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Apostila Do Curso Fisioterapia de Esporte

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Sumário

FISIOPATOLOGIA .................................................................................................................... 4

Mecanismos de Lesão celular...................................................................................................... 4

Edema ........................................................................................................................................ 10

Quimiotaxia ............................................................................................................................... 12

Mediadores Químicos ............................................................................................................... 12

Hiperplasia: Fisiológica............................................................................................................. 13

Hiperplasia: Patológica ............................................................................................................. 13

Lesão e etapas de reparação dos tecidos muscular, tendíneo, ósseo e cartilaginoso ................. 21

MÚSCULOS ............................................................................................................................. 29

OSSO ......................................................................................................................................... 30

Técnicas e agentes fisioterapêuticos empregados na reabilitação das lesões desportivas. ....... 33

CRIOTERAPIA ........................................................................................................................ 34

TERMOTERAPIA .................................................................................................................... 38

DIATERMIA ............................................................................................................................ 44

ELETROTERAPIA ................................................................................................................... 50

Propriocepção no esporte .......................................................................................................... 62

Propriocepção utilizada para reabilitação de lesões .................................................................. 64

Biomecânica – Influência no desporto ...................................................................................... 66

Etimologia da palavra e primeiros biomecânicos...................................................................... 66

Era industrial ............................................................................................................................. 67

Biomecânica no desporto .......................................................................................................... 68

Parâmetros biomecânicos .......................................................................................................... 68

Dinamometria ............................................................................................................................ 70
Eletromiografia.......................................................................................................................... 72

Antropometria ........................................................................................................................... 74

Biomecânica no desporto - Aumento da performance e tratamento de lesões .......................... 77

Biomecânica no desporto – estado de arte e inovações ............................................................ 80

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 84
FISIOPATOLOGIA

A disciplina de fisiopatologia faz parte do currículo de formação em


massoterapia, pois, nós como profissionais da área da saúde, devemos ter ao menos um
conhecimento básico de algumas disfunções do nosso organismo, afinal, é justamente
com isso que iremos trabalhar, disfunções. Um paciente que procura o massoterapêuta
referindo dores nas costas pode ter algo além de contraturas musculares, pode haver ali
uma hérnia de disco ou uma espondilolistese. Mas o que é isso? É esta a pergunta que
os seus pacientes irão fazer a você, massoterapêuta, no momento em que lerem, como
leigos, o laudo de um raio x ou qualquer outro tipo de exame. Não é necessário que
nós saibamos todos os tipos de patologias, isto seria impossível, mas as mais comuns
(trombose, artrite, artrose, osteoporose, fraturas etc), iremos abordar nesta disciplina.
Em fisiopatologia iremos interligar os conhecimentos em biologia, histologia,
anatomia e fisiologia, ou seja, primeiro conhecemos como é o “funcionamento
normal” (fisiológico) do nosso organismo, para agora conhecer o seu
“nãofuncionamento” ou o seu “funcionamento anormal”. Para que possamos
compreender o que ocorre nestas disfunções, primeiramente vamos entender como se
dá o processo de lesão celular, suas causas e consequências, para depois partirmos para
estruturas maiores.

Mecanismos de Lesão celular

O que é patologia?
É definido como o estudo do sofrimento humano, estuda a origem, os
mecanismos e a natureza das doenças.
O que é patogenia?
Estuda a origem e a sequência dos processos que levam ao desenvolvimento
das doenças. É a sucessão de eventos desde a agressão inicial e instalação de um
quadro patológico, bem com como os mecanismos e interrelações orgânicas de
resposta e defesa.

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Etiologia:
Estuda a causa e a origem das doenças. Estas podem ser:
1- intrínsecas ou genéticas
2- adquiridas (infecciosa, nutricional, química, física)

Muitas vezes a causa de uma doença é resultado da interação de vários fatores


associados, por exemplo, o câncer, uma pessoa nasce com a predisposição genética a
desenvolver esta patologia e também sofre influências o meio onde vive (Herança
Multifatorial).
Várias doenças não têm suas causas conhecidas, estas são denominadas
idiopáticas.

Quando ocorre a lesão celular?


Ocorre quando os limites de adaptação celular são ultrapassados. As lesões são
até certo ponto reversíveis, porém, persistindo o estímulo nocivo, segue-se lesão
irreversível e morte celular.

Quais são as causas de lesão celular?


Hipóxia
Agentes físicos
Agentes químicos e drogas
Agentes infecciosos
Reações imunológicas
Danos genéticos
Desequilíbrios nutricionais

O que é Hipóxia?
É o baixo teor de oxigenação no sangue ou dos tecidos, podendo ser
consequência da interrupção da circulação local, como nos infartos. É uma causa
comum de lesão e morte celulares. Geralmente, a hipóxia decorre de uma isquemia ou
uma hemorragia, no entanto, outros fatores podem desencadeá-la como, por exemplo,
falência cardiorespiratória, anemia, envenenamento por monóxido de carbono.
Em alguns casos, pode ser causada pelo deslocamento para grandes altitudes,
pois nestas situações o ar é mais rarefeito, ou seja, a quantidade de oxigênio no ar que

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respiramos é diminuída.
Seus efeitos sentem-se principalmente no cérebro sob forma de confusão,
inquietação, alucinações e perda da consciência. Cada tecido possui uma resistência
diferenciada para a hipóxia tecidual, por exemplo, o músculo esquelético resiste a
aproximadamente 15 minutos sem oxigênio e os neurônio a 3 minutos. Após este
tempo, ocorre lesões irreversíveis.
De acordo com a severidade da lesão, o tecido passa pelas seguintes etapas:
1. Adaptação
2. Lesão 3. Morte
Existem quatro tipos de hipóxia:
• hipóxica (quando a pressão de O2 no sangue arterial é
baixa);
• anêmica (quando há pouca hemoglobina para o transporte
de O2 no sangue);
• de estagnação (causada por intensa vasoconstrição local
ou por débito cardíaco);
• histotóxica (causada por cianeto, impede a utilização do
O2).

O que é hipoxemia?
É a diminuição sistêmica do nível de oxigênio. Ocorre geralmente em casos de
debilidade pulmonar e cardíaca

O que é isquemia?
É a Interrupção do fluxo sanguíneo para determinado tecido ou órgão, muitas
vezes levando à hipóxia tecidual letal.

Quais são as causas de uma isquemia?


Oclusão vascular por aterosclerose (placa de gordura).
Oclusão vascular por coagulação intravascular (trombose – coágulo sanguíneo).
Oclusão Vascular por Embolia (trombo em movimento, após desprender-se do
local de origem). *Embolia: Resulta da fragmentação de um trombo ou placa de
gordura previamente aderido à parede de um vaso, bem como de um grumo de células

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neoplásicas, corpo estranho e até mesmo ar liberado na luz vascular. Tal artifício
circula à revelia de se fixar em um trecho de calibre menor na circulação sanguínea.
Sob pena de uma isquemia causar...

Isquemia transitória
É a interrupção transitória de aporte sanguíneo a um tecido ou órgão sem
sequelas permanentes, pois, esta interrupção pode não durar tempo suficiente de
hipóxia para levar a um infarto.

O que é infarto?
Morte tecidual de uma região do
organismo (com necrose) geralmente em
consequência da interrupção súbita da
circulação de sangue na artéria que irriga
esse território, causada por embolia ou
trombose. Pode ocorrer após um período
prolongado de isquemia e hipóxia tecidual.
Se o trombo permanecer in situ, a
interrupção da circulação poderá ser apenas
temporária, enquanto a pressão venha fazer com que se dilatem as veias que asseguram
uma circulação colateral.

O que é necrose?
É o conjunto de alterações morfológicas que se seguem à morte tecidual. Dois
processos ocorrem simultaneamente durante a necrose: *a desnaturação das proteínas;
*a digestão enzimática das células (autólise).

Apoptose:
É a morte celular programada, processo importante na regulação de populações
celulares, criando condições fisiológicas de substituição por novas células. Diferente
do que ocorre em uma necrose, a apoptose não deixa resíduos celulares e também não
gera reações inflamatórias. Sua interrupção pode ser um determinante no crescimento
de neoplasias

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Quais podem ser os agentes físicos de Lesão Celular?

• Trauma mecânico (Integridade Física Celular)


• Extremos de temperatura
• Radiação
• Choque elétrico

Agentes químicos e drogas:


• São inúmeros.
• Até mesmo glicose, se hipertônica, ou oxigênio, em altas
concentrações, são tóxicos.
• Arsênico, cianureto, mercúrio, inseticidas, herbicidas,
asbestos, álcool, etc.

Agentes infecciosos:
• Vírus
• Bactérias
• Fungos
• Parasitas

O que são as reações imunológicas?


Em um extremo, protegem a vida; em outro, podem ser fatais, podendo
produzir uma reação exacerbada a um agente estranho ou uma reação direta de
agressão imunológica as proteínas do próprio organismo. Podem ser de dois tipos:
• Reações Anafiláticas.
• Reações Auto Imunes

Reações Anafiláticas:
São denominadas alergias, ocorre quando uma determinada substância ou
composto desencadeia em um indivíduo uma resposta imunológica inesperada e forte
podendo levar até a morte.

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Reações Auto Imunes:
Ocorrem quando o sistema imunológico (sistema de defesa) identifica proteínas
do próprio corpo como células estranhas, provocando uma reação inflamatória de
agressão a estas estruturas. Ex: Artrite Reumatóide Defeitos genéticos
São alterações que ocorrem a nível dos genes, nos cromossomos, vão de
alterações sutis, resultando em anormalidades enzimáticas, até distúrbios grosseiros,
com malformações.
Ex: Síndrome de Down.
Distrofia Muscular de Duchenne

Alterações nutricionais
Alterações nutricionais como deficiências proteico-calóricas e vitamínicas
também podem causar lesões celulares; nos casos de excessos, estas alterações podem
causar obesidade, aterosclerose.

Mecanismos de lesão e morte celulares


I. Primeiramente é afetada a integridade da membrana celular,
II. É interrompida a respiração celular, impedindo a síntese de (ATP),
III. Ocorre a síntese enzimática e de proteínas estruturais
IV. É afetada a integridade genética
Estes mecanismos são inter-relacionados, ou seja, afetando-se a respiração
celular, há menor produção de ATP, necessário à bomba de sódio, responsável pelo
equilíbrio iônico e de água celulares, por exemplo.

O que é a INFLAMAÇÃO?

É uma resposta de proteção do organismo, que atua no sentido de destruir ou


bloquear o agente causador da lesão, desencadeando uma série de eventos que
cicatrizam e reconstituem o tecido lesado. Ocorre no tecido conjuntivo vascularizado,
inclusive no plasma, nas células circulantes, nos vasos sanguíneos e componentes
extravasculares. Podem ser causadores da inflamação agentes de natureza física
(radiações), química (tóxicos), ou biológica (vírus), tendo origem fora ou dentro do
organismo (antígenos estranhos e os própriosprocessos auto-imunes). “Conjunto de

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modificações que ocorrem nos organismos animais multicelulares, desencadeadas por
qualquer tipo de lesão ou distúrbio de seu equilíbrio interno, e se traduz por alterações
vasculares, histológicas e humorais, segundo um padrão básico e uniforme para a
generalidade das espécies, e cuja evolução tende a reconstituir as estruturas lesadas,
bem como restabelecer a homeostasia do organismo.”

BENÉFICAS OU DANOSAS?
Sem a inflamação, as infecções não seriam sustadas, as feridas jamais
cicatrizariam e os órgãos transformar-se-iam em chagas. Entretanto, este processo de
inflamação pode ser danoso ao organismo, como em reações de hipersensibilidade,
doenças crônicas (artrite reumatóide, aterosclerose), fibrose (obstrução intestinal,
imobilidade articular). A inflamação pode ser classificada em aguda e crônica:

O que ocorre na Inflamação Aguda?


Alterações vasculares: vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo, causando
calor e rubor.
Aumento de permeabilidade da microcirculação, levando ao edema e
desaceleração da circulação (estase), Migração de leucócitos, principalmente
neutrófilos.
A inflamação aguda é geralmente de início rápido, gerando dores intensas,
inchaço e vermelhidão. Durante o processo de inflamação, ocorre a Exsudação, que é o
extravasamento de líquidos, proteínas e células sanguíneas a partir do sistema vascular
para o tecido intersticial, e seu produto é um líquido inflamatório rico em proteínas e
restos celulares, o Exsudato. A exsudação ocorre devido a alterações da
permeabilidade vascular no local da agressão. O pus é um exsudato purulento
inflamatório rico em leucócitos e restos celulares, produto da inflamação.

Edema
É um excesso de líquido no interstício, pode ser um exsudato ou um transudato
(líquido com baixo teor proteico, não decorre de um desequilibro na permeabilidade).

Inflamação Crônica
É o processo inflamatório de longa duração, que se origina da evolução de uma

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inflamação aguda, quando persistem os fatores patogênicos. Na inflamação crônica há
presença de macrófagos, linfócitos e plasmócitos, ocorre a destruição tecidual; e após
reparação do tecido lesado – substituição por tecido conjuntivo, pela proliferação de
novos vasos e por fibrose.

Agudo X Crônico

✓ sintomas severos e curta duração. ✓ Doença de longa duração envolvendo


muitas mudanças lentas.
✓ Sintoma intenso, tal como dor ✓ Doença de início frequentemente
severa. gradual.

✓Doença de início rápido ✓ Este termo não implica


necessariamente com a gravidade ou
severidade da doença.

Quais são os cinco pontos cardeais da inflamação?


• Rubor (vermelhidão);
• Calor,
• Tumor (Edema - inchaço);
• Dolor (dor)
• Perda da função.

O que é INFECÇÃO?
“Contaminação ou invasão do corpo por um microrganismo parasito, que pode
ser um agente patogênico ou não, principalmente vírus, bactérias, fungos, protozoários
ou helmintos.”. Uma infecção gera uma inflamação, porém, nem toda inflamação é
resultado de uma infecção. A partir do momento em que o organismo percebe uma
infecção, ocorre uma série de eventos que desencadeiam a inflamação:

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Quimiotaxia
É a migração orientada de células de defesa, que irão combater o invasor e após
realizar a reconstituição, reparação e cicatrização do tecido lesado.

Mediadores Químicos
São substâncias responsáveis pelos eventos da inflamação. Originam-se do
plasma ou de células, e ligam-se a receptores específicos em células-alvo.
Geralmente estes mediadores têm vida curta, e a maioria causa efeitos danosos.
Exemplos de mediadores químicos:
HISTAMINA: Atua na microcirculação, possui ampla distribuição tecidual,
especialmente através dos mastócitos, presentes no tecido conjuntivo adjacente aos
vasos sanguíneos.
HISTAMINA: Considerada o principal mediador da fase imediata, dilata
arteríolas e aumenta permeabilidade venosa.
SEROTONINA: Propriedades semelhantes à histamina, presente nas
plaquetas.
SISTEMA DO COMPLEMENTO: Sistema composto de 20 proteínas, que tem
importante papel na resposta imune encontrado no plasma. Aumenta permeabilidade
vascular, realiza quimiotaxia e opsonização.
OUTROS
Substâncias derivadas do ácido araquidônico, produzidas por linfócitos e
macrófagos, geralmente estão presentes em processos inflamatórios, causam dor, febre
etc:
• Prostaglandinas
• Leucotrienos

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• Citocinas (IL-1, TNF, IL-8)

Alterações Celulares
O que é Hiperplasia?
“Aumento quantitativo ou anormal de um órgão, de um tecido ou de uma
linhagem celular, que decorre principalmente do aumento do número de células que aí
se encontram”.
Frequentemente, a hipertrofia e a hiperplasia estão associadas e ocorrem
simultaneamente (crescimento fisiológico do útero grávido). Nestes casos as células
são estimuladas a produzir maiores quantidades de proteínas.

Hiperplasia: Fisiológica
Hormonal: proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e
na gestação, útero grávido.
Compensatória: hepatectomia parcial.
Hiperplasia: Patológica
Na hiperplasia patológica, há excessiva ação hormonal ou dos fatores de
crescimento, sem que mecanismos reguladores intervenham pra limitar esse
crescimento.

O que é Hipertrofia?
“Aumento do volume anormal de uma célula ou das células de um tecido, em
geral sem aumento numérico”.
O órgão hipertrofiado não tem novas células, apenas células maiores, e devido
ao aumento de tamanho de suas células, o órgão se desenvolve excessivamente. É
causada por um aumento da demanda funcional ou por estimulação hormonal
específica, como por exemplo, na musculação, neste caso, as células têm o
metabolismo estimulado fisiologicamente e por isso se desenvolvem mais.

