Albélico Hamilton Cardoso-História-primeiro (Guardado Automaticamente)
Albélico Hamilton Cardoso-História-primeiro (Guardado Automaticamente)
Albélico Hamilton Cardoso-História-primeiro (Guardado Automaticamente)
ISCED-HUÍLA
SECÇÃO DE HISTÓRIA
LUBANGO
2019
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
ISCED-HUÍLA
SECÇÃO DE HISTÓRIA
LUBANGO
2019
Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais Paulo José Cardoso Ndala e Júlia Ângela
Nhama (em memória), meus responsáveis na aprendizagem das primeiras
letras do alfabeto português, que graças, hoje me conduzem na conquista
deste título.
À minha querida esposa (Maria Helena Valentino Jamba), pela firmeza no lar,
admito que foste meu bastião.
Aos meus filhos, pela carência da convivência familiar durante a fase da minha
formação, pesquisa e elaboração do presente trabalho
Aos meus benquistos irmãos, que sempre souberam estar comigo dando-me
força e motivação na ampla jornada científica.
A Família em geral.
i
Agradecimentos
À cada uma das pessoas que de diferentes formas me apoiou. Admito ser
uma tarefa difícil, na qual corro o risco de não os mencionar. Aos meus
colegas de caminhada e de turma. Muito obrigado por toda a força que me
destes. Com a vossa ajuda fui mais além para a conquista deste momento,
não conseguirei retribuir-vos. Obrigado à vós. Foi uma honra contar convosco.
Este momento não consegui só. Por isso, é meu, é vosso, é de todos nós
quanto nele nos envolvemos.
ii
Siglas e Abreviaturas
iii
Resumo
iv
Índice
Dedicatória........................................................................................................... i
Agradecimentos.........................................................................................................................ii
Siglas e Abreviaturas...............................................................................................................iii
Resumo.............................................................................................................. iv
Introdução........................................................................................................... 1
i- Justificação da Escolha do Tema.....................................................................2
ii- Problema Científico.........................................................................................2
iii- Objecto de Estudo..........................................................................................2
iv- Objectivos da Investigação.............................................................................2
a) Objectivo Geral............................................................................................... 3
b) Objectivos Específicos.................................................................................................3
v- Importância do Trabalho..............................................................................................3
Método Comparativo.........................................................................................................4
b)Técnicas Utilizadas..........................................................................................5
Pesquisa Bibliográfica.......................................................................................................5
Pesquisa Documental.......................................................................................................5
v
1. 2.1- O Massacre da Bósnia...........................................................................14
1. 2. 2- O Massacre de Katyn............................................................................15
1. 3- Massacres em África.................................................................................17
1. 3. 1- Guerra Secessionista ou Religiosa do Biafra........................................17
1. 3. 2- O Massacre de Batepá..........................................................................18
1. 3. 3- O Massacre de Wiriyamu......................................................................20
1. 3. 4- O Massacre Inter-tribal no Ruanda.......................................................21
1.4- Massacres em Angola................................................................................23
1.4.1- O Massacre da Baixa de Kassanje.........................................................23
1. 4. 2- O 15 de Março de 1961.........................................................................26
CAPÍTULO II: CARACTERIZAÇÃO DE KASSINGA.........................................28
2.1- Enquadramento Geográfico.......................................................................28
2. 2- Percurso Histórico e Nomeclatura da Região...........................................28
2. 3- A Expansão Bantu.................................................................................... 30
2. 4- Clima e Recursos Naturais........................................................................32
2. 5- População e Principais Actividades..........................................................33
CAPÍTULO III - A GÉNESE E CONSEQUÊNCIAS DO MASSACRE DE
KASSINGA DE 1978.........................................................................................34
3.1- Contexto Histórico do Massacre de Kassinga............................................34
3.1.1- Antecedentes..........................................................................................34
3. 2- O Massacre de Kassinga..........................................................................38
3. 2.1- Consequência do Massacre de Kassinga para a África Austral.............42
3.3- O Massacre de Kassinga, o Reafirmar do Nacionalismo e a Independência
da Namíbia........................................................................................................43
Conclusão......................................................................................................... 51
Sugestões......................................................................................................... 53
Bibliografia.........................................................................................................54
Outras Fontes....................................................................................................57
ANEXOS………………………………………………………………………………59
vi
INTRODUÇÃO
Introdução
1
Massacre de Kassinga, o reafirmar do Nacionalismo e a Independência da
Namíbia.
