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DM LuisSantos 2015

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Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial

Luís Manuel Maia Fernandes dos Santos

Software de gestão de manutenção como ferramenta de


apoio à melhoria da eficiência da Gestão de Infraestruturas

2015

9
Instituto Politécnico do Porto
Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão

Luís Manuel Maia Fernandes dos Santos

Software de gestão de manutenção como ferramenta de apoio à


melhoria da eficiência da Gestão de Infraestruturas

Relatório de estágio
Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial
Orientação: Professora Doutora Isabel da Silva Lopes
Coorientação: Professor Doutor Venceslau Manuel Magalhães Correia

Vila do Conde, Outubro de 2015

10
Luís Manuel Maia Fernandes dos Santos

Software de gestão de manutenção como ferramenta de apoio à


melhoria da eficiência da Gestão de Infraestruturas

Relatório de estágio
Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial

Membros do Júri

Presidente
Professor Doutor Luís Carlos Ramos Nunes Pinto Ferreira
Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão – Instituto Politécnico do Porto
Professora Doutora Isabel da Silva Lopes
Departamento de Produção e Sistemas - Universidade do Minho
Professora Doutora Cristina Maria dos Santos Rodrigues
Departamento de Produção e Sistemas - Universidade do Minho

Vila do Conde, Outubro de 2015

11
A todas as pessoas que sonham e que tudo fazem,
para os transformar em realidade.

12
AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho resultou do apoio, incentivo e simpatia de várias


pessoas a quem apresento aqui os meus sinceros agradecimentos, nomeadamente:

À minha Orientadora Professora Doutora Isabel Lopes, pela disponibilidade,


sugestões de melhoria e todo o apoio dado ao longo deste estágio.

Ao meu coorientador Professor Doutor Venceslau Correia, pela forma como


me incentivou e esclareceu sobre aspetos relevantes para iniciar este estágio.

Ao Professor Doutor Luís Ferreira pela forma exemplar como coordenou


este Mestrado, em conjunto com os respetivos docentes. As aprendizagens que
ocorreram em toda a componente teórica permitiram-me um excelente
desenvolvimento académico, contribuindo para a realização deste estágio e para a
evolução da minha carreira profissional.

Aos responsáveis da empresa Globe Motors pela colaboração e


disponibilidade demonstradas, com particular agradecimento ao Engenheiro António
Clemêncio, e a todos os colaboradores pela abertura que revelaram ao facultar-me
informações relevantes para a realização da minha pesquiza e apoio personalizado
nas diversas ações que foram propostas.

À minha filha, e a minha esposa pelo apoio, compreensão, amor e apoio


incondicional concedido, espelhados nos esforços adicionais que tiveram que
efetuar para que eu conseguisse concretizar este objetivo.

Aos meus colegas e companheiros de estudo, André Oliveira, Bruno


Cipriano, Júlio Félix, José Pinto e Nuno Damas, pelas muitas horas passadas a
trabalhar em conjunto, criando cumplicidades e apoiando-nos nos momentos de
desânimo de modo a podermos vencer momentos difíceis.

A minha gratidão também é extensível a todos aqueles que diretamente ou


indiretamente contribuíram para a concretização deste relatório estágio

13
RESUMO ANALÍTICO

Este trabalho académico surge no âmbito da realização da dissertação do


Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial. Tem como objetivo a melhoria da
gestão do Departamento de Infraestruturas, numa empresa de produção de motores
elétricos para a indústria automóvel, através da análise, implementação e melhoria
de um software de gestão de manutenção, de forma a aumentar a eficiência do
Departamento.
Este estudo foi desenvolvido durante um estágio curricular na empresa
Globe Motors Portugal Lda, localizada em Vila do Conde.
Para sua sustentação, foi efetuada uma análise funcional, suportada por um
Software de gestão de manutenção, de forma a perceber qual a importância que o
mesmo tem no funcionamento do Departamento de Infraestruturas. Pretendeu-se
compreender quais as vantagens e desvantagens da sua utilização.
Posteriormente, implementou-se uma nova versão deste software,
analisando-se os pontos fortes e as oportunidades de melhoria, de forma a tornar o
Departamento de infraestruturas mais eficiente, através da utilização desta renovada
ferramenta de trabalho.
Como objetivo último, pretendeu-se à melhoria da organização e gestão do
Departamento de infraestruturas, contribuindo para um desenvolvimento de toda a
empresa, uma vez que comungamos a ideia de que só é possível ser competitivo,
num mercado altamente exigente, através de processos eficientes, possibilitando a
redução de custos a todos os níveis.

Palavras chave: Gestão de Instalações; Manutenção; Software; Indicadores; Eficiência.

14
ABSTRACT

The present work appears within the scope of the accomplishment of the
thesis of the Master’s Degree on Industrial Engineering and Management. Its
purpose is the improvement in management of the Facilities Department, in a
company producing electrical motors for the automotive industry, through the
analysis, implementation and improvement of a maintenance management software
application, in order to increase the department efficiency. This study was developed
during an internship at Globe Motors Portugal Lda, located in Vila do Conde.
In order to ground it, a functional analysis supported by a maintenance
management software has been performed, so to understand its importance in the
operation of the Facilities Department. It was intended to understand the advantages
and disadvantages of using it.
Later on, a new version of this software was implemented, by analyzing the
strong points and the improvement opportunities in order to make the Facilities
Department more efficient, through the use of this renewed work tool.
As ultimate goal, the improvement of the organization and management of
the Facilities Department was intended, contributing to a sustainable development of
the whole company, as we share the idea that we can be competitive, in a highly
demanding market, only through efficient processes, enabling cost reduction at all
levels.

Keywords: Facility Management; Maintenance; Software, KPI`s; Efficiency.

15
Sumário

Lista de ilustrações .................................................................................................. 8


Lista de tabelas ...................................................................................................... 10
Lista de siglas e acrónimos .................................................................................... 11
PARTE I - INTRODUÇÃO ......................................................................................... 13
1.1 - Enquadramento do trabalho ....................................................................... 13
1.2 - Objetivos do trabalho ..................................................................................... 13
1.3 - Metodologia utilizada ..................................................................................... 14
1.4 - Estrutura do Relatório .................................................................................... 15
PARTE II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 17
2.1 - Facility Management ...................................................................................... 17
2.1.1 - Enquadramento histórico do Facility Management .................................. 17
2.1.2 - A importância do Facility Management no desempenho das empresas .. 18
2.1.3 - Facility Management e a manutenção ..................................................... 21
2.2 – Manutenção .................................................................................................. 21
2.2.1 - Manutenção – evolução e importância .................................................... 21
2.2.2 - Definição de manutenção ........................................................................ 22
2.2.3 - Tipos de manutenção .............................................................................. 23
2.3 - Software de gestão de manutenção .............................................................. 25
2.4 - Indicadores de desempenho .......................................................................... 28
PARTE III – APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ....................................................... 31
3.1 - Historial da Globe Motors Portugal ................................................................ 32
3.1.1 - O Grupo Globe Motors ............................................................................ 32
3.1.2 - O grupo Allied Motion .............................................................................. 33
3.2 - Missão, Visão e estratégias ........................................................................... 34
3.3 - Organização da empresa ............................................................................... 35
3.4 - Departamento de Facilities ............................................................................ 36
PARTE IV – O SOFTWARE DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO ............................... 40
4.1 - As funções do software utilizadas .................................................................. 40
4.2 - Estrutura do parque de equipamentos ........................................................... 43
4.3 - Registo de atividades corretivas e instruções de manutenção ...................... 44
4.3.1 - Manutenção corretiva .............................................................................. 44
4.3.2 - Manutenção preventiva ........................................................................... 44
4.4 - Ordens de Trabalho ....................................................................................... 47

16
4.4.1 - Estado das ordens de trabalho ................................................................ 47
4.4.2 - Consulta de ordens de trabalho ............................................................... 50
4.4.3 - Relatórios das ordens de trabalho ........................................................... 51
4.5 - Relatórios ....................................................................................................... 53
4.5.1 - Relatórios Financeiros ............................................................................. 53
4.5.2 - Relatórios técnicos .................................................................................. 55
4.6 - Indicadores .................................................................................................... 59
4.7 - Síntese do desempenho do atual software .................................................... 62
4.8 - Requisitos do novo software .......................................................................... 63
PARTE V – IMPLEMENTAÇÃO DA NOVA VERSÃO .............................................. 65
5.1 - Processo de implementação .......................................................................... 65
5.2 - Novas funcionalidades do software ............................................................... 67
5.2.1 - Equipamentos .......................................................................................... 67
5.2.2 - Ordens de trabalho .................................................................................. 69
5.2.3 - Planeamento das ordens de trabalho ...................................................... 70
5.2.4 - Previsão de custos .................................................................................. 72
5.2.5 - Contabilização de custos e histórico ........................................................ 73
5.2.6 - Relatórios das Ordens de trabalho .......................................................... 75
5.3 - Relatórios ....................................................................................................... 78
5.3.1 - Relatórios financeiros .............................................................................. 79
5.3.2 - Relatórios técnicos .................................................................................. 81
5.4 - Indicadores de manutenção ........................................................................... 83
5.4.1 - Indicadores financeiros ............................................................................ 83
5.4.2 - Indicadores técnicos ................................................................................ 85
5.4.3 - Indicadores de gestão ............................................................................. 87
5.5 - Avaliação do desempenho do novo software ................................................ 88
PARTE VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 90
6.1 - Conclusões .................................................................................................... 90
6.2 - Propostas de trabalhos futuros ...................................................................... 92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 95
ANEXOS ................................................................................................................... 97
Anexo A - Relatório de custo por tipo de trabalho .................................................. 98
Anexo B - Relatório de custos por grupo de equipamentos ................................... 99
Anexo C - Relatório de custos por ordens de trabalho......................................... 100
Anexo D - Quantidade de ordens de trabalho por tipo de manutenção ............... 101

17
Anexo E - Tempos planeados/realizados na manutenção preventiva por grupo de
equipamentos ...................................................................................................... 102
Anexo F - Tempos planeados/realizados na manutenção preventiva por
equipamento ........................................................................................................ 103
Anexo G - Ordens de trabalho por responsável ................................................... 104
Anexo H - Gráfico E15 - Custos de manutenção corretiva/ Custos de manutenção
total ...................................................................................................................... 105
Anexo I - Gráfico E16 - Custos de manutenção preventiva/Custos de manutenção
total ...................................................................................................................... 106
Anexo J - Gráfico T1 - Disponibilidade relacionada com a manutenção .............. 107
Anexo K - Gráfico T17 - MTBF- Mean Time Between Failures ............................ 108
Anexo L - Gráfico T21 – MTTR – Mean Time To Repair...................................... 109
Anexo M - Gráfico O05 - Horas de mão de obra planeada/Total horas de mão de
obra disponível ..................................................................................................... 110
Anexo N - Gráfico O16 - Horas de manutenção corretiva/Total horas de
manutenção ......................................................................................................... 111
Anexo O - Gráfico O18 - Horas de manutenção preventiva/Total horas de
manutenção ......................................................................................................... 112

18
Lista de ilustrações

Figura 1 - FM - Espaço, Pessoas e Processos ......................................................... 19


Figura 2 - Tipos de manutenção................................................................................ 23
Figura 3 - Produtos Globe Motors ............................................................................. 31
Figura 4 - História empresarial da Allied Motion ........................................................ 34
Figura 5 - Organigrama da Globe Motors Portugal ................................................... 35
Figura 6 - Estrutura do parque de objetos ................................................................. 43
Figura 7 - Ficha de manutenção preventiva (FMP) no Manwinwin ............................ 45
Figura 8 - Ficha de manutenção “standard” .............................................................. 46
Figura 9 - Instrução de trabalho e Inspeção do Departamento de Infraestruturas .... 47
Figura 10 - Estado de ordem de trabalho programada .............................................. 48
Figura 11 - Estado de ordem de trabalho em curso .................................................. 48
Figura 12 – Máscara de um relatório de trabalho ordem em curso ........................... 48
Figura 13 - Estado de Ordem de trabalho terminada ................................................ 49
Figura 14 - Estado de ordem de trabalho em histórico.............................................. 49
Figura 15 - Menu do estado das ordens de trabalho ................................................. 49
Figura 16 - Filtro de ordens de trabalho programadas .............................................. 50
Figura 17 - Listagem de ordens de trabalho programadas ........................................ 50
Figura 18 - Elaboração do relatório do Trabalho ....................................................... 51
Figura 19 - Análise do relatório do Trabalho de uma OT .......................................... 52
Figura 20 - Análise financeira por tipos de manutenção ........................................... 54
Figura 21 - Análise financeira por equipamentos ...................................................... 54
Figura 22 - Análise financeira por ordens de trabalho ............................................... 55
Figura 23 - Máscara de seleção dos tipos de relatórios ............................................ 56
Figura 24 - Listagem do histórico de manutenção por OT`S ..................................... 57
Figura 25 - Pré visualização da listagem “Resumo Intervenções”............................. 57
Figura 26 - Pré visualização da listagem “Resumo Histórico” ................................... 58
Figura 27 - Relatório de trabalho por grupo de objetos ............................................. 58
Figura 28 - Indicadores de manutenção .................................................................... 59
Figura 29 - Indicador por grupo de equipamentos..................................................... 60
Figura 30 - Manutenção por tipo de trabalhos ........................................................... 61
Figura 31 - Análise ABC por grupo de equipamentos ............................................... 61
Figura 32 - Utilização do código alternativo de manutenção ..................................... 68

8
Figura 33 - Projeção de funcionamento de acordo com o histórico ........................... 68
Figura 34 - Listagens de OT`S em diferentes estados .............................................. 70
Figura 35 - Mapa do planeamento dos trabalhos associados aos equipamentos ..... 70
Figura 36 - Visualização do plano mensal dos trabalhos .......................................... 71
Figura 37 - Cálculo dos tempos de manutenção ....................................................... 71
Figura 38 - Atribuição de indisponibilidades .............................................................. 72
Figura 39 - Custos previstos e realizados numa O.T. de manutenção preventiva .... 72
Figura 40 - Total de custos realizados numa O.T. de manutenção corretiva ............ 75
Figura 41 - Elaboração do relatório do trabalho ........................................................ 76
Figura 42 - Relatório do trabalho completo de uma O.T. .......................................... 77
Figura 43 - Máscara de seleção de tipos de relatórios .............................................. 78

9
Lista de tabelas

Tabela 1 - Fatores de influência da manutenção e indicadores de desempenho da


manutenção............................................................................................................... 29
Tabela 2 - Atividades da Gestão do Departamento de Infraestruturas ...................... 37
Tabela 3 - Grupos de equipamentos ......................................................................... 38
Tabela 4 - Tabela de parametrizações base do Manwinwin .................................... 41
Tabela 5 - Parametrizações por equipamento........................................................... 42

10
Lista de siglas e acrónimos

APFM - Associação Portuguesa de Facility Management


AST - Allied Systematic Tools
BIFM - British Institute of Facilities Management
CRIB - Nome de armazém de peças de reserva e consumíveis da produção
EMAS - Eco-Management and Audit Scheme
EPAS - Electric Power Assisted Steering
ESEIG - Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão
EUA - Estados Unidos da América
EUROFM - European Facility Management
FM - Facility Management
FMD - Funcionamento médio diário
FMP - Ficha de manutenção preventiva
FMS - Ficha de manutenção standard
GM - Globe Motors
HH - Horas Homem
IFMA - International Facility Management Association
IPP - Instituto Politécnico do Porto
ISO - International Organization for Standardization
KPI - Key Performance Indicators
MC - Manutenção corretiva
MCD - Manutenção corretiva diferida
MCI - Manutenção corretiva imediata
MP - Manutenção preventiva
MPC - Manutenção preventiva condicionada
MPS - Manutenção preventiva sistemática
MTBF - Mean Time between Failures
MTTR - Mean Time to Repair
MWT - Mean Waiting Time
NFMA - National Facility Management Association
OT - Ordem de Trabalho de manutenção
PDCA - Plan, Do, Check, Act
PDI - Período de intervenção

11
TDE - Tempo de espera de atendimento
TDM - Tempo de manutenção
TDR - Tempo de Reparação
TF - Tempo de Funcionamento
TI - Tecnologias de Informação
TIA - Tempo de indisponibilidade por avaria

12
PARTE I - INTRODUÇÃO

1.1 - Enquadramento do trabalho

O relatório de estágio apresentado neste documento enquadra-se na


Unidade Curricular de Dissertação de Mestrado do 2º ano do Mestrado em
Engenharia e Gestão Industrial, da Escola Superior de Estudos Industriais e de
Gestão, do Instituto Politécnico do Porto.
O estágio decorreu numa empresa Industrial denominada Globe Motors
Portugal, onde são produzidos motores elétricos para direções assistidas para o
mercado da indústria automóvel.
A componente prática foi desenvolvida no Departamento de Gestão de
Infraestruturas e decorreu no período compreendido entre o mês de Dezembro de
2014 a Julho de 2015.

