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Trabalho Contribuição para o Estudo Camarões de Interesse Económico Da Plataforma Continental de Angola

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Introdução

Os estudos efectuados ao longo da costa Angolana pela Missão de Estudos de Pesca de


Angola (MEPA) e pela missão de Biologia Marítima (MBM) na década dos anos 60,
foram importantíssimos no que se refere as espécies de crustáceo como o camarão. O
estudo destas colecções e o resumo à bibliografia sobre crustáceos da costa ocidental
africana, da qual destacaremos os trabalhos de Holthuis (1951 e 1952), deram-nos a
conhecer as espécies de camarão que é possível capturar ao longo da costa de Angola,
com rede de arrastar e em fundos ate cerca de 500 metros.

Numa apreciação do total das capturas efectuadas durante as campanhas, Franca &
Costa (1969) fizeram notar que: “… a captura de crustáceos é de pequeníssima
significação qualitativa em relação ao total das capturas” … Os crustáceos podem ser
capturados por arrastos ao longo de toda a costa de Angola, podem ser capturados em
qualquer época; e a respeito de todo o pescado, parece haver uma tendência para
maiores rendimentos, independentemente da zona, no período mais quente do ano
(outubro ou Novembro a Janeiro ou Fevereiro) (Franca & Costa, 1969).

Portanto existindo em certos pontos da costa de Angola uma pesca de camarão,


destinada ao consumo interno como por exemplo a província do Namibe, era do maior
interesse fazer um estudo de prospeção sobre o actual estado das principais espécies de
camarão no que tange a sua abundância, as zonas e profundidade em que podem ser
capturadas, os valores de rendimento de pesca e colher o maior número possível de
informações sobre a biologia das espécies.

Segundo literaturas consultadas em 1964 surgiu a primeira oportunidade de fazer uma


prospecção de camarões ao longo da costa de Angola, prospecção que se efectuou com
o apoio de N.H. “Salvador correia” ao serviço do Instituto Hidrográfico Português,
trabalhando em colaborações do ultramar. A impossibilidade de não haver estudo sobre
nos dias de hoje sobre o Estado das capturas do camarão na zona costeira do Namibe
esta limitar consideravelmente o plano de trabalho, na realidade, em virtude da
necessidade de recurso para executar, motivo pelo qual, levou-me a fazer uma simples
abordagem sobre a Contribuição do estudo dos Camarões de “Interesse Económico” na
Zona Costeira da Província do Namibe. Portanto os resultados deste trabalho deverão
ser atribuídos o valor de uma contribuição prévia para um estudo que merece ser
alargado e aperfeiçoado.
Com ajuda do Centro de Investigação Pesqueira do Namibe (CIP), foi possível recolher
alguns dados hidrológicos como temperatura e salinidade da água do mar e outros como
ondulação, transparência, tipo de fundo, temperatura e humidade do ar, pressão
atmosférica, vento e céu.

I. Material e Métodos

Segundo os dados fornecido pelo Centro de investigação Pesqueira do Namibe (CIP), o


numero total de arrastos nos meses (………………….), ao longo da zona costeira do
Namibe foi de ……………., tendo sido pescado um total de ……….kg de camarão.

Todo o material de Molusco, Crustáceos e Peixes proveniente de cada arrasto foi


identificado, contado e pesado.

No que se refere aos camarões, sempre que a quantidade o permitiu, foi feita uma
amostragem ao acaso que foram distribuídos por classes de comprimento com intervalo
de 0,5 cm, separados os machos e as fêmeas, os indivíduos de cada sexo, dentro de cada
classe de comprimento.

A medida de comprimento adoptada foi a do comprimento de cefalotórax sem rosto; as


medidas incluindo, o rostro ou abdómen são menos rigorosas porque, frequentemente, o
rostro está partido e o abdómen dobrado.

A análise dos resultados fez-se atendendo em dados fornecidos pelo Centro de


Investigação Pesqueira do Namibe (CIP), a duração e profundidade dos arrastos
respectivamente, temperatura e salinidade.

