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2019 - Mariana Palha de Brito Jardim
2019 - Mariana Palha de Brito Jardim
2019 - Mariana Palha de Brito Jardim
INSTITUTO DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
(PATOLOGIA E CIÊNCIAS CLÍNICAS)
DISSERTAÇÃO
2019
I
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE VETERINÁRIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
(PATOLOGIA E CIÊNCIAS CLÍNICAS)
Seropédica, RJ
Fevereiro de 2019
2
Jardim, Mariana Palha de Brito, 1992-
J37i Intoxicação em gatos domésticos no Brasil -
43 f.: il.
Agradeço a Deus, pelo fôlego da vida e pela misericórdia que tens para comigo, em
particular por ter me proporcionado aprender e compartilhar momentos ímpares durante o
curso de mestrado, por me conduzir nas decisões e me fortificar sempre que por ele clamei.
A minha mãe, Maria Marta Palha de Brito, pelo amor incondicional, pelas orações e
abdicações, por sempre me apoiar, me orientar e não medir esforços para me auxiliar em todas
as ocasiões, assim como a todos os meus familiares por ela representados.
Ao meu namorado, Anderson Barros Teixeira Pinto por todo amor e carinho, por ser
tão ajudador e companheiro, bem como paciente, durante esta jornada.
Aos meus amados e queridos gatos, pelo amor puro e verdadeiro, sem requerer nada
em troca, por me darem apoio e força para enfrentar as dificuldades e enxergar o mundo de
forma mais simples, amo vocês meus filhos.
A minha orientadora, Heloisa Justen Moreira de Souza, por todas as oportunidades e
pela troca diária de conhecimento, por lutar por cada animal como ser único, independente de
quaisquer circunstâncias, sendo este o legado que considero a chave dos demais e assim
anseio basear minha vida profissional, tendo-o sempre em mente.
Aos amigos, aqui representados por Ana Carolina Azevedo Meirelles e Gabriela de
Carvalho Cid, as quais se tornaram verdadeiras irmãs, por estarem comigo em todas as
situações, sejam estas de alegria ou não e por compartilharem comigo o real significado da
amizade.
Aos colegas do Setor de Gatos Domésticos do Hospital Veterinário, bem como aos
demais profissionais e professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ),
pelo aprendizado e pelas trocas de experiência, bem como pela agradável e prazerosa
convivência, agradeço a todos pelo acolhimento e por tornarem a UFRRJ meu lar acadêmico.
Agradeço ainda aos estagiários, os quais muito me ajudaram através do auxílio aos
atendimentos, com vocês pude não só ensinar, mas também aprender em conjunto.
Aos felinos e demais animais que pude tratar pelo conhecimento adquirido como
Médica Veterinária, vocês são meu motivo de contínuo aprimoramento, bem como de
estímulo profissional e até mesmo pessoal, agradeço também pela confiança depositada na
figura dos respectivos tutores, pelo reconhecimento e carinho.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
6
RESUMO
JARDIM, Mariana Palha de Brito. Intoxicação em gatos domésticos no Brasil -
Caracterização dos principais agentes tóxicos e descrição do conhecimento dos tutores.
2019. 43f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária, Ciências Clínicas). Instituto de
Veterinária, Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2019.
O uso inadequado de fármacos e pesticidas destacam-se dentre as práticas acidentais
potencialmente tóxicas para os gatos domésticos no Brasil. As injúrias tóxicas ocorrentes
nestes animais relacionam-se em grande parte ao desconhecimento dos tutores sobre os
potenciais tóxicos para a espécie. Entidades internacionais fornecem ativamente subsídios
para geração de informações acerca das toxicidades em felinos, no Brasil estes dados são
escassos, como reflexo da subnotificação aos centros de informação e assistência toxicológica
e carências de estudos. Informes sobre o nível de conhecimento dos proprietários acerca das
intoxicações para gatos também são insuficientes. Objetiva-se com este estudo caracterizar os
principais agentes toxicantes para gatos domésticos nas diferentes regiões do Brasil, bem
como descrever o nível de conhecimento dos tutores sobre a intoxicação em felinos. Foram
distribuídos no período de novembro de 2017 a novembro de 2018 questionários sobre
intoxicações em gatos domésticos, destinados a médicos veterinários de todas as regiões do
Brasil, que atenderam gatos intoxicados. Os questionários, os quais eram compostos por 12
perguntas, foram aplicados através da plataforma eletrônica Survey Monkey e também de
versões impressas. Durante o mesmo período de tempo, foram disponibilizados questionários
aos tutores de gatos de todas as regiões do Brasil, exclusivamente através da plataforma
Survey Monkey, tal formulário era composto por oito perguntas, sendo a finalidade verificar o
nível de conhecimento dos proprietários sobre a ocorrência de intoxicações em felinos. Foram
obtidos 543 (72,6%) formulários de respostas válidos, oriundos dos médicos veterinários. Os
principais toxicantes previstos para gatos domésticos no Brasil foram os pesticidas e
domissanitários, os quais foram responsáveis por 239 (44,0%) das ocorrências. O paracetamol
foi o tóxico predominante dentre os medicamentos de uso humano, com frequência
correspondente a 14,4% dos casos totais, assim como os organofosforados destacaram-se na
categoria de pesticidas e domissanitários, culminando com 10,3% dos insultos tóxicos, já
quanto às plantas e derivados de origem vegetal houve relevância do lírio, o qual intoxicou
3,9% de felinos e por fim, dentre os medicamentos de uso veterinário o tramadol foi
sobrelevado, acarretando em 3,1% das intoxicações. Os resultados condensados foram
enviados a 328/339 (96,75%) dos médicos veterinários respondentes a pesquisa. Através dos
dados obtidos pôde-se caracterizar os principais tóxicos para gatos no Brasil e conscientizar
médicos veterinários através do alerta enviado, o que poderá em suma reduzir a ocorrência e a
fatalidade prevista para as principais intoxicações ocorrentes em gatos. 202 (72,9%)
questionários disponibilizados a tutores de gatos foram considerados válidos, sendo verificado
que estes em sua maioria (93,3%) possuem conhecimento básico parcial quanto às
intoxicações ocorrentes na espécie, contudo denota-se deficiência quanto a entendimentos
mais aprofundados sobre o tema, visto que apenas 62 proprietários (30,7%) se consideraram
aptos a diferenciar o que é tóxico para gatos. 183 tutores (90,6%) receberam um folheto
informativo sobre as intoxicações em felinos. Assim, devido à problemática que engloba as
intoxicações, a promoção de alertas deve ser preconizada, como realizado neste estudo, para
que o número de gatos intoxicados por desinformação de seus respectivos responsáveis seja
menor.