1.2 - Objetivos do trabalho

Este estudo tem como objetivo analisar o estado atual do desempenho do


software de gestão de manutenção em utilização, de modo a implementar uma nova
versão, mais dinâmica e ajustada às mudanças ocorridas no cenário empresarial do
sector, de forma a aumentar a eficiência global do Departamento de Infraestruturas
da empresa Globe Motors.
Com este trabalho, essencialmente prático, pretende-se analisar quais os
efeitos na gestão da manutenção de infraestruturas e quais as funcionalidades do
software de gestão de manutenção.
Assim, foram definidos objetivos que se consideram pertinentes para a
realização do estudo em questão:
 Conhecer as funções a utilizar e a melhorar;
 Analisar a potencialidade do sistema gerar relatórios;
 Identificar indicadores a calcular e definir a periodicidade de análise;
 Identificar as oportunidades de melhoria a implementar futuramente.

13
O objetivo último deste estudo, visa identificar as oportunidades de melhoria
a serem implementadas futuramente, após a conclusão deste estágio.

1.3 - Metodologia utilizada

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho académico


prendeu-se com o desenvolvimento da eficiência do Departamento de Gestão de
Infraestruturas, contribuindo para melhorar o seu desempenho, através do
ajustamento de uma ferramenta de trabalho basilar, o software de gestão de
manutenção.
Para a sua sustentação académica, efetuou-se uma revisão da literatura na
área de gestão de infraestruturas, manutenção, software de gestão da manutenção
e indicadores de desempenho.
Posteriormente, realizou-se o levantamento das atividades executadas no
âmbito da gestão da manutenção das infraestruturas e efetuou-se uma análise do
software atual, identificando as funções utilizadas.
Após a avaliação da influência do software de gestão de manutenção, no
desempenho deste Departamento, procedeu-se à avaliação das necessidades e
requisitos para o novo software a instalar.
O passo seguinte prendeu-se com a análise da nova versão do software e
com a identificação das funções a utilizar, de forma a melhorar a eficácia e eficiência
da gestão da manutenção do Departamento de Infraestruturas.
No que concerne ao processo de instalação da nova versão do software,
implicou a validação dos dados transferidos da versão anterior e os ajustes
efetuados, de forma a garantir o funcionamento normal do programa.
Recolhida a informação, realizou-se a análise, avaliação e validação dos
resultados da implementação da nova versão do software.
Por último, procedeu-se à elaboração de propostas de melhoria e apreciação
do impacto que estas possam trazer para melhorar o funcionamento deste
departamento

14
1.4 - Estrutura do Relatório

O presente relatório encontra-se estruturado em seis partes.

PARTE I - Introdução
A parte introdutória, contempla o enquadramento do relatório de estágio, os
objetivos do trabalho, a metodologia utlizada e estrutura do relatório.

PARTE II – Revisão Bibliográfica


Na segunda parte do trabalho, foi efetuada uma revisão bibliográfica sobre
os temas Facility Management, Manutenção, Software de Manutenção e Indicadores
de Gestão de Manutenção.

PARTE III – Apresentação da empresa


Na terceira parte do trabalho é efetuada a apresentação da empresa onde
decorreu o estágio, a Globe Motors Portugal Lda, através de uma descrição que
corresponde à sua evolução, espelhando a sua história, missão, visão e estratégias
sustentadas por uma estrutura organizacional, identificando o Departamento onde
decorreu o estágio e fazendo um levantamento de necessidades na gestão de
Infraestruturas.

PARTE IV – O software de gestão da manutenção


Nesta quarta parte do trabalho, é apresentada uma análise do software de
gestão da manutenção utilizado, a descrição e análise de funções existentes e é
efetuada a avaliação do desempenho do atual software de gestão de manutenção.

PARTE V – Implementação da nova versão


A quinta parte do trabalho revela o estudo da nova versão do software,
através da identificação das funções a utilizar, da descrição do seu processo de
implementação, das melhorias a implementar e a análise dos resultados da sua
implementação.

15
PARTE VI – Considerações finais
Por fim, na sexta parte, são efetuadas as considerações finais e
apresentadas as propostas de melhoria a implementar, dando continuidade ao
trabalho realizado durante o estágio efetuado.

16
PARTE II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Efetuou-se uma revisão bibliográfica relacionada com o trabalho a realizar,


selecionando os temas, Facility Management, Manutenção, Software de Gestão de
Manutenção e Indicadores de Desempenho, sendo áreas interrelacionadas.
Estas áreas do conhecimento, devem ser abordadas em conjunto de modo
a tornar possível o desenvolvimento de um trabalho de melhoria da eficiência de um
Departamento de gestão de Infraestruturas.

2.1 - Facility Management

2.1.1 - Enquadramento histórico do Facility Management

Na década de 60, esta área nasceu nos Estados Unidos da América (EUA),
devido à necessidade que os gestores de edifícios tiveram em lidar com dois factos
importantes.
Em primeiro lugar à distribuição dos espaços nos edifícios de escritórios,
através da popularização do uso de divisórias que foram adotadas e que vieram a
desenvolver-se gradualmente em favor de sistemas móveis, mostrando-se cada vez
mais sofisticados. Estas divisórias permitiram ter capacidade de fornecer ao
trabalhador privacidade visual e, em alguns casos, sonora.
Em segundo lugar, a necessidade de introduzir cada vez mais pessoas nos
locais de trabalho e a preocupação de lhes conferir condições adequadas veio
desafiar os gestores de instalações, Facility Managers, a tentarem resolver os mais
variados tipos de problemas e questões relacionadas com tudo o que poderia
interferir nesse espaço (EuroFM, 2015).
Na década de 70, a área do Facility Management (FM) foi identificada como
profissão nos EUA, sendo este País pioneiro nesta área de investigação
multidisciplinar.
Na década de 80 acabaria por ser fundada a National Facility Management
Association (NFMA), para expressar a necessidade de existência de uma
organização constituída por profissionais desta área na indústria privada.

17
Um ano após a fundação da NFMA a sua designação foi alterada para
International Facility Management Association (IFMA), designação que se mantém
até hoje. A partir desta mudança estratégica, quer a organização quer o Facility
Management, enquanto área de estudo, começaram a ter um crescimento acelerado
(IFMA, 2015).
Na década de 90, foi criada a European Facility Management Network
(EFMN) como sendo o resultado da fusão de 3 associações europeias: a Associação
Holandesa FM, nomeada de FMN, a Associação Dinamarquesa de FM, designada
de DFM, e o Centro Britânico para Facilities Management (EFNM, 2015).
Em Portugal o Facility Management é uma área de investigação bastante
recente, começando agora a existir uma aposta mais acentuada quer na
investigação, quer na formação. Nesse sentido, é comumente aceite que o processo
de desenvolvimento foi despoletado pela criação da Associação Portuguesa de
Facility Management (APFM), que tem acionado ferramentas importantes para a
divulgação e desenvolvimento da área.
A APFM, que trabalha em parceria com EFM, visa uma gestão integrada dos
locais e ambientes de trabalho, com o objetivo de melhorar os espaços, os
processos e as tecnologias envolventes, sendo esta, vocacionada para todos
aqueles que se dedicam à gestão de imóveis, aos que têm esta função
subcontratada e para os que prestam serviços relacionados com esta área (APFM,
2015).

2.1.2 - A importância do Facility Management no desempenho das empresas

O Facility Management (FM) é uma área de estudo que procura, sobretudo,


a melhoria contínua dos diversos aspetos de apoio à organização.
Pelo facto de se tratar de uma área de estudos relativamente recente, a
definição dos diversos conceitos e ferramentas não é consensual, mesmo entre a
comunidade científica.
É importante, definir o que se entende por FM.
A norma EN 15221-1, (2006) define Facility Management como “integration
of processes within an organization to maintain and develop the agreed services
which support and improve the effectiveness of its primary activities”, ou seja, é a

18
integração de processos dentro da organização para manter e desenvolver os
serviços acordados que apoiam e melhoram a eficácia das atividades primárias de
cada organização.
Entre outras definições, pode salientar-se a fornecida pelo British Institute of
Facilities Management BIFM (2015), “Facilities management is the integration of
multi-disciplinary activities within the built environment and the management of their
impact upon people and the workplace”, ou seja, a área de estudo do FM é a
integração de atividades multidisciplinares dentro do ambiente construído e a gestão
do seu impacto sobre as pessoas e o local de trabalho.
A definição apresentada pela International Facility Management Association
IFMA (2015), “The practice of coordinating the physical workplace with the people
and work of the organization; Integrates the principles of business administration,
architecture, and the behavioral and engineering sciences”, traduzida pela prática de
coordenar o posto de trabalho físico com as pessoas e o trabalho da organização;
integra os princípios da administração de empresas, arquitetura, e das ciências
comportamentais e da engenharia.
David Armstrong, um dos fundadores da IFMA escreveu o seu famoso artigo
onde descreve a função central de FM que é: integrating people, process and place.
Foi em 1984, no "Relatório IFMA # 1”' que o uso do modelo ' People, Process and
Place' se tornou conhecido. O modelo está representado na Figura 1.

Figura 1 - FM - Espaço, Pessoas e Processos

Fonte: EuroFM, 2015

19
Segundo Teicholz, (2001) , o Institute of Facility Management descreveu o
FM como ”as managing and coordinating interrelated “people, process, and place”
issues and functions within the corporation or organization.”, ou seja como um
processo capaz de articular a gestão e a coordenação de funções dentro da
empresa ou organização, relacionando “pessoas, processos e lugares”.
Lavy (2008) também definiu FM como “a profession that encompasses
multiple disciplines to ensure functionality of the built environment by intergrading
people, place, process and technology”, que se pode traduzir como sendo a
profissão que engloba várias disciplinas para assegurar a funcionalidade construindo
um ambiente integrando pessoas, lugares, processos e tecnologia, e identificou as
responsabilidades dos profissionais de Instalações sob nove áreas funcionais
principais. Rondeau et al. (Cit. Lavy, 2008) listou as seguintes áreas funcionais:

1. Planeamento a longo prazo da instalação;


2. Planeamento anual da instalação (planeamento tático);
3. Gestão e provisão financeira da instalação;
4. Aquisição ou alienação do imobiliário;
5. Planeamento do espaço interior, especificações do trabalho e gestão das
instalações e do espaço;
6. Planeamento e projeto da arquitetura e engenharia;
7. Novas construções e/ou renovações;
8. Manutenção e operações da planta física; e
9. Integração de telecomunicações, segurança e serviços gerais
administrativos, por exemplo, serviços de alimentação, gestão de registos,
reprografia, transporte e serviços de email.

Das diferentes definições nota-se que estas convergem numa ideia principal
destacada por Nik-Mat, Kamaruzzaman e Pitt, (2011), a Gestão de Instalações é
uma gestão de recursos que combina pessoas e experiência em gestão de
processos para fornecer serviços vitais de apoio à organização.
Em todas as definições apresentadas é destacado o facto desta atividade
profissional tratar de diversas disciplinas como forma de assegurar a funcionalidade
do ambiente construído, integrando pessoas, espaços, processos e tecnologias,
tendo como objetivo o apoio a atividade principal da organização.

20
Após definir a área de estudo é necessário indicar a entidade que a põe em
prática. O Facility Manager é a pessoa que tem a responsabilidade de entender a
organização, os seus objetivos e coordenar os diversos processos de apoio
necessários.

2.1.3 - Facility Management e a manutenção

Entre os serviços que devem ser colocados na área específica de atuação


do Facility Manager encontra-se a manutenção das Instalações e de todos os
equipamentos técnicos que as constituem.
Esta manutenção pode ser realizada pela própria organização, caso possua
meios qualificados, ou por outra organização externa, mediante a elaboração de um
contrato. Ao contrato elaborado por uma organização para que sejam executados
serviços de apoio à organização é dado o nome de “facility management
agreement”. Estes contratos não são mais do que acordos, orais ou escritos, onde
são indicados os termos e condições de prestação de serviços entre o prestador de
serviços e o cliente (EN 15221-2, 2006).
A gestão da manutenção é uma área de grande importância para as
organizações devido aos elevados custos associados e, como todos os processos,
também estes devem ser alvo de uma cuidada atenção na tentativa de melhorar os
seus custos. Dito isto, é fácil compreender o porquê de esta ser uma das áreas
principais onde é possível aplicar os diversos conhecimentos que o FM pode
oferecer (Maurício, 2011).

2.2 – Manutenção

2.2.1 - Manutenção – evolução e importância

A evolução da manutenção foi manifestamente mais significativa no contexto


da indústria. Com importância crescente desde a Revolução Industrial, é

21
considerada uma função imprescindível durante a 2.ª Guerra Mundial. Foi,
sobretudo, a partir do período pós-guerra que muitos países desenvolvidos
consolidaram o seu desempenho industrial com base nesta função.
O grande progresso do conceito registou-se quando deixou de ser
considerada como atividade acessória de uma organização, passando a ser
reconhecida como uma função vital, de sobrevivência na procura de mudanças
estratégicas à escala global, que obrigou as empresas à adaptabilidade em novos
mercados, de modo a identificar recursos, visando a competitividade e a excelência.
Atualmente, para além de ter um cariz particularmente técnico, a
manutenção abraça também um vasto conjunto de atividades destinadas a
responder a diversas exigências de cariz legal, de certificação, de segurança e de
sustentabilidade.

2.2.2 - Definição de manutenção

Segundo Cabral (2013) a manutenção é “o conjunto de ações destinadas a


assegurar o bom funcionamento das máquinas e instalações, garantindo que são
intervencionadas nas oportunidades e com o alcance certos, de acordo com as boas
práticas técnicas e exigências legais, de forma a evitar a perda de função ou
redução de rendimento e, no caso real de tal acontecer, que sejam repostas em
boas condições de operacionalidade com a maior brevidade possível, e tudo a um
custo global otimizado”.
De acordo com a norma NP EN 13306 (2007), a manutenção é a
combinação de todas as ações técnicas, administrativas e de gestão, durante o ciclo
de vida de um bem, destinados a mantê-lo ou repô-lo num estado em que pode
desempenhar a função requerida.
Apesar de ambas as definições terem por base o mesmo principio que é
garantir que o bem desempenhe a função requerida. As diferenças assentam
basicamente no seguinte, enquanto Cabral (2013), faz uma descrição mais
detalhada da definição, realçando a importância da manutenção preventiva
“…garantindo que são intervencionadas nas oportunidades e com o alcance
certos…”, realça também as exigências legais e os aspetos relacionados com a
minimização de custos. Esta definição demonstra a experiência e o caráter prático
de muitos anos de trabalho nesta área. Enquanto a definição da norma NP EN
22
13306 (2007), realça a importância da combinação das ações técnicas,
administrativas e de gestão durante o ciclo de vida do bem. Pode-se concluir que
ambas as definições se complementam, dando um valor acrescentado
principalmente para os profissionais do setor.