Apresenta-se uma lista das espécies de camarão capturadas, distribuídas pelas famílias a
que pertence e incluem-se ainda algumas características morfológicas das espécies
importantes do ponto de vista económico. Utilizando o material das amostras, faz-se o
estudo de cada uma das espécies e, através deste, uma apreciação dos factores
ambientais que podem influenciar o rendimento de pesca. Finalmente, procura se
sintetizar as informações obtidas e evidenciar as conclusões mais importantes do
trabalho.
II. Estudo Da Zona Costeira Da Província Do Namibe

II.1. Caracterização da área de estudo

A província do Namibe situa-se entre o mar e o deserto da região sul de Angola (13° 13´
S, 17º 15´E), e possui uma orla marítima com 480 km. É limitada ao norte pela
província de Benguela, ao sul pelo rio Cunene, ao leste pela província da Huíla, e ao
oeste pelo oceano atlântico (Malheiro, 2015& Quiatuahanga, 2015).
A sua capital é a cidade de Moçâmedes, a qual fica a 1.234 km de Luanda e a 225km de
Lubango. A cidade foi fundada em 1840 e, até os dias de hoje, tem o nome de
«Moçâmedes» (fig.1).

Figura.1. Localização geográfica da área de estudo Fonte: (Google Earth).

Quanto ao clima da província do Namibe, bem como da área em enfoque é tropical a


norte e subtropical a sul, sendo temperado nas zonas de maior altitude, no Namibe há
duas estações chuvosas. A pequena e a grande. A primeira começa em Novembro com
uma precipitação média anual de 51mm e a segunda em Março. O mês de Maio é o da
transição para o cacimbo, mês em que às vezes sopram ventos vindo do Leste e Sueste,
que elevam bastante a temperatura e produzem grande secura queimando as plantações
mais viçosas. De Junho a Setembro, estação fresca ou do cacimbo, as temperaturas
médias mensais rondam o 16º C, produzindo-se geralmente ao cair do dia, durante a
noite e de manhã, densos nevoeiros, prejudiciais para o aparelho respiratório (Hach,
2011).

II.2. Temperatura

Na figura seguinte indicam-se os valores médios mensais da temperatura da água na


província do Namibe. Observações feita na Estação Fixa meteorológica situada na
província, (15º12.151´S; 12º06.012´E).

TEMPERATURA MÉDIA DA ÁGUA DA PROVÍNCIA DO NAMIBE

30
SST (C)

25
20
15 MED LAT N
10 MED LAT S
5
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
(Meses)

Figura.2. ilustra os valores médios da temperatura da água. Fonte: (Autor, 2017).

A análise da dispersão inter quartil relativamente a temperatura máxima e mínima do


mar mensal é fundamentalmente pequena. Entre as médias feitas com os dados da
temperatura superficial da água do mar fornecido pelo Centro de Investigação Pesqueiro
do Namibe (CIP), observou – se, que a menor média ocorreu entre o mês de Setembro
com 21,22 °C, e a maior média ocorreu no mês de Maio com 28,84 °C, isto na latitude
Sul. Na latitude Norte observou – se, a menor média entre o mês de Janeiro com 26,66
°C, com uma oscilação rasuráveis até o mês de Abril, e maior média ocorreu no mês de
Junho com uma variação entre os 27°C, até ao mês de Dezembro. Portanto, a
temperatura das águas superficiais na latitude Norte foi mais fria em relação a
temperatura das águas superficiais na latitude Sul.

II.3. Humidade Relativa

De acordo com a humidade relativa diminuiu do litoral para o interior, sendo da ordem
dos 75 a 80 % junto à costa, e de 55 a 60 % no planalto. Na zona costeira os valores
mais altos ocorrem de Junho a Agosto, sendo da ordem dos 85 %. Enquanto no interior
os valores mais elevados, foram de 70 %, verificado no mês de Março. No que concerne
aos ventos, caracterizam-se na Província por serem bastante regulares quer em direcção
quer em intensidade, ao longo de todo o ano. A insolação anual aumenta do litoral, com
um valor médio anual da ordem das 2 300 horas (Estação Moçâmedes), para o interior
onde o valor médio da insolação anual chega a ser superior a 2 600 horas Estação
Lubango, (GPN, 2013).