2
a) Objectivo Geral
b) Objectivos Específicos
v- Importância do Trabalho
a) Métodos de Investigação
3
Cervo et. al (2007), afirma que a pesquisa descritiva observa, regista, analisa e
correlaciona factos ou fenómenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura
descobrir com maior precisão possível a frequência com que um fenómeno
ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e suas características.
Deste modo, a pesquisa descritiva ajudou-nos na descrição e provável
dissertação do tema ‘‘Importância Histórica do Massacre de Kassinga de 1978
para a África Austral: Génese e Consequências’’.
Método Histórico
Método Comparativo
Segundo Pardal & Lopes (2015), o Método de História de Vida está centrado
na tradução. Pesquisa primordialmente com dois objectivos, isto é, na alma do
narrador no seu todo ou num contexto em que o sujeito se encaixa.
4
b)Técnicas Utilizadas
Pesquisa Bibliográfica
Pesquisa Documental
5
de perguntas directas dirigidas aos entrevistados em torno do Massacre de
Kassinga.
Com esta técnica, pode-se perceber melhor na primeira pessoa, figuras que
presenciaram tal acontecimento, afastando em parte a presente investigação
das informações apresentadas em diversas obras bibliográficas já existentes.
1
https://pt.m.wikipedia.org>, acessado aos 07 de Março de 2019
2
https://pt.m.wikipedia.org>, acessado aos 07 de Março de 2019
3
https://conceito.De > génese. Acessado aos 05 de Setembro de 2019.
4
Dicionário Online de Português.www.dicio.com.br. Acessado no dia 05 de Setembro
de 2019.
6
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desta forma, (Sierra) refere que com a chegada dos namibianos em 1976 na
localidade de Kassinga, constituídos inteiramente de elementos do Exército
Popular Armado de Libertação da Namíbia (PLAN), conseguia-se organizar e
planear incursões no interior da Namíbia. Em Abril de 1978, sequestraram um
autocarro que transportava alunos maioritariamente crianças para esta
localidade para sua integração na guerrilha. A partir dessa altura, a invasão à
comuna de Kassinga pelo exército sul-africano tornou-se evidente, com o
bloqueio das bases do PLAN e, a 4 de Maio de 1978, desencadeou a
Operação Reender (código usado pelos sul-africanos) para devastar todos os
conjuntos da SWAPO, e devolver as crianças raptadas. Por outro lado, a
invasão teve como objectivo desestabilizar as Forças Populares de Libertação
de Angola (FAPLA) e pressionar o governo angolano a retirar a força cubana
do seu território e anular toda a protecção adequada à SWAPO, os
bombardeios foram tão fortes que a vila se transformara em chama, muitos
corpos espalhados e outras pessoas morrendo afogadas no rio coluí na
tentativa de se livrarem do ataque. Os bombardeamentos do exército Sul-
Africano só terminaram por volta das 18 horas, quando as Forças Armadas
Revolucionárias Cubanas (FARC), destacados em Tchamutete partiram em
socorro às vítimas e contendo os bombardeamentos que fustigavam a
localidade de Kassinga (Ntyamba & Pedro, 2015: 23).
8
evento historicamente marcado de uma inesgotável fonte de temores,
angústias para os seres humanos. O massacre de Kassinga em Angola foi um
facto que remonta do princípio da colonização e descolonização da actual
República da Namíbia, associada as constantes perseguições dos povos do
Antigo Sudoeste Africano pelas Extintas forças do exército sul-africano no
território de Angola.
Selimin (2005), citado por Valente (2013), apresenta o Massacre como unidade
lexical de referência, que possui uma definição da natureza sociológica:
Formação de acção na maioria das vezes colectiva de destruição de não
combatentes: A palavra massacre remete a matança de pessoas ou animais. O
autor esclarece que nem todo massacre pode ser considerado genocídio e todo
genocídio é constituído de um massacre.
5
hpLps://Edukativa. Blogs. Pt. Com
9
O Massacre é caracterizado por causar um traumatismo colectivo em que uma
nação ou comunidade sente uma identidade ser profundamente alterada por
uma ou várias crises6.
