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TCC Matheus Corrigido Com Capa

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEÃO SAMPAIO

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SOFTWARE

ANTONIO MATHEUS LIMA PEREIRA

O IMPACTO DA TECNOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM


DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NA CIDADE DE VÁRZEA ALEGRE-CE

Juazeiro do Norte – CE
2023
ANTONIO MATHEUS LIMA PEREIRA

O IMPACTO DA TECNOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM


DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NA CIDADE DE VÁRZEA ALEGRE-CE

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Coordenação do Curso de
Pós Graduação em Engenharia de
Software no Centro Universitário Leão
Sampaio, como requisito para a obtenção
do grau de pós-graduado em engenharia
de software

Orientador: MSc. Renata Kalina de Paulo


Alves Macêdo

Juazeiro do Norte – CE
2023
Dedico este trabalho a todos os
profissionais da educação principalmente
Moisés Pereira e Gilca Maria, meus pais,
também a todos os que perderam a vida
pela covid-19 e aos profissionais de saúde
e cientistas que lutaram ardentemente para
o fim da pandemia. E por fim a meus avós
Nilza(in memoriam), Agostinho(in
memoriam), Alzenir e Antonio(in
memoriam).
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus por me guiar e me sustentar ao longo desta jornada, e aos
amigos que estiveram comigo nesse período e a minha família que sempre me apoiou
em busca dos meus objetivos, principalmente meus pais Gilca e Moisés, meu irmão
Mayan e meus avós Nilza, Agostinho, Antonio e Alzenir, e a minha esposa Jordânia.
E por fim expressar minha gratidão e admiração à minha orientadora Renata Kalina
pelo apoio contínuo e a colaboração, a qual compartilhou seus conhecimentos e
experiência para realização deste trabalho.
O IMPACTO DA TECNOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NA CIDADE DE VÁRZEA ALEGRE-CE

Antonio Matheus Lima Pereira1


MSc. Renata Kalina de Paulo Alves Macêdo2

RESUMO
Durante o decorrer da história a humanidade passou por inúmeras pandemias. Cada
uma trouxe, em seu contexto histórico, junto ao sofrimento, a necessidade do homem
de superar os desafios impostos pela enfermidade. No ano de 2020, o mundo passou
pelo desafio de mais uma pandemia, desta vez da COVID-19, que obrigou as nações
a adotarem medidas de distanciamento social rígidas, o que teve impactos em muitos
setores da sociedade. A tecnologia apresentou papel fundamental para que se
pudesse manter as atividades na modalidade remota. A educação não ficou de fora
dos impactos. Esta sofreu o dilema das escolas fechadas, o que desencadeou a
necessidade de aulas online. Porém aí surgiu uma barreira: a de muitos professores
serem nascidos na conhecida Geração X, que engloba nascidos no final dos anos 60
até o fim dos anos 80. Esses professores não são nativos digitais e foram obrigados
a utilizar tecnologias com as quais não estavam familiarizados. Também foram
obrigados a enfrentar um novo paradigma educacional ao qual não foram preparados
em suas graduações. O presente artigo pretende abordar e levantar discussões de
como esse acontecimento impactou a educação nas pequenas cidades da região
Cariri. Para isso, será utilizada como campo de pesquisa a cidade de Várzea Alegre
(CE), dando enfoque nas barreiras enfrentadas pelos professores para realizar aulas
no meio digital. Este artigo surge da inquietação do autor em analisar o impacto da
pandemia e, por consequência, das aulas remotas, ao acompanhar relatos e aulas
nessa modalidade nas pequenas cidades do Cariri. Para a realização deste artigo
foram utilizadas fontes bibliográficas como livros, artigos e dados de domínio público.
Também foi realizada pesquisa quantitativa com professores, elencando
apontamentos, no intuito de compreender esse fenômeno. Como resultado do
presente estudo foi possível entender as dificuldades de professores, alunos, e como
a pandemia de COVID-19 impactou a educação nas pequenas cidades do Cariri.
Palavras-chave: internet; pandemia; educação.

ABSTRACT

During the course of history, humanity has gone through countless pandemics, each
one in its historical context, bringing along with suffering the need of man to overcome
the challenges posed by the disease. In 2020, the world faced the challenge of yet

1 Pós-graduando do Curso de Engenharia de Software do Centro Universitário Leão Sampaio/Unileão –


matheuslima20111997@gmail.com
2 Professor orientador do Curso de Pós-graduação em Engenharia de Software do Centro Universitário Leão

Sampaio/Unileão - kalina@leaosampaio.edu.br
another pandemic, this time COVID-19, which forced nations to adopt strict social
distancing measures, which had an impact on many sectors of society. Technology
plays a fundamental role so that they could maintain their activities in the remote mode.
Education was not left out of the impacts, it suffered the dilemma of closed schools,
which triggered the need for online classes, but then a barrier arises, which is that
many teachers are born in the well-known generation X, which includes those born in
the late from the 60s to the end of the 80s, non-digital natives being forced to use
technologies they were not familiar with and face a new educational paradigm, in which
they were not prepared in their graduations. This article intends to address and raise
discussions on how this event impacted education in small towns in the Cariri region,
focusing on the barrier faced by teachers to conduct classes in the digital environment.
This article arises from the author's concern to analyze the impact of the pandemic
and, as a result, of remote classes when accompanying reports and classes in this
modality, but in the small towns of Cariri. To carry out this article, literary sources such
as books and other articles, and public domain data were used, in addition to
quantitative research with teachers, thus making specific notes in order to understand
this phenomenon. As a result of the present study, it was possible to understand the
difficulties of teachers and students, and how the COVID-19 pandemic impacted
education in the small towns of cariri.