8
ABSTRACT
JARDIM, Mariana Palha de Brito. Intoxication in domestic cats in Brazil -
Characterization of the main toxic agents and description of owners' knowledge. 2019.
43f. Dissertation (Master Science in Veterinary Medicine, Clinical Sciences). Instituto de
Veterinária, Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2019.
The inappropriate use of drugs and pesticides stand out among the potentially toxic
incidental practices for domestic cats in Brazil. The toxic injuries that occur in these animals
are related in large part to the ignorance of the tutors about the toxic potential for the species.
International agencies actively provide information on toxicities in felines, in Brazil these data
are scarce, as a reflection of underreporting to information centers and toxicological
assistance and lack of studies. Reports of owners' level of knowledge about cat intoxications
are also insufficient. The objective of this study is to characterize the main toxic agents for
domestic cats in different regions of Brazil, as well as to describe the level of tutors'
knowledge about cat intoxication. Questionnaires on intoxications in domestic cats were
distributed from November 2017 to November 2018 to veterinarians from all regions of
Brazil who treated into intoxicated cats. The questionnaires, which were composed of 12
questions, were applied through the electronic platform Survey Monkey and also of printed
versions. During the same period of time, questionnaires were available to cat tutors from all
regions of Brazil, exclusively through the Survey Monkey platform. The questionnaire was
composed of eight questions, the purpose of which was to verify the knowledge level of the
owners about the occurrence of intoxication in felines. A total of 543 (72.6%) valid response
forms were obtained from veterinarians. The main toxicants predicted for domestic cats in
Brazil were pesticides and household cleaning products, which accounted for 239 (44.0%) of
the occurrences. Paracetamol was the predominant toxicant among the medicinal products for
human use, corresponding to 14.4% of total cases, as well as organophosphates stood out in
the category of pesticides and household cleaning products, culminating with 10.3% of toxic
insults, already as regards plants and derivatives of plant origin, the lily was significant,
which intoxicated 3.9% of felines and, finally, tramadol was elevated among veterinary
medicinal products, resulting in 3.1% of intoxications. The condensed results were sent to
328/339 (96.75%) of the survey veterinarians. Through the data obtained it was possible to
characterize the main toxicants for cats in Brazil and to raise awareness among veterinarians
through the alert sent, which may in short reduce the occurrence and predicted fatality for the
main intoxications occurring in cats. 202 (72.9%) questionnaires made available to cat tutors
were considered valid, and it was verified that the majority of the questionnaires (93.3%) had
partial basic knowledge regarding the poisoning occurring in the species. in depth, since only
62 owners (30.7%) considered themselves capable of differentiating what is toxic to cats. 183
tutors (90.6%) received an information leaflet on feline intoxications. Thus, due to the
problematic that includes poisoning, the promotion of alerts should be recommended, as
conducted in this study, so that the number of cats intoxicated by disinformation of their
respective responsible is less.
Key words: Felines, Poisoning, Toxicology.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO DE LITERATURA 5
2.1 Definições Toxicológicas 5
2.2 Toxicidade Dose Dependente e Idiossincrasia 5
2.2.1 Intoxicação por extrapolação de dose 5
2.2.2 Intoxicação por idiossincrasia 5
2.3 Particularidades Farmacocinéticas dos Gatos Domésticos 6
2.3.1 Distribuição 6
2.3.2 Biotransformação 6
2.4 Particularidades Quanto a Estrutura da Hemoglobina 9
2.5 Potenciais Toxicantes a Gatos Domésticos – Fármacos Proibidos para Uso na Espécie 10
2.5.1 Compostos fenólicos: paracetamol 10
2.5.2 Azul de metileno e fenazopiridina 11
2.5.3 Enemas a base de fosfato 11
2.6 Potencias Toxicantes a Gatos Domésticos – Fármacos que Devem ser Usados com Cautela na 11
Espécie
2.6.1 Salicilatos 11
2.6.2 Compostos fenólicos 11
2.6.3 Enrofloxacina 12
2.6.4 Ivermectina 12
2.6.5 Tramadol 13
2.6.6 Meloxicam 13
2.7 Pesticidas Tóxicos a Gatos Domésticos 13
2.7.1 Permetrina 13
2.7.2 Rodenticidas 14
2.7.3 Organofosforados e Carbamatos 15
2.8 Lírio 16
2.9 Alimentos 16
2.9.1 Metilxatinas - teobromina 16
2.9.2 Plantas da espécie Allium spp. (Cebola, alho, alho poró e cebolinha) 17
2.10 Metal Pesado - Chumbo 17
2.11 Caracterização de Toxicantes para Gatos 18
2.12 Medidas de Prevenção Quanto a Intoxicação em Felinos 18
CAPÍTULO I 19
CAPÍTULO II 41
3 CONCLUSÕES GERAIS 53
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55
ANEXOS 65
A - Parecer do COMEP - UFRRJ 66
B - Questionário Direcionado a Médicos Veterinários 67
C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Médicos Veterinários 70
D - Informe direcionado aos Médicos Veterinários 72
E - Questionário Direcionado a Tutores de Gatos Domésticos 73
F - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Tutores de Gatos Domésticos 74
G - Folheto Informativo Direcionado a Tutores de Gatos Domésticos 76
10
1 INTRODUÇÃO GERAL
1
Nos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciats), a nível nacional,
poucos casos de intoxicação são registrados, refletindo o subdiagnóstico de animais
intoxicados ao ano, deste modo inviabiliza-se caracterização dos potenciais tóxicos a felinos e
a consequente prevenção das ocorrências (MEDEIROS et al., 2009).
