver mais o meu pai. O
homem da minha vida morreu na minha frente e eu não pude fazer nada
para impedir. Agora estou sozinha nesse mundo, não tenho ninguém esse
pensamento me faz entrar em desespero novamente
Capítulo 3
Renzo Caccini
O que ela viu foi uma cena muito pesada, o pai sendo assassinado na
sua frente. Confesso que fiquei com dó dela, e olha que isso é uma coisa
muito rara, aliás, nem me lembro a última vez que senti dó de alguém.
Saí com ela do carro e assim que a tirei do meu colo, o desespero
pareceu consumi-la novamente. Ela chorou copiosamente sentada no chão e
Luara se ajoelhou na sua frente, a abraçando.
Cazzo![x] Preciso ser legal nesse momento, mas eu nem sei falar com
as pessoas sem ser ignorante, é foda! Tenho que tentar.
— Seu pai não vai voltar, ruivinha. Não é o que você quer, mas tudo
que você tem agora sou eu, sei que não é uma coisa boa, mas é o que tem.
Prometo pegar leve com você. — Melanie abriu um pequeno sorriso —
Mas só dessa vez. — Esclareci e o seu sorriso sumiu. — Vem, você precisa
tomar um banho. — Estendi a mão e ela aceitou.
Fomos para o banheiro, enchi a banheira com água morna para ela
poder tomar um banho e tirar todo o sangue que está impregnado em seu
corpo e cabelo.
— Tá.
Saí do banheiro e deixei ela ter o momento dela. Pedi para não
fechar a porta porque fiquei com medo, ela não está em um bom momento,
talvez pudesse fazer alguma besteira.
Não sou um homem carinhoso, não sou romântico, nem nada dessas
coisas, não sei ser nem simpático, mas hoje vou me esforçar, a menina está
em uma situação foda. Não tem família, não tem amigos, só tem aquele
idiota que faz a segurança dela, mas esse cara não me desce, tem algo de
errado com ele e eu vou descobrir o que é.
— Eu já estava saindo.
O maldito do meu pau deu sinal de vida. Que caralho! Agora estou
de pau duro por causa de uma menina de dezessete anos.
— Tá bom.
Porra, Renzo!
Capítulo 4
Melanie Salvatierra
Peguei uma das tantas camisas de cor escura que estava dentro da
sua mala e vesti. Até que não ficou muito grande, como eu havia imaginado
que ficaria. Ele era um homem alto, mas eu também não era tão baixinha.
Tudo me fazia lembrar dele. Não sei o que vai ser da minha vida
sem a presença do homem mais forte, corajoso e amoroso que eu já
conheci. Para muitas pessoas, ele foi o Capo José, comandando a grande
organização mexicana, mas para mim, ele foi meu pai e meu amigo. Nunca
me tratou mal, nunca foi um mafioso comigo, dentro de casa ele se
dedicava apenas a ser um super pai. E conseguiu, ele cumpriu o seu papel
com excelência até o fim. Mesmo que tenha dado minha mão a um homem
sombrio e desconhecido, tenho certeza que papai fez isso num ato de
desespero e pensando ser o melhor para mim.
Arrependi-me de ter passado esses últimos dias brigando com ele.
Deitei na cama para tentar dormir, mas não consegui. Quando
fechava os meus olhos, via a cena da morte do meu pai e reviver era
doloroso demais.
Já chorei tanto que minha cabeça estava doendo bastante. Decidi me
levantar e ir até a varanda, onde sei que Renzo estava. Antes de anunciar a
minha chegada, fiquei parada, reparando um pouco nele. Estava sentado de
costas, sem camisa, onde consegui ver com perfeição as incontáveis
tatuagens que tem. Ele tragou o cigarro e soltou a fumaça para o alto.
— Não consegui.
— Sim.
— Senta aí. — Apontou para uma espreguiçadeira ao lado da dele.
— Você está pensativa e pela sua cara não é nada relacionado ao seu
pai.
Assenti.
— Não sei. Você ainda não tem idade para se casar, vou ver com o
meu irmão amanhã.
Desconfiava que não, mas só queria ter certeza para não criar
nenhuma esperança.
— Por que você não tenta descansar? — perguntou mais uma vez,
parecendo poder ler os meus pensamentos.
— Eu não estou conseguindo.
— Entendo.
— Mas ainda tem um tempo até isso acontecer. Você faz dezoito
quando?
— Sim.
— Quer entrar?
— Vai, deita aí. — Apontou para o seu lado — Não vou sair daqui
enquanto você não dormir.
— O que foi?
Don Caccini informou que estaria indo viajar com Luara, que
também apareceu para se despedir e mais uma vez, foi muito carinhosa
comigo. Fomos informados que eu iria para a Itália e ficaria na casa dos
pais deles até que chegasse o dia do meu casamento.
Meu Deus! Será que ele ainda mora com os pais? Por isso a
insatisfação?
Me arrumei e esperei ele falar que podemos ir, não quero ir lá nele,
porque percebi que hoje já acordou diferente do Renzo de ontem a noite.
Vou me arriscar e perguntar, tomara que ele não seja tão ignorante.
Renzo Caccini
Há dois dias que a ruivinha estava aqui na Itália, morando na casa
dos meus pais. Ontem foi o enterro do pai dela, dei uma passada lá rápida e
voltei para os meus compromissos, ela ainda parecia estar muito abalada,
então não me aproximei, apenas observei de longe. Não sabia muito bem
lidar com essa coisa de sentimentos, ainda mais com o sofrimento de uma
outra pessoa, então preferi ficar apenas olhando.
Eu não estava indo na casa da minha mãe para não ter que encontrar
com ela. Dormimos juntos naquele dia e para minha surpresa eu consegui
descansar, nem me lembrava a última vez que tinha dormido bem daquele
jeito.
Servi uma dose do meu uísque preferido, que deixo aqui para
quando eu venha e bebi, enquanto fumava um cigarro.
Meu celular vibrou e peguei ele no bolso da calça, vendo que era
uma mensagem do meu irmão.
Rocco:
Como Melanie está?
Eu:
Desde quando você se importa?
Rocco:
Luara quer saber. Facilita minha vida, bastardo!
Eu:
Sei lá, vi ela ontem no enterro do pai dela, mas não me aproximei e
nem falei com ela.
Rocco:
Visite ela hoje e me diga como está.
Eu:
É uma ordem?
Rocco:
Você só vai fazer se for uma ordem? Se a resposta for sim, então é
uma ordem.
Eu:
Foda-se!
Rocco:
Aguardo sua resposta.
Eu:
Estou ocupado.
Rocco:
Estarei esperando.
Não respondi. Virei o copo todo de uma vez e apaguei meu cigarro,
indo para o quarto. Assim que entrei, encontrei ela deitada na cama, me
esperando do jeito que eu gosto. Hoje não queria preliminares, queria sexo
bruto, precisava descontar a minha raiva.
— Não.
— Como ela é?
— Ela quem?
— Sua noiva.
— Normal.
— Normal?
Não faço o tipo BDSM, mas curto um sexo violento, com tapas,
puxões de cabelos, chupões e mordidas, mas não faço o tipo dominador.
Não gosto de carinho, não curto beijo na hora do sexo, acho que isso
envolve sentimentos, faz a linha mais carinho e amor e não é o que eu
procuro na cama. Não que eu não beije na boca, eu beijo, é raro, mas
acontece normalmente nas preliminares, mas durante o sexo não, é um
limite que impus. Olhei a hora no meu relógio de pulso e constatei que já
era tarde, talvez eu nem encontrasse Melanie acordada, mas precisava ir vê-
la para falar com Rocco. Até quando o cara estava longe, ele enche o saco.
Capítulo 6
Melanie Salvatierra
Certeza que ele não veio até aqui só para ficar olhando para a minha
cara.
— Vim ver como você está.
Já desconfiava que isso não ia vir dele, porque ele me viu no enterro
do meu pai e não veio falar comigo. O que eu poderia esperar dele, não é?
— Vou falar com meu pai amanhã. — Deu mais um passo à frente,
com um olhar furioso.
— Falar o quê?
Sei que ele não quer mais que o Giovanni fique próximo a mim, mas
não entendo essa implicância, ele nem se importa comigo.
Não queria enfrentar ele, muito menos ser alvo da sua fúria, mas a
maneira como Renzo falou me fez me sentir um nada. Ele acha que eu não
posso ser desejável?
Tudo bem, eu também acho, mas não vou deixar ele me rebaixar
dessa maneira.
— Tenho certeza.
— Tanto faz, não faço questão que ele goste de mim. — Balancei os
ombros.
— Entenda como você quiser, mas saiba que eu não vou aliviar para
o seu lado.
— Não vejo a hora de tirar esse sorriso da sua cara. — Ele também
riu, mas de uma maneira sombria e extremamente assustadora.
O que foi isso que eu senti? Eu queria ser beijada por ele? Não, não
pode ser.
Balancei a cabeça repetidas vezes de um lado para o outro e me
levantei, indo para o banheiro, lavei o meu rosto com água gelada numa
tentativa em vão de amenizar o calor que estou sentindo.
Quando voltei para me deitar, tudo que conseguia pensar era sobre o
que acabou de acontecer.
— O que você quer fazer hoje? Não quero mais assistir filmes de
romances, fico muito sensível — Alice falou, se deitando na cama comigo.
— Sim.
Surpreendi-me com a sua resposta. Alice era mais velha que eu,
tinha 21 anos, mas ainda não era casada, o que é estranho, porque na máfia
as meninas casam cedo.
— Sou curiosa mesmo. — Ri. — Por que vocês não estão juntos?
— Longa história. — Ela ligou a televisão.
— Me conta? — insisti, me corroendo de ansiedade para ouvir. —
Gosto de ouvir histórias de amor — justifiquei-me.
Alice riu.
— Pode sim.
— Hum.
Queria saber mais sobre a história dela, mas se ela não quiser falar,
tudo bem, vou respeitar.
— Tá bom.
— Provavelmente, mas ele não vai deixar nada acontecer com você.
— Como se ele se importasse comigo. — Ri, achando engraçado a
maneira como ela falou, como se ele se importasse.
Gargalhamos.
— Credo, Lice, não diz essas bobeiras.
— Minha vez não vai chegar, vira a boca para lá. Meus irmãos não
vão deixar isso acontecer.
— Deus te ouça.
Sabia como era ruim passar por esse momento e eu não desejava
isso para ninguém.
Fizemos pipoca e voltamos para o quarto, onde ficamos deitadas
assistindo filme.
Acabo não prestando atenção no filme, estava ansiosa por notícias
de Luara e temerosa pelo que deveria ter acontecido.
Capítulo 7
Melanie Salvatierra
Meu futuro marido não tinha paciência nenhuma, tudo que eu fazia
ou deixava de fazer o irritava. Já eu, sou uma pessoa extremamente
paciente, entretanto, estava chegando ao meu limite com tamanha
ignorância daquele homem.
Não fiz isso para provocá-lo, acontece que Giovanni era a única
lembrança viva que eu tenho do México, da minha vida antes da morte do
meu pai. Perder tudo tão rápido me deixa apavorada.
Hoje percebi que o clima da casa não está agradável. Escutei alguns
gritos e choro da Alice, mas fiquei sem jeito de ir até ela porque a família
estava toda reunida, não quis atrapalhar e nem me envolver, não sei o que
está acontecendo.
— Por que você tinha que fazer isso comigo, papai? — Suspirei
pesado, falando sozinha enquanto estou me vestindo.
— Quero ver qual vai ser suas armas quando a gente se casar.