Keywords: internet; pandemic; education.

1 INTRODUÇÃO

Durante o século 21, houveram duas pandemias declaradas pela Organização


Mundial da Saúde (OMS), órgão responsável por essa definição: a da gripe suína
(H1N1), que durou de 2009 à 2010, e a do novo coronavírus, SARS-CoV-2, COVID-
19. Esta última foi identificada no final do ano de 2019, na cidade chinesa de Wuhan,
onde observou-se um novo vírus da família dos coronavírus com potência pandêmica.
No início do ano seguinte ele espalhou-se pelos demais países, tomando a forma de
uma pandemia. A COVID-19 pode ser considerada a primeira pandemia da era da
tecnologia, pós popularização dos smartphones e computadores no Brasil.
Para melhor compreender o tema, é importante atentar para o conceito de uma
pandemia. Segundo o Instituto Butantan (2021) “uma enfermidade se torna uma
pandemia quando atinge níveis mundiais, ou seja, quando determinado agente se
dissemina em diversos países ou continentes, afetando muitas pessoas”. Para o
combate às doenças de tais proporções, é necessária a adoção de medidas por vezes
drásticas, enquanto a ciência estuda a cura e as vacinas para este mal. Até a data de
18 de outubro de 2021, a COVID-19 já havia ceifado 4.890.424 vidas, segundo dados
da Organização Mundial da Saúde. De acordo com pesquisa conduzida por Schöley
(2021), “a pandemia COVID-19 desencadeou aumentos de mortalidade significativos
em 2020 de uma magnitude não testemunhada desde a Segunda Guerra Mundial na
Europa Ocidental ou a dissolução da União Soviética na Europa Oriental”.
Devido à inércia do Governo Federal, que não adotou medidas para o combate
à pandemia em todo o território nacional de maneira uniforme, os governos estaduais
foram forçados a adotar as medidas de combate à COVID-19 recomendadas pela
ciência, como a obrigatoriedade do uso de máscaras, o fechamento de fronteiras e o
distanciamento social rígido. O governador do Estado do Ceará, Camilo Santana,
promulgou o decreto Nº33.510, de 16 de março de 2020, que “Decreta emergência
em saúde e dispõe sobre medidas para enfrentamento e contenção da infecção
humana pelo novo coronavírus”, decreto esse que teve sucessivas prorrogações
durante o decorrer da pandemia:
Art. 3º Ficam suspensos, no âmbito do Estado do Ceará, por 15 (quinze) dias:
[...] III - atividades educacionais presenciais em todas as escolas,
universidades e faculdades, das redes de ensino pública, obrigatoriamente a
partir de 19 de março, podendo essa suspensão iniciar-se a partir de 17 de
março [...] (DECRETO ESTADUAL Nº33.510, 2021).

Medidas de isolamento social perduraram por um prazo prolongado, fazendo com


que houvesse a necessidade da adoção do ensino remoto. As secretarias de
educação e escolas das cidades tiveram que adotar meios de implementar essa
modalidade de ensino. Porém encontraram barreiras, como a resistência de alguns
alunos e a dificuldade de alguns professores não habituados com a educação à
distância e seus paradigmas, bem como com as tecnologias necessárias para
realização da mesma.
Este artigo tem como objetivo analisar o papel da tecnologia para a manutenção
do ensino público durante a pandemia e quais os impactos provocados na educação
na cidade de Várzea Alegre, no interior do Ceará, assim como trazer ao debate a
discussão sobre a temática, analisando de um ponto de vista técnico o papel do
software em meio a essa avassaladora pestilência, e as dificuldades enfrentadas pelos
docentes e discentes no contexto da educação remota.
A importância do desenvolvimento do presente artigo se justifica uma vez que
é necessário realizar um estudo e reflexão sobre esse tema tão relevante e atual no
cotidiano da sociedade contemporânea, que enfrenta as máculas deixadas pela
COVID-19 e, tendo em conta o papel fundamental da educação no contexto da
sociedade, faz-se necessário um estudo de como o ensino remoto impactou a
educação nesse período, sendo importante também elencar e debater sobre as
dificuldades encontradas por esses profissionais ao serem submetidos, de forma
abrupta, à adoção da tecnologia para a realização de aulas online.
Para essa análise, o presente artigo irá basear-se nos dados e paradigmas
enfrentados pela educação na cidade de Várzea Alegre, interior do Cariri, que tem
uma população estimada de 41.078 habitantes, segundo dados do IBGE - Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - (2021), e entendida pelo autor como um bom
campo de pesquisa para entender a educação no período da pandemia.