2
OBJETIVOS
GERAIS
Objetiva-se com este estudo caracterizar os principais agentes toxicantes para gatos
domésticos nas diferentes regiões do Brasil, bem como descrever o nível de conhecimento dos
tutores sobre a intoxicação em felinos.
ESPECÍFICOS
3
4
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.3.1 Distribuição
A distribuição pode ser definida como o fenômeno através do qual uma substância
após atingir a corrente sanguínea, ou seja, após a absorção, chega ao seu sítio de ação ou
órgão alvo. A concentração plasmática dos xenobióticos pode apresentar-se elevada nos gatos
quando se extrapola para a espécie felina o regime de doses utilizado em cães, isto ocorre
devido às diferenças no volume sanguíneo entre espécies, visto que nos cães o volume de
sangue total corresponde a 90 ml/kg e nos gatos a 70 ml/kg. Desta forma nos felinos as
substâncias permanecem confinadas em um compartimento de menor volume, resultado assim
em uma maior concentração. Na ocorrência de perdas hídricas a distribuição também se
altera, já que gatos doentes não são capazes de manter de forma eficaz a hidratação como os
cães (ANJOS & BRITO, 2009).
2.3.2 Biotransformação
6
A biotransformação dos fármacos compreende duas fases, cada uma catalisada por
enzimas específicas. As enzimas microssômicas da fase 1, localizadas no sistema citocromo
P-450 catalisam reações de oxidação, redução ou hidrólise, essas reações acontecem,
normalmente, no sistema microssomal hepático no interior do retículo endoplasmático liso
(SHAH et al., 2007).
Os metabólitos das reações de fase um geralmente são menos ativos que o composto
original, porém alguns compostos podem formar no findar dessa etapa metabólitos com a
mesma atividade inicial ou até mesmo mais ativos. As reações da fase um geralmente
introduzem na molécula primitiva grupos como: OH, COOH e NH2, tornando assim os
metabólitos susceptíveis às reações da fase dois. Caso a substância já contenha em sua
estrutura um desses grupos químicos, esta poderá sofrer conjugação direta de fase 2. No que
se refere à fase um do metabolismo hepático as reações de hidroxilação e metilação ocorrem
de forma muito mais lenta em gatos do que em outras espécies. Sabe-se ainda que a atividade
enzimática da subfamília CYP2C, pertencente a família de enzimas citocromo P-450 é
extremamente baixa em gatos (BOOTHE, 1990; SHAH et al., 2007; ANJOS & BRITO,
2009).
7
O fígado do felino expressa apenas 2 isoformas de UGT1A diferentes, incluindo
UGT1A1 e UGT1A2 (COURT, 2013).
9
heme quando a hemoglobina é oxidada, configurando uma maior fragilidade das hemácias e
consequentemente predispondo a anemia hemolítica (ALLEN, 2003).
10
2.5.2 Azul de metileno e fenazopiridina
Os enemas a base de fosfato são medicamentos utilizados como catárticos, que atuam
provocando aumento da osmolaridade do lúmen intestinal e consequente influxo de água para
essa região. Desta forma são utilizados como laxativos em casos de obstipação intestinal e
para o esvaziamento colônico. A intoxicação em gatos com soluções à base de fosfato de
sódio ocorre por meio da absorção do composto pela mucosa retal, assim o uso destes
medicamentos em felinos associa-se a distúrbios metabólicos e grave desidratação com
alterações hidroeletrolíticas e acidobásicas associadas (TOMSA et al., 2001).
2.6 Potenciais Toxicantes a Gatos Domésticos - Fármacos que Devem ser Usadas
com Cautela na Espécie
2.6.1 Salicilatos
11
infusões contínuas de propofol em gatos tem sido associado a recuperações prolongadas na
anestesia, já a administração diária repetida do fármaco resulta em lesão oxidativa para os
eritrócitos de felinos, com consequente aumento da formação de corpúsculos de Heinz
(ANDRESS et al., 1995; PASCOE et al., 2006).
2.6.3 Enrofloxacina
2.6.4 Ivermectina
12
2.6.5 Tramadol
2.6.6 Meloxicam
Anti inflamatórios não esteróides devem ser usados com cautela em felinos, devido a
baixa capacidade de glicuronidação hepática, peculiar a espécie, sendo este o principal
mecanismo do metabolismo para esta categoria de fármacos. Acrescenta-se o fato da margem
de segurança do meloxicam para gatos ser considerada como estreita pelo próprio fabricante
(LASCELLES et al., 2007).