— Grita, grita mesmo, grita enquanto pode, depois que você estiver
dentro da minha casa, eu quero ver quem vai te salvar. — Uma mão que
estava no meu braço foi para o meu pescoço, mas o seu aperto não era forte
ao ponto de machucar, não igual ele estava apertando os meus braços.
Podia quebrar a mão, né? Mas nem para isso ele presta.
— De quem?
— Alice.
Meus olhos quase saltaram para fora de tão surpresa que eu fiquei
com essa informação.
— Então tá, depois que ficar gamadinha quero ver você falar isso.
Ele correu atrás de mim me xingando por todo o caminho até a sala.
Claro que falei aquilo só para provocar, afinal, não poderia deixar
ele sair ganhando em todas as vezes que vem me irritar.
— O que foi, Rocco? Você acha que essa garota é santa só porque
tem essa cara de sonsa? Essa menina é uma peste! — falou com o irmão,
me difamando na frente de todos e saiu pisando duro, xingando na sua
língua natal.
— Esse cara é doido — comentei com Lua depois que todo mundo
se afastou de nós duas.
Contei para ela o que tinha passado com Renzo, a princípio ela riu e
pediu desculpas, mas falei que tudo bem, eu entendia que essa situação
louca poderia ser engraçada para quem estava de fora. Depois nos
lamentamos bastante. Por mim, por ela e agora por Alice.
Meu coração partiu ao ver Alice daquela forma, quando ela desceu,
ela estava desesperada, pedindo ajuda para todo mundo. Eu até entendia o
desespero dela, já passei por isso, mas no momento não conseguia entender
o porquê de tudo aquilo, só fui entender depois, quando o noivo chegou e
contou tudo que aconteceu entre os dois. Eu sabia que Alice era doidinha,
mas não imaginei que ela fosse tão louca.
Capítulo 8
Bônus – Alice
Uma vez até que tentei, planejei tudo direitinho, mas quando chegou
a hora, eu descobri uma coisa que me fez mudar os planos e agora me
encontro aqui, perdida no meio desse mundo cruel. Pelo menos eu consegui
estudar e abrir meu próprio negócio, a maioria das mulheres do nosso
mundo não fazem nem metade disso, o que é muito triste.
Fui direto para o meu escritório, estava sem saco para ouvir meu pai
e meu irmão falando que ela era responsabilidade de Rocco e que não
podemos nos meter. Que coisa mais ultrapassada!
— É assim que você recebe o grande amor da sua vida? Você já foi
mais carinhosa. — Abriu um sorriso debochado, típico dele.
— Se eu fosse você não faria isso, você não vai querer contar toda a
verdade para sua família, ou vai?
Eu sei que naquela época eu não poderia ter aquele filho, mas eu ia
fazer de tudo para tê-lo, eu jamais conseguiria abrir mão dele por livre e
espontânea vontade. Morreria por ele.
— Eu te conheço? — Deu uma risada alta, que arrepiou-me os
cabelos de tão pavorosa. — Eu não te conheço, eu nunca te conheci. Você
mentiu para mim, foi covarde, preferiu me abandonar do que enfrentar as
coisas ao meu lado.
— Eu sei que errei nisso, mas que droga! Eu só queria viver uma
vida normal.
— Que vida normal, Alice? Que porra de vida normal? Você sabe
que nesse mundo não tem vida normal. Você deixou a gente se aproximar,
você deixou essa merda toda chegar até aqui.
— Não posso? É claro que posso. Aliás, não só posso, como eu vou.
— Você vai me pagar muito caro por ter ido embora, por ter tirado a
vida do meu filho.
Nos seus olhos havia uma mistura de raiva e muita, muita dor. Eu
entendo que ele tenha sofrido muito, mas poxa, eu também sofri bastante.
Melanie Salvatierra
— Você disse certo, eu gosto dele, ele não gosta de mim… não
mais.
— Talvez ele goste, já que ele está fazendo questão de se casar com
você.
Alice fala com uma tristeza tão grande que eu fico com muita dó
dela.
— Lice, vocês tem um passado, essas coisas não se esquecem assim,
com tanta facilidade. O que aconteceu para chegar nesse nível? Que você
acha que ele te odeia?
— Você não ficou com medo de depois descobrirem que você não
era mais virgem? — perguntei bem baixinho essa parte.
Alice não parece perceber, mas os seus olhos brilham muito quando
fala dele… é tão bonito!
— Não?
— Não. — Ela riu e eu também. — Acho que você gosta dele, mas
não da forma como pensa.
— Ele nunca me olhou com outros olhos, enfim, acho que você está
certa. Mas eu queria perder minha virgindade com alguém que eu gostasse,
sei lá, alguém legal. Queria sair, conhecer um homem legal, beijar bastante,
rolar aquela química, igual você descreveu com Enzo, sabe? — Alice
assentiu, sorrindo. — E depois me entregar, mas fazer isso porque eu quero
e gostei da pessoa, não porque sou obrigada, igual terei que fazer com o seu
irmão.
— Qualquer coisa você grita, tá? — Assenti. — Não faz nada com
ela, por favor. Estávamos apenas conversando, é coisa de garotas. — Renzo
continuou em silêncio, com o olhar furioso preso ao meu. — Vou chamar o
papai.
Como eu vou explicar, meu Deus? Bora, Melanie, use essa sua
cabecinha, vamos garota, você é esperta.
— Ouvi o suficiente.
— O suficiente quanto?
— Tá querendo me fazer de idiota, garota? Anda, abre essa boca,
fala logo, estou perdendo o pouco de paciência que ainda me resta.
— Não falei nada disso! — defendi-me, pois não era verdade o que
ele estava falando.
— Sem pensar o caralho! Você acha que eu sou trouxa? Que eu não
percebo seu olhar de idiota apaixonada para aquele idiota?
Tive que praticamente correr para não ser arrastada pelos cabelos.
Saí tropeçando nos meus próprios pés escada abaixo e só não caí porque ele
estava me segurando forte.
Chegamos na sala e a mãe dele e Alice me olhavam apreensivas,
enquanto o pai dele só ficou observando, sem qualquer expressão no rosto.
— Pai, você não pode deixar isso acontecer, Renzo vai infernizar a
vida dela, ele já faz isso aqui em casa — mais uma vez, Alice tentou me
defender.
— Mas ela não fez nada, gente! Renzo, você está fazendo uma cena
à toa!
Eu não queria ir embora, não queria ficar morando com ele. Ele
sempre desconfiou que eu tinha sentimentos por Giovanni e eu fui imatura
por alimentar isso nele, sei lá, acho que eu gostava de vê-lo nervoso com
essa história, porque era o único momento que ele realmente parecia se
importar comigo, mas não é verdade o que ele está falando, eu não me
deitaria com Giovanni, muito menos arriscaria a minha vida. Agora as
coisas iriam piorar muito, não tenho dúvidas disso.
— Você não faz mais a segurança dela, aliás, não chegue nem perto
dela. — Escutei Renzo falar com ele.
O que eu fiz para merecer isso, meu Deus? Por que meu pai fez isso
comigo?
Capítulo 10
Renzo Caccini
Meu erro foi deixar ela achar que podia brincar comigo. Dei muito
espaço para ela, afinal, é uma garota de apenas dezessete anos que perdeu a
única família que tinha, mas eu cansei de bancar o bonzinho, isso
definitivamente não combinava comigo.
— Cala sua boca, não quero nem ouvir sua voz — vociferei,
extremamente irritado.
— Sim.
— Cadê Melanie?
— Sobre?
— Vocês dois.
— Ela faz dezoito daqui um mês, porém, perdeu sua família e está
prometida a você, ela não tem ninguém. Então, vocês podem se casar hoje
mesmo se quiser.
— Por que?
— Porque sim. Não tenho motivos para adiantar o casamento.
— Vocês já comeram?
— Problema dela, agora vai embora. — Abri a porta para que ele
saísse.
— Me expulsando?
Melanie Salvatierra
Seu tom de voz estava mais calmo, o que fez com que eu respirasse
aliviada.
— Um pouco.
Assentiu.
— Sei que você é menor de idade, mas uma taça não te fará mal.
— Acho melhor não, é a primeira vez que você bebe e você ainda
nem é maior de idade.
— Não.
— Não sei. Papai tinha muito medo, mas eu nunca soube de quê.
Acho que Giovanni estava lá para que eu não tivesse necessidade de sair,
afinal, tudo que eu precisava era ele quem comprava. Nunca saí de casa
para nada. Até quando eu passava mal, um médico ia lá em casa para me
examinar.
— Entendo.
— Talvez, mas não vamos pensar nisso. Você gostou mesmo, hein?
— Apontou com o queixo para o meu prato.
— E é magrinha.
— Sim.
— Droga! — resmunguei.
— Está tudo bem aí? — Renzo entrou. — Vai me dizer que nunca
lavou pratos antes? — Abriu um sorriso debochado.
— Não, mas eu sei como fazer. — Abaixei-me para recolher os
cacos de vidro.
— Caralho, Melanie! Não faz isso! — gritou e eu o olhei assustada.
O que eu fiz de errado?
— O que eu fiz?
Se ele não gostou do meu beijo, tudo bem, foi a primeira vez que
beijei, não tinha como ser perfeito, mas eu gostei do dele, gostei muito mais
do que eu deveria ter gostado. Ele tem uma pegada que só Jesus, que
homem forte!
Credo, olha os pensamentos que estava tendo? Até segundos atrás
estava detestando esse homem e agora estou toda derretida pelo o seu beijo.
Fiquei pulando de canal em canal, nada que preste passando. Fui até
a geladeira e só tinha coisas de gente fitness, credo! Cadê as bobeiras? Os
chocolates? Será que esse homem não come essas coisas? Que careta!
Por isso que ele era todo gostoso assim. Melanie, desde quando você
passou a achar esse homem gostoso? Repreendi-me por esses pensamentos
idiotas.
Peguei uma maçã e voltei para o sofá. Será que ele iria demorar?
Queria muito conversar com ele, mas estou até com medo de que ele me
trate mal, ele é super bipolar, nunca sei com qual personalidade dele estou
lidando.
Talvez ele tenha ido para casa da amante. Nossa, se ele fez isso é
muito, mas muito mais idiota do que pensei que fosse.
Não, não é ciúmes, é apenas ego ferido por imaginar que ele me
deixou aqui naquela situação para ir atrás da outra.
E que situação, viu? Foi a primeira vez que beijei e já estava ficando
pelada.
Não sei por quanto tempo eu cochilei, mas acordei com o barulho da
porta se abrindo. Era ele. Essa constatação fez o meu coração acelerar.
— Por que dormiu no sofá? — ele perguntou sem me olhar.
— Por que? Você não gostou? Olha para mim — pedi, chateada com
essa indiferença dele.
— Eu vou ir dormir. — Tentou passar por mim, mas eu coloquei as
mãos em seu peito, impedindo-o de ir.
— Não vamos falar disso, boa noite! — Passou por mim e foi em
direção as escadas, fui atrás dele e quando começou a subir, confessei:
— Eu gostei, Renzo — falei alto para que ele pudesse ouvir.
— Não falei isso. Apenas disse que você não sabe do que está
falando, nunca havia feito isso antes.
— Então para saber se eu gostei, eu tenho que fazer isso com outra
pessoa? Tudo bem, farei e depois volto para te falar.
Melanie Salvatierra
Por falar em Alice, ela estava tão triste, parecia que as coisas entre
ela e o noivo estavam indo de mal a pior e isso antes do casamento, imagina
depois? Logo após o meu casamento é o dela, exatamente três semanas
depois e ela estava tão desesperada que chegava a dar pena da sua situação.
O plano era ela se casar antes de mim, mas como já estou morando com o
meu noivo, decidiram que era melhor eu me casar antes.
— Bem e você?