6
WWW. Revista Liberdades.Org. br.
10
criminosa, ao passo que os indivíduos seriam apenas seleccionados pelo facto
de pertencerem a um determinado grupo (Abelha, 2013, p. 4).
Afinal, nem todo massacre pode ser considerado genocídio e todo genocídio é
constituído de um massacre (Valente, 2013).
11
1. 2- Massacres Pelo Mundo
O autor ainda refere que a terrível carnificina foi seguida ao longo de toda a
cidade com queimadas, esfaqueamentos, afogamentos, estupros, roubos, e a
destruição das propriedades em massa continuou sem resistência desde
meados de Dezembro de 1937 ao início de Abril de 1938. Jovens ou velhos,
homens ou mulheres, qualquer indivíduo poderia ser baleado e morto por um
soldado japonês sem qualquer razão aparente, corpos podiam ser vistos por
toda parte da cidade. Como resultado mediato, surge o Revisionismo do
Massacre de Nanquim, uma teoria histórica defendida por japoneses, que para
tentar negar, ou pelo menos, minimizar os crimes praticados, alega que o
Massacre de Nanquim não aconteceu. As fotografias tiradas do Massacre
publicavam falsidades ou montagens, nenhuma delas, segundo japonese
participantes, provaria massacre de civis em Nanquim.
1. 2- Massacres na Europa
A chacina foi realizada entre 1992-1995, orientada pelo general sérvio Ratko
Mladic, que só foi julgado e condenado em 2011, após uma tentativa de fuga.
O confronto envolveu croatas, sérvios (fiéis ao catolicismo) e bósnios
(muçulmanos), justificado por diferenças políticas, religiosas e étnicas após o
fim da União Soviética onde mais de 8000 sérvios muçulmanos foram mortos.
8
Educaçao.globo.com>artigo>grandes massacres da história. Acessado em 23 de Abril de
2019.
14
1. 2. 2- O Massacre de Katyn
9
Educaçao.globo.com>artigo>grandes massacres da história. Acessado em 23 de Abril de 2019
10
Educaçao.globo.com>artigo>grandes massacres da história. Acessado em 23 de Abril de
2019.
11
Educaçao.globo.com>artigo>grandes massacres da história. Acessado em 23 de Abril de
2019
15
polonesas dos serviços secretos do Exército Vermelho. Imediatamente os
meios de comunicação social tornaram público o caso. Por outro lado, a
Polónia desempenhava papel fundamental naquele período, pois era a única
barreira entre Alemanha e a URSS, pelo que Hitler queria ocupá-la como linha
de defesa do território soviético.
1. 3- Massacres em África
12
Educaçao.globo.com>artigo>grandes massacres da história. Acessado em 23 de Abril de
2019.
16
Podem-se, por exemplo, considerar os Massacres do Biafra, na Nigéria; de
Batepá, em São Tomé e Príncipe; o Massacre de Wiriyamu, em Moçambique
bem como o Massacre inter-tribal do Ruanda.
Segundo Brucan (1974), citado por Falola & Heaton, (2008), como resultado
dos anos de colonização e sua independência dos britânicos em 1960, o país
foi marcado por uma forte divisão interna, em que as disputas políticas foram
transfiguradas em disputas étnico-regionais. Como resultado desta
13
Educaçao.globo.com>artigo>grandes massacres da história. Acessado em 23 de Abril
de 2019.
17
fragmentação interna, poucos anos depois da independência, em 1966,
decorreram dois golpes militares e, no ano seguinte, a guerra de Biafra, mais
conhecida como Guerra Civil Nigeriana (Castellano, 2012). Os sobreviventes
se refugiaram nas terras ao leste e proclamaram a República do Biafra, as
tropas nigerianas isolaram a província, limitando a quantidade de produtos de
fora que aí podiam chegar a curto prazo, houve escassez de alimento e fome
em grande escala.
1. 3. 2- O Massacre de Batepá
18
sabendo que havia cerca de centenas deles (Rodrigues, citado por Oliveira,
2018).