2.2.3 - Tipos de manutenção

De acordo com a norma NP EN 13306 (2007) pode-se efetuar ao longo da


vida de um bem diversos tipos de manutenção, conforme apresentados na Figura 2.

Figura 2 - Tipos de manutenção

Fonte: NP EN 13306:2007

A manutenção preventiva (MP) é um tipo de manutenção que, sendo


efetuada a intervalos de tempo pré-determinados, ou de acordo com critérios
prescritos, tem como finalidade reduzir a probabilidade de avaria ou de degradação
do funcionamento de um bem. Segundo a norma NP EN 13306 (2007), a
manutenção preventiva pode ser dividida em, manutenção preventiva condicionada
(MPC) e manutenção preventiva sistemática (MPS), conforme o que a desencadeia.

Manutenção preventiva condicionada (MPC) – é considerada como sendo


um tipo de manutenção preventiva baseada na vigilância do funcionamento

23
do bem e/ou dos parâmetros significativos desse funcionamento, integrando
as ações daí decorrentes (NP EN 13306:2007).

No âmbito da manutenção preventiva condicionada considera-se a


manutenção preditiva.

 Manutenção preditiva – Este tipo de manutenção preventiva condicionada


é efetuada de acordo com as previsões extrapoladas da análise e da
avaliação de parâmetros significativos da degradação do bem (NP EN
13306:2007).

A vigilância de funcionamento do bem e dos parâmetros pode ser executada


segundo um calendário, a pedido ou de um modo continuo.

Manutenção preventiva sistemática (MPS) - Manutenção que é efetuada a


intervalos de tempo preestabelecidos ou segundo um número definido de
unidades de utilização mas sem controlo prévio do estado do bem (NP EN
13306:2007).

A manutenção corretiva (MC) é realizada na sequência de uma avaria ou


perda de função. De acordo com a norma NP EN 13306 (2007), a manutenção
corretiva é efetuada depois da deteção de uma avaria, e destina-se a repor o bem
num estado em que possa realizar uma função requerida.

No âmbito da manutenção corretiva, diferencia-se a manutenção corretiva


diferida (MCD) e a manutenção corretiva imediata (MCI) (ou de urgência).

 Manutenção corretiva diferida (MCD) – Manutenção corretiva que não é


efetuada imediatamente depois da deteção de um estado de falha, mas que é
retardada de acordo com regras de manutenção determinadas (EN NP
13306:2007).

24
 Manutenção corretiva imediata (MCI) – Manutenção corretiva que é
efetuada imediatamente após a deteção de um estado de falha, para evitar
consequências inaceitáveis (EN NP 13306:2007).

Este conceito de manutenção corretiva de urgência, pode refletir-se numa


atividade de reparação temporária.
Apesar da norma EN NP 13306 (2007) classificar duas grandes áreas de
intervenção na manutenção, existem outros autores que consideram três áreas
importantes dentro das atividades de manutenção.
Segundo Cabral (2013), além da manutenção preventiva e da manutenção
corretiva, considera uma outra área fundamental que é, a melhoria como sendo
uma atividade de manutenção que tem como função melhorar o desempenho de um
equipamento no seu contexto, uma espécie de passo à frente em relação à
manutenção condicionada: identifica-se uma alteração que pode melhorar a forma
como o equipamento está a funcionar ou a sua manutibilidade.
A norma EN NP 13306 (2007), apesar de não identificar a atividade de
melhoria como um tipo ou estratégia de manutenção, classifica-a como uma
atividade de manutenção que representa um conjunto de medidas de natureza
técnica, administrativa e de gestão, com o objetivo de melhorar a segurança de
funcionamento de um bem, sem modificar a sua função requerida.
São várias as áreas onde se podem implementar melhorias nos bens,
segundo Cabral (2013), pode-se efetuar instalação de equipamentos adicionais de
monotorização ou controlo; automação; equipamentos para incrementar o
rendimento, poupar energia, reduzir emissões de ruido; melhorar os acessos para a
manutenção, ou reduzir necessidades de manutenção.

2.3 - Software de gestão de manutenção

O estudo, análise e melhoria de qualquer processo tem uma importância cada vez
mais relevante em qualquer empresa. Ao nível da gestão de manutenção das
infraestruturas, um software de gestão da manutenção é, hoje, uma ferramenta
indiscutível para o apoio à gestão da manutenção (Cabral, 2013).

25
Segundo Kans (2008), a tecnologia da informação (TI) pode ser uma
ferramenta importante para alcançar a eficiência e a eficácia da manutenção, desde
que seja correta e relevantemente aplicada.
O nível correto de TI aplicada, que consiste em ter uma funcionalidade
adequada e necessária para o planeamento, condução e acompanhamento das
atividades de manutenção de acordo com o estado de manutenção e uma estratégia
adaptada, contribuirá para o sucesso da gestão de manutenção (Kans, 2008).
Atualmente, a maioria das empresas que pretendem instalar um software de
gestão da manutenção pensam que estas aplicações, por si só, irão aumentar a
disponibilidade e produtividade da manutenção. Segundo Kans (2008), mesmo a
mais recente tecnologia implementada numa empresa não irá trazer quaisquer
benefícios, se as pessoas não souberem lidar com ela ou, se os objetivos da
empresa não se enquadrarem numa política de tão avançada tecnologia.
O software de gestão da manutenção tem de ser ajustado à sua realidade,
de modo a poder cumprir com o seu objetivo, provocar melhorias na própria
metodologia da manutenção e permitir um bom planeamento, ganhos de eficiência e
redução de custos, para que, de facto, funcione em pleno e se torne uma vantagem
competitiva para a organização. Dessa forma, deve enquadrar-se as funcionalidades
do software com as políticas, objetivos e metas traçadas para esta área. Com esta
definição do estado pretendido, é possível esboçar o desenho para o alcance das
metas e objetivos, operacionalizando todo o sistema para que possa ser atingido o
alvo pretendido, através de mecanismos de eficiência (Cabral, 2013)
A manutenção, seguindo os padrões de exigência da qualidade, tem-se
submetido ao ajustamento legal que impreterivelmente imputa o cumprimento de
todos os requisitos pré-determinados. A norma NP EN ISO 9001:2008 exige,
genericamente, que exista manutenção e que esta esteja delineada de acordo com
as boas práticas do estado de arte (Cabral, 2013).
Atualmente, a importância da verificação dos recursos ao dispor da
manutenção, quer humanos quer materiais, tem uma elevada relevância. Deve ser
identificada a forma como esses recursos são usados, como são planeadas as
intervenções de manutenção, de modo a perceber-se o que terá o software de
gestão que englobar para poder dar resposta a esses requisitos. Por último, deve
ser definido qual o grau de maturidade da organização relativamente à utilização de
software de gestão da manutenção, de forma a adaptar-se o sistema à realidade

26
atual. No caso de a empresa já utilizar um software de gestão, devem ser
identificadas quais as funcionalidades atuais do software (Cabral, 2013).
De acordo com Kans (2008), a fase de determinação dos requisitos do
sistema de informação é tida como crítica, uma vez que os requisitos estão na base
do funcionamento de todo o sistema. Caso os requisitos para o software de gestão
da manutenção fiquem mal definidos, aquando da operacionalização do sistema,
não irá ser possível, por exemplo, obter indicadores ou introduzir informação
importante para a gestão, de modo a fazer face a tal problema.
Kans (2008) propôs uma metodologia para determinar as necessidades e
requisitos de um sistema de informação para a gestão da manutenção. Sendo que a
determinação dos requisitos do sistema se inicia com a análise das metas da
organização. Estas afetam, posteriormente, as metas individuais e específicas da
manutenção, dado que os objetivos da manutenção estão sempre dependentes dos
objetivos da gestão de topo. Através deste cenário, pretende-se determinar qual o
grau de abrangência do sistema e quais as funcionalidades que se adequam à
realidade. A fase sequencial para a sua aplicabilidade na empresa, passa pela
necessidade de se analisar o estado atual do sistema de informação.
O software de gestão da manutenção é uma ferramenta para sistematizar
os processos de manutenção e para que traga grandes resultados, a sua
implementação requer investimentos e comprometimento das equipas de
manutenção na fase de adaptação e na fase de acompanhamento diário, pois os
critérios para manutenção são definidos a partir do conhecimento dos equipamentos
e experiência dos técnicos de manutenção.
Desta forma, poder-se-á seguir uma metodologia adaptada às necessidades
que a empresa apresenta, introduzindo a informação suficiente e necessária para
otimizar o processo com mais segurança e eficiência.
Um software de gestão de manutenção é uma ferramenta base para se
poder obter melhores resultados no desempenho dos bens. O objetivo é conseguir
concretizar, da melhor forma, a execução das intervenções de manutenção
preventiva de modo a minimizar as intervenções corretivas.
Segundo Carnero e Novés (2006), através da utilização de um sistema de
informação para a manutenção, é possível diminuir o tempo de resposta e reduzir o
tempo de inatividade dos equipamentos, diminuindo assim a frequência de falhas
nos equipamentos.

27
O software de manutenção é uma ferramenta de trabalho onde toda a
informação é agregada, permitindo planear e acompanhar todas as atividades de
manutenção. É necessário avaliar se o custo de implementação e de manutenção do
software tem um retorno visível do investimento pois, caso contrário, corre-se o risco
de se colocar um “elefante branco” na empresa ou até pior, o risco de trazer uma
nova ferramenta para burocratizar, atrasar a manutenção e gastar tempo precioso
dos colaboradores sem trazer valor acrescentado à empresa (Cabral, 2013).

2.4 - Indicadores de desempenho

Um departamento ou organização que pretenda promover uma gestão de


acordo com as melhores práticas, deverá definir e implementar indicadores de
desempenho.
É importante ter como princípio que, só se pode gerir o que se mede,
mesmo quando existe necessidade de transformar dados qualitativos em
quantitativos, para a obtenção de rácios para o efeito. Para definir os indicadores
que se pretendem controlar, é necessário introduzir os dados necessários para,
posteriormente, serem tratados e analisados (Cabral, 2013).
A norma NP EN 15341:2009 define um conjunto de indicadores designados
por KPI`S (Key Performance Indicators) para avaliar o desempenho da gestão de
manutenção no contexto dos fatores que a influenciam, nomeadamente, aspetos
económicos, técnicos e organizacionais, destinados a avaliar e melhorar a eficácia e
a eficiência de forma a atingir a excelência operacional dos bens.
Segundo a NP EN 15341:2009, os fatores de influência da manutenção,
podem ser de ordem externa ou interna à organização. Os fatores externos, são
condições variáveis fora do controlo da empresa. Os fatores internos, referem-se à
organização, fábrica e instalações que estão sob o controlo da gestão da empresa,
com a particularidade de se manterem fora do controlo da gestão da manutenção.
Quando se utilizam os indicadores de desempenho da manutenção, é
importante considerar estes fatores influentes como pré-requisitos, para evitar
avaliações e comparações enganadoras por não terem condições homogéneas
(Tabela 1).

28
Tabela 1 - Fatores de influência da manutenção e indicadores de desempenho da manutenção

Fonte: NP EN 15341: 2009

Segundo a NP EN 15341:2009, para definir os indicadores relevantes para


uma organização, o primeiro passo é definir os objetivos a alcançar para cada área
da empresa. Depois deve-se efetuar uma análise prévia de forma a identificar o que
se pretende monitorizar e melhorar, tais como;
 a disponibilidade;
 a rentabilidade da manutenção;
 o controlo dos serviços contratados.

Posteriormente, quando os objetivos estiverem definidos e os parâmetros


identificados, o passo seguinte será encontrar os indicadores que permitam medir
esses parâmetros.
Um indicador será relevante quando o seu valor ou a sua evolução está
diretamente relacionado com o parâmetro de desempenho a ser medido. Um
indicador relevante deve ser um elemento fundamental na tomada de decisões. Isto

29
significa que os dados que constituem o indicador devem estar relacionados com o
objetivo definido.
De acordo com a NP EN 15341:2009, na seleção de indicadores pode-se
seguir duas abordagens possíveis:
 Escolher de uma lista de indicadores existentes, quais os que, após análise,
preenchem os requisitos;
 Começar por avaliar os diversos processos de manutenção que podem ser
obtidos por análise funcional.

É necessário definir com precisão a recolha de dados de base necessários:


 De modo a determinar os valores requeridos para o indicador;
 O método de medida;
 As ferramentas necessárias para efetuar a medição (documentos,
contadores, sensores, analisadores, sistema de gestão informático e outras).

A frequência de cálculo dos indicadores, deve ser efetuada


independentemente da frequência da recolha de dados e deve ser adaptada:
 à disponibilidade e tempo de atraso dos dados relevantes;
 às alterações ao longo do tempo do desempenho medido;
 à reatividade do sistema às ações corretivas.

A apresentação dos indicadores deve sempre que possível ser


acompanhada por uma representação gráfica de forma a facilitar a sua
interpretação. Todos os indicadores devem ser testados e validados de forma que a
sua utilização seja correta, válida e permita efetuar comparações com os mesmos
indicadores de outras organizações (NP EN 15341:2009).

30
PARTE III – APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa Globe Motors Portugal, sediada em Vila do Conde, produz


motores do tipo “Brushless DC” (motores de corrente contínua sem escovas) que
vão ser incorporados nos sistemas de direção assistida elétrica (EPAS) Electric
Power Assisted Steering, em várias marcas de veículos automóveis, tendo como
objetivo alvo o mercado Europeu.
O sistema EPAS está a substituir os tradicionais sistemas hidráulicos de
direção assistida. A Globe Motors foi uma das empresas pioneiras no
desenvolvimento dos sistemas de direção assistida elétrica.
A utilização de um motor Globe Motors “Brushless DC” no EPAS assegura a
fiabilidade necessária para permitir que o sistema EPAS tenha uma performance
superior, mais economia de combustível e mais segurança, reduzindo ao mesmo
tempo os custos e tempo de montagem. Na Figura 3, pode-se ver alguns dos
produtos fabricados pelo grupo Globe Motors.

Figura 3 - Produtos Globe Motors

Fonte: Globe Motors, 2014

31
3.1 - Historial da Globe Motors Portugal

A Globe Motors Portugal é uma unidade industrial pertencente à Globe


Motors, Inc., empresa Norte-americana, fundada em 1940 com sede em Dayton,
Ohio e que foi recentemente adquirida em 2013, por outro grupo Americano,
denominado Allied Mottion.
A Globe Motors Portugal, Lda foi fundada em Julho de 2001, tendo sido
instalada uma unidade fabril no Porto, situada em Modivas, Vila do Conde. Em
Novembro de 2002 iniciou a produção, dedicada à fabricação de motores elétricos
para a Indústria Automóvel, sendo o seu mercado-alvo preferencial a Europa.
Em Janeiro de 2003 iniciou a produção em série. Em Julho de 2003, a Globe
Motors Portugal torna-se uma empresa certificada segundo as normas NP EN ISO
9001:2000 e a NP EN ISO 14001:1999. Em Fevereiro de 2004, demonstrando
preocupação com as questões ambientais e a procura contínua da excelência, a
Globe Motors Portugal submeteu-se voluntariamente a uma auditoria ambiental,
tendo como resultado obtido a certificação do regulamento Europeu de Ecogestão e
Auditoria (EMAS).
Em Junho de 2006, reforçando o seu compromisso com a qualidade, a
Globe Motors Portugal obteve a certificação segundo norma ISO TS16949:2002,
sendo esta uma norma específica para os fornecedores que produzem componentes
para a indústria automóvel.