— Bem, também. — Sorriu, mas nem o pequeno sorriso era capaz
de esconder toda a tristeza em seu olhar.
— O que aconteceu?
— Por que?
— Eu estou com fome e vou parar para comer, Roni, que saco! —
Bufei, irritada.
Revirei os olhos.
— Mel?
— Bem e você?
— Estou indo.
Ficamos só nós dois na sala e toda a raiva que ele estava sentindo
por mim. Decidi ignorá-lo. Fui andando em direção às escadas para ir para
o meu quarto.
— Por que desobedeceu minhas ordens? Eu disse que não queria ele
perto de você! — bradou.
— Melanie…
— Não! Não adianta dizer que não, porque está nítido nessa sua
cara. Aí depois de algum tempo terei que ser obrigada a engravidar, porque
você precisa de herdeiros e sua querida amante não pode dar, porque filhos
fora do casamento não é aceitável. É assim que as coisas funcionam,
Renzo! — Quando dei por mim, já estava gritando. — Eu serei a trouxa que
fica com a parte pior do casamento, que são suas grosserias e seu mau
humor dos infernos, e ela, a que fica com a parte boa. Ah, quer saber? Estou
cansada! — Joguei as mãos para cima e depois bati na lateral do meu corpo,
descontrolada. — Eu não tenho ninguém nesse mundo, eu sou sozinha.
Giovanni é a única pessoa que me restou e você ainda quer me proibir de
falar com ele? Roni estava lá, ele viu que não aconteceu nada, que saco! É
um inferno tudo isso que vivo. Desde quando meu pai morreu eu vivo os
piores dias da minha vida. — Nem notei que estava chorando até que uma
lágrima pingou na minha mão.
— Olha… — Ele se aproximou, mas estendi a mão.
— Não! Não chega perto de mim! Não precisa fingir que se importa
com o que eu sinto.
— Melanie, calma.
Estava bom demais para ser verdade. Bom demais para ser o Renzo.
— Tá bom — concordei, era melhor do que nada, eu realmente
estava precisando de um descanso para a minha mente.
— Obrigada!
— Não precisa agradecer. Agora vai lá e não se acostume, as coisas
não serão sempre assim. — Gentil feito coice de mula, esse era o meu
futuro marido.
Assim que ele fechou a porta, corri para o banheiro, tirando
rapidamente a minha roupa e entrei na banheira, a água estava uma delícia.
Sentia-me sufocada ainda pelo choro que estava entalado na minha
garganta, mas não consegui chorar.
Capítulo 13
Renzo Caccini
Não sei o que deu em mim, estava pronto para infernizar a vida da
ruiva, mas ao vê-la chorar tão desesperadamente daquele jeito me
desmontou.
— Isso é tudo que você conseguiu, Roni? — perguntei ao pegar os
papéis da sua mão.
— Sim, senhor.
— Licença.
— Você fala muito bem em espanhol, é uma pena que não sei falar
nada em italiano. Acho bonito o sotaque.
— Não entendi nada, mas sei que falou mais coisas, isso não vale!
— Cruzou os braços, irritada, fazendo birra igual criança e isso me fez rir.
— Sim.
— Tudo bem.
— Não. Você disse que conhece ele desde quando tinha 12 anos?
— Isso mesmo.
— Acho que sim. Já ouvi eles discutindo algumas vezes, mas meu
pai sempre me dizia que era sobre negócios.
— Martinez.
Não, Melanie, você não sabe! Quando eu disse que não confiava
nele, eu tinha razão. O sobrenome dele nunca foi Martinez, nem sequer
encontrei um registro desse cara. É como se ele não existisse. Me
perguntava como o José foi idiota em contratá-lo. De duas uma: ou ele era
burro e foi enganado; ou ela sabia quem era o Giovanni de verdade. Iria
pesquisar mais sobre ele, não vou desistir. Só vou sossegar quando tiver
certeza de quem é esse desgraçado e o que ele quer perto da Melanie.
— Hum. Já que você não vai brigar, acho que vou deitar, estou com
um pouco de dor de cabeça.
Porra, Melanie! Não sorri assim para mim, eu não mereço os seus
sorrisos.
— Gostaria de viajar.
Melanie Salvatierra
— Obrigada!
— Está mais que certa, mas agora está na hora de você ir. Te desejo
toda sorte do mundo. — A irmã de Renzo me abraçou apertado e com
carinho. Alice não parecia em nada com os irmãos. Além da aparência um
pouco semelhante com Rocco, não havia quase nada semelhante com o meu
futuro marido.
— Que você seja muito forte para enfrentar os problemas e que a
sua recompensa seja a felicidade — Luara desejou-me e acabei me
emocionando novamente, pois era exatamente isso que desejava para a
minha vida, mas infelizmente não acreditava que seria possível.
— Obrigada!
Puxei o ar com força. Não tinha jeito, tenho que encarar. Agora
minha vida iria mudar de uma vez por todas e se antes estava ruim, certeza
que ficaria pior.
Às vezes, digo bem às vezes mesmo, Renzo não parecia tão ruim
quanto era.
A festa estava legal e não podia dizer que estava sendo ruim,
consegui até me divertir.
Assenti e o vi sair.
Procurei ao redor por Giovanni, mas graças a Deus não havia
nenhum sinal dele. Virei-me para voltar para dentro da casa, mas vi duas
mulheres conversando e o assunto em questão, eu, chamou-me atenção,
então fiquei à espreita ouvindo escondido.
Não podia ouvir mais nada daquilo, era demais para mim, meu
estômago já estava embrulhando e o gosto amargo se fazia presente em
minha boca.
Aproximei-me das duas e, ao ouvir o barulho dos meus passos, elas
se viraram, com os olhos extremamente arregalados.
A cada passo que eu dava para dentro daquele lugar novamente, era
como se um punhal estivesse sendo cravado no meu peito e a cada vez que
eu me aproximava da festa e daquelas pessoas, esse punhal entrava mais e
mais.
— Por que você está com essa cara, Melanie? — Renzo perguntou
ao se aproximar, estava tão perdida em meus pensamentos que não o
percebi vindo em minha direção.
Pisquei algumas vezes e respirei fundo, segurando a vontade de
chorar;
— Quero ir embora.
— O que você tem?
— Nada. Eu só quero ir para casa — respondi calmamente, embora
dentro de mim o mar estivesse revolto.
Eu não deveria estar com tanta raiva, afinal nosso casamento foi um
acordo, mas poxa vida, que mulher se sentiria bem no meu lugar? Toda essa
situação era depreciativa.
Entrei depressa e subi para o meu quarto.
Assim que ele me falou isso, minha cabeça foi exatamente para o
dia em que ele sumiu, foi quando ele brincou comigo e Renzo achou ruim.
Não… espera! Ele não seria capaz disso.
— O que foi dessa vez? — Meu coração bateu tão acelerado que
pensei que poderia infartar. — Veio para ficar me olhando? — Sorriu.
— Renzo, você não pode fazer isso. Ele não fez nada.
— Eu não pago ninguém para ficar brincando com a minha mulher.
— Aproximou-se de mim e minha respiração começou a falhar, engoli seco.
Deveria odiar ouvi-lo falando: minha mulher. Mas dentro de mim
estava soltando fogos.
Eu era uma traidora, traía a mim mesma quando estava perto desse
homem.
— Você não pode sair batendo em todo mundo que fala comigo,
desse jeito ninguém vai querer me dirigir a palavra!
— Nunca disse que não era. — Agora ele estava tão próximo que eu
podia sentir a sua respiração quente. — Está nervosa, Melanie? —
sussurrou.
— Vai fazer o quê? — Minha voz quase não saiu por conta da
respiração acelerada.
— Nem queira saber o que tenho planejado para você, esposa.
Tomou minha boca num beijo selvagem. Nossas línguas colidiam-se
desesperadamente, nossos lábios se devoravam sem delicadeza.
Era tanto desejo em seus olhos, refletindo o que também estava nos
meus.
Apesar da insegurança, insensatamente eu estava desejando isso,
estava desejando que ele me tomasse para ele.
Capítulo 15
Renzo Caccini
Mas o que me deixou com mais raiva ainda foi ela mandar eu ir
ficar com a Samantha, aquilo deixou-me a ponto de explodir. Como ela
poderia pensar que eu iria para lá depois do nosso casamento?
Quis revidar as suas falas, não para me defender, pois não havia
defesa, mas para dizer que não era nada daquilo que ela estava pensando.
Nunca existiu amor nesse caso, mas suas palavras duras e regadas de
tristeza deixaram-me pela primeira vez na vida sem saber o que responder.
Optei por sair do quarto do que perder a cabeça e falar qualquer coisa que
fosse me arrepender depois.
Amei vê-la aqui no meu quarto, mas odiei saber que veio para tirar
satisfação sobre Roni. Apenas deixei um aviso para ele e todos os outros.
Não queria ninguém de gracinha com a ruivinha. Ela era simpática demais
com todo mundo e isso me irritava.
Eu não ia mexer com a Melanie, eu sei que a gente tem que
consumar o casamento, mas eu ia deixar até que ela se sentisse confortável
ao meu lado, mas quando eu a vi entrando aqui no meu quarto, meu pau
reagiu na hora, não tive como negar o desejo incontrolável que sentia por
essa demônia ruiva.
Porra, Renzo! Quando foi que ficou tão fascinado por uma mulher
antes?
Volte a si, Renzo, vai viciar na primeira vez que chupou a menina?
Mas o que eu poderia fazer? A ruiva não facilitava, ela era gostosa
ao extremo!
Puta que pariu, essa desgramada não facilitava… Por que tão bonita
e tentadoramente sexy sem fazer qualquer esforço?
Tentadoramente graciosa.
Eu sabia que não era digno de algo tão puro como a sua virgindade,
mas eu era um cretino e me sentia o homem mais sortudo do mundo por
isso.
Cazzo! Só eu sei como está difícil ficar parado aqui dentro dela. Tão
quente. Tão apertada.
Foi o estopim para mim, já não era possível me controlar mais com
uma mulher tão receptiva.
Eu queria devorá-la. A luxúria era tão insana que sentia que cada
vez que tomava mais dela, mais eu queria. Não era o suficiente, eu estava
desejando-a cada segundo mais, mesmo tendo-a em meus braços.
Melanie gozou na sua primeira vez com o meu pau enterrado fundo
nela e foi alucinante. Não pude segurar mais e derramei-me dentro dela,
urrando.
Encostei nossas testas, misturando nossas respirações ofegantes e
senti o mundo girar.
Eu ainda não sei o quê, mas algo aconteceu dentro de mim, pude
sentir uma pequena luz piscar dentro de toda a minha escuridão.
E isso me assustava.
Capítulo 16
Melanie Salvatierra
Ao sair, reparei que o lençol não era o mesmo, ele havia tirado, mas
eu não saberia dizer se foi antes ou quando estava no banheiro. Fiquei tão
cansada após o sexo que se ele tirou, não percebi.
Fui para o meu quarto, vesti uma roupa confortável e como perdi o
sono, pensei em descer, mas fiquei com receio de não encontrá-lo. Seria
decepcionante demais pensar que após o que aconteceu entre nós dois ele
saiu, e pior ainda, minha mente começou a pensar maldades como ele ter
ido até a outra.
Entretanto, não me aguentei de ansiedade e curiosidade e desci. Fui
direto para a varanda, onde ele costumava ficar e o encontrei sentado, só de
calça de moletom, sem camisa, bebendo e fumando.
— Sim.
— Para onde?
— Brasil.
— Sim.
— Sim.
— Já estou curiosa.
— Pode-se dizer?
— Coitada!
— Não.
