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Linguística Descritiva Do Português III

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:

Variedades e variação da Língua Portuguesa

Nome: Alexandre Maquirino Gabriel

Código: 708213931

Curso: Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa


Disciplina: Linguística Descritiva do Português III
Ano de Frequência: 4º Ano
i
Tete, Abril, 2024

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Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Aspectos Formatação  Paginação, tipo e 1.0

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tamanho de letra,
paragrafo,
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
1 Introdução.................................................................................................................................4

1.1 Objectivos..........................................................................................................................4

1.1.1 Objectivo geral...........................................................................................................4

1.1.2 Objectivos específicos................................................................................................4

1.2 Metodologia.......................................................................................................................4

2 Variedades e variação da Língua Portuguesa...........................................................................5

2.1 Conceito de variedade e variação linguísticas...................................................................5

2.1.1 Variedade linguística..................................................................................................6

2.1.2 Variações linguísticas.................................................................................................6

2.2 Características peculiares do PE e PB...............................................................................8

2.2.1 Colocação dos pronomes clíticos: próclises, mesóclises e ênclises...........................8

2.3 Língua Portuguesa e os seus dialectos.............................................................................14

2.3.1 Conceito de língua....................................................................................................15

2.3.2 Linguagem................................................................................................................15

2.3.3 Dialetos da língua portuguesa..................................................................................16

3 Conclusão...............................................................................................................................17

4 Referências bibliográficas......................................................................................................18

v
1 Introdução

A presente pesquisa, insere-se no âmbito de trabalho do campo pertencente a cadeira de


Linguística Descritiva do Português III, de salientar que a língua não se apresenta de maneira
única e uniforme: ela veicula variações de acordo os grupos que a usam. Cada uma das variantes
dessas variantes previstas no uso da língua apresenta determinadas regularidades recursos
normais para aquele grupo, chamando-se, assim, de dialeto.

Os estudos mais recentes da língua, que resultaram na teoria do discurso, procuram elucidar o
funcionamento dos processos comunicativos e os procedimentos de constituição de sentidos,
numa contribuição decisiva para novos rumos na área de ensino da língua.

Sem dúvida, é o sistema de signos mais vasto e complexo que se relaciona com comunicação,
capaz de alojar linguajares variados e cumprir seu objetivo primordial. E se caracteriza como fato
social, por ser uma ferramenta fundamental da comunicação, por ser fundamentalmente
instrumento de comunicação.

1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo geral

 Conhecer as variedades e variação da Língua Portuguesa

1.1.2 Objectivos específicos


 Conceituar as variedades e variações linguísticas;
 Descrever as características peculiares do PE e PB;
 Reconhecer a importância Língua Portuguesa e os seus dialectos.

1.2 Metodologia

Para que este estudo fosse factível, o presente trabalho assenta particularmente no método de
pesquisa bibliográfica, assim como a consulta a informação eletrónica, e também alguns artigos
que abordam a questão com maior incidência, e finalmente o dialogo com alguns professores que
de alguma forma são possuidores de algum conhecimento credível a respeito do tema em estudo.

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2 Variedades e variação da Língua Portuguesa

O termo variação se aplica a uma característica das línguas humanas que faz parte de sua própria
natureza: a heterogeneidade. A palavra língua nos dá uma ilusão de uniformidade, de
homogeneidade, que não corresponde aos fatos. Quando nos referimos ao português, ao francês,
ao chinês, ao árabe etc., usamos um rótulo único para designar uma multiplicidade de modos de
falar decorrente da multiplicidade das sociedades e das culturas em que as línguas são faladas.

Segundo Bagno (2013):

Variação linguística se manifesta desde o nível mais elevado e coletivo – quando comparamos, por
exemplo, o português falado em dois países diferentes (Brasil e Angola) – até o nível mais baixo e
individual, quando observamos o modo de falar de uma única pessoa, a tal ponto que é possível
dizer que o número de “línguas” num país é o mesmo de habitantes de seu território.