3.1.1 - O Grupo Globe Motors

A Globe Motors foi fundada na América em 1940 por Max Isaacson, não
tendo na altura nenhum produto definido.
Em 1947, Max Isaacson juntamente com uma pequena equipa de trabalho,
criou e produziu uma miniatura, o motor 0.01 Horsepower D.C., com velocidade de
18.000 rpm, o motor ideal para pequenas ventoinhas, permitindo o arrefecimento do
equipamento eletrónico das aeronaves.
Em 1960, a companhia desenvolveu uma vasta gama de componentes que
foram incorporados nos sistemas do cliente. Isto permitiu uma linha inteira de

32
produtos com controlo contínuo, tais como, acionadores rotativos e lineares, bombas
e ventiladores.
Em 1970, após ter sido adquirida pela empresa TRW (1967), a Globe Motors
começou a desenvolver projetos comerciais, reduzindo o custo de produção, através
da utilização de peças de moldes e incorporando componentes plásticos no seu
design.
A Globe Motors está sediada nos E.U.A em Dayton, no Estado do Ohio, com
unidades fabris em Dothan, Alabama, (Reynosa) México e no Porto, dedicando-se à
produção de motores, atuadores, bombas e ventiladores para as indústrias
automóvel, aeronáutica e militar.
Por sua vez, a Globe Motors Inc, faz parte do Grupo Norte-americano Allied
Motion, cujo mercado assenta também em soluções tecnológicas de motores
/atuadores.

3.1.2 - O grupo Allied Motion

A Allied Motion Technologies Inc. era em 1962, conhecida como Hathaway


Instruments, Inc.. Em 1982, o nome da empresa foi alterado para Hathaway
Corporation. Em julho de 2002, a Hathaway vendeu o seu negócio de energia e
instrumentação de processos, adotando, em Outubro de 2002, a denominação de
“Allied Motion Technologies”, um nome de acordo com o foco, agora exclusivo em
soluções tecnológicas de motores/atuadores eletromagnéticos, mecânicos e
eletrónicos.
O Grupo Allied Motion projeta e produz motores / atuadores de modo a servir
os mercados:
 Comercial, Grandes camiões, Sistemas Bus/RV, Empilhadores, Mobilidade
Pessoal, Saúde e Boa Forma;
 Médico, Sistemas de Diálise, Instrumentos Cirúrgicos, Robots Cirúrgicos,
Cadeiras de Rodas Elétricas, Tratamento de Pacientes, Equipamento de Raio
X;
 Industrial, Automação Fabril, Manuseamento de Materiais, Robótica, Bombas
de Precisão;

33
 Aeroespacial e mercados da Defesa, Aviação Comercial, Sistemas
Aerospaciais, Sistemas de Defesa, Veículos em série não tripulados, NASA,
entre outros.
Em outubro de 2013, a Allied Motion adquire o grupo Globe Motors, sendo
esta a sua mais recente aquisição, Figura 4. Juntas, são a base sobre a qual a
Allied Motion está a construir o seu futuro como um fornecedor líder na indústria
de motores/atuadores eletromagnéticos, mecânicos e eletrónicos.

Figura 4 - História empresarial da Allied Motion

Fonte: Allied Motion, 2015

3.2 - Missão, Visão e estratégias

A Globe Motors Portugal, Lda. fabricante de motores elétricos para a


indústria automóvel, tem como Missão identificar e satisfazer as necessidades dos
seus clientes em motores e atuadores elétricos, assegurando o retorno adequado
aos acionistas.
Tem como Visão ser um dos melhores fornecedores de motores elétricos de
alto desempenho para o mercado automóvel.
Para atingir a sua visão, a empresa definiu várias Estratégias:
 Construir e garantir a confiança dos clientes nos produtos e serviços;
 Ser uma organização ágil, flexível, inovadora e competente;
34
 Consolidar a capacidade de desenvolvimento local de novos produtos e novas
tecnologias;
 Construir notoriedade em novos segmentos de mercado;
 Identificação de potenciais fornecedores e desenvolvimento dos atuais na criação
de mais-valias;
 Assegurar as condições adequadas para o fortalecimento do trabalho em equipa,
autonomia e desenvolvimento dos colaboradores, utilizando as Allied Systematic
Tools (AST);
 Cumprimento das normas relativas à proteção do meio ambiente e à segurança
das pessoas;
 Melhoria contínua do desempenho do Sistema de Gestão.

3.3 - Organização da empresa

A organização funcional da Globe Motors é do tipo Horizontal, de forma que


a comunicação seja eficaz e o “empowerment” que é dado aos diversos níveis da
organização permite uma gestão produtiva e eficiente. Pode-se ver no organigrama
da Figura 5 a forma como a Globe Motors está organizada.

Figura 5 - Organigrama da Globe Motors Portugal

Fonte: Globe Motors, 2015

35
3.4 - Departamento de Facilities

O Departamento de Facilities é gerido pelo “Facilities Manager”, reportando


diretamente à Direção, conforme se pode observar no organigrama da empresa.
Esta área funcional tem que garantir e adquirir as infraestruturas necessárias
a todas as áreas da empresa de modo a proporcionar condições de trabalho
adequadas, coordenar e controlar também os serviços de vigilância, os serviços de
gestão de resíduos e os serviços de limpeza.
A gestão das infraestruturas, com o intuito de cumprir os objetivos
estabelecidos para a empresa, elabora planos de melhoria e racionalização, efetua a
gestão e manutenção dos equipamentos de suporte que contribuem para a
laboração da empresa (instalação elétrica, central de ar comprimido, climatização e
rede de águas), como também, todas as restantes áreas/equipamentos interiores e
exteriores do edifício.
É responsável pela gestão de peças sobressalentes dos equipamentos da
produção, dos equipamentos das infraestruturas e consumíveis de produção.
O Departamento está organizado de forma a assegurar as condições
necessárias para o bom funcionamento dos restantes áreas, com uma equipa
constituída por quatro colaboradores cada um com as seguintes funções:

 Gestor de Infraestruturas
 Técnico eletricista
 Técnico geral
 Técnico de armazém de peças de reserva

De forma a garantir os serviços adequados ao bom funcionamento da empresa, o


Departamento de Infraestruturas recorre a serviços de “outsourcing”, possuindo
contratos de manutenção em algumas áreas técnicas. Sempre que se subcontrata
outros serviços deve-se à necessidade colmatar a execução de trabalhos que não
conseguem ser assegurados através da equipa interna.
Na Tabela 2 estão indicadas as atividades da responsabilidade do
Departamento de Infraestruturas da Globe Motors. Apesar das várias
responsabilidades que o Departamento tem, o programa de gestão de manutenção,
designado de Manwinwin, tem uma importância significativa no desempenho global
36
do Departamento, pois é uma ferramenta de suporte onde é efetuada a gestão da
manutenção de todo o parque de bens/equipamentos. Na tabela indica-se as
atividades que são auxiliadas pelo programa.

Tabela 2 - Atividades da Gestão do Departamento de Infraestruturas

Fonte: Globe Motors, 2015

Na Tabela 3 visualizam-se os bens/equipamentos da área das


infraestruturas, organizados por grupos.
Este Departamento de Infraestruturas tem como responsabilidades gerir todo
o parque de bens de forma a garantir o bom funcionamento da instalação industrial.

37
As intervenções de manutenção são executadas por técnicos pertencentes
ao Departamento de infraestruturas e por técnicos de empresas subcontratadas,
cumprindo com os requisitos internos e legais aplicáveis a cada área de atividade.

Tabela 3 - Grupos de equipamentos

Fonte: Globe Motors, 2015

Devido a esta dimensão, torna-se cada vez mais importante ter um software
eficaz de apoio à gestão da manutenção, a fim de permitir a máxima eficiência do
Departamento de Infraestruturas, como também das restantes áreas da empresa:
equipamentos de produção, equipamentos do laboratório e equipamentos da oficina.
A empresa Globe Motors iniciou a sua atividade de produção no ano de
2002, sendo no início a gestão da manutenção efetuada de uma forma minimalista
através de ferramentas básicas. As atividades eram planeadas através das folhas de
cálculo e todas as atividades eram registadas sempre que se consideravam
relevantes para o histórico da manutenção em registos manuscritos.
Em 2006, a empresa decidiu adquirir um software de gestão de manutenção
(Manwinwin, versão 2.0).
A partir desse momento todas as atividades de manutenção passaram a ser
registadas no referido software. Criou-se a base de dados dos equipamentos e
iniciou-se o processo de registo das atividades de manutenção corretiva e elaborou-

38
se posteriormente os planos de manutenção preventiva para cada bem. Até ao início
do ano 2015 este software não teve atualizações significativas, apenas foram
atualizadas e melhoradas as bases de dados relativas a equipamentos e aos planos
de manutenção preventiva.

39
PARTE IV – O SOFTWARE DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO

O objetivo é efetuar uma caraterização do software de gestão de


manutenção existente na empresa, Manwinwin (versão 2.0). A metodologia utilizada
consistiu na análise das funções que o software disponibiliza e na verificação das
potencialidades, fragilidades e oportunidades de melhoria. Paralelamente,
caracterizou-se o impacto que o software tem na gestão de manutenção da área das
infraestruturas e finalmente avaliou-se as necessidades de melhoria a serem
implementadas na nova versão do software, com o objetivo de aumentar a eficiência
do Departamento.

4.1 - As funções do software utilizadas

O programa ManWinWin contempla quatro módulos, mas só o primeiro é


que foi adquirido pela empresa:
1. Gestão da Manutenção
2. Gestão de materiais
3. Gestão de encomendas
4. Custos de Manutenção

Neste módulo de gestão da manutenção as funcionalidades utilizadas e


analisadas foram as seguintes:
 Registo e codificação de um parque de bens;
 Planeamento e gestão da manutenção;
 Planeamento e relatórios de trabalhos;
 Análises ao histórico da manutenção;
 Quadros de bordo técnico, financeiro e evolutivos;
 Identificação e análise de indicadores.

Estas funcionalidades vão ser apresentadas e analisadas individualmente no


decorrer deste trabalho demonstrando a forma como esta versão estava a ser
utilizada.

40
As restantes funções não foram utilizadas porque não estavam
comtempladas neste módulo de gestão da manutenção, incluindo:
o Recursos específicos para gestão de frotas e gestão de calibrações;
o Organização e codificação de materiais;
o Documentação e gestão de pedidos à manutenção;
o Gestão de armazém;
o Gestão de encomendas;
o Orçamento e controlo de gestão da manutenção.

Quando se instalou a versão 2.0 do ManWinWin, existiu a necessidade de


efetuar a parametrização do software à medida da realidade da Globe Motors, nesse
sentido, foram inseridos os campos que serviriam de base para o funcionamento do
programa de manutenção, conforme se pode ver na Tabela 4.

Tabela 4 - Tabela de parametrizações base do Manwinwin

Tabela de parametrizações ManWinWin 2.0


1.1.2-Organização funcional
1.1.3-Centro de custo
1.1.4-Fornecedores
1.1.5-Área de intervenção técnica
1.1-Geral
1.1.6-Funcionários rubricas
1.1.7-Rubricas (não parametrizado)
1.1.8-Moedas

1.2.1-Tipo de objetos
1.2-Parque 1.2.2-Familias

1.3.1-Tipos de trabalhos
1- Parametrização 1.3.2-Biblioteca (não parametrizado)
1.3.3-Tipos de obra (não parametrizado)
1.3-Trabalhos 1.3.4-Motivos de reprogramação
1.3.5-Sintomas
1.3.6-Causas
1.3.7-Factores de horas extra

1.4-Materiais (não utiliizado)

1.5-Encomendas (não utilizado)

1.6.1-Uilizadores
1.6-Utilizadores e acessos
1.6.2- Acessos

Fonte: Globe Motors, 2015

41
Além da parametrização geral, foi efetuada a introdução no programa dos
dados necessários relativos aos equipamentos de forma a possibilitar a sua
interligação com as ordens de trabalho de manutenção corretiva, preventiva, e
possibilitar posteriormente a análise do histórico de manutenção.
Os dados introduzidos na base de dados dos bens, foram os que estão
assinalados a negro na Tabela 5. Os parâmetros assinalados a vermelho, não foram
introduzidos por não terem sido considerados relevantes para o projeto.

Tabela 5 - Parametrizações por equipamento

Tabela resumo dos dados a introduzir para se criar um objeto


Formulário Dados
Tipo de Objeto
Cod. G.M.
User 2
Roteiro
Descrição do objecto
Pai
G. Grupo (automático, a partir do sistema)
Objecto Sistema
Centro de custo
Familia
Criticidade
Viatura
DMM
Objeto inativo

Identificação/especificação/outras -dados técnicos


predifinidos no tipo de objecto
Observações (se aplicável)
Caracteristicas
Figura
Ficheiro

Documento
Documentos

Fornecedor
Data da instalação
Preço
Responsável
Anos de vida
Garantia
Outros dados
Contrato de manutenção
Calcular registo (se aplicável)
jornada (se aplicável)
Registo (se aplicável)
Cartão frota

Fonte: Globe Motors , 2015

42
Devido à necessidade de se criar uma codificação de simples leitura e
compreensão, foi escolhida uma nomenclatura composta por quatro dígitos (XX.XX),
onde os primeiros dois dígitos indicam o grupo de objetos, como se pode ver no
exemplo da Figura 6, em que o grupo 05 representa o grupo dos objetos “ar
condicionado”. Os outros dois dígitos relacionam-se com o número do objeto dentro
desse grupo. Exemplo: 05.01 AC McQuay MCC020+MLC020 - Engenharia

4.2 - Estrutura do parque de equipamentos

Os equipamentos (objetos) estão estruturados dentro do Departamento das


infraestruturas pelo grupo funcional, conforme se pode ver na Figura 6.
Na raiz principal, encontra-se a empresa Globe Motors e depois num nível
imediatamente abaixo o grupo 01-Infraestruturas. Dentro do grupo infraestruturas,
aparecem todos os subgrupos de objetos sendo o primeiro o Posto de
transformação, tendo como designação o código 01.01.

Figura 6 - Estrutura do parque de objetos

43
4.3 - Registo de atividades corretivas e instruções de manutenção

4.3.1 - Manutenção corretiva

Os trabalhos não planeados são registados no programa ManWinWin


através de ordens classificadas de manutenção corretiva.
Os campos introduzidos nas ordens de manutenção corretiva são os
seguintes:
 Objeto (equipamento ou bem);
 Tipo de trabalho (avaria);
 Descrição do problema;
 Sintoma;
 Execução interna ou externa;
 Data e hora de início e fim;
 Responsável pelo trabalho.

4.3.2 - Manutenção preventiva

As atividades de manutenção sistemática podem ser controladas por tempo


de calendário, registos de funcionamento ou a combinação de ambos.
Esta versão 2.0 do Manwinwin permite a utilização de fichas de manutenção
planeada (FMP) para a elaboração dos planos de manutenção inerentes a cada
objeto. No programa de base, cada FMP contem a descrição das tarefas
descriminadas num campo de texto, conforme se visualiza na Figura 7.
Para a elaboração destas FMPs, recorre-se a uma biblioteca de preparação
de trabalho pré-elaborada, efetuada sempre que se cria um objeto. Existe a
possibilidade de se produzir um ou mais planos de manutenção através da FMP,
neste caso, foi concebido a título de exemplo, uma para os serviços internos (A-01)
Manut. Preventiva 6 M (Figura 7).