Sei que não posso esperar muita coisa do meu marido e também sei
que sou carente, mas caramba, que mulher não quer receber carinho após a
sua primeira vez? Ou, sei lá, após ir para a cama com o homem?
Renzo era extremamente quente na cama, faz tudo pegar fogo, mas
fora dela é uma frieza que me incomoda.
Contudo, não irei me importar com isso, não agora, estou feliz que
amanhã vamos viajar, melhor ainda, irei conhecer o Brasil.
Capítulo 17
Melanie Salvatierra
— Tá bom.
Ele saiu junto com o rapaz e fiquei um pouco tímida, não sabia
como puxar assunto com ela.
— Obrigada! — Dei uma golada e até que não era tão ruim, um
pouco amarga, mas estava tão gelada que desceu bem nesse calor.
— E você é feliz?
— Não sei. Não tenho opção, sabe? Sou obrigada a isso. — Duda
parecia bem triste ao falar sobre a sua situação.
— Achei que brasileiro não tinha essas coisas de serem prometidos
ou obrigados a se casar.
— Pois é, também pensei. Difícil demais.
Até que peguei o jeito e me diverti. Ficamos dançando não sei por
quanto tempo e bebendo, já me sentia bem animada e minha bexiga
apertou, avisando que precisava liberar todo o líquido que já consumi.
— Vamos sair daqui — ela me chamou, mas eu não fui. Saí do seu
abraço e parei-me ao lado do meu marido.
— Não faz isso, por favor… não na minha frente — implorei. — Eu
não quero me lembrar de você matando alguém, já chega as memórias que
tenho da morte do meu pai. Por favor, para.
— Cuida disso, Gregório, não quero ele vivo — falou para o marido
de Duda e segurou no meu braço. — Vamos embora, Melanie.
Gregório se desculpou com Renzo pelo ocorrido e disse que
mandaria um presente para ele para que tudo ficasse bem entre os dois… a
cabeça do homem bêbado que mexeu comigo.
— Era para eu fazer xixi nas calças? — Encarei-o, desta vez sem
medo, eu não havia feito nada e não pagaria por erro de outra pessoa. — Eu
estava apertada.
Seus olhos ainda ficaram me encarando por uns segundos, mas ele
logo me soltou e rumou para fora do quarto.
— Onde você vai? — indaguei. Renzo deixava-me confusa com
suas atitudes inesperadas.
Sua fala deixou-me feito boba. Atingiu-me com tanta força que meu
coração até errou as batidas.
— Só sentir o seu gosto nos meus dedos não mata a minha vontade
— falou e abriu bem as minhas pernas, enfiando a cabeça entre as minhas
coxas e me levando à loucura mais uma vez com a sua boca e língua.
Ele me chupava como se eu fosse a sua comida predileta, com
vontade. Sua língua explorava cada pedacinho de mim. Eu estava perdida
em tantas sensações diferentes e gostosas que estava sentindo. Gemia,
chamava o seu nome, puxava os fios do seu cabelo, arranhava seus braços,
me contorcia… era alucinante.
Explodi em mais um delicioso orgasmo e ele tomou tudo de mim,
sugando-me até a última gota.
Renzo Caccini
Sua estatura não era baixa, mas como sou bastante alto, ela era
menor do que eu. Linda, extremamente linda, uma beleza fora do normal.
Sua inocência era algo que me irritava e ao mesmo tempo me atraia como
um imã. Ela era só uma garota começando a viver, não conhecia muito da
malícia do mundo, sempre viveu reclusa, mas tenho certeza que aos poucos
vai pegando o jeito. Já pude perceber que Melanie é muito inteligente e
aprendia as coisas rápido.
Linda! Com uma carinha de quem foi bem comida a noite inteira.
Seu corpo estava cheio de marcas, mas ela não parecia se importar. Eu
ainda não mostrei para ela o jeito bruto que eu gosto, mas não vai demorar
muito. Ela é receptiva, gostosa demais.
Ri. Mas também estava surpreso, sempre fui um homem ativo, mas
ultimamente, com Melanie, tenho me surpreendido com o meu próprio
apetite sexual.
— Não, e nem pode.
Porra! Que delícia ouvi-la pedindo para que eu faça tudo que tenho
desejado fazer a todo momento, desde que bati os olhos nela descendo
aquelas escadas no dia do nosso noivado.
Essa mulher é minha perdição, tenho total certeza disso. Quero viver
dentro dela… da minha mulher.
Capítulo 19
Melanie Salvatierra
Durante essa semana eu fiz tudo que não havia feito em dezoito
anos. Renzo me levou ao shopping, fui à praia, fomos jantar em vários
restaurantes diferentes, fomos a um parque e agora estamos indo à uma
boate, estou muito animada e feliz.
— Você não vai sair com essa roupa — falou, já ficando com cara
emburrada.
— Você tem que parar com essa mania de querer matar todo mundo.
— Tá avisada, fica só perto de mim.
— Vamos.
— Vamos.
— Não fala comigo, por favor, não tenho nem roupa para ir no seu
velório — avisei, já com medo do que Renzo possa fazer.
— Nada.
— Tem certeza?
Renzo Caccini
Pretendia repetir mais vezes, queria viajar para mais lugares junto
dela, percebi que é algo que ela gostou muito de fazer e eu também gostava,
então juntarei o útil ao agradável.
— Já vai sair?
— Volto para jantar com você — afirmei, deixando um beijo em sua
testa e saindo.
— Sim?
— Sim, ruivinha.
— Estarei aqui.
Não queria ficar enganando a minha esposa, por isso iria acabar
tudo com Samantha. Nunca pensei que um dia eu fosse fazer isso, mas tudo
que eu preciso tenho em casa. Melanie era carinhosa e atenciosa, sem
contar que o sexo era incrível.
Confesso que tinha um carinho por ela, foi uma boa companheira
durante todo esse tempo, não tinha nada para reclamar de Samantha.
Contudo, as coisas mudaram, sinto que eu mudei e os meus sentimentos
também.
— Você volta, mas pedirei que liberem algum outro serviço para
você, pode ser no bar, na cozinha ou então na limpeza. Deixarei a seu
critério. — Decidi fazer isso em consideração a tudo que já vivemos.
— Você não pode fazer isso comigo — gritou. — Você não pode
fazer isso com o seu filho!
Parei na hora e girei tão rápido para encará-la que fiquei até tonto.
— Não tem como você estar grávida. — Passei as mãos pelo rosto,
desesperado. — A gente transa de camisinha — falei mas lembrei-me de
uma vez em que havia bebido demais e transei com ela sem usar
preservativo. Porra! — Aconteceu uma vez só e eu não gozei dentro.
O que vou fazer agora? O que falarei para a mulher que está me
esperando para jantar em casa?
Rocco:
Onde você está?
Eu:
No bar.
Rocco:
Qual bar?
Eu:
Estou longe. O bar é bem afastado da cidade.
Virei outro copo e logo o enchi novamente.
Rocco:
O que aconteceu?
Eu:
Depois a gente conversa.
Rocco:
Me manda a sua localização.
É uma ordem!
Mandei minha localização. Não porque ele me deu uma ordem, mas
sim porque eu estava precisando dele.
Tinha certeza que ele iria surtar quando eu contar, vai me encher de
esporro, mas me ajudará a encontrar uma solução.
Capítulo 21
Melanie Salvatierra
Ele disse que ia vim para jantarmos juntos, então precisava preparar
alguma coisa, não queria que ele chegasse e tivesse que fazer comida,
queria fazer uma surpresa.
Eu estava feliz.
Pesquisei uma receita fácil para fazer, mas que fosse gostosa, pois
queria agradar Renzo. Olhei várias e tudo parecia difícil, que saco!
Agradeci a ajuda de Roni e como ele não quis comer agora, guardei
um pouco na vasilha para ele. Agora estava indo limpar a sujeira e lavar
esse montão de vasilhas.
— Não, senhora.
— Boa noite!
Será que tinha outra explicação? Prefiro acreditar que tenha. Ele não
mentiria para mim desse jeito, por que ele faria isso?
— Não posso ficar aqui com você? — Ele estava tentando tirar a
camisa, mas por conta do seu estado, estava tendo dificuldade. — Deixa
que eu te ajudo. — Aproximei-me para ajudá-lo.
Chorei de raiva. Raiva do idiota que ele era e da burra que eu sou
por acreditar nele. Claro que ele não ia terminar nada com aquela mulher,
ele gostava dela, devia ter passado a noite lá, por isso voltou assim, sendo o
Renzo que era no começo.
Só tenho saído do quarto quando ele não está em casa. Ele não me
procurou, então eu que não vou correr atrás desse idiota.
Não sei o que aconteceu, certeza que ele não terminou com a
Samantha, se ele tivesse terminado nós dois estaríamos bem, mas ele não
teve nem a hombridade de vir falar comigo, mas tudo bem, se ele quer
assim, então assim será.
Se eu chorei? Todos os dias, não vou negar. Entretanto, posso sofrer
sozinha, mas não vou correr atrás de ninguém. Não pensem que é orgulho,
porque não é, nunca fui uma pessoa orgulhosa, muito pelo contrário, sou
muito maleável e tranquila, o que eu tenho é vergonha na cara mesmo, não
vou ficar me sujeitando a ser humilhada por ele.
Voltei para o meu quarto e me preparei para deitar. Era tudo que
tinha feito, ido do quarto para a cozinha, no máximo ficava alguns
minutinhos na varanda.
Corri para me ajeitar e quis me estapear por estar sorrindo feito uma
tola. Saber que ele está chamando por mim deixou-me feliz, apesar de
preocupada por ele estar machucado.
— Ótimo, vamos.
Ele me conduziu até o carro e dirigiu rapidamente até o hospital.
Chegamos em menos de dez minutos. Roni conversou com a recepcionista
e logo fomos liberados.
— Tudo bem.
Eu sei que terei que fazer o papel de esposa e cuidar dele, mesmo
ele não merecendo.
Fiquei umas duas horas lendo, entre esse tempo a enfermeira entrou
para olhá-lo e decidi me levantar para buscar um café, já estava com sono.
— Eu busco. — Se prontificou.
Roni era sempre muito educado e prestativo, não tinha nada o que
reclamar dele.
— Obrigada!
Não vou discutir com ela, não vou entrar nessa rivalidade idiota.
— Vaza daqui, sua idiota! — Desviou da maca e veio na minha
direção, rapidamente me levantei.
— Você quem tem que sair daqui, sua louca. — Revidei, sem medo
algum dela. — Você querendo ou não, eu sou a esposa dele.
— Vamos ver até quando — debochou, rindo.
— Você sabe, claro que você sabe, aliás, todos sabem, não é
mesmo? — Um nó se formou na minha garganta e enxuguei uma lágrima
que escorreu pela a minha bochecha.
— Me deixe em paz!
Naquele dia em que ele me levou para a sua casa, ele disse que me
levaria ao inferno, que eu deveria guardar as minhas lágrimas, pois o pior
ainda estava por vir.
Melanie Salvatierra
Roni entrou diversas vezes no quarto para ver como eu estava, ele
era um bom rapaz.
Fui ao banheiro para passar uma água no meu rosto e fazer xixi, me
olhei no espelho e vi que meus olhos estavam inchados. Chorei muito essa
noite, ainda não conseguia acreditar no que eu ouvi, esperava que fosse
mentira, talvez ela tivesse feito isso só para me provocar.
Não seja tola, Melanie. Seu coração está querendo te trair, fazendo
tê-la esperanças.
— Você disse certo, é seu, fica com a sua amante, cuide do seu filho
e esqueça que eu existo.
— Não seja boba, Melanie. Sabe que você vai ser para sempre
minha esposa.
— Posso até ser sua esposa no papel, mas não espere nada além
disso.
