Linguística Descritiva Do Português III
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organizacionais Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
Exploração dos
2.0
dados
Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Aspectos Formatação Paginação, tipo e 1.0
ii
tamanho de letra,
paragrafo,
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
iii
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
1 Introdução.................................................................................................................................4
1.1 Objectivos..........................................................................................................................4
1.2 Metodologia.......................................................................................................................4
2.3.2 Linguagem................................................................................................................15
3 Conclusão...............................................................................................................................17
4 Referências bibliográficas......................................................................................................18
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1 Introdução
Os estudos mais recentes da língua, que resultaram na teoria do discurso, procuram elucidar o
funcionamento dos processos comunicativos e os procedimentos de constituição de sentidos,
numa contribuição decisiva para novos rumos na área de ensino da língua.
Sem dúvida, é o sistema de signos mais vasto e complexo que se relaciona com comunicação,
capaz de alojar linguajares variados e cumprir seu objetivo primordial. E se caracteriza como fato
social, por ser uma ferramenta fundamental da comunicação, por ser fundamentalmente
instrumento de comunicação.
1.1 Objectivos
1.2 Metodologia
Para que este estudo fosse factível, o presente trabalho assenta particularmente no método de
pesquisa bibliográfica, assim como a consulta a informação eletrónica, e também alguns artigos
que abordam a questão com maior incidência, e finalmente o dialogo com alguns professores que
de alguma forma são possuidores de algum conhecimento credível a respeito do tema em estudo.
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2 Variedades e variação da Língua Portuguesa
O termo variação se aplica a uma característica das línguas humanas que faz parte de sua própria
natureza: a heterogeneidade. A palavra língua nos dá uma ilusão de uniformidade, de
homogeneidade, que não corresponde aos fatos. Quando nos referimos ao português, ao francês,
ao chinês, ao árabe etc., usamos um rótulo único para designar uma multiplicidade de modos de
falar decorrente da multiplicidade das sociedades e das culturas em que as línguas são faladas.
Variação linguística se manifesta desde o nível mais elevado e coletivo – quando comparamos, por
exemplo, o português falado em dois países diferentes (Brasil e Angola) – até o nível mais baixo e
individual, quando observamos o modo de falar de uma única pessoa, a tal ponto que é possível
dizer que o número de “línguas” num país é o mesmo de habitantes de seu território.
Entre esses dois níveis extremos, a variação é observada em diversos outros níveis: grandes
regiões, estados, regiões dentro dos estados, classes sociais, faixas etárias, níveis de renda, graus
de escolarização, profissões, acesso às tecnologias de informação, usos escritos e usos falados.
Na visão de Bagno (2013) “foi nessa época (século III a.C.) que surgiu a disciplina
chamada gramática, dedicada explicitamente a criar um modelo de língua que se elevasse acima
da variação e servisse de instrumento de controlo social por meio de um instrumento linguístico”.
Antes de tratarmos sobre Variação Linguística, é preciso que entendamos um pouco sobre o
estudo da variedade e variação da linguagem em relação à estrutura social das comunidades: a
essa ciência damos o nome de Sociolinguística.
Em linhas gerais, a Sociolinguística é o estudo da língua no seu uso real e não ideal. Uma
Gramática, por exemplo, prevê situações ideais para a língua, mas – como sabemos – quando
abrimos a boca para falar nem sempre tudo o que sai dali segue padrões gramaticais rígidos.
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2.1.1 Variedade linguística
Em Alkmin (2001) e Bagno (2007) a variedade linguística é definida como cada um dos
diferentes modos de falar uma língua.
A coabitação de diferentes variedades linguísticas dentro de uma comunidade de fala nem sempre
é tranquila, visto que valores positivos ou negativos são atribuídos a elas de acordo com a
organização dos grupos sociais.
Assim, “dentro de uma comunidade podem existir variedades mais prestigiadas, consideradas
superiores, ao passo que outras podem ser menos prestigiadas, vistas como inferiores. Esses
valores atribuídos às variedades originaram a chamada variedade padrão, que é a variedade mais
prestigiada dentro de uma comunidade” (Alkmin, 2001, pp. 39-40).