II.4. Precipitação atmosférica

A precipitação no Litoral é extremamente reduzida, verificando-se diversos anos onde a


precipitação anual é mesmo nula (Namibe, Tômbwa, e Baía dos Tigres). A precipitação
aumenta para o interior à medida que o efeito da corrente fria se vai atenuando. A
influência da corrente fria de Benguela torna o clima mesotérmico. As médias térmicas
mensais são mais baixas, atingindo os valores máximos de Janeiro a Maio, sendo raras,
as temperaturas atingir ao 30ºC. A análise da série dos valores anuais de precipitação
permite ainda verificar que estes podem variar significativamente de ano para ano,
apresentando uma grande dispersão. Verifica-se ainda que de um modo geral, há uma
grande homogeneidade do território relativamente à precipitação. De um modo geral,
um ano seco numa estação corresponde a um ano seco para toda a província, e um ano
húmido, numa estação corresponde a um ano chuvoso em toda província. A vegetação
predominante nesta região é o deserto aqui já esteve povoada de pequenos arbustos,
apenas tem a destacar-se a formosa planta exótica Welwitchia mirabilis (GPN, 2013).

III. Algumas Referencias Sobre As Espécies De Camarão


Distribuído Ao Longo Da Costa De Angola.
As espécies de camarão que abundam na plataforma continental de Angola distribuem-
se por várias famílias que fazem parte de duas tribos.

Tribo: PENAEIDAE

Fam. PENAEIDAE

Solenocera membranaceum (Risso, 1816)

Plesiopenaens edwardsianus ( Johnson, 1867)

Aristeus varidens (Holthuis, 1952)


Penaeus kerathurus (Forskal, 1775)

Penaeus dourarum (Burkenroad, 1939)

Parapenaeus longirostris (Lucas, 1849)

Penaeopsis miersi (Holthuis, 1952)

Paraperanaeopsis atlântica (Blass, 1914)

Fam. SERGESTIDAE

Sergestes Robustus (Smith, 1882)

Sergestes sp.

Tribo CARIDEA

Fam. PASIPHAEIDAE

Pasiphaea semispinosa (Holthuis, 1951)

Psathyrocaris fragilis (Wood-Mason / Alcock, 1893)

Fam. NEMATOCARCINIDAE

Nematocarcinus cursor (A.Milne Edwards, 1881)

Fam. PALAEMONIDAE

Palaemon maculatus (Thallwitz, 1892)

Palaemonidae (não ident.)

Fam. PANDALIDAE

Plesionika acanthonotus (Smith, 1882)

Plesionika ensis (A. Milne Edwards, 1881)

Plesionika heterocarpus (Costa, 1871)

Plesionika sp.

Parapandalus narval (fabricius, 1787)


Destas espécies, as que apresentaram maior rendimento de captura segundo o, (CIP),
foram as seguintes.

Parapenaeopsis atlântica – “camarão”, camarão pequeno: rostro longo, sigmóide,


ponteagudo, com dente apenas dorsalmente. Segmento terminal do abdómen (telson)
com espinhos laterais móveis; cor rosa pálido, por vezes com tonalidade esverdeada.

Esta espécie, conhecida do Senegal a Angola, constitui uma parte importante do total de
camarão consumido em Angola. Vivendo a pequena profundidade é, em grande parte,
capturada por navios com rede de tipo rasteira. É também pescada com pequenas
embarcações por arrasto ate cerca de 30 metro de profundidade.

Penaeus duorarum- “ gamba”, camarão grande: rostro com dente dorsais e ventrais; 6º
segmentos abdominais com uma goteira de cada lado da crista mediana; telson sem
espinhos, cor rosa acinzentada, translúcido. Esta espécie é conhecida da costa atlântica
da América, das Bermudas, Carolina do norte e Antilhas. Na costa ocidental africana é
conhecida da Mauritânia ate Angola.

Os exemplares atingem grandes dimensões o que constitui um dos motivos por que a
espécie é muito apreciada, parecendo-o ser a de maior consumo no Namibe e nas
restantes zonas costeira do pais.

E capturada com pequenas embarcações, por arrasto, em profundidade até cerca de 50


metros.

Parapenaeus longirostris – conhecida da Europa por “gamba branca” rostro longo, com
dentes apenas dorsalmente; telson com espinhos laterais fixos, cor rosa vivo. A
distribuição geográfica desta espécie é extensa: Atlântico oriental de Portugal e Angola,
Atlântico ocidental desde Massachusetts até à Venezuela, Mediterrâneo e Mar
Adriático.