— Sua demônia ruiva, você pensa que está falando com quem? —
Mais uma vez ele tentou se levantar, mas não conseguiu, xingando.
— Não! Vai falar aqui na minha frente, minha esposa não tem
segredos de mim.
Eu sei que a criança não tem culpa, mas eu não sei se conseguiria
criar um filho daquela mulher.
— Melanie…
— Para casa.
Ele apenas assentiu e caminhou em silêncio ao meu lado.
— Vai ao mercado?
— Sim. Vou comprar algumas coisas que estão faltando para fazer a
janta.
Não iria cair em tentação. Não sei porque ainda me importava com
esse idiota.
— Vamos, senhora.
Roni tem sido um bom amigo, sim, a gente tem conversado mais,
ele é uma boa pessoa. No dia que cheguei do hospital eu estava arrasada
demais e me surpreendi quando ele conversou comigo, me disse coisas
legais e até me tranquilizou. Ele disse que achava que Samantha estava
inventando e que não estava grávida e, no fundo, bem lá no fundinho, é isso
que eu desejava todos os dias.
— Disfarça e finge que não estou falando com você — o rapaz que
estava com uma jaqueta de frio, boné e óculos falou comigo.
— Vim te avisar que você não está sozinha, eu estou perto de te tirar
desse casamento.
— Agora eu tenho que ir, fica bem. — Saiu com rapidez, não me
dando a chance de me despedir.
Que mundo cruel… o que eu fiz para merecer ter que me encontrar
com essa mulher?
Renzo Caccini
A cada dia que passava, ela fazia mais e mais coisas para me
provocar, era cada comida horrorosa, que, misericórdia. Obviamente que eu
a fazia experimentar primeiro, afinal, nada mais perigoso que uma mulher
ferida.
Roni tem sido um ótimo segurança, ele tem amparado Melanie nesse
tempo. Não estou com ciúmes pela aproximação dos dois, foi eu quem pedi
que ele fizesse isso. Fiquei extremamente preocupado quando ela disse que
teria coragem de se matar para viver livre desse casamento, então eu pedi
que ele fingisse ser amigo dela, ficasse mais próximo e conversasse com
ela, e assim ele tem feito.
Por mais incrível que possa parecer, até mesmo para mim, que
nunca me importei com ninguém, estava me sentindo um lixo por estar
fazendo-a sofrer tanto.
Nunca pensei que fosse me sentir assim por alguém, mas a ruivinha
tinha o poder de mexer comigo.
— Calma? Você está me pedindo calma? Você vai ter um filho fora
do casamento e eu terei que aceitar, e você ainda me pede calma? Que
droga, Renzo! — Chorou de soluçar e isso doeu absurdamente em mim.
— Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo, acredite em
mim — confessei, pois era verdade. Se eu pudesse voltar atrás, faria
diferente.
— Não queria? Será mesmo? Se não queria, por que fez? Por que
não largou ela? — perguntou baixinho e pude sentir toda a dor das suas
palavras, atingindo-me profundamente, causando em mim também uma dor
por vê-la passar por todo esse sofrimento.
— Oi?
— Não.
Era um inferno não poder levantar e ir até ela, queria tanto beijar sua
boca.
Tá foda ficar perto sem poder tocá-la. Ela virou o meu vício e sem
ela estou ficando louco.
Durante a semana que fiquei sem vir em casa, eu bebi todos os dias
e fui dormir louco, porque só assim para não ir até ela. Não sabia o que eu
iria dizer a respeito da Samantha, mas deveria ter falado, não queria que ela
soubesse daquela maneira.
Sei que ela precisa de espaço e vou respeitar, em tão pouco tempo
ela viveu muitas coisas, a perda do pai é a principal e sei que ela ainda não
superou, mas darei um jeito de compensá-la por toda essa bagunça.
Melanie Salvatierra
Por que eu tenho que gostar tanto dele? Por que ele me atrai dessa
maneira intensa? Ai meu Deus, me ajuda!
Acabei pegando no sono enquanto pensava nele e sonhei com a
nossa viagem e nossas transas ardentes dentro daquele hotel.
Com cuidado para não machucar a sua perna, puxei a sua calça de
moletom junto com a sua cueca, abaixando até abaixo do seu joelho,
segurei o seu membro rígido e me sentei em seu colo, encaixando-o na
minha entrada e deslizando lentamente por ele, sentindo-o centímetro por
centímetro dentro de mim.
Ele gemeu rouco e eu choraminguei quando o senti por completo
dentro de mim. Estávamos pulsando, tamanho era o tesão que já me fazia
querer gozar.
— Não fala nada, por favor — pedi, sentindo uma lágrima quente e
cheia de sentimentos escorrer por minha bochecha, pingando bem no seu
peito.
— Não, não fala, por favor, não fala. — Eu não queria ouvir nada,
porque a cada maldita palavra que ele falava, o meu coração idiota batia
descompassado dentro do peito.
Era para ser só uma transa para matar o desejo, mas quando o senti
dentro de mim, foi inevitável manter os sentimentos de fora.
Eu não deveria gostar dele, minha parte racional insistia nisso, mas
agora era tarde para ter racionalidade.
— Desculpa por tudo, minha ruiva linda, eu ainda vou te fazer feliz,
isso é uma promessa. No lugar de todo choro que eu te causei, colocarei mil
sorrisos. Não cansarei até fazê-la a mulher mais feliz do mundo — se
declarou e meus olhos se encheram de lágrimas.
E só então, aqui, deitada em seus braços, é que eu me dei conta de
que não tinha outro lugar no mundo em que eu queira estar.
Hoje o médico ia vir aqui cedo para olhar a perna do Renzo e liberá-
lo para começar a usar as muletas e eu não consegui acordar a tempo.
Levantei mais devagar desta vez e, ao constatar que já estava bem,
fui para o meu quarto tomar um banho e trocar de roupa.
Ele não estava com uma cara boa e fiquei curiosa com o que poderia
ter acontecido.
— O que aconteceu? — perguntei assim que Roni nos deixou a sós.
— Você se importa? — Tinha um tom de deboche na sua voz e eu
fiquei sem entender.
Pude sentir uma pontada de tristeza na sua voz, o que era totalmente
compreensível.
Pisquei repetidas vezes. Não posso entregar Giovanni, ele não seria
capaz de fazer isso. Seria? Não, claro que não, ele só estava querendo me
ajudar — Responde, era ele? — repetiu a pergunta, nervoso.
Melanie Salvatierra
— Senhora, com todo respeito, mas quando minha esposa teve esses
sintomas, era bebê a caminho.
— Tá bom. Obrigada!
— Não acho uma boa ideia, senhora. — Torceu um nariz, com uma
expressão vergonhosa.
Não sei qual vai ser a reação do meu marido, aliás, não sei qual vai
ser a minha reação depois que o choque passar. Ainda estou desacreditada.
Pedirei Roni para comprar uns dez e farei todos, só assim para
começar a processar essa informação.
Ao abrir a porta, levei o maior susto ao ver Roni caído no chão.
Ajoelhei-me ao seu lado e o sacudi, sentindo sangue nas minhas mãos, que
vinha do seu corpo.
Levantei e corri para a porta, ia gritar por Robert, para que ele
pudesse nos ajudar, mas não foi necessário, logo ele apareceu e carregava
nas mãos uma arma com um silenciador no cano.
— Vamos sair daqui agora. Presta bem atenção, Melanie. Você vai
sair comigo como se nada tivesse acontecendo, entendeu? — Se aproximou
e segurou forte no meu braço. Balancei a cabeça concordando. — Se algum
outro soldado perguntar, você inventa que estamos indo em algum lugar.
Entendido? — Anui, com medo de gritar e ele me acertar um tiro. — Agora
vamos logo.
Robert dirigiu até um local abandonado, que não ficava muito longe
do nosso apartamento, e tirou-me do carro, colocando-me em outro veículo.
Agora ele pareceu estacionar e o medo foi ficando cada vez mais
forte. Ouvi a porta do carro sendo aberta e ele me puxou para fora.
Renzo Caccini
Sei que acusei Melanie, mas tudo levava até ela, não foi Samantha
que me contou, até porque não cheguei a conversar com ela, já que a
mesma estava desacordada quando fui ao hospital. Quem me contou foi o
segurança que agora está fazendo a guarda de Melanie junto com Roni. Ele
era um dos que ficava no apartamento de Samantha e viu quando o menino
entregou o chocolate a ela, mas segundo ele, achou que fosse algum amigo.
Para tirar essa história a limpo, fui atrás desse menino e o mesmo, após
alguns minutos de tortura, descreveu Melanie e me pegou de surpresa. Logo
depois lembrei do que Roni disse sobre o homem no supermercado e
quando a questionei sobre isso, ela mentiu, eu sei que mentiu, dava para ver
nos olhos dela, como também dava para ver que ela falava a verdade a
respeito de Samantha, mas eu estava tão cego de raiva, cansado dessa
merda toda, que acabei descontando nela. Errei mais uma vez e a magoei.
Quando chegar em casa irei chamá-la para conversar e pedir
desculpas por ter desconfiado dela.
Desconhecido:
Onde está sua querida esposa? Ela é uma bela ruiva. Cuidado, o
inimigo pode estar na sua casa.
Meu coração disparou ao ler essa mensagem e liguei para Roni, mas
ele não me atendeu. O que fez meu desespero aumentar.
— Fala.
— Nos traiu. Ele não está aqui e os outros seguranças, que ficam na
garagem, disseram que Melanie saiu junto com ele. Já comecei uma busca
atrás dos dois. Agora é esperar Roni acordar para saber mais informações.
Estava com raiva de mim por ter permitido que algo assim
acontecesse com a minha esposa dentro da minha casa. Angustiado por não
saber ao certo o que aconteceu e com medo. Sim, pela primeira vez na
minha vida eu me encontrava com medo. Com medo de que algo ruim
aconteça com a minha ruivinha. Com medo de não vê-la mais sorrir daquela
maneira linda, que iluminava os meus dias. Com medo de não ver mais os
seus cabelos cor de cobre espalhados por meus lençóis e peito. Com medo
de não ouvir mais o som da sua risada que tanto me acalmava
Sei que precisava ficar calmo e agir com sabedoria, não podia deixar
o medo e o pânico me dominarem. Mas pensar na minha linda ruiva em
perigo fazia-me perder o juízo.
Irei matar todos que estiverem envolvidos nessa merda e não vai ser
uma morte tranquila não, quero uma morte lenta e dolorosa. Quem fez isso
vai se arrepender amargamente por ter tocado no meu bem mais precioso.
Capítulo 27
Melanie Salvatierra
Soltei uma risada alta. Isso era um absurdo, uma loucura da cabeça
de Giovanni, um delírio.
— Senta, deixa eu te explicar com calma.
— Para! Eu não quero ouvir mais nada, o que você está falando é
um absurdo.
— Você está insinuando que minha mãe traiu o meu pai? Você só
pode estar louco! — Joguei as mãos para o alto e depois as bati na lateral do
meu corpo.
O que mais de ruim poderia acontecer na minha vida? Era uma
loucura atrás da outra. Daqui a pouco eu iria parar no hospício.
— Tá, supomos que essa história toda seja verdade. — Meu Deus!
Eu só posso estar louca de acreditar nisso. — Qual o seu plano?
— Calma, Mel, você está comigo, não vou deixar nada acontecer
com você. Voltando ao que eu estava falando, ele me procurou e me propôs
uma parceria, e como ele estava com muito dinheiro, acabei aceitando. Era
a única forma de te livrar desse casamento e tomar a máfia mexicana de
novo. — Giovanni se levantou e segurou na minha mão.