2 O IMPACTO DA PANDEMIA PARA OS DOCENTES

A humanidade tende, em períodos difíceis como guerras, ou prestes a mudar


sua forma de compreender o mundo que os rodeia, a ser levada a adotar novas formas
de realizar ações cotidianas. A pandemia de COVID-19 trouxe uma novidade nunca
vista em outras pandemias: a inserção do trabalho remoto como alternativa para a não
paralisação total das atividades não essenciais. Com o setor da educação não foi
diferente. Porém, pela falta de um trabalho prévio de inclusão digital de professores,
os mesmos encontraram uma barreira para o bom aproveitamento dessa experiência.
Na sociedade atual, é impossível negar que a internet faz parte do cotidiano,
tendo esta ferramenta grande quantidade de conteúdos e conhecimento nas mais
variadas áreas, de forma rápida e prática, sendo, portanto, um forte instrumento a ser
inserido no contexto do processo de lecionar. Porém faz-se necessária a tomada de
atitudes de inclusão digital e treinamento para professores, principalmente os mais
experientes, acerca de como introduzir essa ferramenta no interior de suas salas de
aula já que, por não ser uma realidade no período de graduação desses profissionais,
elas e eles não tiveram em suas graduações a oportunidade de um estudo
aprofundado sobre o paradigma da educação remota.
No presente contexto pandêmico, a não realização dessas atividades de
inclusão e especialização de profissionais da educação acerca do uso da internet se
justifica pela necessidade da tomada de atitudes de forma emergencial. Porém não se
pode negar que tais ações deveriam ter sido adotadas a partir do momento em que a
internet ocupou um papel essencial na sociedade.
Os docentes então encontram barreiras frente ao seu despreparo para lidar
com um paradigma totalmente novo, uma vez que se deve lembrar que a missão
desses profissionais vai bem além de repassar a grade curricular para o aluno. Ela
também envolve a necessidade de formar cidadãos capazes de pensar criticamente
sobre a realidade à sua volta. “O mais importante no ensino não é o currículo, mas o
aprendizado como a mais básica atividade humana” (SCOTT, 2015).
O movimento Todos pela Educação realizou no ano de 2017 uma pesquisa
intitulada “O que pensam os professores brasileiros sobre a tecnologia digital em sala
de aula” e concluiu que “A falta de oportunidades de formação é apontada como razão
para o não uso da tecnologia digital com os alunos por 57% dos professores que dizem
nunca usar esse recurso” (MOVIMENTO TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2017). Apesar
do forte potencial pedagógico do uso de tecnologias agregadas à sala de aula, os
profissionais encontraram barreiras para o seu uso. A pesquisa fez o levantamento de
duas possíveis razões para essa resistência: a falta de infraestrutura e a falta de uma
formação adequada para a inserção da Internet e demais tecnologias no contexto da
sala de aula:
Para a maioria dos professores os aspectos limitadores mais frequente para
o uso de recursos tecnológicos são a falta de infraestrutura – como poucos
equipamentos (66%) e velocidade insuficiente da internet (64%) – e falta de
formação adequada – aproximadamente 40% nunca fizeram cursos gerais de
informática ou de tecnologias digitais em Educação (MTPA-MOVIMENTO
TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2017).

Além das dificuldades no trato com a tecnologia, outros problemas foram


incorporados no cotidiano dos docentes: a dificuldade de prender a atenção dos
alunos, a vergonha de gravar vídeos, a dificuldade do feedback recebido na relação
aluno-professor, a pressão por adaptação e por resultados, a preocupação com alunos
que não tem acesso à internet, e o acúmulo de tarefas, haja vista que a maioria das
escolas não estavam prontas para trabalhar no modelo home office. Terminaram
adotando cargas horárias às vezes superiores às definidas, quebrando a barreira
existente entre horário de trabalho e de lazer, o que culminou por causar problemas
psicológicos, como estresse e ansiedade:
Os professores, por exemplo, em razão da suspensão das aulas por conta do
distanciamento social, precisam lidar com a pressão de adaptar-se a
ferramentas virtuais, preparar atividades que mantenham os alunos
estimulados e, ao mesmo tempo, estar disponíveis para esclarecer dúvidas.
Também se preocupam com o bem-estar e alimentação dos alunos, além de
questões como conectividade para que ninguém fique para trás durante a
suspensão das aulas (OLIVEIRA, 2020).
Ao abordar o tema, é inegável concluir que o papel do educador se tornou ainda
mais complexo, uma vez que foi necessária a adoção desse novo paradigma sem um
período de transição, portanto gerando problemas e incertezas no docente de como
atingir seus alunos. As dificuldades atingiram principalmente professores experientes,
habituados às aulas tradicionais em suas classes, que comumente apresentam
dificuldades com uso e manuseio da tecnologia para transmitir conhecimentos.
Outro problema encontrado por esses profissionais foi a excessiva carga de
trabalho e as cobranças sobre eles, agregando mais esse desafio a uma profissão que
comumente apresenta dificuldades como salas superlotadas, aponta pesquisa do
PISA do ano 2018 realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (2018). Às vezes recursos precários, baixas
remunerações e o acúmulo de funcionalidades são realidades nas pequenas cidades
do Cariri:
Nos países integrantes da OCDE, em média, há cerca de 13 alunos por
professor, com destaque para a Argentina (10,2), Portugal (10,4) e Finlândia
(10,9), que apresentaram as menores proporções. O Brasil (29) e o México
(33) estão entre os que apresentam os maiores índices. As regiões
geográficas brasileiras obtiveram resultados variados: a região Sul
apresentou a menor proporção aluno-professor (19,3), enquanto a região
Norte (35,5) obteve o maior resultado dentre as demais (INSTITUTO
NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO
TEIXEIRA, 2018).

Profissionais da área do ensino, mesmo sendo competentes, tendem ao longo


da carreira a acumularem patologias psicológicas, como depressão, burnout e
ansiedade; e físicas, como o desgaste vocal e lesões por esforço repetitivo. Um estudo
realizado por Gasparini, Barreto e Assunção (2006) acerca de transtornos mentais em
professores cita que “Educadores correm o risco de sofrer esgotamento físico ou
mental, em face das dificuldades materiais e psicológicas associadas ao exercício da
atividade docente”.