O que é Displasia?
“Anomalia de desenvolvimento anatômico ou histológico, em que células
epiteliais (principalmente de revestimento) ou mesenquimais sofrem proliferação e
alterações citológicas atípicas, tanto na forma como no tamanho e na organização”. Ou
seja, são mitoses anormais; estas frequentemente aparecem nos brônquios dos

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fumantes, são as primeiras alterações celulares observadas em uma neoplasia.

O que é Metaplasia?
“Alteração reversível em que um tipo de célula adulta (epitelial ou
mesenquimal) é transformado em outro tipo, também adulto”. Ex: Substituição do
epitélio colunar ciliado da traqueia e brônquios por células escamosas estratificadas,
em fumantes crônicos.
Esta pode ser uma manifestação precoce de uma alteração maligna, porém,
pode regredir se abolidas as suas causas.

O que é um Tumor?
No conceito tradicional, toda lesão caracterizada por um aumento de volume
localizado, hoje, sinônimo de neoplasma: na oncologia – oncos (grego) = tumor.
Sinônimo de neoplasia, os tumores podem ser considerados uma proliferação
exagerada e anormal dos elementos celulares de um tecido organizado, que é
desencadeada por um determinado estímulo e prosseguindo mesmo depois que esse
estímulo tenha desaparecido.

O que é Neoplasia?
“Tecido anormal e sem significação fisiológica, formado pela multiplicação
contínua de células cuja reprodução deixou de ser regulada pelos mecanismos
homeostáticos, apresentando-se, em geral, sob a forma de um tumor que evolui de
forma autônoma e quase sempre nociva ao organismo”.
As neoplasias apresentam um estroma conjuntivo vascularizado que lhes
proporciona sustentação e nutrição e de acordo com a sua velocidade de crescimento,
invasividade, e tendência à produção de metástases (entre outras características) são
classificadas em benignas e malignas (cânceres).

O que é Anaplasia?
“Ausência ou perda da diferenciação observada geralmente nas células
parenquimatosas das neoplasias malignas”.
Diferenciação: grau de semelhança entre as células neoplásicas e as células
normais, tanto morfologicamente quanto funcionalmente.
Os neoplasmas malignos compostos de células indiferenciadas são ditos

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anaplásicos, a falta de diferenciação ou anaplasia é considerada um marco da
transformação maligna.

Diferenciação

Tumores bem diferenciados são compostos de células que se assemelham a


células normais do tecido de origem do neoplasma, em geral, tumores benignos são
bem diferenciados. Os elementos anaplásicos apresentam-se de diferentes formas entre
si (pleomorfismo) variando o tamanho e a forma das células, bem como frequentes
mitoses, o grau de diferenciação e o estágio evolutivo permitem uma classificação que
varia de 0 a 4.

TAXA DE CRESCIMENTO
Em geral, a maioria dos tumores benignos cresce lentamente durante um
período de anos, enquanto a maioria dos cânceres cresce rapidamente, às vezes a uma
velocidade errática. Alguns tumores malignos crescem lentamente durante anos para
então, repentinamente, aumentarem de tamanho de modo notório, disseminando-se
explosivamente até causarem a morte alguns meses após a sua descoberta.

MILAGRES???
Ocasionalmente, os cânceres podem ser observados diminuindo de tamanho, e
até mesmo desaparecendo espontaneamente, porém o “estoque de milagres” é escasso.

INVASÃO LOCAL
A maioria dos tumores benignos permanece situada em seu local de origem,
sem capacidade de se infiltrarem, invadirem ou metastatizarem para lugares distantes
como os cânceres. O crescimento dos cânceres é acompanhado de infiltração
progressiva, invasão e destruição do tecido vizinho, e tal invasividade torna a
ressecção cirúrgica difícil – cirurgia radical.

METÁTASES

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São implantes tumorais descontínuos em relação ao tumor primário, é a
transferência da doença de um órgão para outro que não esteja diretamente conectado
ao primeiro, em geral, através da via sanguínea ou linfática. Com poucas exceções,
todos os cânceres podem fazer metástases, os neoplasmas benignos não metastatizam.

Neoplasia (benigna) x Neoplasia (maligna)


• Não apresenta anaplasia (bem diferenciados ou indiferenciados).
• Apresenta anaplasias (pouco diferenciados);
• Não produz metástases
• Produz metástases
• Dano Compressivo pode afetar estruturas anatômicas.
• Dano compressivo.
• Em geral Bom prognóstico
• Dano direto do comprometimento funcional do tecido alterado.
• Denominado como Neoplasia Benigna ou Tumor Benigno
• Mau prognóstico em geral.
• Denominado como Câncer ou neoplasiamaligna/ tumor maligno

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Alterações Vasculares – TROMBOSE VENOSA

O que é?

A trombose venosa é o desenvolvimento de um trombo (coágulo de sangue)


dentro de um vaso sanguíneo venoso com consequente reação inflamatória do vaso,
podendo, esse trombo, determinar obstrução venosa total ou parcial. É relativamente
comum (50 casos/100.000 habitantes) e é responsável por sequelas de insuficiência
venosa crônica: dor nas pernas, edema (inchaço) e úlceras de estase (feridas). Além
disso, a trombose venosa é também responsável por outra doença mais grave: a
embolia pulmonar.

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Como se desenvolve?
O desenvolvimento da trombose venosa é complexo, podendo estar relacionado
a um ou mais dos três fatores abaixo:
Estase venosa: situações em que há diminuição da velocidade da circulação do
sangue. Por exemplo: pessoas acamadas, cirurgias prolongadas, posição sentada por
muito tempo (viagens longas em espaços reduzidos - avião, ônibus).
Lesão do vaso: o vaso sanguíneo normal possui paredes internas lisas por onde
o sangue passa sem coagular (como uma mangueira por onde flui a água). Lesões,
rupturas na parede interna do vaso propiciam a formação de trombos, como, por
exemplo, em traumas, infecções, medicações endovenosas.
Hipercoagulabilidade: situações em que o sangue fica mais suscetível à
formação de coágulos espontâneos, como por exemplo, tumores, o uso de
anticoncepcionais e diabetes.
Embora possa acometer vasos de qualquer segmento do organismo, a trombose
venosa acomete principalmente as extremidades inferiores (coxas e pernas).
Algumas pessoas estão sob maior risco de desenvolver trombose venosa quais
sejam: varizes, paralisia, anestesias gerais prolongadas, cirurgias ortopédicas, fraturas,
obesidade, quimioterapia, imobilização prolongada, uso de anticoncepcionais, entre
outros.

O que se sente?
Os sintomas variam muito, desde clinicamente assintomático (cerca de 50%
dos casos passam despercebidos) até sinais e sintomas clássicos como aumento da
temperatura local, edema (inchaço), dor, empastamento (rigidez da musculatura da
panturrilha).

Como é diagnosticado?
Quando a trombose venosa se apresenta com sinais e sintomas clássicos é
facilmente diagnosticada clinicamente. Na maioria das vezes isso não acontece e são
necessários exames complementares específicos, tais como: flebografia, ecodoppler a
cores e ressonância nuclear magnética.

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Como se trata?

No tratamento visa-se prevenir a ocorrência de embolia pulmonar fatal, evitar a


recorrência, minimizar o risco de complicações e sequelas crônicas. Utilizam-se
medicações anticoagulantes (que diminuem a chance do sangue coagular) em doses
altas e injetáveis.

Como se previne?
O fato de a trombose venosa ocorrer em pacientes hospitalizados que ficam
muito tempo acamados ou em cirurgias grandes faz com que a prevenção seja
necessária. Portanto, nestes casos, utilizam-se medicações anticoagulantes em baixas
doses para prevenir.
Já para pessoas em geral o simples fato de caminhar já é uma forma de
prevenção. Ficar muito tempo parado, sentado propicia o aparecimento da trombose
venosa. Portanto, sempre que possível, não ficar muito tempo com as pernas na mesma
posição. Para os que já tem insuficiência venosa e, por conseguinte, maior risco de
trombose, o uso de meias elásticas é recomendado.

VARIZES E MICROVARIZES

O que é?
Varizes, ou veias varicosas, são veias dilatadas, com volume aumentado,
tornando-se tortuosas e alongadas com o decorrer do tempo.

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Microvarizes, ou telangiectasias, são varizes intradérmicas, superficiais e, por
esse motivo, adquirem uma coloração mais avermelhada ou arroxeada.
São mais comuns em mulheres do que em homens.

Como se desenvolve?

As artérias levam o sangue do coração para as extremidades, e as veias têm a


função de levar o sangue de volta ao coração, impulsionado, principalmente pela
bomba muscular das panturrilhas. Dentro das veias existem pequenas válvulas que
impedem o retorno venoso para as extremidades. Quando as válvulas não se fecham
adequadamente, acontece esse retorno, a que se denomina refluxo. Quando acontece o
refluxo, aumenta a quantidade de sangue dentro das veias, o que faz com que elas se
dilatem.
Um dos principais fatores para o desenvolvimento das varizes é o hereditário
ou familiar. O fator genético ocasiona uma diminuição da resistência das paredes das
veias e insuficiência valvular.
Outro fator importante é o hormonal. Durante as gestações, há uma maior
liberação de hormônios, o que pode ocasionar diminuição do tônus da parede venosa.
No final da gestação, a compressão do útero grávido sobre veias do abdômen
também pode desencadear varizes. Existem estudos comprovando a relação entre o
número de gestações e o aparecimento de varizes. O uso prolongado de
anticoncepcionais e outros tratamentos hormonais também são fatores agravantes.
A obesidade e o tipo de trabalho (pessoas que trabalham muitas horas em pé)
favorecem o desenvolvimento de varizes.

O que se sente?
Dor, cansaço e sensação de peso nas pernas são os sintomas mais frequentes,
mas podem ocorrer também, ardência, edema (inchaço), câimbras e dormência. São
mais acentuados no final do dia, em dias de temperatura elevada.

Como se faz o diagnóstico?


O diagnóstico é feito, basicamente, pelo exame físico.
O exame utilizado para avaliação de refluxo venoso, e como auxiliar do
tratamento cirúrgico, é o Ecodoppler venoso (ecografia que avalia o fluxo venoso

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superficial e profundo).

Como se trata?
O tratamento das varizes pode ser conservador, em alguns casos, e consiste no
uso de meias elásticas e utilização de medicamentos que melhoram o fluxo venoso.
Entretanto, a cirurgia de varizes, sem dúvida, é sempre o tratamento ideal para se evitar
as complicações próprias da evolução da doença, tais como, edema (inchaço),
dermatites, pigmentações e endurecimento da pele, úlceras varicosas e tromboflebites
(inflamação da parede da veia com formação de coágulo).
O tratamento mais utilizado para microvarizes, ou telangiectasias, é a
escleroterapia, através de injeções de medicamentos.
Outra opção é a utilização do Laser. Todavia, o método tem limitações por ser
dispendioso, devido ao alto custo dos aparelhos, e porque pode ocasionar manchas
hipocrômicas (brancas) na pele.

Como se previne?
Praticar exercícios físicos, evitando sempre o uso demasiado de peso nas pernas
durante os mesmos. Usar meias elásticas, principalmente durante a gestação, ou em
atividades em que se permaneça muitas horas em pé, além de manter um peso corporal
adequado.

Lesão e etapas de reparação dos tecidos muscular, tendíneo, ósseo e

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cartilaginoso

A neutralização de agentes agressores leva a desorganização e destruição


tecidual. Torna-se necessária uma segunda etapa dos mecanismos de defesa,
caracterizada pela reorganização da área lesada. O reparo consiste na substituição das
células e tecidos alterados por um tecido neoformado derivado do parênquima e/ou
estroma do local injuriado. Se a reparação for feita principalmente pelos elementos
parenquimatosos, uma reconstrução igual a original pode ocorrer (regeneração) mas, se
for feita em grande parte pelo estroma, um tecido fibrosado não especializado será
formado (cicatriz). Poderá ocorrer um ou outro processo ou os dois, dependendo de
alguns fatores sendo os mais importantes: a capacidade dos elementos do parênquima
se regenerarem e a extensão da lesão. O termo quelóide é usado para as cicatrizações
hipertróficas que ocorrem comumente nos indivíduos da raça negra.

Resumindo então, temos que o reparo pode ser pelo:


PARÊNQUIMA - regeneração
ESTROMA - cicatrização
QUELÓIDE - cicatrização hipertrófica

CÉLULAS LÁBEIS, ESTÁVEIS E PERMANENTES:


As células do corpo podem ser divididas em 3 categorias de acordo com a
capacidade de regeneração: lábeis, estáveis e permanentes. As lábeis são aquelas que
continuam a se multiplicar durante a vida toda (células epiteliais, hematopoiéticas e
linfóides). As estáveis normalmente não se dividem, contudo têm a capacidade de
proliferar quando estimuladas (são as células das glândulas como: fígado, pâncreas,
salivares, endócrinas e as células derivadas do mesênquima como fibroblastos,
osteoblastos). As permanentes são aquelas que perderam totalmente a capacidade de se
dividir, como as células do sistema nervoso central e músculo. Uma reconstrução
original da área lesada só poderá ocorrer se as células afetadas forem do tipo lábil ou
estável porque se for do tipo permanente, ocorrerá a substituição por tecido conjuntivo.
O processo de reparo pode ser dividido em duas grandes classes, que são a
REGENERAÇÃO e a CICATRIZAÇÃO.

REGENERAÇÃO (regenerar = re-produzir, ou produzir de novo):

22
Compreende o processo onde o tecido lesado é reposto por células da mesma
origem daquelas que se perderam. É necessário que se faça aqui a distinção entre a
regeneração de tecido previamente lesado e a regeneração dita "fisiológica", que
significa a reposição de células tais como as células do sangue e do epitélio, que são
destruídas normalmente. Diariamente ocorre a substituição de 2% de células do
organismo, isto representa 1014 células e cerca de 1Kg.
Na boca a reparação ocorre rapidamente, talvez devido a participação da
saliva, que umedecendo a superfície da lesão não permite a formação da crosta. Deve-
se também considerar a elasticidade da mucosa bucal, permitindo maior contração do
tecido, visto que nas mucosas móveis a reparação é mais rápida do que nas mucosas
mastigatórias. Na pneumonia lobar ocorre intenso acúmulo de células inflamatórias,
com destruição dos pneumócitos, mas os vasos e a arquitetura são preservados,
permitindo a regeneração. Fica claro que a regeneração restitui à área lesada a
completa normalidade, tanto morfológica quanto funcional; seria, portanto, ideal que
todo o processo de cura se efetuasse pela regeneração.

CICATRIZAÇÃO
A cicatrização é a substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo fibroso.
Para que a cicatrização se efetue são necessárias a eliminação do agente
agressor, a ativa manutenção do potencial de proliferação das células, complementadas
pela irrigação e nutrição suficientes. Como a cicatrização por tecido fibroso é
constituída por tecido mais simples e mais primitivo do que os tecidos que ela
substitui, essa cicatrização implica na perda permanente da função fisiológica da
região comprometida. Dessa maneira, a cicatrização de uma região cardíaca, após um
infarto, reduz a função do órgão, sendo a cicatriz uma marca residual permanente e
irreversível. As cicatrizes via de regra se hialinizam e perdem a elasticidade devido a
pobreza em fibras elásticas.
Dada a grande variedade de situações onde ocorre a cicatrização, é evidente
que esse processo pode diferir na razão direta dessas situações. Didaticamente, pode-se
considerar dois tipos básicos de cicatrização: a primária (ou por 1ª intenção) e a
secundária (ou por 2ª intenção).