— Não pense por esse lado, vou te dar sua liberdade, era tudo que
você queria, não era?
Queria gritar que não, que mudei de ideia… aliás, não sei, eu não sei
mais o que eu queria, só sabia que não queria fazer parte dessa loucura.
— Tenta absorver as coisas boas que você vai levar desta história,
volto aqui mais tarde. — Deixou um beijo carinhoso na minha testa e saiu.
Meu Deus, estava mais ferrada do que nunca. Não sei nem o que
pensar. Descobri que meu pai não é meu pai, que minha mãe traiu meu pai,
que Giovanni queria matar o Renzo, que estou grávida do Renzo e que eu o
amo. Não queria que ele morresse, estou desesperada, vou acabar ficando
doida com todas essas coisas acontecendo ao mesmo tempo.
Agora eu entendia o que sentia por Giovanni, sempre foi fraternal,
mesmo não sabendo e ainda não tendo certeza, meu coração sempre o teve
como um irmão.
Faz dois dias que eu estava dentro desse quarto fedorento. Giovanni
sempre vinha me trazer comida e até me fazia companhia. Era uma situação
complicada e eu sabia que ele não era uma pessoa ruim, só estava perdido.
Contudo, confesso que estou com medo, medo de que aconteça algo com
ele, com Renzo, comigo e meu bebê.
Rapidamente me sentei.
— Seu irmão é tão burro e inocente quanto você. Sua mãe nunca
gostou de mim.
— Então eu não sou sua filha?
Puxei ele com toda a minha força, mas ele era muito pesado e só foi
possível levá-lo até lá porque ele se esforçou e foi se arrastando.
— Não fala isso, você não vai morrer. — Chorei abraçando-o com
cuidado. — Eu estou grávida — contei baixinho, com medo de que mais
alguém ouvisse.
— Seja forte, por você, por mim, pela gente, por favor.
Renzo Caccini
Estou ficando louco, já fazem dois dias que não tenho nenhuma
notícia da minha ruivinha.
Ontem eu decidi abrir a carta que o pai da Melanie deixou para ela,
pois pensei que ali poderia ter alguma resposta e meu choque foi grande.
Agora ficava pensando se foi Giovanni quem sequestrou ela, se ele teria
coragem de machucar a própria irmã. Tem esse pai dela também que o José
mencionou na carta, seria ele? Não sei mais o que pensar. Não conseguia
comer, não conseguia dormir, só pensava nela, só queria encontrar ela.
Encontramos Robert morto dentro do carro que foi abandonado por
ele. Roni ainda continuava internado, mas já estava bem melhor.
Desconhecido:
Se quiser a sua garota, me encontre no galpão hoje às 21h, vou te
mandar o endereço mais tarde.
— Sim.
— Ainda nada.
— No banheiro, senhor.
— Não sei, Senhor, tudo aconteceu quando ela entrou para fazer os
testes.
— Sim.
— Fazer o quê?
— Eu te levo, então.
— O que foi?
Corri, descendo e indo para o carro. Meu irmão teve que correr
também para me alcançar, ou então ficaria para trás.
Melanie Salvatierra
Giovanni estava dormindo. Era tudo que ele fazia, passava a maior
parte do tempo desacordado e isso estava me preocupando bastante. Tinha
medo de que ele não fosse aguentar por estar perdendo muito sangue.
— Aguenta firme, tenho certeza que logo vamos sair daqui — disse
para Giovanni, encorajando-o. Ele estava tossindo bastante, febril também e
como havia perdido muito sangue, suspeitei que estivesse querendo desistir.
— Sei que estarei presa para sempre, mas não vou deixar você
morrer, quando sairmos daqui você vai para um hospital.
— Para onde você vai levar ela? — Giovanni perguntou com a voz
arrastada.
— Cala a boca, seu moribundo, nem para morrer rápido você presta.
— Voltou o olhar asqueroso para mim. — Anda garota, levanta logo, estou
de saco cheio de você e do inútil do seu irmão. — Giovanni continuou
segurando-me. — Acho melhor ele te soltar. — Apontou a arma para ele.
Era óbvio que estava com medo, mas não poderia fazer mais nada.
Para onde eu correria?
— Linda cena. — Bateu palmas, rindo ironicamente. Antônio era
um nojento. — Família é uma coisa espetacular.
— Veio nos buscar, você vai sair daqui comigo — afirmei mais uma
vez.
Nunca senti tanto alívio em ver seus olhos gélidos como estava
sentindo agora.
— Era para você ter ouvido ele — dessa vez foi Rocco quem falou,
enquanto Enzo estava no cantinho do quarto, comendo um pequeno pacote
de salgadinhos.
Eles não estavam vendo que estava em perigo? Por que está todo
mundo tão tranquilo?
— Você está bem? Foi ele quem fez isso no seu rosto? — Assenti.
— Vai indo com Rocco e Enzo que eu vou resolver um negócio com seu
irmão.
— Já que o Rocco não quer levar, faz esse favor, Enzo. — Renzo
tentou mais uma vez.
— Por causa dele você está aqui, ele quem te trouxe para essa merda
toda! — vozeou, demonstrando toda a sua insatisfação e raiva de Giovanni.
— Que família, Melanie? Você nem sabia que ele era seu irmão.
Você poderia estar morta agora e tudo porque esse merda te trouxe para cá.
— Ele está certo, Mel, vai lá para fora, está tudo bem — Giovanni
falou pela primeira vez desde que Renzo chegou.
— Não! Cala sua boca! — gritei com ele. Giovanni não poderia
aceitar morrer tão facilmente. Todo mundo erra e tinha direito a uma
segunda chance. — Você não pode matá-lo. — Segurei com as duas mãos
no seu rosto. — Eu já sofri demais, olha tudo que eu estou passando, só
estou te pedindo para não fazer isso, é a única coisa que eu peço, por favor.
Todo mundo erra e tem direito de acertar. Você não pode decidir quem
morre ou vive. Você já errou muito, Renzo, principalmente comigo, não
erre mais.
— Não vou opinar porque o irmão dele está aqui do lado — falei e
ouvi Rocco rir.
O que eu vi, fez-me chorar ainda mais, mas agora era um choro de
alegria. Renzo estava trazendo meu irmão carregado em seu ombro.
Renzo Caccini
Fui até a geladeira e tirei algumas coisas para preparar uma comida
leve e gostosa para ela comer, mas antes subi com uma garrafa de água e
um copo para ela se hidratar.
— Enquanto toma banho, vou fazer alguma coisa para você comer
— avisei e ela apenas balançou a cabeça concordando e foi para o banheiro.
Dei um leve aceno de cabeça para ele e fui para o quarto. Coloquei a
bandeja com comida em cima da cama e bati na porta do banheiro.
— Já estou saindo.
Meu corpo não parecia aceitar muito bem essa distância e para
amenizar o tesão fodido que estava sentindo, virei-me para sair e ir fumar
um cigarro.
— Desisti.
Fui até ela, peguei a bandeja, coloquei em seu colo e me sentei aos
pés da cama, observando-a comer.
Anui, pois sabia que tínhamos mesmo, mas agora não era o
momento.
— Vou ficar até você dormir, depois vou resolver uns assuntos e
volto, mas Roni ficará aqui, fique tranquila.
— E cadê ele?
— Vou chamá-lo, está aqui do lado de fora esperando para falar com
você. — Levantei e fui até a porta, chamando o segurança.
Ufa! Ainda bem que não demorou. Estava prestes a surtar vendo ela
em outros braços.
Peguei a coberta e cobri o seu corpo. Pensei que logo eu veria ali no
seu corpo uma linda barriga de grávida. Melanie estaria gerando o melhor
de mim.
Dei um beijo casto na sua testa e fui me arrumar para sair. Ainda
havia pendências para resolver.
— Fique de olho nela — pedi ao Roni antes de sair de casa.
— Sim, senhor.
Dirigi para o meu destino o mais rápido possível, pois queria voltar
logo para o cheiro da minha ruivinha.
Capítulo 31
Renzo Caccini
Estava sem dormir há dias, sem comer também, não estava vivendo
mais. Pensa no ódio que estou?
Vou descontar todo o medo, angústia e raiva que passei sem Melanie
durante esses dias nesse moribundo.
— Você já sabe quem eu sou, por que perder tempo com isso?
— Não gosto de nada rápido, perde a graça. — Traguei o cigarro,
soltando a fumaça devagar. — Me conte sobre o seu envolvimento com a
mãe da Melanie. — O homem continuou calado. — Isso não foi um pedido,
foi uma ordem.
O maldito começou a contar e a cada palavra proferida por ele, a
minha fúria só ia aumentando. Além de ser um desgraçado da pior espécie,
ainda era um estuprador de merda. E o pior é que ele parecia gostar do que
fez, pois falava com satisfação.
Meu sangue ferveu e até me esqueci que queria fazê-lo sofrer aos
poucos. Levantei e avancei sobre ele, dando vários socos no seu rosto,
assistindo com prazer o sangue escorrer em minhas mãos.
— Eu não ia perder isso por nada. Agora que sou da família, tenho
que participar dessas coisas.
— Cala sua boca, você não é da família, é agregado — rebati,
revirando os olhos.
— Não deixo de ser da família. Agora anima isso ai, quero emoção.
Mostrei o dedo do meio para ele, que riu junto com o meu irmão.
Foi bom eles terem aparecido, senão ia matar esse verme no soco e
ele não merecia morrer assim, ele merecia mais.
— Não! Não! Não! — ele gritou, implorando, mas era tarde demais.
Ele assentiu.
— E o bebê?
Fui direto a saída, indo pegar no meu carro uma camisa limpa e
seguindo para o meu próximo destino.
— Ao hospital.
— Já sabe o que vai fazer? — Dessa vez foi Enzo quem indagou.
— Sim.
— Sim.
— Mel e sua doçura que incrivelmente adoça tudo e todos por onde
passa. — Dou um meio sorriso, não posso discordar dele. — Que proposta?
— Claro que sou capaz, mas por que você está fazendo isso?
— Cuida da sua vida, você tem muito trabalho pela frente. — Saí do
quarto.
Agora eu iria direto para casa, direto para a minha ruiva.
Capítulo 32
Melanie Salvatierra
— Vim preparar alguma coisa para a gente comer. — Ele fez uma
cara engraçada e tive que rir, sei que é porque minha comida era horrível.
— Roni me ajudou, não deve estar tão ruim assim.
Ele já sabia que estava grávida? Como? Optei por não falar nada
antes de conversarmos sobre nós dois e comemos em silêncio.
— Você já leu?
— Sim, desculpe por isso, mas li porque achei que poderia ter
alguma pista sobre você.
— Não.
"Oi filha, se você achou essa carta é porque eu não estou mais ao
seu lado. Quero que saiba que eu te amo muito, independente de qualquer
coisa eu te amo e serei eternamente o seu pai. Você deve estar se
perguntando por que eu estou falando isso? Bom, filha, sua mãe foi o
grande amor da minha vida, eu a amei muito, todos os dias da minha vida,
até o meu último suspiro eu a amei. Mas cometi um erro ao deixar sua mãe
aos cuidados do meu irmão Antônio. Ele abusou dela. Eu não podia ter
filhos e sua mãe ficou grávida devido a um desses abusos. Mas não pense
que você é um erro, porque você nunca foi. Sua mãe criou traumas que a
machucaram profundamente, mas juntos superamos tudo e vivemos os
melhores momentos da gestação. Infelizmente sua mãe veio a falecer no
parto, ela lutou bravamente para te colocar no mundo, mas antes de falecer
ela te conheceu, filha, olhou em seus olhos e disse que você era a filha do
amor, sim, você foi criada e gerada com muito amor, desde o princípio
quando descobri que você crescia no ventre da sua mãe, eu te amei, nem
por um segundo eu te neguei e com sua mãe não foi diferente. Ela era uma
mulher forte e você é exatamente como ela, forte, doce, amável e
maravilhosa. Quando eu te peguei nos braços pela primeira vez e você me
olhou, foi ali que entendi que meu mundo havia ganhado um novo motivo
para existir, o melhor motivo de todos. Sua mãe não pode compartilhar
comigo todos os melhores momentos do seu crescimento, mas sei que de
onde ela estiver, ela está muito feliz pela mulher fantástica que você se
tornou, e eu também, filha, eu morro de orgulho de você.