Verificou-se que esta espécie aparece pouco em Angola, o que, quanto a nós, é
consequência de não haver quem se dedique regularmente à sua pesca1.

1
Entre as espécies a cuja pesca se dedicavam ao longo da costa de Angola navios espanhóis, P. longirostris (Crosnier, A. & Tanter,
1968).
Parapenaeus Longirostris- habita fundos maiores do que as duas espécies anteriores e,
como adiante referiremos, os maiores espécimes encontram-se a profundidades
superiores a 100 metros.

As restantes espécies ocorrem em quantidades muitos reduzidos, razão por que todas as
referenciais feitas ao longo deste trabalho, quanto a rendimentos de pesca na província
do Namibe dizem a penas a Parapenaeopsis atlântica, Penaeus duorarum e
Parapenaeus longirostris.

Acentuaremos mais uma vez, que o trabalho só se refere a zona costeira da província do
Namibe. Sendo de admitir a hipótese de que algumas das espécies de fraca ocorrência
nesta plataforma tenham, a outras profundidades, uma abundância que lhe permite
serem de considerar do ponto de vista económico. Por outro lado, creio que os
rendimentos obtidos não serão decerto os melhores que é possível conseguir nesta área,
e admitir que valores mais elevados se possam obter, com rede e embarcações mais
apropriadas.

IV. Estudo das espécies mais importantes do ponto de vista


económico na Província do Namibe

IV.1. Parapenaeopsis atlantica

Captura se esta espécie ao longo da costa de Angola até cerca de 13º de latitude sul,
entre 12 e 37 metros de profundidade.

De acordo com os dados fornecidos pelo centro de investigação pesqueira do Namibe,


(CIP). Do total capturado com rede do tipo cabo branco no ano …… foram feitas
amostragens de indivíduos que foram agrupados em classes de comprimentos de 0,5 cm,
considerando os sexos separadamente.

No quadro seguinte apresentam-se as frequências de machos e de fêmeas em cada classe


de comprimento:

Classe de comprimento Nº de indivíduo


♂ ♀ Total
1,0 24 10 34
1,5 409 195 604
2,0 128 512 640
2,5 372 372
3,0 141 141
3,5 2 2
Total 661 1232 1793

As classes de comprimento de maior frequência nos machos e nas fêmeas foram


respectivamente 1,5 e 2,0. Este facto mantém se as varias profundidades a que a espécie
habita segundo, (Ribeiro, 1970). No entanto, o volor médio do comprimento do
cefalotorax parece ter tendencia para ser mais elevado quando a profundidade é maior,
em resultado do aumento da frequencia dos indivídus de maiores dimensões, fenómeno
mais evidente nos machos:

Profundidade (m) Comprimento médio de Cefalotórax (cm)


♂ ♀
<20 1,518 2,199
20-30 1,579 2,202
>30 1,677 2,205

Determinou-se o peso dos indivíduos pertencentes a cada classe de comprimento,


considerando os sexos separadamente:

Classe de comprimento Peso em grama


♂ ♀ Total
1,0 20 10 30
1,5 665 371 1036
2,0 373 1725 2098
2,5 2365 2365
3,0 1445 1445
3,5 30 30
Total 1058 5946 7004

Os pesos médios encontrados para machos e para fêmeas, dentro de cada classe de
comprimento, foram os seguintes:

Classe de comprimento Peso médio (g)


♂ ♀
1,0 0,8 1,0
1,5 1,6 1,9
2,0 2,6 3,4
2,5 6,4
3,0 10,2
3,5 15,0
IV.2. Relação peso-comprimento

A relação entre o peso e o comprimento é expressa por uma equação do tipo


exponencial W =a × Lb em que W representa o Peso, L o Comprimento e a e b são
constantes, cujo valor é necessário determinar.

A logaritmização daquela expressão transforma-a numa equação de uma recta do tipo


Y = A +bX em que:

Y =logW

X =logL

A=log a

As constantes daquela equação podem determinar-se a partir das expressões:

s ( xy ) −s ( x )∗s ( y ) /N
b= e A=Y − X
s ( x 2 )−s 2(x )/ N

Sendo X e Y os valores médios, respectivamente de x e y.