2.1 Dificuldades na pandemia por docentes da cidade de Várzea Alegre (CE)

Uma dificuldade que muitos professores da rede pública da cidade de Várzea


Alegre se depararam foi a falta de equipamentos para suas aulas como fones,
microfones e, por vezes, até mesmo de computadores ou de uma internet que
suportasse a demanda de uso de rede. Os próprios docentes tiveram que se
responsabilizar e arcar com as despesas da aquisição desses equipamentos, sem o
recebimento de nenhum auxílio por parte do município empregador. Portanto frente a
inercia do governo municipal, adotando poucas medidas que não surtiram efeitos
práticos os profissionais tiveram que, cada um a seu modo, conseguir equipamentos
e aprender como trabalhar em meio a este novo paradigma.
Segundo O Decreto-Lei Nº 5.452, de 1º de maio de 1943, também conhecido
como CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 75-D, é
responsabilidade do empregador arcar com tais custos. Porém o decreto-lei ressalta
a necessidade de um contrato escrito. Com base nisso, e tendo em vista que na época
desses contratos não foi prevista a possibilidade do trabalho remoto, muitos desses
contratos foram assinados em uma época em que computadores e internet pareciam
uma realidade distante:
[...] art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição,
manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da
infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem
como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas
em contrato escrito (DECRETO Nº5.452, 1943).

Durante esse período foi possível perceber a dificuldade não só dos


professores em adaptar-se ao modelo de trabalho remoto como também dos alunos e
das escolas, principalmente pela falta de um planejamento e treinamento de como
seria implementado o modelo de trabalho adotado. Muitos desses professores
terminaram sentindo na pele um dos principais equívocos cometidos em instituições
que aderem a esse modelo de trabalho sem a realização de um planejamento e estudo
prévio: o erro de não compreender que, mesmo em modelo home-office, os
profissionais possuem cargas horárias. Sendo assim, não estão disponíveis para a
escola/empresa por períodos fora de sua jornada diária. Lemos (2021), em artigo
escrito no jornal Folha de São Paulo, destaca que o período pandêmico foi um período
árduo, uma vez que foram comuns jornadas que ultrapassaram dez horas diárias, sem
horários de serviço definidos.
Foram inúmeras as dificuldades dos professores em se adaptar ao período de
educação remota. Desde as dificuldades mais simples; como o fato desses
profissionais não terem alguns equipamentos necessários para o exercício das aulas,
pouca familiaridade com ferramentas de ensino remoto, já que nesse período
precisaram se familiarizar de forma rápida com ferramentas de reuniões online, diários
virtuais, entre outros pequenos empecilhos; até problemas mais complexos; como a
necessidade de buscar uma forma de prender a atenção dos alunos, e uma maneira
de receber um feedback dos alunos, que muitas vezes estavam com câmeras e
microfones desligados.

3 AULAS ONLINE E AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ALUNOS

Os alunos, durante o período de aulas na modalidade remota, passaram, assim


como os docentes, por muitas dificuldades, como não estarem habituados com o
paradigma de aulas online e, tendo em mente que grande parte dos discentes,
principalmente de escolas públicas, são de família pertencentes à classe média baixa
ou de classe baixa, passaram por algumas dificuldades decorrentes da sua situação
financeira, como o acesso a uma boa internet ou telefone celular, tablets,
computadores e notebooks. Ou seja, muitos não têm o acervo tecnológico mínimo
para o acompanhamento das aulas remotas, o que por sua vez, em muitos casos,
acarretou o endividamento de alguns pais para a aquisição desses aparelhos, isso em
um momento onde muitos perderam sua fonte de renda devido às políticas de
distanciamento social.
O acesso à internet, apesar de fazer parte do cotidiano da maioria dos
brasileiros, ainda está longe do ideal, principalmente quando pegamos recortes
populacionais menos favorecidos da sociedade. Essa desigualdade, em um contexto
como foi o período pandêmico, onde as escolas foram fechadas e as aulas transferidas
para um ambiente virtual, gera inúmeros desafios para a escola e para o Estado, uma
vez que a educação é direito de todos e dever do Estado. Porém os alunos não
possuíam um meio de ter acesso às aula ministradas de forma online, o que gera uma
disparidade entre o acesso à educação pelas classes sociais mais privilegiadas em
relação às mais desfavorecidas, gerando um déficit educacional para esses alunos e
comprometendo seu futuro acadêmico:
Sobre acesso à internet, o Brasil tem hoje situação em que 67% dos
domicílios possuem acesso à rede, sendo esse percentual muito diferente
entre classes sociais: 99% para aqueles da classe A, 94% na B, 76% na C e
40% na DE, como apresentado no quadro a seguir. Para os domicílios que
não têm atualmente acesso à internet, o motivo mais apontado como o
principal pelo não acesso é o alto custo (27%), seguido do fato de os
moradores não saberem usar a internet (18%). Dados como esses indicam a
necessidade de se flexibilizar a disponibilização de internet às comunidades
mais vulneráveis enquanto a situação de distanciamento social se fizer
necessária, para tentar elevar o acesso de estudantes à rede e buscar reduzir
potenciais efeitos na desigualdade educacional (TODOS PELA EDUCAÇÃO,
2020, p. 9).
O percentual de estudantes de 13 a 17 anos de idade com computador ou
notebook e acesso à internet no Estado do Ceará, com base nos dados levantados na
Tabela 1, tem, em sua rede pública, um percentual equivalente a 32,4% de alunos que
se encaixam nesse perfil, dado esse que ao ser comparado com o percentual da rede
privada, de 79,9%, demonstra a desigualdade da realidade cearense refletida na
educação. Quando comparados aos dados à nível nacional percebemos que, apesar
da média brasileira de estudantes nesse perfil ser maior (47,8%), ainda são valores
muito baixos, principalmente quando comparados aos 89% das redes particulares.