É válido mencionar que tais valores são construídos ao longo da história e podem mudar com o
passar do tempo, de modo que, uma variedade desprestigiada hoje pode ser prestigiada
futuramente, e vice-versa, como no caso da Grécia, onde o grego demótico, anteriormente
desprestigiado, passou a ser a língua oficial deste país posteriormente.
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2.1.2.1 Variações diatópicas
São as variações linguísticas em espaços geográficos diferentes. Nesse contexto, entram em cena
os regionalismos, que são os falares típicos de cada região do país. O modo de falar do mineiro
difere do modo de falar do baiano, que difere do modo de falar do gaúcho e assim por diante.
É válido ressaltar que estamos exprimindo um fato em termos gerais, já que é no decorrer dos
anos escolares que o indivíduo aprende a norma culta por excelência. Mas, mesmo um falante
com nível de escolaridade maior pode deixar de usar o plural em determinado momento.
Trata-se das variações ocorridas em função da situação em que se encontra o falante. A que
situação estamos nos referindo? A situação comunicativa de informalidade ou formalidade.
Expressamos informalmente quando empregamos uma linguagem despreocupada com a norma
culta. No dia a dia, por exemplo, é comum usarmos “a gente” no lugar de “nós”; o verbo “ter”
com o sentido de “haver” (“Tem uma loja aqui.”); reduções de palavras (“Ele tá feliz!), etc.
Isso acontece, sobretudo, no âmbito da escrita, em textos das esferas acadêmica, científica,
religiosa, jurídica, etc. Na oralidade, podemos citar textos como aulas, palestras, missas ou cultos.
As variações linguísticas são legítimas, uma vez que representam a identidade de determinado
grupo social. Desse modo, precisamos romper com todos os preconceitos relativos à linguagem,
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que privilegiam uma variante (a norma culta) em detrimento das outras. As variações são
inerentes ao sistema linguístico e, por isso, não prejudicam o seu funcionamento.
A abordagem das variáveis linguísticas que patenteiam divergência entre as duas variedades
passará pela identificação do fenómeno e por um brevíssimo enquadramento em que se torna
explícita a divergência ocorrente e as respetivas consequências para a AL.
Em PE, a ênclise é o padrão de colocação básico. A mesóclise é utilizada como forma alternativa
à ênclise para os tempos futuro do presente e futuro do pretérito (em PE designado de
condicional). Há ainda palavras indutoras da próclise, que impossibilitam a colocação dos
pronomes como ênclise, como em:
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linguistas: enquanto em Portugal se diz tinha-me chamado, no Brasil se diz e se escreve tinha me
chamado”.
O uso da ênclise acaba por ser restrito ao início de oração, substituído também pela próclise na
NCC (norma culta contemporânea). A mesóclise ocorre raramente com futuro do pretérito ou
condicional.
A combinação pronominal ocorre quando há dois pronomes átonos: um de objeto indireto (me,
te, nos, vos, lhe, lhes) e outro de objeto direto (o, a, os, as).
Segundo Cunha e Cintra 2014, p.39; 2016, p.322). A tabela a seguir apresenta as combinações
resultantes destes pronomes.
Para os autores (Cunha e Cintra, 2014, p.391, 2016, p.323) referem que “no Brasil, quase não se
usam as combinações mo, to, lho, no-lo, vo-lo, etc. Da língua corrente estão de todo banidas e,
mesmo na linguagem literária, só aparecem geralmente em escritores um tanto artificiais”.
Segundo Bechara (2015, p.187), o PB moderno “prefere substituir o pronome átono de objeto
indireto pela forma tônica equivalente, precedida pela preposição a”, mantendo-se o objeto direto.
Sobre a construção de interrogativas Q, Mioto e Kato (2005, p.172) apontam que “o PE é mais
restritivo que o PB nas estratégias para formar interrogativas Q matrizes”.
Nas construções a seguir, as frases a) e c) são aceitas em ambas as variedades, mas as frases b) e
d) são aceitas apenas em PB.
a) Onde é que estão as minhas chaves? / b) Onde que estão as minhas chaves? c) Como reagiu a
Ana? / d) Como a Ana reagiu?
Relativamente à AL, dispensam-se as alterações na direção PE>PB, uma vez que o PB aceita
igualmente ambas as estruturas ([Q] é que / [Q] que). Na direção contrária, de acordo com o
que ressaltam os autores, sugere-se atenção às interrogativas que não estão de acordo com as
regras do PE.