Assim obtivemos:

Machos: W¿0,009 L1 ,92

Fêmeas: W¿ 0,003 L2 ,42

IV.3. Razão de sexos:

nº . de macho
A razão de sexos ∗100 , Embora apresentando valores variáveis, indica, de
nº . de fêmeas
um modo constante, uma predominância nítida de fêmeas.

Relatividade â profundidade, a razão de sexos vário deste modo:

Profundidade (m) Nº de ♂ Nº de ♀ R. de sexos

12-20 199 501 39,7


20-30 260 533 48,8

>30 102 198 51,5

De acordo com os dados, nas amostragem de captura foram capturado 399♂e 555♀ nos
anos…….. o que representou uma razão de 71,9. A constante minoria dos machos
poderá ser explicada por uma maior fragilidade deste em relação as fêmeas, sofrendo os
machos, nos estados jovens, um elevado grau de mortalidade. Por outro lado tendo os
machos tamanho inferiores aos das fêmeas, é provável que, em maior numero, se
escapem através das malhas da rede segundo (Ribeiro, 1970). os valores apresentado no
trabalho parece não estar em desacordo com esta hipótese, visto que o valor da razão de
sexos mais elevado foi de 71,9 nas colheitas efectuadas com rede de malha mais
apertada. Segundo, (Ribeiro, 1970), a utilização de rede de tipo cabo branco os valores
da razão de sexos são inferiores aquele, aumentando um pouco *a medida que os
arrastos são feito sendo mais profundos. Este facto poderá ser explicado da seguinte
maneira: mantendo-se constante a selictividade de rede o número de macho capturados
vai aumentando e, relação ao das femeas, porque aumenta o tamanho médio dos macho
com a profundidade, como anteriormente foi dito, menor percentagem deles se escapará
através das malhas da rede.

IV.4. Rendimento de pesca

Os dados da captura fora de 94,885 kg durante o ano …… de Parapenaeopsis atlântica


no conjunto de arrasto efectuado. Os valores máximos foram de 6,588 kg/h,
respectivamente entre 20 e 30 metros de profundidade.

IV.5. Penaeus dourarum

Esta espécie é capturada com regularidade até cerca de 13º de latitude sul, com rede de
tipo cabo branco entre 16 e 67 metros de profundidade.

IV.6. Medição e pesagens

De acordo com os dados do total capturado com rede do tipo cabo branco foram feitas
22 amostragens de 100 indivíduos sempre que o número de indivíduos capturados
permitiu, agrupado em classe de comprimento de 0,5cm, considerando os sexo
separadamente.

No quadro seguinte apresentam-se as frequências de machos e de fêmeas em cada


classe de comprimento:

Classe de comprimento Nº de indivíduo


♂ ♀ Total
1,5 4 5 9
2,0 50 44 94
2,5 155 82 237
3,0 323 46 369
3,5 277 106 383
4,0 61 216 277
4,5 213 213
5,0 131 131
5,5 39 39
6,0 1 1
Total 870 883 1753

As classes de comprimento de maior frequência são 3,0 e 3,5 nos machos e 4,5 nas
fêmeas. Este facto verifica-se nas profundidades que a espécies habita como mostram as
figuras que se seguem.

Profundidade (m) Comprimento médio de Cefalotórax (cm)


♂ ♀
<30 3,107 4,031
30-40 3,204 4,135
>40 2,901 3,709

Estes valores parecem mostrar não há uma relação entre os tamanhos dos indivíduos e a
distribuição batimétrica.

O peso dos indivíduos pertencentes a cada classe de comprimento, considerando os


sexos separadamente, é os seguintes:

Classe de comprimento Peso em grama


♂ ♀ Total
1,5 13 16 29
2,0 300 251 551
2,5 1625 845 2470
3,0 5585 830 6415
3,5 6775 2915 9690
4,0 2005 8245 10250
4,5 10855 10855
5,0 8460 8460
5,5 3145 3145
6,0 95 95
Total 16303 35657 51960

Os pesos médio indivíduas para os machos e para as fêmeas, dentro de cada classe de
comprimento, foram:

Classe de Comprimento Peso médio (g)

♂ ♀

1,5 3,3 3,2

2,0 6,0 5,7

2,5 10,5 10,3

3,0 17,3 18,0

3,5 24,5 27,5

4,0 32,9 38,2

4,5 51,0

5,0 64,6

5,5 80,6

6,0 95,0

A relação encontrada entre o peso total e o comprimento do cefalotórax foi a seguinte:

Machos: W¿0,003 L2 ,48

Fêmeas: W¿ 0,003 L2 ,61

De acordo com os dados fornecidos pelo (CIP), verificou equilíbrio entre o número de
macho e o número de fêmeas, sendo 97,6 a razão de sexos; de amostra para amostra,
esta teve, porem, valores muito variáveis, ora predominando os machos, ou as fêmeas,
ora estando machos e fêmeas em igual número. Esta variação não nos pareceu contudo
estar dependente nem da profundidade nem da época, nem de qualquer outro factor, no
tempo que durou o trabalho.
Rendimento de pesca

Foram capturados 155,880 kg de penaeus dourarum, de acordo com os arrastos


efectuados com rede de tipo cabo branco. Portanto as profundidade encontradas o valor
mais elevado de rendimento de pesca foi a de 40 metros com (10,480 kg/h), nos arrastos
de até 30 metros, o valor foi respectivamente, de 3,500 e 3,900 kg/h.

Parapenaeus longirostris
Esta espécie foi capturada ao longo de toda costa do Nmaibe entre 36 e 200 metros de
profundidade.

Do total capturado foram 28 amostragem de 100 indivíduos que se agruparam em classe


de comprimento de 0,5 cm, considerando os sexos separadamente.

No quadro seguinte apresentam-se as frequências de machos e de fêmeas em cada


classe de comprimento:

Classe de comprimento Nº de indivíduo


♂ ♀ Total
1,0 17 10 27
1,5 231 319 550
2,0 483 675 1158
2,5 172 492 664
3,0 66 279 345
3,5 56 56
Total 969 1831 2800

A classe de maior frequência é 2,0, tanto para os machos como para as fêmeas.
Agrupando os espécimes de acordo com a profundidade de captura, verifica se que ate
200 metros foram mais frequentes os machos e as fêmeas da classe de 2.0.

Os valores médios de comprimento do cefalotórax para os machos e para as fêmeas nas


várias ordens de profundidade, foram as seguintes:

Profundidade (m) Comprimento médio de Cefalotórax (cm)


♂ ♀
<100 1,82 2,0
100-200 1,89 2,03
>200 2,0 2,23

Os indivíduos de maiores dimensões parecem preferir as águas mais profundas.


O peso dos indivíduos pertencentes a cada classe de comprimento, considerando os
sexos separadamente, foi como segue:

Classe de comprimento Peso em grama


♂ ♀ Total
1,0 20 14 34
1,5 365 566 931
2,0 1363 2395 3758
2,5 1045 3085 4130
3,0 560 2883 3443
3,5 680 680
Total 3353 9623 12976

Os pesos médios indivíduas para os machos e para as fêmeas dentro de cada classe de
comprimento foram:

Classe de comprimento Peso médio (g)


♂ ♀
1,0 1,18 1,40
1,5 1,58 1,77
2,0 2,82 3,55
2,5 6,08 6,27
3,0 8,48 10,33
3,5 12,14

Relação peso comprimento

A relação peso total- comprimento do cefalotórax em Parapenaeus longirostris foi:

Machos: W¿0,00286 L2 ,33

Fêmeas: W¿ 0,00267 L2 , 41

Verificou-se um predomínio quase constante do número de fêmeas sobre o de macho,


tendo a razão de sexos sido de 65,4.
Rendimento de pesca

Segundo os dados capturou-se 306,435 kg de Parapenaeus longirostris no conjunto dos


arrosto efectuado. De uma forma geral a pesca mostrou-se mais rendosa a
profundidades superior a 100 metros, com melhores resultados para os 200 metros.

Profundidade (m) Rendimento (kg/h)

<100 3,071

100-200 3,581

>200 5,210

De acordo com os dados os arrastos a profundidade superior a 200 metros foram pouco
numerosos, creio que o rendimento que registou-se é inferior aquele que será possível
obter numa pesca intensiva aquela profundidade. A pesca para lá dos 200 metros
oferece ainda a vantagem de permitir a captura de indivíduos de maiores dimensões e
peso de elevado, tal como se verifica no quadro seguinte:

Profundidade (m) Peso médio individual (g)

<100 3,3

100-200 4,0

>200 7,8

V. Factores Ambientais e a sua Influencia no Rendimento de


Pesca

Certos factores do ambiente com acção sobre o comportamento das espécies vêm
influenciar, por vezes de modo decisivo, o rendimento de pesca. O conhecimento destes
factores e do modo como actuam é da maior importância, tanto no estudo da biologia de
cada espécie, como na resolução de questões relacionadas com a pesca: locais de pesca,
época e períodos do dia mais favoráveis à pesca processos de captura, etc.