44
Figura 7 - Ficha de manutenção preventiva (FMP) no Manwinwin

A elaboração de ordens de manutenção preventiva com recurso às fichas de


manutenção preventiva, não permite ter rastreabilidade sobre as alterações
efetuadas nos planos de manutenção, o que não permite cumprir com alguns
requisitos da norma ISO TS16949:2009, norma obrigatória para fornecedores de
componentes para a indústria automóvel.
Para se ultrapassar este problema de poder ter rastreabilidade sobre as
alterações nos planos de manutenção, optou-se por criar fichas de manutenção
(FMS) externas ao programa. As fichas de manutenção standard, passaram a ser
geridas no sistema de gestão documental da empresa, onde sempre que se efetue
uma alteração é criada uma nova revisão com a descrição das respetivas
modificações.
Com esta alteração, passou-se a cumprir os requisitos de rastreabilidade, de
acordo com a norma ISO TS 16949:2009, o requisito 4.2.3 alinea c), “ to ensure that
changes and the current revision status of documents are identified,” e o requisito
7.5.1.4 “Preventive and predictive maintenance … planned maintenance activities”.

45
Para criar ordens de manutenção preventiva com base nas fichas de
manutenção “standard” no programa de manutenção é necessário introduzir os
seguintes campos:

 Objeto;
 Tipo de trabalho (inspeção / revisão);
 Descrição (exemplo: Manut. Preventiva 3M CL19);
 Periodicidade (unidade e quantidade);
 Última data de execução;
 Selecionar datas fixas (opção);
 Responsável;
 Link da ficha de manutenção “standard” associada ao objeto.

A Figura 8 apresenta uma ficha de manutenção “standard”, onde as alterações ao


plano de manutenção só podem ser efetuadas pelo responsável do Departamento
de infraestruturas. Desta forma garante-se a rastreabilidade necessária para cumprir
os requisitos pretendidos.

Figura 8 - Ficha de manutenção “standard”

Fonte: Globe Motors , 2014

46
Com as fichas de manutenção “standard”, o processo para criar as ordens
de trabalho preventivas torna-se mais simples e mais flexível.

Com o objetivo de descrever a metodologia a executar pelos técnicos de


manutenção existe uma instrução de trabalho que descreve a forma como a
manutenção deve ser executada, controlada e analisada para os equipamentos do
Departamento de Infraestruturas (Figura 9). Paralelamente também define qual o
colaborador responsável para a execução da mesma na ausência de um técnico de
manutenção.

Figura 9 - Instrução de trabalho e Inspeção do Departamento de Infraestruturas

Fonte: Globe Motors, 2014

4.4 - Ordens de Trabalho

4.4.1 - Estado das ordens de trabalho

A realização de qualquer trabalho de manutenção tem que estar suportado


por uma ordem de trabalho (OT), ajustada ao tipo de trabalho a realizar.
As ordens de trabalho passam por um processo sequencial de estados,
distinguindo-se as OT´s relativas a intervenções corretivas e relativas a intervenções
preventivas. Para as OT`S relativas a intervenções corretivas o 1º estado é “em

47
curso”. As OT`S de manutenção preventiva, seguem a sequência dos estados, a
seguir apresentados.

 Programado – Aplica-se apenas aos trabalhos que podem ser planeados.


um exemplo de uma ordem de manutenção preventiva é apresentado na Figura 10.
Este estado é atribuído quando o software gera as OT`S de manutenção preventiva.

Figura 10 - Estado de ordem de trabalho programada

 Em Curso – A OT passa para este estado, depois de emitidos os trabalhos,


quando é iniciada a manutenção ao equipamento, Figura 11. Um trabalho em curso
é um trabalho que se encontra em fase de execução técnica.

Figura 11 - Estado de ordem de trabalho em curso

Neste estado já se pode iniciar o relatório do trabalho, introduzindo a mão de


obra, o diagnóstico e documentos como folhas de serviço de intervenções de
manutenção externas ou outros documentos considerados relevantes para o
histórico do equipamento. Quanto aos materiais e os custos dos serviços externos
não é possível associá-los à OT, Figura 12.

Figura 12 – Máscara de um relatório de trabalho de uma ordem em curso

48
 Terminado – Neste estado as atividades de manutenção já se encontram
realizadas, Figura 13 e já foi atribuída uma data e hora de fim da manutenção. Para
as atividades de manutenção preventiva, o término da ordem de trabalho coincide
com a geração de uma nova ordem de trabalho de acordo com a periodicidade pré
definida;

Figura 13 - Estado de Ordem de trabalho terminada

 Histórico – Os trabalhos que estão neste estado, Figura 14 são trabalhos


concluídos, encerrados e para os quais já não se pode gerar qualquer relatório
adicional. É nesta fase do processo que o software faz é a agregação de todos os
custos e documentos, não permitindo posteriormente efetuar alterações, ou
introdução de mais dados.
Uma das limitações que o software possui consiste em não permitir a
introdução de mais dados na ordem de trabalho após esta passar para o estado de
encerrado, o que implica não se obter os resultados corretos nas análises de
relatórios e indicadores, sempre que não seja efetuada a introdução da informação
total, em termos de custos ou em termos de histórico de manutenção.

Figura 14 - Estado de ordem de trabalho em histórico

Nesta versão existe uma outra limitação que consiste na impossibilidade de criar
ordens de trabalho no caso em que no menu “Estado trabalho” esteja selecionada a
opção “Em histórico”, Figura 15.

Figura 15 - Menu do estado das ordens de trabalho

49
4.4.2 - Consulta de ordens de trabalho

A análise ao planeamento dos trabalhos a serem executados pode ser


efetuada por diferentes critérios, filtrando as ordens de trabalho, por equipa de
manutenção, técnico de manutenção ou por grupo de equipamentos, e para um
determinado período. No exemplo apresentado na figura 16, foram selecionados
como filtro os seguintes critérios:

 Período de execução;
 Responsável.

Figura 16 - Filtro de ordens de trabalho programadas

Para os critérios do filtro mencionado na Figura 16, ou outros critérios


diferentes, só permite exibir em simultâneo OT`S de apenas um dos seguintes
estados:
 Programadas;
 Em curso;
 Terminadas;
 Em histórico.
Na Figura 17, pode-se visualizar o resultado da pesquiza efetuada no filtro da Figura
16, onde o programa não permite visualizar em simultâneo, ordens de trabalho com
estados diferentes.

Figura 17 - Listagem de ordens de trabalho programadas

50
Desta forma torna-se difícil a análise e gestão dos trabalhos em termos de
planeamento e programação.

4.4.3 - Relatórios das ordens de trabalho

Desde que a OT programada é emitida e se encontra em curso, pode-se


iniciar o relatório do trabalho. O relatório pode ser realizado no decorrer da execução
do trabalho ou no final mesmo, depois de o trabalho ter sido terminado.
Nos relatórios de trabalho conforme se pode observar na Figura 18, devem ser
introduzidos os seguintes dados em função da manutenção efetuada, no campo
“Mão de obra”, o tempo Hora Homem (HH) de cada interveniente na manutenção, no
campo “Diagnóstico” a descrição do trabalho que foi efetuado e no campo “links”,
pode-se associar algum documento, caso seja aplicável.

Figura 18 - Elaboração do Relatório do Trabalho

51
Este módulo de gestão de manutenção não permite associar nas OT`S, os
materiais consumidos e o custo dos serviços externos utilizados. Como resultado,
algumas análises não podem ser realizadas devido a esta falta de informação. Caso
sejam efetuadas, os resultados obtidos não são fiáveis, em termos de custos e
histórico.
Na Figura 19 pode-se visualizar o relatório de uma ordem de trabalho que se
encontra concluída (em histórico), a qual apresenta algumas informações relevantes
em termos de análise.
Na mesma figura pode-se visualizar, conforme assinalado a falta de dados
importantes que não se conseguem obter, impossibilitando efetuar análises
financeiras corretas, devido à falta de introdução dos custos dos materiais “artigos
aplicados” e custos de serviços externos “serviços”.

Figura 19 - Análise do Relatório de Trabalho de uma OT

52
4.5 - Relatórios

Existem vários recursos no ManWinWin para obter relatórios e indicadores


de gestão dos trabalhos realizados. Pode-se agrupar esta informação nas vertentes,
financeira e técnica.

4.5.1 - Relatórios Financeiros

Este recurso dá ao utilizador a possibilidade de obter análises na vertente


financeira. Esta análise baseia-se fundamentalmente em relatórios e listagens de
custos. Teoricamente, permite obter com facilidade os custos totais para
determinado período ou, com maior detalhe, os custos por área, departamento ou
por equipamento, no entanto, não se consegue obter os custos totais reais, devido a
serem apenas introduzidos os custos associados à mão de obra interna.
Estes relatórios são utilizados na empresa uma vez por ano para verificar
qual foi a evolução relativamente ao período homólogo do ano anterior, mas tendo
em consideração que os valores apresentados representam um valor ponderado
apenas relativos aos custos associados à mão de obra interna, não permite uma
análise fiável.
A título de exemplo analisou-se o período relativo ao ano 2014, onde os
custos internos são resultantes de todos os tipos de atividades de manutenção na
área das infraestruturas, classificadas por tipo de trabalho.
O resultado da análise está representado na Figura 20 onde se visualiza o
custo da distribuição dos diferentes trabalhos, através de uma listagem com
representação gráfica.
Esta contabilização de custos pelos diversos tipos de trabalho permite
verificar quais os tipos de atividades com maior impacto financeiro na empresa. No
caso do ano de 2014 verifica-se que a manutenção preventiva representa
aproximadamente 50%, as atividades de melhoria representam 26% e a
manutenção corretiva representa apenas 16.5%.

53
Figura 20 - Análise financeira por tipos de manutenção

Nas análises apresentadas a seguir, a informação é relativa ao grupo de


equipamentos “ar comprimido”, no entanto o programa permite efetuar análises
idênticas para os restantes grupos de equipamentos.
Os custos financeiros podem ser analisados por equipamentos (Figura 21),
ou por ordens de trabalho (Figura 22).

Figura 21 - Análise financeira por equipamentos

54
Figura 22 - Análise financeira por ordens de trabalho

Este relatórios deveriam ser mais flexiveis de forma a permitir ordenar os custos em
cada uma das rubricas: mão de obra, materias, serviços e, principalmente, o custo
total.

4.5.2 - Relatórios técnicos

O histórico das intervenções existe para cada objeto de manutenção e


contém toda a informação sobre a sua manutenção, sendo um elemento muito
valioso num sistema de gestão de manutenção, na medida em que contém
informação sobre o funcionamento dos equipamentos.
Os relatórios técnicos incidem sobre os trabalhos de manutenção dirigidos aos bens
que foram objeto de Ordens de Trabalho.
Os cálculos de indicadores, custos e histórico de manutenção são só
elaborados para as OT`S encerradas, isto é, devem estar totalmente concluídas
(com todas as informações e registos necessários à sua realização) e não permitem
acréscimo de informação.
As listagens do histórico são apresentadas para os trabalhos previamente
selecionados, identificando o período e os objetos que se pretende analisar. Existe a
possibilidade de obter vários tipos de relatórios (Figura 23): a) por objeto individual

55
(opções selecionadas a vermelho); b) por grupo de equipamentos (opções
selecionadas a azul). Passa-se a apresentar alguns exemplos de relatórios obtidos
através da utilização do programa.

Figura 23 - Máscara de seleção dos tipos de relatórios

Todas as listagens apresentadas só exprimem o tempo despendido na


intervenção e/ou a descrição do trabalho que foi efetuado. Note-se que nas mesmas
listagens não se visualizam os materiais aplicados, nem os serviços externos, não
sendo os valores finais fiáveis.

Os relatórios apresentados nesta versão do software, são relatórios


consultados com uma periodicidade semestral, pois a informação disponibilizada é
limitada e em algumas situações, incompleta. Com a implementação da nova versão
pretende-se obter relatórios completos e fiáveis.

 Relatório por Departamento e data de realização

O relatório da Figura 24 permite visualizar as ordens de trabalho de


manutenção corretiva e preventiva de um determinado departamento num
determinado período.

56
Figura 24 - Listagem do histórico de manutenção por OT`S

 Relatório Resumo de Intervenções - Este relatório mostra as intervenções


de manutenção separadas por tipos de trabalho. Para cada tipo de trabalho,
identificando o número de intervenções, o tempo de espera e o tempo de
intervenção (Figura 25). Não existe informação acerca do tempo de espera, devido à
falta de introdução de dados no programa.

Figura 25 - Pré visualização da listagem “Resumo Intervenções”

57
 Relatório Resumo histórico - Este relatório mostra (Figura 26) de forma
resumida os custos com a manutenção nas vertentes mão de obra, sem materiais e
serviços, e os tempos de intervenção de cada trabalho.

Figura 26 - Pré visualização da listagem “Resumo Histórico”

Relatório Trabalho/Resumo – Permite a visualização de todos os trabalhos


efetuados no período selecionado, com duração de HH (Hora Homem) e respetivos
custos em Mão de obra, Serviços e Materiais, (Figura 27).

Figura 27 - Relatório de trabalho por grupo de objetos

Este relatório não permite ordenar a listagem, dificultando a sua análise.


Seria uma mais-valia se estivesse ordenado por custos totais.

58
4.6 - Indicadores

Os indicadores disponibilizados pelo programa ManWinWin nesta versão 2.0


são só de natureza técnica, este não possui indicadores financeiros ou de gestão.
Esta versão 2.0 do software não disponibiliza qualquer indicador financeiro,
só disponibiliza relatórios e listagens financeiras que foram reportadas e analisadas
no ponto 4.5.1.
Os principais indicadores técnicos disponibilizados nesta versão 2.0, são os
apresentados na Figura 28:

 MWT – Mean Waiting Time (Tempo médio de espera);


 MTTR – Mean Time to Repair (Tempo médio de reparação);
 MTBF – Mean Time Between Failures (Tempo médio entre falhas);
 Taxa de avarias;
 Disponibilidade teórica;
 Disponibilidade prática.

Figura 28 - Indicadores de manutenção

Com base nos indicadores disponibilizados, na realidade são analisados os


indicadores, MTTR, MTBF, Taxa de avarias e a disponibilidade prática.

59
Com base nos indicadores anteriormente mencionados, pode-se obter
outros tipos de análises. A Figura 29 mostra para um determinado grupo de
equipamentos “ar comprimido” um relatório que permite visualizar em simultâneo
para cada um dos equipamentos do grupo em análise, o número de intervenções e o
respetivo tempo de manutenção associado.

Figura 29 - Indicador por grupo de equipamentos

A Figura 30 permite observar a manutenção efetuada durante o ano de 2014


para o mesmo grupo de equipamentos “ar comprimido”, por tipo de trabalho
separadamente, com a particularidade de permitir testemunhar para cada
equipamento, o número de intervenções, a duração total das mesmas e o tempo de
utilização das horas homem (HH).

60
Figura 30 - Manutenção por tipo de trabalhos

A Figura 31 mostra a análise ABC do grupo de equipamentos “ar


comprimido”, permitindo examinar de um modo simplista quais os equipamentos
com os custos mais elevados.

Figura 31 - Análise ABC por grupo de equipamentos

61
O indicador (MWT), tempo de espera (TDE) é igual a zero porque não existe
o módulo de gestão de pedidos de manutenção e quando é criada uma ordem de
trabalho, a data de início (pedido de execução do trabalho) coincide com a data de
elaboração da OT (inicio do trabalho).