Entre esses dois níveis extremos, a variação é observada em diversos outros níveis: grandes
regiões, estados, regiões dentro dos estados, classes sociais, faixas etárias, níveis de renda, graus
de escolarização, profissões, acesso às tecnologias de informação, usos escritos e usos falados.

Na visão de Bagno (2013) “foi nessa época (século III a.C.) que surgiu a disciplina
chamada gramática, dedicada explicitamente a criar um modelo de língua que se elevasse acima
da variação e servisse de instrumento de controlo social por meio de um instrumento linguístico”.

2.1 Conceito de variedade e variação linguísticas

Antes de tratarmos sobre Variação Linguística, é preciso que entendamos um pouco sobre o
estudo da variedade e variação da linguagem em relação à estrutura social das comunidades: a
essa ciência damos o nome de Sociolinguística.

Em linhas gerais, a Sociolinguística é o estudo da língua no seu uso real e não ideal. Uma
Gramática, por exemplo, prevê situações ideais para a língua, mas – como sabemos – quando
abrimos a boca para falar nem sempre tudo o que sai dali segue padrões gramaticais rígidos.

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2.1.1 Variedade linguística

Em Alkmin (2001) e Bagno (2007) a variedade linguística é definida como cada um dos
diferentes modos de falar uma língua.

Cada variedade linguística possui suas particularidades, e é “plenamente funcional” (Bagno,


2007, p. 48), ou seja, fornece aos falantes todos os mecanismos necessários para que eles
interajam em sua comunidade.

A coabitação de diferentes variedades linguísticas dentro de uma comunidade de fala nem sempre
é tranquila, visto que valores positivos ou negativos são atribuídos a elas de acordo com a
organização dos grupos sociais.

Assim, “dentro de uma comunidade podem existir variedades mais prestigiadas, consideradas
superiores, ao passo que outras podem ser menos prestigiadas, vistas como inferiores. Esses
valores atribuídos às variedades originaram a chamada variedade padrão, que é a variedade mais
prestigiada dentro de uma comunidade” (Alkmin, 2001, pp. 39-40).

É válido mencionar que tais valores são construídos ao longo da história e podem mudar com o
passar do tempo, de modo que, uma variedade desprestigiada hoje pode ser prestigiada
futuramente, e vice-versa, como no caso da Grécia, onde o grego demótico, anteriormente
desprestigiado, passou a ser a língua oficial deste país posteriormente.

2.1.2 Variações linguísticas

Segundo Beline (2019, p.121):

A variação linguística é o conjunto de diferentes formas linguísticas, chamadas de “variantes”,


que exprimem o mesmo sentido. Isso significa que, como falantes de uma mesma língua,
podemos nos referir as mesmas coisas, mas de modos diferentes. É importante destacar que a
variação é algo inerente ao sistema da língua, realizando-se nos níveis fonético, morfológico,
sintático.

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2.1.2.1 Variações diatópicas

São as variações linguísticas em espaços geográficos diferentes. Nesse contexto, entram em cena
os regionalismos, que são os falares típicos de cada região do país. O modo de falar do mineiro
difere do modo de falar do baiano, que difere do modo de falar do gaúcho e assim por diante.

As diferenças, em termos de pronúncia e do uso de determinadas expressões, não impedem que


os falantes se interajam, pois partilham o mesmo sistema linguístico, uma unidade linguística. Em
outras palavras, falam a mesma língua. A língua portuguesa é uma unidade que se diversifica (as
variantes) em nossa sociedade.

2.1.2.2 Variações diastráticas

Essas variações linguísticas estão relacionadas à estratificação social, isto é, às condições


socioeconômicas dos falantes. No geral, aqueles com pouca ou nenhuma escolaridade costumam,
por exemplo, empregar o singular no lugar do plural (“As árvore” no lugar de “As árvores”).