Sabe o Giovanni? Ele é seu meio-irmão, ele é filho do Antônio com
uma outra mulher. Eu quis aproximar vocês, sem ter que te contar a
verdade, você era muito nova e eu não queria que sofresse. Ele fez um bom
trabalho cuidando de você, espero que ele continue fazendo isso depois que
eu partir.
Peço que me perdoe por toda a proteção excessiva, mas sempre tive
medo de que o Antônio a encontrasse, por isso eu fiz esse acordo de
casamento, sei que você estará segura e assim partirei em paz.
Filha, não deixe ninguém tirar esse brilho que você tem, essa
vontade de viver que emana de você, não perca sua essência por nada e
nem ninguém, eu acredito em você, você pode revolucionar o mundo e
mudar as pessoas com seu amor, confie e acredite em você sempre. Meu
maior orgulho é ser seu pai. Te amo e sinto saudades. Obrigado por todos
esses anos ao seu lado me fazendo o homem mais feliz do mundo."
— Sim.
— E ele vai sair da máfia? — Estou curiosa para saber o que vai
acontecer com Giovanni, mas Renzo é sempre de poucas palavras.
— Eu sei disso.
— Você tem razão. — Ele ficou pensativo por uns segundos. — Não
sei nem por onde começar, Melanie. — Continuamos nos encarando. — Eu
não sei usar palavras bonitas, nem ser romântico, mas sei lá, queria ficar de
boa com você, fazer esse casamento dar certo.
— De volta ao bordel.
— Só depende de você.
— De mim?
— Medo de quê?
Eu queria e precisava ouvir dele.
— Acho que nosso bebê vai ter uma mãe maravilhosa. — Renzou
levantou e ajoelhou na minha frente. — Você quer casar comigo, Melanie?
— perguntou, surpreendendo-me novamente.
— Já somos casados.
— Vou repetir minha pergunta e quero ouvir a sua resposta, não
estou falando do casamento arranjado, estou falando de um recomeço. Você
quer casar comigo?
— Muito! Vamos comprar uma casa, o que você acha? Você pode
decorá-la do jeito que quiser, fazer o quarto do bebê, vai ter quintal e tudo
que você desejar.
— O que foi?
— Estou morrendo de saudades.
— Eu também estou, mas fiquei sabendo que você está sem dormir,
então precisa descansar.
— Quero você, Mel. — Beijou meus lábios novamente. — Preciso
de você. — Passei as pernas por sua cintura e ele me pegou no colo.
Ele me deitou na cama com cuidado, pegou meus pés e beijou, subiu
distribuindo beijos por todo o meu corpo, sem deixar de me olhar nos olhos.
Eu me sentia venerada. Passou as mãos pela lateral do meu corpo, tirando o
meu vestido. Agora eu estava apenas de calcinha, afinal não tinha muito
costume de usar sutiã, meus peitos eram pequenos, então não fazia questão.
Enquanto ele dava atenção aos meus peitos com a boca, sua mão foi
para o meio das minhas pernas. Abri-as, dando-lhe toda a liberdade que
precisava, e dedos começaram a me acariciar por cima da calcinha.
— Eu quero mais, Renzo — supliquei, não estava aguentando mais.
E assim ele fez, atendendo ao meu pedido, Renzo meteu forte, duro
e fundo em mim. Do jeito que ele gostava, do jeito que me ensinou a gostar.
Nossos corpos balançavam em um vai e vem delirante, sua língua
brincava com a minha enquanto o seu pau me fodia com vigor. Seus lábios
chupavam os meus deliciosamente, enquanto sentia-me melada, pulsando
ao seu redor, esmagando o seu pênis.
— Ah… Melanie… minha ruivinha — gemia rouco contra os meus
lábios.
Puxei a sua nuca e o beijei com fervor, enquanto sentia seu sêmen
quente inundar a minha boceta. Era incrível!
Ele caiu ao meu lado e nós dois rimos. Estávamos felizes, e agora,
satisfeitos.
Oh, céus! Como aguentar essa Renzo falando tantas coisas lindas
para mim em tão pouco tempo?
— Para de falar essas coisas bonitas para mim, já sou sensível,
grávida então, fico mais ainda.
— Poxa, ruivinha, faz isso não, eu não mereço tanto não. Você já me
deu uma família e agora o seu amor. Não poderia estar mais feliz, sou um
bastardo de muita sorte mesmo. Você me faz o homem mais feliz desse
mundo. Sou louco, apaixonado por você. Vou te fazer feliz, eu prometo. —
Puxou-me para um beijo ardente, explorando cada cantinho da minha boca
com a sua língua, sugando os meus lábios com fervor.
Nossas bocas eram o encaixe perfeito da paixão.
— Vamos sair para jantar? Uma coisa romântica, dessas que casais
normais fazem? Que tal a gente namorar? Começar do zero? — Afastou
nossos rostos e disparou a falar. Caí na gargalhada. — O quê? É uma ideia
ridícula, né? Esquece isso.
Melanie Salvatierra
Saímos para jantar quase que a semana toda, mas nesses dois
últimos dias não temos saído porque estou passando mal. Sentia uma
vontade absurda de comer e depois colocava tudo para fora. Ele sempre
cuidava de mim, me colocava para tomar banho, fazia alguma coisa leve
para mim comer, deitava comigo e assistia aos meus filmes de romance, ria
quando eu chorava nas cenas, fazia cafuné até eu pegar no sono, sem contar
o sexo que estávamos fazemos todos os dias.
Eu sei que ele gostava de uma pegada mais violenta, embora ele
nunca tenha me falado nada, mas antes de descobrir a gravidez eu percebi
como ele gostava de me deixar marcada, de me dar uns tapas, essas coisas,
agora que estou grávida ele não tem feito mais e eu estou sentindo falta,
mas não sei como dizer isso para ele.
Assenti.
Minha chateação era por ele ter combinado uma coisa comigo e não
ter aparecido, mas tá bom, não vou ficar dando importância a essas coisas.
Roni me levou até a clínica, que não ficava longe de onde
morávamos, por isso não me atrasei. E foi indicação da Giovana, mãe do
Renzo. Era uma clínica de confiança da família. Logo após fazer o cadastro
na recepção, não demorou cinco minutos e a médica me chamou.
Levantei e olhei para os lados, com esperança de que ele pudesse ter
chegado, mas nada.
Meu coração quase saltou pela boca de tão rápido que batia.
— Você está falando que são dois bebês aí dentro? — meu marido
fez a pergunta que eu queria fazer, mas estava sem voz.
— Tudo bem.
— Pelo menos você veio, isso que importa. — Sorri, pois era
verdade. O que importava era ele ter vindo, isso significou muito para mim.
— Vamos comer? Você deve estar com fome e agora você come por
três. — Lançou-me uma piscadela e eu ri.
— Sim.
Abri o embrulho, ansiosa para saber o que era e mais uma vez fui
surpreendida.
— Sim. Para você poder falar comigo quando quiser, sem ter que
pedir para o Roni. Para você falar com Luara e Alice e até mesmo com seu
irmão. — A parte do Giovanni ele falou entre os dentes. A verdade é que
Renzo só o manteve vivo por causa de mim.
— Obrigada, eu amei! — Inclinei-me para o lado e o abracei,
beijando a sua boca. — Nunca tive um celular antes — falei o que ele já
sabia.
— Não precisa.
Sei que ele gostava quando eu dizia isso. Em todas as vezes que ele
ficava um pouco mais nervoso ou alterado por alguma razão, eu o abraçava
e dizia que o amava ele mudava completamente, ficando calmo e tranquilo
novamente. Estou amando essa nova fase da minha vida e desejo que ela
permaneça para sempre.
— Abre.
Fiz como ele pediu e encontrei um lindo vestido verde claro, sapatos
de salto médio preto e uma caixinha menor, onde haviam joias, um colar e
um par de brincos de esmeraldas.
— Quando?
— Eu não falei que você não está me agradando, mas é que antes
você era mais violento, sabe? Você me batia mais e me marcava, eu gostava
disso.
— Não precisa ter vergonha de mim, ruivinha. É sexo duro que você
gosta? — Sentia minhas bochechas esquentarem ainda mais com a sua
pergunta. — Eu também gosto, minha gata. Gosto muito, mas fico com
medo de machucar você e os nossos bebezinhos.
— Mas isso não machuca, eu perguntei para a doutora.
— Você o quê? — Renzo deu uma risada tão gostosa e contagiante,
que eu tive que rir junto. — Eu criei um monstrinho, foi? — Levantou-me
pela cintura, como se eu não pesasse nada e colocou-me deitada na cama,
pondo com cuidado o seu corpo sobre o meu. — Então se a médica liberou,
acho que temos um tempinho antes de irmos para a festa — sussurrou no
meu ouvido, esquentando-me por completo e fazendo-me ansiar pelo que
estava por vir.
— Renzoooo! Ahhh! — Gozei tão forte que pensei que fosse tudo
que eu pudesse dar a ele neste momento, mas eu estava enganada, meu
marido sempre tirava mais de mim. Com ele, o prazer era sem limites.
Já fui puxada para cima novamente e sua boca agora devorava os
meus mamilos, de um jeito doloroso e bom… muito bom.
Senti sua cabeça robusta brincando com a minha entrada e pouco a
pouco ele me invadiu, alargando-me para recebê-lo. Eu amava essa ardência
que sentia quando estava sendo completamente preenchida por seu pau
grande e duro.
Renzo socou forte e fundo até as suas bolas baterem contra a minha
pélvis.
Foi forte e incrível quando ele entrou de uma só vez. Socando uma,
duas, três, quatro… várias vezes bem fundo em mim.
Dentro.
Fora.
Dentro.
Fora.
Seus braços tiveram que me sustentar para que eu não caísse e senti
seus jatos quentes jorrarem dentro de mim.
Melanie Salvatierra
— Nem adianta fazer esse biquinho gostoso, não tem nem conversa
sobre isso.
— Precisava.
— Mentirosa!
Não encontrei Renzo e fui para o Jardim, onde havia lindas flores.
Vi o segurança me procurar ao longo, ele era um tanto devagar e seu jeito
perdido me fez rir. Eu estava bem na sua frente, mas mesmo assim ele
continuava olhando para os lados.
— Melanie, o que faz aqui? Por que saiu sozinha? — Escutei a voz
do meu marido e virei-me para encará-lo. — O que aconteceu? Alguém fez
alguma coisa com você? Está se sentindo bem? — perguntou, se
aproximando.
— Você fez comigo, Renzo, você sempre faz comigo.
— Claro que não. Você acha que eu seria capaz de uma coisa
dessas? Até parece, Melanie! — Ele parecia bem ofendido com a minha
desconfiança. — Eu não sei porque ela estava aqui, provavelmente a
trabalho. Depois dos negócios, eles costumam dar uma festa particular para
os que querem ficar. Não tenho nada a ver com isso e você precisa acreditar
na minha palavra.
Respirei aliviada. No fundo eu sabia que ele não faria isso, mas
mesmo assim tive ciúmes e fiquei nervosa.