1- Cicatrização por 1ª intenção:


Também chamada de união primária, tem importância principalmente em

23
cirurgia e em ferimentos. É o tipo mais simples de reparação que pode ocorrer. O
exemplo mais comum é a incisão cirúrgica feita com bisturi e posterior sutura dos
bordos. A incisão leva a morte de células epiteliais, assim como de elementos do
tecido conjuntivo. Uma vez feita a sutura o espaço entre os bordos é reduzido e fica
cheio de coágulo. A fibrina formada induz a migração e serve de matriz para a
proliferação de fibroblastos e angioblastos, que vão formar o tecido de granulação.
Geleias de fibrina induzem a fibroplasia e angiogênese. Inicia-se uma inflamação
aguda com exsudato principalmente de neutrófilos e posteriormente de mononucleares.
Ao mesmo tempo fibroblastos e angioblastos proliferam a partir dos bordos e
começam a invadir a área inflamada dando origem a um tecido rico em fibroblastos e
vasos neoformados conhecido como tecido de granulação. Inicialmente é um tecido
altamente celular mas com a contínua produção de fibras colágenas tornase menos
celular e dentro de algum tempo a área está ocupada por um tecido pouco celularizado
e vascularizado, rico em fibras, constituindo a cicatrização, marcando para sempre o
local da incisão cirúrgica. O epitélio de revestimento da pele ou da mucosa bucal tem
grande capacidade de proliferação, recobrindo rapidamente a área alterada. A
proliferação não contínua de células epiteliais é controlada por fatores do crescimento
celular, e esta é uma das diferenças importantes em relação ao que ocorre nos
carcinomas.

2- Cicatrização por 2ª intenção:


Também chamada de união secundária, ocorre quando a área lesada é mais
extensa e os bordos não podem ser coaptados por sutura, como por exemplo em
úlceras, abcessos ou então devido a contaminação de uma incisão cirúrgica. O
processo básico é o mesmo que na união primária, diferindo apenas por ser a área
lesada maior e ter grande quantidade de exsudato inflamatório e restos necrosados. O
tecido de granulação vai se proliferando a medida que a área vai sendo limpa. A
cicatrização por segunda intenção ocorre inevitavelmente com a formação de grande
quantidade de tecido cicatricial. A formação excessiva de tecido cicatricial pode
provocar uma protuberância no local, como ocorre frequentemente nos negros, sendo o
processo chamado de quelóide.
A união secundária difere da primária por: l. Perda de grande quantidade de
tecido

24
2. Presença de uma maior quantidade de restos necróticos e exsudato
inflamatório
3. Formação de maior quantidade de tecido de granulação
4. Produção de cicatriz mais extensa

TECIDO DE GRANULAÇÃO:
A resposta dos tecidos à injúria é um acúmulo de células inflamatórias na
região atingida. Dentro das primeiras 24 horas, estas células acumuladas são
principalmente polimorfonucleares. Posteriormente, os macrófagos tornam-se mais
numerosos, e por volta do 3º dia, os fibroblastos começam a proliferar. Novos
capilares avançam para a zona lesada, enquanto material extracelular, produzido pelos
fibroblastos, começa a acumular-se. Este conjunto de células, material extracelular
(fibras e componentes da substância fundamental) e vasos neoformados constituem o
tecido de granulação jovem. O tecido de granulação se caracteriza macroscopicamente
pelo aspecto róseo granular, e microscopicamente pela proliferação de vasos e
fibroblastos.
Com o passar do tempo, este tecido de granulação modifica-se paulatinamente,
tornando-se maduro e adquirindo aspectos e funções diferentes daqueles dos primeiros
dias. É importante que se estude detalhadamente os diversos passos deste processo.
Os gráficos abaixo são dos trabalhos do Dr. R. Ross que estudou a presença de
células, vasos e fibras na reparação de pele de cobaias. Inicialmente além de fibrina,
predominam neutrófilos e macrófagos e posteriormente fibroblastos. A medida que
aumenta a quantidade de colágeno, diminui o número de células e vasos. O colágeno
inicialmente formado é do tipo III, que é substituído pelo tipo I.

25
a) Fibroblastos:
As principais atividades do fibroblasto na inflamação são: a) síntese de
substância fundamental e fibras.
b) Fagocitose de fibrilas de colágeno.
c) contração tecidual durante a cicatrização - miofibroblastos
d) erupção dental

b) Fatores de crescimento:
São fatores que estimulam a proliferação celular.
0l) EGF - Fator de Crescimento Epidérmico: polipeptídio de 6.045 daltons.
Mitogênico para células epidérmicas e fibroblastos.
02) PDGF - Fator de Crescimento Derivado das Plaquetas: Proteína
altamente catiônica armazenada nos grânulos α das plaquetas e liberado na ativação
plaquetária. Também é produzido por macrófagos, endotélio, células tumorais.
Estimula proliferação de fibroblastos e céls musculares lisas.
03) FGF - Fator de crescimento dos Fibroblastos: estimula fibroblastos e
angiogênese.
04) TGFα e TGFβ - Fatores de Crescimento Transformadores: Acreditavase
que transformavam células normais em malignas. O TGFα tem propriedades
semelhantes ao EGF.
O TGFβ é um inibidor da proliferação celular. Estimula produção de colágeno
e fibronectina, e inibe degradação do colágeno, favorecendo a fibrogênese. O TGFβ
pode ser produzido por várias células, como plaquetas, endotélio, LT, macrófagos.
05) IL-1 e FNT - fator de necrose tumoral: Participam da remodelação do
tecido conjuntivo.
06) Inibidores do crescimento TGFβ, α-interferon, PGE2, Heparina.
Inibem fibroblastos. 07) Os macrófagos podem secretar: PDGF, FGF, IL-1, FNT ou
inibidores como TGFβ, PG.

Vários fatores que estimulam a proliferação de fibroblastos e angioblastos na


inflamação crônica. Alguns são citados no quadro abaixo:

26
REPARAÇÃO ALVEOLAR PÓS-EXTRAÇÃO:
O processo de reparo de alvéolos dentais pós-extração é assunto relativamente
bem estudado por meio de estudos experimentais em animais de laboratório,
especialmente cães e macacos, cujas particularidades anatômicas aproximam-se das do
ser humano. Assim, pode-se descrever o reparo alveolar pós-extração da seguinte
maneira:
Decorridas 24 horas da extração do dente, o alvéolo encontra-se preenchido
por coágulo sanguíneo, formado por malha de fibrina. A superfície da ferida alveolar é
formada por camada necrótica contendo polimorfonucleares e bactérias, contidos
dentro de uma depressão pouco pronunciada. No 3º dia, pode-se notar,
histologicamente evidências de organização do coágulo. A malha de fibrina e as
células sanguíneas começam a ser substituídas por tecido de granulação, no qual
fibroblastos e vasos neoformados estão em franca proliferação. Estes aspectos são
evidentes no fundo do alvéolo, a partir de remanescentes da membrana periodontal que
permaneceram após a extração. Assim, é preciso destacar a importância desses
remanescentes no processo de reparo alveolar, pois é deles que se inicia a proliferação
do tecido de granulação no fundo do alvéolo. Aos 5 dias, a infiltração do coágulo por
componentes do tecido de granulação é bastante evidente, bem como a presença de
osteoclastos (células que reabsorvem tecido ósseo) próximos à crista alveolar e nos
espaços medulares do osso alveolar. O tecido de granulação ocupa cerca de um quarto
do fundo do alvéolo, não havendo nessa região mais nenhum sinal de coágulo, que
permanece nos três quartos superiores do alvéolo, até a superfície. Nesta, o epitélio das
margens da ferida está sob intensa proliferação, mas a ferida ainda não está
completamente coberta por ele.
Uma semana depois, o epitélio está recobrindo a ferida. A substituição do
27
coágulo por tecido de granulação toma três quartos do alvéolo. Aos 11 dias pós-
extração o epitélio recobre, e o tecido de granulação preenche o alvéolo, com a
produção de fibras de colágeno sendo bastante evidente. No fundo do alvéolo,
começam a se tornar evidentes os primeiros sinais de ossificação. Após 16 dias, a
ossificação que ocorre no seio do tecido de granulação é bastante ativa, com as
trabéculas ósseas atingindo a metade do alvéolo. Uma semana depois, aos 23 dias, a
ossificação está em plena fase de amadurecimento das trabéculas ósseas, com os
espaços medulares, que ao início do processo eram amplos, tornando-se
progressivamente mais estreitos. Apenas uma pequena porção mais superficial do
alvéolo ainda não está sofrendo ossificação. A fibromucosa gengival sobre o alvéolo,
está reconstituída. Depois de 30 dias, o alvéolo está completamente reparado, através
do seu preenchimento por tecido ósteo-fibroso. Nos dias que se seguem, ocorre a
completa remodelação e amadurecimento do novo tecido que preenche o alvéolo, até
que, aos 40 dias, o processo está terminado.
Em síntese, os seguintes eventos da reparação alveolar pós-extração são
significativos: a) Hemorragia e subsequente preenchimento do alvéolo por coágulo
sanguíneo;
b) Organização do coágulo desde o 3º até o 11º dia. Ao fim deste período, a proliferação epitelial a
c) Ainda por volta do 11º dia inicia-se o processo de ossificação que se
completa aos 40 dias;
d) Paralelamente às atividades formativas pode-se observar atividades de
reabsorção osteoclástica, necessárias para a remodelação da região.
e) Os remanescentes da membrana periodontal são importantes para o
início da proliferação do tecido de granulação que procederá à reparação do alvéolo.
f) Por volta dos 11 dias a superfície da ferida está recoberta por epitélio e a
mucosa oral sobre o alvéolo está reconstituída.

REPARAÇÃO DE NERVOS, MÚSCULOS, OSSO E TENDÃO:

NERVOS:
Quando ocorre a reparação dos nervos o processo é de regeneração. Como as
células do sistema nervoso não se multiplicam, a regeneração ocorre pela neoformação
do axônio e isto só é possível quando o corpo celular não sofreu necrose. A
degeneração da porção distal do axônio é chamada de degeneração Walleriana. Se o

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corpo celular sofreu lesão irreversível a regeneração não se processa, podendo ocorrer
uma cicatrização da área. O axônio lesado prolifera usando o caminho deixado pela
fibra lesada, sendo portanto importante a preservação do endoneuro. Se, por exemplo,
o nervo ciático de camundongos é seccionado, e as extremidades são presas com fio de
nylon num tubo de 5 a 6mm de comprimento, deixando um espaço entre as
extremidades do nervo de 4-5mm, há regeneração das fibras motoras e sensitivas.
Inicialmente há formação de fibrina, seguida da proliferação de células endoteliais,
fibroblastos, células de Schwann e finalmente por fibras nervosas. As fibras
mielinizadas aparecem após 4-6 semanas. O preenchimento do tubo com laminina
parece acelerar a regeneração das fibras.
No Sistema Nervoso Central, o potencial de crescimento é provavelmente
similar ao dos nervos periféricos mas a proliferação glial é usualmente uma barreira
para a regeneração. Mesmo após anatomicamente regeneradas, as fibras nervosas
levam ainda algum tempo para retornar à função da inervação original. A neoformação
das placas motoras é possível sob algumas condições, bem como a neoformação de
terminações sensoriais. O tempo requerido para a regeneração das fibras nervosas é
variável. Nervos esmagados em coelhos, começam a regenerar-se após 5 dias, e os
axônios crescem a uma taxa de 3-4mm por dia, enquanto os nervos seccionados
iniciam a regeneração após 7 dias e crescem 2-3mm por dia. No homem as taxas de
crescimento dos nervos são menores do que na maioria dos animais.

Reparação no SNC
Lesões no cérebro não são reparadas por fibroblastos, mas sim por astrócitos. O
tecido necrótico é substituído por astrócitos que formam fibras gliais (gliose). Se a
lesão for mais pronunciada, há formação de cavidade contendo liquido (cisto),
envolvida por astrócitos e fibras gliais.

MÚSCULOS
O tecido muscular liso tem capacidade de regeneração, embora áreas extensas
sofram reparação por cicatrização. A regeneração do músculo liso pode ser observada
especialmente em duas condições: regeneração de pequenas áreas da mucosa intestinal
e proliferação de vasos neoformados. A capacidade de regeneração do músculo
estriado é muito limitada, podendo-se dizer que a capacidade de regeneração do

29
músculo cardíaco é inexistente. Deve-se lembrar, entretanto, que as células musculares
estriadas podem apresentar hipertrofias acentuadas.
Devido a reparação incompleta do tecido muscular do abdômen, é comum
após cirurgias abdominais a formação de hérnias. As hérnias são projeções de vísceras
devido à pressão abdominal nas áreas de enfraquecimento do tecido muscular. Hérnias
inguinais e umbilicais são bons exemplos. Também pode ocorrer a protusão de um
órgão para uma cavidade natural, como a vagina, no prolapso uterino.

OSSO
Enquanto o tecido ósseo pode ter uma reparação sem maiores complicações, a
cartilagem pode formar um tecido desorganizado levando à lesões irreversíveis.
Portanto, enquanto a fratura da tíbia pode voltar ao normal, a ruptura da cartilagem do
joelho ou as alterações da cartilagem na artrite podem ser irreversíveis. Na reparação
óssea os seguintes passos ocorrem:

REDUÇÃO DA FRATURA: para facilitar o processo de reparação e para


evitar deformidades, os fragmentos da região fraturada são aproximados. Este processo
é chamado de redução da fratura.

Fatores predisponentes à fratura óssea:


- osteoporose (fêmur, coluna vertebral)
- osteomalácia (fraturas pequenas, mas não são substituídas)
- doença de Paget
- tumores primários e metástases
- osteogênese imperfeita

ESQUEMA DA REPARAÇÃO:

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VIII. FATORES QUE PARTICIPAM DA REPARAÇÃO:

SISTÊMICOS:
a) Condições Fisiológicas do Indivíduo: Em geral os pacientes jovens
apresentam capacidade de reparação maior, isto devido principalmente à presença de
melhor suprimento sanguíneo no local afetado.
b) Nutrição: Proteína e Vit. C: Já que a reparação é feita por tecido
neoformado, a nutrição é fator importante, entretanto apenas uma deficiência proteica
grave, envolvendo principalmente cisteína e metionina, pode retardar a reparação. A
deficiência de vitamina C retarda a reparação devido as alterações na síntese de fibras
colágenas. Na expedição de Scott ao Polo Sul, pouco depois do início do século, foram
realizadas várias tentativas para descobrir quais das latas de conserva continham a
"infecção" que causava o escorbuto. Na viagem de Vasco da Gama, contornando o
Cabo da Boa Esperança, em 1497, cerca de 2/3 da tripulação morreu de escorbuto. A
Vit. C atua na transformação de prolina em hidroxiprolina. A maioria das espécies
sintetizam Vit. C, através da enzima Lgulonolactose oxidase. Isto não ocorre com o
homem, macaco e cobaia, que portanto podem apresentar escorbuto. No escorbuto há
tendências para hemorragias gengivais e dificuldades no processo de reparo, devido a
não formação adequada de colágeno. Periodonto de macacos com escorbuto contém
31
cerca de 40% menos colágeno em relação ao de animais normais, podendo ter
mobilidade dental, desorganização das fibras e reabsorção óssea. Há alterações
degenerativas nos fibroblastos devido a não secreção normal de colágeno, levando a
formação inadequada da substância intercelular. Muitas enzimas como as
metaloproteinases e polimerases do DNA e RNA são dependentes de Zinco. A
cicatrização da ferida fica retardada nos pacientes deficientes de Zinco.
c) Diabetes: Além da possível diminuição na síntese proteica, um fator
relevante é a alteração dos vasos na diabetes.
d) Esteróides: Um dos mecanismos de ação dos glicocorticóides pode ser o
aumento de produção das lipocortinas, que inibem a fosfolipase A2, importante para
liberação do ácido. aracdonico.

LOCAIS:
a) Suprimento Sanguíneo: Como todo o processo inflamatório, a reparação
depende do suprimento sanguíneo local. O reparo não se faz ou é feito com demora em
áreas mal irrigadas, como por exemplo na arterioesclerose acentuada. Na cabeça do
fêmur e escafóide (pulso) pode haver necrose avascular (mesmo sem trauma evidente)
b) Presença de Corpo Estranho: A presença de qualquer corpo estranho
impede que haja a reparação pois é um estímulo constante para a inflamação. O tecido
necrosado (infarto) é estímulo para a inflamação e deve ser removido.
c) Mobilidade: Nos casos de reparação óssea é importante que haja uma
imobilização e redução da fratura. Em tecidos moles a imobilização também parece
ajudar a reparação.
d) Extensão da lesão
e) Natureza do Tecido Lesado
f) Infecção

OBS.: Nos hemofílicos não há nenhum fator específico que retarda a reparação.
Dependendo da severidade da hemofilia há hemorragias espontâneas, particularmente
nas articulações. O coágulo age como episódios recorrentes, pode haver deformidades
das articulações. Nas cirurgias, como extração dentária deve-se considerar o risco de
hemorragia e o tratamento pré-cirúrgico.