2.7.1 Permetrina
2.7.2 Rodenticidas
2.8 Lírio
2.9 Alimentos
16
2.9.2 Plantas da espécie Allium spp. (Cebola, alho, alho poró e cebolinha)
Todas as espécies de Allium spp.e seus derivados podem ser tóxicas para gatos, contudo
poucas destas são de interesse toxicológico importante. Espécies domésticas mais comumente
envolvidas nos casos de envenenamento são a cebola (Allium cepa), o alho (Allium sativum),
o alho-poró (Allium porum) e a cebolinha (Allium schoenoprasum). As espécies de Allium
contêm organossulfóxidos, os quais conferem odor característico ao alimento. Desencadeantes
traumáticos como o corte e/ou a mastigação convertem os organossulfóxidos presentes nestas
plantas em uma mistura complexa de compostos orgânicos contendo enxofre que são
responsáveis pelo sabor e também pelos efeitos desses alimentos nos animais. Muitos
compostos organosulfurados de Allium spp. são facilmente absorvidos através do trato
gastrointestinal e assim metabolizados em oxidantes altamente reativos (COPE, 2005;
KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009; SALGADO et al., 2011 CORTINOVIS & CALONI,
2016).
18
A metodologia, bem como os resultados desta dissertação serão apresentados na forma
de capítulos, de forma que cada capítulo corresponda a um artigo científico. O capítulo I foi
confecionado nos moldes do periódico Pesquisa Veterinária Brasileira (ISSN 1678-5150) e o
capítulo II nos moldes do periódico Ciência Rural (ISSN 1678-4596).
CAPÍTULO I
Mariana Palha de Brito Jardim2*, Carla Regina Gomes Rodrigues Santos2, Luiza Freire
de Farias2, Gabriela de Carvalho Cid3, Anderson Barros Teixeira Pinto 4 e Heloisa Justen
Moreira de Souza5
ABSTRACT.- Jardim M.P.B., Santos C.R.G., Farias L.F. & Souza H.J.M. 2019. [Main
toxicants for domestic cats in Brazil.] Principais toxicantes para gatos domésticos no Brasil.
Pesquisa Veterinária Brasileira 00(0):00-00. Setor de Clínica Médica de Gatos Domésticos,
Hospital Veterinário de Pequenos Animais, Instituo de Veterinária, Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Rodovia BR 465, Km 07, s/n - Zona Rural, Seropédica - RJ, 23890-
000, Brazil. E-mail: jardim.marii@gmail.com
1
Received on
Accepted for publication on
2
Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária, Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária
(DMCV), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rodovia BR 465, Km 07, s/n - Zona Rural,
Seropédica - RJ, 23890-000, Brazil. *Correspondig author: jardim.marii@gmail.com
3
Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária, Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública
(DESP), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rodovia BR 465, Km 07, s/n - Zona Rural,
Seropédica - RJ, 23890-000, Brazil
4
Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
(UENF), Avenida Alberto Lamego, 2000 - Parque California, Campos dos Goytacazes - RJ, 28013-602, Brazil
5
Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária (DMCV), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), Rodovia BR 465, Km 07, s/n - Zona Rural, Seropédica - RJ, 23890-000, Brazil.
19
corresponded to 44.0% of the occurrences. Paracetamol was the predominant toxicant among
the medicinal products for human use, with a frequency of 14.4% of the total cases, as well as
organophosphates in the category of pesticides and household cleaning products, culminating
with 10.3% of toxic insults , since all plants and derivatives of plant origin had relevance of
lily, which intoxicated 3.9% of felines and finally, among the veterinary drugs tramadol was
elevated, resulting in 3.1% of intoxications. The clinical signs commonly associated with
paracetamol were salivation, cyanosis and dyspnoea. For organophosphates salivation, muscle
fasciculation, disorientation and vomiting were the most prominent. As for the lily was seen
in short dehydration, vomiting and prostration. For tramadol more frequently mydriasis,
salivation and behavior change were noted. Regarding the preponderant clinical interventions
carried out by veterinarians, the use of fluid therapy, acetylcysteine, as well as oxygen therapy
and the use of gastric protector are particularly noteworthy for acetaminophen. In relation to
organophosphates, fluid therapy, use of atropine, activated charcoal and gastric protector were
performed. Considering the lily is particularly indicated the fluid therapy, the food
supplementation and the induction to the vomit. As for tramadol, the emphasis is on fluid
therapy. The highest lethality rate was predicted for paracetamol, which culminated with
35.9% death, among the animals intoxicated by such. The condensed results were sent to
328/339 (96.75%) of the survey veterinarians. Through the data obtained, it was possible to
characterize the main toxicants for cats in Brazil and to raise the awareness of veterinarians
through the alert sent, which may in short reduce the occurrence and predicted fatality of the
main intoxications occurring in cats.INDEX TERMS: Felines, Poisoning, Toxicology.
INTRODUÇÃO
21
tutores, através do alerta gerado (ALLEN 2003, SUTTON et al. 2007, LINNETT 2008,
SLATER & GWALTNEY-BRANT 2011, CALONI et al. 2014).
Objetiva-se com este trabalho caracterizar os principais agentes toxicantes para gatos
domésticos, bem como os prevalentes sinais clínicos e abordagens terapêuticas associadas,
além de promover alerta aos médicos veterinários.
MATERIAL E MÉTODOS
O questionário era composto por 12 perguntas, sendo 10 delas do tipo múltipla escolha
(destas oito possuíam a opção de comentários adicionais) e duas do tipo discursiva. Foram
aplicadas lógicas as perguntas, assim a depender da resposta do veterinário o mesmo era então
direcionado a uma pergunta específica excluindo-se outras ou não.
RESULTADOS
Obteve-se o total de 748 formulários respondidos, dentre os quais 205 (27,4%) foram
excluídos por terem sido respondidos de forma incompleta e/ou inadequada, assim, 543
(72,6%) foram considerados válidos. Considerando que cada médico veterinário pôde
responder a mais de um questionário, a depender do número de casos de intoxicação que
houvesse atendido, 339 médicos veterinários responderam a pesquisa.