Este tópico, provavelmente pouco presente e raramente aceito pela NPT do Brasil, é um traço de
bastante importância para a NCC do PB, podendo, portanto, estar presente nos textos originais
desta variedade.
Segundo Corrêa (2001, p.615), a estratégia de relativização de prestígio, adotada pela NPT do
PB, é a mesma adotada pela NPT do PE, como ocorre nos seguintes exemplos:
Alternativamente, podem ser utilizadas duas estratégias. A cortadora, na qual há a omissão da preposição
que acompanha o pronome relativo, substituindo-a pelo uso isolado do pronome relativo que e com
pronome lembrete (denominada estratégia resumptiva ou com pronome de retoma em PE, embora não seja
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utilizada nesta variedade), na qual que é tomado como o pronome relativo, com a retomada semântica do
sujeito
O uso de artigo definido antes de possessivos é aceito tanto em PE quanto em PB. No entanto, a
ausência de artigo anterior aos possessivos não é permitida em PE.
Segundo Cunha e Cintra (2014, p.280, 2016, p.228), “a presença do artigo antes de pronome
adjetivo possessivo ocorre com menos frequência no português do Brasil do que no de Portugal,
onde (...) ela é praticamente obrigatória”.
Os autores acrescentam os seguintes exemplos (ibidem): “Meu amor é só teu. / O meu amor é só
teu.” “Estive com tua irmã. / Estive com a tua irmã.” “A minha irmã e o meu cunhado costumam
receber os seus amigos mais íntimos. (Augusto, 107) ”.
Cunha e Cintra (2014, p.295, 2016, p.241), sobre o emprego de artigo com nomes geográficos em
PE, apontam que “alguns nomes de países, como Espanha, França, Inglaterra, Itália e poucos
mais, podem construir-se sem artigo, principalmente quando regidos de preposição” (Eu estive
em Espanha / Eu estive na Espanha).
Em PB, apesar de ser possível o emprego de nomes de países sem artigo, quando
preposicionados, este não parece ser frequente.
o emprego do artigo definido “costuma aparecer ao lado de certos nomes próprios geográficos,
principalmente os que denotam países, oceanos, rios, montanhas, ilhas: a Suécia, o Atlântico, o
Amazonas os Andes, a Groenlândia”, mas não há alguma especificação quanto à ausência ou
presença de artigo com os países mencionados no parágrafo anterior.
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Assim, dada a aparente ausência de uma regra sistemática a seguir neste tópico, parece ser
recomendável que, com os países Espanha, França, Inglaterra e Itália, quando preposicionados,
seja utilizado o artigo para a adaptação no par PE> PB. Já no par PB> PE, a retirada do artigo
parece ser, segundo os autores, opcional, sendo, contudo, provavelmente, melhor aceito sem o
artigo em textos desta variedade.
Segundo Cunha e Cintra (2014, p.275; 2016, p.223), os artigos indefinidos podem ser contraídos
com as preposições de e em, resultando nas formas: dum, duma, duns, dumas; num, numa, nuns,
numas (Eu vim duma loja / Eu estava numa loja).
Essas contrações parecem ser mais utilizadas em PE34; em PB parece haver a tendência para as
formas não contraídas: de um, de uma, de uns, de umas; em um, em uma, em uns, em umas (Eu
estava em uma loja), restringindo-se as contrações à linguagem oral.
No entanto, entre as gramáticas consultadas nesta investigação, não foi encontrada qualquer regra
que restrinja o uso das formas contraídas em PB: Bechara (2015, p.319) aponta apenas que a
contração da preposição de com artigos indefinidos é menos frequente em PB (Precisei de uma
ferramenta / Precisei duma ferramenta).
Segundo Bechara (2015, p.327), em PB a preposição até pode ou não vir seguida da preposição a,
com o sentido de estabelecimento de limites: Fui até ao/o banco. No mesmo contexto em PE, até
é obrigatoriamente seguido pela preposição a.
Peres e Móia (1995, p.105) argumentam: “É evidente que entendemos a tentativa purista de
eliminar a duplicação da preposição em construções com até (como, por exemplo, até ao fim, a
que alguns preferem até o fim).