Portanto o trabalho baseou-se em dados já existente e fornecido pelo centro de


investigação pesqueira, porém, insuficientes para um estudo pormenorizado, por se
referir apenas a um conjunto de dados. Os nossos resultados permitiu-nos conhecer a
importância de alguns factores como o tipo de fundo, a temperatura, a salinidade e a
transparência da água do mar.

Tipo de fundo

Se algumas das espécies tiverem preferência por determinados fundos, é de admitir que
o rendimento de pesca varie com o tipo de fundo sobre o qual se pesca. Diante dos
dados analisados, a maior parte incidiu sobre fundos de lodo.

Parapenaespsis atlântica

No que se refere a Parapenaespsis atlântica, os rendimentos relativos a cada tipo de


fundo, traduzem uma preferência da espécie por fundo de lodo:

Penaeus duorarum

Esta espécie, bem como a anterior, habitam em fundos de lodo.

Parapenaeus longirostris

Esta espécie, em relação aos fundos, um comportamento semelhante ao das anterior,


podemos dizer que é capturada apenas em fundos de lodo.

Fundos

Lodo

Lodo e arreia fina

Lodo e concha moída

Lodo, areia fina e concha moída

Areia fina, concha moída

Areia grossa

Rocha
Temperatura

A temperatura do ambiente pode não só determinar a distribuição de uma espécie,


como também influenciar o seu comportamento e, consequentemente, o seu rendimento
de pesca. O conhecimento da importância dessa acção exige um estudo pormenorizado,
com base em valores de temperaturas colhidas ao longo de alguns anos.

Apesar de insuficientes, os nossos resultados parecem, contudo, indicar da parte das


espécies Parapenaespsis atlântica, Penaeus duorarum, e Parapenaeus longirostris, não
só uma preferência por águas de temperatura mais elevada, mas também um acréscimo
de actividade quando a temperatura sobe.

A este respeito queremos referir as considerações de Franca, (1969) que, citando três
tipo de águas que influenciam as costas atlântico-africanas ao sul do Equador – águas
guineenses (quentes e dessalgada), água tropicais (quente e salgadas) e águas
benguelenses (fria e salgadas), estabelece três regiões naturais para a costa de Angola:
norte (sob a influencia preponderante das águas, nomeadamente guineenses e tropicais,
zona de instabilidade hidrológica e de transição entre as regiões norte e sul); sul (sob
influencia preponderante das águas benguelenses). Estando a cada tipo de águas
associados um complexo faunístico particular, o autor prevê que a fauna guineense,
benguelenses era coincidir aproximadamente com o limite sul das formas tropicais.

No que diz respeito às espécies que temos vindo tratando Parapenaespsis atlântica, de
distribuição localizada entre o Senegal e Angola, será uma espécie da fauna guineense
que em Angola encontra o limite sul da sua distribuição; Penaeus duorarum, cujá área
de distribuição se situa nas costas atlântica americana e africana, será uma espécie da
distribuição na costa atlânticas americana e africana, será uma espécie da fauna tropical
que tem também em Angola o limite sul da sua distribuição na costa africana;
Parapenaeus longirostris, capturada ainda entre 17º e 18º, embora em pequena
quantidade, tem uma área de distribuição vasta (Atlântico oriental e ocidental,
Mediterrâneo e Mar Adriático) e será uma das espécies menos características do ponto
de vista faunístico que Franca prevê também para a costa de Angola: … “ poderão ainda
ocorrer formas… menos características do ponto de vista faunístico devido às suas
grandes áreas de distribuição (espécies cosmo politas, espécies mediterrânicas e
atlânticas…” ( in loc. Cit.p17). Estas espécie possivelmente encontrará também na costa
de Angola o limite sul da sua distribuição.