É válido ressaltar que estamos exprimindo um fato em termos gerais, já que é no decorrer dos
anos escolares que o indivíduo aprende a norma culta por excelência. Mas, mesmo um falante
com nível de escolaridade maior pode deixar de usar o plural em determinado momento.

2.1.2.3 Variações diafásicas

Trata-se das variações ocorridas em função da situação em que se encontra o falante. A que
situação estamos nos referindo? A situação comunicativa de informalidade ou formalidade.
Expressamos informalmente quando empregamos uma linguagem despreocupada com a norma
culta. No dia a dia, por exemplo, é comum usarmos “a gente” no lugar de “nós”; o verbo “ter”
com o sentido de “haver” (“Tem uma loja aqui.”); reduções de palavras (“Ele tá feliz!), etc.

Isso acontece, sobretudo, no âmbito da escrita, em textos das esferas acadêmica, científica,
religiosa, jurídica, etc. Na oralidade, podemos citar textos como aulas, palestras, missas ou cultos.

As variações linguísticas são legítimas, uma vez que representam a identidade de determinado
grupo social. Desse modo, precisamos romper com todos os preconceitos relativos à linguagem,
7
que privilegiam uma variante (a norma culta) em detrimento das outras. As variações são
inerentes ao sistema linguístico e, por isso, não prejudicam o seu funcionamento.

2.2 Características peculiares do PE e PB

A abordagem das variáveis linguísticas que patenteiam divergência entre as duas variedades
passará pela identificação do fenómeno e por um brevíssimo enquadramento em que se torna
explícita a divergência ocorrente e as respetivas consequências para a AL.

2.2.1 Colocação dos pronomes clíticos: próclises, mesóclises e ênclises

“Os pronomes clíticos, também denominados pronomes átonos, “correspondem prototipicamente


às formas átonas do pronome pessoal que ocorrem associadas à posição dos complementos dos
verbos” (Brito et all. 2003, p.827).

O posicionamento de um pronome clítico à esquerda da forma verbal é chamado de próclise (Não


te avisei); quando o pronome é posicionado à direita do verbo, esta colocação é chamada de
ênclise (Avisei-te). Há casos, ainda, em que é possível colocar este pronome no meio da forma
verbal, posição chamada de mesóclise (Avisar-te-ei).

Em PE, a ênclise é o padrão de colocação básico. A mesóclise é utilizada como forma alternativa
à ênclise para os tempos futuro do presente e futuro do pretérito (em PE designado de
condicional). Há ainda palavras indutoras da próclise, que impossibilitam a colocação dos
pronomes como ênclise, como em:

 Operadores de negação; sintagmas-Q interrogativos, relativos e exclamativos;


 Complementadores simples e complexos; alguns advérbios;
 Quantificadores;
 Algumas conjunções correlativas negativas e disjuntivas;
 Locativos e deíticos demonstrativos, entre outras.

Em PB, o padrão de colocação básico é a próclise. Apesar de haver normas conflituantes em


diferentes gramáticas. Castilho (2016, p.484) afirma que “essa opinião é compartilhada por vários

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linguistas: enquanto em Portugal se diz tinha-me chamado, no Brasil se diz e se escreve tinha me
chamado”.

O uso da ênclise acaba por ser restrito ao início de oração, substituído também pela próclise na
NCC (norma culta contemporânea). A mesóclise ocorre raramente com futuro do pretérito ou
condicional.

2.2.1.1 Combinação pronominal

A combinação pronominal ocorre quando há dois pronomes átonos: um de objeto indireto (me,
te, nos, vos, lhe, lhes) e outro de objeto direto (o, a, os, as).

Segundo Cunha e Cintra 2014, p.39; 2016, p.322). A tabela a seguir apresenta as combinações
resultantes destes pronomes.

Fig1: Combinação pronominal

Para os autores (Cunha e Cintra, 2014, p.391, 2016, p.323) referem que “no Brasil, quase não se
usam as combinações mo, to, lho, no-lo, vo-lo, etc. Da língua corrente estão de todo banidas e,
mesmo na linguagem literária, só aparecem geralmente em escritores um tanto artificiais”.