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2.2.1.8 Aspecto progressivo dos verbos: gerúndio / infinitivo
Em estudo sobre o uso do gerúndio em PE e em PB, Móia e Viotti (2004, p.138) concluem que,
de forma geral, este uso é similar nas duas variedades, quando usado como advérbio com valor
semântico interproposicional (temporal, elaborativo, causal, instrumental, condicional ou
contrastivo).
“A primeira delas é o uso de construções impessoais negativas com os predicados levar e passar
em PB, como em: “O Paulo casou. Não levou / passou dois anos e teve um filho”, afirma (Móia e
Alves, 2001, p.711).
Mateus (2003b, p.49) aponta que a variação na frequência de ter e haver não acontece apenas em
construções que exprimem distâncias temporais. Em PB, o verbo haver com o significado de
existir é muitas vezes substituído pelo verbo ter, como nos exemplos:
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A substituição de haver por ter em PB é mais frequente na linguagem oral coloquial do que na
linguagem escrita formal.
Segundo Avelar (2006, p.72), “a permanência deste verbo [haver] em alguns contextos deve
provavelmente estar condicionada, dentre outros fatores, ao processo de aquisição da escrita, em
que ainda se valoriza um padrão no qual as existenciais sejam construídas da mesma forma que
no português europeu”.
Segundo Cunha e Cintra (2014, p.580; 2016, p.478) “o futuro do pretérito pode ser substituído
pelo imperfeito do indicativo nas afirmações condicionadas, embora esta alternância possa talvez
ser mais frequente em PE do que em PB. Frequente é também esta substituição com os verbos
modais, como poder, dever, saber, querer, desejar, sugerir”.
Os verbos chamados abundantes são aqueles que têm duas formas de particípio: a forma regular,
via de regra acompanhada de ter ou haver, também chamada de ativa; e a forma irregular,
também chamada de passiva, acompanhada dos verbos ser ou estar.
Móia (2004), a partir do corpus CETEM-Público, investigou a distribuição dos verbos com
particípios duplos no contexto (ter) (forma verbal no particípio passado). No seu estudo, o autor
apresenta uma tabela com os principais verbos cuja forma regular tem caído em desuso em PE.
Língua é uma parte específica e essencial da linguagem, em que encontra-se também o conceito
de idioma como um produto social. Para Ferdinand de Saussure, a língua é um sistema de
signos e funciona como instrumento coletivo para compartilhamento de sentidos.
O conceito do que seria língua ainda é uma questão complexa e com muita abertura para
discussões. Acontece que essa definição é apenas uma parcela do contexto geral da língua. Mas
vamos tentar simplificar:
A fala e a escrita são exemplos da língua. Algo que está em cada um, mas também faz parte do
coletivo. Dentro da fala conseguimos encontrar vestígios do conceito da língua exposto
anteriormente como sendo um sistema de signos. Para além da fala verbal, a língua também está
presente nos sinais.
2.3.2 Linguagem
Se procurarmos o conceito de linguagem, encontraremos uma definição rasa de que linguagem é
a maneira como nos comunicamos e expressamos, ou ainda, quaisquer sistemas de codificação
para expressar ideias, sentimentos e informações. Mas a verdade é que a linguagem vai muito
além disso.
A linguagem é um conceito antigo e presente em todos os lugares do mundo em que haja vida
humana. É possível considerar duas possíveis definições da linguística. A primeira está relacionada
à língua e a um sistema linguístico específico, tal qual a língua portuguesa – motivo pelo qual
língua e linguagem estão interligadas.
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A segunda definição está ligada a um conceito geral de linguagem, basicamente o que foi exposto
no primeiro parágrafo deste artigo. Estamos acostumados a lidar com a linguagem como sendo
uma definição ampla enquanto a língua é um ramo específico da linguagem. Essa é uma forma
simples e precisa sobre a diferenciação desses dois conceitos.
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3 Conclusão
Trata-se, pois, de objeto de estudo da Sociolinguística, ramo que estuda como a divisão da
sociedade em grupos com diferentes culturas e costumes dá origem a diferentes formas de
expressão da língua, as quais, embora se baseiem nas normas impostas pela gramática prescritiva,
adquirem regras e características próprias.
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4 Referências bibliográficas
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