Africa">
Trabalho Contribuição para o Estudo Camarões de Interesse Económico Da Plataforma Continental de Angola
Trabalho Contribuição para o Estudo Camarões de Interesse Económico Da Plataforma Continental de Angola
Trabalho Contribuição para o Estudo Camarões de Interesse Económico Da Plataforma Continental de Angola
Numa apreciação do total das capturas efectuadas durante as campanhas, Franca &
Costa (1969) fizeram notar que: “… a captura de crustáceos é de pequeníssima
significação qualitativa em relação ao total das capturas” … Os crustáceos podem ser
capturados por arrastos ao longo de toda a costa de Angola, podem ser capturados em
qualquer época; e a respeito de todo o pescado, parece haver uma tendência para
maiores rendimentos, independentemente da zona, no período mais quente do ano
(outubro ou Novembro a Janeiro ou Fevereiro) (Franca & Costa, 1969).
I. Material e Métodos
No que se refere aos camarões, sempre que a quantidade o permitiu, foi feita uma
amostragem ao acaso que foram distribuídos por classes de comprimento com intervalo
de 0,5 cm, separados os machos e as fêmeas, os indivíduos de cada sexo, dentro de cada
classe de comprimento.
Apresenta-se uma lista das espécies de camarão capturadas, distribuídas pelas famílias a
que pertence e incluem-se ainda algumas características morfológicas das espécies
importantes do ponto de vista económico. Utilizando o material das amostras, faz-se o
estudo de cada uma das espécies e, através deste, uma apreciação dos factores
ambientais que podem influenciar o rendimento de pesca. Finalmente, procura se
sintetizar as informações obtidas e evidenciar as conclusões mais importantes do
trabalho.
II. Estudo Da Zona Costeira Da Província Do Namibe
A província do Namibe situa-se entre o mar e o deserto da região sul de Angola (13° 13´
S, 17º 15´E), e possui uma orla marítima com 480 km. É limitada ao norte pela
província de Benguela, ao sul pelo rio Cunene, ao leste pela província da Huíla, e ao
oeste pelo oceano atlântico (Malheiro, 2015& Quiatuahanga, 2015).
A sua capital é a cidade de Moçâmedes, a qual fica a 1.234 km de Luanda e a 225km de
Lubango. A cidade foi fundada em 1840 e, até os dias de hoje, tem o nome de
«Moçâmedes» (fig.1).
II.2. Temperatura
30
SST (C)
25
20
15 MED LAT N
10 MED LAT S
5
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
(Meses)
De acordo com a humidade relativa diminuiu do litoral para o interior, sendo da ordem
dos 75 a 80 % junto à costa, e de 55 a 60 % no planalto. Na zona costeira os valores
mais altos ocorrem de Junho a Agosto, sendo da ordem dos 85 %. Enquanto no interior
os valores mais elevados, foram de 70 %, verificado no mês de Março. No que concerne
aos ventos, caracterizam-se na Província por serem bastante regulares quer em direcção
quer em intensidade, ao longo de todo o ano. A insolação anual aumenta do litoral, com
um valor médio anual da ordem das 2 300 horas (Estação Moçâmedes), para o interior
onde o valor médio da insolação anual chega a ser superior a 2 600 horas Estação
Lubango, (GPN, 2013).
Tribo: PENAEIDAE
Fam. PENAEIDAE
Fam. SERGESTIDAE
Sergestes sp.
Tribo CARIDEA
Fam. PASIPHAEIDAE
Fam. NEMATOCARCINIDAE
Fam. PALAEMONIDAE
Fam. PANDALIDAE
Plesionika sp.
Esta espécie, conhecida do Senegal a Angola, constitui uma parte importante do total de
camarão consumido em Angola. Vivendo a pequena profundidade é, em grande parte,
capturada por navios com rede de tipo rasteira. É também pescada com pequenas
embarcações por arrasto ate cerca de 30 metro de profundidade.
Penaeus duorarum- “ gamba”, camarão grande: rostro com dente dorsais e ventrais; 6º
segmentos abdominais com uma goteira de cada lado da crista mediana; telson sem
espinhos, cor rosa acinzentada, translúcido. Esta espécie é conhecida da costa atlântica
da América, das Bermudas, Carolina do norte e Antilhas. Na costa ocidental africana é
conhecida da Mauritânia ate Angola.
Os exemplares atingem grandes dimensões o que constitui um dos motivos por que a
espécie é muito apreciada, parecendo-o ser a de maior consumo no Namibe e nas
restantes zonas costeira do pais.
Parapenaeus longirostris – conhecida da Europa por “gamba branca” rostro longo, com
dentes apenas dorsalmente; telson com espinhos laterais fixos, cor rosa vivo. A
distribuição geográfica desta espécie é extensa: Atlântico oriental de Portugal e Angola,
Atlântico ocidental desde Massachusetts até à Venezuela, Mediterrâneo e Mar
Adriático.
Verificou-se que esta espécie aparece pouco em Angola, o que, quanto a nós, é
consequência de não haver quem se dedique regularmente à sua pesca1.