Portanto de acordo com os dados foi possíveis arrastos nas duas épocas do ano. Essas
épocas foram, Março-Abril e Junho a Setembro, correspondem, respectivamente ao fim
da época das chuvas e à época do cacimbo. As duas épocas são bem distintas, sendo
nítida a diferença de temperatura da água do mar.

Parapenaespsis atlântica

A comparação dos resultados dos arrasto fornecidos pelo (CIP), durante os meses de
Março-Abril e Junho a Setembro, não nós elucida satisfatoriamente, no que se refere a
esta espécie uma vez que a costa mostra um menor rendimento.

Março - Abril Junho á Setembro

Tempo de Rendimento Tempo de Rendimento


arrasto (kg/h) arrasto (kg/h)

5h 00m 0,402 2h 00m 3,390

1h 30m 0,000 4h 00m 0,000

6h 00m 0,050 3h 00m 0,002

3h 30m 0,015 4h 00m 0,300

A diferença que existe entre os meses, poderá ser apenas devido ao acaso, uma vez que
o tempo de arrasto foi curto, sobretudo o da época de Março a Abril.

De uma forma geral, nos locais de captura de desta mesma espécie a temperatura situou-
se entre 17,32ºc a 30 metros e 26, 53ºc à superfície.

Penaeus duorarum

A temperatura da água nos locais de captura variou entre 16, 10ºc, temperatura registada
a 50 me 27, 11ºc a 0 metro. Na zona em que a pesca incidiu em duas épocas diferentes,
foram encontrados os seguintes rendimentos:
Março - Abril Junho á Setembro

Tempo de Rendimento Tempo de Rendimento


arrasto (kg/h) arrasto (kg/h)

6h 00m 4,838 3h 00m 1,382

4h 30m 0,093 6h 30m 0,155

11h 00m 0,414 4h 00m 0,413

8h 30m 2,636 8h 30m 0,889

Os rendimentos foram muito fracos nos meses entre Junho a Setembro. Mais sim
revelou-se mais rendosa em Março - Abril. Estes resultados parecem, contudo,
insuficientes para uma afirmação categórica de que a época mais quente é mais
favorável a capturas de Penaeus duorarum .

Parapenaeus longirostris

Os resultados segundo os dados nas duas épocas foram os seguintes:

Março - Abril Junho á Setembro

Tempo de Rendimento Tempo de Rendimento


arrasto (kg/h) arrasto (kg/h)

9h 00m 11,849 6h 00m 0,595

5h 30m 0,055 6h 30m 0,061


12h 00m 3,840 3h 00m 0,000

7h 30m 9,268 11h 30m 0,108

Os rendimentos nos meses de Junho a Setembro foram quase nulos em ambas as horas,
com relação aos meses de Março a Abril houve diferença notável entre as duas épocas,
sendo os valores de pesca mais elevados. Nesta espécie parece poder reconhecer-se,
com mais segurança do que na espécie anterior, uma diferença de comportamento em
relação às duas épocas.

Conclusão

Numa apreciação conjunta dos resultados fornecidos pelo centro de Investigação


Pesqueira do Namibe sobre o camarão na zonas costeira da província, parece-nos ser
possível fazer as seguintes afirmação:

1. O camarão capturado pertence essencialmente a três espécies de valor


económico: Parapenaeopsis atlântica, Penaeus dourarum, e Parapenaeus
longirostris.
2. Segundo os dados, qualquer das três não foi capturado com particular
abundância.
3. No que se refere a rendimento de pesca podem ser consideradas com rede de
arrasto valores entre 1,670 e 16, 153 kg (tomando as três espécies em conjuntos).
4. Para qualquer das espécies a pesca teve melhores resultados em fundo de lodo.
5. A época das chuvas ou época quente mostrou-se mais favorável à pesca do
Marão considerando as 3 espécies em conjuntos, do que a época do cacimbo ou
época fria.
6. Admitindo a existência na costa de Angola de dois grandes complexos
faunísticos, fauna guineo-tropical e fauna benguelense (Franca, 1969),
reconhece-se que as espécies Parapenaeopsis atlântica, Penaeus dourarum estão
relacionadas com a fauna guineo-tropical. A espécie Parapenaeus longirostris, de
distribuição vasta, é menos característica do pondo de vista biogeográfico, não
estando relacionado com aqueles complexos faunísticos.

Ribeiro, A. (1970). Camarões de Interesse Económico. Lisboa, Portugal.

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