1. 3. 3- O Massacre de Wiriyamu
19
forças portuguesa pretendiam acabar com a presença da Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO) junto a aldeia de Tete e a trincheira de Cabora
Bassa que estava a ser construída. Os portugueses dizimaram um terço dos
1.350 naturais de cinco aldeias (Wiriyamu, Djemusse, Riachu, Juawu e
Chaworha), afectando um total de 216 famílias de quarenta aldeias. A
operação foi impulsionada pela Polícia de Inteligência e Desenvolvimento do
Estado (PIDE) e alistada pelo agente Chico Kachavi. Os guerrilheiros
portugueses foram instruídos por Kachavi que "a ordem era sacrificar a todos",
independentemente da idade dos civis, companheiros ou crianças (Dhada,
2010).
Segundo Silva, citado por Ba & Santana (2016, p. 12), através da Conferência
de Berlim, Ruanda é cedido à Alemanha por meio do explorador capitão
20
Gustav Adolf Von Gotzen, que chega ao reino banyarwandês em 1894 e
encontra diferentes grupos étnicos com traços biológicos e hierarquia pessoal
com a vida ligada à pecuária.
21
tomam o poder a partir dos belgas e marginalizam os tutsis. Estava claro que o
objectivo destes foi o de exercer melhor controlo sobre a região14.
Segundo Silva, citado por Ba & Santana (2016, p. 12), a diferença através da
racialização e das afiliações étnicas é testada na colonização europeia.
14
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/
Special:Search=massacre+tutsis+e+hutus&go=Go&ns0=1&search T
oken=675d2tssyn2kts5l7o7iy1j83.
22
métodos brutais que iam desde a escravatura, exploração e dominação pelos
portugueses.
23
Com base o Manual de História da 5ª classe ´´Reforma Educativa´´ (2010, p.
23), tudo começou quando contratados da região da Baixa de Kassanje,
agastados com o trabalho forçado, pobríssimas condições laborais,
rendimento salarial ínfimo, decidiram paralisar o cultivo de algodão para a
empresa Cotonang. Estes trabalhadores eram retirados das suas aldeias e
obrigados a cultivar algodão nos terrenos indicados pela Cotonang. Os únicos
rendimentos dos agricultores apareciam no final de cada campanha com a
venda obrigatória do algodão à Cotonang que estabelecia preços reduzidos e
frequentemente comprava produtos de primeira classe a valores de segunda.
24
Nambuangongo (Manual de História da 5ª classe, Reforma Educativa, pp.20-
21).
Somos de opinião que, face à acção levada a cabo por angolanos, a resposta
das forças portuguesas parecia não ser de bom grado, ao contrário de dura e
violenta através de companhias de caçadores especiais e bombas incendiárias
que iam lançando através de aviões, causando elevado número de mortos
enterrados em vala comum. Podemos considerar o massacre da Baixa de
Kassanje como o fundamento histórico do nacionalismo moderno angolano,
que gerou como precedência os eventos do 4 de Fevereiro de 1961, como
afirma Nsiangengo e tal. (p.89), jovens e trabalhadores da capital angolana sob
orientação da organização política do Movimento Popular de Libertação de
Angola (MPLA), lançou um empurrão contra as masmorras para a autonomia
dos presos políticos na subjugação de São Paulo em Luanda.
15
http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/tributo aos heróis de cassanje.
25
Doutro lado, abriu as portas para outros acontecimentos, como o 4 de
Fevereiro e o 15 de Março de 1961, como refere Nsianguengo et al. (p.89).
1. 4. 2- O 15 de Março de 1961
26
que o sentimento que os africanos carregavam, aliado à privação de
autonomia, fez com que os angolanos tivessem de pensar em si mesmo e
concordar partir para à luta pela liberdade física e mental.
27
CAPÍTULO II: CARACTERIZAÇÃO DE KASSINGA
CAPÍTULO II: CARACTERIZAÇÃO DE KASSINGA
16
Relatório da Administração Comunal de Cassinga, 2013.
17
Relatório da Administração Comunal de Cassinga, 2013
18
Revista Conheça cassinga
28
região de ‘’ Vambuela’’, isto, no século XVII, para se fixarem nas costas do rio
Ntata. Com o passar do tempo, Kassinga, o caçador separa-se de seu irmão de
nome Intya, e fez sua viagem nas margens do rio Ntata até confluência do
mesmo com o rio Coluí ou Calonga, e avançou até em direcção da Lagoa
Kalima19.