1
Entre as espécies a cuja pesca se dedicavam ao longo da costa de Angola navios espanhóis, P. longirostris (Crosnier, A. & Tanter,
1968).
Parapenaeus Longirostris- habita fundos maiores do que as duas espécies anteriores e,
como adiante referiremos, os maiores espécimes encontram-se a profundidades
superiores a 100 metros.
As restantes espécies ocorrem em quantidades muitos reduzidos, razão por que todas as
referenciais feitas ao longo deste trabalho, quanto a rendimentos de pesca na província
do Namibe dizem a penas a Parapenaeopsis atlântica, Penaeus duorarum e
Parapenaeus longirostris.
Acentuaremos mais uma vez, que o trabalho só se refere a zona costeira da província do
Namibe. Sendo de admitir a hipótese de que algumas das espécies de fraca ocorrência
nesta plataforma tenham, a outras profundidades, uma abundância que lhe permite
serem de considerar do ponto de vista económico. Por outro lado, creio que os
rendimentos obtidos não serão decerto os melhores que é possível conseguir nesta área,
e admitir que valores mais elevados se possam obter, com rede e embarcações mais
apropriadas.
Captura se esta espécie ao longo da costa de Angola até cerca de 13º de latitude sul,
entre 12 e 37 metros de profundidade.
Os pesos médios encontrados para machos e para fêmeas, dentro de cada classe de
comprimento, foram os seguintes:
Y =logW
X =logL
A=log a
s ( xy ) −s ( x )∗s ( y ) /N
b= e A=Y − X
s ( x 2 )−s 2(x )/ N
Assim obtivemos:
nº . de macho
A razão de sexos ∗100 , Embora apresentando valores variáveis, indica, de
nº . de fêmeas
um modo constante, uma predominância nítida de fêmeas.
De acordo com os dados, nas amostragem de captura foram capturado 399♂e 555♀ nos
anos…….. o que representou uma razão de 71,9. A constante minoria dos machos
poderá ser explicada por uma maior fragilidade deste em relação as fêmeas, sofrendo os
machos, nos estados jovens, um elevado grau de mortalidade. Por outro lado tendo os
machos tamanho inferiores aos das fêmeas, é provável que, em maior numero, se
escapem através das malhas da rede segundo (Ribeiro, 1970). os valores apresentado no
trabalho parece não estar em desacordo com esta hipótese, visto que o valor da razão de
sexos mais elevado foi de 71,9 nas colheitas efectuadas com rede de malha mais
apertada. Segundo, (Ribeiro, 1970), a utilização de rede de tipo cabo branco os valores
da razão de sexos são inferiores aquele, aumentando um pouco *a medida que os
arrastos são feito sendo mais profundos. Este facto poderá ser explicado da seguinte
maneira: mantendo-se constante a selictividade de rede o número de macho capturados
vai aumentando e, relação ao das femeas, porque aumenta o tamanho médio dos macho
com a profundidade, como anteriormente foi dito, menor percentagem deles se escapará
através das malhas da rede.
Esta espécie é capturada com regularidade até cerca de 13º de latitude sul, com rede de
tipo cabo branco entre 16 e 67 metros de profundidade.
De acordo com os dados do total capturado com rede do tipo cabo branco foram feitas
22 amostragens de 100 indivíduos sempre que o número de indivíduos capturados
permitiu, agrupado em classe de comprimento de 0,5cm, considerando os sexo
separadamente.
As classes de comprimento de maior frequência são 3,0 e 3,5 nos machos e 4,5 nas
fêmeas. Este facto verifica-se nas profundidades que a espécies habita como mostram as
figuras que se seguem.
Estes valores parecem mostrar não há uma relação entre os tamanhos dos indivíduos e a
distribuição batimétrica.
Os pesos médio indivíduas para os machos e para as fêmeas, dentro de cada classe de
comprimento, foram:
♂ ♀
4,5 51,0
5,0 64,6
5,5 80,6
6,0 95,0
De acordo com os dados fornecidos pelo (CIP), verificou equilíbrio entre o número de
macho e o número de fêmeas, sendo 97,6 a razão de sexos; de amostra para amostra,
esta teve, porem, valores muito variáveis, ora predominando os machos, ou as fêmeas,
ora estando machos e fêmeas em igual número. Esta variação não nos pareceu contudo
estar dependente nem da profundidade nem da época, nem de qualquer outro factor, no
tempo que durou o trabalho.
Rendimento de pesca
Parapenaeus longirostris
Esta espécie foi capturada ao longo de toda costa do Nmaibe entre 36 e 200 metros de
profundidade.
A classe de maior frequência é 2,0, tanto para os machos como para as fêmeas.
Agrupando os espécimes de acordo com a profundidade de captura, verifica se que ate
200 metros foram mais frequentes os machos e as fêmeas da classe de 2.0.