32
Objetivos - Reparação:

- Conceitue reparação, regeneração e cicatrização.


- Exemplifique células lábeis, estáveis e permanentes.
- Quais as diferenças entre cicatrização por 1a e 2a intenção.
- Que é tecido de granulação e quais suas principais características
morfológicas
- Cite e descreva as principais etapas da inflamação e cicatrização na pele
após um corte (com ou sem) contaminação.
- Esquematize num gráfico a dinâmica de acúmulo de fibrina, neutrófilos,
linfócitos, macrófagos, fibroblastos e de formação de vasos e colágeno numa lesão de
pele causada por incisão, sem contaminação bacteriana. Coloque na ordenada a
quantidade e na abscissa o tempo em dias.
- Cite as principais atividades do fibroblasto na inflamação e cicatrização.
- Que são fatores de crescimento. Exemplifique citando o nome e a
função.
- Descreva o processo de reparação alveolar após a extração dental.
- Compare a reparação do fêmur fraturado e cicatrização da pele.
- Discuta reparação de nervos, músculos e cartilagem.
- Comente reparação do SNC.
- Conceitue hérnia e como pode se desenvolver após cirurgias.
- Que é redução de fratura óssea.
- Cite os fatores predisponentes à fratura óssea.
- Esquematize o resultado final da reparação tecidual, após uma agressão,
considerando que o tecido sofreu ou não necrose (não considere a evolução para
inflamação crônica).
- Discuta os efeitos da desnutrição proteica e de vitamina C no processo
de reparo.
- Comente processo de reparo em pacientes diabéticos.
- Cite os fatores locais que facilitam ou dificultam o processo de reparo.

Técnicas e agentes fisioterapêuticos

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empregados na reabilitação das lesões desportivas.

CRIOTERAPIA
TERAPIA PELO FRIO DEFINIÇÃO:
A terapia pelo frio, conjuntamente com a terapia pelo calor (capítulos
seguintes) representa seguramente a mais antiga aplicação terapêutica de agentes
físicos. O calor e frio são valiosos coadjuvantes na reabilitação de diversas
patologias, evendo ser combinados com as técnicas cinesiológicas e com uma
eventual abordagem farmacológica.
A crioterapia consiste na aplicação do frio com objetivos terapêuticos,
produzindo efeitos locais e à distância, resultando na remoção do calor corporal e na
diminuição da temperatura dos tecidos. Apesar das primeiras descrições da utilização
terapêutica do frio - neve e gelo natural - remontarem à antiga Grécia, só em 1850
surgiu a primeira máquina de gelo de uso hospitalar, utilizada nos Estados Unidos da
América para diminuir a temperatura em doentes com malária.

EFEITOS BIOLÓGICOS
Nas reações biológicas dos tecidos à diminuição de temperatura são
determinantes fatores como o método de aplicação (estático ou dinâmico), a área
corporal a tratar, o tempo de aplicação e a qualidade de frio utilizado. o frio produz
diversos efeitos biológicos com repercussão terapêutica, designadamente:
• Vasoconstrição, por ação direta na microcirculação e reflexa do sistema
nervoso vegetativo. Esta redução do fluxo sanguíneo facilita a hemostase, limita o
processo inflamatório, a exsudação e o aumento da pressão compartimental,
contribuindo para a analgesia.
• Diminuição do metabolismo celular ou normalização metabólica em
zonas de hiperaquecimento/inflamadas.
• Aumento do limiar de estimulação álgica dos receptores periféricos,
reduzindo a mensagem aferente e contribuindo dessa forma para a analgesia.
• Libertação de endorfinas, com efeito analgésico.
• Bloqueio medular, com priorização da via rápida; estimulação direta da
vias mais mielinizadas e de maior calibre, contribuindo para a analgesia.

34
• Redução da atividade enzimática, nomeadamente da colagenase,
aumentando a rigidez do tecido fibroso com colágeno.
Com a exposição prolongada ao frio podem ocorrer os seguintes efeitos:

• Vasodilatação, com paralisia vasomotora, com aumento do fluxo


sanguíneo em aplicações estáticas prolongadas ou dinâmicas. Esta hiperémia faz
aumentar os mecanismos de defesa humorais e celulares, remoção de exsudados e
produtos necróticos, contribuindo para o trofismo e regeneração tecidual. Pode agravar
síndromes inflamatórias.
• Lentificação da condução neuronal das fibras gama e diminuição da
excitabilidade do fuso neuro-muscular ao estiramento, reduzindo o tónus e a
espasticidade muscular; este efeito é particularmente prolongado porque a camada de
tecido adiposo retarda o aquecimento do músculo.
A aplicação estática do frio induz um arrefecimento progressivo dos tecidos,
desde a superfície até à profundidade. o arrefecimento dos tecidos profundos,
fenómeno mais durável do que o aquecimento, ocorre pela vasoconstrição dos tecidos
profundos e isolamento térmico por parte do tecido adiposo, que impede o
reaquecimento rápido. Após 20 minutos de aplicação de frio, a temperatura no tecido
cutâneo diminui 3,8 °C e no subcutâneo a 1 cm de profundidade 2,5 °C. Este efeito
obtém-se por vasoconstrição, com desvio do fluxo sanguíneo para tecidos mais
profundos (mais de 2 cm abaixo da superfície), cuja temperatura permanece inalterada.
Com a retirada da fonte de frio, os tecidos superficiais iniciam uma sequência de trocas
hemodinâmicas com os tecidos mais profundos, que atuam como fonte de calor. Desta
forma, ocorre um decréscimo da temperatura dos tecidos profundos, após a cessação
da aplicação do frio, à medida que os tecidos superficiais vão aquecendo. Estas trocas
hemodinâmicas contribuem para a redução da dor e do edema, ao promover a remoção
de fluidos e metabolitos acumulados nos tecidos.

FORMAS DE APLICAÇÃO

A compressa de gelo consiste num recipiente com gelo picado, raspado ou


partido. o recipiente pode ser uma toalha, um saco de plástico ou um recipiente
especial para gelo. Deve-se evitar o contato direto com a pele, devendo ser interposta
uma toalha.

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A compressa de gel frio consiste num recipiente de vinil contendo uma
substância gelatinosa, dotada de propriedades anti-congelantes, para que a compressa
permaneça flexível e fácil da adaptar à zona anatómica a tratar (figura 1). Até ser
usada, a compressa é armazenada no congelador. Para além de ter um efeito menos
duradouro que o das compressas de gelo, apresenta perigo de ulceração, uma vez que a
temperatura da compressa é inicialmente inferior a 0 °C.
As compressas frias químicas consistem num saco de vinil com duas
substâncias químicas separadas entre si.
Ao apertar a embalagem, as duas substâncias misturam-se e dão início a uma
reação química endotérmica, com produção de frio, a impossibilidade de reutilização e
o risco de queimadura química no caso do saco estar danificado.
A imersão em gelo ou banho frio é uma modalidade utilizada sobretudo no
tratamento das extremidades. A temperatura ideal varia consoante os autores, sendo
apontados valores entre os 2 e os 15 °C. A imersão em piscina ou tanque com gelo e
água, mal tolerada e pouco utilizada, permite a imersão de uma maior superfície
corporal e a associação da hidromassagem. A massagem com gelo difere das
modalidades anteriores pelo seu carácter bifásico (ciclo frio-temperatura ambiente) e
pela estimulação dos mecanoreceptores. Embora o arrefecimento não seja tão
acentuado, é frequentemente utilizada como parte das técnicas criocinéticas. Os
aparelhos de frio consistem num reservatório de água refrigerada por gelo ou por um
mini-frigorífico. A água fria circula através de um material almofadado que se adapta
na zona a tratar. Para além do frio, estas máquinas permitem aplicar pressão através da
insuflação pela água, o que pode ser útil em determinadas situações. os sprays
refrigerantes contêm cloreto de etilo ou fluorometano, que evaporam rapidamente em
contato com a pele, promovendo a perda de calor pelo tecido cutâneo. A redução de
temperatura proporcionada é muito brusca, o que predispõe a ulcerações pelo frio. o
efeito é fugaz e não atinge os tecidos mais profundos. o cloreto de etilo é inflamável,
pelo que devem ser tomadas as devidas precauções. São utilizados em situações onde
se pretende alívio álgico, devendo o jacto do spray ser aplicado a cerca de 30 cm do
corpo.
As compressas frias, mergulhadas em água a 4° C, são aplicadas durante 5
minutos. A toalha gelada, previamente imersa em água com sal (500 g para 5 litros de
água) e colocada no congelador, pode ser adaptada à zona a tratar, uma vez que não
fica rígida.

36
O “liquid ice” consiste numa ligadura embebida num líquido especial, colocada
na zona a tratar, que vai arrefecendo os tecidos. Para além de permitir a compressão e
de ser reutilizável, pode ser usado durante a prática desportiva, não necessitando da
imobilização do doente.

INDICAÇÕES E MODO DE APLICAÇÃO

O frio pode ser aplicado quando se pretende analgesia, vasoconstrição com


redução do fluxo sanguíneo, redução da inflamação e do edema na fase aguda de
traumatismos ou queimaduras, redução do metabolismo celular, redução da
hemorragia, diminuição da espasticidade, facilitação de técnicas cinesiológicas,
normalização térmica em situações de hiperaquecimento muscular e estimulação da
regeneração e do trofismo celular em patologias traumáticas crónicas. A aplicação
estática é utilizada quando se pretendem efeitos vasoconstrictores e anti-álgicos, por
exemplo na fase aguda de um traumatismo. A temperatura cutânea a atingir é de 15 °C
e o período de aplicação deverá ser repetido várias vezes, não excedendo os 20 minutos
de cada vez. Este efeito pode ser também obtido com a imersão em água fria (4-10 °C)
durante 10 a 20 minutos. Com esta técnica, o arrefecimento dos tecidos profundos é
mais rápido e mais duradouro. De referir, no entanto, que alguns autores defendem
aplicações de frio superiores a 20 minutos, considerando que este período é insuficiente
para o arrefecimento dos tecidos mais profundos. A aplicação dinâmica consiste numa
massagem circular rápida por períodos de 2 a 3 segundos, durante 7 a 10 minutos e é
utilizada quando se pretende obter hiperémia reactiva e uma analgesia menos
pronunciada, como por exemplo na fase crónica (mais de 8 dias) de patologia
traumática.

PRECAUÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES
A crioterapia pode agravar a isquémia ao provocar uma redução adicional do
fluxo sanguíneo e desencadear fenómenos vaso-espásticos. Deve ser evitada ou usada
com precaução em vasculopatia aterosclerótica e zonas de isquémia, fenómenos vaso-
espásticos (doença de Raynaud), neuropatia diabética, patologia cardiovascular
descompensada, alterações da sensibilidade cutânea, doentes sedados ou obnubilados,
que não respondam à dor, alergia ou intolerância ao frio, crioglobulinémia e feridas
abertas.

37
COMPLICAÇÕES

À medida que o arrefecimento se processa, ocorre sensações de frio, sensação


de queimadura, dor e parestesia. De modo a evitar ulceração pelo frio, a aplicação deve
ser suspensa na fase da parestesia. o risco de lesão pode ser minimizado evitando o
contato direto da fonte de frio com a pele e limitando a duração da aplicação. Áreas
com pouco tecido celular subcutâneo, como o cotovelo ou o tornozelo, apresentam
menor tolerância ao frio, pelo que deverão ser objeto de cuidados especiais. Existem
também alguns casos descritos de paralisia nervosa após crioterapia, na maioria das
vezes por aplicação de gelo junto à cabeça peroneal, todos com recuperação completa.
Estes poderão estar associados à pressão exercida pelas ligaduras usadas para fixar a
fonte de frio e não à própria crioterapia. A hipersensibilidade ao frio pode manifestar-
se por eritema, urticária, hemoglobinúria ou mesmo por uma reação anafilática. A
profilaxia pode ser feita com anti-histamínicos e as aplicações repetidas podem resultar
numa tolerância crescente. A exposição ao frio pode desencadear ou agravar
fenómenos vaso-espásticos como o fenómeno de Raynaud, livedo reticular ou
acrocianose.

TERMOTERAPIA

TERAPIA PELO CALOR SUPERFICIAL DEFINIÇÃO:


A termoterapia consiste na aplicação de calor com objetivos terapêuticos. Pode
ser classificada quanto à profundidade atingida (superficial ou profunda) e à forma de
transmissão (por condução, convecção ou conversão). Na condução, a transferência do
calor é feita através do contato direto entre dois corpos, por exemplo a pele e uma
compressa quente. Na convecção, é feita através de um intermediário, como o ar ou a
água. Na conversão, ocorre transformação de um tipo de energia noutro, por exemplo
conversão de energia radiante em calor. No aquecimento profundo, ou diatermia
(capítulo 3), a transferência do calor é sempre feita por conversão. Embora a sua
regulação seja complicada, o aquecimento superficial é de fácil acesso, seguro e mais
barato do que o profundo.

38
EFEITOS BIOLÓGICOS

As reações biológicas dos tecidos ao aumento de temperatura são influenciadas


por diversos fatores. A elevação da temperatura dos tecidos possui uma estreita faixa
terapêutica, entre 40 e 45,5 °C. Abaixo destes valores os efeitos são reduzidos; acima,
podem ocorrer lesões, inativação enzimática e aumento dos processos inflamatórios. A
velocidade da elevação da temperatura varia consoante a fonte térmica. Quanto mais
rápida for a elevação, mais favoráveis os efeitos biológicos, que dependem também
das dimensões da área a tratar. A duração da elevação da temperatura deve ter uma
duração entre 3 e 30 minutos. os efeitos biológicos incluem:
• Vasodilatação capilar e arteriolar, com aumento do fluxo sanguíneo.
• Aumento do metabolismo celular.
• Aumento da atividade enzimática, nomeadamente da colagenase,
aumentando a extensibilidade do tecido fibroso. Com uma elevação de 3 °C, a
atividade enzimática da colagenase sinovial aumenta 300%. Com o aquecimento das
articulações metacarpo-falângicas a 45 °C a rigidez articular diminui 20%.
• Aumento da velocidade de filtração e difusão através das membranas
biológicas.
• Aumento do limiar de percepção das aferências sensitivas e modulação
da condução no nervo periférico, nomeadamente da mensagem nociceptiva, levando à
analgesia e ao relaxamento muscular.

39
• Bloqueio medular, com priorização da via rápida e libertação de
endorfinas por ativação do sistema descendente, levando à analgesia.
• Diminuição da sensibilidade do fuso neuro-muscular ao estiramento,
com efeito mio-relaxante.
A vasodilatação ocorre por efeitos direto e reflexo no local de aplicação da
fonte de calor. No entanto, através de uma resposta consensual, é observado uma
hiperémia noutras partes do corpo, cujo efeito poderá ser útil. Esta resposta é sempre
de menor intensidade e depende das dimensões da área tratada. os efeitos biológicos do
calor são mais fugazes que os do frio, uma vez que após a aplicação de calor, a
vasodilatação cutânea permite a sua rápida dissipação.

FORMAS DE APLICAÇÃO DE CALOR SUPERFICIAL POR


CONDUÇÃO

o calor húmido baseia-se na utilização de um saco de algodão, que pode ter


vários tamanhos, preenchido com dióxido de silício, que tem como característica
absorver e reter uma grande quantidade de água. Este saco é imerso num reservatório
com água à temperatura de 60 a 80 °C, o “hidrocollator” (figura 2) e seguidamente
retirado. Após a remoção da água em excesso, é embrulhado numa toalha e colocado
sobre a superfície a tratar durante 20 a 30 minutos.

Figura - Hidrocollator e saco de algodão com dióxido de silício.

As compressas de Kenny consistem num pano de lã colocado sob vapor, sendo

40
em seguida removido o excesso de água por centrifugação; a compressa seca é
colocada rapidamente na pele a uma temperatura de cerca 60 °C; estas compressas
arrefecem rapidamente e são substituídas de 5 em 5 minutos.
As compressas químicas consistem num recipiente flexível contendo produtos
químicos que, quando colocados em contato, produzem uma reação exotérmica. Não
permitem um controlo rigoroso da temperatura produzida, não podem ser reutilizadas e
acarretam risco de lesões caso ocorra rotura do recipiente.
A parafina é uma substância sólida que encerra hidrocarbotenos saturados e não
saturados. É aquecida num reservatório especial, que a mantém no estado líquido a
uma temperatura entre 45 e 54 °C. Pela sua baixa condutibilidade, permite conduzir
lentamente o calor, que é desta forma bem tolerado. A parafina é usada sobretudo no
aquecimento das extremidades corporais.