23
Dos 543 questionários validados, em 427 deles (78,6%) o respondente foi capaz de
identificar com convicção o agente tóxico envolvido, enquanto que 88 (16,2%) não tiveram
certeza do toxicante ocasionador da injúria e 28 (5,2%) não sabiam reconhecer o que
intoxicou o felino abordado.
24
Quadro 1: Casuística das intoxicações em felinos por categoria do tóxico e região do
Brasil no período de 2017-2018.
Região
Categoria do tóxico
Sudeste Sul Nordeste Norte Centro-Oeste Total
N 1 1 0 0 0 2
% categoria 50 50 0 0 0 100
Alimentos % região 0,25 1,0 0 0 0
% do total 0,2 0,2 0 0 0 0,4
N 112 31 8 4 8 163
Medicamentos de uso % categoria 68,7 19,0 4,9 2,5 4,9 100
humano % região 28,5 30,4 32,0 44,4 57,2
% do total 20,6 5,7 1,5 0,7 1,5 30,0
N 1 0 0 0 0 1
% categoria 100 0 0 0 0 100
Metais pesados % região 0,25 0 0 0 0
% do total 0,2 0 0 0 0 0,2
N 163 54 13 5 4 239
Pesticidas e % categoria 68,2 22,6 5,4 2,1 1,7 100
domissanitários % região 41,5 52,9 52,0 55,6 28,6
% do total 30,0 9,9 2,4 0,9 0,7 44,0
N 48 4 0 0 0 52
Plantas e derivados de % categoria 92,3 7,7 0 0 0 100
origem vegetal % região 12,2 3,9 0 0 0
% do total 8,8 0,7 0 0 0 9,6
N 48 6 3 0 1 58
Medicamentos de uso % categoria 82,8 10,3 5,2 0 1,7 100
veterinário % região 12,2 5,9 12,0 0 7,1
% do total 8,8 1,1 0,6 0 0,2 10,7
N 20 6 1 0 1 28
% categoria 71,4 21,4 3,6 0 3,6 100
Não identificado % região 5,1 5,9 4,0 0 7,1
% do total 3,7 1,1 0,2 0 0,2 5,2
25
Ocorrências das intoxicações em função da região de abrangência. Dos 543
registros de participação na pesquisa, 393 (72,4%) foram de casos oriundos da região sudeste,
102 (18,7%) da região sul, 25 (4,7%) da região nordeste, 14 (2,6%) da região centro-oeste e 9
(1,6%) da região norte, conforme pode ser visualizado no quadro 1 e na figura 1.
Principais toxicantes para gatos. Nas classes que abrangem os medicamentos de uso
humano, medicamentos de uso veterinário, pesticidas e domissanitários e plantas e derivados
26
de origem vegetal, determinados agentes toxicantes mostraram-se como prevalentes,
conforme o quadro 2. A categoria de alimentos e metais pesados não foi contemplada por não
compreender um número significativo de tóxicos no estudo.
Salivação 34 (8,8)
Fasciculação Muscular 19 (4,9)
Organofosforados (56)
Desorientação 18 (4,6)
Vômito 18 (4,6)
Desidratação 6 (8,0)
Lírio (21) Vômito 6 (8,0)
Prostação 6 (8,0)
Midríase 9 (14,3)
Tramadol (17) Salivação 6 (9,5)
Alteração de comportamento 5 (7,9)
27
Quadro 4: Principais condutas clínicas adotadas pelos médicos veterinários em função
dos preponderantes xenobióticos toxicantes para gatos no intervalo de tempo entre
2017-2018.
Óbito
Categoria do tóxico Total de intoxicados Taxa de letalidade (%)2
Sim Não
Ácido Acetilsalicílico 0 7 7 0
Amitriptilina 1 0 1 100
Ansiolítico humano 0 1 1 0
Azul de Metileno 1 3 4 25
Benzoato de Bezila 0 1 1 0
Cetoprofeno 0 5 5 0
Diazepam 0 1 1 0
Diclofenaco Potássico 1 4 5 20
Diclofenaco Sódico 4 9 13 30,8
Dimenidrinato 1 0 1 100
Dipirona 0 8 8 0
Enema á base de Fosfato 0 1 1 0
Escopolamina 1 0 1 100
Fenazopiridina 2 7 9 22,2
Griseofulvina 0 2 2 0
Ibuprofeno 2 5 7 28,6
Iodeto de potássio 0 1 1 0
Ioimbina 0 1 1 0
Itraconazol 0 2 2 0
Meloxicam (humano) 0 1 1 0
Meperidina 0 1 1 0
Metronidazol 0 2 2 0
Nimesulida 2 3 5 40
Paracetamol 28 50 78 35,9
Piroxicam 0 2 2 0
Propofol 1 1 2 50
Sulfametoxazol 1 0 1 100
Total 45 118 163 27,6
2
Taxa de letalidade é a proporção entre o número de mortes e o número total de intoxicados.
29
Dos 339 médicos veterinários respondentes, 328 (96,75%) disponibilizaram seus
respectivos endereços de e-mail e assim receberam o resultado da pesquisa de forma
compilada.
DISCUSSÃO
A região com o maior número de relatos de felinos intoxicados foi a região sudeste, o
que é corroborado ao fato das intoxicações ocorrem predominantemente em locais mais
industrializados e povoados (BILLE et al. 2016). Muito embora tal hegemonia possa ter
ocorrido pelo alcance da divulgação do formulário, visto a proximidade do questionador aos
respondentes. Contudo este é um dado relevante, visto que no Brasil as únicas pesquisas
toxicológicas abrangendo gatos são limitadas somente a locais específicos, como cidades do
Sul e Sudeste do Brasil (BARNI et al. 2012, MEDEIROS et al. 2009, ZANG et al. 2018).