4.7 - Síntese do desempenho do atual software

O estado atual de desenvolvimento e as funcionalidades que este software


Manwinwiwn versão 2.0 oferece, não permite efetuar uma gestão da manutenção de
uma forma eficiente e de acordo com os objetivos pretendidos. Ao longo das
secções anteriores foi explicado as funcionalidades do mesmo e mencionadas as
suas limitações.
De uma forma resumida apresenta-se as limitações nas diversas áreas do
programa:
Planos de manutenção
 O software não permite de base ter rastreabilidade sobre as alterações
efetuadas, necessitando-se de recorrer a links externos ao programa
(FMS) para ultrapassar este problema.
Ordens de trabalho
 Não permite uma análise das ordens de trabalho planeadas e em
execução em simultâneo, dificultando o planeamento dos trabalhos.
 Não permite associar os materiais utilizados e custos de mão obra
externa.
 Não se consegue criar ordens de trabalho caso se esteja no menu
“trabalhos” e na opção do estado do trabalho “Em histórico”, criando
algumas limitações operacionais.
Relatórios
 Todas as análises financeiras não representam o custo real de
manutenção, pois só incluem a mão de obra interna, não tornando os
resultados fiáveis.

62
 Não têm flexibilidade de análise, não permitem, por exemplo, ordenar
segundo um determinado critério uma listagem de uma análise técnica
ou financeira.
Indicadores
 Indicadores financeiros: não existem, não permitindo efetuar uma
gestão adequada.
 Indicadores de gestão: esta versão também não possui.
 Indicadores técnicos: o MWT (tempo médio de espera) é sempre zero
horas, porque não existe o módulo de gestão de pedidos de
manutenção.

4.8 - Requisitos do novo software

Em face do desempenho do software analisado e do resultado do estudo


realizado evidenciou-se a necessidade da empresa Globe Motors investir na
melhoria do desempenho do software atual.
Uma solução passaria por efetuar um estudo de mercado e adquirir um
programa novo diferente do atual, com as seguintes desvantagens: um custo de
investimento maior, maiores custos devido à formação de todos os colaboradores
até à implementação e validação dos dados e eventualmente alteração de
processos relacionados com a versão atual. Em alternativa a empresa pode
continuar com o mesmo programa e investir numa nova versão do programa
existente, que possui uma utilização simples, apesar das várias lacunas
identificadas. Para validar esta opção, efetuou-se uma pré-avaliação da nova
versão, para se verificar se a mesma cumpria os requisitos pretendidos e se permitia
evoluir de acordo com os objetivos da gestão da manutenção.
Um dos requisitos pretendidos era ter um software que permitisse obter
dados reais do estado da manutenção e dos bens das infraestruturas de forma a
possibilitar a melhoria da sua eficiência. Para que tal acontecesse foi necessário,
verificar que as lacunas da versão anterior seriam colmatadas e que permitisse
introduzir os dados a serem tratados para se obter os resultados esperados, como
relatórios e indicadores que o departamento de infraestruturas necessita para a
melhoria da sua eficiência.

63
Após a avaliação efetuada, optou-se por efetuar uma atualização ao
software existente, devido à nova versão 5.3 satisfazer as necessidades pretendidas
e a ter um investimento inferior comparativamente a outras opções analisadas.

64
PARTE V – IMPLEMENTAÇÃO DA NOVA VERSÃO

A nova versão 5.3 do programa ManWinWin, instalada em 2015 tem novas


funcionalidades relativamente à versão anterior, como se expõe ao longo deste
capítulo.

5.1 - Processo de implementação

No início de 2015, efetivou-se a instalação de uma nova versão do software


Manwinwin, designada (versão 5.3), com o objetivo de melhorar o desempenho do
processo de gestão de manutenção e tornar o Departamento de Infraestruturas mais
eficiente.
Todo este trabalho prático de implementação desta nova versão foi
desenvolvido com ajuda de uma equipa multidisciplinar, composta pelo
Departamento de Infraestruturas, pelo Departamento de Tecnologias de Informação
(TI) e pelo fornecedor do software.
Ao longo do estágio foram muitas as tarefas que se realizaram no sentido de
analisar e perceber qual seria o trajeto mais adequado para atingir os objetivos a
alcançar, sendo o objetivo principal, aumentar a eficiência do Departamento de
infraestruturas através da implementação e desenvolvimento das diversas áreas do
programa de manutenção Manwinwin.
Estas melhorias implementadas no software, foram na sequência da análise
das necessidades que o Departamento de Infraestruturas identificou como sendo
relevantes para obter a informação adicional, que a versão anterior não
disponibilizava ao nível de:

 Parque de equipamentos;
 Ordens de trabalho;
 Custos de Manutenção;
 Análises & Indicadores.

A implementação da nova versão iniciou-se com a validação de todos os


dados relacionados com os equipamentos e ordens de trabalho de manutenção em

65
curso e programadas que foram transferidos da versão anterior. Este trabalho foi
efetuado em parceria com a equipa técnica e com o Departamento de TI.
A fase seguinte foi formar a equipa técnica de forma a perceberem o
funcionamento da nova versão, para os habilitar a executar as mesmas tarefas que
efetuavam na versão anterior.
Como se pretende evoluir nas funcionalidades que a versão anterior não
permitia e considera-se importante estarem disponíveis, passou-se a efetuar testes
para confirmar a disponibilidade ou não das mesmas.
Após a conclusão desta fase, o trabalho a desenvolver foi explorar as
funcionalidades que a nova versão disponibiliza e validar as que são relevantes para
a implementação de melhorias, tal como a nova forma de efetuar a análise e
planeamento dos trabalhos através das ordens de trabalho.
Depois destas validações, foi efetuada uma análise aos relatórios e
indicadores de desempenho que seriam importantes extrair do software para a
gestão corrente da manutenção das infraestruturas. Foi preciso analisar em conjunto
com o fornecedor do software e com o Departamento de TI, qual a forma de poder
associar os custos de materiais e serviços externos às ordens de manutenção, para
a obtenção dos relatórios e indicadores, de modo a serem verdadeiras fontes de
informação para gerir.
Após a definição dos procedimentos de implementação da nova versão,
procedeu-se à validação dos mesmos e dos resultados obtidos. Posteriormente
analisou-se a possibilidade de efetuar novas implementações de melhorias no
sentido de reduzir tempos administrativos.
Em colaboração com o Departamento de TI, desenvolveu-se uma aplicação
informática que faz a atualização diária da base de dados das peças de reserva
existentes no armazém para o software Manwinwin de forma a tornar mais rápido a
introdução dos artigos consumidos nas ordens de trabalho. Desta forma permite
atribuir às OT`S a quantidade de peças de reserva utilizadas, com o respetivo
código, designação técnica e a valorização da mesma de uma forma simples.
Também em parceria com o Departamento de TI, desenvolveu-se uma
interface com o programa de gestão de encomendas a fornecedores que permite
que todos os custos externos associados a uma determinada OT, sejam
incorporados na OT de forma automática sem qualquer esforço da equipa técnica.

66
Após a implementação destas melhorias, apresentou-se novas propostas no
sentido de tornar todos os processos mais rápidos, para contribuir para o aumento
da eficiência do Departamento de infraestruturas.

5.2 - Novas funcionalidades do software

A nova versão do Manwinwin possui novas funcionalidades a vários níveis


que irão permitir uma melhor gestão do Departamento de infraestruturas. Estas
funcionalidades irão ser abordadas nas secções seguintes.

5.2.1 - Equipamentos

Ao nível do parque de equipamentos esta nova versão permite utilizar as


seguintes novas funcionalidades:

 Permite efetuar a identificação dos equipamentos, não pelo número


sequencial que o software gerava automaticamente na versão anterior, mas
através de um código alternativo, chamado código mandante, que é o código
que está fisicamente indicado no equipamento e que está de acordo com a
estrutura organizacional criada inicialmente pelo Departamento de
infraestruturas.

 Permite selecionar e editar o código mandante do equipamento, código com o


qual o equipamento é gerido. Na Figura 32 pode-se visualizar a designação
do “Cód. Utilizador Nº1 - 04.21”, que possibilita de uma forma mais fácil,
efetuar pesquisas e análises, reduzindo tempo de gestão. Este código
mandante permite ao gestor de manutenção selecionar a melhor estratégia na
escolha da nomenclatura dos seus bens.

67
t

Figura 32 - Utilização do código alternativo de manutenção

 Possibilidade de efetuar projeções de datas de manutenção em função do


histórico de funcionamento de cada equipamento, sempre que é efetuado o seu
registo de operação em horas de trabalho. Na Figura 33 pode-se ver um exemplo
para o equipamento número 04.21, onde o registo das horas de funcionamento é
introduzido no programa de gestão de manutenção, com uma frequência semanal.
Esta funcionalidade permite visualizar a data de uma intervenção de
manutenção preventiva prevista para equipamento, de forma que o responsável
técnico do equipamento possa providenciar antecipadamente os meios necessários,
humanos e materiais. Por exemplo, a realização da manutenção das 25.000 horas
(Revisão geral), estará prevista para dia 10 de Dezembro de 2016, se o
equipamento continuar a funcionar a um nível médio de 23.35 hora por dia.

Figura 33 - Projeção de funcionamento de acordo com o histórico

68
 Facilidade de registo da mão-de-obra, materiais e serviços, onde se pode
registar e consultar, quer estando na opção do parque de máquinas, nas ordens de
trabalho ou em custos.
As novas funcionalidades referidas trazem um impacto positivo a nível da
gestão das infraestruturas, ao nível de economia de tempo, na pesquisa e nas
diversas análises relacionadas com os equipamentos como:
 Redução de tempo na pesquisa de equipamentos, pois as listagens aparecem
sempre ordenadas pelo código mandante, que é o número de manutenção
dos equipamentos/bens.
 Maior facilidade em efetuar projeções para intervenções de manutenção em
função de tempos de funcionamento ou em função da data de calendário.
 Visualizar a partir de qualquer equipamento quais as peças críticas que lhe
estão associadas e existentes em armazém.
 Visualizar os planos de manutenção, ordens de trabalho, que estão
associados ao equipamento, permitindo ter uma indicação real de qual é o
estado de manutenção.
 Efetuar ou consultar qualquer tipo de registo relacionado com mão de obra e
materiais.

5.2.2 - Ordens de trabalho

Nesta nova versão o estado das ordens de trabalho passou de quatro para
três estados, foi eliminado o estado, “em histórico”, simplificando e reduzindo o
número de passos a efetuar desde a criação da ordem de trabalho até terminar o
processo de manutenção da ordem de trabalho.
Ao nível da gestão das ordens de manutenção, existe agora a possibilidade
de visualizar todas as ordens de trabalho na mesma lista independentemente do seu
estado; programadas, em curso ou terminadas, quer se selecione um equipamento,
como no exemplo da Figura 34, ou um grupo de equipamentos, ou um técnico de
manutenção ou ainda outra opção.

69
Figura 34 - Listagens de OT`S em diferentes estados

Desta forma é muito mais simples efetuar ou verificar a programação dos


trabalhos de manutenção.

5.2.3 - Planeamento das ordens de trabalho

Ao nível do planeamento dos trabalhos de manutenção, torna-se mais


simples efetuar a gestão das ordens de trabalho, devido às novas funcionalidades:

 Existe uma nova funcionalidade que permite ver em formato de calendário a


distribuição das diversas ordens de trabalho ao longo de um período para as quais
foram planeadas, pode-se visualizar um exemplo para um determinado grupo de
equipamentos na Figura 35.

Figura 35 - Mapa do planeamento dos trabalhos associados aos equipamentos

 Permite também uma visualização gráfica em calendário estilo Outlook, com


possibilidade de alterar a programação das ordens de trabalho e alocá-las para um

70
dia diferente do que estava programado, caso não estejam ajustadas às
capacidades reais disponíveis (Figura 36).
Esta funcionalidade permite de uma forma fácil, sem ter que abrir a ordem de
trabalho, alterar a data de programação, simplesmente selecionando com o cursor a
ordem de trabalho e movendo-a para a data pretendida.

Figura 36 - Visualização do plano mensal dos trabalhos

Ao nível da gestão dos tempos de manutenção, quando se termina uma


ordem de trabalho, o software permite calcular os tempos de manutenção, tal como
o tempo de espera (TDE), apesar que de momento o TDE é sempre zero, devido a
não existir ainda o módulo de pedidos de manutenção corretiva a funcionar.
O cálculo do período de intervenção (PDI) e do tempo de reparação (TDR),
permite ter uma noção imediata se os tempos que afetaram a intervenção de
manutenção (Figura 37) estão corretos, de acordo com a realidade, ou se existiu
algum erro na introdução dos tempos de manutenção ou se a intervenção de
manutenção levou mais tempo do que o previsto.

Figura 37 - Calculo dos tempos de manutenção

71
 Facilidade em efetuar o cálculo da indisponibilidade por avaria. Após efetuar
o cálculo dos tempos, permite em simultâneo efetuar o cálculo da indisponibilidade
do equipamento, que pode afetar só o próprio equipamento, o grupo de
equipamentos a que pertence, o subsistema que é área funcional ou até toda a
organização consistindo na paragem de toda a empresa (Figura 38).

Figura 38 - Atribuição de indisponibilidades

 Planeamento e registo de mão de obra, materiais e serviços externos para


os trabalhos de manutenção.

5.2.4 - Previsão de custos

Esta nova versão permite efetuar a previsão de custos ao nível da


manutenção preventiva, devendo ser efetuada sempre que possível. Este processo
requere uma trabalho adicional numa fase inicial que implica a cooperação de toda a
equipa de manutenção de forma a conseguir ajustar a previsão da mão-de-obra,
materiais e custos de serviços externos associados a cada ordem de trabalho
(Figura 39).

Figura 39 - Custos previstos e realizados numa O.T. de manutenção preventiva

72
Desta forma consegue-se:
 A elaboração de um plano anual dos custos;
 A análise da capacidade da mão de obra interna disponível, face à mão de
obra atribuída às ordens de trabalho de manutenção preventiva;
 Obter um valor para o tempo que estará disponível para as intervenções de
manutenção corretiva em função da mão obra interna da equipa de
manutenção.

A estimativa de custos a nível da manutenção corretiva é uma atividade que


não se consegue efetuar com regularidade, normalmente só é possível quando se
está na presença de uma intervenção de manutenção corretiva diferida. Perante
este tipo de manutenção quando a organização pretende efetuar um controle de
custos rigoroso efetua-se a sua previsão.

5.2.5 - Contabilização de custos e histórico

Para se poder efetuar posteriormente uma análise correta a nível financeiro


e do histórico de manutenção, todas as OT`S tem que estar associadas a um
equipamento ou grupo de equipamentos. Os dados a introduzir em cada ordem de
trabalho de manutenção são os seguintes:

Rubricas internas:

 Descrição das tarefas executadas

Nas OT`S de manutenção corretiva, a descrição do trabalho realizado deve


ser o mais objetiva possível, descrevendo as falhas e as ações corretivas.
Nas OT`S de manutenção preventiva deve ser mencionado sempre que o
plano foi cumprido, caso não tenha sido não deve ser terminada sem análise da
equipa técnica e validação do responsável hierárquico.

73
 Mão de obra interna

Deve ser registado na OT todo o tempo utilizado na realização das diversas


tarefas pelos diversos técnicos.

 Materiais de armazém

Sempre que é utilizado qualquer material do armazém (peças de reserva),


deve ser registado na OT. Esta funcionalidade não existia nem na versão anterior
nem na nova versão. Desenvolveu-se uma aplicação informática para que todas as
peças de reserva que estão noutra plataforma informática, passassem de uma forma
automática a estar disponíveis na base de dados do Manwinwin.
Desta forma o técnico ao efetuar os restantes registos na ordem de trabalho,
passa a poder de uma forma simples e imediata, registar os materiais consumidos,
quer seja uma OT de manutenção corretiva ou preventiva.