Segundo Bechara (2015, p.187), o PB moderno “prefere substituir o pronome átono de objeto
indireto pela forma tônica equivalente, precedida pela preposição a”, mantendo-se o objeto direto.

No exemplo Dei o livro à Ana, a combinação pronominal tornaria a frase em Dei-lho, em PB


melhor aceita como Dei-o a ela. Dessa forma, para a AL no par PB> PE sugerimos a combinação
dos pronomes de objeto indireto e direto, de acordo com a tabela 1. No par PE> PB, a literatura
parece apontar para a manutenção do pronome de objeto direto e substituir o pronome de objeto
indireto pela sua forma tônica com a preposição a.
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2.2.1.2 Interrogativas-Q

Sobre a construção de interrogativas Q, Mioto e Kato (2005, p.172) apontam que “o PE é mais
restritivo que o PB nas estratégias para formar interrogativas Q matrizes”.

Nas construções a seguir, as frases a) e c) são aceitas em ambas as variedades, mas as frases b) e
d) são aceitas apenas em PB.

a) Onde é que estão as minhas chaves? / b) Onde que estão as minhas chaves? c) Como reagiu a
Ana? / d) Como a Ana reagiu?

Relativamente à AL, dispensam-se as alterações na direção PE>PB, uma vez que o PB aceita
igualmente ambas as estruturas ([Q] é que / [Q] que). Na direção contrária, de acordo com o
que ressaltam os autores, sugere-se atenção às interrogativas que não estão de acordo com as
regras do PE.

2.2.1.3 Estratégias de relativização

Este tópico, provavelmente pouco presente e raramente aceito pela NPT do Brasil, é um traço de
bastante importância para a NCC do PB, podendo, portanto, estar presente nos textos originais
desta variedade.

Segundo Corrêa (2001, p.615), a estratégia de relativização de prestígio, adotada pela NPT do
PB, é a mesma adotada pela NPT do PE, como ocorre nos seguintes exemplos:

 O cargo ao qual eu aspirava...


 A menina cuja mãe é engenheira...
 A comida de que eu gosto mais...

Conforme sustenta Corrêa (2001):

Alternativamente, podem ser utilizadas duas estratégias. A cortadora, na qual há a omissão da preposição
que acompanha o pronome relativo, substituindo-a pelo uso isolado do pronome relativo que e com
pronome lembrete (denominada estratégia resumptiva ou com pronome de retoma em PE, embora não seja

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utilizada nesta variedade), na qual que é tomado como o pronome relativo, com a retomada semântica do
sujeito

 O cargo que eu aspirava...


 O cargo que eu aspirava a ele...

2.2.1.4 Uso de artigo definido antes de possessivos

O uso de artigo definido antes de possessivos é aceito tanto em PE quanto em PB. No entanto, a
ausência de artigo anterior aos possessivos não é permitida em PE.

Segundo Cunha e Cintra (2014, p.280, 2016, p.228), “a presença do artigo antes de pronome
adjetivo possessivo ocorre com menos frequência no português do Brasil do que no de Portugal,
onde (...) ela é praticamente obrigatória”.

Os autores acrescentam os seguintes exemplos (ibidem): “Meu amor é só teu. / O meu amor é só
teu.” “Estive com tua irmã. / Estive com a tua irmã.” “A minha irmã e o meu cunhado costumam
receber os seus amigos mais íntimos. (Augusto, 107) ”.

2.2.1.5 Nomes de países: ausência ou presença de artigo

Cunha e Cintra (2014, p.295, 2016, p.241), sobre o emprego de artigo com nomes geográficos em
PE, apontam que “alguns nomes de países, como Espanha, França, Inglaterra, Itália e poucos
mais, podem construir-se sem artigo, principalmente quando regidos de preposição” (Eu estive
em Espanha / Eu estive na Espanha).