Tabela 1 - Percentual de estudantes de 13 a 17 anos de idade com computador ou notebook e


acesso à internet em casa por rede de ensino, de acordo com IBGE (2021).

Grandes regiões e Rede de ensino


Unidade da Federação
Pública Privada

Maranhão 17,0% 73,3%

Piauí 27,6% 81,2%

Ceará 32,4% 79,9%

Rio Grande do Norte 38,4% 85,8%

Paraíba 32,8% 82,8%

Pernambuco 38,1% 82,6%

Alagoas 28,0% 80,4%

Sergipe 31,2% 81,8%

Bahia 36,7% 83,7%

Nordeste 32,1% 81,7%

Brasil 47,8% 89,0%


Fonte: Elaborada pelo autor (2023), baseado no relatório chamado de Síntese de Indicadores Sociais,
IBGE (2021).

A falta das condições básicas de muitos alunos para acompanharem as aulas


remotas levanta um ponto de reflexão importante acerca da realidade social brasileira,
um país com muitas marcas de injustiça e desigualdades sociais. Então surge a
dificuldade de como esses alunos poderiam acompanhar as aulas remotas, uma vez
que a educação não pode excluir alunos de classes sociais mais pobres, pois se assim
o fizesse não seria instrumento de libertação, mas de segregação. Para o Unicef -
Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância - (2021), nos
últimos anos o Brasil vinha avançando lentamente no acesso de crianças e
adolescentes à escola. Com a pandemia da COVID-19, no entanto, o País corre o
risco de regredir duas décadas. Isso levanta um alerta sobre a necessidade da
intervenção do poder público, visando acessibilidade dos alunos às aulas online, uma
vez que a Constituição Federal de 1988 define “[...] educação, direito de todos e dever
do Estado e da família”.
Com escolas fechadas por causa da pandemia, em novembro de 2020, quase
1,5 milhão de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não frequentavam a
escola (remota ou presencialmente). A eles, somam-se outros 3,7 milhões
que estavam matriculados, mas não tiveram acesso a atividades escolares e
não conseguiram se manter aprendendo em casa. No total, 5,1 milhões
tiveram seu direito à educação negado em novembro de 2020 (UNICEF,
2021)

Algo bastante comum entre os discentes foi a dificuldade de manter-se focado


no conteúdo das aulas. Muitos não estão habituados a essa forma de estudo, que
requer um grau maior de concentração, uma vez que, estando no conforto dos seus
lares e acompanhando as aulas em meios digitais, computadores, notebooks e
smartphones, o cérebro dos discentes é constantemente bombardeado com
distrações, como notificações de redes sociais.
Vários fatores sociais também se uniram às dificuldades tecnológicas para
dificultar o aprendizado dos alunos: a falta de um espaço adequado para o estudo,
uma vez que geralmente eram utilizados espaços comuns da casa, onde ocorriam
conversas paralelas; ambientes familiares conturbados, às vezes, com discussões
entre familiares. Por esses alunos estarem em casa, alguns pais os colocavam para
ajudar nos afazeres do cotidiano, não permitindo ao aluno um momento de
concentração e, a mais preocupante das dificuldades, e que escancara as
desigualdades sociais vividas no Brasil, é a fome desses estudantes, uma vez que os
números relativos à fome no Brasil foram alavancados assustadoramente no período
pandêmico, pois muitos desses alunos realizam na escola sua única refeição do dia.
Nesse período, 58,7% dos brasileiros conviviam com algum grau de insegurança
alimentar, segundo levantamento do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar
no Contexto da Pandemia de Covid-19 (2022), que entrevistou 12.745 residências em
todos os estados da federação, entre novembro de 2021 e abril de 2022.
O aluno, mesmo “presente” em suas aulas virtuais, muitas vezes cedia a
impulsos do sistema de recompensas do cérebro, uma vez que atividades como jogar
um jogo eletrônico, assistir séries ou utilizar redes sociais são muito mais prazerosas,
no curto prazo, do que concentrar-se em uma aula. O cérebro, ao passar por uma
experiência prazerosa, produz um neurotransmissor chamado dopamina que ativa o
sistema de recompensas. Por isso, ele tende a buscar formas mais fáceis de obter
dopamina, baseado em experiências anteriores:
O chamado sistema de recompensa do cérebro é o circuito que processa a
informação relacionada à sensação de prazer ou de satisfação. É algo
evolutivamente muito antigo, presente inclusive em diversos animais. Ele
existe pela sobrevivência. O animal precisa ter algo que o motive a buscar
alimento ou sexo, por exemplo. São elementos que são caros para a
sobrevivência dele ou da espécie. O problema é que nem todos os prazeres
da nossa vida contemporânea são fundamentais para a sobrevivência –
alguns, inclusive, podem fazer mal (G1, 2019).