O paracetamol é o medicamento humano que mais intoxica gatos (MAHDI & VAN
DE MERWE 2013, ZANG et al. 2018), constando dentre os 10 principais agentes tóxicos
para felinos (MEROLA & DUNAYER 2006). Entretanto em países europeus, como no Reino
Unido, é observada uma frequência de ocorrência da toxicidade cerca de três vezes menor que
no Brasil (GRAVE & BOAG 2010), tomando como base comparativa os resultados do atual
estudo e da pesquisa de Zang e colaboradores (2018), realizada no Sul do Brasil. Assim, a
maior ocorrência de gatos intoxicados por paracetamol a nível nacional possa se dever ao
maior desconhecimento acerca do potencial tóxico do fármaco por parte dos tutores, visto que
geralmente o acetaminofeno é administrado ao felino por proprietários que não sabem da
toxicidade do agente para a espécie (ALLEN 2003, GRAVE & BOAG 2010).
O lírio foi eleito para destaque em sua classe pela predominante casuística, tal planta
mostra-se dentre os cinco principais xenobióticos tóxicos para felinos, presumivelmente
30
devido a todas as partes da planta possuir caráter tóxico para os gatos, atrelado ao fato do alto
índice de desconhecimento da toxicidade do vegetal pelos tutores (MEROLA & DUNAYER
2006, GRAVE & BOAG 2010, FITZGERALD 2010, SLATER & GWALTNEY-BRANT
2011).
Os sinais clínicos mais frequentes de gatos com toxicose por paracetamol foram
salivação, cianose e dispneia, o que é associado, em suma, ao potencial da substância em
ocasionar dano eritrocitário oxidativo, visto que as principais alterações ocorrentes em gatos
intoxicados por acetaminofeno comumente baseiam-se em depressão, anorexia,
hipersalivação e vômitos, tais sinais podem se desenvolver dentro de quatro horas de ingestão
ou podem ainda aparecer em até 24 horas. Já entre 24 e 72 horas alguns gatos desenvolvem
edema facial e de membros, por consequência do aumento da permeabilidade vascular e
vasculite, além de metemoglobinúria e sinais associados a hemólise e/ou metemoglobinemia,
incluindo taquipneia, dispneia, mucosas ictéricas, cianóticas ou ainda de coloração
amarronzada, pode ocorrer ainda dor abdominal e hipotermia. O sangue do paciente também
pode assumir uma coloração tendendo ao marrom pela metemoglobinemia presente
(RICHARDSON 2000, ALLEN 2003, MEROLA & DUNAYER 2006, GRAVE & BOAG
2010).
31
A midríase, além da salivação e alteração de comportamento foram os sinais clínicos
mais notados em felinos intoxicados pelo tramadol. Os gatos com toxicose por esta substância
exibem frequentemente sinais serotoninérgicos devido ao seu respectivo mecanismo de ação.
Desta forma pode ser verificado agitação, hipersalivação, alteração de comportamento,
obnubilação, desidratação, hipertensão, decúbito lateral, taquicardia, além de dor e distensão
abdominal. Demais manifestações como alteração locomotora, sedação, midríase, disforia ou
euforia, tremor, convulsão, constipação e vômito também são de possível ocorrência. Pode
ocorrer ainda depressão respiratória, visto que é um dos principais efeitos adversos dos
analgésicos opióides, mediada por receptores opióides μ (KUKANICH 2013,
INDRAWIRAWAN & MCALEES 2014).
32
A fluidoterapia, a suplementação alimentar, o uso de protetores gástricos, bem como a
indução ao vômito, foram as prevalentes intervenções adotadas pelos médicos veterinários
quanto ao envenenamento por lírio. O tratamento previsto desta toxicose, de forma afim aos
resultados obtidos, consiste em descontaminação imediata, seja ela gastrointestinal, incluindo
êmese, lavagem gástrica e carvão ativado ou dérmica, a depender do histórico de exposição.
Recomenda-se a fluidoterapia por pelo menos 48 horas para corrigir a hipovolemia,
desidratação e promover manutenção da diurese. Já em pacientes oligúricos ou anúricos a
utilização de diuréticos pode ser necessária, muito embora a maior eficácia seja obtida através
da diálise peritoneal ou hemodiálise em casos de débito urinário insuficiente (MEROLA &
DUNAYER 2006, BERG et al. 2007, FITZGERALD 2010, GRAVE & BOAG 2010,
BENNETT & REINEKE 2013). Desta forma tais abordagens podem não terem sido dignas de
nota na presente pesquisa, devido aos pacientes não terem assumido comprometimento renal
avançado.
Para uma pequena parcela de casos de toxicose por tramadol nenhuma intervenção foi
preconizada, supostamente pelo fato da intoxicação geralmente ser ocasionada por
sobredosagem medicamentosa, assim a depender do tempo, da dosagem de exposição
somente a interrupção da medicação é recomendada (INDRAWIRAWAN & MCALEES
2014).
A maior taxa de letalidade foi prevista para o paracetamol, assim como em estudo
prévio realizado a nível nacional (BARNI et al. 2012). Grave & Boag (2010), com base em
resultados do Reino Unido, denotam uma taxa de mortalidade cerca de nove vezes menor se
comparada ao dado obtido na pesquisa em questão. Assim, a fatalidade no âmbito nacional
pode ser maior pelo fato dos tutores procurarem o serviço veterinário quando o animal
encontra-se em estágio avançado da toxicose e/ou pela abordagem deficiente por parte dos
médicos veterinários no Brasil, visto que o prognóstico depende da severidade da intoxicação
33
e do emprego de intervenções precoces e agressivas (RICHARDSON 2000, GRAVE &
BOAG 2010).