Em PB, apesar de ser possível o emprego de nomes de países sem artigo, quando
preposicionados, este não parece ser frequente.

Segundo Bechara (2015, p.162):

o emprego do artigo definido “costuma aparecer ao lado de certos nomes próprios geográficos,
principalmente os que denotam países, oceanos, rios, montanhas, ilhas: a Suécia, o Atlântico, o
Amazonas os Andes, a Groenlândia”, mas não há alguma especificação quanto à ausência ou
presença de artigo com os países mencionados no parágrafo anterior.

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Assim, dada a aparente ausência de uma regra sistemática a seguir neste tópico, parece ser
recomendável que, com os países Espanha, França, Inglaterra e Itália, quando preposicionados,
seja utilizado o artigo para a adaptação no par PE> PB. Já no par PB> PE, a retirada do artigo
parece ser, segundo os autores, opcional, sendo, contudo, provavelmente, melhor aceito sem o
artigo em textos desta variedade.

2.2.1.6 Contrações prepositivas com artigo indefinido

Segundo Cunha e Cintra (2014, p.275; 2016, p.223), os artigos indefinidos podem ser contraídos
com as preposições de e em, resultando nas formas: dum, duma, duns, dumas; num, numa, nuns,
numas (Eu vim duma loja / Eu estava numa loja).

Essas contrações parecem ser mais utilizadas em PE34; em PB parece haver a tendência para as
formas não contraídas: de um, de uma, de uns, de umas; em um, em uma, em uns, em umas (Eu
estava em uma loja), restringindo-se as contrações à linguagem oral.

No entanto, entre as gramáticas consultadas nesta investigação, não foi encontrada qualquer regra
que restrinja o uso das formas contraídas em PB: Bechara (2015, p.319) aponta apenas que a
contração da preposição de com artigos indefinidos é menos frequente em PB (Precisei de uma
ferramenta / Precisei duma ferramenta).

2.2.1.7 Expressão de limite: até (a)

Segundo Bechara (2015, p.327), em PB a preposição até pode ou não vir seguida da preposição a,
com o sentido de estabelecimento de limites: Fui até ao/o banco. No mesmo contexto em PE, até
é obrigatoriamente seguido pela preposição a.

Peres e Móia (1995, p.105) argumentam: “É evidente que entendemos a tentativa purista de
eliminar a duplicação da preposição em construções com até (como, por exemplo, até ao fim, a
que alguns preferem até o fim).

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2.2.1.8 Aspecto progressivo dos verbos: gerúndio / infinitivo

Em estudo sobre o uso do gerúndio em PE e em PB, Móia e Viotti (2004, p.138) concluem que,
de forma geral, este uso é similar nas duas variedades, quando usado como advérbio com valor
semântico interproposicional (temporal, elaborativo, causal, instrumental, condicional ou
contrastivo).

Na visão de Móia e Viotti, 2004) “o do gerúndio em PE e em PB diverge em orações gerundivas


preposicionadas antecedidas de em: com valor causal (exemplo a) e condicional (exemplo b)
acontecem em PB mas não em PE. No entanto, com valor temporal simples (exemplo c) é uma
construção encontrada em PE falado, mas não em PB”.

2.2.1.9 Expressão de distâncias temporais

Móia e A. T. Alves (2001, p.713) apontam algumas construções divergentes em PE e em PB


relativamente à expressão de distâncias temporais, resultantes “da utilização em PB de formas ou
estruturas inexistentes em PE, já que as formas usadas na variante europeia são geralmente
aceitas em PB (embora possam ocorrer com menos frequência nessa variante)”

“A primeira delas é o uso de construções impessoais negativas com os predicados levar e passar
em PB, como em: “O Paulo casou. Não levou / passou dois anos e teve um filho”, afirma (Móia e
Alves, 2001, p.711).