Figura - Aquecedor de parafina.

Na aplicação por imersão repetida, a extremidade é mergulhada na parafina e


em seguida é retirada, deixando a parafina solidificar. o procedimento é repetido até
formar uma camada espessa de parafina sobre a extremidade, que é seguidamente
envolvida num saco de plástico e num pano isolante durante 10 a 20 minutos. Na
imersão contínua, que permite um aquecimento mais vigoroso e profundo, a
extremidade é imersa na parafina durante 20 a 30 minutos. Pelo facto de nas
extremidades o tecido celular subcutâneo ser diminuto, a parafina permite um
aquecimento efetivo das pequenas articulações das mãos e pés, levando a uma maior

41
distensibilidade do tecido conjuntivo e muscular. Assim, a aplicação de parafina é
especialmente útil no tratamento de contraturas articulares das mãos. Devido ao risco
de queimadura, a temperatura da parafina deve ser controlada com um termómetro.
Esta forma de aplicação está contra-indicada em doentes alérgicos à parafina.
O parafango (figura 4) consiste no aquecimento, a uma temperatura entre 49 e
52 °C, de uma mistura de parafina com fango. A sua aplicação é semelhante à da
parafina, mas apresenta uma melhor capacidade de transmissão de calor, permitindo
um aquecimento mais profundo, mais rápido e mais duradouro.

Figura - Aquecedor de parafango.

FORMAS DE APLICAÇÃO DE CALOR SUPERFICIAL POR


CONVECÇÃO

A hidroterapia quente utiliza a água como fonte de calor. Para além das
piscinas terapêuticas, existem tanques com diferentes tamanhos, adequados para a
imersão dos membros superiores, inferiores ou de todo o corpo. A temperatura da água
é condicionada pela região anatómica, tipo de imersão (segmentar ou total) e objetivo
do tratamento. o tempo de tratamento é de 20 a 30 minutos. A imersão total está
contraindicada em doentes com incontinência de esfíncteres. Uma variante da
hidroterapia quente são os banhos de contraste, nos quais existe alternância de imersão
em água quente e água fria. A fluidoterapia e o ar húmido representam outras formas
de aplicação de calor superficial por convecção.

42
A radiação infra-vermelha utilizada para efeitos de aquecimento tem um
comprimento de onda entre os 7.000 e 120.000 Å. Ao entrar nos tecidos, os fotões vão
ser absorvidos e convertidos em calor. No entanto, só alcançam os tecidos mais
superficiais, elevando a temperatura entre 5 e 15 mm de profundidade. A absorção de
energia é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre o corpo e a fonte
emissora de calor. Normalmente, a lâmpada é colocada a uma distância de 60-80 cm
do corpo, devendo a radiação incidir perpendicularmente. o tempo de aplicação varia
entre 15 a 30 minutos. Para além dos efeitos biológicos próprios do calor, a radiação
IV condiciona fenómenos vasomotores complementares pela libertação de mediadores
vasoativos. A radiação infra-vermelha constitui uma fonte de calor “seca” e deve ser
escolhida quando se pretende evitar o contato direto com a fonte de calor ou o calor
húmido, bem como em doentes acamados. A radiação infra-vermelha é uma forma de
aquecimento superficial de fácil aplicação, económica e versátil, o que a torna numa
modalidade muito popular. Como precaução, devem ser protegidas com toalhas
húmidas a nuca e a região ocular, sempre que se encontrem próximas do local a
irradiar.
A radiação ultra-violeta (UV) compreende a radiação UV A (0,315 - 0,4
μm), UV
B (0,29 - 0,315 μm) e UV C (0,2 - 0,29 μm). os UV A penetram
profundamente nos tecidos mas têm poucos efeitos biológicos. os UV B são
responsáveis pela queimadura solar e eritema da pele. os UV C têm propriedades
bactericidas. Apesar do seu interesse para outras especialidades, a utilização de
radiação ultra-violeta em reabilitação encontra-se quase completamente abandonada.

INDICAÇÕES

A aplicação de calor superficial está indicada sempre que se pretenda analgesia,


diminuição da rigidez articular ou peri-articular, diminuição do tónus muscular,
relaxamento da musculatura lisa (por exemplo em cólicas gastrointestinais), resolução
de infiltrados inflamatórios com remoção de produtos necróticos, estimulação trófica e
facilitação de técnicas cinesiológicas (treino de aumento de amplitude articular e
flexibilidade).

PRECAUÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES

43
o uso de calor deve ser evitado ou usado com precaução em patologia
inflamatória ou traumática aguda, hemorragias ou alterações da coagulação,
vasculopatia aterosclerótica, áreas isquémicas, patologia cardiovascular
descompensada, patologia neoplásica ou infecciosa, lesões dermatológicas, alterações
da sensibilidade térmica, doentes sedados ou obnubilados, cartilagens de crescimento,
útero grávido e cicatrizes ou feridas abertas.

COMPLICAÇÕES
Embora a queimadura por temperatura excessiva seja a principal complicação,
existem outras. O aumento do metabolismo associado ao aumento de temperatura dos
tecidos agrava os sintomas de isquémia nos tecidos em risco. A vasodilatação e o
consequente aumento do fluxo sanguíneo podem agravar os processos inflamatórios
agudos ou subagudos. Nas modalidades de hidrocinesioterapia quente, a dissipação de
calor fica comprometida pelo facto de parte do corpo estar imerso em água quente.
Desta forma, a temperatura oral deverá ser monitorizada a fim de evitar a hipertermia.
A vasodilatação causada pelo calor leva a uma diminuição da pressão arterial e
a um aumento da frequência cardíaca, que poderá descompensar uma patologia
cardíaca subjacente. Em doentes com patologia cardíaca, deve-se evitar o tratamento
de grandes áreas corporais e a utilização de temperaturas elevadas.

DIATERMIA

TERAPIA PELO CALOR PROFUNDO


(ONDAS CURTAS)

44
As correntes eletromagnéticas de alta frequência, utilizadas para a aplicação de
calor profundo (diatermia ou “aquecimento através de”), compreendem as microondas
e as ondas curtas (figura 5). As ondas curtas, mais utilizadas em reabilitação, são
radiações eletromagnéticas, caracterizando-se pela propagação de um campo eléctrico
e de um campo magnético, perpendiculares entre si. As frequências das ondas curtas
terapêuticas, definidas na convenção de Atlantic City, são 13,52, 27,12 ou 40,68 MHz.
À frequência de 27,12 MHz, a mais usada, corresponde um comprimento de onda de
11,06 m.

PROPRIEDADES FÍSICAS E MODO DE APLICAÇÃO

As ondas curtas estão sujeitas a fenómenos de reflexão, refração, difração e


absorção, sendo absorvidas de modo desigual pelos vários tecidos do corpo humano.
Existem aparelhos de ondas curtas que privilegiam o componente eléctrico da radiação
(diatermia capacitiva), enquanto outros privilegiam o componente magnético
(diatermia indutiva). Esta dualidade é, no entanto, artificial, uma vez que os fenómenos
eléctricos e magnéticos são indissociáveis.

45
Figura - (A) Aparelho de micro-ondas. (B) Aparelho de ondas curtas para
diatermia capacitiva.
Na diatermia capacitiva são utilizados Elétrodos bipolares, rígidos ou flexíveis.
Os Elétrodos podem ser aplicados de modo transversal, longitudinal ou co-planar.

Figura:
(a) Aplicação transversal;
(B) Aplicação longitudinal;
(C) Aplicação coplanar

46
Na aplicação transversal, o segmento corporal a tratar está colocado “em série”
entre os Elétrodos, obtendo-se dessa forma a maior elevação da temperatura na gordura
subcutânea. Na aplicação longitudinal, o segmento corporal está colocado “em
paralelo” com os Elétrodos, ocorrendo maior elevação da temperatura nos tecidos mais
condutores, como o músculo. Na aplicação coplanar, os Elétrodos estão situados no
mesmo plano sobre a região corporal a tratar, sendo a maior parte da energia absorvida
a nível da pele e do tecido subcutâneo, sem grandes efeitos em profundidade.
A escolha e a colocação criteriosa dos Elétrodos permitirão a obtenção dos
efeitos terapêuticos desejados. os Elétrodos devem estar paralelos à superfície a tratar e
não paralelos entre si (obtendo-se desta forma efeitos térmicos uniformes) e a distância
mínima entre os Elétrodos deve ser maior do que a soma da distância de cada Elétrodo
à pele (a fim de evitar um curto-circuito entre os Elétrodos). As dimensões dos
Elétrodos devem ser adequadas ao tratamento. Elétrodos ligeiramente maiores que a
região a tratar propiciam uma distribuição homogénea do campo eletromagnético. No
entanto, se forem demasiadamente grandes, ocorrerá uma perda de efeito.

Figura - Relação entre o tamanho dos elétrodos e a região a tratar.


A distância dos Elétrodos à pele é muito importante, pois a existência de uma
camada de ar entre os Elétrodos e a pele permite ao campo eletromagnético divergir
antes de atingir a superfície do corpo, proporcionando um aquecimento mais profundo
e homogéneo. Para obter um efeito mais superficial é necessário aproximar os
Elétrodos da pele. A criação de campos eletromagnéticos de características especiais
pode ser feita através da seleção de Elétrodos de diferentes dimensões, bem como da
regulação da sua distância à pele. A utilização de dois Elétrodos de tamanhos desiguais
permitirá a concentração do campo a nível do Elétrodo mais pequeno, enquanto que o
afastamento de um dos Elétrodos permitirá a concentração do campo eletromagnético a
nível do outro (figura 8).
Figura 8: Efeito de concentração do campo eletromagnético mediante a seleção
da dimensão dos Elétrodos.

47
A diatermia indutiva utiliza Elétrodos circulares, contendo uma bobina de
indução em forma de espiral, especialmente concebidos para a geração de um campo
magnético. Pode também ser utilizado um solenóide, ou cabo de indução, que não é
mais do que uma bobina feita manualmente pelo enrolamento em espiral, sobre a zona
a tratar, de um cabo condutor fortemente isolado.

EFEITOS BIOLÓGICOS

O efeito terapêutico das ondas curtas tem por base uma série de alterações
físico-químicas a nível dos tecidos do corpo humano. A geração de calor constitui o
principal efeito exercido sobre os tecidos pelas correntes de alta frequência, quando
utilizadas de forma contínua. o calor é produzido por conversão térmica da energia
eléctrica quando esta encontra a resistência dos tecidos, que varia consoante a natureza
destes. o efeito térmico pode ser significativo, com elevações da temperatura de 4 a 6
°C em músculos localizados a profundidades de 4 a 5 cm. A profundidade do
aquecimento é condicionada pelo método de diatermia utilizado. Na diatermia
capacitiva, a maior absorção de energia ocorre na gordura subcutânea, que oferece
maior resistência à passagem da corrente. Na diatermia indutiva, a maior absorção de
energia ocorre ao nível dos tecidos mais profundos e com maior condutividade, como
o músculo. Este deve ser o método utilizado sempre que se pretenda obter um
aquecimento do tecido muscular em profundidade.
Os tecidos do corpo humano são constituídos, a nível molecular, por partículas
carregadas eletricamente, nas quais as correntes de alta frequência vão induzir
movimentos. Este fenómeno, designado por ressonância molecular, traduz-se
igualmente na produção de calor. Algumas destas moléculas são dipolos, ou seja,
possuem um polo positivo e outro negativo. Quando sujeitos às correntes de alta
frequência, os dipolos sofrem alterações rápidas da sua orientação espacial, originando
uma “fricção” de efeito termogênico. Este fenómeno aplica-se igualmente a outras
partículas carregadas eletricamente, como os iões dos compartimentos intra e extra-
celular. Mesmo tecidos de grande neutralidade eléctrica, como o adiposo, sofrem um
efeito semelhante por oscilações das suas nuvens eletrónicas, embora o aumento de
temperatura produzido seja, neste caso, muito discreto.
Os efeitos biológicos do calor assim obtido incluem vasodilatação arteriolar e
capilar, por mecanismo direto e reflexo, com aumento do metabolismo local, bem

48
como eliminação de mediadores inflamatórios e ação direta sobre as aferências
nervosas, promovendo a analgesia. o aumento da temperatura a nível dos fusos
neuromusculares reduz a resposta tónica ao estiramento, conduzindo ao relaxamento
muscular. Deve-se, a este propósito, realçar que as correntes de alta frequência não
provocam eletroestimulação motora ou sensitiva, uma vez que a oscilação da corrente
é de tal maneira rápida que as membranas celulares dos nervos e músculos não têm
tempo para despolarizar. Por esse motivo, estas correntes só podem ser percebidas
através do aumento de temperatura gerado.
O corpo humano não é homogéneo em termos de condutividade eléctrica. Esta
é, em regra, diretamente proporcional ao conteúdo em água dos tecidos. Alguns, como
o tecido muscular, são bons condutores, enquanto outros, como o tecido adiposo, se
comportam como isoladores. A distribuição da corrente numa determinada região
corporal depende também do modo como os tecidos se dispõem, ou seja, da topografia
da região, bem como do modo de aplicação utilizado (diatermia indutiva ou
capacitiva). Para qualquer dos dois métodos, a taxa de absorção específica (H) será
diretamente proporcional ao quadrado da corrente eléctrica induzida (I) e inversamente
proporcional à condutividade eléctrica dos tecidos (g), segundo a expressão: H=I2/g.
os tecidos do corpo humano podem ser considerados como componentes de um
circuito eléctrico montado em série ou em paralelo, que vai ser atravessado por uma
corrente de alta frequência. Se estiverem colocados em paralelo, o maior fluxo de
corrente ocorrerá no tecido com a maior condutividade e será esse o mais aquecido. Se
estiverem colocados em série, será o tecido com maior resistência a ser mais aquecido,
visto que a corrente que atravessa todos os tecidos é a mesma.

DOSIFICAÇÃO

A dosificação das ondas curtas é realizada de forma subjetiva, pela sensação de


calor que o doente comunica: dose I ou “muito ligeira” (abaixo do limiar da sensação
de calor), dose II ou “ligeira” (pequena sensação de calor), dose III ou “moderada”
(sensação agradável de calor) e dose IV ou “vigorosa” (calor no limite do tolerável). A
duração das sessões não deve ultrapassar 1 a 5 minutos para os processos agudos, 10
minutos para os subagudos e 20 minutos para os crónicos. o número de sessões,
geralmente diárias, também é variável, sendo de 5 a 10 sessões para os processos
agudos e de 15 a 20 para os subagudos e crónicos. A aplicação de ondas curtas por

49
impulsos, ou pulsátil, representou uma tentativa de minimizar os efeitos do
aquecimento através da dissipação de calor ocorrida no intervalo entre dois impulsos,
privilegiando efeitos terapêuticos não relacionados com a diatermia. o seu valor
terapêutico é controverso, embora alguns autores defendam a sua utilização.

INDICAÇÕES
As indicações terapêuticas da diatermia por ondas curtas resultam dos seus
efeitos anti-inflamatório, analgésico e miorelaxante. Pode ser utilizada com sucesso na
fase subaguda ou crónica de diversas patologias reumatológicas e traumatológicas,
entre outras.

PRECAUÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES
A aplicação deve ser efetuada de forma correta. o doente deve estar instalado
numa estrutura não metálica e quaisquer materiais metálicos devem ser afastados pelo
menos 50 cm da área a tratar. A pele deve estar bem seca, devendo ser colocadas
toalhas entre os Elétrodos e a pele, de modo a evitar a acumulação de suor, que
provocaria grande aquecimento superficial com risco de queimadura. o doente não
deve ser portador de lentes de contato, implantes metálicos (por exemplo próteses,
material de osteossíntese ou dispositivos intra-uterinos, salvo na aplicação pulsátil) ou
“pacemaker”. Para além de comprometer a eficácia do tratamento, a presença de
objetos metálicos no circuito pode provocar queimaduras por concentração de corrente.
A diatermia por ondas curtas está contra-indicada em doentes com alterações
da sensibilidade térmica, sedados ou obnubilados, bem como em patologias
inflamatórias agudas, neoplasias, discrasias hemorrágicas, vasculopatias
ateroscleróticas e áreas isquémicas. Está também contra-indicada a sua aplicação sobre
a região ocular, útero grávido e cartilagens de crescimento.