CONCLUSÕES
Através dos dados obtidos puderam-se caracterizar os principais tóxicos para gatos no
Brasil e conscientizar médicos veterinários através do alerta enviado, o que poderá vir a
facilitar a conscientização de tutores de forma indireta, bem como a identificação e
abordagem dos envenenamentos por parte dos médicos veterinários e assim em suma reduzir
a ocorrência e a fatalidade prevista para as principais intoxicações ocorrentes em gatos.
34
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39
Legenda das Figuras
40
CAPÍTULO II
Nível de conhecimento dos tutores de gatos acerca das intoxicações ocorrentes na espécie
Level of knowledge of the tutors of cats about the poisonings occurring in the species
Mariana Palha de Brito JardimI*2Lara Patrícia dos Santos CarrascoI Clarissa Martins
do Rio MoreiraI Renato Leão de Sá OliveiraI Gabriela de Carvalho Cid II Heloisa Justen
Moreira de SouzaIII
RESUMO
I*
Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária, Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária
(DMCV), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rodovia BR 465, Km 07, s/n - Zona Rural,
Seropédica - RJ, 23890-000, Brazil. E-mail: jardim.marii@gmail.com. Autor para correspondência.
II
Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária, Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública
(DESP), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rodovia BR 465, Km 07, s/n - Zona Rural,
Seropédica - RJ, 23890-000, Brazil.
III
Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária (DMCV), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), Seropédica-RJ, Brazil.
41
(95,5%) demonstraram aptidão em reconhecer que o funcionamento do organismo de cães e
gatos é distinto. A maioria dos respondentes 143 (70,8%) não considera as rotulagens dos
produtos nocivos para gatos esclarecedora e aproximadamente metade dos entrevistados que
tiveram felinos intoxicados 29/64 (45,3%) não o levaram para atendimento veterinário, o que
permite considerar que o número de gatos intoxicados por tóxicos é ainda maior do que
previsto, já que estas informações são obtidas a partir de registros veterinários em suma.
Apenas 62 tutores (30,7%) se consideraram aptos a diferenciar agentes tóxicos para felinos,
destes a grande parte reconhece substâncias popularmente conhecidas como o chocolate, o
paracetamol e a dipirona em detrimento de substâncias menos utilizadas, como a
fenazopiridina. Dos 202 entrevistados 183 (90,6%) receberam o folheto informativo sobre
toxicidade a gatos. Os tutores de gatos possuem conhecimento básico parcial quanto às
intoxicações ocorrentes em felinos, contudo denota-se deficiência quanto a entendimentos
mais aprofundados sobre o tema, como o fato de discernir o que e tóxico para a espécie. As
ocorrências acerca das intoxicações em felinos denotam ser ainda maiores do que o previsto,
tomando-se como base muitos animais que não recebem cuidados veterinários e
consequentemente não são inclusos nas pesquisas de casuística. Os fabricantes de produtos
contraindicados para gatos devem tornar os rótulos mais elucidativos, visto que a maior parte
dos responsáveis de felinos salienta tal carência. Assim devido à problemática que engloba as
intoxicações a promoção de alertas deve ser preconizada, como realizado neste estudo, para
que o número de gatos intoxicados por desinformação de seus respectivos responsáveis seja
menor.
ABSTRACT
42
however, they are deficient in terms of deeper understanding of the subject, such as the
discernment of what is toxic to the species. The occurrences of intoxications in felines are
even greater than predicted, based on many animals that do not receive veterinary care and
consequently are not included in case studies. Manufacturers of contraindicated cat products
should make labels more enlightening, as most feline managers point out such a lack. Thus,
due to the problematic that includes poisoning, the promotion of alerts should be
recommended, as conducted in this study, so that the number of cats poisoned by
disinformation of their respective responsible is lower.
INTRODUÇÃO
Tais toxicidades estão suma atreladas ao desconhecimento dos tutores de gatos acerca
do potencial tóxico de determinados xenobióticos aos felinos, como o paracetamol (ALLEN,
2003; GRAVE & BOAG, 2010) o lírio (SLATER & GWALTNEY-BRANT, 2011) e a
permetrina (DYMOND & SWIFT, 2008; LINNETT, 2008; BOLAND & ANGLES, 2010;
MALIK et al. 2010; PANZIERA et al., 2019).
Dados sobre o conhecimento dos tutores de gatos acerca das intoxicações na espécie
são insuficientes. Muito embora tais informações sejam de suma importância, tendo em vista
que grande parte das intoxicações ocorrentes em felinos se dá por imperícia de seus
responsáveis (SLATER & GWALTNEY-BRANT, 2011). Há assim a necessidade de se
conhecer o nível de conhecimento dos proprietários de gatos, a fim de caracterizar as
carências previstas bem como promover alerta tendo como base os potenciais tóxicos, a fim
de se reduzir a mortalidade de felinos por estas injúrias.
Têm-se como objetivo através deste estudo caracterizar o nível de conhecimento dos
tutores de gatos domésticos sobre as intoxicações na espécie, identificar possíveis carências e
deficiências quanto às circunstâncias da exposição, bem como promover alerta com intuito de
minimizar a ocorrência de injúrias tóxicas em felinos.
43
MATERIAL E MÉTODOS
Declaração de ética. O presente trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética na Pesquisa
(COMEP) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sob o número de
processo 23083.030724/2017-67, atendendo aos princípios éticos e estando de acordo com a
resolução 466/12, que regulamenta os procedimentos de pesquisa envolvendo seres humanos,
conforme consta no ANEXO A.