2.2.1.10 Construções existenciais: ter e haver

Mateus (2003b, p.49) aponta que a variação na frequência de ter e haver não acontece apenas em
construções que exprimem distâncias temporais. Em PB, o verbo haver com o significado de
existir é muitas vezes substituído pelo verbo ter, como nos exemplos:

a) Há pássaros ali. / b) Tem pássaros ali.

b) Na escola havia muitas crianças. / d) Na escola tinha muitas crianças.

13
A substituição de haver por ter em PB é mais frequente na linguagem oral coloquial do que na
linguagem escrita formal.

Segundo Avelar (2006, p.72), “a permanência deste verbo [haver] em alguns contextos deve
provavelmente estar condicionada, dentre outros fatores, ao processo de aquisição da escrita, em
que ainda se valoriza um padrão no qual as existenciais sejam construídas da mesma forma que
no português europeu”.

2.2.1.11 Condicional Pretérito

O pretérito imperfeito é igualmente utilizado em PB e em PE para designar fatos passados. Em


PE, este tempo verbal pode ser usado, também, no lugar do futuro do pretérito, estratégia pouco
frequente em PB.

Segundo Cunha e Cintra (2014, p.580; 2016, p.478) “o futuro do pretérito pode ser substituído
pelo imperfeito do indicativo nas afirmações condicionadas, embora esta alternância possa talvez
ser mais frequente em PE do que em PB. Frequente é também esta substituição com os verbos
modais, como poder, dever, saber, querer, desejar, sugerir”.

2.2.1.12 Distribuição de ocorrências em particípios duplos

Os verbos chamados abundantes são aqueles que têm duas formas de particípio: a forma regular,
via de regra acompanhada de ter ou haver, também chamada de ativa; e a forma irregular,
também chamada de passiva, acompanhada dos verbos ser ou estar.

Móia (2004), a partir do corpus CETEM-Público, investigou a distribuição dos verbos com
particípios duplos no contexto (ter) (forma verbal no particípio passado). No seu estudo, o autor
apresenta uma tabela com os principais verbos cuja forma regular tem caído em desuso em PE.

2.3 Língua Portuguesa e os seus dialectos

As Línguas Bantu (LB) faladas em Moçambique e em Angola eram chamados


preconceituosamente por pretoguês, língua do cão, landim, dialeto, língua dos pretos, etc. “Todo
dialeto é uma língua, mas toda língua não é um dialeto” (Haugen, 2001, p.100).
14
Essa atitude preconceituosa valorizou a LP e cada vez mais se consolidava o mito que defendia
que “quem falasse português era civilizado ou assimilado.” Como o Estado Português não tinha
capacidade nem efetivo suficiente para controlar a colônia delegou as missões católicas e suíças
para sensibilizar aos moçambicanos de modo que sejam pacíficos com relação ao sistema.

2.3.1 Conceito de língua


Para Pereira (2021):

A língua é um meio de comunicação verbal específico de um determinado lugar. Suas formas se


resumem ao sentido oral ou por sinais, mas seu conceito vai muito além disso. Trata-se não só de
um objeto tido pelos humanos para comunicação, mas também é um instrumento de poder.

Língua é uma parte específica e essencial da linguagem, em que encontra-se também o conceito
de idioma como um produto social. Para Ferdinand de Saussure, a língua é um sistema de
signos e funciona como instrumento coletivo para compartilhamento de sentidos.

O conceito do que seria língua ainda é uma questão complexa e com muita abertura para
discussões. Acontece que essa definição é apenas uma parcela do contexto geral da língua. Mas
vamos tentar simplificar:

A fala e a escrita são exemplos da língua. Algo que está em cada um, mas também faz parte do
coletivo. Dentro da fala conseguimos encontrar vestígios do conceito da língua exposto
anteriormente como sendo um sistema de signos. Para além da fala verbal, a língua também está
presente nos sinais.

2.3.2 Linguagem
Se procurarmos o conceito de linguagem, encontraremos uma definição rasa de que linguagem é
a maneira como nos comunicamos e expressamos, ou ainda, quaisquer sistemas de codificação
para expressar ideias, sentimentos e informações. Mas a verdade é que a linguagem vai muito
além disso.