ELETROTERAPIA
Terapia com correntes constantes e
correntes variáveis de baixa e média frequência
A Eletroterapia consiste no uso de correntes

50
eléctricas com fins terapêuticos. As correntes eléctricas podem agrupar-se em diversas
famílias, de acordo com os parâmetros que as caracterizam. Dois desses parâmetros, a
intensidade e o tempo, permitem classificar as correntes, quanto ao seu estado, em
constantes e variáveis. Nas correntes em estado constante não ocorre variação da
intensidade ao longo do tempo (excetuando-se os períodos de encerramento e abertura
do circuito, figura 9). Nas correntes em estado variável ocorre variação da intensidade
ao longo do tempo.

Figura - Corrente constante.

CORRENTES EM ESTADO CONSTANTE


A corrente em estado constante corresponde à corrente galvânica, que é uma
corrente contínua, de baixa tensão e intensidade não superior a 200 mA. Pode ser
produzida mediante o recurso a pilhas, a acumuladores ou à corrente alterna da rede.
Neste último caso, a produção da corrente galvânica pode ser realizada indiretamente,
quando a corrente da rede é utilizada para pôr em movimento um dínamo ou
diretamente, com utilização de dispositivos para modulação da corrente da rede (figura
10). A corrente galvânica apresenta efeitos físicoquímicos e efeitos fisiológicos,
convencionalmente divididos em polares, polares de vizinhança e interpolares.

Os efeitos polares são fenómenos de natureza química, decorrentes dos efeitos

51
físicos. Os efeitos polares de vizinhança ocorrem na proximidade dos polos, incluindo
analgesia e vasoconstricção (no polo positivo) e espasmólise e vasodilatação (no polo
negativo). A obtenção do efeito terapêutico pretendido obriga à seleção do polo
adequado, que se designa por elétrodo ativo. Os efeitos interpolares associam-se à
passagem da corrente galvânica através de um segmento corporal e incluem, para além
dos efeitos vasomotor e trófico, um efeito térmico pouco significativo.

GALVANIZAÇÃO E IONTOFORESE
A galvanização consiste na utilização terapêutica da corrente galvânica e as
suas indicações decorrem dos efeitos desta corrente sobre o organismo. As suas contra-
indicações incluem a existência de implantes metálicos e a presença de lesões cutâneas
na área a tratar. A modalidade apresenta riscos, geralmente por aplicação incorreta, de
queimaduras eléctricas ou químicas.
A iontoforese, modalidade associada à galvanização, consiste na utilização dos
efeitos polares das correntes galvânicas para a introdução de substâncias
medicamentosas no organismo. Uma variante da técnica, a iontoforese reversa, tem
sido utilizada na monitorização não invasiva da glicemia em doentes diabéticos e da
concentração de fármacos como a fenitoína.
A possibilidade de introduzir substâncias terapêuticas através da pele mediante
a utilização de uma corrente eléctrica foi idealizada no século XVIII pelo Abade de
Nolleto. Durante o século XIX, após a invenção da pilha eléctrica, a iontoforese
ganhou popularidade e foi objeto de ensaios de sucesso variável com diversas
substâncias, entre as quais o mercúrio, o sulfato de quinina e a morfina. A validade do
método foi estabelecida por diversas experiências, hoje consideradas clássicas, como
as de Chatzky e Leduc (figura 11). Quando se aplica uma corrente galvânica a um
segmento corporal é possível, dentro de certos limites, a introdução de iões através dos
orifícios glandulares sebáceos e sobretudo sudoríparos. Entre os fatores que
influenciam a absorção iónica contam-se o tamanho do ião e a intensidade do campo
eléctrico. Os iões são absorvidos localmente através da epiderme e difundem-se
progressivamente nos plexos venosos dérmicos e hipodérmicos, podendo comportar-se
como não difusíveis, permanecendo no local, ou difusíveis, atingindo o tecido celular
subcutâneo e entrando posteriormente em circulação.

52
Figura 1-Experiência de Leduc: dois coelhos são colocados em circuito. Sob o
polo negativo, junto ao coelho “A”, é colocado sulfato de estricnina; sob o polo
positivo, junto ao coelho “B”, é colocado cianeto de potássio. Ao estabelecer uma
corrente galvânica, ocorre penetração dos iões sulfato (So42-) e potássio (K+), não se
verificando qualquer alteração nos coelhos. No entanto, ao inverter a polaridade,
ocorre penetração da estricnina, provocando uma crise convulsiva no coelho “A” e do
cianeto, provocando a morte do coelho “B”.
Ao proporcionar a introdução de uma escassa quantidade de substância
medicamentosa, a iontoforese é geralmente utilizada em tratamentos de carácter local,
sendo rara a sua utilização em tratamentos de carácter geral. Para além de substâncias
na forma iónica, pode ocorrer também uma penetração de solutos neutros por eletro-
osmose, utilizando como meio de transporte as moléculas de água em movimento.
Algumas das substâncias correntemente utilizadas em iontoforese são apresentadas no
quadro. A administração de outras substâncias, como por exemplo a toxina botulínica
de tipo A, encontra-se em fase experimental.

53
Quadro - Algumas substâncias utilizadas em iontoforese. Nas classes de
substâncias, a polaridade do Elétrodo refere-se ao exemplo citado.

Tecnicamente, a iontoforese é semelhante à galvanização, utilizando


geralmente a substância pretendida sob a forma de solução. Existem, porém, riscos
adicionais, designadamente reações alérgicas à substância utilizada.

CORRENTES EM ESTADO VARIÁVEL

As correntes em estado variável apresentam como característica comum a


variação da intensidade em função do tempo, cuja representação gráfica vai
corresponder a uma determinada forma. As correntes variáveis podem classificar-se
quanto ao tipo de fluxo (interrompidas ou não-interrompidas), polaridade e frequência.
A polaridade exprime o sentido do fluxo eletrônico entre os dois polos do circuito.
Quando os eletrões circulam sempre no mesmo sentido, a corrente diz-se monopolar.
Quando existe variação da polaridade, a corrente diz-se bipolar, podendo apresentar
impulsos simétricos ou assimétricos (figura 12). Os impulsos assimétricos podem ser
compensados, quando a carga de ambas as fases é igual, ou descompensados, quando
essa carga é diferente. As correntes bipolares assimétricas descompensadas associam-
se à produção de efeitos Eletroquímicos semelhantes aos das correntes monopolares.

54
Figura - Correntes bipolares com impulsos simétricos e assimétricos.

Figura - Impulsos assimétricos (inferior a 1.000 Hz), média compensados e


descompensados.
A frequência corresponde ao número de impulsos por unidade de tempo e
permite o agrupamento em famílias de correntes de frequência baixa (1.000 a 10.000
Hz) ou alta (superior a 10.000 Hz). Esta classificação é muito útil, uma vez que a
frequência duma corrente se encontra estreitamente relacionada com os seus efeitos
biológicos. De referir, porém, que todas as correntes utilizadas para Eletroestimulação
se encontram situadas abaixo da banda “ELF” (extremely low frequency) do espectro
eletromagnético. A Eletroestimulação pode ter efeito motor, utilizado em Eletro
diagnóstico, Eletromiografia e estimulação neuromuscular ou efeito sensitivo, utilizado

55
em ELETRO-analgesia. As correntes utilizadas para Eletroestimulação podem ser de
diferentes tipos, consoante o efeito terapêutico pretendido e os recursos disponíveis.
Na prática, são utilizadas correntes interrompidas ou não-interrompidas, de baixa ou
média frequência.

ELETROESTIMULAÇÃO MOTORA
A Eletroestimulação motora, que se traduz pela ocorrência de potenciais de
ação nos moto-neurónios e nos músculos, engloba a estimulação eléctrica
neuromuscular (estimulação do músculo inervado através dos seus neurónios motores)
e a estimulação eléctrica muscular (estimulação direta das fibras musculares no
músculo desnervado).
Numa contração muscular voluntária pouco intensa são recrutadas inicialmente
as fibras musculares de tipo I (lentas e resistentes à fadiga). Se for necessária maior
força ou velocidade são recrutadas as fibras de tipo IIa (rápidas e de fatigabilidade
intermédia) e finalmente as de tipo IIb (rápidas e fatigáveis). A Eletroestimulação não
permite reproduzir a fisiologia normal, associando-se geralmente a um padrão de
recrutamento invertido, com solicitação inicial de fibras musculares rápidas, mais
superficiais e inervadas por motoneurónios de maior calibre. A Eletroestimulação
provoca igualmente fadiga precoce, quer pelo seu padrão de recrutamento, quer pelo
facto de solicitar repetidamente as mesmas unidades motoras.
Para produzir eletroestimulação motora, o estímulo selecionado deve possuir
intensidade e duração adequadas. designa-se por reobase a intensidade necessária para
produzir uma contração muscular com um impulso retangular longo (superior a 100
ms) e por cronaxia o menor intervalo de tempo susceptível de provocar uma contração
muscular com um estímulo de intensidade dupla da reobase . embora o recrutamento
muscular dependa da intensidade e duração do estímulo, uma vez ultrapassado o limiar
de estimulação motora, pequenos aumentos da intensidade condicionam grandes
aumentos do número de unidades motoras recrutadas. A tetanização, por outro lado,
depende da frequência de estimulação utilizada. Para correntes monopolares, a seleção
do elétrodo ativo deve atender à “lei” das ações polares de pfleuger e chaveau, segundo
a qual a estimulação neuro-muscular por uma corrente de intensidade constante é
maior durante o encerramento do circuito quando se utiliza o polo negativo como
elétrodo ativo. Para correntes com impulsos bipolares simétricos ou assimétricos
compensados, no entanto, a polaridade do elétrodo ativo não tem a mesma

56
importância.

Figura - Reobase e cronaxia.

INDICAÇÕES DA ELETROESTIMULAÇÃO MOTORA

A estimulação eléctrica neuro-muscular parece útil na prevenção ou redução da


atrofia muscular por desuso e pode ter efeito benéfico em termos psicológicos,
facilitando o processo de reabilitação. Tem sido também amplamente utilizada no
controlo da espasticidade secundária a lesões neurológicas centrais e em diversos
programas de Eletroestimulação funcional. No músculo normal, a estimulação
eléctrica neuro-muscular associa-se a um aumento de força, mas este não parece
superior ao obtido com programas de exercício “convencional” também não parecem
existir vantagens na associação entre programas de estimulação eléctrica
neuromuscular e programas de exercício “convencional”. Embora não permita manter
o trofismo nas fibras mais profundas de grandes grupos musculares, a estimulação
eléctrica muscular poderá ser útil em pequenos músculos, parcial ou totalmente
desnervados, nos quais seja previsível que o início da reinervação demore mais de três
meses. No caso de músculos parcialmente desnervados, a utilização de impulsos
exponenciais permite estimular seletivamente as fibras musculares desnervadas, que
perderam a sua capacidade de acomodação.

ELETROESTIMULAÇÃO SENSITIVA

57
Os efeitos analgésicos da Eletroestimulação sensitiva assentam em parte na
teoria do “gate-control”, formulada por Wall e Melzack em 1965. os estímulos
dolorosos são conduzidos por neurónios de pequeno diâmetro, de tipo Aδ, pouco
mielinizados e C, não mielinizados, que fazem sinapse com interneurónios
moduladores a nível da substância gelatinosa de Rolando. Quando são estimulados por
neurónios mielinizados de tipo Aδ, responsáveis pela transmissão de sensações não
dolorosas, os interneurónios moduladores inibem a transmissão dos estímulos
dolorosos, “fechando” desta forma a “cancela” da dor. A Eletroestimulação sensitiva
atuará ainda sobre centros nervosos supra-medulares que, através de vias descendentes,
vão inibir a passagem dos estímulos dolorosos a nível da substância gelatinosa de
Rolando (figura 15).

Figura - Representação esquemática do “gate- control” de Wall e Melzack. O


carácter difuso da analgesia obtida, bem como o facto desta ser abolida pela
administração de naloxona, sugere também a existência de um mecanismo humoral,
com libertação de encefalinas e endorfinas. Alguns autores têm defendido a existência
de mecanismos de ação adicionais, como o bloqueio antidrómico das fibras Aδ e C, a
inibição direta da condução em nervos danificados ou o aumento de aferências
medulares, limitando dessa forma a dor por desaferenciação.
Existem diversas correntes utilizadas em ELETRO-analgesia, como as
correntes de träbert, as correntes diadinâmicas, as correntes interferenciais e as várias
correntes usadas para estimulação nervosa eléctrica transcutânea. A corrente de träbert,
baseada na corrente galvânica, apresenta uma sucessão de impulsos retangulares de 2

58
ms e pausas de 5 ms, à qual corresponde uma frequência de 142 Hz (figura 16). As
correntes diadinâmicas, ou de Bernard, inicialmente produzidas a partir da corrente
galvânica, são hoje obtidas a partir da corrente bipolar (alterna) da rede. Compreendem
as correntes difásica fixa, monofásica fixa, modulada em longos períodos, modulada
em curtos períodos e de ritmo sincopado (figura 17). As correntes de média frequência
baseiam-se nos trabalhos de D’Arsonval, que demonstrou a boa tolerância cutânea de
correntes com frequências da ordem dos 4.000 Hz e de Nemec, que evidenciou a
possibilidade de gerar em profundidade uma corrente de baixa frequência, a partir de
duas correntes de média frequência aplicadas à superfície

Frequência: 142 Hz
Figura - Corrente de träbert.

59
As correntes assim produzidas (correntes interferenciais ou de Nemec, figuras
18 e 19) possuem as potencialidades terapêuticas das correntes de baixa frequência,
produzindo uma ELETRO-analgesia de magnitude comparável à do “tENS”
(Transcutaneous Eletrical Nerve Stimulation). As correntes interferenciais não
possuem efeitos polares, são melhor toleradas a nível da pele e dos tecidos superficiais
e atuam essencialmente a nível dos tecidos mais profundos.

60
Figura - Representação esquemática da geração de uma corrente interferencial.

A estimulação nervosa eléctrica transcutânea (tens) é uma modalidade de


Eletroestimulação sensitiva muito difundida que utiliza dispositivos portáteis de baixo
custo, alimentados a pilhas e que transmitem a corrente através de Elétrodos de
superfície (figura 20). As correntes utilizadas variam, mas as bifásicas simétricas ou
assimétricas compensadas são as mais utilizadas e melhor toleradas em tratamentos de
longa duração. De um modo geral, a modalidade agrupa a estimulação de alta
frequência e baixa intensidade (“High tENS”) e a estimulação de baixa frequência e
elevada intensidade (“Low tENS”). Embora a seleção dos parâmetros e a localização
dos Elétrodos seja determinante para a obtenção dos resultados pretendidos, o efeito
placebo não é desprezível, contribuindo para 25 a 30% dos sucessos terapêuticos.

Figura - Aparelho de “TENS”.

INDICAÇÕES DA ELETROESTIMULAÇÃO SENSITIVA

A Eletroestimulação sensitiva está indicada em diversas situações dolorosas. As


correntes de träbert, pelo seu efeito dinamogénio, estão especialmente indicadas nas
contratuais musculares, mas produzem facilmente habituação. Este efeito indesejável é

61
mais limitado nas correntes diadinâmicas, cuja utilização permite, consoante a
modalidade selecionada, a obtenção de um efeito predominantemente analgésico ou
dinamogénio. As correntes interferências estão indicadas, entre outras situações, em
contraturas musculares, raquialgias e insuficiência venosa. As indicações do “tENS”
incluem neuropatias periféricas, nevralgias pós-herpéticas, algoneurodistrofias, dores
agudas e dores crónicas (reumáticas, pós-operatórias, póstraumáticas e oncológicas).
Não se observaram resultados consistentes nas neuropatias periféricas de causa
metabólica e nos sindromas dolorosos de origem central ou psicogênica.

PRECAUÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DA
ELETROESTIMULAÇÃO

Para além das normas gerais de segurança que devem regular a utilização de
dispositivos eléctricos (entre as quais a não utilização em ambientes húmidos ou na
proximidade de fontes de calor, aparelhos de ondas curtas ou de micro-ondas), os
aparelhos de Eletroestimulação não devem ser utilizados em doentes com alterações de
sensibilidade ou de consciência, deficientes mentais, crianças muito pequenas, grandes
idosos ou doentes com dores de etiologia não esclarecida. Deve-se evitar a
Eletroestimulação da região pré-cordial, designadamente em doentes portadores
de “pace-maker”, bem como dos olhos, seio carotídeo, laringe, útero grávido,
cartilagens de crescimento, mucosas, neoplasias e metástases (excetuando ELETRO-
analgesia em casos ponderados), infecções, tromboflebites ou implantes metálicos (no
caso de correntes monopolares ou bipolares não compensadas). A Eletroestimulação
deve ser usada com precaução em doentes obesos, uma vez que o excesso de tecido
adiposo poderá levar à seleção de uma intensidade demasiadamente elevada.