De acordo com Ntyamba & Pedro (2015, p. 7), em Julho de 1883, Missionários
portugueses, liderados pelo Padre Hogan, tendo vindo da região do Humbi
fixaram-se em Kalima, junto de kakela propagando o Evangelho onde
edificaram a primeira Missão Católica. No decurso da ocupação colonial
portuguesa do Interior do território que se denomina hoje Angola e, associados
ao facto do não domínio da língua local pelos portugueses, estes entenderam
questionar sobre como se denominava aquela região na língua local
Nganguela, pelo que, a população respondera chamar-se ´´Muene kassinga´´.
19
Revista Conheça Cassinga, 2013
20
Revista Conheça Cassinga, 2013
29
2. 3- A Expansão Bantu
Keita (2009), citado por Violeta & Govuló (2013, p. 42), há 3000 ou 4000 anos,
o Bantu emergiu da colina equatorial (uma província hoje ocupada pelos
Camarões e Nigéria) e dividiu-se em duas cadeias desiguais: a sul e a leste,
criando a maior marcha jamais vista em África, marcha que continuou até ao
século XIX. Os rios e lagos das grandes savanas, tão magníficos deram altura
à sua aventura. A sua multiplicação e expatriação deram origem a uma enorme
classe de conflitos, existindo cerca de 500 aldeias Bantu, que formam um
conselho cultural com uma cultura comum. Com base na generalização de
Keita, recorremos aos Bantu para precisão virtual das equipes etno-linguísticas
da demarcação de Kassinga.
21
Relatório da Administração Comunal de Cassinga, 2013
30
Para Ntyamba & Pedro, (2015, p. 10), este grupo chegou a esta localidade por
volta do século XVII, vindo do leste de Angola no período das migrações bantu.
O grupo Nyaneka por sua vez, atravessando o rio Cunene fixou-se na
localidade do Matoti em término do mesmo século.
Segundo Alves & Mateus (2009, p. 29), citado por Katimba (2017,p. 21), a
migração dos Nyaneka ocorrida no século XVI, partindo da zona Sul de Angola
fixaram-se no planalto da Huíla. Os Ovahanda da Mupa do Sul de Kassinga
(Município da Jamba) e Cuvelai (província do Cunene) constituem um
subgrupo.
Os Khoisan, na ideia de Keita (2009, p. 74), são pouco numerosos, por várias
razões, entre as quais se contam as pressões sucessivas, por parte dos povos
31
bantu e depois de europeus, nomeadamente holandeses e ingleses. Contando
com todas as regiões onde se encontram hoje, não devem ultrapassar os 55 a
60 mil pessoas, repartidas em duas grandes concentrações, a maior sendo no
deserto do Kalahari. A segunda maior concentração situava-se no médio
Cunene, mas deslocada actualmente para a área do Kipungo, onde conciliam a
agricultura do milho com uma caça simbólica (são chamados em Angola
Ovakwancala ou Kamussekele).
32
meados da década de 50 do século XX, enquadrada na fundação da
Companhia Mineira de Lobito em 1957 que assumira, na época a extracção do
ferro. Numa altura em que as espeluncas de Kassinga e Serpa Pinto (actual
Menongue) eram consideradas como uma das extracções de minério de barril
maduro do universo e eram utilizadas desde 1957 pelo ramo mineiro do Lobito,
que ao mesmo tempo explorou as veias da Jamba e Tchamutete, onde, com a
libertação de Angola em 1975, o trabalho mineiro do Lobito foi substituído pela
Ferrangol-EP, que passou a deter o direito de soneca e conveniência (Ntyamba
& Pedro, 2015, p. 8).
33
CAPÍTULO III: A GÉNESE E CONSEQUÊNCIAS DO MASSACRE DE
KASSINGA DE 1978
CAPÍTULO III - A GÉNESE E CONSEQUÊNCIAS DO MASSACRE DE
KASSINGA DE 1978
3.1.1- Antecedentes
34
ordens, em Dezembro de 1977, para aplicar medidas mais rígidas contra a
SWAPO e suas acções preventivas em Angola.
35
SWAPO tentava recuperar a sua tutela, ganhando confiança na Ovambalândia
e na baixa de Caprivi, enquanto a UNITA era uma ameaça silenciosa do MPLA,
o que tornava sequencialmente mais difícil para SADF operar no sul de Angola.