O ensino remoto levou as salas de aula para o seio familiar, tornando ainda
maior a necessidade do acompanhamento dos pais no processo de aprendizagem dos
alunos, principalmente dos anos iniciais da educação, onde o aluno não possui
diretamente acesso a ferramentas necessárias para o estudo, e também o papel ainda
mais importante dessas figuras para fortalecer os alunos nos desafios naturais de
adaptação ocorridos nessa transição:
O envolvimento afetivo dos pais no acompanhamento dos filhos, além de
fortalecer o vínculo, beneficia e favorece a criança em seu desenvolvimento,
bem como beneficia também os pais na construção da aprendizagem do seu
filho e no seu desenvolvimento enquanto sujeito. Neste contexto, os pais
tiveram, de improviso, que aprender a ensinar e acompanhar os filhos, tanto
no que tange ao pedagógico, quanto a tecnologia, além de se adequar às
aulas gravadas, vídeo conferências, enfim, às aulas remotas com atividades
síncronas e assíncronas, nas quais o aluno recebe o material e em dado
momento do dia acesse a aula de modo online (LUNARDI et al, 2021, p. 3).

A pandemia da COVID-19 foi um período complicado em muitos âmbitos para


a sociedade, e na educação pública da região Cariri cearense não foi diferente. Foi
durante esse período que se explicitou o quanto a educação brasileira, em muitos
locais, não está preparada para o uso das novas tecnologias, mesmo vivendo em um
contexto de um mundo cada vez mais conectado. Os problemas encontrados pelos
professores assemelham-se bastante com os dos alunos. Algo bastante preocupante
que se tornou evidente é a diferença social gritante existente no Brasil, que foi refletida
na dificuldade dos alunos da rede pública de acompanharem as aulas por falta de
computadores ou acesso à internet.

4 METODOLOGIA

Para alcançar o melhor desenvolvimento deste trabalho e compreender a realidade


estudada, bem como obter resultados concisos, fez-se necessário um percurso
metodológico sólido para analisar as dificuldades enfrentadas por alunos e
professores durante o período de aulas remotas, devido à pandemia da COVID-19, na
cidade de Várzea Alegre.
Para compreender o tema e suas nuances, fez-se necessário um
embasamento teórico acerca das problemáticas aqui tratadas, obtido através da
realização de pesquisa bibliográfica feita em materiais relacionados à temática e
encontrados em artigos científicos, livros e sites, buscando compreender de forma
clara e concisa o objetivo proposto. A pesquisa bibliográfica é uma das etapas
cruciais de um processo investigativo. Nela, deve-se adotar cautela na escolha dos
materiais analisando, além do seu teor, quem são seus autores buscando, assim,
informações advindas de escritores conceituados na área de pesquisa que serviram
de base para guiar a forma de analisar a problemática trabalhada:
Através das considerações expostas, é possível afirmar que para a realização
de uma pesquisa bibliográfica é imprescindível seguir por caminhos não
aleatórios, uma vez que esse tipo de pesquisa requer alto grau de vigilância
epistemológica, de observação e de cuidado na escolha e no
encaminhamento dos procedimentos metodológicos. Estes, por sua vez,
necessitam de critérios claros e bem definidos à medida que se constrói a
busca por soluções ao objeto de estudo proposto (MIOTO; LIMA, 2007).

No desenvolvimento do presente artigo fez-se necessário o uso de metodologia


de pesquisa quantitativa aplicada junto ao público-alvo: professores que passaram
pela experiência do ensino remoto no período pandêmico. Para melhor delimitar o
espaço geográfico tomou-se por modelo a cidade de Várzea Alegre, que passou por
problemas comuns às demais cidades do Cariri.
[...] a pesquisa quantitativa é uma modalidade de pesquisa que atua sobre um
problema humano ou social, é baseada no teste de uma teoria e composta
por variáveis quantificadas em números, as quais são analisadas de modo
estatístico, com o objetivo de determinar se as generalizações previstas na
teoria se sustentam ou não (KNECHTEL, 2014).
A análise de dados será feita pelo autor por meio de filtragem das respostas
obtidas no questionário aplicado, avaliando-as de forma objetiva e traçando um
paralelo entre o conhecimento teórico e a experiência vivida pelos docentes e
discentes participantes do questionário.
A pesquisa foi realizada por meio de um formulário aplicado na plataforma
Google Forms que esteve disponível no link https://forms.gle/fcxeV2wumrNQTUSY8
durante os dias 15 de outubro de 2021 e 28 de outubro de 2021. A aplicação do
formulário foi realizada com professores do município de Várzea Alegre, uma pequena
cidade localizada na região Cariri, com 6.751 alunos matriculados em 37 escolas no
ensino fundamental e médio segundo o Censo Escolar de 2020/INEP. Foi atingido um
número total de 43 respostas de professores que atuam na rede municipal e estadual
de ensino. Os dados obtidos foram analisados e cruzados no presente artigo buscando
compreender a situação como um todo.
A pesquisa foi composta por 12 perguntas que enquadraram aspectos pessoais
e técnicos, composta de questões envolvendo ferramentas utilizadas, dificuldades
encontradas e conhecimentos obtidos. As respostas serão analisadas de forma não
nominal e quantitativa, prática que foi adotada para que não fossem afetadas as
respostas obtidas, mantendo assim um vínculo de confiança entre pesquisador e
pesquisado.
Foi perguntado, no formulário, em qual escola e em qual série os professores
lecionavam. A relação entre professores e escolas está disposta na Tabela 2. É
importante recordar que 2 professores relataram lecionar em 2 escolas diferentes por
isso totalizando 45 escolas. A relação entre docentes e faixa etária para a qual
lecionam está disposta no Gráfico 1, salientando que 6 profissionais relataram
encaixar-se tanto na categoria de 1º a 5º ano do ensino fundamental como de 6º ao
9º do ensino fundamental.