O formulário era composto por oito perguntas, sete do tipo múltipla escolha (destas
uma possuía a opção de comentários adicionais) e uma do tipo discursiva. Foram aplicadas
lógicas as perguntas, assim a depender da resposta do tutor o mesmo era direcionado a uma
pergunta específica excluindo-se outras ou não.
Critérios de Inclusão. Foram incluídos na pesquisa os formulários que não foram oriundos
de tutores graduandos em Medicina Veterinária ou Médicos Veterinários.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para 143 (70,8%) dos respondentes, os rótulos dos medicamentos destinados ao uso de
animais não evidenciam de forma clara as contraindicações previstas para felinos. O que
corrobora com o evidenciado por MALIK E COLABORADORES (2010), onde fora
verificado que a maioria dos gatos intoxicados em seu estudo foi exposta a produtos com
rotulagens deficientes quanto ao alerta de contraindicação, ressaltando-se a importância da
inclusão de alertas didáticos e claramente legíveis na rotulagem de produtos potencialmente
tóxicos aos gatos.
Dentre os 64 tutores que tiveram gatos intoxicados, 29 (45,3%) não levaram o animal
para atendimento com um médico veterinário. Através deste resultado sabe-se que há uma
maior taxa de exposição, bem como uma maior taxa de mortalidade de gatos expostos a
potenciais tóxicos do que é previsto, já que os estudos que relatam o número de casos de
exposição e óbitos em felinos em função de agentes toxicantes baseiam-se em predominância
no desfecho do quadro mediante atendimento médico veterinário (SUTTON et al. 2007;
DYMOND & SWIFT, 2008; CURTI et al. 2009; MEDEIROS et al. 2009; BOLAND &
ANGLES, 2010; MALIK et al. 2010; BARNI et al. 2012; ZANG et al. 2018). Assim sabe-se
que tais dados quanto à morbimortalidade são subestimados, visto que aproximadamente
metade dos tutores não procura atendimento de um profissional.
45
assinalar opções de agentes toxicantes para felinos, a qual sete agentes tóxicos eram
evidenciados e podiam ser assinalados como tal.
Dos 202 entrevistados 183 (90,6%) informaram seus respectivos endereços de e-mail
de forma devida e receberam o folheto informativo sobre toxicidade a gatos. Assim, além da
coleta de dados pode-se realizar alerta aos tutores.
CONCLUSÃO
INFORME VERBAL
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COMEP) da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) sob o número 23083.030724 / 2017-67, obedecendo
a princípios éticos e de acordo com a resolução 466/12, que regulamenta procedimentos de
pesquisa envolvendo seres humanos, como mostra o ANEXO 1.
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50
Tabela 1: Respondentes aptos a identificar agentes tóxicos para felinos domésticos no período
de 2017-2018.
51
Agente Tóxico
120.0%
57
100.0% 55
53 52
48 47
45
80.0%
60.0%
40.0%
20.0%
0.0%
Dipirona em Azul de
Chocolate Paracetamol Cebola Lírio Fenazopiridina
doses altas Metileno
Agente Tóxico 98.3% 94.8% 91.4% 89.7% 82.8% 81.0% 77.6%
Gráfico 1: Reconhecimento dos tutores quanto aos xenobióticos tóxicos a gatos no intervalo
de tempo entre 2017-2018.
52
3 CONCLUSÕES GERAIS
53
54
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64
ANEXOS
65
ANEXO A
66
ANEXO B
67
7) Qual foi o agente tóxico envolvido no caso de ( )Amarílis/Açucena ( )Antúrio ( )Avenca
intoxicação? Caso tenha sido alguma planta ( )Azaléia ( )Babosa
marque-a abaixo e se possível forneça ( )Banana de macaco/Manacá ( )Bico de papagaio
informações adicionais. Se a planta não constar ( )Comigo ninguém pode ( )Copo de leite
( )Coroa de Cristo ( )Costela de Adão
nas opções o descreva em outros. Caso não
( )Deladeira ( )Erva moura ( )Espirradeira
tenha sido uma planta pule para próxima ( )Espada de São Jorge ( )Folha da fortuna
pergunta. ( )Fumo bravo ( )Hera ( )Hortensia
( )Lírio ( )Maconha ( )Mamona
( )Orquídea ( )Tomate verde ( )Tulipa
( )Violeta
( )Outro - Qual? ____________________________
Informações adicionais ________________________
69
ANEXO C
INSTITUTO DE VETERINÁRIA
70
5. Benefícios: Objetiva-se com este projeto caracterizar os principais agentes toxicantes para
gatos domésticos, verificar o nível de conhecimento dos tutores sobre a intoxicação em
felinos e promover alerta a estes, assim como aos Médicos Veterinários, sobre os
potenciais tóxicos para a espécie.
Tendo em vista os itens supracitados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu
consentimento em participar da pesquisa.
CRMV:
Assinatura do Pesquisador
Data/Local
71
ANEXO D
72
ANEXO E
73
ANEXO F
INSTITUTO DE VETERINÁRIA
74
5. Benefícios: Objetiva-se com este projeto caracterizar os principais agentes toxicantes
para gatos domésticos, verificar o nível de conhecimento dos tutores sobre a
intoxicação em felinos e promover alerta a estes, assim como aos Médicos
Veterinários, sobre os potenciais tóxicos para a espécie.
Tendo em vista os itens supracitados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu
consentimento em participar da pesquisa.
Nome do Tutor:
CPF:
Assinatura do Tutor
Assinatura do Pesquisador
Data/Local
75
ANEXO G
76