A África do Sul também temia a realização das eleições (em massa) no
sudoeste da África, incluindo a SWAPO. Os primeiros grupos de Namíbianos
constituídos inteiram de elementos do (PLAN) começaram a entrar em
Kassinga em Abril de 1976. Nesse período, com Angola já independente, os
namibianos que tinham estado no sudoeste da Zâmbia desde princípios da
década de 1970 sentiam-se mais seguros no sul de Angola. Kassinga foi local
de acolhimento daqueles que escaparam ao regime chauvinista de ´´apartheid´
no sudoeste de África. Daqui podemos ler que o local foi palco de uma batalha,
através de um ataque aéreo da Força de Defesa Sul-Africana (SADF) contra o
Exército Popular de Libertação da Namíbia (PLAN), em 4 de Maio de 1978,
matando centenas de namibianos, principalmente mulheres, soldados,
adolescentes e crianças indefesas.
22
Entrevista feita no dia 30 de Abril de 2019, pelas 15horas e 30 minutos.
36
Defesa Sul-Africana contra o acampamento civil da SWAPO em Kassinga
(Huíla) a 4 de Maio de 1978, conforme refere Sierra (2010, p. 82).
De acordo com Tchahila, não foi apenas perseguindo a SWAPO que os sul-
africanos invadiram Kassinga, foi também por uma razão económica da região,
sobretudo o ouro, pois, os brancos regressados de Kassinga para a Europa
depois da independência de Angola seguiram pela África do Sul onde
ressentidos por terem perdido suas propriedades em Angola deram
informações sobre as riquezas que o país tinha23.
23
Entrevista realizada no dia 04 de Maio de 2019, pelas 16 horas e 43 minutos.
37
Partindo de Valentino (2019), tropas da UNITA tinham feito reféns soldados da
SWAPO que foram apanhados de surpresa. Para poupá-los a vida em troca
pediram-nos que dessem informações relativamente a localização das bases
da SWAPO. Assim, a partir de Abril aviões estranhos começavam a sobrevoar
o espaço aéreo de Kassinga, fazendo aterragem, descarregando material
bélico e montando bases a 40 km de Tchamutete, na Tyana tya Kassumbi e,
entre 1e 2 de Maio a situação começava a estremecer a localidade, com
helicópteros perseguindo a SWAPO até que no dia 4, pelas seis (6) horas da
manhã e 40 minutos deram-se os primeiros bombardeamentos24.
3. 2- O Massacre de Kassinga
24
Entrevista realizada no dia 04 de Maio de 2019, pelas 10 horas e 30 minutos.
38
em Kassinga pelo PLAN. Este havia sido capturado na noite de 18 a 19 de
Fevereiro de 1978 numa invasão levada a cabo pelo PLAN na base da SADF,
próxima de Elundu, no Ovamboland. Receando que a SADF lançaria um
ataque a Kassinga para libertação do refém, foi feita transladação do
prisioneiro para o Lubango.
39
12h00 – 15h00: Fundamenta-se pelo surgimento da força cubana em
Tchamutete se mobilizando. Era o Batalhão mecanizado cubano subindo a
estrada de Tchamutete para Kassinga. As forças de defesa da África do Sul
(SADF) recebem, a partir daí instruções operacionais explícitas de modo a
evitar conflitos com os cubanos;
29
Entrevista feita no dia 30 de Abril de 2019, pelas 15 horas e 30 minutos.
41
desenvolvido pelo Ex-exército do regime do apartheid sobre a SWAPO na
localidade de Kassinga em Angola..
Como dito, toda reacção resulta de uma acção, da mesma forma, ao longo da
História da Humanidade toda guerra ou até mesmo chacina, seja ela
alimentada de razões políticas ou económicas sempre conduziram à
consequências desastrosas nos vários domínios. Portanto, com o Massacre de
Kassinga não fez diferente.
30
Entrevista feita no dia 30 de Abril de 2019, pelas 15 horas e 30 minutos.
42
Neto no Lubango, bem como determinados feridos graves levados para Cuba,
pelo que muitos não puderam lá chegar. Anos seguintes, a SWAPO tornou
público determinados textos e fotos com significados aos corpos nas
sepulturas. Estes textos despertavam a atenção do sofrimento do povo
namibiano sob colonialismo e violência cometida contra pessoas oprimidas31.