Tabela 2 - Levantamento de professores nas escolas

Escola Qnt. de professores

Colégio São Raimundo Nonato 1

EEIF São Pedro 1

EEIF Professora Maria Elia Costa Ferreira Soares 1


Escola Dr Dário Batista Moreno 1

Escola Ormecinda Siebra Leite 1

Escola Maria Amélia Gonçalves Costa 1

EEF José Sérgio da Costa 1

EEF Maria Siebra de Morais 2

EEIF João Gonçalves Bezerra 2

EEF Raimundo Mendes de Freitas 2

EEM José Correia Lima 3

Escola Zulmira Siebra Leite 4

EEEP Dr. José Iran Costa 5

EEIF Professora Maria Anésia Ferreira Lima 7

EEIFM Dr Pedro Sátiro 13


Fonte: Dados da pesquisa (2023).
Gráfico 1 - Faixa etária de atuação dos professores

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Ao questionar os profissionais se eles já haviam trabalhado com a educação


remota antes da pandemia da COVID-19 nota-se que a maioria dos profissionais
nunca havia trabalhado com a educação remota. Sendo assim, esta seria para estes
profissionais um paradigma totalmente novo o que naturalmente gerou insegurança
nos docentes frente a esse desafio.

Gráfico 2 - Professores que já haviam antes da pandemia trabalhado com ensino remoto
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Ao confrontar as informações do Gráfico 2 com a representada no Gráfico 3,


acerca de qual modelo esses profissionais considera ideal, pode-se perceber que
90,7% preferiram que a educação fosse mantida de forma presencial e somente 9,3%
optaram por uma opção mista. Nenhum desses profissionais indicou o desejo de
manter o modelo remoto, o que vai na contramão dos resultados de uma pesquisa
vinculada ao portal G1 (2021), realizada com profissionais também de outras áreas,
que conclui que “86% dos profissionais entrevistados gostariam de trabalhar
remotamente com mais frequência quando as restrições de permanência em casa
sejam flexibilizadas”. Porém os dados vão de encontro com os obtidos pelo instituto
Península (2020), que apontou que 83% dos professores não se sentiam preparados
para o ensino remoto, o que demonstra que na área da educação esse sentimento é
comum entre docentes, mesmo que não compartilhado com profissionais de outras
áreas.

Gráfico 3 - Qual modelo de ensino no qual os professores gostariam de atuar depois da


pandemia
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Os dados do Gráfico 3 se justificam ao analisar-se as dificuldades encontradas


pelos professores nesse período, onde 69,8% dos profissionais enfrentaram as
dificuldades de prender a atenção dos alunos e a carga de trabalho excessiva,
gerando exaustão. Esse nível de cansaço pode ser justificado ao analisar que 53%
relataram cobrança excessiva por resultados e a dificuldade de adaptar-se ao
paradigma educacional e 51,2% encontraram dificuldade de familiarizar-se com a
tecnologia.

Gráfico 4 - Dificuldades encontradas pelos docentes durante o período de ensino remoto

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Ainda sobre o Gráfico 4, é interessante notar que 18,6% dos profissionais


enfrentaram todos os problemas presentes nas alternativas e 93,02% relataram que
passaram por mais de uma dessas dificuldades. Importante ressaltar as respostas
obtidas na opção “Outros”, onde o docente poderia escrever com suas palavras os
problemas encontrados. Foram obtidas as seguintes repostas: “Tempo total para os
alunos, você não tinha tempo nem de dormir, chegando atividades toda hora”,
resposta essa que ressalta a carga excessiva de trabalho desses profissionais. A
resposta “A incerteza da aprendizagem, uma vez que não podia usar outra forma de
comunicação ou tecnologia com as crianças uma vez que o telefone usado era dos
pais” indica a dificuldade, principalmente dos alunos de 1º ao 5º ano de ensino
fundamental, de ter contato com os professores, uma vez que para acessar a internet
necessitavam utilizar o smartphone dos pais. Esse dado vai ao encontro da resposta:
“Dificuldade em obter os feedbacks de alguns alunos, assim como de alcançar outros
devido à falta de acesso e/ou dispositivos tecnológicos”.
Ao analisar de forma geral os dados pode-se perceber que, preocupantemente,
51% de professores relataram que tiveram dificuldade com a tecnologia e, ao
aprofundar-se na faixa etária de professores com mais de 40 anos, que representa
uma fatia de 69,8% dos entrevistados (30 entrevistados), como demonstrado no
Gráfico 5, pode-se notar que essa dificuldade é comum a 66,67% dos profissionais
dessa faixa etária (20 entrevistados), o que escancara a necessidade da inclusão
digital desses profissionais no uso de ferramentas educacionais.