Segundo Pereira (2021):

A linguagem é um conceito antigo e presente em todos os lugares do mundo em que haja vida
humana. É possível considerar duas possíveis definições da linguística. A primeira está relacionada
à língua e a um sistema linguístico específico, tal qual a língua portuguesa – motivo pelo qual
língua e linguagem estão interligadas.
15
A segunda definição está ligada a um conceito geral de linguagem, basicamente o que foi exposto
no primeiro parágrafo deste artigo. Estamos acostumados a lidar com a linguagem como sendo
uma definição ampla enquanto a língua é um ramo específico da linguagem. Essa é uma forma
simples e precisa sobre a diferenciação desses dois conceitos.

2.3.3 Dialetos da língua portuguesa


A língua portuguesa possui uma relevante variedade de dialetos, com uma acentuada diferença
lexical entre suas duas principais vertentes, europeia e brasileira. Tais diferenças, entretanto,
geralmente não prejudicam a inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialetos.

2.3.3.1 Dialetos de Portugal


Açoriano, Alentejano, Algarvio, Alto-Minhoto, Baixo-Beirão ou Alto-Alentejano, Beirão,
Estremenho, Madeirense, Baixo Minhoto-Duriense e Transmontano.

2.3.3.2 Dialetos do português brasileiro


Caipira, Costa norte, Baiano, Fluminense, Gaúcho, Mineiro, Nordestino, Nortista, Paulistano,
Sertanejo, Sulista, Florianopolitano, Carioca, Brasiliense, Serra amazônica, Recifense e
Amazônico Ocidental.

2.3.3.3 Dialetos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa


Angolano - Falado em Angola. Pode ser subdividido em: (Benguelense, Luandense, Sulista)
Cabo-verdiano (ouvir) - Falado em Cabo Verde, Guineense (ouvir) - Falado em Guiné-Bissau,
Santomense (ouvir) - Falado em São Tomé e Príncipe e Moçambicano (ouvir) - Falado
em Moçambique.

2.3.3.4 Dialetos da Ásia


Goês - Falado em Goa, Índia, Timorense (ouvir) - Falado no Timor-Leste e Macaense (ouvir) -
Falado em Macau, China.

16
3 Conclusão

De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, constatou-se a quando falamos em variação


linguística, analisamos os diferentes modos em que é possível expressar-se em uma língua,
levando-se em conta a escolha de palavras, a construção do enunciado e até o tom da fala. A
língua é a nossa expressão básica, e, por isso, ela muda de acordo com a cultura, a região, a
época, o contexto, as experiências e as necessidades do indivíduo e do grupo que se expressa.

Assim compreende-se que as variações (variantes ou variedades) linguísticas são as ramificações


naturais de uma língua, as quais se diferenciam da norma padrão em razão de fatores
como convenções sociais, momento histórico, contexto ou região em que um falante ou grupo
social insere-se.

Trata-se, pois, de objeto de estudo da Sociolinguística, ramo que estuda como a divisão da
sociedade em grupos com diferentes culturas e costumes dá origem a diferentes formas de
expressão da língua, as quais, embora se baseiem nas normas impostas pela gramática prescritiva,
adquirem regras e características próprias.

17
4 Referências bibliográficas

 Bagno, M. (2001). Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola


Editorial.
 Bagno, M. (2012). Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo, Parábola.
 Bagno, M. (2013). Gramática de bolso do português brasileiro. São Paulo: Parábola
Editorial.
 Beline, R. (2019). A variação linguística. Introdução à Linguística. 6.ed. 7ª reimpressão. São
Paulo: Contexto.
 Cunha, C; Cintra, L. (2014). Nova gramática do português contemporâneo. 18ª ed. Lisboa:
Edições João Sá da Costa.
 Cunha, C., Cintra, L. (2016). Nova gramática do português contemporâneo. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Lexikon.
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