31
Fonte:https://pt.m.wikipédia.org/wiki/Batalha de Cassinga. Acessado em Outubro de
2019
43
3.3- O Massacre de Kassinga, o Reafirmar do Nacionalismo e a
Independência da Namíbia
44
Africano (SWANO), que dirigiram as primeiras manifestações e foram
violentamente reprimidos pela polícia sul-africana32
A Organização das Nações Unidas (ONU), substituta legal da Liga das Nações
(SDN), em seu abrigo 269 do Conselho de Segurança, de 12 de Agosto de
1969, circunscreveu o fim do domínio Sul-Africano sobre o território namibiano,
no ensejo em que aceitou o direito da luta da Namíbia, realizada pela
Organização Popular da África do Sudoeste (SWAPO) desde 26 de Agosto de
1966 e em 1973 como o único representante do Estado namibiano. Mas,
devido a fraca pressão política pelos namibianos em retirar pacificamente ou
por diálogo os sul-africanos brancos, todos entenderam agrupar-se na SWAPO
e, como tal, resolveram prosseguir com a luta armada travando os primeiros
combates atacando as posições sul-africanas em toda a zona da fronteira
norte, o que levou em 1971, o Tribunal Internacional de Haia a determinar que
o regime da África do Sul, teria de retirar de maneira mais rápida e obrigatória a
sua administração (governo) considerada ilegal no território da Namíbia, como
referem Fernandes & Capumba, (2006, pp.25-38).
32
Fonte:http://www.seer.ufrgs.br/anos90/article/dowload/46141/32273.
45
Como também pode-se salientar que, os métodos violentos empregues pela
África do Sul na governação do Ex-Sudoeste Africano não afectavam apenas
aqueles que encontravam-se engajados na luta da independência, mas
também e principalmente, a população civil, que vivia aterrorizada de torturas,
assassinatos e prisões, sob alegação de cooperar com a SWAPO. A
independência da Namíbia foi, e é até hoje, resultado de uma Luta de
Libertação, basta sublinhar: A persistência sul-africana sobre a Namíbia levou o
povo a lutar contra a dominação estrangeira através da SWAPO fundada em
1960 sob liderança de Sam Nujoma que, em conjunto determinariam expulsar o
invasor através de acções de guerrilhas enfrentado assim a 26 de Agosto de
1966 pela primeira vez as forças da SADF.
Nenhum país da zona Austral tinha sido tão invadido como Angola,
cujos prejuízos materiais e humanos foram, desde a independência e,
são até hoje, enormes. Para fornecer uma base logística
suficientemente grande para apoiar a operação, os angolanos deram
a SWAPO o controlo de várias cidades do sul de Angola. Essas
bases foram fortificadas com trincheiras e armas antiaéreas, sendo
que a maior base estava localizada em Kassinga, o lar de
aproximadamente 2.000 insurgentes, com armazéns de munições e
equipamentos de guerrilheiros da SWAPO (Sierra, 2010 p. 475).
Ntyamba & Pedro (2015), afirmam que Angola jogou um papel importante na
descolonização da África Austral e em particular da Namíbia. Alcançada a
independência de Angola a 11 de Novembro de 1975, não seria o fim das
47
agressões sul-africanas e sequente estabilidade na região, uma oportunidade
que muitos países da região estavam sob domínio colonial de uma minoria
branca. Isto pode emergir justificado no seguinte contexto:
33
Fonte:www.URL://www.wikipédiaenciclopédia livre.
34
Entrevista feita com o Senhor Valentino no dia 04 de Maio de 2019, pelas 10 horas e
30 minutos.
48
apresentar suas demandas perante à Sociedade Internacional e denunciar a
ocupação sul-africana, principalmente ao longo dos anos de 1950 como diz
Tsokodayi (2004).
Rematamos que, uma das acções da Organização das Nações Unidas na luta
de libertação da Namíbia foi em primeiro plano, a negação em 1966 em apoiar
a ideia manifestada pela África do Sul quando esta quis em 1947 anexar a
Namíbia ao seu território, pelo que segundo a ONU, os habitantes africanos
daquele país ainda não se encontravam num regime de independência política;
em segundo plano, a ONU determinou o fim do mandato da África do Sul sobre
a Namíbia, ao mesmo tempo que reconhecera a legitimidade da luta pela
libertação do país através da SWAPO, em 1972 reconheceu a SWAPO como
sendo a legítima representante do povo do Sudoeste. Finalmente, a ONU
elaborou a Resolução 435/78 do Conselho de Segurança das Nações que viria
ditar a retirada das tropas sul-africanas e a realização de eleições livres e a
independência da Namíbia.