Rubricas Externas

 Custo de serviços externos

A atribuição dos custos externos a uma OT não era efetuada na versão


anterior e na nova versão só é possível de uma forma manual, com dispêndio de
muito tempo administrativo e com probabilidade de falha na atribuição de custos.
Em virtude deste processo ser manual, efetuou-se uma melhoria de forma a
automatizar a atribuição dos custos externos à OT.
Para isso em conjunto com o Departamento de TI, criou-se uma interface
com o software de gestão de encomendas a fornecedores de forma, a que os custos
externos passam a ser introduzidos automaticamente nas ordens de trabalho de
manutenção. Como resultado, reduziu-se o tempo de utilização da mão de obra
interna do Departamento em tarefas administrativas, permitindo efetuar trabalhos
com valor acrescentado em termos técnicos.

74
 Documentos - serviços externos

Para avaliar de uma forma completa o histórico de manutenção, é muito


importante que as folhas de serviços das empresas externas e outros documentos
que possam estar relacionados com a manutenção efetuada ao equipamento,
fiquem associadas à respetiva ordem de trabalho. Este procedimento passou a ser
uma prática habitual de forma a garantir que toda a informação relevante fica
associada à ordem de trabalho.
Na Figura 40 verifica-se já o resultado da atribuição dos custos associados a
uma ordem de trabalho, onde se atesta a agregação de todos os custos inerentes à
referida ordem (mão de obra, materiais e serviços externos). Desta forma passa-se a
ter os custos reais de manutenção associados a cada equipamento/bem.

Figura 40 - Total de custos realizados numa O.T. de manutenção corretiva

5.2.6 - Relatórios das Ordens de trabalho

Os relatórios das ordens de trabalho podem ser agora elaborados de uma


forma completa (Figura 41) onde se pode introduzir:

 As tarefas realizadas;
 Os custos da mão de obra interna;
 Os artigos consumidos;

75
 Os custos dos serviços externos;
 Os relatórios dos serviços externos e outros documentos.

Figura 41 - Elaboração do relatório do trabalho

Nesta versão, depois das melhorias implementadas, consegue-se perceber


com muito mais detalhe e rigor o histórico de cada intervenção de manutenção.
Baseado na metodologia PDCA, consegue-se obter resultados de melhoria continua
mais eficientes, devido a esta base de trabalho fiável.
Este tipo de relatórios são muito uteis, e são utilizados sempre que existe a
necessidade de perceber com detalhe os problemas técnicos recorrentes em
equipamentos/bens.
No relatório de uma ordem de trabalho de manutenção corretiva pode-se
agora visualizar nesta versão os dados referidos anteriormente, informação
completa relativo ao equipamento, à causa e solução do problema, com os detalhes
da mão de obra utilizada, materiais aplicados e os custos de serviços externos. Só

76
não permite visualizar a informação introduzida na OT no separador “Documentos”
(Figura 42).

Figura 42 - Relatório do trabalho completo de uma O.T.

77
5.3 - Relatórios

Como resultado das melhorias implementadas nesta versão, o software


possibilita agora efetuar mais análises do que na versão anterior, e permite ter uma
visão global e diferente do estado de organização do Departamento de
infraestruturas.
Esta nova versão permite efetuar uma variedade muito elevada de relatórios,
conforme se pode verificar na Figura 43, selecionando várias opções de análise, em
conjugação com as várias combinações que se podem efetuar na área “Tipo de
relatório”.

Figura 43 - Máscara de seleção de tipos de relatórios

78
Os relatórios que a empresa vai passar a analisar e que não utilizava
anteriormente porque os dados obtidos não eram fiáveis, são os seguintes:

A nível financeiro:
 Custos por tipo de trabalho;
 Custos por grupo de equipamentos;
 Custos por ordens de trabalho.

A nível Técnico:
 Quantidade de ordens de trabalho por tipo de manutenção;
 Tempos planeados/realizados de manutenção preventiva;
 Ordens de trabalho por responsável.

5.3.1 - Relatórios financeiros

Em termos de relatórios financeiros passou-se a ter a possibilidade de


efetuar diversas análises de custos. Apesar do software disponibilizar um grande
número de relatórios, conforme referido anteriormente, a análise irá centrar-se nos
relatórios abaixo apresentados, que são os que vão ser utilizados, de forma a
permitir verificar a evolução das melhorias implementadas.
Ao nível dos relatórios decidiu-se efetuar uma análise “macro”, sobre a
situação da gestão das Infraestruturas. No sentido de acompanhar a evolução da
realidade do Departamento, a análise dos relatórios terá uma periodicidade
trimestral, permitindo acompanhar a evolução e validação dos resultados e tomar as
ações corretivas necessárias.

 Relatório - Custo por tipo de trabalho

Este tipo de relatório permite verificar como é que o Departamento de


Infraestruturas se encontra relativamente aos custos com vários tipos de
manutenção que foram efetuados em determinado período. Na análise efetuada, o

79
relatório ainda não representa a realidade, uma vez que ainda não está
implementada a atribuição dos custos totais.
Na análise deste relatório, apresentado no Anexo A, pode-se verificar que
dentro do Departamento de infraestruturas e para o ano de 2014, o tipo de trabalho
Inspeção/revisão (manutenção preventiva) representa 48% dos custos de mão de
obra, o segundo maior custo é relativo a ações de melhoria 27% e só aparece em 3º
lugar o tipo de trabalho “avaria” (manutenção corretiva) com 17%. No seguimento
das melhorias efetuadas já vai ser possível existirem dados reais e de forma que as
análises vão ter um valor acrescentado para o departamento e para a empresa.

 Relatório - Custo por grupo de equipamentos

O relatório de custos por grupo de equipamentos permite visualizar, com


detalhe, os custos por equipamento dentro do respetivo grupo. Permite ainda
identificar onde possam existir desvios e atuar sobre os mesmos. Neste relatório,
apresentado no Anexo B, já se pode visualizar o resultado das implementações
efetuadas na atribuição dos custos, mão de obra, materiais e serviços externos
associado a cada equipamento. Como exemplo, pode-se observar o equipamento
número 04.02, já com a contabilização dos custos totais.

 Relatório - Custo por ordens de trabalho

Este tipo de relatório possui a particularidade de fornecer informação


detalhada sobre os custos, por ordem de trabalho e como estes estão distribuídos
Se se pretender ver o detalhe de todos os custos numa determinada ordem de
trabalho, a aplicação permite entrar diretamente na ordem de trabalho e ver os
detalhes (Anexo C).

80
5.3.2 - Relatórios técnicos

Em relação aos relatórios técnicos, é importante que inicialmente se efetue


uma análise macro à situação da gestão das Infraestruturas. Posteriormente evolui-
se para a recolha de informação concreta sobre a realidade do Departamento.
Para colocar em prática as ações preconizadas, pretende-se efetuar
trimestralmente a análise dos relatórios que se passa a identificar, de modo a tomar
ações corretivas, quando se encontram desvios relativamente aos objetivos:

 Quantidade de ordens de trabalho por tipo de manutenção

Este tipo relatório permite comparar os diversos tipos de manutenção que


são executados nos equipamentos num determinado período.
Pode-se visualizar no Anexo D que durante o ano de 2014 no Departamento
de infraestruturas, a quantidade de ordens de Manutenção Preventiva Sistemática
(MPS) representam 84,7%, as ordens de Manutenção Preventiva Condicionada
(MPC) representam 8,9%, as ordens de Manutenção Corretiva (MC) representam
5,7% e as restantes atividades de manutenção representam 0,8%.

Outra análise relevante para a melhoria do desempenho da gestão da


manutenção consiste na análise do comportamento técnico de cada grupo de
equipamentos ou mesmo de cada equipamento.

 Tempos planeados/realizados de manutenção preventiva por grupos de


equipamento

Este relatório permite verificar se os tempos planeados estão ajustados aos


realizados e vice-versa, no caso de existir um desvio superior a 20%, em qualquer
uma das situações, tem que se analisar o motivo destes desvios e tomar as ações
corretivas necessárias.
Pode-se constatar no Anexo E que existe a necessidade de efetuar análises
e ajustes aos tempos planeados e realizados. Neste relatório constata-se que
81
existem grupos de equipamentos com desvios significativos e que poderão ter duas
causas:

o Planeamentos dos tempos desajustados aos planos de manutenção;


o Registos dos tempos de intervenção não efetuados corretamente.

 Tempos planeados/realizados na manutenção preventiva por equipamento

Este relatório permite verificar de forma detalhada se os tempos planeados


estão ajustados aos realizados para cada equipamento. Conclui-se que existe
equipamentos onde não foi considerado tempo planeado para a execução da
manutenção preventiva e para outros equipamentos os tempos planeados e
realizados não estão corretos. Esta análise vai permitir corrigir de uma forma simples
os tempos previstos dos planos de manutenção e paralelamente melhorar a
eficiência da gestão do Departamento de infraestruturas (Anexo F).

 Ordens de trabalho por responsável

Este relatório é muito relevante porque permite verificar se a distribuição do


planeamento da manutenção está corretamente ajustada em função da
disponibilidade, Horas Homem (HH) da equipa de manutenção.
Pela análise efetuada e apresentada no anexo G, pode-se concluir que para
o ano de 2014 existe um desequilíbrio na distribuição das ordens de manutenção
preventiva, onde o colaborador número 363 possui uma quantidade de ordens de
trabalho muito superior aos restantes técnicos da equipa o que implica uma análise
deste motivo e efetuar uma alocação de trabalho aos outros técnicos. Este
desequilíbrio, implica numa análise da quantidade de OT`S e do tempo associado a
cada uma. Nas próximas programações e distribuições, serão ajustadas estas
diferenças.

82
5.4 - Indicadores de manutenção

A norma NP EN 15341:2009 identifica muitos indicadores, estes encontrarem-se


distribuídos em três grupos e vai-se selecionar para análise e acompanhamento só
alguns indicadores. O objetivo é selecionar os indicadores que irão contribuir para
melhoria da eficiência do Departamento de gestão da manutenção de
infraestruturas.
Esta nova versão do software permite criar muitos indicadores de acordo
com a norma, o que na versão anterior não era possível, no entanto existe alguns
que ainda não estão parametrizados para possibilitar a análise dos mesmos. Esta
situação já foi reportada ao fornecedor do software e será implementada numa
próxima versão. Um dos indicadores é o indicador económico E19.
Apresenta-se e analisa-se a seguir os indicadores utilizados pelo
Departamento de infraestruturas, na área de gestão de manutenção, que têm como
objetivo contribuir para a melhoria da eficiência do Departamento, passando a ser
efetuada uma análise trimestral em vez de anual como era efetuado anteriormente
ao estudo realizado neste relatório de estágio.
Relativamente à análise de cada indicador, esta irá incidir sobre os
equipamentos e/ou grupos de equipamentos de maior relevância económica, técnica
e organizacional.
A seleção dos indicadores relevantes para a gestão da manutenção das
infraestruturas deriva dos indicadores da organização e tiveram os seguintes
critérios:

 Redução de custos;
 Melhoria da eficiência das atividades de manutenção;
 A organização do trabalho;
 O aumento da fiabilidade do equipamento.

5.4.1 - Indicadores financeiros

Ao nível de indicadores financeiros e de acordo com a NP EN 15341:2009,


considera-se para a gestão da manutenção de infraestruturas, os indicadores E15,

83
E16 e E19, que serão os adequados para iniciar o processo de melhoria de
eficiência do Departamento.
Na expressão de cálculo para cada indicador, quando se considera o “Custo
total de manutenção” referido na norma, só vão ser contabilizados nas análises
efetuadas, os custos de mão de obra interna, custos dos materiais consumidos nas
intervenções de manutenção e os custos de serviços externos, todos os restantes
custos mencionados não são considerados no calculo de cada indicador financeiro.
Em termos de âmbito das análises, o critério será aplicado a todos os
equipamentos e bens sob a responsabilidade das Infraestruturas.

 E15 - (Custo de manutenção corretiva/Custo total de manutenção) x100%

Este indicador permite calcular o rácio entre o custo da manutenção


corretiva e os custos da manutenção total. Os custos de manutenção corretiva serão
os custos totais atribuídos ao equipamento depois da deteção de uma avaria até que
o mesmo volte a estar a realizar a função requerida.
Pode-se ver os resultados deste indicador para o ano de 2014 relativamente
à área de infraestruturas no Anexo H.
É importante referir que os resultados apresentados, são meramente
indicativos, devido aos custos não estarem ainda a ser totalmente contabilizados no
cálculo, o que implica que os resultados ainda não são fiáveis, por serem relativos a
2014, em que ainda não era efetuado esse registo.
Apesar de dados apresentados, só refletir os custos com mão de obra, pode-
se verificar que a distribuição média do custo da manutenção corretiva (MC) ao
longo do período em análise, representa um valor médio próximo dos 13%. Após as
melhorias implementadas este indicador irá apresentar valores fiáveis, para se ter
uma base de sustentação real, de forma a permitir efetuar melhorias na gestão do
Departamento.

 E16 - (Custo de manutenção preventiva/Custo total de manutenção) x100%

Este indicador permite calcular o rácio entre o custo da manutenção preventiva e o


custo total de manutenção. O custo da manutenção preventiva, é o custo associado
84
às ordens de trabalho de manutenção preventiva e relativamente aos custos totais
de manutenção.
No Anexo I pode-se ver que o custo da manutenção preventiva
relativamente ao custo total de manutenção representa uma média de 44,25%
considerando apenas o custo de mão de obra interna no período em análise.
O objetivo será aumentar o rácio entre o custo manutenção preventiva e o custo da
manutenção total, reduzindo os custos globais de manutenção.

 E19 - (Custo de ações de melhoria/Custo total de manutenção) x100%

Este indicador apesar de ainda não estar disponível nesta versão, é um


indicador que identifica o rácio entre o custo das ações de melhoria efetuadas para
melhorar a disponibilidade do bem, sem alterar a função requerida e o custo total da
manutenção. Este indicador está relacionado com os objetivos do Departamento no
sentido de melhorar a fiabilidade dos equipamentos/bens.

5.4.2 - Indicadores técnicos

Ao nível de indicadores técnicos e de acordo com a NP EN 15341:2009,


considera-se para a gestão da manutenção de infraestruturas, os indicadores
adequados para o processo de melhoria do Departamento de manutenção, são T1,
T17 e o T21. Estes indicadores serão calculados e analisados com uma
periodicidade trimestral e serão os seguintes:

 T1 - (disponibilidade relacionada com a manutenção) = Tempo total de


funcionamento / (Tempo total de funcionamento + Tempo total de indisponibilidade
devido à manutenção) *100.

Este indicador avaliar a disponibilidade, expressa em percentagem, de um


equipamento ou grupo de equipamentos tendo em conta as paragens para
manutenção.

85
Pela análise do gráfico apresentado no Anexo J, verifica-se que no primeiro
semestre do ano 2015 e para o grupo de equipamentos “ar comprimido” a
disponibilidade operacional foi de 99,95%. Apesar de este valor parecer muito bom,
para o grupo de equipamentos em análise e devido à implicação direta que tem com
o processo produtivo, o objetivo anual do Departamento é de 100%. O valor de
99,95% deveu-se a uma ocorrência no mês de Abril que provocou que uma
disponibilidade operacional de 99,71%. Esta ocorrência foi o suficiente para o não
cumprimento do objetivo anual.