Propriocepção no esporte
A propriocepção é a aferências dada ao sistema nervoso central (SNC) pelos
diversos tipos de receptores proprioceptivos que estão localizados nos ossos, nos
ligamentos, nos tendões, no tinepciudto subcutâneo, nas fáscias musculares e na
porção interior dos músculos.1 Trata-se do sensorial dos receptores proprioceptivos
para discriminar a posição e o movimento articular, inclusive a direção, a amplitude e a

62
velocidade, bem como a tensão relativa sobre os tendões.2
Dentre os principais proprioceptores estão os receptores articulares, compostos
por terminações livres e pelos corpúsculos de, Paccini e Golgi. Nos ligamentos, eles
funcionam como protetores e informam a posição respectiva do membro e a tensão
ligamentar. Os receptores são estimulados através da sua deformação, realizada por
meio da tração ou coaptação articular.
Todo comando motor inicia-se com o reconhecimento da situação atual
(posição e movimento do corpo) a partir da informação vinda desses receptores, sendo
a propriocepção um importante elemento de manutenção da estabilidade articular
mediado pelo SNC.
A propriocepção influência diretamente no equilíbrio postural, pois é um dos
sistemas responsáveis pela aferência sensorial, juntamente com os sistemas visual e
vestibular.5 O equilíbrio é visto como uma integração sensório motora que garante a
manutenção da postura. O equilíbrio postural ocorre quando o sistema visual, o
somatossensorial e o vestibular estão interagindo, juntamente com o sistema nervoso
central, mais especificamente tronco encefálico e cerebelo.
A capacidade de manutenção do equilíbrio é prejudicada, entre outros motivos,
pelas lesões nas articulações, que, por sua vez, alteram as reações proprioceptivas. As
principais lesões que influenciam essas alterações são a ruptura e a distensão de
componentes articulares que constituem os ligamentos, tendões e cápsula, em virtude
da disfunção dos mecanorreceptores periféricos.
Essas lesões articulares ocorrem frequentemente nos esportes e, muitas vezes,
impedem o atleta de continuar a sua prática. No esporte competitivo, as lesões
desportivas podem ser resultantes de um choque com o adversário ou com objetos.8
Para diminuir a incidência de lesões no esporte, programas de treinamento
proprioceptivo vêm sendo utilizados.9 Os exercícios desses programas baseiam-se em
situações em que a variabilidade e a instabilidade são dois fatores constantes e, por
isso, sugere-se que ocorram em superfícies móveis, com diferentes graus de dureza,
com apoio unipodal e ainda com e sem referências visuais.
O treinamento proprioceptivo estimula as aferências neurais originadas dos
mecanorreceptores das articulações, dos músculos, dos tendões e dos tecidos
profundos que são transmitidas em forma de impulso neural codificado para os vários
níveis do SNC, para que as informações a respeito das condições dinâmicas ou
estáticas, equilíbrio ou desequilíbrio e relações biomecânicas de estresse/distensão

63
possam ser verificadas.10 Essas informações podem influenciar tônus muscular,
programas de execução motora e percepção somática cognitiva.
A propriocepção pode influenciar a marcha, a força muscular e o equilíbrio, já
que estas variáveis dependem da integridade das sensações proprioceptivas. Em
relação ao equilíbrio postural, este é mantido, tanto pelas propriedades viscoelásticas
dos músculos, quanto por ajustes posturais desencadeados a partir das informações
sensoriais visuais, vestibulares e somatossensoriais, sendo a propriocepção uma das
fontes sensoriais que parece ter maior expressividade no controle postural.12
A propriocepção pode ser prejudicada, quando acontece alguma lesão, pois
possui relações diretas com os movimentos articulares. As fraturas, por exemplo,
provocam alteração das sensações proprioceptivas, entre outras consequências,
podendo predispor os atletas a futuras instabilidades na articulação acometida.4,13
Com base nesses pressupostos, o presente trabalho busca analisar os estudos
que possuem enfoque na relação de exercícios proprioceptivos, na prevenção e
reabilitação de lesões desportivas bem como suas implicações no equilíbrio postural,
pois a propriocepção é uma das fontes sensoriais que influencia no controle da postura,
levando em conta essa definição, realizar-se-á uma revisão bibliográfica.

Propriocepção utilizada para reabilitação de lesões

A reabilitação deve considerar de forma significativa a propriocepção, pois


refere-se à sensibilidade ao tato, que engloba a sensação do movimento e de posição
articular. Além disso, a mesma deve ser enfatizada no tratamento fisioterapêutico
buscando aumentar a qualidade e a velocidade das respostas do aparelho
neuromuscular, de modo que estimule sensibilidade e a reação com respostas rápidas e
precisas.
Os efeitos das lesões ligamentares resultam em instabilidade mecânica e
deficiência proprioceptiva que contribuem para a instabilidade funcional. Após uma
lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), a instabilidade articular e a ausência de
estímulos para a contração muscular reflexa são sintomas que dificultam a reabilitação
em consequência da deficiência proprioceptiva. A resposta reflexa para o controle dos
movimentos da articulação do joelho é significativamente mais lenta num joelho com
lesão do LCA do que num joelho contralateral normal.

64
Sampaio & Souza26 realizaram um trabalho a respeito da reeducação
proprioceptiva nas lesões do LCA do joelho. Foram reabilitados 496 pacientes com
lesões ligamentares no período de 1987 a 1993. As técnicas de reeducação
proprioceptiva foram aplicadas em 247 pacientes com duração de três meses e foram
baseadas em quatro fatores:
1. Exercícios de estímulos que usam o desequilíbrio provocado e
controlado, para produzir maior número de informações proprioceptivas ao nível do
joelho. Utilizam-se equipamentos simples para produzir os estímulos, tais como plano
inclinado, prancha oscilante de Dotte, aparelho de Freeman, prancha de equilíbrio,
cama elástica e skates.
2. Progressividade e dificuldade dos exercícios, que possibilitam levar o
paciente a um treinamento controlado, de caráter repetitivo, até atingir um nível de
habilidade compatível com sua atividade.
3. Critérios de habilidade, correspondendo ao grau I - exercícios leves
(apoio bipodal para monopodal, com ou sem auxílio da visão); ao grau II ¬ exercícios
moderados (planos instáveis e corrida no plano sem mudança de direção); e ao grau III
- exercícios avançados (alternância de pisos, saltos e corridas com mudança de
direção).
4. Avaliação proprioceptiva, em que o paciente deve ter uma boa
desenvoltura nos exercícios, além de flexibilidade, coordenação, força muscular e não
apresentar dor e/ou derrame articular. Tal estudo resultou num ganho de habilidade,
agilidade e confiança do paciente, através do aumento da velocidade da resposta de
defesa e da estabilidade articular. Como dado subjetivo, foi relatada a perda do medo
dos sujeitos da pesquisa de adquirir uma nova lesão.
Segundo Fitzgerald,36 as técnicas de tratamento proprioceptivas foram
utilizadas para dar estabilidade ao joelho e proporcionar o retorno dos atletas a um alto
nível de atividade física. Foram analisados indivíduos com lesão unilateral do LCA.
Esses se dividiam em dois grupos; um deles, recebendo treinamento convencional
(exercícios resistidos e aeróbicos) e outro, recebendo treinamento proprioceptivo
(skate, balancim e prancha de equilíbrio). Os resultados demonstraram maior eficácia
no treinamento proprioceptivo, se comparados ao treinamento convencional, uma vez
que o treinamento proprioceptivo reduz o risco de lesões recorrentes e mantém a
funcionalidade do indivíduo por períodos prolongados.
Segundo Renstrom & Lynch, as lesões ligamentares agudas são comuns de

65
ocorrer, sendo que a maioria acontece durante a atividade esportiva. Quando essas
ocorrem, o treinamento de propriocepção com pranchas de inclinação deve ser iniciado
assim que possível, geralmente três a quatro semanas após a lesão, sendo que seu
objetivo é melhorar o equilíbrio e o controle neuromuscular do tornozelo.
Mendelson et al. enfatizaram a importância da restauração da propriocepção
articular em seu estudo ao aplicarem um protocolo, enfocando a força muscular
isométrica e o treino de marcha. O aumento na mobilidade, os ganhos de equilíbrio, a
maior confiança dos pacientes à movimentação ativa e a melhora no posicionamento
angular articular foram associados à melhora do senso proprioceptivo, sugerindo que
tal treinamento promova o estímulo da área representante no sistema nervoso central e,
consequentemente, a adaptação e a automação dessas habilidades musculoesqueléticas.

Biomecânica – Influência no desporto

A Biomecânica é o estudo da estrutura e função de sistemas biológicos por


meio de métodos particulares da “Mecânica” - é o ramo da física que envolve a análise
da ação de forças. Dentro da “mecânica”, existem dois campos de estudo específicos:
Estática, que é o estudo de sistemas em movimento constante (quer em repouso quer
com velocidade constante); e a Dinâmica, que é o estudo de sistemas em que a
aceleração está presente.

Etimologia da palavra e primeiros biomecânicos


A palavra “Biomecânica” (1899) foi aglutinada do Grego Antigo βίος bios
"vida" e µηχανική, mēchanikē "mecânica".
Aristóteles foi o primeiro a descrever a biomecânica, por via de um livro seu,
De Motu Animalium, ou seja, No Movimento dos Animais. No final, Aristóteles
escreveu: “E assim terminámos pelas partes de cada tipo de animal, a alma, a perceção,
o sono, a memória e o movimento em geral”.
Leonardo da Vinci pode ser considerado o primeiro verdadeiro Biomecânico,
porque foi o primeiro a estudar a anatomia animal no contexto da mecânica. Ele
analisou forças musculares que atuavam como linhas ligando origens e inserções e
estudou também o funcionamento dos ligamentos. Leonardo da Vinci tentou imitar
algumas características animais nas suas criações. Por exemplo, estudou o voo de aves

66
para encontrar uma forma para que o ser humano pudesse voar. Como os cavalos eram
a principal fonte de poder de tração ele estudou os seus sistemas musculares para
desenhar máquinas que beneficiariam das forças aplicadas por este animal.

A fisiologia humana foi estudada a fundo por Da Vinci.

Era industrial
No século XIX Étienne-Jules Marey usou a cinematografia para investigar
cientificamente a locomoção. Criou assim um campo de “análise do movimento”
moderno ao ser o primeiro a correlacionar as forças de reação do solo com o
movimento. Na Alemanha, os irmãos Ernst Heinrich Weber e Wilhelm Eduard Weber
aprofundaram muito o estudo da marcha humana, mas foi Christian Wilhelm Braune
quem significativamente elevou a Biomecânica a ciência, usando avanços recentes da
mecânica. Durante o mesmo período, a mecânica dos materiais começou a florescer na
França e Alemanha sob as necessidades dessa nova era. Isto levou ao renascimento da
biomecânica do osso, quando o engenheiro de linhas férreas Karl Culmann e o
67
anatomista Hermann Von Meyer compararam o fémur humano com um similar
recriado em metal. Inspirado por esta descoberta, Julius Wolff propôs a famosa
Wolff’s Law, que consiste na remodelação do osso.
Wolff’s Law é uma teoria que afirma que o osso de uma pessoa ou animal
saudável adapta-se à carga que sobre si é efetuada. Se essa carga porventura aumentar,
o osso remodelar-se-á por si mesmo com o tempo para ficar forte e resistir a essa nova
carga.

Biomecânica no desporto
A Biomecânica no desporto é uma área que alberga a ciência no que concerne à
análise da mecânica no movimento humano. Explica como e por que razões o corpo
humano se move da maneira que naturalmente o faz. No desporto, esta definição
estende-se, considerando a interação entre o executante, o equipamento e o ambiente.
Seguem-se alguns exemplos de áreas em que a Biomecânica se relaciona
diretamente com desporto:
• identificação da técnica ótima para elevar a performance
num desporto;
• análise da carga muscular para determinar o método mais
seguro para executar um desporto ou exercício particular;
• avaliação da carga utilizada;
• análise de equipamento desportivo, como calçado,
raquetes, sticks.
A Biomecânica neste ramo está envolvida na tentativa de melhorar o
desempenho e/ou reduzir o risco de lesões.

Parâmetros biomecânicos

Cinemetria
Cinemetria é um dos métodos de investigação da biomecânica que pretende
obter as variáveis cinemáticas do movimento de corpos ou dos seus centros de massa,
tais como: deslocamento, tempo, velocidade e aceleração. É o método que adquire
maior número de informação sobre o movimento visto que se baseia na obtenção de

68
imagens através de câmaras de vídeo ou até câmaras fotográficas.
O estudo da informação obtida favorece os mais variados campos, mas
debruça-se especialmente na saúde e no desporto, apesar de também estar intimamente
ligada ao design gráfico (efeitos especiais, jogos virtuais).
Para captar o movimento em estudo, utilizam-se câmaras dispostas num só
plano (estudos bidimensionais) ou em vários planos (estudos tridimensionais). De
seguida, é utilizado um software de vídeo-análise de modo a captar determinados
pontos de referência em cada fotograma e projetá-los nos modelos em construção. O
resultado final será uma imagem animada em que o modelo representará o objeto
captado.

Criação do modelo a partir da vídeo-análise do objeto/pessoa pretendido.

Nos últimos anos, a biomecânica tem conquistado o seu lugar na vida dos
desportistas. Cada vez é mais importante uma análise minuciosa da performance dos
atletas de modo a melhorá-la e se possível, prevenir lesões.
Na preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim foi utilizada tecnologia de
3D Motion Capture nos atletas de triatlo dos Estados Unidos da América. Colocou-se
LEDs infravermelhos em pontos estratégicos do corpo dos atletas e das suas bicicletas
o que permitiu receber dados em tempo real acerca das suas prestações. Assim, foi

69
permitido aos treinadores corrigir todo o tipo de erros que pudessem provocar lesões
ou desperdício de tempo.
Em 2009, algumas equipas da NFL e da American League fizeram parcerias
com laboratórios de investigação para se estudar os seus jogadores. Os laboratórios
utilizaram tecnologia de 3D Motion Capture para analisar os movimentos dos atletas
com o intuito de melhorar os seus rendimentos.
Em 2011 utilizaram-se processos biomecânicos, em particular a cinemetria para
estudar as capacidades de Cristiano Ronaldo.

“Ronaldo – Tested to the limit” foi um documentário onde as capacidades de


Ronaldo foram estudadas com recurso a parâmetros biomecânicos.

Dinamometria

Etimologicamente, a palavra dinamometria provém do grego e pode


subdividirse em duas partes: dina (força) e metria (medição). Assim, pode definir-se
dinamometria como o conjunto de processos usados na medição de forças, assim como
na medição da distribuição de pressões.
Os principais objetivos da utilização da dinamometria são: a análise técnica do
movimento; a análise da condição física; o controlo de sobrecarga; a influência de
fatores internos; a influência de fatores externos e a monitorização de atletas.

70
O estudo da dinamometria faz-se essencialmente através de duas técnicas.
Uma das técnicas baseia-se na utilização de plataformas de força, enquanto a outra se
baseia na utilização de plataformas de pressão.
Através da utilização de plataformas de força (figura 5), que consistem em
duas superfícies rígidas interligadas por sensores de força, mede-se a força de reação
do solo na superfície de contato durante a fase de apoio do movimento. Esta força é
representada em forma de vetor em função do tempo, dividindo-se em três
componentes (vertical (Z), antero-posterior (Y) e médiolateral (X)). Os dados
encontrados são enviados para um processador que, através do software indicado os
regista, permitindo uma posterior análise e tratamento dos mesmos. A comparação de
dados de múltiplos e diferentes ensaios permite estabelecer modelos que permitem aos
atletas perceber o modo como se devem movimentar para aumentar a força eficaz e
diminuir a dissipação de força. Este tipo de estudo é efetuado em diversos desportos,
tais como a marcha e outros. Apesar de permitirem perceber o melhor modo como se
poderão aplicar as forças, as plataformas de força são instrumentos de custo elevado,
pelo que, para estudos mais simples, recorre-se a adaptações desta plataforma que
apresentam custos mais acessíveis.