Os pesos médios indivíduas para os machos e para as fêmeas dentro de cada classe de
comprimento foram:
Fêmeas: W¿ 0,00267 L2 , 41
<100 3,071
100-200 3,581
>200 5,210
De acordo com os dados os arrastos a profundidade superior a 200 metros foram pouco
numerosos, creio que o rendimento que registou-se é inferior aquele que será possível
obter numa pesca intensiva aquela profundidade. A pesca para lá dos 200 metros
oferece ainda a vantagem de permitir a captura de indivíduos de maiores dimensões e
peso de elevado, tal como se verifica no quadro seguinte:
<100 3,3
100-200 4,0
>200 7,8
Certos factores do ambiente com acção sobre o comportamento das espécies vêm
influenciar, por vezes de modo decisivo, o rendimento de pesca. O conhecimento destes
factores e do modo como actuam é da maior importância, tanto no estudo da biologia de
cada espécie, como na resolução de questões relacionadas com a pesca: locais de pesca,
época e períodos do dia mais favoráveis à pesca processos de captura, etc.
Tipo de fundo
Se algumas das espécies tiverem preferência por determinados fundos, é de admitir que
o rendimento de pesca varie com o tipo de fundo sobre o qual se pesca. Diante dos
dados analisados, a maior parte incidiu sobre fundos de lodo.
Parapenaespsis atlântica
Penaeus duorarum
Parapenaeus longirostris
Fundos
Lodo
Areia grossa
Rocha
Temperatura
A este respeito queremos referir as considerações de Franca, (1969) que, citando três
tipo de águas que influenciam as costas atlântico-africanas ao sul do Equador – águas
guineenses (quentes e dessalgada), água tropicais (quente e salgadas) e águas
benguelenses (fria e salgadas), estabelece três regiões naturais para a costa de Angola:
norte (sob a influencia preponderante das águas, nomeadamente guineenses e tropicais,
zona de instabilidade hidrológica e de transição entre as regiões norte e sul); sul (sob
influencia preponderante das águas benguelenses). Estando a cada tipo de águas
associados um complexo faunístico particular, o autor prevê que a fauna guineense,
benguelenses era coincidir aproximadamente com o limite sul das formas tropicais.
No que diz respeito às espécies que temos vindo tratando Parapenaespsis atlântica, de
distribuição localizada entre o Senegal e Angola, será uma espécie da fauna guineense
que em Angola encontra o limite sul da sua distribuição; Penaeus duorarum, cujá área
de distribuição se situa nas costas atlântica americana e africana, será uma espécie da
distribuição na costa atlânticas americana e africana, será uma espécie da fauna tropical
que tem também em Angola o limite sul da sua distribuição na costa africana;
Parapenaeus longirostris, capturada ainda entre 17º e 18º, embora em pequena
quantidade, tem uma área de distribuição vasta (Atlântico oriental e ocidental,
Mediterrâneo e Mar Adriático) e será uma das espécies menos características do ponto
de vista faunístico que Franca prevê também para a costa de Angola: … “ poderão ainda
ocorrer formas… menos características do ponto de vista faunístico devido às suas
grandes áreas de distribuição (espécies cosmo politas, espécies mediterrânicas e
atlânticas…” ( in loc. Cit.p17). Estas espécie possivelmente encontrará também na costa
de Angola o limite sul da sua distribuição.
Portanto de acordo com os dados foi possíveis arrastos nas duas épocas do ano. Essas
épocas foram, Março-Abril e Junho a Setembro, correspondem, respectivamente ao fim
da época das chuvas e à época do cacimbo. As duas épocas são bem distintas, sendo
nítida a diferença de temperatura da água do mar.
Parapenaespsis atlântica
A comparação dos resultados dos arrasto fornecidos pelo (CIP), durante os meses de
Março-Abril e Junho a Setembro, não nós elucida satisfatoriamente, no que se refere a
esta espécie uma vez que a costa mostra um menor rendimento.
A diferença que existe entre os meses, poderá ser apenas devido ao acaso, uma vez que
o tempo de arrasto foi curto, sobretudo o da época de Março a Abril.
De uma forma geral, nos locais de captura de desta mesma espécie a temperatura situou-
se entre 17,32ºc a 30 metros e 26, 53ºc à superfície.
Penaeus duorarum
A temperatura da água nos locais de captura variou entre 16, 10ºc, temperatura registada
a 50 me 27, 11ºc a 0 metro. Na zona em que a pesca incidiu em duas épocas diferentes,
foram encontrados os seguintes rendimentos:
Março - Abril Junho á Setembro
Os rendimentos foram muito fracos nos meses entre Junho a Setembro. Mais sim
revelou-se mais rendosa em Março - Abril. Estes resultados parecem, contudo,
insuficientes para uma afirmação categórica de que a época mais quente é mais
favorável a capturas de Penaeus duorarum .
Parapenaeus longirostris
Os rendimentos nos meses de Junho a Setembro foram quase nulos em ambas as horas,
com relação aos meses de Março a Abril houve diferença notável entre as duas épocas,
sendo os valores de pesca mais elevados. Nesta espécie parece poder reconhecer-se,
com mais segurança do que na espécie anterior, uma diferença de comportamento em
relação às duas épocas.
Conclusão