 T17 – MTBF (Tempo total de funcionamento / Número de avarias)

Este indicador permite determinar a razão entre o intervalo de tempo de


funcionamento em que um determinado bem cumpre a função requerida e o número
total de avarias nesse mesmo intervalo de tempo, (que consiste no tempo médio em
entre avarias).
Para o grupo de equipamentos de ar comprimido (Anexo K) e para o ano em análise
de 2014, o MTBF é de 1564 horas, o que mostra que este grupo de equipamentos
tem um nível de fiabilidade elevado.

 T21 – MTTR (Tempo total das reparações/Número total de avarias)

Este indicador permite ver qual é o tempo médio de reparações num


intervalo de tempo e é expresso pelo rácio entre o somatório dos tempos de
reparação, em horas das avarias ocorridas no período em análise e o número de
intervenções corretivas realizadas no mesmo período.
Pode-se visualizar no Anexo L que para o equipamento analisado no
primeiro semestre de 2015, o tempo de reparação é relativamente baixo, em termos
médios, uma intervenção de manutenção corretiva utilizou em média 0,21 horas
(12,6 minutos). Este valor indica que as reparações foram efetuadas rapidamente,
podendo-se concluir que a equipa tem uma boa capacidade técnica, que a
disponibilidade de peças de reserva é imediata e que o equipamento tem uma boa
manutibilidade.

86
5.4.3 - Indicadores de gestão

Ao nível de indicadores de gestão e de acordo com a NP EN 15341:2009,


considera-se para a gestão da manutenção de infraestruturas, os indicadores
adequados para contribuir para a melhoria de gestão da manutenção das
infraestruturas os indicadores O05, O16, e O18.
Relativamente ao número de horas referidas na norma NP EN 1534:2009,
nestes indicadores as horas dos serviços externos não serão contabilizadas no
cálculo.
Estes indicadores são calculados com uma periodicidade trimestral, para
todos os equipamentos das Infraestruturas e serão os seguintes:

 O5 – (Horas de mão de obra para a manutenção planeada e


programada/Total de horas de mão de obra disponível) *100.

Este indicador permite ao nível da gestão organizacional conhecer qual a


capacidade de horas de mão de obra que está atribuída às atividades manutenção
corretiva, preventiva, condicionada e de melhoria relativamente ao total de horas de
mão de obra disponível.
Para o grupo de equipamentos das Infraestruturas (Anexo M) podemos
constatar que no primeiro semestre de 2015, está alocada 64,82% da mão de obra,
relativamente ao total de mão de obra disponível. Este valor é superior devido a
estarem alocadas mais horas, além das horas de mão obra de manutenção
preventiva apresentadas no indicador O18.

 O16 - (Horas de mão de obra utilizadas na manutenção corretiva/ Total de


mão de obra de manutenção) * 100.

Este indicador permite através do rácio das horas utilizadas em manutenção


corretiva e o número total de horas de todas as intervenções de manutenção
efetuadas, obter uma informação relevante sobre o estado de funcionamentos dos
bens de uma determinada empresa.
87
Para o grupo de equipamentos das Infraestruturas (Anexo N), podemos
constatar que no ano de 2014 foi utilizada 13,54% da mão de obra em ações de
manutenção corretiva, relativamente ao total de mão-de-obra.
Este valor é muito próximo do valor apresentado no Indicador (E15) 13,20%,
devido a estarem a ser só contabilizados os custos de mão-de-obra, isto porque
neste período, ainda não eram contabilizados os custos dos materiais e dos serviços
externos.

 O18 - (Horas de mão de obra utilizadas na manutenção preventiva/ Total de


mão de obra de manutenção) * 100

Este indicador permite através do rácio das horas de mão de obra utilizadas
em atividades de manutenção preventiva e o total de mão de obra de manutenção,
obter informação relevante sobre a forma como um Departamento de gestão de
manutenção está a gerir a mesma.
Para o grupo de equipamentos das Infraestruturas e durante o ano de 2014,
(Anexo O) pode-se constatar que está a ser utilizada 56.38% de mão de obra interna
em ações de manutenção preventiva, relativamente ao total de mão-de-obra
utilizadas em todas as ações de manutenção.

5.5 - Avaliação do desempenho do novo software

O novo software proporciona uma melhor gestão das infraestruturas e é uma


ferramenta de trabalho mais flexível, com possibilidade de introdução de novos
dados.
As melhorias implementadas permitem gerir com maior eficiência o
Departamento de infraestruturas, uma vez que foram introduzidas novas
funcionalidades que possibilitam a obtenção de dados, e efetuar análises mais
rigorosas ao nível de relatórios e indicadores.
Passa-se a citar algumas funcionalidades que vão trazer valor acrescentado
a curto e médio prazo para a gestão do Departamento de infraestruturas;

88
 a nível do parque de equipamentos (objetos) permite agora efetuar a
identificação dos equipamentos de uma forma mais simples e flexível, com a
possibilidade de atribuir o grau de criticidade para cada equipamento,
também como a possibilidade de efetuar projeções de funcionamento.

 No que se refere às ordens de trabalho passou-se a ter a possibilidade de


efetuar em simultâneo uma análise das ordens de trabalho planeadas e em
execução. Permite associar a mão de obra interna, os materiais e os custos
de mão obra externa de forma a obter resultados reais dos custos para cada
ordem de manutenção. Existe agora também a possibilidade de criar ordens
de trabalho no separador de “Trabalhos”, independentemente do “menu”
onde se está a trabalhar.

 Os relatórios passaram a reportar informações completas ao nível do histórico


de manutenção e custos com resultados fiáveis e com uma grande
flexibilidade de análise.

 Ao nível dos indicadores, é possível obter indicadores financeiros, técnicos e


de gestão mais fiáveis com a possibilidade de serem personalizados e
ajustados à gestão da manutenção de infraestruturas.

89
PARTE VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 - Conclusões

A realização deste trabalho permitiu cumprir com os objetivos delineados


inicialmente. Ao longo do percurso planeado para a sua realização, recorreu-se a
pesquisas sustentadas, de modo a suportar uma componente teórica, fundamentada
em autores atuais e conteúdos pertinentes para o seu enriquecimento.
A informação existente é ainda pouco abundante no que concerne ao
conceito de Facility Management (FM), o que dificulta a procura de elementos
necessários a uma fundamentação teórica completa. Assim, a obtenção de dados
para satisfazer a resposta a questões que foram surgindo e necessitavam de
explicações científicas e coerentes no contexto em que se desenvolveu o estágio,
permitiu um crescimento ao nível das competências relacionadas com a pesquisa,
leitura e seleção dos textos mais significativos das fontes utilizadas.
Com o desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação e
informação, os gestores de infraestruturas podem munir-se de ferramentas
ajustadas às suas estratégias, criando sinergias através da combinação equilibrada
de recursos humanos e financeiros, de modo a encontrarem soluções para
melhorarem as políticas de manutenção.
Para facilitar todo o processo de ajustamento, as organizações atuais,
recorrem à utilização de software de gestão de manutenção e indicadores de
desempenho, de modo a poderem, mais facilmente, obter dados importantes para o
seu sistema de gestão.
Havendo consciência desta realidade, procurou-se através da recolha e
análise bibliográfica sobre FM, evidenciar a importância do planeamento da
manutenção para as organizações.
O recurso a um bom planeamento da manutenção, torna-se uma vantagem
competitiva para a empresa, uma vez que expressa a sua multidisciplinaridade,
permitindo aferir resultados, ajustamentos e correções. Nesse sentido, as vantagens
tornam-se evidentes, consentindo a competitividade para o setor de negócio, de
forma a realçar no nicho industrial onde a empresa atua, a sua agilidade e o seu
diferencial nos resultados obtidos.

90
Esta ideia suportou o âmbito deste estudo, desencadeando uma análise
detalhada do software de gestão de manutenção que a empresa utilizava, de forma
a perceber quais as suas potencialidades e limitações para a gestão das
Infraestruturas.
Após esta investigação, o resultado do objeto do estudo efetuado resultou
em dados que evidenciavam lacunas, nomeadamente, ao nível do registo de
informação e respetivo tratamento, penalizando a obtenção de informação útil que
permitisse exercer uma melhor gestão do Departamento de infraestruturas. Através
desta constatação, apontou-se para uma evolução sustentada, no sentido de
apostar num software que permitisse aumentar a eficiência da gestão das
Infraestruturas.
Assim, procedeu-se a uma atualização do software existente, substituindo-o
por uma nova versão. Esta mudança ocorrida obrigou a um acompanhamento
minucioso de modo a avaliar todo o sistema, necessitando de ajustes e correções
por forma a facilitar o trabalho dos utilizadores.
O sucesso desta alteração só foi possível pelo trabalho desenvolvido em
parceria com os elementos que compõem a equipa de manutenção de
infraestruturas em parceria, com o Departamento de tecnologias de informação e
com o fornecedor do software. No terreno, com o desenvolvimento do trabalho,
abriram-se novas perspetivas em relação à compreensão das dificuldades na
aplicação prática do software, que a realidade dos factos evidenciou. Assim, as
aprendizagens surgiram através da compreensão dos fenómenos e a equipa técnica
passou a perceber a importância da introdução de novos dados no software,
começando a confrontar-se com uma realidade diferenciada, espelhada na obtenção
de resultados, relatórios e indicadores que, a partir deste trabalho, se conseguem
obter.
As evidências decorrentes desta substituição, provocaram graus
diferenciados ao nível da motivação e do moral de toda a equipa.
A aposta na mudança por parte da organização neste software, permitiu
visualizar as potencialidades da sua utilização, uma vez que acede a dados mais
completos e fiáveis, agilizando as tomadas de decisão, a harmonização dos
recursos, tanto humanos como económicos, bem como do objetivo último deste
estudo, o aumento da eficiência da gestão das infraestruturas e redução dos custos
globais da organização.

91
6.2 - Propostas de trabalhos futuros

No seguimento do trabalho desenvolvido ao longo deste estágio, sugerem-


se várias propostas de melhoria que, certamente, irão contribuir para dar
continuidade às várias melhorias implementadas e que irão aumentar a eficiência do
Departamento de Infraestruturas através de um processo de melhoria contínua.
As mudanças que ocorrem neste âmbito são imensas e rápidas, o que
dificulta aos olhos do investigador uma proposta mais específica. Os programas
tornam-se obsoletos com muita facilidade, o conhecimento enquanto ativo favorece
a sua aplicação nesta área concreta e proporciona uma adaptação constante a
novos cenários competitivos que obriga a uma atualização permanente. Nesse
sentido, antecipar conhecimento e aplicá-lo nesta ferramenta será uma aposta na
continuidade desta melhoria significativa efetuada.
No sentido de perceber quais as implementações e qual o seu impacto para
melhorar o funcionamento do Departamento de Infraestruturas, passa-se a
descrever as diversas propostas de melhoria nas diferentes áreas deste software de
gestão de manutenção.

Parque de equipamentos

Ao nível do parque de equipamentos, existe a necessidade de efetuar


melhorias na base de dados, tais como:

 Atualizar a ficha técnica dos equipamentos com o grau de criticidade,


proporcionando de futuro análises mais direcionadas para os equipamentos com
grau de criticidade mais elevada, criando condições para que os mesmos sejam alvo
de uma atenção especial, de forma a minimizar os custos diretos e indiretos para a
empresa.

 Melhorar o processo da introdução do número de horas de funcionamento


dos equipamentos uma vez que as ordens de trabalho de manutenção preventiva
são geradas no software a partir de horas de trabalho. Para isso é necessário
parametrizar no software quais os equipamentos “Master” e os equipamentos
“Slave”,
92
Desta forma a introdução do número de horas passa a ser introduzido só nos
equipamentos “Master”, não sendo necessário introduzir as horas de funcionamento
nos equipamentos Slave”, desta forma consegue-se reduzir tempo de trabalho da
equipa técnica na introdução de dados.

 Introdução da lista de peças de reserva na base de dados de cada


equipamento, de maneira a ter a informação acerca das peças que estão disponíveis
em stock, dando prioridade aos equipamentos críticos que podem provocar a
paragem parcial ou total das linhas de produção ou que possam afetar a qualidade
dos processos de fabrico.

Pedidos de Manutenção

 Implementação no software do módulo de pedidos de manutenção de forma a


permitir aos colaboradores de outras áreas da empresa formalizar as suas
solicitações de trabalhos ao Departamento de Infraestruturas, passando a
existir histórico de pedidos por Departamento e a possibilidade de cálculo do
indicador “Mean Waiting Time”. Esta funcionalidade permitiria avaliar a
capacidade de resposta da equipa técnica do Departamento de
Infraestruturas, possibilitando melhorar o tempo de resposta aos pedidos dos
outros Departamentos.

Ordens de trabalho

 Automatização do método de introdução dos materiais que são utilizados nas


ordens de trabalho, passando a serem introduzidos diretamente na OT
quando é dada saída de stock em armazém, eliminando a duplicação de
tarefas e aumentando a disponibilidade da equipa manutenção para outras
atividades de carácter técnico e reduzindo tarefas administrativas.

 Visualização do relatório de trabalho completo de uma OT, pois atualmente


não é possível obter a informação na íntegra, relativo os dados que foram
93
anteriormente introduzido na OT no separador “Documentos”. Seria
importante para a gestão de Infraestruturas conseguir obter um relatório
completo, pois permitia que o técnico de manutenção verificasse se a OT
possui ou não todos os dados introduzidos considerados relevantes para o
histórico.

 Introdução automática dos tempos do trabalho realizados em cada OT pelos


técnicos de manutenção, desta forma conseguir-se-ia obter tempos de
execução mais próximos da realidade e sem custos administrativos por parte
da equipa técnica.

 Ajuste dos tempos planeados nas ordens de manutenção preventiva e a


verificação dos tempos reais de execução.

Indicadores

 Existe a necessidade de efetuar algumas melhorias no software de


manutenção de forma a permitir a disponibilidade de dados, como custos de
ações de melhoria para o cálculo de alguns indicadores que ainda não se
podem analisar, como por exemplo o Indicador E19 referido na norma NP EN
15341:2009.

Como resultado da implementação destas propostas, o Departamento de


infraestruturas irá ter uma melhoria acrescida na eficiência do seu funcionamento,
devido à possibilidade de ter mais dados disponíveis para análise permitindo uma
melhor gestão, redução de tarefas administrativas da equipa técnica, aumentando o
tempo útil para ações de manutenção, e redução global de custos para o
Departamento e para toda a organização.

94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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96
ANEXOS

97
Anexo A - Relatório de custo por tipo de trabalho

98
Anexo B - Relatório de custos por grupo de equipamentos

99
Anexo C - Relatório de custos por ordens de trabalho

100
Anexo D - Quantidade de ordens de trabalho por tipo de manutenção

101
Anexo E - Tempos planeados/realizados na manutenção preventiva por grupo
de equipamentos

102
Anexo F - Tempos planeados/realizados na manutenção preventiva por
equipamento

103
Anexo G - Ordens de trabalho por responsável

104
Anexo H - Gráfico E15 - Custos de manutenção corretiva/ Custos de manutenção total

105
Anexo I - Gráfico E16 - Custos de manutenção preventiva/Custos de manutenção total

106
Anexo J - Gráfico T1 - Disponibilidade relacionada com a manutenção

107
Anexo K - Gráfico T17 - MTBF- Mean Time Between Failures

108
Anexo L - Gráfico T21 – MTTR – Mean Time To Repair

109
Anexo M - Gráfico O05 - Horas de mão de obra planeada/Total horas de mão de obra disponível

110
Anexo N - Gráfico O16 - Horas de manutenção corretiva/Total horas de manutenção

111
Anexo O - Gráfico O18 - Horas de manutenção preventiva/Total horas de manutenção

112

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