As plataformas de força permitem a divisão da força em três componentes.

Através da utilização de plataformas de pressão é possível avaliar o


comportamento da pressão plantar, algo muito útil nos desportos em que o controlo
dos pés é essencial, como nos saltos em trampolim ou na ginástica. Esta medição é
normalmente efetuada através de palmilhas que contêm transdutores (dispositivos que
71
transformam um tipo de energia noutro tipo de energia, utilizando para isso um
elemento sensor que recebe os dados e os transforma). Estas palmilhas medem as
pressões exercidas nas diferentes zonas da planta do pé. Além de permitir aos atletas
reajustar a postura de modo a obter melhor rendimento com menor gasto energético,
estes estudos também permitem desenvolver calçado desportivo que possibilite não só
uma melhor adaptação do calçado ao objetivo pretendido, mas também diminuir o
risco de lesões. Este tipo de estudos é muito desenvolvido pelas grandes marcas
desportivas, tal como a Nike e a Adidas, e os seus resultados estão à vista, bastando
para isso analisar, por exemplo, as chuteiras existentes no início do século e as
chuteiras atuais, em que as diferenças são totalmente evidentes, desde o peso até à
estética.

A evolução do calçado desportivo está diretamente ligada à dinamometria.

Em suma, o papel da dinamometria no desporto é deveras importante,


permitindo aos atletas perceber como devem executar os movimentos para serem mais
eficientes, assim como o modo como devem colocar os apoios no solo. Além disso,
permite ainda o desenvolvimento de equipamento desportivo que, além de aumentar o
rendimento, diminui o risco de lesão.

Eletromiografia
A eletromiografia (EMG) trata-se de um método de monitorização e registo

72
gráfico das variações de potenciais elétricos, ou seja, da atividade elétrica, gerados ao
nível dos músculos. Isto é possível pois a atividade muscular é condicionada pela
emissão de impulsos elétricos que partem do cérebro, mais especificamente a partir do
córtex central. Estes impulsos elétricos, ao entrar em contato com os devidos
músculos, provocam um potencial de ação nas fibras musculares da unidade motora
em estudo. Os sinais eletromiográficos estudam precisamente esse potencial de ação e
são medidos sob a forma de voltagem em função do tempo.
No âmbito da biomecânica aplicada ao desporto, o registo da atividade
eletromiográfica permite determinar que músculos são utilizados em determinados
movimentos e o seu comportamento, o nível de atividade muscular durante a execução
do movimento, a intensidade e duração da solicitação muscular, além de possibilitar
inferências relativas à fadiga muscular e ainda avaliar o nível de fadiga muscular que
poderá afetar a performance dos atletas.
A EMG é também considerada uma área importante de avaliação biomecânica
por ser o único meio de medição, ainda que indiretamente, das forças produzidas pelos
grupos musculares, entrando assim, no âmbito da Biomecânica interna.
Relativamente ao procedimento experimental, uma EMG aplicada ao desporto
efetua-se ligando elétrodos superficiais a uma unidade motora. Os potenciais de ação
que ocorrem nas fibras ativas são então conduzidos pelos tecidos e fluidos envolventes
até a superfície da pele. A partir dos sinais obtidos, o eletromiógrafo faz uma
representação gráfica da soma de toda a atividade elétrica das fibras musculares ativas.

Gráfico obtido na medição eletromiográfica.

73
Antropometria
Pode definir-se antropometria como a “ciência de medida do tamanho
corporal” (NASA, 1978).
Apesar do estudo da antropometria apenas ter sido aprofundado recentemente,
o fascínio do ser humano pela morfologia do corpo humano é antigo. Na antiguidade, a
antropometria relacionava-se essencialmente com a arquitetura e
Vitrúvio defendia que “o desenho de edifícios se devia basear em certos
princípios morfológicos do corpo”. Posteriormente, nos finais do século XIX e
princípios do século XX a antropometria começou a desenvolver-se e a aproximar-se
do que é hoje. Isto foi visível quando, em 1954, Hetzberg mediu as dimensões
antropométricas dos indivíduos da força aérea norte-americana.
No âmbito da Biomecânica, a antropometria dedica-se ao estudo da geometria
da massa corporal, do centro de massa do corpo, do momento de inércia dos segmentos
corporais, do centro de massa de cada segmento corporal e das dimensões e proporções
corporais.
Os parâmetros anteriormente referidos são estudados através de diferentes
métodos:
-Investigação em cadáveres: consiste na fragmentação do corpo, o que permite
determinar as características e propriedades da massa corporal humana;
-Investigação in vivo: usam-se diferentes métodos como a pesagem
hidrostática, que permite obter a massa por unidade de volume (figura 8),
fotogrametria (que consiste na obtenção de informação através de processos de
gravação, medição, etc), entre outros, que permitem determinar a massa, localizar o
centro de massa e os momentos de inércia dos segmentos corporais;

74
Na pesagem hidrostática

-Investigação analítica indireta: em que se usam procedimentos analíticos para


calcular as características e propriedades inerciais da massa corporal. Ou seja,
“aplicam-se as leis da mecânica na construção de modelos matemáticos do corpo
humano”.
Assim, através do estudo das diferentes características do corpo humano, a
antropometria procura construir modelos antropométricos do corpo humano que
permitam aos atletas obter melhores rendimentos com um gasto energético mais baixo.
A partir de conhecimentos antropométricos, os atletas poderão desenvolver a
sua morfologia de acordo com as características que pretendem possuir. Cristiano
Ronaldo (figura 9), por exemplo, apresenta pernas longas e delgadas, em oposição ao
tronco e braços robustos. Esta característica faz com que possua um alto centro de
gravidade, o que lhe permite correr, saltar ou rematar com uma menor exigência física.
O mesmo acontece com o jamaicano Usain Bolt (figura 10), recordista mundial dos
100 m.

75
As semelhanças antropométricas entre Ronaldo e Bolt fazem com que possuam
características semelhantes.

Em contrapartida, um centro de gravidade mais baixo permite um melhor


balanceamento, ou seja, uma maior capacidade de controlar o equilíbrio. Esta
estabilidade também poderá ser adquirida ao adotar certas posições, que aumentem a
base de apoio. Este tipo de posições é adotado em diversos desportos, como o ténis, o
judô, a luta olímpica, entre outros.

No ténis adotam-se posições que aumentam a estabilidade.

76
Apesar do que foi dito anteriormente, nem sempre os desportistas procuram a
estabilidade. Por vezes, é necessário recorrer à instabilidade para otimizar os
resultados. Este facto verifica-se, por exemplo, na partida das provas de velocidade,
em que os atletas procuram uma posição instável que lhe proporcione uma maior
impulsão na largada (figura 12).

Algumas posições de instabilidade permitem o aumento da impulsão.

Em suma, em todos os desportos, procura-se atingir um alto rendimento com


um baixo consumo de energia. A antropometria aplicada à Biomecânica é capaz de,
para cada modalidade, encontrar desde modelos corporais a posições a adotar para que
isso aconteça. Portanto é cada vez mais importante que se associe a antropometria a
desporto, pois os estudos nesta área melhoram o desempenho desportivo.

Biomecânica no desporto - Aumento da performance e tratamento de


lesões

A Biomecânica é extremamente importante para os atletas em diversos ramos,


quer na recuperação de lesões ou prevenção das mesmas, bem como no aumento do
rendimento da sua performance e melhor utilização de regiões musculares. Existem
ainda biomecânicos especializados em equipamentos desportivos, que de uma forma
ou de outra, melhoram o rendimento dos atletas. A Biomecânica ajuda os atletas, que
não têm as aptidões físicas necessárias, a superiorizarem-se, graças ao

77
desenvolvimento da técnica mais adequada, estudando os seus movimentos
pormenorizadamente. É desta forma uma importante ferramenta para qualquer atleta e
um benefício para o desporto em geral.

Aumento da performance
O aumento de rendimento de um atleta pode ser conseguido através de estudos
biomecânicos do movimento do mesmo. Por vezes, um mau movimento ou até uma
má rotação são suficientes para não se obterem os melhores resultados possíveis. É
aqui que entra a Biomecânica. Esta área da ciência foca-se nos desportos em que se dá
prioridade à técnica em vez da força ou das aptidões físicas. Assim, consegue-se que
um atleta supere todas as suas dificuldades, tornando-o tecnicamente exímio e
compensando as suas debilidades físicas.
Para estudar a influência da Biomecânica no desporto, existem hoje em dia
laboratórios específicos, alguns em faculdades, que observam os movimentos de
determinados atletas, tirando as suas próprias conclusões sobre como é que se pode
rentabilizar e canalizar a energia e qualidade de um atleta em seu proveito. Por vezes,
existem treinadores que estudam o seu atleta não só pelas suas aptidões físicas, mas
também pelas suas características psicológicas, comparando-o com grandes figuras do
desporto. No entanto, ao tentar maximizar a capacidade psicológica dos atletas
(confiança, nervosismo, “garra”, capacidade para lutar em desvantagem), os
treinadores apenas obtêm pequenas mudanças na performance do atleta. Por outro
lado, consegue-se aumentar o rendimento de um dado atleta fazendo alterações nos
equipamentos desportivos adequados. Ao longo dos anos muitas mudanças foram
feitas e implementadas nas mais diversas modalidades.
Em 1980 e 1981, alguns biomecânicos tiveram a ideia de conceber raquetes em
tamanho mais pequeno, para que as crianças pudessem praticar de uma forma mais
consistente a modalidade. Criaram assim raquetes menores e mais leves, de forma a
que as crianças que se quisessem dedicar a esta modalidade pudessem imprimir ao
movimento uma maior potência, apesar da sua pequena estatura.

Tratamento de lesões
Os biomecânicos também se dedicam ao estudo da prevenção e tratamento de
lesões desportivas. Diferentes lesões podem ser causadas por diversos motivos. Por
vezes, o stress e a tensão sentida, em conjunto com o esforço que os atletas executam,

78
é o suficiente para provocar uma lesão a nível ósseo, ou mesmo a nível muscular ou
nervoso. Com efeito, a Biomecânica pode ajudar na prevenção de lesões graves,
trabalhando em algumas áreas, nomeadamente, o controlo postural, o controlo de
cargas e peso e questões nervosas. No caso particular de Rafael Nadal, o tenista
utilizou um equipamento (passadeira anti-gravidade), no qual, conseguiu recuperar de
uma lesão ao mesmo tempo que mantinha um certo ritmo de exercício. As passadeiras
anti-gravidade (figura 13), desenvolvidas pela NASA, criam um ambiente gravítico
mais baixo, através da variação de pressão do ar, o que permite aos atletas treinarem
sem esforçarem demasiado algum local afetado por uma lesão (como um tendão ou um
músculo), ou seja, estas passadeiras têm como funcionalidade diminuir o impacto da
corrida nos membros inferiores. Este tipo de passadeiras é adotado por um número
cada vez maior de atletas (ao mais alto nível), tal como se verifica nas seguintes
notícias

Por vezes, a Biomecânica encontra formas de recuperar mais facilmente de


lesões.

79
Biomecânica no desporto – estado de arte e inovações

Estado de arte
Como se viu anteriormente, a biomecânica, hoje em dia, estuda vários ramos do
desporto na procura de um melhor rendimento a nível desportivo, procurando melhorar
os movimentos dos atletas e os equipamentos que estes usam.
Contudo, apesar da Biomecânica ser deveras importante no desporto, é ainda
alvo de estereótipos e visões erradas. Por vezes esta ciência ainda é vista como uma
matéria a ser analisada e compreendida apenas por especialistas que trabalham no
ramo do desporto de alto rendimento ou por peritos nas áreas de física e matemática.
Esta visão errada faz com que este ramo não seja estudado pelos profissionais
do ramo de Educação Física, o que debilita a formação destes profissionais.
Apesar desta visão errada que alunos e professores têm da Biomecânica, ela
continua a ser aplicada no desporto de alto rendimento, sendo que atualmente, muitos
estudos têm sido feitos no melhoramento dos desportos, particularmente em desportos
paralímpicos que englobam o uso de cadeira de rodas.

Desportos paralímpicos
Desde sempre, as pessoas com deficiências motoras foram vistas como
“pacientes” quer pela comunidade médica quer pelas pessoas em geral. Embora este
ponto de vista seja de certo modo “compreensível”, não favoreceu o sentido de que
essas pessoas têm tanto direito de praticar desportos organizados e outras atividades de
lazer como as pessoas que não têm deficiências.
Porém esta visão começou a mudar nos meados do século XX com o
aparecimento do desporto organizado para pessoas com deficiência em Stoke
Mandelville, na Inglaterra, em 1948. Como resultado dessa evolução, várias
organizações internacionais foram desenvolvidas, incluindo a Organização
Internacional do Desporto para os deficientes em 1964 e o Comité Internacional dos
Paralímpicos em 1989.
Alguns países também possuem organizações regionais mais pequenas que têm
um papel importantíssimo na promoção ao acesso às atividades desportivas para os
indivíduos com deficiências.

80
Desde 1988 os Jogos Paralímpicos de verão têm sido realizados imediatamente
após os Jogos Olímpicos de verão na mesma cidade onde estes ocorrem. Os Jogos
Paralímpicos têm continuado a crescer em prestígio e em tamanho.
Os Jogos Paralímpicos de Pequim 2008 foram compostos por 20 desportos e
envolveram mais de 3000 atletas de 146 países. Este crescimento coincidiu com uma
mudança do ponto de vista da sociedade, sendo que, atualmente, os atletas com
deficiências são mais frequentemente considerados como “atletas”. Esta mudança do
ponto de vista da sociedade fez com que houvesse uma maior investigação no âmbito
desportivo em vez de investigação no âmbito de reabilitação das pessoas com
deficiências motoras.

Estudos inovadores – desportos paralímpicos de cadeiras de rodas

As cadeiras de rodas são utilizadas pelos atletas paralímpicos em eventos de


campo e de pista, de maratona e em desportos coletivos tais como basquetebol, rugby e
ténis.
A performance nos desportos que utilizam cadeira de rodas é condicionada
essencialmente por três fatores: o atleta em si, a cadeira de rodas e a relação entre o
atleta e a cadeira de rodas. A interação destes três fatores pode influenciar as
características cinemáticas e eletromiográficas do impulso da cadeira de rodas, bem
como a fricção e a resistência do ar encontrada. Assim, o design das cadeiras de rodas
continua a evoluir, usando cada vez mais designs específicos de cadeiras nos desportos
competitivos, visando melhorar a performance dos atletas.
Alguns estudos, examinaram a Biomecânica em provas de sprint de cadeira de
rodas, provando que a velocidade dependia da “capacidade” do atleta em exercer
impulsos no aro em breves momentos sendo que a força desempenha um papel crucial
neste momento. A partir destes estudos concluiu-se que o exercício da figura
permitia aumentar a “força” do atleta, aumentando assim a intensidade do
impulso exercido no aro.

81
Exercício de prensa em banco.

O estudo da biomecânica aplicada à locomoção de cadeira de rodas difere de


desporto para desporto, devido às diferentes acelerações, desacelerações e mudanças
de direção requeridas pelos vários desportos.
Assim, em desportos como o rugby e o basquetebol, as cadeiras de rodas dos
atletas são modificadas para se adequarem às solicitações particulares que cada
modalidade exige (muda-se a altura do assento, por exemplo), sendo que, contudo,
algumas destas alterações causam adversidades aos atletas.
No basquetebol de cadeira de rodas, os jogadores com maior poder de tronco e
com melhor qualidade (são os jogadores funcionais que normalmente fazem mais
pontos) têm, regra geral, o assento da cadeira numa posição mais alta que os outros
jogadores da equipa, o que faz com que estes jogadores possuam um centro de massa
mais elevado, tornando o lançamento ao cesto e o ganho de ressaltos mais fáceis.
Contudo, a elevação do centro de massa destes atletas faz com que percam estabilidade
e velocidade nas mudanças de direção. Assim, os jogadores que fazem menos pontos,
normalmente jogam mais na defesa e usam cadeiras de rodas com uma curvatura nas
rodas traseiras, o que faz com que o seu centro de massa baixe, aumentando a largura
da base de apoio com o solo, incrementando, como resultado disso, a sua estabilidade e
a sua capacidade de bloqueio em detrimento da velocidade máxima da cadeira de
rodas.

82
Curvatura nas rodas traseiras.

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