Renzo levantou a mão, fazendo sinal para que eles não fizessem
nada.
— Vamos conversar. — Levou a mão ao coldre, puxando sua arma.
— Se você não vai ficar comigo, não vai ficar com mais ninguém.
Foi a última coisa que ouvi antes de vários disparos serem feitos.
Fechei os olhos, apertando-os com força e abracei o meu próprio corpo,
temendo que pudesse ser atingida.
— Melanie… — sussurrou.
— Não, não fala nada. — Colei meus lábios aos seus. — Fica
quietinho. Você vai ficar bem, você precisa ficar bem. — Chorei em
silêncio, murmurando contra os seus lábios, impedindo-o de falar.
Mas sei que era necessário, então desci do carro e tudo aconteceu
muito rápido. Enfermeiros e médico se aproximaram, levando-o e me
deixando aqui, paralisada, com um choro entalado na garganta e uma dor
surreal no meu peito.
Entrei naquele hospital sentindo minhas pernas flutuarem. Eu vi que
o segurança estava o tempo todo ao meu lado, mas ainda assim, sentia-me
vazia, sozinha.
Acabei sendo levada pelos meus próprios pés para uma capela, onde
entrei e ajoelhei-me, pedindo a Deus que tivesse piedade de mim. Não era
justo, agora que eu estava começando a ser feliz. Eu não poderia aceitar que
o meu destino fosse cruel e sofrido dessa maneira.
O que fiz de tão errado para merecer tamanho sofrimento?
Melanie Salvatierra
— Alô.
— Estamos nos esforçando para isso, agora eu tenho que ir. — Dei
um beijo na sua bochecha e peguei a minha bolsa. — Quer que eu peça
Roni para te deixar em casa?
— Sim.
Jurava que o hospital não ficava longe da minha casa, mas dessa vez
demorou uma eternidade para chegarmos lá. Eu já estava agoniada, roendo
as unhas de nervoso.
Senti o seu cheiro foi um alívio para a minha alma. Quando seus
braços me puxam para um abraço e ouvi as batidas do seu coração, desabei
em choro. Um choro que ao mesmo tempo era doloroso por conta da
saudade, e feliz pela alegria de tê-lo de volta para mim.
— Eu também te amo.
— Viajar?
— Acho ótimo, mas isso tem que ser depois que o bebê de Luara e
Rocco nascer.
— Com certeza, preciso ver meu sobrinho ou sobrinha nascer
primeiro — concordou comigo. Renzo era muito apaixonado pelo irmão,
isso era evidente.
— Então depois a gente viaja. Vamos para onde?
Renzo Caccini
Estou de volta em casa e tudo estava indo bem. Estive frente a frente
com a morte pela primeira vez e podia dizer que não era uma boa
experiência. Agora conseguia compreender o pânico que as minhas vítimas
sentiam ao me ver. Já sabiam que eu chegava trazendo a morte e que não
tinha outra saída.
Foi assim que me encontrei quando estava em coma, como se eu
estivesse lutando com a morte e ela fosse me vencer, mas graças a uma
força maior, minha família e minha esposa, estou vivo e bem.
Meu maior castigo por ter ficado vivo foi ter recebido a doação de
sangue de Enzo. Ele me atormentava tanto com isso, em todas as ocasiões
possíveis. Até mensagem aquele idiota me mandava.
Todo santo dia eu tinha que aguentar uma nova piadinha dele no
grupo da família. Já não entendia porque inventaram esse grupo, entendia
muito menos o motivo de terem adicionado aquele babaca agregado.
Nessa vida nada saia de graça e o preço que eu estava pagando era
enorme. Enzo era uma pedra no meu sapato.
Logo depois que saí do hospital, Luigi, meu sobrinho, nasceu, lindo
e saudável. Rocco e Luara estavam radiantes e eu e Mel também, afinal
somos os padrinhos do pequeno e ficamos muito felizes com esse presente.
Desejo vida longa para o meu sobrinho e muito amor para meu irmão e
minha cunhada.
Não via a hora dos meus nascerem também, mas ainda faltava um
pouquinho.
Não era um cara muito romântico, era difícil para mim falar tudo
isso que estou pensando para ela, mas sei que ela sabe, não precisamos de
muitas palavras, a gente sente e sei que isso basta.
Claro que reforço todos os dias o meu amor por ela, é sempre bom
dizer. Eu achei que por ser mais velho, mais vivido, ia ensiná-la muitas
coisas, mas estava enganado, minha ruivinha é quem me ensinou, sem ela,
não me tornaria esse homem que sou hoje.
Não deixei de ser o Renzo mafioso, muito menos a morte, como
muitos me chamam, ainda sou o mesmo, mas da porta para fora. Quando
abro aquela porta e entro na minha casa, eu me torno apenas o Renzo
marido da Melanie, nada além disso.
Outra coisa que aprendi sobre a minha ruivinha é que ela adorava
sair, viajar, ela tinha sede de conhecer o mundo e eu vou realizar seus
sonhos e desejos. Todos eles, sem exceção.
Não tinha como não amar essa menina, ela era linda, doce, gentil…
Queria conseguir falar para ela tudo que pensava dela, mas não encontraria
palavras suficientes para descrevê-la. Essa mulher cuidou de mim em todas
as vezes que precisei, sem reclamar. Esteve ao meu lado e acreditou em
mim, quando nem eu mesmo acreditava. Como não amá-la? Impossível!
— Estou ansiosa para colocar minha barriga no sol. — Sorriu,
batendo palmas, entusiasmada.
— Vai ficar ainda mais linda bronzeada. — Abracei-a apertado antes
de dar partida no carro.
Melanie, sem dúvidas é a luz em toda essa escuridão que era minha
vida.
Capítulo 37
Melanie Salvatierra
— Você fica ainda mais maravilhosa com minha camisa, ela te cai
muito bem. — Passou as mãos molhadas por minha cintura. — Aliás, tudo
em você cai muito bem. — Beijou o meu pescoço, arrepiando-me.
Depois fomos para a piscina, já estava ansiando por tudo que ele
havia prometido.
— Quem é você?
Nem havia percebido que o meu celular estava tocando, mas corri
para atendê-lo.
— Cadê você? Tem uma moça aqui, ela disse que foi você quem
mandou, ela vai me vendar, Renzo — disse essa parte baixinho, como se a
mulher não fosse escutar e ele riu.
Respirei fundo.
Abri os olhos e não pude acreditar no que estava vendo. Tinha flores
por todo o caminho e um pequeno altar montado de frente para o mar, onde
meu marido me esperava.
Sorri e chorei ao mesmo tempo diante dessa cena linda de
casamento. Pisquei algumas vezes, ainda não acreditando que ele havia
feito tudo isso para mim.
— Quando eu acho que você não pode ficar ainda mais linda, você
vai lá e me surpreende — elogiou-me assim que me aproximei.
— Obrigada! — Funguei, sou mesmo uma manteiga derretida. —
Você está lindo! — Ele enxugou minhas lágrimas com os seus dedos. — O
que é isso tudo?
Melanie Salvatierra
Meses depois…
Eu o amo tanto!
— Tem certeza que você está bem para sair, amor? — Renzo
perguntou preocupado.
— Tenho sim.
Estou no final da minha gestação e a doutora informou que a
qualquer momento posso entrar em trabalho de parto, caso isso não
aconteça, no início da semana que vem faremos o parto. Estou que não
aguento de ansiedade.
Minha barriga está tão pesada que sinto vontade de fazer xixi toda
hora, fora que a dor nas costas está me matando.
— Pelo amor de Deus, não faz escândalo — pedi. — Renzo vai dar
o maior chilique.
— Não, vai nascer daqui quinze dias. Acorda, bestalhão, seus filhos
vão nascer. — O Capo alemão respondeu o óbvio e todos riram. — Eu
dirijo, você não está em condições. — Pegou a chave da mão de Renzo. —
Bora para o hospital, galera, hoje chega ao mundo mais dois integrantes
da família e eu estou pronto para ganhar dinheiro. Vem meninos! — gritou
sua aposta, animado.
— Você sabe que teremos que dividir essa, não é? — Luara falou. —
Também apostei em meninos.
— Ele, meu irmão e minha mãe apostaram que são meninas — Alice
só me confirmou o que já sabia.
Chegamos no hospital o mais rápido possível, estão todos aqui,
minha família. Queria muito que meu pai estivesse aqui também, mas seja
lá onde ele estiver, sei que está muito feliz por mim. Meu irmão também
está vindo para cá.
— Gostei do nome.
— Eu adorei os nomes.
Ri baixinho.
— Nós que temos sorte por ter uma mulher incrível como você. —
Abraçou-me apertado. E sei que aqui, nos braços do meu homem, é o
melhor lugar do mundo.
— Sim.
E foi assim que a morte deixou de ser escuridão. O amor muda tudo,
o amor muda o mundo.
FIM.
Agradecimentos
E agora, o que ela faria ao saber que tinha uma passagem apenas de
ida para o inferno?
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Ela é a pólvora.
Ele é o fogo.
Pura combustão.
Raoni Venturini não esperava que sua vida de certezas fosse abalada
por Amabel Cesarini, a mulher de cabelos violeta que tornou sua vida
agridoce.
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Ele é sombrio.
Chiara Collalto foi salva pelo Don quando tinha apenas 12 anos e,
desde então, é mantida sob os seus cuidados.
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Ela estava em completo desespero por seu tio dá-la como esposa a
um homem trinta anos mais velho.
Até que ele chegou...
Lorenzo não queria uma mulher dentro da sua casa, ainda mais uma
mulher tão desorganizada como Giovanna.
Em meio ao caos da convivência, eles descobrem que o amor não bate na
porta, ele entra sem pedir licença.
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+18
CEO viúvo;
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Tropes: Aposta + hate to love + erótico.
Leona Vogel é uma advogada de 27 anos, que ainda busca seu espaço no
mercado de trabalho. Fugindo de um passado traumatizante, procura um
novo recomeço em uma nova cidade.
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[i]
Você não pode fazer isso comigo, por favor, pai
[ii]
Filha, vai ser melhor.
[iii]
Melhor para quem, papai?
[iv]
Vou embora a qualquer momento, não posso deixar você sozinha.
[v]
Não estarei sozinha, tenho Giovanni.
[vi]
Não discuta mais comigo, Melanie, vá para o seu quarto.
[vii]
Eu te amo pai, mas não vou te perdoar por isso.
[viii]
Não fale besteira, garota.
[ix]
Menina
[x]
Porra.
[xi]
Meu Deus, que susto!
[xii]
Sentiu minha falta, meu amor?
[xiii]
Mãe.
[xiv]
Filho da puta.
[xv]
O risotto alla milanese é uma das especialidades mais famosas de Itália. A
característica que sobressai neste prato é o facto de ter uma tonalidade amarela devido ao uso de
açafrão.
[xvi]
É uma sobremesa italiana, muito leve, que se obtém batendo gemas, açúcar e vinho Marsala
numa tigela colocada dentro de um tacho com água a ferver.
[xvii]
Você me encanta e isso me assusta.
[xviii]
Você me encanta e isso me assusta. Mais do que você pode imaginar e mais do que eu posso
suportar.
[xix]
Irmão.
[xx]
Filho da puta.
[xxi]
Porra.
[xxii]
Taco é uma comida típica do México, popular também nos Estados Unidos, feita com
massa fina de milho frita chamada de tortilla, que é moldada no formato de uma concha para receber
um recheio.
[xxiii]
É a retirada do tubo endotraqueal, isto é, da via aérea artificial.
[xxiv]
A Spiaggia dei Conigli ou Isola dei Conigli é um praia localizada em Lampedusa, na
Itália.
[xxv]
Princesas.