Gráfico 5 - Faixa etária dos docentes

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Ao realizar o cruzamento de dados, analisando as respostas dos docentes com


40 anos ou mais, faixa etária com maior número de docentes, pode-se perceber que
dentre eles o problema da adaptação com a tecnologia foi comum a 66,66%, e que os
mesmos 63,33% declaram fazer parte dos perfis “Uso a internet somente para realizar
pesquisas sobre atividades, e para acessar minhas redes sociais” e “Tenho
familiaridade com o meio de comunicação digital, consigo realizar pesquisas, editar
textos, utilizar redes sociais, porém tenho dificuldades com novas ferramentas”.
Para buscar desvelar a dificuldade com a tecnologia enfrentada por esses
profissionais é necessária a análise do Gráfico 6, que trata sobre as tecnologias
utilizadas, que pode passar alguns sinais dos problemas abordados anteriormente.
97,7% dos profissionais relataram o uso do WhatsApp como ferramenta nesse
período. Wolf (2020) escreve em seu artigo no jornal Estadão, após entrevista com
especialistas em home-office, que o WhatsApp possui dificuldades para realizar
administração do conhecimento, uma vez que é uma ferramenta de uso pessoal, o
que termina por misturar assuntos pessoais e profissionais, podendo inclusive gerar a
perda de informações.

Gráfico 6 - Plataformas utilizadas para viabilizar o ensino remoto

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Para melhor analisar essas dificuldades com a tecnologia, o presente artigo


optou por realizar uma entrevista com professores que relataram essa dificuldade.
Para a professora Gilca Maria de Lima, professora há 33 anos, “A dificuldade estava
em organizar tantos grupos e conversas no WhatsApp, bem como criar as atividades,
geralmente imprimimos a atividade e os desenhos, fazemos as colagens no papel e
posteriormente tiramos cópias, mas no home-office isso fica bem mais difícil de se
fazer, sempre preciso de ajuda do meu filho para fazer as atividades”. Portanto
podemos encontrar na fala da docente que a dificuldade, além do grande número de
conversas distintas em sua rede social particular, é a falta de habilidade para trabalhar
com editores de texto, principalmente com turmas mais jovens, nas quais as atividades
necessitam de mais ilustrações para se tornarem atrativas para as crianças.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, vive-se um momento singular no percurso da humanidade, definido


como Era da Informação. A principal característica desse período é a existência de
constantes mudanças na tecnologia e uma quantidade absurda de conteúdo e
informações produzidos a cada momento. Porém a pandemia trouxe à tona um novo
questionamento que até então não havia sido abordado: se o Estado e as instituições
de ensino realmente estão preparando os docentes para lidar com a tecnologia no
contexto da sala de aula. Não há dúvidas que esse período trouxe, além de suas
mazelas, a necessidade de repensar como a sociedade utiliza a internet para o
trabalho.
No presente momento epidemiológico da pandemia, com o avanço da
vacinação, o número de leitos disponíveis de UTI começa a aumentar, e o número de
casos confirmados e óbitos diários começa a diminuir, e a vida, aos poucos, começa
a encaminhar-se para a sua normalidade, mesmo que ainda com algumas medidas
de proteção. Porém algo que a História ensina para a humanidade é que sempre
haverá uma próxima epidemia e pandemia e por isso é importante que nesse momento
sejam adotadas medidas de preparação dos profissionais da educação para serem
inseridos no mundo da tecnologia, pois até mesmo a pandemia da COVID-19 não está
totalmente vencida, o que pode gerar nova necessidade de um novo isolamento social
rígido e esse docentes e instituições de ensino têm que estar prontos para os novos
desafios no processo de ensinar e aprender.
Faz-se necessário também que o poder público forneça meios de uma inclusão
digital de todos os estudantes, uma vez que em momentos como o da pandemia da
COVID-19 a única forma de manter o funcionamento das aulas foi de forma digital. A
inclusão digital tem o poder de definir quais alunos têm acesso à educação, como
ocorreu com as classes sociais mais vulneráveis que ficaram sem esse acesso.
Os professores e instituições de ensino não estavam preparados para essa
mudança de paradigma educacional, e foram muitas as barreiras encontradas.
Portanto é necessário que as escolas e o poder público, por meio de secretarias de
educação, promovam treinamentos e aperfeiçoamento dos docentes em questões
como inclusão digital e conhecimento de tecnologias, possibilitando a continuidade
das atividades do magistério em eventualidades como o período pandêmico,
mantendo-se um nível aceitável de qualidade no ensino.
Para cumprimento do artigo 205 da Constituição Federal, que assegura o direito
a educação, deve-se ter de forma mais forte e ampla programas de inclusão digital e
formação continuada dos profissionais, para que em momentos como o da pandemia
do COVID-19 a educação possa adaptar-se de forma fácil, permitindo a continuidade
das atividades de forma remota. Alguns programas que surgiram no período
pandêmico para esse fim foram o WIFI Brasil do Governo Federal, criado por meio da
portaria Nº 2.460 do Ministério das Comunicações, e o programa de distribuição de
chips com acesso à internet adotado pelo governo do Estado do Ceará. Porém ainda
se fazem necessários mais projetos que assegurem a inclusão digital universal dos
estudantes.
Foi possível analisar como se deu o ensino no período da pandemia de COVID-
19 na cidade de Várzea Alegre. A tecnologia teve papel vital para amenizar o débito
educacional que poderia ser gerado caso as aulas fossem inteiramente suspensas
durante todo período pandêmico. Apesar das muitas dificuldades encontradas no
percurso, a tecnologia possibilitou a manutenção do ensino, atenuou os impactos
negativos que poderiam ser gerados com a paralisação e evidenciou a necessidade
de ser incluída no processo de ensino e aprendizagem em um mundo cada vez mais
conectado.

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20comunica%C3%A7%C3%A3o%20no%20home%20office.&text=%E2%80%9CNo%20Wha
tsApp%2C%20%C3%A9%20dif%C3%ADcil%20fazer,as%20informa%C3%A7%C3%B5es%
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