A África Austral, é a parte sul da África, banhada pelo Oceano Índico na sua
costa oriental e pelo Atlântico na costa ocidental.
49
A Batalha do Cuito Cuanavale consistiu numa maior confrontação militar da
Guerra Civil Angolana, sucedido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março
de 1978, no sul de Angola, na região do Cuito Cuanavale, província de
Cuando-Cubango numa confrontação dos exércitos de Angola (FAPLA) e Cuba
(FAR) contra a UNITA e o exército sul-africano, movidos pela disputa das
localidades de Jamba e Mavinga, detentoras de recursos minerais. O evento
tornou-se o ponto de viragem decisivo na guerra que se arrastava a longos
anos, incentivou um acordo entre sul-africanos e cubanos para a retirada de
tropas e a rubrica dos Acordos de Nova Iorque de 22 de Dezembro de 1988,
que deram origem à implementação da resolução 435|78 do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, levando a emancipação da Namíbia com bases
erguidas no Massacre de Kassinga, e ao fim do apartheid que reinava na África
do sul (Ribeiro, 2016).
35
Fonte:Namibian War Of Independence 1966-1988.Armed Conflit Event.
50
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Conclusão
51
domínio sul-africano, perceptíveis pela quebra dos direitos desvinculados e
pela limitação da dispensa pessoal. O massacre de Kassinga mostrou ao
mundo os métodos de actuação sul-africana no conflito regional, levando a
cedência do território namibiano aos nativos, através da ONU, que elaborou a
resolução 435/78 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
52
Sugestões
53
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia
HERBSTEIN, D. E. J. (1989).The Devils Are Among Us, The War for Namíbia.
London: Zed Books.
54
LEAL, M. M. (2011). «Cuito Cuanavale (1987 – 1988): Uma análise baseada na
Teoria da Guerra de Clausewitz». Porto Alegre. TCC de História, da UFRGS.
MAZRUI & WONDJI. (2010). História Geral da África VIII: África desde 1935.
Brasília: UNESCO.
55
RIBEIRO, J. Recordar o acordo que vergou o apartheid. Jornal de Angola.
(01/03/2019).
SHUBIN, V.(2008). The Hot Cold War – The URSS in Southern Africa. África do
Sul: UKZN Press.
56
Outras Fontes
«The UNITA Insurgency and the South African Threat». Acessado em 2017
57
https://ivairs.wordpress.com>2016/05/04.
Nmíbian Voters Deny Total Power to SWAPO,’’ by Michael John the Wall street
Journal, (19 de Novembro de 1989). Acessado em 2017.
58
ANEXOS
ISCED-HUILA
DESENVOLVIMENTO DA ENTREVISTA
QUESTÃO1
QUESTÃO 2
59
QUESTÃO 3
QUESTÃO 4
QUESTÃO 5
QUESTÃO 6
60
QUESTÃO 7
QUESTÃO 8
61
Figura 1: Fotografia Ilustrando aviões da SADF sobrevoando o espaço
aéreo de Kassinga.
Fonte: Wikipédia.org.
Fonte: Wikipédia.org
62
Figura 3: Dr. António Agostinho Neto, Primeiro Presidente de Angola
Fonte: WW.AgostinhoNeto.Org.
Fonte: https://observador.pt-Africa-Angola
63
Figura 5: Sam Nujoma. Primeiro Presidente da Namíbia
Fonte: https://wwwgettymage.com
64
Figura 7: Chegada do Presidente da República, João Lourenço (ao
centro), à Namíbia em comemoração dos 40 aniversário do Masscre de
Kassinga
Foto: Joaquina Bento
Fonte: ANGOP.
65
Figura 8: “Vala comum contendo mais de 400 corpos de namibianos
massacrados pelas tropas sul-africanas. Fotografia tirada quatro dias
depois do ataque”.
Fonte:Wikipédia.org.
66
Figura 9: Fotos do Autor com o Entrevistado
67
Figura6: Administração comunal de Kassinga-Tchamutete
69